Adaptação Do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
Adaptação Do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
Adaptação Do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
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Resumo
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Abstract
Stroop Color Word Test is an instrument of established reputation and widely used in
neuropsychological practice as a selective attention measurement (Spreen & Strauss, 1989
cited by Duncan, 2006). This study aims to validate and evaluate the Stroop Color Word Test
for Portuguese Young Adults, as well as assess the differences in test results between
comparative groups according to gender, age and education. To achieve these goals, we
conducted an observational research - descriptive since the collected data which describes
how subjects behave in relation to the task will be analyzed - and cross-sectional, since it was
done in a single moment in time, and does not imply intervention. The sample was formed by
276 subjects, with a mean age = 18.33 (+ / - SD = 1.81); 107 (38.8%) were male and 169
(61.2%) female; 56.1% were in high school and 43.8% in higher education. The results of this
study show statistically significant differences on gender in the variable PC-PC `, which
means a bigger resistance to interference by the female subjects. There were significant
differences between age groups in the variable PC-PC `, verifying differences in the scores of
interference in the age groups studied. This study aims to provide a neuropsychological test
with a quick and easy application to assess selective attention on the studied population;
young adults aged 16 to 24 years.
Keywords: Stroop Color Word Test, Neuropsychological Test, Young Adults, Selective
Attention.
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Agradecimentos
Por detrs das nossas realizaes pessoais, alm de um considervel esforo prprio
esconde-se normalmente um elevado nmero de contribuies, apoios, sugestes,
comentrios ou crticas vindas de muitas pessoas. A sua importncia assume no caso presente
uma valia to preciosa que, sem elas, com toda a certeza, teria sido muito difcil chegar a
qualquer resultado digno de meno. Pois, ao longo do curso de Psicologia tive a
oportunidade de contar com o apoio de diversas pessoas que, directa ou indirectamente,
contriburam para a realizao da presente dissertao.
Em primeiro lugar expresso os meus sinceros agradecimentos aos meus prezados pais
e queridos avs por terem suportado os encargos dos meus estudos, e pela confiana que me
incutiram ao longo dos meus anos de vida, assim como o carinho, apoio e compreenso nos
momentos de maior fragilidade emocional, sei que a vs que devo o facto de ser aquilo que
sou hoje, pois, sem o sacrifcio e amizade deles o trmino deste curso jamais teria sido
possvel.
De forma muito especial, agradeo minha querida irm, que apesar da sua tenra
idade, me apoiou em todos os momentos, especialmente pela pacincia, ternura e mimo com
que me presenteou ao longo de todo este percurso.
Marta Raposo
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ndice
Introduo ....................................................................................................... 1
Captulo 2
Mecanismos envolvidos na Tarefa Stroop ................................................................ 11
2.1. A Ateno ................................................................................................ 11
2.2. A Memria ............................................................................................... 15
Capitulo 3
O Teste Stroop de Cores e Palavras ...................................................................... 16
Capitulo 5
Mtodos ........................................................................................................ 24
5.1. Participantes/Amostra ................................................................................ 24
5.2. Material .................................................................................................. 28
5.3. Procedimentos .......................................................................................... 28
Capitulo 6
Anlise Estatstica ........................................................................................... 31
6.1. Resultados ............................................................................................... 31
6.2. Discusso dos Resultados ............................................................................. 40
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Lista de Figuras
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Lista de Tabelas
da interferncia 7
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Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
Introduo
Ao se pretender saber um pouco mais acerca da forma como as pessoas respondem a
determinados estmulos exteriores, tendo em conta a forma mais ou menos rpida com que
estas executam essas respostas, podemos auxiliar-nos de estudos realizados na Psicologia
Cognitiva, como estudos efectuados acerca da ateno. Na Psicologia Cognitiva, a ateno
permite que a informao fornecida pelo meio exterior fique retida na memria sensorial,
para posteriormente, passar para a memria de curto prazo e memria de longo prazo.
A ateno, segundo Dourado (2006), consiste numa propriedade supra modal do
crebro, e assim est interligada com conceitos como viglia, a concentrao, entre outros.
Por seu lado, segundo o mesmo autor, a ateno selectiva consiste no processo atravs do
qual escolhemos prestar ateno a certos estmulos e no a outros.
O Efeito de Stroop permite estudar a ateno selectiva e implica um automatismo
que, segundo Atkinson & Shiffrin, um processo que no tem limitao de capacidade, no
requer ateno e muito difcil de modificar uma vez aprendido, contrariamente aos
processos controlados, que podem ser usados com flexibilidade em diferentes circunstncias,
exigindo ateno e sendo de capacidade limitada.
Deste modo, o desempenho automtico quando baseado na recuperao de solues
passadas atravs de um passo nico de acesso directo memria.
Quando a pessoa no est familiarizada com a situao, ou seja, quando no tem
prtica, a resposta a um estmulo requer pensamento e a aplicao de regras.
Contrariamente, quando a pessoa j tem prtica, a resposta apropriada para responder
situao guardada na memria e pode ser recuperada muito rapidamente (Gleitman, 2007).
O Teste de Stroop foi desenvolvido em 1935 por John Ridley Stroop e baseia-se em
evidncias de que se leva mais tempo para nomear cores do que para ler nomes de cores
(Duncan, 2006).
Outra abordagem acerca do Efeito de Stroop, feita por Tucci & Andreza (2008)
defende que o mesmo considerado um paradigma clssico nas neurocincias
comportamentais, tanto em situaes clnicas como experimentais, para avaliar a ateno
selectiva.
Ao longo do tempo, vrios autores se interessaram pelo Efeito de Stroop, tendo sido
criadas vrias verses, sendo que destas, apenas cinco foram mais citadas na literatura.
Em 1981, Regard realizou um estudo normativo de Efeito de Stroop, o qual
envolveu adultos jovens saudveis. Spreen e Strauss (1989, citado por Duncan, 2006) tambm
utilizaram o Efeito de Stroop num estudo normativo com idosos saudveis por requerer um
tempo relativamente curto para a sua administrao, sem prejuzo da sensibilidade do teste.
Deste modo, o Efeito de Stroop e o poder da ateno selectiva encontram-se
evidenciados em vrios estudos do domnio do processamento automtico (Duncan & Andreza,
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Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
2008; David et. al, 2005; Montagnero et. al, 2008; Maia & Frana, 2007; Pino & Werlang,
2007; Repovs, 2004; & Hallak et. al, 2008).
Como tal, constatou-se que nos estudos anteriormente citados foram consideradas
algumas variveis: sexo, idade, ano de escolaridade, ocorrncia de acidentes
automobilsticos, fobias, baixos nveis de ansiedade, estabelecimentos de ensino, reclusos,
entre outras.
Repovs (2004) demonstrou que o tempo de reaco nas tarefas de Stroop evidenciava
diferenas qualitativas de performance nos modos manual e verbal de resposta, verificando-
se assim, que o tempo de reaco foi maior nas tarefas manuais. As tarefas verbais tinham
como principal objectivo registar os tempos de reaco de respostas verbais em computador.
As tarefas manuais consistiam, por seu lado, na resposta dos participantes atravs da presso
de um teclado de computador, de modo a assinalar a cor do estmulo ou do significado da
palavra. Alm disso, Repovs (2004) constatou que os resultados da tarefa dependem do
procedimento, verificando que nas tarefas cujas letras se encontram a preto so mais fceis
de decifrar.
Antunes (2004) observou a existncia de uma alterao temporal na alocao de
recursos atencionais ao longo dos intervalos e a possibilidade de evocar recursos top-down,
quer isto dizer, pretende enfatizar no s os conceitos e expectativas criadas, como tambm
a memria, baseando-se nas experincias anteriores (Sternberg, 2000), isto com o objectivo
de reduzir os efeitos interferentes na palavra sobre a cor, permitindo desta forma, a
optimizao da tarefa. Associados aos recursos atencionais, encontram-se os processos de
controlo cognitivo que visam optimizar a resposta direccionada. A descrio desse controlo
cognitivo, por sua vez, sugere que tais processos so particularmente importantes para guiar
o comportamento em tarefas que envolvem competio entre estmulos.
O Efeito de Stroop no resulta de limitaes absolutas na implementao do
controle top-down, mas de falhas em empregar efectivamente tais capacidades inibitrias
quando o tempo insuficiente. A distino entre os mecanismos atencionais automticos e
voluntrios poderia ser feita com base no tempo de activao destes: os mecanismos
automticos seriam rapidamente activados, enquanto os voluntrios necessitariam de maior
tempo. Tudo isto explica, tanto o efeito de interferncia da palavra num curto intervalo
sobre a resposta, para uma dada cor, como a ausncia de Efeito Stroop, no intervalo mais
longo. Nos intervalos curtos, os processos automticos relacionados com a leitura encontram-
se bastante activos para produzir a interferncia, enquanto os mecanismos voluntrios ainda
no esto suficientemente activos a ponto de inibir tais efeitos. Por outro lado, no intervalo
longo, os mecanismos descendentes atingem um nvel de activao capaz de inibir o
distractivo, o que leva ao desaparecimento do efeito Stroop (Antunes, 2004).
O SCWT (Stroop Color Word Test) envolve tanto elementos voluntrios
(controlados), como involuntrios (automticos), sendo este teste essencial para a
compreenso da ateno selectiva. No entanto, h que ter em ateno que os resultados
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obtidos por este instrumento no podem ser generalizveis devido s vrias verses
elaboradas do mesmo (Tucci, 2008).
Em alguns estudos citados por Montagnero (2008), pode-se concluir que ambas as
tarefas de Stroop, as quais permitem estudar a ateno selectiva e o automatismo, mobilizam
grandes recursos atencionais com reas corticais em comum. O Stroop emocional tem a
peculiaridade de envolver tambm reas corticais, associadas ao reconhecimento e fixao de
estmulos emocionais. Isso ajuda-nos a perceber porque que a tarefa emocional, em que
solicitado aos sujeitos que nomeiem as cores nas quais foram grafadas palavras com
valncia emocional negativa, palavras-controle, ou sem qualquer valncia emocional se
correlaciona com a ansiedade e a clssica no. A imageografia cerebral mostra que a
caracterstica semntica das palavras utilizadas no Stroop clssico em que a resposta para a
palavra processada antes da resposta para a cor, no tem este poder.
Duncan (2006) concluiu, com base nos seus estudos, que os alunos da escola pblica
obtiveram um desempenho significativamente inferior aos alunos da escola particular. Em
relao varivel sexo, os resultados no foram significativos e, em relao idade, o
resultado no foi consistente, revelando que essa varivel perde a significncia quando
analisada pelo instrumento utilizado (teste que compreendida trs cartes medindo 18 x
11,5cm, contendo 24 estmulos cada e impressos em cores diferentes verde, rosa, azul e
castanho - sobre fundo branco). As diferenas observadas relativamente ao desempenho do
teste demonstram uma possvel explicao para a diferena entre escolas, podendo estar na
sua origem condies socioeconmicas, educacionais e culturais dos alunos.
Remetendo agora para o presente estudo, este tem como objectivo principal validar e
adaptar o Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens portugueses, assim como
avaliar as diferenas nos resultados da prova com grupos de comparao em funo do
gnero, idade e escolaridade. Pretende-se disponibilizar um teste neuropsicolgico de fcil e
rpida aplicao para avaliar a ateno selectiva nesta populao especfica. Para tal, este
trabalho divide-se em duas partes, ambas se subdividem em captulos.
A primeira parte, respeitante ao corpo terico, sendo esta constituda pelo capitulo 1,
intitulado Teorias e Contribuies do Efeito Stroop, onde descrito o Efeito e a tarefa Stroop,
os Antecedentes e Desenvolvimentos da Tarefa Stroop, assim como os Contributos tericos
para a explicao do Efeito. Integra ainda a primeira parte, o capitulo 2, intitulado
Mecanismos envolvidos na Tarefa Stroop, dedicado definio dos processos psicolgicos
ateno e memria. Para terminar esta primeira parte, feita a definio e descrio do
Teste Stroop de Cores e Palavras.
No que concerne segunda parte, referente ao Corpo Empirico, sendo esta
constituda pelo Capitulo 4, intitulado Apresentao do estudo, onde efectuada a
apresentao e planificao do estudo; faz ainda parte o Capitulo 5, intitulado Mtodo, onde
so caracterizados os participantes/amostra, o material e os procedimentos. Por fim, o
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Capitulo 1
Teorias e Contribuies do Efeito Stroop
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Aps trs anos, em 1915, Brown argumentou que cada tarefa envolve um processo
cognitivo que varia quanto ao tipo de associao. Baseando-se na hiptese de que o treino
diferencial nas duas tarefas no influencia as diferenas nos tempos de resposta. Mais tarde,
em 1932, Ligon adoptou uma posio similar de Brown.
Em 1924, Garrett e Lemmon argumentaram que a fora das associaes entre as cores
e os seus nomes resultantes do uso habitual interferem no aumento do tempo do nomear a
cor. Estes autores defendiam a hiptese existncia de um factor de interferncia na
nomeao da cor.
No ano a seguir, em 1925, Peterson, Lanier e Walker baseavam-se no argumento que
enquanto uma nica resposta est associada a uma palavra, a cada cor esto condicionadas
vrias respostas decorrentes de aprendizagens anteriores. Assim, defendiam a hiptese de
associao Estimulo-Resposta, ou seja, palavra-nome da palavra e Estimulo- Respostas, quer
isto dizer, cor- nomes de cores. Mais tarde, Telford em 1930, viria a adoptar uma posio
similar a estes autores.
Em 1932, Ligon argumentava que o tempo de articulao explica as diferenas nas
tarefas, que por sinal so independentes. Baseando-se na teoria dos trs factores: um factor
comum aprendido e factores especiais: orgnicos, leitura de palavras e nomeao de cores.
A tabela que se segue ilustra a anlise comparativa dos trabalhos anteriormente
referidos, respeitantes ao tempo de nomeao de palavras e de cores relativamente ao
primeiro perodo.
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Tabela 2 Sntese descritiva da investigao realizada por Stroop sobre o fenmeno da interferncia
(Esgalhado, Simes & Pereira, 2010, p. 11)
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desaparecimento da nova
interferncia aprendida,
o que actualmente se
designa por efeito stroop
inverso.
Tabela 3 Anlise comparativa de novos contributos tericos que pretendem explicar o efeito Stroop
depois de 1935 (Esgalhado, Simes & Pereira, 2010, p. 16)
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resposta, na
Vizzi e medida em que
Egeth (1985) ambas competem
entre si
A necessidade de
traduo de uma
informao
perceptiva numa
informao
semntica, aliada
ao facto de se
encontrarem
vrias
modalidades
conduz ao atraso
no processamento
e portanto
interferncia.
implicadas
vrias
modalidades
conduz ao atraso
no processamento
e portanto
interferncia.
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Capitulo 2
Mecanismos envolvidos na Tarefa Stroop
2.1- A Ateno
Como comenta Lezak (1995), sem um conceito universalmente aceite, a ateno um
conceito com vrias definies, muitas vezes divergentes e pode ser considerada como uma
varivel da actividade mental relacionada com a eficincia do processamento cognitivo. Ela
no se refere a uma unidade unitria, mas engloba diversos mecanismos; no se liga a uma
nica estrutura anatmica e nem pode ser avaliada por um nico teste ou prova
(Garcaoguetta, 2001).
Muito do que sabemos actualmente sobre os mecanismos atencionais tiveram origem
no sculo XIX, com os trabalhos de Willian James e Herman von Helmoltz. Willian James (1890
, Sternberg, 2000, p.78) definiu ateno como a tomada de posse da mente, em uma forma
clara e vvida, de um dos diversos objetos ou sries de pensamentos que parecem
simultaneamente possveis. Implica o abandono de algumas coisas, a fim de ocupar-se
efectivamente de outras. Tal definio reala o aspecto selectivo e voluntrio do foco
atencional e pressupe uma limitao no sistema para lidar com vrias informaes ao mesmo
tempo. Hermann Von Helmholtz (1894, Gazzaniga et al., 1998), atravs das suas experincias
envolvendo percepo visual, conseguiu demonstrar a capacidade de direccionamento do foco
atencional de maneira encoberta, sem o acompanhamento do olhar.
No perodo de 1920 a 1950, dominado pelo Behaviorismo, os mecanismos atencionais
foram pouco investigados. Em 1953, E.Colin Cherry destaca o carcter selectivo da ateno
auditiva por meio do que ele chamou de efeito do cocktail, como exemplificado no esforo
que fazemos para estarmos atentos a uma conversa que nos interessa quando estamos no
meio de uma festa com muito barulho. Por meio de pesquisas envolvendo a escuta dicotmica
(mensagens diferentes so transmitidas para cada ouvido) o autor demonstrou que a
orientao da ateno para um dos ouvidos fazia com que as mensagens do ouvido no
atendido fossem, em grande parte, perdidas (Gazzaniga et al., 1998).
Em 1958, Donald Broadbent, props um modelo de ateno para explicar as
descobertas de Cherry e descreveu um sistema de processamento de capacidade limitada,
que conta com uma espcie de filtro ou porto ao qual s tem acesso a informao recebida.
Nesta perspectiva, a informao ignorada no alcana o mecanismo de categorizao e no
identificada. Esta proposta ficou conhecida como a teoria do filtro atencional e implica que
somente quando o estmulo seleccionado, de acordo com suas caractersticas fsicas, pode
ser completamente analisado a nvel perceptual e semntico (Gazzaniga et al., 1998).
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2.2- A Memria
A memria um mecanismo cognitivo que permite recordar informao gravada no
crebro e em alguns casos reviver vividamente acontecimentos passados. Isto permite ao ser
humano uma adaptao do seu comportamento ao que est acontecer no presente para que
depois possa antecipar o que pode ocorrer no futuro. um processo essencial na
aprendizagem de informao e comportamento novo, encontra-se sempre presente naquilo
que pensamos, fazemos e procedemos (Montiel et al, 2006).
O conceito de memria remete para a existncia de vrios modelos, sendo o modelo
tradicional de memria apresentado por Squire (1975) e Walker (1976), que descrevem a
memria como um mecanismo para arquivar informao a trs nveis: primeiro, a Memria
Sensorial: onde uma quantidade de informao pode ser usada por uma pessoa logo aps a
apresentao de um estmulo visual ou auditivo; em segundo lugar, a Memria de Curto
Prazo: onde a informao guardada durante um curto perodo de tempo antes de ser usada.
Durante este perodo de tempo, se uma pessoa analisa a informao que est a reter diz-se
que estamos a usar a memria de trabalho. A capacidade desta memria de 7 itens de
informao ( 2). A codificao da informao basicamente fonolgica e o esquecimento
muito rpido e por ltimo, em terceiro, a Memria de Longo Prazo: este tipo de memria
marcada por ser possvel extrair informao ao fim de um largo perodo de tempo de espera,
a sua capacidade no tendo limite e a sua codificao semntica.
O grande problema com este modelo de memria prende-se com o facto de muitas
vezes a distino entre a durao da gravao de informao longa e curta no muito clara
pois uma pessoa pode ter a capacidade de guardar informao mas no a conseguir recordar.
Por isso, Craik & Lockhart (1972, citado por Montiel, 2006) apresentaram um
segundo tipo de memria baseado em ideias neuropsicolgicas, no qual prope que a memria
no mais do que um mecanismo de processamento de informao, dinmico e em
multiplanos. Estes so: a Ateno: que inclui alerta, excitao, preparao, vigilncia,
concentrao, e capacidade para ateno dividida; a Codificao: que consiste no nvel de
anlise que uma pessoa presta a um estmulo (interno ou externo). Quando a codificao
semntica a informao mais facilmente relembrada do que quando fonolgica; o
Armazenamento: consiste na transferncia de informao para uma localizao no crebro; a
Consolidao: d-se quando existe uma acumulao de novas memrias dentro do mesmo
esquema ou contexto/estrutura cognitiva e por ltimo, a Extraco: quando se procura ou
activa o recordar de ideias ou informao da memria, assim como quando se faz
monitorizao de informao que uma pessoa quer extrair do seu crebro.
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Capitulo 3
O Teste Stroop de Cores e Palavras
(TSCP)
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segundos. Na primeira tarefa (leitura de palavras) dito aos sujeitos para ler de cima para
baixo, coluna a coluna. Na segunda, so instrudos para nomear a cor do item. Na terceira
parte pede-se para, coluna a coluna, nomear a cor da palavra, ignorando o seu contedo. Nas
trs tarefas pedido para completar a prova o mais rpido possvel. Os erros so identificados
pelo avaliador, dizendo ao sujeito para corrigir o erro e continuar, sem interrupo do tempo.
Aps os 45 segundos, o ltimo item nomeado em cada tentativa anotado, sem interromper o
tempo. Os erros no so contabilizados. O tempo, aproximadamente necessrio para a
aplicao total do teste de 5 minutos. A verso de Golden sugere trs pontuaes, em que
cada uma consiste no nmero de itens correctos em 45 segundos.
Em relao interferncia, esta baseada na ideia de que o tempo para ler a
terceira parte uma funo aditiva do tempo para ler as palavras, mais o tempo para nomear
a cor. No entanto, a discusso acerca dos efeitos de Stroop na Neuropsicologia tm andado
em redor da inibio ou supresso. O tempo para ler a terceira parte reflecte o tempo para
suprimir a leitura de uma palavra, mais o tempo para nomear a cor.
Cattell (1886, citado por Freitas, 2011) referiu que ler nomes de cores leva menos
tempo do que nomear cores e que os mecanismos cognitivos envolvidos na leitura dos nomes
das cores e na nomeao das cores eram totalmente diferentes. Por outro lado, Brown (1915,
citado por Freitas, 2011) referiu que esta diferena entre a leitura de palavras com nomes de
cores e nomeao de cores se mantinha, mesmo com a prtica.
Stroop (1935) analisou o efeito de gnero no desempenho das trs provas e verificou
que as mulheres tinham tempos de resposta mais rpidos. Mas embora as mulheres tenham
maior competncia para nomear a cor (Striclkand et al., 1997; Stroop, 1935), as diferenas de
gnero nem sempre esto presentes na interferncia (Anstey et al., 2000; Connor et al.,
1988), ou ento so mnimas (Lucas et al., 2005). Em 1966, Jensen e Rohwer, descobriram,
entre vrios aspectos, que: a tcnica fivel; os tempos para palavra, cor e cor-palavra so
de magnitude crescente; o efeito mantm-se, mesmo com a prtica; existem efeitos da idade
na literacia, mas no no gnero, na condio palavra e na condio cor-palavra. O nmero de
anos de escolaridade tem mostrado uma correlao modesta (<0,30) com o efeito de Stroop,
na prova da interferncia, nos adultos (Anstey et al, 2000; Steinberg et al., 2005).
Recentemente, numa compilao de seis bases de dados, com uma amostra de 440
adultos, a idade mostrou uma grande variabilidade na pontuao da interferncia (r2= .79)
(Mitrushina et al., 2005). Nos adultos, o envelhecimento parece ligado a uma diminuio na
nomeao da cor e a um aumento do efeito de Stroop na interferncia.
Nos afro-americanos, Moering et al. (2004), observaram que a literacia tem um efeito
superior nas pontuaes do Stroop, mesmo tendo a escolaridade em conta. Tambm nos
bilingues o desempenho tende a ser mais lento (Rosseli et al, 2002). Embora as correlaes
com o nmero de anos de escolaridade diminuam, medida que a complexidade da tarefa
aumenta, as correlaes com a inteligncia aumentam atravs destas condies (Steinberg et
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al, 2005). No geral, quanto maior a inteligncia (fluida), menor a interferncia (Shilling et al,
2002).
No que se refere validade e s correlaes entre o teste, estas tendem a ser
moderadas/elevadas na verso de Golden (Chafetz & Matthew, 2004), sugerindo que
envolvem capacidades semelhantes, embora no totalmente idnticas. Nas correlaes com
outros testes, a maior parte da interferncia correlaciona-se bem com outras medidas de
ateno (Weinstein et al., 1999).
A memria de trabalho contribui para a interferncia no Stroop. Kane & Engle(2003)
relatam que as diferenas individuais na memria de trabalho predizem o desempenho na
tarefa de Stroop. A interferncia pode reflectir uma incapacidade em manter o objectivo da
tarefa, ou seja, ignorar o que est escrito e nomear a cor em que est escrito. Outras funes
tambm so importantes, tais como a capacidade conceptual e velocidade de processamento
(Anstey et al, 2002). Estes autores ainda descobriram que em adultos saudveis a
interferncia no Stroop assenta no mesmo factor que a inteligncia fluida, como acontece nas
matrizes progressivas de Raven. Do mesmo modo, Graff e colegas (1995), relatam que nos
sujeitos mais velhos saudveis a interferncia do Stroop assenta no mesmo factor que muitos
subtestes da Wechsler Adult Intelligence Scale (WAIS), os quais medem a capacidade de
processamento e conceptual. Por exemplo, em indivduos mais velhos, 85 % da variao
relacionada com a idade na condio incongruente do Stroop, deve-se sobretudo velocidade
de processamento (Salthouse & Meinz, 1995).
Em amostras clnicas, a interferncia do Stroop assenta em factores que parecem
representar velocidade de processamento (Trail Making Test A), mais que em FE medidas por
testes como o Wisconsin Card SortingTest (WCST) e o Trail Making Test B (Bondi et al., 2002).
A interferncia tambm evoca o sistema semntico e talvez aspectos de
planeamento. Bondi e colaboradores (2002) notaram que em indivduos normais, a
interferncia implica um factor representando o conhecimento semntico (Vocabulrio e
fluncias) e ateno. Do mesmo modo, Hanes (1996), encontrou em doentes com
Esquizofrenia, Parkinson e Huntington, valores na prova de Stroop com fortes relaes com o
desempenho numa tarefa de fluncia semntica (r=0.58).
Tem sido encontrado aumento na interferncia numa variedade de grupos de doentes
com distrbios executivos, como por exemplo na Esquizofrenia (Hanes et al., 1996).
O aumento da interferncia no Stroop tambm est relacionado com a demncia
(Bondi et al., 2002). A disfuno nos processos inibitrios parece ocorrer cedo e a magnitude
do efeito da interferncia aumenta com o aumento da gravidade da demncia (Bondi et al,
2002). No entanto, as correlaes entre o desempenho no Stroop e a gravidade da demncia
tendem a ser moderadas, sugerindo que a tarefa menos til no estudo da progresso da
doena e mais til na deteco. O aumento da interferncia em no dementes com lacunas
subcorticais, correlaciona-se com o aumento da hiperintensidade de sinal na substncia
branca (Kramer et al., 2002). Sendo esta regio crtica para o desempenho no Stroop,
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percebe-se assim que haja um aumento da interferncia com a idade, uma vez que provvel
que exista uma diminuio do controlo inibitrio. Mas, estudos de envelhecimento e
interferncia no Stroop mostram-se contraditrios. Graaf e colaboradores (1995), no
encontraram efeitos relacionados com a idade, num grupo com idades superiores a 65 anos.
Uttl e Graaf (1997), num grupo de sujeitos com idades compreendidas entre os 12 e os 83,
encontraram uma pequena influncia da idade na condio incongruente do Stroop e
correlao entre a idade e o declnio na velocidade de processamento. Delis (2001), tambm
encontrou um maior nmero de erros associado ao aumento da idade, dizendo que a
diminuio no Stroop est, assim, relacionada com processos cognitivos. Shilling e
colaboradores (2002) sugeriram que declnios relacionados com a idade na inteligncia fluida
podem ser suficientes para explicar alteraes na prova de Stroop. Tambm se verificarm
declnios no desempenho no teste de Stroop tm sido documentados em doentes com
depresso (Nathan et al., 2001).
No que se refere validade diagnstica do teste e s suas aplicaes na
neuropsicologia, Nehemkis e Lewinsohn (1972, citado por Freitas,2011) foram os primeiros a
testar o efeito de Stroop em sujeitos com leses cerebrais, encontrando tempos mais
elevados na realizao da tarefa incongruente do que na cor, nos dois grupos (controlo e
leso cerebral no hemisfrio esquerdo e direito). Estes autores demonstraram que o teste
um instrumento com potencial, tanto para investigao como para a prtica clnica na
Neuropsicologia. Golden (1976, citado por Freitas, 2011), utilizando o teste Stroop classificou
com sucesso 88,9% de doentes psiquitricos e de sujeitos normais e 84,6% de doentes com
leso cerebral.
Cicerone e Azulay (2002) num grupo de doentes com sndrome psconcussional e
controlos verificaram uma sensibilidade limitada, mas uma especificidade elevada. O poder
preditivo positivo da velocidade mostrou-se forte. As pontuaes de velocidade mostraram-se
fiveis.
Em relao s correlaes neuroanatmicas, os estudos de neuroimagem e
electrofisiolgicos mostram que a parte frontal do crebro a rea de activao mais
consistente (Brown et al., 1999). Juntamente com estes dados, doentes com leses frontais
focais tendem a mostrar aumento da interferncia nas tarefas de Stroop (Stuss et al., 2001).
Uma variedade de regies frontais do crebro tm sido apresentadas como crticas
para o controlo cognitivo na tarefa de Stroop, incluindo o crtex lateral pr-frontal e o crtex
cingulado anterior (Brown et al., 1999). De acordo com Petersen (2002), em exames de
imagem, verificou-se que, durante o desempenho no Stroop, so activadas a regio frontal,
temporal inferior, crtex parietal e o ncleo caudado. Apesar do sistema frontal ser crtico, a
tarefa mediada por um sistema mais amplo. Existem alguns problemas metodolgicos e de
prtica, pois apesar da utilidade clnica, h muitas variaes da tcnica.
22
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
Capitulo 4
Apresentao do Estudo
O presente estudo visa compreender as propriedades psicomtricas do Teste Stroop
de Cores e Palavras (TSCP) para uma populao escolar portuguesa, com idades
compreendidas entre os 16 e os 24 anos de idade.
Definem-se como objectivos principais: analisar as propriedades psicomtricas do
TSCP e validar e adaptar o teste para os nveis de escolaridade referidos. No que concerne ao
Objectivo secundrio, este consiste em avaliar diferenas nos resultados da prova nos grupos
de comparao elaborados com base nas variveis independentes, idade, sexo e nvel de
escolaridade.
4.1- Planificao
A investigao realizada de tipo observacional-descritivo (Ribeiro, 1999) uma vez
que sero analisados os dados previamente recolhidos, que descrevem o modo como se
comportam os sujeitos relativamente tarefa proposta e transversal, pois foi realizada num
nico momento no tempo e no tem carcter interventivo.
Para o estudo de validao do teste definimos as seguintes variveis independentes:
Sexo, Idade e Nvel/ Ano de Escolaridade.
Como variveis dependentes foram consideradas: Varivel P: nmero de palavras lidas
na pgina ou lmina P (palavra); Varivel C: nmero de cores nomeadas na pgina ou lmina
C (cor); Varivel PC: nmero de cores nomeadas das palavras impressas numa cor diferente
do significado da palavra, na pgina ou lmina PC (palavra-cor); Varivel P+C: total obtido do
nmero de palavras lidas na pgina P mais o nmero de cores nomeadas na pgina C;
-Varivel PC: pontuao esperada ou estimada para PC, obtida atravs da frmula
(P*C)/(P+C); Varivel PC-PC: pontuao de interferncia; Varivel P/C: proporo entre
palavras lidas e cores nomeadas; Varivel PC/C: proporo entre cores nomeadas das palavras
impressas numa cor diferente do significado da palavra e as cores nomeadas e Varivel PC-C:
medida da pontuao de interferncia utilizada em diversos estudos.
23
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
Capitulo 5
Mtodo
5.1 Participantes/Amostra
A nossa amostra foi recolhida teoricamente ou por convenincia, e constituda por
276 indivduos de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 16 e os 24 anos,
frequentando os 11, 12 anos de escolaridade ou o Ensino Superior. A amplitude da amostra
pode de certa forma ser um factor limitativo para alguns testes a serem realizados, no
entanto o tempo de realizao do estudo e a obteno da referida amostra impossibilitou a
recolha de mais dados passveis de anlise.
Idade n %
16 48 17,4
17 59 21,4
18 43 15,6
19 66 23,9
20 30 10,9
21 11 4,0
22 12 4,3
23 4 1,4
24 3 1,1
Total 276 100,0
24
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
Ano Escolar n %
11ano 84 30,4
12ano 71 25,7
Superior 121 43,8
Sexo n %
Masculino 107 38,8
Feminino 169 61,2
Verifica-se da anlise da tabela seguinte que a maioria dos alunos que frequentam o
11 ano de escolaridade na nossa amostra apresenta entre 16 e 17 anos (47 e 30 alunos
respectivamente), havendo no entanto neste nvel 4 alunos com 18 anos e 3 alunos com 19
anos; no 12 ano de escolaridade contabiliza-se 1 aluno com 16 anos, 29 alunos com 17 anos,
31 alunos com 18 anos, 8 alunos com 19 anos, 1 aluno com 20 anos e um aluno com 21 anos;
no ensino superior por sua vez todos os alunos tm no mnimo 18 anos na amostra
apresentada, sendo que 8 tm 18 anos, 55 tm 19 anos, 29 tm 20 anos, 10 tm 21 anos, 12
tm 22 anos, 4 tm 23 anos e 3 tm 24 anos de idade.
25
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
Ano de Escolaridade
Idade
11ano 12ano Superior Total
16 47 1 0 48
17 30 29 0 59
18 4 31 8 43
19 3 8 55 66
20 0 1 29 30
21 0 1 10 11
22 0 0 12 12
23 0 0 4 4
24 0 0 3 3
Total 84 71 121 276
Nos indivduos do sexo masculino a idade mdia de 17,68 anos com um desvio
padro de 1,686, enquanto que nos indivduos do sexo feminino, a idade mdia de 18,73
anos com um desvio padro de 1,781 anos. A mediana das idades dos indivduos do sexo
masculino de 17 anos, enquanto que a mediana das idades das raparigas de 19 anos.
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Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
Sexo
Idade
Masculino Feminino Total
16 30 18 48
17 30 29 59
18 21 22 43
19 12 54 66
20 4 26 30
21 5 6 11
22 4 8 12
23 1 3 4
24 0 3 3
Total 107 169 276
Sexo
Masculino Feminino Total
Ano Escolar 11ano 49 35 84
12ano 39 32 71
Superior 19 102 121
27
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
5.2- Material
O Instrumento utilizado neste estudo que visa a adaptao do teste para a populao
de adultos jovens portuguesa baseou-se no Stroop clssico. Neste sentido, as dimenses
bsicas avaliadas pelo Teste Stroop Cores e Palavras (TSCP) esto interrelacionadas com a
capacidade individual para gerir o stress cognitivo e processar informaes complexas.
O TSCP tem por base a teoria de que ver e nomear uma palavra supe uma associao
automtica, enquanto que, nomear a tonalidade duma cor o resultado de um esforo
consciente para pronunciar o nome da mesma. A singularidade do teste est presente na
Lmina 3, a qual origina uma resposta verbal automtica que requer muitas das mesmas
funes neuropsicolgicas que so necessrias para nomear as cores. Alm disso, a velocidade
de ambas reaces tal que a resposta de ler palavras ocupa os canais neuropsicolgicos que,
ao mesmo tempo, a resposta de nomear cores necessita para poder ser processada. Tudo isto
indica que a lmina de interferncia do TSCP mede a capacidade do indivduo para separar os
estmulos de nomear cores e palavras. Os estmulos do TSCP afectam a capacidade do sujeito
para classificar informao do meio e lidar selectivamente com essa informao (Cabaco et
al, 2002).
Neste sentido, a preparao da adaptao portuguesa incluiu a organizao e
reproduo da verso experimental do Teste Stroop de Cores e Palavras, que engloba em
formato A4 (21 x 30cm): (1) uma folha de registo de dados e cotao do teste; (2) uma folha
de instrues; e (3) as trs lminas de resposta, cada uma contendo 100 elementos
distribudos por cinco colunas de 20 elementos. Na primeira lmina esto impressas em tinta
preta as palavras VERDE, VERMELHO e AZUL (cf. Figura 1); estas palavras foram
dispostas de forma aleatria, no sendo permitido que a mesma palavra surja duas vezes
seguidas na mesma coluna.
A segunda lmina constituda por 100 elementos iguais (XXXX), impressos nas
cores vermelho, verde e azul (cf. Figura 2). Do mesmo modo, no se permite que a mesma
cor aparea duas vezes seguidas na mesma coluna. Salientamos que nesta segunda lmina no
28
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
existe uma correspondncia entre a ordem das cores e a ordem das palavras da primeira
pgina.
5.3- Procedimentos
No que concerne recolha de dados sobre o sujeito que vai realizar o teste, teve-se
em considerao a recolha dos itens adequados aos objectivos, tais como data de nascimento,
ano de escolaridade, escola e sexo, bem como a indicao da identificao certa ou errada
das quatros cores apresentadas previamente realizao do teste.
29
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
STROOP
Sexo:__________ Data:__________
Residncia:_________________
Figura 4 Excerto da pgina de registo dos dados no Teste Stroop de Cores e Palavras
30
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
Capitulo 6
Anlise Estatstica
6.1- Resultados
31
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
Normal Mdia 96,8007 70,5688 44,2355 40,7439 1,3971 167,5507 ,6314 -26,3587 3,5666
Parametersa,b DP 11,3459 10,28144 8,55011 5,34681 ,24565 19,30919 ,11929 8,94010 7,10339
Most Absoluto ,072 ,047 ,074 ,038 ,137 ,033 ,084 ,102 ,047
Extreme
Positivo ,054 ,047 ,059 ,038 ,137 ,026 ,084 ,052 ,039
Differences
Negativo -,072 -,030 -,074 -,037 -,105 -,033 -,083 -,102 -,047
Kolmogorov-Smirnov Z 1,200 ,788 1,236 ,636 2,274 ,548 1,396 1,692 ,777
Asymp. Sig. (2-tailed) ,112 ,564 ,094 ,813 ,000 ,925 ,041 ,007 ,582
Da submisso das variveis do teste de Stroop anlise descritiva para a varivel (P)
apresenta uma mdia 96,80, uma mediana 98,00 um desvio padro 11,35. Para a varivel (C)
obteve-se uma mdia de 70,57, uma mediana de 70,00 e um desvio padro 10,28. Para a
varivel (PC) obteve-se uma mdia 44,24, uma mediana 45,00 e um desvio padro 8,55. Para
a varivel (PC) obteve-se uma mdia 40,74, uma mediana 40,47 e um desvio padro 5,35.
Para a varivel (P+C) obteve-se uma mdia 167,55 , uma mediana 167,00 e um desvio padro
19,31. Para a varivel (PC-PC) obteve-se uma mdia -26,36, uma mediana -25,00 e um desvio
padro 8,94. Todos estes resultados podem ser visualizados na tabela abaixo.
32
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
No que se refere ao desempenho entre sexos para a varivel (C), pode concluir-se que
no h diferenas estatisticamente significativas (t(274)=-0,731, p=0,466) pelo que nos 45
segundos atribudos para a realizao desta tarefa nenhum dos sexos se destaca nomeando
mais cores.
33
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
Da anlise global verifica-se no haver diferenas significativas entre ambos os sexos nas
pontuaes obtidas excepto na varivel na varivel (PC-PC) o que traduz uma maior medida
de interferncia no caso das raparigas.
34
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
Quanto varivel (P+C) denotamos que no h diferenas nas diferentes idades o que
acompanha a anlise efectuada para as variveis (P) e (C) j analisadas anteriormente
(F(8,267)= 0,421, p= 0,908) pelo que a soma das palavras lidas em 45 segundos e das cores
identificadas no mesmo perodo de tempo permanece semelhante nas diferentes idades.
35
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
36
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
Aos 16 anos de idade a mdia para a varivel (P) 98,18 , para a varivel (C) 72,16 ,
para a varivel (PC) 44,41 , para a varivel (PC) 41,30 , para a varivel (P+C) 170,35 e
para a varivel (PC-PC) -27,79.
Aos 17 anos de idade a mdia para a varivel (P) 96,35 para a varivel (C) 69,27,
para a varivel (PC) 45,10 , para a varivel (PC) 40,23 , para a varivel (P+C) 166,61 e
para a varivel (PC-PC) -24,16.
Aos 18 anos de idade a mdia para a varivel (P) 97,32 para a varivel (C) 71,16 ,
para a varivel (PC) 45,88 , para a varivel (PC) 40,88 , para a varivel (P+C) 168,48 e
para a varivel (PC-PC) -25,32.
Aos 19 anos de idade a mdia para a varivel (P) 95,36 para a varivel (C) 71,36 ,
para a varivel (PC) 42,83 , para a varivel (PC) 41,19 , para a varivel (P+C) 166,60 e
para a varivel (PC-PC) -28,51.
Aos 20 anos de idade a mdia para a varivel (P) 96,00 para a varivel (C) 70,16 ,
para a varivel (PC) 42,2333, para a varivel (PC) 40,33 , para a varivel (P+C) 166,16 e
para a varivel (PC-PC) -28,06.
Aos 21 anos de idade a mdia para a varivel (P) 98,81 para a varivel (C) 71,12 ,
para a varivel (PC) 48,81 , para a varivel (PC) 40,91 , para a varivel (P+C) 168,09 e
para a varivel (PC-PC) -22,45.
Aos 22 anos de idade a mdia para a varivel (P) 99,50 para a varivel (C) 65,75 ,
para a varivel (PC) 43,91 , para a varivel (PC) 38,9642, para a varivel (P+C) 165,25 e
para a varivel (PC-PC) -21,83.
Aos 23 anos de idade a mdia para a varivel (P) 99,50 para a varivel (C) 71,00 ,
para a varivel (PC) 43,25 , para a varivel (PC) 41,41, para a varivel (P+C) 170,50 e
para a varivel (PC-PC) -27,75.
Aos 24 anos de idade a mdia para a varivel (P) 96,80 para a varivel (C) 70,56 ,
para a varivel (PC) 44,23 , para a varivel (PC) 40,7439, para a varivel (P+C) 167,55 e
para a varivel (PC-PC) -26,35.
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Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
Vamos agora efectuar a anlise comparativa das variveis por diferentes nveis de
ensino.
Para a varivel (P) o teste ANOVA no reflecte diferenas significativas nos nveis de
ensino apresentados (F(2, 273)= 0,640, p= 0,528).
Para a varivel (C) o teste ANOVA tambm no reflecte diferenas significativas entre
os nveis de ensino apresentados (F(2, 273)= 0,075, p= 0,928).
No caso da varivel (P+C) como resulta da conjugao de duas anteriores, como seria
de esperar tambm no se registam diferenas significativas nos diferentes nveis de ensino
(F(2, 273)= 0,065 , p= 0,937).
38
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
Tabela 14- Valores Mdios e Desvios Padro das variveis por Ano de Escolaridade
No que varivel (P+C) diz respeito, as mdias nos 11, 12 anos e Ensino Superior so
respectivamente, 40,78 , 40,90 e 40,62, reflectindo de forma inequvoca o resultado obtido
no teste de no existncia de diferenas significativas nos trs nveis de ensino no que a esta
varivel diz respeito.
39
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
significativa nos trs grupos embora mais uma vez nos sujeitos respeitantes ao Ensino Superior
se registe uma mdia ligeiramente inferior.
Por ltimo relativamente varivel (PC-PC) as mdias nos 11, 12 anos e Ensino
Superior so respectivamente, -26,52 , -25,35 e -26,83 , denotando mais uma vez a
semelhana nas mdias dos trs grupos, embora neste caso sejam os sujeitos do 12 ano
aqueles que apresentam menor valor mdio para a varivel em questo.
40
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
O crtex pr-frontal parece ser altamente sensvel ao aumento da idade (Weste &
Bellm, 1997). Sendo esta regio crtica para o desempenho no TSCP (Brown et al., 1999),
percebe-se, desta forma, que haja um aumento do efeito da interferncia com a idade. Esta
condio no se encontra reflectida nos resultados obtidos, onde um aumento da idade no se
associa a um declnio no controlo inibitrio, uma vez que no fazem parte da amostra grupos
etrios com elevadas diferenas de idades, ou seja, no se verificam extremos nas idades,
variando estas em apenas aproximadamente dez anos (16 aos 24 anos). No entanto, alguns
estudos de envelhecimento e interferncia no TSCP mostram-se de acordo com o resultado
obtido. Graaf e colaboradores (1995), por exemplo, no encontraram efeitos da idade, num
grupo com idades superiores a 65 anos. Por sua vez, Uttl e Graaf (1997), num grupo com
idades compreendidas entre os 12 e os 83, encontraram uma pequena influncia da idade na
condio incongruente do TSCP. Shilling e colaboradores (2002) sugeriram que declnios
relacionados com a idade na inteligncia fluida, enquanto capacidade de raciocnio, podero
explicar, igualmente, as alteraes na prova de Stroop. O mesmo se verificou numa
compilao de seis bases de dados com 440 adultos, a qual revelou uma grande variabilidade
nos desempenhos na prova de interferncia com a idade (Mitrushina et al., 2005). Esta
descoberta pode indicar que nos adultos, o envelhecimento parece estar ligado a um
prolongar da nomeao da cor e a um aumento do efeito da interferncia, isto , as pessoas
mais velhas apresentam maior dificuldade para inibir a resposta automtica e mais
frequente (leitura de palavras com significado) em detrimento de uma resposta menos
frequente (nomeao de cores). De acordo com Salthouse & Meinz (1995), nos indivduos mais
velhos, 85 % da variao relacionada com a idade na condio incongruente do Stroop, pode
ainda dever-se sobretudo velocidade de processamento.
No que diz respeito varivel Ano de Escolaridade, a literatura, refere esta varivel
como sendo mais significativa, por vezes, do que a idade, na execuo de baterias ou provas
neuropsicolgicas (Ardilla, 2000; Garcia, 1984; Guerreiro, 1998; Ostrosky et al., 1998). Uma
vez que a escolaridade parece apresentar efeito nos resultados das provas, salientamos a
necessidade de se ter em considerao o grau de escolaridade da populao que sujeita
avaliao neuropsicolgica, tanto na seleco de testes, como na utilizao de valores de
referncia estrangeiros.
Neste estudo, constituram-se, trs grupos de escolaridade (11, 12 e Ensino
Superior), com esta diviso no se verificou a existncia de diferenas estatisticamente
significativas no TSCP entre os trs grupos de escolaridade, ou seja, os participantes com
mais escolaridade no possuem melhores desempenhos do que os participantes com menos
escolaridade.
Alguns estudos revelam que pessoas com um nvel educacional mdio a elevado,
embora no difiram significativamente entre si no desempenho cognitivo apresentam
desempenhos melhores no teste do que os grupos de literacia mais baixa (Van Hooren et al.,
2007). No entanto, apesar de se poder concluir da reviso de alguns estudos que a
41
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
42
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
Consideraes Finais
Os processos de controlo cognitivo, associados ao recrutamento e aplicao de
recursos atencionais para optimizar a resposta direcionada tarefa-alvo, so caractersticas
inerentes ao sistema executivo atencional, tambm chamado de supervisor atencional. Esse
controlo cognitivo crucial quando o conflito da resposta est presente e a execuo da
tarefa-alvo exige inibio de respostas habituais ou treinadas inapropriadas naquele
momento.
Desta forma, o sistema executivo parece estar envolvido na facilitao de
processamento de estmulos recebidos e/ou na inibio daqueles considerados inapropriados,
sendo considerado um mecanismo fundamental de controlo top-down. A descrio deste
controlo cognitivo sugere que tais processos so particularmente importantes para guiar o
comportamento em tarefas que envolvem competio entre estmulos.
O teste Stroop um exemplo em que a superao da interferncia do distractivo
depende da implementao do controlo exercido pelo supervisor atencional.
Alguns estudos tm mostrado que as reas relacionadas ao sistema executivo
atencional, particularmente o crtex pr-frontal dorso lateral e o cingulado anterior, esto
activas durante essa situao de conflito. Assim, durante a tarefa Stroop existiria, de facto,
um controlo supressor exercido por mecanismos atencionais voluntrios, sobre o estmulo
irrelevante (palavra). O efeito Stroop comumente interpretado como sendo uma
consequncia da incapacidade desse sistema em conseguir suprimir completamente a
interferncia do distractivo (Antunes, et al 2005).
Segundo Herreras e Celas (2006), algumas variveis que podem afectar os resultados
do TSCP so a educao (Perittti, 1969), o gnero (Peritti, 1971) o stress (Houston y Jones,
1967) e a diversas dimensiones da personalidade (Golden, 1978).
43
Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
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Adaptao do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens
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