Luciana Di Leone. Poesia de Roda (2016)
Luciana Di Leone. Poesia de Roda (2016)
Luciana Di Leone. Poesia de Roda (2016)
Editora da Universidade
Estadual da Paraba
Diretor
Cidoval Morais de Sousa
Diagramao
Carlos Alberto de Araujo Nacre
Conselho Editorial
Revisores
Eli Brando da Silva, Luciano B. Justino,
Sbastien Joachim, Antonio Magalhes
Sociopotica
Volume 1 | Nmero 16 | janeiro a junho de 2016
POESIA DE RODA.
NOTAS A PARTIR DO
CONVVIO POTICO
ENTRE ALFONSO REYES E
MANUEL BANDEIRA
Campina Grande - PB
SocioPotica - Volume 1 | Nmero 16
24 janeiro a junho de 2016
RESUMO:
ABSTRACT:
This article focus on the poetic relations between Manuel Bandeira and Alfonso
Reyes, particularly on the occasional poetry practiced by the two poets and
motivated by their friendship during the decades of 1930s and 40s. It reflects
on the particularities of a poetic genre that values more the transitory, the
contact and the camaraderie than typical modern values, such as formal rigor,
critical stand and authorial voice. Occasional poetry is an indicial poetry, as
can be testified in the particular function it assigns to proper names. Due to its
precariousness, occasional poetry has been traditionally despised by critics and
their canonizing editions.
Os cavalinhos correndo,
E ns, cavales, comendo...
Tua beleza, Esmeralda,
Acabou me enlouquecendo.
Os cavalinhos correndo,
E ns, cavales, comendo...
O sol to claro l fora
E em minhalma anoitecendo!
Os cavalinhos correndo,
E ns, cavales, comendo...
Alfonso Reyes partindo,
E tanta gente ficando...
Os cavalinhos correndo,
E ns, cavales, comendo...
A Itlia falando grosso,
A Europa se avacalhando...
Os cavalinhos correndo,
E ns, cavales, comendo...
O Brasil politicando,
Nossa! A poesia morrendo...
O sol to claro l fora,
O sol to claro, Esmeralda,
E em minhalma anoitecendo!
(BANDEIRA, p.239)
2 Para uma anlise minuciosa do poema remeto, de forma redundante, ao prprio texto
de Candido, que no reponho aqui, justamente, por no desviar meu foco de ateno.
3 O prprio Manuel Bandeira nos oferece a diferena entre essas duas formas em
A versificao em lngua portuguesa: O rond, forma francesa, um poema de
quinze versos, distribudos em trs estrofes segundo o esquema aabba /aabC /
aabbaC [...] A palavra rond designa tambm um gnero de poemas com estribilho,
e de nmero de versos e estrofao variveis. [...] O rondel um poema de treze
versos segundo o esquema Abba/ abAB / abbaA (BANDEIRA, 1960, pp.3246-3247).
Bandeira menciona que podemos encontrar inmeros exemplos de ronds ou rondel
com variaes, principalmente em portugus.
SocioPotica - Volume 1 | Nmero 16
4 Parafraseio aqui o ttulo do artigo de Eduardo Sterzi, Da voz letra (2012), que
analisa a posio particular do soneto, como uma forma que ao mesmo tempo
abandona a tradio da poesia oral e cantada, mas no deixa de leva-la no seu nome.
Repetirei o mesmo vis analtico aqui em relao ao Rond e o rondel.
SocioPotica - Volume 1 | Nmero 16
28 janeiro a junho de 2016
5 Na tradio brasileira a forma do rond parece ter sofrido uma modificao em funo
de um investimento na memorizao, na fluidez, na musicalidade. Silva Alvarenga
quem mais explorara esta forma. Por exemplo, em O cajueiro - Rond III: Cajueiro
desgraado, /A que Fado te entregaste,/Pois brotaste em terra dura, /Sem cultura e
sem senhor!// No seu tronco pela tarde,/ Quando a luz no Cu desmaia,/ O novilho a
testa ensaia,/ Faz alarde do valor.// Para frutos no concorre/ ste vale ingrato e sco,/
Um se enruga murcho e pco,/ Outro morre ainda em flor.// Cajueiro desgraado, / A
que Fado te entregaste, / Pois brotaste em terra dura, / Sem cultura e sem senhor!//
[...] (Alvarenga in BUARQUE DE HOLLANDA, 1952, p.127-8). Pode notar-se aqui,
que o Rond fica mais fluido e se aproxima da modinha, como diz Candido, fazendo
uso da redondilha maior, verso tpico das cantigas e canes populares.
SocioPotica - Volume 1 | Nmero 16
6 Segundo teses como as de Karl Burcher e Richard Wallaschek, diz Segismundo Spina:
A atividade motriz dos primitivos a procura do alimento, a caa, a colheita, a guerra
etc., o trabalho em geral do lenhador, do construtor de cabanas, da semeadura, da
remoo de coisas pesadas, do ato de remar em conjunto, da fabricao de objetos e
das armas de caa e pesca desenvolve a regularidade rtmica, e com ela a msica,
que vem facilitar os movimentos e suavizar o sacrifcio do trabalho (2002, 23).
Esta repetio de movimentos idnticos, permanentes recomeos, para Spina, no
entanto, se relaciona a Idea de compasso, que um esforo do tipo mecnico, no
necessariamente associado atividade cultural do trabalho. De fato, diz ele, temos
notcias de povos que conhecem o ritmo mas que ignoram o trabalho propriamente
dito.
SocioPotica - Volume 1 | Nmero 16
30 janeiro a junho de 2016
Amigo mo:
Marcial consagr buena parte de su obra
a los versos de circunstancias o versos
de ocasin. El exquisito Gngora escriba
dcimas y redondillas para ofrecer
golosinas a unas monjas. No es menos
bello de Sor Juana cuanto se le caa de
la pluma como parte de su trato social. El
recndito Mallarm dibujaba estrofas en
los huevos de Pascua, pona en verso las
direcciones de sus cartas, haca poemas
para ofrecer pauelitos de Ao Nuevo y
tena la casa de Mry Laurent llena de
inscripciones. Y Rubn Daro? Margotita,
Adela Villagrn, etctera! Para no hablar
de tantos otros.
Hoy se ha perdido la buena costumbre,
tan conveniente a la higiene mental, de
tomar en serio o mejor, en broma los
versos sociales, de lbum, de cortesa.
Desde ahora te digo que quien slo canta
en do de pecho no sabe cantar; que quien
slo trata en versos para las cosas sublimes
no vive la verdadera vida de la poesa y
las letras, sino que las lleva postizas como
adorno para las fiestas.
Djate convencer poco a poco. No hace
ningn dao traer a la discrecin cotidiana
las formas de la cultura. Haz cuenta,
simplemente, que queremos recopilar
papeles biogrficos y juntar memorias.
Haz cuenta que charlamos un rato, y
ponte cmodo.
A.R. (REYES, 1959, X, p. 240).
[]
BELA
JOANITA
No Joe, no Joana,
Nem Juanita: Joanita.
A diferena pequena,
Mas nessa diferencita,
Que em suma to pequenina,
H a graa que no est dita,
Que privilgio da dona,
Que j toda a gente cita
E assim talvez no rena
Nenhuma moa bonita.
[...]
Qu dirn pues mis palabras
cundo pasen por tu ojos?
Donde yo digo que ando
tu vas a leer que corro;
donde yo arriesgo un apenas,
t vas a afirmar un todo.
Mira, Luna los trabajos
que pasa tu amigo Alfonso!
[]
(REYES, 1959, X, 258).
Estes no so de gaveta.
Estes so do Maranho.
No do Maranho Estado,
Mas do Maranho poeta
- Ral Maranho chamado
Amigo do corao.
(BANDEIRA, 398).
Desdobrando a roda
REFERNCIAS