0% acharam este documento útil (0 voto)
391 visualizações192 páginas

09 Titan

afasdfadf

Enviado por

Jeferson Moreira
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
391 visualizações192 páginas

09 Titan

afasdfadf

Enviado por

Jeferson Moreira
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 192

TITAN

O Mundo de Aventuras Fantsticas

Steve Jackson &1 Ian Livingstone


INTRODUO

Homeless Dragon e Ninja Egg so dois grupos de jogadores e fs de RPG que resol-
veram se juntar e publicar materiais de RPG em uma pgina de internet. No somos
profissionais da rea, todos temos nossos empregos fora da rea editorial ou do
mercado de RPG, somos apenas jogadores criando/adaptando materiais para ou-
tros jogadores se divertirem. Nenhum de nossos arquivos pode ser comercializado.

Desde sua primeira apario no Plano Terreno em 1982, com a publicao do fa-
moso O Feiticeiro da Montanha de Fogo de Steve Jackson e Ian Livingstone, o mun-
Crditos do de Titan tem sido gradualmente explorado e ficado cada vez mais conhecido.
Apesar de ainda haver regies no exploradas, esperando para serem desbravadas
por corajosos aventureiros, os livros da Srie Aventuras Fantsticas tm revelado,
Autor cada vez mais, esse mundo fantstico.
Steve Jackson & Aqui est, pela primeira vez em um nico volume, tudo o que voc sempre quis
Ian Livingstone saber sobre Titan No apenas apresentamos os trs continentes e os mapeamos,
mas tambm mencionamos os reinos submarinos. As principais raas e personali-
Diagramao dades de Titan tanto seus aliados quanto seus inimigos tm sees completas
a elas devotadas. Aqui voc pode aprender sobre sua Histria e seus deuses, seus
Ninja Egg RPG
gostos e desgostos, suas cidades e vilas.
Voc sabia que Logaan, o deus trapaceiro, primeiro criou o Homem? Voc est
familiarizado com a lenda do Ano heri Hangahar Goldseeker? O que voc faria
Julho/2014 se lhe oferecessem uma caneca de cerveja Orc? Todas essas informaes e mui-
tas, muitas mais, sero encontradas nas pginas de Titan: O Mundo de Aventuras
Fantsticas.

NDICE
Introduo.................................................................................3
Prefcio......................................................................................4
Bem vindo, bravo aventureiro.....................................................5
O mundo de Titan......................................................................6
Histria e Lenda.......................................................................32
Foras do Bem .........................................................................61
Foras Neutras..........................................................................92
Foras do Mal e do Caos...........................................................99
Os reinos submarinos.............................................................162
O calendrio de Titan.............................................................168
A vida aventureira...................................................................173
Dinheiro.................................................................................178
At logo bravo aventureiro.....................................................190
ver Allansia. Todos os livros de Ian, exceto
PREFCIO

O
um, desenrolaram-se na regio noroeste
mundo de Titan, de acordo com os deste continente. O Mundo Antigo abran-
livros de Histria, foi criado pelos gia Kakhabad (a terra das Artes Mgicas!
deuses a partir da massa disforme de Steve), cercada por reinos e Gallanta-
de barro mgico, descoberto pela deusa ria, de The Tasks o f Tantalon (As Tarefas
Throff. Na verdade, Titan nasceu no final de Tantalon). O terceiro continente, Khul,
de 1981, quando nossos dedos estavam altamente inexplorado, com muito tra-
cansados de trabalhar furiosamente em balho ainda por fazer para mapear suas
The Magic Quest (A Busca Mgica). partes desconhecidas.
The Magic Quest era o ttulo do projeto Mas desde aquele dia, em 1981, o mun-
que havamos comeado em agosto da- do de Titan tem estado vivo para ns dois
quele ano e era um ttulo que nenhum uma sada da vida cotidiana para outro
de ns suportava! Mas depois de discus- mundo, um mundo onde, efetivamente,
ses sem fim, ainda no conseguamos somos Mestres de Jogos numa imen-
concordar sobre outro nome para o livro. sa fantasia global de role-playing game.
Finalmente, fizemos um acordo. Ian, que Divertimo-nos desenvolvendo as lendas,
escrevera a primeira parte do livro, havia o conhecimento, os rumores e as tra-
mencionado no pargrafo de abertura mas das aventuras. E rimos dos truques
que toda a aventura ocorreria na Monta- e armadilhas que criamos para vocs,
nha de Fogo. Steve, que escrevera a parte leitores. H o Bem e o Mal; h a Ordem
final, fizera a ltima batalha com um po- e o Caos. Mas como os Deuses Trapacei-
deroso mago, Zagor, o Feiticeiro. No dia ros, ns nos esforamos para assegurar o
em que o livro foi entregue, o ttulo final equilbrio no mundo...
foi: O Feiticeiro da Montanha de Fogo. A tarefa de coletar as informaes con-
Essa Montanha de Fogo foi o primeiro tidas em todos os livros, baseados em
lugar onde mais tarde seria Allansia. Foi Titan, recaiu sobre um estudioso cujo
seguido pela Floresta de Yore, o Vale do excelente trabalho em Out ofthe Pit (Sa-
Salgueiro e o Rochedo Craggen de A Ci- dos do Inferno) tomava-o candidato
dadela do Caos; e a Floresta Darkwood, ideal para o servio Marc Gascoigne.
Stonebridge e a Torre de Yaztromo de A No apenas Marc teve que extrair infor-
Florestada Destruio. A existncia da maes em cantos e buracos de todosos
prpria Allansia foi formalmente anuncia- livros e algumas delas estavam escon-
da em abril de 1984, quando a primeira didas nos lugares mais obscurosmas
edio da revista Warlock foi publicada. ele efetivamente reuniu-as em um tipo
Hoje em dia, um item de colecionador, de Enciclopdia das Aventuras Fantsti-
Warlock 1 apresentava o primeiro mapa cas. O resultado Titan O Mundo de
j publicado de Allansia. Aventuras Fantsticas e gostaramos de
Desde ento, o mapa tem se expandido. congratul-lo por seu trabalho. uma
Hoje no h apenas um, mas trs con- ajuda inestimvel para os aventureiros de
tinentes nas Aventuras Fantsticas do todo o mundo.
mundo de Titan. Ian, e numa extenso
menor, Steve, continuaram a desenvol-

4
BEM VINDO, BRAVO AVENTUREIRO

B
em-vindo ao nosso humilde tratado
sobre o vasto e perigoso mundo de
Titan. Em seu interior, voc encon-
trar informaes que lhe sero bastante
teis quando for desbravar seus caminhos
pelas terras selvagens procura de fama,
glria... e tesouros! Com a ajuda de todas
as informaes existentes neste trabalho
de referncia essencial, voc finalmente
estar equipado para cumprir seu destino
como heri, lutando pelas Foras do Bem!
Voc encontrar aspectos da geografia
belos mapas e desenhos de todas as ter-
ras povoadas de Titan, e tambm das nem
to povoadas assim. E encontrar mapas
do Mundo Antigo, lar da civilizao e do
aprendizado; de Allansia, terra selvagem gerao traioeira do Caos voltar das pro-
de feiticeiros e brbaros; e de Khul, que fundezas pervertidas, com a inteno de
chamamos de Continente Negro, o rido engolir o mundo todo em seu estmago
local de nascimento do Caos. Ns mos- sem dentes! Anime-se, quando as Foras
traremos a voc plantas dos vilarejos dos do Bem levarem os exrcitos revolucion-
Elfos e das Cidadelas dos Anes, de cida- rios de volta para as profundezas a fim de
des e de cavernas de Ores infestadas de que apodream e entrem em decadncia!
ratos; existe at mesmo uma descrio de Mas como o mundo hoje? Vamos apre-
uma cidadela do terrvel Povo-Serpente sent-lo a todas as raas importantes,
dos desertos do sul. No paramos diante dos teimosos Anes aos ancestrais Elfos,
de nada para lhe trazer esta incrvel infor- o inescrutvel e vil Povo-Serpente, os
mao! cruis e desumanos Ores e Goblins. Re-
Vamos apresent-lo Histria deste nosso velaremos segredos dos maiores viles
mundo cruel, comeando pela criao de do mundo e seus aliados e das poucas
muitas raas e o aparecimento do Tempo almas corajosas, que se oporiam a eles.
em nosso mundo, que traz a morte para Mostraremos a voc comerciantes e mer-
todos ns. Faremos um passeio atravs cadores, artesos e estalajadeiros e mui-
da Corte Celestiale vamos apresent-lo tas outras pessoas notveis, a quem pode
aos muitos deuses e deusas, que brincam ter a sorte de encontrar em suas prprias
conosco em todas as nossas atividades di- aventuras.
rias. Ento, caminharemos na superfcie Voc pergunta: de onde vem toda esta
de nosso planeta a fim de revelar a voc informao? Bem, guerreiro, ela foi com-
os antepassados de nossas terras, os len- pilada durante muitos e muitos anos por
drios heris e os Viles ignbeis que fi- um grande nmero de sbios e estudio-
zeram nosso mundo. Estremea quando a sos de todos os cantos do mundo. Peram-

5
bulamos ao redor do mundo, investigan-
do por todos os lugares que podamos, O MUNDO DE TITAN
procura de novas informaes revelado- Allansia, terra do perigo
ras sobre este nosso mundo complexo. E Vamos comear nossa jornada atravs de
agora, depois de doze anos de compila- Titan pela mais notvel de todas as ter-
o de todas as nossas anotaes em um ras: Allansia. Ela pode oferecer os maio-
volume nos Sales de Aprendizagem em res prmios a um ousado e ambicioso
Salamonis, apresentamos a voc nossa aventureiro, entretanto, tambm oferece
obra-prima. os maiores perigos. Por toda a terra, as
Para os tipos caseiros, talvez isto possibili- Foras do Mal esto se unindo, tomando-
te uma olhadela em algo diferente e mos- -se ainda mais fortes: ao norte, humanos
tre este nosso mundo em toda sua glria corruptos trazem mgicas selvagens para
e mistrio. Voc aprender muitas coisas o mundo, sabendo pouco do que real-
nas pginas que se seguem, tanto teis mente esto fazendo; criaturas se agitam
quanto triviais. Quem sabe possamos at nos pntanos sulistas, fatos que, por fim,
persuadi-lo de que h mais coisas na vida afetaro toda a Allansia. Por essas razes,
alm de arar os campos ou vender seus seno por outras, deve-se estudar Allan-
artigos no mercado. sia mais detalhadamente que outras ter-
Entretanto, para vocs, aventureiros, ns ras.
podemos garantir que ficar comprovado Originalmente, Allansia era simples-
ser um guia inestimvel para suas viagens, mente o nome de uma pequena parte de
no importa quo longe elas possam lev- um grande continente, a rea do extremo
-lo. H uma grande quantidade de perigos oeste, entre as Montanhas do Dedo de
neste mundo, porm, coma ajuda deste Gelo e os limites do Deserto dos Crnios,
volume, voc estar to preparado quan- ao norte. A palavra significa As Plancies
to qualquer homem ou mulher poderiam Fervilhantes, em uma antiqussima ln-
estar. Ns comearemos, na pgina que gua dos Elfos muito corrompida, porque a
se segue, com o que acreditamos ser o terra sempre esteve repleta de uma mul-
primeiro mapa de todo o mundo de Titan tido de raas, cada uma lutando pelo do-
a ser visto fora dos territrios conhecidos mnio desse cantinho do continente. Con-
de Salamonis, Kaynlesh-Ma ou Lendle tudo, nos ltimos sculos, o nome passou
Real. Ele mostra Allansia, Kakhabad e as a significar toda a extenso de terra que
terras a sua volta, o misterioso continente vai dos Domnios do Drago at o Estreito
de Khul e muitas ilhas isoladas, que ape- das Facas; de Kaynlesh-Ma e Arantis at
nas recentemente foram descobertas e os Estreitos Iceberg. Entretanto, quando
nomeadas. Contudo, no fique alarmado a maioria das pessoas fala de Allansia,
com o tamanho e a extenso das terras elas ainda se referem pequena poro
de Titan: voc no precisar viajar para de vida, escondida ao longo das margens
muito longe a fim de encontrar aventura! nortes do Oceano Oeste, dominada pelo
Sendo assim, bravo aventureiro, vire a p- profano fosso de vermes que o Porto
gina e que os deuses, em sua sabedoria, Blacksand.
faam com que voc encontre tudo que Blacksand uma cidade relativamente
procura! nova, construda sobre as docas arruina-

6
das de uma cidade anterior, muito maior, turam neste norte distante vo em busca
completamente destruda e abandona- de couro e peles, no caso de se atreverem
da nos anos seguintes cataclismtica a tanto.
Guerra dos Magos. Contudo, por causa
das runas e porque est situada na boca As terras povoadas
do rio Bagre, um outro povoado cresceu A fronteira mais ao sul do contraforte das
rapidamente junto aos escombros do an- Montanhas do Dedo de Gelo demarcada
tigo. Diferente da cidade anterior, a nova pelo vasto Rio Kok, que traz barcaas de
no foi planejada de forma espaosa e comrcio e galeras da estranha cidade de
geomtrica; ela um amontoado de ma- Zengis, vinte dias rio acima, para a flores-
deira desmoronando-se e construes cente cidade de Fang, capital da provncia
de pedra empilhadas umas sobre as ou- de Chiang Mai. Fang um lugar prspero,
tras at o alto. Um refgio para ladres dominado pelo maldoso Baro Sukumvit.
e salteadores, piratas e assassinos, que Todo ano, a populao local faz muito di-
atacam uns aos outros e cidados mais nheiro com os vrios turistas que chegam
inocentes. A cidade dominada pelo mis- para a Prova dos Campees, um malicioso
terioso Lord Azzur, um tirano conhecido jogo mortal comandado pelo Baro, com
tanto por sua profunda crueldade quan- um prmio de 10.000 Moedas de Ouro
to por seus atos ardilosos de caridade. para o guerreiro que a ela sobreviver. Po-
Voltaremos depois, com mais detalhes, a rm, no restante do ano, eles ganham seu
Blacksand e Azzur. E suficiente dizer a esta dinheiro cobrando dos comerciantes que
altura cuidado com Blacksand! passam taxas extorsivas pelo o uso do rio.
Este canto do continente selvagem Alm do Rio Kok, as Plancies Pags se
em sua maior parte h terrenos pantano- estendem por muitos e muitos dias,
sos acidentados, entremeados de monta- salpicadas por pequenos povoados de
nhas e florestas cerradas. Seu clima varia camponeses simples. Observa-se, no ex-
consideravelmente de veres pegajosos tremo noroeste, a Montanha deFogo,
e suarentos para enregelantes invernos cujo cumevermelho devido s plantas
com neve, repleto de dias de chuva tor- exticas, outrora fazia com que as pes-
rencial ou dias ensolarados entre eles. soas acreditassem que fosse um vulco.
Apesar das maiores tentativas dos sbios H rumores de que existe um complexo
e magos da meteorologia, o tempo em subterrneo de masmorras embaixo da
Allansia permanece irritantemente im- montanha, dominado por um feiticeiro
previsvel. A terra faz fronteira ao norte maligno, embora algumas pessoas da
com os picos gelados das Montanhas do populao local jurem que ele agora est
Dedo de Gelo, abrigando-a contra venta- morto, assassinado por um aventureiro
nias geladas que formam-se a partir do destemido (se for verdade, voc ter que
Plat Congelado, a quase 500 quilme- procurar outro lugar para fazer sua for-
tros alm norte, atravs das plancies de tuna!). Indo mais para o sul, chegamos a
gelo. As Montanhas do Dedo de Gelo so Stonebridge, uma cidade de Anes, famo-
um lugar desolado, habitado por criaturas sa tanto por suas minas quanto por seu
selvagens como o Yeti e o sub-humano impetuoso lder Gillibran, cujo legendrio
Toa-Suo. Os nicos humanos que se aven- martelo mgico, quando arremessado,

7
8
9
volta mo de quem o empunhava. Os
Anes de Stonebridge so amistosos com
os aventureiros, preferindo desabafar
sua raiva sobre a tribo local dos Trolls da
Colina, com quem tm lutado por muitas
dcadas.
Seguindo para o sul, cruzamos o Rio
Vermelho (assim chamado por causa de
sua cor, por arrastar terra vermelha de
sua fonte no alto das solitrias Colinas
Moonstone), e, imediatamente, ns nos
encontramos na Floresta Darkwood, um
emaranhado selvagem e perigoso de r-
vores e arbustos espinhosos que se esten-
de em direo ao sul. Ela dividida pelo
Rio Bagre, que desgua no mar em Porto
Blacksand. A floresta o lar para milhares
de criaturas malignas, e uma famosa len-
da local fala sempre de tuna grande cida-
de de Elfos Negros, situada nas cavernas
bem abaixo dela. Certamente, verdade
que grupos de Elfos Negros caadores
perambulam pela floresta depois de es-
curecer, queimando fazendas isoladas e
seqestrando humanos, provavelmente
para faz-los seus escravos.
Os limites mais baixos das Plancies Pags
so varridos pelo vento e menos hospita-
leiros, pois se abrem, em seu lado leste,
para as Plancies Windward e dali para
as Terras Planas, uma rea enorme de
campinas e estepes, que se estende at
o Mar das Prolas, bem ao longe, no ou-
tro lado de Allansia. H poucos habitantes
nessas terras e um viajante dificilmente
encontrar um rosto amigo at chegar
segurana da antiga Floresta de Yore e s
muralhas da cidade de Salamonis, que
quase to antiga quanto a floresta e fica
situada s margens das corredeiras do Rio
guas Brancas, que corre atravs do Vale
do Salgueiro. A floresta tem milhares de
anos e metade das tribos dos Elfos que

10
vive em seus limites fala cautelosamente As terras planas
de seus segredos antigos. A prpria Sala- Quando um Allansiano deseja expressar o
monis foi construda antes da Guerra dos tamanho de alguma coisa to grande que
Magos. Pelo padro daqueles tempos, no se possa imaginar, ele simplesmente
no era mais que uma pequena cidade- diz: tao grande quanto as Terras Planas.
la murada, mas para a populao atual As plancies suavemente onduladas se
uma cidade slida e antiga. Seu nome estendem por muitas semanas de estra-
deriva da linha dos Salamon, que sempre da, cobrindo uma rea muito maior que
a governaram. Seu atual rei, Salamon LXE, a da velha Allansia, at que, lentamente,
conhecido por sua antiqussimabibliote- desembocam nas margens do Mar das
ca, que dizem conter muitos documentos Prolas, no outro lado do continente.
importantes, relacionados antiguidade Em comparao com as Plancies Pags,
de Allansia, e tambm por sua frouxido elas so escassamente povoadas, mas h
ao permitir que as Montanhas Craggen e humanos e outros seres que nela vivem,
o Passo de Trolltooth ficassem assolados Muitas tribos pequenas de cavaleiros
de Ores, Goblins e criaturas ainda piores. nmades percorrem s terras desoladas,
O Desfiladeiro de Trolltooth o verda- assentando suas vilas em algum lugar por
deiro portal para Allansia, pois alm dele no mais que uns poucos dias, at prosse-
ficam as Plancies Windward e as Terras guirem. Eles so um povo de baixa esta-
Planas. Um lugar perigoso, com somente tura, de pele plida, com olhos atrevidos
dezoito quilmetros de largura em seu e cabelos negros como carvo. Cavalos
ponto mais estreito; limitado pelas Co- correm soltos pelas Terras Planas e cria-
linas Moonstone e a fronteira norte das turas piores tambm; ambos so caados
Montanhas Craggen, duas regies hostis pelos homens das tribos que, montados
de terras montanhosas, que do abrigo em cavalos galopantes, so especialistas
a todos os tipos de raas que odeiam os em manejar o arco e o lao. As tribos po-
humanos. H runas de torres de vigia deriam oferecer uma grande ameaa ao
e fortalezas, ao longo de sua extenso, povoamento de Allansia, se elas se unis-
construdas por vrios soberanos locais sem como um nico grupo de luta, pois
atravs dos sculos, numa tentativa de tm guerreiros audaciosos; contudo, so
fortalecer o desfiladeiro contra intrusos. um povo orgulhoso, profundamente leais
Em um certo lugar, h os restos de um s suas tribos individuais e seria um enor-
muro macio, que se estende por cerca me esforo uni-los contra outros povos.
de 48 quilmetros, fortificado com maci- As Terras Planas so continuamente atra-
as (e agora em runas) vigias a cada doze vessadas por caravanas de comrcio de
quilmetros, antes de se desmoronar Zengis, que seguem ao longo das bordas
totalmente, As runas so assombradas nortistas, as mais seguras das plancies,
por fantasmas de milhares de guerreiros em suas longas viagens para a cidade de
que, em outros tempos,, deram suas vi- Sardath, dali para as geleiras Frostholm e
das para defender este estreito pedao para as cidades de Fangthane e Vynheim.
de terra. Sardath uma cidade inquietante, cons-
truda sobre paliadas em um lago, que,
por sua vez, fica espremido entre dois

11
picos ngremes da montanha. Ela habi-
tada por homens rudes e os Anes que
a construram h poucos sculos, a fim
de abrig-los enquanto exploravam as
muitas riquezas da regio hostil. Ao nor-
te de Sardath, no contraforte das Monta-
nhas do Sangue Gelado (conhecido pelos
Anes como o Kalakr ou Muralha dos
Deuses), minas de ouro penetram pro-
fundamente na terra; caadores caam
ursos, raposas da neve e outras criatu-
ras mais raras por suas peles luxuosas,
e lenhadores cortam toras das florestas
cerradas. E uma terra rude, que cobra seu
preo at mesmo dos mais fortes. Entre-
tanto, as recompensas so grandes para
aqueles que sobrevivem.

Shabak e as terras do sul


Bem ao longe no sul, atravs do Mar das
Prolas (um nome curioso para um golfo
tempestuoso e selvagem, onde nenhum
homem jamais mergulhou procura de
ostras!), o pequeno principado de Sha-
bak surge no Oceano das Tempestades,
localizado em uma pennsula, que parte
da faixa do litoral mais temida, conheci-
da como a Costa da Tempestade. Venta-
nias vindas do leste sopram, atravs do
oceano, trazendo furaces e tufes, que
batem neste lado de Allansia como o mar-
telo de um enorme Gigante. Shabak con-
siste em pouco mais do que nica ddade-
-estado de Bakulan, que se esconde no
lado oeste da Pennsula Shabak. Sabe-se
pouco sobre esta terra, salvo que alguns
de seus mercadores negociam, ocasional-
mente, com os povos sub-humanos, que
residem no interior da Plancie dos Ossos.
A Plancie dos Ossos uma outra terra
desolada e varrida pelo vento. Ela limi-
tada ao norte pela quentssima Plancie
de Bronze, ao leste pela intransponvel

12
Baa das Tempestades, a leste pelas tam- mercadores do norte longnquo, elas
bm intransponveis Montanhas do La- no cresceram muito alm de mnimas
mento e a oeste pelos Pntanos de Silur cidades estados, governadas por dinas-
Cha, conhecidos por todo o sul como os tias que, ocasionalmente negociam e, s
domnios dos Homens-Lagarto. A Plancie vezes, guerreiam entre si, porm nunca
dos Ossos ganhou este nome, em parte influenciam no resto de Allansia. Os es-
por causa dos dinossauros que peram- tudiosos e sbios do norte pouco sabem
bulavam por ela, em parte por causa dos sobre estas terras.
primitivos que os caavam. Em alguma
poca, talvez, tenha havido uma civili- Silur Cha e os pntanos
zao aqui; de qualquer forma, uma ou Densas selvas e pntanos rodeiam o vas-
outra runa assombrada de pequenos po- to Golfo de Shamuz, tornando-o um lugar
voados e fortalezas marcam as plancies. perigoso para qualquer aventureiro. Pior
Mas isso deve ter sido h muitas e muitas ainda, eles demarcam toda a extenso do
vidas atrs, pois agora existem apenas os Imprio dos Homens-Lagarto, um dom-
dinossauros e seus caadores. nio maligno que, vagarosamente, amea-
Ainda mais ao sul, alm das Montanhas a se expandir atravs da superfcie das
do Lamento, umas poucas pequenas co- terras do sul. O lado leste conhecido
munidades penduram-se precariamen- por ns como Silur Cha, um termo dos
te na costa, em volta do Mar Brilhante. Homens-Lagarto que (muito aproxima-
Isoladas de outras partes civilizadas de damente) significa Lar para as Supremas
Allansia pelas montanhas e pelas pla- Majestades de todos os Lagartos. No
ncies, e portanto visitadas por poucos corao dos pntanos fica a profana cida-

13
de de Silur Cha, que verdadeiramente Arantis e Kaynlesh-Ma
o lar para os imperadores dos Homens- Logo ao. sul do litoral do Oceano Oeste,
-Lagarto e seus seguidores que odeiam conhecido como a Costa do Pirata, a cida-
humanos. Exceto nas guas mgicas dos de de Kaynlesh-Ma protege a foz do Rio
feiticeiros, nenhum humano jamais viu Eltus, capital de uma terra chamada Aran-
Silur Cha e viveu para contar a histria, tis. O povo de Kaynlesh-Ma estranho,
pois os Homens-Lagarto odeiam qualquer sendo profundamente religioso e culto,
vida inteligente e no permitiriam que mas tambm trabalhador e materialista.
nada atravessasse seus pntanos - como A cidade e a terra so governadas por
se algum pudesse! Os pntanos propria- um Supremo Sacerdote, que todos seus
mente ditos cobrem uma rea quase do sditos acreditam piamente ser a reen-
mesmo tamanho das Plancies Pags, so camao de um mensageiro dos deuses,
habitados por cobras gigantes, crocodilos e que, portanto, tratado por eles com
e, claro, pelos Homens-Lagarto. inacreditvel deferncia e lealdade. Os
A fronteira norte do maligno Imprio dos sacerdotes de Arantis so conhecidos por
Homens-Lagarto fica atualmente situada sua sabedoria, at na velha Allansia, bem
junto ao Rio Vymom, em cuja boca se en- longe ao norte, mas ainda mais famosas
contra a cidade sitiada de Vymoma. J faz so as especiarias exticas, os leos e os
seis anos que ela foi invadida por tropas tecidos que os mercadores levam para as
de criaturas que, lentamente, penetraram terras do norte. Galeras navegam regular-
as muralhas at atingirem as fortificaes mente pela costa, em distncias to lon-
internas e a torre. Vymorna uma cidade gnquas quanto Fang, tomando-as presas
antiga, construda para resistir bastante, ideais para os piratas da Baa de Elkor e
mas sua parte posterior est arrasada e do Porto Blacksand.
seu povo no pode agentar por muito No sem motivo que o litoral em volta
mais tempo. Durante esses seis anos, uns da Baa de Elkor conhecido como a Cos-
poucos guerreiros valentes tentaram es- ta do Pirata. Apesar das duas cidades, que
capar da cidade em busca de ajuda, po- ficam em frente uma da outra nos picos
rm ningum jamais sobreviveu todo o gmeos na extremidade em direo ao
caminho atravs das Terras das Serpentes mar, Halak e Rimon, no serem especifica-
ou do Deserto dos Crnios. Portanto, ne-
nhum socorro foi enviado.
Quando Vymoma cair, o que certamente
dever ocorrer, os Homens-Lagarto des-
cobriro que so oponentes dos igual-
mente vis Caarth, o Povo-Serpente, que
reside em cidades de pedra escavadas nas
fronteiras do Deserto dos Crnios, conhe-
cidas como Terras das Serpentes. Mesmo
que os venam, eles simplesmente vo se
deparar com a desolamento interminvel
do Deserto dos Crnios. A menos, claro,
que sua ateno se volte para Arantis...

14
mente adeptas do Mal, elas so refgios porqu de to poucos aventureiros preci-
para ladres, piratas e jogadores, embora sarem explorar o mundo alm do Passo
a maior parte deles tenha seus esconde- de Trolltooth e das Plancies do Sul.
rijos junto s muitas entradas da baa. De
vez em quando, a pirataria fica to des- Garius de Halak
controlada que os mercadores poderosos O maior de todos os piratas que navegam
das trs cidades obrigam os governantes com suas mercadorias letais ao longo da
a agir. Por umas poucas semanas os pira- Costa do Pirata o Capito Garius de Ha-
tas so levados a se esconder, e alguns lak. Ele aprendeu seu ofcio servindo o
so at mesmo presos e enforcados: Mas
quando as reclamaes cessam, como
sempre acontece, os piratas reaparecem
e continuam suas negociatas vis como se
nada tivesse ocorrido.
Ao norte e leste da Baa de Elkor h
apenas o territrio rido do Deserto dos
Crnios, que se estende at onde nossa
mente possa imaginar. H rumores de
haver grandes tesouros escondidos jun-
to s runas de cidades como a lendria
Vatos dentro destes desertos intermin-
veis, mas poucos aventureiros seriam to
tolos de tentar atravess-lo sem um mo-
tivo muito especial. Mesmo os violentos
Homens-Lagarto poderiam ter alguma
dificuldade em se adaptar ao calor seco
deste deserto sem gua. Em volta das
fronteiras nortistas do Deserto dos Cr-
nios, negociantes e nmades viajam so-
bre camelos, trazendo mercadorias para
os poucos povoados nas bordas norte
da Plancie de Bronze, contudo eles no
adentram o deserto, porque sabem o
quanto ele hostil.
Mais ao norte, o deserto transforma-se
nas arruinadas e desoladas Plancies do
Sul que, gradativamente, levam de volta
Allansia ocupada, de onde comearemos
nossa jornada. A maior parte de Allansia
no civilizada e muito hostil; deve-se
dizer que h tantas aventuras a serem
realizadas neste canto do mundo quan-
to em qualquer outro - talvez este seja o

15
temvel Capito Bartella antes de sair em locais chamavam de massa de terra, de-
seu prprio navio, The Deaths Head, para sembarcaram perto de Arkleton, a capital
trazer medo e terror a todos os marinhei- de Analand, onde foram recebidos pl
ros de Allansia, tanto mercadores quanto rei. Estudio sos estavam ansiosos para
piratas, pois Garius no se importa com aprender sobre este segundo continen-
quem ataca, contanto que traga ouro ou te, que h muito suspeitavam existir. Os
carga valiosa. Ele tem um esconderijo se- marinheiros viajaram atravs de todo o
creto em algum lugar ao longo da costa, continente, sendo-lhes mostrada toda a
mas normalmente encontrado em uma extenso da terra que descobriram. E,
das muitas tabernas das docas de Halak quando eles chegaram a Follua, em Len-
quando no est em alto mar em bus- dleland, encontraram marinheiros de um
ca de uma galera pesadamente carrega- outro continente, que haviam feito a lon-
da, claro! ga e perigosa viagem atravs do Oceano
das Serpentes, vindos de Khul. Depois, os
O mundo antigo marinheiros voltaram para Allansia, onde
O povo de Allansia freqentemente de- rapidamente relataram aos estudiosos e
sejou saber o que existe alm do Oceano a qem estivesse interessado, tudo o que
Oeste, aquela vasta extenso de guas haviam descoberto. Agora, mercadores e
revoltas infestada de monstros, que vi aventureiros fazem a travessia com bas-
at onde a vista alcana. Alguns diziam tante regularidade, com cerca de dois
que o oceano simplesmente no tinha barcos por ano, levando mercadorias e
fim e que uma embarcao velejaria at turistas para o continente que, ironica-
sua tripulao morrer de fome e sede, mente, chamaram de Novo Mundo por
sem chegar terra firme. Outros diziam um tempo, at que seu nome verdadeiro
que voc viajaria por semanas aps se- fosse conhecido!
manas, nunca vendo terra, at navegar O Mundo Antigo uma terra de regies
sobre uma cachoeira no fim do mundo! contrastantes, das plancies gramadas
Mas alguns ouviram lendas, que diziam viosas de Lendleland aos picos inescal-
que antigamente Allansi era unida a dois veis das Montanhas Cloudcap, em Mau-
outros continentes, que foram divididos ristatia. Seu povo vive basicamente da
pelos deuses/ devido a algum crime terr- terra, mas h muitos povoados maiores,
vel, muitos sculos atrs. Eles sabiam que pois ele escapou s guerras cataclismti-
l, em algum lugar, havia uma outra terra, cas que evitaram que os outros continen-
embora no pudessem imaginar como tes adquirissem a verdadeira civilizao.
seria. Alguns reinados do Mundo Antigo no
Um dia, entretanto, bravos marinheiros atingiram seu completo desenvolvimen-
fizeram a travessia. Navegando para oes- to, porm quase todos so muito mais
te por muitas semanas, com golfinhos sofisticados e civilizados do que os exis-
danando em volta da proa e peixes tentes em qualquer parte de Allansia ou
voadores deslizando a seu lado, eles fi- Khul.
nalmente viram terra e que terra! Os
primeiros marinheiros de Allansia a visi-
tar o Mundo Antigo, que os habitantes

16
Fempphrey,
Terra de Chalanna
A terra mais importante no momento
Femphrey, um reinado abastado na cos-
ta oeste do continente. um pas plano,
frtil, com plancies gramadas cortadas
por muitos rios e salpicadas de pequenos
grupos de rvores de antigas florestas.
Seu povo saudvel, moreno, e sempre
parece estar rindo e sorrindo com as ale-
grias da vida, embora nem sempre seja o
caso. H muitos anos atrs, Femphrey era
uma terra pobre e sem fora, seu solo ra-
zoavelmente frtil, seu povo carrancudo
e sem entusiasmo. Sua decrpita capital
Femnis, situada perto da costa na boca do
Rio Femnis, foi rapidamente sucumbindo
diante dos olhos do rei e de seus merca-
dores pobres. Mas tudo isso mudou quan-
do o Rei Chalanna encontrou um artefato
conhecido como a Coroa dos Reis. Este
smbolo mgico de seu governo o fez s-
bio e carismtico, e rapidamente, ele ins- (assustadoras criaturas inteligentes de
pirou seu povo para revitalizar seu pas. dez pernas, no encontradas em nenhum
Em poucos anos, Chalanna fez maravilhas. outro lugar de Titan) e outras criaturas
A capital foi demolida antes que desabas- piores. Quando saem para viajar ao longo
se, e, com os lucros da recente prosperi- da costa, ou simplesmente para pescar,
dade nacional, uma cidade nova em folha todos os barcos e navios s asseguram de
foi construda em seu lugar. Nomeada que tenham a bordo um feiticeiro naval
Chalannabrad em homenagem a seu fa- bem qualificado... s por precauo!
moso residente, uma cidade larga, aber- No outro lado do Rio Chalanna fica a Cida-
ta, com agradveis avenidas arborizadas de de Cristal, um lugar maravilhoso, cons-
passando entre casas bem construdas, trudo inteiramente de cristais dragados
parques limpos e praas pblicas, ficando do Lago de Cristal. Fontes quentes sob
na foz do conhecido Rio Chalanna. a superfcie das guas as mantm bem
De suas impressionantes docas, embar- mornas; s vezes, quando as fontes esto
caes navegam para dentro do estranho muito ativas, as guas do lago chegam a
Enguia mar ou Mar das Grandes Enguias, ferver.
um lugar misterioso, que ganhou este O Rio de Fogo, que as alimenta pelas cor-
nome das Grandes Enguias que l viviam, rentes de lava de um vulco ativo junto
embora tambm seja o lar das Serpen- aos picos da vizinha Mauristatia, traz es-
tes, dos Drages do Mar, das enormes e tranhos minerais para o lago. Estes re-
chifrudas Bullwhale, dos mticos Decapi agem com o lago fumegante e formam

17
18
19
cristais, que so garimpados pelo povo da tal, no sendo potveis. Quando a Coroa
Cidade de Cristal e, numa escala menor, foi passada para Gallantaria, quatro anos
pelo de Rorutuna. depois, o povo comeou a ver Chalanna
como um oportunista trapaceiro e a velha
Lendleland disputa foi retomada.
O povo de Lendleland tem inveja do povo
de Femphrey em vrios aspectos. Seus Analand e a Costa Leste
garimpos no Lago de Cristal no so nada No extremo leste das Bigornas dos Deu-
comparados com os bem sucedidos do ses, a terra apresenta um declive abrupto
povo de Femphrey. A capital da cidade e em direo Analand, onde imediata-
principal porto, Pollua, pequena e deca- mente bloqueado pela enorme Grande
dente e o lugar de pesca em sua costa no Muralha de Analand, construda para de-
to rico quanto o Enguiamar. Seu povo ter as invases dos brbaros sem lei do
pobre e supersticioso. Grande parte de leste de Lendleland. Entretanto, foi um
suas terras so plancies infrteis grama- gesto tolo tentar erguer tuna parede em
das, adequadas apenas criao de ca- volta de todo um reinado, e o projeto foi
valos selvagens (que, reconhecidamente, abandonado com grandes partes por ter-
so as melhores montarias do mundo). minar, antes do pas falir e o rei ser depos-
Nas colinas do leste, rebeldes brbaros to. Analand hoje uma terra agradvel,
ainda invadem outros reinos, para eterna com cidados honestos e trabalhadores.
vergonha de Lendleland. Na parte sul, conhecida como Distante
Sua insatisfao veio tona em uma dis- Analand, especiarias e plantas exticas
puta mesquinha com Femphrey sobre so cultivadas, e depois so carregadas
quem, na verdade, seria o dono do Rio Sil-
tbed, que corre do Lago de Cristal e marca
as fronteiras das duas naes. Depois de
muitos anos de brigas, Chalanna, o Refor-
mista, em sua agraciada sabedoria, deu a
Lendleland todos os direitos sobre o rio
e, ao mesmo tempo, emprestou-lhe a
maravilhosa Coroa dos Reis. Este magn-
fico gesto de paz foi calorosamente bem
recebido por Lendleland: houve mesmo
algum falatrio sobre reunir os dois rei-
nados sob o governo do prprio Chalan-
na. Mas, na realidade, o rio uma recom-
pensa de pouco valor. Ele tem um leito
lodoso e mars, de modo que a maioria
dos barcos e dos saveiros, regularmente,
alinha seus remos espera de que uma
mar alta os carregue de novo para fora.
Alm disso, suas guas so imundas devi-
do aos minerais e ao lixo do Lago de Cris-

20
e enviadas para todo o continente, por Kakhabad, Khar ligada a ele pelo amplo
mercadores e embarcaes de Gumm- Rio Jabaji, que transporta barcos, saveiros
port. A maioria dos cidados de Analand e at mesmo grandes embarcaes por
vive na vasta plancie, que segue para o todo caminho, desde o mar at Khar,
norte a partir do Lago Libra. O lago reve- onde se encontram com outros barcos,
renciado como um lugar sagrado de gran- trazendo, rio abaixo, peixes do Lago Lu-
de importncia, pois dito que a deusa ml para o norte. E as armadilhas? Bem,
da justia, protetora de Analand, uma vez infelizmente, estas tambm existem, em
apareceu em suas margens laterais para grande quantidade. Foram introduzidas
um homem doente e o curou de seus por alguns dos mais honestos cidados,
males. Este lago agora cercado de mo- numa tentativa de se protegerem dos
nastrios de variados grupos religiosos; numerosos ladres e trapaceiros que in-
peregrinos viajam para Libra vindos de festam a cidade, mas, de certa maneira, o
todas as terras. Bem no final da plancie plano se voltou contra eles, pois no avi-
frtil, nas ribanceiras do Rio Goldflow, fica saram uns aos outros onde suas prprias
Arkleton, capital de Analand e lar de seu armadilhas estavam! Agora todos andam
rei. O rio tem sua nascente no Lago guas cautelosamente, permanecendo nas par-
Douradas, que fica em algum caminho tes da cidade que conhecem e evitando
para o norte. O lago rico em minrios ruas estranhas e becos.
de ferro e partculas finas de minerais Alm de Khar, ficam as plancies das
podem ser mesmo vistas, flutuando em Baklands, estranho deserto estril, onde
suspenso na gua! A cidade de Scarton os processos da Natureza so perverti-
recolhe o ouro e os outros metais em dos e controlados pelos poderes do Caos,
suas margens, refina-os em lingotes, o que iparecem emanar da prpria terra!
que proporciona a Analand muito de sua Plantas estranhas residem por todo lado;
riqueza. riachos borbulham enquanto fervem ou
racham em lascas de gelo que flutuam;
O fosso dos vermes criaturas bizarras vagueiam em seu serto
Kakhabad um territrio selvagem, povo- rochoso, Voc precisar de toda sua pers-
ado de ladres e salteadores, monstros e piccia para atravessar este lugar pouco
criaturas vis, alm de muitos outros mar- natural. Alm das Baklands, a terra sobe
ginais do resto do mundo. uma terra drasticamente para o Xamen Alto, onde o
corrompida pelo toque do Caos, que uma demonaco Arquimago tem sua fortaleza.
vez envenenou o local, e um lugar de ma- As elevaes so o lar de mortferas raas
gia descontrolada e fenmenos naturais areas, como os Homens-Pssaro e os La-
estranhos. Em seu centro fica Khar, co- dres de Vidas, mas se conseguir atraves-
nhecida afetuosamente como Forto dos s-las, voc se encontrar em Ruddlesto-
Ardis. ne, o primeiro dos reinados do norte.
Certamente uma cidade, embora no se
possa imaginar que um local to infame, As terras das plancies do
baixo, violento, seja uma cidade. Forto? norte
Sim, e apesar de estar a uns 500 quil- Ruddlestone um lugar pequeno e pecu-
metros de distncia do tempestuoso Mar liar, onde pessoas de diversas filosofias

21
Convivem lado a lado. A principal faco
governante a religiosa que decidida-
mente tem inclinao militar, devido s
constantes guerras com o vizinho Brice.
Foram estas guerras que foraram o povo
de Ruddlestone a construir o macio Pos-
to do Guardio de Demnios na beira das
montanhas, com viso para o principal
acesso a Brice, perto do Rio Dagga, que
marca a fronteira. o lar permanente de
uma guarnio de mil sacerdotes guerrei-
ros. No outro lado do reinado e direta-
mente oposto a esse tipo de organizao
guerreira ficam os portos. Harabnab
bastante pacfica, lar de todos os hones-
tos aventureiros e marinheiros; porm,
logo abaixo na costa, fica o Porto dos Ca-
ranguejos, refgio de todos os piratas que
por cinqenta milhas nuticas atacam
constantemente os navegantes da costa.
Ruddlestone uma terra estranha para
poder conviver com tamanhos opostos!
Os piratas tambm invadem a costa a par-
tir da distante Cidade dos Labirintos, em
Brice. O reinado de Brice bastante beli-
coso, perpetuamente disputando com as
terras vizinhas a extenso de suas frontei-
ras provisrias. Ele faz isso simplesmen-
te porque tem poucos recursos naturais.
Seus lderes ditadores mantm o povo
ocupado, sempre se preparando para
guerra, centralizando suas atividades em
torno da capital, a Fortaleza Proibida.
A oeste de Brice fica Galantaria, outrora
a terra mais importante de todo Mundo
Antigo, com uma rica histria. Ela tem um
passado turbulento (muito por causa das
ambies guerreiras de Brice e dos habi-
tantes das Terras do Norte), mas, gradati-
vamente, se acalmou um pouco. Sua capi-
tal, Lendle Real, o lar de muitos sbios,
que passam a maior parte de seu tempo
analisando os ricos arquivos da biblioteca

22
da famlia dos governantes, em busca de qualquer enseada ou baa para aliviar sua
informaes mais coerentes sobre o pas- viagem. Voc deve navegar em volta do
sado de seu continente. Galantaria nor- litoral por mais dois ou trs dias, antes
malmente uma terra pacfica de cam- que encontre algum lugar para aportar e,
poneses e cidados abastados, embora afinal, colocar os ps em Khul.
problemas ainda espreitem suas frontei- Quando o mundo ainda estava se forman-
ras. O planalto da Linha de Witchtooth, do, milnios antes do primeiro homem pi-
que a divide de Femphrey, e os Picos Cra- sar em sua superfcie, Khul e Allansia se
grock, que demarcam a fronteira ao norte interligavam por uma ponte de terra es-
do pas, so o lar de todas as espcies de treita, que se separou mais tarde, quando
marginais e seitas estranhas, que podem os dois continentes se dividiram, criando
um dia se tomar fortes o suficiente para assim um arquiplago. Atravs dos scu-
ameaar Galantaria. los, muito ocorreu na superfcie do mun-
O Mundo Antigo um continente mais do, e a maior parte destas ilhas afundou
estabelecido e mais civilizado que Allan- sob as ondas, permitindo que as corren-
sia ou Khul. Porm, ainda h muitas tes martimas se tomassem cada vez mais
ameaas espreita nas reas mais sel- fortes, e criando o intransponvel Ocea-
vagens, e Kakhabad como um todo no das Tempestades, que agora separa
um lugar to perigoso quanto qualquer Allansia de Khul. Muitas lendas e hist-
outro que venha a encontrar em Titan. rias improvveis de marinheiros envol-
No pense que um pouco de civilizao vem tentativas de atravessar para Khul,
possa esconder a extrema periculosida- incluindo relatos de arrepiar os cabelos
de de uma terra, onde o Caos outrora sobre Gigantes do Mar emergindo da
governou e ameaa governar novamente! gua para brincar com barcos em suas
mos escamosas do tamanho de campos
Khul, o continente negro para treino de arco e flecha; e de raias
Dirija uma embarcao saindo de Pollua, de dimenses ainda maiores, que espu-
em Lendleland, e rume para sudoeste se- mam ao longo da superfcie, atacando
guindo a luz da Estrela do Drago. Pros- por pequenas distndas, antes de deslizar
siga at ela sumir na linha do horizonte, de volta para a gua, suas bocas escanca-
ao mesmo tempo em que a terra atrs de radas, enquanto dragam peixes e outras
voc desaparecer, e voc se encontrar comidas - incluindo desafortunadas em-
navegando em guas desconhecidas, sob barcaes! Qualquer que seja a verdade
estrelas estrangeiras. Mantenha seu cur- por trs deste tipo de histrias, certo
so, embora baleias e golfinhos dancem que poucos marinheiros arriscariam suas
em volta de sua proa, e estranhas criatu- vidas tentando ir de Allansia para Khul.
ras despontem na gua para ver o quanto O Oceano das Serpentes, que divide Khul
digervel voc pode ser, antes de afundar do Mundo Antigo, uma extenso de
com uma pequena ondulao, e talvez gua mais segura, mas como h poucos
em mais ou menos seis dias, avistar terra marinheiros de alto-mar nestas terras,
novamente. Um vasto litoral montanhoso a jornada raramente tentada. Aqueles
ficar cada vez mais perto, at se elevar que sabem da existncia de Khul hesitam
sobre sua frgil embarcao, sem sinal de em cruzar o Oceano das Serpentes, em-

23
24
25
bora este apesar de seu nome ofe- voc souber mais da histria antiga deste
rea poucos perigos para um marinheiro continente problemtico. Por enquanto,
experiente. A travessia para Khul toma-se deixe-nos avisar que qualquer aventu-
difcil somente quando voc finalmente reiro, que for para Khul, deve conhecer e
atinge seu destino, pois o lado leste do tomar cuidado, com as Regies do Caos e
continente pedregoso e montanhoso, os Campos de Batalha.
e os nicos verdadeiros portos esto situ-
ados mais distante, no litoral, nas costas As regies do caos e os cam-
noroeste e oeste. pos de batalha
Os poucos estudiosos de Allansia que sa- Outrora, o corao do Continente Negro
bem alguma coisa da histria ou geogra- era muito diferente do que hoje. An-
fia de Khul chamam-no Continente Negro, tigamente, era uma regio acidentada,
embora poucos entre eles possam expli- porm frtil, com vales agradveis entre
car exatamente o porqu deste nome. Na picos de montanhas suaves, irrigada por
verdade, ele vem, em parte, por causa da rios que corriam em todas as direes e
forma da maioria das regies ocupadas, carregavam mercadorias para cidades-
onde as rochas e a terra so de um negro -estados da costa. O Grande Mal e o Caos,
bem escuro; e por outro lado por causa contudo, impesteavam as montanhas e
das tremendas guerras contra o Caos, que uma vasta rea de terra no corao do
ocorreram no centro de Khul, enquanto continente ficou arruinada, quando in-
Allansia estava s voltas com a sangui- controlvel magia foi liberada, durante o
nolenta Guerra dos Magos. Retomare- combate entre o Bem e o Mal.
mos mais tarde Guerra contra o Mal As Regies do Caos so extensas reas de
e Batalha pela Humanidade, quando cinzas e poeira sufocante, onde a vida no

26
pode sustentar-se por si s. Aqui e ali, jun- tempestuosas que uma vez mais esto se
to decadncia reinante, ficam as fontes formando no corao do continente. As
de puro Caos, como desagradveis osis reas mais desenvolvidas ficam ao longo
malficos, onde o prprio produto da Na- da costa oeste, aglomeradas em tomo do
tureza pervertido pelo carter do Caos, Mar Interior, no extremo sul do litoral. A
ao emergir no Plano Terreno. Palmei- cidade de Ximoran, antigamente, era o lar
ras cor-de-sangue se torcem e retorcem da dinastia de Shakista, uma longa linha-
como seres vivos, seres sem inteligncia gem de reis e rainhas benevolentes, que
e com aspecto gelatinoso uivam em suas trouxeram paz e ordem para toda costa
sombras; qualquer coisa tem a cor de car- oeste, embora, algumas vezes, mais pela
ne-viva, exceto os jatos rosas ou marrons fora do que com diplomacia. Eles cons-
que sobem das cinzas como contorcidos truram uma ampla estrada, a Estrada do
membros humanos, enquanto bocas Rei. Embora hoje em dia, em alguns tre-
abrem-se na carne e gritam; em todo lu- chos, no seja mais que um caminho sujo,
gar, o Caos se cria e morre com abandono ela pode ser seguida em direo sul, cru-
frentico. Dizem que o Sol nunca aparece zando fazendas e indo to longe quanto
nas Regies do Caos elas esto sempre o pequeno porto de Kelther, na cabeceira
cobertas por redemoinhos de poeira cin- do Rio Swordflow. A estrada para o norte
za, que evitam que a Natureza tome con- faz uma ampla curva para leste, longe da
ta da rea novamente. rea macia de pntano selvagem, conhe-
A noroeste das Regies, as plancies de cida pelo povo local como Pntano do Es-
cinzas se extinguem em uma infrutfera, corpio, antes de seguir em direo norte
charneca arenosa, salpicada de torres, para a antiga cidade de Djiretta, situada
muralhas e outras construes milita- na Costa dos Tubares.
res destrudas, que culminam nas runas Toda a rea ainda est sob a proteo
desmoronadas da cidade dizimada de dos governadores de Ximoran, embora
Kabesh. Outrora a capital de todo o norte desde que o ltimo rei morreu, a cerca
de Khul, a cidade foi sitiada pelas Foras de duzentos anos atrs, sem deixar um
do Caos e, por fim, literalmente destru- herdeiro, ela tenha estado sob o governo
da pedra por pedra. Agora habitada de um grupo conhecido como Conselho
por fantasmas de guerreiros e cidados e dos Sete, formado por representantes
tambm por pequenos bandos de Ores e enviados de cada um dos maiores povoa-
Trolls, liderados feiticeiros malignos, que dos da rea a prpria Ximoran, Djiretta
escavam as runas procura de modos de e Anghelm na costa norte, os portos de
ressuscitar os exrcitos mortos, enterra- Buruna, Kalima e Kelther na costa oeste,
dos embaixo dos Campos de Batalha, e, e a pequena cidade murada de Neuburg,
assim, estabelecer, de novo, um reinado na borda mais ao sul das terras civilizadas.
do Caos sobre Khul. O Conselho, na verdade, no tem pode-
res, contudo constitui um centro unifica-
Ximoran e a estrada do rei do para toda a rea e, caso no existisse,
Os habitantes dos pequenos reinados e seus povos provavelmente se esconde-
cidades-estados em volta das fronteiras riam nas muralhas de cada cidade.
de Khul no esto cientes das nuvens

27
As terras do sul A sudoeste do Lago Mlubz fica a cidade
A cerca de 500 quilmetros ao sul de Neu- abandonada de Zagoula, antigamente o
burg, podem-se encontrar povoados iso- orgulho de Khul, mas agora vazia e em
lados de humanos morenos e baixos, que runas. Destruda durante os estgios ini-
foram supostamente os habitantes origi- ciais da Guerra contra o Mal, um lugar
nais das terras exatamente acima do Rio aterrorizante, evitado por todos, exceto
Sangue Felino, mas que, gradativamente, pelos mais aventureiros. Algumas torres
foram descendo para sul, cada vez mais, e muralhas arruinadas surgem acima das
nos ltimos sculos. Eles so um povo areias movedias, mas a maior parte da
rude, violento, dividido em cls e tribos, cidade agora est soterrada, e suas ruas
que so protetoras ferozes de qualquer so tneis por onde vagam estranhas
terra que considerem suas. Disputas de criaturas subterrneas e um grande n-
fronteiras surgem de tempos em tempos, mero de almas assombradas. As lendas
e eles pilham vilas e fazendas, destruin- do norte falam de enormes riquezase
do animais e colheitas, fazendo refns sabedorias esquecidas a serem encon-
e escravos. Porm, a ao imediata de tradas enterradas junto a seus templos e
tropas organizadas de Neuburg, normal- palcios arruinados, mas poucos tiveram
mente, os impedem de fazer algo mais coragem de explor-los.
perigoso. Na parte mais ao sul da costa oeste ficam
Ainda mais ao sul, a terra se torna mais mais dois povoados, Yazel e Hyennish.
improdutiva, variando de reas com ar- Antigamente, ambos floresciam como
bustos para estepes aoitadas pelo vento, cidades de comrcio sob a proteo dos
descendo da borda do gelado Deserto de governantes de Zagoula, mas quando
Scythera, que corta uma regio desolada ela caiu, foram sobrepujados por legies
atravs do continente e que se estende macias de tropas do Caos. Entretanto,
at o Mar Interior. Umas poucas tribos de alguns humanos sobreviveram, sem se-
brutais Goblins vivem em tomo das mar- rem vistos, quando o exrcito inimigo
gens do misterioso (e quase impronunci- voltou-se impacientemente para o norte,
vel!) Lago Mlubz, embora estejam vagaro- a fim de ajudar na pilhagem de Zagoula.
samente se extinguindo, em decorrncia Por isso h pequenas vilas fortificadas em
da combinao de ataques da terra hostil ambos os lugares, precariamente empo-
de seus belicosos vizinhos do norte. leiradas junto s runas das velhas cida-

28
des. A vida de seus habitantes dura, pois tretanto algumas vezes oferecem os mais
a terra no se recuperou totalmente da altos preos a qualquer mercador valente
devastao das foras do Cos que no o suficiente para se aproximar deles. Atu-
s tocou fogo na terra, como tambm a almente, Kish aliada de Lagash e Marad
esvaziou de toda Bondade da vida con- numa guerra contra Shurrupak, e o Mar
tudo, eles se esforam o mais que podem. Interior est repleto de galeras de guerra,
levando umas s outras rendio, com
O mar interior o intuito de fazer uns poucos tratados de
As extenses geladas do desolado Deser- negcios.
to de Scythera so lar apenas para os n-
mades Homens-Lagarto e para pequenos Hachiman, o reino isolado
bandos errantes de peludos Goblins do A oeste do Mar Interior, voc vai encon-
Deserto. Estes realizam ataques espordi- trar apenas selvas impenetrveis, habi-
cos a acampamentos de humanos s mar- tadas por Homens-Lagarto pigmeus, que
gens do Mar Interior, infestado de piratas, so canibais, e outros inimigos mortais
que se formou h muitas eternidades para a humanidade. A vegetao gradati-
atrs, depois que um terrvel terremoto vamente sobe acima dos contrafortes de
afundou a terra por centenas de metros uma impenetrvel cordilheira, que nunca
e o mar se apressou em cobrir aquela ca- recebeu um nome dado pelos homens
vidade. A rea sua volta bastante frtil que residem no Mar Interior; entretanto,
e um grupo de pequenas cidades-estados na estranha lngua daqueles que habitam
a se estabeleceram. A competio entre no outro lado, so chamadas as Monta-
elas, no comrcio ou na guerra, acir- nhas Shiosii. O reino de Hachiman, que
rada; contudo, os problemas raramente fica a sua sombra, completamente se-
fogem ao controle. Os governantes, co- parado do resto de Khul. Sendo uma terra
niventes com Tak, Lagash, Marad e todas de grande fertilidade e recursos naturais,
as outras cidades parecem apreciar suas seus habitantes nunca sentiram qualquer
posies, fazem alianas interminveis necessidade de tentar atravessar os picos
entre si e contra todo o resto, e, ento, altssimos que isolam sua terra; e, uma
bruscamente rompem com uma socieda- vez que no so bons marinheiros, nunca
de e se unem a uma outra, voltando-se se aventuraram a ir muito longe na costa
violentamente com infinito prazer contra dos Mares do Sul.
seus aliados anteriores. As guas do Mar Em seu isolamento, o povo de Hachiman
Interior esto repletas de piratas e cors- desenvolveu uma cultura muito peculiar,
rios, e a maioria dos barcos mercantes s combinando profunda crena espiritual
navega sob a proteo de uma flotilha de com uma classe governante guerreira,
navios de guerra. que aprimorou as mais surpreendentes
A maior das cidades do Mar Interior habilidades em combate. O governante
Kish, um lugar sombrio, fortificado com de Hachiman conhecido como o Xogum,
muralhas imensas para proteg-lo de br- que senhor de um nmero de nobres in-
baros belicosos, que residem nas terras a feriores, cada um dos quais controla um
oeste. O povo de Kish no acolhe pronta- dos pequenos baronados que dividem a
mente os estrangeiros em sua cidade, en- regio. Os cidados comuns de Hachiman

29
so camponeses, presos a seus senhores que seu lugar como fazendeiros to
feudais e mestres, de modo to firme que importante quanto o de seus senhores
mais parecem escravos. Entretanto, so no plano material. Talvez seja lament-
um povo feliz, pois sua cultura os ensina a vel que outras terras mais violentas no
ficar contentes com sua sina e aprendem se beneficiem das mesmas crenas, mas
Titan se tomaria um lugar triste e depri-
mente se todas as terras fossem iguais
e se assim o fossem, no haveria ne-
cessidade de aventureiros! Quem sabe
devssemos oferecer uma prece para que
uma coisa dessas nunca ocorra?

Os cus de Titan
Quantas pessoas em Titan no olharam
para o cu de noite e se perguntaram
sobre aqueles pontos brilhantes no fir-
mamento? Com mais sabedoria, os astr-
nomos acreditam que os pontinhos de luz
so nada mais, nada menos que outros
Sis, possivelmente cercados de planetas
bem semelhantes ao nosso prprio! Este
um conceito to bizarro, que pode pare-
cer a voc completamente idiota, mas os
sbios, observadores de estrelas, dizem
que a matemtica prova sua teoria em-
bora o que uns poucos nmeros tenham
a ver com os lares dos deuses, somente
eles saibam.
Entretanto, pode ser que os cus acima
estejam cheios de estrelas e outros fe-
nmenos celestiais. Em terras diversas,
nomes diferentes tm sido dados s cons-
telaes descobertas, mas na maioria
dos lugares, as pessoas acreditam firme-
mente que as estrelas representam eis
figuras, obras ou domnios de suas divin-
dades protetoras. Veja os dois mapas do
cu como exemplos das formas que se diz
tomarem as estrelas.
O planeta iluminado durante o dia pelo
Sol, amarelo brilhante. Entretanto, noi-
te, a Lua brilha como uma fria lanterna
cinza, enquanto rodeia o mundo ador-

30
deusa do Sol. Mais ao norte, os sinistros
Elfos do Lado Negro conhecem o Sol ape-
nas como o Veneno de Brethin, em home-
nagem a um lendrio heri de sua raa,
que foi pego por uma flecha de um Elfo da
Floresta, aps se aventurar a permanecer
bestamente acima da superfcie durante
horas de dia claro. Para eles, a Lua Ti-
riel, o Guardio Silencioso, que acreditam
olhar por eles e os proteger quando ca-
am sob sua luz plida.
Em algumas partes do mundo, onde os
Planos Elementais invadem profunda-
mente os Planos Terrenos, redemoinhos
de imenso poder mgico giram atravs
da face da terra, e todas as Leis da Na-
tureza so suspensas. Nas Baldands, as
terras selvagens no centro da catica
Kakhabad, diz-se que o dia e a noite ja-
mais se seguem em intervalos iguais. Al-
gumas vezes, principalmente na primave-
ra, quando a energia mgica est em seu
auge, o sol nasce no cu oeste e no se
pe por semanas a fio, embora em outras
partes do mundo, os cus se comportem
mecido. Como as estrelas, a Lua recebe normalmente como sempre. Por razes
vrios nomes, mas, surpreendentemen- como esta, nunca demais afirmar como
te, todas as culturas acreditam que seja perigoso se aventurar nas Baklands e
masculina. Os povos residentes em pn- em outras reas como essas sem ter um
tanos do sudeste de Allansia conhecem- bom motivo!
-na como Kuran, o filho de Assamura, a
SHAKURU, A CIDADE DOS MENDIGOS
Na fronteira sudoeste do Deserto de Scythera fica a mais repugnante cidade conhecida pelos ho-
mens. Chamada Shakuru, o lar somente do Rei-Mendigo, Holagar, o Ignbil, e seus cidados
empesteados. Marginalizados pelo resto do mundo, eles flutuam sozinhos ou em pares para a
cidade (embora ningum saiba como eles atravessam os oceanos tempestuosos, o que outros
no conseguem), a fim de se juntar a seus comparsas. Os mendigos negociam com os Goblins
do Deserto e com os nmades Homens-Lagarto, para quem todos os humanos parecem revolt-
antes, e atacam acampamentos brbaros a oeste de Kish, roubando comida e escravos.
Shakuru, propriamente dita, pouco mais que uma pilha macia de entulho e lixo, infestada
de ratos, perpetuamente se desmoronando e sendo reconstruda por seus habitantes. Nos tem-
plos da cidade, em vias de desabar, os mendigos ofertam glorificao Doena e Decadncia,
seus patronos e senhores espirituais, criando ratos e mosquitos e soltando-os para servir a seus
deuses, ao espalhar doenas profanas pelo mundo.

31
maior do que e ns ainda o estaramos
HISTRIA & LENDA

E
escrevendo! Portanto, o que fizemos foi
nfim, este o mundo de Titan, em escolher as histrias, mitos e lendas que,
toda a sua malfadada glria. Mas a nosso ver, oferecem a viso mais clara
como ficou desta maneira? Como do passado deste mundo. H muita coisa
so sua Histria, heris, mitos e lendas? que omitimos - embora relutssemos em
Tudo quepodemos fazer repetir as pa- faz-lo - e muitas coisas foram atenua-
lavras do legendrio mstico e estudioso das. A histria do Rei Aradax e o Jumento
Raljak Lying-Jackal, que sempre comeou Apavorado, a lenda de Ruritag Meio-Orc,
seus livros com as palavras: Leia e tudo a histria da Queda dos inocentes Selva-
ser revelado a seu tempo... gens e muitas outras tero que esperar
por um outro livro.
No incio Mas por onde devemos comear? Co-
Mas por onde devemos comear? Duran- mecemos do inicio, com a criao de Ti-
te nossos estudos para escrever este livro, tan, como ensinado pelos sacerdotes de
organizamos o conjunto de conhecimen- Lendleland e Gallantaria. Este relatrio
tos dos sbios mais inteligentes dos trs expresso em termos bem msticos e pare-
continentes. Como resultado, coletamos ce que grande parte dele foi inicialmente
informaes que se confirmam, se con- inventado para explicar o inexplicvel aos
tradizem ou ignoram algumas anotaes. povos primitivos da pr-histria.
Se tivssemos cedido aos nossos anseios Nos dias anteriores ao Tempo ter sido
iniciais, de simplesmente contar tudo que descoberto pelo deus trapaceiro, Logaan,
escutvamos, este livro seria dez vezes e expandido no mundo pela Morte, os

32
deuses descansavam, ou passeavam, em
tomo do grande palcio da Corte Celes-
tial, Havia um grande nmero de deuses
naqueles dias, centenas deles, e cada um
era diferente. Ainda por cima, cada deus
era servido por um grupo de seres infe-
riores, semi-deuses ou deuses menores,
que tambm tinham suas prprias perso-
nalidades e suas tarefas individuais para
executar. E eles estavam entediados com
suas vidas. No existiam os anos, meses
ou dias e ningum ficava nem um pouco
mais velho; ningum morria, mas muitos
nasciam a toda hora. E nada de realmente
interessante acontecia.
Todos os deuses e deusas superiores ti-
nham poderes mgicos e devido a isto,
podiam fazer qualquer coisa que desejas-
sem. Mas embora fossem deuses, poucos
deles tinham muita imaginao e logo fi-
cavam cansados de fazer as mesmas coi- estava fazendo um buraco no solo para
sas o tempo todo. Para falar a verdade, um cristal macio verde azulado, que ela
algumas divindades pareciam se manter queria plantar, quando desenterrou uma
ocupadas: a Morte negra e seus irmos, grande protuberncia de terra mgica,
Doenas e Decadncia, se divertiam mui- que vibrava e pulsava com vida! Correu
to desmembrando os corpos dos deuses para sua irm Galana e mostrou-lhe o
e semi-deuses, e os outros deuses tinham barro; sabia exatamente o que deveriam
que vir colocar seus amigos inteiros no- fazer com ele.
vamente. Contudo, mesmo isto se tomou Throff e Galana levaram o barro para seu
entediante depois de um certo tempo, pai Titan, que o dividiu em dois e ento
no importando quo espetacularmente confeccionou e trabalhou uma das me-
a Morte e seus seguidores apresentassem tades com suas mos, at ficar perfeita-
seu passatempo peculiar. mente redondo. Ele pegou sua criao
Entretanto, um dia, a deusa conhecida e a colocou junto aos Planos, para que
como Throff estava escavando, junto com todos pudessem ver. Os deuses da Corte
sua irm Galana, em seus jardins luxuosos ficaram perplexos com esta nova idia e
(por falar nisso, estes jardins eram com- quiseram saber mais sobre ela. Porm,
pletamente diferentes dos jardins de a Morte e seus irmos no foram olhar,
Titan. Eles eram lugares de grande beleza, pois pensaram que seria apenas mais
onde nasciam cristais brilhantes e raios uma outra diverso entediante, que logo
de luz, para a alegria dos deuses e deu- cairia na insignificncia.
sas do palcio). Throff deu um formato Titan dividiu a outra metade do barro
de espada sua mo e, vagarosamente, com os Deuses superiores. Hydana, o ma-
rido de Throff, fez formas na esfera, que

33
eram guas. A prpria Throff colocou uma brincavam, divertindo-se com a beleza
grande massa de barro, que chamou ter- das coisas que haviam feito. Eles davam
ra. Galana confeccionou rvores, flores e nomes a tudo que inventaram, riam e se
plantas com o barro e plantou-as na terra. sentiam felizes. Titan olhou sobre tudo
E um a um, os deuses marcharam para Ti- abaixo e ficou muito satisfeito. Mas, sua
tan, e foi-lhes concedido pegar um peda- frente, surgiu o deus Logaan, que conhe-
o do material mgico e fazer criaturas cemos como o Trapaceiro. Ele havia sido
sua prpria imagem, que eram colocadas desmembrado pela Morte e seus irmos,
em sua criao, que levou o nome de Ti- na poca em que Titan estava dando o
tan, em sua homenagem. A bela Glan- barro, entretanto, agora queria sua parte.
tanka danou em volta dela, a luz de seu Titan tinha guardado um pouco do bar-
rosto iluminando-a com brilho dourado, ro, pois era um deus sbio, e deu-lhe um
e transformou-se no Sol. Ela era seguida pouquinho do que restara.
por seu irmo, que danava em seu ras- Logaan desceu ao novo mundo e olhou
tro, e que se tomou a Lua. Mas, enquan- para o que havia sido feito at ento.
to os deuses estavam comemorando sua Nada era de seu gosto e ele resolveu criar
nova criao, a Morte roubou um pouco uma forma inteiramente nova. Tinha ape-
do barro, escondendo-o nas dobras ne- nas duas pernas, dois braos no alto de
gras de seu manto, antes de sair sorratei- seu corpo, era alto e magro. Mas para
ramente de novo. torn-lo especial, tirou uma parte de si
mesmo e colocou-a dentro da cabea de
A criao de Loogan sua criao; e soprou-a para que andasse.
Rapidamente, a criao estava fervi- Deu-lhe o nome de Homem.
lhando de seres de todos os formatos e
tamanhos. E os deuses caminharam no A criao das outras raas
novo mundo, e brincaram com suas cria- Quando os outros deuses e deusas viram
es. Hydana nadou nas guas que fizera, a criao de Logaan, morreram de rir
brincando com o peixe e outras criaturas dela, pois parecia muito estranha quando
das profundezas, que Ichthys e seus se- andava com suas delgadas pernas. Mas
guidores haviam criado. Na terra, Throff, eles a viram cavar a terra, retirar pedras
Galana e outros criadores danavam e e us-las para cortar rvores a fim de fa-
A ORIGEM DOS DEUSES
A questo sobre quem criou os deuses da Corte Celestial tem atormentado homens e mul-
heres religiosos desde o incio dos tempos. A raa de humanos que costumava residir na rea,
agora demarcada pela improdutiva costa leste das Terras Planas, antes de suas cidades serem
destrudas, durante a Guerra dos Magos, deixou documentos junto a suas runas, que mostram
que acreditavam que os deuses foram criados por um trio de seres primitivos. Chamavam-se
Ashra, Elim e Vuh, rudimentarmente traduzidos como Luz, Trevas e Vida, e acreditava-se que
uma combinao dos poderes de todos os trs ajudou a formar a Corte Celestial. Os estranhos
povos que habitavam as Ilhas da Aurora, antes da erupo do vulco que afundou a maioria
delas, acreditavam que havia um nico deus maior que todos os outros governando acima da
Corte, que criou os deuses e os deixou confeccionar seu prprio mundo. Chamavam-no Arn,
que quer dizer o Primeiro, e acreditavam que, quando morressem, ascenderiam ao paraso para
juntar-se a ele.

34
zer um abrigo contra a gua, que Sukh, parte de sua fora e tamanho, e transfor-
o irmo de Hydana, estava lanando so- mou-a em um Gigante. Throff pegou um
bre o mundo. E a observaram pegar suas pedao de sua pele dura e fz o primeiro
pedras, esfreg-las uma contra a outra e Ano. E Galana tirou sua graa e sabedo-
produzir toma luz to brilhante quanto a ria, criando o primeiro Elfo. Eles coloca-
prpria divina Glantanka, que deu calor e ram suas criaturas no mundo e se retira-
manteve distantes os ventos gelados de ram para o palcio da Corte Celestial, a
Pangara. Os deuses perceberam que a fim de observ-los multiplicarem-se e se
criatura podia pensar como eles, podia espalharem, juntamente com o Homem.
raciocinar e criar, e eles se perguntaram Este perodo conhecido como o Tempo
de onde havia surgido. dos Deuses, e foi um poca de grande
Quando Logaan contou-lhes que ha- paz e felicidade para as raas de homens,
via colocado um pouco de si mesmo Anes, Elfos e Gigantes. Eles viveram jun-
na criatura, os deuses ficaram horro- tos no comeo, mas gradativamente se
rizados! Muitos deles voltaram para separaram, quando seus grupos se to-
suas criaes, chocados com o foto de maram maiores, cada um tomando uma
que um deus houvesse se mutilado. parte d mundo para si. O Homem pegou
Apenas Galana, Throff e Titan ficaram as plancies, os Elfos as florestas, os Anes
para consolar o pobre, tolo Logaan, pois, as colinas e os Gigantes as montanhas.
secretamente, estavam muito interes- Eles residiam em boas cidades e prospe-
sados em aprender mais sobre sua cria- ravam, tornaram-se fortes e saudveis.
o. Eles pediram-lhe que lhes mostrasse Criaram ferramentas estranhas e armas,
como havia feito esse Homem, e ele o com o que caavam outras criaturas para
fez, produzindo um outro. Porm, como sua alimentao; aprenderam como usar
j havia usado aquela parte de si que co- a mgica natural inerente terra, todos
locara na cabea do Homem, ps outro sob os olhos observadores de seus deu-
pedao de si no corao de sua segunda ses protetores. Durante o dia, a dourada
criao, soprou at que ela despertasse e Glantanka danava atravs do firmamen-
deu-lhe o nome de Mulher. to e, noite, a Lua espalhava sua luz pra-
As trs divindades ficaram impressiona- teada sobre o mundo.
das e decidiram fazer suas prprias cria-
turas de forma semelhante. Titan tirou

VERSES DO MITO DA CRIAO


Vrias culturas tm suas prprias verses desta histria. Para o povo da antiga Arantis, ento
governado por uma dinastia de poderosas rainhas guerreiras, Logaan deu seu crebro a uma
Mulher, que foi criada primeiro, e seu corao a um Homem. Outras raas acreditavam que
ambas as criaturas foram feitas juntas, e que o primeiro Homem e a primeira Mulher dividiram
a cabea e o corao com Logaan. H, tambm, alguns religiosos que acreditavam que no foi
ele (normalmente um deus muito tolo na mitologia humana), mas sim uma divindade mais
admirvel como Sukh, o deus da tempestade (que tambm conhecido como Kukulak).
Um feiticeiro de tremenda imaginao tentou certa vez argumentar que tudo foi, de fato,
criado pela Morte e seus irmos, mas suas teorias foram rejeitadas porque explicavam demais
o que estava errado no mundo!

35
A Morte caminha sobre Titan escuras, que escondiam, da vista dos
Entretanto, uma noite, a Morte e seus deuses, as srdidas criaturas da Mor-
irmos prenderam a Lua, que no ilumi- te. Na metade do dia, os deuses esta-
nou Titan naquele dia. Na escurido, deu- vam desesperados com o destino de
ses malignos foram para junto das raas suas criaturas, ponderando se deveriam
de homens, Anes, Elfos e Gigantes, e correr o risco de descer superfcie de
fizeram muita maldade. Eles colocaTam Titan para investigar, quando a Morte
criaturas sombrias no mundo, feitas com e todos os seus auxiliares marcharam
o barro roubado e corrompidas por suas para dentro da Corte Celestial. A Morte
mentes daninhas; fizeram delas criaturas estava com seus dois irmos, Doena e
do Caos. Xiarga, a cobra chifruda, deslizou Decadncia, mas tambm com um grupo
para o mundo, acompanhada de Arhallo- de deuses inferiores, como Slangg e Tanit,
gen, o rei aranha, Basilisco, o lagarto, Gr- e uma grande tropa de semideuses, que
gula e Behemoth, um monstro marinho eram vis e horrveis de se olhar. Carrega-
gigante. Naquela mesma noite, a criatura vam entre eles um saco grande, onde um
conhecida como Hashak, o Criador, ps conjunto de objetos mexia-se e contorcia-
suas prprias criaturas, os Ores, nas som- -se. A Morte falou aos deuses, perplexos,
bras e cantos do mundo, onde se repro- com um sopro gelado em sua voz e um
duziram e floresceram na escurido. abismo sem fundo em seus olhos negros
Quando amanheceu, Glantanka come- como a noite.
ou novamente sua dana pela superf- Meus queridos amigos comeou a Mor-
cie do mundo, mas olhando para baixo, te. Meus queridos amigos, eu observei
conseguia ver somente densas sombras suas tentativas ridculas de criao, com

36
grande divertimento e satisfao. Entre- r mais imortalidade, e mesmo os deuses
tanto, chegou a hora de mostr-los como ficaro suscetveis ao meu poder eles
ela deveria ter sido feita. Sigam-me... podero morrer! Em unssono, os deu-
Dizendo isto, a Morte transportou-os ses disseram: No! Isto no pode acon-
para a superfcie de Titan, com suspiros tecer! - ao que a Morte e suas tropas se
de choque e indignados protestos. Olhan- viraram e saram do aposento. A Primeira
do sua volta, os deuses apenas podiam Batalha estava por comear.
ver escurido e fumaa, porm quando a
Morte levantou sua mo, elas elevaram- A primeira batalha
-se, para revelar uma paisagem de carni- A Morte e suas foras do mal retiraram-
ficina e completa devastao. Os corpos, -se para uma das Plancies Externas,
sem vida, de homens e animais ficavam onde se prepararam para a batalha. Os
estirados em todos os lugares, e se rega- deuses malignos no ficaram perdendo
lando com eles estavam as criaes prfi- tempo, esperando os outros reagirem a
das da morte. seu ataque ao mundo, eles haviam criado
Sacudindo o simplrio Logaan, que se muito mais criaturas do Caos, que forma-
contorcia, para fora do saco, a Morte con- ram uma tropa debochada e pervertida,
tinuou seu discurso: Esta...ah...criatura, e marcharam para a Corte Celestial. En-
um completo idiota, mas ele pode ser tretanto, quando eles chegaram, encon-
muito til de vez em quando. Enquanto traramna completamente vazia, pois os
examinava uma das Plancies mais dis- outros deuses haviam descido para Titan,
tantes, ele se deparou com uma coisa a fim de reunir as Foras do Bem para a
estranha, um novo deus, que possui um batalha vindoura.
poder do qual nunca se ouviu falar antes. Os dois adversrios enfim se encontra-
Deuses e deusas, eu lhes dou o Tempo! ram na ampla plancie gramada. De um
Neste ponto, o saco foi virado pela se- lado estavam as Foras da Morte, lide-
gunda vez e uma figura repulsiva caiu. radas pelo deus profano e seus irmos
Enquanto se encolhia frente aos deuses gmeos, envoltos em suas capas negras.
reunidos, ele parecia mudar de forma. A seu lado e atrs deles, estavam as co-
Primeiro, era jovem e delicado como uma bras, lobos, rpteis, aranhas e um grande
criana recm-nascida, ento tomou-se nmero de criaturas disformes, delgados
de meia-idade e rude, at transformar- seres revoltantes, que continuamen-
-se novamente em um velho enrugado. te faziam brotar partes de outros seres,
Conforme transfigurava-se, o deus da De- num deboche cruel das criaes dos
cadncia comeava a rir profundamente, Deuses do Bem. Voando sobre a tropa es-
enquanto a Morte expunha seus termos: tava uma nuvem de morcegos, abutres e
Eu quero esta sua pequena criatura mi- outras criaturas, que tinham sido corrom-
servel, toda ela, e vocs vo me dar. Se pidas pelo toque da Morte. Uma grande
no, soltarei o Tempo no universo, e tudo horda de Ores, Trolls e Goblins estava
se tornar mortal e acabar por morrer. pronta para a batalha. E, na retaguarda,
O Tempo tem seu poder, pois representa estavam os semideuses, incluindo os re-
a substituio de tudo que foi por tudo pulsivos Sith, Ishtra, Myurr, Relem e Vrad-
que vir. Se o Tempo for solto no have- na. Eles tinham se vestido com duras ar-

37
maduras de ao, forjadas especialmente a retaguarda estava um exrcito de Dra-
para a luta, e formavam m quadrado em ges dourados brilhantes, criaes de
volta do Tempo. As bandeiras negras da Glantanka, preparados especialmente
tropa da Morte no ostentavam nenhum para a batalha e liderados por Kilanirax,
emblema. que fora um servo da deusa do Sol, mas
A sua frente estavam as Foras do Bem, li- que agora era o rei Drago.
deradas pela vanguarda dos deuses maio- Das fileiras das tropas malignas, um
res, incluindo Titan, Throff, Sukh e muitos esqueltico guerreiro deu um passo
outros. Mesmo a gentil Galana estava frente e soprou uma desagradvel nota
com eles, vendada, para que ningum dissonante em uma corneta; e a batalha
pudesse ver o medo em seus olhos. Em comeou. As torrenciais Foras do Mal
uma fila comprida de cada lado, encon- romperam a fila estreita de seus inimigos,
travam- se soldados de todas as quatro enquanto a magia explodia no ar acima
raas, armados e prontos para a batalha. deles. A fila de Anes, homens, Elfos e
guias e outras aves de caa, lideradas Gigantes resistiu e retornou com um ata-
pelo prprio Senhor das guias, sobre- que, mas houve grandes perdas de am-
voavam, gritando advertncias para seus bos os lados. Mais ataques foram realiza-
oponentes, em antecipao caada que dos; as tropas se chocavam o tempo todo.
iria comear. Havia outras criaturas tam- Corpos caiam para todos os lados e os
bm centauros, lees, tigres emuitas deuses do Bem estavam se entreolhando
outrasqueno existemmais. Conduzindo em desespero. Gritando de raiva, a Mor-

38
tentam proteger o mundo dos efeitos do
Tempo. Eles nunca envelhecero, poique
so deuses, mas agora so seres mortais
que sempre ficaro idosos e morrero,
depois de seu tempo de vida. Algumas ra-
as so protegidas dos deuses, que as aju-
da a se manterem vivas por mais tempo;
entretanto, no fim todos iro para seus
te e seus irmos reuniram seus poderes tmulos.
e soltaram um raio sobre os deuses ad-
versrios. Ele atingiu Throff, queimando O tempo dos Heris
terrivelmente sua pele, mas a resposta foi Depois dos deuses terem partido do mun-
um outro raio de sua irm Galana, do rei do, em conseqncia da Primeira Batalha,
Drago Kilanirax e da deusa do Sol, Glan- as raas retomaram para seus respectivos
tanka. O raio atingiu bem o corao das lares, esgotadas, mas inflexveis. Mais ou
tropas malignas, passando atravs das menos nessa poca, a escrita foi inventa-
criaturas da escurido e do Caos, como se da e um bocado de registros intrincados
elas no estivessem l, assim como o Sol sobreviveram, pintados em fragmentos
dispersa as sombras, assim como a fora de cermica e estampados em lminas de
e a bondade sempre derrotamos piores metal.
excessos do Mal. O raio atingiu o Tempo e Por muitas centenas de anos, estudiosos
o fez em pedaos, com um estrondo que escavaram esse tipo de coisas nas runas
reverberou pelo cosmos. Os deuses som- das cidades antigas do mundo, e comea-
brios foram cercados; sem o Tempo, eles ram a decifrar o que elas verdadeiramen-
ficaram sem poder para contra-atacar e te diziam, nas lnguas peculiares dos pri-
suas foras fugiram desordenadamente. meiros povos civilizados do planeta.
Contudo, o Tempo foi dispersado atravs Agora que os deuses mantinham distn-
do mundo de Titan, e por isso, todos os cia dos problemas terrenos, os primeiros
seus povos tornaram-se mortais, exceto heris humanos comearam a formar
os deuses. seus nomes conhecidos. Os nomes de
Titan, como porta-voz dos deuses, man- reis, guerreiros e magos, incluindo vagas
dou que os Senhores das Trevas, captura- referncias a pessoas como Rei Harar de
dos, fossem mortos, porm Throff pediu Granat, Birel, o Matador de Irmo, e Zer-
para que eles fossem apenas exilados, goul Whitelightning comeam a aparecer
pois mat-los seria um ato do Mal. Ento, com mais nfase nesses escritos ances-
os Senhores das Trevas e seus servos fo- trais, embora haja ainda uma boa quan-
ram banidos para o Vcuo, onde no po tidade de escritos religiosos.
deriam fazer muito mal. Os deuses deixa-
ram a superfcie de Titan, sentindo-se en- O continente unido
vergonhados de terem trazido tanta dor e Nessa poca, todas as terras do mundo
sofrimento para sua bela criao. Agora, ainda estavam juntas, como um continen-
eles olham do cu para o planeta abai- te macio, que nestes primeiros registros
xo, todas as noites, para sempre rgidos chamado de Irritaria. Demorou quase
como estrelas, em seus postos enquanto

39
mais tarde se transformariam na enorme
e eterna cidade de Fangthane, lar imortal
do povo Ano. Os Elfos, enquanto isso,
tinham retornado a suas florestas adora-
das, e investigavam seus prprios pode-
res mgicos e intelectuais. O primeiro dos
grandes feiticeiros Elfos, lembrado ape-
nas como Lord Branco, ficava conversan-
do com Galana, no corao da Primeira
Floresta, investigando profundamente as
foras mgicas e rituais. A Primeira Flores-
ta, que estendia-se atravs do continente
naqueles tempos, era o lar da maioria dos
Elfos, que o mundo jamais viu: seu de-
clnio esteve diretamente relacionado
destruio de suas florestas-lares.

A histria dos
chefes Halfhand
Contudo, foi nos humanos que aqueles
primeiros arquivistas se concentraram.
Os maiores heris da poca foram uma
mil anos depois do comeo do Tempo dupla deirmos, Rereke Myzar Halfhand,
para que eles se dividissem, com o afun- que cortaram um caminho sangrento
damento de Atlntida, e nesse perodo atravs das terras oeste como lderes de
s reinos do mundo tinham despontado, uma tribo de cavaleiros nmades. Suas
caldo em decadncia e se reerguido no- batalhas com os Orcs daquela regio so
vamente. Mas nesses primeiros tempos, lembradas por ns na forma de duas can-
eram poucos estes reinos. Os homens es folclricas, embora os atuais menes-
regressaram da Idade do Ouro das cida- tris que cantam Cavalgando com Hal-
des utpicas, que tinham desfrutado sob fhand ou Amarrem o Guerreiro, no
a proteo dos deuses, e agora se esfor- percebam isso!
avam para sobreviver em competio Eles tinham cavalgado com sua tribo por
com os abundantes Orcs, Trolls, Goblins mais de 9.500 quilmetros de campos im-
e (depois de uns cem anos) os primeiros produtivos, em busca de uma terra frtil
asquerosos Ogres Caticos. em que pudessem se fixar. Mas quando
Os Anes escaparam para seus domnios chegaram a uma rea muito agradvel,
subterrneos, onde escavavam a terra, de colinas suaves e vales com vista para
ainda mais profundamente, procura o oceano infinito, encontraram-na re-
de riquezas. Nas montanhas ancestrais pleta de Orcs, que aproveitavam-se da
do extremo norte de Irritaria, o senhor fertilidade da rea. A tribo estava deses-
dos Anes, Hangahar Goldseeker, fazia as perada depois de sua longa caminhada, e
primeiras tentativas de perfuraes, que imediatamente se engajou numa batalha

40
um lado a outro do continente; e o nme-
ro de humanos ampliava-se com os guer-
reiros que se amontoavam para unirem-
-se a eles. Chegou a Um ponto em que a
pura persistncia dos humanos invasores
enxotou os Orcs para um emaranhado de
cavernas nas colinas, onde cada um deles
morreu de fome em trs meses! E uma
lio para todos ns refletirmos: os hu-
manos estavam definitivamente errados
neste caso, porm foram eles os celebra-
dos como heris!

A separao das terras


Gradativamente, as tribos errantes come-
aram a se fixar por todo o continente,
pois a agricultura se sobreps s caadas
como fonte principal da alimentao e as
terras distantes foram exploradas, des-
cobrindo-se a sua fertilidade. Lenta, mas
firmemente, a humanidade se reuniu em
pequenas vilas, que desenvolveram-se
acirrada com eles! Surpreendentemen- em distritos, depois em pequenas cida-
te, os Orcs contra-atacaram com grande des e, por fim, em naes. O comrcio
ferocidade. Certamente, a rea valia a se iniciou e os pases se comunicavam.
pena de ser defendida, porm o mais im- Entretanto, ao mesmo tempo, as naes
portante eram os princpios envolvidos brigavam entre si como o jeito dos
humanos no deveriam ter permisso humanos competirem pelas melhores
de cavalgar, roubando as terras de outros coisas, sejam elas terras, metais precio-
povos, como crianas mimadas que cho- sos ou outra qualquer. Acredita-se que foi
ram a cada vez que vem alguma coisa nessa poca que o tirano Faramos XXIII
que querem. na verdade o Prncipe-Demnio Myurr
As sucessivas batalhas contra os Ores ergueu-se em Atlntida, que logo foi sub-
continuaram por cerca de vinte e cinco mersa nas ondas pelas aes combinadas
anos, com ambos os lados lentamente se dos deuses indignados. Infelizmente,
destruindo. Muitos confrontos hericos pouqussimas informaes foram desco-
aconteceram, e os nomes dos irmos Hal- bertas sobre esse tempo, pois a maioria
fhand tomaram-se conhecidos dos huma- dos registros atuais parece ter delibera-
nos, em vrias partes do continente. Suas damente apagado toda essa fase de suas
emboscadas dramticas, a libertao de memrias. E como se todo o mundo qui-
suas crianas seqestradas das panelas sesse esquecer quaisquer que fossem as
de comida dos Orcs e o incndio da cida- atrocidades que o povo de Atlntida in-
de principal do inimigo foram cantados de fligira. Para conhecer os poucos detalhes

41
que conseguimos resgatar dessa poca, tornaram distritos, os distritos mais tarde
voc deve ler a ltima seo dos reinos se tornaram cidades e, ento, estados.
submersos de Titan, que fala mais sobre a O litoral centro-leste de Khul era o pon-
histria desse cataclismtico evento. to para um grupo de pequenas cidades
Como penitncia pelas aes treslou- comerciais florescentes, que acabaram
cadas do povo de Atlntida, os deuses, por se reunir em um estado unificado co-
aparentemente, dividiram as terras e nhecido por Klarash, por volta do ano de
formaram trs continentes. Essa atitude 1510 TA (ou Tempo Antigo). s margens
drstica custou a vida de muitos seres do Mar de nix, onde agora Gallanta-
e criaturas, quando ondas gigantescas ria, no Mundo Antigo, Oijan, o Construtor,
inundaram as regies litorneas, enquan- comeou a reunir sua tribo sua volta e
to as massas de terra eram levadas para a construir uma cidade. E, nos extremos
seus novos locais. A Primeira Floresta de Allansia, alguns estados comearam
dos Elfos foi dividida em vrias partes, e a estabelecer seus poderes; a cidade de
o longo e lento declnio de seu povo co- Vynheim, que ainda existe, foi fundada,
meou. Sees da Primeira Floresta ainda como um pequeno povoado de pescaria
sobrevivem em algumas terras, como a em 1530, pelo pai do lendrio heri do
enorme Floresta da Noite, perto da atu- norte, Bjorngrim Matador de Gigantes.
al Sardath, no nordeste de Allansia; e em
volta do Lago Nekros, em Khul, porm so Bjorngrim de Vynheim
um reflexo plido da magnfica parede de Bjorngrim Bjorngrimsson era um tpico
vegetao que ela deve ter sido, quando homem do norte grande, de ombros
se estendia por todo um continente. largos e ruivo, que no resistia a uma
cerveja amarga e uma batalha honrosa.
A ascenso da civilizao Com a morte de seu pai em 1583 TA, ele
Depois do arrastar longo e vagaroso em tomou-se chefe de um prspero porto,
direo civilizao, o cataclisma gerado que comercializava com outros povoados
pela diviso dos continentes atrasou a bem mais para baixo da costa traioeira e,
humanidade em pelo menos quinhentos atravs do que ento era chamado Mr
anos. Quando finalmente os cus escure- Feiticeiro, com o povo que residia no ar-
cidos tinham clareado e as guas retroce- quiplago conhecido como os Dentes do
deram, o homem se encontrou espalhado Gigante. O Mar Feiticeiro era um lugar
pelo globo. As nicas cidades que no ti- muito perigoso, com propenso a nevo-
nham sido transformadas em runas pela eiros no vero e cheio de icebergs mor-
fria dos deuses foram aquelas constru- tferos no inverno; o povo de Vynheim
das pelos Anes dentro das Montanhas. acreditava que era assombrado pelos
Entretanto, lentamente, gradativamente, fantasmas dos marinheiros que l haviam
a humanidade comeou a se organizar de naufragado e que ainda gemiam deses-
novo. peradamente. Depois que quatro barcos
Os primeiros grandes povoados nas novas foram perdidos em um ms, o povo de
terras comearam a crescer cerca de350 Vynheim ficou com medo e no velejou
a 400 anos depois do afundamento de mais.
Atlntida, no litoral de todos os trs con- Cabia a seu lder, Bjorngrim, provar tanto
tinentes; novamente, pequenas vilas se

42
Com o corao na boca, ele saltou sobre a
mo e continuou correndo. Embora o Gi-
gante estivesse coberto de gelo, sua pele
deixava marcas, o que deu ao nortista a
ajuda necessria para chegar aos ombros
titnicos. Ali ele descansou por meio se-
gundo, observando os olhos que o avalia-
vam com uma inteligncia to lenta, que
teve a impresso de ouvi-la rangendo, an-
tes de dar um golpe colossal no pescoo
do Gigante do Mar. O machado fez um cor-
te profundo e um fluxo de sangue gelado
jogou Bjorngrim para trs, dentro dgua.
Quando voltou superfcie, estava a ape-
nas algumas braadas de seu barco, e se
jogou para dentro bem na hora em que o
crebro do Gigante recebeu a mensagem
de que seu corpo estava morto, portanto
deveria cair. Dez dias depois, Bjomgrim, o
Matador de Gigantes, navegou para o Es-
sua bravura quanto manter a segurana treito de Vynheim, rebocando o corpo do
das guas. Ele saiu sozinho num pequeno Gigante do Mar atrs de si. O povo de Vy-
brigue, O Ano Robusto, ou para provar nheim deu-lhe imediatamente o apelido,
que no havia nada a se temer, ou para e tambm um novo nome ao Mar Feiticei-
enfrentar o que quer que estivesse as- ro, tanto que at hoje conhecido como
sombrando o Mar Feiticeiro. Navegou por Mar Bjorngrim.
oito dias, sendo jogado para o norte em
direo ao Estreito do Iceberg por violen- Era dos magos
tos ventos. A temperatura baixou e o gelo Por volta do ano 1650, o continente, agora
se formou no barco, enquanto icebergs conhecido como Allansia, estava dividido
flutuavam sua volta. Mas o homem do em um grande nmero de reinos e prin-
norte manteve seu leme firme, sabendo cipados pacficos. O maior de todos eles
que seus deuses o ajudariam na travessia. era a prpria Allansia, que se estendia do
No nono dia, um nevoeiro o cercou e, de Rio guas Brancas at o extremo norte do
seu interior, escutou um som de gemido Rio Kok. Sua capital, Carsepolis, era uma
choroso. De repente, um enorme e as- ampla e bem construda cidade-portu-
sustador Gigante do Mar levantou-se das ria, que conseguia ser tanto um centro
guas, com um estalo de gelo estilhaado, de cultura quanto um lugar de proteo
e tentou alcanar o barco com uma pe- contra as tribos de Ores e outras raas,
sada mo verde. Bjorngrim trincou seus que ainda agitavamas plancies nortistas.
dentes, murmurou uma veemente praga Naquela poca, a Dinastia das Espadas
e aguardou com seu machado em punho. governava Carsepolis, fundada em 1601
Mas quando a mo desceu, ele pensou pelo Rei Coros Empunhador de Espadas,
num plano melhor.

43
agora representado pelo seu neto Coros de Allansia e seus vizinhos. Kaynlesh-Ma,
III (tambm conhecido, parece, como o contudo, era um lugar muito diferente
Perjuro, embora nenhum registro que vi- das cidades-estados do norte, pois era o
mos indicasse o porqu ou como o jovem lar para um nmero cada vez maior de
rei adquiriu apelido to condenatrio). feiticeiros.
Do Rio Kok ao norte e a leste, o pas de Alta magia, naquela poca, ocorria em
Goldoran se estendia to longinquamen- maior nmero na provncia dos Elfos,
te quanto a fronteira nortista das Terras que tinham longa tradio de seu uso e
Planas (que mesmo naqueles dias eram prtica. Entretanto, por estes dias, os El-
desoladas e primitivas, lar somente para fos tinham se recolhido s suas florestas,
os construtores supersticiosos de monu- e seus grandes magos nunca eram vistos
mentos de pedra, e para os nmades). Ao por ningum, exceto pelos humanos mais
sul do Rio guas Brancas, as Plancies do sortudos e pelos Orcs mais desafortuna-
Sul eram cruzadas por fileiras de merca- dos. O que as pessoas pensavam quando
dores e aventureiros, que viajavam entre mencionava-se magia, era nos truques de
a pequena cidade interior de Salamonis e magos limitados e de velhas para afastar
as duas ddades-estados muradas de Cut- as pragas ou para fazer com que donzelas
silver e Balkash, que ficam no meio das da vila se apaixonassem por voc. Os Xa-
plancies e da costa, respectivamente. O ms dos Orcs e Goblins ainda praticavam
Deserto dos Crnios, ao sul das plancies, sua magia, mas era to horrenda e per-
era muito menor naquela poca e, apa- vertida de sua pura beleza original, que
rentemente, menos perigoso tambm. no podia ser considerada da mesma ma-
Havia vrias cidadezinhas agrupadas ao neira. A magia dos Xams Orcs tendia, e
longo da extenso sul das Montanhas ainda tende, a ser um ciclo muito repeti-
Craggen, onde agora voc somente en- tivo de invocao dos espritos ancestrais
contrar pequenas vilas na estrada en- para pedir orientao para o futuro e lan-
tre Warpstone e Wolftown, raramente ar feitios de sorte antes das batalhas,
usada. Mercadores viajavam para todos tudo regado a um bocado de lamrias
os lados atravs do continente em busca muito entediantes.
de novos mercados; retornavam para as Nas profundezas de Arantis, um grupo
terras do norte com leos perfumados e de estudiosos tinha descoberto um tem-
especiarias, e histrias de terras exticas plo antigo, que parecia ser dos primei-
do leste, que naquele tempo circundava o ros tempos da Histria. Era assombrado
Mar das Prolas e a Pennsula de Shabak. pelos espritos de um trio de feiticeiros
Bem mais ao sul, a cidade de Kaynlesh- ancestrais, que reaparecera na Superf-
-Ma, fundada por volta de 1585 TA como cie Terrestre por terem decidido que era
um pequeno porto na boca do Rio Eltus a hora do mundo conhecer a magia no-
e agora capital nominal do pas de Aran- vamente. Os estudiosos, que contanos
tis, tornava-se proeminente, e o comrcio a histria eram cinco, mas que obvia-
apenas comeava com a minscula cida- mente no tinham nomes muito me-
de-porturia de Halak (sua parceira Ri- morveis, imediatamente aproveitaram
mon comeou como tuna expanso para a chance de aprender segredos que h
Halak, duzentos anos mais tarde), o pas muitos milnios estavam perdidos para

44
a humanidade. Eles lustraram o templo
em Aranath, como o lugar era conhecido,
e comearam a vagarosa tarefa de apren-
der os mais profundos segredos de alta
magia. Conforme os feiticeiros se aprimo-
ravam em seus estudos, eram mandados
a viajar pelo mundo, adquirindo conhe-
cimento para o templo e ensinando suas
habilidades durante as viagens.
Isto comeou por volta de1690e, em
1712, o clebre feiticeiro Erridansis che-
ga a Salamonis e funda a escola de magia,
com base no centro da Floresta de Yore,
que ficava prxima (naqueles dias se es-
tendia do Vale do Salgueiro at as bordas
da Floresta de Darkwood). Magia se tor-
nou uma profisso muito respeitada, j
que todo nobre na Terra tentava superar
o Rei Salamon, patrocinando um feiticei-
ro melhor. Vrias escolas de magia foram
fundadas, em Carsepolis e em Gar-Goldo-
ran, a capital de Goldoran; e o ar sobre
as terras do norte estava sempre cheio
de feiticeiros itinerantes e de clares de
magia!
Havia guerras naqueles dias, claro, pois
elas sempre existem quando o Homem
acumula ouro e outros pertences e os
mantm distantes de outros homens. Po-
rm, com o advento dos feiticeiros da cor-
te, uma boa quantidade de sangue der-
ramado foi evitada, mandando-os para
regies descampadas e obrigando-os a
lutar em um duelo, com justas penalida-
des a serem cumpridas pelo reino perde-
dor. Acima de tudo, as ameaas dos Orcs
e dos Goblins diminuram por um tempo,
uma vez que eles encontravam a resistn-
cia assustadora na forma de feiticeiros
controladores do fogo, que os destruam
com magia enfurecida e abriam grandes
buracos em suas fileiras! Por um perodo,
pelo menos, os Ores ficaram limitados a

45
se esgueirar atravs das regies povoadas diferentes daquelas de Khul e Allansia
noite, por medo de atrair a ateno dos que, por sua vez, so diferentes entre si.
feiticeiros, que lideravam os exrcitos de No centro do Mundo Antigo ficam as qua-
Allansia. se intransponveis montanhas de Mau-
ristatia, o que ocasionou a tendncia do
As cidades estado do homem de estabelecer-se nas plandes
Mundo Antigo da costa sua volta. Os primeiros grandes
Enquanto poderes mgicos cresciam em povoados de que temos registro ficam
importncia em Allansia, bem ao longe, no litoral do Mar de Onix. Em 1430 TA,
atravs do Oceano Oeste, outras coisas a figura que toda criana de Gallantaria
estavam acontecendo. O Mundo Antigo em idade escolar conhecia como Orjan,
sempre foi um continente muito mais o Construtor, desceu pelas plancies com
civilizado do que Allansia ou Khul, o que sua tribo das terras altas, em que tinham
em parte pode ser explicado pelo fato de vagado por centenas de anos, e comea-
que nestes, nos ltimos anos, tem havido ram a construir uma pequena vila, onde
algumas guerras cataclismticas, o sufi- os rios se encontram Ele chamou-a Lend-
dente para colocar a ascenso da civili- le, uma palavra antiga dos montanheses
zao de volta ao seu ponto de partida. para designar plancies, que descrevia
Conforme os cus escurecidos, criados na muito bem o campo em tomo dela. O
destruio de Atlntida, vagarosamente povo de Oijan encontrou outras peque-
comearam a clarear, os variados povos nas vilas nas plancies, habitadas por ho-
do Mundo Antigo j estavam comean- mens e mulheres muito parecidos com
do a se estabilizar e a tomar os primeiros eles. O comrdo se iniciou e, lentamente,
passos na caminhada em direo civi- as vilas se transformaram em pequenas
lizao. Antes de os continentes terem cidades muradas. Depois da morte de seu
sido divididos pelos deuses como castigo pai, em 1464, o filho de Oijan, Regulus, o
pelo mal de Atlntida, os povos do conti- Unificador, assumiu a liderana de Len-
nente nico, que chamamos de Irritaria, dle. Conforme a prosperidade da regio
vagavam por todos os lados, trazendo um aumentava a olhos vistos, mais e mais
pouco de uniformidade para todaa Ter- povoados comearam a crescer sombra
ra. Depois da separao, o mesmo povo de Lendle at que, em 1498, um tratado
ainda podia ser encontrado em cada con- entre as oito maiores cidades criou a na-
tinente, de maneira que havia cavaleiros o de Gallantaria. Seu governante era
nmades nas Terras Flans de Allansia e Regulus e sua capital Lendle, ou agora
na rea correspondente do outro lado com mais propriedade, Lendle Real.
do Oceano das Serpentes, as plancies de Gallantaria progrediu rapidamente sob
Lendleland. a inspirada liderana de Regulus. Seus
Mas, gradativamente, os diversos povos guerreiros levaram os benefcios de seu
comearam a mudar e as diferentes ter- governo a terras vizinhas e, vagarosa-
ras produziam suas prprias culturas Iso- mente, porm de modo definitivo, as
lados dos outros dois continentes, o Mun- fronteiras se expandiram para o sul, con-
do Antigo desenvolveu uma estranha, na forme outras vilas e ddades percebiam as
verdade ardilosa, srie de culturas, muito vantagens de pertencer a Gallantaria. O

46
tempo quanto qualquer montanhs lo-
cal pudesse se lembrar, e eram um povo
perigoso. Em Gallantaria, e em todas as
terras do norte, existiam poucos magos e
eles ficavam espalhados. Gradativamen-
te, assim que as tribos tinham se esta-
belecido e fundado vilas, seus xams se
tomaram feiticeiros, mas a tradio de
alta magia em Gallantaria tinha somente
cem anos; os Feiticeirtjs de Netherworld
vinham praticando-a por sculos, antes
dos continentes se dividirem! Resistiram
a todas as tentativas de Gallantaria de tra-
zer civilizao fora, transformando o
primognito de Regulus em uma pedra e
tanto o segundo quanto o terceiro filhos,
em carvalhos raquticos.
Os gallantarianos, portanto, olharam em
outra direo para expandir seus dom-
nios. Indo em direo leste, atravs de
amplas terras frteis, to distante quanto
o que agora chamado Rio da Fronteira,
eles encontraram aldeias e vilas peque-
nas, que disseram no fazer aliana com o
Rei Regulus, pois j haviam se comprome-
tido com os senhores de Brice. Uma outra
nao surgira e se espalhara rapidamente
pela terra ondulada, alcanando a Baia
Brackish, alm do Mar de nix. E, alm de
Brice, o minsculo reino de Ruddlestone
crescia vagarosamente em poder, sob a li-
reino se estendeu em direo ao norte, derana de seu rei-sacerdote. Emissrios
trazendo paz e prosperidade ao povo que de um lugar alm dos picos do sul, que
comeava a se estabelecer ao longo do chamavam Femphrey, chegaram a Lend-
Rio guas Brancas. No extremo norte, en- le Real erevelaram que as terras sulistas,
tretanto, os gallantarianos se depararam lentamente, tambm estavam sendo po-
com as paredes insuperveis dos Picos voadas.
Cragrock. No espao de cerca de cem anos, o conti-
Viram-se, tambm, face a face com os nente ficou coberto de pequenas naes.
Feiticeiros de Netherworld. Esses magos Rotas de comrcio regulares ligavam os
msticos viviam numa colnia pequena no vilarejos maiores, que gradativamente se
alto dos Cragrocks, de onde observavam tornaram cidades. Caravanas cruzavam o
as terras do sul. Eles l viviam h tanto continente, de Lendle Real ao norte at a

47
ao por causa das pilhagens feitas s
suas terras pelos soldados de Brice, o
pacato povo de Ruddlestone construiu
sua macia Fortaleza do Guardio de De-
mnios e a guarneceu de uma tropa de
guerreiros fanticos, que desde ento
manteve uma vigilncia constante sobre
Brice. Como resposta, Brice transformou-
-se num estado cada vez mais belicoso,
com a disputa vindo a culminar na Primei-
ra e Segunda Guerras de Ruddlestone, de
1735 e 1805.
distante Arkleton, a nova capital da nao
que agora se autodenominava Analand. Analand e sua muralha
Na verdade, o caminho ainda era reple- Enquanto as terras do norte brigavam en-
to de perigos, principalmente quando se tre si, a provncia sulista de Analand lenta-
passava pelas montanhas assombradas mente se tornava cada vez mais civilizada
por Demnios da Linha de Witchtooth sob a influncia de centenas de anos do
e cruzando-se rapidamente as partes ao governo benevolente da Dinastia Arkle.
leste de Lendleland, onde cavaleiros n- Os reis de Analand tornaram-se conheci-
mades e primitivos ainda caavam uns dos pelo seu governo cuidadoso e ponde-
aos outros. Contudo, conforme o comr- rado, o que a transformou de apenas mais
cio se tornava mais importante, as rotas um agrupamento de pequenos vilarejos
atraam outros habitantes, que comea- de comrcio em um centro civilizado de
ram a trazer a civilizao para muitas ou- negcios e aprendizado. Mas os forastei-
tras reas. Entretanto, parece que com o ros olhavam-na com inveja e ganncia.
comrcio sempre vem a guerra, pois logo Certamente, pensavam assim dois teros
Galllantaria se encontrou arrastada para dos feiticeiros e salteadores das terras do
um conflito com Brice, que desejava ex- sul: se a terra est to pacfica e satisfeita,
pandir suas fronteiras para obter as van- deve ser incomparavelmente prspera.
tagens da melhor terra para agricultura Ento, Analand foi repentinamente ata-
do extremo oeste. Muitas batalhas foram cada por todos os lados. Seus invasores
travadas durante o reinado do tataraneto queimavam vilas, profanavam templos e
de Regulus, Rei Werkel, at que uma tr- colocavam todas as reas em luta. Todo
gua foi finalmente acertada, tornando o o estilo de Analand mudou, quando nas
recm-nomeado Rio da Fronteira o novo estradas que vo para o norte e para o
ponto de demarcao das terras. oeste, guerreiros se tomaram mais co-
Contudo, tendo sentido o gosto da bata- muns que fazendeiros ou comerciantes.
lha, Brice queria mais e olhava para leste As relaes com Lendleland, cujos cida-
em direo a Ruddlestone. O povo da pe- dos eram, ostensivamente, muitos dos
quena nao era muito religioso, gover- invasores, tomaram-se tensas quase ao
nado pelo rei-sacerdote, que acreditavam ponto de uma guerra, que foi evitada
piamente ser o representante divino de somente aps cuidadosa diplomacia de
seus deuses no Plano Terreno. Instigados

48
ambos os lados. Depois de quarenta anos
de constantes invases, o Rei Arkle XIX
no agentou mais. Traou um plano com
seu corpo de conselheiros, que ajudaria a
proteger Analand de todos os salteadores
e mercenrios oportunistas. Seu plano
era simples: construir uma muralha em
volta da terra de modo que os invasores
no pudessem ultrapass-la!
Em 1845 TA, a construo da Grande Mu-
ralha de Analand foi iniciada. Era um pro-
jeto imenso, planejado para durar cento
e vinte anos, mas ele imediatamente foi
retardado, quando seu primeiro setor foi
derrubado, pedra por pedra, por uma tro-
pa macia de invasores. O povo de Ana-
land os expulsou, porm eles voltavam de
novo, retardando os trabalhos, com ata-
ques meticulosamente planejados. O pra-
zo para a muralha terminou com apenas
metade se seu comprimento realizado,
a terra beira da falncia, e revolues
de todos os tipos eram deflagradas para
manter a construo da muralha. Final-
-ameaas, escaramuas de fronteiras,
mente, no ano de 1970 TA, os trabalhos
protestos diplomticos, grandes batalhas
na Grande Muralha de Analand foram in-
e depois a paz. Brice ainda brigava
terrompidos para sempre. Estava incom-
com qualquer um que pudesse; invaso-
pleta em trs lugares e em muitos outros
res ainda usavam Lendleland como base
setores j desabara como resultado das
para ataques nas partes isoladas de Ana-
ofensivas dos invasores de Lendleland.
land Distante; piratas comearam a atacar
Contudo, falando honestamente, ela re-
mercadores que rondavam nos cabos do
almente protegeu Analand em muitos
norte, mas eles pouco interfiriramno vo-
lugares, e de fato terrivelmente impres-
lume do comrcio; seres sombrios ainda
sionante.
espreitavam nos planaltos e no fosso dos
Agora que a Grande Muralha estava ofi-
vermes de Kakhabad e faziam pilhagens
cialmente terminada, Analand podia se
ocasionais nas terras baixas, somente
concentrar na reconstruo de seu co-
para serem novamente expulsos. Tudo
mrcio e economia, e prosseguir seu ca-
corria normalmente.
minho em direo civilizao. Por todo
o Mundo Antigo, os reinos estavam se es-
A gerao do Caos
tabilizando. As disputas ainda eram bas-
Enquanto Allansia e o Mundo Antigo esta-
tante freqentes, mas agora elas tinham
vam lentamente caminhando em direo
cado numa rotina de ameaas, contra-
civilizao, coisas estranhas surgiam na

49
terra distante de Khul, coisas que mais para as pequenas vilas de pesca, na borda
tarde afetariam todo o Titan. Entretanto, do Mar Interior; e, mais tarde, ainda mais
no incio, o crescimento deste continen- distante, continente adentro, contornan-
te era muito parecido com o dos outros do as Montanhas dos Gigantes e indo ao
dois. norte para Ashkyos. Logo mercadores iam
Originalmente, Khul era uma terra muito e voltavam com tamanha freqncia, que
frtil, comum arco semicircular de este- pequenos povoados se desenvolveram
pes suavemente onduladas, fechando em intervalos, ao longo da rota, acabando
uma vasta rea central de campos de ur- por se tomarem cidades.
zes planos e plancies gramadas, cortados Klarash cresceu em riqueza e poder, e
por grandes rios de guas calmas. O povo no reinado do neto de Silverhair, Kla-
primitivo desta terra era, em sua maioria, rash III, foram inidados os trabalhos para
caadores e saqueadores brbaros, espe- construir uma nova capital, Shakista, no
cialistas em seguir rastros e jogos de mor- centro do reino, s margens do Rio Kas-
te, mas no to bons na escrita ou nas bled (agora conhecido como no Sangue
contas. Contudo, nas terras do oeste, o Felino). O reino expandiu-se ainda mais
jogo se tomou escasso e o povo comeou para o norte, chegando to longe quan-
a viver da terra. Mais tarde, um punhado to o pequeno porto de Djiretta, na Costa
de vilas comeou a se formar ao longo da dos Tubares; porm, o caminho para o
costa e, depois, mais para o interior. For sul estava bloqueado por tribos de primi-
volta de 1510 TA, um nmero de peque- tivos e Goblins, que lutaram com unhas e
nos vilarejos da costa oeste foi unificado dentes para permanecer em suas terras.
sob a liderana do Rei Klarash Silverhair e Chegou um dia, entretanto, que as tropas
a nao de Klarash foi formada. Sob seu de Klarash os expulsaram. Para impedi-los
governo, a nao lentamente cresceu, at de retomar, a cidade de Zagoula foi fun-
que no ano de l565 se expandiu da bor- dada em 1611 TA. Projetada pelos melho-
da sul do Pntano do Escorpio at o Rio res pedreiros e arquitetos que o rei podia
Swordflow. Por falar nisso, este ltimo encontrar, era um lugar lindo, um refgio
recebeu seu nome em 1542, quando o para estudiosos, artistas e feiticeiros, que
primeiro grupo de guerreiros explorado- sentiam que podiam se dedicar comple-
res de Klarash se viu sob o ataque de uma tamente a seus temas, em uma cidade
horda de Goblins minsculos, quando to maravilhosa.
tentavam atravess-lo a p. Com gua ba- Kabesh tambm cresceu, se expandindo
tendo no seus peitos, os guerreiros tenta- para o interior e em volta do afloramento
ram sacar suas armas, porm perderam o rochoso contra o qual havia.sido constru-
equilbrio e foram arrastados pela corren- da. Sob o governo de Khan Gyorgir, um
te para a morte. descendente do lendrio chefe cavaleiro-
Conforme Klarash crescia em tamanho e -nmade, o qual uma vez percorreu as
desenvolvimento, comeava a enviar seus plancies centrais varrendo tudo sua
mercadores cada vez mais longe do seu frente, ela se expandiu at ser a cidade
lar. Eles viajavam atravs da plancie cen- capital de um imprio, que se estendia
tral para pequenos povoados como Re- de Kalagar, ao norte, at Tak, ao sul. Seu
mara, Varese e Kabesh e em direo sul governo era benevolente, embora talvez

50
um pouco tolerante demais, pois ele no O prisioneiro da
se importava com quem morasse em suas Cidade Morta
terras, contanto que declarasse lealdade Uma paz to duradoura era muito para
a ele. Nas bordas das Montanhas dos Gi- permanecer, claro, embora desta vez o
gantes morava uma grande quantidade perigo espreita estivesse completamen-
de Ores Goblins, mas o Khan deixou- te controlado. Os feiticeiros e os sbios da
-os residir em paz, uma vez que tinham cidade de Zagoula eram curiosos, como
jurado fidelidade a seu tTono. To logo todos os estudiosos o so, e comearam
os representantes de Khan tinham sado a viajar pelo mundo, buscando novos co-
de suas terras, claro que os Ores volta- nhecimentos onde quer que pudessem
ram a pilhar as vilas locais, assassinando encontr-los. De sua cidade magnfica
e matando seus habitantes como se nada eles vagaram para o norte, estudando as
houvesse acontecido. tribos de Goblins, que residiam s mar-
No extremo canto leste do continente, a gens do estagnado Lago Mlubz. Viajaram
cidade-porturia de Arion se desenvol- para o sul, conhecendo as pequenas guar-
veu, supostamente sobre as runas de um nies sulistas de Yaziel e Hyennish, que
povoado muito mais antigo, anterior di- agora marcavam a extenso do extremo
viso dos continentes. Ela prosperou no sul de Klarash. Viajando ainda mais para
comrcio com Ashkyos e Kabesh, rapida- o campo, descobriram uma velha col-
mente cresceu em importncia at quase nia de leprosos nas bordas do Deserto
se equiparar, prpria capital de Khan. Scythera, que agora era Shakuru, a re-
E em tomo da costa do Mar Interior, um voltante Cidade dos Mendigos. Eles des-
grande nmero de povoados comerciais bravaram at mesmo as extenses do de-
se desenvolveu at se tomarem peque- serto, que parecia no ter fim, passando
nas cidades-estados muradas. A compe- pelos srdidos Homens-Lagarto e Goblins
tio, no comrcio, entre as cidades do desgrenhados.
Mar Interior era acirrada, resultando em E mais tarde, como se tivessem sido com-
guerras espordicas, normalmente resol- pelidos para l o tempo todo, eles encon-
vidas em batalhas navais, quando vrias traram o rio e a Cidade Morta. Um grupo
cidades-estados se uniam contra outras de cinco feiticeiros e guerreiros aventu-
para tentar impor suas prprias tarifas e reiros se arriscou a acompanhar o rio, que
acordos comerciais. parecia no estar fluindo para nenhum
Em Klarash, a Dinastia Shakista construiu lugar; estava simplesmente l, sua su-
a Estrada do Rei, que ia de Djiretta via perfcie preta de limo podre e de insetos
capital a Kelther a fim de unificar o rei- gigantes. Eles o denominaram o Rio da
no, e o volume do comrcio cresceu ain- Decadncia, e o seguiram em direo les-
da mais. Mercadores e aventureiros viaja- te. Aps trs dias, chegaram cidade, que
vam por todo o caminho, do Rio Shantak, estava abandonada no deserto. Por quan-
ao norte, at a distante Zagoula, a cidade to tempo estava ali, ningum conseguia
da sabedoria. Era uma terra pacifica, sua adivinhar, mas deveria ser muitssimo an-
tranqilidade mantida pelas atitudes r- tiga, pois suas construes tinham formas
pidas e decisivas dos soldados do rei ao muito estranhas pirmides e diaman-
primeiro sinal de problemas! tes pareciam ditar suas formas, em vez

51
Explorando ainda mais, os aventureiros
chegaram maior construo de todas,
uma estrutura imensa parecida com tuna
catedral. Quando entraram, ficaram imer-
sos na escurido, pois no havia janelas.
Algum encontrou um isqueiro e, en-
quanto as chamas oscilantes danavam
em suas velas, eles fitaram em volta e
perderam o flego de espanto e choque!
Tudo estava decorado com esttuas e mu-
rais de criaturas de tentculos se contor-
cendo, que devoravam humanos e outras
criaturas, mas tudo isso atraiu a ateno
dos espectadores para uma forma grande
e escura bem no fim do prdio. Com seus
coraes palpitantes, pesando dentro de
seus peitos, os aventureiros deram um
passo frente. Quando se aproximaram,
puderam ver que era um tmulo e dos
grandes. O ar local era quente e opressi-
vo; vozes pareciam danar em suas cabe-
as, dizendo ininterruptamente: Abram
o tmulo, abram o tmulo! Quase como
se estivessem sendo forados, suas mos
se esticaram e empurraram a laje de pe-
dra que cobria o sarcfago.
Bem devagar, ela deslizou para trs at
cair com um baque surdo, que ecoou por
todo o prdio e pareceu trazer os aventu-
reiros de volta conscincia. Eles fitaram
em volta, surpresos, at que uma mo
escamosa, movendo-se lentamente para
de curvas e quadrados e a maior parte borda da cripta, chamou sua ateno.
delas parecia ser inacessvel a seres com- Eles olharam hipnotizados,. presos a seus
menos de trs metros de altura. Tudo era lugares, enquanto a criatura aterrorizado-
decorado com imagens de peixes e pol- ra sentava-se em seu caixo, seus tent-
vos imagens bizarras e perturbadoras culos retorcendo-se como se estivesse fa-
para se encontrar numa cidade de deser- rejando o ar. De alguma maneira, um dos
to. Nada vivia nela nem macacos, nem aventureiros desviou seus olhos e gritou!
pssaros ou plantas de qualquer espde Seus companheiros despertaram, se vira-
e uma estranha atmosfera dominava ram e fugiram do mausolu e da cidade.
todo o lugar; por causa disso, os aventu- Muitos meses depois, um dos aventu-
reiros quase se sentiam como se estives- reiros foi encontrado por um mercador,
sem profanando um santurio sagrado.

52
viajando de Zagoula para Yaziel. Quase
morto de exausto e desidratao, ele
balbudou sua histria. Tinha sobrevivido
travessia do Deserto Scythera, matando
e comendo seus colegas mais fracos, mas
agora as foras lhe faltavam e ele morreu.
A histria da Cidade Morta e seu solitrio
habitante se espalhou como um incndio.
Contudo, seguindo-a logo depois, e per-
correndo toda Klarash, vieram as notcias
de que Goblins e Ores das Montanhas dos
Gigantes tinham abandonado qualquer
pretenso de paz, e estavam se preparan-
do para guerra!

A guerra dos magos


A libertao da inominvel semente do
Caos da tumba na Cidade Morta, em Khul,
foi a (agulha que acendeu a chama, que
mais tarde aumentou e aumentou, at se
transformar no grande incndio que foi a
Guerra dos Magos, em Allansia, a Grande
Guerra contra o Mal em Khul, e o Nasci-
mento de Kakhabad, no Mundo Antigo.
For sculos, Orcs, Goblins e Trolls faziam espao de poucas horas. Para todo o lugar
pequenas investidas s margens da civili- que se olhasse, o Caos estava lentamente
zao, testando-lhes as foras de defesa. infiltrando-se no mundo atravs de fres-
Atrados pela asceno da feitiaria em tas cada vez mais largas.
Allansia, muitos magos malignos haviam A primeira batalha ocorreu ao sul de Khul,
treinado sozinhos at terem desenvolvi- na primavera de 1998 TA, Quando o ms
do tcnicas de ressuscitar os mortos para de Cus na Escurido passou para o do
serem seus servos. Nas Montanhas dos Despertar da Terra, os cus no clarearam
Gigantes, em Khul, as outras raas tinham em Zagoula. Uma tempestade de areia
reunido seus recursos, sob os olhos igno- soprou pelas terras do sul, escurecendo-
rantes de Khan Gyorgir e seu povo. No -as por trs semanas e trazendo com ela
Deserto dos Crnios, o Povo Serpente es- uma praga de gafanhotos e cobras, que
tava desenvolvendo mgicas que aumen- infestaram a cidade. Mensageiros foram
tariam a temperatura do serto arenoso enviados para o norte a fim de relatar o
e fariam com que os desertos estreis que estava acontecendo, j que todos na
se expandissem. Em cada canto sombrio cidade sabiam que a tempestade no era
de Kakhabad, Xams e mdicos-bruxos de origem natural. No vigsimo-terceiro
manipulavam as foras da natureza, mu- dia de tempestade, com os aterrorizados
dando o dia pela noite, e vice-versa, no habitantes de Zagoula entocados em suas
casas, as Foras do Caos vieram marchan-

53
do para a cidade, a semente do Caos da cortando os mgicos campos naturais de
Cidade Morta liderando Trolls, Ores e Titan e da presena do Caos nos Planos
muitos outros seres caticos disformes. Espirituais. Relatrios sobre uma tropa
Ela foi saqueada, esmagada sob o peso macia de criaturas Caticas se juntando
das tropas obscenas, que fervilhavam em na parte leste das Montanhas do Dedo de
todos os lugares. Gelo chegaram ao senhor de Gar-Goldo-
Uma vez que as terras do sol haviam sido ran, mas antes que ele pudesse ao menos
destrudas, as Foras do Caos se dividi- despachar mensageiros para alertar as
ram. Um exrcito correu para o nordes- terras vizinhas, as hordas do Caos j ur-
te, reunindo mais e mais movimentos, ravam nos portes da cidade. Entretanto,
enquanto dizimava as terras frteis no ele se esquecera da versatilidade de seus
corao do continente e as transformava feiticeiros da corte, que conseguiram
em vastides improdutivas de cinzas. Ele atravessar a fenda dos campos mgicos
chegou a Kabesh e se encontrou com um causada pela forte presena do Caos, e
exrcito menor de Orcs e Goblins, que ha- alertar seus companheiros magos de Car-
via varrido as plancies do norte. A cidade sepolis sobre a situao, antes de se jun-
estava cercada, enquanto uma tropa de tarem luta pela cidade.
fuga debatia-se e se dirigia para o nordes- Gar-Goldoran caiu rpido, rpido demais,
te, indo para a cidade de Arion. O outro pois ela no havia se preparado; entretan-
exrcito rumava para Shakista, a capital to, algumas das Foras do Caos marcharam
de Klarash, mas foi contido no Desfiladei- depois em direo leste para Fangthane,
ro de Anvil, atravs das Montanhas dos a capital sagrada da raa dos Anes, que
Gigantes por um grande exrcito que res- era tudo, menos despreparada: os Anes
pondera s mensagens de catstrofe, vin- esperavam este acontecimento para mais
das de Zagoula. Depois de resistir ao fluxo cedo ou mais tarde, h quinhentos anos.
de Orcs e Goblins por cinco dias, as tropas Agora que o dia chegara, eles no se pre-
desistiram, recuando pelo caminho a fim ocupavam que a sagrada Fangthane es-
de tomar uma nova posio mais prxima tivesse finalmente sob ataque. Abando-
capital, onde se juntaram aos reforos nando a cidade em frente Fangthane,
das terras litorneas. Planos foram feitos recuaram para dentro da montanha e es-
para abandonar a capital, se necessrio... peraram as Foras do Caos se despedaa-
rem contra ela, assim como tantos barcos
O saque a Allansia o faziam em um litoral rochoso.
A primeira batalha da Guerra dos Magos Quando os atacantes chegaram, os Anes
em Allansia foi um ataque a Gar-Goldoran, ficaram levemente desapontados, pois
a capital de Goldoran, que ficava perto do eles eram em sua maioria Orcs e Trolls
local onde hoje se encontra a moderna ci- covardes, com poucas criaturas do Caos
dade de Zengis, Quando os primeiros dias para oferecer-lhes algum tipo de desafio.
quentes devero estavam comeando, Aps permitir que a repulsiva tropa quei-
fragmentos de notcias sobre as violentas masse a cidade e ento se debatesse con-
Foras do Caos em Khul comearam a se tra as defesas inexpugnveis da cidadela
espalhar. Feiticeiros e msticos reclama- por duas semanas, os Anes se impacien-
ram ds tremendas foras elernertares taram e saram armados para enfrentar as

54
Grande Mago de Yore e cinco outros ma-
gos, esperava por elas. Assim que a incon-
trolvel onda negra de distorcido e uivan-
te Mal deslizou em sua direo, atravs
da parte mais estreita da passagem, as
foras de Salamonis romperam as fileiras
e correram atravs dela.
Mas, bem ao final, eles se viraram e fica-
ram em seus lugares, enquanto os feiti-
ceiros levantavam uma parede macia de
chamas, cruzando o caminho, dividindo
em dois os exrcitos do mal. Agora que o
inimigo havia sido dividido a um nmero
mais fcil de se lidar, os soldados de Sala-
monis caram sobre eles com todas as for-
as e os rechaaram para dentro da pare-
de em chamas, enquanto, do outro lado,
a incontrolvel tropa do Caos empurrava
cada vez mais corpos para o fogo.
Chegou uma hora em que os comandan-
tes das Foras do Caos conseguiram reti-
rar suas tropas e recuar para dentro das
Colinas Moonstone. L, eles se encon-
traram com reforos na forma de milha-
Foras do Caos. Trs dias de luta firme e
res de Ores e uma dzia de Elfos Negros,
os invasores se acabaram, mas, com tpi-
guerreiros-feiticeiros, que guiaram a tro-
ca severidade, os Anes perceberam que
pa srdida atravs das colinas e das Pla-
as foras principais deviam estar disper-
ncies Pags, onde correram em direo a
sas em algum lugar, e que eles deveriam
Carsepolis, bem atrs dos heris do Pas-
marchar para dar reforo aos humanos
so de Trolltooth, que atingiram a capital
das terras do oeste. Deixando para trs
logo antes deles. Enquanto as Foras do
pouqussimas defesas, marcharam para
Caos rodavam rapidamente em torno das
Allansia.
defesas armadas, muitos dos ancies da
De fato, as foras principais tinham se
cidade acreditaram plenamente que o fim
voltado para as Terras Planas e as devas-
do mundo havia chegado.
tado como um fogo na floresta atravs
de mato seco, indo em direo ao Passo
Os campos de batalha
deTrolltooth e Allansia. A cidadela de Du-
rang, nas bordas das Terras Planas mos- do caos
trou-se apenas como uma mera irritao Quando o setor das Foras do Caos que se
para as Foras do Caos, e foi despedaada soltara deslizou atravs de Khul em dire-
por uma massa de monstruosidades dis- o a Arion, foi encontrado e emboscado
formes. Contudo, no Passo de Trolltooth, pelos soldados daquela cidade, liderados
uma tropa de Salamonis, reforada pelo pelo lendrio heri Brendan Bloodaxe,

55
que havia se escondido junto s rvores tas boas cidades e milhares de guerreiros
da Floresta Antiga prxima a Corda, antes e civis, e o pior de tudo, o centro da Terra
de correr em volta, num movimento de havia sido arruinado pela corrupo do
estrangulamento, que pegou de surpresa Caos e nunca mais se recuperaria.
as tropas malignas. Muitos homens foram
mortos naquele dia, enquanto as tropas A ltima batalha
lutavam por todos os lados da plancie A batalha final foi o Cerco de Carsepo-
mas, aos ltimos raios do sol poente da- lis. No comeo do combate, os defen-
quele fim de tarde, Bloodaxe olhou para o sores da antiga capital de Allansia eram
campo de carnificina abaixo e viu somen- cerca de dezoito mil, incluindo mulhe-
te os humanos de p. Eles trabalharam res e crianas, que se prepararam para
por toda a noite, queimando os corpos a luta junto com os homens. As Foras
asquerosos dos adversrios vencidos para do Caos eram incalculveis, pois ocu-
que no contaminassem a terra, antes de pavam a maior parte da linha do hori-
marcharem para Kabesh luz da aurora. zonte, sob grossas nuvens de morcegos
Eles chegaram tarde demais e encontra- gigantes e fumaa negra sufocante. As-
ram apenas runas enfumaadas e uma sim que a batalha comeou, hordas de
grande quantidade de corpos. A tro- Goblins trouxeram mquinas de cerco
pa maligna tinha pulverizado a cidade catapultas, aretes e torres para cerco.
e corrido para oeste a fim de reforar a Quando uma saraivada de flechas negras
outra tropa em Shakista, que finalmente choveu do cu, para manter os defen-
estava sendo derrotada. Levando suas sores distantes do parapeito, os Goblins
tropas aos limites da resistncia huma- colocaram suas engenhocas em posio e
na, Bloodaxe correu atravs das cinzas comearam a forar caminho para dentro
deixadas pela horda catica e caiu sobre da cidade. Sempre que eles faziam uma
sua retaguarda bem na hora em que eles brecha na muralha, encontravam forte
chegavam ao final da batalha por Shakis- resistncia, entretanto, no im portava
ta. Os defensores humanos tinham con- quantos guerreiros humanos lanavam-
tido os invasores nojentos por onze dias -se contra eles/ pois seus nmeros eram
e estavam finalmente os dominando. A limitados, enquanto os Orcs e os Goblins
chegada das tropas de Arion acabou com simplesmente continuavam a chegar.
qualquer esperana de recuo para as For- Aps trs dias durante os quais gran-
as do Caos, que foram esmagadas como des pilhas de corpos de Orcs e Goblins
uma ma em um tomo, tendo o mesmo eram acumuladas, porm a um custo
fim. A luta durou por mais nove dias, mas enorme para a resistncia as muralhas
ao trmino dela, as tropas do Caos fo- foram abandonadas e os defensores to-
ram liquidadas, embora grande parte de maram as ruas, assegurando-se de que
Shakista tenha sofrido tambm, e, mais as tropas do mal pagavam por isso com a
tarde, tivesse que ser demolida. O ataque vida, a cada passo do caminho.
do Caos em Khul custara muito a todas as
partes envolvidas. Os Orcs e os Goblins fi- O cerco de Carsepolis
caram liquidados em sua grande fora por A A luta prosseguiu dessa maneira por
sculos, os humanos tinham perdido mui- duas semanas, depois das quais quase

56
trs-quartos da ddade havia sido demo- Depois do Caos; como, sem dvida, voc
lida e dois-teros dos defensores esta- dve saber, estamos agora em 284 DC.
vam mortos. O restante estava reunido
em tomo do palcio real, aguardando o Allansia depois do Caos
ltimo ataque. Mas assim que as formas Em dois sculos e meio, desde a incurso
familiares comearam a rastejar pelo cas- do Caos sobre Allansia, pouco aconteceu
calho, um alvoroo surgiu na retaguarda no continente. Tantos povoados foram
da tropa maligna. Uma tropa de Anes destrudos e tantas pessoas mortas, que
de Fangthane, unidos aos Elfos da Flores- velhos reinos, como Goldoran, cessaram
ta de Darkwood e das Florestas da Noi- de existir. Em uns poucos lugares, novos
te tinha chegado, pegando de surpresa reinos imediatamente floresceram no lu-
as Foras do Caos. O som das vozes dos gar dos antigos, e a vida continuou mais
Anes se elevaram num hino de batalha, ou menos como antes. Porm, na maioria
acompanhado pelo claro da magia dos das reas, a vida tinha sido arruinada pela
Elfos, que iluminava o cu em centenas guerra.
de lugares. Os defensores se comovera- Nos primeiros anos da Nova Era, a fome
me foram ao encontro do inimigo pela l- e a praga eram comuns, terminando o
tima vez. Porm, os deuses estavam com trabalho horrvel que os poderes do Mal
eles desta vez. Numprimeiro momento os haviam iniciado.
humanos eram esmagados por uma pare- As runas de Carsepolis foram manchadas
de de Goblins e Orcs, no instante seguinte pelo Caos e muitos fantasmas eram vis-
seus inimigos estavam mortos e restavam tos, tarde da noite, vagando pelos cam-
somente Anes e Elfos, cada um deles pos de batalha. A cidade foi abandonada
coberto da cabea aos ps com sangue pelos seus sobreviventes, cuja grande
asqueroso de seus adversrios vencidos. maioria foi refugiar-se em Salamonis, no
A guerra fora ganha! Vale do Salgueiro, e em novas cidades em
expanso como Chalice e Shazaar. Com o
A nova Era tempo, a maior parte das runas de Car-
Como conseqncia da Guerra dos Ma- sepolis lentamente desmoronou, mas
gos e da Grande Guerra contra o Mal, ha- aquelas
via muito a ser feito, mas tambm havia da rea das docas que quase no foram
muito que no podia ser desfeito. Muitas atingidas pela guerra permaneceram.
cidades e vilarejos de Allansia tinham sido Elas atraam salteadores e ladres, que
destrudos pelas tropas do Caos, contudo, as usavam como um esconderijo pronto,
em Khul, eles tinham envenenado a pr- perpetuando as histrias sobre seus ha-
pria terra, transformando vastas reas em bitantes fantasmagricos, para manter os
desertos de cinzas sem nenhuma utilida- curiosos distncia. Logo, uma colnia
de. Tendo em vista a natureza apocalptica completa de malfeitores vivia nas runas,
dos eventos de 1998 TA, um novo sistema que gradativamente foram se tomando
de datas foi introduzido. Tomaram o ano de novo uma cidade. No curso de talvez
que deveria ter sido 1999 TA para ser o cinqenta anos, a cidade de Porto Black-
Ano Um da Nova Era. At os dias de hoje, sand ergueu-se das runas. Seu primeiro
ns nos referimos s datas como DC, ou governante foi o Prncipe Olaf Twohorse,

57
que ser lembrado pela Histria como o suas florestas e novamente ficaram fora
homem que fundou a colnia-priso na da vista dos homens. Os Anes voltaram
isolada Ilha do Fogo. Ele foi sucedido pelo sagrada Fangthane e, lentamente, co-
Baro Valentis, um outro nobre corrupto mearam a reconstruir a cidade ao p da
que, por sua vez, foi sucedido pelo infame montanha. Algumas runas ainda perma-
Lord Azzur. necem, lembrando-lhes da guerra, mas
Em outras partes de Allansia, as lembran- a maior parte foi removida e substituda
as do passado se apagaram ou desmo- por prdios e mas completamente novos.
ronaram. As Terras Planas ainda esto A civilizao foi notoriamente vagorosa
cheias de runas de vilas e fortificaes da no retorno a Allansia, que um lugar to
guerra, que agora so lar apenas de ratos primitivo agora como o era mil anos atrs.
e fantasmas. Os Anes e Elfos do nordes- A terra selvagem, com monstros e raas
te foram celebrados por muitos meses, no-humanas espreitando nas colinas e
devido sua contribuio na derrota do at mesmo atrevendo-se a pilhar as ter-
Mal, mas, eventualmente, tiveram de ras baixas de vez em quando. Feiticeiros
voltar para casa. Os Elfos retornaram a sombrios ainda se envolvem com podero-

58
Em outras partes do mundo, a recupera-
o no foi to rpida. Zagoula desman-
chou-se em runas, abandonada pela
humanidade, por causa dos terrveis fan-
tasmas que haviam se agarrado imagem
de vida l existente. As cidades sulistas de
Yaziel e Hyennish escaparam praticamen-
te intactas e sobrevivem at os dias de
hoje, contudo, com o declnio de Zagoula,
elas ficaram isoladas das outras terras ao
norte. Kabesh foi-se do mesmo jeito que
Zagoula, embora seja muito difcil encon-
trar suas runas, agora. Elas foram enter-
radas sob as Regies do Caos, nome dado
por todos os habitantes de Khul aos deso-
lados desertos de cinzas que sufocaram o
corao do continente.
A nordeste das rnas de Kabesh ficam os
Campos de Batalha, o esplio das plan-
cies onde o exrcito de Brendan Bloodaxe
derrotou uma das foras do Caos. E uma
rea gramada, agradvel, porm h, aqui
e ali, grandes espaos vazios, onde nada
cresce e os animais no passam de jeito
sas magias, embora no mais entendam nenhum. As pessoas que conhecem a
a maior parte daquilo com que esto li- rea dizem que estes so os lugares onde
dando. E heris ainda marcham nas ter- os corpos dos guerreiros mortos do Caos
ras selvagens procura de aventuras e foram enterrados e que, em certos mo-
encontrando-as! mentos, seus espritos vagam nas plan-
cies, uivando por sua ressurreio.
Kul depois do Caos A cidade de Arion teve mais sorte que a
Diferente de Allansia, Khul manteve al- maioria, sendo deixada inclume durante
guma civilizao, embora tivesse sido la- a guerra embora vrios de seus guer-
mentavelmente estremecida com a guer- reiros no tenham retornado aos lares.
ra. As runas de Shakista e os campos em Nos ltimos dois sculos, ela se desen-
volta foram abandonados, e uma nova volveu rapidamente, e tomou-se a maior
capital foi construda em Ximoran. A fa- cidade do nordeste, governada pelos des-
mlia governante foi empossada de novo, cendentes do prprio Brendan Bloodaxe.
mas depois de apenas seis anos, o ltimo
rei morreu sem deixar herdeiros. A terra O Mundo Antigo
agora governada pelo Conselho dos Sete, em Guerra e Paz
constitudo d representantes de cada Surpreendentemente, foram as terras do
uma de suas maiores cidades. Mundo Antigo que mais mudaram desde

59
dias inspecionando as tropas em posio
nas Terras do Norte. O guia da comitiva
real era o Baro Tag de Casper. Sem o rei
saber, Tag fizera um pacto com o regente
de Brice: se ele conseguisse se livrar da
famlia real, o regente permitiria que ele
tomasse o trono, como rei de Gallantaria.
Naquele dia fatdico, o Rei Constain, sem
suspeitar de nada, aceitou a oferta de Tag
para guiar sua comitiva real de volta, atra-
vs da traioeira Passagem Estreite, nas
Cragrocks. Quando l chegaram, foram
atacados por um bando de nortistas, pa-
gos por Tag, e toda a comitiva foi assas-
sinada, sendo que Constain foi liquidado
pelo prprio Tag.
Na ausncia de um herdeiro, o feiticei-
ro da corte, Tantalon, tomou o controle
de Gallantaria nos ltimos dois anos da
guerra. Mais tarde, depois de planejar um
as guerras, embora tenham sido atingidas grupo de tarefas que eliminasse a todos,
apenas levemente. Apesar da pequena menos o candidato mais adequado, um
interrupo que o Levante de Kakhabad novo regente foi encontrado e Gallantaria
causou, a polticae os poderosos do Mun- se ajustou novamente sua tumultuada
do Antigo continuaram como antes. paz.
Brice continuou fazendo demons-traes Nos ltimos anos, Femphrey sobreps-se
ameaadoras de seu poderio militar que a Gallantaria como centro das atenes,
no enganava ningum at que, de re- sob a liderana do Rei Chalana, conheci-
pente, tentou uma invaso em massa a do como o Reformista. O sbio governan-
Gallantaria, no ano de 175 D C. Choveram te obteve um artefato mgico, chamado
guerreiros sobre o Rio da Fronteira e eles a Coroa dos Reis (que se pensava ser um
comearam a avanar atravs das plan- presente dos desonestos Feiticeiros de
cies, em direo prpria Lendle Real! Ao Netherworld, dos Picos Cragrock), que
mesmo tempo, sditos rebeldes das Ter- confere magnficos poderes de liderana
ras do Norte comearam a invadir Gallan- e justia a qualquer um que a usar. O Rei
taria, pelos Picos Cragrock. A Guerra dos Chalana trouxe paz e prosperidade para
Quatro Reinos irrompera. Femphrey, pelo poder da Coroa dos Reis
Rei Constain de Gallantaria imediatamen- mas, acima de tudo, uma vez que Fem-
te correu para repelir os nortistas, en- phrey tinha se beneficiado da Coroa, Cha-
quanto despachava uma outra tropa para lana decidiu pass-la adiante para as ou-
interceptar os invasores de Brice. O rei e tras naes. A cada quatro anos, a Coroa
seu squito, incluindo a rainha, estavam dos Reis passava para um outro gover-
sendo escoltados de volta cidade guar- nante, que podia us-la para estabelecer
necida de Forrin, aps despender vrios

60
FORAS DO BEM

Q
uando sair viajando pelo mundo,
vai se deparar com membros de
outras raas. Para alguns aventu-
reiros, isto no parecer estranho, pois
em vrias partes do mundo podem ser
vistos com Anes, Elfos e outros seres,
ao lado uns dos outros, Mas, para mui-
tos outros aventureiros, falar sobre es-
sas criaturas e outras piores como Ores,
Goblins, Homens-Lagarto ou at mesmo
Elfos Negros, ser diferente e pode mes-
mo ser aterrorizador. As sees seguin-
tes, portanto, tm como objetivo prov-
-lo de mais informaes sobre categorias
de criaturas. Elas o alertaro sobre em
quem deve se tomar cuidado, em quem
pode confiar durante suas viagens pois
haver raas, em todos os lugares, que
aparecero para oferecer amizade, abri-
a ordem e a paz, nos limites de seu reino, go e segurana, mas que com a mesma
e ento se unir Liga de Femphrey. Os rei- rapidez o apunhalaro pelas costas. Voc,
nos de Ruddlestone, Lendleland, Gallan- rapidamente, aprender quem quem
taria e mesmo o belicoso Brice, tiveram nas suas jornadas, porm talvez seja mais
seu turno de governo pela Coroa. inteligente ter alguma idia de como o
Recentemente, a Coroa dos Reis foi pas- mundo, antes que cruze sua porta.
sada para o Rei de Anal and, que a usava As Foras do Bem, com quem comea-
com grande efeito na melhoria do moral mos, so mais uma tendncia do que
de Analand at que foi roubada pelos um bloco de poder estabelecido. No h
Homens-Pssaro a servio do Arquimago tropas organizadas do Bem, da mesma
de Mampang, em Kakhabad do norte. Pa- forma que h tropas do Mal e do Caos,
rece que o malicioso dspota deseja fazer por exemplo. Mas h raas que seguem
de Kakhabad seu prprio reino, usando a os deuses da Bondade, como os Anes
Coroa dos Reis para organizar as variadas e os Elfos, que podem ser consideradas
faces do Caos, sob seu jugo. Se ele for como raas aliadas a uma causa. E h in-
bem-sucedido, Kakhabad se tomar uma divduos, neste mundo, que lutam pelo
tremenda ameaa para todo o Mundo Bem contra uma onda esmagadora de ig-
Antigo. Sem o poder do artefato, Analand norncia e malcia, e que podero ofere-
est sucumbindo novamente e agora est cer ajuda ou conselho para algum como
procurando desesperadamente por vim vocs, quando forem muito pressionados
bravo aventureiro que possa recuperar a pelas Foras do Mal.
Coroa dos Reis e trazer paz e prosperida- As terras de Titan ainda so selvagens e
de de volta terra.

61
no-civilizadas, com poucos centros de mundo, mas alguns agora deixaram o
aprendizado deixados depois da Guerra palcio para cuidar de seus prprios do-
dos Magos, e a maioria das terras go- mnios. Fangara, deus dos ventos, e Sukh,
vernada por uma combinao de fora, deus das tempestades, por exemplo, ago-
ignorncia e medo, quando governada. ra duelam com outras criaturas do ar, no
Apenas umas poucas excees se man- Plano Elementai Hydana, deus das guas,
tm fiis a todo custo ao caminho do Bem vivia no fundo do oceano desde antes do
como Analand, que teve que se acovar- tempo comear.
dar, atrs de uma muralha macia, para se
proteger de outros reinos, e o antigo rei- A corte celestial dividida
no de Ximoran, que agora se A Corte Celestial se divide em duas partes
desmorona gradativamente, uma vez que principais. Uma composta pelos deuses
seu povo se isolou em suas cidades mura- originais que ajudaram a criar partes do
das. Em sua busca pela paz, a maioria dos mundo de Titan e que ainda governam
reinos permitiu que se adorasse a todos seus aspectos fsicos. Mas, tambm, h
os deuses, quaisquer que fossem suas novos deuses que se formaram por volta
filosofias: por exemplo, somente um go- do tempo da Expulso. Antes da Primeira
vernante muito valente teria coragem de Batalha, eles eram divindades menores
dizer aos adoradores de Slangg que eles (suas contrapartes malignas, Slangg e Ta-
no teriam mais permisso para matar nit, serviram Morte, do lado do Mal, na
outros cidados! Contudo, nos pequenos Primeira Batalha), porm, desde a ascen-
cantos do mundo, a idolatria aos deuses so da humanidade, outras raas civiliza-
mais pacficos continua talvez silencio- das cresceram em tamanho e influncia.
samente, mas, pelo menos, eles so lem- Estes novos deuses governam emoes,
brados. em vez das coisas fsicas, e julgam as
aes de todos os seres inteligentes em
Os deuses do bem uma parte da Corte Celestial conhecida
Voc jleu sobre os eventos do Tempo como Salo da Mente.
dos Deuses, quando, de acordo com mui- Eles so oito, liderados por Sindla, a deu-
tos sacerdotes modernos e estudiosos sa da sorte e do destino, que tambm
de mitologia, os deuses criaram Titan e, membro da outra parte da Corte Celes-
ento, combateram a Morte e seus ser- tial e que irm deTitan, o Pai do Mun-
vos srdidos pelo controle do mundo, at do. Ela, tambm, conhecida por vrios
que o Tempo foi libertado e depois morto, nomes em terras diversas. Na selvagem
numa reverso irnica de seus prprios Kakhabad, eles a chamam de Cheelah; na
poderes sobre a mortalidade. Aps a Ex- vizinha Ruddlestone e na sem-lei Brice,
pulso, todos os deuses voltaram para a Gredd. Na Allansia do norte ela Avana;
Corte Celestial, com exceo de Logaan, in Frostholm, a Senhora da Sorte ou
o Trapaceiro, e alguns de seu grupo, que Dama do Destino (algumas vezes repre-
ficaram em Titan e tomaram conta da as- sentada como duas entidades separadas);
censo de sua criao, o Homem. Muitos em Arans, ela Zaragillia e adorada,
dos deuses do Bem ainda se renem na junto com Galana, deusa das plantas e da
Corte Celestial, a fim de cuidar de seu fertilidade, por todos aqueles que depen-

62
dem do luxo normal do Rio Eltus para sua ples, que precisam de sua proteo. Nor-
sobrevivncia. Em outras partes do mun- malmente, retratada como uma mulher
do, ela Castis, Bismen ou Juvenar. Onde bonita, segurando ao alto uma balana
quer que seja conhecida, ela adorada e em uma das mos, e a outra mo levanta-
o deus favorito para pedidos e bnos. da, em repreenso ou bno (o que ela
Que Cheelah o proteja ou Que Sindla est realmente fazendo um ponto de
seja sua guia so ditados comuns e to- discusso entre seus sacerdotes).
dos os reinos tm algum semelhante. Asrel, conhecida tambm como Culacara,
Sua filha Libra, deusa da justia e da Jerez e Ooraseel, e por muitos outros no-
verdade. Tambm conhecida como Si- mes, a deusa da beleza e do amor. Ela
calla, Bersten e Macalla, juntamente com irm de Libra e Usrel, deusa da paz e tam-
vrios outros nomes, ela a deusa prote- bm parente de Galana, mas raramente
tora de Analand e de muitas outras terras adorada hoje em dia. A feiticeira local do
menores. Sob seus olhos observadores, vilarejo pode fazer oferendas a Asrel para
sero mostrados a um aventureiro todos voc, se desejar uma poo do amor, con-
os aspectos do mundo, pois dizem que tudo, poucos outros humanos a adoram,
Libra entende de todas as facetas, tanto embora todos saibam seu nome.
do Bem como do Mal, da Lei e do Caos, e Usrel a deusa da paz, irm de Asrel e
que capaz de ver a realidade por trs de Libra, e a me de Courga, deus da graa
qualquer conflito. Ela uma deusa pode- e Fourga, deus do orgulho. Ela adorada,
rosa e adorada por muitas pessoas sim- mais fervorosamente, em terras divididas
pela guerra, onde cidados sitiados im-
ploram a ela que termine com as lutas.
Tambm conhecida pelos nomes de Liriel,
Enkala, Ageral e Westrea, mais comu-
mente retratada como uma figura mater-
nal, seus braos abertos como se cobrisse
o mundo de paz.
Como dissemos, seus filhos so Courga e
Fourga, os deuses gmeos da graa e do
orgulho. Dizem que so deuses opostos,
que lutam entr si para produzir graus
diferentes de orgulho e humildade no
carter das pessoas. Vrios mitos contam
a histria de seu conflito, mas nenhum
faz muito sentido. O nome de Fourga,
principalmente, tambm objeto de um
bocado de abusos, uma vez que o orgu-
lho no mais considerado uma virtude.
Em lugares como Khar, a vil cidade de
ladres e assassinos na selvagem Kakha-
bad, Fourga retratado como um deus
vingativo, que distribui grandes castigos

63
queles que so orgulhosos demais. Seus tial, os outros deuses e deusas tomam
sacerdotes pregam de modo longo e en- conta dos aspectos fsicos do mundo de
tediante que o orgulho vem de dentro e Titan. H um grande nmero de deuses e
no deve ser confundido com arrogncia cada um servido por deuses menores e
ou pretenso mas poucos de seu povo semideuses, feitos como seus prprios fi-
parecem prestar muita ateno. Seu filho lhos, heris lendrios que ascenderam ao
Telak, deus da coragem, que por vezes paraso para sentar com os deuses e assim
associado tambm a Rogaar, o senhor dos por diante. O velho estadista de todos
lees, e que freqentemente retratado os deuses Titan, Pai do Mundo, sempre
como um leo ou um Drago, ou como representado como um ancio, com um
um robusto guerreiro armado e pronto sorriso benevolente pairando nos lbios,
para a batalha. Ele o protetor de todos porm com um olhar duro em seus olhos
os guerreiros e mercenrios profissionais profundos. Poucos o adoram, mas todos o
vrios, dos que voc vai encontrar, conhecem e quase to comum fazerem
ostentam a espada dourada, que seu pedidos de bno quanto suplicarem pol
smbolo, tatuada nas costas da mo que sorte su irm, Sindla.
segura a arma. Seu nome o mesmo em Titan tem muitos filhos. Sua filha Galana
muitas partes do mundo, embora ele seja a deusa das plantas e d fertilidade, e
tambm conhecido como Portador da Es- a protetora dos fazendeiros e Elfos, que
pada, Portador do Escudo e Guerreiro. dizem haver criado. Ela tambm conhe-
O ltimo membro do Salo da Mente cida em outras partes do mundo como
Hamaskis, deus da sabedoria. Ele outro Erillia, Kachasta, Zaran ou a Jardineira. Na
que tambm membro da Corte Celestial poca do plantio e da colheita, a maioria
propriamente dita e o protetor de todos dos fazendeiros toma parte de uma ce-
os estudiosos e dos feiticeiros (incluindo rimnia especial em devoo a Galana,
os autores deste livro). Normalmente onde sementes e foices so abenoadas
descrito como um homem idoso ou como e todos os presentes rezam para que ela
um jovem, pregando a sabedoria de um os olhe Com bondade e os agracie com
livro que segura aberto diante de si. Ele uma boa colheita. Ela tambm associa-
tambm conhecido em outras terras da a Varantar, a protetora dos pastores, e
como Serion ou Tyralar, porm sua ado- a uma personalidade conhecida como o
rao restrita quelas terras onde a Agricultor, que parecem ser ou seus filhos
sabedoria uma virtude: em terras no- ou deuses menores sob sua proteo.
-civilizadas Hamaskis no conhecido e o Throff, a deusa da terra (tambm cha-
Salo da Mente tem apenas sete ocupan- mada de Alishanka, Kerellim e por vrios
tes. outros nomes), sua irm e a maior divin-
dade entre os Anes, que a reverenciam
Os outros Deuses e constroem santurios em sua honra,
Na cmara principal do Conselho Celes- em suas cidades subterrneas, adorna-

64
das com jias. Seu marido Filash, deus te usam mantos bem brihantes e passam
do fogo, irmo de Glantanka, a deusa do a maior parte de seu tempo no topo dos
Sol. Seus filhos so Verlang, protetor dos templos ou das pirmides, cantando rezas
fundidores e dos trabalhadores de metal, por sua proteo. Algumas culturas consi-
e Lorodil, deus dos vulces, que algumas deram Glantanka a esposa de Titan, cha-
vezes associado com Caos, mas que de mam-na de Mae do Mundo, e atribuem
fato uma divindade Honesta, que sim- ainda mais caractersticas ela.
plesmente tem pouca considerao pelas Os outros deuses elementais compre-
criaturas desafortunadas qu caem no ca- endem o deus da tempestade Sukh, co-
minho de sua lava sagrada. nhecido por seu temperamento violento
Glantanka reverenciada em muitas ter- (e por ser adorado por vrias raas bem
ras, embora alguns primitivos a adorem malignas); seu irmo Pangara, deus dos
como a nica divindade, em vez de uma ventos; Hydana, deus das guas; Aqua-
entre tantas. Alguns povos acreditam lis, deus dos rios; e Farigiss, deus do
que o Sol masculino, dando caracters- gelo e do frio. Todos tm muitos nomes
ticas femininas para a Lua, como a de- diferentes, em diversas partes do mundo,
voo a Lunara em Analand. Glantanka e so adorados tanto por humanos quan-
tambm conhecida por muitos nomes to por outras criaturas. Fies so associa-
diferentes em vrias partes do mundo, in- dos a outros deuses, incluindo Solinthar,
cluindo Assamura, Herel, Numara, Sevena o protetor dos marinheiros, e seu irmo
e Ariella. Seus sacerdotes freqentemen- Fulkra, o protetor dos viajantes. Voc en-

65
contrar vrios pequenos santurios para que os sacerdotes e os filsofos se vejam
ambos os deuses, por onde quer que via- envolvidos, voc podeestar seguro de que
je, e pode querer fazer oferendas para se agir a servio da Bondade, pode contar
eles e rezar por soa proteo em suas com a proteo dos deuses do Bem para
andanas. ajud-lo, ao se aventurar por este nosso
mundo maligno.
A compulso da Bondade
Quando encontrar servos de alguns dos
Anes: Pesquisadores das
deuses do Bem em suas viagens, voc profundezas
pode comear a se perguntar por que H apenas umas poucas criaturas que se-
tantas raas malignas os adoram! Cer- guem o caminho do Bem; as mais impor-
tamente, voc diria, criaturas srdidas tantes so os Elfos, a que mais tarde nos
como os Orcs no desejariam se devotar referiremos, e os Anes.
a um deus como Galana (a quem conhe- Voc j sabe sobre a criao da raa dos
cem como Senhora do Milho e a quem Anes por Throff, a deusa da terra, aps
rezam por boas colheitas, nas poucas ter visto Logaan criar o Homem. Os Anes
reas onde eles ainda se preocupam em so um povo sombrio e talvez voc no os
semear) e em resposta Galana no con- associasse a um sentimento religioso pro-
feriria seus favores a servos do Mal e do fundo, porm les adoram a deusa da ter-
Caos, mesmo que eles tambm fossem ra com uma intensidade surpreendente.
fazendeiros. Esta parece ser parte da ver- Em cada povoado de Anes se encontrar
dadeira natureza da Bondade: os poderes um pequeno santurio para a deusa a
do Bem so de tal forma que eles podem quem conhecem como Kerillim, a Me
perdoar as criaturas do Mal o sufidente da Terra decorado com pedras precio-
para conceder-lhes suas bnos, quando sas e mais ouro do que ser capaz dever
delas precisam. por muitos anos. Na capital dos Anes,
Criaturas como os Ladres de Vidas, que Fangthane, eles construram para ela uma
adoram Sukh, so consideradas servos do catedral no alto, perto do pico da monta-
Mal por viverem da violnda e da matan- nha, dentro do qual fica a maior parte da
a, que parecem fazer em nome de seu cidade. E um lugar de beleza incrvel, que
deus. Nesses casos, a religio se curva um mostra a habilidade extraordinria dos
pouco, deve-se dizer, e os sacerdotes tm Anes, quando trabalham com pedras e
discutido, entre si, sobre esses tpicos, metais preciosos.
por sculos. No caso de Sukh, geralmente Kerillim sempre representada pelos
concordam que Ladres de Vidas matam Anes como uma figura alta, sorrindo
suas vtimas somente porque assim que benignamente e muito bonita, usando
eles so. Certamente, ningum parece mantos esvoaantes marrom claro e com
argumentar muito quando humanos ma- uma chama eterna, queimando na palma
tam Orcs ou Goblins, embora a maioria de sua mo aberta. Dizem que esta cha-
dos servos do Bem concordaria que ma- ma simboliza alma dos Anes, que foi
tar pelo menos por princpio sem- soprada dentro deles pela deusa, e que
pre um ato do Mal. nunca vai diminuir em seus coraes. Eles
Quaisquer que sejam as confuses em acreditam que quando morrem, o fogo de
suas almas sobe aos cus, onde seus esp-

66
ritos vivem com sua deusa, numa terra de indo to ao norte quanto a plancie de
ouro e gemas. gelo alm delas.
Juntamente com Kerillim, os Anes ado- Foi ao participar de sua ltima expedio
ram um grande panteo de deuses e de mapeamento que encontrou o lugar
deusas menores, semideuses e heris que mudaria a vida de todos os Anes. Ele
lendrios, que, se acredita, habitam os viajara h trs meses pelo mais selvagem
cus, ao mesmo tempo em que mantm territrio, perseguido em todo o caminho
um olhar benevolente em direo a seus por conflitos com bandos de Orcs locais, o
parentes na terra. Entre os deuses esto que, gradativamente, exaurira seu grupo,
Verlang, protetor dos trabalhadores de que agora continha somente sete aven-
metal, que conhecem como Drevendil; tureiros. Eles estavam determinados a
e Filash, deus do fogo, a quem chamam alcanar a costa, onde pensavam que po-
de Akkalladn e conhecem como o mari- deriam se defender dos Orcs, sabiam que
do de Kerillim. H tambm centenas de deviam estar perto dela e iam sempre
deuses menores: cada d de Anes tem em frente, mesmo que estivessem cain-
seu prprio protetor, assim como cada do de exausto. Assim que eles passaram
sociedade de mineiros, trabalhadores de por um rego profundo, viram uma passa-
metal e guerreiros, em uma tribo. Junto gem para o mar, que agora conhecida
a seus heris, os Anes contam com uma por ns, humanos, como Baia Jarlhof,
grande quantidade de guerreiros e minei- mas que os Anes sempre chamaram de
ros, mas acima de tudo, brilha o nome de Grinderthl, as guas Bem Vindas. En-
Hangahar Goldseeker. tretanto, bem na hora em que os Anes
estavam dando vivas vista, um ban-
Hangahar Goldseeker, do de Orcs, gritando, surgiu das pedras
Fundador de Fangthane no topo do rego e lanou-se sobre eles,
H muito tempo, no incio da civilizao atirando setas e brandindo machados e
em Titan, Hangahar Goldseeker (Goldse- facas sobre suas cabeas esquelticas.
eker - Procurador de ouro) era o chefe Os Anes viraram-se para enfrent-los,
de urna pequena tribo de Anes que resi- mas Hangahar gritou para que fugissem.
dia na orla mais ao norte das cordilheiras Os guerreiros hesitaram, pois Anes no
chamadas Kalakfir (agora Montanhas do fogem de Orcs, mesmo quando esto em
Sangue Gelado, do nordeste de Allansia, desvantagem de cinqenta a um, como
que ainda estavam ligadas a outras terras era o caso; contudo, seu chefe chamou-os
naqueles dias). Ele recebeu este nome novamente e eles o obedeceram. O gru-
por causa de seu faro certeiro para achar po de Anes desceu para o rego e foi at
os mais ricos files de ouro. Ele poderia o final, para dentro de nma clareira que
estar andando pelas colinas, sem estar levava margem e pararam perplexos!
fazendo nada em particular quando, de L, distante, estava a vista mais bonita
repente, pararia, farejaria um pouco, e que um Ano jamais vira. Bem no fim da
ento apontaria para o cho, dizendo: baa escarpada, uma montanha erguia-
H ouro l embaixo, um monte dele! se dos contrafortes, seu cume brilhando
Era tambm um grande explorador e aju- languidamente na luz plida. Era o que as
dou a mapear a maioria das montanhas, lendas dos Anes sempre tinham insisti-

67
rostos, caram a seus ps e gemeram
como se a montanha fosse algum tipo de
deus! Os Anes aproveitaram a oportu-
nidade e rapidamente escaparam. Han-
gahar e seus companheiros retomaram
sua distante vila, mas quase imediata-
mente partiram de novo, desta vez indo
direto pela costa e navegando sua volta
para dentro da baa, levando toda a vila
com eles! Hangahar e seu povo se es-
tabeleceram em tomo da montanha e,
apesar das atenes dos Orcs locais, que
estavam enormemente enraivecidos pela
profanao de seu deus-montanha,
eles comearam a construir sua cidade
dentro dela a cidade que um dia se to-
maria Fangthane, o lar espiritual de todo
o povo dos Anes.

Os anes de hoje
No perodo em que escrevemos, 284 DC,
os Anes so visitantes bastante comuns
s habitaes humanas, em muitas reas,
especialmente no norte de Allansia. Na
verdade, no centro da antiga Allansia fica
a cidade dos Anes, Stonebridge, uma
parada freqente dos vrios aventurei-
ros e mercadores, enquanto atravessam
as Plancies Pags e viajam Rio Vermelho
acima. Os prprios Anes esto deixando
a vida de minerao e explorao para
trs e se tornando aventureiros, tambm.
Os nomes de Anes como Perna Compri-
da, Stubb Axecleaver e Morri Silverheart
so conhecidos de vrios daqueles que
do que existia uma montanha coberta vagueiam pelas terras do norte em busca
de ouro puro e os Anes a haviam en- de aventuras.
contrado! Stonebridge acolhe aventureiros e outros
Eles se viraram, num instante, assim que que lutam pela causa do Bem, pois a cida-
dezenas de Orcs emergiram do final do de atacada freqentemente pelas tribos
rego, e se prepararam com seus macha- locais de Orcs e Trolls da Colina, que pare-
dos de batalha. Porm, os Orcs olharam cem ter a inteno de capturar o pertence
adiante dos Anes, com medo em seus mais valioso da cidade (depois das minas

68
da desmoralizaria os Anes, que so os
nicos seres que ficam entre os Orcs e os
Trolls da Colina e as riquezas lucrativas da
Allansia povoada, indo at a distante ci-
dade de Porto Blacksand, na costa.
Tambm, em outras terras, os Anes lu-
tam contra o Mal, juntamente comaven-
tureiros e heris. Eles so, surpreenden-
temente, bons marinheiros, que se atiram
aos oceanos em seus imensos navios de
madeira, enquanto buscam ilhas distan-
tes onde esperam encontrar o ouro e as
pedras preciosas que tanto desejam. Seus
guerreiros patrulham a costa regularmen-
te, e escoltam as galeras que carregam
suas pedras e metais preciosos para ne-
gociar em cidades distantes, procura de
piratas e corsrios que roubariam sua rica
de diamante que ficam atrs dela) o carga.
machado-de-guerra mgico que pertence
a seu governante. Rei Gillibran. O famoso Os prazeres dos Anes
machado de Gillibran tem servido como Os anes so essencialmente criaturas
smbolo da cidade para os Anes, que se simples, embora busquem seus praze-
renem sua volta para defend-lo, sem- res de uma maneira muito sofisticada.
pre que so atacados. O machado m- Acima de todas as coisas, eles amam os
gico, pois uma vez que for atirado em um tesouros da terra ouro, prata, plati-
adversrio, ele vai atingi-lo e depois reto- na, diamantes, rubis e assim por diante.
mar diretamente para a mo de quem o Mais corretamente, no os amam eles
empunhou! As Foras do Mal adorariam os cobiam. Muitos Anes quase podem
obter o machado-de-guerra, pois sua per- farej-los onde quer que estejam escon-

AS ARMAS DOS ANES


As armas que os Anes usam so grandes e volumosas comparadas com as dos humanos, mas
elas so manufaturadas com tal preciso que nenhum armeiro humano poderia se equiparar.
Elas so sempre fundidas com o melhor ao e adornadas com ninas dos Anes. Suas armas
foram desenvolvidas a partir das ferramentas que usam no subterrneo e incluem martelos,
picaretas e machados. Sua armadura de cota de malha famosa por todo o mundo por ser leve,
porm bem dura e apta a proteg-los dos golpes mais pesados.

69
didos na terra, to agudamente so che- e so tambm muito caras, a menos que
gados a estas coisas. Mas quando as tm, esteja bebendo numa taberna de Anes.
ficam com medo, pois temem que outras Os Anes adoram um bom cachimbo de
criaturas venham tentar tir-las deles no- fumo ou tabaco para ajudar sua conver-
vamente. Ento, escondem suas jias pre- sa a fluir. Eles, normalmente, o negociam
ciosas em armazns subterrneos, atrs com os humanos, que por sua vez o ad-
de grandes portas de pedra com imensos quirem nas terras do sul, onde planta-
cadeados, e as guardam devotadamente. do. As marcas famosas dos Anes incluem
Contudo, tirando esta parania de seu Folha de Gumy, Cabea de Machado Pura
carter, os Anes so admirveis. So e Fumaa de Drago.
guerreiros audaciosos e, embora no Entretanto, mesmo quando esto descan-
gostem de matar, vm os campos de ba- sando, os Anes sempre vo manter suas
talha como lugares onde podem exibir-se armas por perto, pois sabem que, mais
aos olhos de seus companheiros. A outra cedo ou mais tarde, os Orcs e os Trolls
vantagem das batalhas, claro, que so vo atac-los novamente. A vida para um
freqentemente uma fonte excelente de Ano parece ser uma longa sucesso de
histrias e canes, especialmente se so lutas, bebidas e explorao de minas
acompanhadas de uma ou trs canecas porm voc jamais escutar um Ano re-
de cerveja forte e uma cachimbada de clamando disso!
tabaco.
A cerveja dos Anes muito forte, mas Elfos: os filhos de Galana
no vai fazer mal aos humanos que a be- A outra raa importante das criaturas do
beram com moderao, ao contrrio da Bem no poderia ser muito diferente dos
cerveja Guursh dos Orcs. Eles tambm Anes. Os Elfos de Titan so a sntese da
destilam uma srie de bebidas especiais, beleza, da graa e da inteligncia, e acre-
incluindo a infame Skullbuster, porm ditam firmemente no poder da magia e
estas tm um paladar a ser descoberto na fora da paz. Freqentemente difcil

AS ARMAS DOS ANES


A escrita dos Anes consiste de runas, letras simples, desenvolvidas por ser fcil de se esculpir
em uma pedra. Eles no usam pontuao, porm marcam as novas frases com uma runa mais-
cula. Aqui est o que todas elas significam:

70
para os humanos entenderem os Elfos,
pois sua cultura completamente dife- Anes adoram a deusa da terra Kerillim
rente da nossa e estas diferenas fizeram (Throff, conhecida para os Elfos como
com que os Elfos fossem mal interpreta- Elluviel). Todas as florestas de Elfos esto
dos no passado. Pondo de lado a mcula salpicadas de santurios para Erillia, onde
de seu parentesco comos Elfos Negros, os os Elfos param e se mantm em silncio
Elfos da Floresta e os Elfos da Montanha por um momento, ao passarem por elas.
so, provavelmente, os mais puros servos A deusa nunca retratada por eles, que
das Foras do Bem que existem. consideram que nenhuma esttua po-
deria captar a verdadeira beleza sublime
Os deuses dos Elfos de sua deusa, mas a descrevem como
Como sabe, os Elfos acreditam que fo- sendo mais bela que qualquer coisa em
ram criados por Galana, a deusa das Titan, com pele prateada e cabelos bran-
plantas, na mesma poca em que Throff cos longos e esvoaantes; tambm tem
criou os Anes e Titan criou os Gigantes, as delicadas orelhas pontudas e os olhos
numa imitao dos homens que haviam verde-escuros dos Elfos. Ela o ideal Elfo
sido criados por Logaan, o Trapaceiro. de beleza, e qualquer mulher Elfo que
Galana, que conhecida pelo nome de possua caractersticas similares admira-
Erillia, ou apenas Me dos Elfos, ainda da por toda a raa.
adorada por todos os Elfos do Bem, que Os Elfos tambm adoram uma srie de
a reverenciam com uma intensidade que divindades menores, que so conhecidas
ultrapassa at mesmo aquela com que os

71
como os Filhos de Erillia, embora acredite- sente. Nas poucas guerras em que eles
-se seja este um ttulo simblico e no um juntaram foras com os Anes e homens,
fato. Elas compreendem Argowen, deus frustraram seus aliados com sua atitude
das rvores; Aegraven, deusa das flores, e espere para ver, que o oposto da ne-
Istarel, deus das criaturas da floresta. Eles cessidade urgente de ao, normalmen-
tambm conhecem e fazem oferendas te, exigida pelos Anes e humanos.
a Hamaskis, deus da sabedoria, a quem Por terem uma vida longa, os Elfos en-
deram o nome de Livurien, o Feiticeiro, contraram uma grande quantidade de
e seu companheiro, o semideus e heri maneiras de passar o tempo. Eles fazem
Elfo da pr-histria, conhecido somente muitas coisas que outras raas considera-
como o Senhor Branco (Tla Oriens em riam perda de tempo: por exemplo, can-
Elfo Antigo). Alguns deuses animais tam- tam, conversam com criaturas da floresta
bm podem receber oraes e oferendas. e tm grande prazer em simplesmente
Em seu habitat natural da floresta, o dia observar a natureza, como as plantas.
de um Elfo ser repleto de pequenos ritu- Parece aos seres de vida curta que eles
ais e oraes a deuses e divindades; essas no tm noo do valor do tempo, mas
prticas os mantm em paz e envolvidos na realidade tm muito bem apenas
pelo que os cerca, de forma semelhante possuem o suficiente dele para gastar o
ao que ocorre nas meditaes de um melhor que podem.
mstico ou feiticeiro, antes de lanar um Sua longevidade tambm deu-lhes seu
feitio. amor peculiar vida e a todas as coisas
vivas. Ao mesmo tempo que isto com-
Uma vida longa, muito longa preensvel quando se v a beleza pura
Uma coisa que destoa nas atitudes dos dos bosques dos Elfos no corao de suas
Elfos em relao s outras raas sua florestas, difcil compreender como al-
longevidade. Excetuando acidentes ou gum possa amar os Orcs e as coisas do
mortes nas mos de terceiros, a maioria Caos. Entretanto, os Elfos parecem olhar
dos Elfos vive por cerca de duzentos ou para essas criaturas repulsivas com neu-
duzentos e cinqenta anos (e isto numa tralidade: no se importam com eles de
poca em que a maioria dos humanos nenhuma maneira sabem que morre-
no atinge nem 50 anos, por um ou outro ro antes que eles, Elfos, tenham atingi-
motivo), e raramente aparentm sua ida- do a idade adulta.
de. Ao longo da vida de um Elfo, uma ci-
dade poderia ser fundada como uma vila, As guerras dos Orcs
ascendo- a um estado e cair em declnio Entretanto, no passado, os Elfos abriram
novamente; geraes de humanos viriam uma excesso uma grave excesso
e partiriam e, aparentemente sem mu- para os Ores e outras criaturas do Mal e
danas, o Elfo testemunharia tudo. do Caos. Por volta dos anos 600 TA, doze
Portanto, o tempo significa muito pou- anos depois dos seres que mais tarde se
co para um Elfo. No h necessidade de tornariam Elfos Negros sarem do Conse-
se apressar para nada. Eles so um povo lho de Elfos e fugirem para o subsolo (veja
cauteloso e que olha para a frente, que v depois a seo sobre Elfos Negros para
tudo em termos de futuro e no de pre- maiores detalhes sobre esse aconteci-

72
mento), os reinos Elfos do norte da Mon-
tanha dos Elfos encontraram suas flores-
tas sob pesado ataque de grandes tropas
de Orcs, organizados e liderados por uma
dupla de feiticeiros humanos, os Gmos
Negros. No passado, os Orcs haviam in-
vadido as florestas dos Elfos, caando e
matando indiscriminadamente em busca
de comida, e tinham sido recebidos com
rpida oposio, na forma de algumas
flechas certeiras, que derrubavam os pri-
meiros Orcs que paravam e persuadiam
o restante deles de que era melhor no
ficarem nas florestas, nem um minuto
alm do que precisavam.
Mas, desta vez, os Orcs vieram em nme-
ros muito maiores, legies completas das
criaturas asquerosas, e eram liderados
por gente que sabia o que fazia. Enquan-
to as linhas de frente invadiam partes da
floresta, outras unidades vinham por trs
e queimavam as rvores, desvastando o
verde belssimo e deixando somente as
cinzas estreis. Registros Elfos dizem que que as perseguiam, mas elas apenas esti-
eles podiam ouvir as rvores gemendo mulavam seus perseguidores para aes
por muitas lguas. Os Gmos Negros ti- ainda mais violentas.
nham como objetivo adquirir alguns dos As tropas dos reinos dos Elfos persegui-
profundos segredos de alta magia dos El- ram as criaturas vis por um ano e meio,
fos, porm eles no contavam com o Rei at as fronteiras dos plats de gelo no
Glorien Thelemas, Senhor do Conselho extremo norte, onde os feiticeiros detive-
Elfo, que fora lento para agir quando os ram o que sobrara de suas tropas, outro-
Elfos de Viridel Kerithrion se rebelaram, ra poderosas, para realizar um confronto
mas que agora estava impelido a agir. final. Entretanto, depois de toda sa ur-
As Guerras dos Orcs comearam, com El- gncia, Thelemas queria saborear sua vi-
fos destruindo Orcs pela maior parte nor- gana vagarosamente. As tropas dos Elfos
te do continente nico, perdendo algu- pararam e pareciam estar esperando. No
mas batalhas, porm ganhando a maioria clima gelado, os Orcs sofriam terrivel-
delas, graas a uma mistura de planeja- mente e centenas deles morriam, mas os
mento cuidadoso, habilidade e absoluta Elfos muitos dos quais eram resisten-
revolta pelas atrocidades cometidas pelos tes Elfos das Montanhas mantinham-
Orcs. As tropas inumanas fugiram, quei- -se aquecidos, usando sua mgica e redu-
mando as rvores enquanto safam, numa zindo a temperatura de seus corpos para
tentativa v de reter as tropas vingativas um estado similar ao da hibernao por

73
chegando nas regies geladas. As tropas
dos Elfos marcharam para o norte e, fi-
nalmente, enfrentaram as foras do mal.
Os Gmos Negros foram desafiados pelos
magos Elfos para um combate mgico e,
graas tica de todos os magos, eles
tiveram que concordar. A disputa durou
somente duas Sries de Ataque, at que
uma espetacular gota de fogo saiu do solo
e consumiu os Gmos Negros; as tropas
dos Elfos marcharam para casa, sem es-
tardalhao e em silncio.
H apenas uma raa que realmente
odiada pelos Elfos os Elfos Negros. As
criaturas malditas se opem a tudo o que
os Elfos da Floresta acreditam verdade,
luz, paz e justia. Caso um Elfo Negro se
encontre com um Elfo da superfcie, eles
tero que lutar at a morte, pois nenhum
dos lados ter piedade. Para um Elfo do
Bem ter qualquer ligao com Elfos Ne-
gros, ele tem que trair todos os princpios
de seu povo e de sua deusa. Mesmo os
pobres Elfos Sombrios, que foram origi-
nalmente parte dos rebeldes de Viridel
Kerithrion, e que no tm nada a ver
com as criaturas demonacas que agora
adoram os vis Prncipes-Demnios. Se os
Elfos do Bem sentissem pelos Orcs qual-
quer coisa prxima ao dio profundo que
sentem pelos seus parentes do Mal, pro-
vavelmente restariam poucos Orcs que
pudessem causar problemas a quem quer
que fosse, em Titan.
Se um Elfo das Florestas for capturado pe-
los Elfos Negros e isto difcil de ocor-
quase todas as horas do dia, deixando,
rer, uma vez que ele lutaria com fria sui-
talvez, um quarto de seus nmeros em
cida contra os vis seres provavelmente
guarda.
ser sacrificado para um de seus deuses
O que os Elfos esperavam era a chegada
no-humanos depois de muita tortura e
de nove feiticeiros Elfos muito poderosos,
abuso. Durante provaes como essas,
que haviam sido convocados de seus reti-
os Elfos das Florestas tm um mecanis-
ros, no fundo das florestas do sul. Quan-
mo de defesa, uma forma de hipnose de
do eles chegaram, a primavera estava

74
semi-sono em que podem se entregar, tando os erros sempre que podem, e ge-
prpria vontade, atravs de uma comu- ralmente ajudando a causa do Bem. Eles
nho intencional com sua deusa. Depois tm uma atitude estranha mm sus aven-
de um tempo, seus corpos mergulham turas, pois no esto em busca de fama e
no mesmo tipo de hibernao que as for- fortuna no tendo necessidade ou desejo
as dos Elfos usaram na ltima batalha de nenhuma delas; eles as realizam sim-
das Guerras dos Orcs. Enquanto estiver plesmente porque interessante! Seus
nesse estado, um Elfo no pode falar ou colegas humanos e Anes raramente po-
responder de nenhuma maneira, embo- dem entender esse tipo atitude, embora
ra seus olhos possam estar abertos e ele a aceitem rapidamente quando compree-
possa permanecer ereto. Os Elfos Negros dem que o Elfo no vai querer uma parte
no podem ser pegos vivos pelos Elfos de qualquer tesouro que adquiram.
das Florestas ou pelos Elfos das Monta- Os Elfos so guerreiros excepcionais,
nhas, que os aniquilaro mesmo que se principalmente (graas a muitos sculos
rendam. de caada em suas florestas) no uso dos
arcos lficos, que se tornaram lendrios.
Os elfos aventureiros e suas Os arcos, armas encantadas, que quase
armas parecem vivas. Quando atira com seu
Desde as Guerras dos Ores, as tropas dos arco, um Elfo sintoniza sua mente para
reinos dos Elfos se uniram apenas uma toda a ao. Ele sente a maciez da flecha,
vez, e depois somente nos ltimos mo- o controle do vo e o poder da corda do
mentos da Guerra dos Magos, embora arco impulsionando-a para frente. Sua
anteriormente cls individuais tenham mente mergulha no ato de atirar aflecha
lutado duro e por muitos anos, mas e, juntas, elas a guiam para seu alvo com
sempre tem havido aventureiros Elfos, preciso infalvel. Os Elfos acertam no
vagando sozinhos pelas terras selvagens que atiram e, se precisarem realmente
ou em companhia de humanos e mesmo atirar com seus arcos, normalmente o
(ocasionalmente) de Anes. Em seu an- faro para matar. Tudo isso leva apenas
seio de encontrar coisas para ocupar seu alguns segundos e impressionante de
tempo, os Elfos viajam pela Terra, conser- se observar, caso algum dia tenha a opor-
tunidade.
NOMES LFICOS
Os Elfos no tm mais que trs nomes, cada um deles com uma funo diferente em suas longas
vidas. Primeiro eles tm um nome comum, pelo qual vo ser conhecidos na maior parte do
tempo, principalmente para as outras raas. Este nome no ser muito sofisticado e pode ser
derivado do nome de uma planta ou de uma rvore, como Ash (Freixo), Hazel (Amendoeira)
ou Willow (Salgueiro); ou pode ser como um apelido, comp Redswift (Lagarto Vermelho) ou
Hawkeye (Olho de Falco). O segundo nome seu nome Ellfico, pelo qual sero conhecidos
por outros membros de sua raa. Normalmente, este consiste de um primeiro nome e de um
nome de famlia; Redswift, por exemplo, era conhecido pelos outros Elfos como Larel Anorien.
O terceiro seu verdadeiro nome, o nome pelo qual a deusa os conhece e atravs do qual eles
invocam a mgica dos Elfos. Os Elfos acreditam que qualquer coisa pode ser controlada se voc
souber seu verdadeiro nome, e por isso que nunca revelam o deles para qualquer outro ser
vivo. No se sabe que forma estes nomes tm.

75
Outras criaturas tentaram usar os arcos
lficos na verdade, criaturas com me-
nos inteligncia, como os Orcs, freqente-
mente tentam roub-los dos Elfos, acredi-
tando que as armas, verdadeiramente, os
tornaro guerreiros invencveis. Eles no
compreendem que parte do poder do
arqueiro Elfo vem com sua prpria men-
te, e que a outra parte se desenvolveu
lentamente atravs de uma histria de
empatia com as rvores, de cuja madeira
seu arco feito. Entretanto, aqueles que
tiverem visto um Elfo derrubar uma pe-
quena mancha preta distncia, que vem
a ser um Orc, iro imaginar que poderiam
faz-lo se pudessem usar um arco como
aquele.
Os Elfos tambm usam espadas, normal-
mente de formato longo e fino, quase
como espadim de esgrima. Como todas
as armas dos Elfos, suas espadas so es-
tranhamente leves e fortes, quase como
se no fossem feitas de ferro e ao. Algu-
mas delas tm sido conhecidas por serem
encantadas, com feitios que asseguram
que permaneam afiadas e no quebrem
o traado, ao desenhar as runas dos Elfos,
tomando-se lminas cegas. Elas tambm
podem brilhar com uma luz plida, na
presena de criaturas do mal, e tremer na
mo do maneja dor para alert-lo da pre-
sena de tamanho perigo.
Uma arma deste tipo era a lendria Es-
pada de Jeren, originalmente dada como
presente pelos povos Elfos para o Prnci-
pe Gethel Aranang, que governou uma
pequena terra conhecida como Bellisaria,
na fronteira norte das Plancies de Bron-
ze em Allansia, por volta do ano de 1600
TA. O Prncipe Aranang tinha ganhado
o presente por ajudar os Elfos locais na
limpeza de um povoado de Elfos Negros,
em um emaranhado de cavernas profun-
das, nas colinas que ficavam na fronteira
76
de suas terras. Era conhecida como a Es- Os povoados lficos
pada da Amizade, e era uma coisa mag- Os povos lficos hoje esto espalhados
nfica de se ter lustrosa e dourada, por todos os lados no mundo, e so mui-
com muitos feitios de alerta e agudeza to menos numerosos do que costumavam
combinados. Contudo, antes de serem ser. Hoje h poucos vilarejos ou cidades
derrotados, o rei bruxo dos Elfos Negros de Elfos, e a maioria deles vivem em pe-
lanou uma maldio sobre a famlia do quenas vilas escondidas no corao da
Prncipe Aranang, que se manifestou na floresta antiga. Estas vilas so por vezes
Espada da Amizade. Muitos que a viram semelhantes s vilas dos humanos, cons-
foram imediatamente atingidos por um tituindo-se de um pequeno nmero de
desejo enorme de possui-la a todo custo. cabanas de decorao extravagante, po-
O irmo de Gethel foi morto pelo prprio rm a maioria ainda construda no esti-
prncipe, depois de ter tentado roub-la lo tradicional, em plataformas de madeira
numa noite escura; cortesos e guardas junto copa das rvores, ligadas, urnas s
do palcio tiveram destino semelhante; outras e ao cho, por escadas de cordas e
mesmo o governante de um reino vizinho passagens estreitas. Estas vilas so exta-
foi morto tentando roubar a lmina du- siantes primeira vista, pois parece sur-
rante uma visita capital de Bellisaria. A preendente que qualquer ser possa viver
lmina da espada gradativamente passou sua vida empoleirado to no alto dessa
de um metal brilhante a um preto fosco, maneira.
e as runas em sua superfcie, lentamente, Entretanto, voc s entrar numa vila de
passaram a encorajar o mal, em vez de Elfos caso seus habitantes tenham deci-
alert-lo. Apavorado, o Prncipe Gethel dido que voc no uma ameaa a ela.
devolveu a lmina para os Elfos, mas eles Os Elfos protegem suas vilas com uma
no conseguiam suportar a aproximao magia forte que as obscurece e faz com
dela e mandaram remov-la de suas flo- que qualquer um que eles no queiram
restas, imediatamente. O prncipe s con- que entre, que ande em crculos, nunca
seguia pensar em um curso de ao: ele conseguindo encontr-las. Os Elfos colo-
se dirigiu para o Mar das Prolas e jogou a cam guardas nas fronteiras de suas vilas,
lmina o mais longe possvel. Porm, co- que mantm seus olhos e ouvidos aten-
nhecendo as guas turbulentas do litoral, tos s criaturas ameaadoras embo-
a espada vai reaparecer um dia, trazendo ra, de acordo com os Elfos, humanos e
com ela sua horrvel maldio. outros seres, desacostumados com bos-

A LNGUA DOS ELFOS


Os Elfos falam duas lnguas, uma verso suave da outra. Alto Elfo uma lngua complexa e
formal, falada pelos Elfos nobres e outros dignatrios. Normalmente, as oraes so faladas ou
cantadas nessa lngua. Ela tambm a linguagem da feitiaria e necessria a todos os magos
srios, que desejam saber mais que uns poucos truques surpreendentes de festas, como os El-
fos chamam a maioria das mgicas humanas. Elfo Comum, ouBaixo Elfo, a linguagem que a
maior parte dos Elfos fala no dia-a-dia. Ela tambm a linguagem dos Sprites, Pixies, Woodlin-
gs e outras criaturas da floresta. E difcil de se aprender, mas voc pode encontrar utilidade em
ter algumas noes dela; se passar algum tempo na companhia de um aventureiro Elfo, apren-
der umas frases-chave s de ouvi-lo principalmente xingamentos em combate!

77
ques, fazem tamanho barulho que eles das Montanhas, no curso de suas viagens,
podem ouvi-los por vrios quilmetros, e logo aprender o significado da amizade,
raramente precisam ser alertados de sua se merec-la.
aproximao! Contudo, se voc entrar
numa floresta de Elfos, numa noite quen- As raas menores do bem
te de vero, e for bem cuidadoso ao se Tirando os Elfos e os Anes, h algumas
arrastar entre os arbustos, vai ouvir suas raas no-humanas que servem causa
vozes baixas, cantando ao longe, enquan- do Bem, embora deva ser dito que algu-
to celebram a alegria de estarem vivos, mas o servem de maneira estranha. Elas
na linda floresta, com canes para Erillia, no tm menos importncia, mas so
para a Lua, para as estrelas e para tudo o menores em tamanho, menores ainda
mais que acharem belo. raro que os Anes. Nenhuma delas est pro-
encontrar tamanha beleza viva, em nos- priamente organizada em reinos e no
so inundo selvagem, hoje em dia; mesmo possuem exrcitos, porm, a seu modo,
aventureiros endurecidos pelas batalhas contribuem para a continuao do Bem
como voc, ficaro fascinados com o can- em Titan, e talvez possam oferecer-lhe al-
to dos Elfos. guma pequena assistncia, quando viajar
Perto de suas vilas e normalmente sob a pelo mundo.
proteo de seus feitios para afastar pe-
rigos, os Elfos constroem santurios para Gnomos: jardineiros silenci-
sua deusa: eles plantam bosques de r- osos
vores bem novas e iluminam as flores da Gnomos so seres estranhos e mal-hu-
floresta em sua memria, e uma tpica morados, com parentesco com os Anes.
prtica deles enrolam ftinhas de puro Na verdade, alguns estudiosos acreditam
e prata, em volta dos galhos prximos; s que eles j foram um dia Anes de um cl,
vezes, montam uma pequena plataforma que no quis viver nas regies escarpadas
de seis lados, cortada de puro granito das montanhas, habitadas pela maioria
branco e com preces gravadas para Erillia. dos Anes, e que partiu para viver em
Se um dia voc conseguir encontrar este recluso nas florestas dos Elfos. Supe-
tipo de arvoredo, poder descansar por -se que l, lentamente, eles mudaram sua
um tempo, a salvo, sob a proteo da pr- forma original, tomando-se mais baixos
pria deusa das plantas. e mais enrugados, ainda mais retrados
As vezes os humanos tm dificuldade de que os Anes comuns, at serem reco-
entender o jeito dos Elfos, mas isso no nhecidos como uma raa independente,
deveria impedi-los de apreciar-lhes a be- os Gnomos.
leza e energia. Eles so seres poderosos, E difcil dizer se isso verdade ou no,
porm usam essa fora a servio do Bem pois os Gnomos so muito retrados e
e no do Mal, um fator que torna a blas- solitrios, e tm pouco tempo para lidar
fmia dos Elfos Negros ainda mais repug- com os seres maiores. Entretanto, nos re-
nante. Apesar de sua lentido ocasional, gistros dos Elfos da Floresta de Yore, que
eles so uma fora importante na deten- consultamos sobre uma srie de questes
o dos poderes do Mal. Se por um aca- para nosso livro, uma histria diferente
so voc encontrar Elfos das Florestas ou contada. Anes, como bem se sabe, so
muito cautelosos com a magia. E verda-

78
de que usam alguns feitios, porm estes amam a Natureza, eles no gostam de
so bem definidos: fazer um machado fi- seres maiores, que vem como vndalos
car afiado ou pesquisar o mais puro veio destruidores, e se aborrecem at mesmo
de minrio de ouro no fundo do subsolo com os Elfos, que se sentem superiores e
simples truques comparados com a fei- falam de cima para baixo com eles, quan-
tiaria dos Elfos ou mesmo dos humanos. do se dignam a falar!
Contudo, dizem os registros Elfos que um
cl ficou fascinado pela alta magia deles, Pixies e Woodlings
depois de ver uma demonstrao de seu Duas raas da floresta, so parentes e pa-
poder por parte dos dignatrios Elfos, que recem ser descendentes de uma mistura
estavam visitando, nas comemoraes do de humanos e Elfos, embora tenham en-
aniversrio de quinhentos anos da funda- colhido em algum ponto da linhagem! Os
o de Fangthane. Parece que queriam Woodlings tm mais ou menos a mesma
saber mais sobre magia e partiram da altura que os Anes, levando hiptese
capital dos Anes para vagar no mundo de que so parentes, mas isso pouqus-
em busca de sua fonte. Eles adquiriram simo provvel. Os Woodlings tm pouca
um pouco de sabedoria, mas terminaram semelhana fsica com os Anes; tirando
ofuscados pelos Elfos, pois ainda eram o bvio - rostos, braos, pernas e assim
Anes rudes e sem sofisticao. Fixaram- por diante e sua altura, eles tm pouco
-se em partes isoladas das florestas, onde ou nada em comum. Acredita-se que an-
poderiam estar perto dos poderes m- tigamente foram humanos, que simples-
gicos que tanto cobiavam, e, gradativa- mente regrediram e tornaram-se cada vez
mente, evoluram para Gnomos. mais baixos, no isolamento de seus lares
Sega qual for a verso correta, certo que na floresta.
os Gnomos realmente sabem um pouco Os Pixies so ainda menores, talvez me-
de magia, e so muito eficientes no que tade da altura dos Woodlings. Suas ore-
sabem. Eles logo do demonstraes dis- lhas pontudas, seu hbitat arborizado
so para qualquer um que se aproxime de- e seu jeito de levar a vida na flauta da-
les, pois a usam para se assegurarem de riam a impresso de que teriam algum
que no sero perturbados. So criaturas parentesco com os Elfos, embora o que
solitrias, que parecem no gostar de quer que haja no esteja registrado, e h
nada mais do que dormir sob o sol, jun- algumas teorias para explicar sua seme-
to ao esplendor natural das florestas dos lhana com a raa nobre. Os prprios Pi-
Elfos. Entretanto, os Elfos tambm j os xies no sabem muito sobre sua histria.
viram cuidando de plantas, rvores e ani- Vivem vidas muito curtas (sem a inteno
mais florestais, usando outros feitios e de fazer trocadilhos), sua expectativa de
uma boa dose de habilidade. Assim como vida raramente ultrapassa os trinta anos,
os Anes se importam com seu mundo e eles nunca desenvolveram uma escrita,
subterrneo, com intensidade e revern- portanto no tm registros da histria an-
cia to profundas que os humanos acham tiga de sua raa. Alguns contos folclricos
difcil de compreender, parece que os parecem falar de uma poca em que os
Gnomos cuidam da terra, porm com seu Pixies viveram junto de algumas raas de
jeitinho. Uma vez que so criaturas que seres mais altos e mais civilizados, mas

79
eles no do detalhes, o que terrvel colegas jardineiros e mgicos. Sprites pa-
para ns; estudiosos, que preferiramos recem muito convencidos de que podem
saber sobre estas coisas. lanar uma ampla margem de feitios m-
Ambas as raas vivem em bosques cer- gicos, quando na verdade no passam de
rados, construindo pequenas vilas de ca- pouco mais que truques e, certamente,
banas de madeira e folhas. Eles so jar- no mais sofisticados do que aqueles pra-
dineiros cuidadosos, como os Gnomos, e ticados por qualquer aspirante a apren-
tratam de sua parte da floresta com silen- diz, em suas primeiras semanas de treino
cioso, porm enorme fervor. Nenhuma em magia. Contudo, os Elfos comparti-
das raas gosta particularmente de seres lham do prazer dos Sprites pela magia, e
maiores, pois ambas aprenderam, h simpatizam com seu entusiasmo.
muito tempo atrs, que este tipo de ser Minimites so muito mais sofisticados
parece se divertir atormentando criaturas que os Sprites, e, normalmente, ignoram
menores que eles. Pixies, principalmen- o fato de que so parentes. Eles possuem
te, so pegos por homens cruis, que se uma histria longa e minuciosa, e, antiga-
aproveitam de no gostarem de Sprites mente, sua cultura foi muito sofisticada.
para realizar disputas vis em que um Pixie Nos sculos anteriores, antes da Guerra
e um Sprite so colocados em uma are- dos Magos dizimarem grande parte do
na enquanto os espectadores apostam mundo, os Minimites sentavam-se lado
an quem sobriver. Woodlings levam seu a lado com os homens em algumas das
medo por seres maiores ao extremo e es- grandes sedes de aprendizado do Mundo
condem suas pequenas vilas para que se Antigo. L, a raa era reconhecida como
misturem com a paisagem, e se vestem de grande intelecto e respeitada pelo seu
com roupas verdes e marrons, como uma incansvel esforo em reunir, da melhor
camuflagem, para esconderem-se das maneira possvel, a histria do mundo.
atenes de outras criaturas. Minimites podiam discursar por horas so-
bre as tticas de batalha de Bridan, contar
Sprites, Minimites - e os longas sagas sobre Bjorngrim, o Matador
perigos da magia de Gigantes, ou sobre Jinna Arajar, o Ere-
Antigamente, acreditava-se que Sprites mita, e executar longos e intensos rituais
e Minimites eram duas raas separadas, de magia. Facilmente se igualavam aos
pois embora tivessem formas semelhan- homens, na prtica de alta feitiaria, ape-
tes (eles so pequeninoshumanides ala- sar de sua estrutura nfima, mas eram de-
dos), os primeinos so simples e sem so- dicados causa do Bem e nunca a usaram
fisticao, enquanto os ltimos so muito para o Mal.
espertos e civilizados. Os Sprites residem Quando as Foras do Caos comearam a
em reas florestais, como as outras raas sair de Kakhabad, os Minimites ficaram
mostradas aqui, onde vivem vidas pacfi- apavorados. Notcias das guerras assolan-
cas, cuidando das plantas e dos animais. do Allansia e Khul eram pouco freqentes
So uma raa gentil e tmida, que teme e aterrorizadoras, e todo mundo comea-
os homens e outros seres maiores. Entre- va a suspeitar que, a menos que alguma
tanto, eles se do bem com os Elfos, por coisa fosse feita, o terceiro continente
quem sentem uma forte afinidade, como seria envolvido tambm. Os maiores es-

80
eles se reuniram num pico em Maurista-
tia para executar seu ritual. Lentamente,
enquanto danavam, gemiam e canta-
vam, podiam ouvir as Foras do Caos se
juntando ao redor do p da montanha,
chamados por toda Kakhabad. A tenso
cresceu e cresceu, o som da cantoria atin-
giu nveis de insanidade, as criaturas do
Caos uivavam abaixo deles. De repente,
num lampejo cataclismtico, raios de luz
dourados relampejaram do firmamento e
atingiram as Foras do Caos. Onde acerta-
ram, eles neutralizaram o poder do Caos,
e os dois se vaporizaram mutuamente.
Em menos tempo de um piscar de olhos,
a maior parte das Foras do Caos haviam
sido decompostas em suas partculas
componentes, e o restante estava fugindo
para Kakhabad. Mas a vitria no ocorreu
sem custo. Os Minimites, que tinham li-
dado com esta magia descontrolada,
tudiosos e magos comearam a longa, tornaram-se enamorados deste tamanho
porm necessria, tarefa de pesquisar poder e ensinaram os outros a desej-lo.
em seus arquivos extensos e antigos li- Um sonho surgiu de que os Minimites se
vros de feitio, procura de pistas para a tornariam os governantes benevolentes
soluo deste problema. Mas, depois de do mundo, guiando seus sditos com
cinco meses, nada havia sido encontrado, sabedoria e feitiaria. Entretanto, outros
e as Foras do Caos estavam agora foran- Minimites viram que este era um sonho
do os portes de Analand e Ruddlestone. de tirania. Havia apenas uma soluo:
Em desespero, os Minimites comearam uma vez que um nico Minimite, sozinho,
a buscar freneticamente outros trabalhos no tinha grandes poderes, eles tinham
mais duvidosos. que ser impedidos de trabalhar juntos. A
Num tratado escrito por um mstico in- raa tomou-se nmade, condenada a va-
sano, conhecido somente como Aughm gar pelo mundo, e impedida por feitios
Lightchaser, eles encontraram o que pen- intrincados, tecidos entre seus prprios
saram ser uma resposta. Junto s anota- seres, de jamais reunir foras com outros
es enlouquecidas, acharam uma longa de sua espcie.
e perigosssima tcnica, que acumularia
e soltaria o prprio poder do Bem em Aliados
uma exploso de energia devastadora, medida que viajar pelo mundo de Titan
em meio segundo! Os Minimites tinham em busca de aventuras, voc rapidamente
de tentar. Unindo suas habilidades com vai compreender que as Foras do Mal e
aquelas dos maiores feiticeiros humanos, do Caos tm peso muito maior que aque-

81
las do Bem. Aonde quer que v, humanos sitas, pois os servos do Bem sempre tm
roubam de humanos, Orcs atacam Elfos, que estar um passo frente do inimigo,
Trolls assaltam Anes, feiticeiros malig- nesses tipos de lugar. Entretanto, h alia-
nos prometem morte a todos. Membros dos trabalhando cuidadosamente, longe
das raas no -humanas como os Anes da influncia do Mal, e tentando instalar
e os Elfos podem estar aptos a ajud-lo, novamente a causa do Bem nas terras
mas eles so poucos e raros e tm seus que a tinham abandonado.
prprios problemas tambm, pois o Mal
est disputando o domnio em todos os Colletus, o homem santo
lugares. Na parte mais selvagem de Kakhabad, por
Contudo, aqui e ali, se Sindla estiver com exemplo, a ltima pessoa com quem voc
os olhos em voc, pode ter sorte e encon- esperaria se deparar seria com um ho-
trar um amigo na estrada, ou algum que mem santo cego, mas em Xamen muitos
possa oferecer-lhe abrigo para a noite. aventureiros tm tido necessidade dos
Nas terras mais povoadas, sempre haver servios de Colletus. Ele serve a Throff,
lugares para ficar em relativa segurana. a deusa da terra, que tambm a deusa
Mas, uma vez que estiver em terras sel- da cura pois Colletus fcem o dom de
vagens, voc contar consigo mesmo, a curar doenas, concedido a ele por sua
menos que possa encontrar alguns alia- deusa, pelos seus esforos a seu servio,
dos. Estes aliados podem surgir nos mais em algumas das mais selvagens terras de-
estranhos lugares, e nas horas mais esqui- Tifcan.

82
pang. Proclamando que desejava ofere-
cer sua espada ao Arquimago e lutar com
seu exrcito, ele ganhou passagem e ra-
pidamente comeou a vasculhar o lugar.
Finalmente, depois de dois meses de ex-
plorao de cada aspecto da vida caricata
que se levava, e ainda se leva, naquele lu-
gar do Mal, ele ps seus planos em ao.
Foi escolhido como mensageiro especial
do Arquimago, com a tarefa de trazer-lhe
noticias dos comandantes de suas tropas,
conforme eles se comunicassem de can-
tos longnquos da Terra. Sua chance logo
chegou quando muitos dos soldados da
fortaleza repeliam um ataque dos Samari-
tanos de Schinn resistncia de Homens-
-Pssaros, que vinha fazendo rpidos ata-
Colletus vaga pelas terras perigosas de ques contra a fortaleza h muitos meses.
Kakhabad, tateando com seu basto, a Irrompendo no quarto do Arquimago, ele
cada passo do caminho. Como evita ser o surpreendeu ajoelhado em comunica-
tocaiado e morto pelos servos do Mal, o com seus vis deuses demonacos e
impressionante; quase como se ele fos- sem o cajado que abrigava a maior parte
se to bom, que no pudessem feri-lo. de seu poder. O bravo guerreiro correu
Entretanto, nem sempre foi assim, sim- para frente, brandindo soa espada, acima
ples, pois Colletus no nasceu cego. Em de sua cabea, pronto para dar o golpe
sua juventude, foi um aventureiro que as- que traria paz a Kakhabad, novamente.
sistiu o Mal iniciar a corrupo dentro da Todavia, Colletus no tinha considerado
fortaleza de Mampang, quando o Arqui- os protetores demonacos do Arquima-
mago comeou a dar os primeiros passos go. Atravs do porto dimensional que
titubeantes em direo a seu verdadeiro ligava o feiticeiro com o Abismo Interno,
objetivo de impor a tirania sobre toda eles mandaram uma bola de fogo negro,
Kakhabad. O vil feiticeiro tinha feito pac- que explodiu no aposento com um lam-
tos com os Orcs, Goblins e os amaldio- pejo, arremessando longe o Arquimago e
ados Olhos-Vermelhos, que ento come- cegando Colletus. O guerreiro cambaleou
avam a atacar algumas partes povoadas para fora do aposento, empurrando para
de Kakhabad, com a inteno de dar uma o lado os restos da porta carbonizada, e
boa demonstrao do potencial de poder correu em pnico sem saber para onde es-
do Arquimago, como um alerta para os l- tava indo. Finalmente, chegou aos deso-
deres de outros reinos vizinhos. lados declives rochosos, que desciam de
Colletus, ento inocente e ingnuo, mas Mampang. Vagando cego, Colletus andou
cheio da coragem dos jovens, viajou mui- deriva atravs da selva, at encontrar o
to e para bem longe, at que chegou aos santurio com a feiticeira dos Elfos, Fe-
portes da prpria Fortaleza de Mam- nestra. Sob seus cuidados, ele recuperou

83
a sade, mas no a viso. Tomou-se um
iniciado de Throff, um pouco mais tarde,
e lhe foi concedido pela deusa o poder da
cura, atravs de suas mos, devido per-
da de sua viso. Agora ele vagueia por Xa-
men, opondo-se ao Arquimago pela cura
e pela pregao da palavra de Throff, em
vez de pela sabotagem e violncia.
A feiticeira Fenestra, por falar nisso,
uma figura bem diferente, pois uma
Elfa Sombria renegada, que virou as cos-
tas para o caminho do mal e uniu seus
poderes queles que lutam pelas Foras
do Bem. Ela reside em seu lar solitrio, no
corao da floresta de Snatta, nas Baklan-
ds, onde estuda os profundos mistrios
da alta magia e cuida das reas em volta.
Surpreendentemente (para um Elfo), ela para ajud-lo, embora possamnecessitar
costumava viver com seu pai, tambm de alguma persuaso. E em Allansia, h
um feiticeiro com alguma reputao. Ele trs magos que voc pode precisar con-
foi assassinado pela Serpente da Agua, sultar, trs que durante um tempo era o
uma das Sete Serpentes demonacas in- que havia entre Allansia e o Caos total,
vocadas pelo Arquimago, a fim de trazer mas somente um deles ainda pratica alta
ainda mais terror a Kakhabad; agora ela magia.
rene qualquer vestgio de informao
possvel sobre as criaturas infernais, en- Os pupilos brilhantes
quanto planeja sua vingana. Fenestra No corao da Floresta de Yore, na par-
uma grande fonte de informaes sobre te sul da Allansia habitada, perto da-
todas as Baklands do norte, mas descon- quela sede de aprendizado, conheci-
fia de estranhos e raramente recebe visi- da como Salamonis (onde os humildes
tas. Se algum dia encontr-la, precisar autores residem neste momento), h
convenc-la de suas boas intenes antes a escola do Grande Mago de Yore. Fun-
que possa, com segurana, pedir-lhe con- dada h mais de cento e cinqenta anos
selhos. por Vermithrax Moonchaser, um mago
Parece que sua maior esperana de en- menor na poca, ela treinou muitos
contrar aliados contra o Mal com os grandes feiticeiros, embora seja pouco
magos, pois ainda existem alguns que provvel que esteja treinando outros
continuam a usar seus poderes para lutar tantos, pois Moonchaser finalmente est
pelo Bem. Voc acabou de ouvir sobre chegando ao fim de sua vida prolongada
Fenestra e Colletus, que podem auxili- pela mgica. Cerca de cinqenta e cinco
-lo em Kakhabad; em Khul, feiticeiros anos atrs, suas turmas foram abenoa-
como Seletor, o Verde, e o extravagante das com a presena de trs pupilos bri-
Agravert Peltophas, podem ser chamados lhantes: Gereth Yaztromo, o filho de um

84
sacerdote de Salamonis; Arakor Nicode- diferente e que costumava fazer as com-
mus, cujo pai era um mercador rico em binaes mais diferentes de feitios, com
Fang, e Pen Ty Kora, um rapaz peculiar da excelentes efeitos viajou novamente
distante Arantis, cujo pai era alguma coisa para o sul, e retornou ao lar por um tem-
como Supervisor Chefe dos Secretrios po, onde tornou-se um iniciado do tem-
do Supremo Sacerdote. Eles surpreen- plo da deusa da terra em Kaynlesh-Ma.
deram Moonchaser com suas habilidades L, ele aprendeu a peculiar magia da cura
mgicas inatas e sua vontade de apren- do sul, a qual abraou com grande fervor.
der outras mais. A maioria dos jovens que Com o tempo, a magia da cura tomou-se
sabem alguns feitios parece usar todo sua especialidade e, quando viajou pelo
seu tempo se gabando de seus poderes mundo, prosseguindo devagar, mas de
espetaculares com as garotas das vilas, modo seguro, de volta s terras do nor-
ou correndo pelos campos, assustando o te, ficou conhecido daqueles que o pro-
gado e gastando sua energia com brinca- curaram em busca de cura, simplesmente
deiras bobas. Mas no esses trs! Desde como o Curandeiro.
o comeo eram entusiasmados e atentos, Nicodemus e o Feitio da
humildes e respeitadores, devido aos po- Morte
deres infinitamente superiores do Grande Enquanto isso, Nicodemus tinha ido para
Mago, e completamente conscientes de as Terras Planas, que eram to desertas
suas prprias limitaes. naquela poca quanto o so agora. De-
Eventualmente chega uma hora em que pois de muitos anos de profundo sofri-
um mestre no pode ensinar mais nada mento, vivendo de razes e o que quer
a seus aprendizes e eles devem tomar que conseguisse encontrar, ele gradati-
seu prprio rumo no mundo para colocar vamente fora distante ponta leste das
em prtica todas as teorias. Ento, os trs Colinas Moonstone. Com a inteno de
deixaram a segurana da Floresta de Yore atingir Kaypong e a cidade extica de
e saram para aprender sobre o mundo Zengis ao norte, comeou a atravessar as
e provar a si mesmos que eram feiticei- Colinas Moonstone, porm l se deparou
ros mestres. Pen Ty Kora um homem com um grande mal que, eventualmente,
baixo, moreno, que falava com sotaque
A MAGIA DA MSCARA DO SUL
Uma prtica peculiar do Curandeiro usar mscaras encantadas para extrair a doena do corpo
do paciente. Eles trabalham a partir do princpio de que toda doena do corpo tambm uma
doena da alma. Cada uma das mscaras encantada para reagir a um tipo de indisposio,
confortando a alma da pessoa que a veste, enquanto o Curandeiro lana um feitio sobre ela
para cur-la.
Para um ferimento comum, como uma perna quebrada, por exemplo, o paciente veste uma
mscara com a forma de um Gigante, que segura a dor enquanto o Curandeiro coloca os
ossos no lugar e enrola a perna com tiras de pano embebidas em blsamo curativo. Contudo,
para um ferimento mais srio, h rituais que tanto o paciente quanto o Curandeiro tm que
cumprir, realizando juntos, lentamente, uma cura mgica. A cura de uma forte maldio,
ou de loucura, necessita de magia especialmente poderosa, que pode s vezes prejudicar o
paciente ao invs de ajud-lo. A magia da mscara incerta, mas quando funciona, funciona
bem e a nica cura para algumas enfermidades.

85
seus campos, matou seus animais e fez o
cu ficar to nublado, que nada florescia.
Nicodemus foi impelido ao. Tomando
a forma de um Homem-Orc pelo uso de
um feitio de iluso, explorou as cavernas
do sacerdote at que descobriu por que o
feiticeiro maligno queria qe os aldees
se mudassem. Sculos atrs, bem antes
da Guerra dos Magos, uma batalha tit-
nica entre os dois feiticeiros Elfos e trs
malignos necromantes humanos, conhe-
cidos como Os Negros, ocorrera naquele
lugar. Por fim, os Elfos tinham vencido e
as cinzas dos humanos foram enterradas
no vale, onde hoje fica a vila. Mas agora
viera um chamado para o Xam das di-
vindades malignas a quem servia, a fim
de que fizesse planos para a ressurreio
destes seus importantes servos.
Os feitios de proteo, que os Elfos ti-
ameaaria sua vida. Viajando nas colinas nham colocado no solo, onde os feiticei-
onduladas, ele chegou uma noite a uma ros vis foram enterrados, eram tais que
pequena vila de fazendeiros, a quilme- o derramamento de sangue (a tcnica
tros de distncia de qualquer lugar. Os usual para ressurreio) destruiria as
cidados estavam tristes e deprimidos, e cinzas, tomando-as impossvel. Por esta
no lhe deram as boas-vindas com o bom razo, o sacerdote no estava arriscando
humor habitual dos camponeses. um confronto armado com os aldees, o
Perguntando o motivo, ele descobriu que que certamente levaria a uma carnifici-
uma maldio havia cado sobre suas na. Contudo, os aldees agora tinham se
terras, inflingida por um Xam maligno cansado de serem ameaados de fome
que, disseram, residia numa caverna mais e misria e estavam se preparando para
adiante, nas colinas. A cada quinzena, o deixar a vila para o Xam embora eles
Xam vinha e ficava no penhasco rocho- ainda estivessem intrigados com o motivo
so que se projetava sobre a vila, e fazia dele a querer tanto, mas aparentemente
sempre o mesmo discurso, exigindo que no o suficiente para mat-los a todos,
se mudassem imediatamente da rea. da maneira usualmente empregada pelos
Os cidados da vila tinham decidido, des- servos do Mal.
de o incio, que no iriam permitir que Assim que os ltimos aldees partiram
nenhum feiticeiro medocre lhes disses- da pequena aldeia, as foras do Xam (in-
se o que fazer, e tinham se recusado a se cluindo Nicodemus disfarado) mudaram-
mudar. Porm, o Xam retomou com uma -se e comearam a fazer as preparaes
grande tropa de Orcs e Goblins e mostrou para a ressurreio dos Negros. A hora
toda a extenso de seu poder. Ele secou chegou e, sob um cu noturno sem Lua, o

86
Xam iniciou o longo ritual que culmina- espada e o sangue dele ensopou o cho.
ria nas cinzas recompondo-se em corpos, Gritos uivantes vieram do solo, mas gra-
que ento se levantariam do solo. Havia dativamente se calaram, assim que Nico-
uma sensao quase palpvel de Mal no demus lanou um feitio de purificao
ar e, Nicodemus, esperando prximo sobre o solo ensangentado. Os Orcs
frente da multido de Orcs e Goblins, es- e os Goblins ficaram perplexos por um
tava certo de que espritos extraterrenos, momento, mas agora, estimulados a agir
de alguns seres muito maus, estavam, de pelas vozes dos espritos demonacos, gri-
certa fonna, presentes. tando em suas cabeas, voaram em sua
O Xam comeou sua dana, gemendo direo, porm bolas de fogo, cuidadosa-
numa lngua que Nicodemus nunca ou- mente atiradas, os mantiveram acuados
vira antes (a Voz do Demnio, uma lin- por tempo bastante para que ele fugisse
guagem usada em toda magia negra). O da vila...
canto dele foi unido a trs outras vozes, Um ano mais tarde, Nicodemus se encon-
gemendo e chorando, vindas debaixo trou explorando um antigo templo arrui-
do solo! Nicodemus saiu das fileiras dos nado no meio das Plancies Pags. Numa
Orcs, brandindo uma grande espada de cripta sob a nave do templo, ele achou
lmina denteada, enquanto corria em um grande ba preto, que deixava esca-
direo ao Xam, que estava muito en- par poderosas emanaes mgicas.
volvido com a aproximao do clmax do Talvez fosse avidez por magia nova, talvez
ritual, para not-lo. O feiticeiro dividiu-o apenas uma curiosidade natural, o que
ao meio com um poderoso golpe de fez com que fosse menos cauteloso dessa
vez. O que quer que fosse, conforme ele
abriu a tampa do ba, a cripta se sacudiu
com uma gargalhada demonaca e trs
formas negras esfumaadas giraram e se
solidificaram, at que trs figuras encapu-
zadas ficaram sua frente e uma grande
aura de maldade encheu a cripta. A figtira
central disse; Enfim, Arakor Nicodemus,
estamos vingados! Voc no vai escapar
de um feitio de Morte!
Nicodemus fitou, horrorizado, as runas
gravadas na parte de dentro da tampa
do ba. As figuras encapuzadas dos Ser-
vos do Demnio desapareceram no ar e
o mago j podia sentir um tremor doen-
tio tomar os seus ossos. Fugindo do tem-
plo, ele se dirigiu para leste, indo para a
cidade dos Anes de Stonebridge, onde
tinha ouvido falar pela ltima vez de seu
companheiro de feitiaria, o Curandeiro.
Se havia algum no mundo que po des-

87
se ajud-lo agora, devia ser ele. O Curan- Porm, desta vez, o Curandeiro no foi
deiro no estava em Stonebridge, mas os poupado de sua clera. Em uma sema-
Anes lhe disseram que ele estava indo na, foi acometido de uma extraordinria
para Fang. Nicodemus pegou um cavalo doena mutiladora, que desfigurou seu
emprestado e galopou para o norte, atra- corpo e tornou cada movimento seu uma
vs das plancies, cada chicotada ecoan- agonia. O Curandeiro fugiu do mundo dos
do nas batidas em pnico de seu corao, homens e se tomou um recluso, escon-
j falhando. Depois de trs dias de dura dendo-se numa caverna solitria, nas bor
cavalgada, parando apenas para trocar das das Montanhas do Dedo de Gelo. Ele
seu cavalo exausto por outro descansa- ainda est l at hoje, ajudando os doen-
do, numa pequena fazenda que passara, tes e os feridos, mas se recusando a ver
o feiticeiro agonizante alcanou seu velho qualquer um que no precise de seus ser-
companheiro quando ele chegava feira, vios. Tanto Nicodemus quanto Yaztromo
na praa da vila de Anvil. o visitaram, porm em ambas as vezes ele
Pen Ty Kora deu uma olhada em seu se recusou a v-los. Se voc se encontrar
amigo, agora to prximo da morte, e nas terras do norte e tiver necessidade
praguejou baixinho. Ele levou o trmulo desesperada de um curandeiro, informa-
Nicodemus para fora da vila, indo para es sobre sua caverna podem ser dadas
as plancies. Segurando seu amigo firme- por qualquer um contudo, no espere
mente, apontou para o brilhante pico da sua ajuda se voc no precisar de cura.
Montanha de Fogo distante, ao leste. L, O prprio Nicodemus continuou a ter
meu amigo, ns esperaremo s pela alvo- muito mais aventuras, sendo chamado
rada, disse obscuramente o Curandeiro. vrias vezes para frustrar os planos dos
Aps trs horas de esforo desesperado, servos das Foras do Mal. Entretanto,
a dupla chegou ao p da montanha e co- chegou uma hora em que se cansou de
meou o longo e doloroso trabalho de su- ser constantemente requisitado para re-
bir ao seu topo. Quando afinal atingiram solver os problemas do mundo, e se apo-
o cume, o Curandeiro tirou de sua bolsa sentou no decadente fosso de vermes,
uma mscara grande com o formato de conhecido como Porto Blacksand, a Ci-
um Sol e a colocou na cabea de seu ami- dade dos Ladres. A razo para ter feito
go, que agora tinha ficado de um branco isso, provavelmente, nunca saberemos
fantasmagrico, como se a mo fria da com certeza estranho para um servo
Morte comeasse a espremer cada vez do Bem querer se estabelecer nesse tipo
mais forte seu esprito. O Curandeiro ini- de covil do Mal, a menos que haja algum
ciou seu ritual... bom motivo por trs disto. Talvez esteja
O Sol ascendeu dolorosamente devagar apenas de olho, em Azzur, para Yaztro-
na alvorada, mas conforme seus raios mo? Mas o que ocorreu com Yaztromo
tocaram-lhe o corpo, Nicodemus sentou- durante tudo isso?
-se e bocejou, dizendo que tinha sonha-
do que uma fnix carregara sua alma de Yaztromo,
volta para a terra dos vivos. Ele estava o guardio de Darkwood
vivo! Nicodemus tapeara a vingana dos Quando deixou a escola do Grande Mago
Negros e seus mestres demonacos. de Yore, Yaztromo inicialmente retomou

88
ao lar em Salamonis que, embora fosse
perto de sua escola, no via h quatorze
anos. L estabeleceu-se como um feiticei-
ro comercial, metade do tempo vendendo
feitios e poes em sua casa, e usando a
outra metade por pesquisar nas extensas
livrarias de Salamonis, que so bem mais
antigas que a cataclismtica Guerra dos
Magos. Ele aprendeu muito sobre magias
de outras terras e raas, mas finalmente
o desejo de perambular o dominou, e ele
partiu em suas viagens. Nos anos seguin-
tes, suas andanas o levaram por toda
a Allansia povoada, da fronteira entre
Chiang Mai e Kaypong at as bordas do
extremo sul das Plancies do Sul; da Baa
das Ostras e das runas de Balkash at o
Passo de Trolltooth e a fronteira das Ter-
ras Planas.
Por todo lugar que viajava, via a mo
cruel do Mal puxando os cordes nos
bastidores, e ele estava extremamente
preocupado, pois no conseguia ver um
jeito de enfrentar mais que uma pequena formas bizarras das rvores, aparecia in-
quantidade dele. Por um longo perodo, distintamente atravs do cinza que o en-
ele decidiu simplesmente alugar um bar- volvia, porm Yaztromo no teve medo:
co e velejar para terras novas, porm no ele tinha sua magia para proteg-lo, que
fim percebeu que esta era uma atitude usaria contra quaisquer horrores que a
muito covarde para se tomar. Se os deu- floresta armasse contra ele!
ses tinham lhe agraciado com o poder da Entretanto, repentinamente, teve um
feitiaria, pensou, ele deveria fazer me- sobressalto. Flutuando com a brisa veio
lhor uso dela. o som de gritos e alguma coisa estava
Enquanto estava refletindo sobre estes queimando. Ele correu atravs de plan-
problemas, passava pelas bordas da Flo- tas rasteiras emaranhadas na floresta,
resta de Darkwood, a selvagem massa de por uns minutos, e chegou a uma clareira
mata antiga ao sul da vila dos Anes, Sto- onde, mais ou menos, uma dzia de ca-
nebridge. Era o ms de Esconder e o tem- banas de Elfos estava em chamas. For-
po frio estava comeando, mas ainda era mas sombrias voavam entre as rvores e,
agradvel de se andar sob as estrelas ao embora antes nunca as tivesse visto em
anoitecer. Assim que Yaztromo prosse- carne e osso, sabia perfeitamente o que
guiu, seu cajado balanando no ritmo eram Elfos Negros! No necessitando
de seus passos, uma nvoa morna o en- de maior estmulo para ao, Yaztromo
volveu de repente. Tudo sua volta, as mergulhou no combate, o fogo ardendo

89
em seu cajado. Aquela noite ele matou um corvo de estimao, chamado Vermi-
oito espritos vis dos Elfos Negros, e ga- thrax, em homenagem ao Grande Mago,
nhou respeito e admirao imediatos dos que leva e traz mensagens dos Anes de
Elfos da Floresta de Darkwood. Stonebridge e dos Elfos de Darkwood. To-
Nos dias que se seguiram ao ataque, o dos na floresta o conhecem, e a maioria
feiticeiro ficou com os Elfos e aprendeu o respeita e fora de sua magia. Os El-
tudo que podia sobre a vida na floresta. fos do Lado Negro, entretanto, tendem a
Boa parte daquilo parecia idlico para Ya- pensar nele, somente, como um tolo ino-
ztromo e ele quase decidiu fazer ali sua fensivo, portanto, Yaztromo pode manter
prpria escola de magia. os olhos aguados sobre eles. De fato, ele
Mas havia grandes problemas e maiores tem um constante controle sobre gran-
perigos espreitando em partes da flores- de parte do que acontece neste lado de
ta. Apesar de sua beleza, era um lugar Allansia, e troca mensagens com Nicode-
perigoso para muitos de seus habitantes, mus em Blacksand, alm de ter muitos
e realmente precisava da proteo de outros informantes.
algum que pudesse tomar conta dela o Ele recomeou seu negcio de vender pe-
tempo todo. Yaztromo ponderou sobre os quenos itens mgicos, numa tentativa de
problemas de Darkwood em toda a sua ganhar dinheiro, para satisfazer seu maior
extenso e quando sua breve estada com vido: o velho mago adora bolos aucara-
os Elfos da Floresta completou seis me- dos, que encomenda de todos os lugares,
ses, e depois um ano, lentamente ele che- quando tem dinheiro para compr-los, o
gou concluso de que realmente queria que no to freqente quanto gostaria!
ficar l e ser aquele que a protegeria. Se um dia se encontrar na rea e preci-
Assim que teve a honestidade de admitir sando de assistncia, voc ver sua tor-
isto para si mesmo, ele se sentiu melhor re armada bem beira do caminho, na
e imediatamente visitou os Anes de Sto- extenso do extremo sul de Darkwood.
nebridge para pedir-lhes que o ajudas- E um monumento impressionante, cons-
sem a construir uma torre perto do lado trudo em granito branco, com uma por-
sul da floresta. O Rei Gillibran e seus sdi- ta de carvalho macia . Tem uma grande
tos estavam muitos cpticos quanto aos variedade de aposentos, incluindo um
negcios de Yaztromo com os Elfos, mas observatrio e vrios pores projetados
eles gostaram do mago e acharam uma para experincias mgicas, mas o excn-
grande idia que ficasse por perto. O tra- trico velho Yaztromo passa a maior parte
balho foi iniciado e logo completado, com de seu tempo na biblioteca estdio, que
ajuda de um pouco de magia, e Yaztromo est sempre entupida de livros, papis,
se mudou para sua alta torre branca, em parafernlia mgica, animais, pssaros e
um ano. muito mais quase s h espao para
Ele ainda reside l; na verdade, raramente sua velha poltrona de carvalho favorita!
sai da torre, exceto quando alguma coisa
sria est acontecendo. Notcias so tra-
zidas at ele pelos pssaros e pelos ani-
mais da floresta, que vm e contam tudo
que viram durante o dia. Ele tambm tem

90
Torre de Yaztromo

91
empurrar o lado mais forte para posies
FORAS NEUTRAS

E
ainda melhores, na esperana de que o
ntre as Foras do Bem, que so pou- vencido contra-ataque e reinstale o equi-
cas em nmero, mas com firmes pro- lbrio. Pois, apesar de seus truques e pia-
psitos, e as Foras do Mal e do Caos, das aparentemente frvolos, os seguido-
que so numerosas, porm desorganiza- res da sorte so, na verdade, seguidores
das, h as Foras Neutras. Bem, elas no muito srios do equilbrio entre o Bem e
podem realmente ser designadas como o Mal.
Foras, pois no tm exrcitos prprios e
freqentemente preferem usar os de ou- Lord Logaan, o Trapaceiro
tras pessoas para fazerem seu trabalho, Como sabe, Logaan, o Trapaceiro, foi um
quer dizer, se o desejarem concretizado. dos deuses da Corte Celestial. Embora
Porque h, de fato, dois tipos de Neutros; diferentes culturas o chamem por outros
as pessoas que voc encontrar podem nomes (que incluem Ranjan e Akolyra), e
pertencer a um ou outro. Elas podem ser dem a ele diferentes formas (uma mu-
seguidoras dos deuses Trapaceiros, lide- lher ou um gato travesso, parecem ser
rados por Logaan, o criador do Homem, os mais comuns, embora haja muitos ou-
que tentam jogar o Bem e o Mal um con- tros), todos parecem certos de que foi ele
tra o outro, para um dia equipar-los. Por quem primeiro criou seres inteligentes,
outro lado, elas podem ter optado por quando fez o Homem e a Mulher durante
no se aliar a qualquer lado, e preferem o Tempo Divino. Tamanha unanimidade
permanecer indiferentes ao mundo e a surpreendente, pois ocorre em muito
todos seus problemas. Este segundo tipo poucas outras reas da mitologia; este
no tem deuses, nem aliados e possui tipo de ocorrncia normalmente tido
pouca filosofia; elas simplesmente deram como significando que o evento descrito
as costas ao mundo. Ambas as faces pelos mitos certamente no aconteceu.
podem ajud-lo muito ou atrapalh-lo Logaan um deus esquisito, porque no
terrivelmente, quase de acordo com seus tem pais ou parentes reconhecidos junto
caprichos; como resultado, voc deve ter hierarquia da Corte Celestial, onde mes-
muito cuidado com os seres Neutros. mo a Morte tem seus irmos, Doena e
A filosofia bsica dos Trapaceiros e seus Decadncia. Algum poderia pensar que,
seguidores simples, mas funciona numa pelo menos, Logaan fosse parente de Sin-
grande escala csmica, difcil de compre- dla, a deusa da sorte, pois seus domnios
ender. O que quer que acontea, dizem, se sobrepem, mas isto no ocorre. En-
o universo somente sobreviver se os tretanto, na escrita, nas esttuas e nos
poderes que o puxam para um caminho smbolos de seus devotos seguidores,
ou para outro estiverem equilibrados: ele tem junto a si um par de figuras mis-
uma mudana muito grande para um ou teriosas, conhecidas como Kata e Petros.
outro lado vai rasgar o tecido do cosmos, Esses dois so normalmente representa-
e o mundo acabar. Portanto, sempre dos como humanos de toga, sem rosto,
quando um lado est em posio muito que ficam ao lado de Logaan, puxando-
forte, os Trapaceiros ou vo dar ajuda s -o para lados opostos simbolizando,
faces opostas e atrapalhar o lado mais obviamente, a forma com que o prprio
forte, ou vo viver bem perigosamente e Logaan puxa as Foras do Bem e do Mal.
92
Logaan retratado sob vrios aspectos em Glantanka, a deusa do Sol, quando ela
diferentes, como todos os deuses, mas circula no cu. Ele puxa com toda a sua
em sua forma humana mais comum, ele fora, at que ela desa ao cho, protes-
baixo e disforme, como um palhao de tando como nunca por ter sido puxada do
pernas arqueadas, e com uma expresso cu e ameaando toda sorte de punies;
estranha no rosto. Seu cabelo desgre- assim que se soltar. Logaan a ignora e co-
nhado e suas roupas no parecem caber- loca um grande saco sobre sua cabea.
-lhe porm, em seus olhos sempre h Imediatamente fa z s e noite.
um olhar de extrema seriedade. Em sua caverna, o Troll levanta-se com
Os outros deuses de Titan aparecem so- um bocejo, murmurando consigo mesmo
mente em histrias mitolgicas muito como o dia passou rpido. Pegando seu
srias, entretanto, Logaan tambm surge basto, ele parte para a vila, mas assim
em vrios contos folclricos populares. que sai de sua caverna, Logaan abre o
Eles se passam sempre no Plano Terreno, saco e solta a corda de Glantanka. A deu-
logo antes ou logo depois de os outros sa do Sol dispara para o cu novamente
deuses sarem aps a Primeira Batalha, e o Troll uiva de dor e larga seu basto,
e sempre parecem terminar com ele pre- enquanto pe as mos nos olhos. Logaan
gando peas em algum que fora muito pega-lhe o basto e esmaga sua cabea,
vaidoso, cruel ou tolo. Muitos destes con- antes de arrastar sua carcaa para a vila,
tos tambm explicam como o Trapacei- com seus habitantes exultantes.
ro descobriu a escrita, o fogo, a roda, o Contudo, quando ele sai da vila cedo, na
fumo, ou qualquer outra coisa. E embora manh seguinte, depois de uma noite de
Logaan seja sempre o heri da histria, comemorao, Glantanka, a deusa do Sol,
freqentemente ele se faz passar por o v do cu lana uma bola de fogo so-
bobo tambm. bre ele, que o chamusca todo, proporcio-
Um destes contos folclricos tpico Lo- nando, aos aldees, enorme divertimen-
gaan e o Troll, uma histria de ninar po- to...
pular contada por camponeses e lenha-
dores para seus filhos, em vrias terras Os servos dos trapaceiros
diferentes: Esse tipo de conto folclrico mostra o
Logaan est perambulando pelos campos lado frvolo dos Trapaceiros, mas h la-
at que chega a uma mia, onde todos es- dos mais srios, como algumas vezes
to muito tristes. Quando ele pergunta o pode ser constatado pelas aes de seus
porqu de estarem tristes, dizem-lhe que emissrios no Plano Terreno. Aqueles que
um imenso Troll malvolo entra na vila to- servem aos Trapaceiros podem ser adver-
das as noites e carrega alguns deles para srios mortais, pois trabalham somente a
comer. O Troll vive numa caverna nas co- favor do equilbrio entre o Bem e o Mal
linas, onde se esconde durante o dia, pois e se voc estiver trabalhando no lado do
Trolls no gostam de Sol, que os cega com Bem, quando encontr-los, eles podem
o seu brilho. Logaan sobe as colinas e en- muito bem reagir como servos do Mal!
contra a caverna do Troll, que cheira mui- Os Feiticeiros de Ntherworld, das Terras
to mal e bastante repulsiva. Ele, ento, do Norte do Mundo Antigo, so servos
pega uma corda, faz um lao e o joga no de Logaan e de outros Trapaceiros; eles
ar vrias vezes, at que ele se enganch so conhecidos por seus grandes poderes
93
Esses artefatos mgicos so itens tpicos
do Trapaceiro, mudando de uma coisa
para outra, dependendo do que se quer.
O Anel Ting tambm imbudo de uma
tpica piada de Trapaceiro: tem um poder
semelhante ao do camaleo, que faz com
que se misture com a paisagem, e vrias
situaes de emergncia foram causadas
por nobres em Lendle Real, que pensa-
ram ter perdido o anel! Mas tambm
foram os Feiticeiros de Netherworld que
fizeram aparecer o amaldioado Peixe-
-Demnio, que ameaou a costa do Mar
de Onix por alguns anos. Era uma cria-
tura gigantesca, maior que um navio de
guerra e destrua embarcaes e engolia
pescadores por inteiro. O peixe foi final-
mente pego pelo heri, que solucionou
os problemas de Tantalon, e tomou-se o
governante de Gallantaria, entretanto,
no antes que ele tivesse aterrorizado a
costa e muitos pescadores tivessem per-
dido suas vidas. Por que os Feiticeiros
de alta magia e por sua aparente arbi- lanaram tal criatura costa, nunca sabe-
trariedade na concesso tanto de graas remos.
quanto de maldies. Foram eles, por Tambm sabemos muito pouc sobre os
exemplo, que criaram o poderoso Anel prprios Feiticeiros. Acredita-se que se-
Ting, que deram aos nobres de Gallanta- jam uma antiga raa que vem residindo
ria. O anel confere todo tipo de habilida- nas torres remotas, nas Terras do Norte,
des especiais a quem o usa, dependendo por muitos sculos antes do Homem se es-
das circunstncias. Se for usado em uma tabelecer l, onde ainda habitam. Quanto
batalha, por exemplo, vai proteg-lo dos ao seu nmero ou quaisquer maiores de-
efeitos dos golpes; se usado numa caa- talhes sobre seu estilo de vida, sua supo-
da, vai aguar a habilidade para localizar sio to possvel quanto a de qualquer
a caa; pode proteg-lo dos efeitos das vis um, pois eles se mantm escondidos da
criaturas mortos-vivas ou contar-lhe que vista de todos. Entretanto, de suas casas
h veneno em sua xcara! elevadas, eles obviamente vigiam todo o

94
continente oeste. Quando vem o Mal ou
o Bem ficando muito por cima, interferem
um pouco para se assegurarem de que no
fim tudo vai se equilibrar.
O Saqueador de Charadas um outro
servo estranho dos Trapaceiros. Conta a
lenda que ele reside em algum local en-
tre as slvas do sul de Allansia, num lugar
onde todas as regras comuns foram des-
respeitadas onde a gua no flui mais
para baixo, onde rvores parecem no
precisar de solo e, ao invs disso, flutu-
am soltas no ar, e assim por diante. Onde
quer que realmente tenha sua residncia,
ele mais freqentemente visto a bordo
de seu enorme navio, com o qual veleja
em volta do mundo para executar suas
tarefas.
Dizem que o Saqueador um mestre
do disfarce, capaz de se transformar em
qualquer pessoa, ou coisa, em questo
de minutos; muitas vezes usa esse tipo de
disfarce para se aproximar d suas vti-
mas. Ele tambm um ser muito intri-
gante, pois se diverte em deixar para traz
charadas enigmticas aonde quer que v
da seu nome. Ele parece ter quase pode-
res ilimitados para executar suas tarefas
de trazer confuso e equilbrio ao mundo.
De onde ele de fato se originou h apenas
hipteses. Ele pode ser um ser humano
abenoado, com poderes peculiares, pe-
los seus igualmente peculiares deuses, ou
pode ser um ser sobrenatural, enviado
pelos Trapaceiros para executar misses
especiais no Plano Terreno, talvez onde
um Gnio o emissrio comum do Tra-
paceiro no fosse suficientemente su-
til.
Poucas raas no-humanas adoram Loga-
an, o Trapaceiro, to avidamente quanto
alguns humanos o fazem, mas h raas
que parecem segui-lo. Os peculiares Elvins
das Montanhas Shamutanti em Kakhabad
95
(as pequenas criaturas parecidas com os mente compartilham muitas afinidades
Elfos, no os enormes monstros do Mar com outros servos desses deuses, em vez
Interior, que tm o mesmo nome) com de serem propriamente servos deles.
certeza afirmam adorar o Trapaceiro, que verdade que as brincadeiras de Logaan
vem como um deus que ama a diverso, so freqentemente violentas, mas seu
que gosta mesmo de pregar peas nas objetivo raramente roubar ou enganar
pessoas o dia todo. Os prprios Elvins os outros exceto, quando isso parte
tm um grande repertrio de peas, que da brincadeira.
gastam a maior parte de seu tempo aper-
feioando s custas de alguma outra A corte animal
pobre criatura, naturalmente! Por muitos sculos, o conhecimento de
Leprechauns tambm seguem o caminho que vrias criaturas diferentes, que va-
travesso dos Trapaceiros na verdade, gam pela superfcie de Titan, adoravam
alguns povos os chamam de Filhos de divindades, foi convenientemente esque-
Logaan, em homenagem ao fato de eles cido. Os animais, argumentavam os sa-
estarem sempre pregando peas nas pes- cerdotes, eram ignorantes da beleza dos
soas. Entretanto, diferente dos Elvins, que deuses e deusas, e viviam suas vidas com-
somente o fazem por divertimento, eles pletamente alheios de que havia mais
as usam para se manterem vivos; rou- sentido na existncia do que simplesmen-
bam e enganam suas vitimas por comida te nadar ao lu, no mar, voar mornamen-
ou dinheiro! Na verdade, eles podem se te nas alturas, sobre a terra, ou espreitar
tornar bastante violentos se necessita- as plancies procura de caa. Essa viso
rem, desesperadamente, de alguma coi- tambm provava, como concluso, que
sa de algum. Contudo, isso no fiel ao os ariimis no tinham alma e, portanto,
esprito dos Trapaceiros e muitos agora o Homem era supremo, maior que qual-
acreditam que os Leprechauns simples- quer dessas criaturas! A resposta tradi-

96
cional para esse tipo de argumento, bem
poderia ter sido: O Homem no um
animal? Voc no viu meu marido!. Con-
tudo, isso fez com que muitas culturas fi-
quem cegas aos deuses da Corte Animal.
Os animais e seus deuses seguem uma
linha que um bocado difcil de categori-
zar, mas que, algumas vezes, conhecida
como Neutro Verdadeiro, da o porqu
de estarmos incluindo alguns detalhes
dela, nessa conjuntura. E uma crena
cega e burra, pois objetiva apenas ajudar
a raa de um animal particular e descarta
o que acontece com outros seres. Cada
criatura de Titan foi feita por um deus, du-
rante o Tempo Divino, quando o mundo
era repleto de criaes feitas a partir do
barro mgico, encontrado por Throff em
seu jardim. Esses deuses no desaparece-
ram simplesmente;
eles tornaram-se deuses dos animais, e fi-
cam na Corte Animal, indiferentes a tudo ,
exceto sobrevivncia de sua prpria es- mento e destruio profundos.
pcie, no importando a que custo para a Contudo, outros desejam pedir ajuda a
Lei, ou para. o Caos, atravs do cosmos. esse tipo de criatura mesmo quando pre-
Esta atitude foi aproveitada em algumas cisam e se aproximam dos animais com
ocasies, quando criaturas como os lo- quem dividem suas vidas. Os cavaleiros
bos e as aranhas foram persuadidas a nmades das Terras Planas, por exemplo,
tomar parte em srios conflitos, porque so adoradores do Mal, mas tambm res-
seus deuses foram convencidos de que peitam Hunnynhaa, o deus do garanho,
faz-lo seria vantajoso para as espcies. e rezam para que proteja tanto os cavalos
Entretanto, sendo Neutro Verdadeiro, quanto seus cavaleiros pois se os n-
os animais raramente se arrependem se mades carem nas mos de seus inimigos,
tiverem trado seus aliados e mudado de os cavalos sofrero do mesma maneira.
lado - pois tudo justificado como sendo Se algum dia um cavaleiro nomade tiver
bom para o futuro da prpria espcie. que fazer uma escolha entre seguir o lado
Os deuses dos animais so ocasional- do Mal ou o lado de Hunnynhaa, ele sem-
mente adorados pelos homens e algumas pre escolher o ltimo. De maneira seme-
espcies no-humanas. Primitivos como lhante, alguns Orcs fazem oferendas a Al-
Goblins do Pntano e os Neanderthals mor, o senhor dos lobos, principalmente
adoram os deuses da Corte, simplesmen- por causa da ajuda que ele foi induzido a
te porque so grandes monstros podero- dar s Foras do Caos na Primeira Batalha,
sos, com a habilidade de causar dor, sofri- onde serviu junto ao campeo dos Orcs.
At mesmo alguns feiticeiros que so ob-

97
cecados com o estudo e a proteo dos fascinado por elas, pois nunca havia ima-
animais, a tal ponto que tambm come- ginado que animais e outras criaturas ti-
aram a se envolver na adorao da Corte nham uma cultura quase to sofisticada
Animal. As pessoas escutam muitas his- quanto a dos humanos! Finalmente, a
trias de Hurdagag Greenfinger, que fez curiosidade do feiticeiro de saber tudo o
do estudo das toupeiras o trabalho de venceu e ele se mudou para baixo da ter-
sua vida. Frequentemente, seria visto por ra a fim de viver com as toupeiras em seus
transeuntes curiosos, deitado no cho tneis. esse o perigo da obcesso e da
gramado da floresta, sua cabea enfiada busca pela sabedoria!
em um montinho de terra, observando as Em vez de falar de todos os cultos dos
criaturinhas fascinantes a trabalhar! Ele animais com detalhes, o que seria extre-
aprendeu mais e mais sobre as toupeiras, mamente entediante, ns simplesmente
pelas quais, a princpio, tinha a inteno projetamos a tabela abaixo para mostrar-
de fazer apenas um estudo muito breve. -lhe os nomes e as relaes de todos os
Quanto mais aprendeu, mais se sentiu membros da Corte Animal.

98
FORAS DO MAL E DO CAOS

E
nto, bravo aventureiro, voc agora
j conhece as Foras do Bem, que
podem lhe oferecer ajuda e amizade
para diminuir o peso de sua busca. Tam-
bm conhece aquelas faces indecisas
sobre que lado tomar, as Foras Neutras,
que podem to facilmente enfiar-lhe um
punhal nas costelas quanto ajud-lo. E co-
nhece aqueles aliados que mudam com o
vento, ou pelo menos assim parece os
Trapaceiros, que lhe oferecero po com
uma das mos e o tiraro com a outra,
sempre fazendo sua parte em alguma
poderosa piada csmica. Tudo isto voc
agora j sabe.
Vamos mudar nossa ateno em direo
aos vrios aspectos horrveis do Mal e do
Caos, do dio cego e idiota das raas no-
-humanas Orcs, Goblins, Trolls e Ogres
at as infinitamente sutis conspiraes
dos terrveis Prncipes dos Demnios. Demnios sobrenaturais. Governando so-
Conhea as fraquezas de seu advers- bre tropas diversas de Demnios esto os
rio e j ganhou metade de sua batalha, Prncipes Demnios, com suas horrveis
dizem em Analand; ento, estude seus perverses de comportamento corts e
adversrios cuidadosamente. Aonde quer cavalheiresco. Talvez voc j saiba disso,
que v nas terras selvagens do mundo, mas poucos mortais jamais souberam
um aventureiro de corao puro encon- muito sobre as ainda mais poderosas di-
trar tropas do Mal formadas contra si, vindades que governam o Mal, mesmo
mas atravs de proezas nobres e heri- nas profundezas do Inferno os Senho-
cas, ele vencer e atingir seu objetivo. res Negros do Caos.
Sempre que encontrar o Mal ou o escr- V bem alm de Titan, alm dos Planos
nio pervertido do Caos, seja no campo de Elementares e dos profanos Planos De-
batalha ou apodrecendo em algum fosso monacos, ainda mais alm do que o tem-
escuro, voc deve estar preparado, com po e o espao. L, no corao do Vcuo,
espada afiada e mo firme, para elimin- residem os Senhores Negros. Na Alvorada
-lo deste mundo. dos Tempos, eles ah foram presos pelo
poder unido das Foras do Bem, depois
Os senhores negros do caos da Primeira Batalha. Alguns so lembra-
Os vis Orcs e Goblins so governados por dos em cantos remotos e selvagens do
seus chefes e sacerdotes, que por sua vez mundo como Slangg, deus da malcia,
tm aliana com um exrcito espectral de ainda adorado pela cidade depravada
de Khar porm a maioria se apagou

99
na memria curta da humanidade e so- Krsh, o som do ltimo suspiro de um
mente so estudados, em segredo, pelos homem e surge como uma mo invisvel
necromantes mais ambiciosos. Uma vez para sufocar e estrangular a noite. Toda
foi sugerido, por um profeta insano, que terra tem suas prprias histrias, tradi-
os Senhores Negros eram vinte e trs ao es, nomes e imagens da Morte, mas
todo, embora isto nunca tenha sido ve- todos os homens temem suas garras, das
rificado. quais nunca se escapa.
Acredita-se que os Senhores Negros, em Outro Senhor Negro conhecido a Doen-
seu estado natural, sejam seres disformes a, conhecido como Senhor da Supurao
e sombrios, pouco mais que manifesta- em algumas terras do extremo oeste. Seu
es superinteligentes de pura emoo irmo Decadncia, prncipe dos insetos,
maligna. Alguns realmente tomam for- dos fungos e de tudo que apodrece, ado-
mas materiais para visitas especiais aos rado no sul de Khul pelos mendigos e le-
vrios Planos da existncia, mas desde prosos da cidade nojenta de Shakuru. Em
sua priso, isso lhes custa energia demais. contrapartida, eles so favorecidos por
Portanto, felizmente, eles nunca podem nobres inferiores, que se alinham junto
revelar seu verdadeiro poder em Titan. aos Prncipes Demnios na seqncia das
Outros tiveram formas fsicas impostas coisas, os vrios reis e senhores das raas
por seus adoradores superzelosos, que dos insetos. Estes compreendem Arhallo-
desejavam erguer esttuas com o que gen, senhor das aranhas, adorado pelos
acreditavam ser suas imagens. Mas se primitivos degenerados das florestas do
acredita existirem alguns que nunca de- sul de Allansia; Hmurresh, rainha dos in-
ram qualquer indicao de sua presena setos, que reside no Plano Elemental do
embora provar ou desvendar isso re- Ar, de onde ela envia seus sditos para
querer os esforos de uma eternidade levar praga e peste para todos os cantos
para profetas e filsofos! do mundo.
O Primeiro Senhor do Caos a Morte, Acredita-se que as divindades adoradas
que rene em suas garras cruis todo o em Kakhabad, como Slangg, deus da ma-
universo. Foi ela que imps ao mundo de lcia e sua irm, Tanit, deusa da inveja e
Titan a sentena do Tempo e o decreto do cime, tm parentesco com muitos
de que as coisas podem cessar de existir, deuses do Bem; mas isto dito porque
em oposio direta aos deuses do Bem, eles ficaram do lado das Foras do Mal
que somente podem criar e moldar, po- durante a Primeira Batalha, foram exila-
rm nunca destruir. Em diferentes ter- dos e fugiram para se unir aos Deuses das
ras, a Morte tem muitos nomes e muitas Trevas no Vcuo. Os sacerdotes e os estu-
formas. Para os vigorosos guerreiros de diosos de outras terras podem discutir es-
Frostholm, no extremo norte, ela sim- sas crenas, se por acaso dela souberem,
plesmente conhecida como o Concluidor porm, em Khar, dizem que os povos
ou o Exterminador e toma a forma (em infelizes ainda sofrem da graa de Slan-
suas lendas) de um poderoso Gigante ne- gg. Nos templos estranhos do Porto dos
gro, que empunha um machado forjado Ardis, os cidados de m f fazem oferen-
com metal da noite. Para os nmades do das a Slangg e Tanit e lhes imploram que
Deserto de Scythera, do sul de Khul, ela lancem sua vingana sobre os outros. O

100
primeiro representado como um ho-
mem grosseiramente gordo com a lngua
bifurcada como a de uma serpente, nor-
malmente sussurrando por trs da mo.
Sua irm retratada, mais sinistramente,
como uma mulher impressionantemente
bela, usando um chapu macabro, vu e
longo manto pretos, com um maligno pu-
nhal curvo empunhado s suas costas e
um sorriso cruel em seus lbios perfeitos.
Os Senhores Negros so servidos pelos
Prncipes Demnios do Inferno, embora
um pouco relutantemente em alguns ca-
sos, uma vez que os Prncipes so seres
arrogantes como todos prncipes o so
e no servem a outros de boa vonta-
de. Alguns Senhores usam os Prncipes
como seus agentes para fazer grande Mal
no Plano Terreno. Entretanto, a maioria
usa meios sutis e trabalha somente por
inspirao e sugesto. Este o tipo de in-
fluncia da Morte sobre os Prncipes De- De onde vieram ningum se atreve a di-
mnios. O Primeiro Senhor coloca idias zer com certeza mas, nos anos anteriores
pervertidas para fervilhar em suas men- Guerra dos Magos, os estudiosos mais
tes deformadas e permile-lhes momentos respeitados acreditam que eram os capi-
de extremo prazer, quando levam outra tes e os comandantes das tropas do mal
tropa, cidade ou pas, s armas. A Morte na Primeira Batalha. Muitas tropas de am-
o senhor dos fantoches, que guia a mo bos os lados foram dizimadas quando a
escamosa do Mal e do Caos, usando seus Morte pisou no mundo pela primeira vez,
servos para chegar ao seu objetivo final mas parece que muitas delas escaparam
a escravizao ou erradicao de toda e retiraram-se para os Planos externos de
a vida no mundo. existncia. Agora, estes so coletivamen-
te conhecidos como Plano Demonaco,
Os prncipes demnios, os embora na verdade haja muitos nveis;
seus numerosos habitantes o chamam
mestres do inferno simplesmente de Inferno.
A Morte o mais fatal de todos os mes- Os senhores e mestres do Inferno so os
tres e seus servos escolhidos so perigo- Prncipes Demnios. Somam sete e so
sos ao extremo; os Prncipes Demnios os seres mais malignos, corruptos, depra-
esto entre eles. So monstruosidades vados e Caticos que j pisaram no Plano
imortais, que governam o Plano Demo- Terreno, desde o surgimento do Tempo.
naco usando a insanidade, a depravao Os sete so divididos informalmente em
e o verdadeiro Caos para perpetuar seu dois grupos: o trio de demnios aterrori-
reinado sobre as Foras do Mal e do Caos. zadores, conhecido por alguns como De-

101
mnios-Serpente, Ishtra, Myurr e Sith; das para estabelecer que Demnio estava
e os Demnios da Noite, Kalin, Relem, certo (ou melhor, errado!). Cada um do
Shakor e Vradna. Os primeiros so os ver- satnico trio servido, ainda que ataba-
dadeiros governantes do Abismo e, oca- lhoadamente, por um dos Demnios da
sionalmente, so servidos pelos outros Noite, que comanda suas tropas e age
quatro. como brao direito, enquanto durar a
Os trs Prncipes governantes sentam guerra civil. Atualmente, contudo, Sith
juntos no julgamento das almas dos con- est sendo servido por Relem e Vradna.
denados, no Palcio da Agonia, bem no H muitas dcadas, foi em benefcio de
centro do Plano Demonaco. Ostensiva- Sua Nojenta Majestade, j que cada um
mente, governam por uma combinao liderou metade de suas foras para extre-
de foras de vontade mas, na verdade, mos cada vez maiores, a fim de provar sua
discutem e discordam tanto, que somen- superioridade sobre o outro. Entretanto,
te quando dois concordam contra o ter- agora, a chama da competio doentia se
ceiro que qualquer deciso realmen- ofuscou e eles lutam mais entre si do que
te tomada. De sculos em sculos, suas contra as tropas de Kalin e Shakor.
disputas e divises fogem ao controle e Sith ignora a luta entre suas prprias tro-
uma guerra civil sanguinolenta avana pas, estando muito mais interessada com
pelo Inferno, com centenas de milhares a sorte de seus servos escolhidos no Pla-
de almas engajadas nas batalhas, arma- no Terreno, os Caarth (o Povo-Serpente

102
que vive em desertos). Apesar de suas
exortaes, o poder dos vis rpteis est
enfraquecendo e as variadas raas de Ho-
mens-Lagarto que adoram seus principais
rivais, Ishtra e Myurr, est em ascenso,
Os poderes de Sith em Titan podem estar
diminuindo, porm ela ainda reina no In-
ferno, ms somente atravs de manobras
muito cuidadosas, diplomacia, intrigas e
assassinatos.
Embora os trs Demnios-Serpente gover-
nem o Abismo dos ornamentados tronos
de diamantes-sangue do Salo de Coman-
do do Palcio da Agonia, que ecoa a uma
lgua de distncia, cada um deles possui
seu prprio refgio. Sith reside num cas-
telo construdo inteiramente de escamas
de serpentes, empoleirado na ponta de
um barranco aparentemente sem apoio,
perto do centro do Plano de Ao. Em sua
arquitetura usada uma geometria to Gigante, seis braos com garras nas extre-
estranha e inumana, que uma mente midades e um pesadelo sibilante de cabe-
mortal seria completamente levada lou- a, que o meio termo entre uma mulher
cura s de olhar para ele no que uma e uma vbora.
mente mortal para alcan-lo houvesse Sua ambio insacivel pela morte violen-
sobrevivido jornada pervertora de c- ta de outros seres no tem fronteiras, e
rebros, pelos nveis externos do Inferno! muitas pobres almas foram assassinadas
Sua Majestade Satnica, Sith, Prncipe simplesmente porque ela deslizou pelo
dos Demnios do Inferno, provavelmen- lado errado de seu inferno naquela ma-
te o mais violento e sdico de todos os nh. No h nada de que goste mais que
Demnios e, como qualquer estudio- arrancar vagarosamente as tripas de uma
so de demonologia respeitado, lhe dir, criatura viva, atravs de pequenas perfu-
depois de feitas as oraes apropriadas, raes em sua pele, sugando e se baban-
que mesmo isso! Em sua forma natural do at que a carcaa esteja vazia; embora,
ela ainda mais nojenta do que quando algumas vezes, quando est com pressa,
em sua forma terrena (uma monstru- ea simplesmente arranque os braos de
osidade preto-esverdeada, com cabea alguma coisa e v mastigando. Como to-
de serpente, quatro braos, asas de mor- dos os Demnios, ela no precisa neces-
cego, de trs metros de altura, como diz sariamente de comer, mas adora sentir as
em um livro erudito). Com talvez quatro ondas de angstia e dor, vindas de uma
metros de altura e um metro de largura, criatura morrendo. Sith sente afeio por
ela tem o corpo e a cauda de uma serpen- apenas uma coisa seu pito de esti-
te imensa, o dorso de uma linda mulher mao, Sussussurr. Uma besta verdadei-
ramente impressionante, Sussussurr tem

103
mais de vinte metros de comprimento e tando a mente de um lder ou conselhei-
um metro de largura; ele o filho imortal ro influente, trabalhando como sempre
de Vermistra, rainha das serpentes, que para produzir tanta anarquia e destruio
reside nas mais densas e longnquas sel- quanto possvel.
vas de Titan.
Ishtra e Myurr no se comparam a Sith Divertimento demonaco e
quando se trata de pura crueldade, mas caada selvagem
cada um tem suas prprias facetas espe- Apesar de suas perptuas diferenas, bri-
ciais. Ishtra, normalmente, toma a forma gas e guerras cruis e violentas, os Prnci-
de um crocodilo humanide com cabea pes Demnios e seus servos favorecidos
de bode, embora, quando deseje impres- freqentemente se renem para tomar
sionar algum, ou fazer uma demonstra- parte em banquetes gigantescos. Aqui,
o durante uma discusso, se torne uma voc pode encontrar milhares de seres
bola de energia furiosa, cuspindo raios de mortos-vivos, relaxados e esborrachados
fascas eltricas em todas as direes. Seu nas mesas, cobertas com curiosas toalhas
grande amor o fogo e o estranho efeito vermelho-sangue e com textura de pele
de queimadura que tem em contato com descascada, empilhadas com todas as
formas de vida inferiores! Dos trs, Myurr formas de comida: mortas, semimortas e
o mais sutil (se um termo desses po- bem vivas. A comida revoltante frenetica-
deria ser aplicado aos seres mais vis da mente se alvoroa, guincha e foge at ser
existncia), e prefere trabalhar atravs de pega e devorada pelos devassos odiosos.
mentiras, rumores e outras formas de en- Alguns dos convidados ficam to anima-
ganar. Habitualmente, assume a forma de dos, que comeam se fartar com seus
um sapo enorme ou, algumas vezes, apa- companheiros!
rece como um menino doce e inocente, Como diverso, h as artimanhas joviais
que apenas tem os olhos mais velhos que dos torturadores, que alegremente esfo-
jamais se abriram lam recm-nascidos a fim de produzir a
no mundo. Myurr passa mais tempo no msica mais refinada; os filhotes de De-
Plano Terreno do que qualquer um dos mnio ilusionistas, que se transformam
Prncipes Demnios, disfarado ou habi- infinitamente e criam iluses com as

OS SACERDOTES DE SLANGG E TANNIT


As divindades bizarras de Khar no leste de Kakhabad so servidas por sacerdotes igualmente
bizarros. Aqueles que servem a Slangg, o deus da malcia, usam roupes tingidos de laranja fos-
forescente e raspam suas cabeas. Ao contrrio de outros homens sagrados, eles sempre levam
um vasto conjunto de armas e instrumentos de tortura, pois parte de seus deveres no ritual a
perpetuao do dio e da violncia contra os hereges. Para este fim, queimam templos e con-
gregaes inteiras e assassinam muitos cidados inocentes e culpados tudo de acordo com
as regras pregadas pelas suas divindades. As sacerdotisas de Tanit so mais sutis, trabalhando
atravs de intrigas delicadas e situaes cuidadosamente planejadas. Quando esto no culto, elas
se vestem com o mesmo manto que sua deusa, mas normalmente trabalham na comunidade,
disseminando as sementes do cime e da inveja entre os maridos, esposas e amantes, sempre
trabalhando para dividir e frustrar, subvertendo o trabalho dos servos de Asrel, deusa do amor
e da felicidade terrena.

104
partes esquartejadas de seus corpos; e da meia-noite, a Caada Selvagem se agi-
os mais tradicionais cantores de baladas ta pelos campos, procurando povoados
nojentas. Com o cho cheio de sangue e isolados e fazendas onde possam adquirir
substncias viscosas at o joelho, o ar to- as almas de que necessitam, at prosse-
mado de gritos dos que esto morrendo guirem com seu divertimento.
e de sons de vrias coisas vis mastigando
outras coisas vis, a cena toda como um Os generais das
homem piedoso imaginaria o Infemo legies dos condenados
exceto porque isto o Inferno e muito As tropas do Inferno so comandadas
pior que qualquer homem mortal poderia pelos quatro Demnios da Noite, Kalin,
imaginar. Relem, Shakor e Vradna. Eles ficam no
Entretanto, outras vezes, o divertimento aposento de guerra do Palcio da Agonia,
muito mais srio. Em noites frias e sem amontoados em seus tronos esculpidos
Lua, no meio do inverno, quando a colhei- em volta de uma poa profunda e nebulo-
ta de almas novas est em baixa, porque sa, num cho de pedra frio. Ela os permite
est frio demais no Plano Terreno para observar os resultados de suas aes no
que os humanos perversos saiam e ma- Plano Terreno. Os Prncipes so estrate-
tem os outros, a Caada Selvagem percor- gistas tortuosos, trabalhando sutilmente
re o mundo. ou espalhafatosamente, dependendo da
Normalmente liderada por um dos sete situao, para levar adiante os objetivos
Prncipes embora outros mais possam malignos das Foras do Caos em Titan.
vir, se no houver guerra assolando no Olhando dentro de sua poa de obser-
Inferno a Caada uma coleo he- vao, os generais extra terrenos podem
terognea de Demnios Inferiores, Ser- ver a construo secreta dos complexos
vos Demonacos, Saqueador de Espritos de labirintos no fundo, abaixo das Colinas
e outros mortos-vivos, todos montados Moonstone, onde o vilnecromante Raza-
em terrveis cavalos mortos-vivos. Essas ak rene suas tropas de terrveis mortos-
montarias extraterrenas so cavalos es- -vivos, preparando-se para varrer toda
queletos, com pele negra completamente a Allansia e arrasar tudo sua frente. O
esticada sobre seus ossos protuberantes. quarteto profano observa enquanto as
Suas crinas e rabos crepitam um fogo que tropas do Imprio dos Homens-Lagarto
est refletido em seus olhos insanos. Os continuam a esmurrar as muralhas arrui-
ces da Caada Selvagem so os Ces do nadas da cidade sitiada de Vymorna as
Inferno, Uivando como algo sado de seus catapultas jogando as cabeas dos jovens
piores pesadelos, a matilha fareja seres guerreiros da cidade de volta para seus
vivos atrs do cheiro de sangue fresco compatriotas horrorizados, e altos sacer-
pulsando em suas veias! Varrendo o cu dotes de duas cabeas oferecendo os co-

105
dos Trolls e dos Ogres se escondendo nas
montanhas e nas florestas, esperando
sua hora. Eles observam antigos Drages
mexendo-se em seu sono, em aposentos
enterrados bem abaixo da superfcie do
mundo, sabendo que sua hora logo vir.
E vem os novos heris, os. aventureiros
e os guerreiros, derrotando suas foras
em muitas terras; os feiticeiros que ainda
mantm as luzes da Bondade, queimando
na escurido, que se fecha em volta deles;
raes dos sacrificados vivos aos generais o povo comum que se rene para resistir
demonacos, pedindo por mais um pou- s incurses dos Orcs, Lobos ouTrolls em
quinho de ajuda para finalmente aniquilar suas terras. Os generais vem tudo isso
a cidade. Conforme as nvoas se formam, e continuam a planejar suas estratgias
eles observam com satisfao as formas para o domnio total do Mal sobre Titan,
hediondas se mexendo no corao das convictos, em suas mentes distorcidas, de
Regies do Caos, e os espritos de cente- que a vitria no pode estar muito longe.
nas de guerreiros imortais levantando-se
dos campos de batalha, brandindo armas Orcs: os guerreiros do
entalhadas e enferrujadas, enquanto gri- mal
tam por vingana sobre os vivos em uma Depois dos senhores e mestres, chega-
nica voz imortal. mos aos servos e aos escravos do Mal.
Para onde quer que os Prncipes Dem- H vrias raas no-humanas aliadas ao
nios olhem, vem a fumaa da batalha, o Caos; tentaremos cobrir as mais impor-
brilho da luz solar sobre as armaduras, o tantes, comeando com as mais numero-
lampejo das espadas e o sangue jorrando. sas, os postos e as fileiras dos exrcitos do
Eles presenciam seus emissrios dem- Caos Orcs.
niacos, preparando Orcs e Goblins para Voc encontrar Orcs em qualquer lugar
o combate. Vem as formas sombrias que viaje, dos desertos gelados alm das

HIERARQUIA DO INFERNO
A posio social muitssimo importante para os habitantes do Abismo Perptuo. Apesar de
seu caos aparente, ou talvez por causa dele, h um conjunto de regras de etiqueta muito rgi-
do para quando um Demnio se encontra com outro, ou algum outro habitante do Domnio
Infernal, inferior ou superior na escala social. Se os gestos e cumprimentos certos no forem
feitos, a parte negligenciada tem todo o direito de partir em dois o ofensor, se ele for de uma
classe inferior, ou, ento, desafi-lo para algum terrvel duelo, se for de um mesmo grupo ou
superior. Considerando todas as suas revoltantes atrocidades, os Demnios podem, s vezes, ser
entediantemente bem-educados!
As almas novas no tm posio at que sejam indicadas para uma designao particular. Esta
tarefa s pode ser executada por um Demnio Maior ou Prncipe, embora normalmente os
Servos Demonacos lidem com o recrutamento de grupos de trabalho, direto de uma grande
batalha, por exemplo.

106
Montanhas do Dedo de Gelo s idlicas o detalhada sobre os Orcs para este li-
ilhas desertas dos Mares do Sul. Aonde vro confirmou ser isso bastante difcil. A
quer que v em Titan, de uma coisa pode esta altura, gostaramos, portanto, de re-
estar certo Orcs tero estado l antes conhecer a grande dvida que temos para
que voc, enfiando seus focinhos por com o feiticeiro e mstico Enstaflis Anaren
todo lugar. Eles so seres tremendamen- de Shabak, o renomado especialista em
te curiosos, apesar de toda a sua falta de Orcs, por grande parte das informaes
inteligncia e parecem se divertir explo- que damos aqui. Recentemente, Enstaflis
rando e descobrindo coisas novas embora passou dois anos na mente deum solda-
nunca paream apreci-las uma vez que do Orc dasTerras Planas, reunindo ainda
tenham controle sobre elas! E isso que mais conhecimentos sobre o que ser um
mantm suas tropas marchando sempre Orc, mas infelizmente teve que parar sua
em frente e seus mineradores cavando experincia antes de termin-la, depois
cada vez mais fundo. que o batalho do Orc foi emboscado e
Os Orcs raramente fazem registros, ex- devorado por um grupo de Tiranossauros.
ceto sob a forma de histrias orais, pas- Entretanto, antes que retomasse a seu
sadas de Xam a Xam, e eles mataro e prprio corpo novamente, Enstaflis teve
comero a maioria dos humanos to logo a presena de esprito de colher algumas
os encontre, portanto adquirir informa- informaes incrveis sobre os sistema

107
digestivs de um Tiranossauro Rex! O Ho- que havia feito, que se torciam e chu-
mem uma inspirao para todos ns. tavam quando ele as segurava em seus
dedos, Chamou-as Trolls e brincou com
Hashak, o criador elas por um tempo. Mas eram criaturas
Os Orcs dizem que so filhos de um ser estpidas e horrorosas, e Hashak logo se
chamado Hashak, o Criador, que, acre- cansou deles. Pegou-os e os colocou em
dita-se pela maioria dos estudiosos dos Titan, escondendo-os nas montanhas,
dias de hoje, ter sido um semideus a ser- onde ningum pudesse v-los, pois se
vio da deusa da terra, Throff embora sentia envergonhado de haver confeccio-
os Orcs acreditem ter sido ele bem mais nado coisas to feias. Contudo, sentiu fal-
importante que ela. Hashak, certamente, ta de suas criaes e resolveu fazer mais
no to bonito como os semideuses cos- algumas no dia seguinte. Desta vez, ele
tumam ser: normalmente ele retratado tomou mais cuidado e criou um conjunto
como um Gigante das Colinas atrofiado e de modelos mais finamente detalhado,
moreno. Hashak era ambicioso e curioso que poderia pensar e falar um pouco. A
sobre as novas criaes dos deuses, e palavra que as criaturinhas mais falavam
era especialmente invejoso dos seres cha- era Urk! Urk! e Hashak decidiu que se
mados Anes, a quem Throff dispendia chamariam Urks.
tanto de seu tempo observando do firma- Porm, naquele dia, Throff voltou mais
mento. Ento, numa mistura de ressen- cedo e o encontrou brincando com suas
timento e cime, Hashak retirou-se para criaes num canto. Ela ficou lvida e
um canto silencioso, com um punhado de ordenou-lhe que as destrusse imediata-
barro mgico de bom tamanho, que sua mente! Hashak gemeu e chorou, mas no
senhora havia usado para criar aquelas adiantou: tinha apanhado barro mgico
coisas Ans irritantes, e comeou a mol- dela e feito algumas criaturinhas nojen-
dar as suas prprias criaes. tas com ele e agora tinha que agentar as
Hashak estava atnito com as coisinhas conseqncias, Hashak olhou para o cho
de mrmore e perguntou mansamente se
poderia pelo menos levar suas criaes
para fora sozinho e dizer adeus, antes de
transform-las em bola de novo. Throff
era uma alma bondosa por dentro (tinha
que ser para ter acolhido o simplrio do
Hashak, estudiosos humanos afirmam),
cedeu e disse-lhe que podia.
O arteso Hashak tinha um plano. Pegan-
do seus Urks, ele foi para fora, mas em
vez de dizer adeus, escondeu a maioria
deles em um canto escuro e amassou
apenas alguns. Antes de devolver a bola
de barro, misturou um pouco de terra
comum do jardim de Galana, a deusa das
plantas, de maneira que Throff no notas-

108
se. Naquela noite, Hashak rastejou para
fora, recuperou seus Urks e escondeu-
-os em todos os cantos escuros de Titan,
junto a seus Trolls, depois esgueirou-se
de volta sua cama.
Entretanto, o que Hashak no sabia, era
que ele tinha sido observado por vrios
Senhores Negros, que estavam acorda-
dos naquela noite, planejando contra os
outros deuses. Eles o seguiram e viram-
-no escond-los. Depois que Hashak se
foi, eles pegaram um Urk de cada vez e
sopraram seu Mal sobre ele. At hoje os
Orcs esto corrompidos com a maldio
do Caos, que fez com que ficassem sujei-
tos a servir as Foras do Mal e tambm
com que mutaes Caticas fossem co-
muns em seus filhotes.

Xams, os feiticeiros tribais


O poder supremo sobre os Orcs fica com mente com pouco mais que uma tanga e
os xams, os mdicos-bruxos e magos uma boa quantidade de pintura berran-
tribais que governam todos os assuntos te e sangue, e sempre esto balanando
espirituais e provm os elos diretos com ossos e crnios para todo lado, pois se
os comandantes sobrenaturais das tropas consideram representantes da Mor-
do Mal e do Caos. Cada uma das tribos te no Plano Terreno. Os xams Orcs
tem seus prprios reis e chefes, mas estes desenvolveram uma grande variedade
esto mais preocupados com os proble- de maneiras de predizer as mensagens
mas de governar os Orcs no dia-a-dia. Os enviadas pelos seus mestres demonacos.
chefes tribais sempre se vem presos a Uma delas se caracteriza por ser permiti-
situaes como a de decidir se um Orc es- do a um rato correr solto dentro de uma
tava errado em comer seu cunhado por- gaiola, que tem, sua volta, pintadas, as
que ele derramou sua bebida, ou se um quatorze letras do alfabeto Orc; conforme
Ano capturado deveria ser comido ime- ele corre de uma para outra, isto significa
diatamente ou engordado para consumo que soletra a mensagem do alm. Outros
posterior. mtodos incluem cortar um Elfo recm-
Entretanto, os xams tm assuntos mui- -capturado e examinar as entranhas a
to mais importantes com que se preocu- procura de sinais (uma tcnica conhecida
par. Eles devem consultar seus horren- como elfomancia); ou jogar no ar qua-
dos patres, normalmente atravs de torze baratas, cada uma marcada com
danas rituais e sacrifcios de sangue, e uma runa, para ver que mensagem elas
perguntar-lhes sobre o futuro imediato. soletram quando caem de volta na terra.
Eles se vestem escassamente, normal- Orcs comuns sabem pouco sobre religio,

109
pois pouco se importam com qualquer
coisa alm do fim do dia. Na verdade,
todos os Orcs so notoriamente despre-
ocupados com o futuro. A maioria sonha
com o dia em que os Orcs governaro o
mundo, mas ningum o antecipa. Talvez,
esta atitude tenha se desenvolvido por-
que eles tm problemas suficientes para
sobreviver de um dia para o outro, sem
ter que se preocupar tambm com o dia
seguinte (ou talvez seja somente porque
so estpidos!). Para o Orc comum, xa-
ms so bons para alguns encantamentos
encorajadores antes da batalha, e para
tomarem divertidas as comemoraes
subseqentes, com todos seus sacrifcios
e sangue derramado; e eles sempre con-
tam uma boa histria. Mas, afora isso, sig-
nificam muito pouco.
os Orcs recorrero a outros tipos de comi-
Orcs e seus prazeres simples da, incluindo vegetais, madeira, metais,
Orcs so criaturas de gostos simples. Eles pedras e sujeira! Eles tm um segundo
gostam de comer, de beber e de lutar. estmago especial, que lhes permite di-
A primeira destas trs coisas essenciais gerir toda sorte de objetos duros e pon-
para a felicidade do Orc sempre fcil tiagudos. Por esta razo, freqente-
de se arranjar, pois eles comero quase mente muito difcil prender um Orc por
tudo que possam pegar com suas mos muito tempo, pois ele vai terminar por,
e envolver com suas mandbulas. Sua co- literalmente, comer seu caminho para a
mida favorita a carne de seus inimigos liberdade. Contudo, depois de refeies
e eles so conhecidos pelos pratos ruins muito pesadas, ficam sonolentos e mui-
que conseguem fazer com os corpos dos tas vezes precisam dormir aps o esforo
Anes e dos Elfos. O lendrio prato In- de estufar seus esfagos volumosos. Orcs
testinos de Elfo com molho de sangue de que tenham escapado de um calabouo,
Gnomo, por exemplo, uma especiali- comendo seu caminho para fora, algumas
dade da tribo Brao Violento de Xamen e vezes podem ser encontrados adormeci-
dos Picos Zanzunu, ao norte de Kakhabad dos por perto, esquecido de qualquer ne-
embora, devido natureza muito rica de cessidade de fugir imediatamente da rea
seus ingredientes, seja considerada uma de sua priso!
iguaria especial e seja degustada somen- Entretanto, os Orcs no so canibais e
te em ocasies muito importantes (geral- consideram uma ofensa grave comer ou-
mente, deve-se dizer, para comemorar a tros Orcs, exceto em circunstncias espe-
morte em batalha de um grande nmero ciais. Eles, contudo, parecem acreditar
de Elfos e Gnomos). que, uma vez que um Orc morre, ele no
Se no conseguirem obter carne fresca, mais um Orc e, portanto, para ser con-

110
TRIBOS ORCS FAMOSAS
Os Orcs so criaturas sociveis, que se agrupam em grandes tribos simblicas, cada uma delas
com seus prprios sinais e costumes especiais. Voc sempre pode dizer a que tribo um Orc per-
tence, olhando para suas orelhas, pois eles as decoram com os smbolos de sua tribo.
O Crnio Esmagado: vivem em um grande sistema de cavernas bem protegidas nas montanhas
de Lendleland do sul; so cerca de 2.500; liderados pelo Rei Yargaas Rachador de Crnios, que
adquiriu seu nome em uma luta titnica com trs Gigantes das Cavernas; naturalmente, o sm-
bolo da tribo um crnio esmagado.
O Olho Ferido: das Colinas Moonstone centrais, da Allansia do norte; so cerca de 1.700; lide-
rados pelo ancio Chefe Urgari Dentes-Risonhos e seus vinte e trs filhos; assim denominada
em homenagem a um heri caolho da tribo.
O Punho de Ferro: residem em pequenas vilas nas florestas perto das Plancies Pikestaff, no
nordeste de Khul; so somente algumas centenas; tm o hbito peculiar de amarrar ferro com
tiras de couro, em volta de suas mos, na crena de que um dia elas se transformaro em ferro
tambm; liderados pelo Chefe Uzgreg Grito-Azedo.
A Maldio de Vashanki: uma tribo nmade das Terras Planas, liderada pelo Rei Argar Assas-
sino-de-Parentes, o nico membro sobrevivente de uma famlia famosa de quarenta e dois Ores;
so cerca de 3.000, divididos em vrias famlias andarilhas.
siderado como qualquer outro quitute! talvez haja, realmente, alguma outra ex-
Na verdade, em funerais Orcs, espera-se plicao de mais bom gosto. Aparente-
que os hspedes mostrem seu respeito e mente, para os humanos, tem o gosto pa-
reverncia pelo falecido, dando uma ou recido com o de lamber a parte de dentro
duas grandes mordidas nele, antes que o de uma caverna musgosa com muitas ba-
defunto querido seja enterrado ou con- ratas esmagadas em seu nariz, isso segun-
signado s chamas puiificadoras da pira do fomos informados por algum que co-
funeral! Os Orcs tambm no comero nheceu algum que disse ter provado um
criaturas mortas-vivas, mesmo que sejam gole. O que certo que rosa-esverdea
aquecidas, pois acham que no enchem da, e mantida em barris guarnecidos de
a barriga. Tirando essas duas excees, chumbo para impedir a corroso da ma-
entretanto, h muito poucas coisas que deira. Os Orcs a consideram uma bebida
os Orcs, pelo menos, no tentaro comer. leve e delicada, e supostamente h mes-
No que concerne bebida, os Orcs se mo anos em que a safra de Guursh seria
consideram os melhores cervejeiros das melhor do que nunca: aparentemente,
redondezas. A cerveja Orc extremamen- deve haver grandes massas boiando nela
te potente, freqentemente ao ponto de para ser declarada safra contudo, gran-
ser veneno mortal para um ser humano. des massas de que, nosso informante no
A bebida favorita dos Orcs uma mistu- disse.
ra verdadeiramente repulsiva chamada Orcs ficam bbados com bastante facili-
Guursh, embora alguns tambma cha- dade, o que no surpreendente, consi-
mem de Hweagh a nica razo em derando-se a potncia de suas bebidas, e
que podemos pensar para estes nomes ficam em tal estado, que tendem a exe-
serem usados a de que eles represen- cutar todos os tipos de atos ultrajantes.
tam o tipo de barulho que se pode ouvir Todo xam tribal tem um vasto repertrio
depois de se beber muito dela, embora de histrias, advertindo sobre bebedeira,

111
como a que concerne tolice do Rei Mor- pagos para compensar o fato de que suas
gag Knucklebreaker, que comprou uma carreiras como esportistas quase sempre
poa de um Goblin que estava passando terminam muito rpido.
porque viu o reflexo da Lua nela e pensou Ainda mais violento o jogo de Passe o
que era uma grande travessa de prata. Escravo, onde um prisioneiro humano ou
Depois h a do Uglar Cara-de-Goblin, que Ano amarrado em uma trouxa e ento
comeu um camelo inteiro em uma aposta chutado, jogado, quicado e empurrado
quando estava bbado, e ento explodiu para cima e para baixo em um campo por
da maneira mais repugnante. Ou... a lista at oito ou dez times adversrios de tribos
interminvel. Os Orcs parecem sentir diferentes, que esto tentando, cada uma
prazer enorme em escutar sobre as des- delas, manter vivo o escravo por tempo
graas alheias, inclusive de outros Orcs, suficiente para coloc-lo dentro de pe-
embora, claro, eles nunca percebam quenos fossos que ficam em cada ponta,
que poderiam ser tambm to idiotas e que contam como gols. Tirando a regra
quanto os das histrias contadas! bsica de que o escravo tem de estar vivo
Sua terceira necessidade bsica, a de lu- e inteiro quando entrar no gol, e que os
tar, suprida em suas tropas e tambm jogadores devem tentar permanecer den-
pelo surgimento de um grande nmero tro dos limites do campo, se possvel, no
de esportes muito violentos, que se tor- h restries no jogo. Como resultado, a
naram populares nas ltimas dcadas. partida normalmente se transforma num
O mais conhecido de seus jogos Joe- banho de sangue, se bem que bastante
lhos-de-Orc, um jogo peculiar disputa- divertida para os Orcs. Todo esporte Orc
do por dois times, cada um com quatro envolve uma certa quantidade de morte
participantes, que so escolhidos de um e violncia, pois eles so criaturas brutais
esquadro de reserva de vinte. O campo e sedentas de sangue.
um crculo grande, dividido ao meio por Mas seus esportes jamais tomaro o lugar
um pedao de rede ou corda. Ele jogado das guerras...
com uma bexiga inflada de porco ou de
Troli, embora saiba-se que repolhos, me- Tropas orcs
les e cabeas de Anes s vezes tm re- Para falar a verdade, os Orcs detestam
solvido. Um primeiro Orc comea o jogo trabalho fsico, mas adoram lutar. Eles
chutando-a sobre a rede para um mem- realmente no se importam com quem
bro do time oposto, que tem que devol- seja o inimigo e se no houver inimigo,
v-la usando somente seus joelhos ou sua ento membros de outra tribo, ou fam-
cabea e assim por diante. Se a bola sair lia, serviro - contanto que sejam mais
do crculo, o lado que no bateu nela ga- fracos, de maneira que os Orcs possam
nha um ponto; se cair no cho dentro do capturar bastante escravos, que forne-
crculo, o lado que bateu ganha um pon- am a maior parte de sua riqueza e os
to. O primeiro time que fizer sete pontos livre do fardo de ter que trabalhar. Entre-
tem permisso de comer um dos mem- tanto, quando h algum prmio especial
bros do time oposto, e o jogo termina a ser conquistado, como o saque de uma
quando sobra apenas Um time. Os joga- rica cidade, eles trabalharo e lutaro at
dores de Joelhos-de-Orc so muito bem carem. Orcs amam tesouros quase tanto

112
quanto adoram lutar para obt-los. dos do que vem pela frente. Atrs deles
Porm, os Orcs so covardes, e moral e vm as linhas e filas, divididas em bata-
organizao no campo de batalha so lhes, cada uma liderada por um porta-
freqentemente um problema, a menos -bandeira (as bandeiras Orcs so coisas
que, por trs, sejam Iidrados por algum horrveis, e freqentemente so decora-
com um bom chicote e aos gritos! Isto das com crnios e outras partes de seus
ajuda a explicar por que os Orcs lutam inimigos, mas do s tropas um ponto de
para as tropas do Caos, que so, invaria- encontro, no caso de se perderem duran-
velmente, lideradas por feiticeiros muito te uma batalha). Atrs das tropas vm
carismticos e malignos, porm guerrei- os chefes, s vezes sendo carregados em
ros enrgicos. liteiras seguras no alto por escravos ou
Num combate, os Orcs maiores e mais soldados Orcs menos afortunados. Todo
fortes empurraro os menores para fren- o squito cercado por meio batalho
te, e se eles tiverem tempo, os Orcs me- como retaguarda, que passa parte d seu
nores tero persuadido Goblins ou Trolls tempo observando se h foras de perse-
a lutar frente deles. guio, e o resto dele pegando os desgar-
Orcs tm muita energia e, surpreendente- rados da fora principal.
mente, podem marchar rpido, se manti- Por onde quer que marchem, as tropas
dos em formao segura por seus coman- dos Orcs levam medo e morte a todos
dantes. Eles tm sido forados a aprender os humanos, Anes e Elfos. No difcil
isso, principalmente porque vrias criatu- entender por que os Orcs so to despre-
ras no agentam ficar perto deles. So- zados, pois so criaturas vis, sedentas de
mente Lobos se permitiro ser dirigidos sangue, com inteno de matar quantos
por Orcs, e mesmo eles se viraro contra inimigos puderem e, tendo como ltimo
seus dirigentes se os resultados finais no objetivo, se estabelecerem como os ni-
forem bastante fartos para satisfazer seus cos governantes e senhores de todo o
enormes apetites. As colunas Orcs ten- Titan. Contudo, uma pergunta insistente
dem a usar a mesma formao quando ainda permanece: como os Homens-Orc
esto em uma marcha forada. e outras criaturas nojentas foram criadas?
Os batedores mantm uma hora de mar- Ns s podemos estremecer e dizer que
cha frente da fora principal; seu traba- deve ser um verdadeiro pesadelo ser um
lho deixar claro que a estrada est livre escravo dos Orcs...
de inimigos, e manter os chefes informa-

113
Goblins: as crianas do histrias podem ser muito interessantes,
e elas nos permitem nos agraciar com um
mal dos nossos passatempos favoritos dis-
Comparados aos Orcs e sua laia, os Go- cutir um com o outro!
blins so verdadeiras crianas, mas que Os Filhos de Hashak. Uma lenda afirma
crianas nojentas, depravadas e violentas que os Goblins foram inventados pelo
eles so! Como os Orcs, voc vai encontr- lendrio criador dos Orcs, Hashak, depois
-los em quase todos os lugares para onde de haver feito o pssimo trabalho com os
viaje, e eles estaro sempre causando Orcs e os Trolls. Ele deu uma olhada nas
problemas a algumas pobres almas. Di- suas criaes feias, idiotas e violentas,
ferentes de seus parentes no-humanos, resolveu comear de novo e acabou che-
entretanto, no so normalmente orga- gando aos to superiores Goblins! Isso
nizados em tropas, e muitos vivem vidas no to estranho quanto parece, pois os
bem agradveis como camponeses ou Goblins so muito melhores que os Orcs
carniceiros caadores de animais, embo- em muitas coisas, embora eles tambm
ra no tenha nascido um Goblin que no sejam muito mais fracos e menos belico-
troque seu arado pela chance de roubar sos. Os Goblins que acreditam nesta len-
um viajante, se puder cair sobre ele! Diz- da no falam nela quando os Orcs esto
-se que, antigamente, eles realmente ser- por perto, pois esta histria leva-os vio-
viram com as grandes tropas de Orcs, mas lncia extrema!
o hbito que os Orcs tinham de coloc-los Irmos dos WoocUings. Uma outra len-
na linha de frente, em qualquer ataque, da (no to amplamente acreditada pe-
rapidamente mudou isso! Hoje em dia, los prprios Goblins) afirma que havia
sempre quando os Goblins servem com uma nica raa de criaturas da floresta,
as tropas Orcs, tendem a fazer regimen- aparentada com os Elfos e os Gnomos.
tos separados, como a lendria Cruzada Atravs dos sculos, lentamente, elas se
dos Ladres de Vidas de Skallagrim e os dividiram em vrios grupos diferentes. Al-
Entregadores de Sangue do Paraso (Go- guns se tomaram Woodlings, os tmidos
blins so conhecidos por exagerar nos no- residentes das florestas; outros tornaram-
mes de seus regimentos!). se os perniciosos Pixies; e alguns foram
De onde os Goblins realmente vieram no corrompidos com traos do Mal, e se
se tem certeza, e todo estudioso que os desenvolveram em Goblins. Esta lenda
estudou tem sua prpria teoria. Os pro- tambm tem um pouco de verdade, pois
blemas de fato surgem quando se per- alguns Goblins realmente ainda tm vidas
gunta aos Goblins de onde eles pensam pacatas nas florestas e colinas das terras
que vm, pois cada tribo tem sua prpria, mais amplas, e eles de fato tm uma se-
e normalmente bem diferente, histria. melhana superficial com os seus supos-
Apesar dos esforos, atravs dos anos, de tos parentes. Mas ningum, certamente,
vrios grandes estudiosos e sbios, jamais acredita que os Goblins tm, sob qual-
houve uma teoria nica sobre suas ori- quer forma, parentesco com os Elfos.
gens. Esse tipo de coisa muito frustran- interessante ressaltar que, se disser a um
te para ns, estudiosos, pois significa que Goblin que ele aparentado com um Elfo,
nunca podemos ter certeza da verdade ele provavelmente vai arrebentar-lhe a
do que escrevemos. Entretanto, as vrias cara na hora!
114
Cruzamento. amplamente conhecido mesma forma. Por outro lado, os Goblins
que os Ores cruzaram com vrias outras so muito mais espertos do que o Orc
raas atravs dos sculos, tanto do Bem comum, principalmente na confeco de
quanto do Mal, criando muitas proles pe- pequenas armadilhas mecnicas nojentas
culiares, inclusive os Doragar e os Hobgo- e instrumentos de tortura. Eles tambm
blins. Portanto, no inconcebvel que os tm essa inclinao para a vida natural
Goblins sejam simplesmente o resultado que, como dissemos, nenhum Orc de res-
de um cruzamento anterior entre Orcs peito ter!
e outras criaturas talvez at mesmo
humanos que ento tenham desen- Goblins por todo lado
volvido uma prpria raa. Goblins certa- Eles vieram primeiro a fim de andar na su-
mente parecem ter parentesco com Orcs perfcie da Terra, entretanto, certo que
de tantas maneiras que mesmo parentes os Goblins chegaram aqui para ficar, pois
prximos como os Doragar no o se espalharampor todos os lados. No so-
demonstram. Ambas as espcies so cau- mente as tribos das criaturas espreitam
telosas com o Sol, conseguem ver melhor em toda a extenso das colinas e em to-
no escuro do que no claro, e tm estru- das as florestas densas, mas tambm so
turas de corpos semelhantes (embora os encontradas bem alm nos campos, em
Goblins sejam menores e mais leves), e lugares onde voc no esperaria encon-
muitas de suas tribos so organizadas da tr-los. No calor abafado das terras de-

115
vastadas do sul de Khulian, por exemplo, todos os membros da tribo se renem no
os Goblins ainda vivem em volta do Lago ponto de encontrouma clareira marca-
Mlubz e das runas antigas de Zagoula. H da por totens e pedras, erguidas e escul-
povoados Goblins em algumas das ilhas pidas com a histria da tribo para uma
do Oceano Negro. E, mesmo nas bordas comemorao muito turbulenta, durante
do Deserto dos Crnios, algumas de suas a qual ser ingerida a bebida potente Go-
tribos tentam extrair sustento da terra blin, lendas Goblins sero contadas nova-
ressecada com o mesmo afinco com mente e todos iro comer at passarem
que, regularmente, assaltam mercadores mal.
que estejam em trnsito. Goblins do Pn- O chefe de cada tribo eleito, simples-
tano, os Uggluk-jai, so bem conhecidos, mente, porque ele o mais forte e o mais
porque so ainda mais cruis e nojentos herico de todos. Quando um chefe mor-
que seus primos da terra. Para todo lu- re, se no houver um heri bvio para to-
gar que olhar, de Allansia a Kakhabad, de mar seu lugar, todos os Goblins elegveis
Lendleland a Khul, os Goblins esto flo- sero enviados para provar sua coragem
rescendo e se multiplicando. atravs da execuo de feitos hericos
como matar um Gigante da Montanha
A vida tribal num nico combate, ou arrancar a pele
Os Goblins ocasionalmente se referem de um Manticore.
a si mesmos como a nao Goblin ou Aquele que trouxer o melhor trofu ao
Harajan-jai, em sua prpria lngua gu-
tural mas, na verdade, no existe coisa
desse tipo. Eles certamente vivem em
tribos e so reconhecidos por membros
de outras tribos quando os encontram,
e partilham costumes, lendas e coisas do
gnero, contudo, no se pode tom-los
como uma nao, como se faria com os
Elfos, por exemplo. A maioria dos Goblins
no se importaria com o que acontecesse
com as outras tribos, contanto que a so-
brevivncia de sua prpria tribo estivesse
garantida.
Cada tribo Goblin tem seu prprio territ-
rio, dentro do qual vrias famlias podem
viver onde quiserem. Muitos moram jun-
tos em cavernas ou vilas, mas alguns pre-
ferem viver longe dos outros membros da
tribo. As tribos so governadas por um
chefe ou um xam, que reside perto do
ponto de encontro reconhecido pelas
mesmas, que geralmente fica no centro
do territrio Goblin. De vez em quando,

116
bastante peculiares, que freqentemente
correm completamente nus, seus corpos
esquelticos pintados com smbolos reli-
giosos e runas, e com ossos entrelaados
a seus cabelos e enfiados em suas orelhas
e narizes. Eles so assustadores de se ver,
caso no se tenha visto nada assim antes,
porque quando querem assustar algum,
podem declamar, delirar e algaraviar de
forma to impressionante que voc jura-
ria que esto possudos por Demnios!
A maioria dos xams consegue fazer um
pouco de magia e, em raras ocasies,
podem mesmo fazer surgir o esprito de
fim de cinco dias, declarado chefe, e seu algum heri do passado a fim de lanar
trofu colocado em um dos totens no uma maldio em seus inimigos.
ponto de encontro da tribo. Os-xams so tambm responsveis pela
Goblins so criaturas bastante religiosas e manuteno dos totens, que normalmen-
seu xam tido como a ligao terrena te ficam pendurados em estacas feitas de
com seus muitos deuses e semideuses. troncos de rvores pequenas e esculpidos
Todos os Goblins adoram Hashak, obvia- com as imagens da histria da tribo. Os
mente, mas eles tambm passam bastan- trofus de todos os chefes so fixados s
te tempo adorando heris do passado da stacas ou espetados no topo e, depen-
raa Goblin, como Urm de-Um-S-Olho, dendo da idade da tribo, pode-se ter meia
Jorun Fervedor-de-Anes e Klam Ugbar o- dzia de estacas dessas erguidas. Todo
-Trs-Dedos. Eles acreditam piamente que pr-do-sol, o xam executar uma dana
os guerreiros hericos Goblins se senta- ritual em tomo delas e, em dias muito es-
ro ao lado de Hashak quando morrerem, peciais, ele pode pedir aos guerreiros da
de onde podem tomar conta do destino tribo que procurem um humano ou um
da raa. Os prprios xams so criaturas Elfo para um sacrifcio de sangue.
CINCO CONCEPES ERRADAS SOBRE GOBLINS
1. Eles no coipem pedras e sujeira. Orcs o fazem, de onde surge a confuso. Goblins comem
razes, frutas e um bocado de carne fresca.
2. Apesar das piadas, Goblins no so burros. Eles podem no ser intelectuais, mas podem ser
espertos e coniventes. Tente contar uma Piada de Goblin para algum e voc descobrir!
3. Goblins no adoram rvores e pedregulhos. Este erro surgiu porque algum viu um xam se
curvando perante uma estaca de madeira com totem e um pedregulho, onde as lendas Goblins
haviam sido esculpidas.
4 Goblins no comem suas crianas por engano. Eles somente o fazem quando esto muito
famintos e, portanto, deliberado.
5. Goblins no tm medo de que o cu caia sobre suas cabeas, embora seja verdade que eles
no gostem de todo aquele cu imenso l em cima, e nem do brilho da luz do Sol. Se voc vir
um Goblin correndo em crculos, pressionando a cabea e gemendo, apenas porque algum
o atingju, s isso!

117
Os Goblins comuns vivem vidas razoavel- fim de evit-los e tambm para esconder
mente normais, cuidando da agricultura suas vilas deles.
ou caando na maior parte do tempo. En-
tretanto, para relaxar, eles realmente gos- Goblins do pntano
tam de atacar outras culturas ou talvez Uma raa peculiar de Goblins so os
fazer um assaltozinho a algum viajante Uggluk-jai, os Goblins do Pntano. Eles di-
desavisado na estrada. Eles sentem muito ferem de seus parentes mais comuns pelo
prazer em armadilhas e mecanismos de fato de serem ainda mais esquelticos,
todas as espcies, e parecem achar di- terem a pele tingida de verde e mos e
vertido pensamentos como os de pes- ps com membranas. Obviamente, cons-
soas caindo sobre pregos venenosos em troem suas casas no meio de vastas reas
fossos, tendo suas orelhas cortadas por de pntano e brejos, onde se alimentam
lminas ocultas, ou tendo agulhas afiadas de pequenas criaturas como ratos aqu-
enfiadas por molas em seus ps. Suas ticos e ratos silvestres dos pntanos. Eles
cavernas so freqentemente protegi- so coisas nojentas, malignas, ainda mais
das por armadilhas sofisticadas, que so que os Goblins normais, e se divertem
normalmente o suficiente para dissuadir em deixar ciladas e armadilhas em todos
mesmo o mais bravo ou mais burro dos os lugares, colocadas com perfeio para
intrusos. que criaturas desavisadas (e ocasional-
mente, aventureiros) nelas pisem.
Tropas goblins Eles normalmente moram em estranhas
Como j dissemos antes, Goblins agora cabanas comunitrias, feitas de lama e
formam seus prprios regimentos nas junco, sobre plataformas semelhantes
tropas do Caos, em vez de servir simples- a jangadas, flutuando na superfcie do
mente junto a seus irmos inumanos. Eles
executam vrias tarefas diferentes, mas
so mais freqentemente usados como
infantaria leve, para se esgueirar bem
dentro da nao inimiga, a fim de deixar
armadilhas simples e sabotar pontes e
estradas, ou como sapadores, para abrir
fossos e trincheiras, e engenheiros em
cercos. So guerreiros audaciosos, apesar
do tamanho, e tm muito menos inclina-
o para a covardia do que seus compa-
nheiros maiores.
Nas terras Goblins, muitas tribos orga-
nizam seus guerreiros em bandos que
patrulham o territrio, procurando por
intrusos hostis e animais de grande por-
te. Goblins tendem a dividir suas terras
com raas inimigas, como Anes ou Elfos,
e eles tm que ser muito cuidadosos a

118
pntano. Parte delas, e inclusive a ni- mnios no pantanal; na verdade, parece
ca entrada, escondida debaixo d gua que os Goblins do Pntano esto sempre
para proteo, e para algum que no lutando com algum!
as conhea, parecem moitas de juncos
entrelaadas, embora um escoamento Trogloditas
de fumaa saindo de um buraco no topo Acredita-se que os Trogloditas sejam
possa revel-las. Dentro das construes, parentes distantes dos Goblins. Eles de
geralmente, h pouca luz e a atmosfera fato tm muitas caractersticas fsicas se-
muito mida e podre, com muitas fam- melhantes, pois os Trogloditas parecem
lias de Goblins dividindo o mesmo espao muito com Goblins pequenos e orelhu-
apertado. O passatempo favorito de v- dos. bem possvel que tenham evolu-
rios Goblins do Pntano amarrar algum do a partir dos Goblins que comearam a
bocado saboroso (como um humano ro- residir em subterrneos, em cavernas e
lio, por exemplo) a alguma coisa slida, labirintos complexos, longe de seus com-
deix-lo no meio do pntano e observar o panheiros amantes da superfcie. Talvez,
que acontece quando monstros enormes em algum momento, os tetos baixos de
do pntano sentem seu cheiro e vm se seus domnios apertados tenham feito
alimentar. Eles tambm usam iscas vivas com que produzissem prole cada vez mais
para atrair criaturas grandes quando es- baixa e, ao mesmo tempo, suas orelhas e
to caando. Goblins do Pntano no tm narizes tenham ficado maiores para se
lderes tribais, mas seus xams so muito adaptarem falta de luz de l. Embora
paredidos com os dos Goblins que resi- Goblins possam ver no escuro, seus olhos
dem em terra. Eles adoram Hashak, como so como os dos gatos e requerem pelo
todos os Goblins, mas tambm uma va- menos um pouco de luz para que possam
riedade peculiar de divindades nojentas enxergar longe. Entretanto, os Trogloditas
dos pntanos, incluindo Sluurm, uma les- desenvolveram um sistema como o usado
ma gigante imortal, e Vurrk, Senhor das pelos morcegos; ecos lhes mostram onde
Aparies do Pntano. as paredes e o teto esto e os ajudam a
Os Goblins do Pntano falam uma lngua detectar suas presas com acuidade mor-
esquisita, que soa mais como um gargare- tal, mesmo nos lugares mais escuros.
jo do que como fala, mesmo para outros
Goblins. Eles so violentos e cruis, o que A vida subterrnea
no nada estranho para Goblins, entre- Trogloditas vivem uma vida razoavelmen-
tanto, so to violentos entre si quanto o te agradvel embaixo da terra, embora
so com outras raas. Suas vrias tribos no seja sem dificuldades. Eles se alimen-
so freqentemente envolvidas em guer- tam basicamente de besouros, musgos e
ras sangrentas e sem sentido, umas con- fungos, que criam em grandes cavernas,
tra as outras, s vezes pela posse de ape- tratando deles cuidadosamente sob a luz
nas alguns metros quadrados de pntano, de plantas fosforescentes. Contudo, oca-
Goblins do Pntano tambm no gostam sionalmente, eles saem para caar um
dos Goblins normais, e os atacaro, a me- bocado mais apetitoso, como um aven-
nos que os ltimos sejam muito cuidado- tureiro solitrio, um Ano ou mesmo um
sos. Tambm detestam os Kokomokoa e Elfo Negro (embora o ltimo seja uma
as outras raas com que dividem seus do-
119
iguaria muito rara e bastante perigosa,
normalmente reservada para ocasies
muito especiais). Eles so to habilidosos
na colocao de armadilhas quanto os
Goblins - embora conheam pouco dos
mecanismos mais sofisticados e, qua-
se sempre, capturam suas presas com um
fio de arame bem colocado ou um cho
falso que lana sua vtima para dentro
de um fosso. Trogloditas so escavado-
res excelentes e seus tuneizinhos perfu-
ram complexos labirintos maiores que de
Anes e Orcs, que de tempos em tempos
entram para caar presas.
Algumas tribos de Trogloditas consegui- ditas so muito possessivos com suas
ram domar besouros gigantes, centopias cavernas e tneis e lutaro contra adver-
e comedores de rochas, que usam como sidades incrveis para evitar que criaturas
montaria. Eles at os treinaram para fica- maiores tomem suas reas. As armas fa-
rem enfleirados como cavalos de cavala- voritas dos Trogloditas se constituem de
das e usam as criaturas blindadas em suas pequenos machados de lanamento e
batalhas ocasionais contra os habitantes punhais, como tambm arcos que atiram
maiores do mundo subterrneo. Troglo- flechas de ponta de pedra com grande
pontaria.

A corrida da flecha
Na realidade, sua habilidade com ar-
cos pequenos que propicia o aspecto da
cultura Troglodita pelo qual so famosos
a Corrida da Flecha. Este jogo bizarro
jo gado quando os Trogloditas capturam
um ser grande como um humano ou um
Ano (eles nunca o jogam com Elfos Ne-
gros por que desperdiar toda aquela
carne suculenta?). Seu prisioneiro liber-
tado, uma flecha lanada distncia, e
ele autorizado a andar com segurana
at aquele ponto, antes dos Trogloditas
tentarem ca-lo e atirar nele. UmTroglo-
dita, recentemente capturado e interro-
gado por Anes, revelou que os Troglo-
ditas sempre atiram por perto, com sua
primeira flecha, s para o caso de sua
pontaria no estar boa aquele dia! Pior
ainda, a criatura tambm falou de uma

120
nova variante que est sendo praticada estas raas no-humanas, porm, como
pela tribo Ururgag. Logo depois do ponto elas, desenvolveram gradativamente sua
onde a primeira flecha cai, pode haver um prpria cultura particular.
buraco no cho que, os Trogloditas dizem
ao seu prisioneiro, leva a uma salda. O Uma vida de Troll
prisioneiro autorizado a ir at a marca Assim como a dos Goblins, a origem dos
como sempre, mas quando ele tropea e Trolls notadamente difcil de saber-se
cai no buraco, descobre que na verdade com certeza. Entretanto, dois pontos de
est cheio de pontas afiadas! O Troglodita vista prevalecem entre os estudiosos que
parecia achar que este era um excelente fizeram uma pesquisa sobre isso: ou eles
adendo ao jogo, at que os Anes o per- evoluram de um cruzamento primitivo
suadiram do contrrio. de Ores com Gigantes, ou foram realmen-
te criados junto aos Ores por Hashak (na
Xams e dolos verdade, quando um Troll deseja comear
Como Goblins, os Trogloditas so lidera- uma luta com um Orc o que bem fre-
dos por chefes supremos e xams, que or- qente ele precisa simplesmente dizer:
ganizam a adorao tribal de seus vrios Ah! Voc est com inveja porque foi
deuses peculiares. Trogloditas parecem feito depois! Orcs ficam muito irritados
adorar tudo que podem, de Hashak Ce- quando sua supremacia questionada,
gueira que Tudo Consume (o Sol), e de principalmente por alguma coisa obvia-
Scratta de Muitas-Pemas (uma centopia mente inferior como um Troll!).
gigante de propores inacreditveis) a Como vieram para ficar em Titan, os Trolls
uma coisa chamada Shrrech, o rei rato. se espalharam rapidamente por toda a
Na verdade, bem possvel que qualquer sua superfcie, do topo das montanhas
aventureiro que conseguisse impres-
sion-los com suas proezas se tomasse
tambm uma de suas divindades em-
bora ele, ou ela, talvez precisasse morrer
primeiro. Eles erguem grandes esttuas,
feitas em ouro, que tiram da rocha que os
cerca, em cavernas no corao de seu ter-
ritrio, em tomo das quais danam lou-
camente por qualquer motivo, enquanto
seus xams nus danam, guincham e gri-
tam como fazem todos os xams!

Trolls e Ogres
Os verdadeiros pesos-pesados das tropas
do Mal so os Trolls e os Ogres, criatu-
ras grandes e brutais que no tm nem
mesmo um pouquinho da inteligncia e
sutileza que os Goblins e os de sua laia
possuem. Ambos tm parentesco com

121
ao fundo do mar. Contudo, apesar de sua conseguiu trazer Vanagrimsson de volta
amj>la variedade de hbitats, no tm vida como um zumbi sob seu coman-
grande populao, pois procriam rara- do. Por trs anos consecutivos, os Anes
mente. O porqu disso no conhecido, de Fangthane se viram atacados por seu
embora alguns estudiosos tenham teori- amado heri, que foi induzido a liderar
zado que pode ter alguma coisa a ver com as tropas de Trolls da Colina, at que um
o fato das Trolls fmeas serem extrema- grupo de ataque encontrou o Troll xam e
mente repulsivas, o que tambm explica o matou. Agora, quando um Ano encon-
por que tantos Trolls machos se alistam tra umTroll da Colina, luta at morte,
como soldados. rezando para que, se morrer, seu corpo
Todos os Trolls so detestados pelas raas esteja to mutilado que nunca possa se
que se alinham do lado do Bem, principal- levantar de novo.
mente os Anes, que sofrem de uma raiva Trolls no se organizam em naes e so-
frentica sempre que encontram um Troll mente os Trolls da Colina se renem em
da Colina. Isso oriundo de um incidente tribos. S nas tropas do Mal voc vai en-
ocorrido mais de setecentos anos antes contrar Trolls trabalhando e lutando jun-
da Guerra dos Magos, quando o gran- tos, embora seu temperamento seja tal,
de heri Ano, Harlak Vanagrimsson foi que freqentemente acabam brigando
assassinado por uma tribo de Trolls da entre si, em vez de lutar contra o inimigo.
Colina enquanto tentava forar uma pas- Eles so criaturas rudes e sem controle,
sagem atravs de Kalakr (conhecida dos que apreciam a cerveja Orc e a violncia,
humanos como as Montanhas de Sangue e no so covardes na batalha. Entretan-
Congelado). Mesmo antes, um Ano sa- to, devido sua extrema burrice, tendem
bia que no poderia esperar misericrdia a ser explorados pelos Orcs. Agora que os
nas mos de um Troll morte repenti- Goblins tm seu prprio regimento, pare-
na seria o fim da contenda. Entretanto, ce que os Trolls so os favoritos para lide-
nesta ocasio, um vil Troll da Colina xam rar as tropas do Mal nas batalhas, embora

HUMOR DOS TROLLS


Os Trolls so conhecidos em vrias terras por seu senso de humor, que altamente desenvolvi-
do, porm sem sofisticao, para no dizer o pior. De natureza repetitiva e de contedo brutal,
propicia grande percepo da maneira com que a mente do Troll funciona. amplamente re-
conhecido que o melhor comediante Troll de todos os tempos foi um tal de Zark, o Violento,
que costumava vagar nas Terras Planas de Allansia com seu espetculo itinerante, at que, in-
felizmente, foi morto depois de se apresentar, por engano, para uma platia de Anes, quando
estava bbado com cerveja Orc barata. Aqui esto algumas das anedotas de seu vasto repertrio
do melhor do humor Troll:
Por que o Ano atravessa a rua? Porque eu disse que se ele no o fizesse, eu cortaria fora seus ps
e os enfiaria em seu nariz! Ugh! Ugh!
O que voc ganharia se batesse num Ano com uma pedra enorme? Uma grande gargalhada!
Ugh! Ugh!
O que diria para um Ano vestindo doze capacetes? Nada, voc ento o colocaria no seu estma-
go! Ugh! Ugh!
Como voc colocaria seis Anes dentro de um carroa? Bom, primeiro pegue um machado grande
e corte-os em pedacinhos, depois os coma e por fim, voc entra na carroa! Ugh! Ugh!

122
os Orcs tentem disfarar a situao dando nhores Negros, foram exilados no Vcuo
a eles grandes ttulos e concedendo-lhes por soltar o Tempo no inundo, ainda havia
privilgios especiais, como comer os mor- vrios lugares em Titan onde o poder do
tos depois de terminada a batalha. Claro, Caos era forte. Em uma dessas reas, ago-
o que os comandantes Orcs no contam ra felizmente afundada sob o mar, aps os
aos Trolls que improvvel que sobre- continentes se deslocarem, Hashak, o
vivam at o fim da batalha, se forem nas criador dos Orcs, plantou alguns de
linhas de frente! Este o jeito do Caos, seus Orcs recm-nascidos. Era um lu-
com os fortes explorando os buixos, e a gar escuro, como todos aqueles em que
morte enganando a todos. Hashak tinha deixado suas criaes para
crescer, e no olhou cuidadosamente
Ogres e a Mancha do Caos dentro dele. Ele tinha uma grande quan-
Os xams Ores contam a seguinte hist- tidade de Orcs para esconder antes que
ria sobre a criao dos Ogres; no se sabe o Sol nascesse novamente, e estava com
onde ela se originou, mas est por ai h pressa de terminar sua tarefa.
muitos sculos. Os Orcs recm-nascidos cresceram rapi-
Ao trmino do Tempo dos Deuses, quan- damente na escurido, mas cresceram
do a Morte e seus companheiros, os Se- com a mancha do Caos em sua carne, sem
saber que ela lhes estava modificando. Na
hora em que estavam fortes o suficiente
para sair na luz, tinham sido envolvidos
por ela, e ficaram diferentes dos outros
Orcs eram agora Ogres, os Deforma-
dos. Desde essa poca, h muito tempo
atrs, as outras raas aliadas ao Mal fo-
ram tocadas pela mancha do Caos e as
mutaes so comuns, mas nenhuma
outra raa tem o Caos em sua essncia.
Ainda h muitos Orcs que so normais
na forma e na mente, porm nunca dois
Ogres so iguais.
Durante a Guerra dos Magos, quando o
Caos voltou ao mundo com grande fora,
os Ogres formavam uma grande parte das
tropas do Mal Eles levavam tropas mutan-
tes para as batalhas, marchando frente
de seres sem nome, que contorciam-se e
tomavam formas novas, mesmo quando
se retorciam e se arrastavam em direo
ao inimigo! Entretanto, as tropas do Caos
foram derrotadas no fim e os poucos
Ogres que sobreviveram foram novamen-
te espalhados pela superfcie do mundo.

123
Muitos Ogres vivem vidas lamentveis rem s armas incrivelmente complicadas,
longe da civilizao, que os despreza como arcos e atiradeiras! Um Ogre mui-
como faria com qualquer outro mutante, to famoso era Naggamanteh, o Mestre
embora a maioria dos Ogres parea qua- Torturador brutal, a servio do maligna
se normal aparentemente. Eles se escon- Arquimago de Mampang, em Kakhabad.
dem em cavernas no deserto, e vivem de Grosseiramente deformado, com apenas
caar o que quer que consigam pegar. um olho e um rosto de fazer leite azedar
Tm pouca ou nenhuma organizao tri- e mesmo Trolls adultos sentirem-se mal,
bal, nenhum lder e nenhum xam. Con- Naggamanteh era muito bem-sucedido
tudo, nas montanhas conhecidas como em seu trabalho, e o transformou quase
Bigornas dos Deuses, ao sul de Lendle- em uma arte embora grotesca e de-
land, fala-se dos Trs, um trio de Ogres pravada! Vrias de suas especialidades
que aprendeu de alguma maneira as fr- passaram para a tradio de outros tortu-
mulas dos feiticeiros e shamans, e que radores, que juram pelos Esmagadores
pratica magia! Enquanto concebvel que de Polegares de Naggamanteh! e Tomo
uma criatura Catica pudesse ser gerada Esmagador do Ogre! De fato, Naggaman-
com alguns poderes mgicos natos, por teh escreveu o Livro de Torturas de Na-
demais ridculo sugerir que trs dessas ggamanteh (ele no era muito bom com
criaturas pudessem ter poderes de mes- ttulos), que h muito tempo foi reconhe-
tres feiticeiros aleatoriamente. At saber cido como uma obra-prima pelos tortura-
mais sobre os Trs, ns no podemos dores de Titan e, embora a ortografia seja
dar outros detalhes precisos, embora cer- atroz, ele mostra como um Ogre pode ser
tamente parea, maioria das pessoas bem-sucedido, se fornecidos os meios
sbias, que algum grande feiticeiro, ou para seus talentos.
ser extraterreno, deva ter sido levado a
conceder esses poderes aos trs Ogres. O povo serpente
Todavia, pelos rumores que ouvimos, As raas que discutimos at agora tm
seus poderes so muito grandes, o que sido rudes, brbaras e no dotadas de
os torna incrivelmente perigosos. Eles pa- inteligncia. Mas agora chegamos s trs
recem fornecer ainda mais evidncias do raas que so bem mais sofisticadas no
ressurgimento do Caos nos cantos esque- seu servio para o Mal e o Caos. Discu-
cidos de nosso mundo. tiremos, brevemente, os amaldioados
Alguns Ogres esto comeando a encon- Homens-Lagarto das selvas do sul e os
trar trabalho nas tropas dos servos in- demonacos Elfos Negros de Tiranduil
sanos do Mal, como nas do necromante Kelthas, nas profundezas abaixo da super-
Razaak, onde esto provando ser fortes fcie do mundo. Mas comecemos nos de-
e confiveis. Nesses dias, sua natureza sertos escaldantes de Titan, com o Povo
Catica freqentemente resulta em nada Serpente.
mais do que alguma pequena mutao,
como pele escamada, furnculos, chifres Quanto mais quente melhor
ou um terceiro olho. Eles esto provando O Povo Serpente de Allansia e Khul reside
ser tropas de muito valor, se fornecido somente nas partes mais quentes do De-
treinamento suficiente para se adapta- serto dos Crnios e do Deserto de Scythe-

124
ra, pois so criaturas de sangue frio, que das selvas do sul, e com uma atitude simi-
precisam de calor para sobreviver. E esta lar s outras raas de Titan: simplesmente
necessidade bsica que os impede de in- querem matar o ltimo membro da lti-
vadir as terras mais temperadas e espa- ma raa!
lhar seu domnio cruel para reas mais De suas cidades de pedra no centro das
populosas do mundo. Do jeito que est, terras arruinadas do deserto, eles enviam
eles controlam vastas reas dos dois con- seus guerreiros para conquistar e escra-
tinentes, trazendo suas prprias formas vizar todas as terras vizinhas. Durante
peculiares de morte a vrios povos. um ataque desses, a cerca de trinta anos
Os Caarth, que so a maior raa de todos atrs, um bando de guerreiros Caarth
os povos conhecidos coletivamente como capturou um mercador viajante, de nome
Povo Serpente, tm sido criaturas lend- Voloidon Carsak. Temendo por sua vida,
rias h muito tempo, e sujeitos a todos o homem desmaiou quando os guerreiros
os tipos de mitos e concepes. Muitos cobras vieram sobre a cordilheira, frente
escritores, antigos, de bestirios e mitos de sua caravana, porm despertou para
do passado tm descrito os Caarth como se ver amarrado de cabea para baixo, so-
monstruosidades carecas, com rabo de bre as costas de um Lagarto Gigante, bem
cobra, pois eles tinham que lanar mo atrs do condutor de pele escamada. Ele
de boatos, na falta de qualquer relato de foi feito escravo de um pequeno acampa-
encontros de primeira mo com tais cria- mento, em um osis do deserto, antes de
turas. Porm, na verdade, eles paream ser mudado para uma cidadela de pedra
mais humanos com cabea de cobra, se- macia, nas fronteiras de um contraforte
melhantes na forma aos Homens-Lagarto baixo e rochoso. L, ele foi posto a traba-

125
lhar, primeiro como um padioleiro para nados no Vcuo, seus generais, os Prn-
um sacerdote Caarth de alta patente, e cipes Demnios, fugiram para os cantos
mais tarde como um escravo de confiana mais negros do que se tornou conhecido
para um capito das tropas de guerreiros como o Plano Demonaco, onde eles si-
serpentes. Finalmente, depois de doze lenciosamente recuperaram suas foras.
anos, ele deu um jeito de atingir um tipo O maior dominador de todos os Prncipes
de posio em que era deixado sozinho era a Demnio-Cobra Sith, que rapida-
por uma boa parte do dia e, gradativa- mente se estabeleceu como a serva mais
mente, Carsak escondeu bastante comida valiosa dos Senhores Negros, realizan-
e bebida a fim de tentar escapar de seus do seus atos mais grotescos contra seus
captores, embora soubesse que, se fosse companheiros Demnios, e mais tarde
pego, seria esfolado vivo e seu corpo ofe- contra os seres terrenos. O grande amor
recido aos escorpies do deserto. de Sith eram as cobras (o ttulo dado a ela
Ele escolheu bema hora. Seu mestre, por estudiosos no Plano Terreno, Dem-
junto com vrios outros guerreiros Caar- nio-Cobra, se origina nisso), e ela queria
th, foi chamado para a fronteira sul das achar um jeito de aumentar seu poder
Terras das Serpentes, onde uma fora ex- em Titan, a fim de executar sua vingana
pedicionria de Homens-Lagarto estava sobre as Foras do Bem, que tinham exila-
procurando por locais convenientes para do seus mestres e feito com que se escon-
povoamento. Carsak memorizara a posi- dessem de medo, nos confins externos do
o exata da cidadela, atravs de mapas, mltiplo universo por tanto tempo.
que tinha visto enquanto estava a servio Inspirada pelos Orcs e outras raas no
do sacerdote Caarth, e seu conhecimento humanas, que agora fervilhavam em to-
extenso de rotas de comrcio ajudou no dos os lugares da superfcie de Titan, ela
resto do caminho. Finalmente, extrema- reuniu vrios bons espcimes humanos e
mente magro e desidratado, porm ainda
vivo, Voloidon Carsak cambaleou para
dentro do acampamento de um comer-
ciante de Warpstone, que ia para Sala-
monis, na parte sul da Allansia povoada.
Carsak chegou a Salamonis e revelou o
mundo desconhecido do Povo Serpen-
te. A maioria das informaes que apre-
sentamos aqui baseada nas prprias
lembranas de Carsak de sua vida junto
ao Povo Serpente; embora isso j tenha
mais de quinze anos, a maior parte ainda
se aplica, e ns conseguimos adicionar al-
guns detalhes mais recentes, atravs do
uso cuidadoso de magia divina.

A vingana de Sith
Quando os Senhores Negros do Caos fo-
ram exilados do Plano Terreno e aprisio-
126
vrias das melhores cobras e os misturou riedades de mutaes de cobra) reside,
numa vasta tina de desova. Depois de um na maior parte do tempo, nas grandes
grande nmero de erros horrorosos, que cidadelas de pedra, embora cada osis
melhor no especificar, Sith criou uma no corao do deserto tenha seu prprio
criatura conhecida para os Caarth como pequeno povoado de Caarth, que geral-
Shghkull, que significa Pai Sagrado de mente residem sob tendas, do jeito que
Todos o primeiro do Povo Serpente. aprenderam com os humanos nmades,
Shghkull tinha 2 metros e meio de altu- que moram nas fronteiras com o territ-
ra, com quatro braos e a cabea de uma rio do Povo Serpente. Em Khul, todos os
cobra, mas pouca inteligncia comparada Caarth vivem dessa maneira, pois seu po-
com a dos humanos. Mas Sith no fi- der nesse continente muito pequeno.
cou intimidada, e logo desovou para ele Entretanto, so suas cidades que mais
uma parceira, conhecida para os Caarth interessam queles que estudam o Povo
com Hssghkull (Me Sagrada de Todos). Serpente.
Ela era menor, com dois braos somen- Seus principais povoados so as cidadelas
te e a cabea de uma vbora, mas muito de Krrstal (Corao de Pedra Brilhante),
mais esperta, tanto com a astcia de uma Sturrak (Providncia Refrescante das
cobra quanto com os poderes da razo Sombras) e a capital Caarth, Shchtiss
de um humano. Entre eles, Shghkull e (Osis de Jias da Adorao Suspiran-
Hssghkull, rapidamente produziram uma te). H tambm cerca de uma dzia de
numerosa prole, e foi assim que nasceram pequenas fortificaes em uma vasta
os Caarth como raa. Sith transportou a elipse em torno dessas trs cidadelas,
prole para o Plano Terreno, escondeu-a cada uma contendo uma guarnio de
nas partes mais quentes do que foi mais guerreiros Caarth e Justrali e quase nada
tarde chamado de Deserto dos Crnios e mais. O mercador Voloidon Carsak viveu
de Deserto de Scythera, e deixou-a para na cidadela de Sturrak, mas acreditava
florescer. que as outras duas eram a mesma coisa.
Sturrak fica na lateral de uma grande
As cidades do povo serpente mesa, um bloco macio de pedra de v-
Por mais de um milnio os Caarth cons- rias lguas, que se ergue a vrios metros
truram suas prprias cidadelas, esca- acima do nvel do deserto. Diz-se que, de
vadas nas pedras slidas das formaes suas torres mais altas, uma pessoa pode-
rochosas dos desertos, e estabeleceram ria ver oshabitantes de Shchtiss brilhan-
seu domnio sobre uma vasta rea da su- do luz do Sol, a muitas lguas de distn-
perfcie do mundo. Na verdade, eles no cia. Realmente, os Caarth costumavam se
eram mais somente Caarth. Eles haviam comunicar atravs de heligrafos, espe-
se unidos aos temveis Justrali, os guardas lhos que eles moveriam na luz do Sol de
serpentes com rabo de cobra, que patru- acordo com cdigos especficos, passan-
lham todas as fronteiras de seu domnio, do mensagens via torres de vigia e osis,
trazendo morte lenta e dolorosa a qual- entre as cidades.
quer um que se atrever a invadir a terra A cidadela de S turrak um lugar proje-
do Povo Serpente. tado de modo bizarro, com dzias de tor-
Em Allansia, o Povo Serpente (um termo res e muralhas, em volta das quais ficam
genrico para Caarth, Justrali e outras va- escadas e rampas espiraladas. Em sua
127
Este mapa baseado num desenho de memria do mercador Voloidon Carsak, e
apenas aproximado, mas o melhor que qualquer pessoa jamais conseguiu fazer.

base, no cho do deserto, seus constru- quase to boa quanto a dos Anes ou dos
tores no-humanos edificaram uma srie Skorn.
de muralhas e portes grossos o bastante No topo da mesa, os Caarth poliram uma
para agentar os ataques do mais deter- extenso de rocha para fazer uma ave-
minado dos inimigos embora ningum nida larga, que ladeada, em ambos os
jamais o tenha feito. Os construtores lados, por esttuas de guerreiros, sacer-
Caarth tinham previamente perfurado dotes e Demnios desconcertantes, e que
profundamente a rocha atrs da cidade- termina em uma pequena plataforma de
la a fim de criar um viveiro de aposentos degraus, sobre a qual vrios sacrifcios
grandes e frescos, dentro dos quais seus so feitos. Atrs da plataforma fica o tem-
jovens podiam ser chocados em com- plo principal de Sith, um lugar sombrio,
pleta segurana, e onde vrios escravos monstruoso, em forma de pirmide, onde
eram mantidos, quando no eram postos por todo o cho, perpetuamente, desli-
para trabalhar em outro lugar. Embora zam cobras de todos os tipos e tamanhos.
eles no fossem sempre bons projetistas, Na verdade, grande parte da cidadela
sua habilidade de trabalhar as rochas era infestada de criaturas rpteis e escama-

128
das, que so vistas como puras e sagradas poes e venenos inigualvel. Eles tm
por todo o Povo Serpente. Ocasionalmen- poes, extradas de cobras, aranhas e es-
te, as cobras mordem escravos e umas s corpies do deserto, para todas as neces-
outras, porm nunca atacam um Caarth sidades para fazer uminimigo dormir
ou Justrali. ou morrer, para tom-lo louco ou fazer
com que seu corpo se rompa em esca-
Conhecimento proibido mas de rpteis, no preparo de uma outra
Fazendo sombra sobre o topo da mesa fi- horrvel experincia Caarth. A maioria das
cam as torres mais altas de Sturrai:, que armas Caarth e Justrali banhada em al-
abrigam os supremos sacerdotes, a bi- gum tipo de veneno que invariavelmente
blioteca mstica e o observatrio dos fei- as tomam fatais, mesmo que elas apenas
ticeiros Caarth. O Povo Serpente no est arranhem um adversrio.
em Titan por tanto tempo quanto outras O conhecimento que os feiticeiros Caarth
raas, mas ele reuniu uma grande quan- tm de mutaes e cruzamentos tambm
tidade de conhecimentos de cada fonte vasto, pois eles vm criando novas es-
possvel. Prisioneiros so radicalmente pcies por muitos sculos, em tentativas
interrogados e hipnotizados, ou poSes profanas de continuar o trabalho de seus
de enfraquecer a mente so usadas para progenitores de criar a combinao mais
extrair cada detalhe do conhecimento de poderosa possvel de humanos e cobras.
suas mentes atemorizadas, antes de se- Foi assim que os Justrali foram criados,
rem entregues aos feitores de escravos. junto a muitas outras mutaes menos
Feiticeiros Caarth aparentemente esca- bem-sucedidas que espreitam no deser-
vam cidades ancestrais do deserto, em to, abandonadas por seus criadores. Os
sua busca constante por nova sabedoria. sacerdotes de Sturrak tambm tentaram
Em suas bibliotecas, mantm registros reviver seus progenitores, transformando
de todo o seu conhecimento, escrito em os corpos dos escravos em veculos de
seu alfabeto indecifrvel, em lascas finas suas almas para retomar vida, porm
de metal e pedra, que no sofrero as in- estas experincias tm sido notadamen-
tempries to fortemente quanto o per- te malsucedidas, como mostra o caso da
gaminho. quase lendria Rainha Serpente de Porto
Em seus observatrios, os Caarth usam Blacksand.
telescpios de tamanhos prodigiosos,
com lentes e espelhos feitos de discos Representantes de Sith no
macios de quartzo altamente polido, plano terreno
atravs de obscuras tcnicas de magia; O Povo Serpente governado pelos seus
com eles, observam as estrelas e, lenta- supremos sacerdotes, que atuam tanto
mente, mapeiam o universo. Acredita-se como comandantes de suas tropas, quan-
amplamente que os Caarth descobriram to como representantes diretos de sua
outros planetas prximos a Titan, coisa amada Sith no Plano Terreno. Quando
que os estudiosos humanos h muito Carsak estava l, o supremo sacerdote de
tempo suspeitavam, mas nunca conse- Sturrak era conhecido como Hkchktaress
guiram provar. (que significa, de acordo com Carsak, Ve-
O Povo Serpente tambm sabe muito so- neno Pinga de Sua Lmina Como Mel, na
bre outros tpicos. Seu conhecimento de
129
linguagem dos Caarth), e ele era o puro
mal incorporado. Seus deveres incluam o
ritual de sacrifcio dos escravos a Sith; e a
invocao dos servos demonacos de Sith
no templo do topo da mesa para consul-
tas.
Ele tambm era o cabea dos guerrei-
ros Caarth e Justrali da cidade, e um dos
membros do trio de lderes da nao
Caarth. O poder do Povo Serpente est
em decadncia nos ltimos anos, pois
eles tm sido encurralados nas regies
desrticas por causa do clima mais frio
das terras do norte e do sul, e tm tido
poucos territrios novos para conquistar.
Eles tambm tm usado seu suprimento
de escravos dos sub-humanos, que vivem
nas bordas do Deserto dos Crnios, e no
podem viajar para mais longe cata de-
les. Sith no tem conseguido se concen-
trar em seus problemas, uma vez que
tem andado ocupada com outra guerra Demnios. Ao mesmo tempo, em Allan-
civil contra seus companheiros Prncipes sia, os Homens-Lagarto de Ishtra tm se
arrastado se para cada vez mais perto das
bordas das regies mais temperadas co-
nhecidas como Terras das Serpentes, que
divide o Deserto dos Crnios a partir de
Vymorna na fronteira das selvas do sul.
Os Homens-Lagarto podem ter sido de-
tidos no Cerco de Vymorna por um tem-
po, mas apenas uma questo de tem-
po para que eles invadam o territrio do
Povo Serpente. Quando isso acontecer,
a luta vai ser acirrada e sangrenta, pois
todas as terras do sul vo ser arrastadas
para a guerra.

Os homens lagartos
das terras do sul
O repulsivo Povo Serpente comum tan-
to em Allansia quanto emKhul, embo-
ra no primeiro que ele seja realmente
poderoso. Isso tambm se aplica aos Ho-

130
mens-Lagarto, ainda que seu sucesso seja observando silenciosamente e memori-
de longe maior do que os de Caarth. Cada zando como as criaturas eram feitas, se
vez parece mais provvel, de acordo com preparando para a hora em que ele fosse
sbios e estudiosos que conhecem essas criar seus prprios seres, a fim de trazer
coisas, que a grande ameaa para a hu- sua imagem para a superfcie do mundo.
manidade em Allansia ser, em breve, o A Primeira Batalha comeou, com os po-
Imprio dos Homens-Lagarto, que j co- deres do Mal lutando para vencer as For-
bre uma rea maior que todas as partes as do Bem e arrancar o controle deles
povoadas de Allansia juntas. Entretanto, sobre o universo. Todos os deuses e di-
at bem pouco tempo, poucos homens vindades menores foram arrastados para
sbios conseguiam vislumbrar muitas o conflito todos, quer dizer, menos
informaes sobre os Homens-Lagarto, Suthis Cha. Sendo agraciado com alguns
visto que estes tentavam matar qualquer poderes leves de divindade, o deus esca-
humano que por eles passasse, fosse um mado tinha previsto a batalha vindoura e
guerreiro pesadamente armado ou um aproveitou a chance de escapar sem ser
pobre sbio indefeso. H apenas qua- notado. Ento, quando o combate estava
tro anos, o grande mstico Ar-Kalagn em seu auge, Suthis Cha se encontrava no
de Kaynlesh-Ma conseguiu capturar um Plano Terreno, esculpindo e moldando o
guerreiro Homem-Lagarto, e sujeitou sua primeiro Homem-Lagarto, com lama do
mente a uma espcie de interrogatrio pntano e pele de lagartos. Ele escondeu
mgico. Ele lanou uma srie de encanta- suas criaes nas terras pantanosas de Ti-
mentos mgicos no ser grosseiro e encou- tan, sabendo que l estariam a salvo, lon-
raado e, magicamente, leu o contedo ge da vista dos outros deuses e de suas
de sua mente num poo de adivinhao. prprias criaes, e retornou aos Planos
Ar-Kalagn aprendeu muito sobre a cultu- Externos. Quando voltou, encontrou o
ra dos Homens-Lagarto... pequeno deus camundongo, Karreep,
encolhido de medo num canto silencioso
No incio dos Sales dos Deuses. No havia nin-
Durante o Tempo dos Deuses, havia mui- gum em volta, ento Suthis Cha cedeu
to menos divindades, incluindo os deuses tentao e fez uma coisa que vinha que-
de todos os animais. Junto a eles havia rendo fazer desesperadamente h muito
um deus muito dissimulado e ambicioso, tempo comeu Karreep. Todavia, o deus
que conhecido por aqueles do Plano camundongo era um deus, e lutou com
Terreno como Suthis Cha. Quando os deu- todas as suas fias. Suthis Cha sufocou-
ses maiores comearam a fazer criaturas -se at a morte (tanto quanto um deus
de forma humana para povoar o mundo, pode morrer ele transmutou), quando
Suthis Cha ficou com inveja deles, pois a coisirtha peluda cresceu e entalou em
considerava sua prpria forma de lagarto sua garganta, antes de pular para fora, en-
a mais bela de todas elas (ele era arrogan- quanto a divindade escamada se esborra-
te e metido, tanto quanto dissimulado e chava no cho de mrmore dos Sales
ambicioso). Ento, sempre que os deuses dos Deuses.
estavam trabalhando em suas criaes, Os Homens-Lagarto floresceram nas ter-
Suthis Cha cuidava para estar por perto, ras pantanosas e rapidamente se torna-

131
ram ainda mais astutos que seus parentes vestem de maneira peculiar (so os ni-
quadrpedes. Contudo, sem um deus, cos Homens-Lagarto com permisso de
eles ficaram desorganizados e sem ambi- usar a sagrada cor vermelha, por exem-
o, simplesmente preferindo nadar em plo), tm sua prpria linguagem e so os
seus domnios pantanosos, caar seres nicos Homens-Lagarto que sabem escre-
menores, subir em rvores, tomar Sol e, ver. O centro dos sacerdotes o Templo
geralmente, ficar de preguia. Entretanto, de Ishtra, no meio das terras pantanosas
quando os Senhores Negros voltaram de de Silur Cha, a cerca de quinze lguas da
seu exlio ao trmino da Primeira Batalha, capital, Silur Cha. Parte monastrio e par-
perceberam as coisinhas escamosas que te observatrio astronmico, ele abriga
corriam pelos pntanos e selvas de Titan milhares de sacerdotes de duas cabeas
e pediram Cobra-Demnio Ishtra para e seus servos, que passam todo o tem-
investigar. O ladino Prncipe Demnio fez po executando rituais, sacrifcios, rezas
mais do que isso ele apareceu para os e outros deveres profanos. Os sacerdo-
Homens-Lagarto, quando estavam se reu- tes tm reunido uma grande quantidade
nindo para a usual noite de vero da de- de conhecimentos atravs dos sculos, a
sova, como um Homem-Lagarto gigante, maior parte desconhecida dos homens ci-
cuspindo fogo e brandindo uma espada vilizados, pois eles tm mentes de lgica
incandescente contra o Sol poente. Os peculiar e sem emoes, que parecem ca-
Homens-Lagarto se curvaram perante pazes de absorver algumas questes filo-
ele, e desde ento tm adorado sua for- sficas bem melhor do que os homens ou
ma profana. Com o tempo, vrios outros os Elfos. Seus observatrios so de uma
deuses e divindades foram introduzidos
na cultura dos Homens-Lagarto por seus
poderosos sacerdotes, inclusive Myurr,
um outro Prncipe Demnio, e numero-
sos Demnios menores e deuses rpteis.
Ishtra tambm trouxe a mancha do Caos
para a raa, inicialmente a fim de criar os
poderosos sacerdotes de duas cabeas,
que agiam como um foco, para governar a
raa de Homens-Lagarto mas isto tam-
bm trouxe a maldio da mutao aos
Homens-Lagarto comuns.

Os Liash Cha
Nem todos os Homens-Lagarto de duas
cabeas so sacerdotes, porm todos os
Homens-Lagarto sacerdotes tm duas
cabeas. Eles so uma elite junto aos
Homens-Lagarto, conhecidos apropriada-
mente como os Liash Cha, e tm o poder
de fazer quase tudo que desejam. Eles se

132
sofisticao jamais vista em terras civili-
zadas, e eles aprenderam muito sobre o
universo ecomo ele funciona. Por outro
lado, sua natureza fria, calculista e sem
emoo os torna cruis e violentos, pois
no tm sentimentos por ningum, nem
mesmo por outros membros de sua pr-
pria raa. Os Liash Cha acreditam, acima
de tudo, na pureza de sua raa, que foram
ensinados (por Ishtra) a considerar o pon-
to mais importante das criaes d Natu-
reza. Como resultado, eles desprezam os
Homens-Lagarto mutantes, e sacrificam
muitos deles aos deuses para apazigu-
-los e para tentar persuadi-los a parar
com a maldio do Caos. Sacrifcios vivos
so comuns e vrios de seus prisioneiros
tm esse destino.

Os Reis Lagarto
Embora os sacerdotes mandem no lado
religioso da vida dos Homens-Lagarto, a
poltica controlada pelos Reis-Lagarto.
Cada tribo governada por um Rei-Lagar-
to, e eles so fiis ao Conselho dos Treze,
que fica em Silur Cha, a capital dos Ho-
mens-Lagarto, nas terras pantanosas do
sul de Allansia. Os Reis-Lagarto podem,
em alguma poca, terem pertencido s
mesmas espcies, mas agora so uma
raa distinta, sendo muito maiores, mais
fortes e com grande poder mental em-
bora nunca venham a se equiparar aos
dos Liash Cha. Acredita-se que eles te-
nham telepatia, so capazes de se comu-
nicar com todos os outros membros de
sua raa apenas pelo pensamento, embo-
ra a extenso dessa comunicao no seja
conhecida. Os Reis-Lagarto tambm pa-
recem ter alguma forma de domnio por
empatia sobre seu povo pois, quando um
Rei-Lagarto morre no campo de batalha,
suas tropas ficam imediatamente confu-

133
sas e desorientadas, como se despertas- Silur Cha, a cidade dos
sem repentinamente de uma hipnose, Homens lagartos
num lugar estranho e diferente. Qualquer O Supremo Rei, o Luk Teii Cha, reside em
que seja a verdade disso, os Reis-Lagarto um gigantesco palcio de torres, bem no
realmente dominam os Homens-Lagarto centro da bizarra cidade de Silur Cha que,
comuns com seus punhos escamosos, e por sua vez, fica bem no centro do Imp-
tm o poder de vida e de morte sobre rio dos Homens-Lagarto, nas terras pan-
todo o Imprio dos Homens-Lagarto. tanosas ao sul de Allansia. Silur Cha foi
O Conselho dos Treze comandado pelo construda sobre o pntano, e sua maior
Supremo Rei, o Luk Ten Cha, que se acre- parte repousa sobre plataformas de ma-
dita amplamente ser a incorporao de deira, e apenas os edifcios mais impor-
seus deuses, enviado para o Plano Ter- tantes tm fundaes em pedra (normal-
reno a fim de tomar conta dos Homens- mente criadas atravs de transmutaes
-Lagarto. Quando ele morre (Reis-Lagarto mgicas de lama de pntano em rocha s-
vivem cerca de 130 anos, quase duas lida, um processo que requer um grande
vezes mais que um Homem-Lagarto nor- nmero de feitios e incontveis sacri-
mal), acredita-se que renasce no mesmo fcios). Os Homens-Lagarto tm outros
instante, como se sua fora de vida pas- fortes e cidades espalhadas pelo seu Im-
sasse para um Homem-Lagarto recm- prio, mas Silur Cha a glria coroada de
-nascido, na hora em que sasse dos apo- todas elas. Levou milhares de anos para
sentos de ovos do palcio. Quando uma chegar sua atual forma, e est sempre
nova criana atinge os treze anos, ela sendo aumentada, conforme o poder dos
trazida diante do Liash Cha, que executa o Homens-Lagarto se toma cada vez maior.
Ritual da Lembrana, durante o qual o Luk Silur Cha um labirinto de templos, re-
Ten Cha gradativamente comea a se lem- sidncias, passagens abertas de madei-
brar de todas as suas vidas anteriores, de ra (tanto na superfcie quanto no cu),
todo seu conhecimento passado e, ento, torres, barracas, praas amplas, piscinas
est pronto para tomar seu lugar como e riachos, tudo tirado do prprio pnta-
governante do Imprio dos Homens- no. Todos os lugares so decorados com
-Lagarto, mais uma vez. No intervalo dos esculturas dos Homens-Lagarto, seus
treze anos, cada membro do Conselho re- deuses, histria e batalhas. Silur Cha fica
veza e governa a terra por um ano. situada numa grande curva em U, no rio

A LNGUA DO HOMEM LAGARTO


Os Homens-Lagarto falam uma lngua muito estranha, onde cada leve inflexo da voz, mo-
vimento de uma mo ou posio da cauda significa algo completamente diferente. A palavra
Cha, por exemplo, pode significar nos, ns, lhe, eu, Homem-Lagarto, religioso, bom,
bonito, pantanoso, delicioso e dar ordens. Devido a seu hbifat pantanoso, os Homens-
-Lagarto tm mais de uma centena de nomes para condies diferentes de pntano, e podem
reconhecer uma grande variedade de tipos de grama e rvores, que parecem idnticos para ns,
humanos.
Os Liash Cha tm sua prpria linguagem, empregada quase exclusivamente para supremos po-
deres religiosos e discusses filosficas. Eles so quase incapazes de manter uma conversa trivial
nela, embora, de qualquer maneira, raramente se dem ao luxo de conversar bobagens.

134
sem nome que irriga o pntano. Os Ho-
mens-Lagarto no esto acostumados
a ser marinheiros, mas seus barcos de
propores estranhas, e bizarramente
decorados, navegam para dma e para bai-
xo nos rios da selva e dos pntanos que
controlam e, ocasionalmente, podem ser
vistos mar adentro, carregando supri-
mentos para alguma de suas colnias ex-
ternas. Em algumas ocasies, bem antes
da Guerra dos Magos, os Homens-Lagarto
realmente lutaram em batalhas navais
contra outras naes, embora agora haja
poucas delas com frota forte o suficiente
para lutar nesse tipo de combate.

A sociedade do
homem lagarto
No topo da sociedade dos Homens-Lagar-
to sabemos que ficam os Reis Lagarto e os
liash Cha, os sacerdotes de duas cabeas.
Mas o que acontece entre os Homens-
-Lagarto comuns? A maioria reside em
tribos, que so subdivididas em famlias.
Cada tribo tem sua prpria rea, assim
como suas peculiaridades quanto ves-
timenta, linguagem, armas e assim por
diante. Homens-Lagarto freqentemente
pintam seu corpo com traos que os dis-
tinguem de outras tribos, e tambm fa-
zem cicatrizes e cortes neles prprios com
o mesmo objetivo. Cada uma das tribos radas sobre estacas mergulhadas profun-
governada por um Rei-Lagarto, que ge- damente na lama, ou casas de rvores
ralmente vive em algum lugar magnfico, com pontes de corda cuidadosamente
no corao do territrio tribal, cobrando tranadas, ligando plataformas de ma-
tributos de seu povo na forma de servos, deira. Em terra mais slida, os Homens-
comida e produtos. -Lagarto preferem viver em choupanas,
Uma tpica famlia de Homem-Lagarto que so feitas de lama e galhos, e ficam
tem cerca de 10 a 13 criaturas, e vivem amontoadas umas nas outras a fim de
todos na mesma parte do pntano. Suas criar um edifcio baixo e desajeitado, com
casas so muito diferentes na forma e na vrios pequenos aposentos.
construo. No corao do pntano, elas Muitos Homens-Lagarto (principalmen-
podem ser cabanas de madeira empolei- te fmeas e adolescentes) passam seus

135
dias caando comida nos pntanos, usan- capites. Sempre h, tambm, mais ou
do laos, lanas e mesmo seus dentes e menos uma dzia de Liash Cha alistados
fora bruta a fim de pegar comida para em um regimento, pois o bem-estar es-
a famlia. Alguns adotaram o artesana- piritual das tropas um fator importante
to, como fiar trepadeiras, carpintaria ou para lev-las vitria contra os humanos
fazer armas, enquanto outros ensinam impuros.
aos membros mais novos da tribo os ru- Diferentes unidades so convocadas para
dimentos da caada e outras habilidades. diferentes tarefas na batalha. Pode haver
Em cidades e vilarejos, e principalmente um esquadro da morte formado por mu-
em Silur Cha, h comerciantes, treinado- tantes, que lideraro a fora para o mo-
res de escravos, metalrgicos e outros tim, levados por um furor insano que, s
profissionais, exatamente como em uma vezes, por si s, suficiente para expulsar
cidade humana, embora haja diferenas. seus adversrios e envi-los em fuga para
Homens-Lagarto tm pouca necessida- fora do campo de batalha. Os sapadores
de de fogo eles vivem em climas bem so escalados para destruir as muralhas e
quentes, comem toda sua comida crua, e os portes da ddade, atravs do uso de
conseguem enxergar no escuro e este aretes, catapultas e da fora dos Lagartos
somente usado para derreter metal e Gigantes e, algumas vezes, explosivos m-
em cerimnias. Contudo, os sacerdotes gicos, muito delicados, so lanados por
adoram usar o fogo, pois sabem o efeito um sacerdote. Tambm h unidades de
que causa nos outros. cavalaria, montadas em Lagartos Gigan-
Muitos Homens-Lagarto s alistam nas tes e Dinossauros semidomados, como
tropas do Imprio dos Homens-Lagarto, o Estiracossauro. Tem havido notcias, do
servindo a seus reis, para maior glria de Cerco de Vymoma, de que algumas uni-
sua raa, em vrias partes das terras do dades de Homens-Lagarto tm consegui-
sul. Na verdade, para os Homens-Lagarto do domar Pterodtilos e Pteranodontes
mutantes, o exrcito a nica escolha a fim de criar unidades aterrorizadoras!
possvel, pois eles no tm permisso de Mesmo que isso no seja verdade, com
se unirem s tribos e nunca podem entrar certeza apenas uma questo de tempo
numa cidade como Silur Cha sem auto- para que desenvolvam essas tticas. As
rizao especial ou como parte de um tropas dos Homens-Lagarto so fortes e
batalho em servio. Eles so banidos da bem treinadas, e tranqilamente estaro
sociedade como um todo, e so encora- altura de qualquer exrcito humano.
jados a servir no exrcito, onde feito O Homem-Lagarto que Ar-Kalagn de
bom proveito de sua fora prodigiosa. Kaynlesh-Ma capturou era um soldado,
servindo num regimento chamado o Kre-
Exrcito e Imprio ashian Kux Cha, ou o Divino Arrancador
Uma unidade de combate dos Homens- de Olhos de Pele Branca. Ele serviu em
-Lagarto pode consistir em cerca de seis vrias batalhas, inclusive no Cerco de Vy-
a treze soldados. Cada unidade pertence morna, que ainda continua. O regimento
a um regimento informal de at mil guer- feito da seguinte forma:
reiros, comandados por sua vez por um Comandante: o Divino Rei Lagarto, Yurnik
Rei-Lagarto, atravs de uma sucesso de Eerin Cha.

136
Guarda real: 26 Homens-Lagarto, os Ma-
tadores Divinos, juntos a 8 porta-bandei-
ras, arautos e mensageiros.
Sacerdotes de guerra: 13 sacerdotes de
duas cabeas, a Vingana Divina de Ishtra.
Tropas de choque: 266 Homens-Lagarto
mutantes, a Cicatriz Divina do Caos.
Cavalaria: 130 Homens-Lagarto monta-
dos, metade em Lagartos Gigantes, meta-
de em Styracossauros, os Divinos Mensa-
geiros Montados da Morte.
Comuns: 1.326 Homens-Lagarto, dividi-
dos em 58 unidades de cerca de 7 a 28
tropas, conhecidas por muitos nomes,
mas coletivamente como os Divinos Arre-
batadores que Traro a Morte para Todos.
Sapadores: 125 Homens-Lagarto, o Divi- as terras selvagens, das Terras das Ser-
no Cataclisma de Pedra. pentes at a fronteira de Arantis. Eles tm
Outros: 138 servos, carregadores, saque- vigias no norte, distante da Hha do Fogo
adores de comida etc. (embora se acredite que elas tenham ca-
O Imprio dos Homens-Lagarto se esten- do recentemente, pois nenhuma notcia
de sobre a maioria das terras do sul de tem sido enviada por seu comandante, h
Allansia, das fronteiras das (felizmente algum tempo), como tambm espalhadas
intransponveis) Montanhas da Lamen- na Costa dos Crnios eno deserto ao nor-
tao no extremo sul, por todas as terras te da Costa do Pirata. Tambm h vigias
pantanosas at as fronteiras da Plancie em Khul, embora elas sejam muito menos
dos Ossos, e ao norte at o Rio Vymorn importantes para o Imprio, sendo me-
e a cidade de Vymoma, que ainda nores e menos organizadas e situadas em
por pouco tempo mais controlada por reas bastante desoladas, como o Deser-
humanos. Do outro lado do Golfo de Sha- to de Scythera e as selvas alm de Marad,
muz, os Homens-Lagarto controlam todas do outro lado do Mar Interior.

O CERCO DE VYRMONA
Faz seis anos que as foras combinadas de magia, explosivos, aretes e completo volume de
criaturas tm forado as muralhas da cidade antiga, na foz do Rio Vyrmon. Outrora, ela foi um
local importante na ponta norte do Golfo de Shamuz, com comerciantes vindos de to longe
quanto Salamonis no extremo norte. Tinha tuna populao de cerca de 100.000 pessoas, mas
foram reduzidos a pouco mais que um vigsimo disso, nos seis anos em que dura o cerco. O rei
de Vymorna, Alexandros II, morreu num ataque macio, ano passado, que rachou a penltima
muralha, e as tropas agora so lideradas por sua mulher, Rainha Perriel, que luta nas muralhas
junto a seus guerreiros. O povo sabe que Vymoma cair, porm continua a lutar, esperando
em seus coraes que ganhem tempo para que outras cidades preparem suas prprias defesas
contra os cercos vindouros.

137
Elfos negros: servos das
trevas
Voc sabe, aventureiro, a grande amizade
que os Elfos podem lhe oferecer em suas
viagens por Titan. Mas nem todos os El-
fos, preciso que se diga, esto do mes-
mo lado. Anteriormente, fizemos uma
pequena referncia aos Elfos Negros;
agora vamos examin-los mais de perto.
As informaes sobre os Elfos Negros so
limitadas, pois eles so uma raa orgu-
lhosa, reservada e, acima de tudo, muito
perigosa, e no esto dispostos a permi-
tir que sbios e estudiosos vagueiem em
A diviso dos caminhos
seus domnios subterrneos, mesmo que
H muito, muito tempo atrs, no comeo
para pesquisa acadmica! O pouco que
da primeira era de vida em Titan, depois
sabemos sobre suas especificidades tem
da Primeira Batalha, quando os deuses
sido recolhido dos escravos humanos e
partiram para ocupar seus lugares no fir-
Anes, que fugiram de suas prises sub-
mamento, o mundo era povoado por v-
terrneas.
rias raas maiores. Havia os jovens huma-
nos de vida curta, os bravos e inquisitivos
Anes e os graciosos Elfos intelectuais.
Como aprendeu em nosso prvio tratado
sobre os Elfos bons, a raa cresceu em
poder e aprendizado, trazendo unidade e
tradio para muitas partes de Titan. Os
Elfos eram os ancios do mundo, os go-
vernantes sbios e conselheiros. Eles se
mantinham bastante reservados, vivendo
em suas vilas e palcios nas florestas, po-
rm, ocasionalmente, se aventuravam no
mundo a fim de dar ajuda onde fosse pre-
ciso. A quantidade deles nunca foi muito
grande, pois sua quase imortalidade
contrabalanada pela falta de crianas,
mas sua raa prosperou muito mais do
que qualquer outra, naquela poca.
Alguns Elfos, entretanto, ficaram desen-
cantados com a atitude neutra dos povos
Elfos. Eles acreditavam que uma vez que
eram os mais sbios, os que viviam mais,
e os mais habilidosos e mais fortes de to-

138
das as raas, seriam candidatos naturais a Todavia, desconhecido pelos outros Elfos
senhores e mestres de todas as outras ra- que no os de seu prprio cl, Viridel era
as. Nos conflitos infindveis com os Orcs, um seguidor de Slangg, deus da malcia,
Goblins e outros servos do Caos, eles conhecido entre os Elfos como Ar Anwar
sentiram que deveriam ser os lderes, os Gerithan, Sussurro Cinzento das Som-
generais e comandantes de um exrcito, bras. O deus vinha sendo adorado, des-
que poderia, ento, ser organizado para de os Tempos das Lendas, pelos Elfos que
limpar a maldade da face da Terra. Con- desejavam saber mais sobre os caminhos
tudo, o Conselho Elfo no concordou com transitrios dos humanos e das outras ra-
essas exigncias e persistiu em manter as de vida curta. Ar Anwar Geritham era
tuna posio de no-comprometimento, considerado, para aqueles Elfos que o es-
tomada por todos os Elfos desde muito tudaram, a incorporao do esprito hu-
antes da ascenso dos Orcs e dos seres mano malicioso, medocre, vingativo e
de sua laia. violento. Como um seguidor dele, no
O lder de um dos cls Elfos, Prncipe Vi- surpreendente que o Prncipe Kerithrion
ridel Kerithrion, era o mais vocierante de tivesse tanto interesse nos assuntos dos
todos aqueles que brigavam por maior humanos, quanto nos dos Elfos.
poder efora. Guerreiro bravo e nobre, O prncipe Elfo enfim no conseguiu mais
ele tinha se mostrado um heri em vrios se segurar e aceitar a posio de no-
combates contra as Foras do Mal. Como -comprometimento tomada pelos Elfos.
resultado, era respeitado pela maioria do Reunindo todos os guerreiros de seu cl,
Conselho, embora alguns temessem sa e de outros que pensavam como ele, Ke-
natureza superativa; no normal para rithrion marchou para o Conselho Elfo,
os Elfos se envolver fisicamente em lutas que naquela poca ficava situado em
medocres dos mortais inferiores, exceto uma grande cidadela, na fronteira do que
para oferecer conselhos e alguma peque- agora so as Terras Planas e, depois de as-
na assistncia. Elfos sabem que ainda es- sassinar mais de duas dzias de lderes de
taro andando pelo mundo quando todas outros cls, ele e seus rebeldes tomaram
as guerras forem esquecidas, e isso os o poder sobre as naes dos Elfos.
torna cautelosos na oferta de ajuda fsi- Felizmente, ele no pegou os lderes do
ca como fora adotada pelo Prncipe Keri- Conselho, incluindo o Rei Glorien Thele-
thrion. mas e seus filhos, e a maioria dos prn-

OS MAIORES CLS DE TIRANDUIL KELTHAS


Tesarath. Smbolo: Cabea de besouro preto sobre losango de prata.
reas principais de domnio: criao de insetos, preparao de comidas, limpeza da terra para
o cultivo, transporte de alimentos.
Mirisgroth. Smbolo: Gema verde sobre barra preta.
reas principais de domnio: minerao, metalurgia e fundio.
Camcameyar. Smbolo: Crnio branco octogonal.
reas principais de domnio: aquisio de escravos (ataques superfcie), segurana, assassina-
tos, a guarda real.
Kerithrion. Smbolo: Punhal de prata e coroa.
reas principais de domnio: a famlia governante.

139
cipes dos cls mais fortes. A rainha de tante das foras rebeldes fugiu atravs de
Thelemas, Ariel Aurlindol, tinha o poder tneis que vinham construindo nos lti-
de adivinhar o faturo e, num sonho na mos dezessete dias (pois eles rapidamen-
noite anterior, ela vira as foras de Keri- te tinham compreendido que no pode-
thrion marchando para o Conselho. No riam pretender ganhar contra os exrcitos
havia tempo para alertar os outros, mas unidos dos Elfos, no importando o tem-
ela persuadiu o rei e sua famlia a se au- po que mantivessem bem defendidas as
sentarem, naquele dia fatal. suas posies). Os capites-negociadores
A reao tomada de poder por Keri- arrastaram a conversa at depois do Sol
thrion no tardou a vir e, em trs dias, se pr antes de concordarem em retomar
um macio exrcito de Elfos ficou acam- para seu prprio lado e entregar as or-
pado em volta do palcio do Conselho. dens de Thelemas para rendio e, ento,
Por dezenove dias, eles lutaram contra os levar para fora todos os rebeldes. Os capi-
rebeldes, transformando as muralhas em tes voltaram ao palcio, seu caminho ilu-
p com catapultas e feitiaria poderosa, minado por centenas de tochas flamejan-
porm, no vigsimo dia, um trio de capi- tes, acesas para eles pelos defensores. As
tes de Viridel marchou para fora das ru- foras do rei esperaram at o amanhecer,
nas, brandindo bandeiras verdes de tr- mas nenhum dos capites, nem Kerithr-
gua e pedindo para fazerem um acordo. on ou o restante dos rebeldes apareceu.
Eles foram aceitos e trazidos diante do Rei Os ataques recomearam, porm logo fi-
Thelemas. Entretanto, enquanto o acordo cou bvio que eles tinham fugido.
de paz prosseguia na tenda do rei, o res- Eles, contudo, haviam batido em retirada

140
somente at as terras nativas de Kerith- vamente, mas tambm se modificaram,
ron, onde tentaram declarar uma nao lentamente se transformando, em seu
independente. Num movimento radical, isolamento, em verdadeiras criaturas da
incomum para um Elfo, Thelemas man- escurido. Sua adorao a Ar Anwar Ge-
dou suas tropas invadirem as terras de ritham tornou-se ainda mais forte, mas
Kerithron. Muitas batalhas e disputas escolheram tambm outras divindades
se seguiram, at que os rebeldes se re- seres perigosos como o Prncipe Demnio
tirassem para as montanhas (numa rea Myurr e vrios outros. Mudaram de cria-
a oeste das terras altas, hoje conhecida turas da luz, da verdade e da beleza para
como as Colinas Moonstone), e de l para uma raa doentiamente decadente de
o subterrneo, tomando uma cidade de terrveis adoradores de Demnios os
Anes, abandonada, que Kerithrion re- Elfos Negros.
servara como ltimo recurso, para o caso Eles agora residem sob Darkwood, e tam-
de todos os seus planos no darem em bm h pequenas colnias subterrneas,
nada. Os Elfos rebeldes fecharam o cami- em outras partes de Allansia. Rumores re-
nho atrs deles, e o rei desistiu da perse- centes falam de um grupo de batedores
guio. O palcio do Conselho foi derru- de Elfos Negros sendo visto a nordeste de
bado pedra por pedra, e um novo palcio Khul, embora s adivinhando que seria
construdo a muitas lguas de distncia. possvel saber o que estivessem fazendo
Os rebeldes saram rapidamente da me- por l, to longe de casa. Os Elfos da Flo-
mria dos Elfos, suas aes nunca foram resta j os conhecem novamente, pois os
registradas em sua histria e, com o co- Elfos do Lado Negro continuam a mandar
meo da primeira das Guerras Ores logo pequenos grupos de ataques contra seus
depois, as suas naes estavam muitssi- irmos residentes da superfcie, a quem
mo ocupadas em defender suas preciosas odeiam com todas as fibras de seu ser.
florestas. Para os Hfbs da Floresta, eles no so me-
lhores que os Ores e outros trastes, e no
As cidades subterrneas do descanso a qualquer um que encon-
No subterrneo escuro, os rebeldes pros- trem.
peraram muito mais que qualquer pessoa Sua cidade chamada Lado Negro, co-
possa imaginar. Eles exploraram cada pal- nhecida como Tiranduil Kelthas por seus
mo de seu domnio, sem luz, e comea- habitantes, e um lugar extraordinrio. E
ram a se adaptar vida sem a claridade construda em uma caverna natural imen-
do Sol. A necessidade os fez aprender sa, iluminada apenas pelo brilho fraco das
rapidamente: descobriram como cultivar plantas fosforescentes, fungos e lanter-
fungos e musgos para comer, e como cru- nas reluzentes. Quando os Elfos Negros
zar lagartos e insetos gigantes. Aprende- comearam a construi-la, iniciaram com
ram como escavar as rochas e se expandi- o uso da arquitetura tradicional dos Elfos,
ram em direo oeste, at se depararem mas gradativamente o estilo mudou, e
com uma srie de cavernas naturais, bem agora um lugar bizarro e sinuoso, com
ao fundo, debaixo da Floresta Darkwood, torres e muralhas salientando-se em v-
no que agora Allansia noroeste. Atra- rios nveis diferentes, e decorada por to-
vs dos sculos, tomaram-se fortes no- dos os lados com esculturas loucas dos

141
demnios padroeiros eleitos pela cidade. prio demnio especial como padroeiro.
Ligada ao mundo externo por uma su- As rivalidades entre os das so enormes,
cesso de passagens como um labirinto, e sempre h intrigas acontecendo nos n-
cada uma bloqueada por gigantes portas veis mais elevados da sociedade dos Elfos
de pedra esculpidas e vigiadas por vrios Negros, uma vez que cada um deles ten-
Elfos Negros do sinistro Cl Camcameyar, ta tomar uma pequena frao de poder
um lugar fascinante e terrvel, uma cida- dos outros. Rivalidades entre eles geral-
de de sombras e Demnios, de escravos mente levam a assassinatos, incndios e,
e magia negra. Becos sinuosos se proje- em alguns casos, completas carnificinas,
tam entoe as rasas de formato esquisito; que normalmente cessam quando o ter-
praas podem estar cercadas de muros rvel Cl Camcameyar entra. Eles nunca
para que ningum entre nelas; parques so aliados de ningum, pois todos os
horrendos e jardins brilham luz de vaga- temem; so, em ltima instncia, leais
-lumes engaiolados, enquanto besouros somente continuidade da raa dos Elfos
gigantes correm no musgo cultivado. Bem Negros e cidade de Tiranduil Kelthas.
no centro de Tiianduil Kelthas fica o Pal-
cio de Kerithrion, o Ai Lindl Kerithrion, Uma raa de prncipes
emhomenagemao fundador da ddadeeao Ao mesmo tempo em que h alguns po-
cl que ainda governa a cidade. Constru- bres entre os cidados de Tiranduil Kel-
do em cristal negro, ele se impe sobre thas, como em todas as ddades, a maioria
a cidade tal qual o Ceifador Repugnante, dos Elfos Negros vive vida muito confor-
como se observasse seus cidados como tvel. H grande riqueza extrada da ter-
um abutre esperando que uma criatura ra pelos escravos, nas minas de prata e
agonizante d seu ltimo suspiro. cobre, o que fez com que o dinheiro sig-
A vida no Lado Negro muito diferente nificasse pouco para eles, e todos, com
da dos Elfos das Florestas, nos bosques excesso dos realmente pobres, andam
acima. Em sua cidade subterrnea, os pendurados de prata no seus pescoos,
Elfos Negros desenvolveram sua prpria pulsos e tornozelos, enrolada em seus ca-
sociedade, altamente complexa, basea- belos, bordada em suas roupas, gravada
da nos cls rebeldes originais, que agora em suas armas, pintada em ornamentos
so mais liderados pelos reis feiticeiros sobre sua pele e assim por diante.
e rainhas bruxas do que pelos prncipes Cada Elfo em Lado Negro parente da
guerreiros. Todos os Elfos Negros perten- nobreza de alguma forma, e .todos os
cem a um cl particular, que age como a Elfos Negros tm um ar de realeza, prin-
extenso de uma famlia. Cada cl tem dpalmente, as mulheres. Elas tm uma
seu prprio nome, smbolos, insgnias da beleza sobrenatural, muito maior do que
posio, quartis generais, e uma rea da qualquer humana, com sua pele negra
cidade onde suas regras so lei e onde aveludada, cabelos brancos ou prateados
membros de outros cls necessitam de e olhos totalmente verdes; e sua beleza
permisso especial para caminhar. Mui- enormemente acentuada pelos modelos
tos tm sua prpria linguagem especial e bizarros de roupas e adereos que desen-
sinais, que permitem aos membros reco- volveram, atravs dos sculos de comple-
nhecerem uns aos outros sem a necessi- to isolamento com o mundo exterior.
dade de smbolos; todos adoram seu pr-
142
A atmosfera geral de Lado Negro e seus
ddados , simultaneamente, pareci-
da e diferente do mundo da superfcie,
tomando-a levemente desorientadora e
perturbadora para qualquer um que no
seja um Elfo Negro.
A sociedade nobre dos Elfos muito com-
petitiva, com as mais belas rainhas bruxas
de Lado Negro competindo umas com as
outras a cada oportunidade. Opulentos
banquetes de fungos raros e vinhos de
musgos potentes so comuns, com todos
presentes, tentando ganhar pontos uns
sobre os outros, com atos de desdm,
maldade e at violncia. Apesar de seu
terrvel porte real, todos os Elfos Negros
tm uma veia de puro mal correndo em
seu carter, o que, s vezes, torna-os mui- gia, escravos e metais preciosos requer
to srdidos. planejamento cuidadoso e organizao
no ambiente artificial da cidade subter-
Comrcio e escravido rnea. Enquanto os Elfos Negros so te-
Os mercadores de Lado Negro tm mais midos por todas as raas (pois, se pude-
poder que seus colegas das cidades da su- rem, tomaro qualquer um escravo), eles
perfcie, pois a aquisio de comida, ener- realmente comerciam com alguns Orcs e
tribos dos Trolls da Colina, dando prata
e pedras preciosas em troca de escravos
humanos e Anes, novos insetos gigantes
e produtos manufaturados. Os Elfos Ne-
gros, mercadores, se encontram com os
Orcs praticamente todo ms, trazendo
suas mercadorias nas costas de Lagartos
Gigantes domados e pesadas aranhas
para cavernas, em territrio neutro, perto
da superfcie, onde todas s trocas so
feitas.
Escravos tambm so muito importantes
para o funcionamento das cidades, pois
os Elfos Negros esto continuamente ex-
pandindo suas cavernas e escavando as
minas procura de mais metais e pedras
preciosas. Geralmente, eles so captura-
dos em ataques superfcie, embora mui-
tos sejam trocados atravs do comrcio
com outras raas malignas. Humanos so

143
os mais comuns, pois so mais fceis de pequenas aldeias, onde sabem que no
se obter, porm Anes so mais popula- sofrero oposio de mais do que uma
res, devido sua natureza resistente (que dzia de humanos e Anes, e sempre es-
pode agentar as surras regulares que peram a Lua se pr antes de atacarem.
os Elfos Negros inflingem em seus prisio- Primeiro se espalham em volta do seu
neiros) e porque sabem trabalhar com alvo e, ento, lanam uma cobertura de
rochas e encontrar os melhores veios de feitios para evitar que sejam detectados
metal. Orcs, Trolls e Goblins, s vezes, so pelos animais da fazenda, que poderiam
usados para a maioria das tarefas doms- acordar os habitantes. Flechas incendi-
ticas, mas so fracos, criaturas sem inicia- rias lanadas sobre o telhado iniciam
tiva e os Elfos Negros freqentemente os o ataque, e so seguidas de um assalto
matam logo, por pura frustrao. completo por todos os lados, quando os
Os Elfos nunca so mantidos como es- Elfos Negros invadem atravs das janelas
cravos. Aqueles que no morrem no pri- e portas, livram-se de qualquer resistn-
meiro encontro (uma vez que os Elfos Ne- cia com suas adagas longas e afiadas, e
gros inspiram os Elfos da Floresta a atos arrastam seus prisioneiros para dentro da
surpreendentes de fria suicida) ou que noite. Os atacantes do Cl Camcarneyar
no so assassinados logo depois, so re- vagam pela superfcie do mundo na maio-
quisitados pelos feiticeiros e bruxas para ria das noites, explorando cada vez mais
sacrifcios eventuais em um de seus ritu- campos procura de vtimas.
ais horripilantes, embora a maioria seja
torturada interminavelmente at que Os Reis Feiticeiros e Rainhas
isso acontea. Apesar de suas mutilaes Bruxas - os Shaern Kerithrion
e privaes, jamais se soube de os Elfos Os maiores de todos os Elfos Negros so
da Floresta dizerem uma s palavra para os lderes dos cls e os maiores de todos
seus captores, nem nunca gritaram de os lideres dos cls so os do Cl Keri-
dor, e os Elfos Negros nunca conseguiram thrion, que governa a cidade bem como
coisa alguma de seus Elfos cativos. sua famlia real, e reside em Ai Lindl
Kerithrion, o Palcio de Kerithrion, no co-
Atacando o mundo da rao da cidade negra. O Cl Kerithrion
superfcie encabeado por um conselho de cinco
Os escravos so trocados com os Ores e Elfos, os Shaern Kerithrion, que governam
Trolls da Colina por prata e pedras precio- parte por consentimento geral, e parte
sas, e capturados em ataques superf- por jogar os outros membros do crculo
cie. Esses ataques, geralmente, so feitos uns contra os outros.
por membros do Cl Camcameyar, que Rei Eilden Kerithrion. Ele o lder nome-
se arrastam nas florestas escuras noi- ado do Cl Kerithrion e, portanto, rei de
te, em grupos de pilhagem de no mais Tiranduil Kelthas e governador de toda a
do que oito caadores, escondidos em raa dos Elfos Negros. Na verdade, est
mantos e roupas negras, e por magia de ficando velho e fraco, e entrando em um
proteo que os protege at mesmo dos mundo paranico, onde todos sua volta
mais aguados sentidos animais. Eles nor- so uma ameaa a seu governo. Ele no
malmente escolhem fazendas isoladas ou confia mais em ningum, menos ainda

144
em sua irm Velicoma, e sai dos seus apo- ce ser fria e dura, mas muito eficiente e
sentos em Ai Lindl Kerithrion somente prtica, e trata cruelmente a tolice. Em
para atender aos encontros mais impor- torno dela h uma aura de ameaa quase
tantes do conselho. E um seguidor do tangvel, em parte por causa da confiante
Prncipe Demnio Myurr, que contatou arrogncia e em parte por pura maldade.
ao oferecer sua me viva, em sacrifcio, Se algum dia subir ao poder, todos espe-
h muitos sculos atrs. Myurr lhe disse ram no serem aqueles a quem ela faa
que o trono de Kerithrion est ameaado de exemplo.
pela tempestade de insanidade, e Eilden Prncipe Astrea e Princesa Leya Gara-
agora est esperando que a loucura se thrim. Astrea e Leya so primos do rei e
mostre em um dos outros quatro gover- de sua irm maligna, e agem como uma
nantes sem compreender que ele fora de equilbrio no conselho. Eles so
quem est louco. calmos e inteligentes, e tm pouco tem-
Princesa Velicoma Endl Kerithrion. Di- po para a parania de Eilden e para as
ferente de seu irmo, que planeja matar intrigas de Velicoma. So adoradores de
qualquer dia desses, Velicoma est em Ar Anwar Gerithan (Slangg), mas de algu-
perfeito domnio de suas faculdades, e ma maneira conseguem compensar seus
no tem iluses sobre nenhum dos ou- ensinamentos malignos com tuna cuida-
tros quatro. Ela a Suprema Princesa de dosa preocupao com os procedimentos
Lado Negro, e celebra to dos os sacrifcios apropriados da sociedade dos Elfos Ne-
importantes. Tambm serve ao Prncipe gros. Se Eilden e Velicoma se colocarem
Demnio Myurr, e foi ela quem primeiro um contra o outro numa luta pelo poder,
sugeriu que explorassem o lado paranico eles podero assumir o controle de Ti-
do carter do Rei Eilden. Princesa Velico- randuil Kelthas com um mnimo de pro-
ma uma bruxa implacvel e impiedosa, blemas, pois Leya a esposa do prncipe
e a maioria dos Elfos Negros tem medo Taragl Camcameyar, o cabea do Cl Ca-
dela, sem nem saber por qu. Ela pare- mcameyar.

145
Prncipe Menel Ithilkir. O estourado dos ta destruio da civilizao com a ajuda
Shaern Kerithrion, Menel passa a maior sobrenatural de surpreendentes poderes
parte de seu tempo em ataques superf- malignos, Mas, acima de todas, fica uma
cie, com os membros do Cl Camcameyar, raa, a mais malfica, mais depravada,
e raramente tem tempo para os trabalhos mais decadente e mais perigosa de todas
da poltica de Lado Negro. uma grande a humana. Pois do mesmo modo que
pena, pois ele geralmente est do mesmo um homem capaz de extrema bondade,
lado que o Garathrim, e poderia ajud-los tambm capaz de fazer profundo mal,
a virar o poder do conselho rumo a uma se assim o desejar.
base mais leve e mais eficiente. Do jeito Nos anos que levaram cataclismtica
que est, ele somente atende aos encon- Guerra dos Magos, a raa humana se di-
tros do conselho quando aes militares vidiu ao meio, com um lado claramente
importantes esto sendo consideradas, oposto ao outro, sem haver lugar para
ou quando um sacrifcio especialmente espectadores neutros, Hoje, 280 anos de-
sanguinolento de um prisioneiro Elfo da pois do colapso, a humanidade ainda est
Floresta nobre est marcado para ser par- lutando para se reafirmar, porm ainda
te do entretenimento. Na verdade, ele h homens que seguiram o caminho do
o cabea do ramo Ithilldr do cl, depois Mal at seus extremos. Na verdade, h
da morte recente de sua me, muito mais muitos detalhes a serem vistos; tudo que
forte que ele, nas mos de um envene- podemos fazer nos concentrar naqueles
nador desconhecido; suspeita-se ampla- que talvez sejam os mais importantes, e
mente de que seja mais uma das peque- cair em desespero pelos muitos que tive-
nas conspiraes de Velicoma, mas, na mos que omitir.
realidade, foi tm trabalho de Astrea e
Leya. Razaak, o que no morre
Os cinco membros de Shaern Kerithrion H cem anos, Razaak era um aprendiz de
vivem em partes separadas do palcio, um dos magos Bons da poca. O nome
cada uma protegida por guardas armados de seu mestre surpreendentemente no
e forte magia, s por precauo. Se eles est registrado, mas poderia facilmente
algum dia resolvessem se unir, finalmen- ter sido o prprio Grande Mago de Yore,
te seriam organizados o bastante para Vermithrax Moonchaser. Ele era um pupi-
olhar alm da sobrevivncia do dia-a- lo bastante promissor, como aprendizes
-dia. Seriam capazes de fazer planos para o so, embora, como muitos, tentasse
uma volta superfcie do mundo, a fim correr antes de saber andar. Era fascina-
de encarar, finalmente, os amaldioados do pelo que seu mestre contara sobre a
Elfos da Floresta em uma batalha final, e magia negra dos xams, Elfos Negros e
mostrar-lhes o verdadeiro significado da Demnios. Bisbilhotando nos livros an-
vingana! tigos no estdio de seu mestre, luz de
uma vela bruxuleante, enquanto o ando
As faces do Mal e do dormia, Razaak rapidamente compreen-
Caos deu que tinha uma fora interna para se
H muitas raas perigosas e Caticas, tornar um poderoso necromante, que um
em Titan, trabalhando para a comple- dia poderia obrigar todo mundo a obede-
c-lo. A magia era um instrumento muito
146
precioso para se desperdiar, fazendo o
bem ele a usaria para colocar Allansia
de joelhos.
Naquela mesma noite, Razaak voltou
para seu estreito catre, colocou todas as
suas coisas profanas num saco pequeno,
e deixou o caminho do Bem para sempre.
Ele viajou para os desertos remotos, na
ponta extrema das Terras Planas, onde
meditou, estudou e praticou as artes ar-
canas em completa solido por quarenta
anos, at que percebeu que seus poderes
tinham se tomado to grandes que se
transformara em um necromante capaz
d trazer os mortos de volta vida para
serem seus escravos! Sentiu-se, ento,
seguro de que Allansia em breve seria
sua.
te, a espada pertencera ao prprio Ra-
Razaak enviou mensagens para todos os
zaak, e era a nica espada em Titan que
nobres da terra, exigindo que o reconhe-
poderia feri-lo! Como parte de seu pacto
cessem como seu governante definitivo.
final com as divindades demonacas que
Mas eles nunca haviam ouvido falar sobre
o aceitaram em seu grupo como um ne-
ele, e ignoraram suas ameaas como sen-
cromante, Razaak tinha que se descartar
do o trabalho de mais um feiticeiro lunti-
de todas as armas, com exceo das facas
co. A resposta de Razaak veio na forma de
de sacrifcio, que ele consagrara ao Mal
milhares de insetos negros, que espalha-
como parte de sua iniciao. Mas no
ram praga e peste em todas as terras. Ele
havia um modo de destruir sua espada,
enviou outra mensagem para todos os
ento ele a jogara no lago de onde ela
governantes, desta vez com um prazo: ti-
ressurgiu na mo de um esqueleto! Uma
nham at a prxima Lua cheia para reco-
incrvel ironia do destino, digna do pr-
nhecer sua liderana, ou as coisas pode-
prio Logaan, o Trapaceiro, fez a lmina
riam ficar ainda piores. Vrios guerreiros
voltar a Razaak nas mos do agora inven-
foram despachados para assassinar Raza-
cvel Kull.
ak, mas todos morreram na tentativa.
Porm, no momento em que a lmina
Por fim, chegou um guerreiro chamado,
voltou ao lar, Razaak lanou sua maldio
simplesmente, Kull. Ele possua uma es-
sobre o guerreiro. A pele de Kull caiu de
pada que achara agarrada em mo esque-
seus ossos como areia em tomo de seus
ltica, projetada de um lago velado por
ps, e ele foi transformado em um esque-
uma bruma, no alto das Colinas Moons-
leto, que brandiria a espada para sempre!
tone, quando o atravessava em sua balsa.
A coisa sem crebro, que um dia fora Kull,
Era uma lmina encantada, capaz de cor-
retornou ao lago onde encontrara a aben-
tar uma armadura blindada sem que seu
oada e amaldioada espada, e agora na-
fio ficasse cego ou marcado. Antigamen-
vega de um lado para o outro, esperando

147
que algum a tome dele e o liberte para cheia, Tiriel, com sacrifcios de sangue e
o sono da morte. O corpo de Razaak foi rituais bizarros. Um grupo, passando si-
selado em um sarcfago de pedra, que foi lenciosamente sobre a neve sem deixar
depois colocado numa fissura profunda nenhum rastro, ouviu o choro da criana.
no alto das colinas, e o necromante ma- Eles encontraram, em uma pattica trou-
ligno foi esquecido. Entretanto, nos lti- xa congelada, uma criana humana que
mos meses, atravs do Passo de Trolltoo- gritava com todas as foras. Levaram-na
th, tem chegado notcias de fome, peste e para o lugar de seu ritual, e a ofereceram
praga surgindo nas Terras Planas. ao Guardio Silencioso no cu em troca
O cu tomou-se escuro e ameaador, o de sua bno. Ela era um presente do
Sol escondeu-se atrs de uma parede paraso e ficaria sob a proteo de Tiriel
cinza. A fonte do Mal foi apontada como para sempre. Depois de feito o ritual, os
sendo a fissura nas montanhas, enegre- Elfos Negros saram e retomaram para
cida pelo fogo e corrompida pelo Caos... sua cidade no subterrneo.
poderia Razaak ter sido perturbado e ter
O Filho da Tempestade
retomado ao Plano Terreno?
Eles deram o nome criana de Aren
Tintathel, Filho da Tempestade, e o cria-
Malbordus, o Filho ram em seu templo, sob a proteo da
da Tempestade rainha bruxa Velicoma Kerithrion. Confor-
Malbordus um feiticeiro humano, um me crescia, foi introduzido por ela nos ca-
servo poderoso do Mal e do Caos, cujo minhos de Myurr, o Prncipe Demnio, e
tempo somente agora est comeando a ensinado nos princpios dos Elfos Negros,
surgir. Seu nome significa Filho das Tre- como se fosse um deles. Seu rosto, de um
vas em Elfo Vulgar, e lhe foi dado pelos branco plido, e seus penetrantes olhos
Elfos da Floresta de Darkwood, quando azuis, eram muito estranhos para os Elfos
ele tinha nove anos. Para entender as Negros de pele negra. E o poder prim-
razes desse nome, temos que voltar ao rio de sua alma humana no tardou a se
seu nascimento. firmar.
Malbordus nasceu numa cabana arruina- Quando Aren estava com sete anos, no
da e desmoronada na fronteira da Flores- se distinguia das crianas pequenas dos
ta de Darkwood, na Allansia antiga, em Elfos Negros em nenhum aspecto, exce-
meio a um inverno o mais rigoroso de to fisicamente; sua pele, que parecia se
centenas de anos. Ningum sabe quem tornar mais branca medida que crescia,
era sua me, mas se acredita que era ape- o apontava como algo especial. Porm
nas uma simples arrendatria. Certamen- diferente das outras crianas, ele carre-
te, ela.no poderia sustentar uma outra gava dentro de si uma determinao to
criana, pois o beb foi abandonado em intensa que era assustadora para aqueles
um monte de neve a cerca de uma lgua a quem escolhia revel-la. Ele falava, com
dentro da floresta. sentimento profundo de dio e raiva, dos
Naquela noite, Elfos Negros encapuzados residentes da superfcie, que o deixaram
de preto vindos de Tiranduil Kelthas, a ci- na neve para morrer h tantos anos atrs,
dade amaldioada de Lado Negro, escon- e falava de um tempo em que os lembra-
dida bem abaixo da superfcie do mun- ria da sua to falada humanidade. Esse
do, estavam na floresta, cultuando a Lua
148
O primeiro teste de magia
A magia dos Elfos pura e graciosa, reple-
ta do poder livre da prpria natureza. Mas
a magia dos Elfos Negros vil e degradan-
te, uma fora das trevas que to genu-
na, que causa vergonha desprezvel
escurido da noite. Para ser iniciado nos
primeiros estgios das complexidades de
seus arcanos, um Elfo Negro tem que pro-
var merecimento atravs de algum teste;
ento, um segundo teste se seguir bem
depois, e apresentar a concluso de seu
aprendizado. A maioria dos Elfos Negros
fazem o teste inicial depois de meio s-
culo de estudo e culto, mas o Filho da
Tempestade estava apenas completando
nove anos quando foi submetido inicia-
o. Para o pequeno Aren, o teste era
um de seus prprios planos. Ele voltaria
ao mundo da superfcie, onde no tinha
tipo de conversa nunca tinha sido ouvida posto os ps desde que fora encontrado
antes, sada da boca de uma criana pe- na neve, naquela terrvel noite de inverno
quena, e a Princesa Velicoma declarou exatamente h nove anos atrs, e come-
ser ele um presente dos deuses (embora aria o primeiro estgio de sua vingana.
os deuses a que se referisse sejam muito Assim, numa noite tempestuosa de inver-
diferentes dos nossos). no, uma pequena silhueta encapuzada de
Um ano depois, a natureza da criana ti- negro saiu suavemente da entrada escon-
nha se desenvolvido para um estgio mais dida das cavernas que levam a Tiranduil
avanado, e comeou a se manifestar em Kelthas, e desapareceu nas sombras da
demonstraes espontneas de magia floresta. Ele no sabia para onde estava
selvagem. Ele podia estalar seus dedos e indo, nem o que faria para provar seu
fazer as plantas murcharem e morrerem valor, mas sabia que os seres sem nome
de puro dio. Olharia fixamente bem den- que sabia o protegiam por tanto tempo, o
tro dos olhos de um Lagarto Gigante, dez protegeriam nesta noite.
vezes maior que ele, ou de um co selva- A sorte, se que era isso, estava com ele
gem Elfo que encontrasse na rua, e a fera naquela noite, pois logo chegou a uma
sem inteligncia o seguiria despreocupa- rea de densas rvores, onde o aroma era
damente aonde quer que fosse, at que mais forte. Sua viso de Elfo Negro per-
morresse de fome porque a criana es- cebeu a forma de casas de rvores, bem
quecera de mandar que comesse. Aren acima do cho. O som distante de risos
estava nitidamente destinado a ser um viajou no vento at ele, e soube ento
grande manipulador de magias antigas. que aquele era o lugar onde sua vingan-
a comearia. Por um acaso, a pequena

149
criana tinha entrado no meio da cidade mente. Uma segunda rvore pegou fogo,
dos Elfos da Floresta, chamada Caranos, depois uma terceira e tuna quarta. E logo,
passando tranqilamente pelos guardas todas as rvores, at onde Aren podia
de patrulha. ver, estavam em chamas, e do topo delas,
Reunindo toda fora interior que podia, figuras se lanavam para a morte, suas
Aren comeou a pensar em fogo. Peque- roupas acesas com as labaredas do Mal
nas labaredas altas e quentes, a madeira de Aren.
brilhando com o calor, o mau cheiro de Toda a cidade de Caranos, no topo das
carne queimando Aren pensou em rvores, estava incendiada, com os Elfos
tudo isso. E o poder comeou a se formar da Floresta correndo para todos os lados
dentro dele; todo o dio, a raiva e o Mal em tentativas vs de tentar a extino
dentro de si fluram atravs de sua mente, do fogo. Mas j era tarde muito tarde
onde foram convertidos em pensamentos para gua e muito tarde at mesmo para
de fogo, fogo, fogo. A primeira rvore foi magia. Enquanto corriam em crculos, em
pega, explodindo em chamas com um cla- pnico, vrios Elfos esbarraram na peque-
ro brilhante de luz, que cegou a pequena na criana humana que ficava, enrolada
criana. Mas ele prosseguiu concentran- em seu manto, olhando fixo para as cha-
dose, deixando o verdadeiro fogo alimen- mas com olhos arregalados e um sorriso
tar as chamas que circulavam em sua satisfeito em seu rosto. Mas eles estavam

150
muito ocupados naquela hora para no- permitirem que terminasse seus estudos
tla, pois suas vidas estavam desabando da sabedoria proibida da magia dos Elfos
volta deles. Negros. E, desta vez, ele no se contenta-
S muitssimo mais tarde, quando os Elfos ria em queimar umas poucas rvores. Da
contavam os mortos e se perguntavam prxima vez em que Malbordus puser os
como isso podia ter acontecido, que a ps na superfcie, toda a Allansia saber.
criana foi lembrada. E eles se pergun-
taram quem seria, essa criana de rosto Shareella, a feiticeira da neve
doce, que aparecera do nada para obser- No extremo norte gelado de Allansia, as
var suas famlias e amigos morrerem. Os Montanhas do Dedo de Gelo assomam
Elfos procuraram em volta por alguma sobre as plancies limitadas pelo gelo,
pista, e encontraram um pequeno man- seus picos escarpados apontando acusa-
to negro, nas cinzas da rvore maior. Era doramente para o cu. Nas montanhas
feito de um tecido estranho, e estava im- vivem criaturas selvagens como Yeti, e
pregnado de um cheiro de mofo, como se Toa-Suo, que caam animais menores de
tivesse estado enterrado por muito tem- seu hbitat gelado, Mas, nos ltimos anos
po, o que fez com que os Elfos se sentis- as Montanhas do Dedo de Gelo tm sido
sem nauseados. O Elfo que tentou peg- tambm o lar de no-humanos malignos
-lo deixou escapar um grito, pois queimou Orcs, Goblins, Ogres e Trolls que
sua mo com o frio intenso de puro Mal. fazem ataques espordicos a povoados
Ento souberam que era um manto de de caadores isolados, em busca de es-
Elfos Negros e que a misteriosa criana cravos. Esses seres asquerosos servem
humana estava ligada aos Elfos Negros da vil bruxa conhecida como a Feiticeira da
amaldioada Tiranduil Kelthas. Neve.
A histria da criana que destruiu a cida- Esta bruxa demonaca mora num extenso
de dos Elfos se espalhou rapidamente por emaranhado de cavernas cuidadosamen-
todas as partes da nao Elfo, e deram- te vigiadas, conhecidas como as Cavernas
-lhe o nome de Malbordus, o Filho das de Cristal. Essas cavernas fabulosas foram
Trevas, e sua importncia cresceu cada recortadas do gelo de uma geleira no alto
vez mais na narrativa. Porm, bem abaixo de uma montanha, muitos anos atrs, pe-
da superfcie da Floresta de Darkwood, o las mesmas criaturas degeneradas que a
pequeno Aren ou Malbordus, como ele servem at hoje. O que ela est fazendo
mesmo viria a se autodenominar, estava aqui, nessa terra gelada, no se entende
sossegando a fim de estudar os rudimen- muito, mas h rumores de que ela est se
tos do primeiro estgio da magia dos El- aclimatando aos poderes da magia do
fos Negros. Desde a solitria exploso de gelo, treinando at que esteja pronta
seus poderes, ele no botou os ps no para soltar o frio e trazer uma nova Era
mundo exterior novamente, e seu nome Glacial a Titan e, nesse ponto, assumir o
foi esquecido por todos, exceto por uns controle.
poucos. At bem recentemente, ningum sabia
Entretanto, ele deve se tornar adulto em de onde tinha vindo a Feiticeira da Neve
breve, a hora em que teria que fazer seu numa hora as montanhas estavam cal-
segundo teste de iniciao, a fim de lhe mas, na seguinte ela havia chegado, com

151
como Shareella. Nessa cidade distante,
as mulheres tm mais importncia nas
funes religiosas e sociais, enquanto os
homens se tomam soldados ou comer-
ciantes. Parece que eles acreditam que as
mulheres so criaturas muito mais espi-
rituais do que os homens, mais fsicos.
Para compensar esse fato, uma feiticeira
tinha que vagar nas rgies ridas do nor-
te como um teste de sua habilidade para
sobrevivncia e fora de vontade. A jovem
Shareella foi treinada como uma feiticeira
e, como teste, foi enviada para as bordas
das Montanhas do Dedo de Gelo no in-
verno, onde teria que sobreviver sem
o benefcio do fogo, abrigo, ou qualquer
outro conforto por cinco semanas.
No princpio, Shareella achou a viagem
muito dura, pois estava acostumada
como o clima quente de Zengis, mais ao
sul. Mas ao fim da segunda semana, ela
seu exrcito de Orcs e Goblins. Mas gra- estava ficando mais aclimatada s condi-
as ao esprito indmito de Harlak Erlis- es, e comeou a explorar sua vizinhan-
son, um aventureiro de Frostholm, ns a. Gradativamente, perambulou cada
sabemos muito mais sobre ela e podemos vez mais para cima dos Dedos de Gelo,
mesmo comear a reunir as peas da vida vivendo do veado da neve que pegara e
infeliz que a levou a esse ponto. Harlak matara com as mos nuas, mas que cozi-
passou nove meses como um escravo de nhara com fogo mgico. A quatro sema-
suas cavernas, sendo forado a atacar e nas no teste, Shareella estava explorando
matar povoados humanos devido a um a regio, como sempre, quando chegou a
colar mgico que estava preso a seu pes- um vale de desfiladeiro recluso que nunca
coo, mas que no evitava que sua mente havia visto antes. Ela olhou dentro dele
observasse e lembrasse de tudo que via. e parou! Bem no fim da depresso havia
O bravo guerreiro fugiu depois que seu tuna esttua gigantesca de um Demnio,
colar foi arrancado, ao ser pego numa aparentemente esculpida em gelo slido.
avalanche que matou os outros membros Mas quando se aproximou dela, e colo-
de seu grupo de ataque. Ele atravessou as cou a palma da mo em sua surperfcie
plancies geladas em direo Allansia e surpreendentemente morna, uma voz
liberdade, e ento, veio-nos para contar falou dentro de sua cabea a voz do
o que tinha visto e aprendido. Demnio de Gelo que repousava dentro
A Feiticeira da Neve antigamente era hu- da esttua. Falou-lhe de muitas coisas
mana. Como tuna jovem mulher em Zen- sobre os Demnios e seus trabalhos, e
gis, onde nasceu e cresceu, era conhecida sobre as perverses da Bondade e as

152
blasfmias da Neutralidade. E mostrou- arcanos, desde espetar agulhas em bone-
-lhe uma viso do mundo coberto de gelo cas de vodu e feitios simples para azedar
e ela como sua governante onipotente! leite, at levantar os mortos e conversar
Shareella foi convertida num instante, e com os Demnios.
prometeu sua alma a fim de fazer tudo Os trs jovens aprendizes eram estudan-
que pudesse para atingir esse objetivo. tes perspicazes e aprenderam sua arte
Sob as instrues do Demnio de Gelo, horrenda rapidamente, sua capacidade
ela tornou-se uma necromante, capaz de parao mal surpreendendo at mesmo o
erguer Zumbis ou Esqueletos dos corpos depravado feiticeiro ancio que os en-
dos mortos para servi-la. Ela foi provida sinara. Eles escapuliam de noite, bem
de hordas de Orcs e Goblins, que ado- depois de seu professor ter se retirado
ramo Demnio, a fim de construir para para a cama e, s por divertimento, se es-
ela as Cavernas de Cristal, onde agora gueiravam nos campos dos cavaleiros n-
reside, escondida dentro das montanhas mades sob o manto de magia negra, que
por uma parede de gelo ilusria. Por sua escondia seu cheiro dos cavalos sensveis.
vez, as raas inumanas trouxeram-lhe es- L, na escurido, cuidadosamente, colo-
cravos, que ela mantm em ordem com cavam armadilhas mgicas, que mais tar-
colares mgicos especiais, que do cho- de explodiriam em chamas, quando, em
ques agudos de dor a qualquer hora que segurana atrs de uma moita de galhos
deseje. Shareella transformou-se devido espinhentos, os trs poderiam observar
aos poderes dados a ela pelo Demnio, os nmades correrem desesperadamen-
e agora uma Vampira, capaz de sugar te, tentando apagar suas tendas flame-
as almas dos corpos das outras pessoas. jantes.
Contudo, ela gasta todo seu tempo es- Estes trs se chamavam Balthus Dire, Za-
tudando os poderes do gelo e se prepa- gor e Zharradan, e suas atividades logo se
rando para o dia em que as geleiras iro tornaram conhecidas por grande parte
rachar e, vagarosamente, deslizar para de Allansia. Quando atingiu a idade de
cobrir todo Titan. dezessete anos, o trio decidiu que j es-
tava exausto do aprendizado e que estava
Os trs demnios cansado de viver nas Terras Planas. Eles
Anos atrs, um feiticeiro ancio teve trs mataram seu professor pela magia, deixa-
pupilos, a quem ensinou numa escola ex- ram-no estirado muna poa de sangue, e
clusiva para magia. Todavia, diferente do se esgueiraram pelo Passo de Trolltooth e
Grande Mago da Floresta de Yore, ele era para dentro de Allansia antiga. L, som-
um servo do Mal e do Caos, e seus trs bra da Floresta de Darkwood, disseram-se
pupilos estavam sendo treinados para adeus, desejando um ao outro a sorte dos
serem bruxos e necromantes. O claustro Senhores Negros em alcanar seus objeti-
desse mago maligno, cujo nome era Vol- vos nos anos vindouros.
gera Darkstorm, ficava escondido junto s Balthus foi para o sul, cuidadosamen-
regies gramadas das Terras Planas, perto te evitando a Floresta de Yore. O aroma
de um dos vrios crculos antigos de pe- doce da Bondade pairava sobre a floresta,
dras que se amontoam nas plancies. L, fazendo com que o jovem feiticeiro se
os quatro estudaram todas as artes dos sentisse mal, mas atravessou-a rapida-

153
mente. Ele no virou para o lado quan-
do chegou aos contrafortes das Monta-
nhas Craggen, mas continuou viajando
para dentro deles, andando at que no
pudesse prosseguir mais para cima. L,
nas montanhas descobertas, ele dormiu,
porm no dia seguinte cedo, atingiu seu
objetivo a cidadela construda por seu
av e agora habitada pelo pai, ambos pra-
ticantes de magia negra. Na hora em que
seu pai o abraou, dando-lhe as boas-vin-
das, Balthus enfiou-lhe um punhal entre
as costelas e a Cidadela do Caos era
dele! Sabia o que tinha a fazer. Reuniria
sua volta os servos do Caos, Ores e Go-
blins e criaria seus prprios servos
tambm, formando-os a partir de outras
criaturas a fim de se presentear com os
exrcitos mais fortes da Terra. Mostraria
a Zagor e Zharradan quo maligno podia
onde governa uma coleo heterognea
ser!
de servos malignos, vigiando os tesouros
Zagor, enquanto isso, foi para o norte
fabulosos que roubou dos Anes tantos
com Zharradan por um tmpo, ladeando
anos atrs. Do outro lado de Allansia, o vil
a Floresta de Darkwood, at que o outro
Balthus Dire governa sobre a Torre Negra,
se separou e foi para o leste, adentrando
uma cidadela espectral que fica no topo
as Colinas Moonstone. Zagor viajou por
do Rochedo Craggen, como um dedo fu-
muitos dias, at que avistou a Montanha
rioso, apontando acusadoramente para
de Fogo, um pico que vrias vezes vira
os deuses! Em seus labirintos de viveiros,
em seus sonhos enviados pelos Dem-
criaturas mutantes criadas por Balthus
nios. Aqui, ele sabia, estava seu destino.
em seus prprios laboratrios treinam
Naquela poca, as lendrias cavernas sob
no uso de armas e magia, junto aos Elfos
as montanhas estavam ocupadas pelos
Negros e muitos Ores e Goblins. Eles se
Anes, porm isso logo mudou, quando
preparam para a guerra, pois seu lder
o maligno Zagor invadiu-as com uma for-
satnico planeja us-los para invadir o
te tropa de Orcs e asquerosas criaturas
Vale do Salgueiro e a cidade antiga de
mortas-vivas. Alguns dos Anes fugiram
Salamonis, trazendo Caos e morte terra
pelas infindveis passagens, semelhantes
agradvel como um tributo s divindades
a labirintos, e nunca foram pegos, contu-
geradas no inferno de Dire.
do, muitos foram mortos, proporcionan-
Mas, e Zharradan? Bem, sabe-se que ele
do ainda mais tropas mortas vivas para o
foi para o leste dentro das Colinas Mo-
necromante.
onstone, muitos anos atrs. Podemos
Agora, muitos anos mais tarde, Zagor
traar seu caminho muito bem a partir
senhor e mestre da Montanha de Fogo,
de pequenas pistas que deixou atrs de

154
si, ao longo do caminho uma vila de Enquanto isso acontecia, Carnuss Cha-
Elfos queimada aqui, um povoado de ravask aprendia uma grande quantidade
Woodlings massacrado acol, e assim por de coisas cansativas com o feiticeiro da
diante. Entretanto, quando ele chegou corte, Zaragan, o Enrugado, que era um
ao corao das Moonstones, parece ter professor muito sbio, porm muito en-
desaparecido sem deixar nenhum rastro. tediante tambm. Do aposento no topo
Dizer que ele perigoso subestim-lo da torre arruinada onde o mago vivia,
se estiver vivo. apenas concebvel que Carnuss podia ver seu irmo competindo
tenha sucumbido aos perigos do mundo: ou caando com ces fazendo todas as
esperemos que assim seja. coisas que Carnuss queria fazer. Mas no,
ele no estava destinado a essas grande-
Sukumvit e Carnuss zas. Em sua mente, mesmo na tenra ida-
Dizem que no h lao to forte nesse de, ele nutria um dio que duraria muitas
mundo como o amor fraternal, mas isso dcadas.
claramente no se aplica sempre. H mui- Quando seu irmo mais velho tinha vin-
toS anos atrs, havia dois jovens irmos, te e um anos, o Baro Arkat morreu e
os filhos do Baro Arkat Charavask, que Sukumvit foi imediatamente declarado
naquela poca era o governante da prs- Baro de Fang. Carnuss, somente um ano
prera cidade comerciante do norte, Fang. mais novo, ficou com raiva de seu irmo
Fang era, e ainda , a capital da peque- adquirir tamanha riqueza e poder to
na, porm rica, provncia de Chiang Mai, repentinamente, que planejou se vingar.
que fica logo ao norte da Allansia antiga. Comeou a se misturar com ladres e as-
A fronteira dessa terra o Rio Kok, uma sassinos nos bares decadentes das reas
torrente de corredeiras que traz barcaas pobres de Fang, entrando numa turma
e navios mercantes de locais longnquos perigosa. Ele baixava l, todas as noites,
como a cidade de Zengis, em Kaypong, murmurando o quanto gostaria de matar
ao norte, e de outras terras atravs do seu irmo. Em um certo momento, alguns
Oceano Oeste. O Baro Arkat era exces- de seus amigos decidiram acolher sua
sivamente rico e seus dois distintos filhos oferta mas isso lhe custaria 1.000 Mo-
tinham de tudo. edas de Ouro, uma vez que seria difcil
Contudo, Carnuss tinha muito cime de chegar perto da vtima.
seu irmo; ele achava que Sukumvit mo- Carnuss, em sua idiotice juvenil, concor-
nopolizava demais a ateno de seu pai. dou porm os assassinos foram dire-
Sukumvit, como filho mais velho, podia to a Sukumvit e lhe contaram do plano,
contar em herdar o governo de Chiang pois eles eram membros da guarda pala-
Mai, aps a morte do Baro Charavask, ciana que o Baro havia contratado para
portanto, seu tempo era gasto acompa- vigiar seu tolo irmo. As conspiraes de
nhando-o a fim de aprender as tarefas Carnuss foram expostas publicamente, e
do governo: estavam juntos em visitas de o jovem nobre fugiu da cidade em des-
estado, na corte ouvindo as reclamaes graa. Ele viajou por todos os lados, mas
dos cidados, falcoando, ou caando, e descobriu que assim que mencionava seu
nos campos de treinamento, onde Suku- nome, as pessoas riam dele. Indo cada
mvit estava aprendendo o uso da espada vez mais para sul, acabou indo viver na
e da lana.
155
redesenhado e reconstrudo sua Prova
de Campees, como o chamava, enviou
mensageiros a todas as cidades e vilas de-
zenas de lguas em volta, declarando que
ningum jamais passaria por ela vivo!
Carnuss, meditando em seu distante cas-
telo, de repente viu uma maneira de se
vingar de Sukumvit depois de todos es-
ses anos. Encontraria um campeo, um
guerreiro e aventureiro duro o suficiente
para sobreviver tudo o que o medocre
labirinto do Baro pudesse jogar sobre
ele. Com esta finalidade, criou a Arena
da Morte na Ilha de Sangue, que ainda
funciona. Ele usa escravos obtidos para si
pelo pirata notrio e assassino de massas,
Capito Crnio Bartella; esses escravos
quase sempre so apenas pessoas nor-
mais que foram persuadidas a unirem-
-se ao bom capito e sua vil tripulao
em um pequeno cruzeiro no mar. Assim
que chegam ilha, Carnuss submete seus
Ilha de Sangue, fora da costa deserta da aprendizes a combates mortais na are-
Allansia do sul, onde construiu um slido na. Ele est tentando reduzi-los a apenas
castelo. um nico guerreiro, que o representar e
Conforme os anos de exlio e isolamento ganhar a Prova de Campees, mas seus
se passaram, o dio de Lord Carnuss por testes so por demais extenuantes. Entre-
seu irmo inflamou-se, at que o tornou tanto, quando algum realmente sobrevi-
quase louco. Enquanto isso, Sukumvit sa- ver, ele planeja mand-lo para o norte, a
boreava um reinado longo e pacfico em fim de se vingar de seu sdico irmo.
Fang, onde era bastante amado pelos ci-
dados, apesar de sua tendncia violn- O arquimago
cia. Como um passatempo sdico particu- H muitas coisas que no sabemos sobre
lar, ele construiu o Calabouo da Morte, o Arquimago de Mampang, muitssimas
um forte complexo subterrneo, repleto coisas. No temos registros de onde ele
de criaturas mortais e armadilhas perver- nasceu, qual sua nacionalidade, nem
sas. Ofereceu um prmio de 10.000 Moe- quem foram seus pais se que teve
das de Ouro ao guerreiro que conseguisse algum. No se sabe quem o treinou nos
atravess-lo. Quando um finalmente rudimentos de magia negra, nem onde
o fez, a reputao de Sukumvit sofreu fez seu aprendizado.
enormemente, mas ele no se assustou Quaisquer que sejam suas origens, en-
e imediatamente fez planos para algu- tretanto, agora todos o conhecem, pois
mas mudanas. Quando finalmente tinha ele o senhor e mestre da vil cidadela de

156
Mampang, onde treina suas tropas ma- Finalmente, depois de muitos anos de
lignas de guerreiros no-humanos, e de construo, a fortaleza de Mampang es-
onde ameaa escravizar todos de Kakha- tava terminada, e o Arquimago e seus
bad sob seu governo. Quando chegou ao servos malignos foram morar l. Por tal-
Alto Xamen, ele j estava com quase trin- vez trinta ou quarenta anos, o Arquimago
ta anos e toda a rea era inabitada. Mas continuou a estudar as artes dos arcanos,
ele reuniu em volta de si todos os tipos de invocando Demnios e fazendo pactos
Goblins, Orcs, Trolls e vrios outros servos com eles em troca de poder cada vez
ignorantes do Mal e do Caos, e comeou maior, aumentando cada vez mais sua pe-
a construir o que mais tarde veio a ser rcia na prtica de magia negra.
Mampang, a Cidadela do Arquimago.
As sete serpentes
No incio, os campos provisrios dos
Mais ou menos nessa poca, dez ou quin-
construtores ficavam sujeitos a ataques
ze anos atrs, diz a lenda que o Arquima-
dos Homens-Pssaro da rea, os Schinn,
go lutou uma batalha no tvel. Enquanto
que, logicamente, no queriam nenhum
o feiticeiro estudava sua bruxaria negra,
feiticeiro vil construindo sua grande cida-
seus servos vis atacavam cada vez mais
dela negra nas terras deles. O Arquimago
frente, trazendo terror a vrios povo-
fingiu que queria se reunir e discutir o
ados isolados em Baddu-Bak e ao longo
assunto, mas quando os lderes dos Ho-
dos bancos do Lago Tlklaia, na vizinhana.
mens-Pssaro chegaram para a confe-
Mas foi enquanto eles estavam exploran-
rnda com o mago, ele os matou. Ento,
do as cavernas acima da Floresta Avanti,
negociou com outros Homens-Pssaro,
no extremo oposto de Xamen, que en-
os inimigos tradicionais da faco que
contraram a Hidra.
protestava, oferecendo-se para ajud-los
A batalha titnica durou dois dias inteiros,
com suprimentos de ouro e jias em troca
durante os quais magia selvagem brilhou
de sua ajuda para manter os Schinn dis-
tantes.

157
em volta dos picos montanhosos e o Ar- atravs de Titan, em Porto Blacksand, o
quimago recebeu, afora as queimaduras corao da Allansia povoada, a verdadei-
severas, um ferimento profundo, cuja ci- ra terra da aventura. Que cidade! Ain-
catriz aparentemente vai de seu pescoo da mais maligna que Khar, o Porto dos
ao joelho direito. Contudo, a Hidra foi fi- Ardis das terras selvagens de Kakhabad,
nalmente morta. ela fica no corao de Allansia como uma
O Arquimago ficou to impressionado ferida aberta em um leproso agonizante!
com a fora e a destreza dessa extraor- Mesmo aqueles que l moram a chamam
dinria adversria, que ele pegou suas de Cidade dos Ladres . pois atrai todos
sete cabeas e lanou feitios poderosos os piratas, bandidos, assassinos, ladres e
e intrincados sobre elas. Ento, reunindo malfeitores por centenas de lguas sua
todas as suas habilidades de necroman- volta. O perigo espreita cada esquina de
cia, ressuscitou-as como sete serpentes cada rua, onde os fortes espreitam os fra-
aladas! Talvez como piada cruel, ou pos- cos, e os fracos espreitam uns aos outros.
sivelmente, porque ele ainda acreditava Contudo, Blacksand governada pelo
nelas naquela ocasio, designou cada maior ladro de todos eles, o misterioso
uma delas a um dos deuses do Mundo Lord Azzur.
Antigo. O poder de Glantanka foi dado Azzur tem governado Porto Blacksand
Serpente do Sol; o de Lunara Serpente por, pelo menos, trinta anos. Ele subiu
da Lua. Quatro outras serpentes foram ao poder depois de usurpai o controle de
associadas respectivamente terra, ao ar, seu senhor anterior, um Baro Valentis,
ao fogo e gua, e ltima foi dado o po- numa tomada sutil da cidade que envol-
der de Chronada, o obscuro deus do tem- veu o envenenamento do cabea do exr-
po de Kakhabad. As Sete Serpentes ainda cito, a decapitao do irmo de Valentis,
o servem, dizem, trazendo informaes o bloqueio do porto com navios piratas,
para ele de todas as terras apodrecidas. e o enforcamento do baro na torre mais
E agora os rumores dizem que ele tem a alta de seu palcio! Contudo, h muitas
maravilhosa Coroa dos Reis, roubada do teorias sobre quem Lord Azzur em
rei de Analand pelos Homens-Pssaro! uma s noite, voc vai se deparar com
Ns s podemos nos arrepiar em pensar vrias em cada taberna pelas quais pas-
no poder de que ele pode dispor agora. sar mas poucos sabem a verdade. Ex-
Ele no vai parar em Kakhabad, pode es- ceto em algumas raras ocasies, Azzur se
tar certo disso, no importa quo sem mantm sempre fora de vista desde que
rumo ele esteja todo o Mundo Antigo tomou a cidade, e sempre age atravs da
pode no estar a salvo de seus planos de Guarda Azzur, que se traja toda de negro.
conquista, uma vez que o Arquimago sa- A conexo pirata preocupa vrios cida-
boreou os frutos podres da tirania. dos e alguns dizem que Azzur o irmo
de um bandido famoso, Garius de Halak;
Lord Azzur, o Tirano de outros dizem at que ele Garius de Ha-
Blacksand lak! O fato de seu escudo mostrar um
Por ltimo, mas de modo algum menos barco num mar revolto margeado pelo
importante, chegamos ao crculo com- Sol e pela Lua adicionou grande peso a
pleto de onde comeamos nossa viagem essas teorias. Pesquisa extensa feita pelo

158
grande historiador, estudioso e viajante,
Zelakar de Chalannabrad, entretanto, fi-
nalmente revelou o verdadeiro passado
de Lord Azzur.
A vida pregressa de Azzur
Lord Varek Azzur nasceu de pais nobres
na cidade de Arion, bem distante de Por-
to Blacksand, na ponta nordeste de Khul.
Arion, como todas as cidades, habitada
pelos bons e pelos maus, pelos Bons e pe-
los Caticos, Para o jovem Azzur, o lado
mais negro da existncia sempre guardou
mais atrativos. Ele ficava fascinado com
os adoradores de estranhas divindades
como Kukulak, o deus das tempestades
de Khulian, trajados bizarramente, cujos
devotos sempre saam totalmente envol-
tos em grossos mantos negros. Quando
atingiu a idade de dezesseis anos, escon-
deu-se no templo de Kukulak durante
uma cerimnia e aprendeu o porqu de
seus adoradores sempre se vestirem as-
sim: como parte de sua iniciao, ferros
em brasa eram aplicados em suas faces e
corpos, causando grandes verges e cica-
trizes, Se as cicatrizes se formam em ru-
nas de Kukulak, o aclito aceito; se no,
ele levado do templo e expulso. Azzur
foi pego naquela noite, espreitando nas
sombras, nos fundos do templo, depois
de tropear acidentalmente num grande
candelabro de metal. Foi-lhe dado uma
simples escolha fazer o teste do fogo
ou morrer ali mesmo.
As queimaduras foram feitas e se for-
maram em runas de Kukulak diante dos
olhos desapontados do supremo sacer-
dote. Azzur era, de repente, um iniciado
de Kukulak, o deus das tempestades! Te-
mendo pelo que seus pais diriam quando
vissem seu rosto, Azzur fugiu de Arion a
bordo de um navio mercante em direo
a Corda. Contudo, no caminho, o navio foi

159
atacado por piratas, operando na regio Porto Blacksand sob os domnios
das Ilhas de Rockwall, que escravizaram de Azzur
os tripulantes melhor capacitados do O governo de Azzur tem sido severo. A ci-
navio, e jogaram o resto aos tubares. O dade se tornou um santurio para todas
capito dos piratas (seu nome e o nome as espcies de malfeitores, e no mais
do navio no so conhecidos) ficou intri- seguro para um homem comum andar
gado pelo rapaz de cicatrizes envolto em pelas ruas no que a maioria possa re-
negro e permitiu-lhe que se tornasse seu almente faz-lo, pois Azzur imps um sis-
camareiro. tema restrito de passes. Isso foi reforado
Aqui, os rastros de Azzur ficaram perdidos pela sua milcia da cidade, toda trajada de
de Zelakar por algum tempo, sem contar negro, que inclui Trolls e Ogres. Os passes
com uma quantidade de registros sem so caros e variam de acordo com o que
confirmao de um bravo guerreiro pira- uma pessoa deseja fazer: um necess-
ta com um rosto pesadamente marcado rio para entrar na cidade; um outro para
de cicatrizes, que serviu com um capito sair; outros so requeridos para beber em
operando na regio prxima s Ilhas Ar- certas tabernas; entrar em um templo, fa-
rowhead. Nove anos depois que fugiu zer comrcio. quase impossvel sair nos
de Arion, Varek Azzur surgiu em Merluk, dias em que os militares esto cumprindo
o pequeno porto na ponta do extremo as ordens de seu senhor e checam todo
sudeste de Allansia, no controle de uma mundo!
galera pirata chamada A Face do Caos. Ele Os cidados tm visto Lord Azzur muito
navegou pelo porto de Merluk, exibindo o pouco, e apenas duas pessoas em Porto
crnio e os ossos, abordou trs navios Blacksand viram seu rosto. Um seu ho-
que se preparavam para sair e, ostensi- mem sagrado, particular, que traz a sa-
vamente, esvaziou-lhes os cofres de seus bedoria de Kukulak a Azzur uma vez por
pertences que valiam milhares de Mo- ms; o outro um incrivelmente auto-
edas de Ouro em mercadorias antes de confiante ladro, que agora rep ousa em
partir novamente! Obviamente, Azzur ti- vrias partes da cidade, depois de se insi-
nha aprendido como realizar um ataque nuar nos aposentos particulares de Azzur
em seus anos como pirata! certa noite! Azzur vai a todos os lugares
Azzur passou os seis anos seguintes ata- numa carruagem ornamentada de doura-
cando navios ao longo de todo o litoral do, seu rosto escondido atrs de janelas
sul, desde o Estreito das Facas at Kayn- escuras. Se ele tem que aparecer em p-
lesh-Ma, at que tivesse adquirido uma blico, o que faz raramente, sempre se ves-
frota de galeras, centenas de homens te com mantos negros, que o envolvem
fanaticamente leais, e dinheiro suficien- totalmente. Os portes de seu palcio
te para comprar a maioria das terras do terrivelmente sofisticados nunca esto
sul! Suas atenes, porm, voltaram-se abertos a visitantes.
para Porto Blacksand, que naquela po- A cidade , como mencionado bem no
ca era um pequeno e miservel principa- incio deste livro, construda sob as runas
do governado pelo idoso Baro Valentis. da rea das docas de uma cidade muito
Reunindo suas foras, ele rapidamente mais antiga chamada Carsepolis. Algumas
tomou o controle da cidade, que tem go- das mais profundas adegas e bueiros fica-
vernado desde ento. ram em runas, que ainda existem embai-
160
que o faziam no passado, pois sabem que
seus artigos sero roubados de seus co-
fres durante a noite, ou que sua tripula-
o ser substituda por outra, que far
um motim e tomar os navios na meta-
de da viagem. Porto Blacksand tem uma
reputao infame junto aos navegantes
honestos por toda a costa, e mesmo al-
guns piratas temem entrar nele em certas
pocas do ano.
Todavia, um grande lugar para aventu-
reiros esperanosos, que parecem se di-
vertir misturando brutalidade e violncia.
Muitos passam em busca de um barco e
passagem para cima e para baixo da cos-
ta ou mesmo atravs do Oceano Oeste
at a distante Kakhabad ou Analand. As
tabernas de Porto Blacksand esto sem-
pre cheias de guerreiros e futuros magos,
todos contando suas peripcias ou sim-
xo da cidade, e so contadas vrias lendas
plesmente ouvindo as histrias dos ou-
sobre os estranhos seres que os assom-
tros aventureiros. Mas voc precisa de
bram. De vez em quando, pessoas desa-
toda sua perspiccia para sobreviver por
parecem de suas camas noite, deixando
uma nica noite na Cidade dos Ladres.
apenas alguns trapos de suas roupas e
No um lugar para um garoto do inte-
um cheiro de mil ratos. Quando as pes-
rior inexperiente com sonhos de ser um
soas ouvem falar de outro desapareci-
aventureiro. Ns repetimos tome cui-
mento, simplesmente fazem os sinais
dado com Blacksand!
apropriados para seus deuses, apontam
para o cho sob seus ps e engolem em
seco! Ocasionalmente, jovens aventurei-
ros cheios de bravura (ou bebida) alar-
deiam que faro uma viagem especial
para dentro das runas antigas em busca
de tesouros, mas aqueles que tentaram,
raramente retomaram, e nenhum dos
que j foram fala do que viu l.
Uma vez que Porto Blacksand fica na
entrada do Rio Bagre, bem ao centro da
Allansia povoada, muito do trfego de
mercadores passa por ele, geralmente em
grupos escoltados por galeras fortemente
armadas, para o caso de haver pirataria.
Contudo, agora atracammuito menos do

161
vesse sido liberado pela Morte, e quando
OS REINOS SUBMARINOS

P
a forma da Terra era muito diferente do
or centenas, talvez milhares de que hoje, Hydana (o nome que o povo
anos, contam-se histrias de po- do Mundo Antigo d ao deus das guas)
vos que residem no mar. Seus vivia sozinho em um palcio enorme no
difusores mais persistentes tm sido os fundo do oceano. Ele estava completa-
marinheiros, claro, que so reconhe- mente cativado pela beleza do mar e de
cidos em todas as terras como sendo os todas as criaturas que nele residiam, e
maiores mentirosos e mais exagerados de passava todo tempo nadando nas pro-
todos os contadores de histria! Ponha fundezas, observando todas as suas ma-
um velho marinheiro experiente numa ravilhas. Contudo, depois de um tempo,
taberna vagabunda das docas, coloque ele ficou entediado, pois poucos dos seus
uma caneca de rum em sua mo tatuada irmos e irms o visitavam (estando mui-
para se somar s dezenas que j deve ter to ocupados na maior parte do tempo em
tomado, e ele lhe contar uma histria lutar uns com os outros) e desejou praze-
to monumentalmente catastrfica, que res mais sofisticados do que simplesmen-
voc nunca mais vai sonhar em ir a bor- te brincar com alguns peixes. Hydana ou-
do de um navio novamente! Esse tipo de vira falar que seus companheiros deuses
mentira geralmente se passa em torno tinham comeado a criar seus prprios
de monstros marinhos gigantes que ame- seres, criaturas estranhas que andavam
aam esmagar uma galera aos pedaos sobre duas pernas e tinham intelign-
com um simples esbarro de sua cauda, cia variada, e logo viu alguns homens,
que tem as dimenses de uma muralha quando davam seus primeiros passos he-
de uma cidade, ou Sereias perigosamente sitantes nas guas de seu planeta a fim de
fascinantes, que repousam sedutoramen- nadar ou pescar.
te em rochas isoladas ou nas costas de Hydana aproveitou a oportunidade. Ele
golfinhos que passam levando perdio capturou um barco cheio de homens
os curiosos apaixonados. e mulheres, arrastou-os para baixo das
Como a maioria das histrias, as conta- ondas a fim de observ-los; porm ficou
das sobre o mundo submarino so uma decepcionado ao constatar que eles de-
mistura de meias-verdades e puro exage- batiam-se um pouco, mas depois ficavam
ro. Existem monstros marinhos e existem parados e no se moviam novamente, por
Sereias, embora talvez no se paream mais que os sacudisse. Ele tentou vrias
com as descries que voc ouviu. Como vezes at que percebeu que as coisas bor-
se no bastasse, eles esto longe de ser bulhantes que saam quando presos de-
os nicos ocupantes do mundo sob as baixo dgua eram o que respiravam para
ondas. Vrias raas vivem nos oceanos de se manterem vivos em terra. Portanto, da
Titan, embora a forma como l chegaram outra vez que capturou um barco, substi-
seja pura especulao. Alguns dizem que tuiu os pulmes de seus hspedes por
foi assim... guelras, a fim de que pudessem se unir a
ele em seu maravilhoso mundo subma-
Os filhos de Hydana rino. No princpio, claro, os humanos
Na idade da Terra, antes que o Tempo ti- ficaram aterrorizados, mas Hydana conti-

162
nuou aumentando seu nmero, e depois construram seus lares em cavernas, mas
de um tempo, eles comearam a apreciar logo comearam a utilizar pedras, apren-
sua vida nova sob as ondas e construram dendo as tcnicas atravs do exame de vi-
suas prprias vilas e cidades, onde culti- las afundadas perto da costa que tinham
vavam algas e outros alimentos. O deus sido submersas pelo avano incansvel
prosseguiu ampliando seu estoque de do mar. Sua aparncia mudou grada liva-
pessoinhas, e logo tinha trazido outros mente, e eles se tomaram o Povo do Mar
seres como Elfos, Trolls e Gigantes para se de pele verde e escamada, com uma
juntarem aos humanos. cauda de peixe em vez de pernas. Fizeram
Entretanto, Hydana foi pego na Primei- amizade com golfinhos, focas e outros
ra Batalha contra a Morte e suas tropas. mamferos aquticas, e freqentemente
Ele foi to gravemente ferido durante a caavam e brincavam com eles; e cada
batalha, que se retirou para a parte mais espcie protegia a outra das atenes dos
profunda dos oceanos, de onde raramen- tubares e serpentes marinhas. A vida era
te emerge, exceto em ocasies de grande pacfica sob as ondas, com poucos dos
desastre, ou quando chamado pelos seus problemas que estavam surgindo para
companheiros deuses para alguma mis- seus parentes da terra.
so especial como o afundamento de
Atlntida, do qual daqui a pouco falare- A diviso das raas
mos. Mas, quando chegou a hora em que as
As raas submarinas prosperaram, e vi- Foras do Mal comearam a lutar pelo
viam em pequenos grupos salpicados pe- domnio da terra, seus irmos submari-
los leitos dos oceanos. No princpio, es nos foram chamados a ajudar. Embora
eles tivessem vivido por muitos sculos
em perfeita paz e harmonia com Trites e
Elfos do Mar, os Trolls do Mar se afasta-
ram e fizeram suas prprias colnias, evi-
tando a companhia dos seres que haviam.
sido seus amigos. Uma vez que os Trites
e os Elfos do Mar viviam nas guas mor-
nas e cristalinas ao redor do centro de Ti-
tan, as raas rebeldes foram foradas a fi-
car nas guas frias e lamacentas do norte.
Disputas mesquinhas sobre as fronteiras
e sobre quem possua reas privativas
do mar comearam coisa que nunca
tinha acontecido antes no mundo sub-
marino, embora seja familiar a qualquer
residente da terra. Elas, inexoravelmente,
levaram guerra.
Por ocasio dos primeiros conflitos, o
Povo do Mar ficou dividido em quatro
grupos distintos, cada um baseado no

163
interior e em torno de uma grande cida- merado de tubares amontoados, masti-
de submarina, em uma parte diferente gando freneticamente uma pilha enorme
do oceano. Eles no tinham lderes, mas de corpos sangrando, a populao inteira
eram observados por conselhos de go- da cidade fora chacinada aparente-
verno de cerca de vinte e trs Trites e mente sem oferecer qualquer resistncia,
Sereias. E estavam totalmente desprepa- pois havia muito poucos corpos de Trolls
rados para a guerra. por ali.
Os primeiros combates ocorreram perto O Massacre de Buwalra, como chamado
da menor das quatro cidades, Buwalra, na at hoje, foi somente o primeiro comba-
lngua estranha do povo submarino. Uma te de um conflito incessante entre o Povo
tribo de Trolls do Mar que morava ao do Mar e os Trolls do Mar. O Povo do Mar
norte da cidade tinha gradativmente se se tornou amargo e endurecido, pois est
infiltrado nas terras do Povo do Mar, ma- sempre alerta s silhuetas corpulentas,
tando golfinhos, sem necessidade, e dei- boiando sobre seus recifes, o que indica
xando tubares soltos por perto, depois a presena de mais um grupo de ataque
destruindo plantaes enquanto os habi- A FORA DE ATAQUE DO POVO DO MAR
tantes locais estavam distrados. Apesar Este um tpico grupo de guerra de Trites
de sua natureza pacfica, o Povo do Mar com a formao que tomam, quando esto pa-
no agentava mais e mandou uma dele- trulhando em busca de tubares ou caando
gao ao chefe dos Trolls do Mar, que era Trolls do Mar. Na frente, escoltas nadam com
conhecido como Krulliagh Stormtooth. A os golfinhos e focas mais rpidos, procuran-
delegao foi em paz, escoltada por gol- do por ameaas aparentes. Atrs deles vem a
guarda de frente, montando golfinhos ou cav-
finhos e com observadores Elfos do Mar.
alos-marinhos, seguidos pelo grupo principal
Antes que pudessem chegar ao plat es- de guerreiros, novamente montando cavalos-
carpado onde os Trolls tinham feito seu marinhos ou nadando. A retaguarda compos-
povoado, foram emboscados por uma ta por vrios outros golfinhos e focas. Todos os
tropa composta por Trolls, Gigantes e Trites so armados com lanas e redes.
tubares, e assassinados num derrama-
mento de sangue frentico. Seus corpos
boiaram lentamente pela correnteza de
volta a Buwalra, e mensageiros foram
mandados s outras trs cidades, infor-
mando-lhes de que os cidados de Buwal-
ra estavam beira de declarar guerra s
tropas de Stormtooth, e pedindo ajuda
para sua luta.
Uma forte tropa de guerreiros foi despa-
chada e nadou a toda velocidade para a
cidade, mas a vrias lguas de distncia
de Buwalra encontraram os primeiros
corpos do Povo do Mar, boiando na gua.
Quando chegaram ao centro da cidade,
compreenderam que houvera um massa-
cre terrvel. A praa central era um aglo-
164
Troll. O conflito intenso em algumas
partes do oceano, enquanto uma paz in-
quietante reside em outras, mas todo o
Povo do Mar sempre est em alerta con-
tra os Trolls, a quem agora chamam de
Sharadrin ou Os Seres das Profundezas.
Buwalra foi deixada vazia, como um mo-
numento queles que foram to cruel-
mente assassinados h tantos sculos
atrs. Lama e escombros so retirados de
suas ruas e edifcios, de vez em quando,
mas as nicas criaturas que vivem l ago-
ra so os peixes.
O Povo do Mar tem pouco a ver com os
residentes da terra, pois h assuntos mais
importantes que os preocupam mais. As meio ambiente submarino, que so mais
vezes, contam-se histrias de marinheiros peixes do que humanides, e sabem na-
que foram salvos de navios naufragados dar com grande velocidade e destreza.
por homens-peixe guiando golfinhos, Chega-se a cogitar que eles se tornaram
porm essas situaes so muito raras. capazes de mudar de cor como camale-
Sereias ainda atraem homens para o mar es, e podem se camuflar em qualquer
a fim de t-los como amantes por um superfcie pela qual estejam passando
tempo, mas ningum pode saber exata- (areia, digamos, ou pedras), o que lhes
mente quantos se perderam desta ma- permite se esgueirar sobre as presas sem
neira. Aventureiros e sbios curiosos, que serem vistos. Trites usam lanas, facas e
aperfeioaram guelras mgicas ou feitios redes, mas os Elfos do Mar so perfeitos
para respirar debaixo dgua, so recebi- no uso de pequenas bestas, que disparam
dos cordialmente, mas com alguma reser- dardos polidos, esculpido sem ossos, com
va, e sua estada tem sido curta. bastante velocidade, atravs da gua,
Tambm aprenderam como usar venenos
As outras raas paralisantes, retirados de peixes-escor-
Os Elfos do Mar so muito menos nume- pio, e com o qual untam seus dardos e
rosos que o Povo do Mar ou Os Seres das pontas das lanas.
Profundezas, e eles so o mais reservados Os Elfos do Mar moram em povoados pe-
que podem. Como seus primos de terra quenos e bem escondidos, camuflados
firme, podem viver por muitos sculos por florestas de algas e protegidos por
e, tambm como eles, abraaram a pro- caranguejos-aranha e polvos gigantes,
fisso de jardineiros. Tiveram poucos que so o suficiente para assustar a maio-
problemas com os Trolls do Mar, pois os ria das criaturas. Eles so governados por
ltimos aprenderam a deix-los em paz, seus sacerdotes, em vez de chefes ou reis,
depois de algumas tentativas desastro- e sua magia poderosa e totalmente liga-
sas de atacar seus povoados no incio dos da s tradies do mar. Diferente do Povo
conflitos. do Mar, mantm-se sempre em contato
Os Elfos se adaptaram to bem ao seu com seus parentes da terra firme, e vo

165
aos Conselhos Elfos a cada sculo, ficando tes principais que conhecemos hoje es-
em grandes tanques no aposento do con- tavam juntos onde agora encontram-se
selho, por toda a durao do conselho! o Oceano das Serpentes e o Oceano das
Os Gigantes do Mar so como qualquer Tempestades. Os deuses tinham partido
outro Gigante, sendo seres pesados, va- do Plano Terreno nessa poca, mas as
garosos e solitrios. Tendem a residir em raas dos homens tinham comeado sua
grandes cavernas ou edifcios de pedra ascenso para a civilizao. A ilha era co-
bruta, vivendo sozinhos ou, agumas ve- nhecida como Atlntida, em homenagem
zes, com alguns peixes de estimao ou a Atlan, o mensageiro dos deuses, e foi o
qualquer outra criatura do mar como Mas maior centro de sabedoria de todo Titan.
ou polvos. So criaturas gentis, meio bo- Em sua capital, Cidade de Atlntida, os
bas, que raramente se do conta do estra- mais sbios dos estudiosos da poca se
go que podem causar. So amistosos com reuniam a fim de discutir questes de fi-
os Elfos do Mar, mas gostam mais da losofia profunda sobre a natureza da vida.
compania dos Trites, pois desprezam os Atlntida era muito rica, pois nas monta-
Trolls do Mar devido aos danos que cau- nhas que cobriam talvez metade de sua
sam e, ocasionalmente, os ajudam nos rea, os Atlanteanos tinham descoberto
ataques contra eles. Trites se aborrecem ouro em abundncia, que parecia vir de
muito com os Gigantes do Mar, pois ten- um suprimento inesgotvel. Com esse
dem a pisar por engano sobre suas co- ouro, o povo de Atlntida comprava as
lheitas premiadas, mas sempre so gratos melhores coisas que o mundo podia ofe-
por sua ajuda durante as constantes esca- recer e vivia luxuosamente na Cidade de
ramuas com os Trolls de escamas verdes. Atlntida, que era sem dvida a mais bela

Atlntida,
a cidade afundada
Essa a situao sob as guas desses
oceanos do mundo, mas e Atlntida, essa
infame cidade das lendas? Desde que as
pessoas contam histrias, tem havido
lendas sobre a cidade que foi delibera-
damente afundada pelos deuses, e as
histrias no so restritas s regies da
costamesmo os povos primitivos do
Deserto de Scythera e do Deserto dos
Crnios tm histrias a respeito de uma
cidade sobre terra corrente (gua) enter-
rada pelos deuses. A histria de Atln-
tida e sua destruio cataclismtica tem
passado por todo o mundo.
Era uma vez uma grande ilha no meio do
que agora chamado de Oceano Oeste.
Naqueles dias, essa extenso de gua
era muito maior, pois os trs continen-
166
metrpole que j embelezara a super- da, uma busca que durou quatro anos,
fcie de Titan. A opulncia de Atlntida at que o filho de quinze anos de um pri-
atraiu as atenes de vrias naes mais mo de segundo grau do pequeno reinado
pobres, e invases foram tentadas talvez de Kelios (agora parte das Ilhas da Aurora)
duas a trs vezes a cada dcada. Todavia, foi encontrado, e declarado rei de Atlnti-
com sua riqueza, os Atlanteanos podiam da, assumindo o nome de Faramos XXIH,
facilmente pagar pelos melhores merce- em memria de seu nobre predecessor.
nrios, e as naes invasoras eram rapi- O novo rei era muito jovem e inexperien-
damente repelidas, suas foras fugindo te, porm, de acordo com a lei Atlante-
humilhadas para seus prprios portos. ana, foi lhe dado poder absoluto sobre
Assim Atlntida prosperava, ficando cada toda a terra a mais rica e mais pode-
vez mais rica e cada vez mais forte. Logo rosa de Titan! O poder subiu cabea de
se tornou o centro do comrcio e da cul- Faramos to rapidamente, que em quatro
tura de todas as terras do oeste. Entretan- meses ele lanara uma invaso contra a
to, tudo o que bom dura pouco e o ltima nao a ameaar Atlntida, uma
destino de Atlntida foi traado quando grande democracia governada por mer-
seu grande rei, Faramos XXII, morreu de- cadores chamada Taralak. Ela logo foi
pois de reinar por oitenta e um anos sem vencida e as tropas mercenrias vitorio-
deixar um herdeiro. Uma busca foi inicia- sas varreram as terras seguintes, que ca-

167
ram to rapidamente quanto a primeira.
O CALENDRIO DE TITAN

N
Em quatro meses, as tropas de Faramos
tinham tomado uma faixa larga no centro os chamados pases civilizados,
do continente e estavam ocupadas em que esto alinhados junto ao lito-
atear fogo maioria das terras do norte! ral estreito, como se estivessem
Profundamente impressionados por esse presos entre o oceano intransponvel e o
novo mtodo de provar a superioridade interior hostil, a maioria das pessoas vive
Atlanteana, todo o pas apoiou Faramos, da terra. Toda a sua vida gira em torno
e Atlntida deu a partida para um futuro das estaes do ano, pois assim os agri-
domnio de todo o mundo! cultores podem saber quando plantar sua
Os deuses no podiam mais se conter e safra a fim de colher os melhores frutos.
continuar a observar, principalmente por- Tambm, nas pequenas vilas, os cidados
que naquela poca suspeitava-se (com vivem estritamente pelo calendrio, seja
justia) que o rapaz Faramos era de fato o esperando pelas visitas regulares dos
infernal Prncipe Demnio Myurr, disfar- mercadores viajantes, seja tentando se
ado. Durante a tempestade mais espe- lembrar que tipo de peixe pode ser en-
tacular que o mundo jamais viu, Hydana, contrado na costa, seja observando os
deus das guas, ergueu-se de seu domnio dias de festas de seus deuses. Em qual-
secreto no fundo do oceano e destruiu quer terra visitada pelas caravanas dos
Atlntida com um macaru monumental. mercadores, voc descobrir que eles
Ao mesmo tempo, Throff, deusa da terra, marcam a passagem do tempo de modo
fez com que o Vulco de Atlntida entras- bem semelhante aos outros lugares, mas
se em erupo e a nao foi destruda por nas terras mais selvagens poder desco-
torrentes furiosas de lava e gua, at brir sistemas completamente diferentes.
mergulhar para o fundo do oceano (em- Entretanto, por onde quer que viaje, voc
bora no antes que, infelizmente, Myurr deve respeitar a cultura do povo local e
escapasse de volta aos Planos Demona- tentar no ofend-lo ou logo descobri-
cos). O mar raivoso tambm carregou a r que em sua hospitalidade risonha se
fria dos deuses para a terra firme; a terra escondem punhais brilhantes, empunha-
ficou pantanosa e grandes canais foram dos firmemente s suas costas!
formados,o que a transformou em trs
ilhas separadas. Gradativamente, estas Calculando os anos
se dividiram, criando os trs continentes Durante o Tempo da Nomeao, quando
que conhecemos hoje em dia. tudo estava recebendo o ttulo que car-
Quanto a Atlntida, ainda descansa no regaria at o fim dos tempos, os anos ti-
fundo do Oceano Oeste, lar do Povo do nham seus nomes designados em home-
Mar e dos Trolls do Mar, que guerreiam nagem s maiores criaturas que vagavam
continuamente pelo prestgio de morar na superfcie de Titan. Os anos ainda se
l. Seus tesouros nunca foram recupe- passam em ciclos de vinte anos, em ho-
rados mas, de vez em quando, algumas menagem s criaturas cujos nomes le-
Moedas de Ouro so pegas nas redes dos vam. O ciclo como se segue:
pescadores, recordando-nos da cidade
que afundou no mar, e do poder de nos-
sos deuses!
168
01. O ano do Drago zadas tambm falam em termos de datas
02. O ano do Leo precisas, de acordo com o sistema ela-
03. O ano da Serpente borado pelos estudiosos de vrias reas
do conhecimento do mundo conhecido
04. O ano do Touro
depois da Guerra dos Magos, sendo insti-
05. O ano do Tigre tudo o clculo Depois do Caos, de acordo
06. O ano da Cabra com o qual estamos agora no ano 284, o
07. O ano do Camundongo Ano da Rapo sa. Portanto, se for um pou-
08. O ano do Cervo co mais educado e tiver conhecimento
09. O ano do Morcego suficiente da quase sempre desconhecida
matemtica, nosso cavalheiro idoso pode
10. O ano do Lobo
nos dizer que nasceu em 222 DC, e que
11. O ano da guia um venervel homem de sessenta e dois
12. O ano do Cachorro anos.
13. O ano da Aranha Em outras terras, usam sistemas bem di-
14. O ano do Coelho ferentes para o clculo dos anos {embora,
15. O ano da Raposa em algumas, como Frostholm no nordeste
gelado de Allansia, o povo no possua ne-
16. O ano do Crocodilo
nhum calendrio, pois no sabem e nem
17. O ano da Coruja se preocupam com seus aniversrios ou a
18. O ano do Gato poca do ano!). Muitas pessoas simples-
19. O ano do Tubaro mente datam suas vidas de acordo com
20. O ano do Cavalo algum evento importante, como qua-
Alguns astrlogos de Allansia e de outros tro anos aps a Batalha pelo Caminho
lugares acreditam que as pessoas nasci- de Vymorna ou dezessete anos depois
das no ano de um determinado animal, que Hurlinn decapitou o Rei Shakash de
assumem as caractersticas deste animal. Kaynlesh-Ma. O calendrio dos nmades
Dizem que as pessoas nasddas sob o sig- semi-humanos das Plancies de Baddu-
no da Coruja, por exemplo, so sbias e -Bak em Kakhabad, baseado nos anos
nobres, mas possuem uma selvageria dis- que esto a uma certa distncia Longe
simulada; os nascidos no Ano do Cervo do presente; em outras palavras, o ano
crescem tmidos e nervosos, sempre fu- passado Um Longe, e nosso ancio nas-
gindo ao menor sinal de perigo. De qual- ceu h Sessenta e Dois Longes. O povo
quer forma, isso sendo ou no verdade, de Hachiman, na remota Khul, calcula os
muitas pessoas prestam homenagens ao anos por um ciclo de oito anos nomeados
animal de seu ano de nascimento em seu (a rvore, o Peixe, a Pedra, o Sol, a Pri-
vigsimo aniversrio, quando se tomam meira Lua, a Segunda Lua, a Espada e a
reconhecidamente adultos. Flecha) e tambm pelo ano do reinado de
Cada passagem do ciclo de vinte anos seu governante. Portanto, nosso ancio
chamada de um Turno, portanto, um poderia nos dizer que nasceu no Ano do
ancio pode falar que nasceu no Ano da Peixe, no quarto ano do Shogun Aykira
Aranha, h trs Turnos atrs. Claro que, (por falar nisso, o av do atual Shogun,
como voc j sabe, as culturas mais civili- Kihei Hasekawa).

169
Medindo os meses O Clculo Khul. Desde que as pessoas tm
Repetindo, em diferentes partes do mun- calculado os dias e os meses, os pases do
do h diferentes nomes e clculos para os continente misterioso tm tido doze me-
meses de qualquer ano, mas nas regies ses, cada um com exatamente 30 dias de
mais civilizadas, cada ano dividido em durao, com cinco semanas de seis dias
doze meses. Em cada ms os dias so con- cada. Os meses tm os seguintes nomes:
tados, ento, em Allansia, por exemplo, 01. Manto de Neve
um dia pode ser Dia do Mar, oitavo dia 02. Cus em Escurido
da Escurido. Contudo, h dois clculos 03. Despertar da Terra
separados para os dias dentro desse tipo
04. Choro do Paraso
de ms.
O Clculo de Allansia. Este sistema tem 05. Canto dos Pssaros
meses de tamanhos diferentes, chama- 06. Dias Prolongados
dos pelos nomes a seguir: 07. Maturao do Milho
01. Gelado (31 dias) 08. Colheita do Homem
02. Escurido (28 dias) 09. Horestas Douradas
03. Revelao (31 dias) 10. Agitao da Natureza
04. Semeadura (30 dias) 11. Esconderijo do Sol
05. Ventos (31 dias) 12. Sono da Terra
06. Calor (30 dias) No fim do ano, depois do ms do Ador-
07. Fogo (31 dias) mecimento da Terra, os povos de todos
08. Observao (31 dias) os pases de Khul civilizado comemoram
o Ano Novo com cinco dias de festivida-
09. Colheita (30 dias)
des, e no trs, embora deva ser dito que,
10. Esconderijo (31 dias) em vrias partes do continente, as come-
11. Fechamento (30 dias) moraes sejam mais sbrias, quando as
12. Trancamento (28 dias) pessoas agradecem seus vrios deuses e
Os dias so agrupados em semanas, cada rezam por um prspero ano vindouro.
uma consistindo de sete dias. Entretanto,
um estudo cuidadoso revelar que isso d Calculando os dias
trs dias a menos do que os 365 dias que Em Allansia (e no Mundo Antigo), cada
so comuns no ano. Depois do Tranca- semana tem sete dias, enquanto no con-
mento, o calendrio de Allansia adiciona tinente distante de Khul as pessoas tm
trs dias incontveis para a comemora- uma semana de seis dias. Os nomes de
o do Ano Novo. As crianas nascidas cada um dos dias so:
durante este perodo de comemorao 1. Dia da Tempestade / Dia da Raiva
so consideradas profundamente aben- 2. Dia da Lua / Dia Gelado
oadas, e espera-se muito delas. Durante 3. Dia do Fogo / Dia do Medo
essa poca, o frio paralisante do inverno 4. Dia da Terra / Dia da Vida
quebrado por 72 horas de comemora- 5. Dia do Vento / Dia Selvagem
o estrondosa (veja a seguir mais sobre 6. Dia do Mar / DIa do Esprito
o Ano Novo e outros dias especiais). 7. Dia Sublime

170
No Dia Sublime, em vrias partes civiliza- Dias de festas e festivais
das de Allansia e em alguns dos principa- A lista que se segue d detalhes de ape-
dos do continente oeste, e no Dia do Es- nas alguns dos muitos rituais e comemo-
prito, em Khul, a maior parte do trabalho raes a serem encontrados pelo mundo;
pra e aqueles de tendncia religiosa vo estamos certos de que voc descobrir
aos templos e s capelas a fim de cultuar muitos outros em suas viagens.
seus vrios deuses por grande parte do Noite dos Ancestrais (primeiro dia do Es-
dia, passando o restante dele relaxando conderijo): na terra de Kaypong, nas cida-
confortavelmente. Assim como nos anos, des-estados em torno do Mar Brilhante,
os astrlogos insistem que o dia da se- e em muitas outras reas mais isoladas, o
mana determina o carter de um criana povo celebra a Noite dos Ancestrais, onde
desde o nascimento. Dizem que um beb recebe em seus lares todos os fantasmas
nascido no Dia da Terra, ter habilidade dos ancestrais que se foram na maioria
manual com destino de ser um arteso dos anos, isso consiste simplesmente de
ou um agricultor, mas aquele nascido no uma grande quantidade de cantos e dan-
Dia da Lua, ser uni estudioso ou um sa- as, com todos vestidos com mscaras
cerdote, e seguir o caminho do saber e fantasmagricas e fantasias de crnios e
da iluminao. Por falar nisso, tambm se esqueletos. No raiar da aurora, eles cor-
acredita que a maioria dos gmeos nasa rem gritando para dentro e para fora de
no Dia da Lua e, surpreendentemente, todas as edificaes, atravs dos portes
parece ser verdade, pelo menos em Allan- do povoado, simbolizando a partida dos
sia. to verdadeiro que tipos diferentes espritos dos ancestrais por mais um ano.
de magia funcionam melhor em dias as- Entretanto, talvez a cada dez anos mais
sociados a eles do que em dias de seus ou menos, os fantasmas de seus ances-
elementos opostos, e alguns feiticeiros trais resolvem aparecer pessoalmente, o
especializados no se atrevem a sair de que faz com que a noite passe num com-
suas torres em certos dias; tal o poder
dos elementos e da magia em Titan!
Em algumas terras distantes, as tribos
primitivas ainda acreditam que o mun-
do plano e que o Sol (ou em muitos
lugares, a deusa do Sol) atravessa o cu
numa carruagem dourada brilhante uma
vez por dia. Durante a noite, abre seu ca-
minho pelo mundo subterrneo, enfren-
tando perigos terrveis em seu esforo
para equilibrar o Bem e o Mal, e manter
o mundo vivo. Ela retorna novamente na
aurora do dia seguinte, comeando todo
o ciclo de novo. Claro que nenhum povo
civilizado acreditaria nessas coisas!

171
penetrado, porm alegre, ritual de dan-
as comemorativas, com cada libertino
abraado s formas fantasmagricas, que
os mantm danando per toda a noite,
at que os prprios espritos fujam com
a aurora. A Noite dos Ancestrais ajuda
o povo a racionalizar as mortes de seus
entes queridos, e demonstra mais forte-
mente como a vida e a morte so insepa-
rveis em Titan.
Festival das Crianas (primeiro Dia Subli-
me do Calor): em vrias pequenas vilas de
Kakhabad e Ruddlestone, os cidados co-
memoram as alegrias da infncia permi-
tindo s crianas trocarem de lugar com
todos os adultos por um dia, e ter toda
a liberdade na vila. Todo mundo com
mais de dezesseis anos tem que servir s
crianas por todo o dia, freqentemen-
te tendo que aturar surras ou exigncias
completamente ridculas, de acordo com
os caprichos das crianas travessas! Elas
fazem tudo que querem por um dia, segu-
ras por saberem que os adultos no tm
permisso de ir forra no dia seguinte.
Isso ajuda os adultos a verem como ser
uma criana por um dia e, claro, incri-
velmente divertido para os participantes
mais jovens!
Festa das guas (vrios dias do Revela-
o): ao longo dos bancos dos rios, como
o Eltus, em Arantis, e o Tak, em Khul do
sul, a vida depende da irrigao regular
das fazendas, quando o rio revolve o solo
frtil em que as safras podem florescer.
Portanto, ao primeiro sinal da Revelao
da Natureza (em homenagem qual o
nome do ms foi dado), os povos ribei-
rinhos pegam barcos esculpidos e ps
simblicos de trigo e arroz, e oferecem
preces aos seus deuses dos rios, para uma
irrigao abufidante e frutfera, de modo
a poderem comer durante os meses im-

172
produtivos do inverno que vir. Dizem em
A VIDA AVENTUREIRA

A
algumas terras que os animais, e s vezes
as crianas, so sacrificados quando as gora voc sabe aonde ir, com quem
guas nq vm embora a verdade dessa fazer amizade e a quem evitar em
prtica brbara nunca tenha sido propria- suas viagens. Mas como chegar
mente apurada. aonde quer ir e que perigos enfrentar
Ano Novo (ltimos trs ou cinco dias do enquanto viaja em volta desse nosso vas-
ano): o Fim de Ano o maior de todos os to mundo? Leia e lhe diremos.
festivais, e comemorado quase univer-
salmente junto s raas humanas. No Viajando de A(llansia) para
se sabe se os Elfos celebram a passagem B(addu-bak)
de mais um ano; os Anes certamente Em primeiro lugar, voc deve se lembrar
o fazem, com uma tpica e grande bebe- de que h poucos mtodos rpidos de se
deira! Ocasionalmente, os Ores e outros viajar em Titan. Enquanto alguns magos
no-humanos celebram o Ano Novo, ge- tm aperfeioado feitios de Teleporta-
ralmente sacrificando e comendo muitos o experimentais, que podem lev-los
outros no-humanos, num festim debo- aonde quer que queiram ir, num piscar
chado de propores monumentais! de olhos (ou mais comumente lev-los
Os humanos celebram o Ano-Novo de a qualquer lugar, menos aonde queriam
vrias maneiras. Em Khul, os cidados ir!), e algumas raas, como os Elfos da
profundamente religiosos de Ximoran e Montanha, tm acesso a rpidas criatu-
Buruna passam cinco dias em oraes, ras voadoras como as guias Gigantes, a
concentrados em seus templos, paran- maioria das pessoas simplesmente viaja
do somente na noite do quinto dia a fim a p e, conseqentemente, raramente
de festejar e comemorar, atividades que faz longas jornadas. Tirando os nmades
parecem ainda mais exultantes devido s do deserto, a maioria dos povos comuns
sbrias oraes anteriores. Em Analand nunca vai alm de um dia de caminhada
e Lendleland, o povo comemora com ca- de seu lugar de origem!
adas e feiras, com mercadores viajantes Os povos que realmente viajam, princi-
parando nos mercados das vilas a fim de palmente nas reas mais selvagens de Ti-
vender todo tipo de produtos exticos. tan, so com certeza bastante diferentes.
Em Porto Blacksand, em Allansia, entre- Essas excees regra podem incluir
tanto, Lord Azzur geralmente celebra exe- um nobre e aqueles a seu servio, que
cutando vrios cidados proeminentes frequentemente viajam alm de suas
(e depois doando generosamente suas prprias fronteiras a fim de consultar ou
riquezas para os pobres da cidade que atacar outros lderes; mercadores, que
governante benevolente!). carregam produtos do lugar onde so
produzidos ao lugar onde so vendidos;
peregrinos e estudiosos; soldados e mer-
cenrios errantes; alguns especialistas,
como menestris viajantes, circenses e
semelhantes; e aventureiros perambulan-
tes, ladres e foras-da-lei. Em uma parte

173
do mundo densamente povoada, as es- at 1.000 Moedas de Ouro, a menos que
tradas estaro bem cheias desse tipo de voc mesmo o capture e o dome, mas ele
trfego, conforme as pessoas mudam de o servir fielmente at morrer.
uma cidade para a outra. Em reas dis- A maioria das raas usa cavalos e pneis,
tantes, mais provvel que voc viaje por mesmo os Orcs, que os utilizam para pu-
dias sem se encontrar com ningum. xar vages de minrios em suas minas. A
maioria das pessoas aprende a montar
Caminhando quando ainda pequenas, mesmo que seja
Apesar de o uso das prprias pernas ser somente em uma carroa de fazenda, e
muito bom para pequenas jornadas de no uma vez que se aprenda, nunca se esque-
mximo uma semana, s um louco gos- ce. Os nmades que perambulam nas Ter-
taria de caminhar distncias maiores. Por ras Planas em seus pneis desgrenhados,
mais que possa ser um motivo de orgulho so especialistas em fazer todas as tarefas
se tomar o primeiro aventureiro a atra- enquanto esto em movimento, desde
vessar as Terras Planas a p, por exemplo, atirar uma flecha at costurar buracos
voc vai gastar quatro meses nisso, e po- em suas tendas tudo sem segurar as
deria fazer a viagem em metade do tem- rdeas! Voc no vai precisar ser to h-
po montado num cavalo. bil, mas se conseguir brandir uma espa-
Todavia, cavalos so caros, e andar real- da com uma das mos e se segurar com
mente lhe d uma oportunidade de se
reencontrar com a natureza. Conforme
voc passeia, pode aproveitar tudo sua
volta e degustar o sabor de estar na na-
tureza selvagem Para caminhar qualquer
distncia maior, precisar de um bom par
de botas de couro durveis e um basto
feito de um galho esculpido de uma r-
vore de madeira dura. As botas duraro
muito tempo, contanto que se lembre de
tir-las quando atravessar os rios, e o bas-
to o ajudar a se manter de p quando
cansado e lhe ser til para abrir caminho
entre arbustos.

Viagem montado
Cavalos so a montaria mais comum e
voc pode comprar um cavalo de quali-
dade mediana na maioria das vilas e das
cidades. Entretanto, os melhores de todo
Titan vm das plancies de Lendleland,
onde maravilhosos cavalos pretos e bran-
cos correm soltos nas extenses grama-
das. Um cavalo de Lendleland pode custar

174
a outra, vai fazer melhor que muitos dos seguir por muitos dias sem precisar de
supostos salteadores de estrada e bandi- comida e gua, o que pode ser muito til
dos! quando voc est perdido em meio s
Uma outra vantagem de se usar um cavalo areias escaldantes do Deserto de Scythe-
que voc pode amarr-lo a uma carroa ra!
ou a um travois (dois bastes compridos Os Lagartos Gigantes podem chamar sua
com um pedao de tecido amarrado no ateno como sendo impressionantes de
meio), sobre o qual poder carregar seus se dirigir pelo mundo afora, mas eles so
pertences ou um companheiro ferido. criaturas rabugentas, e voc precisa de
Em algumas terras, os nmades chegam um traseiro como o de um Homem-Lagar-
a puxar casas inteiras sobre rodas, atadas to para no ficar assado! Eles no gostam
a eles, mudando suas vilas sempre que de clima frio, tm que ser alimentados
desejam! com uma grande quantidade de carne
Mulas e burro so mais vagarosos que ca- fresca todos os dias, e a maioria dos alde-
valos, e podem ser bem desconfortveis es trancar seus portes se voc tentar
de se montar, porm podem percorrer levar tamanho animal para perto deles,
terrenos que um cavalo se recusaria a ar- portanto, no podem ser realmente reco-
riscar. Contudo, so mais teis como bur- mendados como montarias.
ros de carga, para carregar tesouros ou De maneira parecida, voc no deveria
mercadorias por grandes distncias. Nas pensar em tentar montar um lobo. E ver-
terras do norte, a maioria dos mercado- dade que os Orcs e os Goblins o fazem,
res usa fileiras comprids de mulas a fim e pode parecer muito impressionante e
de levar seus produtos para os mercados herico, mas onde poderia achar um lobo
distantes; quando l chegam, podem at domado? Voc no pode simplesmente
mesmo vender as mulas, e voltar monta- subir no primeiro que encontrar na sel-
dos a cavalo, confortavelmente. va e pular nas suas costas, gritando Eia,
Nas regies mais quentes, os camelos lobinho! H sculos os Orcs tm criado
prevalecem sobre os cavalos como a lobos, e mesmo assim, eles se voltam
montaria mais comum. Eles so animais contra seus montadores se no houver
temperamentais e podem causar grande comida melhor sua volta.
frustrao at voc descobrir os coman- A maneira mais rpida de viajar (tirando
dos certos para faz-los abaixar seus cor- teleportao) voar ns costas de uma
po s ou levantarem-se e comearem a guia Gigante. Como qualquer outra cria-
caminhar novamente. Depois de algumas tura selvagem, voc primeiro tem que
extensas (e enfurecedoras) pesquisas, po- persuadi-la a lev-lo. guias Gigantes
demos dizer que todos os camelos se ajo- normalmente permitem somente criatu-
elharo para voc montar se disser sim- ras muito delicadas em suas costas, como
plesmente Hcchhtt! guturalmente, e se os Elfos, e ainda assim, sob protesto. So
levantaro e comearo a andar com criaturas nobres e podem sentir que
Hutt! Hutt! simples quando j se humilhante carregar um ser inferior! En-
sabe, mas terrivelmente irritante se no tretanto, se conseguir algum dia voar nas
o souber. A grande vantagem dos came- costas de uma guia Gigante, nunca es-
los, como talvez saiba, que eles podem quecer a experincia, pois elas podem
voar mais rpido que o vento!
175
Atravessando as guas barcaas que navegam para cima e para
Entretanto, para conhecer tudo de Titan, baixo no amplo Rio Kok. Voc pode geral-
vai precisar navegar por oceanos revoltos mente comprar passagem numa barcaa
na companhia de piratas e mercadores. para a maioria dos lugares beira do rio
Devido larga distncia entre os conti- nas terras povoadas.
nentes, voc pode achar que tenha que Galeras. So compridos barcos a remo
pular de ilha em ilha a fim de atingir seu (embora carreguem algumas velas pe-
objetivo, mas com pacincia e a tempo, quenas para quando a tripulao precisar
vai descobrir que pode navegar em volta de descanso), normalmente remadas por
do mundo todo, se assim o desejar! A ma- escravos. Freqentemente so usadas
neira mais fcil de atravessar os mares por piratas da costa, uma vez que podem
comprar uma passagem num navio mer- ser manobradas com facilidade em com-
cante ou de guerra. Contudo, muitos ca- bate: por exemplo, se remarem habil-
pites vo querer que pague a passagem mente, podem ir para trs ou virar rapi-
com trabalho. Essa uma tima oportuni- damente. Elas podem estar armadas com
dade para aprender sobre a vida a bordo, um esporo ou uma catapulta para lanar
porm pode ser um trabalho duro, dezes- bolas em chamas sobre outros navios. Os
seis horas por dia, seja sob sol abrasador nortistas de Frostholm, em Allansia, usam
ou numa tempestade violenta. Se no es- galeras compridas, de velas quadradas,
tiver acostumado com um pequeno barco decoradas com Drages, que navegam
jogando no mar, tambm poder apren- para bem longe de casa, a fim de atacar
der um bocado sobre enjo! fazendas e vilas isoladas do litoral.
Barcaas. Barcaas longas e estreitas Navios Mercantes. Esses tm, tipicamen-
operam somente em rios e ao longo dos te, o mesmo tamanho das galeras, porm
litorais mais calmos, pois so facilmente so mais largos, com um nico mastro e
afundadas por ondas grandes. O comr- uma vela latina triangular. Alguns tam-
cio nascido nas guas entre Porto Black- bm tm suportes para remos, que po-
sand e Zengis, por exemplo, usa filas de dem ser usados para mover o navio em
volta de uma doca, ou quando h calma-
ria. Entretanto, os piratas frequentemen-
te usam navios semelhantes a fim de fa-

176
zer ataques em navios mercantes. Dessa
maneira, eles podem chegar bm perto
de sua presa, antes de abord-la e lanar
homens, atravs de cordas com o intuito
de matar e pilhar.
Navios de Guerra. Esses so pouqus-
simos, pois so poucas as naes ricas
o bastante para manter uma esquadra
apropriada. Eles so rpidos e fceis de
manobrar, e podem geralmente correr
mais do que um navio pirata. Contudo,
no so muito bons no mar, e so pass-
veis de afundar em mares revoltos. Maio-
res que os navios mercantes, geralmente
tm dois ou trs mastros, um esporo de
combate, logo abaixo da linha da gua na
frente, e estranhas construes parecidas
com castelos na proa, das quais os guer-
reiros podem pular para um navio inimi-
go to logo segam abordados. Tambm O mesmo, porm, no pode ser dito so-
podem ter grandes catapultas ou balistas. bre muitas frutas. Quando voc est mui-
to longe do ltimo posto avanado e sua
Dificuldades! comida est acabando, frutinhas verme-
Quando estiver vagando pelas partes lhas bem brilhantes parecem muito ape-
mais selvagens do mundo, ter dificulda- titosas, mas talvez devesse se lembrar de
de, no incio, para comer, beber e acam- que elas podem ser vermelho-brilhante
par, e pode transformar-se em presa para para avisar s criaturas de que no as co-
uma infinidade de perigos. H muitos ris- mam! Enquanto delcias suculentas como
cos pairando sobre um viajante desavisa- a fruta-bomba (uma fruta vermelha, pa-
do ou inexperiente, e rapidamente, voc recida com a ma, encontrada em vrias
aprender com seus erros se no for terras quentes) o refrescaro, h coisas
devorado, envenenado, ou o que quer como o acre-doce, que parece como uma
que seja, primeiro! fruta-bomba para tapear os humanos,
Comida na selva pode ser um grande pro- mas provoca dores de estmago terrveis.
blema, principalmente se voc estiver Voc estar muito mais seguro caando
em terras desconhecidas. Vrios viajan- alguns coelhos ou uma raposa-da-colina
tes carregam muitas provises com eles pelo menos saber que gosto a comida
quando saem numa jornada. Em Analand, tem, mesmo que tenha que seguir o no-
eles preparam uma coisa chamada vittles, jento ritual de tirar sua pele e cozinh-los!
que so bolinhas de massa recheadas de Alguns especialistas acreditamque quan-
carne seca, Elas duram vrios dias e voc do acampar noite, voc deve acender
pode, pelo menos, ter certeza de que est um fogo e o deixar ardendo toda a noite,
comendo uma coisa que no o envenena- a fim de manter longe os animais selva-
r.
177
gens. Infelizmente, ns descobrimos que
DINHEIRO

T
um fogo tambm pode servir para atrair
todos os animais selvagens da rea, que odo mundo precisa de dinheiro, de
de outra forma o ignorariam! Se voc j um jeito ou de outro, se quer abrir
tiver atrado as atenes de algo perigoso seus caminhos no mundo. Entre-
como uma alcatia, entretanto, um fogo tanto, em diferentes terras, o que tido
os manter longe por um tempo, embo- como dinheiro pode ter formas diversas.
ra quanto mais famintos, mais corajosos
ficaro. Se se encontrar preso num lugar Moedas de ouro e
aberto, cercado por uma alcatia, prova- outras cunhagens
velmente voc no vai dormir muito de Como j deve ter percebido, a unidade
noite! Se realmente estiver preocupado padro de dinheiro na maioria das reas
com animais selvagens durante a noite, civilizadas humanas a Moeda de Ouro.
durma encostado numa rvore grande, Devido aos esforos dos comerciantes e
ou melhor ainda, durma sobre a rvore. dos mercadores, seu tamanho e peso foi
H outros perigos nas selvas tambm, feito bem semelhante em todo mundo.
mas vamos pul-los agora; no gostar- Elas so moedas circulares (embora em
amos de desencoraj-lo de se aventurar algumas terras possam ser quadradas o
pelo mundo, com histrias de lobos, ban- octogonais, ou ter um buraco no meio),
didos e morte violenta, no ? Todavia, h normalmente tm de quatro a seis cen-
uma coisa que deveria saber. Nos ltimos tmetros de dimetro e pesam oitenta
anos, a peste amarela se reestabeleceu ou noventa gramas. Dependendo da par-
numa srie de vilas afastadas nas partes te do mundo onde so encontradas, as
mais selvagens de Allansia e Kakhabad. Moedas de Ouro podem estar decoradas
Mesmo que possa ser curada se tomar a com retratos dos reis em relevo, deuses
tempo o suco da fruta-surpresa, freqen- ou mesmo heris populares locais, em-
temente muito tarde quando a vtima bora a maioria acabe quase perdendo o
descobre que tem a doena. Se entrar relevo aps passar pelas mos de tantas
numa vila campestre e no ouvir o canto pessoas. Alguns fundidores de metal,
dos pssaros, os cachorros no correrem trapaceiros, fazem suas prprias moedas
para saud-lo e as crianas no estiverem de ouro, misturando chumbo ou lato ao
brincando nas ruas, fique em guarda! ouro mais precioso, a fim de faz-lo ren-
Enquanto viajar pelo amplo mundo de der mais. A penalidade para esse tipo de
Titan, deve ser cuidadoso, mas no cui- falsificao geralmente a execuo (nor-
dadoso demais. Ele pode ser um lugar malmente por algum mtodo particular-
selvagem e perigoso s vezes, porm, cer- mente desagradvel, como derramar
tamente, no perigo que hericos aven- chumbo quente nos ouvidos). Em algu-
tureiros como voc florescem! mas terras as Moedas de Ouro recebem
apelidos, como Reais, Realezas, Sobera-
nos ou Sis, ou como uma homenagem a
uma verso popular do nome de um go-
vernante local (moedas em Kaypong, por
exemplo, so conhecidas como Coggies,

178
devido ao nome do governante da cida- Para os Trogloditas subumanos, que vi-
de, Baro Kognoy). vem sob as Montanhas do Dedo de Gelo,
Uma nica Moeda de Ouro lhe pagaria o nmero de ossos humanos ou de Anes
uma noite numa Estalagem de qualidade que uma pessoa possuir mostra o quanto
mediana ou um punhal novo, numa ci- abastada ; cada ossinho de dedo pode
dade agitada, embora bem menos numa valer uma Moeda de Ouro para eles. Um
rea isolada, que atendida somente por conjunto completo de costelas ou um cr-
raras caravanas de mercadores trapacei- nio seria uma grande apesar de mrbi-
ros (veja adiante mais detalhes sobre os da fortuna!
preos usuais). Mas o que acontece se
voc quiser comprar apenas uma ma Escambo
ou um po, ou qualquer outra coisa me- Em toda a terra povoada, desde as regi-
nor, que obviamente custa menos do que es improdutivas, percorridas pelos n-
uma Moeda de Ouro? Em algumas na- mades do deserto, at os fossos das cida-
es, Moedas de Ouro menores, talvez des, abundantes de vermes, as pessoas
com metade ou um quarto do tamanho trocam coisas ao invs de usar o dinheiro.
de uma moeda padro, tm sido cunha- Na verdade, em vrias terras isoladas,
das e algumas vezes so conhecidas como dinheiro e moedas so completamente
Prncipes ou Meio-Reais. Em outras ter- desconhecidos, e o povo comercia so-
ras, eles usam Moedas de Prata do mes- mente atravs da troca de coisas de que
mo tamanho das de Ouro. Estas so nor- no precisa por itens dos quais necessita.
malmente trocadas numa proporo de Esse sistema de escambo funciona em
dez Moedas de Prata para uma de Ouro todos os nveis, dependendo da qualida-
(embora algumas tribos de Orcs usem de dos artigos envolvidos e do status dos
Moedas de Prata muito maiores, valen- grupos de comerciantes: por exemplo,
do uma Moeda de Ouro, juntamente um armador de alta classe no aceitaria
com suas moedas mais rudimentares de duas dzias de galinhas em troca de um
chumbo e bronze). Moedas de Prata so escudo decorado, contudo, uma espada
geralmente apelidadas de Pratas, Luas, fina encrustada de jias seria gratamente
Estrelas ou Rainhas. Em algumas terras, aceita; da mesma maneira, ningum ten-
eles at mesmo cortam suas moedas em taria comprar um pouco de queijo com
metades, quartos ou oitavos, a fim de dar um saco de pedras preciosas ou com um
troco. Entretanto, isso tende a acontecer smbolo sagrado de ouro! Guarde isso na
somente em terras onde h grande supri- cabea e mantenha um senso de propor-
mento de ouro, uma vez que todas essas o, e voc no vai ter nenhuma dificul-
lascas de ouro logo se perdem! dade, no importa o que queira trocar, ou
Em algumas terras, as moedas ainda no onde quer quer esteja.
substituram outras formas mais tradi-
cionais de dinheiro. Junto s tribos pri- Impostos
mitivas do nordeste das Terras Planas na O imposto o encargo mais pesado sobre
Allansia central, varetas de cobre e bron- qualquer pessoa, que deseja viver numa
ze so usadas como dinheiro, trocadas da rea civilizada, sob a proteo de um rei
mesma forma que as Moedas de Ouro ou ou nobre, porque os exrcitos e fortifica-
de Prata.
179
es precisam ser pagos assim como Quando comea a colheita em pleno
as luxuosas caadas que fazem parte do outono, um segundo imposto normal-
estilo de vida de um rei! Algumas terras, mente cobrado, dessa vez cobrindo todas
como os reinados de Arion ou Analand, as terras em volta da cidade, bem como
cobram somente impostos mnimos de seus residentes. cobrado, de todos os
seus cidados, porque o dinheiro obtido agricultores e donos de terras, um impos-
deles usado com economia e muito cui- to de cerca de 10 a 15 por cento do valor
dadosamente, para fazer a manuteno de todas as safras e animais; na cidade, a
dos exrcitos e pouco mais; em Analand, proporo pode ser de 2 a 25 por cento
a maioria da renda do rei vem de seu pr- da fortuna de um homem, em dinheiro
prio comrcio e fazendas, e ele pede pou- vivo (mas onde houver pouco dinheiro,
qussimo de seus sditos devotados. En- vrios coletores tomaro a propriedade,
tretanto, muitas terras tm governantes satisfeitos do mesmo jeito!). O Imposto
que contam com o dinheiro ganho pelos de Fim do Vero, como conhecido em
impostos sobre seus cidados para man- algumas terras, mal recebido por todos,
t-los em um estilo de vida com o qual um porque, obviamente, ningum gosta de
governante logo se habitua! perder mais dinheiro do que deve.
Na maioria das cidades, a famlia gover- Por sua vez, os coletores de impostos
nante tem permisso de cobrar tanto di- usam meios muito duvidosos para pegar
nheiro de impostos quanto queira. Con- os cidados. Eles mantm as datas das
tudo, todo rei sabe que cobrar demais coletas o mais secretamente possvel; co-
dos cidados causa, levantes, e talvez at locam pedgios em todos os portes da
mesmo o destronamento do monarca, cidade a fim de impedir que os cidados
portanto, a maioria no abusa e conta abastados levem suas fortunas para fora
com alguns impostos comuns, em pocas da cidade durante o perodo; eles at
regulares do ano. Numa cidade grande mesmo se disfaram e espionam tudo an-
como Salamon, em Allansia, ou Ximoran, tecipadamente, preparando uma lista de
em Khul, os impostos so habitualmente tudo que normalmente h numa fazenda,
feitos de duas maneiras. H, geralmente, antes de irem oficialmente verificar uma
um imposto padro para qualquer um semana depois. Pode ser bem perigosa a
que atravesse os portes da cidade para vida de um coletor de impostos, e vrios
comercializar, e para qualquer um trazen- passaram a viajar sob uma escolta forte-
do grande quantidade de dinheiro para mente armada! Por todas essas razes,
dentro da cidade aventureiros, tomem quando a poca dos impostos chega, to-
nota! De forma semelhante, os navios dos os pases diminuem de ritmo at qua-
trazendo carga para dentro de um porto se pararem, e todo mundo toma parte
podem ter um pequeno imposto sobre os num geralmente bem-humorado jogo de
artigos que levam, dependendo, talvez, coleta de impostos!
de seu valor para os cidados da cidade.
Os portes da cidade ocasionalmente Os preos em Titan
tambm sofrem um pequeno imposto Desde pequenos, todos em Titan apren-
por serem abertos depois do pr-do-sol, dem o valor do dinheiro. Apesar de os ci-
para deixar algum entrar ou sair da ci- dados miserveis de Brice insistirem que
dade.
180
o ouro e todo seu poder so as razes de mercador para lev-los em sua regio iso-
tudo que amargo!, o dinheiro tem um lada de Kaypong ou Arantis.
significado especial para a maioria das
pessoas. Para os ricos significa uma outra Mercadores e caravanas
galera, mais uma escrava, outra pele de Nunca confie num mercador com ouro
Vynheim ou mais um Leo Negro, de es- at as orelhas um ditado peculiar de
timao, da Plancie de Bronze. Mas para Arantis, no sul de Allansia, mas reflete a
os pobres pode significar a diferena en- desconfiana natural que o povo comum
tre comer hoje ou amanh, entre dormir tem de todos os mercadores e comercian-
na rua ou em abrigo, entre vida e morte. tes. Eles parecem ter certeza de que se
Desde que aprende a falar, a maioria das algum est vendendo alguma coisa e
crianas de famlias pobre ou de classe at pior, na verdade viajou contigo a fim
mdia ensinada a pechinchar. A pechin- de vend-la ento s pode estar que-
cha uma forma sofisticada de discusso rendo tape-lo de alguma forma. Claro
entre o comerciante e o fregus, na qual que isso no completamente verdadei-
tentam estabelecer um preo que ambos ro, porm tem seu fundo de verdade, e
estejam dispostos a aceitar. Parece que al- h exemplos vivos do mercador safado
gumas vezes os ricos desdenham pechin- clssico em todos os lugares que procu-
char por artigos comuns, mas na verda- rar. Entretanto, apesar de suas reputa-
de, eles normalmente contratam algum es duvidosas, os mercadores so uma
para pechinchar por eles e mesmo os parte vital do sistema comercial em todas
ricos pechincham abertamente por jias, as terras povoadas.
peles ou escravos. Em algumas terras, Nas cidades e nos centros maiores, h
um sinal de grande riqueza e prosperida- sempre muitos artesos especializados,
de no aceitar simplesmente e pagar o como joalheiros, tintureiros, especialistas
primeiro preo que um mercador pede em ervas e perfumes, que s vezes pre-
por seus produtos; em outras terras, um cisam de ingredientes muito exticos.
grande insulto, com os mercadores fican- Contudo, um fato interessante que as
do com o sentimento de que deveriam ter cidades estejam sempre situadas extre-
pedido muito mais no incio! Conforme mamente distantes dos lugares onde os
voc viaja pelo mundo, rapidamente vai itens exticos so produzidos, da merca-
aprender onde pechinchar e onde no o dores e comerciantes serem necessrios
fazer, onde se recusar a pagar o que pe- para trazer os artigos das terras isoladas
dido e onde desistir e comprar em algum para as cidades. Em terras longnquas h
outro lugar. poucos artesos bons o suficiente para
Em Titan, dependendo de sua disponibili- produzir boas espadas, armaduras ou
dade, as coisas custam preos diferentes. roupas: a falta de clientes faz com que fi-
No centro de uma cidade comercial agita- quem distantes. Mas h sempre pessoas
da como Porto Blacksand, Lendle Real ou que realmente querem comprar alguns
Ximoram, mesmo os itens mais raros so itens sortidos, desde a nobreza local at
passveis de serem bem baratos, compa- os camponeses, procura de coisas me-
rados com os preos que teria que pagar lhores, e esse tipo de pessoa pode ser um
se dependesse dos esforos de um nico bom mercado para um comerciante de

181
artesanato. Portanto, o comrcio pode
funcionar em ambas as direes ima-
ginando-se, claro, que o mercador de-
seje viajar a grande distncia necessria
para ir das cidades s terras afastadas, e
depois retomar.
Se a jornada for grande, a maioria dos
comerciantes viaja como parte de uma
caravana, acompanhados por outros
mercadores, talvez alguns carregadores
e servos, e uma escolta contratada de
guardas mercenrios. Bandidos so um
perigo bastante freqente para as carava-
nas, principalmente nas rotas mais abas-
tadas, mas a presena de mais ou menos
uma dzia de soldados profissionais, ar-
mados at os dentes, deve ser suficiente
para amedrontar todas as ameaas, com
excesso das mais fortes. Ser contratado
como um guarda por um mercador , timos sobrevivem sem gua. Um merca-
quase sempre, um bom mtodo de viajar dor famoso, Tadeus Lecarte, era escol-
por longas distncias melhor que an- tado por dois Tigres de Dente-de-Sabre
dar, com certeza, e tem a vantagem adi- aonde quer que fosse! Ele tinha criado
cional da companhia, segurana e paga- o par, chamado de Fangy e Camy, desde
mento no final! Certamente h maneiras que os encontrara ainda filhotes na Pla-
muito piores de se viajar. ncie dos Ossos, aps terem sido abando-
Os animais de carga mais populares so nados por sua me. Quando atingiram a
as mulas, embora elas freqentemente idade adulta, tinham sido domesticados
sejam trocadas por camelos em regies o bastante para serem confiveis, mes-
mais quentes do deserto, porque os l- mo com humanos que no conhecessem

PRINCIPAIS ROTAS DE COMRCIO


Embora muitos comerciantes prefiram tomar seu prprio ramo, o aumento do nmero de ban-
didos, bandos de Orcs errantes e outras ameaas levou ao surgimento de mais rotas de comrcio
populares, onde uma pessoa pode estar certa de encontrar um companheiro de viagem, pelo
menos uma vez por dia, e onde se sabe que h sempre patrulhas armadas regulares. H muitas
rotas de comrcio em todos os trs continentes, mas as principais, e os artigos especiais que
levam, so os seguintes:
Zengispara Salamonis, via Fang, Anvil, Stonebridge e Chalice: especiarias, peles, prata, ouro,
produtos dos Anes, produtos dos homens do norte de Vynheim. A rota de Zengis para Fang
est aberta somente da Semeadura at o Esconderijo.
Pollua para Lendle Real, via Chalannabra e Cidade de Cristal: pedras brilhantes, minerais,
especiarias, tecidos e artigos de couro.
Kalagar para Ximoram, via Ashkyos e Djiretta: ouro, cobre, marfim, peles, artigos de metal.

182
porm bastaria uma nica palavra de
Lecarte e eles viriam correndo em seu
auxlio. Infelizmente, Lecarte morreu h
oito anos atrs, depois de tentar atraves-
sar novamente a Plancie dos Ossos
irocanicamente espancado por um Tigre
de Dente-de-Sabre que tentou acariciar,
confundindo-o, no escuro, com seu pr-
prio Camy. No se sabe o que aconteceu
com seus dois bichos de estimao.

Estalagens e Tabernas
Ento, agora voc aprendeu sobre o di-
nheiro; gostaria talvez de ir a algum lugar
para gast-lo? Que lugar seria melhor
do que uma estalagem ou uma taberna,
onde poderia vangloriar-se de suas aven-
turas hericas, encontrar outros bravos
aventureiros e descansar com uma ou
Ambos os tipos de estabelecimento tm
seis jarras de bebida? Voc tambm pre-
vrias funes para as pessoas que os
cisar de estalagens, uma vez que lugares
usam. A cervejaria local sempre fica no
seguros a cu aberto so raros; a maioria
corao de qualquer vila, e l que todos
dos aventureiros mais sensatos calcula
os homens se encontram de noite. Fofo-
suas jornadas dirias, sempre que pos-
cas e noticias locais so trocadas, hist-
svel, de modo a chegar a uma vila com
rias so contadas, lendas so recontadas,
uma estalagem na hora do pr-do-sol. E,
e geralmente tudo numa atmosfera de
enquanto estiver descansando entre as
grande cordialidade. Se se encontrar
aventuras, certamente precisar de uma,
noite numa estalagem ou taberna do inte-
pois um heri ativo e sedento de perigos
rior, com certeza ser questionado sobre
como voc jamais ficaria em um lugar
os eventos de outras partes do mundo;
tempo o bastante para comprar uma casa
pois, para muitas pessoas do local, viajan-
bom, no por alguns anos pelo menos!
tes como voc so os nicos mensageiros
Estalagem e taberna so, de fato, os
de notcias que vem. Fofocas podem ser
nomes de dois tipos bem diferentes de
muito divertidas d se ouvir, embora por
estabelecimentos de bebidas. Numa ta-
vezes possam se tomar perigosas. Numa
berna, voc sempre pode tomar uma be-
taberna freqentada por ladres locais, a
bida e, ocasionalmente, comer e se diver-
ltima coisa que vai querer fazer ser
tir tambm; numa estalagem, voc pode
pego escutando algum planejando o seu
passar a noite, e talvez mesmo colocar
prximo grande golpe!
seu cavalo no estbulo, bem como comer
Fm qualquer boa Estalagem haver mui-
e beber. Enquanto estiver na estrada, cer-
tos viajantes para dormir, em vez de pas-
tamente precisar dos servios de uma
sar uma noite arriscada a cu aberto: sal-
estalagem; em outras horas, uma taberna
teadores, lobos, bandidos e coisas piores
ser suficiente.
183
so o suficiente para persuadir a maioria mais do que deveriam, antes que ela fe-
das pessoas a ficar dentro de algum lugar che, e passam suas tardes no trabalho
at o Sol se levantar! Pode haver aventu- num estado de bebedeira muito impro-
reiros como voc, ricos mercadores com dutivo! As tabernas tpicas de cidade so
sua tropa de seguranas e talvez alguns O Porco e o Sapo em Porto Blacksand,
escravos, ou peregrinos a caminho de A Batalha de Skynn em Lendle Real ou
cultuar em algum santurio sagrado pr- O Homem de Cabea para Baixo em Xi-
ximo. Todos tm suas histrias para con- moran.
tar, e qualquer um deles pode ser muito Tabernas do Campo. Diferentes de suas
divertido. Em tabernas da cidade, a clien- contrapartes da cidade, estas podem ser
tela saboreando suas bebidas pode ter cervejarias macias, construdas em pe-
desde profissionais, como escrivos ou dra e grandes vigas de madeira, e com
comerciantes de escravos, miUtares ou mais ou menos uma dzia de pequenos
assassinos, at cidados locais, desordei- aposentos reunidos em tomo de um bar
ros ou mesmo mendigos. Voc aprender central, onde barris se alinham nas pare-
rapidamente que todas as estalagens ou des e garonetes prostitutas enchem jar-
tabernas tm suas prprias peculiarida- ras de cerveja para levar sua mesa. Nor-
des, que podem se revelar divertidas ou malmente h, especialmente no inverno,
perigosas. Todas elas tambm tm apa- uma grande lareira no centro do aposen-
rncia diferente, mas para simplificar, ns to, e candelabros de velas pendurados no
as dividimos em alguns tipos. teto para iluminar bem (estes tambm
Tabernas de Cidade. Estas normalmente so teis para atravessar o aposento com
so pequenas e apertadas e, frequente- um impulso durante uma pancadaria!). A
mente, muito quentes e lotadas noite. atmosfera tende a ser densa com a fuma-
Consistindo de um, talvez dois aposentos, a e o cheiro de cho, e o cho de palha
elas todavia podem ser divididas em pe- pode ficar grosso de lama no final da noi-
quenos cantinhos, para os clientes terem te. Numa taberna do campo, a chegada
mais privacidade. Apesar de o servio de de um forasteiro pode resultar num siln-
garons no ser dos piores, muitos usam cio repentino e altamente constrangedor,
o mtodo novo de comprar sua prpria principalmente se a taberna for isolada.
bebida no bar, ao invs de chamar al- No temos nenhum conselho a dar sobre
gum sua mesa. A atmosfera pode ser como lidar com momentos como esse
de desordem e calorenta, ou tensa e normalmente as pessoas tentam ignor-
conspiradora, dependendo de quem vai -lo e pedir uma bebida. Voc deve deixar
ao estabelecimento, mas um forasteiro que os outros vejam que apenas um ser
raramente atrair muita ateno. h unia no normal como o restante deles...
Algumas cidades impem um horrio a menos, claro, que voc seja um Orc ou
desagradvel de abertura e fechamento um Lobisomem ou qualquer outra coisa!
de suas tabernas, na esperana de que Exemplos de tabernas do campo tpicas
alguns de seus cidados faam algum so Cervejaria Hullgrim em An vil, Bes-
trabalho tarde, em vez de se sentarem ta de Cerda Er iada em Florrin ou A
bebendo; infelizmente, para compensar Lana Curva em Fenmarge.
a hora de fechar, muitos farristas bebem Estalagens de Cidade. H dois tipos dis-

184
localizam-se em volta de um jardim cen-
tral, contemplado pelos quartos de hs-
pedes. Tambm haver estbulos, e, pro-
vavelmente, os servios de um rapaz no
estbulo, um ferreiro ou um carroceiro,
seja no local ou pelo menos, perto. O bar
pode ser bem pequeno ou dividido em
uma variedade de pequenos aposentos,
onde grupos separados de viajantes po-
dem descansar juntos, longe dos outros
hspedes. As estalagens desse tipo so
O Descanso do Marinheiro em Khar e
A Estrada do Rei em Djiretta.
Estalagens do Campo. No campo, as es-
talagens so parecidas com as tabernas,
a menos que fiquem em estradas muito
agitadas e, nesse caso, elas vo se parecer
muito com as estalagens da cidade. Elas
tambm vo se situar volta de um jar-
tintos de estalagem de cidade. O primeiro dim, e tero estbulos para os cavalos ou
tipo serve para qualquer aventureiro local para as carruagens dos viajantes. Podem
profissionais e outros que preferem ficar ter um certo nmero de pequenos quar-
numa estalagem ao invs de comprar ou tos de hspedes, como uma estalagem da
alugar uma acomodao. Esse tipo de cidade possui, mas geralmente tero um
estalagem tambm pode ser encontrado bar principal para a clientela local. Esse
ao longo das docas das reas porturias, tipo de estalagem serve como refgio co-
provendo acomodao temporria s tri- mum aos salteadores ou contrabandistas,
pulaes dos navios e talvez at pen- e pode ser um lugar muito perigoso, se
durando redes ao invs de camas, e ser- no se tomar cuidado. O melhor conselho
vindo a bebida tradicional do marinheiro, que podemos dar ir para cama, como
no lugar da cerveja! Essas estalagem so sempre, e no investigar nenhum barulho
normalmente pequenas, com um nico estranho que oua de noite (a menos que
aposento-bar para os clientes e hspe- seja algum esvaziando seus bolsos,
des. O Lagosta Negra em Porto Black- claro!) e sempre mantenha sua espada
sand esse tipo de lugar, mo, s por precauo. Muitas coisas
O segundo tipo freqentemente encon- estranhas acontecem em algumas esta-
trado nas fronteiras da cidade, perto do lagens do campo; embora deva-se dizer
porto principal, pois procurada quase que h tantas outras em que nada de ex-
exclusivamente por viajantes entrando ou traordinrio ocorre. As tpicas estalagens
saindo da cidade. Na verdade, algumas do campo so A Festa de Enforcamento
como O Caminho em Chalannabrad, perto de Silverton, A Grande Muralha
so construdas nos arcos, sobre uma das em Cantopani e Os Dedos do Rei Gre-
principais vias pblicas, Elas geralmente gor na estrada ao sul de Ximoran.

185
Cerveja e outras bebidas sul de Kakhabad e no norte de Analand.
Uma das mais importantes atividades que Se tiver uma mente aberta e for corts
leva as pessoas a visitarem as tabernas , quando perguntar casualmente o que um
logicamente, a bebida. Em algumas reas determinado prato contm (e ainda mais
no h escolha: voc bebe a cerveja lo- corts se a descrio que se seguir o fi-
cal ou simplesmente no bebe! Mas nas zer querer cuspi-lo imediatamente!), ter
cidades e nas vilas maiores, as coisas po- poucos problemas com comida quando
dem ser um pouco mais civilizadas, com viajar pelo mundo.
cervejas, vinhos e bebidas de todo Titan. Muitas tabernas tm suas prprias mar-
Algumas bebidas so muito famosas por cas especiais de fumo, que vendem para
continentes inteiros devido sua potn- qualquer um que desejar relaxar depois
cia ou sabor peculiar; em suas viagens da refeio ou com uma bebida. Se trou-
voc descobrir que vale a pena experi- xer uma marca estrangeira de tabaco para
mentar vrios tipos diferentes, mas fique dentro de uma taberna, no se esquea
alerta algumas bebidas so mais fortes de que podem esperar que voc ofere-
que outras! a uma amostra a cada um que pergun-
tar sobre ele. O que quer que faa, tome
Outras amenidades cuidado com qualquer fumo oferecido
A comida da taberna geralmente no a voc em lugares muito quentes, como
to ruim quanto dizem (embora, s vezes, qualquer uma das cidades em torno do
claro, seja muitssimo pior!). somente Mar Interior, em Khul. Se nunca o tiver ex-
porque, em algumas partes do mundo, perimentado antes, fique certo de que o
os nomes de algumas comidas soam um negcio vai coloc-lo para dormir ou fazer
pouco estranhos. Nossos estmagos, com qe sua mente fique nublada, e ser
tambm, vo se contorcer no princ- roubado de todos os seus pertences em
pio s de pensar em alguma coisa como um instante. Em algumas partes do mun-
Rins de Fera de Espinhos Endiabrados, do, fumar pode estragar sua sade!
mas, na verdade, isso um prato muito
saboroso e substancioso, encontrado no
CERVEJAS E BEBIDAS FAMOSAS
Segura Valento Azul Especial: uma cerveja esquisita, azul, encontrada a oeste de Allansia.
Duas jarras so o suficiente para derrubar um grande Gigante das Colinas com um resfriado!
Uma jarra custa 4MO.
gua de Quill: encontrada somente em Quill, em Brice. Parece com gua, tem gosto de gua
e trs doses pequenas matam um homem. Geralmente servida em dedaizinhos, a cerca de
10MO a dose!
Buruna Sangue Felino: uma cerveja bem leve e doce de Khul. A maioria pensa que fermenta-
da a partir da gua do Rio Sangue Felino, e tingida de vermelho pra causar efeito. Na verdade,
feita pegando-se duas dzias de gatos e vagarosamente... Meia-jarra custa 5MO.
Crnio Bbado: uma espedalidaade dos Anes, uma bebida marrom escijra feita da destilao
do trigo em rachaduras de blocos de granito. Voc tem que ser um Ano para saborear sua con-
sistncia muito arenosa, mas derrubar qualquer um que no seja um Ano em trs minutos,
Uma dose custa 2MO e somente encontrada no noroeste de Allansia.
Guursh: Cerveja Orc. no a beba, se der valor a seu estmago!

186
Diverso!
Um dos maiores prazer es de se visitar
qualquer estalagem ou taberna o di-
vertimento que pode encontrar por l.
Aparecimentos regulares de menestris,
danarinas exticas ou animais amestra-
dos so garantidos para levar multides
de clientes em fila a uma determinada es-
talagem por uma noite, e com isso, trazer
um ganho extra para o proprietrio! Nas
tabernas das pequenas vilas, o nico en-
tretenimento pode ser um dos habitantes
locais com o dedo enfiado no ouvido, gri-
tando algumas canes populares o mais
alto possvel, mas s vezes h visitas de
menestris errantes, msicos ou circos.
Nas cidades e vilas maiores, e principal-
mente nos portos, pode haver artistas de
todos os cantos do globo. Simplesmente
quase tudo que possa imaginar, e coisas
que nem mesmo imagina, geralmente po-
dem ser encontradas num fosso de ver-
mes como Porto Blacksand ou na Cidade repousa sobre o ampo da mesa. Quanto
dos Labirintos. mais altas as apostas, mais rpidas e mais
Tambm muito populares em tabernas e difceis as jogadas. Sangue jorrando indi-
cervejarias, atravs do mundo povoado, ca que o jogo acabou!
so os jogos de apostas. H uma grande Knifey-Knifey. Tambm conhecido com
variedade de jogos cada cantinho de Roleta Khareana, esse jogo proibido na
Titan parece ter o seu favorito, e mesmo maioria dos pases, pois invariavelmente
quando reas particulares tm um jogo termina em morte. Seis punhais idnticos
em comum, as regras so freqentemen- ficam sobre a mesa; um verdadeiro, en-
te diferentes. Aqui vo trs de nossos fa- quanto os outros cinco tm lminas que
voritos; ns sabemos que descobrir os se retraem e que no machucam. Em tur-
seus, seja nos infames Sales de Apostas nos, cada jogador seleciona um punhal e
de Vlada em Khar, seja em alguma pe- rapidamente o enfia no prprio peito. Se
quena taberna varrida pelo vento, escon- for um falso, ele retoma mesa e se mis-
dida nas regies das Plancies Pags. tura com os outros, e o jogo continua; se
Mumblypeg. Tambm conhecido como for o verdadeiro, a morte do jogador aza-
Dedo Veloz, em alguns lugares, esse um rado certa. O jogo continua at que um
jogo muito simples, mas requer grande nico jogador sobreviva. Esse um jogo
destreza para ser bem jogado. Tudo que muito excitante de se ver, mas no de jo-
tem que fazer pegar um punhal e jog-lo gar (os especialistas em Knifey-Knifey so
no ponto entre os dedos de sua mo, que pouqussimos, porm geralmente riqus-
simos).
187
Ten-Ten. Esse , provavelmente, nosso estocadas. Seu jogo muito perigoso, e
jogo predileto (frequentemente voc nos podem ser pessoas implacveis. O mes-
encontrar j o gando-o em nossa taberna mo ocorre com salteadores e bandidos,
local, O Sbio e o Estudioso, na hora do que operam nas reas campestres lon-
almoo). Consiste de um painel, coberto ge das grandes cidades, mas perto da
com 64 quadrados, e em cada um, h um maiores rotas comerciais. O mais famoso
nmero de 1 a 9. Metade dos quadrados salteador de todos, Sorridente Lord Do-
preta, metade branca. Cada jogador sim- rian, trabalhava junto s estradas entre
plesmente joga um dardo em direo ao Porto Blacksand e o interior da Allansia
painel, em rodadas. Os nmeros pretos povoada, roubando mercadores, carrua-
contam a favor do total, mas os brancos gens, mensageiros e viajantes solitrios,
so subtrados do total. O jogo prossegue e operando ao lado de O Dorso do Orc,
at que um jogador atinja um nmero de na estrada para Stonebrigde. Ele era um
exatamente 10 ou -10 pontos, onde ento exmio espadachim e um soberbo atira-
ele toma o contedo da caneca. Esse jogo dor de arco e flecha, mas ironicamente,
especialmente popular em Analand e foi morto quando seu cavalo, Blue Boris,
Ruddlestone, no continente oeste, porm bateu numa rvore depois de uma tenta-
jogado na maioria das cidades civiliza- tiva malsucedida de roubar o mago Nico-
das em Titan. demus (que estava viajando disfarado).
Os mais perigosos de todos so os pro-
Bebidas perigosas prietrios pervertidos, que jogam ladres
Ocasionalmente, sem aviso, voc pode no meio de seus hspedes e os atacam. O
se encontrar no meio de um bar cheio de quase lendrio Erlik Vinner de Rorotuna
guerreiros rudes, todos com a inteno construiu uma armadilha mortal dentro
de criar galos uns nos outros! Rixas de bar de sua estalagem. Os hspedes deita-
so especialmente comuns em tabernas vam em suas camas e, de repente, eram
violentas nas reas das docas das cidades virados de costas e derrubados com um
malignas como Porto Blacksand ou a Cida- chute para dentro de um tanque de gua
de dos Labirintos, e uma vez que algum fervendo. Vinner roubava seus pertences,
queira comear uma, h pouco que possa e depois reclamava no dia seguinte que o
fazer, exceto trincar os dentes e cair sobre hspede tinha fugido sem pagar a conta!
quem quer que chegue perto, e se lem- A estalagem de Vinner, O Proprietrio
brar de sair fora antes da Patrulha chegar! Feliz, era tambm famosa por seu pecu-
Mas as rixas so s vezes a menor de suas liar, porm saboroso, guisado...
preocupaes, pois h coisas muito mais
sinistras acontecendo nas tabernas. Uma estalagem tpica:
Contrabandistas so muito comuns em a Lagosta Negra em Black-
algumas reas da costa, principalmente sand
perto dos portos que cobram impostos A Lagosta Negra uma renomada esta-
comerciais extorsivos. As tabernas ofere- lagem das docas, muito freqentada por
cem uma base ideal, pois a maioria tem tripulaes piratas e seus capites. Seu
pores profundos, nos quais grandes proprietrio o Risonho Guidon Allier-
quantidades de contrabando podem ser t, que tambm dono de duas tabernas

188
em Rimon, e mais trs em Halak, mais A Lagosta Negra uma tpica taberna
adiante, descendo a costa. Como resulta- de cidade, com um nico bar de tamanho
do, A Lagosta Negra deixada, na maior mediano e vrios pequenos reservados.
parte do tempo, prpria sorte, dirigida Seus aposentos so sujos e cheios de in-
por uma sucesso de barmen sob o cui- setos, mas pelo menos no so comparti-
dadoso olhar do sobrinho de Alliert, Hal- lhados com outros hspedes, e no cus-
ron, que est mais preocupado em beber tam mais de 1MO por noite. O bar serve
os lucros do que em faz-los! A famlia vrias cervejas e espritos locais, bem
Alliert possui tabernas em Allansia h como bebida de marinheiro feita de cana-
muitos anos, e criou laos fortes com v- -de-acar e trazida desde Arantis. Sua
rios capites piratas, que sempre trazem clientela invariavelmente constituda de
suas mercadorias para as casas de Alliert metade de piratas e metade de aventurei-
quando esto no porto. Pensa-se que Ga- ros (muitas vezes procura de passagem
rius de Halak um deles, apesar de nunca em um navio pirata).
ter sido pego por nenhum dos guardas
que, com pouca freqncia, entram no
local.

189
AT LOGO BRAVO AVENTUREIRO

A
gora voc chegou ao fim de nosso livro, e onde melhor terminar do que numa
taberna, descansando com uma jarra de cerveja, enquanto lentamente digere
tudo que viu ou ouviu, em nossa viagem compacta em torno do mundo de Ti-
tan? Estamos certos de que concordar conosco quando dizemos que um lugar mui-
to estranho e perigoso, mas que verdade que pode ser muito compensador tambm,
se mantiver o juzo.
Tudo que resta agora, claro, voc sair e colocar toda essa informao em prtica! Se
no fosse um aventureiro antes de ler esse livro, esperamos ter despertado sua mente
para essa possibilidade. H fortunas a serem feitas, l no grande e amplo mundo, erros
a serem corrigidos, maldades a serem combatidas e heris a serem descobertos. Talvez
voc venha a ser um dos heris do futuro.
E se j for um aventureiro, sinceramente esperamos que tenha aprendido alguma coisa
com nosso modesto trabalho. Para voc, senhor ou senhora, nossos cumprimentos e
pedimos perdo se tivermos cometido alguns erros nesse livro, subestimado alguns
perigos, ou tratado alguns seres malignos muito casualmente, sem levarmos muito em
considerao sua maldade. Somos apenas humanos, e no nos beneficiamos de uma
experincia em primeira mo, que privilgio nico dos aventureiros como vocs.
Para todos os nossos leitores, desejamos uma vida longa e feliz, embora esperamos
que tambm seja excitante. Se um dia passarem por Slamonis, ficaramos encantados
em receb-los em nossos modestos aposentos no Palcio da Sabedoria, e de ouvir
alguma coisa sobre suas aventuras maravilhosas.

Que os deuses sempre os protejam!

190
LICENA OPEN DRAGON / CREATIVE COMMONS by-sa v3.0
Com esta licena voc tem a liberdade de:
Compartilhar copiar, distribuir e transmitir a obra.
Remixar criar obras derivadas.
Sob as seguintes condies:
Atribuio Voc deve creditar a obra da forma especificada pelo autor ou licenciante (mas no de maneira que sugira que estes
concedem qualquer aval a voc ou ao seu uso da obra).
Compartilhamento pela mesma licena Se voc alterar, transformar ou criar em cima desta obra, voc poder distribuir a obra
resultante apenas sob a mesma licena, ou sob uma licena similar presente.
______________________________________________________________________________________________________

THIS LICENSE IS APPROVED FOR GENERAL USE. PERMISSION TO DISTRIBUTE THIS LICENSE IS MADE BY WIZARDS
OF THE COAST - OPEN GAME LICENSE Version 1.0a
The following text is the property of Wizards of the Coast, Inc. and is Copyright 2000 Wizards of the Coast, Inc (Wizards). All Rights Reserved.
1. Definitions: (a)Contributors means the copyright and/or trademark owners who have contributed Open Game Content; (b)Derivative Material
means copyrighted material including derivative works and translations (including into other computer languages), potation, modification, correction,
addition, extension, upgrade, improvement, compilation, abridgment or other form in which an existing work may be recast, transformed or adapted; (c)
Distribute means to reproduce, license, rent, lease, sell, broadcast, publicly display, transmit or otherwise distribute; (d)Open Game Content means the
game mechanic and includes the methods, procedures, processes and routines to the extent such content does not embody the Product Identity and is an
enhancement over the prior art and any additional content clearly identified as Open Game Content by the Contributor, and means any work covered by this
License, including translations and derivative works under copyright law, but specifically excludes Product Identity. (e) Product Identity means product and
product line names, logos and identifying marks including trade dress; artifacts; creatures characters; stories, storylines, plots, thematic elements, dialogue,
incidents, language, artwork, symbols, designs, depictions, likenesses, formats, poses, concepts, themes and graphic, photographic and other visual or
audio representations; names and descriptions of characters, spells, enchantments, personalities, teams, personas, likenesses and special abilities; places,
locations, environments, creatures, equipment, magical or supernatural abilities or effects, logos, symbols, or graphic designs; and any other trademark or
registered trademark clearly identified as Product identity by the owner of the Product Identity, and which specifically excludes the Open Game Content; (f)
Trademark means the logos, names, mark, sign, motto, designs that are used by a Contributor to identify itself or its products or the associated products
contributed to the Open Game License by the Contributor (g) Use, Used or Using means to use, Distribute, copy, edit, format, modify, translate and
otherwise create Derivative Material of Open Game Content. (h) You or Your means the licensee in terms of this agreement.
2. The License: This License applies to any Open Game Content that contains a notice indicating that the Open Game Content may only be Used under and in
terms of this License. You must affix such a notice to any Open Game Content that you Use. No terms may be added to or subtracted from this License except
as described by the License itself. No other terms or conditions may be applied to any Open Game Content distributed using this License.
3.Offer and Acceptance: By Using the Open Game Content You indicate Your acceptance of the terms of this License.
4. Grant and Consideration: In consideration for agreeing to use this License, the Contributors grant You a perpetual, worldwide, royalty-free, non-exclusive
license with the exact terms of this License to Use, the Open Game Content.
5.Representation of Authority to Contribute: If You are contributing original material as Open Game Content, You represent that Your Contributions are Your
original creation and/or You have sufficient rights to grant the rights conveyed by this License.
6.Notice of License Copyright: You must update the COPYRIGHT NOTICE portion of this License to include the exact text of the COPYRIGHT NOTICE of
any Open Game Content You are copying, modifying or distributing, and You must add the title, the copyright date, and the copyright holders name to the
COPYRIGHT NOTICE of any original Open Game Content you Distribute.
7. Use of Product Identity: You agree not to Use any Product Identity, including as an indication as to compatibility, except as expressly licensed in another,
independent Agreement with the owner of each element of that Product Identity. You agree not to indicate compatibility or co-adaptability with any
Trademark or Registered Trademark in conjunction with a work containing Open Game Content except as expressly licensed in another, independent
Agreement with the owner of such Trademark or Registered Trademark. The use of any Product Identity in Open Game Content does not constitute a
challenge to the ownership of that Product Identity. The owner of any Product Identity used in Open Game Content shall retain all rights, title and interest in
and to that Product Identity.
8. Identification: If you distribute Open Game Content You must clearly indicate which portions of the work that you are distributing are Open Game Content.
9. Updating the License: Wizards or its designated Agents may publish updated versions of this License. You may use any authorized version of this License to
copy, modify and distribute any Open Game Content originally distributed under any version of this License.
10 Copy of this License: You MUST include a copy of this License with every copy of the Open Game Content You Distribute.
11. Use of Contributor Credits: You may not market or advertise the Open Game Content using the name of any Contributor unless You have written
permission from the Contributor to do so.
12 Inability to Comply: If it is impossible for You to comply with any of the terms of this License with respect to some or all of the Open Game Content due to
statute, judicial order, or governmental regulation then You may not Use any Open Game Material so affected.
13 Termination: This License will terminate automatically if You fail to comply with all terms herein and fail to cure such breach within 30 days of becoming
aware of the breach. All sublicenses shall survive the termination of this License.
14 Reformation: If any provision of this License is held to be unenforceable, such provision shall be reformed only to the extent necessary to make it
enforceable.
15 COPYRIGHT NOTICE Open Game License v 1.0 Copyright 2000, Wizards of the Coast, Inc. System Reference Document, Copyright 2000-2003, Wizards of
the Coast, Inc.; Autores: Jonathan Tweet, Monte Cook, Skip Williams, Rich Baker, Andy Collins, David Noonan, Rich Redman, Bruce R. Cordell, John D. Rateliff,
Thomas Reid, James Wyatt, baseado em material original de E. Gary Gygax e Dave Arneson. Old Dragon, Copyright 2010, Antonio S Neto e Fabiano Neme.
EM RESPEITO AO ITEM 8 DA OPEN GAME LICENSE v1.0a, INDICAMOS COMO CONTEDO ABERTO, TODO ESTE MATERIAL COM EXCEO DE
NOMES LUGARES, PERSONAGENS, ARTES, ILUSTRAES, ESQUEMAS, DIAGRAMAES E QUALQUER OUTRO MATERIAL QUE CONFIGURE
PROPRIEDADE INTELECTUAL DOS SEUS AUTORES.
www. .com.br
Regras para Jogos Clssicos de Fantasia

Você também pode gostar