Fichamento Memoria Coletiva
Fichamento Memoria Coletiva
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Lembranas de adultos
HALBWACHS disserta sobre o fato de um indivduo fazer parte de mais de
um grupo e de esse aspecto influenciar suas lembranas, exemplificando:
uma pessoa pode, ao mesmo tempo, fazer parte da comunidade de uma
pequena cidade e de uma famlia, h lembranas de cada grupo, mas elas
mesclam-se.
Estamos ento, to bem afinados com aqueles que nos cercam, que
vibramos em unssono, e no sabemos mais onde est o ponto de partida
das vibraes, em ns ou nos outros. P. 47
O autor continua defendendo o quanto os indivduos so constitudos pelas
influencias do coletivo. Para Halbwachs, as opinies e impresses dos
indivduos so sempre influenciadas pelos livros que l, pelas conversas que
tem, enfim, pela comunidade ou coletividade em que est inserido. O autor
assinala, no entanto, que muitas vezes os indivduos no conseguem
perceber tal influncia, acreditando assim, que suas impresses e opinies
so estritamente suas. interessante notar que em Obo o narrador
problematiza exatamente seu pertencimento uma comunidade negra. Tal
problematizao teria relao, se utilizar-se aqui as reflexes de Halbwachs,
com o fato de ele ter lembranas que se encontram exatamente no
entrelugar de vrias coletividades: primeiramente a comunidade negra,
segundo a comunidade dos trabalhadores da fazenda (incluindo-se a
tambm os imigrantes alemes)?, tambm como morador da regio
interiorana, e por fim, integrante de um crculo de intelectuais. De certo
modo, possvel entender que esta multiplicidade de influncias contribui
para o conflito identitrio do narrador, ainda que seu relato leve a perceber
que a aflio que traz em sua histria vem muito por conta das histrias de
sofrimento e injustia da populao negra que conheceu durante sua vida.
preciso apontar, ainda, que o narrador, por outro lado, destaca as
influncias coletivas que teve em sua vida quando, por exemplo, conta a
histria de seu professor de msica e intelectual negro No: (citar trecho
em que ele destaca a importncia do personagem para si)
E em outro momento, quando relembra com carinho a relao que teve com
o alemo Engel: (citao)
A partir dessas observaes, a complexidade no desenvolvimento do
narrador de Obo, como um sujeito mltiplo. *Pensar aqui em um terico
acerca dessa multiplicidade: talvez Hall, Bahba.
Oposio final
Entre memria coletiva e a histria
Halbwachs diferencia histria de memria histrica, discutindo este ltimo
termo, ou memria coletiva, para ele os fatos s passam para a narrativa
histrica quando saem da memria coletiva, pois s necessrio recorrer
escrita quando os indivduos j no so mais capazes de guardar,
naturalmente, em suas mentes tais lembranas.
Quando a memria de uma sequncia de acontecimentos no tem mais
por suporte um grupo, aquele mesmo em que esteve engajada ou que dela
suportou consequncias, que lhe assistiu ou dela recebeu um relato vivo dos
primeiros atores individuais, perdidos em novas sociedades para as quais
esses fatos no interessam mais porque lhes so decididamente exteriores,
ento o nico meio de salvar tais lembranas fixa-las por escrito em uma
narrativa seguida, uma vez que as palavras e os pensamentos morrem, mas
os escritos permanecem. P. 81
Ao distinguir histria e memria coletiva, Halbwachs destaca dois aspectos,
o primeiro que a memria coletiva uma corrente de pensamento
contnuo, sem interrupes. O segundo aspecto refere-se ao fato de que a
memria coletiva, ao contrrio da histria, no ultrapassa os limites de um
grupo:
Quando um perodo deixa de interessar ao perodo seguinte, no um
mesmo grupo que esquece uma parte de seu passado: h, na realidade,
dois grupos que se sucedem. P. 82.
Para Halbwachs a histria, diferentemente da memria coletiva, divide a
sequncia de sculos em perodos, assim como uma pea de teatro, onde
um ato sucede o outro, excetuando que, na narrativa histrica, os
personagens sempre mudam de ato para ato. Quanto diviso desses
perodos, o autor comenta:
A histria, que se coloca fora dos grupos e acima deles, no vacila em
introduzir na corrente dos fatos divises simples e cujo lugar est fixado de
uma vez por todas. Ela obedece, assim fazendo, somente a uma
necessidade didtica de esquematizao. Parece que ela considera cada
perodo como um todo, independente em grande parte daquele que o
precede e daquele que o segue, porque ela tem uma tarefa, boa, m ou
indiferente, a cumprir. P.82
J na memria coletiva no h tais linhas de separao, mas somente
limites irregulares e incertos. P 84
Captulo III
A memria coletiva e o tempo
Anexo
A memria coletiva nos msicos