Programa de Apoio A Leitura e Escrita Praler
Programa de Apoio A Leitura e Escrita Praler
Programa de Apoio A Leitura e Escrita Praler
TP4
TP4
Ministrio da Educao
PROGRAMA DE APOIO A
LEITURA E ESCRITA
PRALER
BRASLIA
2007
2007 FNDE/MEC
DIPRO/FNDE/MEC
Via N1 Leste - Pavilho das Metas
70.150-900 - Braslia - DF
Telefone (61) 3966-5902 / 5907
Pgina na Internet: www.mec.gov.br
IMPRESSO NO BRASIL
-
Apresentaao
Amigo(a) Professor(a)
Voc est iniciando os estudos do Mdulo II do PRALER. Neste Mdulo, alm de desenvolver
novas reexes, voc ter oportunidade de rever muitos dos conhecimentos apresentados no Mdulo
I, aprofundando-os e ampliando-os com suas prprias experincias como professor.
Com o trabalho proposto nas quatro unidades do caderno de Teoria e Prtica 4 Escrever
cada vez melhor , continuaremos a reexo a respeito do processo educacional voltado para
a consolidao das habilidades de ler, escrever, ouvir e compreender a linguagem oral e se
expressar.
Neste caderno, procuramos focalizar questes relativas experincia com a escrita e as
possveis diculdades que a criana enfrenta na ampliao do domnio do sistema da lngua, cujo
funcionamento envolve muitas convenes e regras estabelecidas coletivamente no decorrer da
histria.
Na Unidade 10, vamos reetir a respeito da signicao das palavras. Voc sabe que o
sentido das palavras depende do contexto e que, muitas vezes, uma expresso pode apresentar
simultaneamente mais de um sentido. Nossa linguagem rica em duplos sentidos, ironias,
conotaes, principalmente a liguagem literria, mas tambm a do dia-a-dia.
Na unidade 11, vamos aprofundar a reexo a respeito das articulaes entre as palavras na
orao, no perodo ou no texto. Para a combinao entre as palavras, contamos com o recurso da
exo de nmero (singular e plural) e de gnero (masculino, feminino, neutro) e com a concordncia
entre os termos que compem a frase.
Na Unidade 12, analisaremos a inuncia que o modo de falar exerce sobre a forma
de escrever. Como a linguagem escrita no a transio exata da fala, h, naturalmente, uma
interferncia da pronncia na maneira como a criana pensa que a palavra e a frase so escritas.
Na Unidade 13, voltaremos a focalizar as relaes entre sons e letras, aprofundando o
conhecimento sobre as convenes ortogrcas que, geralmente, apresentam alguns problemas na
aprendizagem dos alunos. Compreendendo melhor essas questes, Voc estar mais seguro para
orientar o processo de aquisio da lngua escrita dos seus alunos.
As atividades selecionadas para a sua sala de aula do caderno de Teoria e Prtica e do
caderno de Atividades de Apoio aprendizagem apresentam contribuies valiosas para os alunos
exercitarem as habilidades j construdas e elaborarem novos conceitos e saberes de maneira ativa
e participativa.
Contamos com sua criatividade e entusiasmo de sempre. Bom trabalho!
-
INDICE
UNIDADE 10 - SIGNIFICAO 09
SEO 1 - A palavra e suas possibilidades de signicao em contextos diversos 13
Atividade de estudo 01 13
Atividade de estudo 02 17
Atividade de estudo 03 18
Atividade de estudo 04 18
Atividade de estudo 05 21
Leitura sugerida 44
Texto complementar 44
Bibliograa 48
Respostas das atividades de estudo 48
Investigao da prtica 10 51
Sesso presencial coletiva 10 52
Leitura sugerida 97
Texto complementar 97
Bibliograa 102
Respostas das atividades de estudo 102
Investigao da prtica 11 107
Sesso presencial coletiva 11 108
UNIDADE 12 - INTERFERNCIA DA FALA NA ESCRITA 111
SEO 1 - Antecipando os problemas de nossos alunos na produo escrita 115
Atividade de estudo 01 115
Atividade de estudo 02 119
Atividade de estudo 03 127
SEO 2 - Resolvendo problemas ortogrcos em slabas nasais e na representao do som /s/ 182
Atividade de estudo 04 185
Atividade de estudo 05 187
SEO 3 - Convenes ortogrcas que representam problemas nas aquisio da escrita 201
Atividade de estudo 06 202
-
Significaao
Rosineide Magalhes
10
-
Significaao
unidade l0
Iniciando a nossa conversa
Amigo(a) Professor(a)
Significaao
e expresses dentro de um contexto,
-
ou seja, situao de uso.
Na unidade, vamos apro-
fundar nossos estudos em muitos
aspectos relacionados signicao,
tais como homonmia, sinonmia,
antonmia e metfora.
Com mais conhecimentos,
podemos desenvolver melhor nossa
prtica na educao em lngua ma-
terna de nossos alunos e, principalmente, criar situaes contextualizadas
para o trabalho com palavras e expresses na alfabetizao.
11
Nosso trabalho est organizado em trs sees:
-
NA SECAO
- l,
vamos iniciar o estudo da signicao enfatizando as vrias possibilidades
de uso das palavras em diferentes contextos.
-
NA SECAO
- 2,
vamos estudar sinnimos e antnimos em vrias situaes de uso da
linguagem.
-
NA SECAO
- 3,
vamos estudar o processo metafrico.
Nosso horizonte
-
Com o trabalho desta unidade, nos vamos:
12
-
SECAO l
unidade l0
-
A palavra e suas possibilidades
-
de significaao em contextos
diversos
Objetivo: Estudar a signicao enfatizando as vrias possibilidades de uso
das palavras em diferentes contextos.
tividade de estudo-l
Significaao
-
Agora que Voc pesquisou e sabe que a semntica a cincia que trata da
signicao, do sentido, aproveite para aprofundar seus conhecimentos e consultar
os verbetes relacionados: signicado, sentido, signicao.
Vivemos em um mundo repleto de signicados. Os gestos corporais e faci-
ais, as guras, os desenhos, o silncio e os rudos, os smbolos, a escrita e a fala so
linguagens que tm signicados e transmitem mensagens conforme o contexto em
que so utilizadas, ou seja, a situao de uso. So muitas as formas de contexto em
que todas essas formas de linguagem so utilizadas para constituir sentido. Vivemos
gerando sentidos o tempo todo por meio dessas diversas linguagens, como vimos
na Unidade 3.
Para interpretar e atribuir sentido, consideramos a palavra em relao s outras
palavras do conjunto de palavras que formam o lxico de nossa lngua. Relacionando
as palavras, formamos frases e textos. Uma palavra qualquer, por si s, uma seqncia
13
de sons e letras, tomada parte, fora de um contexto, no tem um valor signicativo para
estabelecer interaes comunicativas.
Nas interaes comunicativas utilizamos os recursos lingsticos que so, na fala,
palavras organizadas em seqncias de turno, ou seja, partes de uma conversa, associados
a outros recursos. Utilizamos tambm os recursos que vo alm da lngua verbal, isto ,
paralingsticos, como o movimento das mos, os gestos faciais, volume da voz, as pausas
etc. Todos esses recursos geram sentido no uso da linguagem.
Na escrita, produzimos sentido associando palavras a outros recursos grcos, como
ilustraes e organizao da pgina. Elaboramos textos de diversos gneros textuais que so uti-
lizados conforme a situao de uso e para ns determinados e especcos. Por exemplo: usamos
diferentes gneros textuais para entretenimento e para conhecimento cientco do mundo.
Para que haja a compreenso do signicado da linguagem, necessrio haver sintonia
entre os falantes no que se refere ao assunto, pois, s vezes, falamos de um determinado
assunto pensando que este tem o mesmo signicado para o nosso interlocutor, mas nem
sempre tem. Isso acontece porque o signicado de uma palavra ou expresso no sempre
o mesmo para pessoas diferentes.
A nossa lngua formada por milhares de palavras. Muitas no conhecemos.
s vezes, usamos vrias palavras para representar uma mesma coisa. Por exemplo:
a palavra mandioca, dependendo da regio do Brasil, conhecida como aipim ou
macaxeira.
Uma mesma frase pode ter diferentes signicados para pessoas diferentes. Vamos
exemplicar com um fato verdico. Uma senhora estava sentada mesa de uma pizzaria
com os lhos, noite, s dezenove horas, e comentou com o garom que estava anotando
o pedido das crianas:
A senhora quis dizer que o movimento de pessoas deveria aumentar, j que a pizzaria
ainda estava vazia naquele momento. Porm, o garom no deu para a frase o mesmo sentido
dado pela senhora; por isso, respondeu conforme sua interpretao, de acordo com o seu
conhecimento de mundo.
A senhora usou o verbo esquentar no sentido de aumentar o movimento de pessoas.
J para o garom o mesmo verbo signica: aquecer, aumentar a temperatura do ambiente. Na
verdade, a senhora atribuiu frase um sentido gurado, mas o garom a entendeu de forma
direta, conforme o signicado literal, ou seja, o primeiro encontrado no dicionrio.
14
Observe:
unidade l0
Esquentar. [Do latim vulg. Excalentare < lat calens,
entis, quente. ] V.t.d. 1. Causar calor a, ou aumentar o calor
de; acalorar; aquentar; encalmar; aquecer.
Significaao
-
Como podemos perceber, a signicao um assunto muito interessante
e extenso. Nesta unidade, vamos estudar um pouco dessa questo. Assim, na
alfabetizao, podemos trabalhar com as crianas a riqueza do vocabulrio de nossa
lngua, mostrando a elas que podemos usar vrias palavras para dizer a mesma coisa
e que uma palavra pode ter vrios signicados.
Quando ouvimos uma pessoa pronunciar a palavra manga, vem logo nossa
mente o signicado de fruta. Porm, s teremos a certeza do signicado mais preciso
deessa palavra a partir de um contexto, ou seja, a relao dessa palavra com outras
palavras, que forma um texto. Assim, a palavra manga pode ter o signicado de pea
de um modelo de roupa: manga da camisa, manga da blusa etc. O signicado de
uma palavra se modica dependendo do uso que fazemos dela, ou seja, depende do
contexto especco de comunicao. O texto a seguir ilustra bem esse enfoque.
15
DEU PANO PRA MANGA
Era um dia como outro qualquer na confeco de roupas Fruto da Moda, at que...
Trimmm.
-Al!
-Al.
-De onde fala?
-Fruto da Moda, bom dia!
-Bom dia! Eu gostaria de fazer uma encomenda.
-Pode falar. O que o senhor deseja?
-Eu desejo trinta mangas.
-Quantas mangas?!
-Trinta!
-Mas... s as mangas?
-. Algum problema?!
-No... O senhor quem sabe!
-Realmente sou eu que sei. Posso continuar o pedido?
-Claro! Seja qual for...
-Por favor, envie muitas verdes e poucas vermelhas.
-Sei... Ns temos apenas verde-limo. Serve?
-Ah... Boa idia! Aproveite e mande-me alguns limes e algumas laranjas.
-Cor-de-laranja?!
- lgico!
-O cliente sempre tem toda a razo...
-Por favor, voc poderia mand-las numa caixa para no amassar muito?
-Sem problema algum! O senhor gostaria que j as mandssemos passadas?
-Que absurdo! Quem gosta de manga passada?!
-O senhor me desculpe, mas eu gosto!
-Gosta? Que horror! Se bem que gosto no se discute, no mesmo?
-. Como o senhor quer os botes?
-O que?? Botes?? A senhora est biruta?! Nunca vi isso na minha vida!
-Pois que sabendo que o senhor est muito desinformado! Provavelmente deve usar apenas
camiseta, certo?
-Nada disso! E o que tem a manga a ver com a camiseta?... -oooou, algo est errado...
-Tudo est muito estranho... Diga-me uma coisa...
-Pois no?
-A sua manga tem casca, apo e muito caldo?!...
16
-O qu?? Est de brincadeira comigo ou o senhor que est cando biruta?
unidade l0
-Chiiii... Algo me diz que dei um fora!...
-? Qual?
-Eu acho que a no o mercadinho Fruta da poca, ?
-No, aqui no o mercadinho Fruta da poca, no senhor! Aqui a confeco de
roupas Fruto da Moda, como eu j disse!!!
-Ai, minha senhora, perdoe-me a confuso! No quero manga de camisa, no!...
Quero a manga fruta! Que engano! Desculpe-me, sim?!
-Claro, isso acontece. At logo. At logo! Plec.
Trimmmmm.
-Al!
-Al. Por favor, eu vi um anncio no jornal e gostaria de saber quanto vocs esto
cobrando pela fazenda?
-Qual a metragem?
-Apenas mil alqueires.
-O qu??? Plef!
Realmente no era um dia como outro qualquer na confeco de roupas Fruto da
Moda...
Significaao
(FREDDI, P. e LOUREIRO, N. P. Deu pano pra manga. So Paulo: Scipione, 1997)
-
tividade de estudo-2
Escreva um pargrafo explicando as razes pelas quais o dilogo do texto
Deu pano para manga apresentou confuses de entendimento.
17
Como lemos no texto, a palavra manga no tinha o mesmo signicado para as duas pessoas,
personagens da conversa telefnica. s vezes, isso pode nos acontecer no dia-a-dia em uma conversa,
quando utilizamos a mesma palavra, mas com sentido diferente. No texto Deu pano pra manga,
vamos encontrar palavras com sentidos mltiplos, ou seja, com mais de um signicado.
tividade de estudo-3
Selecione no texto palavras que tm mais de um signicado. Procure no dicionrio
o signicado dessas palavras.
Palavras do texto com signicados mltiplos Signicados dessas palavras conforme o dicionrio
tividade de estudo-4
Vamos voltar ao texto e rel-lo. Agora, explique o sentido das duas expresses a seguir,
conforme o sentido global do texto.
Deu pano pra manga (linha 1)
Como sabemos nem sempre as expresses esto em sentido literal, isto , com o signicado mais
restrito conforme o que foi dito ou escrito, mas podem apresentar sentido metafrico ou gurado.
18
O sentido metafrico ou gurado consiste no uso de uma palavra ou expresso para
unidade l0
signicar outra coisa. Na ltima seo, trataremos deste assunto com mais nfase.
Agora que estamos aprofundando nossa reexo a respeito da signicao, podemos
utilizar na sala de aula o texto que j analisamos.
Para que seus alunos reitam com Voc a respeito da signicao, leia o texto
Deu pano pra manga na sala de aula.
Se os alunos j esto lendo, Voc poder reproduzir o texto, escrevendo no
quadro para que eles copiem. Voc, tambm, se for possvel, poder mimeografar o
texto para distribuir a cada aluno. Dessa forma, eles podero ler em trio.
Explique o tema do texto para as crianas.
Pea para as crianas que apresentem por meio de desenhos os dois sig-
nicados da palavra manga expressos no texto. Depois, pea a elas que falem
sobre o desenho.
Significaao
Outra sugesto para explorar mais o texto dramatiz-lo.
-
Os alunos no precisam seguir o texto risca. Faa uma adaptao do dilogo,
reduzindo-o para facilitar a dramatizao das crianas. Para ilustrar a dramatizao,
as crianas podero usar peas de roupa, a fruta manga, ou ilustraes dessa fruta.
19
lo Contexto
Pensamos em manga como
fruto da mangueira
fruta doce
suco de manga
diversas espcies de manga: coquinho, espada, rosa, pequi etc.
2o Contexto
A palavra manga uma parte da pea de um modelo de roupa:
camisa masculina
blusa feminina
vestido
camiseta
palet etc.
Escolha um texto literrio com uma palavra que tenha signicados diferentes e elabore
algumas atividades em que as crianas possam utilizar a mesma palavra em dois contextos
distintos, assim como no texto Deu pano pra manga.
Nesta primeira abordagem sobre signicao, enfatizamos os vrios sentidos que uma palavra
pode ter conforme a sua utilizao na linguagem, em decorrncia do contexto.
Quando Voc est elaborando um texto ou se expressando em um determinado contexto
de comunicao, para ser claro, exato e bem compreendido com certeza pensa se pode utilizar
20
determinadas palavras conforme seus diferentes sentidos. Portanto, o sentido das
unidade l0
palavras est vinculado ao contexto de uso da linguagem.
Para consolidar e ampliar o domnio sobre as questes do signicado, vamos
voltar s Unidades 6 e 7, onde vimos que h palavras homnimas, homgrafas e
homfonas, e ainda parnimas.
tividade de estudo-5
Significaao
-
Para completar a atividade, retire do texto Deu pano pra manga uma palavra
homnima e justique sua escolha, dizendo porque a palavra homnima.
21
Essa atividade que Voc realizou serviu para relembrar alguns conhecimentos da
signicao que so bvios no nosso entendimento, mas que, quando estamos ensinando
signicao e ortograa, deixam muitas dvidas s crianas. Com mais conhecimentos a
respeito desses assuntos, podemos entender melhor alguns fenmenos lingsticos.
Uma mesma palavra pode ter signicados distintos, dependendo de seu contexto de
uso. Esse fenmeno tem um nome tcnico: polissemia.
Na primeira frase sol tem o sentido de alegria, calor; na segunda, de foco das
atenes; na terceira, de principal corpo do sistema solar. Nas duas primeiras dizemos que
o sentido gurado. Aprofundaremos a noo de sentido gurado na terceira seo, pois
essa a base da metfora.
Lembrete
Polissemia: propriedade da palavra que pode apresentar vrios
sentidos. O sentido da palavra se dene em um contexto determinado de
uso. Algumas vezes, vrios sentidos simultneos podem criar efeito potico.
Para concluir esta seo, ressaltamos que, ao trabalhar os textos de diversos gneros em
sala de aula, precisamos ter cuidado de no deixar de enfocar o signicado das palavras do
texto com as crianas de forma contextualizada, isto , relacionando o sentido a determinadas
situaes de uso. Para isso, podemos criar, como j vimos, dramatizaes, textos orais ou
escritos, jogos, brincadeiras e situaes de leitura em que as palavras possam ser usadas de
forma signicativa para as crianas.
22
unidade l0
o
Resumind o n o s s o c onheciment
o de
nado com
p a la v r a s est relacio
o da s
O signicad
quer
mundo. d e p e n d e do que se
palavras
ig n i c a d o de algumas
ue o s nto.
Sabemos q e t e r m inado mome
m d
transmitir
em u or todos os
a c o n v e n o aceita p dar
m
i c a d o d a s palavras u u m a s p a la vras pode mu
do o sign ado de alg
Mesmo sen a ln g u a, o signic
uma m e s m undo.
falantes de e u c o n h e c imento de m
sujeito e s sua utiliza
o
conforme o o n f o r m e a
ode ter, c
o s q u e u m a palavra p
ignicad
Os vrios s rrem do co
ntexto.
g e m , d e c o ados so
na lingua s , m ais signific
e n t o o
o s n o s sos conhec
im
s , e m a is palavras s
is ampli a m signicad o
Quanto ma io n a d o s com outros
e rela c
adquiridos sso vocabu
lrio.
a d a s a o n o nas, em
incorpor x p r e s ses s cria
o u e
palavras
e n s in a r o sentido das
io
necessr
um contex t o. mica.
, d iz e m o s que poliss
s
ios sentido
p a la v r a p ode ter vr
a
Quando um
Significaao
-
23
-
SECAO
-
2
- -
Sinonimia e antonimia
Objetivo: Estudar sinnimos e antnimos em vrias situaes de uso da
linguagem.
Mais do que um educador, Paulo Freire foi um pensador. Sua obra mais famosa,
Pedagogia do Oprimido, d as linhas da educao popular que desejava. Para ele, no havia
educao neutra. O processo educativo seria um ato poltico, uma ao que resultaria em
relao de domnio ou de liberdade entre as pessoas. De um lado, estaria a burguesia e, de
outro, os operrios. Uma pedagogia que libertasse as pessoas oprimidas deveria passar por
um intenso dilogo entre professor e alunos.
Paulo Freire se opunha ao que chamava de educao bancria. Esse tipo de ensino se
caracteriza pela presena de um professor depositante e um aluno depositrio da educao, arma
Jos Eustquio Romo, diretor do Instituto Paulo Freire, de So Paulo (...). Quem educador
assim tende a tornar-se alienado, incapaz de ler o mundo criticamente.
A formao docente era uma preocupao constante do pesquisador pernambucano. Ele
acreditava que o educador deve se comportar como um provocador de situaes, um animador
cultural num ambiente em que todos aprendem em comunho, explica Romo. Segundo o
velho mestre, ningum ensina nada para ningum e as pessoas no aprendem sozinhas.
Essas e outras idias de Freire esto hoje em grande evidncia no meio educacional. So
exemplos o conceito de escola cidad (que prepara a criana para tomar decises) e a necessidade
de cada escola ter um projeto pedaggico que conhea a cultura local.
(Texto de Denise Pellegrini, retirado da Revista Nova Escola, ano xvi, n.139, p.22)
24
Antes de explorar algumas palavras particulares do texto anterior, vamos
unidade l0
reetir sobre o tema desse texto e desenvolver as atividades propostas.
tividade de estudo-6
Conforme a sua compreenso, qual o tema principal do texto?
Significaao
-
tividade de estudo-7
Palavras Signicados
25
Voc percebeu que, no texto, foram utilizadas palavras que so consideradas sin-
nimas para designar o papel social do prossional da educao. Veja que, para um mesmo
referente, podemos usar palavras diferentes, que foram aquelas que Voc selecionou no texto
e relacionou a seus respectivos signicados. Agora, vejamos qual o signicado de cada uma
no dicionrio Aurlio.
26
Lembrete
unidade l0
Conotao: o que a signicao tem em particular para um
indivduo ou para um dado grupo no interior da comunidade,
em um determinado contexto lingstico e social. Por exemplo: o referente
professor tem, na concepo de Vygotsky, o sentido de mediador; j na
concepo de Paulo Freire tem o sentido de animador cultural.
Significaao
-
1 - Pesquise junto aos seus colegas professores o signicado que eles atribuem
para as seguintes expresses grifadas; depois anote para Voc vericar se a mesma
expresso tem signicados diferentes para pessoas diferentes.
27
Para estimular a sensibilidade dos alunos em relao ao signicado das palavras,
desenvolva a atividade a seguir.
O objetivo da atividade de leitura mais investigativa e, principalmente, de explora-
o da substituio de palavras por sinnimos no texto. Dessa forma, as crianas percebero
que podem substituir palavras com sentido aproximado.
Voc poder escrever o texto a seguir no quadro, ou em um folha de papel pardo.
Leia-o para as crianas. Depois leia-o com as crianas, para que elas possam participar da
leitura em conjunto.
Pergunte de que trata o poema. (O poema fala do brinquedo patinete. Algumas
crianas tm um e gostam de deslizar nele pelas ruas).
IR LUA
Enquanto no tm foguetes que grande felicidade!
para ir Lua Ser veloz ser feliz.
os meninos deslizam de patinete
pelas caladas da rua. Ah! Se pudessem ser anjos
de longas asas!
Vo cegos de velocidade: Mas so apenas marmanjos.
mesmo que quebrem o nariz,
(Meireles, C. Ou isto ou aquilo. 5a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990)
Significaao
o numa caixa de fsforos.
-
(PINSKY, M. Tatu-bolinha. In: OLIVEIRA, E. e GONALVES, M. Lngua
Portuguesa 1. So Paulo: Moderna, 2000. p.85-6)
Com o texto acima, Voc poder criar vrias atividades para desenvolver em
sua sala de aula. Vamos sugerir algumas:
1 - Leitura
verso pelas crianas do texto que voc leu para elas;
perguntas investigatrias, do tipo: de que fala o texto?
quais so os personagens do texto? Como o tempo est organizado no
enredo?
2 - Trabalhando os signicados e sentidos das palavras do texto:
entender pode ser substitudo por compreender?
colocou-o por botou-o ? (este verbo muito utilizado em algumas regies do
Nordeste, com o sentido de pr, colocar);
a expresso menina muito legal pode ser substituda por menina gente na?
(esta expresso gente na muita utilizada no Distrito Federal).
Sugesto:
Se Voc encontrar um tatu-bola no quintal de sua casa ou no terreno da
escola, leve-o para a sala de aula e mostre-o para as crianas; assim, elas tero uma
experincia real. Geralmente, o tatu-bola encontrado em lugares midos, debaixo
de pedras ou madeiras.
29
A seguir, sugerimos mais um texto para que Voc possa produzir algumas atividades
sobre os sinnimos para serem desenvolvidas em sala de aula com seus alunos.
Seu aniversrio
Quando seu aniversrio? Qual o dia especial do ano que voc festeja? E como
a festa?
O dia do aniversrio muito importante. Voc talvez receba presentes ou tenha uma
festinha e convide todos os seus amigos. Quase sempre h um bolo de aniversrio com velinhas
- uma para cada ano de vida.
H milhares de anos, as pessoas acreditavam que, no dia do aniversrio, um esprito
bom ou mau visitava a pessoa. Por isso, quando algum fazia anos, os amigos se juntavam ao
seu redor a m de proteg-lo se o esprito mau chegasse. Foi assim que comearam as festinhas
de aniversrio.
A idia de colocar velas nos bolos de aniversrio comeou com os antigos gregos. Eles
comemoravam o aniversrio de rtemis, a deusa da Lua, levando at seu templo bolos em
forma de lua. Eram colocadas velas nos bolos para que eles brilhassem como a lua.
(O mundo da criana, vol. 12, Enciclopdia Britnica, 1995. In: PASSOS, C. & SILVA, Z.
Eu gosto de comunicao: lngua portuguesa 1. So Paulo: Editora Nacional, 1997.
Observao: as palavras destacadas so palavras que Voc poder tentar substituir por
palavras sinnimas ou expresses que as crianas conhecem.
unidade l0
Uso do vocabulario
Um dos pontos importantes para um texto bem-estruturado, adequado
situao e aos objetivos do redator, a escolha cuidadosa do vocabulrio, ou seja,
a questo lexical. Algumas pessoas tm diculdade na seleo da palavra certa.
A soluo ter pacincia e esperar um pouco at que o arquivo mental
processe o pedido e devolva uma srie de possibilidades. Dessa lista ou paradigma
fcil eleger a palavra que mais combina com o contexto, que mais exata para
a idia que se quer transmitir. No se satisfaa com a primeira opo que vem
cabea, pois quase sempre a mais pobre.
Imaginemos que voc vai escrever um texto sobre trabalhadores rurais
brasileiros de diversas regies. Para no repetir essa mesma expresso, necessrio
procurar outras opes, como: lavrador, campons, agricultor, campestre, rstico,
campeiro, campesino, campesinho, campino, agreste, rurcula, sem-terra, bia-fria,
morador, peo, vaqueiro, chapadeiro, caipira. Se voc for ao dicionrio ainda vai
encontrar inmeras expresses regionais como: araruama, babaqueira, babeco,
baiano, baiquara, beira-corgo, beiradeiro, biriba ou biriva, botocudo, brocoi,
bruaqueiro, caapora, caboclo, cabur, cafumango, caiara, cambembe, camiso,
cangua, canguu, capa-bode, capiau, capicongo, capuava, capurreiro, cariazal,
casaca, casacudo, casca-grossa, catatu, catimb, catrumano, curau, curumba, groteiro,
Significaao
guasca, jeca macaqueiro, mambira, mandi ou mandim, mandioqueiro, mano-juca,
-
maratimba, mateiro, matuto, mixanga, mixuango ou muxuango, mocorongo, moqueta,
mucufo, p-duto, p-no-cho, pioca, piraguara, piraquara, queijeiro, restingueiro,
roceiro, saquarema, sertanejo, sitiano, sitiante, tabaru, tapiocano, urumbeba ou
urumbeva. (Dicionrio Aurlio Eletrnico).
A escolha vai depender da anlise dos objetivos do texto. Alguns termos
enfatizam o trabalho ou a origem da pessoa; outros tm um sentido pejorativo
associado idia de primitivo, em oposio de civilizado. Uma seleo
inadequada pode prejudicar o funcionamento do texto e causar efeito inverso ao
que se deseja. O segredo do uso adequado do vocabulrio selecionar e combinar
cuidadosamente.
Na seleo dos verbos, o processo semelhante. No se pode car satisfeito
com a primeira possibilidade que vem mente. Assim, para o campo semntico
do verbo ter, em cada uma de suas acepes, h uma srie de outras opes, talvez
mais ricas e mais exatas:
31
- Tem muitos bens. ( dono de, possui).
- Tinha as pastas de documentos nos braos (segurava, carregava, sustinha, trazia).
- Os funcionrios esperam ter frias em julho (usufruir, desfrutar, gozar).
- Tinha grande poder (detinha).
- Ainda tem recursos para a viagem (dispe de).
- No conseguia ter o poder por muito tempo.
- Teve um cargo de chea (ocupou, obteve, alcanou, exerceu, conseguiu, conquistou).
- Tinha a admirao de todos (obtinha, conquistava, atraa, conseguia, despertava,
provocava).
- O documento tinha muitos argumentos (continha, encerrava, apresentava, arrolava).
- Ele tem uma doena contagiosa (padece de, sofre de, portador de).
- Teve uma forte emoo (sentiu, experimentou, viveu).
- Tem bom aspecto (apresenta, mostra, ostenta).
- Tivemos em nossa casa um ilustre hspede (acolhemos, abrigamos, recebemos).
- Na cerimnia, tinha um belo terno (trajava, usava, vestia, trazia).
- Ele teve muita iniciativa (mostrou, revelou, deu prova de, demonstrou).
O verbo dar, que tambm um verbo genrico, dependendo do contexto, pode ser
substitudo por: doar, ofertar, oferecer, produzir, resultar, ceder, conceder, apresentar, manifestar, revelar,
cometer, causar, soltar, emitir, publicar, divulgar, realizar, vender, administrar, aplicar, ministrar, proferir,
dedicar, consagrar, provocar, reservar, render, propor, trazer, conter, incluir, registrar, consignar, atribuir,
encontrar incidir, divisar, avistar, perceber, etc.
Nosso lxico muito rico e no devemos nos contentar com o mnimo. Vale a pena investir
na ampliao do nosso acervo individual para produzir textos melhores.
Quando reescrevemos um texto substituindo algumas palavras por sinnimos e mantendo
o sentido desse texto, fazemos uma parfrase. Vejamos a parfrase de um pargrafo do texto Seu
aniversrio, para que essa explicao que mais clara.
Texto original
Quando seu aniversrio? Qual o dia especial do ano que voc festeja? E como a festa?
O dia do aniversrio muito importante. Voc talvez receba presentes ou tenha uma
festinha e convide todos os seus amigos. Quase sempre h um bolo de aniversrio com
velinhas - uma para cada ano de vida.
Parafrase
Qual a data de seu aniversrio? Qual o dia especial do ano que voc comemora? Como
a comemorao?
32
O dia do aniversrio extremamente importante. Voc talvez ganhe presentes ou
unidade l0
tenha uma comemorao e convide todos os seus amigos. Geralmente tem um bolo de
aniversrio com velinhas - uma para cada ano de vida.
Lembrete
A parfrase uma forma de reelaborao de texto que pode ser oral
ou escrita, dependendo do contexto. Nesse recurso de linguagem,
geralmente, utilizamos sinnimos, mudamos a estrutura da orao; porm, o
texto parafraseado deve manter a mesma informao do texto-base, ou seja, do
texto que foi parafraseado.
Quando estamos lendo para estudar e apreender informaes que nos interessam,
fazemos parfrases mentalmente para assegurar a compreenso e a memorizao.
A parfrase um recurso da linguagem que possibilita ao professor trabalhar
as habilidades de coeso e coerncia textual de textos orais e escritos, alm de
tambm trabalhar o sentido da linguagem em uso, desde a alfabetizao.
Significaao
-
Para que os alunos compreendam que h vrias possibilidades de se passar uma
mensagem, desenvolva a proposta a seguir.
O objetivo da atividade que as crianas faam uma parfrase oral e/ou escrita
de determinado texto.
Conte uma histria para as crianas e pea que elas recontem, com as prprias
palavras, a mesma histria; se elas estiverem escrevendo, podero escrever a prpria
parfrase. Sugesto de textos.
A TEMPESTADE
-Menino, vem para dentro, olha a chuva l na serra, olha
como vem o vento!
-Ah! Como a chuva bonita e como o vento valente!
-No sejas doido, menino, esse vento te carrega, essa chuva
te derrete!
-Eu no sou feito de acar para derreter na chuva. Eu
tenho foras nas pernas para lutar contra o vento!
Enquanto o vento soprava e enquanto a chuva caa, que
nem um pinto molhado, teimoso como ele s:
-Gosto de chuva com vento, gosto de vento com chuva!
33
A parfrase um recurso muito til na comunicao diria, quando tentamos nos
fazer compreender. Nos trabalhos acadmicos escritos uma estratgia muito produtiva de
assimilao de conhecimentos e informaes, e de produo de textos.
tividade de estudo-8
Agora a sua vez de fazer uma parfrase, utilizando palavras sinnimas. Consulte o
dicionrio para realizar sua atividade. Lembre-se que a parfrase deve preservar a informao
do texto original.
Existem produtos falsicados to parecidos com o original que preciso muita
ateno para perceber a fraude. Quem leva para casa uma imitao pode estar entrando
numa fria.
(Texto retirado da revista Veja, edio 1787, ano 36, n.4, 29/01/2003.)
tividade de estudo-9
Escreva uma denio de antnimo, usando como exemplos os dois verbos destacados
no enunciado: A criana adormeceu com a cantiga de ninar da vov e s acordou no dia
seguinte.
34
unidade l0
O livro de Joo novo
O livro de Joo velho
Amanda bonita
Amanda feia Andr saiu de moto de dia
Andr saiu de moto noite
Significaao
uma carteira est limpa e a outra suja.
-
um lpis pequeno e outro grande.
uma janela aberta e outra fechada.
elaborao de enunciados de sentido contrrio.
- Pesquise junto aos seus colegas professores, se eles ensinam para crianas os pares como
nascer/morrer; dormir/acordar; sair/chegar/voltar; abrir/fechar como opostos (antnimos) ou
como situaes distintas de um processo.
- Anote o que Voc pode perceber conforme a pesquisa e discuta com eles o que Voc
estudou na unidade sobre essa temtica.
36
Narradora: Dez dias depois Maria e Leandro chegaram de viagem. Voltaram
unidade l0
felizes porque se divertiram muito.
Observao: as malas podem ser mochilas ou pastas dos alunos e as roupas,
folhas de papel ou livros.
Depois da representao, pergunte aos alunos o que Leandro e a Maria
fizeram.
Perceba se os alunos utilizam as palavras partiram e chegaram. Explique que
quem viaja, parte para algum lugar e quando volta, chega de viagem.
aconselhvel realizar essa atividade quando os alunos estiverem no nal
da alfabetizao, pois eles podero criar seus prprios textos escritos para serem
dramatizados.
Por outro lado, essa atividade, desenvolvida no incio de alfabetizao, pode
ser realizada por meio de mmica.
Significaao
-
Para Voc desenvolver com os alunos a percepo de oposies, transcrevemos,
com algumas alteraes, uma atividade muito interessante, de REVERBEL, O. Jogos
teatrais na escola. So Paulo: Editora Scipione, 2002.
MUDANDO DE HUMOR
Expresso gestual o rosto.
Objetivo: desenvolver a espontaneidade, demonstrando sentimentos por meio da
expresso facial.
Trabalhe com dez alunos de cada vez, organizando-os em dois grupos de cinco
alunos.
Os grupos inventam e determinam um lugar para um encontro: rodoviria, hospital,
rua, escola etc.
No momento do encontro, um dos grupos deve expressar, com a face, sentimentos
opostos ao do outro, como alegria / tristeza, conana / medo etc.
Os grupos vo mudando de sentimento e de expresso a um determinado sinal.
Pea aos alunos que expliquem com palavras ou com aes o que humor.
Pergunte em que locais cou mais clara a representao da mudana de humor.
37
Como vimos, alguns contextos, de forma tradicional, so considerados opostos, mas
outros so considerados extremos de um processo.
o
Resumind p o r is so, e m um mesmo
contexto,
uito rico;
te m um lxico m do.
A Lngua Port
u g ue sa
n tes c om o mesmo senti
ere
r palavras dif : textos,
podemos usa n a s e m um contexto
cri a
as para as
a r o sig n i c ado das palavr
n
Devemos ensi a.
o de convers
frases, situa contextos dif
erentes.
e re nte e m
sentido dif
vr as podem ter
As mesm a s p a la expresses,
o a lg u m as palavras ou
bstituind arfrase.
sc re ve m o s um texto su fa zemos uma p
Qu and o re e e te x to ,
riginal dess
nd o a informao o la de aula
ma nte
d ad e d e se nvolvida em sa ,
ri ta de ve ser uma ativi l, o rec on to e a reescrita
oral e/ou e sc leo lexic a
A parfrase ita r a co m preenso, a se
de exerc
como forma ao do texto
-base.
fo rm
mantend o -s e a in contrrio
s o p a lavr a s de sentido
s antnimos
e n te , a pre ndemos que o /a lt o, morrer/vi
ver.
dic ion a lm , ba ixo
Tra ordo/magro
o : b onito/feio, g o.
ou o po st
o s d e u m m esmo process
s extrem
d e re p re se ntar momento
op o
Uma oposi
38
SECAO 3
unidade l0
- -
Introducao
- ao estudo da metafora
Objetivo: Aprofundar nosso conhecimento sobre a metfora como recurso
de linguagem.
tividade de estudo-l0
Vamos ler o poema:
CIDADEZINHA QUALQUER
Significaao
-
Pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
39
O tempo todo em nossas conversas, usamos o sentido gurado para expressar uma
idia ou dizer algo que no queremos falar de modo claro e direto. Usamos o sentido gurado
para expressar algo no muito claro, mas que, s vezes, signica muito. Um bom exemplo
o uso dos ditados populares, que apresentam um sentido gurado. Vamos relembrar alguns
e suas possveis interpretaes:
Para baixo todo santo ajuda. = descer mais fcil que subir.
Quem fala demais d bom-dia a cavalo. = quem fala muito fala tambm o que
no deve.
Quem pariu Mateus que o embale. = quem criou o problema que assuma as
responsabilidades.
Quem planta colhe. = quem trabalha obtm resultados.
Quem tem burro e anda a p, ainda burro . = deve-se aproveitar e usar o que se
possui.
Quem tem rabo de palha no senta perto do fogo. = Quem sabe de suas prprias
fraquezas no se arrisca.
Registre abaixo o sentido que cada um de seus colegas atribuiu aos ditados
populares.
Colega X
Colega Y
40
Com certeza, depois que Voc realizar a tarefa anterior, vericar que seus
unidade l0
colegas explicaram os ditados populares, tentando atribuir a eles um sentido mais
claro. Porm, implicitamente, sabemos o que signicam e para qual situao podemos
us-los. Por exemplo: Roupa suja se lava em casa. O sentido gurado desse ditado
pode ter o sentido prprio de que brigas ou desavenas se resolvem em casa ou em
um lugar privado, longe da observao pblica.
Ao sentido gurado, ou seja, a uma relao de semelhana subentendida entre
o sentido gurado e o prprio, chamamos de processo metafrico.
Veja como o dicionrio pode nos esclarecer.
tividade de estudo-ll
Procure no dicionrio o signicado da palavra metfora
Significaao
-
Muitos sentidos gurados so apenas metforas gastas, muito usadas, como
vrias expresses usadas por ns no dia-a-dia: p da mesa, boca do tnel, brao do
sof etc.
importante compreender que o processo de construo de uma metfora
ou de uma cadeia metafrica (srie de metforas articuladas entre si) tem como
base uma substituio. Podemos substituir uma idia por outra quando apresentam
traos em comum:
Voc o sol dos meus dias
alegria alegria
Fabiana bonita calor calor
Uma or bonita. vida vida
Fabiana uma or. luz luz
41
Observe que o processo metafrico de substituio tem como base uma comparao e
pode ser transformada em uma comparao explcita.
Jos forte e corajoso COMO um leo.
Desde a alfabetizao, devemos trabalhar textos e expresses com sentido gurado, ou
seja, metforas, para desenvolver a habilidade de percepo abstrata da criana.
Para trabalhar a noo de sentido gurado com as crianas, desenvolva a atividade
abaixo, baseada no poema de Drummond.
Se as crianas j esto escrevendo, podero elaborar um texto escrito.
CIDADEZINHA QUALQUER
42
Os poemas so textos geralmente construdos com base na metfora. Escolha
unidade l0
alguns e trabalhe com as crianas o sentido gurado. Outra opo de textos de
sentido gurado so os ditados populares, que Voc poder levar para sala de aula
e trabalhar com os alunos, investigando junto a eles os que so usados no contexto
social deles, pelos pais, avs, tios etc. importante lembrar que, alm da poesia e
dos ditados populares, a metfora usada em todos os gneros.
o
Resumind idia ou dizer
algo que
e ss ar um a
ra expr
ido gurado pa
Usamos o sent o e direto
e re m os fa la r de modo clar
no qu do e o
id a e nt re o sentido gura
subentend
um a re la o de semelhana
A fora.
amos de Met
prprio, cham crianas.
o se nt id o gurado com as
har
e cedo trabal
Devemos desd
Significaao
-
43
eitura sugerida
unidade l0
de dois dicionrios do espanhol mexicano, arma que: O dicionrio representa a memria
coletiva da sociedade e uma de suas mais importantes instituies simblicas.
Alm de ser o dicionrio o repositrio da riqueza vocabular da lngua, as palavras
registradas no dicionrio do testemunho de uma cultura. Assim, o vocabulrio da lngua
portuguesa registra no s os smbolos da nossa cultura brasileira, mas tambm de muitas
outras culturas de que somos herdeiros: a lusitana, a greco-latina, as culturas indgenas, as
culturas africanas, e tantas outras mais que recebemos e incorporamos pelas mais diversas
vias ao longo de nossa histria.
Cada vez mais os dicionrios se convertem num instrumento auxiliar da memria
humana para usar e manipular o vocabulrio na comunicao.
Entretanto, os dicionrios so necessariamente recortes do universo lexical.
De fato, impossvel registrar num dicionrio todo o lxico de uma lngua de civi-
lizao, com uma longa tradio cultural e literria. Por essa razo, os dicionaristas
recolhem apenas uma parcela do lxico, aquela que consideram mais relevante para
os ns a que se destina a obra projetada. Se for um dicionrio geral, ou tesouro,
no existem parmetros estabelecidos. Cada obra tenta abranger o maior nmero
possvel de vocbulos, mas de modo sempre incompleto.
O dicionrio geral tenta aproximar-se do ideal de descrever e documentar o lxico
de uma lngua. Mas esse ideal sempre intangvel, j que o lxico cresce em progresso
Significaao
geomtrica em virtude da grande acelerao do desenvolvimento e das mudanas sociocul-
-
turais e tecnolgicas em modo perptuo. A rigor, nenhum dicionrio por mais volumoso
que seja, dar conta integral do lxico de uma lngua de civilizao. Talvez hoje, com os
recursos de toda natureza que os computadores e a informtica nos propiciam, pode ser
que estejam criadas as condies para alcanar esta difcil meta. Ainda assim o dicionrio
geral da lngua estaria sempre em processo de construo e de refaco.
No caso do Portugus do Brasil, dicionrios gerais como o AURLIO, o MI-
CHAELIS e o HOUAISS, para citar trs tesouros lexicais do portugus brasileiro
contemporneo, no conseguiram registrar e descrever adequadamente o lxico con-
temporneo de nosso idioma.
Por outro lado, o dicionrio um produto cultural destinado ao consumo do
grande pblico. Da o fato de o mercado brasileiro contar com um grande nmero de
minidicionrios. Essas obras totalizam geralmente umas 25.000 palavras-entrada. Infeliz-
mente esses dicionrios constituem um recorte mal-feito de dicionrios maiores. Neles, a
seleo das palavras-entrada se pautou por critrios precrios e o contedo de seus verbetes
tambm insatisfatrio; dessa forma, tais dicionrios no cumprem a funo de retratar o
vocabulrio da Lngua Portuguesa como deveriam. Tambm tm preenchido mal a tarefa
45
que lhes tem sido atribuda de assessorar os professores de Portugus em sala de aula, e sobretudo
ajudar o aluno a entender a matria que estuda, ou produzir um texto que elabora.
Um outro aspecto a ser considerado: o dicionrio deve registrar a norma lingstica e
lexical vigente na sociedade para o qual elaborado. por isso que modernamente a Lexico-
graa considera o dicionrio sob uma tica distinta daquela que se tinha no passado. Antiga-
mente, os dicionaristas baseavam-se em obras literrias tidas como ideal de linguagem perfeita,
citando muitas vezes os escritores clssicos para ilustrar e documentar o signicado das palavras
e os usos lingsticos. Esse o caso do Dicionrio da Lngua Portuguesa de Antonio de Moraes
Silva (1813), o primeiro dicionrio do portugus digno do nome, que se baseou nas obras dos
autores clssicos dos sculos XVI, XVII e XVIII. Ou ento o grande modelo lexicogrco do
sculo XIX, a obra de Littr - Dictionnaire de la Langue Franaise (1863-1873) - que registrou
apenas os sentidos e usos abonados pelos grandes clssicos do francs do sculo XVI ao XVIII.
Ou ainda o grande Oxford English Dictionary.
Hoje encaramos a linguagem do bom autor, do artista literrio, como um desvio da norma
social, como seria, por exemplo, o caso de Guimares Rosa na Literatura Brasileira e Fernando
Pessoa na Lngua Portuguesa. O dicionrio deve registrar a comunicao lingstica dentro de
um grupo social, a produo lingstica enquadrada na norma culta, ou at mesmo de indivduos
com nvel de instruo menos elevado. Na verdade, os dicionaristas devem ser uma espcie de
porta-voz da sociedade, falar em nome dela e registrar nos dicionrios o vocabulrio em uso na
sua comunidade e da forma pela qual ela usualmente se exprime.
A cultura brasileira precisa de muitos dicionrios e dos mais diversos tipos e para os mais
variados tipos de usurios. No Brasil muitas editoras lanam dicionrios no mercado sem o menor
cuidado, poderamos dizer mesmo sem muito escrpulo, visando to-somente o imenso pblico
consumidor representado pelos milhes de estudantes de nvel primrio e mdio. Entretanto, essa
prtica acientca e nociva est na contramo dos requisitos de uma educao de boa qualidade
como exige a alta competitividade do mundo contemporneo em que vivemos. E pior: h falta
de seriedade no planejamento de uma obra to complexa. Ora, um lexicgrafo no se fabrica em
um ms, nem mesmo em um ano. No basta um indivduo ser formado em Letras, ou ser amante
da linguagem, para se qualicar como dicionarista. Grandes instituies e centros lexicogrcos
europeus como Oxford University Press, Editora Longman, Trsor de la langue franaise e vrios
outros na Espanha, Alemanha, deveriam ser, para os editores brasileiros, um modelo a seguir, caso
desejem produzir e publicar dicionrios. fundamental uma boa infra-estrutura e recursos huma-
nos de qualidade, recursos esses imprescindveis para se fazerem bons dicionrios. A Lexicograa
no mais uma arte cultivada por letrados cultos como foi outrora o caso de Moraes, de Larousse,
de Murray (Oxford English Dictionary) e mesmo de Aurlio Buarque de Holanda Ferreira.
A Lexicograa contempornea se transformou numa cincia muito complexa, que exige um
enorme aparato computacional e uma interdisciplinaridade imprescindvel. por isso que,
46
provavelmente, muitos anos ainda decorrero at que a sociedade brasileira possa vir
unidade l0
a produzir um grande dicionrio do portugus brasileiro contemporneo, que recolha
todo o tesouro vocabular da lngua e da nossa variedade lingstica, incluindo a todo
o imenso acervo dos regionalismos. E mais ainda: que especialistas brasileiros pos-
sam elaborar um dicionrio histrico que reproduza a evoluo diacrnica do nosso
vocabulrio desde seus primrdios no sculo XVI atravs dos cinco sculos de histria
do Portugus do Brasil. Para isso precisaremos fazer um enorme esforo cientco,
montando uma fora-tarefa de dezenas de especialistas para recolher e colocar em
forma digital centenas de milhares de textos desses cinco sculos, a m de servirem
como fonte de referncia para essa gigantesca tarefa.
No mundo atual, sem fronteiras, em que as cincias, as tecnologias e a comunicao
avanam em ritmo vertiginoso, os dicionrios assumem um papel importantssimo, tanto
os dicionrios monolngues quanto os dicionrios bilnges e multilnges. por isso que a
internet abunda em dicionrios de todo tipo, a disponibilizados para a comunidade global.
De fato, na sociedade planetria de nossos dias a comunicao tornou-se um imperativo
para todos e os dicionrios esto fadados a representarem um papel inigualvel.
Para concluir, gostaria de dizer algo sobre o futuro da Lexicograa no Brasil. A socie-
dade brasileira ainda aguarda o momento em que um grupo bem preparado de lingistas
e lexicgrafos, dotados de excelentes recursos computacionais, empreenda a magna tarefa
de descrever o tesouro lexical da nossa lngua e da nossa cultura. E muito mais ainda:
Significaao
comece a produzir todas as obras lexicogrcas de que a nao brasileira necessita, desde
-
os dicionrios infantis, aos escolares, aos dicionrios-padro (50.000 a 60.000 verbetes)
e at mesmo dicionrios terminolgicos para cada um dos domnios do conhecimento.
E, last but not least1, todos os bilnges de que carecemos para servir de suporte para
o ensino do maior nmero possvel de lnguas estrangeiras, para que o nosso pas
possa vir a ocupar o lugar a que deve aspirar no concerto das naes.
1
A expresso em ingls last but not least signica, grosso modo: nalmente, mas igualmente importante.
47
ibliografia
FRANCHI, E. P. Pedagogia da alfabetizao. 7a ed. So Paulo: Cortez, 2001.
ILARI, R. Introduo semntica: brincando com a gramtica. So Paulo: Contexto, 2002.
MASSINI, G. O texto na alfabetizao. So Paulo: Mercado de Letras, 2001.
Atividade de estudo 2
Houve um mal-entendido da conversa telefnica entre os personagens, porque no
houve uma contextualizao da situao. Os interlocutores do dilogo usaram uma mesma
palavra, pensando que o signicado seria o mesmo para ambos e no foi estabelecida assim
a conversao, com turnos de fala coerentes. Assim, apesar das pistas conversacionais, eles
s foram perceber a confuso no nal do dilogo.
Atividade de estudo 3
Selecionamos alguns signicados das palavras em destaque, porm algumas delas
tm mais signicado conforme o dicionrio.
48
Atividade de estudo 4
unidade l0
Vamos sugerir o sentido das expresses abaixo, conforme nossos conhecimen-
tos. Contudo, Voc poder dar outros sentidos a estas expresses.
Deu pano pra manga: a conversa rendeu.
Dei um fora: cometi um equvoco.
Fruta da poca: nome de uma confeco de roupas.
Atividade de estudo 5
Homnima: Palavra de graa e pronncias idnticas e origem e signicado
diferentes.
Exemplo: so verbo e so santo. Ou ainda palavras que tm a mesma
pronncia, com graa e signicado distintos.
lasso - cansado e lao - laada.
manga [ Do lat. manica, manga de tnica] S. f. Parte do vesturio onde se
ena o brao. Manga [ Do malaiala mang.] S. f. Fruto da mangueira.
Manga uma palavra homnima porque tem graa e pronncias idnticas
e origem e signicado diferentes.
Homgrafo: Palavra que tem a mesma graa de outra, mas com signicados
Significaao
diferentes. Exemplos: cedo (advrbio) e cedo (verbo ceder).
-
Homfono: Palavra que tem o mesmo som de outra palavra, mas com graa
e sentido diferentes.
Exemplo: passo marcha e senso juzo.
Atividade de estudo 6
Conforme nosso entendimento do texto, o tema a postura pedaggica
do professor em sala de aula como provocador de situaes de aprendizagem
interativas e simtricas.
Atividade de estudo 7
Resposta pessoal: porm, vamos provocar um aprendizado em comunho.
Assim, vamos responder conforme nosso ponto de vista e Voc compara nossas
respostas com as suas.
49
Palavras Signicados
Mestre quem orienta, ensina o aprendizado
e guia para o descobrimento de novos conhecimentos
Educador quem educa, ensina alm dos contedos
Mediador aquele que ajuda na construo do conhecimento
Orientador quem orienta para o cumprimento de uma tarefa
Docente prossional da carreira de magistrio.
Atividade de estudo 8
Veja que ao produzir uma parfrase de qualquer texto, precisamos manter o sentido
desse texto.
Texto original:
Existem produtos falsicados to parecidos com o original que preciso muita ateno
para perceber a fraude. Quem leva para casa uma imitao pode estar entrando numa fria.
(Texto retirado da revista Veja, n.1787, ano 36, n.4, 29/01/2003)
Atividade de estudo 9
O enunciado registra dois acontecimentos extremos de um processo biolgico, ador-
mecer e acordar. Portanto, no podemos considerar palavras opostas, ou seja, antnimas
e sim dois extremos.
Atividade de estudo l0
Resposta pessoal. Porm, vamos apresentar a nossa resposta para Voc comparar
com a sua.
O texto expressa, de forma potica, a rotina de uma cidade. A palavra devagar d ao
poema um sentido de calma constante, de falta de pressa dos habitantes da cidade, inclusive
os animais. Conforme a descrio do poema, imaginamos ser a cidadezinha um lugar do
interior, da zona rural. A expresso as janelas olham tem o valor metonmico de as pessoas
estarem nas janelas olhando a vida passar devagarinho.
Atividade de estudo ll
Metfora: consiste na transferncia de uma palavra para um mbito semntico que
no o do objeto que ela designa, e que se fundamenta numa relao de semelhana
subentendida entre o sentido prprio e o gurado.
50
unidade l0
- -
nvestigaao da pratica-l0
Vamos ler o texto:
Neologismos semnticos
Freqentemente, acrescentamos signicados a determinadas palavras sem que elas
passem por qualquer processo de modicao formal. Pense, por exemplo, na palavra
arara, nome de uma ave, que tambm usada para designar pessoa nervosa, irritada.
Arara, com o sentido de irritado, nervoso, um neologismo semntico, ou seja, um
novo signicado que se soma ao que a palavra j possua.
Essa forma de enriquecimento do vocabulrio extremamente produtiva. Em
alguns casos, chega-se a perder a noo do signicado inicial da palavra, passando-se
a empreg-la apenas no sentido que foi um dia adicional. o caso, por exemplo, de
emrito, cujo sentido aposentado, mas atualmente se usa como distinto; ou dissabor,
cujo sentido original era falta de sabor.
Os motivos que do origem a neologismos semnticos no so fceis de apontar.
H casos em que o novo sentido resulta da aplicao do termo em certa linguagem
tcnica (por exemplo, ao como termo jurdico; fala como termo da Lingstica), em
Significaao
forma de gria (abafar em linguagem estudantil) ou como regionalismos (sujeitar, como
-
gauchismo, signica fazer o cavalo parar). s vezes, o novo sentido resulta do contexto
de emprego da palavra; voc j se acostumou com esse tipo de expanso de signicado
nos textos literrios, por exemplo.
(...) (texto retirado de INFANTE, Ulisses. Curso de gramtica
aplicada aos textos. So Paulo: Scipione, 2001, p.193)
Agora que Voc leu o texto, compreendeu o sentido, fez sua interpretao e o
analisou, vamos desenvolver algumas atividades partindo da temtica do texto.
51
Veja um exemplo:
Na primeira seo desta unidade h um exemplo de uma situao de conversao,
em que uma senhora usou a palavra esquentar com o sentido de aumentar o movimento
de pessoas em determinado lugar e o garom a interpretou com o sentido de aquecer
a temperatura.
Pesquise 3 palavras.
Faa um quadro para cada palavra pesquisada e descreva em que contexto de
conversao foi usada e com qual sentido.
Palavra____________________________________
Contexto de Conversao
Sentido da palavra
SIGNIFICAO
Durao: 3 horas
Amigo(a) professor(a):
Na Unidade 10, tratamos de um assunto muito relevante: a signicao, o sentido.
Sabemos que a signicao um tema de extrema importncia para ns, professores de
alfabetizao. Principalmente, porque o signicado de uma palavra depende da relao
52
com outras palavras; da a necessidade de ensinar o signicado das palavras dentro
unidade l0
de um contexto.
Esta ocina ser um contexto de criao de atividades que sero produzidas
em cada grupo.
Material: pincel atmico, papel pardo, papel crepom, ta crepe, cola, barbante,
cartolina, tesouras, jornais e revistas.
Etapa l
A turma ser dividida em 4 grupos. Cada grupo utilizar o mesmo texto para
elaborar uma atividade que poder ser futuramente desenvolvida em sala de aula,
com os alunos da alfabetizao.
Etapa 2
Conforme o tema sorteado pelo formador, o grupo dever criar uma atividade uti-
lizando a metodologia que a palavra entre aspas, para trabalhar o tema, que so
as respectivas palavras que esto entre parnteses.
dramatizao (antnimos)
texto escrito (sinnimos)
texto oral (parfrase)
mmica (sentido extremo).
Significaao
-
Etapa 3
Cada grupo vai elaborar sua atividade conforme o tema sorteado. Para isso, pode
utilizar o material disponvel.
Etapa 4
Cada grupo ter 10 minutos para apresentar a atividade que elaborou. Sabemos
que essa apresentao ser rpida, porm os professores que estiverem assistindo
apresentao podero ter atividades criativas para desenvolver em sala de aula.
Vamos sugerir dois textos, a turma escolher um para trabalhar na ocina. Se a turma
preferir, dois grupos podero trabalhar o texto 1 e os outros dois, o texto 2.
53
TEXTO 1
Bilita, a tartaruga, vivia infeliz porque seu casco era muito duro. Ela queria ter um
plo bonito e macio como o coelhinho Pulador e a cachorrinha Zelinda. Mas, um dia,
enquanto passeava com eles, comeou a cair uma chuva forte. Pulador e Zelinda caram
molhados e muito feios, com o plo arrepiado e escorrendo. Bilita, dentro de seu casco
duro, continuou sequinha, no maior conforto. Descobriu, ento, que ser tartaruga tambm
tem l suas vantagens.
(CASASANTA, Therezinha. A tartaruga infeliz.. In: PASSOS, C. e SILVA, Z.
Eu gosto de comunicao. So Paulo: Editora Nacional, 1997. p.170)
TEXTO 2
TEXTO 3
54
UNIDADE ll
Refletindo sobre
-
a
estrutura da lingua
Stella Maris Bortoni-Ricardo
55
56
Refletindo sobre a
unidade ll
-
estrutura da lingua
Iniciando a nossa conversa
Amigo(a) Professor(a)
57
Nosso trabalho est organizado em trs sees:
-
NA SECAO
- l,
vamos reconhecer, na anlise das noes de singular e plural, a oportunidade de
desenvolvimento da expresso oral e escrita dos alunos, valendo-nos sempre de sua
experincia de mundo e do conhecimento que j tm e que esto ampliando sobre a
lngua portuguesa.
-
NA SECAO
- 2,
vamos trabalhar a anlise das noes de gnero masculino e feminino como
oportunidade para o desenvolvimento das competncias de nossos alunos no uso da
lngua oral e escrita.
-
NA SECAO
- 3,
buscaremos identicar na estrutura das sentenas que os nossos alunos produzem
ou lem, os dois principais componentes: o sujeito e o predicado, derivando da
estratgias para a elaborao de textos orais e escritos, inclusive o uso de sinais de
pontuao e de pronomes pessoais.
Nosso horizonte
-
58
-
SECAO l
unidade ll
-
Singular e plural
Objetivo: Desenvolver a reexo lingstica sobre singular e plural e
identicar estratgias pedaggicas que podem contribuir para familiarizar nossos
alunos com esses conceitos.
Nas sries iniciais partimos do uso efetivo da lngua para levar as crianas a
se tornarem mais atentas e observadoras.
No precisamos de extensa nomenclatura gramatical; precisamos to-somente
focalizar a observao no uso da lngua.
Em nosso cotidiano as noes de singular e do plural so muito importantes.
Veja esse dilogo corriqueiro:
59
tividade de estudo-l
Antes de continuar, vamos ao dicionrio para ver como so denidas as palavras sin-
gular e plural. Vamos fornecer-lhe a denio de singular e plural no nal desta unidade.
Voc deve procurar a denio dessas mesmas palavras em qualquer dicionrio, mas deve
selecionar a acepo (sentido) que se aplique lngua.
Nossos alunos usam o singular e plural todo o tempo. Mas, para que esses conceitos
quem bem claros para eles, vamos fazer uma brincadeira.
Para que nossos alunos se tornem mais atentos aos conceitos de singular e plural na
vida cotidiana, desenvolva a atividade a seguir.
Divida seus alunos em duplas. D a cada aluno uma folha de papel e giz colorido ou
lpis.
Pea aos alunos que desenhem, no tamanho da folha de papel, o rosto de seu colega.
Depois de pronto o desenho, cada autor deve descrev-lo assim: este um retrato de meu
amigo _____ . No seu rosto, eu desenhei: uma testa; um nariz; uma boca; dois olhos; duas
orelhas; duas sobrancelhas; duas bochechas e um queixo. Depois de fazer a descrio oral,
cada aluno dever faz-la por escrito.
Finalmente, os alunos devem mostrar seus desenhos e ler suas descries para toda a
turma.
Voc dividir o quadro de giz em duas colunas. Na primeira, escrever os nomes que
esto no singular: Uma boca, um nariz, uma testa e um queixo.
Na segunda, os nomes que esto no plural: dois olhos, duas orelhas; duas sobrancelhas
etc. Voc deve chamar a ateno para a pronncia da palavra olhos com o o aberto,
dando exemplo de outras palavras que fazem o plural assim, como ovos, novos, ossos,
corpos.
60
O importante no que a criana decore as palavras singular e plural ou saiba
unidade ll
o que seja concordncia de nmero. importante que ela compreenda que na lngua
h representaes e marcas diferentes para essa diferena da realidade.
Como j vimos em outras unidades, muitas situaes escolares so oportunidades
de despertar a ateno dos alunos para essas diferenas.
Uma dessas situaes favorveis reexo sobre a concordncia de nmero a hora
do conto. Quando Voc conta histrias, sua linguagem um pouco mais formal, no ?
Geralmente empregamos, nesse momento, uma linguagem mais elaborada, mais prxima
do texto escrito. Nessas oportunidades podemos demonstrar, sem preocupao terica, o
funcionamento da concordncia. O trabalho com singular e plural tambm est muito
relacionado com as atividades de matemtica.
Vamos pensar um pouco mais sobre coisas que, no mundo, aparecem na forma
61
Fiquei ansioso pra descobrir os planos de minha av, mas tive de ser paciente. Fui
deitar cedo, pro dia seguinte chegar depressa. E ele chegou mesmo depressa. Sete horas da
manh acordei e me preparei para esperar minha av. Quando eram nove horas, ela chegou.
Vinha carregando uma caixa grande.
- Entra, V! O que est dentro dessa caixa?
Ela me deu um beijo e nem respondeu. Ps a caixa com cuidado em cima da mesa.
A ela me perguntou:
- Adivinha o que eu trouxe aqui nesta caixa?
- Acho que a senhora trouxe mais livros e revistas para mim, no ?
- No, desta vez no so livros. Veja bem.
A ela abriu a caixa e tirou de dentro um aqurio de vidro. No
era muito grande. Tinha mais ou menos 40 cm de comprimento,
30 cm de largura e tambm 30 cm de altura.
- Que isso, V?
- Isso um aqurio pra voc criar peixinhos.
- Mas onde esto os peixinhos?
- Tenha pacincia. Antes de comprar os peixinhos, precisamos
montar o aqurio. Voc vai comigo at a loja onde vendem os
peixinhos. Avise a sua me que vamos sair.
Fui correndo avisar minha me. Ainda bem que era sbado e
eu no tinha aula. Minha av colocou o aqurio novamente na caixa
e l fomos ns at a loja dos peixinhos. Chegando l, ela pediu para
a moa da loja me ensinar a montar o aqurio. A moa pegou areia
e pedras e forrou o aqurio. Botou tambm um ltro e uma bomba
de ar para renovar o oxignio da gua e algumas plantas aquticas.
Depois me disse:
- Quando chegar em casa, voc vai colocar gua limpa no
aqurio, mas no o encha demais e ligue a bomba de ar na tomada
de eletricidade.
- E os peixes? Perguntei.
Vov respondeu:
- Hoje vamos levar s um. Vamos lev-lo neste saquinho plstico com gua. Depois
de pr gua no aqurio, vamos tambm pr o peixinho ali.
Na volta pra casa, minha av carregou a caixa com o aqurio e eu carreguei o sa-
quinho com o peixe.
Fui chegando em casa e fui gritando:
- Me, pai, vm ver o que ns trouxemos.
- um aqurio e nesse aqurio Raimundo Nonato vai criar este peixinho, Vov falou.
Olhei o peixinho. Ele era vermelho, mas tinha o rabo azulado. Ele nadava de um
lado para o outro no saquinho. Parecia querer mais espao.
- Vamos montar logo o aqurio, V!
- Pegue l a gua bem limpinha, gua do ltro.
Enchemos o aqurio at 2 cm da borda. Depois minha me pegou uma tesoura e
cortou o saquinho, despejando o peixinho e a gua do saquinho no aqurio. O peixinho
mergulhou at o fundo e foi cutucar com a boca todas as pedras e explorar todos os
cantinhos. Nadava de um lado para outro e de cima para baixo abrindo e fechando a boca
e movimentando o rabo.
62
unidade ll
- Agora hora de dar comida pro peixinho, minha av disse e me mostrou
um vidrinho com a rao do peixe.
- Cada dia voc pe um pouco de comida, Raimundo.
- V, vou chamar o meu peixinho de Zeca. Mas, v, ser que o Zeca no vai
car triste, sozinho neste aqurio?
Foi meu pai que respondeu:
- Se voc tratar bem do Zeca, vou com voc comprar mais dois peixinhos
pra fazer companhia pra ele.
-
Exemplo da histria do peixinho no singular:
Na minha casa eu tenho um aqurio. Nesse aqurio mora
um peixinho. O peixinho nada de um lado para outro e de cima
para baixo abrindo e fechando a boca e movimentando o rabo.
Todos os dias dou comida para ele.
63
Converse tambm sobre bichos aves, peixes, rpteis, mamferos como o canrio, a
tartaruga, o papagaio, o macaco, que so retirados de seus habitats naturais e vendidos como
bichos de estimao. Comente o papel do IBAMA na represso desses crimes ambientais.
Este um bom momento para fazer a distino entre animais que so retirados da natureza
e animais domsticos, como gatos, cachorros, galinhas etc.
Depois dessa conversa, os seus alunos vo se sentir mais motivados para escrever sobre
criao de peixes em aqurios.
OS NMEROS
Meus amigos, essa noite tive uma alucinao
Sonhei com um bando de nmeros invadindo o meu serto
E de tanta coincidncia que eu z essa cano
-Falar do nmero um
Falar do nmero um no preciso muito estudo,
S se casa uma vez e foi um Deus que criou tudo,
Uma vida s se vive, s se usa um sobretudo.
64
-Agora o doze
unidade ll
s de pensar no doze que ento quase desisto,
So doze meses do ano, doze apstolos de Cristo,
Doze horas meio-dia, haja dito e haja visto.
-Agora o sete
Sete dias da semana, sete notas musicais,
Sete cores do arco-ris nas regies divinais,
E se pintar tanto sete, eu j no agento mais.
-Dois
E no dois o homem luta entre coisas diferentes,
Bem e mal, amor e guerra, preto e branco, bicho e gente
Rico e pobre, claro e escuro, noite e dia, corpo e mente.
-Pra encerrar
Eu falei de tanto nmero, talvez esqueci algum,
Mas as coisas que eu disse no so l muito comuns,
Quem souber que conte outra, ou que que sem nenhum.
Raul Seixas foi cantor e compositor. Nasceu em Piedade, Bahia, em 1945. Filho
da dona de casa Dona Maria Eugnia Santos com o engenheiro ferrovirio Raul
Varela Seixas. A vasta biblioteca de seu pai foi seu brinquedo preferido, da
veio seu gosto pela palavra, e uma miopia precoce. Vivia trancado no quarto lendo
o Livro dos Porqus do Tesouro da Juventude, ou ento inventando histrias
fantsticas que, transformadas em gibis toscos, escritos e desenhados pelo
prprio Raul, eram vendidos ao irmo caula, Plnio Seixas.
Seus principais sucessos so: Gita, Sociedade Alternativa, Maluco Beleza,
Cowboy fora da lei, Eu nasci h 10 mil anos atrs (que lemos na unidade 4).
Raul Seixas faleceu em 21 de agosto de 1989.
Se Voc trabalha com alunos jovens, este texto vai agradar muito. Antes de
levar um texto para nossos alunos, devemos estud-lo e analisar as possibilidades
de trabalho que ele oferece para o amadurecimento de nossa turma.
65
tividade de estudo-2
Nessa atividade de estudo vamos trabalhar com a msica Os nmeros pensando
em estratgias que poderemos usar para que os alunos maiores faam uma leitura sig-
nicativa do texto.
1) Na primeira estrofe, pense em sinnimos para a palavra alucinao. O poeta empregou
essa palavra referindo-se a um sonho. Que outra palavra seria mais apropriada nesse contexto?
2) Na estrofe do nmero 1, o poeta diz que s se casa uma vez. De acordo com o C-
digo Civil Brasileiro, pode-se casar, divorciar-se e se casar de novo. Planeje discutir isso com seus
alunos. Pense, tambm, num sinnimo para a palavra sobretudo.
3) Na estrofe do nmero 12, reita sobre as formas de nos referirmos s horas: 13 horas
= 1 hora da tarde; 14 horas = 2 horas da tarde etc.
4) Na estrofe do nmero 7, planeje trabalhar com seus alunos as cores do arco-ris.
5) Observe na cano todas as ocorrncias de numerais. Faa uma relao das expresses
iniciadas pelos numerais e seguidas de um substantivo. Observe que com os numerais dois,
quatro, sete e doze os nomes que os acompanham tm de estar exionados no plural.
Isto no acontece, porm, na estrofe referente ao nmero quatro. Veja:
-Agora o quatro
E o quatro importante, quatro ponto cardeal,
Quatro estao do ano, quatro p tem um animal,
Quatro perna tem a mesa, quatro dia o carnaval
Podemos atribuir esse fato a uma licena potica, isto , liberdade que os escritores e
poetas tm de no seguir risca regras gramaticais quando consideram essas regras desne-
cessrias no contexto de sua criao.
Para trabalharmos o poema em sala de aula preciso que todos os plurais estejam
devidamente marcados, porque estamos exatamente ensinando nossos alunos a empregar
com adequao o singular e o plural. Por isso, reescreva a estrofe referente ao nmero
quatro, exionando adequadamente os nomes. Conra no nal desta unidade o resultado
de sua tarefa.
66
Ao comentar o poema de Raul Seixas, zemos vrias referncias a numerais.
unidade ll
Numerais so palavras que respondem s perguntas: Quantos? Quantas? Os nu-
merais que aparecem no texto so os numerais cardinais. Veja na tabelinha abaixo
exemplos de outros numerais:
adequados sua turma que se prestem ao trabalho com essas noes da lngua e da
matemtica, como no versinho abaixo:
tividade de estudo-3
Os numerais cardinais, exceto o zero e um, quanticam nomes que vm
sempre no plural. Para xar bem esse uso, leia a piadinha seguinte. Depois identi-
que os numerais cardinais. Eles vm seguidos de nomes no plural que podem estar
explcitos ou implcitos. Veja o comentrio desta atividade no nal da unidade.
67
NMERO DA SORTE
O supersticioso comenta com um amigo:
-Nasci s sete da manh de sete do sete de setenta e sete, no quarto sete da maternidade.
Aos sete meses de casado, apostei tudo no cavalo sete, no stimo preo.
-E ganhou uma fortuna!
-Que nada! Ele chegou em stimo lugar!
Lembrete
Na nossa linguagem oral no-monitorada, quando no estamos prestando
muita ateno forma da nossa fala, tendemos a marcar o plural s uma vez,
no primeiro elemento, que geralmente um artigo ou um pronome possessivo ou
demonstrativo etc. Por exemplo: Levei meus menino no mdico; Meu pai botou
cinco rs no pasto do seu compadre; Os mdico do posto no veio trabalhar hoje.
Na linguagem monitorada marcamos o plural de forma redundante, isto , em
todas as palavras que deveriam estar no plural, por exemplo: Levei meus meninos
no mdico; Meu pai botou cinco reses no pasto do seu compadre; Os mdicos do
posto no vieram trabalhar hoje.
68
Levando em conta a tendncia de no marcarmos o plural em todos os
unidade ll
elementos que deveriam estar pluralizados, temos que estar sempre atentos para o
uso das formas plurais na lngua oral e na lngua escrita.
Para carmos mais atentos ao uso dos plurais, sugerimos a Voc que pesquise
esse uso oral entre seus familiares, vizinhos e amigos. Dessa forma Voc poder trabalhar
melhor essa questo com seus alunos. Eles tambm podem participar dessa pesquisa.
No primeiro momento da pesquisa, basta Voc prestar bastante ateno, na
Num segundo momento, Voc pode pedir aos seus colaboradores que forneam
exemplos de coisas que, na nossa cultura, so associadas a quantidades xas, como
os dias da semana, os meses do ano, os apstolos de Cristo, os jogadores de um time
de futebol, os vereadores que compem a cmara de seu municpio etc.
Os seus alunos podero escolher para o mesmo tipo de perguntas elementos da
sua vivncia infantil como: Quantos eram os anezinhos da Branca de Neve? Quantos
so os porquinhos da historinha do lobo mau? Quantas vezes o Brasil foi campeo
mundial de futebol? Quantos amigos tem a turma do Scooby Doo? Quantos netos
tem a dona Benta do Stio do Pica-Pau Amarelo? etc.
Quando Voc estiver fazendo a pesquisa sobre o uso de plural na sua
comunidade, recomendvel anotar os dados que coletou, mas procure faz-lo sem
causar constrangimentos aos seus colaboradores. Registre tanto os usos pluralizados
quanto os no-pluralizados.
69
medida que os alunos vo ganhando mais familiaridade com o texto escrito, vo
escrever dilogos informais, sem as marcas redundantes de plural como forma de carac-
terizao das personagens. o que acontece, por exemplo, nos dilogos de personagens
infantis como o Chico Bento e o Z Lel. Mas nossos alunos devem ter conscincia de
que a ausncia das marcas redundantes de plural s indicada na reproduo de dilogos
informais. Na escrita, de modo geral, usamos a regra da marcao redundante de plural.
Agora que j trabalhamos bastante com os conceitos de singular e plural, vamos
introduzi-los no nosso trabalho de sala de aula.
Para seus alunos trabalharem com nomes pluralizados associados a nmeros desenvolva
a seguinte atividade.
Distribua cpias e leia com seus alunos a letra da msica Os nmeros de Raul Seixas,
j com as alteraes que Voc realizou na estrofe do nmero quatro. Leia em voz alta. Se
souber a msica ou tiver o disco, ensine os alunos a cant-la. Comente o tema.
Pea a eles que sublinhem o nome de cada nmero, colocando ao lado da estrofe a
representao desse nmero.
Comente com eles os elementos que so quanticados no poema. H referncia
aos 12 apstolos de Jesus Cristo. As crianas que freqentam qualquer congregao crist
certamente j conhecero alguns apstolos, como Pedro, Joo, Tiago etc. e podero fazer
mais comentrios.
Na Unidade 5 trabalhamos os dias da semana e os meses do ano. Retome essa discusso
com os alunos.
Comente, tambm, as sete notas musicais. As crianas que aprendem msica
possivelmente j conhecem as notas e tambm canes infantis como estas:
D, r, mi, f, f f
D r, d, r, r r
D, sol, f, mi, mi mi
D, r, mi, f, f f
Ou
D ter pena de algum.
R, quem anda para trs.
Mi, assim que eu chamo a mim.
F fcil decorar.
Sol, o meu amigo sol.
L bem longe daqui.
Si de sino e de sinal
E depois disso vem o d.
D, r, mi, f, sol, l, si, d.
70
As crianas podero cantar essas ou outras canes conhecidas na sua regio.
unidade ll
Se tiverem um xilofone, um pianinho ou outro instrumento que saibam tocar, em
casa, podero trazer para tocar as notas da escala.
Na estrofe sobre o nmero 2, o poeta menciona dicotomias e contrastes. J
discutimos isso na Unidade 5. Procure recordar algumas delas com seus alunos.
Em seguida, para fazer um exerccio de escrita, pea a seus alunos que escolham
qualquer nmero de 1 a 20. Cada um deles dever escrever uma frase que contenha
o numeral escolhido, seguido de um nome de alguma coisa que faa parte do seu
universo vivencial.
Por exemplo:
Tenho cinco dedos em cada mo.
A semana tem sete dias.
Os quatro pontos cardeais so: norte, sul, leste, oeste.
As quatro estaes do ano so: primavera, vero, outono, inverno.
Em uma dzia de ovos, temos doze ovos.
Antes de concluir esta seo vamos reetir um pouco mais sobre as formas
de plural que apresentam diculdades especiais.
tividade de estudo-4
Leia o poema de Ceclia Meireles:
O CHO E PO
O cho.
O gro.
O gro no cho.
O po e a mo.
A mo no po.
O po na mo.
O po no cho?
No.
71
Observe como a linguagem potica pode ser sinttica. Nesse pequeno poema
no h versos, no entanto ele transmite mensagens muito claras para o leitor. Esse
o encanto da poesia. Seus sentidos se multiplicam a partir de poucos elementos. Mas
vamos explorar os sons e as palavras do poema para continuar nossa reexo.
Relacione as palavras que acabam com o ditongo nasal o. Fornea o plural
dessas palavras.
Ao lado de cada uma fornea mais duas palavras terminadas em o cujo plural
se faz da mesma maneira.
Inclua na sua lista outras palavras terminadas em o, cujo plural feito de
outra forma.
Reita sobre esses plurais irregulares e sobre a forma de apresent-los a seus alu-
nos. Veja ao nal desta unidade como car seu exerccio.
Separe sua turma em duplas. A um membro da dupla caber apresentar um dos textos
abaixo, transcritos numa tira de papel pardo. O outro dever complet-la retirando do poema
as palavras apropriadas, e escrevendo-as no espao correspondente.
Por exemplo:
72
unidade ll
Aluno A: Fui padaria comprar__________
Aluno B: o po.
73
Resumindo b re sua lngua
materna;
e ti re m so
alunos a re
a e sc o la ajudar os da lngua.
tare f a d
b re a e st ru tura e o uso
nlises so
realizando a em sua
a lu n o s a d e s e n v o lv e r
u x il ia o s pazes de
x o s o b r e s u a l n g u a a u n ic a ti va s que j so ca
A r e f le tarefas com a lngua escri
ta.
e t n c ia e a mpliarem as e , d e p o is , n
comp lngua oral
p ri m e iramente na
rea li z a r, nosso
m u it o im p ortantes em
plural so
e s d e s in gular e do
As no
cotidiano. n o s vo perceb
endo
o , o s a lu
omo um rost
o d e c o is as simples, c
Na descri e plural.
o s c o n c e it o s de singular
melhor es e
m p re g a d o s em descri
evem ser e
o s d e si n g u lar e plural d
Os conceit ritas.
s orais e esc
em narrativa parecer nas
, o p ro n o m e ele pode a tos
to
e fu n o d e objeto dire a s e le / e la como obje
Quando exerc , a, lo, l
a. As form da.
rm a s e le , e la , o
a g e m o ra l n o-monitora
f o ra a lingu
dequadas pa
diretos so a escrita e
a d a s p a ra a linguagem
deq u tar
o / a , l o/la so a a m a p re n d er a interpre
As formas as precis textos
m m o n it o ra da. As crian p a ra c o m p reender os
a linguage sses usos
a d o e a re ferncia de
o signi c
que lem. a regra gram
atical
e sp e it a u m
o autor desr
r ri o s, s vezes, xto.
Em texto s li te
u n o p o ti ca do seu te
atender f
para melhor e x c eo do um,
so
is , c o m
is cardina
in ic ia d a s c om os numera
Expresses ral.
nomes no plu
seguidas de de plural
e m o s a su p rimir marcas
n d e,
a g e m n o -m onitorada te d id o d e a rt igo ou pronom
u plural, prec e
Na nossa ling bstantivo no ento.
q u a n d o u sa m o s u m su
ra l s n o p rimeiro elem
e rca do plu
colocar a ma
tendemos a es como
f o rm a r o plural em
o pode m >sertes.
p a la vr a s te rminadas em e e m e s como serto
As o>mos;
o >p e s; e m os como m
p
74
-
SECAO 2
unidade ll
-
-
Nooes de genero: feminino e
masculino
Objetivo: Desenvolver a reexo lingstica sobre feminino e masculino e
propor estratgias pedaggicas que podem contribuir para familiarizar nossos alunos
com esses conceitos.
Na seo 1, vimos que necessrio fazer muitos exerccios ao longo do ano com
as formas do plural nos nomes porque, na lngua oral, h uma tendncia a se usar a
75
Mas, de fato, no h uma relao absoluta entre o gnero, que uma categoria
gramatical, e o sexo dos seres animados, que uma categoria biolgica. Por isso, melhor no
levarmos o nosso aluno a associar sempre o gnero masculino com seres do sexo masculino
e o gnero feminino com seres do sexo feminino.
Isso porque todos os nomes (substantivos) na lngua tm, necessariamente, um gnero,
ou so masculinos ou so femininos, mas apenas alguns deles se referem a seres animados,
que se apresentam na natureza na forma de macho ou fmea. Por exemplo, se falamos o
navio, estamos usando um nome do gnero masculino, mas claro que no podemos associar
navio a sexo masculino. Da mesma forma, se falamos a estrela, estamos nos referindo a um
substantivo do gnero feminino. Como estrela no um ser animado, no , do ponto de
vista biolgico, macho ou fmea. Veja outros exemplos: a tesoura, o faco, a faca, o alicate, o
garfo, a colher, o prato, a bandeja, o caldeiro, a panela, a barca e o barco.
Observe, ainda, que h substantivos como a criana, a pessoa, a formiga, que
se referem tanto a seres do sexo masculino quanto do sexo feminino.
Podemos dizer que no vamos ensinar os gneros masculino e feminino aos nossos
alunos associando essa noo questo biolgica da diviso entre machos e fmeas. Para
ensinar a eles o que um nome ( substantivo) masculino, basta dizer-lhes que o substantivo
masculino aquele que pode ser precedido do artigo denido o, ou do artigo indenido
um. Da mesma forma, para ensinar a eles o que um nome (substantivo) feminino, basta
dizer-lhes que o nome (substantivo) feminino aquele que pode ser precedido do artigo
denido a, ou do artigo indenido uma. Vejamos:
Alm dos artigos femininos e masculinos j mencionados, o gnero pode ser indicado
por um pronome possessivo, demonstrativo ou indenido, exionados no feminino ou no
masculino. Vamos chamar essas palavras que ocorrem antes do substantivo de determinantes.
Lembre-se de que os determinantes podem ser um artigo, um pronome possessivo, ou
outros pronomes.
Estamos fazendo referncia a conceitos gramaticais e empregando nomenclatura
gramatical para facilitar sua compreenso do funcionamento da lngua. Mas lembre-se de
que Voc no dever empregar essa nomenclatura gramatical complexa com os seus alunos
nas sries iniciais; basta se referir a palavra ou nome no lugar de substantivo.
76
unidade ll
tividade de estudo-5
Para xar melhor essas noes vamos trabalhar com a letra da msica de
Renato Teixeira, Amanheceu, peguei a viola.
Leia a msica de Renato Teixeira. Se possvel oua o disco ou a ta. Preste
ateno ao ponto de vista: quem fala o cantador (cantor, msico, seresteiro).
77
Observe, primeiro, que ele emprega a forma verbal tava. Voc j sabe que esta a
variante informal da forma estava. Usamos a primeira em nossos estilos no-monitorados.
Ele emprega, tambm, no ltimo verso, a preposio pra, que uma forma reduzida da
preposio para e usada mais freqentemente na linguagem oral.
Nesta msica h vrias referncias a estados e capitais brasileiras e at cidade de Pequim,
na China. Ns j trabalhamos informaes sobre lugares na Unidade 5. Aproveite para retomar
sua reexo sobre essas informaes. Sempre que voc tiver oportunidade, faa referncia a
lugares (cidades, estados e pases) em sua sala de aula e indique no mapa, especialmente, aqueles
que esto sendo mencionados na mdia, como pases em guerra, cidades que esto sediando
campeonatos esportivos ou eventos nacionais e internacionais etc., pois isso ajudar a ampliar a
experincia de vida de seus alunos.
1) Reita sobre estratgias que podero ajudar seus alunos a fazer uma leitura signicativa
da msica de Renato Teixeira, se Voc considerar esse texto adequado sua turma. Conra
sugestes no nal desta Unidade.
2) Sublinhe todos os substantivos que esto precedidos de um artigo ou um pronome.
Esses artigos e pronomes (determinantes) podem aparecer tambm na forma de uma contrao
com uma preposio, por exemplo num = em +um. Verique se esse artigo ou pronome
do gnero feminino ou do masculino. Tendo identicado isso, Voc poder dizer que o
substantivo feminino ou masculino. No nal da unidade pode conferir o seu exerccio.
78
Voc classicou os substantivos na msica de Renato Teixeira em feminino e
unidade ll
masculino, observando se o determinante que precede cada substantivo tem a forma
de feminino ou masculino. Vamos agora passar a uma msica infantil para que seus
alunos tenham a oportunidade de fazer o mesmo exerccio que Voc fez.
Como Voc sabe, sempre que selecionar um texto para trabalhar com seus
alunos, importante vericar se o tema e as estruturas lingsticas esto adequadas
ao interesse e ao nvel de desenvolvimento da turma. A apreciao e a compreenso
vm em primeiro lugar. Mas importante identicar, tambm, aspectos que se
prestam para uma anlise lingstica.
A CULTURA
Arnaldo Antunes
O girino o peixinho do sapo
O silncio o comeo do papo
O bigode a antena do gato
O cavalo o pasto do carrapato
79
Nesse poema h algumas palavras pouco conhecidas como: Trgua, Bactria, Cegonha,
Seiva, Cultura de bactrias. Procure, junto com os alunos, os seus signicados. Explique
tambm a eles o que uma cultura de bactrias. Voc encontra o signicado das palavras no
nal desta unidade;
Observe com seus alunos como os lhotes so sempre pequenos em relao aos animais
adultos, da mesma forma que uma criana pequena em relao aos seus pais, o que justica
o uso do diminutivo nos casos em que no h palavras especcas para denominar o lhote,
como se v em porquinho.
Vamos trabalhar um pouco mais com o poema A cultura, desta vez prestando aten-
o nos artigos que vm antes dos nomes. Na primeira estrofe, o artigo o aparece contrado
com a preposio de: de+o = DO. Na ltima estrofe, o artigo um aparece contrado com a
preposio em: em+um = NUM.
Leia novamente o poema com seus alunos.
Pea a eles que sublinhem os artigos o, a, as, um, e as contraes do,
da, num.
Mostre a eles como se formam as contraes.(De+a = DA; Em+um = NUM).
Divida o quadro de giz em dois. De um lado escreva substantivos masculinos: so acom-
panhados de o, um, os, dos, num e nos.
Do outro lado, escreva substantivos femininos: so acompanhados de a, uma, as,
das, nas, numa e numas.
Pea aos alunos que ditem para Voc as palavras do poema que vo compor os dois
quadros. Podem, tambm, sugerir outras palavras. Os quadros vo car assim:
80
unidade ll
Substantivos masculinos: so acompanhados de
o, um, os, dos, num e nos.
O girino Do ovo
O peixinho O desejo
Do sapo O comeo
O silncio Do corpo
O comeo Do porco
Do papo Do ganso
O bigode O cachorro
Do gato Um lobo
O cavalo O escuro
O pasto O camelo
Do carrapato Um cavalo
O cabrito O potrinho
Na casa da av
O galo Lir
Faz cocoroc!
A av bate po-de-l
E anda um vento-to-t Mas se o neto menin
Na cortina de l Mas se o neto Ricard
Mas se o neto travess
A av Vai casa da vov,
Vive s Os dois jogam domin
81
Quando levar o poema para seus alunos, converse com eles a respeito das idias do poema;
amplie os comentrios para: famlia, laos de parentesco, jogos e atividades de lazer.
Nesse poema, Ceclia Meireles brinca com as palavras, transformando todas as
palavras que fecham os versos em oxtonas terminadas em , como se faz na cantiga
popular Atirei um pau no gato.
Voc pode fazer dois trabalhos com esse poema. Primeiro, fazer a distino, junto
com seus alunos, entre as palavras que so oxtonas e as palavras que a poetisa transformou
em oxtonas. No preciso usar essa nomenclatura. Estimule a observao e a percepo
dos sons e das slabas tnicas.
Depois reproduza o poema sem os determinantes da, um, na a, o, e os.
Assim,
Mas se ____ neto menin
___ av Mas se ____ neto Ricard
Vive s. Mas se ____ neto travess
Vai ____ casa ____ vov,
___ casa ___ av _____ dois jogam domin
___ galo Lir
Faz cocoroc!
____av bate po-de-l
E anda ____ vento-to-t
____ cortina de l
____ av
Vive s
Leve o poema com as lacunas na sala de aula e pea aos alunos que as preencham.
Ao fazer isso, eles estaro fazendo a distino entre substantivos do gnero feminino
e substantivos do gnero masculino de forma natural, sem preocupao em classicar
ou nomear. Quando estiverem maduros para aprender a nomenclatura gramatical, nas
sries mais avanadas, j estaro habituados a observar e perceber o funcionamento dos
elementos da lngua.
Faa o mesmo com outros poemas de sua preferncia.
82
a eles que pesquisem o par masculino/feminino dos animais que tm em casa ou
unidade ll
vem na televiso e das prosses e outras categorias que conhecem, por exem-
plo: bode/cabra; zango/abelha; carneiro/ovelha; ator/atriz; o dentista/a dentista;
rei/rainha; padrinho/madrinha.
Recupere tambm o poema de Vincius de Moraes, O pato, que lemos
na unidade 2, e o poema A cultura, de Arnaldo Antunes, nesta unidade. Seus
alunos, em dupla ou em pequenos grupos, podero identicar a forma masculino/
feminino de todos os animais mencionados nesses poemas. Voc pode ajud-los
a encontrar essas formas.
83
Resumindo u m a c a te goria grama
tical
gnero, que
b s o luta entre o lgica.
No h uma
re la o a
q u e u m a categoria bio
dos ,
seres anima linos
e o sexo dos n e ro , o u so mascu
a tm um g
s que
(s u b s ta n ti vos) na lngu f e re m a s e res animado
mes deles se re
Todos os no enas alguns
m a s a p fmea.
ou so femin
in o s ,
n a f o rm a d e macho ou
za
m na nature
se apresenta m a s c u li no, basta diz
er-
substanti v o igo
s s o s a lu n o s o que um d e s e r p re cedido do art
an o uele que p o
Para ensinar asculino aq ensinar a
b s ta n ti v o m a m e s m a f orma, para
u ido um. D bstantivo
lhes que o s rtigo inden lh es que o su
, o u d o a s ta d iz e r- igo
denido o , ba a, ou do art
s u b s ta n ti vo feminino o d e n id o
eles o que
um ido do artig
e le q u e p o d e ser preced
qu
feminino a
ma. m pronome
indenido u rtigo, por u
o p o r u m a no
m e s p o d e ser indicad n a d o s n o feminino ou
os n o nido, ex io
O gnero d t r a t ivo ou inde
d e m o n s
possessivo,
masculino. ue
t iv o s o u in denidos, q
emonstra
e s p o ssessivos, d ntes.
Os artigos,
pr o n o m
o c h a m a d o s determina
vo, s
um substanti com uma
antecedem c o n t r a d o s
t a m b m
m ocorrer
o s e p r o n omes pode
O s a r t ig
preposio. a forma
o m f re q n cia temos um
animais, c
q u e d e s ig n am pessoas e feminino.
Nos nomes o e u m a para o sexo
masc u li n
para o sexo pouco
s m a s c u li n o/feminino
e palavra o tero
c e r li s t a s de pares d
e m d a c r ia na, pois n
Evite forne o estranhos
linguag
s o u m u it
freqente
utilidade. eres do
n te s p a ra indicar os s
as difere distino
ta n ti v o s t m duas form t m s u m a forma e a
Alguns subs sexo feminin
o. Outros
c u li n o e d o
sexo mas
artigo. lorizar
feita pelo o u so e no pode va
a d a n
eve ser base matical.
b re e ss a s estruturas d o m enclatura gra
A re e x o so o c e d a n
ao prec
v il e g ia r a memoriz nero,
o u p ri
n te a c o n cordncia de g
naturalme sobre a
o s a lu n o s c o mo fazemos a p a c id a d e de reexo
Ao mostrar
a erem sua c
d a n d o -o s a desenvolv
estamos aju
sam.
lngua que u
84
-
SECAO 3
unidade ll
-
Sujeito e predicado
Objetivo: Trabalhar estratgias pedaggicas que possibilitem aos alunos
relacionar sujeito e predicado na sentena e compreender esse mecanismo de coeso
textual.
Vamos comear esta seo lendo uma piada do Juquinha:
Se isso no fosse uma piada, o Juquinha teria respondido: Ele canta. As duas
-
formas eu canto e ele canta so diferentes porque tm sujeitos diferentes. Como
Voc j estudou, o sujeito o termo que indica quem faz a ao, no caso, a ao
de cantar. Podemos dizer, tambm, que, em uma orao, sempre se declara alguma
coisa sobre o sujeito. Imaginemos o seguinte dilogo entre duas professoras:
85
do verbo. Por exemplo, em as crianas leram o texto e depois ajudaram o professor nos
exerccios, o sujeito de ajudaram as crianas e j foi mencionado no incio da frase.
Como o verbo est no plural, ajudaram, ca fcil reconhecermos que o sujeito, que no
est explcito, as crianas. Identicar os sujeitos que no esto explcitos uma estratgia
que facilita a nossa compreenso. Por isso dizemos que a concordncia do sujeito e o verbo
do predicado um trao de coeso textual.
muito importante saber reconhecer o sujeito de uma orao. Isso no signica
que vamos antecipar conceitos gramaticais complexos para alunos que esto ainda sendo
alfabetizados. Esses conceitos complexos vo ser aprendidos mais tarde. No entanto, saber
identicar o sujeito de uma orao uma habilidade que pode ser trabalhada desde os
primeiros anos de escolarizao porque parte do conhecimento ou competncia que
todo falante tem sobre sua lngua e que necessrio para construir bem as frases. Para
despertar esse conhecimento, precisamos usar, em nosso trabalho de sala de aula, algumas
estratgias. Vamos falar um pouco sobre esses procedimentos pedaggicos.
importante trabalharmos com textos simples, de preferncia elaborados pelos
prprios alunos. Ser mais fcil para eles reconhecer o sujeito e o predicado em enunciados
que eles prprios construram.
Lembrete
Trabalhar a capacidade de reconhecer o sujeito traz muitos benefcios
no desenvolvimento da expresso oral e escrita de nossos alunos. Podemos mencionar
dois desses benefcios: ajudar os alunos a fazer a concordncia entre sujeito e o verbo do
predicado e a identicar o lugar da orao entre sujeito e predicado onde no devemos
usar vrgula. Vamos voltar a esses assuntos mais frente.
Sempre que Voc estiver trabalhando com textos que contm dilogos, lembre-se de
chamar a ateno das crianas para o uso da pontuao adequada.
tividade de estudo-6
Para reetir mais sobre a relao entre o sujeito e o predicado leia os textos
seguintes, escritos por crianas da primeira srie da Escola Municipal Rosa Simes de
Almeida em Vitria ES. Esses textos foram coletados pela Professora Ana Christina
de Abreu Arajo Lima.
86
...Venho para a escola a p.
unidade ll
Moro com minha me, meu padrasto e meu irmo.
Meu outro irmo mora em outra cidade.
Eu estava na escola debaixo,...esqueci o nome da professora...
Depois vim para c.
Fora da escola, gosto de brincar e ver televiso.
Substitua depois o sujeito por outro, por exemplo: [eu] venho para a escola
a p > [meus amigos] vm para a escola a p.
Conra esta atividade no nal da unidade.
Vamos agora sala de aula para trabalhar a relao entre sujeito e o verbo
do predicado.
87
Mostre aos alunos o emprego de letras maisculas no incio do perodo e depois de
ponto nal. Chame ateno para os outros sinais de pontuao.
Faa com os alunos a ligao entre o sujeito e o verbo do predicado e a substituio
dos sujeitos, como abaixo:
[Eu] .venho para a escola a p.
Meu irmo vem para a escola a p.
Ns vimos para a escola a p.
A gente vem para a escola a p.
No necessrio usar nomenclatura gramatical, pois Voc poder fazer perguntas
como Quem vem para a escola a p?. Os alunos respondem: Eu e Voc poder mostrar
a eles que eu sujeito na frase Eu venho para a escola a p.
Distribua os alunos em grupo. Cada grupo dever produzir oralmente e depois por
escrito uma narrativa.
Concluda a narrativa, leia com eles e mostre a eles os problemas de concordncia e
de ortograa.
Pea a eles que reescrevam a narrativa com as correes. Depois, devem associar cada
sujeito ao verbo do predicado como no exemplo do quadro de giz.
Para tornar a atividade mais interessante, cada aluno do grupo poder reescrever a
narrativa com um sujeito diferente.
Comente o exerccio, chamando a ateno para a concordncia entre os termos: sujeitos
e os respectivos verbos do predicado, sem usar nomenclatura.
Nesta fase trabalhe somente com os predicados verbais, isto , aqueles cujo ncleo
um verbo que indica ao, como os dos exemplos que vimos.
Lembrete
Em toda orao temos dois termos principais, o sujeito e o predicado,
entre os quais se estabelece uma relao coesiva.
Quando o ncleo do predicado um verbo que indica uma ao, dizemos que
o predicado verbal. Quando o predicado se constitui com verbo de ligao, como o
verbo ser, que indica estado, situao, atributo, seguido de um complemento, dizemos
que o predicado nominal.
Voc vai encontrar, a seguir, duas reprodues de pinturas feitas por Cndido Por-
tinari e algumas informaes sobre esse grande pintor brasileiro do sculo XX. Aproveite
para apreciar essas obras de arte e conhecer mais sobre a arte brasileira. Vamos reetir sobre
o trabalho com pintura em sala de aula.
88
unidade ll
Candido Portinari
http://www.radiobras.gov.br/cultura/mat/ http://www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_
culturamat1944fadel_1304.htm 20030503/sup_sup_030503_33.htm
89
Para trabalhar com a competncia dos alunos na construo de frases, desenvolva a
atividade abaixo.
Nossos alunos tm competncia para formar frases e textos nos quais empregam
naturalmente a regra de concordncia entre o sujeito e o verbo do predicado.
No preciso insistir na nomenclatura gramatical, mas devemos criar oportunidades
para que os alunos pratiquem a concordncia entre esses dois termos da orao.
Leve para a sala de aula as reprodues dos quadros de Portinari e outras gravuras
representativas de aes que fazem parte do cotidiano dos alunos.
Divida os alunos em grupos de quatro.
Cada grupo vai trabalhar com uma gravura.
O grupo deve sugerir uma frase que descreva o quadro. Por exemplo: Os meninos
esto jogando futebol.
Copie a frase no quadro e sublinhe Os meninos.
Pea a cada aluno do grupo que substitua Os meninos por outro sujeito: meu
irmo; eu; ns; Luis Henrique etc., fazendo as adaptaes necessrias na frase.
Ao nal, devem apresentar o trabalho que zeram classe.
Copie algumas das frases e chame a ateno para a relao entre o sujeito e o verbo,
sem, contudo, enfatizar essa nomenclatura.
Procure variar as frases que vo dar origem aos exerccios. Por exemplo: Os palhacinhos
brincaram na gangorra; Os palhaos do circo do cambalhotas; Eu e meu irmo gostamos
de soltar pipas etc.
90
unidade ll
Para produzir textos de diversos gneros e reforar a coeso textual relacionando
sujeito a predicado, desenvolva a seguinte atividade:
O MONSTRO P DE GALINHA
Alberto Filho
Essa menina, s vezes, era obediente, s vezes malcriada, mas acho que no fundo
ela tinha um bom corao. Era muito mimada e s vezes s fazia o que queria fazer e
pronto... Hoje ela vai descobrir duas coisas muito importantes... quando sair da escola.
Ela era uma menina mais ou menos obediente, mas naquele dia, ao sair da
escola, disse:
- Hoje no vou esperar minha me. Como minha casa perto daqui e eu j conheo
o caminho acho que vou embora sozinha...
E foi mesmo...
Ento ela descobriu algo que a deixou assustada...
Como estava acostumada a ir e vir todo dia com a me, conava nela e por isso
mesmo nunca havia prestado ateno direito ao caminho.
Nesse momento, deu um estalo dentro dela e ela achou que tinha se perdido...
Descobriu que havia entrado num lugar estranho e deserto...
Ento dois meninos grandes, com cara de malvados, apareceram na sua frente,
rindo muito. Um deles disse:
- Humm, vejam s uma menininha sozinha, perdidinha, sem dono; que tal se a
gente levasse ela com a gente?
Ela comeou a chorar, e os meninos, com cara de poucos amigos, disseram
de novo:
- J que ela est sozinha, vamos car com ela. Ela pode ser nossa escrava para
sempre e se chorar leva uns cascudos...
91
- Tenho uma idia melhor - disse o outro garoto - Acho melhor a gente vender ela para
aquele Papa Figo l do Beco... Assim podemos ganhar uma nota preta...
- Legal - concordou o outro - vendendo ela, ganhamos um bom dinheiro e ainda nos
livramos dessa pirralha idiota. Vamos l...
Ento, ele pegou a mo dela com violncia e comeou a arrast-la.
Nesse momento, sem que ningum visse, um pouco mais adiante, um estranho vulto
surgiu do nada. Parecia um menino pequeno, s que no tinha uma cara muito amigvel...
Saindo das sombras, o estranho e pequeno ser abriu sua imensa e assustadora boca e
falou de um jeito que todos caram petricados de medo, sem conseguirem se mexer.
- Muito bonito... quer dizer que vocs gostam de fazer maldades? Ento acho que vo
gostar muito do lugar para onde vou levar os dois...
O estranho ser era do tamanho de um menino, com a cabea enorme e azul e os
ps de galinha.
Os dois desordeiros caram com tanto medo e saram numa correria to grande, que
naquele dia no conseguiram parar de correr por nada nesse mundo. A menina mal conseguia
falar, de to contente. Ela, ao contrrio, no havia cado com nenhum medo.
E ela, emocionada e agradecida, no quis nem saber e deu um grande abrao no seu
novo amigo e disse:
- Meu amigo, voc me salvou dos malvados. Como seu nome?
- Meu nome P de Galinha, e todos tm medo de mim porque sou feio... ningum
nunca me chamou de amigo... voc a primeira pessoa que faz isso...
- No, voc no feio - disse a menina - voc lindo. apenas diferente das
outras pessoas...
Muito feliz, ele explicou para ela que sempre aparecia para proteger as crianas que estavam
em perigo, e que cava azul nessas horas. Disse tambm que gostava muito de comer po com
ch. Ento, a menina disse:
- Vamos para minha casa fazer um lanche maravilhoso!
Texto de Alberto Filho, retirado da Sala de Leituras contos infantis.
Disponvel em: www.sitededicas.uol.com.br
Agora Voc vai-se preparar um pouco mais para trabalhar com seus alunos a relao
entre sujeito e predicado.
92
unidade ll
tividade de estudo-7
Releia o texto O monstro p de galinha, observando os predicados que
esto sublinhados.
Encontre, em seguida, no texto, o sujeito relacionado a cada um dos predica-
dos sublinhados. Conra seu exerccio no nal desta unidade.
Verique quais so os predicados verbais, com um verbo que indica ao e
quais os predicados nominais, formados pelo verbo ser ou outro verbo de ligao
e um complemento.
Aproveite para vericar as ocorrncias do pronome ela. Esse pronome foi
O MONSTRO P DE GALINHA
93
-Humm, vejam s uma menininha sozinha, perdidinha, sem dono; que tal
se a gente levasse ela com a gente?
Ela comeou a chorar, e os meninos, com cara de poucos amigos, disseram
de novo:
-J que ela est sozinha, vamos car com ela. Ela pode ser nossa escrava para
sempre e se chorar leva uns cascudos...
-Tenho uma idia melhor - disse o outro garoto - Acho melhor a gente vender
ela para aquele Papa Figo l do Beco... Assim podemos ganhar uma nota preta...
-Legal - concordou o outro - vendendo ela, ganhamos um bom dinheiro e
ainda nos livramos dessa pirralha idiota. Vamos l...
Ento, ele pegou a mo dela com violncia e comeou a arrast-la.
Nesse momento, sem que ningum visse, um pouco mais adiante, um estra-
nho vulto surgiu do nada. Parecia um menino pequeno, s que no tinha uma cara
muito amigvel...
Saindo das sombras, o estranho e pequeno ser, abriu sua imensa e assustadora boca e
falou de um jeito que todos caram petricados de medo, sem conseguirem se mexer.
-Muito bonito... quer dizer que vocs gostam de fazer maldades? Ento acho
que vo gostar muito do lugar para onde vou levar os dois...
O estranho ser era do tamanho de um menino, com a cabea enorme e azul
e os ps de galinha.
Os dois desordeiros caram com tanto medo e saram numa correria to grande,
que naquele dia no conseguiram parar de correr por nada nesse mundo. A menina mal
conseguia falar de to contente. Ela, ao contrrio, no havia cado com nenhum medo.
E ela, emocionada e agradecida, no quis nem saber e deu um grande abrao
no seu novo amigo e disse:
-Meu amigo, voc me salvou dos malvados. Como seu nome?
-Meu nome P de Galinha, e todos tm medo de mim porque sou feio...
ningum nunca me chamou de amigo... voc a primeira pessoa que faz isso...
-No, voc no feio - disse a menina - voc lindo. apenas diferente das
outras pessoas....
Muito feliz, ele explicou para ela que sempre aparecia para proteger as cri-
anas que estavam em perigo, e que cava azul nessas horas. Disse tambm que
gostava muito de comer po com ch. Ento, a menina disse:
-Vamos para minha casa fazer um lanche maravilhoso!
94
unidade ll
Pesquise outras histrias curtas em que Voc possa trabalhar sujeito e
predicado..
Nas historinhas que voc reunir, reita sobre os sujeitos das oraes e
verique quais desses sujeitos esto representados por pronomes. Quando for
trabalhar com as histrias em sala de aula, na leitura e na escrita, chame a ateno
dos alunos para essas questes.
Para trabalhar mais o uso dos pronomes de terceira pessoa nos textos de alunos,
desenvolva a atividade sugerida aqui.
Leve sala de aula narrativas s iniciadas, produzidas por alunos, como as que
transcrevemos abaixo.
Seus alunos devero completar as narrativas. Ao fazer isso, vo usar naturalmente
pronomes de terceira pessoa ele, ela, eles e elas.
Eles devem apresentar primeiro a narrativa oralmente.
Transcreva uma ou duas narrativas orais no quadro, chamando a ateno para
o uso dos referidos pronomes. Veja alguns exemplos:
Narrativas de alunos para completar:
1) No sei falar meu nome todo, mas sei escrever. Moro com minha me,
Glria e minha irm Mira. O meu pai morreu.
Exemplo de narrativa com uma seqncia: No sei falar meu nome todo, mas
sei escrever. Moro com minha me, Glria e minha irm Mira. O meu pai morreu.
Ele era pedreiro. O nome dele era Jos Antnio.
95
2) Quando eu matriculei nesta escola, ela no estava pronta.
Exemplo de narrativa com uma seqncia: Quando eu matriculei nesta escola, ela no
estava pronta. Agora ela cou pronta e tem quatro salas de aula.
3) Minha me cou internada. J faz tempo. Eu faltei escola.
Exemplo de narrativa com uma seqncia: Minha me cou internada. J faz tempo.
Eu faltei escola. Agora ela j cou boa e fomos visitar a minha av.
4) O meu av e a minha av moram na minha casa.
Exemplo de narrativa com uma seqncia: O meu av e a minha av moram na minha casa.
Ele aposentado e j tem 68 anos. Ela tem 60 anos. Eles gostam muito de conversar comigo.
5) Eu tenho um cachorro marrom. Foi minha me que me deu. Na minha casa tem
tambm um gato.
Exemplo de narrativa com uma seqncia: Eu tenho um cachorro marrom. Foi minha
me que me deu. Na minha casa tem tambm um gato. Um dia o cachorro correu atrs do
gato e eles brigaram.
96
unidade ll
eitura sugerida
GERALDI, Joo Wanderley. Linguagem e ensino exerccios de militncia
e divulgao. Campinas,SP: Mercado de Letras ALB, 1996.
Neste livro, o Professor Joo Wanderley Geraldi rene textos em que reete
sobre o ensino da lngua materna, propondo novas estratgias para ensinar e aprender
a nossa lngua.
A terceira parte: Sobre o trabalho com textos produzidos por alunos, aborda
especialmente a questo da anlise lingstica em sala de aula.
TEXTO 1
A PRTICA DE REFLEXO SOBRE A LNGUA*
Brasil. Ministrio da Educao e Cultura. Parmetros Curriculares Nacionais
Lngua Portuguesa. Braslia: 1997. v.2, p.38-39.
97
que possibilitem a reexo sobre os recursos expressivos utilizados pelo produtor/
autor do texto quer esses recursos se reram a aspectos gramaticais, quer a aspectos
envolvidos na estruturao dos discursos , sem que a preocupao seja a categorizao,
a classicao ou o levantamento de regularidades sobre essas questes.
J as atividades metalingsticas esto relacionadas a um tipo de anlise voltada para
a descrio, por meio da categorizao e sistematizao dos elementos lingsticos1. Essas
atividades, portanto, no esto propriamente vinculadas ao processo discursivo; trata-se
da utilizao (ou da construo) de uma metalinguagem que possibilite falar sobre a
lngua. Quando parte integrante de uma situao didtica, a atividade metalingstica
desenvolve-se no sentido de possibilitar ao aluno o levantamento de regularidades de
aspectos da lngua, a sistematizao e a classicao de suas caractersticas especcas.
Assim, para que se possa discutir a acentuao grca, por exemplo, necessrio que
alguns aspectos da lngua tais como a tonicidade, a forma pela qual marcada nas
palavras impressas, a classicao das palavras quanto a esse aspecto e ao nmero de
slabas, a conceituao de ditongo e hiato, entre outros sejam sistematizados na forma
de uma metalinguagem especca que favorea o levantamento de regularidades e a
elaborao de regras de acentuao.
O ensino da Lngua Portuguesa, pelo que se pode observar em suas prticas
habituais, tende a tratar essa fala da e sobre a linguagem como se fosse um contedo
em si, no como um meio para melhorar a qualidade da produo lingstica. o
caso, por exemplo, da gramtica que, ensinada de forma descontextualizada, tornou-se
emblemtica de um contedo estritamente escolar, do tipo que s serve para ir bem na
prova e passar de ano uma prtica pedaggica que vai da metalngua para a lngua por
meio de exemplicao, exerccios de reconhecimento e memorizao da nomenclatura.
Em funo disso, tem-se discutido se h ou no necessidade de ensinar gramtica. Mas
essa uma falsa questo: a questo verdadeira para que e como ensin-la.
Se o objetivo principal do trabalho de anlise e reexo sobre a lngua imprimir
maior qualidade ao uso da linguagem, as situaes didticas devem, principalmente
nos primeiros ciclos, centrar-se na atividade epilingstica, na reexo sobre a lngua
em situaes de produo e interpretao, como caminho para tomar conscincia e
aprimorar o controle sobre a prpria produo lingstica. E, a partir da, introduzir
progressivamente os elementos para uma anlise de natureza metalingstica. O lugar
natural, na sala de aula, para esse tipo de prtica parece ser a reexo compartilhada
sobre textos reais.
1
Os termos anlise lingstica, atividade epilingstica e atividade metalingstica so utilizados aqui como propostos por Joo Wanderley Geraldi, no
livro Portos de passagem.
98
TEXTO 2
unidade ll
A SUPRESSO DO/ S/ PS-VOCLICO
Stella Maris Bortoni-Ricardo*
*
Texto retirado de educao em Lngua Materna, So Paulo: Parbola, 2004, pg. 88-90.
99
Revendo esses exemplos podemos car com a impresso errnea de que a regra de
concordncia nominal no-redundante s ocorre no plo rural/rurbano do contnuo de
urbanizao. Mas no bem assim. Essa regra de concordncia no-redundante ocorre ao
longo de todo o contnuo, nos estilos no-monitorados, chegando, s vezes, at mesmo,
aos estilos monitorados.
Por estar to generalizada na lngua, certo que nossos alunos vo empreg-la em seus
textos escritos que, por sua natureza, exigem a regra da concordncia redundante prevista na
gramtica normativa. Por isso, ns, professores, temos que car muito atentos ao uso da regra
de concordncia nominal na produo de nossos alunos e na nossa prpria produo.
H duas coisas de que Voc no pode se esquecer quando lidar com esse fenmeno:
1) no Portugus Brasileiro tendemos a exionar o primeiro elemento do sintagma
nominal plural e a no marcar os demais. Esta uma tendncia que se explica porque geral-
mente dispensamos elementos redundantes na comunicao e as diversas marcas de plural
no sintagma nominal plural so redundantes. Ao escrever sintagmas nominais plurais, seu
aluno vai tender a exionar somente o primeiro elemento, que pode ser um artigo, um
pronome possessivo, demonstrativo etc. Exemplos:
os amigo; Meus brinquedo; aqueles homi; os meus tio.
2) Quanto mais diferente for a forma do plural de um nome ou pronome da sua
forma singular, mais tendemos a usar a marca de plural naquele nome ou pronome. Quando
a forma de plural apenas um acrscimo de um /s/, tendemos a no empreg-la.
Baseados nessa constatao, os pesquisadores da rea de sociolingstica quantitativa
construram uma escala que vai dos nomes em que a diferena entre singular plural m-
nima at os nomes que formam o plural com duas marcas: o acrscimo do /s/ e a mudana
da vogal. A escala cou assim:
100
H um aspecto muito interessante que convm mencionarmos. Sempre
unidade ll
aprendemos que devamos dar nfase na escola aos plurais irregulares, mas estamos
vendo que so os plurais regulares que exigem nossa maior ateno porque so esses
que tm maior probabilidade de no serem exionados. Vejamos o que diz a este
propsito a professora Maria Ceclia Molica, no livro Inuncia da fala na alfabetizao
(Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1998/2000).
Proponho que // uma metodologia pedaggica que d conta de todos os
fenmenos variveis (ou aparentemente variveis), que at ento foram objeto de
descries sociolingsticas eminentemente acadmicas e que j exibem resultados
consolidados, ter que nortear-se em princpios mais gerais //, a saber:
(1) ir do discurso para a sentena (ou para o vocbulo, ou para segmentos
menores como slabas e fonemas): essa mxima serve como guia para muitos
pontuao.
(2) Ir do mais freqente para o menos freqente: em se tratando de trabalho
em sala de aula, h que se ter bom senso de se atacar problemas priorizando
inicialmente os que mais ocorrem: assim, recomenda-se que o trabalho com desvio
da variante standard de menor incidncia deva ser postergado, em geral.
(3) Ir do mais provvel para o menos provvel: quase sempre os problemas mais
freqentes coincidem com os que, por meio de estudos dos fatores que favorecem o
seu uso, sabemos que tm maiores probabilidades de ocorrerem.
Insisto que devem ser selecionadas prioritariamente as variveis que mais atuam
para a emergncia do erro, na escrita. Por exemplo, sintagmas nominais com dupla
marca de nmero plural na fala, como em ovo ~ ovos no costumam oferecer problemas
para o usurio do ponto de vista da concordncia. No entanto, os sintagmas verbais e
nominais cujo plural regular e menos saliente fonicamente, como ele fala ~ eles falam
ou casa ~ casas constituem o subgrupo mais problemtico para o falante, que costuma
marcar geralmente o plural nas formas mais marcadas fonicamente apenas no primeiro
elemento, nos casos de sintagma nominal (Mollica, 2000, pg. 35-60).
101
ibliografia
CHIAPPINI, Ligia (org.) Aprender e ensinar com textos. So Paulo: Cortez, 2000. v.1.
KOCH, Ingedore. A coeso textual. So Paulo: Contexto,1990.
___. A inter-ao pela linguagem. So Paulo: Contexto,1993.
PLURAL: Que compreende mais de um. Que mltiplo. Flexo dos nomes e verbos
que indica que se faz referncia a mais de um elemento. (Fonte: Biderman, Maria Tereza C.
Dicionrio Didtico de Portugus. So Paulo: tica, 1998)
Atividade de estudo 2
1) Na primeira estrofe, a palavra alucinao pode ser substituda por sonho ou
pesadelo. Esta ltima muito apropriada ao contexto.
2) Na nossa sociedade contempornea muitas vezes os casamentos so desfeitos com
separao ou divrcio. Depois de divorciadas, as pessoas podem casar-se de novo de acordo
com as leis brasileiras.
A palavra sobretudo refere-se a um casaco, geralmente usado pelos homens
como um agasalho.
3) Existem duas maneiras de nos referirmos s horas. A primeira contando de 1 a 12 e a
segunda contando de 1 a 24. Se usarmos a primeira, temos de informar se de manh, de tarde
ou de noite. Por exemplo: so cinco horas da manh; a festa ser s oito horas da noite. Se usarmos
a segunda, basta mencionar o nmero. Por exemplo: so sete horas; so vinte e uma horas.
Mostre aos seus alunos como fazer a equivalncia entre um sistema e outro. Por
exemplo: 17 horas 12 = 5 horas; 21 horas 12 = 9 horas. Para reetir mais sobre isso
discuta essa questo com seu colega professor de Matemtica.
4) As cores do arco-ris vo desde o vermelho at o violeta. Geralmente identicamos
102
sete cores passando pelo laranja, amarelo, verde, azul e azul marinho - com todas as suas
unidade ll
nuanas e gradaes. Desperte em seus alunos o interesse pelo fenmeno atmosfrico
do arco-ris. Pea ajuda ao professor de Cincias para discutir esse assunto.
5) E o quatro importante, quatro pontos cardeais,
Quatro estaes do ano, quatro ps tem um animal,
Quatro pernas tem a mesa, quatro dias o carnaval
Atividade de estudo 3
Os numerais cardinais e os nomes que eles quanticam esto em negrito. Observe
que alguns desses nomes esto implcitos. Os numerais no marcados so ordinais.
Atividade de estudo 4
Palavras em o Flexionadas Outras palavras com a
no singular no plural mesma formao de plural
Cho Os chos O vo os vos.
Gro Os gros. O cidado os cidados.
Po Os pes O co os ces.
Mo As mos. O irmo os irmos.
Corao Os coraes O avio os avies
Gavio Os gavies O serto os sertes.
Atividade de estudo 5
1) Usando um mapa do Brasil pea aos alunos que tracem o roteiro que o
poeta descreve. Eles devem encontrar no mapa o estado de Mato Grosso e distingui-
lo de Mato Grosso do Sul e os demais estados mencionados.
Devem, tambm, identicar Belm do Par e Porto Alegre como capitais dos
estados do Par e Rio Grande do Sul.
Converse com os alunos sobre personalidades e pessoas famosas de diferentes estados.
Pea-lhes que falem sobre parentes e amigos que sejam provenientes de outros estados.
103
Mostre no mapa mndi a localizao da China e explique que, no Rio Grande do
Sul, china se refere a mulheres morenas, descendentes de indgenas.
Bactria: ser vivo de uma s clula, invisvel a olho nu. Biderman, Maria Teresa
Camargo. Dicionrio Didtico de Portugus. Editora tica,1998.
Seiva: liquido que corre nos vegetais e nos alimentos. Biderman, Maria Teresa
Camargo. Dicionrio Didtico de Portugus. Editora tica,1998.
104
Atividade de estudo 6
unidade ll
[eu] venho para a escola a p.
Meu irmo vem para a escola a p.
[eu] brinco de cavalinho, [eu] pego um pauzinho e [eu] brinco fora da escola.
Atividade de estudo 7
O sujeito relacionado a cada predicado sublinhado est destacado em negrito.
Essa menina, s vezes, era obediente, s vezes malcriada, mas acho que no
fundo ela tinha um bom corao. (Ela) Era muito mimada e s vezes s fazia o que
queria fazer e pronto... Hoje Ela vai descobrir duas coisas muito importantes...
quando sair da escola.
Ela era uma menina mais ou menos obediente, mas naquele dia, ao sair da
escola, (Ela) disse:
- Hoje no vou esperar minha me. Como minha casa perto daqui e eu j
conheo o caminho acho que vou embora sozinha...
E foi mesmo...
105
Ento ela descobriu algo que a deixou assustada...
Como (Ela) estava acostumada a ir e vir todo dia com a me, conava nela e por isso
mesmo nunca havia prestado ateno direito ao caminho.
Nesse momento, deu um estalo dentro dela e ela achou que tinha se perdido...
Descobriu que havia entrado num lugar estranho e deserto...
Nesse momento dois meninos grandes, com cara de malvados, apareceram na sua
frente, rindo muito. Ento um deles disse:
- Humm, vejam s uma menininha sozinha, perdidinha, sem dono; que tal se a gente
levasse ela com a gente?
Ela comeou a chorar, e os meninos, com cara de poucos amigos, disseram de novo:
- J que ela est sozinha, vamos car com ela. Ela pode ser nossa escrava para sempre
e se chorar leva uns cascudos...
- Tenho uma idia melhor - disse o outro garoto - Acho melhor a gente vender ela
para aquele Papa Figo l do Beco... Assim (ns) podemos ganhar uma nota preta...
- Legal - concordou o outro - vendendo ela ganhamos um bom dinheiro e ainda nos
livramos dessa pirralha idiota. Vamos l...
Ento, ele pegou a mo dela com violncia e comeou a arrast-la.
Nesse momento, sem que ningum visse, um pouco mais adiante, um estranho vulto
surgiu do nada. Parecia um menino pequeno, s que no tinha uma cara muito amigvel...
Saindo das sombras, o estranho e pequeno ser abriu sua imensa e assustadora boca
e falou de um jeito que todos caram petricados de medo, sem conseguirem se mexer.
- Muito bonito... quer dizer que vocs gostam de fazer maldades? Ento acho que
(vocs) vo gostar muito do lugar para onde vou levar os dois...
O estranho ser era do tamanho de um menino, com a cabea enorme e azul e os
ps de galinha.
Os dois desordeiros caram com tanto medo e saram numa correria to grande,
que naquele dia no conseguiram parar de correr por nada nesse mundo. A menina mal
conseguia falar de to contente. Ela, ao contrrio, no havia cado com nenhum medo.
E ela, emocionada e agradecida, no quis nem saber e deu um grande abrao no seu
novo amigo e disse:
- Meu amigo, voc me salvou dos malvados. Como seu nome?
- Meu nome P de Galinha, e todos tm medo de mim porque sou feio... ningum
nunca me chamou de amigo... voc a primeira pessoa que faz isso...
- No, voc no feio - disse a menina - voc lindo. apenas diferente das
outras pessoas...
Muito feliz, ele explicou para ela que sempre aparecia para proteger as crianas que
106
estavam em perigo, e que cava azul nessas horas. Disse tambm que gostava muito
unidade ll
de comer po com ch. Ento, a menina disse:
- Vamos (ns) para minha casa fazer um lanche maravilhoso!
-
nvestigaao da pratica-ll
Leia o poema de Ceclia
- Meireles que Voc tem a seguir. Procure no dicionrio
o signicado da palavra carpir.
Carpir:
A POMBINHA DA MATA
Trs meninos na mata ouviram Eu acho que ela est com saudade,
uma pombinha carpir. disse o terceiro,
e com certeza vai morrer.
Elabore um planejamento de sala de aula prevendo atividades voltadas para o
desenvolvimento das seguintes habilidades de uso e anlise da lngua:
1) Reconto do poema em forma de narrativa oral com acrscimo de um desfecho
em que os trs meninos tomam iniciativas em relao pombinha.
2) Reexo sobre o uso de pronomes de terceira pessoa nos textos produzidos
pelos alunos.
3) Comentrios e exerccios sobre a concordncia entre os termos das oraes.
107
Nesta sesso coletiva, vamos discutir alguns temas que foram trabalhados na Unidade
11 do Caderno Teoria e Prtica, que so:
a) o papel da anlise lingstica nas atividades de ensino e aprendizagem da lngua
nas sries iniciais;
b) reexo e anlise sobre os conceitos de singular e plural e de gnero: feminino
e masculino;
c) discusso de estratgias que podem contribuir para familiarizar nossos alunos com
esses conceitos;
d) anlise sobre a relao entre o sujeito e predicado na sentena para que os nossos
alunos desenvolvam estratgias de coeso textual.
Durao: 3 horas.
Etapa l
Divididos em dois grupos os participantes vo analisar os seguintes textos infantis que a
professora Ingedore Koch apresentou em Trabalhos em Lingstica Aplicada, Campinas, (30):35,
jul./dez. 1997, observando o emprego de pronomes e os problemas de ambigidade presentes
nos textos. As questes ortogrcas vo merecer mais ateno nas Unidades 12 e 13.
Devem, tambm, propor estratgias para se trabalhar esses problemas.
1) pasou muitos anos o prncipe Completo 20 Anos ele partio pronto o prncipe
Chegou. Ai passou 1 Ano que ele estava l. O prncipe teve que Combater um drago que
era Muito Mau... (Adriano, 2a srie)
2) Era uma vez em um bosque en con tado via um rei e uma rainha e o lho dele
mas ele desejava ter uma noiva mas mo sabiacomoaranjar... (Ada, 1a srie)
108
- envenem o rio, matem o gado, sujem a casa roubem o alimento dos animais,
unidade ll
quemem a plantao e enterrem o ouro.
E eles responderam:
- Sim!
E eles zeram tudo de acordo ento eles caminhavam 2 km por dia para
sobreviver... (Flvia, 2a srie)
109
UNIDADE l2
Interferencia da fala
na escrita
Stella Maris Bortoni-Ricardo
112
-
Interferencia da fala
unidade l2
na escrita
Iniciando a nossa conversa
Amigo(a) Professor(a)
113
cimentos so o seu ponto de partida para construir hipteses quanto forma das palavras,
nas frases e nos textos.
Devemos nos acostumar a nos deter no processo de construo dessas hipteses pelos
alunos que esto aprendendo a escrever. Devemos tambm estar preparados para antecipar
os problemas dos alunos ao produzirem sua escrita.
Nesta unidade vamos comear a reexo que nos permitir antecipar esses problemas
e adotar estratgias para ajudar os alunos a super-los.
Nosso horizonte
-
114
-
SECAO l
unidade l2
-
Antecipando os problemas de
-
nossos alunos na produao
escrita
tividade de estudo-l
Procure no dicionrio de sua preferncia o signicado de ortograa. Como
Voc observou a palavra formada pela palavra grega orto que signica reto, cor-
reto e grafo, que signica escrever.
-
-
ortograa
115
Voltemos agora a conversar sobre essas duas fontes de problemas potenciais de orto-
graa para que elas quem mais claras.
fcil entendermos que a lngua oral interfere na aquisio e produo da lngua
escrita. A lngua oral precede a lngua escrita tanto na histria dos povos quanto na histria
individual de cada um de ns.
Quando nos voltamos para a histria dos povos na Antigidade e buscamos os registros
mais antigos da vida do homem em sociedades primitivas, vemos que h indcios de que
havia comunicao oral nessas sociedades primitivas. H diversas hipteses sobre o surgi-
mento da linguagem nas primeiras comunidades humanas, mas acredita-se, hoje em dia,
que to logo a espcie humana chegou ao estgio de apoiar-se nas patas traseiras os ps,
caminhando de forma ereta, usando as patas dianteiras as mos, para produzir artefatos
e at registrar cenas de seu cotidiano nas paredes das cavernas onde vivia, j dispunha de
formas de comunicao oral articulada.
116
Na ilustrao abaixo, Voc pode ver a evoluo das letras A, B, C, D, desde
unidade l2
os egpcios, os hebreus, os fencios, os gregos e os romanos.
ALFABETO
GREGO
ALFABETO HEBREU
ALFABETO
FENCIO
Lembrete
Palavras paroxtonas: No so acentuadas as terminadas em a, e e
o. Por exemplo: cachorro, carta e dente.
Palavras Oxtonas: So acentuadas as terminadas em a, e e o, seguidas ou no de
s. Por exemplo: maracuj, chul e jud.
Palavras proparoxtonas: So todas acentuadas. Por exemplo: fbrica, fsforo e lcido.
118
unidade l2
tividade de estudo-2
Explique com suas prprias palavras o que Voc entende por problemas que
resultam de interferncias da lngua oral na produo escrita, e os problemas decor-
rentes do carter arbitrrio das convenes ortogrcas.
Cite alguns problemas que Voc tem com a ortograa e classique-os nos
dois casos citados.
119
C Abacaxi (escrita - *abacaxi).
E Por que no botou com e?
C Porque no abacax.
E E me diz uma coisa. Que palavra essa aqui?
C - ...Cavalo. (escrita - *cavalo)
E Porque terminou cavalo com o?
C Porque esse o tem o som de u.
E Por qu?
C Porque a mesma coisa que amizade. (...)
Reita sobre a conscientizao que a criana j tem sobre as diferenas entre oralidade e escrita,
vericando como lhe faltam, ainda, noes mais claras da tonicidade das palavras.
Converse com seus alunos a respeito da escrita das palavras e registre-os para que Voc
possa entender melhor o processo de tomada de conscincia sobre a lngua que seus alunos
esto vivendo.
Mostre seus registros a seus colegas.
Lembrete
Dgrafo o emprego de duas letras para representao grca de um
s som, por exemplo: ch, folha, nascer, guerra.
120
unidade l2
Interferencia da fala na escrita
Em 25/06/1945, dia de So Joo, eu, Sebastio, minero estimado grasaza Deus, fui
convidado para uma festa de So Joo na bera do ribero da Tacuara na casa do meu padrim
Juaquim Francisco. Ele era pai adotivo de Joana Gorge da Silva. Veja uque aconteceo: a
Joana estava noiva faltando 8 dias para casar. U noivo era um primo dela e o nome del era
Jos Antnio. Aps a minha xegada, ela veimi receber com um oliar carioso. Recebi um
aperto de mo, acuso o meo corao. Comesamos a namora, ela intrixerada pelas costa
do seu pai comedo deli ver, mas o veio era vivo; com prazo de duas horas eli percebeo i me
chamo a teno, mostrano munta conciderao. Ai eli chamo a teno dela: eu janotei
que voce mudo o seu destino. Eu co munto sastifeito ci voce dechar o outro para cazar
com o Sebastio. Do dia 24 para o dia 25 de junho, camus combinado para o dia 1 de
julho. Assim eu l cheguei, viero me avizar que us homi estava revoltado: o noivo i um
tio e um irmo. Dizarriei o meo cavalo e fui levalo para o pasto da Santa. Quando eu a -
-
porteira avistei, estava la us tres homi, dois irmo e um tio, mi chamaro a teno munto
bravo. Eu disi pra eli: vamos rezolver dento das lei, vamos passar para a pulicia. Ai elis
desistiro na hora, atravessaro as diviza e foro embora, mi decharo em pazi. Quero que
esta estoria silva de esemplo para todus familiar. Esa estoria e uma verdadi que eu poso
conta. Ci over alguma dvida, procura o pessoale do lugar.
121
Quadro de erros decorrentes do carter arbitrrio das convenes ortogrcas
Gorge Uso da letra g em lugar de j.
Xegada Uso de x em lugar do dgrafo ch.
Comesamos Uso de s no lugar de .
intrixerada Uso de x em lugar do dgrafo ch da palavra trincheira.
(Veja tambm essa palavra no quadro abaixo)
conciderao Uso de c em lugar de s
voce Ausncia de acento circunexo em palavra oxtona terminada em e.
cazar Uso de z em lugar de s
avizar Uso de z em lugar de s
tres Ausncia de acento circunexo em palavra oxtona terminada em e, seguido de s.
chamaro Representao do ditongo tono como ditongo tnico: o em lugar de am
disi Uso de s em lugar do dgrafo ss. (Veja tambm essa palavra no quadro abaixo).
rezolver Uso de z em lugar de s.
decharo Uso do dgrafo ch em lugar de x. (Veja tambm essa palavra no quadro abaixo).
estoria Ausncia de acento agudo em paroxtona terminada em ditongo crescente.
diviza Uso de z em lugar de s.
esemplo Uso de s em lugar de x.
Esa Uso de s em lugar do dgrafo ss.
(eu) poso Uso de s em lugar do dgrafo ss.
ci Uso de c em lugar de s. (Veja tambm essa palavra no quadro abaixo).
dizarriei Uso do z em lugar de s. (Veja tambm essa palavra no quadro abaixo).
over Ausncia de h inicial que se explica pela histria da palavra.
122
Quadro de erros por interferncia da lngua oral na produo escrita
unidade l2
intrixerada Elevao da vogal e > i.
pelas costa Somente uma marcao de plural.
comedo Aglutinao de palavras com medo.
deli Elevao da vogal e > i.
(o) veio Vocalizao da consoante representada por lh,
que passa a ter o som da vogal i.
eli Elevao da vogal e > i.
percebeo Troca da vogal u > o.
chamo Reduo do ditongo ou > o.
a teno Perda do a inicial que se fundiu com o artigo a.
mostrano Assimilao do d pelo n em ndo
(a consoante n absorve o d).
munta Reduo do ditongo nasal ui > u.
janotei Aglutinao de palavras j notei.
mudo Reduo do ditongo ou > o.
sastifeito Troca de segmento no interior da palavra.
ci Elevao da vogal e > i.
123
Voc percebeu que, nesse ltimo quadro, h ocorrncias que so encontradas na fala
no-monitorada, descontrada, de todos os brasileiros, como:
a elevao de e > i, de o > u, como dele > deli e os homens > us homi.
a reduo dos ditongos ou>o e ei>e, como em ribeiro > ribero e
chamou > chamo.
a perda de ditongos nasais nais, como em foram > foro e atravessaram >
atravessaro.
H outras ocorrncias que tm mais possibilidade de ser encontradas na fala de brasileiros que
viveram ou vivem em reas rurais ou semi-rurais. Exemplos dessas ltimas so:
124
unidade l2
Reita sobre o diagrama da anlise dos problemas ortogrcos.
Rena amostras de produo escrita de seus alunos.
Identique os problemas ortogrcos.
Separe esses problemas nas duas categorias que estudamos.
Verique se a identicao dos problemas pode ajudar Voc a caracterizar o
perl sociolingstico de seus alunos. Nesta fase, dados sociodemogrcos dos alunos
e seus pais (local de nascimento, local de residncia, grau de escolarizao, prosso)
ajudaro na identicao desse perl.
Planeje uma AGENDA de estratgias para reetir sobre as hipteses que seus
alunos esto desenvolvendo para chegar sua produo escrita.
Essas estratgias devem incluir a anlise, junto com os alunos, dos problemas
que esto enfrentando.
Os trabalhos desenvolvidos conforme sua agenda vo realimentar sua anlise
-
-
125
Para trabalhar a anlise de problemas de ortograa em textos de alunos, desenvolva
a atividade a seguir.
Separe um texto produzido por seus alunos e faa uma anlise dos problemas de
ortograa.
Leve o texto para a sala de aula e o transcreva no quadro de giz. desejvel que o texto
escolhido tenha sido oferecido pelo prprio aluno para transcrio no quadro.
Identique os problemas ortogrcos no texto junto com os alunos.
Desenvolva algumas estratgias para ajud-los a reetir sobre as hipteses que os le-
varam aos resultados apresentados.
Planeje procedimentos pedaggicos que podem ajud-los a superar os problemas de
ortograa.
Comente com os alunos o texto, enfatizando seus signicados.
Faa junto com os alunos a reescrita do texto.
Chame a ateno para a relao entre o oral e escrito.
A DENGUE
Eu fui la em So Paulo e coeci um menino que tinha degue
e ele quase morreu e o nome dele e Junio e ele tem um irmao que
tambem tem degue e a me deles co quase doida e o pai tambem
e na casa deles os visinho no tamparo a caixa dagua e os xaxis ela
no trocava a gua e no quidava e e quando as dona xego ela vi
que os menino estavam com dengue e ela teve que coida deles e
ai que o pe no deixou e o menino co feles mas so que o pai
e o irmo mais pequeno no quer e a me co muito braba e o
irmo tambm e o Junio foi embora para So Paulo.
126
Comece por discutir o problema da dengue com os alunos. Verique o que
unidade l2
eles j sabem desse assunto. Pea-lhes que contem casos que conhecem de pessoas
que tiveram dengue. Pea-lhes tambm que descrevam, oralmente e depois por
escrito, os cuidados que temos de tomar para prevenir a dengue.
Faa perguntas que possam ajud-los a reetir sobre processos coesivos
no texto:
Veja a seguir algumas estratgias para ajudar seus alunos a superarem esses
problemas.
1) Escreva no quadro o verbo conhecer e pea que os alunos formem frases e pequenas
narrativas com esse verbo, primeiro oralmente e depois por escrito.
2) Escreva no quadro a palavra dengue. Discuta com seus alunos o problema dessa
epidemia e as formas de se prevenir a doena.
3) Escreva no quadro a slaba den-. Pea aos alunos que encontrem outras palavras que
comeam com essa slaba, como dente, dentadura, dengoso. Lembre a eles que Dengoso
o nome de um dos sete anes da Branca de Neve. Pea a eles que escrevam pequenos textos
com essas palavras comeadas com den. Por exemplo: A Mnica dentua.
4) Escreva o verbo cuidar. Pea aos alunos, em duplas, que escrevam frases com esse
verbo. Cada aluno da dupla deve escolher um sujeito diferente para a frase, como zemos
na Unidade 11.
5) Pea aos alunos que sugiram uma palavra que seja parente da palavra vizinho,
como vizinhana e uma palavra parente de feliz como felizmente. Observe com eles que
as palavras nos dois pares so escritas com z.
6) Faa uma brincadeira em que as crianas vo escrever um versinho com as palavras
feliz e nariz. Elas tambm podero usar o nome Narizinho Arrebitado.
7) Pea aos alunos que reescrevam a narrativa individualmente ou em duplas, fazendo
as alteraes ortogrcas j comentadas.
8) Comente com os alunos as palavras que foram escritas de acordo com as normas or-
togrcas no texto. Elas mostram as normas ortogrcas que o autor de texto j domina.
128
Agora Voc pode levar um texto produzido por um de seus alunos sua sala
unidade l2
de aula e desenvolver atividades como essas que sugerimos e ainda criar outras, com
o objetivo de estimular a reexo, a observao e o domnio da ortograa.
Lembre-se de que devemos trabalhar as questes ortogrcas sem prejuzo da
espontaneidade e da criatividade de nossos alunos.
129
-
SECAO
-
2
Como juntamos as palavras na
-
lingua oral
Objetivo: Identicar os problemas da escrita que decorrem da forma como vamos
agrupando palavras e slabas na nossa pronncia, formando grupos de fora, de acordo
com a tonicidade.
O mdico
de crianas
chamado
pediatra
130
Vamos examinar cada um deles.
unidade l2
Em O mdico a slaba tnica m. Vamos atribuir a ela o valor 3. As slabas
que vm antes da tnica recebero valor 1, e as que vm depois da tnica o valor
0, assim:
O me di co
1 3 0 0
131
[Se eu fosse] [muito grande]
[E a mame] [pequenininha],
[Eu era] [a mame dela]
[E ela] [a minha lhinha]
Em cada grupo de fora veja a slaba que ter tonicidade 3:
Acontece o mesmo fenmeno com a vogal o. Quando ela ocorre antes da slaba tnica,
tende a ser pronunciada u, como em Juaquim e pulicia que vimos na Seo 1. Em o mdico,
que vimos h pouco, podemos prever que o o inicial ser pronunciado u.
O me di co
1 3 0 0
132
Uma conseqncia ainda mais previsvel a pronncia do e nal como i
unidade l2
e do o nal como u. Os exemplos no exerccio da Seo 1, so:
uque Aglutinao de palavras: o que; elevao da vogal o > u
veimi Aglutinao de palavras: veio me; elevao da vogal e > i
deli Elevao da vogal e > i
eli Elevao da vogal e > i
ci Elevao da vogal e > i
elis Elevao da vogal e > i
todus familiar Somente uma marcao de plural; elevao da vogal o > u
verdadi Elevao da vogal e > i
ME
Guando a cnhora ver isudagui c lembre da sua
lha Rebeca.
Obrigado por tudu que a cnhora tem midado
Mamai, obrigo pro ter uma me carinhosa
De sua lha, Rebeca (5 anos)
-
-
Alguns dos problemas que aparecem no texto no decorrem de interferncia
da pronncia e podem ser atribudos ao carter arbitrrio das regras ortogrcas.
Vamos trabalhar com esse tipo de problemas na Unidade 13. Veja a relao desses
problemas abaixo:
133
Indique os problemas que resultam da aglutinao de palavras. Verique se cada
um deles constitui um grupo de fora e atribua valor de tonicidade (3, 2, 1 e 0) s slabas
que o compem.
134
unidade l2
tividade de estudo-5
Examine o texto recolhido pela professora Maria Lcia Resende Silva, no
Distrito Federal, j reescrito, e procure indicar as situaes em que podero ocorrer
problemas de ortograa decorrentes da aglutinao de palavras:
UM BICHO DE ESTIMAO
Queridos pais, quero ter um bicho
de estimao, ele peludo, branquinho, os
olhos rosinha, ele muito bonito, orelhas bem
grandes come cenoura, bebe gua e tem que
ser muito bem cuidado 3 vezes ao dia. Tem
que se alimentar bastante. Ele encontrado
-
-
135
Faa uma pesquisa nos textos produzidos por seus alunos em trs momentos de sua
escolarizao, por exemplo, logo que chegaram a sua sala de aula, aps um trabalho de dois
ou trs meses e no momento atual.
Compare os problemas de aglutinao de palavras nos textos de cada aluno nos trs
momentos, vericando os progressos que zeram na separao de palavras na escrita.
Analise, tambm, os problemas decorrentes da aglutinao na graa das slabas de
tonicidade 1 e 0 nos grupos de fora e planeje algumas estratgias para reetir com os alunos
sobre esses problemas, ajudando-os a super-los.
Leve para a sua sala de aula a primeira estrofe da msica AQUARELA de Toquinho
e Vinicius de Moraes.
Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
fcil fazer um castelo
Com o lpis em torno da mo
Eu me dou uma luva
E se fao chover
Com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota a voar no cu
136
V chamando alunos ao quadro.
unidade l2
A turma dever ditar para o aluno no quadro as palavras que completam as
lacunas.
Depois de preenchidas as lacunas, comente com os alunos como pronunciamos
cada uma das seqncias ditadas como se fosse uma palavra s, sem pausa, mas na
hora de escrever deixamos espao entre as palavras.
Comente tambm as diferenas entre a pronncia e a graa das seqncias
que preencheram as lacunas, especialmente nas palavras terminadas em o ou os,
que so pronunciados u ou us, ou em e, que pronunciado i.
Numa E se fao chover
Eu desenho Com dois riscos
E com cinco ou seis retas
fcil Se um pinguinho
Com o lpis da mo Cai no azul do papel
Eu me dou Num instante imagino
Uma linda gaivota a voar
escrever. a s
o de fo r a co mo se fosse um
ever um grup
no ss os al un os tendem a escr
Os
palavra. a i.
ni ca , te nd e a ser pronunciad
s da slaba t
qu an do ocorre ante
A vo ga l e , onunciada u.
s la ba t ni ca , tende a ser pr
s da
do ocorre ante
A vogal o, quan o pronunciad
o u e o e
is da t ni ca , o
s ou depo pronunciadas
as que vm ante s fracas, isto ,
Nas slabas ton e o i s o vo ga is m ai
, porque o u
pronunciado i e o e e o o.
m a bo ca m ais fechada do qu
co
137
-
SECAO
-
3
Os processos que afetam a estrutura
- -
da silaba na lingua oral
Objetivo: Identicar processos que incidem sobre a estrutura de slabas mais
complexas na lngua oral e tm repercusses na produo da escrita.
O que conhecemos como slaba tem uma denio tcnica: a slaba uma emisso
de voz marcada por um pico de abertura articulatria e de tenso muscular. Na Lngua
Portuguesa, esse pico de abertura e tenso sempre uma vogal. Dizemos, ento, que a vogal
o ncleo silbico. Sabemos que as palavras se compem de uma ou mais slabas. Podemos
identicar as slabas nas palavras, junto com nossos alunos, batendo palmas, ou batendo
com a mo na carteira, no ncleo de cada slaba.
A vogal, que o ncleo silbico, pode ser precedida e seguida de consoantes.
justamente a consoante que ocorre seguindo
o ncleo silbico que est sujeita a muitas
utuaes.
Nesta Seo, vamos discutir a estrutura
das slabas, concentrando nossa ateno nos
processos que, na fala, afetam a consoante
em posio ps-voclica na slaba, isto ,
que ocorre depois da vogal.
Antes de discutir as estruturas das slabas, vamos recordar e ampliar o que sabemos
sobre as vogais e consoantes.
Na articulao da vogal, o som produzido nas cordas vocais, carregado pela corrente
de ar, que sai dos pulmes, passa livremente pela boca, sem encontrar nenhum obstculo.
Se a boca estiver mais fechada e, conseqentemente, a lngua mais alta, o som da vogal vai
ressoar na parte superior da boca. Dizemos, ento, que as vogais so altas. O i e o u,
como j vimos, so vogais altas. O e e o o so consideradas vogais mdias porque, na
sua articulao, a boca est medianamente aberta. Na pronncia do e abertos, a boca
est mais aberta e a lngua mais abaixada. A vogal mais baixa o a. Pronuncie essas vogais
e verique a abertura de sua boca e a posio de sua lngua no momento da articulao.
Alm da altura das vogais, que depende do grau de abertura da boca, dizemos tambm
que a vogal anterior quando ressoa na parte anterior da boca, e posterior quando ressoa
na parte posterior da boca. Veja o desenho do aparelho fonador:
138
unidade l2
Interferencia da fala na escrita
http://www.gramaticaportuguesa.com/html/assunto/fonetica.html
Lembrete
Vogais do portugus
altas anteriores central posteriores
mdias i u
e o
baixas a
139
Se o obstculo for criado pelo contato dos dois lbios, as consoantes so chamadas
de bilabiais.
Se for criado pelo contato dos dentes superiores com o lbio inferior, as consoantes
so chamadas labiodentais.
Se for criado pelo contato da ponta da lngua com os dentes superiores, as
consoantes so chamadas linguodentais.
Se for criado pelo contato da ponta da lngua com as gengivas ou alvolos, que so
a parte do dente revestida pela gengiva, as consoantes so chamadas alveolares.
Se for criado pelo contato do dorso da lngua com o cu da boca, ou palato, as
consoantes so chamadas palatais.
Se o obstculo for criado na parte posterior da boca, depois do cu da boca, as
consoantes so chamadas velares, porque essa regio se chama vu palatino.
Voc encontrar a classicao mais completa das consoantes nas gramticas escolares.
Lembrete
Consoantes do portugus
bilabiais labiodentais linguodentais alveolares palatais velares
surdas p f t s x k
sonoras b v d z j g
m n r lh R
140
J vimos um pouco da estrutura da slaba na Unidade 6.
unidade l2
Vamos voltar agora a conversar sobre as slabas. As slabas, em Portugus,
podem ter as seguintes conguraes:
C V C Exemplos
- - r mar; melhor; senhor; fazer
- - s sabemos; costa; ps
- - l Brasil; azul; almoo
- - i caixa; embaixo; levei
- - u outro; levou; poupar
- - n dengue; cantor
141
Colocamos o i e o u na coluna das consoantes de travamento porque essas
vogais tambm travam slabas, formando ditongos. Nessa posio, elas no constituem
um ncleo silbico e por isso so chamadas semivogais.
Vamos agora conversar sobre cada uma dessas consoantes de travamento silbico.
A forma de pronunciar o /r/ em posio ps-voclica, ou de travamento silbico,
varia muito de uma regio para outra. No Pesquisando Evidncias 2, Voc vai concentrar
sua ateno na forma como o /r/ pronunciado nas vrias regies. Ele pode ser pronun-
ciado como uma consoante velar, articulada na parte posterior da boca; como uma con-
soante alveolar e at com a lngua contrada. A pronncia velar encontrada em muitas
regies do Brasil, como, por exemplo, no Rio de Janeiro. A pronncia alveolar pode ser
encontrada no Paran e em outras reas de regio Sul. A pronncia com a lngua contrada
muito encontrada no Sul de Minas e no Tringulo Mineiro, no interior de So Paulo,
em Mato Grosso do Sul e Gois. s vezes esse /r/ soa quase como um /i/. Essa realizao
do /r/ costuma ser associada ao falar interiorano e das reas rurais. Por isso, chamado
de /r/ caipira, mas lembre-se:
Lembrete
Quando falamos em /r/ caipira estamos caracterizando uma certa
pronncia muito comum em algumas partes do Brasil. A palavra
caipira usada para caracterizar uma cultura muito difundida em nosso pas.
No deve ser interpretada como uma forma depreciativa.
tividade de estudo-6
Para reetir mais sobre a cultura caipira, sua abrangncia e inuncia na formao
da cultura brasileira, leia o poema de Renato Teixeira, Romaria.
Procure tambm lembrar-se de personagens da literatura brasileira que so
representantes dessa cultura e de outros poemas ou msicas que se referem a essa cultura.
Independentemente da forma como o /r/ ps-voclico pronunciado, essa consoante
tende a ser suprimida quando vem no nal de palavras. Isso acontece em todas as regies
do Brasil, principalmente quando estamos usando estilos no-monitorados. Quando
suprimimos o /r/, alongamos e damos mais intensidade vogal nal. Por exemplo: Guga
disse que pode ganhar o jogo > Guga disse que pode ganh o jogo.
142
ROMARIA
unidade l2
Renato Teixeira
de sonho e de p
O destino de um s
feito eu perdido em pensamento
sobre o meu cavalo
de lao e de n
De gibeira ou jil
Dessa vida cumprida a sol
Me disseram porm
-
-
que eu viesse aqui
pra pedir em romaria e prece
Paz nos desaventos
Como no sei rezar
S queria mostrar
Meu olhar, meu olhar, meu olhar
143
Pesquisas a respeito desse processo de supresso do /r/ final mostram que
suprimimos com mais freqncia o /r/ nos innitivos verbais (correr > corr; fugir > fugi)
e no futuro do subjuntivo (se eu estiver > se eu estiv; se ele for > se ele f). Tambm
em substantivos, advrbios e adjetivos terminados em /r/, essa consoante tende a ser
suprimida, principalmente, em palavras que tm mais de uma slaba (Elimar > Elim;
melhor > melh; elixir > elixi).
A regra de supresso do /r/ nos innitivos d origem a uma hipercorreo, como,
por exemplo, Joo estar muito quieto hoje. Uma hipercorreo ocorre quando queremos
evitar uma forma desprestigiada de falar. Ao tentar evit-la, cometemos outro erro.
Ao escrever Joo estar muito quieto hoje, a pessoa quer evitar a supresso do
/r/ nal e imagina que a forma est sofreu essa supresso do /r/, por isso, repe o /r/.
Ocorre que a forma est em Joo est quieto no um innitivo; a forma de terceira
pessoa do singular do presente do indicativo. O mesmo acontece em A me dar muita
ateno s crianas.
Lembrete
A hipercorreo Joo estar muito quieto hoje, como qualquer outra
hipercorreo, decorre de uma hiptese mal-sucedida que construmos
sobre a lngua. O usurio da lngua, quando suprime um /r/ em innitivo verbal, ao
escrever, faz isso porque na lngua oral ele j no usa mais esse /r/. Ento, ao produzir
uma forma como est, da terceira pessoa do singular do indicativo presente, imagina
que nela tambm haveria um r que foi igualmente suprimido, e acrescenta esse
suposto /r/, incorrendo em erro por hipercorreo.
Voc poder reunir mais informaes sobre a supresso do /r/ ps-voclico, observando
como esse /r/ pronunciado pelas pessoas de sua regio.
Amplie sua observao para a pronncia de cantores e artistas de outras regies, que
Voc v na televiso ou ouve no rdio.
Observe atentamente os casos de supresso do /r/. Verique se eles so mais freqentes
nas formas verbais do que em outras palavras.
Seus alunos podem ajud-lo nessa pesquisa, observando ocorrncias de supresso do
/r/. Assim eles vo desenvolver sua capacidade de analisar o uso da lngua e vo car mais
atentos para a inuncia da supresso do /r/ de sua fala na sua produo escrita.
144
Vamos voltar nossa conversa sobre o padro silbico CVC. Nesse padro
unidade l2
silbico, alm do /r/, outro fonema que pode ocorrer na posio ps-voclica
o /s/. Precisamos lembrar que o som /s/ ps-voclico pode ser representado
gracamente pelas letras s, x ou z. Por exemplo: lpis, cs, extra, rapaz, capaz,
feliz, ms, vez etc.
Quanto pronncia, o /s/ ps-voclico soa como uma consoante surda (sem
vibrao das cordas vocais) diante de outra consoante surda. Por exemplo: estouro.
Soa como uma consoante sonora diante de outra consoante sonora ou diante de uma
vogal. Por exemplo: esburacado. Diante de uma vogal soa como /z/. Por exemplo:
O ms anterior. Alm disso, pode ser realizada como uma sibilante (sem chiado)
ou como uma chiante (com chiado), dependendo da regio geogrca.
Em Braslia e em Belo Horizonte, por exemplo, o /s/ ps-voclico mais
freqentemente realizado sem o chiado, com a ponta da lngua tocando a parte
superior interna dos dentes, os alvolos. No Rio de Janeiro, em Salvador, em
Para chamar a ateno dos seus alunos sobre as diversas pronncias do /s/
ps voclico, desenvolva a atividade a seguir. -
-
Para que Voc e seus alunos se lembrem bem das variaes regionais na
pronncia do /s/ ps-voclico, leve para sala de aula msicas interpretadas por
cantores de diversas regies do Brasil.
Ouam as canes e faam uma relao de todas as palavras nas quais aparece
o /s/ ps-voclico, apontando se a pronncia sibilante ou chiante, ou se tem o som
de /z/. Lembre-se de que o /s/ ps-voclico pode ser representado pela letra s, pela
letra z ou pela letra x.
Veja, como exemplo, a msica Festa do Interior de Moraes Moreira, cantada
por Gal Costa. Observe como a cantora baiana realiza os s ps-voclico.
145
FESTA DO INTERIOR
Moraes Moreira
Copie a msica no quadro de giz para seus alunos e a cante com eles, se conhecerem
a melodia.
Converse com os alunos sobre as festas juninas e pea a eles que faam desenhos
ilustrativos dessa festa. Seus desenhos devem ser acompanhados de pequenas narrativas ou
descries sobre o tema.
Destaque as palavras estrelas, explodia e esquentava. Mostre a eles que a slaba
inicial pronunciada da mesma forma, mas escrita de duas maneiras: es e ex.
Pea-lhes que forneam outras palavras que comecem como estrelas, como estrada,
esporte, estribo e outras. Escreva-as no quadro, junto com estrelas.
Incentive seus alunos a usar essas palavras em pequenas narrativas orais.
Faa o mesmo com a palavra explodia. Pea que usem outras formas do verbo explodir,
mas lembre-se de que a forma na primeira pessoa do indicativo presente (eu explodo) no
prevista na gramtica normativa.
Seus alunos podero empregar formas como: eles explodiram; o prdio explodiu;
aconteceu uma exploso etc.
Pea aos alunos que procurem no dicionrio outras palavras que comecem por ex.
Cada aluno poder escolher no dicionrio uma palavra e depois troc-la com seu vizinho.
Voltando msica Festa no interior, pea que identiquem todas as palavras que
foram usadas no plural. Se alguma palavra for desconhecida, comente seu signicado e a
empregue no contexto de uma frase de modo que o signicado que claro.
Se Vocs conseguirem o disco, observem a pronncia da cantora Gal Costa do s
ps-voclico: em muitas palavras esse som chiado. Na seqncia xotes e xaxados, xotes
se aglutina ao e e o /s/ soa como /z/.
Com essa forma de trabalho com os sons, as crianas vo car mais curiosas e mais
atentas s diversas pronncias das palavras na lngua oral.
146
Para completar sua reexo sobre o /s/ ps-voclico, recupere, na Leitura
unidade l2
complementar da Unidade 12, o texto 2, sobre o uso de plurais e volte a reetir sobre
os plurais dos nomes, sempre pensando na produo de seus alunos.
Passemos, agora, s slabas CVC travadas com as semivogais /i/ e /u/. Voc
pode ter estranhado encontrar as vogais i e u entre as consoantes que travam
slabas. Elas so chamadas semivogais porque, embora sejam vogais, funcionam
como consoantes, formando os ditongos decrescentes, como ai; au, ei, eu,
oi, ou, iu e ui e travando as slabas.
A semivogal que ocupa o lugar da segunda consoante nas slabas CVC,
travando-a, tambm est sujeita a ser suprimida na fala, como as consoantes que
j vimos.
Quando h supresso da semivogal, dizemos que o ditongo se reduziu. No
exerccio que zemos na Seo 1, registramos vrios casos de reduo de ditongos.
Volte l e conra.
147
Nesses dois textos vemos trs ocorrncias da reduo do ditongo ou. Observe que, em
os ndios j moro aqui, no foi feita a concordncia entre o sujeito de terceira pessoa do plural
e o verbo do predicado.
Nos ditongos ei e ai tambm pode ocorrer a perda da semivogal, mas a regra de reduo
nesses casos menos comum que no caso do ditongo ou, aplicando-se somente em alguns
contextos, isto , ela se aplica, ou no, dependendo da consoante que vem depois do ditongo.
tividade de estudo-7
Observe as palavras seguintes e marque com (X) as que voc pronunciou
reduzindo o ditongo.
queijo beira seiva
beijo manteiga peneira
Almeida caixa feira
peito Paiva ameixa
treino beio raiva
Ainda que a regra de reduo dos ditongos com a semivogal i seja menos comum
na lngua que a regra de monotongao do ditongo ou, ela requer tambm muita ateno
em sala de aula, principalmente em palavras muito usadas como dinheiro, cozinheiro,
inteiro, cabeleireiro, beijo etc.
Temos de atentar tambm para os casos de hipercorreo (realizao de ditongo ei
em palavras com e, como, por exemplo:
Sempre que surgir a oportunidade, Voc deve lembrar aos alunos que falamos
de uma forma e escrevemos de outra. Algumas vezes Voc pode pronunciar a palavra
como ela escrita para chamar a ateno dos alunos. Mas no torne sua fala articial.
Use esse procedimento apenas como um recurso eventual.
Continuando nosso trabalho com as slabas do tipo CVC, vamos reetir sobre
o som /l/ em posio ps-voclica. No portugus do Brasil, o /l/ ps-voclico pode
ser realizado como uma consoante /l/ ou como a vogal /u/. No sul do Brasil, ainda
encontramos a realizao como /l/, mas a realizao como /u/ est generalizada no
portugus brasileiro contemporneo.
148
Isso gera um grande problema porque os alunos que esto sendo alfabetizados
unidade l2
confundem o ditongo nal iu com il e s vezes com io. Veja exemplos do
problema de confuso entre a semivogal em ditongos e a consoante l ps-voclica,
em textos produzidos por alunos:
A 500 anos atraz os ndios moravo H 500 anos atrs os ndios moravam
no Brasil. Um dia Pedro Alvares no Brasil. Um dia Pedro lvares
Cabral a pareceu de barco e disse Cabral apareceu de barco e disse que
que descobril o Brasil descobriu o Brasil.
Todos do mundo eles vivem poludo Todo mundo vive poluindo o caminho
o caminho dos animais plantas de dos animais, plantas, e toda a natureza
doda a natureza do mundo. Quem ca do mundo. Quem ca poluindo o rio
poluindo o rio e mais so os omes com e mares so os homens com os seus
os seus altomovel, fabrica. automveis e fbricas.
1o conjunto 2o conjunto
-
-
carnaval amvel
pr do sol automvel
avental horrvel
carretel terrvel
azul Dcil
Difcil
149
J no primeiro conjunto, a slaba nal CVC nal tnica. Nessas palavras, observamos
a realizao do segmento nal, seja como /l/ ou como /u/. Somente em reas rurais d-se
a supresso do /l/ nal em palavras oxtonas. Por exemplo:
unidade l2
Em slabas tnicas, com travamento nasal, no h desnasalizao. Veja: caminho,
armazm, estaro, reunio, irm.
A regra de desnasalizao aplica-se principalmente nos ditongos nasais e tonos
nais, como vimos em virgem e estavam. Nas formas verbais de terceira pessoa do
plural, a desnasalizao resulta em formas como (eles) zeru, (eles) andaru etc.
tividade de estudo-8
Leia o texto produzido por um aluno de 2a srie. Ele demonstra um bom
domnio da graa das slabas com tratamento nasal. Identique no texto essas slabas
e reita sobre a sua graa. Veja a resposta no nal da Unidade.
Ontem foi um dia muito importante para mim por que eu tenho me.
Me sinto uma criana abenoada por que uma criana sem me muito triste,
mesmo que esta criana tenha algum que cuide dela. A minha me cuida de
mim e meus irmos 24 horas por dia nunca cansa da gente mesmo com tanto
trabalho que ns damos a ela.
-
-
151
O NDIO
Dia 19 de Abril o dia do ndio, os primeiros habitantes do Brasil.
Comeou quando os ndios moravam sozinhos com os animais sem
nem um homem branco para os atormentar.
Eles viviam felizes no seu tribo sem nem uma confuso era tudo na
harmonia sem nem uma briga.
Eles para se alimentarem, eles caavam, pescavam e subiam em rvores,
para pegarem frutas.
Eles no deviam ser to descriminados.
Resumindo pi co de abertura ar
ticulatria
cada po r um
um a em is so de voz mar se pi co de ab ertura e tenso
A slaba Portuguesa, es
te ns o m us cular. Em Lngua vo ga l o ncleo silbico
.
e de to, qu e a
gal. Dizemos, en
sempre uma vo . justamente
se gu id o de consoantes
edid o e muitas
cl eo si l bi co pode ser prec si l bi co qu e est sujeita a
O n do o ncleo
co ns oa nt e qu e ocorre seguin
a
utuaes. o pela
na s co rd as vo cais, carregad
m produzido rar nenhum ob
stculo.
a ar ti cu la o da vogal, o so , se m en co nt
N te pela bo ca
, passa livremen oduzido
corrente de ar e ca rrega o som pr
de ar qu
, a corrente nto onde
a ar ti cu la o das consoantes ag em pe la bo ca em algum po
N ar sua pass
is tem de for
nas cordas voca
barao. uma vogal),
encontre um em guraes: V (s
gu in te s co n
rtugus, podem
ter as se ; CVC (uma
As slabas, em po um a vo ga l) , co mo em: ca-ne-co
e ntes
e- le fa nt e; CV (uma consoante : fe -l iz ; C CV (duas consoa
como em : oante), com o em vogal
oa nt e, um a vo gal e outra cons C (d ua s co ns oa ntes seguidas de
cons men-go; CC V guidas de
gu id as de vo ga l), como em: a- o; CC V CC (d ua s consoantes se
se
o em: pres-ta-ti
-v te,
ns oa nt e) , co m : tr an s- po r- te ; CVCC (consoan
e outra co es), como em
de m ai s duas consoant -ti-va.
vogal, se gu id a
ns oa nt es ), co mo em: pers-pec
de duas co ais
vogal, seguida o: s , r , l e as semivog
co s
amento silbi is tm
ns oa nt es qu e ocorrem em trav s co m vo ga l ou ditongo nasa
As co , que as slaba
e u . C on si de ramos, tambm
i
nasal.
um travamento r su pr im ido, principalm
ente
e a se
silbico tend nforme a
r em po si o de travamento im id o, su a pr onncia varia co
O no supr
rbais. Quando
em innitivos ve
l.
regio do Brasi r suprimido, prin
cipalmente
te nd e a se
o de travamento
silbico a conforme
O s em posi su pr im id o, su a pronncia vari m
o segmento que ve
m ar ca de pl ural. Quando n , em fu n o do
quando ria, tambm
o do B ra si l. S ua pronncia va
a regi
depois dele.
imediatamente
152
unidade l2
do pelas letras
co, o s po de ser representa
avamento silbi cas.
Em posio de tr da s co nvenes ortogr
pe nd en do
s, z e x, de co ns oante l ou co
mo a
m o um a
onunciado co
lico pode ser pr
O l ps-voc
vogal u. im id a em slabas t
onas
m ai s su pr
tende a ser
ps-voclica
A consoante l
que em tnicas. a o de nasalidad
e nas
nc ia do tr
sal a ocorr
travamento na
Chamamos de
tongos nasais.
vogais e nos di or al, especialmen
te em
r na ln gu a
saparece
nasal tende a de
O travamento
nais.
slabas tonas cas por um til
(~). Pode
s la ba s t ni
tado em as pelas
nasal represen em slabas ton
O travamento slaba s t ni ca s e
presentado em
tambm ser re
eitura sugerida
-
-
Tomemos um exemplo:
Pedro, aluno da 2a srie, escreveu uma histria na qual apareciam graas como sidade
(cidade), oje (hoje), cachoro (cachorro) e honrrado (honrado). Todas essas palavras
contm erros, mas ser que todos tm a mesma razo?
No caso de cidade e hoje no h regras ou princpios que nos mostrem por que estas
palavras so escritas assim. Mas no caso de cachorro e honrado possvel compreender
e explicar por que a graa correta com rr e com r.
Estamos ento diante de dois tipos de diculdade ortogrca: uma irregular e outra,
regular.
No primeiro caso, a graa se justica pela tradio de uso, ou pela origem (etimologia)
da palavra. No existe uma regra: o aprendiz precisar memorizar a forma correta em
cidade e hoje.
J o segundo caso de uma diculdade regular: podemos prever a graa correta
sem nunca ter visto a palavra antes. Inferimos a forma correta porque existe um princpio
gerador, uma regra que se aplica a vrias (ou todas) palavras da lngua em que aparece essa
diculdade como no caso do emprego de r ou rr nas palavras honra e cachorro.
Regularidades e irregularidades
J que os erros ortogrcos tm diferentes causas, inevitvel pensar: a superao de
erros diferentes no requereria estratgias diferentes? Isto , para superar erros distintos, o
aluno no precisaria ser ajudado a usar diferentes modos de raciocinar em relao s palavras?
O que precisa memorizar? E o que ele pode compreender?
Na ortograa de nossa lngua existem diferentes critrios por trs das relaes entre
os sons e as letras, distintos casos de regularidades e de irregularidades.
1) Um primeiro grupo de relaes bem regulares entre letra e som inclui a graa
de p, b, t, d, f e v em palavras como pato, bode e vela; as crianas no
costumam ter muita diculdade para us-las. Nestes casos, se olharmos bem, no existe
outra letra competindo (com o p, com o b ou com as demais).
Mas ateno, professor: mesmo esses casos de regularidade direta podem envolver
diculdades para alunos cuja pronncia no igual de pessoas letradas. Um aluno que,
por exemplo, pronuncia barrer (em vez de varrer) pode apresentar um erro que no
observamos em outras crianas.
2) Um segundo tipo de relaes tambm regulares entre letra e som depende do
contexto, dentro da palavra, em que a letra (ou o dgrafo) vai ser usada. A disputa entre r
154
e o rr um bom exemplo disso. Em funo do contexto, sempre possvel gerar
unidade l2
graas corretas, sem precisar memorizar.
Para o som de r forte, usamos r tanto no incio da palavras (por exemplo,
risada), como no comeo de slabas precedidas de consoantes (por exemplo,
genro) ou no nal da slaba (porta).
Quando o mesmo som r forte aparece entre vogais, sabemos que temos de
usar rr (como em carro e serrote). E quando queremos registrar o outro som
do r, que alguns chamam brando (e que certas crianas chamam tremido),
usamos um s r em palavras como careca e brao.
156
unidade l2
espostas das atividades de estudo
Atividade de estudo l
Ortograa: signica o conjunto de regras estabelecidas pela gramtica
normativa para a graa correta das palavras. (Fonte: Dicionrio Houaiss da Lngua
Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001).
Ortograa: maneira correta de escrever as palavras. (Fonte: Biderman, Maria
Tereza C. Dicionrio Didtico de Portugus. So Paulo: tica, 1998).
Atividade de estudo 2
1) Quando estamos escrevendo, temos de car atentos ortograa das palavras.
s vezes escrevemos uma palavra com a graa errada porque reproduzimos elmente
Atividade de estudo 3
1) os menino - somente uma marcao de plural
Junio - supresso do r nal
braba - variao regional de brava
coida - troca do u pelo o; supresso do r nal de cuidar
-
-
no tamparo - perda do ditongo nasal nal
157
Como marcamos, na escrita, o verbo para concordar com o sujeito eles?
Em tamparam qual a slaba tnica, ou seja, a mais forte? Como escrevemos
tamparo?
Em ela teve que coida, por que temos de escrever um r no nal desse verbo?
Escrevemos, tambm, esse verbo com r no nal em ela vai _______
Cuidar palavra parente de cuidado e tambm de ___________? Em todas essas
palavras a primeira slaba escrita com cui.
Atividade de estudo 4
Isudagui aglutinao das palavras isso daqui
Midado aglutinao das palavras me dado
me da do
1 3 0
158
Atividade de estudo 5
unidade l2
Pode-se prever aglutinao em alguns grupos de fora no texto, por exemplo:
quero ter; peludo; em matas; tem que ser; trs vezes; ele gosta;
um coelho.
Palavras que terminam com o ou os como: queridos, peludo, branquinho,
encontrado, fonho, bonito representam um problema potencial de troca do o
pelo u.
Palavras como: bebe, sabe, dentes grandes, representam um problema potencial
de troca do e pelo i. Veja abaixo a anlise de alguns grupos de fora.
que ro ter
2 1 3
be be a gua
2 1 3 0
Atividade de estudo 6
O personagem Chico Bento de Maurcio de Souza hoje o representante
mais conhecido da cultura caipira na literatura.
Outro personagem caipira que teve grande repercusso na literatura nacional
foi o Jeca Tatu de Monteiro Lobato, que foi imortalizado no cinema por Mazzaropi,
ator e cineasta nascido em 1912 e falecido em 1981, em So Paulo. Outro personagem
da tradio caipira que ele representou foi Pedro Malazarte.
Um poeta que comps toda a sua obra usando a linguagem caipira foi Patativa
do Assar, cearense, nascido em 1909 e falecido recentemente em 2002. Veja um
exemplo de sua literatura:
-
-
O POETA DA ROA
Sou o das mata, cant da mo grossa, Cantando, pachola, percura de am.
Trabio na roa, de inverno e de estio.
No tenho sabena, pois nunca
A minha chupana tapada de barro,
estudei,
S fumo cigarro de pia de mo.
Apenas eu sei o meu nome assin.
Sou poeta das brenha, no fao o pap Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre,
De argum menestr, ou errante cant E o o do pobre no pode estud.
Que veve vagando, com sua viola,
159
Atividade de estudo 7
X queijo Paiva
X beijo beio
Almeida seiva
peito X peneira
X treino X feira
X beira X ameixa
X manteiga raiva
X caixa
Atividade de estudo 8
Palavras que contm slabas com travamento nasal:
Mes, irmos: ditongos nasais marcados com til (~) e seguidos do s, que
marca de plural.
Ontem, importante, mim, sinto, criana, abenoada, sem, algum, nunca, cansa, gente,
com, tanto: travamento nasal indicado pelas consoantes nasais /m/ e /n/.
- -
nvestigaao da pratica-l2
Observe que os dilogos da historinha de Chico Bento e seu primo, que da
cidade, so is linguagem oral.
Verique em primeiro lugar as diferenas entre a fala do menino da roa e do
menino da cidade.
Verique nessas falas as palavras ou seqncias que podem causar interferncia
na lngua escrita e que, por isso, podem ser previstas como problemas potenciais na
produo da escrita.
160
unidade l2
Interferencia da fala na escrita
h t t p : / / w w w. m o n i c a . c o m . b r / i n d e x . h t m
-
-
Nesta sesso coletiva, vamos discutir alguns temas que foram trabalhados na
Unidade 15 do Caderno Teoria e Prtica 2, que so:
Durao: 3 horas.
Etapa l:
1) Ler o texto A fessora retirado da Revista Chico Bento, de Maurcio de Souza.
2) comentar o ponto de vista da criana expresso no texto, comparando-o com o ponto de
vista da professora: como seria esse mesmo texto se fosse escrito por uma professora?
3) Identicar no texto palavras que reproduzem a pronncia da personagem e que
representam interferncia da lngua oral na produo escrita.
4) Discutir atividades pedaggicas voltadas para os problemas ortogrcos potenciais
que foram identicados.
REDAO: A FESSORA
No texto de Chico Bento h palavras que so associadas fala rural como, fessora
e iscrivinhando. Observe que ambas representam esteretipos da cultura rural, que no
necessariamente so encontrados na fala de todas as pessoas com antecedentes rurais.
Em di p e i manda, temos exemplos de grupos de fora com o seguinte padro
de tonicidade:
di p i man da
1 3 1 3 0
162
Nas slabas de tonicidade 1, a vogal e foi elevada para i.
unidade l2
Em a fessora ca falando, a reproduo mais correta da pronncia seria
a fessora ca falanu, pois a seqncia ndo nas formas de gerndio tende a ser
pronunciada nu.
No texto podemos identicar vrios fenmenos de pronncia que interferem na
escrita. Nessas ocorrncias podemos observar problemas de ortograa. Por exemplo:
em intero, temos a perda da semivogal do ditongo ei;
em c, risc e bronqui e qu, ocorre a perda do r nal;
em cos otro temos um grupo de fora. Os monosslabos tonos com + os,
que tm tonicidade 1, se fundem. Observe, tambm, que o s marcador de plural em
outros redundante, porque o plural j est marcado no determinante os. Por isso,
esse s tende a ser suprimido na fala e constitui um problema potencial na escrita.
Observe, ainda, que o ditongo ou foi reduzido a o em otro e losa;
em faiz, o s que trava a slaba representado por z e h a criao de um ditongo
e se ti ves se
1 3 0 1 3
tende a no ser pronunciado e por isso no foi escrito. O mesmo ocorre em treis chifre.
Chico Bento: O qui seria
A palavra que, que um monosslabo tono, se aglutina, na fala, palavra seguinte
seria, tornando-se uma slaba pretnica. pronunciada qui, conforme foi escrita.
O sistema alfabetico:
ampliando nossa percepcao da
relacao entre sons e letras
Stella Maris Bortoni-Ricardo
166
O sistema alfabetico:
unidade l3
ampliando nossa
percepcao da relacao
-
entre sons e letras
Iniciando a nossa conversa
Amigo(a) Professor(a)
-
que representam esses sons na escrita muito prxima. Um exemplo
dessas lnguas o nlands. Em compensao, existem lnguas em
que h uma grande distncia entre os sons da fala e sua representao
escrita; um exemplo sempre citado desses casos o ingls.
O Sistema alfabetico:
convenes do sistema alfabtico do portugus,
de modo a desenvolvermos nossa percepo da
-
relao entre os sons da fala e as letras que os -
reproduzem na escrita.
Comeamos esse trabalho na Unidade 12,
que foi dedicada reexo sobre a interferncia
da lngua oral nas hipteses que construmos
quando escrevemos. Nesta Unidade, vamos
examinar aspectos da ortograa que no podem ser explicados
pelas caractersticas da pronncia. So aspectos que decorrem
das convenes da ortograa. Essas convenes foram denidas
ao longo de vrios sculos, medida que progrediam os estudos
sistematizadores da gramtica normativa.
167
Nosso trabalho est organizado em trs sees:
-
NA SECAO
- l,
vamos discutir como podemos aumentar a percepo que os falantes da lngua tm
sobre as relaes entre os sons da fala e os grafemas, ou seja, as letras que os
representam.
-
NA SECAO
- 2,
discutiremos dois captulos das convenes ortogrcas em que a relao entre sons
e grafemas especialmente difcil: primeiro os marcadores de nasalidade e, segundo,
as representaes do som /s/.
-
NA SECAO
- 3,
discutiremos outras convenes ortogrficas que representam problemas na
aquisio da escrita.
Nosso horizonte
-
Com o trabalho desta unidade, nos vamos:
Reetir sobre atividades que contribuem para ampliar a percepo que nossos
alunos e ns mesmos temos sobre a relao entre sons e letras.
168
-
SECAO l
unidade l3
-
-
Desenvolvendo a percepcao
- das
-
relacoes
-
entre sons e letras
Objetivo: Reetir sobre atividades que contribuem para ampliar a percepo
que nossos alunos e ns mesmos temos sobre a relao entre sons e letras.
-
tambm de aprender a trabalhar esses problemas de forma positiva, quando ns os
encontramos, ajudando os alunos a entender por que uma determinada palavra ou
frase contm erros.
O Sistema alfabetico:
- Fu de qu?
-
- Fu Miga. E voc, -
como se chama?
- Ota.
- Ota de qu?
- Ota Fu Miga.
169
Uma turma de formandos resolve fazer um evento para arrecadar dinheiro para a
formatura e envia o seguinte convite:
Venha assistir um conserto de piano, sbado noite, no Clube Municipal.
Chegou o sbado e o clube estava cheio. Um aluno entrou no palco, cumprimentou os
presentes, tirou um martelinho do bolso e bateu com ele na caixa do piano e depois falou:
-Vocs acabaram de assistir o conserto do piano.
A platia comeou a reclamar e o rapaz falou:
-Leiam novamente os seus convites.
De fato, o convite mencionava um conserto e no um concerto de piano.
170
unidade l3
tividade de estudo-l
Leia este texto produzido por um menino de 2a srie.
Avalie sua competncia na escrita, identicando todas as palavras que ele
escreveu, de acordo com as regras ortogrcas.
Faa uma relao das ocorrncias de erros ortogrcos que decorrem
da interferncia de caractersticas da lngua oral e explique sucintamente cada
uma delas.
Em seguida, faa uma relao dos erros ortogrcos que no so
-
com convenes ortogrcas.
Conra seu exerccio com o que apresentamos ao nal desta Unidade.
A paz
O Sistema alfabetico:
-
Para ampliar e tornar mais perspicaz a nossa capacidade de perceber como -
171
TEXTO 1
Adoro
Brincar pra valer
Correr, correr at cansar.
Depois paro para descansar.
E se no descansar,
Fico com dor e me ponho a chorar at relaxar.
Gabriela! Grita a minha me de manh.
Hora, olha a hora.
Irmos sempre dorminhocos, esto sempre a roncar.
J sabe que eu tenho a quem puxar.
L vem ela, sorridente, pastas e cadernos, s pode ser a professora.
Mas um tempinho, mais adiantado de 12:20 no mata ningum.
Nada para fazer no nal da aula, parquinho cheio!
O meu pai, quase sempre atrasado.
Pelo menos ainda d para brincar
Quando meu pai chega, t morta de fome.
Realmente cansativo.
Sempre assim na escola.
Talvez nem sempre, mas quase sempre.
ltima a tomar banho, s quando no tem escolha.
Viu, um dia e tanto, j de tardezinha um
X-burguer, nada mal.
Zap, que sono!
172
TEXTO 2
unidade l3
Neste texto h uma mensagem na leitura vertical
Algumas Pessoas no
sAbem que no recreio
deve ter paZ e no
CoNfuso
O recreio serve para:
-
Reetir
Ento vamos fazer
Com que o
Recreio seja
O Sistema alfabetico:
-
-
173
Os dicionrios e os guias ortogrcos so de muita valia, pois sempre que temos dvidas
podemos recorrer a eles para san-las. Seus alunos devem acostumar-se, tambm, a consultar
dicionrios e glossrios para tirar dvidas quanto ortograa das palavras.
Para tornar o trabalho com ortograa em sala de aula mais prazeroso e para aumentar o
grau de percepo entre as formas orais e escritas da lngua, que seus alunos j tm, podemos usar
jogos e passatempos, como cartas enigmticas, cruzadinhas, cata-palavras etc.
A seguir, vamos fornecer alguns exemplos dessas atividades.
Procure outros jogos da mesma natureza e faa uma pequena coleo para seu uso
em sala de aula.
Veja dois exemplos de cartas enigmticas. O primeiro foi copiado do Almanaque Brasil
Almanaque de bordo da TAM, no 48, pg. 5. O segundo foi retirado do site:
www.almanaquebrasil.com.br/almanaque44/carta_enigmatica/carta.htm
A MINHA ME
A minha me tem um de anjo.
Foi o que Deus te deu.
Um to bom que Deus tem orgulho
do seu e de mais nigun.
Minha me faz os trabalho de casa e minha
me no trabalha na rua so em casa.
Minha me eu te agradesso por tudo.
174
A menina que escreveu esse texto j demonstra competncia em muitos
unidade l3
aspectos ortogrcos. Usou os dgrafos nh, lh e gu. Empregou a letra o em
slaba tona nal em anjo e orgulho, e a letra e no grupo de fora te deu, te
agradesso e e de mais, o que mostra que j aprendeu a usar essas letras em slabas
tonas pronunciadas com /u/ e /i/. Empregou, tambm, competentemente, a letra
z em posio ps-voclica, em faz. Tambm no est aglutinando palavras. Diante
desse texto o professor tem de anotar em sua agenda os seguintes planejamentos
para o trabalho com a aluna:
-
ningum.
Exercitar o emprego de entre vogais como em agradeo,
comparando esse emprego com o do dgrafo ss na mesma
posio, como em progresso e essa.
Nosso objetivo nesta seo reetir sobre atividades e estratgias que possam
O Sistema alfabetico:
aprofundar a percepo que temos da relao entre a lngua oral e as convenes da lngua
escrita. Na literatura encontramos, com freqncia, textos que se voltam para aspectos
-
da lngua escrita. Para discutir um texto assim, propomos a seguinte atividade:
-
tividade de estudo-2
Leia este texto, muito criativo, de autoria do escritor e humorista Millr
Fernandes, em que todas as palavras se iniciam com a letra p. Se alguma das
palavras que o autor empregou lhe for desconhecida, faa uma pesquisa em
dicionrio ou enciclopdia.
175
Pedro Paulo Pereira Pinto,
pequeno pintor portugus, pintava
portas, paredes, portais. Porm, pe-
diu para parar porque preferiu pintar
panetos. Partindo para Piracicaba,
pintou prateleiras para poder pro-
gredir. Posteriormente, partiu para
Pirapora. Pernoitando, prosseguiu
para Paranava, pois pretendia prati-
car pinturas para pessoas pobres.
Porm, pouco praticou, pois Padre
Pafncio pediu para pintar panelas,
porm posteriormente pintou pratos
para poder pagar promessas. Plido,
porm personalizado, preferiu partir
para Portugal para pedir permisso
para permanecer praticando pin-
turas, preferindo, portanto, Paris.
Partindo para Paris, passou pelos
Pirineus, pois pretendia pint-los.
Pareciam plcidos, porm, pesaroso,
percebeu penhascos pedregosos,
preferindo pint-los parcialmente,
pois perigosas pedras pareciam pre-
cipitar-se principalmente pelo pico,
pois pastores passavam pelas picadas
para pedirem pousada, provocando
provavelmente pequenas perfuraes,
pois, pelo passo percorriam, perma-
nentemente, possantes potrancas.
Pisando Paris, pediu permisso para
pintar palcios pomposos, procu-
rando pontos pitorescos, pois, para
pintar pobreza, precisaria percorrer
pontos perigosos, pestilentos, perni-
ciosos, preferindo Pedro Paulo pre-
catar-se. Profundas privaes passou
Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porm, pretas previses passavam
unidade l3
pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender
partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo...Preciso
partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrcios, pintando principais
portos portugueses. Passando pela principal praa parisiense, partindo para Portu-
gal, pediu para pintar pequenos pssaros pretos. Pintou, prostrou perante polticos,
populares, pobres, pedintes. - Paris! Paris! - proferiu Pedro Paulo - parto, porm
penso pint-la permanentemente, pois pretendo progredir. Pisando Portugal, Pedro
Paulo procurou pelos pais, porm, Papai Procpio partira para Provncia. Pedindo
provises, partiu prontamente, pois precisava pedir permisso para Papai Procpio
-
corrido pelo pai. Pedindo permisso, penetrou pelo porto principal. Porm, Papai
Procpio puxando-o pelo pescoo proferiu: - Pediste permisso para praticar pin-
tura, porm, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima
Petnia. Porque pintas porcarias? - Papai proferiu Pedro Paulo - pinto porque
O Sistema alfabetico:
porm prometeu pagar pequena parcela para Pricles prossionalizar Pedro Paulo.
-
Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porm, Pricles pediu-lhe para pintar -
prdios, pois precisava pagar pintores prticos. Particularmente Pedro Paulo preferia
pintar prdios. Pereceu pintando prdios para Pricles, pois precipitou-se pelas
paredes pintadas. Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando...
Permitam-me, pois, pedir perdo pela pacincia, pois pretendo parar
para pensar...
177
Pense depois em atividades mais simples semelhantes e esta que podem ser
desenvolvidas em sala de aula, como, por exemplo, anagramas (tambm conhecidos como
acrsticos) com nomes de alunos. Veja este:
Somos
Ambos
Muito
Unidos
E
Livres
Voc pode compor com os alunos uma frase em que todas as palavras comecem ou
terminem com determinada letra.
Veja outros exemplos no nal desta unidade.
Vamos passar agora a uma atividade em que Voc poder reetir mais detidamente
sobre a produo escrita de alunos em fase de ps-alfabetizao.
tividade de estudo-3
Reita sobre este texto produzido por um aluno de 3a srie e elabore uma agenda de
planejamento para trabalhar os problemas ortogrcos do aluno.
Conra seu trabalho ao nal desta Unidade.
CUCA
A cuca e uma bruxa que vive aturmentano o sitio do
picapau amarelo faz feitiso pirna do saci ela que pega o
rapico e da um feitiso para fazer ele dormi para semper e
pega a marizinho e tanforma em pedra.
178
Uma forma de trabalharmos com continuidade e consistncia os problemas
unidade l3
ortogrcos desenvolvendo um projeto de longo prazo, que poder ser feito durante
todo um perodo letivo. Um exemplo de projeto desse tipo a elaborao coletiva
de um Guia Ortogrco. Os guias ortogrcos se assemelham a um dicionrio, mas
no precisam trazer os signicados das palavras. Geralmente apresentam a graa das
palavras que vm empregadas em um pequeno contexto. Quando tiver oportunidade
de visitar uma biblioteca, consulte um guia ortogrco.
Em sala de aula os alunos podero envolver-se com o projeto de elaborar um
guia ortogrco, cujo ttulo poder ser: Palavras difceis de escrever.
Eles podero trazer, sistematicamente, para a sala de aula as palavras que forem
-
do guia ortogrco. Alm da palavra escrita com letras grandes, devem aparecer na
pgina alguns enunciados com a palavra em questo.
As pginas sero organizadas alfabeticamente e reunidas em uma pasta arquivo,
que car disposio para consultas.
O Sistema alfabetico:
-
Para trabalhar a percepo entre lngua oral e escrita, encontrando regularidades -
desenvolva a atividade a seguir.
No processo de formao de palavras empregamos alguns prexos e suxos que podem
ser trabalhados de maneira a mostrar aos alunos regularidades na ortograa.
A professora Miriam Lemle, em seu livro Guia terico do alfabetizador, sugere
alguns desses prexos e suxos.
Voc poder lev-los sala de aula para trabalhar com seus alunos.
Veja como fazer isso:
Escreva no quadro palavras como: beleza, moleza, riqueza e faa um crculo no
suxo eza. Pea aos alunos que forneam outras palavras que tambm so compostas
com esse suxo.
Chame a ateno para o emprego do z em eza nessas palavras.
Escreva no quadro palavras como: lio, orao, criao e faa um crculo no suxo
o. Pea aos alunos que forneam outras palavras que tambm so compostas com
esse suxo.
179
Chame a ateno para o emprego do em o, nessas palavras. Mostre a eles que h
palavras que so escritas com sso como consso e agresso. Pea-lhes que procurem palavras
escritas com o e com sso.
Sempre que essas palavras aparecerem no trabalho de sala de aula, chame a ateno
dos alunos.
Escreva no quadro palavras como: realizar, nalizar, dramatizar e faa um crculo
no suxo izar. Pea aos alunos que forneam outros verbos tambm compostos com esse
suxo.
Mostre a eles que o suxo izar serve para formar verbos, assim: real + izar = realizar.
Mas, ateno. Se a palavra j tiver s como pesquisa, anlise, o verbo ser escrito com s, como
em pesquisar e analisar.
Escreva no quadro palavras como: bobagem, friagem, passagem e faa um crculo no
suxo agem. Pea aos alunos que forneam outras palavras que tambm so compostas
com esse suxo.
Escreva no quadro palavras como: desmentir, desabotoar, descalar e faa um crculo no
prexo des. Pea aos alunos que forneam outras palavras que tambm so compostas com
esse prexo.
Mostre a eles que, quando usamos esse prexo, a palavra criada se torna o contrrio da
palavra original: desmentir o contrrio de mentir.
180
Nas atividades orais de leitura e de produo de textos surgem muitas
unidade l3
oportunidades de promover a reexo sobre questes importantes da relao entre
sons e escrita. Aproveite-as sempre que puder, mas com cuidado para no prejudicar
o gosto pela leitura e pela escrita.
Resumindo ima,
da fa la e as letras no prx
tre so ns no ingls.
uesa a relao en stanciada como
Na lngua portug mb m n o t o di
nlands, mas ta
como no caso do cipar
os es ta r pr ep arados para ante
la devem
ho de sala de au
-
nciais na pr od u
problemas pote is:
m te r du as origens principa
graa pode ou so
erros de orto lngua escrita
Os chamados da ln gu a or al na
interferncias grcas.
ou decorrem de bi tr r io da s convenes orto
carter ar
decorrentes do mo
de perceber co
O Sistema alfabetico:
s di ci on r io s e os guias orto pa ra sa n -l as . Seus alunos de
O er a eles tirar
podemos recorr glossrios para
temos dvidas on r io s e
-
ultar di ci
tambm, a cons
acostumar-se, s palavras.
-
vi da s qu an to ortograa da
d bitos
co s se ja in co rporado aos h
tos gr s alunos
prego de acen os a ateno do
Ainda que o em , conv m ch am ar m
ais tardiamente
ortogrcos m com acento.
ra pa la vr as qu e so grafadas
pa lemas
ui da de e co ns istncia os prob
m contin der ser
trabalharmos co o prazo, que po
Uma forma de um pr oj et o de lo ng
desenvolvendo desse tipo
ortogrcos vo . U m ex em plo de projeto
o le ti
todo um perod
feito durante ogrco.
a o co le ti va de um Guia Ort
a elabor e suxos
em pr eg am os alguns prexos
lavras laridades
formao de pa aos alunos regu
No processo de man ei ra a m os tr ar
trabalhados de
que podem ser
na ortograa.
181
-
SECAO
- 2
Resolvendo problemas
- -
ortograficos
-
em silabas nasais e
-
na representacao
- do som /s/
Objetivo: Identicar os problemas na escrita que decorrem da forma como
representada a nasalidade de vogais ou ditongos nasais e, tambm, das diversas formas de
representao do som /s/.
Aprendemos na Unidade 12 que, nas vogais nasais e nos ditongos nasais, podemos
considerar que existe um segmento que trava a slaba. Esse segmento o indicador de nasalidade.
Na escrita, ele pode ser representado pelo til (~) ou pelas consoantes nasais m e n.
Convm recordarmos que as vogais nasais so cinco: i , como em sinto; u , como
em assunto; e , como em Belm; , como em ontem; e , como em amanh. Os ditongos
nasais so: o, como em mo; em e i , como em bem; em u i , como em ruim; em i,
como em me; e i, como em pe.
Um dos problemas graves que nossos alunos apresentam, quando esto aprendendo
a ler e a escrever, o emprego das convenes para indicar a nasalidade.
Como h vrias formas convencionadas de se representar o travamento nasal, este
um dos componentes mais difceis para o alfabetizando. Veja o exemplo em um texto de
um aluno de 5a srie de uma escola em Braslia:
182
Esse aluno j demonstra domnio de muitas regras ortogrcas. Quanto ao
unidade l3
uso da consoante que indica nasalizao, na slaba CVC, ele escreveu com xito as
palavras: monte, antes e homens. Grafou tambm corretamente as formas verbais:
existiam e falaram, em que o ditongo /o/ ocorre em slaba tona e grafado am.
Em prisipalmente no empregou o travamento nasal n e em tenpo empregou
n em vez de m. Nas formas verbais, deixou de empregar o travamento verbal
em existe, certamente porque o sujeito plural vem depois do verbo e j vimos, na
Unidade 11, que nesses casos, tendemos a no marcar o plural na forma verbal,
quando estamos falando.
O ditongo /o/ em slaba tnica aparece em muitas palavras, inclusive em
-
reetindo sobre a representao do ditongo /o/ tnico.
Vamos sala de aula.
O Sistema alfabetico:
alunos vo-se lembrar das slabas tnicas nais representadas com o.
No se esquea, tambm, de mostrar a eles que existem algumas poucas palavras
-
terminadas em o tono, como rfo e rgo. Mostre a eles que, nessas duas palavras, a -
slaba tnica a primeira e marcada com um acento agudo.
Divida a turma em grupos.
Em cada verso, cubra com uma tira de papel a palavra nal e pea aos grupos que
forneam outra palavra para substituir a que est coberta.
V anotando as sugestes e atribuindo pontos aos grupos que zerem as
propostas acertadamente, isto , que comecem com a letra do verso e terminem
em o.
Ao nal, ser vencedor o grupo que zer mais pontos.
Divida o quadro de giz em duas colunas.
Pea aos alunos que preencham a primeira coluna com nomes que esto no
grau normal, como avio, feijo, injeo, e a segunda com os nomes que esto no grau
aumentativo como garoto, narigo e pinico.
Observe que algumas palavras parecem estar no aumentativo porque a idia de
aumentativo est implcita na sua criao. o caso de dedo e violo, mas elas podem
ser empregadas tanto no grau normal quanto no aumentativo. Mostre aos alunos a
183
diferena entre machuquei o meu dedo (grau normal) e o gigante tinha um dedo (grau
aumentativo).
Observe, tambm, que xuxuzo no o aumentativo de chuchu.
Cada grupo poder escolher cinco palavras terminadas em o e compor pequenos textos
empregando as palavras no singular e no plural.
ALFABETO
Ed Wilson e Carlos Colla
O que comea com A, abacate e avio
O que comea com B, brincadeira e belisco
O que comea com C, cachorrinho e caminho
O que comea com D, dado, dedo, di, dedo
O que comea com E, elefante e empurro
O que comea com F, faca, foca e feijo
O que comea com G, gato, garfo e garoto
O que comea com H, hot-dog e hamburgo
Aeiou
Ba be bi bo
Ca ce ci co
Da de di do
A e i o u ...
O que comea com R, rabanada e requeijo
O que comea com S, sapo, sopa e salsicho
O que comea com T, talharim e tubaro
O que comea com U, urubu e no sei no
O que comea com V, vaca, vela e violo
O que comea com X, xixi, Xuxa e Xuxuzo
O que comea com Z, zero, zorro e zangado
Eu acho que j sabe ler
Quem cantar essa cano
184
unidade l3
tividade de estudo-4
Leia o poema de Ceclia Meireles, As duas velhinhas, e dedique sua ateno ao
emprego das letras m e n especialmente, em posio de travamento silbico.
Nas formas verbais esto; usam; tomam; danam; levam e falam,
observe a slaba tnica e a forma de representao do ditongo.
Reita sobre o travamento nasal em outras palavras.
Alm dessas, se Voc levar o poema para ler junto com seus alunos, h outras
palavras cuja graa poder merecer uma especial ateno.
-
AS DUAS VELHINHAS
Ceclia Meireles
O Sistema alfabetico:
Marina e Mariana. Ontem, eu era pequenina,
-
Elas usam batas de tas, diz Marina. -
185
A distino entre ditongo /o/ tnico e ditongo /o/ tono muito importante
e deve ser trabalhada em todas as sries do Ensino Fundamental. Algumas crianas vo
sistematizar essa distino muito cedo. Outras vo precisar mais de sua ateno para superar
esse problema potencial.
Sempre que aparecerem, nos textos coletivos ou individuais, palavras com o ditongo
/o/ tnico ou tono, chame a ateno dos alunos para a graa das palavras.
Tambm o emprego de til (~) ou de m e n para representar o travamento nasal
precisa ser muito trabalhado, ao longo das sries iniciais, para que todas as crianas aprendam
essas convenes ortogrcas.
Vamos reetir um pouco mais sobre isso na atividade a seguir.
Veja o texto seguinte, produzido por um aluno de sries iniciais, e elabore uma agenda
para trabalhar os problemas ortogrcos que aparecem no texto.
Alguns desses problemas reetem a inuncia da fala na escrita e outros so decorrentes
do aprendizado ainda incompleto das convenes ortogrcas.
Se Voc quiser levar esse texto para sua sala de aula, poder reetir com seus alunos
sobre o episdio histrico do descobrimento do Brasil e sobre o preconceito racial em nossa
sociedade, em relao aos negros, aos ndios e mestios.
O DESCOBRIMENTO DO BRASIL
A 500 anos atraz, os ndios moravo no Brasil.
Un dia Pedro alvares Cabral a pareceu de barco e
disse que descobril o Brasil.
Ao passa do tempo os negros veravo escravos
paras os brancos.
Ao passar do tempo os brancos caram com pena
dos negros.
E assim os negros foram para a TV etc.
186
A representao do som /s/ constitui uma das questes mais difceis na ortograa de
unidade l3
nossa lngua, porque existem vrias formas de se representar esse som.
letras e
dgrafos
som / / s c ss
z x xc
sc s
Observe nas palavras seguintes a representao do som /s/.
-
Cebola Pssaro Explodir Nascer
O Sistema alfabetico:
a ser escritos, at a primeira metade do sculo XVI, as diferentes representaes do
-
/s/ correspondiam a diferenas de pronncia. A representao era usada para -
transcrever um som semelhante a /ts/ e a letra z representava o som /dz/ que, com
a evoluo da lngua, desapareceram. Essas diferenas desapareceram na lngua oral,
mas sua representao ortogrca foi preservada. Por isso hoje temos formas variadas
de representar o mesmo som, /s/.
tividade de estudo-5
Leia com ateno e carinho o texto seguinte, produzido por criana em incio
de escolarizao.
187
Vou comversa com minha me, ela professora de bliblioteca. Faz origame, encina
reseita de comida japonesa asveses ela passa vido e le uma estoria ou dexa os alunos leva
livro para casa.
Reita sobre os seguintes pontos e depois compare suas reexes com as que
apresentamos ao nal da Unidade.
No seu trabalho criativo para produzir esse texto, a aluna demonstra j ter
um bom domnio de muitos aspectos ortogrcos. Comente-os.
Alguns problemas na grafia das palavras, nesse texto, decorrem de
interferncia da oralidade. Identique esses problemas e faa um pequeno
comentrio sobre cada um.
O texto nos mostra que a aluna precisa trabalhar, especialmente, a
representao grca do som /s/. Planeje algumas atividades que podero
ajud-la a usar as diferentes representaes grcas desse som.
188
unidade l3
O JUMENTO
Chico Buarque
Jumento no
Jumento no
O grande malandro da praa
Trabalha, trabalha de graa
No agrada a ningum
Nem nome no tem
manso e no faz pirraa
Mas quando a carcaa ameaa rachar
Que coices, que coices
Que coices que d
O po, a farinha, o feijo, carne seca
-
O po, a farinha, o feijo, carne seca
Limo, mexerica, mamo, melancia
Que que carrega? Hi-ho
O po, a farinha, o feijo, carne seca
Limo mexerica, mamo, melancia
Continuando a tratar das diversas representaes grcas do som /s/, vamos reetir,
O Sistema alfabetico:
primeiro, sobre a alternncia entre c, e s. Valendo-nos do critrio de economia,
-
isto , comeando pelo uso ortogrco mais restrito, temos de mostrar aos nossos alunos -
189
e com s seguidas das vogais e e i, pois nessas palavras os alfabetizandos tendem a
confundir-se, como Voc pde ver na Atividade de Estudo 5.
No poema O Jumento vimos as palavras coices, melancia e cimento. Voc pode
trabalhar palavras com ci e ce reunindo palavras relacionadas entre si, como os nomes
de verduras e legumes: acelga, cebola, cenoura e alface. Pode ainda trabalhar a fbula A
cigarra e a formiga, que vimos na Unidade 8.
Veja como os alunos da primeira srie B, da professora Celma, na Escola Classe 01
de Sobradinho-DF, reproduziram essa fbula:
A CIGARRA E A FORMIGA
No vero uma bela cigarra cantava o dia inteiro.
Uma formiga forte carregava alimento para seu formigueiro.
Chegou o inverno e o tempo cou muito frio.
A cigarra parou de cantar porque ela estava congelada.
Ela bateu na porta do formigueiro para pedir ajuda.
A formiguinha amiga e bondosa deixou a cigarra entrar e deu
comida quentinha e um agasalho para esquentar a pobrezinha.
A cigarra cou feliz e voltou a cantar.
190
unidade l3
De acordo com o Inca, 80 mil pessoas morrem anualmente no Brasil por
transtornos causados pelo tabaco. Segundo a Organizao Mundial de Sade (OMS),
em todo o mundo so 4 milhes por ano. A cada 7 horas, so 3 mil mortes.
Selecione outros textos que veiculem mensagens alertando para os problemas
que o cigarro causa sade.
Procure incluir alguns textos que tragam tabelas ou grficos de fcil
compreenso.
Entre os textos selecionados, inclusive imagens nos maos de cigarro, escolha
os mais adequados para o trabalho com seus alunos em sala de aula.
Vamos agora focalizar nossa ateno na palavra cinema. Para isso selecionamos
-
cineminha artesanal que ele confeccionou.
CINEMINHA DE MANIVELA
O Sistema alfabetico:
tico-tico, uma abertura retangular no lado maior. Seria a tela.
-
Em seguida, furei a parte superior e a parte inferior do caixote, nas duas laterais, -
bem rentinho ao lado da tela, para enar ali uma haste. Dois arames grossos que encontrei
no depsito de ferramentas do meu av serviram para isso. Com alicate, cortei os arames
no tamanho certo, pouco maiores do que a largura do caixote, e dobrei suas pontas para
transform-los em manivelas.
A sala de projeo estava pronta.
Faltava o lme.
Pedi folhas de papel bem nas ao meu pai e com esse material, com minhas
peninhas de ponta de algodo e tinta nanquim, comecei a desenhar o que seria meu
primeiro lme. Em cada folha um momento, um quadro da histria.
O tema? Histrias baseadas num personagem malandro e debochado chamado
Pedro Malazartes, que minha av contava.
191
Uni as folhas com uma cola chamada goma arbica e assim consegui montar uma espcie
de pergaminho para vestir o arame-manivela.
Era s colocar o rolinho na parte superior, puxar a ponta para prender haste inferior e
os papis, colados um a um, iam passando pela tela, movimentado pelas manivelas.
Planejei a primeira sesso para um comecinho de noite, arrumei velas para a iluminao
por detrs da tela e comecei a propagandear o lanamento.
Decidi usar o quintal da minha av, maior que o da minha casa, para receber os
espectadores. As duas casas cavam no mesmo quarteiro, mesmo.
Os convidados para o espetculo eram meus amiguinhos da rua e minhas primas.
Mas tinha que cobrar alguma coisa para que a brincadeira casse mais parecida com uma
sesso de cinema de verdade. Resolvi que a entrada seriam cinco palitos de fsforo.
E pelas tantas da noitinha, antes do jantar, o quintal da v Dita cou cheio de crianas,
interessadas na nova brincadeira que eu havia inventado.
Ajeitei o caixote, acendi as velas e contei, do jeito que eu me lembrava, as histrias do
Pedro Malazartes para uma platia atenta.
Foi um sucesso. E um problema.
Queriam mais.
Queriam mais histrias.
Mas eu s tinha preparado uma.
Pedi tempo para a produo de novo lme e comecei a trabalhar, de novo, numa
nova histria.
Acho que cheguei a fazer umas cinco ou seis sesses.
Sostiquei um pouco as novas produes com as cores de minhas tintas nanquim. No
papel no em que eu desenhava, velas em maior quantidade transformavam nosso cineminha
quadro a quadro em superprodues coloridas.
At que passou a fase de cineminha e parti para outras experincias.
Ficou a lembrana dessa experincia gostosa... e uns pedaos dos lmes, que guardo
desde aqueles tempos.
Mas d pra mostrar alguma coisa aqui, como ilustrao desta narrativa.
Ah! Esqueci de mencionar uma coisa: as histrias do tal Pedro Malazartes, trazidas pelos
portugueses e contadas desde o Brasil colnia, de gerao a gerao, no eram exatamente
apropriadas para um pblico infantil.
Continham situaes que hoje podem parecer inadequadas como conceitos, valores. Mas
eram de um tempo diferente do nosso. De uma poca com outros padres. Mostram como
eram situaes vividas h mais de duzentos anos.
E isso pode ser sentido at mesmo nas histrias fortes, nas fbulas cheias de crueldade que
em outros tempos eram criadas e contadas para um pblico infantil.
192
Estamos em outra. Principalmente no cuidado e no carinho que devemos ter,
unidade l3
sempre, quando nos dirigimos s nossas crianas.
Voc poder levar para seus alunos a descrio que o autor faz. Assim seus alunos
podero repetir a experincia e confeccionar um cineminha, registrando, por escrito, todas as
etapas do processo. O gnero de texto de descrio e instrues foi trabalhado anteriormente.
Converse sobre a confeco do cineminha com seu colega, professor de Artes.
Para xar mais palavras com c, e s, leia essa histria do Cebolinha
onde aparecem as palavras: injeo, injeozinha, receitou, infeco, poro,
doces e farmcia.
(http://www.monica.com.br/index.htm)
193
Para reforar grafias de palavras com ci, ce e si, se em slaba inicial, ou
no, Voc pode montar teatrinhos com seus alunos.
A seguir, Voc vai ler uma pecinha que pode ser representada com os alunos ou
com fantoches.
Voc poder encen-la na forma como est apresentada ou poder fazer as
adaptaes que desejar.
Personagens:
Palhao Cocoric
Letra C
Letra S
Letra E
Letra I
194
O Palhao vem vestido com as roupas tpicas de palhao de circo. Pode ser inter-
unidade l3
pretado pela professora ou outro adulto, ou por uma das crianas.
As letras sero interpretadas por crianas. Para sua caracterizao, as crianas
podero usar camiseta branca com o desenho colorido da respectiva letra feito com ta
adesiva ou em cartolina.
1a Cena
O Palhao entra fazendo cocoric e batendo com as mos no quadril como se
fossem asas. D vrias voltas no palco.
O Sistema alfabetico:
Palhao Cocoric (PC): Quem so vocs? Por que vocs esto brigando? Eu
-
sou o Palhao Cocoric, muito prazer! Coisa feia car brigando! -
Letra C: Voc que metida, letra S. Comigo podemos escrever muitas palavras.
Vem aqui meu amiguinho I (abraa a letra I). Junto com o I podemos escrever circo,
195
cineminha, bicicleta, cidade, e muitas outras palavras. Junto com o E (abraa a letra
E) escrevemos Cebolinha, aquele menino que troca letras, vocs sabem: vou blincar
com a Mnica. Depois vou coler pla pegar o Casco.
Palhao Cocoric (PC): (Para as crianas) Parabns crianas, com tantas palavras aqui, o
S e o C no precisam brigar mais. (Para as letras) Venham fazer as pazes.
1
Esta msica pode ser substituda por qualquer outra que fale sobre sino.
196
unidade l3
As letras C e S se adiantam e cantam: Pirulito que bate-bate, pirulito que j bateu,
quem gosta de mim ela, quem gosta dela sou eu.
Palhao Cocoric (PC): Ento, antes de ir embora, vamos cantar todos juntos:
Ciranda, cirandinha vamos todos cirandar...
O Sistema alfabetico:
adolescente e outras que Voc vai escolher entre as que seus alunos ainda esto grafando
com erro.
-
Para cada tema os alunos vo preparar um lme para o cineminha, com -
desenhos, legendas etc., igual ao do Maurcio de Sousa.
197
Voc acabou de ler uma lista de palavras comuns que so escritas
com a letra z. Essa lista est a para ajudar Voc a se lembrar de algumas
palavras com essa graa, mas, quando for trabalhar com seus alunos,
use sempre as palavras inseridas em uma frase ou um pequeno texto
que seja interessante para eles, em vez de apresent-las inicialmente
em uma lista.
Ao apresentar as palavras escritas com z, Voc poder trabalhar
palavras formadas com o suxo eza como:
J vimos essas palavras compostas com suxos na Seo 1 desta Unidade. Lembre-
se de que no ser preciso usar termos como suxo e prexo com seus alunos. Basta
chamar a ateno deles para as slabas iniciais ou nais das palavras com as quais Voc
quer trabalhar.
Existem, tambm, alguns suxos escritos com s e com som de /z/, como o suxo
oso, empregado em palavras como:
Para os alfabetizandos difcil fazer a distino entre palavras formadas com o suxo eza,
que acabamos de ver, e palavras femininas terminadas em esa. Por exemplo:
Para xar bem esse suxo esa que forma o feminino podemos fazer um jogo do
Baralho do Mico.
198
unidade l3
Prepare um baralho semelhante ao Baralho do Mico, mas em lugar de animais,
os pares consistem das formas masculina e feminina de palavras como:
Prncipe > princesa
Duque > duquesa Chins > chinesa
Baro > baronesa Japons > japonesa
Portugus > portuguesa Francs > francesa
Ingls > inglesa Holands > holandesa
Escocs > escocesa Campons > camponesa
-
As regras para o jogo so as mesmas do
Baralho do Mico.
O mico ser uma palavra que no
Para fechar o trabalho com o som /s/ vamos reetir rapidamente sobre palavras
que terminam com este som. Algumas so grafadas com a letra s, como trs, seis, mais,
cais, lpis, pires; e outras so grafadas com a letra z, como vez, raiz, xadrez, paz, feliz,
chafariz, capaz, nariz.
O Sistema alfabetico:
Para treinar essas palavras com seus alunos, sugerimos trs estratgias:
-
Apresente a palavra inserida em um grupo que tem a mesma graa. -
199
Resumindo co ns ider ar que existe um se
gmento
nasais podem os
na sa is e nos ditongos salidade.
Nas vo ga is
e se gm en to o indicador de na
ba. Ess ndendo
que trava a sla am , qu ando esto apre
re se nt
os alunos ap a nasalidade.
s pr ob le m as graves que noss es para indicar
Um do o da s co nv en
er, o empreg em nomes
a ler e a escrev s pa la vras, inclusive
m ui ta
ca, aparece em
di to ng o o , em slaba tni
O
. Algumas
no aumentativo t on o grafado am.
o /a o/
o o; O ditong utras vo prec
isar mais de
di to ng o / o/ tnico grafad m ui to ce do . O
O distino
stematizar essa
crianas vo si es se problema pote
ncial.
su pe ra r
sua ateno pa
ra sal precisa
re pr es en ta r o travamento na as
ra
o de ti l (~ ) ou de m e n pa
de ta l m od o qu e todas as crian
O empreg ries iniciais,
to tr ab al ha do , ao longo das s
ser mui cas.
es sa s co nvenes ortogr a de
apre nd am
t es m ais difceis na ortogra
i uma das ques
es en ta o do som /s/ constitu se representar es
se som.
A repr rias fo rm as de
rque existem v
nossa lngua, po representar
/s / qu e a letra s pode
o ao som
lema relacionad
Um outro prob
dois sons. a um critrio
es or to gr cas recorremos
nven disso
es ta m os tr ab alhando com co co m ais re strito. Um exemplo
Quando uso ortogr nunca
ia, is to , comeando pelo ad o ante s de a, o e u, e
on om eg
de ec o s empr
os tr ar ao s no ssos alunos que
m
vra. s diversas
em incio de pala gr as o uso correto da
ei o de re
armos por m uso tem de
ex iste m fo rm as de sistematiz de co nv en es. Por isso, esse
No dependem
do /s/, pois elas
representaes
da palavra.
ser xado em ca
200
-
SECAO 3
unidade l3
-
-
-
Convencoes
- ortograficas que
representam
-
problemas na
-
aquisicao
- da escrita
-
que decorrem de convenes ortogrcas.
Para comear, vamos examinar o seguinte texto, produzido por um aluno de
5 srie em Braslia.
a
O Sistema alfabetico:
Emprego da letra q e da letra c seguida de l.
Representao do ditongo ou na escrita.
-
-
Formao do plural de palavra terminada em o.
Representao ortogrca do som /s/.
201
Para xar esses usos ortogrcos, Voc dever formar grupos de palavras com o
dgrafo qu e com a letra c, chamando a ateno para algumas palavras mais comuns
como querida, canudo, clube, bicicleta etc.
Mostre tambm a diferena entre o dgrafo qu, de querida, e a seqncia q+u em
quando, quantidade, aqurio, qualidade etc.
Uma atividade que seus alunos podem desenvolver escrever uma cartinha usando
palavras como querida, quero, convidar, carinho e outras que Voc poder sugerir.
tividade de estudo-6
Leia o texto jornalstico de Ktia Calsavara da Folhinha de 22 de maro de 2003.
202
Mostre aos seus alunos os dois grcos e ajude-os a interpret-los. importante
unidade l3
que eles percebam o que representam 15% em relao ao total (100%). Sempre que Voc
puder, apresente grcos e tabelas para que seus alunos se habituem a esse tipo de texto.
Prepare-se para discutir com eles o problema da obesidade infantil: o que ,
suas principais causas e modos de preveni-lo.
Voc encontra no texto vrias ocorrncias do som /k/, representado por c e
pelo dgrafo qu. Prepare atividades de xao ortogrca dessas palavras.
O Sistema alfabetico:
Correio Braziliense, 28 de junho de 2003
-
Medo de fantasma, muita gente tem. Mas fantasma que
tem medo de gente parece novidade. Ele tem nome: Pluft,
-
203
A bruxinha que era boa, O cavalinho azul e O drago verde so algumas peas de Maria
Clara Machado. Ao todo ela escreveu mais de 30 textos. Em 2001, essa autora to querida
nos deixou; foi pro andar de cima, com 80 anos.
Pluft, o fantasminha foi traduzido e montado em vrios pases. Vale a pena conferir!
Para treinar com seus alunos a elaborao de uma resenha e a graa de palavras que
apresentam diculdades especiais, leia para os seus alunos a resenha sobre a pea Pluft, o
fantasminha.
A resenha um resumo em que tambm inclumos nossa opinio sobre a obra que
est sendo resenhada.
Converse com eles sobre a pea, a histria de um fantasminha bom que ca amigo
da menina Maribel.
Em seguida, faa com eles uma resenha sucinta, transcrevendo-a no quadro de giz.
Como sugesto, apresentamos, abaixo, uma verso da resenha. Nessa verso vamos
incluir diversas palavras cuja graa requer ateno especial.
Na pea Pluft, o fantasminha, escrita por Maria Clara Machado, h personagens que
so gente e personagens que so fantasmas. O mais interessante dos personagens fantasmas
Pluft, um fantasminha que tem medo de gente e sempre pergunta Me Fantasma se gente
existe mesmo.
Pluft tem um tio fantasma, o tio Gerndio, que gosta muito de dormir dentro do
seu ba.
Pluft conhece a menina Maribel, quando esta vai explorar o sto onde Pluft mora.
Os dois cam amigos de trs divertidos marinheiros, Sebastio, Julio e Joo. Os marinheiros
protegem a menina e o Pluft de um pirata mau e assustador, o Perna de Pau.
As crianas gostam muito dessa pea.
No texto que Voc e seus alunos redigiram, selecione palavras como: personagem, gente,
Gerndio, Julio e Joo. Desenvolva atividades para xar a graa de palavras escritas com g,
seguido de e e i, e com j, tambm seguida de e e de i.
Vamos conversar mais sobre isso a seguir.
204
Outras palavras com g, seguido de e ou i, que Voc poder treinar com
unidade l3
seus alunos so: Egito, estrangeiro, garagem, geada, sargento, viagem, gengibre, gilete,
gria, sugerir, tigela, gelia etc.
Vamos pensar, agora, em palavras escritas com je e ji, como gorjeta, jerimum,
majestade, jibia, e incentive seus alunos a us-las em textos de narrativa, de descrio,
de poemas etc. Veja a seguinte relao de palavras que tm parentesco entre si:
O Sistema alfabetico:
-
A jibia me falou que est com fome
-
Est com fome faz um ano que no come
Foi falando e foi abrindo a sua goela
por isso que eu no chego perto dela.
205
Lembrete
Informaes de zoologia sobre as jibias: a famlia de serpentes
Boidae (jibias e sucuris) composta por 8 espcies no Brasil. So serpentes no
venenosas, vivparas (porque seus lhotes nascem pelo parto), de tamanho mdio a
grande, com atividade principalmente noturna. Matam suas presas por constrio,
enrolando-se nelas e apertando as alas que as envolvem. A morte se d por asxia ou
tambm por parada circulatria. Quando molestadas, algumas espcies enrolam-se,
formando uma postura de bola. Tambm podem morder e uma espcie de sucuri
(Eunectes murinus) que atinge grandes dimenses, pode causar um acidente fatal em
um ser humano. http://www.herpetofauna.hpg.ig.com.br/Pages/BoidaeBrasil.htm
Vamos continuar nossa reexo sobre palavras cuja xao da ortograa requer um
trabalho especial. Convidamos Voc, agora, para um trabalho em Avanando na prtica.
Leia esse interessante poema de Chico Buarque, que foi musicado por Edu Lobo.
Nesse poema, Chico Buarque mostra que todos ns temos os mesmos problemas,
desde a dor de barriga at uma vertigem de altura.
Se tiver oportunidade, pesquise sobre a vida e a obra de Chico Buarque de Holanda.
Procure nas Unidades que Voc j estudou outros textos desse autor. Abaixo, Voc encontra
algumas informaes sobre ele.
Quem seria a Bailarina que est acima desses problemas cotidianos que aigem a
todos? Seria uma pintura de bailarina, uma escultura ou uma bailarina de verdade? Ser que
ela existia no mundo real ou s no imaginrio do poeta? Pense sobre isso.
Nesse poema h muitas palavras que ajudam nossa reexo sobre ortograas complexas.
No decorrer da Seo, vamos discutir algumas delas. Mas Voc pode selecionar algumas
palavras no texto para ilustrar seu trabalho de ortograa com os alunos.
CIRANDA DA BAILARINA
Edu Lobo e Chico Buarque/1982
206
Nem casca de ferida Medo de cair, gente
Medo de vertigem
unidade l3
Ela no tem
No livra ningum Quem no tem?
Todo mundo tem remela Confessando bem
Quando acorda s seis da matina Todo mundo faz pecado
Teve escarlatina ou tem febre amarela Logo assim que a missa termina
S a bailarina que no tem Todo mundo tem um primeiro namorado
Medo de subir, gente S a bailarina que no tem
Sujo atrs da orelha
Em nossas Unidades, temos trabalhado
muito com textos de Chico Buarque. Conhecido
principalmente como compositor e cantor de msica
popular, Chico Buarque trilhou com xito o caminho
da dramaturgia e incursionou pela literatura ccional.
-
Srgio Buarque de Holanda, nasceu no Rio de Janeiro
em 19 de julho de 1944. Suas primeiras canes,
como Pedro Pedreiro, impregnadas de preocupaes
sociais, foram seguidas de composies lricas como
Ol, Ol, Carolina e A Banda, esta uma das vencedoras do II Festival de Msica
Pense nas palavras bexiga e cheiro do poema que Voc leu. A letra x e o
O Sistema alfabetico:
dgrafo ch representam o mesmo som e preciso que os nossos alunos aprendam
-
em que palavras esse som representado por x, e em que palavras representado -
pelo dgrafo ch. Vamos conversar um pouco sobre isso.
Observe que, depois dos ditongos ei e ai, esse som sempre representado
por x. Veja a lista das palavras esquerda e aproveite para associ-las s palavras
da lista direita.
ameixa ameixeira
baixo baixinho, abaixo
caixa encaixar, caixote
peixe peixada
paixo apaixonado
Procure trabalhar essas palavras com seus alunos, encaixadas em textos interessantes
como nesta cano em que se pode ir mencionando os nomes das crianas:
207
Se eu fosse um peixinho e soubesse nadar
eu tirava a (Maria) l do fundo do mar.
Abacaxi, elixir, enxoval, graxa, laxante, luxo, macaxeira, mexer, puxar, rouxinol,
vexado, vexame, xadrez, xar, xcara, xereta, xod
Continuando nossa reexo sobre palavras que so escritas com x e com o dgrafo
ch, vamos sala de aula.
Para os seus alunos xarem o emprego da letra x e do dgrafo ch, leve para a sua
sala de aula o poema A chcara do Chico Bolacha, de Ceclia Meireles.
Na chcara do Chico Bolacha, Por isso, com o Chico Bolacha
o que se procura o que se procura
nunca se acha! nunca se acha.
Quando chove muito, Dizem que a chcara do Chico
o Chico brinca de barco, s tem mesmo chuchu
porque a chcara vira charco. e um cachorrinho coxo
que se chama Caxambu.
Quando no chove nada,
Chico trabalha com a enxada Outras coisas ningum procure,
e logo se machuca porque no acha.
e ca de mo inchada. Coitado do Chico Bolacha!
208
unidade l3
Faa a leitura em voz alta, primeiro todos juntos e depois designando um
aluno para cada estrofe.
Em seguida, Voc poder fazer um jogo. Numere as palavras escritas com ch
e x, ignorando as palavras repetidas. Ao todo Voc vai ter 12 palavras.
Coloque num saquinho pedacinhos de papel com esses nmeros.
Cada aluno dever sortear um nmero, identicar a palavra correspondente
ao nmero e fornecer outra palavra que seja escrita com a mesma letra ou dgrafo.
Incentive-os a fornecer palavras aparentadas com a que ele sorteou. Por exemplo,
bolacha > bolachinha; machuca > machucado; chcara > chacrinha.
Participam do jogo, cada vez, doze crianas. As demais podem ficar
encarregadas de escrever no quadro de giz as palavras sugeridas, em duas colunas:
do x e do ch.
Podero tambm, ocupar-se com a produo, em duplas, de pequenos textos de
-
Lembre-se de que esse jogo, com esse mesmo formato, pode ser aplicado com
textos em que haja muitas palavras com g e j, ou com s, ss, c, etc.
Procurando bem
Todo mundo tem ...
O Sistema alfabetico:
O poeta rimou moblia, vasilha e famlia, porque essas palavras tm a mesma
-
pronncia. Saber quando usar o dgrafo lh ou a seqncia li um problema para as -
nossas crianas. Veja esse trechinho de um texto produzido por uma criana de 5a srie:
209
Pense em palavras escritas com lia como famlia, Braslia, Luclia, Amlia, clio,
conciliar e em palavras escritas com lh como escolha, lha, zarolho, ilha, piolho, conselho.
Planeje atividades para trein-las com seus alunos.
Para concluir esta Seo, vamos pensar nas palavras iniciadas com h, como homem,
hotel, hoje, humano, hortncia, harmonia, horizonte, hepatite, haver, humilde e hesitar.
Para que seus alunos se familiarizem com elas, planeje uma Sesso de Dicionrio
em que cada aluno ser encarregado de encontrar cinco palavras comeadas com h e
empreg-las em frases curtas. Concludo o trabalho, os alunos devem trocar os exerccios
entre si. Veja tambm este poema de Pedro Bandeira em que o autor mostra como a letra
h forma dgrafos, como o ch , o lh e o nh , e tambm usado no incio de palavras.
Quando o h empregado em incio de palavras ele no tem nenhum som. S est ali,
nessas palavras, por causa da histria da palavra, isto , porque a palavra derivada de
outra que era escrita com h. Voc j aprendeu que algumas convenes ortogrcas tm
explicao etimolgica, na histria da palavra.
MALUQUICES DO H
Voc vai encontrar na literatura infantil, principalmente na poesia, muitos textos que
exploram deliberadamente alguns elementos difceis da lngua para as sries iniciais. H
sempre uma forma ldica de trabalhar com esses textos, ampliando o domnio do aluno
sobre as estruturas da lngua.
210
unidade l3
Resumindo , re pr esentado pela
letra
, o e u
te das vogais a tra c
O som /k/, dian al et c. T am b m usamos a le
rr , em que a
sar, corao, cu estrutura CCV
c, como em ca s s la ba s co m a
r o som /k/ na o em nuclear,
para representa a co ns oa nt e l ou r, com
c e a segund
primeira letra
crina etc.
dgrafo qu,
m /k / re pr esentado pelo
is e e i, o so
Diante das voga ilo etc.
Ir aq ue , qu ei jo, pequeno, qu
como em
que seus
nt e gr co s e tabelas para
se
oc puder, apre
-
alunos se habitu
ra um
no qu al se de screve uma ob
ual avaliao
um gnero text e se faz uma
Uma resenha l, um lm e et c
uma pea teatra
livro, um conto,
sobre ela.
da letra
m o mesmo som
O Sistema alfabetico:
Saber quando us
as.
as nossas crian
-
so
o h in icia l, planeje uma Ses
izem com cinco
unos se familiar o de encontrar
-
211
eitura sugerida
Para Voc ler mais sobre a relao entre os sons da fala e as letras que os representam,
e reetir sobre convenes da escrita, recomendamos-lhe os seguintes livros:
SCLIAR-CABRAL, Leonor. Princpios do sistema alfabtico do portugus do Brasil
e Guia prtico de alfabetizao, So Paulo: Contexto, 2003.
A autora, lingista de renome, apresenta de forma sistemtica e exaustiva os princpios que
governam os valores das letras na leitura e a converso dos fonemas em letras na escrita. O Guia
ajuda o professor a identicar os problemas dos alunos no processo de aprendizagem da escrita.
212
Em segundo lugar, o alfabetizador pode conduzir o alfabetizando, organizadamente,
unidade l3
a saber exatamente quais so os contextos em que duas ou mais letras concorrem na
representao do mesmo som. Isso tambm pode ser feito pelo mtodo da pesquisa.
Um papel grande, cola, tesoura e muitos materiais impressos. Vamos repartir, segundo
suas diversas representaes ortogrcas, todas as palavras pronunciadas com o som [s]
no meio de duas vogais, como em coisa. Algumas vezes, esse som escrito com s, outras
vezes com z e outras, ainda, com x. Resultado: um cartaz tripartido, uma coluna com
coisa, casa, rosa, asilo, resumo, usar etc., uma coluna com azul, azar, cozinha, cozido,
rezando, azeite etc., uma coluna com exame, exato, exemplo, exrcito, exerccio etc.
Outro procedimento que se pode adotar para ajudar a xao desse tipo de
-
procurando saber com que letras essa palavra representada na escrita. Tomemos, por
exemplo, A banda, de Chico Buarque:
Nesses versos quais palavras so faladas com um som de [s] no meio de vogais?
Passar! Escreve-se com ou com ss? Com ss! Quais palavras so faladas com um som de
[z] no meio de duas vogais? Coisas! Escreve-se com s ou z? Com s! Que palavra comea
com som de []? Chamou! Escreve-se com x ou com ch? Com ch!
E, nalmente, a mais importante das recomendaes: o professor no deve dar
muita importncia a erros de escrita dessa espcie. Gradativamente, com a prtica da
O Sistema alfabetico:
leitura e da escrita, tais erros diminuiro. A preocupao com a ortograa no deve
-
crescer a ponto de inibir a expresso escrita da criana.
-
LEMLE, Miriam. Guia terico do alfabetizador. So Paulo: Editora tica, 2001, pp 32-34.
ibliografia
ABAURRE, Maria Bernadete M, FIAD, Raquel & MAYRINK-
SABINSON, Maria Laura. Cenas de aquisio da escrita, o sujeito e o trabalho
com o texto. Campinas: Mercado de Letras/ALB, 1997.
FARACO, C. A. Escrita e alfabetizao. So Paulo: Contexto, 1994.
MORAES, Arthur Gomes de. Ortografia, ensinar e aprender. So Paulo:
Editora tica,1999.
213
espostas das atividades de estudo
Atividade de estudo l
No texto transcrito abaixo, as palavras em negrito demonstram a competncia
ortogrca que o aluno j adquiriu.
Se Voc quiser levar esta carta enigmtica para sua sala, dever conversar com as crianas
sobre o cineasta baiano Glauber Rocha, j falecido, que considerado um dos maiores diretores
do cinema nacional.
2) Um idealista que viveu escondido no pas que amava, deu a vida para fazer do Brasil um
lugar melhor para se viver.
214
Atividade de estudo 2
unidade l3
Exemplos de composies/brincadeiras que Voc pode fazer com seus alunos:
1) Macaco marrom mordeu meia ma madura.
2) Rapaz infeliz diz: paz.
Atividade de estudo 3
Esse aluno j no aglutina palavras. Em slabas tonas prtnicas no grupo
de fora est grafando o o como se pronuncia: aturmentano, embora empregue
corretamente o o nas tonas nais.
-
arturmentano.
Necessita exercitar slabas CCV constitudas da consoante p seguida de
r, como em prima (pirna) e sempre (semper), mas foi bem-sucedido em slaba
anloga dra, como em pedra.
O Sistema alfabetico:
ortogrcos mais tardiamente, convm mostrar ao aluno que as palavras stio e
-
Rabic so grafadas com acento. -
Atividade de estudo 4
Na forma verbal esto, o ditongo o nal tnico. Nas demais formas
usam, tomam, danam, levam e falam, esse ditongo tono e por isso
representado na escrita como am.
As letras m e n em incio de slaba aparecem nas palavras bonitas,
Mariana, Marina, porcelana e muito. A letra n tambm trava as slabas com
vogal nasal em varanda, tranas, linda, ondas, ontem e danam.
No ocorreu no texto nenhuma palavra com vogal nasal cuja slaba fosse travada
com m no meio da palavra. A consoante m usada para indicar o travamento
nasal nos ditongos, como em danam, em slabas nasais nais como ontem ou em
215
slabas mediais seguidas das consoantes p e b, como em pomba e tombo.
Outras palavras no poema cuja graa merece ateno especial so: xicrinhas e
chocolate.
Atividade de estudo 5
a) No seu trabalho criativo de produo de texto, a aluna demonstrou ter adquirido
habilidades ortogrcas na graa do ditongo ou (vou), no uso do dgrafo nh (minha), na
representao do ditongo nasal e (me), na marcao de plural redundante (os alunos), no
emprego de z com som de /s/ em slaba nal (faz), entre outras.
c) A criana autora do texto usou com competncia a letra s com som de /z/ em japonesa
e a letra s com som de /s/ em slaba travada com /r/ (conversa); usou, tambm, o dgrafo ss
com competncia entre vogais (professora; passa). Mas o som /s/ depois de slaba nasal (encina)
e entre vogais (reseita) precisa ainda ser trabalhado em atividades, como, por exemplo: escrever
pequenos textos com o verbo ensinar e com a palavra receita.
Diante desse texto o professor pode mostrar ao aluno todas as palavras que ele escreveu
corretamente e depois discutir com ele as que vo precisar ser reescritas. Nessa oportunidade
pode discutir as palavras: vdeo, l e estria, que so grafadas com acento.
Atividade de estudo 6
A obesidade o aumento de gordura acima do limite saudvel. Os mdicos costumam
relacionar o peso altura do paciente para saber se ele obeso.
Principais causas: Os lhos de pais obesos tm mais chance de serem obesos. Falta de
exerccios fsicos regulares. Comer fora de hora, comer comidas gordurosas e repetir pratos.
Como prevenir: Praticar esportes de duas a trs vezes por semana, com orientao de
prossionais. No beliscar entre as refeies.
Dicas: Se voc obeso, precisa de atendimento especial para emagrecer. Procure um
nutricionista e um professor de educao fsica para fazer um tratamento. Leve frutas e gua
na lancheira. Evite ter conta na cantina da escola.
216
Copie do texto palavras como questo, quilos e cachorro-quente, que so escritas
unidade l3
com o dgrafo qu.
Pea aos alunos que forneam outras palavras com esse dgrafo seguido de
e ou i.
Separe, tambm, as palavras preocupei e comecei. Mostre aos alunos que o c
nessas palavras tem o mesmo som de qu.
Mostre a eles, ainda, que o nome Karoline escrito com k e pea-lhes outros
exemplos de nomes prprios escritos com k
Por m, chame a ateno para a abreviatura de quilogramas (kg).
(Folhinha, 22 de maro de 2003. Fontes: Ary Lopes Cardoso, chefe da Unidade de Nutrologia
-
da USP e coordenadora do Neob Ncleo de Estudos da Obesidade).
- -
O Sistema alfabetico:
seu processo de alfabetizao.
-
-
A MINHA ME
217
meu pai pra minha vov pra minha tia e minha familia vai me vizitar no hospitau e mina
me ca atras da minha irma. Eu agradesso por tudo que todo mundo me faz., beijos. No
tenho palavras mas para agradese. Beijo.
(Jacqueline, 2a srie)
Era uma vez uma linda menina que quarda um lindo segredo que ela tinha sonhado
que Deus inha dar um celular para ela s que no podia usar celular s que ela usava
mesmo assim s que era escomdido e ninquem sabia so a mame ela tina muitas grande
sortes ela s dechava o celular desligado um dia ela decho ligado que ele estava togamdo
ela no tinha escutado.
Nesta sesso coletiva, vamos discutir alguns temas que foram trabalhados na Unidade
13 do Caderno Teoria e Prtica, que so:
1) Reetir sobre atividades que contribuem para ampliar a percepo que nossos
alunos e ns mesmos temos sobre a relao entre sons e letras.
2) Identicar os problemas na escrita que decorrem da forma como representada
a nasalidade de vogais ou ditongos nasais e, tambm, das diversas formas de
representao do som /s/.
3) Identificar problemas na escrita que decorrem de outras convenes
ortogrcas.
Durao: 3 horas.
Etapa l
Ler em grupo o texto A minha me, produzido por uma aluna de 2a srie.
Etapa 2
Divididos em quatro grupos, analisar os problemas ortogrcos que o aluno apresenta,
comentando cada um deles.
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Etapa 3
unidade l3
Cada grupo dever planejar uma atividade que inclua estratgias para ajudar o
aluno a superar os problemas que est apresentando. Ao nal, reunidos em plenria,
os grupos descrevero as estratgias planejadas.
A MINHA ME
-
minha lha eu falo te amor mame. Minha me sepre que vai sair me chama para
ir com ela quando chego em casa vou banhar com minha me quando termino vou
estuda minha me sepre esta no meu lado vendo seu estou boa na leitura quando
termino vou brinca de boneca e minha me aguas veses minha me vai mever brinca
O Sistema alfabetico:
-
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220
PROGRAMA DE APOIO A LEITURA E ESCRITA
PRALER
AUTORES
EQUIPE EDITORIAL
Organizao
Wilsa Maria Ramos
Ilustraes
Fernando Lopes