B Do Exame

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AEJSA/EMN Exemplos de textos para a pergunta B do Grupo I do Exame Pgina 1 de 15

Contedo
Ortnimo...............................................................................................................................................2
Alberto Caeiro.......................................................................................................................................3
Ricardo Reis..........................................................................................................................................3
lvaro de Campos.................................................................................................................................4
. Textos picos e pico-lricos...............................................................................................................5
Os Lusadas.......................................................................................................................................5
Mensagem.........................................................................................................................................7
Textos de teatro.....................................................................................................................................8
Textos narrativos e descritivos............................................................................................................11

Instrues bsicas:
Nesta questo, devero fazer trs pargrafos (introduo, desenvolvimento e concluso).
A introduo deve partir do tema. Ler com ateno o que pedido e no lhe fugir.
No desenvolvimento, devem fazer duas referncias obra, que provem o que esto a dizer e que mostrem que a
conhecem. Uso de articuladores como ,ou seja, isto , como se pode ver em/comprovar atravs
Ateno aos articuladores:
Devem usar os de passagem da introduo para o desenvolvimento: De facto, Na verdade, Efetivamente
No incio da concluso: Por fim, Finalmente, Em concluso, Assim,
Fazer o recuo da 1. linha.

Seguem-se resumos de quase todos os contedos, com textos modelo onde estes so tratados, e as
questes que surgiram em exames.
AEJSA/EMN Exemplos de textos para a pergunta B do Grupo I do Exame Pgina 2 de 15

Ortnimo
1- o fingimento artstico
Exemplo 1
O aspeto mais significativo da potica de Fernando Pessoa a sua teoria da criao artstica segundo a qual o
poeta chega a fingir que dor/ a dor que deveras sente.
Fernando Pessoa manifesta a sua teoria da criao potica nos poemas Autopsicografia e Isto, onde nos diz
que o poeta um fingidor. Segundo ele, a emoo quando transmitida ou expressa no est a ser sentida, mas sim
recordada. Ela , assim, intelectualizada, isto , deixa de ser sentida pelo corao, que apenas gira a entreter a razo,
pois racionalizada. Da a despersonalizao de emoes e sentimentos que justifica o desdobramento do autor em
diversas personalidades, perfeitamente individualizadas.
Conclui-se ento, que a criao potica, para Fernando Pessoa, parte da intelectualizao de sentimentos, o
fingimento artstico, o que pode levar ao fenmeno heteronmico.
Exemplo 2
A teoria do fingimento artstico enunciada por Fernando Pessoa nos poemas Autopsicografia e Isto onde
nos diz que o poeta um fingidor.
Fernando Pessoa considera que o que lhe permite fazer uma criao artstica a distanciao que faz do real,
(livre do meu enleio) podendo isto ser entendido como um acto de fingimento ou mentira. Mas o poeta explica que
sente com a imaginao no usa o corao, ou seja, recria, reelabora a dor sentida, filtrando-a atravs da imaginao
criadora a razo. Assim, a produo potica um produto intelectual que nasce, no do corao que gira a entreter a
razo, mas desta ltima.
Em concluso, do acima exposto, pode-se afirmar que o fingimento artstico a teoria da criao potica
elaborada por Fernando Pessoa segundo a qual o poema produto da sinceridade intelectual.
2- a dor de pensar
Exemplo 1
Fernando Pessoa sente uma grande dor de pensar, de ser lcido, que se manifesta na tenso entre a conscincia e
a inconscincia.
Esta dor facilmente identificada no poema Ela canta pobre ceifeira onde o poeta manifesta o desejo de ter a
sua alegre inconscincia e simultaneamente a conscincia disso. Este desejo impossvel uma vez que o
pensamento racional impede-o de viver instintivamente, sensitivamente, tal como o gato que brinca(s) na rua, que
descobre o mundo sem preconceitos, sem nada dele saber. esta incapacidade que no lhe permite fruir e gozar de todo
o prazer das sensaes que s os inconscientes podem ter.
Em concluso, esta dialtica conscincia/inconscincia resultado da dor de pensar evidente em inmeros
poemas de Fernando Pessoa.
Exemplo 2
Considerando a poesia de Fernando Pessoa ortnimo verifica-se um aspeto muito relevante: a dor de pensar.
O poeta manifesta a sua admirao pelos inconscientes, como o gato que brinca na rua como se fosse na cama
e inveja-os. Os inconscientes s sentem, enquanto os conscientes tm de pensar. Ele gostaria de no pensar para poder
ter prazer a durar e assim no pensaria nas leis fatais que regem pedras e gente. Mas o ideal seria ter a inconscincia
da ceifeira que canta sem razo e ser simultaneamente consciente - algo impossvel e, portanto, causador de angstia e
que o leva, nesse poema, a manifestar um desejo final de disperso e aniquilamento.
Concluindo, Fernando Pessoa deseja ser inconsciente, pois a conscincia impede-o de fruir do prazer das
sensaes.
3- a nostalgia da infncia
A nostalgia da infncia surge em Fernando Pessoa como fuga dor de pensar.
A nostalgia de um estado inocente em que o eu ainda no se tinha desdobrado em eu reflexivo surge, de facto,
representada no smbolo da infncia. A infncia a inconscincia, o sonho, a felicidade longnqua, uma idade perdida e
remota que possivelmente nunca existiu a no ser como reminiscncia. A essa nostalgia alia-se um desejo sem
esperana: O que me di no /O que h no corao/Mas essas coisas lindas/Que nunca existiro. De tudo isto
resulta o timbre melanclico e triste da sua poesia: Outros tero/Um lar, quem saiba, amor, paz, um amigo,/A inteira,
negra e fria solido/Est comigo.
Em concluso, poder-se- dizer que Fernando Pessoa ao procurar a inconscincia que deseja, sente nostalgia da
infncia, a idade da inocncia.
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Do exame 1. fase 2009
Comente a opinio, a seguir transcrita, sobre a teoria do fingimento potico em Pessoa ortnimo, referindo-se a poemas
relevantes para o tema em anlise.
Escreva um texto de oitenta a cento e vinte palavras.
na poesia ortnima que o Pessoa restante, o que no cabe nos heternimos laboriosamente inventados, se
afirma e normaliza: ento que ele faz de si e os seus poemas so chaves para compreender o seu
extraordinrio universo literrio.
Antnio Mega Ferreira, Viso do Sculo As Grandes Figuras do Mundo nos ltimos Cem Anos,
Linda-a-Velha, Viso, 1999
poca especial 2011

Fazendo apelo sua experincia de leitor, explique de que modo a oposio entre pensar e sentir se manifesta na poesia
de Fernando Pessoa ortnimo.
Escreva um texto de oitenta a cento e trinta palavras.

Alberto Caeiro
4- a poesia das sensaes
Considerando a obra de Alberto Caeiro, pode-se afirmar que esta a poesia das sensaes.
De fcato, esta assim denominada, pois o poeta recebe as sensaes tal como elas se apresentam, privilegiando o
sentido da viso na sua apreenso do mundo. Ele prprio o afirma, dizendo vi como um danado. Considera-se como
uma criana, atento eterna novidade do mundo, vivendo atravs das sensaes, pois pensar uma flor v-la e
cheir-la. Da que no se questione, no procure nada, no pea coisa nenhuma e por isso afirme sei a verdade e sou
feliz. o poeta que recusa pensar, pois como nos diz, os pensamentos so todos sensaes e essas sensaes provm
da Natureza que, para ele, a nica realidade.
Concluindo, Caeiro o poeta que descobre sempre algo de novo em cada observao da Natureza, sentindo e
apreendendo-a pelas sensaes.
5- a poesia da natureza
Exemplo 1
O aspeto mais relevante da poesia de Alberto Caeiro a relao de harmonia com a Natureza que a se
manifesta.
Como ele prprio diz, como um pastor que apascenta as suas ovelhas. Estas so os seus pensamentos e estes so
todos sensaes. Pensar uma flor v-la e cheir-la. Vemos ainda que desejava ser apenas um animal humano e no
Alberto Caeiro, ou seja, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem, mas como quem sente a
Natureza, e mais nada, procurando despir-se do que aprendeu, desembrulhar-se. o Descobridor da Natureza e
est sempre atento eterna novidade do mundo sendo a sua alma como um pastor, conhece o vento e o sol e anda
pela mo das Estaes a seguir e a olhar. Toda a paz da natureza sem gente vem sentar-se a meu lado.
Do exposto, conclui-se que este poeta representa simbolicamente a nossa reconciliao com o Universo, o
regresso idade idlica da harmonia do homem com a Natureza.
Exemplo2
Alberto Caeiro como ele prprio afirma, o Descobridor da Natureza e simbolicamente a nossa reconciliao
com o Universo, o regresso idade idlica da harmonia do homem com a Natureza.
Nos seus poemas, de facto, manifesta esta sua relao de harmonia com a Natureza, dizendo que a sua alma
como um pastor, conhece o vento e o sol e anda pela mo das Estaes a seguir e a olhar. E acrescenta: toda a paz da
Natureza sem gente vem sentar-se a meu lado. Ao estar atento eterna novidade do mundo, sentindo-o, afastando o
pensamento, no o questiona e apenas est de acordo com ele. Da que afirme sei a verdade e sou feliz, pois sei
que compreendo a Natureza por fora, e no a compreendo por dentro; porque a Natureza no tem dentro; Seno no era
a Natureza.
Em concluso, este poeta ao recusar o pensamento e vivendo atravs dos sentidos, especialmente o da viso,
consegue viver em harmonia com a Natureza.
Do exame 1. Fase 2007
Tal como em lvaro de Campos, tambm em Alberto Caeiro as sensaes so um elemento relevante.
Fazendo apelo sua experincia de leitura, exponha, num texto de sessenta a cento e vinte palavras, a sua opinio sobre
a importncia das sensaes na poesia de Caeiro.

Ricardo Reis
6- o neopaganismo
Um dos aspetos relevantes da poesia de Ricardo Reis o seu neopaganismo.
Como poeta neoclssico, Ricardo Reis cultiva a mitologia greco-latina e a sua crena nos deuses antigos,
procurando alcanar a sua quietude e perfeio. Estes so uma metfora do mundo: indiferentes, mas omnipresentes e a
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quem devemos imitar: S esta liberdade nos concedem / Os Deuses: submetermo-nos /Ao seu domnio por vontade
prpria. Nesta sujeio quer aos Deuses quer ao Fado que a todos comanda, encontra Reis a aparente calma e a
liberdade, disciplinando as suas emoes e sentimentos. Os Deuses vivem perto de ns, tranquilos e imediatos, nos
rios, nos campos, nos bosques e repetem vezes sem conta os mesmo gestos. Assim, aconselha-nos a imit-los: imita o
Olimpo / No teu corao.
Em concluso, Reis pela atitude de imitao dos Deuses e sujeio s leis do Fado alcana uma resignada
tranquilidade.
7- o Epicurismo e o Estoicismo
Ricardo Reis tem em mente a presena iminente da morte. Esse facto, leva-o a adoptar duas filosofias: o
epicurismo e o estoicismo.
Perante a efemeridade da vida que passa e no fica, nada deixa e nunca regressa, Ricardo Reis abraa o
epicurismo e o estoicismo que lhe permitem no sofrer, permanecer indiferente e aceitar tudo de forma voluntria.
Segundo o epicurismo, deve-se levar uma vida disciplinada, calma, procurando-se os prazeres estticos, ou seja, aqueles
que no so passveis de provocar dor, como a cultura do esprito, atingindo-se assim a to desejada ataraxia. O prazer
alcana-se atravs do carpe diem: colhe o dia, porque s ele, abstendo-se de todo o esforo e atividade til. Por
outro lado, segundo o estoicismo, recusando as paixes, no cedendo ao natural impulso dos instintos, procurando o
sossego pela indiferena, aceitando voluntariamente um destino involuntrio, no se sofre: Abdica e s rei de ti
prprio, ou seja, com o ideal tico da apatia obtm-se a liberdade, mesmo sendo escravo.
Em concluso, a adopo destas duas formas de viver permitem a Ricardo Reis levar uma vida calma, esperando
a morte.
Do exame 2011
Fazendo apelo sua experincia de leitura, explicite o modo como Ricardo Reis perspectiva a passagem do tempo e as
implicaes da decorrentes.
Escreva um texto de oitenta a cento e trinta palavras.

lvaro de Campos
8- a Vanguarda e o sensacionismo
lvaro de Campos o poeta vanguardista que, rompe com as tendncias e concepes artsticas, vivendo na
vertigem das sensaes.
Este poeta, de acordo com os movimentos inovadores do modernismo e da vanguarda europeia, ops teoria
aristotlica de que a arte a procura da beleza a ideia de que esta a procura da fora. Assim, surgem nos seus
poemas Ode Triunfal e Ode Martima os maquinismos em fria, a fora da mquina, a exaltao do progresso
tcnico, o canto da civilizao, os r-r-r-r-r-r- eterno do triunfo da mquina, numa linguagem impetuosa, excessiva e
exclamativa. Revela-se nestes poemas uma sinfonia de sensaes / incompatveis e anlogas que procura numa
vertigem insacivel e de que cativo. De facto, sensacionista, procura sentir tudo de todas as maneiras, considerando
que podia morrer triturado por um motor com o sentimento de uma deliciosa entrega duma mulher possuda.
Em suma, do acima apresentado, conclui-se que lvaro de Campos apresenta nestes seus poemas o esprito de
vanguarda ao inovar no conceito de arte e manifesta a violncia das sensaes - a nica realidade.
9- a abulia e o tdio
lvaro de Campos, aps a vertigem das sensaes da exaltao herica dos maquinismos em fria, cai na
abulia e no tdio.
Este poeta, face incapacidade da realizao, cai no desnimo e na frustrao. Sente-se vazio, marginal e
incompreendido e, tal como o ortnimo, fragmentado: A minha obra? A minha vida? / Um caco. De facto, Campos
sente um profundo vazio existencial, que se manifesta na descrena, numa atitude depressiva de abatimento profundo
que surge em direta oposio atitude eufrica dos seus poemas futuristas. Recusa as normas, os princpios, os valores,
tudo o que d sentido existncia: No: no quero nada. / J disse que no quero nada. Tambm, tal como Pessoa,
sente a nostalgia de infncia: No tempo em que festejavam o dia dos meus anos / Eu era feliz por oposio ao tempo
presente em que o que sou hoje (...) estar sobrevivente a mim mesmo como um fsforo frio.
Do que atrs foi referido, verifica-se que lvaro de Campos apresenta nos seus poemas a abulia e o tdio de
viver, dos quais no se consegue libertar.
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2. Fase 2012
Explicite, fazendo apelo sua experincia de leitura, o modo como as tendncias da Vanguarda europeia esto
representadas na poesia de lvaro de Campos, fundamentando a sua exposio em dois exemplos significativos.
Escreva um texto de oitenta a cento e trinta palavras.

. Textos picos e pico-lricos


Cames e Pessoa: Os Lusadas e Mensagem
Os Lusadas
10- viso global
Os Lusadas surgem como a epopeia das faanhas dos portugueses nos mares que os levaram ndia.
Na sua estrutura interna o poema segue a organizao da epopeia clssica, dividindo-se em quatro partes:
Proposio, Invocao, Dedicatria e Narrao in media res. A ao desenvolve-se em quatro planos narrativos: plano
da Viagem, da Histria de Portugal, da Mitologia e do Poeta. Na sua estrutura externa apresenta-se em dez cantos,
organizados em 1102 oitavas com versos decassilbicos e com o esquema rimtico abababcc.
Cames narra as faanhas e o esprito do povo portugus que foi capaz de trazer ao conhecimento da Europa e da
Humanidade povos desconhecidos, lugares ignorados e inspitos e os caminhos martimos para ligar os cinco
continentes da Terra. No canta apenas a viagem e a Histria de Portugal, mas tambm o esprito do homem do
renascimento que acredita na experincia e na razo. A glorificao do heri, o povo portugus, na Ilha dos Amores
smbolo da recompensa da vontade indmita na procura de conhecimento.
Em concluso, a obra Os Lusadas a epopeia que imortalizou o povo portugus e o homem, bicho da terra
to pequeno, que foi capaz pelo esforo e vontade de dar novos mundos ao mundo.
11- mitificao do heri
O heri, o povo portugus, surge mitificado n'Os Lusadas', quer atravs do elogio de diversas figuras da Histria
de Portugal, quer atravs da sublimao dos heris da viagem de descoberta do caminho martimo para a ndia.
De facto, Cames desenvolve, na obra, a Histria de Portugal, fazendo desfilar os exemplos notveis de diversas
personalidades que, pelas 'suas obras valerosas, se vo da lei da morte libertando'. Surgem-nos homens como Egas
Moniz, que est disposto a sacrificar-se a si e sua prpria famlia, para honrar a sua palavra; ou Nun' Alvares Pereira
que se distingue pela coragem e valentia e que leva Cames a exclamar: 'Ditosa ptria que tal filho teve!'; ou ainda D.
Dinis com quem 'o Reino prspero floresce'. Do plano da viagem, sobressai Vasco da Gama, representando todos
aqueles que 'Por mares nunca dantes navegados/ Passaram ainda alm da Taprobana', aguentando 'Mais do que
prometia a fora humana'. Este heri e todos os que representa oferece-os Cames aos portugueses dbios, como
exemplos a seguir. So estes os elevados categoria de Deuses, na Ilha dos Amores, porque no dormem 'o sono do cio
ignavo' e 'buscam com seu foroso brao/ As honras' que chamem suas.
Em suma, a mitificao do heri surge n'Os Lusadas' como um apelo ptria, como o incentivo a um Portugal
metido 'No gosto da cobia e na rudeza/ Duma austera, apagada e vil tristeza'.

(120 palavras) O heri, o povo portugus, surge mitificado em Os Lusadas, quer atravs do elogio de diversas figuras da Histria de
Portugal, quer atravs da sublimao dos heris da viagem de descoberta do caminho martimo para a ndia.
Cames desenvolve, na obra, a Histria de Portugal, fazendo desfilar exemplos notveis de diversas personalidades que, pelas suas obras
valerosas, se vo da lei da morte libertando. Do Plano da Viagem, sobressai Vasco da Gama, representando todos aqueles que Por mares nunca antes
navegados/Passaram ainda alm da Taprobana, aguentando Mais do que prometia a fora humana. Este heri elevado categoria de deus na Ilha
dos Amores, porque no dorme o sono do cio ignavo.
Em suma, a mitificao do heri surge em Os Lusadas como um apelo ptria e como um incentivo a Portugal.
12- reflexes do Poeta: crticas e conselhos aos Portugueses
Exemplo 1
N'Os Lusadas', Cames expe a sua viso dos factos, descansando por vezes da narrativa, tecendo
consideraes, exteriorizando sentimentos e ideias sobre o Homem, seus defeitos e virtudes, aconselhando o leitor
atento.
AEJSA/EMN Exemplos de textos para a pergunta B do Grupo I do Exame Pgina 6 de 15
Nesta obra, de facto, verifica-se uma preocupao pedaggica quando, por exemplo, o poeta reflecte no final do
Canto VI sobre o verdadeiro valor da glria. Aqui, aconselha-nos a desprezar as honras, o dinheiro, a vencer os
apetites e a lutar contra as adversidades. Afirma que no se alcanam 'As honras imortais e graus maiores' com
'passeios moles e ociosos'. , alis, em vrios momentos, o cio apontado como corruptor do Homem. Efectivamente,
aps na explicao do significado da Ilha dos Amores, o poeta repete: 'Despertai j do sono ignavo/Que o nimo de livre
faz escravo.
Do que atrs ficou dito, conclui-se que 'Os Lusadas', para alm da narrativa da gesta gloriosa do povo portugus,
encerram em si uma vertente didtica que advm das reflexes do poeta.
Exemplo 2
O Poeta faz vrias consideraes, no incio e no fim dos cantos criticando e aconselhando os portugueses.
Por um lado, refere os grandes e gravssimos perigos, a tormenta e o dano no mar, a guerra e o engano em
terra; por outro, faz a apologia da expanso territorial para divulgar a f crist, manifesta o seu patriotismo e exorta D.
Sebastio a dar continuidade obra grandiosa do povo portugus.
Nas suas reflexes reala o valor das honras e glrias alcanadas por mrito prprio, lamentando que os
portugueses nem sempre saibam aliar a fora e a coragem ao saber e eloquncia. Critica a ambio, a cobia e a tirania
e lamenta a importncia atribuda ao dinheiro, fonte de corrupo e traio. Ainda, lembrando o seu honesto estudo,
longa experincia e engenho confessa sentir-se cansado de cantar a gente surda e endurecida que no reconhecia
as suas qualidades e o seu esforo.
Do acima referido, conclui-se que Cames louva, mas critica tambm o comportamento do homem, bicho da
terra to pequeno.
(120) Lus de Cames, no final dos Cantos, faz vrias reflexes, crticas e consideraes, exteriorizando sentimentos e ideias sobre o
Homem, seus defeitos e virtudes, aconselhando-o.
Com efeito, nestas reflexes, reala, por exemplo, o valor das honras e glrias alcanadas por mrito prprio, lamentando que os
Portugueses nem sempre saibam aliar a fora e a coragem ao saber e eloquncia. Critica a ambio, a cobia e a tirania e lamenta a importncia
atribuda ao dinheiro, fonte de corrupo e traio. Ainda, lembrando o seu honesto estudo, longa experincia e engenho, confessa sentir-se cansado de
cantar a gente surda e endurecida que no reconhecia as suas qualidades e o seu esforo.
Do exposto, conclui-se que estas reflexes intemporais e universais apresentam um tom pedaggico, como ensinamento para toda a
Humanidade.

Outros temas:
Simbologia da ilha
Texto 1
A ilha, na obra de Os Lusadas, representa o prmio que foi dado e imaginado por Vnus, deusa do amor, aos marinheiros portugueses,
como recompensa do trabalho, esforo, dedicao e do amor pela ptria. Simboliza, tambm, o encontro dos humanos com os deuses.
De facto, os marinheiros ali podem desfrutar do ambiente que Vnus ordenou que se criasse: um ambiente de msica, de mil refrescos e
manjares, de vinhos odorferos e, sobretudo, das mais belas e perfeitas deusas que os esperavam.
Em suma, nessa unio d-se, pois, a humanizao dos deuses e a deificao dos humanos atravs da unio dos corpos.
Texto 2
A ilha dos Amores um episdio fundamental de Os Lusadas.
Nesta ilha, aos navegadores portugueses oferecida a recompensa preparada por Vnus as ninfas do Oceano. Trata-se de um prmio no
espiritual, mas fsico, simbolizando o contacto entre humanos e deuses, ou seja, divinizando os primeiros e humanizando os segundos, atravs do
Amor. Para alm deste aspecto, haver ainda a realar que a apresentada a Vasco da Gama a Mquina do Mundo, representao simblica do
conhecimento.
Em suma, esta viagem de descoberta do caminho martimo para a ndia fsica, mas tambm humanista e espiritual, no sentido em que se
descobre que a nica via para o futuro o Amor e o conhecimento.
Do Exame 2. Fase 2011
Por obras valerosas que fazia,
Pelo trabalho imenso que se chama
Caminho da virtude, alto e fragoso,
Mas, no fim, doce, alegre e deleitoso
Canto IX, 90
Lus de Cames, Os Lusadas, edio de A. J. da Costa Pimpo, Lisboa, MNE/IC, 2003
Os versos transcritos formulam uma perspectiva do herosmo presente em Os Lusadas.
Com base na sua experincia de leitura, explicite o modo como, ao longo da viagem, os navegadores portugueses se
tornaram dignos de serem recebidos na Ilha dos Amores, fundamentando a sua exposio em dois exemplos
significativos.
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Escreva um texto de oitenta a cento e trinta palavras.

Do Exame 1. Fase 2008


Considere a seguinte opinio sobre Os Lusadas:
Mas o texto complexo e, por vezes at, contraditrio. Em certos momentos exibe uma face menos
gloriosa; aquela em que emergem as crticas, as dvidas, o sentimento de crise.
Maria Vitalina Leal de Matos, Tpicos para a Leitura de Os Lusadas,
Lisboa, Editorial Verbo, 2004
Fazendo apelo sua experincia de leitura de Os Lusadas, comente, num texto de oitenta a cento
e vinte palavras, a opinio acima transcrita.
Do Exame 2. Fase 2006

Mensagem
13- estrutura e valores simblicos
A estrutura da Mensagem, tripartida, simblica do nascimento, vida e morte da nao, esta ltima encarada
como renascimento.
A primeira parte, chamada Braso, percorre os campos, peas e figuras de um braso real associando, a cada, um
trao marcante ou uma personalidade construtora do Imprio, simblica do nascimento da Ptria.
A segunda, Mar Portugus, aborda a Idade das Descobertas que foi a poca individualizante da histria
portuguesa , simbolicamente a vida da Ptria. Referem-se aqui personalidades e acontecimentos dos Descobrimentos que
exigiram uma luta contra o desconhecido e os elementos naturais. Mas porque tudo vale a pena, a misso foi
cumprida.
Na terceira parte de Mensagem, O Encoberto, Fernando Pessoa apresenta o imagem do Imprio moribundo, mas
com a f de que a morte leve ao advento do Quinto Imprio do Mundo, um imprio de cultura, paz e harmonia entre os
povos que ser liderado por um portugus- O Encoberto, O Desejado, o Rei ou D.Sebastio, como indistintamente
chamado.
Do exposto, conclui-se que a estrutura da Mensagem simblica do nascimento, vida e da morte regeneradora da
nao portuguesa, responsabilizada pelo nascimento do V Imprio o Imprio Espiritual.
14- o sebastianismo e o mito do Quinto Imprio
Exemplo 1
Na Mensagem, Fernando Pessoa menciona o mito gerado morte de D. Sebastio para anunciar a criao de
um mundo novo, do Quinto Imprio. No sentido simblico, D. Sebastio Portugal, Portugal que perdeu a sua grandeza
com o desaparecimento deste rei.
D. Sebastio simboliza todo o sonho de um imprio poderoso, surgindo como o salvador da Ptria e, com o seu
regresso, Portugal seria o criador do novo Imprio, no j este material, mas espiritual.
Tal como podemos verificar no poema 'Screvo meu livro beira mgoa, o poeta espera com ansiedade e
esperana o regresso deste rei, que associado a Cristo, pela sua faceta messinica e de regenerador do pas. Neste
sentido, a figura de D. Sebastio utilizada como a personificao da esperana, da crena de que Portugal voltar a
reencontrar uma identidade e uma misso que se perdeu no tempo.
Concluindo, o mito sebastianista, ligado ao rei louco, como Fernando Pessoa lhe chama no poema a ele
dedicado, permite pensar na construo de um Imprio espiritual realizado por Portugal, rei este que surgir numa
manh de nevoeiro, aps um perodo de trevas, manh que simboliza o nascimento de uma nova era: Portugal, hoje
s nevoeiro... a hora!
Exemplo 2
Um dos mitos mais significativos da Mensagem de Fernando Pessoa o sebastianismo, recriado para
incentivar criao de um novo Imprio.
O mito o nada que tudo, como nos diz o autor no poema dedicado a Ulisses. De facto, o sonho leva
realizao - Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Fernando Pessoa faz renascer este mito nacional, estabelecendo
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um paralelo na obra entre o estado medocre da nao, dizendo hoje s nevoeiro e, portanto, a Hora! do regresso
do salvador da Ptria, do encoberto como nos diz no ltimo poema. Este salvador simblico, O Encoberto, O
Desejado, o Rei ou D.Sebastio, como indistintamente chamado, levar-nos- simbolicamente criao do
Quinto Imprio civilizacional, imprio espiritual que se sobrepor a todos os outros.
Do que ficou dito, poder-se- concluir que o sebastianismo o mito essencial da Mensagem, fazendo-se a
apologia do sonho, pois sem a loucura que o homem mais que a besta sadia, cadver adiado que procria? e
poderemos assim assistir a um novo Imprio universal que se encontra para alm do material.
15- relao intertextual com Os Lusadas
A 'Mensagem', obra pico-lrica, uma criao de Fernando Pessoa que tinha, quando a escreveu, 'Os Lusadas'
no mbito das suas referncias culturais. Este factor determina a intertextualidade temtica presente entre as duas obras:
numa aponta-se para a criao de um Imprio material; na outra, para um Imprio espiritual.
N'Os Lusadas' o tema o imprio material da viagem, da expanso terrena ou da guerra contra os infiis, da
aventura, do risco, da fora militar, o incentivo ao rei D. Sebastio para refazer o Imprio aventurando-se pelo norte de
frica, dizendo-lhe: 'Tomai as rdeas vs do Reino vosso/ Dareis matria a nunca ouvido canto'.
Na 'Mensagem', por outro lado, o tema no so eventos concretos, mas a misso de Portugal e a sua misso por
cumprir; no j a procura de um Imprio material, mas de um Imprio Espiritual - o Quinto Imprio - da aventura do
esprito, uma viagem sem fronteiras, um imprio da lngua e da cultura; surgem-nos, assim, os heris numa atitude
contemplativa e expetante, olhando o indefinido - heris simblicos - fazendo-se o elogio do sonho, da 'loucura' sem a
qual o homem no 'Mais que a besta sadia/ Cadver adiado que procria', que apenas 'Vive porque a vida dura'.
Em concluso, a temtica das duas obras, apesar de terem ambas por assunto a heroicidade do povo portugus e
ambas falarem do passado como incentivo para o futuro, uma, 'Os Lusadas', aponta para a criao de um Imprio
material, enquanto outra, a 'Mensagem', aponta para a criao de um Imprio espiritual.

Textos de teatro
. leitura literria: Felizmente H Luar, de L. de Sttau Monteiro
16- modo dramtico
...
17- paralelismo entre o passado representado e as condies histricas dos anos 60: denncia da violncia e
da opresso
Sttau Monteiro, como dramaturgo, destacou-se, na sua pea Felizmente h Luar!, que recuperou acontecimentos
do incio do sculo XIX mas que denunciou tambm a situao social e poltica do pas e dos homens do seu tempo.
Esta pea de estreia de Sttau Monteiro tem como cenrio o ambiente poltico dos incios do sculo XIX: em 1817,
uma conspirao, encabeada por Gomes Freire de Andrade, que pretendia o regresso do Brasil do rei D. Joo VI e que
se manifestava contrria presena inglesa, foi descoberta e reprimida com muita severidade: os conspiradores,
acusados de traio ptria, foram queimados publicamente e Lisboa foi convidada a assistir... debaixo da luz do luar.
Assim, a ao passa-se nos primeiros anos do sculo XIX, tempo da ecloso das ideias liberais em Portugal, mas
funciona como pretexto para a consciencializao, por parte do pblico leitor/espetador, do contexto social e poltico do
Estado Novo, numa perspectiva de oposio e de consolidao dos ideais democrticos. De facto, ao longo da obra so
vrios os momentos em que se reconhece uma evidente inteno de se fazer a denncia do presente atravs da metfora
do passado: a evidente falta de liberdade, a represso forte presena da polcia que tudo controla e vigia -, a aposta na
ignorncia do povo, a justia vendida ao poder, a luta pela liberdade, a presena de poderes ditatoriais (monarquia
absolutista e Estado Novo fascista) e a esperana da liberdade corporizada em dois generais: Gomes Freire e Humberto
Delgado.
Em concluso, o recurso distanciao histrica e descrio das injustias praticadas no incio do sculo XIX
em que decorre a ao permitiu-lhe, assim, colocar tambm em destaque as injustias do seu tempo.
18- valores da liberdade e do patriotismo
Sttau Monteiro manifesta nesta obra a exaltao dos valores da liberdade e do patriotismo. Marca uma posio,
pelo contedo fortemente ideolgico, denunciando a opresso do regime a representado.
Em Felizmente H Luar, Sttau Monteiro recorre distanciao histrica, retratando as injustias praticadas no
incio do sculo XIX aquando da execuo do General Gomes Freire de Andrade, fazendo o espetador/leitor reflectir,
maneira brechtiana, sobre as injustias do seu tempo, apelando assim necessidade de lutar pela liberdade. Ao retratar o
regime absolutista e tirnico, critica tambm o regime ditatorial em que vivia, denunciando a opresso do tempo de
Salazar.
As palavras finais de Matilde, que do ttulo pea, so uma manifestao de esperana na alterao do regime
que impunemente eliminava eventuais conspiradores sem julgamento. De facto, tambm na poca da escrita existia a
PIDE, polcia poltica que perpetuava o regime atravs de represso.
Em suma, Sttau Monteiro faz nesta obra um apelo liberdade, por desejar que a ptria deixe de ser opressiva e
repressiva, limitando a liberdade dos seus cidados.
19- aspetos simblicos
AEJSA/EMN Exemplos de textos para a pergunta B do Grupo I do Exame Pgina 9 de 15
Na obra Felizmente h luar! abundam elementos simblicos, destacando-se o ttulo da mesma. A frase " verdade
que a execuo se prolongar pela noite, mas felizmente h luar..." proferida por D. Miguel, inspira o ttulo da pea de
Sttau Monteiro e adquire significado diferente quando proferida por Matilde de Melo, vestida simbolicamente de verde.
Na boca de D. Miguel, estas palavras interpretam-se como um sinal de regozijo, uma vez que todos poderiam ver
a execuo e perder assim qualquer esperana de poder alterar o regime. A viva de Gomes Freire, vestida de verde
num claro sinal de substituio do luto pela esperana, fecha a pea apropriando-se destas palavras proferidas por D.
Miguel. A cor verde simbolicamente associada renovao da Natureza, longevidade e imortalidade, ou seja,
remetendo para o reencontro de ambos num outro mundo. De facto, no final do espectculo ser a voz de Matilde que
ecoar nos ouvidos dos espetadores transfigurando o significado das palavras de D. Miguel que ditaram o ttulo da obra.
Agora, o luar servir para se presenciar a tortura dos conspiradores, concedendo a viso de um momento esclarecedor
que poder iniciar a mudana social.
Assim, as palavras Felizmente H Luar consubstanciam a fora do poder opressor, quando ditas por D. Miguel,
e a fora da liberdade e democracia, quando ditas por Matilde de Melo.
A figura de Gomes Freire de Andrade, a quem o inseparvel amigo, Sousa Falco se refere como um
dos homens que obrigam todos os outros a reverem-se por dentro..., assume-se como reserva moral e,
simultaneamente, mito referencial de uma revoluo que est longe de ter a dimenso insurreccional que o poder
estabelecido lhe atribui
Barata, Jos Oliveira, Para Compreender Felizmente H Luar, Asa
Comente a citao transcrita, num texto expositivo-argumentativo entre 100 e 120 palavras com juzos de
leitura e referncias obra, centrando-se na caracterizao e modo de apresentao do heri pico, Gomes Freire
de Andrade.
Gomes Freire de Andrade o heri pico de Felizmente H Luar, personagem escolhida pelos governadores
como chefe de uma conjura contra o poder vigente.
Na verdade, Gomes Freire, como o prprio D. Miguel o descreve, lcido, inteligente, idolatrado pelo povo,
um soldado brilhante, e acusado injustamente pois, como esta personagem tambm refere, aos governadores, de
facto, no interessa quem o chefe: Perante uma conjura, o estadista esfrega as mos, Reverncia, e agradece ao
Senhor a oportunidade de aniquilar alguns inimigos de Deus e do Estado.
Em suma, o General uma vtima de um regime absoluto que aniquila os que o questionam, mesmo que sejam
inocentes.
Em Felizmente h Luar, Sttau Monteiro procura exprimir a luta contra a tirania, opresso, traio e injustia.
Atravs da figura carismtica de Gomes Freire, que preocupa os poderosos, arrasta os pequenos, acredita na justia e na luta pela liberdade,
Sttau Monteiro procura que o espectador compare dois tempos e dois mundos: o do movimento liberal oitocentista e a dcada de sessenta salazarista. A
partir desta figura, debate-se a situao do povo que vive na misria, oprimido pelas classes dominantes, temerosas face hipottica perda dos
privilgios, nos sculos XIX e XX.
Concluindo, atravs da evocao da conspirao liberal de 1817, Sttau Monteiro denuncia a ausncia de moral, misria e opresso existente
na dcada de sessenta salazarista.
A nobreza moral de Matilde aproxima-a da trajectria de uma herona trgica. Debatendo-se entre os
mais puros e humanos sentimentos, comuns a qualquer mortal, e a sublimao herica, que progressivamente a
conduz de simples amante de Gomes Freire a corifeu de uma revolta, Matilde surge-nos como a figura mais
dramaticamente elaborada de toda a pea.
Barata, Jos Oliveira, Para Compreender Felizmente H Luar, Asa
Comente a citao transcrita, num texto expositivo-argumentativo entre 100 e 120 palavras com juzos de
leitura e referncias obra, referindo-se importncia de Matilde de Sousa Melo na apoteose trgica de Sttau
Monteiro.
Matilde surge como a personagem mais dramtica de toda a pea.
Na verdade, depois do sofrimento que a caracteriza no incio do ato II, denuncia a hipocrisia e corrupo dos
governadores. De facto, no final da pea, at pela cor verde da saia que veste, Matilde corporiza a esperana de alterao
do regime e voz da luta contra a tirania e opresso, chegando mesmo a questionar o prprio Deus, acusando-O de
favorecer os poderosos maquiavlicos e de esquecer o povo e os homens justos como Gomes Freire: Por quem s tu,
Senhor, por Ti ou contra Ti?
Em suma, o profundo sofrimento de Matilde torna-a, simbolicamente, corifeu da revolta que levar ao fim do
regime absolutista anos mais tarde.
Matilde destaca-se na obra por apresentar uma atitude de compromisso crescente perante a realidade.
De facto, se, inicialmente, Matilde fica revoltada com a priso do marido e chega a pr em causa valores como a lealdade, justia e coragem,
logo assume uma atitude de esperana e tenta salvar Gomes Freire da condenao. Enfrenta, ento, com orgulho, os governantes, obrigando-os a
retratar-se e desafiando mesmo o Principal. No fim, incita o povo a aprender com a General e a revoltar-se contra a tirania.
Concluindo, Matilde vai crescendo ao longo da pea, pois alm de expressar romanticamente o amor, reage violentamente perante o dio e a
injustia, acabando por se refugiar na esperana de uma libertao social.
Felizmente, h luar!: a duplicidade de intenes desta elocuo e o contexto situacional em que
proferida servem, assim, mais uma vez, a estrutura dual que se procura apresentar: a frase dita pelo Poder e dita
pelo anti-poder.
Barata, Jos Oliveira, Para Compreender Felizmente H Luar, Asa
AEJSA/EMN Exemplos de textos para a pergunta B do Grupo I do Exame Pgina 10 de 15
Num texto expositivo-argumentativo com uma extenso entre 100 e 120 palavras, refira-se importncia e
simbologia do ttulo da obra, fazendo juzos de leitura e referncias concretas.
Em Felizmente h Luar, o ttulo assume uma perspectiva simblica, consoante surge nas falas de D. Miguel e
Matilde, mulher de Gomes Freire.
Na verdade, enquanto D. Miguel salienta o efeito dissuasor da execuo do General sobre os que discutem as
ordens dos governantes, considerando, por isso, o luar uma forma de atrair o povo rua para assistir ao castigo que se
pretendia exemplar, Matilde v nele um incentivo revolta popular contra a tirania e a injustia: At a noite foi feita
para que a vsseis Felizmente h luar.
Concluindo, o ttulo simblico, porque ora remete para o efeito dissuasor da fogueira por parte do Poder, ora
para a luta pela liberdade pelo anti-poder.
Em Felizmente h Luar, o ttulo assume uma perspectiva simblica, quando surge nas falas de D. Miguel e Matilde.
Na verdade, enquanto D. Miguel salienta o efeito dissuasor da execuo do General sobre os que discutem as ordens dos governantes,
considerando, por isso, o luar uma forma de atrair o povo rua para assistir ao castigo que se pretendia exemplar, Matilde v no claro da fogueira que
o luar mostra um incentivo revolta popular contra a tirania: abram as almas ao que ela nos ensina! At a noite foi feita para que a vsseis
Felizmente h luar.
Concluindo, o ttulo simblico, porque ora remete para o efeito dissuasor da fogueira, ora para a luta pela liberdade.
Foi aquela pea em que um homem voltado para o dia seguinte O Gomes Freire foi morto por gente
da vspera.
Lus de Sttau Monteiro
Comente a afirmao do autor num texto expositivo-argumentativo com uma extenso entre 100 e 120
palavras com juzos de leitura e referncias obra.
Felizmente H Luar! um drama narrativo de carcter social. Esta obra desenvolve-se em torno do General
Gomes Freire de Andrade morto pelos governadores do reino.
Na verdade, Gomes Freire aparece como um homem instrudo, um militar que lutou pela honestidade e justia.
De facto, o povo v nele o seu heri, o nico capaz de o libertar do clima de opresso e terror em que vive. , por isso,
executado por aqueles que repudiavam o futuro, o fim do absolutismo, refns do estatuto que queriam manter a todo o
custo.
Assim, o general, considerado como um smbolo da modernidade e do progresso porque adepto de novas ideias
liberais, foi morto por gente de vspera, os poderosos que desejava manter o seu status quo.
Quem mais feliz: o que luta por uma vida digna e acaba na forca, ou o que vive em paz com a sua
inconscincia e acaba respeitado por todos?
Matilde
Comente a afirmao da personagem num texto expositivo-argumentativo com uma extenso entre 100 e
120 palavras com juzos de leitura e referncias obra.
Na pea Felizmente h Luar!, Matilde a personagem mais dramtica que denuncia a corrupo e hipocrisia da
Estado e da Igreja.
Matilde, a companheira de todas as horas de Gomes Freire, d voz injustia sofrida pelo seu homem e, nesta
fala, questiona quem ser feliz os justos ou os injustos. Na verdade, ela prpria no tem dvidas, uma vez que, depois
do desespero pela sua priso, ela tudo far para denunciar a hipocrisia e corrupo, mostrando que, apesar do sofrimento,
mais importante lutar por uma vida digna.
Em suma, Matilde apesar de questionar os principais valores ticos que nos devem reger a voz principal da
denncia e do incentivo alterao das injustias do seu tempo.
Olhem bem! Limpem bem os olhos no claro daquela fogueira e abram as almas ao que ela nos ensina!
At a noite foi feita para que a vsseis at ao fim...
Matilde
Comente a afirmao da personagem num texto expositivo-argumentativo com uma extenso entre 100 e
120 palavras, referindo-se ao carcter didtico de Felizmente, H Luar! .
exemplo 1. A pea de teatro "Felizmente h luar", pretende que o espetador se distancie, levando-o a uma postura
crtica e consequente procura da transformao/renovao social.
Na verdade, neste excerto com uma das falas de Matilde, est implcito o elemento fundamental que conduz
reflexo e transformao, ou seja, por meio do sofrimento, da revolta de Matilde e, atravs da agressividade das suas
palavras, o autor tenta conduzir o espetador tomada de conscincia para a situao de injustia ali representada a
morte de Gomes Freire pretendendo ensin-lo a procurar lutar contra as injustias.
Assim, atravs das palavras de Matilde, revela-se, maneira brechtiana, o carcter didtico da obra.
Exemplo 2. "Felizmente h luar" caracteriza-se pela distanciao histrica, tpica de Brecht, uma das suas
grandes influncias.
Na verdade, pretende-se que o espetador tenha uma postura crtica que lhe permita reagir e mudar as suas atitudes
perante as injustias. Deste modo, a obra assume um carcter didtico, ao estabelecer um paralelismo entre a poca em
que a ao decorre e o tempo em que escrita. Este paralelismo torna-se evidente na fala de Matilde que incita revolta
contra a tirania de quem governa, para que se acabe com a injustia, a opresso, a perseguio e a violncia.
AEJSA/EMN Exemplos de textos para a pergunta B do Grupo I do Exame Pgina 11 de 15
Concluindo, pretende-se alertar as conscincias para a necessidade da alterao social do regime ditatorial de
Salazar, atravs do paralelo estabelecido com estes acontecimentos de 1817.
Do exame 2. Fase 2010
Em Felizmente H Luar!, a figura de Matilde de Melo revela-se essencial para objectivar a inteno crtica de Lus de
Sttau Monteiro.
Comente a importncia desta personagem para a denncia da corrupo e da injustia, fazendo referncias pertinentes
pea.
Escreva um texto de oitenta a cento e trinta palavras.

Do exame 2. Fase 2007


A noite, que surge neste poema de Fernando Pessoa, tem tambm uma presena relevante em Felizmente H Luar!
Exponha, num texto de sessenta a cento e vinte palavras, a sua opinio sobre a importncia que, segundo a sua leitura, a
noite adquire na pea de Lus de Sttau Monteiro.

Textos narrativos e descritivos


. leitura literria Memorial do Convento de Jos Saramago
20- categorias do texto narrativo
Narrador
A atitude narratolgica assumida no romance coloca dificuldades de classificao, principalmente porque a
instncia narrativa no una, subdividindo-se em outras de menor importncia, manipuladas pelo narrador
principal.
Em Memorial do Convento, o autor est presente em todo a desenrolar da ao. No entanto, este apresenta
vrios pontos de vista.
De facto, o narrador revela-se quase sempre omnisciente e assume a posio heterodiegtica; mas como este
estatuto no serve as intenes do autor, este vai servir-se de outros processos ligados narrao, chegando a criar
instrues discursivas para os seus comentrios, ironias e divagaes e tambm emprstimos do estatuto de narrador a
outras personagens da histria, tornando-se, assim, homo ou autodiegtico. Prova desta atitude , por exemplo, o
momento em que Sebastiana Maria de Jesus apresenta Baltasar a Blimunda.
Assim sendo, como podemos observar, a atitude narratolgica no una, pois, existem vrias, umas com maior
importncia que outras, manipuladas pelo autor/narrador.
Personagens
Personagem ficcional, Blimunda, apresenta uma profunda riqueza interior e apresenta-se, simbolicamente,
pela fora do seu olhar, possuidor de um poder mgico.
Em "Memorial do Convento", Blimunda uma personagem ficcional criada pelo autor introduzindo, assim, uma
perspectiva feminina e uma ligao aos elementos do maravilhoso na obra visto que possui um poder mgico.
Blimunda apresenta uma riqueza interior, um grande poder perceptivo, de intuio e compreenso da
complexidade do mundo, corporizado no poder do seu olhar. De facto, este poder permitiu-lhe recolher as duas mil
vontades indispensveis ao funcionamento da passarola.
Assim, Blimunda, como personagem ficcional, possua o poder mgico do seu olhar que permitiu a concretizao
do sonho - o voo da passarola - espao da realizao da liberdade.
A caracterizao, feita por Saramago, do povo, longe de ser idlica, apresenta uma crtica profunda
ignorncia.
A caracterizao do povo, feita por Saramago, apresenta uma crtica profunda ignorncia.
Em primeiro lugar, repare-se que o povo, personagem colectiva, no caracterizado idilicamente, mas
apresentadas todas as suas caractersticas, como a misria encardida, as pssimas condies de subsistncia, a ignorncia
e a explorao de que vtima e que no contesta. De facto, este povo habituou-se a viver com pouco. e no capaz
de evidenciar uma atitude crtica, nem de assumir uma postura reivindicativa, de tal forma vive embriagado com os
dogmas da Igreja, assustado com atitudes ou pensamentos que possam significar o julgamento ou o castigo em autos-de-
f, que so encarados como diverso, tal como as touradas.
Em suma, o povo aceita a sua situao justificando tudo com a religio, vivendo o quotidiano nscio das suas
condies. Esta atitude criticada por Saramago na obra.
Dois homens esto em direta oposio na forma como so descritos por Saramago: D. Joo V e Baltasar.
AEJSA/EMN Exemplos de textos para a pergunta B do Grupo I do Exame Pgina 12 de 15
Saramago na sua obra apresenta o rei D. Joo V e Baltasar em plos opostos.
Por um lado, D. Joo V descrito como um rei autoritrio, vaidoso, que vive das aparncias, rico e poderoso, que
assume o papel de um ditador, em busca da procura contnua da grandeza. Da a sua megalomania, sendo ridicularizado
e vtima da ironia e sarcasmo do narrador.
Por outro lado, Baltasar vtima da guerra, onde perdeu a sua mo esquerda. De facto, Baltasar apresentado
como um homem novo, apaixonado e muito trabalhador, sendo enaltecido e glorificado. Paradigma da fora que faz
mover Portugal a do povo Baltasar o fio condutor da obra, construtor do sonho do homem e mrtir da opresso da
poca.
Em suma, Saramago apresenta dois homens, descritos em direta oposio: um ridicularizado, outro divinizado.
Blimunda, Sete-Luas.
Blimunda, personagem ficcionada por Saramago, em Memorial do Convento, uma pea fulcral no desenrolar da
histria.
Efectivamente, Sete Luas um ser de excepo, mgico, sibilino e transgressor, pois pode ver o interior das
pessoas e das coisas, j que abriu os olhos quando estava na barriga da me. Uniu-se a Baltasar num ritual
transgressor e com ele vive um amor pleno, margem das normas sociais e religiosas . Ajudou na construo da
passarola, e recolheu duas mil vontades, para possibilitar o sonho de voar do padre Bartolomeu. J no final da ao,
procurou Baltasar durante nove anos, e stima vez que passava por Lisboa, viu-o fogueira, num auto de f, tendo,
ento, recolhido a sua vontade e unindose-lhe espiritualmente.
Em suma, Blimunda - nos apresentada, no romance, como o smbolo da magia, do amor, da transgresso e da
mulher perfeita.
Viso caricatural do casal rgio
Jos Saramago mostra, ao longo do primeiro captulo de Memorial do Convento, a viso caricatural do casal
rgio.
Efectivamente, neste captulo, o autor critica e ridiculariza o rei e a rainha. Esta caricatura inicia-se pela forma
como o casal apresentado no incio da ao, no seu primeiro encontro amoroso. Da se infere a mentalidade retrgrada,
que subalternizava as mulheres, no caso, a rainha, vaso de receber. Por outro lado, a ridicularizao do rei assenta
num esforo para ser visto como poderoso, uma vez que realada e reconhecida a sua virilidade e leviandade, atravs
dos bastardos da real semente.
Concluindo, em Memorial do Convento, estas figuras perdem a sua grandeza histrica e so pintadas com a cor
da caricatura.
Baltasar Sete Sis
Baltasar Sete Sis a figura central de Memorial do Convento e com a sua morte que a narrativa termina.
Efectivamente, este chega a Lisboa como pedinte, sem a mo esquerda, consequncia da guerra. Vive um amor
pleno e transgressor, margem das normas sociais e religiosas, com Blimunda. Por outro lado, constri a passarola,
orientado pelo padre Bartolomeu Loureno e ajudado por Blimunda, que recolhe as vontades e participa tambm na
construo do Convento. Um dia perde-se e Blimunda passa nove anos sua procura, encontrando-o, na stima vez que
passa por Lisboa, num auto-de-f, como condenado (mesmo lugar onde se tinham conhecido) e recolhe a sua vontade.
Em concluso, Baltasar, o homem natural, percorre a obra simbolizando a fora e engenho e acaba por morrer
num auto-de-f, unindo-se espiritualmente a Blimunda.
O heri colectivo
No plano oposto ao da classe dominante, encontra-se o povo, heri annimo e colectivo que o narrador quer
imortalizar, em Memorial do Convento.
Na verdade, Saramago tenta mostrar que quem deve sair do anonimato o povo, dado o esforo hercleo
dispendido na construo do Convento de Mafra. De facto, no romance, a exaltao no feita a D. Joo V, que um dia
fez uma promessa, mas aos trabalhadores que a concretizaram, homens feitos escravos, Mortos, Assados, Fundidos,
Roubados, Arrastados, enfim, sofrendo todas as arbitrariedades e injustias para que o convento estivesse pronto a
tempo.
Em suma, Jos Saramago empresta a voz a um narrador que exalta o povo trabalhador, sofredor e vtima de um
tempo de feroz represso.
Tempo

Espao
Em Memorial do Convento surgem dois espaos que se opem: Mafra e S. Sebastio da Pedreira.
Mafra e S. Sebastio da Pedreira so dois locais antagnicos. Enquanto que Mafra representa o smbolo do poder
real e a misria do povo, S. Sebastio da Pedreira o local da concretizao do sonho.
De facto, em Mafra que se d a construo do convento a pedido do rei, um convento que s foi possvel
construir custa da misria e esforo fsico e psicolgico do povo. Por sua vez, S. Sebastio da Pedreira o local onde
se d a construo da Passarola, uma obra, que ao contrrio do convento, representa a liberdade. Esta no uma obra
forada, porque a Trindade terrestre que nela trabalha o Padre Bartolomeu, Baltasar e Blimunda- f-lo por vontade
prpria, pois o seu prprio sonho que est a ser concretizado.
AEJSA/EMN Exemplos de textos para a pergunta B do Grupo I do Exame Pgina 13 de 15
Em suma, podemos concluir que so dois espaos fsicos opostos, smbolos da opresso e violncia, um, da
liberdade e comunho, outro.
Ao
Memorial do Convento remete para algo respeitante memria, para um escrito que relata factos
memorveis, neste caso relacionados com a construo do convento de Mafra. Os eventos narrados ligam-se
verdade histrica dessa construo, mas este romance apresenta-se como bastante peculiar. que reconstruo
da Histria aliam-se outros aspetos que culminam numa reescrita da Histria, onde personagens normalmente
por ela esquecidas vo ganhar relevo.
Memorial do Convento remete para a memria da construo do convento de Mafra, mas numa reescrita da
Histria onde personagens normalmente esquecidas ganham relevo.
De facto, na Histria reescrita por Saramago, o convento foi mandado construir por D. Joo V como promessa,
pagamento do nascimento de um filho, e por capricho seu, que queria ter uma rplica da Baslica de S. Pedro em
Portugal. No entanto, quem apresentado na obra como o seu construtor o povo. Este, vtima da opresso, represso e
violncia o verdadeiro obreiro, numa perspectiva pica do seu esforo e valor.
Em suma, Saramago reescreve e reinventa a Histria transformando-a pela sua viso peculiar, enaltecendo o povo
e ridicularizando o monarca.
Em Memorial do Convento verifica-se a existncia de um plano ficcional que se cruza com a Histria.
Na obra de Jos Saramago, possvel verificar a existncia de dois plos antagnicos que se cruzam, um
ficcional e um histrico: a construo da passarola e a construo do Convento de Mafra.
A construo do Convento e a construo da passarola so, respectivamente, uma mistura entre a Histria e a
fico. Na verdade, esta mistura intencionalmente feita pelo autor, para acentuar a dicotomia entre a opresso e a
liberdade. A opresso est relacionada com a construo do Convento, pois h um trabalho forado dos trabalhadores
que o contruram. A passarola representa a liberdade, pois verifica-se, ao contrrio, entusiasmo na sua construo.
Pode-se assim concluir que h um cruzamento entre um plano ficcional com a Histria.
21- estrutura
A frase que se pode ler na contracapa do Memorial do Convento aponta os planos narrativos que so
desenvolvidos na obra.
Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra, Era uma vez a gente que construiu
esse convento, Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes, Era uma vez um padre que queria voar
e morreu doido. Era uma vez. Por um lado, temos o convento de Mafra, quem o desejou e quem o construiu; por outro,
as trs personagens- a Trindade terrestre - responsvel pela construo da Passarola. A ligao entre estes dois planos
narrativos principais feita por Baltasar que trabalha nas duas construes.
Para alm da narrao destes dois planos fundamentais, o Era uma vez final, aponta para a existncia de outras
histrias. De facto, para alm da representao da real construo do convento de Mafra e da mtica construo da
Passarola, o narrador vai descrevendo uma srie de quadros sociais que retratam a vida e os acontecimentos reais ou
efabulados da poca, que nos vo permitindo visualizar os costumes das diversas classes sociais criticamente
apresentadas.
Assim, a Quaresma e a procisso da penitncia apresentam-nos a religio como pretexto para a prtica de
excessos ou os Autos-de-f que mostram a represso religiosa e poltica dos poderosos e a morbidez sdica do povo.
Em concluso, pode dizer-se que os planos estruturais da narrativa esto definidos pelo autor ao enunciar na
contratapa os era uma vez... - as linhas construtoras da obra.
22- dimenso simblica/histrica
Em Memorial do Convento, a Histria matria simblica para reflectir sobre o presente denunciando o
passado, com o objectivo de se extrair uma lio para o futuro.
Com efeito, o ttulo da obra apresenta uma carga simblica, quer enquanto sugere as memrias evocativas do
passado, quer ao remeter para um mundo mstico. Ao lado da histria da construo do convento, surge o fantstico
erudito e popular: de um lado, a construo penosa e esmagadora do Convento de Mafra, por vontade de D. Joo V; do
outro, a construo libertadora da Passarola do Padre Bartolomeu Loureno, o Voador; de um lado os homens
obrigados a trabalhar na construo do Convento, do outro a recolha das vontades por Blimunda, sem as quais o
engenho voador no poderia erguer-se do solo.
Em concluso, as memrias desta poca e a anlise que delas faz o narrador (ou narradores) permitem ao leitor
reflectir sobre o passado para delas extrair uma lio de mais justia para o futuro.
23- viso crtica
Memorial do Convento apresenta-se como uma obra crtica, cheia de ironia e sarcasmo, caricaturando a sociedade
portuguesa da poca de D. Joo V.
Efectivamente, nesta obra surge a representao da cidade de Lisboa onde a opulncia do Rei e de alguns nobres
aparece em direta oposio extrema pobreza do povo: Esta cidade, mais que todas, uma boca que mastiga de
sobejo para um lado e de escasso para o outro. Tambm o adultrio e corrupo dos costumes so temas de stira ao
longo da obra por um lado, a moral restritiva dominante com a prtica inquisitorial e seus autos-de-f; por outro, os
frades que iam as mulheres para dentro das celas e com elas se gozam (ou o prprio rei recebido nas camas das
freiras) ou, ainda, o povo com a sua extrema misria fsica e moral.
AEJSA/EMN Exemplos de textos para a pergunta B do Grupo I do Exame Pgina 14 de 15
Em concluso, da obra ressalta a viso caricatural e crtica do autor que apresenta os plos opostos de uma
sociedade plena de contradies.
A religio o pio do povo e o entretenimento dos poderosos. A Igreja forte e insistentemente criticada,
desde o incio da intriga.
A religio, quer para os poderosos quer para o povo, reveste-se de grande importncia. A crtica religio
destaca-se em Memorial do Convento atravs do olhar crtico de Saramago.
A crtica igreja surge ao longo de toda a obra. Para alm da ignorncia do povo que nada questiona, o prprio
rei e os elementos da corte pactuam com todos os desejos e interesses desta que ningum ousa sequer contestar, sob risco
de ser acusado de heresia. A Igreja sabe tirar partido da sua posio de superioridade, funcionando simultaneamente
como entretenimento e tribunal, alertando os mortais para os perigos que correm, caso no respeitem os mandamentos
da santa Igreja. Mas, de facto, no faculta o exemplo, e todos sabem que muitos dos seus membros desrespeitam os
votos que fizeram ou que os seus mais altos dignatrios so a personificao da vaidade, da luxria e da gula.
Deste modo, conclui-se que a religio insistentemente criticada na obra de Saramago.
24- linguagem e estilo
A linguagem de Saramago reinventa a escrita, combinando caractersticas do discurso literrio com o
discurso oral, construindo uma narrativa marcada por uma cumplicidade, uma espcie de amena cavaqueira
entre o narrador e o narratrio.
A narrativa de Saramago muito prpria, visto que marcada pela cumplicidade entre narrador e narratrio
atravs da combinao do discurso literrio com o discurso oral.
A mistura de discursos no texto, como o discurso direto, indireto, indireto livre e monlogo interior, lembra a
tradio oral, em que contador e ouvintes interagem. Na verdade, a presena constante de marcas de coloquialidade e a
interveno frequente do narrador atravs de comentrios, que dificultam por vezes a identificao das vozes
intervenientes, aproximam o narratrio do seu discurso.
Assim, esta reinveno da escrita de Saramago cria uma narrativa marcada por uma cumplicidade entre o
narrador e o narratrio.
linguagem e estilo
A linguagem e o estilo de Jos Saramago em Memorial do Convento consubstancia uma reinveno da escrita, de
transgresso do tradicional, aproximando-a da oralidade.
De facto, na escrita de Saramago, a transgresso assume-se como a sua principal caracterstica. Assim, a
pontuao infringe as normas gramaticais, sendo as regras discursivas aparentemente ignoradas. Tambm a estrutura
sinttica infringe a norma, apresentando a alternncia entre o discurso escrito e o discurso oral, o que resulta numa
mistura de vozes que criticam os tempos representados e o tempo da enunciao, proporcionando comentrios e crticas
ao presente. Assim, esta transgresso aproxima a escrita de Saramago da oralidade e obriga ateno permanente e
cumplicidade do leitor, como se comprova nas descries detalhadas da procisso da penitncia ou do primeiro Auto-
de-f. (Alm disso, faz uso ou reinventa provrbios, ditados e aforismos, aproxima por vezes o discurso da linguagem do
barroco, rica em jogos de palavras e conceitos, ou desce ao nvel da linguagem popular.)
Em suma, a linguagem e o estilo de Saramago surgem como uma completa inovao, subvertendo a norma, o que
resulta num discurso irreverente e inconfundvel.
Assim, a histria da construo da passarola representa no seu conjunto a fora criadora que revoluciona
o mundo, a esperana num mundo livre e diferente, e o sofrimento que a sua conquista acarreta para quem se
atreve a lutar por ele.
A construo da Passarola smbolo da fora criadora que revoluciona o mundo, embora acarrete sofrimento.
Na verdade, a Trindade terrestre constituda pelos trs elementos que possibilitam a construo da Passarola a
juno das trs foras que fazem avanar o mundo: o sonho e cincia do Padre Bartolomeu, o Voador, o trabalho e
engenho de Baltasar e a magia de Blimunda. Embora o seu voo seja smbolo da liberdade e plenitude, de facto, a
concretizao deste implica sofrimento, pois levar o padre Loureno loucura, Baltasar morte e Blimunda sofrer
nove anos a angstia na busca desesperada do seu amor.
Em suma, a construo da passarola representa a criao, a esperana e o sofrimento daqueles que acreditam e
lutam por um sonho.

Do exame 1 Fase 2010


Comente a importncia de Blimunda na consecuo do sonho de voar, em Memorial do Convento, de
Jos Saramago, fazendo referncias pertinentes obra.
Escreva um texto de oitenta a cento e trinta palavras.
AEJSA/EMN Exemplos de textos para a pergunta B do Grupo I do Exame Pgina 15 de 15
Do exame 2. Fase 2009
Refira dois dos traos de carcter de D. Joo V determinantes na ao de Memorial do Convento, de Jos Saramago,
fazendo aluses pertinentes obra.
Escreva um texto de oitenta a cento e vinte palavras.
Do exame 2. Fase 2008
A reflexo da princesa Maria Brbara teriam feito bem melhor se me casassem na primavera (linhas 11 e
12) revela que outros, e no ela, que decidiram sobre o seu casamento. O mesmo no se passa com o casal
Baltasar e Blimunda, cuja relao no foi imposta e na qual ningum interfere.
Fazendo apelo sua experincia de leitura de Memorial do Convento, comente, num texto de oitenta a cento e vinte
palavras, a relao amorosa de Baltasar e Blimunda.
Do exame 1. Fase 2006

1. Fase 2012
[...] j que no podemos falar-lhes das vidas, por tantas serem, ao menos deixemos os nomes escritos, essa
a nossa obrigao, s para isso escrevemos, torn-los imortais, pois a ficam, se de ns depende, Alcino,
Brs, Cristvo, Daniel, Egas, Firmino, Geraldo, Horcio, Isidro, Juvino, Lus, Marcolino, Nicanor, Onofre,
Paulo, Quitrio, Rufino, Sebastio, Tadeu, Ubaldo, Valrio, Xavier, Zacarias, uma letra de cada um para
ficarem todos representados [...].
Jos Saramago, Memorial do Convento, 27. ed., Lisboa, Caminho, 1998
Os trabalhadores da construo do Convento assumem o estatuto de heris no romance Memorial do Convento.
Explique, fazendo apelo sua experincia de leitura da obra, o modo como esses trabalhadores conquistam este estatuto,
fundamentando a sua exposio em dois exemplos significativos.
Escreva um texto de oitenta a cento e trinta palavras.

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