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SRIE MDICA

PSICLOGO

NDICE

Nvel Superior

LNGUA PORTUGUESA:
Ortografia oficial. .......................................................................................................................... 43
Acentuao grfica. ..................................................................................................................... 41
Flexo nominal e verbal. .............................................................................................................. 59
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocao. Advrbios. ........................................... 63
Conjunes coordenativas e subordinativas. ................................................................................ 75
Emprego de tempos e modos verbais. ......................................................................................... 67
Vozes do verbo. ........................................................................................................................... 67
Concordncia nominal e verbal. Regncia nominal e verbal. ....................................................... 81
Sintaxe. ........................................................................................................................................ 77
Ocorrncia de crase. .................................................................................................................... 49
Pontuao.................................................................................................................................... 48
Inteleco de texto. ........................................................................................................................ 1

CONHECIMENTOS ESPECFICOS
Legislao do SUS ............................................................................................................................................. 1
Lei n 8.080, de 19 de setembro de 1990 .......................................................................................................... 4
Resoluo CFP N 010/05 - O Cdigo de tica Profissional do Psiclogo - Em vigor desde o dia 27 de
agosto de 2005. ................................................................................................................................................13
Resoluo CFP N. 007/2003 Manual de Elaborao de Documentos Decorrentes de Avaliaes Psi-
colgicas ..........................................................................................................................................................15
Resoluo CFP N 010/2010 - Institui a regulamentao da Escuta Psicolgica de Crianas e Adoles-
centes envolvidos em situao de violncia, na Rede de Proteo. ..............................................................18
Resoluo CFP N 008/2010 - Dispe sobre a atuao do psiclogo como perito e assistente tcnico
no Poder Judicirio. .........................................................................................................................................19
BRASIL, LEI N 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012. (Sistema Nacional de Atendimento Socioedu-
cativo - SINASE) ..............................................................................................................................................20
LEI N 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.Dispe sobre o Estatuto da Criana e do Adolescente e d
outras providncias...........................................................................................................................................30
A constituio do objeto libidinal patologia das relaes objetais. ..................................................................94
Preveno e efeitos da privao materna. ......................................................................................................95
O papel do pai. ..............................................................................................................................................107
As inter-relaes familiares: casamento, conflito conjugal, separao, guarda dos filhos. ..........................117
A criana e a separao dos pais. ................................................................................................................128
A criana e o adolescente vitimizados. .........................................................................................................129
Natureza e origens da tendncia anti-social. ................................................................................................139
Os direitos fundamentais da criana e do adolescente. ................................................................................148
As medidas especficas de proteo criana e ao adolescente. ...............................................................149
Noes de Direito da Famlia. .......................................................................................................................152
A colocao em famlia substituta - Guarda, Tutela, Adoo. ......................................................................200
Adolescncia, Drogadio e Famlia. ............................................................................................................202

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A apurao de ato infracional atribudo ao adolescente. ..............................................................................206
As medidas scio-educativas. .......................................................................................................................212
O trabalho do psiclogo e as atribuies da equipe interprofissional na Vara da Infncia e da Juventu-
de, nas Varas da Famlia e das Sucesses e nas Varas Especiais da Infncia e da Juventude. ................214
Psicodiagnstico - tcnicas utilizadas. ..........................................................................................................221
A entrevista psicolgica. ................................................................................................................................240
Relatrios e laudos periciais psicolgicos. ....................................................................................................245
tica profissional. ...........................................................................................................................................249

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LNGUA PORTUGUESA

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APOSTILAS OPO

LNGUA PORTUGUESA
autor, suposies vagas e inespecficas. Quem l com cuidado certamente
incorre menos no risco de tornar-se um analfabeto funcional e ler com
ateno um exerccio que deve ser praticado exausto, assim como
uma tcnica, que far de ns leitores proficientes e sagazes. Agora que
voc j conhece nossas dicas, desejamos a voc uma boa leitura e bons
estudos! Luana Castro Alves Perez

Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretao de


texto. Para isso, devemos observar o seguinte:

01. Ler todo o texto, procurando ter uma viso geral do assunto;
02. Se encontrar palavras desconhecidas, no interrompa a leitura, v
at o fim, ininterruptamente;
03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos
Ortografia oficial. 43 umas trs vezes ou mais;
Acentuao grfica. 41 04. Ler com perspiccia, sutileza, malcia nas entrelinhas;
Flexo nominal e verbal. 59 05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
06. No permitir que prevaleam suas ideias sobre as do autor;
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colo- 07. Partir o texto em pedaos (pargrafos, partes) para melhor compre-
cao. Advrbios. 63 enso;
Conjunes coordenativas e subordinativas.75 08. Centralizar cada questo ao pedao (pargrafo, parte) do texto cor-
Emprego de tempos e modos verbais. 67 respondente;
09. Verificar, com ateno e cuidado, o enunciado de cada questo;
Vozes do verbo. 67 10. Cuidado com os vocbulos: destoa (=diferente de ...), no, correta,
Concordncia nominal e verbal. Regncia nominal incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que
e verbal. 81 aparecem nas perguntas e que, s vezes, dificultam a entender o que se
Sintaxe. 77 perguntou e o que se pediu;
Ocorrncia de crase. 49 11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais
exata ou a mais completa;
Pontuao. 48 12. Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de
Inteleco de texto. 1 lgica objetiva;
13. Cuidado com as questes voltadas para dados superficiais;
14. No se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta,
DICAS PARA UMA BOA INTERPRETAO DE TEXTO mas a opo que melhor se enquadre no sentido do texto;
15. s vezes a etimologia ou a semelhana das palavras denuncia a
Uma boa interpretao de texto importante para o desenvolvimento
resposta;
pessoal e profissional, por isso elaboramos algumas dicas preciosas para
16. Procure estabelecer quais foram as opinies expostas pelo autor,
auxiliar voc nos seus estudos.
definindo o tema e a mensagem;
Voc tem dificuldades para interpretar um texto? Se a sua resposta for 17. O autor defende ideias e voc deve perceb-las;
sim, no se desespere, voc no o nico a sofrer com esse problema que 18. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito so importants-
afeta muitos leitores. simos na interpretao do texto.
Ex.: Ele morreu de fome.
No saber interpretar corretamente um texto pode gerar inmeros pro- de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realizao
blemas, afetando no s o desenvolvimento profissional, mas tambm o do fato (= morte de "ele").
desenvolvimento pessoal. O mundo moderno cobra de ns inmeras com- Ex.: Ele morreu faminto.
petncias, uma delas a proficincia na lngua, e isso no se refere apenas faminto: predicativo do sujeito, o estado em que "ele" se encontrava
a uma boa comunicao verbal, mas tambm capacidade de entender quando morreu.;
aquilo que est sendo lido. O analfabetismo funcional est relacionado com 19. As oraes coordenadas no tm orao principal, apenas as idei-
a dificuldade de decifrar as entrelinhas do cdigo, pois a leitura mecnica as esto coordenadas entre si;
bem diferente da leitura interpretativa, aquela que fazemos ao estabelecer 20. Os adjetivos ligados a um substantivo vo dar a ele maior clareza
analogias e criar inferncias. Para que voc no sofra mais com a anlise de expresso, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado. Eraldo
de textos, elaboramos algumas dicas para voc seguir e tirar suas dvidas. Cunegundes
Uma interpretao de texto competente depende de inmeros fatores,
mas nem por isso deixaremos de contemplar alguns que se fazem essenci- ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
ais para esse exerccio. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos das TEXTO NARRATIVO
mincias presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura j se faz As personagens: So as pessoas, ou seres, viventes ou no, for-
suficiente, o que no verdade. Interpretar demanda pacincia e, por isso, as naturais ou fatores ambientais, que desempenham papel no desenrolar
sempre releia, pois uma segunda leitura pode apresentar aspectos surpre- dos fatos.
endentes que no foram observados anteriormente. Para auxiliar na busca
de sentidos do texto, voc pode tambm retirar dele os tpicos frasais Toda narrativa tem um protagonista que a figura central, o heri ou
presentes em cada pargrafo, isso certamente auxiliar na apreenso do herona, personagem principal da histria.
contedo exposto. Lembre-se de que os pargrafos no esto organizados,
pelo menos em um bom texto, de maneira aleatria, se esto no lugar que O personagem, pessoa ou objeto, que se ope aos designos do prota-
esto, porque ali se fazem necessrios, estabelecendo uma relao gonista, chama-se antagonista, e com ele que a personagem principal
hierrquica do pensamento defendido, retomando ideias supracitadas ou contracena em primeiro plano.
apresentando novos conceitos.
As personagens secundrias, que so chamadas tambm de compar-
Para finalizar, concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas
sas, so os figurantes de influencia menor, indireta, no decisiva na narra-
pelo autor: os textos argumentativos no costumam conceder espao para
o.
divagaes ou hipteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Devemos
nos ater s ideias do autor, isso no quer dizer que voc precise ficar preso
O narrador que est a contar a histria tambm uma personagem,
na superfcie do texto, mas fundamental que no criemos, revelia do
Lngua Portuguesa 1
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pode ser o protagonista ou uma das outras personagens de menor impor-
tncia, ou ainda uma pessoa estranha histria. Formas de apresentao da fala das personagens
Como j sabemos, nas histrias, as personagens agem e falam. H
Podemos ainda, dizer que existem dois tipos fundamentais de perso- trs maneiras de comunicar as falas das personagens.
nagem: as planas: que so definidas por um trao caracterstico, elas no
alteram seu comportamento durante o desenrolar dos acontecimentos e Discurso Direto: a representao da fala das personagens atra-
tendem caricatura; as redondas: so mais complexas tendo uma dimen- vs do dilogo.
so psicolgica, muitas vezes, o leitor fica surpreso com as suas reaes Exemplo:
perante os acontecimentos. Z Lins continuou: carnaval festa do povo. O povo dono da
verdade. Vem a polcia e comea a falar em ordem pblica. No carna-
Sequncia dos fatos (enredo): Enredo a sequncia dos fatos, a val a cidade do povo e de ningum mais.
trama dos acontecimentos e das aes dos personagens. No enredo po-
demos distinguir, com maior ou menor nitidez, trs ou quatro estgios No discurso direto frequente o uso dos verbo de locuo ou descendi:
progressivos: a exposio (nem sempre ocorre), a complicao, o clmax, o dizer, falar, acrescentar, responder, perguntar, mandar, replicar e etc.; e de
desenlace ou desfecho. travesses. Porm, quando as falas das personagens so curtas ou rpidas
os verbos de locuo podem ser omitidos.
Na exposio o narrador situa a histria quanto poca, o ambiente,
as personagens e certas circunstncias. Nem sempre esse estgio ocorre, Discurso Indireto: Consiste em o narrador transmitir, com suas
na maioria das vezes, principalmente nos textos literrios mais recentes, a prprias palavras, o pensamento ou a fala das personagens.
histria comea a ser narrada no meio dos acontecimentos (in mdia), ou Exemplo:
seja, no estgio da complicao quando ocorre e conflito, choque de inte- Z Lins levantou um brinde: lembrou os dias triste e passa-
resses entre as personagens. dos, os meus primeiros passos em liberdade, a fraternidade
que nos reunia naquele momento, a minha literatura e os me-
O clmax o pice da histria, quando ocorre o estgio de maior ten- nos sombrios por vir.
so do conflito entre as personagens centrais, desencadeando o desfecho,
ou seja, a concluso da histria com a resoluo dos conflitos. Discurso Indireto Livre: Ocorre quando a fala da personagem se
Os fatos: So os acontecimentos de que as personagens partici- mistura fala do narrador, ou seja, ao fluxo normal da narrao.
pam. Da natureza dos acontecimentos apresentados decorre o g- Exemplo:
nero do texto. Por exemplo o relato de um acontecimento cotidiano Os trabalhadores passavam para os partidos, conversando
constitui uma crnica, o relato de um drama social um romance alto. Quando me viram, sem chapu, de pijama, por aqueles
social, e assim por diante. Em toda narrativa h um fato central, lugares, deram-me bons-dias desconfiados. Talvez pensassem
que estabelece o carter do texto, e h os fatos secundrios, rela- que estivesse doido. Como poderia andar um homem quela
cionados ao principal. hora , sem fazer nada de cabea no tempo, um branco de ps
Espao: Os acontecimentos narrados acontecem em diversos lu- no cho como eles? S sendo doido mesmo.
gares, ou mesmo em um s lugar. O texto narrativo precisa conter (Jos Lins do Rego)
informaes sobre o espao, onde os fatos acontecem. Muitas ve-
zes, principalmente nos textos literrios, essas informaes so TEXTO DESCRITIVO
extensas, fazendo aparecer textos descritivos no interior dos textos Descrever fazer uma representao verbal dos aspectos mais carac-
narrativo. tersticos de um objeto, de uma pessoa, paisagem, ser e etc.
Tempo: Os fatos que compem a narrativa desenvolvem-se num
determinado tempo, que consiste na identificao do momento, As perspectivas que o observador tem do objeto so muito importantes,
dia, ms, ano ou poca em que ocorre o fato. A temporalidade sa- tanto na descrio literria quanto na descrio tcnica. esta atitude que
lienta as relaes passado/presente/futuro do texto, essas relaes vai determinar a ordem na enumerao dos traos caractersticos para que
podem ser linear, isto , seguindo a ordem cronolgica dos fatos, o leitor possa combinar suas impresses isoladas formando uma imagem
ou sofre inverses, quando o narrador nos diz que antes de um fa- unificada.
to que aconteceu depois.
Uma boa descrio vai apresentando o objeto progressivamente, vari-
O tempo pode ser cronolgico ou psicolgico. O cronolgico o tempo ando as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as pouco a
material em que se desenrola ao, isto , aquele que medido pela pouco.
natureza ou pelo relgio. O psicolgico no mensurvel pelos padres
fixos, porque aquele que ocorre no interior da personagem, depende da Podemos encontrar distines entre uma descrio literria e outra tc-
sua percepo da realidade, da durao de um dado acontecimento no seu nica. Passaremos a falar um pouco sobre cada uma delas:
esprito. Descrio Literria: A finalidade maior da descrio literria
transmitir a impresso que a coisa vista desperta em nossa mente
Narrador: observador e personagem: O narrador, como j dis- atravs do sentidos. Da decorrem dois tipos de descrio: a subje-
semos, a personagem que est a contar a histria. A posio em tiva, que reflete o estado de esprito do observador, suas prefern-
que se coloca o narrador para contar a histria constitui o foco, o cias, assim ele descreve o que quer e o que pensa ver e no o
aspecto ou o ponto de vista da narrativa, e ele pode ser caracteri- que v realmente; j a objetiva traduz a realidade do mundo objeti-
zado por : vo, fenomnico, ela exata e dimensional.
- viso por detrs : o narrador conhece tudo o que diz respeito s Descrio de Personagem: utilizada para caracterizao das
personagens e histria, tendo uma viso panormica dos acon- personagens, pela acumulao de traos fsicos e psicolgicos,
tecimentos e a narrao feita em 3a pessoa. pela enumerao de seus hbitos, gestos, aptides e temperamen-
- viso com: o narrador personagem e ocupa o centro da narra- to, com a finalidade de situar personagens no contexto cultural, so-
tiva que feito em 1a pessoa. cial e econmico .
- viso de fora: o narrador descreve e narra apenas o que v, Descrio de Paisagem: Neste tipo de descrio, geralmente o
aquilo que observvel exteriormente no comportamento da per- observador abrange de uma s vez a globalidade do panorama,
sonagem, sem ter acesso a sua interioridade, neste caso o narra- para depois aos poucos, em ordem de proximidade, abranger as
dor um observador e a narrativa feita em 3a pessoa. partes mais tpicas desse todo.
Foco narrativo: Todo texto narrativo necessariamente tem de Descrio do Ambiente: Ela d os detalhes dos interiores, dos
apresentar um foco narrativo, isto , o ponto de vista atravs do ambientes em que ocorrem as aes, tentando dar ao leitor uma
qual a histria est sendo contada. Como j vimos, a narrao visualizao das suas particularidades, de seus traos distintivos e
feita em 1a pessoa ou 3a pessoa. tpicos.
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APOSTILAS OPO
Descrio da Cena: Trata-se de uma descrio movimentada, A linguagem normalmente impessoal e objetiva.
que se desenvolve progressivamente no tempo. a descrio de
O roteiro da persuaso para o texto argumentativo:
um incndio, de uma briga, de um naufrgio.
Descrio Tcnica: Ela apresenta muitas das caractersticas ge- Na introduo, no desenvolvimento e na concluso do texto argumen-
rais da literatura, com a distino de que nela se utiliza um vocabu- tativo espera-se que o redator o leitor de seu ponto de vista. Alguns recur-
lrio mais preciso, salientando-se com exatido os pormenores. sos podem contribuir para que a defesa da tese seja concluda com suces-
predominantemente denotativa tendo como objetivo esclarecer so. Abaixo veremos algumas formas de introduzir um pargrafo argumenta-
convencendo. Pode aplicar-se a objetos, a aparelhos ou mecanis- tivo:
mos, a fenmenos, a fatos, a lugares, a eventos e etc.
Declarao inicial: uma forma de apresentar com assertivi-
TEXTO DISSERTATIVO dade e segurana a tese.
Dissertar significa discutir, expor, interpretar ideias. A dissertao cons- A aprovao das Cotas para negros vem reparar uma divida moral e
ta de uma srie de juzos a respeito de um determinado assunto ou ques- um dano social. Oferecer oportunidade igual de ingresso no Ensino Superi-
to, e pressupe um exame critico do assunto sobre o qual se vai escrever or ao negro por meio de polticas afirmativas uma forma de admitir a
com clareza, coerncia e objetividade. diferena social marcante na sociedade e de igualar o acesso ao mercado
de trabalho.
A dissertao pode ser argumentativa - na qual o autor tenta persuadir
o leitor a respeito dos seus pontos de vista ou simplesmente, ter como Interrogao: Cria-se com a interrogao uma relao prxima
finalidade dar a conhecer ou explicar certo modo de ver qualquer questo. com o leitor que, curioso, busca no texto resposta as perguntas feitas na
introduo.
A linguagem usada a referencial, centrada na mensagem, enfatizan-
do o contexto. Por que nos orgulhamos da nossa falta de conscincia coletiva? Por
que ainda insistimos em agir como espertos individualistas?
Quanto forma, ela pode ser tripartida em : Citao ou aluso: Esse recurso garante defesa da tese car-
Introduo: Em poucas linhas coloca ao leitor os dados funda- ter de autoridade e confere credibilidade ao discurso argumentativo, pois
mentais do assunto que est tratando. a enunciao direta e ob- se apoia nas palavras e pensamentos de outrem que goza de prestigio.
jetiva da definio do ponto de vista do autor.
Desenvolvimento: Constitui o corpo do texto, onde as ideias colo- As pessoas chegam ao ponto de uma criana morrer e os pais no
cadas na introduo sero definidas com os dados mais relevan- chorarem mais, trazerem a criana, jogarem num bolo de mortos, virarem
tes. Todo desenvolvimento deve estruturar-se em blocos de ideias as costas e irem embora. O comentrio do fotgrafo Sebastio Salgado
articuladas entre si, de forma que a sucesso deles resulte num sobre o que presenciou na Ruanda um chamado conscincia pbli-
conjunto coerente e unitrio que se encaixa na introduo e de- ca.
sencadeia a concluso.
Exemplificao: O processo narrativo ou descritivo da exempli-
Concluso: o fenmeno do texto, marcado pela sntese da ideia
ficao pode conferir argumentao leveza a cumplicidade. Porm,
central. Na concluso o autor refora sua opinio, retomando a in-
deve-se tomar cuidado para que esse recurso seja breve e no interfira
troduo e os fatos resumidos do desenvolvimento do texto. Para
no processo persuasivo.
haver maior entendimento dos procedimentos que podem ocorrer
em um dissertao, cabe fazermos a distino entre fatos, hiptese Noite de quarta-feira nos Jardins, bairro paulistano de classe mdia.
e opinio. Restaurante da moda, frequentado por jovens bem-nascidos, sofre o se-
- Fato: o acontecimento ou coisa cuja veracidade e reconhecida; gundo arrasto do ms. Clientes e funcionrios so assaltados e amea-
a obra ou ao que realmente se praticou. ados de morte. O cotidiano violento de So Paulo se faz presente.
- Hiptese: a suposio feita acerca de uma coisa possvel ou
no, e de que se tiram diversas concluses; uma afirmao so- Roteiro: A antecipao do que se pretende dizer pode funcionar
bre o desconhecido, feita com base no que j conhecido. como encaminhamento de leitura da tese.
- Opinio: Opinar julgar ou inserir expresses de aprovao ou Busca-se com essa exposio analisar o descaso da sociedade em
desaprovao pessoal diante de acontecimentos, pessoas e obje- relao s coletas seletivas de lixo e a incompetncia das prefeituras.
tos descritos, um parecer particular, um sentimento que se tem a
respeito de algo. Enumerao: Contribui para que o redator analise os dados e
exponha seus pontos de vista com mais exatido.
O TEXTO ARGUMENTATIVO Pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Sade de So Pau-
Um texto argumentativo tem como objetivo convencer algum das lo aponta que as maiores vtimas do abuso sexual so as crianas meno-
nossas ideias. Deve ser claro e ter riqueza lexical, podendo tratar qualquer res de 12 anos. Elas representam 43% dos 1.926 casos de violncia se-
tema ou assunto. xual atendidos pelo Programa Bem-Me-Quer, do Hospital Prola Bying-
ton.
constitudo por um primeiro pargrafo curto, que deixe a ideia no ar,
depois o desenvolvimento deve referir a opinio da pessoa que o escreve, Causa e consequncia: Garantem a coeso e a concatenao
com argumentos convincentes e verdadeiros, e com exemplos claros. Deve das ideias ao longo do pargrafo, alm de conferir carter lgico ao pro-
tambm conter contra-argumentos, de forma a no permitir a meio da cesso argumentativo.
leitura que o leitor os faa. Por fim, deve ser concludo com um pargrafo No final de maro, o Estado divulgou ndices vergonhosos do Idesp
que responda ao primeiro pargrafo, ou simplesmente com a ideia chave da indicador desenvolvido pela Secretaria Estadual de Educao para ava-
opinio. liar a qualidade do ensino (). O pssimo resultado apenas conse-
Geralmente apresenta uma estrutura organizada em trs partes: quncia de como est baixa a qualidade do ensino pblico. As causas
a introduo, na qual apresentada a ideia principal ou tese; so vrias, mas certamente entre elas est a falta de respeito do Estado
o desenvolvimento, que fundamenta ou desenvolve a ideia principal; e que, prximo do fim do 1 bimestre, ainda no enviou apostilas para al-
a concluso. Os argumentos utilizados para fundamentar a tese podem ser gumas escolas estaduais de Rio Preto.
de diferentes tipos: exemplos, comparao, dados histricos, dados estats-
tico, pesquisas, causas socioeconmicas ou culturais, depoimentos - enfim
Sntese: Refora a tese defendida, uma vez que fecha o texto
com a retomada de tudo o que foi exposto ao longo da argumentao.
tudo o que possa demonstrar o ponto de vista defendido pelo autor tem
Recurso seguro e convincente para arrematar o processo discursivo.
consistncia. A concluso pode apresentar uma possvel soluo/proposta
ou uma sntese. Deve utilizar ttulo que chame a ateno do leitor e utilizar
variedade padro de lngua.
Lngua Portuguesa 3
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Quanto a Lei Geral da Copa, aprovou-se um texto que no o ideal, 3 pargrafo: A concluso desenvolvida com uma proposta de
mas sustenta os requisitos da Fifa para o evento. interveno relacionada tese.
O aspecto mais polmico era a venda de bebidas alcolicas nos es- O desenvolvimento de projetos cientficos que visem a amenizar os
tdios. A lei eliminou o veto federal, mas no exclui que os organizadores transtornos causados Terra plenamente possvel e real. A era tecnol-
precisem negociar a permisso em alguns Estados, como So Paulo. gica precisa atuar a servio do bem-estar, da qualidade de vida, muito mais
do que em favor de um conforto momentneo. Nessas circunstncias no
Proposta: Revela autonomia critica do produtor do texto e ga- existe contraste algum, pelo contrrio, h uma relao direta que poder se
rante mais credibilidade ao processo argumentativo. transformar na salvao do mundo.
Recolher de forma digna e justa os usurios de crack que buscam Portanto, as universidades e instituies de pesquisas em geral preci-
ajuda, oferecer tratamento humano dever do Estado. No faz sentido sam agir rapidamente na elaborao de pacotes cientficos com vistas a
isolar para fora dos olhos da sociedade uma chaga que pertence a to- combater os resultados caticos da falta de conscientizao humana. Nada
dos. Mundograduado.org melhor do que a cincia para direcionar formas prticas de amenizarmos a
Modelo de Dissertao-Argumentativa ferida que tomou conta do nosso Planeta Azul. Prof Francinete

Meio-ambiente e tecnologia: no h contraste, h soluo Dissertao expositiva e argumentativa

Uma das maiores preocupaes do sculo XXI a preservao ambi- A dissertao pode ser feita de maneira expositiva ou argumentativa.
ental, fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sobre- Expositiva
vivncia humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, quan-
A dissertao expositiva quando h a abordagem de uma verdade indis-
do analisados, so equivocadamente colocados em oposio tecnologia.
cutvel. O texto oferece um conhecimento ou informao sobre o assunto
O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avano tem um preo a atravs da exposio de ideias, no tomando uma posio sobre elas.
se pagar. As indstrias, por exemplo, que so costumeiramente ligadas ao
Argumentativa
progresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), respons-
veis pelo prejuzo causado Camada de Oznio e, por conseguinte, pro- A dissertao argumentativa aquela que aborda o assunto com uma viso
blemas ambientais que afetam a populao. crtica, onde o autor defende o seu ponto de vista, buscando sempre con-
vencer o leitor atravs de evidncias, juzos, provas e opinies relevantes.
Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, no vemos
contrastes com o meio-ambiente. Estamos numa poca em que preservar
os ecossistemas do planeta mais do que avano, uma questo de
continuidade das espcies animais e vegetais, incluindo-se principalmente Como interpretar textos
ns, humanos. As pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa forma,
podemos consider-las parceiras na busca por solues a essa problemti- muito comum, entre os candidatos a um cargo pblico a preocupao
ca. com a interpretao de textos. Isso acontece porque lhes faltam informa-
es especficas a respeito desta tarefa constante em provas relacionadas
O desenvolvimento de projetos cientficos que visem a amenizar os a concursos pblicos.
transtornos causados Terra plenamente possvel e real. A era tecnol-
gica precisa atuar a servio do bem-estar, da qualidade de vida, muito mais Por isso, vo aqui alguns detalhes que podero ajudar no momento de
do que em favor de um conforto momentneo. Nessas circunstncias no responder as questes relacionadas a textos.
existe contraste algum, pelo contrrio, h uma relao direta que poder se
transformar na salvao do mundo. TEXTO um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si,
formando um todo significativo capaz de produzir INTERAO COMUNI-
Portanto, as universidades e instituies de pesquisas em geral preci-
CATIVA (capacidade de CODIFICAR E DECODIFICAR).
sam agir rapidamente na elaborao de pacotes cientficos com vistas a
combater os resultados caticos da falta de conscientizao humana. Nada
CONTEXTO um texto constitudo por diversas frases. Em cada uma
melhor do que a cincia para direcionar formas prticas de amenizarmos a
delas, h uma certa informao que a faz ligar-se com a anterior e/ou com
ferida que tomou conta do nosso Planeta Azul.
a posterior, criando condies para a estruturao do contedo a ser
Nesse modelo, didaticamente, podemos perceber a estrutura textual transmitido. A essa interligao d-se o nome de CONTEXTO. Nota-se que
dissertativa assim organizada: o relacionamento entre as frases to grande, que, se uma frase for retira-
da de seu contexto original e analisada separadamente, poder ter um
1 pargrafo: Introduo com apresentao da tese a ser defendi- significado diferente daquele inicial.
da;
Uma das maiores preocupaes do sculo XXI a preservao ambi- INTERTEXTO - comumente, os textos apresentam referncias diretas ou
ental, fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sobre- indiretas a outros autores atravs de citaes. Esse tipo de recurso deno-
vivncia humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, quan- mina-se INTERTEXTO.
do analisados, so equivocadamente colocados em oposio tecnologia.
INTERPRETAO DE TEXTO - o primeiro objetivo de uma interpretao
2 pargrafo: H o desenvolvimento da tese com fundamentos ar- de um texto a identificao de sua ideia principal. A partir da, localizam-
gumentativos; se as ideias secundrias, ou fundamentaes, as argumentaes, ou
O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avano tem um preo explicaes, que levem ao esclarecimento das questes apresentadas na
a se pagar. As indstrias, por exemplo, que so costumeiramente ligadas prova.
ao progresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), respon-
sveis pelo prejuzo causado Camada de Oznio e, por conseguinte, Normalmente, numa prova, o candidato convidado a:
problemas ambientais que afetam a populao.
1. IDENTIFICAR reconhecer os elementos fundamentais de uma argu-
Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, no vemos mentao, de um processo, de uma poca (neste caso, procuram-se os
contrastes com o meio-ambiente. Estamos numa poca em que preservar verbos e os advrbios, os quais definem o tempo).
os ecossistemas do planeta mais do que avano, uma questo de 2. COMPARAR descobrir as relaes de semelhana ou de diferenas
continuidade das espcies animais e vegetais, incluindo-se principalmente entre as situaes do texto.
ns, humanos. As pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa forma, 3. COMENTAR - relacionar o contedo apresentado com uma realidade,
podemos consider-las parceiras na busca por solues a essa problemti- opinando a respeito.
ca. 4. RESUMIR concentrar as ideias centrais e/ou secundrias em um s

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pargrafo.
5. PARAFRASEAR reescrever o texto com outras palavras. COESO - o emprego de mecanismo de sintaxe que relacionam pala-
vras, oraes, frases e/ou pargrafos entre si. Em outras palavras, a coe-
EXEMPLO so d-se quando, atravs de um pronome relativo, uma conjuno (NE-
XOS), ou um pronome oblquo tono, h uma relao correta entre o que
TTULO DO TEXTO se vai dizer e o que j foi dito.

"O HOMEM UNIDO OBSERVAO So muitos os erros de coeso no dia-a-dia e, entre eles,
est o mau uso do pronome relativo e do pronome oblquo tono. Este
PARFRASES depende da regncia do verbo; aquele do seu antecedente. No se pode
A INTEGRAO DO MUNDO esquecer tambm de que os pronomes relativos tm, cada um, valor se-
A INTEGRAO DA HUMANIDADE mntico, por isso a necessidade de adequao ao antecedente.
A UNIO DO HOMEM Os pronomes relativos so muito importantes na interpretao de texto,
HOMEM + HOMEM = MUNDO pois seu uso incorreto traz erros de coeso. Assim sedo, deve-se levar em
A MACACADA SE UNIU (STIRA) considerao que existe um pronome relativo adequado a cada circunstn-
cia, a saber:
CONDIES BSICAS PARA INTERPRETAR
QUE (NEUTRO) - RELACIONA-SE COM QUALQUER ANTECEDENTE.
Fazem-se necessrios: MAS DEPENDE DAS CONDIES DA FRASE.
QUAL (NEUTRO) IDEM AO ANTERIOR.
a) Conhecimento Histrico literrio (escolas e gneros literrios, estrutura QUEM (PESSOA)
do texto), leitura e prtica; CUJO (POSSE) - ANTES DELE, APARECE O POSSUIDOR E DEPOIS, O
OBJETO POSSUDO.
b) Conhecimento gramatical, estilstico (qualidades do texto) e semntico; COMO (MODO)
OBSERVAO na semntica (significado das palavras) incluem-se: ONDE (LUGAR)
homnimos e parnimos, denotao e conotao, sinonmia e antonimia, QUANDO (TEMPO)
polissemia, figuras de linguagem, entre outros. QUANTO (MONTANTE)

c) Capacidade de observao e de sntese e EXEMPLO:

d) Capacidade de raciocnio. Falou tudo QUANTO queria (correto)


Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria aparecer o de-
INTERPRETAR x COMPREENDER monstrativo O ).

INTERPRETAR SIGNIFICA VCIOS DE LINGUAGEM h os vcios de linguagem clssicos (BARBA-


- EXPLICAR, COMENTAR, JULGAR, TIRAR CONCLUSES, DEDUZIR. RISMO, SOLECISMO,CACOFONIA...); no dia-a-dia, porm , existem
- TIPOS DE ENUNCIADOS expresses que so mal empregadas, e, por fora desse hbito cometem-
Atravs do texto, INFERE-SE que... se erros graves como:
possvel DEDUZIR que...
O autor permite CONCLUIR que... - Ele correu risco de vida , quando a verdade o risco era de morte.
Qual a INTENO do autor ao afirmar que... - Senhor professor, eu lhe vi ontem . Neste caso, o pronome correto
oblquo tono
COMPREENDER SIGNIFICA
- INTELECO, ENTENDIMENTO, ATENO AO QUE REALMENTE Dicionrio de Interpretao de textos
EST ESCRITO. A - Ateno ao ler o texto fundamental.
- TIPOS DE ENUNCIADOS:
O texto DIZ que... B - Busque a resposta no texto. No tente adivinh-la. Chute s em
SUGERIDO pelo autor que... ltimo caso.
De acordo com o texto, CORRETA ou ERRADA a afirmao...
O narrador AFIRMA... C - Coeso: uma frase com erro de coeso pode tornar um contexto indeci-
frvel. Contexto: o conjunto de ideias que formam um texto o conte-
ERROS DE INTERPRETAO do.

muito comum, mais do que se imagina, a ocorrncia de erros de interpre- D - Deduzir: deduz- se somente atravs do que o texto informa.
tao. Os mais frequentes so:
E - Erros de Interpretao:
a) Extrapolao (viagem) Extrapolao ( viagem ): proibido viajar. No se pode permitir que o
Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que no esto no pensamento voe.
texto, quer por conhecimento prvio do tema quer pela imaginao. Reduo: sntese serve apenas para facilitar o entendimento do contexto
e para fixar a ideia principal. Na hora de responder l-se o texto novamente.
b) Reduo Contradio: proibido contradizer o autor. S se contradiz se solicitado.
o oposto da extrapolao. D-se ateno apenas a um aspecto, esque-
cendo que um texto um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente F Figuras de linguagem: conhec-las bem ajudam a compreender o
para o total do entendimento do tema desenvolvido. texto e, at, as questes.

c) Contradio G Gramtica: a alma do texto. Sem ela, no haver texto interpret-


No raro, o texto apresenta ideias contrrias s do candidato, fazendo-o vel. Portanto, estude-a bastante.
tirar concluses equivocadas e, consequentemente, errando a questo.
H - Histria da Literatura: reconhecer as escolas e os gneros literrios
OBSERVAO - Muitos pensam que h a tica do escritor e a tica do fundamental. Revise seus apontamentos de literatura.
leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso qualquer, o que
deve ser levado em considerao o que o AUTOR DIZ e nada mais. I Interpretao: o ato de interpretar tem primeiro e principal objetivo a

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identificao da ideia principal. Intertexto: so as citaes que comple- A ideia principal e as secundrias
mentam, ou reforam, o enfoque do autor .
Para treinarmos a redao de pequenos pargrafos narrativos, vamos
J Jamais responda de cabea. Volte sempre ao texto. nos colocar no papel de narradores, isto , vamos contar fatos com base na
organizao das ideias.
L Localizar-se no contexto permite que o candidato DESCUBRA a Leia o trecho abaixo:
resposta.
Meu primo j havia chegado metade da perigosa ponte de ferro
M Mensagem: s vezes, a mensagem no explcita, mas o contexto quando, de repente, um trem saiu da curva, a cem metros da ponte. Com
informa qual a inteno do autor. isso, ele no teve tempo de correr para a frente ou para trs, mas, demons-
trando grande presena de esprito, agachou-se, segurou, com as mos,
N Nexos: so importantssimos na coeso. Estude os pronomes relativos um dos dormentes e deixou o corpo pendurado.
e as conjunes.
Como voc deve ter observado, nesse pargrafo, o narrador conta-nos
um fato acontecido com seu primo. , pois, um pargrafo narrativo. Anali-
O Observao: se voc no bom observador, comece a praticar HOJE,
semos, agora, o pargrafo quanto estrutura.
pois essa capacidade est intimamente ligada ateno. OBSERVAO
= ATENO = BOA INTERPRETAO. As ideias foram organizadas da seguinte maneira:

P Parafrasear: dizer o mesmo que est no texto com outras palavras. Ideia principal:
o mais conhecido pega rato das provas. Meu primo j havia chegado metade da perigosa ponte de ferro
quando, de repente, um trem saiu da curva, a cem metros da ponte.
Q Questes de alternativas ( de a a e ): devem ser todas lidas.
Nunca se convena de que a resposta a letra a . Duvide e leia at a letra Ideias secundrias:
e, pois a resposta correta pode estar aqui. Com isso, ele no teve tempo de correr para a frente ou para trs, mas,
demonstrando grande presena de esprito, agachou-se, segurou, com as
R Roteiro de Interpretao mos, um dos dormentes e deixou o corpo pendurado.
Na hora de interpretar um texto, alguns cuidados so necessrios: A ideia principal, como voc pode observar, refere-se a uma ao peri-
gosa, agravada pelo aparecimento de um trem. As ideias secundrias
a) ler atentamente todo o texto, procurando focalizar sua ideia central; complementam a ideia principal, mostrando como o primo do narrador
b) interpretar as palavras desconhecidas atravs do contexto; conseguiu sair-se da perigosa situao em que se encontrava.
c) reconhecer os argumentos que do sustentao a ideia central;
Os pargrafos devem conter apenas uma ideia principal acompanhado
d) identificar as objees ideia central;
de ideias secundrias. Entretanto, muito comum encontrarmos, em par-
e) sublinhar os exemplos que foram empregados como ilustrao da ideia
grafos pequenos, apenas a ideia principal. Veja o exemplo:
central;
f) antes de responder as questes, ler mais de uma vez todo o texto, fazen- O dia amanhecera lindo na Fazenda Santo Incio.
do o mesmo com as questes e as alternativas;
g) a cada questo, voltar ao texto, no responder de cabea; Os dois filhos do sr. Soares, administrador da fazenda, resolveram
h) se preferir, faa anotaes margem ou esquematize o texto; aproveitar o bom tempo. Pegaram um animal, montaram e seguiram con-
i) se o enunciado pedir a ideia principal, ou tema, estar situada na introdu- tentes pelos campos, levando um farto lanche, preparado pela me.
o, na concluso, ou no ttulo; Nesse trecho, h dois pargrafos.
j) se o enunciado pedir a argumentao, esta estar localizada, normalmen-
te, no corpo do texto. No primeiro, s h uma ideia desenvolvida, que corresponde ideia
principal do pargrafo: O dia amanhecera lindo na Fazenda Santo Incio.
S Semntica: a parte da gramtica que estuda o significado das pala- No segundo, j podemos perceber a relao ideia principal + ideias
vras. bom estudar: homnimos e parnimos, denotao e conotao, secundrias. Observe:
polissemia, sinnimos e antnimos. No esquea que a mudana de um i
para e pode mudar o significado da palavra e do contexto. Ideia principal:

IMINENTE - EMINENTE Os dois filhos do sr. Soares, administrador da fazenda, resolveram


aproveitar o bom tempo.
T Texto: basicamente, um conjunto de IDEIAS (Assun- Ideia secundrias:
to) ORGANIZADAS (Estrutura). (INTRODUO-ARGUMENTAO-
CONCLUSO) Pegaram um animal, montaram e seguiram contentes pelos campos,
levando um farto lanche, preparado pela me.
U Uma vez, contaram a voc que existem a tica do escritor e a tica do Agora que j vimos alguns exemplos, voc deve estar se perguntando:
leitor. MENTIRA! Voc deve responder s questes de acordo com o Afinal, de que tamanho o pargrafo?
escritor.
Bem, o que podemos responder que no h como apontar um pa-
V Vcios: esses errinhos do cotidiano atrapalham muito na interpreta- dro, no que se refere ao tamanho ou extenso do pargrafo.
o. No deixe que eles interfiram no seu conhecimento.
H exemplos em que se veem pargrafos muito pequenos; outros, em
que so maiores e outros, ainda, muito extensos.
X Xerocar os contedos, isto , decor-los no o suficiente: necess-
rio raciocinar. Tambm no h como dizer o que certo ou errado em termos da ex-
tenso do pargrafo, pois o que importante mesmo, a organizao das
Z Zebra no existe: o que existe a falta de informao. Portanto, infor- ideias. No entanto, sempre til observar o que diz o dito popular nem
me-se! oito, nem oitenta.
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portugues/como- Assim como no aconselhvel escrevermos um texto, usando apenas
interpretar-textos pargrafos muito curtos, tambm no aconselhvel empregarmos os
muito longos.

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Essas observaes so muito teis para quem est iniciando os traba- o sexo, a idade, a classe social dos falantes e o grau de formalidade do
lhos de redao. Com o tempo, a prtica dir quando e como usar pargra- contexto. Essas diferenas constituem as variaes lingusticas.
fos pequenos, grandes ou muito grandes.
Observe abaixo as especificidades de algumas variaes:
At aqui, vimos que o pargrafo apresenta em sua estrutura, uma ideia
principal e outras secundrias. Isso no significa, no entanto, que sempre a 1. Profissional: no exerccio de algumas atividades profissionais, o
ideia principal aparea no incio do pargrafo. H casos em que a ideia domnio de certas formas de lnguas tcnicas essencial. As variaes
secundria inicia o pargrafo, sendo seguida pela ideia principal. Veja o profissionais so abundantes em termos especficos e tm seu uso restrito
exemplo: ao intercmbio tcnico.

As estacas da cabana tremiam fortemente, e duas ou trs vezes, o solo 2. Situacional: as diferentes situaes comunicativas exigem de um
estremeceu violentamente sob meus ps. Logo percebi que se tratava de mesmo indivduo diferentes modalidades da lngua. Empregam-se, em
um terremoto. situaes formais, modalidades diferentes das usadas em situaes infor-
mais, com o objetivo de adequar o nvel vocabular e sinttico ao ambiente
Observe que a ideia mais importante est contida na frase: Logo per- lingustico em que se est.
cebi que se tratava de um terremoto, que aparece no final do pargrafo.
As outras frases (ou ideias) apenas explicam ou comprovam a afirmao: 3. Geogrfica: h variaes entre as formas que a lngua portuguesa
as estacas tremiam fortemente, e duas ou trs vezes, o solo estremeceu assume nas diferentes regies em que falada. Basta prestar ateno na
violentamente sob meus ps e estas esto localizadas no incio do par- expresso de um gacho em contraste com a de um amazonense. Essas
grafo. variaes regionais constituem os falares e os dialetos. No h motivo
lingustico algum para que se considere qualquer uma dessas formas
Ento, a respeito da estrutura do pargrafo, conclumos que as ideias superior ou inferior s outras.
podem organizar-se da seguinte maneira:
4. Social: o portugus empregado pelas pessoas que tm acesso
Ideia principal + ideias secundrias escola e aos meios de instruo difere do portugus empregado pelas
pessoas privadas de escolaridade.
ou
Algumas classes sociais, assim, dominam uma forma de lngua que
Ideias secundrias + ideia principal goza prestgio, enquanto outras so vtimas de preconceito por emprega-
importante frisar, tambm, que a ideia principal e as ideias se- rem estilos menos prestigiados. Cria-se, dessa maneira, uma modalidade
cundrias no so ideias diferentes e, por isso, no podem ser separadas de lngua a norma culta -, que deve ser adquirida durante a vida escolar e
em pargrafos diferentes. Ao selecionarmos as ideias secundrias deve- cujo domnio solicitado como modo de ascenso profissional e social.
mos verificar as que realmente interessam ao desenvolvimento da ideia Tambm so socialmente condicionadas certas formas de lngua que
principal e mant-las juntas no mesmo pargrafo. Com isso, estaremos alguns grupos desenvolvem a fim de evitar a compreenso por aqueles que
evitando e repetio de palavras e assegurando a sua clareza. importan- no fazem parte do grupo. O emprego dessas formas de lngua proporciona
te, ao termos vrias ideias secundrias, que sejam identificadas aquelas o reconhecimento fcil dos integrantes de uma comunidade restrita. Assim
que realmente se relacionam ideia principal. Esse cuidado de grande se formam, por exemplo, as grias, as lnguas tcnicas. Pode-se citar ainda
valia ao se redigir pargrafos sobre qualquer assunto. a variante de acordo com a faixa etria e o sexo.

VARIAO LINGUSTICA Lngua padro e no padro

FALA E ESCRITA A lngua padro est ligada variedade escrita, culta da lngua portu-
guesa. Ela considerada formal, "correta", e deve ser usada em ocasies
Registros, variantes ou nveis de lngua(gem) mais formais, tanto na escrita , quanto na fala.
A lngua no-padro est ligada variedade falada, coloquial da nossa
A comunicao no regida por normas fixas e imutveis. Ela pode
transformar-se, atravs do tempo, e, se compararmos textos antigos com lngua. Ela considerada informal, mais flexvel e permite alguns usos que
atuais, perceberemos grandes mudanas no estilo e nas expresses. Por devem ser evitados quando escrevemos : grias, abreviaes, falta dos
que as pessoas se comunicam de formas diferentes? Temos que conside- plurais nas palavras, etc.Porm, s vezes, encontramos essa variedade
rar mltiplos fatores: poca, regio geogrfica, ambiente e status cultural no-padro tambm na variedade escrita : em textos como poesias,
dos falantes. propagandas , jornal,etc. christina luisa

H uma lngua-padro? O modelo de lngua-padro uma decorrncia


dos parmetros utilizados pelo grupo social mais culto. s vezes, a mesma AS DIFERENAS ENTRE FALA E ESCRITA
pessoa, dependendo do meio em que se encontra, da situao sociocultural Enquanto a lngua falada espontnea e natural, a lngua escrita precisa
dos indivduos com quem se comunica, usar nveis diferentes de lngua. seguir algumas regras. Embora sejam expresses de um mesmo idio-
Dentro desse critrio, podemos reconhecer, num primeiro momento, dois ma, cada uma tem a sua especificidade. A lngua falada a mais natu-
tipos de lngua: a falada e a escrita. ral, aprendemos a falar imitando o que ouvimos. A lngua escrita, por
A lngua falada pode ser culta ou coloquial, vulgar ou inculta, regional, seu lado, s aprendida depois que dominamos a lngua falada. E ela
grupal (gria ou tcnica). Quando a gria grosseira, recebe o nome de no uma simples transcrio do que falamos; est mais subordinada
calo. s normas gramaticais. Portanto requer mais ateno e conhecimento
de quem fala. Alm disso, a lngua escrita um registro, permanece ao
Quando redigimos um texto, no devemos mudar o registro, a no ser longo do tempo, no tem o carter efmero da lngua falada.
que o estilo permita, ou seja, se estamos dissertando e, nesse tipo de Lngua falada:
redao, usa-se, geralmente, a lngua-padro no podemos passar desse Palavra sonora
nvel para um como a gria, por exemplo. Requer a presena dos interlocutores
Ganha em vivacidade
Variao lingustica: como falantes da lngua portuguesa, percebe-
espontnea e imediata
mos que existem situaes em que a lngua apresenta-se sob uma forma
Uso de frases feitas
bastante diferente daquela que nos habituamos a ouvir em casa ou nos
repetitiva e redundante
meios de comunicao. Essa diferena pode manifestarse tanto pelo voca-
O contexto extralingustico importante
bulrio utilizado, como pela pronncia ou organizao da frase.
A expressividade permite prescindir de certas regras
Nas relaes sociais, observamos que nem todos falam da mesma A informao permeada de subjetividade e influenciada pela pre-
forma. Isso ocorre porque as lnguas naturais so sistemas dinmicos e sena do
extremamente sensveis a fatores como, por exemplo, a regio geogrfica, interlocutor

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Recursos: signos acsticos e extralingusticos, gestos, entorno fsico e AS PALAVRAS-CHAVE
psquico
Lngua escrita: Ningum chega escrita sem antes ter passado pela leitura. Mas leitu-
Palavra grfica ra aqui no significa somente a capacidade de juntar letras, palavras,
possvel esquecer o interlocutor frases. Ler muito mais que isso. compreender a forma como est tecido
mais sinttica e objetiva o texto. Ultrapassar sua superfcie e aferir da leitura seu sentido maior, que
A redundncia apenas um recurso estilstico muitas vezes passa despercebido a uma grande maioria de leitores. S
Ganha em permanncia uma relao mais estreita do leitor com o texto lhe dar esse sentido. Ler
Mais correo na elaborao das frases bem exige tanta habilidade quanto escrever bem. Leitura e escrita comple-
Evita a improvisao mentam-se. Lendo textos bem estruturados, podemos apreender os proce-
Pobreza de recursos no-lingusticos; uso de letras, sinais de pontua- dimentos lingusticos necessrios a uma boa redao.
o Numa primeira leitura, temos sempre uma noo muito vaga do que o
mais precisa e elaborada autor quis dizer. Uma leitura bem feita aquela capaz de depreender de um
Ausncia de cacoetes lingusticos e vulgarismos texto ou de um livro a informao essencial. Tudo deve ajustar-se a elas de
forma precisa. A tarefa do leitor detect-las, a fim de realizar uma leitura
LINGUAGEM VERBAL E NO VERBAL capaz de dar conta da totalidade do texto.
Linguagem Verbal - Existem vrias formas de comunicao. Quando o Por adquirir tal importncia na arquitetura textual, as palavras-chave
homem se utiliza da palavra, ou seja, da linguagem oral ou escrita,dizemos normalmente aparecem ao longo de todo o texto das mais variadas formas:
que ele est utilizando uma linguagem verbal, pois o cdigo usado a repetidas, modificadas, retomadas por sinnimos. Elas pavimentam o
palavra. Tal cdigo est presente, quando falamos com algum, quando caminho da leitura, levando-nos a compreender melhor o texto. Alm disso,
lemos, quando escrevemos. A linguagem verbal a forma de comunicao fornecer a pista para uma leitura reconstrutiva porque nos levam essncia
mais presente em nosso cotidiano. Mediante a palavra falada ou escrita, da informao. Aps encontrar as palavras-chave de um texto, devemos
expomos aos outros as nossas ideias e pensamentos, comunicando-nos tentar reescrev-lo, tomando-as como base. Elas constituem seu esqueleto.
por meio desse cdigo verbal imprescindvel em nossas vidas. Ela est
presente em textos em propagandas; AS IDEIAS-CHAVE
em reportagens (jornais, revistas, etc.); Muitas vezes temos dificuldades para chegar sntese de um texto s
pelas palavras-chave. Quando isso acontece, a melhor soluo buscar
em obras literrias e cientficas; suas ideias-chave. Para tanto necessrio sintetizar a ideia de cada par-
na comunicao entre as pessoas; grafo.

em discursos (Presidente da Repblica, representantes de classe, can- TPICO FRASAL


didatos a cargos pblicos, etc.);
Um pargrafo padro inicia-se por uma introduo em que se encontra
e em vrias outras situaes. a ideia principal desenvolvida em mais perodos. Segundo a lio de Othon
M. Garcia em sua Comunicao em prosa moderna (p. 192), denomina-
Linguagem No Verbal se tpico frasal essa introduo. Depois dela, vem o desenvolvimento e
pode haver a concluso. Um texto de pargrafo:
Em todos os nveis de sua manifestao, a vida requer certas condi-
es dinmicas, que atestam a dependncia mtua dos seres vivos. Ne-
cessidades associadas alimentao, ao crescimento, reproduo ou a
outros processos biolgicos criam, com frequncia, relaes que fazem do
bem-estar, da segurana e da sobrevivncia dos indivduos matrias de
interesse coletivo. FERNANDES, Florestan. Elementos de sociologia
terica 2. ed. So Paulo: Nacional, 1974, p. 35.

Observe a figura abaixo, este sinal demonstra que proibido fumar em Neste pargrafo, o tpico frasal o primeiro perodo (Em .... vivos). Se-
um determinado local. A linguagem utilizada a no-verbal pois no utiliza gue-se o desenvolvimento especificando o que dito na introduo. Se o
do cdigo "lngua portuguesa" para transmitir que proibido fumar. Na tpico frasal uma generalizao, e o desenvolvimento constitui-se de
figura abaixo, percebemos que o semforo, nos transmite a ideia de aten- especificaes, o pargrafo , ento, a expresso de um raciocnio deduti-
o, de acordo com a cor apresentada no semforo, podemos saber se vo. Vai do geral para o particular: Todos devem colaborar no combate s
permitido seguir em frente (verde), se para ter ateno (amarelo) ou se drogas. Voc no pode se omitir.
proibido seguir em frente (vermelho) naquele instante. Se no h tpico frasal no incio do pargrafo e a sntese est na con-
cluso, ento o mtodo indutivo, ou seja, vai do particular para o geral,
dos exemplos para a regra: Joo pesquisou, o grupo discutiu, Lea redigiu.
Todos colaborando, o trabalho bem feito.
PARAGRAFAO
A PARAGRAFAO
NO/DO TEXTO DISSERTATIVO
(Partes deste captulo foram adaptados/tirados de PACHECO, Agnelo
C. A dissertao. So Paulo: Atual, 1993 e de SOBRAL, Joo Jonas Veiga.
Como voc percebeu, todas as imagens podem ser facilmente decodi- Redao: Escrevendo com prtica. So Paulo: Iglu, 1997)
ficadas. Voc notou que em nenhuma delas existe a presena da palavra?
O que est presente outro tipo de cdigo. Apesar de haver ausncia da O texto dissertativo o tipo de texto que expe uma tese (ideias gerais
palavra, ns temos uma linguagem, pois podemos decifrar mensagens a sobre um assunto/tema) seguida de um ponto de vista, apoiada em argu-
partir das imagens. O tipo de linguagem, cujo cdigo no a palavra, mentos, dados e fatos que a comprovem.
denomina-se linguagem no-verbal, isto , usam-se outros cdigos (o A leitura auxilia o desenvolvimento da escrita, pois, lendo, o indivduo
desenho, a dana, os sons, os gestos, a expresso fisionmica, as cores) tem contato com modelos de textos bem redigidos que, ao longo do tempo,
Fonte: www.graudez.com.br faro parte de sua bagagem lingustica; e tambm porque entrar em

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contato com vrios pontos de vista de intelectuais diversos, ampliando, como: atualmente, hoje em dia, desde pocas remotas, o mundo hoje, a
dessa forma, sua prpria viso em relao aos assuntos. Como a produo cada dia que passa, no mundo em vivemos, na atualidade.
escrita se baseia praticamente na exposio de ideias por meio de pala-
vras, certamente aquele que l desenvolver sua habilidade devido ao Listamos aqui algumas formas de comear um texto. Elas vo das mais
enriquecimento lingustico adquirido atravs da leitura de bons autores. simples s mais complexas.

No texto acima temos uma ideia defendida pelo autor: Declarao

TESE/TPICO FRASAL: A leitura auxilia o desenvolvimento da escri- um grande erro a liberao da maconha. Provocar de imediato vio-
ta. lenta elevao do consumo. O Estado perder o controle que ainda exerce
sobre as drogas psicotrpicas e nossas instituies de recuperao de
Em seguida o autor defende seu ponto de vista com os seguintes ar- viciados no tero estrutura suficiente para atender demanda. Alberto
gumentos: Corazza, Isto , 20 dez. 1995.
ARGUMENTOS: A declarao a forma mais comum de comear um texto. Procure fa-
zer uma declarao forte, capaz de surpreender o leitor.
(1)...lendo o indivduo tem contato com modelos de textos bem redigi-
dos que ao longo do tempo faro parte de sua bagagem lingustica e, Definio
tambm, (2) porque entrar em contato com vrios pontos de vista de
intelectuais diversos, (3) ampliando, dessa forma, a sua prpria viso em O mito, entre os povos primitivos, uma forma de se situar no mundo,
relao aos assuntos. E por fim, comprovada a sua tese, veja que a ideia isto , de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. um
desta recuperada: modo ingnuo, fantasioso, anterior a toda reflexo e no-crtico de estabe-
lecer algumas verdades que no s explicam parte dos fenmenos naturais
CONCLUSO: Como a produo escrita se baseia praticamente na ou mesmo a construo cultural, mas que do tambm, as formas de ao
exposio de ideias por meio de palavras, certamente aquele que l desen- humana.
volver sua habilidade devido ao enriquecimento lingustico adquirido
atravs da leitura de bons autores. ARANHA, Maria Lcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Te-
mas de Filosofia.So Paulo, Moderna, 1992. p.62.
Observe como o texto dissertativo tem por objetivo expressar um de-
terminado ponto de vista em relao a um assunto qualquer e convencer o A definio uma forma simples e muito usada em pargrafo-chave,
leitor de que este ponto de vista est correto. Poderamos afirmar que o sobretudo em textos dissertativos. Pode ocupar s a primeira frase ou todo
texto dissertativo um exerccio de cidadania, pois nele o indivduo exerce o primeiro pargrafo.
seu papel de cidado, questionando valores, reivindicando algo, expondo Diviso
pontos de vista, etc.
Predominam ainda no Brasil convices errneas sobre o problema da
Pode-se dizer que: excluso social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder pbli-
A paragrafao com tpico frasal seguido pelo desenvolvimento uma co e a de que sua superao envolve muitos recursos e esforos extraordi-
forma de organizar o raciocnio e a exposio das ideias de maneira clara e nrios. Experincias relatadas nesta Folha mostram que combate margi-
facilmente compreensvel. Quando se tem um plano em que os tpicos nalidade social em Nova York vem contando co intensivos esforos do
principais foram selecionados e poder pblico e ampla participao da iniciativa privada. Folha de S. Paulo,
17 dez.1996.
dispostos de modo a haver transio harmoniosa de um para outro,
fcil redigir. Ao dizer que h duas convices errneas, fica logo clara a direo
que o pargrafo vai tomar. O autor ter de explicit-las na frase seguinte.
O TPICO FRASAL DO PARGRAFO: geralmente vem no comeo
do pargrafo, seguida de outros perodos que explicam ou detalham a ideia Oposio
central e podem ou no concluir a ideia deste pargrafo. De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo
O DESENVOLVIMENTO DO PARGRAFO: a explanao da ideia governo. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parab-
exposta no tpico frasal. Devemos desenvolver nossas ideias de maneira licas, aparelhos de videocassete. este o paradoxo que vive a educao
clara e convincente, utilizando argumentos e/ou ideias sempre tendo em no Brasil.
vista a forma como iniciamos o pargrafo. As duas primeiras frases criam uma oposio (de um lado/ de outro)
A CONCLUSO DO PARGRAFO encerra o desenvolvimento, com- que estabelecer o rumo da argumentao.
pleta a discusso do assunto (opcional) Tambm se pode criar uma oposio dentro da frase, como neste
FORMAS DISCURSIVAS DO PARGRAFO exemplo:

A) DESCRITIVO: a matria da descrio o objeto. No h persona- Vrios motivos me levaram a este livro. Dois se destacaram pelo grau
gens em movimento (atemporal). O autor/produtor deve apresentar o de envolvimento: raiva e esperana. Explico-me: raiva por ver o quanto
objeto, pessoa, paisagem etc, de tal forma que o leitor consiga distinguir o cultura ainda vista como artigo suprfluo em nossa terra, esperana por
ser descrito. observar quantos movimentos culturais tm acontecido em nossa histria, e
quase sempre como forma de resistncia e/ou transformao (...) FEIJ,
B) NARRATIVO: a matria da narrao o fato. Uma maneira eficiente Martin Csar. O que poltica cultural. So Paulo, Brasiliense, 1985.p.7.
de organiz-lo respondendo seis perguntas: O qu? Quem? Quando?
Onde? Como? Por qu? O autor estabelece a oposio e logo depois explica os termos que a
compem.
C) DISSERTATIVO: a matria da dissertao a anlise (discusso).
Aluso histrica
ELABORAO/ PLANEJAMENTO DE PARGRAFOS
Aps a queda do Muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-
Ter um assunto oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalizao. As
fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de
Delimit-lo, traando um objetivo: o que pretende transmitir? competio.
Elaborar o tpico frasal; desenvolv-lo e conclu-lo O conhecimento dos principais fatos histricos ajuda a iniciar um texto.
PARGRAFO-CHAVE: FORMAS PARA COMEAR UM TEXTO O leitor situado no tempo e pode ter uma melhor dimenso do problema.
Ao escrever seu primeiro pargrafo, voc pode faz-lo de forma criati- Pergunta
va. Ele deve atrair a ateno do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns

Lngua Portuguesa 9
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APOSTILAS OPO
Ser que com novos impostos que a sade melhorar no Brasil? Os Exemplos:
contribuintes j esto cansados de tirar do bolso para tapar um buraco que
parece no ter fim. A cada ano, somos lesados por novos impostos para a) O presidente George W.Bush ficou indignado com o ataque no
alimentar um sistema que s parece piorar. A pergunta no respondida de World Trade Center. Ele afirmou que castigar os culpados. (retomada de
imediato. Ela serve para despertar a ateno do leitor para o tema e ser uma palavra gramatical referente Ele + Presidente George W.Bush)
respondida ao longo da argumentao. b) De voc s quero isto: a sua amizade (antecipao de uma palavra
Citao gramatical isto = a sua amizade

As pessoas chegam ao ponto de uma criana morrer e os pais no c) O homem acordou feliz naquele dia. O felizardo ganhou um bom di-
chorarem mais, trazem a criana, jogarem num bolo de mortos, virarem as nheiro na loteria. ( retomada por palavra lexical o felizardo = o homem)
costas e irem embora. O comentrio, do fotgrafo Sebastio Salgado, 2. Coeso sequencial feita por conectores ou operadores discursi-
falando sobre o que viu em Ruanda, um acicate no estado de letargia vos, isto , palavras ou expresses responsveis pela criao de relaes
tica que domina algumas naes do Primeiro Mundo. DI FRANCO, Carlos semnticas ( causa, condio, finalidade, etc.). So exemplos de conecto-
Alberto. Jornalismo, tica e qualidade. Rio de Janeiro, Vozes, 1995. p. 73. res: mas, dessa forma, portanto, ento, etc..
A citao inicial facilita a continuidade do texto, pois ela retomada pe- Exemplo:
la palavra comentrio da segunda frase.
a. Ele rico, mas no paga suas dvidas.
Comparao
Observe que o vocbulo mas no faz referncia a outro vocbulo;
O tema de reforma agrria est a bastante tempo nas discusses sobre apenas conecta (liga) uma ideia a outra, transmitindo a ideia de compensa-
os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparao entre o o.
movimento pela abolio da escravido no Brasil, no final do sculo passa-
do e, atualmente, o movimento pela reforma agrria, podemos perceber 3. Coeso recorrencial realizada pela repetio de vocbulos ou
algumas semelhanas. Como na poca da abolio da escravido existiam de estruturas frasais.
elementos favorveis e contrrios a ela, tambm hoje h os que so a favor semelhantes.
e os que so contra a implantao da reforma agrria no Brasil. OLIVEIRA,
Prsio Santos de. Introduo sociologia. So Paulo, tica, 1991. p.101. Exemplos;
Para introduzir o tema da reforma agrria, o autor comparou a socieda- a. Os carros corriam, corriam, corriam.
de de hoje com a do final do sculo XIX, mostrando a semelhana de
b. O aluno finge que l, finge que ouve, finge que estuda.
comportamento entre elas.
Coerncia textual a relao que se estabelece entre as diversas
Afirmao
partes do texto, criando uma unidade de sentido. Est ligada ao en-
A profissionalizao de uma equipe comea com a procura e aquisio tendimento, possibilidade de interpretao daquilo que se ouve ou
das pessoas que tenham experincia e as aptides adequadas para o l.
desempenho da tarefa, especialmente quando esta imediata. (Desenvol-
OBS: pode haver texto com a presena de elementos coesivos, e no
vimento ) As pessoas j viro integrar a equipe sem precisar de treinamen-
apresentar coerncia.
to profissionalizante, podendo entrar em ao logo aps seu ingresso.
Exemplo:
Alternativamente, ou quando se dispe de tempo, pode-se recrutar
pessoas inexperientes, mas que demonstrem o potencial para desenvolver O presidente George W.Bush est descontente com o grupo Talib.
as aptides e o interesse em fazer parte da equipe ou dedicar-se a sua Estes eram estudantes da escola fundamentalista. Eles, hoje, governam o
misso. Sempre que possvel, uma equipe deve procurar combinar pessoas afeganisto. Os afegos apiam o lder Osama Bin Laden. Este foi aliado
experientes e aprendizes em sua composio, de modo que os segundos dos Estados Unidos quando da invaso da Unio Sovitica ao Afeganisto.
aprendam com os primeiros. (concluso) A falta de um banco de reservas,
muitas vezes, pode ser um obstculo prpria evoluo da equipe. (Ma- Comentrio:
ximiniano, 1986:50 ) Ningum pode dizer que falta coeso a este pargrafo. Mas de que se
ARTICULAO ENTRE PARGRAFOS trata mesmo? Do descontentamento do presidente dos Estados Unidos? Do
grupo Talib? Do povo Afego?
COESO E COERNCIA
Do Osama Bin Laden? Embora o pargrafo tenha coeso, no apre-
Articulao entre os pargrafos senta coerncia, entendimento.
A articulao dos/entre pargrafos depende da coeso e coerncia. Pode ainda um texto apresentar coerncia, e no apresentar elementos
Sem um deles, ainda assim, possvel haver entendimento textual, entre- coesivos. Veja o texto seguinte:
tanto, h necessidade de ter domnio da lngua e do contexto para escrever
um texto de tal forma. Dependendo da tipologia textual, a articulao textual Como se conjuga um empresrio
se d de forma diferente. Na narrao, por exemplo, no h necessidade Mino
de ter um pargrafo com mais de um perodo. Um pargrafo narrativo pode
ser apenas Oi. J a dissertao necessita ter ao menos um pargrafo com Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se. Enxugou-
introduo e desenvolvimento (concluso; opcional). Assim tambm varia a se. Perfumou-se. Lanchou. Escovou. Abraou. Saiu. Entrou. Cumprimen-
necessidade de nmeros de pargrafos para cada texto. Para se obter um tou. Orientou. Controlou. Advertiu. Chegou. Desceu. Subiu. Entrou. Cum-
bom texto, so necessrios tambm: conciso, clareza, correo, adequa- primentou. Assentou-se. Preparou-se. Examinou. Leu. Convocou. Leu.
o de linguagem, expressividade. Comentou. Interrompeu. Leu. Despachou. Vendeu. Vendeu. Ganhou.
Ganhou. Ganhou. Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lesou. Explorou. Escondeu.
Coerncia e Coeso Burlou. Safou-se. Comprou. Vendeu. Assinou. Sacou. Depositou. Deposi-
Para no ser ludibriado pela articulao do contexto, necessrio que tou. Associou-se. Vendeu-se. Entregou. Sacou. Depositou. Despachou.
se esteja atento coeso e coerncia textuais. Repreendeu. Suspendeu. Demitiu. Negou. Explorou. Desconfiou. Vigiou.
Ordenou. Telefonou. Despachou. Esperou. Chegou. Vendeu. Lucrou.
Coeso textual o que permite a ligao entre as diversas partes de Lesou. Demitiu. Convocou. Elogiou. Bolinou. Estimulou. Beijou. Convidou.
um texto. Pode-se dividir em trs segmentos: Saiu. Chegou. Despiu-se. Abraou. Deitou-se. Mexeu. Gemeu. Fungou.
Babou. Antecipou. Frustrou. Virou-se. Relaxou-se. Envergonhou-se. Pre-
1. Coeso referencial a que se refere a outro(s) elemento(s) do
senteou. Saiu. Despiu-se. Dirigiu-se. Chegou. Beijou. Negou. Lamentou.
mundo textual.
Justificou-se. Dormiu. Roncou. Sonhou. Sobressaltou-se. Acordou. Preocu-

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pou-se. Temeu. Suou. Ansiou. Tentou. Despertou. Insistiu. Irritou-se. Te-
meu. Levantou. Apanhou. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Dormiu. Dormiu. Dor- Esta relao semntica presente nos textos ocorre devido s interpre-
miu. Dormiu. Acordou. Levantou-se. Aprontou-se... Comentrio: taes feitas da realidade pelo interlocutor, que utiliza a chamada semnti-
ca referencial (p.31) para causar esta busca mental no receptor atravs de
O texto nos mostra o dia-a-dia de um empresrio qualquer. A estrutura palavras semanticamente semelhantes que fora enunciada, porm, existe
textual somente verbos no apresenta elementos coesivos; o que se ainda o que a autora denominou de inexistncia de sinnimo perfeito
encontra so relaes de sentido, isto , o texto retrata a viso do seu (p.30) que so sinnimos porm quando posto em substituio um ao outro
autor, no caso, a de que todo empresrio calculista e desonesto. no geram uma coerncia adequada ao entendimento.
H palavras e expresses que garantem transies bem feitas e que
estabelecem relaes lgicas entre as diferentes ideias apresentadas no Nesta relao de substituio por sinnimos, devemos ter cautela
texto. Fonte: UNINOVE quando formos usar os hipernimos (p.32), ou at mesmo a hiponmia
(p.32) onde substitui-se a parte pelo todo, pois neste emaranhado de subs-
tituies pode-se causar desajustes e o resultado final no fazer com que a
ESTRUTURAO E ARTICULAO DO TEXTO imagem mental do leitor seja ativada de forma corretamente, e outra assimi-
lao, errnea, pode ser utilizada.
Resenha Critica de Articulao do Texto
Amanda Alves Martins Seguindo ainda neste linear das substituies, existem ainda as nomi-
Resenha Crtica do livro A Articulao do Texto, da autora Elisa Guima- naes e a elipse, onde na primeira, o sentido inicialmente expresso por
res um verbo substitudo por um nome, ou seja, um substantivo; e, enquanto
na segunda, ou seja, na elipse, o substituto nulo e marcado pela flexo
No livro de Elisa Guimares, A Articulao do Texto, a autora procura verbal; como podemos perceber no seguinte exemplo retirado do livro de
esclarecer as dvidas referentes formao e compreenso de um texto Elisa Guimares:
e do seu contexto. Louve-se nos mineiros, em primeiro lugar, a sua presena suave. Mil
deles no causam o incmodo de dez cearenses.
Formado por unidades coordenadas, ou seja, interligadas entre si, o
texto constitui, portanto, uma unidade comunicativa para os membros de __No grita, ___ no empurram< ___ no seguram o brao da gente,
uma comunidade; nele, existe um conjunto de fatores indispensveis para a ___ no impem suas opinies. Para os importunos inventaram eles uma
sua construo, como as intenes do falante (emissor), o jogo de ima- palavra maravilhosamente definidora e que traduz bem a sua antipatia para
gens conceituais, mentais que o emissor e destinatrio executam.(Manuel essa casta de gente (...) (Rachel de Queiroz. Mineiros. In: Cem crnicas
P. Ribeiro, 2004, p.397). Somado isso, um texto no pode existir de forma escolhidas. Rio de Janeiros, Jos Olympio, 1958, p.82).
nica e sozinha, pois depende dos outros tanto sintaticamente quanto
semanticamente para que haja um entendimento e uma compreenso Porm preciso especificar que para que haja a elipse o termo elptico
deste. Dentro de um texto, as partes que o formam se integram e se expli- deve estar perfeitamente claro no contexto. Este conceito e os demais j
cam de forma recproca. ditos anteriormente so primordiais para a compreenso e produo textu-
al, uma vez que contribuem para a economia de linguagem, fator de grande
Completando o processo de formao de um texto, a autora nos escla- valor para tais feitos.
rece que a economia de linguagem facilita a compreenso dele, sendo
indispensvel uma ligao entre as partes, mesmo havendo um corte de Ao abordar os conceitos de coeso e coerncia, a autora procura pri-
trechos considerados no essenciais. meiramente retomar a noo de que a construo do texto feita atravs
de referentes lingusticos (p.38) que geram um conjunto de frases que iro
Quando o tema a situao comunicativa (p.7), a autora nos esclare- constituir uma microestrutura do texto (p.38) que se articula com a estrutu-
ce a relao texto X contexto, onde um essencial para esclarecermos o ra semntica geral. Porm, a dificuldade de se separar a coeso da coe-
outro, utilizando-se de palavras que recebem diferentes significados con- rncia est no fato daquela est inserida nesta, formando uma linha de
forme so inseridas em um determinado contexto; nos levando ao entendi- raciocnio de fcil compreenso, no entanto, quando ocorre uma incoern-
mento de que no podemos considerar isoladamente os seus conceitos e cia textual, decorrente da incompatibilidade e no exatido do que foi
sim analis-los de acordo com o contexto semntico ao qual est inserida. escrito, o leitor tambm capaz de entender devido a sua fcil compreen-
so apesar da m articulao do texto.
Segundo Elisa Guimares, o sentido da palavra texto estende-se a
uma enorme vastido, podendo designar um enunciado qualquer, oral ou A coerncia de um texto no dada apenas pela boa interligao entre
escrito, longo ou breve, antigo ou moderno (p.14) e ao contrrio do que as suas frases, mas tambm porque entre estas existe a influncia da
muitos podem pensar, um texto pode ser caracterizado como um fragmen- coerncia textual, o que nos ajuda a concluir que a coeso, na verdade,
to, uma frase, um verbo ect e no apenas na reunio destes com mais efeito da coerncia. Como observamos em Nova Gramtica Aplicada da
algumas outras formas de enunciao; procurando sempre uma objetivida- Lngua Portuguesa de Manoel P. Ribeiro (2004, 14ed):
de para que a sua compreenso seja feita de forma fcil e clara.
A coeso e a coerncia trazem a caracterstica de promover a inter-
Esta economia textual facilita no caminho de transmisso entre o enun- relao semntica entre os elementos do discurso, respondendo pelo que
ciador e o receptor do texto que procura condensar as informaes recebi- chamamos de conectividade textual. A coerncia diz respeito ao nexo
das a fim de se deter ao ncleo informativo (p.17), este sim, primordial a entre os conceitos; e a coeso, expresso desse nexo no plano lingusti-
qualquer informao. co (VAL, Maria das Graas Costa. Redao e textualidade, 1991, p.7)

A autora tambm apresenta diversas formas de classificao do discur- No captulo que diz respeito s noes de estrutura, Elisa Guimares,
so e do texto, porm, detenhamo-nos na diviso de texto informativo e de busca ressaltar o nvel sinttico representado pelas coordenaes e subor-
um texto literrio ou ficcional. dinaes que fixam relaes de equivalncia ou hierarquia respectiva-
mente.
Analisando um texto, possvel percebermos que a repetio de um Um fato importante dentro do livro A Articulao do Texto, o valor atribu-
nome/lexema, nos induz lembrar de fatos j abordados, estimula a nossa do s estruturas integrantes do texto, como o ttulo, o pargrafo, as inter e
biblioteca mental e a informa da importncia de tal nome, que dentro de um intrapartes, o incio e o fim e tambm, as superestruturas.
contexto qualquer, ou seja que no fosse de um texto informacional, seria
apenas caracterizado como uma redundncia desnecessria. Essa repeti- O ttulo funciona como estratgica de articulao do texto podendo de-
o normalmente dada atravs de sinnimos ou sinnimos perfeitos sempenhar papis que resumam os seus pontos primordiais, como tam-
(p.30) que permitem a permutao destes nomes durante o texto sem que o bm, podem ser desvendados no decorrer da leitura do texto.
sentido original e desejado seja modificado.

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APOSTILAS OPO
Os pargrafos esquematizam o raciocnio do escritos, como enuncia cas e do campo associativo, como, por exemplo, esvoaar, revoar,
Othon Moacir Garcia: voar;
O pargrafo facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar con- hipnimos (relaes de um termo especfico com um termo de
venientemente as ideias principais da sua composio, permitindo ao leitor sentido geral, ex.: gato, felino) e hipernimos (relaes de um
acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estgios. termo de sentido mais amplo com outros de sentido mais especfi-
co, ex.: felino, gato);
bom relembrar, que dentro do pargrafo encontraremos o chamado nominalizaes (quando um fato, uma ocorrncia, aparece em
tpico frasal, que resumir a principal ideia do pargrafo no qual esta forma de verbo e, mais adiante, reaparece como substantivo, ex.:
inserido; e tambm encontraremos, segundo a autora, dez diferentes tipos consertar, o conserto; viajar, a viagem). preciso distinguir-se en-
de pargrafo, cada qual com um ponto de vista especfico. tre nominalizao estrita e. generalizaes (ex.: o co < o animal)
e especificaes (ex.: planta > rvore > palmeira);
No que diz respeito ao tpico Inicio e fim, Elisa Guimares preferiu
substitutos universais (ex.: Joo trabalha muito. Tambm o fao.
abord-los de forma mtua j que um consequncia ou decorrncia do
O verbo fazer em substituio ao verbo trabalhar);
outro; ficando a organizao da narrativa com uma forma de estrutura
clssica e seguindo uma linha sequencial j esperada pelo leitor, onde o enunciados que estabelecem a recapitulao da ideia global.
incio alimenta a esperana de como vir a ser o texto, enquanto que o fim Ex.: O curral deserto, o chiqueiro das cabras arruinado e tambm
exercer uma funo de dar um destaque maior ao fechamento do texto, o deserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava abandono
que tambm, alimenta a imaginao tanto do leito, quanto do prprio autor. (Vidas Secas, p.11). Esse enunciado chamado de anfora con-
ceptual. Todo um enunciado anterior e a ideia global que ele refere
No geral, o que diz respeito ao livro A Articulao do Texto de Elisa so retomados por outro enunciado que os resume e/ou interpreta.
Guimares, ele nos trs um grande nmero de informaes e novos concei- Com esse recurso, evitam-se as repeties e faz-se o discurso
tos em relao produo e compreenso textual, no entanto, essa grande avanar, mantendo-se sua unidade.
leva de informaes muitas vezes se tornam confusas e acabam por des- 2. A coeso apoiada na gramtica d-se no uso de:
prenderem-se uma das outras, quebrando a linearidade de todo o texto e certos pronomes (pessoais, adjetivos ou substantivos). Destacam-
dificultando o entendimento terico. se aqui os pronomes pessoais de terceira pessoa, empregados
como substitutos de elementos anteriormente presentes no texto,
A REFERENCIAO / OS REFERENTES / COERNCIA E COESO diferentemente dos pronomes de 1 e 2 pessoa que se referem
pessoa que fala e com quem esta fala.
A fala e tambm o texto escrito constituem-se no apenas numa se- certos advrbios e expresses adverbiais;
quncia de palavras ou de frases. A sucesso de coisas ditas ou escritas artigos;
forma uma cadeia que vai muito alm da simples sequencialidade: h um conjunes;
entrelaamento significativo que aproxima as partes formadoras do texto numerais;
falado ou escrito. Os mecanismos lingusticos que estabelecem a conectivi-
dade e a retomada e garantem a coeso so os referentes textuais. Cada elipses. A elipse se justifica quando, ao remeter a um enunciado
uma das coisas ditas estabelece relaes de sentido e significado tanto anterior, a palavra elidida facilmente identificvel (Ex.: O jovem
com os elementos que a antecedem como com os que a sucedem, constru- recolheu-se cedo. ... Sabia que ia necessitar de todas as suas for-
indo uma cadeia textual significativa. Essa coeso, que d unidade ao as. O termo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a
texto, vai sendo construda e se evidencia pelo emprego de diferentes relao entre as duas oraes.). a prpria ausncia do termo que
procedimentos, tanto no campo do lxico, como no da gramtica. (No marca a inter-relao. A identificao pode dar-se com o prprio
esqueamos que, num texto, no existem ou no deveriam existir elemen- enunciado, como no exemplo anterior, ou com elementos extraver-
tos dispensveis. Os elementos constitutivos vo construindo o texto, e so bais, exteriores ao enunciado. Vejam-se os avisos em lugares p-
as articulaes entre vocbulos, entre as partes de uma orao, entre as blicos (ex.: Perigo!) e as frases exclamativas, que remetem a uma
oraes e entre os pargrafos que determinam a referenciao, os contatos situao no-verbal. Nesse caso, a articulao se d entre texto e
e conexes e estabelecem sentido ao todo.) contexto (extratextual);
as concordncias;
Ateno especial concentram os procedimentos que garantem ao texto a correlao entre os tempos verbais.
coeso e coerncia. So esses procedimentos que desenvolvem a din-
mica articuladora e garantem a progresso textual. Os diticos exercem, por excelncia, essa funo de progresso textu-
al, dada sua caracterstica: so elementos que no significam, apenas
A coeso a manifestao lingustica da coerncia e se realiza nas indicam, remetem aos componentes da situao comunicativa. J os com-
relaes entre elementos sucessivos (artigos, pronomes adjetivos, adjetivos ponentes concentram em si a significao. Referem os participantes do ato
em relao aos substantivos; formas verbais em relao aos sujeitos; de comunicao, o momento e o lugar da enunciao.
tempos verbais nas relaes espao-temporais constitutivas do texto etc.),
na organizao de perodos, de pargrafos, das partes do todo, como Elisa Guimares ensina a respeito dos diticos:
formadoras de uma cadeia de sentido capaz de apresentar e desenvolver Os pronomes pessoais e as desinncias verbais indicam os participan-
um tema ou as unidades de um texto. Construda com os mecanismos tes do ato do discurso. Os pronomes demonstrativos, certas locues
gramaticais e lexicais, confere unidade formal ao texto. prepositivas e adverbiais, bem como os advrbios de tempo, referenciam o
1. Considere-se, inicialmente, a coeso apoiada no lxico. Ela pode momento da enunciao, podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou
dar-se pela reiterao, pela substituio e pela associao. posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento (presente); ulti-
garantida com o emprego de: mamente, recentemente, ontem, h alguns dias, antes de (pretrito); de
enlaces semnticos de frases por meio da repetio. A mensa- agora em diante, no prximo ano, depois de (futuro).
gem-tema do texto apoiada na conexo de elementos lxicos su-
cessivos pode dar-se por simples iterao (repetio). Cabe, nesse Maria da Graa Costa Val lembra que esses recursos expressam rela-
caso, fazer-se a diferenciao entre a simples redundncia resul- es no s entre os elementos no interior de uma frase, mas tambm
tado da pobreza de vocabulrio e o emprego de repeties como entre frases e sequncias de frases dentro de um texto.
recurso estilstico, com inteno articulatria. Ex.: As contas do
patro eram diferentes, arranjadas a tinta e contra o vaqueiro, mas No s a coeso explcita possibilita a compreenso de um texto. Mui-
Fabiano sabia que elas estavam erradas e o patro queria engan- tas vezes a comunicao se faz por meio de uma coeso implcita, apoia-
lo.Enganava. Vidas secas, p. 143); da no conhecimento mtuo anterior que os participantes do processo
substituio lxica, que se d tanto pelo emprego de sinnimos comunicativo tm da lngua.
como de palavras quase sinnimas. Considerem-se aqui alm
das palavras sinnimas, aquelas resultantes de famlias ideolgi- A ligao lgica das ideias

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APOSTILAS OPO
Uma das caractersticas do texto a organizao sequencial dos ele- _________________ ____________________
mentos lingusticos que o compem, isto , as relaes de sentido que se causa consequncia
estabelecem entre as frases e os pargrafos que compem um texto,
fazendo com que a interpretao de um elemento lingustico qualquer seja
dependente da de outro(s). Os principais fatores que determinam esse Como estudei passei no vestibular
encadeamento lgico so: a articulao, a referncia, a substituio voca- Por ter estudado muito passei no vestibular
bular e a elipse. ___________________ ___________________
causa consequncia
ARTICULAO
Os articuladores (tambm chamados nexos ou conectores) so conjun- finalidade: uma das proposies do perodo explicita o(s) meio(s) para
es, advrbios e preposies responsveis pela ligao entre si dos fatos se atingir determinado fim expresso na outra. Os articuladores principais
denotados num texto, Eles exprimem os diferentes tipos de interdependn- so: para, afim de, para que.
cia de sentido das frases no processo de sequencializao textual. As
ideias ou proposies podem se relacionar indicando causa, consequncia, Utilizo o automvel a fim de facilitar minha vida.
finalidade, etc.
conformidade: essa relao expressa-se por meio de duas proposi-
Ingressei na Faculdade a fim de ascender socialmente. es, em que se mostra a conformidade de contedo de uma delas em
Ingressei na Faculdade porque pretendo ser bilogo. relao a algo afirmado na outra.
Ingressei na Faculdade depois de ter-me casado.
O aluno realizou a prova conforme o professor solicitara.
possvel observar que os articuladores relacionam os argumentos di- segundo
ferentemente. Podemos, inclusive, agrup-los, conforme a relao que consoante
estabelecem. como
de acordo com a solicitao...
Relaes de:
adio: os conectores articula sequencialmente frases cujos contedos temporalidade: a relao por meio da qual se localizam no tempo
se adicionam a favor de uma mesma concluso: e, tambm, no aes, eventos ou estados de coisas do mundo real, expressas por meio de
s...como tambm, tanto...como, alm de, alm disso, ainda, nem. duas proposies.
Quando
Na maioria dos casos, as frases somadas no so permutveis, isto , Mal
a ordem em que ocorrem os fatos descritos deve ser respeitada. Logo que terminei o colgio, matriculei-me aqui.
Assim que
Ele entrou, dirigiu-se escrivaninha e sentou-se. Depois que
alternncia: os contedos alternativos das frases so articulados por No momento em que
conectores como ou, ora...ora, seja...seja. O articulador ou pode expres- Nem bem
sar incluso ou excluso.
a) concomitncia de fatos: Enquanto todos se divertiam, ele estu-
Ele no sabe se conclui o curso ou abandona a Faculdade. dava com afinco.
Existe aqui uma simultaneidade entre os fatos descritos em cada
oposio: os conectores articulam sequencialmente frases cujos con- uma das proposies.
tedos se opem. So articuladores de oposio: mas, porm, todavia, b) um tempo progressivo:
entretanto, no entanto, no obstante, embora, apesar de (que), ainda proporo que os alunos terminavam a prova, iam se retirando.
que, se bem que, mesmo que, etc. bar enchia de frequentadores medida que a noite caa.

O candidato foi aprovado, mas no fez a matrcula. Concluso: um enunciado introduzido por articuladores como portan-
condicionalidade: essa relao expressa pela combinao de duas to, logo, pois, ento, por conseguinte, estabelece uma concluso em
proposies: uma introduzida pelo articulador se ou caso e outra por ento relao a algo dito no enunciado anterior:
(consequente), que pode vir implcito. Estabelece-se uma relao entre o
antecedente e o consequente, isto , sendo o antecedente verdadeiro ou Assistiu a todas as aulas e realizou com xito todos os exerccios. Por-
possvel, o consequente tambm o ser. tanto tem condies de se sair bem na prova.

Na relao de condicionalidade, estabelece-se, muitas vezes, uma importante salientar que os articuladores conclusivos no se limitam
condio hipottica, isto ,, cria-se na proposio introduzida pelo articula- a articular frases. Eles podem articular pargrafos, captulos.
dor se/caso uma hiptese que condicionar o que ser dito na proposio
seguinte. Em geral, a proposio situa-se num tempo futuro. Comparao: estabelecida por articuladores : tanto (to)...como,
tanto (tal)...como, to ...quanto, mais ....(do) que, menos ....(do) que,
Caso tenha frias, (ento) viajarei para Buenos Aires. assim como.
Ele to competente quanto Alberto.
causalidade: expressa pela combinao de duas proposies, uma
das quais encerra a causa que acarreta a consequncia expressa na outra. Explicao ou justificativa: os articuladores do tipo pois, que, por-
Tal relao pode ser veiculada de diferentes formas: que introduzem uma justificativa ou explicao a algo j anteriormente
referido.
Passei no vestibular porque estudei muito
visto que No se preocupe que eu voltarei
j que pois
uma vez que porque
_________________ _____________________
consequncia causa As pausas
Os articuladores so, muitas vezes, substitudos por pausas (marca-
das por dois pontos, vrgula, ponto final na escrita). Que podem assinalar
Estudei tanto que passei no vestibular. tipos de relaes diferentes.
Estudei muito por isso passei no vestibular

Lngua Portuguesa 13
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Compramos tudo pela manh: tarde pretendemos viajar. (causalida- Convm afirmar que acredito que o trabalho com a leitura, compreen-
de) so e a produo escrita em Lngua Materna deve ter como meta primordial
No fique triste. As coisas se resolvero. (justificativa) o desenvolvimento no aluno de habilidades que faam com que ele tenha
Ela estava bastante tranquila eu tinha os nervos flor da pele. ( oposi- capacidade de usar um nmero sempre maior de recursos da lngua para
o) produzir efeitos de sentido de forma adequada a cada situao especfica
No estive presente cerimnia. No posso descrev-la. (concluso) de interao humana.
http://www.seaac.com.br/
Luiz Antnio Marcuschi (UFPE) defende o trabalho com textos na esco-
A anlise de expresses referenciais fundamental na interpretao do la a partir da abordagem do Gnero Textual Marcuschi no demonstra
discurso. A identificao de expresses correferentes importante em favorabilidade ao trabalho com a Tipologia Textual, uma vez que, para ele,
diversas aplicaes de Processamento da Linguagem Natural. Expresses o trabalho fica limitado, trazendo para o ensino alguns problemas, uma vez
referenciais podem ser usadas para introduzir entidades em um discurso ou que no possvel, por exemplo, ensinar narrativa em geral, porque, embo-
podem fazer referncia a entidades j mencionadas,podendo fazer uso de ra possamos classificar vrios textos como sendo narrativos, eles se con-
reduo lexical. cretizam em formas diferentes gneros que possuem diferenas espec-
ficas.
Interpretar e produzir textos de qualidade so tarefas muito importantes
na formao do aluno. Para realiz-las de modo satisfatrio, essencial Por outro lado, autores como Luiz Carlos Travaglia (UFUberlndia/MG)
saber identificar e utilizar os operadores sequenciais e argumentativos do defendem o trabalho com a Tipologia Textual. Para o autor, sendo os
discurso. A linguagem um ato intencional, o indivduo faz escolhas quan- textos de diferentes tipos, eles se instauram devido existncia de diferen-
do se pronuncia oralmente ou quando escreve. Para dar suporte a essas tes modos de interao ou interlocuo. O trabalho com o texto e com os
escolhas, de modo a fazer com que suas opinies sejam aceitas ou respei- diferentes tipos de texto fundamental para o desenvolvimento da compe-
tadas, fundamental lanar mo dos operadores que estabelecem ligaes tncia comunicativa. De acordo com as ideias do autor, cada tipo de texto
(espcies de costuras) entre os diferentes elementos do discurso. apropriado para um tipo de interao especfica. Deixar o aluno restrito a
apenas alguns tipos de texto fazer com que ele s tenha recursos para
atuar comunicativamente em alguns casos, tornando-se incapaz, ou pouco
Autor e Narrador: Diferenas capaz, em outros. Certamente, o professor teria que fazer uma espcie de
Equipe Aprovao Vest levantamento de quais tipos seriam mais necessrios para os alunos, para,
a partir da, iniciar o trabalho com esses tipos mais necessrios.
Qual , afinal, a diferena entre Autor e Narrador? Existe uma diferena
enorme entre ambos. Marcuschi afirma que os livros didticos trazem, de maneira equivoca-
da, o termo tipo de texto. Na verdade, para ele, no se trata de tipo de
Autor
texto, mas de gnero de texto. O autor diz que no correto afirmar que a
um homem do mundo: tem carteira de identidade, vai ao supermer- carta pessoal, por exemplo, um tipo de texto como fazem os livros. Ele
cado, masca chiclete, eventualmente teve sarampo na infncia e, mais atesta que a carta pessoal um Gnero Textual.
eventualmente ainda, pode at tocar trombone, piano, flauta transversal.
Paga imposto. O autor diz que em todos os gneros os tipos se realizam, ocorrendo,
muitas das vezes, o mesmo gnero sendo realizado em dois ou mais tipos.
Narrador Ele apresenta uma carta pessoal3 como exemplo, e comenta que ela pode
um ser intradiegtico, ou seja, um ser que pertence histria que apresentar as tipologias descrio, injuno, exposio, narrao e argu-
est sendo narrada. Est claro que um preposto do autor, mas isso no mentao. Ele chama essa miscelnea de tipos presentes em um gnero
significa que defenda nem compartilhe suas ideias. Se assim fosse, Ma- de heterogeneidade tipolgica.
chado de Assis seria um crpula como Bentinho ou um bgamo, porque,
casado com Carolina Xavier de Novais, casou-se tambm com Capitu, foi Travaglia (2002) fala em conjugao tipolgica. Para ele, dificilmente
amante de Virglia e de um sem-nmero de mulheres que permeiam seus so encontrados tipos puros. Realmente raro um tipo puro. Num texto
contos e romances. como a bula de remdio, por exemplo, que para Fvero & Koch (1987)
um texto injuntivo, tem-se a presena de vrias tipologias, como a descri-
O narrador passa a existir a partir do instante que se abre o livro e ele, o, a injuno e a predio. Travaglia afirma que um texto se define como
em primeira ou terceira pessoa, nos conta a histria que o livro guarda. de um tipo por uma questo de dominncia, em funo do tipo de interlocu-
Confundir narrador e autor fazer a loucura de imaginar que, morto o autor, o que se pretende estabelecer e que se estabelece, e no em funo do
todos os seus narradores morreriam junto com ele e que, portanto, no espao ocupado por um tipo na constituio desse texto.
disporamos mais de nenhuma narrativa dele.
Quando acontece o fenmeno de um texto ter aspecto de um gnero
GNEROS TEXTUAIS mas ter sido construdo em outro, Marcuschi d o nome de intertextuali-
dade intergneros. Ele explica dizendo que isso acontece porque ocorreu
Gneros textuais so tipos especficos de textos de qualquer natureza, no texto a configurao de uma estrutura intergneros de natureza altamen-
literrios ou no. Modalidades discursivas constituem as estruturas e as te hbrida, sendo que um gnero assume a funo de outro.
funes sociais (narrativas, dissertativas, argumentativas, procedimentais e
exortativas), utilizadas como formas de organizar a linguagem. Dessa Travaglia no fala de intertextualidade intergneros, mas fala de um
forma, podem ser considerados exemplos de gneros textuais: anncios, intercmbio de tipos. Explicando, ele afirma que um tipo pode ser usado
convites, atas, avisos, programas de auditrios, bulas, cartas, comdias, no lugar de outro tipo, criando determinados efeitos de sentido impossveis,
contos de fadas, convnios, crnicas, editoriais, ementas, ensaios, entrevis- na opinio do autor, com outro dado tipo. Para exemplificar, ele fala de
tas, circulares, contratos, decretos, discursos polticos descries e comentrios dissertativos feitos por meio da narrao.

A diferena entre Gnero Textual e Tipologia Textual , no meu en- Resumindo esse ponto, Marcuschi traz a seguinte configurao terica:
tender, importante para direcionar o trabalho do professor de lngua na intertextualidade intergneros = um gnero com a funo de outro
leitura, compreenso e produo de textos1. O que pretendemos neste
pequeno ensaio apresentar algumas consideraes sobre Gnero Tex-
heterogeneidade tipolgica = um gnero com a presena de vrios
tipos
tual e Tipologia Textual, usando, para isso, as consideraes feitas por
Travaglia mostra o seguinte:
Marcuschi (2002) e Travaglia (2002), que faz apontamentos questionveis
para o termo Tipologia Textual. No final, apresento minhas consideraes conjugao tipolgica = um texto apresenta vrios tipos
a respeito de minha escolha pelo gnero ou pela tipologia. intercmbio de tipos = um tipo usado no lugar de outro

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Aspecto interessante a se observar que Marcuschi afirma que os g- de dar conhecimento de algo a algum). Certamente a carta e o e-mail
neros no so entidades naturais, mas artefatos culturais construdos entrariam nessa lista, levando em considerao que o aviso pode ser dado
historicamente pelo ser humano. Um gnero, para ele, pode no ter uma sob a forma de uma carta, e-mail ou ofcio. Ele continua exemplificando
determinada propriedade e ainda continuar sendo aquele gnero. Para apresentando a petio, o memorial, o requerimento, o abaixo assinado
exemplificar, o autor fala, mais uma vez, da carta pessoal. Mesmo que o (com a funo social de pedir, solicitar). Continuo colocando a carta, o e-
autor da carta no tenha assinado o nome no final, ela continuar sendo mail e o ofcio aqui. Nota promissria, termo de compromisso e voto so
carta, graas as suas propriedades necessrias e suficientes .Ele diz, ainda, exemplos com a funo de prometer. Para mim o voto no teria essa fun-
que uma publicidade pode ter o formato de um poema ou de uma lista de o de prometer. Mas a funo de confirmar a promessa de dar o voto a
produtos em oferta. O que importa que esteja fazendo divulgao de algum. Quando algum vota, no promete nada, confirma a promessa de
produtos, estimulando a compra por parte de clientes ou usurios daquele votar que pode ter sido feita a um candidato.
produto.
Ele apresenta outros exemplos, mas por questo de espao no colo-
Para Marcuschi, Tipologia Textual um termo que deve ser usado pa- carei todos. bom notar que os exemplos dados por ele, mesmo os que
ra designar uma espcie de sequncia teoricamente definida pela natureza no foram mostrados aqui, apresentam funo social formal, rgida. Ele no
lingustica de sua composio. Em geral, os tipos textuais abrangem as apresenta exemplos de gneros que tenham uma funo social menos
categorias narrao, argumentao, exposio, descrio e injuno (Swa- rgida, como o bilhete.
les, 1990; Adam, 1990; Bronckart, 1999). Segundo ele, o termo Tipologia
Textual usado para designar uma espcie de sequncia teoricamente Uma discusso vista em Travaglia e no encontrada em Marcusch a
definida pela natureza lingustica de sua composio (aspectos lexicais, de Espcie. Para ele, Espcie se define e se caracteriza por aspectos
sintticos, tempos verbais, relaes lgicas) (p. 22). formais de estrutura e de superfcie lingustica e/ou aspectos de contedo.
Ele exemplifica Espcie dizendo que existem duas pertencentes ao tipo
Gnero Textual definido pelo autor como uma noo vaga para os narrativo: a histria e a no-histria. Ainda do tipo narrativo, ele apresenta
textos materializados encontrados no dia-a-dia e que apresentam caracte- as Espcies narrativa em prosa e narrativa em verso. No tipo descritivo ele
rsticas scio-comunicativas definidas pelos contedos, propriedades mostra as Espcies distintas objetiva x subjetiva, esttica x dinmica e
funcionais, estilo e composio caracterstica. comentadora x narradora. Mudando para gnero, ele apresenta a corres-
pondncia com as Espcies carta, telegrama, bilhete, ofcio, etc. No gnero
Travaglia define Tipologia Textual como aquilo que pode instaurar um romance, ele mostra as Espcies romance histrico, regionalista, fantsti-
modo de interao, uma maneira de interlocuo, segundo perspectivas co, de fico cientfica, policial, ertico, etc. No sei at que ponto a Esp-
que podem variar. Essas perspectivas podem, segundo o autor, estar cie daria conta de todos os Gneros Textuais existentes. Ser que
ligadas ao produtor do texto em relao ao objeto do dizer quanto ao fa- possvel especificar todas elas? Talvez seja difcil at mesmo porque no
zer/acontecer, ou conhecer/saber, e quanto insero destes no tempo fcil dizer quantos e quais so os gneros textuais existentes.
e/ou no espao. Pode ser possvel a perspectiva do produtor do texto dada
pela imagem que o mesmo faz do receptor como algum que concorda ou Se em Travaglia nota-se uma discusso terica no percebida em Mar-
no com o que ele diz. Surge, assim, o discurso da transformao, quando cuschi, o oposto tambm acontece. Este autor discute o conceito de Dom-
o produtor v o receptor como algum que no concorda com ele. Se o nio Discursivo. Ele diz que os domnios discursivos so as grandes esfe-
produtor vir o receptor como algum que concorda com ele, surge o discur- ras da atividade humana em que os textos circulam (p. 24). Segundo infor-
so da cumplicidade. Tem-se ainda, na opinio de Travaglia, uma perspecti- ma, esses domnios no seriam nem textos nem discursos, mas dariam
va em que o produtor do texto faz uma antecipao no dizer. Da mesma origem a discursos muito especficos. Constituiriam prticas discursivas
forma, possvel encontrar a perspectiva dada pela atitude comunicativa de dentro das quais seria possvel a identificao de um conjunto de gneros
comprometimento ou no. Resumindo, cada uma das perspectivas apre- que s vezes lhes so prprios como prticas ou rotinas comunicativas
sentadas pelo autor gerar um tipo de texto. Assim, a primeira perspectiva institucionalizadas. Como exemplo, ele fala do discurso jornalstico, discur-
faz surgir os tipos descrio, dissertao, injuno e narrao. A segun- so jurdico e discurso religioso. Cada uma dessas atividades, jornalstica,
da perspectiva faz com que surja o tipo argumentativo stricto sensu6 e jurdica e religiosa, no abrange gneros em particular, mas origina vrios
no argumentativo stricto sensu. A perspectiva da antecipao faz surgir deles.
o tipo preditivo. A do comprometimento d origem a textos do mundo
comentado (comprometimento) e do mundo narrado (no comprometi- Travaglia at fala do discurso jurdico e religioso, mas no como Mar-
mento) (Weirinch, 1968). Os textos do mundo narrado seriam enquadrados, cuschi. Ele cita esses discursos quando discute o que para ele tipologia
de maneira geral, no tipo narrao. J os do mundo comentado ficariam no de discurso. Assim, ele fala dos discursos citados mostrando que as tipolo-
tipo dissertao. gias de discurso usaro critrios ligados s condies de produo dos
discursos e s diversas formaes discursivas em que podem estar inseri-
Travaglia diz que o Gnero Textual se caracteriza por exercer uma dos (Koch & Fvero, 1987, p. 3). Citando Koch & Fvero, o autor fala que
funo social especfica. Para ele, estas funes sociais so pressentidas e uma tipologia de discurso usaria critrios ligados referncia (institucional
vivenciadas pelos usurios. Isso equivale dizer que, intuitivamente, sabe- (discurso poltico, religioso, jurdico), ideolgica (discurso petista, de direita,
mos que gnero usar em momentos especficos de interao, de acordo de esquerda, cristo, etc), a domnios de saber (discurso mdico, lingusti-
com a funo social dele. Quando vamos escrever um e-mail, sabemos que co, filosfico, etc), inter-relao entre elementos da exterioridade (discur-
ele pode apresentar caractersticas que faro com que ele funcione de so autoritrio, polmico, ldico)). Marcuschi no faz aluso a uma tipologia
maneira diferente. Assim, escrever um e-mail para um amigo no o do discurso.
mesmo que escrever um e-mail para uma universidade, pedindo informa-
es sobre um concurso pblico, por exemplo. Semelhante opinio entre os dois autores citados notada quando fa-
lam que texto e discurso no devem ser encarados como iguais. Marcus-
Observamos que Travaglia d ao gnero uma funo social. Parece chi considera o texto como uma entidade concreta realizada materialmente
que ele diferencia Tipologia Textual de Gnero Textual a partir dessa e corporificada em algum Gnero Textual [grifo meu] (p. 24). Discurso
qualidade que o gnero possui. Mas todo texto, independente de seu para ele aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instn-
gnero ou tipo, no exerce uma funo social qualquer? cia discursiva. O discurso se realiza nos textos (p. 24). Travaglia considera
o discurso como a prpria atividade comunicativa, a prpria atividade
Marcuschi apresenta alguns exemplos de gneros, mas no ressalta produtora de sentidos para a interao comunicativa, regulada por uma
sua funo social. Os exemplos que ele traz so telefonema, sermo, exterioridade scio-histrica-ideolgica (p. 03). Texto o resultado dessa
romance, bilhete, aula expositiva, reunio de condomnio, etc. atividade comunicativa. O texto, para ele, visto como
uma unidade lingustica concreta que tomada pelos usurios da ln-
J Travaglia, no s traz alguns exemplos de gneros como mostra o
gua em uma situao de interao comunicativa especfica, como uma
que, na sua opinio, seria a funo social bsica comum a cada um: aviso,
unidade de sentido e como preenchendo uma funo comunicativa reco-
comunicado, edital, informao, informe, citao (todos com a funo social

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nhecvel e reconhecida, independentemente de sua extenso (p. 03). dissertar, ou mais adequadas faixa etria, razo pela qual esta ltima
tenha sido reservada s sries terminais - tanto no ensino fundamental
quanto no ensino mdio.
Travaglia afirma que distingue texto de discurso levando em conta que
sua preocupao com a tipologia de textos, e no de discursos. Marcus-
O ensino-aprendizagem de leitura, compreenso e produo de texto
chi afirma que a definio que traz de texto e discurso muito mais opera-
pela perspectiva dos gneros reposiciona o verdadeiro papel do professor
cional do que formal.
de Lngua Materna hoje, no mais visto aqui como um especialista em
Travaglia faz uma tipologizao dos termos Gnero Textual, Tipolo-
textos literrios ou cientficos, distantes da realidade e da prtica textual do
gia Textual e Espcie. Ele chama esses elementos de Tipelementos.
aluno, mas como um especialista nas diferentes modalidades textuais, orais
Justifica a escolha pelo termo por considerar que os elementos tipolgicos
e escritas, de uso social. Assim, o espao da sala de aula transformado
(Gnero Textual, Tipologia Textual e Espcie) so bsicos na construo
numa verdadeira oficina de textos de ao social, o que viabilizado e
das tipologias e talvez dos textos, numa espcie de analogia com os ele-
concretizado pela adoo de algumas estratgias, como enviar uma carta
mentos qumicos que compem as substncias encontradas na natureza.
para um aluno de outra classe, fazer um carto e ofertar a algum, enviar
uma carta de solicitao a um secretrio da prefeitura, realizar uma entre-
Para concluir, acredito que vale a pena considerar que as discusses
vista, etc. Essas atividades, alm de diversificar e concretizar os leitores
feitas por Marcuschi, em defesa da abordagem textual a partir dos Gneros
das produes (que agora deixam de ser apenas leitores visuais), permi-
Textuais, esto diretamente ligadas ao ensino. Ele afirma que o trabalho
tem tambm a participao direta de todos os alunos e eventualmente de
com o gnero uma grande oportunidade de se lidar com a lngua em seus
pessoas que fazem parte de suas relaes familiares e sociais. A avaliao
mais diversos usos autnticos no dia-a-dia. Cita o PCN, dizendo que ele
dessas produes abandona os critrios quase que exclusivamente liter-
apresenta a ideia bsica de que um maior conhecimento do funcionamento
rios ou gramaticais e desloca seu foco para outro ponto: o bom texto no
dos Gneros Textuais importante para a produo e para a compreen-
aquele que apresenta, ou s apresenta, caractersticas literrias, mas
so de textos. Travaglia no faz abordagens especficas ligadas questo
aquele que adequado situao comunicacional para a qual foi produzi-
do ensino no seu tratamento Tipologia Textual.
do, ou seja, se a escolha do gnero, se a estrutura, o contedo, o estilo e o
nvel de lngua esto adequados ao interlocutor e podem cumprir a finalida-
O que Travaglia mostra uma extrema preferncia pelo uso da Tipo-
de do texto.
logia Textual, independente de estar ligada ao ensino. Sua abordagem
parece ser mais taxionmica. Ele chega a afirmar que so os tipos que
Acredito que abordando os gneros a escola estaria dando ao aluno a
entram na composio da grande maioria dos textos. Para ele, a questo
oportunidade de se apropriar devidamente de diferentes Gneros Textuais
dos elementos tipolgicos e suas implicaes com o ensino/aprendizagem
socialmente utilizados, sabendo movimentar-se no dia-a-dia da interao
merece maiores discusses.
humana, percebendo que o exerccio da linguagem ser o lugar da sua
constituio como sujeito. A atividade com a lngua, assim, favoreceria o
Marcuschi diz que no acredita na existncia de Gneros Textuais
exerccio da interao humana, da participao social dentro de uma socie-
ideais para o ensino de lngua. Ele afirma que possvel a identificao de
dade letrada.
gneros com dificuldades progressivas, do nvel menos formal ao mais
1 - Penso que quando o professor no opta pelo trabalho com o gne-
formal, do mais privado ao mais pblico e assim por diante. Os gneros
ro ou com o tipo ele acaba no tendo uma maneira muito clara pa-
devem passar por um processo de progresso, conforme sugerem
ra selecionar os textos com os quais trabalhar.
Schneuwly & Dolz (2004).
2 - Outra discusso poderia ser feita se se optasse por tratar um pou-
co a diferena entre Gnero Textual e Gnero Discursivo.
Travaglia, como afirmei, no faz consideraes sobre o trabalho com a
3 - Travaglia (2002) diz que uma carta pode ser exclusivamente des-
Tipologia Textual e o ensino. Acredito que um trabalho com a tipologia
critiva, ou dissertativa, ou injuntiva, ou narrativa, ou argumentativa.
teria que, no mnimo, levar em conta a questo de com quais tipos de texto
Acho meio difcil algum conseguir escrever um texto, caracteriza-
deve-se trabalhar na escola, a quais ser dada maior ateno e com quais
do como carta, apenas com descries, ou apenas com injunes.
ser feito um trabalho mais detido. Acho que a escolha pelo tipo, caso seja
Por outro lado, meio que contrariando o que acabara de afirmar,
considerada a ideia de Travaglia, deve levar em conta uma srie de fatores,
ele diz desconhecer um gnero necessariamente descritivo.
porm dois so mais pertinentes:
4 - Termo usado pelas autoras citadas para os textos que fazem pre-
a) O trabalho com os tipos deveria preparar o aluno para a composi-
viso, como o boletim meteorolgico e o horscopo.
o de quaisquer outros textos (no sei ao certo se isso possvel.
5 - Necessrias para a carta, e suficientes para que o texto seja uma
Pode ser que o trabalho apenas com o tipo narrativo no d ao alu-
carta.
no o preparo ideal para lidar com o tipo dissertativo, e vice-versa.
6 - Segundo Travaglia (1991), texto argumentativo stricto sensu o
Um aluno que pra de estudar na 5 srie e no volta mais escola
que faz argumentao explcita.
teria convivido muito mais com o tipo narrativo, sendo esse o mais
7 - Pelo menos nos textos aos quais tive acesso.
trabalhado nessa srie. Ser que ele estaria preparado para produ-
Slvio Ribeiro da Silva.
zir, quando necessrio, outros tipos textuais? Ao lidar somente com
o tipo narrativo, por exemplo, o aluno, de certa forma, no deixa de Texto Literrio: expressa a opinio pessoal do autor que tambm
trabalhar com os outros tipos?); transmitida atravs de figuras, impregnado de subjetivismo. Ex: um ro-
b) A utilizao prtica que o aluno far de cada tipo em sua vida. mance, um conto, uma poesia...

Acho que vale a pena dizer que sou favorvel ao trabalho com o Gne- Texto no-literrio: preocupa-se em transmitir uma mensagem da
ro Textual na escola, embora saiba que todo gnero realiza necessaria- forma mais clara e objetiva possvel. Ex: uma notcia de jornal, uma bula
mente uma ou mais sequncias tipolgicas e que todos os tipos inserem-se de medicamento.
em algum gnero textual. Diferenas entre Lngua Padro, Linguagem Formal e
Linguagem informal.
At recentemente, o ensino de produo de textos (ou de redao) era
feito como um procedimento nico e global, como se todos os tipos de texto Lngua Padro: A gramtica um conjunto de regras que estabelecem
fossem iguais e no apresentassem determinadas dificuldades e, por isso, um determinado uso da lngua, denominado norma culta ou lngua padro.
no exigissem aprendizagens especficas. A frmula de ensino de redao, Acontece que as normas estabelecidas pela gramtica normativa nem
ainda hoje muito praticada nas escolas brasileiras que consiste funda- sempre so obedecidas pelo falante.
mentalmente na trilogia narrao, descrio e dissertao tem por base
Os conceitos linguagem formal e linguagem informal esto, sobretu-
uma concepo voltada essencialmente para duas finalidades: a formao
do associados ao contexto social em que a fala produzida.
de escritores literrios (caso o aluno se aprimore nas duas primeiras moda-
lidades textuais) ou a formao de cientistas (caso da terceira modalidade) Informal: Num contexto em que o falante est rodeado pela famlia ou
(Antunes, 2004). Alm disso, essa concepo guarda em si uma viso pelos amigos, normalmente emprega uma linguagem informal, podendo
equivocada de que narrar e descrever seriam aes mais fceis do que usar expresses normalmente no usadas em discursos pblicos (pala-

Lngua Portuguesa 16
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vres ou palavras com um sentido figurado que apenas os elementos do tambm ao grau de instruo de uma determinada pessoa. Como exem-
grupo conhecem). Um exemplo de uma palavra que tipicamente s usada plo, citamos as grias, os jarges e o linguajar caipira.
na linguagem informal, em portugus europeu, o adjetivo chato.
As grias pertencem ao vocabulrio especfico de certos grupos, como
Formal: A linguagem formal, pelo contrrio, aquela que os falantes os surfistas, cantores de rap, tatuadores, entre outros.
usam quando no existe essa familiaridade, quando se dirigem aos superio-
res hierrquicos ou quando tm de falar para um pblico mais alargado ou Os jarges esto relacionados ao profissionalismo, caracterizando um
desconhecido. a linguagem que normalmente podemos observar nos linguajar tcnico. Representando a classe, podemos citar os mdicos,
discursos pblicos, nas reunies de trabalho, nas salas de aula, etc. advogados, profissionais da rea de informtica, dentre outros.
Portanto, podemos usar a lngua padro, ou seja, conversar, ou escre-
ver de acordo com as regras gramaticais, mas o vocabulrio (linguagem) Vejamos um poema e o trecho de uma msica para entendermos melhor
que escolhemos pode ser mais formal ou mais informal de acordo com a sobre o assunto:
nossa necessidade. Ptof Eliane
Vcio na fala
Variaes Lingusticas Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mi
A linguagem a caracterstica que nos difere dos demais seres, permi- Para pior pi
tindo-nos a oportunidade de expressar sentimentos, revelar conhecimen- Para telha dizem teia
tos, expor nossa opinio frente aos assuntos relacionados ao nosso Para telhado dizem teiado
cotidiano, e, sobretudo, promovendo nossa insero ao convvio social. E vo fazendo telhados.
Oswald de Andrade
E dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se os nveis da
fala, que so basicamente dois: O nvel de formalidade e o de infor-
malidade. CHOPIS CENTIS
Eu di um beijo nela
O padro formal est diretamente ligado linguagem escrita, res- E chamei pra passear.
tringindo-se s normas gramaticais de um modo geral. Razo pela A gente fomos no shopping
qual nunca escrevemos da mesma maneira que falamos. Este fator Pra mode a gente lanchar.
foi determinante para a que a mesma pudesse exercer total sobera- Comi uns bicho estranho, com um tal de gergelim.
nia sobre as demais. At que tava gostoso, mas eu prefiro
aipim.
Quanto ao nvel informal, este por sua vez representa o estilo consi- Quanta gente,
derado de menor prestgio, e isto tem gerado controvrsias entre Quanta alegria,
os estudos da lngua, uma vez que para a sociedade, aquela pessoa A minha felicidade um credirio nas
que fala ou escreve de maneira errnea considerada inculta, Casas Bahia.
tornando-se desta forma um estigma. Esse tal Chopis Centis muito legalzinho.
Pra levar a namorada e dar uns
Compondo o quadro do padro informal da linguagem, esto as chama- rolezinho,
das variedades lingusticas, as quais representam as variaes de Quando eu estou no trabalho,
acordo com as condies sociais, culturais, regionais e histricas No vejo a hora de descer dos andaime.
em que utilizada. Dentre elas destacam-se: Pra pegar um cinema, ver Schwarzneger
E tambm o Van Damme.
Variaes histricas: (Dinho e Jlio Rasec, encarte CD Mamonas Assassinas, 1995.)
Por Vnia Duarte
Dado o dinamismo que a lngua apresenta, a mesma sofre transforma- TIPOLOGIA TEXTUAL
es ao longo do tempo. Um exemplo bastante representativo a ques-
to da ortografia, se levarmos em considerao a palavra farmcia, uma Tipologia Textual
vez que a mesma era grafada com ph, contrapondo-se linguagem Tino Lopez
dos internautas, a qual fundamenta-se pela supresso do vocbulos.
1. Narrao
Analisemos, pois, o fragmento exposto: Modalidade em que se conta um fato, fictcio ou no, que ocorreu num
determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Refere-se a
Antigamente objetos do mundo real. H uma relao de anterioridade e posterioridade. O
Antigamente, as moas chamavam-se mademoiselles e eram todas tempo verbal predominante o passado. Estamos cercados de narraes
mimosas e muito prendadas. No faziam anos: completavam prima- desde as que nos contam histrias infantis at s piadas do cotidiano. o
veras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapages, fazi- tipo predominante nos gneros: conto, fbula, crnica, romance, novela,
am-lhes p-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses depoimento, piada, relato, etc.
debaixo do balaio." Carlos Drummond de Andrade
2. Descrio
Comparando-o modernidade, percebemos um vocabulrio antiquado. Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa,
um animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produ-
Variaes regionais: o o adjetivo, pela sua funo caracterizadora. Numa abordagem mais
abstrata, pode-se at descrever sensaes ou sentimentos. No h relao
So os chamados dialetos, que so as marcas determinantes referentes de anterioridade e posterioridade. Significa "criar" com palavras a imagem
a diferentes regies. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que, do objeto descrito. fazer uma descrio minuciosa do objeto ou da perso-
em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como:macaxeira e nagem a que o texto se Pega. um tipo textual que se agrega facilmente
aipim. Figurando tambm esta modalidade esto os sotaques, ligados aos outros tipos em diversos gneros textuais. Tem predominncia em
s caractersticas orais da linguagem. gneros como: cardpio, folheto turstico, anncio classificado, etc.

Variaes sociais ou culturais: 3. Dissertao


Dissertar o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer
Esto diretamente ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e

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sobre ele. Dependendo do objetivo do autor, pode ter carter expositivo ou
argumentativo. Tutorial: um gnero injuntivo que consiste num guia que tem por finalida-
de explicar ao leitor, passo a passo e de maneira simplificada, como fazer
3.1 Dissertao-Exposio algo.
Apresenta um saber j construdo e legitimado, ou um saber terico. Apre-
senta informaes sobre assuntos, expe, reflete, explica e avalia ideias de Editorial: um gnero textual dissertativo-argumentativo que expressa o
modo objetivo. O texto expositivo apenas expe ideias sobre um determi- posicionamento da empresa sobre determinado assunto, sem a obrigao
nado assunto. A inteno informar, esclarecer. Ex: aula, resumo, textos da presena da objetividade.
cientficos, enciclopdia, textos expositivos de revistas e jornais, etc.
Notcia: podemos perfeitamente identificar caractersticas narrativas, o fato
3.1 Dissertao-Argumentao ocorrido que se deu em um determinado momento e em um determinado
Um texto dissertativo-argumentativo faz a defesa de ideias ou um ponto de lugar, envolvendo determinadas personagens. Caractersticas do lugar,
vista do autor. O texto, alm de explicar, tambm persuade o interlocutor, bem como dos personagens envolvidos so, muitas vezes, minuciosamen-
objetivando convenc-lo de algo. Caracteriza-se pela progresso lgica de te descritos.
ideias. Geralmente utiliza linguagem denotativa. tipo predominante em:
sermo, ensaio, monografia, dissertao, tese, ensaio, manifesto, crtica, Reportagem: um gnero textual jornalstico de carter dissertativo-
editorial de jornais e revistas. expositivo. A reportagem tem, por objetivo, informar e levar os fatos ao
4. Injuno/Instrucional leitor de uma maneira clara, com linguagem direta.
Indica como realizar uma ao. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os
verbos so, na sua maioria, empregados no modo imperativo, porm nota- Entrevista: um gnero textual fundamentalmente dialogal, representado
se tambm o uso do infinitivo e o uso do futuro do presente do modo indica- pela conversao de duas ou mais pessoas, o entrevistador e o(s) entrevis-
tivo. Ex: ordens; pedidos; splica; desejo; manuais e instrues para mon- tado(s), para obter informaes sobre ou do entrevistado, ou de algum
tagem ou uso de aparelhos e instrumentos; textos com regras de compor- outro assunto. Geralmente envolve tambm aspectos dissertativo-
tamento; textos de orientao (ex: recomendaes de trnsito); receitas, expositivos, especialmente quando se trata de entrevista a imprensa ou
cartes com votos e desejos (de natal, aniversrio, etc.). entrevista jornalstica. Mas pode tambm envolver aspectos narrativos,
como na entrevista de emprego, ou aspectos descritivos, como na entrevis-
OBS: Os tipos listados acima so um consenso entre os gramticos. Muitos ta mdica.
consideram tambm que o tipo Predio possui caractersticas suficientes
para ser definido como tipo textual, e alguns outros possuem o mesmo Histria em quadrinhos: um gnero narrativo que consiste em enredos
entendimento para o tipo Dialogal. contados em pequenos quadros atravs de dilogos diretos entre seus
personagens, gerando uma espcie de conversao.
5. Predio
Caracterizado por predizer algo ou levar o interlocutor a crer em alguma Charge: um gnero textual narrativo onde se faz uma espcie de ilustra-
coisa, a qual ainda est por ocorrer. o tipo predominante nos gneros: o cmica, atravs de caricaturas, com o objetivo de realizar uma stira,
previses astrolgicas, previses meteorolgicas, previses escatolgi- crtica ou comentrio sobre algum acontecimento atual, em sua grande
cas/apocalpticas. maioria.

6. Dialogal / Conversacional Poema: trabalho elaborado e estruturado em versos. Alm dos versos,
Caracteriza-se pelo dilogo entre os interlocutores. o tipo predominante pode ser estruturado em estrofes. Rimas e mtrica tambm podem fazer
nos gneros: entrevista, conversa telefnica, chat, etc. parte de sua composio. Pode ou no ser potico. Dependendo de sua
estrutura, pode receber classificaes especficas, como haicai, soneto,
Gneros textuais epopeia, poema figurado, dramtico, etc. Em geral, a presena de aspec-
tos narrativos e descritivos so mais frequentes neste gnero.
Os Gneros textuais so as estruturas com que se compem os textos,
sejam eles orais ou escritos. Essas estruturas so socialmente reconheci- Poesia: o contedo capaz de transmitir emoes por meio de uma lin-
das, pois se mantm sempre muito parecidas, com caractersticas comuns, guagem , ou seja, tudo o que toca e comove pode ser considerado como
procuram atingir intenes comunicativas semelhantes e ocorrem em potico (at mesmo uma pea ou um filme podem ser assim considerados).
situaes especficas. Pode-se dizer que se tratam das variadas formas de Um subgnero a prosa potica, marcada pela tipologia dialogal.
linguagem que circulam em nossa sociedade, sejam eles formais ou infor-
mais. Cada gnero textual tem seu estilo prprio, podendo ento, ser Gneros literrios:
identificado e diferenciado dos demais atravs de suas caractersticas.
Exemplos: Gnero Narrativo:
Na Antiguidade Clssica, os padres literrios reconhecidos eram apenas o
Carta: quando se trata de "carta aberta" ou "carta ao leitor", tende a ser do pico, o lrico e o dramtico. Com o passar dos anos, o gnero pico pas-
tipo dissertativo-argumentativo com uma linguagem formal, em que se sou a ser considerado apenas uma variante do gnero literrio narrativo,
escreve sociedade ou a leitores. Quando se trata de "carta pessoal", a devido ao surgimento de concepes de prosa com caractersticas diferen-
presena de aspectos narrativos ou descritivos e uma linguagem pessoal tes: o romance, a novela, o conto, a crnica, a fbula. Porm, praticamente
mais comum. todas as obras narrativas possuem elementos estruturais e estilsticos em
comum e devem responder a questionamentos, como: quem? o que?
Propaganda: um gnero textual dissertativo-expositivo onde h a o intuito quando? onde? por qu? Vejamos a seguir:
de propagar informaes sobre algo, buscando sempre atingir e influenciar
o leitor apresentando, na maioria das vezes, mensagens que despertam as pico (ou Epopeia): os textos picos so geralmente longos e narram
emoes e a sensibilidade do mesmo. histrias de um povo ou de uma nao, envolvem aventuras, guerras,
viagens, gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exalta-
Bula de remdio: um gnero textual descritivo, dissertativo- o, isto , de valorizao de seus heris e seus feitos. Dois exemplos
expositivo e injuntivo que tem por obrigao fornecer as informaes ne- so Os Lusadas, de Lus de Cames, e Odisseia, de Homero.
cessrias para o correto uso do medicamento.
Romance: um texto completo, com tempo, espao e personagens bem
Receita: um gnero textual descritivo e injuntivo que tem por objetivo definidos e de carter mais verossmil. Tambm conta as faanhas de um
informar a frmula para preparar tal comida, descrevendo os ingredientes e heri, mas principalmente uma histria de amor vivida por ele e uma mu-
o preparo destes, alm disso, com verbos no imperativo, dado o sentido de lher, muitas vezes, proibida para ele. Apesar dos obstculos que o sepa-
ordem, para que o leitor siga corretamente as instrues. ram, o casal vive sua paixo proibida, fsica, adltera, pecaminosa e, por

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isso, costuma ser punido no final. o tipo de narrativa mais comum na certo tipo de texto no qual um eu lrico (a voz que fala no poema e que
Idade Mdia. Ex: Tristo e Isolda. nem sempre corresponde do autor) exprime suas emoes, ideias e
impresses em face do mundo exterior. Normalmente os pronomes e os
Novela: um texto caracterizado por ser intermedirio entre a longevidade verbos esto em 1 pessoa e h o predomnio da funo emotiva da lingua-
do romance e a brevidade do conto. Como exemplos de novelas, podem gem.
ser citadas as obras O Alienista, de Machado de Assis, e A Metamorfose,
de Kafka. Elegia: um texto de exaltao morte de algum, sendo que a morte
elevada como o ponto mximo do texto. O emissor expressa tristeza,
Conto: um texto narrativo breve, e de fico, geralmente em prosa, que saudade, cime, decepo, desejo de morte. um poema melanclico. Um
conta situaes rotineiras, anedotas e at folclores. Inicialmente, fazia parte bom exemplo a pea Roan e yufa, de william shakespeare.
da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma escrita
com a publicao de Decamero. Diversos tipos do gnero textual conto Epitalmia: um texto relativo s noites nupciais lricas, ou seja, noites
surgiram na tipologia textual narrativa: conto de fadas, que envolve perso- romnticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalmia a
nagens do mundo da fantasia; contos de aventura, que envolvem persona- pea Romeu e Julieta nas noites nupciais.
gens em um contexto mais prximo da realidade; contos folclricos (conto
popular); contos de terror ou assombrao, que se desenrolam em um Ode (ou hino): o poema lrico em que o emissor faz uma homenagem
contexto sombrio e objetivam causar medo no expectador; contos de mist- ptria (e aos seus smbolos), s divindades, mulher amada, ou a algum
rio, que envolvem o suspense e a soluo de um mistrio. ou algo importante para ele. O hino uma ode com acompanhamento
musical;
Fbula: um texto de carter fantstico que busca ser inverossmil. As
personagens principais so no humanos e a finalidade transmitir alguma Idlio (ou cloga): o poema lrico em que o emissor expressa uma home-
lio de moral. nagem natureza, s belezas e s riquezas que ela d ao homem. o
poema buclico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais bele-
Crnica: uma narrativa informal, breve, ligada vida cotidiana, com zas e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais a
linguagem coloquial. Pode ter um tom humorstico ou um toque de crtica paisagem, espao ideal para a paixo. A cloga um idlio com dilogos
indireta, especialmente, quando aparece em seo ou artigo de jornal, (muito rara);
revistas e programas da TV.
Stira: o poema lrico em que o emissor faz uma crtica a algum ou a
Crnica narrativo-descritiva: Apresenta alternncia entre os momentos algo, em tom srio ou irnico.
narrativos e manifestos descritivos.
Acalanto: ou cano de ninar;
Ensaio: um texto literrio breve, situado entre o potico e o didtico,
expondo ideias, crticas e reflexes morais e filosficas a respeito de certo Acrstico: (akros = extremidade; stikos = linha), composio lrica na qual
tema. menos formal e mais flexvel que o tratado. Consiste tambm na as letras iniciais de cada verso formam uma palavra ou frase;
defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humansti-
co, filosfico, poltico, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem que Balada: uma das mais primitivas manifestaes poticas, so cantigas de
se paute em formalidades como documentos ou provas empricas ou dedu- amigo (elegias) com ritmo caracterstico e refro vocal que se destinam
tivas de carter cientfico. Exemplo: Ensaio sobre a cegueira, de Jos dana;
Saramago e Ensaio sobre a tolerncia, de John Locke.
Cano (ou Cantiga, Trova): poema oral com acompanhamento musical;
Gnero Dramtico:
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, Gazal (ou Gazel): poesia amorosa dos persas e rabes; odes do oriente
no h um narrador contando a histria. Ela acontece no palco, ou seja, mdio;
representada por atores, que assumem os papis das personagens nas
cenas. Haicai: expresso japonesa que significa versos cmicos (=stira). E o
poema japons formado de trs versos que somam 17 slabas assim distri-
Tragdia: a representao de um fato trgico, suscetvel de provocar budas: 1 verso= 5 slabas; 2 verso = 7 slabas; 3 verso 5 slabas;
compaixo e terror. Aristteles afirmava que a tragdia era "uma represen-
tao duma ao grave, de alguma extenso e completa, em linguagem Soneto: um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e
figurada, com atores agindo, no narrando, inspirando d e terror". dois tercetos, com rima geralmente em a-ba-b a-b-b-a c-d-c d-c-d.
Ex: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Vilancete: so as cantigas de autoria dos poetas viles (cantigas de escr-
Farsa: uma pequena pea teatral, de carter ridculo e caricatural, que nio e de maldizer); satricas, portanto.
critica a sociedade e seus costumes; baseia-se no lema latino ridendo
castigat mores (rindo, castigam-se os costumes). A farsa consiste no exa-
gero do cmico, graas ao emprego de processos grosseiros, como o
COESO E COERNCIA
absurdo, as incongruncias, os equvocos, os enganos, a caricatura, o
humor primrio, as situaes ridculas.
Diogo Maria De Matos Polnio
Comdia: a representao de um fato inspirado na vida e no sentimento
comum, de riso fcil. Sua origem grega est ligada s festas populares. Introduo
Este trabalho foi realizado no mbito do Seminrio Pedaggico sobre
Tragicomdia: modalidade em que se misturam elementos trgicos e Pragmtica Lingustica e Os Novos Programas de Lngua Portuguesa, sob
cmicos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginrio. orientao da Professora-Doutora Ana Cristina Macrio Lopes, que decor-
reu na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Poesia de cordel: texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte
apelo lingustico e cultural nordestinos, fatos diversos da sociedade e da Procurou-se, no referido seminrio, refletir, de uma forma geral, sobre a
realidade vivida por este povo. incidncia das teorias da Pragmtica Lingustica nos programas oficiais de
Lngua Portuguesa, tendo em vista um esclarecimento terico sobre deter-
minados conceitos necessrios a um ensino qualitativamente mais vlido e,
Gnero Lrico: simultaneamente, uma vertente prtica pedaggica que tem necessaria-
mente presente a aplicao destes conhecimentos na situao real da sala

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de aula. de coerncia textual, h que esclarecer a problemtica criada pela dicoto-
mia coerncia/coeso que se encontra diretamente relacionada com a
Nesse sentido, este trabalho pretende apresentar sugestes de aplica- dicotomia coerncia macro-estrutural/coerncia micro-estrutural.
o na prtica docente quotidiana das teorias da pragmtica lingustica no
campo da coerncia textual, tendo em conta as concluses avanadas no Mira Mateus considera pertinente a existncia de uma diferenciao
referido seminrio. entre coerncia textual e coeso textual.

Ser, no entanto, necessrio reter que esta pequena reflexo aqui Assim, segundo esta autora, coeso textual diz respeito aos processos
apresentada encerra em si uma minscula partcula de conhecimento no lingusticos que permitem revelar a inter-dependncia semntica existente
vastssimo universo que , hoje em dia, a teoria da pragmtica lingustica e entre sequncias textuais:
que, se pelo menos vier a instigar um ponto de partida para novas reflexes Ex.: Entrei na livraria mas no comprei nenhum livro.
no sentido de auxiliar o docente no ensino da lngua materna, j ter cum-
prido honestamente o seu papel. Para a mesma autora, coerncia textual diz respeito aos processos
mentais de apropriao do real que permitem inter-relacionar sequncias
Coeso e Coerncia Textual textuais:
Qualquer falante sabe que a comunicao verbal no se faz geralmen- Ex.: Se esse animal respira por pulmes, no peixe.
te atravs de palavras isoladas, desligadas umas das outras e do contexto
em que so produzidas. Ou seja, uma qualquer sequncia de palavras no Pensamos, no entanto, que esta distino se faz apenas por razes de
constitui forosamente uma frase. sistematizao e de estruturao de trabalho, j que Mira Mateus no
hesita em agrupar coeso e coerncia como caractersticas de uma s
Para que uma sequncia de morfemas seja admitida como frase, torna- propriedade indispensvel para que qualquer manifestao lingustica se
se necessrio que respeite uma certa ordem combinatria, ou seja, transforme num texto: a conetividade.
preciso que essa sequncia seja construda tendo em conta o sistema da
lngua. Para Charolles no pertinente, do ponto de vista tcnico, estabelecer
uma distino entre coeso e coerncia textuais, uma vez que se torna
Tal como um qualquer conjunto de palavras no forma uma frase, tam- difcil separar as regras que orientam a formao textual das regras que
bm um qualquer conjunto de frases no forma, forosamente, um texto. orientam a formao do discurso.

Precisando um pouco mais, um texto, ou discurso, um objeto materia- Alm disso, para este autor, as regras que orientam a micro-coerncia
lizado numa dada lngua natural, produzido numa situao concreta e so as mesmas que orientam a macro-coerncia textual. Efetivamente,
pressupondo os participantes locutor e alocutrio, fabricado pelo locutor quando se elabora um resumo de um texto obedece-se s mesmas regras
atravs de uma seleo feita sobre tudo o que dizvel por esse locutor, de coerncia que foram usadas para a construo do texto original.
numa determinada situao, a um determinado alocutrio.
Assim, para Charolles, micro-estrutura textual diz respeito s relaes
Assim, materialidade lingustica, isto , a lngua natural em uso, os c- de coerncia que se estabelecem entre as frases de uma sequncia textual,
digos simblicos, os processos cognitivos e as pressuposies do locutor enquanto que macro-estrutura textual diz respeito s relaes de coerncia
sobre o saber que ele e o alocutrio partilham acerca do mundo so ingre- existentes entre as vrias sequncias textuais. Por exemplo:
dientes indispensveis ao objeto texto. Sequncia 1: O Antnio partiu para Lisboa. Ele deixou o escritrio
mais cedo para apanhar o comboio das quatro horas.
Podemos assim dizer que existe um sistema de regras interiorizadas Sequncia 2: Em Lisboa, o Antnio ir encontrar-se com ami-
por todos os membros de uma comunidade lingustica. Este sistema de gos.Vai trabalhar com eles num projeto de uma nova companhia
regras de base constitui a competncia textual dos sujeitos, competncia de teatro.
essa que uma gramtica do texto se prope modelizar.
Como micro-estruturas temos a sequncia 1 ou a sequncia 2, enquan-
Uma tal gramtica fornece, dentro de um quadro formal, determinadas to que o conjunto das duas sequncias forma uma macro-estrutura.
regras para a boa formao textual. Destas regras podemos fazer derivar
certos julgamentos de coerncia textual. Vamos agora abordar os princpios de coerncia textual3:
1. Princpio da Recorrncia4: para que um texto seja coerente, torna-se
Quanto ao julgamento, efetuado pelos professores, sobre a coerncia necessrio que comporte, no seu desenvolvimento linear, elementos de
nos textos dos seus alunos, os trabalhos de investigao concluem que as recorrncia restrita.
intervenes do professor a nvel de incorrees detectadas na estrutura da
frase so precisamente localizadas e assinaladas com marcas convencio- Para assegurar essa recorrncia a lngua dispe de vrios recursos:
nais; so designadas com recurso a expresses tcnicas (construo, - pronominalizaes,
conjugao) e fornecem pretexto para pr em prtica exerccios de corre- - expresses definidas,
o, tendo em conta uma eliminao duradoura das incorrees observa- - substituies lexicais,
das. - retomas de inferncias.

Pelo contrrio, as intervenes dos professores no quadro das incorre- Todos estes recursos permitem juntar uma frase ou uma sequncia a
es a nvel da estrutura do texto, permite-nos concluir que essas incorre- uma outra que se encontre prxima em termos de estrutura de texto, reto-
es no so designadas atravs de vocabulrio tcnico, traduzindo, na mando num elemento de uma sequncia um elemento presente numa
maior parte das vezes, uma impresso global da leitura (incompreensvel; sequncia anterior:
no quer dizer nada).
a)-Pronominalizaes: a utilizao de um pronome torna possvel a re-
Para alm disso, verificam-se prticas de correo algo brutais (refazer; petio, distncia, de um sintagma ou at de uma frase inteira.
reformular) sendo, poucas vezes, acompanhadas de exerccios de recupe-
rao. O caso mais frequente o da anfora, em que o referente antecipa o
pronome.
Esta situao pedagogicamente penosa, uma vez que se o professor Ex.: Uma senhora foi assassinada ontem. Ela foi encontrada estrangu-
desconhece um determinado quadro normativo, encontra-se reduzido a lada no seu quarto.
fazer respeitar uma ordem sobre a qual no tem nenhum controle.
No caso mais raro da catfora, o pronome antecipa o seu referente.
Antes de passarmos apresentao e ao estudo dos quatro princpios Ex.: Deixe-me confessar-lhe isto: este crime impressionou-me. Ou ain-

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da: No me importo de o confessar: este crime impressionou-me. que Picasso e o autor da referida pea sejam a mesma pessoa, uma vez
que sabemos que no foi Picasso mas Stravinski que comps a referida
Teremos, no entanto, que ter cuidado com a utilizao da catfora, pa- pea.
ra nos precavermos de enunciados como este:
Ele sabe muito bem que o Joo no vai estar de acordo com o Antnio. Neste caso, mais do que o conhecimento normativo terico, ou lexico-
enciclopdico, so importantes o conhecimento e as convices dos parti-
Num enunciado como este, no h qualquer possibilidade de identificar cipantes no ato de comunicao, sendo assim impossvel traar uma fron-
ele com Antnio. Assim, existe apenas uma possibilidade de interpretao: teira entre a semntica e a pragmtica.
ele dir respeito a um sujeito que no ser nem o Joo nem o Antnio, mas
que far parte do conhecimento simultneo do emissor e do receptor. H tambm que ter em conta que a substituio lexical se pode efetuar
por
Para que tal acontea, torna-se necessrio reformular esse enunciado: - Sinonmia-seleo de expresses lingusticas que tenham a maior
O Antnio sabe muito bem que o Joo no vai estar de acordo com ele. parte dos traos semnticos idntica: A criana caiu. O mido nun-
ca mais aprende a cair!
As situaes de ambiguidade referencial so frequentes nos textos dos - Antonmia-seleo de expresses lingusticas que tenham a maior
alunos. parte dos traos semnticos oposta: Disseste a verdade? Isso
Ex.: O Pedro e o meu irmo banhavam-se num rio. cheira-me a mentira!
Um homem estava tambm a banhar-se. - Hiperonmia-a primeira expresso mantm com a segunda uma re-
Como ele sabia nadar, ensinou-o. lao classe-elemento: Gosto imenso de marisco. Ento lagosta,
adoro!
Neste enunciado, mesmo sem haver uma ruptura na continuidade se- - Hiponmia- a primeira expresso mantm com a segunda uma re-
quencial, existem disfunes que introduzem zonas de incerteza no texto: lao elemento-classe: O gato arranhou-te? O que esperavas de
ele sabia nadar(quem?), um felino?
ele ensinou-o (quem?; a quem?)
d)-Retomas de Inferncias: neste caso, a relao feita com base em
b)-Expresses Definidas: tal como as pronominalizaes, as expres- contedos semnticos no manifestados, ao contrrio do que se passava
ses definidas permitem relembrar nominalmente ou virtualmente um com os processos de recorrncia anteriormente tratados.
elemento de uma frase numa outra frase ou at numa outra sequncia
textual. Vejamos:
Ex.: O meu tio tem dois gatos. Todos os dias caminhamos no jardim. P - A Maria comeu a bolacha?
Os gatos vo sempre conosco. R1 - No, ela deixou-a cair no cho.
R2 - No, ela comeu um morango.
Os alunos parecem dominar bem esta regra. No entanto, os problemas R3 - No, ela despenteou-se.
aparecem quando o nome que se repete imediatamente vizinho daquele
que o precede. As sequncias P+R1 e P+R2 parecem, desde logo, mais coerentes do
Ex.: A Margarida comprou um vestido. O vestido colorido e muito ele- que a sequncia P+R3.
gante.
No entanto, todas as sequncias so asseguradas pela repetio do
Neste caso, o problema resolve-se com a aplicao de deticos contex- pronome na 3 pessoa.
tuais.
Ex.: A Margarida comprou um vestido. Ele colorido e muito elegante. Podemos afirmar, neste caso, que a repetio do pronome no sufi-
ciente para garantir coerncia a uma sequncia textual.
Pode tambm resolver-se a situao virtualmente utilizando a elipse.
Ex.: A Margarida comprou um vestido. colorido e muito elegante. Ou Assim, a diferena de avaliao que fazemos ao analisar as vrias hi-
ainda: pteses de respostas que vimos anteriormente sustenta-se no fato de R1 e
A Margarida comprou um vestido que colorido e muito elegante. R2 retomarem inferncias presentes em P:
- aconteceu alguma coisa bolacha da Maria,
c)-Substituies Lexicais: o uso de expresses definidas e de deticos - a Maria comeu qualquer coisa.
contextuais muitas vezes acompanhado de substituies lexicais. Este
processo evita as repeties de lexemas, permitindo uma retoma do ele- J R3 no retoma nenhuma inferncia potencialmente dedutvel de P.
mento lingustico.
Ex.: Deu-se um crime, em Lisboa, ontem noite: estrangularam uma Conclui-se, ento, que a retoma de inferncias ou de pressuposies
senhora. Este assassinato odioso. garante uma fortificao da coerncia textual.

Tambm neste caso, surgem algumas regras que se torna necessrio Quando analisamos certos exerccios de prolongamento de texto (con-
respeitar. Por exemplo, o termo mais genrico no pode preceder o seu tinuar a estruturao de um texto a partir de um incio dado) os alunos so
representante mais especfico. levados a veicular certas informaes pressupostas pelos professores.
Ex.: O piloto alemo venceu ontem o grande prmio da Alemanha.
Schumacher festejou euforicamente junto da sua equipe. Por exemplo, quando se apresenta um incio de um texto do tipo: Trs
crianas passeiam num bosque. Elas brincam aos detetives. Que vo eles
Se se inverterem os substantivos, a relao entre os elementos lingus- fazer?
ticos torna-se mais clara, favorecendo a coerncia textual. Assim, Schuma-
cher, como termo mais especfico, deveria preceder o piloto alemo. A interrogao final permite-nos pressupor que as crianas vo real-
mente fazer qualquer coisa.
No entanto, a substituio de um lexema acompanhado por um deter-
minante, pode no ser suficiente para estabelecer uma coerncia restrita. Um aluno que ignore isso e que narre que os pssaros cantavam en-
Atentemos no seguinte exemplo: quanto as folhas eram levadas pelo vento, ser punido por ter apresentado
uma narrao incoerente, tendo em conta a questo apresentada.
Picasso morreu h alguns anos. O autor da "Sagrao da Primavera"
doou toda a sua coleo particular ao Museu de Barcelona. No entanto, um professor ter que ter em conta que essas inferncias
ou essas pressuposies se relacionam mais com o conhecimento do
A presena do determinante definido no suficiente para considerar mundo do que com os elementos lingusticos propriamente ditos.

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uma vez que, como se pode ver, basta remeter o verbo colecionar para o
Assim, as dificuldades que os alunos apresentam neste tipo de exerc- pretrito para suprimir as contradies.
cios, esto muitas vezes relacionadas com um conhecimento de um mundo
ao qual eles no tiveram acesso. Por exemplo, ser difcil a um aluno As contradies pressuposicionais so em tudo comparveis s infe-
recriar o quotidiano de um multi-milionrio,senhor de um grande imprio renciais, com a exceo de que no caso das pressuposicionais um conte-
industrial, que vive numa luxuosa vila. do pressuposto que se encontra contradito.
Ex.: O Jlio ignora que a sua mulher o engana. A sua esposa -lhe per-
2.Princpio da Progresso: para que um texto seja coerente, torna-se feitamente fiel.
necessrio que o seu desenvolvimento se faa acompanhar de uma infor-
mao semntica constantemente renovada. Na segunda frase, afirma-se a inegvel fidelidade da mulher de Jlio,
enquanto a primeira pressupe o inverso.
Este segundo princpio completa o primeiro, uma vez que estipula que
um texto, para ser coerente, no se deve contentar com uma repetio frequente, nestes casos, que o emissor recupere a contradio pre-
constante da prpria matria. sente com a ajuda de conectores do tipo mas, entretanto, contudo, no
entanto, todavia, que assinalam que o emissor se apercebe dessa contradi-
Alguns textos dos alunos contrariam esta regra. Por exemplo: O ferreiro o, assume-a, anula-a e toma partido dela.
estava vestido com umas calas pretas, um chapu claro e uma vestimenta Ex.: O Joo detesta viajar. No entanto, est entusiasmado com a parti-
preta. Tinha ao p de si uma bigorna e batia com fora na bigorna. Todos da para Itlia, uma vez que sempre sonhou visitar Florena.
os gestos que fazia consistiam em bater com o martelo na bigorna. A
bigorna onde batia com o martelo era achatada em cima e pontiaguda em 4.Princpio da Relao: para que um texto seja coerente, torna-se ne-
baixo e batia com o martelo na bigorna. cessrio que denote, no seu mundo de representao, fatos que se apre-
sentem diretamente relacionados.
Se tivermos em conta apenas o princpio da recorrncia, este texto no
ser incoerente, ser at coerente demais. Ou seja, este princpio enuncia que para uma sequncia ser admitida
como coerente, ter de apresentar aes, estados ou eventos que sejam
No entanto, segundo o princpio da progresso, a produo de um tex- congruentes com o tipo de mundo representado nesse texto.
to coerente pressupe que se realize um equilbrio cuidado entre continui-
dade temtica e progresso semntica. Assim, se tivermos em conta as trs frases seguintes
1 - A Silvia foi estudar.
Torna-se assim necessrio dominar, simultaneamente, estes dois prin- 2 - A Silvia vai fazer um exame.
cpios (recorrncia e progresso) uma vez que a abordagem da informao 3 - O circuito de Adelaide agradou aos pilotos de Frmula 1.
no se pode processar de qualquer maneira.
A sequncia formada por 1+2 surge-nos, desde logo, como sendo mais
Assim, um texto ser coerente se a ordem linear das sequncias congruente do que as sequncias 1+3 ou 2+3.
acompanhar a ordenao temporal dos fatos descritos.
Ex.: Cheguei, vi e venci.(e no Vi, venci e cheguei). Nos discursos naturais, as relaes de relevncia factual so, na maior
parte dos casos, manifestadas por conectores que as explicitam semanti-
O texto ser coerente desde que reconheamos, na ordenao das su- camente.
as sequncias, uma ordenao de causa-consequncia entre os estados de Ex.: A Silvia foi estudar porque vai fazer um exame. Ou tambm: A Sil-
coisas descritos. via vai fazer um exame portanto foi estudar.
Ex.: Houve seca porque no choveu. (e no Houve seca porque cho- A impossibilidade de ligar duas frases por meio de conectores constitui
veu). um bom teste para descobrir uma incongruncia.
Ex.: A Silvia foi estudar logo o circuito de Adelaide agradou aos pilotos
Teremos ainda que ter em conta que a ordem de percepo dos esta- de Frmula 1.
dos de coisas descritos pode condicionar a ordem linear das sequncias
textuais. O conhecimento destes princpios de coerncia, por parte dos profes-
Ex.: A praa era enorme. No meio, havia uma coluna; volta, rvores e sores, permite uma nova apreciao dos textos produzidos pelos alunos,
canteiros com flores. garantindo uma melhor correo dos seus trabalhos, evitando encontrar
incoerncias em textos perfeitamente coerentes, bem como permite a
Neste caso, notamos que a percepo se dirige do geral para o particu- dinamizao de estratgias de correo.
lar.
3.Princpio da No- Contradio: para que um texto seja coerente, tor- Teremos que ter em conta que para um leitor que nada saiba de cen-
na-se necessrio que o seu desenvolvimento no introduza nenhum ele- trais termo-nucleares nada lhe parecer mais incoerente do que um tratado
mento semntico que contradiga um contedo apresentado ou pressuposto tcnico sobre centrais termo-nucleares.
por uma ocorrncia anterior ou dedutvel por inferncia.
No entanto, os leitores quase nunca consideram os textos incoerentes.
Ou seja, este princpio estipula simplesmente que inadmissvel que Pelo contrrio, os receptores do ao emissor o crdito da coerncia, admi-
uma mesma proposio seja conjuntamente verdadeira e no verdadeira. tindo que o emissor ter razes para apresentar os textos daquela maneira.

Vamos, seguidamente, preocupar-nos, sobretudo, com o caso das con- Assim, o leitor vai esforar-se na procura de um fio condutor de pen-
tradies inferenciais e pressuposicionais. samento que conduza a uma estrutura coerente.

Existe contradio inferencial quando a partir de uma proposio po- Tudo isto para dizer que deve existir nos nossos sistemas de pensa-
demos deduzir uma outra que contradiz um contedo semntico apresenta- mento e de linguagem uma espcie de princpio de coerncia verbal (com-
do ou dedutvel. parvel com o princpio de cooperao de Grice8 estipulando que, seja qual
Ex.: A minha tia viva. O seu marido coleciona relgios de bolso. for o discurso, ele deve apresentar forosamente uma coerncia prpria,
uma vez que concebido por um esprito que no incoerente por si
As inferncias que autorizam viva no s no so retomadas na se- mesmo.
gunda frase, como so perfeitamente contraditas por essa mesma frase.
justamente tendo isto em conta que devemos ler, avaliar e corrigir os
O efeito da incoerncia resulta de incompatibilidades semnticas pro- textos dos nossos alunos.
fundas s quais temos de acrescentar algumas consideraes temporais,

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1. Coerncia: Izidoro Andrade (7) conhecido na regio (8) como um dos maiores
Produzimos textos porque pretendemos informar, divertir, explicar, con- compradores de cabeas de gado do Sul (8) do pas. Mrcio Ribeiro (5) era
vencer, discordar, ordenar, ou seja, o texto uma unidade de significado um dos scios do Frigorfico Navira, empresa proprietria do bimotor (1).
produzida sempre com uma determinada inteno. Assim como a frase no Isidoro Andrade (7) havia alugado o avio (1) Rockwell Aero Commander
uma simples sucesso de palavras, o texto tambm no uma simples 691, prefixo PTI-EE, para (7) vir a So Paulo assistir ao velrio do filho (7)
sucesso de frases, mas um todo organizado capaz de estabelecer contato Srgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um
com nossos interlocutores, influindo sobre eles. Quando isso ocorre, temos assalto e ser baleado na noite de sexta-feira.
um texto em que h coerncia.
O avio (1) deixou Maring s 7 horas de sbado e pousou no aeropor-
A coerncia resultante da no-contradio entre os diversos segmen- to de Congonhas s 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou para Maring s
tos textuais que devem estar encadeados logicamente. Cada segmento 21h20 e, minutos depois, caiu na altura do nmero 375 da Rua Andaquara,
textual pressuposto do segmento seguinte, que por sua vez ser pressu- uma espcie de vila fechada, prxima avenida Nossa Senhora do Sabar,
posto para o que lhe estender, formando assim uma cadeia em que todos uma das avenidas mais movimentadas da Zona Sul de So Paulo. Ainda
eles estejam concatenados harmonicamente. Quando h quebra nessa no se conhece as causas do acidente (2). O avio (1) no tinha caixa
concatenao, ou quando um segmento atual est em contradio com um preta e a torre de controle tambm no tem informaes. O laudo tcnico
anterior, perde-se a coerncia textual. demora no mnimo 60 dias para ser concludo.

A coerncia tambm resultante da adequao do que se diz ao con- Segundo testemunhas, o bimotor (1) j estava em chamas antes de
texto extra verbal, ou seja, quilo o que o texto faz referncia, que precisa cair em cima de quatro casas (9). Trs pessoas (10) que estavam nas
ser conhecido pelo receptor. casas (9) atingidas pelo avio (1) ficaram feridas. Elas (10) no sofreram
ferimentos graves. (10) Apenas escoriaes e queimaduras. Eldia Fiorezzi,
Ao ler uma frase como "No vero passado, quando estivemos na capi- de 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram socorridos no
tal do Cear Fortaleza, no pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto Pronto Socorro de Santa Ceclia.
que chegou a nevar", percebemos que ela incoerente em decorrncia da
incompatibilidade entre um conhecimento prvio que temos da realizada Vejamos, por exemplo, o elemento (1), referente ao avio envolvido no
com o que se relata. Sabemos que, considerando uma realidade "normal", acidente. Ele foi retomado nove vezes durante o texto. Isso necessrio
em Fortaleza no neva (ainda mais no vero!). clareza e compreenso do texto. A memria do leitor deve ser reavivada
a cada instante. Se, por exemplo, o avio fosse citado uma vez no primeiro
Claro que, inserido numa narrativa ficcional fantstica, o exemplo acima pargrafo e fosse retomado somente uma vez, no ltimo, talvez a clareza
poderia fazer sentido, dando coerncia ao texto - nesse caso, o contexto da matria fosse comprometida.
seria a "anormalidade" e prevaleceria a coerncia interna da narrativa.
E como retomar os elementos do texto? Podemos enumerar alguns
No caso de apresentar uma inadequao entre o que informa e a reali- mecanismos:
dade "normal" pr-conhecida, para guardar a coerncia o texto deve apre-
sentar elementos lingusticos instruindo o receptor acerca dessa anormali- a) REPETIO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes durante o
dade. texto. Pode perceber que a palavra avio foi bastante usada, principalmente
por ele ter sido o veculo envolvido no acidente, que a notcia propriamen-
Uma afirmao como "Foi um verdadeiro milagre! O menino caiu do te dita. A repetio um dos principais elementos de coeso do texto
dcimo andar e no sofreu nenhum arranho." coerente, na medida que a jornalstico fatual, que, por sua natureza, deve dispensar a releitura por
frase inicial ("Foi um verdadeiro milagre") instrui o leitor para a anormalida- parte do receptor (o leitor, no caso). A repetio pode ser considerada a
de do fato narrado. mais explcita ferramenta de coeso. Na dissertao cobrada pelos vestibu-
lares, obviamente deve ser usada com parcimnia, uma vez que um nme-
2. Coeso: ro elevado de repeties pode levar o leitor exausto.
A redao deve primar, como se sabe, pela clareza, objetividade, coe-
rncia e coeso. E a coeso, como o prprio nome diz (coeso significa b) REPETIO PARCIAL: na retomada de nomes de pessoas, a repe-
ligado), a propriedade que os elementos textuais tm de estar interliga- tio parcial o mais comum mecanismo coesivo do texto jornalstico.
dos. De um fazer referncia ao outro. Do sentido de um depender da rela- Costuma-se, uma vez citado o nome completo de um entrevistado - ou da
o com o outro. Preste ateno a este texto, observando como as palavras vtima de um acidente, como se observa com o elemento (7), na ltima
se comunicam, como dependem uma das outras. linha do segundo pargrafo e na primeira linha do terceiro -, repetir somente
o(s) seu(s) sobrenome(s). Quando os nomes em questo so de celebrida-
SO PAULO: OITO PESSOAS MORREM EM QUEDA DE AVIO des (polticos, artistas, escritores, etc.), de praxe, durante o texto, utilizar
Das Agncias a nominalizao por meio da qual so conhecidas pelo pblico. Exemplos:
Nedson (para o prefeito de Londrina, Nedson Micheletti); Farage (para o
Cinco passageiros de uma mesma famlia, de Maring, dois tripulantes candidato prefeitura de Londrina em 2000 Farage Khouri); etc. Nomes
e uma mulher que viu o avio cair morreram femininos costumam ser retomados pelo primeiro nome, a no ser nos
casos em que o sobrenomes sejam, no contexto da matria, mais relevan-
Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma famlia e tes e as identifiquem com mais propriedade.
dois tripulantes, alm de uma mulher que teve ataque cardaco) na queda
de um avio (1) bimotor Aero Commander, da empresa J. Caetano, da c) ELIPSE: a omisso de um termo que pode ser facilmente deduzido
cidade de Maring (PR). O avio (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro pelo contexto da matria. Veja-se o seguinte exemplo: Estavam no avio
sobrados da Rua Andaquara, no bairro de Jardim Marajoara, Zona Sul de (1) o empresrio Silvio Name Jnior (4), de 33 anos, que foi candidato a
So Paulo, por volta das 21h40 de sbado. O impacto (2) ainda atingiu prefeito de Maring nas ltimas eleies; o piloto (1) Jos Traspadini (4), de
mais trs residncias. 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antnio da Silva Jnior, de 38. Perceba
que no foi necessrio repetir-se a palavra avio logo aps as palavras
Estavam no avio (1) o empresrio Silvio Name Jnior (4), de 33 anos, piloto e co-piloto. Numa matria que trata de um acidente de avio, obvia-
que foi candidato a prefeito de Maring nas ltimas eleies (leia reporta- mente o piloto ser de avies; o leitor no poderia pensar que se tratasse
gem nesta pgina); o piloto (1) Jos Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto de um piloto de automveis, por exemplo. No ltimo pargrafo ocorre outro
(1) Geraldo Antnio da Silva Jnior, de 38; o sogro de Name Jnior (4), exemplo de elipse: Trs pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas
Mrcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Mrcio Rocha Ribeiro pelo avio (1) ficaram feridas. Elas (10) no sofreram ferimentos graves.
Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), (10) Apenas escoriaes e queimaduras. Note que o (10) em negrito, antes
Joo Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. de Apenas, uma omisso de um elemento j citado: Trs pessoas. Na
verdade, foi omitido, ainda, o verbo: (As trs pessoas sofreram) Apenas

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escoriaes e queimaduras. as de gado do Sul (8) do pas. Mrcio Ribeiro (5) era um dos scios do
Frigorfico Navira, empresa proprietria do bimotor (1). A palavra regio
d) SUBSTITUIES: uma das mais ricas maneiras de se retomar um serve como elemento classificador de Sul (A palavra Sul indica uma regio
elemento j citado ou de se referir a outro que ainda vai ser mencionado a do pas), que s citada na linha seguinte.
substituio, que o mecanismo pelo qual se usa uma palavra (ou grupo
de palavras) no lugar de outra palavra (ou grupo de palavras). Confira os Conexo:
principais elementos de substituio: Alm da constante referncia entre palavras do texto, observa-se na
coeso a propriedade de unir termos e oraes por meio de conectivos, que
Pronomes: a funo gramatical do pronome justamente substituir ou so representados, na Gramtica, por inmeras palavras e expresses. A
acompanhar um nome. Ele pode, ainda, retomar toda uma frase ou toda a escolha errada desses conectivos pode ocasionar a deturpao do sentido
ideia contida em um pargrafo ou no texto todo. Na matria-exemplo, so do texto. Abaixo, uma lista dos principais elementos conectivos, agrupados
ntidos alguns casos de substituio pronominal: o sogro de Name Jnior pelo sentido. Baseamo-nos no autor Othon Moacyr Garcia (Comunicao
(4), Mrcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Mrcio Rocha em Prosa Moderna).
Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela
(6), Joo Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. O pronome possessivo seus Prioridade, relevncia: em primeiro lugar, antes de mais nada, antes
retoma Name Jnior (os filhos de Name Jnior...); o pronome pessoal ela, de tudo, em princpio, primeiramente, acima de tudo, precipuamente, princi-
contrado com a preposio de na forma dela, retoma Gabriela Gimenes palmente, primordialmente, sobretudo, a priori (itlico), a posteriori (itlico).
Ribeiro (e o marido de Gabriela...). No ltimo pargrafo, o pronome pessoal
elas retoma as trs pessoas que estavam nas casas atingidas pelo avio: Tempo (frequncia, durao, ordem, sucesso, anterioridade, posterio-
Elas (10) no sofreram ferimentos graves. ridade): ento, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo aps, a princ-
pio, no momento em que, pouco antes, pouco depois, anteriormente, poste-
Eptetos: so palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo tempo riormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente agora atualmente, hoje,
que se referem a um elemento do texto, qualificam-no. Essa qualificao frequentemente, constantemente s vezes, eventualmente, por vezes,
pode ser conhecida ou no pelo leitor. Caso no seja, deve ser introduzida ocasionalmente, sempre, raramente, no raro, ao mesmo tempo, simulta-
de modo que fique fcil a sua relao com o elemento qualificado. neamente, nesse nterim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, quan-
do, antes que, depois que, logo que, sempre que, assim que, desde que,
Exemplos: todas as vezes que, cada vez que, apenas, j, mal, nem bem.
a) (...) foram elogiadas pelo por Fernando Henrique Cardoso. O pre-
sidente, que voltou h dois dias de Cuba, entregou-lhes um certifi- Semelhana, comparao, conformidade: igualmente, da mesma
cado... (o epteto presidente retoma Fernando Henrique Cardoso; forma, assim tambm, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente,
poder-se-ia usar, como exemplo, socilogo); analogamente, por analogia, de maneira idntica, de conformidade com, de
b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do Brasil. acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual,
Para o ex-Ministro dos Esportes, a seleo... (o epteto ex-Ministro tanto quanto, como, assim como, como se, bem como.
dos Esportes retoma Edson Arantes do Nascimento; poder-se-iam,
por exemplo, usar as formas jogador do sculo, nmero um do Condio, hiptese: se, caso, eventualmente.
mundo, etc.
Adio, continuao: alm disso, demais, ademais, outrossim, ainda
Sinnimos ou quase sinnimos: palavras com o mesmo sentido (ou mais, ainda cima, por outro lado, tambm, e, nem, no s ... mas tambm,
muito parecido) dos elementos a serem retomados. Exemplo: O prdio foi no s... como tambm, no apenas ... como tambm, no s ... bem
demolido s 15h. Muitos curiosos se aglomeraram ao redor do edifcio, para como, com, ou (quando no for excludente).
conferir o espetculo (edifcio retoma prdio. Ambos so sinnimos).
Dvida: talvez provavelmente, possivelmente, qui, quem sabe,
Nomes deverbais: so derivados de verbos e retomam a ao expres- provvel, no certo, se que.
sa por eles. Servem, ainda, como um resumo dos argumentos j utilizados.
Exemplos: Uma fila de centenas de veculos paralisou o trnsito da Avenida Certeza, nfase: decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, in-
Higienpolis, como sinal de protesto contra o aumentos dos impostos. A questionavelmente, sem dvida, inegavelmente, com toda a certeza.
paralisao foi a maneira encontrada... (paralisao, que deriva de parali-
sar, retoma a ao de centenas de veculos de paralisar o trnsito da Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de sbito,
Avenida Higienpolis). O impacto (2) ainda atingiu mais trs residncias (o subitamente, de repente, imprevistamente, surpreendentemente.
nome impacto retoma e resume o acidente de avio noticiado na matria-
exemplo) Ilustrao, esclarecimento: por exemplo, s para ilustrar, s para
exemplificar, isto , quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber,
Elementos classificadores e categorizadores: referem-se a um ele- ou seja, alis.
mento (palavra ou grupo de palavras) j mencionado ou no por meio de
uma classe ou categoria a que esse elemento pertena: Uma fila de cente- Propsito, inteno, finalidade: com o fim de, a fim de, com o prop-
nas de veculos paralisou o trnsito da Avenida Higienpolis. O protesto foi sito de, com a finalidade de, com o intuito de, para que, a fim de que, para.
a maneira encontrada... (protesto retoma toda a ideia anterior - da paralisa-
o -, categorizando-a como um protesto); Quatro ces foram encontrados Lugar, proximidade, distncia: perto de, prximo a ou de, junto a ou de,
ao lado do corpo. Ao se aproximarem, os peritos enfrentaram a reao dos dentro, fora, mais adiante, aqui, alm, acol, l, ali, este, esta, isto, esse, essa,
animais (animais retoma ces, indicando uma das possveis classificaes isso, aquele, aquela, aquilo, ante, a.
que se podem atribuir a eles).
Resumo, recapitulao, concluso: em suma, em sntese, em conclu-
Advrbios: palavras que exprimem circunstncias, principalmente as so, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, desse
de lugar: Em So Paulo, no houve problemas. L, os operrios no aderi- modo, logo, pois (entre vrgulas), dessarte, destarte, assim sendo.
ram... (o advrbio de lugar l retoma So Paulo). Exemplos de advrbios
que comumente funcionam como elementos referenciais, isto , como Causa e consequncia. Explicao: por consequncia, por conseguin-
elementos que se referem a outros do texto: a, aqui, ali, onde, l, etc. te, como resultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com
efeito, to (tanto, tamanho) ... que, porque, porquanto, pois, j que, uma vez
Observao: mais frequente a referncia a elementos j citados no que, visto que, como (= porque), portanto, logo, que (= porque), de tal sorte
texto. Porm, muito comum a utilizao de palavras e expresses que se que, de tal forma que, haja vista.
refiram a elementos que ainda sero utilizados. Exemplo: Izidoro Andrade
(7) conhecido na regio (8) como um dos maiores compradores de cabe- Contraste, oposio, restrio, ressalva: pelo contrrio, em contraste

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com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto, Nos pargrafos narrativos, h o predomnio dos verbos de ao que se
embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, posto, conquanto, se referem as personagens, alm de indicaes de circunstncias relativas ao
bem que, por mais que, por menos que, s que, ao passo que. fato: onde ele ocorreu, quando ocorreu, por que ocorreu, etc.

Ideias alternativas: Ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora. O que falamos acima se aplica ao pargrafo narrativo propriamente di-
to, ou seja, aquele que relata um fato.
Nveis De Significado Dos Textos: Nas narraes existem tambm pargrafos que servem para reproduzir
Significado Implcito E Explcito as falas dos personagens. No caso do discurso direto (em geral antecedido
Informaes explcitas e implcitas por dois-pontos e introduzido por travesso), cada fala de um personagem
deve corresponder a um pargrafo para que essa fala no se confunda com
Faz parte da coerncia, trata-se da inferncia, que ocorre porque tudo a do narrador ou com a de outro personagem.
que voc produz como mensagem maior do que est escrito, a soma
do implcito mais o explcito e que existem em todos os textos. Pargrafo Descritivo:

Em um texto existem dois tipos de informaes implcitas, o pressu- A ideia central do pargrafo descritivo um quadro, ou seja, um frag-
posto e o subentendido. mento daquilo que est sendo descrito (uma pessoa, uma paisagem, um
ambiente, etc.), visto sob determinada perspectiva, num determinado
O pressuposto a informao que pode ser compreendida por uma momento. Alterado esse quadro, teremos novo pargrafo.
palavra ou frase dentro do prprio texto, faz o receptor aceitar vrias ideias
do emissor. O pargrafo descritivo vai apresentar as mesmas caractersticas da
descrio: predomnio de verbos de ligao, emprego de adjetivos que
O subentendido gera confuso, pois se trata de uma insinuao, no caracterizam o que est sendo descrito, ocorrncia de oraes justapostas
sendo possvel afirmar com convico. ou coordenadas.
A diferena entre ambos que o pressuposto responsvel pelo emissor e A estruturao do pargrafo:
a informao j est no enunciado, j no subentendido o receptor tira suas
prprias concluses. Prof Gracielle O pargrafo-padro uma unidade de composio constituda por um
ou mais de um perodo, em que se desenvolve determinada ideia central,
ou nuclear, a que se agregam outras, secundrias, intimamente relaciona-
Pargrafo: das pelo sentido e logicamente decorrentes dela.

Os textos so estruturados geralmente em unidades menores, os pa- O pargrafo indicado por um afastamento da margem esquerda da
rgrafos, identificados por um ligeiro afastamento de sua primeira linha em folha. Ele facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar conveniente-
relao margem esquerda da folha. Possuem extenso variada: h par- mente as ideias principais de sua composio, permitindo ao leitor acom-
grafos longos e pargrafos curtos. O que vai determinar sua extenso a panhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estgios.
unidade temtica, j que cada ideia exposta no texto deve corresponder a O tamanho do pargrafo:
um pargrafo.
Os pargrafos so moldveis conforme o tipo de redao, o leitor e o
muito comum nos textos de natureza dissertativa, que trabalham com veculo de comunicao onde o texto vai ser divulgado. Em princpio, o
ideias e exigem maior rigor e objetividade na composio, que o pargrafo- pargrafo mais longo que o perodo e menor que uma pgina impressa no
padro apresente a seguinte estrutura: livro, e a regra geral para determinar o tamanho o bom senso.
a) introduo - tambm denominada tpico frasal, constituda de Pargrafos curtos: prprios para textos pequenos, fabricados para lei-
uma ou duas frases curtas, que expressam, de maneira sinttica, a ideia tores de pouca formao cultural. A notcia possui pargrafos curtos em
principal do pargrafo, definindo seu objetivo; colunas estreitas, j artigos e editoriais costumam ter pargrafos mais
b) desenvolvimento - corresponde a uma ampliao do tpico frasal, longos. Revistas populares, livros didticos destinados a alunos iniciantes,
com apresentao de ideias secundrias que o fundamentam ou esclare- geralmente, apresentam pargrafos curtos.
cem; Quando o pargrafo muito longo, o escritor deve dividi-lo em pargra-
c) concluso - nem sempre presente, especialmente nos pargrafos fos menores, seguindo critrio claro e definido. O pargrafo curto tambm
mais curtos e simples, a concluso retoma a ideia central, levando em empregado para movimentar o texto, no meio de longos pargrafos, ou
considerao os diversos aspectos selecionados no desenvolvimento. para enfatizar uma ideia.

Nas dissertaes, os pargrafos so estruturados a partir de uma ideia Pargrafos mdios: comuns em revistas e livros didticos destinados
que normalmente apresentada em sua introduo, desenvolvida e refor- a um leitor de nvel mdio (2 grau). Cada pargrafo mdio construdo com
ada por uma concluso. trs perodos que ocupam de 50 a 150 palavras. Em cada pgina de livro
cabem cerca de trs pargrafos mdios.
Os Pargrafos na Dissertao Escolar:
Pargrafos longos: em geral, as obras cientficas e acadmicas pos-
As dissertaes escolares, normalmente, costumam ser estruturadas suem longos pargrafos, por trs razes: os textos so grandes e conso-
em quatro ou cinco pargrafos (um pargrafo para a introduo, dois ou mem muitas pginas; as explicaes so complexas e exigem vrias ideias
trs para o desenvolvimento e um para a concluso). e especificaes, ocupando mais espao; os leitores possuem capacidade
claro que essa diviso no absoluta. Dependendo do tema propos- e flego para acompanh-los.
to e da abordagem que se d a ele, ela poder sofrer variaes. Mas A ordenao no desenvolvimento do pargrafo pode acontecer:
fundamental que voc perceba o seguinte: a diviso de um texto em par-
grafos (cada um correspondendo a uma determinada ideia que nele se a) por indicaes de espao: "... no muito longe do lito-
desenvolve) tem a funo de facilitar, para quem escreve, a estruturao ral...".Utilizam-se advrbios e locues adverbiais de lugar e certas locu-
coerente do texto e de possibilitar, a quem l, uma melhor compreenso do es prepositivas, e adjuntos adverbiais de lugar;
texto em sua totalidade. b) por tempo e espao: advrbios e locues adverbiais de tempo,
Pargrafo Narrativo: certas preposies e locues prepositivas, conjunes e locues conjun-
tivas e adjuntos adverbiais de tempo;
Nas narraes, a ideia central do pargrafo um incidente, isto , um
episdio curto. c) por enumerao: citao de caractersticas que vem normalmente
depois de dois pontos;

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d) por contrastes: estabelece comparaes, apresenta paralelos e qualquer professor que ouse interpelar o institudo, questionar os burocra-
evidencia diferenas; Conjunes adversativas, proporcionais e comparati- tas, ou pior ainda! manifestar ideias diferentes das de quem manda na
vas podem ser utilizadas nesta ordenao; escola, pondo em causa feudos e mandarinatos.
e) por causa-consequncia: conjunes e locues conjuntivas con- O vocbulo Grassa poderia ser substitudo, sem perda de sentido, por
clusivas, explicativas, causais e consecutivas;
(A) Propaga-se.
f) por explicitao: esclarece o assunto com conceitos esclarecedo-
res, elucidativos e justificativos dentro da ideia que construda. Pciconcur- (B) Dilui-se.
sos (C) Encontra-se.
Equivalncia e transformao de estruturas. (D) Esconde-se.
Refere-se ao estudo das relaes das palavras nas oraes e nos pe- (E) Extingue-se.
rodos. A palavra equivalncia corresponde a valor, natureza, ou funo;
relao de paridade. J o termo transformao pode ser entendido como http://www.professorvitorbarbosa.com/
uma funo que, aplicada sobre um termo (abstrato ou concreto), resulta
um novo termo, modificado (em sentido amplo) relativamente ao estado Discurso Direto.
original. Nessa compreenso ampla, o novo estado pode eventualmente
Discurso Indireto.
coincidir com o estado original. Normalmente, em concursos pblicos, as
relaes de transformao e equivalncia aparecem nas questes dotadas Discurso Indireto Livre
dos seguintes comandos: Celso Cunha

Exemplo: CONCURSO PBLICO 1/2008 CARGO DE AGENTE DE ENUNCIAO E REPRODUO DE ENUNCIAES


POLCIA FUNDAO UNIVERSA Comparando as seguintes frases:
A vida luta constante
Questo 8 - Assinale a alternativa em que a reescritura de parte do tex-
Dizem os homens experientes que a vida luta constante
to I mantm a correo gramatical, levando em conta as alteraes grficas
necessrias para adapt-la ao texto.
Notamos que, em ambas, emitido um mesmo conceito sobre a vida..
Exemplo 2: FUNDAO UNIVERSA SESI TCNICO EM EDUCA-
O ORIENTADOR PEDAGGICO 2010 Mas, enquanto o autor da primeira frase enuncia tal conceito como ten-
do sido por ele prprio formulado, o autor da segunda o reproduz como
(CDIGO 101) Questo 1 - A seguir, so apresentadas possibilidades tendo sido formulado por outrem.
de reescritura de trechos do texto I. Assinale a alternativa em que a reescri-
tura apresenta mudana de sentido com relao ao texto original. Estruturas de reproduo de enunciaes
Nota-se que as relaes de equivalncia e transformao esto assen- Para dar-nos a conhecer os pensamentos e as palavras de persona-
tadas nas possibilidades de reescrituras, ou seja, na modificao de voc- gens reais ou fictcias, os locutores e os escritores dispem de trs moldes
bulos ou de estruturas sintticas. lingusticos diversos, conhecidos pelos nomes de: discurso direto, discurso
indireto e discurso indireto livre.
Vejamos alguns exemplos de transformaes e equivalncias:
1 Os bombeiros desejam / o sucesso profissional (no h verbo na se- Discurso direto
gunda parte). Examinando este passo do conto Guaxinim do banhado, de Mrio de
Andrade:
Sujeito VDT OBJETO DIRETO O Guaxinim est inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis que suspira l
na lngua dele - Chente! que vida dura esta de guaxinim do banhado!...
Os bombeiros desejam / ganhar vrias medalhas (h verbo na segunda
parte = orao).
Verificamos que o narrado, aps introduzir o personagem, o guaxinim,
Orao principal orao subordinada substantiva objetiva direta deixou-o expressar-se L na lngua dele, reproduzindo-lhe a fala tal como
ele a teria organizado e emitido.
No exemplo anterior, o objeto direto o sucesso profissional foi substi-
tudo por uma orao objetiva direta. Sintaticamente, o valor do termo A essa forma de expresso, em que o personagem chamado a apre-
(complemento do verbo) o mesmo. Ocorreu uma transformao de natu- sentar as suas prprias palavras, denominamos discurso direto.
reza nominal para uma de natureza oracional, mas a funo sinttica de
objeto direto permaneceu preservada. Observao
2 Os professores de cursinhos ficam muito felizes / quando os alunos No exemplo anterior, distinguimos claramente o narrador, do locutor, o
so aprovados. guaxinim.

ORAO PRINCIPAL ORAO SUBORDINADA ADVERBIAL TEM- Mas o narrador e locutor podem confundir-se em casos como o das
PORAL narrativas memorialistas feitas na primeira pessoa. Assim, na fala de Rio-
baldo, o personagem-narrador do romance de Grande Serto: Veredas, de
Os professores de cursinhos ficam muito felizes / nos dias das provas.
Guimares Rosa.
SUJ VERBO PREDICATIVO ADJUNTO ADVERBIAL DE TEMPO Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa;
mas vai dar na outra banda num ponto muito mais embaixo, bem diverso
Apesar de classificados de formas diferentes, os termos indicados con- do que em primeiro se pensou. Viver nem no muito perigoso?
tinuam exercendo o papel de elementos adverbiais temporais.
Exemplo da prova! Ou, tambm, nestes versos de Augusto Meyer, em que o autor, lirica-
mente identificado com a natureza de sua terra, ouve na voz do Minuano o
FUNDAO UNIVERSA SESI SECRETRIO ESCOLAR (CDIGO convite que, na verdade, quem lhe faz a sua prpria alma:
203) Pgina 3 Ouo o meu grito gritar na voz do vento:
Grassa nessas escolas uma praga de pedagogos de gabinete, que - Mano Poeta, se enganche na minha garupa!
usam o legalismo no lugar da lei e que reinterpretam a lei de modo obtuso,
no intuito de que tudo fique igual ao que era antes. E, para que continue a Caractersticas do discurso direto
parecer necessrio o desempenho do cargo que ocupam, para que pare- 1. No plano formal, um enunciado em discurso direto marcado, ge-
am teis as suas circulares e relatrios, perseguem e caluniam todo e ralmente, pela presena de verbos do tipo dizer, afirmar, ponderar,

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sugerir, perguntar, indagar ou expresses sinnimas, que podem
introduzi-lo, arremat-lo ou nele se inserir: Transposio do discurso direto para o indireto
E Alexandre abriu a torneira: Do confronto destas duas frases:
- Meu pai, homem de boa famlia, possua fortuna grossa, como no - Guardo tudo o que meu neto escreve - dizia ela. (A.F. Schmidt)
ignoram. (Graciliano Ramos) Ela dizia que guardava tudo o que o seu neto escrevia.
Felizmente, ningum tinha morrido - diziam em redor. (Ceclia
Meirelles) Verifica-se que, ao passar-se de um tipo de relato para outro, certos
Os que no tm filhos so rfos s avessas, escreveu Machado elementos do enunciado se modificam, por acomodao ao novo molde
de Assis, creio que no Memorial de Aires. (A.F. Schmidt) sinttico.
Quando falta um desses verbos dicendi, cabe ao contexto e a re- a) Discurso direto enunciado 1 ou 2 pessoa.
cursos grficos - tais como os dois pontos, as aspas, o travesso e Exemplo: -Devia bastar, disse ela; eu no me atrevo a pedir
a mudana de linha - a funo de indicar a fala do personagem. mais.(M. de Assis)
o que observamos neste passo: Discurso indireto: enunciado em 3 pessoa:
Ao aviso da criada, a famlia tinha chegado janela. No avista- Ela disse que deveria bastar, que ela no se atrevia a pedir mais
ram o menino: b) Discurso direto: verbo enunciado no presente:
- Joozinho! - O major um filsofo, disse ele com malcia. (Lima Barreto)
Nada. Ser que ele voou mesmo? Discurso indireto: verbo enunciado no imperfeito:
2. No plano expressivo, a fora da narrao em discurso direto pro- Disse ele com malcia que o major era um filsofo.
vm essencialmente de sua capacidade de atualizar o episdio, fa- c) Discurso direto: verbo enunciado no pretrito perfeito:
zendo emergir da situao o personagem, tornando-o vivo para o - Caubi voltou, disse o guerreiro Tabajara.(Jos de Alencar)
ouvinte, maneira de uma cena teatral, em que o narrador desem- Discurso indireto: verbo enunciado no pretrito mais-que-perfeito:
penha a mera funo de indicador das falas. O guerreiro Tabajara disse que Caubi tinha voltado.
d) Discurso direto: verbo enunciado no futuro do presente:
Da ser esta forma de relatar preferencialmente adotada nos atos di- - Viro buscar V muito cedo? - perguntei.(A.F. Schmidt)
rios de comunicao e nos estilos literrios narrativos em que os autores Discurso indireto: verbo enunciado no futuro do pretrito:
pretendem representar diante dos que os lem a comdia humana, com a Perguntei se viriam buscar V. muito cedo
maior naturalidade possvel. (E. Zola) e) Discurso direto: verbo no modo imperativo:
- Segue a dana! , gritaram em volta. (A. Azevedo)
Discurso indireto Discurso indireto: verbo no modo subjuntivo:
1. Tomemos como exemplo esta frase de Machado de Assis: Gritaram em volta que seguisse a dana.
Elisirio confessou que estava com sono. f) Discurso direto: enunciado justaposto:
Ao contrrio do que observamos nos enunciados em discurso dire- O dia vai ficar triste, disse Caubi.
to, o narrador incorpora aqui, ao seu prprio falar, uma informao Discurso indireto: enunciado subordinado, geralmente introduzido
do personagem (Elisirio), contentando-se em transmitir ao leitor o pela integrante que:
seu contedo, sem nenhum respeito forma lingustica que teria Disse Caubi que o dia ia ficar triste.
sido realmente empregada. g) Discurso direto:: enunciado em forma interrogativa direta:
Este processo de reproduzir enunciados chama-se discurso indire- Pergunto - verdade que a Aldinha do Juca est uma moa en-
to. cantadora? (Guimares Rosa)
2. Tambm, neste caso, narrador e personagem podem confundir-se Discurso indireto: enunciado em forma interrogativa indireta:
num s: Pergunto se verdade que a Aldinha do Juca est uma moa en-
Engrosso a voz e afirmo que sou estudante. (Graciliano Ramos) cantadora.
h) Discurso direto: pronome demonstrativo de 1 pessoa (este, esta,
Caractersticas do discurso indireto isto) ou de 2 pessoa (esse, essa, isso).
1. No plano formal verifica-se que, introduzidas tambm por um verbo Isto vai depressa, disse Lopo Alves.(Machado de Assis)
declarativo (dizer, afirmar, ponderar, confessar, responder, etc), as Discurso indireto: pronome demonstrativo de 3 pessoa (aquele,
falas dos personagens se contm, no entanto, numa orao subor- aquela, aquilo).
dinada substantiva, de regra desenvolvida: Lopo Alves disse que aquilo ia depressa.
O padre Lopes confessou que no imaginara a existncia de tan- i) Discurso direto: advrbio de lugar aqui:
tos doudos no mundo e menos ainda o inexplicvel de alguns ca- E depois de torcer nas mos a bolsa, meteu-a de novo na gaveta,
sos. concluindo:
Nestas oraes, como vimos, pode ocorrer a elipse da conjuno - Aqui, no est o que procuro.(Afonso Arinos)
integrante: Discurso indireto: advrbio de lugar ali:
Fora preso pela manh, logo ao erguer-se da cama, e, pelo clcu- E depois de torcer nas mos a bolsa, meteu-a de novo na gaveta,
lo aproximado do tempo, pois estava sem relgio e mesmo se o ti- concluindo que ali no estava o que procurava.
vesse no poderia consult-la fraca luz da masmorra, imaginava
podiam ser onze horas.(Lima Barreto) Discurso indireto livre
A conjuno integrante falta, naturalmente, quando, numa constru- Na moderna literatura narrativa, tem sido amplamente utilizado um ter-
o em discurso indireto, a subordinada substantiva assume a for- ceiro processo de reproduo de enunciados, resultante da conciliao dos
ma reduzida.: dois anteriormente descritos. o chamado discurso indireto livre, forma de
Um dos vizinhos disse-lhe serem as autoridades do Cachoei- expresso que, ao invs de apresentar o personagem em sua voz prpria
ro.(Graa Aranha) (discurso direto), ou de informar objetivamente o leitor sobre o que ele teria
2. No plano expressivo assinala-se, em primeiro lugar, que o empre- dito (discurso indireto), aproxima narrador e personagem, dando-nos a
go do discurso indireto pressupe um tipo de relato de carter pre- impresso de que passam a falar em unssono.
dominantemente informativo e intelectivo, sem a feio teatral e
atualizadora do discurso direto. O narrador passa a subordinar a si Comparem-se estes exemplos:
o personagem, com retirar-lhe a forma prpria da expresso. Mas Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com a respira-
no se conclua da que o discurso indireto seja uma construo es- o presa. J nem podia mais. Estava desanimado. Que pena! Houve um
tilstica pobre. , na verdade, do emprego sabiamente dosado de momento em que esteve quase... quase!
um e de outro tipo de discurso que os bons escritores extraem da Retirou as asas e estraalhou-a. S tinham beleza. Entretanto, qual-
narrativa os mais variados efeitos artsticos, em consonncia com quer urubu... que raiva... (Ana Maria Machado)
intenes expressivas que s a anlise em profundidade de uma D. Aurora sacudiu a cabea e afastou o juzo temerrio. Para que es-
dada obra pode revelar. tar catando defeitos no prximo? Eram todos irmos. Irmos. (Graciliano

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Ramos) cientista, o burocrata, o legislador, o educador, o jornalista, o bigrafo,
O matuto sentiu uma frialdade morturia percorrendo-o ao longo da todos pretendem comunicar por escrito, a um pblico real, um contedo que
espinha. quase sempre demanda pesquisa, leitura e observao minuciosa de fatos
Era uma urutu, a terrvel urutu do serto, para a qual a mezinha doms- empricos. A capacidade de observar os dados e apresent-los de maneira
tica nem a dos campos possuam salvao. prpria e individual determina o grau de criatividade do escritor.
Perdido... completamente perdido...
( H. de C. Ramos) Para que haja eficcia na transmisso da mensagem, preciso ter em
mente o perfil do leitor a quem o texto se dirige, quanto a faixa etria, nvel
Caractersticas do discurso indireto livre cultural e escolar e interesse especfico pelo assunto. Assim, um mesmo
Do exame dos enunciados em itlico comprova-se que o discurso indi- tema dever ser apresentado diferentemente ao pblico infantil, juvenil ou
reto livre conserva toda a afetividade e a expressividade prprios do discur- adulto; com formao universitria ou de nvel tcnico; leigo ou especializa-
so direto, ao mesmo tempo que mantm as transposies de pronomes, do. As diferenas ho de determinar o vocabulrio empregado, a extenso
verbos e advrbios tpicos do discurso indireto. , por conseguinte, um do texto, o nvel de complexidade das informaes, o enfoque e a conduo
processo de reproduo de enunciados que combina as caractersticas dos do tema principal a assuntos correlatos.
dois anteriormente descritos. Organizao das ideias. O texto artstico em geral construdo a partir
1. No plano formal, verifica-se que o emprego do discurso indireto li- de regras e tcnicas particulares, definidas de acordo com o gosto e a
vre pressupe duas condies: a absoluta liberdade sinttica do habilidade do autor. J o texto objetivo, que pretende antes de mais nada
escritor (fator gramatical) e a sua completa adeso vida do per- transmitir informao, deve faz-lo o mais claramente possvel, evitando
sonagem (fator esttico) (Nicola Vita In: Cultura Neolatina). palavras e construes de sentido ambguo.
Observe-se que essa absoluta liberdade sinttica do escritor pode
levar o leitor desatento a confundir as palavras ou manifestaes Para escrever bem, preciso ter ideias e saber concaten-las. Entre-
dos locutores com a simples narrao. Da que, para a apreenso vistas com especialistas ou a leitura de textos a respeito do tema abordado
da fala do personagem nos trechos em discurso indireto livre, ga- so bons recursos para obter informaes e formar juzos a respeito do
nhe em importncia o papel do contexto, pois que a passagem do assunto sobre o qual se pretende escrever. A observao dos fatos, a
que seja relato por parte do narrador a enunciado real do locutor , experincia e a reflexo sobre seu contedo podem produzir conhecimento
muitas vezes, extremamente sutil, tal como nos mostra o seguinte suficiente para a formao de ideias e valores a respeito do mundo circun-
passo de Machado de Assis: dante.
Quincas Borba calou-se de exausto, e sentou-se ofegante. Rubio importante evitar, no entanto, que a massa de informaes se dis-
acudiu, levando-lhe gua e pedindo que se deitasse para descan- perse, o que esvaziaria de contedo a redao. Para solucionar esse
sar; mas o enfermo aps alguns minutos, respondeu que no era problema, pode-se fazer um roteiro de itens com o que se pretende escre-
nada. Perdera o costume de fazer discursos o que era. ver sobre o tema, tomando nota livremente das ideias que ele suscita. O
2. No plano expressivo, devem ser realados alguns valores desta passo seguinte consiste em organizar essas ideias e encade-las segundo
construo hbrida: a relao que se estabelece entre elas.
a) Evitando, por um lado, o acmulo de qus, ocorrente no discurso
indireto, e, por outro lado, os cortes das oposies dialogadas pe- Vocabulrio e estilo. Embora quase todas as palavras tenham sinni-
culiares ao discurso direto, o discurso indireto livre permite uma mos, dois termos quase nunca tm exatamente o mesmo significado. H
narrativa mais fluente, de ritmo e tom mais artisticamente elabora- sutilezas que recomendam o emprego de uma ou outra palavra, de acordo
dos; com o que se pretende comunicar. Quanto maior o vocabulrio que o
b) O elo psquico que se estabelece entre o narrador e personagem indivduo domina para redigir um texto, mais fcil ser a tarefa de comuni-
neste molde frsico torna-o o preferido dos escritores memorialis- car a vasta gama de sentimentos e percepes que determinado tema ou
tas, em suas pginas de monlogo interior; objeto lhe sugere.
c) Finalmente, cumpre ressaltar que o discurso indireto livre nem
Como regras gerais, consagradas pelo uso, deve-se evitar arcasmos e
sempre aparece isolado em meio da narrao. Sua riqueza ex-
neologismos e dar preferncia ao vocabulrio corrente, alm de evitar
pressiva aumenta quando ele se relaciona, dentro do mesmo par-
cacofonias (juno de vocbulos que produz sentido estranho ideia
grafo, com os discursos direto e indireto puro, pois o emprego
original, como em "boca dela") e rimas involuntrias (como na frase, "a
conjunto faz que para o enunciado confluam, numa soma total, as
audio e a compreenso so fatores indissociveis na educao infantil").
caractersticas de trs estilos diferentes entre si.
O uso repetitivo de palavras e expresses empobrece a escrita e, para
(Celso Cunha in Gramtica da Lngua Portuguesa, 2 edio, MEC-
evit-lo, devem ser escolhidos termos equivalentes.
FENAME.)
A obedincia ao padro culto da lngua, regido por normas gramaticais,
lingusticas e de grafia, garante a eficcia da comunicao. Uma frase
Redao gramaticalmente incorreta, sintaticamente mal estruturada e grafada com
A linguagem escrita tem identidade prpria e no pretende ser mera erros , antes de tudo, uma mensagem ininteligvel, que no atinge o
reproduo da linguagem oral. Ao redigir, o indivduo conta unicamente objetivo de transmitir as opinies e ideias de seu autor.
com o significado e a sonoridade das palavras para transmitir contedos Tipos de redao. Todas as formas de expresso escrita podem ser
complexos, estimular a imaginao do leitor, promover associao de ideias classificadas em formas literrias -- como as descries e narraes, e
e ativar registros lgicos, sensoriais e emocionais da memria. nelas o poema, a fbula, o conto e o romance, entre outros -- e no-
Redao o ato de exprimir ideias, por escrito, de forma clara e orga- literrias, como as dissertaes e redaes tcnicas.
nizada. O ponto de partida para redigir bem o conhecimento da gramtica Descrio. Descrever representar um objeto (cena, animal, pessoa,
do idioma e do tema sobre o qual se escreve. Um bom roteiro de redao lugar, coisa etc.) por meio de palavras. Para ser eficaz, a apresentao das
deve contemplar os seguintes passos: escolha da forma que se pretende caractersticas do objeto descrito deve explorar os cinco sentidos humanos
dar composio, organizao das ideias sobre o tema, escolha do voca- -- viso, audio, tato, olfato e paladar --, j que por intermdio deles que
bulrio adequado e concatenao das ideias segundo as regras lingusticas o ser humano toma contato com o ambiente.
e gramaticais.
A descrio resulta, portanto, da capacidade que o indivduo tem de
Para adquirir um estilo prprio e eficaz conveniente ler e estudar os perceber o mundo que o cerca. Quanto maior for sua sensibilidade, mais
grandes mestres do idioma, clssicos e contemporneos; redigir frequen- rica ser a descrio. Por meio da percepo sensorial, o autor registra
temente, para familiarizar-se com o processo e adquirir facilidade de ex- suas impresses sobre os objetos, quanto ao aroma, cor, sabor, textura ou
presso; e ser escrupuloso na correo da composio, retificando o que sonoridade, e as transmite para o leitor.
no saiu bem na primeira tentativa. importante tambm realizar um
exame atento da realidade a ser retratada e dos eventos a que o texto se Narrao. O relato de um fato, real ou imaginrio, denominado narra-
refere, sejam eles concretos, emocionais ou filosficos. O romancista, o o. Pode seguir o tempo cronolgico, de acordo com a ordem de sucesso

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dos acontecimentos, ou o tempo psicolgico, em que se privilegiam alguns pgina e de caracteres ou espaos por linha, entrelinha e numerao
eventos para atrair a ateno do leitor. A escolha do narrador, ou ponto de das pginas, entre outras caractersticas. Encyclopaedia Britannica do
vista, pode recair sobre o protagonista da histria, um observador neutro, Brasil Publicaes Ltda.
algum que participou do acontecimento de forma secundria ou ainda um
espectador onisciente, que supostamente esteve presente em todos os A diferena entre fatos e opinies
lugares, conhece todos os personagens, suas ideias e sentimentos. por Jos Antnio Rosa
A apresentao dos personagens pode ser feita pelo narrador, quando Qual a diferena entre um fato e uma opinio? O fato aquilo que
chamada de direta, ou pelas prprias aes e comportamentos deste, aconteceu, enquanto que a opinio o que algum pensa que ocorreu,
quando dita indireta. As falas tambm podem ser apresentadas de trs uma interpretao dos fatos. Digamos: houve um roubo na portaria da
formas: (1) discurso direto, em que o narrador transcreve de forma exata a empresa e algum vai investig-lo. Se essa pessoa for absolutamente
fala do personagem; (2) discurso indireto, no qual o narrador conta o que o honesta, faz um relatrio claro relatando os fatos com absoluta fidelidade e
personagem disse, lanando mo dos verbos chamados dicendi ou de aps esse relato objetivo, apresenta sua opinio sobre os acontecimentos.
elocuo, que indicam quem est com a palavra, como por exemplo "dis- usualmente desejvel que ela d sua opinio porque, se foi escalada
se", "perguntou", "afirmou" etc.; e (3) discurso indireto livre, em que se para investigar o crime porque tem qualificao para isso; alm disso, o
misturam os dois tipos anteriores. prprio fato de ela ter investigado j lhe d autoridade para opinar.
O conjunto dos acontecimentos em que os personagens se envolvem
chama-se enredo. Pode ser linear, segundo a sucesso cronolgica dos importante considerar:
fatos, ou no-linear, quando h cortes na sequncia dos acontecimentos.
comumente dividido em exposio, complicao, clmax e desfecho. Vivemos num mundo em que tomamos decises a partir de informaes;
Estas nos chegam por meio de relatos de fatos e expresses de opinies;
Dissertao. A exposio de ideias a respeito de um tema, com base Fatos usualmente podem ser submetidos prova: por nmeros, documen-
em raciocnios e argumentaes, chamada dissertao. Nela, o objetivo tos, registros;
do autor discutir um tema e defender sua posio a respeito dele. Por Opinies, por outro lado, refletem juzos, valores, interpretaes;
essa razo, a coerncia entre as ideias e a clareza na forma de expresso Muitas pessoas confundem fatos e opinies, e quando isso ocorre temos
so elementos fundamentais. de ter cuidado com as informaes que vm delas;
Igualmente temos de estar atentos s nossas prprias opinies, pois elas
A organizao lgica da dissertao determina sua diviso em introdu-
podem ser tomadas como fatos por outros;
o, parte em que se apresenta o tema a ser discutido; desenvolvimento,
Nossas decises devem ser baseadas em fatos, mas podem levar em
em que se expem os argumentos e ideias sobre o assunto, fundamentan-
conta as opinies de gente qualificada sobre tais fatos.
do-se com fatos, exemplos, testemunhos e provas o que se quer demons-
trar; e concluso, na qual se faz o desfecho da redao, com a finalidade
Ronald H. Coase, Prmio Nobel de economia, observa que se torturarmos
de reforar a ideia inicial.
os fatos adequadamente, eles acabam confessando. O jeito ento ouvir
Texto jornalstico e publicitrio. O texto jornalstico apresenta a peculia- com ouvidos crticos e pesquisar o suficiente, antes de tomar uma deciso.
ridade de poder transitar por todos os tipos de linguagem, da mais formal,
empregada, por exemplo, nos peridicos especializados sobre cincia e Ironia
poltica, at aquela extremamente coloquial, utilizada em publicaes A ironia um instrumento de literatura ou de retrica que consiste em
voltadas para o pblico juvenil. Apesar dessa aparente liberdade de estilo, o dizer o contrrio daquilo que se pensa, deixando entender uma distncia
redator deve obedecer ao propsito especfico da publicao para a qual intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que realmente pensamos. Na
escreve e seguir regras que costumam ser bastante rgidas e definidas, Literatura, a ironia a arte de zombar de algum ou de alguma coisa, com
tanto quanto extenso do texto como em relao escolha do assunto, vista a obter uma reao do leitor, ouvinte ou interlocutor.
ao tratamento que lhe dado e ao vocabulrio empregado.
Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o objetivo de denunci-
O texto publicitrio produzido em condies anlogas a essas e ainda ar, de criticar ou de censurar algo. Para tal, o locutor descreve a realidade
mais estritas, pois sua inteno, mais do que informar, convencer o com termos aparentemente valorizantes, mas com a finalidade de desvalo-
pblico a consumir determinado produto ou apoiar determinada ideia. Para rizar. A ironia convida o leitor ou o ouvinte, a ser ativo durante a leitura,
isso, a resposta desse mesmo pblico periodicamente analisada, com o para refletir sobre o tema e escolher uma determinada posio. O termo
intuito de avaliar a eficcia do texto. Ironia Socrtica, levantado por Aristteles, refere-se ao mtodo socrtico.
Redao tcnica. H diversos tipos de redao no-literria, como os Neste caso, no se trata de ironia no sentido moderno da palavra.
textos de manuais, relatrios administrativos, de experincias, artigos Tipos de ironia
cientficos, teses, monografias, cartas comerciais e muitos outros exemplos
de redao tcnica e cientfica. A maior parte das teorias de retrica distingue trs tipos de ironia: oral,
dramtica e de situao.
Embora se deva reger pelos mesmos princpios de objetividade, coe-
rncia e clareza que pautam qualquer outro tipo de composio, a redao A ironia oral a disparidade entre a expresso e a in-
tcnica apresenta estrutura e estilo prprios, com forte predominncia da teno: quando um locutor diz uma coisa mas pretende expres-
linguagem denotativa. Essa distino basicamente produzida pelo objeti- sar outra, ou ento quando um significado literal contrrio para
vo que a redao tcnica persegue: o de esclarecer e no o de impressio- atingir o efeito desejado.
nar.
A ironia dramtica (ou stira) a disparidade entre a
As dissertaes cientficas, elaboradas segundo mtodos rigorosos e expresso e a compreenso/cognio: quando uma palavra ou
fundamentadas geralmente em extensa bibliografia, obedecem a padres uma ao pe uma questo em jogo e a plateia entende o signi-
de estruturao do texto criados e divulgados pela Associao Brasileira de ficado da situao, mas a personagem no.
Normas Tcnicas (ABNT). A apresentao dos trabalhos cientficos deve
incluir, nessa ordem: capa; folha de rosto; agradecimentos, se houver; A ironia de situao a disparidade existente entre a
sumrio; sinopse ou resumo; listas (de ilustraes, tabelas, grficos etc.); o inteno e o resultado: quando o resultado de uma ao con-
texto do trabalho propriamente dito, dividido em introduo, mtodo, resul- trrio ao desejo ou efeito esperado. Da mesma maneira, a ironia
tados, discusso e concluso; apndices e anexos; bibliografia; e ndice. infinita (cosmic irony) a disparidade entre o desejo humano e
as duras realidades do mundo externo. Certas doutrinas afirmam
A preparao dos originais tambm obedece a algumas normas defini- que a ironia de situao e a ironia infinita, no so ironias de to-
das pela ABNT e pelo Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentao do
(IBBD) para garantia de uniformidade. Essas normas dizem respeito s
dimenses do papel, ao tamanho das margens, ao nmero de linhas por Exemplos:

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APOSTILAS OPO
A excelente dona Incia era mestra na arte de judiar de crian-
as. (Monteiro Lobato) Eliminando a ambiguidade: O menino avistou um mendigo que estava
sentado na varanda.
"-Meu marido um santo. S me traiu trs vezes!" O menino que estava sentado na varanda avistou o mendigo. Por Marina
tambm um estilo de linguagem caracterizado por subverter o smbo- Cabral
lo que, a princpio, representa. A ironia utiliza-se como uma forma de lin-
guagem pr-estabelecida para, a partir e de dentro dela, contest-la. Parfrase
O humor um estado de nimo cuja intensidade representa o grau Uma parfrase uma reafirmao das ideias de um texto ou uma passa-
de disposio e de bem-estar psicolgico e emocionante um indivduo. gem usando outras palavras. O ato de parfrase tambm chamado de
parafrasear.
A palavra humor surgiu na medicina humoral dos antigos Gregos. Na-
queles tempos, o termo humor representava qualquer um dos quatro fluidos Uma parfrase tipicamente explica ou clarifica o texto que est sendo
corporais (ou humores) que se considerava serem responsveis por regular citado. Por exemplo, "O sinal estava vermelho" pode ser parafraseada
a sade fsica e emocional humana. como "O carro no estava autorizado a prosseguir". Quando acompanha a
declarao original, uma parfrase normalmente introduzido com uma
O humor uma das chaves para a compreenso dicendi verbum - uma expresso declaratria para sinalizar a transio para
de culturas, religies e costumes das sociedades num sentido amplo, sendo a parfrase. Por exemplo, em "O sinal estava vermelho, isto , o trem no
elemento vital da condio humana. O homem o nico animal que ri, e estava autorizado a proceder". Que sinal a parfrase que se segue.
atravs dos tempos a maneira humana de sorrir modifica-se acompanhan-
do os costumes e correntes de pensamento. Uma parfrase no precisa acompanhar uma citao direta, mas quando
assim, a parfrase normalmente serve para colocar a declarao da fonte
Em cada poca da histria humana a forma de pensar cria e derru- em perspectiva ou para esclarecer o contexto em que apareceu. Uma
ba paradigmas, e o humor acompanha essa tendncia sociocultural. Ex- parfrase tipicamente mais detalhada do que um resumo. Deve-se adici-
presses culturais do humor podem representar retratos fiis de uma po- onar a fonte no final da frase, por exemplo: A calada da rua estava suja
ca, como o caso, por exemplo, das comdias gregas de Plauto e das ontem (Wikipedia).
comdias de costumes do brasileiro Martins Pena.
A parfrase pode tentar preservar o significado essencial do material a ser
Ambiguidade parafraseado. Assim, a reinterpretao (intencional ou no) de uma fonte
A duplicidade de sentido, seja de uma palavra ou de uma expresso, d-se para inferir um significado que no explicitamente evidente na prpria
o nome de ambiguidade. Ocorre geralmente, nos seguintes casos: fonte qualificada como "pesquisa indita", e no como parfrase.
O termo aplicado ao gnero das parfrases bblicas, que eram as verses
M colocao do Adjunto Adverbial de maior circulao da Bblia disponveis na Europa medieval. O objetivo
no era o de tornar uma interpretao exata do significado ou o texto com-
Exemplos: Crianas que recebem leite materno frequentemente so mais pleto, mas para material presente na Bblia em uma verso que era teologi-
sadias. camente ortodoxo e no est sujeita a interpretao hertica, ou, na maioria
dos casos, para tomar a Bblia e presente a um material de grande pblico
As crianas so mais sadias porque recebem leite frequentemente ou so que foi interessante, divertida e espiritualmente significativa, ou, simples-
frequentemente mais sadias porque recebem leite? mente para encurtar o texto.

Eliminando a ambiguidade: Crianas que recebem frequentemente leite A frase "em suas prprias palavras" frequentemente utilizado neste con-
materno so mais sadias. texto para sugerir que o autor reescreveu o texto em seu prprio estilo de
Crianas que recebem leite materno so frequentemente mais sadias. escrita - como teria escrito se eles tivessem criado a ideia.
O que se denomina paralelismo sinttico um encadeamento de
Uso Incorreto do Pronome Relativo funes sintticas idnticas ou encadeamento de oraes de valores sint-
ticos iguais. Oraes que se apresentam com a mesma estrutura sinttica
Gabriela pegou o estojo vazio da aliana de diamantes que estava sobre a externa, ao ligarem-se umas s outras em processo no qual no se permite
cama. estabelecer maior relevncia de uma sobre a outra, criam um processo de
ligao por coordenao. Diz-se que esto formando um paralelismo sint-
O que estava sobre a cama: o estojo vazio ou a aliana de diamantes? tico.
Eliminando a ambiguidade: Gabriela pegou o estojo vazio da aliana de Texto literrio e no literrio - marcas lingusticas
diamantes a qual estava sobre a cama.
Gabriela pegou o estojo vazio da aliana de diamantes o qual estava sobre
Antes de partirmos, de modo enftico, para as caractersticas que delineiam
a cama.
ambas as modalidades, faremos uma breve considerao no tocante aos
aspectos primordiais que perfazem o texto, vistos de maneira abrangente.
Observao: Neste exemplo, pelo fato de os substantivos estojo e aliana
pertencerem a gneros diferentes, resolveu-se o problema substituindo os
Toda e qualquer produo escrita fruto de um conjunto de fatores, os
substantivos por o qual/a qual. Se pertencessem ao mesmo gnero, haveria
quais se encontram interligados e se tornam indissociveis, de modo a
necessidade de uma reestruturao diferente.
permitir que o discurso se materialize de forma plausvel. Portanto, infere-se
que tais fatores se ligam aos conhecimentos de quem o produz, sejam
M Colocao de Pronomes, Termos, Oraes ou Frases
esses de ordem lingustica ou aqueles adquiridos ao longo da trajetria
cotidiana.
Aquela velha senhora encontrou o garotinho em seu quarto.
Aliada a essa prerrogativa existe aquela que inegavelmente norteia a
concepo de linguagem, ou seja, a de possuir um carter dinmico e
O garotinho estava no quarto dele ou da senhora?
estritamente social. Isso nos leva a crer que sempre estamos dialogando
como o outro, e que, sobretudo, compartilhamos nossas ideias e opinies
Eliminando a ambiguidade: Aquela velha senhora encontrou o garotinho no
com os diferentes interlocutores envolvidos no discurso.
quarto dela.
Aquela velha senhora encontrou o garotinho no quarto dele.
Essa noo, uma vez proferida, tende a subsidiar os nossos propsitos no
que se refere ao assunto em questo. E, para tal, analisemos:
Ex.: Sentado na varanda, o menino avistou um mendigo.
Os poemas
Quem estava sentado na varanda: o menino ou o mendigo?

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APOSTILAS OPO

A lngua faz parte de nossa vida diria. Por isso, importante conhecer,
atravs da reflexo lingustica, seu funcionamento nas diversas situaes
do cotidiano.
A ausncia dessa reflexo na dinmica da produo escrita compromete
sobretudo a superfcie textual. Exemplos:

TEXTO 1 - Ambiguidade na propaganda de produto:

Nunca use a almofadinha HAPPY BABY quando aquecida diretamente


sobre a pele do beb, fraldas descartveis e calas plsticas.

REESCRITA:
(Quando aquecida, a almofadinha HAPPY BABY no dever ser usada
diretamente sobre a pele do beb, fraldas descartveis e calas plsticas).
Os poemas so pssaros que chegam
no se sabe de onde e pousam TEXTO 2 - Redundncia no texto informal:
no livro que ls.
Quando fechas o livro, eles alam voo Me desespera saber que algo pode ocorrer comigo quando eu entro num
como de um alapo. prdio e se isso acontecer, tenho a convico de que algo grave ocorrer
Eles no tm pouso comigo.
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mos REESCRITA:
e partem. (Quando entro num prdio, desespera-me pensar que algo grave poder
E olhas, ento, essas tuas mos vazias, ocorrer comigo).
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles j estava em ti... TEXTO 3 Problemas gramaticais e ineficincia da mensagem:

QUINTANA, Mrio. Esconderijos do tempo. Porto Alegre: L&PM, 1980. Necessitei ausentar-se do servio, por que encontrava-me com dificulda-
des de enxergar, porque minha profisso requer uma boa viso.
O exemplo em voga trata-se de uma criao potica pertencente a um
renomado autor da era modernista. Atendo-nos s suas peculiaridades no OBS.: No basta, neste caso, propor apenas a correo gramatical, numa
tange linguagem, notamos a presena de uma linguagem metafrica que situao escolar envolvendo a escrita. preciso, na reescritura do texto,
simboliza a capacidade imaginativa do artista comparando-a com a liberda- eliminar o suprfluo, buscando a clareza e a eficcia da mensagem.
de conferida aos pssaros, uma vez que so livres e voam rumo ao hori-
zonte. REESCRITA:
(Ausentei-me do servio para consultar um oculista.)
Por meio dos seguintes excertos poticos, assim representados, voltamos
ideia anteriormente mencionada de que a competncia lingustica vai TEXTO 4 Redao escolar: "lugar-comum"
paulatinamente sendo adornada, de acordo com a troca de experincias
entre o emissor e o mundo que o rodeia: O que fiz ontem de mais importante, sem dvida, foi assistir um jogo de
futebol pelo rdio. O confronto entre Corinthians e Palmeiras um clssico
Eles no tm pouso imperdvel.
nem porto Durante a partida, sofri, sofri muito como todo corinthiano que se preza.
alimentam-se um instante em cada par de mos Mas, Graas a Deus, o empate teve gosto de vitria.
e partem.
E olhas, ento, essas tuas mos vazias, OBS: Nessa produo, a no ser pela regncia incorreta do verbo assis-
no maravilhoso espanto de saberes [...] tir (empregado equivocadamente em lugar do verbo ouvir), no h restri-
es quanto ao uso da lngua padro, sequer pelo emprego do termo
Desta feita, a intencionalidade discursiva, caracterstica textual marcante, imperdvel, j consagrado nas modalidades oral e escrita, menos formais.
pauta-se por despertar no interlocutor sentimentos e emoes, com vistas a Note-se, ainda, a utilizao adequada do relator adversativo (mas) e a
oferecer uma multiplicidade de interpretaes, uma vez conferida pelo coeso por sequenciao temporal (durante a partida/ ontem).
carter subjetivo. Eis assim a caracterstica que nutre um texto literrio. O que pode, ento, poluir esse osis? Nada menos que a predomi-
nncia do LUGAR-COMUM, em prejuzo da originalidade de expresso:
Pensemos agora em um outro tipo de texto, no qual no identificamos
nenhum envolvimento por parte do emissor, pois suas marcas lingusticas ... um (jogo) imperdvel,0
primam-se pela objetividade. A concluso a que podemos chegar que, ... como todo (corinthiano) que se preza
nesse caso, a finalidade apenas informar algo, tal qual se encontra no ... o empate teve gosto de vitria
discurso apresentado, isento de marcas pessoais, opinies, juzos de valor
e, sobretudo, de traos ligados subjetividade. Todo A INTENO COMUNICATIVA
Todo aquele que se comunica -falando, pintando, escrevendo, dan-
Uma notcia, reportagem, artigo cientfico? Seriam esses os casos ando etc. - tem uma inteno comunicativa. Ele, locutor, no est apenas
representativos? A reposta para tal indagao reafirm-la, uma vez que querendo transmitir uma mensagem, passar uma informao, mas interagir
tais modalidades tem uma finalidade em comum: a informao. Essa, por com outra pessoa que se vai tornar o locutrio. Ou seja, o locutor tem um
sua vez, precisa retratar uma certa credibilidade conferida por meio do objetivo em mente ao construir o seu texto e, normalmente, esse objetivo se
discurso. Da o carter objetivo, razo pela qual o autor, em momento relaciona com alguma ao. Toda palavra faz parte de um movimento maior
algum, no deixa que suas opinies se fruam em meio ao ato discursivo a em torno de uma ao social.
que se prope. Tal particularidade revela a natureza lingustica do chamado
texto no literrio. Vnia Maria do Nascimento Duarte Por exemplo, uma bula de remdios. Ela pode ser lida a qualquer mo-
mento e pelos mais variados motivos. Ainda que a maioria considerasse
REESCRITURA DE TEXTOS absurdo, eu poderia ler uma bula de remdios antes de dormir, para relaxar
Dorival Coutinho da Silva um pouco. Mas, a inteno comunicativa de uma bula de remdios outra.

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APOSTILAS OPO
Ela existe na sociedade para que o leitor conhea adequadamente o rem- (quando pertencem mesma classe gramatical), sinttica (quando h
dio e saiba como us-lo. O conhecimento e a aplicao das informaes da semelhana entre frases ou oraes) e semntica (quando h correspon-
bula de remdios pode significar o restabelecimento da sade. dncia de sentido entre os termos).
Assim, uma pessoa pode at ler uma bula de remdio para se distrair Casos recorrentes se manifestam no momento da escrita indicando que
porque no tem o que outra coisa que fazer, contudo passar o tempo no houve a quebra destes recursos, tornando-se imperceptveis aos olhos de
a inteno comunicativa da bula de remdios. um uso para a bula, mas quem a produz, interferindo de forma negativa na textualidade como um
no atende inteno comunicativa desse gnero discursivo. Quem escre- todo. Como podemos conferir por meio dos seguintes casos:
ve esse texto no o faz para que os outros passem um momento agradvel
de diverso. Durante as quartas-de-final, o time do Brasil vai enfrentar a Holanda.
justamente o caso contrrio do que ocorre com o filme de aventuras
que algum se assiste no cinema, domingo tarde, com os seus amigos. Constatamos a falta de paralelismo semntico, ao analisarmos que o time
Voltados para essa necessidade, existem muitos filmes de aventuras cuja brasileiro no enfrentar o pas, e sim a seleo que o representa. Reestru-
inteno comunicativa apenas fazer os locutrios se distrarem e passar turando a orao, obteramos:
um bom momento. Mas no existem apenas filmes de aventuras em circu-
lao na sociedade. Outros filmes ultrapassam esse objetivo e procuram, Durante as quartas-de-final, o time do Brasil vai enfrentar a seleo da
tambm, discutir valores ou criticar aspectos da identidade humana, por Holanda.
exemplo.
Se eles comparecessem reunio, ficaremos muito agradecidos.
O primeiro e, sem dvidas, um dos maiores desafios de quem produz
um texto fazer o locutrio cooperar com a inteno comunicativa do texto Eis que estamos diante de um corriqueiro procedimento lingustico, embora
produzido. Em outras palavras, fazer com que o locutrio esteja disposto a considerado incorreto, sobretudo, pela incoerncia conferida pelos tempos
interpretar o texto de acordo com a inteno comunicativa do locutor. verbais (comparecessem/ficaremos). O contrrio acontece se disssse-
Ou seja, de m vontade, sem querer participar, sem se envolver, o lo- mos:
cutrio no vai fazer o seu papel no processo de interao comunicativa. O
locutrio poder ento no compreender o texto ou fazer uma interpretao Se eles comparecessem reunio, ficaramos muito agradecidos.
que foge aos objetivos desse texto. Ele vai ler, mas no vai interpretar Ambos relacionados mesma ideia, denotando uma incerteza quanto
adequadamente, nem agir de acordo. ao.

Mas por que o locutrio no atenderia inteno comunicativa do texto Ampliando a noo sobre a correta utilizao destes recursos, analisemos
que l? Isso pode acontecer porque aquele que assume o papel de locut- alguns casos em que eles se aplicam:
rio no sabe (ou no deseja) realizar o trabalho de envolvimento com o
texto necessrio para interpret-lo. Assim, muito importante ao interpre- no s... mas (como) tambm:
tarmos um texto, identificarmos a inteno comunicativa.
A violncia no s aumentou nos grandes centros urbanos, mas
Algumas perguntas podem nos ajudar: tambm no interior.
Para que serve esse texto na sociedade?
O que esse texto revela sobre o locutor? Percebemos que tal construo confere-nos a ideia de adio em comparar
O que se espera que eu faa depois de ler esse texto? ambas as situaes em que a violncia se manifesta.
Compreendendo a inteno comunicativa do texto, podemos tambm
Quanto mais... (tanto) mais:
escolher at que ponto desejamos participar no processo comunicativo. Isto
, podemos envolvermo-nos mais ou menos, de acordo com nossas neces-
Atualmente, quanto mais se aperfeioa o profissionalismo, mais chan-
sidades, possibilidades, desejos etc.
ces tem de se progredir.
A escola, como instituio, no entanto, tem sido muito eficiente em 'ma-
tar' as intenes comunicativas dos textos. Em todas os componentes Ao nos atermos noo de progresso, podemos identificar a construo
curriculares. Seja por reduzir os textos a intenes distorcidas daquelas paralelstica.
para as que foram produzidos; seja por simplesmente ignorar o processo
social que deu origem a tais textos. Jos Lus Landeira Seja... Seja; Quer... Quer; Ora... Ora:

Paralelismo Sinttico e Paralelismo Semntico - recursos A cordialidade uma virtude aplicvel em quaisquer circunstncias,
que compem o estilo textual seja no ambiente familiar, seja no trabalho.

Notadamente, a construo textual concebida como um procedimento Confere-se a aplicabilidade do recurso mediante a ideia de alternncia.
dotado de grande complexidade, haja vista que o fato de as ideias emergi-
rem com uma certa facilidade no significa transp-las para o papel sem a Tanto... Quanto:
devida ordenao. Tal complexidade nos remete noo das competncias
inerentes ao emissor diante da elaborao do discurso, dada a necessidade As exigncias burocrticas so as mesmas, tanto para os veteranos,
de este se perfazer pela clareza e preciso. quanto para os calouros.

Infere-se, portanto, que as competncias esto relacionadas aos conheci- Mediante a ideia de adio, acrescida quela de equivalncia, constata-se
mentos que o usurio tem dos fatos lingusticos, aplicando-os de acordo a estrutura paralelstica.
com o objetivo pretendido pela enunciao. De modo mais claro, ressalta-
mos a importncia da estrutura discursiva se pautar pela pontuao, con- No... E no/nem:
cordncia, coerncia, coeso e demais requisitos necessrios objetivida-
de retratada pela mensagem. No poderemos contar com o auxlio de ningum, nem dos alunos,
nem dos funcionrios da secretaria.
Atendo-nos de forma especfica aos inmeros aspectos que norteiam os j
citados fatos lingusticos, ressaltamos determinados recursos cuja funo Recurso este empregado quando se quer atribuir uma sequncia negativa.
se atribui por conferirem estilo construo textual o paralelismo sinttico
e semntico. Caracterizam-se pelas relaes de semelhana existente Por um lado... Por outro:
entre palavras e expresses que se efetivam tanto de ordem morfolgica

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APOSTILAS OPO
Se por um lado, a desistncia da viagem implicou economia, por - a coisa pelo lugar: Vou Prefeitura (ao edifcio da Prefeitura).
outro, desagradou aos filhos que estavam no perodo de frias. - o instrumento pela pessoa que o utiliza: Ele um bom garfo (guloso,
gluto).
O paralelismo efetivou-se em virtude da referncia a aspectos negativos e Sindoque:
positivos relacionados a um determinado fato.
Ocorre sindoque quando h substituio de um termo por outro, havendo
Tempos verbais: ampliao ou reduo do sentido usual da palavra numa relao quantitati-
va. Encontramos sindoque nos seguintes casos:
Se a maioria colaborasse, haveria mais organizao. - o todo pela parte e vice-versa: A cidade inteira (o povo) viu assombrada,
de queixo cado, o pistoleiro sumir de ladro, fugindo nos cascos (parte das
Como dito anteriormente, houve a concordncia de sentido proferida pelos patas) de seu cavalo. (J. Cndido de Carvalho)
verbos e seus respectivos tempos. - o singular pelo plural e vice-versa: O paulista (todos os paulistas) tmido;
: Vnia Maria do Nascimento Duarte o carioca (todos os cariocas), atrevido.
- o indivduo pela espcie (nome prprio pelo nome comum): Para os
Reescritura de frases e pargrafos do texto artistas ele foi um mecenas (protetor).
Reescritura de frases e pargrafos do texto. Catacrese:
Substituio de palavras ou de trechos de texto. A catacrese um tipo de especial de metfora, uma espcie de metfora
Retextualizao de diferentes gneros e nveis de formalidade. desgastada, em que j no se sente nenhum vestgio de inovao, de
Este item ser abordado como um tema s, pois a separao deles est criao individual e pitoresca. a metfora tornada hbito lingustico, j
meio complicada, pois a substituio de palavras ou de trechos tem tudo a fora do mbito estilstico. (Othon M. Garcia).
ver com a retextualizao So exemplos de catacrese: folhas de livro / pele de tomate / dente de alho
Reescriturao de textos / montar em burro / cu da boca / cabea de prego / mo de direo /
ventre da terra / asa da xcara / sacar dinheiro no banco.
Figuras de estilo, figuras ou Desvios de linguagem so nomes dados a
alguns processos que priorizam a palavra ou o todo para tornar o texto mais Sinestesia:
rico e expressivo ou buscar um novo significado, possibilitando uma reescri- A sinestesia consiste na fuso de sensaes diferentes numa mesma
tura correta de textos. expresso. Essas sensaes podem ser fsicas (gustao, audio, viso,
Podem ser: olfato e tato) ou psicolgicas (subjetivas).
Figuras de palavras Exemplo: A minha primeira recordao um muro velho, no quintal de
uma casa indefinvel. Tinha vrias feridas no reboco e veludo de musgo.
As figuras de palavra consistem no emprego de um termo com sentido
Milagrosa aquela mancha verde [sensao visual] e mida, macia [sensa-
diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um
es tteis], quase irreal. (Augusto Meyer)
efeito mais expressivo na comunicao.
Antonomsia:
So figuras de palavras:
Ocorre antonomsia quando designamos uma pessoa por uma qualidade,
Comparao:
caracterstica ou fato que a distingue.
Ocorre comparao quando se estabelece aproximao entre dois elemen-
Na linguagem coloquial, antonomsia o mesmo que apelido, alcunha ou
tos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explcitos
cognome, cuja origem um aposto (descritivo, especificativo etc.) do nome
feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem e alguns
prprio.
verbos parecer, assemelhar-se e outros.
Exemplos: E ao rabi simples (Cristo), que a igualdade prega, / Rasga e
Exemplos: Amou daquela vez como se fosse mquina. / Beijou sua mulher
enlameia a tnica inconstil; (Raimundo Correia). / Pel (= Edson Arantes
como se fosse lgico. (Chico Buarque);
do Nascimento) / O Cisne de Mntua (= Virglio) / O poeta dos escravos (=
As solteironas, os longos vestidos negros fechados no pescoo, negros Castro Alves) / O Dante Negro (= Cruz e Souza) / O Corso (= Napoleo)
xales nos ombros, pareciam aves noturnas paradas (Jorge Amado).
Alegoria:
Metfora:
A alegoria uma acumulao de metforas referindo-se ao mesmo objeto;
Ocorre metfora quando um termo substitui outro atravs de uma relao uma figura potica que consiste em expressar uma situao global por
de semelhana resultante da subjetividade de quem a cria. A metfora meio de outra que a evoque e intensifique o seu significado. Na alegoria,
tambm pode ser entendida como uma comparao abreviada, em que o todas as palavras esto transladadas para um plano que no lhes comum
conectivo no est expresso, mas subentendido. e oferecem dois sentidos completos e perfeitos um referencial e outro
Exemplo: Supondo o esprito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. metafrico.
Soares, ver se posso extrair prolas, que a razo. (Machado de Assis). Exemplo: A vida uma pera, uma grande pera. O tenor e o bartono
Metonmia: lutam pelo soprano, em presena do baixo e dos comprimrios, quando no
Ocorre metonmia quando h substituio de uma palavra por outra, ha- so o soprano e o contralto que lutam pelo tenor, em presena do mesmo
vendo entre ambas algum grau de semelhana, relao, proximidade de baixo e dos mesmos comprimrios. H coros numerosos, muitos bailados,
sentido ou implicao mtua. Tal substituio fundamenta-se numa relao e a orquestra excelente (Machado de Assis).
objetiva, real, realizando-se de inmeros modos: Figuras de sintaxe ou de construo:
- o continente pelo contedo e vice-versa: Antes de sair, tomamos um As figuras de sintaxe ou de construo dizem respeito a desvios em relao
clice (o contedo de um clice) de licor. concordncia entre os termos da orao, sua ordem, possveis repeties
- a causa pelo efeito e vice-versa: E assim o operrio ia / Com suor e com ou omisses.
cimento (com trabalho) / Erguendo uma casa aqui / Adiante um apartamen- Elas podem ser construdas por:
to. (Vinicius de Moraes). a) omisso: assndeto, elipse e zeugma;
- o lugar de origem ou de produo pelo produto: Comprei uma garrafa do b) repetio: anfora, pleonasmo e polissndeto;
legtimo porto (o vinho da cidade do Porto).
c) inverso: anstrofe, hiprbato, snquise e hiplage;
- o autor pela obra: Ela parecia ler Jorge Amado (a obra de Jorge Amado).
d) ruptura: anacoluto;
- o abstrato pelo concreto e vice-versa: No devemos contar com o seu
e) concordncia ideolgica: silepse.
corao (sentimento, sensibilidade).
Portanto, so figuras de construo ou sintaxe:
- o smbolo pela coisa simbolizada: A coroa (o poder) foi disputada pelos
revolucionrios. Assndeto:
- a matria pelo produto e vice-versa: Lento, o bronze (o sino) soa.
- o inventor pelo invento: Edson (a energia eltrica) ilumina o mundo.

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Ocorre assndeto quando oraes ou palavras deveriam vir ligadas por Exemplo: A grita se alevanta ao Cu, da gente. (A grita da gente se
conjunes coordenativas, aparecem justapostas ou separadas por vrgu- alevanta ao Cu ) (Cames).
las. Hiplage:
Exigem do leitor ateno maior no exame de cada fato, por exigncia das Ocorre hiplage quando h inverso da posio do adjetivo: uma qualidade
pausas rtmicas (vrgulas). que pertence a um objeto atribuda a outro, na mesma frase.
Exemplo: No nos movemos, as mos que se estenderam pouco a Exemplo: as lojas loquazes dos barbeiros. (as lojas dos barbeiros
pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. (Machado de loquazes.) (Ea de Queiros).
Assis). Anacoluto:
Elipse: Ocorre anacoluto quando h interrupo do plano sinttico com que se
Ocorre elipse quando omitimos um termo ou orao que facilmente pode- inicia a frase, alterando-lhe a sequncia lgica. A construo do perodo
mos identificar ou subentender no contexto. Pode ocorrer na supresso de deixa um ou mais termos que no apresentam funo sinttica definida
pronomes, conjunes, preposies ou verbos. um poderoso recurso de desprendidos dos demais, geralmente depois de uma pausa sensvel.
conciso e dinamismo. Exemplo: Essas empregadas de hoje, no se pode confiar nelas. (Alcnta-
Exemplo: Veio sem pinturas, em vestido leve, sandlias coloridas. (elipse ra Machado).
do pronome ela (Ela veio) e da preposio de (de sandlias). Silepse:
Zeugma: Ocorre silepse quando a concordncia no feita com as palavras, mas
Ocorre zeugma quando um termo j expresso na frase suprimido, ficando com a ideia a elas associada.
subentendida sua repetio. a) Silepse de gnero:
Exemplo: Foi saqueada a vida, e assassinados os partidrios dos Felipes. Ocorre quando h discordncia entre os gneros gramaticais (feminino ou
(Zeugma do verbo: e foram assassinados) (Camilo Castelo Branco). masculino).
Anfora: Exemplo: Quando a gente novo, gosta de fazer bonito. (Guimares
Ocorre anfora quando h repetio intencional de palavras no incio de um Rosa).
perodo, frase ou verso. b) Silepse de nmero:
Exemplo: Depois o areal extenso / Depois o oceano de p / Depois no Ocorre quando h discordncia envolvendo o nmero gramatical (singular
horizonte imenso / Desertos desertos s (Castro Alves). ou plural).
Pleonasmo: Exemplo: Corria gente de todos lados, e gritavam. (Mrio Barreto).
Ocorre pleonasmo quando h repetio da mesma ideia, isto , redundn- c) Silepse de pessoa:
cia de significado.
Ocorre quando h discordncia entre o sujeito expresso e a pessoa verbal:
a) Pleonasmo literrio: o sujeito que fala ou escreve se inclui no sujeito enunciado.
o uso de palavras redundantes para reforar uma ideia, tanto do ponto de Exemplo: Na noite seguinte estvamos reunidas algumas pessoas. (Ma-
vista semntico quanto do ponto de vista sinttico. Usado como um recurso chado de Assis).
estilstico, enriquece a expresso, dando nfase mensagem.
Figuras de pensamento:
Exemplo: Iam vinte anos desde aquele dia / Quando com os olhos eu quis
ver de perto / Quando em viso com os da saudade via. (Alberto de Olivei- As figuras de pensamento so recursos de linguagem que se referem ao
ra). significado das palavras, ao seu aspecto semntico.
Morrers morte vil na mo de um forte. (Gonalves Dias) So figuras de pensamento:
mar salgado, quando do teu sal / So lgrimas de Portugal (Fernando Anttese:
Pessoa). Ocorre anttese quando h aproximao de palavras ou expresses de
b) Pleonasmo vicioso: sentidos opostos.
o desdobramento de ideias que j estavam implcitas em palavras anteri- Exemplo: Amigos ou inimigos esto, amide, em posies trocadas. Uns
ormente expressas. Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois no tm nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos
valor de reforo de uma ideia, sendo apenas fruto do descobrimento do trazem o mal. (Rui Barbosa).
sentido real das palavras. Apstrofe:
Exemplos: subir para cima / entrar para dentro / repetir de novo / ouvir com Ocorre apstrofe quando h invocao de uma pessoa ou algo, real ou
os ouvidos / hemorragia de sangue / monoplio exclusivo / breve alocuo / imaginrio, que pode estar presente ou ausente. Corresponde ao vocativo
principal protagonista. na anlise sinttica e utilizada para dar nfase expresso.
Polissndeto: Exemplo: Deus! Deus! onde ests, que no respondes? (Castro Alves).
Ocorre polissndeto quando h repetio enftica de uma conjuno coor- Paradoxo:
denativa mais vezes do que exige a norma gramatical (geralmente a con- Ocorre paradoxo no apenas na aproximao de palavras de sentido
juno e). um recurso que sugere movimentos ininterruptos ou vertigino- oposto, mas tambm na de ideias que se contradizem referindo-se ao
sos. mesmo termo. uma verdade enunciada com aparncia de mentira. Ox-
Exemplo: Vo chegando as burguesinhas pobres, / e as criadas das bur- moro (ou oximoron) outra designao para paradoxo.
guesinhas ricas / e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza. Exemplo: Amor fogo que arde sem se ver; / ferida que di e no se
(Manuel Bandeira). sente; / um contentamento descontente; / dor que desatina sem doer;
Anstrofe: (Cames)
Ocorre anstrofe quando h uma simples inverso de palavras vizinhas Eufemismo:
(determinante/determinado). Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expresso empregada para
Exemplo: To leve estou (estou to leve) que nem sombra tenho. (Mrio atenuar uma verdade tida como penosa, desagradvel ou chocante.
Quintana). Exemplo: E pela paz derradeira (morte) que enfim vai nos redimir Deus lhe
Hiprbato: pague. (Chico Buarque).
Ocorre hiprbato quando h uma inverso completa de membros da frase. Gradao:
Exemplo: Passeiam tarde, as belas na Avenida. (As belas passeiam na Ocorre gradao quando h uma sequncia de palavras que intensificam
Avenida tarde.) (Carlos Drummond de Andrade). uma mesma ideia.
Snquise: Exemplo: Aqui alm mais longe por onde eu movo o passo. (Castro
Ocorre snquise quando h uma inverso violenta de distantes partes da Alves).
frase. um hiprbato exagerado. Hiprbole:

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Ocorre hiprbole quando h exagero de uma ideia, a fim de proporcionar Eles tm servio de delivery. (anglicismo; o mais adequado seria
uma imagem emocionante e de impacto. Eles tm servio de entrega).
Exemplo: Rios te correro dos olhos, se chorares! (Olavo Bilac). Premi apresenta prioridades da Presidncia lusa da UE (galicismo, o
Ironia: mais adequado seria Primeiro-ministro)
Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonao, pela contradio de Nesta receita gastronmica usaremos Blueberries e Grapefruits.
termos, sugere-se o contrrio do que as palavras ou oraes parecem (anglicismo, o mais adequado seria Mirtilo e Toranja)
exprimir. A inteno depreciativa ou sarcstica.
Convocamos para a Reunio do Conselho de DAs (plural da sigla
Exemplo: Moa linda, bem tratada, / trs sculos de famlia, / burra como
de Diretrio Acadmico). (anglicismo, e mesmo nesta lngua no se
uma porta: / um amor. (Mrio de Andrade).
usa apstrofo s para pluralizar; o mais adequado seria DD.AA. ou DAs.)
Prosopopia:
H quem considere barbarismo tambm divergncias de pronncia, grafia,
Ocorre prosopopia (ou animizao ou personificao) quando se atribui morfologia, etc., tais como adevogado ou eu sabo, pois seriam atitudes
movimento, ao, fala, sentimento, enfim, caracteres prprios de seres tpicas de estrangeiros, por eles dificilmente atingirem alta fluncia no
animados a seres inanimados ou imaginrios. dialeto padro da lngua.
Tambm a atribuio de caractersticas humanas a seres animados consti- Em nvel pragmtico, o barbarismo normalmente indesejvel porque os
tui prosopopia o que comum nas fbulas e nos aplogos, como este receptores da mensagem frequentemente conhecem o termo em questo
exemplo de Mrio de Quintana: O peixinho () silencioso e levemente na lngua nativa de sua comunidade lingustica, mas nem sempre conhe-
melanclico cem o termo correspondente na lngua ou dialeto estrangeiro comunidade
Exemplos: os rios vo carregando as queixas do caminho. (Raul Bopp) com a qual ele est familiarizado. Em nvel poltico, um barbarismo tambm
Um frio inteligente () percorria o jardim (Clarice Lispector) pode ser interpretado como uma ofensa cultural por alguns receptores que
Perfrase: se encontram ideologicamente inclinados a repudiar certos tipos de influn-
cia sobre suas culturas. Pode-se assim concluir que o conceito de barba-
Ocorre perfrase quando se cria um torneio de palavras para expressar
rismo relativo ao receptor da mensagem.
algum objeto, acidente geogrfico ou situao que no se quer nomear.
Em alguns contextos, at mesmo uma palavra da prpria lngua do receptor
Exemplo: Cidade maravilhosa / Cheia de encantos mil / Cidade maravilho-
poderia ser considerada como um barbarismo. Tal o caso de um cultismo
sa / Corao do meu Brasil. (Andr Filho).
(ex: abdmen) quando presente em uma mensagem a um receptor que
At este ponto retirei informaes do site PCI cursos no o entende (por exemplo, um indivduo no escolarizado, que poderia
Vcios de Linguagem compreender melhor os sinnimos barriga, pana ou bucho).
Ambiguidade Cacofonia
Ambiguidade a possibilidade de uma mensagem ter dois sentidos. Ela A cacofonia um som desagradvel ou obsceno formado pela unio das
geralmente provocada pela m organizao das palavras na frase. A slabas de palavras contguas. Por isso temos que cuidar quando falamos
ambiguidade um caso especial de polissemia, a possibilidade de uma sobre algo para no ofendermos a pessoa que ouve. So exemplos desse
palavra apresentar vrios sentidos em um contexto. fato:
Ex: Ele beijou a boca dela.
Onde est a vaca da sua av? (Que vaca? A av ou a vaca criada Bata com um mamo para mim, por favor.
pela av?)
Deixe ir-me j, pois estou atrasado.
Onde est a cachorra da sua me? (Que cachorra? A me ou a
cadela criada pela me?) No tem nada de errado a cerca dela

Este lder dirigiu bem sua nao(Sua? Nao da 2 ou 3 pessoa (o Vou-me j que est pingando. Vai chover!
lder)?). Instrumento para socar alho.
Obs 1: O pronome possessivo seu(ua)(s) gera muita confuso por ser Daqui vai, se for dai.
geralmente associado ao receptor da mensagem. No so cacofonia:
Obs 2: A preposio como tambm gera confuso com o verbo comer
Eu amo ela demais !!!
na 1 pessoa do singular.
A ambiguidade normalmente indesejvel na comunicao unidirecional, Eu vi ela.
em particular na escrita, pois nem sempre possvel contactar o emissor da voc veja
mensagem para question-lo sobre sua inteno comunicativa original e Como cacofonias so muitas vezes cmicas, elas so algumas vezes
assim obter a interpretao correta da mensagem. usadas de propsito em certas piadas, trocadilhos e pegadinhas.
Barbarismo Plebesmo
Barbarismo, peregrinismo, idiotismo ou estrangeirismo (para os latinos O plebesmo normalmente utiliza palavras de baixo calo, grias e termos
qualquer estrangeiro era brbaro) o uso de palavra, expresso ou cons- considerados informais.
truo estrangeira no lugar de equivalente verncula. Exemplos:
De acordo com a lngua de origem, os estrangeirismos recebem diferentes
Ele era um tremendo man!
nomes:
T ferrado!
galicismo ou francesismo, quando provenientes do francs (de
Glia, antigo nome da Frana); T ligado nas quebradas, meu chapa?
anglicismo, quando do ingls; Esse bagulho radicaaaal!!! T ligado mano?
castelhanismo, quando vindos do espanhol; V pilmais tarde !!! Se ligou maluko ?
Ex: Por questes de etiqueta, convm evitar o uso de plebesmos em contextos
sociais que requeiram maior formalismo no tratamento comunicativo.
Mais penso, mais fico inteligente (galicismo; o mais adequado seria
quanto mais penso, (tanto) mais fico inteligente); Prolixidade
a exposio fastidiosa e intil de palavras ou argumentos e sua supera-
Comeu um roast-beef (anglicismo; o mais adequado seria comeu
bundncia. o excesso de palavras para exprimir poucas ideias. Ao texto
um rosbife);
prolixo falta objetividade, o qual quase sempre compromete a clareza e
Havia links para sua pgina (anglicismo; o mais adequado seria cansa o leitor.
Havia ligaes(ou vnculos) para sua pgina. A preveno prolixidade requer que se tenha ateno conciso e preci-
so da mensagem. Conciso a qualidade de dizer o mximo possvel com

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o mnimo de palavras. Preciso a qualidade de utilizar a palavra certa O papa Paulo VI pediu a paz.
para dizer exatamente o que se quer. Uma coliso pode ser remediada com a reestruturao sinttica da frase
Pleonasmo vicioso que a contm ou com a substituio de alguns termos ou expresses por
O pleonasmo uma figura de linguagem. Quando consiste numa redun- outras similares ou sinnimas.
dncia intil e desnecessria de significado em uma sentena, considera- Central de favoritos
do um vcio de linguagem. A esse tipo de pleonasmo chama- Esta matria eu retirei da Wikipdia
mos pleonasmo vicioso.
Ex: NORMA CULTA E POPULAR
Ele vai ser o protagonista principal da pea. (Um protagonista , A linguagem humana pode ser compreendida em dois termos especficos
necessariamente, a personagem principal) mais conhecidos como NORMA CULTA E NORMA POPULAR. Como o
Meninos, entrem j para dentro! (O verbo entrar j exprime ideia prprio nome j define, no primeiro caso, bem entendida como NORMA
de ir para dentro) CULTA, entende-se o modo correto, bonito, certo de uma pessoa se ex-
pressar, usando os termos mais sofisticados e quase chegando perfeio,
Estou subindo para cima. (O verbo subir j exprime ideia de ir omitindo, consequentemente o uso de grias e termos chulos da lngua
para cima) me, ptria, ou no caso do Brasil, lngua portuguesa. Por outro lado, tam-
No deixe de comparecer pessoalmente. ( impossvel compare- bm como o prprio termo j expressa, a NORMA POPULAR (a linguagem
cer a algum lugar de outra forma que no pessoalmente) do povo) no se esmera e muito menos se preocupa em falar, exibir como a
Meio-ambiente o meio em que vivemos = o ambiente em que anterior, isto , a considerada CULTA, e sim fala conforme o sentimento do
vivemos. povo, o uso comum, de maneira simples, inclusive apresentando diversos
tipos de erros de concordncia gramatical, o que, sem dvida, passa total-
No pleonasmo: mente despercebido pela pessoa que a ouve, sendo consequentemente da
As palavras so de baixo calo. Palavras podem ser de baixo ou de mesma estirpe e condio social, diga-se de passagem. Tudo isto sem falar
alto calo. nas apelaes, grias e termos chulos proferidos pela a grande maioria das
O pleonasmo nem sempre um vcio de linguagem, mesmo para os exem- pessoas.
plos supra citados, a depender do contexto. Em certos contextos, ele um Em ambos os casos, como so ambientes distintos, tanto a NORMA CUL-
recurso que pode ser til para se fornecer nfase a determinado aspecto da TA quanto a NORMA POPULAR so entendidas, respectivamente, cada
mensagem. uma dentro dos seus parmetros, do seu contexto. As palavras CERTO e
Especialmente em contextos literrios, musicais e retricos, um pleonasmo ERRADO, sendo assim, ficam em segundo plano. Pois se for colocar na
bem colocado pode causar uma reao notvel nos receptores (como a berlinda ou na balana, numa anlise mais abrangente, estes dois tipos de
gerao de uma frase de efeito ou mesmo o humor proposital). A maestria linguagem, constatar-se- um grande paradoxo: como um povo pode se
no uso do pleonasmo para que ele atinja o efeito desejado no receptor expressar de duas maneiras distintas, falando o mesmo idiomas? Pergunta-
depende fortemente do desenvolvimento da capacidade de interpretao r o turista incauto que tanto se esforou para aprender os termos bsicos
textual do emissor. Na dvida, melhor que seja evitado para no se da lngua portuguesa e chegando aqui, dependendo do lugar que for,
incorrer acidentalmente em um uso vicioso. ficarar, desculpe a comparao popular, mais perdido do que cachorro em
dia de mudana!... E a celeuma pode perdurar ao longo da convivncia
Solecismo
diria, indagando com perguntas do tipo: quem est certo ou errado? Ora,
Solecismo uma inadequao na estrutura sinttica da frase com relao turista das Arbias, voc no sabia: Ambas categorias esto certas ou
gramtica normativa do idioma. H trs tipos de solecismo: erradas, conforme o lugar ou a hora em que estiverem se confabulando.
De concordncia: Talvez voc desconhea totalmente que papo de botequim, de bar uma
Fazem trs anos que no vou ao mdico. (Faz trs anos que no coisa e dilogo, conversa numa Academia Brasileira de Letras outro bem
vou ao mdico.) diferente. S que,no se esquea: a mesma e nica Lngua Portuguesa
que esto falando. O imprescidvel mesmo que cada um entenda bem o
Aluga-se salas nesse edifcio. (Alugam-se salas nesse edifcio.) que o ouro est querendo dizer. Se fingir que entende ser problema exclu-
De regncia: sivo de quem agir assim. Neste momento sempre bom ser sincero. Qual-
Ontem eu assisti um filme de poca. (Ontem eu assisti a um filme de quer dvida, no tenha vergonha de dizer: "desculpe-me, no entendi o que
poca.) voc est querendo dizer!". Ou se preferir pode at dizer mesmo : "Excuse-
De colocao: me ou I'm sorry. I don't understand" ou algo parecido. Pois sempre se
encontra aqui no Brasil alguma pessoa que aprecia o ingls, agora se fala
Me empresta um lpis, por favor. (Empresta-me um lpis, por favor.) fluentemente, a so outros quinhentos...Olha a NORMA POPULAR finali-
Me parece que ela ficou contente. (Parece-me que ela ficou conten- zando...
te.) Joo Bosco de Andrade Arajo
Eu no respondi-lhe nada do que perguntou. (Eu no lhe respondi
nada do que perguntou.)
Eco QUESTES DE CONCURSOS ANTERIORES:
O Eco vem a ser a prpria rima que ocorre quando h na frase termina- exerccios de Interpretao de texto
es iguais ou semelhantes, provocando dissonncia.
Falar em desenvolvimento pensar em alimento, sade e educa- Leia o texto para responder s prximas 3 questes.
o.
Sobre os perigos da leitura
O aluno repetente mente alegremente. Nos tempos em que eu era professor da Unicamp, fui designado presidente
O presidente tinha dor de dente constantemente. da comisso encarregada da seleo dos candidatos ao doutoramento, o
Coliso que um sofrimento. Dizer esse entra, esse no entra uma responsabili-
O uso de uma mesma vogal ou consoante em vrias palavras denomina- dade dolorida da qual no se sai sem sentimentos de culpa. Como, em 20
do aliterao. Aliteraes so preciosos recursos estilsticos quando usados minutos de conversa, decidir sobre a vida de uma pessoa amedrontada?
com a inteno de se atingir efeito literrio ou para atrair a ateno do Mas no havia alternativas. Essa era a regra. Os candidatos amontoavam-
receptor. Entretanto, quando seus usos no so intencionais ou quando se no corredor recordando o que haviam lido da imensa lista de livros cuja
causam um efeito estilstico ruim ao receptor da mensagem, a aliterao leitura era exigida. A tive uma ideia que julguei brilhante. Combinei com os
torna-se um vcio de linguagem e recebe nesse contexto o nome meus colegas que faramos a todos os candidatos uma nica pergunta, a
de coliso. Exemplos: mesma pergunta. Assim, quando o candidato entrava trmulo e se esfor-
Eram comunidades camponesas com cultivos coletivos.

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ando por parecer confiante, eu lhe fazia a pergunta, a mais deliciosa de (D) ensasta.
todas: Fale-nos sobre aquilo que voc gostaria de falar!. [...] (E) psiclogo.
A reao dos candidatos, no entanto, no foi a esperada. Aconteceu o
oposto: pnico. Foi como se esse campo, aquilo sobre o que eles gostariam (TJ/SP 2010 VUNESP) 6 - A expresso ch de cadeira, no texto, tem o
de falar, lhes fosse totalmente desconhecido, um vazio imenso. Papaguear significado de
os pensamentos dos outros, tudo bem. Para isso, eles haviam sido treina- (A) bebida feita com derivado de pinho.
dos durante toda a sua carreira escolar, a partir da infncia. Mas falar sobre (B) ausncia de convite para danar.
os prprios pensamentos ah, isso no lhes tinha sido ensinado! (C) longa espera para conseguir assento.
Na verdade, nunca lhes havia passado pela cabea que algum pudesse (D) ficar sentado esperando o ch.
se interessar por aquilo que estavam pensando. Nunca lhes havia passado (E) longa espera em diferentes situaes.
pela cabea que os seus pensamentos pudessem ser importantes.
(Rubem Alves, www.cuidardoser.com.br. Adaptado) Leia o texto para responder s prximas 4 questes.

(TJ/SP 2010 VUNESP) 1 - De acordo com o texto, os candidatos


(A) no tinham assimilado suas leituras.
(B) s conheciam o pensamento alheio.
(C) tinham projetos de pesquisa deficientes.
(D) tinham perfeito autocontrole.
(E) ficavam em fila, esperando a vez.

(TJ/SP 2010 VUNESP) 2 - O autor entende que os candidatos deveriam


(A) ter opinies prprias.
(B) ler os textos requeridos.
(C) no ter treinamento escolar.
(D) refletir sobre o vazio.
(E) ter mais equilbrio.

(TJ/SP 2010 VUNESP) 3 - A expresso um vazio imenso (3. pargra-


fo) refere-se a
(A) candidatos.
(B) pnico.
(C) eles.
(D) reao.
(E) esse campo.

Leia o texto para responder s prximas 3 questes.


No fim da dcada de 90, atormentado pelos chs de cadeira que enfrentou Zelosa com sua imagem, a empresa multinacional Gillette retirou a bola da
no Brasil, Levine resolveu fazer um levantamento em grandes cidades de mo, em uma das suas publicidades, do atacante francs Thierry Henry,
31 pases para descobrir como diferentes culturas lidam com a questo do garoto-propaganda da marca com quem tem um contrato de 8,4 milhes de
tempo. A concluso foi que os brasileiros esto entre os povos mais atrasa- dlares anuais. A jogada previne os efeitos desastrosos para vendas de
dos do ponto de vista temporal, bem entendido do mundo. Foram seus produtos, depois que o jogador trapaceou, tocando e controlando a
analisadas a velocidade com que as pessoas percorrem determinada bola com a mo, para ajudar no gol que classificou a Frana para a Copa
distncia a p no centro da cidade, o nmero de relgios corretamente do Mundo de 2010. (...)
ajustados e a eficincia dos correios. Os brasileiros pontuaram muito mal Na Frana, onde 8 em cada dez franceses reprovam o gesto irregular,
nos dois primeiros quesitos. No ranking geral, os suos ocupam o primeiro Thierry aparece com a mo no bolso. Os publicitrios franceses acham que
lugar. O pas dos relgios , portanto, o que tem o povo mais pontual. J as o gato subiu no telhado. A Gillette prepara o rompimento do contrato. O
oito ltimas posies no ranking so ocupadas por pases pobres. servio de comunicao da gigante Procter & Gamble, proprietria da
O estudo de Robert Levine associa a administrao do tempo aos traos Gillette, diz que no.
culturais de um pas. Nos Estados Unidos, por exemplo, a ideia de que Em todo caso, a empresa gostaria que o jogo fosse refeito, que a trapaa
tempo dinheiro tem um alto valor cultural. Os brasileiros, em comparao, no tivesse acontecido. Na impossibilidade, refez o que est ao seu alcan-
do mais importncia s relaes sociais e so mais dispostos a perdoar ce, sua publicidade.
atrasos, diz o psiclogo. Uma srie de entrevistas com cariocas, por Segundo lista da revista Forbes, Thierry Henry o terceiro jogador de
exemplo, revelou que a maioria considera aceitvel que um convidado futebol que mais lucra com a publicidade seus contratos somam 28
chegue mais de duas horas depois do combinado a uma festa de anivers- milhes de dlares anuais. (...)
rio. Pode-se argumentar que os brasileiros so obrigados a ser mais flex- (Veja, 02.11.2009. Adaptado)
veis com os horrios porque a infraestrutura no ajuda. Como ser pontual
se o trnsito um pesadelo e no se pode confiar no transporte pblico? (TJ/SP 2010 VUNESP) 7 - A palavra jogada, em A jogada previne os
(Veja, 02.12.2009) efeitos desastrosos para venda de seus produtos... refere-se ao fato de

(TJ/SP 2010 VUNESP) 4 - De acordo com o texto, os brasileiros so (A) Thierry Henry ter dado um passe com a mo para o gol da Frana.
piores do que outros povos em (B) a Gillette ter modificado a publicidade do futebolista francs.
(A) eficincia de correios e andar a p. (C) a Gillete no concordar com que a Frana dispute a Copa do Mundo.
(B) ajuste de relgios e andar a p. (D) Thierry Henry ganhar 8,4 milhes de dlares anuais com a propaganda.
(C) marcar compromissos fora de hora. (E) a FIFA no ter cancelado o jogo em que a Frana se classificou.
(D) criar desculpas para atrasos.
(E) dar satisfaes por atrasos. (TJ/SP 2010 VUNESP) 8 - A expresso o gato subiu no telhado parte
de uma conhecida anedota em que uma mulher, depois de contar abrupta-
(TJ/SP 2010 VUNESP) 5 - Pondo foco no processo de coeso textual mente ao marido que seu gato tinha morrido, advertida de que deveria ter
do 2. pargrafo, pode-se concluir que Levine um dito isso aos poucos: primeiramente, que o gato tinha subido no telhado,
(A) jornalista. depois, que tinha cado e, depois, que tinha morrido. No texto em questo,
(B) economista. a expresso pode ser interpretada da seguinte maneira:
(C) cronometrista.

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(A) foi com a mo do gato que Thierry assegurou a classificao da Fran- (D) Usar a internet estimula funes cerebrais, pelas facilidades de percep-
a. o e de domnio de assuntos diversificados e de formatos diferenciados de
(B) Thierry era um bom jogador antes de ter agido com m f. textos, que permitem uma leitura dinmica e de acordo com o interesse do
(C) a Gillette j cortou, de fato, o contrato com o jogador francs. usurio.
(D) a Fifa reprovou amplamente a atitude antiesportiva de Thierry Henry. (E) O novo livro de Nicholas Carr, a ser publicado, desperta a curiosidade
(E) a situao de Thierry, como garoto-propaganda da Gillette, ficou inst- do leitor pelo tratamento ficcional que seu autor aplica a situaes concre-
vel. tas do funcionamento do crebro, trazidas pelo uso disseminado da inter-
net.
(TJ/SP 2010 VUNESP) 9 - A expresso diz que no, no final do 2.
pargrafo, significa que (MP/RS 2010 FCC) 12 - Curiosamente, no caso da internet, os verda-
deiros fundamentos cientficos deveriam, sim, provocar reaes muito
(A) a Procter & Gamble nega o rompimento do contrato. estridentes. O autor, para embasar a opinio exposta no 2o pargrafo,
(B) o jogo em que a Frana se classificou deve ser refeito. (A) se vale da enorme projeo conferida ao pesquisador antes citado,
(C) a repercusso na Frana foi bastante negativa. ironicamente oferecida pela prpria internet, em seu website.
(D) a Procter & Gamble proprietria da Gillette. (B) apoia-se nas concluses de Nicholas Carr, baseadas em dezenas de
(E) os publicitrios franceses se opem a Thierry. estudos cientficos sobre o funcionamento do crebro humano.
(C) condena, desde o incio, as novas tecnologias, cujo uso indiscriminado
(TJ/SP 2010 VUNESP) 10 - Segundo a revista Forbes, vemprovocando danos em partes do crebro.
(A) Thierry dever perder muito dinheiro daqui para frente. (D) considera, como base inicial de constatao a respeito do uso da inter-
(B) h trs jogadores que faturam mais que Thierry em publicidade. net, que ela nos torna menos sensveis a sentimentos como compaixo e
(C) o jogador francs possui contratos publicitrios milionrios. piedade.
(D) o ganho de Thierry, somado publicidade, ultrapassa 28 milhes. (E) questiona a ausncia de fundamentos cientficos que, no caso da inter-
(E) um absurdo o que o jogador ganha com o futebol e a publicidade. net, [...]deveriam, sim, provocar reaes muito estridentes.

As 2 questes a seguir baseiam-se no texto abaixo. As 2 questes a seguir baseiam-se no texto abaixo.
Em 2008, Nicholas Carr assinou, na revista The Atlantic, o polmico artigo
"Estar o Google nos tornando estpidos?" O texto ganhou a capa da Tambm nas cidades de porte mdio, localizadas nas vizinhanas das
revista e, desde sua publicao, encontra-se entre os mais lidos de seu regies metropolitanas do Sudeste e do Sul do pas, as pessoas tendem
website. O autor nos brinda agora com The Shallows: What the internet is cada vez mais a optar pelo carro para seus deslocamentos dirios, como
doing with our brains, um livro instrutivo e provocativo, que dosa lingua- mostram dados do Departamento Nacional de Trnsito. Em consequncia,
gem fluida com a melhor tradio dos livros de disseminao cientfica. congestionamentos, acidentes, poluio e altos custos de manuteno da
Novas tecnologias costumam provocar incerteza e medo. As reaes mais malha viria passaram a fazer parte da lista dos principais problemas
estridentes nem sempre tm fundamentos cientficos. Curiosamente, no desses municpios.
caso da internet, os verdadeiros fundamentos cientficos deveriam, sim, Cidades menores, com custo de vida menos elevado que o das capitais,
provocar reaes muito estridentes. Carr mergulha em dezenas de estudos baixo ndice de desemprego e poder aquisitivo mais alto, tiveram suas
cientficos sobre o funcionamento do crebro humano. Conclui que a inter- frotas aumentadas em progresso geomtrica nos ltimos anos. A facilida-
net est provocando danos em partes do crebro que constituem a base do de de crdito e a iseno de impostos so alguns dos elementos que tm
que entendemos como inteligncia, alm de nos tornar menos sensveis a colaborado para a realizao do sonho de ter um carro. E os brasileiros
sentimentos como compaixo e piedade. desses municpios passaram a utilizar seus carros at para percorrer curtas
O frenesi hipertextual da internet, com seus mltiplos e incessantes estmu- distncias, mesmo perdendo tempo em congestionamentos e apesar dos
los, adestra nossa habilidade de tomar pequenas decises. Saltamos textos alertas das autoridades sobre os danos provocados ao meio ambiente pelo
e imagens, traando um caminho errtico pelas pginas eletrnicas. No aumento da frota.
entanto, esse ganho se d custa da perda da capacidade de alimentar Alm disso, carro continua a ser sinnimo de status para milhes de brasi-
nossa memria de longa durao e estabelecer raciocnios mais sofistica- leiros de todas as regies. A sua necessidade vem muitas vezes em se-
dos. Carr menciona a dificuldade que muitos de ns, depois de anos de gundo lugar. H 35,3 milhes de veculos em todo o pas, um crescimento
exposio internet, agora experimentam diante de textos mais longos e de 66% nos ltimos nove anos. No por acaso oito Estados j registram
elaborados: as sensaes de impacincia e de sonolncia, com base em mais mortes por acidentes no trnsito do que por homicdios.
estudos cientficos sobre o impacto da internet no crebro humano. Segun- (O Estado de S. Paulo, Notas e Informaes, A3, 11 de setembro de 2010,
do o autor, quando navegamos na rede, "entramos em um ambiente que com adaptaes)
promove uma leitura apressada, rasa e distrada, e um aprendizado super-
ficial." (MP/RS 2010 FCC) 13 - No por acaso oito Estados j registram mais
A internet converteu-se em uma ferramenta poderosa para a transformao mortes por acidentes no trnsito do que por homicdios. A afirmativa final do
do nosso crebro e, quanto mais a utilizamos, estimulados pela carga texto surge como
gigantesca de informaes, imersos no mundo virtual, mais nossas mentes (A) constatao baseada no fato de que os brasileiros desejam possuir um
so afetadas. E no se trata apenas de pequenas alteraes, mas de carro, mas perdem muito tempo em congestionamentos.
mudanas substanciais fsicas e funcionais. Essa disperso da ateno (B) observao irnica quanto aos problemas decorrentes do aumento na
vem custa da capacidade de concentrao e de reflexo.(Thomaz Wood utilizao de carros, com danos provocados ao meio ambiente.
Jr. Carta capital, 27 de outubro de 2010, p. 72, com adaptaes) (C) comprovao de que a compra de um carro sinnimo de status e, por
isso, constitui o maior sonho de consumo do brasileiro.
(MP/RS 2010 FCC) 11 - O assunto do texto est corretamente resumi- (D) hiptese de que a vida nas cidades menores tem perdido qualidade,
do em: pois os brasileiros desses municpios passaram a utilizar seus carros at
(A) O uso da internet deveria motivar reaes contrrias de inmeros para percorrer curtas distncias.
especialistas, a exemplo de Nicholas Carr, que procura descobrir as cone- (E) concluso coerente com todo o desenvolvimento, a partir de um ttulo
xes entre raciocnio lgico e estudos cientficos sobre o funcionamento do que poderia ser: Carro, problema que se agrava.
crebro.
(B) O mundo virtual oferecido pela internet propicia o desenvolvimento de (MP/RS 2010 FCC) 14 - As ideias mais importantes contidas no 2o
diversas capacidades cerebrais em todos aqueles que se dedicam a essa pargrafo constam, com lgica e correo, de:
navegao, ainda pouco estudadas e explicitadas em termos cientficos. (A) A facilidade de crdito e a iseno de impostos so alguns elementos
(C) Segundo Nicholas Carr, o uso frequente da internet produz alteraes que tem colaborado para a realizao do sonho de ter um carro nas cida-
no funcionamento do crebro, pois estimula leituras superficiais e distra- des menores, e os brasileiros desses municpios passaram a utilizar seus
das, comprometendo a formulao de raciocnios mais sofisticados. carros para percorrer curtas distncias, alm dos congestionamentos e dos

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alertas das autoridades sobre os danos provocados ao meio ambiente pelo (B) a criao de um equipamento eletrnico com estrutura de vidro que
aumento da frota. evita a emisso de dixido de carbono na atmosfera.
(B) Cidades menores tiveram suas frotas aumentadas em progresso (C) o aumento na venda de celulares feitos com CarbonFree, depois que as
geomtrica nos ltimos anos em razo da facilidade de crdito e da iseno empresas nacionais se uniram fabricante taiwanesa.
de impostos, elementos que tm colaborado para a aquisio de carros que (D) o compromisso firmado entre a empresa Apple e consultoria Gartner
passaram a ser utilizados at mesmo para percorrer curtas distncias, Group para criar celulares sem o uso de carbono.
apesar dos congestionamentos e dos alertas das autoridades sobre os (E) a preocupao de algumas empresas em criarem aparelhos eletrnicos
danos provocados ao meio ambiente. que no agridam o meio ambiente.
(C) O menor custo de vida em cidades menores, com baixo ndice de
desemprego e poder aquisitivo mais alto, aumentaram suas frotas em (CREMESP 2011 - VUNESP) 16 - Em Computadores limpos fazem
progresso geomtrica nos ltimos anos, com a facilidade de crdito e a uma importante diferena no efeito estufa... a expresso entre aspas
iseno de impostos, que so alguns dos elementos que tm colaborado pode ser substituda, sem alterar o sentido no texto, por:
para a realizao do sonho dos brasileiros de ter um carro. (A) com material reciclado.
(D) nas cidades menores, com custo de vida menos elevado que o das (B) feitos com garrafas plsticas.
capitais, baixo ndice de desemprego e poder aquisitivo mais alto, que (C) com arquivos de bambu.
tiveram suas frotas aumentadas em progresso geomtrica nos ltimos (D) feitos com materiais retirados da natureza.
anos pela facilidade de crdito e a iseno de impostos so alguns dos (E) com teclado feito de alumnio.
elementos que tem colaborado para a realizao do sonho de ter um carro.
(E) Os brasileiros de cidades menores passaram at a percorrer curtas (CREMESP 2011 - VUNESP) 17 - A partir da leitura do texto, pode-se
distncias com seus carros, pela facilidade de crdito e a iseno de impos- concluir que
tos, que so elementos que tm colaborado para a realizao do sonho de (A) as pesquisas na rea de TI ainda esto em fase inicial.
t-los, e com custo de vida menos elevado que o das capitais, baixo ndice (B) os consumidores de eletrnicos no se preocupam com o material com
de desemprego e poder aquisitivo mais alto, tiveram suas frotas aumenta- que so feitos.
das em progresso geomtrica nos ltimos anos. (C) atualmente, a indstria de eletrnicos leva em conta o efeito estufa.
(D) os laptops feitos com fibra de bambu tm maior durabilidade.
(E) equipamentos ecologicamente corretos no tm um mercado de vendas
Leia o texto para responder s prximas 4 questes. assegurado.

Os eletrnicos verdes (CREMESP 2011 - VUNESP) 18 - O presidente da Apple, Steve Jobs,


(A) preocupa-se com o carbono emitido na fabricao de produtos eletrni-
Vai bem a convivncia entre a indstria de eletrnica e aquilo que politi- cos.
camente correto na rea ambiental. seguindo essa trilha verde que a (B) pesquisa acerca do uso de bambu em teclados de laptops.
Motorola anunciou o primeiro celular do mundo feito de garrafas plsticas (C) descobriu que impressoras cujos cartuchos so de borra de ch no
recicladas. Ele se chama W233 Eco e tambm o primeiro telefone com duram muito.
certificado CarbonFree, que prev a compensao do carbono emitido na (D) responsabiliza a fabricao de celulares pelas emisses de dixido de
fabricao e distribuio de um produto. Se um celular pode ser feito de carbono no meio ambiente.
garrafas, por que no se produz um laptop a partir do bambu? Essa ideia (E) est de acordo com outras empresas a favor do uso de materiais reci-
ganhou corpo com a fabricante taiwanesa Asus: tratase do Eco Book que clveis em eletrnicos.
exibe revestimento de tiras dessa planta. Computadores limpos fazem
uma importante diferena no efeito estufa e para se ter uma noo do (CREMESP 2011 - VUNESP) 19 - No texto, o estudo realizado pela
impacto de sua produo e utilizao basta olhar o resultado de uma pes- Comunidade do Vale do Silcio
quisa da empresa americana de consultoria Gartner Group. Ela revela que (A) o primeiro passo para a implantao de laptops feitos com tiras de
a rea de TI (tecnologia da informao) j responsvel por 2% de todas bambu.
as emisses de dixido de carbono na atmosfera. (B) contribuir para que haja mais lucro nas empresas, com reduo de
Alm da pesquisa da Gartner, h um estudo realizado nos EUA pela Co- custos.
munidade do Vale do Silcio. Ele aponta que a inovao verde permitir (C) ainda est pesquisando acerca do uso de mercrio em eletrnicos.
adotar mais mquinas com o mesmo consumo de energia eltrica e reduzir (D) ser decisivo para evitar o efeito estufa na atmosfera.
os custos de oramento. Russel Hancock, executivo-chefe da Fundao da (E) permite a criao de uma impressora que funciona com energia mec-
Comunidade do Vale do Silcio, acredita que as tecnologias verdes tam- nica.
bm conquistaro espao pelo fato de que, atualmente, conta pontos junto
ao consumidor ter-se uma imagem de empresa sustentvel. Leia o texto para responder questo a seguir.
O estudo da Comunidade chegou s mos do presidente da Apple, Steve
Jobs, e o fez render-se s propostas do ecologicamente correto ele era Quanto veneno tem nossa comida?
duramente criticado porque dava aval utilizao de mercrio, altamente Desde que os pesticidas sintticos comearam a ser produzidos em larga
prejudicial ao meio ambiente, na produo de seus iPods e laptops. Preo- escala, na dcada de 1940, h dvidas sobre o perigo para a sade huma-
cupado em no perder espao, Jobs lanou a nova linha do Macbook Pro na. No campo, em contato direto com agrotxicos, alguns trabalhadores
com estrutura de vidro e alumnio, tudo reciclvel. E a RITI Coffee Printer rurais apresentaram intoxicaes srias. Para avaliar o risco de gente que
chegou sofisticao de criar uma impressora que, em vez de tinta, se vale apenas consome os alimentos, cientistas costumam fazer testes com ratos
de borra de caf ou de ch no processo de impresso. Basta que se colo- e ces, alimentados com doses altas desses venenos. A partir do resultado
que a folha de papel no local indicado e se despeje a borra de caf no desses testes e da anlise de alimentos in natura (para determinar o grau
cartucho o equipamento no ligado em tomada e sua energia provm de resduos do pesticida na comida), a Agncia Nacional de Vigilncia
de ao mecnica transformada em energia eltrica a partir de um gerador. Sanitria (Anvisa) estabelece os valores mximos de uso dos agrotxicos
Se pensarmos em quantos cafezinhos so tomados diariamente em gran- para cada cultura. Esses valores tm sido desrespeitados, segundo as
des empresas, d para satisfazer perfeitamente a demanda da impressora. amostras da Anvisa. Alguns alimentos tm excesso de resduos, outros tm
(Luciana Sgarbi, Revista poca, 22.09.2009. Adaptado) resduos de agrotxicos que nem deveriam estar l. Esses excessos,
isoladamente, no so to prejudiciais, porque em geral no ultrapassam
(CREMESP 2011 - VUNESP) 15 - Leia o trecho: Vai bem a convivncia os limites que o corpo humano aguenta. O maior problema que eles se
entre a indstria de eletrnica e aquilo que politicamente correto na rea somam ningum come apenas um tipo de alimento.(Francine Lima,
ambiental. correto afirmar que a frase inicial do texto pode ser interpreta- Revista poca, 09.08.2010)
da como
(A) a unio das empresas Motorola e RITI Coffee Printer para criar um (CREMESP 2011 - VUNESP) 20 - Com a leitura do texto, pode-se afir-
novo celular com fibra de bambu. mar que

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(A) segundo testes feitos em animais, os agrotxicos causam intoxicaes. ENCONTROS VOCLICOS
(B) a produo em larga escala de pesticidas sintticos tem ocasionado A sequncia de duas ou trs vogais em uma palavra, damos o nome de
doenas incurveis. encontro voclico.
(C) as pessoas que ingerem resduos de agrotxicos so mais propensas a Ex.: cooperativa
terem doenas de estmago.
(D) os resduos de agrotxicos nos alimentos podem causar danos ao Trs so os encontros voclicos: ditongo, tritongo, hiato
organismo.
(E) os cientistas descobriram que os alimentos in natura tm menos res- DITONGO
duos de agrotxicos. a combinao de uma vogal + uma semivogal ou vice-versa.
http://www.gramatiquice.com.br/2011/02/exercicios-interpretacao-de-texto- Dividem-se em:
ii_02.html - orais: pai, fui
- nasais: me, bem, po
RESPOSTAS - decrescentes: (vogal + semivogal) meu, riu, di
01. B 11. C - crescentes: (semivogal + vogal) ptria, vcuo
02. A 12. B
03. E 13. E TRITONGO (semivogal + vogal + semivogal)
04. B 14. B Ex.: Pa-ra-guai, U-ru-guai, Ja-ce-guai, sa-guo, quo, iguais, mnguam
05. E 15. E
06. E 16. A HIATO
07. B 17. C o encontro de duas vogais que se pronunciam separadamente, em du-
08. E 18. E as diferentes emisses de voz.
09. A 19. B Ex.: fa-s-ca, sa--de, do-er, a-or-ta, po-di-a, ci--me, po-ei-ra, cru-el, ju--
10. C 20. D zo

SLABA
FONTICA E FONOLOGIA D-se o nome de slaba ao fonema ou grupo de fonemas pronunciados
numa s emisso de voz.
Em sentido mais elementar, a Fontica o estudo dos sons ou dos fo-
nemas, entendendo-se por fonemas os sons emitidos pela voz humana, os Quanto ao nmero de slabas, o vocbulo classifica-se em:
quais caracterizam a oposio entre os vocbulos. Monosslabo - possui uma s slaba: p, mel, f, sol.
Ex.: em pato e bato o som inicial das consoantes p- e b- que ope entre Disslabo - possui duas slabas: ca-sa, me-sa, pom-bo.
si as duas palavras. Tal som recebe a denominao de FONEMA. Trisslabo - possui trs slabas: Cam-pi-nas, ci-da-de, a-tle-ta.
Quando proferimos a palavra aflito, por exemplo, emitimos trs slabas e Polisslabo - possui mais de trs slabas: es-co-la-ri-da-de, hos-pi-ta-
seis fonemas: a-fli-to. Percebemos que numa slaba pode haver um ou mais li-da-de.
fonemas.
No sistema fontica do portugus do Brasil h, aproximadamente, 33 fo- TONICIDADE
nemas. Nas palavras com mais de uma slaba, sempre existe uma slaba que se
importante no confundir letra com fonema. Fonema som, letra o pronuncia com mais fora do que as outras: a slaba tnica.
sinal grfico que representa o som. Exs.: em l-gri-ma, a slaba tnica l; em ca-der-no, der; em A-ma-p,
p.
Vejamos alguns exemplos:
Manh 5 letras e quatro fonemas: m / a / nh / Considerando-se a posio da slaba tnica, classificam-se as palavras
Txi 4 letras e 5 fonemas: t / a / k / s / i em:
Corre letras: 5: fonemas: 4 Oxtonas - quando a tnica a ltima slaba: Pa-ra-n, sa-bor, do-
Hora letras: 4: fonemas: 3 mi-n.
Aquela letras: 6: fonemas: 5 Paroxtonas - quando a tnica a penltima slaba: mr-tir, ca-r-
Guerra letras: 6: fonemas: 4 ter, a-m-vel, qua-dro.
Fixo letras: 4: fonemas: 5 Proparoxtonas - quando a tnica a antepenltima slaba: -mi-do,
Hoje 4 letras e 3 fonemas c-li-ce, ' s-fre-go, ps-se-go, l-gri-ma.
Canto 5 letras e 4 fonemas
Tempo 5 letras e 4 fonemas ENCONTROS CONSONANTAIS
Campo 5 letras e 4 fonemas a sequncia de dois ou mais fonemas consonnticos num vocbulo.
Chuva 5 letras e 4 fonemas Ex.: atleta, brado, creme, digno etc.

LETRA - a representao grfica, a representao escrita, de um DGRAFOS


determinado som. So duas letras que representam um s fonema, sendo uma grafia com-
posta para um som simples.
CLASSIFICAO DOS FONEMAS
H os seguintes dgrafos:
1) Os terminados em h, representados pelos grupos ch, lh, nh.
VOGAIS
Exs.: chave, malha, ninho.
a, e, i, o, u 2) Os constitudos de letras dobradas, representados pelos grupos rr e
A E I O U
ss.
Exs. : carro, pssaro.
SEMIVOGAIS
3) Os grupos gu, qu, sc, s, xc, xs.
S h duas semivogais: i e u, quando se incorporam vogal numa
Exs.: guerra, quilo, nascer, cresa, exceto, exsurgir.
mesma slaba da palavra, formando um ditongo ou tritongo. Exs.: cai-a-ra, te-
4) As vogais nasais em que a nasalidade indicada por m ou n, encer-
sou-ro, Pa-ra-guai.
rando a slaba em uma palavra.
Exs.: pom-ba, cam-po, on-de, can-to, man-to.
CONSOANTES
NOTAES LXICAS
B Cb,
D c,
F Gd,Hf,Jg,K h,
L j,
M l,N m,
K Pn,Rp,Sq,T r,
V s,
X t,Z v,
Y x,
Wz
So certos sinais grficos que se juntam s letras, geralmente para lhes

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dar um valor fontico especial e permitir a correta pronncia das palavras. 4. Acentuamos as vogais I e U dos hiatos, quando:

So os seguintes:
1) o acento agudo indica vogal tnica aberta: p, av, lgrimas; Formarem slabas sozinhos ou com S
2) o acento circunflexo indica vogal tnica fechada: av, ms, nco-
ra; Ex. Ju--zo, Lu-s, ca-fe--na, ra--zes, sa--da, e-go-s-ta.
3) o acento grave sinal indicador de crase: ir cidade; IMPORTANTE
4) o til indica vogal nasal: l, m;
Por que no acentuamos ba-i-nha, fei-u-ra, ru-im, ca-ir, Ra-ul, se
5) a cedilha d ao c o som de ss: moa, lao, aude;
6) o apstrofo indica supresso de vogal: me-dgua, pau-dalho; todos so i e u tnicas, portanto hiatos?
o hfen une palavras, prefixos, etc.: arcos-ris, peo-lhe, ex-aluno. Porque o i tnico de bainha vem seguido de NH. O u e o i tnicos de
ruim, cair e Raul formam slabas com m, r e l respectivamente.
Acentuao Grfica Essas consoantes j soam forte por natureza, tornando naturalmente a
QUANTO POSIO DA SLABA TNICA
slaba tnica, sem precisar de acento que reforce isso.
5. Trema
1. Acentuam-se as oxtonas terminadas em A, E, O, seguidas ou no No se usa mais o trema em palavras da lngua portuguesa. Ele s vai
de S, inclusive as formas verbais quando seguidas permanecer em nomes prprios e seus derivados, de origem estrangeira,
de LO(s) ou LA(s). Tambm recebem acento as oxtonas terminadas como Bndchen, Mller, mlleriano (neste caso, o l-se i)
em ditongos abertos, como I, U, I, seguidos ou no de S 6. Acento Diferencial
O acento diferencial permanece nas palavras:
Ex. pde (passado), pode (presente)
pr (verbo), por (preposio)
Ch Ms ns Nas formas verbais, cuja finalidade determinar se a 3 pessoa do verbo
Gs Sap cip est no singular ou plural:
Dar Caf avs SINGULAR PLURAL
Par Vocs comps Ele tem Eles tm
vatap pontaps s
Ele vem Eles vm
Alis portugus rob
d-lo v-lo av Essa regra se aplica a todos os verbos derivados de ter e vir, como:
recuper-los Conhec-los p-los conter, manter, intervir, deter, sobrevir, reter, etc.
guard-la F comp-los
ris (moeda) Vu di Novo Acordo Ortogrfico Descomplicado
mis cu mi
Trema
pastis Chapus anzis
No se usa mais o trema, salvo em nomes prprios e seus derivados.
ningum parabns Jerusalm
Acento diferencial
Resumindo: No preciso usar o acento diferencial para distinguir:

S no acentuamos oxtonas terminadas em I ou U, a no ser que seja 1. Para (verbo) de para (preposio)
um caso de hiato. Por exemplo: as palavras ba, a, Esa e atra-lo
so acentuadas porque as vogais i e u esto tnicas nestas palavras.
Esse carro velho para em toda esquina.
Estarei voltando para casa daqui a uma hora.
2. Acentuamos as palavras paroxtonas quando terminadas em:
1. Pela, pelo (verbo pelar) de pela, pelo (preposio + artigo) e pelo
L afvel, fcil, cnsul, desejvel, gil, incrvel. (substantivo)
N plen, abdmen, smen, abdmen. 2. Polo (substantivo) de polo (combinao antiga e popular de por
R cncer, carter, nctar, reprter. e lo).
X trax, ltex, nix, fnix. 3. pera (fruta) de pera (preposio arcaica).
PS frceps, Quops, bceps.
(S) m, rfs, ms, Blcs.
A pronncia ou categoria gramatical dessas palavras dar-se- mediante o
O(S) rgo, bno, sto, rfo.
contexto.
I(S) jri, txi, lpis, grtis, osis, miostis.
Acento agudo
ON(S) nilon, prton, eltrons, cnon.
Ditongos abertos ei, oi
UM(S) lbum, frum, mdium, lbuns.
No se usa mais acento nos ditongos ABERTOS ei, oi quando estiverem
US nus, bnus, vrus, Vnus.
na penltima slaba.
He-roi-co ji-boi-a
Tambm acentuamos as paroxtonas terminadas em ditongos crescentes As-sem-blei-a i-dei-a
(semivogal+vogal): Pa-ra-noi-co joi-a
Nvoa, infncia, tnue, calvcie, srie, polcia, residncia, frias, lrio. OBS. S vamos acentuar essas letras quando vierem na ltima slaba e se
3. Todas as proparoxtonas so acentuadas. o som delas estiverem aberto.
Ex. Mxico, msica, mgico, lmpada, plido, plido, sndalo, crisntemo, Cu vu
pblico, proco, proparoxtona. Di heri
Chapu belelu
QUANTO CLASSIFICAO DOS ENCONTROS VOCLICOS Rei, dei, comeu, foi (som fechado sem acento)

Lngua Portuguesa 41
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No se recebem mais acento agudo as vogais tnicas I e U quando pr-histria
forem paroxtonas (penltima slaba forte) e precedidas de ditongo. anti-higinico
feiura baiuca sub-heptico
cheiinho saiinha super-homem
boiuno
No devemos mais acentuar o U tnico os verbos dos grupos GUE/GUI Ento, letras IGUAIS, SEPARA. Letras DIFERENTES, JUNTA.
e QUE/QUI. Por isso, esses verbos sero grafados da seguinte maneira: Anti-inflamatrio neoliberalismo
Averiguo (leia-se a-ve-ri-gu-o, pois o U tem som forte) Supra-auricular extraoficial
Arguo apazigue Arqui-inimigo semicrculo
Enxague arguem sub-bibliotecrio superintendente
Delinguo Quanto ao R e o S, se o prefixo terminar em vogal, a consoante dever
Acento Circunflexo ser dobrada:
No se acentuam mais as vogais dobradas EE e OO. suprarrenal (supra+renal) ultrassonografia (ultra+sonografia)
Creem veem minissaia antissptico
Deem releem contrarregra megassaia
Leem descreem Entretanto, se o prefixo terminar em consoante, no se unem de jeito
Voo perdoo nenhum.
enjoo
Outras dicas Sub-reino
H muito tempo a palavra coco fruto do coqueiro deixou de ser acen- ab-rogar
tuada. Entretanto, muitos alunos insistem em colocar o acento: Quero sob-roda
beber gua de cco.
Quem recebe acento coc palavra popularmente usada para se referir
ATENO!
a excremento.
Quando dois R ou S se encontrarem, permanece a regra geral: letras
Ento, a menos se que queira beber gua de fezes, melhor parar de
iguais, SEPARA.
colocar acento em coco.
super-requintado super-realista
Para verificar praticamente a necessidade de acentuao grfica, utilize o
inter-resistente
critrio das oposies:
Imagem armazm CONTINUAMOS A USAR O HFEN
Paroxtonas terminadas em M no levam acento, mas as oxtonas SIM. Diante dos prefixos ex-, sota-, soto-, vice- e vizo-:
Jovens provns Ex-diretor, Ex-hospedeira, Sota-piloto, Soto-mestre, Vice-presidente ,
Paroxtonas terminadas em ENS no levam acento, mas as oxtonas Vizo-rei
levam. Diante de ps-, pr- e pr-, quando TEM SOM FORTE E ACENTO.
til sutil ps-tnico, pr-escolar, pr-natal, pr-labore
Paroxtonas terminadas em L tm acento, mas as oxtonas no levam pr-africano, pr-europeu, ps-graduao
porque o L, o R e o Z deixam a slaba em que se encontram natural- Diante de pan-, circum-, quando juntos de vogais.
mente forte, no preciso um acento para reforar isso. Pan-americano, circum-escola
por isso que: as palavras rapaz, corao, Nobel, capataz, pastel, bom- OBS. Circunferncia junto, pois est diante da consoante F.
bom; verbos no infinitivo (terminam em ar, -er, -ir) doar, prover, consu- NOTA: Veja como fica estranha a pronncia se no usarmos o hfen:
mir so oxtonas e no precisam de acento. Quando terminarem do mesmo Exesposa, sotapiloto, panamericano, vicesuplente, circumescola.
jeito e forem paroxtonas, ento vo precisar de acento. ATENO!
No se usa o hfen diante de CO-, RE-, PRE (SEM ACENTO)
Uso do Hfen Coordenar reedio preestabelecer
Novo Acordo Ortogrfico Descomplicado (Parte V) Uso do Hfen Coordenao refazer preexistir
Coordenador reescrever prever
Tem se discutido muito a respeito do Novo Acordo Ortogrfico e a grande
Coobrigar relembrar
queixa entre os que usam a Lngua Portuguesa em sua modalidade escrita
Cooperao reutilizao
tem gerado em torno do seguinte questionamento: por que mudar uma
Cooperativa reelaborar
coisa que a gente demorou um tempo para aprender? Bom, para quem j
O ideal para memorizar essas regras, lembre-se, conhecer e usar pelo
dominava a antiga ortografia, realmente essa mudana foi uma chateao.
menos uma palavra de cada prefixo. Quando bater a dvida numa palavra,
Quem saiu se beneficiando foram os que esto comeando agora a adquirir
compare-a palavra que voc j sabe e escreva-a duas vezes: numa voc
o cdigo escrito, como os alunos do Ensino Fundamental I.
usa o hfen, na outra no. Qual a certa? Confie na sua memria! Uma delas
Se voc tem dificuldades em memorizar regras, intil estudar o Novo
vai te parecer mais familiar.
Acordo comparando o antes e o depois, feito revista de propaganda de
cosmticos. O ideal que as mudanas sejam compreendidas e gravadas REGRA GERAL (Resumindo)
na memria: para isso, preciso coloc-las em prtica. Letras iguais, separa com hfen(-).
No precisa mais quebrar a cabea: uso hfen ou no? Letras diferentes, junta.
Regra Geral O H no tem personalidade. Separa (-).
O R e o S, quando esto perto das vogais, so dobrados. Mas no se
A letra H uma letra sem personalidade, sem som. Em Helena, no
juntam com consoantes.
tem som; em Hollywood, tem som de R. Portanto, no deve aparecer http://www.infoescola.com/portugues/novo-acordo-ortografico-
encostado em prefixos: descomplicado-parte-i/
T

Lngua Portuguesa 42
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ORTOGRAFIA OFICIAL Escreve-se esa (com s):
1) nos seguintes substantivos cognatos de verbos terminados em ender:
defesa (defender), presa (prender)...
Quando utilizar: S, C, , X, CH, SS, SC... 2) nos substantivos femininos designativos de nobreza:
baronesa, marquesa, princesa
Representao do fonema /s/. 3) nas formas femininas dos adjetivos terminados em s:
O fonema /s/, conforme o caso, representa-se por: burguesa (de burgus)...
1) C,: 4) nas seguintes palavras femininas:
acetinado, aafro, almao, anoitecer, censura, cimento, dana, contoro, framboesa, indefesa, lesa, mesa, sobremesa, obesa, Teresa, tesa, turquesa
exceo, endereo, Iguau, maarico, maaroca, mao, macio, mianga, etc
muulmano, paoca, pana, pina, Sua etc.
2) S: Escreve-se eza nos substantivos femininos abstratos derivados de
nsia, ansiar, ansioso, ansiedade, cansar, cansado, descansar, descanso, adjetivos e denotando qualidade, estado, condio:
diverso, excurso, farsa, ganso, hortnsia, pretenso, pretensioso, pro- beleza (de belo), franqueza (de franco), pobreza (de pobre), leveza (de
penso, remorso, sebo, tenso, utenslio etc. leve)
3) SS:
acesso, acessrio, acessvel, assar, asseio, assinar, carrossel, cassino, Verbos em isar e izar
concesso, discusso, escassez, escasso, essencial, expresso, fracasso, Escreve-se isar (com s) quando o radical dos nomes correspondentes
impresso, massa, massagista, misso, necessrio, obsesso, opresso, termina em s. Se o radical no terminar em s, grafa-se izar (com z):
pssego, procisso, profisso, ressurreio, sessenta, sossegar, sossego, avisar (aviso+ar) anarquizar (anarquia+izar)
submisso, sucessivo etc.
4) SC,S Emprego do x
acrscimo, adolescente, ascenso, conscincia, consciente, crescer, cres- 1) Esta letra representa os seguintes fonemas:
o, cresa, descer, deso, desa, disciplina, discpulo, discernir, fascinar, /ch/ xarope, enxofre, vexame etc;
fascinante, florescer, imprescindvel, nscio, oscilar, piscina, ressuscitar, /cs/ sexo, ltex, lxico, txico etc;
seiscentos, suscetvel, suscetibilidade, suscitar, vscera /z/ exame, exlio, xodo etc;
5) X: /ss/ auxlio, mximo, prximo etc;
aproximar, auxiliar, auxlio, mximo prximo, proximidade, trouxe, /s/ sexto, texto, expectativa, extenso etc;
trouxer, trouxeram etc 2) No soa nos grupos internos xce e xci:
6) XC: exceo, exceder, excelente, excelso, excntrico, excessivo, excitar etc
exceo, excedente, exceder, excelncia, excelente, excelso, excntrico, 3) Grafam-se com x e no s:
excepcional, excesso, excessivo, exceto,excitar etc. expectativa, experiente, expiar (remir, pagar), expirar (morrer), expoente,
xtase, extrair, fnix, txtil, texto etc
Emprego de s com valor de z 4) Escreve-se x e no ch:
1) adjetivos com os sufixos oso, -osa: a) em geral, depois de ditongo:
teimoso, teimosa caixa, baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol, seixo etc
2) adjetivos ptrios com os sufixos s, -esa: Excetuam-se: recauchutar e recauchutagem
portugus, portuguesa b) geralmente, depois da slaba inicial em:
3) substantivos e adjetivos terminados em s, feminino esa: enxada, enxame...
burgus, burguesa Excetuam-se: encharcar (de charco), encher e seus derivados (enchente,
4) substantivos com os sufixos gregos esse, -isa, -ose: enchimento, preencher), enchova, enchumaar (de chumao), enfim, toda
diocese, poetisa, metamorfose vez que se trata do prefixo en+palavra iniciada por ch.
5) verbos derivados de palavras cujo radical termina em s: c) em vocbulos de origem indgena ou africana:
analisar (de anlise) abacaxi, xavante, caxambu (dana negra), orix, xar, maxixe etc
6) formas dos verbos pr e querer e de seus derivados: d) nas seguintes palavras: bexiga, bruxa, coaxar, faxina, praxe xarope,
pus, ps, pusemos, puseram, puser, comps, compusesse, impuser etc xaxim, xcara, xale, xingar, xampu.
quis, quisemos, quiseram, quiser, quisera, quisssemos etc
7) os seguintes nomes prprios personativos: Emprego do dgrafo ch
Ins, Isabel, Isaura, Lus, Queirs, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha. Escrevem-se com ch, entre outros, os seguintes vocbulos:
bucha, charque, chimarro, chuchu, cochilo, fachada, ficha, flecha, mecha,
Emprego da letra z mochila, pechincha, tocha.
1) os derivados em zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita:
cafezal, cafezeiro, cafezinho, avezinha, cozito, avezita etc Consoantes dobradas
2) os derivados de palavras cujo radical termina em z: 1) Nas palavras portuguesas s se duplicam as consoantes c, r, s.
cruzeiro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar, vazar, vazo (de vazio) etc 2) Escreve-se cc ou c quando as duas consoantes soam distintamente:
3) os verbos formados com o sufixo izar e palavras cognatas: convico, coco, frico faco, suco etc
fertilizar, fertilizante, civilizar, civilizao etc 3) Duplicam-se o r e o s em dois casos:
4) substantivos abstratos em eza, derivados de adjetivos e denotando a) Quando, intervoclicos, representam os fonemas /r/ forte e /s/ sibilante,
qualidade fsica ou moral: respectivamente:
pobreza (de pobre), limpeza (de limpo), frieza (de frio) etc carro, ferro, pssego, misso etc
5) as seguintes palavras: b) Quando a um elemento de composio terminado em vogal seguir, sem
azar, azeite, baliza, buzinar, bazar, chafariz, cicatriz, ojeriza, prezar, vizinho interposio do hfen, palavra comeada por r ou s:
arroxeado, correlao, pressupor, bissemanal, girassol, minissaia etc.
S ou Z ? http://www.tudosobreconcursos.com/
Sufixos s e ez
1) O sufixo s (latim ense) forma adjetivos (s vezes substantivos) deri- O fonema j:
vados de substantivos concretos:
monts (de monte) montanhs (de montanha) corts (de corte) Escreve-se com G e no com J:
2) O sufixo ez forma substantivos abstratos femininos derivados de adjeti-
vos: as palavras de origem grega ou rabe
aridez (de rido) acidez (de cido) rapidez (de rpido) Exemplos: tigela, girafa, gesso. estrangeirismo, cuja letra G originria.
Sufixos esa e eza Exemplos: sargento, gim.

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as terminaes: agem, igem, ugem, ege, oge (com poucas excees) metro), kg (quilograma), W (watt);
b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus deri-
vados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin,
Exemplos: imagem, vertigem, penugem, bege, foge. yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.
Observao Trema
Exceo: pajem as terminaes: gio, gio, gio, gio, ugio.
Exemplos: sufrgio, sortilgio, litgio, relgio, refgio. No se usa mais o trema (), sinal colocado sobre a letra u
para indicar que ela deve ser pronunciada nos gru-
os verbos terminados em ger e gir. pos gue, gui, que, qui.
Como era: agentar, argir, bilnge, cinqenta, delinqen-
te, eloqente,ensangentado, eqestre, freqente, lingeta,
Exemplos: eleger, mugir.
lingia, qinqnio, sagi,seqncia, seqestro, tranqilo,
depois da letra "r" com poucas excees. Como fica: aguentar, arguir, bilngue, cinquenta, delinquente,
eloquente, ensanguentado, equestre, frequente, lingueta,
linguia, quinqunio, sagui, sequncia, sequestro, tranquilo.
Exemplos: emergir, surgir. depois da letra a, desde que no seja radical
terminado com j. Ateno: o trema permanece apenas nas palavras estrangei-
Exemplos: gil, agente. ras e em suas derivadas. Exemplos: Mller, mlleriano.
Mudanas nas regras de acentuao
Escreve-se com J e no com G: 1. No se usa mais o acento dos ditongos abertos i e i das
as palavras de origem latinas palavras paroxtonas (palavras que tm acento tnico na
penltima slaba).
Exemplos: jeito, majestade, hoje. Como era: alcalide, alcatia, andride, apia, apio(verbo
as palavras de origem rabe, africana ou extica. apoiar), asteride, bia,celulide, clarabia, colmia, Coria,
debilide, epopia, estico, estria, estrio (verbo estrear),
gelia, herico, ideia, jibia, jia, odissia, parania, parani-
Exemplos: alforje, jibia, manjerona. co, platia, tramia.
Como fica: alcaloide, alcateia, androide apoia, apoio (verbo
as palavras terminada com aje.
apoiar), asteroide, boia, celuloide, claraboia, colmeia, Coreia,
debiloide, epopeia, estoico, estreia, estreio(verbo estrear),
Exemplos: laje, ultraje geleia, heroico, ideia, jiboia joia, odisseia, paranoia, paranoi-
co, plateia tramoia.
O fonema ch:
Ateno: essa regra vlida somente para palavras parox-
tonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxto-
nas terminadas em is, u, us, i, is.
Escreve-se com X e no com CH: Exemplos: papis, heri, heris, trofu, trofus.
as palavras de origem tupi, africana ou extica. 2. Nas palavras paroxtonas, no se usa mais o acento no i e
no u tnicos quando vierem depois de um ditongo.
Como era: baica, bocaiva, caula, feira.
Exemplo: abacaxi, muxoxo, xucro.
Como fica: baiuca, bocaiuva, cauila, feiura.
as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J). Ateno: se a palavra for oxtona e o i ou o u estiverem em
posio final (ou seguidos de s), o acento permanece.
Exemplos: tuiui, tuiuis, Piau.
Exemplos: xampu, lagartixa.
3. No se usa mais o acento das palavras terminadas
depois de ditongo. Exemplos: frouxo, feixe. depois de en. em em e o(s).
Como era: abeno, crem (verbo crer), dem (verbo dar),
Exemplos: enxurrada, enxoval do (verbo doar), enjo, lem (verbo ler),mago (verbo mago-
Observao: ar), perdo (verbo perdoar), povo (verbo povoar), vem
Exceo: quando a palavra de origem no derive de outra iniciada com ch - (verbo ver), vos, zo.
Cheio - (enchente) Como fica: abenoo creem (verbo crer), deem (verbo dar),
doo (verbo doar), enjoo, leem (verbo ler), magoo (verbo ma-
Escreve-se com CH e no com X: goar), perdoo (verbo perdoar), povoo (verbo povoar), veem
(verbo ver), voos, zoo.
as palavras de origem estrangeira
4. No se usa mais o acento que diferenciava os pa-
Exemplos: chave, chumbo, chassi, mochila, espadachim, chope, sanduche, res pra/para, pla(s)/ pe-
salsicha. la(s),plo(s)/pelo(s), plo(s)/polo(s) e pra/pera.
http://www.comoescreve.com/2013/02 Como era: Ele pra o carro. Ele foi ao ploNorte. Ele gosta
de jogar plo. Esse gato tem plos brancos. Comi uma pra.
GUIA PRTICO DA NOVA ORTOGRAFIA Como fica: Ele para o carro. Ele foi ao polo Norte. Ele gosta
de jogar polo. Esse gato tem pelos brancos. Comi uma pera.
Mudanas no alfabeto
Ateno: Permanece o acento diferencial em pde/pode.
O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as
Pde a forma do passado do verbo poder (pretrito perfeito
letras k, w e y.
do indicativo), na 3 pessoa do singular.
O alfabeto completo passa a ser: A B C D E F G H I J K L M
Pode a forma do presente do indicativo, na 3 pessoa do
N O P Q R S T U V WX Y Z
singular.
As letras k, w e y, que na verdade no tinham desaparecido
Exemplo: Ontem, ele no pde sair mais cedo, mas hoje ele
da maioria dos dicionrios da nossa lngua, so usadas em
pode.
vrias situaes.
Por exemplo: Permanece o acento diferencial em pr/por. Pr verbo. Por
a) na escrita de smbolos de unidades de medida: km (quil- preposio.

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Exemplo: Vou pr o livro na estante que foi feita por mim. coobrigao, coordenar, cooperar, cooperao, cooptar, coo-
Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural cupante etc.
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, 3. No se usa o hfen quando o prefixo termina em vogal e o
deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). segundo elemento comea por consoante diferente de r ou s.
Exemplos: Ele tem dois carros. / Eles tm dois carros. Ele Exemplos: anteprojeto, antipedaggico, autopea, autoprote-
vem de Sorocaba. / Eles vm de Sorocaba. Ele mantm a o, coproduo, geopoltica, microcomputador, pseudopro-
palavra. / Eles mantm a palavra. Ele convm aos estudantes. fessor, semicrculo, semideus, seminovo, ultramoderno.
/ Eles convm aos estudantes. Ele detm o poder. / Eles Ateno: com o prefixo vice, usa-se sempre o hfen.
detm o poder. Ele intervm em todas as aulas. / Eles inter- Exemplos: vice-rei, vice-almirante etc.
vm em todas as aulas.
4. No se usa o hfen quando o prefixo termina em vogal e o
facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as segundo elemento comea por r ou s. Nesse caso, duplicam-
palavras forma/ frma. Em alguns casos, o uso do acento se essas letras.
deixa a frase mais clara. Veja este exemplo: Qual a forma
da frma do bolo? Exemplos: antirrbico, antirracismo, antirreligioso, antirrugas,
antissocial, biorritmo, contrarregra, contrassenso, cosseno,
5. No se usa mais o acento agudo no u tnico das formas infrassom, microssistema, minissaia, multissecular, neorrea-
(tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicati- lismo, neossimbolista, semirreta, ultrarresistente, Ultrassom.
vo dos verbos arguir e redarguir.
5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hfen se o
6. H uma variao na pronncia dos verbos terminados segundo elemento comear pela mesma vogal.
em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar,
desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir, etc. Esses verbos Exemplos: anti-ibrico, anti-imperialista, anti-inflacionrio, anti-
admitem duas pronncias em algumas formas do presente do inflamatrio, auto-observao, contra-almirante, contra-atacar,
indicativo, do presente do subjuntivo e tambm do imperativo. contra-ataque micro-ondas micro-nibus semi-internato, semi-
interno.
Veja: a) se forem pronunciadas com a ou i tnicos, essas
formas devem ser acentuadas. 6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hfen se
o segundo elemento comear pela mesma consoante.
Exemplos:
verbo enxaguar: enxguo, enxguas, enxgua, enxguam; Exemplos: hiper-requintado, inter-racial, inter-regional, sub-
enxgue, enxgues, enxguem. bibliotecrio, super-racista, super-reacionrio, super-
verbo delinquir: delnquo, delnques, delnque, delnquem; resistente, super-romntico.
delnqua, delnquas, delnquam. Ateno: Nos demais casos no se usa o hfen.
b) se forem pronunciadas com u tnico, essas formas deixam Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante,
de ser acentuadas. superproteo.
Exemplos: (a vogal sublinhada tnica, isto , deve ser pro- Com o prefixo sub, usa-se o hfen tambm diante de palavra
nunciada mais fortemente que as outras): verbo enxaguar: iniciada por r: sub-regio, sub-raa etc.
enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxa- Com os prefixos circum e pan, usa-se o hfen diante de pala-
gues, enxaguem. verbo delinquir: delinquo, delinques, delin- vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegao, pan-
que, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam. americano etc.
Ateno: no Brasil, a pronncia mais corrente a primeira, 7. Quando o prefixo termina por consoante, no se usa o
aquela com a e i tnicos. hfen se o segundo elemento comear por vogal.
Uso do hfen Exemplos: hiperacidez, hiperativo, interescolar, interestadual,
Algumas regras do uso do hfen foram alteradas pelo novo interestelar, interestudantil, superamigo, superaquecimento,
Acordo. Mas, como se trata ainda de matria controvertida em supereconmico, superexigente, superinteressante, superoti-
muitos aspectos, para facilitar a compreenso dos leitores, mismo.
apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do 8. Com os prefi-
hfen com os prefixos mais comuns, assim como as novas xos ex, sem, alm, aqum, recm, ps, pr, pr, usa-se
orientaes estabelecidas pelo Acordo. As observaes a sempre o hfen.
seguir referem-se ao uso do hfen em palavras formadas por Exemplos: alm-mar, alm-tmulo, aqum-mar, ex-aluno, ex-
prefixos ou por elementos que podem funcionar como prefi- diretor, ex-hospedeiro, ex-prefeito, ex-presidente, ps-
xos, como: aero, agro, alm, ante, anti, aqum, arqui, auto, graduao, pr-histria, pr-vestibular, pr-europeu, recm-
circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, in- casado, recm-nascido, sem-terra.
fra, inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, 9. Deve-se usar o hfen com os sufixos de origem tupi-
ps, pr, pr, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, guarani: au, guau e mirim.
tele, ultra, vice, etc.
Exemplos: amor-guau, anaj-mirim, capim-au.
1. Com prefixos, usa-se sempre o hfen diante de palavra
iniciada por h. 10. Deve-se usar o hfen para ligar duas ou mais palavras que
ocasionalmente se combinam, formando no propriamente
Exemplos: anti-higinico, anti-histrico, co-herdeiro, macro- vocbulos, mas encadeamentos vocabulares.
histria, mini-hotel, proto-histria, sobre-humano, super-
Exemplos: ponte Rio-Niteri, eixo Rio-So Paulo.
homem, ultra-humano.
Exceo: subumano (nesse caso, a palavra humano perde 11. No se deve usar o hfen em certas palavras que perde-
o h). ram a noo de composio.
Exemplos: girassol, madressilva, mandachuva, paraquedas,
2. No se usa o hfen quando o prefixo termina em vogal
paraquedista, pontap.
diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento.
12. Para clareza grfica, se no final da linha a partio de uma
Exemplos: aeroespacial, agroindustrial, anteontem, antiareo,
palavra ou combinao de palavras coincidir com o hfen, ele
antieducativo, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada,
deve ser repetido na linha seguinte.
autoinstruo, coautor, coedio, extraescolar, infraestrutura,
plurianual, semiaberto, semianalfabeto, semiesfrico, semio- Exemplos: Na cidade, conta-se que ele foi viajar.
paco. O diretor recebeu os ex-alunos.
Exceo: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo Resumo
elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, Emprego do hfen com prefixos.

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Regra bsica - Sempre se usa o hfen diante de h: anti- Mas ou mais: dvidas de ortografia
higinico, super-homem.
Publicado por: Vnia Maria do Nascimento Duarte
Outros casos:
1. Prefixo terminado em vogal: Sem hfen diante de vogal
Mais ou mais? Onde ou aonde? Essas e outras expresses geralmente so
diferente: autoescola, antiareo.
alvo de questionamentos por parte dos usurios da lngua.
Sem hfen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto,
semicrculo.
Sem hfen diante de r e s. Falar e escrever bem, de modo que se atenda ao padro formal da lingua-
Dobram-se essas letras: antirracismo, antissocial, ultrassom. gem: eis um pressuposto do qual devemos nos valer mediante nossa
Com hfen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro- postura enquanto usurios do sistema lingustico. Contudo, tal situao no
ondas. parece assim to simples, haja vista que alguns contratempos sempre
tendem a surgir. Um deles diz respeito a questes ortogrficas no mo-
2. Prefixo terminado em consoante: mento de empregar esta ou aquela palavra.
Com hfen diante de mesma consoante: inter-regional, sub- Nesse sentido nunca demais mencionar que o emprego correto de um
bibliotecrio. determinado vocbulo est intimamente ligado a pressupostos semnticos,
Sem hfen diante de consoante diferente: intermunicipal, su- visto que cada vocbulo carrega consigo uma marca significativa de senti-
persnico. do. Assim, mesmo que palavras se apresentem semelhantes em temos
Sem hfen diante de vogal: interestadual, superinteressante. sonoros, bem como nos aspectos grficos, traduzem significados distintos,
Observaes: aos quais devemos nos manter sempre vigilantes, no intuito de fazermos
1. Com o prefixo sub, usa-se o hfen tambm diante de pala- bom uso da nossa lngua sempre que a situao assim o exigir.
vra iniciada por r sub-regio, sub-raa etc. Pois bem, partindo dessa premissa, ocupemo-nos em conhecer as caracte-
Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem rsticas que nutrem algumas expresses que rotineiramente utilizamos.
hfen: subumano, subumanidade. Entre elas, destacamos:
2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hfen diante de
palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegao, pan- Mas e mais
americano etc. A palavra mas atua como uma conjuno coordenada adversativa, de-
3. O prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, vendo ser utilizada em situaes que indicam oposio, sentido contrrio.
mesmo quando este se inicia por o: coobrigao, coordenar, Vejamos, pois:
cooperar, cooperao, cooptar, coocupante etc. Esforcei-me bastante, mas no obtive o resultado necessrio.
4. Com o prefixo vice, usa-se sempre o hfen: vice-rei, vice- J o vocbulo mais se classifica como pronome indefinido ou advrbio de
almirante etc. intensidade, opondo-se, geralmente, a menos. Observemos:
Ele escolheu a camiseta mais cara da loja.
5. No se deve usar o hfen em certas palavras que perderam
a noo de composio, como girassol, madressilva, manda- Onde e aonde
chuva, pontap, paraquedas, paraquedista etc. Aonde resulta da combinao entre a + onde, indicando movimento para
6. Com os prefi- algum lugar. usada com verbos que tambm expressem tal aspecto (o de
xos ex, sem, alm, aqum, recm, ps, pr, pr, usa-se movimento). Assim, vejamos:
sempre o hfen: ex-aluno, sem-terra, alm-mar, aqum-mar, Aonde voc vai com tanta pressa?
recm-casado, ps-graduao, pr-vestibular, pr-europeu. Onde indica permanncia, lugar em que se passa algo ou que se est.
Portanto, torna-se aplicvel a verbos que tambm denotem essa caracters-
Fonte: Guia Prtico da Nova Ortografia - Douglas Tufano tica (estado ou permanncia). Vejamos o exemplo:
Editora Melhoramentos - Agosto de 2008 Onde mesmo voc mora?
Novo Acordo Ortogrfico adiado para 2016 Que e qu
O objetivo de adiar a vigncia do novo Acordo Ortogrfi- O que pode assumir distintas funes sintticas e morfolgicas, entre elas
co visa a alinhar o cronograma brasileiro com o de outros a de pronome, conjuno e partcula expletiva de realce:
pases e dar um maior prazo de adaptao s pessoas. Convm que voc chegue logo. Nesse caso, o vocbulo em questo atua
Prorrogao visa a alinhar cronograma brasileiro com o de outros pases, como uma conjuno integrante.
como Portugal. J o qu, monosslabo tnico, atua como interjeio e como substantivo,
A vigncia obrigatria do novo Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa foi em se tratando de funes morfossintticas:
adiada pelo governo brasileiro por mais trs anos. A implementao inte- Ela tem um qu de mistrio.
gral da nova ortografia estava prevista para 1 de janeiro de 2013, contudo,
o Governo Federal adiou para 1 de janeiro de 2016, prazo estabelecido Mal e mau
tambm por Portugal. Mal pode atuar com substantivo, relativo a alguma doena; advrbio,
Assinado em 1990 por sete naes da Comunidade de Pases de Lngua denotando erradamente, irregularmente; e como conjuno, indicando
Portuguesa (CPLP) e adotado em 2008 pelos setores pblico e privado, o tempo. De acordo com o sentido, tal expresso sempre se ope a bem:
Acordo tem como objetivo unificar as regras do portugus escrito em todos Como ela se comportou mal durante a palestra. (Ela poderia ter se compor-
os pases que tm a lngua portuguesa como idioma oficial. A reforma tado bem)
ortogrfica tambm visa a melhorar o intercmbio cultural, reduzir o custo Mau ope-se a bom, ocupando a funo de adjetivo:
econmico de produo e traduo de livros e facilitar a difuso bibliogrfi- Pedro um mau aluno. (Assim como ele poderia ser um bom aluno)
ca nesses pases.
Nesse sentido, a grafia de aproximadamente 0,5 das palavras em portu- Ao encontro de / de encontro a
gus teve alteraes propostas, a exemplo de ideia, crem e bilngue, que, Ao encontro de significa ser favorvel, aproximar-se de algo:
com a obrigatoriedade do uso do novo Acordo Ortogrfico, passaram a ser Suas ideias vo ao encontro das minhas. (So favorveis)
escritas sem o acento agudo, circunflexo e trema, respectivamente. Com o De encontro a denota oposio a algo, choque, coliso:
adiamento, tanto a ortografia atual quanto a prevista so aceitas, ou seja, a O carro foi de encontro ao poste.
utilizao das novas regras continua sendo opcional at que a reforma
ortogrfica entre em vigor. Afim e a fim
Afim indica semelhana, relacionando-se com a ideia relativa afinidade:
Na faculdade estudamos disciplinas afins.
PALAVRAS COM CERTAS DIFICULDADES A fim indica ideia de finalidade:
Estudo a fim de que possa obter boas notas.

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A par e ao par Por que


A par indica o sentido voltado para ciente, estar informado acerca de O por que tem dois empregos diferenciados:
algo: Quando for a juno da preposio por + pronome interrogativo ou indefini-
Ele no estava a par de todos os acontecimentos. do que, possuir o significado de por qual razo ou por qual motivo:
Ao par representa uma expresso que indica igualdade, equivalncia ente Exemplos: Por que voc no vai ao cinema? (por qual razo)
valores financeiros: No sei por que no quero ir. (por qual motivo)
Algumas moedas estrangeiras esto ao par. Quando for a juno da preposio por + pronome relativo que, possuir o
significado de pelo qual e poder ter as flexes: pela qual, pelos quais,
Demais e de mais pelas quais.
Demais pode atuar como advrbio de intensidade, denotando o sentido de Exemplo: Sei bem por que motivo permaneci neste lugar. (pelo qual)
muito:
A vtima gritava demais aps o acidente. Por qu
Tal palavra pode tambm representar um pronome indefinido, equivalendo- Quando vier antes de um ponto, seja final, interrogativo, exclamao, o por
se aos outros, aos restantes: qu dever vir acentuado e continuar com o significado de por qual
No se importe com o que falam os demais. motivo, por qual razo.
De mais se ope a de menos, fazendo referncia a um substantivo ou a Exemplos: Vocs no comeram tudo? Por qu?
um pronome: Andar cinco quilmetros, por qu? Vamos de carro.
Ele no falou nada de mais.
Porque
Seno e se no conjuno causal ou explicativa, com valor aproximado de pois, uma
Seno tem sentido equivalente a caso contrrio ou a no ser: vez que, para que.
bom que se apresse, seno poder chegar atrasado. Exemplos: No fui ao cinema porque tenho que estudar para a prova. (pois)
Se no se emprega a oraes subordinadas condicionais, equivalendo-se No v fazer intrigas porque prejudicar voc mesmo. (uma vez que)
a caso no: Porqu
Se no chover iremos ao passeio. substantivo e tem significado de o motivo, a razo. Vem acompanha-
do de artigo, pronome, adjetivo ou numeral.
Na medida em que e medida que Exemplos: O porqu de no estar conversando porque quero estar con-
Na medida em que expressa uma relao de causa, equivalendo-se a centrada. (motivo)
porque, uma vez que e j que: Diga-me um porqu para no fazer o que devo. (uma razo)
Na medida em que passava o tempo, a saudade ia ficando cada vez mais Por Sabrina Vilarinho
apertada.
medida que indica a ideia relativa proporo, desenvolvimento grada- FORMAS VARIANTES
tivo: Existem palavras que apresentam duas grafias. Nesse caso, qualquer
medida que iam aumentando os gritos, as pessoas se aglomeravam uma delas considerada correta. Eis alguns exemplos.
ainda mais. aluguel ou aluguer hem? ou hein?
alpartaca, alpercata ou alpargata imundcie ou imundcia
Nenhum e nem um amdala ou amgdala infarto ou enfarte
Nenhum representa o oposto de algum: assobiar ou assoviar laje ou lajem
Nenhum aluno fez a pesquisa. assobio ou assovio lantejoula ou lentejoula
Nem um equivale a nem sequer um: azala ou azaleia nen ou nenen
Nem uma garota ganhar o prmio, quem dir todas as competidoras. bbado ou bbedo nhambu, inhambu ou nambu
blis ou bile quatorze ou catorze
Dia a dia e dia-a-dia (antes da nova reforma ortogrfica grafado com cibra ou cimbra surripiar ou surrupiar
hfen): carroaria ou carroceria taramela ou tramela
Antes do novo acordo ortogrfico, a expresso dia-a-dia, cujo sentido chimpanz ou chipanz relampejar, relampear, relampeguear
fazia referncia ao cotidiano, era grafada com hfen. Porm, depois de debulhar ou desbulhar ou relampar
instaurado, passou a ser utilizada sem dele, ou seja: fleugma ou fleuma porcentagem ou percentagem
O dia a dia dos estudantes tem sido bastante conturbado.
J dia a dia, sem hfen mesmo antes da nova reforma, atua como uma
locuo adverbial referente a todos os dias e permaneceu sem nenhuma EMPREGO DE MAISCULAS E MINSCULAS
alterao, ou seja:
Ela vem se mostrando mais competente dia a dia. Escrevem-se com letra inicial maiscula:
1) a primeira palavra de perodo ou citao.
Fim-de-semana e fim de semana Diz um provrbio rabe: "A agulha veste os outros e vive nua."
A expresso fim-de-semana, grafada com hfen antes do novo acordo, faz No incio dos versos que no abrem perodo facultativo o uso da
referncia a descanso, diverso, lazer. Com o advento da nova reforma letra maiscula.
ortogrfica, alguns compostos que apresentam elementos de ligao, como 2) substantivos prprios (antropnimos, alcunhas, topnimos, nomes
o caso de fim de semana, no so mais escritos com hfen. Portanto, o sagrados, mitolgicos, astronmicos): Jos, Tiradentes, Brasil,
correto : Amaznia, Campinas, Deus, Maria Santssima, Tup, Minerva, Via-
Como foi seu fim de semana? Lctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc.
Fim de semana tambm possui outra acepo semntica (significado), O deus pago, os deuses pagos, a deusa Juno.
relativa ao final da semana propriamente dito, aquele que comeou no 3) nomes de pocas histricas, datas e fatos importantes, festas
domingo e agora termina no sbado. Assim, mesmo com a nova reforma religiosas: Idade Mdia, Renascena, Centenrio da Independncia
ortogrfica, nada mudou no tocante ortografia: do Brasil, a Pscoa, o Natal, o Dia das Mes, etc.
Viajo todo fim de semana. 4) nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da Repblica,
Vnia Maria do Nascimento Duarte etc.
5) nomes de altos conceitos religiosos ou polticos: Igreja, Nao,
O uso dos porqus
Estado, Ptria, Unio, Repblica, etc.
O uso dos porqus um assunto muito discutido e traz muitas dvidas. 6) nomes de ruas, praas, edifcios, estabelecimentos, agremiaes,
Com a anlise a seguir, pretendemos esclarecer o emprego dos porqus rgos pblicos, etc.:
para que no haja mais impreciso a respeito desse assunto. Rua do 0uvidor, Praa da Paz, Academia Brasileira de Letras, Banco

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do Brasil, Teatro Municipal, Colgio Santista, etc. que a segue
7) nomes de artes, cincias, ttulos de produes artsticas, literrias e 8- pneumtico: pneu-m-ti-co
cientficas, ttulos de jornais e revistas: Medicina, Arquitetura, Os gnomo: gno-mo
Lusadas, 0 Guarani, Dicionrio Geogrfico Brasileiro, Correio da psicologia: psi-co-lo-gia
Manh, Manchete, etc.
8) expresses de tratamento: Vossa Excelncia, Sr. Presidente, Exce- No grupo BL, s vezes cada consoante pronunciada separadamente,
lentssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc. mantendo sua autonomia fontica. Nesse caso, tais consoantes ficam em
9) nomes dos pontos cardeais, quando designam regies: Os povos do slabas separadas.
Oriente, o falar do Norte. 9- sublingual: sub-lin-gual
Mas: Corri o pas de norte a sul. O Sol nasce a leste. sublinhar: sub-li-nhar
10) nomes comuns, quando personificados ou individuados: o Amor, o sublocar: sub-lo-car
dio, a Morte, o Jabuti (nas fbulas), etc.
Preste ateno nas seguintes palavras:
Escrevem-se com letra inicial minscula: trei-no so-cie-da-de
1) nomes de meses, de festas pags ou populares, nomes gentlicos, gai-o-la ba-lei-a
nomes prprios tornados comuns: maia, bacanais, carnaval, des-mai-a-do im-bui-a
ingleses, ave-maria, um havana, etc. ra-diou-vin-te ca-o-lho
2) os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando te-a-tro co-e-lho
empregados em sentido geral: du-e-lo v-a-mos
So Pedro foi o primeiro papa. Todos amam sua ptria. a-mn-sia gno-mo
3) nomes comuns antepostos a nomes prprios geogrficos: o rio co-lhei-ta quei-jo
Amazonas, a baa de Guanabara, o pico da Neblina, etc. pneu-mo-ni-a fe--ri-co
4) palavras, depois de dois pontos, no se tratando de citao direta: dig-no e-nig-ma
"Qual deles: o hortelo ou o advogado?" (Machado de Assis) e-clip-se Is-ra-el
"Chegam os magos do Oriente, com suas ddivas: ouro, incenso, mag-n-lia
mirra." (Manuel Bandeira)
SINAIS DE PONTUAO
DIVISO SILBICA
Pontuao o conjunto de sinais grficos que indica na escrita as
No se separam as letras que formam os dgrafos CH, NH, LH, QU, pausas da linguagem oral.
GU.
1- chave: cha-ve
aquele: a-que-le PONTO
palha: pa-lha O ponto empregado em geral para indicar o final de uma frase decla-
manh: ma-nh rativa. Ao trmino de um texto, o ponto conhecido como final. Nos casos
guizo: gui-zo comuns ele chamado de simples.

No se separam as letras dos encontros consonantais que apresentam Tambm usado nas abreviaturas: Sr. (Senhor), d.C. (depois de Cris-
a seguinte formao: consoante + L ou consoante + R to), a.C. (antes de Cristo), E.V. (rico Verssimo).
2- emblema: em-ble-ma abrao: a-bra-o
reclamar: re-cla-mar recrutar: re-cru-tar PONTO DE INTERROGAO
flagelo: fla-ge-lo drama: dra-ma usado para indicar pergunta direta.
globo: glo-bo fraco: fra-co Onde est seu irmo?
implicar: im-pli-car agrado: a-gra-do
atleta: a-tle-ta atraso: a-tra-so s vezes, pode combinar-se com o ponto de exclamao.
prato: pra-to A mim ?! Que ideia!

Separam-se as letras dos dgrafos RR, SS, SC, S, XC. PONTO DE EXCLAMAO
3- correr: cor-rer desam: des-am usado depois das interjeies, locues ou frases exclamativas.
passar: pas-sar exceto: ex-ce-to Cus! Que injustia! Oh! Meus amores! Que bela vitria!
fascinar: fas-ci-nar jovens! Lutemos!
No se separam as letras que representam um ditongo.
4- mistrio: mis-t-rio herdeiro: her-dei-ro VRGULA
crie: c-rie A vrgula deve ser empregada toda vez que houver uma pequena pau-
sa na fala. Emprega-se a vrgula:
Separam-se as letras que representam um hiato. Nas datas e nos endereos:
5- sade: sa--de cruel: cru-el So Paulo, 17 de setembro de 1989.
rainha: ra-i-nha enjoo: en-jo-o Largo do Paissandu, 128.
No vocativo e no aposto:
No se separam as letras que representam um tritongo. Meninos, prestem ateno!
6- Paraguai: Pa-ra-guai Termpilas, o meu amigo, escritor.
saguo: sa-guo Nos termos independentes entre si:
O cinema, o teatro, a praia e a msica so as suas diverses.
Consoante no seguida de vogal, no interior da palavra, fica na slaba Com certas expresses explicativas como: isto , por exemplo. Neste
que a antecede. caso usado o duplo emprego da vrgula:
7- torna: tor-na npcias: np-cias Ontem teve incio a maior festa da minha cidade, isto , a festa da pa-
tcnica: tc-ni-ca submeter: sub-me-ter droeira.
absoluto: ab-so-lu-to perspicaz: pers-pi-caz Aps alguns adjuntos adverbiais:
No dia seguinte, viajamos para o litoral.
Consoante no seguida de vogal, no incio da palavra, junta-se slaba Com certas conjunes. Neste caso tambm usado o duplo emprego
da vrgula:

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Isso, entretanto, no foi suficiente para agradar o diretor. A "inteligncia" dela me sensibiliza profundamente.
Aps a primeira parte de um provrbio. Veja como ele educado" - cuspiu no cho.
O que os olhos no veem, o corao no sente.
Em alguns casos de termos oclusos: PARNTESES
Eu gostava de ma, de pera e de abacate.
Empregamos os parnteses:
Nas indicaes bibliogrficas.
RETICNCIAS "Sede assim qualquer coisa.
So usadas para indicar suspenso ou interrupo do pensamento. serena, isenta, fiel".
No me disseste que era teu pai que ... (Meireles, Ceclia, "Flor de Poemas").
Para realar uma palavra ou expresso. Nas indicaes cnicas dos textos teatrais:
Hoje em dia, mulher casa com "po" e passa fome... "Mos ao alto! (Joo automaticamente levanta as mos, com os olhos
Para indicar ironia, malcia ou qualquer outro sentimento. fora das rbitas. Amlia se volta)".
Aqui jaz minha mulher. Agora ela repousa, e eu tambm... (G. Figueiredo)
Quando se intercala num texto uma ideia ou indicao acessria:
PONTO E VRGULA "E a jovem (ela tem dezenove anos) poderia mord-Io, morrendo de
fome."
Separar oraes coordenadas de certa extenso ou que mantm
(C. Lispector)
alguma simetria entre si.
Para isolar oraes intercaladas:
"Depois, lracema quebrou a flecha homicida; deu a haste ao desconhe-
"Estou certo que eu (se lhe ponho
cido, guardando consigo a ponta farpada. "
Minha mo na testa alada)
Para separar oraes coordenadas j marcadas por vrgula ou no seu
Sou eu para ela."
interior.
(M. Bandeira)
Eu, apressadamente, queria chamar Socorro; o motorista, porm, mais
calmo, resolveu o problema sozinho.
COLCHETES [ ]
DOIS PONTOS Os colchetes so muito empregados na linguagem cientfica.
Enunciar a fala dos personagens:
Ele retrucou: No vs por onde pisas? ASTERISCO
Para indicar uma citao alheia: O asterisco muito empregado para chamar a ateno do leitor para
Ouvia-se, no meio da confuso, a voz da central de informaes de alguma nota (observao).
passageiros do voo das nove: queiram dirigir-se ao porto de embar-
que". BARRA
Para explicar ou desenvolver melhor uma palavra ou expresso anteri-
A barra muito empregada nas abreviaes das datas e em algumas
or:
abreviaturas.
Desastre em Roma: dois trens colidiram frontalmente.
Enumerao aps os apostos:
Como trs tipos de alimento: vegetais, carnes e amido. OBSERVE O EFEITO CAUSADO PELA PONTUAO

A) Minha vizinha costuma sair s noite.


TRAVESSO B) Minha vizinha costuma sair, s, noite.
Marca, nos dilogos, a mudana de interlocutor, ou serve para isolar C) Minha vizinha costuma sair, s noite.
palavras ou frases D) Minha vizinha... costuma sair s noite.
"Quais so os smbolos da ptria? E) Minha vizinha costuma sair s... noite.
Que ptria? F) Minha vizinha costuma sair s noite....
Da nossa ptria, ora bolas!" (P. M Campos). G) Minha vizinha costuma sair... s noite.
"Mesmo com o tempo revoltoso - chovia, parava, chovia, parava outra H) Minha vizinha? Costuma sair s noite.
vez. I) Minha vizinha costuma sair, s noite!
a claridade devia ser suficiente p'ra mulher ter avistado mais alguma J) Minha vizinha! Costuma sair s noite.
coisa". (M. Palmrio).
Usa-se para separar oraes do tipo:
Avante!- Gritou o general. CRASE
A lua foi alcanada, afinal - cantava o poeta.

Usa-se tambm para ligar palavras ou grupo de palavras que formam Crase a fuso da preposio A com outro A.
uma cadeia de frase: Fomos a a feira ontem = Fomos feira ontem.
A estrada de ferro Santos Jundia.
A ponte Rio Niteri.
EMPREGO DA CRASE
A linha area So Paulo Porto Alegre. em locues adverbiais:
vezes, s pressas, toa...
em locues prepositivas:
ASPAS em frente , procura de...
So usadas para: em locues conjuntivas:
Indicar citaes textuais de outra autoria. medida que, proporo que...
"A bomba no tem endereo certo." (G. Meireles) pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo, a,
Para indicar palavras ou expresses alheias ao idioma em que se as
expressa o autor: estrangeirismo, grias, arcaismo, formas populares: Fui ontem quele restaurante.
H quem goste de jazz-band. Falamos apenas quelas pessoas que estavam no salo:
No achei nada "legal" aquela aula de ingls. Refiro-me quilo e no a isto.
Para enfatizar palavras ou expresses:
Apesar de todo esforo, achei-a irreconhecvel" naquela noite.
Ttulos de obras literrias ou artsticas, jornais, revistas, etc.
A CRASE FACULTATIVA
"Fogo Morto" uma obra-prima do regionalismo brasileiro. diante de pronomes possessivos femininos:
Em casos de ironia: Entreguei o livro a() sua secretria .
diante de substantivos prprios femininos:
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Dei o livro (a) Snia. ORTOPIA E PROSDIA
CASOS ESPECIAIS DO USO DA CRASE Ortoepia trata da correta pronncia das palavras.
Antes dos nomes de localidades, quando tais nomes admitirem o artigo Exemplo: "advogado", e no "adevogado" (o d mudo).
A: Prosdia trata da correta acentuao tnica das palavras.
Viajaremos Colmbia. Exemplo: "rubrica" (palavra paroxtona), e no "rbrica" (palavra proparox-
(Observe: A Colmbia bela - Venho da Colmbia) tona).
Nem todos os nomes de localidades aceitam o artigo: Curitiba, Braslia,
Fortaleza, Gois, Ilhus, Pelotas, Porto Alegre, So Paulo, Madri, Ve- Dessa forma, segue abaixo uma lista das principais palavras que normal
neza, etc. ACRBATA / ACROBATA: esta palavra, COMO MUITAS OUTRAS DE
Viajaremos a Curitiba. NOSSA lNGUA, admite as duas pronncias: acrbata, com nfase na
(Observe: Curitiba uma bela cidade - Venho de Curitiba). slaba "cr", ou acrobata, com fora na slaba "ba". Tambm indiferente
Haver crase se o substantivo vier acompanhado de adjunto que o dizer Ocenia ou Oceania, transstor ou transistor (com fora na slaba
modifique. "tor", com o "" fechado).
Ela se referiu saudosa Lisboa.
Vou Curitiba dos meus sonhos. ALGOZ: (carrasco): palavra oxtona, cuja pronncia do "o" deve ser fechada
Antes de numeral, seguido da palavra "hora", mesmo subentendida: (algz, = arroz).
s 8 e 15 o despertador soou.
AUTPSIA / NECROPSIA: apesar de autpsia ter como vogal tnica o "",
Antes de substantivo, quando se puder subentender as palavras mo-
a forma necropsia, que possui o mesmo significado, deve ser pronunciada
da ou "maneira":
com nfase no "i".
Aos domingos, trajava-se inglesa.
Cortavam-se os cabelos Prncipe Danilo. AZLEA / AZALIA: segundo os melhores dicionrios, estas duas formas
Antes da palavra casa, se estiver determinada: so aceitveis;
Referia-se Casa Gebara.
No h crase quando a palavra "casa" se refere ao prprio lar. AVARO: (indivduo muito apegado ao dinheiro): deve ser pronunciada como
No tive tempo de ir a casa apanhar os papis. (Venho de casa). paroxtona (acento tnico na slaba va), e por terminar em "o", no deve ser
Antes da palavra "terra", se esta no for antnima de bordo. acentuada.
Voltou terra onde nascera. BOMIA: de origem francesa, relativa cidade de Bome, esta palavra tem
Chegamos terra dos nossos ancestrais. sua slaba forte no "", e no no "mi".
Mas:
Os marinheiros vieram a terra. CARTER: paroxtona que apresenta o plural caracteres, tendo o acrsci-
O comandante desceu a terra. mo da letra "c", e o deslocamento do acento tnico da slaba "ra" para a
Se a preposio AT vier seguida de palavra feminina que aceite o slaba "te", sem o emprego de acento grfico.
artigo, poder ou no ocorrer a crase, indiferentemente: CATETER, MISTER e URETER: Todas possuindo sua acentuao tnica
Vou at a ( ) chcara. na ltima slaba (tr), sendo assim oxtonas.
Cheguei at a() muralha
A QUE - QUE CHICLETE / CHOPE / CLIPE / DROPE: quando se referindo a uma s
Se, com antecedente masculino ocorrer AO QUE, com o feminino unidade de cada um destes produtos, deve-se falar "um chiclete, um chope,
ocorrer crase: um clipe, um drope", e no "um chicletes, um chopes, um clipes, um dro-
Houve um palpite anterior ao que voc deu. pes". Existe, ainda, a variante "chicl" (um chicl, dois chicls).
Houve uma sugesto anterior que voc deu.
CUPIDO e CPIDO: a primeira forma (paroxtona e sem acento) significa o
Se, com antecedente masculino, ocorrer A QUE, com o feminino no
deus alado do amor; a segunda (proparoxtona) tem o sentido de vido de
ocorrer crase.
dinheiro, ambicioso, tambm pode ser usada como possudo de desejos
No gostei do filme a que voc se referia.
amorosos.
No gostei da pea a que voc se referia.
O mesmo fenmeno de crase (preposio A) - pronome demonstrativo EXTINGUIR: a slaba "guir" desta palavra deve ser pronunciada como nas
A que ocorre antes do QUE (pronome relativo), pode ocorrer antes do palavras "perseguir", "seguir", "conseguir". Isso tambm vale para "distin-
de: guir".
Meu palpite igual ao de todos
Minha opinio igual de todos. FLUIDO: pronuncia-se como a forma verbal "cuido", verbo cuidar (com
fora no u). Assim tambm GRATUITO, CIRCUITO, INTUITO, fortuito. No
entanto, o particpio do verbo fluir "fludo", acontecendo aqui um hiato,
NO OCORRE CRASE onde a vogal tnica agora passa a ser o "".
antes de nomes masculinos:
Andei a p. IBERO: Pronuncia-se como paroxtona (nfase na slaba BE, IBRO).
Andamos a cavalo. INEXORVEL: (= austero, rgido, inabalvel...): esse "x" l-se como os de
antes de verbos: exemplo, exame, exato, exerccio, isto , com o som de "z".
Ela comea a chorar.
Cheguei a escrever um poema. LTEX: tendo seu acento tnico na penltima slaba e terminando com a
em expresses formadas por palavras repetidas: letra x, uma palavra paroxtona, e como tal deve ser pronunciada e acen-
Estamos cara a cara. tuada.
antes de pronomes de tratamento, exceto senhora, senhorita e dona:
Dirigiu-se a V. Sa com aspereza. MAQUINARIA: o acento tnico deve recair na slaba "ri", e no sobre a
Escrevi a Vossa Excelncia. slaba "na".
Dirigiu-se gentilmente senhora. NON: muitos dicionrios apresentam esta palavra como paroxtona, sendo
quando um A (sem o S de plural) preceder um nome plural: acentuada por terminar em "n"; no entanto, o dicionrio Michaelis Melhora-
No falo a pessoas estranhas. mentos, recentemente editado, traz as duas grafias: non (paroxtona) e
Jamais vamos a festas. neon (oxtona).
NOVEL e NOBEL: palavras oxtonas que no devem ser acentuadas.
OBESO: palavra paroxtona que deve ser pronunciada com o "e" aberto
(obso). Tambm so abertos o "e" de outras paroxtonas como "coeso"

Lngua Portuguesa 50
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(coso), "obsoleto" (obsolto), o "o" de "dolo" (dlo), o "e" de "extra" (xtra)
e o "e" de "blefe" (blfe). Apresentam-se, porm, fechados o "e" de "nesga"
(nsga), o de "destro" (dstro), e o "o" "torpe" (trpe).
OPTAR: ao se conjugar este verbo na 1 pessoa do singular do presente do
indicativo, deve-se pronunciar "pto", e no "opito". Assim tambm em
relao s formas verbais "capto, adapto, rapto" - todas com fora na slaba
que vem antes do "p".
PROJTIL / PROJETIL: ambas as formas tm o mesmo significado, apesar
de a primeira ser paroxtona e a segunda oxtona. Plurais: PROJTEIS /
PROJETIS.
PUDICO: (aquele que tem pudor, envergonhado): palavra paroxtona (nfa-
se na slaba "di").
RECORDE: deve ser pronunciada como paroxtona (recrde).
RPTIL / REPTIL: mesmo caso da palavra PROJTIL. Plurais. RPTEIS /
REPTIS.
RUBRICA: palavra paroxtona, e no proparoxtona como se costuma
pensar (nfase na slaba "bri").
RUIM: palavra oxtona (rum).
RUPIA / RPIA: a primeira forma se refere moeda utilizada na Indonsia
(fora no "i") e a segunda relativa a uma planta aqutica (com nfase no
"").
SUBSDIOS: a pronncia correta com som de "ss", e no "z" (subssdios).
SUTIL e STIL: a primeira forma, sendo oxtona, significa "tnue, delicado,
hbil"; a segunda, paroxtona, significa "tudo aquilo que composto de
pedaos costurados".
TXICO: pronuncia-se com o som de "cs" = tcsico.
Nota
Existe alguma discordncia quanto ao som do "x" de "hexa-". O Dicionrio
Aurlio - Sculo XXI, o Vocabulrio Ortogrfico da Lngua Portuguesa - da http://www.portugues.com.br/gramatica/ortoepia-prosodia.html
Academia Brasileira de Letras, e o dicionrio de Caldas Aulete dizem que
esse "x" deve ter o som de "cs", e deve ser pronunciado como o "x" de 100 erros de portugus de A a Z.
"fixo", "txi", "txico", etc. J o "Houaiss" diz que esse "x" corresponde a "z",
portanto deve ser lido como o "x" de "exame", "exerccio", "xodo", etc.. Na A lista no pequena e bem provvel que voc j tenha cometido alguns
lngua falada do Brasil, nota-se interessante ambiguidade: o "x" de "hex- deles. Por isso, todo cuidado pouco, os especialistas advertem que
gono" normalmente lido como "z", mas o de "hexacampeo" costuma ser tropear no portugus pode prejudicar sua carreira. uma lista grande,
lido como "cs". Por: Eduardo Fernandes Paes mas vale a pena ficar atento e conferir as dicas para nunca mais errar:
Casos mais frequentes de pronncias diferentes da 1 A / h
lngua padro: Erro: Atuo no setor de controladoria a 15 anos.
Forma correta: Atuo no setor de controladoria h 15 anos.
Explicao: Para indicar tempo passado usa-se o verbo haver.

2 A champanhe / o champanhe
Erro: Pegue a champanhe e vamos comemorar.
Forma correta: Pegue o champanhe e vamos comemorar.
Explicao: De acordo com o Dicionrio Aurlio, a palavra champanhe
provm do francs champagne e um substantivo masculino.

3 A cores / em cores
Erro: O material da apresentao ser a cores
Forma correta: O material da apresentao ser em cores
Explicao: Se o correto material em preto em branco, o certo dizer
material em cores.

4 A domiclio/ em domiclio
Erro: O servio engloba a entrega a domiclio
Forma correta: O servio engloba a entrega em domiclio.
Explicao: No caso de entrega usa-se a forma em domiclio. A forma a
domiclio usada para verbos de movimento. Exemplo: Foram lev-lo a
domiclio.

5 A prazo/ em longo prazo


Erro: A longo prazo, sero necessrias mudanas.
Forma correta: Em longo prazo, sero necessrias mudanas.

Lngua Portuguesa 51
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APOSTILAS OPO
Explicao: Usa-se a preposio em nos seguintes casos: em longo prazo, 16 Ao invs de/ em vez de
em curto prazo e em mdio prazo. Erro: Ao invs de comprar carros, compraremos caminhes para aumentar
nossa frota.
6 A nvel de/ em nvel de Forma correta: Em vez de comprar carros, compraremos caminhes para
Erro: A nvel de reconhecimento de nossos clientes atingimos nosso objeti- aumentar nossa frota.
vo. Explicao: Ao invs de representa contrariedade, oposio, o inverso.
Forma correta: Em relao ao reconhecimento de nossos clientes atingi- Em vez de quer dizer no lugar de. uma locuo prepositiva, sendo
mos nosso objetivo. terminada em de normalmente.
Explicao: O uso de a nvel de est correto quando a preposio a
est aliada ao artigo o e significa mesma altura. Exemplo: Hoje, o Rio 17 Aonde/onde
de Janeiro acordou ao nvel do mar. A expresso "em nvel de" est utiliza- Erro: No sei aonde fica a sala do diretor
da corretamente quando equivale a "de mbito" ou "com status de". Exem- Forma correta: No sei onde fica a sala do diretor
plo: O plebiscito ser realizado em nvel nacional. Explicao: O advrbio onde indica lugar em que algo ou algum est.
Deve ser utilizado somente para substituir vocbulo que expressa a ideia de
7 partir de/ a partir de lugar. Exemplo: No sei onde fica a cidade de Araguari. O advrbio aonde
Erro: partir de novembro, estarei de frias indica tambm lugar em que algo ou algum est, porm quando o verbo
Forma correta: A partir de novembro, estarei de frias. que se relacionar com "onde" exigir a preposio a, deve-se agregar esta
Explicao: No se usa crase antes de verbos preposio, formando assim, o vocbulo "aonde". Expressa a ideia de
destino, movimento, conforme exemplo a seguir: aonde voc ir depois das
8 A pouco/ h pouco visitas?
Erro: O diretor chegar daqui h pouco.
Forma correta: O diretor chegar daqui a pouco. 18 Ao meu ver/ a meu ver
Explicao: Nesse caso, h pouco indica ao que j passou, pode ser Erro: Ao meu ver, a reunio foi um sucesso
substitudo por faz pouco tempo. A pouco indica ao que ainda vai ocorrer, Forma correta: A meu ver, a reunio foi um sucesso.
a ideia de futuro. Explicao: No existe a expresso ao meu ver. As formas corretas so: a
meu ver, a nosso ver, a vosso ver.
9 Vender prazo/ vender a prazo
Erro: Vamos vender prazo 19 s micro/ s micros
Forma correta: Vamos vender a prazo. Erro: O pacote de tributos refere-se s micro e pequenas empresas
Explicao: No se usa crase antes de palavra masculina. Forma correta: O pacote de tributos refere-se s micros e pequenas
empresas
10 rua/ Na rua Explicao: Por se tratar de adjetivo, micro varivel e por isso deve ser
Erro: Jos, residente rua Estados Unidos, era um cliente fiel. grafada no plural quando for o caso.
Forma correta: Jos, residente na rua Estados Unidos, era um cliente fiel.
Explicao: Os vocbulos residir, morador, residente, situado e sito pedem 20 Atravs/ por
o uso da preposio em. Erro: Fui avisada atravs de um e-mail de que a reunio est cancelada.
Forma correta: Fui avisada por e-mail de que a reunio est cancelada.
11 A vista/ vista Explicao: Para muitos gramticos, atravs se refere ao que atravessa.
Erro: O pagamento foi feito a vista. Prefira pelo e-mail, por e-mail.
Forma correta: O pagamento foi feito vista.
Explicao: Ocorre crase nas expresses formadas por palavras femini- 21 Auferir/ aferir
nas. Exemplos: noite, tarde, venda, s escondidas e vista. Erro: No fim do expediente, o gestor deve auferir se os valores pagos
conferem com os nmeros do sistema.
12 Adequa/ adequada Forma correta: No fim do expediente, o gestor deve aferir se os valores
Erro: O mvel no se adequa sala pagos conferem com os nmeros do sistema.
Forma correta: O mvel no adequado sala. Explicao: Os verbos aferir e auferir tm sentidos distintos. Aferir: conferir
Explicao: Adequar um verbo defectivo, ou seja, no se conjuga em de acordo com o estabelecido, avaliar, calcular. Auferir: colher, obter, ter.
todas as pessoas e tempos. No presente do indicativo so conjugadas Exemplo: O projeto auferiu bons resultados.
apenas primeira e a segunda pessoa do plural (ns adequamos, vs ade-
quais). 22 Aumentar ainda mais/ aumentar muito
Erro: Precisamos aumentar ainda mais os lucros.
13 Agradecer pela/ agradecer a Forma correta: Precisamos aumentar muito os lucros.
Erro: Agradecemos pela preferncia Explicao: Aumentar sempre mais, no existe aumentar menos, con-
Forma correta: Agradecemos a preferncia forme explica Laurinda Grion, no livro Erros que um executivo comete ao
Explicao: O certo agradecer a algum alguma coisa. Exemplo: Agra- redigir (mas no deveria cometer), da editora Saraiva. Portanto so formas
deo a Deus a graa recebida. redundantes: aumentar mais, aumentar muito mais e aumentar ainda mais.

14 Aluga-se/ alugam-se 23 Bastante/ bastantes


Erro: Aluga-se apartamentos Erro: Eles leram o relatrio bastante vezes.
Forma correta: Alugam-se apartamentos Forma correta: Eles leram o relatrio bastantes vezes.
Explicao: O sujeito da orao (apartamentos) concorda com o verbo. Explicao: Para saber se bastante deve variar conforme o nmero
preciso saber qual a classificao dele na frase. Quando adjetivo (como
15 Anexo/ anexa/ em anexo no caso acima) deve variar. Exemplo: J h provas bastantes para incrimi-
Erro: Segue anexo a carta de apresentao. n-lo (= provas suficientes). Se for advrbio invarivel. Exemplo: Compra-
Formas corretas: Segue anexa a carta de apresentao. Segue em anexo ram coisas bastante bonitas (= muito bonitas). Se for pronome indefinido
a carta de apresentao. varivel. Exemplo: Vimos bastantes coisas (= muitas coisas). Se for subs-
Explicao: Anexo adjetivo e deve concordar com o substantivo a que se tantivo, no varia, mas pede artigo definido masculino: Os animais j come-
refere, em gnero e nmero. A expresso em anexo invarivel. bom ram o bastante (= o suficiente).
lembra que alguns estudiosos condenam o uso da expresso em anexo.
Portanto, d preferncia forma sem a preposio. 24 Bi-campeo /bicampeo
Erro: Em 1993, o So Paulo Futebol Clube foi bi-campeo mundial, sob o
comando de Tel Santana.

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APOSTILAS OPO
Forma correta: Em 1993, o So Paulo Futebol Clube foi bicampeo mun- Explicao: De encontro a estar em sentido contrrio, em oposio a. Ao
dial, sob o comando de Tel Santana. encontro de estar de acordo, ideia de conformidade.
Explicao: A forma correta de usar os prefixos numricos bi, tri, tetra,
penta, hexa, hepta (etc) sem hfen. O Novo Acordo Ortogrfico 35 Debitou na/ debitou
nunca exigiu nem exige alterao grfica. Erro: O banco debitou na minha conta a taxa.
Forma correta: O banco debitou minha conta a taxa.
25 Caiu em/ caiu Explicao: quem debita, debita a.
Erro: O lucro caiu em 10%.
Forma correta: O lucro caiu 10%. 36 Desapercebidas/ despercebidas
Explicao: O verbo cair, assim como aumentar e diminuir, no admite a Erro: As mudanas passaram desapercebidas pelos nossos executivos
preposio em. E no sentido de descer, ir ao cho, ser demitido, o verbo Forma correta: As mudanas passaram despercebidas.
cair intransitivo. Explicao: Desapercebido significa desprovido de, desprevenido. Exem-
plo: No parei para cumprimenta-lo porque estava desapercebido. Desper-
26 Chegar em/ chegar a cebido significa no notado, no percebido. Exemplo: O erro passou des-
Erro: Chegamos em So Paulo, ontem. percebido pela equipe da redao do jornal.
Forma correta: Chegamos a So Paulo, ontem.
Explicao: o verbo exige a preposio a. Quem chega, chega a algum 37 Descrio/ discrio
lugar, ou a alguma coisa. Erro: Ela age com descrio.
Forma correta: Ela age com discrio.
27 Chove/ chovem Explicao: Descrio refere-se ao ato de descrever. Exemplo: Ela fez a
Erro: Chove emails com reclamaes de clientes. descrio do objeto. (ela descreveu). Discrio significa ser discreto.
Forma correta: Chovem emails com reclamaes de clientes.
Explicao: Quando indica um fenmeno natural, o verbo chover impes- 38 Descriminar/ discriminar
soal e fica sempre o singular. Mas no sentido figurado, como acontece Erro: Descrimine os produtos na nota fiscal e coloque todos os cdigos
acima, flexiona-se normalmente. necessrios.
Forma correta: Discrimine os produtos na nota fiscal e coloque todos os
28 Comprimento/cumprimento cdigos necessrios.
Erro: Entrou e no me comprimentou. Explicao: Descriminar significa absolver, inocentar. o que o prefixo
Forma correta: Entrou e no me cumprimentou. des faz indica uma ao no sentido contrrio e, nesse caso, quer dizer
Explicao: Comprimento est relacionado ao tamanho, extenso de tirar o crime. Exemplo: Ele falou em descriminar o uso de algumas drogas
algo ou algum. Exemplo: No sei o comprimento da sala. Cumprimento Discriminar significa distinguir, separar, diferenciar, especificar. Isso pode
relaciona-se a dois verbos diferentes: cumprimentar uma pessoa (saudar) e ser feito com ou sem preconceito. Quando h preconceito, o sentido de
cumprir uma tarefa (realizar). Exemplos: Cada pessoa tem um jeito de segregao. Exemplo: A discriminao racial deve ser combatida sempre.
cumprimentar. O cumprimento dos prazos contar pontos na competio.
39 Devidas providncias
29 Consiste de/ consiste em Erro: Peo as devidas providncias.
Erro: A seleo consiste de cinco etapas. Forma correta: Peo providncias
Forma correta: A seleo consiste em cinco etapas. Explicao: Trata-se de um vcio de linguagem. O adjetivo (devidas)
Explicao: Consistir verbo transitivo indireto e requer complemento desnecessrio e redundante. Quem pediria providncias indevidas.
regido da preposio em.
40 Dispor/dispuser
30 Continuidade/ continuao Erro: Se ele dispor de tempo, poder atende-lo em breve.
Erro: O sindicato optou pela continuidade da greve. Forma correta: Se ele dispuser de tempo, poder atende-lo em breve.
Forma correta: O sindicato optou pela continuao da greve. Explicao: A conjugao correta do verbo dispor na terceira pessoa do
Explicao: Continuidade refere-se extenso de um acontecimento. singular no futuro do pretrito se ele dispuser. A conjugao acompanha
Exemplo: dar continuidade ao governo. Continuao refere-se durao de a do verbo pr.
algo. Exemplo continuao da sesso.
41 Dois por cento/ dois pontos percentuais
31 Correr atrs do prejuzo/ correr atrs do lucro Erro: No ano passado, o crescimento foi de 10%. Neste ano, de 8%, tendo
Erro: hora de correr atrs do prejuzo. havido queda de 2%.
Forma correta: hora de correr atrs do lucro. Forma correta: No ano passado, o crescimento foi de 10%. Neste ano, de
Explicao: Pode-se correr do prejuzo, mas nunca deve-se correr atrs 8%, tendo havido queda de 2 pontos percentuais.
dele. A forma correr atrs do prejuzo no faz o menor sentido. Explicao: A queda de 10% para 8% no de 2% e, sim, de 2 pontos
percentuais.
32 Da onde/ de onde
Erro: Fortaleza a cidade da onde vieram nossos colaboradores. 42 E nem/ nem
Forma correta: Fortaleza a cidade de onde vieram nossos colaborado- Erro: O funcionrio no sabe escrever e nem ler.
res. Forma correta: O funcionrio no sabe escrever nem ler.
Explicao: A forma de onde indica origem. No existe a forma da onde. Explicao: A conjuno nem significa e no.

33 Daqui/ daqui a 43 Em confirmao / em confirmao da


Erro: Farei o pagamento daqui 5 dias. Erro: Em confirmao minha proposta, envio os valores para execuo
Forma correta: Farei o pagamento daqui a 5 dias. do servio.
Explicao: o advrbio daqui usado para indicar lugar ou tempo e pede a Forma correta: Em confirmao da minha proposta, envio os valores para
preposio a. execuo do servio.
Explicao: Confirmao um substantivo feminino que pede a preposi-
34 De encontro aos/ ao encontro dos o de.
Erro: A sua ideia vem de encontro ao que a empresa precisa neste mo-
mento. 44 Em mos/ em mo
Forma correta: A sua ideia vem ao encontro do que a empresa precisa Erro: O envelope deve ser entregue em mos.
neste momento. Forma correta: O envelope deve ser entregue em mo.

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APOSTILAS OPO
Explicao: Ningum escreve a mos, nem fica em ps. O correto em 55 A grosso modo/ grosso modo
mo, cuja abreviatura E. M. Erro: O que quero dizer, a grosso modo, que h mais chances de dar
errado do que de dar certo.
45 Em vias/ em via Forma correta: O que quero dizer, grosso modo, que h mais chances
Erro: Estou em vias de finalizar o projeto. de dar errado do que de dar certo.
Forma correta: Estou em via de finalizar o projeto. Explicao: A expresso grosso modo, sem a preposio a.
Explicao: A locuo em via de e significa a caminho de, prestes a.
56 Guincho/guinchamento
46 Eminente/ iminente Erro: Sujeito a guincho.
Erro: A falncia eminente. Forma correta: Sujeito a guinchamento
Forma correta: A falncia iminente. Explicao: Guincho o veculo que faz a ao, isto , o guinchamento.
Explicao: Eminente um adjetivo que significa alto, grande, elevado,
saliente, pessoa importante, notvel. 57 H 10 anos atrs/ h 10 anos
Erro: H 10 anos atrs, eu decidi comprar um imvel.
Exemplos: Era um eminente orador. A montanha eminente surge na paisa- Formas corretas: H 10 anos, eu decidi comprar um imvel. Dez anos
gem. Iminente tambm um adjetivo e indica que algo est prestes a atrs, eu decidi comprar um imvel.
acontecer. Exemplo: A sua morte iminente. Explicao: redundante usar h e atrs na mesma frase. O verbo
haver impede a palavra atrs em seguida sempre que estiver relacionado a
47 Ensinar a executarem/ ensinar a executar tempo, ao que j se passou. H, portanto, duas formas corretas para a
Erro: O bom lder deve ensinar seus colaboradores a executarem as tare- frase: h dez anos ou dez anos atrs.
fas.
Forma correta: O bom lder deve ensinar seus colaboradores a executar 58 Hora/ora
as tarefas. Erro: Voc pediu minha deciso, por hora ainda no a tenho.
Explicao: No se flexiona infinitivo com preposio que funcione como Forma correta: Voc pediu minha deciso, por ora ainda no a tenho.
complemento de substantivo, adjetivo ou do prprio verbo principal. Exem- Explicao: A expresso por hora, quando escrita com a letra h, refere-
plo: As mulheres conquistaram o direito de trabalhar fora de casa. se ao tempo, a marcao em minutos. Exemplo: O carro estava a cento e
vinte quilmetros por hora. A expresso por ora, quando escrita sem o h,
48 Entre eu e ele/ entre mim e ele d a ideia de no momento ou agora. um advrbio de tempo, expressa
Erro: Entre eu e ele no h conversa nem acordo. sentido de por enquanto, no momento, atualmente. Exemplo: Por ora estou
Forma correta: Entre mim e ele no j conversa nem acordo. muito ocupado.
Explicao: Os pronomes pessoais do caso reto exercem funo de sujeito
(ou predicativo do sujeito) e no de complemento. 59 Horas extra/ horas extras
Erro: Voc dever fazer horas extra para terminar o relatrio.
49 Falta/faltam Forma correta: Voc dever fazer horas extras para terminar o relatrio.
Erro: Falta 30 dias para minhas frias comearem Explicao: Neste caso, extra um adjetivo e, portanto, varivel.
Forma correta: Faltam 30 dias para minhas frias comearem.
Explicao: O verbo deve concordar com o sujeito da frase. 60 Houveram/houve
Erro: Houveram rumores sobre um anncio de demisso em massa.
50 Fazem /faz Forma correta: Houve rumores sobre um anncio de demisso em massa.
Erro: Fazem oito semanas que fui promovida. Explicao: Haver no sentido de existir no usado no plural.
Forma correta: Faz oito semanas que fui promovida.
Explicao: Verbo fazer quando sinaliza tempo que passou fica na 3 61 Implicar em/implicar
pessoa do singular. Erro: A sua atitude implicar em demisso por justa causa.
Forma correta: A sua atitude implicar demisso por justa causa.
51 Fazer uma colocao/ emitir uma opinio Explicao: o verbo implicar, quando transitivo direto, significa dar a
Erro: Deixe-me fazer uma colocao a respeito do tema da reunio. entender, pressupor ou trazer como consequncia, acarretar, provo-
Forma correta: Deixe-me emitir uma opinio a respeito do tema da reuni- car. E se a transitividade direta, isso quer dizer que no pede preposio.
o.
Explicao: o padro formal emitir uma opinio e no fazer uma coloca- 62 Independente/ independentemente
o, embora esta Erro: Independente da proposta, minha resposta no.
seja uma forma bastante usada. Forma correta: Independentemente da proposta, minha resposta no.
Explicao: Independente adjetivo e independentemente advrbio. O
52 Ficou claro/ ficou clara enunciado acima pede o advrbio.
Erro: Ficou claro, aps a reunio, a necessidade de corte de gastos.
Forma correta: Ficou clara, aps a reunio, a necessidade de corte de 63 Insisto que/ insisto em que
gastos. Erro: Insisto que preciso cortar custos na cadeia produtiva.
Explicao: A necessidade de corte de gastos o que ficou clara, durante Forma correta: Insisto em que preciso cortar custos na cadeia produtiva.
a reunio. Explicao: O verbo insistir transito indireto, quando objeto for uma coisa
usa-se a preposio em e a preposio com aparece quando h referncia
53 Foi assistida/ assistiu a uma pessoa. Exemplo: Insisto nisso com o diretor.
Erro: A palestra foi assistida por muita gente
Forma correta: Muita gente assistiu palestra. 64 Junto a/ no/ ao
Explicao: Verbo assistir no sentido de ver, presenciar, transitivo indire- Erro: Solicite junto ao departamento de recursos humanos o informe de
to e a voz passiva s admite verbos transitivos diretos. rendimentos para a Receita Federal.
Forma correta: Solicite ao departamento de recursos humanos o informe
54 Fosse... comprava/ fosse...compraria de rendimentos para a Receita Federal.
Erro: Se eu fosse voc eu comprava aquela gravata. Explicao: As locues junto a, junto de so sinnimas e significam
Forma correta: Se eu fosse voc eu compraria aquela gravata. "perto de", "ao lado de". No cabem na frase acima. Para voc lembrar, no
Explicao: Atente correlao verbal. Imperfeito do subjuntivo (se eu desconte cheques junto ao banco e sim com o banco. No renegocie uma
fosse) usado com o futuro do pretrito (compraria). dvida junto aos credores e sim com os credores Evite empregar a expres-
so junto a em lugar de com, de, em e para. Assim, em lugar de conse-
guimos apoio junto equipe escreva conseguimos apoio da equipe.

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APOSTILAS OPO
Forma correta: Vamos reunio em que decidiremos os rumos da compa-
65 Maiores informaes/ mais informaes nhia.
Erro: Caso precise de maiores informaes, entre em contato conosco. Explicao: Reunio no lugar e as palavras onde e aonde se
Forma correta: Caso precise de mais informaes, entre em contato referem apenas a lugares. Prefira a reunio em que ou na qual
conosco. decidiremos sobre.
Explicao: O termo maior comparativo, no deve ser utilizado nesse
caso.
74 O quanto antes/ quanto antes
66 Mal/ mau
Erro: Era um mal funcionrio e foi demitido. Erro: Voltarei ao escritrio o quanto antes.
Forma correta: Era um mau funcionrio e foi demitido Forma correta: Voltarei ao escritrio quanto antes.
Explicao: Mau e bom so adjetivos, ou seja, conferem qualidade aos Explicao: Antes da locuo adverbial quanto antes no se usa artigo
substantivos, palavras que nomeiam seres e coisas. Exemplos: Ele bom definido o.
mdico e Ele mau aluno. Por outro lado, mal e bem podem exercer trs
funes distintas. Exercem a funo de advrbios, modificam o estado do 75 Parcela nica/ de uma s vez
verbo, por exemplo: Seu filho se comportou mal na escola e ele foi bem Erro: O pagamento ser feito em parcela nica.v
aceito no novo trabalho. Como conjuno, servindo para conectar oraes, Forma correta: O pagamento ser feito de uma s vez.
como em Mal chegou e j se foi. Essas palavras tambm tm a funo de Explicao: Parcela significa parte de um todo. Logo se no h parcela-
substantivos, por exemplo: Voc o meu bem e o mal dele no saber mento, o certo dizer de uma s vez.
ouvir.
76 Por que / porque
67 Mal humorado/ mal-humorado Forma correta: No a vi ontem porque eu estava fora da cidade.
Erro: Estava mal humorado e isso afetou a todos da equipe. Explicao: Porque uma conjuno e serve para ligar duas ideias, duas
Forma correta: Estava mal-humorado e isso afetou a todos da equipe. oraes. usado ando a segunda parte apresenta uma explicao ou
Explicao: As formaes vocabulares com MAL- exigem hfen caso a causa em relao primeira. A forma por que um advrbio interrogativo
palavra principal inicie-se por vogal, h ou l: mal-estar, mal-empregado, mal- de causa e usada quando pedimos por uma causa ou motivo. Caso mais
humorado, mal-limpo. incomum para o uso da forma por que quando ela pode ser substituda
por para que, pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais. Exem-
Leia mais --> Quando usar e no usar o hfen plos: Lutamos por que (para que) a obra terminasse antes da inaugurao.
68 Mo-de-obra/ mo de obra Este o caminho por que (pelo qual) passamos.
Erro: A falta de mo-de-obra qualificada um dos gargalos da economia
brasileira. 77 Porqu/ por qu
Forma correta: A falta de mo de obra qualificada um dos gargalos da Erro: A diretriz mudou, no sei porqu
economia. Formas corretas: A diretriz mudou, no sei por qu. A diretriz mudou, no
Explicao: Com palavras justapostas (uma aps a outra) em que haja um sei o porqu.
termo de ligao (geralmente uma preposio ou conjuno) no se usa Explicao: Porqu substitui as palavras razo, causa ou motivo. um
hfen. substantivo e, como tal, tem plural e pode vir acompanhado por artigos,
pronomes e adjetivos. A palavra geralmente antecedida de artigo o ou
69 Meio-dia e meio/ meio-dia e meia um. Use a expresso por qu quando ela estiver no fim da frase. Alguns
Erro: Entregarei o relatrio ao meio-dia e meio. autores dizem que isso vale tambm quando houver uma pausa, uma
Forma correta: Entregarei o relatrio ao meio-dia e meia. vrgula, no importa que seja pergunta ou no.
Explicao: O termo meio pode ter duas funes: adjetivo e advrbio.
Quando advrbio, meio quer dizer um pouco e invarivel. Quando Exemplos: No aprovaram a proposta e no sabemos por qu. No temos
adjetivo, meio quer dizer metade de e varivel, ou seja, concorda com o o resultado da concorrncia. Por qu? No sabemos por qu, onde e
termo a que se refere. quando tudo aconteceu.
70 No aguardo/ ao aguardo 78 Penalizado/ punido
Erro: Fico no aguardo da sua resposta. Erro: Quem desrespeitar o cdigo de conduta ser penalizado.
Forma correta: Fico ao aguardo da sua resposta. Forma correta: Quem desrespeitar o cdigo de conduta ser punido.
Explicao: O certo ao aguardo de, espera de. Explicao: Penalizar significa causar pena, magoar. No sentido de
castigar, o certo usar o verbo punir.
71 No ponto de/ a ponto de Calendario pis 2014
Erro: A demanda da chefia to alta, que estou no ponto de mandar tudo 79 Por causa que/ porque/ por causa de
s favas. Erro: No fui aula por causa que est chovendo muito.
Forma correta: A demanda da chefia to alta, que estou a ponto de Formas corretas: No fui aula porque est chovendo muito. No fui
mandar tudo s favas. aula por causa da chuva.
Explicao: Para dar a ideia de estar prestes a, na iminncia de, use a Explicao: O certo usar porque ou por causa de.
expresso a ponto de.
80 Por cento veio/ por cento vieram
72 O mesmo/ ele
Erro: Entre os funcionrios, 15% contra a mudana de sede.
Erro: Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se para-
Forma correta: Entre os funcionrios 15% so contra a mudana de sede.
do neste andar.
Explicao: Nmeros percentuais exigem concordncia.
Forma correta: Antes de entrar no elevador, verifique se ele se encontra
parado neste andar.
Explicao: O termo o mesmo no serve para substituir uma palavra 81 Precaver/ prevenir
anteriormente dita. Quem est nas empresas, portanto, deve preferir os Erro: importante que a empresa se precavenha contra invases.
pronomes ele(s) ou ela(s), cuidando para adequar a partcula se nova Forma correta: importante que a empresa se previna contra invases.
sentena. Explicao: O verbo precaver defectivo, no tem todas as conjugaes.
No presente do indicativo s existem a 1 e 2 pessoa do plural (precave-
73 Onde/ em que mos e precaveis) e no existe presente do subjuntivo.
Erro: Vamos reunio onde decidiremos os rumos da companhia.

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APOSTILAS OPO
82 Precisam-se/ precisa-se 92 Rbrica/ rubrica
Erro: Precisam-se de bons vendedores. Erro: Ponha a sua rbrica em todas as pginas do relatrio, por favor.
Forma correta: Precisa-se de bons vendedores. Forma correta: Ponha a sua rubrica em todas as pginas do relatrio, por
Explicao: Sempre que houver uma preposio depois do pronome se favor.
(de, por, para, com, em, etc.) no haver plural, apenas singular. Exemplo: Explicao: Rubrica paroxtona, sem acento.
Trata-se de ideias inovadoras.
93 Seno/ se no
83 Prefiro ... do que/ prefiro... a Erro: Seno fizer o relatrio, no cumprir a meta.
Erro: Prefiro sair mais tarde do trabalho do que ficar parado no trnsito. Forma correta: Se no fizer o relatrio, no cumprir a meta.
Forma correta: Prefiro sair mais tarde do trabalho a ficar parado no trnsi- Explicao: Para dar a ideia de caso no faa o relatrio, como no
to. exemplo acima, o certo utilizar a forma separada. Seno (em uma s
Explicao: No h necessidade do comparativo do que. palavra) tem vrios significados, do contrrio, de outra forma, alis, a no
ser, mais do que, menos, com exceo de, mas, mas sim, mas tambm,
84 Preveram/ previram defeito, erro, de repente, subitamente.
Erro: Os analistas preveram tempos de crise.
Forma correta: Os analistas previram tempos de crise.
Explicao: A conjugao do verbo prever segue a do verbo ver. Logo, se 94 Serssimo/ serissimo
o certo dizer eles viram, certo dizer eles previram. Erro: O problema serssimo.
Forma correta: O problema serissimo.
85 Quadriplicar/ quadruplicar Explicao: Os adjetivos terminados em io antecedido de consoante
Erro: O nmero de funcionrios quadriplicou no ano passado. possuem o superlativo com ii.
Forma correta: O nmero de funcionrios quadruplicou no ano passado.
Explicao: Qudruplo o numeral e significa multiplicativo de quatro, 95 Somos em/ somos
quantidade quatro vezes maior que outra. Quadruplicao, quadruplicar e Erro: No escritrio, somos em cinco analistas.
qudruplo so as formas corretas. Forma correta: No escritrio, somos cinco analistas.
Explicao: No h necessidade de empregar a preposio em.
86 Qualquer/ nenhum
Erro: Informo-lhes que no mantenho qualquer tipo de vnculo com a 96 To pouco/ tampouco
Construtora XYZ Ltda. Erro: No fala ingls, to pouco espanhol.
Forma correta: Informo-lhes que no mantenho nenhum tipo de vnculo Forma correta: No fala ingls, tampouco espanhol
com a Construtora XYZ Ltda. Explicao: To pouco equivale a muito pouco. J tampouco pode signifi-
Explicao: Qualquer pronome de sentido afirmativo. Logo, em constru- car: tambm no, nem sequer e nem ao menos.
es negativas, deve-se empregar nenhum.

87 Quantia/ quantidade 97 Vem/ veem


Erro: Informe a quantia exata de itens no estoque. Erro: Eles vem problemas em todas as inovaes propostas.
Forma correta: Informe a quantidade de itens no estoque. Forma correta: Eles veem problemas em todas as inovaes propostas.
Explicao: Usa-se quantia para dinheiro e quantidade para coisas. Explicao: As conjugaes no presente do verbo ver: ele v (com acen-
to), eles veem (sem acento, segundo o Acordo Ortogrfico da Lngua
88 Que preciso/ de que preciso Portuguesa). Exemplos: Ele v os filhos aos sbados. Eles veem o pai uma
Erro: Os documentos que preciso esto na gaveta. vez por semana. O verbo vir, no presente, conjugado assim: ele vem, eles
Forma correta: Os documentos de que preciso esto na gaveta. vm (com acento). Ele no vem sempre aqui. Eles vm a So Paulo uma
Explicao: O verbo precisar pede a preposio de. vez por ano.

89 Reaveu/reouve 98 Vir/ vier


Erro: A homenagem reaveu nossa motivao. Erro: Se ele no vir amanh, vai perder mais uma reunio importante.
Forma correta: A homenagem reouve nossa motivao. Forma correta: Se ele no vier amanh, vai perder mais uma reunio
Explicao: O pretrito perfeito de reaver reouve. Gramaticalmente, o importante.
verbo REAVER defectivo, s se conjuga nas formas em que o verbo Explicao: No caso do verbo vir, temos as seguintes formas no futuro do
HAVER possui a letra V. Presente do indicativo: reavemos, reaveis. Pretri- subjuntivo: quando eu vier, ele vier, ns viermos, eles vierem.
to perfeito do indicativo: reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes,
reouveram. 99 Visar/ visar a
Erro: Augusto visa o cargo de diretor comercial da empresa.
90 Responder o/ responder ao Forma correta: Augusto visa ao de diretor comercial da empresa.
Erro: Vou responder o e-mail daqui a pouco. Explicao: Visar com o sentido de pretender transitivo indireto, isto ,
Forma correta: Vou responder ao e-mail daqui a pouco. exige a preposio a.
Explicao: A regncia do verbo responder, no sentido de dar a resposta,
sempre indireta, ou seja, pede a preposio a. 100 Zero horas/ zero hora
Erro: O novo modelo entra em vigor a partir das zero horas de amanh.
91 Retificar/ ratificar Forma correta: O novo modelo entra em vigor a partir da zero hora de
Erro: O homem retificou as informaes perante o juiz. amanh.
Forma correta: O homem ratificou as informaes perante o juiz. Explicao: O adjetivo composto zero-quilmetro invarivel.
Explicao: Ratificar, do latim medieval, possui os seguintes significados: Bem explicativo, espero que tenha gostado desta lista com os erros mais
confirmar, reafirmar, validar, comprovar, autenticar. Retificar, tambm do comuns.
latim com base na palavra rectus, se refere ao ato de corrigir, emendar, Provavelmente voc j cometeu vrios destes erros, no?
alinhar ou endireitar qualquer coisa. Mas saiba que no s voc que tem dificuldades com o portugus, pois
aprendemos de forma errada, modo arcaico, assim tornado o aprendizado
bem lento e complicado, mas conheo uma forma de aprender portugus
de forma prtica e eficiente.
http://www.comoescreve.com/2013/12/100-erros-de-portugues-de-a-z-
mais.html

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SINNIMOS, ANTNIMOS E PARNIMOS. SENTIDO PRPRIO Vem do grego homs que quer dizer: igual, nymon que significa
E FIGURADO DAS PALAVRAS. nome. Apresentam identidade de sons ou de forma, mas de significados
diferentes.
As palavras Homnimas podem ser:
SIGNIFICAO DAS PALAVRAS
a) Homnimos homfonos
Artigo sobre significao das palavras: sinnimos, antnimos, parnimos e b) Homnimos homgrafos
homnimos com exemplos e questes extrados dos principais vestibulares
e concursos do pas. Homnimos Homfonos

Significao das palavras So os que tm som igual e significao diferente.

Quanto significao, as palavras so divididas nas seguintes categorias: Exemplos:

Sinnimos
cerrar (fechar) serrar (cortar)
So palavras diferentes na forma, mas iguais ou semelhantes na significa-
o. Os sinnimos podem ser: ch (bebida) x (soberano do Ir)

a) perfeitos cheque (ordem de pagamento) xeque (lance do jogo de xadrez)


b) imperfeitos
concertar (ajustar, combinar) consertar (corrigir, reparar)
Sinnimos Perfeitos
coser (costurar) cozer (preparar alimentos)
Se a significao igual, o que raro. esperto (inteligente, perspicaz) experto (experiente, perito)

Exemplos: espiar (observar, espionar) expiar (reparar falta mediante cumpri-


mento de pena)
cara rosto
lxico vocabulrio estrato (camada) extrato (o que se extrai de)
falecer morrer
flagrante (evidente) fragrante (perfumado)
escarradeira cuspideira
lngua idioma incerto (no certo, impreciso) inserto (introduzido, inserido)

Sinnimos Imperfeitos incipiente (principiante) insipiente (ignorante)

Se semelhantes o mais comum. ruo (pardacento, grisalho) russo (natural da Rssia)

tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)


Exemplos:
acender (pr fogo) ascender (subir)
esperar aguardar
crrego riacho acento (smbolo grfico) assento (lugar em que se senta)
belo formoso
aprear (ajustar o preo) apressar (formar rpido)
Antnimos
bucho (estmago) buxo (arbusto)
quando duas ou mais palavras tm significados contrrios. caar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)

Exemplos: cela (pequeno quarto) sela (arreio)

aberto fechado censo (recenseamento) senso (entendimento, juzo)


sim no
abaixar levantar Homnimos Homgrafos
nascer morrer
correr parar So palavras que tm grafia igual e significao diferente; devemos notar
sair chegar que as vogais podem ter som diferente, bem como pode ser diferente o
belo feio acento da palavra. Sendo que se escrevam com as mesmas letras e te-
nham significao diferente.
Polissemia
Exemplos:
Polissemia a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar
mais de um significado nos mltiplos contextos em que aparece. Veja colher (substantivo) colher (verbo)
alguns exemplos de palavras polissmicas: selo (substantivo) selo (verbo)
sede(residncia) sede (vontade de beber gua)
cabo (posto militar, acidente geogrfico, cabo da vassoura, da faca) car (planta) cara (rosto)
banco (instituio comercial financeira, assento) sabia (verbo saber) sabi (pssaro) sbia (feminino de sbio)
manga (parte da roupa, fruta) Observao: As palavras podem ser ao mesmo tempo homnimos
homfonos e homnimos homgrafos
Homnimos
Exemplos:
mato (bosque) mato (verbo)
livre (solto) livre (verbo livrar)

Lngua Portuguesa 57
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APOSTILAS OPO
rio (verbo rir) rio (curso de gua natural) www.mundovestibular.com.br
amo (verbo amar) amo (servo) Postado por cleiton silva
canto (ngulo) canto (verbo cantar)
fui (verbo ser) fui (verbo ir) DENOTAO E CONOTAO
Parnimos A lngua portuguesa rica, interessante, criativa e verstil, se encontrando
em constante evoluo. As palavras no apresentam apenas um significado
So quando duas ou mais palavras apresentam grafia e pronncia pareci- objetivo e literal, mas sim uma variedade de significados, mediante o con-
das, mas significados diferentes. texto em que ocorrem e as vivncias e conhecimentos das pessoas que as
utilizam.
Exemplos:
Exemplos de variao no significado das palavras:
recrear (divertir, alegrar) recriar (criar novamente) Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido literal)
Ele ficou uma fera quando soube da notcia. (sentido figurado)
sortir (abastecer) surtir (produzir efeito)
Aquela aluna fera na matemtica. (sentido figurado)
trfego (trnsito) trfico (comrcio ilegal) As variaes nos significados das palavras ocasionam o sentido denotati-
vo (denotao) e o sentido conotativo (conotao) das palavras.
vadear (atravessar a vau) vadiar (andar ociosamente)
Denotao
vultoso (volumoso) vultuoso (atacado de congesto na face) Uma palavra usada no sentido denotativo quando apresenta seu signifi-
imergir (afundar) emergir (vir tona)
cado original, independentemente do contexto frsico em que aparece.
Quando se refere ao seu significado mais objetivo e comum, aquele imedia-
inflao (alta dos preos) infrao (violao) tamente reconhecido e muitas vezes associado ao primeiro significado que
aparece nos dicionrios, sendo o significado mais literal da palavra.
infligir (aplicar pena) infringir (violar, desrespeitar) A denotao tem como finalidade informar o receptor da mensagem de
forma clara e objetiva, assumindo assim um carter prtico e utilitrio.
mandado (ordem judicial) mandato (procurao) utilizada em textos informativos, como jornais, regulamentos, manuais de
ratificar (confirmar) retificar (corrigir)
instruo, bulas de medicamentos, textos cientficos, entre outros.
Exemplos:
emigrar (deixar um pas) imigrar (entrar num pas) O elefante um mamfero.
J li esta pgina do livro.
eminente (elevado) iminente (prestes a ocorrer)
A empregada limpou a casa.
esbaforido (ofegante, apressado) espavorido (apavorado)
Conotao
estada (permanncia de pessoas) estadia (permanncia de veculos) Uma palavra usada no sentido conotativo quando apresenta diferentes
significados, sujeitos a diferentes interpretaes, dependendo do contexto
fusvel (o que funde) fuzil (arma) frsico em que aparece. Quando se refere a sentidos, associaes e ideias
que vo alm do sentido original da palavra, ampliando sua significao
absolver (perdoar, inocentar) absorver (sorver, aspirar)
mediante a circunstncia em que a mesma utilizada, assumindo um
arrear (pr arreios) arriar (descer, cair) sentido figurado e simblico.
A conotao tem como finalidade provocar sentimentos no receptor da
cavaleiro (que cavalga) cavalheiro (homem corts) mensagem, atravs da expressividade e afetividade que transmite. utili-
zada principalmente numa linguagem potica e na literatura, mas tambm
comprimento (extenso) cumprimento (saudao) ocorre em conversas cotidianas, em letras de msica, em anncios publici-
trios, entre outros.
descrio (ato de descrever) discrio (reserva, prudncia)
Exemplos:
descriminar (tirar a culpa, inocen- discriminar (distinguir) Voc o meu sol!
tar) Minha vida um mar de tristezas.
Voc tem um corao de pedra!
despensa (onde se guardam dispensa (ato de dispensar)
mantimentos)
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denotacao/

SENTIDO PRPRIO E SENTIDO FIGURADO


Formas Variantes
As palavras podem ser empregadas no sentido prprio ou no sentido
H palavras que podem ser grafadas de duas maneiras, sendo ambas
figurado:
aceitas em Portugus pela norma de lngua culta.
Constru um muro de pedra - sentido prprio
Maria tem um corao de pedra sentido figurado.
Exemplos:
A gua pingava lentamente sentido prprio.
contacto contato
caracter carter ESTRUTURA E FORMAO DAS PALAVRAS.
ptica tica
seco seo As palavras, em Lngua Portuguesa, podem ser decompostas em vrios
cota quota elementos chamados elementos mrficos ou elementos de estrutura das
catorze quatorze palavras.
cociente quociente
cotidiano quociente Exs.:
cinzeiro = cinza + eiro
Fonte:: www.algosobre.com.br/ endoidecer = en + doido + ecer
www.exerciciosdeportugues.com.br predizer = pre + dizer

Lngua Portuguesa 58
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APOSTILAS OPO
Os principais elementos mficos so : Onomatopeia: reproduo imitativa de sons (pingue-pingue, zun-
zum, miau);
RADICAL
o elemento mrfico em que est a ideia principal da palavra. Abreviao vocabular: reduo da palavra at o limite de sua
Exs.: amarelecer = amarelo + ecer compreenso (metr, moto, pneu, extra, dr., obs.)
enterrar = en + terra + ar
pronome = pro + nome
Siglas: a formao de siglas utiliza as letras iniciais de uma se-
quncia de palavras (Academia Brasileira de Letras - ABL). A partir de
siglas, formam-se outras palavras tambm (aidtico, petista)
PREFIXO
o elemento mrfico que vem antes do radical. Neologismo: nome dado ao processo de criao de novas pala-
Exs.: anti - heri in - feliz vras, ou para palavras que adquirem um novo significado. pciconcursos

SUFIXO
o elemento mrfico que vem depois do radical. EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO,
Exs.: med - onho cear ense ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, ADVRBIO, PRE-
POSIO, CONJUNO (CLASSIFICAO E SENTIDO QUE
IMPRIMEM S RELAES ENTRE AS ORAES).
FORMAO DAS PALAVRAS
SUBSTANTIVOS
As palavras esto em constante processo de evoluo, o que torna a
lngua um fenmeno vivo que acompanha o homem. Por isso alguns voc-
bulos caem em desuso (arcasmos), enquanto outros nascem (neologis- Substantivo a palavra varivel em gnero, nmero e grau, que d no-
mos) e outros mudam de significado com o passar do tempo. me aos seres em geral.

Na Lngua Portuguesa, em funo da estruturao e origem das pala- So, portanto, substantivos.
vras encontramos a seguinte diviso: a) os nomes de coisas, pessoas, animais e lugares: livro, cadeira, cachorra,
Valria, Talita, Humberto, Paris, Roma, Descalvado.
palavras primitivas - no derivam de outras (casa, flor) b) os nomes de aes, estados ou qualidades, tomados como seres: traba-
palavras derivadas - derivam de outras (casebre, florzinha) lho, corrida, tristeza beleza altura.

palavras simples - s possuem um radical (couve, flor) CLASSIFICAO DOS SUBSTANTIVOS


a) COMUM - quando designa genericamente qualquer elemento da espcie:
palavras compostas - possuem mais de um radical (couve-flor, rio, cidade, pais, menino, aluno
aguardente) b) PRPRIO - quando designa especificamente um determinado elemento.
Os substantivos prprios so sempre grafados com inicial maiscula: To-
Para a formao das palavras portuguesas, necessrio o conheci-
cantins, Porto Alegre, Brasil, Martini, Nair.
mento dos seguintes processos de formao:
c) CONCRETO - quando designa os seres de existncia real ou no, pro-
Composio - processo em que ocorre a juno de dois ou mais radi- priamente ditos, tais como: coisas, pessoas, animais, lugares, etc. Verifi-
cais. So dois tipos de composio. que que sempre possvel visualizar em nossa mente o substantivo con-
creto, mesmo que ele no possua existncia real: casa, cadeira, caneta,
justaposio: quando no ocorre a alterao fontica (girassol, fada, bruxa, saci.
sexta-feira); d) ABSTRATO - quando designa as coisas que no existem por si, isto , s
existem em nossa conscincia, como fruto de uma abstrao, sendo,
aglutinao: quando ocorre a alterao fontica, com perda de
pois, impossvel visualiz-lo como um ser. Os substantivos abstratos vo,
elementos (pernalta, de perna + alta).
portanto, designar aes, estados ou qualidades, tomados como seres:
Derivao - processo em que a palavra primitiva (1 radical) sofre o trabalho, corrida, estudo, altura, largura, beleza.
acrscimo de afixos. So cinco tipos de derivao. Os substantivos abstratos, via de regra, so derivados de verbos ou adje-
tivos
prefixal: acrscimo de prefixo palavra primitiva (in-til); trabalhar - trabalho
correr - corrida
sufixal: acrscimo de sufixo palavra primitiva (clara-mente); alto - altura
parassinttica ou parassntese: acrscimo simultneo de prefixo belo - beleza
e sufixo, palavra primitiva (em + lata + ado). Esse processo responsvel
pela formao de verbos, de base substantiva ou adjetiva; FORMAO DOS SUBSTANTIVOS
a) PRIMITIVO: quando no provm de outra palavra existente na lngua
regressiva: reduo da palavra primitiva. Nesse processo forma-se portuguesa: flor, pedra, ferro, casa, jornal.
substantivos abstratos por derivao regressiva de formas verbais (ajuda / b) DERIVADO: quando provem de outra palavra da lngua portuguesa:
de ajudar); florista, pedreiro, ferreiro, casebre, jornaleiro.
c) SIMPLES: quando formado por um s radical: gua, p, couve, dio,
imprpria: a alterao da classe gramatical da palavra primitiva tempo, sol.
("o jantar" - de verbo para substantivo, " um judas" - de substantivo prprio
d) COMPOSTO: quando formado por mais de um radical: gua-de-
a comum).
colnia, p-de-moleque, couve-flor, amor-perfeito, girassol.
Alm desses processos, a lngua portuguesa tambm possui outros
processos para formao de palavras, como: COLETIVOS
Hibridismo: so palavras compostas, ou derivadas, constitudas Coletivo o substantivo que, mesmo sendo singular, designa um grupo
por elementos originrios de lnguas diferentes (automvel e monculo, de seres da mesma espcie.
grego e latim / sociologia, bgamo, bicicleta, latim e grego / alcalide, al-
cometro, rabe e grego / caiporismo: tupi e grego / bananal - africano e Veja alguns coletivos que merecem destaque:
latino / sambdromo - africano e grego / burocracia - francs e grego); alavo - de ovelhas leiteiras
alcateia - de lobos
lbum - de fotografias, de selos

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APOSTILAS OPO
antologia - de trechos literrios escolhidos no: o lpis, o caderno, a borracha, a caneta.
armada - de navios de guerra
armento - de gado grande (bfalo, elefantes, etc) Podemos classificar os substantivos em:
arquiplago - de ilhas a) SUBSTANTIVOS BIFORMES, so os que apresentam duas formas, uma
assembleia - de parlamentares, de membros de associaes para o masculino, outra para o feminino:
atilho - de espigas de milho aluno/aluna homem/mulher
atlas - de cartas geogrficas, de mapas menino /menina carneiro/ovelha
banca - de examinadores Quando a mudana de gnero no marcada pela desinncia, mas
bandeira - de garimpeiros, de exploradores de minrios pela alterao do radical, o substantivo denomina-se heternimo:
bando - de aves, de pessoal em geral padrinho/madrinha bode/cabra
cabido - de cnegos cavaleiro/amazona pai/me
cacho - de uvas, de bananas
cfila - de camelos b) SUBSTANTIVOS UNIFORMES: so os que apresentam uma nica
cambada - de ladres, de caranguejos, de chaves forma, tanto para o masculino como para o feminino. Subdividem-se
cancioneiro - de poemas, de canes em:
caravana - de viajantes 1. Substantivos epicenos: so substantivos uniformes, que designam
cardume - de peixes animais: ona, jacar, tigre, borboleta, foca.
clero - de sacerdotes Caso se queira fazer a distino entre o masculino e o feminino, deve-
colmeia - de abelhas mos acrescentar as palavras macho ou fmea: ona macho, jacar f-
conclio - de bispos mea
conclave - de cardeais em reunio para eleger o papa 2. Substantivos comuns de dois gneros: so substantivos uniformes que
congregao - de professores, de religiosos designam pessoas. Neste caso, a diferena de gnero feita pelo arti-
congresso - de parlamentares, de cientistas go, ou outro determinante qualquer: o artista, a artista, o estudante, a
conselho - de ministros estudante, este dentista.
consistrio - de cardeais sob a presidncia do papa 3. Substantivos sobrecomuns: so substantivos uniformes que designam
constelao - de estrelas pessoas. Neste caso, a diferena de gnero no especificada por ar-
corja - de vadios tigos ou outros determinantes, que sero invariveis: a criana, o cn-
elenco - de artistas juge, a pessoa, a criatura.
enxame - de abelhas Caso se queira especificar o gnero, procede-se assim:
enxoval - de roupas uma criana do sexo masculino / o cnjuge do sexo feminino.
esquadra - de navios de guerra
esquadrilha - de avies AIguns substantivos que apresentam problema quanto ao Gnero:
falange - de soldados, de anjos
farndola - de maltrapilhos
fato - de cabras So masculinos So femininos
o antema o grama (unidade de peso) a abuso a derme
fauna - de animais de uma regio o telefonema o d (pena, compaixo) a aluvio a omoplata
feixe - de lenha, de raios luminosos o teorema o gape a anlise a usucapio
flora - de vegetais de uma regio o trema o caudal a cal a bacanal
frota - de navios mercantes, de txis, de nibus o edema o champanha a cataplasma a lbido
o eclipse o alvar a dinamite a sentinela
girndola - de fogos de artifcio o lana-perfume o formicida a comicho a hlice
horda - de invasores, de selvagens, de brbaros o fibroma o guaran a aguardente
junta - de bois, mdicos, de examinadores o estratagema o plasma
o proclama o cl
jri - de jurados
legio - de anjos, de soldados, de demnios
malta - de desordeiros Mudana de Gnero com mudana de sentido
manada - de bois, de elefantes Alguns substantivos, quando mudam de gnero, mudam de sentido.
matilha - de ces de caa
ninhada - de pintos Veja alguns exemplos:
nuvem - de gafanhotos, de fumaa o cabea (o chefe, o lder) a cabea (parte do corpo)
o capital (dinheiro, bens) a capital (cidade principal)
panapan - de borboletas
o rdio (aparelho receptor) a rdio (estao transmissora)
peloto - de soldados o moral (nimo) a moral (parte da Filosofia, concluso)
penca - de bananas, de chaves o lotao (veculo) a lotao (capacidade)
pinacoteca - de pinturas o lente (o professor) a lente (vidro de aumento)
plantel - de animais de raa, de atletas
quadrilha - de ladres, de bandidos Plural dos Nomes Simples
ramalhete - de flores 1. Aos substantivos terminados em vogal ou ditongo acrescenta-se S: casa,
rstia - de alhos, de cebolas casas; pai, pais; im, ims; me, mes.
rcua - de animais de carga 2. Os substantivos terminados em O formam o plural em:
romanceiro - de poesias populares a) ES (a maioria deles e todos os aumentativos): balco, balces; corao,
resma - de papel coraes; grandalho, grandalhes.
revoada - de pssaros b) ES (um pequeno nmero): co, ces; capito, capites; guardio,
scia - de pessoas desonestas guardies.
vara - de porcos c) OS (todos os paroxtonos e um pequeno nmero de oxtonos): cristo,
vocabulrio - de palavras cristos; irmo, irmos; rfo, rfos; sto, stos.

FLEXO DOS SUBSTANTIVOS Muitos substantivos com esta terminao apresentam mais de uma forma
Como j assinalamos, os substantivos variam de gnero, nmero e de plural: aldeo, aldeos ou aldees; charlato, charlates ou charlates;
grau. ermito, ermitos ou ermites; tabelio, tabelies ou tabelies, etc.

Gnero 3. Os substantivos terminados em M mudam o M para NS. armazm,


Em Portugus, o substantivo pode ser do gnero masculino ou femini- armazns; harm, harns; jejum, jejuns.
4. Aos substantivos terminados em R, Z e N acrescenta-se-lhes ES: lar,

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APOSTILAS OPO
lares; xadrez, xadrezes; abdmen, abdomens (ou abdmenes); hfen, h- perde-ganha, os perde-ganha.
fens (ou hfenes). Obs: Alguns compostos admitem mais de um plural, como o caso
Obs: carter, caracteres; Lcifer, Lciferes; cnon, cnones. por exemplo, de: fruta-po, fruta-pes ou frutas-pes; guarda-
5. Os substantivos terminados em AL, EL, OL e UL o l por is: animal, ani- marinha, guarda-marinhas ou guardas-marinhas; padre-nosso, pa-
mais; papel, papis; anzol, anzis; paul, pauis. dres-nossos ou padre-nossos; salvo-conduto, salvos-condutos ou
Obs.: mal, males; real (moeda), reais; cnsul, cnsules. salvo-condutos; xeque-mate, xeques-mates ou xeques-mate.
6. Os substantivos paroxtonos terminados em IL fazem o plural em: fssil,
fsseis; rptil, rpteis. Adjetivos Compostos
Os substantivos oxtonos terminados em IL mudam o l para S: barril, bar- Nos adjetivos compostos, apenas o ltimo elemento se flexiona.
ris; fuzil, fuzis; projtil, projteis. Ex.:histrico-geogrfico, histrico-geogrficos; latino-americanos, latino-
7. Os substantivos terminados em S so invariveis, quando paroxtonos: o americanos; cvico-militar, cvico-militares.
pires, os pires; o lpis, os lpis. Quando oxtonas ou monosslabos tni- 1) Os adjetivos compostos referentes a cores so invariveis, quando o
cos, junta-se-lhes ES, retira-se o acento grfico, portugus, portugueses; segundo elemento um substantivo: lentes verde-garrafa, tecidos
burgus, burgueses; ms, meses; s, ases. amarelo-ouro, paredes azul-piscina.
So invariveis: o cais, os cais; o xis, os xis. So invariveis, tambm, os 2) No adjetivo composto surdo-mudo, os dois elementos variam: sur-
substantivos terminados em X com valor de KS: o trax, os trax; o nix, dos-mudos > surdas-mudas.
os nix. 3) O composto azul-marinho invarivel: gravatas azul-marinho.
8. Os diminutivos em ZINHO e ZITO fazem o plural flexionando-se o subs-
tantivo primitivo e o sufixo, suprimindo-se, porm, o S do substantivo pri-
mitivo: corao, coraezinhos; papelzinho, papeizinhos; cozinho, cezi-
Graus do substantivo
Dois so os graus do substantivo - o aumentativo e o diminutivo, os quais
tos.
podem ser: sintticos ou analticos.
Substantivos s usados no plural
afazeres anais Analtico
arredores belas-artes Utiliza-se um adjetivo que indique o aumento ou a diminuio do tama-
cs condolncias nho: boca pequena, prdio imenso, livro grande.
confins exquias
frias fezes Sinttico
npcias culos Constri-se com o auxlio de sufixos nominais aqui apresentados.
olheiras psames
viveres copas, espadas, ouros e paus (naipes)
Principais sufixos aumentativos
AA, AO, ALHO, ANZIL, O, ARU, ARRA, ARRO, ASTRO, ZIO,
Plural dos Nomes Compostos ORRA, AZ, UA. Ex.: A barcaa, ricao, grandalho, corpanzil, caldeiro,
povaru, bocarra, homenzarro, poetastro, copzio, cabeorra, lobaz, dentu-
1. Somente o ltimo elemento varia: a.
a) nos compostos grafados sem hfen: aguardente, aguardentes; clara-
boia, claraboias; malmequer, malmequeres; vaivm, vaivns; Principais Sufixos Diminutivos
b) nos compostos com os prefixos gro, gr e bel: gro-mestre, gro- ACHO, CHULO, EBRE, ECO, EJO, ELA, ETE, ETO, ICO, TIM, ZINHO,
mestres; gr-cruz, gr-cruzes; bel-prazer, bel-prazeres; ISCO, ITO, OLA, OTE, UCHO, ULO, NCULO, ULA, USCO. Exs.: lobacho,
c) nos compostos de verbo ou palavra invarivel seguida de substantivo montculo, casebre, livresco, arejo, viela, vagonete, poemeto, burrico, flautim,
ou adjetivo: beija-flor, beija-flores; quebra-sol, quebra-sis; guarda- pratinho, florzinha, chuvisco, rapazito, bandeirola, saiote, papelucho, glbulo,
comida, guarda-comidas; vice-reitor, vice-reitores; sempre-viva, sem- homncula, apcula, velhusco.
pre-vivas. Nos compostos de palavras repetidas mela-mela, mela-
melas; recoreco, recorecos; tique-tique, tique-tiques)
Observaes:
Alguns aumentativos e diminutivos, em determinados contextos, adqui-
2. Somente o primeiro elemento flexionado:
rem valor pejorativo: medicastro, poetastro, velhusco, mulherzinha, etc.
a) nos compostos ligados por preposio: copo-de-leite, copos-de-leite;
Outros associam o valor aumentativo ao coletivo: povaru, fogaru, etc.
pinho-de-riga, pinhos-de-riga; p-de-meia, ps-de-meia; burro-sem-
usual o emprego dos sufixos diminutivos dando s palavras valor afe-
rabo, burros-sem-rabo;
tivo: Joozinho, amorzinho, etc.
b) nos compostos de dois substantivos, o segundo indicando finalidade
H casos em que o sufixo aumentativo ou diminutivo meramente for-
ou limitando a significao do primeiro: pombo-correio, pombos-
mal, pois no do palavra nenhum daqueles dois sentidos: cartaz,
correio; navio-escola, navios-escola; peixe-espada, peixes-espada;
ferro, papelo, carto, folhinha, etc.
banana-ma, bananas-ma.
Muitos adjetivos flexionam-se para indicar os graus aumentativo e di-
A tendncia moderna de pluralizar os dois elementos: pombos-
minutivo, quase sempre de maneira afetiva: bonitinho, grandinho, bon-
correios, homens-rs, navios-escolas, etc.
zinho, pequenito.
3. Ambos os elementos so flexionados:
Apresentamos alguns substantivos heternimos ou desconexos. Em lu-
a) nos compostos de substantivo + substantivo: couve-flor, couves-
gar de indicarem o gnero pela flexo ou pelo artigo, apresentam radicais
flores; redator-chefe, redatores-chefes; carta-compromisso, cartas-
diferentes para designar o sexo:
compromissos.
bode - cabra genro - nora
b) nos compostos de substantivo + adjetivo (ou vice-versa): amor-
burro - besta padre - madre
perfeito, amores-perfeitos; gentil-homem, gentis-homens; cara-plida,
carneiro - ovelha padrasto - madrasta
caras-plidas.
co - cadela padrinho - madrinha
cavalheiro - dama pai - me
So invariveis:
compadre - comadre veado - cerva
a) os compostos de verbo + advrbio: o fala-pouco, os fala-pouco; o pi-
frade - freira zango - abelha
sa-mansinho, os pisa-mansinho; o cola-tudo, os cola-tudo;
frei soror etc.
b) as expresses substantivas: o chove-no-molha, os chove-no-
molha; o no-bebe-nem-desocupa-o-copo, os no-bebe-nem-
desocupa-o-copo; ADJETIVOS
c) os compostos de verbos antnimos: o leva-e-traz, os leva-e-traz; o

Lngua Portuguesa 61
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APOSTILAS OPO
FLEXO DOS ADJETIVOS dade, usamos o superlativo, que pode ser absoluto ou relativo:
- Superlativo absoluto
Gnero Neste caso no comparamos a qualidade com a de outro ser:
Quanto ao gnero, o adjetivo pode ser: Esta cidade poluidssima.
a) Uniforme: quando apresenta uma nica forma para os dois gne- Esta cidade muito poluda.
ros: homem inteligente - mulher inteligente; homem simples - mu- - Superlativo relativo
lher simples; aluno feliz - aluna feliz. Consideramos o elevado grau de uma qualidade, relacionando-a a
b) Biforme: quando apresenta duas formas: uma para o masculino, ou- outros seres:
tra para o feminino: homem simptico / mulher simptica / homem Este rio o mais poludo de todos.
alto / mulher alta / aluno estudioso / aluna estudiosa Este rio o menos poludo de todos.

Observao: no que se refere ao gnero, a flexo dos adjetivos se- Observe que o superlativo absoluto pode ser sinttico ou analtico:
melhante a dos substantivos. - Analtico: expresso com o auxlio de um advrbio de intensidade -
muito trabalhador, excessivamente frgil, etc.
Nmero - Sinttico: expresso por uma s palavra (adjetivo + sufixo) anti-
a) Adjetivo simples qussimo: cristianssimo, sapientssimo, etc.
Os adjetivos simples formam o plural da mesma maneira que os
substantivos simples: Os adjetivos: bom, mau, grande e pequeno possuem, para o compara-
pessoa honesta pessoas honestas tivo e o superlativo, as seguintes formas especiais:
regra fcil regras fceis NORMAL COM. SUP. SUPERLATIVO
homem feliz homens felizes ABSOLUTO
Observao: os substantivos empregados como adjetivos ficam in- RELATIVO
variveis: bom melhor timo
blusa vinho blusas vinho melhor
camisa rosa camisas rosa mau pior pssimo
b) Adjetivos compostos pior
Como regra geral, nos adjetivos compostos somente o ltimo ele- grande maior mximo
mento varia, tanto em gnero quanto em nmero: maior
acordos scio-poltico-econmico pequeno menor mnimo
acordos scio-poltico-econmicos menor
causa scio-poltico-econmica
causas scio-poltico-econmicas
Eis, para consulta, alguns superlativos absolutos sintticos:
acordo luso-franco-brasileiro
acordo luso-franco-brasileiros acre - acrrimo gil - aglimo
lente cncavo-convexa agradvel - agradabilssimo agudo - acutssimo
lentes cncavo-convexas amargo - amarssimo amvel - amabilssimo
camisa verde-clara amigo - amicssimo antigo - antiqussimo
camisas verde-claras spero - asprrimo atroz - atrocssimo
sapato marrom-escuro audaz - audacssimo benfico - beneficentssimo
sapatos marrom-escuros benvolo - benevolentssimo capaz - capacssimo
Observaes:
clebre - celebrrimo cristo - cristianssimo
1) Se o ltimo elemento for substantivo, o adjetivo composto fica invarivel:
camisa verde-abacate camisas verde-abacate cruel - crudelssimo doce - dulcssimo
sapato marrom-caf sapatos marrom-caf eficaz - eficacssimo feroz - ferocssimo
blusa amarelo-ouro blusas amarelo-ouro fiel - fidelssimo frgil - fragilssimo
2) Os adjetivos compostos azul-marinho e azul-celeste ficam invariveis: frio - frigidssimo humilde - humlimo (humildssimo)
blusa azul-marinho blusas azul-marinho incrvel - incredibilssimo inimigo - inimicssimo
camisa azul-celeste camisas azul-celeste ntegro - integrrimo jovem - juvenssimo
3) No adjetivo composto (como j vimos) surdo-mudo, ambos os elementos livre - librrimo magnfico - magnificentssimo
variam:
magro - macrrimo malfico - maleficentssimo
menino surdo-mudo meninos surdos-mudos
menina surda-muda meninas surdas-mudas manso - mansuetssimo mido - minutssimo
negro - nigrrimo (negrssimo) nobre - nobilssimo
pessoal - personalssimo pobre - pauprrimo (pobrssimo)
Graus do Adjetivo
possvel - possibilssimo preguioso - pigrrimo
As variaes de intensidade significativa dos adjetivos podem ser ex-
prspero - prosprrimo provvel - probabilssimo
pressas em dois graus:
pblico - publicssimo pudico - pudicssimo
- o comparativo
sbio - sapientssimo sagrado - sacratssimo
- o superlativo
salubre - salubrrimo sensvel - sensibilssimo
simples simplicssimo tenro - tenerissimo
Comparativo terrvel - terribilssimo ttrico - tetrrimo
Ao compararmos a qualidade de um ser com a de outro, ou com uma velho - vetrrimo visvel - visibilssimo
outra qualidade que o prprio ser possui, podemos concluir que ela igual, voraz - voracssimo vulnervel - vuInerabilssimo
superior ou inferior. Da os trs tipos de comparativo:
- Comparativo de igualdade: Adjetivos Gentlicos e Ptrios
O espelho to valioso como (ou quanto) o vitral. Arglia argelino Bagd - bagdali
Pedro to saudvel como (ou quanto) inteligente. Bizncio - bizantino Bogot - bogotano
- Comparativo de superioridade: Bston - bostoniano Braga - bracarense
O ao mais resistente que (ou do que) o ferro. Bragana - bragantino Braslia - brasiliense
Este automvel mais confortvel que (ou do que) econmico. Bucareste - bucarestino, - Buenos Aires - portenho, buenairense
- Comparativo de inferioridade: bucarestense Campos - campista
A prata menos valiosa que (ou do que) o ouro. Cairo - cairota Caracas - caraquenho
Este automvel menos econmico que (ou do que) confortvel. Cana - cananeu Ceilo - cingals
Catalunha - catalo Chipre - cipriota
Ao expressarmos uma qualidade no seu mais elevado grau de intensi- Chicago - chicaguense Crdova - cordovs

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APOSTILAS OPO
Coimbra - coimbro, conim- Creta - cretense curso:
bricense Cuiab - cuiabano 1 pessoa: quem fala, o emissor.
Crsega - corso EI Salvador - salvadorenho Eu sai (eu)
Crocia - croata Esprito Santo - esprito-santense, Ns samos (ns)
Egito - egpcio capixaba Convidaram-me (me)
Equador - equatoriano vora - eborense Convidaram-nos (ns)
Filipinas - filipino Finlndia - finlands 2 pessoa: com quem se fala, o receptor.
Florianpolis - florianopolitano Formosa - formosano Tu saste (tu)
Fortaleza - fortalezense Foz do lguau - iguauense Vs sastes (vs)
Gabo - gabons Galiza - galego Convidaram-te (te)
Genebra - genebrino Gibraltar - gibraltarino Convidaram-vos (vs)
Goinia - goianense Granada - granadino 3 pessoa: de que ou de quem se fala, o referente.
Groenlndia - groenlands Guatemala - guatemalteco Ele saiu (ele)
Guin - guinu, guineense Haiti - haitiano Eles sairam (eles)
Himalaia - himalaico Honduras - hondurenho Convidei-o (o)
Hungria - hngaro, magiar Ilhus - ilheense Convidei-os (os)
Iraque - iraquiano Jerusalm - hierosolimita
Joo Pessoa - pessoense Juiz de Fora - juiz-forense Os pronomes pessoais so os seguintes:
La Paz - pacense, pacenho Lima - limenho
Macap - macapaense Macau - macaense NMERO PESSOA CASO RETO CASO OBLQUO
Macei - maceioense Madagscar - malgaxe singular 1 eu me, mim, comigo
Madri - madrileno Manaus - manauense 2 tu te, ti, contigo
Maraj - marajoara Minho - minhoto 3 ele, ela se, si, consigo, o, a, lhe
Moambique - moambicano Mnaco - monegasco plural 1 ns ns, conosco
Montevidu - montevideano Natal - natalense 2 vs vs, convosco
3 eles, elas se, si, consigo, os, as, lhes
Normndia - normando Nova lguau - iguauano
Pequim - pequins Pisa - pisano
Porto - portuense Pvoa do Varzim - poveiro PRONOMES DE TRATAMENTO
Quito - quitenho Rio de Janeiro (Est.) - fluminense Na categoria dos pronomes pessoais, incluem-se os pronomes de tra-
Santiago - santiaguense Rio de Janeiro (cid.) - carioca tamento. Referem-se pessoa a quem se fala, embora a concordncia
So Paulo (Est.) - paulista Rio Grande do Norte - potiguar deva ser feita com a terceira pessoa. Convm notar que, exceo feita a
So Paulo (cid.) - paulistano Salvador salvadorenho, soteropolitano voc, esses pronomes so empregados no tratamento cerimonioso.
Terra do Fogo - fueguino Toledo - toledano
Trs Coraes - tricordiano Rio Grande do Sul - gacho Veja, a seguir, alguns desses pronomes:
Tripoli - tripolitano Varsvia - varsoviano PRONOME ABREV. EMPREGO
Veneza - veneziano Vitria - vitoriense Vossa Alteza V. A. prncipes, duques
Vossa Eminncia V .Ema cardeais
Vossa Excelncia V.Exa altas autoridades em geral Vossa
Locues Adjetivas
Magnificncia V. Mag a reitores de universidades
As expresses de valor adjetivo, formadas de preposies mais subs- Vossa Reverendssima V. Revma sacerdotes em geral
tantivos, chamam-se LOCUES ADJETIVAS. Estas, geralmente, podem Vossa Santidade V.S. papas
ser substitudas por um adjetivo correspondente. Vossa Senhoria V.Sa funcionrios graduados
Vossa Majestade V.M. reis, imperadores
PRONOMES
So tambm pronomes de tratamento: o senhor, a senhora, voc, vo-
cs.
Pronome a palavra varivel em gnero, nmero e pessoa, que repre-
senta ou acompanha o substantivo, indicando-o como pessoa do discurso.
Quando o pronome representa o substantivo, dizemos tratar-se de pronome
EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS
substantivo. 1. Os pronomes pessoais do caso reto (EU, TU, ELE/ELA, NS, VS,
Ele chegou. (ele) ELES/ELAS) devem ser empregados na funo sinttica de sujeito.
Convidei-o. (o) Considera-se errado seu emprego como complemento:
Convidaram ELE para a festa (errado)
Quando o pronome vem determinando o substantivo, restringindo a ex- Receberam NS com ateno (errado)
tenso de seu significado, dizemos tratar-se de pronome adjetivo. EU cheguei atrasado (certo)
Esta casa antiga. (esta) ELE compareceu festa (certo)
Meu livro antigo. (meu) 2. Na funo de complemento, usam-se os pronomes oblquos e no os
pronomes retos:
Classificao dos Pronomes Convidei ELE (errado)
H, em Portugus, seis espcies de pronomes: Chamaram NS (errado)
pessoais: eu, tu, ele/ela, ns, vs, eles/elas e as formas oblquas Convidei-o. (certo)
de tratamento: Chamaram-NOS. (certo)
possessivos: meu, teu, seu, nosso, vosso, seu e flexes; 3. Os pronomes retos (exceto EU e TU), quando antecipados de preposi-
demonstrativos: este, esse, aquele e flexes; isto, isso, aquilo; o, passam a funcionar como oblquos. Neste caso, considera-se cor-
relativos: o qual, cujo, quanto e flexes; que, quem, onde; reto seu emprego como complemento:
indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, certo, pouco, v- Informaram a ELE os reais motivos.
rios, tanto quanto, qualquer e flexes; algum, ningum, tudo, ou- Emprestaram a NS os livros.
trem, nada, cada, algo. Eles gostam muito de NS.
interrogativos: que, quem, qual, quanto, empregados em frases in- 4. As formas EU e TU s podem funcionar como sujeito. Considera-se
terrogativas. errado seu emprego como complemento:
Nunca houve desentendimento entre eu e tu. (errado)
PRONOMES PESSOAIS Nunca houve desentendimento entre mim e ti. (certo)
Pronomes pessoais so aqueles que representam as pessoas do dis-
Como regra prtica, podemos propor o seguinte: quando precedidas de

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APOSTILAS OPO
preposio, no se usam as formas retas EU e TU, mas as formas oblquas como sujeito. Isto ocorre com os verbos: deixar, fazer, ouvir, mandar,
MIM e TI: sentir, ver, seguidos de infinitivo. O nome oblquo ser sujeito desse in-
Ningum ir sem EU. (errado) finitivo:
Nunca houve discusses entre EU e TU. (errado) Deixei-o sair.
Ningum ir sem MIM. (certo) Vi-o chegar.
Nunca houve discusses entre MIM e TI. (certo) Sofia deixou-se estar janela.

H, no entanto, um caso em que se empregam as formas retas EU e fcil perceber a funo do sujeito dos pronomes oblquos, desenvol-
TU mesmo precedidas por preposio: quando essas formas funcionam vendo as oraes reduzidas de infinitivo:
como sujeito de um verbo no infinitivo. Deixei-o sair = Deixei que ele sasse.
Deram o livro para EU ler (ler: sujeito) 10. No se considera errada a repetio de pronomes oblquos:
Deram o livro para TU leres (leres: sujeito) A mim, ningum me engana.
A ti tocou-te a mquina mercante.
Verifique que, neste caso, o emprego das formas retas EU e TU obri-
gatrio, na medida em que tais pronomes exercem a funo sinttica de Nesses casos, a repetio do pronome oblquo no constitui pleonas-
sujeito. mo vicioso e sim nfase.
5. Os pronomes oblquos SE, SI, CONSIGO devem ser empregados
somente como reflexivos. Considera-se errada qualquer construo em 11. Muitas vezes os pronomes oblquos equivalem a pronomes possessivo,
que os referidos pronomes no sejam reflexivos: exercendo funo sinttica de adjunto adnominal:
Querida, gosto muito de SI. (errado) Roubaram-me o livro = Roubaram meu livro.
Preciso muito falar CONSIGO. (errado) No escutei-lhe os conselhos = No escutei os seus conselhos.
Querida, gosto muito de voc. (certo)
Preciso muito falar com voc. (certo) 12. As formas plurais NS e VS podem ser empregadas para representar
uma nica pessoa (singular), adquirindo valor cerimonioso ou de mo-
Observe que nos exemplos que seguem no h erro algum, pois os dstia:
pronomes SE, SI, CONSIGO, foram empregados como reflexivos: Ns - disse o prefeito - procuramos resolver o problema das enchentes.
Ele feriu-se Vs sois minha salvao, meu Deus!
Cada um faa por si mesmo a redao
O professor trouxe as provas consigo 13. Os pronomes de tratamento devem vir precedidos de VOSSA, quando
nos dirigimos pessoa representada pelo pronome, e por SUA, quando
6. Os pronomes oblquos CONOSCO e CONVOSCO so utilizados falamos dessa pessoa:
normalmente em sua forma sinttica. Caso haja palavra de reforo, tais Ao encontrar o governador, perguntou-lhe:
pronomes devem ser substitudos pela forma analtica: Vossa Excelncia j aprovou os projetos?
Queriam falar conosco = Queriam falar com ns dois Sua Excelncia, o governador, dever estar presente na inaugurao.
Queriam conversar convosco = Queriam conversar com vs prprios.
14. VOC e os demais pronomes de tratamento (VOSSA MAJESTADE,
7. Os pronomes oblquos podem aparecer combinados entre si. As com- VOSSA ALTEZA) embora se refiram pessoa com quem falamos (2
binaes possveis so as seguintes: pessoa, portanto), do ponto de vista gramatical, comportam-se como
me+o=mo me + os = mos pronomes de terceira pessoa:
te+o=to te + os = tos Voc trouxe seus documentos?
lhe+o=lho lhe + os = lhos Vossa Excelncia no precisa incomodar-se com seus problemas.
nos + o = no-lo nos + os = no-los
vos + o = vo-lo vos + os = vo-los COLOCAO DE PRONOMES
lhes + o = lho lhes + os = lhos Em relao ao verbo, os pronomes tonos (ME, TE, SE, LHE, O, A,
NS, VS, LHES, OS, AS) podem ocupar trs posies:
A combinao tambm possvel com os pronomes oblquos femininos 1. Antes do verbo - prclise
a, as. Eu te observo h dias.
me+a=ma me + as = mas 2. Depois do verbo - nclise
te+a=ta te + as = tas Observo-te h dias.
- Voc pagou o livro ao livreiro? 3. No interior do verbo - mesclise
- Sim, paguei-LHO. Observar-te-ei sempre.

Verifique que a forma combinada LHO resulta da fuso de LHE (que nclise
representa o livreiro) com O (que representa o livro).
Na linguagem culta, a colocao que pode ser considerada normal a
nclise: o pronome depois do verbo, funcionando como seu complemento
8. As formas oblquas O, A, OS, AS so sempre empregadas como
direto ou indireto.
complemento de verbos transitivos diretos, ao passo que as formas
O pai esperava-o na estao agitada.
LHE, LHES so empregadas como complemento de verbos transitivos
Expliquei-lhe o motivo das frias.
indiretos:
O menino convidou-a. (V.T.D )
Ainda na linguagem culta, em escritos formais e de estilo cuidadoso, a
O filho obedece-lhe. (V.T. l )
nclise a colocao recomendada nos seguintes casos:
1. Quando o verbo iniciar a orao:
Consideram-se erradas construes em que o pronome O (e flexes)
Voltei-me em seguida para o cu lmpido.
aparece como complemento de verbos transitivos indiretos, assim como as
2. Quando o verbo iniciar a orao principal precedida de pausa:
construes em que o nome LHE (LHES) aparece como complemento de
Como eu achasse muito breve, explicou-se.
verbos transitivos diretos:
3. Com o imperativo afirmativo:
Eu lhe vi ontem. (errado)
Companheiros, escutai-me.
Nunca o obedeci. (errado)
4. Com o infinitivo impessoal:
Eu o vi ontem. (certo)
A menina no entendera que engorda-las seria apressar-lhes um
Nunca lhe obedeci. (certo)
destino na mesa.
5. Com o gerndio, no precedido da preposio EM:
9. H pouqussimos casos em que o pronome oblquo pode funcionar
E saltou, chamando-me pelo nome, conversou comigo.

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6. Com o verbo que inicia a coordenada assindtica. 3 pessoa singular: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
A velha amiga trouxe um leno, pediu-me uma pequena moeda de meio 1 pessoa plural: NOSSO, NOSSA, NOSSOS, NOSSAS.
franco. 2 pessoa plural: VOSSO, VOSSA, VOSSOS, VOSSAS.
3 pessoa plural: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
Prclise
Na linguagem culta, a prclise recomendada: Os possessivos SEU(S), SUA(S) tanto podem referir-se 3 pessoa
1. Quando o verbo estiver precedido de pronomes relativos, indefinidos, (seu pai = o pai dele), como 2 pessoa do discurso (seu pai = o pai de
interrogativos e conjunes. voc).
As crianas que me serviram durante anos eram bichos.
Tudo me parecia que ia ser comida de avio. Por isso, toda vez que os ditos possessivos derem margem a ambigui-
Quem lhe ensinou esses modos? dade, devem ser substitudos pelas expresses dele(s), dela(s).
Quem os ouvia, no os amou. Ex.:Voc bem sabe que eu no sigo a opinio dele.
Que lhes importa a eles a recompensa? A opinio dela era que Camilo devia tornar casa deles.
Emlia tinha quatorze anos quando a vi pela primeira vez. Eles batizaram com o nome delas as guas deste rio.
2. Nas oraes optativas (que exprimem desejo):
Papai do cu o abenoe. Os possessivos devem ser usados com critrio. Substitu-los pelos pro-
A terra lhes seja leve. nomes oblquos comunica frase desenvoltura e elegncia.
3. Com o gerndio precedido da preposio EM: Crispim Soares beijou-lhes as mos agradecido (em vez de: beijou as
Em se animando, comea a contagiar-nos. suas mos).
Bromil era o suco em se tratando de combater a tosse. No me respeitava a adolescncia.
4. Com advrbios pronunciados juntamente com o verbo, sem que haja A repulsa estampava-se-lhe nos msculos da face.
pausa entre eles. O vento vindo do mar acariciava-lhe os cabelos.
Aquela voz sempre lhe comunicava vida nova.
Antes, falava-se to-somente na aguardente da terra. Alm da ideia de posse, podem ainda os pronomes exprimir:
1. Clculo aproximado, estimativa:
Mesclise Ele poder ter seus quarenta e cinco anos
Usa-se o pronome no interior das formas verbais do futuro do presente 2. Familiaridade ou ironia, aludindo-se personagem de uma histria
e do futuro do pretrito do indicativo, desde que estes verbos no estejam O nosso homem no se deu por vencido.
precedidos de palavras que reclamem a prclise. Chama-se Falco o meu homem
Lembrar-me-ei de alguns belos dias em Paris. 3. O mesmo que os indefinidos certo, algum
Dir-se-ia vir do oco da terra. Eu c tenho minhas dvidas
Cornlio teve suas horas amargas
Mas: 4. Afetividade, cortesia
No me lembrarei de alguns belos dias em Paris. Como vai, meu menino?
Jamais se diria vir do oco da terra. No os culpo, minha boa senhora, no os culpo
Com essas formas verbais a nclise inadmissvel:
Lembrarei-me (!?) No plural usam-se os possessivos substantivados no sentido de paren-
Diria-se (!?) tes de famlia.
assim que um moo deve zelar o nome dos seus?
Podem os possessivos ser modificados por um advrbio de intensida-
O Pronome tono nas Locues Verbais
de.
1. Auxiliar + infinitivo ou gerndio - o pronome pode vir procltico ou
Levaria a mo ao colar de prolas, com aquele gesto to seu, quando
encltico ao auxiliar, ou depois do verbo principal.
no sabia o que dizer.
Podemos contar-lhe o ocorrido.
Podemos-lhe contar o ocorrido.
No lhes podemos contar o ocorrido. PRONOMES DEMONSTRATIVOS
O menino foi-se descontraindo. So aqueles que determinam, no tempo ou no espao, a posio da
O menino foi descontraindo-se. coisa designada em relao pessoa gramatical.
O menino no se foi descontraindo.
2. Auxiliar + particpio passado - o pronome deve vir encltico ou procltico Quando digo este livro, estou afirmando que o livro se encontra perto
ao auxiliar, mas nunca encltico ao particpio. de mim a pessoa que fala. Por outro lado, esse livro indica que o livro est
"Outro mrito do positivismo em relao a mim foi ter-me levado a Des- longe da pessoa que fala e prximo da que ouve; aquele livro indica que o
cartes ." livro est longe de ambas as pessoas.
Tenho-me levantado cedo.
No me tenho levantado cedo. Os pronomes demonstrativos so estes:
ESTE (e variaes), isto = 1 pessoa
O uso do pronome tono solto entre o auxiliar e o infinitivo, ou entre o ESSE (e variaes), isso = 2 pessoa
auxiliar e o gerndio, j est generalizado, mesmo na linguagem culta. AQUELE (e variaes), prprio (e variaes)
Outro aspecto evidente, sobretudo na linguagem coloquial e popular, o da MESMO (e variaes), prprio (e variaes)
colocao do pronome no incio da orao, o que se deve evitar na lingua- SEMELHANTE (e variao), tal (e variao)
gem escrita.
Emprego dos Demonstrativos
PRONOMES POSSESSIVOS 1. ESTE (e variaes) e ISTO usam-se:
Os pronomes possessivos referem-se s pessoas do discurso, atribu- a) Para indicar o que est prximo ou junto da 1 pessoa (aquela que
indo-lhes a posse de alguma coisa. fala).
Este documento que tenho nas mos no meu.
Quando digo, por exemplo, meu livro, a palavra meu informa que o Isto que carregamos pesa 5 kg.
livro pertence a 1 pessoa (eu) b) Para indicar o que est em ns ou o que nos abrange fisicamente:
Este corao no pode me trair.
Eis as formas dos pronomes possessivos: Esta alma no traz pecados.
1 pessoa singular: MEU, MINHA, MEUS, MINHAS. Tudo se fez por este pas..
2 pessoa singular: TEU, TUA, TEUS, TUAS. c) Para indicar o momento em que falamos:

Lngua Portuguesa 65
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APOSTILAS OPO
Neste instante estou tranquilo. A sorte mulher e bem o (isso) demonstra de fato, ela no ama os
Deste minuto em diante vou modificar-me. homens superiores.
d) Para indicar tempo vindouro ou mesmo passado, mas prximo do 8. NISTO, em incio de frase, significa ENTO, no mesmo instante:
momento em que falamos: A menina ia cair, nisto, o pai a segurou
Esta noite (= a noite vindoura) vou a um baile. 9. Tal pronome demonstrativo quando tomado na acepo DE ESTE,
Esta noite (= a noite que passou) no dormi bem. ISTO, ESSE, ISSO, AQUELE, AQUILO.
Um dia destes estive em Porto Alegre. Tal era a situao do pas.
e) Para indicar que o perodo de tempo mais ou menos extenso e no No disse tal.
qual se inclui o momento em que falamos: Tal no pde comparecer.
Nesta semana no choveu.
Neste ms a inflao foi maior. Pronome adjetivo quando acompanha substantivo ou pronome (atitu-
Este ano ser bom para ns. des tais merecem cadeia, esses tais merecem cadeia), quando acompanha
Este sculo terminar breve. QUE, formando a expresso que tal? (? que lhe parece?) em frases como
f) Para indicar aquilo de que estamos tratando: Que tal minha filha? Que tais minhas filhas? e quando correlativo DE QUAL
Este assunto j foi discutido ontem. ou OUTRO TAL:
Tudo isto que estou dizendo j velho. Suas manias eram tais quais as minhas.
g) Para indicar aquilo que vamos mencionar: A me era tal quais as filhas.
S posso lhe dizer isto: nada somos. Os filhos so tais qual o pai.
Os tipos de artigo so estes: definidos e indefinidos. Tal pai, tal filho.
2. ESSE (e variaes) e ISSO usam-se: pronome substantivo em frases como:
a) Para indicar o que est prximo ou junto da 2 pessoa (aquela com No encontrarei tal (= tal coisa).
quem se fala): No creio em tal (= tal coisa)
Esse documento que tens na mo teu?
Isso que carregas pesa 5 kg. PRONOMES RELATIVOS
b) Para indicar o que est na 2 pessoa ou que a abrange fisicamente: Veja este exemplo:
Esse teu corao me traiu. Armando comprou a casa QUE lhe convinha.
Essa alma traz inmeros pecados.
Quantos vivem nesse pais? A palavra que representa o nome casa, relacionando-se com o termo
c) Para indicar o que se encontra distante de ns, ou aquilo de que dese- casa um pronome relativo.
jamos distncia:
O povo j no confia nesses polticos. PRONOMES RELATIVOS so palavras que representam nomes j re-
No quero mais pensar nisso. feridos, com os quais esto relacionados. Da denominarem-se relativos.
d) Para indicar aquilo que j foi mencionado pela 2 pessoa: A palavra que o pronome relativo representa chama-se antecedente.
Nessa tua pergunta muita matreirice se esconde. No exemplo dado, o antecedente casa.
O que voc quer dizer com isso? Outros exemplos de pronomes relativos:
e) Para indicar tempo passado, no muito prximo do momento em que Sejamos gratos a Deus, a quem tudo devemos.
falamos: O lugar onde paramos era deserto.
Um dia desses estive em Porto Alegre. Traga tudo quanto lhe pertence.
Comi naquele restaurante dia desses. Leve tantos ingressos quantos quiser.
f) Para indicar aquilo que j mencionamos: Posso saber o motivo por que (ou pelo qual) desistiu do concurso?
Fugir aos problemas? Isso no do meu feitio.
Ainda hei de conseguir o que desejo, e esse dia no est muito distan- Eis o quadro dos pronomes relativos:
te.
3. AQUELE (e variaes) e AQUILO usam-se: VARIVEIS INVARIVEIS
a) Para indicar o que est longe das duas primeiras pessoas e refere-se
Masculino Feminino
3.
o qual a qual quem
Aquele documento que l est teu?
os quais as quais
Aquilo que eles carregam pesa 5 kg.
cujo cujos cuja cujas que
b) Para indicar tempo passado mais ou menos distante.
quanto quanta quantas onde
Naquele instante estava preocupado.
quantos
Daquele instante em diante modifiquei-me.
Usamos, ainda, aquela semana, aquele ms, aquele ano, aquele
Observaes:
sculo, para exprimir que o tempo j decorreu.
1. O pronome relativo QUEM s se aplica a pessoas, tem antecedente,
4. Quando se faz referncia a duas pessoas ou coisas j mencionadas,
vem sempre antecedido de preposio, e equivale a O QUAL.
usa-se este (ou variaes) para a ltima pessoa ou coisa e aquele (ou
O mdico de quem falo meu conterrneo.
variaes) para a primeira:
2. Os pronomes CUJO, CUJA significam do qual, da qual, e precedem
Ao conversar com lsabel e Lus, notei que este se encontrava nervoso
sempre um substantivo sem artigo.
e aquela tranquila.
Qual ser o animal cujo nome a autora no quis revelar?
5. Os pronomes demonstrativos, quando regidos pela preposio DE,
3. QUANTO(s) e QUANTA(s) so pronomes relativos quando precedidos
pospostos a substantivos, usam-se apenas no plural:
de um dos pronomes indefinidos tudo, tanto(s), tanta(s), todos, todas.
Voc teria coragem de proferir um palavro desses, Rose?
Tenho tudo quanto quero.
Com um frio destes no se pode sair de casa.
Leve tantos quantos precisar.
Nunca vi uma coisa daquelas.
Nenhum ovo, de todos quantos levei, se quebrou.
6. MESMO e PRPRIO variam em gnero e nmero quando tm carter
4. ONDE, como pronome relativo, tem sempre antecedente e equivale a
reforativo:
EM QUE.
Zilma mesma (ou prpria) costura seus vestidos.
Lus e Lusa mesmos (ou prprios) arrumam suas camas. A casa onde (= em que) moro foi de meu av.
7. O (e variaes) pronome demonstrativo quando equivale a AQUILO,
ISSO ou AQUELE (e variaes). PRONOMES INDEFINIDOS
Nem tudo (aquilo) que reluz ouro. Estes pronomes se referem 3 pessoa do discurso, designando-a de
O (aquele) que tem muitos vcios tem muitos mestres. modo vago, impreciso, indeterminado.
Das meninas, Jeni a (aquela) que mais sobressaiu nos exames. 1. So pronomes indefinidos substantivos: ALGO, ALGUM, FULANO,

Lngua Portuguesa 66
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SICRANO, BELTRANO, NADA, NINGUM, OUTREM, QUEM, TUDO cemos.
Exemplos: 2 pessoa: aquela que ouve. Pode ser
Algo o incomoda? a) do singular - corresponde ao pronome pessoal TU. Ex.:Tu adormeces.
Acreditam em tudo o que fulano diz ou sicrano escreve. b) do plural - corresponde ao pronome pessoal VS. Ex.:Vs adormeceis.
No faas a outrem o que no queres que te faam. 3 pessoa: aquela de quem se fala. Pode ser
Quem avisa amigo . a) do singular - corresponde aos pronomes pessoais ELE, ELA. Ex.: Ela
Encontrei quem me pode ajudar. adormece.
Ele gosta de quem o elogia. b) do plural - corresponde aos pronomes pessoas ELES, ELAS. Ex.: Eles
2. So pronomes indefinidos adjetivos: CADA, CERTO, CERTOS, CERTA adormecem.
CERTAS. 3. MODO: a propriedade que tem o verbo de indicar a atitude do falante
Cada povo tem seus costumes. em relao ao fato que comunica. H trs modos em portugus.
Certas pessoas exercem vrias profisses. a) indicativo: a atitude do falante de certeza diante do fato.
Certo dia apareceu em casa um reprter famoso. A cachorra Baleia corria na frente.
b) subjuntivo: a atitude do falante de dvida diante do fato.
PRONOMES INTERROGATIVOS Talvez a cachorra Baleia corra na frente .
Aparecem em frases interrogativas. Como os indefinidos, referem-se de c) imperativo: o fato enunciado como uma ordem, um conselho, um
modo impreciso 3 pessoa do discurso. pedido
Exemplos: Corra na frente, Baleia.
Que h? 4. TEMPO: a propriedade que tem o verbo de localizar o fato no tempo,
Que dia hoje? em relao ao momento em que se fala. Os trs tempos bsicos so:
Reagir contra qu? a) presente: a ao ocorre no momento em que se fala:
Por que motivo no veio? Fecho os olhos, agito a cabea.
Quem foi? b) pretrito (passado): a ao transcorreu num momento anterior quele
Qual ser? em que se fala:
Quantos vm? Fechei os olhos, agitei a cabea.
Quantas irms tens? c) futuro: a ao poder ocorrer aps o momento em que se fala:
Fecharei os olhos, agitarei a cabea.
O pretrito e o futuro admitem subdivises, o que no ocorre com o
VERBO presente.

CONCEITO Veja o esquema dos tempos simples em portugus:


As palavras em destaque no texto abaixo exprimem aes, situando- Presente (falo)
as no tempo. INDICATIVO Pretrito perfeito ( falei)
Queixei-me de baratas. Uma senhora ouviu-me a queixa. Deu-me a re- Imperfeito (falava)
ceita de como mat-las. Que misturasse em partes iguais acar, farinha e Mais- que-perfeito (falara)
gesso. A farinha e o acar as atrairiam, o gesso esturricaria dentro elas. Futuro do presente (falarei)
Assim fiz. Morreram. do pretrito (falaria)
(Clarice Lispector) Presente (fale)
SUBJUNTIVO Pretrito imperfeito (falasse)
Essas palavras so verbos. O verbo tambm pode exprimir: Futuro (falar)
a) Estado:
No sou alegre nem sou triste. H ainda trs formas que no exprimem exatamente o tempo em que
Sou poeta. se d o fato expresso. So as formas nominais, que completam o esquema
b) Mudana de estado: dos tempos simples.
Meu av foi buscar ouro. Infinitivo impessoal (falar)
Mas o ouro virou terra. Pessoal (falar eu, falares tu, etc.)
c) Fenmeno: FORMAS NOMINAIS Gerndio (falando)
Chove. O cu dorme. Particpio (falado)
5. VOZ: o sujeito do verbo pode ser:
VERBO a palavra varivel que exprime ao, estado, mudana de a) agente do fato expresso.
estado e fenmeno, situando-se no tempo. O carroceiro disse um palavro.
(sujeito agente)
FLEXES O verbo est na voz ativa.
O verbo a classe de palavras que apresenta o maior nmero de fle- b) paciente do fato expresso:
xes na lngua portuguesa. Graas a isso, uma forma verbal pode trazer em Um palavro foi dito pelo carroceiro.
si diversas informaes. A forma CANTVAMOS, por exemplo, indica: (sujeito paciente)
a ao de cantar. O verbo est na voz passiva.
a pessoa gramatical que pratica essa ao (ns). c) agente e paciente do fato expresso:
o nmero gramatical (plural). O carroceiro machucou-se.
o tempo em que tal ao ocorreu (pretrito). (sujeito agente e paciente)
o modo como encarada a ao: um fato realmente acontecido no O verbo est na voz reflexiva.
passado (indicativo). 6. FORMAS RIZOTNICAS E ARRIZOTNICAS: d-se o nome de
que o sujeito pratica a ao (voz ativa). rizotnica forma verbal cujo acento tnico est no radical.
Falo - Estudam.
Portanto, o verbo flexiona-se em nmero, pessoa, modo, tempo e voz. D-se o nome de arrizotnica forma verbal cujo acento tnico est
1. NMERO: o verbo admite singular e plural: fora do radical.
O menino olhou para o animal com olhos alegres. (singular). Falamos - Estudarei.
Os meninos olharam para o animal com olhos alegres. (plural). 7. CLASSIFICACO DOS VERBOS: os verbos classificam-se em:
2. PESSOA: servem de sujeito ao verbo as trs pessoas gramaticais: a) regulares - so aqueles que possuem as desinncias normais de sua
1 pessoa: aquela que fala. Pode ser conjugao e cuja flexo no provoca alteraes no radical: canto -
a) do singular - corresponde ao pronome pessoal EU. Ex.: Eu adormeo. cantei - cantarei cantava - cantasse.
b) do plural - corresponde ao pronome pessoal NS. Ex.: Ns adorme- b) irregulares - so aqueles cuja flexo provoca alteraes no radical ou

Lngua Portuguesa 67
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nas desinncias: fao - fiz - farei - fizesse. O verbo HAVER transmite a sua impessoalidade aos verbos que com
c) defectivos - so aqueles que no apresentam conjugao completa, ele formam locuo, os quais, por isso, permanecem invariveis na 3
como por exemplo, os verbos falir, abolir e os verbos que indicam fe- pessoa do singular:
nmenos naturais, como CHOVER, TROVEJAR, etc. Vai haver eleies em outubro.
d) abundantes - so aqueles que possuem mais de uma forma com o Comeou a haver reclamaes.
mesmo valor. Geralmente, essa caracterstica ocorre no particpio: ma- No pode haver umas sem as outras.
tado - morto - enxugado - enxuto. Parecia haver mais curiosos do que interessados.
e) anmalos - so aqueles que incluem mais de um radical em sua conju- Mas haveria outros defeitos, devia haver outros.
gao.
verbo ser: sou - fui A expresso correta HAJA VISTA, e no HAJA VISTO. Pode ser
verbo ir: vou - ia construda de trs modos:
Hajam vista os livros desse autor.
QUANTO EXISTNCIA OU NO DO SUJEITO Haja vista os livros desse autor.
Haja vista aos livros desse autor.
1. Pessoais: so aqueles que se referem a qualquer sujeito implcito ou
explcito. Quase todos os verbos so pessoais.
O Nino apareceu na porta. CONVERSO DA VOZ ATIVA NA PASSIVA
2. Impessoais: so aqueles que no se referem a qualquer sujeito implci- Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o
to ou explcito. So utilizados sempre na 3 pessoa. So impessoais: sentido da frase.
a) verbos que indicam fenmenos meteorolgicos: chover, nevar, ventar, Exemplo:
etc. Gutenberg inventou a imprensa. (voz ativa)
Garoava na madrugada roxa. A imprensa foi inventada por Gutenberg. (voz passiva)
b) HAVER, no sentido de existir, ocorrer, acontecer:
Houve um espetculo ontem. Observe que o objeto direto ser o sujeito da passiva, o sujeito da ativa
H alunos na sala. passar a agente da passiva e o verbo assumir a forma passiva, conser-
Havia o cu, havia a terra, muita gente e mais Anica com seus olhos vando o mesmo tempo.
claros.
c) FAZER, indicando tempo decorrido ou fenmeno meteorolgico. Outros exemplos:
Fazia dois anos que eu estava casado. Os calores intensos provocam as chuvas.
Faz muito frio nesta regio? As chuvas so provocadas pelos calores intensos.
Eu o acompanharei.
O VERBO HAVER (empregado impessoalmente) Ele ser acompanhado por mim.
Todos te louvariam.
O verbo haver impessoal - sendo, portanto, usado invariavelmente na
Serias louvado por todos.
3 pessoa do singular - quando significa:
Prejudicaram-me.
1) EXISTIR
Fui prejudicado.
H pessoas que nos querem bem.
Condenar-te-iam.
Criaturas infalveis nunca houve nem haver.
Serias condenado.
Brigavam toa, sem que houvesse motivos srios.
Livros, havia-os de sobra; o que faltava eram leitores.
EMPREGO DOS TEMPOS VERBAIS
2) ACONTECER, SUCEDER
a) Presente
Houve casos difceis na minha profisso de mdico.
Emprega-se o presente do indicativo para assinalar:
No haja desavenas entre vs.
- um fato que ocorre no momento em que se fala.
Naquele presdio havia frequentes rebelies de presos.
Eles estudam silenciosamente.
3) DECORRER, FAZER, com referncia ao tempo passado:
Eles esto estudando silenciosamente.
H meses que no o vejo.
- uma ao habitual.
Haver nove dias que ele nos visitou.
Corra todas as manhs.
Havia j duas semanas que Marcos no trabalhava.
- uma verdade universal (ou tida como tal):
O fato aconteceu h cerca de oito meses.
O homem mortal.
Quando pode ser substitudo por FAZIA, o verbo HAVER concorda no
A mulher ama ou odeia, no h outra alternativa.
pretrito imperfeito, e no no presente:
- fatos j passados. Usa-se o presente em lugar do pretrito para dar
Havia (e no H) meses que a escola estava fechada.
maior realce narrativa.
Morvamos ali havia (e no H) dois anos.
Em 1748, Montesquieu publica a obra "O Esprito das Leis".
Ela conseguira emprego havia (e no H) pouco tempo.
o chamado presente histrico ou narrativo.
Havia (e no H) muito tempo que a policia o procurava.
- fatos futuros no muito distantes, ou mesmo incertos:
4) REALIZAR-SE
Amanh vou escola.
Houve festas e jogos.
Qualquer dia eu te telefono.
Se no chovesse, teria havido outros espetculos.
b) Pretrito Imperfeito
Todas as noites havia ensaios das escolas de samba.
Emprega-se o pretrito imperfeito do indicativo para designar:
5) Ser possvel, existir possibilidade ou motivo (em frases negativas e
- um fato passado contnuo, habitual, permanente:
seguido de infinitivo):
Ele andava toa.
Em pontos de cincia no h transigir.
Ns vendamos sempre fiado.
No h cont-lo, ento, no mpeto.
- um fato passado, mas de incerta localizao no tempo. o que ocorre
No havia descrer na sinceridade de ambos.
por exemplo, no inicio das fbulas, lendas, histrias infantis.
Mas olha, Tomsia, que no h fiar nestas afeiezinhas.
Era uma vez...
E no houve convenc-lo do contrrio.
- um fato presente em relao a outro fato passado.
No havia por que ficar ali a recriminar-se.
Eu lia quando ele chegou.
c) Pretrito Perfeito
Como impessoal o verbo HAVER forma ainda a locuo adverbial de
Emprega-se o pretrito perfeito do indicativo para referir um fato j
h muito (= desde muito tempo, h muito tempo):
ocorrido, concludo.
De h muito que esta rvore no d frutos.
Estudei a noite inteira.
De h muito no o vejo.
Usa-se a forma composta para indicar uma ao que se prolonga at o
momento presente.

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APOSTILAS OPO
Tenho estudado todas as noites. tens sido tens estado tens tido tens havido
d) Pretrito mais-que-perfeito tem sido tem estado tem tido tem havido
Chama-se mais-que-perfeito porque indica uma ao passada em temos sido temos estado temos tido temos havido
relao a outro fato passado (ou seja, o passado do passado): tendes sido tendes esta- tendes tido tendes havi-
A bola j ultrapassara a linha quando o jogador a alcanou. do do
tm sido tm estado tm tido tm havido
e) Futuro do Presente
PRETRITO MAIS-QUE-PERFEITO SIMPLES
Emprega-se o futuro do presente do indicativo para apontar um fato
fora estivera tivera houvera
futuro em relao ao momento em que se fala. foras estiveras tiveras houveras
Irei escola. fora estivera tivera houvera
f) Futuro do Pretrito framos estivramos tivramos houvramos
Emprega-se o futuro do pretrito do indicativo para assinalar: freis estivreis tivreis houvreis
- um fato futuro, em relao a outro fato passado. foram estiveram tiveram houveram
- Eu jogaria se no tivesse chovido. PRETRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO
- um fato futuro, mas duvidoso, incerto. tinha, tinhas, tinha, tnhamos, tnheis, tinham (+sido, estado, tido
- Seria realmente agradvel ter de sair? , havido)
Um fato presente: nesse caso, o futuro do pretrito indica polidez e s FUTURO DO PRESENTE SIMPLES
vezes, ironia. serei estarei terei haverei
- Daria para fazer silncio?! sers estars ters haver
ser estar ter haver
Modo Subjuntivo seremos estaremos teremos haveremos
sereis estareis tereis havereis
a) Presente
sero estaro tero havero
Emprega-se o presente do subjuntivo para mostrar: FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO
- um fato presente, mas duvidoso, incerto. terei, ters, ter, teremos, tereis, tero, (+sido, estado, tido,
Talvez eles estudem... no sei. havido)
- um desejo, uma vontade: FUTURO DO
Que eles estudem, este o desejo dos pais e dos professores. PRETRITO
b) Pretrito Imperfeito SIMPLES
Emprega-se o pretrito imperfeito do subjuntivo para indicar uma seria estaria teria haveria
hiptese, uma condio. serias estarias terias haverias
Se eu estudasse, a histria seria outra. seria estaria teria haveria
Ns combinamos que se chovesse no haveria jogo. seramos estaramos teramos haveramos
e) Pretrito Perfeito serieis estareis tereis havereis
Emprega-se o pretrito perfeito composto do subjuntivo para apontar seriam estariam teriam haveriam
FUTURO DO PRETRITO COMPOSTO
um fato passado, mas incerto, hipottico, duvidoso (que so, afinal, as
teria, terias, teria, teramos, tereis, teriam (+ sido, estado, tido,
caractersticas do modo subjuntivo). havido)
Que tenha estudado bastante o que espero. PRESENTE SUBJUNTIVO
d) Pretrito Mais-Que-Perfeito - Emprega-se o pretrito mais-que-perfeito seja esteja tenha haja
do subjuntivo para indicar um fato passado em relao a outro fato sejas estejas tenhas hajas
passado, sempre de acordo com as regras tpicas do modo subjuntivo: seja esteja tenha haja
Se no tivssemos sado da sala, teramos terminado a prova tranqui- sejamos estejamos tenhamos hajamos
lamente. sejais estejais tenhais hajais
e) Futuro sejam estejam tenham hajam
Emprega-se o futuro do subjuntivo para indicar um fato futuro j conclu- PRETRITO IMPERFEITO SIMPLES
do em relao a outro fato futuro. fosse estivesse tivesse houvesse
Quando eu voltar, saberei o que fazer. fosses estivesses tivesses houvesses
fosse estivesse tivesse houvesse
fssemos estivssemos tivssemos houvssemos
VERBOS AUXILIARES
fsseis estivsseis tivsseis houvsseis
INDICATIVO fossem estivessem tivessem houvessem
PRETRITO PERFEITO COMPOSTO
SER ESTAR TER HAVER tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham (+ sido, esta-
PRESENTE do, tido, havido)
sou estou tenho hei PRETRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO
s ests tens hs tivesse, tivesses, tivesses, tivssemos, tivsseis, tivessem ( +
est tem h sido, estado, tido, havido)
somos estamos temos havemos FUTURO SIM-
sois estais tendes haveis PLES
so esto tm ho se eu for se eu estiver se eu tiver se eu houver
PRETRITO PERFEITO se tu fores se tu estive- se tu tiveres se tu houve-
era estava tinha havia res res
eras estavas tinhas havias se ele for se ele estiver se ele tiver se ele houver
era estava tinha havia se ns formos se ns esti- se ns tiver- se ns hou-
ramos estvamos tnhamos havamos vermos mos vermos
reis estveis tnheis haves se vs fordes se vs esti- se vs tiver- se vs hou-
eram estavam tinham haviam verdes des verdes
PRETRITO PERFEITO SIMPLES se eles forem se eles esti- se eles tive- se eles hou-
verem rem verem
fui estive tive houve
FUTURO COMPOSTO
foste estiveste tiveste houveste
tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem (+sido, estado,
foi esteve teve houve
tido, havido)
fomos estivemos tivemos houvemos
AFIRMATIVO IMPERATIVO
fostes estivestes tivestes houvestes
s tu est tu tem tu h tu
foram estiveram tiveram houveram
seja voc esteja voc tenha voc haja voc
PRETRITO PERFEITO COMPOSTO
sejamos ns estejamos tenhamos hajamos ns
tenho sido tenho estado tenho tido tenho havido
ns ns

Lngua Portuguesa 69
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APOSTILAS OPO
sede vs estai vs tende vs havei vs cantaro vendero partiro
sejam vocs estejam tenham hajam vocs FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO
vocs vocs terei, ters, ter, teremos, tereis, tero (+ cantado, vendido,
NEGATIVO partido)
no sejas tu no estejas no tenhas tu no hajas tu Obs.: Tambm se conjugam com o auxiliar haver.
tu FUTURO DO PRETRITO SIMPLES
no seja voc no esteja no tenha no haja cantaria venderia partiria
voc voc voc cantarias venderias partirias
no sejamos no esteja- no tenha- no hajamos cantaria venderia partiria
ns mos ns mos ns ns cantaramos venderamos partiramos
no sejais vs no estejais no tenhais no hajais cantareis vendereis partireis
vs vs vs cantariam venderiam partiriam
no sejam vocs no estejam no tenham no hajam FUTURO DO PRETRITO COMPOSTO
vocs vocs vocs teria, terias, teria, teramos, tereis, teriam (+ cantado, vendido,
IMPESSOAL INFINITIVO partido)
ser estar ter haver FUTURO DO PRETRITO COMPOSTO
IMPESSOAL COMPOSTO teria, terias, teria, teramos, tereis, teriam, (+ cantado, vendi-
Ter sido ter estado ter tido ter havido do, partido)
PESSOAL Obs.: tambm se conjugam com o auxiliar haver.
ser estar ter haver PRESENTE SUBJUNTIVO
seres estares teres haveres cante venda parta
ser estar ter haver cantes vendas partas
sermos estarmos termos havermos cante venda parta
serdes estardes terdes haverdes cantemos vendamos partamos
serem estarem terem haverem canteis vendais partais
SIMPLES GERNDIO cantem vendam partam
sendo estando tendo havendo PRETRITO IMPER-
COMPOSTO FEITO
tendo sido tendo estado tendo tido tendo havido cantasse vendesse partisse
PARTICPIO cantasses vendesses partisses
sido estado tido havido cantasse vendesse partisse
cantssemos vendssemos partssemos
CONJUGAES VERBAIS cantsseis vendsseis partsseis
cantassem vendessem partissem
PRETRITO PERFEITO COMPOSTO
INDICATIVO tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham (+ cantado,
PRESENTE vendido, partido)
canto vendo parto Obs.: tambm se conjugam com o auxiliar haver.
cantas vendes partes FUTURO SIMPLES
canta vende parte cantar vender partir
cantamos vendemos partimos cantares venderes partires
cantais vendeis partis cantar vender partir
cantam vendem partem cantarmos vendermos partimos
PRETRITO IMPERFEITO cantardes venderdes partirdes
cantava vendia partia cantarem venderem partirem
cantavas vendias partias FUTURO COMPOSTO
cantava vendia partia tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem (+ cantado, ven-
cantvamos vendamos partamos dido, partido)
cantveis vendeis parteis AFIRMATIVO IMPERATIVO
cantavam vendiam partiam canta vende parte
PRETRITO PERFEITO SIMPLES cante venda parta
cantei vendi parti cantemos vendamos partamos
cantaste vendeste partiste cantai vendei parti
cantou vendeu partiu cantem vendam partam
cantamos vendemos partimos NEGATIVO
cantastes vendestes partistes no cantes no vendas no partas
cantaram venderam partiram no cante no venda no parta
PRETRITO PERFEITO COMPOSTO no cantemos no vendamos no partamos
tenho, tens, tem, temos, tendes, tm (+ cantado, vendido, par- no canteis no vendais no partais
tido) no cantem no vendam no partam
PRETRITO MAIS-QUE-PERFEITO SIMPLES
cantara vendera partira
cantaras venderas partiras INFINITIVO IMPESSOAL SIMPLES
cantara vendera partira
cantramos vendramos partramos PRESENTE
cantreis vendreis partreis cantar vender partir
cantaram venderam partiram INFINITIVO PESSOAL SIMPLES - PRESENTE FLEXIONA-
PRETRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO DO
tinha, tinhas, tinha, tnhamos, tnheis, tinham (+ cantando, cantar vender partir
vendido, partido) cantares venderes partires
Obs.: Tambm se conjugam com o auxiliar haver. cantar vender partir
FUTURO DO PRESENTE SIMPLES cantarmos vendermos partirmos
cantarei venderei partirei cantardes venderdes partirdes
cantars venders partirs cantarem venderem partirem
cantar vender partir INFINITIVO IMPESSOAL COMPOSTO - PRETRITO IM-
cantaremos venderemos partiremos PESSOAL
cantareis vendereis partireis ter (ou haver), cantado, vendido, partido

Lngua Portuguesa 70
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APOSTILAS OPO
INFINITIVO PESSOAL COMPOSTO - PRETRITO PESSO- tivesse cantado tivesse vendido tivesse partido
AL tivesses cantado tivesses vendido tivesses partido
ter, teres, ter, termos, terdes, terem (+ cantado, vendido, parti- tivesse cantado tivesse vendido tivesse partido
do) tivssemos cantado tivssemos vendido tivssemos partido
GERNDIO SIMPLES - PRESENTE tivsseis cantado tivsseis vendido tivsseis partido
cantando vendendo partindo tivessem cantado tivessem vendido tivessem partido
GERNDIO COMPOSTO - PRETRITO
tendo (ou havendo), cantado, vendido, partido 3) FUTURO COMPOSTO. Formado do FUTURO SIMPLES DO SUBJUN-
PARTICPIO TIVO do verbo ter (ou haver) com o PARTICPIO do verbo principal:
cantado vendido partido
tiver cantado tiver vendido tiver partido
tiveres cantado tiveres vendido tiveres partido
Formao dos tempos compostos tiver cantado tiver vendido tiver partido
tivermos cantado tivermos vendido tivermos partido
tiverdes cantado tiverdes vendido tiverdes partido
Com os verbos ter ou haver
tiverem cantado tiverem vendido tiverem partido
Da Pgina 3 Pedagogia & Comunicao
Entre os tempos compostos da voz ativa merecem realce particular aque- FORMAS NOMINAIS
les que so constitudos de formas do verbo ter (ou, mais raramente, haver)
com o particpio do verbo que se quer conjugar, porque costume inclu-los 1) INFINITIVO IMPESSOAL COMPOSTO (PRETRITO IMPESSOAL).
Formado do INFINITIVO IMPESSOAL do verbo ter (ou haver) com o
nos prprios paradigmas de conjugao:
PARTICPIO do verbo principal:

MODO INDICATIVO ter cantado ter vendido ter partido

1) PRETRITO PERFEITO COMPOSTO. Formado do PRESENTE DO 2) INFINITIVO PESSOAL COMPOSTO (OU PRETRITO PESSOAL).
INDICATIVO do verbo ter com o PARTICPIO do verbo principal: Formado do INFINITIVO PESSOAL do verbo ter (ou haver) com o
PARTICPIO do verbo principal:
tenho cantado tenho vendido tenho partido
tens cantado tens vendido tens partido ter cantado ter vendido ter partido
tem cantado tem vendido tem partido teres cantado teres vendido teres partido
temos cantado temos vendido temos partido ter cantado ter vendido ter partido
tendes cantado tendes vendido tendes partido termos cantado termos vendido termos partido
tm cantado tm vendido tm partido terdes cantado terdes vendido terdes partido
terem cantado terem vendido terem partido
2) PRETRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO. Formado do IMPER-
FEITO DO INDICATIVO do verbo ter. (ou haver) com o PARTICPIO do 3) GERNDIO COMPOSTO (PRETRITO). Formado do GERNDIO do
verbo principal: verbo ter (ou haver) com o PARTICPIO do verbo principal:

tinha cantado tinha vendido tinha partido tendo cantado tendo vendido tendo partido
tinhas cantado tinhas vendido tinhas .partido
Fonte: Nova Gramtica do Portugus Contemporneo, Celso Cunha e
tinha cantado tinha vendido tinha partido
Lindley Cintra, Editora Nova Fronteira, 2 edio, 29 impresso.
tnhamos cantado tnhamos vendido tnhamos partido
tnheis cantado tnheis vendido tnheis partido
tinham cantado tinham vendido tinham partido
VERBOS IRREGULARES
3) FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO. Formado do FUTURO DO
PRESENTE SIMPLES do verbo ter (ou haver) com o PARTICPIO do DAR
verbo principal: Presente do indicativo dou, ds, d, damos, dais, do
Pretrito perfeito dei, deste, deu, demos, destes, deram
terei cantado terei vendido terei partido Pretrito mais-que-perfeito dera, deras, dera, dramos, dreis, deram
ters cantado ters vendido ters, partido Presente do subjuntivo d, ds, d, demos, deis, dem
ter cantado ter vendido ter partido Imperfeito do subjuntivo desse, desses, desse, dssemos, dsseis, dessem
teremos cantado teremos vendido teremos partido Futuro do subjuntivo der, deres, der, dermos, derdes, derem
tereis cantado tereis vendido tereis , partido
tero cantado tero vendido tero partido MOBILIAR
Presente do indicativo mobilio, moblias, moblia, mobiliamos, mobiliais, mobiliam
4) FUTURO DO PRETRITO COMPOSTO. Formado do FUTURO DO Presente do subjuntivo mobilie, mobilies, moblie, mobiliemos, mobilieis, mobiliem
PRETRITO SIMPLES do verbo ter (ou haver) com o PARTICPIO do Imperativo moblia, mobilie, mobiliemos, mobiliai, mobiliem
verbo principal:
AGUAR
teria cantado teria vendido teria partido Presente do indicativo guo, guas, gua, aguamos, aguais, guam
terias cantado terias vendido terias partido Pretrito perfeito aguei, aguaste, aguou, aguamos, aguastes, aguaram
teria cantado teria vendido teria partido Presente do subjuntivo gue, agues, ague, aguemos, agueis, guem
teramos cantado teramos vendido teramos partido
tereis cantado tereis vendido tereis partido MAGOAR
teriam cantado teriam vendido teriam partido Presente do indicativo magoo, magoas, magoa, magoamos, magoais, magoam
Pretrito perfeito magoei, magoaste, magoou, magoamos, magoastes, magoa-
MODO SUBJUNTIVO
ram
1) PRETRITO PERFEITO. Formado do PRESENTE DO SUBJUNTIVO Presente do subjuntivo magoe, magoes, magoe, magoemos, magoeis, magoem
do verbo ter (ou haver) com o PARTICPIO do verbo principal: Conjugam-se como magoar, abenoar, abotoar, caoar, voar e perdoar

tenha cantado tenha vendido tenha APIEDAR-SE


tenhas cantado tenhas vendido tenhas partido Presente do indicativo: apiado-me, apiadas-te, apiada-se, apiedamo-nos, apiedais-
tenha cantado tenha vendido tenha partido vos, apiadam-se
tenhamos cantado tenhamos vendido tenhamos partido Presente do subjuntivo apiade-me, apiades-te, apiade-se, apiedemo-nos, apiedei-
tenhais cantado tenhais vendido tenhais partido vos, apiedem-se
tenham cantado vendido tenham partido Nas formas rizotnicas, o E do radical substitudo por A

2) PRETRITO MAIS-QUE-PERFEITO. Formado do IMPERFEITO DO MOSCAR


SUBJUNTIVO do verbo ter (ou haver) com o PARTICPIO do verbo Presente do indicativo musco, muscas, musca, moscamos, moscais, muscam
principal: Presente do subjuntivo musque, musques, musque, mosquemos, mosqueis, mus-

Lngua Portuguesa 71
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APOSTILAS OPO
quem
Nas formas rizotnicas, o O do radical substitudo por U PERDER
Presente do indicativo perco, perdes, perde, perdemos, perdeis, perdem
RESFOLEGAR Presente do subjuntivo perca, percas, perca, percamos, percais. percam
Presente do indicativo resfolgo, resfolgas, resfolga, resfolegamos, resfolegais, Imperativo afirmativo perde, perca, percamos, perdei, percam
resfolgam
Presente do subjuntivo resfolgue, resfolgues, resfolgue, resfoleguemos, resfolegueis, PODER
resfolguem Presente do Indicativo posso, podes, pode, podemos, podeis, podem
Nas formas rizotnicas, o E do radical desaparece Pretrito Imperfeito podia, podias, podia, podamos, podeis, podiam
Pretrito perfeito pude, pudeste, pde, pudemos, pudestes, puderam
NOMEAR Pretrito mais-que-perfeito pudera, puderas, pudera, pudramos, pudreis,
Presente da indicativo nomeio, nomeias, nomeia, nomeamos, nomeais, nomeiam puderam
Pretrito imperfeito nomeava, nomeavas, nomeava, nomevamos, nomeveis, Presente do subjuntivo possa, possas, possa, possamos, possais, possam
nomeavam Pretrito imperfeito pudesse, pudesses, pudesse, pudssemos, pudsseis,
Pretrito perfeito nomeei, nomeaste, nomeou, nomeamos, nomeastes, nomea- pudessem
ram Futuro puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem
Presente do subjuntivo nomeie, nomeies, nomeie, nomeemos, nomeeis, nomeiem Infinitivo pessoal pode, poderes, poder, podermos, poderdes, poderem
Imperativo afirmativo nomeia, nomeie, nomeemos, nomeai, nomeiem Gerndio podendo
Conjugam-se como nomear, cear, hastear, peritear, recear, passear Particpio podido
O verbo PODER no se apresenta conjugado nem no imperativo afirmativo nem no
COPIAR imperativo negativo
Presente do indicativo copio, copias, copia, copiamos, copiais, copiam
Pretrito imperfeito copiei, copiaste, copiou, copiamos, copiastes, copiaram PROVER
Pretrito mais-que-perfeito copiara, copiaras, copiara, copiramos, copi- Presente do indicativo provejo, provs, prov, provemos, provedes, provem
reis, copiaram Pretrito imperfeito provia, provias, provia, provamos, proveis, proviam
Presente do subjuntivo copie, copies, copie, copiemos, copieis, copiem Pretrito perfeito provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram
Imperativo afirmativo copia, copie, copiemos, copiai, copiem Pretrito mais-que-perfeito provera, proveras, provera, provramos, prov-
reis, proveram
ODIAR Futuro do presente proverei, provers, prover, proveremos, provereis, provero
Presente do indicativo odeio, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam Futuro do pretrito proveria, proverias, proveria, proveramos, provereis, prove-
Pretrito imperfeito odiava, odiavas, odiava, odivamos, odiveis, odiavam riam
Pretrito perfeito odiei, odiaste, odiou, odiamos, odiastes, odiaram Imperativo prov, proveja, provejamos, provede, provejam
Pretrito mais-que-perfeito odiara, odiaras, odiara, odiramos, odireis, Presente do subjuntivo proveja, provejas, proveja, provejamos, provejais. provejam
odiaram Pretrito imperfeito provesse, provesses, provesse, provssemos, provsseis,
Presente do subjuntivo odeie, odeies, odeie, odiemos, odieis, odeiem provessem
Conjugam-se como odiar, mediar, remediar, incendiar, ansiar Futuro prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem
Gerndio provendo
CABER Particpio provido
Presente do indicativo caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem
Pretrito perfeito coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam QUERER
Pretrito mais-que-perfeito coubera, couberas, coubera, coubramos, Presente do indicativo quero, queres, quer, queremos, quereis, querem
coubreis, couberam Pretrito perfeito quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram
Presente do subjuntivo caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam Pretrito mais-que-perfeito quisera, quiseras, quisera, quisramos, quis-
Imperfeito do subjuntivo coubesse, coubesses, coubesse, coubssemos, coubsseis, reis, quiseram
coubessem Presente do subjuntivo queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram
Futuro do subjuntivo couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem Pretrito imperfeito quisesse, quisesses, quisesse, quisssemos quissseis,
O verbo CABER no se apresenta conjugado nem no imperativo afirmativo nem no quisessem
imperativo negativo Futuro quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem

CRER REQUERER
Presente do indicativo creio, crs, cr, cremos, credes, crem Presente do indicativo requeiro, requeres, requer, requeremos, requereis. requerem
Presente do subjuntivo creia, creias, creia, creiamos, creiais, creiam Pretrito perfeito requeri, requereste, requereu, requeremos, requereste,
Imperativo afirmativo cr, creia, creiamos, crede, creiam requereram
Conjugam-se como crer, ler e descrer Pretrito mais-que-perfeito requerera, requereras, requerera, requereramos,
requerereis, requereram
DIZER Futuro do presente requererei, requerers requerer, requereremos, requerereis,
Presente do indicativo digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem requerero
Pretrito perfeito disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram Futuro do pretrito requereria, requererias, requereria, requereramos, requere-
Pretrito mais-que-perfeito dissera, disseras, dissera, dissramos, dissreis, reis, requereriam
disseram Imperativo requere, requeira, requeiramos, requerer, requeiram
Futuro do presente direi, dirs, dir, diremos, direis, diro Presente do subjuntivo requeira, requeiras, requeira, requeiramos, requeirais,
Futuro do pretrito diria, dirias, diria, diramos, direis, diriam requeiram
Presente do subjuntivo diga, digas, diga, digamos, digais, digam Pretrito Imperfeito requeresse, requeresses, requeresse, requerssemos,
Pretrito imperfeito dissesse, dissesses, dissesse, dissssemos, disssseis, requersseis, requeressem,
dissesse Futuro requerer, requereres, requerer, requerermos, requererdes,
Futuro disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem requerem
Particpio dito Gerndio requerendo
Conjugam-se como dizer, bendizer, desdizer, predizer, maldizer Particpio requerido
O verbo REQUERER no se conjuga como querer.
FAZER
Presente do indicativo fao, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem REAVER
Pretrito perfeito fiz, fizeste, fez, fizemos fizestes, fizeram Presente do indicativo reavemos, reaveis
Pretrito mais-que-perfeito fizera, fizeras, fizera, fizramos, fizreis, fizeram Pretrito perfeito reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes, reouve-
Futuro do presente farei, fars, far, faremos, fareis, faro ram
Futuro do pretrito faria, farias, faria, faramos, fareis, fariam Pretrito mais-que-perfeito reouvera, reouveras, reouvera, reouvramos, reouvreis,
Imperativo afirmativo faze, faa, faamos, fazei, faam reouveram
Presente do subjuntivo faa, faas, faa, faamos, faais, faam Pretrito imperf. do subjuntivo reouvesse, reouvesses, reouvesse, reouvssemos, reou-
Imperfeito do subjuntivo fizesse, fizesses, fizesse, fizssemos, fizsseis, vsseis, reouvessem
fizessem Futuro reouver, reouveres, reouver, reouvermos, reouverdes,
Futuro do subjuntivo fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem reouverem
Conjugam-se como fazer, desfazer, refazer satisfazer O verbo REAVER conjuga-se como haver, mas s nas formas em que esse apresen-

Lngua Portuguesa 72
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APOSTILAS OPO
ta a letra v Pretrito mais-que-perfeito falira, faliras, falira, falramos, falireis, faliram
Pretrito perfeito fali, faliste, faliu, falimos, falistes, faliram
SABER Futuro do presente falirei, falirs, falir, faliremos, falireis, faliro
Presente do indicativo sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem Futuro do pretrito faliria, falirias, faliria, faliramos, falireis, faliriam
Pretrito perfeito soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, souberam Presente do subjuntivo no h
Pretrito mais-que-perfeito soubera, souberas, soubera, soubramos, Pretrito imperfeito falisse, falisses, falisse, falssemos, falsseis, falissem
soubreis, souberam Futuro falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem
Pretrito imperfeito sabia, sabias, sabia, sabamos, sabeis, sabiam Imperativo afirmativo fali (vs)
Presente do subjuntivo soubesse, soubesses, soubesse, soubssemos, soubsseis, Imperativo negativo no h
soubessem Infinitivo pessoal falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem
Futuro souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, souberem Gerndio falindo
Particpio falido
VALER
Presente do indicativo valho, vales, vale, valemos, valeis, valem FERIR
Presente do subjuntivo valha, valhas, valha, valhamos, valhais, valham Presente do indicativo firo, feres, fere, ferimos, feris, ferem
Imperativo afirmativo vale, valha, valhamos, valei, valham Presente do subjuntivo fira, firas, fira, firamos, firais, firam
Conjugam-se como FERIR: competir, vestir, inserir e seus derivados.
TRAZER
Presente do indicativo trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem MENTIR
Pretrito imperfeito trazia, trazias, trazia, trazamos, trazeis, traziam Presente do indicativo minto, mentes, mente, mentimos, mentis, mentem
Pretrito perfeito trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram Presente do subjuntivo minta, mintas, minta, mintamos, mintais, mintam
Pretrito mais-que-perfeito trouxera, trouxeras, trouxera, trouxramos, Imperativo mente, minta, mintamos, menti, mintam
trouxreis, trouxeram Conjugam-se como MENTIR: sentir, cerzir, competir, consentir, pressentir.
Futuro do presente trarei, trars, trar, traremos, trareis, traro
Futuro do pretrito traria, trarias, traria, traramos, trareis, trariam FUGIR
Imperativo traze, traga, tragamos, trazei, tragam Presente do indicativo fujo, foges, foge, fugimos, fugis, fogem
Presente do subjuntivo traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam Imperativo foge, fuja, fujamos, fugi, fujam
Pretrito imperfeito trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxssemos, trouxsseis, Presente do subjuntivo fuja, fujas, fuja, fujamos, fujais, fujam
trouxessem
Futuro trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxe- IR
rem Presente do indicativo vou, vais, vai, vamos, ides, vo
Infinitivo pessoal trazer, trazeres, trazer, trazermos, trazerdes, trazerem Pretrito imperfeito ia, ias, ia, amos, eis, iam
Gerndio trazendo Pretrito perfeito fui, foste, foi, fomos, fostes, foram
Particpio trazido Pretrito mais-que-perfeito fora, foras, fora, framos, freis, foram
Futuro do presente irei, irs, ir, iremos, ireis, iro
VER Futuro do pretrito iria, irias, iria, iramos, ireis, iriam
Presente do indicativo vejo, vs, v, vemos, vedes, vem Imperativo afirmativo vai, v, vamos, ide, vo
Pretrito perfeito vi, viste, viu, vimos, vistes, viram Imperativo negativo no vo, no v, no vamos, no vades, no vo
Pretrito mais-que-perfeito vira, viras, vira, viramos, vireis, viram Presente do subjuntivo v, vs, v, vamos, vades, vo
Imperativo afirmativo v, veja, vejamos, vede vs, vejam vocs Pretrito imperfeito fosse, fosses, fosse, fssemos, fsseis, fossem
Presente do subjuntivo veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam Futuro for, fores, for, formos, fordes, forem
Pretrito imperfeito visse, visses, visse, vssemos, vsseis, vissem Infinitivo pessoal ir, ires, ir, irmos, irdes, irem
Futuro vir, vires, vir, virmos, virdes, virem Gerndio indo
Particpio visto Particpio ido

ABOLIR OUVIR
Presente do indicativo aboles, abole abolimos, abolis, abolem Presente do indicativo ouo, ouves, ouve, ouvimos, ouvis, ouvem
Pretrito imperfeito abolia, abolias, abolia, abolamos, aboleis, aboliam Presente do subjuntivo oua, ouas, oua, ouamos, ouais, ouam
Pretrito perfeito aboli, aboliste, aboliu, abolimos, abolistes, aboliram Imperativo ouve, oua, ouamos, ouvi, ouam
Pretrito mais-que-perfeito abolira, aboliras, abolira, abolramos, abolreis, Particpio ouvido
aboliram
Futuro do presente abolirei, abolirs, abolir, aboliremos, abolireis, aboliro PEDIR
Futuro do pretrito aboliria, abolirias, aboliria, aboliramos, abolireis, aboliriam Presente do indicativo peo, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem
Presente do subjuntivo no h Pretrito perfeito pedi, pediste, pediu, pedimos, pedistes, pediram
Presente imperfeito abolisse, abolisses, abolisse, abolssemos, abolsseis, Presente do subjuntivo pea, peas, pea, peamos, peais, peam
abolissem Imperativo pede, pea, peamos, pedi, peam
Futuro abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem Conjugam-se como pedir: medir, despedir, impedir, expedir
Imperativo afirmativo abole, aboli
Imperativo negativo no h POLIR
Infinitivo pessoal abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem Presente do indicativo pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem
Infinitivo impessoal abolir Presente do subjuntivo pula, pulas, pula, pulamos, pulais, pulam
Gerndio abolindo Imperativo pule, pula, pulamos, poli, pulam
Particpio abolido
O verbo ABOLIR conjugado s nas formas em que depois do L do radical h E ou I. REMIR
Presente do indicativo redimo, redimes, redime, redimimos, redimis, redimem
AGREDIR Presente do subjuntivo redima, redimas, redima, redimamos, redimais, redimam
Presente do indicativo agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, agridem
Presente do subjuntivo agrida, agridas, agrida, agridamos, agridais, agridam RIR
Imperativo agride, agrida, agridamos, agredi, agridam Presente do indicativo rio, ris, ri, rimos, rides, riem
Nas formas rizotnicas, o verbo AGREDIR apresenta o E do radical substitudo por I. Pretrito imperfeito ria, rias, ria, riamos, reis, riam
Pretrito perfeito ri, riste, riu, rimos, ristes, riram
COBRIR Pretrito mais-que-perfeito rira, riras, rira, rramos, rireis, riram
Presente do indicativo cubro, cobres, cobre, cobrimos, cobris, cobrem Futuro do presente rirei, rirs, rir, riremos, rireis, riro
Presente do subjuntivo cubra, cubras, cubra, cubramos, cubrais, cubram Futuro do pretrito riria, ririas, riria, riramos, rireis, ririam
Imperativo cobre, cubra, cubramos, cobri, cubram Imperativo afirmativo ri, ria, riamos, ride, riam
Particpio coberto Presente do subjuntivo ria, rias, ria, riamos, riais, riam
Conjugam-se como COBRIR, dormir, tossir, descobrir, engolir Pretrito imperfeito risse, risses, risse, rssemos, rsseis, rissem
Futuro rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
FALIR Infinitivo pessoal rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
Presente do indicativo falimos, falis Gerndio rindo
Pretrito imperfeito falia, falias, falia, falamos, faleis, faliam Particpio rido

Lngua Portuguesa 73
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APOSTILAS OPO
Conjuga-se como rir: sorrir te, atravs, defronte, aonde, etc.
2) TEMPO: hoje, amanh, depois, antes, agora, anteontem, sempre,
VIR nunca, j, cedo, logo, tarde, ora, afinal, outrora, ento, amide, breve,
Presente do indicativo venho, vens, vem, vimos, vindes, vm
brevemente, entrementes, raramente, imediatamente, etc.
Pretrito imperfeito vinha, vinhas, vinha, vnhamos, vnheis, vinham
Pretrito perfeito vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram 3) MODO: bem, mal, assim, depressa, devagar, como, debalde, pior,
Pretrito mais-que-perfeito viera, vieras, viera, viramos, vireis, vieram melhor, suavemente, tenazmente, comumente, etc.
Futuro do presente virei, virs, vir, viremos, vireis, viro 4) ITENSIDADE: muito, pouco, assaz, mais, menos, to, bastante, dema-
Futuro do pretrito viria, virias, viria, viramos, vireis, viriam siado, meio, completamente, profundamente, quanto, quo, tanto, bem,
Imperativo afirmativo vem, venha, venhamos, vinde, venham mal, quase, apenas, etc.
Presente do subjuntivo venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham 5) AFIRMAO: sim, deveras, certamente, realmente, efefivamente, etc.
Pretrito imperfeito viesse, viesses, viesse, vissemos, visseis, viessem 6) NEGAO: no.
Futuro vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem
7) DVIDA: talvez, acaso, porventura, possivelmente, qui, decerto,
Infinitivo pessoal vir, vires, vir, virmos, virdes, virem
Gerndio vindo provavelmente, etc.
Particpio vindo
Conjugam-se como vir: intervir, advir, convir, provir, sobrevir H Muitas Locues Adverbiais
1) DE LUGAR: esquerda, direita, tona, distncia, frente, entra-
SUMIR da, sada, ao lado, ao fundo, ao longo, de fora, de lado, etc.
Presente do indicativo sumo, somes, some, sumimos, sumis, somem 2) TEMPO: em breve, nunca mais, hoje em dia, de tarde, tarde, noite,
Presente do subjuntivo suma, sumas, suma, sumamos, sumais, sumam s ave-marias, ao entardecer, de manh, de noite, por ora, por fim, de
Imperativo some, suma, sumamos, sumi, sumam
repente, de vez em quando, de longe em longe, etc.
Conjugam-se como SUMIR: subir, acudir, bulir, escapulir, fugir, consumir, cuspir
3) MODO: vontade, toa, ao lu, ao acaso, a contento, a esmo, de bom
grado, de cor, de mansinho, de chofre, a rigor, de preferncia, em ge-
Verbo ''haver'' e suas diferentes construes ral, a cada passo, s avessas, ao invs, s claras, a pique, a olhos vis-
Por Thas Nicoleti
tos, de propsito, de sbito, por um triz, etc.
4) MEIO OU INSTRUMENTO: a pau, a p, a cavalo, a martelo, a mqui-
Havero mudanas, mas creio que sero pequenas.
na, a tinta, a paulada, a mo, a facadas, a picareta, etc.
O verbo haver, no sentido de ocorrer ou existir, impessoal. Isso quer
5) AFIRMAO: na verdade, de fato, de certo, etc.
dizer que permanece na terceira pessoa do singular, pois no tem sujeito.
6) NEGAAO: de modo algum, de modo nenhum, em hiptese alguma,
A confuso frequente no s na hora de escrever mas tambm na hora
etc.
de falar. Muita gente faz a flexo do verbo, como se seu objeto direto fosse
7) DVIDA: por certo, quem sabe, com certeza, etc.
seu sujeito. possvel que a origem do erro esteja na analogia com os
verbos existir e ocorrer. Estes tm sujeito e, portanto, as flexes de
Advrbios Interrogativos
nmero e pessoa e costumam antepor-se a ele. Assim:
Onde?, aonde?, donde?, quando?, porque?, como?
Ocorrero mudanas.
Existiro mudanas.
Palavras Denotativas
Com o verbo haver, a histria outra:
Certas palavras, por no se poderem enquadrar entre os advrbios, te-
Haver mudanas.
ro classificao parte. So palavras que denotam excluso, incluso,
importante observar que os verbos auxiliares assumem o comportamento
situao, designao, realce, retificao, afetividade, etc.
dos verbos principais. Assim, temos o seguinte:
1) DE EXCLUSO - s, salvo, apenas, seno, etc.
Devero ocorrer mudanas.
2) DE INCLUSO - tambm, at, mesmo, inclusive, etc.
Devero existir mudanas.
3) DE SITUAO - mas, ento, agora, afinal, etc.
Dever haver mudanas.
4) DE DESIGNAO - eis.
No se pode, no entanto, dizer que o verbo haver nunca vai para o plural,
5) DE RETIFICAO - alis, isto , ou melhor, ou antes, etc.
pois isso no verdade. Ele pode, por exemplo, ser um verbo auxiliar
6) DE REALCE - c, l, s, que, ainda, mas, etc.
(sinnimo de ter nos tempos compostos), situao em que pode ir para o
Voc l sabe o que est dizendo, homem...
plural. Assim:
Mas que olhos lindos!
Eles haviam chegado cedo.
Veja s que maravilha!
Eles tinham chegado cedo.
Como verbo pessoal (com sujeito), pode assumir o sentido de obter:
Houveram do juiz a comutao da pena. NUMERAL
Como sinnimo de considerar, tambm tem sujeito:
Ns o havemos por honesto. Numeral a palavra que indica quantidade, ordem, mltiplo ou frao.
O mesmo comportamento se observa quando empregado na acepo de
comportar-se: O numeral classifica-se em:
Eles se houveram com elegncia diante das crticas. - cardinal - quando indica quantidade.
O plural tambm pode aparecer quando usado com o sentido de lidar. - ordinal - quando indica ordem.
Assim: - multiplicativo - quando indica multiplicao.
Os alunos houveram-se muito bem nos exames. - fracionrio - quando indica fracionamento.
Fique claro, portanto, que no sentido de existir e de ocorrer, bem como
na indicao de tempo decorrido (H dois anos...), que o verbo haver Exemplos:
permanece invarivel. Assim: Silvia comprou dois livros.
Haver mudanas, mas creio que sero pequenas. Antnio marcou o primeiro gol.
Educaouol
Na semana seguinte, o anel custar o dobro do preo.
O galinheiro ocupava um quarto da quintal.
ADVRBIO

Advrbio a palavra que modifica a verbo, o adjetivo ou o prprio ad-


vrbio, exprimindo uma circunstncia. QUADRO BSICO DOS NUMERAIS
Os advrbios dividem-se em:
1) LUGAR: aqui, c, l, acol, ali, a, aqum, alm, algures, alhures, Algarismos Numerais
nenhures, atrs, fora, dentro, perto, longe, adiante, diante, onde, avan- Roma- Arbi- Cardinais Ordinais Multiplica- Fracionrios

Lngua Portuguesa 74
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APOSTILAS OPO
nos cos tivos Luis XV (quinze) capitulo XX (vinte)
I 1 um primeiro simples -
II 2 dois segundo duplo meio Se o numeral aparece antes, lido como ordinal.
dobro XX Salo do Automvel (vigsimo)
III 3 trs terceiro trplice tero VI Festival da Cano (sexto)
IV 4 quatro quarto qudruplo quarto lV Bienal do Livro (quarta)
V 5 cinco quinto quntuplo quinto XVI captulo da telenovela (dcimo sexto)
VI 6 seis sexto sxtuplo sexto
VII 7 sete stimo stuplo stimo Quando se trata do primeiro dia do ms, deve-se dar preferncia ao
VIII 8 oito oitavo ctuplo oitavo emprego do ordinal.
Hoje primeiro de setembro
IX 9 nove nono nnuplo nono
No aconselhvel iniciar perodo com algarismos
X 10 dez dcimo dcuplo dcimo
16 anos tinha Patrcia = Dezesseis anos tinha Patrcia
XI 11 onze dcimo onze avos
primeiro A ttulo de brevidade, usamos constantemente os cardinais pelos ordi-
XII 12 doze dcimo doze avos nais. Ex.: casa vinte e um (= a vigsima primeira casa), pgina trinta e dois
segundo (= a trigsima segunda pgina). Os cardinais um e dois no variam nesse
XIII 13 treze dcimo treze avos caso porque est subentendida a palavra nmero. Casa nmero vinte e um,
terceiro pgina nmero trinta e dois. Por isso, deve-se dizer e escrever tambm: a
XIV 14 quatorze dcimo quatorze folha vinte e um, a folha trinta e dois. Na linguagem forense, vemos o
quarto avos numeral flexionado: a folhas vinte e uma a folhas trinta e duas.
XV 15 quinze dcimo quinze avos
quinto
XVI 16 dezesseis dcimo dezesseis ARTIGO
sexto avos
XVII 17 dezessete dcimo dezessete Artigo uma palavra que antepomos aos substantivos para determin-
stimo avos los. Indica-lhes, ao mesmo tempo, o gnero e o nmero.
XVIII 18 dezoito dcimo dezoito avos
oitavo Dividem-se em
XIX 19 dezenove dcimo nono dezenove definidos: O, A, OS, AS
avos indefinidos: UM, UMA, UNS, UMAS.
XX 20 vinte vigsimo vinte avos Os definidos determinam os substantivos de modo preciso, particular.
XXX 30 trinta trigsimo trinta avos Viajei com o mdico. (Um mdico referido, conhecido, determinado).
XL 40 quarenta quadrag- quarenta
simo avos Os indefinidos determinam os substantivos de modo vago, impreciso,
L 50 cinquenta quinquag- cinquenta geral.
simo avos Viajei com um mdico. (Um mdico no referido, desconhecido, inde-
LX 60 sessenta sexagsimo sessenta terminado).
avos
LXX 70 setenta septuagsi- setenta avos lsoladamente, os artigos so palavras de todo vazias de sentido.
mo
LXXX 80 oitenta octogsimo oitenta avos CONJUNO
XC 90 noventa nonagsimo noventa
avos
Conjuno a palavra que une duas ou mais oraes.
C 100 cem centsimo centsimo
CC 200 duzentos ducentsimo ducentsimo Coniunes Coordenativas
CCC 300 trezentos trecentsimo trecentsimo 1) ADITIVAS: e, nem, tambm, mas, tambm, etc.
CD 400 quatrocen- quadringen- quadringen- 2) ADVERSATIVAS: mas, porm, contudo, todavia, entretanto,
tos tsimo tsimo seno, no entanto, etc.
D 500 quinhen- quingent- quingent- 3) ALTERNATIVAS: ou, ou.., ou, ora... ora, j... j, quer, quer,
tos simo simo etc.
DC 600 seiscentos sexcentsi- sexcentsi- 4) CONCLUSIVAS. logo, pois, portanto, por conseguinte, por
mo mo consequncia.
DCC 700 setecen- septingent- septingent- 5) EXPLICATIVAS: isto , por exemplo, a saber, que, porque,
tos simo simo pois, etc.
DCCC 800 oitocentos octingent- octingent-
simo simo Conjunes Subordinativas
CM 900 novecen- nongentsi- nongentsi- 1) CONDICIONAIS: se, caso, salvo se, contanto que, uma vez que, etc.
tos mo mo 2) CAUSAIS: porque, j que, visto que, que, pois, porquanto, etc.
M 1000 mil milsimo milsimo 3) COMPARATIVAS: como, assim como, tal qual, tal como, mais que, etc.
4) CONFORMATIVAS: segundo, conforme, consoante, como, etc.
Emprego do Numeral 5) CONCESSIVAS: embora, ainda que, mesmo que, posto que, se bem que,
Na sucesso de papas, reis, prncipes, anos, sculos, captulos, etc. etc.
empregam-se de 1 a 10 os ordinais. 6) INTEGRANTES: que, se, etc.
Joo Paulo I I (segundo) ano lll (ano terceiro) 7) FINAIS: para que, a fim de que, que, etc.
Luis X (dcimo) ano I (primeiro) 8) CONSECUTIVAS: tal... qual, to... que, tamanho... que, de sorte que, de
Pio lX (nono) sculo lV (quarto) forma que, de modo que, etc.
9) PROPORCIONAIS: proporo que, medida que, quanto... tanto mais,
De 11 em diante, empregam-se os cardinais: etc.
Leo Xlll (treze) ano Xl (onze) 10) TEMPORAIS: quando, enquanto, logo que, depois que, etc.
Pio Xll (doze) sculo XVI (dezesseis)

Lngua Portuguesa 75
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APOSTILAS OPO
VALOR LGICO E SINTTICO DAS CONJUNES (Jorge Amado)

Conjunes subordinativas
Examinemos estes exemplos: As conjunes subordinativas ligam duas oraes, subordinando uma
1) Tristeza e alegria no moram juntas. outra. Com exceo das integrantes, essas conjunes iniciam oraes que
2) Os livros ensinam e divertem. traduzem circunstncias (causa, comparao, concesso, condio ou
3) Samos de casa quando amanhecia. hiptese, conformidade, consequncia, finalidade, proporo, tempo).
Abrangem as seguintes classes:
No primeiro exemplo, a palavra E liga duas palavras da mesma orao: 1) Causais: porque, que, pois, como, porquanto, visto que, visto como, j
uma conjuno. que, uma vez que, desde que.
O tambor soa porque oco. (porque oco: causa; o tambor soa:
No segundo a terceiro exemplos, as palavras E e QUANDO esto ligando efeito).
oraes: so tambm conjunes. Como estivesse de luto, no nos recebeu.
Desde que impossvel, no insistirei.
Conjuno uma palavra invarivel que liga oraes ou palavras da 2) Comparativas: como, (tal) qual, tal a qual, assim como, (tal) como, (to
mesma orao. ou tanto) como, (mais) que ou do que, (menos) que ou do que, (tanto)
quanto, que nem, feito (= como, do mesmo modo que), o mesmo que
No 2 exemplo, a conjuno liga as oraes sem fazer que uma dependa (= como).
da outra, sem que a segunda complete o sentido da primeira: por isso, a Ele era arrastado pela vida como uma folha pelo vento.
conjuno E coordenativa. O exrcito avanava pela plancie qual uma serpente imensa.
"Os ces, tal qual os homens, podem participar das trs categorias."
No 3 exemplo, a conjuno liga duas oraes que se completam uma (Paulo Mendes Campos)
outra e faz com que a segunda dependa da primeira: por isso, a conjuno "Sou o mesmo que um cisco em minha prpria casa."
QUANDO subordinativa. (Antnio Olavo Pereira)
"E pia tal a qual a caa procurada."
As conjunes, portanto, dividem-se em coordenativas e subordinativas. (Amadeu de Queirs)
"Por que ficou me olhando assim feito boba?"
CONJUNES COORDENATIVAS (Carlos Drummond de Andrade)
As conjunes coordenativas podem ser: Os pedestres se cruzavam pelas ruas que nem formigas apressadas.
1) Aditivas, que do ideia de adio, acrescentamento: e, nem, mas Nada nos anima tanto como (ou quanto) um elogio sincero.
tambm, mas ainda, seno tambm, como tambm, bem como. Os governantes realizam menos do que prometem.
O agricultor colheu o trigo e o vendeu. 3) Concessivas: embora, conquanto, que, ainda que, mesmo que, ainda
No aprovo nem permitirei essas coisas. quando, mesmo quando, posto que, por mais que, por muito que, por
Os livros no s instruem mas tambm divertem. menos que, se bem que, em que (pese), nem que, dado que, sem que
As abelhas no apenas produzem mel e cera mas ainda polinizam (= embora no).
as flores. Clia vestia-se bem, embora fosse pobre.
2) Adversativas, que exprimem oposio, contraste, ressalva, com- A vida tem um sentido, por mais absurda que possa parecer.
pensao: mas, porm, todavia, contudo, entretanto, sendo, ao Beba, nem que seja um pouco.
passo que, antes (= pelo contrrio), no entanto, no obstante, ape- Dez minutos que fossem, para mim, seria muito tempo.
sar disso, em todo caso. Fez tudo direito, sem que eu lhe ensinasse.
Querem ter dinheiro, mas no trabalham. Em que pese autoridade deste cientista, no podemos aceitar suas
Ela no era bonita, contudo cativava pela simpatia. afirmaes.
No vemos a planta crescer, no entanto, ela cresce. No sei dirigir, e, dado que soubesse, no dirigiria de noite.
A culpa no a atribuo a vs, seno a ele. 4) Condicionais: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que
O professor no probe, antes estimula as perguntas em aula. (= se no), a no ser que, a menos que, dado que.
O exrcito do rei parecia invencvel, no obstante, foi derrotado. Ficaremos sentidos, se voc no vier.
Voc j sabe bastante, porm deve estudar mais. Comprarei o quadro, desde que no seja caro.
Eu sou pobre, ao passo que ele rico. No sairs daqui sem que antes me confesses tudo.
Hoje no atendo, em todo caso, entre. "Eleutrio decidiu logo dormir repimpadamente sobre a areia, a menos
3) Alternativas, que exprimem alternativa, alternncia ou, ou ... ou, que os mosquitos se opusessem."
ora ... ora, j ... j, quer ... quer, etc. (Ferreira de Castro)
Os sequestradores deviam render-se ou seriam mortos. 5) Conformativas: como, conforme, segundo, consoante. As coisas no
Ou voc estuda ou arruma um emprego. so como (ou conforme) dizem.
Ora triste, ora alegre, a vida segue o seu ritmo. "Digo essas coisas por alto, segundo as ouvi narrar."
Quer reagisse, quer se calasse, sempre acabava apanhando. (Machado de Assis)
"J chora, j se ri, j se enfurece." 6) Consecutivas: que (precedido dos termos intensivos tal, to, tanto,
(Lus de Cames) tamanho, s vezes subentendidos), de sorte que, de modo que, de
4) Conclusivas, que iniciam uma concluso: logo, portanto, por con- forma que, de maneira que, sem que, que (no).
seguinte, pois (posposto ao verbo), por isso. Minha mo tremia tanto que mal podia escrever.
As rvores balanam, logo est ventando. Falou com uma calma que todos ficaram atnitos.
Voc o proprietrio do carro, portanto o responsvel. Ontem estive doente, de sorte que (ou de modo que) no sa.
O mal irremedivel; deves, pois, conformar-te. No podem ver um cachorro na rua sem que o persigam.
5) Explicativas, que precedem uma explicao, um motivo: que, por- No podem ver um brinquedo que no o queiram comprar.
que, porquanto, pois (anteposto ao verbo). 7) Finais: para que, a fim de que, que (= para que).
No solte bales, que (ou porque, ou pois, ou porquanto) podem Afastou-se depressa para que no o vssemos.
causar incndios. Falei-lhe com bons termos, a fim de que no se ofendesse.
Choveu durante a noite, porque as ruas esto molhadas. Fiz-lhe sinal que se calasse.
8) Proporcionais: proporo que, medida que, ao passo que, quanto
Observao: A conjuno A pode apresentar-se com sentido adversa- mais... (tanto mais), quanto mais... (tanto menos), quanto menos... (tan-
tivo: to mais), quanto mais... (mais), (tanto)... quanto.
Sofrem duras privaes a [= mas] no se queixam. medida que se vive, mais se aprende.
"Quis dizer mais alguma coisa a no pde." proporo que subamos, o ar ia ficando mais leve.

Lngua Portuguesa 76
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APOSTILAS OPO
Quanto mais as cidades crescem, mais problemas vo tendo. Preposies so palavras que estabelecem um vnculo entre dois ter-
Os soldados respondiam, medida que eram chamados. mos de uma orao. O primeiro, um subordinante ou antecedente, e o
segundo, um subordinado ou consequente.
Observao:
So incorretas as locues proporcionais medida em que, na medida Exemplos:
que e na medida em que. A forma correta medida que: Chegaram a Porto Alegre.
" medida que os anos passam, as minhas possibilidades diminuem." Discorda de voc.
(Maria Jos de Queirs) Fui at a esquina.
Casa de Paulo.
9) Temporais: quando, enquanto, logo que, mal (= logo que), sempre
que, assim que, desde que, antes que, depois que, at que, agora que, Preposies Essenciais e Acidentais
etc. As preposies essenciais so: A, ANTE, APS, AT, COM, CONTRA,
Venha quando voc quiser. DE, DESDE, EM, ENTRE, PARA, PERANTE, POR, SEM, SOB, SOBRE e
No fale enquanto come. ATRS.
Ela me reconheceu, mal lhe dirigi a palavra.
Desde que o mundo existe, sempre houve guerras. Certas palavras ora aparecem como preposies, ora pertencem a ou-
Agora que o tempo esquentou, podemos ir praia. tras classes, sendo chamadas, por isso, de preposies acidentais: afora,
"Ningum o arredava dali, at que eu voltasse." (Carlos Povina Caval- conforme, consoante, durante, exceto, fora, mediante, no obstante, salvo,
cnti) segundo, seno, tirante, visto, etc.
10) Integrantes: que, se.
Sabemos que a vida breve. INTERJEIO
Veja se falta alguma coisa.

Interjeio a palavra que comunica emoo. As interjeies podem


Observao:
ser:
Em frases como Sairs sem que te vejam, Morreu sem que ningum o
- alegria: ahl oh! oba! eh!
chorasse, consideramos sem que conjuno subordinativa modal. A NGB,
- animao: coragem! avante! eia!
porm, no consigna esta espcie de conjuno.
- admirao: puxa! ih! oh! nossa!
- aplauso: bravo! viva! bis!
Locues conjuntivas: no entanto, visto que, desde que, se bem que,
- desejo: tomara! oxal!
por mais que, ainda quando, medida que, logo que, a rim de que, etc.
- dor: a! ui!
- silncio: psiu! silncio!
Muitas conjunes no tm classificao nica, imutvel, devendo, por-
- suspenso: alto! basta!
tanto, ser classificadas de acordo com o sentido que apresentam no contex-
to. Assim, a conjuno que pode ser:
LOCUO INTERJETIVA a conjunto de palavras que tm o mesmo
1) Aditiva (= e):
valor de uma interjeio.
Esfrega que esfrega, mas a ndoa no sai.
Minha Nossa Senhora! Puxa vida! Deus me livre! Raios te partam!
A ns que no a eles, compete faz-lo.
Meu Deus! Que maravilha! Ora bolas! Ai de mim!
2) Explicativa (= pois, porque):
Apressemo-nos, que chove.
3) Integrante: SINTAXE DA ORAO E DO PERODO
Diga-lhe que no irei.
4) Consecutiva: FRASE
Tanto se esforou que conseguiu vencer. Frase um conjunto de palavras que tm sentido completo.
No vo a uma festa que no voltem cansados. O tempo est nublado.
Onde estavas, que no te vi? Socorro!
5) Comparativa (= do que, como): Que calor!
A luz mais veloz que o som.
Ficou vermelho que nem brasa. ORAO
6) Concessiva (= embora, ainda que): Orao a frase que apresenta verbo ou locuo verbal.
Alguns minutos que fossem, ainda assim seria muito tempo. A fanfarra desfilou na avenida.
Beba, um pouco que seja. As festas juninas esto chegando.
7) Temporal (= depois que, logo que):
Chegados que fomos, dirigimo-nos ao hotel. PERODO
8) Final (= pare que):
Perodo a frase estruturada em orao ou oraes.
Vendo-me janela, fez sinal que descesse.
O perodo pode ser:
9) Causal (= porque, visto que):
simples - aquele constitudo por uma s orao (orao absoluta).
"Velho que sou, apenas conheo as flores do meu tempo." (Vivaldo
Fui livraria ontem.
Coaraci)
composto - quando constitudo por mais de uma orao.
A locuo conjuntiva sem que, pode ser, conforme a frase:
Fui livraria ontem e comprei um livro.
1) Concessiva: Ns lhe dvamos roupa a comida, sem que ele pe-
disse. (sem que = embora no)
2) Condicional: Ningum ser bom cientista, sem que estude muito. TERMOS ESSENCIAIS DA ORAO
(sem que = se no,caso no) So dois os termos essenciais da orao:
3) Consecutiva: No vo a uma festa sem que voltem cansados.
(sem que = que no) SUJEITO
4) Modal: Sairs sem que te vejam. (sem que = de modo que no) Sujeito o ser ou termo sobre o qual se diz alguma coisa.

Conjuno a palavra que une duas ou mais oraes. Os bandeirantes capturavam os ndios. (sujeito = bandeirantes)

PREPOSIO O sujeito pode ser :


- simples: quando tem um s ncleo
As rosas tm espinhos. (sujeito: as rosas;

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APOSTILAS OPO
ncleo: rosas) O menino estava cheio de vontade. - CHEIO (adjetivo)
- composto: quando tem mais de um ncleo Ns agamos favoravelmente s discusses. - FAVORAVELMENTE
O burro e o cavalo saram em disparada. (advrbio).
(suj: o burro e o cavalo; ncleo burro, cavalo)
- oculto: ou elptico ou implcito na desinncia verbal 4. AGENTE DA PASSIVA
Chegaste com certo atraso. (suj.: oculto: tu) Agente da passiva o termo da orao que pratica a ao do verbo na
- indeterminado: quando no se indica o agente da ao verbal voz passiva.
Come-se bem naquele restaurante. A me amada PELO FILHO.
- Inexistente: quando a orao no tem sujeito O cantor foi aplaudido PELA MULTIDO.
Choveu ontem. Os melhores alunos foram premiados PELA DIREO.
H plantas venenosas.
TERMOS ACESSRIOS DA ORAO
PREDICADO
TERMOS ACESSRIOS so os que desempenham na orao uma
Predicado o termo da orao que declara alguma coisa do sujeito.
funo secundria, limitando o sentido dos substantivos ou exprimindo
O predicado classifica-se em:
alguma circunstncia.
1. Nominal: aquele que se constitui de verbo de ligao mais predicativo
do sujeito.
So termos acessrios da orao:
Nosso colega est doente.
Principais verbos de ligao: SER, ESTAR, PARECER,
1. ADJUNTO ADNOMINAL
Adjunto adnominal o termo que caracteriza ou determina os
PERMANECER, etc.
substantivos. Pode ser expresso:
Predicativo do sujeito o termo que ajuda o verbo de ligao a
pelos adjetivos: gua fresca,
comunicar estado ou qualidade do sujeito.
pelos artigos: o mundo, as ruas
Nosso colega est doente.
pelos pronomes adjetivos: nosso tio, muitas coisas
A moa permaneceu sentada.
pelos numerais : trs garotos; sexto ano
2. Predicado verbal aquele que se constitui de verbo intransitivo ou
pelas locues adjetivas: casa do rei; homem sem escrpulos
transitivo.
O avio sobrevoou a praia.
Verbo intransitivo aquele que no necessita de complemento. 2. ADJUNTO ADVERBIAL
O sabi voou alto. Adjunto adverbial o termo que exprime uma circunstncia (de tempo,
Verbo transitivo aquele que necessita de complemento. lugar, modo etc.), modificando o sentido de um verbo, adjetivo ou advrbio.
Transitivo direto: o verbo que necessita de complemento sem auxlio Cheguei cedo.
de proposio. Jos reside em So Paulo.
Minha equipe venceu a partida.
Transitivo indireto: o verbo que necessita de complemento com 3. APOSTO
auxlio de preposio. Aposto uma palavra ou expresso que explica ou esclarece,
Ele precisa de um esparadrapo. desenvolve ou resume outro termo da orao.
Transitivo direto e indireto (bitransitivo) o verbo que necessita ao Dr. Joo, cirurgio-dentista,
mesmo tempo de complemento sem auxlio de preposio e de com- Rapaz impulsivo, Mrio no se conteve.
plemento com auxilio de preposio. O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado.
Damos uma simples colaborao a vocs. 4. VOCATIVO
3. Predicado verbo nominal: aquele que se constitui de verbo Vocativo o termo (nome, ttulo, apelido) usado para chamar ou
intransitivo mais predicativo do sujeito ou de verbo transitivo mais interpelar algum ou alguma coisa.
predicativo do sujeito. Tem compaixo de ns, Cristo.
Os rapazes voltaram vitoriosos. Professor, o sinal tocou.
Predicativo do sujeito: o termo que, no predicado verbo-nominal, Rapazes, a prova na prxima semana.
ajuda o verbo intransitivo a comunicar estado ou qualidade do sujeito.
Ele morreu rico. PERODO COMPOSTO - PERODO SIMPLES
Predicativo do objeto o termo que, que no predicado verbo-nominal,
ajuda o verbo transitivo a comunicar estado ou qualidade do objeto No perodo simples h apenas uma orao, a qual se diz absoluta.
direto ou indireto. Fui ao cinema.
Elegemos o nosso candidato vereador. O pssaro voou.
TERMOS INTEGRANTES DA ORAO
Chama-se termos integrantes da orao os que completam a PERODO COMPOSTO
significao transitiva dos verbos e dos nomes. So indispensveis No perodo composto h mais de uma orao.
compreenso do enunciado. (No sabem) (que nos calores do vero a terra dorme) (e os homens
folgam.)
1. OBJETO DIRETO
Objeto direto o termo da orao que completa o sentido do verbo Perodo composto por coordenao
transitivo direto. Ex.: Mame comprou PEIXE. Apresenta oraes independentes.
(Fui cidade), (comprei alguns remdios) (e voltei cedo.)
2. OBJETO INDIRETO
Objeto indireto o termo da orao que completa o sentido do verbo Perodo composto por subordinao
transitivo indireto. Apresenta oraes dependentes.
As crianas precisam de CARINHO. ( bom) (que voc estude.)

3. COMPLEMENTO NOMINAL Perodo composto por coordenao e subordinao


Complemento nominal o termo da orao que completa o sentido de Apresenta tanto oraes dependentes como independentes. Este
um nome com auxlio de preposio. Esse nome pode ser representado por perodo tambm conhecido como misto.
um substantivo, por um adjetivo ou por um advrbio. (Ele disse) (que viria logo,) (mas no pde.)
Toda criana tem amor aos pais. - AMOR (substantivo)
ORAO COORDENADA
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Orao coordenada aquela que independente. ORAO SUBORDINADA SUBSTANTIVA
Orao subordinada substantiva aquela que tem o valor e a funo
As oraes coordenadas podem ser: de um substantivo.
- Sindtica: Por terem as funes do substantivo, as oraes subordinadas
Aquela que independente e introduzida por uma conjuno substantivas classificam-se em:
coordenativa.
Viajo amanh, mas volto logo. 1) SUBJETIVA (sujeito)
- Assindtica: Convm que voc estude mais.
Aquela que independente e aparece separada por uma vrgula ou Importa que saibas isso bem. .
ponto e vrgula. necessrio que voc colabore. (SUA COLABORAO) necessria.
Chegou, olhou, partiu.
A orao coordenada sindtica pode ser: 2) OBJETIVA DIRETA (objeto direto)
Desejo QUE VENHAM TODOS.
1. ADITIVA: Pergunto QUEM EST AI.
Expressa adio, sequncia de pensamento. (e, nem = e no), mas,
tambm: 3) OBJETIVA INDIRETA (objeto indireto)
Ele falava E EU FICAVA OUVINDO. Aconselho-o A QUE TRABALHE MAIS.
Meus atiradores nem fumam NEM BEBEM. Tudo depender DE QUE SEJAS CONSTANTE.
A doena vem a cavalo E VOLTA A P. Daremos o prmio A QUEM O MERECER.

2. ADVERSATIVA: 4) COMPLETIVA NOMINAL


Ligam oraes, dando-lhes uma ideia de compensao ou de contraste Complemento nominal.
(mas, porm, contudo, todavia, entretanto, seno, no entanto, etc). Ser grato A QUEM TE ENSINA.
A espada vence MAS NO CONVENCE. Sou favorvel A QUE O PRENDAM.
O tambor faz um grande barulho, MAS VAZIO POR DENTRO.
Apressou-se, CONTUDO NO CHEGOU A TEMPO. 5) PREDICATIVA (predicativo)
Seu receio era QUE CHOVESSE. = Seu receio era (A CHUVA)
3. ALTERNATIVAS: Minha esperana era QUE ELE DESISTISSE.
Ligam palavras ou oraes de sentido separado, uma excluindo a outra No sou QUEM VOC PENSA.
(ou, ou...ou, j...j, ora...ora, quer...quer, etc).
Mudou o natal OU MUDEI EU? 6) APOSITIVAS (servem de aposto)
OU SE CALA A LUVA e no se pe o anel,
S desejo uma coisa: QUE VIVAM FELIZES = (A SUA FELICIDADE)
OU SE PE O ANEL e no se cala a luva!
S lhe peo isto: HONRE O NOSSO NOME.
(C. Meireles)

4. CONCLUSIVAS: 7) AGENTE DA PASSIVA


Ligam uma orao a outra que exprime concluso (LOGO, POIS, O quadro foi comprado POR QUEM O FEZ = (PELO SEU AUTOR)
PORTANTO, POR CONSEGUINTE, POR ISTO, ASSIM, DE MODO QUE, A obra foi apreciada POR QUANTOS A VIRAM.
etc).
Ele est mal de notas; LOGO, SER REPROVADO. ORAES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Vives mentindo; LOGO, NO MERECES F. Orao subordinada adjetiva aquela que tem o valor e a funo de
um adjetivo.
5. EXPLICATIVAS: H dois tipos de oraes subordinadas adjetivas:
Ligam a uma orao, geralmente com o verbo no imperativo, outro que
a explica, dando um motivo (pois, porque, portanto, que, etc.) 1) EXPLICATIVAS:
Alegra-te, POIS A QUI ESTOU. No mintas, PORQUE PIOR. Explicam ou esclarecem, maneira de aposto, o termo antecedente,
Anda depressa, QUE A PROVA S 8 HORAS. atribuindo-lhe uma qualidade que lhe inerente ou acrescentando-lhe uma
informao.
ORAO INTERCALADA OU INTERFERENTE Deus, QUE NOSSO PAI, nos salvar.
aquela que vem entre os termos de uma outra orao. Ele, QUE NASCEU RICO, acabou na misria.
O ru, DISSERAM OS JORNAIS, foi absolvido.
2) RESTRITIVAS:
A orao intercalada ou interferente aparece com os verbos: Restringem ou limitam a significao do termo antecedente, sendo
CONTINUAR, DIZER, EXCLAMAR, FALAR etc. indispensveis ao sentido da frase:
Pedra QUE ROLA no cria limo.
ORAO PRINCIPAL As pessoas A QUE A GENTE SE DIRIGE sorriem.
Ele, QUE SEMPRE NOS INCENTIVOU, no est mais aqui.
Orao principal a mais importante do perodo e no introduzida
por um conectivo.
ELES DISSERAM que voltaro logo. ORAES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
ELE AFIRMOU que no vir. Orao subordinada adverbial aquela que tem o valor e a funo de
PEDI que tivessem calma. (= Pedi calma) um advrbio.

As oraes subordinadas adverbiais classificam-se em:


ORAO SUBORDINADA
1) CAUSAIS: exprimem causa, motivo, razo:
Orao subordinada a orao dependente que normalmente
Desprezam-me, POR ISSO QUE SOU POBRE.
introduzida por um conectivo subordinativo. Note que a orao principal
O tambor soa PORQUE OCO.
nem sempre a primeira do perodo.
Quando ele voltar, eu saio de frias.
2) COMPARATIVAS: representam o segundo termo de uma
Orao principal: EU SAIO DE FRIAS
comparao.
Orao subordinada: QUANDO ELE VOLTAR
O som menos veloz QUE A LUZ.
Parou perplexo COMO SE ESPERASSE UM GUIA.

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APOSTILAS OPO
que associada aos clssicos processos de subordinao e coordena-
3) CONCESSIVAS: exprimem um fato que se concede, que se admite: o, funcionando apenas como uma caracterstica secundria. Entre
POR MAIS QUE GRITASSE, no me ouviram. esses autores esto Camara Jr. (1981), Bechara (1999), Luft (2000) e
Os louvores, PEQUENOS QUE SEJAM, so ouvidos com agrado. Kury (2003). Nossa proposta visa, portanto, a investigar essas postu-
CHOVESSE OU FIZESSE SOL, o Major no faltava. ras divergentes e traar uma proposta de tratamento mais uniforme
para o assunto.
4) CONDICIONAIS: exprimem condio, hiptese:
SE O CONHECESSES, no o condenarias.
Que diria o pai SE SOUBESSE DISSO?
(Quanto ao estudo da correlao), fao-o agora o mais completo que
5) CONFORMATIVAS: exprimem acordo ou conformidade de um fato posso. Outros, futuramente, com mais lazer, alargaro as pesquisas,
com outro: pois, neste assunto, deparam-nos os autores, floresta inexplorada.
Fiz tudo COMO ME DISSERAM. (Oiticica, 1952:02)
Vim hoje, CONFORME LHE PROMETI.
CONSIDERAES INICIAIS
6) CONSECUTIVAS: exprimem uma consequncia, um resultado:
A fumaa era tanta QUE EU MAL PODIA ABRIR OS OLHOS.
Bebia QUE ERA UMA LSTIMA! marcante, em nossos compndios, a polmica quanto existn-
Tenho medo disso QUE ME PLO! cia e caracterizao da correlao, entendida como processo sinttico
7) FINAIS: exprimem finalidade, objeto: distinto da coordenao e da subordinao. A maioria dos gramticos
Fiz-lhe sinal QUE SE CALASSE. tradicionais, por influncia da Nomenclatura Gramatical Brasileira, no
Aproximei-me A FIM DE QUE ME OUVISSE MELHOR. incluiu em suas obras a correlao, apesar de esta apresentar especificida-
des bem particulares em relao aos processos mais cannicos de estrutu-
8) PROPORCIONAIS: denotam proporcionalidade: rao sinttica.
MEDIDA QUE SE VIVE, mais se aprende.
QUANTO MAIOR FOR A ALTURA, maior ser o tombo. A despeito de a NGB preconizar apenas a existncia dos proces-
sos sintticos de subordinao e coordenao, no mbito do chamado
9) TEMPORAIS: indicam o tempo em que se realiza o fato expresso na perodo composto, houve vozes e opinies dissonantes ao longo do percur-
orao principal: so de sua normatizao. Chediak (1960: 74), consultado acerca do assun-
ENQUANTO FOI RICO todos o procuravam. to, na poca da elaborao da NGB, afirmou: lamentvel que o Antepro-
QUANDO OS TIRANOS CAEM, os povos se levantam. jeto tenha excludo a correlao e a justaposio como processos de com-
posio de perodo.
10) MODAIS: exprimem modo, maneira:
Entrou na sala SEM QUE NOS CUMPRIMENTASSE. Ainda durante o perodo de consultas para a elaborao da NGB,
Aqui vivers em paz, SEM QUE NINGUM TE INCOMODE. Chediak (1960: 213) nos informa que o Departamento de Letras da Univer-
sidade do Rio Grande do Sul, em 1958, tambm requereu a incluso deste
ORAES REDUZIDAS processo de estruturao sinttica como distinto da subordinao e da
Orao reduzida aquela que tem o verbo numa das formas nominais: coordenao.
gerndio, infinitivo e particpio.

Exemplos: Camara Jr. (1981: 87) assevera que a correlao uma constru-
Penso ESTAR PREPARADO = Penso QUE ESTOU PREPARADO. o sinttica de duas partes relacionadas entre si, de tal sorte que a enun-
Dizem TER ESTADO L = Dizem QUE ESTIVERAM L. ciao de uma, dita prtase, prepara a enunciao de outra, dita apdose.
FAZENDO ASSIM, conseguirs = SE FIZERES ASSIM, A explicitao terica do autor admite que a correlao apresenta um
conseguirs. arranjamento sinttico particular, mas assume posio dissonante da de
bom FICARMOS ATENTOS. = bom QUE FIQUEMOS Chediak (1960) ao defender que a correlao no deve ser considerada
ATENTOS. como um processo de estruturao sinttico distinto, pois ela se estabelece
AO SABER DISSO, entristeceu-se = QUANDO SOUBE DISSO, tanto por meio da coordenao como por meio da subordinao. Concor-
entristeceu-se. dam com Camara Jr. (1981) vrios tericos como Bechara (1999), Luft
interesse ESTUDARES MAIS.= interessante QUE ESTUDES (2000) e Kury (2003).
MAIS.
SAINDO DAQUI, procure-me. = QUANDO SAIR DAQUI, procure- Carone (2003: 62), maneira de Camara Jr. (1981), tambm prefe-
me. re considerar as correlativas, bem como as justapostas, como variantes dos
processos de subordinao e coordenao, entretanto, no presta maiores
esclarecimentos que sustentem a opo terica tomada. Vejamos:
TEORIA DA CORRELAO REVISITADA As relaes estabelecidas entre oraes podem apresen-
tar, por vezes, caractersticas de realizao que as distinguem
Ivo da Costa do Rosrio (UERJ, UFF e UFRJ) do usual, o que tem levado alguns gramticos a ver nisso ou-
tros tantos procedimentos sintticos. Trata-se da correlao e
da justaposio, variantes formais dos (...) processos (de su-
bordinao e de coordenao).

RESUMO
Azeredo (1979), em concordncia com Luft (2000), tam-
bm opta por defender a correlao como um subtipo ora da
Pelo menos desde o sculo passado, verificamos que alguns subordinao ora da coordenao, funcionando como um verda-
autores propem a existncia de no apenas dois processos de estru- deiro recurso expressivo de nfase.
turao sinttica, mas trs. Entre eles, podemos destacar Oiticica Poucos gramticos brasileiros, entre os quais Jos Oiticica, tm
(1952), que desenvolveu a clssica teoria da correlao. Outros auto- identificado na correlao e na justaposio processos de estrutu-
res filiaram-se proposta do autor, tais como Melo (1978) e mais rao sinttica distintos da subordinao e da coordenao. A
recentemente Rodrigues (2007). Por outro lado, buscando um vis maioria entende que aqueles processos servem apenas para
diverso, alguns tericos admitem a existncia da correlao, desde materializar certas relaes fundamentalmente coordenativas ou
subordinativas. (grifos do autor)

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APOSTILAS OPO
Oiticica (1952), citado por Azeredo (1979), defende a fundado nas dicotomias saussurianas. Filiado ao estruturalismo
ideia de que as oraes consecutivas e comparativas devem ser lingustico, Camara Jr. (1981) teria optado por defender opinio
consideradas correlatas, diferentemente do que preceitua a tradi- diversa da de Oiticica (1952) por ser fiel disposio binria dos
o gramatical brasileira que as considera como subordinadas conceitos de Saussure, para quem a existncia de um terceiro
adverbiais. conceito na esfera da descrio lingustica aniquilaria a opo
terica pelas dicotomias.
O estudo do autor, contido na clebre Teoria da Correla-
o (1952), advoga a existncia da correlao como um meca- Rodrigues (2007: 232-233) tambm advoga a existncia
nismo de estruturao sinttica ou procedimento sinttico em da correlao como um processo que se distingue dos demais,
que uma sentena estabelece uma relao de interdependncia por conta das seguintes caractersticas:
com a outra no nvel estrutural. Assim, a distino entre a corre-
lao e os outros processos de estruturao poderia ser atestada 1 - a correlao apresenta conjunes que vm aos pa-
por meio do critrio da dependncia sinttica. Teramos, ento, res, cada elemento do par em uma orao;
trs processos: 2 - no perodo composto por correlao, as oraes no
podem ter sua ordem invertida, isto , no apresentam a
a) Subordinao mobilidade posicional tpica das subordinadas adverbiais;

3 - as correlatas no podem ser consideradas parte


processo de hierarquizao de estruturas em que as oraes constituinte de outra, como ocorre com as substantivas,
so sintaticamente dependentes. (cf. Rodrigues, 2007: 227); as adverbiais e as adjetivas.

b) Coordenao Vejamos um pequeno exemplrio oferecido por Rodri-


gues, seguido de uma proposta de classificao, oferecida pela
autora (2007):
processo em que as oraes so sintaticamen-
te independentes uma das outras, caracterizando-se pelo fato (01) Hoje eu trabalho mais do que trabalhava. (Rodri-
de implicarem paralelismo de funes ou valores sintticos idn- gues, 2001:57) Correlao comparativa.
ticos. (cf. Rodrigues, 2007: 227);
(02) Quanto mais o conheo, tanto mais o admiro. (Cu-
nha & Cintra, 2001:593) Correlao proporcional.
c) Correlao
(03) Trabalhou tanto que adoeceu. (Luft, 2000:61)
Correlao consecutiva.
processo em que duas oraes so formalmen-
te interdependentes, relao materializada por meio de ex- (04) No s trabalha de dia, seno que estuda noite.
presses correlatas. (cf. Rodrigues, 2007: 231) (Rocha Lima, 1999:261) Correlao aditiva.

(05) Voc ou estuda ou trabalha, as duas coisas sero


Melo (1978: 152) tambm considera a correlao como muito difceis. (Castilho, 2004:143) Correlao alter-
um terceiro processo de estruturao sinttica, distinto da subor- nativa.
dinao e da coordenao. Vejamos:
(A correlao) um processo sinttico irredutvel a qualquer dos
outros dois (subordinao ou coordenao), um processo mais
complexo, em que h, de certo modo, interdependncia. Nele,
ESTUDOS ATUAIS ACERCA DO ASSUNTO
d-se a intensificao de um dos membros da frase, ou de toda a
frase, intensificao que pede um termo.
A defesa da existncia da correlao como um processo
distinto dos demais parece estar novamente recuperando espao
O autor (1978: 152) amplia o escopo da correlao que,
nos debates acadmicos, haja vista as contribuies de pesquisa-
segundo ele, abarca alm das consecutivas e comparativas,
dores como Mdolo (1999), Castilho (2004) e Rodrigues (2007).
tambm as equiparativas[1] e alternativas. O autor acrescenta
que, na linguagem oral, a intensificao normalmente expressa
por um advrbio de intensidade (primeira parte da correlao) Entretanto, a questo ainda est por ser pesquisada com
seria foneticamente realizada por um esforo e alongamento maior profundidade, haja vista os estudos j realizados nossa
acentuadamente maiores no produzir a tnica, como em: Chovia, disposio terem sido publicados na forma de artigos, o que
que era um desespero! irremediavelmente conduz o pesquisador necessidade de uma
abordagem bastante sinttica para o assunto.
Castilho (2004: 143) tambm filia-se s ideias de Oiticica
(1952). Na correlao, segundo o autor, a cada elemento gra- Segundo Mdolo (1999: 06), Oiticica (1952) props uma
matical na primeira orao corresponde outro elemento gramati- perspectiva funcional da teoria da correlao. Por ter sido publi-
cal na segunda, sem o qu o arranjo sinttico seria inaceitvel. cado na dcada de 50 do sculo passado, Mdolo (1999) advoga
Segundo o autor, h quatro tipos de correlao: aditiva, alterna- o ttulo de funcionalista avant la lettre para Oiticica, por ter sido
tiva, consecutiva e comparativa. As duas primeiras, nas obras ele o precursor dos estudos funcionalistas nessa rea da sintaxe,
tradicionais, geralmente so diludas na coordenao e as duas antes mesmo de tais estudos terem florescido no campo da in-
ltimas, na subordinao, o que no seria adequado devido s vestigao lingustica.
suas particularidades.
De fato, um dos pilares do funcionalismo lingustico a
Com o autor concorda Mdolo (1999), para quem a corre- preponderncia da funo sobre a forma, ou seja, esta estaria a
lao um servio daquela. Assim, diante da necessidade de maior expressi-
vidade ou de um tipo de argumentao mais formal ou enftica,
...tipo de conexo sinttica de uso relativamente nos termos de Luft (2000), houve a necessidade de criao de
frequente, particularmente til para emprestar vigor a um arranjo sinttico formal diferente dos j tradicionais esque-
um raciocnio, aparecendo principalmente nos textos mas subordinativos ou coordenativos. Vejamos:
apologticos e enfticos, que se destacam mais por
expressarem opinies, defenderem posies, angaria- (06) Joo rico e feliz.
rem apoio, do que por informarem com objetividade
os acontecimentos. (07) Joo no s rico como tambm feliz.

Segundo anlise de Mdolo (1999), a tendncia a negar a Os exemplos (06) e (07), semanticamente similares,
existncia da correlao em um nvel paralelo subordinao e apresentam arranjos sintticos diferentes e atendem a necessi-
coordenao advm da herana do paradigma estruturalista, dades comunicacionais e pragmticas distintas. No exemplo (06),

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a conjuno coordenativa aditiva e simplesmente rene dois Vocs falaram alto demais.
termos coordenados entre si, que funcionam como predicativos O combustvel custava barato.
do sujeito. Por outro lado, no exemplo (07), no podemos afir- Voc leu confuso.
mar que h uma simples unio de predicativos referentes ao
sujeito. De certa forma, h uma ideia de gradao enftica cres-
Ela jura falso.
cente do primeiro termo predicativo ao segundo, enunciados na
superfcie da sentena. 16) CARO, BASTANTE, LONGE, se advrbios, no variam, se adjetivos,
sofrem variao normalmente.
Esses pneus custam caro.
Percebemos que os argumentos em defesa da correlao
como um terceiro processo de estruturao sinttica so bastante Conversei bastante com eles.
contundentes. Entretanto, a maioria dos gramticos prefere no Conversei com bastantes pessoas.
consider-la como um processo distinto dos demais, provavel- Estas crianas moram longe.
mente por influncia da tradio normativista. Assim, a investi- Conheci longes terras.
gao da questo apresenta-se como altamente relevante para
nossos estudos vernculos.
CONCORDNCIA VERBAL
CASOS GERAIS
CONCORDNCIA NOMINAL E VERBAL
1) O verbo concorda com o sujeito em nmero e pessoa.
O menino chegou. Os meninos chegaram.
CONCORDNCIA NOMINAL E VERBAL 2) Sujeito representado por nome coletivo deixa o verbo no singular.
Concordncia o processo sinttico no qual uma palavra determinante O pessoal ainda no chegou.
se adapta a uma palavra determinada, por meio de suas flexes. A turma no gostou disso.
Um bando de pssaros pousou na rvore.
Principais Casos de Concordncia Nominal 3) Se o ncleo do sujeito um nome terminado em S, o verbo s ir ao
1) O artigo, o adjetivo, o pronome relativo e o numeral concordam em plural se tal ncleo vier acompanhado de artigo no plural.
gnero e nmero com o substantivo. Os Estados Unidos so um grande pas.
As primeiras alunas da classe foram passear no zoolgico. Os Lusadas imortalizaram Cames.
2) O adjetivo ligado a substantivos do mesmo gnero e nmero vo Os Alpes vivem cobertos de neve.
normalmente para o plural. Em qualquer outra circunstncia, o verbo ficar no singular.
Pai e filho estudiosos ganharam o prmio. Flores j no leva acento.
3) O adjetivo ligado a substantivos de gneros e nmero diferentes vai O Amazonas desgua no Atlntico.
para o masculino plural. Campos foi a primeira cidade na Amrica do Sul a ter luz eltrica.
Alunos e alunas estudiosos ganharam vrios prmios. 4) Coletivos primitivos (indicam uma parte do todo) seguidos de nome
4) O adjetivo posposto concorda em gnero com o substantivo mais no plural deixam o verbo no singular ou levam-no ao plural, indiferen-
prximo: temente.
Trouxe livros e revista especializada. A maioria das crianas recebeu, (ou receberam) prmios.
5) O adjetivo anteposto pode concordar com o substantivo mais prxi- A maior parte dos brasileiros votou (ou votaram).
mo. 5) O verbo transitivo direto ao lado do pronome SE concorda com o
Dedico esta msica querida tia e sobrinhos. sujeito paciente.
6) O adjetivo que funciona como predicativo do sujeito concorda com o Vende-se um apartamento.
sujeito. Vendem-se alguns apartamentos.
Meus amigos esto atrapalhados. 6) O pronome SE como smbolo de indeterminao do sujeito leva o
7) O pronome de tratamento que funciona como sujeito pede o predica- verbo para a 3 pessoa do singular.
tivo no gnero da pessoa a quem se refere. Precisa-se de funcionrios.
Sua excelncia, o Governador, foi compreensivo. 7) A expresso UM E OUTRO pede o substantivo que a acompanha no
8) Os substantivos acompanhados de numerais precedidos de artigo singular e o verbo no singular ou no plural.
vo para o singular ou para o plural. Um e outro texto me satisfaz. (ou satisfazem)
J estudei o primeiro e o segundo livro (livros). 8) A expresso UM DOS QUE pede o verbo no singular ou no plural.
9) Os substantivos acompanhados de numerais em que o primeiro vier Ele um dos autores que viajou (viajaram) para o Sul.
precedido de artigo e o segundo no vo para o plural. 9) A expresso MAIS DE UM pede o verbo no singular.
J estudei o primeiro e segundo livros. Mais de um jurado fez justia minha msica.
10) O substantivo anteposto aos numerais vai para o plural. 10) As palavras: TUDO, NADA, ALGUM, ALGO, NINGUM, quando
J li os captulos primeiro e segundo do novo livro. empregadas como sujeito e derem ideia de sntese, pedem o verbo
11) As palavras: MESMO, PRPRIO e S concordam com o nome a no singular.
que se referem. As casas, as fbricas, as ruas, tudo parecia poluio.
Ela mesma veio at aqui. 11) Os verbos DAR, BATER e SOAR, indicando hora, acompanham o
Eles chegaram ss. sujeito.
Eles prprios escreveram. Deu uma hora.
12) A palavra OBRIGADO concorda com o nome a que se refere. Deram trs horas.
Muito obrigado. (masculino singular) Bateram cinco horas.
Muito obrigada. (feminino singular). Naquele relgio j soaram duas horas.
13) A palavra MEIO concorda com o substantivo quando adjetivo e fica 12) A partcula expletiva ou de realce QUE invarivel e o verbo da
invarivel quando advrbio. frase em que empregada concorda normalmente com o sujeito.
Quero meio quilo de caf. Ela que faz as bolas.
Minha me est meio exausta. Eu que escrevo os programas.
meio-dia e meia. (hora) 13) O verbo concorda com o pronome antecedente quando o sujeito
14) As palavras ANEXO, INCLUSO e JUNTO concordam com o substan- um pronome relativo.
tivo a que se referem. Ele, que chegou atrasado, fez a melhor prova.
Trouxe anexas as fotografias que voc me pediu. Fui eu que fiz a lio
A expresso em anexo invarivel. Quando a LIO pronome relativo, h vrias construes poss-
Trouxe em anexo estas fotos. veis.
15) Os adjetivos ALTO, BARATO, CONFUSO, FALSO, etc, que substitu- que: Fui eu que fiz a lio.
em advrbios em MENTE, permanecem invariveis. quem: Fui eu quem fez a lio.

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o que: Fui eu o que fez a lio. pretender (transitivo indireto)
No stio, aspiro o ar puro da montanha.
14) Verbos impessoais - como no possuem sujeito, deixam o verbo na Nossa equipe aspira ao trofu de campe.
terceira pessoa do singular. Acompanhados de auxiliar, transmitem a 2. OBEDECER - transitivo indireto
este sua impessoalidade. Devemos obedecer aos sinais de trnsito.
Chove a cntaros. Ventou muito ontem. 3. PAGAR - transitivo direto e indireto
Deve haver muitas pessoas na fila. Pode haver brigas e discusses. J paguei um jantar a voc.
4. PERDOAR - transitivo direto e indireto.
CONCORDNCIA DOS VERBOS SER E PARECER J perdoei aos meus inimigos as ofensas.
5. PREFERIR - (= gostar mais de) transitivo direto e indireto
Prefiro Comunicao Matemtica.
1) Nos predicados nominais, com o sujeito representado por um dos
pronomes TUDO, NADA, ISTO, ISSO, AQUILO, os verbos SER e PA-
6. INFORMAR - transitivo direto e indireto.
RECER concordam com o predicativo.
Informei-lhe o problema.
Tudo so esperanas.
Aquilo parecem iluses.
7. ASSISTIR - morar, residir:
Aquilo iluso.
Assisto em Porto Alegre.
amparar, socorrer, objeto direto
2) Nas oraes iniciadas por pronomes interrogativos, o verbo SER con-
O mdico assistiu o doente.
corda sempre com o nome ou pronome que vier depois.
PRESENCIAR, ESTAR PRESENTE - objeto direto
Que so florestas equatoriais?
Assistimos a um belo espetculo.
Quem eram aqueles homens?
SER-LHE PERMITIDO - objeto indireto
Assiste-lhe o direito.
3) Nas indicaes de horas, datas, distncias, a concordncia se far com
a expresso numrica.
8. ATENDER - dar ateno
So oito horas.
Atendi ao pedido do aluno.
Hoje so 19 de setembro.
CONSIDERAR, ACOLHER COM ATENO - objeto direto
De Botafogo ao Leblon so oito quilmetros.
Atenderam o fregus com simpatia.
4) Com o predicado nominal indicando suficincia ou falta, o verbo SER
9. QUERER - desejar, querer, possuir - objeto direto
fica no singular.
A moa queria um vestido novo.
Trs batalhes muito pouco.
GOSTAR DE, ESTIMAR, PREZAR - objeto indireto
Trinta milhes de dlares muito dinheiro.
O professor queria muito a seus alunos.
5) Quando o sujeito pessoa, o verbo SER fica no singular.
10. VISAR - almejar, desejar - objeto indireto
Maria era as flores da casa.
Todos visamos a um futuro melhor.
O homem cinzas.
APONTAR, MIRAR - objeto direto
O artilheiro visou a meta quando fez o gol.
6) Quando o sujeito constitudo de verbos no infinitivo, o verbo SER
pr o sinal de visto - objeto direto
concorda com o predicativo.
O gerente visou todos os cheques que entraram naquele dia.
Danar e cantar a sua atividade.
Estudar e trabalhar so as minhas atividades.
11. OBEDECER e DESOBEDECER - constri-se com objeto indireto
Devemos obedecer aos superiores.
7) Quando o sujeito ou o predicativo for pronome pessoal, o verbo SER
Desobedeceram s leis do trnsito.
concorda com o pronome.
A cincia, mestres, sois vs.
12. MORAR, RESIDIR, SITUAR-SE, ESTABELECER-SE
Em minha turma, o lder sou eu.
exigem na sua regncia a preposio EM
O armazm est situado na Farrapos.
8) Quando o verbo PARECER estiver seguido de outro verbo no infinitivo,
Ele estabeleceu-se na Avenida So Joo.
apenas um deles deve ser flexionado.
Os meninos parecem gostar dos brinquedos.
13. PROCEDER - no sentido de "ter fundamento" intransitivo.
Os meninos parece gostarem dos brinquedos.
Essas tuas justificativas no procedem.
no sentido de originar-se, descender, derivar, proceder, constri-se
REGNCIA NOMINAL E VERBAL com a preposio DE.
Algumas palavras da Lngua Portuguesa procedem do tupi-guarani
Regncia o processo sinttico no qual um termo depende gramati- no sentido de dar incio, realizar, construdo com a preposio A.
calmente do outro. O secretrio procedeu leitura da carta.

A regncia nominal trata dos complementos dos nomes (substantivos e 14. ESQUECER E LEMBRAR
adjetivos). quando no forem pronominais, constri-se com objeto direto:
Esqueci o nome desta aluna.
Exemplos: Lembrei o recado, assim que o vi.
quando forem pronominais, constri-se com objeto indireto:
- acesso: A = aproximao - AMOR: A, DE, PARA, PARA COM Esqueceram-se da reunio de hoje.
EM = promoo - averso: A, EM, PARA, POR Lembrei-me da sua fisionomia.
PARA = passagem
15. Verbos que exigem objeto direto para coisa e indireto para pessoa.
perdoar - Perdoei as ofensas aos inimigos.
A regncia verbal trata dos complementos do verbo. pagar - Pago o 13 aos professores.
dar - Daremos esmolas ao pobre.
ALGUNS VERBOS E SUA REGNCIA CORRETA emprestar - Emprestei dinheiro ao colega.
1. ASPIRAR - atrair para os pulmes (transitivo direto) ensinar - Ensino a tabuada aos alunos.

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agradecer - Agradeo as graas a Deus.
pedir - Pedi um favor ao colega. Funo ftica: O objetivo dessa funo estabelecer uma relao com o
emissor, um contato para verificar se a mensagem est sendo transmitida
16. IMPLICAR - no sentido de acarretar, resultar, exige objeto direto: ou para dilatar a conversa.
O amor implica renncia. Quando estamos em um dilogo, por exemplo, e dizemos ao nosso recep-
no sentido de antipatizar, ter m vontade, constri-se com a preposio tor Est entendendo?, estamos utilizando este tipo de funo ou quando
COM: atendemos o celular e dizemos Oi ou Al.
O professor implicava com os alunos
no sentido de envolver-se, comprometer-se, constri-se com a preposi- Funo potica: O objetivo do emissor expressar seus sentimentos
o EM: atravs de textos que podem ser enfatizados por meio das formas das
Implicou-se na briga e saiu ferido palavras, da sonoridade, do ritmo, alm de elaborar novas possibilidades de
combinaes dos signos lingusticos. presente em textos literrios, publi-
17. IR - quando indica tempo definido, determinado, requer a preposio A: citrios e em letras de msica.
Ele foi a So Paulo para resolver negcios.
quando indica tempo indefinido, indeterminado, requer PARA: Por exemplo: negcio/ego/cio/cio/0
Depois de aposentado, ir definitivamente para o Mato Grosso.
Na poesia acima Epitfio para um banqueiro, Jos de Paulo Paes faz uma
18. CUSTAR - Empregado com o sentido de ser difcil, no tem pessoa combinao de palavras que passa a ideia do dia a dia de um banqueiro,
como sujeito: de acordo com o poeta.
O sujeito ser sempre "a coisa difcil", e ele s poder aparecer na 3 Por Sabrina Vilarinho
pessoa do singular, acompanhada do pronome oblquo. Quem sente di-
ficuldade, ser objeto indireto.
Custou-me confiar nele novamente. EMPREGO DO QUE E DO SE
Custar-te- aceit-la como nora.

Funes da Linguagem A palavra que em portugus pode ser:


Funo referencial ou denotativa: transmite uma informao objetiva,
expe dados da realidade de modo objetivo, no faz comentrios, nem Interjeio: exprime espanto, admirao, surpresa.
avaliao. Geralmente, o texto apresenta-se na terceira pessoa do singular
ou plural, pois transmite impessoalidade. A linguagem denotativa, ou seja, Nesse caso, ser acentuada e seguida de ponto de exclamao. Usa-se
no h possibilidades de outra interpretao alm da que est exposta. tambm a variao o qu! A palavra que no exerce funo sinttica
Em alguns textos mais predominante essa funo, como: cientficos, quando funciona como interjeio.
jornalsticos, tcnicos, didticos ou em correspondncias comerciais.
Qu! Voc ainda no est pronto?
Por exemplo: Bancos tero novas regras para acesso de deficientes. O O qu! Quem sumiu?
Popular, 16 out. 2008.
Substantivo: equivale a alguma coisa.
Funo emotiva ou expressiva: o objetivo do emissor transmitir suas
emoes e anseios. A realidade transmitida sob o ponto de vista do
emissor, a mensagem subjetiva e centrada no emitente e, portanto, Nesse caso, vir sempre antecedida de artigo ou outro determinante, e
apresenta-se na primeira pessoa. A pontuao (ponto de exclamao, receber acento por ser monosslabo tnico terminado em e. Como subs-
interrogao e reticncias) uma caracterstica da funo emotiva, pois tantivo, designa tambm a 16 letra de nosso alfabeto. Quando a palavra
transmite a subjetividade da mensagem e refora a entonao emotiva. que for substantivo, exercer as funes sintticas prprias dessa classe
Essa funo comum em poemas ou narrativas de teor dramtico ou de palavra (sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, etc.)
romntico.
Ele tem certo qu misterioso. (substantivo na funo de ncleo do objeto
Por exemplo: Porm meus olhos no perguntam nada./ O homem atrs do direto)
bigode srio, simples e forte./Quase no conversa./Tem poucos, raros
amigos/o homem atrs dos culos e do bigode. (Poema de sete faces, Preposio: liga dois verbos de uma locuo verbal em que o auxiliar o
Carlos Drummond de Andrade) verbo ter.
Equivale a de. Quando preposio, a palavra que no exerce funo
Funo conativa ou apelativa: O objetivo de influenciar, convencer o sinttica.
receptor de alguma coisa por meio de uma ordem (uso de vocativos),
sugesto, convite ou apelo (da o nome da funo). Os verbos costumam Tenho que sair agora.
estar no imperativo (Compre! Faa!) ou conjugados na 2 ou 3 pessoa Ele tem que dar o dinheiro hoje.
(Voc no pode perder! Ele vai melhorar seu desempenho!). Esse tipo de
funo muito comum em textos publicitrios, em discursos polticos ou de Partcula expletiva ou de realce: pode ser retirada da frase, sem prejuzo
autoridade. algum para o sentido.

Por exemplo: No perca a chance de ir ao cinema pagando menos! Nesse caso, a palavra que no exerce funo sinttica; como o prprio
nome indica, usada apenas para dar realce. Como partcula expletiva,
Funo metalingustica: Essa funo refere-se metalinguagem, que aparece tambm na expresso que.
quando o emissor explica um cdigo usando o prprio cdigo. Quando um
poema fala da prpria ao de se fazer um poema, por exemplo. Veja: Quase que no consigo chegar a tempo.
Elas que conseguiram chegar.
Pegue um jornal
Pegue a tesoura. Advrbio: modifica um adjetivo ou um advrbio. Equivale a quo. Quando
Escolha no jornal um artigo do tamanho que voc deseja dar a seu poema. funciona como advrbio, a palavra que exerce a funo sinttica de adjunto
Recorte o artigo. adverbial; no caso, de intensidade.

Este trecho da poesia, intitulada Para fazer um poema dadasta utiliza o Que lindas flores!
cdigo (poema) para explicar o prprio ato de fazer um poema. Que barato!

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ndice de indeterminao do sujeito: vem ligando a um verbo que no
Pronome: como pronome, a palavra que pode ser: transitivo direto, tornando o sujeito indeterminado. No exerce propriamente
uma funo sinttica, seu papel o de indeterminar o sujeito. Lembre-se de
pronome relativo: retoma um termo da orao antecedente, projetando-o que, nesse caso, o verbo dever estar na terceira pessoa do singular.
na orao consequente. Equivale a o qual e flexes.
No encontramos as pessoas que saram. Trabalha-se de dia.
Precisa-se de vendedores.
pronome indefinido: nesse caso, pode funcionar como pronome substanti- Pronome reflexivo: quando a palavra se pronome pessoal, ela dever
vo ou pronome adjetivo. estar sempre na mesma pessoa do sujeito da orao de que faz parte. Por
isso o pronome oblquo se sempre ser reflexivo (equivalendo a a si mes-
pronome substantivo: equivale a que coisa. Quando for pronome substan- mo), podendo assumir as seguintes funes sintticas:
tivo, a palavra que exercer as funes prprias do substantivo (sujeito,
objeto direto, objeto indireto, etc.) * objeto direto
Que aconteceu com voc? Ele cortou-se com o faco.

pronome adjetivo: determina um substantivo. Nesse caso, exerce a funo * objeto indireto
sinttica de adjunto adnominal. Ele se atribui muito valor.
Que vida essa?
* sujeito de um infinitivo
Conjuno: relaciona entre si duas oraes. Nesse caso, no exerce Sofia deixou-se estar janela.
funo sinttica. Como conjuno, a palavra que pode relacionar tanto
oraes coordenadas quanto subordinadas, da classificar-se como conjun- Por Marina Cabral
o coordenativa ou conjuno subordinativa. Quando funciona como
conjuno coordenativa ou subordinativa, a palavra que recebe o nome da
orao que introduz. Por exemplo:
CONFRONTO E RECONHECIMENTO DE FRASES
CORRETAS E INCORRETAS
Venha logo, que tarde. (conjuno coordenativa explicativa)
Falou tanto que ficou rouco. (conjuno subordinativa consecutiva)
O reconhecimento de frases corretas e incorretas abrange praticamente
Quando inicia uma orao subordinada substantiva, a palavra que recebe o toda a gramtica.
nome de conjuno subordinativa integrante. Os principais tpicos que podem aparecer numa frase correta ou incorreta
so:
Desejo que voc venha logo. - ortografia
- acentuao grfica
- concordncia
- regncia
A palavra se
- plural e singular de substantivos e adjetivos
- verbos
A palavra se, em portugus, pode ser:
- etc.
Conjuno: relaciona entre si duas oraes. Nesse caso, no exerce
Daremos a seguir alguns exemplos:
funo sinttica. Como conjuno, a palavra se pode ser:
Encontre o termo em destaque que est erradamente empregado:
* conjuno subordinativa integrante: inicia uma orao subordinada subs- A) Seno chover, irei s compras.
tantiva. B) Olharam-se de alto a baixo.
Perguntei se ele estava feliz. C) Saiu a fim de divertir-se
D) No suportava o dia-a-dia no convento.
* conjuno subordinativa condicional: inicia uma orao adverbial condici- E) Quando est cansado, briga toa.
onal (equivale a caso). Alternativa A
Se todos tivessem estudado, as notas seriam boas.
Ache a palavra com erro de grafia:
Partcula expletiva ou de realce: pode ser retirada da frase sem prejuzo A) cabeleireiro ; manteigueira
algum para o sentido. Nesse caso, a palavra se no exerce funo sintti- B) caranguejo ; beneficncia
ca. Como o prprio nome indica, usada apenas para dar realce. C) prazeirosamente ; adivinhar
Passavam-se os dias e nada acontecia. D) perturbar ; concupiscncia
E) berinjela ; meritssimo
Parte integrante do verbo: faz parte integrante dos verbos pronominais. Alternativa C
Nesse caso, o se no exerce funo sinttica.
Ele arrependeu-se do que fez. Identifique o termo que est inadequadamente empregado:
A) O juiz infligiu-lhe dura punio.
Partcula apassivadora: ligada a verbo que pede objeto direto, caracteriza B) Assustou-se ao receber o mandato de priso.
as oraes que esto na voz passiva sinttica. tambm chamada de C) Rui Barbosa foi escritor preeminente de nossas letras.
pronome apassivador. Nesse caso, no exerce funo sinttica, seu papel D) Com ela, pude fruir os melhores momentos de minha vida.
apenas apassivar o verbo. E) A polcia pegou o ladro em flagrante.
Alternativa B
Vendem-se casas.
Aluga-se carro. O acento grave, indicador de crase, est empregado CORRETAMENTE
Compram-se joias. em:
A) Encaminhamos os pareceres Vossa Senhoria e no tivemos respos-
ta.

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B) A nossa reao foi deix-los admirar belssima paisagem. lgico (livro bom, problema fcil), mas no rara a inverso dessa ordem:
C) Rapidamente, encaminhamos o produto firma especializada. (Uma simples advertncia [anteposio do adjetivo simples, no sentido de
D) Todos estvamos dispostos aceitar o seu convite. mero]. O menor descuido por tudo a perder [anteposio dos superlativos
Alternativa C relativos: o melhor, o pior, o maior, o menor]). A anteposio do adjetivo,
em alguns casos, empresta-lhe sentido figurado: meu rico filho, um grande
Assinale a alternativa cuja concordncia nominal no est de acordo com o homem, um pobre rapaz).
padro culto:
A) Anexa carta vo os documentos. Colocao dos pronomes tonos. O pronome tono pode vir antes do
B) Anexos carta vo os documentos. verbo (prclise, pronome procltico: No o vejo), depois do verbo (nclise,
C) Anexo carta vai o documento. pronome encltico: Vejo-o) ou no meio do verbo, o que s ocorre com
D) Em anexo, vo os documentos. formas do futuro do presente (V-lo-ei) ou do futuro do pretrito (V-lo-ia).
Alternativa A Verifica-se prclise, normalmente nos seguintes casos: (1) depois de
palavras negativas (Ningum me preveniu), de pronomes interrogativos
Identifique a nica frase onde o verbo est conjugado corretamente: (Quem me chamou?), de pronomes relativos (O livro que me deram...), de
A) Os professores revm as provas. advrbios interrogativos (Quando me procurars); (2) em oraes optativas
B) Quando puder, vem minha casa. (Deus lhe pague!); (3) com verbos no subjuntivo (Espero que te comportes);
C) No digas nada e voltes para sua sala. (4) com gerndio regido de em (Em se aproximando...); (5) com infinitivo
D) Se pretendeis destruir a cidade, atacais noite. regido da preposio a, sendo o pronome uma das formas lo, la, los, las
E) Ela se precaveu do perigo. (Fiquei a observ-la); (6) com verbo antecedido de advrbio, sem pausa
Alternativa E (Logo nos entendemos), do numeral ambos (Ambos o acompanharam) ou
de pronomes indefinidos (Todos a estimam).
Encontre a alternativa onde no h erro no emprego do pronome:
A) A criana tal quais os pais. Ocorre a nclise, normalmente, nos seguintes casos: (1) quando o ver-
B) Esta tarefa para mim fazer at domingo. bo inicia a orao (Contaram-me que...), (2) depois de pausa (Sim, conta-
C) O diretor conversou com ns. ram-me que...), (3) com locues verbais cujo verbo principal esteja no
D) Vou consigo ao teatro hoje noite. infinitivo (No quis incomodar-se).
E) Nada de srio houve entre voc e eu. Estando o verbo no futuro do presente ou no futuro do pretrito, a me-
Alternativa A sclise de regra, no incio da frase (Chama-lo-ei. Chama-lo-ia). Se o
verbo estiver antecedido de palavra com fora atrativa sobre o pronome,
Que frase apresenta uso inadequado do pronome demonstrativo? haver prclise (No o chamarei. No o chamaria). Nesses casos, a lngua
A) Esta aliana no sai do meu dedo. moderna rejeita a nclise e evita a mesclise, por ser muito formal.
B) Foi preso em 1964 e s saiu neste ano.
C) Casaram-se Tnia e Jos; essa contente, este apreensivo. Pronomes com o verbo no particpio. Com o particpio desacompanha-
D) Romrio foi o maior artilheiro daquele jogo. do de auxiliar no se verificar nem prclise nem nclise: usa-se a forma
E) Vencer depende destes fatores: rapidez e segurana. oblqua do pronome, com preposio. (O emprego oferecido a mim...).
Alternativa C Havendo verbo auxiliar, o pronome vir procltico ou encltico a este. (Por
que o tm perseguido? A criana tinha-se aproximado.)

COLOCAO PRONOMINAL Pronomes tonos com o verbo no gerndio. O pronome tono costuma
vir encltico ao gerndio (Joo, afastando-se um pouco, observou...). Nas
Palavras fora do lugar podem prejudicar e at impedir a compreenso locues verbais, vir encltico ao auxiliar (Joo foi-se afastando), salvo
de uma ideia. Cada palavra deve ser posta na posio funcionalmente quando este estiver antecedido de expresso que, de regra, exera fora
correta em relao s outras, assim como convm dispor com clareza as atrativa sobre o pronome (palavras negativas, pronomes relativos, conjun-
oraes no perodo e os perodos no discurso. es etc.) Exemplo: medida que se foram afastando.
Sintaxe de colocao o captulo da gramtica em que se cuida da or- Colocao dos possessivos. Os pronomes adjetivos possessivos pre-
dem ou disposio das palavras na construo das frases. Os termos da cedem os substantivos por eles determinados (Chegou a minha vez), salvo
orao, em portugus, geralmente so colocados na ordem direta (sujeito + quando vm sem artigo definido (Guardei boas lembranas suas); quando
verbo + objeto direto + objeto indireto, ou sujeito + verbo + predicativo). As h nfase (No, amigos meus!); quando determinam substantivo j deter-
inverses dessa ordem ou so de natureza estilstica (realce do termo cuja minado por artigo indefinido (Receba um abrao meu), por um numeral
posio natural se altera: Corajoso ele! Medonho foi o espetculo), ou de (Recebeu trs cartas minhas), por um demonstrativo (Receba esta lem-
pura natureza gramatical, sem inteno especial de realce, obedecendo-se, brana minha) ou por um indefinido (Aceite alguns conselhos meus).
apenas a hbitos da lngua que se fizeram tradicionais.
Colocao dos demonstrativos. Os demonstrativos, quando pronomes
Sujeito posposto ao verbo. Ocorre, entre outros, nos seguintes casos: adjetivos, precedem normalmente o substantivo (Compreendo esses pro-
(1) nas oraes intercaladas (Sim, disse ele, voltarei); (2) nas interrogativas, blemas). A posposio do demonstrativo obrigatria em algumas formas
no sendo o sujeito pronome interrogativo (Que espera voc?); (3) nas em que se procura especificar melhor o que se disse anteriormente: "Ouvi
reduzidas de infinitivo, de gerndio ou de particpio (Por ser ele quem ... tuas razes, razes essas que no chegaram a convencer-me."
Sendo ele quem ... Resolvido o caso...); (4) nas imperativas (Faze tu o
Colocao dos advrbios. Os advrbios que modificam um adjetivo, um
que for possvel); (5) nas optativas (Suceda a paz guerra! Guie-o a mo
particpio isolado ou outro advrbio vm, em regra, antepostos a essas
da Providncia!); (6) nas que tm o verbo na passiva pronominal (Elimina-
palavras (mais azedo, mal conservado; muito perto). Quando modificam o
ram-se de vez as esperanas); (7) nas que comeam por adjunto adverbial
verbo, os advrbios de modo costumam vir pospostos a este (Cantou
(No profundo do cu luzia uma estrela), predicativo (Esta a vontade de
admiravelmente. Discursou bem. Falou claro.). Anteposto ao verbo, o
Deus) ou objeto (Aos conselhos sucederam as ameaas); (8) nas constru-
adjunto adverbial fica naturalmente em realce: "L longe a gaivota voava
das com verbos intransitivos (Desponta o dia). Colocam-se normalmente
rente ao mar."
depois do verbo da orao principal as oraes subordinadas substantivas:
claro que ele se arrependeu. Figuras de sintaxe. No tocante colocao dos termos na frase, salien-
tem-se as seguintes figuras de sintaxe: (1) hiprbato -- intercalao de um
Predicativo anteposto ao verbo. Ocorre, entre outros, nos seguintes ca-
termo entre dois outros que se relacionam: "O das guas gigante caudalo-
sos: (1) nas oraes interrogativas (Que espcie de homem ele?); (2) nas
so" (= O gigante caudaloso das guas); (2) anstrofe -- inverso da ordem
exclamativas (Que bonito esse lugar!).
normal de termos sintaticamente relacionados: "Do mar lanou-se na gela-
Colocao do adjetivo como adjunto adnominal. A posposio do ad- da areia" (= Lanou-se na gelada areia do mar); (3) prolepse -- transposi-
junto adnominal ao substantivo a sequncia que predomina no enunciado o, para a orao principal, de termo da orao subordinada: "A nossa

Lngua Portuguesa 86
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Corte, no digo que possa competir com Paris ou Londres..." (= No digo - Tornarei-me. (errada)
que a nossa Corte possa competir com Paris ou Londres...); (4) snquise -- - Tinha entregado-nos.(errada)
alterao excessiva da ordem natural das palavras, que dificulta a compre-
enso do sentido: "No tempo que do reino a rdea leve, Joo, filho de nclise de verbo no infinitivo est sempre certa.
Pedro, moderava" (= No tempo [em] que Joo, filho de Pedro, moderava a - Entregar-lhe (correta)
rdea leve do reino). Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicaes Ltda. - No posso receb-lo. (correta)
Colocao Pronominal (prclise, mesclise, nclise) Outros casos:
- Com o verbo no incio da frase: Entregaram-me as camisas.
Por Cristiana Gomes - Com o verbo no imperativo afirmativo: Alunos, comportem-se.
- Com o verbo no gerndio: Saiu deixando-nos por instantes.
o estudo da colocao dos pronomes oblquos tonos (me, te, se, o, a,
- Com o verbo no infinitivo impessoal: Convm contar-lhe tudo.
lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relao ao verbo.
OBS: se o gerndio vier precedido de preposio ou de palavra atrativa,
Os pronomes tonos podem ocupar 3 posies: antes do verbo (prclise),
ocorrer a prclise:
no meio do verbo (mesclise) e depois do verbo (nclise).
- Em se tratando de cinema, prefiro o suspense.
Esses pronomes se unem aos verbos porque so fracos na pronncia.
- Saiu do escritrio, no nos revelando os motivos.
PRCLISE
COLOCAO PRONOMINAL NAS LOCUES VERBAIS
Usamos a prclise nos seguintes casos:
Locues verbais so formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, gerndio
(1) Com palavras ou expresses negativas: no, nunca, jamais, nada, ou particpio.
ningum, nem, de modo algum.
AUX + PARTICPIO: o pronome deve ficar depois do verbo auxiliar. Se
- Nada me perturba. houver palavra atrativa, o pronome dever ficar antes do verbo auxiliar.
- Ningum se mexeu.
- Havia-lhe contado a verdade.
- De modo algum me afastarei daqui.
- No (palavra atrativa) lhe havia contado a verdade.
- Ela nem se importou com meus problemas.
AUX + GERNDIO OU INFINITIVO: se no houver palavra atrativa, o
(2) Com conjunes subordinativas: quando, se, porque, que, conforme,
pronome oblquo vir depois do verbo auxiliar ou do verbo principal.
embora, logo, que.
Infinitivo
- Quando se trata de comida, ele um expert.
- Quero-lhe dizer o que aconteceu.
- necessrio que a deixe na escola.
- Quero dizer-lhe o que aconteceu.
- Fazia a lista de convidados, conforme me lembrava dos amigos sinceros.
Gerndio
(3) Advrbios
- Ia-lhe dizendo o que aconteceu.
- Aqui se tem paz. - Ia dizendo-lhe o que aconteceu.
- Sempre me dediquei aos estudos.
Se houver palavra atrativa, o pronome oblquo vir antes do verbo auxiliar
- Talvez o veja na escola.
ou depois do verbo principal.
OBS: Se houver vrgula depois do advrbio, este (o advrbio) deixa de
Infinitivo
atrair o pronome.
- No lhe quero dizer o que aconteceu.
- Aqui, trabalha-se. - No quero dizer-lhe o que aconteceu.
(4) Pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos.
Gerndio
- Algum me ligou? (indefinido)
- No lhe ia dizendo a verdade.
- A pessoa que me ligou era minha amiga. (relativo)
- No ia dizendo-lhe a verdade.
- Isso me traz muita felicidade. (demonstrativo)
(5) Em frases interrogativas.
- Quanto me cobrar pela traduo?
(6) Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo). Figuras de Linguagem
- Deus o abenoe!
- Macacos me mordam! As figuras de linguagem so recursos que tornam mais expressivas as
- Deus te abenoe, meu filho! mensagens. Subdividem-se em figuras de som, figuras de construo,
(7) Com verbo no gerndio antecedido de preposio EM. figuras de pensamento e figuras de palavras.
- Em se plantando tudo d.
- Em se tratando de beleza, ele campeo. Figuras de som
(8) Com formas verbais proparoxtonas
- Ns o censurvamos. a) aliterao: consiste na repetio ordenada de mesmos sons conso-
nantais.
MESCLISE
Esperando, parada, pregada na pedra do porto.
Usada quando o verbo estiver no futuro do presente (vai acontecer ama-
rei, amars, ) ou no futuro do pretrito (ia acontecer mas no aconteceu b) assonncia: consiste na repetio ordenada de sons voclicos idnti-
amaria, amarias, ) cos.
Sou um mulato nato no sentido lato
- Convidar-me-o para a festa. mulato democrtico do litoral.
- Convidar-me-iam para a festa.
Se houver uma palavra atrativa, a prclise ser obrigatria. c) paronomsia: consiste na aproximao de palavras de sons pareci-
dos, mas de significados distintos.
- No (palavra atrativa) me convidaro para a festa. Eu que passo, penso e peo.
NCLISE
Figuras de construo
nclise de verbo no futuro e particpio est sempre errada.
a) elipse: consiste na omisso de um termo facilmente identificvel pelo

Lngua Portuguesa 87
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contexto.
Na sala, apenas quatro ou cinco convidados. (omisso de havia) g) apstrofe: consiste na interpelao enftica a algum (ou alguma
coisa personificada).
b) zeugma: consiste na elipse de um termo que j apareceu antes. Senhor Deus dos desgraados!
Ele prefere cinema; eu, teatro. (omisso de prefiro) Dizei-me vs, Senhor Deus!

c) polissndeto: consiste na repetio de conectivos ligando termos da Figuras de palavras


orao ou elementos do perodo.
E sob as ondas ritmadas a) metfora: consiste em empregar um termo com significado diferente
e sob as nuvens e os ventos do habitual, com base numa relao de similaridade entre o sentido
e sob as pontes e sob o sarcasmo prprio e o sentido figurado. A metfora implica, pois, uma comparao
e sob a gosma e sob o vmito (...) em que o conectivo comparativo fica subentendido.
Meu pensamento um rio subterrneo.
d) inverso: consiste na mudana da ordem natural dos termos na frase.
De tudo ficou um pouco. b) metonmia: como a metfora, consiste numa transposio de signifi-
Do meu medo. Do teu asco. cado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a
ser usada com outro significado. Todavia, a transposio de significados
e) silepse: consiste na concordncia no com o que vem expresso, mas no mais feita com base em traos de semelhana, como na metfora.
com o que se subentende, com o que est implcito. A silepse pode ser: A metonmia explora sempre alguma relao lgica entre os termos.
Observe:
De gnero No tinha teto em que se abrigasse. (teto em lugar de casa)
Vossa Excelncia est preocupado.
c) catacrese: ocorre quando, por falta de um termo especfico para
De nmero designar um conceito, torna-se outro por emprstimo. Entretanto, devido
Os Lusadas glorificou nossa literatura. ao uso contnuo, no mais se percebe que ele est sendo empregado
em sentido figurado.
De pessoa O p da mesa estava quebrado.
O que me parece inexplicvel que os brasileiros persistamos em
comer essa coisinha verde e mole que se derrete na boca. d) antonomsia ou perfrase: consiste em substituir um nome por uma
expresso que o identifique com facilidade:
f) anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Normalmente, ...os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os Beatles)
isso ocorre porque se inicia uma determinada construo sinttica e
depois se opta por outra. e) sinestesia: trata-se de mesclar, numa expresso, sensaes percebi-
A vida, no sei realmente se ela vale alguma coisa. das por diferentes rgos do sentido.
A luz crua da madrugada invadia meu quarto.
g) pleonasmo: consiste numa redundncia cuja finalidade reforar a
mensagem. Vcios de linguagem
E rir meu riso e derramar meu pranto.
A gramtica um conjunto de regras que estabelece um determinado
h) anfora: consiste na repetio de uma mesma palavra no incio de uso da lngua, denominado norma culta ou lngua padro. Acontece que
versos ou frases. as normas estabelecidas pela gramtica normativa nem sempre so
Amor um fogo que arde sem se ver; obedecidas, em se tratando da linguagem escrita. O ato de desviar-se
ferida que di e no se sente; da norma padro no intuito de alcanar uma maior expressividade,
um contentamento descontente; refere-se s figuras de linguagem. Quando o desvio se d pelo no
dor que desatina sem doer conhecimento da norma culta, temos os chamados vcios de linguagem.

Figuras de pensamento a) barbarismo: consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desa-


cordo com a norma culta.
a) anttese: consiste na aproximao de termos contrrios, de palavras pesquiza (em vez de pesquisa)
que se opem pelo sentido. prototipo (em vez de prottipo)
Os jardins tm vida e morte.
b) solecismo: consiste em desviar-se da norma culta na construo
b) ironia: a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, sinttica.
obtendo-se, com isso, efeito crtico ou humorstico. Fazem dois meses que ele no aparece. (em vez de faz ; desvio na
A excelente Dona Incia era mestra na arte de judiar de crianas. sintaxe de concordncia)

c) eufemismo: consiste em substituir uma expresso por outra menos c) ambiguidade ou anfibologia: trata-se de construir a frase de um modo
brusca; em sntese, procura-se suavizar alguma afirmao desagrad- tal que ela apresente mais de um sentido.
vel. O guarda deteve o suspeito em sua casa. (na casa de quem: do guarda
Ele enriqueceu por meios ilcitos. (em vez de ele roubou) ou do suspeito?)

d) hiprbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enftica. d) cacfato: consiste no mau som produzido pela juno de palavras.
Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita sede) Paguei cinco mil reais por cada.

e) prosopopeia ou personificao: consiste em atribuir a seres inanima- e) pleonasmo vicioso: consiste na repetio desnecessria de uma
dos predicativos que so prprios de seres animados. ideia.
O jardim olhava as crianas sem dizer nada. O pai ordenou que a menina entrasse para dentro imediatamente.
Observao: Quando o uso do pleonasmo se d de modo enftico, este
f) gradao ou clmax: a apresentao de ideias em progresso as- no considerado vicioso.
cendente (clmax) ou descendente (anticlmax)
Um corao chagado de desejos f) eco: trata-se da repetio de palavras terminadas pelo mesmo som.
Latejando, batendo, restrugindo. O menino repetente mente alegremente.

Lngua Portuguesa 88
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APOSTILAS OPO
Por Marina Cabral BENE-, Benevolncia, benfeitor,
Especialista em Lngua Portuguesa e Literatura Bem; muito bom
BEN-, BEM- bem-vindo, bem-estar
bisav, biconvexo, bienal,
PREFIXOS E SUFIXOS MAIS COMUNS BIS-, BI duas vezes
bpede, biscoito
(faculdades, funes, estados, doenas, etc)
algos = dor nevralgia, mialgia CIRCUM-, ao redor; movimento Circunferncia, circum-
bios = vida biologia, biopsia CIRCUN- em torno adjacente
crsis = temperamento compleio, idiossincrasia Oposio; ao con-
CONTRA- contra-ataque, contradizer
tron = articulao disartria, artralgia trria
af = tato disafia, anafilaxia COM-, Companhia; combi- Compartilhar, consoante,
bul-vontade ablico, abulia CON-, CO- nao contemporneo, co-autor
cris = graa eucaristia, carisma
movimento para
crtos = poder, fora democracia, plutocracia decair, desacordo, desfa-
DE-, DES-, baixo; afastamento;
dipsa = sede dipsomania, dipstico zer, discordar, dissociar,
DIS- ao contrria; nega-
doxa = opinio, glria paradoxo, doxomania decrescer
o
edema = inchao edematoso, edemaciar
stesis = sensao sensibilidade, esttica, anestesia movimento para fora; exonerar, exportar, exumar,
ros, rotos = amor ertico, erotofobia EX-, ES-, E- mudana de estado; espreguiar, emigrar, emitir,
tos, teos = costume tradio, tica, cacoete separao escorrer, estender
fon = voz fono, fongrafo posio exterior; extra-oficial, extraordinrio,
EXTRA-
fobos = medo, horror, superioridade extraviar
averso fobia, acrofobia posio interna;
frn, frens = mente esquizofrenia, frenologia inciso, inalar, injetar, im-
IN-, IM-, I-, passagem para um
genos = nascimento eugenia, gentica por, imigrar, enlatar, enter-
EN-, EM-, estado; movimento
horama = viso panorama, cosmorama rar, embalsamar, intraveno-
INTRA-, para dentro; tendn-
hedon = prazer hedonismo, hedonista so, intrometer, intramuscu-
INTRO- cia; direo para um
hipnos = sono hipnotismo, hipnose lar
ponto
icon = imagem iconoteca, iconoclasta
intocvel, impermevel,
gnsis = conhecimento diagnstico, agnstico IN-, IM-, I- negao; falta
lalia = fala eulalia, dislalia ilegal
logos = palavra, discurso logomaquia, logorria INTER-, posio intermedi- Intercmbio, internacional,
lpsis = convulso epilepsia, catalepsia ENTRE- ria; reciprocidade entrelaar, entreabrir
lxis, lxeos = dico dislexia lxico JUSTA- Proximidade Justapor, justalinear
lete = esquecimento letargia, letargiar
mania = loucura megalomania, manicmio posio posterior; ps-escrito, pospor, post-
POS-
manteia (mancia) = ulterioridade nico
adivinhao quiromancia, oniromancia anterioridade; supe- prefixo, previso, pr-
PRE-
msos - averso, dio misgino, misantropia rioridade; intensidade histria, prefcio
mneme = menria amnsia, mnemnico posio em frente;
nrce = entorpecimento narctico, narcotizar Proclamar, progresso, pro-
PRO- movimento para
nsos = doena nosocmio, nosofobia nome, prosseguir
frente; em favor de
neiros (oniros) = sonho onrico, oniromancia
repetio; intensida- realar, rebolar, refrescar,
orxis = fome anorexia, cinorexia RE-
paideia (pedia) = instruo, correo ortopedia, enciclopdia de; reciprocidade reverter, refluir
ppsis = digesto dispepsia, pptico Retroativo, retroceder,
RETRO- para trs
perets = febre antipirtico, piretoterapia retrospectivo
pleg = paralisao paraplgico, hemiplegia semicrculo, semiconsoan-
pneuma, pneumatos = respirao pneumtica, pneumoplegia SEMI- Metade
te, semi-analfabeto
pseudos = mentira
posio abaixo de;
falsidade pseudnimo, pseudfobo SUB-, SOB- subconjunto, subcutneo,
inferioridade; insufi-
psiqu = alma psicologia, psiquiatria , SO- subsolo, sobpor, soterrar
cincia
rag = corrimento hemorragia, blenorragia
spasms = convulso espasmo, espasmofilia SUPER-, Superpopulao, sobreloja,
posio superior;
sfigns = pulsao esfigmmetro, esfigmgrafo SOBRE-, supra-sumo, sobrecarga,
excesso
terapia(terapia) = SUPRA superfcie
tratamento, cura terapeuta, hidroterapia TRANS-,
Transbordar, transcrever,
tims = mente ciclotimia, lipotimia TRAS-, atravs de; posio
tradio, traduzir, traspas-
TRA-, alm de; mudana
sar, tresloucado, tresmalhar
PREFIXOS GREGOS E LATINOS Microsoft word TRES-
Tpico retirado da internet ULTRA- alm de; excesso Ultrapassar, ultra-sensvel
Prefixos Latinos posio abaixo de; vice-reitor, visconde, vice-
Prefixos VICE-, VIS-
Sentido Exemplos substituio cnsul
Latinos
Afastamento; sepa- Prefixos Gregos
AB-, ABS- abuso, abster-se, abdicar
rao
Aproximao; ten- adjacente, adjunto, admirar,
AD-, A- Ateu, analfabeto, anes-
dncia; direo agregar A-, NA Privao; negao
tesia
AMBI- Duplicidade Ambivalncia, ambidestro
Repetio; sepa- Anlise, anatomia, an-
Antebrao, anteontem, ANA-
ANTE- posio anterior rao; inverso; fora, anagrama
antepor

Lngua Portuguesa 89
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APOSTILAS OPO
para cima
Duplicidade; ao
Anfbio, anfiteatro, anfi- Radicais Latinos
ANFI- redor; de ambos
bologia 1 elemento da composio
os lados
Antibitico, anti-
Oposio, ao higinico, antitrmico, Forma Sentido Exemplo
ANTI-
contrria anttese, antpoda, anti- Agri Campo Agricultura
cristo
Ambi Ambos Ambidestro
Separao; afas- Apogeu, apstolo, aps-
APO- Arbori- rvore Arborcola
tamento; longe de tata
ARQUI-, Posio superior; Arquitetura, arquiplago, Duas
Bis-, bi- Bpede, bisav
ARCE- excesso; primazia arcebispo, arcanjo vezes
Calori- Calor Calorfero
Movimento para
Catlise, catlogo, cata- Cruci- cruz Crucifixo
CATA- baixo; a partir de;
plasma, catadupa
ordem Curvi- curvo Curvilneo
Atravs de; ao Diafragma, diagrama, Equi- igual Equiltero, eqidistante
DIA-
longo de dilogo, diagnstico Ferri-,
ferro Ferrfero, ferrovia
DI- Duas vezes Dipolo, dgrafo ferro-
Mau funcionamen- Dispnia, discromia, di- Loco- lugar Locomotiva
DIS-
to; dificuldade senteria Morti- morte Mortfero
EN-, EM-, Posio interna; Multi- muito Multiforme
Encfalo, emblema,
E-, EN- direo para den- Olei-, Azeite,
elipse, endotrmico Olegeno, oleoduto
DO- tro oleo- leo
EX-, EC-, Movimento para Oni- todo Onipotente
EXO-, fora; posio exte- xodo, eclipse
ECTO- rior Pedi- p Pedilvio
Posio superior; Pisci- peixe Piscicultor
EPI- acima de; posterio- Epiderme, eplogo Muitos,
Pluri- Pluriforme
ridade vrios
Excelncia; perfei- Quadri-
EU-, EV- Euforia, evangelho , qua- quatro Quadrpede
o; verdade
dru-
HEMI- metade Hemisfrio
Reti- reto Retilneo
Posio superior;
Semi- metade Semimorto
HIPER- intensidade; ex- Hiprbole, hipertenso
cesso Tri- Trs Tricolor
Posio inferior; Hipotrofia, hipotenso,
HIPO-
insuficincia hipodrmico Radicais Latinos
Metamorfose, metabo- 2 Elemento da Composio
Posteridade; atra-
META- lismo, metfora, meta-
vs de; mudana
carpo
Forma Sentido Exemplos
Proximidade; ao Paradoxo, paralelo, pa-
PARA- -cida Que mata Suicida, homicida
lado; oposto a rdia, parasita
Que culti-
Pericrdio, perodo, pe-
PERI- Em torno de; -cola va, ou Arborcola, vincola, silvcola
rmetro, perfrase
habita
PRO- Posio anterior Prlogo, prognstico - Ato de
Piscicultura, apicultura
Multiplicidade; plu- cultura cultivar
POLI- Polinmio, poliedro
ralidade Que con-
SIN-, Simultaneidade; Sinfonia, simbiose, sim- -fero tm, ou Aurfero, carbonfero
SIM- reunio; resumo patia, slaba produz
SUB-, posio abaixo de; subconjunto, subcut- Que faz,
-fico Benefcio, frigorfico
SOB-, inferioridade; insu- neo, subsolo, sobpor, ou produz
SO- ficincia soterrar Que tem
-forme Uniforme, cuneiforme
forma de
SUPER-, Superpopulao, sobre-
posio superior; Que foge,
SOBRE-, loja, supra-sumo, sobre-
excesso -fugo ou faz Centrfugo, febrfugo
SUPRA carga, superfcie
fugir
TRANS-, Transbordar, transcre-
atravs de; posi- Que con-
TRAS-, ver, tradio, traduzir,
o alm de; mu- -gero tm, ou Belgero, armgero
TRA-, traspassar, tresloucado,
dana produz
TRES- tresmalhar
Que pro-
Ultrapassar, ultra- -paro Ovparo, multparo
ULTRA- alm de; excesso duz
sensvel
-pede P Velocpede, palmpede
VICE-, posio abaixo de; vice-reitor, visconde, vi-
VIS- substituio ce-cnsul -sono Que soa Unssono, horrssono

Lngua Portuguesa 90
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APOSTILAS OPO
Que expe- agudo, pene-
-vomo Ignvomo, fumvomo Oxi- Oxtono
le trante
-voro Que come Carnvoro, herbvoro Paleo- antigo Paleontologia
Pan- todos, tudo Pan-americano
Radicais Gregos Pato- doena Patologia
1 Elemento da Composio Penta- cinco Pentgono
Piro- fogo Pirotecnia
Forma Sentido Exemplos Poli- muito Poliglota
Aero- ar Aeronave Potamo- rio Potamografia
Antropo- homem Antropologia Proto- primeiro Protozorio
Arqueo- antigo Arqueologia Pseudo- falso Pseudnimo
Auto de si mesmo Autobiografia Psico- alma, esprito Psicologia
Biblio- livro Biblioteca Quilo- mil Quilograma
Bio- vida Biologia Quiro- mo Quiromancia
Cali- belo Caligrafia Rino- nariz Rinoceronte
Cosmo- mundo Cosmologia Rizo- raiz Rizotnico
Cromo- cor Cromossomo Tecno- arte Tecnografia
Crono- tempo Cronologia Termo- quente Termmetro
Dactilo- dedo Dactilografia Tetra- quatro Tetraedro
Deca- dez Decaedro Tipo- figura, marca Tipografia
Demo- povo Democracia Topo- lugar Topografia
di- dois Disslabo Tri- trs Trisslabo
Ele( c (mbar) Zoo- animal Zoologia
Eletrom
)tro- eletricidade
Enea- nove Enegono Radicais Gregos
Etno- raa Etnologia 2 Elemento da Composio
Farmaco- medicamento Farmacologia
Filo- amigo Filologia Forma Sentido Exemplos
Fisio- natureza Fisionomia -agogo Que conduz Pedagogo
Fono- voz, som Fonologia -algia Dor Nevralgia
Foto- fogo, luz Fotosfera Que coman-
-arca Monarca
da
Geo- terra Geografia
Comando,
Hemo- sangue Hemorragia -arquia Monarquia
governo
Hepta- sete Heptgono -cfalo Cabea Microcfalo
Hetero- outro Heterogneo -cracia Poder Democracia
Hexa- seis Hexgono -doxo Que opina Ortodoxo
Hidro- gua Hidrognio Lugar para
-dromo Hipdromo
Hipo- cavalo Hipoptamo correr
Ictio- peixe Ictiologia -edro Base, fase Poliedro
Ato de co-
Iso igual Issceles -fagia Antropofagia
mer
Lito- pedra Litografia
-fago Que come Antropfago
grande,
Macro- Macrbio -filia Amizade Bibliofilia
longo
Inimizade,
Mega- grande Megalomanaco -fobia Fotofobia
dio, temor
Melo- canto Melodia Que odeia,
-fobo Xenfobo
Meso- meio Mesclise inimigo
Micro- pequeno Micrbio Que leva ou
-foro Fsforo
Mito- fbula Mitologia conduz
-gamia Casamento Poligamia
Mono- um s Monarca
-gamo Casa Bgamo
Necro- morto Necrotrio
-gneo Que gera Heterogneo
Neo- novo Neolatino
-glota; -
Octo- oito Octaedro Lngua Poliglota, isoglossa
glossa
Odonto- dente Odontologia -gono ngulo Pentgono
Oftalmo- olho Oftalmologia Escrita,
-grafia Ortografia
Onomato- nome Onomatopia descrio
Orto- reto, justo Ortodoxo -grafo Que escreve Calgrafo

Lngua Portuguesa 91
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APOSTILAS OPO
Escrito,
-grama Telegrama, quilograma Adverbi-
peso somente o sufixo -mente amavelmente, distraidamente
ais
-logia Discurso Arqueologia
Que fala ou
-logo Dilogo
trata
-mancia Adivinhao Quiromancia VCIOS DE LLINGUAGEM
-metria Medida Biometria
-metro Que mede Pentmetro VCIOS DE LLINGUAGEM
Vcios de linguagem so, segundo Napoleo Mendes de Almeida, pa-
Que tem a
-morfo Polimorfo lavras ou construes que deturpam, desvirtuam ou dificultam a manifesta-
forma o do pensamento.
-nomia Lei, regra Astronomia Lista de vcios de linguagem
-nomo Que regula Autnomo Ambiguidade
Ambiguidade a possibilidade de uma mensagem admitir mais de um
-pia Ato de fazer Onomatopia
sentido. Ela geralmente provocada pela m organizao das palavras na
-plis; - frase.
Cidade Petrpolis, metrpole
pole Ex:
-ptero Asa Helicptero  "A me encontrou o filho em seu quarto." (No quarto da me ou
-scopia Ato de ver Macroscopia do filho?)
Instrumento  "Como vai a cachorra da sua me?" (Que cachorra? a me ou a
-scpio Microscpio cadela criada pela me?)
para ver
Barbarismo
-sofia Sabedoria Logosofia
Barbarismo, peregrinismo ou estrangeirismo (para os latinos qual-
Lugar onde quer estrangeiro era brbaro) o uso de palavra, expresso ou construo
-teca Biblioteca
se guarda estrangeira no lugar de equivalente verncula.
-terapia Cura Fisioterapia De acordo com a lngua de origem, os estrangeirismos recebem dife-
Corte, divi- rentes nomes:
-tomia Dicotomia  galicismo ou francesismo, quando provenientes do francs (de
so
-tono Tenso, tom Montono Glia, antigo nome da Frana);
 anglicismo, quando do ingls;
 castelhanismo, quando vindos do espanhol;
 etc.
Principais Sufixos Ex:
 Mais penso, mais fico inteligente (galicismo; o mais adequado
seria "quanto mais penso, (tanto) mais fico inteligente");
Tipos de  Todos os dois estavam errados (galicismo; o mais adequado
Principais sufixos Exemplos
sufixos
seria "ambos estavam errados");
 Comeu um roast-beef (anglicismo; o mais adequado seria "co-
aumentativo: -alho, -o, - copzio, bocarra, corpanzil,
meu um rosbife");
anzil, -arra, -orra, -zio... casaro
 Havia links para sua pgina (anglicismo; o mais adequado seria
"Havia ligaes (ou vnculos) para sua pgina".
diminutivo: -acho, -eto, -  Vou estar disponibilizando o material (anglicismo; o mais ade-
riacho, filhote, livrinho
inho, -inha, -ote...
quado seria "Deixarei o material disposio").
superlativo: -ssimo, rri-  Eu love Jesus! (anglicismo; o mais adequado seria "Eu amo Je-
belssimo, pauprrimo, faclimo sus").
mo, -limo...
Nomi- OBS: H quem considere barbarismo tambm erros de pronncia, gra-
nais lugar: -aria, -ato, -douro, -
papelaria, internato, bebedouro fia, morfologia etc, tais como "adevogado" ou "eu fazi", pois seriam atitu-
ia... des tpicas de estrangeiros, por no conhecerem a lngua.
formam Cacofonia
substan- profisso: -o, -dor, -ista... diarista, dentista, vendedor A cacofonia um som desagradvel ou obsceno formado pela unio
tivos e
das slabas de palavras contguas. Por isso temos que cuidar quando
adjetivos
falamos sobre algo para no estarmos ofendendo a pessoa que ouve. So
origem: -ano, -eiro, s... francs, alagoano, mineiro
exemplos desse fato:
 "A boca dela linda!"
coleo, aglomerao,  "D-me uma mo, por favor."
conjunto: -al, -eira, -ada, - folhagem, cabeleira, capinzal
agem...
 "Ela se disputa para ele."
 "Vou-me j, pois estou atrasado."
excesso, abundncia: Plebesmo
gostoso, ciumento, barbudo O plebesmo normalmente utiliza palavras de baixo calo, grias e ou-
-oso, -ento, -udo...
tras deste mesmo tipo. tido[?] pela norma culta como sendo o mais odiado
e repulsivo de todos os vcios de linguagem existentes.
Ex:
folhear, velejar, envelhecer,
-ear, ejar, -ecer, -escer,  "Ele era um tremendo man!"
florescer, afugentar, liquefazer,
-entar, -fazer, -ficar, -icar, -  "T ferrado!"
Verbais petrificar, adocicar, chuviscar,
iscar, -ilhar, -inhar, -itar,-
dedilhar, escrevinhar, saltitar,  "T ligado nas quebradas, meu chapa?"
izar...
organizar Pleonasmo
O pleonasmo geralmente considerado uma figura de linguagem.
Existe, porm, um tipo de pleonasmo que consiste numa repetio intil e
desnecessria de termos em uma frase, e por isso considerado um vcio
de linguagem. A esse tipo de pleonasmo chamamos "Pleonasmo Vicioso ".

Lngua Portuguesa 92
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Diferentemente do pleonasmo tradicional, esse deve ser sempre evita- ainda que, mesmo que, bem que, se bem que, nem que, apesar de que, por
do. mais que, por menos que...
Ex: Ela no foi aprovada, embora tenha estudado com dedicao.
 "Ele vai ser o protagonista principal da pea". CONDICIONAIS (indicam condio): se, caso. Tambm as locues: con-
 "Meninos, entrem j para dentro!" tanto que, desde que, dado que, a menos que, a no ser que, exceto se...
Prolixidade Ela pode ser aprovada, se estudar com dedicao.
Prolixidade a comunicao com excesso de palavras, antnimo da Finais (indicam finalidade): As locues para que, a fim de que, por que...
conciso. necessrio estudar com dedicao,para que se obtenha aprovao.
Solecismo TEMPORAIS (indicam circunstncia de tempo): quando, apenas, enquan-
Solecismo uma inadequao na estrutura sinttica da frase com re- to...Tambm as locues: antes que, depois que, logo que, assim que,
lao gramtica normativa do idioma. H trs tipos de solecismo: desde que, sempre que...
De concordncia: Ela deixou de estudar com dedicao,quando foi aprovada.
 "Fazem trs anos que no vou ao mdico." (Faz trs anos que CONSECUTIVAS (indicam consequncia): que (precedido de to, tanto, tal)
no vou ao mdico.) e tambm as locues: de modo que, de forma que, de sorte que, de ma-
 "Aluga-se salas nesse edifcio." (Alugam-se salas nesse edifcio.) neira que...
De regncia: Ela estudava tanto, que pouco tempo tinha para dedicar-se famlia.
 "Ontem eu assisti um filme de poca." (Ontem eu assisti a um
filme de poca.) BIBLIOGRAFIA/PORTUGUS
 "Eu namoro com Fernanda." (Eu namoro Fernanda.) Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicaes Ltda.
De colocao: ALMANAQUE ABRIL CULTURAL Editora Abril/So Paulo
CITELLI, Adilson; O Texto Argumentativo So Paulo SP, Editora
 "Me parece que ela ficou contente." (Parece-me que ela ficou ..Scipione, 1994 - 6 edio.
contente.) J. Joo Campagnaro -
 "Eu no respondi-lhe nada do que perguntou." (Eu no lhe res- http://www.gramaticaportuguesa.com/GLPshop/pt-br/pg_18.html
pondi nada do que perguntou.) Vrios artigos foram extrados da Internet: Provedores: uol, ig, bol,
N.B: as regras de colocao do portugus falado em Portugal diferem terra, google
em alguns casos daquelas do portugus falado no Brasil. NOVSSIMA GRAMTICA DA LNGUA PORTUGUESA Domingos
Paschoal Cegalla
PORTUGUS, teoria e prtica Walter Rossignoli Editora tica/SP
CONECTIVOS BIBLIOTECA INTEGRADA Claudinei Flores Editora Lisa S.A.
Por Sandra Macedo Celso Cunha - Gramtica da Lngua Portuguesa, 2 edio, MEC-
FENAME.
http://www.portugues.com.br/sintaxe/regenomi.asp
Conectivos so conjunes que ligam as oraes, estabelecem Pciconcursos.com.br
a conexo entre as oraes nos perodos compostos e tambm as preposi- Luiz Antonio Sacconi - Nossa Gramtica Teoria e Prtica. Editora
es, que ligam um vocbulo a outro. Atual, 1994.
O perodo composto formado de duas ou mais oraes. Quando essas http://www.portugues.com.br/morfologia/classes/verbos/verbos.asp
Portugus - GUIA INTENSIVO DE ENSINO GLOBALIZADO - 1 E 2
oraes so independentes umas das outras, chamamos de perodo com-
GRAU E VESTIBULARES INDSTRIA GRFICA E EDITORA
posto por coordenao. Essas oraes podem estar justapostas (sem LTDA - ERECHIM RS
conectivos) ou ligadas por conjunes (= conectivos). http://www.portugues.com.br/morfologia/classes/verbos/conjugacoes.
CONECTIVOS coordenativos so as seguintes conjunes coordenadas: asp
ADITIVAS (adicionam, acrescentam): e, nem (e no),tambm, que; e as
locues: mas tambm, seno tambm, como tambm...
Ela estuda e trabalha. REDAO OFICIAL
ADVERSATIVAS (oposio, contraste): mas, porm, todavia, contudo,
entretanto, seno, que. Tambm as locues: no entanto, no obstante,
ainda assim, apesar disso. MANUAL DE REDAO DA PRESIDNCIA DA REPBLICA
Ela estuda, no entanto no trabalha. 2a edio, revista e atualizada
ALTERNATIVAS (alternncia): ou. Tambm as locues ou...ou, ora...ora, Braslia, 2002
j...j, quer...quer...
Ou ela estuda ou trabalha. Apresentao
CONCLUSIVAS (sentido de concluso em relao orao anterior): logo, Com a edio do Decreto no 100.000, em 11 de janeiro de 1991, o Pre-
portanto, pois (posposto ao verbo).Tambm as locues: por isso, por sidente da Repblica autorizou a criao de comisso para rever, atualizar,
conseguinte, pelo que... uniformizar e simplificar as normas de redao de atos e comunicaes
Ela estudou com dedicao, logo dever ser aprovada. oficiais. Aps nove meses de intensa atividade da Comisso presidida pelo
EXPLICATIVAS (justificam a proposio da orao anterior): que, porque, hoje Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Ferreira Mendes, apre-
porquanto... sentou-se a primeira edio do MANUAL DE REDAO DA PRESIDNCIA
Vamos estudar, que as provas comeam amanh. DA REPBLICA.
Quando as oraes dependem sintaticamente umas das outras, chamamos
perodo composto por subordinao. Esses perodos compem-se de uma A obra dividia-se em duas partes: a primeira, elaborada pelo diplomata
ou mais oraes principais e uma ou mais oraes subordinadas. Nestor Forster Jr., tratava das comunicaes oficiais, sistematizava seus
CONECTIVOS subordinativos so as seguintes conjunes e locues aspectos essenciais, padronizava a diagramao dos expedientes, exibia
subordinadas: modelos, simplificava os fechos que vinham sendo utilizados desde 1937,
CAUSAIS (iniciam a orao subordinada denotando causa.): que, como, suprimia arcasmos e apresentava uma smula gramatical aplicada
pois, porque, porquanto. Tambm as locues: por isso que, pois que, j redao oficial. A segunda parte, a cargo do Ministro Gilmar Mendes,
que, visto que... ocupava-se da elaborao e redao dos atos normativos no mbito do
Ela dever ser aprovada, pois estudou com dedicao. Executivo, da conceituao e exemplificao desses atos e do procedimen-
COMPARATIVAS (estabelecem comparao): que, do que (depois de mais, to legislativo.
maior, melhor ou menos, menor, pior), como...Tambm as locues:
to...como, tanto...como, mais...do que, menos...do que, assim como, bem A edio do Manual propiciou, ainda, a criao de um sistema de con-
como, que nem... trole sobre a edio de atos normativos do Poder Executivo que teve por
Ela mais estudiosa do que a maioria dos alunos. finalidade permitir a adequada reflexo sobre o ato proposto: a identificao
CONCESSIVAS (iniciam orao que contraria a orao principal, sem clara e precisa do problema ou da situao que o motiva; os custos que
impedir a ao declarada): que, embora, conquanto. Tambm as locues: poderia acarretar; seus efeitos prticos; a probabilidade de impugnao

Lngua Portuguesa 93
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judicial; sua legalidade e constitucionalidade; e sua repercusso no orde- A redao oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do pa-
namento jurdico. dro culto de linguagem, clareza, conciso, formalidade e uniformidade.
Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituio, que dispe,
Buscou-se, assim, evitar a edio de normas repetitivas, redundantes no artigo 37: A administrao pblica direta, indireta ou fundacional, de
ou desnecessrias; possibilitar total transparncia ao processo de elabora- qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos
o de atos normativos; ensejar a verificao prvia da eficcia das normas Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, morali-
e considerar, no processo de elaborao de atos normativos, a experincia dade, publicidade e eficincia (...). Sendo a publicidade e a impessoalidade
dos encarregados em executar o disposto na norma. princpios fundamentais de toda administrao pblica, claro est que
devem igualmente nortear a elaborao dos atos e comunicaes oficiais.
Decorridos mais de dez anos da primeira edio do Manual, fez-se ne-
cessrio proceder reviso e atualizao do texto para a elaborao desta No se concebe que um ato normativo de qualquer natureza seja redi-
2a Edio, a qual preserva integralmente as linhas mestras do trabalho gido de forma obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreenso. A
originalmente desenvolvido. Na primeira parte, as alteraes principais transparncia do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibilida-
deram-se em torno da adequao das formas de comunicao usadas na de, so requisitos do prprio Estado de Direito: inaceitvel que um texto
administrao aos avanos da informtica. Na segunda parte, as alteraes legal no seja entendido pelos cidados. A publicidade implica, pois, ne-
decorreram da necessidade de adaptao do texto evoluo legislativa na cessariamente, clareza e conciso.
matria, em especial Lei Complementar no 95, de 26 de fevereiro de
1998, ao Decreto no 4.176, de 28 de maro de 2002, e s alteraes consti- Alm de atender disposio constitucional, a forma dos atos normati-
tucionais ocorridas no perodo. vos obedece a certa tradio. H normas para sua elaborao que remon-
tam ao perodo de nossa histria imperial, como, por exemplo, a obrigatori-
Espera-se que esta nova edio do Manual contribua, tal como a pri- edade estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de 1822 de
meira, para a consolidao de uma cultura administrativa de profissionali- que se aponha, ao final desses atos, o nmero de anos transcorridos desde
zao dos servidores pblicos e de respeito aos princpios constitucionais a Independncia. Essa prtica foi mantida no perodo republicano.
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia, com a
consequente melhoria dos servios prestados sociedade. Esses mesmos princpios (impessoalidade, clareza, uniformidade, con-
ciso e uso de linguagem formal) aplicam-se s comunicaes oficiais: elas
PEDRO PARENTE devem sempre permitir uma nica interpretao e ser estritamente impes-
Chefe da Casa Civil da Presidncia da Repblica soais e uniformes, o que exige o uso de certo nvel de linguagem.

Sinais e Abreviaturas Empregados Nesse quadro, fica claro tambm que as comunicaes oficiais so ne-
* = indica forma (em geral sinttica) inaceitvel ou agramatical. cessariamente uniformes, pois h sempre um nico comunicador (o Servio
= pargrafo Pblico) e o receptor dessas comunicaes ou o prprio Servio Pblico
adj. adv. = adjunto adverbial (no caso de expedientes dirigidos por um rgo a outro) ou o conjunto
arc. = arcaico dos cidados ou instituies tratados de forma homognea (o pblico).
art. = artigo
cf. = confronte Outros procedimentos rotineiros na redao de comunicaes oficiais
CN = Congresso Nacional foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de tratamento e de
Cp. = compare cortesia, certos clichs de redao, a estrutura dos expedientes, etc. Men-
f.v. = forma verbal cione-se, por exemplo, a fixao dos fechos para comunicaes oficiais,
fem.= feminino regulados pela Portaria no 1 do Ministro de Estado da Justia, de 8 de julho
ind. = indicativo de 1937, que, aps mais de meio sculo de vigncia, foi revogado pelo
i. . = isto Decreto que aprovou a primeira edio deste Manual.
masc. = masculino
obj. dir. = objeto direto Acrescente-se, por fim, que a identificao que se buscou fazer das ca-
obj. ind. = objeto indireto ractersticas especficas da forma oficial de redigir no deve ensejar o
p. = pginap. us. = pouco usado entendimento de que se proponha a criao ou se aceite a existncia
pess. = pessoa de uma forma especfica de linguagem administrativa, o que coloquialmente
pl. = plural e pejorativamente se chama burocrats. Este antes uma distoro do que
pref. = prefixo deve ser a redao oficial, e se caracteriza pelo abuso de expresses e
pres. = presente clichs do jargo burocrtico e de formas arcaicas de construo de frases.
Res. = Resoluo do Congresso Nacional
RI da CD = Regimento Interno da Cmara dos Deputados A redao oficial no , portanto, necessariamente rida e infensa
RI do SF = Regimento Interno do Senado Federal evoluo da lngua. que sua finalidade bsica comunicar com impesso-
s. = substantivo alidade e mxima clareza impe certos parmetros ao uso que se faz da
s.f. = substantivo feminino lngua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto jornalstico, da
s.m. = substantivo masculino correspondncia particular, etc.
sing. = singular
tb. = tambm Apresentadas essas caractersticas fundamentais da redao oficial,
v. = ver ou verbo passemos anlise pormenorizada de cada uma delas.
v. g; = verbi gratia
var. pop. = variante popular 1.1. A Impessoalidade
A finalidade da lngua comunicar, quer pela fala, quer pela escrita.
PARTE I Para que haja comunicao, so necessrios: a) algum que comunique, b)
AS COMUNICAES OFICIAIS algo a ser comunicado, e c) algum que receba essa comunicao. No
caso da redao oficial, quem comunica sempre o Servio Pblico (este
CAPTULO I ou aquele Ministrio, Secretaria, Departamento, Diviso, Servio, Seo); o
ASPECTOS GERAIS DA REDAO OFICIAL que se comunica sempre algum assunto relativo s atribuies do rgo
1. O que Redao Oficial que comunica; o destinatrio dessa comunicao ou o pblico, o conjunto
Em uma frase, pode-se dizer que redao oficial a maneira pela qual dos cidados, ou outro rgo pblico, do Executivo ou dos outros Poderes
o Poder Pblico redige atos normativos e comunicaes. Interessa-nos da Unio.
trat-la do ponto de vista do Poder Executivo.
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado

Lngua Portuguesa 94
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aos assuntos que constam das comunicaes oficiais decorre: nenhuma forma o uso do padro culto implica emprego de linguagem
a) da ausncia de impresses individuais de quem comunica: embora rebuscada, nem dos contorcionismos sintticos e figuras de linguagem
se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Chefe de de- prprios da lngua literria.
terminada Seo, sempre em nome do Servio Pblico que fei-
ta a comunicao. Obtm-se, assim, uma desejvel padronizao, Pode-se concluir, ento, que no existe propriamente um padro ofici-
que permite que comunicaes elaboradas em diferentes setores al de linguagem; o que h o uso do padro culto nos atos e comunica-
da Administrao guardem entre si certa uniformidade; es oficiais. claro que haver preferncia pelo uso de determinadas
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicao, com duas expresses, ou ser obedecida certa tradio no emprego das formas
possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidado, sempre conce- sintticas, mas isso no implica, necessariamente, que se consagre a
bido como pblico, ou a outro rgo pblico. Nos dois casos, te- utilizao de uma forma de linguagem burocrtica. O jargo burocrtico,
mos um destinatrio concebido de forma homognea e impessoal; como todo jargo, deve ser evitado, pois ter sempre sua compreenso
c) do carter impessoal do prprio assunto tratado: se o universo te- limitada.
mtico das comunicaes oficiais se restringe a questes que di-
zem respeito ao interesse pblico, natural que no cabe qualquer A linguagem tcnica deve ser empregada apenas em situaes que a
tom particular ou pessoal. exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos
acadmicos, e mesmo o vocabulrio prprio a determinada rea, so de
Desta forma, no h lugar na redao oficial para impresses pessoais, difcil entendimento por quem no esteja com eles familiarizado. Deve-se
como as que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de um ter o cuidado, portanto, de explicit-los em comunicaes encaminhadas a
artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literrio. A redao oficial outros rgos da administrao e em expedientes dirigidos aos cidados.
deve ser isenta da interferncia da individualidade que a elabora.
Outras questes sobre a linguagem, como o emprego de neologismo e
A conciso, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos vale- estrangeirismo, so tratadas em detalhe em 9.3. Semntica.
mos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja
alcanada a necessria impessoalidade. 1.3. Formalidade e Padronizao
As comunicaes oficiais devem ser sempre formais, isto , obedecem
1.2. A Linguagem dos Atos e Comunicaes Oficiais a certas regras de forma: alm das j mencionadas exigncias de impesso-
A necessidade de empregar determinado nvel de linguagem nos atos alidade e uso do padro culto de linguagem, imperativo, ainda, certa
e expedientes oficiais decorre, de um lado, do prprio carter pblico des- formalidade de tratamento. No se trata somente da eterna dvida quanto
ses atos e comunicaes; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui ao correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento para uma
entendidos como atos de carter normativo, ou estabelecem regras para a autoridade de certo nvel (v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos Pronomes
conduta dos cidados, ou regulam o funcionamento dos rgos pblicos, o de Tratamento); mais do que isso, a formalidade diz respeito polidez,
que s alcanado se em sua elaborao for empregada a linguagem civilidade no prprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunica-
adequada. O mesmo se d com os expedientes oficiais, cuja finalidade o.
precpua a de informar com clareza e objetividade.
A formalidade de tratamento vincula-se, tambm, necessria unifor-
As comunicaes que partem dos rgos pblicos federais devem ser midade das comunicaes. Ora, se a administrao federal una, natural
compreendidas por todo e qualquer cidado brasileiro. Para atingir esse que as comunicaes que expede sigam um mesmo padro. O estabeleci-
objetivo, h que evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados mento desse padro, uma das metas deste Manual, exige que se atente
grupos. No h dvida que um texto marcado por expresses de circulao para todas as caractersticas da redao oficial e que se cuide, ainda, da
restrita, como a gria, os regionalismos vocabulares ou o jargo tcnico, tem apresentao dos textos.
sua compreenso dificultada.
A clareza datilogrfica, o uso de papis uniformes para o texto definiti-
Ressalte-se que h necessariamente uma distncia entre a lngua fala- vo e a correta diagramao do texto so indispensveis para a padroniza-
da e a escrita. Aquela extremamente dinmica, reflete de forma imediata o. Consulte o Captulo II, As Comunicaes Oficiais, a respeito de nor-
qualquer alterao de costumes, e pode eventualmente contar com outros mas especficas para cada tipo de expediente.
elementos que auxiliem a sua compreenso, como os gestos, a entoao,
etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsveis por essa 1.4. Conciso e Clareza
distncia. J a lngua escrita incorpora mais lentamente as transformaes, A conciso antes uma qualidade do que uma caracterstica do texto
tem maior vocao para a permanncia, e vale-se apenas de si mesma oficial. Conciso o texto que consegue transmitir um mximo de informa-
para comunicar. es com um mnimo de palavras. Para que se redija com essa qualidade,
fundamental que se tenha, alm de conhecimento do assunto sobre o
A lngua escrita, como a falada, compreende diferentes nveis, de acor- qual se escreve, o necessrio tempo para revisar o texto depois de pronto.
do com o uso que dela se faa. Por exemplo, em uma carta a um amigo, nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundncias
podemos nos valer de determinado padro de linguagem que incorpore ou repeties desnecessrias de ideias.
expresses extremamente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurdico,
no se h de estranhar a presena do vocabulrio tcnico correspondente. O esforo de sermos concisos atende, basicamente ao princpio de
Nos dois casos, h um padro de linguagem que atende ao uso que se faz economia lingustica, mencionada frmula de empregar o mnimo de
da lngua, a finalidade com que a empregamos. palavras para informar o mximo. No se deve de forma alguma entend-la
como economia de pensamento, isto , no se devem eliminar passagens
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu carter impessoal, por substanciais do texto no af de reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusiva-
sua finalidade de informar com o mximo de clareza e conciso, eles reque- mente de cortar palavras inteis, redundncias, passagens que nada
rem o uso do padro culto da lngua. H consenso de que o padro culto acrescentem ao que j foi dito.
aquele em que a) se observam as regras da gramtica formal, e b) se
emprega um vocabulrio comum ao conjunto dos usurios do idioma. Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em todo texto de
importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padro culto na alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias secundrias. Estas
redao oficial decorre do fato de que ele est acima das diferenas lexi- ltimas podem esclarecer o sentido daquelas, detalh-las, exemplific-las;
cais, morfolgicas ou sintticas regionais, dos modismos vocabulares, das mas existem tambm ideias secundrias que no acrescentam informao
idiossincrasias lingusticas, permitindo, por essa razo, que se atinja a alguma ao texto, nem tm maior relao com as fundamentais, podendo,
pretendida compreenso por todos os cidados. por isso, ser dispensadas.

Lembre-se que o padro culto nada tem contra a simplicidade de ex- A clareza deve ser a qualidade bsica de todo texto oficial, conforme j
presso, desde que no seja confundida com pobreza de expresso. De sublinhado na introduo deste captulo. Pode-se definir como claro aquele

Lngua Portuguesa 95
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texto que possibilita imediata compreenso pelo leitor. No entanto a clareza s autoridades civis, militares e eclesisticas.
no algo que se atinja por si s: ela depende estritamente das demais
caractersticas da redao oficial. Para ela concorrem: 2.1.2. Concordncia com os Pronomes de Tratamento
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretaes que Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresen-
poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto; tam certas peculiaridades quanto concordncia verbal, nominal e prono-
b) o uso do padro culto de linguagem, em princpio, de entendimento minal. Embora se refiram segunda pessoa gramatical ( pessoa com
geral e por definio avesso a vocbulos de circulao restrita, quem se fala, ou a quem se dirige a comunicao), levam a concordncia
como a gria e o jargo; para a terceira pessoa. que o verbo concorda com o substantivo que
c) a formalidade e a padronizao, que possibilitam a imprescindvel integra a locuo como seu ncleo sinttico: Vossa Senhoria nomear o
uniformidade dos textos; substituto; Vossa Excelncia conhece o assunto.
d) a conciso, que faz desaparecer do texto os excessos lingusticos
que nada lhe acrescentam. Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de
tratamento so sempre os da terceira pessoa: Vossa Senhoria nomear
pela correta observao dessas caractersticas que se redige com seu substituto (e no Vossa ... vosso...).
clareza. Contribuir, ainda, a indispensvel releitura de todo texto redigido.
A ocorrncia, em textos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramaticais J quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gnero gramati-
provm principalmente da falta da releitura que torna possvel sua correo. cal deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e no com o
substantivo que compe a locuo. Assim, se nosso interlocutor for homem,
Na reviso de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele ser de f- o correto Vossa Excelncia est atarefado, Vossa Senhoria deve estar
cil compreenso por seu destinatrio. O que nos parece bvio pode ser satisfeito; se for mulher, Vossa Excelncia est atarefada, Vossa Senho-
desconhecido por terceiros. O domnio que adquirimos sobre certos assun- ria deve estar satisfeita.
tos em decorrncia de nossa experincia profissional muitas vezes faz com
que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre verda- 2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento
de. Explicite, desenvolva, esclarea, precise os termos tcnicos, o significa- Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece a secular
do das siglas e abreviaes e os conceitos especficos que no possam ser tradio. So de uso consagrado:
dispensados. Vossa Excelncia, para as seguintes autoridades:

A reviso atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com que a) do Poder Executivo;
so elaboradas certas comunicaes quase sempre compromete sua Presidente da Repblica;
clareza. No se deve proceder redao de um texto que no seja seguida Vice-Presidente da Repblica;
por sua reviso. No h assuntos urgentes, h assuntos atrasados, diz a Ministros de Estado;
mxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejvel repercusso no Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal;
redigir. Oficiais-Generais das Foras Armadas;
Embaixadores;
Por fim, como exemplo de texto obscuro, que deve ser evitado em to- Secretrios-Executivos de Ministrios e demais ocupantes de cargos
das as comunicaes oficiais, transcrevemos a seguir um pitoresco quadro, de natureza especial;
constante de obra de Adriano da Gama Kury, a partir do qual podem ser Secretrios de Estado dos Governos Estaduais;
feitas inmeras frases, combinando-se as expresses das vrias colunas Prefeitos Municipais.
em qualquer ordem, com uma caracterstica comum: nenhuma delas tem
sentido! b) do Poder Legislativo:
CAPTULO II Deputados Federais e Senadores;
AS COMUNICAES OFICIAIS Ministros do Tribunal de Contas da Unio;
2. Introduo Deputados Estaduais e Distritais;
A redao das comunicaes oficiais deve, antes de tudo, seguir os Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
preceitos explicitados no Captulo I, Aspectos Gerais da Redao Oficial. Presidentes das Cmaras Legislativas Municipais.
Alm disso, h caractersticas especficas de cada tipo de expediente, que
sero tratadas em detalhe neste captulo. Antes de passarmos sua anli- c) do Poder Judicirio:
se, vejamos outros aspectos comuns a quase todas as modalidades de Ministros dos Tribunais Superiores;
comunicao oficial: o emprego dos pronomes de tratamento, a forma dos Membros de Tribunais;
fechos e a identificao do signatrio. Juzes;
Auditores da Justia Militar.
2.1. Pronomes de Tratamento
2.1.1. Breve Histria dos Pronomes de Tratamento O vocativo a ser empregado em comunicaes dirigidas aos Chefes de
O uso de pronomes e locues pronominais de tratamento tem larga Poder Excelentssimo Senhor, seguido do cargo respectivo:
tradio na lngua portuguesa. De acordo com Said Ali, aps serem incor- Excelentssimo Senhor Presidente da Repblica,
porados ao portugus os pronomes latinos tu e vos, como tratamento Excelentssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra, passou-se a Excelentssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.
empregar, como expediente lingustico de distino e de respeito, a segun-
da pessoa do plural no tratamento de pessoas de hierarquia superior. As demais autoridades sero tratadas com o vocativo Senhor, seguido
Prossegue o autor: do cargo respectivo:
Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a Senhor Senador,
palavra a um atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria supe- Senhor Juiz,
rior, e no a ela prpria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei com Senhor Ministro,
o tratamento de vossa merc, vossa senhoria (...); assim usou-se o trata- Senhor Governador,
mento ducal de vossa excelncia e adotaram-se na hierarquia eclesistica
vossa reverncia, vossa paternidade, vossa eminncia, vossa santidade. No envelope, o endereamento das comunicaes dirigidas s autori-
dades tratadas por Vossa Excelncia, ter a seguinte forma:
A partir do final do sculo XVI, esse modo de tratamento indireto j es- A Sua Excelncia o Senhor
tava em voga tambm para os ocupantes de certos cargos pblicos. Vossa Fulano de Tal
merc evoluiu para vosmec, e depois para o coloquial voc. E o pronome Ministro de Estado da Justia
vs, com o tempo, caiu em desuso. dessa tradio que provm o atual 70064-900 Braslia. DF
emprego de pronomes de tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos

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Em comunicaes oficiais, est abolido o uso do tratamento dignssimo Chefe da Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica
(DD), s autoridades arroladas na lista anterior. A dignidade pressuposto (espao para assinatura)
para que se ocupe qualquer cargo pblico, sendo desnecessria sua repe- NOME
tida evocao. Ministro de Estado da Justia
Vossa Senhoria empregado para as demais autoridades e para parti-
culares. O vocativo adequado : Para evitar equvocos, recomenda-se no deixar a assinatura em pgi-
Senhor Fulano de Tal, na isolada do expediente. Transfira para essa pgina ao menos a ltima
(...) frase anterior ao fecho.
No envelope, deve constar do endereamento:
Ao Senhor 3. O Padro Ofcio
Fulano de Tal H trs tipos de expedientes que se diferenciam antes pela finalidade
Rua ABC, no 123 do que pela forma: o ofcio, o aviso e o memorando. Com o fito de uniformi-
12345-000 Curitiba. PR z-los, pode-se adotar uma diagramao nica, que siga o que chamamos
de padro ofcio. As peculiaridades de cada um sero tratadas adiante; por
Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego do ora busquemos as suas semelhanas.
superlativo ilustrssimo para as autoridades que recebem o tratamento de
Vossa Senhoria e para particulares. suficiente o uso do pronome de 3.1. Partes do documento no Padro Ofcio
tratamento Senhor. O aviso, o ofcio e o memorando devem conter as seguintes partes:
a) tipo e nmero do expediente, seguido da sigla do rgo que o
Acrescente-se que doutor no forma de tratamento, e sim ttulo aca- expede:
dmico. Evite us-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o Exemplos:
apenas em comunicaes dirigidas a pessoas que tenham tal grau por Mem. 123/2002-MF
terem concludo curso universitrio de doutorado. costume designar por Aviso 123/2002-SG
doutor os bacharis, especialmente os bacharis em Direito e em Medici- Of. 123/2002-MME
na. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade
s comunicaes. b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento
direita:
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificncia, empregada por for- Exemplo:
a da tradio, em comunicaes dirigidas a reitores de universidade. Braslia, 15 de maro de 1991.
Corresponde-lhe o vocativo:
Magnfico Reitor, c) assunto: resumo do teor do documento
(...) Exemplos:
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierar- Assunto: Produtividade do rgo em 2002.
quia eclesistica, so: Assunto: Necessidade de aquisio de novos computadores.
Vossa Santidade, em comunicaes dirigidas ao Papa. O vocativo cor-
respondente : d) destinatrio: o nome e o cargo da pessoa a quem dirigida a co-
Santssimo Padre, municao. No caso do ofcio deve ser includo tambm o endereo.
(...)
Vossa Eminncia ou Vossa Eminncia Reverendssima, em comunica- e) texto: nos casos em que no for de mero encaminhamento de do-
es aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo: cumentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
Eminentssimo Senhor Cardeal, ou introduo, que se confunde com o pargrafo de abertura, na qual
Eminentssimo e Reverendssimo Senhor Cardeal, apresentado o assunto que motiva a comunicao. Evite o uso das formas:
(...) Tenho a honra de, Tenho o prazer de, Cumpre-me informar que, em-
Vossa Excelncia Reverendssima usado em comunicaes dirigidas pregue a forma direta;
a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendssima ou Vossa Senhoria Reve- desenvolvimento, no qual o assunto detalhado; se o texto contiver
rendssima para Monsenhores, Cnegos e superiores religiosos. Vossa mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em pargrafos
Reverncia empregado para sacerdotes, clrigos e demais religiosos. distintos, o que confere maior clareza exposio;
concluso, em que reafirmada ou simplesmente reapresentada a
2.2. Fechos para Comunicaes posio recomendada sobre o assunto.
O fecho das comunicaes oficiais possui, alm da finalidade bvia de
arrematar o texto, a de saudar o destinatrio. Os modelos para fecho que Os pargrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em
vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministrio da que estes estejam organizados em itens ou ttulos e subttulos.
Justia, de 1937, que estabelecia quinze padres. Com o fito de simplific-
los e uniformiz-los, este Manual estabelece o emprego de somente dois J quando se tratar de mero encaminhamento de documentos a estru-
fechos diferentes para todas as modalidades de comunicao oficial: tura a seguinte:
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Repblica: introduo: deve iniciar com referncia ao expediente que solicitou o
Respeitosamente, encaminhamento. Se a remessa do documento no tiver sido solicitada,
deve iniciar com a informao do motivo da comunicao, que encami-
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior: nhar, indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado
Atenciosamente, (tipo, data, origem ou signatrio, e assunto de que trata), e a razo pela
qual est sendo encaminhado, segundo a seguinte frmula:
Ficam excludas dessa frmula as comunicaes dirigidas a autorida- Em resposta ao Aviso n 12, de 1 de fevereiro de 1991, encaminho,
des estrangeiras, que atendem a rito e tradio prprios, devidamente anexa, cpia do Ofcio n 34, de 3 de abril de 1990, do Departamento Geral
disciplinados no Manual de Redao do Ministrio das Relaes Exteriores. de Administrao, que trata da requisio do servidor Fulano de Tal.
ou
2.3. Identificao do Signatrio Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cpia do tele-
Excludas as comunicaes assinadas pelo Presidente da Repblica, grama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do Presidente da Confederao
todas as demais comunicaes oficiais devem trazer o nome e o cargo da Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de modernizao de tcnicas
autoridade que as expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da agrcolas na regio Nordeste.
identificao deve ser a seguinte: desenvolvimento: se o autor da comunicao desejar fazer algum
(espao para assinatura) comentrio a respeito do documento que encaminha, poder acrescentar
NOME pargrafos de desenvolvimento; em caso contrrio, no h pargrafos de

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desenvolvimento em aviso ou ofcio de mero encaminhamento. O memorando a modalidade de comunicao entre unidades admi-
f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicaes); nistrativas de um mesmo rgo, que podem estar hierarquicamente em
g) assinatura do autor da comunicao; e mesmo nvel ou em nveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma forma de
h) identificao do signatrio (v. 2.3. Identificao do Signatrio). comunicao eminentemente interna.

3.2. Forma de diagramao Pode ter carter meramente administrativo, ou ser empregado para a
Os documentos do Padro Ofcio devem obedecer seguinte forma de exposio de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por deter-
apresentao: minado setor do servio pblico.
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no
texto em geral, 11 nas citaes, e 10 nas notas de rodap; Sua caracterstica principal a agilidade. A tramitao do memorando
b) para smbolos no existentes na fonte Times New Roman poder- em qualquer rgo deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de
se- utilizar as fontes Symbol e Wingdings; procedimentos burocrticos. Para evitar desnecessrio aumento do nmero
c) obrigatrio constar a partir da segunda pgina o nmero da pgi- de comunicaes, os despachos ao memorando devem ser dados no
na; prprio documento e, no caso de falta de espao, em folha de continuao.
d) os ofcios, memorandos e anexos destes podero ser impressos Esse procedimento permite formar uma espcie de processo simplificado,
em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e assegurando maior transparncia tomada de decises, e permitindo que
direita tero as distncias invertidas nas pginas pares (margem se historie o andamento da matria tratada no memorando.
espelho);
e) o incio de cada pargrafo do texto deve ter 2,5 cm de distncia da 3.4.2. Forma e Estrutura
margem esquerda; Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padro ofcio,
f) o campo destinado margem lateral esquerda ter, no mnimo, 3,0 com a diferena de que o seu destinatrio deve ser mencionado pelo cargo
cm de largura; que ocupa.
g) o campo destinado margem lateral direita ter 1,5 cm;
h) deve ser utilizado espaamento simples entre as linhas e de 6 pon- Exemplos:
tos aps cada pargrafo, ou, se o editor de texto utilizado no Ao Sr. Chefe do Departamento de Administrao
comportar tal recurso, de uma linha em branco; Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurdicos
i) no deve haver abuso no uso de negrito, itlico, sublinhado, letras
maisculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra 4. Exposio de Motivos
forma de formatao que afete a elegncia e a sobriedade do do- 4.1. Definio e Finalidade
cumento; Exposio de motivos o expediente dirigido ao Presidente da Rep-
j) a impresso dos textos deve ser feita na cor preta em papel bran- blica ou ao Vice-Presidente para:
co. A impresso colorida deve ser usada apenas para grficos e a) inform-lo de determinado assunto;
ilustraes; b) propor alguma medida; ou
l) todos os tipos de documentos do Padro Ofcio devem ser impres- c) submeter a sua considerao projeto de ato normativo.
sos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Em regra, a exposio de motivos dirigida ao Presidente da Repbli-
Text nos documentos de texto; ca por um Ministro de Estado.
n) dentro do possvel, todos os documentos elaborados devem ter o Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Ministrio, a
arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aproveita- exposio de motivos dever ser assinada por todos os Ministros envolvi-
mento de trechos para casos anlogos; dos, sendo, por essa razo, chamada de interministerial.
o) para facilitar a localizao, os nomes dos arquivos devem ser for-
mados da seguinte maneira: 4.2. Forma e Estrutura
tipo do documento + nmero do documento + palavras-chaves do Formalmente, a exposio de motivos tem a apresentao do padro
contedo ofcio (v. 3. O Padro Ofcio). O anexo que acompanha a exposio de
Ex.: Of. 123 - relatrio produtividade ano 2002 motivos que proponha alguma medida ou apresente projeto de ato normati-
vo, segue o modelo descrito adiante.
3.3. Aviso e Ofcio
3.3.1. Definio e Finalidade A exposio de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas
Aviso e ofcio so modalidades de comunicao oficial praticamente formas bsicas de estrutura: uma para aquela que tenha carter exclusiva-
idnticas. A nica diferena entre eles que o aviso expedido exclusiva- mente informativo e outra para a que proponha alguma medida ou submeta
mente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao projeto de ato normativo.
passo que o ofcio expedido para e pelas demais autoridades. Ambos tm
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos rgos da Adminis- No primeiro caso, o da exposio de motivos que simplesmente leva
trao Pblica entre si e, no caso do ofcio, tambm com particulares. algum assunto ao conhecimento do Presidente da Repblica, sua estrutura
segue o modelo antes referido para o padro ofcio.
3.3.2. Forma e Estrutura
Quanto a sua forma, aviso e ofcio seguem o modelo do padro ofcio, J a exposio de motivos que submeta considerao do Presidente
com acrscimo do vocativo, que invoca o destinatrio (v. 2.1 Pronomes de da Repblica a sugesto de alguma medida a ser adotada ou a que lhe
Tratamento), seguido de vrgula. apresente projeto de ato normativo embora sigam tambm a estrutura do
Exemplos: padro ofcio , alm de outros comentrios julgados pertinentes por seu
Excelentssimo Senhor Presidente da Repblica autor, devem, obrigatoriamente, apontar:
Senhora Ministra a) na introduo: o problema que est a reclamar a adoo da medi-
Senhor Chefe de Gabinete da ou do ato normativo proposto;
b) no desenvolvimento: o porqu de ser aquela medida ou aquele ato
Devem constar do cabealho ou do rodap do ofcio as seguintes in- normativo o ideal para se solucionar o problema, e eventuais alter-
formaes do remetente: nativas existentes para equacion-lo;
nome do rgo ou setor; c) na concluso, novamente, qual medida deve ser tomada, ou qual
endereo postal; ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.
telefone e endereo de correio eletrnico.
Deve, ainda, trazer apenso o formulrio de anexo exposio de moti-
3.4. Memorando vos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte modelo previsto
3.4.1. Definio e Finalidade no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de maro de 2002.

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mensagem.
Anexo Exposio de Motivos do (indicar nome do Ministrio ou rgo
equivalente) no , de de de 200 . d) pedido de autorizao para o Presidente ou o Vice-Presidente da
Repblica se ausentarem do Pas por mais de 15 dias.
5. Mensagem Trata-se de exigncia constitucional (Constituio, art. 49, III, e 83), e a
5.1. Definio e Finalidade autorizao da competncia privativa do Congresso Nacional.
o instrumento de comunicao oficial entre os Chefes dos Poderes
Pblicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder O Presidente da Repblica, tradicionalmente, por cortesia, quando a
Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da Administrao ausncia por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicao a cada Casa
Pblica; expor o plano de governo por ocasio da abertura de sesso do Congresso, enviando-lhes mensagens idnticas.
legislativa; submeter ao Congresso Nacional matrias que dependem de
deliberao de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer e agradecer e) encaminhamento de atos de concesso e renovao de concesso
comunicaes de tudo quanto seja de interesse dos poderes pblicos e da de emissoras de rdio e TV.
Nao. A obrigao de submeter tais atos apreciao do Congresso Nacional
consta no inciso XII do artigo 49 da Constituio. Somente produziro
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministrios Presi- efeitos legais a outorga ou renovao da concesso aps deliberao do
dncia da Repblica, a cujas assessorias caber a redao final. Congresso Nacional (Constituio, art. 223, 3o). Descabe pedir na men-
sagem a urgncia prevista no art. 64 da Constituio, porquanto o 1o do
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional art. 223 j define o prazo da tramitao.
tm as seguintes finalidades:
a) encaminhamento de projeto de lei ordinria, complementar ou finan- Alm do ato de outorga ou renovao, acompanha a mensagem o cor-
ceira. respondente processo administrativo.
Os projetos de lei ordinria ou complementar so enviados em regime
normal (Constituio, art. 61) ou de urgncia (Constituio, art. 64, 1o a f) encaminhamento das contas referentes ao exerccio anterior.
4o). Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminhado sob o regime nor- O Presidente da Repblica tem o prazo de sessenta dias aps a aber-
mal e mais tarde ser objeto de nova mensagem, com solicitao de urgn- tura da sesso legislativa para enviar ao Congresso Nacional as contas
cia. referentes ao exerccio anterior (Constituio, art. 84, XXIV), para exame e
parecer da Comisso Mista permanente (Constituio, art. 166, 1o), sob
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros do Congres- pena de a Cmara dos Deputados realizar a tomada de contas (Constitui-
so Nacional, mas encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da o, art. 51, II), em procedimento disciplinado no art. 215 do seu Regimento
Presidncia da Repblica ao Primeiro Secretrio da Cmara dos Deputa- Interno.
dos, para que tenha incio sua tramitao (Constituio, art. 64, caput).
g) mensagem de abertura da sesso legislativa.
Quanto aos projetos de lei financeira (que compreendem plano pluria- Ela deve conter o plano de governo, exposio sobre a situao do Pa-
nual, diretrizes oramentrias, oramentos anuais e crditos adicionais), as s e solicitao de providncias que julgar necessrias (Constituio, art.
mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Membros do Congresso 84, XI).
Nacional, e os respectivos avisos so endereados ao Primeiro Secretrio
do Senado Federal. A razo que o art. 166 da Constituio impe a O portador da mensagem o Chefe da Casa Civil da Presidncia da
deliberao congressual sobre as leis financeiras em sesso conjunta, mais Repblica. Esta mensagem difere das demais porque vai encadernada e
precisamente, na forma do regimento comum. E frente da Mesa do distribuda a todos os Congressistas em forma de livro.
Congresso Nacional est o Presidente do Senado Federal (Constituio,
art. 57, 5o), que comanda as sesses conjuntas. h) comunicao de sano (com restituio de autgrafos).
Esta mensagem dirigida aos Membros do Congresso Nacional, en-
As mensagens aqui tratadas coroam o processo desenvolvido no mbi- caminhada por Aviso ao Primeiro Secretrio da Casa onde se originaram os
to do Poder Executivo, que abrange minucioso exame tcnico, jurdico e autgrafos. Nela se informa o nmero que tomou a lei e se restituem dois
econmico-financeiro das matrias objeto das proposies por elas enca- exemplares dos trs autgrafos recebidos, nos quais o Presidente da
minhadas. Repblica ter aposto o despacho de sano.

Tais exames materializam-se em pareceres dos diversos rgos inte- i) comunicao de veto.
ressados no assunto das proposies, entre eles o da Advocacia-Geral da Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituio, art. 66, 1o), a
Unio. Mas, na origem das propostas, as anlises necessrias constam da mensagem informa sobre a deciso de vetar, se o veto parcial, quais as
exposio de motivos do rgo onde se geraram (v. 3.1. Exposio de disposies vetadas, e as razes do veto. Seu texto vai publicado na nte-
Motivos) exposio que acompanhar, por cpia, a mensagem de enca- gra no Dirio Oficial da Unio (v. 4.2. Forma e Estrutura), ao contrrio das
minhamento ao Congresso. demais mensagens, cuja publicao se restringe notcia do seu envio ao
Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto)
b) encaminhamento de medida provisria.
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituio, o Presi- j) outras mensagens.
dente da Repblica encaminha mensagem ao Congresso, dirigida a seus Tambm so remetidas ao Legislativo com regular frequncia mensa-
membros, com aviso para o Primeiro Secretrio do Senado Federal, juntan- gens com:
do cpia da medida provisria, autenticada pela Coordenao de Documen- encaminhamento de atos internacionais que acarretam encargos
tao da Presidncia da Repblica. ou compromissos gravosos (Constituio, art. 49, I);
pedido de estabelecimento de alquotas aplicveis s operaes e
c) indicao de autoridades. prestaes interestaduais e de exportao (Constituio, art. 155,
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicao de pes- 2o, IV);
soas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos Tribunais proposta de fixao de limites globais para o montante da dvida
Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores do Banco Central, consolidada (Constituio, art. 52, VI);
Procurador-Geral da Repblica, Chefes de Misso Diplomtica, etc.) tm pedido de autorizao para operaes financeiras externas (Cons-
em vista que a Constituio, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui quela tituio, art. 52, V); e outros.
Casa do Congresso Nacional competncia privativa para aprovar a indica-
o. Entre as mensagens menos comuns esto as de:
convocao extraordinria do Congresso Nacional (Constituio,
O curriculum vitae do indicado, devidamente assinado, acompanha a art. 57, 6o);

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pedido de autorizao para exonerar o Procurador-Geral da Rep- de rosto, i. ., de pequeno formulrio com os dados de identificao da
blica (art. 52, XI, e 128, 2o); mensagem a ser enviada.
pedido de autorizao para declarar guerra e decretar mobilizao
nacional (Constituio, art. 84, XIX); 8. Correio Eletrnico
pedido de autorizao ou referendo para celebrar a paz (Constitui- 8.1 Definio e finalidade
o, art. 84, XX); O correio eletrnico (e-mail), por seu baixo custo e celeridade, trans-
justificativa para decretao do estado de defesa ou de sua prorro- formou-se na principal forma de comunicao para transmisso de docu-
gao (Constituio, art. 136, 4o); mentos.
pedido de autorizao para decretar o estado de stio (Constitui-
o, art. 137); 8.2. Forma e Estrutura
relato das medidas praticadas na vigncia do estado de stio ou de Um dos atrativos de comunicao por correio eletrnico sua flexibili-
defesa (Constituio, art. 141, pargrafo nico); dade. Assim, no interessa definir forma rgida para sua estrutura. Entretan-
proposta de modificao de projetos de leis financeiras (Constitui- to, deve-se evitar o uso de linguagem incompatvel com uma comunicao
o, art. 166, 5o); oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e Comunicaes Oficiais).
pedido de autorizao para utilizar recursos que ficarem sem des-
pesas correspondentes, em decorrncia de veto, emenda ou rejei- O campo assunto do formulrio de correio eletrnico mensagem deve
o do projeto de lei oramentria anual (Constituio, art. 166, ser preenchido de modo a facilitar a organizao documental tanto do
8o); destinatrio quanto do remetente.
pedido de autorizao para alienar ou conceder terras pblicas
com rea superior a 2.500 ha (Constituio, art. 188, 1o); etc. Para os arquivos anexados mensagem deve ser utilizado, preferenci-
almente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha algum arquivo
5.2. Forma e Estrutura deve trazer informaes mnimas sobre seu contedo..
As mensagens contm:
a) a indicao do tipo de expediente e de seu nmero, horizontalmen- Sempre que disponvel, deve-se utilizar recurso de confirmao de lei-
te, no incio da margem esquerda: tura. Caso no seja disponvel, deve constar da mensagem pedido de
Mensagem no confirmao de recebimento.
b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do
destinatrio, horizontalmente, no incio da margem esquerda; 8.3 Valor documental
Excelentssimo Senhor Presidente do Senado Federal, Nos termos da legislao em vigor, para que a mensagem de correio
c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo; eletrnico tenha valor documental, i. , para que possa ser aceita como
d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e horizon- documento original, necessrio existir certificao digital que ateste a
talmente fazendo coincidir seu final com a margem direita. identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.

A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da Re- Relao das espcies de documentos (classificao- um modelo)
pblica, no traz identificao de seu signatrio. 1 - ATA
- Utilizada por rgos/entidades pblicas para registrar, resumir e di-
6. Telegrama
vulgar fatos e ocorrncias verificadas em reunio.
6.1. Definio e Finalidade
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os procedimentos 2 - AVISO
burocrticos, passa a receber o ttulo de telegrama toda comunicao oficial - Utilizado para a correspondncia oficial entre ministros de Estado e/ou
expedida por meio de telegrafia, telex, etc. dirigentes de rgos integrantes da estrutura da Presidncia da Repblica.
Por tratar-se de forma de comunicao dispendiosa aos cofres pblicos 3 - BOLETIM
e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do telegrama apenas - Utilizado para divulgar assuntos de interesse de rgo/entidade e/ou
quelas situaes que no seja possvel o uso de correio eletrnico ou fax dos servidores.
e que a urgncia justifique sua utilizao e, tambm em razo de seu custo
elevado, esta forma de comunicao deve pautar-se pela conciso (v. 1.4. 4 - CARTA
Conciso e Clareza). - Forma pela qual os rgos/entidades, etc. se dirigem aos particulares
em geral.
6.2. Forma e Estrutura
No h padro rgido, devendo-se seguir a forma e a estrutura dos 5 - CARTA-CIRCULAR
formulrios disponveis nas agncias dos Correios e em seu stio na Inter- - Forma pela qual os rgos/entidades, etc. se dirigem aos particulares
net. em geral. Utilizada quando o mesmo contedo deve ser divulgado para
vrios destinatrios.
7. Fax
7.1. Definio e Finalidade 6 - CERTIDO
O fax (forma abreviada j consagrada de fac-simile) uma forma de - Utilizada para retratar atos ou fatos constantes de assentamentos p-
comunicao que est sendo menos usada devido ao desenvolvimento da blicos permanentes que se encontrem em poder de rgos/entidades
Internet. utilizado para a transmisso de mensagens urgentes e para o pblicas.
envio antecipado de documentos, de cujo conhecimento h premncia,
quando no h condies de envio do documento por meio eletrnico. 7 CONTRATO
Quando necessrio o original, ele segue posteriormente pela via e na forma Utilizado pelos rgos/entidades pblicas para firmarem compromissos
de praxe. com a iniciativa privada, tendo em vista a aquisio de materiais e equipa-
mentos ou a execuo de obras e servios diversos.
Se necessrio o arquivamento, deve-se faz-lo com cpia xerox do fax
e no com o prprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora rapi- 8 - CONVNIO
damente. - Utilizado pelos rgos/entidades pblicas para firmarem, entre si,
acordo de interesse comum.
7.2. Forma e Estrutura
Os documentos enviados por fax mantm a forma e a estrutura que 9 - DECLARAO
lhes so inerentes.
conveniente o envio, juntamente com o documento principal, de folha

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APOSTILAS OPO
- Utilizada para afirmar positiva ou negativamente a existncia de fato - Correspondncia trocada entre o Ministrio das Relaes Exteriores e
ou estado de conhecimento do rgo/entidade pblica, devendo ser expe- as representaes diplomticas.
dida pelo titular da mesma mediante delegao.
21- OFCIO
10 - DECRETO
- Utilizado por chefes e dirigentes de rgos/entidades pblicas para a
- Ato administrativo expedido pelo presidente da Repblica e refe- correspondncia externa de assuntos oficiais.
rendado por ministro de Estado, com finalidades gerais, especficas ou
individuais. 22- OFCIO-CIRCULAR
11 - EDITAL - Utilizado por chefes e dirigentes de rgos/entidades pblicas para a
correspondncia externa de assuntos oficiais. Utilizado quando o mesmo
- Documento utilizado para o estabelecimento de condies sobre as- contedo deve ser divulgado entre vrios destinatrios.
suntos de interesses variados, tornando-se pblico por meio de anncios na
imprensa,, no Dirio Oficial da Unio ou com afixao em lugares pblicos. 23- PARECER
12 - EXPOSIO DE MOTIVOS - Utilizado por rgos consultivos ou tcnicos para opinarem e/ou se
- Expediente dirigido ao presidente da Repblica para inform-lo sobre manifestarem a respeito de assuntos submetidos sua considerao.
determinado assunto, para propor alguma medida ou para submeter sua 24- PARECER NORMATIVO
considerao projeto de ato normativo. Em regra, a exposio de motivos
dirigida ao presidente da Repblica por um ministro de Estado ou secretrio - Utilizado por rgos consultivos superiores ou centrais de sistemas
da Presidncia da Repblica. Nos casos em que o assunto tratado envolver para fixar entendimento sobre normas legais ou regulamentares.
mais de um ministrio, a exposio de motivos dever ser assinada por 25- PORTARIA
todos os ministros envolvidos, sendo, por essa razo, denominada de
interministerial. - Expedida por ministros de Estado e/ou dirigentes dos rgos da Ad-
ministrao Pblica Federal para a prtica de atos necessrios ao eficaz
13- FAC-SMILE (FAX) andamento dos servios dentro da rea especfica de atuao do rgo.
- Utilizado para a transmisso de documentos via linha telefnica (c-
26- RELATRIO
pia), em carter oficial. Em regra, o original desses documentos segue
posteriormente pela via e na forma de praxe. - Utilizado para reunir informaes, de forma sistemtica e objetiva, de
14- INSTRUO DE SERVIO atividades desenvolvidas pelo rgo/entidade ou servidor.

- Utilizada pelo rgo/entidade objetivando regulamentar e estabelecer 27- REPRESENTAO


procedimentos de carter administrativo. - Utilizada para levar ao conhecimento de autoridades competentes
15- INSTRUO NORMATIVA ocorrncias de fatos ou irregularidades detectadas na execuo de servios
prestados por rgos pblicos.
- Utilizada por rgos centrais de sistemas objetivando a normatizao
e a coordenao central das atividades que lhes so inerentes. 28- REQUERIMENTO
16- LEI - Documento em que se faz pedido autoridade competente.
- Norma jurdica escrita, emanada do poder competente, com carter 29- RESOLUO
de obrigatoriedade, que cria, extingue ou modifica direito. - Utilizado por rgos colegiados para o estabelecimento de normas
16- MEDIDA PROVISRIA sobre assuntos de sua competncia.
- Editada pelo presidente da Repblica para legislar, em caso de rele- 30- TELEGRAMA
vncia e urgncia, devendo ser submetida de imediato ao Congresso - Utilizado para a transmisso, pela ECT, de mensagem urgente e su-
Nacional, nos termos do art. 62 da Constituio Federal. cinta, em carter oficial.
17- MEMORANDO 31- TELEX
- Documento utilizado internamente por chefes e dirigentes para o trato - Utilizado para a transmisso de mensagem direta, de equipamento a
de assuntos administrativos de interesse do prprio rgo/entidade. Sua equipamento, de assunto urgente e sucinto, em carter oficial.
caracterstica principal a agilidade. A tramitao do memorando em
qualquer rgo deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de proce- 32- TERMO ADITIVO
dimentos burocrticos. Para evitar desnecessrio aumento do nmero de - Utilizado para alterar ou complementar, com base em disposio le-
comunicaes, os despachos ao memorando devem ser dados no prprio gal, as clusulas de contratos ou convnios firmados pelos r-
documento e, no caso de falta de espao, em folha de continuao. Esse gos/entidades pblicas.
procedimento permite que se historie o andamento da matria tratada no
memorando.
PROVA SIMULADA I
18- MEMORANDO-CIRCULAR
- Documento utilizado internamente por chefes e dirigentes para o trato 01. Assinale a alternativa correta quanto ao uso e grafia das palavras.
de assuntos administrativos de interesse do prprio rgo/entidade. Utiliza- (A) Na atual conjetura, nada mais se pode fazer.
do quando o mesmo contedo deve ser divulgado entre vrias unidades (B) O chefe deferia da opinio dos subordinados.
administrativas. (C) O processo foi julgado em segunda estncia.
(D) O problema passou despercebido na votao.
19- MENSAGEM (E) Os criminosos espiariam suas culpas no exlio.
- Instrumento de comunicao oficial entre os chefes dos poderes p-
blicos. Enviada pelo chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para 02. A alternativa correta quanto ao uso dos verbos :
informar sobre fatos da Administrao Pblica, expor o plano de governo, (A) Quando ele vir suas notas, ficar muito feliz.
submeter ao Poder Legislativo matrias que dependam de sua liberao, (B) Ele reaveu, logo, os bens que havia perdido.
apresentar veto, comunicar sano, enfim, fazer e agradecer comunicaes (C) A colega no se contera diante da situao.
de tudo quanto seja de interesse dos poderes pblicos. (D) Se ele ver voc na rua, no ficar contente.
(E) Quando voc vir estudar, traga seus livros.
20- NOTA
03. O particpio verbal est corretamente empregado em:

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(A) No estaramos salvados sem a ajuda dos barcos. (B) Fazem vrios anos que essa empresa constri parques, colaborando
(B) Os garis tinham chego s ruas s dezessete horas. com o meio ambiente.
(C) O criminoso foi pego na noite seguinte do crime. (C) Laboratrios de anlise clnica tem investido em institutos, desenvol-
(D) O rapaz j tinha abrido as portas quando chegamos. vendo projetos na rea mdica.
(E) A faxineira tinha refazido a limpeza da casa toda. (D) Havia algumas estatsticas auspiciosas e outras preocupantes apre-
sentadas pelos economistas.
04. Assinale a alternativa que d continuidade ao texto abaixo, em (E) Os efeitos nocivos aos recifes de corais surge para quem vive no
conformidade com a norma culta. litoral ou aproveitam frias ali.
Nem s de beleza vive a madreprola ou ncar. Essa substncia do
interior da concha de moluscos rene outras caractersticas interes- 11. A frase correta de acordo com o padro culto :
santes, como resistncia e flexibilidade. (A) No vejo mal no Presidente emitir medidas de emergncia devido s
(A) Se puder ser moldada, daria timo material para a confeco de chuvas.
componentes para a indstria. (B) Antes de estes requisitos serem cumpridos, no receberemos recla-
(B) Se pudesse ser moldada, d timo material para a confeco de maes.
componentes para a indstria. (C) Para mim construir um pas mais justo, preciso de maior apoio
(C) Se pode ser moldada, d timo material para a confeco de com- cultura.
ponentes para a indstria. (D) Apesar do advogado ter defendido o ru, este no foi poupado da
(D) Se puder ser moldada, dava timo material para a confeco de culpa.
componentes para a indstria. (E) Faltam conferir trs pacotes da mercadoria.
(E) Se pudesse ser moldada, daria timo material para a confeco de
componentes para a indstria. 12. A maior parte das empresas de franquia pretende expandir os neg-
cios das empresas de franquia pelo contato direto com os possveis
05. O uso indiscriminado do gerndio tem-se constitudo num problema investidores, por meio de entrevistas. Esse contato para fins de sele-
para a expresso culta da lngua. Indique a nica alternativa em que o no s permite s empresas avaliar os investidores com relao
ele est empregado conforme o padro culto. aos negcios, mas tambm identificar o perfil desejado dos investido-
(A) Aps aquele treinamento, a corretora est falando muito bem. res.
(B) Ns vamos estar analisando seus dados cadastrais ainda hoje. (Texto adaptado)
(C) No haver demora, o senhor pode estar aguardando na linha. Para eliminar as repeties, os pronomes apropriados para substituir
(D) No prximo sbado, procuraremos estar liberando o seu carro. as expresses: das empresas de franquia, s empresas, os investi-
(E) Breve, queremos estar entregando as chaves de sua nova casa. dores e dos investidores, no texto, so, respectivamente:
(A) seus ... lhes ... los ... lhes
06. De acordo com a norma culta, a concordncia nominal e verbal est (B) delas ... a elas ... lhes ... deles
correta em: (C) seus ... nas ... los ... deles
(A) As caractersticas do solo so as mais variadas possvel. (D) delas ... a elas ... lhes ... seu
(B) A olhos vistos Lcia envelhecia mais do que rapidamente. (E) seus ... lhes ... eles ... neles
(C) Envio-lhe, em anexos, a declarao de bens solicitada.
(D) Ela parecia meia confusa ao dar aquelas explicaes. 13. Assinale a alternativa em que se colocam os pronomes de acordo
(E) Qualquer que sejam as dvidas, procure san-las logo. com o padro culto.
(A) Quando possvel, transmitirei-lhes mais informaes.
07. Assinale a alternativa em que se respeitam as normas cultas de (B) Estas ordens, espero que cumpram-se religiosamente.
flexo de grau. (C) O dilogo a que me propus ontem, continua vlido.
(A) Nas situaes crticas, protegia o colega de quem era amiqussimo. (D) Sua deciso no causou-lhe a felicidade esperada.
(B) Mesmo sendo o Canad friosssimo, optou por permanecer l duran- (E) Me transmita as novidades quando chegar de Paris.
te as frias.
(C) No salto, sem concorrentes, seu desempenho era melhor de todos. 14. O pronome oblquo representa a combinao das funes de objeto
(D) Diante dos problemas, ansiava por um resultado mais bom que ruim. direto e indireto em:
(E) Comprou uns copos baratos, de cristal, da mais malssima qualidade. (A) Apresentou-se agora uma boa ocasio.
(B) A lio, vou faz-la ainda hoje mesmo.
Nas questes de nmeros 08 e 09, assinale a alternativa cujas pala- (C) Atribumos-lhes agora uma pesada tarefa.
vras completam, correta e respectivamente, as frases dadas. (D) A conta, deixamo-la para ser revisada.
(E) Essa histria, contar-lha-ei assim que puder.
08. Os pesquisadores trataram de avaliar viso pblico financiamento
estatal cincia e tecnologia. 15. Desejava o diploma, por isso lutou para obt-lo.
(A) ... sobre o ... do ... para Substituindo-se as formas verbais de desejar, lutar e obter pelos
(B) a ... ao ... do ... para respectivos substantivos a elas correspondentes, a frase correta :
(C) ... do ... sobre o ... a (A) O desejo do diploma levou-o a lutar por sua obteno.
(D) ... ao ... sobre o ... (B) O desejo do diploma levou-o luta em obt-lo.
(E) a ... do ... sobre o ... (C) O desejo do diploma levou-o luta pela sua obteno.
(D) Desejoso do diploma foi luta pela sua obteno.
09. Quanto perfil desejado, com vistas qualidade dos candidatos, a (E) Desejoso do diploma foi lutar por obt-lo.
franqueadora procura ser muito mais criteriosa ao contrat-los, pois
eles devem estar aptos comercializar seus produtos. 16. Ao Senhor Diretor de Relaes Pblicas da Secretaria de Educao
(A) ao ... a ... do Estado de So Paulo. Face proximidade da data de inaugurao
(B) quele ... ... de nosso Teatro Educativo, por ordem de , Doutor XXX, Dignssimo
(C) quele... ... a Secretrio da Educao do Estado de YYY, solicitamos a mxima
(D) ao ... ... urgncia na antecipao do envio dos primeiros convites para o Ex-
(E) quele ... a ... a celentssimo Senhor Governador do Estado de So Paulo, o Reve-
rendssimo Cardeal da Arquidiocese de So Paulo e os Reitores das
10. Assinale a alternativa gramaticalmente correta de acordo com a Universidades Paulistas, para que essas autoridades possam se
norma culta. programar e participar do referido evento.
(A) Bancos de dados cientficos tero seu alcance ampliado. E isso Atenciosamente,
traro grandes benefcios s pesquisas. ZZZ

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Assistente de Gabinete. 22. O rapaz era campeo de tnis. O nome do rapaz saiu nos jornais.
De acordo com os cargos das diferentes autoridades, as lacunas Ao transformar os dois perodos simples num nico perodo compos-
so correta e adequadamente preenchidas, respectivamente, por to, a alternativa correta :
(A) Ilustrssimo ... Sua Excelncia ... Magnficos (A) O rapaz cujo nome saiu nos jornais era campeo de tnis.
(B) Excelentssimo ... Sua Senhoria ... Magnficos (B) O rapaz que o nome saiu nos jornais era campeo de tnis.
(C) Ilustrssimo ... Vossa Excelncia ... Excelentssimos (C) O rapaz era campeo de tnis, j que seu nome saiu nos jornais.
(D) Excelentssimo ... Sua Senhoria ... Excelentssimos (D) O nome do rapaz onde era campeo de tnis saiu nos jornais.
(E) Ilustrssimo ... Vossa Senhoria ... Dignssimos (E) O nome do rapaz que saiu nos jornais era campeo de tnis.

17. Assinale a alternativa em que, de acordo com a norma culta, se 23. O jardineiro daquele vizinho cuidadoso podou, ontem, os enfraqueci-
respeitam as regras de pontuao. dos galhos da velha rvore.
(A) Por sinal, o prprio Senhor Governador, na ltima entrevista, revelou, Assinale a alternativa correta para interrogar, respectivamente, sobre
que temos uma arrecadao bem maior que a prevista. o adjunto adnominal de jardineiro e o objeto direto de podar.
(B) Indagamos, sabendo que a resposta obvia: que se deve a uma (A) Quem podou? e Quando podou?
sociedade inerte diante do desrespeito sua prpria lei? Nada. (B) Qual jardineiro? e Galhos de qu?
(C) O cidado, foi preso em flagrante e, interrogado pela Autoridade (C) Que jardineiro? e Podou o qu?
Policial, confessou sua participao no referido furto. (D) Que vizinho? e Que galhos?
(D) Quer-nos parecer, todavia, que a melhor soluo, no caso deste (E) Quando podou? e Podou o qu?
funcionrio, seja aquela sugerida, pela prpria chefia.
(E) Impunha-se, pois, a recuperao dos documentos: as certides 24. O pblico observava a agitao dos lanterninhas da plateia.
negativas, de dbitos e os extratos, bancrios solicitados. Sem pontuao e sem entonao, a frase acima tem duas possibili-
dades de leitura. Elimina-se essa ambiguidade pelo estabelecimento
18. O termo orao, entendido como uma construo com sujeito e correto das relaes entre seus termos e pela sua adequada pontua-
predicado que formam um perodo simples, se aplica, adequadamen- o em:
te, apenas a: (A) O pblico da plateia, observava a agitao dos lanterninhas.
(A) Amanh, tempo instvel, sujeito a chuvas esparsas no litoral. (B) O pblico observava a agitao da plateia, dos lanterninhas.
(B) O vigia abandonou a guarita, assim que cumpriu seu perodo. (C) O pblico observava a agitao, dos lanterninhas da plateia.
(C) O passeio foi adiado para julho, por no ser poca de chuvas. (D) Da plateia o pblico, observava a agitao dos lanterninhas.
(D) Muito riso, pouco siso provrbio apropriado falta de juzo. (E) Da plateia, o pblico observava a agitao dos lanterninhas.
(E) Os concorrentes vaga de carteiro submeteram-se a exames.
25. Felizmente, ningum se machucou.
Leia o perodo para responder s questes de nmeros 19 e 20. Lentamente, o navio foi se afastando da costa.
Considere:
O livro de registro do processo que voc procurava era o que estava I. felizmente completa o sentido do verbo machucar;
sobre o balco. II. felizmente e lentamente classificam-se como adjuntos adverbiais de
modo;
19. No perodo, os pronomes o e que, na respectiva sequncia, remetem III. felizmente se refere ao modo como o falante se coloca diante do
a fato;
(A) processo e livro. IV. lentamente especifica a forma de o navio se afastar;
(B) livro do processo. V. felizmente e lentamente so caracterizadores de substantivos.
(C) processos e processo. Est correto o contido apenas em
(D) livro de registro. (A) I, II e III.
(E) registro e processo. (B) I, II e IV.
(C) I, III e IV.
20. Analise as proposies de nmeros I a IV com base no perodo (D) II, III e IV.
acima: (E) III, IV e V.
I. h, no perodo, duas oraes;
II. o livro de registro do processo era o, a orao principal; 26. O segmento adequado para ampliar a frase Ele comprou o carro...,
III. os dois qu(s) introduzem oraes adverbiais; indicando concesso, :
IV. de registro um adjunto adnominal de livro. (A) para poder trabalhar fora.
Est correto o contido apenas em (B) como havia programado.
(A) II e IV. (C) assim que recebeu o prmio.
(B) III e IV. (D) porque conseguiu um desconto.
(C) I, II e III. (E) apesar do preo muito elevado.
(D) I, II e IV.
(E) I, III e IV. 27. importante que todos participem da reunio.
O segmento que todos participem da reunio, em relao a
21. O Meretssimo Juiz da 1. Vara Cvel devia providenciar a leitura do importante, uma orao subordinada
acrdo, e ainda no o fez. Analise os itens relativos a esse trecho: (A) adjetiva com valor restritivo.
I. as palavras Meretssimo e Cvel esto incorretamente grafadas; (B) substantiva com a funo de sujeito.
II. ainda um adjunto adverbial que exclui a possibilidade da leitura (C) substantiva com a funo de objeto direto.
pelo Juiz; (D) adverbial com valor condicional.
III. o e foi usado para indicar oposio, com valor adversativo equivalen- (E) substantiva com a funo de predicativo.
te ao da palavra mas;
IV. em ainda no o fez, o o equivale a isso, significando leitura do acr- 28. Ele realizou o trabalho como seu chefe o orientou. A relao estabe-
do, e fez adquire o respectivo sentido de devia providenciar. lecida pelo termo como de
Est correto o contido apenas em (A) comparatividade.
(A) II e IV. (B) adio.
(B) III e IV. (C) conformidade.
(C) I, II e III. (D) explicao.
(D) I, III e IV. (E) consequncia.
(E) II, III e IV.

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29. A regio alvo da expanso das empresas, _____, das redes de para a classe dominante;
franquias, a Sudeste, ______ as demais regies tambm sero D) de difcil compreenso, j que sua presena no se coaduna com a
contempladas em diferentes propores; haver, ______, planos di- de outros indicadores sociais;
versificados de acordo com as possibilidades de investimento dos E) tem razes histricas e se mantm em nveis estveis nas ltimas
possveis franqueados. dcadas.
A alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas e
relaciona corretamente as ideias do texto, : 34. O melhor resumo das sete primeiras linhas do texto :
(A) digo ... portanto ... mas A) Entender a misria no Brasil impossvel, j que todos os outros
(B) como ... pois ... mas indicadores sociais melhoraram;
(C) ou seja ... embora ... pois B) Desde os primrdios da colonizao a misria existe no Brasil e se
(D) ou seja ... mas ... portanto mantm onipresente;
(E) isto ... mas ... como C) A misria no Brasil tem fundo histrico e foi alimentada por governos
incompetentes;
30. Assim que as empresas conclurem o processo de seleo dos D) Embora os indicadores sociais mostrem progresso em muitas reas,
investidores, os locais das futuras lojas de franquia sero divulgados. a misria ainda atinge uma pequena parte de nosso povo;
A alternativa correta para substituir Assim que as empresas conclu- E) Todos os indicadores sociais melhoraram exceto o indicador da
rem o processo de seleo dos investidores por uma orao reduzi- misria que leva criminalidade.
da, sem alterar o sentido da frase, :
(A) Porque concluindo o processo de seleo dos investidores ... 35. As marcas de progresso em nosso pas so dadas com apoio na
(B) Concludo o processo de seleo dos investidores ... quantidade, exceto:
(C) Depois que conclussem o processo de seleo dos investidores ... A) frequncia escolar;
(D) Se concludo do processo de seleo dos investidores... B) liderana diplomtica;
(E) Quando tiverem concludo o processo de seleo dos investidores ... C) mortalidade infantil;
D) analfabetismo;
A MISRIA DE TODOS NS E) desempenho econmico.
Como entender a resistncia da misria no Brasil, uma chaga social
que remonta aos primrdios da colonizao? No decorrer das ltimas 36. ''No campo diplomtico, comea a exercitar seus msculos.''; com
dcadas, enquanto a misria se mantinha mais ou menos do mesmo tama- essa frase, o jornalista quer dizer que o Brasil:
nho, todos os indicadores sociais brasileiros melhoraram. H mais crianas A) j est suficientemente forte para comear a exercer sua liderana
em idade escolar frequentando aulas atualmente do que em qualquer outro na Amrica Latina;
perodo da nossa histria. As taxas de analfabetismo e mortalidade infantil B) j mostra que mais forte que seus pases vizinhos;
tambm so as menores desde que se passou a registr-las nacionalmen- C) est iniciando seu trabalho diplomtico a fim de marcar presena no
te. O Brasil figura entre as dez naes de economia mais forte do mundo. cenrio exterior;
No campo diplomtico, comea a exercitar seus msculos. Vem firmando D) pretende mostrar ao mundo e aos pases vizinhos que j suficien-
uma inconteste liderana poltica regional na Amrica Latina, ao mesmo temente forte para tornar-se lder;
tempo que atrai a simpatia do Terceiro Mundo por ter se tornado um forte E) ainda inexperiente no trato com a poltica exterior.
oponente das injustas polticas de comrcio dos pases ricos.
37. Segundo o texto, ''A misria onipresente'' embora:
Apesar de todos esses avanos, a misria resiste. A) aparea algumas vezes nas grandes cidades;
Embora em algumas de suas ocorrncias, especialmente na zona rural, B) se manifeste de formas distintas;
esteja confinada a bolses invisveis aos olhos dos brasileiros mais bem C) esteja escondida dos olhos de alguns;
posicionados na escala social, a misria onipresente. Nas grandes cida- D) seja combatida pelas autoridades;
des, com aterrorizante frequncia, ela atravessa o fosso social profundo e E) se torne mais disseminada e cruel.
se manifesta de forma violenta. A mais assustadora dessas manifestaes
a criminalidade, que, se no tem na pobreza sua nica causa, certamente 38. ''...no uma empreitada simples'' equivale a dizer que uma em-
em razo dela se tornou mais disseminada e cruel. Explicar a resistncia da preitada complexa; o item em que essa equivalncia feita de forma
pobreza extrema entre milhes de habitantes no uma empreitada sim- INCORRETA :
ples. A) no uma preocupao geral = uma preocupao superficial;
Veja, ed. 1735 B) no uma pessoa aptica = uma pessoa dinmica;
31. O ttulo dado ao texto se justifica porque: C) no uma questo vital = uma questo desimportante;
A) a misria abrange grande parte de nossa populao; D) no um problema universal = um problema particular;
B) a misria culpa da classe dominante; E) no uma cpia ampliada = uma cpia reduzida.
C) todos os governantes colaboraram para a misria comum;
D) a misria deveria ser preocupao de todos ns; 39. ''...enquanto a misria se mantinha...''; colocando-se o verbo desse
E) um mal to intenso atinge indistintamente a todos. segmento do texto no futuro do subjuntivo, a forma correta seria:
A) mantiver; B) manter; C)manter; D)manteria;
32. A primeira pergunta - ''Como entender a resistncia da misria no E) mantenha.
Brasil, uma chaga social que remonta aos primrdios da coloniza-
o?'': 40. A forma de infinitivo que aparece substantivada nos segmentos
A) tem sua resposta dada no ltimo pargrafo; abaixo :
B) representa o tema central de todo o texto; A) ''Como entender a resistncia da misria...'';
C) s uma motivao para a leitura do texto; B) ''No decorrer das ltimas dcadas...'';
D) uma pergunta retrica, qual no cabe resposta; C) ''...desde que se passou a registr-las...'';
E) uma das perguntas do texto que ficam sem resposta. D) ''...comea a exercitar seus msculos.'';
E) ''...por ter se tornado um forte oponente...''.
33. Aps a leitura do texto, s NO se pode dizer da misria no Brasil
que ela: PROTESTO TMIDO
A) culpa dos governos recentes, apesar de seu trabalho produtivo em Ainda h pouco eu vinha para casa a p, feliz da minha vida e faltavam
outras reas; dez minutos para a meia-noite. Perto da Praa General Osrio, olhei para o
B) tem manifestaes violentas, como a criminalidade nas grandes lado e vi, junto parede, antes da esquina, algo que me pareceu uma
cidades; trouxa de roupa, um saco de lixo. Alguns passos mais e pude ver que era
C) atinge milhes de habitantes, embora alguns deles no apaream um menino.

Lngua Portuguesa 104


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Escurinho, de seus seis ou sete anos, no mais. Deitado de lado, bra- 44 ''Ainda h pouco eu vinha para casa a p,...''; veja as quatro frases a
os dobrados como dois gravetos, as mos protegendo a cabea. Tinha os seguir:
gambitos tambm encolhidos e enfiados dentro da camisa de meia esbura- I- Daqui h pouco vou sair.
cada, para se defender contra o frio da noite. Estava dormindo, como podia I- Est no Rio h duas semanas.
estar morto. Outros, como eu, iam passando, sem tomar conhecimento de III - No almoo h cerca de trs dias.
sua existncia. No era um ser humano, era um bicho, um saco de lixo IV - Estamos h cerca de trs dias de nosso destino.
mesmo, um traste intil, abandonado sobre a calada. Um menor abando- As frases que apresentam corretamente o emprego do verbo haver
nado. so:
A) I - II
Quem nunca viu um menor abandonado? A cinco passos, na casa de B) I - III
sucos de frutas, vrios casais de jovens tomavam sucos de frutas, alguns C) II - IV
mastigavam sanduches. Alm, na esquina da praa, o carro da radiopatru- D) I - IV
lha estacionado, dois boinas-pretas conversando do lado de fora. Ningum E) II - III
tomava conhecimento da existncia do menino.
45 O comentrio correto sobre os elementos do primeiro pargrafo do
Segundo as estatsticas, como ele existem nada menos que 25 milhes texto :
no Brasil, que se pode fazer? Qual seria a reao do menino se eu o acor- A) o cronista situa no tempo e no espao os acontecimentos abordados
dasse para lhe dar todo o dinheiro que trazia no bolso? Resolveria o seu na crnica;
problema? O problema do menor abandonado? A injustia social? B) o cronista sofre uma limitao psicolgica ao ver o menino
(....) C) a semelhana entre o menino abandonado e uma trouxa de roupa
a sujeira;
Vinte e cinco milhes de menores - um dado abstrato, que a imagina- D) a localizao do fato perto da meia-noite no tem importncia para o
o no alcana. Um menino sem pai nem me, sem o que comer nem texto;
onde dormir - isto um menor abandonado. Para entender, s mesmo E) os fatos abordados nesse pargrafo j justificam o ttulo da crnica.
imaginando meu filho largado no mundo aos seis, oito ou dez anos de
idade, sem ter para onde ir nem para quem apelar. Imagino que ele venha a
ser um desses que se esgueiram como ratos em torno aos botequins e 46 Boinas-pretas um substantivo composto que faz o plural da mesma
lanchonetes e nos importunam cutucando-nos de leve - gesto que nos forma que:
desperta mal contida irritao - para nos pedir um trocado. No temos A) salvo-conduto;
disposio sequer para olh-lo e simplesmente o atendemos (ou no) para B) abaixo-assinado;
nos livrarmos depressa de sua incmoda presena. Com o sentimento que C) salrio-famlia;
sufocamos no corao, escreveramos toda a obra de Dickens. Mas esta- D) banana-prata;
mos em pleno sculo XX, vivendo a era do progresso para o Brasil, con- E) alto-falante.
quistando um futuro melhor para os nossos filhos. At l, que o menor
abandonado no chateie, isto problema para o juizado de menores. 47 A descrio do menino abandonado feita no segundo pargrafo do
Mesmo porque so todos delinquentes, pivetes na escola do crime, cedo texto; o que NO se pode dizer do processo empregado para isso
terminaro na cadeia ou crivados de balas pelo Esquadro da Morte. que o autor:
A) se utiliza de comparaes depreciativas;
Pode ser. Mas a verdade que hoje eu vi meu filho dormindo na rua, B) lana mo de vocbulo animalizador;
exposto ao frio da noite, e alm de nada ter feito por ele, ainda o confundi C) centraliza sua ateno nos aspectos fsicos do menino;
com um monte de lixo. D) mostra preciso em todos os dados fornecidos;
Fernando Sabino E) usa grande nmero de termos adjetivadores.

41 Uma crnica, como a que voc acaba de ler, tem como melhor 48 ''Estava dormindo, como podia estar morto''; esse segmento do texto
definio: significa que:
A) registro de fatos histricos em ordem cronolgica; A) a aparncia do menino no permitia saber se dormia ou estava
B) pequeno texto descritivo geralmente baseado em fatos do cotidiano; morto;
C) seo ou coluna de jornal sobre tema especializado; B) a posio do menino era idntica de um morto;
D) texto narrativo de pequena extenso, de contedo e estrutura bas- C) para os transeuntes, no fazia diferena estar o menino dormindo ou
tante variados; morto;
E) pequeno conto com comentrios, sobre temas atuais. D) no havia diferena, para a descrio feita, se o menino estava
dormindo ou morto;
42 O texto comea com os tempos verbais no pretrito imperfeito - E) o cronista no sabia sobre a real situao do menino.
vinha, faltavam - e, depois, ocorre a mudana para o pretrito perfei-
to - olhei, vi etc.; essa mudana marca a passagem: 49 Alguns textos, como este, trazem referncias de outros momentos
A) do passado para o presente; histricos de nosso pas; o segmento do texto em que isso ocorre :
B) da descrio para a narrao; A) ''Perto da Praa General Osrio, olhei para o lado e vi...'';
C) do impessoal para o pessoal; B) ''...ou crivados de balas pelo Esquadro da Morte'';
D) do geral para o especfico; C) ''...escreveramos toda a obra de Dickens'';
E) do positivo para o negativo. D) ''...isto problema para o juizado de menores'';
E) ''Escurinho, de seus seis ou sete anos, no mais''.
43 ''...olhei para o lado e vi, junto parede, antes da esquina, ALGO que
me pareceu uma trouxa de roupa...''; o uso do termo destacado se 50 ''... era um bicho...''; a figura de linguagem presente neste segmento
deve a que: do texto uma:
A) o autor pretende comparar o menino a uma coisa; A) metonmia;
B) o cronista antecipa a viso do menor abandonado como um traste B) comparao ou smile;
intil; C) metfora;
C) a situao do fato no permite a perfeita identificao do menino; D) prosopopeia;
D) esse pronome indefinido tem valor pejorativo; E) personificao.
E) o emprego desse pronome ocorre em relao a coisas ou a pesso-
as.

Lngua Portuguesa 105


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RESPOSTAS PROVA I 10) Indique as frases com grafia correta, baseada na reforma ortogr-
01. D 11. B 21. B 31. D 41. D fica em vigor desde 1 de janeiro de 2009, a qual tem prazo de implan-
02. A 12. A 22. A 32. B 42. B tao no Brasil at 31 de dezembro de 2012.
03. C 13. C 23. C 33. A 43. C A - Gosto de gelia de amora.
04. E 14. E 24. E 34. A 44. E B - O pntano est cheio de jibias enormes.
05. A 15. C 25. D 35. B 45. A C - Creio num modelo de gesto autossustentvel.
06. B 16. A 26. E 36. C 46. A D - Vocs no veem diferena? No leem jornais?
07. D 17. B 27. B 37. C 47. D E - Averigue: no h feiura nos polos.
08. E 18. E 28. C 38. A 48. C
09. C 19. D 29. D 39. A 49. B GABARITO
10. D 20. A 30. B 40. B 50. C 1-B
2-A
10 PEGADINHAS PEDAGGICAS 3-C
4-A
1) Para uma boa comunicao escrita, qual destas frases voc consi- 5-BeC
dera a mais apropriada? 6-AeC
7 - A, B e C
A - Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado
8 - No h erro
neste andar.
9 - A, B, C e D
B - Antes de entrar, verifique se o elevador est parado neste andar.
10 - Todas esto corretas
C - Antes de entrar no elevador, verifique se ele no est mesmo parado
Folhauol
neste andar.

2) Como voc descreveria sua atitude para exprimir adequadamente a


Ortografia
felicidade que sente? 1. Esto corretamente empregadas as palavras na frase:
A - Fui ao encontro do amor. a) Receba meus cumprimentos pelo seu aniversrio.
B - Fui de encontro ao amor. b) Ele agiu com muita descrio.
C - Fui para encontro do amor. c) O pio conseguiu o primeiro lugar na competio.
d) Ele cantou uma rea belssima.
3) Somente um entre estes trs exemplos tem o verbo empregado e) Utilizamos as salas com exatido.
apropriadamente. Qual ?
A - Estou assistindo o doente. 2. Todas as alternativas so verdadeiras quanto ao emprego da inicial
B - Estou assistindo o filme de aventura. maiscula, exceto:
C - Estou assistindo a um espetculo circense. a) Nos nomes dos meses quando estiverem nas datas.
b) No comeo de perodo, verso ou alguma citao direta.
4) Apenas uma destas frases est em linguagem opinativa. Qual? c) Nos substantivos prprios de qualquer espcie
A - Esta Bienal apresenta muitas novidades; umas interessantes, outras d) Nos nomes de fatos histricos dos povos em geral.
no. e) Nos nomes de escolas de qualquer natureza.
B - Esta Bienal uma feira cultural, literria e comercial.
C - Esta Bienal concentra no MASP muitos escritores e editores 3. Indique a nica sequncia em que todas as palavras esto grafadas
corretamente:
5) Em duas destas sentenas se percebem vcios de linguagem. Quais a) fanatizar - analizar - frizar.
so elas? b) fanatisar - paralizar - frisar.
A - Assisto essa estagiria desde que ela chegou aqui. c) banalizar - analisar - paralisar.
B - No debate, vou encarar de frente o meu oponente. d) realisar - analisar - paralizar.
C - preciso manter o mesmo goleiro contra os EUA. e) utilizar - canalisar - vasamento.
6) Quais destas alternativas constituem exemplo de ambiguidade? 4. A forma dual que apresenta o verbo grafado incorretamente :
A - O professor falou com o estudante parado na sala. a) hidrlise - hidrolisar.
B - Aquele, no fim da escada, era o ltimo degrau. b) comrcio - comercializar.
C - Os policiais prenderam o ladro do banco na rua XV. c) ironia - ironizar.
d) catequese - catequisar.
7) Indique a orao com emprego correto do pronome demonstrativo. e) anlise - analisar.
A - Apanhe este caderno da minha mo.
B - Levarei o livro at essa cidade em que voc est. 5. Quanto ao emprego de iniciais maisculas, assinale a alternativa em que
C - O prefcio anuncia e a abertura mostra; esta convence, aquele seduz. no h erro de grafia:
a) A Baa de Guanabara uma grande obra de arte da Natureza.
8) Nestes quatro exemplos, onde h erro quanto ao emprego de por b) Na idade mdia, os povos da Amrica do Sul no tinham laos de ami-
que, por qu, porque, porqu? zade com a Europa.
A - Por que profisso ela optou? c) Diz um provrbio rabe: "a agulha veste os outros e vive nua."
B - Voc est infeliz por qu? d) "Chegam os magos do Oriente, com suas ddivas: ouro, incensos e
C - Quero entender o porqu desse gesto. mirra " (Manuel Bandeira).
D - Ele parou porque ficou muito cansado. e) A Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte, foi ornamentada na poca
de natal.
9) Mais vcios de linguagem podem ser notados nos exemplos a se-
guir. Identifique-os. 6. Marque a opo cm que todas as palavras esto grafadas corretamente:
A - Dividi a ma em duas metades iguais. a) enxotar - trouxa - chcara.
B - Nesse caso, voc tem outra alternativa? b) berinjela - jil - gipe.
C - Esse o elo de ligao entre os crimes. c) passos - discusso - arremesso.
D - A prefeitura municipal pode cuidar disso. d) certeza - empresa - defeza.
e) nervoso - desafio - atravez.

Lngua Portuguesa 106


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7. A alternativa que apresenta erro(s) de ortografia : d) erdeiro.
a) O experto disse que fora leo em excesso. e) iena.
b) O assessor chegou exausto.
c) A fartura e a escassez so problemticas. 17. (CFS/95) Assinalar o par de palavras parnimas:
d) Assintosamente apareceu enxarcado na sala. a) cu - seu
e) Aceso o fogo, uma labareda ascendeu ao cu. b) pao - passo
c) eminente - evidente
8. Assinale a opo cm que a palavra est incorretamente grafada: d) descrio - discrio
a) duquesa.
b) magestade. 18. (CFS/95) Assinalar a alternativa em que todas as palavras devem ser
c) gorjeta. escritas com "j".
d) francs. a) __irau, __ibia, __egue
e) estupidez. b) gor__eio, privil__io, pa__em
c) ma__estoso, __esto, __enipapo
9. Dos pares de palavras abaixo, aquele em que a segunda no se escreve d) here__e, tre__eito, berin__ela
com a mesma letra sublinhada na primeira :
a) vez / reve___ar. 19. (CFC/95) Assinalar a alternativa que preenche corretamente as lacunas
b) props / pu__ eram. do seguinte perodo: "Em _____ plenria, estudou-se a _____ de terras a
c) atrs / retra __ ado. _____ japoneses."
d) cafezinho/ blu __ inha. a) seo - cesso - emigrantes
e) esvaziar / e___ tender. b) cesso - sesso - imigrantes
c) sesso - seco - emigrantes
10. Indique o item em que todas as palavras devem ser preenchidas com x: d) sesso - cesso - imigrantes
a) pran__a / en__er / __adrez.
b) fei__e / pi__ar / bre__a. 20. (CFC/95) Assinalar a alternativa que apresenta um erro de ortografia:
c) __utar / frou__o / mo__ila. a) enxofre, exceo, ascenso
d) fle__a / en__arcar / li__ar. b) abbada, asterisco, assuno
e) me__erico / en__ame / bru__a. c) despender, previlgio, economizar
d) adivinhar, prazerosamente, beneficente
11. Todas as palavras esto com a grafia correta, exceto:
a) dejeto. 21. (CFC/95) Assinalar a alternativa que contm um erro de ortografia:
b) ogeriza. a) beleza, duquesa, francesa
c) vadear. b) estrupar, pretensioso, deslizar
d) iminente. c) esplndido, meteorologia, hesitar
e) vadiar. d) cabeleireiro, consciencioso, manteigueira

12. A alternativa que apresenta palavra grafada incorretamente : 22. (CFC/96) Assinalar a alternativa correta quanto grafia das palavras:
a) fixao - rendio - paralisao. a) atraz - ele trs
b) exceo - discusso - concesso. b) atrs - ele traz
c) seo - admisso - distenso. c) atrs - ele trs
d) presuno - compreenso - submisso. d) atraz - ele traz
e) cesso - cassao - excuro.
23. (CFS/96) Assinalar a palavra graficamente correta:
13. Assinale a alternativa em que todas as palavras esto grafadas corre- a) bandeija
tamente: b) mendingo
a) analizar - economizar - civilizar. c) irrequieto
b) receoso - prazeirosamente - silvcola. d) carangueijo
c) tbua - previlgio - marqus.
d) pretencioso - hrnia - majestade. 24. (CESD/97) Assinalar a alternativa que completa as lacunas da frase
e) flecha - jeito - ojeriza. abaixo, na ordem em que aparecem. "O Brasil de hoje diferente, _____ os
ideais de uma sociedade _____ justa ainda permanecem".
14. Assinale a alternativa em que todas as palavras esto grafadas corre- a) mas - mas
tamente: b) mais - mas
a) atrasado - princesa - paralisia. c) mas - mais
b) poleiro - pagem - descrio. d) mais - mais
c) criao - disenteria - impecilho.
d) enxergar - passeiar - pesquisar. 25. (CESD/98) Cauda/rabo, calda/acar derretido para doce. So, portan-
e) batizar - sintetizar - sintonisar. to, palavras homnimas. Associe as duas colunas e assinale a alternativa
com a sequncia correta.
15. Assinale a alternativa em que todas as palavras esto grafadas corre- 1 - conserto ( ) valor pago
tamente: 2 - concerto ( ) juzo claro
a) tijela - oscilao - asceno. 3 - censo ( ) reparo
b) richa - bruxa - bucha. 4 - senso ( ) estatstica
c) berinjela - lage - majestade. 5 - taxa ( ) pequeno prego
d) enxada - mixto - bexiga. 6 - tacha ( ) apresentao musical
e) gasolina - vaso - esplndido. a) 5-4-1-3-6-2
b) 5-3-2-1-6-4
16. Marque a nica palavra que se escreve sem o h: c) 4-2-6-1-3-5
a) omeopatia. d) 1-4-6-5-2-3
b) umidade.
c) umor.

Lngua Portuguesa 107


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APOSTILAS OPO
26. (CFC/98) Assinalar o par de palavras antnimas: _______________________________________________________
a) pavor - pnico
b) pnico - susto _______________________________________________________
c) dignidade - indecoro _______________________________________________________
d) dignidade - integridade
_______________________________________________________
27. (CFS/97) O antnimo para a expresso "poca de estiagem" : _______________________________________________________
a) tempo quente
b) tempo de ventania _______________________________________________________
c) estao chuvosa
d) estao florida
_______________________________________________________
_______________________________________________________
28. (CFS/96) Quanto sinonmia, associar a coluna da esquerda com a da
direita e indicar a sequncia correta. _______________________________________________________
1 - insigne ( ) ignorante ______________________________________________________
2 - exttico ( ) saliente
3 - insipiente ( ) absorto _______________________________________________________
4 - proeminente ( ) notvel
_______________________________________________________
a) 2-4-3-1
b) 3-4-2-1 _______________________________________________________
c) 4-3-1-2
d) 3-2-4-1 _______________________________________________________
_______________________________________________________
29. (ITA/SP) Em que caso todos os vocbulos so grafados com "x" ?
a) __cara, __vena, pi__e, be__iga _______________________________________________________
b) __enfobo, en__erido, en__erto, __epa _______________________________________________________
c) li__ar, ta__ativo, sinta__e, bro__e
d) __tase, e__torquir, __u__u, __ilrear _______________________________________________________

1 A / 2 A / 3 C / 4 D / 5 D / 6 C / 7 D / 8 B / 9 D / 10 E / 11 B / 12 E / 13 E /
_______________________________________________________
14 A / 15 E / 16 B / 17 D / 18 A / 19 D / 20 C / 21 B / 22 B / 23 C / 24 C / 25 _______________________________________________________
A / 26 C / 27 C / 28 B / 29 B pciconcursos
_______________________________________________________
___________________________________ _______________________________________________________
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Lngua Portuguesa 108


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CONHECIMENTOS ESPECFICOS

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sade como um direito de todos e dever do Estado e est
PSICLOGO regulado pela Lei n. 8.080/1990, a qual operacionaliza o
atendimento pblico da sade.
CONHECIMENTOS ESPECFICOS Com o advento do SUS, toda a populao brasileira
passou a ter direito sade universal e gratuita, que deve ser
fornecida pelos trs entes federativos - Unio, Estados,
Distrito Federal e Municpios. Fazem parte do Sistema nico
de Sade, os centros e postos de sade, os hospitais pblicos
- incluindo os universitrios, os laboratrios e hemocentros
(bancos de sangue), os servios de Vigilncia Sanitria,
Vigilncia Epidemiolgica, Vigilncia Ambiental, alm de
fundaes e institutos de pesquisa acadmica e cientfica,
como a FIOCRUZ - Fundao Oswaldo Cruz - e o Instituto
Vital Brazil.
A sade pblica no perodo militar
Antes da instituio do Sistema nico de Sade (SUS), a
atuao do Ministrio da Sade se resumia s atividades de
promoo de sade e preveno de doenas, (como, por
exemplo, a vacinao), realizadas em carter universal, e
assistncia mdico-hospitalar para poucas doenas; servia
Legislao do SUS
aos indigentes, ou seja, a quem no tinha acesso ao
Resoluo CFP N 010/05 - O Cdigo de tica Profissional do
atendimento pelo Instituto Nacional de Assistncia Mdica da
Psiclogo - Em vigor desde o dia 27 de agosto de 2005.
Previdncia Social - INAMPS.
Resoluo CFP N. 007/2003 Manual de Elaborao de Do-
cumentos Decorrentes de Avaliaes Psicolgicas O INAMPS, por sua vez, era uma autarquia federal
Resoluo CFP N 010/2010 - Institui a regulamentao da vinculada ao Ministrio da Previdncia e Assistncia Social
Escuta Psicolgica de Crianas e Adolescentes envolvidos (hoje Ministrio da Previdncia Social), e foi criado pelo
em situao de violncia, na Rede de Proteo. regime militar em 1974 pelo desmembramento do Instituto
Resoluo CFP N 008/2010 - Dispe sobre a atuao do Nacional de Previdncia Social (INPS), que hoje o Instituto
psiclogo como perito e assistente tcnico no Poder Judici- Nacional de Seguridade Social (INSS). O Instituto tinha a
rio. finalidade de prestar atendimento mdico aos que contribuam
BRASIL, LEI N 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012. (Sis- com a previdncia social, ou seja, aos empregados de
tema Nacional de Atendimento Socioeducativo - SINASE) carteira assinada.
LEI N 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.Dispe sobre o Analisando o perodo, Felipe Asensi expe que
Estatuto da Criana e do Adolescente e d outras providn- a utilizao dos servios de sade se encontrou vinculada
cias. situao empregatcia, ocasionando a excluso de uma
A constituio do objeto libidinal patologia das relaes obje- parcela relevante da populao desempregada, seja por defi-
tais. cincias fsicas, seja por insuficincias na educao ou,
Preveno e efeitos da privao materna. mesmo, por inacessibilidade estrutural ao mercado de traba-
O papel do pai. lho formal.
As inter-relaes familiares: casamento, conflito conjugal, Felipe Asensi
separao, guarda dos filhos.
O INAMPS dispunha de estabelecimentos prprios, ou
A criana e a separao dos pais.
seja, de hospitais pblicos, mas a maior parte do atendimento
A criana e o adolescente vitimizados.
era realizado pela iniciativa privada; os convnios
Natureza e origens da tendncia anti-social.
estabeleciam a remunerao pelo governo por quantidade de
Os direitos fundamentais da criana e do adolescente.
procedimentos realizados. J os que no tinham a carteira
As medidas especficas de proteo criana e ao adoles-
assinada utilizavam, sobretudo, as Santas Casas, instituies
cente.
filantrpico-religiosas que amparavam cidados necessitados
Noes de Direito da Famlia.
e carentes.
A colocao em famlia substituta - Guarda, Tutela, Adoo.
Adolescncia, Drogadio e Famlia. A crise do INAMPS na dcada de 1980
A apurao de ato infracional atribudo ao adolescente. A crise do petrleo que abateu a economia brasileira na
As medidas scio-educativas. segunda metade da dcada de 1970 e no incio da dcada de
O trabalho do psiclogo e as atribuies da equipe interprofis- 1980 trouxe tambm prejuzos financeiros - e polticos - para
sional na Vara da Infncia e da Juventude, nas Varas da o INAMPS. Da abertura democrtica Nova Repblica, o
Famlia e das Sucesses e nas Varas Especiais da Infncia e dficit previdencirio aumentava ano aps ano. A doutrina
da Juventude. especializada ousa em qualificar o perodo 1980-1983 no
Psicodiagnstico - tcnicas utilizadas. mbito das polticas sociais como a "crise da previdncia
A entrevista psicolgica. social". A conjuntura da turbulncia fiscal do Estado e,
Relatrios e laudos periciais psicolgicos. sobretudo, da previdncia social passou a colaborar com as
tica profissional. teses e propostas de desinchao da mquina pblica e,
consequentemente, da reduo da funo do Estado como
garantidor de polticas sociais. O INAMPS estava includo
SISTEMA NICO DE SADE nessa perspectiva.
Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre. Nesse sentido, revela Waldir Pires, Ministro da
Previdncia Social no governo Sarney (1985-1990):
O Sistema nico de Sade (SUS) a denominao do
sistema pblico de sade brasileiro, considerado um dos A Previdncia Social em 1985 era apontada como falida.
maiores sistemas pblicos de sade do mundo, segundo Diziam, at, os cticos, os inadvertidos, ou os que se movem
informaes do Conselho Nacional de Sade. Foi institudo por interesses pessoais e subalternos, que era invivel. Uma
pela Constituio Federal de 1988, em seu artigo 196, como conspirao difursa, por alguns no confessada, mas insisten-
forma de efetivar o mandamento constitucional do direito te, anunciava seu fim, indispensvel, como responsabilidade
do Estado, para salv-lo e para preservar-lhe o Tesouro P-

Conhecimentos Especficos 1 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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blico. Porque o dficit da Previdncia, insistente, catastrfico, entre o INAMPS e os governos estaduais, mas o mais
seria irrecupervel. importante foi ter formado as bases para a seo seo "Da
Waldir Pires Sade" da Constituio brasileira de 5 de outubro de 1988. A
A retrica da inviabilidade da previdncia social e de um Constituio de 1988 foi um marco na histria da sade
sistema de sade deficitrio - advinda dos defensores do pblica brasileira, ao definir, como j mencionado, a sade
neoliberalismo - e exemplificadas nos modelos poltico- como "direito de todos e dever do Estado".
econmicos implantados na Inglaterra, por Thatcher, no Chile, A implantao do SUS foi realizada de forma gradual:
por Pinochet e nos Estados Unidos, por Reagan ganhava primeiro veio o SUDS, com a universalizao do atendimento;
fora na sociedade. Por isso, o sistema de sade vigente depois, a incorporao do INAMPS ao Ministrio da Sade
poca deveria ser privatizado. (Decreto n 99.060, de 7 de maro de 1990); e por fim a Lei
Hsio Cordeiro expe: Orgnica da Sade (Lei n 8.080, de 19 de setembro de 1990)
fundou e operacionalizou o SUS. Em poucos meses foi
(...) o ministro Francisco Dornelles, preparando-se para lanada a Lei n 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que
assumir o Ministrio da Fazenda do governo Tancredo Neves imprimiu ao SUS uma de suas principais caractersticas: o
ditava a mxima: 'no se deve entregar o Ministrio da Previ- controle social, ou seja, a participao dos usurios
dncia a nenhum amigo'. A 'massa falida', exemplo da inviabi- (populao) na gesto do servio. O INAMPS s foi extinto
lidade da administrao pblica, na viso neoliberal, s pode- em 27 de julho de 1993 pela Lei n 8.689.
ria ter um destino: a privatizao. A comear pela assistncia
mdico-hospitalar, cujo esplio deveria ser apropriado pelo Os Princpios constitucionais do SUS
seguro-sade privado, no sentido de promover um corte na Uma leitura mais atenda da seo "Da Sade", presente
capitalizao precria da sade no sentido de uma organiza- na Constituio de 1988, permite auferir que esta (a
o mais tipicamente capitalista do complexo mdico- Constituio) estabeleceu cinco princpios bsicos que
empresarial. orientam o sistema jurdico em relao ao SUS. So eles: a
Hsio Cordeiro universalidade, a integralidade, a equidade, a
Ressalta-se que a discusso no era apenas para descentralizao e a participao popular.
privatizar o modelo existente at ento no regime militar. Os Universalidade
neoliberais tambm se oporiam previso do SUS na esfera Este princpio pode ser auferido a partir da definio do
constitucional[3], durante a Assembleia Constituinte que art. 196 da Constituio de 1988, que considerou a sade
resultou na Constituio de 1988. como um direito de todos e dever do Estado. Dessa forma, o
A contraposio privatizao e a Reforma Sanitria direito sade se coloca como um direito fundamental de
O movimento da Reforma Sanitria nasceu no meio todo e qualquer cidado, sendo considerado at mesmo
acadmico no incio da dcada de 1970 como forma de clusula ptrea (ou seja, no pode ser retirada da
oposio tcnica e poltica ao regime militar. Nesse contexto Constituio em nenhuma hiptese, por constituir uma direito
destacaram-se nessa luta tambm figuras do mbito poltico e garantia individual, conforme o art. 60, 4, IV, da
como Srgio Arouca e David Capistrano. Constituio). Por outro lado, o Estado tem o dever de
garantir os devidos meios necessrios para que os cidados
Em 1979, o General Joo Baptista Figueiredo assumiu a possam exercer plenamente esse direito, sob pena de estar
presidncia com a promessa de abertura poltica e, de fato, a restringindo-o e no cumprindo a sua funo.
Comisso de Sade da Cmara dos Deputados promoveu, no
perodo de 9 a 11 de outubro de 1979, o I Simpsio sobre Integralidade
Poltica Nacional de Sade, que contou com participao de A integralidade decorre do art. 198, II da Constituio, que
muitos dos integrantes do movimento e chegou a concluses confere ao Estado o dever do atendimento integral, com
altamente favorveis ao mesmo. prioridade para as atividades preventivas, sem prejuzo dos
Entretanto o grande acontecimento para a consolidao servios assistenciais em relao ao acesso que todo e
do direito sade tal como visto hoje ainda estava por vir. qualquer cidado tem direito. Por isso, o Estado deve
Hsio Cordeiro elucida: estabelecer um conjunto de aes que vo desde a
preveno assistncia curativa, nos mais diversos nveis de
Decidiu-se convocar a VIII Conferncia Nacional de Sa- complexidade, como forma de efetivar e garantir o postulado
de, atravs de decreto presidencial, marcando-se sua realiza- da sade. Percebe-se, porm, que o texto constitucional d
o para 17 a 21 de maro de 1986, em Braslia. A confern- nfase s atividades preventivas, que, naturalmente, ao
cia seria precedida de pr-conferncias e reunies estaduais serem realizadas com eficincia, reduzem os gastos com as
preparatrias a serem realizadas em todo o pas e seriam atividades assistenciais posteriores.
elaborados documentos tcnicos que serviriam de base para
estas reunies prvias e de teses a serem debatidas na VIII Equidade
CNS. Para a presidncia da VIII CNS foi designado o prof. O princpio da equidade est relacionado com o
Antnio Srgio da Silva Arouca, presidente da Fiocruz, fican- mandamento constitucional da sade direito de todos,
do a vice-presidncia com o dr. Francisco Xavier Beduschi, previsto no j mencionado art. 196. Busca-se aqui preservar o
superintendente da SUCAM e Guilherme Rodrigues da Silva, postulado da isonomia, visto que o prprio art. 5 da
da FMUSP foi designado relator geral. Os temas propostos Constituio institui que todos so iguais perante a lei, sem
foram: 'Sade como Direito', 'Reformulao do Sistema Naci- distino de qualquer natureza. Logo, todos os cidados, de
onal de Sade' e 'Financiamento do Setor'. Hsio Cordeiro maneira igual, devem ter seus direitos sade garantidos
Foram ao todo 1.000 delegados com direito a voto e cerca pelo Estado. Entretanto, as desigualdades regionais e sociais
de 3.000 participantes. A 8 Conferncia Nacional de Sade podem levar a inocorrncia dessa isonomia, afinal uma rea
foi um marco na histria do SUS por vrios motivos. Ela foi mais carente pode demandar mais gastos em relaes s
aberta por Jos Sarney, o primeiro presidente civil aps o outras. Por isso, o Estado deve tratar desigualmente os
regime militar, e foi a primeira CNS a ser aberta sociedade; desiguais, concentrando seus esforos e investimentos em
alm disso, foi importante na propagao do movimento da zonas territoriais com piores ndices e dficits na prestao do
Reforma Sanitria, muito em funo do relatrio final da servio pblico. O prprio art. 3, da Constituio, configura
Conferncia ter servido como base para os debates na como um dos objetivos da Repblica reduzir as
Assembleia Constituinte, visto que representavam demandas desigualdades sociais e regionais. Tratar o cidado como um
do movimento popular. "todo".
Alm disso, a 8 CNS resultou na implantao do Sistema Descentralizao
Unificado e Descentralizado de Sade (SUDS), um convnio

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Est estabelecido no art. 198, I, da Constituio, que (SUS), gerenciado pelo Ministrio da Sade e complementa-
revela que as aes e servios pblicos de sade integram do por servios privados contratados pelo governo.
uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um Com uma populao de cerca de 190 milhes de habitan-
sistema nico, organizado de acordo com as seguintes tes e uma mdia de 1,68 mdico para cada mil pessoas, n-
diretrizes: I - descentralizao, com direo nica em cada mero superior ao recomendado pela Organizao Mundial da
esfera de governo. Por isso, o Sistema nico de Sade est Sade (um para cada mil), o Brasil possui servios de Postos,
presente nos trs entes federativos - Unio, Estados, Distrito Centros de Sade, Consultrios Particulares, Ambulatrios de
Federal e Municpios -, de forma que o que da alada de Hospitais, Pronto Socorro, Emergncia, Ambulatrio, Consul-
abrangncia nacional ser de responsabilidade do governo trio de Clnicas e Farmcia. Inovador em alguns programas,
federal, o que est relacionado competncia de um Estado o pas j tornou-se referncia, at mesmo internacional, em
deve estar sob responsabilidade do Governo Estadual, e a determinados temas. Um grande exemplo disso foi a quebra
mesma definio ocorre com um Municpio. Dessa forma, da patente do coquetel da AIDS e a importao de genricos
busca-se um maior dilogo com a sociedade civil local, que para o tratamento a doentes atendidos pelo SUS.
est mais perto do gestor para cobr-lo sobre as polticas Alm de programas voltados ao combate de doenas, o
pblicas devidas. Brasil investe em iniciativas que viabilizem e facilitem o aces-
Participao social so de todos sade. Uma amostra o programa Farmcia
Tambm est prevista no art. 198, da Constituio, mais Popular do Brasil, que facilita a compra de medicamentos
precisamente no inciso III, que prev a participao da para a populao de baixa renda. O Ministrio Pblico compra
comunidade nas aes e servios pblicos de sade, esses medicamentos dos laboratrios e revende por preos
atuando na formulao e no controle da execuo destes. O menores nas Farmcias Populares espalhadas por todo o
controle social, como tambm chamado esse princpio, foi pas, e tambm por farmcias privadas cadastradas no pro-
melhor regulado pela j citada Lei n 8.142/90. Os usurios grama.
participam da gesto do SUS atravs das Conferncias da Sobre o perfil das condies de sade do povo brasileiro,
Sade, que ocorrem a cada quatro anos em todos os nveis uma constatao demonstra, apesar de muitos problemas,
federativos - Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios. um progresso: o aumento na sua expectativa de vida. Segun-
Nos Conselhos de Sade ocorre a chamada paridade: do o IBGE, no ano de 1920 o brasileiro vivia em mdia 42
enquanto os usurios tm metade das vagas, o governo tem anos. J em 2003, a esperana de vida da populao era de
um quarto e os trabalhadores outro quarto. Busca-se, 69 anos de idade. Ainda de acordo com o IBGE, a melhoria
portanto, estimular a participao popular na discusso das nas condies de vida, o saneamento bsico, o atendimento
polticas pblicas da sade, conferindo maior legitimidade ao mdico e a reduo da mortalidade infantil foram alguns dos
sistema e s aes implantadas. fatores determinantes para esse aumento.
No obstante, observa-se que o Constituinte Originrio de No que diz respeito reduo da mortalidade infantil, fato-
1988 no buscou apenas implantar o sistema pblico de res como o saneamento bsico, a preocupao com a educa-
sade universal e gratuito no pas, em contraposio ao que o das mes, a expanso das vacinas, o desenvolvimento e
existia no perodo militar, que favorecia apenas os implantao de programas de nutrio, programas de assis-
trabalhadores com carteira assinada. O Constituinte de 1988 tncia s gestantes e mes, de aleitamento, entre outros, so
foi alm e estabeleceu tambm princpios que nortearo a determinantes para a sobrevivncia das crianas de at um
interpretao que o mundo jurdico e as esferas de governo ano de idade. Apesar desse resultado positivo, as diferenas
faro sobre o citado sistema. E a partir da leitura desses entre as regies so enormes. No Nordeste, com a pior situa-
princpios, nota-se a preocupao do Constituinte em reforar o, a cada mil crianas nascidas vivas, cerca de 44,7 mor-
a defesa do cidado frente ao Estado, garantindo meios no rem antes de completar um ano. No Norte esse nmero de
s para a existncia do sistema, mas tambm para que o 29,5, e na sequncia esto as regies Centro-Oeste (21,6),
indivduo tenha voz para lutar por sua melhoria e maior Sudeste (21,3) e, com menores nmeros, a regio Sul (18,9).
efetividade. Ainda sobre a realidade da sade no Brasil e sobre as di-
O SUS em nmeros ferenas entre as grandes regies, dados do Ministrio da
Os dados listados abaixo revelam o tamanho da Sade apontam que no Sudeste ocorre o maior nmero de
importncia e da atuao do sistema pblico de sade internaes, cerca de 38% do total no pas em 2004. Em
brasileiro e foram retirados do site oficial do Governo seguida, com relao ao mesmo ano, esto as regies Nor-
Federal[5]. deste (29%), Sul (16%), Centre-Oeste (8,4%) e Norte (8,1%).
Nmero de beneficiados: 190 milhes de pessoas No que diz respeito ao nmero de consultas mdicas realiza-
Pessoas que dependem exclusivamente do SUS para das pelo SUS, o Sudeste apresenta a melhor situao com
ter acesso aos servios de sade: 152 milhes de pessoas 2,89 consultas por habitante. Na sequncia esto o Centro-
(80% do total) Oeste (2,61), o Nordeste e o Sul (2,34) e, por fim, o Norte
Hospitais credenciados: 6,1 mil (1,81).
Unidades de ateno primria: 45 mil Essas diferenas entre as regies do Brasil evidenciam as
Equipes de Sade da Famlia (ESFs): 30,3 mil desigualdades e contrastes entre os diversos grupos popula-
Procedimentos ambulatoriais anuais: 2,8 bilhes cionais e o seu acesso ao sistema de sade. Tais desigual-
Transplantes anuais: 19 mil dades, no entanto, no so o nico problema enfrentado pelo
Cirurgias cardacas anuais: 236 mil pas. Apesar da reduo da mortalidade infantil, os nmeros
Procedimentos de quimioterapia e radioterapia anuais: de morte de crianas com at um ano ainda alto, sendo
9,7 milhes esse um dos principais problemas da sade no Brasil. Alm
Internaes anuais: 11 milhes disso, no pas, ainda merecem destaque as altas taxas de
Nmero de usurios com acesso ao SAMU - Servio mortalidade materna, a crescente elevao da taxa de morta-
de Atendimento Mvel de Urgncia: 130 milhes de lidade por doenas no transmissveis (como o cncer, infar-
pessoas to, acidente vascular cerebral e diabetes) e a elevada taxa de
Sade no Brasil mortalidade por acidentes e violncia.
Com variaes entre as regies, o atendimento sade Como funciona o SUS
no Brasil realizado por entidades pblicas e privadas. No O Sistema nico de Sade SUS, composto por dife-
entanto, de um modo geral, a maior parte da populao brasi- rentes segmentos que tm a finalidade de promover a sade
leira atendida pelos servios do Sistema nico de Sade e melhorar a qualidade de vida dos brasileiros em diversos

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mbitos. A partir de lutas e mobilizaes o SUS foi criado, em alguma forma lesado, pode recorrer ao Direito do consumidor,
1990, devido ao descontentamento e reclamaes da socie- dirigindo-se s unidades do PROCON no Brasil.
dade em relao sade no pas. O SUS um sistema pbli-
co, organizado e orientado, disponvel para qualquer tipo de
pessoa, sendo proibido cobrana pelo atendimento, sob qual- LEI N 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990.
quer circunstncia. O governo do Brasil responsvel pelo Dispe sobre as condies para a promoo, proteo e
investimento financeiro nas regies que apresentam maior recuperao da sade, a organizao e o funcionamento dos
carncia e o SUS responsvel por todos os cuidados na servios correspondentes e d outras providncias.
rea de sade desde consultas, at garantia de vacinas,
ateno a mulheres, crianas e idosos, realizando assim, O PRESIDENTE DA REPBLICA, fao saber que o
todas as aes necessrias para proteo e sade de todos. Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Os servios disponibilizados pelo Sistema nico de Sade
DISPOSIO PRELIMINAR
so financiados pela populao brasileira, quando efetuam o
pagamento de impostos e contribuies sociais. A populao Art. 1 Esta lei regula, em todo o territrio nacional, as
pode participar da gesto do SUS, atravs dos Conselhos de aes e servios de sade, executados isolada ou conjunta-
Sade, onde opinam e discutem melhorias para o melhor mente, em carter permanente ou eventual, por pessoas
funcionamento dos servios de sade prestados pelo SUS. naturais ou jurdicas de direito Pblico ou privado.
O servio do SUS administrado pelos governos federais, TTULO I
estaduais e municipais, com o objetivo de assegurar atendi-
mento a todos os cidados brasileiros. Muitos hospitais e DAS DISPOSIES GERAIS
laboratrios filiam-se ao SUS, em regies onde no h pre-
sena de servio pblico de sade. Art. 2 A sade um direito fundamental do ser huma-
no, devendo o Estado prover as condies indispensveis ao
O Sistema de Sade compe-se de vrias unidades inter- seu pleno exerccio.
ligadas: os postos de sade onde todos procuram atendimen-
to diretamente, e tambm estabelecimentos que ofertam ser- 1 O dever do Estado de garantir a sade consiste na
vios mais complexos como policlnicas e hospitais e, ainda, formulao e execuo de polticas econmicas e sociais que
para os casos de urgncia e emergncia, existem os pronto- visem reduo de riscos de doenas e de outros agravos e
socorros. no estabelecimento de condies que assegurem acesso
Em 2007 a populao estimada do Brasil era de 183,9 mi- universal e igualitrio s aes e aos servios para a sua
lhes de habitantes, por essa razo, problemas sociais como promoo, proteo e recuperao.
os de sade esto aumentado no pas, principalmente para 2 O dever do Estado no exclui o das pessoas, da
usurios do sistema pblico de sade, que encontram pro- famlia, das empresas e da sociedade.
blemas como: superlotao em hospitais e postos de atendi-
mento, falta de medicamentos e greve de funcionrios. Art. 3o Os nveis de sade expressam a organizao
O Ministrio da Sade realiza aes e programas para le- social e econmica do Pas, tendo a sade como determinan-
var atendimento a todos os cidados e qualificar os funcion- tes e condicionantes, entre outros, a alimentao, a moradia,
rios da rea de Sade. Dentre as aes realizadas pelo Minis- o saneamento bsico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a
trio da Sade, estes so alguns exemplos: Farmcia Popular educao, a atividade fsica, o transporte, o lazer e o acesso
(onde so encontrados os principais medicamentos para aos bens e servios essenciais. (Redao dada pela Lei
Hipertenso e Diabetes com desconto de at 90%); Banco de n 12.864, de 2013)
Leite Humano; Carto Nacional de Sade (facilita o atendi- Pargrafo nico. Dizem respeito tambm sade as
mento e identificao do paciente, que pode utiliz-lo para aes que, por fora do disposto no artigo anterior, se desti-
marcao de consultas e exames); Humanizasus (relao nam a garantir s pessoas e coletividade condies de
entre usurios e profissionais que atendem a comunidade); bem-estar fsico, mental e social.
Qualisus (maior ateno dada pelos profissionais de sade de
acordo com o grau de risco do paciente); Ateno aos povos TTULO II
indgenas; e aes que estimulam a adoo de uma vida
DO SISTEMA NICO DE SADE
saudvel relacionas por exemplo ao tabagismo e os riscos de
cncer. DISPOSIO PRELIMINAR
Sistema privado de sade
Art. 4 O conjunto de aes e servios de sade, pres-
Sade um tema que encontra-se em constante debate tados por rgos e instituies pblicas federais, estaduais e
pela sociedade. De um lado esto as pessoas que no tm municipais, da Administrao direta e indireta e das funda-
condies financeiras de pagar pelo atendimento mdico, por es mantidas pelo Poder Pblico, constitui o Sistema nico
isso buscam o Sistema nico de Sade oferecido gratuita- de Sade (SUS).
mente pelo governo. Do outro lado, esto as pessoas que
pagam pelo atendimento atravs do sistema privado e planos 1 Esto includas no disposto neste artigo as institui-
de sade. es pblicas federais, estaduais e municipais de controle de
O plano de sade um servio oferecido por empresas qualidade, pesquisa e produo de insumos, medicamentos,
particulares, com o intuito de prestar servios mdicos ao inclusive de sangue e hemoderivados, e de equipamentos
usurio. O consumidor paga um determinado valor mensal e para sade.
tem direito a fazer consultas mdicas, exames e atendimentos 2 A iniciativa privada poder participar do Sistema
em clnicas e hospitais. Pesquisa publicada pela Agncia nico de Sade (SUS), em carter complementar.
Nacional de Sade Suplementar ANS, revela que no ms
de Junho de 2009 foram registrados quase 54 mil benefici- CAPTULO I
rios em planos privados de sade, e pouco mais de 1,500 Dos Objetivos e Atribuies
operadoras em atividade no Brasil.
Mesmo com um nmero consideravelmente elevado de Art. 5 So objetivos do Sistema nico de Sade SUS:
usurios, muitas pessoas ainda reclamam do atendimento e I - a identificao e divulgao dos fatores condicionan-
da forma com que os planos de sade executam suas polti- tes e determinantes da sade;
cas de atendimento, por isso o consumidor que se sentir de

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II - a formulao de poltica de sade destinada a pro- I - assistncia ao trabalhador vtima de acidentes de
mover, nos campos econmico e social, a observncia do trabalho ou portador de doena profissional e do trabalho;
disposto no 1 do art. 2 desta lei;
II - participao, no mbito de competncia do Sistema
III - a assistncia s pessoas por intermdio de aes nico de Sade (SUS), em estudos, pesquisas, avaliao e
de promoo, proteo e recuperao da sade, com a reali- controle dos riscos e agravos potenciais sade existentes
zao integrada das aes assistenciais e das atividades no processo de trabalho;
preventivas.
III - participao, no mbito de competncia do Sistema
Art. 6 Esto includas ainda no campo de atuao do nico de Sade (SUS), da normatizao, fiscalizao e con-
Sistema nico de Sade (SUS): trole das condies de produo, extrao, armazenamento,
transporte, distribuio e manuseio de substncias, de produ-
I - a execuo de aes: tos, de mquinas e de equipamentos que apresentam riscos
a) de vigilncia sanitria; sade do trabalhador;
b) de vigilncia epidemiolgica; IV - avaliao do impacto que as tecnologias provocam
sade;
c) de sade do trabalhador; e
V - informao ao trabalhador e sua respectiva enti-
d) de assistncia teraputica integral, inclusive farma- dade sindical e s empresas sobre os riscos de acidentes de
cutica; trabalho, doena profissional e do trabalho, bem como os
II - a participao na formulao da poltica e na execu- resultados de fiscalizaes, avaliaes ambientais e exames
o de aes de saneamento bsico; de sade, de admisso, peridicos e de demisso, respeita-
dos os preceitos da tica profissional;
III - a ordenao da formao de recursos humanos na
rea de sade; VI - participao na normatizao, fiscalizao e con-
trole dos servios de sade do trabalhador nas instituies e
IV - a vigilncia nutricional e a orientao alimentar; empresas pblicas e privadas;
V - a colaborao na proteo do meio ambiente, nele VII - reviso peridica da listagem oficial de doenas
compreendido o do trabalho; originadas no processo de trabalho, tendo na sua elaborao
a colaborao das entidades sindicais; e
VI - a formulao da poltica de medicamentos, equi-
pamentos, imunobiolgicos e outros insumos de interesse VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de re-
para a sade e a participao na sua produo; querer ao rgo competente a interdio de mquina, de
setor de servio ou de todo ambiente de trabalho, quando
VII - o controle e a fiscalizao de servios, produtos e
houver exposio a risco iminente para a vida ou sade dos
substncias de interesse para a sade;
trabalhadores.
VIII - a fiscalizao e a inspeo de alimentos, gua e
CAPTULO II
bebidas para consumo humano;
Dos Princpios e Diretrizes
IX - a participao no controle e na fiscalizao da pro-
duo, transporte, guarda e utilizao de substncias e produ- Art. 7 As aes e servios pblicos de sade e os ser-
tos psicoativos, txicos e radioativos; vios privados contratados ou conveniados que integram o
Sistema nico de Sade (SUS), so desenvolvidos de acordo
X - o incremento, em sua rea de atuao, do desen-
com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituio Fede-
volvimento cientfico e tecnolgico;
ral, obedecendo ainda aos seguintes princpios:
XI - a formulao e execuo da poltica de sangue e
I - universalidade de acesso aos servios de sade em
seus derivados.
todos os nveis de assistncia;
1 Entende-se por vigilncia sanitria um conjunto de
II - integralidade de assistncia, entendida como con-
aes capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos sade e
junto articulado e contnuo das aes e servios preventivos e
de intervir nos problemas sanitrios decorrentes do meio
curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em
ambiente, da produo e circulao de bens e da prestao
todos os nveis de complexidade do sistema;
de servios de interesse da sade, abrangendo:
III - preservao da autonomia das pessoas na defesa
I - o controle de bens de consumo que, direta ou indire-
de sua integridade fsica e moral;
tamente, se relacionem com a sade, compreendidas todas
as etapas e processos, da produo ao consumo; e IV - igualdade da assistncia sade, sem preconcei-
tos ou privilgios de qualquer espcie;
II - o controle da prestao de servios que se relacio-
nam direta ou indiretamente com a sade. V - direito informao, s pessoas assistidas, sobre
sua sade;
2 Entende-se por vigilncia epidemiolgica um con-
junto de aes que proporcionam o conhecimento, a deteco VI - divulgao de informaes quanto ao potencial dos
ou preveno de qualquer mudana nos fatores determinan- servios de sade e a sua utilizao pelo usurio;
tes e condicionantes de sade individual ou coletiva, com a
finalidade de recomendar e adotar as medidas de preveno VII - utilizao da epidemiologia para o estabelecimento
e controle das doenas ou agravos. de prioridades, a alocao de recursos e a orientao pro-
gramtica;
3 Entende-se por sade do trabalhador, para fins
desta lei, um conjunto de atividades que se destina, atravs VIII - participao da comunidade;
das aes de vigilncia epidemiolgica e vigilncia sanitria, IX - descentralizao poltico-administrativa, com dire-
promoo e proteo da sade dos trabalhadores, assim o nica em cada esfera de governo:
como visa recuperao e reabilitao da sade dos traba-
lhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das con- a) nfase na descentralizao dos servios para os
dies de trabalho, abrangendo: municpios;

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b) regionalizao e hierarquizao da rede de servios Art. 14. Devero ser criadas Comisses Permanentes
de sade; de integrao entre os servios de sade e as instituies de
ensino profissional e superior.
X - integrao em nvel executivo das aes de sade,
meio ambiente e saneamento bsico; Pargrafo nico. Cada uma dessas comisses ter por
finalidade propor prioridades, mtodos e estratgias para a
XI - conjugao dos recursos financeiros, tecnolgicos, formao e educao continuada dos recursos humanos do
materiais e humanos da Unio, dos Estados, do Distrito Fede- Sistema nico de Sade (SUS), na esfera correspondente,
ral e dos Municpios na prestao de servios de assistncia assim como em relao pesquisa e cooperao tcnica
sade da populao; entre essas instituies.
XII - capacidade de resoluo dos servios em todos os Art. 14-A. As Comisses Intergestores Bipartite e Tri-
nveis de assistncia; e partite so reconhecidas como foros de negociao e pactua-
XIII - organizao dos servios pblicos de modo a evi- o entre gestores, quanto aos aspectos operacionais do
tar duplicidade de meios para fins idnticos. Sistema nico de Sade (SUS). (Includo pela Lei n
12.466, de 2011).
CAPTULO III
Pargrafo nico. A atuao das Comisses Intergesto-
Da Organizao, da Direo e da Gesto res Bipartite e Tripartite ter por objetivo: (Includo pela
Art. 8 As aes e servios de sade, executados pelo Lei n 12.466, de 2011).
Sistema nico de Sade (SUS), seja diretamente ou median- I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e
te participao complementar da iniciativa privada, sero administrativos da gesto compartilhada do SUS, em confor-
organizados de forma regionalizada e hierarquizada em nveis midade com a definio da poltica consubstanciada em pla-
de complexidade crescente. nos de sade, aprovados pelos conselhos de sade;
Art. 9 A direo do Sistema nico de Sade (SUS) (Includo pela Lei n 12.466, de 2011).
nica, de acordo com o inciso I do art. 198 da Constituio II - definir diretrizes, de mbito nacional, regional e in-
Federal, sendo exercida em cada esfera de governo pelos termunicipal, a respeito da organizao das redes de aes e
seguintes rgos: servios de sade, principalmente no tocante sua gover-
I - no mbito da Unio, pelo Ministrio da Sade; nana institucional e integrao das aes e servios dos
entes federados; (Includo pela Lei n 12.466, de 2011).
II - no mbito dos Estados e do Distrito Federal, pela
respectiva Secretaria de Sade ou rgo equivalente; e III - fixar diretrizes sobre as regies de sade, distrito
sanitrio, integrao de territrios, referncia e contrarrefe-
III - no mbito dos Municpios, pela respectiva Secreta- rncia e demais aspectos vinculados integrao das aes
ria de Sade ou rgo equivalente. e servios de sade entre os entes federados. (Includo
pela Lei n 12.466, de 2011).
Art. 10. Os municpios podero constituir consrcios
para desenvolver em conjunto as aes e os servios de Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretrios de Sa-
sade que lhes correspondam. de (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Munici-
pais de Sade (Conasems) so reconhecidos como entidades
1 Aplica-se aos consrcios administrativos intermu-
representativas dos entes estaduais e municipais para tratar
nicipais o princpio da direo nica, e os respectivos atos
de matrias referentes sade e declarados de utilidade
constitutivos disporo sobre sua observncia.
pblica e de relevante funo social, na forma do regulamen-
2 No nvel municipal, o Sistema nico de Sade to. (Includo pela Lei n 12.466, de 2011).
(SUS), poder organizar-se em distritos de forma a integrar e
1o O Conass e o Conasems recebero recursos do
articular recursos, tcnicas e prticas voltadas para a cobertu-
oramento geral da Unio por meio do Fundo Nacional de
ra total das aes de sade.
Sade, para auxiliar no custeio de suas despesas institucio-
Art. 11. (Vetado). nais, podendo ainda celebrar convnios com a Unio.
(Includo pela Lei n 12.466, de 2011).
Art. 12. Sero criadas comisses intersetoriais de mbi-
to nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de Sade, 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Sa-
integradas pelos Ministrios e rgos competentes e por de (Cosems) so reconhecidos como entidades que represen-
entidades representativas da sociedade civil. tam os entes municipais, no mbito estadual, para tratar de
matrias referentes sade, desde que vinculados institucio-
Pargrafo nico. As comisses intersetoriais tero a fi- nalmente ao Conasems, na forma que dispuserem seus esta-
nalidade de articular polticas e programas de interesse para a tutos. (Includo pela Lei n 12.466, de 2011).
sade, cuja execuo envolva reas no compreendidas no
mbito do Sistema nico de Sade (SUS). CAPTULO IV
Art. 13. A articulao das polticas e programas, a car- Da Competncia e das Atribuies
go das comisses intersetoriais, abranger, em especial, as
Seo I
seguintes atividades:
Das Atribuies Comuns
I - alimentao e nutrio;
Art. 15. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os
II - saneamento e meio ambiente;
Municpios exercero, em seu mbito administrativo, as se-
III - vigilncia sanitria e farmacoepidemiologia; guintes atribuies:
IV - recursos humanos; I - definio das instncias e mecanismos de controle,
avaliao e de fiscalizao das aes e servios de sade;
V - cincia e tecnologia; e
II - administrao dos recursos oramentrios e finan-
VI - sade do trabalhador. ceiros destinados, em cada ano, sade;

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III - acompanhamento, avaliao e divulgao do nvel II - participar na formulao e na implementao das
de sade da populao e das condies ambientais; polticas:
IV - organizao e coordenao do sistema de informa- a) de controle das agresses ao meio ambiente;
o de sade;
b) de saneamento bsico; e
V - elaborao de normas tcnicas e estabelecimento
de padres de qualidade e parmetros de custos que caracte- c) relativas s condies e aos ambientes de trabalho;
rizam a assistncia sade; III - definir e coordenar os sistemas:
VI - elaborao de normas tcnicas e estabelecimento a) de redes integradas de assistncia de alta complexi-
de padres de qualidade para promoo da sade do traba- dade;
lhador;
b) de rede de laboratrios de sade pblica;
VII - participao de formulao da poltica e da execu-
o das aes de saneamento bsico e colaborao na pro- c) de vigilncia epidemiolgica; e
teo e recuperao do meio ambiente; d) vigilncia sanitria;
VIII - elaborao e atualizao peridica do plano de IV - participar da definio de normas e mecanismos de
sade; controle, com rgo afins, de agravo sobre o meio ambiente
IX - participao na formulao e na execuo da pol- ou dele decorrentes, que tenham repercusso na sade hu-
tica de formao e desenvolvimento de recursos humanos mana;
para a sade; V - participar da definio de normas, critrios e pa-
X - elaborao da proposta oramentria do Sistema dres para o controle das condies e dos ambientes de
nico de Sade (SUS), de conformidade com o plano de trabalho e coordenar a poltica de sade do trabalhador;
sade; VI - coordenar e participar na execuo das aes de
XI - elaborao de normas para regular as atividades vigilncia epidemiolgica;
de servios privados de sade, tendo em vista a sua relevn- VII - estabelecer normas e executar a vigilncia sanit-
cia pblica; ria de portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execuo ser
XII - realizao de operaes externas de natureza fi- complementada pelos Estados, Distrito Federal e Municpios;
nanceira de interesse da sade, autorizadas pelo Senado VIII - estabelecer critrios, parmetros e mtodos para
Federal; o controle da qualidade sanitria de produtos, substncias e
XIII - para atendimento de necessidades coletivas, ur- servios de consumo e uso humano;
gentes e transitrias, decorrentes de situaes de perigo IX - promover articulao com os rgos educacionais
iminente, de calamidade pblica ou de irrupo de epidemias, e de fiscalizao do exerccio profissional, bem como com
a autoridade competente da esfera administrativa correspon- entidades representativas de formao de recursos humanos
dente poder requisitar bens e servios, tanto de pessoas na rea de sade;
naturais como de jurdicas, sendo-lhes assegurada justa in-
denizao; X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na
execuo da poltica nacional e produo de insumos e equi-
XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, pamentos para a sade, em articulao com os demais r-
Componentes e Derivados; gos governamentais;
XV - propor a celebrao de convnios, acordos e pro- XI - identificar os servios estaduais e municipais de re-
tocolos internacionais relativos sade, saneamento e meio ferncia nacional para o estabelecimento de padres tcnicos
ambiente; de assistncia sade;
XVI - elaborar normas tcnico-cientficas de promoo, XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
proteo e recuperao da sade; substncias de interesse para a sade;
XVII - promover articulao com os rgos de fiscaliza- XIII - prestar cooperao tcnica e financeira aos Esta-
o do exerccio profissional e outras entidades representati- dos, ao Distrito Federal e aos Municpios para o aperfeioa-
vas da sociedade civil para a definio e controle dos padres mento da sua atuao institucional;
ticos para pesquisa, aes e servios de sade;
XIV - elaborar normas para regular as relaes entre o
XVIII - promover a articulao da poltica e dos planos Sistema nico de Sade (SUS) e os servios privados contra-
de sade; tados de assistncia sade;
XIX - realizar pesquisas e estudos na rea de sade; XV - promover a descentralizao para as Unidades
XX - definir as instncias e mecanismos de controle e Federadas e para os Municpios, dos servios e aes de
fiscalizao inerentes ao poder de polcia sanitria; sade, respectivamente, de abrangncia estadual e munici-
pal;
XXI - fomentar, coordenar e executar programas e pro-
jetos estratgicos e de atendimento emergencial. XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema
Nacional de Sangue, Componentes e Derivados;
Seo II
XVII - acompanhar, controlar e avaliar as aes e os
Da Competncia servios de sade, respeitadas as competncias estaduais e
Art. 16. A direo nacional do Sistema nico da Sade municipais;
(SUS) compete: XVIII - elaborar o Planejamento Estratgico Nacional no
I - formular, avaliar e apoiar polticas de alimentao e mbito do SUS, em cooperao tcnica com os Estados,
nutrio; Municpios e Distrito Federal;

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XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e III - participar da execuo, controle e avaliao das
coordenar a avaliao tcnica e financeira do SUS em todo o aes referentes s condies e aos ambientes de trabalho;
Territrio Nacional em cooperao tcnica com os Estados,
Municpios e Distrito Federal. (Vide Decreto n 1.651, de IV - executar servios:
1995) a) de vigilncia epidemiolgica;
Pargrafo nico. A Unio poder executar aes de vi- b) vigilncia sanitria;
gilncia epidemiolgica e sanitria em circunstncias especi-
ais, como na ocorrncia de agravos inusitados sade, que c) de alimentao e nutrio;
possam escapar do controle da direo estadual do Sistema d) de saneamento bsico; e
nico de Sade (SUS) ou que representem risco de dissemi-
nao nacional. e) de sade do trabalhador;
Art. 17. direo estadual do Sistema nico de Sade V - dar execuo, no mbito municipal, poltica de in-
(SUS) compete: sumos e equipamentos para a sade;
I - promover a descentralizao para os Municpios dos VI - colaborar na fiscalizao das agresses ao meio
servios e das aes de sade; ambiente que tenham repercusso sobre a sade humana e
atuar, junto aos rgos municipais, estaduais e federais com-
II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarqui- petentes, para control-las;
zadas do Sistema nico de Sade (SUS);
VII - formar consrcios administrativos intermunicipais;
III - prestar apoio tcnico e financeiro aos Municpios e
executar supletivamente aes e servios de sade; VIII - gerir laboratrios pblicos de sade e hemocen-
tros;
IV - coordenar e, em carter complementar, executar
aes e servios: IX - colaborar com a Unio e os Estados na execuo
da vigilncia sanitria de portos, aeroportos e fronteiras;
a) de vigilncia epidemiolgica;
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar
b) de vigilncia sanitria; contratos e convnios com entidades prestadoras de servios
c) de alimentao e nutrio; e privados de sade, bem como controlar e avaliar sua execu-
o;
d) de sade do trabalhador;
XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos servios
V - participar, junto com os rgos afins, do controle privados de sade;
dos agravos do meio ambiente que tenham repercusso na
sade humana; XII - normatizar complementarmente as aes e servi-
os pblicos de sade no seu mbito de atuao.
VI - participar da formulao da poltica e da execuo
de aes de saneamento bsico; Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuies
reservadas aos Estados e aos Municpios.
VII - participar das aes de controle e avaliao das
condies e dos ambientes de trabalho; CAPTULO V

VIII - em carter suplementar, formular, executar, Do Subsistema de Ateno Sade Indgena


acompanhar e avaliar a poltica de insumos e equipamentos (Includo pela Lei n 9.836, de 1999)
para a sade; Art. 19-A. As aes e servios de sade voltados para
IX - identificar estabelecimentos hospitalares de refe- o atendimento das populaes indgenas, em todo o territrio
rncia e gerir sistemas pblicos de alta complexidade, de nacional, coletiva ou individualmente, obedecero ao disposto
referncia estadual e regional; nesta Lei. (Includo pela Lei n 9.836, de 1999)

X - coordenar a rede estadual de laboratrios de sade Art. 19-B. institudo um Subsistema de Ateno
pblica e hemocentros, e gerir as unidades que permaneam Sade Indgena, componente do Sistema nico de Sade
em sua organizao administrativa; SUS, criado e definido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28
de dezembro de 1990, com o qual funcionar em perfeita
XI - estabelecer normas, em carter suplementar, para integrao. (Includo pela Lei n 9.836, de 1999)
o controle e avaliao das aes e servios de sade;
Art. 19-C. Caber Unio, com seus recursos prprios,
XII - formular normas e estabelecer padres, em car- financiar o Subsistema de Ateno Sade Indgena.
ter suplementar, de procedimentos de controle de qualidade (Includo pela Lei n 9.836, de 1999)
para produtos e substncias de consumo humano;
Art. 19-D. O SUS promover a articulao do Subsis-
XIII - colaborar com a Unio na execuo da vigilncia tema institudo por esta Lei com os rgos responsveis pela
sanitria de portos, aeroportos e fronteiras; Poltica Indgena do Pas. (Includo pela Lei n 9.836, de
XIV - o acompanhamento, a avaliao e divulgao dos 1999)
indicadores de morbidade e mortalidade no mbito da unida- Art. 19-E. Os Estados, Municpios, outras instituies
de federada. governamentais e no-governamentais podero atuar com-
Art. 18. direo municipal do Sistema de Sade plementarmente no custeio e execuo das aes. (Inclu-
(SUS) compete: do pela Lei n 9.836, de 1999)

I - planejar, organizar, controlar e avaliar as aes e os Art. 19-F. Dever-se- obrigatoriamente levar em consi-
servios de sade e gerir e executar os servios pblicos de derao a realidade local e as especificidades da cultura dos
sade; povos indgenas e o modelo a ser adotado para a ateno
sade indgena, que se deve pautar por uma abordagem
II - participar do planejamento, programao e organi- diferenciada e global, contemplando os aspectos de assistn-
zao da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema ni- cia sade, saneamento bsico, nutrio, habitao, meio
co de Sade (SUS), em articulao com sua direo estadual;

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ambiente, demarcao de terras, educao sanitria e inte- da lei, a ser elaborado pelo rgo competente do Poder Exe-
grao institucional. (Includo pela Lei n 9.836, de 1999) cutivo. (Includo pela Lei n 11.108, de 2005)
Art. 19-G. O Subsistema de Ateno Sade Indgena 3o Ficam os hospitais de todo o Pas obrigados a
dever ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e manter, em local visvel de suas dependncias, aviso infor-
regionalizado. (Includo pela Lei n 9.836, de 1999) mando sobre o direito estabelecido no caput deste artigo.
(Includo pela Lei n 12.895, de 2013)
1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo te-
r como base os Distritos Sanitrios Especiais Indgenas. Art. 19-L. (VETADO) (Includo pela Lei n 11.108,
(Includo pela Lei n 9.836, de 1999) de 2005)
2o O SUS servir de retaguarda e referncia ao Sub- CAPTULO VIII
sistema de Ateno Sade Indgena, devendo, para isso,
ocorrer adaptaes na estrutura e organizao do SUS nas (Includo pela Lei n 12.401, de 2011)
regies onde residem as populaes indgenas, para propiciar DA ASSISTNCIA TERAPUTICA E DA INCORPORAO
essa integrao e o atendimento necessrio em todos os DE TECNOLOGIA EM SADE
nveis, sem discriminaes. (Includo pela Lei n 9.836, de
1999) Art. 19-M. A assistncia teraputica integral a que se
refere a alnea d do inciso I do art. 6o consiste em: (Inclu-
3o As populaes indgenas devem ter acesso garan- do pela Lei n 12.401, de 2011)
tido ao SUS, em mbito local, regional e de centros especiali-
zados, de acordo com suas necessidades, compreendendo a I - dispensao de medicamentos e produtos de inte-
ateno primria, secundria e terciria sade. (Inclu- resse para a sade, cuja prescrio esteja em conformidade
do pela Lei n 9.836, de 1999) com as diretrizes teraputicas definidas em protocolo clnico
para a doena ou o agravo sade a ser tratado ou, na falta
Art. 19-H. As populaes indgenas tero direito a par- do protocolo, em conformidade com o disposto no art. 19-
ticipar dos organismos colegiados de formulao, acompa- P; (Includo pela Lei n 12.401, de 2011)
nhamento e avaliao das polticas de sade, tais como o
Conselho Nacional de Sade e os Conselhos Estaduais e II - oferta de procedimentos teraputicos, em regime
Municipais de Sade, quando for o caso. (Includo pela Lei domiciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas
n 9.836, de 1999) elaboradas pelo gestor federal do Sistema nico de Sade -
SUS, realizados no territrio nacional por servio prprio,
CAPTULO VI conveniado ou contratado.
DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO E INTERNAO Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M,
DOMICILIAR so adotadas as seguintes definies:
(Includo pela Lei n 10.424, de 2002)
I - produtos de interesse para a sade: rteses, prte-
Art. 19-I. So estabelecidos, no mbito do Sistema ni- ses, bolsas coletoras e equipamentos mdicos;
co de Sade, o atendimento domiciliar e a internao domici-
liar. (Includo pela Lei n 10.424, de 2002) II - protocolo clnico e diretriz teraputica: documento
que estabelece critrios para o diagnstico da doena ou do
1o Na modalidade de assistncia de atendimento e in- agravo sade; o tratamento preconizado, com os medica-
ternao domiciliares incluem-se, principalmente, os procedi- mentos e demais produtos apropriados, quando couber; as
mentos mdicos, de enfermagem, fisioteraputicos, psicolgi- posologias recomendadas; os mecanismos de controle clni-
cos e de assistncia social, entre outros necessrios ao cui- co; e o acompanhamento e a verificao dos resultados tera-
dado integral dos pacientes em seu domiclio. (Includo puticos, a serem seguidos pelos gestores do SUS.
pela Lei n 10.424, de 2002) (Includo pela Lei n 12.401, de 2011)
2o O atendimento e a internao domiciliares sero Art. 19-O. Os protocolos clnicos e as diretrizes tera-
realizados por equipes multidisciplinares que atuaro nos puticas devero estabelecer os medicamentos ou produtos
nveis da medicina preventiva, teraputica e reabilitadora. necessrios nas diferentes fases evolutivas da doena ou do
(Includo pela Lei n 10.424, de 2002) agravo sade de que tratam, bem como aqueles indicados
3o O atendimento e a internao domiciliares s po- em casos de perda de eficcia e de surgimento de intolern-
dero ser realizados por indicao mdica, com expressa cia ou reao adversa relevante, provocadas pelo medica-
concordncia do paciente e de sua famlia. (Includo pela mento, produto ou procedimento de primeira escolha.
Lei n 10.424, de 2002) (Includo pela Lei n 12.401, de 2011)

CAPTULO VII Pargrafo nico. Em qualquer caso, os medicamentos


ou produtos de que trata o caput deste artigo sero aqueles
DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DU- avaliados quanto sua eficcia, segurana, efetividade e
RANTE O TRABALHO DE PARTO, PARTO E PS-PARTO custo-efetividade para as diferentes fases evolutivas da doen-
IMEDIATO a ou do agravo sade de que trata o protocolo. (Inclu-
(Includo pela Lei n 11.108, de 2005) do pela Lei n 12.401, de 2011)
Art. 19-J. Os servios de sade do Sistema nico de Art. 19-P. Na falta de protocolo clnico ou de diretriz
Sade - SUS, da rede prpria ou conveniada, ficam obrigados teraputica, a dispensao ser realizada: (Includo pela
a permitir a presena, junto parturiente, de 1 (um) acompa- Lei n 12.401, de 2011)
nhante durante todo o perodo de trabalho de parto, parto e
ps-parto imediato. (Includo pela Lei n 11.108, de I - com base nas relaes de medicamentos institudas
2005) pelo gestor federal do SUS, observadas as competncias
estabelecidas nesta Lei, e a responsabilidade pelo forneci-
1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo mento ser pactuada na Comisso Intergestores Triparti-
ser indicado pela parturiente. (Includo pela Lei n te; (Includo pela Lei n 12.401, de 2011)
11.108, de 2005)
II - no mbito de cada Estado e do Distrito Federal, de
2o As aes destinadas a viabilizar o pleno exerccio forma suplementar, com base nas relaes de medicamentos
dos direitos de que trata este artigo constaro do regulamento institudas pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabili-

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dade pelo fornecimento ser pactuada na Comisso Interges- Art. 19-T. So vedados, em todas as esferas de ges-
tores Bipartite; (Includo pela Lei n 12.401, de 2011) to do SUS: (Includo pela Lei n 12.401, de 2011)
III - no mbito de cada Municpio, de forma suplemen- I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de
tar, com base nas relaes de medicamentos institudas pelos medicamento, produto e procedimento clnico ou cirrgico
gestores municipais do SUS, e a responsabilidade pelo forne- experimental, ou de uso no autorizado pela Agncia Nacio-
cimento ser pactuada no Conselho Municipal de Sade. nal de Vigilncia Sanitria - ANVISA; (Includo pela Lei n
(Includo pela Lei n 12.401, de 2011) 12.401, de 2011)
Art. 19-Q. A incorporao, a excluso ou a alterao II - a dispensao, o pagamento, o ressarcimento ou o
pelo SUS de novos medicamentos, produtos e procedimen- reembolso de medicamento e produto, nacional ou importado,
tos, bem como a constituio ou a alterao de protocolo sem registro na Anvisa.
clnico ou de diretriz teraputica, so atribuies do Ministrio
da Sade, assessorado pela Comisso Nacional de Incorpo- Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo forneci-
rao de Tecnologias no SUS. (Includo pela Lei n mento de medicamentos, produtos de interesse para a sade
12.401, de 2011) ou procedimentos de que trata este Captulo ser pactuada
na Comisso Intergestores Tripartite. (Includo pela Lei
1o A Comisso Nacional de Incorporao de Tecno- n 12.401, de 2011)
logias no SUS, cuja composio e regimento so definidos
em regulamento, contar com a participao de 1 (um) repre- TTULO III
sentante indicado pelo Conselho Nacional de Sade e de 1 DOS SERVIOS PRIVADOS DE ASSISTNCIA SADE
(um) representante, especialista na rea, indicado pelo Con-
selho Federal de Medicina. (Includo pela Lei n 12.401, CAPTULO I
de 2011) Do Funcionamento
2o O relatrio da Comisso Nacional de Incorpora- Art. 20. Os servios privados de assistncia sade
o de Tecnologias no SUS levar em considerao, neces- caracterizam-se pela atuao, por iniciativa prpria, de profis-
sariamente: (Includo pela Lei n 12.401, de 2011) sionais liberais, legalmente habilitados, e de pessoas jurdicas
I - as evidncias cientficas sobre a eficcia, a acur- de direito privado na promoo, proteo e recuperao da
cia, a efetividade e a segurana do medicamento, produto ou sade.
procedimento objeto do processo, acatadas pelo rgo com- Art. 21. A assistncia sade livre iniciativa priva-
petente para o registro ou a autorizao de uso; (Includo pela da.
Lei n 12.401, de 2011)
Art. 22. Na prestao de servios privados de assistn-
II - a avaliao econmica comparativa dos benefcios cia sade, sero observados os princpios ticos e as nor-
e dos custos em relao s tecnologias j incorporadas, in- mas expedidas pelo rgo de direo do Sistema nico de
clusive no que se refere aos atendimentos domiciliar, ambula- Sade (SUS) quanto s condies para seu funcionamento.
torial ou hospitalar, quando cabvel. (Includo pela Lei n
12.401, de 2011) Art. 23. permitida a participao direta ou indireta,
inclusive controle, de empresas ou de capital estrangeiro na
Art. 19-R. A incorporao, a excluso e a alterao a assistncia sade nos seguintes casos: (Redao dada
que se refere o art. 19-Q sero efetuadas mediante a instau- pela Lei n 13.097, de 2015)
rao de processo administrativo, a ser concludo em prazo
no superior a 180 (cento e oitenta) dias, contado da data em I - doaes de organismos internacionais vinculados
que foi protocolado o pedido, admitida a sua prorrogao por Organizao das Naes Unidas, de entidades de coopera-
90 (noventa) dias corridos, quando as circunstncias exigi- o tcnica e de financiamento e emprstimos; (Includo
rem. (Includo pela Lei n 12.401, de 2011) pela Lei n 13.097, de 2015)
1o O processo de que trata o caput deste artigo ob- II - pessoas jurdicas destinadas a instalar, operaciona-
servar, no que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 de lizar ou explorar: (Includo pela Lei n 13.097, de 2015)
janeiro de 1999, e as seguintes determinaes especi-
a) hospital geral, inclusive filantrpico, hospital especia-
ais: (Includo pela Lei n 12.401, de 2011)
lizado, policlnica, clnica geral e clnica especializada; e
I - apresentao pelo interessado dos documentos e, (Includo pela Lei n 13.097, de 2015)
se cabvel, das amostras de produtos, na forma do regula-
b) aes e pesquisas de planejamento familiar; (In-
mento, com informaes necessrias para o atendimento do
cludo pela Lei n 13.097, de 2015)
disposto no 2o do art. 19-Q; (Includo pela Lei n 12.401, de
2011) III - servios de sade mantidos, sem finalidade lucrati-
va, por empresas, para atendimento de seus empregados e
II - (VETADO); (Includo pela Lei n 12.401, de
dependentes, sem qualquer nus para a seguridade social;
2011)
e (Includo pela Lei n 13.097, de 2015)
III - realizao de consulta pblica que inclua a divul-
IV - demais casos previstos em legislao especfi-
gao do parecer emitido pela Comisso Nacional de Incorpo-
ca. (Includo pela Lei n 13.097, de 2015)
rao de Tecnologias no SUS; (Includo pela Lei n
12.401, de 2011) CAPTULO II
IV - realizao de audincia pblica, antes da tomada Da Participao Complementar
de deciso, se a relevncia da matria justificar o evento.
(Includo pela Lei n 12.401, de 2011) Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insufi-
cientes para garantir a cobertura assistencial populao de
2o (VETADO). (Includo pela Lei n 12.401, de uma determinada rea, o Sistema nico de Sade (SUS)
2011) poder recorrer aos servios ofertados pela iniciativa privada.
Art. 19-S. (VETADO). (Includo pela Lei n Pargrafo nico. A participao complementar dos ser-
12.401, de 2011) vios privados ser formalizada mediante contrato ou conv-
nio, observadas, a respeito, as normas de direito pblico.

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Art. 25. Na hiptese do artigo anterior, as entidades fi- Dos Recursos
lantrpicas e as sem fins lucrativos tero preferncia para
participar do Sistema nico de Sade (SUS). Art. 31. O oramento da seguridade social destinar ao
Sistema nico de Sade (SUS) de acordo com a receita esti-
Art. 26. Os critrios e valores para a remunerao de mada, os recursos necessrios realizao de suas finalida-
servios e os parmetros de cobertura assistencial sero des, previstos em proposta elaborada pela sua direo nacio-
estabelecidos pela direo nacional do Sistema nico de nal, com a participao dos rgos da Previdncia Social e da
Sade (SUS), aprovados no Conselho Nacional de Sade. Assistncia Social, tendo em vista as metas e prioridades
estabelecidas na Lei de Diretrizes Oramentrias.
1 Na fixao dos critrios, valores, formas de reajus-
te e de pagamento da remunerao aludida neste artigo, a Art. 32. So considerados de outras fontes os recursos
direo nacional do Sistema nico de Sade (SUS) dever provenientes de:
fundamentar seu ato em demonstrativo econmico-financeiro
que garanta a efetiva qualidade de execuo dos servios I - (Vetado)
contratados. II - Servios que possam ser prestados sem prejuzo da
2 Os servios contratados submeter-se-o s nor- assistncia sade;
mas tcnicas e administrativas e aos princpios e diretrizes do III - ajuda, contribuies, doaes e donativos;
Sistema nico de Sade (SUS), mantido o equilbrio econ-
mico e financeiro do contrato. IV - alienaes patrimoniais e rendimentos de capital;

3 (Vetado). V - taxas, multas, emolumentos e preos pblicos arre-


cadados no mbito do Sistema nico de Sade (SUS); e
4 Aos proprietrios, administradores e dirigentes de
entidades ou servios contratados vedado exercer cargo de VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais.
chefia ou funo de confiana no Sistema nico de Sade 1 Ao Sistema nico de Sade (SUS) caber metade
(SUS). da receita de que trata o inciso I deste artigo, apurada men-
TTULO IV salmente, a qual ser destinada recuperao de viciados.

DOS RECURSOS HUMANOS 2 As receitas geradas no mbito do Sistema nico


de Sade (SUS) sero creditadas diretamente em contas
Art. 27. A poltica de recursos humanos na rea da sa- especiais, movimentadas pela sua direo, na esfera de po-
de ser formalizada e executada, articuladamente, pelas der onde forem arrecadadas.
diferentes esferas de governo, em cumprimento dos seguintes
objetivos: 3 As aes de saneamento que venham a ser exe-
cutadas supletivamente pelo Sistema nico de Sade (SUS),
I - organizao de um sistema de formao de recursos sero financiadas por recursos tarifrios especficos e outros
humanos em todos os nveis de ensino, inclusive de ps- da Unio, Estados, Distrito Federal, Municpios e, em particu-
graduao, alm da elaborao de programas de permanente lar, do Sistema Financeiro da Habitao (SFH).
aperfeioamento de pessoal;
4 (Vetado).
II - (Vetado)
5 As atividades de pesquisa e desenvolvimento cien-
III - (Vetado) tfico e tecnolgico em sade sero co-financiadas pelo Sis-
IV - valorizao da dedicao exclusiva aos servios do tema nico de Sade (SUS), pelas universidades e pelo or-
Sistema nico de Sade (SUS). amento fiscal, alm de recursos de instituies de fomento e
financiamento ou de origem externa e receita prpria das
Pargrafo nico. Os servios pblicos que integram o instituies executoras.
Sistema nico de Sade (SUS) constituem campo de prtica
para ensino e pesquisa, mediante normas especficas, elabo- 6 (Vetado).
radas conjuntamente com o sistema educacional. CAPTULO II
Art. 28. Os cargos e funes de chefia, direo e as- Da Gesto Financeira
sessoramento, no mbito do Sistema nico de Sade (SUS),
s podero ser exercidas em regime de tempo integral. Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema nico de
Sade (SUS) sero depositados em conta especial, em cada
1 Os servidores que legalmente acumulam dois car- esfera de sua atuao, e movimentados sob fiscalizao dos
gos ou empregos podero exercer suas atividades em mais respectivos Conselhos de Sade.
de um estabelecimento do Sistema nico de Sade (SUS).
1 Na esfera federal, os recursos financeiros, origin-
2 O disposto no pargrafo anterior aplica-se tambm rios do Oramento da Seguridade Social, de outros Oramen-
aos servidores em regime de tempo integral, com exceo tos da Unio, alm de outras fontes, sero administrados pelo
dos ocupantes de cargos ou funo de chefia, direo ou Ministrio da Sade, atravs do Fundo Nacional de Sade.
assessoramento.
2 (Vetado).
Art. 29. (Vetado).
3 (Vetado).
Art. 30. As especializaes na forma de treinamento
em servio sob superviso sero regulamentadas por Comis- 4 O Ministrio da Sade acompanhar, atravs de
so Nacional, instituda de acordo com o art. 12 desta Lei, seu sistema de auditoria, a conformidade programao
garantida a participao das entidades profissionais corres- aprovada da aplicao dos recursos repassados a Estados e
pondentes. Municpios. Constatada a malversao, desvio ou no aplica-
o dos recursos, caber ao Ministrio da Sade aplicar as
TTULO V medidas previstas em lei.
DO FINANCIAMENTO Art. 34. As autoridades responsveis pela distribuio
CAPTULO I da receita efetivamente arrecadada transferiro automatica-
mente ao Fundo Nacional de Sade (FNS), observado o crit-

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rio do pargrafo nico deste artigo, os recursos financeiros DAS DISPOSIES FINAIS E TRANSITRIAS
correspondentes s dotaes consignadas no Oramento da
Seguridade Social, a projetos e atividades a serem executa- Art. 39. (Vetado).
dos no mbito do Sistema nico de Sade (SUS). 1 (Vetado).
Pargrafo nico. Na distribuio dos recursos financei- 2 (Vetado).
ros da Seguridade Social ser observada a mesma proporo
da despesa prevista de cada rea, no Oramento da Seguri- 3 (Vetado).
dade Social. 4 (Vetado).
Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem 5 A cesso de uso dos imveis de propriedade do
transferidos a Estados, Distrito Federal e Municpios, ser Inamps para rgos integrantes do Sistema nico de Sade
utilizada a combinao dos seguintes critrios, segundo anli- (SUS) ser feita de modo a preserv-los como patrimnio da
se tcnica de programas e projetos: Seguridade Social.
I - perfil demogrfico da regio; 6 Os imveis de que trata o pargrafo anterior sero
II - perfil epidemiolgico da populao a ser coberta; inventariados com todos os seus acessrios, equipamentos e
outros bens mveis e ficaro disponveis para utilizao pelo
III - caractersticas quantitativas e qualitativas da rede rgo de direo municipal do Sistema nico de Sade - SUS
de sade na rea; ou, eventualmente, pelo estadual, em cuja circunscrio ad-
IV - desempenho tcnico, econmico e financeiro no ministrativa se encontrem, mediante simples termo de rece-
perodo anterior; bimento.

V - nveis de participao do setor sade nos oramen- 7 (Vetado).


tos estaduais e municipais; 8 O acesso aos servios de informtica e bases de
VI - previso do plano quinquenal de investimentos da dados, mantidos pelo Ministrio da Sade e pelo Ministrio do
rede; Trabalho e da Previdncia Social, ser assegurado s Secre-
tarias Estaduais e Municipais de Sade ou rgos congne-
VII - ressarcimento do atendimento a servios presta- res, como suporte ao processo de gesto, de forma a permitir
dos para outras esferas de governo. a gerencia informatizada das contas e a disseminao de
estatsticas sanitrias e epidemiolgicas mdico-hospitalares.
2 Nos casos de Estados e Municpios sujeitos a not-
rio processo de migrao, os critrios demogrficos mencio- Art. 40. (Vetado)
nados nesta lei sero ponderados por outros indicadores de
crescimento populacional, em especial o nmero de eleitores Art. 41. As aes desenvolvidas pela Fundao das Pi-
registrados. oneiras Sociais e pelo Instituto Nacional do Cncer, supervisi-
onadas pela direo nacional do Sistema nico de Sade
3 (Vetado). (SUS), permanecero como referencial de prestao de ser-
vios, formao de recursos humanos e para transferncia de
4 (Vetado). tecnologia.
5 (Vetado). Art. 42. (Vetado).
6 O disposto no pargrafo anterior no prejudica a Art. 43. A gratuidade das aes e servios de sade fi-
atuao dos rgos de controle interno e externo e nem a ca preservada nos servios pblicos contratados, ressalvan-
aplicao de penalidades previstas em lei, em caso de irregu- do-se as clusulas dos contratos ou convnios estabelecidos
laridades verificadas na gesto dos recursos transferidos. com as entidades privadas.
CAPTULO III Art. 44. (Vetado).
Do Planejamento e do Oramento Art. 45. Os servios de sade dos hospitais universit-
Art. 36. O processo de planejamento e oramento do rios e de ensino integram-se ao Sistema nico de Sade
Sistema nico de Sade (SUS) ser ascendente, do nvel (SUS), mediante convnio, preservada a sua autonomia ad-
local at o federal, ouvidos seus rgos deliberativos, compa- ministrativa, em relao ao patrimnio, aos recursos humanos
tibilizando-se as necessidades da poltica de sade com a e financeiros, ensino, pesquisa e extenso nos limites confe-
disponibilidade de recursos em planos de sade dos Munic- ridos pelas instituies a que estejam vinculados.
pios, dos Estados, do Distrito Federal e da Unio. 1 Os servios de sade de sistemas estaduais e
1 Os planos de sade sero a base das atividades e municipais de previdncia social devero integrar-se direo
programaes de cada nvel de direo do Sistema nico de correspondente do Sistema nico de Sade (SUS), conforme
Sade (SUS), e seu financiamento ser previsto na respectiva seu mbito de atuao, bem como quaisquer outros rgos e
proposta oramentria. servios de sade.
2 vedada a transferncia de recursos para o finan- 2 Em tempo de paz e havendo interesse recproco,
ciamento de aes no previstas nos planos de sade, exceto os servios de sade das Foras Armadas podero integrar-
em situaes emergenciais ou de calamidade pblica, na rea se ao Sistema nico de Sade (SUS), conforme se dispuser
de sade. em convnio que, para esse fim, for firmado.
Art. 37. O Conselho Nacional de Sade estabelecer Art. 46. o Sistema nico de Sade (SUS), estabelecer
as diretrizes a serem observadas na elaborao dos planos mecanismos de incentivos participao do setor privado no
de sade, em funo das caractersticas epidemiolgicas e da investimento em cincia e tecnologia e estimular a transfe-
organizao dos servios em cada jurisdio administrativa. rncia de tecnologia das universidades e institutos de pesqui-
sa aos servios de sade nos Estados, Distrito Federal e
Art. 38. No ser permitida a destinao de subven- Municpios, e s empresas nacionais.
es e auxlios a instituies prestadoras de servios de sa-
de com finalidade lucrativa. Art. 47. O Ministrio da Sade, em articulao com os
nveis estaduais e municipais do Sistema nico de Sade

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(SUS), organizar, no prazo de dois anos, um sistema nacio- II. O psiclogo trabalhar visando promover a sade e a
nal de informaes em sade, integrado em todo o territrio qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribu-
nacional, abrangendo questes epidemiolgicas e de presta- ir para a eliminao de quaisquer formas de negligncia,
o de servios. discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso.
III. O psiclogo atuar com responsabilidade social, anali-
Art. 48. (Vetado). sando crtica e historicamente a realidade poltica, econmica,
Art. 49. (Vetado). social e cultural.
IV. O psiclogo atuar com responsabilidade, por meio do
Art. 50. Os convnios entre a Unio, os Estados e os contnuo aprimoramento profissional, contribuindo para o
Municpios, celebrados para implantao dos Sistemas Unifi- desenvolvimento da Psicologia como campo cientfico de
cados e Descentralizados de Sade, ficaro rescindidos conhecimento e de prtica.
proporo que seu objeto for sendo absorvido pelo Sistema V. O psiclogo contribuir para promover a universaliza-
nico de Sade (SUS). o do acesso da populao s informaes, ao conhecimen-
Art. 51. (Vetado). to da cincia psicolgica, aos servios e aos padres ticos
da profisso.
Art. 52. Sem prejuzo de outras sanes cabveis, cons- VI. O psiclogo zelar para que o exerccio profissional se-
titui crime de emprego irregular de verbas ou rendas pblicas ja efetuado com dignidade, rejeitando situaes em que a
(Cdigo Penal, art. 315) a utilizao de recursos financeiros Psicologia esteja sendo aviltada.
do Sistema nico de Sade (SUS) em finalidades diversas VII. O psiclogo considerar as relaes de poder nos
das previstas nesta lei. contextos em que atua e os impactos dessas relaes sobre
as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma
Art. 53. (Vetado).
crtica e em consonncia com os demais princpios deste
Art. 53-A. Na qualidade de aes e servios de sade, Cdigo.
as atividades de apoio assistncia sade so aquelas DAS RESPONSABILIDADES DO PSICLOGO
desenvolvidas pelos laboratrios de gentica humana, produ- Art. 1 So deveres fundamentais dos psiclogos:
o e fornecimento de medicamentos e produtos para sade, a) Conhecer, divulgar, cumprir e fazer cumprir este Cdi-
laboratrios de analises clnicas, anatomia patolgica e de go;
diagnstico por imagem e so livres participao direta ou b) Assumir responsabilidades profissionais somente por
indireta de empresas ou de capitais estrangeiros. (Inclu- atividades para as quais esteja capacitado pessoal, terica e
do pela Lei n 13.097, de 2015) tecnicamente;
c) Prestar servios psicolgicos de qualidade, em condi-
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publica- es de trabalho dignas e apropriadas natureza desses
o. servios, utilizando princpios, conhecimentos e tcnicas re-
Art. 55. So revogadas a Lei n. 2.312, de 3 de setem- conhecidamente fundamentados na cincia psicolgica, na
bro de 1954, a Lei n. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais tica e na legislao profissional;
disposies em contrrio. d) Prestar servios profissionais em situaes de calami-
dade pblica ou de emergncia, sem visar benefcio pessoal;
Braslia, 19 de setembro de 1990; 169 da Independn- e) Estabelecer acordos de prestao de servios que res-
cia e 102 da Repblica. peitem os direitos do usurio ou beneficirio de servios de
Psicologia;
f) Fornecer, a quem de direito, na prestao de servios
Resoluo CFP N 010/05 - O Cdigo de tica Profissional
psicolgicos, informaes concernentes ao trabalho a ser
do Psiclogo - Em vigor desde o dia 27 de agosto de 2005.
realizado e ao seu objetivo profissional;
g) Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes
RESOLUO CFP N 010/05 da prestao de servios psicolgicos, transmitindo somente
Aprova o Cdigo de tica Profissional do Psiclogo. o que for necessrio para a tomada de decises que afetem o
O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de usurio ou beneficirio;
suas atribuies legais e regimentais, que lhe so conferidas h) Orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos
pela Lei no 5.766, de 20 de dezembro de 1971; apropriados, a partir da prestao de servios psicolgicos, e
CONSIDERANDO o disposto no Art. 6, letra e, da Lei fornecer, sempre que solicitado, os documentos pertinentes
no 5.766 de 20/12/1971, e o Art. 6, inciso VII, do Decreto no ao bom termo do trabalho;
79.822 de 17/6/1977; i) Zelar para que a comercializao, aquisio, doao,
CONSIDERANDO o disposto na Constituio Federal de emprstimo, guarda e forma de divulgao do material privati-
1988, conhecida como Constituio cidad, que consolida o vo do psiclogo sejam feitas conforme os princpios deste
Estado Democrtico de Direito e legislaes dela decorrentes; Cdigo;
CONSIDERANDO deciso deste Plenrio em reunio rea- j) Ter, para com o trabalho dos psiclogos e de outros pro-
lizada no dia 21 de julho de 2005; fissionais, respeito, considerao e solidariedade, e, quando
RESOLVE: solicitado, colaborar com estes, salvo impedimento por motivo
Art. 1o - Aprovar o Cdigo de tica Profissional do Psic- relevante;
logo. k) Sugerir servios de outros psiclogos, sempre que, por
Art. 2 - A presente Resoluo entrar em vigor no dia 27 motivos justificveis, no puderem ser continuados pelo pro-
de agosto de 2005. fissional que os assumiu inicialmente, fornecendo ao seu
Art. 3 - Revogam-se as disposies em contrrio, em es- substituto as informaes necessrias continuidade do
pecial a Resoluo CFP n 002/87. trabalho;
Braslia, 21 de julho de 2005. l) Levar ao conhecimento das instncias competentes o
ANA MERCS BAHIA BOCK exerccio ilegal ou irregular da profisso, transgresses a
Conselheira-Presidente princpios e diretrizes deste Cdigo ou da legislao profissio-
PRINCPIOS FUNDAMENTAIS nal.
I. O psiclogo basear o seu trabalho no respeito e na Art. 2 Ao psiclogo vedado:
promoo da liberdade, da dignidade, da igualdade e da inte- a) Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que ca-
gridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a racterizem negligncia, discriminao, explorao, violncia,
Declarao Universal dos Direitos Humanos. crueldade ou

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opresso; Art. 6 O psiclogo, no relacionamento com profissionais
b) Induzir a convices polticas, filosficas, morais, ideo- no psiclogos:
lgicas, religiosas, de orientao sexual ou a qualquer tipo de a) Encaminhar a profissionais ou entidades habilitados e
preconceito, quando do exerccio de suas funes profissio- qualificados demandas que extrapolem seu campo de atua-
nais; o;
c) Utilizar ou favorecer o uso de conhecimento e a utiliza- b) Compartilhar somente informaes relevantes para
o de prticas psicolgicas como instrumentos de castigo, qualificar o servio prestado, resguardando o carter confi-
tortura ou qualquer forma de violncia; dencial das comunicaes, assinalando a responsabilidade,
d) Acumpliciar-se com pessoas ou organizaes que de quem as receber, de preservar o sigilo.
exeram ou favoream o exerccio ilegal da profisso de psi- Art. 7 O psiclogo poder intervir na prestao de ser-
clogo ou de qualquer outra atividade profissional; vios psicolgicos que estejam sendo efetuados por outro
e) Ser conivente com erros, faltas ticas, violao de direi- profissional, nas seguintes situaes:
tos, crimes ou contravenes penais praticados por psiclo- a) A pedido do profissional responsvel pelo servio;
gos na prestao de servios profissionais; b) Em caso de emergncia ou risco ao beneficirio ou
f) Prestar servios ou vincular o ttulo de psiclogo a servi- usurio do servio, quando dar imediata cincia ao profissio-
os de atendimento psicolgico cujos procedimentos, tcnicas nal;
e meios no estejam regulamentados ou reconhecidos pela c) Quando informado expressamente, por qualquer uma
profisso; das partes, da interrupo voluntria e definitiva do servio;
g) Emitir documentos sem fundamentao e qualidade d) Quando se tratar de trabalho multiprofissional e a inter-
tcnicocientfica; veno fizer parte da metodologia adotada.
h) Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e Art. 8 Para realizar atendimento no eventual de crian-
tcnicas psicolgicas, adulterar seus resultados ou fazer de- a, adolescente ou interdito, o psiclogo dever obter autori-
claraes falsas; zao de ao menos um de seus responsveis, observadas as
i) Induzir qualquer pessoa ou organizao a recorrer a determinaes da legislao vigente:
seus servios; 1 No caso de no se apresentar um responsvel legal,
j) Estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou terceiro, o atendimento dever ser efetuado e comunicado s autori-
que tenha vnculo com o atendido, relao que possa interferir dades competentes;
negativamente nos objetivos do servio prestado; 2 O psiclogo responsabilizar-se- pelos encaminha-
k) Ser perito, avaliador ou parecerista em situaes nas mentos que se fizerem necessrios para garantir a proteo
quais seus vnculos pessoais ou profissionais, atuais ou ante- integral do atendido.
riores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado Art. 9 dever do psiclogo respeitar o sigilo profissio-
ou a fidelidade aos resultados da avaliao; nal a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimi-
l) Desviar para servio particular ou de outra instituio, dade das pessoas, grupos ou organizaes, a que tenha
visando benefcio prprio, pessoas ou organizaes atendidas acesso no exerccio profissional.
por instituio com a qual mantenha qualquer tipo de vnculo Art. 10 Nas situaes em que se configure conflito entre
profissional; as exigncias decorrentes do disposto no Art. 9 e as afirma-
m) Prestar servios profissionais a organizaes concor- es dos princpios fundamentais deste Cdigo, excetuando-
rentes de modo que possam resultar em prejuzo para as se os casos previstos em lei, o psiclogo poder decidir pela
partes envolvidas, decorrentes de informaes privilegiadas; quebra de sigilo, baseando sua deciso na busca do menor
n) Prolongar, desnecessariamente, a prestao de servi- prejuzo.
os profissionais; Pargrafo nico Em caso de quebra do sigilo previsto
o) Pleitear ou receber comisses, emprstimos, doaes no caput deste artigo, o psiclogo dever restringir-se a pres-
ou vantagens outras de qualquer espcie, alm dos honor- tar as informaes estritamente necessrias.
rios contratados, assim como intermediar transaes financei- Art. 11 Quando requisitado a depor em juzo, o psiclo-
ras; go poder prestar informaes, considerando o previsto neste
p) Receber, pagar remunerao ou porcentagem por en- Cdigo.
caminhamento de servios; Art. 12 Nos documentos que embasam as atividades em
q) Realizar diagnsticos, divulgar procedimentos ou apre- equipe multiprofissional, o psiclogo registrar apenas as
sentar resultados de servios psicolgicos em meios de co- informaes necessrias para o cumprimento dos objetivos
municao, de forma a expor pessoas, grupos ou organiza- do trabalho.
es. Art. 13 No atendimento criana, ao adolescente ou ao
Art. 3 O psiclogo, para ingressar, associar-se ou per- interdito, deve ser comunicado aos responsveis o estrita-
manecer em uma organizao, considerar a misso, a filoso- mente essencial para se promoverem medidas em seu bene-
fia, as polticas, as normas e as prticas nela vigentes e sua fcio.
compatibilidade com os princpios e regras deste Cdigo. Art. 14 A utilizao de quaisquer meios de registro e ob-
Pargrafo nico: Existindo incompatibilidade, cabe ao servao da prtica psicolgica obedecer s normas deste
psiclogo recusar-se a prestar servios e, se pertinente, apre- Cdigo e a legislao profissional vigente, devendo o usurio
sentar denncia ao rgo competente. ou beneficirio, desde o incio, ser informado.
Art. 4 Ao fixar a remunerao pelo seu trabalho, o psi- Art. 15 Em caso de interrupo do trabalho do psiclo-
clogo: go, por quaisquer motivos, ele dever zelar pelo destino dos
a) Levar em conta a justa retribuio aos servios pres- seus arquivos confidenciais.
tados e as condies do usurio ou beneficirio; 1 Em caso de demisso ou exonerao, o psiclogo
b) Estipular o valor de acordo com as caractersticas da dever repassar todo o material ao psiclogo que vier a subs-
atividade e o comunicar ao usurio ou beneficirio antes do titu-lo, ou
incio do trabalho a ser realizado; lacr-lo para posterior utilizao pelo psiclogo substituto.
c) Assegurar a qualidade dos servios oferecidos inde- 2 Em caso de extino do servio de Psicologia, o
pendentemente do valor acordado. psiclogo responsvel informar ao Conselho Regional de
Art. 5 O psiclogo, quando participar de greves ou pa- Psicologia, que
ralisaes, garantir que: providenciar a destinao dos arquivos confidenciais.
a) As atividades de emergncia no sejam interrompidas; Art. 16 O psiclogo, na realizao de estudos, pesqui-
b) Haja prvia comunicao da paralisao aos usurios sas e atividades voltadas para a produo de conhecimento e
ou beneficirios dos servios atingidos pela mesma. desenvolvimento de tecnologias:

Conhecimentos Especficos 14 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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a) Avaliar os riscos envolvidos, tanto pelos procedimen- Resoluo CFP N. 007/2003 Manual de Elaborao de
tos, como pela divulgao dos resultados, com o objetivo de Documentos Decorrentes de Avaliaes Psicolgicas
proteger as pessoas, grupos, organizaes e comunidades
envolvidas; Resoluo CFP N. 007/2003
b) Garantir o carter voluntrio da participao dos en- | Manual de Elaborao de Documentos Decorrentes
volvidos, mediante consentimento livre e esclarecido, salvo de Avaliaes Psicolgicas | Resoluo CFP N017/2002
nas situaes previstas em legislao especfica e respeitan- |
do os princpios deste Cdigo; Institui o Manual de Elaborao de Documentos Escritos
c) Garantir o anonimato das pessoas, grupos ou organi- produzidos pelo psiclogo,
zaes, salvo interesse manifesto destes; decorrentes de avaliao psicolgica e revoga a Resoluo
d) Garantir o acesso das pessoas, grupos ou organiza- CFP N. 017/2002.
es aos resultados das pesquisas ou estudos, aps seu O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de
encerramento, sempre que assim o desejarem. suas atribuies legais e regimentais, que lhe so conferidas
Art. 17 Caber aos psiclogos docentes ou supervisores pela Lei no 5.766, de 20 de dezembro de 1971;
esclarecer, informar, orientar e exigir dos estudantes a obser- CONSIDERANDO que o psiclogo, no seu exerccio pro-
vncia dos princpios e normas contidas neste Cdigo. fissional, tem sido solicitado a apresentar informaes docu-
Art. 18 O psiclogo no divulgar, ensinar, ceder, mentais com objetivos diversos;
emprestar ou vender a leigos instrumentos e tcnicas psi- CONSIDERANDO a necessidade de referncias para
colgicas que permitam ou facilitem o exerccio ilegal da pro- subsidiar o psiclogo na produo qualificada de documen-
fisso. tos escritos decorrentes de avaliao psicolgica;
Art. 19 O psiclogo, ao participar de atividade em vecu- CONSIDERANDO a freqncia com que representaes
los de comunicao, zelar para que as informaes presta- ticas so desencadeadas a partir de queixas que colocam
das disseminem o conhecimento a respeito das atribuies, em questo a qualidade dos documentos escritos, decorren-
da base cientfica e do papel social da profisso. tes de avaliao psicolgica, produzidos pelos psiclogos;
Art. 20 O psiclogo, ao promover publicamente seus CONSIDERANDO os princpios ticos fundamentais que
servios, por quaisquer meios, individual ou coletivamente: norteiam a atividade profissional do psiclogo e os dispositi-
a) Informar o seu nome completo, o CRP e seu nmero vos sobre avaliao psicolgica contidos no Cdigo de tica
de registro; Profissional do Psiclogo;
b) Far referncia apenas a ttulos ou qualificaes profis- CONSIDERANDO as implicaes sociais decorrentes da
sionais que possua; finalidade do uso dos documentos escritos pelos psiclogos
c) Divulgar somente qualificaes, atividades e recursos a partir de avaliaes psicolgicas;
relativos a tcnicas e prticas que estejam reconhecidas ou CONSIDERANDO as propostas encaminhadas no I FO-
regulamentadas pela profisso; RUM NACIONAL DE AVALIAO PSICOLGICA, ocorrido
d) No utilizar o preo do servio como forma de propa- em dezembro de 2000;
ganda; CONSIDERANDO a deliberao da Assemblia das Pol-
e) No far previso taxativa de resultados; ticas Administrativas e Financeiras, em reunio realizada em
f) No far auto-promoo em detrimento de outros profis- 14 de dezembro de 2002, para tratar da reviso do Manual
sionais; de Elaborao de Documentos produzidos pelos psiclogos,
g) No propor atividades que sejam atribuies privativas decorrentes de avaliaes psicolgicas;
de outras categorias profissionais; CONSIDERANDO a deciso deste Plenrio em sesso
h) No far divulgao sensacionalista das atividades pro- realizada no dia 14 de junho de 2003,
fissionais. Resolve:
DAS DISPOSIES GERAIS Art. 1 - Instituir o Manual de Elaborao de Documentos
Art. 21 As transgresses dos preceitos deste Cdigo Escritos, produzidos por psiclogos, decorrentes de avalia-
constituem infrao disciplinar com a aplicao das seguintes es psicolgicas.
penalidades, na forma dos dispositivos legais ou regimentais: Art. 2 - O Manual de Elaborao de Documentos Escri-
a) Advertncia; tos, referido no artigo anterior, dispe sobre os seguintes
b) Multa; itens:
c) Censura pblica; 1. Princpios norteadores;
d) Suspenso do exerccio profissional, por at 30 (trinta) 2. Modalidades de documentos;
dias, ad referendum do Conselho Federal de Psicologia; 3. Conceito / finalidade / estrutura;
e) Cassao do exerccio profissional, ad referendum do 4. Validade dos documentos;
Conselho Federal de Psicologia. 5. Guarda dos documentos.
Art. 22 As dvidas na observncia deste Cdigo e os Art. 3 - Toda e qualquer comunicao por escrito decor-
casos omissos sero resolvidos pelos Conselhos Regionais rente de avaliao psicolgica dever seguir as diretrizes
de Psicologia, ad referendum do Conselho Federal de Psico- descritas neste manual.
logia. Pargrafo nico - A no observncia da presente norma
Art. 23 Competir ao Conselho Federal de Psicologia constitui falta tico-disciplinar, passvel de capitulao nos
firmar jurisprudncia quanto aos casos omissos e faz-la dispositivos referentes ao exerccio profissional do Cdigo de
incorporar a este Cdigo. tica Profissional do Psiclogo, sem prejuzo de outros que
Art. 24 O presente Cdigo poder ser alterado pelo possam ser argidos.
Conselho Federal de Psicologia, por iniciativa prpria ou da Art. 4 - Esta resoluo entrar em vigor na data de sua
categoria, ouvidos os Conselhos Regionais de Psicologia. publicao.
Art. 25 Este Cdigo entra em vigor em 27 de agosto de Art. 5 - Revogam-se as disposies em contrrio.
2005. Braslia, 14 de junho de 2003.
Manual de Elaborao de Documentos Decorrentes de
Avaliaes Psicolgicas
| Resoluo CFP N. 007/2003 |
Consideraes Iniciais
A avaliao psicolgica entendida como o processo tc-
nico-cientfico de coleta de dados, estudos e interpretao de
informaes a respeito dos fenmenos psicolgicos, que so

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resultantes da relao do indivduo com a sociedade, utilizan- manuteno das estruturas de poder que sustentam condi-
do-se, para tanto, de estratgias psicolgicas - mtodos, es de dominao e segregao.
tcnicas e instrumentos. Os resultados das avaliaes devem Deve-se realizar uma prestao de servio responsvel
considerar e analisar os condicionantes histricos e sociais e pela execuo de um trabalho de qualidade cujos princpios
seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de servirem como ticos sustentam o compromisso social da Psicologia. Dessa
instrumentos para atuar no somente sobre o indivduo, mas forma, a demanda, tal como formulada, deve ser compreen-
na modificao desses condicionantes que operam desde a dida como efeito de uma situao de grande complexidade.
formulao da demanda at a concluso do processo de 2.2. Princpios Tcnicos
avaliao psicolgica. O processo de avaliao psicolgica deve considerar que
O presente Manual tem como objetivos orientar o profissi- os objetos deste procedimento (as questes de ordem psico-
onal psiclogo na confeco de documentos decorrentes das lgica) tm determinaes histricas, sociais, econmicas e
avaliaes psicolgicas e fornecer os subsdios ticos e tcni- polticas, sendo as mesmas elementos constitutivos no pro-
cos necessrios para a elaborao qualificada da comunica- cesso de subjetivao. O DOCUMENTO, portanto, deve con-
o escrita. siderar a natureza dinmica, no definitiva e no cristalizada
As modalidades de documentos aqui apresentadas foram do seu objeto de estudo.
sugeridas durante o I FRUM NACIONAL DE AVALIAO Os psiclogos, ao produzirem documentos escritos, de-
PSICOLGICA, ocorrido em dezembro de 2000. vem se basear exclusivamente nos instrumentais tcnicos
Este Manual compreende os seguintes itens: (entrevistas, testes, observaes, dinmicas de grupo, escuta,
1. Princpios norteadores da elaborao documental; intervenes verbais) que se configuram como mtodos e
2. Modalidades de documentos; tcnicas psicolgicas para a coleta de dados, estudos e inter-
3. Conceito / finalidade / estrutura; pretaes de informaes a respeito da pessoa ou grupo
4. Validade dos documentos; atendidos, bem como sobre outros materiais e grupo atendi-
5. Guarda dos documentos. dos e sobre outros materiais e documentos produzidos anteri-
I - Princpios Norteadores na Elaborao de Documen- ormente e pertinentes matria em questo. Esses instru-
tos mentais tcnicos devem obedecer s condies mnimas
O psiclogo, na elaborao de seus documentos, dever requeridas de qualidade e de uso, devendo ser adequados ao
adotar como princpios norteadores as tcnicas da linguagem que se propem a investigar.
escrita e os princpios ticos, tcnicos e cientficos da profis- A linguagem nos documentos deve ser precisa, clara, inte-
so. ligvel e concisa, ou seja, deve-se restringir pontualmente s
1- Princpios Tcnicos da Linguagem Escrita informaes que se fizerem necessrias, recusando qualquer
O documento deve, na linguagem escrita, apresentar uma tipo de considerao que no tenha relao com a finalidade
redao bem estruturada e definida, expressando o que se do documento especfico.
quer comunicar. Deve ter uma ordenao que possibilite a Deve-se rubricar as laudas, desde a primeira at a penl-
compreenso por quem o l, o que fornecido pela estrutura, tima, considerando que a ltima estar assinada, em toda e
composio de pargrafos ou frases, alm da correo gra- qualquer modalidade de documento.
matical. II - Modalidades de Documentos
O emprego de frases e termos deve ser compatvel com 1. Declarao *
as expresses prprias da linguagem profissional, garantindo 2. Atestado psicolgico
a preciso da comunicao, evitando a diversidade de signifi- 3. Relatrio / laudo psicolgico
caes da linguagem popular, considerando a quem o docu- 4. Parecer psicolgico *
mento ser destinado. * A Declarao e o Parecer psicolgico no so docu-
A comunicao deve ainda apresentar como qualidades: a mentos decorrentes da avaliao Psicolgica, embora muitas
clareza, a conciso e a harmonia. A clareza se traduz, na vezes apaream desta forma. Por isso consideramos impor-
estrutura frasal, pela seqncia ou ordenamento adequado tante constarem deste manual afim de que sejam diferencia-
dos contedos, pela explicitao da natureza e funo de dos.
cada parte na construo do todo. A conciso se verifica no III - Conceito / Finalidade / Estrutura
emprego da linguagem adequada, da palavra exata e neces- 1 - Declarao
sria. Essa "economia verbal" requer do psiclogo a ateno 1.1. Conceito e finalidade da declarao
para o equilbrio que evite uma redao lacnica ou o exagero um documento que visa a informar a ocorrncia de fatos
de uma redao prolixa. Finalmente, a harmonia se traduz na ou situaes objetivas relacionados ao atendimento psicolgi-
correlao adequada das frases, no aspecto sonoro e na co, com a finalidade de declarar:
ausncia de cacofonias. 1. Comparecimentos do atendido e/ou do seu acompa-
2 - Princpios ticos e Tcnicos nhante, quando necessrio;
2.1. Princpios ticos 2. Acompanhamento psicolgico do atendido;
Na elaborao de DOCUMENTO, o psiclogo basear su- 3. Informaes sobre as condies do atendimento
as informaes na observncia dos princpios e dispositivos (tempo de acompanhamento, dias ou horrios).
do Cdigo de tica Profissional do Psiclogo. Enfatizamos Neste documento no deve ser feito o registro de sinto-
aqui os cuidados em relao aos deveres do psiclogo nas mas, situaes ou estados psicolgicos.
suas relaes com a pessoa atendida, ao sigilo profissional, 1.2. Estrutura da declarao
s relaes com a justia e ao alcance das informaes - a) Ser emitida em papel timbrado ou apresentar na subs-
identificando riscos e compromissos em relao utilizao crio do documento o carimbo, em que conste nome e so-
das informaes presentes nos documentos em sua dimen- brenome do psiclogo, acrescido de sua inscrio profissional
so de relaes de poder. ("Nome do psiclogo / N. da inscrio").
Torna-se imperativo a recusa, sob toda e qualquer condi- b) A declarao deve expor:
o, do uso dos instrumentos, tcnicas psicolgicas e da - Registro do nome e sobrenome do solicitante;
experincia profissional da Psicologia na sustentao de - Finalidade do documento (por exemplo, para fins de
modelos institucionais e ideolgicos de perpetuao da se- comprovao);
gregao aos diferentes modos de subjetivao. Sempre que - Registro de informaes solicitadas em relao ao aten-
o trabalho exigir, sugere-se uma interveno sobre a prpria dimento (por exemplo: se faz acompanhamento psicolgico,
demanda e a construo de um projeto de trabalho que apon- em quais dias, qual horrio);
te para a reformulao dos condicionantes que provoquem o - Registro do local e data da expedio da declarao;
sofrimento psquico, a violao dos direitos humanos e a

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- Registro do nome completo do psiclogo, sua inscrio preensvel ao destinatrio. Os termos tcnicos devem, portan-
no CRP e/ou carimbo com as mesmas informaes. to, estar acompanhados das explicaes e/ou conceituao
Assinatura do psiclogo acima de sua identificao ou do retiradas dos fundamentos terico-filosficos que os susten-
carimbo. tam.
2 - Atestado Psicolgico O relatrio psicolgico deve conter, no mnimo, 5 (cinco)
2.1. Conceito e finalidade do atestado itens: identificao, descrio da demanda, procedimento,
um documento expedido pelo psiclogo que certifica anlise e concluso.
uma determinada situao ou estado psicolgico, tendo como 1. Identificao
finalidade afirmar sobre as condies psicolgicas de quem, 2. Descrio da demanda(essa expresso estava em
por requerimento, o solicita, com fins de: laudo)
1. Justificar faltas e/ou impedimentos do solicitante; 3. Procedimento
2. Justificar estar apto ou no para atividades especfi- 4. Anlise
cas, aps realizao de um processo de avaliao psicolgi- 5. Concluso
ca, dentro do rigor tcnico e tico que subscreve esta Resolu- 3.2.1. Identificao
o; a parte superior do primeiro tpico do documento com a
3. Solicitar afastamento e/ou dispensa do solicitante, finalidade de identificar:
subsidiado na afirmao atestada do fato, em acordo com o O autor/relator - quem elabora;
disposto na Resoluo CFP N 015/96. O interessado - quem solicita;
2.2. Estrutura do atestado O assunto/finalidade - qual a razo/finalidade.
A formulao do atestado deve restringir-se informao No identificador AUTOR/RELATOR, dever ser colocado
solicitada pelo requerente, contendo expressamente o fato o(s) nome(s) do(s) psiclogo(s) que realizar(o) a avaliao,
constatado. Embora seja um documento simples, deve cum- com a(s) respectiva(s) inscrio(es) no Conselho Regional.
prir algumas formalidades: No identificador INTERESSADO, o psiclogo indicar o
a) Ser emitido em papel timbrado ou apresentar na subs- nome do autor do pedido (se a solicitao foi da Justia, se foi
crio do documento o carimbo, em que conste o nome e de empresas, entidades ou do cliente).
sobrenome do psiclogo, acrescido de sua inscrio profissi- No identificador ASSUNTO, o psiclogo indicar a razo,
onal ("Nome do psiclogo / N. da inscrio"). o motivo do pedido (se para acompanhamento psicolgico,
b) O atestado deve expor: prorrogao de prazo para acompanhamento ou outras ra-
- Registro do nome e sobrenome do cliente; zes pertinentes a uma avaliao psicolgica).
- Finalidade do documento; 3.2.2. Descrio da demanda
- Registro da informao do sintoma, situao ou condies Esta parte destinada narrao das informaes refe-
psicolgicas que justifiquem o atendimento, afastamento ou rentes problemtica apresentada e dos motivos, razes e
falta - podendo ser registrado sob o indicativo do cdigo da expectativas que produziram o pedido do documento. Nesta
Classificao Internacional de Doenas em vigor; parte, deve-se apresentar a anlise que se faz da demanda
- Registro do local e data da expedio do atestado; de forma a justificar o procedimento adotado.
- Registro do nome completo do psiclogo, sua inscrio no 3.2.3. Procedimento
CRP e/ou carimbo com as mesmas informaes; A descrio do procedimento apresentar os recursos e
- Assinatura do psiclogo acima de sua identificao ou do instrumentos tcnicos utilizados para coletar as informaes
carimbo. (nmero de encontros, pessoas ouvidas etc) luz do referen-
Os registros devero estar transcritos de forma corrida, ou cial terico-filosfico que os embasa. O procedimento adotado
seja, separados apenas pela pontuao, sem pargrafos, deve ser pertinente para avaliar a complexidade do que est
evitando, com isso, riscos de adulteraes. No caso em que sendo demandado.
seja necessria a utilizao de pargrafos, o psiclogo dever 3.2.4. Anlise
preencher esses espaos com traos. a parte do documento na qual o psiclogo faz uma ex-
O atestado emitido com a finalidade expressa no item 2.1, posio descritiva de forma metdica, objetiva e fiel dos da-
alnea b, dever guardar relatrio correspondente ao proces- dos colhidos e das situaes vividas relacionados demanda
so de avaliao psicolgica realizado, nos arquivos profissio- em sua complexidade. Como apresentado nos princpios
nais do psiclogo, pelo prazo estipulado nesta resoluo, item tcnicos, "O processo de avaliao psicolgica deve conside-
V. rar que os objetos deste procedimento (as questes de ordem
3 - Relatrio Psicolgico psicolgica) tm determinaes histricas, sociais, econmi-
3.1. Conceito e finalidade do relatrio ou laudo psicolgico cas e polticas, sendo as mesmas elementos constitutivos no
O relatrio ou laudo psicolgico uma apresentao des- processo de subjetivao. O DOCUMENTO, portanto, deve
critiva acerca de situaes e/ou condies psicolgicas e considerar a natureza dinmica, no definitiva e no cristali-
suas determinaes histricas, sociais, polticas e culturais, zada do seu objeto de estudo".
pesquisadas no processo de avaliao psicolgica. Como Nessa exposio, deve-se respeitar a fundamentao te-
todo DOCUMENTO, deve ser subsidiado em dados colhidos e rica que sustenta o instrumental tcnico utilizado, bem como
analisados, luz de um instrumental tcnico (entrevistas, princpios ticos e as questes relativas ao sigilo das informa-
dinmicas, testes psicolgicos, observao, exame psquico, es. Somente deve ser relatado o que for necessrio para o
interveno verbal), consubstanciado em referencial tcnico- esclarecimento do encaminhamento, como disposto no Cdi-
filosfico e cientfico adotado pelo psiclogo. go de tica Profissional do Psiclogo.
A finalidade do relatrio psicolgico ser a de apresentar O psiclogo, ainda nesta parte, no deve fazer afirmaes
os procedimentos e concluses gerados pelo processo da sem sustentao em fatos e/ou teorias, devendo ter lingua-
avaliao psicolgica, relatando sobre o encaminhamento, as gem precisa, especialmente quando se referir a dados de
intervenes, o diagnstico, o prognstico e evoluo do natureza subjetiva, expressando-se de maneira clara e exata.
caso, orientao e sugesto de projeto teraputico, bem co- 3.2.4. Concluso
mo, caso necessrio, solicitao de acompanhamento psico- Na concluso do documento, o psiclogo vai expor o re-
lgico, limitando-se a fornecer somente as informaes ne- sultado e/ou consideraes a respeito de sua investigao a
cessrias relacionadas demanda, solicitao ou petio. partir das referncias que subsidiaram o trabalho. As conside-
3.2. Estrutura raes geradas pelo processo de avaliao psicolgica de-
O relatrio psicolgico uma pea de natureza e valor ci- vem transmitir ao solicitante a anlise da demanda em sua
entficos, devendo conter narrativa detalhada e didtica, com complexidade e do processo de avaliao psicolgica como
clareza, preciso e harmonia, tornando-se acessvel e com- um todo.

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Vale ressaltar a importncia de sugestes e projetos de Esse prazo poder ser ampliado nos casos previstos em
trabalho que contemplem a complexidade das variveis en- lei, por determinao judicial, ou ainda em casos especficos
volvidas durante todo o processo. em que seja necessria a manuteno da guarda por maior
Aps a narrao conclusiva, o documento encerrado, tempo.
com indicao do local, data de emisso, assinatura do psic- Em caso de extino de servio psicolgico, o destino dos
logo e o seu nmero de inscrio no CRP. documentos dever seguir as orientaes definidas no Cdigo
4 - Parecer de tica do Psiclogo
4.1. Conceito e finalidade do parecer
Parecer um documento fundamentado e resumido sobre Resoluo CFP N 010/2010 - Institui a regulamentao da
uma questo focal do campo psicolgico cujo resultado pode Escuta Psicolgica de Crianas e Adolescentes envolvidos
ser indicativo ou conclusivo. em situao de violncia, na Rede de Proteo.
O parecer tem como finalidade apresentar resposta escla-
recedora, no campo do conhecimento psicolgico, atravs de RESOLUO CFP N 010/2010
uma avaliao especializada, de uma "questo-problema", Institui a regulamentao da Escuta Psicolgica de Crian-
visando a dirimir dvidas que esto interferindo na deciso, as e Adolescentes envolvidos em situao de violncia, na
sendo, portanto, uma resposta a uma consulta, que exige de Rede de Proteo
quem responde competncia no assunto. O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de
4.2. Estrutura suas atribuies legais e regimentais, que lhe so conferidas
O psiclogo parecerista deve fazer a anlise do problema pela Lei no 5.766, de 20/12/1971;
apresentado, destacando os aspectos relevantes e opinar a CONSIDERANDO o disposto no Art. 6, letra c, da Lei no
respeito, considerando os quesitos apontados e com funda- 5.766, de 20/12/1971, e no Art. 6, inciso V, do Decreto no
mento em referencial terico-cientfico. 79.822 de 17/6/1977;
Havendo quesitos, o psiclogo deve respond-los de for- CONSIDERANDO o disposto na Lei n 8.069/90, que dis-
ma sinttica e convincente, no deixando nenhum quesito pe sobre o Estatuto da Criana e do Adolescente, bem como
sem resposta. Quando no houver dados para a resposta ou o Cdigo de tica da Profisso de Psiclogo;
quando o psiclogo no puder ser categrico, deve-se utilizar CONSIDERANDO a necessidade de referncias para
a expresso "sem elementos de convico". Se o quesito subsidiar o psiclogo na Escuta Psicolgica de Crianas e
estiver mal formulado, pode-se afirmar "prejudicado", "sem Adolescentes na Rede de Proteo;
elementos" ou "aguarda evoluo". CONSIDERANDO os princpios ticos fundamentais que
O parecer composto de 4 (quatro) itens: norteiam a atividade profissional do psiclogo e os dispositi-
1. Identificao vos sobre o atendimento criana ou ao adolescente conti-
2. Exposio de motivos dos no Cdigo de tica Profissional do Psiclogo;
3. Anlise CONSIDERANDO deciso deste Plenrio em reunio rea-
4. Concluso lizada no dia 18 de junho de 2010,
4.2.1. Identificao RESOLVE:
Consiste em identificar o nome do parecerista e sua titula- Art. 1o - Instituir a regulamentao da Escuta Psicolgica
o, o nome do autor da solicitao e sua titulao. de Crianas e Adolescentes na Rede de Proteo.
4.2.2. Exposio de Motivos Art. 2 - A regulamentao de Escuta Psicolgica de Cri-
Destina-se transcrio do objetivo da consulta e dos anas e Adolescentes, referida no artigo anterior, dispe so-
quesitos ou apresentao das dvidas levantadas pelo bre os seguintes itens, conforme texto anexo:
solicitante. Deve-se apresentar a questo em tese, no sendo I. Princpios norteadores da Escuta Psicolgica de Crian-
necessria, portanto, a descrio detalhada dos procedimen- as e Adolescentes envolvidos em situao de violncia, na
tos, como os dados colhidos ou o nome dos envolvidos. Rede de Proteo;
4.2.3. Anlise II. Marcos referenciais para a Escuta de Crianas e Ado-
A discusso do PARECER PSICOLGICO se constitui na lescentes envolvidos em situao de violncia, na Rede de
anlise minuciosa da questo explanada e argumentada com Proteo;
base nos fundamentos necessrios existentes, seja na tica, III. Referenciais tcnicos para o exerccio profissional da
na tcnica ou no corpo conceitual da cincia psicolgica. Escuta Psicolgica de Crianas e Adolescentes envolvidos
Nesta parte, deve respeitar as normas de referncias de tra- em situao de violncia, na Rede de Proteo;
balhos cientficos para suas citaes e informaes. Art. 3 - Toda e qualquer atividade profissional decorrente
4.2.4. Concluso de Escuta Psicolgica de Crianas e Adolescentes dever
Na parte final, o psiclogo apresentar seu posicionamen- seguir os itens determinados nesta Resoluo.
to, respondendo questo levantada. Em seguida, informa o Pargrafo nico A no observncia da presente norma
local e data em que foi elaborado e assina o documento. constitui falta ticodisciplinar, passvel de capitulao nos
V - Validade dos Contedos dos Documentos dispositivos referentes ao exerccio profissional do Cdigo de
O prazo de validade do contedo dos documentos escri- tica Profissional do Psiclogo, sem prejuzo de outros que
tos, decorrentes das avaliaes psicolgicas, dever conside- possam ser arguidos.
rar a legislao vigente nos casos j definidos. No havendo Art. 4 - Esta resoluo entrar em vigor na data de sua
definio legal, o psiclogo, onde for possvel, indicar o pra- publicao.
zo de validade do contedo emitido no documento em funo Art. 5 - Revogam-se as disposies em contrrio.
das caractersticas avaliadas, das informaes obtidas e dos Braslia, 29 de junho de 2010.
objetivos da avaliao. Consideraes iniciais
Ao definir o prazo, o psiclogo deve dispor dos fundamen- A escuta de crianas e de adolescentes deve ser em
tos para a indicao, devendo apresent-los sempre que qualquer contexto fundamentada no princpio da proteo
solicitado. integral, na legislao especfica da profisso e nos marcos
VI - Guarda dos Documentos e Condies de Guarda tericos, tcnicos e metodolgicos da Psicologia como cincia
Os documentos escritos decorrentes de avaliao psicol- e profisso. A escuta deve ter como princpio a intersetoriali-
gica, bem como todo o material que os fundamentou, devero dade e a interdisciplinaridade, respeitando a autonomia da
ser guardados pelo prazo mnimo de 5 anos, observando-se a atuao do psiclogo, sem confundir o dilogo entre as disci-
responsabilidade por eles tanto do psiclogo quanto da insti- plinas com a submisso de demandas produzidas nos dife-
tuio em que ocorreu a avaliao psicolgica. rentes campos de trabalho e do conhecimento. Diferencia-se,

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portanto, da inquirio judicial, do dilogo informal, dainvesti- 4. O psiclogo, na Escuta de Crianas e Adolescentes,
gao policial, entre outros. respeitar o desejo de livre manifestao do atendido como
I - Princpios norteadores da Escuta Psicolgica de um momento emancipatrio.
Crianas e Adolescentes envolvidos em situao de vio- 5. O psiclogo, na Escuta de Crianas e Adolescentes,
lncia, na Rede de Proteo dever fundamentar sua interveno em referencial terico,
1. O psiclogo atuar considerando a infncia e a adoles- tcnico e metodolgico reconhecidamente fundamentados na
cncia como construes sociais, histricas e culturais. cincia Psicolgica, na tica e na legislao profissional, de
2. O psiclogo considerar as relaes de poder nos con- acordo com a especificidade de cada caso.
textos em que atua e os impactos dessas relaes sobre suas 6. O psiclogo, na produo de documentos decorrentes
atividades profissionais, posicionando-se de forma crtica, em do atendimento de Crianas e Adolescentes em situao de
consonncia com os demais princpios do Cdigo de tica violncia, considerar a importncia do vnculo estabelecido
Profissional. com o atendido.
3. O psiclogo, no atendimento criana e ao adolescen- 7. O psiclogo, no atendimento Criana e ao Adolescen-
te, deve atuar na perspectiva da integralidade, considerando a te, ao produzir documentos, compartilhar somente informa-
violncia como fenmeno complexo, multifatorial, social, cultu- es relevantes para qualificar o servio prestado com outros
ral e historicamente construdo, implicando em abordagem profissionais envolvidos no atendimento, contribuindo para
intersetorial e interprofissional. no revitimizar o atendido.
4. O psiclogo buscar, permanentemente, formao ti- 8. O psiclogo, na Escuta de Crianas e Adolescentes,
co-poltica e social, a fim de se posicionar criticamente frente atuar em equipe multiprofissional preservando sua especifi-
ao contexto social e cultural das demandas que lhe so ende- cidade e limite de interveno, sem subordinao tcnica a
readas. profissionais de outras reas.
5. O psiclogo tem autonomia terica, tcnica e metodol- 9. vedado ao psiclogo o papel de inquiridor no atendi-
gica, de acordo com os princpios tico-polticos que norteiam mento de Crianas e Adolescentes em situao de violncia.
a profisso.
6. O psiclogo contribuir para o desenvolvimento da pro- Resoluo CFP N 008/2010 - Dispe sobre a atuao do
fisso, produzindo conhecimento, avaliando sua prtica e psiclogo como perito e assistente tcnico no Poder Judici-
publicizando seus resultados. rio.
II - Marcos referenciais da Escuta Psicolgica de Cri-
anas e Adolescentes envolvidos em situao de violn- FedeRESOLUO CFP N 008/2010
cia, na Rede de Proteo Dispe sobre a atuao do psiclogo como perito e assis-
A Escuta Psicolgica consiste em oferecer lugar e tempo tente tcnico no Poder Judicirio.
para a expresso das demandas e desejos da criana e do O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de
adolescente: a fala, a produo ldica, o silncio e expres- suas atribuies legais e regimentais, que lhe so conferidas
ses no-verbais, entre outros. Os procedimentos tcnicos e pela Lei no 5.766, de 20 de dezembro de 1971; pelo Cdigo
metodolgicos devem levar em considerao as peculiarida- de tica Profissional e pela Resoluo CFP n 07/2003:
des do desenvolvimento da criana e adolescente e respeitar CONSIDERANDO a necessidade de estabelecimento de
a diversidade social, cultural e tnica dos sujeitos, superando parmetros e diretrizes que delimitem o trabalho cooperativo
o atendimento serializado e burocrtico que determinadas para exerccio profissional de qualidade, especificamente no
instituies exigem do psiclogo. que diz respeito interao profissional entre os psiclogos
1. O psiclogo realizar o acolhimento, a partir da anlise que atuam como peritos e assistentes tcnicos em processos
contextual da demanda, respeitando o direito da criana e do que tratam de conflitos e que geram uma lide;
adolescente, pautado no compromisso tico-poltico da profis- CONSIDERANDO o nmero crescente de representaes
so. referentes ao trabalho realizado pelo psiclogo no contexto do
2. O psiclogo, ao realizar o estudo psicolgico decorrente Poder Judicirio, especialmente na atuao enquanto perito e
da Escuta de Crianas e Adolescentes, dever necessaria- assistente tcnico frente a demandas advindas das questes
mente incluir todas as pessoas envolvidas na situao de atinentes famlia;
violncia, identificando as condies psicolgicas, suas con- CONSIDERANDO que, quando a prova do fato depender
sequncias, possveis intervenes e encaminhamentos. de conhecimento tcnico ou cientfico, o juiz ser assistido por
2.1. Na impossibilidade de escuta de uma das partes en- perito, por ele nomeado;
volvidas, o psiclogo incluir em seu parecer os motivos do CONSIDERANDO que o psiclogo perito profissional
impedimento e suas possveis implicaes. designado para assessorar a Justia no limite de suas atribui-
3. O psiclogo, no acompanhamento, promover o suporte es e, portanto, deve exercer tal funo com iseno em
criana, ao adolescente e s famlias, potencializando-os relao s partes envolvidas e comprometimento tico para
como protagonistas de suas histrias. emitir posicionamento de sua competncia terico-tcnica, a
III - Referenciais tcnicos para o exerccio profissional qual subsidiar a deciso judicial;
da Escuta Psicolgica de Crianas e Adolescentes envol- CONSIDERANDO que os assistentes tcnicos so de
vidos em situao de violncia, na Rede de Proteo confiana da parte para assessor-la e garantir o direito ao
1. O psiclogo, na Escuta de Crianas e Adolescentes, contraditrio, no sujeitos a impedimento ou suspeio legais;
considerar a complexidade das relaes afetivas, familiares CONSIDERANDO que o psiclogo atuar com responsa-
e sociais que permeiam o processo de desenvolvimento. O bilidade social, analisando crtica e historicamente a realidade
sigilo dever estar a servio da garantia dos direitos humanos poltica, econmica, social e cultural, conforme disposto no
e da proteo, a partir da problematizao da demanda ende- princpio fundamental III, do Cdigo de tica Profissional;
reada ao psiclogo. CONSIDERANDO que o psiclogo considerar as rela-
2. A Escuta Psicolgica de Crianas e Adolescentes re- es de poder nos contextos em que atua e os impactos des-
quer espao fsico apropriado, que resguarde a privacidade sas relaes sobre suas atividades profissionais, posicionan-
do atendido, com recursos tcnicos necessrios para a quali- do-se de forma crtica e em consonncia com os demais prin-
dade do atendimento. cpios do Cdigo de tica Profissional, conforme disposto no
3. O psiclogo, na Escuta de Crianas e Adolescentes, princpio fundamental VII, do Cdigo de tica Profissional;
procurar sempre que possvel trabalhar em rede, realizando CONSIDERANDO que dever fundamental do psiclogo
os encaminhamentos necessrios ateno integral, de ter, para com o trabalho dos psiclogos e de outros profissio-
acordo com a legislao. nais, respeito, considerao e solidariedade, colaborando,

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quando solicitado por aqueles, salvo impedimento por motivo tamente subsidiar o Juiz na solicitao realizada, reconhe-
relevante; cendo os limites legais de sua atuao profissional, sem
CONSIDERANDO que o psiclogo, no relacionamento adentrar nas decises, que so exclusivas s atribuies dos
com profissionais no psiclogos compartilhar somente magistrados.
informaes relevantes para qualificar o servio prestado, Art. 8 - O assistente tcnico, profissional capacitado para
resguardando o carter confidencial das comunicaes, assi- questionar tecnicamente a anlise e as concluses realizadas
nalando a responsabilidade, de quem as receber, de preser- pelo psiclogo perito, restringir sua anlise ao estudo psico-
var o sigilo; lgico resultante da percia, elaborando quesitos que venham
CONSIDERANDO que a utilizao de quaisquer meios de a esclarecer pontos no contemplados ou contraditrios,
registro e observao da prtica psicolgica obedecer s identificados a partir de criteriosa anlise.
normas do Cdigo de tica do psiclogo e legislao profis- Pargrafo nico - Para desenvolver sua funo, o assis-
sional vigente, devendo o periciando ou beneficirio, desde o tente tcnico poder ouvir pessoas envolvidas, solicitar do-
incio, ser informado; cumentos em poder das partes, entre outros meios (Art. 429,
CONSIDERANDO que os psiclogos peritos e assistentes Cdigo de Processo Civil).
tcnicos devero fundamentar sua interveno em referencial CAPTULO III
terico, tcnico e metodolgico respaldados na cincia Psico- TERMO DE COMPROMISSO DO ASSISTENTE TCNI-
lgica, na tica e na legislao profissional, garantindo como CO
princpio fundamental o bem-estar de todos os sujeitos envol- Art. 9 Recomenda-se que antes do incio dos trabalhos
vidos; o psiclogo assistente tcnico formalize sua prestao de
CONSIDERANDO que vedado ao psiclogo estabelecer servio mediante Termo de Compromisso firmado em cartrio
com a pessoa atendida, familiar ou terceiro que tenha vnculo onde est tramitando o processo, em que conste sua cincia
com o atendido, relao que possa interferir negativamente e atividade a ser exercidas, com anuncia da parte contratan-
nos objetivos do servio prestado; te.
CONSIDERANDO que vedado ao psiclogo ser perito, Pargrafo nico O Termo conter nome das partes do
avaliador ou parecerista em situaes nas quais seus vncu- processo, nmero do processo, data de incio dos trabalhos e
los pessoais ou profissionais, atuais ou anteriores, possam o objetivo do trabalho a ser realizado.
afetar a qualidade do trabalho a ser realizado ou a fidelidade CAPTULO IV
aos resultados da avaliao; O PSICLOGO QUE ATUA COMO PSICOTERAPEUTA
CONSIDERANDO que o psiclogo poder intervir na pres- DAS PARTES
tao de servios psicolgicos que estejam sendo efetuados Art. 10 - Com intuito de preservar o direito intimidade e
por outro profissional, a pedido deste ltimo; equidade de condies, vedado ao psiclogo que esteja
CONSIDERANDO deciso deste Plenrio em reunio rea- atuando como psicoterapeuta das partes envolvidas em um
lizada no dia 18 de junho de 2010, litgio:
RESOLVE: I - Atuar como perito ou assistente tcnico de pessoas
CAPTULO I atendidas por ele e/ou de terceiros envolvidos na mesma
REALIZAO DA PERCIA situao litigiosa;
Art. 1 - O Psiclogo Perito e o psiclogo assistente tcni- II Produzir documentos advindos do processo psicoter-
co devem evitar qualquer tipo de interferncia durante a avali- pico com a finalidade de fornecer informaes instncia
ao que possa prejudicar o princpio da autonomia terico- judicial acerca das pessoas atendidas, sem o consentimento
tcnica e tico-profissional, e que possa constranger o perici- formal destas ltimas, exceo de Declaraes, conforme a
ando durante o atendimento. Resoluo CFP n 07/2003.
Art. 2 - O psiclogo assistente tcnico no deve estar Pargrafo nico Quando a pessoa atendida for criana,
presente durante a realizao dos procedimentos metodolgi- adolescente ou interdito, o consentimento formal referido no
cos que norteiam o atendimento do psiclogo perito e vice- caput deve ser dado por pelo menos um dos responsveis
versa, para que no haja interferncia na dinmica e qualida- legais.
de do servio realizado. DISPOSIES FINAIS
Pargrafo nico - A relao entre os profissionais deve se Art. 11 - A no observncia da presente norma constitui
pautar no respeito e colaborao, cada qual exercendo suas falta tico-disciplinar, passvel de capitulao nos dispositivos
competncias, podendo o assistente tcnico formular quesitos referentes ao exerccio profissional do Cdigo de tica Profis-
ao psiclogo perito. sional do Psiclogo, sem prejuzo de outros que possam ser
Art. 3 - Conforme a especificidade de cada situao, o arguidos.
trabalho pericial poder contemplar observaes, entrevistas, Art. 12 - Esta resoluo entrar em vigor na data de sua
visitas domiciliares e institucionais, aplicao de testes psico- publicao.
lgicos, utilizao de recursos ldicos e outros instrumentos, Art. 13 - Revogam-se as disposies em contrrio.
mtodos e tcnicas reconhecidas pelo Conselho Federal de Braslia, 30 de junho de 2010.
Psicologia.
Art. 4 - A realizao da percia exige espao fsico apro-
priado que zele pela privacidade do atendido, bem como pela BRASIL, LEI N 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012. (Sis-
qualidade dos recursos tcnicos utilizados. tema Nacional de Atendimento Socioeducativo - SINASE)
Art. 5 - O psiclogo perito poder atuar em equipe multi-
profissional desde que preserve sua especificidade e limite de LEI N 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012.
interveno, no se subordinando tcnica e profissionalmente Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
a outras reas. (Sinase), regulamenta a execuo das medidas socioeducati-
CAPTULO II vas destinadas a adolescente que pratique ato infracional; e
PRODUO E ANLISE DE DOCUMENTOS altera as Leis nos 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Art. 6 - Os documentos produzidos por psiclogos que Criana e do Adolescente); 7.560, de 19 de dezembro de
atuam na Justia devem manter o rigor tcnico e tico exigido 1986, 7.998, de 11 de janeiro de 1990, 5.537, de 21 de no-
na Resoluo CFP n 07/2003, que institui o Manual de Ela- vembro de 1968, 8.315, de 23 de dezembro de 1991, 8.706,
borao de Documentos Escritos produzidos pelo psiclogo, de 14 de setembro de 1993, os Decretos-Leis nos 4.048, de 22
decorrentes da avaliao psicolgica. de janeiro de 1942, 8.621, de 10 de janeiro de 1946, e a Con-
Art. 7 - Em seu relatrio, o psiclogo perito apresentar solidao das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-
indicativos pertinentes sua investigao que possam dire- Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.

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VII - instituir e manter processo de avaliao dos Sistemas
de Atendimento Socioeducativo, seus planos, entidades e
A PRESIDENTA DA REPBLICA Fao saber que o Con-
programas;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
VIII - financiar, com os demais entes federados, a execu-
TTULO I
o de programas e servios do Sinase; e
DO SISTEMA NACIONAL DE ATENDIMENTO SOCIOE-
IX - garantir a publicidade de informaes sobre repasses
DUCATIVO (Sinase)
de recursos aos gestores estaduais, distrital e municipais,
CAPTULO I
para financiamento de programas de atendimento socioedu-
DISPOSIES GERAIS
cativo.
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Atendimen-
1o So vedados Unio o desenvolvimento e a oferta
to Socioeducativo (Sinase) e regulamenta a execuo das
de programas prprios de atendimento.
medidas destinadas a adolescente que pratique ato infracio-
2o Ao Conselho Nacional dos Direitos da Criana e do
nal.
Adolescente (Conanda) competem as funes normativa,
1o Entende-se por Sinase o conjunto ordenado de prin-
deliberativa, de avaliao e de fiscalizao do Sinase, nos
cpios, regras e critrios que envolvem a execuo de medi-
termos previstos na Lei no 8.242, de 12 de outubro de 1991,
das socioeducativas, incluindo-se nele, por adeso, os siste-
que cria o referido Conselho.
mas estaduais, distrital e municipais, bem como todos os
3o O Plano de que trata o inciso II do caput deste artigo
planos, polticas e programas especficos de atendimento a
ser submetido deliberao do Conanda.
adolescente em conflito com a lei.
4o Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia da
2o Entendem-se por medidas socioeducativas as previs-
Repblica (SDH/PR) competem as funes executiva e de
tas no art. 112 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Esta-
gesto do Sinase.
tuto da Criana e do Adolescente), as quais tm por objeti-
Art. 4o Compete aos Estados:
vos:
I - formular, instituir, coordenar e manter Sistema Estadual
I - a responsabilizao do adolescente quanto s conse-
de Atendimento Socioeducativo, respeitadas as diretrizes
quncias lesivas do ato infracional, sempre que possvel in-
fixadas pela Unio;
centivando a sua reparao;
II - elaborar o Plano Estadual de Atendimento Socioeduca-
II - a integrao social do adolescente e a garantia de
tivo em conformidade com o Plano Nacional;
seus direitos individuais e sociais, por meio do cumprimento
III - criar, desenvolver e manter programas para a execu-
de seu plano individual de atendimento; e
o das medidas socioeducativas de semiliberdade e interna-
III - a desaprovao da conduta infracional, efetivando as
o;
disposies da sentena como parmetro mximo de priva-
IV - editar normas complementares para a organizao e
o de liberdade ou restrio de direitos, observados os limi-
funcionamento do seu sistema de atendimento e dos sistemas
tes previstos em lei.
municipais;
3o Entendem-se por programa de atendimento a organi-
V - estabelecer com os Municpios formas de colaborao
zao e o funcionamento, por unidade, das condies neces-
para o atendimento socioeducativo em meio aberto;
srias para o cumprimento das medidas socioeducativas.
VI - prestar assessoria tcnica e suplementao financeira
4o Entende-se por unidade a base fsica necessria pa-
aos Municpios para a oferta regular de programas de meio
ra a organizao e o funcionamento de programa de atendi-
aberto;
mento.
VII - garantir o pleno funcionamento do planto interinsti-
5o Entendem-se por entidade de atendimento a pessoa
tucional, nos termos previstos no inciso V do art. 88 da Lei no
jurdica de direito pblico ou privado que instala e mantm a
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criana e do Ado-
unidade e os recursos humanos e materiais necessrios ao
lescente);
desenvolvimento de programas de atendimento.
VIII - garantir defesa tcnica do adolescente a quem se
Art. 2o O Sinase ser coordenado pela Unio e integrado
atribua prtica de ato infracional;
pelos sistemas estaduais, distrital e municipais responsveis
IX - cadastrar-se no Sistema Nacional de Informaes so-
pela implementao dos seus respectivos programas de
bre o Atendimento Socioeducativo e fornecer regularmente os
atendimento a adolescente ao qual seja aplicada medida
dados necessrios ao povoamento e atualizao do Siste-
socioeducativa, com liberdade de organizao e funciona-
ma; e
mento, respeitados os termos desta Lei.
X - cofinanciar, com os demais entes federados, a execu-
CAPTULO II
o de programas e aes destinados ao atendimento inicial
DAS COMPETNCIAS
de adolescente apreendido para apurao de ato infracional,
Art. 3o Compete Unio:
bem como aqueles destinados a adolescente a quem foi apli-
I - formular e coordenar a execuo da poltica nacional de
cada medida socioeducativa privativa de liberdade.
atendimento socioeducativo;
1o Ao Conselho Estadual dos Direitos da Criana e do
II - elaborar o Plano Nacional de Atendimento Socioeduca-
Adolescente competem as funes deliberativas e de controle
tivo, em parceria com os Estados, o Distrito Federal e os
do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo, nos
Municpios;
termos previstos no inciso II do art. 88 da Lei n 8.069, de 13
III - prestar assistncia tcnica e suplementao financeira
de julho de 1990 (Estatuto da Criana e do Adolescente), bem
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios para o
como outras definidas na legislao estadual ou distrital.
desenvolvimento de seus sistemas;
2o O Plano de que trata o inciso II do caput deste artigo
IV - instituir e manter o Sistema Nacional de Informaes
ser submetido deliberao do Conselho Estadual dos Di-
sobre o Atendimento Socioeducativo, seu funcionamento,
reitos da Criana e do Adolescente.
entidades, programas, incluindo dados relativos a financia-
3o Competem ao rgo a ser designado no Plano de
mento e populao atendida;
que trata o inciso II do caput deste artigo as funes executi-
V - contribuir para a qualificao e ao em rede dos Sis-
va e de gesto do Sistema Estadual de Atendimento Socioe-
temas de Atendimento Socioeducativo;
ducativo.
VI - estabelecer diretrizes sobre a organizao e funcio-
Art. 5o Compete aos Municpios:
namento das unidades e programas de atendimento e as
I - formular, instituir, coordenar e manter o Sistema Muni-
normas de referncia destinadas ao cumprimento das medi-
cipal de Atendimento Socioeducativo, respeitadas as diretri-
das socioeducativas de internao e semiliberdade;
zes fixadas pela Unio e pelo respectivo Estado;

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II - elaborar o Plano Municipal de Atendimento Socioedu- Art. 9o Os Estados e o Distrito Federal inscrevero seus
cativo, em conformidade com o Plano Nacional e o respectivo programas de atendimento e alteraes no Conselho Estadu-
Plano Estadual; al ou Distrital dos Direitos da Criana e do Adolescente, con-
III - criar e manter programas de atendimento para a exe- forme o caso.
cuo das medidas socioeducativas em meio aberto; Art. 10. Os Municpios inscrevero seus programas e alte-
IV - editar normas complementares para a organizao e raes, bem como as entidades de atendimento executoras,
funcionamento dos programas do seu Sistema de Atendimen- no Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adoles-
to Socioeducativo; cente.
V - cadastrar-se no Sistema Nacional de Informaes so- Art. 11. Alm da especificao do regime, so requisitos
bre o Atendimento Socioeducativo e fornecer regularmente os obrigatrios para a inscrio de programa de atendimento:
dados necessrios ao povoamento e atualizao do Siste- I - a exposio das linhas gerais dos mtodos e tcnicas
ma; e pedaggicas, com a especificao das atividades de natureza
VI - cofinanciar, conjuntamente com os demais entes fede- coletiva;
rados, a execuo de programas e aes destinados ao aten- II - a indicao da estrutura material, dos recursos huma-
dimento inicial de adolescente apreendido para apurao de nos e das estratgias de segurana compatveis com as ne-
ato infracional, bem como aqueles destinados a adolescente a cessidades da respectiva unidade;
quem foi aplicada medida socioeducativa em meio aberto. III - regimento interno que regule o funcionamento da enti-
1o Para garantir a oferta de programa de atendimento dade, no qual dever constar, no mnimo:
socioeducativo de meio aberto, os Municpios podem instituir a) o detalhamento das atribuies e responsabilidades do
os consrcios dos quais trata a Lei no 11.107, de 6 de abril de dirigente, de seus prepostos, dos membros da equipe tcnica
2005, que dispe sobre normas gerais de contratao de e dos demais educadores;
consrcios pblicos e d outras providncias, ou qualquer b) a previso das condies do exerccio da disciplina e
outro instrumento jurdico adequado, como forma de comparti- concesso de benefcios e o respectivo procedimento de
lhar responsabilidades. aplicao; e
2o Ao Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do c) a previso da concesso de benefcios extraordinrios e
Adolescente competem as funes deliberativas e de controle enaltecimento, tendo em vista tornar pblico o reconhecimen-
do Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo, nos to ao adolescente pelo esforo realizado na consecuo dos
termos previstos no inciso II do art. 88 da Lei n 8.069, de 13 objetivos do plano individual;
de julho de 1990 (Estatuto da Criana e do Adolescente), bem IV - a poltica de formao dos recursos humanos;
como outras definidas na legislao municipal. V - a previso das aes de acompanhamento do adoles-
3o O Plano de que trata o inciso II do caput deste artigo cente aps o cumprimento de medida socioeducativa;
ser submetido deliberao do Conselho Municipal dos VI - a indicao da equipe tcnica, cuja quantidade e for-
Direitos da Criana e do Adolescente. mao devem estar em conformidade com as normas de
4o Competem ao rgo a ser designado no Plano de referncia do sistema e dos conselhos profissionais e com o
que trata o inciso II do caput deste artigo as funes executi- atendimento socioeducativo a ser realizado; e
va e de gesto do Sistema Municipal de Atendimento Socioe- VII - a adeso ao Sistema de Informaes sobre o Aten-
ducativo. dimento Socioeducativo, bem como sua operao efetiva.
Art. 6o Ao Distrito Federal cabem, cumulativamente, as Pargrafo nico. O no cumprimento do previsto neste ar-
competncias dos Estados e dos Municpios. tigo sujeita as entidades de atendimento, os rgos gestores,
CAPTULO III seus dirigentes ou prepostos aplicao das medidas previs-
DOS PLANOS DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO tas no art. 97 da Lei n 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatu-
Art. 7o O Plano de que trata o inciso II do art. 3o desta Lei to da Criana e do Adolescente).
dever incluir um diagnstico da situao do Sinase, as dire- Art. 12. A composio da equipe tcnica do programa de
trizes, os objetivos, as metas, as prioridades e as formas de atendimento dever ser interdisciplinar, compreendendo, no
financiamento e gesto das aes de atendimento para os 10 mnimo, profissionais das reas de sade, educao e assis-
(dez) anos seguintes, em sintonia com os princpios elenca- tncia social, de acordo com as normas de referncia.
dos na Lei n 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Cri- 1o Outros profissionais podem ser acrescentados s
ana e do Adolescente). equipes para atender necessidades especficas do programa.
1o As normas nacionais de referncia para o atendimen- 2o Regimento interno deve discriminar as atribuies de
to socioeducativo devem constituir anexo ao Plano de que cada profissional, sendo proibida a sobreposio dessas
trata o inciso II do art. 3o desta Lei. atribuies na entidade de atendimento.
2o Os Estados, o Distrito Federal e os Municpios deve- 3o O no cumprimento do previsto neste artigo sujeita
ro, com base no Plano Nacional de Atendimento Socioedu- as entidades de atendimento, seus dirigentes ou prepostos
cativo, elaborar seus planos decenais correspondentes, em aplicao das medidas previstas no art. 97 da Lei n 8.069, de
at 360 (trezentos e sessenta) dias a partir da aprovao do 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criana e do Adolescente).
Plano Nacional. Seo II
Art. 8o Os Planos de Atendimento Socioeducativo deve- Dos Programas de Meio Aberto
ro, obrigatoriamente, prever aes articuladas nas reas de Art. 13. Compete direo do programa de prestao de
educao, sade, assistncia social, cultura, capacitao para servios comunidade ou de liberdade assistida:
o trabalho e esporte, para os adolescentes atendidos, em I - selecionar e credenciar orientadores, designando-os,
conformidade com os princpios elencados na Lei n 8.069, de caso a caso, para acompanhar e avaliar o cumprimento da
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criana e do Adolescente). medida;
Pargrafo nico. Os Poderes Legislativos federal, estadu- II - receber o adolescente e seus pais ou responsvel e
ais, distrital e municipais, por meio de suas comisses temti- orient-los sobre a finalidade da medida e a organizao e
cas pertinentes, acompanharo a execuo dos Planos de funcionamento do programa;
Atendimento Socioeducativo dos respectivos entes federa- III - encaminhar o adolescente para o orientador credenci-
dos. ado;
CAPTULO IV IV - supervisionar o desenvolvimento da medida; e
DOS PROGRAMAS DE ATENDIMENTO V - avaliar, com o orientador, a evoluo do cumprimento
Seo I da medida e, se necessrio, propor autoridade judiciria sua
Disposies Gerais substituio, suspenso ou extino.

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Pargrafo nico. O rol de orientadores credenciados de- I - contribuir para a organizao da rede de atendimento
ver ser comunicado, semestralmente, autoridade judiciria socioeducativo;
e ao Ministrio Pblico. II - assegurar conhecimento rigoroso sobre as aes do
Art. 14. Incumbe ainda direo do programa de medida atendimento socioeducativo e seus resultados;
de prestao de servios comunidade selecionar e creden- III - promover a melhora da qualidade da gesto e do
ciar entidades assistenciais, hospitais, escolas ou outros es- atendimento socioeducativo; e
tabelecimentos congneres, bem como os programas comuni- IV - disponibilizar informaes sobre o atendimento socio-
trios ou governamentais, de acordo com o perfil do socioe- educativo.
ducando e o ambiente no qual a medida ser cumprida. 1o A avaliao abranger, no mnimo, a gesto, as enti-
Pargrafo nico. Se o Ministrio Pblico impugnar o cre- dades de atendimento, os programas e os resultados da exe-
denciamento, ou a autoridade judiciria consider-lo inade- cuo das medidas socioeducativas.
quado, instaurar incidente de impugnao, com a aplicao 2o Ao final da avaliao, ser elaborado relatrio con-
subsidiria do procedimento de apurao de irregularidade tendo histrico e diagnstico da situao, as recomendaes
em entidade de atendimento regulamentado na Lei no 8.069, e os prazos para que essas sejam cumpridas, alm de outros
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criana e do Adolescen- elementos a serem definidos em regulamento.
te), devendo citar o dirigente do programa e a direo da 3o O relatrio da avaliao dever ser encaminhado aos
entidade ou rgo credenciado. respectivos Conselhos de Direitos, Conselhos Tutelares e ao
Seo III Ministrio Pblico.
Dos Programas de Privao da Liberdade 4o Os gestores e entidades tm o dever de colaborar
Art. 15. So requisitos especficos para a inscrio de com o processo de avaliao, facilitando o acesso s suas
programas de regime de semiliberdade ou internao: instalaes, documentao e a todos os elementos neces-
I - a comprovao da existncia de estabelecimento edu- srios ao seu efetivo cumprimento.
cacional com instalaes adequadas e em conformidade com 5o O acompanhamento tem por objetivo verificar o cum-
as normas de referncia; primento das metas dos Planos de Atendimento Socioeduca-
II - a previso do processo e dos requisitos para a escolha tivo.
do dirigente; Art. 20. O Sistema Nacional de Avaliao e Acompanha-
III - a apresentao das atividades de natureza coletiva; mento da Gesto do Atendimento Socioeducativo assegurar,
IV - a definio das estratgias para a gesto de conflitos, na metodologia a ser empregada:
vedada a previso de isolamento cautelar, exceto nos casos I - a realizao da autoavaliao dos gestores e das insti-
previstos no 2o do art. 49 desta Lei; e tuies de atendimento;
V - a previso de regime disciplinar nos termos do art. 72 II - a avaliao institucional externa, contemplando a an-
desta Lei. lise global e integrada das instalaes fsicas, relaes insti-
Art. 16. A estrutura fsica da unidade dever ser compat- tucionais, compromisso social, atividades e finalidades das
vel com as normas de referncia do Sinase. instituies de atendimento e seus programas;
1o vedada a edificao de unidades socioeducacio- III - o respeito identidade e diversidade de entidades e
nais em espaos contguos, anexos, ou de qualquer outra programas;
forma integrados a estabelecimentos penais. IV - a participao do corpo de funcionrios das entidades
2o A direo da unidade adotar, em carter excepcio- de atendimento e dos Conselhos Tutelares da rea de atua-
nal, medidas para proteo do interno em casos de risco o da entidade avaliada; e
sua integridade fsica, sua vida, ou de outrem, comuni- V - o carter pblico de todos os procedimentos, dados e
cando, de imediato, seu defensor e o Ministrio Pblico. resultados dos processos avaliativos.
Art. 17. Para o exerccio da funo de dirigente de pro- Art. 21. A avaliao ser coordenada por uma comisso
grama de atendimento em regime de semiliberdade ou de permanente e realizada por comisses temporrias, essas
internao, alm dos requisitos especficos previstos no res- compostas, no mnimo, por 3 (trs) especialistas com reco-
pectivo programa de atendimento, necessrio: nhecida atuao na rea temtica e definidas na forma do
I - formao de nvel superior compatvel com a natureza regulamento.
da funo; Pargrafo nico. vedado comisso permanente de-
II - comprovada experincia no trabalho com adolescentes signar avaliadores:
de, no mnimo, 2 (dois) anos; e I - que sejam titulares ou servidores dos rgos gestores
III - reputao ilibada. avaliados ou funcionrios das entidades avaliadas;
CAPTULO V II - que tenham relao de parentesco at o 3o grau com
DA AVALIAO E ACOMPANHAMENTO DA GESTO titulares ou servidores dos rgos gestores avaliados e/ou
DO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO funcionrios das entidades avaliadas; e
Art. 18. A Unio, em articulao com os Estados, o Distri- III - que estejam respondendo a processos criminais.
to Federal e os Municpios, realizar avaliaes peridicas da Art. 22. A avaliao da gesto ter por objetivo:
implementao dos Planos de Atendimento Socioeducativo I - verificar se o planejamento oramentrio e sua execu-
em intervalos no superiores a 3 (trs) anos. o se processam de forma compatvel com as necessidades
1o O objetivo da avaliao verificar o cumprimento das do respectivo Sistema de Atendimento Socioeducativo;
metas estabelecidas e elaborar recomendaes aos gestores II - verificar a manuteno do fluxo financeiro, consideran-
e operadores dos Sistemas. do as necessidades operacionais do atendimento socioeduca-
2o O processo de avaliao dever contar com a parti- tivo, as normas de referncia e as condies previstas nos
cipao de representantes do Poder Judicirio, do Ministrio instrumentos jurdicos celebrados entre os rgos gestores e
Pblico, da Defensoria Pblica e dos Conselhos Tutelares, na as entidades de atendimento;
forma a ser definida em regulamento. III - verificar a implementao de todos os demais com-
3o A primeira avaliao do Plano Nacional de Atendi- promissos assumidos por ocasio da celebrao dos instru-
mento Socioeducativo realizar-se- no terceiro ano de vign- mentos jurdicos relativos ao atendimento socioeducativo; e
cia desta Lei, cabendo ao Poder Legislativo federal acompa- IV - a articulao interinstitucional e intersetorial das polti-
nhar o trabalho por meio de suas comisses temticas perti- cas.
nentes. Art. 23. A avaliao das entidades ter por objetivo identi-
Art. 19. institudo o Sistema Nacional de Avaliao e ficar o perfil e o impacto de sua atuao, por meio de suas
Acompanhamento do Atendimento Socioeducativo, com os atividades, programas e projetos, considerando as diferentes
seguintes objetivos:

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dimenses institucionais e, entre elas, obrigatoriamente, as Pargrafo nico. A aplicao das medidas previstas neste
seguintes: artigo dar-se- a partir da anlise de relatrio circunstanciado
I - o plano de desenvolvimento institucional; elaborado aps as avaliaes, sem prejuzo do que determi-
II - a responsabilidade social, considerada especialmente nam os arts. 191 a 197, 225 a 227, 230 a 236, 243 e 245 a
sua contribuio para a incluso social e o desenvolvimento 247 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Cri-
socioeconmico do adolescente e de sua famlia; ana e do Adolescente).
III - a comunicao e o intercmbio com a sociedade; Art. 29. queles que, mesmo no sendo agentes pbli-
IV - as polticas de pessoal quanto qualificao, aperfei- cos, induzam ou concorram, sob qualquer forma, direta ou
oamento, desenvolvimento profissional e condies de traba- indireta, para o no cumprimento desta Lei, aplicam-se, no
lho; que couber, as penalidades dispostas na Lei no 8.429, de 2 de
V - a adequao da infraestrutura fsica s normas de re- junho de 1992, que dispe sobre as sanes aplicveis aos
ferncia; agentes pblicos nos casos de enriquecimento ilcito no exer-
VI - o planejamento e a autoavaliao quanto aos proces- ccio de mandato, cargo, emprego ou funo na administra-
sos, resultados, eficincia e eficcia do projeto pedaggico e o pblica direta, indireta ou fundacional e d outras provi-
da proposta socioeducativa; dncias (Lei de Improbidade Administrativa).
VII - as polticas de atendimento para os adolescentes e CAPTULO VII
suas famlias; DO FINANCIAMENTO E DAS PRIORIDADES
VIII - a ateno integral sade dos adolescentes em con- Art. 30. O Sinase ser cofinanciado com recursos dos or-
formidade com as diretrizes do art. 60 desta Lei; e amentos fiscal e da seguridade social, alm de outras fon-
IX - a sustentabilidade financeira. tes.
Art. 24. A avaliao dos programas ter por objetivo veri- 1o (VETADO).
ficar, no mnimo, o atendimento ao que determinam os arts. 2o Os entes federados que tenham institudo seus sis-
94, 100, 117, 119, 120, 123 e 124 da Lei no 8.069, de 13 de temas de atendimento socioeducativo tero acesso aos re-
julho de 1990 (Estatuto da Criana e do Adolescente). cursos na forma de transferncia adotada pelos rgos inte-
Art. 25. A avaliao dos resultados da execuo de medi- grantes do Sinase.
da socioeducativa ter por objetivo, no mnimo: 3o Os entes federados beneficiados com recursos dos
I - verificar a situao do adolescente aps cumprimento oramentos dos rgos responsveis pelas polticas integran-
da medida socioeducativa, tomando por base suas perspecti- tes do Sinase, ou de outras fontes, esto sujeitos s normas e
vas educacionais, sociais, profissionais e familiares; e procedimentos de monitoramento estabelecidos pelas instn-
II - verificar reincidncia de prtica de ato infracional. cias dos rgos das polticas setoriais envolvidas, sem preju-
Art. 26. Os resultados da avaliao sero utilizados para: zo do disposto nos incisos IX e X do art. 4o, nos incisos V e VI
I - planejamento de metas e eleio de prioridades do Sis- do art. 5o e no art. 6o desta Lei.
tema de Atendimento Socioeducativo e seu financiamento; Art. 31. Os Conselhos de Direitos, nas 3 (trs) esferas de
II - reestruturao e/ou ampliao da rede de atendimento governo, definiro, anualmente, o percentual de recursos dos
socioeducativo, de acordo com as necessidades diagnostica- Fundos dos Direitos da Criana e do Adolescente a serem
das; aplicados no financiamento das aes previstas nesta Lei, em
III - adequao dos objetivos e da natureza do atendimen- especial para capacitao, sistemas de informao e de ava-
to socioeducativo prestado pelas entidades avaliadas; liao.
IV - celebrao de instrumentos de cooperao com vistas Pargrafo nico. Os entes federados beneficiados com
correo de problemas diagnosticados na avaliao; recursos do Fundo dos Direitos da Criana e do Adolescente
V - reforo de financiamento para fortalecer a rede de para aes de atendimento socioeducativo prestaro informa-
atendimento socioeducativo; es sobre o desempenho dessas aes por meio do Sistema
VI - melhorar e ampliar a capacitao dos operadores do de Informaes sobre Atendimento Socioeducativo.
Sistema de Atendimento Socioeducativo; e Art. 32. A Lei no 7.560, de 19 de dezembro de 1986, pas-
VII - os efeitos do art. 95 da Lei no 8.069, de 13 de julho de sa a vigorar com as seguintes alteraes:
1990 (Estatuto da Criana e do Adolescente). Art. 5o Os recursos do Funad sero destinados:
Pargrafo nico. As recomendaes originadas da avalia- .............................................................................................
o devero indicar prazo para seu cumprimento por parte X - s entidades governamentais e no governamentais in-
das entidades de atendimento e dos gestores avaliados, ao tegrantes do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
fim do qual estaro sujeitos s medidas previstas no art. 28 (Sinase).
desta Lei. ................................................................................... (NR)
Art. 27. As informaes produzidas a partir do Sistema Art. 5o-A. A Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas
Nacional de Informaes sobre Atendimento Socioeducativo (Senad), rgo gestor do Fundo Nacional Antidrogas (Funad),
sero utilizadas para subsidiar a avaliao, o acompanha- poder financiar projetos das entidades do Sinase desde que:
mento, a gesto e o financiamento dos Sistemas Nacional, I - o ente federado de vinculao da entidade que solicita o
Distrital, Estaduais e Municipais de Atendimento Socioeduca- recurso possua o respectivo Plano de Atendimento Socioedu-
tivo. cativo aprovado;
CAPTULO VI II - as entidades governamentais e no governamentais in-
DA RESPONSABILIZAO DOS GESTORES, OPERA- tegrantes do Sinase que solicitem recursos tenham participado
DORES E ENTIDADES DE ATENDIMENTO da avaliao nacional do atendimento socioeducativo;
Art. 28. No caso do desrespeito, mesmo que parcial, ou III - o projeto apresentado esteja de acordo com os pressu-
do no cumprimento integral s diretrizes e determinaes postos da Poltica Nacional sobre Drogas e legislao espec-
desta Lei, em todas as esferas, so sujeitos: fica.
I - gestores, operadores e seus prepostos e entidades go- Art. 33. A Lei no 7.998, de 11 de janeiro de 1990, passa a
vernamentais s medidas previstas no inciso I e no 1o do vigorar acrescida do seguinte art. 19-A:
art. 97 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Art. 19-A. O Codefat poder priorizar projetos das entida-
Criana e do Adolescente); e des integrantes do Sistema Nacional de Atendimento Socioe-
II - entidades no governamentais, seus gestores, opera- ducativo (Sinase) desde que:
dores e prepostos s medidas previstas no inciso II e no 1o I - o ente federado de vinculao da entidade que solicita o
do art. 97 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da recurso possua o respectivo Plano de Atendimento Socioedu-
Criana e do Adolescente). cativo aprovado;

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II - as entidades governamentais e no governamentais in- I - documentos de carter pessoal do adolescente existen-
tegrantes do Sinase que solicitem recursos tenham se subme- tes no processo de conhecimento, especialmente os que com-
tido avaliao nacional do atendimento socioeducativo. provem sua idade; e
Art. 34. O art. 2o da Lei no 5.537, de 21 de novembro de II - as indicadas pela autoridade judiciria, sempre que
1968, passa a vigorar acrescido do seguinte 3o: houver necessidade e, obrigatoriamente:
Art. 2o ....................................................................... a) cpia da representao;
............................................................................................. b) cpia da certido de antecedentes;
3o O fundo de que trata o art. 1o poder financiar, na c) cpia da sentena ou acrdo; e
forma das resolues de seu conselho deliberativo, programas d) cpia de estudos tcnicos realizados durante a fase de
e projetos de educao bsica relativos ao Sistema Nacional conhecimento.
de Atendimento Socioeducativo (Sinase) desde que: Pargrafo nico. Procedimento idntico ser observado na
I - o ente federado que solicitar o recurso possua o respec- hiptese de medida aplicada em sede de remisso, como
tivo Plano de Atendimento Socioeducativo aprovado; forma de suspenso do processo.
II - as entidades de atendimento vinculadas ao ente fede- Art. 40. Autuadas as peas, a autoridade judiciria enca-
rado que solicitar o recurso tenham se submetido avaliao minhar, imediatamente, cpia integral do expediente ao rgo
nacional do atendimento socioeducativo; e gestor do atendimento socioeducativo, solicitando designao
III - o ente federado tenha assinado o Plano de Metas do programa ou da unidade de cumprimento da medida.
Compromisso Todos pela Educao e elaborado o respectivo Art. 41. A autoridade judiciria dar vistas da proposta de
Plano de Aes Articuladas (PAR). (NR) plano individual de que trata o art. 53 desta Lei ao defensor e
TTULO II ao Ministrio Pblico pelo prazo sucessivo de 3 (trs) dias,
DA EXECUO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS contados do recebimento da proposta encaminhada pela dire-
CAPTULO I o do programa de atendimento.
DISPOSIES GERAIS 1o O defensor e o Ministrio Pblico podero requerer, e
Art. 35. A execuo das medidas socioeducativas reger- o Juiz da Execuo poder determinar, de ofcio, a realizao
se- pelos seguintes princpios: de qualquer avaliao ou percia que entenderem necessrias
I - legalidade, no podendo o adolescente receber trata- para complementao do plano individual.
mento mais gravoso do que o conferido ao adulto; 2o A impugnao ou complementao do plano individu-
II - excepcionalidade da interveno judicial e da imposio al, requerida pelo defensor ou pelo Ministrio Pblico, dever
de medidas, favorecendo-se meios de autocomposio de ser fundamentada, podendo a autoridade judiciria indeferi-la,
conflitos; se entender insuficiente a motivao.
III - prioridade a prticas ou medidas que sejam restaurati- 3o Admitida a impugnao, ou se entender que o plano
vas e, sempre que possvel, atendam s necessidades das inadequado, a autoridade judiciria designar, se necessrio,
vtimas; audincia da qual cientificar o defensor, o Ministrio Pblico,
IV - proporcionalidade em relao ofensa cometida; a direo do programa de atendimento, o adolescente e seus
V - brevidade da medida em resposta ao ato cometido, em pais ou responsvel.
especial o respeito ao que dispe o art. 122 da Lei no 8.069, de 4o A impugnao no suspender a execuo do plano
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criana e do Adolescente); individual, salvo determinao judicial em contrrio.
VI - individualizao, considerando-se a idade, capacida- 5o Findo o prazo sem impugnao, considerar-se- o
des e circunstncias pessoais do adolescente; plano individual homologado.
VII - mnima interveno, restrita ao necessrio para a rea- Art. 42. As medidas socioeducativas de liberdade assisti-
lizao dos objetivos da medida; da, de semiliberdade e de internao devero ser reavaliadas
VIII - no discriminao do adolescente, notadamente em no mximo a cada 6 (seis) meses, podendo a autoridade judi-
razo de etnia, gnero, nacionalidade, classe social, orienta- ciria, se necessrio, designar audincia, no prazo mximo de
o religiosa, poltica ou sexual, ou associao ou pertenci- 10 (dez) dias, cientificando o defensor, o Ministrio Pblico, a
mento a qualquer minoria ou status; e direo do programa de atendimento, o adolescente e seus
IX - fortalecimento dos vnculos familiares e comunitrios pais ou responsvel.
no processo socioeducativo. 1o A audincia ser instruda com o relatrio da equipe
CAPTULO II tcnica do programa de atendimento sobre a evoluo do
DOS PROCEDIMENTOS plano de que trata o art. 52 desta Lei e com qualquer outro
Art. 36. A competncia para jurisdicionar a execuo das parecer tcnico requerido pelas partes e deferido pela autori-
medidas socioeducativas segue o determinado pelo art. 146 dade judiciria.
da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criana e 2o A gravidade do ato infracional, os antecedentes e o
do Adolescente). tempo de durao da medida no so fatores que, por si, justi-
Art. 37. A defesa e o Ministrio Pblico interviro, sob pe- fiquem a no substituio da medida por outra menos grave.
na de nulidade, no procedimento judicial de execuo de me- 3o Considera-se mais grave a internao, em relao a
dida socioeducativa, asseguradas aos seus membros as prer- todas as demais medidas, e mais grave a semiliberdade, em
rogativas previstas na Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 relao s medidas de meio aberto.
(Estatuto da Criana e do Adolescente), podendo requerer as Art. 43. A reavaliao da manuteno, da substituio ou
providncias necessrias para adequar a execuo aos dita- da suspenso das medidas de meio aberto ou de privao da
mes legais e regulamentares. liberdade e do respectivo plano individual pode ser solicitada a
Art. 38. As medidas de proteo, de advertncia e de re- qualquer tempo, a pedido da direo do programa de atendi-
parao do dano, quando aplicadas de forma isolada, sero mento, do defensor, do Ministrio Pblico, do adolescente, de
executadas nos prprios autos do processo de conhecimento, seus pais ou responsvel.
respeitado o disposto nos arts. 143 e 144 da Lei no 8.069, de 1o Justifica o pedido de reavaliao, entre outros moti-
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criana e do Adolescente). vos:
Art. 39. Para aplicao das medidas socioeducativas de I - o desempenho adequado do adolescente com base no
prestao de servios comunidade, liberdade assistida, se- seu plano de atendimento individual, antes do prazo da reava-
miliberdade ou internao, ser constitudo processo de exe- liao obrigatria;
cuo para cada adolescente, respeitado o disposto nos arts. II - a inadaptao do adolescente ao programa e o reitera-
143 e 144 da Lei n 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da do descumprimento das atividades do plano individual; e
Criana e do Adolescente), e com autuao das seguintes
peas:

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III - a necessidade de modificao das atividades do plano audincia, proceder o magistrado na forma do 1o do art. 42
individual que importem em maior restrio da liberdade do desta Lei.
adolescente. 2o vedada a aplicao de sano disciplinar de isola-
2o A autoridade judiciria poder indeferir o pedido, de mento a adolescente interno, exceto seja essa imprescindvel
pronto, se entender insuficiente a motivao. para garantia da segurana de outros internos ou do prprio
3o Admitido o processamento do pedido, a autoridade adolescente a quem seja imposta a sano, sendo necessria
judiciria, se necessrio, designar audincia, observando o ainda comunicao ao defensor, ao Ministrio Pblico e
princpio do 1o do art. 42 desta Lei. autoridade judiciria em at 24 (vinte e quatro) horas.
4o A substituio por medida mais gravosa somente CAPTULO III
ocorrer em situaes excepcionais, aps o devido processo DOS DIREITOS INDIVIDUAIS
legal, inclusive na hiptese do inciso III do art. 122 da Lei no Art. 49. So direitos do adolescente submetido ao cum-
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criana e do Ado- primento de medida socioeducativa, sem prejuzo de outros
lescente), e deve ser: previstos em lei:
I - fundamentada em parecer tcnico; I - ser acompanhado por seus pais ou responsvel e por
II - precedida de prvia audincia, e nos termos do 1o do seu defensor, em qualquer fase do procedimento administrati-
art. 42 desta Lei. vo ou judicial;
Art. 44. Na hiptese de substituio da medida ou modifi- II - ser includo em programa de meio aberto quando ine-
cao das atividades do plano individual, a autoridade judici- xistir vaga para o cumprimento de medida de privao da
ria remeter o inteiro teor da deciso direo do programa de liberdade, exceto nos casos de ato infracional cometido medi-
atendimento, assim como as peas que entender relevantes ante grave ameaa ou violncia pessoa, quando o adoles-
nova situao jurdica do adolescente. cente dever ser internado em Unidade mais prxima de seu
Pargrafo nico. No caso de a substituio da medida im- local de residncia;
portar em vinculao do adolescente a outro programa de III - ser respeitado em sua personalidade, intimidade, liber-
atendimento, o plano individual e o histrico do cumprimento dade de pensamento e religio e em todos os direitos no
da medida devero acompanhar a transferncia. expressamente limitados na sentena;
Art. 45. Se, no transcurso da execuo, sobrevier senten- IV - peticionar, por escrito ou verbalmente, diretamente a
a de aplicao de nova medida, a autoridade judiciria proce- qualquer autoridade ou rgo pblico, devendo, obrigatoria-
der unificao, ouvidos, previamente, o Ministrio Pblico e mente, ser respondido em at 15 (quinze) dias;
o defensor, no prazo de 3 (trs) dias sucessivos, decidindo-se V - ser informado, inclusive por escrito, das normas de or-
em igual prazo. ganizao e funcionamento do programa de atendimento e
1o vedado autoridade judiciria determinar reincio tambm das previses de natureza disciplinar;
de cumprimento de medida socioeducativa, ou deixar de con- VI - receber, sempre que solicitar, informaes sobre a
siderar os prazos mximos, e de liberao compulsria previs- evoluo de seu plano individual, participando, obrigatoriamen-
tos na Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Crian- te, de sua elaborao e, se for o caso, reavaliao;
a e do Adolescente), excetuada a hiptese de medida aplica- VII - receber assistncia integral sua sade, conforme o
da por ato infracional praticado durante a execuo. disposto no art. 60 desta Lei; e
2o vedado autoridade judiciria aplicar nova medida VIII - ter atendimento garantido em creche e pr-escola aos
de internao, por atos infracionais praticados anteriormente, a filhos de 0 (zero) a 5 (cinco) anos.
adolescente que j tenha concludo cumprimento de medida 1o As garantias processuais destinadas a adolescente
socioeducativa dessa natureza, ou que tenha sido transferido autor de ato infracional previstas na Lei no 8.069, de 13 de
para cumprimento de medida menos rigorosa, sendo tais atos julho de 1990 (Estatuto da Criana e do Adolescente), apli-
absorvidos por aqueles aos quais se imps a medida socioe- cam-se integralmente na execuo das medidas socioeducati-
ducativa extrema. vas, inclusive no mbito administrativo.
Art. 46. A medida socioeducativa ser declarada extinta: 2o A oferta irregular de programas de atendimento soci-
I - pela morte do adolescente; oeducativo em meio aberto no poder ser invocada como
II - pela realizao de sua finalidade; motivo para aplicao ou manuteno de medida de privao
III - pela aplicao de pena privativa de liberdade, a ser da liberdade.
cumprida em regime fechado ou semiaberto, em execuo Art. 50. Sem prejuzo do disposto no 1o do art. 121 da
provisria ou definitiva; Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criana e do
IV - pela condio de doena grave, que torne o adoles- Adolescente), a direo do programa de execuo de medida
cente incapaz de submeter-se ao cumprimento da medida; e de privao da liberdade poder autorizar a sada, monitorada,
V - nas demais hipteses previstas em lei. do adolescente nos casos de tratamento mdico, doena gra-
1o No caso de o maior de 18 (dezoito) anos, em cumpri- ve ou falecimento, devidamente comprovados, de pai, me,
mento de medida socioeducativa, responder a processo-crime, filho, cnjuge, companheiro ou irmo, com imediata comunica-
caber autoridade judiciria decidir sobre eventual extino o ao juzo competente.
da execuo, cientificando da deciso o juzo criminal compe- Art. 51. A deciso judicial relativa execuo de medida
tente. socioeducativa ser proferida aps manifestao do defensor
2o Em qualquer caso, o tempo de priso cautelar no e do Ministrio Pblico.
convertida em pena privativa de liberdade deve ser desconta- CAPTULO IV
do do prazo de cumprimento da medida socioeducativa. DO PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO (PIA)
Art. 47. O mandado de busca e apreenso do adolescente Art. 52. O cumprimento das medidas socioeducativas, em
ter vigncia mxima de 6 (seis) meses, a contar da data da regime de prestao de servios comunidade, liberdade
expedio, podendo, se necessrio, ser renovado, fundamen- assistida, semiliberdade ou internao, depender de Plano
tadamente. Individual de Atendimento (PIA), instrumento de previso,
Art. 48. O defensor, o Ministrio Pblico, o adolescente e registro e gesto das atividades a serem desenvolvidas com o
seus pais ou responsvel podero postular reviso judicial de adolescente.
qualquer sano disciplinar aplicada, podendo a autoridade Pargrafo nico. O PIA dever contemplar a participao
judiciria suspender a execuo da sano at deciso final dos pais ou responsveis, os quais tm o dever de contribuir
do incidente. com o processo ressocializador do adolescente, sendo esses
1o Postulada a reviso aps ouvida a autoridade colegi- passveis de responsabilizao administrativa, nos termos do
ada que aplicou a sano e havendo provas a produzir em art. 249 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Criana e do Adolescente), civil e criminal.

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Art. 53. O PIA ser elaborado sob a responsabilidade da II - incluso de aes e servios para a promoo, prote-
equipe tcnica do respectivo programa de atendimento, com a o, preveno de agravos e doenas e recuperao da sa-
participao efetiva do adolescente e de sua famlia, represen- de;
tada por seus pais ou responsvel. III - cuidados especiais em sade mental, incluindo os rela-
Art. 54. Constaro do plano individual, no mnimo: cionados ao uso de lcool e outras substncias psicoativas, e
I - os resultados da avaliao interdisciplinar; ateno aos adolescentes com deficincias;
II - os objetivos declarados pelo adolescente; IV - disponibilizao de aes de ateno sade sexual e
III - a previso de suas atividades de integrao social e/ou reprodutiva e preveno de doenas sexualmente transmis-
capacitao profissional; sveis;
IV - atividades de integrao e apoio famlia; V - garantia de acesso a todos os nveis de ateno sa-
V - formas de participao da famlia para efetivo cumpri- de, por meio de referncia e contrarreferncia, de acordo com
mento do plano individual; e as normas do Sistema nico de Sade (SUS);
VI - as medidas especficas de ateno sua sade. VI - capacitao das equipes de sade e dos profissionais
Art. 55. Para o cumprimento das medidas de semiliberda- das entidades de atendimento, bem como daqueles que atuam
de ou de internao, o plano individual conter, ainda: nas unidades de sade de referncia voltadas s especificida-
I - a designao do programa de atendimento mais ade- des de sade dessa populao e de suas famlias;
quado para o cumprimento da medida; VII - incluso, nos Sistemas de Informao de Sade do
II - a definio das atividades internas e externas, individu- SUS, bem como no Sistema de Informaes sobre Atendimen-
ais ou coletivas, das quais o adolescente poder participar; e to Socioeducativo, de dados e indicadores de sade da popu-
III - a fixao das metas para o alcance de desenvolvimen- lao de adolescentes em atendimento socioeducativo; e
to de atividades externas. VIII - estruturao das unidades de internao conforme as
Pargrafo nico. O PIA ser elaborado no prazo de at 45 normas de referncia do SUS e do Sinase, visando ao atendi-
(quarenta e cinco) dias da data do ingresso do adolescente no mento das necessidades de Ateno Bsica.
programa de atendimento. Art. 61. As entidades que ofeream programas de atendi-
Art. 56. Para o cumprimento das medidas de prestao de mento socioeducativo em meio aberto e de semiliberdade
servios comunidade e de liberdade assistida, o PIA ser devero prestar orientaes aos socioeducandos sobre o
elaborado no prazo de at 15 (quinze) dias do ingresso do acesso aos servios e s unidades do SUS.
adolescente no programa de atendimento. Art. 62. As entidades que ofeream programas de privao
Art. 57. Para a elaborao do PIA, a direo do respectivo de liberdade devero contar com uma equipe mnima de pro-
programa de atendimento, pessoalmente ou por meio de fissionais de sade cuja composio esteja em conformidade
membro da equipe tcnica, ter acesso aos autos do procedi- com as normas de referncia do SUS.
mento de apurao do ato infracional e aos dos procedimentos Art. 63. (VETADO).
de apurao de outros atos infracionais atribudos ao mesmo 1o O filho de adolescente nascido nos estabelecimentos
adolescente. referidos no caput deste artigo no ter tal informao lanada
1o O acesso aos documentos de que trata o caput deve- em seu registro de nascimento.
r ser realizado por funcionrio da entidade de atendimento, 2o Sero asseguradas as condies necessrias para
devidamente credenciado para tal atividade, ou por membro que a adolescente submetida execuo de medida socioe-
da direo, em conformidade com as normas a serem defini- ducativa de privao de liberdade permanea com o seu filho
das pelo Poder Judicirio, de forma a preservar o que determi- durante o perodo de amamentao.
nam os arts. 143 e 144 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 Seo II
(Estatuto da Criana e do Adolescente). Do Atendimento a Adolescente com Transtorno Mental e
2o A direo poder requisitar, ainda: com Dependncia de lcool e de Substncia Psicoativa
I - ao estabelecimento de ensino, o histrico escolar do Art 64. O adolescente em cumprimento de medida socioe-
adolescente e as anotaes sobre o seu aproveitamento; ducativa que apresente indcios de transtorno mental, de defi-
II - os dados sobre o resultado de medida anteriormente cincia mental, ou associadas, dever ser avaliado por equipe
aplicada e cumprida em outro programa de atendimento; e tcnica multidisciplinar e multissetorial.
III - os resultados de acompanhamento especializado ante- 1o As competncias, a composio e a atuao da equi-
rior. pe tcnica de que trata o caput devero seguir, conjuntamen-
Art. 58. Por ocasio da reavaliao da medida, obrigat- te, as normas de referncia do SUS e do Sinase, na forma do
ria a apresentao pela direo do programa de atendimento regulamento.
de relatrio da equipe tcnica sobre a evoluo do adolescen- 2o A avaliao de que trata o caput subsidiar a elabo-
te no cumprimento do plano individual. rao e execuo da teraputica a ser adotada, a qual ser
Art. 59. O acesso ao plano individual ser restrito aos ser- includa no PIA do adolescente, prevendo, se necessrio,
vidores do respectivo programa de atendimento, ao adolescen- aes voltadas para a famlia.
te e a seus pais ou responsvel, ao Ministrio Pblico e ao 3o As informaes produzidas na avaliao de que trata
defensor, exceto expressa autorizao judicial. o caput so consideradas sigilosas.
CAPTULO V 4o Excepcionalmente, o juiz poder suspender a execu-
DA ATENO INTEGRAL SADE DE ADOLESCENTE o da medida socioeducativa, ouvidos o defensor e o Minist-
EM CUMPRIMENTO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA rio Pblico, com vistas a incluir o adolescente em programa de
Seo I ateno integral sade mental que melhor atenda aos objeti-
Disposies Gerais vos teraputicos estabelecidos para o seu caso especfico.
Art. 60. A ateno integral sade do adolescente no Sis- 5o Suspensa a execuo da medida socioeducativa, o
tema de Atendimento Socioeducativo seguir as seguintes juiz designar o responsvel por acompanhar e informar sobre
diretrizes: a evoluo do atendimento ao adolescente.
I - previso, nos planos de atendimento socioeducativo, em 6o A suspenso da execuo da medida socioeducativa
todas as esferas, da implantao de aes de promoo da ser avaliada, no mnimo, a cada 6 (seis) meses.
sade, com o objetivo de integrar as aes socioeducativas, 7o O tratamento a que se submeter o adolescente de-
estimulando a autonomia, a melhoria das relaes interpesso- ver observar o previsto na Lei no 10.216, de 6 de abril de
ais e o fortalecimento de redes de apoio aos adolescentes e 2001, que dispe sobre a proteo e os direitos das pessoas
suas famlias; portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo
assistencial em sade mental.
8o (VETADO).

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Art. 65. Enquanto no cessada a jurisdio da Infncia e cooperao celebrados entre os operadores do Senai e os
Juventude, a autoridade judiciria, nas hipteses tratadas no gestores dos Sistemas de Atendimento Socioeducativo locais.
art. 64, poder remeter cpia dos autos ao Ministrio Pblico 2o ...................................................................... (NR)
para eventual propositura de interdio e outras providncias Art. 77. O art. 3o do Decreto-Lei no 8.621, de 10 de janeiro
pertinentes. de 1946, passa a vigorar acrescido do seguinte 1o, renume-
Art. 66. (VETADO). rando-se o atual pargrafo nico para 2o:
CAPTULO VI Art. 3o .........................................................................
DAS VISITAS A ADOLESCENTE EM CUMPRIMENTO DE 1o As escolas do Senac podero ofertar vagas aos usu-
MEDIDA DE rios do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Si-
INTERNAO nase) nas condies a serem dispostas em instrumentos de
Art. 67. A visita do cnjuge, companheiro, pais ou respon- cooperao celebrados entre os operadores do Senac e os
sveis, parentes e amigos a adolescente a quem foi aplicada gestores dos Sistemas de Atendimento Socioeducativo locais.
medida socioeducativa de internao observar dias e hor- 2o. ..................................................................... (NR)
rios prprios definidos pela direo do programa de atendi- Art. 78. O art. 1o da Lei no 8.315, de 23 de dezembro de
mento. 1991, passa a vigorar acrescido do seguinte pargrafo nico:
Art. 68. assegurado ao adolescente casado ou que viva, Art. 1o .........................................................................
comprovadamente, em unio estvel o direito visita ntima. Pargrafo nico. Os programas de formao profissional
Pargrafo nico. O visitante ser identificado e registrado rural do Senar podero ofertar vagas aos usurios do Sistema
pela direo do programa de atendimento, que emitir docu- Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) nas condi-
mento de identificao, pessoal e intransfervel, especfico es a serem dispostas em instrumentos de cooperao cele-
para a realizao da visita ntima. brados entre os operadores do Senar e os gestores dos Sis-
Art. 69. garantido aos adolescentes em cumprimento de temas de Atendimento Socioeducativo locais. (NR)
medida socioeducativa de internao o direito de receber visita Art. 79. O art. 3o da Lei no 8.706, de 14 de setembro de
dos filhos, independentemente da idade desses. 1993, passa a vigorar acrescido do seguinte pargrafo nico:
Art. 70. O regulamento interno estabelecer as hipteses Art. 3o .........................................................................
de proibio da entrada de objetos na unidade de internao, Pargrafo nico. Os programas de formao profissional
vedando o acesso aos seus portadores. do Senat podero ofertar vagas aos usurios do Sistema Na-
CAPTULO VII cional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) nas condies
DOS REGIMES DISCIPLINARES a serem dispostas em instrumentos de cooperao celebrados
Art. 71. Todas as entidades de atendimento socioeducati- entre os operadores do Senat e os gestores dos Sistemas de
vo devero, em seus respectivos regimentos, realizar a previ- Atendimento Socioeducativo locais. (NR)
so de regime disciplinar que obedea aos seguintes princ- Art. 80. O art. 429 do Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio
pios: de 1943, passa a vigorar acrescido do seguinte 2o:
I - tipificao explcita das infraes como leves, mdias e Art. 429. .....................................................................
graves e determinao das correspondentes sanes; .............................................................................................
II - exigncia da instaurao formal de processo disciplinar 2o Os estabelecimentos de que trata o caput ofertaro
para a aplicao de qualquer sano, garantidos a ampla vagas de aprendizes a adolescentes usurios do Sistema
defesa e o contraditrio; Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) nas condi-
III - obrigatoriedade de audincia do socioeducando nos es a serem dispostas em instrumentos de cooperao cele-
casos em que seja necessria a instaurao de processo brados entre os estabelecimentos e os gestores dos Sistemas
disciplinar; de Atendimento Socioeducativo locais. (NR)
IV - sano de durao determinada; TTULO III
V - enumerao das causas ou circunstncias que eximam, DISPOSIES FINAIS E TRANSITRIAS
atenuem ou agravem a sano a ser imposta ao socioeducan- Art. 81. As entidades que mantenham programas de aten-
do, bem como os requisitos para a extino dessa; dimento tm o prazo de at 6 (seis) meses aps a publicao
VI - enumerao explcita das garantias de defesa; desta Lei para encaminhar ao respectivo Conselho Estadual
VII - garantia de solicitao e rito de apreciao dos recur- ou Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente propos-
sos cabveis; e ta de adequao da sua inscrio, sob pena de interdio.
VIII - apurao da falta disciplinar por comisso composta Art. 82. Os Conselhos dos Direitos da Criana e do Ado-
por, no mnimo, 3 (trs) integrantes, sendo 1 (um), obrigatori- lescente, em todos os nveis federados, com os rgos res-
amente, oriundo da equipe tcnica. ponsveis pelo sistema de educao pblica e as entidades de
Art. 72. O regime disciplinar independente da responsa- atendimento, devero, no prazo de 1 (um) ano a partir da pu-
bilidade civil ou penal que advenha do ato cometido. blicao desta Lei, garantir a insero de adolescentes em
Art. 73. Nenhum socioeducando poder desempenhar cumprimento de medida socioeducativa na rede pblica de
funo ou tarefa de apurao disciplinar ou aplicao de san- educao, em qualquer fase do perodo letivo, contemplando
o nas entidades de atendimento socioeducativo. as diversas faixas etrias e nveis de instruo.
Art. 74. No ser aplicada sano disciplinar sem expres- Art. 83. Os programas de atendimento socioeducativo sob
sa e anterior previso legal ou regulamentar e o devido pro- a responsabilidade do Poder Judicirio sero, obrigatoriamen-
cesso administrativo. te, transferidos ao Poder Executivo no prazo mximo de 1 (um)
Art. 75. No ser aplicada sano disciplinar ao socioedu- ano a partir da publicao desta Lei e de acordo com a poltica
cando que tenha praticado a falta: de oferta dos programas aqui definidos.
I - por coao irresistvel ou por motivo de fora maior; Art. 84. Os programas de internao e semiliberdade sob
II - em legtima defesa, prpria ou de outrem. a responsabilidade dos Municpios sero, obrigatoriamente,
CAPTULO VIII transferidos para o Poder Executivo do respectivo Estado no
DA CAPACITAO PARA O TRABALHO prazo mximo de 1 (um) ano a partir da publicao desta Lei e
Art. 76. O art. 2o do Decreto-Lei no 4.048, de 22 de janeiro de acordo com a poltica de oferta dos programas aqui defini-
de 1942, passa a vigorar acrescido do seguinte 1o, renume- dos.
rando-se o atual pargrafo nico para 2o: Art. 85. A no transferncia de programas de atendimento
Art. 2o ......................................................................... para os devidos entes responsveis, no prazo determinado
1o As escolas do Senai podero ofertar vagas aos usu- nesta Lei, importar na interdio do programa e caracterizar
rios do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Si- ato de improbidade administrativa do agente responsvel,
nase) nas condies a serem dispostas em instrumentos de vedada, ademais, ao Poder Judicirio e ao Poder Executivo

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municipal, ao final do referido prazo, a realizao de despesas I - est sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto
para a sua manuteno. sobre a renda apurado na declarao de que trata o inciso II
Art. 86. Os arts. 90, 97, 121, 122, 198 e 208 da Lei no do caput do art. 260;
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criana e do Ado- II - no se aplica pessoa fsica que:
lescente), passam a vigorar com a seguinte redao: a) utilizar o desconto simplificado;
Art. 90. ...................................................................... b) apresentar declarao em formulrio; ou
............................................................................................. c) entregar a declarao fora do prazo;
V - prestao de servios comunidade; III - s se aplica s doaes em espcie; e
VI - liberdade assistida; IV - no exclui ou reduz outros benefcios ou dedues em
VII - semiliberdade; e vigor.
VIII - internao. 3o O pagamento da doao deve ser efetuado at a data
.................................................................................... (NR) de vencimento da primeira quota ou quota nica do imposto,
Art. 97. (VETADO) observadas instrues especficas da Secretaria da Receita
Art. 121. ............................................. Federal do Brasil.
............................................................................................. 4o O no pagamento da doao no prazo estabelecido
7o A determinao judicial mencionada no 1o poder no 3o implica a glosa definitiva desta parcela de deduo,
ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciria. (NR) ficando a pessoa fsica obrigada ao recolhimento da diferena
Art. 122. ..................................................................... de imposto devido apurado na Declarao de Ajuste Anual
............................................................................................. com os acrscimos legais previstos na legislao.
1o O prazo de internao na hiptese do inciso III deste 5o A pessoa fsica poder deduzir do imposto apurado
artigo no poder ser superior a 3 (trs) meses, devendo ser na Declarao de Ajuste Anual as doaes feitas, no respecti-
decretada judicialmente aps o devido processo legal. vo ano-calendrio, aos fundos controlados pelos Conselhos
................................................................................... (NR) dos Direitos da Criana e do Adolescente municipais, distrital,
Art. 198. Nos procedimentos afetos Justia da Infncia estaduais e nacional concomitantemente com a opo de que
e da Juventude, inclusive os relativos execuo das medidas trata o caput, respeitado o limite previsto no inciso II do art.
socioeducativas, adotar-se- o sistema recursal da Lei no 260.
5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Cdigo de Processo Civil), Art. 260-B. A doao de que trata o inciso I do art. 260
com as seguintes adaptaes: poder ser deduzida:
............................................................................................. I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurdi-
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declara- cas que apuram o imposto trimestralmente; e
o, o prazo para o Ministrio Pblico e para a defesa ser II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para
sempre de 10 (dez) dias; as pessoas jurdicas que apuram o imposto anualmente.
................................................................................... (NR) Pargrafo nico. A doao dever ser efetuada dentro do
Art. 208. ..................................................................... perodo a que se refere a apurao do imposto.
............................................................................................. Art. 260-C. As doaes de que trata o art. 260 desta Lei
X - de programas de atendimento para a execuo das podem ser efetuadas em espcie ou em bens.
medidas socioeducativas e aplicao de medidas de proteo. Pargrafo nico. As doaes efetuadas em espcie devem
................................................................................... (NR) ser depositadas em conta especfica, em instituio financeira
Art. 87. A Lei n 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da pblica, vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art.
Criana e do Adolescente), passa a vigorar com as seguintes 260.
alteraes: Art. 260-D. Os rgos responsveis pela administrao
Art. 260. Os contribuintes podero efetuar doaes aos das contas dos Fundos dos Direitos da Criana e do Adoles-
Fundos dos Direitos da Criana e do Adolescente nacional, cente nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir
distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas, recibo em favor do doador, assinado por pessoa competente e
sendo essas integralmente deduzidas do imposto de renda, pelo presidente do Conselho correspondente, especificando:
obedecidos os seguintes limites: I - nmero de ordem;
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurdica (CNPJ) e
apurado pelas pessoas jurdicas tributadas com base no lucro endereo do emitente;
real; e III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Fsicas (CPF) do
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado doador;
pelas pessoas fsicas na Declarao de Ajuste Anual, obser- IV - data da doao e valor efetivamente recebido; e
vado o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro V - ano-calendrio a que se refere a doao.
de 1997. 1o O comprovante de que trata o caput deste artigo po-
............................................................................................. de ser emitido anualmente, desde que discrimine os valores
5o Observado o disposto no 4o do art. 3o da Lei no doados ms a ms.
9.249, de 26 de dezembro de 1995, a deduo de que trata o 2o No caso de doao em bens, o comprovante deve
inciso I do caput: conter a identificao dos bens, mediante descrio em campo
I - ser considerada isoladamente, no se submetendo a prprio ou em relao anexa ao comprovante, informando
limite em conjunto com outras dedues do imposto; e tambm se houve avaliao, o nome, CPF ou CNPJ e endere-
II - no poder ser computada como despesa operacional o dos avaliadores.
na apurao do lucro real. (NR) Art. 260-E. Na hiptese da doao em bens, o doador de-
Art. 260-A. A partir do exerccio de 2010, ano-calendrio ver:
de 2009, a pessoa fsica poder optar pela doao de que I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documen-
trata o inciso II do caput do art. 260 diretamente em sua De- tao hbil;
clarao de Ajuste Anual. II - baixar os bens doados na declarao de bens e direi-
1o A doao de que trata o caput poder ser deduzida tos, quando se tratar de pessoa fsica, e na escriturao, no
at os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apura- caso de pessoa jurdica; e
do na declarao: III - considerar como valor dos bens doados:
I - (VETADO); a) para as pessoas fsicas, o valor constante da ltima de-
II - (VETADO); clarao do imposto de renda, desde que no exceda o valor
III - 3% (trs por cento) a partir do exerccio de 2012. de mercado;
2o A deduo de que trata o caput: b) para as pessoas jurdicas, o valor contbil dos bens.

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Pargrafo nico. O preo obtido em caso de leilo no se- LEI N 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
r considerado na determinao do valor dos bens doados,
Dispe sobre o Estatuto da Criana e do Adolescen-
exceto se o leilo for determinado por autoridade judiciria.
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260- te e d outras providncias.
D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo O PRESIDENTE DA REPBLICA: Fao saber que o
de 5 (cinco) anos para fins de comprovao da deduo pe- Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
rante a Receita Federal do Brasil. Ttulo I
Art. 260-G. Os rgos responsveis pela administrao Das Disposies Preliminares
das contas dos Fundos dos Direitos da Criana e do Adoles- Art. 1 Esta Lei dispe sobre a proteo integral criana
cente nacional, estaduais, distrital e municipais devem: e ao adolescente.
I - manter conta bancria especfica destinada exclusiva- Art. 2 Considera-se criana, para os efeitos desta Lei, a
mente a gerir os recursos do Fundo; pessoa at doze anos de idade incompletos, e adolescente
II - manter controle das doaes recebidas; e aquela entre doze e dezoito anos de idade.
III - informar anualmente Secretaria da Receita Federal Pargrafo nico. Nos casos expressos em lei, aplica-se
do Brasil as doaes recebidas ms a ms, identificando os excepcionalmente este Estatuto s pessoas entre dezoito e
seguintes dados por doador: vinte e um anos de idade.
a) nome, CNPJ ou CPF; Art. 3 A criana e o adolescente gozam de todos os direi-
b) valor doado, especificando se a doao foi em espcie tos fundamentais inerentes pessoa humana, sem prejuzo
ou em bens. da proteo integral de que trata esta Lei, assegurando-se-
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigaes lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento fsico,
Brasil dar conhecimento do fato ao Ministrio Pblico. mental, moral, espiritual e social, em condies de liberdade e
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criana e do de dignidade.
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais divulga- Art. 4 dever da famlia, da comunidade, da sociedade
ro amplamente comunidade: em geral e do poder pblico assegurar, com absoluta priori-
I - o calendrio de suas reunies; dade, a efetivao dos direitos referentes vida, sade,
II - as aes prioritrias para aplicao das polticas de alimentao, educao, ao esporte, ao lazer, profissionali-
atendimento criana e ao adolescente; zao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e
III - os requisitos para a apresentao de projetos a serem convivncia familiar e comunitria.
beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criana Pargrafo nico. A garantia de prioridade compreende:
e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais; a) primazia de receber proteo e socorro em quaisquer
IV - a relao dos projetos aprovados em cada ano- circunstncias;
calendrio e o valor dos recursos previstos para implementa- b) precedncia de atendimento nos servios pblicos ou
o das aes, por projeto; de relevncia pblica;
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destina- c) preferncia na formulao e na execuo das polticas
o, por projeto atendido, inclusive com cadastramento na sociais pblicas;
base de dados do Sistema de Informaes sobre a Infncia e d) destinao privilegiada de recursos pblicos nas reas
a Adolescncia; e relacionadas com a proteo infncia e juventude.
VI - a avaliao dos resultados dos projetos beneficiados Art. 5 Nenhuma criana ou adolescente ser objeto de
com recursos dos Fundos dos Direitos da Criana e do Ado- qualquer forma de negligncia, discriminao, explorao,
lescente nacional, estaduais, distrital e municipais. violncia, crueldade e opresso, punido na forma da lei qual-
Art. 260-J. O Ministrio Pblico determinar, em cada quer atentado, por ao ou omisso, aos seus direitos funda-
Comarca, a forma de fiscalizao da aplicao dos incentivos mentais.
fiscais referidos no art. 260 desta Lei. Art. 6 Na interpretao desta Lei levar-se-o em conta os
Pargrafo nico. O descumprimento do disposto nos arts. fins sociais a que ela se dirige, as exigncias do bem comum,
260-G e 260-I sujeitar os infratores a responder por ao os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condio
judicial proposta pelo Ministrio Pblico, que poder atuar de peculiar da criana e do adolescente como pessoas em de-
ofcio, a requerimento ou representao de qualquer cidado. senvolvimento.
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presi- Ttulo II
dncia da Repblica (SDH/PR) encaminhar Secretaria da Dos Direitos Fundamentais
Receita Federal do Brasil, at 31 de outubro de cada ano, Captulo I
arquivo eletrnico contendo a relao atualizada dos Fundos Do Direito Vida e Sade
dos Direitos da Criana e do Adolescente nacional, distrital, Art. 7 A criana e o adolescente tm direito a proteo
estaduais e municipais, com a indicao dos respectivos n- vida e sade, mediante a efetivao de polticas sociais
meros de inscrio no CNPJ e das contas bancrias especfi- pblicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento
cas mantidas em instituies financeiras pblicas, destinadas sadio e harmonioso, em condies dignas de existncia.
exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. Art. 8 assegurado gestante, atravs do Sistema nico
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil ex- de Sade, o atendimento pr e perinatal.
pedir as instrues necessrias aplicao do disposto nos 1 A gestante ser encaminhada aos diferentes nveis
arts. 260 a 260-K. de atendimento, segundo critrios mdicos especficos, obe-
Art. 88. O pargrafo nico do art. 3o da Lei no 12.213, de decendo-se aos princpios de regionalizao e hierarquizao
20 de janeiro de 2010, passa a vigorar com a seguinte reda- do Sistema.
o: 2 A parturiente ser atendida preferencialmente pelo
Art. 3o ................................................. mesmo mdico que a acompanhou na fase pr-natal.
Pargrafo nico. A deduo a que se 3 Incumbe ao poder pblico propiciar apoio alimentar
refere o caput deste artigo no poder gestante e nutriz que dele necessitem.
ultrapassar 1% (um por cento) do imposto 4o Incumbe ao poder pblico proporcionar assistncia
devido. (NR) psicolgica gestante e me, no perodo pr e ps-natal,
Art. 89. (VETADO). inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequn-
Art. 90. Esta Lei entra em vigor aps decorridos 90 (no- cias do estado puerperal. (Includo pela Lei n 12.010, de
venta) dias de sua publicao oficial. 2009) Vigncia

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5o A assistncia referida no 4o deste artigo dever ser VI - participar da vida poltica, na forma da lei;
tambm prestada a gestantes ou mes que manifestem inte- VII - buscar refgio, auxlio e orientao.
resse em entregar seus filhos para adoo. (Includo pela Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da
Lei n 12.010, de 2009) Vigncia integridade fsica, psquica e moral da criana e do adoles-
Art. 9 O poder pblico, as instituies e os empregadores cente, abrangendo a preservao da imagem, da identidade,
propiciaro condies adequadas ao aleitamento materno, da autonomia, dos valores, idias e crenas, dos espaos e
inclusive aos filhos de mes submetidas a medida privativa de objetos pessoais.
liberdade. Art. 18. dever de todos velar pela dignidade da criana e
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de aten- do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento
o sade de gestantes, pblicos e particulares, so obri- desumano, violento, aterrorizante, vexatrio ou constrange-
gados a: dor.
I - manter registro das atividades desenvolvidas, atravs Art. 18-A. A criana e o adolescente tm o direito de ser
de pronturios individuais, pelo prazo de dezoito anos; educados e cuidados sem o uso de castigo fsico ou de trata-
II - identificar o recm-nascido mediante o registro de sua mento cruel ou degradante, como formas de correo, disci-
impresso plantar e digital e da impresso digital da me, plina, educao ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos
sem prejuzo de outras formas normatizadas pela autoridade integrantes da famlia ampliada, pelos responsveis, pelos
administrativa competente; agentes pblicos executores de medidas socioeducativas ou
III - proceder a exames visando ao diagnstico e terapu- por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, trat-los,
tica de anormalidades no metabolismo do recm-nascido, educ-los ou proteg-los. (Includo pela Lei n 13.010, de
bem como prestar orientao aos pais; 2014)
IV - fornecer declarao de nascimento onde constem ne- Pargrafo nico. Para os fins desta Lei, considera-se:
cessariamente as intercorrncias do parto e do desenvolvi- (Includo pela Lei n 13.010, de 2014)
mento do neonato; I - castigo fsico: ao de natureza disciplinar ou punitiva
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato aplicada com o uso da fora fsica sobre a criana ou o ado-
a permanncia junto me. lescente que resulte em: (Includo pela Lei n 13.010, de
Art. 11. assegurado atendimento integral sade da cri- 2014)
ana e do adolescente, por intermdio do Sistema nico de a) sofrimento fsico; ou (Includo pela Lei n 13.010, de
Sade, garantido o acesso universal e igualitrio s aes e 2014)
servios para promoo, proteo e recuperao da sa- b) leso; (Includo pela Lei n 13.010, de 2014)
de. (Redao dada pela Lei n 11.185, de 2005) II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cru-
1 A criana e o adolescente portadores de deficincia el de tratamento em relao criana ou ao adolescente
recebero atendimento especializado. que: (Includo pela Lei n 13.010, de 2014)
2 Incumbe ao poder pblico fornecer gratuitamente a) humilhe; ou (Includo pela Lei n 13.010, de 2014)
queles que necessitarem os medicamentos, prteses e ou- b) ameace gravemente; ou(Includo pela Lei n 13.010, de
tros recursos relativos ao tratamento, habilitao ou reabilita- 2014)
o. c) ridicularize. (Includo pela Lei n 13.010, de 2014)
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento sade de- Art. 18-B. Os pais, os integrantes da famlia ampliada, os
vero proporcionar condies para a permanncia em tempo responsveis, os agentes pblicos executores de medidas
integral de um dos pais ou responsvel, nos casos de interna- socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar
o de criana ou adolescente. de crianas e de adolescentes, trat-los, educ-los ou prote-
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmao de castigo g-los que utilizarem castigo fsico ou tratamento cruel ou
fsico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos degradante como formas de correo, disciplina, educao ou
contra criana ou adolescente sero obrigatoriamente comu- qualquer outro pretexto estaro sujeitos, sem prejuzo de
nicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem outras sanes cabveis, s seguintes medidas, que sero
prejuzo de outras providncias legais. (Redao dada aplicadas de acordo com a gravidade do caso: (Includo
pela Lei n 13.010, de 2014) pela Lei n 13.010, de 2014)
Pargrafo nico. As gestantes ou mes que manifestem I - encaminhamento a programa oficial ou comunitrio de
interesse em entregar seus filhos para adoo sero obrigato- proteo famlia; (Includo pela Lei n 13.010, de 2014)
riamente encaminhadas Justia da Infncia e da Juventu- II - encaminhamento a tratamento psicolgico ou psiqui-
de.(Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia trico; (Includo pela Lei n 13.010, de 2014)
Art. 14. O Sistema nico de Sade promover programas III - encaminhamento a cursos ou programas de orienta-
de assistncia mdica e odontolgica para a preveno das o; (Includo pela Lei n 13.010, de 2014)
enfermidades que ordinariamente afetam a populao infantil, IV - obrigao de encaminhar a criana a tratamento es-
e campanhas de educao sanitria para pais, educadores e pecializado; (Includo pela Lei n 13.010, de 2014)
alunos. V - advertncia. (Includo pela Lei n 13.010, de 2014)
Pargrafo nico. obrigatria a vacinao das crianas Pargrafo nico. As medidas previstas neste artigo sero
nos casos recomendados pelas autoridades sanitrias. aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuzo de outras pro-
Captulo II vidncias legais. (Includo pela Lei n 13.010, de 2014)
Do Direito Liberdade, ao Respeito e Dignidade Captulo III
Art. 15. A criana e o adolescente tm direito liberdade, Do Direito Convivncia Familiar e Comunitria
ao respeito e dignidade como pessoas humanas em pro- Seo I
cesso de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, Disposies Gerais
humanos e sociais garantidos na Constituio e nas leis. Art. 19. Toda criana ou adolescente tem direito a ser cri-
Art. 16. O direito liberdade compreende os seguintes as- ado e educado no seio da sua famlia e, excepcionalmente,
pectos: em famlia substituta, assegurada a convivncia familiar e
I - ir, vir e estar nos logradouros pblicos e espaos co- comunitria, em ambiente livre da presena de pessoas de-
munitrios, ressalvadas as restries legais; pendentes de substncias entorpecentes.
II - opinio e expresso; 1o Toda criana ou adolescente que estiver inserido em
III - crena e culto religioso; programa de acolhimento familiar ou institucional ter sua
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; situao reavaliada, no mximo, a cada 6 (seis) meses, de-
V - participar da vida familiar e comunitria, sem discrimi- vendo a autoridade judiciria competente, com base em rela-
nao; trio elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar,

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decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reinte- Pargrafo nico. O reconhecimento pode preceder o nas-
grao familiar ou colocao em famlia substituta, em quais- cimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar
quer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Inclu- descendentes.
do pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia Art. 27. O reconhecimento do estado de filiao direito
2o A permanncia da criana e do adolescente em pro- personalssimo, indisponvel e imprescritvel, podendo ser
grama de acolhimento institucional no se prolongar por exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer
mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que restrio, observado o segredo de Justia.
atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada Seo III
pela autoridade judiciria. (Includo pela Lei n 12.010, de Da Famlia Substituta
2009) Vigncia Subseo I
3o A manuteno ou reintegrao de criana ou adoles- Disposies Gerais
cente sua famlia ter preferncia em relao a qualquer Art. 28. A colocao em famlia substituta far-se- median-
outra providncia, caso em que ser esta includa em pro- te guarda, tutela ou adoo, independentemente da situao
gramas de orientao e auxlio, nos termos do pargrafo jurdica da criana ou adolescente, nos termos desta Lei.
nico do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos 1o Sempre que possvel, a criana ou o adolescente se-
incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Includo pela r previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado
Lei n 12.010, de 2009) Vigncia seu estgio de desenvolvimento e grau de compreenso
4o Ser garantida a convivncia da criana e do adolescente sobre as implicaes da medida, e ter sua opinio devida-
com a me ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas pe- mente considerada. (Redao dada pela Lei n 12.010, de
ridicas promovidas pelo responsvel ou, nas hipteses de aco- 2009)Vigncia
lhimento institucional, pela entidade responsvel, independente- 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade,
mente de autorizao judicial. (Includo pela Lei n 12.962, ser necessrio seu consentimento, colhido em audin-
de 2014) cia.(Redao dada pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia
Art. 20. Os filhos, havidos ou no da relao do casamen- 3o Na apreciao do pedido levar-se- em conta o grau
to, ou por adoo, tero os mesmos direitos e qualificaes, de parentesco e a relao de afinidade ou de afetividade, a
proibidas quaisquer designaes discriminatrias relativas fim de evitar ou minorar as consequncias decorrentes da
filiao. medida. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
Art. 21. O ptrio poder poder familiar ser exercido, em 4o Os grupos de irmos sero colocados sob adoo,
igualdade de condies, pelo pai e pela me, na forma do que tutela ou guarda da mesma famlia substituta, ressalvada a
dispuser a legislao civil, assegurado a qualquer deles o comprovada existncia de risco de abuso ou outra situao
direito de, em caso de discordncia, recorrer autoridade que justifique plenamente a excepcionalidade de soluo
judiciria competente para a soluo da divergncia. (Ex- diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimen-
presso substituda pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia to definitivo dos vnculos fraternais. (Includo pela Lei n
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e 12.010, de 2009)Vigncia
educao dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no inte- 5o A colocao da criana ou adolescente em famlia
resse destes, a obrigao de cumprir e fazer cumprir as de- substituta ser precedida de sua preparao gradativa e
terminaes judiciais. acompanhamento posterior, realizados pela equipe interpro-
Art. 23. A falta ou a carncia de recursos materiais no fissional a servio da Justia da Infncia e da Juventude,
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspenso do preferencialmente com o apoio dos tcnicos responsveis
ptrio poder poder familiar. (Expresso substituda pela Lei pela execuo da poltica municipal de garantia do direito
n 12.010, de 2009) Vigncia convivncia familiar. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009)
1o No existindo outro motivo que por si s autorize a Vigncia
decretao da medida, a criana ou o adolescente ser man- 6o Em se tratando de criana ou adolescente indgena
tido em sua famlia de origem, a qual dever obrigatoriamente ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo,
ser includa em programas oficiais de auxlio.(Includo pela Lei ainda obrigatrio: (Includo pela Lei n 12.010, de 2009)
n 12.962, de 2014) Vigncia
2o A condenao criminal do pai ou da me no implica- I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade
r a destituio do poder familiar, exceto na hiptese de con- social e cultural, os seus costumes e tradies, bem como
denao por crime doloso, sujeito pena de recluso, contra suas instituies, desde que no sejam incompatveis com os
o prprio filho ou filha. (Includo pela Lei n 12.962, de direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Consti-
2014) tuio Federal; (Includo pela Lei n 12.010, de
Art. 24. A perda e a suspenso do ptrio poder poder fami- 2009)Vigncia
liar sero decretadas judicialmente, em procedimento contra- II - que a colocao familiar ocorra prioritariamente no seio
ditrio, nos casos previstos na legislao civil, bem como na de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia;
hiptese de descumprimento injustificado dos deveres e obri- (Includo pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia
gaes a que alude o art. 22. (Expresso substituda pela III - a interveno e oitiva de representantes do rgo fe-
Lei n 12.010, de 2009)Vigncia deral responsvel pela poltica indigenista, no caso de crian-
Seo II as e adolescentes indgenas, e de antroplogos, perante a
Da Famlia Natural equipe interprofissional ou multidisciplinar que ir acompanhar
Art. 25. Entende-se por famlia natural a comunidade for- o caso. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia
mada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. Art. 29. No se deferir colocao em famlia substituta a
Pargrafo nico. Entende-se por famlia extensa ou am- pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com
pliada aquela que se estende para alm da unidade pais e a natureza da medida ou no oferea ambiente familiar ade-
filhos ou da unidade do casal, formada por parentes prximos quado.
com os quais a criana ou adolescente convive e mantm Art. 30. A colocao em famlia substituta no admitir
vnculos de afinidade e afetividade. (Includo pela Lei n transferncia da criana ou adolescente a terceiros ou a enti-
12.010, de 2009) Vigncia dades governamentais ou no-governamentais, sem autoriza-
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento podero ser o judicial.
reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no Art. 31. A colocao em famlia substituta estrangeira
prprio termo de nascimento, por testamento, mediante escri- constitui medida excepcional, somente admissvel na modali-
tura ou outro documento pblico, qualquer que seja a origem dade de adoo.
da filiao.

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Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsvel Art. 38. Aplica-se destituio da tutela o disposto no art.
prestar compromisso de bem e fielmente desempenhar o 24.
encargo, mediante termo nos autos. Subseo IV
Subseo II Da Adoo
Da Guarda Art. 39. A adoo de criana e de adolescente reger-se-
Art. 33. A guarda obriga a prestao de assistncia mate- segundo o disposto nesta Lei.
rial, moral e educacional criana ou adolescente, conferindo 1o A adoo medida excepcional e irrevogvel, qual
a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de
pais. (Vide Lei n 12.010, de 2009) Vigncia manuteno da criana ou adolescente na famlia natural ou
1 A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, extensa, na forma do pargrafo nico do art. 25 desta Lei.
podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos proce- (Includo pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia
dimentos de tutela e adoo, exceto no de adoo por es- 2o vedada a adoo por procurao. (Includo pela
trangeiros. Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
2 Excepcionalmente, deferir-se- a guarda, fora dos ca- Art. 40. O adotando deve contar com, no mximo, dezoito
sos de tutela e adoo, para atender a situaes peculiares anos data do pedido, salvo se j estiver sob a guarda ou
ou suprir a falta eventual dos pais ou responsvel, podendo tutela dos adotantes.
ser deferido o direito de representao para a prtica de atos Art. 41. A adoo atribui a condio de filho ao adotado,
determinados. com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessrios,
3 A guarda confere criana ou adolescente a condi- desligando-o de qualquer vnculo com pais e parentes, salvo
o de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, os impedimentos matrimoniais.
inclusive previdencirios. 1 Se um dos cnjuges ou concubinos adota o filho do
4o Salvo expressa e fundamentada determinao em outro, mantm-se os vnculos de filiao entre o adotado e o
contrrio, da autoridade judiciria competente, ou quando a cnjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.
medida for aplicada em preparao para adoo, o deferi- 2 recproco o direito sucessrio entre o adotado, seus
mento da guarda de criana ou adolescente a terceiros no descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes
impede o exerccio do direito de visitas pelos pais, assim e colaterais at o 4 grau, observada a ordem de vocao
como o dever de prestar alimentos, que sero objeto de regu- hereditria.
lamentao especfica, a pedido do interessado ou do Minis- Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
trio Pblico. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) independentemente do estado civil. (Redao dada pela
Vigncia Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
Art. 34. O poder pblico estimular, por meio de assistn- 1 No podem adotar os ascendentes e os irmos do
cia jurdica, incentivos fiscais e subsdios, o acolhimento, sob adotando.
a forma de guarda, de criana ou adolescente afastado do 2o Para adoo conjunta, indispensvel que os ado-
convvio familiar. (Redao dada pela Lei n 12.010, de tantes sejam casados civilmente ou mantenham unio est-
2009) Vigncia vel, comprovada a estabilidade da famlia. (Redao dada
1o A incluso da criana ou adolescente em programas pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
de acolhimento familiar ter preferncia a seu acolhimento 3 O adotante h de ser, pelo menos, dezesseis anos
institucional, observado, em qualquer caso, o carter tempo- mais velho do que o adotando.
rrio e excepcional da medida, nos termos desta Lei. (In- 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-
cludo pela Lei n 12.010, de 2009) companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que
2o Na hiptese do 1o deste artigo a pessoa ou casal acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
cadastrado no programa de acolhimento familiar poder rece- estgio de convivncia tenha sido iniciado na constncia do
ber a criana ou adolescente mediante guarda, observado o perodo de convivncia e que seja comprovada a existncia
disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. (Includo pela Lei n de vnculos de afinidade e afetividade com aquele no deten-
12.010, de 2009) Vigncia tor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da conces-
Art. 35. A guarda poder ser revogada a qualquer tempo, so.(Redao dada pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia
mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministrio Pbli- 5o Nos casos do 4o deste artigo, desde que demons-
co. trado efetivo benefcio ao adotando, ser assegurada a guar-
Subseo III da compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no
Da Tutela 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Cdigo Civil. (Redao
Art. 36. A tutela ser deferida, nos termos da lei civil, a dada pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
pessoa de at 18 (dezoito) anos incompletos. (Redao 6o A adoo poder ser deferida ao adotante que, aps
dada pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia inequvoca manifestao de vontade, vier a falecer no curso
Pargrafo nico. O deferimento da tutela pressupe a pr- do procedimento, antes de prolatada a sentena. (Includo
via decretao da perda ou suspenso do ptrio poder poder pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
familiar e implica necessariamente o dever de guarda. (Ex- Art. 43. A adoo ser deferida quando apresentar reais
presso substituda pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legtimos.
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer do- Art. 44. Enquanto no der conta de sua administrao e
cumento autntico, conforme previsto no pargrafo nico do saldar o seu alcance, no pode o tutor ou o curador adotar o
art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Cdigo pupilo ou o curatelado.
Civil, dever, no prazo de 30 (trinta) dias aps a abertura da Art. 45. A adoo depende do consentimento dos pais ou
sucesso, ingressar com pedido destinado ao controle judicial do representante legal do adotando.
do ato, observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 1. O consentimento ser dispensado em relao cri-
170 desta Lei. (Redao dada pela Lei n 12.010, de ana ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou
2009) Vigncia tenham sido destitudos do ptrio poder poder familiar. (Ex-
Pargrafo nico. Na apreciao do pedido, sero obser- presso substituda pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
vados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, 2. Em se tratando de adotando maior de doze anos de
somente sendo deferida a tutela pessoa indicada na dispo- idade, ser tambm necessrio o seu consentimento.
sio de ltima vontade, se restar comprovado que a medida Art. 46. A adoo ser precedida de estgio de convivn-
vantajosa ao tutelando e que no existe outra pessoa em cia com a criana ou adolescente, pelo prazo que a autorida-
melhores condies de assumi-la. (Redao dada pela Lei de judiciria fixar, observadas as peculiaridades do caso.
n 12.010, de 2009) Vigncia

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1o O estgio de convivncia poder ser dispensado se o 1 O deferimento da inscrio dar-se- aps prvia con-
adotando j estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante sulta aos rgos tcnicos do juizado, ouvido o Ministrio P-
durante tempo suficiente para que seja possvel avaliar a blico.
convenincia da constituio do vnculo. (Redao dada pela 2 No ser deferida a inscrio se o interessado no
Lei n 12.010, de 2009) Vigncia satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das
2o A simples guarda de fato no autoriza, por si s, a hipteses previstas no art. 29.
dispensa da realizao do estgio de convivncia. (Redao 3o A inscrio de postulantes adoo ser precedida
dada pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia de um perodo de preparao psicossocial e jurdica, orienta-
3o Em caso de adoo por pessoa ou casal residente do pela equipe tcnica da Justia da Infncia e da Juventude,
ou domiciliado fora do Pas, o estgio de convivncia, cumpri- preferencialmente com apoio dos tcnicos responsveis pela
do no territrio nacional, ser de, no mnimo, 30 (trinta) di- execuo da poltica municipal de garantia do direito convi-
as (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia vncia familiar. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009)
4o O estgio de convivncia ser acompanhado pela Vigncia
equipe interprofissional a servio da Justia da Infncia e da 4o Sempre que possvel e recomendvel, a preparao
Juventude, preferencialmente com apoio dos tcnicos res- referida no 3o deste artigo incluir o contato com crianas e
ponsveis pela execuo da poltica de garantia do direito adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em
convivncia familiar, que apresentaro relatrio minucioso condies de serem adotados, a ser realizado sob a orienta-
acerca da convenincia do deferimento da medida. (Inclu- o, superviso e avaliao da equipe tcnica da Justia da
do pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia Infncia e da Juventude, com apoio dos tcnicos respons-
Art. 47. O vnculo da adoo constitui-se por sentena ju- veis pelo programa de acolhimento e pela execuo da polti-
dicial, que ser inscrita no registro civil mediante mandado do ca municipal de garantia do direito convivncia familiar.
qual no se fornecer certido. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
1 A inscrio consignar o nome dos adotantes como 5o Sero criados e implementados cadastros estaduais
pais, bem como o nome de seus ascendentes. e nacional de crianas e adolescentes em condies de se-
2 O mandado judicial, que ser arquivado, cancelar o rem adotados e de pessoas ou casais habilitados ado-
registro original do adotado. o. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
3o A pedido do adotante, o novo registro poder ser la- 6o Haver cadastros distintos para pessoas ou casais
vrado no Cartrio do Registro Civil do Municpio de sua resi- residentes fora do Pas, que somente sero consultados na
dncia. (Redao dada pela Lei n 12.010, de 2009) inexistncia de postulantes nacionais habilitados nos cadas-
Vigncia tros mencionados no 5o deste artigo. (Includo pela Lei n
4o Nenhuma observao sobre a origem do ato poder 12.010, de 2009) Vigncia
constar nas certides do registro. (Redao dada pela Lei 7o As autoridades estaduais e federais em matria de
n 12.010, de 2009) Vigncia adoo tero acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes
5o A sentena conferir ao adotado o nome do adotante a troca de informaes e a cooperao mtua, para melhoria
e, a pedido de qualquer deles, poder determinar a modifica- do sistema. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
o do prenome. (Redao dada pela Lei n 12.010, de 8o A autoridade judiciria providenciar, no prazo de 48
2009)Vigncia (quarenta e oito) horas, a inscrio das crianas e adolescen-
6o Caso a modificao de prenome seja requerida pelo tes em condies de serem adotados que no tiveram colo-
adotante, obrigatria a oitiva do adotando, observado o cao familiar na comarca de origem, e das pessoas ou ca-
disposto nos 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Redao sais que tiveram deferida sua habilitao adoo nos cadas-
dada pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia tros estadual e nacional referidos no 5o deste artigo, sob
7o A adoo produz seus efeitos a partir do trnsito em pena de responsabilidade. (Includo pela Lei n 12.010, de
julgado da sentena constitutiva, exceto na hiptese prevista 2009) Vigncia
no 6o do art. 42 desta Lei, caso em que ter fora retroativa 9o Compete Autoridade Central Estadual zelar pela
data do bito. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) manuteno e correta alimentao dos cadastros, com poste-
Vigncia rior comunicao Autoridade Central Federal Brasileira.
8o O processo relativo adoo assim como outros a (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
ele relacionados sero mantidos em arquivo, admitindo-se 10. A adoo internacional somente ser deferida se,
seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, ga- aps consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados
rantida a sua conservao para consulta a qualquer tem- adoo, mantido pela Justia da Infncia e da Juventude na
po. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional referi-
9 Tero prioridade de tramitao os processos de ado- dos no 5o deste artigo, no for encontrado interessado com
o em que o adotando for criana ou adolescente com defi- residncia permanente no Brasil. (Includo pela Lei n
cincia ou com doena crnica. (Includo pela Lei n 12.955, 12.010, de 2009) Vigncia
de 2014) 11. Enquanto no localizada pessoa ou casal interessa-
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem bi- do em sua adoo, a criana ou o adolescente, sempre que
olgica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no possvel e recomendvel, ser colocado sob guarda de fam-
qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, aps lia cadastrada em programa de acolhimento familiar. (In-
completar 18 (dezoito) anos. (Redao dada pela Lei n cludo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
12.010, de 2009) Vigncia 12. A alimentao do cadastro e a convocao criterio-
Pargrafo nico. O acesso ao processo de adoo pode- sa dos postulantes adoo sero fiscalizadas pelo Ministrio
r ser tambm deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) Pblico. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
anos, a seu pedido, assegurada orientao e assistncia 13. Somente poder ser deferida adoo em favor de
jurdica e psicolgica. (Includo pela Lei n 12.010, de candidato domiciliado no Brasil no cadastrado previamente
2009) Vigncia nos termos desta Lei quando:(Includo pela Lei n 12.010, de
Art. 49. A morte dos adotantes no restabelece o ptrio 2009) Vigncia
poder poder familiar dos pais naturais. (Expresso substi- I - se tratar de pedido de adoo unilateral; (Includo
tuda pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
Art. 50. A autoridade judiciria manter, em cada comarca II - for formulada por parente com o qual a criana ou ado-
ou foro regional, um registro de crianas e adolescentes em lescente mantenha vnculos de afinidade e afetividade;
condies de serem adotados e outro de pessoas interessa- (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
das na adoo. (Vide Lei n 12.010, de 2009) Vigncia

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III - oriundo o pedido de quem detm a tutela ou guarda tratados e convenes internacionais, e acompanhados da
legal de criana maior de 3 (trs) anos ou adolescente, desde respectiva traduo, por tradutor pblico juramentado;
que o lapso de tempo de convivncia comprove a fixao de (Includa pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
laos de afinidade e afetividade, e no seja constatada a VI - a Autoridade Central Estadual poder fazer exigncias
ocorrncia de m-f ou qualquer das situaes previstas nos e solicitar complementao sobre o estudo psicossocial do
arts. 237 ou 238 desta Lei. (Includo pela Lei n 12.010, de postulante estrangeiro adoo, j realizado no pas de aco-
2009) Vigncia lhida; (Includa pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
14. Nas hipteses previstas no 13 deste artigo, o can- VII - verificada, aps estudo realizado pela Autoridade
didato dever comprovar, no curso do procedimento, que Central Estadual, a compatibilidade da legislao estrangeira
preenche os requisitos necessrios adoo, conforme pre- com a nacional, alm do preenchimento por parte dos postu-
visto nesta Lei.(Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vi- lantes medida dos requisitos objetivos e subjetivos necess-
gncia rios ao seu deferimento, tanto luz do que dispe esta Lei
Art. 51. Considera-se adoo internacional aquela na qual como da legislao do pas de acolhida, ser expedido laudo
a pessoa ou casal postulante residente ou domiciliado fora de habilitao adoo internacional, que ter validade por,
do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Conveno de no mximo, 1 (um) ano; (Includa pela Lei n 12.010, de
Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa Proteo das Crian- 2009) Vigncia
as e Cooperao em Matria de Adoo Internacional, VIII - de posse do laudo de habilitao, o interessado ser
aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de autorizado a formalizar pedido de adoo perante o Juzo da
1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de Infncia e da Juventude do local em que se encontra a crian-
1999.(Redao dada pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia a ou adolescente, conforme indicao efetuada pela Autori-
1o A adoo internacional de criana ou adolescente dade Central Estadual. (Includa pela Lei n 12.010, de
brasileiro ou domiciliado no Brasil somente ter lugar quando 2009) Vigncia
restar comprovado:(Redao dada pela Lei n 12.010, de 1o Se a legislao do pas de acolhida assim o autori-
2009)Vigncia zar, admite-se que os pedidos de habilitao adoo inter-
I - que a colocao em famlia substituta a soluo ade- nacional sejam intermediados por organismos credencia-
quada ao caso concreto; (Includa pela Lei n 12.010, de dos.(Includa pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
2009)Vigncia 2o Incumbe Autoridade Central Federal Brasileira o
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colo- credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros en-
cao da criana ou adolescente em famlia substituta brasi- carregados de intermediar pedidos de habilitao adoo
leira, aps consulta aos cadastros mencionados no art. 50 internacional, com posterior comunicao s Autoridades
desta Lei; (Includa pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia Centrais Estaduais e publicao nos rgos oficiais de im-
III - que, em se tratando de adoo de adolescente, este prensa e em stio prprio da internet. (Includo pela Lei n
foi consultado, por meios adequados ao seu estgio de de- 12.010, de 2009) Vigncia
senvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, 3o Somente ser admissvel o credenciamento de orga-
mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, ob- nismos que: (Includa pela Lei n 12.010, de 2009)
servado o disposto nos 1o e 2o do art. 28 desta Lei. Vigncia
(Includa pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia I - sejam oriundos de pases que ratificaram a Conveno
2o Os brasileiros residentes no exterior tero prefern- de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade
cia aos estrangeiros, nos casos de adoo internacional de Central do pas onde estiverem sediados e no pas de acolhi-
criana ou adolescente brasileiro. (Redao dada pela Lei da do adotando para atuar em adoo internacional no Bra-
n 12.010, de 2009) Vigncia sil; (Includa pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
3o A adoo internacional pressupe a interveno das II - satisfizerem as condies de integridade moral, com-
Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matria de petncia profissional, experincia e responsabilidade exigidas
adoo internacional.(Redao dada pela Lei n 12.010, de pelos pases respectivos e pela Autoridade Central Federal
2009)Vigncia Brasileira; (Includa pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
es: (Redao dada pela Lei n 12.010, de III - forem qualificados por seus padres ticos e sua for-
2009)Vigncia mao e experincia para atuar na rea de adoo internaci-
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar onal; (Includa pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
criana ou adolescente brasileiro, dever formular pedido de IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento ju-
habilitao adoo perante a Autoridade Central em matria rdico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade
de adoo internacional no pas de acolhida, assim entendido Central Federal Brasileira. (Includa pela Lei n 12.010, de
aquele onde est situada sua residncia habitual; (Inclu- 2009) Vigncia
da pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia 4o Os organismos credenciados devero ainda: (In-
II - se a Autoridade Central do pas de acolhida considerar cludo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
que os solicitantes esto habilitados e aptos para adotar, I - perseguir unicamente fins no lucrativos, nas condies
emitir um relatrio que contenha informaes sobre a identi- e dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do
dade, a capacidade jurdica e adequao dos solicitantes para pas onde estiverem sediados, do pas de acolhida e pela
adotar, sua situao pessoal, familiar e mdica, seu meio Autoridade Central Federal Brasileira; (Includa pela Lei n
social, os motivos que os animam e sua aptido para assumir 12.010, de 2009)Vigncia
uma adoo internacional; (Includa pela Lei n 12.010, de II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas
2009) Vigncia e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada forma-
III - a Autoridade Central do pas de acolhida enviar o re- o ou experincia para atuar na rea de adoo internacio-
latrio Autoridade Central Estadual, com cpia para a Auto- nal, cadastradas pelo Departamento de Polcia Federal e
ridade Central Federal Brasileira; (Includa pela Lei n aprovadas pela Autoridade Central Federal Brasileira, medi-
12.010, de 2009)Vigncia ante publicao de portaria do rgo federal competente;
IV - o relatrio ser instrudo com toda a documentao (Includa pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
necessria, incluindo estudo psicossocial elaborado por equi- III - estar submetidos superviso das autoridades com-
pe interprofissional habilitada e cpia autenticada da legisla- petentes do pas onde estiverem sediados e no pas de aco-
o pertinente, acompanhada da respectiva prova de vign- lhida, inclusive quanto sua composio, funcionamento e
cia; (Includa pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia situao financeira; (Includa pela Lei n 12.010, de 2009)
V - os documentos em lngua estrangeira sero devida- Vigncia
mente autenticados pela autoridade consular, observados os

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IV - apresentar Autoridade Central Federal Brasileira, a Art. 52-A. vedado, sob pena de responsabilidade e des-
cada ano, relatrio geral das atividades desenvolvidas, bem credenciamento, o repasse de recursos provenientes de or-
como relatrio de acompanhamento das adoes internacio- ganismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos
nais efetuadas no perodo, cuja cpia ser encaminhada ao de adoo internacional a organismos nacionais ou a pessoas
Departamento de Polcia Federal; (Includa pela Lei n fsicas. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
12.010, de 2009) Vigncia Pargrafo nico. Eventuais repasses somente podero
V - enviar relatrio ps-adotivo semestral para a Autorida- ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criana e do Adoles-
de Central Estadual, com cpia para a Autoridade Central cente e estaro sujeitos s deliberaes do respectivo Conse-
Federal Brasileira, pelo perodo mnimo de 2 (dois) anos. O lho de Direitos da Criana e do Adolescente. (Includo pela Lei
envio do relatrio ser mantido at a juntada de cpia autenti- n 12.010, de 2009)Vigncia
cada do registro civil, estabelecendo a cidadania do pas de Art. 52-B. A adoo por brasileiro residente no exterior em
acolhida para o adotado; (Includa pela Lei n 12.010, de pas ratificante da Conveno de Haia, cujo processo de ado-
2009) Vigncia o tenha sido processado em conformidade com a legislao
VI - tomar as medidas necessrias para garantir que os vigente no pas de residncia e atendido o disposto na Alnea
adotantes encaminhem Autoridade Central Federal Brasilei- c do Artigo 17 da referida Conveno, ser automaticamente
ra cpia da certido de registro de nascimento estrangeira e recepcionada com o reingresso no Brasil.(Includo pela Lei n
do certificado de nacionalidade to logo lhes sejam concedi- 12.010, de 2009)Vigncia
dos. (Includa pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia 1o Caso no tenha sido atendido o disposto na Alnea
5o A no apresentao dos relatrios referidos no 4o c do Artigo 17 da Conveno de Haia, dever a sentena
deste artigo pelo organismo credenciado poder acarretar a ser homologada pelo Superior Tribunal de Justia. (Includo
suspenso de seu credenciamento. (Includo pela Lei n pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
12.010, de 2009) Vigncia 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em pa-
6o O credenciamento de organismo nacional ou estran- s no ratificante da Conveno de Haia, uma vez reingressa-
geiro encarregado de intermediar pedidos de adoo interna- do no Brasil, dever requerer a homologao da sentena
cional ter validade de 2 (dois) anos. (Includo pela Lei n estrangeira pelo Superior Tribunal de Justia. (Includo pela
12.010, de 2009) Vigncia Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
7o A renovao do credenciamento poder ser concedi- Art. 52-C. Nas adoes internacionais, quando o Brasil for
da mediante requerimento protocolado na Autoridade Central o pas de acolhida, a deciso da autoridade competente do
Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao trmi- pas de origem da criana ou do adolescente ser conhecida
no do respectivo prazo de validade. (Includo pela Lei n pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pe-
12.010, de 2009) Vigncia dido de habilitao dos pais adotivos, que comunicar o fato
8o Antes de transitada em julgado a deciso que conce- Autoridade Central Federal e determinar as providncias
deu a adoo internacional, no ser permitida a sada do necessrias expedio do Certificado de Naturalizao
adotando do territrio nacional. (Includo pela Lei n 12.010, Provisrio.(Includo pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia
de 2009) Vigncia 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministrio
9o Transitada em julgado a deciso, a autoridade judici- Pblico, somente deixar de reconhecer os efeitos daquela
ria determinar a expedio de alvar com autorizao de deciso se restar demonstrado que a adoo manifesta-
viagem, bem como para obteno de passaporte, constando, mente contrria ordem pblica ou no atende ao interesse
obrigatoriamente, as caractersticas da criana ou adolescen- superior da criana ou do adolescente. (Includo pela Lei
te adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traos n 12.010, de 2009) Vigncia
peculiares, assim como foto recente e a aposio da impres- 2o Na hiptese de no reconhecimento da adoo, pre-
so digital do seu polegar direito, instruindo o documento com vista no 1o deste artigo, o Ministrio Pblico dever imedia-
cpia autenticada da deciso e certido de trnsito em julga- tamente requerer o que for de direito para resguardar os inte-
do. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia resses da criana ou do adolescente, comunicando-se as
10. A Autoridade Central Federal Brasileira poder, a providncias Autoridade Central Estadual, que far a comu-
qualquer momento, solicitar informaes sobre a situao das nicao Autoridade Central Federal Brasileira e Autorida-
crianas e adolescentes adotados (Includo pela Lei n de Central do pas de origem.(Includo pela Lei n 12.010, de
12.010, de 2009) Vigncia 2009) Vigncia
11. A cobrana de valores por parte dos organismos Art. 52-D. Nas adoes internacionais, quando o Brasil for
credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autori- o pas de acolhida e a adoo no tenha sido deferida no pas
dade Central Federal Brasileira e que no estejam devida- de origem porque a sua legislao a delega ao pas de aco-
mente comprovados, causa de seu descredenciamento. lhida, ou, ainda, na hiptese de, mesmo com deciso, a crian-
(Includo pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia a ou o adolescente ser oriundo de pas que no tenha aderi-
12. Uma mesma pessoa ou seu cnjuge no podem ser do Conveno referida, o processo de adoo seguir as
representados por mais de uma entidade credenciada para regras da adoo nacional.(Includo pela Lei n 12.010, de
atuar na cooperao em adoo internacional. (Includo 2009) Vigncia
pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia Captulo IV
13. A habilitao de postulante estrangeiro ou domicili- Do Direito Educao, Cultura, ao Esporte e ao Lazer
ado fora do Brasil ter validade mxima de 1 (um) ano, po- Art. 53. A criana e o adolescente tm direito educao,
dendo ser renovada. (Includo pela Lei n 12.010, de visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo
2009)Vigncia para o exerccio da cidadania e qualificao para o trabalho,
14. vedado o contato direto de representantes de or- assegurando-se-lhes:
ganismos de adoo, nacionais ou estrangeiros, com dirigen- I - igualdade de condies para o acesso e permanncia
tes de programas de acolhimento institucional ou familiar, na escola;
assim como com crianas e adolescentes em condies de II - direito de ser respeitado por seus educadores;
serem adotados, sem a devida autorizao judicial. (Inclu- III - direito de contestar critrios avaliativos, podendo re-
do pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia correr s instncias escolares superiores;
15. A Autoridade Central Federal Brasileira poder limi- IV - direito de organizao e participao em entidades es-
tar ou suspender a concesso de novos credenciamentos tudantis;
sempre que julgar necessrio, mediante ato administrativo V - acesso escola pblica e gratuita prxima de sua re-
fundamentado. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) sidncia.
Vigncia

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Pargrafo nico. direito dos pais ou responsveis ter ci- Art. 66. Ao adolescente portador de deficincia assegu-
ncia do processo pedaggico, bem como participar da defi- rado trabalho protegido.
nio das propostas educacionais. Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime
Art. 54. dever do Estado assegurar criana e ao ado- familiar de trabalho, aluno de escola tcnica, assistido em
lescente: entidade governamental ou no-governamental, vedado
I - ensino fundamental, obrigatrio e gratuito, inclusive pa- trabalho:
ra os que a ele no tiveram acesso na idade prpria; I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um
II - progressiva extenso da obrigatoriedade e gratuidade dia e as cinco horas do dia seguinte;
ao ensino mdio; II - perigoso, insalubre ou penoso;
III - atendimento educacional especializado aos portadores III - realizado em locais prejudiciais sua formao e ao
de deficincia, preferencialmente na rede regular de ensino; seu desenvolvimento fsico, psquico, moral e social;
IV - atendimento em creche e pr-escola s crianas de IV - realizado em horrios e locais que no permitam a
zero a seis anos de idade; freqncia escola.
V - acesso aos nveis mais elevados do ensino, da pes- Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho
quisa e da criao artstica, segundo a capacidade de cada educativo, sob responsabilidade de entidade governamental
um; ou no-governamental sem fins lucrativos, dever assegurar
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado s condi- ao adolescente que dele participe condies de capacitao
es do adolescente trabalhador; para o exerccio de atividade regular remunerada.
VII - atendimento no ensino fundamental, atravs de pro- 1 Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral
gramas suplementares de material didtico-escolar, transpor- em que as exigncias pedaggicas relativas ao desenvolvi-
te, alimentao e assistncia sade. mento pessoal e social do educando prevalecem sobre o
1 O acesso ao ensino obrigatrio e gratuito direito p- aspecto produtivo.
blico subjetivo. 2 A remunerao que o adolescente recebe pelo traba-
2 O no oferecimento do ensino obrigatrio pelo poder lho efetuado ou a participao na venda dos produtos de seu
pblico ou sua oferta irregular importa responsabilidade da trabalho no desfigura o carter educativo.
autoridade competente. Art. 69. O adolescente tem direito profissionalizao e
3 Compete ao poder pblico recensear os educandos proteo no trabalho, observados os seguintes aspectos,
no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto entre outros:
aos pais ou responsvel, pela freqncia escola. I - respeito condio peculiar de pessoa em desenvolvi-
Art. 55. Os pais ou responsvel tm a obrigao de matri- mento;
cular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. II - capacitao profissional adequada ao mercado de tra-
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fun- balho.
damental comunicaro ao Conselho Tutelar os casos de: Ttulo III
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; Da Preveno
II - reiterao de faltas injustificadas e de evaso escolar, Captulo I
esgotados os recursos escolares; Disposies Gerais
III - elevados nveis de repetncia. Art. 70. dever de todos prevenir a ocorrncia de ameaa
Art. 57. O poder pblico estimular pesquisas, experin- ou violao dos direitos da criana e do adolescente.
cias e novas propostas relativas a calendrio, seriao, curr- Art. 70-A. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
culo, metodologia, didtica e avaliao, com vistas insero nicpios devero atuar de forma articulada na elaborao de
de crianas e adolescentes excludos do ensino fundamental polticas pblicas e na execuo de aes destinadas a coibir
obrigatrio. o uso de castigo fsico ou de tratamento cruel ou degradante
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-o os valo- e difundir formas no violentas de educao de crianas e de
res culturais, artsticos e histricos prprios do contexto social adolescentes, tendo como principais aes:(Includo pela Lei
da criana e do adolescente, garantindo-se a estes a liberda- n 13.010, de 2014)
de da criao e o acesso s fontes de cultura. I - a promoo de campanhas educativas permanentes
Art. 59. Os municpios, com apoio dos estados e da Unio, para a divulgao do direito da criana e do adolescente de
estimularo e facilitaro a destinao de recursos e espaos serem educados e cuidados sem o uso de castigo fsico ou de
para programaes culturais, esportivas e de lazer voltadas tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de prote-
para a infncia e a juventude. o aos direitos humanos; (Includo pela Lei n 13.010, de
Captulo V 2014)
Do Direito Profissionalizao e Proteo no Trabalho II - a integrao com os rgos do Poder Judicirio, do
Art. 60. proibido qualquer trabalho a menores de quator- Ministrio Pblico e da Defensoria Pblica, com o Conselho
ze anos de idade, salvo na condio de aprendiz. (Vide Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criana e do Ado-
Constituio Federal) lescente e com as entidades no governamentais que atuam
Art. 61. A proteo ao trabalho dos adolescentes regula- na promoo, proteo e defesa dos direitos da criana e do
da por legislao especial, sem prejuzo do disposto nesta adolescente; (Includo pela Lei n 13.010, de 2014)
Lei. III - a formao continuada e a capacitao dos profissio-
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formao tcnico- nais de sade, educao e assistncia social e dos demais
profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legis- agentes que atuam na promoo, proteo e defesa dos
lao de educao em vigor. direitos da criana e do adolescente para o desenvolvimento
Art. 63. A formao tcnico-profissional obedecer aos das competncias necessrias preveno, identificao
seguintes princpios: de evidncias, ao diagnstico e ao enfrentamento de todas as
I - garantia de acesso e freqncia obrigatria ao ensino formas de violncia contra a criana e o adolescente;(Includo
regular; pela Lei n 13.010, de 2014)
II - atividade compatvel com o desenvolvimento do ado- IV - o apoio e o incentivo s prticas de resoluo pacfica
lescente; de conflitos que envolvam violncia contra a criana e o ado-
III - horrio especial para o exerccio das atividades. lescente; (Includo pela Lei n 13.010, de 2014)
Art. 64. Ao adolescente at quatorze anos de idade as- V - a incluso, nas polticas pblicas, de aes que visem
segurada bolsa de aprendizagem. a garantir os direitos da criana e do adolescente, desde a
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, ateno pr-natal, e de atividades junto aos pais e respons-
so assegurados os direitos trabalhistas e previdencirios. veis com o objetivo de promover a informao, a reflexo, o

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debate e a orientao sobre alternativas ao uso de castigo Pargrafo nico. As fitas a que alude este artigo devero
fsico ou de tratamento cruel ou degradante no processo edu- exibir, no invlucro, informao sobre a natureza da obra e a
cativo; (Includo pela Lei n 13.010, de 2014) faixa etria a que se destinam.
VI - a promoo de espaos intersetoriais locais para a ar- Art. 78. As revistas e publicaes contendo material im-
ticulao de aes e a elaborao de planos de atuao con- prprio ou inadequado a crianas e adolescentes devero ser
junta focados nas famlias em situao de violncia, com comercializadas em embalagem lacrada, com a advertncia
participao de profissionais de sade, de assistncia social e de seu contedo.
de educao e de rgos de promoo, proteo e defesa Pargrafo nico. As editoras cuidaro para que as capas
dos direitos da criana e do adolescente. (Includo pela Lei que contenham mensagens pornogrficas ou obscenas sejam
n 13.010, de 2014) protegidas com embalagem opaca.
Pargrafo nico. As famlias com crianas e adolescentes Art. 79. As revistas e publicaes destinadas ao pblico in-
com deficincia tero prioridade de atendimento nas aes e fanto-juvenil no podero conter ilustraes, fotografias, le-
polticas pblicas de preveno e proteo. (Includo pela gendas, crnicas ou anncios de bebidas alcolicas, tabaco,
Lei n 13.010, de 2014) armas e munies, e devero respeitar os valores ticos e
Art. 70-B. As entidades, pblicas e privadas, que atuem sociais da pessoa e da famlia.
nas reas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem Art. 80. Os responsveis por estabelecimentos que explo-
contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a reco- rem comercialmente bilhar, sinuca ou congnere ou por casas
nhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de jogos, assim entendidas as que realizem apostas, ainda
de maus-tratos praticados contra crianas e adolescentes. que eventualmente, cuidaro para que no seja permitida a
(Includo pela Lei n 13.046, de 2014) entrada e a permanncia de crianas e adolescentes no local,
Pargrafo nico. So igualmente responsveis pela co- afixando aviso para orientao do pblico.
municao de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, Seo II
por razo de cargo, funo, ofcio, ministrio, profisso ou Dos Produtos e Servios
ocupao, do cuidado, assistncia ou guarda de crianas e Art. 81. proibida a venda criana ou ao adolescente
adolescentes, punvel, na forma deste Estatuto, o injustificado de:
retardamento ou omisso, culposos ou dolosos. (Includo I - armas, munies e explosivos;
pela Lei n 13.046, de 2014) II - bebidas alcolicas;
Art. 71. A criana e o adolescente tm direito a informa- III - produtos cujos componentes possam causar depen-
o, cultura, lazer, esportes, diverses, espetculos e produ- dncia fsica ou psquica ainda que por utilizao indevida;
tos e servios que respeitem sua condio peculiar de pessoa IV - fogos de estampido e de artifcio, exceto aqueles que
em desenvolvimento. pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar
Art. 72. As obrigaes previstas nesta Lei no excluem da qualquer dano fsico em caso de utilizao indevida;
preveno especial outras decorrentes dos princpios por ela V - revistas e publicaes a que alude o art. 78;
adotados. VI - bilhetes lotricos e equivalentes.
Art. 73. A inobservncia das normas de preveno impor- Art. 82. proibida a hospedagem de criana ou adoles-
tar em responsabilidade da pessoa fsica ou jurdica, nos cente em hotel, motel, penso ou estabelecimento congnere,
termos desta Lei. salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou respons-
Captulo II vel.
Da Preveno Especial Seo III
Seo I Da Autorizao para Viajar
Da informao, Cultura, Lazer, Esportes, Diverses e Art. 83. Nenhuma criana poder viajar para fora da co-
Espetculos marca onde reside, desacompanhada dos pais ou respons-
Art. 74. O poder pblico, atravs do rgo competente, re- vel, sem expressa autorizao judicial.
gular as diverses e espetculos pblicos, informando sobre 1 A autorizao no ser exigida quando:
a natureza deles, as faixas etrias a que no se recomendem, a) tratar-se de comarca contgua da residncia da crian-
locais e horrios em que sua apresentao se mostre inade- a, se na mesma unidade da Federao, ou includa na mes-
quada. ma regio metropolitana;
Pargrafo nico. Os responsveis pelas diverses e espe- b) a criana estiver acompanhada:
tculos pblicos devero afixar, em lugar visvel e de fcil 1) de ascendente ou colateral maior, at o terceiro grau,
acesso, entrada do local de exibio, informao destacada comprovado documentalmente o parentesco;
sobre a natureza do espetculo e a faixa etria especificada 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai,
no certificado de classificao. me ou responsvel.
Art. 75. Toda criana ou adolescente ter acesso s diver- 2 A autoridade judiciria poder, a pedido dos pais ou
ses e espetculos pblicos classificados como adequados responsvel, conceder autorizao vlida por dois anos.
sua faixa etria. Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autori-
Pargrafo nico. As crianas menores de dez anos so- zao dispensvel, se a criana ou adolescente:
mente podero ingressar e permanecer nos locais de apre- I - estiver acompanhado de ambos os pais ou respons-
sentao ou exibio quando acompanhadas dos pais ou vel;
responsvel. II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado ex-
Art. 76. As emissoras de rdio e televiso somente exibi- pressamente pelo outro atravs de documento com firma
ro, no horrio recomendado para o pblico infanto juvenil, reconhecida.
programas com finalidades educativas, artsticas, culturais e Art. 85. Sem prvia e expressa autorizao judicial, ne-
informativas. nhuma criana ou adolescente nascido em territrio nacional
Pargrafo nico. Nenhum espetculo ser apresentado ou poder sair do Pas em companhia de estrangeiro residente
anunciado sem aviso de sua classificao, antes de sua ou domiciliado no exterior.
transmisso, apresentao ou exibio. Parte Especial
Art. 77. Os proprietrios, diretores, gerentes e funcionrios Ttulo I
de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de Da Poltica de Atendimento
programao em vdeo cuidaro para que no haja venda ou Captulo I
locao em desacordo com a classificao atribuda pelo Disposies Gerais
rgo competente. Art. 86. A poltica de atendimento dos direitos da criana e
do adolescente far-se- atravs de um conjunto articulado de

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aes governamentais e no-governamentais, da Unio, dos V - prestao de servios comunidade;(Redao dada
estados, do Distrito Federal e dos municpios. pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 87. So linhas de ao da poltica de atendimento: VI - liberdade assistida; (Redao dada pela Lei n 12.594,
I - polticas sociais bsicas; de 2012) (Vide)
II - polticas e programas de assistncia social, em carter VII - semiliberdade; e (Redao dada pela Lei n 12.594,
supletivo, para aqueles que deles necessitem; de 2012) (Vide)
III - servios especiais de preveno e atendimento mdi- VIII - internao.(Includo pela Lei n 12.594, de 2012)
co e psicossocial s vtimas de negligncia, maus-tratos, (Vide)
explorao, abuso, crueldade e opresso; 1o As entidades governamentais e no governamentais
IV - servio de identificao e localizao de pais, respon- devero proceder inscrio de seus programas, especifi-
svel, crianas e adolescentes desaparecidos; cando os regimes de atendimento, na forma definida neste
V - proteo jurdico-social por entidades de defesa dos di- artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do
reitos da criana e do adolescente. Adolescente, o qual manter registro das inscries e de suas
VI - polticas e programas destinados a prevenir ou abre- alteraes, do que far comunicao ao Conselho Tutelar e
viar o perodo de afastamento do convvio familiar e a garantir autoridade judiciria. (Includo pela Lei n 12.010, de
o efetivo exerccio do direito convivncia familiar de crianas 2009)Vigncia
e adolescentes;(Includo pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia 2o Os recursos destinados implementao e manu-
VII - campanhas de estmulo ao acolhimento sob forma de teno dos programas relacionados neste artigo sero previs-
guarda de crianas e adolescentes afastados do convvio tos nas dotaes oramentrias dos rgos pblicos encarre-
familiar e adoo, especificamente inter-racial, de crianas gados das reas de Educao, Sade e Assistncia Social,
maiores ou de adolescentes, com necessidades especficas dentre outros, observando-se o princpio da prioridade absolu-
de sade ou com deficincias e de grupos de irmos. ta criana e ao adolescente preconizado pelo caput do art.
(Includo pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia 227 da Constituio Federal e pelo caput e pargrafo nico do
Art. 88. So diretrizes da poltica de atendimento: art. 4o desta Lei. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
I - municipalizao do atendimento; cia
II - criao de conselhos municipais, estaduais e nacional 3o Os programas em execuo sero reavaliados pelo
dos direitos da criana e do adolescente, rgos deliberativos Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente,
e controladores das aes em todos os nveis, assegurada a no mximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critrios
participao popular paritria por meio de organizaes re- para renovao da autorizao de funcionamento: (Includo
presentativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia
III - criao e manuteno de programas especficos, ob- I - o efetivo respeito s regras e princpios desta Lei, bem
servada a descentralizao poltico-administrativa; como s resolues relativas modalidade de atendimento
IV - manuteno de fundos nacional, estaduais e munici- prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criana e
pais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da do Adolescente, em todos os nveis; (Includo pela Lei n
criana e do adolescente; 12.010, de 2009)Vigncia
V - integrao operacional de rgos do Judicirio, Minis- II - a qualidade e eficincia do trabalho desenvolvido, ates-
trio Pblico, Defensoria, Segurana Pblica e Assistncia tadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministrio Pblico e pela
Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de Justia da Infncia e da Juventude; (Includo pela Lei n
agilizao do atendimento inicial a adolescente a quem se 12.010, de 2009)Vigncia
atribua autoria de ato infracional; III - em se tratando de programas de acolhimento instituci-
VI - integrao operacional de rgos do Judicirio, Minis- onal ou familiar, sero considerados os ndices de sucesso na
trio Pblico, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da reintegrao familiar ou de adaptao famlia substituta,
execuo das polticas sociais bsicas e de assistncia social, conforme o caso. (Includo pela Lei n 12.010, de
para efeito de agilizao do atendimento de crianas e de 2009)Vigncia
adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar Art. 91. As entidades no-governamentais somente pode-
ou institucional, com vista na sua rpida reintegrao famlia ro funcionar depois de registradas no Conselho Municipal
de origem ou, se tal soluo se mostrar comprovadamente dos Direitos da Criana e do Adolescente, o qual comunicar
invivel, sua colocao em famlia substituta, em quaisquer o registro ao Conselho Tutelar e autoridade judiciria da
das modalidades previstas no art. 28 desta Lei; (Redao respectiva localidade.
dada pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia 1o Ser negado o registro entidade que: (Includo
VII - mobilizao da opinio pblica para a indispensvel pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia
participao dos diversos segmentos da sociedade. (Inclu- a) no oferea instalaes fsicas em condies adequa-
do pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia das de habitabilidade, higiene, salubridade e segurana;
Art. 89. A funo de membro do conselho nacional e dos b) no apresente plano de trabalho compatvel com os
conselhos estaduais e municipais dos direitos da criana e do princpios desta Lei;
adolescente considerada de interesse pblico relevante e c) esteja irregularmente constituda;
no ser remunerada. d) tenha em seus quadros pessoas inidneas.
Captulo II e) no se adequar ou deixar de cumprir as resolues e
Das Entidades de Atendimento deliberaes relativas modalidade de atendimento prestado
Seo I expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criana e do Ado-
Disposies Gerais lescente, em todos os nveis. (Includa pela Lei n 12.010,
Art. 90. As entidades de atendimento so responsveis de 2009) Vigncia
pela manuteno das prprias unidades, assim como pelo 2o O registro ter validade mxima de 4 (quatro) anos,
planejamento e execuo de programas de proteo e scio- cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do
educativos destinados a crianas e adolescentes, em regime Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua
de: (Vide) renovao, observado o disposto no 1o deste artigo.
I - orientao e apoio scio-familiar; (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
II - apoio scio-educativo em meio aberto; Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de
III - colocao familiar; acolhimento familiar ou institucional devero adotar os seguin-
IV - acolhimento institucional; (Redao dada pela Lei n tes princpios:(Redao dada pela Lei n 12.010, de
12.010, de 2009) Vigncia 2009)Vigncia

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I - preservao dos vnculos familiares e promoo da I - observar os direitos e garantias de que so titulares os
reintegrao familiar; (Redao dada pela Lei n 12.010, adolescentes;
de 2009)Vigncia II - no restringir nenhum direito que no tenha sido objeto
II - integrao em famlia substituta, quando esgotados os de restrio na deciso de internao;
recursos de manuteno na famlia natural ou extensa; III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas
(Redao dada pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia unidades e grupos reduzidos;
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respei-
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co- to e dignidade ao adolescente;
educao; V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preser-
V - no desmembramento de grupos de irmos; vao dos vnculos familiares;
VI - evitar, sempre que possvel, a transferncia para ou- VI - comunicar autoridade judiciria, periodicamente, os
tras entidades de crianas e adolescentes abrigados; casos em que se mostre invivel ou impossvel o reatamento
VII - participao na vida da comunidade local; dos vnculos familiares;
VIII - preparao gradativa para o desligamento; VII - oferecer instalaes fsicas em condies adequadas
IX - participao de pessoas da comunidade no processo de habitabilidade, higiene, salubridade e segurana e os obje-
educativo. tos necessrios higiene pessoal;
1o O dirigente de entidade que desenvolve programa de VIII - oferecer vesturio e alimentao suficientes e ade-
acolhimento institucional equiparado ao guardio, para quados faixa etria dos adolescentes atendidos;
todos os efeitos de direito. (Includo pela Lei n 12.010, de IX - oferecer cuidados mdicos, psicolgicos, odontolgi-
2009)Vigncia cos e farmacuticos;
2o Os dirigentes de entidades que desenvolvem pro- X - propiciar escolarizao e profissionalizao;
gramas de acolhimento familiar ou institucional remetero XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
autoridade judiciria, no mximo a cada 6 (seis) meses, rela- XII - propiciar assistncia religiosa queles que desejarem,
trio circunstanciado acerca da situao de cada criana ou de acordo com suas crenas;
adolescente acolhido e sua famlia, para fins da reavaliao XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
prevista no 1o do art. 19 desta Lei. (Includo pela Lei n XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
12.010, de 2009) Vigncia mximo de seis meses, dando cincia dos resultados auto-
3o Os entes federados, por intermdio dos Poderes ridade competente;
Executivo e Judicirio, promovero conjuntamente a perma- XV - informar, periodicamente, o adolescente internado
nente qualificao dos profissionais que atuam direta ou indi- sobre sua situao processual;
retamente em programas de acolhimento institucional e desti- XVI - comunicar s autoridades competentes todos os ca-
nados colocao familiar de crianas e adolescentes, inclu- sos de adolescentes portadores de molstias infecto-
indo membros do Poder Judicirio, Ministrio Pblico e Con- contagiosas;
selho Tutelar. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vign- XVII - fornecer comprovante de depsito dos pertences
cia dos adolescentes;
4o Salvo determinao em contrrio da autoridade judi- XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompa-
ciria competente, as entidades que desenvolvem programas nhamento de egressos;
de acolhimento familiar ou institucional, se necessrio com o XIX - providenciar os documentos necessrios ao exerc-
auxlio do Conselho Tutelar e dos rgos de assistncia soci- cio da cidadania queles que no os tiverem;
al, estimularo o contato da criana ou adolescente com seus XX - manter arquivo de anotaes onde constem data e
pais e parentes, em cumprimento ao disposto nos incisos I e circunstncias do atendimento, nome do adolescente, seus
VIII do caput deste artigo. (Includo pela Lei n 12.010, de pais ou responsvel, parentes, endereos, sexo, idade,
2009)Vigncia acompanhamento da sua formao, relao de seus perten-
5o As entidades que desenvolvem programas de aco- ces e demais dados que possibilitem sua identificao e a
lhimento familiar ou institucional somente podero receber individualizao do atendimento.
recursos pblicos se comprovado o atendimento dos princ- 1o Aplicam-se, no que couber, as obrigaes constantes
pios, exigncias e finalidades desta Lei. (Includo pela Lei deste artigo s entidades que mantm programas de acolhi-
n 12.010, de 2009) Vigncia mento institucional e familiar. (Redao dada pela Lei n
6o O descumprimento das disposies desta Lei pelo di- 12.010, de 2009) Vigncia
rigente de entidade que desenvolva programas de acolhimen- 2 No cumprimento das obrigaes a que alude este ar-
to familiar ou institucional causa de sua destituio, sem tigo as entidades utilizaro preferencialmente os recursos da
prejuzo da apurao de sua responsabilidade administrativa, comunidade.
civil e criminal. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vign- Art. 94-A. As entidades, pblicas ou privadas, que abri-
cia guem ou recepcionem crianas e adolescentes, ainda que em
Art. 93. As entidades que mantenham programa de aco- carter temporrio, devem ter, em seus quadros, profissionais
lhimento institucional podero, em carter excepcional e de capacitados a reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar
urgncia, acolher crianas e adolescentes sem prvia deter- suspeitas ou ocorrncias de maus-tratos. (Includo pela
minao da autoridade competente, fazendo comunicao do Lei n 13.046, de 2014)
fato em at 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infncia e da Seo II
Juventude, sob pena de responsabilidade. (Redao dada Da Fiscalizao das Entidades
pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia Art. 95. As entidades governamentais e no-
Pargrafo nico. Recebida a comunicao, a autoridade governamentais referidas no art. 90 sero fiscalizadas pelo
judiciria, ouvido o Ministrio Pblico e se necessrio com o Judicirio, pelo Ministrio Pblico e pelos Conselhos Tutela-
apoio do Conselho Tutelar local, tomar as medidas necess- res.
rias para promover a imediata reintegrao familiar da criana Art. 96. Os planos de aplicao e as prestaes de contas
ou do adolescente ou, se por qualquer razo no for isso sero apresentados ao estado ou ao municpio, conforme a
possvel ou recomendvel, para seu encaminhamento a pro- origem das dotaes oramentrias.
grama de acolhimento familiar, institucional ou a famlia subs- Art. 97. So medidas aplicveis s entidades de atendi-
tituta, observado o disposto no 2o do art. 101 desta Lei. mento que descumprirem obrigao constante do art. 94, sem
(Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia prejuzo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de in- ou prepostos:
ternao tm as seguintes obrigaes, entre outras: I - s entidades governamentais:

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a) advertncia; intimidade, direito imagem e reserva da sua vida privada;
b) afastamento provisrio de seus dirigentes; (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; VI - interveno precoce: a interveno das autoridades
d) fechamento de unidade ou interdio de programa. competentes deve ser efetuada logo que a situao de perigo
II - s entidades no-governamentais: seja conhecida; (Includo pela Lei n 12.010, de 2009)
a) advertncia; Vigncia
b) suspenso total ou parcial do repasse de verbas pbli- VII - interveno mnima: a interveno deve ser exercida
cas; exclusivamente pelas autoridades e instituies cuja ao
c) interdio de unidades ou suspenso de programa; seja indispensvel efetiva promoo dos direitos e prote-
d) cassao do registro. o da criana e do adolescente; (Includo pela Lei n
1o Em caso de reiteradas infraes cometidas por enti- 12.010, de 2009) Vigncia
dades de atendimento, que coloquem em risco os direitos VIII - proporcionalidade e atualidade: a interveno deve
assegurados nesta Lei, dever ser o fato comunicado ao ser a necessria e adequada situao de perigo em que a
Ministrio Pblico ou representado perante autoridade judici- criana ou o adolescente se encontram no momento em que
ria competente para as providncias cabveis, inclusive sus- a deciso tomada; (Includo pela Lei n 12.010, de
penso das atividades ou dissoluo da entidade. (Reda- 2009) Vigncia
o dada pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia IX - responsabilidade parental: a interveno deve ser efe-
2o As pessoas jurdicas de direito pblico e as organiza- tuada de modo que os pais assumam os seus deveres para
es no governamentais respondero pelos danos que seus com a criana e o adolescente; (Includo pela Lei n
agentes causarem s crianas e aos adolescentes, caracteri- 12.010, de 2009)Vigncia
zado o descumprimento dos princpios norteadores das ativi- X - prevalncia da famlia: na promoo de direitos e na
dades de proteo especfica. (Redao dada pela Lei n proteo da criana e do adolescente deve ser dada preva-
12.010, de 2009) Vigncia lncia s medidas que os mantenham ou reintegrem na sua
Ttulo II famlia natural ou extensa ou, se isto no for possvel, que
Das Medidas de Proteo promovam a sua integrao em famlia substituta; (Includo
Captulo I pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia
Disposies Gerais XI - obrigatoriedade da informao: a criana e o adoles-
Art. 98. As medidas de proteo criana e ao adolescen- cente, respeitado seu estgio de desenvolvimento e capaci-
te so aplicveis sempre que os direitos reconhecidos nesta dade de compreenso, seus pais ou responsvel devem ser
Lei forem ameaados ou violados: informados dos seus direitos, dos motivos que determinaram
I - por ao ou omisso da sociedade ou do Estado; a interveno e da forma como esta se processa; (Includo
II - por falta, omisso ou abuso dos pais ou responsvel; pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia
III - em razo de sua conduta. XII - oitiva obrigatria e participao: a criana e o adoles-
Captulo II cente, em separado ou na companhia dos pais, de respons-
Das Medidas Especficas de Proteo vel ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou
Art. 99. As medidas previstas neste Captulo podero ser responsvel, tm direito a ser ouvidos e a participar nos atos
aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substitu- e na definio da medida de promoo dos direitos e de pro-
das a qualquer tempo. teo, sendo sua opinio devidamente considerada pela auto-
Art. 100. Na aplicao das medidas levar-se-o em conta ridade judiciria competente, observado o disposto nos 1o
as necessidades pedaggicas, preferindo-se aquelas que e 2o do art. 28 desta Lei. (Includo pela Lei n 12.010, de
visem ao fortalecimento dos vnculos familiares e comunit- 2009)Vigncia
rios. Art. 101. Verificada qualquer das hipteses previstas no
Pargrafo nico. So tambm princpios que regem a art. 98, a autoridade competente poder determinar, dentre
aplicao das medidas: (Includo pela Lei n 12.010, de outras, as seguintes medidas:
2009) Vigncia I - encaminhamento aos pais ou responsvel, mediante
I - condio da criana e do adolescente como sujeitos de termo de responsabilidade;
direitos: crianas e adolescentes so os titulares dos direitos II - orientao, apoio e acompanhamento temporrios;
previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituio III - matrcula e freqncia obrigatrias em estabelecimen-
Federal; (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vign- to oficial de ensino fundamental;
cia IV - incluso em programa comunitrio ou oficial de auxlio
II - proteo integral e prioritria: a interpretao e aplica- famlia, criana e ao adolescente;
o de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser V - requisio de tratamento mdico, psicolgico ou psi-
voltada proteo integral e prioritria dos direitos de que quitrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
crianas e adolescentes so titulares; (Includo pela Lei n VI - incluso em programa oficial ou comunitrio de aux-
12.010, de 2009)Vigncia lio, orientao e tratamento a alcolatras e toxicmanos;
III - responsabilidade primria e solidria do poder pblico: VII - acolhimento institucional;(Redao dada pela Lei n
a plena efetivao dos direitos assegurados a crianas e a 12.010, de 2009)Vigncia
adolescentes por esta Lei e pela Constituio Federal, salvo VIII - incluso em programa de acolhimento familiar;
nos casos por esta expressamente ressalvados, de respon- (Redao dada pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia
sabilidade primria e solidria das 3 (trs) esferas de governo, IX - colocao em famlia substituta. (Includo pela Lei
sem prejuzo da municipalizao do atendimento e da possibi- n 12.010, de 2009)Vigncia
lidade da execuo de programas por entidades no gover- 1o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar
namentais; (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vi- so medidas provisrias e excepcionais, utilizveis como
gncia forma de transio para reintegrao familiar ou, no sendo
IV - interesse superior da criana e do adolescente: a in- esta possvel, para colocao em famlia substituta, no impli-
terveno deve atender prioritariamente aos interesses e cando privao de liberdade. (Includo pela Lei n 12.010,
direitos da criana e do adolescente, sem prejuzo da consi- de 2009)Vigncia
derao que for devida a outros interesses legtimos no mbi- 2o Sem prejuzo da tomada de medidas emergenciais
to da pluralidade dos interesses presentes no caso concre- para proteo de vtimas de violncia ou abuso sexual e das
to; (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia providncias a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento
V - privacidade: a promoo dos direitos e proteo da da criana ou adolescente do convvio familiar de compe-
criana e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela tncia exclusiva da autoridade judiciria e importar na defla-

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grao, a pedido do Ministrio Pblico ou de quem tenha direito convivncia familiar, para a destituio do poder
legtimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no familiar, ou destituio de tutela ou guarda. (Includo pela Lei
qual se garanta aos pais ou ao responsvel legal o exerccio n 12.010, de 2009) Vigncia
do contraditrio e da ampla defesa. (Includo pela Lei n 10. Recebido o relatrio, o Ministrio Pblico ter o pra-
12.010, de 2009)Vigncia zo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ao de destitui-
3o Crianas e adolescentes somente podero ser en- o do poder familiar, salvo se entender necessria a realiza-
caminhados s instituies que executam programas de aco- o de estudos complementares ou outras providncias que
lhimento institucional, governamentais ou no, por meio de entender indispensveis ao ajuizamento da deman-
uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judici- da. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
ria, na qual obrigatoriamente constar, dentre outros: 11. A autoridade judiciria manter, em cada comarca
(Includo pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia ou foro regional, um cadastro contendo informaes atualiza-
I - sua identificao e a qualificao completa de seus pais das sobre as crianas e adolescentes em regime de acolhi-
ou de seu responsvel, se conhecidos; (Includo pela Lei mento familiar e institucional sob sua responsabilidade, com
n 12.010, de 2009) Vigncia informaes pormenorizadas sobre a situao jurdica de
II - o endereo de residncia dos pais ou do responsvel, cada um, bem como as providncias tomadas para sua rein-
com pontos de referncia; (Includo pela Lei n 12.010, de tegrao familiar ou colocao em famlia substituta, em qual-
2009)Vigncia quer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Includo
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
t-los sob sua guarda; (Includo pela Lei n 12.010, de 12. Tero acesso ao cadastro o Ministrio Pblico, o
2009) Vigncia Conselho Tutelar, o rgo gestor da Assistncia Social e os
IV - os motivos da retirada ou da no reintegrao ao con- Conselhos Municipais dos Direitos da Criana e do Adoles-
vvio familiar. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) cente e da Assistncia Social, aos quais incumbe deliberar
Vigncia sobre a implementao de polticas pblicas que permitam
4o Imediatamente aps o acolhimento da criana ou do reduzir o nmero de crianas e adolescentes afastados do
adolescente, a entidade responsvel pelo programa de aco- convvio familiar e abreviar o perodo de permanncia em
lhimento institucional ou familiar elaborar um plano individual programa de acolhimento.(Includo pela Lei n 12.010, de
de atendimento, visando reintegrao familiar, ressalvada a 2009) Vigncia
existncia de ordem escrita e fundamentada em contrrio de Art. 102. As medidas de proteo de que trata este Cap-
autoridade judiciria competente, caso em que tambm deve- tulo sero acompanhadas da regularizao do registro civil.
r contemplar sua colocao em famlia substituta, observa- (Vide Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
das as regras e princpios desta Lei. (Includo pela Lei n 1 Verificada a inexistncia de registro anterior, o assen-
12.010, de 2009)Vigncia to de nascimento da criana ou adolescente ser feito vista
5o O plano individual ser elaborado sob a responsabili- dos elementos disponveis, mediante requisio da autoridade
dade da equipe tcnica do respectivo programa de atendi- judiciria.
mento e levar em considerao a opinio da criana ou do 2 Os registros e certides necessrios regularizao
adolescente e a oitiva dos pais ou do responsvel. (Inclu- de que trata este artigo so isentos de multas, custas e emo-
do pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia lumentos, gozando de absoluta prioridade.
6o Constaro do plano individual, dentre outros: (In- 3o Caso ainda no definida a paternidade, ser defla-
cludo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia grado procedimento especfico destinado sua averiguao,
I - os resultados da avaliao interdisciplinar; (Includo conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de
pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia 1992. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
II - os compromissos assumidos pelos pais ou respons- 4o Nas hipteses previstas no 3o deste artigo, dis-
vel; e (Includo pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia pensvel o ajuizamento de ao de investigao de paterni-
III - a previso das atividades a serem desenvolvidas com dade pelo Ministrio Pblico se, aps o no comparecimento
a criana ou com o adolescente acolhido e seus pais ou res- ou a recusa do suposto pai em assumir a paternidade a ele
ponsvel, com vista na reintegrao familiar ou, caso seja atribuda, a criana for encaminhada para adoo. (Includo
esta vedada por expressa e fundamentada determinao pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
judicial, as providncias a serem tomadas para sua colocao Ttulo III
em famlia substituta, sob direta superviso da autoridade Da Prtica de Ato Infracional
judiciria. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia Captulo I
7o O acolhimento familiar ou institucional ocorrer no lo- Disposies Gerais
cal mais prximo residncia dos pais ou do responsvel e, Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita
como parte do processo de reintegrao familiar, sempre que como crime ou contraveno penal.
identificada a necessidade, a famlia de origem ser includa Art. 104. So penalmente inimputveis os menores de de-
em programas oficiais de orientao, de apoio e de promoo zoito anos, sujeitos s medidas previstas nesta Lei.
social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criana Pargrafo nico. Para os efeitos desta Lei, deve ser con-
ou com o adolescente acolhido. (Includo pela Lei n 12.010, siderada a idade do adolescente data do fato.
de 2009) Vigncia Art. 105. Ao ato infracional praticado por criana corres-
8o Verificada a possibilidade de reintegrao familiar, o pondero as medidas previstas no art. 101.
responsvel pelo programa de acolhimento familiar ou institu- Captulo II
cional far imediata comunicao autoridade judiciria, que Dos Direitos Individuais
dar vista ao Ministrio Pblico, pelo prazo de 5 (cinco) dias, Art. 106. Nenhum adolescente ser privado de sua liber-
decidindo em igual prazo. (Includo pela Lei n 12.010, de dade seno em flagrante de ato infracional ou por ordem
2009) Vigncia escrita e fundamentada da autoridade judiciria competente.
9o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegra- Pargrafo nico. O adolescente tem direito identificao
o da criana ou do adolescente famlia de origem, aps dos responsveis pela sua apreenso, devendo ser informado
seu encaminhamento a programas oficiais ou comunitrios de acerca de seus direitos.
orientao, apoio e promoo social, ser enviado relatrio Art. 107. A apreenso de qualquer adolescente e o local
fundamentado ao Ministrio Pblico, no qual conste a descri- onde se encontra recolhido sero incontinenti comunicados
o pormenorizada das providncias tomadas e a expressa autoridade judiciria competente e famlia do apreendido ou
recomendao, subscrita pelos tcnicos da entidade ou res- pessoa por ele indicada.
ponsveis pela execuo da poltica municipal de garantia do

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Pargrafo nico. Examinar-se-, desde logo e sob pena Seo IV
de responsabilidade, a possibilidade de liberao imediata. Da Prestao de Servios Comunidade
Art. 108. A internao, antes da sentena, pode ser de- Art. 117. A prestao de servios comunitrios consiste na
terminada pelo prazo mximo de quarenta e cinco dias. realizao de tarefas gratuitas de interesse geral, por perodo
Pargrafo nico. A deciso dever ser fundamentada e no excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais,
basear-se em indcios suficientes de autoria e materialidade, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congneres,
demonstrada a necessidade imperiosa da medida. bem como em programas comunitrios ou governamentais.
Art. 109. O adolescente civilmente identificado no ser Pargrafo nico. As tarefas sero atribudas conforme as
submetido a identificao compulsria pelos rgos policiais, aptides do adolescente, devendo ser cumpridas durante
de proteo e judiciais, salvo para efeito de confrontao, jornada mxima de oito horas semanais, aos sbados, do-
havendo dvida fundada. mingos e feriados ou em dias teis, de modo a no prejudicar
Captulo III a freqncia escola ou jornada normal de trabalho.
Das Garantias Processuais Seo V
Art. 110. Nenhum adolescente ser privado de sua liber- Da Liberdade Assistida
dade sem o devido processo legal. Art. 118. A liberdade assistida ser adotada sempre que
Art. 111. So asseguradas ao adolescente, entre outras, se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompa-
as seguintes garantias: nhar, auxiliar e orientar o adolescente.
I - pleno e formal conhecimento da atribuio de ato infra- 1 A autoridade designar pessoa capacitada para
cional, mediante citao ou meio equivalente; acompanhar o caso, a qual poder ser recomendada por
II - igualdade na relao processual, podendo confrontar- entidade ou programa de atendimento.
se com vtimas e testemunhas e produzir todas as provas 2 A liberdade assistida ser fixada pelo prazo mnimo
necessrias sua defesa; de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada,
III - defesa tcnica por advogado; revogada ou substituda por outra medida, ouvido o orienta-
IV - assistncia judiciria gratuita e integral aos necessita- dor, o Ministrio Pblico e o defensor.
dos, na forma da lei; Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervi-
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade so da autoridade competente, a realizao dos seguintes
competente; encargos, entre outros:
VI - direito de solicitar a presena de seus pais ou respon- I - promover socialmente o adolescente e sua famlia, for-
svel em qualquer fase do procedimento. necendo-lhes orientao e inserindo-os, se necessrio, em
Captulo IV programa oficial ou comunitrio de auxlio e assistncia social;
Das Medidas Scio-Educativas II - supervisionar a freqncia e o aproveitamento escolar
Seo I do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrcula;
Disposies Gerais III - diligenciar no sentido da profissionalizao do adoles-
Art. 112. Verificada a prtica de ato infracional, a autorida- cente e de sua insero no mercado de trabalho;
de competente poder aplicar ao adolescente as seguintes IV - apresentar relatrio do caso.
medidas: Seo VI
I - advertncia; Do Regime de Semi-liberdade
II - obrigao de reparar o dano; Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determina-
III - prestao de servios comunidade; do desde o incio, ou como forma de transio para o meio
IV - liberdade assistida; aberto, possibilitada a realizao de atividades externas,
V - insero em regime de semi-liberdade; independentemente de autorizao judicial.
VI - internao em estabelecimento educacional; 1 So obrigatrias a escolarizao e a profissionaliza-
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. o, devendo, sempre que possvel, ser utilizados os recursos
1 A medida aplicada ao adolescente levar em conta a existentes na comunidade.
sua capacidade de cumpri-la, as circunstncias e a gravidade 2 A medida no comporta prazo determinado aplican-
da infrao. do-se, no que couber, as disposies relativas internao.
2 Em hiptese alguma e sob pretexto algum, ser admi- Seo VII
tida a prestao de trabalho forado. Da Internao
3 Os adolescentes portadores de doena ou deficincia Art. 121. A internao constitui medida privativa da liber-
mental recebero tratamento individual e especializado, em dade, sujeita aos princpios de brevidade, excepcionalidade e
local adequado s suas condies. respeito condio peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Art. 113. Aplica-se a este Captulo o disposto nos arts. 99 1 Ser permitida a realizao de atividades externas, a
e 100. critrio da equipe tcnica da entidade, salvo expressa deter-
Art. 114. A imposio das medidas previstas nos incisos II minao judicial em contrrio.
a VI do art. 112 pressupe a existncia de provas suficientes 2 A medida no comporta prazo determinado, devendo
da autoria e da materialidade da infrao, ressalvada a hip- sua manuteno ser reavaliada, mediante deciso fundamen-
tese de remisso, nos termos do art. 127. tada, no mximo a cada seis meses.
Pargrafo nico. A advertncia poder ser aplicada sem- 3 Em nenhuma hiptese o perodo mximo de interna-
pre que houver prova da materialidade e indcios suficientes o exceder a trs anos.
da autoria. 4 Atingido o limite estabelecido no pargrafo anterior, o
Seo II adolescente dever ser liberado, colocado em regime de
Da Advertncia semi-liberdade ou de liberdade assistida.
Art. 115. A advertncia consistir em admoestao verbal, 5 A liberao ser compulsria aos vinte e um anos de
que ser reduzida a termo e assinada. idade.
Seo III 6 Em qualquer hiptese a desinternao ser precedida
Da Obrigao de Reparar o Dano de autorizao judicial, ouvido o Ministrio Pblico.
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos 7o A determinao judicial mencionada no 1o poder
patrimoniais, a autoridade poder determinar, se for o caso, ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciria.
que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
do dano, ou, por outra forma, compense o prejuzo da vtima. Art. 122. A medida de internao s poder ser aplicada
Pargrafo nico. Havendo manifesta impossibilidade, a quando:
medida poder ser substituda por outra adequada.

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I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave Art. 128. A medida aplicada por fora da remisso poder
ameaa ou violncia a pessoa; ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido
II - por reiterao no cometimento de outras infraes gra- expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do
ves; Ministrio Pblico.
III - por descumprimento reiterado e injustificvel da medi- Ttulo IV
da anteriormente imposta. Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsvel
1o O prazo de internao na hiptese do inciso III deste Art. 129. So medidas aplicveis aos pais ou responsvel:
artigo no poder ser superior a 3 (trs) meses, devendo ser I - encaminhamento a programa oficial ou comunitrio de
decretada judicialmente aps o devido processo legal. proteo famlia;
(Redao dada pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide) II - incluso em programa oficial ou comunitrio de auxlio,
2. Em nenhuma hiptese ser aplicada a internao, orientao e tratamento a alcolatras e toxicmanos;
havendo outra medida adequada. III - encaminhamento a tratamento psicolgico ou psiqui-
Art. 123. A internao dever ser cumprida em entidade trico;
exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele desti- IV - encaminhamento a cursos ou programas de orienta-
nado ao abrigo, obedecida rigorosa separao por critrios de o;
idade, compleio fsica e gravidade da infrao. V - obrigao de matricular o filho ou pupilo e acompanhar
Pargrafo nico. Durante o perodo de internao, inclusi- sua freqncia e aproveitamento escolar;
ve provisria, sero obrigatrias atividades pedaggicas. VI - obrigao de encaminhar a criana ou adolescente a
Art. 124. So direitos do adolescente privado de liberdade, tratamento especializado;
entre outros, os seguintes: VII - advertncia;
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do VIII - perda da guarda;
Ministrio Pblico; IX - destituio da tutela;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; X - suspenso ou destituio do ptrio poder poder famili-
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; ar. (Expresso substituda pela Lei n 12.010, de 2009) Vi-
IV - ser informado de sua situao processual, sempre gncia
que solicitada; Pargrafo nico. Na aplicao das medidas previstas nos
V - ser tratado com respeito e dignidade; incisos IX e X deste artigo, observar-se- o disposto nos arts.
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naque- 23 e 24.
la mais prxima ao domiclio de seus pais ou responsvel; Art. 130. Verificada a hiptese de maus-tratos, opresso
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsvel, a auto-
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; ridade judiciria poder determinar, como medida cautelar, o
IX - ter acesso aos objetos necessrios higiene e asseio afastamento do agressor da moradia comum.
pessoal; Pargrafo nico. Da medida cautelar constar, ainda, a fi-
X - habitar alojamento em condies adequadas de higie- xao provisria dos alimentos de que necessitem a criana
ne e salubridade; ou o adolescente dependentes do agressor. (Includo pela Lei
XI - receber escolarizao e profissionalizao; n 12.415, de 2011)
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: Ttulo V
XIII - ter acesso aos meios de comunicao social; Do Conselho Tutelar
XIV - receber assistncia religiosa, segundo a sua crena, Captulo I
e desde que assim o deseje; Disposies Gerais
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de Art. 131. O Conselho Tutelar rgo permanente e aut-
local seguro para guard-los, recebendo comprovante daque- nomo, no jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar
les porventura depositados em poder da entidade; pelo cumprimento dos direitos da criana e do adolescente,
XVI - receber, quando de sua desinternao, os documen- definidos nesta Lei.
tos pessoais indispensveis vida em sociedade. Art. 132. Em cada Municpio e em cada Regio Adminis-
1 Em nenhum caso haver incomunicabilidade. trativa do Distrito Federal haver, no mnimo, 1 (um) Conselho
2 A autoridade judiciria poder suspender temporari- Tutelar como rgo integrante da administrao pblica local,
amente a visita, inclusive de pais ou responsvel, se existirem composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela populao
motivos srios e fundados de sua prejudicialidade aos inte- local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma)
resses do adolescente. reconduo, mediante novo processo de escolha.(Redao
Art. 125. dever do Estado zelar pela integridade fsica e dada pela Lei n 12.696, de 2012)
mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequa- Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tute-
das de conteno e segurana. lar, sero exigidos os seguintes requisitos:
Captulo V I - reconhecida idoneidade moral;
Da Remisso II - idade superior a vinte e um anos;
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para III - residir no municpio.
apurao de ato infracional, o representante do Ministrio Art. 134. Lei municipal ou distrital dispor sobre o local,
Pblico poder conceder a remisso, como forma de excluso dia e horrio de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive
do processo, atendendo s circunstncias e conseqncias quanto remunerao dos respectivos membros, aos quais
do fato, ao contexto social, bem como personalidade do assegurado o direito a:(Redao dada pela Lei n 12.696, de
adolescente e sua maior ou menor participao no ato infraci- 2012)
onal. I - cobertura previdenciria; (Includo pela Lei n
Pargrafo nico. Iniciado o procedimento, a concesso da 12.696, de 2012)
remisso pela autoridade judiciria importar na suspenso II - gozo de frias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3
ou extino do processo. (um tero) do valor da remunerao mensal;(Includo pela Lei
Art. 127. A remisso no implica necessariamente o reco- n 12.696, de 2012)
nhecimento ou comprovao da responsabilidade, nem preva- III - licena-maternidade; (Includo pela Lei n 12.696,
lece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventual- de 2012)
mente a aplicao de qualquer das medidas previstas em lei, IV - licena-paternidade; (Includo pela Lei n 12.696,
exceto a colocao em regime de semi-liberdade e a interna- de 2012)
o. V - gratificao natalina. (Includo pela Lei n 12.696,
de 2012)

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Pargrafo nico. Constar da lei oramentria municipal e 1o O processo de escolha dos membros do Conselho
da do Distrito Federal previso dos recursos necessrios ao Tutelar ocorrer em data unificada em todo o territrio nacio-
funcionamento do Conselho Tutelar e remunerao e for- nal a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do ms de
mao continuada dos conselheiros tutelares. (Redao outubro do ano subsequente ao da eleio presidencial.
dada pela Lei n 12.696, de 2012) (Includo pela Lei n 12.696, de 2012)
Art. 135. O exerccio efetivo da funo de conselheiro 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrer no dia
constituir servio pblico relevante e estabelecer presuno 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de esco-
de idoneidade moral. (Redao dada pela Lei n 12.696, lha.(Includo pela Lei n 12.696, de 2012)
de 2012) 3o No processo de escolha dos membros do Conselho
Captulo II Tutelar, vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou
Das Atribuies do Conselho entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer
Art. 136. So atribuies do Conselho Tutelar: natureza, inclusive brindes de pequeno valor. (Includo pela
I - atender as crianas e adolescentes nas hipteses pre- Lei n 12.696, de 2012)
vistas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no Captulo V
art. 101, I a VII; Dos Impedimentos
II - atender e aconselhar os pais ou responsvel, aplican- Art. 140. So impedidos de servir no mesmo Conselho
do as medidas previstas no art. 129, I a VII; marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro
III - promover a execuo de suas decises, podendo para ou nora, irmos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobri-
tanto: nho, padrasto ou madrasta e enteado.
a) requisitar servios pblicos nas reas de sade, educa- Pargrafo nico. Estende-se o impedimento do conselhei-
o, servio social, previdncia, trabalho e segurana; ro, na forma deste artigo, em relao autoridade judiciria e
b) representar junto autoridade judiciria nos casos de ao representante do Ministrio Pblico com atuao na Justi-
descumprimento injustificado de suas deliberaes. a da Infncia e da Juventude, em exerccio na comarca, foro
IV - encaminhar ao Ministrio Pblico notcia de fato que regional ou distrital.
constitua infrao administrativa ou penal contra os direitos da Ttulo VI
criana ou adolescente; Do Acesso Justia
V - encaminhar autoridade judiciria os casos de sua Captulo I
competncia; Disposies Gerais
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade Art. 141. garantido o acesso de toda criana ou adoles-
judiciria, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o cente Defensoria Pblica, ao Ministrio Pblico e ao Poder
adolescente autor de ato infracional; Judicirio, por qualquer de seus rgos.
VII - expedir notificaes; 1. A assistncia judiciria gratuita ser prestada aos
VIII - requisitar certides de nascimento e de bito de cri- que dela necessitarem, atravs de defensor pblico ou advo-
ana ou adolescente quando necessrio; gado nomeado.
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaborao da 2 As aes judiciais da competncia da Justia da In-
proposta oramentria para planos e programas de atendi- fncia e da Juventude so isentas de custas e emolumentos,
mento dos direitos da criana e do adolescente; ressalvada a hiptese de litigncia de m-f.
X - representar, em nome da pessoa e da famlia, contra a Art. 142. Os menores de dezesseis anos sero represen-
violao dos direitos previstos no art. 220, 3, inciso II, da tados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um
Constituio Federal; anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma
XI - representar ao Ministrio Pblico para efeito das da legislao civil ou processual.
aes de perda ou suspenso do poder familiar, aps esgota- Pargrafo nico. A autoridade judiciria dar curador es-
das as possibilidades de manuteno da criana ou do ado- pecial criana ou adolescente, sempre que os interesses
lescente junto famlia natural. (Redao dada pela Lei n destes colidirem com os de seus pais ou responsvel, ou
12.010, de 2009) Vigncia quando carecer de representao ou assistncia legal ainda
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos que eventual.
profissionais, aes de divulgao e treinamento para o reco- Art. 143. E vedada a divulgao de atos judiciais, policiais
nhecimento de sintomas de maus-tratos em crianas e ado- e administrativos que digam respeito a crianas e adolescen-
lescentes. (Includo pela Lei n 13.046, de 2014) tes a que se atribua autoria de ato infracional.
Pargrafo nico. Se, no exerccio de suas atribuies, o Pargrafo nico. Qualquer notcia a respeito do fato no
Conselho Tutelar entender necessrio o afastamento do con- poder identificar a criana ou adolescente, vedando-se foto-
vvio familiar, comunicar incontinenti o fato ao Ministrio grafia, referncia a nome, apelido, filiao, parentesco, resi-
Pblico, prestando-lhe informaes sobre os motivos de tal dncia e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. (Redao
entendimento e as providncias tomadas para a orientao, o dada pela Lei n 10.764, de 12.11.2003)
apoio e a promoo social da famlia.(Includo pela Lei n Art. 144. A expedio de cpia ou certido de atos a que
12.010, de 2009) Vigncia se refere o artigo anterior somente ser deferida pela autori-
Art. 137. As decises do Conselho Tutelar somente pode- dade judiciria competente, se demonstrado o interesse e
ro ser revistas pela autoridade judiciria a pedido de quem justificada a finalidade.
tenha legtimo interesse. Captulo II
Captulo III Da Justia da Infncia e da Juventude
Da Competncia Seo I
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de compe- Disposies Gerais
tncia constante do art. 147. Art. 145. Os estados e o Distrito Federal podero criar va-
Captulo IV ras especializadas e exclusivas da infncia e da juventude,
Da Escolha dos Conselheiros cabendo ao Poder Judicirio estabelecer sua proporcionalida-
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do de por nmero de habitantes, dot-las de infra-estrutura e
Conselho Tutelar ser estabelecido em lei municipal e reali- dispor sobre o atendimento, inclusive em plantes.
zado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direi- Seo II
tos da Criana e do Adolescente, e a fiscalizao do Minist- Do Juiz
rio Pblico. (Redao dada pela Lei n 8.242, de Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei o Juiz da
12.10.1991) Infncia e da Juventude, ou o juiz que exerce essa funo, na
forma da lei de organizao judiciria local.

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Art. 147. A competncia ser determinada: c) a existncia de instalaes adequadas;
I - pelo domiclio dos pais ou responsvel; d) o tipo de freqncia habitual ao local;
II - pelo lugar onde se encontre a criana ou adolescente, e) a adequao do ambiente a eventual participao ou
falta dos pais ou responsvel. freqncia de crianas e adolescentes;
1. Nos casos de ato infracional, ser competente a au- f) a natureza do espetculo.
toridade do lugar da ao ou omisso, observadas as regras 2 As medidas adotadas na conformidade deste artigo
de conexo, continncia e preveno. devero ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as deter-
2 A execuo das medidas poder ser delegada auto- minaes de carter geral.
ridade competente da residncia dos pais ou responsvel, ou Seo III
do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criana ou Dos Servios Auxiliares
adolescente. Art. 150. Cabe ao Poder Judicirio, na elaborao de sua
3 Em caso de infrao cometida atravs de transmisso proposta oramentria, prever recursos para manuteno de
simultnea de rdio ou televiso, que atinja mais de uma equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justia da
comarca, ser competente, para aplicao da penalidade, a Infncia e da Juventude.
autoridade judiciria do local da sede estadual da emissora ou Art. 151. Compete equipe interprofissional dentre outras
rede, tendo a sentena eficcia para todas as transmissoras atribuies que lhe forem reservadas pela legislao local,
ou retransmissoras do respectivo estado. fornecer subsdios por escrito, mediante laudos, ou verbal-
Art. 148. A Justia da Infncia e da Juventude compe- mente, na audincia, e bem assim desenvolver trabalhos de
tente para: aconselhamento, orientao, encaminhamento, preveno e
I - conhecer de representaes promovidas pelo Ministrio outros, tudo sob a imediata subordinao autoridade judici-
Pblico, para apurao de ato infracional atribudo a adoles- ria, assegurada a livre manifestao do ponto de vista tcnico.
cente, aplicando as medidas cabveis; Captulo III
II - conceder a remisso, como forma de suspenso ou ex- Dos Procedimentos
tino do processo; Seo I
III - conhecer de pedidos de adoo e seus incidentes; Disposies Gerais
IV - conhecer de aes civis fundadas em interesses indi- Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-
viduais, difusos ou coletivos afetos criana e ao adolescen- se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislao
te, observado o disposto no art. 209; processual pertinente.
V - conhecer de aes decorrentes de irregularidades em Pargrafo nico. assegurada, sob pena de responsabi-
entidades de atendimento, aplicando as medidas cabveis; lidade, prioridade absoluta na tramitao dos processos e
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de in- procedimentos previstos nesta Lei, assim como na execuo
fraes contra norma de proteo criana ou adolescente; dos atos e diligncias judiciais a eles referentes. (Includo
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tu- pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
telar, aplicando as medidas cabveis. Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada no corres-
Pargrafo nico. Quando se tratar de criana ou adoles- ponder a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a auto-
cente nas hipteses do art. 98, tambm competente a Justi- ridade judiciria poder investigar os fatos e ordenar de ofcio
a da Infncia e da Juventude para o fim de: as providncias necessrias, ouvido o Ministrio Pblico.
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; Pargrafo nico. O disposto neste artigo no se aplica pa-
b) conhecer de aes de destituio do ptrio poder poder ra o fim de afastamento da criana ou do adolescente de sua
familiar, perda ou modificao da tutela ou guarda; (Ex- famlia de origem e em outros procedimentos necessariamen-
presso substituda pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia te contenciosos. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009)
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casa- Vigncia
mento; Art. 154. Aplica-se s multas o disposto no art. 214.
d) conhecer de pedidos baseados em discordncia pater- Seo II
na ou materna, em relao ao exerccio do ptrio poder poder Da Perda e da Suspenso do Ptrio Poder Poder Familiar
familiar; (Expresso substituda pela Lei n 12.010, de (Expresso substituda pela Lei n 12.010, de 2009) Vi-
2009) Vigncia gncia
e) conceder a emancipao, nos termos da lei civil, quan- Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspenso do
do faltarem os pais; ptrio poder poder familiar ter incio por provocao do Mi-
f) designar curador especial em casos de apresentao de nistrio Pblico ou de quem tenha legtimo interesse.
queixa ou representao, ou de outros procedimentos judici- (Expresso substituda pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia
ais ou extrajudiciais em que haja interesses de criana ou Art. 156. A petio inicial indicar:
adolescente; I - a autoridade judiciria a que for dirigida;
g) conhecer de aes de alimentos; II - o nome, o estado civil, a profisso e a residncia do
h) determinar o cancelamento, a retificao e o suprimento requerente e do requerido, dispensada a qualificao em se
dos registros de nascimento e bito. tratando de pedido formulado por representante do Ministrio
Art. 149. Compete autoridade judiciria disciplinar, atra- Pblico;
vs de portaria, ou autorizar, mediante alvar: III - a exposio sumria do fato e o pedido;
I - a entrada e permanncia de criana ou adolescente, IV - as provas que sero produzidas, oferecendo, desde
desacompanhado dos pais ou responsvel, em: logo, o rol de testemunhas e documentos.
a) estdio, ginsio e campo desportivo; Art. 157. Havendo motivo grave, poder a autoridade judi-
b) bailes ou promoes danantes; ciria, ouvido o Ministrio Pblico, decretar a suspenso do
c) boate ou congneres; ptrio poder poder familiar, liminar ou incidentalmente, at o
d) casa que explore comercialmente diverses eletrnicas; julgamento definitivo da causa, ficando a criana ou adoles-
e) estdios cinematogrficos, de teatro, rdio e televiso. cente confiado a pessoa idnea, mediante termo de respon-
II - a participao de criana e adolescente em: sabilidade. (Expresso substituda pela Lei n 12.010, de
a) espetculos pblicos e seus ensaios; 2009) Vigncia
b) certames de beleza. Art. 158. O requerido ser citado para, no prazo de dez di-
1 Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade ju- as, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem
diciria levar em conta, dentre outros fatores: produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e
a) os princpios desta Lei; documentos.
b) as peculiaridades locais;

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1o A citao ser pessoal, salvo se esgotados todos os Seo III
meios para sua realizao.(Includo pela Lei n 12.962, de Da Destituio da Tutela
2014) Art. 164. Na destituio da tutela, observar-se- o proce-
2o O requerido privado de liberdade dever ser citado dimento para a remoo de tutor previsto na lei processual
pessoalmente.(Includo pela Lei n 12.962, de 2014) civil e, no que couber, o disposto na seo anterior.
Art. 159. Se o requerido no tiver possibilidade de consti- Seo IV
tuir advogado, sem prejuzo do prprio sustento e de sua Da Colocao em Famlia Substituta
famlia, poder requerer, em cartrio, que lhe seja nomeado Art. 165. So requisitos para a concesso de pedidos de
dativo, ao qual incumbir a apresentao de resposta, con- colocao em famlia substituta:
tando-se o prazo a partir da intimao do despacho de nome- I - qualificao completa do requerente e de seu eventual
ao. cnjuge, ou companheiro, com expressa anuncia deste;
Pargrafo nico. Na hiptese de requerido privado de li- II - indicao de eventual parentesco do requerente e de
berdade, o oficial de justia dever perguntar, no momento da seu cnjuge, ou companheiro, com a criana ou adolescente,
citao pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defen- especificando se tem ou no parente vivo;
sor.(Includo pela Lei n 12.962, de 2014) III - qualificao completa da criana ou adolescente e de
Art. 160. Sendo necessrio, a autoridade judiciria requisi- seus pais, se conhecidos;
tar de qualquer repartio ou rgo pblico a apresentao IV - indicao do cartrio onde foi inscrito nascimento,
de documento que interesse causa, de ofcio ou a requeri- anexando, se possvel, uma cpia da respectiva certido;
mento das partes ou do Ministrio Pblico. V - declarao sobre a existncia de bens, direitos ou ren-
Art. 161. No sendo contestado o pedido, a autoridade ju- dimentos relativos criana ou ao adolescente.
diciria dar vista dos autos ao Ministrio Pblico, por cinco Pargrafo nico. Em se tratando de adoo, observar-se-
dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual o tambm os requisitos especficos.
prazo. Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido
1o A autoridade judiciria, de ofcio ou a requerimento destitudos ou suspensos do poder familiar, ou houverem
das partes ou do Ministrio Pblico, determinar a realizao aderido expressamente ao pedido de colocao em famlia
de estudo social ou percia por equipe interprofissional ou substituta, este poder ser formulado diretamente em cartrio,
multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que com- em petio assinada pelos prprios requerentes, dispensada
provem a presena de uma das causas de suspenso ou a assistncia de advogado. (Redao dada pela Lei n
destituio do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 12.010, de 2009) Vigncia
da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Cdigo Civil, ou 1o Na hiptese de concordncia dos pais, esses sero
no art. 24 desta Lei. (Redao dada pela Lei n 12.010, de ouvidos pela autoridade judiciria e pelo representante do
2009)Vigncia Ministrio Pblico, tomando-se por termo as declaraes.
2o Em sendo os pais oriundos de comunidades indge- (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
nas, ainda obrigatria a interveno, junto equipe profissi- 2o O consentimento dos titulares do poder familiar ser
onal ou multidisciplinar referida no 1o deste artigo, de repre- precedido de orientaes e esclarecimentos prestados pela
sentantes do rgo federal responsvel pela poltica indige- equipe interprofissional da Justia da Infncia e da Juventude,
nista, observado o disposto no 6o do art. 28 desta Lei. em especial, no caso de adoo, sobre a irrevogabilidade da
(Redao dada pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia medida. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
3o Se o pedido importar em modificao de guarda, se- 3o O consentimento dos titulares do poder familiar ser
r obrigatria, desde que possvel e razovel, a oitiva da cri- colhido pela autoridade judiciria competente em audincia,
ana ou adolescente, respeitado seu estgio de desenvolvi- presente o Ministrio Pblico, garantida a livre manifestao
mento e grau de compreenso sobre as implicaes da medi- de vontade e esgotados os esforos para manuteno da
da. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia criana ou do adolescente na famlia natural ou extensa.
4o obrigatria a oitiva dos pais sempre que esses fo- (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
rem identificados e estiverem em local conhecido.(Includo 4o O consentimento prestado por escrito no ter vali-
pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia dade se no for ratificado na audincia a que se refere o 3o
5o Se o pai ou a me estiverem privados de liberdade, a deste artigo. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009)
autoridade judicial requisitar sua apresentao para a oiti- Vigncia
va. (Includo pela Lei n 12.962, de 2014) 5o O consentimento retratvel at a data da publica-
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciria o da sentena constitutiva da adoo. (Includo pela Lei
dar vista dos autos ao Ministrio Pblico, por cinco dias, n 12.010, de 2009) Vigncia
salvo quando este for o requerente, designando, desde logo, 6o O consentimento somente ter valor se for dado
audincia de instruo e julgamento. aps o nascimento da criana. (Includo pela Lei n 12.010,
1 A requerimento de qualquer das partes, do Ministrio de 2009) Vigncia
Pblico, ou de ofcio, a autoridade judiciria poder determi- 7o A famlia substituta receber a devida orientao por
nar a realizao de estudo social ou, se possvel, de percia intermdio de equipe tcnica interprofissional a servio do
por equipe interprofissional. Poder Judicirio, preferencialmente com apoio dos tcnicos
2 Na audincia, presentes as partes e o Ministrio P- responsveis pela execuo da poltica municipal de garantia
blico, sero ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente do direito convivncia familiar. (Includo pela Lei n
o parecer tcnico, salvo quando apresentado por escrito, 12.010, de 2009) Vigncia
manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e Art. 167. A autoridade judiciria, de ofcio ou a requeri-
o Ministrio Pblico, pelo tempo de vinte minutos cada um, mento das partes ou do Ministrio Pblico, determinar a
prorrogvel por mais dez. A deciso ser proferida na audin- realizao de estudo social ou, se possvel, percia por equipe
cia, podendo a autoridade judiciria, excepcionalmente, de- interprofissional, decidindo sobre a concesso de guarda
signar data para sua leitura no prazo mximo de cinco dias. provisria, bem como, no caso de adoo, sobre o estgio de
Art. 163. O prazo mximo para concluso do procedimen- convivncia.
to ser de 120 (cento e vinte) dias. (Redao dada pela Pargrafo nico. Deferida a concesso da guarda provi-
Lei n 12.010, de 2009) Vigncia sria ou do estgio de convivncia, a criana ou o adolescen-
Pargrafo nico. A sentena que decretar a perda ou a te ser entregue ao interessado, mediante termo de respon-
suspenso do poder familiar ser averbada margem do sabilidade. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
registro de nascimento da criana ou do adolescente. Art. 168. Apresentado o relatrio social ou o laudo pericial,
(Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia e ouvida, sempre que possvel, a criana ou o adolescente,

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dar-se- vista dos autos ao Ministrio Pblico, pelo prazo de nal, a autoridade policial encaminhar ao representante do
cinco dias, decidindo a autoridade judiciria em igual prazo. Ministrio Pblico relatrio das investigaes e demais docu-
Art. 169. Nas hipteses em que a destituio da tutela, a mentos.
perda ou a suspenso do ptrio poder poder familiar constituir Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato
pressuposto lgico da medida principal de colocao em infracional no poder ser conduzido ou transportado em
famlia substituta, ser observado o procedimento contradit- compartimento fechado de veculo policial, em condies
rio previsto nas Sees II e III deste Captulo. (Expresso atentatrias sua dignidade, ou que impliquem risco sua
substituda pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia integridade fsica ou mental, sob pena de responsabilidade.
Pargrafo nico. A perda ou a modificao da guarda po- Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do
der ser decretada nos mesmos autos do procedimento, ob- Ministrio Pblico, no mesmo dia e vista do auto de apreen-
servado o disposto no art. 35. so, boletim de ocorrncia ou relatrio policial, devidamente
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se- o autuados pelo cartrio judicial e com informao sobre os
disposto no art. 32, e, quanto adoo, o contido no art. 47. antecedentes do adolescente, proceder imediata e informal-
Pargrafo nico. A colocao de criana ou adolescente mente sua oitiva e, em sendo possvel, de seus pais ou
sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento responsvel, vtima e testemunhas.
familiar ser comunicada pela autoridade judiciria entidade Pargrafo nico. Em caso de no apresentao, o repre-
por este responsvel no prazo mximo de 5 (cinco) dias. sentante do Ministrio Pblico notificar os pais ou respons-
(Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia vel para apresentao do adolescente, podendo requisitar o
Seo V concurso das polcias civil e militar.
Da Apurao de Ato Infracional Atribudo a Adolescente Art. 180. Adotadas as providncias a que alude o artigo
Art. 171. O adolescente apreendido por fora de ordem ju- anterior, o representante do Ministrio Pblico poder:
dicial ser, desde logo, encaminhado autoridade judiciria. I - promover o arquivamento dos autos;
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato in- II - conceder a remisso;
fracional ser, desde logo, encaminhado autoridade policial III - representar autoridade judiciria para aplicao de
competente. medida scio-educativa.
Pargrafo nico. Havendo repartio policial especializada Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou conce-
para atendimento de adolescente e em se tratando de ato dida a remisso pelo representante do Ministrio Pblico,
infracional praticado em co-autoria com maior, prevalecer a mediante termo fundamentado, que conter o resumo dos
atribuio da repartio especializada, que, aps as providn- fatos, os autos sero conclusos autoridade judiciria para
cias necessrias e conforme o caso, encaminhar o adulto homologao.
repartio policial prpria. 1 Homologado o arquivamento ou a remisso, a autori-
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido dade judiciria determinar, conforme o caso, o cumprimento
mediante violncia ou grave ameaa a pessoa, a autoridade da medida.
policial, sem prejuzo do disposto nos arts. 106, pargrafo 2 Discordando, a autoridade judiciria far remessa dos
nico, e 107, dever: autos ao Procurador-Geral de Justia, mediante despacho
I - lavrar auto de apreenso, ouvidos as testemunhas e o fundamentado, e este oferecer representao, designar
adolescente; outro membro do Ministrio Pblico para apresent-la, ou
II - apreender o produto e os instrumentos da infrao; ratificar o arquivamento ou a remisso, que s ento estar
III - requisitar os exames ou percias necessrios com- a autoridade judiciria obrigada a homologar.
provao da materialidade e autoria da infrao. Art. 182. Se, por qualquer razo, o representante do Minis-
Pargrafo nico. Nas demais hipteses de flagrante, a la- trio Pblico no promover o arquivamento ou conceder a
vratura do auto poder ser substituda por boletim de ocorrn- remisso, oferecer representao autoridade judiciria,
cia circunstanciada. propondo a instaurao de procedimento para aplicao da
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou respons- medida scio-educativa que se afigurar a mais adequada.
vel, o adolescente ser prontamente liberado pela autoridade 1 A representao ser oferecida por petio, que con-
policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua ter o breve resumo dos fatos e a classificao do ato infraci-
apresentao ao representante do Ministrio Pblico, no onal e, quando necessrio, o rol de testemunhas, podendo
mesmo dia ou, sendo impossvel, no primeiro dia til imediato, ser deduzida oralmente, em sesso diria instalada pela auto-
exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua reper- ridade judiciria.
cusso social, deva o adolescente permanecer sob internao 2 A representao independe de prova pr-constituda
para garantia de sua segurana pessoal ou manuteno da da autoria e materialidade.
ordem pblica. Art. 183. O prazo mximo e improrrogvel para a conclu-
Art. 175. Em caso de no liberao, a autoridade policial so do procedimento, estando o adolescente internado provi-
encaminhar, desde logo, o adolescente ao representante do soriamente, ser de quarenta e cinco dias.
Ministrio Pblico, juntamente com cpia do auto de apreen- Art. 184. Oferecida a representao, a autoridade judici-
so ou boletim de ocorrncia. ria designar audincia de apresentao do adolescente,
1 Sendo impossvel a apresentao imediata, a autori- decidindo, desde logo, sobre a decretao ou manuteno da
dade policial encaminhar o adolescente entidade de aten- internao, observado o disposto no art. 108 e pargrafo.
dimento, que far a apresentao ao representante do Minis- 1 O adolescente e seus pais ou responsvel sero cien-
trio Pblico no prazo de vinte e quatro horas. tificados do teor da representao, e notificados a comparecer
2 Nas localidades onde no houver entidade de aten- audincia, acompanhados de advogado.
dimento, a apresentao far-se- pela autoridade policial. 2 Se os pais ou responsvel no forem localizados, a
falta de repartio policial especializada, o adolescente autoridade judiciria dar curador especial ao adolescente.
aguardar a apresentao em dependncia separada da 3 No sendo localizado o adolescente, a autoridade ju-
destinada a maiores, no podendo, em qualquer hiptese, diciria expedir mandado de busca e apreenso, determi-
exceder o prazo referido no pargrafo anterior. nando o sobrestamento do feito, at a efetiva apresentao.
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade poli- 4 Estando o adolescente internado, ser requisitada a
cial encaminhar imediatamente ao representante do Minist- sua apresentao, sem prejuzo da notificao dos pais ou
rio Pblico cpia do auto de apreenso ou boletim de ocor- responsvel.
rncia. Art. 185. A internao, decretada ou mantida pela autori-
Art. 177. Se, afastada a hiptese de flagrante, houver ind- dade judiciria, no poder ser cumprida em estabelecimento
cios de participao de adolescente na prtica de ato infracio- prisional.

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1 Inexistindo na comarca entidade com as caractersti- Art. 193. Apresentada ou no a resposta, e sendo neces-
cas definidas no art. 123, o adolescente dever ser imediata- srio, a autoridade judiciria designar audincia de instruo
mente transferido para a localidade mais prxima. e julgamento, intimando as partes.
2 Sendo impossvel a pronta transferncia, o adoles- 1 Salvo manifestao em audincia, as partes e o Mi-
cente aguardar sua remoo em repartio policial, desde nistrio Pblico tero cinco dias para oferecer alegaes
que em seo isolada dos adultos e com instalaes apropri- finais, decidindo a autoridade judiciria em igual prazo.
adas, no podendo ultrapassar o prazo mximo de cinco dias, 2 Em se tratando de afastamento provisrio ou definiti-
sob pena de responsabilidade. vo de dirigente de entidade governamental, a autoridade judi-
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou res- ciria oficiar autoridade administrativa imediatamente su-
ponsvel, a autoridade judiciria proceder oitiva dos mes- perior ao afastado, marcando prazo para a substituio.
mos, podendo solicitar opinio de profissional qualificado. 3 Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade
1 Se a autoridade judiciria entender adequada a re- judiciria poder fixar prazo para a remoo das irregularida-
misso, ouvir o representante do Ministrio Pblico, profe- des verificadas. Satisfeitas as exigncias, o processo ser
rindo deciso. extinto, sem julgamento de mrito.
2 Sendo o fato grave, passvel de aplicao de medida 4 A multa e a advertncia sero impostas ao dirigente
de internao ou colocao em regime de semi-liberdade, a da entidade ou programa de atendimento.
autoridade judiciria, verificando que o adolescente no pos- Seo VII
sui advogado constitudo, nomear defensor, designando, Da Apurao de Infrao Administrativa s Normas de
desde logo, audincia em continuao, podendo determinar a Proteo Criana e ao Adolescente
realizao de diligncias e estudo do caso. Art. 194. O procedimento para imposio de penalidade
3 O advogado constitudo ou o defensor nomeado, no administrativa por infrao s normas de proteo criana e
prazo de trs dias contado da audincia de apresentao, ao adolescente ter incio por representao do Ministrio
oferecer defesa prvia e rol de testemunhas. Pblico, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infrao elabora-
4 Na audincia em continuao, ouvidas as testemu- do por servidor efetivo ou voluntrio credenciado, e assinado
nhas arroladas na representao e na defesa prvia, cumpri- por duas testemunhas, se possvel.
das as diligncias e juntado o relatrio da equipe interprofissi- 1 No procedimento iniciado com o auto de infrao, po-
onal, ser dada a palavra ao representante do Ministrio P- dero ser usadas frmulas impressas, especificando-se a
blico e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte natureza e as circunstncias da infrao.
minutos para cada um, prorrogvel por mais dez, a critrio da 2 Sempre que possvel, verificao da infrao se-
autoridade judiciria, que em seguida proferir deciso. guir-se- a lavratura do auto, certificando-se, em caso contr-
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, no rio, dos motivos do retardamento.
comparecer, injustificadamente audincia de apresentao, Art. 195. O requerido ter prazo de dez dias para apresen-
a autoridade judiciria designar nova data, determinando sua tao de defesa, contado da data da intimao, que ser feita:
conduo coercitiva. I - pelo autuante, no prprio auto, quando este for lavrado
Art. 188. A remisso, como forma de extino ou suspen- na presena do requerido;
so do processo, poder ser aplicada em qualquer fase do II - por oficial de justia ou funcionrio legalmente habilita-
procedimento, antes da sentena. do, que entregar cpia do auto ou da representao ao re-
Art. 189. A autoridade judiciria no aplicar qualquer me- querido, ou a seu representante legal, lavrando certido;
dida, desde que reconhea na sentena: III - por via postal, com aviso de recebimento, se no for
I - estar provada a inexistncia do fato; encontrado o requerido ou seu representante legal;
II - no haver prova da existncia do fato; IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou no
III - no constituir o fato ato infracional; sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante
IV - no existir prova de ter o adolescente concorrido para legal.
o ato infracional. Art. 196. No sendo apresentada a defesa no prazo legal,
Pargrafo nico. Na hiptese deste artigo, estando o ado- a autoridade judiciria dar vista dos autos do Ministrio P-
lescente internado, ser imediatamente colocado em liberda- blico, por cinco dias, decidindo em igual prazo.
de. Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciria
Art. 190. A intimao da sentena que aplicar medida de proceder na conformidade do artigo anterior, ou, sendo ne-
internao ou regime de semi-liberdade ser feita: cessrio, designar audincia de instruo e julgamento.
I - ao adolescente e ao seu defensor; (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
II - quando no for encontrado o adolescente, a seus pais Pargrafo nico. Colhida a prova oral, manifestar-se-o
ou responsvel, sem prejuzo do defensor. sucessivamente o Ministrio Pblico e o procurador do reque-
1 Sendo outra a medida aplicada, a intimao far-se- rido, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogvel
unicamente na pessoa do defensor. por mais dez, a critrio da autoridade judiciria, que em se-
2 Recaindo a intimao na pessoa do adolescente, de- guida proferir sentena.
ver este manifestar se deseja ou no recorrer da sentena. Seo VIII
Seo VI (Includa pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
Da Apurao de Irregularidades em Entidade de Atendi- Da Habilitao de Pretendentes Adoo
mento Art. 197-A. Os postulantes adoo, domiciliados no
Art. 191. O procedimento de apurao de irregularidades Brasil, apresentaro petio inicial na qual conste: (Inclu-
em entidade governamental e no-governamental ter incio do pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia
mediante portaria da autoridade judiciria ou representao I - qualificao completa; (Includo pela Lei n 12.010,
do Ministrio Pblico ou do Conselho Tutelar, onde conste, de 2009) Vigncia
necessariamente, resumo dos fatos. II - dados familiares; (Includo pela Lei n 12.010, de
Pargrafo nico. Havendo motivo grave, poder a autori- 2009) Vigncia
dade judiciria, ouvido o Ministrio Pblico, decretar liminar- III - cpias autenticadas de certido de nascimento ou ca-
mente o afastamento provisrio do dirigente da entidade, samento, ou declarao relativa ao perodo de unio est-
mediante deciso fundamentada. vel; (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
Art. 192. O dirigente da entidade ser citado para, no pra- IV - cpias da cdula de identidade e inscrio no Cadas-
zo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar tro de Pessoas Fsicas; (Includo pela Lei n 12.010, de
documentos e indicar as provas a produzir. 2009)Vigncia

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V - comprovante de renda e domiclio; (Includo pela 2o A recusa sistemtica na adoo das crianas ou ado-
Lei n 12.010, de 2009) Vigncia lescentes indicados importar na reavaliao da habilitao
VI - atestados de sanidade fsica e mental (Includo pela concedida. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vi-
Lei n 12.010, de 2009) Vigncia gncia
VII - certido de antecedentes criminais; (Includo pela Captulo IV
Lei n 12.010, de 2009) Vigncia Dos Recursos
VIII - certido negativa de distribuio cvel. (Includo Art. 198. Nos procedimentos afetos Justia da Infncia
pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia e da Juventude, inclusive os relativos execuo das medi-
Art. 197-B. A autoridade judiciria, no prazo de 48 (qua- das socioeducativas, adotar-se- o sistema recursal da Lei no
renta e oito) horas, dar vista dos autos ao Ministrio Pblico, 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Cdigo de Processo Civil),
que no prazo de 5 (cinco) dias poder: (Includo pela Lei n com as seguintes adaptaes: (Redao dada pela Lei n
12.010, de 2009) Vigncia 12.594, de 2012) (Vide)
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe I - os recursos sero interpostos independentemente de
interprofissional encarregada de elaborar o estudo tcnico a preparo;
que se refere o art. 197-C desta Lei; (Includo pela Lei n II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declara-
12.010, de 2009) Vigncia o, o prazo para o Ministrio Pblico e para a defesa ser
II - requerer a designao de audincia para oitiva dos sempre de 10 (dez) dias; (Redao dada pela Lei n
postulantes em juzo e testemunhas; (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
12.010, de 2009) Vigncia III - os recursos tero preferncia de julgamento e dispen-
III - requerer a juntada de documentos complementares e saro revisor;
a realizao de outras diligncias que entender necess- VII - antes de determinar a remessa dos autos superior
rias. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia instncia, no caso de apelao, ou do instrumento, no caso
Art. 197-C. Intervir no feito, obrigatoriamente, equipe in- de agravo, a autoridade judiciria proferir despacho funda-
terprofissional a servio da Justia da Infncia e da Juventu- mentado, mantendo ou reformando a deciso, no prazo de
de, que dever elaborar estudo psicossocial, que conter cinco dias;
subsdios que permitam aferir a capacidade e o preparo dos VIII - mantida a deciso apelada ou agravada, o escrivo
postulantes para o exerccio de uma paternidade ou materni- remeter os autos ou o instrumento superior instncia den-
dade responsvel, luz dos requisitos e princpios desta tro de vinte e quatro horas, independentemente de novo pedi-
Lei. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia do do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos depen-
1o obrigatria a participao dos postulantes em pro- der de pedido expresso da parte interessada ou do Minist-
grama oferecido pela Justia da Infncia e da Juventude pre- rio Pblico, no prazo de cinco dias, contados da intimao.
ferencialmente com apoio dos tcnicos responsveis pela Art. 199. Contra as decises proferidas com base no art.
execuo da poltica municipal de garantia do direito convi- 149 caber recurso de apelao.
vncia familiar, que inclua preparao psicolgica, orientao Art. 199-A. A sentena que deferir a adoo produz efeito
e estmulo adoo inter-racial, de crianas maiores ou de desde logo, embora sujeita a apelao, que ser recebida
adolescentes, com necessidades especficas de sade ou exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de
com deficincias e de grupos de irmos. (Includo pela Lei adoo internacional ou se houver perigo de dano irreparvel
n 12.010, de 2009) Vigncia ou de difcil reparao ao adotando. (Includo pela Lei n
2o Sempre que possvel e recomendvel, a etapa obri- 12.010, de 2009) Vigncia
gatria da preparao referida no 1o deste artigo incluir o Art. 199-B. A sentena que destituir ambos ou qualquer
contato com crianas e adolescentes em regime de acolhi- dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelao, que
mento familiar ou institucional em condies de serem adota- dever ser recebida apenas no efeito devolutivo. (Includo
dos, a ser realizado sob a orientao, superviso e avaliao pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia
da equipe tcnica da Justia da Infncia e da Juventude, com Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoo e
o apoio dos tcnicos responsveis pelo programa de acolhi- de destituio de poder familiar, em face da relevncia das
mento familiar ou institucional e pela execuo da poltica questes, sero processados com prioridade absoluta, de-
municipal de garantia do direito convivncia familiar. vendo ser imediatamente distribudos, ficando vedado que
(Includo pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia aguardem, em qualquer situao, oportuna distribuio, e
Art. 197-D. Certificada nos autos a concluso da partici- sero colocados em mesa para julgamento sem reviso e
pao no programa referido no art. 197-C desta Lei, a autori- com parecer urgente do Ministrio Pblico. (Includo pela
dade judiciria, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, decidi- Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
r acerca das diligncias requeridas pelo Ministrio Pblico e Art. 199-D. O relator dever colocar o processo em mesa
determinar a juntada do estudo psicossocial, designando, para julgamento no prazo mximo de 60 (sessenta) dias,
conforme o caso, audincia de instruo e julgamento. contado da sua concluso. (Includo pela Lei n 12.010, de
(Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia 2009) Vigncia
Pargrafo nico. Caso no sejam requeridas diligncias, Pargrafo nico. O Ministrio Pblico ser intimado da
ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciria determina- data do julgamento e poder na sesso, se entender neces-
r a juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos srio, apresentar oralmente seu parecer. (Includo pela Lei n
autos ao Ministrio Pblico, por 5 (cinco) dias, decidindo em 12.010, de 2009) Vigncia
igual prazo. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vi- Art. 199-E. O Ministrio Pblico poder requerer a instau-
gncia rao de procedimento para apurao de responsabilidades
Art. 197-E. Deferida a habilitao, o postulante ser ins- se constatar o descumprimento das providncias e do prazo
crito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua previstos nos artigos anteriores. (Includo pela Lei n
convocao para a adoo feita de acordo com ordem crono- 12.010, de 2009)Vigncia
lgica de habilitao e conforme a disponibilidade de crianas Captulo V
ou adolescentes adotveis. (Includo pela Lei n 12.010, de Do Ministrio Pblico
2009) Vigncia Art. 200. As funes do Ministrio Pblico previstas nesta
1o A ordem cronolgica das habilitaes somente pode- Lei sero exercidas nos termos da respectiva lei orgnica.
r deixar de ser observada pela autoridade judiciria nas Art. 201. Compete ao Ministrio Pblico:
hipteses previstas no 13 do art. 50 desta Lei, quando com- I - conceder a remisso como forma de excluso do pro-
provado ser essa a melhor soluo no interesse do adotan- cesso;
do. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia

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II - promover e acompanhar os procedimentos relativos s b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade
infraes atribudas a adolescentes; reclamada, em dia, local e horrio previamente notificados ou
III - promover e acompanhar as aes de alimentos e os acertados;
procedimentos de suspenso e destituio do ptrio poder c) efetuar recomendaes visando melhoria dos servios
poder familiar, nomeao e remoo de tutores, curadores e pblicos e de relevncia pblica afetos criana e ao adoles-
guardies, bem como oficiar em todos os demais procedimen- cente, fixando prazo razovel para sua perfeita adequao.
tos da competncia da Justia da Infncia e da Juventude; Art. 202. Nos processos e procedimentos em que no for
(Expresso substituda pela Lei n 12.010, de 2009) Vign- parte, atuar obrigatoriamente o Ministrio Pblico na defesa
cia dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hiptese em
IV - promover, de ofcio ou por solicitao dos interessa- que ter vista dos autos depois das partes, podendo juntar
dos, a especializao e a inscrio de hipoteca legal e a pres- documentos e requerer diligncias, usando os recursos cab-
tao de contas dos tutores, curadores e quaisquer adminis- veis.
tradores de bens de crianas e adolescentes nas hipteses Art. 203. A intimao do Ministrio Pblico, em qualquer
do art. 98; caso, ser feita pessoalmente.
V - promover o inqurito civil e a ao civil pblica para a Art. 204. A falta de interveno do Ministrio Pblico acar-
proteo dos interesses individuais, difusos ou coletivos rela- reta a nulidade do feito, que ser declarada de ofcio pelo juiz
tivos infncia e adolescncia, inclusive os definidos no art. ou a requerimento de qualquer interessado.
220, 3 inciso II, da Constituio Federal; Art. 205. As manifestaes processuais do representante
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para ins- do Ministrio Pblico devero ser fundamentadas.
tru-los: Captulo VI
a) expedir notificaes para colher depoimentos ou escla- Do Advogado
recimentos e, em caso de no comparecimento injustificado, Art. 206. A criana ou o adolescente, seus pais ou respon-
requisitar conduo coercitiva, inclusive pela polcia civil ou svel, e qualquer pessoa que tenha legtimo interesse na
militar; soluo da lide podero intervir nos procedimentos de que
b) requisitar informaes, exames, percias e documentos trata esta Lei, atravs de advogado, o qual ser intimado para
de autoridades municipais, estaduais e federais, da adminis- todos os atos, pessoalmente ou por publicao oficial, respei-
trao direta ou indireta, bem como promover inspees e tado o segredo de justia.
diligncias investigatrias; Pargrafo nico. Ser prestada assistncia judiciria inte-
c) requisitar informaes e documentos a particulares e gral e gratuita queles que dela necessitarem.
instituies privadas; Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prtica
VII - instaurar sindicncias, requisitar diligncias investiga- de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, ser
trias e determinar a instaurao de inqurito policial, para processado sem defensor.
apurao de ilcitos ou infraes s normas de proteo 1 Se o adolescente no tiver defensor, ser-lhe- nome-
infncia e juventude; ado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias le- outro de sua preferncia.
gais assegurados s crianas e adolescentes, promovendo as 2 A ausncia do defensor no determinar o adiamento
medidas judiciais e extrajudiciais cabveis; de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substitu-
IX - impetrar mandado de segurana, de injuno e habe- to, ainda que provisoriamente, ou para o s efeito do ato.
as corpus, em qualquer juzo, instncia ou tribunal, na defesa 3 Ser dispensada a outorga de mandato, quando se
dos interesses sociais e individuais indisponveis afetos tratar de defensor nomeado ou, sido constitudo, tiver sido
criana e ao adolescente; indicado por ocasio de ato formal com a presena da autori-
X - representar ao juzo visando aplicao de penalidade dade judiciria.
por infraes cometidas contra as normas de proteo in- Captulo VII
fncia e juventude, sem prejuzo da promoo da responsa- Da Proteo Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e
bilidade civil e penal do infrator, quando cabvel; Coletivos
XI - inspecionar as entidades pblicas e particulares de Art. 208. Regem-se pelas disposies desta Lei as aes
atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados
de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessrias criana e ao adolescente, referentes ao no oferecimento ou
remoo de irregularidades porventura verificadas; oferta irregular:
XII - requisitar fora policial, bem como a colaborao dos I - do ensino obrigatrio;
servios mdicos, hospitalares, educacionais e de assistncia II - de atendimento educacional especializado aos porta-
social, pblicos ou privados, para o desempenho de suas dores de deficincia;
atribuies. III - de atendimento em creche e pr-escola s crianas de
1 A legitimao do Ministrio Pblico para as aes c- zero a seis anos de idade;
veis previstas neste artigo no impede a de terceiros, nas IV - de ensino noturno regular, adequado s condies do
mesmas hipteses, segundo dispuserem a Constituio e educando;
esta Lei. V - de programas suplementares de oferta de material di-
2 As atribuies constantes deste artigo no excluem dtico-escolar, transporte e assistncia sade do educando
outras, desde que compatveis com a finalidade do Ministrio do ensino fundamental;
Pblico. VI - de servio de assistncia social visando proteo
3 O representante do Ministrio Pblico, no exerccio de famlia, maternidade, infncia e adolescncia, bem co-
suas funes, ter livre acesso a todo local onde se encontre mo ao amparo s crianas e adolescentes que dele necessi-
criana ou adolescente. tem;
4 O representante do Ministrio Pblico ser respons- VII - de acesso s aes e servios de sade;
vel pelo uso indevido das informaes e documentos que VIII - de escolarizao e profissionalizao dos adolescen-
requisitar, nas hipteses legais de sigilo. tes privados de liberdade.
5 Para o exerccio da atribuio de que trata o inciso IX - de aes, servios e programas de orientao, apoio
VIII deste artigo, poder o representante do Ministrio Pbli- e promoo social de famlias e destinados ao pleno exerccio
co: do direito convivncia familiar por crianas e adolescen-
a) reduzir a termo as declaraes do reclamante, instau- tes. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
rando o competente procedimento, sob sua presidncia;

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X - de programas de atendimento para a execuo das promovida pelo Ministrio Pblico, nos mesmos autos, facul-
medidas socioeducativas e aplicao de medidas de prote- tada igual iniciativa aos demais legitimados.
o. (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide) 2 Enquanto o fundo no for regulamentado, o dinheiro
1o As hipteses previstas neste artigo no excluem da ficar depositado em estabelecimento oficial de crdito, em
proteo judicial outros interesses individuais, difusos ou conta com correo monetria.
coletivos, prprios da infncia e da adolescncia, protegidos Art. 215. O juiz poder conferir efeito suspensivo aos re-
pela Constituio e pela Lei. (Renumerado do Pargrafo cursos, para evitar dano irreparvel parte.
nico pela Lei n 11.259, de 2005) Art. 216. Transitada em julgado a sentena que impuser
2o A investigao do desaparecimento de crianas ou condenao ao poder pblico, o juiz determinar a remessa
adolescentes ser realizada imediatamente aps notificao de peas autoridade competente, para apurao da respon-
aos rgos competentes, que devero comunicar o fato aos sabilidade civil e administrativa do agente a que se atribua a
portos, aeroportos, Polcia Rodoviria e companhias de trans- ao ou omisso.
porte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos Art. 217. Decorridos sessenta dias do trnsito em julgado
os dados necessrios identificao do desaparecido. da sentena condenatria sem que a associao autora lhe
(Includo pela Lei n 11.259, de 2005) promova a execuo, dever faz-lo o Ministrio Pblico,
Art. 209. As aes previstas neste Captulo sero propos- facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
tas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ao ou Art. 218. O juiz condenar a associao autora a pagar ao
omisso, cujo juzo ter competncia absoluta para processar ru os honorrios advocatcios arbitrados na conformidade do
a causa, ressalvadas a competncia da Justia Federal e a 4 do art. 20 da Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973
competncia originria dos tribunais superiores. (Cdigo de Processo Civil), quando reconhecer que a preten-
Art. 210. Para as aes cveis fundadas em interesses co- so manifestamente infundada.
letivos ou difusos, consideram-se legitimados concorrente- Pargrafo nico. Em caso de litigncia de m-f, a associ-
mente: ao autora e os diretores responsveis pela propositura da
I - o Ministrio Pblico; ao sero solidariamente condenados ao dcuplo das cus-
II - a Unio, os estados, os municpios, o Distrito Federal e tas, sem prejuzo de responsabilidade por perdas e danos.
os territrios; Art. 219. Nas aes de que trata este Captulo, no haver
III - as associaes legalmente constitudas h pelo me- adiantamento de custas, emolumentos, honorrios periciais e
nos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a quaisquer outras despesas.
defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dis- Art. 220. Qualquer pessoa poder e o servidor pblico de-
pensada a autorizao da assemblia, se houver prvia auto- ver provocar a iniciativa do Ministrio Pblico, prestando-lhe
rizao estatutria. informaes sobre fatos que constituam objeto de ao civil, e
1 Admitir-se- litisconsrcio facultativo entre os Minist- indicando-lhe os elementos de convico.
rios Pblicos da Unio e dos estados na defesa dos interes- Art. 221. Se, no exerccio de suas funes, os juzos e tri-
ses e direitos de que cuida esta Lei. bunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a
2 Em caso de desistncia ou abandono da ao por as- propositura de ao civil, remetero peas ao Ministrio P-
sociao legitimada, o Ministrio Pblico ou outro legitimado blico para as providncias cabveis.
poder assumir a titularidade ativa. Art. 222. Para instruir a petio inicial, o interessado pode-
Art. 211. Os rgos pblicos legitimados podero tomar r requerer s autoridades competentes as certides e infor-
dos interessados compromisso de ajustamento de sua condu- maes que julgar necessrias, que sero fornecidas no pra-
ta s exigncias legais, o qual ter eficcia de ttulo executivo zo de quinze dias.
extrajudicial. Art. 223. O Ministrio Pblico poder instaurar, sob sua
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos presidncia, inqurito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
por esta Lei, so admissveis todas as espcies de aes organismo pblico ou particular, certides, informaes, exa-
pertinentes. mes ou percias, no prazo que assinalar, o qual no poder
1 Aplicam-se s aes previstas neste Captulo as ser inferior a dez dias teis.
normas do Cdigo de Processo Civil. 1 Se o rgo do Ministrio Pblico, esgotadas todas as
2 Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pblica diligncias, se convencer da inexistncia de fundamento para
ou agente de pessoa jurdica no exerccio de atribuies do a propositura da ao cvel, promover o arquivamento dos
poder pblico, que lesem direito lquido e certo previsto nesta autos do inqurito civil ou das peas informativas, fazendo-o
Lei, caber ao mandamental, que se reger pelas normas fundamentadamente.
da lei do mandado de segurana. 2 Os autos do inqurito civil ou as peas de informao
Art. 213. Na ao que tenha por objeto o cumprimento de arquivados sero remetidos, sob pena de se incorrer em falta
obrigao de fazer ou no fazer, o juiz conceder a tutela grave, no prazo de trs dias, ao Conselho Superior do Minis-
especfica da obrigao ou determinar providncias que trio Pblico.
assegurem o resultado prtico equivalente ao do adimplemen- 3 At que seja homologada ou rejeitada a promoo de
to. arquivamento, em sesso do Conselho Superior do Ministrio
1 Sendo relevante o fundamento da demanda e haven- pblico, podero as associaes legitimadas apresentar ra-
do justificado receio de ineficcia do provimento final, lcito zes escritas ou documentos, que sero juntados aos autos
ao juiz conceder a tutela liminarmente ou aps justificao do inqurito ou anexados s peas de informao.
prvia, citando o ru. 4 A promoo de arquivamento ser submetida a exa-
2 O juiz poder, na hiptese do pargrafo anterior ou na me e deliberao do Conselho Superior do Ministrio Pblico,
sentena, impor multa diria ao ru, independentemente de conforme dispuser o seu regimento.
pedido do autor, se for suficiente ou compatvel com a obriga- 5 Deixando o Conselho Superior de homologar a pro-
o, fixando prazo razovel para o cumprimento do preceito. moo de arquivamento, designar, desde logo, outro rgo
3 A multa s ser exigvel do ru aps o trnsito em jul- do Ministrio Pblico para o ajuizamento da ao.
gado da sentena favorvel ao autor, mas ser devida desde Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as
o dia em que se houver configurado o descumprimento. disposies da Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985.
Art. 214. Os valores das multas revertero ao fundo gerido Ttulo VII
pelo Conselho dos Direitos da Criana e do Adolescente do Dos Crimes e Das Infraes Administrativas
respectivo municpio. Captulo I
1 As multas no recolhidas at trinta dias aps o trnsi- Dos Crimes
to em julgado da deciso sero exigidas atravs de execuo Seo I

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Disposies Gerais Pena - recluso, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, alm da pena
Art. 225. Este Captulo dispe sobre crimes praticados correspondente violncia.
contra a criana e o adolescente, por ao ou omisso, sem Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar
prejuzo do disposto na legislao penal. ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explcito ou
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as pornogrfica, envolvendo criana ou adolescente:
normas da Parte Geral do Cdigo Penal e, quanto ao pro- (Redao dada pela Lei n 11.829, de 2008)
cesso, as pertinentes ao Cdigo de Processo Penal. Pena recluso, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e mul-
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei so de ao pbli- ta. (Redao dada pela Lei n 11.829, de 2008)
ca incondicionada 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facili-
Seo II ta, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a
Dos Crimes em Espcie participao de criana ou adolescente nas cenas referi-
Art. 228. Deixar o encarregado de servio ou o dirigente das no caput deste artigo, ou ainda quem com esses con-
de estabelecimento de ateno sade de gestante de man- tracena. (Redao dada pela Lei n 11.829, de 2008)
ter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um tero) se o agente
referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer partu- comete o crime: (Redao dada pela Lei n 11.829, de
riente ou a seu responsvel, por ocasio da alta mdica, de- 2008)
clarao de nascimento, onde constem as intercorrncias do I no exerccio de cargo ou funo pblica ou a pre-
parto e do desenvolvimento do neonato: texto de exerc-la; (Redao dada pela Lei n 11.829,
Pena - deteno de seis meses a dois anos. de 2008)
Pargrafo nico. Se o crime culposo: II prevalecendo-se de relaes domsticas, de coabi-
Pena - deteno de dois a seis meses, ou multa. tao ou de hospitalidade; ou (Redao dada pela Lei
Art. 229. Deixar o mdico, enfermeiro ou dirigente de es- n 11.829, de 2008)
tabelecimento de ateno sade de gestante de identificar III prevalecendo-se de relaes de parentesco con-
corretamente o neonato e a parturiente, por ocasio do parto, sangneo ou afim at o terceiro grau, ou por adoo, de
bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 tutor, curador, preceptor, empregador da vtima ou de
desta Lei: quem, a qualquer outro ttulo, tenha autoridade sobre ela,
Pena - deteno de seis meses a dois anos. ou com seu consentimento. (Includo pela Lei n
Pargrafo nico. Se o crime culposo: 11.829, de 2008)
Pena - deteno de dois a seis meses, ou multa. Art. 241. Vender ou expor venda fotografia, vdeo ou
Art. 230. Privar a criana ou o adolescente de sua liberda- outro registro que contenha cena de sexo explcito ou por-
de, procedendo sua apreenso sem estar em flagrante de nogrfica envolvendo criana ou adolescente: (Reda-
ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade o dada pela Lei n 11.829, de 2008)
judiciria competente: Pena recluso, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e mul-
Pena - deteno de seis meses a dois anos. ta. (Redao dada pela Lei n 11.829, de 2008)
Pargrafo nico. Incide na mesma pena aquele que pro- Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, dis-
cede apreenso sem observncia das formalidades legais. tribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsvel pela meio de sistema de informtica ou telemtico, fotografia, v-
apreenso de criana ou adolescente de fazer imediata co- deo ou outro registro que contenha cena de sexo explcito ou
municao autoridade judiciria competente e famlia do pornogrfica envolvendo criana ou adolescente: (Includo
apreendido ou pessoa por ele indicada: pela Lei n 11.829, de 2008)
Pena - deteno de seis meses a dois anos. Pena recluso, de 3 (trs) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 232. Submeter criana ou adolescente sob sua autori- (Includo pela Lei n 11.829, de 2008)
dade, guarda ou vigilncia a vexame ou a constrangimento: 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Includo pela
Pena - deteno de seis meses a dois anos. Lei n 11.829, de 2008)
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa cau- I assegura os meios ou servios para o armazenamento
sa, de ordenar a imediata liberao de criana ou adolescen- das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste
te, to logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreenso: artigo; (Includo pela Lei n 11.829, de 2008)
Pena - deteno de seis meses a dois anos. II assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nes- computadores s fotografias, cenas ou imagens de que trata
ta Lei em benefcio de adolescente privado de liberdade: o caput deste artigo. (Includo pela Lei n 11.829, de 2008)
Pena - deteno de seis meses a dois anos. 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do 1o des-
Art. 236. Impedir ou embaraar a ao de autoridade judi- te artigo so punveis quando o responsvel legal pela pres-
ciria, membro do Conselho Tutelar ou representante do tao do servio, oficialmente notificado, deixa de desabilitar
Ministrio Pblico no exerccio de funo prevista nesta Lei: o acesso ao contedo ilcito de que trata o caput deste arti-
Pena - deteno de seis meses a dois anos. go. (Includo pela Lei n 11.829, de 2008)
Art. 237. Subtrair criana ou adolescente ao poder de Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judici- meio, fotografia, vdeo ou outra forma de registro que conte-
al, com o fim de colocao em lar substituto: nha cena de sexo explcito ou pornogrfica envolvendo crian-
Pena - recluso de dois a seis anos, e multa. a ou adolescente: (Includo pela Lei n 11.829, de 2008)
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo Pena recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
a terceiro, mediante paga ou recompensa: (Includo pela Lei n 11.829, de 2008)
Pena - recluso de um a quatro anos, e multa. 1o A pena diminuda de 1 (um) a 2/3 (dois teros) se
Pargrafo nico. Incide nas mesmas penas quem oferece de pequena quantidade o material a que se refere o caput
ou efetiva a paga ou recompensa. deste artigo. (Includo pela Lei n 11.829, de 2008)
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivao de ato destina- 2o No h crime se a posse ou o armazenamento tem
do ao envio de criana ou adolescente para o exterior com a finalidade de comunicar s autoridades competentes a ocor-
inobservncia das formalidades legais ou com o fito de obter rncia das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e
lucro: 241-C desta Lei, quando a comunicao for feita por: (Includo
Pena - recluso de quatro a seis anos, e multa. pela Lei n 11.829, de 2008)
Pargrafo nico. Se h emprego de violncia, grave ame- I agente pblico no exerccio de suas funes; (Includo
aa ou fraude: (Includo pela Lei n 10.764, de pela Lei n 11.829, de 2008)
12.11.2003)

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II membro de entidade, legalmente constituda, que in- Pena - recluso de quatro a dez anos, e multa.
clua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietrio, o gerente
processamento e o encaminhamento de notcia dos crimes ou o responsvel pelo local em que se verifique a submisso
referidos neste pargrafo; (Includo pela Lei n 11.829, de de criana ou adolescente s prticas referidas no caput des-
2008) te artigo. (Includo pela Lei n 9.975, de 23.6.2000)
III representante legal e funcionrios responsveis de 2o Constitui efeito obrigatrio da condenao a cassao
provedor de acesso ou servio prestado por meio de rede de da licena de localizao e de funcionamento do estabeleci-
computadores, at o recebimento do material relativo notcia mento. (Includo pela Lei n 9.975, de 23.6.2000)
feita autoridade policial, ao Ministrio Pblico ou ao Poder Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupo de menor
Judicirio. (Includo pela Lei n 11.829, de 2008) de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infrao penal ou
3o As pessoas referidas no 2o deste artigo devero induzindo-o a pratic-la: (Includo pela Lei n 12.015, de
manter sob sigilo o material ilcito referido. (Includo pela 2009)
Lei n 11.829, de 2008) Pena - recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Includo
Art. 241-C. Simular a participao de criana ou adoles- pela Lei n 12.015, de 2009)
cente em cena de sexo explcito ou pornogrfica por meio de 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
adulterao, montagem ou modificao de fotografia, vdeo quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de
ou qualquer outra forma de representao visual: (Includo quaisquer meios eletrnicos, inclusive salas de bate-papo da
pela Lei n 11.829, de 2008) internet. (Includo pela Lei n 12.015, de 2009)
Pena recluso, de 1 (um) a 3 (trs) anos, e multa. 2o As penas previstas no caput deste artigo so au-
(Includo pela Lei n 11.829, de 2008) mentadas de um tero no caso de a infrao cometida ou
Pargrafo nico. Incorre nas mesmas penas quem vende, induzida estar includa no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25
expe venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por de julho de 1990.(Includo pela Lei n 12.015, de 2009)
qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material pro- Captulo II
duzido na forma do caput deste artigo. (Includo pela Lei n Das Infraes Administrativas
11.829, de 2008) Art. 245. Deixar o mdico, professor ou responsvel por
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por estabelecimento de ateno sade e de ensino fundamen-
qualquer meio de comunicao, criana, com o fim de com tal, pr-escola ou creche, de comunicar autoridade compe-
ela praticar ato libidinoso: (Includo pela Lei n 11.829, de tente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo sus-
2008) peita ou confirmao de maus-tratos contra criana ou ado-
Pena recluso, de 1 (um) a 3 (trs) anos, e multa. lescente:
(Includo pela Lei n 11.829, de 2008) Pena - multa de trs a vinte salrios de referncia, apli-
Pargrafo nico. Nas mesmas penas incorre quem: cando-se o dobro em caso de reincidncia.
(Includo pela Lei n 11.829, de 2008) Art. 246. Impedir o responsvel ou funcionrio de entidade
I facilita ou induz o acesso criana de material con- de atendimento o exerccio dos direitos constantes nos inci-
tendo cena de sexo explcito ou pornogrfica com o fim de sos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
com ela praticar ato libidinoso; (Includo pela Lei n 11.829, Pena - multa de trs a vinte salrios de referncia, apli-
de 2008) cando-se o dobro em caso de reincidncia.
II pratica as condutas descritas no caput deste artigo Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorizao
com o fim de induzir criana a se exibir de forma pornogrfica devida, por qualquer meio de comunicao, nome, ato ou
ou sexualmente explcita. (Includo pela Lei n 11.829, de documento de procedimento policial, administrativo ou judicial
2008) relativo a criana ou adolescente a que se atribua ato infraci-
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a onal:
expresso cena de sexo explcito ou pornogrfica compre- Pena - multa de trs a vinte salrios de referncia, apli-
ende qualquer situao que envolva criana ou adolescente cando-se o dobro em caso de reincidncia.
em atividades sexuais explcitas, reais ou simuladas, ou exibi- 1 Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcial-
o dos rgos genitais de uma criana ou adolescente para mente, fotografia de criana ou adolescente envolvido em ato
fins primordialmente sexuais. (Includo pela Lei n 11.829, infracional, ou qualquer ilustrao que lhe diga respeito ou se
de 2008) refira a atos que lhe sejam atribudos, de forma a permitir sua
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou en- identificao, direta ou indiretamente.
tregar, de qualquer forma, a criana ou adolescente arma, 2 Se o fato for praticado por rgo de imprensa ou
munio ou explosivo: emissora de rdio ou televiso, alm da pena prevista neste
Pena - recluso, de 3 (trs) a 6 (seis) anos. (Redao artigo, a autoridade judiciria poder determinar a apreenso
dada pela Lei n 10.764, de 12.11.2003) da publicao ou a suspenso da programao da emissora
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, at por dois dias, bem como da publicao do peridico at
ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criana ou a por dois nmeros. (Expresso declara inconstitucional pela
adolescente, bebida alcolica ou, sem justa causa, outros ADIN 869-2).
produtos cujos componentes possam causar dependncia Art. 248. Deixar de apresentar autoridade judiciria de
fsica ou psquica: (Redao dada pela Lei n 13.106, de seu domiclio, no prazo de cinco dias, com o fim de regularizar
2015) a guarda, adolescente trazido de outra comarca para a pres-
Pena - deteno de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se tao de servio domstico, mesmo que autorizado pelos pais
o fato no constitui crime mais grave. (Redao dada pela ou responsvel:
Lei n 13.106, de 2015) Pena - multa de trs a vinte salrios de referncia, apli-
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou en- cando-se o dobro em caso de reincidncia, independente-
tregar, de qualquer forma, a criana ou adolescente fogos de mente das despesas de retorno do adolescente, se for o caso.
estampido ou de artifcio, exceto aqueles que, pelo seu redu- Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
zido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano inerentes ao ptrio poder poder familiar ou decorrente de
fsico em caso de utilizao indevida: tutela ou guarda, bem assim determinao da autoridade
Pena - deteno de seis meses a dois anos, e multa. judiciria ou Conselho Tutelar: (Expresso substituda
Art. 244-A. Submeter criana ou adolescente, como tais pela Lei n 12.010, de 2009)Vigncia
definidos no caput do art. 2o desta Lei, prostituio ou Pena - multa de trs a vinte salrios de referncia, apli-
explorao sexual: (Includo pela Lei n 9.975, de cando-se o dobro em caso de reincidncia.
23.6.2000)

Conhecimentos Especficos 54 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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Art. 250. Hospedar criana ou adolescente desacompa- Pargrafo nico. Incorre nas mesmas penas a autoridade
nhado dos pais ou responsvel, ou sem autorizao escrita que deixa de efetuar o cadastramento de crianas e de ado-
desses ou da autoridade judiciria, em hotel, penso, motel lescentes em condies de serem adotadas, de pessoas ou
ou congnere:(Redao dada pela Lei n 12.038, de 2009). casais habilitados adoo e de crianas e adolescentes em
Pena multa.(Redao dada pela Lei n 12.038, de 2009). regime de acolhimento institucional ou familiar.(Includo pela
1 Em caso de reincidncia, sem prejuzo da pena de Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
multa, a autoridade judiciria poder determinar o fechamento Art. 258-B. Deixar o mdico, enfermeiro ou dirigente de
do estabelecimento por at 15 (quinze) dias. (Includo pela Lei estabelecimento de ateno sade de gestante de efetuar
n 12.038, de 2009). imediato encaminhamento autoridade judiciria de caso de
2 Se comprovada a reincidncia em perodo inferior a que tenha conhecimento de me ou gestante interessada em
30 (trinta) dias, o estabelecimento ser definitivamente fecha- entregar seu filho para adoo:(Includo pela Lei n 12.010, de
do e ter sua licena cassada.(Includo pela Lei n 12.038, de 2009) Vigncia
2009). Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
Art. 251. Transportar criana ou adolescente, por qualquer (trs mil reais). (Includo pela Lei n 12.010, de 2009)
meio, com inobservncia do disposto nos arts. 83, 84 e 85 Vigncia
desta Lei: Pargrafo nico. Incorre na mesma pena o funcionrio de
Pena - multa de trs a vinte salrios de referncia, apli- programa oficial ou comunitrio destinado garantia do direito
cando-se o dobro em caso de reincidncia. convivncia familiar que deixa de efetuar a comunicao
Art. 252. Deixar o responsvel por diverso ou espetculo referida no caput deste artigo. (Includo pela Lei n 12.010,
pblico de afixar, em lugar visvel e de fcil acesso, entrada de 2009) Vigncia
do local de exibio, informao destacada sobre a natureza Art. 258-C. Descumprir a proibio estabelecida no inciso
da diverso ou espetculo e a faixa etria especificada no II do art. 81: (Redao dada pela Lei n 13.106, de 2015)
certificado de classificao: Pena - multa de R$ 3.000,00 (trs mil reais) a R$
Pena - multa de trs a vinte salrios de referncia, apli- 10.000,00 (dez mil reais); (Redao dada pela Lei n
cando-se o dobro em caso de reincidncia. 13.106, de 2015)
Art. 253. Anunciar peas teatrais, filmes ou quaisquer re- Medida Administrativa - interdio do estabelecimento
presentaes ou espetculos, sem indicar os limites de idade comercial at o recolhimento da multa aplicada. (Redao
a que no se recomendem: dada pela Lei n 13.106, de 2015)
Pena - multa de trs a vinte salrios de referncia, dupli- Disposies Finais e Transitrias
cada em caso de reincidncia, aplicvel, separadamente, Art. 259. A Unio, no prazo de noventa dias contados da
casa de espetculo e aos rgos de divulgao ou publicida- publicao deste Estatuto, elaborar projeto de lei dispondo
de. sobre a criao ou adaptao de seus rgos s diretrizes da
Art. 254. Transmitir, atravs de rdio ou televiso, espet- poltica de atendimento fixadas no art. 88 e ao que estabelece
culo em horrio diverso do autorizado ou sem aviso de sua o Ttulo V do Livro II.
classificao: Pargrafo nico. Compete aos estados e municpios pro-
Pena - multa de vinte a cem salrios de referncia; dupli- moverem a adaptao de seus rgos e programas s diretri-
cada em caso de reincidncia a autoridade judiciria poder zes e princpios estabelecidos nesta Lei.
determinar a suspenso da programao da emissora por at Art. 260. Os contribuintes podero efetuar doaes aos
dois dias. Fundos dos Direitos da Criana e do Adolescente nacional,
Art. 255. Exibir filme, trailer, pea, amostra ou congnere distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas,
classificado pelo rgo competente como inadequado s sendo essas integralmente deduzidas do imposto de renda,
crianas ou adolescentes admitidos ao espetculo: obedecidos os seguintes limites:(Redao dada pela Lei n
Pena - multa de vinte a cem salrios de referncia; na 12.594, de 2012) (Vide)
reincidncia, a autoridade poder determinar a suspenso do I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido
espetculo ou o fechamento do estabelecimento por at quin- apurado pelas pessoas jurdicas tributadas com base no lucro
ze dias. real; e (Redao dada pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 256. Vender ou locar a criana ou adolescente fita de II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado
programao em vdeo, em desacordo com a classificao pelas pessoas fsicas na Declarao de Ajuste Anual, obser-
atribuda pelo rgo competente: vado o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro
Pena - multa de trs a vinte salrios de referncia; em ca- de 1997.(Redao dada pela Lei n 12.594, de 2012) (Vi-
so de reincidncia, a autoridade judiciria poder determinar o de)
fechamento do estabelecimento por at quinze dias. 1o-A. Na definio das prioridades a serem atendidas
Art. 257. Descumprir obrigao constante dos arts. 78 e com os recursos captados pelos Fundos Nacional, Estaduais
79 desta Lei: e Municipais dos Direitos da Criana e do Adolescente, sero
Pena - multa de trs a vinte salrios de referncia, dupli- consideradas as disposies do Plano Nacional de Promoo,
cando-se a pena em caso de reincidncia, sem prejuzo de Proteo e Defesa dos Direitos de Crianas e Adolescentes
apreenso da revista ou publicao. Convivncia Familiar, bem como as regras e princpios relati-
Art. 258. Deixar o responsvel pelo estabelecimento ou o vos garantia do direito convivncia familiar previstos nesta
empresrio de observar o que dispe esta Lei sobre o acesso Lei. (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia
de criana ou adolescente aos locais de diverso, ou sobre 2 Os Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional dos
sua participao no espetculo: Direitos da Criana e do Adolescente fixaro critrios de utili-
Pena - multa de trs a vinte salrios de referncia; em ca- zao, atravs de planos de aplicao das doaes subsidia-
so de reincidncia, a autoridade judiciria poder determinar o das e demais receitas, aplicando necessariamente percentual
fechamento do estabelecimento por at quinze dias. para incentivo ao acolhimento, sob a forma de guarda, de
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providen- criana ou adolescente, rfos ou abandonado, na forma do
ciar a instalao e operacionalizao dos cadastros previstos disposto no art. 227, 3, VI, da Constituio Federal.
no art. 50 e no 11 do art. 101 desta Lei: (Includo pela 3 O Departamento da Receita Federal, do Ministrio da
Lei n 12.010, de 2009)Vigncia Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentar a com-
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 provao das doaes feitas aos fundos, nos termos deste
(trs mil reais). (Includo pela Lei n 12.010, de 2009) artigo . (Includo pela Lei n 8.242, de 12.10.1991)
Vigncia 4 O Ministrio Pblico determinar em cada comarca a
forma de fiscalizao da aplicao, pelo Fundo Municipal dos

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Direitos da Criana e do Adolescente, dos incentivos fiscais II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, pa-
referidos neste artigo. (Includo pela Lei n 8.242, de ra as pessoas jurdicas que apuram o imposto anualmente.
12.10.1991) (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
5o Observado o disposto no 4o do art. 3o da Lei no Pargrafo nico. A doao dever ser efetuada dentro do
9.249, de 26 de dezembro de 1995, a deduo de que trata o perodo a que se refere a apurao do imposto. (Includo pela
inciso I do caput: (Redao dada pela Lei n 12.594, de Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
2012) (Vide) Art. 260-C. As doaes de que trata o art. 260 desta Lei
I - ser considerada isoladamente, no se submetendo a podem ser efetuadas em espcie ou em bens. (Includo pela
limite em conjunto com outras dedues do imposto; e (Inclu- Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
do pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide) Pargrafo nico. As doaes efetuadas em espcie de-
II - no poder ser computada como despesa operacional vem ser depositadas em conta especfica, em instituio fi-
na apurao do lucro real. (Includo pela Lei n 12.594, de nanceira pblica, vinculadas aos respectivos fundos de que
2012) (Vide) trata o art. 260. (Includo pela Lei n 12.594, de 2012)
Art. 260-A. A partir do exerccio de 2010, ano-calendrio (Vide)
de 2009, a pessoa fsica poder optar pela doao de que Art. 260-D. Os rgos responsveis pela administrao
trata o inciso II do caput do art. 260 diretamente em sua De- das contas dos Fundos dos Direitos da Criana e do Adoles-
clarao de Ajuste Anual. (Includo pela Lei n 12.594, de cente nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir
2012) (Vide) recibo em favor do doador, assinado por pessoa competente
1o A doao de que trata o caput poder ser deduzida e pelo presidente do Conselho correspondente, especifican-
at os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apu- do: (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
rado na declarao: (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) I - nmero de ordem; (Includo pela Lei n 12.594, de
(Vide) 2012) (Vide)
I - (VETADO); (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurdica (CNPJ) e
(Vide) endereo do emitente; (Includo pela Lei n 12.594, de
II - (VETADO); (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) 2012) (Vide)
(Vide) III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Fsicas (CPF)
III - 3% (trs por cento) a partir do exerccio de 2012. (In- do doador; (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
cludo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide) IV - data da doao e valor efetivamente recebido; e (In-
2o A deduo de que trata o caput: (Includo pela Lei cludo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
n 12.594, de 2012) (Vide) V - ano-calendrio a que se refere a doao. (Includo pe-
I - est sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto la Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
sobre a renda apurado na declarao de que trata o inciso II 1o O comprovante de que trata o caput deste artigo po-
do caput do art. 260; (Includo pela Lei n 12.594, de de ser emitido anualmente, desde que discrimine os valores
2012) (Vide) doados ms a ms. (Includo pela Lei n 12.594, de 2012)
II - no se aplica pessoa fsica que: (Includo pela Lei n (Vide)
12.594, de 2012) (Vide) 2o No caso de doao em bens, o comprovante deve
a) utilizar o desconto simplificado; (Includo pela Lei n conter a identificao dos bens, mediante descrio em cam-
12.594, de 2012) (Vide) po prprio ou em relao anexa ao comprovante, informando
b) apresentar declarao em formulrio; ou (Includo pela tambm se houve avaliao, o nome, CPF ou CNPJ e ende-
Lei n 12.594, de 2012) (Vide) reo dos avaliadores. (Includo pela Lei n 12.594, de
c) entregar a declarao fora do prazo; (Includo pela Lei 2012) (Vide)
n 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-E. Na hiptese da doao em bens, o doador de-
III - s se aplica s doaes em espcie; e (Includo pela ver: (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
Lei n 12.594, de 2012) (Vide) I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documen-
IV - no exclui ou reduz outros benefcios ou dedues em tao hbil; (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
vigor. (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide) II - baixar os bens doados na declarao de bens e direi-
3o O pagamento da doao deve ser efetuado at a da- tos, quando se tratar de pessoa fsica, e na escriturao, no
ta de vencimento da primeira quota ou quota nica do impos- caso de pessoa jurdica; e (Includo pela Lei n 12.594, de
to, observadas instrues especficas da Secretaria da Recei- 2012) (Vide)
ta Federal do Brasil. (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) III - considerar como valor dos bens doados: (Includo pe-
(Vide) la Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
4o O no pagamento da doao no prazo estabelecido a) para as pessoas fsicas, o valor constante da ltima de-
no 3o implica a glosa definitiva desta parcela de deduo, clarao do imposto de renda, desde que no exceda o valor
ficando a pessoa fsica obrigada ao recolhimento da diferena de mercado; (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
de imposto devido apurado na Declarao de Ajuste Anual b) para as pessoas jurdicas, o valor contbil dos bens.
com os acrscimos legais previstos na legislao. (Includo (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide) Pargrafo nico. O preo obtido em caso de leilo no se-
5o A pessoa fsica poder deduzir do imposto apurado r considerado na determinao do valor dos bens doados,
na Declarao de Ajuste Anual as doaes feitas, no respec- exceto se o leilo for determinado por autoridade judiciria.
tivo ano-calendrio, aos fundos controlados pelos Conselhos (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
dos Direitos da Criana e do Adolescente municipais, distrital, Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-
estaduais e nacional concomitantemente com a opo de que D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo
trata o caput, respeitado o limite previsto no inciso II do art. de 5 (cinco) anos para fins de comprovao da deduo pe-
260. (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide) rante a Receita Federal do Brasil. (Includo pela Lei n 12.594,
Art. 260-B. A doao de que trata o inciso I do art. 260 de 2012) (Vide)
poder ser deduzida: (Includo pela Lei n 12.594, de Art. 260-G. Os rgos responsveis pela administrao
2012) (Vide) das contas dos Fundos dos Direitos da Criana e do Adoles-
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurdi- cente nacional, estaduais, distrital e municipais devem: (In-
cas que apuram o imposto trimestralmente; e (Includo pela cludo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
Lei n 12.594, de 2012) (Vide) I - manter conta bancria especfica destinada exclusiva-
mente a gerir os recursos do Fundo; (Includo pela Lei n
12.594, de 2012) (Vide)

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II - manter controle das doaes recebidas; e (Includo Lei, to logo estejam criados os conselhos dos direitos da
pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide) criana e do adolescente nos seus respectivos nveis.
III - informar anualmente Secretaria da Receita Federal Art. 262. Enquanto no instalados os Conselhos Tutelares,
do Brasil as doaes recebidas ms a ms, identificando os as atribuies a eles conferidas sero exercidas pela autori-
seguintes dados por doador: (Includo pela Lei n 12.594, de dade judiciria.
2012) (Vide) Art. 263. O Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de
a) nome, CNPJ ou CPF; (Includo pela Lei n 12.594, de 1940 (Cdigo Penal), passa a vigorar com as seguintes alte-
2012) (Vide) raes:
b) valor doado, especificando se a doao foi em espcie 1) Art. 121 ............................................................
ou em bens. (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide) 4 No homicdio culposo, a pena aumentada de um
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigaes tero, se o crime resulta de inobservncia de regra tcnica de
previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do profisso, arte ou ofcio, ou se o agente deixa de prestar ime-
Brasil dar conhecimento do fato ao Ministrio Pblico. (Inclu- diato socorro vtima, no procura diminuir as conseqncias
do pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide) do seu ato, ou foge para evitar priso em flagrante. Sendo
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criana e do doloso o homicdio, a pena aumentada de um tero, se o
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais divulga- crime praticado contra pessoa menor de catorze anos.
ro amplamente comunidade: (Includo pela Lei n 12.594, 2) Art. 129 ...............................................................
de 2012) (Vide) 7 Aumenta-se a pena de um tero, se ocorrer qualquer
I - o calendrio de suas reunies; (Includo pela Lei n das hipteses do art. 121, 4.
12.594, de 2012) (Vide) 8 Aplica-se leso culposa o disposto no 5 do art.
II - as aes prioritrias para aplicao das polticas de 121.
atendimento criana e ao adolescente; (Includo pela Lei n 3) Art. 136.................................................................
12.594, de 2012) (Vide) 3 Aumenta-se a pena de um tero, se o crime prati-
III - os requisitos para a apresentao de projetos a serem cado contra pessoa menor de catorze anos.
beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Crian- 4) Art. 213 ..................................................................
a e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou munici- Pargrafo nico. Se a ofendida menor de catorze anos:
pais; (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide) Pena - recluso de quatro a dez anos.
IV - a relao dos projetos aprovados em cada ano- 5) Art. 214...................................................................
calendrio e o valor dos recursos previstos para implementa- Pargrafo nico. Se o ofendido menor de catorze anos:
o das aes, por projeto; (Includo pela Lei n 12.594, de Pena - recluso de trs a nove anos.
2012) (Vide) Art. 264. O art. 102 da Lei n. 6.015, de 31 de dezembro
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destina- de 1973, fica acrescido do seguinte item:
o, por projeto atendido, inclusive com cadastramento na "Art. 102 ....................................................................
base de dados do Sistema de Informaes sobre a Infncia e 6) a perda e a suspenso do ptrio poder. "
a Adolescncia; e (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) Art. 265. A Imprensa Nacional e demais grficas da Unio,
(Vide) da administrao direta ou indireta, inclusive fundaes insti-
VI - a avaliao dos resultados dos projetos beneficiados tudas e mantidas pelo poder pblico federal promovero
com recursos dos Fundos dos Direitos da Criana e do Ado- edio popular do texto integral deste Estatuto, que ser pos-
lescente nacional, estaduais, distrital e municipais. (Includo to disposio das escolas e das entidades de atendimento e
pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide) de defesa dos direitos da criana e do adolescente.
Art. 260-J. O Ministrio Pblico determinar, em cada Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias aps sua
Comarca, a forma de fiscalizao da aplicao dos incentivos publicao.
fiscais referidos no art. 260 desta Lei. (Includo pela Lei n Pargrafo nico. Durante o perodo de vacncia devero
12.594, de 2012) (Vide) ser promovidas atividades e campanhas de divulgao e
Pargrafo nico. O descumprimento do disposto nos arts. esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei.
260-G e 260-I sujeitar os infratores a responder por ao Art. 267. Revogam-se as Leis n. 4.513, de 1964, e 6.697,
judicial proposta pelo Ministrio Pblico, que poder atuar de de 10 de outubro de 1979 (Cdigo de Menores), e as demais
ofcio, a requerimento ou representao de qualquer cidado. disposies em contrrio.
(Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide) Braslia, 13 de julho de 1990; 169 da Independncia e
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presi- 102 da Repblica.
dncia da Repblica (SDH/PR) encaminhar Secretaria da
Receita Federal do Brasil, at 31 de outubro de cada ano,
arquivo eletrnico contendo a relao atualizada dos Fundos PSICOLOGIA
dos Direitos da Criana e do Adolescente nacional, distrital,
estaduais e municipais, com a indicao dos respectivos Psicologia (do grego , transl. psykhologua, de
nmeros de inscrio no CNPJ e das contas bancrias espe- , psykh, "psique", "alma", "mente" e , lgos,
cficas mantidas em instituies financeiras pblicas, destina- "palavra", "razo" ou "estudo") " a cincia que estuda o
das exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. (Includo comportamento (tudo o que organismo faz) e os processos
pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide) mentais (experincias subjetivas inferidas atravs do
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil ex- comportamento)". O principal foco da psicologia se encontra
pedir as instrues necessrias aplicao do disposto nos no indivduo, em geral humano, mas o estudo do
arts. 260 a 260-K. (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) comportamento animal para fins de pesquisa e correlao, na
(Vide) rea da psicologia comparada, tambm desempenha um
Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da papel importante (veja tambm etologia).
criana e do adolescente, os registros, inscries e alteraes A psicologia cientfica, tratada neste artigo, no deve
a que se referem os arts. 90, pargrafo nico, e 91 desta Lei confundir-se com a psicologia do senso comum ou psicologia
sero efetuados perante a autoridade judiciria da comarca a popular que o conjunto de ideias, crenas e convices
que pertencer a entidade. transmitido culturalmente e que cada indivduo possui a
Pargrafo nico. A Unio fica autorizada a repassar aos respeito de como as pessoas funcionam, se comportam,
estados e municpios, e os estados aos municpios, os recur- sentem e pensam. A psicologia usa em parte o mesmo
sos referentes aos programas e atividades previstos nesta vocabulrio, que adquire assim significados diversos de
acordo com o contexto em que usado. Assim, termos como

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"personalidade" ou "depresso" tm significados diferentes na Controlar o comportamento significa aqui a capacidade de
linguagem cientfica e na linguagem vulgar. A prpria palavra influenci-lo, com base no conhecimento adquirido. Essa
"psicologia" muitas vezes usada na linguagem comum como parte mais prtica da psicologia, que se expressa, entre
sinnimo de psicoterapia e, como esta, muitas vezes outras reas, na psicoterapia.
confundida com a psicanlise ou mesmo a anlise do
comportamento. Para o psiclogo sovitico A. R. Luria, um dos fundadores
da neuropsicologia a psicologia do homem deve ocupar-se da
O termo parapsicologia, ligado ao vocbulo paranormal, anlise das formas complexas de representao da realidade,
no se refere a um conceito ou a uma disciplina da que se constituram ao longo da histria da sociedade e so
Psicologia; trata-se de um campo de estudo no reconhecido realizadas pelo crebro humano, incluindo as formas
pela comunidade cientfica. subjetivas da atividade consciente sem substitu-las pelos
estudo dos processos fisiolgicos que lhes servem de base
Introduo nem limitar-se a sua descrio exterior. Segundo esse autor,
A psicologia a cincia que estuda o comportamento e os alm de estabelecer as leis da sensao e percepo
processos mentais dos indivduos (psiquismo), cabe agora humana, regulao dos processos de ateno, memorizao
definir tais termos: (tarefa iniciada por Wundt), na anlise do pensamento lgico,
formao das necessidades complexas e da personalidade,
Dizer que a psicologia uma cincia significa que ela considera esses fenmenos como produto da histria social
regida pelas mesmas leis do mtodo cientfico as quais regem (compartilhando, de certo modo com a proposio da
as outras cincias: ela busca um conhecimento objetivo, Vlkerpsychologie de Wundt (ver mais abaixo "Histria da
baseado em fatos empricos. Pelo seu objeto de estudo a Psicologia") e com as proposies de estudo simultneo dos
psicologia desempenha o papel de elo entre as cincias processos neurofisiolgicos e das determinaes histrico-
sociais, como a sociologia e a antropologia, as cincias culturais, realizadas de modo independente por seu
naturais, como a biologia, e reas cientficas mais recentes contemporneo Vigotsky).
como as cincias cognitivas e as cincias da sade.
Breve histria da psicologia
Comportamento a atividade observvel (de forma interna
ou externa) dos organismos na sua busca de adaptao ao Perspectivas histricas
meio em que vivem. "A psicologia possui um longo passado, mas uma histria
Dizer que o indivduo a unidade bsica de estudo da curta". Com essa frase descreveu Herrmann Ebbinghaus, um
psicologia significa dizer que, mesmo ao estudar grupos, o dos primeiros psiclogos experimentais, a situao da
indivduo permanece o centro de ateno - ao contrrio, por psicologia - tanto em 1908, quando ele a escreveu, como
exemplo, da sociologia, que estuda a sociedade como um hoje: desde a Antiguidade pensadores, filsofos e telogos de
conjunto. vrias regies e culturas dedicaram-se a questes relativas
natureza humana - a percepo, a conscincia, a loucura.
Os processos mentais so a maneira como a mente Apesar de teorias "psicolgicas" fazerem parte de muitas
humana funciona - pensar, planejar, tirar concluses, fantasiar tradies orientais, a psicologia enquanto cincia tem suas
e sonhar. O comportamento humano no pode ser primeiras razes nos filsofos gregos, mas s se separou da
compreendido sem que se compreendam esses processos filosofia no final do sculo XIX. O primeiro laboratrio
mentais, j que eles so a sua base. psicolgico foi fundado pelo fisilogo alemo Wilhelm Wundt
Como toda a cincia, o fim da psicologia a descrio, a em 1879 em Leipzig, na Alemanha. Seu interesse se havia
explicao, a previso e o controle do desenvolvimento do transferido do funcionamento do corpo humano para os
seu objeto de estudo. Como os processos mentais no processos mais elementares de percepo e a velocidade dos
podem ser observados mas apenas inferidos, torna-se o processos mentais mais simples. O seu laboratrio formou a
comportamento o alvo principal dessa descrio, explicao e primeira gerao de psiclogos. Alunos de Wundt
previso (mesmo as novas tcnicas visuais da neurocincia propagaram a nova cincia e fundaram vrios laboratrios
que permitem visualizar o funcionamento do crebro no similares pela Europa e os Estados Unidos. Edward Titchener
permitem a visualizao dos processos mentais, mas foi um importante divulgador do trabalho de Wundt nos
somente de seus correlatos fisiolgicos, ou seja, daquilo que Estados Unidos. Mas uma outra perspectiva se delineava: o
acontece no organismo enquanto os processos mentais se mdico e filsofo americano William James props em seu
desenrolam). Descrever o comportamento de um indivduo livro The Principles of Psychology (1890) - para muitos a obra
significa, em primeiro lugar, o desenvolvimento de mtodos mais significativa da literatura psicolgica - uma nova
de observao e anlise que sejam o mais possvel objetivos abordagem mais centrada na funo da mente humana do
e em seguida a utilizao desses mtodos para o que na sua estrutura. Nessa poca era a psicologia j uma
levantamento de dados confiveis. A observao e a anlise cincia estabelecida e at 1900 j contava com mais de 40
do comportamento podem ocorrer em diferentes nveis - laboratrios na Amrica do Norte
desde complexos padres de comportamento, como a Estruturalismo
personalidade, at a simples reao de uma pessoa a um
sinal sonoro ou visual. A introspeco uma forma especial Em seu laboratrio Wundt dedicou-se a criar uma base
de observao (ver mais abaixo o estruturalismo). A partir verdadeiramente cientfica para a nova cincia. Assim
daquilo que foi observado o psiclogo procura explicar, realizava experimentos para levantar dados sistemticos e
esclarecer o comportamento. A psicologia parte do princpio objetivos que poderiam ser replicados por outros
de que o comportamento se origina de uma srie de fatores pesquisadores. Para poder permanecer fiel a seu ideal
distintos: variveis orgnicas (disposio gentica, cientfico, Wundt se dedicou principalmente ao estudo de
metabolismo, etc.), disposicionais (temperamento, reaes simples a estmulos realizados sob condies
inteligncia, motivao, etc.) e situacionais (influncias do controladas. Seu mtodo de trabalho seria chamado de
meio ambiente, da cultura, dos grupos de que a pessoa faz estruturalismo por Edward Titchener, que o divulgou nos
parte, etc.). As previses em psicologia procuram expressar, Estados Unidos. Seu objeto de estudo era a estrutura
com base nas explicaes disponveis, a probabilidade com consciente da mente e do comportamento, sobretudo as
que um determinado tipo de comportamento ocorrer ou no. sensaes. Um dos mtodos usados por Titchener era a
Com base na capacidade dessas explicaes de prever o introspeco: nela o indivduo explora sistematicamente seus
comportamento futuro se determina a tambm a sua validade. prprios pensamentos e sensaes a fim de ganhar

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informaes sobre determinadas experincias sensoriais. A
tnica do trabalho era assim antes compreender o que a
mente, do os como e porqus de seu funcionamento. As
principais crticas levantadas contra o Estruturalismo foram:
Por ser reducionista, ou seja, querer reduzir a
complexidade da experincia humana a simples sensaes;
Por ser elementarista, ou seja, dedicar-se ao estudo de
partes ou elementos ao invs de estudar estruturas mais
complexas, como as que so tpicas para o comportamento
humano e;
Por ser mentalista, ou seja, basear-se somente em
relatrios verbais, excluindo indivduos incapazes de
introspeco, como crianas e animais, do seu estudo. Alm
disso a introspeco foi alvo de muitos ataques por no ser
um verdadeiro mtodo cientfico objetivo.
Funcionalismo
William James concordava com Titchener quanto ao
objeto da psicologia - os processos conscientes. Para ele, no
entanto, o estudo desses processos no se limitava a uma
descrio de elementos, contedos e estruturas. A mente O caduceu de Asclpio apenas uma cobra enrolada em
consciente , para ele, um constante fluxo, uma caracterstica um basto. O erro cometido acima bastante comum todavia,
da mente em constante interao com o meio ambiente. Por j que por ignorncia, algumas entidades ligadas a medicina
isso sua ateno estava mais voltada para a funo dos acabam utilizando o smbolo do Caduceu, o basto do deus
processos mentais conscientes. Na psicologia, a seu Hermes, smbolo visto em reas voltadas ao comrcio e a
entender, deveria haver espao para as emoes, a vontade, comunicao. Enquanto smbolo da psicologia mdica
os valores, as experincias religiosas e msticas - enfim, tudo usado juntamente com o emblema da psicologia, a letra grega
o que faz cada ser humano nico. As ideias de James foram "psi" =
desenvolvidas por John Dewey, que dedicou-se sobretudo ao
A base do pensamento da perspectiva biolgica a busca
trabalho prtico na educao
das causas do comportamento no funcionamento dos genes,
Gestalt, ou psicologia da forma do crebro e dos sistemas nervoso e endcrino. O
comportamento e os processos mentais so assim
Uma importante reao ao funcionalismo e ao compreendidos com base nas estruturas corporais e nos
comportamentismo nascente (ver abaixo) foi a psicologia da processos bioqumicos no corpo humano, de forma que esta
gestalt ou da forma, representada por Max Wertheimer, Kurt corrente de pensamento se encontra muito prxima das reas
Koffka e Wolfgang Khler. Principalmente dedicada ao estudo da gentica, da neurocincia e da neurologia e por isso est
dos processos de percepo, essa corrente da psicologia intimamente ligada ao importante debate sobre o papel da
defende que os fenmenos psquicos s podem ser predisposio gentica e do meio ambiente na formao da
compreendidos, se forem vistos como um todo e no atravs pessoa. Essa perspectiva dirige a ateno do pesquisador
da diviso em simples elementos perceptuais. A palavra base corporal de todo processo psquico e contribui com
gestalt significa "forma", "formato", "configurao" ou ainda conhecimento bsico a respeito do funcionamento das
"todo", "cerne". O gestaltismo assume assim o lema: "O todo funes psquicas como pensamento, memria e percepo.
mais que a soma das suas partes". Distinta da psicologia da O processo sade-doena merece uma ateno especial e
gestalt, escola de pesquisa de significado basicamente pode ser compreendido de diferentes formas alm do
histrico fora da psicologia da percepo, a gestalt-terapia, direcionado ao tratamento dos distrbios mentais
fundada por Frederic S. Perls (Fritz Perls). propriamente ditos. Inicialmente abordados pela
O legado dos primrdios psicopatologia, advinda da distino progressiva do objeto da
neurologia e psiquiatria e consolidao destas como
Apesar de serem perspectivas j ultrapassadas, tanto o especialidades mdicas, a percepo da importncia dos
estruturalismo como o funcionalismo e a gestalt ajudaram a fatores emocionais no adoecimento e recuperao da sade
determinar o rumo que a psicologia posterior viria a tomar. j estavam presentes na medicina hipocrtica e homeopatia
Hoje em dia os psiclogos procuram compreender tanto as contudo foi somente nos meados do sculo XX que surgiram
estruturas como a funo do comportamento e dos processos aplicaes da psicologia nas intervenes atualmente
mentais. denominadas por medicina psicossomtica, psicologia
Perspectivas atuais mdica, psicologia hospitalar e psicologia da sade.

Segue uma descrio sucinta das principais correntes de A perspectiva psicodinmica


pensamento que influenciam a moderna psicologia. Para Segundo a perspectiva psicodinmica o comportamento
maiores informaes ver os artigos principais indicados e movido e motivado por uma srie de foras internas, que
ainda psicoterapia. buscam dissolver a tenso existente entre os instintos, as
A perspectiva biolgica pulses e as necessidades internas de um lado e as
exigncias sociais de outro. O objetivo do comportamento
assim a diminuio dessa tenso interna. A perspectiva
psicodinmica teve sua origem nos trabalhos do mdico
vienense Sigmund Freud (1856-1939) com pacientes
psiquitricos, mas ele acreditava serem esses princpios
vlidos tambm para o comportamento normal. O modelo
freudiano notoriamente reconhecido por enfatizar que a
natureza humana no sempre racional e que as aes

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podem ser motivadas por fatores no acessveis mas destitu a mesma de um funcionamento automatista. As
conscincia. Alm disso Freud dava muita importncia prticas teraputicas derivadas desse tipo de estudo esto
infncia, como uma fase importantssima na formao da entre as mais eficientes e cientificamente reconhecidas e so,
personalidade. A teoria original de Freud, que foi portanto, preferencialmente empregadas no tratamento de
posteriormente ampliada por vrios autores mais recentes e transtornos psiquitricos. O modelo de estudo analtico-
influenciou fortemente muitas reas da psicologia, tem sua comportamental tambm vastamente empregado na
origem no em experimentos cientficos, mas na capacidade Farmacologia moderna e nas Neurocincias.
de observao de um homem criativo, inflamado pela ideia de
descobrir os mistrios mais profundos do ser humano. A perspectiva humanista

A perspectiva analtica Em reao s correntes Comportamentalista e


Psicodinmica, surgiu nos anos 50 do sculo XX a
Em reao perspectiva psicodinmica, Carl Gustav Jung perspectiva existncial-humanista, que v o homem no como
comeou a desenvolver um sistema terico que chamou, um ser controlado por pulses interiores nem por condies
originalmente, de "Psicologia dos Complexos", mais tarde impostas pelo ambiente, mas como um ser ativo e autnomo,
chamando-o de "Psicologia Analtica", como resultado direto que busca conscientemente seu prprio crescimento e
de seu contato prtico com seus pacientes. Utilizando-se do desenvolvimento. A principal fonte de conhecimento do
conceito de "complexos" e do estudo dos sonhos e de humanismo psicolgico o estudo biogrfico, com a
desenhos, esta corrente se dedica a entender profundamente finalidade de descobrir como essa pessoa vivencia sua
aos meios pelos quais se expressa o inconsciente. Nessa existncia por meio de um introspeccionismo, ao contrrio do
teoria, enquanto o inconsciente pessoal consiste Comportamentalismo, que valoriza observao externa. A
fundamentalmente de material reprimido e de complexos, o perspectiva humanista procura um acesso holstico para o ser
inconsciente coletivo composto fundamentalmente de uma humano, est intimamente relacionada epistemologia
tendncia para sensibilizar-se com certas imagens, ou fenomenolgica e exerceu grande influncia sobre a
melhor, smbolos que constelam sentimentos profundos de psicoterapia.
apelo universal, os arqutipos: da mesma forma que animais
e homens parecem possuir atitudes inatas, chamadas de A perspectiva cognitiva
instintos, considera-se tambm provvel que em nosso A "virada cognitiva" foi uma reao terica s limitaes
psiquismo exista um material psquico contendo alguma instrumentais do Comportamentalismo que excluia a anlise
analogia com os instintos. inferencial da investigao psicolgica. O foco central desta
A perspectiva comportamentalista perspectiva o pensar humano e todos os processos
baseados no conhecimento - ateno, memria,
A perspectiva comportamentalista procura explicar o compreenso, recordao, tomada de deciso, linguagem etc.
comportamento pelo estudo de relaes funcionais Moldar o comportamento do paciente atravs da reflexo para
interdependentes entre eventos ambientais (estmulos) e adequ-lo realidade pelo questionamento retrico e a
fisiolgicos (respostas). A ateno do pesquisador assim reorganizao de crenas. A perspectiva cognitivista se
dirigida para as condies ambientais em que determinado dedica assim compreenso dos processos cognitivos que
indivduo enquanto organismo se encontra, para a reao influenciam o comportamento - a capacidade do indivduo de
desse indivduo a essas condies, para as consequncias imaginar alternativas antes de se tomar uma deciso, de
que essa reao lhe traz e para os efeitos que essas descobrir novos caminhos a partir de experincias passadas,
consequncias produzem. Os adeptos dessa corrente de criar imagens mentais do mundo que o cerca - e
entendem o comportamento como uma relao interativa de influncia do comportamento sobre os processos cognitivos -
transformao mtua entre o organismo e o ambiente que o como o modo de pensar se modifica de acordo com o
cerca na qual os padres de conduta so naturalmente comportamento e suas consequncias. Logo, nota-se que
selecionados em funo de seu valor adaptativo. Trata-se de apesar de fortemente infunciada pelo Comportamentalismo,
uma aplicao do modelo evolucionista de Charles Darwin ao posto que tcnicas terapticas envolvem, na maioria das
estudo do comportamento que reconhece trs nveis de vezes, a planificao de metas de condicionamento operante,
seleo - o filogentico (que abrange comportamentos a Psicologia Cogninivista retoma o modelo convencional das
adquiridos hereditariamente pela histria de seleo da demais correntes psicologicas por afirmar a existncia de uma
espcie), o ontogentico (que abrange comportamentos dicotomia entre processos mentais e comportamentais, ainda
adquiridos pela histria vivencial do indivduo) e o cultural que reconhecendo uma interdependncia entre eles.
(restrito espcie humana, abrange os comportamentos
controlados por regras, estmulos verbais, transmitidos e A perspectiva evolucionista
acumulados ao longo de geraos por meio da linguagem). A A perspectiva evolucionista procura, inspirada pela teoria
Anlise do Comportamento, cincia que verifica tais da evoluo, explicar o desenvolvimento do comportamento e
postulados tericos, baseia-se sobretudo em experimentos das capacidades mentais como parte da adaptao humana
empricos, controlados e de alto rigor metodolgico com ao meio ambiente. Por recorrer a acontecimentos ocorridos
animais que levaram ao descobrimento de processos de h milhes de anos, os psiclogos evolucionistas no podem
condicionamento e formulao de muitas tcnicas aplicveis realizar experimentos para comprovar suas teorias, mas
ao ser humano. Foi uma das mais fortes influncias para contam somente com sua capacidade de observao e com o
prticas psicolgicas posteriores, a maior no hemisfrio norte conhecimento adquirido por outras disciplinas como a
atualmente. Destaca-se das demais correntes da Psicologia antropologia e a arqueologia.
por no se fundamentar em abordagens restritamente
tericas e pela exclusiva rejeio do modelo de pensamento A perspectiva sociocultural
dualista que divide a constituio humana em duas realidades J em 1927 o antroplogo Bronislaw Malinowski criticava
ontologicamentes independentes, o corpo fsico e a mente a psicologia - na poca a psicanlise de Freud - por ser
metafsica - ou seja, nessa perspectiva processos subjetivos centrada na cultura ocidental. Essa preocupao de expandir
tais como emoes, sentimentos e pensamentos/cognies sua compreenso do homem alm dos horizontes de uma
so entendidos como substancialmente materiais e sujeitos determinada cultura o cerne da perspectiva sociocultural. A
s mesmas leis naturais do comportamento, sendo logo, pergunta central aqui : em que se assemelham pessoas de
classificados como eventos ou comportamentos diferentes culturas quanto ao comportamento e aos processos
encobertos/privados. Tal entendimento no rejeita a mentais, em que se diferenciam? So vlidos os
existncia da subjetividade, como popularmente se imagina,

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conhecimentos psicolgicos em outras culturas? Essa personalidade, pensamento e emoo, no podem ser
perspectiva tambm leva a psicologia a observar diferenas medidos diretamente e devem ser estudados com o auxlio de
entre subculturas de uma mesma rea cultural e sublinha a relatrios subjetivos, o que pode ser problemtico de um
importncia da cultura na formao da personalidade. ponto de vista metodolgico.
A perspectiva biopsicossocial e a multidisciplinaridade Erros e abusos de testes estatsticos foram sobretudo
apontados em trabalhos de psiclogos sem um conhecimento
A enorme quantidade de perspectivas e de campos de aprofundado em psicologia experimental e em estatstica.
pesquisa psicolgicos corresponde enorme complexidade Muitos psiclogos confundem significncia estatstica (ou
do ser humano. O fato de diferentes escolas coexistirem e se seja, uma probabilidade maior do que 95% de o resultado
completarem mutuamente demonstra que o homem pode e obtido no ser fruto do acaso, mas corresponder realidade
deve ser estudado, observado, compreendido sob diferentes emprica) com importncia prtica. No entanto a obteno de
aspectos. Essa realidade toma forma no modelo significados estatisticamente significante mas na prtica
biopsicossocial, que serve de base para todo o trabalho irrelevantes um fenmeno comum em estudos envolvendo
psicolgico, desde a pesquisa mais bsica at a prtica um grande nmero de pessoas. Em resposta muitos
psicoteraputica. Esse modelo afirma que o comportamento e pesquisadores comearam a fazer uso do "tamanho do efeito"
os processos mentais humanos so gerados e influenciados estatstico (effect size) como massa de medida da relevncia
por trs grupos de fatores: prtica.
Fatores biolgicos - como a predisposio gentica e os
Muitas vezes os debates crticos ocorrem dentro da
processos de mutao que determinam o desenvolvimento prpria psicologia, por exemplo entre os psiclogos
corporal em geral e do sistema nervoso em particular, etc.; experimentais e os psicoterapeutas. Desde h alguns anos
Fatores psicolgicos - como preferncias, expectativas e tem aumentado a discusso a respeito do funcionamento de
medos, reaes emocionais, processos cognitivos e determinadas tcnicas psicoteraputicas e da importncia de
interpretao das percepes, etc.; tais tcnicas serem avaliadas com mtodos objetivos.
Algumas tcnicas psicoteraputicas so acusadas de se
Fatores socioculturais - como a presena de outras basearem em teorias sem fundamento emprico. Por outro
pessoas, expectativas da sociedade e do meio cultural, lado muito tem sido investido nos ltimos anos na avaliao
influncia do crculo familiar, de amigos, etc., modelos de das tcnicas psicoteraputicas e muitas pesquisas, apesar de
papis sociais, etc. tambm elas terem alguns problemas metodolgicos,
Para ser capaz de ver o homem sob tantos e to distintos mostram que as psicoterapias das escolas psicolgicas
aspectos a psicologia se v na necessidade de complementar tradicionais (mainstream), isto , das escolas mencionadas
seu conhecimento com o saber de outras cincias e reas do mais acima neste artigo, so efetivas no tratamento dos
conhecimento. Assim, na parte da pesquisa terica, a transtornos psquicos.
psicologia se encontra (ou deveria se encontrar) em constante Terapias "alternativas" no psicolgicas
contato com a fisiologia, a biologia, a etologia, a neurologia e
s neurocincias (ligadas aos fatores biolgicos) e Um dos maiores problemas relacionados distncia que
antropologia, sociologia, etnologia, histria, separa a teoria cientfica da psicologia e sua prtica
arqueologia, filosofia, metafsica, lingustica teraputica a multiplicao indiscriminada do nmeros de
informtica, teologia e muitas outras ligadas aos fatores "terapias alternativas" que se v atualmente, muitas das quais
socioculturais. baseadas em princpios de origem duvidosa e no
pesquisados. Muitos autores j haviam apontado o grande
No trabalho prtico a necessidade de interdisciplinaridade crescimento no nmero de tratamentos e terapias realizados
no menor. O psiclogo, de acordo com a rea de trabalho, sem treinamento adequado e sem uma avaliao cientfica
trabalha sempre em equipes com os mais diferentes grupos sria. Lilienfeld (2002) constata com preocupao que "uma
profissionais: assistentes sociais e terapeutas ocupacionais; grande variedade de mtodos psicoteraputicos de
funcionrios do sistema jurdico; mdicos, enfermeiros e funcionamento duvidoso e por vezes mesmo danosos -
outros agentes de sade; pedagogos; fisioterapeutas, incluindo "comunicao facilitada" para o autismo infantil,
fonoaudilogos e muitos outros - e muitas vezes as diferentes tcnicas sugestivas para recuperao da memria, (ex.
reas trazem tona novos aspectos a serem considerados. regresso etria hipntica, trabalhos com a imaginao),
Um importante exemplo desse trabalho interdisciplinar so os terapias energticas e terapias new-age de todos os tipos
comits de Biotica, formados por diferentes profissionais - possveis (ex. rebirthing, reparenting, regresso de vidas
psiclogos, mdicos, enfermeiros, advogados, fisioterapeutas, passadas, terapia do grito original, programao
fsicos, telogos, pedagogos, farmacuticos, engenheiros, neurolingustica, terapia por abduo aliengena) surgiram ou
terapeutas ocupacionais e pessoas da comunidade onde o mantiveram sua popularidade nas ltimas dcadas." Allen
comit est inserido, e que tm por funo decidir aspectos Neuringer (1984) fez crticas semelhantes partindo da anlise
importantes sobre pesquisa e tratamento mdico, psicolgico, experimental do comportamento.
entre outros.
Psicologia social
Crtica
A psicologia social surgiu no sculo XX como uma rea
O status cientfico de aplicao da psicologia para estabelecer uma ponte entre
A psicologia frequentemente criticada pelo seu carter a psicologia e as cincias sociais (sociologia, antropologia,
"confuso" ou "impalpvel". O filsofo Thomas Kuhn afirmou cincia poltica). Sua formao acompanhou os movimentos
em 1962 que a psicologia em geral estava em um estgio ideolgicos e conflitos do sculo, a ascenso do nazi-
"pr-paradigmtico" por lhe faltar uma teoria de base fascismo, as grandes guerras, a luta do capitalismo contra o
unanimemente aceita, como o caso em outras cincias mais socialismo, etc. O seu objeto de estudo o comportamento
maduras como a fsica e a qumica. dos indivduos quando esto em interao, o que ainda hoje,
controverso e aparentemente redundante pois como se diz
Por grande parte da pesquisa psicolgica ser baseada em desde muito: o homem um animal social.
entrevistas e questionrios e seus resultados terem assim um
carter correlativo que no permite explicaes causais, Mesmo antes de estabelecer-se como psicologia social as
alguns crticos a acusam de no ser cientfica. Alm disso questes sobre o que inato e o que adquirido no homem
muitos dos fenmenos estudados pela psicologia, como permeavam a filosofia mais especificamente como questes

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sobre a relao entre o indivduo e a sociedade, (pr- - estatuto (status) social;
cientficas segundo alguns autores) avaliando como as
disposies psicolgicas individuais produzem as instituies - liderana;
sociais ou como as condies sociais influem o - esteretipos (estigma);
comportamento dos indivduos. Segundo Jean Piaget (1970)
tarefa dessa disciplina conhecer o patrimnio psicolgico - alienao;
hereditrio da espcie e investigar a natureza e extenso das - Identidade, valores ticos;
influencia sociais.
Teoria das representaes sociais, a Produo de
Enquanto rea de aplicao distingue-se por tomar como Sentido, Hegemonia Dialtica Excluso /Incluso Social
objetos as massas ou multides associada prtica jurdica
de legislar sobre os processos fenmenos coletivos como Analisa os fatores sociais da Psicologia Humana
linchamento, racismo, homofobia, fanatismo, terrorismo ou
- motivao;
utilizao por profissionais do marketing e propaganda
(inclusive poltica) e associada aos especialistas em dinmica - o processo de socializao
de grupo e instituies atuando nas empresas, coletividades
ou mesmo na clnica (terapia de grupos). Nessa perspectiva - as atitudes, as mudanas de atitudes;
poderemos estabelecer uma sinonmia ou equivalncia entre - opinies / Ideologia, moral;
as diversas psicologias que nos apresentam como sociais:
comunitria, institucional, dos povos (etnopsicologia) das - preconceitos;
multides, dos grupos, comparada (incluindo a sociobiologia), - papis sociais
etc.
- estilo de vida (way of life - modo ou gnero de vida)
Segundo Aroldo Rodrigues, um dos primeiros psiclogos
brasileiros a escrever sobre o tema, a psicologia social uma Naturalmente a subdiviso dos temas acima enumerados
cincia bsica que tem como objeto o estudo das apenas didtica os mesmos esto intrinsecamente
"manifestaes comportamentais suscitadas pela interao de relacionados. Observe-se tambm que muitos desses temas
uma pessoa com outras pessoas, ou pela mera expectativa e conceitos foram desenvolvidos ou so tambm abordados
de tal interao". A influncia dos fatores situacionais no por outras disciplinas (e inter-disciplinas) cientficas seja das
comportamento do indivduo frente aos estmulos sociais. cincias sociais ou biolgicas, cabe ao pesquisador na sua
(Rodrigues , 1981) aproximao do problema ou delineamento da pesquisa
estabelecer os limites e marco terico de sua interpretao de
O que precisa ser esclarecido para entender a relao do resultados. Pode-se ainda dar um destaque aos temas:
social com a psicologia, quer concebida como cincia da
mente (psique) quer como cincia do comportamento como Agresso humana (violncia)
esse social pode ser pensado e compreendido desde o
Trabalho e Ao Social
carter assistencialista ou gesto racional da indigncia na
idade mdia at emergncia das concepes democrticas Relaes de Gnero, Raa e Idade
cincias humanas no sculo XX passando pela formulao
das questes sociais em especial os ideais de liberdade e Psicologia das Classes Sociais Relaes de Poder
igualdade no sculo das luzes e os direitos humanos. Psicanlise e questes scio-polticas
Categorias fundamentais da Psicologia Social Dinmica dos Movimentos Sociais
A Psicologia Social - a cincia que procura compreender Sade mental e justia: interfaces contemporneas,
os como e porqus do comportamento social. A interao
social, a interdependncia entre os indivduos e o encontro Efeitos dos diferentes tipos de liderana: Os diferentes
social. Seu campo de ao portanto o comportamento tipos de liderana provocam diferentes efeitos, quer ao nvel
analisado em todos os contextos do processo de influncia da produtividade do grupo, quer ao nvel da satisfao dos
social. Uma pesquisa nos manuais de ensino e ementas das membros do grupo.
diversas universidades nos remetem :
Histrico
Em 1895, o cientista social francs Gustave Le Bon (1841-
- interao pessoa/pessoa; 1931) apresentou, em seu pioneiro trabalho sobre a
- interao pessoa/grupo (os grupos sociais) Psicologia das Multides, a proposio bsica para o
entendimento de uma psicologia social: sejam quais forem os
- interao grupo/grupo. (enfoques nacionais, regionais indivduos que compem um grupo, por semelhantes ou
e locais) dessemelhantes que sejam seus modos de vida, suas
Estuda as relaes interpessoais: ocupaes, seu carter ou sua inteligncia, o fato de haverem
sido transformados num grupo, coloca-os na posse de uma
espcie de mente coletiva que os fazem sentir, pensar e agir
- influncias; de maneira muito diferente daquela pela qual cada membro
dele, tomado individualmente, sentiria, pensaria e agiria, caso
- conflitos; comportamento divergente
se encontrasse em estado de isolamento [9: p. 18]. Essa
- autoridade, hierarquias, poder; proposio e os argumentos de Le Bon para justific-la, serviu
de parmetro para o estudo sobre Psicologia de Grupo
- o pai, a me e a famlia em distintos perodos histricos e publicado por Sigmund Freud em 1921.
culturas
A questo terica de Le Bon, com quem Freud dialogou
- a violncia domstica, contra o idoso, a mulher e a era "massa", no "grupo". Um problema de traduo entre o
criana alemo e o ingls fez com que surgisse o termo "grupo" em
Investiga os fatores psicolgicos da vida social: Freud, embora no haja evidncias de que o mesmo tenha se
preocupado com esta questo. Contudo essa categoria de
- sistemas motivacionais (instinto); explicao retomada em diversos dissidentes da psicanlise

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como Carl Gustav Jung (1875-1961) que introduziu o conceito melhor a produtividade e desempenho nos ambientes de
inconsciente coletivo - o substrato ancestral e universal da trabalho.
psique humana, e surpreendeu o mundo com sua clebre
interpretao do fenmeno dos discos voadores como um Na escola americana de psicologia social cabe ainda um
mito moderno e Wilhelm Reich com sua anlise da anomia destaque para William McDougall (1871-1938). Esse autor,
(Escutas a Z Ningum) e governos totalitrios (Psicologia britnico que viveu 24 anos na Amrica, foi um dos primeiros
das Massas e do Fascismo). A psicanlise dos governantes a utilizar o nome de psicologia social (1908) e comportamento
ou relao entre a psique individual e a cultura ou civilizao (behavior) e representa a tendncia evolucionista americana,
por sua vez um tema frequente na obra de Freud e outros ps efeito da teoria da evoluo de Darwin que veio a reforar
psicanalistas (E. Eriksom, E. Fromm etc.) que estudam a a tendncia aos estudos de psicologia comparada e da
relao dessa cincia com a antropologia. abordagem comportamental apesar da diferena essencial
entre as proposies quanto utilizao do conceito de
A relao entre a etnologia e psicologia especialmente instinto como categoria explicativa aproximando-se portanto
fecunda, inmeros etnlogos investigaram e tomaram como de um corrente representada por S. Freud e G. H. Mead.
ponto de partida das suas pesquisas as teorias picanalticas e
psicolgicas a exemplo de Ruth Benedict Margaret Mead George Hebert Mead (1863-1931) inserido no
Malinowski Lvi-Strauss. pragmatismo James (1842-1910) Peirce (1839-1931) e
Dewey (1859-1952) americano o criador da teoria do
Por outro lado observa-se tambm que psicologia interacionismo simblico em seu curso de psicologia social da
desenvolveu sua notoriedade como disciplina cientfica ao Universidade de Chicago do qual nos deixou o livro
afirma-se como uma cincia natural em oposio s cincias construdo a partir de anotaes de sues alunos Mind Self
sociais ou humanas nos finais do sculo XIX. Crente na and Society bem melhor compreendido por socilogos do
impossibilidade terica da mente voltar-se sobre- se mesmo que por psiclogos. Essa relao com a sociologia no vem
como sujeito objeto de pesquisa Wilhelm Wundt (1832-1920) s do fato de seu curso e teoria ter sido continuado por um
props a psicologia como um novo domnio da cincia em socilogo Herbert Blumer e sua rejeio no contexto do
1874 no seu livro Princpios de Psicologia Fisiolgica e a paradigma behaviorista mas por que os conceitos de ato,
criao de um laboratrio de psicologia experimental (1879) ao e ator social so essencialmente teis ao entendimento
em Leipzig. Esse mesmo autor contudo suponha ser das polticas pblicas e intervenes sociais. Sua importncia
necessrios estudos complementares voltados ao estudo da vem sendo reconhecida em nossos dias pela influncia da
mente em suas manifestaes externas, a sua sua teoria nos estudos e proposies Erving Goffman autor
Vlkerpsychologie - Psicologia dos povos / social ou cultural de Prises manicmios e conventos, um livro fundamental no
(10 volumes) escritos entre 1900 e 1920 com anlises processo de transformao do tratamento psiquitrico
detalhadas da lngua e cultura. Trs dos volumes so (reforma psiquitrica) e luta anti-manicomial em nossos dias.
dedicados aos mitos e religio; dois linguagem (hoje seria
considerados como psicologia lingustica); dois sociedade e a psicologia social rompe com a oposio entre o
um cultura e histria (a psicologia social de hoje); um a lei indivduo e a sociedade, enquanto objetos dicotmicos que se
(hoje a psicologia forense ou jurdica) e um arte (um tpico auto-excluem, procurando analisar as relaes entre
que abrange as modernas concepes de inteligncia e indivduos (interaes), as relaes entre categorias ou
criatividade). grupos sociais (relaes intergrupais) e as relaes entre o
simblico e a cognio (representaes sociais).Assim,
Tal aspecto de sua obra vem sendo recuperada por sua apresenta como objeto de estudo os indivduos em contexto,
aplicao e semelhana com os modernos estudos de sendo que as explicaes so efetuadas tendo em conta
psicologia cognitiva. Segundo Farr possvel perceber o quatro nveis de anlise: nvel intra-individual (o individuo), o
desenvolvimento posterior das ideias de Wundt na psicologia nvel inter-individual e situacional (interaes entre os
social de G. H Mead e Herbert Blumer, os criadores do indivduos ou contexto), o nvel posicional (posio que o
interacionismo simblico na Universidade de Chicago e indivduo ocupa na rede das relaes sociais), e o nvel
Vygotsky na Rssia. ideolgico (crenas, valores e normas coletivas). Pepitone, A.
(1981). Lessons from the history of social psychology.
O grupo como objeto de estudos ganhou densidade na American Psychologist, 36, 9, 972-985. Silva, A. & Pinto, J.
psicologia social durante a segunda guerra mundial, com Kurt (1986). Uma viso global sobre as cincias sociais. In Silva,
Lewin (1890-1947), considerado por muitos autores como A. & Pinto, J. (Coords.), Metodologia das Cincias Sociais
fundador da psicologia social. Contemporneo dos (pp. 9-27). Porto: Edies Afrontamento.
fundadores da psicologia da gestalt e integrante dessa teoria
esse autor radicou-se nos Estados Unidos a partir de 1933 Psicologia Social no Brasil
onde chefiou no MIT Massachusetts Instituto de Tecnologia o
Centro de Pesquisa de Dinmica de Grupo junto com uma A psicologia social no Brasil tem incio nos estudos
srie de autores que desenvolveram a escola americana de etnopsicolgicos de Nina Rodrigues em 1900, O animismo
psicologia social a exemplo de D. Cartwright que assumiu a fetichista dos negros africanos e As coletividades anormais,
direo do instituto aps a sua morte e Leon Festinger (1919- ou melhor, como coloca Laplantine (1998) nos estudos que
1979) que desenvolveu a teoria da dissonncia cognitiva revelam o confronto entre a etnografia e a psicologia.
explorando o desconforto da contradio dos conflitos e Materiais etnogrficos recolhidos a partir de observaes
estado de consistncia interna ainda hoje referncia para os muito precisas so interpretados no mbito da psicologia
estudos de valores ticos em psicologia social. clnica da poca. Nina Rodrigues considera os problemas da
integrao das populaes europias s advindas da
A Dinmica de Grupo ou cincia dos pequenos grupos, dispora africana que segundo ele constituem o principal
para alguns autores o objeto e mtodo da psicologia social, obstculo para o progresso da sociedade global.
limita-se porm ao estudo emprico da interao dentro dos
grupos. Sendo porm relevantes as suas contribuies sobre Muitos autores brasileiros seguiram essa linha de
a estrutura grupal, os estilos de liderana, os conflitos e raciocnio que oscilava entre os pressupostos biolgicos
motivaes, espao vital ou o campo de foras que racistas da degenerescncia racial, uma interpretao
determinam a conduta humana possuem diversas aplicaes psicolgica (instabilidade do carter resultante do choque de
e entre elas a psicologia infantil e a modificao de duas culturas) at as modernas interpretaes sociolgicas
comportamentos seja para benefcios dietticos (estudos de iniciadas a partir de 1923 com os estudos de Gilberto Freyre
pesquisa ao realizados com Margareth Mead) seja para

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autor do reconhecido internacionalmente Casa grande e como saudveis as tticas e estratgias de enfrentamento da
senzala. classe proletria.
Com o ttulo de Psicologia Social vamos encontrar o Crticas Psicologia Social
trabalho de Arthur Ramos (1903-1949) que foi o professor
convidado para ministrar o curso de psicologia social na Hoje em dia, a teoria da psicologia social tem recebido
recm criada Universidade do Distrito Federal no Rio de inmeras crticas. Apontamos agora as principais:
Janeiro (1935) e logo desfeita pelo contexto poltico da poca. a) Baseia-se num mtodo descritivo, ou seja, um mtodo
Este no fugiu clssica abordagem do estudo simultneo que se prope a descrever aquilo que observvel, fatual.
das inter-relaes psicolgicas dos indivduos na vida social e uma psicologia que organiza e d nome aos processos
a influncia dos grupos na personalidade mas face a sua observveis dos encontros sociais.
experincias anteriores nos servios de medicina legal e
mdico de hospital psiquitrico na Bahia tinha em mente os b) Tem seu desenvolvimento comprometido com os
problemas da inter-relao de culturas e sade mental (com objetivos da sociedade norte-americana do ps-guerra, que
ateno especial aos aspectos msticos - primitivos da precisava de conhecimentos e de instrumentos que
psicose) retomando-os a partir das proposies da possibilitassem a interveno na realidade, de forma a obter
psicanlise e psicologia social americana situando-se resultados imediatos, com a inteno de recuperar a nao,
criticamente entre as tendncias de uma sociologia garantindo o aumento da produtividade econmica. No
psicolgica e uma psicologia cultural. para menos que os temas mais desenvolvidos foram a
comunicao persuasiva, a mudana de atitudes, a dinmica
Nas ltimas dcadas a psicologia social brasileira, grupal etc., voltados sempre para a procura de "frmulas de
segundo Hiran Pinel (2005), foi marcada por dois psiclogos ajustamento e adequao de comportamentos individuais ao
bastante antagnicos: Aroldo Rodrigues (empirismo e que contexto social".
adotou uma abordagem mais de experimental-cognitiva, por
exemplo, de propagandas etc.) e, mais recentemente Silvia c) Parte de uma noo estreita do social. Este
Lane (marxista e scio-histrica). considerado apenas como a relao entre pessoas a
interao pessoal -, e no como um conjunto de produes
Silvia Tatiana Maurer Lane e Aniela Ginsberg foram humanas capazes de, ao mesmo tempo em que vo
professoras fundadoras do Programa de Estudos Ps- construindo a realidade social, construir tambm o indivduo.
Graduados em Psicologia Social da PUC-SP o primeiro curso Esta concepo ser a referncia para a construo de uma
de mestrado e doutorado da rea a funcionar no Brasil, entre nova psicologia social.
1972 e 1983. Onde psicologia social uma disciplina
(terica/prtica) referendada em pesquisas empricas sobre Uma nova Psicologia Social e Institucional
os problemas sociais brasileiros. Os textos desenvolvidos por Com uma posio mais crtica em relao realidade
professores e autores escolhidos so adotados como social e contribuio da cincia para a transformao da
bibliografia bsica na maioria dos cursos de Psicologia do sociedade, vem sendo desenvolvida uma nova psicologia
Brasil e, tambm, em concursos pblicos na rea da sade e social, buscando a superao das limitaes apontadas
educao. Receberam o prmio outorgado pela Sociedade anteriormente,
Interamericana de Psicologia (SIP), em julho de 2001.
A psicologia social mantm-se aqui como uma rea de
Lane fez seguidores famosos e muito estudados na conhecimento da psicologia, que procura aprofundar o
atualidade: Antonio da Costa Ciampa (precursor nos estudos conhecimento da natureza social do fenmeno psquico.
sobre identidade em perspectiva materialista histrica, cuja
referncia de estudos inscrevem eminentes trabalhos de O que quer dizer isso?
pesquisas inovadoras em diferentes reas do conhecimento,
A subjetividade humana, isto , esse mundo interno que
favorecendo a amplitude da categoria de estudo identidade
possumos e suas expresses, so construdas nas relaes
enquanto elementar para discusses nas cincias humanas e
sociais, ou seja, surge do contato entre os homens e dos
da sade de modo geral) Ana Bock e outros (mais ligados a
homens com a Natureza.
Vigotski), como Bader Sawaia (que descreve minuciosamente
as artimanhas da Excluso social e o quanto falso e Assim, a psicologia social, como rea de conhecimento,
hipcrita a incluso, encarada como "maquiagem" que cala a passa a estudar o psiquismo humano, objeto da psicologia,
voz do oprimido); Wanderley Codo (que estuda grupos buscando compreender como se d a construo deste
minoritrios, sofrimentos e as questes de sade dos mundo interno a partir das relaes sociais vividas pelo
professores e professoras); Maria Elizabeth Barros de Barros homem. O mundo objetivo passa a ser visto, no como fator
e Alex Sandro C. Sant'Ana (que se associam as ideias de de influncia para o desenvolvimento da subjetividade, mas
Foucault, Deleuze, Guattari entre outros); Carlos Eduardo como fator constitutivo.
Ferrao (que se associa com Boaventura de Sousa Santos e
Michel de Certeau); Hiran Pinel (que resgata tanto o Numa concepo como essa, o comportamento deixa de
existencialismo quanto o marxismo de Paulo Freire) etc. ser "o objeto de estudo", para ser uma das expresses do
mundo psquico e fonte importante de dados para
O psiclogo bielorrusso Vygotsky - um fervoroso marxista compreenso da subjetividade, pois ele se encontra no nvel
sem perder a qualidade de psiclogo e educador - foi do emprico e pode ser observado; no entanto, essa nova
resgatado por Alexander Luria em parceria com Jerome psicologia social pretende ir alm do que observvel, ou
Bruner nos Estados Unidos da Amrica, pas que marcou - e seja, alm do comportamento, buscando compreender o
marca - a psicologia brasileira. Em 1962 publicado nos mundo invisvel do homem.
EUA, e aps a sada dos militares do governo brasileiro,
tornou-se inevitvel sua publicao no Brasil. Alm disso, essa psicologia social abandona por completo
a diferena entre comportamento em situao de interao ou
Os psiclogos sociais scio-histricos, produzem artigos no interao. Aqui o homem um ser social por natureza.
criticando o Estado e o modo neo-liberal de produo que tem Entende-se aqui cada indivduo aprende a ser um homem nas
um forte impacto na produo de subjetividades. As prticas relaes com os outros homens, quando se apropria da
so mais ativas e menos desenvolvidas em consultrios, e a realidade criada pelas geraes anteriores, apropriao essa
noo de psicopatologia mudou bastante, reconhecendo que se d pelo manuseio dos instrumentos e aprendizado da
cultura humana.

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O homem como ser social, como um ser de relaes significa "do frum" referindo-se corte imperial na Roma
sociais, est em permanente movimento. Estamos sempre antiga. A este ramo relativamente novo e especializado da
nos transformando, apesar de aparentemente nos mantermos psicologia foi dado o reconhecimento oficial pela Associao
iguais. Isso porque nosso mundo interno se alimenta dos Americana de Psicologia apenas em 2001.
contedos que vm do mundo externo e, como nossa relao
com esse mundo externo no cessa, estamos sempre como O retrato da psicologia forense em seriados, livros e filmes
que fazendo a "digesto" desses alimentos e, portanto, provocou uma onda de interesse no campo, especialmente
sempre em movimento, em processo de transformao. nestes ltimos anos. No entanto, estas so representaes
glamourizadas da profisso e no so totalmente precisas. As
Ora, se estamos em permanente movimento, no pessoas que praticam psicologia forense no so estritamen-
podemos ter um conjunto terico onde os conceitos paralisam te "os psiclogos forenses" , eles tambm poderiam ser psic-
nosso objeto de estudo. Se nos limitarmos a falar das logos clnicos ou psiclogos infantis, mas a sua experincia
atitudes, da percepo, dos papis sociais e acreditarmos que ou conhecimento pode ser obrigado a prestar testemunho,
com isso compreendemos o homem, no estaremos avaliao e recomendaes em casos legais. Alguns de seus
percebendo que, ao desempenhar esse papel, ao perceber o papis incluem a determinao da competncia de um indiv-
outro e ao desenvolver ou falar sobre sua atitude, o homem duo para ser julgado, avaliao da sade mental em casos,
estar em movimento, Por isso, nossa metodologia e nosso por exemplo, de insanidade e avaliao forense especializada
corpo terico devem ser capazes de captar esse homem em na personalidade de um indivduo. Por exemplo, um psiclogo
movimento e intervir nas polticas pblicas que organizam e clnico pode ser solicitado a avaliar a sade mental de um
re-organizam a vida social aumentando ou diminuindo os suspeito ou um psiclogo infantil ser solicitado a avaliar
efeitos da desigualdade social e misria do mundo. crianas submetidas a abusos ou prepar-los para depoimen-
to no tribunal em casos de custdia penal ou criana.
E, superando esse conceitual da antiga psicologia social,
a nova ir propor, como conceitos bsicos de anlise, a Psiclogos forenses trabalham em prises, delegacias de
atividade, a conscincia e a identidade, modo de vida que so polcia, escritrios de advocacia, centros de reabilitao ou
as propriedades ou caractersticas essenciais dos homens e agncias do governo e lida diretamente com os advogados,
expressam o movimento humano. Esses conceitos e arguidos, vtimas, familiares ou pacientes dentro dessas
concepes foram e vm sendo desenvolvidos por vrios instituies. Suas responsabilidades no mbito das
autores soviticos que produziram at a dcada de 1960. instituies correcionais envolver regulares avaliaes
Wikipdia psicolgicas, sesses de terapia individual e de grupo, gesto
de raiva ou de crise e outras avaliaes judiciais. O trabalho
PSICOLOGIA JURDICA da psicologia forense tambm inclui o trabalho com os
A Psicologia, inegavelmente, desempenha importante fun- departamentos de polcia, para avaliar agentes da lei e dar
o junto ao Direito. Pode-se afirmar que ambos tem a condu- formao sobre o perfil do criminoso e outros cursos
ta humana como ponto de interesse; mas enquanto o Direito relevantes. H tambm aqueles que preferem atividades
busca estabelecer padres objetivos de conduta em socieda- acadmicas em universidades para fazer mais pesquisas
de, inclusive sancionando os desvios nesse sentido, prope- sobre o direito em criminologia, e do comportamento humano.
se a Psicologia a investigar e entender o efetivo comporta- Analisar a evoluo da criminalidade, perfis criminais e
mento humano, subjetivamente considerado. eficazes tratamentos de sade mental so alguns dos temas
abordados pela psicologia forense.
Assim, como resultado do reconhecimento da contribuio
que a Psicologia pode trazer ao Direito, surgiu a Psicologia O que separa este ramo de outras reas como a
Jurdica. Entre outros benefcios para a sociedade, essa inte- psicologia clnica que a psicologia forense limitada a
grao entre as referidas cincias permite a elucidao de funes especficas em cada caso individual, tais como o
muitas questes frequentemente submetidas ao Poder Judici- fornecimento de conselhos sobre a capacidade mental do
rio. suspeito para enfrentar as acusaes. Aprender as respostas
para "o que a psicologia forense?" Significa lidar com
O psiclogo jurdico um profissional cuja atuao se re- pessoas que esto recebendo avaliao e tratamento no por
vela por vezes imprescindvel em processos envolvendo se- escolha, ao contrrio do cenrio usual da clnica onde os
parao, divrcio, disputa de guarda, regulamentao de clientes se oferecem para procurar ajuda.
visitas, adoo, destituio do poder familiar, interdio, apli-
cao de medidas scio-educativas a menores infratores, Eles tambm so chamados para prestar depoimento de
necessidade de apurao das motivaes de crimes sob a um especialista, mas deve ser bastante conhecedor do
tica dos criminosos, apoio a vtimas de delitos ou a testemu- sistema jurdico a ser chamado como testemunha credvel
nhas, entre outras tantas situaes, nas quais preciso com- para o caso. A maior parte de seu papel estar se
preender as causas de uma conduta, orientar uma atitude, ou preparando e entregando o seu testemunho e traduzi-lo para
at mesmo prevenir danos emocionais. termos legais, o que tem sido mais desafiador j que os
advogados sabem como minar ou desacreditar opinies
Embora se possa considerar a Psicologia Jurdica uma psicolgicas. Houve casos de simulao ou doenas fingidas
rea ainda emergente, os operadores do Direito dela cada onde os psiclogos devem saber reconhecer os sintomas
vez mais se socorrem, na certeza de que o laudo, o parecer, reais, bem como avaliar a consistncia das informaes em
a manifestao, a orientao ou qualquer outra forma de diferentes fontes. Uma grande parte da compreenso da
auxlio proporcionado pelo trabalho do psiclogo jurdico, o resposta pergunta "o que a psicologia forense" significa
que viabiliza, em muitos casos, o sempre almejado encontro ser capaz de explicar ou reformular termos psicolgicos ou
do Direito com a justia. Karina Alecrim Bessa. princpios dentro de um quadro jurdico. Rodrigo Soares
O que a psicologia forense? AS COMPETNCIAS DA PSICOLOGIA JURDICA NA
Quando as pessoas perguntam "o que a psicologia AVALIAO PSICOSSOCIAL DE FAMLIAS EM CONFLITO
forense?" Elas geralmente pensam nos profilers criminais Liana Fortunato Costa; Maria Aparecida Penso; Viviane
visto em filmes e programas de televiso, quando esta Neves Legnani; Maria Ftima Olivier Sudbrack
apenas uma frao do que acontece na realidade. Em sua
definio mais bsica, a psicologia forense a aplicao da Construo do campo da Psicologia
prtica da psicologia dentro da lei e do sistema jurdico. A
palavra "forense" se originou da palavra latina "forensis", que

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Historicamente, o sistema de Justia como conhecemos no se pode reduzir a prtica do psiclogo jurdico percia.
hoje muito recente. Surge a partir da ascenso da burguesia Concordamos com Miranda Junior (1998) de que necessria
ao poder no Ocidente, associado consolidao do Estado uma abertura para a escuta do outro, possibilitando a emer-
moderno, baseado nos princpios da revoluo Francesa e gncia do sujeito em sua singularidade na sua relao com a
seus ideais de justia: Igualdade, liberdade e Fraternidade. A lei simblica e com a lei definida nos cdigos jurdicos.
transformao de governos monrquicos absolutistas em re-
Atuao do psiclogo na Justia
pblicas livres e supostamente governadas pelo povo e para o
povo tira o poder das mos dos soberanos e o coloca sob a O que os psiclogos fazem na Justia? Esta uma pergun-
tutela do Estado, fazendo surgir o Direito moderno, ao qual se ta que ns, enquanto professores e supervisores de estgio na
atribuiu a tarefa de assegurar a ordem, garantir a ordem pbli- rea, ainda temos que responder aos nossos alunos e at
ca e regular a convivncia social. (Selosse, 1990). mesmo para nossos colegas. Como vimos no breve histrico
De acordo com Miranda Junior (1998), esse processo acar- apresentado anteriormente, mesmo que a relao Psicologia e
retou que os rgos judiciais e legislativos incorporassem Direito seja discutida desde o incio do sculo XVIII, a Psicolo-
noes e conceitos de outras reas, entre elas a Psiquiatria e gia Jurdica no Brasil, enquanto rea de atuao especfica,
a Psicologia. Ainda para esse autor, a aproximao entre a somente comea a se consolidar no Sculo XX, mais especifi-
Psicologia e o direito comeou no campo da psicopatologia, camente na dcada de 50. Mesmo assim, apresenta-se, inici-
com a realizao de diagnsticos de sanidade mental solicita- almente, de forma muito tmida executando tarefas tradicionais
dos por juzes, baseados no uso de testes (classificao e da Psicologia, como a elaborao de laudos nas Varas Cveis,
controle dos indivduos). Portanto, nesse primeiro momento, a Criminais, Justia do trabalho, da Famlia, da Criana e do
funo do psiclogo era fornecer um parecer tcnico (pericial) adolescente.
que fundamentasse as decises do sistema judicirio (mapa A atuao do Psiclogo na Justia , em grande parte, de-
subjetivo do sujeito diagnosticado, quase sempre descontex- terminada por legislaes especficas na rea e por previses
tualizado). Nesse sentido, a Psicologia passa a ser utilizada nos regimentos internos dos Tribunais de Justia. A lei n
como um dos saberes que substitui cientificamente o inqurito 7.210, de 17 de julho de 1984, pre v para o Sistema Penal
na produo jurdica (Foucault, 1986). Brasileiro, artigos 06 e 07, a atuao do psiclogo:
A ideia de que a Psicologia poderia auxiliar o direito j es- Art. 6 - A classificao ser feita por Comisso Tcnica de
tava presente desde o sculo XVIII. Jesus (2001), numa revi- Classificao que elaborar o programa individualizador e
so de obras a respeito dessa relao, cita o livro de Eckardts acompanhar a execuo das penas privativas de liberdade e
Hausem, "a necessidade de conhecimento psicolgico para restritivas de direitos, devendo propor, autoridade competen-
julgar delitos", de 1792, como uma das primeiras obras sobre o te, as progresses e regresses dos regimes, bem como as
tema. O autor cita tambm as obras de Hoffbauer, "a Psicolo- converses.
gia em suas em suas principais aplicaes administrao da
Justia", de 1808, e o "Manual sistemtico de Psicologia Judi- Art. 7 A Comisso Tcnica de Classificao, existente em
cial", de 1835, de Zitelman. Selosse (1989), por sua vez, cita cada estabelecimento, ser presidida pelo diretor e composta,
Hans Gross, jurista alemo interessado nos mtodos e proce- no mnimo, por dois chefes de servio, um psiquiatra, um psi-
dimentos de investigao e exame de provas, que em 1898 clogo e um assistente social, quando se tratar de condenado
publicou a primeira obra de Psicologia Criminal, como um pena privativa da liberdade (Brasil, 1984).
marco para o surgimento da Psicologia Jurdica. A lei n 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criana
No o objetivo deste artigo fazer uma reviso histrica da e do Adolescente, afirma de forma incisiva a necessidade da
Psicologia Jurdica. No entanto, nos parece importante escla- presena do psiclogo para lidar com as questes especficas
recer que h mais de trs sculos, Psicologia e direito buscam da rea, seja no que diz respeito proteo, ou na questo do
formas conjuntas de descrio do comportamento criminoso. adolescente em conflito com a lei.
No Sculo XX, definidas as primeiras aplicaes da Psicologia Art. 87. So linhas de ao da poltica de atendimento: III -
ao Direito, comeam a surgir diferentes denominaes para servios especiais de preveno e atendimento mdico e psi-
uma nova rea de trabalho. Segundo Selosse (1989), essas cossocial s vtimas de negligncia, maustratos, explorao,
denominaes dependero do objeto de estudo. Na Frana, abuso, crueldade e opresso.
aqueles que estudam os autores das infraes cunharam o
termo "Psicologia Criminal"; aqueles que se dispuseram a Art. 150. Cabe ao Poder Judicirio, na elaborao de sua
examinar as interaes entre Juristas e os usurios do sistema proposta oramentria, prever recursos para manuteno de
de justia passaram a utilizar o termo "Psicologia Judiciria". equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justia da
Finalmente, um outro grupo, interessado nas implicaes da Infncia e da Juventude (Brasil, 1990).
Psicologia na punio e nas sanes, vem utilizando o termo
O Cdigo de Processo Civil - lei 5.869/73 trata no livro I,
Psicologia Penal.
captulo V do ttulo IV - dos auxiliares da Justia, no art. 139,
No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia do perito como auxiliar a servio da Justia, sendo que os
(www.crpsp.org.br) usa o termo Psicologia Jurdica para definir artigos 145 e 147 estabelecem os critrios para sua nomeao
uma das especialidades do psiclogo e apresenta uma ampla e habilitao.
descrio da sua rea de atuao. Segundo Bonfim (1994), o
No entanto, como afirma Silva (2003), o prprio Cdigo no
livro de Mira e Lopez, "Manual de Psicologia Jurdica", publi-
conceitua o que chama de percia, limitando-se apenas a afir-
cado na Espanha em 1937 com traduo brasileira de 1955,
mar que a prova pericial so procedimentos de: exame, de
se constituiu em um importante marco para a formao desse
vistoria ou avaliao. Mas essa autora tambm afirma que o
campo de atuao profissional. No entanto, essa autora alerta
psiclogo ter que se encaixar nesses artigos para executar o
para o fato de que a sua prtica continua ainda muito atrelada
seu trabalho junto s Varas de Famlia. A partir do que est
aos processos jurdicos, mesmo que alguns profissionais te-
posto no Cdigo Processual Civil, os tribunais de Justia dos
nham trabalhado no sentido de mudar essa realidade, buscan-
Estados e do Distrito Federal e territrios, por meio das suas
do atuar tambm a servio da cidadania plena: "Tais profissio-
Corregedorias, aprovaro Provimentos criando Servios Psi-
nais acreditam na possibilidade de um exerccio profissional
cossociais e delimitando as suas atribuies. Uma das ques-
onde a informao deva ser repassada no s aos juristas,
tes levantadas por Silva (2003) diz respeito ao fato de que os
mas tambm s pessoas que carecem de interveno, de
procedimentos de atuao dos profissionais psiclogos nestes
forma que o trabalho no seja estigmatizante e de controle
servios so definidos sem nenhuma participao do Conselho
social" (Bonfim, 1994, p. 235). Para ns ponto pacfico que

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Federal de Psicologia (CFP) ou dos Conselhos Regio nais de ando como um estudo que tem uma conotao mais compre-
Psicologia (CRP), fazendo com que prevalea uma perspectiva ensiva e discussiva do que a contida em expresses como
clssica do seu trabalho e dificulte a delimitao do seu espa- percia ou parecer. Por outro lado, o estudo de ordem psi-
o na interface com o direito. cossocial, no somente da ordem do psicolgico ou do psico-
patolgico, o que traz implcita uma diferena que o reco-
Esto apontadas a algumas questes precpuas: qual o nhecimento de que as questes a serem mediadas no judici-
trabalho do psiclogo nos sistema judicial, considerando-se rio possuem uma dimenso que da ordem do social, ampli-
seu objeto de estudo e atuao como a subjetividade presente ando muito o escopo de compreenso da configurao dos
nos processos judiciais? Como deve ser a relao estabeleci- crimes e dos conflitos, cerne da deciso dos juzes.
da entre o psiclogo e o profissional do Direito, considerando-
se que o processo judicial diz respeito a um sujeito que se A adoo desta modalidade de atuao, o estudo psicos-
mostra apenas parcialmente nesse contexto (Frana, 2004)? social, traz uma possibilidade de que o psiclogo possa cons-
Como pode o psiclogo apreender os sentidos presentes nos truir uma dimenso interventiva em seu trabalho. Cesca
atos de lituosos, entrando em contato com esse sujeito que j (2004a) questiona como a Justia poder ir alm da interdio
tem sua conduta pr-formulada pelo contexto da Justia? oferecendo apoio famlia ou ao sujeito, bem como a neces-
sria condio de reparao para o agressor, nos casos de
Essas questes esto presentes nas supervises e se violncia sexual contra crianas ou de divrcios destrutivos.
constituem em conflitos sobre qual a melhor atuao, e envol- Queremos acrescentar que vemos tambm no estudo psicos-
vem todos os profissionais da Psicologia (e tambm do Servio social a possibilidade de se restabelecer o contexto apropriado
Social). A descrio sumria das atividades publicadas no para ressigni ficao dos direitos de ambos os querelantes
Edital N 1 do tribunal de Justia do distrito Federal e territrios (Costa & Santos, 2004). Ainda Cesca (2004b), em outro artigo,
(TJDFT) de 18 de dezembro de 2007 para o concurso de 2007 enfoca a questo da cidadania e como a Justia pode (ou no)
exemplifica como esses conflitos se apresentam na prtica: os oferecer um padro de relao tica que considere o sujeito,
profissionais da Psicologia tero que exercer "atividades rela- que aguarda uma deciso, em sua cidadania e assim trabalhar
cionadas coordenao e superviso de aes que visem para sua emancipao.
promoo da sade mental e ocupacional, bem como forma-
o de polticas de recursos humanos, de benefcios sociais e Mas no podemos deixar de apontar a discusso que
de desenvolvimento organizacional" (Brasil, 2007). Arantes (2007) provoca ao questionar se o psiclogo tem uma
relao com o magistrado de complementaridade de saberes
Para atingirmos os objetivos propostos descritos no incio ou de submisso aos seus poderes. Em nossa experincia
do texto, vamos nos focar no trabalho realizado nos servios temos visto que esta questo bem complexa, porque, parece
psicossociais que assessoram os juzes nas decises sobre em alguns momentos, que ambos se encontram em submis-
famlias. Em nossa realidade de superviso, atuamos junto a so, dado que um no domina o saber do outro. Um aspecto
um servio que definido como o conjunto de atividades tc- curioso o fato de que temos visto muitos psiclogos do judi-
nicas desenvolvidas nas reas da Psicologia, da Pedagogia e cirio buscando formao no direito, bem como advogados do
do Servio Social, com a finalidade de assessorar os servios Ministrio Pblico buscando formao em Psicologia. Isto nos
judicirios e administrativos desse tribunal, tendo como misso faz pensar na motivao para tal. possvel que o psiclogo,
avaliar e intervir na dimenso psicossocial das questes apre- tanto como o jurista, queiram se colocar numa situao mais
sentadas (Brasil, 1992). Entre as atribuies dos servios confortvel e competente para o trabalho final que o da deci-
psicossociais, constantes nesse ato, destacamos aquelas que so. possvel que queiram fazer uma aproximao epistemo-
dizem respeito a questes que discutiremos neste artigo. As lgica sobre o objeto de estudo do outro, modificando uma
atribuies desse ato so (conforme nos interessa discutir): possvel competio como tambm transformando uma seara
Art. 212 - so atribuies do Servio Psicossocial Forense: de relao que arantes (2007) reconhece como plena de "mal
estar".
II - atuar nos processos judiciais e administrativos encami-
nhados ao servio pelas autoridades judicirias e administrati- Ainda nos atrevemos a apontar uma dificuldade que o
vas, no prazo que lhe for assinado, fornecendo relatrios e quanto e o como o psiclogo participa das decises judiciais,
pareceres tcnicos dos casos estudados; atravs das concluses contidas no estudo psicossocial, e de
suas observaes, que muitas vezes se constituem em opini-
VI - Proceder realizao de estudo psicossocial, elabo- es, na medida em que os senhores magistrados requerem
rando relatrio final dos casos de adoo oriundos das varas que esse profissional seja direto e pessoal em sua caracteriza-
de precatrias (Brasil, 1992). o do problema, ou que participe de audincias, na possibili-
Cabe ressaltar que um documento interno do TJDFT que dade de que possa emitir seu pensamento, num movimento
institui a Secretaria Geral dos Servios Psicossociais especifi- contnuo ao processo de julgar. A audincia conjunta (Crde-
ca melhor a atuao dos profissionais, indicando mais clara- nas, 1992) nos parece o momento que esses dois profissionais
mente a quem responde o psiclogo: (a) assessorar os Magis- resgatam a cidadania plena no exerccio da atuao de julgar
trados das Varas de Famlia, Cveis, Precatrias e de Compe- e restabelecer direitos ao sujeito.
tncia Geral de todo o Distrito Federal, realizando estudos Complexas decises no divrcio destrutivo
psicossociais referentes aos processos encaminhados e forne-
cendo informaes, anlises e pareceres que possam subsidi- Glasserman (1997) estabelece uma diferena em relao
ar a deciso judicial; (b)assessorar os Magistrados das Varas definio do que divrcio no ciclo de vida e divrcio destruti-
Criminais nos processos, cuja problemtica gira em torno da vo. Divrcio no ciclo de vida representa uma postura atual em
dinmica familiar, tambm mediante a elaborao de estudos considerar a separao conjugal como uma etapa do processo
e pareceres psicossociais, que possam subsidiar as decises de vida que inclui novos arranjos conjugais e familiares (Fres-
judiciais. sobre essas tarefas, e os profissionais que a exe- Carneiro, 2003; Giovanazzi & Linares, 2007; Glasserman,
cutam, que nos propomos refletir. 1997; Ramires, 2004; Romo, 2003). J divrcio destrutivo
consiste em uma separao conjugal que envolve grandes
Como vimos nesse breve relato, a atuao do psiclogo na disputas e expresses de violncia, e que encontram possibili-
Justia foi se delineando na direo de um assessoramento dades de algum acordo no contexto judicial.
direto ao magistrado, quer na confeco de percia ou de pa-
recer ou de relatrio, at ser definido como a construo de Atualmente h um grande incremento das situaes de di-
um estudo psicossocial. Essa nova indicao, a nosso ver, vrcio destrutivo e os tribunais esto cada vez mais abarrota-
possui dois aspectos interessantes. Por um lado vai se deline- dos de processos que se estendem por anos, com audincias

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que no se esgotam, com pedidos e mais pedidos de reviso A formao dessas triangulaes, e a dificuldade do casal
de procedimentos e a contratao de psiclogos exteriores ao e da famlia de dissolv-las, sustentam anos de brigas em
tribunal (chamados assistentes tcnicos) na tentativa de apre- tribunais, fazendo com que o processo retorne para nova ins-
sentar embargos tcnicos que levem a novas decises judici- trumentao de 5 a 6 vezes. preciso reconhecer que a dis-
ais. Como exemplo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- puta se concentra em ganhos que so emocionais, mas no
tstica (IBGE, 2005) nos mostra que a taxa de divrcio ou se- podemos descartar que as motivaes so bem diferentes em
parao conjugal no pas, em 2005, foi 7,4% maior que em funo das classes sociais, quando o filho visto como um
2004. No centro-oeste, regio onde atuamos, o aumento foi de bem por causa dos benefcios financeiros que acompanham
2,9%. Do total de separaes, 76,9% foram consensuais e aquele genitor que fica com a guarda da criana. De todo
22,9% no consensuais. As circunstncias que levam a uma modo unnime o conhecimento de que todos sofrem, em
ou outra modalidade de divrcio so bastante complexas e especial os filhos, triangulados ou no. Compreendemos que,
podem envolver disputas atuais e motivaes que transcen- quando o casal se v impossibilitado de negociar sua separa-
dem a vrias geraes. o e leva o conflito para o tribunal, cria-se um outro tringulo
formado por trs pontas: a mulher, o homem e a Justia, esta
Fres-Carneiro (2003), em um artigo sobre a dissoluo de representada pela deciso que o Juiz ir proferir. Pensamos
casamentos, aponta que o rompimento do vnculo conjugal que nos casos de separaes trianguladas, uma questo
uma das experincias de vida que mais trazem sofrimento, e tica que o estudo psicossocial possa "assumir" o lugar da
que as consequncias dessa dissoluo so bem diferentes criana, e os profissionais possam "falar" pela criana na ten-
para homens e mulheres. Como os homens veem na possibili- tativa de que assim possa ficar distanciada do conflito e ter
dade de obter estabilidade e na criao de uma famlia as preservado seu direito a viver sua condio devida de prote-
principais motivaes para o casamento, ele percebe seu o. Outros aspectos ainda participam e sustentam as dispu-
maior sofrimento voltado para os filhos que no ficam sob sua tas no divrcio destrutivo, sendo que uns so caractersticas
guarda. J a mulher imagina o casamento como a realizao da relao conjugal, e outros so prprios das relaes de
de uma necessidade de relao amorosa satisfatria, pice de poder do sistema judicirio.
seu apaixonamento, e desse modo suas maiores mgoas se
dirigem ao homem ao qual ela credita a razo de sua frustra- Sobre a relao conjugal
o. Temos a uma primeira diferena que vai configurar e
alimentar as posteriores disputas. No divrcio destrutivo, encontramos casais com uma co-
municao simtrica, isto , apresentam um comportamento
Diante da separao, o luto a ser feito faz-se, sobretudo, no qual cada um reflete a ao do outro. Os casais podem
para ambos os gneros em relao construo nmica que o apresentar dois tipos de comunicao: simtrica e complemen-
casamento representa em nossa sociedade, o qual tem a tar (o comportamento de um complementa a conduta do ou-
funo social de criar para os sujeitos um suposto sentido para tro). Nossa observao recai sobre a simetria como a conduta
a instvel realidade do mundo (Fres Carneiro, 1998). Desse mais comumente presente, sendo que pode chegar at a es-
modo, sair dessa construo lidar com um vazio, o qual, para calada simtrica, quando se aproxima de um padro mais
ser redimensionado, depender da extenso da ferida narcsi- patolgico de comunicao. A escalada simtrica, no divrcio
ca que se rasga nesse processo. Quanto maior o embotamen- destrutivo, leva a eventos muito violentos e confunde os trmi-
to, o voltar para si mesmo, maior a destrutividade, pois a se tes do processo, pois os profissionais do setor psicossocial so
impli ca um apaixonamento pela prpria dor que autorizar a chamados a atuarem como verdadeiros "bombeiros", apagan-
cada um a oscilao incessante entre as posies de sofrer e do as chamas da violncia entre os ex-cnjuges que, no
fazer sofrer. dificilmente, chamuscam os filhos. Esses conceitos da comuni-
cao esto amplamente explicados na obra clssica de
Nesse processo de competio destrutiva o casal acaba Watzlawick, Beavin e Jackson (1985).
por se "utilizar" de outras pessoas e isso ocorre, em primeiro
lugar, na direo dos filhos, que se tornam o objeto da disputa. Sobre as relaes de poder no sistema judicial
Esse processo pode ser identificado como triangulao, no
qual as crianas ou adolescentes so colocados num tringulo A grande queixa dos casais, no divrcio destrutivo, de
relacional de interdependncia emocional e tambm violento que a Justia muito morosa para dar a conhecer seu veredi-
(Giovanazzi & Linares, 2007; Glasserman, 1997). Ou seja, os to. De fato, concordamos com Bourdieu (2001) que a relao
autores no esto se referindo a uma triangulao constitutiva da Justia com o cidado de dominao, na medida em que
da criana, a qual possibilita a assuno da sua subjetividade, este fica espera, sem controle nem possibilidade de interfe-
mas sim a uma triangulao doentia em que a criana desocu- rncia, do tempo que a Justia e o juiz necessitam para elabo-
pa o lugar de sujeito e passa a ser objeto de um dos pais ou rarem sua convico. um tempo que pode ser consumido
do casal parental. sem interpretao ou significao do que representa aquela
experincia, e, desse modo, pode ser visto apenas como uma
Boszormenyi-Nagy e Spark (1983), terapeutas de famlia e expresso do poder que a Justia possui. Esse tempo sem
tericos da trangeracionalidade, estudaram o papel dos com- ressignificao pode representar, para os tribunais, um recru-
promissos de lealdade que os membros de uma famlia cons- descimento de peties acrescentadas ao processo, e, para o
troem entre si e que no esto necessariamente explcitos em setor psicossocial, um retorno do processo com pedidos de
comportamento observveis, por se tratarem de "compromis- mais avaliaes em funo desses acrscimos. Uma outra
sos internalizados". Esses compromissos foram principalmente faceta das consequncias do longo tempo pode se traduzir
estudados a partir do conceito de parentalizao, que se cons- numa percepo de dominao, em especial por parte da
titui na eleio de aproximao a um dos genitores, de acordo mulher, j que a maioria dos juzes so homens. No caso do
com acontecimentos atuais ou anteriores, mas que se mos- divrcio destrutivo, cremos que h uma interferncia da pers-
tram como um compromisso preferencial ao pai ou me. Nas pectiva de gnero, no sentido de construo cultural e social
situaes de divrcio destrutivo no qual a criana est triangu- de Saffioti (1997), visto que as mulheres se veem disputando
lada, de forma no muito saudvel, ela assume esse compro- uma deciso num universo eminentemente masculino, hierar-
misso com ambos os genitores, numa espcie de pndulo quizado, autoritrio e com demonstraes explcitas de poder,
emocional acrescido da vivncia de que enquanto agrada a desde a abertura do processo e at as audincias. Rosenfeld
um desagrada ao outro, e vice-versa, numa perspectiva muito (2001) mostra como mulheres chefes de famlia desenvolve-
perversa de sua vinculao com ambos os pais, de quem a ram uma interdependncia em relao aos filhos adolescentes
criana gosta. que esto em conflito com a lei, e buscam o judicirio na tenta-
tiva de delegarem autoridade para a resoluo de questes
familiares. No divrcio destrutivo, pensamos que as mulheres,

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de certa forma, buscam o judicirio como um reforo para sua Isto , como tal interveno poder ir alm da mera interdio
expresso de um poder que, assim, ganha reconhecimento e judicial e oferecer suporte s famlias a fim de criar as condi-
visibilidade social, ou seja, se ganham a disputa no judicial es de reparao para que os pais retomem, da melhor ma-
tero seu poder reconhecido socialmente. neira possvel, suas funes parentais. Os atendimentos psico-
lgicos para subsidiarem os estudos psicossociais incluem
Contexto jurdico = Contexto de deciso + Contexto te-
entrevistas, jogos ldicos com as crianas e observaes in
raputico? loco realizadas nas residncias das famlias, dependendo da
Iniciamos este ltimo item a partir das preocupaes de complexidade de cada caso. Os jogos relacionais familiares
Brito (2005) sobre como a Psicologia Jurdica tem que consi- tm um tempo para se desenvolverem e esse tempo no
derar as ocorrncias no tribunal dentro das especificidades cronolgico, mas lgico e particular para cada famlia, o que se
desse contexto especfico, que visto como um contexto de torna dificultador para se pensar em intervenes padroniza-
busca de verdades, de avaliaes e percias, sendo que nes- das, feitas em um tempo fixo. Porm, em funo do excesso
sas dimenses reduzem-se as condies humanas e restrin- de demanda, os estudos so concludos em um nmero pa-
gem-se as competncias do profissional psicossocial. dro de encontros da equipe com as famlias, o que gera,
muitas vezes, angstia nos profissionais quando pressentem
Uma discusso que sempre vem tona nas supervises que as intervenes podem no ter se constitudo como mini-
diz respeito s dificuldades de integrao entres os contextos mamente teraputicas.
teraputico e jurdico. Em outros artigos j discutimos sobre os
desafios da elaborao de aes, vinculando essas duas Do ponto de vista operacional, os profissionais renem in-
reas de interveno com paradigmas to diferentes (Costa, dcios que lhes permitem compreender o modo de funciona-
Penso, & Almeida, 2004, 2006). De forma resumida, nosso mento familiar e as distores no cumprimento das funes
entendimento de que a Psicologia busca a compreenso das parentais que se fazem presentes. Desse modo, um trabalho
aes humanas, desde uma perspectiva individual at aquela de interpretao, de construo de hipteses junto a esse
que investiga os seus contextos scio-culturais, enquanto o material simblico, narrativo e dialgico que se estrutura no
direito busca normas e parmetros j legitimados na sociedade interior das famlias. O trabalho teraputico a ser construdo
como fundamento e meta de suas decises. O grande desafio pauta-se na mudana do paradigma de culpabilizao dessas
descobrir alternativas para que estas duas cincias possam famlias para um de responsabilizao perante a criana. Sob
trabalhar juntas em prol do bemestar da populao. essa tica, as intervenes so feitas para que o casal se
recoloque diante da deciso judicial e perceba que no exis-
O contexto teraputico, caracterstica da Psicologia, pres- tem partes que perdem seus direitos, mas que ambas as par-
supe uma relao sem tempo determinado, pois tem como tes vo continuar operando para o bem-estar dos filhos.
objetivo ajudar o sujeito a compreender a razo dos seus
comportamentos e sofrimentos. Alm disso, pressupe a exis- Cabe, ainda, que esse profissional consiga efetuar uma
tncia de uma demanda por ajuda, ou seja, o contato inicial do escuta clnica que lhe permita ir alm das formaes imagin-
psicoterapeuta com o seu cliente parte de uma demanda deste rias que se apresentam como armadilhas nessas tramas rela-
ltimo (Cirillo, 1994). O contexto jurdico, por sua vez, tem o cionais. Ou seja, deve estar permanentemente atento s for-
seu tempo determinado pela urgncia de decises processu- maes dos tipos psicolgicos ideais ou ordinrios, como
ais. Isto mais forte ainda, quando envolve crianas e adoles- denominou Costa (1986), os quais so cunhados como ade-
centes, cujos direitos devem ser preservados sempre, confor- quados e adaptados, conforme aos ideais sociais de cada
me preconizado no Estatuto da Criana e do adolescente poca. Assim, deve ultrapassar o carter imaginrio e ideali-
(ECA). Juntar essas duas concepes constitui-se num grande zado do que seria um "bom pai" ou uma "boa me" para con-
desafio para a Psicologia Jurdica que, mesmo estando em um seguir ir alm e detectar como as funes maternas e paternas
contexto regulador e decisrio, precisa ser teraputico no se imbricam e implicam a subjetividade dos filhos.
sentido de proporcionar transformaes pessoais, familiares e Em termos constitutivos, a funo paterna en quanto "lei"
sociais. opera para que a criana consiga ascender a uma autonomia
Nas nossas consultorias, a necessidade de trabalhar com a e, assim, possa articular seu mundo interno e externo a partir
regulao das atitudes do casal em face do divrcio, para de um ponto de vista prprio. Caso no se cumpra essa fun-
preservar o melhor interesse das crianas e adolescentes, e o, a criana permanece na "desmesura" de uma relao
ao mesmo tempo oferecer espao de continncia afetiva aos intersubjetiva com um outro no barrado, que faz dela objeto
cnjuges, tem sido relatada como a maior dificuldade dos de seu desejo e no a concebe como um sujeito. Para efeito
tcnicos. O limite entre compreender os sentimentos e neces- de clareza, no fundamental que essa funo seja exercida
sidades de cada um e a solicitao de que esses aspectos pelo pai real. Costa (2000) esclarece que o termo "funo"
sejam colocados de forma clara nos pareceres sobre a guarda demarca uma operao simblica que ir diferenciar a organi-
ou a regulamentao de visitas, entre outras questes, tem zao do lugar de cada um. Quando se diz, portanto, que a
sido relatado pelos tcnicos como gerador de muito sofrimen- "lei" no faz funo porque esta no traz um diferencial de
to. lugares, a qual se refere separao do eu/outro (Costa,
2000, p. 83). trata-se, na verdade, de uma operao simblica
Retomamos Brito (2005), que chama a ateno para a que se faz dentro do campo da linguagem, descolando, assim,
principal competncia do psiclogo no judicirio, que deve ser a funo de seus personagens. Nesse sentido, um olhar aten-
a de resgatar a subjetividade presente nos processos, ou seja, to ao funcionamento da famlia extensa e das redes sociais
apontar e focar o ponto de vista psicolgico das questes sob que circundam a criana tambm fundamental para se verifi-
deciso judicial. car quem poderia auxiliar nessa operao.
Enfim, para que o contexto jurdico possa ser ao mesmo Rosenberg (2000) prope que a essas avaliaes no se
tempo de deciso e de transformao, mudanas devero aplicaria o termo diagnstico, mas sim o de "processo de estu-
ocorrer, tanto na formao do psiclogo, quanto na formao do das dinmicas psquicas", nas quais o sentido de proces-
do operador do direito. Alm disso, sero necessrias outras sualidade tem uma fundamental relevncia e a constituio da
concepes da Justia, voltadas para o cuidado e cidadania subjetividade da criana vista em movimento. Para conquis-
das pessoas e no prioritariamente para a regulao das rela- tar essa competncia faz-se necessrio que o profissional da
es entre os cidados. Psicologia faa uso dos aportes tericos como balizadores
Podemos indagar, ento, sobre a especificidade do enfo- para perce ber os impasses e encruzilhadas que se encadeiam
que teraputico que os estudos psicossociais podem adotar. nas narrativas sobre as escolhas amorosas do casal conjugal
e sobre o lugar subjetivo que o filho ocupa para o casal paren-

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tal. Essa articulao terico-prtica, portanto, no pode ser provenientes de conciliaes ou de mediao, a questo da
esquemtica, presa a princpios universalizantes, mas sim construo de um espao favorvel ao dilogo fundamental,
voltada para o particular de cada caso, sendo que as interven- j que compreendemos a conversao como o locus privilegi-
es, por sua vez, devem evitar uma mera perspectiva "arque- ado para a compreenso mtua entre os querelantes, e para o
olgica" dos processos psquicos, voltando-se, ento, para um surgimento de iniciativas e criao de oportunidades de solu-
presente que se projeta para o futuro (Rosenberg, 2000). o "costuradas" em comum.
Escutar as narrativas das histrias de vida longitudinais e A ATUAO DO PSICLOGO NAS POLTICAS PBLICAS
transversais das famlias desloca a postura investigativa dos PARA CRIANAS E ADOLESCENTES
psiclogos dos fatos reais. O que se investiga e se instiga
simultaneamente, na verdade, a potencialidade que os sujei- Para fazer frente s situaes de risco, as polticas pbli-
tos envolvidos nos conflitos judiciais teriam para criarem novos cas de assistncia social precisam do trabalho de profissionais
sentidos acerca do prprio material narrativo que foi apresen- de vrios setores, tais como sade, educao, assistncia
tado. Essas avaliaes se constituem, portanto, j como inter- social e sistema de Justia. Dentre as reas de atuao, de-
venes e embora pontuais muitas vezes redimensionam o mandam-se, dentre outros profissionais, os de assistncia
carter destrutivo das separaes conjugais. O que est em social e da Psicologia. O ECA traz, para o profissional de Psi-
jogo aqui no a dissoluo dos conflitos familiares, mas a cologia, papis a serem desempenhados nas polticas pblicas
possibilidade de uma nova reorganizao desse sistema, em de atendimento dos direitos da criana e do adolescente.
que no mais persista a devastao, que estava em curso, da Sob o paradigma da proteo integral, o juiz no atua mais
subjetividade da criana. com exclusividade. H um reordenamento do atendimento
Consideraes Finais criana e ao adolescente, uma interdisciplinaridade de profis-
sionais. E a famlia constitui o foco principal. O papel do psic-
Para finalizar, indicamos a profunda relao de poder exis- logo no mais o de tcnico que s atua do ponto de vista do
tente entre a Justia e o cidado comum, no nosso caso a conhecimento especfico, principalmente dos testes. O papel
famlia. Uma sentena judicial pode definir, reestruturar, modi- do psiclogo agora a ateno na proteo integral, e ele
ficar, transformar, alterar, empobrecer/enriquecer as relaes deve considerar a criana e o adolescente sujeitos de sua
familiares, promovendo um marco de ruptura/unies no tempo histria, sujeitos de direitos, protagonistas; tem que atuar em
da convivncia familiar. Atualmente, que possibilidades temos rede, interdisciplinarmente (Conselho Federal de Psicologia,
de que a Justia e a comunidade se comportem como parcei- 2003).
ras, nas decises que afetam as famlias? O que est em jogo,
mais que nunca, a questo dos direitos humanos, e da ne- Dentro da concepo da proteo integral, o papel do psi-
cessidade urgente do poder judicirio retomar a referncia de clogo no sistema de garantias, junto ao de outros profissio-
uma Justia balizada para a humanidade (Delmas-Marty, nais, passa, ento, a ser o de um viabilizador de direitos, de-
2001). vendo para tal ter conhecimento profundo da legislao, uma
vez que a descentralizao lhe exige novas e capacitadas
As situaes de divrcio destrutivo trazem as contradies competncias, a autonomia poltica administrativa impe a
presentes no acesso aos direitos individuais. Se os ex- participao, e o controle requer um arcabouo terico-
cnjuges tm o direito a impetrar recursos que os aproximem tcnico-operativo que visa ao fortalecimento de prticas e
de suas pretenses, sabemos que essas estratgias dificultam espaos de debate, na propositura e no controle de poltica na
aos filhos esse mesmo acesso, na medida em que prorrogam direo da autonomia e do protagonismo dos usurios, assim
o tempo de deciso e prolongam a condio de assujeitados como nas relaes entre gestores, tcnicos das esferas go-
de crianas e adolescentes, distanciando-os de serem tambm vernamentais, dirigentes e tcnicos, prestadoras de servios,
sujeitos nos processos. Sabemos que a Justia est bastante conselheiros e usurios. Mas a atuao desses profissionais
sensibilizada para a questo do tempo e do cumprimento de deve se dar em rede, ou seja, em complementaridade tcnica
prazos, que possam atenuar as muitas queixas feitas por seus (Ministrio do Desenvolvimento Social, 2004).
usurios. Porm o tempo uma varivel bem complexa no
jogo de interesses que caracteriza o contexto de decises, e Para o conselho Nacional dos Direitos da criana e do Ado-
muito especialmente no divrcio destrutivo, situao na qual lescente (CONANDA), Ao nos integrarmos nessa rede, vamos
h necessidade de que a famlia tenha um tempo possvel nos tornando importantes socialmente e vamos nos tornando
para a construo de elaboraes de cunho psicolgico e necessrios para que essa rede funcione plenamente (Conse-
emocional. Santos, Marques, Pedroso e Ferreira (1996) falam lho Federal de Psicologia, 2003, p. 194).
em uma morosidade necessria, a concesso de um tempo
Para Teixeira e Novaes (2004, p. 293), ampliase o objeto
que no traz maiores danos psquicos aos sujeitos interessa- de interveno do psiclogo, que passa a abarcar aspectos da
dos e tambm no qual os direitos sejam preservados. vida concreta, cotidiana e seus efeitos na configurao de
Possibilitar a existncia desse tempo de elaborao um subjetividades, que so produzidas e realimentadas no entre-
dos desafios do psiclogo jurdico, que precisa buscar formas laamento dos indivduos entre si e com as entidades.
de aprofundar as questes trazidas pelo casal e pelos filhos, Na operacionalizao do sistema de garantias, a atuao
ao mesmo tempo em que elabora o estudo psicossocial. Isto do psiclogo dar-se- nos seguintes eixos: anlise da situa-
significa criar metodologias inovadoras para se trabalhar na o, no sentido de diagnosticar a realidade atravs de pesqui-
Justia, desprendendo-se do modelo clnico tradicional, sem sas que possibilitem a anlise e o planejamento de aes e
perder a capacidade de anlise psicolgica da situao. Ou recursos para o enfrentamento das situaes de risco, mobili-
seja, preciso desenvolver habilidades para avaliar, fazer zao e articulao dos vrios segmentos (governamentais,
relatrios e, ao mesmo tempo, realizar intervenes capazes nogovernamentais, sociedade civil nos nveis nacionais, regi-
de transformar os divrcios destrutivos em separaes conju- onais e locais), promoo, defesa e responsabilizao atravs
gais; brigas em acordos; disputas de guarda em compartilha- de mecanismos de exigibilidade dos direitos e humanizao
mento do cuidado e proteo das crianas; cnjuges em pais dos servios, promoo, atendimento e preveno atravs de
capazes de conversar sobre o bem estar dos filhos. aes especializadas de atendimento, com a incluso social
necessrio ainda que as cortes incluam em sua lide um das crianas, adolescentes e suas famlias e promoo de
pressuposto bsico para o aprimoramento de decises com aes que possibilitem aos jovens o empoderamento dos
diminuio de prejuzos, que o desenvolvimento da capaci- mesmos com vistas ao protagonismo social.
dade de escuta (Czar-Ferreira, 2004). Tanto para as decises

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As novas demandas para a atuao do psiclogo nas pol- UM BREVE HISTRICO DA PSICOLOGIA JURDICA NO
ticas sociais para crianas e adolescentes requerem um pro- BRASIL E SEUS CAMPOS DE ATUAO
fissional multifunes, que trabalhe de forma interdisciplinar e
em rede. Mas esse novo modelo, que emerge a partir da cons- Vivian de Medeiros Lago; Paloma Amato, Patrcia Alves
tituio Federal de 1988 e do Estatuto da criana e do Adoles- Teixeira; Sonia Liane Reichert Rovinski; Denise Ruschel
cente, documentos que garantiram queles a condio de Bandeira
sujeitos de direitos, no foi suficiente para dar conta da dis- Delimitar o incio da Psicologia Jurdica no Brasil uma ta-
cusso, antiga na Psicologia, realizada por diversas correntes refa complexa, em razo de no existir um nico marco histri-
que discutem o modelo de Psicologia adequado s classes co que defina esse momento. Assim, o objetivo deste artigo
trabalhadoras, s populaes marginalizadas, s populaes apresentar e discutir alguns referenciais histricos documenta-
sem a experincia da escolarizao e s comunidades pobres. dos que permitam relatar como a Psicologia e o Direito se
Dentre as vrias vises sobre esse modelo de atuao, aproximaram na histria brasileira. A seguir, sero apresenta-
destacam-se, neste artigo, os estudos de Bock (2003); Gon- dos os principais campos de atuao do psiclogo jurdico,
zles-Rey (2001); Guattari e Rolnik (1986); Ropa e Duarte com uma sucinta descrio das tarefas desempenhadas em
(1985). cada setor. Objetiva-se, ainda, que o artigo possa ser utilizado
como referncia bibliogrfica para disciplinas de Psicologia
Ropa e Duarte (1985) discutem a questo do atendimento Jurdica, pois seu carter introdutrio foi delineado com esse
psicolgico s classes trabalhadoras. Eles situam a discusso propsito.
no contexto dos limites sociais e culturais do modelo clnico
(psiquitrico-psicolgico) e da sua eficincia para as classes A histria da atuao de psiclogos brasileiros na rea da
trabalhadoras. Segundo os citados autores, a constituio das Psicologia Jurdica tem seu incio no reconhecimento da pro-
cincias psicolgicas representaria, nesse sentido, o apogeu fisso, na dcada de 1960. Tal insero deu-se de forma gra-
da progressiva segmentao individualizante: um saber aut- dual e lenta, muitas vezes de maneira informal, por meio de
nomo sobre sujeitos autnomos (p. 193). Nessa perspectiva, trabalhos voluntrios. Os primeiros trabalhos ocorreram na
confrontam-se grupos portadores de vises de mundo mais rea criminal, enfocando estudos acerca de adultos criminosos
individualizantes e vises mais holistas, vises mais mo- e adolescentes infratores da lei (Rovinski, 2002). O trabalho do
dernas e vises mais tradicionais, grupos de camadas ur- psiclogo junto ao sistema penitencirio existe, ainda que no
banas e de camadas mais perifricas. Segundo os autores, oficialmente, em alguns estados brasileiros h pelo menos 40
inscreve-se um modelo patologizante, individualizante, que, anos. Contudo, foi a partir da promulgao da Lei de Execuo
dentro de uma viso etnocntrica, se pretende universal, mis- Penal (Lei Federal n 7.210/84) Brasil (1984), que o psiclogo
sionria e civilizadora, que nega qualquer singularidade. E passou a ser reconhecido legalmente pela instituio peniten-
que, na prtica, parece enfrentar a resistncia de sujeitos ciria (Fernandes, 1998).
no-individualizados ou sujeitos que resistem ideologia Entretanto, a histria revela que essa preocupao com a
individualista dominante (p. 201). avaliao do criminoso, principalmente quando se trata de um
Guattari e Rolnik (1986), embora no faam uma discusso doente mental delinquente, bem anterior dcada de 1960
na perspectiva do modelo adequado para as diferentes clas- do sculo XX. Durante a Antiguidade e a Idade Mdia a loucu-
ses sociais, ao tratarem dos dispositivos de singularizao, ra era um fenmeno bastante privado. Ao "louco" era permitido
concebem a psicanlise como um desses dispositivos de sub- circular com certa liberdade, e os atendimentos mdicos res-
jetivao, que preconiza modelos de identidade ou de identifi- tringiam-se a uns poucos abastados. A partir de meados do
cao. Concebem ainda que os profissionais trabalham siste- sculo XVII, a loucura passou a ser caracterizada por uma
maticamente na consolidao de certa produo de subjetivi- necessidade de excluso dos doentes mentais. Criaram-se
dades. Em vez desse modelo, os referidos autores propem a estabelecimentos para internao em toda a Europa, nos
liberdade de construo de novos tipos de modelo referentes quais eram encerrados indivduos que ameaassem a ordem
anlise, e, para isso, fazem uso do conceito de transversalida- da razo e da moral da sociedade (Rovinski, 1998). A partir do
de, ou seja, propem uma relao de horizontalidade a partir sculo XVIII, na Frana, Pinel realizou a revoluo institucio-
da qual se criariam conexes inimaginveis, mltiplas, que nal, liberando os doentes de suas cadeias e dando assistncia
constroem sentidos singulares, sem homogeneiz-los atravs mdica a esses seres segregados da vida em sociedade (Pa-
de ditames universais. von, 1997).

Gonzlez-Rey (2001) faz uma crtica ao que denomina re- Aps esse perodo, os psiclogos clnicos comearam a
ferencial hermtico da clnica, que parte de princpios funda- colaborar com os psiquiatras nos exames psicolgicos legais e
dores nicos e universais (p. 194). concebe a clnica como em sistemas de justia juvenil (Jesus, 2001). Com o advento
um dilogo no qual os conhecimentos marcam as formas de da Psicanlise, a abordagem frente doena mental passou a
participao do terapeuta (p. 195), o que, para ele, cria um valorizar o sujeito de forma mais compreensiva e com um
paradoxo, porque, para o exerccio teraputico, ele precisa enfoque dinmico. Como consequncia, o psicodiagnstico
afastar-se desse referencial para poder visualizar o sujeito ganhou fora, deixando de lado um enfoque eminentemente
singular. O referido autor afirma que o papel do psiclogo, mdico para incluir aspectos psicolgicos (Cunha, 1993). Os
nesse dilogo, que uma via de mo dupla, compreender pacientes passaram a ser classificados em duas grandes ca-
que o sujeito gera novos sentidos e espaos de subjetivao, tegorias: de maior ou de menor severidade, ficando o psicodi-
e isso pode implicar a integrao de diversos protagonistas ou agnstico a servio do ltimo grupo, inicialmente. Desta forma,
o deslocamento do psiclogo nesses espaos, familiares ou os pacientes menos severos eram encaminhados aos psiclo-
institucionais. gos, para que esses profissionais buscassem uma compreen-
so mais descritiva de sua personalidade. Os pacientes de
Bock (2003) apresenta, na obra por ela organizada, uma maior severidade, com possibilidade de internao, eram en-
viso atualmente enfatizada em relao atuao do psiclo- caminhados aos psiquiatras (Rovinski, 1998). Balu (1984)
go nas polticas sociais. Trata-se da concepo do compro- demonstrou, a partir de estudos comparativos e representati-
misso social, definida pelo papel de construir teorias e prticas vos, que os diagnsticos de Psicologia Forense podiam ser
na direo da transformao social, do compromisso com (o melhores que os dos psiquiatras (Souza, 1998).
que autoconceituam como) as camadas populares e com uma
psicologia dialtica que olha e atua, a partir do contexto, na De acordo com Brito (2005), os psicodiagnsticos eram vis-
participao poltica, nos espaos de confronto em defesa dos tos como instrumentos que forneciam dados matematicamente
direitos dos cidados. comprovveis para a orientao dos operadores do Direito.

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Inicialmente, a Psicologia era identificada como uma prtica de adaptao aos preceitos regidos pelo ECA, iniciado nos
voltada para a realizao de exames e avaliaes, buscando anos 1990.
identificaes por meio de diagnsticos. Essa poca, marcada
pela inaugurao do uso dos testes psicolgicos, fez com que Diante do exposto, percebe-se um histrico inicial da apro-
o psiclogo fosse visto como um testlogo, como na verdade o ximao da Psicologia e do Direito atrelado a questes envol-
foi na primeira metade do sculo XX (Gromth-Marnat, 1999). vendo crime e tambm os direitos da criana e do adolescente.
Psiclogos da Alemanha e Frana desenvolveram trabalhos Contudo, nos ltimos dez anos a demanda pelo trabalho do
emprico-experimentais sobre o testemunho e sua participao psiclogo em reas como Direito da Famlia e Direito do Tra-
nos processos judiciais. Estudos acerca dos sistemas de inter- balho vem tomando fora. Alm desses campos, outras possi-
rogatrio, os fatos delitivos, a deteco de falsos testemunhos, bilidades de participao do psiclogo em questes judiciais
as amnsias simuladas e os testemunhos de crianas impulsi- vm surgindo, as quais sero apresentadas e discutidas na
onaram a ascenso da ento denominada Psicologia do Tes- segunda parte deste artigo.
temunho (Garrido, 1994). Atualmente, o psiclogo utiliza estra- Em relao rea acadmica, cabe citar que a Universi-
tgias de avaliao psicolgica, com objetivos bem definidos, dade do Estado do Rio de Janeiro foi pioneira em relao
para encontrar respostas para soluo de problemas. A testa- Psicologia Jurdica. Foi criada, em 1980, uma rea de concen-
gem pode ser um passo importante do processo, mas constitui trao dentro do curso de especializao em Psicologia Clni-
apenas um dos recursos de avaliao (Cunha, 2000). ca, denominada "Psicodiagnstico para Fins Jurdicos". Seis
Esse histrico inicial refora a aproximao da Psicologia e anos mais tarde, passou por uma reformulao e tornou-se um
do Direito atravs da rea criminal e a importncia dada curso independente do Departamento de Clnica, fazendo
avaliao psicolgica. Porm, no era apenas no campo do parte do Departamento de Psicologia Social (Alto, 2001).
Direito Penal que existia a demanda pelo trabalho dos psiclo- Atualmente, no so todos os cursos de Psicologia que ofere-
gos. Outro campo em ascenso at os dias atuais a partici- cem a disciplina de Psicologia Jurdica. E, quando o fazem,
pao do psiclogo nos processos de Direito Civil. No estado normalmente uma matria opcional e com uma carga horria
de So Paulo, o psiclogo fez sua entrada informal no Tribunal pequena. J nos cursos de Direito, ainda que a carga horria
de Justia por meio de trabalhos voluntrios com famlias tambm seja reduzida, a disciplina j se tornou de carter
carentes em 1979. A entrada oficial se deu em 1985, quando compulsrio.
ocorreu o primeiro concurso pblico para admisso de psiclo- Esses dados acarretam uma deficincia na formao aca-
gos dentro de seus quadros (Shine, 1998). dmica dos profissionais, o que exige o oferecimento, por
Ainda dentro do Direito Civil, destaca-se o Direito da Infn- parte das instituies judicirias, de cursos de capacitao,
cia e Juventude, rea em que o psiclogo iniciou sua atuao treinamento e reciclagem. Os psiclogos sentem estar sempre
no ento denominado Juizado de Menores. Apesar das parti- "correndo atrs do prejuzo", uma vez que as discusses sem-
cularidades de cada estado brasileiro, a tarefa dos setores de pre giram ao redor de noes bsicas com as quais o psiclo-
psicologia era, basicamente, a percia psicolgica nos proces- go deveria ter tomado contato antes de chegar instituio
sos cveis, de crime e, eventualmente, nos processos de ado- (Anaf, 2000). Porm, essa realidade tem se modificado. Atu-
o. Com a implantao do Estatuto da Criana e do Adoles- almente, so oferecidos cursos de ps-graduao em Psicolo-
cente (ECA) Brasil (1990), em 1990, o Juizado de Menores gia Jurdica em universidades de estados brasileiros como
passou a ser denominado Juizado da Infncia e Juventude. O Alagoas, Bahia, Cear, Gois, Minas Gerais, Paraba, Per-
trabalho do psiclogo foi ampliado, envolvendo atividades na nambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina e So Paulo, o que
rea pericial, acompanhamentos e aplicao das medidas de revela a expanso da rea no Pas.
proteo ou medidas socioeducativas (Tabajaski, Gaiger & Como pode ser evidenciado, o Direito e a Psicologia se
Rodrigues, 1998). Essa expanso do campo de atuao do aproximaram em razo da preocupao com a conduta huma-
psiclogo gerou um aumento do nmero de profissionais em na. O momento histrico pelo qual a Psicologia passou fez
instituies judicirias mediante a legalizao dos cargos pelos com que, inicialmente, essa aproximao se desse por meio
concursos pblicos. So exemplos a criao do cargo de psi- da realizao de psicodiagnsticos, dos quais as instituies
clogo nos Tribunais de Justia dos estados de Minas Gerais judicirias passaram a se ocupar. Contudo, outras formas de
(1992), Rio Grande do Sul (1993) e Rio de Janeiro (1998) atuao alm da avaliao psicolgica ganharam fora, entre
(Rovinski, 2002). elas a implantao de medidas de proteo e socioeducativas
Outro dado histrico importante foi a criao do Ncleo de e o encaminhamento e acompanhamento de crianas e/ou
Atendimento Famlia (NAF), em outubro de 1997, implantado adolescentes. Observa-se que a avaliao psicolgica ainda
no Foro Central de Porto Alegre e pioneiro na justia brasileira. a principal demanda dos operadores do Direito. Porm, outras
O trabalho objetiva oferecer a casais e famlias com dificulda- atividades de interveno, como acompanhamento e orienta-
des de resolver seus conflitos um espao teraputico que os o, so igualmente importantes, como se ver na seo se-
auxilie a assumir o controle sobre suas vidas, colaborando, guinte deste artigo. So reas de atuao que devem coexistir,
assim, para a celeridade do Sistema Judicirio (Silva & Polan- uma vez que seus objetivos so distintos, buscando atender a
czyk, 1998). propsitos diferenciados, mas tambm complementares.
Principais campos de atuao
Vale observar ainda que, com o propsito de acompanhar
as mudanas legais e adequar as instituies de atendimento Na Psicologia Jurdica h uma predominncia das ativida-
a crianas e adolescentes s diretrizes presentes no ECA, fez- des de confeces de laudos, pareceres e relatrios, pressu-
se necessrio o reordenamento institucional dessas entidades pondo-se que compete Psicologia uma atividade de cunho
em todo o pas. A extinta Fundao Estadual do Bem-Estar do avaliativo e de subsdio aos magistrados. Cabe ressaltar que o
Menor (FEBEM) mesclava, em uma mesma instituio, crian- psiclogo, ao concluir o processo da avaliao, pode reco-
as e adolescentes vtimas de violncia, maus tratos, negli- mendar solues para os conflitos apresentados, mas jamais
gncia, abuso sexual e abandono com jovens autores de atos determinar os procedimentos jurdicos que devero ser toma-
infracionais (http://www.sjds.rs.gov.br). Pela Lei 11.800/02 dos. Ao juiz cabe a deciso judicial; no compete ao psiclogo
foram criadas duas fundaes: a Fundao de Atendimento incumbir-se desta tarefa. preciso deixar clara esta distino,
Socioeducativo (FASE), responsvel pela execuo das medi- reforando a ideia de que o psiclogo no decide, apenas
das socioeducativas, e a Fundao de Proteo Especial conclui a partir dos dados levantados mediante a avaliao e
(FPE), responsvel pela execuo das medidas de proteo. pode, assim, sugerir e/ou indicar possibilidades de soluo da
O surgimento dessas fundaes se deu inicialmente no estado questo apresentada pelo litgio judicial.
do Rio Grande do Sul. Elas so a consolidao do processo

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Contudo, nem sempre o trabalho do psiclogo jurdico est revelam-se com problemas para exercer a parentalidade de
ligado questo da avaliao e consequente elaborao de forma madura e responsvel (Castro, 2005). Portanto, nesses
documentos, conforme se apresenta a seguir. Os ramos do casos, a mediao no uma prtica comum, dado o alto nvel
Direito que frequentemente demandam a participao do psi- de conflitos existentes entre os ex-cnjuges e que os fazem
clogo so: Direito da Famlia, Direito da Criana e do Adoles- disputar seus filhos judicialmente.
cente, Direito Civil, Direito Penal e Direito do Trabalho.
- Psiclogo jurdico e o direito da criana e do adolescente:
Cabe observar que o Direito de Famlia e o Direito da Cri- destaca-se o trabalho dos psiclogos junto aos processos de
ana e do Adolescente fazem parte do Direito Civil. Porm, adoo e destituio de poder familiar e tambm o desenvol-
como na prtica as aes so ajuizadas em varas diferencia- vimento e aplicao de medidas socioeducativas dos adoles-
das, optou-se por fazer essa diviso, por ser tambm didati- centes autores de ato infracional.
camente coerente.
Adoo: os psiclogos participam do processo de adoo
Psiclogo jurdico e o direito de famlia: destaca-se a par- por meio de uma assessoria constante para as famlias adoti-
ticipao dos psiclogos nos processos de separao e divr- vas, tanto antes quanto depois da colocao da criana. A
cio, disputa de guarda e regulamentao de visitas. equipe tcnica dos Juizados da Infncia e da Juventude deve
saber recrutar candidatos para as crianas que precisam de
Separao e divrcio: os processos de separao e di- uma famlia e ajudar os postulantes a se tornarem pais capa-
vrcio que envolvem a participao do psiclogo so na sua zes de satisfazer s necessidades de um filho adotivo (Weber,
maioria litigiosos, ou seja, so processos em que as partes 2004). A primeira tarefa de uma equipe de adoo garantir
no conseguiram acordar em relao s questes que um que os candidatos estejam dentro dos limites das disposies
processo desse cunho envolve. No so muito comuns os legais e a segunda iniciar um programa de trabalho com os
casos em que os cnjuges conseguem, de maneira racional, postulantes aceitos, elaborado especialmente para assessorar,
atingir o consenso para a separao. Isso implica resolver o informar e avaliar os interessados, e no apenas "selecionar"
conflito que est ou que ficou nas entrelinhas, nos meandros os mais aptos (Weber, 1997). Como a adoo um vnculo
dos relacionamentos humanos, ou seja, romper com o vnculo irrevogvel, o estudo psicossocial torna-se primordial para
afetivoemocional (Silveira, 2006). garantir o cumprimento da lei, prevenindo assim a negligncia,
Portanto, o psiclogo pode atuar como mediador, nos ca- o abuso, a rejeio ou a devoluo.
sos em que os litigantes se disponham a tentar um acordo ou, Alm do trabalho desenvolvido junto aos Juizados da In-
quando o juiz no considerar vivel a mediao, ao psiclogo fncia e Juventude, existe tambm o dos psiclogos que traba-
pode ser solicitada uma avaliao de uma das partes ou do lham nas Fundaes de Proteo Especial. Essas instituies
casal. Processos de separao e divrcio englobam partilha de tm como objetivo oferecer um cuidado especial capaz de
bens, guarda de filhos, estabelecimento de penso alimentcia minorar os efeitos da institucionalizao, proporcionando s
e direito visitao. Desta forma, seja como avaliador ou me- crianas e aos adolescentes abrigados uma vivncia que se
diador, o psiclogo buscar os motivos que levaram o casal ao aproxima realidade familiar. Os vnculos estabelecidos com
litgio e os conflitos subjacentes que impedem um acordo em os monitores que cuidam delas so facilitadores do vnculo
relao aos aspectos citados. Nos casos em que julgar neces- posterior na adoo, uma vez que se estabelece e se mantm
srio, o psiclogo poder, inclusive, sugerir encaminhamento nos mesmos a capacidade de vincular-se afetivamente. As
para tratamento psicolgico ou psiquitrico da(s) parte(s). relaes substitutas provisrias, representadas pelo acolhi-
Regulamentao de visitas: conforme exposto acima, o mento institucional que abriga os que aguardam uma possibili-
direito visitao uma das questes a ser definida a partir do dade de incluso em famlia substituta, so decisivas para o
processo de separao ou divrcio. Contudo, aps a deciso desenlace do processo de adoo (Albornoz, 2001).
judicial podem surgir questes de ordem prtica ou at mesmo Destituio do poder familiar: o poder familiar um direito
novos conflitos que tornem necessrio recorrer mais uma vez concedido a ambos os pais, sem nenhuma distino ou prefe-
ao Judicirio, solicitando uma reviso nos dias e horrios ou rncia, para que eles determinem a assistncia, criao e
forma de visitas. Nesses casos, o psiclogo jurdico contribui educao dos filhos. Esse direito assistido aos genitores,
por meio de avaliaes com a famlia, objetivando esclarecer ainda que separados e a guarda conferida a apenas um dos
os conflitos e informar ao juiz a dinmica presente nesta fam- dois. Porm, a legislao brasileira prev casos em que esse
lia, com sugestes das medidas que poderiam ser tomadas. O direito pode ser suspenso, ou at mesmo destitudo, de forma
psiclogo pode, ainda, atuar como mediador, procurando irrevogvel. A partir desta determinao judicial, os pais per-
apontar a interferncia de conflitos intrapessoais na dinmica dem todos os direitos sobre o filho, que poder ficar sob a
interpessoal dos cnjuges, com o objetivo de produzir um tutela de uma famlia at a maioridade civil.
acordo pautado na colaborao, de forma que a autonomia da
vontade das partes seja preservada (Schabbel, 2005). O papel do psiclogo nesses casos fundamental. pre-
ciso considerar que a deciso de separar uma criana de sua
Disputa de guarda: nos processos de separao ou divr- famlia muito sria, pois desencadeia uma srie de aconte-
cio preciso definir qual dos ex-cnjuges deter a guarda dos cimentos que afetaro, em maior ou menor grau, toda a sua
filhos. Em casos mais graves, podem ocorrer disputas judiciais vida futura. Independentemente da causa da remoo - doen-
pela guarda (Silva, 2006). Nesses casos, o juiz pode solicitar a, negligncia, abandono, maus-tratos, abuso sexual, inefici-
uma percia psicolgica para que se avalie qual dos genitores ncia ou morte dos pais - a transferncia da responsabilidade
tem melhores condies de exercer esse direito. Alm dos para estranhos jamais deve ser feita sem muita reflexo (Ces-
conhecimentos sobre avaliao, psicopatologia, psicologia do ca, 2004).
desenvolvimento e psicodinmica do casal, assuntos atuais
como a guarda compartilhada, falsas acusaes de abuso - Adolescentes autores de atos infracionais: o Estatuto da
sexual e sndrome de alienao parental podem estar envolvi- Criana e do Adolescente prev medidas socioeducativas que
dos nesses processos. Portanto, necessrio que os psiclo- comportam aspectos de natureza coercitiva. So medidas
gos que atuam nessa rea estudem esses temas, saibam seu punitivas no sentido de que responsabilizam socialmente os
funcionamento e busquem a melhor forma de investig-los, de infratores, e possuem aspectos eminentemente educativos, no
modo a realizar uma avaliao psicolgica de qualidade. sentido da proteo integral, com oportunidade de acesso
formao e informao. Os psiclogos que desenvolvem seu
Pais que colocam os interesses e vaidade pessoal acima trabalho junto aos adolescentes infratores devem lhes propiciar
do sofrimento que uma disputa judicial pode acarretar aos a superao de sua condio de excluso, bem como a forma-
filhos, na tentativa de atingir ou magoar o ex-companheiro,

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o de valores positivos de participao na vida social. Sua continuidade das avaliaes tcnicas. No estado de So Pau-
operacionalizao deve, prioritariamente, envolver a famlia e a lo, aps as rebelies ocorridas no sistema penitencirio, as
comunidade com atividades que respeitem o princpio da no avaliaes tcnicas esto voltando a ser uma exigncia para a
discriminao e no estigmatizao, evitando rtulos que mar- concesso dos benefcios legais (S, 2007).
quem os adolescentes e os exponham a situaes vexatrias,
alm de impedilos de superar as dificuldades na incluso soci- As avaliaes psicolgicas individualizadas, previstas em
al. lei, so inviveis nos presdios brasileiros em razo das super-
populaes existentes. Pelo mesmo motivo, proporcionar um
Na Fundao de Apoio Socioeducativo de Porto Alegre "tratamento penal" aos apenados ou estabelecer outro tipo de
(RS), colocou-se em prtica um projeto pioneiro que utiliza relaes institucionais com os demais funcionrios, internos
solues mais eficazes para responsabilizar e corrigir compor- e/ou seus familiares so tarefas difceis para os psiclogos que
tamentos considerados transgressores: a Justia Restaurativa. trabalham junto ao sistema carcerrio (Kolker, 2004).
Essa medida tem por objetivo tratar e julgar melhor as ques-
tes que levaram os jovens a cometerem um ato infracional, e Existe ainda o trabalho dos psiclogos junto aos doentes
tem como foco a reparao dos danos causados s pessoas e mentais que cometeram algum delito. Esses sujeitos recebem
relacionamentos, ao invs de punir os transgressores. Atravs medida de segurana, decretada pelo juiz, e so encaminha-
de um mediador, as vtimas e os jovens procuram dialogar dos para Institutos Psiquitricos Forenses (IPF). Alm de abri-
para que eles se conscientizem dos erros que cometeram. gar esses doentes mentais, os IPF so responsveis pela
Esse tipo de projeto tem o intuito de evitar que o adolescente realizao de percias oficiais na rea criminal e pelo atendi-
volte a cometer crimes e que os danos causados s vtimas mento psiquitrico rede penitenciria. Atualmente existem no
sejam minimizados (Jesus, 2005). Brasil 28 instituies psiquitricas forenses e cerca de 4 mil
internos (Piccinini, 2006).
Psiclogo jurdico e o direito civil: o psiclogo atua nos pro-
cessos em que so requeridas indenizaes em virtude de No Rio Grande do Sul, o Instituto Psiquitrico Forense
danos psquicos e tambm nos casos de interdio judicial. Maurcio Cardoso (IPFMC) foi o segundo fundado no Pas, em
1924. O trabalho do psiclogo nesse instituto teve incio em
Dano psquico: o dano psquico pode ser definido como a 1966, atravs do estgio curricular de psicopatologia. Inicial-
sequela, na esfera emocional ou psicolgica, de um fato parti- mente as atividades da Psicologia eram subordinadas Medi-
cular traumatizante (Evangelista & Menezes, 2000). Pode-se cina, pois havia a necessidade de prescrio mdica para os
dizer que o dano est presente quando so gerados efeitos pacientes psicticos. Alm disso, os laudos psiquitricos ela-
traumticos na organizao psquica e/ou no repertrio com- borados no eram assinados pelos psiclogos, devido a um
portamental da vtima. Cabe ao psiclogo, de posse de seu dispositivo legal que atribua a competncia e a responsabili-
referencial terico e instrumental tcnico, avaliar a real presen- dade desses laudos ao psiquiatra forense (Modena, 2007).
a desse dano. Entretanto, o psiclogo deve estar atento a Com o passar dos anos houve ampliao do atendimento
possveis manipulaes dos sintomas, j que est em suas multidisciplinar, que passou a reunir as diferentes habilidades
mos a recomendao, ou no, de um ressarcimento financei- tcnicas em prol de uma prestao de servio com maior qua-
ro (Rovinski, 2005). lidade aos pacientes. Assim, o Setor de Psicologia foi alcan-
ando sua independncia e autonomia dentro dos IPF.
Interdio: a interdio refere-se incapacidade de exer-
ccio por si mesmo dos atos da vida civil. Uma das possibilida- Psiclogo jurdico e o direito do trabalho: o psiclogo pode
des de interdio previstas pelo cdigo civil so os casos em atuar como perito em processos trabalhistas. A percia a ser
que, por enfermidade ou deficincia mental, os sujeitos de realizada nesses casos serve como uma vistoria para avaliar o
direito no tenham o necessrio discernimento para a prtica nexo entre as condies de trabalho e a repercusso na sade
dos atos da vida civil. Nesses casos, compete ao psiclogo mental do indivduo. Na maioria das vezes, so solicitadas
nomeado perito pelo juiz realizar avaliao que comprove ou verificaes de possveis danos psicolgicos supostamente
no tal enfermidade mental. justia interessa saber se a causados por acidentes e doenas relacionadas ao trabalho,
doena mental de que o paciente portador o torna incapaz casos de afastamento e aposentadoria por sofrimento psicol-
de reger sua pessoa e seus bens (Monteiro, 1999). gico. Cabe ao psiclogo a elaborao de um laudo, no qual ir
traduzir, com suas habilidades e conhecimento, a natureza dos
As questes levantadas em um processo de interdio in- processos psicolgicos sob investigao (Cruz & Maciel,
cluem a validade, nulidade ou anulabilidade de negcios jurdi- 2005).
cos, testamentos e casamentos. Alm dessas, ficam prejudi-
cadas a contrao de deveres e aquisio de direitos, a apti-
do para o trabalho, a capacidade de testemunhar e a possibi-
Outros campos de atuao
lidade de ele prprio assumir tutela ou curatela de incapaz e
exercer o poder familiar (Taborda, Chalub & Abdalla-Filho, Vitimologia: objetiva a avaliao do comportamento e da
2004). personalidade da vtima. Cabe ao psiclogo atuante nessa
- Psiclogo jurdico e o direito penal: o psiclogo pode ser rea traar o perfil e compreender as reaes das vtimas
solicitado a atuar como perito para averiguao de periculosi- perante a infrao penal. A inteno averiguar se a prtica
dade, das condies de discernimento ou sanidade mental das do crime foi estimulada pela atitude da vtima, o que pode
partes em litgio ou em julgamento (Arantes, 2004). Portanto, denotar uma cumplicidade passiva ou ativa para com o crimi-
destaca-se o papel dos psiclogos junto ao Sistema Penitenci- noso. Para tanto, a anlise feita desde a ocorrncia at as
rio e aos Institutos Psiquitricos Forenses. consequncias do crime (Brega Filho, 2004). Alm disso, a
vitimologia dedica-se tambm aplicao de medidas preven-
A criao da Lei de Execuo Penal (LEP), em 1984, foi tivas e prestao de assistncia s vtimas, visando, assim,
um marco no trabalho dos psiclogos no sistema prisional, reparao de danos causados pelo delito.
pois a partir dela o cargo de psiclogo passou a existir oficial-
mente (Carvalho, 2004). A Lei 10.792/2003 trouxe mudanas Psicologia do testemunho: os psiclogos podem ser solici-
LEP, uma vez que extinguiu o exame criminolgico feito para tados a avaliar a veracidade dos depoimentos de testemunhas
instruir pedidos de benefcios e o parecer da Comisso Tcni- e suspeitos, de forma a colaborar com os operadores da justi-
ca de Classificao Brasil (2003). Para a concesso de benef- a. O chamado fenmeno das falsas memrias tem assumido
cios legais, as nicas exigncias previstas so o lapso de um papel muito importante na rea da Psicologia do Testemu-
tempo j cumprido e a boa conduta. No entanto, h uma pres- nho. Hoje, sabe-se que o ser humano capaz de armazenar e
so por parte do Ministrio Pblico e Poder Judicirio pela recordar informaes que no ocorreram. As falsas memrias

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podem resultar da repetio de informaes consistentes e rizao do trabalho deste profissional ficam facilitadas e forta-
inconsistentes no depoimento de testemunhas sobre o mesmo lecidas.
evento. preciso desenvolver pesquisas na rea que possam
contribuir para a elucidao dos mecanismos responsveis
pelas falsas memrias e, assim, auxiliar o aprimoramento de Por fim, destaca-se a necessidade de conhecer determina-
tcnicas para avaliao de testemunhos (Stein, 2000). das terminologias da rea jurdica e a importncia de um traba-
Uma rea recente e relacionada Psicologia do Testemu- lho interdisciplinar, junto a advogados, juzes, promotores,
nho que vem ganhando espao o Depoimento sem Dano, assistentes sociais e socilogos. Eis o grande desafio da psi-
que objetiva proteger psicologicamente crianas e adolescen- cologia jurdica: no ficar limitada aos conhecimentos advindos
tes vtimas de abusos sexuais e outras infraes penais que da cincia psicolgica e trocar conhecimentos com cincias
deixam graves sequelas no mbito da estrutura da personali- afins, buscando redimensionar a compreenso do agir huma-
dade. Esse projeto foi criado no Segundo Juizado da Infncia no, considerando os aspectos legais, afetivos e comportamen-
e Juventude de Porto Alegre, em razo das dificuldades en- tais.
frentadas pela justia na tomada de depoimentos de crianas DESENVOLVIMENTO PSICOLGICO: INFNCIA, ADO-
e adolescentes (Cezar, 2007). LESCNCIA.
A fim de atingir tais objetivos, importante que o tcnico
Criana
entrevistador - assistente social ou psiclogo - possua habili-
dade em ouvir, demonstre pacincia, empatia, disposio para Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre.
o acolhimento e capacidade de deixar o depoente vontade
durante a audincia. O tcnico deve, ainda, conhecer acerca
da dinmica do abuso e, preferencialmente, possuir experin-
cia em situaes de percia, o que facilita a compreenso e
interao de todos os envolvidos no ato judicial (Cezar, 2007).
Desta forma, a insero de uma equipe psicossocial no mbito
da justia respeita e preserva o estado emocional da vtima,
permitindo, assim, um processo menos oneroso e mais justo
para o caso.

Consideraes Finais
Este artigo buscou apontar o histrico da Psicologia Jurdi-
ca, algumas questes referentes formao acadmica nessa
rea e os principais campos de atuao. Diante do exposto,
possvel concluir que esse ramo da Psicologia muito recente,
especialmente na rea cientfica. As referncias utilizadas para
construir esse material reforam a dificuldade de encontrar
textos relacionados ao assunto, especialmente artigos cientfi-
cos. As deficincias na formao decorrem, em parte, do rpi-
do desenvolvimento das relaes entre Psicologia e Direito e o
despreparo para lidar com os avanos e as novas reas de
atuao que surgem a cada dia. Uma vocao, de William-Adolphe Bouguereau.
Ao analisar os campos de atuao do psiclogo jurdico, Uma criana um ser humano no incio de seu
percebe-se um predomnio da atuao desses profissionais desenvolvimento. So chamadas recm-nascidas do
enquanto avaliadores. A elaborao de psicodiagnsticos, nascimento at um ms de idade; beb, entre o segundo e o
presente desde o surgimento da Psicologia Jurdica, permane- dcimo-oitavo ms, e criana quando tm entre dezoito
ce como um forte campo de exerccio profissional. Contudo, a meses at doze anos de idade. O ramo da medicina que
demanda por acompanhamentos, orientaes familiares, parti- cuida do desenvolvimento fsico e das doenas e/ou traumas
cipaes em polticas de cidadania, combate violncia, parti- fsicos nas crianas a pediatria. Os aspectos psicolgicos
cipao em audincias, entre outros, tem crescido enorme- do desenvolvimento da personalidade, com presena ou no
mente. Esse fato amplia a insero do psiclogo no mbito de transtornos do comportamento, de transtornos emocionais,
jurdico, ao mesmo tempo em que exige uma constante atuali- e/ou presena de neurose infantil - includos toda ordem de
zao dos profissionais envolvidos na rea. O psiclogo no carncias, negligncias, violncias e abusos, que no os
pode deixar de realizar psicodiagnsticos, mbito de sua prti- deixa "funcionar" saudavelmente, com a alegria e interesses
ca privativa. Entretanto, deve estar disposto a enfrentar as que lhes so natural - recebem a ateno da Psicologia
novas possibilidades de trabalho que vm surgindo, ampliando Clnica Infantil (Psiclogos), atravs da Psicoterapia Ldica.
seus horizontes para novos desafios que se apresentam. Os aspectos cognitivos (intelectual e social) realizada pela
Pedagogia (Professores), nas formalidades da vida escolar,
desde a pr-escola, aos cinco anos de idade, ou at antes,
Destaca-se ainda a necessidade de ampliar o espao para aos 3 anos de idade.
discusso acerca da Psicologia Jurdica no ambiente acadmi-
A infncia o perodo que vai desde o nascimento at
co, mediante a criao de disciplinas e promoo de encontros
aproximadamente o dcimo-segundo ano de vida de uma
nos quais se busque suprir a carncia existente nos currculos
pessoa. um perodo de grande desenvolvimento fsico,
dos cursos de Psicologia. Ademais, preciso ampliar a rea
marcado pelo gradual crescimento da altura e do peso da
de pesquisa, de forma a produzir obras cientficas que con-
criana - especialmente nos primeiros trs anos de vida e
templem os diferentes campos em que a Psicologia Jurdica
durante a puberdade. Mais do que isto, um perodo onde o
tem passado a atuar e contribuir. A partir do momento em que
ser humano desenvolve-se psicologicamente, envolvendo
as pesquisas realizadas comprovem a importncia do trabalho
graduais mudanas no comportamento da pessoa e na
do psiclogo junto s instituies judicirias, a insero e valo-
aquisio das bases de sua personalidade.

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Uma garota deitada na areia.


Criana soprando um dente-de-leo.
A infncia um perodo onde h um grande
desenvolvimento da criana, deve-se esclarecer que tais A pequena criana neste estgio cresce menos do que
crianas ainda no tm maturidade psicolgica suficiente para durante os primeiros 18 meses de vida. A criana, ento,
serem consideradas adolescentes, mesmo tendo o porte pode correr uma curta distncia por si mesma, comer sem a
fsico de um. ajuda de terceiros, e falar algumas palavras que tm
significado (por exemplo, mame, papai, bola, etc), e a
Do nascimento at o incio da adolescncia, os pais so expectativa que a criana continue a melhorar estas
os principais modelos da criana, com quem elas aprendem, habilidades.
principalmente por imitao. Filhos de pais que os abusam ou
negligenciam tendem a sofrer de vrios problemas O principal aspecto desta faixa etria o desenvolvimento
psicolgicos, inclusive, depresso. A principal atividade das gradual da fala e da linguagem. Aos trs anos de idade, a
crianas so as brincadeiras, as quais so responsveis por criana j pode formar algumas frases completas (e corretas
estimular o desenvolvimento do intelecto infantil, a gramaticalmente) usando palavras j aprendidas, e possui um
coordenao motora e diversos outros aspectos importantes vocabulrio de aproximadamente 800 a mil palavras.
ao desenvolvimento pleno da criana. A criana lentamente passa a compreender melhor o
0 - 18 meses mundo sua volta, e a aprender que neste mundo h regras
que precisam ser obedecidas, embora ainda seja bastante
Neste estgio, o beb totalmente dependente de egocntrica - comumente vendo outras pessoas mais como
terceiros (geralmente, dos pais) para quaisquer coisas como objetos do que pessoas, no sabendo que estas possuem
locomoo, alimentao ou higiene. Neste perodo, o beb sentimentos prprios. Assim sendo, a criana muitas vezes
aprende atos bsicos de locomoo como sentar, engatinhar, prefere brincar sozinha a brincar com outras crianas da
andar. Recomenda-se o aleitamento materno exclusivo at mesma faixa etria. No final desta faixa etria, uma criana
que o sexto ms de vida; isso porque o leite materno tem uma geralmente j sabe diferenciar pessoas do sexo masculino e
composio mais adequada e exige cuidados mais simples pessoas do sexo feminino, e tambm j comea a ter suas
em relao a outros tipos de leite, bem como possui prprias preferncias, como roupas e entretenimentos, por
anticorpos e outros fatores para proteger o lactente de exemplo. Pode tambm ser capaz de se vestir sem a ajuda de
infeces, e ainda fortalece a relao entre a me e seu filho. terceiros, e de antecipar acontecimentos.
Caso haja empecilho ou, raramente, contra-indicao, ao
aleitamento materno, leites substitutos como de vaca, cabra 3 - 4 anos
ou soja podem ser usados, alm de leites de vaca
modificados para ter composio mais semelhante ao
humano. Esses leites, porm, tm maior risco de induzir
alergias na criana (especialmente os leites animais in
natura), e exigem suplementao de nutrientes como ferro ou
cido flico, exceto aqueles que tm adio de vitaminas.
Aps o sexto ms de vida, a dieta alimentar de um beb
comea a variar, com a introduo lenta e gradual de novos
alimentos.
Neste estgio da vida, a criana cresce muito
rapidamente. Os primeiros cabelos, bem como os primeiros
dentes, aparecem neste estgio. Aos 18 meses de vida, a
maioria dos bebs j soltaram suas primeiras palavras. Este
perodo caracterizado pelo egocentrismo, pois o beb no
compreende que faz parte de uma sociedade, e o mundo para Crianas em um jardim de infncia afego.
ele gira em torno de si mesmo.
Crianas desta faixa etria comeam a desenvolver os
18 meses - 3 anos aspectos bsicos de responsabilidade e de independncia,
preparando a criana para o prximo estgio da infncia e os
anos iniciais de escola. As crianas desta faixa etria so
altamente ativas em geral, constantemente explorando o
mundo sua volta. As crianas passam tambm a aprender
que na sociedade existem coisas que eles podem ou no
fazer.
Nesta faixa etria, a criana j compreende melhor o
mundo sua volta , tornando-se gradualmente menos

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egocntrica e melhor compreendendo que suas aes podem tambm uma habilidade que aprendida e constantemente
afetar as pessoas sua volta. Tambm passam a melhorada. At o quinto ou sexto ano de vida, as crianas
compreender que outras pessoas tambm possuem seus muitas vezes procuram resolver problemas atravs da
prprios sentimentos. Assim sendo, as crianas gradualmente primeira soluo - certa ou no, racional ou no - que vem
aprendem sobre a existncia de padres de comportamentos sua mente. Aps o quinto ou o sexto ano de vida, a criana
, aes que podem ou devem ser feitas, e aes que no passa procurar por diversas solues, e a reconhecer a
devem ser feitas. Os pais da criana so os principais soluo correta ou aquela que mais se aplica ao
modelos da criana nesta faixa etria . geralmente solucionamento do problema.
determinam se uma dada ao da criana foi boa ou m,
muitas vezes recompensando a criana pelas suas boas Por volta dos sete ou oito anos de idade, as crianas
aes e castigando a criana pelas suas ms aes. passam a racionalizar seus pensamentos e suas crenas,
procurando as razes, os porqus por trs de um problema
Crianas, a partir dos trs anos de idade, tambm passam ou de um fato. Assim, as prprias crianas passam a analisar
a aprender padres de comportamento de um processo os padres de comportamento ensinados pela famlia e
chamado identificao. As crianas passam a se identificar sociedade. Alm disso, a partir dos seis anos de idade, as
com outra pessoa por causa de vrios motivos, incluindo crianas passam a se comparar com outras crianas da
laos de amizade (um amigo ou uma pessoa prxima como mesma faixa etria. Estes dois fatos, aliados ao crescimento
outro parente ou uma bab, por exemplo) e semelhanas da vida social da criana, diminuem a importncia dos pais e
fsicas e psicolgicas. Tambm a partir dos trs anos de idade da famlia como modelos de comportamento da criana, e
que as crianas passam a ver diferenas entre pessoas do aumentam a importncia dos amigos e dos professores.
sexo masculino e feminino, tanto nos aspectos fsicos quanto
nos aspectos psicolgicos, como os esteretipos dados a
ambos os sexos pela sociedade (exemplos: menino brinca
com bola, menina brinca com boneca).
A grande maioria das crianas abandona as fraldas nesta
faixa etria. A partir dos trs anos de idade, a criana cresce
lentamente, em contraste com o crescimento acelerado
ocorrido desde o nascimento at os dezoito meses de vida.
Meninos e meninas tm peso e altura semelhantes.
5 - 9 anos

Crianas em sala de aula de uma escola japonesa.


A comparao que uma dada criana faz de si mesma
outra tambm afeta a auto-imagem e a auto-estima da criana
- a opinio que uma pessoa tem de si mesma. O tipo de auto-
imagem formada durante a infncia pode influenciar o
comportamento desta pessoa na adolescncia e na vida
adulta. As crianas passam a desenvolver a auto-imagem
aps os trs anos de idade, medida que as crianas se
identificam com seus pais, parentes, e posteriormente,
pessoas prximas. Esta auto-imagem pode ser positiva ou
negativa, dependendo das atitudes e das emoes das
A partir do quinto ano de vida, crianas passam a dar um pessoas com as quais a criana se identifica. Crianas com
crescente valor amizade. auto-imagens positivas geralmente possuem boas impresses
O perodo entre cinco a nove anos de idade marcado de seus pais e uma ativa vida social; por outro lado, auto-
pelo desenvolvimento psicolgico da criana. Esta continua a imagens negativas costumam ser fruto de famlias
se desenvolver fisicamente, lenta e gradualmente, mas acima disfuncionais, onde o relacionamento entre seus membros
de tudo elas se desenvolvem e amadurecem socialmente, seja problemtico. A comparao que uma criana faz em
emocionalmente e mentalmente. relao a outras crianas pode alterar esta auto-imagem.
Alm disso, vrios outros fatores podem influenciar o
Na maioria das sociedades, as crianas j aprenderam comportamento de uma criana, como abuso infantil,
regras e padres de comportamento bsicos da sociedade problemas scio-psicolgicos (vtima de agresso na escola,
por volta do quinto ano de vida. Elas aprendem ento a por exemplo) e eventos marcantes (perda de um parente ou
discernir se uma dada ao certa ou errada. A vida social amigo, por exemplo).
da criana passa a ser cada vez mais importante, e comum
nesta faixa etria o que se chama de o(a) melhor amigo(a). Os dentes de leite comeam a cair no sexto ano de vida,
um por um, at a adolescncia. O crescimento de peso e
Na maioria dos pases, crianas precisam ir escola, altura pequeno e semelhante entre meninos e meninas, que
geralmente a partir do sexto ou do stimo ano de vida. continuam a ter peso e altura semelhantes. Quanto fora
Atualmente, no Brasil o governo aderiu obrigao dos pais fsica, em teoria, meninos e meninas desta faixa etria tm
levarem as crianas na escola a partir dos cinco anos de fora fsica semelhante, mas meninos, por geralmente serem
idade. Nesta faixa etria, regras bsicas da sociedade so mais incentivados pela sociedade a participar de atividades
mais bem compreendidas. Aqui, dada nfase capacidade fsico-esportistas, tendem a ter um pouco mais de fora fsica
de resoluo de problemas, uma habilidade que do que as meninas.
aperfeioada com o passar do tempo. A racionalizao

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10 - Pr-adolescncia

A partir dos 10 anos de idade, crianas passam a dar mais Dois meninos e uma menina socializando-se por meio da
importncia a um grupo de amigos que possuem gostos brincadeira com bolinhas de gude.
semelhantes. Crianas do sexo feminino so chamadas de meninas, e
Faixa etria que vai desde o dcimo ano de vida poca crianas do sexo masculinos so chamados de meninos. Uma
de intensas mudanas fsicas e psicolgicas: a chamada pequena percentagem dos humanos so hermafroditas -
pr-adolescncia. Nesse perodo da vida as crianas passam embora o hermafroditismo seja apenas uma distino
a ter mais responsabilidades (deveres), ao mesmo tempo em biolgica, e no necessariamente social ou psicolgica. Fora
que passam a querer e exigir mais respeito de outras pessoas as diferenas existentes no sistema reprodutor, meninos e
- particularmente dos adultos. A criana nesta faixa etria meninas no diferem muito fisicamente entre si at o incio da
passa a compreender mais a sociedade, ordens sociais e puberdade, com crianas de ambos os sexos, com a mesma
grupos, o que torna esta faixa etria uma rea instvel de idade, possuindo aproximadamente a mesma altura e o
desenvolvimento psicolgico. mesmo peso.

A participao num grupo de amigos que possuem gostos As crianas de ambos os sexos crescem em altura por
em comum passa a ser de maior importncia para a criana, igual at os nove - onze anos anos de idade, quando o incio
onde o modelo dado pelos amigos comea a obscurecer o da puberdade nas meninas faz com que elas se tornem, na
modelo dado pelos pais. Comeam as preocupaes como a mdia, mais altas do que os meninos, at os doze anos de
expectativa de ser aceito por um grupo, ou certas diferenas idade, quando a puberdade tem incio nos meninos, com a
em relao a outras crianas da mesma faixa etria se altura e o peso mdio dos meninos superando os das
agravam aqui, e so um aspecto de maior importncia na meninas. Uma criana de nove anos possui em mdia entre
adolescncia. Muitas vezes, pr-adolescentes sentem-se 130 a 140 centmetros de altura, nos Estados Unidos. Quanto
rejeitados pela sociedade, podendo desencadear problemas massa corporal, o peso mdio dos meninos entre 25 a 37
psicolgicos tais como depresso ou anorexia. quilogramas, enquanto o peso mdio das meninas
geralmente um pouco menor - possivelmente por causa de
A pr-adolescncia marcada pelo incio das intensas esteretipos impostos pela sociedade, embora alguns
transformaes fsicas que transformam a criana em um especialistas creem que diferenas genticas estejam por trs
adulto; o incio da puberdade, marcada principalmente pelo desta diferena. Uma criana no necessariamente anormal
aumento do ritmo de crescimento corporal e pelo se seu peso e/ou altura so maiores ou menores do que a
amadurecimento dos rgos sexuais. mdia.
A puberdade para as meninas chega entre o 10 e o 12 Um assunto muito discutido so as diferenas psicolgicas
ano de vida, onde os primeiros pelos pubianos e nas axilas entre meninos e meninas no que se refere identidade sexual
aparecem, vem a primeira (os quadris comeam a se formar e das crianas. Enquanto a maioria dos psiclogos acreditam
depois vem os seios e depois o ciclo da menstruao). Neste que as diferenas psicolgicas entre ambos os sexos seja
perodo, as meninas passam, em mdia, a ser mais altas e determinada primariamente pelo ambiente onde a criana vive
mais pesadas que os meninos, onde a puberdade ainda no e pelos esteretipos impostos criana pela sociedade,
comeou. O amadurecimento dos rgos sexuais inicia-se alguns especialistas, primariamente geneticistas, consideram
geralmente depois, no 11 ao 14 ano de vida. Somente mais que a gentica possui maior peso nestas diferenas.
tarde, no 11 ao 14 anos de vida, a puberdade comea para
os meninos, comeo de um alto crescimento fsico (em altura, Diferenas de inteligncia
peso e fora muscular), crescimento de pelos pubianos e nas
axilas e engrossamento do timbre de voz. Com o pico do
crescimento fsico da maioria das meninas j havendo
terminado, os meninos passam frente das meninas,
definitivamente, em peso, altura e fora muscular. O
amadurecimento dos rgos sexuais d-se geralmente
depois, no 14 ao 15 ano de vida.
Alguns grupos de pessoas no aceitam essa classificao,
colocando os pr-adolescentes j como adolescentes.
Gnero

Conhecimentos Especficos 78 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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Duas crianas olhando um rio. desenvolvimento a crescer normalmente. A palavra normal
possui dois sentidos, quando relacionada com o
As diferenas de inteligncia entre diferentes crianas so desenvolvimento infantil. A primeira delas a ausncia de
feitas atravs de testes de quociente de inteligncia. Tais anormalidades fsicas e/ou psicolgicas, que so
testes servem para indicar a habilidade mental no geral de consideradas anormais em toda sociedade e cultura. Estas
uma criana em relao mdia de outras crianas da anormalidades incluem epilepsia, esquizofrenia e doenas
mesma idade. A mdia igual a 100. A performance da genticas. A maioria destas doenas surgem por motivos que
criana no teste pontuada. Cerca de dois teros das no relacionados com a forma com o qual os pais criaram a
crianas so consideradas normais (pontuao entre 84 a criana.
116). Um sexto pontuam mais do que 116, e so
consideradas super-dotadas. Um sexto das crianas pontuam A segunda definio - onde os pais possuem grande
menos de que 84, neste caso, a presena de uma deficincia influncia - se a criana possui certas habilidades ou traos,
mental (e muitas vezes permanente - com vrios graus de algumas delas valorizadas pelos pais, outras valorizadas pela
severidade) considerada - embora vrias crianas pontuem sociedade onde a criana vive. Uma criana considerada
menos do que a mdia por causa de problemas psicolgicos. normal se ela possui estas caractersticas. Algumas destas
caractersticas valorizadas internacionalmente incluem viver
Os testes de quociente de inteligncia so usados amigavelmente com outras pessoas, agir inteligentemente e
especialmente para o auxlio do diagnstico de problemas de maneira responsvel, e a comunicao. Estas ltimas
neurolgicos ou psicolgicos, e tambm em testes que visam habilidades so essenciais para a vida de uma pessoa dentro
ao estudo da gentica, seu papel no desenvolvimento de uma de uma sociedade, e os pais possuem grande influncia no
pessoa e no seu papel do desenvolvimento das diferenas desenvolvimento destas caractersticas. Crianas vtimas de
entre diferenas psicolgicas entre diversas pessoas. A negligncia ou de abuso infantil (por parte dos pais), por
pontuao de pessoas relacionadas geneticamente (ou seja, exemplo, muitas vezes se comportam de maneira agressiva
possuem laos de famlia) que fizeram pelo quociente de ou muito retrada com outras pessoas, por exemplo.
inteligncia geralmente diferem menos do que as diferenas
entre a pontuao de pessoas no relacionadas J outras habilidades e traos so valorizados apenas por
geneticamente, o que sugere que a gentica tem um peso certas culturas. Por exemplo, nos pases desenvolvidos e em
considervel - se no majoritrio - na habilidade mental de vrios pases em desenvolvimento, espera-se da criana que
uma pessoa. Porm, outros especialistas acreditam que o ela aprenda eventualmente a ler e a escrever. Uma criana
ambiente no qual a criana vive que o fator primrio na incapaz de adquirir esta habilidade pode ser vista como
formao psicolgica e da habilidade mental. Estes anormal. Porm, em vrios pases em desenvolvimento,
especialistas fazem uso de estudos entre crianas espera-se muitas vezes que uma criana ajude seus pais a
culturalmente deprivadas - crianas que so criadas sem os sustentar sua famlia. Tais crianas so consideradas muitas
estmulos necessrios que as ajudam na educao escolar vezes normais - na sociedade onde elas vivem - se elas
e/ou que sofrem de abuso infantil, e que possuem no geral adquirem as habilidades necessrias para trabalhar e
um quociente de inteligncia menor do que a mdia. O sustentar a sua famlia, bem como no so vistas como
quociente de inteligncia destas crianas, nos estudos anormais se no sabem ler e escrever. Certas culturas como
realizados, aumentou muito aps receberem cuidados a "cultura ocidental" vm o sexo masculino e o sexo feminino
especiais. como iguais - ambos possuem os mesmos direitos - e
meninos e meninas so criados igualmente. J em outras
J outros especialistas questionam o uso destes testes, e culturas, traos considerados masculinos - como
que tais testes no so eficientes para medir a habilidade independncia e competitividade - so considerados anormais
mental e a inteligncia como um todo de uma criana. Estes entre mulheres, e, portanto, meninos muitas vezes so
especialistas alegam que a inteligncia envolve vrios fatores incentivados pelos pais a ter tais traos, enquanto tais traos
- memria, lgica e originalidade, por exemplo, e que uma entre meninas so reprimidos.
criana pode destacar-se em uma ou mais reas enquanto
sofre dificuldades em outras. Os pais so especialmente responsveis em cuidar da
criana e de suas necessidades fsico-psicolgicas, do uso de
O papel dos pais recompensas e punies, e como modelos de
comportamento. Em muitos casos onde h omisso dos pais
em termos de afeto e relacionamento as crianas podem
desenvolver srios problemas emocionais. A chamada
"terceirizao da infncia", termo usado pelo pesquisador
Jos Martins Filho em seu livro "A criana terceirizada: os
descaminhos das relaes familiares no mundo
contemporneo", uma realidade em vrias partes do mundo
e, principalmente, no Brasil.
Necessidades fsico-psicolgicas

Alice Liddell fotografada por Lewis Carroll.


Os pais de uma criana possuem um papel fundamental
no desenvolvimento psicolgico da criana, alm de serem os
responsveis pela sustentao dela. Uma das principais
preocupaes dos pais ajudar a criana em

Conhecimentos Especficos 79 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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Duas crianas em uma favela em Jacarta, Indonsia. Com o objectivo de solucionar estes problemas a UNICEF
promove diversas campanhas de recolhimento de fundos
Todas as crianas possuem algumas necessidades fsico- monetrios para poder apoi-las nesses pases.
psicolgicas que precisam ser cumpridas e atendidas para
que a criana cresa normalmente. Significado do choro
A principal necessidade fsica da criana a alimentao, O choro o meio mais eficaz para manifestar uma
da qual as crianas so totalmente dependentes dos adultos necessidade ou um mal-estar. Os psiclogos tm procurado
nos primeiros anos de vida. Outras necessidades fsicas identificar os vrios tipos de choro com as situaes que o
importantes so limpeza e higiene, vesturio adequado e um motivam. Assim, distinguem-se geralmente quatro padres de
abrigo. Espao tambm importante - para o exerccio de choro: choro bsico de fome, choro de raiva, choro de
jogos e brincadeiras. Alm disso, a criana tambm depende frustrao e choro de dor, e/ou ainda de cansao e
dos adultos quanto ao aprendizado de bons hbitos de desconforto.
comportamento, tanto sociedade que o cerca quanto a si
mesma - mantendo uma higiene adequada, por exemplo, O sorriso de um beb
lavando as mos antes de comer, no comer nada que tenha O sorriso uma das formas de comunicao que
cado no cho, escovar os dentes diariamente, etc. desencadeia confiana e afeto reforando os esforos dos
O desenvolvimento das vacinas diminuiu bastante as adultos em satisfazer o beb. O primeiro sorriso pode ocorrer
taxas de mortalidade infantil em muitos pases - aps o nascimento, de modo espontneo, efeito da atividade
especialmente em doenas como sarampo, paralisia infantil e do sistema nervoso central.
varola (esta ltima j extinta). Em muitos pases, os pais so Depois da alimentao e ao adormecer, frequente
obrigados a vacinar a criana, pelo menos contra certas esboar um sorriso que pode ser tambm desencadeado
doenas como sarampo, paralisia infantil, tuberculose, ttano pelos sons emitidos pelos progenitores. Estes sorrisos so
e difteria, por exemplo. Caso os pais no levem as crianas a automticos, reflexos e involuntrios.
postos de vacinao, as crianas podero ser suspensas da
escola, e em casos mais graves, os pais podem perder a O sorriso um sinal que refora as relaes positivas do
guarda da criana. Algumas destas vacinas requerem adulto favorecendo a sua repetio. um comportamento
reimunizao - a aplicao de uma nova dose da vacina - intencional que visa manter a comunicao com aqueles que
regularmente. tratam do beb.

As necessidades psicolgicas da criana so Representaes da infncia


determinadas pelas habilidades e pelos traos de Dada a especificidade da infncia, diversas
personalidade que os pais esperam que seu filho desenvolva. representaes sobre este perodo da vida do indivduo
Algumas destas so incentivadas em toda sociedade, outras marcam a produo literria, artstica e cultural dos diversos
apenas em certas culturas. Todas as crianas possuem grupos e sociedades. As representaes sobre a infncia
certas necessidades psicolgicas - como sentir-se amadas e portam tanto uma interpretao deste momento da vida
queridas pelos pais. quanto um projeto para o adulto que a criana se tornar.
Espera-se mais responsabilidade e maturidade da criana Buscando exemplificar esta variedade de representaes,
quando esta passa a ir escola regularmente - a partir dos uma vez que sempre que a criana e a infncia so retratada
seis ou sete anos de idade. As crianas passam a frequentar elas so representadas, teremos:
regularmente um lugar onde regras existem, que devem ser o discurso legal do Estatuto da Criana e do Adolescente
cumpridas - e onde os padres de comportamento no que apresenta uma infncia a ser protegida, portanto frgil;
mudam de um dia para o outro.
em O Pequeno Prncipe, teremos uma infncia fantstica,
Problemas scio-econmicos como momento de descoberta e de encantamento do mundo;
em Lobo Solitrio, o personagem Ogami Daigoro
representa a "infncia no infantilizada" ao demonstrar um
comportamento de adulto perante as adversidades;
nesta pgina, a concepo biolgica e sociolgica da
infncia enquanto momento de maturao do organismo, do
aprendizado das relaes sociais e da submisso s
condies ambientais.
O surgimento de um discurso sobre a infncia est
vinculado emergncia da percepo da especificidade do
infantil na modernidade, como demonstra Philippe Aris em A
histria Social da Criana e da Famlia.
Adolescncia
Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre.
Adolescncia a fase do desenvolvimento humano que
marca a transio entre a infncia e a idade adulta. Com isso
essa fase caracteriza-se por alteraes em diversos nveis -
fsico, mental e social - e representa para o indivduo um
Crianas em meio a pobreza africana. Em destaque, um processo de distanciamento de formas de comportamento e
menino. privilgios tpicos da infncia e de aquisio de caractersticas
Muitas crianas (principalmente em pases e competncias que o capacitem a assumir os deveres e
subdesenvolvidos) experimentam diversos problemas como papis sociais do adulto.[1]
alimentao reduzida ou desequilibrada (desnutrio), Os termos "adolescncia" e "juventude" so por vezes
trabalho infantil, ausncia de habitao, AIDS, entre outros. usados como sinnimos (como em alemo Jugend e

Conhecimentos Especficos 80 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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Adoleszenz,[1] ingls Youth e Adolescence), por vezes como A adolescncia no , no entanto, uma fase homognea.
duas fases distintas mas que se sobrepem: para Steinberg a Pelo contrrio, uma fase dinmica que, para o seu estudo,
adolescncia se estende aproximadamente dos 11 aos 21 exige uma maior diferenciao. Steinberg prope uma diviso
anos de vida,[2] enquanto a ONU define juventude (ing. em trs fases: (1) Adolescncia inicial, dos 11 aos 14 anos;
youth) como a fase entre 15 e 24 anos de idade - sendo que (2) adolescncia mdia, dos 15 aos 17 anos e (3)
ela deixa aberta a possibilidade de diferentes naes adolescncia final, dos 18 aos 21. Essa ltima fase sobrepe-
definirem o termo de outra maneira;[3] a Organizao Mundial se "juventude" em sentido estrito, que marca o incio da
da Sade define adolescente como o indivduo que se idade adulta, definida por Oerter e Montada como a fase entre
encontra entre os dez e vinte anos de idade e[4], no Brasil, o os 18 e os 29 anos de idade.[1]
Estatuto da Criana e do Adolescente estabelece ainda outra
faixa etria - dos 12 aos 18 anos.[5] Alm disso Oerter e Desenvolvimento cognitivo
Montada descrevem uma "idade adulta inicial" (al. fruhes
Erwachsenenalter) que vai dos 18 aos 29 anos e que se
sobrepem s definies de "juventude" apresentadas. Como
quer que seja, importante salientar que "adolescncia" um
termo geralmente utilizado em um contexto cientfico com
relao ao processo de desenvolvimento bio-psico-social.[1]
Como mais adiante se ver, o fim da adolescncia no
marcado por mudanas de ordem fisiolgica, mas sobretudo
de ordem scio-cultural; o presente artigo se dedica assim
adolescncia em sentido restrito, tomando a idade da
maioridade civil - 18 anos - como fim.
Definio
O termo adolescncia usado com vrios significados em
contextos diversos:[1]
Adolescentes em Oslo
Construo histrico-social
O desenvolvimento cognitivo , ao lado das mudanas
Adolescncia e juventude so fenmenos de forte corporais tratadas mais abaixo, uma das caractersticas mais
caracterizao cultural e sua definio est intimamente marcantes da adolescncia. Tal desenvolvimento se mostra
ligada transformao da compreenso do desenvolvimento sobretudo atravs:[1]
humano e tambm transformao da forma como cada
gerao adulta se define a si prpria.[1] do aumento das operaes mentais;
A ideia de que a adolescncia uma fase qualitativamente da melhora da qualidade no processamento de
diferente da infncia e da idade adulta tem sua origem j na informaes e
antiguidade. A base scio-poltica dessa diferenciao s
da modificao dos processos que geram a conscincia.
surgiu, no entanto, com a transformao das estruturas
sociais ocorrida em fins do sculo XIX que permitiram que os Dessa maneira o adolescente adquire a base cognitiva
jovens (adolescentes) fossem retirados do mercado de para redefinir as formas com que lida com os desafios do
trabalho para frequentarem a escola e outras instituies meio-ambiente, que se torna cada vez mais complexo, e das
educacionais. Ligados a essa ideia de adolescncia como mudanas psicofisiolgicas. As principais caractersticas
fase de formao para o trabalho foram propostos os termos desse desenvolvimento so:[1][10][11]
"adolescncia encurtada"[6] e "adolescncia estendida",[7]
que descrevem as diferentes oportunidades de formao e Pensar em possibilidades - ou seja, o pensamento no se
educao que tm pessoas que entram no mercado de limita mais realidade, mas atinge tambm hipteses irreais e
trabalho mais cedo ou mais tarde - normalmente de acordo permite ao indivduo gerar novas possibilidades de ao;
com a situao cultural e a possibilidade financeira da Pensamento abstrato - a capacidade de abstrair se
famlia.[8] O aumento da complexidade das funes e papis desenvolve, permitindo ao indivduo compreender no
a serem exercidos na idade adulta levam a um aumento somente conceitos abstratos, mas tambm estruturas
progressivo dessa fase de formao.[1] complexas, sobretudo sociais, polticas, cientficas,
Adolescncia e juventude na cincia econmicas e morais;

A fase da adolescncia e da juventude so objeto de Metacognio - o prprio pensamento alvo de reflexo,


estudo das mais diferentes disciplinas - sociologia, poltica, permitindo o direcionamento consciente da ateno, a
psicologia, pedagogia, biologia, medicina, direito, etc. - e reflexo e a avaliao de pensamentos passados, abrindo
apresentam assim um grande nmero de diferentes assim caminho para as capacidades de autoreflexo e
significados. Tais significados abrangem por exemplo introspeco;
"juventude como fase do desenvolvimento individual", Pensamento multidimensional - o indivduo torna-se capaz
"juventude como ideal e mito" (com uma correspondente de levar em conta cada vez mais aspectos dos fenmenos.
idealizao dessa fase da vida) e "juventude como grupo Essa capacidade permite ao indivduo compreender a
social" que possui uma cultura prpria.[9] interdependncia de fenmenos de diferentes reas e
Psicologia do desenvolvimento argumentar a partir de diferentes pontos de vista;

Se, do ponto de vista da psicologia do desenvolvimento, o Relativizao do pensamento - o indivduo se torna cada
incio da adolescncia claramente marcado pelo incio do vez mais capaz de compreender outros pontos de vista e
amadurecimento sexual (puberdade), o seu fim no se define sistemas de valores.
apenas pelo desenvolvimento corporal, mas sobretudo pela Desenvolvimento corporal e psicossexual
maturidade social - que inclui, entre outras coisas, a entrada
no mercado de trabalho e o assumir do papel social de Crescimento fsico
adulto.[1]

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Durante a adolescncia o corpo do indivduo cresce 16-18 anos: aparecimento da barba, incio das "entradas"
continuamente at a idade de 16 a 19 anos, quando a no contorno dos cabelos, marcante mudana de voz.[12]
estatura adulta alcanada - os rapazes atingem a estatura
adulta em mdia dois anos mais tarde do que as moas. Tal O significado dessas mudanas para os adolescentes
crescimento, no entanto, no se d de maneira contnua:
aproximadamente aos 14-15 anos os rapazes - as moas dois
anos antes - tm um "salto no crescimento", ou seja eles
crescem em um ano mais do que nos anos anteriores e nos
seguintes. Depois desse salto, a velocidade do crescimento
diminui marcadamente at o indivduo atingir sua altura final.
Paralelamente ao crescimento fsico h um aumento no peso,
que, no entanto, dependente da alimentao e da forma de
vida.[1]
As diferentes partes do corpo tambm crescem com
velocidades diferentes. De maneira geral os membros
superiores (braos) e inferiores (pernas) e a cabea crescem
mais rapidamente que o resto do corpo, atingindo seu
tamanho final mais cedo. Isso leva a uma desproporo
visvel com relao ao tronco, que cresce mais devagar. Essa
desproporo observvel tambm nos movimentos por
vezes desajeitados, tpicos da adolescncia.[1]
At a idade de 11 anos, meninos e meninas tm
aproximadamente a mesma fora muscular. O crescimento
muscular dos rapazes , no entanto, maior, o que explica a
maior fora fsica mdia dos homens na idade adulta.[1]
Puberdade
Mudanas corporais Um adolescente de Singapura

Apesar das muitas diferenas individuais no crescimento e Em uma pesquisa realizada na Alemanha[13] Schmid-
no desenvolvimento sexual, o processo de amadurecimento Tannwald e Kluge registraram uma tendncia entre as
sexual apresenta uma certa sequncia, comum tanto aos meninas de terem a menarca aproximadamente 13 anos mais
rapazes como s moas. Para as moas, no entanto, esse cedo do que em uma pesquisa anterior de 1981. As meninas
processo tem incio, em mdia, dois anos mais cedo do que que foram preparadas pelos pais para esse fenmeno
nos rapazes.[1] corporal relataram terem-no visto como natural, enquanto as
moas que no haviam sido preparadas relataram terem tido
Desenvolvimento dos caracteres sexuais primrios e um sentimento desagradvel. Tambm entre os meninos o
secundrios nas mulheres mesmo estudo registrou uma tendncia de uma primeira
10-11 anos: Incio da formao dos quadris com a ejaculao aproximadamente 1,7 anos mais cedo do que dez
acumulao de gordura, primeiro crescimento dos seios e dos anos antes. Dos adolescentes entrevistados apenas 43%
mamilos; tiveram uma primeira ejaculao espontnea; 31% a tiveram
atravs de masturbao e 5% atravs do ato sexual.
11-14 anos:
Mudanas hormonais
Surgem os pelos pubianos (lisos), a voz torna-se mais
grave, rpido crescimento dos ovrios, da vagina, do tero e A ao dos hormnios, muito importantes na regulao do
dos lbios da genitlia; metabolismo, muito complexa e ainda no completamente
compreendida. Com relao ao crescimento corporal dois
Os pelos pubianos tornam-se crespos hormnios desempenham um papel preponderante: a
somatotrofina, hormnio do crescimento produzido pela
Idade do "salto de crescimento" (ver acima), os seios hipfise, e a tiroxina, produzida pela tiride. A somatotrofina
comeam a tomar forma (estgio primrio), amadurecimento regula o crescimento do corpo como um todo; j a tiroxina,
dos vulos: menarca (primeira menstruao): que s produzida "sob instruo" da hipfise atravs da
14-16 anos: Crescimento dos pelos axilares, os seios tirotrofina, regula principalmente o crescimento do crebro,
adquirem a forma adulta (estgio secundrio)[12] dos dentes e dos ossos.[1]
Desenvolvimento dos caracteres sexuais primrios e A puberdade traz consigo uma mudana na ao dos
secundrios nos homens hormnios. Ativada pelo hipotlamo a hipfise comea a
secretar novos hormnios que agem sobre os rgos sexuais
12-13 anos: Surgem os pelos pubianos (lisos); incio do (gonadotrofinas: hormnio folculo-estimulante e hormnio
crescimento dos testculos, do escroto e do pnis, mudanas luteinizante) e sobre as glndulas supra-renais (hormnio
temporrias no peito; formao de esperma adrenocorticotrfico). Nos meninos, aproximadamente aos 11
13-16 anos: anos, o hormnio folculo-estimulante provoca o
desenvolvimento das clulas que produzem os
Incio da mudana de voz, crescimento acelerado do espermatozides e o hormnio luteinizante leva produo
pnis, dos testculos, do escroto, da prstata e da vescula do hormnio masculino, a testosterona. Esta, por sua vez,
seminal, primeira ejaculao conduz aos desenvolvimento das caractersticas tpicas
masculinas. J nas meninas, aproximadamente aos 9 anos, o
Os pelos pubianos tornam-se crespos
hormnio folculo-estimulante leva ao amadurecimento dos
Grande "salto de crescimento" folculos de Graaf no ovrio, que produzem os vulos, e o
hormnio luteinizante menstruao. Os ovrios produzem,
Crescimento dos pelos axilares por sua vez, dois hormnios: o estrognio, que regula o
crescimento dos seios, dos pelos pubianos e a acumulao
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de gordura, e a progesterona, que regula o ciclo menstrual e a atingem, assim, a maturidade corporal cada vez mais cedo.
gravidez.[1] Por outro lado o incio da idade adulta - entrada no mercado
de trabalho e formao de uma famlia - tende a ocorrer cada
Acelerao e retardo no desenvolvimento vez mais tarde devido longa formao necessria (escola,
Como se viu, as mudanas tpicas da adolescncia universidade). Essas duas tendncias contrrias geram novas
iniciam, em mdia, em uma idade especfica. No entanto oportunidades mas tambm novos desafios - e estresse -
alguns adolescentes iniciam o seu amadurecimento mais para os adolescentes.[1]
cedo do que a mdia enquanto outros o fazem mais tarde. A sexualidade do adolescente
Dos primeiros se diz que seu amadurecimento acelerado,
enquanto o dos segundo retardado. Importante notar que Paralelamente ao incio da maturidade sexual tambm o
tal comparao s pode ser feita em algumas situaes, pois comportamento sexual comea a se desenvolver. Esse
tais diferenas existem entre pessoas de diferentes raas e desenvolvimento um processo muito complexo e fruto da
de diferentes geraes. interao de vrios fatores - desenvolvimento fsico (ver
acima), psicosocial, a exposio a estmulos sexuais (que
Em nenhuma outra fase da vida h uma variao to definida pela cultura), os grupos de contatos sociais (amigos,
grande entre pessoas da mesma idade como na grupos de esporte, etc.), e as situaes especficas que
adolescncia. Essa situao ainda mais confusa porque o permitem o acesso experincia ertica.
desenvolvimento fsico, o social e o cognitivo (ver abaixo) no
andam necessariamente juntos. O meio-ambiente, no entanto, O incio do desenvolvimento sexual se encontra j na
reage de forma diferente, de acordo com o desenvolvimento infncia. No apenas os casos de abuso sexual, mas tambm
visvel da pessoa - meninos que parecem mais velhos tendem as experincias quotidianas de troca de carinho e afeto, de
a ser tratados como mais velhos e vice-versa. Essa reao do relacionamentos interpessoais e de comunicao sobre a
meio ambiente influencia o desenvolvimento social e sexualidade desempenham um papel importantssimo para o
psicolgico dos adolescentes de maneira marcante. desenvolvimento do comportamento sexual e afetivo do
Adolescentes com desenvolvimento retardado tendem a ser adolescente e, posteriormente, do adulto. Importantes aqui
emocionalmente menos estveis e menos satisfeitos; tendem so sobretudo processos de aprendizado atravs do modelo
a ter uma autoimagem mais negativa, a ser menos dos pais: em famlias em que carinho e afeto so trocados
responsveis e mais inseguros. J os adolescentes com abertamente e em que a sexualidade no um tabu os
desenvolvimento acelerado tm um maior risco de terem adolescentes desenvolvem outras formas de comportamento
problemas com drogas e com o comportamento social, do que em famlias em que esses temas so evitados e
provavelmente por terem acesso mais cedo a grupos mais considerados inconvenientes.[1]
velhos.[14][15][16] Outros estudos registraram que rapazes
com desenvolvimento acelerado apresentam algumas Comportamento sexual
vantagens com relao a seus coetneos: mesmo na idade Baseados em seus estudos com adolescentes alemes
de 38 anos eles se mostraram mais responsveis, Schmid-Tannwald e Kluge (1998) defendem trs teses que
cooperativos, seguros, controlados e mais adaptados resumem o resultado desse trabalho:[13]
socialmente; ao mesmo tempo se mostraram mais
convencionais, conformistas e com menos senso de humor; j O desenvolvimento do comportamento social est cada
os rapazes com desenvolvimento retardado mostraram-se, vez mais acelerado, acompanhando a acelerao secular da
mesmo com 38 anos, mais impulsivos, instveis maturidade sexual (ver acima "acelerao e retardo no
emocionalmente, mas em compensao mais capazes de desenvolvimento"). O incio da vida sexual est ligado ao
reconhecer seus erros, mais inovativos e divertidos.[17] incio da maturidade sexual (menarca nas moas e primeira
Tambm com relao ao desenvolvimento da identidade h ejaculao nos rapazes) mais do que a qualquer outro fator: a
diferenas entre rapazes com desenvolvimento acelerado e maior parte dos adolescentes tendem a ter sua primeira
retardado. Como tm mais tempo para desenvolver seu relao sexual nos primeiros anos aps atingirem a
conhecimento e suas estratgias de coping os rapazes com maturidade sexual. Dessa forma, em um estudo de 1983[20]
desenvolvimento retardado tendem a ter melhores 44% das moas e 33% dos rapazes com 17 anos afirmavam
possibilidades no desenvolvimento da prpria identidade, j ter tido uma relao sexual, enquanto em 1994[13] 92%
enquanto os rapazes com desenvolvimento acelerado das moas e 79% dos rapazes com 17 anos diziam j ter tido
acabam sendo introduzidos mais cedo no muno adulto e uma experincia sexual. Apesar da pouca idade, a maioria
acabam assumindo uma identidade mais prxima aos dos adolescentes tende a trocar carcias e a fazer
padres socialmente estabelecidos.[1][11] J no caso das experincias de toques ntimos sem penetrao ("petting")
moas a situao um pouco distinta. Moas com como preparao para o ato sexual. J nos primeiros anos de
desenvolvimento acelerado tendem a ter uma autoestima atividade sexual ambos os sexos tendem a ver o sexo como
mais baixa por crescerem mais rapidamente e assim no algo belo, se bem que essa tendncia seja maior entre os
corresponderem ao ideal de beleza culturalmente rapazes.[1]
estabelecido. Por outro lado moas com uma menarca muito O comportamento sexual de ambos os sexos est se
tardia parecem tambm mostrarem uma tendncia a terem aproximando cada vez mais: em 1983[20] a diferena entre a
uma autoestima mais baixa.[18] Resumindo: acelerao e idade mdia da menarca e da primeira ejaculao era de 0,7
retardo no desenvolvimento so dois fenmenos que podem anos (ou seja, em mdia as moas tinham a primeira
trazer consigo certos riscos para o desenvolvimento da menstruao 9 meses antes dos rapazes); j em 1994[13] a
pessoa. No entanto um trabalho de esclarecimento dos pais e diferena era de apenas 0,3 anos (3-4 meses). Em 1983 as
dos adolescentes pode reduzir esses risco de maneira moas tendiam a ter a primeira relao sexual 0,7 anos mais
drstica, oferecendo aos adolescentes melhores condies de cedo do que os rapazes,[20] j em 1994 a idade era a
desenvolvimento.[1] mesma: 14,9 anos.[13]
Outro fenmeno muito discutido o da chamada O comportamento sexual influenciado pela cultura
acelerao secular, ou seja, a tendncia, nos pases familiar. Mas mesmo em famlias que tendem a conversar
ocidentais, de a puberdade iniciar cada vez mais cedo. Em menos abertamente sobre sexualidade e relacionamentos e a
um estudo comparativo, Tanner mostra como desde 1840 a no preparar os adolescentes para a menarca e a maturidade
idade mdia da menarca caiu de 17 anos para 13,5 anos na sexual os adolescentes tm uma vida sexual ativa - mesmo a
Noruega, fenmeno observvel tambm em outros pases revelia dos pais.[1]
europeus e nos Estados Unidos.[19] Os adolescentes

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Um outro ponto importante a preferncia dos grande significado. No processo de desenvolvimento da
adolescentes por relacionamentos estveis ao invs de identidade agem duas foras motrizes: (1) o desejo do
liberalidade sexual. Sobretudo para as moas uma vida indivduo de conhecer a si mesmo (autoconhecimento) e (2)
sexual satisfatria est fortemente relacionada a um a busca de dar forma a si, de construir sua personalidade, se
relacionamento estvel e ntimo.[1] aprimorar e se desenvolver (autodesenvolvimento, al.
Selbstgestaltung).[1]
Sexualidade e contracepo
Durante muito tempo a adolescncia foi vista como uma
No estudo de 1983 30% das moas e 50% dos rapazes fase de "tempestades e tormentas" (Sturm umd Drang, por
diziam ter tido a primeira relao sem proteo, por crerem exemplo por Granvillle S. Hall[21]). Com o auxlio da pesquisa
que no se engravida to facilmente;[20] j em 1994 80% das mais atual, no entanto, essa viso tem se tornado mais
moas e 76% dos rapazes alemes diziam ter utilizado algum diferenciada. Por exemplo, quando medidas atravs de
tipo de mtodo contraceptivo j no primeiro ano de vida questionrios, a autoimagem[22] e a autoestima mantm-se
sexual ativa.[13] As principais razo para a pouca proteo relativamente estveis durante toda a adolescncia - se bem
sobretudo pouco ou mesmo falso conhecimento: os que em uma importante minoria, sobretudo entre as moas,
adolescentes frequentemente no conhecem suficientemente h uma tendncia de diminuio da autoestima.[23]
o ciclo menstrual mas julgam saber quando podem ter sexo
sem proteo e sem risco de gravidez. Em comparao s Enquanto a autoimagem e a autoestima parecem
moas os rapazes tm um maior defict de conhecimento. O permanecer constantes, a complexidade da estrutura da
esclarecimento sobre a sexualidade ainda tende a ser feito identidade aumenta constantemente durante a adolescncia.
por amigos ou livros e no em casa.[1] Esse aumento de complexidade se mostra nos seguintes
pontos:[24]
Preveno de sexualidade precoce
A descrio de si se torna cada vez mais contexto-
A partir dos dados disponveis, Oerter e Dreher (2002) especfica: por exemplo, a pessoa se v como tmida diante
enfatizam trs ponto principais:[1] de pessoas do outro sexo, mas autoconfiante diante de
O controle e o apoio sociais ao adolescente so amigos e colegas;
importantes para o seu desenvolvimento - tambm para o A autoimagem real (como eu sou) e a autoimagem ideal
sexual. A tendncia atual, de a vida sexual ativa dos (como eu gostaria de ser) so vistas cada vez mais como
adolescentes se tornar cada vez mais aceita, de forma que os diferentes;
jovens podem, por exemplo, dormir com a namorada em casa
torna a famlia um importante ponto de referncia tambm O "eu verdadeiro" visto cada vez mais como diferente de
com relao sexualidade; um "eu falso" ou "fingido": enquanto adolescentes com 12 ou
13 anos no fazem essa diferena, rapazes e moas mais
A sexualidade faz parte do processo de desenvolvimento velhos a consideram importante;
da prpria identidade do adolescente e assim uma parte
importante do seu desenvolvimento humano; Os adolescentes aprendem cada vez mais a verem-se
pelos olhos dos outros;
A sexualidade, como outras atividades na vida do
adolescente, tem uma funo no desenvolvimento da A dimenso do tempo desempenha um papel cada vez
identidade. O desenvolvimento de outros interesses que mais importante na descrio de si: enquanto crianas se
tenham uma funo anloga podem ajudar a evitar um incio descrevem sempre no presente, os adolescentes comeam a
precoce da vida sexual. levar em conta o passado (como eu era) e o futuro (como eu
gostaria de ser) em considerao.
Desenvolvimento da Identidade
Higgins (1987) descreveu trs tipos de "si mesmo" - o si
mesmo real, o si mesmo ideal (como a pessoa gostaria de
ser) e o si mesmo como deveria ser (que representa a
identificao da pessoa com determinadas obrigaes e
tarefas apresentadas pelo ambiente social). O ambiente social
tem, ele mesmo (ou melhor, a pessoas que dele fazem parte),
uma imagem de como o indivduo e de como ele deveria ser
(expectativas). O aumento da complexidade na compreenso
de si mesmo expem o adolescente assim a diferentes tipos
de discrepncia:[25]
Entre o si mesmo real e o ideal - ou seja, a imagem que o
indivduo faz de si no corresponde com a pessoa que ele
gostaria de ser; a pessoa tende se sentir decepcionada e
insatisfeita;
Entre o si mesmo real e a imagem que os outros tm do
indivduo - a imagem que a pessoa faz de si no corresponde
quela que outras pessoas - famlia, amigos - fazem; a
pessoa tende a se sentir envergonhada e humilhada;
Entre o si mesmo real e o como deveria ser - a imagem
que a pessoa faz de si no corresponde ideia que ela faz a
respeito das obrigaes e tarefas que ele deveria cumprir; a
Adolescente da Mauritnia pessoa tende a ter sentimentos de culpa e a fazer acusaes,
O termo "identidade" corresponde resposta pergunta condenando-se a si mesma;
"quem sou eu?". A resposta a essa pergunta se desenvolve Entre o si mesmo real e as expectativas dos outros - a
num longo e complexo processo que comea nas primeiras imagem que a pessoa faz de si no corresponde s
horas de vida e se estende at a mais alta idade. Nesse longo expectativas e desejos da famlia, amigos ou outras pessoas
processo a adolescncia representa um momento chave, de

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ou grupos importantes para o indivduo; a pessoa tende a se levado ao cinema pela primeira vez por Stanley Kubrick em
sentir ameaada, com medo, exposta a perigos e dor. 1962.
A tomada de conscincia desses conflitos de interesses No Japo, o termo joshi-kousei indica as estudantes
expe o adolescente ao estresse e, dependendo da carga femininas de ensino mdio e usado por garotas de 16 a 18
gentica e do ambiente em que se desenvolve, ao risco de anos. Elas so frequentemente notadas por suas obsesses
diversos tipos de problemas sociais e psicolgicos - desde por roupas, cultura pop e telefones celulares. A prostituio
transtornos alimentares (anorexia, bulimia) at o suicdio, por parte delas, chamada enjo kosai tornou-se uma
passando por problemas de desempenho escolar, abuso e preocupao social japonesa a partir da dcada de 1990. O
dependncia de substncias qumicas, fobias e depresso. problema da prostituio juvenil e mesmo infantil alis
Segundo estudos epidemiolgicos europeus entre 15% e 22% preocupao em muitas sociedades.
da populao infanto-juvenil apresenta alguma forma de
distrbio mental nessa faixa etria.[26] Pornografia envolvendo pessoas abaixo de certa idade
(geralmente 18) tambm considerado inaceitvel e
Significado social proibida na maioria dos pases.
Os adolescentes so um alvo cobiado pelo comrcio. Emancipao de menores
Telemveis, msica contempornea, jogos eletrnicos e
roupas "da moda" so populares entre adolescentes, desde A emancipao de menores um mecanismo legal
os ltimos anos do sculo XX. Da mesma forma, a atravs do qual uma pessoa abaixo da idade da maioridade
propaganda utiliza a imagem do prprio adolescente para adquire certos direitos civis, geralmente idnticos queles dos
vender seus produtos, buscando mostrar a ideia de adultos. A extenso dos direitos adquiridos, assim como as
jovialidade, mudana e independncia. Em muitas culturas h proibies remanescentes, variam de acordo com a legislao
cerimnias que celebram a passagem da adolescncia ao local.
mundo adulto, geralmente ocorrendo na adolescncia. Por No Brasil, porm, ainda que esteja emancipado, o menor
exemplo, a tradio judaica considera como adultos de idade de 18 anos no comete crime e sim ato infracionrio.
(membros da sociedade) os homens aos 13 e as mulheres Os efeitos da emancipao alcanam apenas a esfera civil,
aos 12 anos de idade, sendo a cerimnia de transio ou seja, o emancipado abaixo de 18 anos continua
chamada Bat Mitzvah para as garotas e Bar Mitzvah para os penalmente inimputvel.
rapazes. Os jovens catlicos de ambos os sexos recebem o
sacramento da Crisma por volta da mesma idade (16 anos). Desenvolvimento Psicolgico
No Japo a passagem para a idade adulta celebrada pelo O Homem deseja ser confirmado em seu Ser pelo
Seijin Shiki (ou cerimnia adulta em traduo literal), Homem, e anseia por ter uma presena no Ser do outro...
marcando o Genpuku ("de menor de idade" ou "de maior de secreta e timidamente, ele espera por um sim que lhe
idade", do japons). Em frica, muitos grupos tnicos permita ser, e que s pode vir de uma pessoa humana a
indgenas praticam ritos de iniciao, por vezes associada outra. Martim Buber
circunciso masculina ou feminina, esta com aspetos que tm
O desenvolvimento no se faz em linha reta e sim
sido postos em causa, por alegadamente atentarem contra a
por crises. No h desenvolvimento fora dos sofrimentos
sade fsica ou mental das jovens, como a exciso do clitoris
e alegrias, sucessos e fracassos, satisfaes e frustra-
e a infibulao.
es, progresses e regresses do processo existencial.
Questes de instncia legal Carlos Byington
Em muitos pases, pessoas maiores de uma certa idade
(18 anos, em vrios casos, apesar de variar de pas a pas) Desenvolvimento
so legalmente considerados adultos. Pessoas que tm
menos que essa delimitada idade podem ser considerados Desenvolvimento, segundo Aurlio, significa ato ou efeito
jovens demais para serem considerados culpados por crime. de desenvolver, crescimento, progresso, adiantamento. E
Isto chama-se defesa da infncia. O direito a votar em Desenvolver progredir, aumentar, melhorar, se adiantar.
eleies dado a pessoas com idade mnima entre 16 e 21 Segundo Houaiss, tirar o que envolve ou cobre, fazer
anos, em muitos pases. crescer, tornar-se maior, mais forte. Conduzir ou caminhar
A venda de certos produtos como cigarros, lcool, filmes e para um estgio mais avanado ou eficaz.
jogos eletrnicos com contedo pornogrfico ou violento Iniciaremos este tema falando, rapidamente, sobre a teoria
proibido a menores de idade. Tais restries de idade variam psicanaltica. Segundo Freud o aparelho psquico est dividi-
de pas a pas. Na prtica, possvel encontrar pessoas que do em trs planos ou sistemas consciente , pr-
tiveram contato com estes produtos antes da maioridade. consciente e inconsciente , com a analogia de que o funci-
onamento mental ocorre comparado ao iceberg. Pontua que
Sexo entre adultos e adolescentes a poro acima da superfcie corresponde ao consciente, a
poro que se torna visvel, conforme o movimento das
Ver artigo principal: Idade de consentimento: guas, corresponde ao pr-consciente e a parte sempre sub-
comparao entre os pases mersa, proporcionalmente muito maior, corresponde ao in-
A relao sexual entre adultos e adolescentes regulada consciente.
pelas leis de cada pas referentes idade de consentimento. O conceito de desenvolvimento da personalidade, para
Alguns pases permitem o relacionamento a partir de uma Freud, ocorre em sete fases: oral, anal, flica, latncia,
idade mnima (12 anos na Arbia Saudita, 13 anos na adolescncia, maturidade e velhice. Afirmando que em
Espanha, 14 no Brasil, Portugal, Itlia, Alemanha e ustria, 15 cada fase, a pessoa deve aprender a resolver certos proble-
na Frana e Dinamarca, 16 na Noruega). Para alm das mas especficos, originados do prprio crescimento fsico e da
restries legais, a questo muitas vezes tratada como um interao com o meio. A soluo dos diferentes problemas,
problema social, chegando alguns setores da sociedade a que em grande parte depende do tipo de sociedade ou cultu-
pregar a abstinncia sexual nesta faixa etria. ra, resulta na passagem de uma fase para a outra e na for-
mao do tipo peculiar de personalidade. No decorrer das
Um exemplo de relacionamento com grande diferena de fases, o indivduo expressa seus impulsos e suas necessida-
idade foi dramatizado no romance Lolita, de Vladimir Nabokov

Conhecimentos Especficos 85 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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des bsicas dentro de moldes que visam a continuao da inevitavelmente, uma redistribuio na energia emocional da
cultura, seu prprio crescimento e busca do prazer pessoal. famlia, bem como alterao no status e nas exigncias que
Abordaremos o desenvolvimento psicolgico em cada sero feitas s pessoas para que cumpram o correspondente
uma dessas fases, salientando os pontos onde a sociabiliza- ao papel, e que nem sempre ser aceito, ou vivido, com
o, a linguagem, a segurana no mundo, e em si, a vincula- tranquilidade.
o, a independncia, a auto-estima, etc, podero ser fortale-
cidos, e o que poderia causar problemas, uma vez que o ser Fase Oral
humano, tem por natureza, grande capacidade para a alegria.
Observando crianas conclumos que no apenas vem gra-
a nas coisas, como criam brincadeiras para si, querendo Perodo de aproximadamente um ano que segue desde o
compartilhar esse divertimento com quem est ao seu lado, nascimento. Os impulsos da criana so satisfeitos principal-
funcionando como forma de sociabilizao, aproximao e de mente na rea da boca, esfago e estmago, ou seja, a libido
troca de afeto. est intimamente associada ao processo da alimentao e
contato humano, que vem associado ao ato de mamar.
Goethe em sua idade avanada descreveu as fases da
vida nestes termos: A percepo da criana, nos primeiros meses aps o nas-
cimento, de totalidade, no distinguindo ainda o eu do
A Criana realista, o Jovem um idealista, o Adulto no eu. Se o seio (ou substituto) for gratificante, a imagem
um ctico, e o Idoso um mstico! de aceitao ser introjetada, e as expectativas futuras do
mundo, em termos projetivos, sero otimistas, o que conhe-
Fases do Desenvolvimento cido como o objeto bom, e o seu oposto ir gerar inseguran-
a e desconfiana.
A bondade, a beleza e a verdade so os fundamen- Por volta dos seis meses, j h uma percepo da me
tos da humanidade. Plato como uma pessoa total, integrada em seus aspectos bons e
maus, e a relao da criana com a me mais realistas,
aprendendo a controlar sua ansiedade e seus impulsos frente
Os estudos demonstram ser o beb extremamente com- s demandas do meio, preparando-se para enfrentar os no-
petente sob muitos aspectos sensvel, curioso, um apren- vos desafios da fase seguinte de seu desenvolvimento.
diz eficaz, manifestando grande percepo ao tom de voz,
gestos, atitudes, expresses e movimentos dos adultos que Para Erikson a primeira coisa que se aprende na vida
esto ao seu redor, principalmente queles que tem algum receber; e a criana recebe no s com a boca mas com os
significado emocional para ele. sentidos, com os olhos, ouvidos e com o tato. A atitude psi-
cossocial bsica que se aprende, neste estgio, saber se
A criana ao explorar seu meio em busca das descober- pode confiar no mundo a sua volta, se ser alimentada nos
tas, logo descobrir que algumas restries sero impostas, e horrios adequados e na quantidade correta, deixando-a
ir manifestar seu desagrado atravs de birras e choro, confortvel. Ir desenvolver, a Confiana X Desconfiana.
aprendendo, no entanto, a lidar com as limitaes que, saber
mais tarde, ter que conviver por toda a vida, mudando a importante salientar que, de acordo com Erikson, des-
cada estgio de seu desenvolvimento. confiana na dose certa importante, pois desenvolve a pron-
tido frente ao perigo, assim como a antecipao do descon-
O ser humano aprende cedo e prontamente a lidar com as forto desenvolver o instinto de proteo, que ajudar a crian-
circunstncias que influenciam, direta ou indiretamente, a a a tornar-se mais autnoma.
obteno de seus desejos, o que lhe traz desconforto, o que
interfere em suas esperanas, bem como o que lhe traz me-
dos e angustias, buscando formas compensatrias de evita- Fase Anal
o.
O nascimento a primeira grande experincia vivida pelo No final do primeiro ano de vida esto presentes habilida-
ser humano e o primeiro obstculo a ser superado no proces- des como virar-se, sentar, engatinhar, s vezes andar, assim
so de desenvolvimento. Sair da segurana e proteo do como o incio da comunicao verbal, ora para pedir coisas,
tero materno e enfrentar os estmulos do mundo externo ora como forma de sociabilizao. Nessa fase inicia-se a
requer grandes adaptaes psicolgicos. capacidade de julgar a realidade e antecipar situaes, possi-
De acordo com vrios autores, no resta ao recm- bilitando maior tolerncia s tenses do cotidiano, e normais
nascido outra alternativa seno viver a angustia do desliga- no desenvolvimento.
mento, a qual pode ser considerada como o prottipo de Durante o segundo e terceiro anos de vida a criana ser
fenmenos psicolgicos, que aparecero em outras fases do estimulada a desenvolver a autonomia, tornando-se mais
desenvolvimento, e que denominamos de angustia, ansieda- independente, inclusive no que se refere ao controle dos
de, ou depresso. esfncteres, e cuidados com a higiene pessoal, que estar de
O ser humano ao nascer, e durante bastante tempo, to- acordo com as exigncias do meio em que vive e de sua
talmente dependente de outros seres humanos para aliment- cultura familiar.
lo, cuidar de sua higiene, proteg-lo e dar o apoio emocional, Passa a viver outro conflito, pois embora tenha prazer em
que como veremos a seguir, essencial para o seu desenvol- agradar os adultos que a elogia quando acerta, no poder
vimento psicolgico. esvaziar a bexiga e o intestino imediatamente para, ento,
Desde os primeiros instantes de vida, o comportamento obter o alvio da tenso, pois tem local prprio e hora certa
materno (ou seu substituto) exercer influncia na formao para faz-lo. Deve aprender a reter quando desejaria elimin-
da personalidade da criana, mesmo que inexista a comuni- los, mas descobre que tambm pode ter prazer durante esse
cao verbal. A maneira como os problemas so soluciona- processo.
dos, os gestos feitos na hora de segurar a criana e os senti- Os impulsos, nesta fase, levam a criana a vivenciar a
mentos em relao a ela, iro provocar respostas de prazer busca do domnio do ambiente, e das pessoas que esto a
ou desprazer no beb, que poder trazer efeitos duradouros sua volta, para obter o mximo de prazer possvel. a fase
na concepo de realidade. das birras, crises de nervos, parecendo necessitar de limites
Devemos dar ateno especial s mudanas que ocorrem claros, para ento se acalmar.
na famlia com o nascimento de uma criana, pois novos Erikson denominou esse conflito de Autonomia X Vergo-
papis so exigidos e, alm de manter os anteriores, apare- nha e Dvida. Quando a criana consegue ter a autonomia
cem os de pai, me, av, av, tios, primos, etc., acarretando, para realizar o que solicitado pelo meio, sente-se gratifica-

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da, e quando no consegue passa a sentir vergonha, poden- da auto-estima que aparecero sempre que os ideais forem
do desenvolver o comportamentos obsessivos, tornando-se frustrados.
mal humorada, fechada e com uma hostilidade encoberta. a Estabelecendo relaes interpessoais fora da famlia, co-
fase onde pode tornar-se muito ordeira e meticulosa, sendo mea a empreender a difcil tarefa de ajustar-se s outras
colaboradora e participativa. pessoas e manejar seus impulso para conseguir viver social-
mente. Tem necessidade de pertencer a um grupo de iguais e
Fase Flica de ser aceito pelos companheiros, bem como de sentir-se
responsvel e capaz de realizar feitos que recebam aprova-
o e lhe dem um status no grupo, desenvolvendo um con-
O perodo que vai dos 3 aos 5/6 anos, a criana j tem ceito de si mesmo.
maior conscincia de si mesma, percebendo com maior clare-
za o mundo que a rodeia, interessando-se pelo ambiente e Meninos e meninas formam grupos separados, excluindo-
indagando sobre o significado e as causas dos fatos. se mutuamente, buscando jogos diferentes, sendo que os
meninos tm pavor de parecer-se com meninas, e se vigiam
Aumenta o interesse pelo prprio corpo, principalmente para denunciar quando isso acontece.
pelos genitais, tornando-se mais exibicionista, masturbando-
se e buscando contato fsico com outras crianas. Identificam-se com profisses e com determinados profis-
sionais, surgindo vocaes e talentos e a famosa frase:
Aparece, nesta fase, o fenmeno conhecido como com- quando eu crescer serei..., tentando obter reconhecimento
plexo de dipo, e o conflito da ambivalncia entre o amor e o pessoal, mas j percebendo que tero que ajustar-se s nor-
dio, pois o seu objeto de amor tambm a figura discipli- mas do mundo e que nem sempre so as mesmas de sua
nadora que coloca limites e restries, e o objeto odiado famlia de origem, deparando-se com os cdigos de lealdade,
provedor, lhe d segurana e proteo. que podero trazer muitos conflitos internos e embates famili-
Erikson denominou esta fase de genital-locomotora, con- ares.
siderando que o desenvolvimento da personalidade envolve o Erikson descreve esta fase como Construtividade X Inferi-
equilbrio entre duas atitudes psicossociais, que denominou oridade, sendo que na construtividade busca o aprendizado e
de Iniciativa X Culpa. a realizao, utilizando-se de suas potencialidades e capaci-
Na chamada iniciativa existe a busca dos objetos que lhe dades. Na inferioridade, por no receber estmulo do meio
d a satisfao, e o que move a criana a ligar-se ao objeto considera-se incapaz em relao aos outros, sentindo-se a
de amor, tentando identificar-se como o modelo entendido margem de seu grupo, desistindo de competir, como se esti-
como adequado. A culpa surge como consequncia dos vesse destinado mediocridade.
sentimentos de onipotncia, rivalidade, competio e cimes a fase onde a transio est ocorrendo e no mais
que acompanham o desejo de obter os fins procurados. criana, mas ainda no jovem (fase infanto-juvenil), dese-
A conduta social bsica que pode manifestar-se nessa fa- jando em alguns momentos permanecer num estado de des-
se a de tentar sempre tirar vantagem, bem como o ataque preocupao, liberdade e aventura, e em outros total inrcia.
frontal as pessoas que tentam colocar limites, tendo prazer na
competio e na conquista, insistncia em alcanar uma meta
e, embora, demonstre segurana e tenha atitude resoluta, Adolescncia
pode carregar traos de inferioridade. Por outro lado, nessa
fase a criana torna-se amigvel, colaboradora, amorosa, A adolescncia uma fase cheia de questionamentos e
sendo capaz de proporcionar bem estar as outras pessoas instabilidade, que se caracteriza por uma intensa busca de si
uma vez que capaz de ter empatia, podendo se colocar no mesmo e da prpria identidade. Nessa fase todos os padres
lugar do outro. estabelecidos so questionados, bem como criticadas todas
as escolhas de vida feita pelos pais, buscando assim a liber-
Perodo de Latncia dade e auto afirmao.
Os adolescentes so desajeitados em seus movimentos,
sendo que a fala fica alterada, a voz vibrante, desafinada e
Dos 5 aos 10 anos a criana utiliza sua energia psquica alta. O humor fica extremamente lbil, com crises de raiva,
para o fortalecimento do ego, o qual se tornar melhor equi- choro e risos, alternados e exagerados, alm da insatisfao
pado para lidar com os impulsos que viro nos prximos constante, e oposio a tudo o que o adulto sugere.
anos, e para adaptar-se aos novo ambientes. Volta-se para o
mundo externo, como escola, jogos, amizades e outras ativi- Erikson aponta com sendo a fase da Identidade X Confu-
dades, fora do ambiente familiar, passando a buscar novos so de Papis, uma vez que h um grande desejo de ser
dolos e heris, fora de casa. valorizado por possuir ou realizar algo que seja s seu, algo
indito, que lhe traga um destaque no grupo; porm o medo
Se ocorreram turbulncias nas fases anteriores, poder de no ser capaz est sempre presente. uma fase de muita
ser uma criana irritada, agressiva, exibicionista, com exces- criatividade, com crticas ao que acontece ao seu redor, ou no
siva curiosidade sexual, apresentando mau aproveitamento planeta como um todo, tendo necessidade de falar sobre o
escolar, podendo ter pavores noturno, enurese, ou dificulda- que pensa, mas s quando desejar, como se precisasse
des alimentares. constantemente provar sua liberdade de falar ou calar.
Nesse perodo da vida sua auto-estima j no depende
exclusivamente da aprovao externa, tendo a prpria crtica
ao proceder de forma certa ou errada. A sensao de acerto Maturidade
provoca sentimento de segurana, prazer e auto valorizao,
e ao contrrio, a sensao de erro traz culpa e remorso. Poderamos dividir esta fase em dois momentos: o Jovem
Segundo Freud aparece neste momento o superego, her- adulto, perodo que vem logo aps a adolescncia, e a Meia
dado do complexo de dipo, podendo, a partir da auto crtica, Idade.
surgir o medo excessivo de doenas, de acidentes, de perder Para Erikson o jovem adulto passa pela fase da Intimidade
o amor das pessoas, da morte e da solido. X Isolamento, onde deseja um relacionamento afetivo ntimo,
Passa a ter importncia vestir-se como os de sua idade, o duradouro e continuo, atravs de relaes profundas, bus-
conhecimento intelectual, os valores sociais, os bens materi- cando, tambm nessa fase, a construo de uma carreira
ais, bem como a imagem de perfeio que construiu para si profissional que lhe d estabilidade e boa condio financeira.
mesma. O ego procura manter esta imagem evitando o sofri- Erikson descreve a Meia Idade como sendo a fase da
mento vindo dos sentimentos de inferioridade e da diminuio Produtividade X Estagnao, onde se a carreira profissional e

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as questes emocionais estiverem resolvidas, tanto pode 5 ms: olha prpria imagem no espelho e se alegra
ocorrer uma estagnao, como uma busca de novos desafios. com isso, lambe, morde e chupa tudo o que estiver em seu
Caso no tenha realizado seus ideais at este perodo da vida alcance.
tambm poder acontecer uma das duas sadas, dependendo
das mensagens que esto gravadas em seu inconsciente, em 6 ms: estica os braos para ganhar colo, segura ob-
funo das fases anteriores do seu desenvolvimento, e as jetos com as duas mos, come a primeira papinha.
opes feitas no passado.
7 ms: senta de modo firme, comea a entender o
o momento que anteriormente chamvamos de ninho "no", interessa-se por figuras em livros, aparecem os primei-
vazio, em que os pais, principalmente as mes, considera- ros dentes.
vam-se sem funo por no saber ser outra coisa na vida
alm de cuidadoras. Com o grande investimento que se fez 8 ms: est pronto para engatinhar, olha para quem o
nos ltimos anos, mostrando que as mulheres tem outros chama pelo nome.
afazeres alm de ser cuidadora, e com a entrada da mulher
no mercado de trabalho, essa crise no to acentuada. 9 ms: os dedos funcionam como pina para pegar
Paralelamente est ocorrendo uma mudana nos jovens, que objetos pequenos, bate palmas e d tchau.
hoje no tem a mesma premncia de sair de casa, pois a
liberdade aumentou, os pais so mais liberais, e as questes 10 ms: aponta com o dedo indicador.
de estudo e trabalho ficaram mais exigentes, aumentando o 11 ms: tenta ficar de p encostando-se s paredes e
perodo em que os filhos permanecem no ninho, cuidados, e apoiado em mveis.
at mantidos financeiramente so chamados adultolescen-
tes. 12 ms (1 ano): comea a andar com ajuda.
A chamada crise dos 40 ocorre quando se avalia que no
se tem mais todo o futuro pela frente, e que o recomeo no 15 meses: anda bem sozinho, sobe escadas engati-
to simples, pois sair do conhecido, e lanar-se no escuro nhando, usa o copo para beber lquidos e pode usar a colher.
amedronta, torna-se mais preocupante do era que antes. Desenvolvimento da linguagem
Jung, no entanto, v esta fase como extremamente criati-
va dizendo ser o inicio do libertar-se do aprisionamento Ao nascer o beb possui vocalizaes diferentes do choro
do ego e em vez de representar a ltima chance, como para "fome", "dor". chorando que o beb se comunica, es-
pensam alguns, sim um perodo especial, com significativas pecialmente com a me. E incrvel como ela consegue en-
possibilidades para a maturao saudvel, e que o importante tender cada tipo de choro...
responder as seguintes perguntas : Aos 3 meses faz rudos com a garganta e estala o cu da
boca.
Para o que quero usar meu potencial?
Balbucia (repete uma srie de sons: "ma-ma", "da-da") aos 6
O que tenho realmente que fazer na vida? meses e reserva cada som para um objeto especfico. Brinca
Qual a minha verdadeira tarefa?. com as suas prprias vocalizaes. E os adultos, imitando-os,
tambm brincam!
www.portalgeobrasil.org/psico/mat/desenvolvimentopsicolo Reconhece o "no" e seu prprio nome aos 7 e 8 meses.
gico.htm A mdia de idade para a 1 palavra 11 meses.
Desenvolvimento cognitivo
O Desenvolvimento Humano ao longo da Vida
Piaget denomina esta fase como Perodo sensrio-motor.
Do nascimento a 18 meses - Infncia Por que? Porque o beb conhece o mudo e desenvolve a
inteligncia atravs dos sentidos e das aes.
Desenvolvimento fsico
Ele caminha das atividades reflexas inatas (respostas que
Esta uma fase de rpido crescimento e desenvolvimen- traz prontas ao nascer para reagir ao ambiente: sugar, agar-
to: o beb muda ms a ms!! rar, acompanhar visualmente) para atividades desenvolvidas
para um fim e relacionadas ao ambiente. Por exemplo: olha,
A criana, atravs da maturao do Sistema Nervoso Cen- agarra e depois pe na boca o que quer.
tral e do Sistema motor, vai progredindo e comea a coorde- O domnio do ambiente pelo beb ocorre atravs do chamado
nar os reflexos que traz ao nascer (sugar, pegar e olhar para) processo de Assimilao (incorporando novos estmulos am-
em aes mais complexas: coordena a suco com a viso bientais: p.ex., agarrar novos objetos) e pelo processo da
(olha para o que suga), depois o olhar e o pegar (olha e pe- Acomodao (modificao do comportamento para a adapta-
ga), desenvolve em seguida o movimento de pegar, comea a o a novos estmulos: p. ex., esticar o brao para agarrar um
descobrir objetos, senta sem suporte, fica de p e finalmente objeto distante).
anda sem ajuda.
Desenvolvimento afetivo e social
O beb ms a ms:
Vinculo me-beb
1 ms: o beb dorme a maior parte do tempo, apre-
senta uma srie de reflexos como o agarrar e o sugar. O vnculo me-beb (relao de apego) extremamente
importante neste incio da vida!
2 ms: diferencia sons e orienta-se para os humanos, A criana aprende atravs dele se o mundo um lugar bom e
acompanha visualmente o deslocamento de um objeto, sorri agradvel para viver ou uma fonte de dor, frustrao e incer-
em resposta a outro sorriso, demonstra conhecer o rosto da teza.
me. A criana "sinaliza" ao ambiente como ela est, atravs de
alguns comportamentos como o choro, o sorriso, a vocaliza-
3 ms: segura com firmeza um objeto, enxerga em o, o olhar, cada um deles indicando coisas diferentes: h
cores, reage a barulhos parando de mamar. alguns "sinais" que buscam a aproximao da me e outros
que pretendem mant-la presente, interagindo. possvel
4 ms: levanta a cabea e a mantm equilibrada, cho-
distinguir, como j dissemos, choros de "manha", "mgoa" e
ra quando deixado sozinho, ouve a voz da me e vira a cabe-
"dor", assim como h sorrisos "fechados", "sociais" e "largos".
a procurando por ela.
Quando a me responde aos "sinais" que a criana emite
(chamamos a isso de interao "sintnica") uma relao afeti-

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va se desenvolve e tanto a criana, como a prpria me, criana aprende aos poucos a esperar e a adiar a satisfao
desenvolvem um sentimento de segurana: o beb frente ao imediata de suas necessidades.
ambiente e a me frente ao seu papel materno.
De 18 meses a 3 anos
Auto-imagem e autoconceito
Desenvolvimento fsico
Em relao auto-imagem e autoconceito, o beb, inici-
almente, no experimenta a si mesmo como separado dos Este o momento da aquisio dos "dentes de leite".
outros, especialmente da me: ele e a me so vivenciados Ocorre tambm o refinamento das manobras de pegar e sol-
como sendo uma coisa s! tar (apreenso fina dos dedos). Nesse sentido, e acompa-
Com o tempo a criana comea o processo de separao, nhando essas conquistas, a maioria das crianas comea a
ainda que a me seja vista como uma extenso de si, seja alimentar-se sozinhas, colocar e tirar algumas peas de rou-
provendo cuidados ou o frustrando. pas. Que baguna para a mame!!
Do ponto de vista fsico tambm o importante momento da
Ansiedades normais do beb aquisio do controle da bexiga e o intestino: das fraldas para
o penico!
Por volta dos 6 meses o beb sorri mais para a me, d
os braos para ela, vocaliza mais em sua presena, deixando Desenvolvimento da linguagem
ntida a aquisio de uma ligao de apego e apresentando
ento ansiedade de separao ao seu afastamento. A criana se personaliza e comea a usar o "eu", mos-
Em torno dos 8 meses surge a ansiedade frente a estranhos, trando assim a fundamental aquisio da diferenciao "eu" e
indicando claramente que o beb j discrimina o familiar do "no eu".
no familiar. Utiliza j frases de duas palavras: "roupa mame" (2 anos)
para pedir o que deseja.
Qual a tarefa do ambiente junto criana de zero a 1 Mas, como a fala no ainda capaz de dar criana condi-
ano e meio? es de expressar tudo, a frustrao d lugar raiva e a raiva
gera a birra. importante que as pessoas ao redor compre-
A tarefa do ambiente nesse perodo a de prover condi- endam o porqu desta irritao.
es para que o beb desenvolva um sentido de segurana e Surge o plural e comea a fase dos "porqus".
confiana em relao ao mundo atravs do afeto da me ou
substituto e da adequada satisfao de suas necessidades. Desenvolvimento cognitivo
Mas, mais importante que a quantidade a qualidade e a
Piaget:
contingncia da estimulao que o ambiente prov ao beb: a
criana se apega a quem em com ela uma interao melhor Este momento denominado agora de Perodo pr-
(em qualidade e no momento da necessidade) e no quem operatrio e o grande avano o surgimento da funo sim-
fica com ela a maior parte do tempo! blica com o uso da linguagem (2 anos).
O brincar A criana aprende a diferenciar entre ela e o mundo externo:
comea a ver os objetos como separados de si mesma (con-
A criana geralmente se diverte jogando objetos e pegan- ceito de objeto).
do-os, e gosta muito de brincar com a me de "achou!" (nas Desenvolve a capacidade de representar objetos e pessoas
mais diferentes culturas, diga-se de passagem). mentalmente em sua ausncia (permanncia do objeto) em
Brinca de sacudir chocalhos (4 meses), empilhar cubos (13 torno dos 2 anos.
meses) e com 1 ano e meio folheia livros.
Outras caractersticas importantes desta fase:
Raio de relaes significantes: a me ou substituto Egocentrismo: a criana entende tudo a partir da prpria
perspectiva.
Modelos tericos de desenvolvimento Animismo: a criana acredita que os objetos inanimados
Erikson - Confiana versus Desconfiana no ambiente esto vivos, isto , possuem sentimentos e intenes.
(0-1 ano) Pensamento mgico: a criana acredita ter o poder de fazer
coisas acontecerem a partir de seus desejos.
Segundo Erikson, a qualidade e o nvel da consistncia do
cuidado recebido pela criana permitem que ela sinta confian- Desenvolvimento afetivo e social
a (ou desconfiana) no ambiente e uma primeira apreciao Com o crescente processo separao-individuao, a cri-
de que as pessoas respondero s suas necessidades e ana ganha um senso de existncia inteiramente separada,
expectativas. aumenta a independncia da me, embora, s vezes, vacile
Os sinais comportamentais de que a criana est adquirindo entre um funcionamento independente e retorno ao apego
essa confiana aparece na facilidade com que ela se alimen- inicial.
ta, na profundidade do seu sono, na tranquilidade da alimen- A criana j "caminhou" muito at esse momento (j aprendeu
tao, na facilidade do seu sorriso e no deixar a me se afas- a andar, a discriminar familiares de estranhos, adquiriu os
tar sem mostrar uma ansiedade intensa ou uma raiva muito rudimentos da linguagem) e se recebeu cuidados adequados,
acentuada. sente-se seguro frente ao ambiente e precisa ento "testar"
Ela deixa a me ir embora /sair de perto porque o seu retorno tudo isso.
confivel e seguro. Nesse sentido, a colocao de uma Muito de sua interao com o ambiente tem o carter de uma
rotina frente s primeiras experincias da criana funda- "oposio" quilo que lhe pedido, em vrias situaes da
mental no processo de desenvolvimento da segurana. vida diria. teimosa, negativista: "no vou", "no quero",
Freud - Fase oral "no gosto".
Neste perodo do desenvolvimento o beb puro "Id" (im- Aparecem de forma intensa alguns impulsos como os de:
pulsos) e pede ao ambiente uma gratificao imediata de aquisio (a criana passa a pegar tudo, a querer tudo, di-
suas necessidades - princpio do prazer ("quero agora!"). zendo que dela); agresso (reage muitas vezes batendo,
Essa gratificao primariamente oral, atravs de modos chutando, fazendo birra s frustraes que o ambiente impe
incorporadores (sugar, alimentar-se). ela); sexual (na situao de banho frequente encontrar
Com o tempo, os limites colocados pelo ambiente entram em crianas explorando as sensaes produzidas pelo toque a
confronto com essas necessidades e surge ento um "Ego" seus rgos sexuais). As mes comeam a ser mais exigen-
rudimentar - princpio da realidade ("eu aguento esperar"): a tes com a criana, a exigir maior cooperao, obedincia e

Conhecimentos Especficos 89 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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controle, como o caso do treino de toalete (processo de colher e garfo.
eliminao) que acontece em geral nesse momento. o incio Ocorre uma alterao nas propores do corpo, a criana
da internalizao das normas, do que pode e no pode. passa a reconhecer as diferentes partes do corpo e se inte-
ressa por roupas de adulto.
O brincar
Demonstra curiosidade pelos rgos sexuais, pelo nascimen-
A criana nesta fase tem objetos favoritos (brinquedos, to dos bebs e pelas diferenas sexuais.
cobertor e outros). Desenvolvimento cognitivo
Brinca de forma solitria, no dividindo os brinquedos (tudo
"meu") e sua brincadeira livre e sem regras. Piaget - Perodo pr-operatrio (continuao)
Importante lembrar que seu tempo de ateno muito curto
(por isso devem ocorrer mudanas frequentes de brincadeira). Usando palavras, a criana pode imaginar e falar sobre
Gosta bastante de brincar de esconde-esconde. objetos no presentes, acontecimentos e sentimentos.
O pensamento , entretanto, egocntrico: a criana incapaz
Qual a tarefa do ambiente junto criana de at 3 de adotar o ponto de vista do outro e esfora-se pouco para
anos? adaptar a comunicao s necessidades de quem ouve.
O pensamento tambm limitado pela inabilidade em levar
A tarefa do ambiente nesse perodo o de dar limites aos em conta dois aspectos da observao ou dos objetos simul-
comportamentos da criana, isto , comear a estabelecer taneamente (no conservao. Por exemplo, na situao: a
para a criana o que pode e o que no pode, o certo e o erra- criana olha para duas bolinhas de massa de modelar do
do. mesmo tamanho, uma delas ento manipulada e se torna
Normas para a criana mais fina, a criana responde ento que uma maior que a
outra porque mais comprida).
Importante nesse sentido que: Tenta desenhar uma pessoa (3 anos) e depois, coisas que j
viu (5 anos).
as normas sejam claras, bem determinadas e exigi-
das na maioria das vezes: isto faz com que a criana aprenda Desenvolvimento afetivo e social
mais rpido e se sinta segura frente s consequncias de seu
comportamento. Ocorre uma grande "ampliao da socializao": a criana
exposta a influncias sociais mais amplas, visitando a casa
a aprendizagem das normas e do controle no signi- de amigos e muitas vezes frequentando a escola.
fique a aquisio do medo e da vergonha.
Alm dos contatos sociais da criana crescerem rapida-
Importante esclarecer que, nesse momento inicial do mente nessa fase, h diferenas em relao ao sexo da cri-
aprendizado das normas, que as normas sociais so obede- ana:
cidas geralmente apenas quando o agente socializador est
presente. H necessidade de um controle externo, ou seja, a as meninas gastam grande parte do tempo em inte-
me precisa estar presente na situao dizendo criana raes sociais, a afiliao uma tendncia maior delas.
para "no fazer sujeira", "no subir na mesa"! E , por sua os meninos esto mais frequentemente engajados
vez, pelo receio de perder o "amor" da me que a criana em alguma atividade fsica.
obedece ela.
Continua a dependncia dos pais, mas inicia-se o esforo
Raio de relaes significantes: os pais.
pela autonomia: criana quer tomar banho sozinha, ajuda um
Modelos tericos de desenvolvimento pouco nas tarefas da casa, envolvimento maior com a escola
maternal/creche.
Erikson - Autonomia versus Vergonha e Dvida (1-3
anos) A criana inicia tarefas, prope atividades, se antecipa ao
ambiente.
Nesta fase, a criana luta para dominar e controlar o am-
biente. O brincar
Comea a se ver como separada dos pais, ainda que depen- A criana nesta fase brinca ativamente com a fantasia e
dente dele e o esforo obter autonomia sem perder a auto- faz uso intenso da imaginao.
estima. Entretanto, o brincar tem caractersticas diferentes: j no
E precisa de protetores firmes que saibam discriminar quando precisa tanto da manipulao do concreto e recorre muito ao
ela pode ir ou deve ser segurada. "faz-de-conta".
A falha em dominar essas tarefas ou a punio decorrente Tambm comea a brincar com jogos competitivos.
leva vergonha ou dvida sobre si mesma e suas capaci-
dades (sentimento de ser "m" ou "suja"). Os adultos como modelos
Freud - Fase anal Nesta fase, a criana se identifica com os adultos frente
aos quais se ligou emocionalmente e com os quais convive.
A ateno e o prazer da criana so dirigidos excreo, Que responsabilidade a nossa!
a qual tambm fonte de prazer. Ela imita esses modelos, ensaia "papis" em termos do com-
Corresponde ao momento em que as demandas do ambiente portamento, dos valores, das atitudes e da forma de reagir.
comeam a ser colocadas para a criana (treino de toalete).
Tambm as atitudes frente a figuras de autoridade comeam Quais as tarefas do ambiente junto criana de 3 a 5
a ser formadas e predominam as de ambivalncia e de rebel- anos?
dia.
As tarefas do ambiente nesse perodo so no sentido de
De 3 a 5 anos permitir, dentro dos limites por ele considerados como ade-
quados, que a criana teste a sua iniciativa, sejam dadas
Desenvolvimento fsico
condies para que ela verifique o efeito de suas aes e
Nesta fase corre, salta, pula, anda de triciclo (3 anos). possa aprender que se lanar em frente pode ser algo agra-
Tambm anda de bicicleta, anda na ponta dos ps, joga bola, dvel e ter bons resultados, dentro do equilbrio liberdade x
aprende a nadar (4 anos). limites.
Usa tesouras, botes, massa de modelar e utenslios como fundamental a adequao dos pais como modelos a serem

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imitados e seguidos: se estes so indiferentes ou hostis, cri- pergunta: h mais bolas vermelhas ou brinquedos nesta cai-
am modelos pobres para que a criana se identifique, o afeto xa, a criana capaz de dizer a resposta correta do conjunto,
a base tanto para a aquisio de normas quanto da identifi- ou seja, h mais brinquedos).
cao. O raciocnio do tipo emprico-dedutivo: "o que ".
Nesse sentido importante que os pais como modelos te-
Desenvolvimento afetivo e social
nham um bom conhecimento de si mesmos, se aceitem e se
respeitem como pessoas, estejam satisfeitos consigo mesmo Surge um novo socializador: a escola.
e possam transmitir um ao outro com tranquilidade a viso Consequentemente tem-se tambm a separao da me e de
que cada um tem da criana. casa por um perodo de tempo maior.
A influncia dos pais sobre os filhos profunda justamente Os professores, os colegas e os amigos se tornam influncias
porque ela se d atravs dessa aprendizagem por imitao sociais importantes.
mais do que por um ensino direto. Entretanto, as amizades so transitrias e os interesses mu-
A tarefa do ambiente nesse perodo tambm, portanto a dam rapidamente.
reflexo individual e a auto-anlise dos adultos como pessoas A criana vai deixando de lado a fantasia e o brinquedo, pas-
frente s quais a criana se identifica e toma como modelos. sando a empreender tarefas reais na direo de competn-
Raio de relaes significantes: a famlia bsica. cias acadmicas e sociais.

Modelos tericos de desenvolvimento Teste do processo de desenvolvimento anterior

Erikson - Iniciativa versus Culpa Esta uma fase de teste do processo de desenvolvimento
anterior e nesse sentido:
A criana neste estgio est envolvida em entender, pla-
nejar e realizar tarefas. preciso que a afeio tenha gerado segurana pa-
Um senso de moralidade primitivo manifestado com a sen- ra que ela se sinta tranquila para conviver com outros adultos
sao de culpa (superego) frente os atos impulsivos. Este o e ambientes.
tempo das rivalidades com os irmos e o complexo de castra-
preciso que os limites impostos ao seu comporta-
o.
mento tenham levado a uma capacidade grande de se adap-
Uma disciplina por demais restrita e a consequente internali-
tar e seguir normas (as da escola so muitas) preciso que a
zao de normas muito rgidas podem interferir na esponta-
liberdade tenha permitido a iniciativa e a expectativa de que
neidade da criana, com o teste da realidade e levar culpa
testar e enfrentar novas situaes muito bom- preciso
excessiva.
acima de tudo que a criana tenha desenvolvido e adquirido
Freud - Fase flica uma auto-imagem positiva.
Os genitais so o foco de interesse, estimulao e excita- crescimento das relaes com os colegas do mesmo
o. sexo e do oposto.
O pnis o rgo de interesse para ambos os sexos e a
criana mostra-se incrivelmente interessada nas diferenas O brincar
sexuais. As crianas nessa fase participam de jogos em equipe na
Complexo de dipo: a criana deseja o pai do sexo oposto e, escola e em casa, com regulamentos. A competio nos jo-
simultaneamente livrar-se do pai do mesmo sexo. Esse apego gos pode ter resultados associados auto-estima.
ao sexo oposto vivenciado com intensa preocupao (ansi-
edade de castrao nos meninos e inveja do pnis nas meni- Quais as tarefas do ambiente?
nas). As tarefas do ambiente nesse perodo so:
De 5 a 12 anos
em relao famlia: continua a ser o primeiro socia-
Desenvolvimento fsico lizador, dela depende a escolha da escola. Cabe a famlia
apoiar a criana, valorizar o seu trabalho na escola, o seu
Ocorre a erupo dos dentes permanentes. Tambm se ganho de competncias e habilidades. Tem que enfrentar
tem a elaborao da coordenao motora fina. tambm o incio do afastamento da criana da dominncia
As crianas tm maior conscincia das mos como instru- familiar, a cada instante o filho traz um "pode?" novo e dife-
mentos de trabalho. rente, cabendo aos pais discutir, rever, ceder ou impor nor-
Comeam a identificar-se com o pai do mesmo sexo (5 anos). mas.
H um incremento das proezas atlticas.
Ocorre o incio da puberdade ao final do perodo (para as em relao escola: responder s necessidades da
meninas). criana de se sentir capaz, empreendedora, competente;
informar e formar, assumir o desenvolvimento da criana
Desenvolvimento da linguagem
como um todo, no ser apenas um mero transmissor e cobra-
Nesta fase tem-se um vocabulrio enriquecido e sofistica- dor de informaes ou, pior ainda, um lugar onde a criana
do gramaticalmente. gasta parte do seu tempo, aliviando as responsabilidades da
Ocorre o incio da leitura (5 anos) e a criana tem muito pra- famlia. Cabe escola o manter ou transformar a viso que a
zer em jogos de palavras e habilidades verbais. criana tem de si mesma, de suas capacidades, de seu valor:
Fala to bem quanto escreve (12 anos). os professores so adultos significantes e modelos a serem
imitados, bem como os companheiros sero os transmissores
Desenvolvimento cognitivo de novos padres de comportamento e atitudes.
Piaget - Perodo operacional concreto Raio de relaes significantes: a vizinhana e a escola.
Este um estgio caracterizado pela aquisio de lgica Modelos tericos de desenvolvimento
elementar (relaes de causa-efeito) sobre eventos concre-
tos, presentes e experenciados. Erikson - Indstria versus Inferioridade
Os princpios de reversibilidade e conservao de volume,
O domnio das tarefas escolares e a conteno dos impul-
peso, nmero e extenso so adquiridos.
sos do perodo anterior para adaptar-se s leis do ambiente
H compreenso sobre a relao entre a parte e o todo, ca-
so os objetivos desse perodo.
pacidade de seriao e classificao (por exemplo: frente

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H reconhecimento por se produzir coisas. A conformidade (agir de acordo) com o grupo torna-se muito
O domnio desse estgio pode ser inferido se a criana sente- importante e fundamental ser aceito dentro dele.
se adequada em relao s suas habilidades pessoais, com- Ocorre a consolidao da auto-imagem e o estabelecimento
petncia ou status entre os colegas. de uma identidade pessoal: noo de quem , para onde est
O que mais atrapalha nessa fase esse sentido de dever e indo e quais so as possibilidades de chegar l.
realizao seria o desajustamento na escola, a competio
excessiva, limitaes pessoais e outras condies que leva Tambm o momento da reavaliao das normais sociais
experincia de fracassos, resultando em sentimentos de infe- e valores, perodo de intenso idealismo e descoberta de valo-
rioridade. res abstratos como liberdade, beleza, privacidade, democra-
cia, etc.
Freud - Latncia No podemos nos esquecer da ambivalncia do adolescente:
deseja a liberdade, mas no gosta de assumir a responsabili-
Resoluo do Complexo de dipo com a identificao po- dade a ela inerente!
sitiva com o pai do mesmo sexo e internalizao dos valores O adolescente formula conceitos de amor e procura por inti-
parentais formando a conscincia moral - Superego. midade.Tem suas primeiras experincias sexuais e ocorre o
Impulsos sexuais recebem menor nfase e so canalizados estabelecimento da orientao sexual.
para objetivos socialmente aceitveis.
Aumenta a preocupao com o domnio sobre o ambiente Quais as tarefas do ambiente junto ao adolescente?
externo: escola, hobbies, esportes, amigos.
Prover condies para que as necessidades do adoles-
De 12 a 18 anos - Adolescncia cente (ser aceito, ser reconhecido como pessoa, ter sucesso
em suas atividades, ser querido e ser compreendido) sejam
Desenvolvimento fsico
satisfeitas.
Este um novo perodo de rpidas mudanas fsicas, se- De modo objetivo os pais devem prover:
xuais, sociais e intelectuais.
Entrada na puberdade (desenvolvimento das caractersticas relacionamento afetuoso.
sexuais secundrias): menarca, desenvolvimento dos seios,
pelos axilares e pbicos, expanso do trax, mudana de voz, modelo adequado dentro do papel sexual.
desenvolvimento muscular. Geralmente mais cedo (em geral
2 anos) nas meninas. diminuio da autoridade sem cair numa permissivi-
Tem-se um crescimento acelerado da estatura que atinge o dade prematura- comunicao franca: conversar, despender
mximo do tamanho adulto ao final deste perodo. tempo, discutir as realizaes do adolescente, suas metas,
A masturbao quase uma prtica universal entre os meni- restries, valores.
nos e menos comum entre as meninas. lembrar da prpria adolescncia: lembrar que os re-
Ocorrem apegos intensos a pessoas do mesmo sexo (ho- beldes de ontem se tornam os preocupados de hoje.
mossexualismo transitrio tanto em meninos quanto meninas)
e evoluo para interesses e atividades heterossexuais nos ter senso de humor, muitos dos comportamentos dos
dois sexos. adolescentes so caricaturas ou uma oposio frente forma
o auge do desenvolvimento atltico e acadmico. como o adulto age.
Entretanto, tm-se srios problemas de sade na adolescn-
cia como obesidade ou anorexia, tabagismo, drogas, alcoo- Raio de relaes significantes: grupo de amigos
lismo, gravidez indesejvel, acidentes de carro so os princi- Modelos tericos de desenvolvimento
pais problemas deste perodo.
Erikson - Identidade pessoal versus Confuso de pa-
Desenvolvimento da linguagem pis
Ocorre a aquisio de construes gramaticais comple- Formao e consolidao da identidade egica, ou seja,
xas. como:
E, especialmente, observa-se o uso de grias prprias do
grupo de amigos. algum separado dos outros.
O adolescente tem grande prazer com livros, revistas, jornais,
escrita e dirios. Atualmente, via internet! tendo um sentido de coerncia prpria.

Desenvolvimento cognitivo e uma autopercepo estvel ao longo do tempo, is-


to , perceber-se hoje como semelhante a ontem e com aque-
Piaget - Perodo operatrio formal le que ser amanh.
Neste momento tem-se o domnio da habilidade em apli- Crescimento da identidade sexual, procura por um objeto
car regras lgicas e raciocinar frente problemas abstratos e amoroso e tambm por uma identidade profissional e ocupa-
hipteses. cional.
H a habilidade para compreender o conceito de probabilida- H muita preocupao com o como aparece aos olhos dos
de. outros e o como se v.
O adolescente capaz de julgar muitas variveis ao mesmo O sentimento de ser diferente pode levar a uma confuso de
tempo e "pensar sobre o pensar". papis sexuais, sociais e culturais.
A preocupao com os prprios pensamentos nesta fase leva
o adolescente a assumir que qualquer um v as coisas da Freud - Fase genital
mesma maneira (egocentrismo adolescente).
Estgio final do desenvolvimento psicossexual.
Raciocnio do tipo hipottico-dedutivo: "o que poderia ser".
A sexualidade retorna e direcionada unio heterossexual
Desenvolvimento afetivo e social e reproduo, as funes procriativas so enfatizadas nesta
e nas fases posteriores.
O papel das amizades fundamental sendo fonte de se-
gurana e de status social. So mais ntimas e deixam de ser De 18 a 30 anos - Adulto Jovem
os amigos escolhidos pelos pais para serem pessoas desco-
Desenvolvimento fsico
nhecidas do ambiente familiar (muitas vezes gerando preocu-
paes famlia).

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o auge do desempenho do trabalho cardiovascular. O Desenvolvimento afetivo e social
corpo adulto est maduro fisicamente e sexualmente.
Tambm o auge da atividade reprodutiva e sexual (o interes- Ocorre o reajustamento de vnculos com crianas em
se sexual encontra-se aumentado no homem no incio dessa crescimento e os pais idosos.
faixa etria e na mulher mais no final da mesma). H a definio maior de papis no trabalho, na manuteno
Ocorrem mudanas nas mulheres pela gravidez. da casa, luta quanto ao reconhecimento do trabalho e promo-
es.
Desenvolvimento da linguagem Estabilizao da identidade pessoal.
Uma das tarefas do adulto superar o egocentrismo do Raio de relaes significantes: trabalho e lar.
pensamento experimentado na adolescncia.
Modelos tericos de desenvolvimento
A habilidade em lidar com mais e mais objetos no nvel opera-
trio formal (raciocnio lgico) estendida. Erikson - Geratividade versus Estagnao
Desenvolvimento cognitivo Preocupao em estabelecer e guiar a prxima gerao,
Perfeio das habilidades de fala e escrita para situaes tanto em termos da prpria famlia quanto de jovens da cultu-
formais. ra em geral.
Fase de maior produtividade e criatividade, possibilidade de
Desenvolvimento afetivo e social mudar escolhas feitas anteriormente, vida mais racional e
menos provisria.
Ocorre a formalizao dos valores pessoais e objetivos,
de um modelo de vida em relao a trabalho, casamento, De 45 a 65 anos - Adulto Maduro II
famlia, profisso.
Desenvolvimento fsico
Os objetivos educacionais so completados (graus mais
avanados), luta pela carreira e objetivos de trabalho. Momento de cuidados especiais com a sade, pois:
Compromisso com outra pessoa pelo casamento e movimen-
to em direo aos papis parentais. Redistribuio dos depsitos de gordura, mudanas
de pele, incio da perda da integridade musculoesqueltica,
Raio de relaes significantes: companheiros na amiza- diminuio na massa e densidade corporal.
de e no sexo.
Mudana nos padres hormonais, menopausa ou
Modelos tericos de desenvolvimento
climatrio.
Erikson - Intimidade versus Isolamento
Tendncia ao aumento de peso independentemente
Estabelecimento de relacionamento com parceiro sexual da diminuio da massa corporal, gradual compresso verte-
com potencial para paternidade/maternidade. bral.
O medo excessivo da perda da identidade pessoal ou rejeio
pode levar a evitar os relacionamentos resultando em isola- Perda da acuidade auditiva.
mento.
O tempo de acionamento dos reflexos mais lento.
Realizao de relacionamentos sexuais maduros.
Conciliao da identidade sexual com os objetivos do trabalho Diminuio do tnus e fora muscular.
e da carreira.
Reaes s mudanas na imagem psicossexual resultante da Maior prevalncia de doenas crnicas.
paternidade/maternidade (assumir papis familiares).
Desenvolvimento da linguagem
De 30 a 45 anos - Adulto Maduro
Sem alteraes significativas em relao ao perodo ante-
Desenvolvimento fsico rior.
Uma srie de mudanas que podem preocupar o adulto Desenvolvimento cognitivo
nessa fase:
Lento declnio na perspiccia intelectual, mais perceptvel
Diminuio da densidade ssea. nas tarefas que envolvem habilidades sensorio-motoras e
percepes visuais - mais suscetveis de interferncia pelo
Regenerao limitada da cartilagem em articulaes processo de envelhecimento normal (diminuio da viso,
levando ao aumento de queixas relativas artrite. tempo menor de reflexo).
Ganho de peso natural independente do aumento do Desenvolvimento afetivo e social
consumo calrico.
Ajustamento ao crescimento dos filhos como adultos: rea-
Decrscimo linear no funcionamento dos rgos. o frente sndrome do "ninho vazio" (sada dos filhos de
casa).
Presbiopia (dificuldade de distinguir com nitidez os A morte do cnjuge ou de parentes leva a enfrentar a morte
objetos prximos). de modo mais direto.
Mas tambm o ponto timo da vida sexual!! Raio de relaes significantes: o mesmo do perodo an-
evidente tambm a influncia do estilo de vida sobre as terior.
condies de sade, como por exemplo, nas doenas cardio-
vasculares, hipertenso, depresso, etc. A partir dos 65 anos - Envelhecimento

Desenvolvimento da linguagem Desenvolvimento fsico

Sem alteraes frente ao perodo anterior. Ocorre a diminuio na capacidade funcional dos sistemas
orgnicos: taxa de metabolismo basal, ndice cardaco, capa-
Desenvolvimento cognitivo cidade respiratria, taxa de filtrao renal.
Menor reserva de energia, diminuio da atividade, declnio
Tambm outro aspecto positivo: o auge da habilidade in-
na capacidade para trabalho fsico.
telectual.

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Aumento na prevalncia de doenas crnicas e disfunes estimular uma reviso positiva da vida passada e
metablicas. Senescncia. das realizaes.
Desenvolvimento da linguagem compreender e apoiar perdas pessoais e fsicas.
Ocasionalmente inabilidade em relembrar palavras co- http://www.plenamente.com.br/desenvolvimento-
muns ou referncias. humano.php
Desenvolvimento cognitivo
A CONSTITUIO DO OBJETO LIBIDINAL PATOLOGIA
Perda progressiva de memria. DAS RELAES OBJETAIS.
Desenvolvimento afetivo e social
O Primeiro Ano de Vida
No momento da aposentadoria, a autoridade e status fi-
cam diminudas, ocorre uma reviso da vida em termos de Pretendemos neste artigo expor sucintamente um recorte
sucessos e falhas, foco nos rituais de herana. da Teoria do Desenvolvimento proposta por Ren Spitz em
A adaptao ao processo de envelhecimento nem sempre seu livro O primeiro ano de vida. Daremos nfase a consti-
tranquila, h preocupao com medos de dependncia e tuio da relao objetal na inter-relao me-beb,a seguir
deteriorao fsica e mental. elencaremos as patologias das relaes objetais devido as
Ocorre limitao nas habilidades e mobilidade, restrio dos relaes inadequadas e insuficientes entre me e fi-
contatos habituais, perdas do cnjuge, dos irmos, familiares, lho. Interessante notar que foi Sptiz um dos primeiros psica-
amigos. nalistas a utilizar a observao direta das crianas para de-
H uma mudana do senso de controle para a submisso s terminar e posteriormente descrever as etapas da evoluo
demandas do ambiente, senso de sabedoria, o amor afetivo psicogentica da criana.
domina o fsico.
O pensamento de Spitz baseia-se no conceito freudiano
Raio de relaes significantes: a humanidade como um de um organismo no recm-nascido psicologicamente indife-
todo e seu prprio grupo social. renciado, tendo apenas um equipamento congnito e certas
Modelos tericos de desenvolvimento tendncias. Faltaria ainda a este organismo a conscin-
cia, percepo, sensao e todas as outras funes psiclo-
Erikson - Integridade do Ego versus Desespero gicas, conscientes ou inconscientes. Nesse sentido, a evolu-
o normal composta pelo que Spitz nomeia de organiza-
Este estgio caracterizado por "ter tomado conta de coi-
dores de psiquismo, que demarcariam certos nveis da inte-
sas e pessoas" e avaliar os sucessos e desapontamentos.
grao da personalidade, ento os processos de maturao
Sentimento de que o tempo curto para mudanas a fazer.
e desenvolvimento combinariam-se pra formar uma aliana.
Algumas pessoas reagem bem frente ao estilo do estilo de
vida adotado e apresentam um sentimento positivo quanto ao
Com dissemos anteriormente nos centraremos na pato-
significado da vida, desenvolvendo at mesmo novos interes-
logias decorrentes da inter-relao afetiva entre a me e o
ses. Outros diminuem sua auto-estima e podem sentir deses-
filho expostas por Spitz, entretanto endosso a leitura deste
pero quanto s realizaes e significado da vida, levando a
livro uma vez que muito raro ter nas publicaes psicanal-
um medo intenso da morte.
ticas descrio minuciosa de mtodo e concluses nu-
Como ajudar o idoso? ma escrita direta e simples acessvel a todos aqueles que se
interessem ou trabalhem com crianas.
O foco da ajuda recai no suporte social.
importante manter, restabelecer ou desenvolver rede de Num primeiro momento introdutrio cabe esclarecer que
suporte social (religioso, social, familiar). a noo de objeto encarada pela psicanlise est necessari-
Importante: amente atrelada ao conceito de pulso e libido.

prover um nvel de cuidados que no exceda a ne- Libido significa, em psicanlse, no primeiro exemplo, a
cessidade. fora (considerada como varivel e mensurvel quantitativa-
mente) dos instintos sexuais dirigidos para um objeto sexu-
explorar alternativas de cuidado em casa ou outras al no sentido amplo exigido pela teoria analtica. (Sptiz,
opes. 2004, pg. 09).
encorajar o idoso a manter uma agenda sistemtica
de uso regular de medicao, ida ao dentista e outros cuida- Tambm em Laplance e Pontalis (2004) no verbete Obje-
dos. to do seu Vocabulrio da Psicanlise delimitam a tese princi-
pal e constante de Freud sobre a contingncia do objeto, isto
orientar a procurar grupos de auto-ajuda quando ne- quer dizer que no qualquer objeto que ir satsfazer a pul-
cessrio. so uma vez que ele est marcado pela histria infantil de
cada um. Nesse sentido, o objeto o que h de menos de-
no tratar o idoso como criana ou deficiente mental. terminado constituicionalmente na pulso.
avaliar sempre a compreenso do idoso sobre as Ento temos que relaes objetais so relaes entre um
orientaes recebidas. sujeito e um objeto , assim sendo, para o universo do recm-
planejar a sua rotina diria com ajuda se necessrio nascido ainda no h objetos. Os objetos relacionais desen-
(banho, por ex.). volvem-se progressivamente no decorrer do primeiro ano de
vida, e no seu final, o objeto libidinal ser establecido.
conseguir ajuda para perdas sensoriais (ajuda auditi-
va, culos, livros em cassetes, jornais em letras maiores). Spitz distingue trs estgios no desenvolvimento do obje-
to: 1) estgio pr-objetal ou sem-objeto, 2) estgio precursor
prover orientaes tempo-espao (grandes relgios, do objeto e 3) estgio do prprio objeto.
calendrios, luzes noite).
Para Spitz o primeiro estgio corresponderia ao narcisis-
prover cuidadores consistentes.
mo primrio de Freud, no qual o beb ignora o mundo ao seu

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redor. Para entender como isto acontece ajuda ter em mente crever, contextualizadas, as patologias das relaes objetais
que o aparelho perceptivo do recm-nascido protegido do enumeradas no quadro abaixo.
meio exterior por uma barreira de estmulos muito alta, por-
tanto esta barreira o protege da percepo de fora, a no ser CLASSIFICAO ETIOLGICA DE DOENAS PSICOG-
que os estmulos vindos de fora excedam o nvel de intensi- NICAS NA PRIMEIRA INFNCIA, CORRESPONDENTES
dade da barreira protetora, destruindo a quietude do recm- A ATITUDES MATERNAS
nascido fazendo-o reagir violentamente com desprazer. Nes-
se sentido, Spitz prefere traduzir estgio no-diferenciado Fator Etiolgico determinado
por percepo insuficientemente organizada. pelas atitudes maternas

O segundo estgio tem como primeiro organizador o apa- Psicotxicos


recimento do sorriso do ser humano que ocorre a partir do rejeio primria manifesta
segundo e terceiro ms de vida. O sorriso ento aparece superpermissividade ansiosa primria
como um indicador que instala os primeiros rudimentos do hostilidade disfarada em ansiedade
Eu e o estabelecimento da primeira relao pr-objetal ainda oscilao entre mimo e hostilidade
indiferenciada. Assim no segundo ms, o rosto torna-se um
percepto privilegiado, a realidade comea a funcionar mesmo oscilao cclica de humor
que ainda no ocorra a discriminao. hostilidade consciente/te compensada

No terceiro estgio surge o segundo organizador, especifica- Deficincia


do pelo aparecimento da reao de angstia no rosto de um privao emocional parcial
estranho, em torno do oitavo ms chamado de angstia do privao emocional completa
oitavo ms. Doenas da criana
coma do recm-nascido
O Eu do beb vai se formando a partir de um acmulo de clica dos trs meses
traos de memria. Pode-se comparar a experincia percep- eczema infantil
tiva de um cego de nascena com a do beb. Os estmulos hipermotilidade (balano)
que incidem sobre o sensrio do beb so estranhos mo- manipulao fecal
dalidade visual assim todo estmulo dever ser primeiro hipertimia agressiva
transformado em uma experincia significativa, somente en- depresso anacltica
to ele pode torna-se um sinal, ao qual outros sinais so marasmo ou hospitalismo
acrescentados para ento construir uma imagem coerente do
http://kareincastro.blogspot.com.br/
mundo da criana.

Por isto que a partir deste segundo organizador, desta


integrao progressiva do Eu do beb ,ele ser capaz PREVENO E EFEITOS DA PRIVAO MATERNA.
de distinguir entre a me e o no-me, na verdade, o que o
rosto estranho significa para ele a ausncia da me o A privao dos cuidados maternos e o desempenho
que faz suscitar a angstia. Deste modo, a criana chega escolar prejudicado.
assim a fase objetal e ao estabelecimento de relaes obje- Texto: Profa. Alessandra Peixoto Lanini.
tais. Neste ponto podemos introduzir o ltimo organizador, Ps-Graduanda em Psicopedagogia Institucional pelo
especificado pelo surgimento do no tanto na sua forma de INEC/UNICSUL.
gesto e/ou palavra no decorrer do segundo ano. Postado por Fbio Pestana Ramos

Devido a complexidade deste item sugiro mais uma vez a Introduo.


leitura do livro para um melhor entendimento. Deve-se ter em
mente que o que o beb incorpora so os gestos, ele no Sendo a escola um espao social fechado, a mesma, aca-
incorpora o pensamento da me uma vez que nesta fase a ba oferecendo condies propicias para a avaliao emocio-
criana ainda incapaz de pensamento racional, ento o que nal das crianas e dos adolescentes.
ela processa em termos de afetiividade, o faz de maneira
global. Ento, a lgica continua sendo binria, o que a crian- na escola que os alunos podem ser comparados estati-
a entende portanto voc est a meu favor ou voc est camente com seus pares e com seu grupo etrio e social.
contra mim.
na escola tambm que o professor dispe de maior
A partir da identificao com o agressor por meio do ges- oportunidade para observar e detectar problemas no desen-
to negativo, o beb se apropria do gesto junto com o afeto volvimento da criana.
contra. um progresso imenso! Ocorre que a partir dessa
aquisio, a ao substituda pela mensagem ento inau- Dentro da sala de aula ocorrem situaes significativas
gura-se, segundo Spitz, a comunio distncia. a primei- que envolvem a psique emocional da criana, nas quais os
ra aquisio conceptual da criana: isso cararcteriza o seu professores podem atuar beneficamente, ajudando a sanar o
acesso ao mundo simblico e a sua nova capacidade de problema do aluno, ou podem pior-los ainda mais.
manejar smbolos.
Os alunos podem trazer consigo um conjunto de proble-
A partir desses estudos sobre o desenvolvimento normal, mas emocionais que podem ser prprios de suas personali-
Spitz determina distores patolgicas correspondentes a dades ou que podem ser consequncias de experincias
atitudes maternas. Nos distrbios psicotxicos a personali- vividas socialmente e com suas famlias.
dade da me desempenha um papel importante na sua etio-
logia e nas doenas de carncia afetiva, o fator personaldi- Entre os problemas psquicos que fazem parte da prpria
ade da me menos decisivo, o que conta como fa- personalidade da pessoa, incluem-se alguns como o Trans-
tor nosognico o aspecto quantitativo, ou seja, o dano so- torno Obsessivo Compulsivo, o Autismo, a Deficincia Mental,
frido pela criana privada de sua me ser proporcional a Psicose, o Transtorno de Conduta, etc.
durao da privao. Em outro momento pretendemos des-

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Alguns professores podem cometer o erro de considerar privao podem ser claramente perceptveis j nas primeiras
que todas as crianas devem agir e reagir da mesma maneira semanas de vida.
diante de determinadas situaes, e que as expondo s situa-
es ridculas ou constrangedoras, possam se corrigir e parar Em alguns casos a privao materna pode causar danos
com maus comportamentos. irreversveis e os sintomas podem levar a problemas escola-
res variados, principalmente a incapacidade de abstrao,
No entanto, condutas deste tipo agravam o sentimento de atraso e problemas da fala e da noo de tempo, que podem
inferioridade da criana que passa a no gostar mais da esco- ser de difcil diagnstico para o professor que no conhece
la e a no querer mais frequent-la. este assunto.

Requer-se do professor que faa uma auto-avaliao e, O que se entende por Privao de Cuidados Maternos.
caso seja descartada a hiptese do problema estar em seu
trabalho, observar mais atenciosamente o aluno problema Uma relao normal entre me e filho aquela onde am-
que pode ser reflexo de algum transtorno emocional, muitas bos encontram prazer e satisfao nas trocas de carinho, de
vezes advindo de relaes extrnsecas estrutura de sua contato fsico, de brincadeiras e de amor.
personalidade.
Podemos ter como exemplo sobre como seria uma rela-
Dentre os exemplos de questes externas personalidade o normal, o conceito deste autor:
da criana, que so capazes de traduzirem em problemas
emocionais, o trabalho enfatiza a privao materna, uma vez ... uma criana um indivduo ativo, de aparncia sadia,
que este assunto acha-se cada vez mais crescente e compro- que d a impresso de ser feliz e d pouca preocupao aos
vado no campo da psicologia e reflete-se no campo da edu- pais. Como bem, dorme bem; seu peso, assim como seu
cao, porem com poucas pesquisas na rea educacional tamanho, aumenta normalmente, e a cada ms torna-se mais
sobre distrbios e problemas de aprendizagem causados pela inteligente e mais ativa e, cada vez mais, um ser humano.
privao. Emocionalmente, ela d satisfao aos pais e parentes e, por
sua vez, recebe deles cada vez mais satisfao. (SPITZ,
A qualidade dos cuidados parentais que uma criana re- 1998, p.205)
cebe nos seus primeiros anos de vida de importncia vital
para o bom desenvolvimento de sua personalidade e para a Uma criana que apresenta estas caractersticas passa
sua sade mental futura. por boas relaes afetivas e emocionais com sua me.

Conhecer um pouco mais sobre o que significa a privao A me a pessoa mais importante nos primeiros anos de
materna e que tipos de complicaes ela traz para dentro do vida da criana.
meio escolar, pode mudar a viso do professor sobre o alu-
no-problema, podendo sensibiliz-lo a mudanas significati- No que os pais no tenham importncia, mas a criana
vas de postura e de trabalho com este aluno. est ligada emocionalmente me desde a gestao, e no
caso das mes substitutas, so sempre elas que esto pre-
Este tema tem grande importncia para a rea educacio- sentes nos momentos de limpar e trocar, alimentar, de fazer
nal, j que no so raros os casos de alunos que no vivem dormir, de amamentar e outros cuidados que um beb e uma
com suas mes naturais ou com a famlia original. criana pequena precisam.

Acredita-se que o essencial sade mental que o beb Enfim, sempre me que a criana recorre em seus
e a criana pequena tenham a vivncia de uma relao calo- momentos de angstia.
rosa, intima e continua com a me (ou me substituta perma-
nente), na qual ambos encontrem satisfao e prazer. A relao sadia entre me e filho e uma relao ntima,
onde a criana recebe o conforto do colo materno,da ama-
nesta relao amorosa entre me e filho nos primeiros mentao, do respeito e carinho sua fragilidade, onde
anos, enriquecida pelas outras relaes com o pai e irmos, aprende a cada dia que tem valor prprio e que especial
que a base para o bom desenvolvimento da personalidade. para sua famlia.

A situao na qual a criana no encontra esse tipo de re- Uma me carinhosa e maternal se alegra com qualquer
lao chama-se privao materna, que abrange um grande atitude de seu beb e divide com ele essa alegria; esta intera-
nmero de situaes diferentes e tem efeitos variados de o de afeto relacionada a atitudes uma das primeiras for-
acordo com o grau da mesma. mas de aprendizagem que influenciar no bom desenvolvi-
mento do beb.
Alm da privao, existem outras formas de separao ou
rejeio, pelas quais a relao me-filho torna-se pouco sau- denominada Privao Materna a situao onde a cri-
dvel. ana no encontra uma relao afetiva estvel e duradoura
com sua me natural ou substituta, e falta de cuidados que
Estudos realizados e comprovados deixam claro que, s a me proporciona nos primeiros anos de vida.
quando uma criana privada dos cuidados maternos, seu
desenvolvimento quase sempre retardado-fsico, intelectual, Uma criana pode ser privada dos cuidados maternos por
social e emocionalmente e que podem aparecer sintomas alguns fatores como:
de doenas fsicas e mentais.
Quando no h um grupo familiar natural estabelecido, ou
Existem trs aspectos que influenciam nos danos que uma seja, ilegitimidade, criana concebida fora do casamento, filho
criana pode sofrer: a idade em que ela perde os cuidados de pai desconhecido, fruto de abuso sexual;
maternos, o tempo em que ela ficou privada destes cuidados,
e o grau em que eles lhe faltaram. Geralmente as crianas ilegtimas so rejeitadas social-
mente e sofrem algum tipo de privao materna por suas
Mas com certeza, todas as crianas com menos de sete mes solteiras encontrarem dificuldades para o sustento de
anos de idade esto sujeitas a este risco, e os efeitos da ambos;

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atual, cuidados de uma me substituta (estranha), so casos
Quando a criana vive no grupo familiar natural intacto, de privao parcial, pois so situaes em que a no dispe
porm no atuando de maneira eficaz: situao de misria, de uma nica pessoa que cuide dela de forma pessoal, so
doena grave ou incapacidade de um dos pais, desequilbrio exemplos de instituies e creches de perodo integral.
mental e instabilidade emocional de um dos pais;
No caso da privao total, a criana ficou totalmente pri-
Quando a criana vive em grupo familiar no intacto e no vada de afeto e cuidados, sendo abandonada emocionalmen-
funcional, portanto, de maneira eficaz: morte de um dos pais, te.
hospitalizao prolongada de um dos pais, priso, separao,
abandono de lar, mudana para outro pas ou um lugar muito A privao parcial causa angstia, exagerada necessidade
distante, trabalho fora de casa em perodo integral com pouco de amor, fortes sentimentos de vingana e, como consequn-
contato com a criana. cia, culpa e depresso.

Essas trs categorias que contribuem para que a criana, A privao total traz efeitos mais negativos ao desenvol-
de certa forma, sofra alguma privao de cuidados, so influ- vimento emocional, que j se tornou prejudicado desde as
enciadas principalmente, por fatores scio-econmicos onde primeiras semanas de vida.
os pais nos tm possibilidade de sustento adequado e nem
amparo de polticas pblicas. Reaes em diferentes idades.

importante destacar outras formas de privao de afeto Como j fora mencionado, alguns fatores importantes con-
como a negligncia emocional por parte da me que tambm tribuem para os efeitos prejudiciais da privao: o tempo a
sofreu falta de cuidados e afeto em sua infncia, a crueldade idade em que a criana o em que a criana ficou privada dos
fsica sofrida e a falta de controle dos pais. cuidados e o grau em que eles lhe faltaram.

De qualquer forma, a criana que sofre privao materna Outro fator para tais efeitos a idade em que a criana so-
nos primeiros anos de vida tem comprometimento de sua fre a privao.
sade mental.
Um estudo muito cuidadoso do choro e do balbucio dos
Tipos e graus da privao. bebs mostrou que os que se achavam num orfanato, desde
o nascimento at os seis meses de idade, vocalizavam sem-
Segundo Bowlby (1981), o termo privao da me pode pre menos do que os que viviam com famlias, podendo-se
ser aplicado a vrios grupos de condies diferentes, que notar claramente a diferena j antes dos dois meses de
podem ter consequncias semelhantes. idade. Este atraso na fala especialmente caracterstico da
criana em instituio, em qualquer idade. (BOLWBY, 1981,
Se a criana vive com sua me natural ou uma me subs- p.22-23)
tituta permanente, mas os cuidados que ela recebe e a intera-
o que mantm com ela,so insuficientes, neste caso, a Todas as crianas com menos de sete anos esto sujeitas
privao consiste na insuficincia de interao entre me e ao risco de efeitos prejudiciais da privao, e alguns destes
filho. efeitos podem ser discernveis j nas primeiras semanas de
vida do beb.
Quando ocorre uma separao da criana de sua me,
no implica necessariamente em privao de cuidados ma- Eles afetam o desenvolvimento infantil fsica, intelectual,
ternos e insuficincia de interao, desde que seja proporcio- emocional e socialmente.
nada criana separada outra me permanente.
Um grande nmero de pesquisadores estudou detalhada-
Contudo, uma separao entre me-filho sempre uma mente os efeitos da privao materna em crianas, desde que
experincia perturbadora para a criana, principalmente se eram bebs, principalmente naqueles que viviam em institui-
esta mantinha uma ligao afetiva suficiente e no a encontra es.
da mesma maneira, posteriormente com a substituta ou se
fica sendo cuidada por vrias outras pessoas de tempo em Tais pesquisas chegaram ao consenso de que o desen-
tempo. volvimento de crianas que vivem em instituies est abaixo
da mdia, j nos primeiros meses de vida:
Desta forma, a descontinuidade na relao me-filho, traz
efeitos prejudiciais no desenvolvimento infantil. Entre os sintomas observados, constatou-se que o beb
que sofre de privao pode deixar de sorrir para um rosto
Outro conjunto de condies que emprega o termo priva- humano ou de reagir quando algum brinca com ele ou ape-
o da me refere-se ao tipo de relao entre o par que sar de bem nutrido, pode no engordar, pode dormir mal e
acontece de maneira prejudicial, ou seja, de maneira distorci- no demonstrar iniciativa.
da, como: rejeio, hostilidade, crueldade, falta de afeto, re-
presso e controle excessivo. Os bebs entre seis e doze meses separados de suas
mes, sem receberem uma me substituta adequada, apre-
A insuficincia, a descontinuidade e distoro da relao sentam diversas caractersticas tpicas de um adulto depres-
me e filho, so trs definies utilizadas para ajudar a distin- sivo:
guir e compreender as condies de privao materna que
levam a efeitos prejudiciais variados. A criana se afasta de tudo ao seu redor, no h qualquer
tentativa de contato com um estranho, e nenhuma reao
Tais efeitos prejudiciais no variam quanto natureza, positiva se este estranho a toca. H um atraso nas atividades
mas quanto ao grau em que foram sentidos, incluindo a idade e a criana frequentemente fica sentada ou deitada inerte, em
da criana na poca da privao. profundo estupor. A falta de sono bastante comum e todas
tm falta de apetite. A criana perde peso e apanha infeces
A criana que sofre privao por uma relao insuficiente facilmente. H uma queda acentuada em seu desenvolvimen-
ou que passou pela descontinuidade e j recebe, no momento to geral. (BOWLBY, 1981, p.26)

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sarem ou estabelecerem laos de amizade profunda, no
Se for proporcionada criana uma me substituta nica apresenta reaes emocionais, no demonstram afeto e nem
e presente, durante seu primeiro ano de vida, as consequn- preocupao.
cias negativas podem ser evitadas.
Geralmente so falsas, furtam, mentem constantemente,
No entanto, especialistas acreditam que, embora a recu- so agressivas e apresenta sexualidade precoce, promiscui-
perao da criana seja rpida com o retorno da me, ela dade, baixo nvel de inteligncia, baixa capacidade de abstra-
pode ser dificultada e incompleta depois de trs meses de o e de raciocnio lgico, alm de dficit no desenvolvimento
privao. da fala.

Sptiz (1998) estudou e detalhou mais especificamente, pa- Em longo prazo, as crianas que sofreram privao total,
tologias do desenvolvimento infantil no primeiro ano de vida, podem desenvolver personalidade delinquente, psicopata e
causado por distrbios da personalidade materna, que se incapaz de afeio (BOWLBY, 1981).
refletem nas perturbaes da criana.
Aos cinco ou seis anos, os danos que a privao causa
Aos dois ou trs anos, as mes substitutas so completa- tornam-se mais leves e diminuem.
mente rejeitadas, o que agrava a recuperao da criana
separada de sua me: Nesta fase, a criana j capaz de entender melhor as si-
tuaes que levaram falta da me.
... ficando a criana inconsolvel por vrios dias, uma
semana ou mesmo mais, sem interrupo. Na maior parte Porm, mais comum nesta idade a ideia de punio, ou
deste tempo, ela fica num estado de desespero agitado, gri- seja, a criana acredita que ficou sem a me como castigo
tando ou gemendo. Recusa tanto o alimento quanto a ajuda. por ter sido m ou que foi separada de sua famlia por sua
Apenas a exausto a leva ao sono. Depois de alguns dias, a culpa.
criana fica mais quieta e pode cair em apatia, da qual vai
emergindo lentamente para comear a se interessar pelo uma interpretao errnea que nem sempre expressa
ambiente estranho. Contudo, durante semanas, ou mesmo pela criana.
meses, ela poder apresentar uma regresso a comporta-
mentos de beb. Poder molhar a cama, masturba-se, parar Por carregar a culpa pela separao de sua me ou fam-
de falar e insistir em ser carregada ao colo, de tal forma que lia, torna-se maior sua lealdade, que esta ligao profunda
uma atendente menos experiente pode julg-lo mentalmente da criana com seus pais, por mais terrveis e maus que te-
deficiente. (BOWLBY,1981, p.270). nham sido.

Crianas de trs, quatro anos separadas e privadas de Mesmo a privao sendo causada pela relao distorcida,
suas mes, tornam-se claramente hostis. ainda assim, a criana fiel aos pais.

A me, por sua ausncia, passa a ser uma pessoa odiada. Inmeros so os estudos de psiquiatras e psicanalistas
que buscam explicar a distrbio mental relacionada a uma
A hostilidade pode ser manifestada de vrias formas: bir- perda, seja esta pelo luto ou pela separao, sentida pelo
ras, violncias, fantasias contra seus pais. adulto, jovem ou criana.

Todo este dio fruto do sentimento de abandono pela O fato que perder uma pessoa amada uma das expe-
me ou ambos os pais, levando a criana a um conflito de rincias mais intensamente dolorosas que o ser humano pode
ambivalncia, de amor e dio. sofrer e, quando pensamos que esta experincia pode tam-
bm atingir uma criana, voltamos nossa ateno a esta fase
Este sentimento conflitante produz angstia e depresso e que significa a base para o bom desenvolvimento do indivi-
provoca um comportamento agressivo e delinquente. duo: a infncia.

Em casos extremos, tambm pode levar ao suicdio como Estudiosos ou no, todas as pessoas se preocupam com
alternativa de assassinato dos pais. os infortnios que uma criana possa passar, principalmente
porque ela um ser humano totalmente, frgil, sensvel e to
O fato de a criana estabelecer relaes e posteriormente cedo j se depara com espinhos da vida.
perde-las, causa o medo de ser ferido de novo, levando-a a
se afastar do contato humano, a se fechar em si mesma e Mas nem sempre os adultos preferem enxergar esse to
evitar maiores frustraes. doloroso sofrimento da perda ou privao, vivenciada pela
criana.
Como consequncia, acaba perdendo a capacidade de
estabelecer relaes afetivas, sem perder o seu desejo de Preferem acreditar que a criana se esquecera da me, ou
amar, que fica reprimido. que no sabe o que est acontecendo, como se ela fosse
uma lousa onde tudo que vivenciou pudesse ser apagado e
A represso deste desejo de amor que leva a compor- escrito uma nova vida.
tamentos como relaes sexuais promscuas, frutos e senti-
mentos de vingana. Embora esta fosse a vontade de muitos, observaes
mostram que o desejo de retorna da me persiste na criana
Crianas que sofreram privao total, no apresentaro as e que esta persistncia vem carregada de uma hostilidade;
mesmas caractersticas, pois j tm o seu desenvolvimento tambm revelam que at as crianas pequenas tem capaci-
emocional prejudicado, ou seja, no formaram vnculos afeti- dade de reter na memria seu modelo de me ausente e se
vos. lembram dela durante a permanncia com pessoas estra-
nhas.
Seus sintomas so considerados mais graves, se relacio-
nam com outras pessoas de forma superficial, no demons-
trando sentimentos verdadeiros, so incapazes de se interes-

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Os efeitos da privao podem ser variados, de acordo
com a idade que a criana se encontra ao ter inicio esta pri- Se os nveis adequados foram atingidos, os acontecimen-
vao. tos podero ser benficos para a criana, caso contrrio, os
esforos por parte dos pais, enfermeiras e professores no
Estas variveis determinam quais os processos no desen- impediro sentimentos de aflio, fracasso, e infelicidade por
volvimento infantil que sero afetados negativamente. deixar temporariamente seu ambiente familiar e a presena
constante da me.
Dentre os processos intelectuais, a linguagem e abstrao
ficam mais vulnerveis e dentre os processos da personalida- At a maturidade emocional sadia do individuo adulto h
de, a capacidade de estabelecer e manter relaes interpes- um longo caminho a percorrer, cheio de nveis pertinentes
soais profundas e significativas, juntamente com a capacida- passados na infncia, aos quais a Psicologia e Psicanlise se
de de controlar os impulsos, parece que so os mais atingi- encarregam de estudar.
dos.
No entanto, h diretrizes bsicas no desenvolvimento in-
Ao entendermos que para a aquisio da aprendizagem fantil que merecem receber ateno por se tratarem especifi-
faz-se necessrio um ambiente adequado e estimulador, camente de diretrizes que sofrem influencias negativas dire-
podemos supor ento, o quanto ela se tornar difcil para tas, e consequentemente, tornam-se prejudicadas pela falta
estas crianas que foram privadas de suas mes ou no tive- da me, como foram mencionadas anteriormente; a interao
ram a inteno e estimulao satisfatria com seu ambiente social, a capacidade de abstrao e o desenvolvimento da
inicial. linguagem.

Segundo teorias psicanalticas, a privao precoce da O desenvolvimento social.


me faz com que a criana crie defesas contra novas frustra-
es, decorrentes da interao com novos ambientes que Quando nasce, a criana muito indefesa; sua sobrevi-
venha a conhecer, ou seja, a criana pode se tornar isolada e vncia depender da ajuda prestada pelo grupo social onde
resistente a mudanas, afetando assim a aprendizagem de ela vive.
algo novo.
Ao mesmo tempo, ela possui uma grande capacidade pa-
Uma reverso s seria possvel com o mximo de esfor- ra a aprendizagem, j que o sistema perceptivo herdado ge-
os de um novo ambiente para romper estas defesas e, com neticamente encontra-se organizado, colocando-a em contato
certeza, a educao tambm tem que cumprir a sua parte com o meio atravs dos sentidos, e servindo para estabelecer
nesta tarefa. relaes entre organismo e meio, sobretudo s caractersticas
do meio que possam ter consequncias positivas ou negati-
Sobre o desenvolvimento prejudicado. vas.

Interesses e preferncias da me so influencias para o De acordo com Spitz:


desenvolvimento infantil.
O primeiro ano de vida o perodo mais plcido no de-
No s influenciam como tambm incentivam determina- senvolvimento humano. O homem nasce com um mnimo de
dos tipos e nveis do desenvolvimento, ou seja, a criana padres de comportamento pr-formados e deve adquiris
parece concentrar-se e desenvolver-se melhor naqueles n- incontveis habilidades no decorrer do seu primeiro ano de
veis que recebem mais diretamente o amor e aprovao ma- vida. Nunca mais na vida tanto ser aprendido em to pouco
terna e o prazer da me nos feitos dos filhos. tempo. (SPITZ, 198, p. 109)

Contrariamente, parece negligenciar os nveis do desen- Alm da capacidade de percepo, a criana esta cons-
volvimento que no recebem esta aprovao (FREUD. A. tantemente sendo estimulada a perceber o meio que a cerca.
1971).
Ela sente-se mais atrada pelos estmulos de origem soci-
Isto que dizer que as atividades aclamadas pela me so al, como o rosto humano.
repetidas com mais frequncia, tornando-se libidinizadas e,
por tanto, so estimuladas em sua evoluo. Sem dvida, o estimulo mais relevante para o beb
aquela pessoa que cuida dele: a me.
Tudo isto significa que quando h um desequilbrio em al-
gumas etapas do desenvolvimento infantil como um todo, eles O rosto humano dotado de caractersticas que atraem o
podem ter sido criados por situaes externas; especifica- beb, como o brilho dos olhos, o contraste entre o cabelo e a
mente para este estudo, pela privao afetiva da me. fronte, o contraste entre os olhos e a boca, cor, movimento,
expresses faciais e um outro estimulo sonoro que a criana
As etapas pelas quais passa a criana pequena desde a gosta: a voz humana que sai da boca.
sua completa dependncia corporal e emocional at a sua
autoconfiana e amadurecimento sexual seguem uma linha Tanto sua capacidade de aprendizagem quanto, sua atra-
gradual de desenvolvimento, que vai fornecer a base para o o por estmulos sociais, fazem com que a criana esteja em
que normal ou anormal, em relao ao emocional do indivi- condies ideais para iniciar o processo de assimilao de
duo. valores, normas e formas de agir que seu grupo social ir
transmitir-lhe.
As etapas do desenvolvimento recebem a contribuio do
id e do ego em formao. A transio cultural que envolve regras, valores, costume,
atribuio de papeis, ensino da linguagem, habilidades e
A disposio da criana para enfrentar acontecimentos contedos escolares, realizada atravs de determinados
que geram angustia e ansiedades, como por exemplo, o nas- grupos sociais encarregados de incorporar a criana socie-
cimento de um irmo, hospitalizao, entrada na escola, etc., dade.
vista como resultado direto do progresso em todas as linhas
de seu desenvolvimento.

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Entre estes agentes sociais esto a me,pai, os irmos,
outros familiares, amigos, professores e outros como os mei- A existncia da me, sua simples presena, age como um
os de comunicao. estmulo para as respostas do beb; sua menor ao por
mais insignificante que seja, mesmo quando no est relacio-
De acordo com Coll (1995), os processos de socializao nada com o beb, age como estmulo.
pelo qual passa a criana so basicamente trs mais impor-
tantes: Seus afetos, seu prazer, suas prprias aes, conscientes
ou inconscientes, facilitam inmeras e varias aes do filho.
- Os processos mentais de socializao: aquisio de co-
nhecimentos; Pode-se dizer que o maior grau de facilitao para aes
do beb propiciado, no pelas aes conscientes da me,
- Os processos afetivos de socializao: formao de vn- mas por suas atitudes inconscientes (SPITZ, 1998).
culos;
Os fatores relevantes para a socializao so: de um lado,
- Os processos condutais de socializao: conformao a me com sua individualidade, e de outro lado, a criana cujo
social da conduta. desenvolvimento se estabelece progressivamente, atravs de
continua inter-relao, com a ajuda de outros membros do
Os vnculos afetivos que a criana estabelece com a fam- meio familiar.
lia e amigos so base de seu desenvolvimento social, pois
uma vez estabelecidos, unem a criana aos demais e a sua O desenvolvimento da capacidade de abstrao.
manuteno transforma-se em um dos motivos fundamentais
da sua prpria conduta social, como ter empatia pelo outro, Como se desenvolve a personalidade e os processos de
colocando-se em seu lugar; o apego emocional; a formao abstrao do individuo em processo de interao e adaptao
de amizades profundas, etc. ao meio, enquanto que para tal depende dos cuidados mater-
nos?
Os processos mentais de socializao como: conhecimen-
to de valores, normas, aprendizagem da linguagem, conheci- medida que a personalidade se desenvolve, o individuo
mentos adquiridos na escola e outras fontes, fazem com que torna-se cada vez mais apto a escolher e criar seu ambiente,
a criana conhea como sua sociedade, comunique-se com e passa a planejar para conseguir o que quer.
os demais membros e comporte-se de acordo com o que
esperado dela. Isto significa que ele aprende a pensar de forma abstrata,
aprende a usar a imaginao e fazer consideraes sobre
A socializao envolve tambm a aquisio de condutas seus desejos imediatos e objetivos almejados.
que so consideradas desejveis, bem como a se evitar
aquelas que so consideradas anti-sociais. Conforme a criana cresce, espera-se dela que pense an-
tes de agir, que tenha capacidade de fazer abstraes do
Para isto no basta que a criana saiba o que certo ou tempo e do espao, a fim de poder considerar as coisas que
errado, mas que saiba ter controle sobre sua conduta e sinta- quer no futuro e a perceber que para serem conseguidos,
se na moral, no raciocnio sobre a utilidade social de determi- alguns desejos e vontades precisam ser sacrificados.
nados comportamentos, bem como suas consequncias, o
medo do castigo e o medo de perder o amor e favores que atravs da percepo de coisas que agradam e desa-
recebe dos demais. gradam s pessoas, que a criana passa a aprender e a ter
conscincia de seus atos, sendo que a me quem agir
Se a criana vincula-se afetivamente a determinados adul- como esta conscincia nos estgios iniciais do desenvolvi-
tos, se adquire o conhecimento de que a sociedade o que mento infantil, at que ela atinja um grau de maturidade e se
espera dela, e se tem um comportamento adequado a estas estabelea como um indivduo consciente e de personalidade
expectativas, estar bem socializada. prpria.

H uma sociedade estabelecida dentro do par me-filho, As perturbaes que a personalidade e conscincia po-
onde as trocas esto em fluxo contnuo, cada um deles o dem passar geralmente se devem a distrbios sofridos em
complemento do outro, enquanto a me fornece o que o beb etapas importantes do desenvolvimento infantil como: a fase
precisa e o beb por sua vez, fornece o que a me precisa na qual o beb est a caminho de estabelecer uma relao
para sentir-se bem. com uma pessoa que identifica claramente a me, por volta
dos cinco ou seis meses; a fase na qual ele necessita da
A partir do inicio da vida, a me o parceiro do filho que presena constante da me, geralmente at o seu terceiro
serve de mediador a toda percepo, toda ao, todo conhe- aniversrio; a fase na qual a criana comea a relao com a
cimento. me mesmo quando ela est ausente.

Quando os olhos do beb seguem cada movimento da So estes os processos que so prejudicados pela priva-
me, quando ele consegue fixar-se no rosto da me de forma o, impedindo que a personalidade e conscincia se desen-
preferencial s outras coisas externas, devido s trocas afeti- volvam bem.
vas continuas, este rosto materno assumira cada vez mais um
significado maior. Se o comportamento da criana impulsivo e descontro-
lado e ela no capaz de ter objetivos em longo prazo porque
Esta seleo faz parte de um processo de aprendizagem, cede aos prazeres momentneos, se seus desejos so ou
onde so de extrema importncia os sentimentos das mes devem ser todos realizados, se no h um poder de se auto-
em relao ao seu filho. contentar, porque sua personalidade foi incapaz de apren-
der com a experincia, resultado este da falta da me que
A me oferece um clima emocional favorvel e uma varie- deveria agir como uma conscincia da criana pequena.
dade de experincias vitais: o que tona estas experincias to
importantes para a criana o fato de que elas so enriqueci-
das e caracterizadas pelo afeto materno.

Conhecimentos Especficos 100 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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Indivduos que apresentam estas caractersticas tm re- Nesta situao, possvel que as capacidades j adquiri-
duzidas as capacidades para lidar com ideias ao invs de das sejam perdidas e a criana regrida s formas mais infan-
ficarem presos aos objetivos do momento. tis de comportamento.

Todas as crianas institucionalizadas, estudadas por


Bowlby (1981), apresentam uma incapacidade grave e espe- O desenvolvimento da linguagem.
cifica para o raciocnio abstrato o pensamento necessrio
ao do eu, da conscincia. O ser humano um aprendiz da lngua praticamente des-
de os primeiros dias de vida at a idade adulta.
A criana pequena deve pensar antes de agir e deve
abandonar a resposta automtica a qualquer acontecimento, O domnio progressivo das habilidades do uso da lingua-
s ento se tornar uma pessoa completa, por exemplo: es- gem um fator decisivo no desenvolvimento psicolgico ge-
pera-se que a criana no saia correndo em direo rua, ral.
atrs de sua bola, sem tomar os cuidados necessrios para
atravessar, e isto acontece quando ela para pra pensar o que A evoluo da linguagem est relacionada ao meio social
vai fazer. e capacidade intelectual, ou seja, a experincia proporcio-
nada pelo uso que os demais fazem da linguagem em suas
possvel que quando o raciocnio abstrato no se de- interaes e, especialmente, ao comunicar-se com a prpria
senvolve adequadamente, atravs da interao satisfatria criana, oferecendo a ela sua principal fonte de informao
com a me, a personalidade no possa amadurecer totalmen- sobre a linguagem.
te, ou seja, a pessoa torna-se um adulto cujo ego enfraque-
cido. A aquisio da fala um processo complexo.

Segundo a teoria psicanaltica, a probabilidade de uma A vocalizao do beb, que no inicio servia para descar-
criana permanecer mentalmente saudvel est relacionada regar as tenses, agora passa por modificaes e torna-se
com a capacidade de seu ego para arcar com as ansiedades, um jogo onde a criana repete e imita sons que ela mesma
isto , o ego mediador entre o eu e o meio ambiente, capaz produziu.
de tolerar as frustraes.
A criana percebe sua vocalizao por volta dos trs me-
Este ego s pode se desenvolver de forma saudvel se a ses, repete-os e, mais tarde, utiliza estas experincias ao
criana tem assegurada em sua infncia a permanncia da imitar os sons que ouve de sua me.
pessoa capaz de lhe proporcionar esta experincia: a me ou
a me substituta. Normalmente o meio social oferece um modelo de uso da
linguagem, adaptado aos modos de vida e ao tipo de intera-
Mas por que a criana que sofre privao tem prejudicada es habituais nesse meio social.
a sua capacidade de raciocnio abstrato?
Uma famlia que possui um beb pode, por exemplo, utili-
Ora, a me considerada nos primeiros anos de vida da zar um notvel e comum modelo de fala, onde tende a simpli-
criana, como sua personalidade e conscincia. ficar a fala dirigida criana pequena, adaptando-se capa-
cidade do beb ou, mais exatamente, a uma melhor interpre-
A criana institucionalizada, geralmente, nunca teve esta tao e de consequncia otimizadora da capacidade do beb:
experincia e consequentemente no pde completar a pri- a fala maternal, que dura at por volta dos dois anos.
meira fase do desenvolvimento estabelecendo uma relao
com a figura materna claramente definida. Depois desta idade, a criana consegue regular, com o
adulto, o dilogo sem se acomodar ao interlocutor infantil, e
A sucesso de substitutos ou de outros agentes dispon- vai aproximando sua fala ao padro.
veis para seus cuidados, no lhe deu a continuidade no tem-
po, que faz parte da essncia da personalidade. A fala maternal usa procedimentos que facilitam a com-
preenso: ela simples e repetitiva como, por exemplo, au-au
Como as crianas de instituio nunca foram cuidadas por para referir-se a cachorro, piu-piu para passarinho e mam
uma nica e permanente pessoa, no tiveram oportunidade para mamadeira, alm de ser enftica, com pronunciao
de aprender os processos de abstrao e de organizao do lenta e rtmica, de acentuao e entonao muito marcadas e
comportamento no tempo e no espao. frequentemente acompanhadas de gesticulao vocal.

Ao contrario daquelas que vivem com suas famlias, den- A pronunciao das vogais prolongada, busca a facilita-
tro deste grupo, a criana encorajada a expressar-se tanto o do significado com o apoio dos gestos e refere-se to
socialmente quanto nas brincadeiras; j se tornou um ser com somente ao contexto lingustico acessvel, ou seja, situa-se
caractersticas prprias para sua famlia, sabe das coisas que unicamente no presente.
ela gosta e que no gosta e ela prpria esta aprendendo a
modificar seu ambiente, levando as pessoas a fazer o que ela uma fala carregada de entonao suave e carinhosa.
quer.
A fala da criana de dois ou trs anos compartilha muitas
Estas prticas so importantes para o desenvolvimento da vezes destas caractersticas e somente comea a se asseme-
personalidade e isto no ocorre dentro de uma instituio lhar fala convencional quando os adultos prximos abando-
para crianas abandonadas e longe de suas famlias. nam o estilo maternal e proporcionam outras formas comuni-
cativas usuais.
Se a criana sofre a privao na segunda fase, a qual ela
precisa constantemente da figura da me para sentir-se segu- Portanto, uma das primeiras experincias de aprendiza-
ra, defronta-se com uma situao na qual se sente apavorada gem da aquisio da fala, se d na inter-relao me-filho,
e frente a tarefas que sente como impossveis. que facilita e precede a aquisio da linguagem propriamente
dita.

Conhecimentos Especficos 101 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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Sendo o recm nascido um individuo ativo, preparado pa- Assim, da mesma forma que a criana vai estabelecendo
ra receber o intercambio social na interao com o meio, o significado de suas primeiras palavras, vai compreendendo
busca estmulos e organiza a informao adquirida, mostran- cada vs melhor o carter instrumental da linguagem.
do condutas especificas relacionadas linguagem humana.
A criana passa a aumentar seu vocabulrio a partir da
O adulto quem controla estes intercmbios sociais; e es- necessidade de nomear a realidade que circunda, no contexto
tas interaes iniciais que a me oferece ao beb, do origem em que participa ou de expressar sua inteno neste contex-
a significados rudimentares, compartilhados pela criana e to.
por quem cuida dela.
Atravs da interao com o meio, a aquisio da lingua-
Um sabe o que esperar do outro enquanto resposta de- gem se processa de varias maneiras, onde todos os agentes
terminado comportamento. envolvidos contribuem para o ensino desta criana.

No entanto, no basta apenas a afetividade, mas a comu- Porm, dando mais nfase nesse processo relacionado
nicao que se estabelece nesta interao. Psicanlise e a importncia da interao que a criana tem
com sua me.
Atravs da comunicao, as interaes podem tornar-se
mais complexas, pois surge no contexto o mundo dos objetos Uma das explicaes encontradas, diz respeito incorpo-
externos aos jogos de me e filho. rao de uma determinada palavra: o no.

Coll (1995), falou da relao entre estes jogos e a aquisi- Spitz (1998) refere-se compreenso que a criana ad-
o da linguagem. quire sobre proibies, como um dos mais importantes requi-
sitos para a comunicao humana.
Este autor emprega o nome de formato para descrever es-
tas interaes triangulares (me-filho-objeto). A partir do momento que a criana aprende a andar e foge
ao controle da me, ocorre uma mudana significativa na
Em suma, distingue: comunicao entre me e filho.

- Formatos de ao conjunta: situaes nas quais o adulto H uma maior predominncia da palavra no, de modo
e a criana agem conjuntamente sobre um objeto, como: que a interveno materna tem que basear cada vez mais em
jogo de dar e tomar, o jogo de tirar e colocar; gestos e palavras.

- Formatos de atenoconjunta: situaes nas quais o Desde que a locomoo adquirida, o cantarolar, os bal-
adulto e a criana observam conjuntamente um objeto, como: bucios de antes e os contatos corporais frequentes, que so
jogos de indicao e jogo de leitura de livros e gravuras, etc.; diminudos, se transformam em ordens, proibies e reprova-
es.
- Formatos mistos tm as caractersticas da ao e aten-
o conjunta, como o jogo do cuco, onde se esconde e faz- O que a me mais fala agora No! No! e dizendo isto
se reaparecer algo. tambm balana a cabea e faz sinal com o dedo indicador,
impedindo a criana de fazer o que estava pretendendo.

A criana entende as proibies da me atravs de um


Nos trs tipos de formatos, o adulto e a criana envolvem- processo de identificao. Para a criana, este meneio de
se conjuntamente na elaborao de procedimentos, ou seja, cabea torna-se smbolo duradouro da ao frustradora da
ambos tm que negociar e estabelecer a conduta a ser segui- me.
da.
A criana adotara este gesto, mesmo quando adulta, pois
As relaes sociais envolvidas esto no fato de que al- foi adquirido e reforado durante o perodo mais arcaico da
guns jogos fazem com que adulto e crianas faam coisas conscincia, no inicio do estagio verbal.
para e com o outro, sendo a comunicao o instrumento fun-
damental. Segundo o autor, o meneio negativo da cabea e a pala-
vra No, so diferentes das outras palavras globais, como
As implicaes educacionais das caractersticas inerentes mam, pap, etc., pois representam um conceito: o concei-
ao processo da linguagem e comunicao so importantes. to de negao, de recusa.

Em primeiro lugar, o domnio das habilidades comunicati- No apenas um sinal, mas um signo da atitude da crian-
vas conseguido no contexto das relaes individuais em a, consciente ou inconsciente.
situaes variadas.
Trata-se do primeiro conceito abstrato formado na mente
Em segundo lugar, as tarefas envolvidas precisam ser mo- da criana.
tivantes para a criana.
O meneio negativo de cabea no apenas imitao do
As palavras que a criana incorpora relacionam-se direta- gesto da me.
mente ao contexto que vivencia e so utilizadas neles.
A criana quem escolhe a situao em que vai usar o
As primeiras palavras so empregadas, em primeiro mo- gesto e, depois a palavra.
mento, de forma contextualizada, para posteriormente serem
utilizadas referencialmente em outras situaes, como o Quando a criana recusa algo que a me deseja ou ofere-
caso da criana que aprendeu a palavra acabou e a utiliza ce, como se ela fosse imitar, como se o gesto negativo da
tanto para referir-se a algo que realmente acabou, quanto me tivesse sido registrado na memria da criana.
para alguma ao que queira realizar.

Conhecimentos Especficos 102 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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Entretanto, aps registrar na memria a associao do alteraes comportamentais bem esclarecidas, sendo estas
meneio de cabea com recusa, a criana, por sua vez, repro- ultimas mais frequentes em escolares.
duz o gesto quando ela expressa recusa.
Em relao s alteraes biolgicas tm-se as leses ce-
O principal fato intelectual necessrio para tais abstraes rebrais, Paralisia Cerebral, Epilepsia e Deficincia Mental.
e generalizaes no explicado apenas atravs da acumu-
lao de traos de memria. Ainda dentro das causas biolgicas, h as situaes de di-
ficuldades de aprendizagem consequentes a outros proble-
A psicologia da Gestalt diz que tarefas inacabadas so mas perceptivos que afetam a discriminao, sntese, mem-
lembradas, enquanto que as tarefas acabadas so esqueci- ria e relao espacial e visualizao.
das, ento, quando a me probe ou recusa alguma coisa, o
seu No impede a criana de completar a tarefa que preten- Em relao aos problemas de comportamento, um dos fa-
dia realizar. tores mais marcantes para o desenvolvimento de Dificuldade
de Aprendizagem so os quadros classificados como Com-
O fato de a criana no poder realizar a tarefa reforar, portamento Disruptivo e, dentro deles, o Transtorno do Dficit
assim, a sua recordao e lembrana do que significa a pala- de Ateno e Hiperatividade e o Transtorno Desafiador o
vra no. Opositivo.

Segundo a teoria da psicanaltica, todo No da me re- Quanto aos problemas emocionais que favorecem as Difi-
presenta uma frustrao emocional para a criana. culdades de Aprendizagem, principal item abordado neste
Artigo, aparecem a Depresso Infantil e do Adolescente, a
H uma carga afetiva de desprazer que acompanha a Ansiedade de Separao na Infncia e a Privao Materna.
frustrao e que provoca um impulso afetivo do id.
Algumas inibies, sintomas e ansiedades surgem quando
Um trao de memria registrado no ego da proibio e uma determinada fase do crescimento impe exigncias ex-
ser investido com esta catexia agressiva. cessivas personalidade da criana, ou seja, quando a crian-
a ainda no est apta ou preparada para passar por deter-
A criana passa a viver no conflito entre a ligao libidinal, minadas situaes; se tais sintomas no forem mal conduzi-
que a atrai para a me, e a agresso provocada pela frustra- dos pelos pais ou professores podem desaparecer logo que a
o que esta mesma me lhe impe. adaptao ao nvel do desenvolvimento tiver sido feita.

Entre o desprazer de se opor me, arriscando-se a per- Geralmente, os sintomas patolgicos no causam o sofri-
der o objeto, a criana recorre a um mecanismo de defesa, a mento da criana, mas sim as aes restritivas dos pais.
identificao com o agressor, conforme foi descrita por Anna
Freud (1971). At a enurese e encoprese (ato de urinar e defecar na
roupa) podem ser ignorados e no vistos como humilhantes
Esta identificao com o agressor ser seguida, por um pela criana aflita, mostrando que elas sofrem menos do que
ataque contra o mundo exterior. os adultos de suas psicopatologias, porm sofrem mais que
eles de outras tenses a que so expostas: as crianas pe-
Na criana de quinze meses, este ataque assume a forma quenas sofrem de todo e qualquer racionamento, demora e
do No primeiro o gesto o depois a palavra que a criana frustraes que imponha s suas necessidades corporais e
obtm do objeto libidinal. derivadas de impulso; sofrem em virtude de separaes de
seus primeiros objetos de amor, seja qual for o motivo que
Devido a numerosas experincias de desprazer, o No eles ocorreram; em virtude de decepes reais ou imaginadas
investido co catexia agressiva. causadas por tais objetos; sofrem de ansiedades causadas
pelo complexo de dipo e complexo de castrao, por culpas,
Isto torna esta palavra apropriada para expressar agres- fantasias, etc.
so, e por isso que o No usado no mecanismo de defe-
sa de identificao com o agressor e voltado contra o objeto At uma criana normal pode sentir-se infeliz por vrios
libidinal. destes motivos, inclusive os fantasiosos, levando-a a reagir
emocionalmente com variados comportamentos.
Uma vez que este passo tenha sido completado, pode
comear a famosa fase de teimosia, com a qual marca o Em contrate, a criana obediente, quieta e resignada
perodo do segundo ano de vida. que deve ser desconfiada pelos adultos de que processos
anormais esto atuando nela.
Outras patologias que prejudicam a aprendizagem.
As crianas tidas como boas e quietinhas, isto , que acei-
muito importante a avaliao global da criana ou do tam sem protestar qualquer condio desfavorvel, pode
adolescente, considerando as diversas possibilidades de estar agindo assim porque sofrem de algum dano no desen-
alteraes que resultam nas Dificuldades de Aprendizagem, volvimento do ego e uma passividade do lado de seus impul-
para que o tratamento seja o mais especifico e objetivo poss- sos (FRUD, A., 1971).
vel.
As crianas que separam com muita facilidade de seus
Algumas Dificuldades de Aprendizagem englobam, princi- pais podem assim proceder porque no formaram relaes
palmente, as chamadas disfunes cerebrais, como Transtor- normais; no sentir aflio e ansiedade quando h ameaa de
no da Leitura, Transtorno da Matemtica e Transtorno da perda de amor no sinal de sade e forca numa criana, ao
Expresso Escrita, bem como os transtornos da linguagem contrario, est longe de ser saudvel, pois no protestar se
falada. aproxima da primeira indicao de renuncia autstita ao mun-
do dos objetos (FREUD, A., 1971, p.109).
Outras Dificuldades de Aprendizagem seriam consequen-
tes a alteraes biolgicas especificas e bem estabelecidas e A depresso infantil como consequncia da privao.

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A sintomatologia das crianas separadas de suas mes Na fase pr-escolar as crianas podem somatizar o trans-
similar aos sintomas conhecidos da depresso em adultos. torno afetivo, o qual se manifesta atravs de dor abdominal,
falta de peso, retardo no desenvolvimento fsico esperado
Este fato mostra que, desde muito novas, as crianas po- para a idade, alm da fisionomia triste, irritabilidade, alterao
dem sofrer de depresso como consequncia de uma priva- do apetite, hiperatividade e medo inespecfico.
o e, se no diagnosticada e tratada desde o inicio, ela ar-
rasta-se com o doente interferindo no seu di a dia. Na fase escolar, o cansao, a dificuldade concentrao, as
alteraes da memria, so as complicaes da Depresso
Contudo, apesar de terem sintomas similares, a depres- Infantil, que comprometem muito o rendimento escolar e a
so no adulto e a depresso na criana passam por proces- aprendizagem.
sos psquicos diferentes.
Concluindo.
O trabalho refere-se Depresso Infantil, neste item, co-
mo uma consequncia da carncia afetiva, onde a criana foi O propsito deste trabalho foi chamar a ateno para um
privada dos cuidados maternos o que no exclui a possibili- grave problema emocional que, da mesma forma que atinge
dade de, mesmo quando presente, a me privar seu filho de os vrios aspectos do desenvolvimento infantil, tambm se
afetos. reflete negativamente na aprendizagem escolar.

Embora na maioria das crianas, os sintomas de depres- Separar, seja qual for a razo, uma criana pequena de
so sejam atpicos, algumas podem apresentar sintomas sua me, durante o perodo de unidade biolgica entre am-
clssicos como tristeza, ansiedade, expectativa pessimis- bas, representa uma interferncia injustificada com as mais
ta,mudanas no habito alimentar e no sono, ou por outro lado, importantes necessidades que acompanham o beb.
problemas fsicos como dores inespecficas, fraqueza, tontu-
ras, mal estar geral que no respondem ao tratamento mdico Como tal, a criana reage com aflio legtima, a qual s
habitual. pode ser avaliada pelo regresso da me ou, a mais longo
prazo, pelo estabelecimento de vnculos com uma me substi-
Em crianas e adolescentes a Depresso, em sua forma tuta.
atpica, esconde verdadeiros sentimentos depressivos sob
uma mscara de irritabilidade, hiperatividade e rebeldia. No devemos esperar que todas as crianas manifestem
um padro muito regular de crescimento e se mostrem mais
As crianas mais novas, devido falta de habilidade para avanadas ou atrasadas em determinadas fases de suas
a comunicao que demonstre seu verdadeiro estado emoci- vidas do que em outras.
onal, tambm manifestam a Depresso atpica com hiperativi-
dade. Estas desarmonias em etapas do desenvolvimento infantil
s se convertem em patologias se houver um desequilbrio
A Depresso na criana e no adolescente pode ter inicio grande na personalidade, necessitando para isto, uma avalia-
com perda de interesse pelas atividades que habitualmente o psicolgica.
eram interessantes, manifestando-se como uma espcie de
aborrecimento constante diante dos jogos, brincadeiras, es- Determinar os distrbios de uma criana no presente, bem
portes, sair com amigos, etc., alm de apatia e reduo signi- como opinar a respeito da probabilidade de sade ou doena
ficativa da atividade. mental futura, depende no s dos detalhes da desordem
infantil existente, mas tambm de certas caractersticas fazem
s vezes pode haver tristeza. parte da constituio do individuo, isto , so inatas ou adqui-
ridas sob as influencias das primeiras experincias do beb,
Ainda aparece diminuio da ateno e da concentrao, como o trabalho procurou mostrar no segundo capitulo sobre
perda de confiana em si mesmo, sentimento de inferioridade o desenvolvimento social.
e baixa auto-estima, ideia de culpa e inutilidade, tendncias e
ideias ao suicdio. Num primeiro momento, a me que age como a perso-
nalidade da criana, e desta interao poder ou no ocorrer
Na criana e adolescente comum a Depresso acompa- a formao de distrbios.
nhada tambm de sintomas fsicos, tais como fadiga, perda
de apetite, diminuio da atividade, queixas inespecficas tais Na medida em que os distrbios dessa ordem so devidos
como cefalias, lombalgia, dores nas pernas, nuseas, vmi- influencia do meio ambiente, podem ser eliminados se m-
tos, clicas intestinais, vista escura, tonturas, etc. todos diferentes de assistncia criana forem empregados,
desde o principio.
Quanto ao comportamento, a Depresso na Infncia e
Adolescncia pode causar deteriorao nas relaes com os Porm, uma vez gerados, as consequncias no podem
demais familiares e colegas, perda de interesse e isolamento. ser removidas, nem mesmo que se faam mudanas benfi-
cas na forma de tratamento.
As alteraes cognitivas da Depresso Infantil, principal-
mente a relacionadas ateno, raciocnio e memria, inter- O tratamento inconsiderado das primeiras necessidades
ferem fundamentalmente no rendimento escolar. infantis tem ainda outras repercusses no desenvolvimento
patolgico.
Tendo em vista o fato de ser possvel que muitos sintomas
relacionados apaream naturalmente como parte das etapas Em seu avano para a independncia e autoconfiana, a
normais de desenvolvimento da infncia e adolescncia, para criana aceita a inicial atitude, gratificadora ou frustradora, da
estabelecer um diagnstico provvel de Depresso, neces- me como um modelo que imitar e recriar em seu prprio
srio avaliar sua situao familiar, existencial, seu nvel de ego.
maturidade emocional e, principalmente, sua auto-estima e
conduta. Quando a me compreende, respeita e satisfaz os desejos
da criana, at onde for possvel, h boas probabilidades de
que o ego infantil mostre igual tolerncia.

Conhecimentos Especficos 104 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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As relaes que eles so capazes de formar mal alcan-
Quando a me protela, nega e negligencia desnecessari- am o nvel de identificao e dificilmente vo alm disso.
amente a satisfao de desejos da criana, o ego desta de-
senvolve a chamada hostilidade contra o id, istouma pro- Estas crianas se traduziro na aridez das relaes soci-
penso para o conflito interno, que um dos requisitos pr- ais do adolescente.
vios do desenvolvimento neurtico.
Privados do alimento afetivo que lhes era devido, o nico
O trabalho tambm procura mostrar que a relao que d recurso ser a violncia.
fora e condies para tornar o homem um ser social, a
relao me-filho, e que todas as relaes humanas posterio- O nico caminho que permanece aberto para eles a des-
res com qualidade, relaes de amor, de amizade e todas as truio de uma ordem social na qual so vtimas. Que espao
relaes interpessoais, tm origem nesta relao primeira, sobra em seus coraes para a escola, para o desejo de
que capacita o ser humano. aprender?

atravs deste relacionamento to especial, que se con- E mesmo que o tenha, fica difcil aprender tendo uma per-
segue a canalizao das pulses direcionadas no objeto libi- sonalidade prejudicada.
dinal e se estabelece o modelo para todas as relaes huma-
nas posteriores, incluindo a identificao positiva com um A criana com carncia em todos os sentidos da palavra
professor. tem necessidade de um ambiente cujo objetivo seja o cuidado
e o afeto e, por ltimo, o ensino.
A privao de relaes afetivas impede o individuo de ini-
ciar ou manter, com outros adultos da sociedade, relaes Em outras palavras, para a criana que sofre privao, a
interpessoais capazes de ir alm dos limites do benefcio escola pode se apresentar para ela como um lugar de pouca
econmico imediato. importncia, ou como um abrigo. lar substituto, priso, e
as varias conotaes que cada um destes termos tem para
Em nossa sociedade ocidental, por exemplo, mudanas suas fantasias inconscientes.
de condies sociais, em consequncia de transformaes
econmicas, ideolgicas, tecnolgicas e outras que foram Por isso, os cuidados e o ensino de crianas carentes que
impostas, modificam o quadro das relaes me-filho. sofrem de privao, no devem se restringir apenas aos pro-
fessores, mas paralelamente, orientar-se com o trabalho de
Nos ltimos sculos, fomos sujeitos a algumas transfor- um profissional especializado.
maes fundamentais como a rpida deteriorao da relao
me-filho, iniciada com o advento da industrializao da pro- O no aprender, para tais crianas, diz respeito aos afetos
duo, onde as mes foram recrutadas para o trabalho nas e vnculos formados com a me, ou a ausncia desta.
fbricas, de tal forma que elas foram afastadas de sua famlia
e de suas atividades domesticas. Por tanto, o estudo deste trabalho torna-se pertinente
medida que crianas institucionalizadas, privadas de afeto
Este tipo de separao preparou o cenrio para uma rpi- materno e que no desfrutam de um convvio familiar original,
da desintegrao do modelo tradicional de famlia em nossa ainda tm, pelo menos, garantido o direito a educao e o
sociedade ocidental. direito de aprender.

As consequncias aparecem nos problemas cada vez


PRIVAO MATERNA
mais graves de delinquncia juvenil e no crescente nmero de
neuroses e psicoses na sociedade adulta. Introduo

Este fator torna-se mais grave ainda quando tais proble- A presena da me de grande importncia para o beb,
mas se perpetuam num circulo vicioso, onde filhos que sofre- a mais decisiva influncia no desenvolvimento dos vrios
ram falta de afeto crescem incapazes de cuidar e amar de setores de personalidade do ser humano em formao. A
maneira adequada seus prprios filhos. comunicao entre a me e o beb fornece a estrutura para a
psique infantil. Existe uma troca onde a me percebe o afeto
O progresso do desenvolvimento suscitou novas solues do filho e vice-versa numa comunicao no-verbal. As prin-
para os problemas enfrentados: surgiram mais instituies de cipais coisas que uma me faz com o beb no podem ser
abrigo, servios de adoo, creches de perodo integral, clni- feitas atravs de palavras. de grande importncia que a
cas de aconselhamento para crianas e adolescente, baby primeira relao da criana seja satisfatria com a me, pois
sitters, bem como um maior nmero de formao de psiquia- todas as futuras relaes sociais sero baseadas nesta rela-
tras, psiclogos e o surgimento da prpria Psicopedagogia. o. Aqui comea o processo que vai transformar o beb num
ser humano. Uma relao primitiva satisfatria com a me
Sob o aspecto social, as relaes objetais perturbadas no implica em contato ntimo do inconsciente da me com o da
inicio da infncia, sejam elas desviadas, imprprias ou insufi- criana;
cientes, tm consequncias que colocam em risco a prpria Conforma nos mostra o Dr. Winnicott, o beb tem uma ne-
base da sociedade. cessidade vital de ter algum que lhe facilite "os estgios
iniciais dos processos de desenvolvimento psicossomtico da
Sem um modelo, as vitimas de relaes objetais perturba- personalidade mais imatura e absolutamente dependente que
das apresentaro consequentemente, deficincia na capaci- a personalidade humana"(1988). Por mais que a me impo-
dade de se relacionar. nha frustraes aos impulsos do beb, jamais a boa me
deixa de apoi-lo. O apoio dado pelo ego da me ao ego em
No podero adaptar-se a sociedade. formao do beb precisa ser digno de confiana.
Tais indivduos sero incapazes de compreender e, sobre- O beb forma sua psique e seu soma (corpo) a
tudo, de descobrir e de partilhar os vnculos nas relaes que partir da total dependncia da me. A existncia psicossom-
nunca tiveram. tica do beb realiza-se atravs deste relacionamento, onde a
me o primeiro objeto para o beb. O beb comea aos

Conhecimentos Especficos 105 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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poucos a usar simbolicamente outros objetos representativos Pra responder a estas questes importante saber em
de sua relao com a me, tais como paninhos, bichinhos de que idade ocorreu a privao e o grau da privao a que a
pelcia, etc. Um colapso nesta fase tem que ser avaliado em criana ficou exposta.
termos de uma insuficincia da capacidade de relaes obje-
Privao Temporria
tais. A me permite e auxilia o beb a descobrir o mundo de
forma criativa. Quando a privao acontece a bebs de zero a doze me-
ses de idade, entre os sintomas observados, constatou-se
Uma relao feliz com a me, e uma internalizao dela
como primeiro objeto significa poder dar e receber amor. que o beb que sofre a privao pode deixar de sorrir para
um rosto humano ou reagir quando algum brinca com ele,
Acreditamos ser essencial ao desenvolvimento do beb a pode ficar inapetente ou, apesar de bem nutrido, pode no
vivncia de uma relao calorosa, ntima e contnua com a engordar, pode dormir mal e no demonstrar iniciativa. Estu-
me (ou me substituta, ou pessoa que desempenha continu- dos mostram que bebs que vivem em orfanatos balbuciam
amente este papel), numa relao onde ambos encontrem menos que os bebs que vivem com as suas famlias. Este
satisfao e prazer. Privao materna acontece quando a atraso na fala comum s crianas que vivem institucionali-
criana no encontra este convvio, seja por no existir a zadas, em crianas de qualquer idade. Crianas que viveram
figura da me, seja por sua presena incoerente. em lar substituto e tiveram ateno da me substituta acha-
vam-se em mdia mais desenvolvidas, enquanto as que parti-
Didaticamente, vamos distinguir trs situaes em que lhavam essa ateno com outros bebs apresentaram atraso.
pode acontecer a Privao Materna: O desenvolvimento de crianas que vivem em instituies
a) Privao Parcial - Pode acontecer que a me (ou pes- est abaixo da mdia.
soa que a substitui) no seja capaz de proporcionar os cari- Observou-se em bebs privados do convvio materno, por
nhos e cuidados que so essenciais ao desenvolvimento perodo superior a trs meses, uma sndrome depressiva, que
psicolgico da criana. A privao parcial decorre da hostili- Spitz (1979) denomina como "depresso anacltica". Uma
dade inconsciente da me (cuja origem muitas vezes so as condio necessria para o desenvolvimento da depresso
prprias experincias da me na infncia). anacltica que, antes da separao, a criana tenha estado
b) Privao total temporria - A criana pode ser retirada em boas relaes com a me. interessante ressaltar que
da me e entregue a estranhos, em situaes que envolvam a quando as relaes eram ms entre me e filho, antes da
Justia, Assistncia Social, hospitalizao (da me ou da separao, as crianas separadas das mes apresentavam
criana) por tempo prolongado, viagens, trabalho, etc. outros distrbios. A depresso anacltica desenvolve-se em
trs fases:
c) Privao total definitiva - A criana perdeu a me (ou
substituta permanente) por morte ou abandono e no existem No primeiro ms - crianas chorosas, exigentes e com
parentes dispostos a criar a criana. tendncia a apegar-se a quem se aproxima delas.
Privao Parcial No segundo ms - choro baixo, quase um gemido. H
perda de peso e parada no desenvolvimento.
Os efeitos perniciosos da privao materna variam de
acordo com o grau da mesma. A privao traz consigo angs- No terceiro ms - tendncia a recusar contato, insnia,
tia, uma exagerada necessidade de amor, fortes sentimentos continua a perder peso. Facilidade em contrair molstias e
de vingana e, em consequncia, culpa e depresso. A crian- atraso no desenvolvimento motor.
a pequena ainda incapaz de lidar com estes impulsos, e a Passado este tempo, h um estado letrgico. O choro
maneira pela qual a criana reagir a estas condies pode cessa e d lugar a lamria.
via a causar distrbios nervosos ou personalidade instvel.
Crianas de doze a trinta e seis meses quando sofriam a
Estudos feitos em uma escola inglesa verificaram que as privao materna por um certo perodo, s vezes na hora de
angstias provocadas por relaes insatisfatrias na primeira reencontrar a me apresentavam-se incapazes de expressar
infncia predispem as crianas a reagirem, mais tarde, de seus sentimentos, algumas vezes incapaz inclusive de falar.
forma anti-social diante das tenses. A maior parte das situa- Se o comportamento imaturo e ansioso da criana voltar para
es de angstia precoce entre estas crianas eram aspectos casa for tratado com impacincia, desenvolve-se um crculo
especficos da privao materna. vicioso na relao da criana com a me, o mau comporta-
A privao parcial decorre da rejeio total, pela qual as mento sendo castigado com repreenses e punies que, por
relaes me-filho podem tornar-se pouco saudveis, prejudi- sua vez, provocam novos comportamento imaturos, novas
cando o desenvolvimento sadio da criana. exigncias e novas birras. Assim, desenvolve-se uma perso-
nalidade neurtica e instvel, incapaz de chegar a um acordo
Tudo que acontece criana nos primeiro meses e anos consigo ou com o mundo, incapaz especialmente de estabe-
de vida pode ter efeitos profundos e duradouros na vida men- lecer relaes afetivas e leais com outras pessoas. Esta rela-
tal e desenvolvimento da personalidade futuros. o ainda melhor psicologicamente falando do que aquelas
Estudos e pesquisas na rea deixam claro que quando reaes em que a criana reage com distanciamento e indife-
uma criana privada de cuidados maternos, o seu desen- rena, ou com comportamento amigvel e superficial. Este
volvimento quase sempre retardado - fsica, intelectual e tipo de reao a separaes frequentes ou separao prolon-
socialmente - e podem aparecer sintomas de doenas fsicas gada antes e dos dois anos e meio, sinal de srias pertur-
e mental. baes de personalidade. Por um perodo de separao pro-
longado, as crianas apresentavam regresso, buscando
Surgem questes como por exemplo: expresses como suco e isolamento e manifestando sinto-
mas claros de depresso (apatia, falta de iniciativa, choro
- O dano psicolgico ser permanente ou pode ser supe-
frequente, etc.).
rado?
Entre os trs e cinco anos, o risco de danos psicolgicos
- Por qu algumas crianas ficam prejudicadas e outras
em virtude da privao materna diminudo, pois a criana
no?
pode conceber a ideia de que a me voltar dentro de algum
- Fatores hereditrios ou scio-ambientais influenciam no tempo, o que praticamente impossvel para crianas at trs
resultado? anos. Nesta idade a criana fala e comunica-se melhor, o que

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pode ajudar a compreender e aceitar melhor a presena da anos, quando foram transportadas para outra instituio para
me-substituta. adoo. Estas crianas foram examinadas quando estavam
com cinco anos ou mais, e todas apresentavam graves per-
Aps os cinco anos o risco diminui ainda mais, embora
turbaes da personalidade, centradas numa incapacidade
algumas crianas entre cinco e oito anos ainda sejam incapa- para dar ou receber afeto. Os sintomas que apareceram na
zes de adaptar-se satisfatoriamente a situaes de privao. maioria delas incluam agressividade, negativismo (oposio
Pesquisas feitas durante a segunda guerra com crianas ou obstinao), egosmo, choro excessivo, dificuldades de
privadas do convvio materno entre cinco e seis anos relatam alimentao, defeitos na fala e anurese noturna. Em poucas
que as saudades eram predominantes, prejudicando-lhes a crianas notaram-se ainda hiperatividade e temores. difcil a
capacidade de concentrao. As crianas desta idade ainda recuperao destas crianas com ajuda do psiclogo ou do
no so emocionalmente auto-suficientes. Houve aumento de psiquiatra, pois nelas inexiste a capacidade de formar vncu-
enurese noturna (xixi na cama), sintomas nervosos e delin- los, dificultando assim o trabalho do terapeuta.
quncia. No entanto, apenas a minoria das crianas com
idades entre trs e cinco anos so afetadas pela privao Observao de rfos de guerra levaram conclu-
materna temporria. so de que no resta dvida de que um longo perodo sem
receber ateno individual e sem um relacionamento pessoal
Estes estudos foram feitos em sua maioria com crianas conduz atrofia mental; isto lenteia ou detm o desenvolvi-
que estiveram hospitalizadas e por isso ficaram afastadas de mento da vida emocional e, assim, inibe o desenvolvimento
suas mes. Estes valiosos estudos mostram que os sintomas intelectual normal. Observamos que traumas (experincias
neurticos das crianas pioraram por causa da separao da perturbadoras) psquicos agudos, por mais graves que sejam,
me. As crianas acabavam com a impresso de que tinham no resultam num dano to profundo quanto a solido espiri-
sido mandadas para os hospitais em virtude de terem sido tual crnica ou prolongada. Mesmo depois de finda a guerra,
ms, ou seja, acreditavam que a hospitalizao tratava-se de estas crianas ainda apresentavam sintomas neurticos e
um castigo. Bowlby (1981) exemplificava contando a histria necessitavam de tratamento. Observou-se ainda a diminuio
de uma menina que aps a hospitalizao simbolizava en- da capacidade de raciocnio abstrato - demonstrando um forte
quanto brincava com suas bonecas, dizendo que as mandaria vnculo entre desenvolvimento da capacidade mental e abs-
ao hospital se fossem ms. trao e a vida familiar e social da criana. As crianas tinham
Se a separao d-se por perodo de at trs meses, com uma noo muito superficial das realidade objetivas, imagina-
o retorno da me os sintomas tendem a desaparecer. Se a o transbordante e absoluta falta de capacidade crtica.
separao for por um perodo superior a cinco meses, a recu- Incapacidade para abstrao rigorosa e para o raciocnio
perao mais difcil, pois haver ento uma progressiva lgico. Notvel atraso no desenvolvimento da linguagem.
deteriorao que parece ser irreversvel em alguns casos. A semelhana entre essas observaes de rfos
Parece que a criana feliz, segura do amor da me, no de guerra e de refugiados e as efetuadas com outra crianas
fica extremamente angustiada, podendo ter uma viso melhor que sofrem privao impressionam.
do que est se passando. A criana insegura poder interpre- Sabe-se atualmente, que algumas crianas embo-
tar erroneamente os fatos, manifestando sintomas neurticos. ra expostas a estas situaes adversa, no desenvolvem tais
Muita coisa ir depender do modo como a criana orientada sintomas, mas o percentual de crianas nesta situao to
para a situao que ir enfrentar, como ela tratada durante pequeno quanto o percentual de crianas expostas a contgio
a situao, e como sua me lida com a criana aps o re- por um vrus e que deixam de desenvolver a doena.
gresso.
O xito alcanado por bebs que foram adotados
Privao total
entre seis e nove meses aps terem passado este tempo sob
No caso da privao materna definitiva, crianas privao, podem ter os efeitos deletrios da privao diminu-
que foram criadas passando de mo em mo, seja em lares dos se voltarem a receber, em tempo, cuidados maternos de
substitutos, seja em instituies, manifestavam as seguintes amor e dedicao.
condies aos sete ou oito anos de idade: Estudos realizados com pacientes adultos conclu-
- relacionamento superficial; em que a privao materna na infncia trar consequncias
de problemas psicolgicos, vez que a pessoa carregar con-
- nenhum sentimento verdadeiro - nenhuma capa- sigo grande nsia por sentir-se amada, alm dos quadros j
cidade de se interessar pelas pessoas ou de fazer amizades descritos. Existem diversos quadros de desajuste de persona-
profundas; lidade, incluindo a histeria, angstia e depresso originados
- inacessibilidade, exasperante para os que tentam ou exacerbados por experincias de privao materna.
ajud-la; Por mais gratificante que seja expressar na vida
- nenhuma reao emocional em situaes em que adulta, pensamentos e sentimentos a uma pessoa afim, pare-
isto seria normal - uma estranha falta de preocupao; ce perdurar uma necessidade insatisfeita por uma compreen-
so sem palavras - fundamentalmente pela relao mais
- falsidade e evasivas, frequentemente sem motivo; primitiva com a me. Semelhante anseio contribui para o
sentimento de solido, e se origina da sensao depressiva
- furtos;
de uma perda irreparvel. Regina Curvello Chaves
- falta de concentrao na escola
Rupturas (nas relaes me-filho) durante os pri- O PAPEL DO PAI.
meiros trs anos de vida deixam uma marca caracterstica na
personalidade infantil. Estas crianas parecem emocional- O assunto que eu aqui venho tratar nem sempre preocu-
mente retradas ou isoladas. No conseguem estabelecer pou os estudiosos da Psicologia. No entanto, num mundo
laoes afetivos com outras crianas ou com adultos e conse- onde a dinmica social sofre constantes transformaes,
quentemente no tm amizades dignas deste nome. No torna-se necessria a reviso do papel do pai na estrutura
existem sentimentos, razes nestas relaes, por causa de familiar. Estudar as repercusses da excluso do pai no de-
sua impassibilidade. Foi feita uma pesquisa num grupo de senvolvimento da personalidade de uma criana ou a influn-
crianas que tinham sido admitidas numa instituio com cia dos contextos culturais na prtica da paternidade so
menos de um ano e ali permanecido at trs anos ou quatro alguns dos objetivos desta minha reflexo que toma como

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objeto de estudo os novos pais. tambm dever paterno custear alimentao especial,
Estudos cientficos mostram que o papel do pai comea des- assistncia mdica e psicolgica, exames complementares,
de cedo. A sua participao e o seu envolvimento devem ter internaes, parto, medicamentos e demais prescries pre-
incio no momento mais precoce possvel. Sabe-se, inclusive, ventivas e teraputicas, a critrio do mdico, alm de outras
que ao participarem no parto, os pais se sentem extremamen- que o juiz considere pertinentes. Caso isso no ocorra,
te teis. Mas nem sempre tal se verificou. concedido mulher o direito de ir Justia e exigir que se
cumpram tais obrigaes. Nesse caso, o pai ter de se apre-
O modelo de pai que antes se refletia no controle e na au- sentar em juzo em at cinco dias.
toridade no seio da famlia, reservava para a me as tarefas
domsticas, incumbindo-a de tratar nica e exclusivamente da Com a Lei 11.804, sancionada em 2008, a responsabilida-
educao dos filhos. Este modelo de famlia tradicional estava de do pai passou a valer desde a concepo. Dessa forma,
assim organizado segundo uma hierarquia em que a figura ficou estabelecida a obrigao de dar todo o suporte me
paternal se baseava essencialmente no poder econmico, durante os nove meses.
isentando-se por completo de possveis manifestaes afeti- Importante dizer que pais adolescentes e jovens adultos
vas para com os seus filhos. so reconhecidos como sujeitos de direitos sexuais e reprodu-
No entanto, e devido s mudanas sociais que se fizeram tivos e que, portanto, devem igualmente ser assistidos diante
sentir a partir da dcada de 60 (como a emancipao da mu- de suas necessidades e projetos de vida. Apesar da pouca
lher), estabeleceram-se novas relaes entre homens e mu- idade, eles tm as mesmas obrigaes e os mesmos direitos
lheres, levando ao aparecimento de novos padres familiares. dos outros pais.
O homem tem assim assistido ruptura progressiva da hie- A me costuma atrair para si as atenes desde a gesta-
rarquia domstica, assim como ao questionamento constante o at os primeiros meses de vida da criana, quando os
da sua autoridade. cuidados tendem a ser mais intensivos. O papel paterno,
Apesar do papel materno prevalecer sobre o papel do pai, porm, tem deixado de ser coadjuvante, com a participao
sabe-se que a importncia da figura paternal altamente crescente dos pais nos cuidados desde a gestao, passando
notria no desenvolvimento cognitivo, emocional e social de pelo nascimento do beb e pelas vrias fases de desenvolvi-
uma criana. Por outro lado, a relao estabelecida com os mento da criana.
filhos ajuda ao desenvolvimento pessoal do homem enquanto
pai. O pai pode ajudar a me, sobretudo, criando um ambiente
calmo, receptivo e amoroso que oferea apoio e segurana
Vrios so os especialistas que defendem que a quebra irrestritos gestante. Desse modo, ela poder se sentir fisi-
do vnculo afetivo com o pai pode gerar sentimentos de aban- camente e emocionalmente amparada e acolhida, e, com
dono e de rejeio por parte da criana que se podero re- isso, desenvolver uma gestao saudvel em todas as suas
percutir nas relaes por ela desenvolvidas no futuro, com- fases, reduzindo a possibilidade de depresso materna no
prometendo a formao de novos vnculos. Descobri Guy ps-parto.
Coreant, psiclogo, que afirma que o pai o primeiro outro
que a criana encontra fora do ventre da me, sendo esta Durante o pr-natal, importante considerar a gravidez
presena que lhe vai servir como suporte e apoio, possibili- no apenas como da mulher, mas do casal. O cuidado mas-
tando o seu desprendimento da me e a passagem do mundo culino com o beb indissocivel do cuidado gestante,
da famlia para o mundo da sociedade. Tambm Raissa Ca- envolvendo, entre outras coisas: estabelecer uma comunica-
valcante defende que a figura paterna a que permite cri- o doce e direta com a me e com o feto que est sendo
ana entrar num horizonte de novas possibilidades. gerado; mostrar-se atencioso e atrado tanto fsica quanto
psicologicamente pela mulher; e participar e permanecer
Disto tudo, e no questionando de forma alguma o papel atento s modificaes estruturais fsicas, mentais, psicol-
da figura materna no desenvolvimento psico-social de uma gicas e sociais as quais ela poder tornar-se suscetvel
criana, podemos concluir que no por isso que a figura durante esse perodo.
paterna se torna dispensvel. Assim, e porque ser pai no Partilhar responsabilidades faz com que nem a me nem o
duplicar a funo de me mas sim dar uma nova dimenso pai sintam-se sobrecarregados e, dessa forma, apresentem
vida da criana, a construo de relaes afetivas duradou- maior disposio e disponibilidade emocional para o beb.
Nesta lgica, o pai pode e deve auxiliar diretamente nos cui-
ras (e saudveis), seja com o pai seja com a me, s traz
dados bsicos com o recm-nascido, como trocar fraldas,
vantagens para o desenvolvimento de uma criana: ao terem
alimentar, dar banho, levar para passear, participar das con-
um papel mais ativo no acompanhamento dos seus filhos, vo
sultas mdicas e da administrao de medicamentos, quando
contribuir para a formao de expectativas relativamente a
for o caso. Importante ressaltar que, alm do contato com o
relaes futuras que as crianas possam vir a desenvolver. C
beb, o homem ajuda tambm ao transmitir afeto e segu-
Ana Costa
rana companheira, contribuindo para que ela se sinta mais
Papel do pai preparada para acolher seu prprio filho (a).
No mbito da sade integral, cabe ao pai desenvolver a A presena do pai, dependendo da qualidade de tal pre-
chamada sade paterno-infantil, relacionada ao vnculo fsico, sena geralmente positiva para os filhos. H um consenso
psicolgico e afetivo desenvolvido entre as crianas e os que de investigaes que quando os homens (como pais sociais
exercem essa funo em suas vidas. ou pais biolgicos) esto engajados na vida de seus filhos, os
O homem tem o direito de participar do planejamento re- vnculos entre eles so reforados. Isso beneficia o desenvol-
produtivo e familiar. Ele e a companheira devem decidir juntos vimento fsico, psicolgico, afetivo e social de modo geral das
se querem ou no ter filhos, como e quando t-los. Alm crianas, que muitas vezes apresentam melhor desempenho
disso, tambm lhe garantido o direito de acompanhar a na escola e tm relaes mais saudveis como adultos.
gravidez, o parto, o ps-parto e decidir sobre a educao da Outro direito dos pais que trabalham a licena-
criana. paternidade, que no Brasil de cinco dias consecutivos, a
Acompanhamento do pai ajuda a me partilhar responsa- partir do nascimento do beb. O pai adotivo tambm tem o
bilidades fazendo com que nenhum dos dois sintam-se sobre- mesmo direito.
carregados A licena-paternidade um dispositivo importante ao pos-
sibilitar que o trabalhador se ausente do servio para auxiliar
a me de seu filho, que no precisa necessariamente ser sua

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esposa, compartilhar dos cuidados primrios e tambm regis- a figura de apego. Lebovici (1987), desenvolvendo estas
trar a criana num cartrio. ideias, refora que, se tudo est bem, h satisfao e um
senso de segurana, mas, se esta relao est ameaada,
O tempo relativamente curto, se comparado licena
existem cime, ansiedade e raiva. Se ocorre uma ruptura, h
concedida em pases como a Alemanha, que permite que o
dor e depresso. Nesse caso de privao materna em que a
pai se afaste por at um ano e dois meses (com direito a 67%
criana afastada de sua me, seja este afastamento de
da remunerao) ou o Japo, onde os homens podem tirar
ordem fsica ou emocional, muitas so as consequncias,
licena de um ano (com 25% do salrio).
tanto de ordem fsica, quanto intelectual e social, podendo,
A licena-paternidade no Brasil, porm, maior que em inclusive protagonizar o aparecimento de enfermidades fsicas
outros pases da Amrica do Sul, como a Argentina e o Para- e mentais.
guai, que do apenas dois dias de folga ao trabalhador aps a
chegada do beb. Os efeitos perniciosos da privao variam de acordo com
o grau da mesma. A privao traz consigo a angstia, uma
PSICOTERAPIA INFANTIL: ILUSTRANDO A IMPOR- exagerada necessidade de amor, fortes sentimentos de vin-
TNCIA DO VNCULO MATERNO PARA O DESENVOLVI- gana e, em consequncia, culpa e depresso (p.14).
MENTO DA CRIANA
Se uma pessoa teve a sorte de crescer em um bom lar
Anelise Hauschild Mondardo comum, ao lado de pais afetivos dos quais pde contar com
Dris Della Valentina apoio incondicional, conforto e proteo, consegue desenvol-
ver estruturas psquicas suficientemente fortes e seguras para
A arte de educar um filho no se constitui em tarefa fcil, enfrentar as dificuldades da vida cotidiana. Nestas condies,
pois os cuidados com a criana se mostram constantes e crianas seguramente apegadas aos seis anos so aquelas
permanentes, tornando-se a chave principal para a sade de que tratam seus pais de uma forma relaxada e amigvel,
toda e qualquer criana, mesmo tendo ela alcanado certo estabelecendo com eles uma intimidade de forma fcil e sutil,
grau de desenvolvimento e independncia. Para isto, ne- alm de manter com eles um fluxo livre de comunicao
cessrio conhecer as inmeras condies sociais e psicolgi- (Bowlby, 1984).
cas que influenciam, positiva ou negativamente, o seu desen-
volvimento. O mesmo autor aponta as consequncias da situao in-
versa, ou seja, se esta mesma pessoa vem a crescer em
Isso acontece porque a criana no um organismo ca- circunstncias diferentes, seu ncleo de confiana estar
paz de vida independente, necessitando, portanto, de uma esvaziado, ficando prejudicadas as relaes com outros se-
instituio social especial que a ajude durante o perodo de melhantes, havendo, pois, prejuzos nas demais funes de
imaturidade. A famlia, assim, tem dupla funo no seu papel seu desenvolvimento.
estruturador. Primeiramente, na satisfao de necessidades
bsicas como alimentao, calor, abrigo e proteo; em se- As contribuies de Margareth Mahler ao desenvolvimento
gundo lugar, proporcionando-lhe um ambiente no qual possa infantil reforam as ideias desenvolvidas por Bowlby quanto
desenvolver ao mximo suas capacidades fsicas, mentais e ao estabelecimento, atravs dos cuidados parentais, de uma
sociais. Bowlby (1988) complementa dizendo que para poder base segura aos filhos. Suas contribuies referem-se im-
lidar eficazmente quando adulto, com o seu meio fsico e portncia fornecida s relaes de objeto precoces, ou seja,
social, necessria uma atmosfera de afeio e segurana. ao vnculo com a me, s angstias de separao e aos pro-
cessos de luto nas etapas evolutivas.
A esta atmosfera de segurana, Bowlby (1989) denominou
de comportamento de apego, definindo-o como: "...qualquer As fases que prope como sendo organizadoras do psi-
forma de comportamento que resulte em uma pessoa (crian- quismo, incluem uma etapa do desenvolvimento no qual o
a) alcanar e manter a proximidade com algum outro indiv- eixo psicolgico a separao-individuao da criana em
duo claramente identificado (me), considerado mais apto relao me. A evoluo normal ou patolgica da criana
para lidar com o mundo" (p.39). seria consequncia da forma como se configurariam as eta-
pas anteriores e, principalmente, esta ltima fase do desen-
O sentimento e o comportamento da me em relao a volvimento mental. Mahler (1993) destaca que os trs primei-
seu beb so tambm profundamente influenciados por suas ros anos de vida da criana possuem importantes tarefas
experincias pessoais prvias, especialmente as que teve e estruturantes, cujo alcance e passagem so determinados por
talvez ainda esteja tendo, com seus prprios pais. este dois fatores: primeiro, a dotao gentica do beb, que o
padro de relacionamento parental que dar origem forma impulsiona para o vnculo com o meio ambiente, permitindo
como ambos os pais iro vincular-se ao filho, provendo ou perceber e aceitar os cuidados proporcionados pela me; e,
no suas necessidades fsicas e emocionais. segundo, a maternagem, ou seja, a presena de uma me
que verdadeiramente proporcione esses cuidados.
neste sentido que Bowlby (1989) refora a importncia
dos pais fornecerem uma base segura a partir da qual uma A origem da enfermidade mental estaria, pois, nas dificul-
criana ou um adolescente pode explorar o mundo exterior e dades encontradas pela criana para realizar a tarefa deter-
a ele retornar, certos de que sero bem-vindos, nutridos fsica minada por cada uma dessas fases, isto , no autismo nor-
e emocionalmente, confortados se houver um sofrimento e mal, na simbiose normal ou na separao-individuao. Es-
encorajados se estiverem ameaados. A consequncia dessa sas falhas podem ter sido provocadas por: defeitos inatos,
relao de apego a construo, por volta da metade do incapacidade do ego para neutralizar as pulses agressivas
terceiro ano de idade, de um sentimento de confiana e segu- no estabelecimento do vnculo com a me; defeitos na rela-
rana da criana em relao a si mesma e, principalmente, o me-filho: seja por patologia materna ou pela ausncia
em relao queles que a rodeiam, sejam estes suas figuras real do par simbitico e/ou traumas: doenas, acidentes, hos-
parentais ou outros integrantes de seu crculo de relaes pitalizaes ou outros eventos que alterem a estabilidade
sociais. emocional com a me ou a auto-imagem do indivduo.

Um importante trao do comportamento de apego a in- A intensidade e a precocidade dessas situaes podem
tensidade da emoo que o acompanha, o tipo de emoo provocar importantes falhas no desenvolvimento infantil e,
que surge de acordo com a relao entre a pessoa apegada e embora muitos autores definam diagnsticos de personalida-

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de somente aps o perodo evolutivo da adolescncia, Pal- como: agitao, dificuldade para concentrar-se nas atividades
cio-Espasa (1997) fundamenta a importncia e os critrios escolares e na realizao das tarefas de casa, impacincia,
com os quais possvel identificar, do ponto de vista estrutu- intolerncia, dificuldades para conciliar o sono e hiperativida-
ral, organizaes psquicas j mesmo na infncia. de.

Os distrbios graves de personalidade de tipo Borderline Ana a primognita de Pedro, 28 anos e Paula, 24. Juli
ou pr-psictico so exemplos de diagnsticos possveis em o nome da segunda filha, atualmente com 1 ano e 8 meses.
crianas, segundo as ideias desenvolvidas pelo autor acima Pedro e Paula se casaram quando tinham, respectivamente,
referido. O elemento dinmico central deste tipo de funciona- 20 e 16 anos, tendo Paula engravidado de Ana quando esta-
mento mental em crianas so as manifestaes depressivas va com 18 anos. A 1 gravidez, planejada, foi marcada pela
contra as quais se acionam mecanismos defensivos psicti- ameaa de aborto, aos cinco meses de gestao, obrigando
cos para lidar com angstias depressivas muito violentas, Paula a se submeter a um tratamento vitamnico e a perma-
geralmente originrias das intensas privaes objetais nos necer em repouso nos meses seguintes. Neste perodo, Pe-
primeiros anos de vida. dro responsabilizou-se pelos servios domsticos e pela ma-
nuteno da casa.
Nesta luta contra a depresso que, na verdade, denuncia
srias dificuldades na integrao dos objetos bons e maus Em relao ao sexo de Ana, Paula desejava uma menina,
internalizados que ora gratificam, ora frustam, a criana utiliza enquanto Pedro, um menino. Apesar de Pedro, nos primeiros
mecanismos defensivos cujas manifestaes clnicas apon- momentos ao nascimento, no se aproximar da filha, passou
tam para um polimorfismo sintomtico caracterstico da orga- a dispender muitos cuidados a ela, chegando inclusive a im-
nizao limtrofe. pedir que outros dela se aproximassem.

A variedade dessas apresentaes tanta que, na maioria No perodo ps-parto, Paula passou a primeira semana na
das vezes, diversos sintomas aparecem concomitantemente casa de sua me, retornando para seu lar devido s constan-
na criana: distrbios do sono, da alimentao, da linguagem, tes solicitaes do marido, que passou ento a cuidar de
da aprendizagem escolar e do comportamento. A instabilida- ambas. Ana, desde os primeiros meses de vida, passou por
de psicomotora, nesses casos, pode ser compreendida como vrias hospitalizaes. Quando estava com 1 ms e 4 dias,
um estado reacional a uma situao traumatizante ou ansio- ficou internada em um hospital por 4 semanas com pneumo-
gnica para a criana; uma resposta a uma angstia perma- nia. Paula relata que "entrouxava tanto a menina que at tirar
nente, em particular quando dominam mecanismos mentais a ltima pecinha de roupa, a menina j tava resfriada" (sic).
persecutrios projetivos; ou uma defesa manaca face s Com mais alguns meses, Ana foi internada novamente, desta
angstias depressivas. vez, por desidratao, devido ao desconhecimento de Paula
quanto a alguns cuidados necessrios, como oferecer gua
... quanto mais jovem for a criana, mais facilmente passa para o nen, se este no estivesse mamando no peito. Paula
pelo corpo sua maneira de expressar uma indisposio ou no amamentou Ana, pois segundo ela, o tratamento vitam-
uma tenso psquica. A atuao , no incio, a modalidade nico realizado durante a gestao, teria deixado um "gosto e
mais espontnea e mais natural de resposta (Ajuriaguerra, cheiro ruins no leite, gosto de remdio" (sic). Aos 2 anos de
1986, p.96). idade, Ana quebrou o brao em funo de uma queda, quase
sendo atropelada meses mais tarde nas redondezas onde
Quanto s manifestaes clnicas, alm das acima referi- morava.
das, Palcio-Espasa (1997) complementa ressaltando que
quando pequena (entre 4 e 7 anos), a criana borderline O despejo do condomnio onde residiam e o desemprego
apresenta muitas vezes distrbios do humor de origem hipo- de Pedro levaram-nos a morar no mesmo terreno da famlia
manaca: excitao, euforia, familiaridade excessiva, hiperati- de Paula. Nessa poca, alm da me, do pai e do irmo, da
vidade, temas de grandeza etc. Na idade de latncia, sobre- mesma idade de Ana, 3 anos, moravam no mesmo terreno
tudo tardia, observam-se mais frequentemente manifestaes outro irmo e a cunhada. O relacionamento de Ana com o tio,
de linha depressiva: tristeza, desacelerao psicomotora com segundo a me, "nunca foi bom, pois sempre brigaram muito,
inibies importantes, ideias e sentimentos de autodesvalori- tendo at que trocar o horrio do colgio de Ana porque,
zao, temas de perda. estudando na mesma turma, s brigavam" (sic).

Um dos sintomas frequentes em crianas borderline a Em relao ao desenvolvimento da linguagem, Paula refe-
perturbao do curso do pensamento, estreitamente vincula- re que as primeiras palavras de Ana, aos 6 meses, foram
do enorme intensidade da problemtica depressiva. Esses "pap" e "", referindo-se av. Apesar de suas tentativas,
distrbios do pensamento no se caracterizam por uma incoe- Ana respondia negativamente com a cabea quando Paula
rncia persistente como nas psicoses desorganizadoras, mas tentava explicar-lhe que era sua me. Por muitas vezes, Ana
por uma irrupo do processo primrio em um processo de dirigiu-se av (por quem Ana, segundo Paula, sempre culti-
pensamento sob a gide do processo secundrio. Esta per- vou muito afeto), chamando-a de me.
turbao especfica do pensamento simblico dessas crian-
as baseia-se no surgimento intermitente de fantasias arcai- Apesar da tranquila entrada de Ana na escola, a repetn-
cas agressivas, compreendidas como uma tentativa de diluir a cia e seus sintomas clnicos intensificaram-se com o nasci-
angstia depressiva face s possibilidades libidinais restritas mento da irm, Juli. Segundo a me, h muito tempo a pro-
dessas crianas (Palcio-Espasa, 1997). fessora j vinha reclamando de sua dificuldade de concentra-
o, inquietude na classe e resistncia em desenvolver as
Caso clnico atividades solicitadas.

Para ilustrar o artigo, ser apresentado um caso conduzi- Ao todo, foram realizados vinte atendimentos: trs entre-
do atravs de psicoterapia breve. O caso o de Ana, uma vistas com a me (coleta de dados) e dezessete com Ana
menina de oito anos de idade encaminhada pela escola ao (avaliao e incio do atendimento psicoterpico). Alm des-
Ambulatrio de Psicologia Infantil do H.S.L., em funo de tes, foram realizados exames complementares e aplicao de
estar repetindo a 1 srie do 1 grau e apresentar insuficiente testes psicolgicos.
rendimento escolar (notas baixas, dificuldades na escrita e na
leitura, por exemplo). Alm destes, a me refere sintomas

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As sesses, realizadas duas vezes por semana, duravam para estabelecer relacionamentos seguros, repercutindo no
cinquenta minutos. Durante as mesmas, foi possvel verificar seu processo de separao-individuao. Esta falha evolutiva,
comportamentos impulsivos e hiperativos, representados pela interferindo na estrutura egica, no contato com a realidade e
rapidez com que se movimentava na sala, pela incapacidade no desenvolvimento de recursos para lidar com as ansieda-
em concluir brincadeiras, bem como pela impacincia na des, provoca prejuzos na representao psquica de si e,
realizao de tarefas previamente determinadas, como a consequentemente, da individualidade e da prpria identida-
aplicao de testes psicolgicos. Inicialmente, Ana manifesta- de, dificuldades estas que podem ser observadas na pobreza
va desconfiana e desconforto em permanecer na sala duran- de seus desenhos, nas dificuldades em elaborao e simboli-
te o perodo dos atendimentos, caracterizados pelos constan- zao, na incapacidade para contar histrias e nos prejuzos
tes rituais obsessivos e pelas brincadeiras de "esconde- do processo de alfabetizao. O contato com a realidade e as
esconde", numa tentativa de, controlando externamente a percepes externas so realizadas em seu nvel mais primi-
situao, controlar suas prprias ansiedades e medos inter- tivo e restrito: atravs do aparelho sensrio-motor. Da mesma
nos. forma, a via de manifestao possvel das ansiedades e fan-
tasias atravs do aparato psicomotor, fato este que pode
A avaliao psicopedaggica realizada demonstrou difi- ser identificado pelas trocas constantes de atividades e pela
culdades na alfabetizao, associadas a caractersticas de agilidade com que toma suas atitudes, geralmente precipitan-
ansiedade e agitao, as quais tm influenciado no seu pro- do-se em relao aos outros.
cesso de aprendizagem, bem como provocado conflitos entre
os colegas. Segundo a avaliao neurolgica, seu desenvol- As relaes de objeto internalizadas por Ana, prejudicadas
vimento neuromotor normal e, apesar de apresentar um devido frustrao extrema advinda da ausncia de cuidados
grau elevado de hiperatividade, no possvel estabelecer tal maternos, bem como ao afeto parcialmente recebido, provo-
diagnstico. caram importantes falhas na capacidade integrativa do ego,
que se v induzido a utilizar mecanismos de defesa primitivos,
A rea percepto-motora foi avaliada pelo Teste Bender, evitando, assim, a emergncia do caos total de seu mundo
assim como a rea socioafetiva, pelos Testes Projetivos interno. Transferencialmente, este "turbilho" de emoes
H.T.P., Teste da Famlia e Desenho Livre. O primeiro denun- internas expresso pela rapidez com que realiza as tarefas
ciou nvel maturacional abaixo da mdia e compatvel com a propostas, as atividades escolhidas e as prprias verbaliza-
idade cronolgica de cinco anos de idade, enquanto os de- es, geralmente incompletas. Sintomas que corroboram as
mais apontaram importantes dificuldades no estabelecimento ideias desenvolvidas por Ajuriaguerra (1986), isto , de que a
de relacionamentos interpessoais, caracterizadas por um criana faz do corpo um importante veculo para expressar
excessivo atrito nas relaes, bem como por um afastamento seus sentimentos.
afetivo da figura materna. Como consequncia, pode-se iden-
tificar um desajustamento social, uma imaturidade em funo As reaes fisiopatolgicas de Ana, desde os seus primei-
de caractersticas de egocentrismo, primitivismo e pobreza de ros meses de vida, revelam angstias demasiadamente inten-
impulsos. sas frente ao sentimento aniquilador de morte. Este sentimen-
to provocado pelas deficincias no s autoconservativas,
Discusso mas principalmente pulsionais.

Atravs da histria de vida e dos sintomas apresentados A relao de objeto que se estabelece, portanto, uma
por Ana, possvel identificar importantes falhas no seu pro- dependncia anacltica permeada constantemente pelo temor
cesso primrio de estruturao psquica. A atuao psicomo- e o perigo imediato de perda. A estrutura egica de Ana nes-
tora, a hiperatividade e a impulsividade, associados s dificul- tas condies caticas e estressantes desenvolve menos
dades em relao aos processos de simbolizao, elaborao recursos para lidar com a realidade, utilizando mecanismos
e identificao, revelam comprometimentos significativos na diretos na expresso de seus estados internos extremamente
evoluo pelas fases do desenvolvimento infantil normal. desorganizados.

Os inmeros acidentes sofridos por Ana desde o seu nas- Nos atendimentos realizados com Ana, este tipo de rela-
cimento corroboraram a significativa falha de Paula no exerc- o objetal tem suas manifestaes caracterizadas por com-
cio do papel materno: oferecer, atravs dos cuidados fsicos e portamentos de desconfiana e exitao, atravs dos quais se
afetivos, base segura e continncia ao desenvolvimento nor- evidencia uma intensa necessidade de testar o ambiente e a
mal da filha, funes estas destacadas por Bowlby (1988). Os reao do outro (terapeuta) em atitudes que expressam suas
perigos a que ficou exposta, principalmente nos trs primeiros ansiedades e focos conflitivos.
anos de sua vida, considerados fundamentais para a estrutu-
rao psquica, denotam a negligncia materna no estabele- Nesse contexto, tomando o aporte terico de Palcio-
cimento, atravs do vnculo afetivo, de vivncias de relao Espasa (1997) acerca da possibilidade de inferir diagnstico
calorosa, ntima, reconfortante e prazerosa com a me. Esses precoce na infncia, pode-se compreender a hiperatividade
perigos provavelmente foram registrados psiquicamente como como um estado reacional a situaes traumatizantes e an-
descuido e desapego maternos. A superproteo de Paula, siognicas, assim como uma forma de defesa manaca face
nesse contexto, pode ser compreendida como uma atitude s angstias depressivas que, se identificadas, tornar-se-iam
reparadora de sua inabilidade materna, apesar de ter, na letais. Diante dessa situao, Ana expressa, atravs do poli-
verdade, provocado muitas das situaes traumticas. morfismo sintomtico, suas relaes objetais iniciais frustran-
tes e sua incapacidade para lidar com situaes ansiogni-
De acordo com Mahler (1993), estabeleceu-se, pois, uma cas.
relao simbitica e fusional entre me e filha, cujos fins evo-
lutivos no foram atingidos, pois no ofereceu os subsdios O grau destas dificuldades pde ser observado, por
necessrios para sua superao e suas aquisies caracters- exemplo, na realizao do Teste da Famlia, no qual a pacien-
ticas. te, solicitada a desenhar as pessoas que compem seu grupo
familiar, desenhou, num primeiro momento, a fachada de sua
O desenvolvimento do ncleo de confiana bsico (Bowl- casa, numa expresso concreta de sua realidade. A realiza-
by, 1989), atravs do qual a criana, encorajada a explorar o o correta desta tarefa s foi alcanada, embora o tenha
mundo externo, adquire confiana em si mesma e nos demais sido de forma parcial, pois representou parte de sua famlia,
indivduos, ficou comprometido. Ana demonstra dificuldades com a repetio das instrues e com a realizao de vrios

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questionamentos. Ana s no teve um comprometimento meses de vida, mas ao longo de todo desenvolvimento infan-
maior em funo da presena materna da av, bem como do til, contribuindo para a estruturao sadia do aparelho psqui-
prprio pai. Entretanto, seu nvel de dificuldades tem aumen- co da criana. Papel este que, falhando ou apresentando
tado consideravelmente, principalmente devido ao nascimento comprometimentos, pode ser reparado e reforado mediante
da irm, h mais ou menos um ano e meio atrs, coincidindo a interveno psicolgica, bem como pela participao de
com a repetncia na primeira srie, como tambm pela confu- outros profissionais, numa abordagem interdisciplinar rumo
so de papis em sua dinmica familiar. promoo de sade mental.

De acordo com as ideias desenvolvidas at aqui, observa- Embora esse atendimento em particular tenha sido auxili-
se precursores de um delineamento borderline, principalmen- ado pela rea mdica no esclarecimento dos sintomas da
te se forem levadas em considerao as falhas e as dificulda- paciente (Neuropediatria), destaca-se a importncia da inter-
des apresentadas por Ana nas relaes objetais, no processo face profissional se articular de forma mais precoce. O aten-
de simbolizao, na incapacidade para controlar seus impul- dimento psicolgico, integrado a outros atendimentos, num
sos, bem como no sintoma de hiperatividade. Entretanto, trabalho efetivamente interdisciplinar, convergiria para a pre-
mesmo apesar dos poucos recursos egicos e da prevalncia veno primria de sade mental, potencializando a qualida-
de mecanismos de defesa primitivos, a fase evolutiva da pa- de de vida das pessoas envolvidas (paciente e familiares).
ciente, 8 anos de idade, apenas permite fazer suposies a
Me a que cria: o significado de uma maternidade
respeito de seu desenvolvimento e prognstico. Ela ainda
substituta
est em fase de estruturao e, como tal, apresenta terreno
frtil para potencializar seus recursos e aumentar suas capa- Cinthia Mendona Cavalcante; Maria Salete Bessa Jor-
cidades socioafetivas. ge

Em termos de prognstico, verifica-se seu carter reser- No Brasil, de acordo com o Estatuto da Criana e do Ado-
vado, levando-se em considerao o comprometimento atual lescente (ECA), "toda criana ou adolescente tem direito a ser
de Ana, suas limitaes cognitivo-sociais e seus sintomas criado e educado no seio da sua famlia e, excepcionalmente,
atuais, ao passo que, considerando o ambiente no qual est em famlia substituta, assegurada a convivncia familiar e
inserida, este carter modifica-se para grave, face s dificul- comunitria" (art. 19). No entanto, esse um direito ainda
dades estruturais do ambiente familiar, assim como s ntidas no plenamente assegurado a um grande nmero de crianas
confuses de papis existentes. Esse prognstico cauteloso brasileiras desde os sculos passados.
no sentido de expressar a necessidade de intervir nesta di- Segundo Orlandi (1985), na antiguidade era muito comum
nmica, em face de seus antecedentes e a sua atual situao. usar crianas como objetos de rituais de magia e sacrifcio. O
Em hiptese alguma, caracteriza-se como um entendimento infanticdio, o abandono, castigos e espancamentos eram
fechado e acabado, pois, se assim o fosse, o objetivo princi- prticas usuais cometidas contra crianas nessa poca (ries,
pal de toda e qualquer interveno teraputica estaria des- 1981; Perrot, 1992; Trindade, 1999; Silva, Silva, Nbrega &
respeitando o eixo bsico que rege os princpios psicolgicos, Ferreira Filha, 2004). Com efeito, at o sculo XVII a criana
isto , de que todo ser humano pode, recebendo algum tipo era conceituada como algo sem valia e quase sem importn-
de apoio interno e externo, promover mudanas de vrios cia. Representava para a famlia um grande sacrifcio, e facil-
nveis. mente se tornava vtima do abandono (Martins & Szymansky,
2004). A partir desse sculo, porm, comeou a haver uma
Nesta busca humana e teraputica pela mudana e pela mudana no sentimento em relao infncia mas, apesar de
sade psquica, h de se destacar, no caso de Ana, a presen- esse sentimento ter tomado outra conotao, o abandono no
a importantssima do pai e da av materna, pessoas que sculo XVIII ainda chegava a nmeros absurdos. Todavia,
puderam "substituir", pelo menos temporariamente, a ausn- conforme Trindade (1999), o sculo XIX apresentou algumas
cia materna, uma vez que esta estava enfrentando dificulda- transformaes desse conceito, pois, pelo menos, a segurana
des por sua prpria histria de vida e estruturao dinmica. das crianas era assegurada, ainda que por meio do dever
claro que se essas presenas fossem analisadas friamente, moral e da caridade de determinadas instituies. Estas, como
talvez fossem consideradas negativas ou at mesmo "sufo- consta nos arquivos dos asilos que datam desse sculo, en-
cantes", mas diante das falhas apresentadas pela figura ma- frentavam inmeras dificuldades para o atendimento ao sem-
terna, essas pessoas foram investidas do papel de acalentar, pre crescente nmero de crianas abandonadas. O abandono,
na medida do possvel, ansiedades to precocemente desper- por sua vez, no era percebido como crime. Desse modo,
tadas. tornava-se um acontecimento rotineiro, um mal sem muitas
consequncias. Diante de tal prtica, veio a resposta da Igreja,
As dificuldades nos relacionamentos objetais existem e que foi a utilizao dos mosteiros como locais de abrigo para
no podem ser relegadas a um segundo plano. Entretanto, os chamados enjeitados ou expostos. As crianas deixadas
imprescindvel destacar que Ana capaz de apegar-se a nesses locais recebiam alimentao, educao, roupas e "sal-
pessoas que oferecerem segurana e estiverem dispostas a vao", no entanto, no tinham opo de vocao, e deveriam
tornarem-se dignas de sua confiana. Muitas vezes, a intensi- fazer os votos de pobreza, obedincia e castidade (Silva et al.,
dade com a qual estabelece esses relacionamentos denunci- 2004).
am a necessidade de, atravs da organizao e do limite do
outro, organizar sua confuso interna. E isto, por si s, pre- Atualmente, o entendimento de infncia em nada se asse-
nuncia desejos de mudanas e capacidade para empreend- melha ao do passado, mas esse novo olhar no tem sido sufi-
las. ciente para assegurar s crianas o direito bsico de serem
educadas no seio da sua famlia de origem. Ante esta realida-
Atualmente, Ana segue em processo psicoterpico, da de, torna-se importante a criao de medidas alternativas
mesma forma que seus pais passaram a contar com sesses destinadas a lhes garantir a convivncia familiar, mesmo em
sistemticas, nas quais recebem orientaes quanto ao ma- famlia substituta. Silva (2005, p.290) corrobora estas afirma-
nejo com a filha. es. Como assevera, "meninos e meninas afro-descendentes
foram e ainda so condenados a viver em abrigos at a maio-
Concluso ridade, assumindo o abrigo a funo de um substitutivo para a
famlia".
Estas constataes diagnsticas e prognsticas corrobo-
ram a importncia do papel materno, no s nos primeiros

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Os abrigos ou orfanatos, como so popularmente conheci- Cheng (2001) mostraram que as crianas residentes em lar
dos, devem ser de carter excepcional e provisrio (ECA, art. acolhedor (programa relativamente recente naquele pas)
101, pargrafo nico). Esta lei, contudo, no condiz ainda com apresentaram diferena significativa em termos de desenvol-
a realidade da assistncia brasileira. Segundo pesquisa reali- vimento emocional e social, em relao quelas que estavam
zada pelo Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA), nas instituies. E as crianas residentes em famlias acolhe-
Diretoria de Estudos Sociais (DISOC) (IPEA/DISOC, 2003), doras disseram estar mais satisfeitas com a vida do que as
grande parte das instituies de abrigo so administradas por crianas residentes em orfanatos.
entidades religiosas e/ou assistenciais regidas por suas pr-
prias crenas, e no necessariamente se aproximam dos prin- Outro estudo, desenvolvido por Barth (2002), da Universi-
cpios do ECA. Ainda segundo a pesquisa, apenas pouco mais dade da Carolina do Norte, Estados Unidos, observou os efei-
de 20 mil crianas tm sido atendidas em abrigos da Rede de tos gerados pelo cuidar em crianas residentes em instituies
Servios e Aes Continuadas (SAC) da assistncia social, os do tipo abrigo e crianas em lares acolhedores. Conforme
quais, obrigatoriamente, devem prezar pelo cumprimento dos concluiu, as instituies, alm de serem menos seguras, me-
objetivos do ECA. Mesmo assim, conforme se constatou, me- nos estveis e menos capazes de produzir efeitos positivos
nos de 1% das instituies da Rede SAC desenvolvem pro- para as crianas, tambm se mostraram mais dispendiosas do
gramas voltados manuteno da convivncia familiar. Um que o sistema de famlias acolhedoras.
exemplo desse tipo de programa o de famlias acolhedoras, No Cear, a Secretaria da Ao Social, em colquio tcni-
o qual trabalha com famlias substitutas, e cujo objetivo o co da Rede Nacional de Abrigos, apresentou alguns resultados
estabelecimento de convivncia familiar na impossibilidade ou sobre as diferenas entre crianas residentes em abrigos e
espera pela adoo, respeitando, assim, os princpios e objeti- aquelas residentes em famlias acolhedoras, em vrios aspec-
vos do ECA no tocante ao direito famlia e garantindo o car- tos (Carreiro, 2005). Entre esses, relatou-se o emocional, por
ter provisrio da instituio de abrigo, a qual dever ser utiliza- mostrar que crianas em famlias acolhedoras recebem afeto e
da "... como forma de transio para a colocao em famlia tm semblante alegre e auto-estima mais elevada do que as
substituta, no implicando privao de liberdade" (ECA, art. residentes em abrigos.
101, inciso VII).
No Brasil, o Estatuto da Criana e do Adolescente, em con-
O intuito do Programa de Famlias Acolhedoras no us- junto com a Lei Orgnica de Ao Social (LOAS), assegura
las como substitutas da famlia de origem, mas utiliz-las como essa forma de cuidar em alguns municpios, e atribui ao poder
forma primeira de acolher a criana ou o adolescente em situ- pblico a responsabilidade no s de prover uma receita para
ao de abandono e/ou risco. Dessa forma, viabiliza o proces- as famlias substitutas, mas tambm ajuda mdica, educacio-
so de transio mediante um atendimento individual humani- nal e psicolgica. Desse modo, facilitaria a adaptao das
zado, ao contrrio das frias relaes geralmente ocorridas nas crianas nova situao e as auxiliaria na superao de trau-
instituies. mas (IPEA/DISOC, 2003). Ademais, com essa ao, o Estado
Como se percebeu, o cuidar gerado em instituies de apia os princpios do Sistema nico de Sade (SUS), que
abrigo ou orfanatos no substitui o cuidar de uma relao to tem como base a sade como direito de todos e dever do
importante e que gera caractersticas to essenciais para o Estado, agindo em prol da sade mental.
bem-estar emocional e o desenvolvimento de relaes inter- O conceito de sade mental abrangente; portanto, no se
pessoais. Um exemplo convincente sobre o assunto o de restringe apenas ausncia de um diagnstico psiquitrico.
Spitz (1945), no seu clssico trabalho, ao estudar em um orfa- Nesse sentido, a Organizao Mundial de Sade (OMS) define
nato as relaes vinculares por meio da observao de bebs sade mental como "a capacidade de estabelecer relaes
supridos em suas necessidades bsicas (alimentao, vestu- harmoniosas com os demais e a contribuio construtiva nas
rio, entre outras), mas privados de afeto. Eles no eram sequer modificaes do ambiente fsico e social" (Espinosa, 1998,
embalados ou segurados no colo. Esses bebs acabavam p.16). Dessa forma, ao falar de sade mental, subtende-se o
desenvolvendo o que o autor denominou de "sndrome do estabelecimento de vnculos saudveis, nos quais se pode ser
hospitalismo", caracterizada por dificuldades no desenvolvi- protagonista da construo do meio em que se vive. No entan-
mento fsico, falta de apetite e perda de interesse em se rela- to, para esses vnculos se estabelecerem, as relaes prim-
cionar, levando ao bito a maioria dos bebs. Conforme con- rias que se constituem nos primeiros cuidados recebidos pelo
cluiu Spitz (1945), esse resultado era consequncia da falta de beb devem ser harmoniosas. Isto confirmado por Bowlby
afeto. (2002), ao afirmar que "A qualidade dos cuidados parentais
Essa falta de afeto no produz somente efeitos fisiolgicos, que uma criana recebe nos seus primeiros anos de vida de
pois seus reflexos na sade mental daqueles que experienci- importncia vital para a sua sade mental futura". No s isso,
am a vida em instituies desde muito jovens so tambm mas o vnculo afetivo desenvolvido entre me e filho, por meio
muito graves. Segundo Abreu (2001), em um estudo realizado desses cuidados primrios, ser essencial e responsvel pelas
com crianas e adolescentes residentes em orfanatos, estes relaes que a criana venha a desenvolver com outros (Silva
tm seis vezes mais chances de desenvolver transtornos psi- et al., 2004).
quitricos do que aqueles que vivem com suas famlias. No A palavra vnculo origina-se do latim e significa algo que
referido estudo, os transtornos mais comuns foram depresso junta, une, ou liga as pessoas. Por conseguinte, quando h
e deficincia mental (encontrados tanto em crianas que vivi- vnculo h ligao, relao. Ocorre, segundo Campos (2003),
am em instituies como em suas famlias), hiperatividade, uma interdependncia, e por isso a construo de um vnculo
ansiedade e transtorno de conduta (encontrados somente na depende de uma interao complementar. No sentido do cui-
populao residente em instituio). dado, o vnculo se inicia quando existe um que necessita e
Como assegura Vicente (2000, p.52), "a famlia natural ou outro que se dispe a ajudar. Pela relao de dependncia, a
substituta sempre melhor do que qualquer instituio de me (ou pessoa que faria seu papel), por ser aquela que satis-
internao, pois a institucionalizao tem historicamente pro- faz as primeiras necessidades fisiolgicas, principalmente de
duzido crianas analfabetas e sem perspectivas de vida aut- alimento e conforto, torna-se a primeira relao afetiva de
noma". intimidade do indivduo (Freud, 1949). Como afirma McAdams
(1989), o ato de sugar o leite se constitui na forma primeira e
Algumas pesquisas tm sido realizadas na tentativa de ve- mais primitiva de conhecer o outro na sua intimidade. Portanto,
rificar e comparar os efeitos gerados tanto pelas instituies de a necessidade fisiolgica gera contato, que produz conheci-
abrigo quanta pelas famlias acolhedoras. Por exemplo, em mento, intimidade e, consequentemente, afeto. Assim, "o sujei-
estudo elaborado pela Beijing Normal University, Shang, Liu e to tem de aceitar como condio indispensvel da vida esta

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extrema dependncia inicial que marcar para sempre seu ses de grupo focal. No referente s crianas/adolescentes,
desenvolvimento psicolgico" (Kusnetzoff, 1982, p.35). participaram do estudo todas as que estavam sendo cuidadas
pelas quatro mes, no total de oito crianas/adolescentes.
Ao se falar, entretanto, da relao da criana com sua
me, refere-se a uma situao adequada e ideal para um Conforme recomendado pelas normas ticas, os partici-
desenvolvimento infantil sadio. Porm, nem sempre possvel pantes no foram identificados por seus nomes. As mes
ser a relao primria estabelecida com a me biolgica. Des- escolheram para si nomes de sua preferncia, tais como: Re-
se modo, se a criana tiver uma pessoa que cuide dela de nata, Regina, Isabella e Jlia. Em relao s crian-
forma permanente, o desenvolvimento tambm poder acon- as/adolescentes, foram-lhes atribudos nomes de persona-
tecer de maneira satisfatria, como mostra Kusnetzoff (1982, gens de histrias infantis, como: Homem Aranha (10 anos),
p.34): Cinderela (13 anos), Super-Homem (15 anos), Ursinho
Gummy (4 anos), Batman (17 anos), Robin (18 anos), Shrek
Embora seja indiscutvel que o primeiro objeto com o qual (21 anos) e X-Man (10 anos). Renata cuida de Super-Homem
o ser humano se relaciona sua me, nem sempre esta me h nove anos; Regina me de Robin h dez anos; Isabella
precisa ser sua, nem esta sua precisa ser me. Este pequeno cuida de Shrek h oito anos, e de X-Man e Batman h sete
trocadilho quer frisar que a me ... mais que um conceito, anos; e Jlia tem sido me acolhedora de Cinderela h dez
uma funo, que ocupar um lugar com determinadas signifi- anos, de Homem Aranha h oito anos e de Ursinho Gummy h
caes para cada criana em particular. trs meses.
Assim, muito comum que, em alguns momentos, em vez Trs das mes acolhedoras eram casadas e uma era sol-
do termo me, ou me substituta, seja utilizado o termo "cui- teira. A religio predominante no grupo era catlica, mas havia
dador" ou "cuidadora" para se referir funo materna, pois uma evanglica. Quanto ao nvel de escolaridade, a maioria
esta no necessariamente est diretamente vinculada figura tinha o fundamental, enquanto o perfil scio-econmico de
da me biolgica. todas elas era de renda baixa, proveniente da aposentadoria
De acordo com o demonstrado por estudos de Ainsworth, ou do trabalho do cnjuge, e complementada pela ajuda dos
Blehar e Wall (1978), Rothbard e Shaver (1994), Bowlby filhos e da quantia recebida do governo pelo trabalho de me
(2002), e tantos outros, o vnculo inicial originado dos cuidados acolhedora. Sobre o tempo de participao no programa, a
maternos primrios tem influncia direta sobre o desenvolvi- maior parte delas est desde o incio. Assim, a mais nova tem
mento da personalidade nas reas social, emocional e inter- nove anos de experincia como me acolhedora, e a mais
pessoal. Ou seja, as marcas geradas em um indivduo por velha est desde o incio, isto , h mais de vinte anos.
meio dos vnculos firmados nos primeiros anos de vida, ou da Quanto ao perfil das crianas e adolescentes, importante
no firmao desses vnculos, podem trazer consequncias ressaltar que a maioria est no programa h mais de sete
srias no desenvolvimento de sua personalidade e, por conse- anos, e foram inseridos nele por demonstrar necessidades
guinte, no estabelecimento de sua sade mental. Assim, no especiais e/ou problemas de comportamento. Em virtude das
intuito de prevenir esses efeitos, dever-se-ia poder evitar a dificuldades apresentadas, o nvel de escolaridade o Fun-
privao materna. Isto, de forma geral, parece ser algo difcil. damental. Apenas trs deles estiveram em outras famlias
No entanto, como acredita Bowlby (2002), pode ser feito se for acolhedoras: Shrek, Batman e Super-Homem. Os demais
possvel evitar o que ele chama de fracasso familiar ou diviso esto na mesma famlia desde o ingresso no programa. Quan-
da famlia, e garantir ser a criana cuidada por familiares. Mas, to s necessidades especiais, na sua maioria, derivam das
para isso, devem ser criadas condies com vistas assistn- situaes de exposio e risco vividas por eles na gestao ou
cia mdica, social e econmica dos cuidadores responsveis. na primeira infncia, e variam entre fsicas e mentais. Dois
A literatura unssona em relao aos efeitos negativos deles so portadores de Sndrome de Down.
desta privao sobre indivduos oriundos de orfanatos. Tais No referente s tcnicas de coleta dos discursos utilizadas
efeitos chegam a ser nocivos sade mental do indivduo e nesse estudo, mencionam-se grupo focal e anlise de dese-
produzem consequncias sobre a sociedade. No entanto, na nhos das crianas. Alm disso, para auxiliar na complementa-
literatura acadmica brasileira, sob o enfoque da psicologia, h o dos dados dos sujeitos, procedeu-se ao levantamento
escassez de trabalhos sobre o sistema de lar substituto (Pra- documental de arquivos e relatrios institucionais. Aps este
da, 2002) e, de forma especfica, sobre o Programa de Fam- levantamento, fez-se uso dos seguintes documentos: registro
lias Acolhedoras. de atendimento do servio social, registro de atendimento da
Diante dessa limitao, este estudo objetivou compreender psicologia, registro de atendimento da pedagogia, pronturio
o significado da figura materna na promoo de sade mental de sade fsica e relatrio S.O.S. Criana, que contm os
em uma relao me-filho, provisria e substituta, como o registros das experincias vividas pela criana ou adolescente
estabelecido no Programa de Famlias Acolhedoras. antes de chegar ao abrigo.
Mtodo Nesse estudo, o grupo focal aconteceu na instituio coor-
denadora do programa, em cinco sesses de grupo, com du-
A matriz institucional do abrigo onde foi realizada a pesqui- rao de uma hora e meia. Nele, as mes participantes discuti-
sa constituda da Secretaria da Ao Social do Estado do ram sobre temas que trataram de suas experincias e percep-
Cear/Ministrio Pblico, Justia da Infncia e Adolescncia, es como cuidadoras de crianas/adolescentes em famlias
Defensoria Pblica, Delegacia Especializada e Conselho Tute- acolhedoras.
lar. Funcionam no local dois sistemas operacionais: abrigo e
lar substituto. Todavia, a pesquisa foi desenvolvida apenas no Por ser o desenho um meio pelo qual a criana expressa
mbito do lar substituto, o qual se fundamenta no Programa sua vivncia emocional (Souza, Camargo & Bilgacov, 2003),
Famlia Acolhedora. Este tem sido efetivado pelo governo do esse estudo utilizou a produo de trs desenhos, elaborados
Cear desde junho de 1985 at o momento. na casa da famlia acolhedora e surgidos a partir da interao
da criana ou adolescente com a pesquisadora. Como orienta-
Foram sujeitos dessa pesquisa as crianas residentes em o, a pesquisadora pedia que as crianas desenhassem,
lar acolhedor e suas mes substitutas, no total de quatro mes primeiro, elas mesmas, e depois, suas famlias (sem direcionar
acolhedoras e oito crianas/adolescentes entre quatro e 21 se a de origem ou a biolgica) e, por fim, suas mes (nas
anos. No total, o programa era composto por seis mes e dez mesmas condies). Esta tcnica foi usada de forma comple-
crianas/adolescentes, porm apenas quatro mes aceitaram mentar, para melhor compreenso da relao me-filho.
fazer parte da pesquisa, pois as outras duas estavam impossi-
bilitadas fisicamente de comparecer reunio inicial e s ses-

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Os registros foram feitos por gravao em fitas cassetes, me: " a minha me, esse o culos... . a Jlia" (Ursinho
mediante consentimento do grupo. Com base nos dados cole- Gummy).
tados, foi elaborado um relatrio do grupo focal, que compre-
endeu a descrio dos resultados e sua anlise. Em relao
s crianas e aos adolescentes, os discursos foram gravados
com o consentimento do responsvel, no caso, a diretora do
abrigo.
Para iniciar a obteno dos primeiros discursos, trabalhou-
se com amostragem conceitual e, para a coleta e anlise dos
mesmos, utilizou-se o processo de saturao terica.
A fenomenologia hermenutica de Paul Ricoeur foi o mto-
do utilizado para construir e reconstruir a realidade estudada
mediante a interpretao e confronto de diversos pontos de
vista dos sujeitos do estudo, estabelecendo uma articulao
entre o referencial terico e os dados empricos obtidos.
Segundo o autor, a interpretao se d entre a vivncia do
sujeito e a linguagem, e acontece por meio de determinados
conceitos, como distanciamento, apropriao, explicao e
compreenso (Ricoeur, 1991; 1995). Pelo distanciamento, h
uma objetivao do texto, livrando-o, assim, das intenes do
autor e dando-lhe vida prpria, j que o mesmo texto pode ter
vrios significados e ser interpretado de formas diferentes por
pessoas diferentes (Geanellos, 1998). Quanto apropriao,
acontece quando a pessoa que l o texto apropria-se do seu Como afirma Campos (2005), o vnculo impe uma relao
significado e o transforma em algo seu (Caprara & Veras de reciprocidade. A necessidade materna da criana sensibili-
2005). A articulao entre explicao e compreenso se d no za a me acolhedora, que aceita essa funo e, assim, corres-
plano do "sentido da obra" (Ricoeur, 2000). Portanto, segundo ponde ao papel que lhe atribudo. Para Pichon-Rivire (1995,
Geanellos (2000), o processo interpretativo ocorre em etapas p.81), "... quando o ambiente ou os outros nos adjudicam um
nas quais a experincia de vida expressa por meio da verba- determinado papel, podemos assumi-lo de forma inconsciente.
lizao coletada mediante entrevistas e transcrita em textos e, Nas relaes sociais ocorre um intercmbio permanente entre
a seguir, interpretada. a assuno e a adjudicao de um determinado papel".

Nesse percurso metodolgico, os discursos gerados pelo Segundo se observou, as crianas e os adolescentes parti-
grupo focal e desenhos foram gravados em fitas de udio e cipantes desse programa poderiam ser classificados em esta-
transcritos. Aps esse primeiro momento, depois de exaustivas do parcial de privao materna, pois, apesar de alguns terem
leituras, fez-se uma primeira interpretao superficial, no intui- passado por privao total anteriormente, no momento da
to de compreender o contedo em termos gerais e identificar pesquisa j estavam recebendo cuidados de uma me substi-
os temas principais (Caprara & Veras, 2005). Analisaram-se tuta. Desse modo, a necessidade materna, um comportamento
esses temas a partir de pr-compreenses que influenciam a esperado na teoria de Bowlby nesses casos, muito encon-
interpretao, e fez-se o dilogo entre os temas e os autores trada nas crianas em famlia acolhedora.
que os abordam (Ricoeur, 1995). Portanto, foi construdo um Renata, uma das mes acolhedoras mais novas no servi-
dilogo entre a experincia das pesquisadoras sobre alguns o, tambm percebe que a necessidade que as crianas tm
episdios percebidos nos fragmentos dos discursos e a abor- de uma me influencia a relao, levando-as a ficarem mais
dagem terica em discusso. Nesse momento final do proces- prximas e a se preocuparem com a me acolhedora por me-
so, houve a inteno de compreender a relao entre o todo e do de perd-la, ou de serem abandonadas como foram pela
as partes do texto, tal como pontuado por Caprara e Veras me natural. Dessa forma, segundo Renata, o abandono um
(2005). tema sempre presente na vida dessas crianas, e as rodeia
Resultados e Discusso como um fantasma que pode voltar a qualquer momento: "A
necessidade de uma me to grande que, s vezes, eles
Apesar da existncia de vrios motivos que levam uma cri- no vivem a vidinha deles, com medo de perder a gente, e da
ana a necessitar de abrigamento, um s fundamenta a pre- gente jogar eles novamente na creche... o abandono mexeu
sena dela em um programa como a Famlia Acolhedora: a demais e mexe at hoje com ele. Ele morre de medo de me
ausncia de um cuidador, seja ele permanente ou provisrio. perder".
Inegavelmente, muitas so as consequncias que uma cri- Regina, uma das mes acolhedoras h mais tempo no ser-
ana sofre diante de uma experincia como essa, sobretudo vio, percebe que a expectativa de ter uma me , de certa
em idade to tenra. Como principais, mencionam-se a carncia forma, preenchida pela famlia acolhedora, pois, como acredi-
afetiva e o sentimento de insegurana, entre outros. ta, a me acolhedora cumpre a funo materna em termos de
Nesse sentido, como acredita Jlia, uma das mes acolhe- afeto, carinho e cuidado. Ao contrrio do ocorrido na situao
doras, a necessidade e a carncia materna trazidas pela crian- de abrigo, a me promove o ambiente necessrio ao bom
a que tem experienciado a situao de abandono so alguns desenvolvimento da criana. Isto no possvel no abrigo,
dos fatores importantes a determinar esse novo vnculo: "E o mesmo com toda estrutura profissional: "... a criana fica
que eu acho mais importante... que eles chegam na casa da abandonada pela me... . Sem me e sem lar. A quando vem
gente e chamam logo a gente de me... me... . Ai, isso da pra c, a vai pro lar substituto, a vai pra aquele apoio do lar,
que toca mais a gente". da me... . Quando ela chega no abrigo, ela ainda est assim,
meio assustada... . Ainda se acha abandonada de qualquer
Essa necessidade confirmada no desenho de uma crian- maneira. Mas, quando ela vai pro lar substituto ela j tem um
a de quatro anos (Figura 1), cuidada por Jlia h trs meses. lar, j tem uma me... . Uma me j ajuda muito, d carinho... .
Ao desenhar sua famlia, embora de forma confusa, esta cri- Assim, voc sabe que aqui tem toda assistncia, mas no
ana desenha primeiramente a me acolhedora e a chama de que nem t num lar".

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Nesse entendimento, Renata compreende que a famlia
acolhedora tem uma funo provedora de sade diferente da
instituio de abrigo, que pode gerar mais dificuldade para a
criana j com marcas srias de sua situao de origem: "
claro que um abrigo diferente de um lar. A creche, pra mim,
tipo um hospital. Entra uma num planto... A criana se sente
segura porque est num planto, a pessoa que t legal, bem
boazinha, entra outra j num... . Quer dizer a tia tal eu no
gosto, a da noite boazinha. A vai mudando e isso vai con-
fundindo a cabea da criana".
Um desenho de Batman (Figura 2) apia a fala de Renata,
pois compara sua vida no abrigo, descrita como triste e inte-
grante de um passado ao qual ele no deseja retornar, com a
vida presente na famlia acolhedora, na qual ele se sente feliz.

Nesse sentido, Renata declara ter a mesma vivncia com a


criana por ela cuidada h nove anos, que no somente per-
cebe a me acolhedora na funo materna, mas pretere a me
biolgica por associ-la situao de sofrimento causada pelo
A partir do que se pde compreender da anlise dos resul- abandono. Como afirma esta criana, a vida deve ser dada a
tados, o papel de cuidador entendido como substitutivo da quem cuida, e quem abandonou merece morrer. Ele diz: "Eu
relao de origem, no somente pelas mes, mas tambm prefiro que a minha me morra... A senhora toma conta de
pelas crianas e adolescentes. Nesse sentido, Jlia relata a mim, a outra me abandonou. Se da me morrer eu prefiro
importncia do seu trabalho no exerccio da funo materna, que a outra morra que no cuidou".
ressaltando a percepo das crianas a respeito dessa funo: Isabella, a mais antiga no programa, considera sua famlia
"... ele chegou pra mim e disse: me, a minha me no como a nica que as crianas de quem cuida conhecem e,
aquela que abandonou eu e minha irm no. A minha me a segundo percebe, nesse sentido, a famlia acolhedora funcio-
senhora. a senhora que me d carinho, a senhora que na como modelo substitutivo da famlia de origem: "A famlia
gosta de mim, a senhora que me d apoio". Fica clara a que eles conhecem a mim, a minha casa, papai, mame,
concepo de me como aquela que exerce a funo do cui- a famlia que eles conhecem, n? ... a famlia que ele diz que
dado. tem sou eu... a minha me, meu pai, a famlia que eu tenho
Essa criana da qual Jlia fala foi adotada posteriormente. vocs. A senhora que me acolheu, a senhora que me deu
No entanto, o adolescente cuidado por Regina confirma essa amor, deu carinho, a me que eu conheo a senhora, mais
compreenso quando expressa seu agradecimento e reconhe- ningum, eu no quero outra me".
cimento dedicao da sua me acolhedora para com ele, A fala de Isabella confirmada por Batman, adolescente
apesar de denotar sentimento de mgoa em relao famlia cuidado por ela: "A nica famlia que eu tenho aqui essa
de origem, e desejo de compreender melhor os motivos do daqui".
abandono: "No foram eles que me deram carinho que nem
ela [me acolhedora] a me deu. No foram eles que cuidaram Como observado, todas as crianas e adolescentes repre-
de mim quando eu tava doente... pode ter tido algum motivo sentaram as famlias acolhedoras ao serem solicitados a de-
pra ter me abandonado, n? Mas hoje eu agradeo de ter uma senharem suas famlias. Nenhum deles trouxe algum aspecto
vida dessas". de suas famlias de origem.
Batman, ao desenhar sua me acolhedora (Figura 3), tam- A relao vista por Regina como geradora de uma confi-
bm expressa que a considera como sua me em virtude do ana que parece no ter outro referencial, pois essas so
cuidado a ele dispensado: "A nica me essa aqui que eu crianas que j passaram por muitas perdas, e seus nveis de
tenho, me aquela que cria... Foi o nico presente que Deus segurana e confiana esto abalados. Portanto, essa nova
me deu. No tem uma nica me boa como essa. Me d tudo, relao surge como suporte e base para depsito de novas
me d alegria, me d felicidade. s vezes o filho no obedece, esperanas. Regina percebe essa caracterstica quando afir-
mas ela me d um caro, me d um castigo, mas ela no ma: "Eles so umas crianas que esperam tudo da gente. Eles
grosseira". s se apiam na gente".
Renata, mais uma vez, afirma que a relao estabelecida
identificada pelas crianas como substitutiva da relao frus-
trada com a me de origem: "Ele disse que se a me dele
aparecesse, ele no queria. Ele ia continuar comigo... . Ele

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disse que se a me dele vir... . Eu digo at assim, e se ela total pode influenciar completamente a tendncia de desenvol-
estiver estribada e de repente eu estiver numa situao difcil. ver relaes futuras.
[Ele disse] no, no eu no quero no, ela pode estar podre de
rica... . Eu fujo, mas eu no fico com ela no. Nem com ela, Na compreenso de Campos (2005), os atos fsicos e con-
nem na creche". cretos do cuidar so interpretados pelo receptor como atos de
amor. Desse modo, o cuidar gerado pela me acolhedora
No entanto, como evidenciado por Renata, embora, a prin- percebido pela criana acolhida como amor, e isso fortalece a
cpio, quando as crianas chegam ao lar acolhedor elas tra- relao.
gam os traumas, os medos e as incertezas causadas pelo
abandono, com o passar do tempo e com a segurana vivida Apesar de tudo que experienciou, a criana tende a buscar
no seio da famlia acolhedora, por meio de um novo modelo um ambiente acolhedor, principalmente em momentos de
familiar, se tornam mais seguras: "Eles tambm no comeo vulnerabilidade, pois:
no tm aquela segurana. Tm medo os meninos... . Eles ... agua-se a necessidade de ... encontrarmos um ambien-
dizem assim: me eu tinha medo de tu me abandonar tambm, te facilitador, capaz de nos oferecer a necessria proteo e
de tu me devolver pra creche... . A eu vejo assim a gente um apoio que nos propicie retomar a linha da continuidade de ser,
apoio pra eles... . Um apoio bom... . Na compreenso, naquela ameaada pelo acontecimento e, assim, preservando nossa
unio... . Tudo isso influi muito, pesa muito e a criana vai individualidade, nossa identidade, nosso eu (Campos, 2005,
mudando. No comeo no, mas com o tempo eles vo vendo a p.71).
diferena. Acho que forma assim uma outra pessoa".
Dessa forma, se a criana percebe no lar acolhedor esse
Para discusso e compreenso das produes da pesqui- ambiente facilitador e provedor de situao de conforto neces-
sa, necessrio fazer a ponte com certa fundamentao teri- srio, natural preferir continuar nele.
ca. Primeiro, no que se refere aos sentimentos de insegurana
apresentados pela criana, Bowlby (2002) os relaciona ao tipo Consideraes Finais
de relao original que ela desenvolveu e tem desenvolvido O amor , ento, o sentimento que fundamenta a materni-
com seus cuidadores (sejam eles permanentes ou provisrios). dade substituta. Conforme observado, tanto nas falas das
Nery (2003, p.47) corrobora estas palavras ao afirmar: mes, como nas das crianas, o sentido de me percebido
As marcas afetivas advindas dos primeiros vnculos carre- como uma funo e no como uma pessoa especfica respon-
gados de um clima emocional desfavorvel ao desenvolvimen- svel pela gestao biolgica. Assim, as crianas olham para a
to psicolgico contm alertas internos que bloqueiam a livre me acolhedora e buscam nela o que no encontraram na
expresso do ser e tornam a conduta repetitiva, massificada e relao objetal primria. Ao mesmo tempo, transferem-lhe
irracional em determinados momentos e vnculos. suas rejeies e seus sentimentos de abandono, resultantes
da privao inicial. Trazem para a relao com a me acolhe-
Assim, a criana que viveu a rejeio e o abandono no vn- dora a insegurana gerada na privao inicial com a me bio-
culo original arrasta o sentimento de insegurana por ele gera- lgica.
do como consequncia, como marca afetiva, e age, portanto,
de maneira insegura nos prximos vnculos, em especial na- A privao materna ocasiona tambm a necessidade ma-
queles que relembram a relao primria. terna. Diante disto, as crianas e adolescentes procuram na
me acolhedora o que no encontraram em suas mes biol-
A histria da criana que perdeu a me influencia sua rela- gicas. Isto , ao mesmo tempo em que a relao com a me
o com a me acolhedora, pois a experincia de abandono acolhedora traz, na sua essncia, a memria e a possvel
que marcou a relao primria serve de referencial para a repetio do ocorrido no vnculo inicial, tambm provoca uma
relao materna atual. Portanto, como enfatiza Pichon-Rivire esperana de transformao.
(1995, p.49): "o vnculo sempre um vnculo social, mesmo
sendo com uma s pessoa; atravs da relao com esta pes- A busca de um ambiente facilitador parece ser parcialmen-
soa repete-se uma histria de vnculos determinados em um te saciada na famlia acolhedora, pois, ao perceberem o ambi-
tempo e em espaos determinados". ente como acolhedor, as crianas e adolescentes passam a se
sentir mais seguras e confiantes.
Nesse sentido, Boeding e McManis (1998) complementam
que o indivduo tende a perceber e a interagir em novos relaci- Independente da forma, o papel de me se fundamenta no
onamentos de maneiras antigas, independente da qualidade e ato de cuidar. Isso confirmado no testemunho das mes.
da segurana do novo relacionamento. Segundo estas afirmam, o grande cuidado exigido pelas crian-
as e adolescentes do programa as induz a se dedicarem mais
No entanto, a despeito de trazer sentimentos de insegu- a elas. Nesse prisma, a funo de me faz sentido para essa
rana para os vnculos posteriores, a necessidade materna relao e, ento, sentem-se mais gratificadas com o amor da
uma das caractersticas encontradas em crianas vtimas de criana acolhida, e respondem a esse sentimento com seu
privao materna. Em termos gerais, os futuros comportamen- amor e dedicao. Ao mesmo tempo, as crianas percebem
tos surgidos como consequncia da privao materna iro nessa dedicao e nesse cuidar o vnculo, e o traduzem como
depender da forma como a criana experienciou esta privao amor, comparando-o com o no cuidar da relao objetal pri-
(Bolby, 2002). mria, percebida como rejeio e desamor.
Existe, contudo, outra forma de privao materna, que Assim, como se apreendeu do estudo, a figura materna,
parcial, e que acontece criana mesmo na convivncia com mesmo sendo substituta e provisria, traz para crianas que
sua me, quando esta no lhe proporciona os cuidados e o experienciaram abandono e rejeio sentimentos de seguran-
carinho necessrio. J a privao quase total, como denomina a e afeto, minimizando os efeitos nocivos advindos da priva-
o autor, aquela que acontece muito comumente em "institui- o materna na relao primria. Esta relao trouxe, tambm,
es, nas creches residenciais e nos hospitais, onde frequen- por meio do vnculo afetuoso, benefcios para a sade mental
temente uma criana no dispe de uma determinada pessoa das crianas e adolescentes participantes desse estudo.
que cuide dela de forma pessoal e com quem ela possa sentir-
se segura" (Bowlby, 2002, p.4). Apesar das limitaes, sobretudo em virtude do tamanho
da populao utilizada, da cultura e do programa analisado, as
Assim, segundo Bowlby (2002), enquanto a privao parci- concluses so animadoras e corroboram a importncia da
al traz sintomas de angstia, necessidade de amor exagerada, maternidade substituta como uma relao geradora de vncu-
sentimentos de vingana, culpa e depresso, a privao quase los e fundamentada em sentimentos afetuosos. Serve, pois,
como matriz para futuras relaes harmoniosas do indivduo e,
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por conseguinte, contribui para a promoo de sua sade (normalmente juiz de casamentos) ou por um indivduo que
mental. goza da confiana das duas pessoas que pretendem unir-se.
Em direito, chamado "cnjuge" s pessoas que fazem
parte de um casamento. O termo neutro e pode se referir a
AS INTER-RELAES FAMILIARES: CASAMENTO, CON- homens e mulheres, sem distino entre os sexos.
FLITO CONJUGAL, SEPARAO, GUARDA DOS FILHOS.
Etimologia
Casamento
A palavra casamento derivada de "casa", enquanto que
Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre. matrimonio tem origem no radical mater ("me") seguindo o
mesmo modelo lexical de "patrimnio" Tambm pode ser do
latim medieval casamentu: Ato solene de unio entre duas
pessoas de sexo diferente, capazes e habilitadas, com
legitimao religiosa e/ou civil.
Seleo de um parceiro

Smbolos da cerimnia de casamento


Casamento o vnculo estabelecido entre duas pessoas, Um casamento arranjado entre Lus XIV de Frana e
mediante o reconhecimento governamental, religioso ou Maria Teresa de ustria.
social e que pressupe uma relao interpessoal de H uma grande variedade, dependendo de fatores
intimidade, cuja representao arquetpica a coabitao,
culturais, nas regras sociais que regem a seleo de um
embora possa ser visto por muitos como um contrato. Na
parceiro para o casamento. H uma variao no quanto a
legislao portuguesa, o casamento , efetivamente, definido seleo de parceiros uma deciso individual pelos prprios
como um contrato. parceiros ou de uma deciso coletiva por parte de seus
A palavra matrimnio, ainda que seja compreendida parentes, existindo uma variedade das regras que regulam
como sinnimo de casamento, referente exclusivamente quais parceiros so opes vlidas.
unio entre um homem e uma mulher, uma vez que deriva de Em muitas sociedades, a escolha do parceiro limitada s
mater, matris (me) no latim clssico. pessoas de grupos sociais especficos. Em algumas
Na maior parte das sociedades, s reconhecido o sociedades, a regra que um parceiro selecionado do
casamento entre um homem e uma mulher, embora Portugal prprio grupo de um indivduo social (endogamia). Este o
reconhea o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, caso de muitas sociedades baseadas em classes e castas.
tal como outros pases no mundo (em maio de 2009, os No entanto, em outras sociedades um parceiro deve ser
Pases Baixos, a frica do Sul, o Canad, a Noruega, a escolhido de um grupo diferente do que o dele (exogamia).
Blgica, a Espanha, a Sucia, o Brasil e alguns dos estados Este o caso de muitas sociedades que praticam religies
dos Estados Unidos: Massachusetts, Connecticut, Iowa, totmicas, na qual a sociedade dividida em vrias cls
Vermont, Maine e, em junho de 2011, foi aprovado no estado totmicos exogmicos, como a maioria das sociedades
de Nova Iorque). No Brasil, a unio civil homossexual foi aborgenes australianas. Em outras sociedades, uma pessoa
reconhecida por fora da justia, tendo sido autorizada deve se casar com seu primo, uma mulher deve se casar com
diversas vezes, tanto pelo Superior Tribunal de Justia quanto o filho da irm de seu pai e um homem deve se casar com a
pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de 2011. filha do irmo de sua me - este normalmente o caso de
uma sociedade que tem uma regra de rastreamento de
Embora o casamento seja tipicamente entre duas parentesco exclusivamente atravs de grupos de
pessoas, muitas sociedades admitem que o mesmo homem descendncia patrilinear ou matrilinear, como entre o povo
(ou, mais raramente, a mesma mulher) esteja casado com Akan, da frica. Outro tipo de seleo de casamento o
vrias mulheres (ou homens, respectivamente). Embora muito levirato, em que as vivas so obrigadas a casar com o irmo
raros, h algumas situaes de sociedades em que mais que do seu marido. Este tipo de casamento encontrado
duas pessoas se casam umas com as outras num grupo principalmente em sociedades onde o parentesco baseado
coeso. em grupos de cls endogmicos.
As pessoas casam-se por vrias razes, mas Em outras culturas com regras menos rgidas que regem
normalmente fazem-no para dar visibilidade sua relao os grupos dos quais um parceiro pode ser escolhido, a
afetiva, para buscar estabilidade econmica e social, para seleo de um parceiro de casamento pode exigir um
formar famlia, procriar e educar seus filhos, legitimar o processo em que o casal deve passar por uma corte ou o
relacionamento sexual ou para obter direitos como casamento pode ser arranjado pelos pais do casal ou por uma
nacionalidade. pessoa de fora, uma casamenteira.
Um casamento frequentemente iniciado pela celebrao Um casamento pragmtico (ou 'arranjado') facilitado por
de uma boda, que pode ser oficiada por um ministro religioso procedimentos formais da famlia ou de grupos polticos. Uma
(padre, rabino, pastor), por um oficial do registro civil autoridade responsvel organiza ou incentiva o casamento;
eles podem, ainda, contratar uma casamenteira profissional

Conhecimentos Especficos 118 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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para encontrar um parceiro adequado para uma pessoa casamento religioso - celebrado perante uma autoridade
solteira. O papel de autoridade pode ser exercido por pais, religiosa
famlia, um oficial religioso ou um consenso do grupo. Em
alguns casos, a autoridade pode escolher um par para outros casamento poligmico - realizado entre um homem e
fins que no a harmonia conjugal. vrias mulheres (o termo tambm usado coloquialmente
para qualquer situao de unio entre mltiplas pessoas)
Em aldeias rurais da ndia, o casamento infantil ainda
praticado, com os pais, s vezes, arranjando o casamento, casamento polindrico - realizado entre uma mulher e
por vezes antes mesmo de a criana nascer. Esta prtica vrios homens, ocorre em certas partes do himalaia.
passou a ser considera ilegal, depois da promulgao da Lei casamento homossexual ou casamento gay - realizado
de Restrio do Casamento Infantil, de 1929. entre duas pessoas do mesmo sexo.
Em algumas sociedades, desde a sia Central at o casamento de convenincia - que realizado
Cucaso e a frica, ainda existe o costume de sequestro da primariamente por motivos econmicos ou sociais.
noiva, em que uma mulher capturado por um homem e seus
amigos. s vezes, isso inclui uma fuga, mas outras vezes Regime de bens no casamento
depende violncia sexual. Em pocas anteriores, o rapto era A lei portuguesa e a lei brasileira prevem trs tipos de
uma verso em grande escala do sequestro da noiva, com regimes de bens no ato do matrimnio:
grupos de mulheres sendo capturadas por grupos de homens,
s vezes na guerra. O exemplo mais famoso o Rapto das Regime geral de bens / Comunho universal de bens -
Sabinas, que forneceu s primeiras esposas aos cidados de Neste regime de matrimnio, todos os bens de ambos os
Roma. nubentes passam a pertencer ao casal. O casal encarado
como uma nica entidade detentora de todos os bens, mesmo
Outros parceiros de casamento so mais ou menos aqueles que cada um dos nubentes detinha antes do
impostos a um indivduo. Por exemplo, a herana da viva casamento. Em caso de separao, tudo ser dividido pelos
obriga a viva a casar com um dos irmos do falecido marido, dois.
tal arranjo chamado levirato.
Em Portugal, este regime no pode ser escolhido na
Tipos eventualidade de algum dos nubentes ter filhos, maiores ou
menores (que no sejam comuns ao outro nubente). Alm
disso, existem alguns bens que so excepcionados da
comunho, nomeadamente alguns bens de carcter pessoal.
Comunho de bens adquiridos / Comunho parcial de
bens - Neste regime de bens, existe separao de bens
apenas nos bens que os nubentes j possuam antes do
casamento, sendo que os bens que cada um adquire aps o
casamento pertencem ao casal.
Em Portugal, este o regime supletivamente aplicvel, ou
seja aquele que vigorar na eventualidade de os cnjuges
no escolherem nenhum outro. Em princpio, todos os bens
adquiridos aps o casamento sero comuns, embora existam
algumas excees.
Separao de bens - Neste regime apesar de se efetuar
Casamento civil
um matrimnio, em sede de propriedade de bens existe uma
A sociedade cria diversas expresses para classificar os total separao. Neste regime, cada nubente mantm como
diversos tipos de relaes matrimoniais existentes. As mais apenas seu quer os bens que levou para o casamento, como
comuns so: tambm aqueles que adquiriu aps o casamento. Em Portugal
este regime obrigatrio quando um dos nubentes tem idade
casamento aberto (ou liberal) - em que permitido aos idntica ou superior a 60 anos. No Brasil, obrigatrio a partir
cnjuges ter outros parceiros sexuais por consentimento dos 70 anos de idade.
mtuo
Anulao de casamento
casamento branco ou celibatrio - sem relaes sexuais
No Brasil, os motivos que levam um dos cnjuges a entrar
casamento arranjado - celebrado antes do envolvimento com o pedido de anulao de casamento civil so:
afetivo dos contraentes e normalmente combinado por
terceiros (pais, irmos, chefe do cl etc.) Cnjuge no cumpre deveres da coabitao - um dos
deveres dos cnjuges que inclui a obrigao de manter
casamento civil - celebrado sob os princpios da legislao relaes sexuais. Deixar de manter relaes sexuais seria
vigente em determinado Estado (nacional ou subnacional) descumprir um dos deveres do casamento ou praticar um ato
casamento misto - entre pessoas de distinta origem de injria grave independente se por motivos ligados ao
(racial, religiosa, tnica etc.) relacionamento do casal, defeito fsico ou psquico
irremedivel;
casamento morgantico - entre duas pessoas de estratos
sociais diferentes no qual o cnjuge de posio considerada Incompetncia da autoridade que celebrou o casamento e
inferior no recebe os direitos normalmente atribudos por lei Erro de identidade do outro cnjuge - omisso quanto
(exemplo: entre um membro de uma casa real e uma mulher homossexualidade ou prostituio, omisso de prtica de
da baixa nobreza) crime anterior, defeito fsico irremedivel, doena mental ou
casamento nuncupativo - realizado oralmente e sem as transmissvel por herana ou contgio.
formalidades de praxe Existe um prazo mximo de 180 dias a quatro anos para o
casamento putativo - contrado de boa-f mas passvel de pedido de anulao do casamento de acordo com o motivo
anulao por motivos legais que desencadeou a deciso.

Conhecimentos Especficos 119 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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Conflito conjugal: impacto no desenvolvimento psico- Estudos Iniciais sobre Discrdia Familiar e o Conflito
lgico da criana e do adolescente Conjugal
Silvia Pereira da Cruz Benetti Segundo Cummings e Davies (2002), a primeira gerao
de pesquisas sobre os efeitos do conflito conjugal no desen-
Estudos sobre os processos familiares indicam que a qua- volvimento psicolgico da criana teve o importante papel de
lidade da relao parental e a presena de discrdia no ambi- apontar a associao entre a discrdia parental e a presena
ente familiar so fatores associados etiologia de distrbios de adversidade no contexto familiar. Esta situao se caracte-
emocionais na criana e no adolescente (Cummings & Davies, rizaria por uma maior vulnerabilidade emocional no sistema
2002; Wamboldt & Wamboldt, 2000). Primeiramente, identifi- intrafamiliar (Emery & O'Leary, 1982) estando a ocorrncia de
cou-se uma associao geral entre discrdia conjugal e dificul- conflito conjugal na famlia relacionada psicopatologia infan-
dades no ajustamento infantil, considerando-se que as situa- til, principalmente desordens de interiorizao (Johnston, Gon-
es de conflito conjugal na famlia resultavam numa alterao zalez & Campbell, 1987) e de exteriorizao (Jouriles, Murphy
das prticas educativas parentais que, por sua vez, interferiam & O'Leary, 1989), e a aspectos mais amplos da dinmica das
no desenvolvimento da criana. Posteriormente, verificou-se relaes familiares, como a associao entre conflito conjugal
que determinadas caractersticas das situaes de conflito e depresso materna (Cummings & Davies, 1994), alcoolismo,
estavam diretamente relacionadas ao desenvolvimento da abuso fsico e sexual.
criana (Fincham, 1994, 2003). Alm disto, os efeitos do confli-
to conjugal eram principalmente determinados pela exposio Katz e Gottman (1993) descreveram os trabalhos iniciais
da criana/adolescente a episdios de discrdia familiares e sobre as caractersticas das relaes conjugais e o desenvol-
no somente a uma alterao das prticas educativas por vimento infantil como limitados investigao da qualidade da
parte dos pais (Zeanah & Scheeringa, 1997). relao parental utilizando-se da noo de satisfao pessoal
no relacionamento do casal como referncia para o estudo das
A questo do impacto do conflito conjugal nos processos situaes familiares de discrdia. Esses trabalhos tinham co-
psicolgicos, cognitivos e relacionais da criana e do adoles- mo foco de investigao o nvel de satisfao/insatisfao do
cente surgiu com maior nfase recentemente, a partir da cons- casal no relacionamento conjugal e sua relao com o compor-
tatao de que a presena de conflitos estava associada a tamento infantil, sendo a insatisfao conjugal apontada como
uma maior exposio da criana a situaes de estresse fami- relacionada qualidade do desenvolvimento infantil. Apesar
liar. Determinados padres de interao conjugal, principal- da importante contribuio desses estudos sobre a relao
mente aqueles associados com maior adversidade e violncia, entre insatisfao na relao conjugal e a presena de indica-
foram relacionados a distrbios no desenvolvimento emocio- dores negativos no desenvolvimento da criana, no foram
nal, cognitivo, social e at a alteraes psicofisiolgicas na identificados quais aspectos especficos do processo familiar
criana (El-Sheikh & Harger, 2001). Como consequncia, a estavam relacionados aos distrbios infantis. Isto , nem todo
dimenso conflito conjugal assumiu um papel de grande rele- o relacionamento conjugal insatisfatrio implicava em dificul-
vncia nas investigaes sobre as relaes familiares, ao dades no desenvolvimento da criana e nem apresentava
ponto de inclusive questionar o entendimento do divrcio pa- disputas ou estratgias idnticas na resoluo dos conflitos.
rental como gerador de distrbios no desenvolvimento da Havia uma grande variabilidade nos padres de interao
criana e do adolescente. Ao contrrio, considerou-se que a conjugal na presena de conflitos, incluindo situaes nas
presena de distrbios emocionais na criana no estava quais os conflitos eram encobertos, at quelas envolvendo
relacionada unicamente situao do divrcio parental, mas, violncia fsica entre o casal.
sim, exposio da criana a conflitos intensos anteriores ao
rompimento familiar (Fonagy, Target, Steele & Steele, 1997). Desta forma, Fincham (1994) argumentou que os estudos
Apesar dos estudos sobre o tema situarem-se no perodo das iniciais permitiram uma gradual diferenciao da dinmica
duas ltimas dcadas, a contribuio dos achados dos princi- familiar, primeiro identificando a associao entre a satisfao
pais trabalhos de pesquisa j se constitui num expressivo e o nvel de concordncia entre o casal e caractersticas do
corpo terico sobre as relaes familiares e as consequncias desenvolvimento infantil. Passou-se, a seguir, a determinar a
do conflito parental no desenvolvimento infantil. Atualmente, a influncia especfica da dimenso conflito conjugal e, posteri-
dimenso conflito conjugal considerada como um processo ormente, a apontar algumas caractersticas do conflito conjugal
familiar importante para ocorrncia de distrbios afetivos e como mais relevantes e determinantes para aspectos negati-
manifestaes clnicas no desenvolvimento infantil (Wamboldt vos do desenvolvimento psicolgico em geral. Outro aspecto
& Wamboldt, 2000; Zeanah & Scheeringa, 1997) e com poste- importante foi a verificao de que a variabilidade encontrada
riores dificuldades na adolescncia, como agressividade, con- nas correlaes entre o conflito conjugal e distrbios na crian-
duta anti-social, abuso de substncia e envolvimento com a lei a justificava um questionamento mais crtico do fenmeno
(Fergusson & Horwood, 1998). com relao metodologia das investigaes, especialmente
na necessidade de definies mais especficas do constructo
O presente artigo tem como objetivo apresentar os acha- terico conflito conjugal.
dos de algumas pesquisas sobre as associaes entre as
relaes familiares e o desenvolvimento psicolgico da crian- A segunda gerao de pesquisas, surgida na ltima dca-
a, abordando, especificamente, a questo dos efeitos do da, tinha como objetivo a identificao dos processos subja-
conflito conjugal na psicopatologia infantil. Para tal, sero centes aos efeitos do conflito conjugal na famlia procurando,
revisadas as principais contribuies sobre o tema e os mode- de forma mais especfica, compreender como as crianas so
los explicativos sobre as relaes associativas e processos afetadas pelas situaes de conflito intrafamiliar. Esse esforo
psicolgicos subjacentes ocorrncia de conflitos conjugais de entendimento fundamentou-se num modelo compreensivo
durante o processo de desenvolvimento da criana. Na primei- mais complexo das interaes entre os diversos fatores e
ra parte do trabalho sero destacados os componentes mais influncias no contexto familiar, procurando discriminar quais
importantes dos processos relacionais envolvidos na conflitiva caractersticas das interaes conjugais e, principalmente, das
familiar. A seguir, sero discutidas as propostas explicativas interaes pais e filhos nos sistemas familiares afetavam o
baseadas no modelo cognitivo-contextual (Grych & Fincham, desenvolvimento da criana e do adolescente (Cummings &
1990) e no modelo segurana-emocional (Davies & Davies, 2002). Entretanto, a diversidade entre as correlaes
Cummings, 1994). Ao final, sero feitas algumas considera- encontradas (.25-.40), bem como a constatao de que amos-
es em relao implicao dos achados para a pesquisa tras clnicas evidenciavam associaes mais significativas do
em psicopatologia do desenvolvimento. que estudos no clnicos, levou os pesquisadores a postula-
rem modelos explicativos mais complexos sobre a relao
entre conflito e impacto no desenvolvimento infantil (Fincham,

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1994). Assim, verificou-se que os diferentes padres de confli- do intensa ansiedade infantil (Cummings, 1998). Segundo
to conjugal refletiam no somente as caractersticas da intera- Hetherington e Stanley-Hagan (1999), a habilidade dos pais
o entre o casal, mas tambm eram influenciados por ques- em proteger a criana da exposio a conflitos e do estabele-
tes mais amplas da vida relacional familiar, afetando de forma cimento de alianas baseadas em hostilidade contra um dos
diferenciada o desenvolvimento infantil. Passou-se, ento, de pais evita que esta fique numa posio intermediria da dispu-
uma anlise unidimensional do conflito familiar para uma com- ta.
preenso multidimensional dos processos familiares envolvi-
dos nos conflitos conjugais e das consequncias para o de- Resoluo
senvolvimento da criana (Katz & Gottman, 1993), bem como As situaes nas quais os conflitos so resolvidos de forma
a considerao das circunstncias promotoras de crescimento satisfatria entre o casal no possuem necessariamente carac-
psicolgico e as caractersticas de resilincia da criana. tersticas to negativas e, ao contrrio, muitas vezes geram
Aspectos Multidimensionais do Conflito Conjugal importantes processos de amadurecimento emocional e cogni-
tivo na criana, em funo de que promovem discusses me-
Situaes de discrdia entre o casal, manifestadas na for- nos coercivas, agressivas e com menor ataque verbal ao com-
ma de conflito conjugal, podem caracterizar-se por diferentes panheiro (Cummings, 1998; Grych & Fincham, 1990). No sen-
nveis de intensidade, frequncia, contedo e resoluo, alm tido oposto, certos padres negativos de resoluo de conflitos
de serem expressas no cotidiano familiar de forma aberta ou podem provocar efeitos adversos. Katz e Gottman (1993)
encoberta. Considera-se que todo o sistema familiar envolve mencionam os padres de (a) exigncia x evitao e de (b)
certo nvel de conflito, sendo inclusive um aspecto positivo no mtua hostilidade contnua, como formas predominantes de
processo de desenvolvimento psicolgico infantil a observao dificuldades na resoluo de conflitos. No primeiro caso, um
de que adultos podem discordar e encontrar, de alguma forma, elemento do casal procura alcanar a mudana no companhei-
uma maneira de resolver suas dificuldades. Dessa forma, o ro por meio de crticas, exigncias e demandas intensas, pro-
primeiro ponto a ser destacado no construto multidimensional vocando a retrao e desinteresse do outro parceiro, que pas-
do conflito conjugal identificar quais aspectos exercem um sa a evitar a situao, calar-se ou deixar de exibir qualquer
efeito disruptivo no processo de desenvolvimento infantil. forma de interao padro de demanda e de abandono. No
Igualmente, so importantes as questes de quais aspectos do segundo caso, crticas, manifestaes de afeto negativo, utili-
desenvolvimento infantil so afetados pela presena de confli- zao de ironia e de comentrios depreciativos dirigidos ao
to conjugal, considerando-se a adaptao geral da criana, o parceiro assumem um padro constante, caracterizado por
desenvolvimento emocional, cognitivo e a esfera comporta- mtua hostilidade contnua entre o casal.
mental (Cummings, 1998).
A resoluo de conflitos familiares de forma agressiva vi-
As dimenses mais importantes do conflito conjugal, en- vida pela criana como experincia cotidiana de violncia,
tendido como um construto inter-relacionado e composto de indicando que a soluo de problemas pode ser alcanada
diferentes situaes particulares a cada caso, so a frequncia atravs do uso de estratgias agressivas. Na investigao de
da ocorrncia de interaes conflitivas entre o casal, a intensi- Lisboa et al. (2002), crianas vtimas de violncia familiar utili-
dade das interaes, o contedo sobre o que est ocasionan- zavam-se de comportamentos agressivos nas estratgias de
do o conflito e, finalmente, a forma como as interaes confliti- enfrentamento de conflitos com os colegas, indicando que o
vas so resolvidas (Grych & Fincham, 1990). padro familiar agressivo na resoluo dos conflitos era trans-
posto para o convvio social.
Frequncia
Outros aspectos
A exposio da criana a episdios frequentes de disputa
entre o casal, ou seja, a ocorrncia de episdios constantes de Caractersticas como gnero, idade da criana e procedn-
conflito conjugal como forma de relacionamento familiar um cia das amostras estudadas (clnicas e no clnicas) tm apon-
fator determinante de estresse. Conflitos frequentes geram tado tendncias variadas nas anlises sobre a inter-relao
respostas emocionais intensas por parte da criana, que po- entre essas caractersticas e os padres de conflito conjugal.
dem manifestar-se por meio de condutas agressivas ou de- No caso do gnero, meninos apresentam, em algumas investi-
pressivas (Dadds, Sanders, Morrison & Rebgetz, 1992). Crian- gaes, uma maior tendncia a manifestar distrbios de con-
as expostas a situaes de conflito conjugal apresentam duta e agressividade do que meninas, que teriam uma maior
maior incidncia de sintomas de ansiedade, agressividade, tendncia a condutas e afetos depressivos (Fincham, 1994).
distrbio de conduta (Jenkins & Smith, 1991) e depresso Entretanto, h variabilidade nesses achados em funo das
(Katz & Gottman, 1993). distintas avaliaes do constructo conflito conjugal (Grych &
Fincham, 1990). J as amostragens clnicas tendem a apre-
Intensidade sentar correlaes mais robustas entre conflito conjugal e
A intensidade da expresso dos conflitos variada. Pode distrbios na criana. Porm, a ocorrncia de outros fatores
se caracterizar por situaes de calma disputa entre o casal, afetando famlias em atendimento clnico justifica uma anlise
at episdios envolvendo agresso e violncia verbal, emocio- mais cautelosa (Jouriles, Murphy & O'Leary, 1989).
nal ou fsica. Apesar da evidncia de que a exposio vio- Como pde ser visto, a abordagem do constructo conflito
lncia fsica causa maior dano psicolgico criana (Zavaschi, conjugal est baseada numa compreenso multidimensional
Benetti, Polanczyk, Sols & Sanchotene, 2002), episdios de que envolve as caractersticas de frequncia dos conflitos, da
agresses verbais e emocionais tm efeitos to negativos intensidade, do contedo e da forma como so resolvidas as
quanto os fsicos e foram relacionados ocorrncia tanto de situaes de discrdia. Considera-se que a presena de confli-
problemas de interiorizao como exteriorizao (Grych & tos no funcionamento familiar, por si s, no est necessaria-
Fincham, 1990). Tambm a intensidade dos episdios de mente associada a dificuldades no ajustamento da criana e
conflito entre o casal est associada a uma maior frequncia adolescente, dependendo de aspectos especficos de cada
das situaes de conflito. dimenso. Alm disto, algumas condutas parentais face ao
Tpico conflito tm funo construtiva no amadurecimento emocional
da criana. Tais situaes compreendem aes que evidenci-
O tpico ou razo do conflito tem sido igualmente associa- am esforos de resoluo de conflitos, procura de alternativas
do como outra fonte de estresse para a criana, j que muitas e explicaes sobre os acontecimentos criana, indicando a
vezes os conflitos tratam de situaes relacionadas prpria perspectiva de que dificuldades so situaes que devem ser
criana, tais como questes de manejo e superviso nas quais trabalhadas e discutidas.
os pais divergem sobre suas opinies ou condutas, provocan-

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Ao contrrio, condutas destrutivas envolvem agresso in- Harger, 2001). H um esforo, por parte da criana, de contro-
terpessoal e violncia, conflitos no verbais com distanciamen- lar ou regular as relaes parentais disfuncionais, numa tenta-
to afetivo parental durante o episdio, agresso fsica, agres- tiva de diminuir a tenso familiar. Entretanto, essas situaes
so a objetos, ameaas integridade da famlia e conflitos so dificilmente resolvidas a partir destas estratgias, tendo
envolvendo a criana (Cummings & Davies, 2002). Esses como resultado a organizao de representaes do self e dos
casos, principalmente aqueles envolvendo violncia conjugal, relacionamentos com adultos de forma agressiva e negativa.
originam situaes adversas que interferem nas relaes pa- Neste sentido, Santos e Costa (2004) salientam que os efeitos
rentais e nas prticas de socializao da criana. A seguir, da dinmica conjugal violenta sobre o desenvolvimento dos
sero abordadas as contribuies sobre as associaes entre filhos associam-se posio ambivalente da criana ao se
conflito conjugal e as relaes parentais, com nfase nas situ- deparar com a conflitiva dos pais. Isto porque a aliana e a
aes de violncia conjugal. lealdade para com os pais colocam a criana numa situao
de opo entre defender o agressor ou a vtima, ocasionando
Conflito Conjugal e as Relaes Parentais
divises internas no funcionamento familiar. Alm disto, a
As relaes entre pais e filhos so fundamentais no pro- prpria criana se depara com a tarefa de conciliar o amor pelo
cesso de desenvolvimento, porm, o sistema familiar como um genitor violento e a raiva pela situao vivida na famlia.
todo constitui um contexto relacional importante para o desen- Dentre todas as situaes que afetam o sistema familiar, a
volvimento da criana e do adolescente (Cummings & O'Reilly, ocorrncia de conflito conjugal associada a episdios de vio-
1997). Segundo Holden, Geffner e Jourieles (1998), faz-se lncia entre o casal, constitui-se em uma das formas mais
necessrio a incluso do sistema familiar, principalmente das negativas de interao e expresso afetiva, com graves con-
caractersticas das relaes conjugais, nos modelos conceitu- sequncias para o desenvolvimento infantil.
ais do desenvolvimento psicolgico da criana. Partindo do
modelo de Belsky (1984), no qual as relaes entre pais e Conflito Conjugal e Violncia Familiar
filhos so afetadas (a) pela personalidade dos pais e experin-
cia emocional de bem-estar, (b) pelas caractersticas da pr- A comorbidade entre conflito conjugal e violncia familiar
pria criana, e (c) pelas fontes ambientais e contextuais de outro aspecto adverso identificado nos estudos sobre violncia
estresse, Holden, Geffner e Jourieles consideram necessria a que aumenta as chances de ocorrncia de episdios de maus-
incluso no modelo do fator relao conjugal. Isto porque as tratos dirigidos criana (Ross, 1996). Conflito conjugal est
caractersticas da relao conjugal influenciam diretamente a presente em casos de abuso, negligncia infantil, e violncia
disponibilidade afetiva e fsica dos pais no cuidado e no envol- familiar (Jouriles et al., 1989). A deteriorao da relao conju-
vimento com os filhos e, em geral, os conflitos entre o casal gal pode levar reproduo de prticas abusivas na relao
ocasionam uma deteriorao dessas relaes entre pais e entre pais e filhos e a prticas disciplinares inconsistentes.
filhos (Grych & Fincham, 1990). Muitas vezes as crianas, alm de testemunharem o conflito
entre os pais, tambm so vtimas do mesmo (Wolfe, 1999;
Cummings e O'Reilly (1997) argumentam que a qualidade McCloskey, Figueredo & Koss, 1995). Ainda que episdios de
da relao do casal est relacionada com maior disponibilida- maus-tratos infantis sejam indubitavelmente traumticos, a
de, tanto materna quanto paterna, no envolvimento com os mera exposio da criana violncia, especialmente a epis-
filhos. Casais que consideram as relaes conjugais como dios de agresso fsica entre o casal, provoca danos psicolgi-
satisfatrias apresentam envolvimento similar e equivalente cos importantes no processo de desenvolvimento infantil, com
com os filhos. Ao contrrio, dificuldades na relao do casal sequelas duradouras no amadurecimento da personalidade
diminuem o envolvimento e a disponibilidade parental, princi- em geral (Cummings, 1998; Katz & Gottman, 1993). Nesse
palmente a disponibilidade paterna. Em geral, a relao me- sentido, dois aspectos so considerados como associados ao
filhos tende a manter-se mais estvel do que a relao pais- dano psicolgico criana: um deles quando a criana
filhos face presena de conflitos conjugais. Dessa forma, o exposta s situaes de conflitos intensos entre os pais envol-
impacto do conflito conjugal tem um carter mais negativo na vendo violncia fsica (Jouriles et al., 1989), o outro quando
disponibilidade afetiva e no envolvimento masculino, tendo a prpria criana passa a ser tambm vtima das agresses
sido observado menor interesse paterno pelos filhos e partici- parentais, caso que se caracterizaria como de abuso verbal ou
pao em geral na famlia em situaes de conflito conjugal. fsico.
Entretanto, alguns estudos tambm identificam alteraes Alguns autores, entretanto, consideram que, apesar da
na disponibilidade materna, visto que o conflito conjugal estava evidncia de que a presena de violncia fsica causa maior
associado maior ocorrncia de depresso nas mes (Coyne, dano psicolgico criana, agresses verbais e emocionais
Thompson & Palmer, 2002; Downey & Cowney, 1990). No ocasionam consequncias to negativas quanto as fsicas
estudo de Coyne, Thompson e Palmer casais com mulheres (Grych & Fincham, 1990). Na investigao de Fantuzzo et al.
deprimidas apresentavam maiores dificuldades conjugais, (1991) com 107 crianas pr-escolares, o grupo de crianas
menor expresso afetiva e presena de tticas mais destruti- exposto somente a episdios de conflito verbal apresentou
vas na resoluo dos conflitos. Segundo Cummings (1995) e nveis moderados de distrbio de conduta. J o grupo de cri-
Downey e Cowney (1990), as dificuldades de comportamento anas exposto ao conflito verbal e fsico tinha nveis clnicos de
e desenvolvimento psicolgico da criana com pais depressi- distrbio de conduta e um nvel moderado de distrbio emoci-
vos resulta do clima de discrdia e de conflito da relao pa- onal. O grupo exposto a conflito verbal, fsico e residindo em
rental, mais do que a ocorrncia da patologia nos pais. abrigos apresentou nveis clnicos de distrbio de conduta,
altos nveis de distrbio emocional e baixo nvel de adaptao
Por sua vez, Oliveira et al. (2002) em uma investigao so- social.
bre os estilos parentais intergeracionais, conflito conjugal e
comportamentos de internalizao e de externalizao infantil Estudos longitudinais apontam que os efeitos da exposio
identificaram que a conflitiva conjugal mediava as situaes de violncia conjugal na infncia persistem na juventude. Fer-
estilo materno autoritrio. A atitude conjugal conflituosa mater- gusson e Horwood (1998), em uma investigao com 1265
na associava-se ao estilo autoritrio da me e constitua um adolescentes da Nova Zelndia sobre exposio violncia
fator de risco para comportamentos de externalizao. conjugal e qualidade de ajustamento pessoal na adolescncia,
encontraram que as crianas que haviam sido expostas a altos
Alm de afetar a disponibilidade parental para com os fi- nveis de violncia parental apresentavam maior risco de sin-
lhos, a exposio aos episdios de conflito conjugal gera esta- tomas de ansiedade, desordens de conduta, envolvimento
dos afetivos internos na criana de intenso sofrimento psquico com crimes e problemas com lcool.
e estresse e alteraes emocionais e fisiolgicas (El-Sheik &

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Entretanto, De Antoni e Koller (2000) consideram que, baixa auto-estima ou raiva que, ao longo do desenvolvimento,
mesmo sob circunstancias adversas, adolescentes podem ter acabam interferindo no processo de amadurecimento psicos-
uma percepo crtica sobre o impacto da violncia intra- social da criana.
familiar. Numa investigao com adolescentes femininas insti-
tucionalizadas sobre suas prprias vises acerca da noo de Modelo segurana-emocional
famlia, as pesquisadoras identificaram o desejo de estabele- Davies e Cummings (1994) tambm desenvolveram um
cimento de projetos familiares diversos aos vividos na sua modelo processual sobre o impacto do conflito conjugal no
prpria famlia num esforo de constituir relaes familiares desenvolvimento infantil. Utilizando-se de uma anlise multidi-
distintas. Embora as situaes de violncia familiar vividas mensional dos diferentes componentes inter-relacionados na
pelas adolescentes fossem indicadores de risco grave, muitas determinao do impacto do conflito conjugal na criana e no
vezes mascaradas por uma viso familiar idealizada, esse adolescente, os autores tambm consideram o contexto onde
aspecto coloca uma questo importante referente percepo ocorre o conflito, as caractersticas da criana, a experincia
do adolescente sobre sua experincia passada e sua motiva- passada, o nvel de estresse e as estratgias de enfrentamen-
o para um engajamento em relaes afetivas diversas. to como elementos principais atuantes na forma como a crian-
Modelos Processuais a processar a experincia. Esses elementos se inter-
relacionam de uma forma dinmica, ao longo do tempo, para
Ainda que a importncia dos estudos iniciais sobre as rela- influenciar o processo de desenvolvimento psicossocial da
es familiares tenha sido evidenciada nas associaes en- criana e do adolescente. Entretanto, mesmo a partir desta
contradas entre conflito conjugal e caractersticas do ajusta- viso multidimensional, os autores enfatizam que a ao des-
mento infantil, a diversidade de situaes (contexto) e os dife- ses diferentes elementos de influncia se fundamenta num
rentes fatores mediadores do impacto sobre o desenvolvimen- aspecto bsico do desenvolvimento psicolgico que a expe-
to infantil apontaram a necessidade de se organizarem mode- rincia afetiva de segurana emocional.
los processuais mais complexos sobre os fenmenos em
questo. As emoes, partindo de uma perspectiva funcionalista,
servem como um monitor do estado psicolgico interno e da
Modelo cognitivo-contextual experincia de segurana emocional individual, orientando o
comportamento no sentido de manter um estado de regulao
Grych e Fincham (1990) consideram que o impacto da ex- emocional, quando se est em face de uma situao estres-
posio ao conflito conjugal depende do contexto maior onde sante. A experincia de segurana emocional se desenvolve a
ocorrem os episdios de conflito, da capacidade cognitiva de partir das representaes de apego estabelecidas ao longo do
interpretao dos acontecimentos e das estratgias de enfren- relacionamento da criana com as figuras cuidadoras, em
tamento utilizadas pela criana. Desta forma, propem o mo- situaes onde predominaram elementos de afeto, apoio,
delo cognitivo-contextual como uma tentativa explanatria e compreenso e suporte emocional. Entretanto, tambm no
compreensiva dos diversos componentes atuantes na relao desenvolvimento posterior, a experincia de segurana emoci-
criana e famlia, considerando que as consequncias do onal determinada pela qualidade da relao parental, ainda
conflito conjugal no desenvolvimento da criana e do adoles- que influenciada pelas vivncias de apego iniciais. Isto , a
cente so mediadas pelas capacidades de compreenso e noo de segurana emocional, ainda que ligada s experin-
avaliao das situaes parentais de discrdia. Portanto, ca- cias de apego iniciais, seria influenciada pelas trocas posterio-
ractersticas especficas, como idade, sexo e processos cogni- res ao longo do desenvolvimento com as figuras parentais.
tivos envolvidos na avaliao da situao (experincia passa-
da, capacidade de compreenso, por exemplo) iro determinar O impacto do conflito conjugal sobre a experincia de se-
os efeitos da exposio conflitiva conjugal. Nesse modelo, o gurana emocional ocorre na medida em que as situaes de
aspecto afetivo resultaria da avaliao processual cognitiva da discrdia geram estados de ansiedade na criana, medo e
situao de discrdia parental por parte da criana. Primeira- insegurana (Davies & Cummings, 1994). A exposio ao
mente, a exposio ao conflito gera um estado afetivo de ansi- conflito conjugal teria o papel de interferir na qualidade dessas
edade/medo na criana, a qual utiliza estratgias de enfrenta- representaes familiares, no momento em que se associam
mento para lidar com a situao, baseadas nas suas caracte- experincias de estresse ligadas s figuras parentais, fonte
rsticas cognitivas e atribuies causais. Dependendo das das vivncias afetivas de estabilidade da criana. Em termos
caractersticas do conflito (intensidade, contedo, durao e gerais, o construto segurana emocional corresponde a um
resoluo) e da faixa etria da criana, diferentes consequn- processo dinmico envolvendo subsistemas regulatrios com-
cias ocorrero no processo de desenvolvimento. A criana postos pelos componentes (a) de regulao emocional, ou a
pode oscilar entre atribuir a si mesma a responsabilidade pelo capacidade da criana em reduzir, aumentar e manter seu
conflito ou atribuir aos pais. Essas situaes geram estados estado emocional quando frente a conflitos, (b) de representa-
afetivos de culpa e de vergonha ou de raiva dirigida a um dos es das relaes familiares, ou o significado dos aconteci-
pais ou a ambos. Alm dos processos cognitivos primrios de mentos na famlia em relao experincia de segurana
avaliao do conflito como dos processos secundrios de emocional e (c) de regulao da exposio ao afeto, ou dos
atribuies e estabelecimento de estratgias de enfrentamen- comportamentos regulatrios que controlam a exposio da
to, outros aspectos tambm interferem no impacto na criana. criana aos afetos resultantes das discrdias familiares. Desta
Processos distais ou situaes ao longo do desenvolvimento maneira, quando face s situaes estressantes envolvendo
(experincia prvia com conflitos, percepo da criana do discrdias e conflitos familiares, a criana reage ao afeto nega-
clima familiar, temperamento e gnero) e processos proximais tivo e ansiedade, esforando-se por criar mecanismos medi-
(situaes mais transitrias e imediatas de avaliao da situa- adores de controle, tanto em nvel de seus prprios estados de
o, correspondendo s expectativas frente ao evento e ao ansiedade interna, como tambm do controle do comporta-
estado afetivo ou humor da criana no momento) iro influen- mento dos prprios adultos envolvidos na disputa. Assim, o
ciar as consequncias do conflito. estado emocional negativo, ativado pela exposio ao conflito
conjugal, perturba o sentido de segurana emocional interna,
Em sntese, atribuies e estratgias de enfrentamento fazendo com que a criana procure acionar mecanismos que
inadequadas frente ao conflito conjugal podem colocar a crian- restabeleam a segurana emocional. Podem ocorrer tentati-
a em situao de vulnerabilidade emocional, j que os esta- vas de controle da disputa parental, por meio de interferncia
dos afetivos de ansiedade, de frustrao e de raiva desperta- direta da criana ou de condutas de mau comportamento, de
dos pela exposio ao conflito no so adequadamente pro- agressividade ou de choro (Smith, Berthelsen & O'Connor,
cessados. Algumas situaes podem levar ao desenvolvimen- 1997).
to de uma atitude de auto recriminao, afeto deprimido,

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A capacidade de regulao emocional determinante da das na noo de que comportamentos especficos so influen-
experincia da criana face ao conflito. Portanto, os efeitos ciados por diversos sistemas, incluindo aqueles prximos
negativos da exposio no resultam diretamente das caracte- esfera de vida imediata da criana at aqueles mais distais. Da
rsticas menos ou mais intensas do conflito parental, mas, sim, mesma forma, essas influncias afetam o desenvolvimento
da percepo de ameaa capacidade de manuteno da conforme o perodo evolutivo e a capacidade de resposta da
segurana emocional interna da criana, alterada pelo conflito. criana. Portanto, ao se falar em distrbios do desenvolvimen-
to, deve-se partir de uma concepo de psicopatologia que
Consideraes Finais - Contribuies Pesquisa em
compreenda o distrbio como uma resposta complexa da
Psicopatologia do Desenvolvimento
criana a determinada situao. A essa noo dinmica de
A reviso da literatura discutida neste trabalho indicou que anlise e compreenso dos comportamentos infantis,
o campo das relaes familiares uma rea de investigao Cummings e Davies denominam modelo de pesquisa orienta-
fundamental para a compreenso do desenvolvimento psico- da ao processo, isto , a direo explicativa se orienta pela
lgico. Nesse aspecto, a contribuio especfica das relaes noo da complexidade e diversidade dos fatores em questo
familiares envolvendo situaes de conflito conjugal evidenci- e por suas aes dinmicas. A aproximao ao estudo dos
ou-se como um tpico de investigao importante nos estudos desajustes e dificuldades de adaptao, no campo da psicopa-
sobre os distrbios no desenvolvimento da criana e do ado- tologia do desenvolvimento, orientar-se-ia por uma abrangn-
lescente. At o momento, as pesquisas apontam para o impac- cia complexa dos fenmenos, principalmente em relao aos
to negativo do conflito conjugal no desenvolvimento psicolgi- efeitos da dinmica conjugal no desenvolvimento infantil. Fi-
co, principalmente daquelas situaes familiares envolvendo nalmente, Cummings e Davies (2002) salientam que grande
violncia fsica e verbal entre o casal. Os resultados dos traba- parte das pesquisas estuda grupos familiares de procedncia
lhos indicam que os conflitos conjugais esto relacionados a anglo-saxnica e apontam a necessidade de ampliao das
distrbios em diferentes aspectos do desenvolvimento da investigaes para grupos de diferentes culturas. Consideran-
criana e do adolescente, tais como nas reas emocional, do-se a complexidade da sociedade brasileira e a relevncia
cognitiva e social. do tema, importante e necessrio o desenvolvimento de
trabalhos e pesquisas que reflitam as caractersticas nacionais,
Inicialmente, embora as situaes de conflito e adversida- a fim de que se investiguem os aspectos peculiares do contex-
de familiar estivessem claramente implicadas na ocorrncia de to familiar e das formas de conflito conjugal em relao s
distrbios no desenvolvimento, foi fundamental a especificao influncias culturais especficas. Ainda que os fatores identifi-
dos diferentes aspectos do construto conflito familiar para o cados como associados ao conflito conjugal e s consequn-
avano da compreenso da dinmica familiar. A partir da an- cias da exposio s interaes parentais adversas reflitam
lise mais precisa das diferentes situaes de conflito conjugal, caractersticas do funcionamento familiar relativamente simila-
verificou-se que os efeitos negativos das interaes conjugais res em diversos grupos sociais, eles esto inseridos num con-
estavam associados a determinadas caractersticas dos pro- texto cultural mais amplo. A identificao destes aspectos
cessos envolvendo o conflito. Isto , constatou-se que a asso- fundamental para uma viso mais abrangente das interaes
ciao entre exposio aos conflitos conjugais e o desenvolvi- familiares em contextos diversos e para a anlise do impacto
mento infantil dependiam da frequncia, da intensidade, do destas interaes no desenvolvimento da criana e do adoles-
contedo e da forma de resoluo dos conflitos. Alm disto, as cente.
definies mais precisas sobre as caractersticas do conflito
conjugal permitiram uma abordagem metodolgica mais com- Como concluso, espera-se que esta discusso dos traba-
plexa dos estudos sobre as diferentes interaes conjugais lhos sobre a questo dos efeitos do conflito conjugal na psico-
nas resolues de conflito. Verificou-se que os diferentes pa- patologia infantil, alm de apresentar os resultados das pes-
dres de conflito conjugal refletiam no somente as caracters- quisas sobre o tema, fornea elementos de aproximao com-
ticas da interao entre o casal, mas tambm eram influencia- preensiva dos fenmenos psicolgicos luz de uma aborda-
dos por questes mais amplas da vida relacional familiar e gem baseada no modelo processual da complexidade dinmi-
afetavam de forma diferenciada o desenvolvimento infantil. ca dos fatores. E, igualmente, estimulando o desenvolvimento
Passou-se, ento, de uma anlise unidimensional do conflito de trabalhos contextualizados nesta rea.
familiar para uma compreenso multidimensional dos proces-
Divrcio
sos familiares envolvidos nos conflitos conjugais e nas conse-
quncias para o desenvolvimento infantil. Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre.
Como consequncia, a anlise multidimensional dos diver- O divrcio (do latim divortium, derivado de divertre,
sos fatores contextuais, familiares e individuais associados aos "separar-se") o rompimento legal e definitivo do vnculo de
efeitos da exposio ao conflito conjugal, levou a construo casamento civil. uma das trs maneiras de dissolver um
de modelos processuais das associaes entre as variveis casamento, alm da morte de um dos cnjuges.
atuantes ao longo do desenvolvimento psicolgico. O modelo
cognitivo-contextual enfatiza o contexto maior onde ocorrem os O processo legal de divrcio pode envolver questes
episdios de conflito, a capacidade cognitiva da criana de como atribuio de penso de alimentos, regulao de poder
interpretao dos fatos e suas estratgias de enfrentamento, paternal, relao ou partilha de bens, regulao de casa de
enquanto que o modelo de segurana emocional destaca a morada de famlia, embora estes acordos sejam
capacidade da criana de manuteno da regulao emocio- complementares ao processo principal.
nal. Mesmo que enfatizando a ao de alguns aspectos de Em algumas jurisdies no exigida a invocao da
maneira mais especfica, tal como no modelo cognitivo- culpa do outro cnjuge. Ainda assim, mesmo nos
contextual ou no modelo de segurana emocional, as intera- ordenamentos jurdicos que adaptaram o sistema do divrcio
es processuais entre os fatores so similares nos modelos "sem culpa", tido em conta o comportamento das partes na
propostos, visto que ambos identificam a sobreposio dinmi- partilha dos bens, regulao do poder paternal, e atribuio
ca das aes dos diversos componentes do sistema familiar. de alimentos.
Tanto considerando os efeitos da exposio direta ao conflito
conjugal, como do efeito de fatores mediadores, os modelos se Na maioria das jurisdies o divrcio carece de ser emitido
equiparam na abrangncia das propostas. ou certificado por um tribunal para surtir efeito, onde pode ser
bastante estressante e caro a litigncia. Outras abordagens
Cummings e Davies (2002) propem que as pesquisas na alternativas, como a mediao e divrcio colaborativo podem
rea devam se orientar por uma aproximao abrangente dos ser um caminho mais assertivo. Em alguns pases, como
fenmenos atuantes no desenvolvimento infantil, fundamenta- Portugal e Brasil, o divrcio amigvel pode at ser realizado

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numa conservatria de registro civil, ou cartrio registral, Cada religio tem a sua prpria maneira de encarar o
simplificando bastante o processo. divrcio. Para o catolicismo este no possvel, uma vez que
na Bblia encontra-se a frase Quod ergo Deus coniunxit, homo
A anulao no uma forma de divrcio, mas apenas o ne separet (Mc 10,2-16).
reconhecimento, seja a nvel religioso, seja civil da falha das
disposies no momento do consentimento, o que tornou o No judasmo, por sua vez, apenas possvel o divrcio
casamento invlido; reconhecer o casamento nulo, a por parte do homem, apoiando-se na Torah: "Se um homem
mesma coisa que reconhecer que nunca tenha existido. tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela no for
agradvel a seus olhos, por ter ele achado coisa indecente
Num divrcio, o destino dos bens do casal fica sujeito ao nela, e se ele lhe lavrar um termo de divrcio, e lho der na
regime de bens adotado na altura do casamento, e que mo, e a despedir de casa; e se ela, saindo da sua casa, for e
geralmente em todos os pases so: separao de bens, bens se casar com outro homem..." (Dt. 24.1-2).
adquiridos, ou comunho de adquiridos.
O Islamismo reconhece, tecnicamente, o direito de ambos
Os pases onde mais ocorrem pedidos de rompimento do os parceiros de pedirem o divrcio, embora para a mulher o
matrimnio so: Estados Unidos, Dinamarca e Blgica, com processo seja consideravelmente mais complicado: enquanto
ndices entre 55% e 65%. Em contraponto, os pases com para o homem basta repetir trs vezes "eu te repudio", para
menos incidncia de separao so pases extremamente as mulheres exigido alguma falta grave do marido (em
catlicos como Irlanda e Itlia com nmeros abaixo de 10%. teoria, ela poderia pedir o divrcio pelo simples fato de no
Nas Filipinas, o divrcio ainda no foi legalizado. querer se manter mais casa, atravs da Khula, todavia isto
Quanto ao poder paternal (ptrio poder), ele assume cada na pratica impossvel nas sociedades conservadoras).
vez maior importncia no divrcio, sendo atribudo em 95% Consequncias
das vezes s mulheres, e segundo dados oficiais de 2003
quer no Brasil, quer Portugal, Espanha, e Amrica. Assim como os casamentos, os divrcios experimentaram
uma alta. Segundo o IBGE,o nmero de separaes judiciais
Divrcio no Brasil e divrcios vem aumentando gradativamente. De 1993 a
O divrcio foi institudo oficialmente com a emenda 2003, o volume de separaes subiu de 87 885 para 103 529
constitucional nmero 9, de 28 de junho de 1977, e o de divrcios de 94 896 para 138 676 (ou 17,8% e 44%,
regulamentada pela lei 6515 de 26 de dezembro do mesmo respectivamente). Houve uma alta para 15,5% em 2005 na
ano. comparao com 2004.As consequncias de uma vida
conjugal arruinada vai desde o fsico at o emocional,no
Com a lei 11441 de 4 de janeiro de 2007, o divrcio e a somente do casal,mas tambm,dos que o cercam.
separao consensuais podem ser requeridos por via
administrativa, isto , no necessrio ingressar com um O casamento j indicava o ganho de peso, mas, estudos
ao judicial par ao efeito, bastando comparecer, um dizem que o divrcio tambm pode aumentar
advogado, a um tabelionato de notas e apresentar o pedido. significativamente o peso corporal. Mas,essa no a nica
Tal facilidade s possvel quando o casal no possui filhos consequncia,um estudo realizado em Chicago e contando
menores de idade ou incapazes. com a participao de 8.652 pessoas com idades entre 51 e
61 anos, o estudo detectou que os divorciados tm 20% a
Em mdia, nos tempos de hoje, um casamento dura dez mais de chances de desenvolver doenas crnicas, como o
anos, sendo que em 70% dos casos quem pede o divrcio a cncer, do que aqueles que nunca se casaram
mulher. Em dados de 2008, o divrcio no Brasil cresceu 200%
em 23 anos, ou um divrcio a cada quatro casamentos. Em Se o casal sofre psicologicamente e fisicamente, os filhos
2009 surgiu a PEC 0028/2010, que apos promulgada ficou a no ficam ilesos. Portanto, consequncia para as crianas
EC 66/2010 que simplifica o divorcio no Brasil, eliminando existem, e mais ou menos, de acordo com vrios fatores,
aqueles prazos morosos incluindo a prpria resoluo favorvel da separao para os
pais, a idade das crianas e o seu grau de
Sendo assim, alm de ficar mais fcil para divorciar, ficou desenvolvimento.Poucas crianas demonstram sentirem-se
mais fcil para uma pessoa divorciada se casar de novo. O aliviadas com a deciso do divrcio.Na idade de 8 a 12 anos
estado de So Paulo [carece de fontes?] foi o estado o que em geral a criana reage com raiva franca de um ou de
mais simplificou a lei do casamento para um divorciado, basta ambos os pais, por terem causado a separao. Por vezes
ir em algum cartrio com averbao do divorcio, e casar da demonstram ansiedade, solido e sentimentos de humilhao
maneira que desejar o casal, na maneira que fazer as por sua prpria impotncia diante do ocorrido. O desempenho
comunhes de bens do casal. Para os demais juristas os escolar e o relacionamento com colegas podem ter prejuzo
demais estados da federao brasileira deve seguir as novas nesta fase. J os adolescentes sofrem com o divrcio muitas
regras colocadas em So Paulo, pois, facilita a vida do vezes com depresso, raiva intensa ou com comportamentos
divorciado rebeldes e desorganizados.
Divrcios histricos Guarda e Visitao dos Filhos
Abaixo, os valores de alguns divrcios de casais famosos.
Os valores esto expressos em dlares. Viso Geral

Prncipe Charles e Lady Diana: US$ 28 milhes Passar por uma separao, divrcio, ou abandonar um re-
lacionamento abusivo, no nada fcil. Atrapalha a sua vida,
Donald Trump e Ivana Trump: US$ 50 milhes e se voc tem filhos, atrapalha a vida deles tambm. Com
filhos, as questes jurdicas, financeiras e emocionais se
Kenny Rogers e Marianne: US$ 60 milhes
tornam ainda mais complicadas. um perodo estressante
Kevin Costner e Cindy: US$ 80 milhes para eles.
Julio Bozano e Iva: US$100 milhes A finalidade deste livreto oferecer informaes sobre
como a lei lida com a guarda e a visitao dos filhos. O livreto
Steven Spielberg e Amy Irving: US$89,97 milhes te ajudar a pensar nas questes jurdicas que voc ter que
Viso religiosa considerar para resolver questes como:
Onde os filhos vo morar?

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Com quem vo morar? cipais decises a respeito do bem-estar da criana como,
assuntos de educao, cuidado mdico e desenvolvimento
Quem tomar as decises importantes sobre a vida de- emocional, moral e religioso.
les?
Guarda Fsica nica
Como os filhos podero ter contato com o pai ou a me
A guarda fsica nica significa que a criana mora com um
que no mora com eles?
dos pais, est sob a superviso deste pai ou me, e est
Se os pais no puderem entrar em acordo sobre como re- sujeita visitao razovel do pai ou da me com quem no
solver estas questes, podem ir ao tribunal, e o juiz decidir mora, a menos que o juiz decida que tal visitao no esteja
sobre a guarda e a visitao dos filhos. Este livreto te dar no melhor interesse da criana.
informaes sobre como os juzes tomam estas decises.
Guarda Fsica Compartilhada
Ao usar este livreto muito importante lembrar que cada
A guarda fsica compartilhada significa que a criana al-
processo diferente. O livreto fornece apenas informaes
terna entre perodos de morar e estar sob a superviso de
gerais. No substitui o aconselhamento jurdico individual.
cada um dos dois pais, e que a guarda fsica compartilhada
Se precisar de recomendaes sobre como lidar com sua pelos pais de tal maneira que assegure o contato frequente e
situao particular, especiamente se ambos os pais no con- contnuo da criana com ambos os pais.
cordarem sobre como terminar o relacionamento ou se estiver
Se eu no comparecer ao tribunal, quem fica com a
tentando abandonar um relacionamento abusivo, voc deve
guarda dos filhos?
falar com um advogado.
Quando os pais so casados, ambos compartilham a
Que tribunais tomam decises sobre guarda e visita-
guarda legal e fsica dos filhos, a menos que o juiz decida de
o?
maneira diferente. Quando os pais no so casados, a me
A maioria das decises de guarda e visitao so feitas tem guarda legal e fsica nica, a menos ou at que o tribunal
pelos juzes da Vara de Famlia e Sucesses. As decises determine de outra maneira. Isto acontece mesmo se o pai
sobre guarda e visitao dos filhos podem ser parte de um reconhecer formalmente a paternidade da criana.
processo maior, tal como um processo de divrcio, ou o pro-
Que padres ou regras os juzes seguem para tomar
cesso pode tratar somente da guarda ou visitao. Os tipos
decises sobre a guarda?
de processos decididos na Vara de Famlia e Sucesses que
podem incluir questes de guarda ou de visitao so proces- Em uma disputa de guarda entre os pais da criana, o juiz
sos do "Direito de Famlia", tais como, divrcios, processos concede a guarda baseado no que decide estar "nos melho-
que envolvem a determinao da paternidade de crianas res interesses da criana". Embora o padro de melhores
cujos pais no so casados, processos de penso alimentcia interesses da criana parea vago e geral, , apesar de tudo,
para os filhos e separaes jurdicas. A Vara de Famlia e um padro centrado na criana, pois exige que o juiz se foca-
Sucesses tambm lida com processos de ordem de proteo lize nas necessidades da criana e no nas dos pais. A lei
para a preveno de abuso (209A) e pode tomar decises de requer que o juiz tome suas decises e conceda a guarda ao
guarda em um processo de ordem de proteo 209A. que melhor possa suprir as necessidades da criana, seja o
pai ou a me.
Os Tribunais Distritais e o Tribunal Municipal de Boston
tambm lidam com os processos 209A e, como parte A lei diz que ao fazer uma determinao com respeito a
da ordem de proteo, estes tribunais podem emitir uma sen- guarda da criana, "os direitos dos pais devem, na ausncia
tena de guarda. de m conduta, ser iguais, e a felicidade e o bem-estar da
criana determinam sua guarda. Ao considerar a felicidade e
importante lembrar que se a Vara de Famlia e Suces-
o bem-estar da criana, o juiz deve considerar se as condi-
ses j tiver determinado a guarda, quando um Tribunal Dis-
es de vida atuais ou passadas da criana afetam, ou no,
trital ou o Tribunal Municipal de Boston expedir a ordem de
adversamente sua sade fsica, mental, moral ou emocional".
proteo 209A, esta ordem no poder incluir uma sentena
de guarda. Se os pais casados pedem o divrcio ou a guarda de
seus filhos, eles tm que automaticamente receber guarda
Alm disso, se as partes de um processo 209A forem en-
legal compartilhada temporria, mas o juiz pode dar guar-
volvidas, mais tarde, em qualquer processo na Vara de Fam-
da legal nica a um dos pais se determinar por escrito que a
lia e Sucesses que envolva crianas, qualquer sentena de
guarda legal compartilhada temporria no est nos melho-
guarda no processo seguinte da Vara de Famlia e Sucesses
res interesses da criana.
"suplantar" (isto , substituir) a sentena de guarda 209A
prvia. Se o juiz tiver que decidir sobre a guarda legal comparti-
lhada temporria, dever considerar "todos os fatos relevan-
Quais so os diferentes tipos de acordos de guarda
tes, inclusive, mas no unicamente, se qualquer membro da
em Massachusetts?
famlia abusa de lcool, outras drogas ou desertou a criana;
Existem distintos tipos de acordos de guarda adequados ou se os pais tm o hbito de cooperar em assuntos relacio-
para situaes diferentes. Estes acordos de guarda so defi- nados criana".
nidos pela lei:
Alm disso, se o juiz pretende conceder a guarda legal
Guarda Legal nica compartilhada temporria ou permanente ou a guarda
fsica compartilhada temporria ou permanente, e existe
A guarda legal nica significa que um dos pais tem o direi- ou j existiu alguma ordem de proteo para a preveno de
to e a responsabilidade de tomar as principais decises a abuso, o juiz tem que emitir uma determinao escrita para
respeito do bem-estar da criana, como em questes de edu- justificar a sentena de guarda compartilhada.
cao, cuidado mdico e desenvolvimento emocional, moral e
religioso. A lei diz que, ao emitir qualquer sentena de guarda, os
juzes devem considerar provas de abuso, passado ou atual,
Guarda Legal Compartilhada sofridos por um dos pais ou pela criana, como um fator con-
A guarda legal compartilhada significa responsabilidade e tra os melhores interesses da criana.
participao mtuas e contnuas de ambos os pais, nas prin-

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Se o juiz decidir que houve um padro de abuso ou um Visitao quando um dos pais abusou do outro
incidente srio de abuso, ento existe a presuno refut-
vel de que no do melhor interesse da criana ser colocada Se episdios de violncia tiverem ocorrido entre os pais,
na guarda legal ou fsica nica, na guarda legal compartilha- geralmente no seguro para o casal manter contato um com
da, ou na guarda fsica compartilhada com o pai/me abusi- o outro, durante a visitao. s vezes o pai/me abusivo usa
vo. as visitas como uma forma de manter contato e exercer con-
trole sobre o outro.
Esta presuno significa que se o juiz decidir que um pa-
dro ou incidente srio de abuso ocorreu, ento deve supor Em algumas situaes, seu filho pode estar correndo risco
que no est nos melhores interesses da criana ser coloca- durante as visitas com o pai que abusou de voc. Neste caso,
da na guarda do pai/me abusivo. Refutvel significa que o considere a opo de visitas supervisionadas.
pai/me abusivo tem o direito de refutar (isto , contestar) a Se voc for vtima de violncia do pai de sua criana e ti-
presuno. ver concordado com a visitao, ou se o juiz tiver estabeleci-
Para as crianas nascidas de pais solteiros, a me da do estas visitas, voc pode fazer com que as visitas sejam
criana recebe automaticamente a guarda, a menos que a mais seguras para voc e para o seu filho, considerando as
Vara de Famlia e Sucesses determine de outra maneira. A opes abaixo:
Vara de Famlia e Sucesses pode conceder a guarda legal Tenha uma agenda de visitao bem definida
compartilhada ou a guarda fsica compartilhada apenas se os
pais concordarem, ou se o juiz determinar que os pais mostra- Quando houve abuso domstico, importante seguir um
ram que podem ter responsabilidade conjunta pela criana programa de visitao definido. Uma agenda de visitao
antes do comeo do processo, e tm a habilidade de planejar definida permitir que as visitas ocorram sem que os pais
e se comunicar no que diz respeito aos melhores interesses tenham que estar em constante contato um com o outro.
da criana. Escolha uma terceira pessoa para levar e buscar seu
Visitao filho

Geralmente, quando um dos pais tem a guarda fsica, o Uma boa maneira de evitar o contato com o pai abusivo
outro pai tem o direito de visitar os filhos. durante as visitas tendo uma terceira pessoa - na qual am-
bas as partes confiem - que possa levar e buscar seu filho
Horrios de Visitao antes e depois das visitas. Se as visitas forem supervisio-
Geralmente, existe uma agenda de visitao. Um exemplo nadas, o pai ou a me pode deixar a criana no lugar da visita
de horrio de visitao : e ir embora antes que o outro chegue.
Escolha uma terceira pessoa para intermediar as co-
Visita em fins de semanas alternados, das 18h de sexta-
municaes sobre as visitas
feira s 15h de domingo, e em fins de semana alternados, das
9h s 17h de sbado; e uma visita no meio da semana, de- Mesmo com o programa de visitao, haver ocasies em
pois da escola, das 15h s 18h de quarta-feira. que preciso comunicar-se para falar sobre as visitas. Em
Isto apenas um exemplo de horrio de visitao. A sua situaes de violncia domstica, geralmente melhor que os
agenda de visitao deve ser baseada nas necessidades do pais no tenham que se comunicar diretamente. Uma boa
seu filho e no horrio dirio dos pais. maneira de evitar isto escolhendo uma terceira pessoa com
a qual cada um dos pais possa entrar em contato se um deles
Visitao Razovel precisar mudar os planos de visitao. Isto permite que os
pais faam mudanas sem ter que estar em contato direto.
Se os pais conseguem se comunicar facilmente, s vezes
no necessitam de uma agenda de visitao. Em vez disso, Pea visitas supervisionadas
os pais deixam a visitao flexvel. Nos acordos de visitao e
ordens judiciais isto o que se chama de "visitao razovel." Geralmente importante para a segurana da criana que
as visitas entre ela e um dos pais que abusou do outro sejam
Se a comunicao entre os pais no for boa quase sem- supervisionadas. Isto acontece porque, em muitos processos
pre melhor ter uma agenda de visitao detalhada, de modo nos quais um dos pais abusou do outro, tambm abusou ou
que os pais no tenham que estar em contato constante para abusar da criana. Alm disso, em muitas situaes poss-
tentar entrar em acordo sobre as visitas semanais. vel que a criana tenha ficado amedrontada ou traumatizada
ao presenciar o abuso sofrido por seu pai ou sua me, e se
Visitao Supervisionada
sinta insegura na presena do pai/me abusivo, a menos que
Em algumas situaes, pode no ser seguro para a crian- alguma outra pessoa esteja presente.
a ficar sozinha com um dos pais durante a visitao. Nestas Se o pai ou a me do seu filho no concordar com uma ou
situaes, a visitao supervisionada pode ser organizada. A mais destas condies e voc acreditar que elas so realmen-
visitao supervisionada significa que uma terceira pessoa - te necessrias para a sua segurana e a de seu filho, voc
preferivelmente algum que seja da escolha de ambos os pode pedir ao juiz que esses requisitos sejam cumpridos.
pais e, dentro do possvel, algum com quem a criana se
sinta confortvel - fica com o pai ou com a me visitante du- Se o juiz decidir que um dos pais abusivo, o tribunal de-
rante as visitas e certifica-se de que a criana est segura e ve garantir a segurana e o bem-estar da criana, bem como
de que o pai ou a me se comporta adequadamente. Geral- a segurana do pai ou da me abusada, na sentena de visi-
mente, o supervisor pode parar de participar das visitas se ele tao.
ou ela tem motivos para crer que a criana estar segura
durante as visitas. A lei diz que ao emitir uma sentena de visitao, no caso
de um pai/me abusivo, o tribunal pode considerar o seguin-
H centros de visitao supervisionados e outras agncias te:
que fornecem visitao supervisionada em Massachusetts.
1. ordenar que a visitao ocorra em um ambiente prote-
As visitas supervisionadas podem ser adequadas quando gido ou na presena de terceiros idneos;
o pai ou a me visitantes tem problemas de abuso de lcool
ou de drogas, ou algum outro problema que indique que a 2. ordenar que a visitao seja supervisionada por tercei-
criana pode estar em perigo se ficar sozinha com um deles. ros idneos, por um centro de visitao ou por uma agncia;

Conhecimentos Especficos 127 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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3. ordenar o pai/me abusivo a participar e completar, pa- Visitao e penso alimentcia dos filhos - existe uma
ra a satisfao do tribunal, um programa de tratamento para conexo?
agressores, autorizado como condio de visitao;
Como regra geral, os pagamentos de penso alimentcia
4. ordenar o pai/me abusivo a abster-se da posse ou do aos filhos e os direitos de visitao no esto ligados. Uma
consumo de lcool ou de substncias controladas, durante a pessoa que paga a penso alimentcia no tem automatica-
visitao e por 24 horas antes da visita; mente o direito de visitar uma criana. Ao mesmo tempo, o
no pagamento da penso alimentcia no anula automatica-
5. ordenar o pai/me abusivo a pagar os custos da visita- mente os direitos de visitao.
o supervisionada;
6. proibir a visita de pernoite;
produzido por Massachusetts Law Reform Institute
7. requerer uma garantia do pai/me abusivo para o re-
torno e segurana da criana; A CRIANA E A SEPARAO DOS PAIS.
8. ordenar que haja uma investigao, ou a nomeao de Separao dos Pais
um guardio ou de um advogado para a criana;
O modo como cada uma se ajustar separao, de-
9. impor qualquer outra circunstncia julgada necessria pende diretamente de como os pais lidam com o fato.
para garantir a segurana e o bem-estar da criana, e a segu-
rana do pai/me abusado. Muito antes de ocorrer a separao fsica dos pais, ocorre
a separao emocional que, em muitos casos, leva a desen-
Como poder haver visitao se pretendo pedir uma tendimentos, desencontros, quando no, s agresses fsicas
ordem de proteo ou se j tiver uma? e violncia psicolgica.
Se voc pretende pedir uma ordem de proteo, ela pode A criana que presencia estas cenas sofre muito, pois tra-
ser designada para encaixar as suas necessidades de segu- ta-se das pessoas que mais ama e necessita. At mesmo
rana e ainda permitir a visitao. Por exemplo, se voc qui- bebs muito novos, embora no tendo compreenso da situa-
ser que seus filhos visitem ou entrem em contato com o pai o, conseguem captar a tenso do ambiente familiar e "sa-
ou com a me, voc pode pedir ao juiz encarregado do pro- ber" que algo est muito errado, expressando seus sentimen-
cesso de ordem de proteo para mandar que a parte "ne- tos atravs do choro e agitao, inclusive com alterao dos
nhum contato" da ordem se aplique voc, mas no aos seus batimentos cardacos e aumento da presso arterial.
filhos.
Em todos os casos, mesmo percebendo a infelicidade dos
Se voc tiver uma ordem de proteo contra o pai ou a pais, a separao sempre um impacto muito doloroso e
me da sua criana e se voc concordou, ou o juiz mandou, profundo, que deixa marcas.
que a criana visite o pai ou a me, VOC PODE MANTER A
ORDEM DE PROTEO E AS VISITAS AINDA ASSIM PO- As crianas em idade pr-escolar parecem ser as mais
DEM OCORRER. Voc pode manter todas as protees que atingidas aos efeitos negativos da separao, porque seu
necessita na ordem judicial de proteo e fazer somente desenvolvimento cognitivo ainda no lhes permite compreen-
aquelas mudanas necessrias para permitir a visitao. der o que est acontecendo.
Voc deve consultar um advogado ou uma assessora de
Assim, bebs at dois anos podem desenvolver atitudes
processos de violncia domstica para obter informaes de
mais medrosas e certa regresso, enquanto crianas de qua-
como fazer isto. Se voc precisa mudar a ordem de proteo
tro e cinco anos podem fantasiar a separao como tempor-
de modo que as visitas possam ocorrer, o juiz que ordenou a
ria, tal e qual quando brigam com seus amiguinhos e depois
visitao, ou o que concedeu a ordem de proteo, pode
fazem as pazes. Mas, a criana de cinco e seis anos, tende a
fazer essas mudanas. Pode ser que voc precise dar entra-
se sentir culpada, como se tivesse feito ou pensado algo
da em um "pedido de modificao" da ordem judicial de
muito errado e por isso os pais brigaram e vo se separar.
proteo.
Desenvolve, ento, um sentimento de responsabilidade pela
Quando um juiz encarregado de um processo de ordem reconciliao dos pais, muitas vezes apresentando atitudes
de proteo estrutura a ordem de modo que o pai/me abusi- de autopunio, como se merecesse sofrer por ter falhado.
vo possa ter contato com os filhos, isto NO a mesma coisa
A criana em idade escolar tem compreenso melhor dos
do que conceder direitos de visitao ao pai/me abusivo. De
problemas paternos e das razes para a separao, embora
acordo com a lei, os juzes no devem conceder direitos de
muitas vezes sinta-se abandonada e com raiva deles. Em
visitao (isto , direitos de visitao legalmente executveis)
muitos casos, o rendimento escolar prejudicado e surgem
a um ru que enfrenta um processo de ordem de proteo.
problemas de comportamento em casa e na escola, torna-se
Os direitos de visitao somente podem ser estabelecidos em
impulsiva, desrespeitando as regras familiares, ao mesmo
um processo de Direito de Famlia, tal como um processo de
tempo que demonstra maior dependncia e ansiedade.
divrcio ou de guarda de filhos, ou um processo que envolva
a determinao da paternidade de filhos cujos pais no so Os conflitos conjugais e a separao colocam os pais num
casados. Os direitos de visitao somente podem ser estabe- tal estado de preocupao e perturbao, que fica difcil dar
lecidos na Vara de Famlia e Sucesses. assistncia emocional aos filhos, agravando ainda mais o
desespero, a angstia e a insegurana deles.
Nenhuma visitao
O primeiro ano aps a separao o mais devastador e
Em algumas situaes raras, pode ser do melhor interesse
crucial para todos. Seja qual for a figura parental que obteve a
da criana no ter nenhum contato com um dos pais. Um
custdia dos filhos, os problemas se acirram com muita inten-
exemplo quando o pai ou a me abusou da criana e, mes-
sidade at aproximadamente o segundo ano quando, ento,
mo em um acordo de visita supervisionada, resultaria traum-
podem comear a declinar.
tico para a criana ter contato com este pai ou esta me.
Ordens que negam a um dos pais qualquer tipo de visitao que com a separao, os pais encontram novos proble-
so raras, mas so emitidas quando necessrias para prote- mas e dificuldades ante a administrao e adaptao da nova
ger a criana. vida. Geralmente decai o oramento domstico o que acarreta
mais mudanas significativas em todo o contexto familiar,
intensificando a frustrao, mgoa e raiva. O filho sente falta

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da presena da figura parental ausente, enquanto aquele que como ela fantasiou. Assegur-la que, a despeito das brigas e
ficou com a custdia tende a ser mais frio e insensvel com a desavenas, sempre a amaro.
criana, por vezes no impondo limites em seu comportamen-
to ou, ao contrrio, castigando-a por qualquer motivo pela Um dado importantssimo que o pai ou a me que esti-
dificuldade de se comunicar com ela e lhe dar apoio. ver com a criana, seja por custdia ou durante as visitas,
evite desvalorizar o que est ausente, mantendo sempre
De um modo geral, as crianas podem ficar deprimidas, atitude de respeito e cordialidade, para que a criana possa
tristes, desobedientes, apresentar comportamentos mais manter um desenvolvimento mais adequado e maduro.
agressivos e rebeldes, insnia, pesadelos, alteraes do
apetite, dificuldade de concentrao e perda do interesse pela Quanto mais os pais tomarem conscincia de que so
vida social. responsveis pelo bem-estar fsico e emocional de seus fi-
lhos, a despeito da separao, maiores as possibilidades de
Mas, se a separao to nociva para a criana, a manu- um futuro satisfatrio para eles, pois as crianas dependem
teno de uma relao infeliz, quando as figuras parentais dos pais e se formam atravs deles. Ana Maria Morateli da
apresentam hostilidade e agresso entre si, chegando a gerar Silva Rico
tenses quase insuportveis, muito mais prejudicial sade
fsica e mental da criana. Presenciando estas atitudes e A CRIANA E O ADOLESCENTE VITIMIZADOS.
comportamentos dos pais, aprende que os conflitos e proble- Infncia e adolescncia vitimizadas
mas devem ser resolvidos com agressividade e intolerncia.
Assim, viver apenas com um dos pais, a soluo mais ade- Entre as mais de 100 mil denncias encaminhadas pelo
quada e saudvel. Ligue 100, o Disque Denncia Nacional de Abuso e Explo-
rao Sexual contra Crianas e Adolescentes, no perodo de
A longo prazo, alguns filhos de pais separados podem tor-
maio de 2003 a julho de 2009, 31% delas eram de violncia
nar-se mais ansiosos, com grande dificuldade em manter
sexual infantojuvenil. Esse tipo de violncia cometida contra
relacionamentos amigveis ou amorosos, por medo de serem
crianas e adolescentes engloba tanto as situaes de abuso
trados, magoados e abandonados.
como as de explorao sexual. Pode acontecer dentro ou fora
Muitas crianas, ao contrrio, conseguem superar a perda das famlias, com ou sem uso da fora. Geralmente comea
do pai com quem no esto vivendo, a perda das rotinas com jogos de seduo que vo envolvendo a criana at o
familiares e suas tradies, e a segurana de se sentir ama- ponto em que ela se sente acuada e no sabe como sair, pois
das e cuidadas por ambos os pais. Apresentam, tambm, confunde carinho com sexo, diz a psicloga Dalka Ferreira,
maior capacidade adaptativa ante as mudanas que se fize- do Centro de Referncia s Vtimas de Violncia, do Instituto
ram necessrias. Sedes Sapientiae, em So Paulo.
O modo como cada uma se ajustar separao, depen- Ao contrrio do que se imagina, a ocorrncia de abuso in-
de diretamente de como os pais lidam com o fato, como inte- cestuoso bastante frequente, atinge todas as classes soci-
ragem entre si e com ela, antes e depois da separao. ais e, cercada por tabus, preconceitos e temores, se mantm
ainda muito encoberta. De acordo com dados do Centro de
Muitos pais deixam de informar seus filhos, pois acreditam Referncia, Estudos e Aes sobre Crianas e Adolescentes
que no vo entender por serem muito novos. Entretanto, a (Cecria), 62% das 202 mil vtimas atendidas entre maio de
criana de qualquer idade capta que uma mudana est ocor- 2003 e janeiro de 2010 eram do sexo feminino e, em 94% dos
rendo e percebe o clima cheio de tenso. Assim, usando uma casos, o abusador era algum que desfrutava de convivncia
linguagem adequada idade de cada uma, ambos os pais com a criana, como familiares, amigos ou vizinhos.
devem inform-la da deciso tomada, sem entrar em detalhes
que poderiam confundi-la muito mais que ajud-la, alm do Na explorao sexual, por sua vez, crianas e adolescen-
qu, seria uma carga muito pesada para ela carregar num tes so vistos como mercadorias. Segundo a declarao
momento em que est to necessitada de apoio emocional. aprovada no Congresso Mundial contra a Explorao Sexual
Comercial de Crianas e Adolescentes, realizado em 1996 na
As crianas tambm precisam saber que no causaram a Sucia, trata-se de uma violao fundamental dos direitos
separao, para que se evite uma culpabilidade sem sentido infantojuvenis. Compreende o abuso sexual por adultos e a
e prejudicial. remunerao em espcie criana, ao adolescente, a uma
Os pais devem explicar os arranjos da custdia para que terceira pessoa ou a vrias.
no se sintam abandonadas e poderem se reassegurar de Tal fenmeno pode ocorrer sob a forma de pornografia, tu-
que continuaro a receber seus cuidados e amor, mesmo rismo orientado para a explorao sexual infantojuvenil, tro-
daquele que se ausentar do lar. Devem encorajar seus filhos cas sexuais ou trfico de meninas e meninos. E resulta de
a expressar seus sentimentos, sem julgamento e com com- uma complexa gama de fatores: a pobreza e a excluso soci-
preenso, para que possam aprender a lidar com eles. Se a al, transformaes no sistema de valores com repercusses
criana apresentar dificuldade em se expressar, os pais po- graves para as relaes interpessoais, cultura do consumo,
dem ajud-la, admitindo seus prprios sentimentos de triste- desigualdade de gnero, dependncia psquica em relao ao
za, raiva e confuso. aliciador etc. Estudos indicam uma estreita ligao entre vio-
Pais separados no precisam ser amigos, porm, devem lncia domstica e crianas e jovens que vivem em situao
manter atitudes de respeito e auto-controle quando em pre- de rua ou que caem nas redes de explorao sexual; muitos
sena dos filhos, principalmente as de apoio em questes que teriam abandonado seus lares em decorrncia das agresses
se relacionam com a educao e disciplina. sofridas dentro de casa. Embora existam poucas estatsticas
a respeito, uma pesquisa do governo federal divulgada em
Finalizando, a criana tem necessidade de saber e de ser 2005 constatou que a explorao sexual infantojuvenil acon-
tranquilizada para que possa sentir, de modo especial, que tece em 937 municpios brasileiros.
pertence aos pais e que deve comear a pensar neles como
pessoas separadas. Os pais devem se expressar calmamente Para enfrentar a violncia contra crianas e adolescentes,
para ajud-la a acalmar sua angstia e medo. Explicar que os os especialistas afirmam que so fundamentais a conscienti-
adultos podem cometer erros como eles tambm cometeram, zao e o envolvimento de toda a sociedade em medidas
e que faz parte de seu crescimento um dia aceitar o fato de preventivas e de proteo aos direitos infantojuvenis, com
que so apenas seres humanos e, portanto, no so perfeitos apoio de polticas pblicas eficientes.

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http://www.childhood.org.br/infancia-e-adolescencia- reforar atitudes positivas da criana/adolescente;
vitimizadas
incentivar a autoconfiana;
Preveno violncia contra crianas e adolescentes
dizer e permitir que seja diferente;
O que ?
respeitar seu jeito de ser.
tudo o que fazemos ou deixamos de fazer que pro-
voque dano fsico, sexual e/ou psicolgico criana ou ao H um bom tempo as crianas e os adolescentes eram
adolescente. tratados com pouca ou nenhuma considerao. Posterior-
mente, muitos confundiram a relao mais aberta e afetuo-
sa com falta de limites. Hoje em dia, h uma busca de
Exemplos:
equilbrio, j que essas duas formas de tratar a crian-
violncia fsica: belisces, cintadas, chineladas, pu- a/adolescente no trouxeram resultados satisfatrios.
xes de orelhas, uso da fora fsica ao tocar na criana ou
no adolescente; O que fazer:
violncia sexual: manipulao da genitlia, explora-
o sexual, ato sexual com ou sem penetrao; Tratar a criana/adolescente como pessoa em condio
diferenciada de desenvolvimento. Ter claro, querendo ou
violncia psicolgica: rejeio, desrespeito, depreci- no, que ns somos um modelo para a crian-
ao, rotulao, xingamento, cobrana e punies exage- a/adolescente e que preciso avaliar sempre nossa atua-
radas; o. Saber que rigidez, autoritarismo, gritaria no tm nada
a ver com dar limites.
negligncia ou abandono: falha ou omisso em pro-
ver os cuidados, a ateno, o afeto e as necessidades b- Abuso sexual de menor
sicas da criana ou do adolescente, como sade e alimen-
tao. O abuso sexual de menores corresponde a qualquer ato
sexual abusivo praticado contra uma criana ou adolescente.
uma forma de abuso infantil. Embora geralmente o
Indicaes de que uma criana e/ou adolescente abusador seja uma pessoa adulta, pode acontecer tambm
possa estar sendo vtima de violncia: de um adolescente abusar sexualmente de uma criana.
leses fsicas; Num sentido estrito, o termo "abuso sexual" corresponde
ao ato sexual obtido por meio de violncia, coao irresistvel,
doenas sexualmente transmissveis (DST); chantagem, ou como resultado de alguma condio
problemas de aprendizagem; debilitante ou que prejudique razoavelmente a conscincia e o
discernimento, tal como o estado de sono, de excessiva
comportamento muito agressivo ou aptico; sonolncia ou torpeza, ou o uso bebidas alcolicas e/ou de
outras drogas, anestesia, hipnose, etc. No caso de sexo com
comportamento extremamente tenso; crianas pr-pberes ou com adolescentes abaixo da idade
de consentimento (a qual varia conforme a legislao de cada
afastamento, isolamento;
pas), o abuso sexual legalmente presumido,
conhecimento sexual inapropriado para a idade; independentemente se houve ou no violncia real.

negar-se a voltar para casa; Num sentido mais amplo, embora de menor exatido, o
termo "abuso sexual de menores" pode designar, tambm,
ideias e/ou tentativas de suicdio; qualquer forma de explorao sexual de crianas e
adolescentes, incluindo o incentivo prostituio, a
autoflagelao; escravido sexual, a migrao forada para fins sexuais, o
turismo sexual, o rufianismo e a pornografia infantil.
fugas de casa;
Formas de abuso sexual
choro sem causa aparente;
Existem duas formas de abuso sexual que os adultos
hiperatividade; podem praticar contra as crianas e os adolescentes: com
contato fsico ou sem contato fsico. Nos dois casos, o adulto
comportamento rebelde;
abusa do jovem para conseguir algum tipo de prazer ou
desnutrio; satisfao interior.

aparncia descuidada e suja. Com contato fsico


Violncia sexual: forar relaes sexuais, usando violncia
Atitudes que podem ajudar a criana ou o adoles-
fsica ou fazendo ameaas verbais.
cente vitimizado:
Explorao sexual de menores: pedir ou obrigar a criana
no culp-la; ou o jovem a participar de atos sexuais em troca de dinheiro
mostrar que ela no est s; ou outra forma de pagamento.
H tambm a carcia que envolve a criana como uma
acreditar nela; brincadeira, se prolongando de um simples beijo a intenes
deixar que ela fale sobre seus sentimentos; maiores.
Sem contato fsico
incentivar a procura de ajuda profissional;
Assdio: falar sobre sexo de forma exageradamente
no criar expectativas que no sabe se podero ser vulgar.
cumpridas;

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Exibicionismo (ato obsceno): despir a roupa estatuto de confiana social (educadores, padres, pastores,
etc.)
Constrangimento: ficar de longe observando jovens ou
crianas sem roupa ou ficar olhando de maneira intimidatria. Ainda em relao ao perfil do abusador, interessante
citar dados coletados na ong brasileira CECOVI
Pornografia infantil: tirar fotos ou filmar poses (www.cecovi.org.br):
pornogrficas ou de sexo explcito.
Segundo anlise feita em 1 169 casos de violncia
Consequncias domstica atendidos no SOS Criana da ABRAPIA, entre
As consequncias de uma violncia sexual praticada janeiro de 1998 e junho de 1999, foram diagnosticados: 65%
contra crianas e adolescentes podem ser fsicas, de violncia fsica, 51% de violncia psicolgica, 49% de
psicolgicas ou de comportamento. casos de negligncia e 13% de abuso sexual. Em 93,5% dos
casos os agressores eram parentes da vtima (52% - me,
Fsicas 27% - pai, 8% -padrasto/madrasta, 13% - outros parentes) e
Dor constante na vagina ou no nus. em 6,5% os abusadores no so parentes (3% - vizinhos, 2%
- babs e outros responsveis, 1,5% - instituies.
Corrimento vaginal.
Dos 13% de casos envolvendo abuso sexual a pesquisa
Inflamaes e hemorragias. demonstrou que: a) A idade da vtima: 2 a 5 anos - 49%, 6 a
10 anos - 33% b) 80% das vtimas tinham sexo feminino c)
Gravidez precoce, colocando em risco a vida da criana
90% dos agressores eram do sexo masculino
ou adolescente.
O adulto que comete violncia sexual sempre pede para a
Doenas sexualmente transmissveis, como AIDS,
criana guardar segredo sobre o que aconteceu usando
hepatite B, etc.
diversas formas de presso. muito comum a criana se
Psicolgicas sentir culpada e at merecedora da violncia em si, haja vista
ela no ter estrutura mental suficiente para explicar tal ato
Sentimento de culpa cometido contra si. Aliado ao sentimento de culpa, a presso
Sentimento de isolamento de ser diferente. psicolgica exercida pelo perpetrador, o prprio lao de
afeio entre estes (no se esqueam que normalmente o
Sentimento de estar "marcado" para o resto da vida. abuso ocorre entre familiares).
Depresso. Explorao sexual
Falta de amor prprio (baixa autoestima). A explorao sexual o meio pelo qual o indivduo
Medo indefinido permanente. obtm lucro financeiro por conta da prostituio de outra
pessoa, seja em troca de favores sexuais, incentivo
Tentativa de suicdio. prostituio, turismo sexual, ou rufianismo.
Medo de sair na rua. Explorao Sexual Comercial de Crianas
Comportamento Explorao sexual comercial de crianas constitui uma
forma de coero e violncia contra crianas e adolescentes
Dificuldade de expressar o sentimento de raiva.
correspondendo a trabalho forado e formas contemporneas
Queda no rendimento escolar de escravido.
Atitudes autodestrutivas: uso excessivo de lcool, de A declarao do Congresso Mundial contra a Explorao
drogas, disturbios alimentares (bulimia, anorexia, obesidade), Sexual Comercial de Crianas, realizada em Estocolmo em
etc. 1996, definiu Explorao Sexual como:
Distoro e averso a relacionamento afetivo e sexual Abuso sexual por adultos e a remunerao em dinheiro ou
com o sexo oposto. em espcie criana ou uma terceira pessoa ou pessoas. A
criana tratada como um objeto sexual e como um objeto
Aumento do grau de provocao ertica. comercial.
Tendncia ao abuso das relaes sexuais. Inclui a prostituio de crianas: pornografia infantil, o
Regresso da linguagem e do comportamento. turismo sexual infantil e outras formas de sexo comercial onde
uma criana se engaja em atividades sexuais que tm
Agressividade contra a famlia. necessidades essenciais satisfeitas, tais como comida, abrigo
ou acesso educao. Ele inclui as formas de sexo
Pessoas que cometem violncia sexual
comercial, onde o abuso sexual de crianas no
Na maioria das vezes que acontece um abuso sexual, o interrompido ou relatado por membros da famlia, devido aos
abusador uma pessoa na qual possivelmente a criana benefcios obtidos pelo agregado familiar do agressor.
confia. Existe uma tendncia das pessoas acharem que o Tambm inclui, potencialmente, casamentos arranjados com
molestador se enquadra na descrio de algum que sofre de crianas com idade inferior a 18 anos, onde a criana no tem
distrbios psicolgicos (ser pedfilo somente se possuir uma livremente consentido o casamento e onde a criana
preferncia sexual por crianas pr-pberes), um psictico abusada sexualmente.
portanto, ou ento num homossexual em geral; nada mais
enganoso. Pesquisas demonstram que o perfil da grande Formas de explorao sexual
maioria dos abusadores so homens heterossexuais e as A prostituio de crianas e adolescentes de idade inferior
vtimas so meninas. Segundo AZEVEDO e GUERRA (2000) a 18 anos, a pornografia infantil e (muitas vezes relacionados)
os agressores sexuais de crianas e adolescentes que sofrem venda e trfico de crianas so muitas vezes consideradas
distrbios psiquitricos so uma minoria. So pessoas como crimes de violncia contra crianas. Eles so
aparentemente "normais", com laos estreitos com a vtima. considerados como formas de economia de explorao
Pode ser uma pessoa da famlia, como pai, padrasto, av, semelhante ao trabalho forado ou escravido. Tais crianas
primos, tios, algum conhecido e supostamente de confiana, frequentemente sofrem danos irreparveis sua sade fsica
como vizinhos, amigos dos pais, ou mesmo algum com
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e mental. Elas enfrentam a gravidez precoce e o risco de Embora seja impossvel conhecer a verdadeira extenso
doenas sexualmente transmissveis, especialmente a AIDS. do problema, dada a sua natureza clandestina, a Organizao
Internacional do Trabalho (OIT), desenvolveu uma pesquisa
O trfico de crianas s vezes se sobrepem. Por um para a estimativa do ano 2003, foram 1,8 milhes de crianas
lado, as crianas que so traficadas so frequentemente exploradas na prostituio ou pornografia em todo o mundo.
vtimas de trfico para fins lucrativos. No entanto, nem todas
as crianas traficadas so vtimas de trfico para esses fins. A Pesquisa de Avaliao Rpida, desenvolvido pela OIT
Alm disso, mesmo se algumas das crianas traficadas para Programa Internacional para a Eliminao do Trabalho Infantil
outras formas de trabalho so posteriormente abusados (IPEC) e UNICEF , conta com entrevistas e, principalmente,
sexualmente no trabalho, isso no constitui necessariamente qualitativa e outras tcnicas para fornecer uma imagem de
explorao sexual. Por outro lado, de acordo com a Proteo uma atividade especfica em uma rea geogrfica limitada.
de Vitimas de Trafico, a definio de formas graves de trfico uma ferramenta muito til para coletar informaes sobre as
de pessoas inclui qualquer ato sexual comercial realizada por piores formas de trabalho infantil, como Explorao sexual
uma pessoa sob a idade de 18 anos. Isso significa que comercial Infantil.
qualquer menor que comercialmente explorado
sexualmente definida como uma vtima do trfico. Tambm Conhecimentos gerais oferecidos a uma criana pode
faz parte, mas de forma distinta, abuso infantil, ou mesmo de diminuir a probabilidade da criana ser explorada na
abuso sexual infantil. Estupro de crianas, por exemplo, no prostituio ou pornografia. Atividades de sensibilizao para
costumam constituir Explorao Sexual nem a violncia mudar as atitudes sobre a prostituio infantil, e um sistema
domstica. de vigilncia para evitar que crianas sejam coagidas
prostituio. "
Embora Explorao Sexual de Crianas seja considerado
trabalho infantil, e certamente uma das piores formas de Estatsticas
trabalho infantil, em termos de convenes internacionais, pesquisas anteriores indicam que entre 30 a 35 por cento
legislao, poltica e em termos programticos, muitas de todas as prostitutas do Mekong sub-regio da sia esto
vezes tratada como uma forma de abuso ou crime. entre 12 e 17 anos de idade.
Causas Tailndia 's Health System Research Institute relata que
As causas so complexas e existem padres diferentes as crianas na prostituio constituem 40% das prostitutas na
entre os pases e regies. Por exemplo, em algumas reas, a Tailndia.
explorao sexual comercial de crianas est claramente United Nations Children's Fund A ( UNICEF ) e o Fundo
relacionada com estrangeiros de turismo sexual infantil , em de Populao das Naes Unidas ( UNFPA ) estima que 2
outros ele associado com a demanda local. Na maioria dos milhes de crianas so exploradas na prostituio ou
pases, as meninas representam 80 a 90% das vtimas, pornografia a cada ano. Estima-se que 12 mil nepaleses
embora em alguns lugares predominam os meninos. Como crianas, principalmente meninas, so vtimas de trfico para
o caso das outras piores formas de trabalho infantil, pobreza explorao sexual e comercial de cada ano, no Nepal ou para
extrema, a possibilidade de rendimentos relativamente bordis na ndia e outros pases. Cerca de 84% das meninas
elevados, de baixo valor atribudo educao, a disfuno entrevistadas em prostituio na Tanznia relatou ter sido
familiar, uma obrigao cultural para ajudar no sustento da espancada, estuprada ou torturados por policiais e sungu
famlia ou da necessidade de ganhar dinheiro para sungu (guardas da comunidade local). Pelo menos 60% no
simplesmente sobreviver so todos fatores que tornam as tinham lugar permanente para viver. Algumas dessas
crianas vulnerveis a Explorao Sexual. A fim de fazer com meninas comeou como criana os trabalhadores domsticos
que uma criana sobreviva, so vendidas no comrcio do . A UNICEF estima que existem 60 mil crianas prostitutas,
sexo para fornecer alimentos e abrigo e, em alguns casos o nas Filipinas, e muitos dos 200 prostbulos no famoso
dinheiro para satisfazer o vcio de um membro da famlia. Angeles City para crianas oferecem sexo.
Existem outros fatores no-econmicos que tambm levam as
crianas para explorao sexual comercial. As crianas que Em El Salvador , um tero das crianas exploradas
esto em maior risco de serem vtimas so aqueles que j sexualmente entre 14 e 17 anos so meninos. A idade mdia
sofreram abuso fsico ou sexual. Um ambiente familiar de para entrar para a prostituio entre todas as crianas
pouca proteo, onde os cuidadores no se importam, esto entrevistadas foi de 13 anos. Eles trabalhavam em mdia,
ausentes ou quando existe um elevado nvel de violncia ou cinco dias por semana, embora quase 10% relataram que
consumo de lcool ou drogas, induz meninos e meninas a trabalhou sete dias por semana.
fugir de casa, tornando-se altamente suscetvel a abusos. No Vietn , a pobreza da famlia, a educao familiar
Discriminao por gnero e baixos nveis educacionais de baixa e disfuno familiar foram consideradas as principais
cuidadores tambm so fatores de risco. As crianas com causas para a EC. Dezasseis por cento das crianas
situao de extrema pobreza e famlias marginalizadas entrevistadas eram analfabetas, 38% tinham apenas o ensino
tambm so vtimas. de nvel primrio. Sessenta e seis por cento disseram que a
Do lado da procura, alguns fatores podem agravar o escola e as propinas foram alm dos meios de suas famlias.
problema. Por exemplo, os turistas sexuais so uma fonte de No Sri Lanka , as crianas muitas vezes se tornam a presa
demanda para a prostituio. A presena de tropas militares de exploradores sexuais atravs de amigos e parentes. A
ou de grandes obras pblicas tambm podem criar demanda. prevalncia de meninos na prostituio aqui est fortemente
Preferncias do cliente para as crianas, particularmente no relacionada ao turismo estrangeiro.
contexto do HIV / SIDA epidemia. Alm disso, a expanso da
Internet tem facilitado o crescimento da pornografia infantil. No Brasil, a explorao sexual de crianas e adolescentes
crime previsto no artigo 244-A do Estatuto da Criana e do
A experincia tem mostrado que certas caractersticas Adolescente. Quem cometer o crime est sujeito a pena de 4
scio-econmicas, tais como densidade populacional, a 10 anos de recluso, alm da multa.
concentrao de animao noturna (bares e casas noturnas)
e elevados nveis de desemprego, circulao de pessoas, e Pornografia infantil
acesso a estradas, portos ou fronteiras tambm esto
Aviso em pgina encerrada por pornografia infantil durante
associados Explorao Infantil.
a operao "Protect Our Children"
Prevalncia

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A pornografia infantil uma forma ilegal de pornografia 19% inclua bebs e crianas at 2 anos, 39% inclua crianas
que utiliza crianas pr-pberes, ou, num sentido mais amplo, de 3 a 5 anos, e 83% inclua crianas na faixa etria dos 6
de crianas e adolescentes menores de idade. O termo aos 12 anos.
"infantil" definido neste caso de acordo com as leis de cada
pas. Coalizao de empresas contra a pornografia infantil

Em relao sua abrangncia, as Naes Unidas definem Nos Estados Unidos, desde 2006 uma coalizao de
pornografia infantil como "qualquer representao, por empresas se formou para combater a pornografia infantil. A
quaisquer meios, de uma criana em atividades sexuais iniciativa, chamada The Financial Coalition Against Child
explcitas reais ou simuladas, ou qualquer representao das Pornography, inclui administradoras de cartes de crdito,
partes sexuais de uma criana para propsitos principalmente bancos e empresas virtuais, que trabalham em conjunto com
sexuais" (Protocolo Opcional Conveno dos Direitos da as autoridades e o Centro Nacional para Crianas Exploradas
Criana sobre o Trfico de Crianas, a Prostituio Infantil e a e Desaparecidas. Numa operao em 2004, com ajuda da
Pornografia Infantil Artigo 2, "c")(2002) Visa, Mastercard e banco Morgan Stanley, uma rede de
pornografia infantil da Bielorrssia que faturava um milho de
A Conveno das Naes Unidas sobre os Direitos da dlares por ms foi desbaratada e 1400 pessoas foram
Criana (1990) determina que os pases membros devem presas. A coalizao foi formada depois que o Senador
tomar medidas para impedir "a explorao do uso de crianas americano Richard Shelby, do Comit de Bancos do Senado,
em espetculos ou materiais pornogrficos" (artigo 34, "c"). apurou que parte do dinheiro obtido com a pornografia infantil
terminava nas mos de grupos ligados ao crime organizado,
Relao entre pornografia infantil e abuso sexual infantil como a mfia russa.
O Grupo de Trabalho da Interpol para Crimes contra Definies e terminologia
Menores relaciona diretamente a pornografia infantil com o
abuso sexual infantil, caracterizando a pornografia infantil O que infantil
como "consequncia da explorao ou abuso sexual cometido
contra uma criana". Neste caso, a pornografia infantil Na lngua portuguesa, a palavra "infantil" assim como a
definida como "qualquer meio de retratar ou promover o palavra "criana" possui dupla significao, podendo se
abuso sexual de uma criana, incluindo meios impressos ou referir apenas a crianas at a puberdade (crianas
de udio, centrados nos atos sexuais ou nos rgos genitais propriamente ditas) ou, alternativamente, a crianas num
das crianas". sentido mais amplo, englobando assim crianas e
adolescentes abaixo da idade da maioridade.
Entretanto, a legislao da maioria dos pases classifica a
pornografia infantil de forma mais abrangente, incluindo Desta forma, a expresso "pornografia infantil" pode ser
tambm as imagens de relaes sexuais legalmente no usada tanto no sentido estrito do termo, como no seu sentido
mais amplo. A variao semntica "pornografia infanto-
abusivas, como as relaes sexuais consentidas com
adolescentes acima da idade de consentimento ou com juvenil", de uso menos frequente, refere-se coletivamente a
menores emancipados. crianas e adolescentes.

Aspectos sociais O que pornografia

A indstria da pornografia infantil A definio exata de pornografia e por extenso de


pornografia infantil controversa, englobando geralmente
Com as novas tecnologias, a pornografia infantil se filmes ou fotografias com cenas de sexo explcito e, ainda,
transformou numa indstria multibilionria e est entre os dependendo do caso, algumas formas de nudez com
negcios que mais crescem na Internet. Atravs do uso de conotao intencionalmente ertica. Alguns autores, como a
cmeras digitais e webcams, a produo de pornografia brasileira Eliane Robert Moraes, crtica literria e professora
infantil se tornou mais fcil e barata, enquanto sua distribuio de Esttica e Literatura na PUC-SP, estudam a distino
a um grande nmero de usurios foi facilitada pela Internet, entre erotismo e pornografia. Para Eliane, o senso comum
inclusive pela possibilidade do uso de carto de crdito para a nos diz que "o erotismo s sugere, enquanto a pornografia
compra do material. mostra tudo".
Dados e estatsticas Obras de arte como esttuas, esculturas clssicas,
renascentistas ou hindus, mostrando a nudez, quase sempre
Por ser uma atividade ilegal e dinmica, as estatsticas so excludas da definio legal de pornografia, assim como
sobre pornografia infantil podem divergir conforme a fonte e o pinturas, gravuras e peas publicitrias apresentando uma
ano de divulgao. Segundo estatstica da Internet Filter nudez no apelativa.
Review publicada em 2003, h no mundo cerca de 100 mil
websites mostrando pornografia infantil ilegal e gerando um Desenhos de todo gnero, incluindo os quadrinhos
negcio de 3000 milhes de dlares. Por outro lado, japoneses conhecidos como mangs e os hentais (um tipo de
reportagem de 2006 da revista Information Week revela que a mang de conotao ertica), mesmo quando apresentam
pornografia infantil, espalhada por cerca de 250 mil websites, personagens que podem lembrar crianas e/ou adolescentes,
gera um movimento anual de 20000 milhes de dlares que geralmente no so considerados pornografia infantil e, tanto
poder subir para 30000 milhes em 5 anos. no Japo como na maioria dos pases ocidentais inclusive
no Brasil so vendidos em bancas de jornais. Muitas vezes,
Exposio pornografia Ainda de acordo com a
no entanto (como no caso do Brasil), os hentai tm sua venda
Internet Filter Review, a idade mdia em que uma criana proibida para menores de 18 anos.
exposta pornografia em geral (inclusive adulta) aos 11
anos de idade. Os nmeros tambm revelam que cerca de Status legal
90% das crianas e adolescentes com acesso Internet
tiveram acesso pornografia enquanto faziam seus deveres Brasil
de casa. No Brasil, crime "apresentar, produzir, vender, fornecer,
Diviso por faixa etria Segundo pesquisa do Centro divulgar ou publicar, por qualquer meio de comunicao,
Nacional dos EUA para Crianas Exploradas e Desaparecidas inclusive rede mundial de computadores ou internet,
(NCMEC), de todas as apreenses de material pornogrfico fotografias ou imagens com pornografia ou cenas de sexo
infantil efetuadas durante um ano, de 2000 a 2001, nos EUA, explcito envolvendo criana ou adolescente" (Artigo 241 do

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Estatuto da Criana e do Adolescente, descrito na Lei n violncia psicolgica quando envolve agresso verbal,
8.069/90). Em novembro de 2003, a abrangncia da lei ameaas, gestos e posturas agressivas, juridicamente
aumentou, para incluir tambm a divulgao de links para produzindo danos morais; e violncia scio-econmica,
endereos contendo pornografia infantil como crime de igual quando envolve o controle da vida social da vtima ou de seus
gravidade. O Ministrio Pblico do pas mantm parceria com recursos econmicos. Tambm alguns consideram violncia
a ONG SaferNet que recebe denncias de crimes contra os domstica o abandono e a negligncia quanto a crianas,
Direitos Humanos na Internet e mantm o stio SaferNet, que parceiros ou idosos. Enquadradas na tipologia proposta por
visa a denncia annima de casos suspeitos de pornografia Dahlberg; Krug, na categoria interpessoais, subdividindo-se
infantil na rede. quanto a natureza Fsica, Sexual, Psicolgica ou de Privao
e abandono. Afetando ainda a vida domstica pode-se incluir
No pas, a simples posse de pornografia infantil crime da categoria autodirigida o comportamento suicida
devido alterao no Estatuto da Criana e do Adolescente especialmente o suicdio ampliado (associado ao homicdio
que ocorreu no ano de 2008. Entretanto, a posse involuntria de familiares) e de comportamentos de auto-abuso
pode ocorrer a partir do momento em que, sem o especialmente se consideramos o contexto de causalidade.
conhecimento do usurio, por meio de vrus do tipo "cavalo de mais frequente o uso do termo "violncia domstica" para
Troia" (que pode instalar arquivos indesejados em indicar a violncia contra parceiros, contra a esposa, contra o
computadores alheios), material com pornografia acabe marido e filhos. A expresso substitui outras como "violncia
sendo baixado no computador. A simples navegao em contra a mulher". Tambm existem as expresses "violncia
pginas da Internet contendo pornografia infantil j constitui no relacionamento", "violncia conjugal" e "violncia intra-
crime pela atual legislao brasileira. familiar".
Divulgao e fornecimento de links ou endereos de Note que o poder num relacionamento envolve geralmente
pginas (URLs) a terceiros a percepo mtua e expectativas de reao de ambas as
A divulgao de qualquer meio de acesso a material partes calcada nos preconceitos e/ou experincias vividas.
pornogrfico infantil, incluindo links (ligaes) para imagens Uma pessoa pode se considerar como subjugada no
ou endereos de pginas com pornografia infantil, assim relacionamento, enquanto que um observador menos
como o simples fornecimento desse meio de acesso a envolvido pode discordar disso.
terceiros (pessoalmente ou por e-mail, por exemplo) constitui
crime equivalente, com pena de recluso de 2 a 6 anos (ECA,
artigo 241, 1, III, segundo a nova redao dada pela Lei
10.764, de 12/11/2003).
Algumas comunidades do stio de relacionamentos Orkut,
alegadamente voltadas para o combate ao abuso sexual e
pornografia infantis na Internet, permitiam a postagem
(afixao pblica na Internet) de links ou endereos de
pginas a ttulo de denncia, constituindo tambm esta
divulgao um crime. Alertadas, algumas delas passaram a
coibir esta prtica.
Meios e servios de armazenamento
O oferecimento de meios e servios para armazenamento
de imagens de pornografia infantil tambm constitui crime (art.
241, 1, II), com pena de recluso de 2 a 6 anos, e multa.
Nesta categoria se enquadram provedores de Internet,
servios profissionais de armazenamento de arquivos,
pessoas responsveis por pginas virtuais, e os donos Mulher no hospital depois que o marido dela a espancou
(gerentes) de comunidades virtuais, entre outros. Muitos casos de violncia domstica encontram-se
Produo artstica associados ao consumo de lcool e drogas, pois seu
consumo pode tornar a pessoa mais irritvel e agressiva
No Brasil, a produo artstica de cenas de pornografia ou especialmente nas crises de abstinncia. Nesses casos o
sexo explcito, envolvendo a participao de crianas ou agressor pode apresentar inclusive um comportamento
adolescentes, contracenando entre si ou com adultos, seja absolutamente normal e at mesmo "amvel" enquanto
para cinema, teatro, televiso ou atividade fotogrfica, sbrio, o que pode dificultar a deciso da parceiro em
considerada crime (art. 240 do ECA), implicando em recluso denunci-lo.
de 2 a 6 anos, e multa. O crime aplicado para quem produz,
dirige ou contracena com a criana ou adolescente (art. 240, Violncia e as doenas transmissveis so as principais
1). causas de morte prematura na humanidade desde tempos
imemoriais, com os avanos da medicina, disponibilidade de
Violncia domstica gua potvel e melhorias da urbanizao a reduo das
Violncia domstica a violncia, explcita ou velada, doenas infecciosas e parasitrias, tem voltado o foco da
literalmente praticada dentro de casa ou no mbito familiar, sade pblica para a ocorrncia da violncia. Contudo como
entre indivduos unidos por parentesco civil (marido e mulher, observa Minayo e Souza este um fenmeno que requer a
sogra, padrasto) ou parentesco natural pai, me, filhos, colaborao interdisciplinar e ao multiprofissional, sem
irmos etc. Inclui diversas prticas, como a violncia e o invalidar o papel da epidemiologia para o dimensionamento e
abuso sexual contra as crianas, maus-tratos contra idosos, e compreenso do problema alerta para os riscos de
violncia contra a mulher e contra o homem geralmente nos reducionismo e necessidade de uma ao pblica.
processos de separao litigiosa alm da violncia sexual Estatisticamente a violncia contra a mulher muito maior
contra o parceiro. do que a contra o homem. Um estudo realizado em So Paulo
Pode ser dividida em violncia fsica quando envolve encontrou-se quanto relao autor-vtima, que 1.496
agresso direta, contra pessoas queridas do agredido ou (81,1%) agresses ocorreram entre casais, 213 (11,6%) entre
destruio de objetos e pertences do mesmo (patrimonial); pais/responsveis e filhos, e 135 (7,3%) entre outros

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familiares. Esse mesmo estudo referindo-se acerca dos notificao compulsria, no territrio nacional, do caso de
motivos da agresso, os chamados desentendimentos violncia contra a mulher que for atendida em servios de
domsticos que se referem s discusses ligadas sade pblicos ou privados.
convivncia entre vtima e agressor (educao dos filhos;
limpeza e organizao da casa; divergncia quanto Alm das dificuldades de produzir informaes fidedignas
distribuio das tarefas domsticas) prevaleceram em todos da amplitude desses agravos face a natureza burocrtica dos
os grupos, fato compreensvel se for considerado que o lar foi sistemas de informao e cultura de omitir tais agravos
o local de maior ocorrncia das agresses. Para muitos vergonha ou descrdito nas instituies pblicas por parte das
autores, so os fatos corriqueiros e banais os responsveis vtimas a complexidade do aparelho de Estado ou setores da
pela converso de agressividade em agresso. Complementa administrao publica onde se insere essa assistncia resulta
ainda que o sentimento de posse do homem em relao tanto na assistncia inadequada a estas como no controle
mulher e filhos, bem como a impunidade, so fatores que social do fenmeno violncia ou seja a preveno destas
generalizam a violncia. ocorrncias e punio dos agressores.

H quem afirme que em geral os homens que batem nas Para se ter uma ideia da complexidade do fenmeno
mulheres o fazem entre quatro paredes, para que no sejam basta examinarmos a dimenso da rede de instituies
vistos por parentes, amigos, familiares e colegas do trabalho. envolvidas as Unidades de Sade do SUS (Pronto
A cultura popular tanto prope a proteo das mulheres (em Atendimento, Setores de Emergncia e da Assistncia
mulher no se bate nem com uma flor) como estimula a Hospitalar; Servios de Sade Mental) o CRAS Centro de
agresso contra as mulheres (mulher gosta de apanhar) Referncia de Assistncia Social do SUAS (Sistema nico
chegando a aceitar o homicdio destas em casos de adultrio, de Assistncia Social); o Ministrio Pblico, o Conselho
em defesa da honra. Outra suposio que a maioria dos Tutelar, o rgo responsvel em fiscalizar se os direitos
casos de violncia domstica so classes financeiras mais previstos no Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA) e o
baixas, a classe mdia e a alta tambm tem casos, mas as Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente
mulheres denunciam menos por vergonha e medo de se que administra o Fundo para Infncia e Adolescncia, a
exporem e a sua famlia. Segundo Dias o fenmeno ocorre Secretarias de governo (Secretarias de Ao Social, da
em todas as classes porm mais visveis entre os indivduos Mulher, etc), Delegacia da Mulher, Vara de Famlia e Juizado
de Menores etc. A noo rede de servios propem a
com fracos recursos econmicos.
integrao dessas instituies contudo as modificaes
A violncia praticada contra o homem tambm existe, mas institucionais envolvem determinaes de natureza poltica e
o homem tende a esconder mais por vergonha. Pode ter cultural ainda inteiramente compreendidas ou controlveis.
como agente tanto a prpria mulher quanto parentes ou
O Fim do Silncio na Violncia Familiar
amigos, convencidos a espancar ou humilhar o companheiro.
Tambm existem casos em que o homem pego de Falando mais especificamente de famlias que em sua di-
surpresa, por exemplo, enquanto dorme. Analisando os nmica incluem a violncia-fsica, sexual ou psicolgica, ob-
denominados crimes passionais a partir de notcias serva-se que frequentemente h uma cristalizao em relao
publicadas em jornais Noronha e Daltro identificaram que aos lugares de quem foi vitimizado o agente da agresso.
estes representam 8,7% dos crimes noticiados e que destes Esses lugares podem permanecer ocupados pelas mesmas
68% (51/75) o agressor era do sexo masculino (companheiro, pessoas por anos seguidos, mas tambm como se pudes-
ex-companheiro, noivo ou namorado) nos crimes onde a sem ser compartilhados em alguns momentos ou em determi-
mulher a agressora ressalta-se a circunstncia de ser o nadas situaes, confundindo o observador em relao a
resultado de uma srie de agresses onde a mesma foi quem est sendo o agente da agresso ou o vitimizado. Isso
vtima. pode ser visto quando uma me, em vez de usar a sua auto-
Gnero ridade para resolverem situao de conflito ou colocar um
limite para seu filho, deixa para o pai resolver a situao
impossvel discutir a violncia domstica sem discutir os quando ele chega do trabalho, contando-lhe as coisas terr-
papis de gnero, e se eles tm ou no tm impacto nessa veis que criana ou o adolescente fez.
violncia. Algumas vezes a discusso de gnero pode
encobrir qualquer outro tpico, em razo do grau de emoo Nesse momento, ela delega ao companheiro a tarefa de
que lhe inerente. impor regras ou resolver o problema. Como isso acontece
com a violncia, fica caracterizado que ele membro violento
Quando os mulheres passaram a reclamar por seus da famlia, e ela e os filhos, as pessoas vitimizadas.
direitos, maior ateno passou a ser dada com relao
violncia domstica, e hoje o movimento feminista tem como Neste ponto, pode-se questionar por que essa me agiu
uma de suas principais metas a luta para eliminar esse tipo de assim, j sabendo que o companheiro resolve as situaes
violncia. O primeiro abrigo para mulheres violentadas foi com violncia.
fundado por Erin Pizzey (1939), nas proximidades de Inicialmente, pode-se pensar que essa famlia conseguiu
Londres, Inglaterra. Isso aconteceu na dcada de 1960. um equilbrio, dessa forma ainda que precrio e sofrido para
Pizzey fez certas crticas a linhas do movimento feminista, todos em que o membro violento, embora muitas vezes
afirmando que a violncia domstica nada tinha a ver com o possa estar carregando e expressando a violncia familiar.
patriarcado, sendo praticada contra vtimas vulnerveis
independentemente do sexo... Na terapia familiar frequente, durante o processo, ocor-
rer uma transferncia de violncia.
Estratgias de controle
Pode-se iniciar com uma crise tendo certa configurao e
Como resposta imediata, alm do atendimento adequado ao longo do processo nota-se que na crise seguinte outro
vtimas de violncia tanto nos aspectos fsicos como membro dessa famlia passa a ser o protagonista da violn-
psicossociais, urge reconhecer a demanda nos termos cia.
epidemiolgicos que se apresenta. Com essa inteno vem
se estabelecendo no Brasil. O sistema de notificao de Assim a tarefa do profissional no apenas identificar
notificao/investigao individual da violncia domstica, quem executa a violncia acreditando que trat-lo individual-
sexual e/ou outras violncias atravs das secretarias mente a nica interveno necessria, mas entender que
estaduais e municipais de sade aps promulgao da lei n est diante de uma famlia com uma dinmica que inclui a
10778, de 24 de novembro de 2003 que estabeleceu a violncia em suas relaes; estando ainda ciente de que,

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quando a pessoa que foi vitimizada ou o agente da agresso so apenas o resultado de uma oposio de foras, isto , de
retirado da famlia, provvel que o outro membro passe a uma violncia". O pensamento agostiniano reinou por muito
ocupar seu lugar, casso essa dinmica no seja percebida e tempo na prtica pedaggica e, constantemente retomado at
tratada. o fim do sculo XVII, manteve, no importa o que se diga,
uma atmosfera de rigidez nas famlias e nas novas escolas.
Tentando ainda refletir sobre o motivo de uma pessoa ou Portanto, por que pais maltratam filhos? Eu diria: antes de
uma famlia possurem uma dinmica que inclu a violncia tudo por hbito - culturalmente aceito h sculos. comum
em seu relacionamento, alm de considerar que este um pais afirmarem que apanharam de seus pais e so felizes. A
fenmeno multicausal (experincia de socializao; caracte- eles dizemos que as coisas mudaram e que, hoje, devemos
rsticas patolgicas; fatores culturais, sociais e polticos; ca- buscar outras formas de educar os filhos. Educ-los e estabe-
ractersticas particulares dos pais e/ou filhos), necessrio lecer limites, com segurana, com autoridade, mas sem auto-
relacionar alguns aspectos que contribuem para a compreen- ritarismo, com firmeza, mas com carinho e afeto. Nunca com
so deste fenmeno. Conceio Veras Padilha castigo fsico. A violncia fsica contra crianas sempre uma
Perguntas e respostas sobre violncia contra crianas covardia. O maltrato, em qualquer forma, sempre um abuso
do poder do mais forte contra o mais fraco. Afinal, a criana
Nos ltimos 25 anos fiz inmeras palestras e entrevistas frgil, em desenvolvimento, e totalmente dependente fsica e
para a mdia. As perguntas mais frequentes, feitas nestas afetivamente dos seus pais. Nesse sentido, acredito que a
ocasies, so resumidas e reproduzidas, abaixo, junto com as palmada se insira como uma forma de reconhecimento da
respostas dadas. Minha expectativa que esta seo possa insegurana, da fraqueza, da incompetncia, dos pais para
fornecer subsdios para todos aqueles que atuam na defesa educar seus filhos, necessitando usar a fora fsica. No po-
dos direitos de crianas e adolescentes. demos esquecer tambm do modelo de violncia que transmi-
Lauro Monteiro timos e perpetuamos nas relaes em famlia, quando estabe-
lecemos limites com violncia. Os filhos aprendem a soluo
Editor de conflitos pela fora - e tendero a reproduzir esse modelo
no s junto s suas famlias, mas em todas as relaes
Geral
interpessoais, na rua ou no trabalho. Inmeros fatores ajudam
Por que pais maltratam filhos? a precipitar a violncia de pais contra filhos: o alcoolismo e o
uso de outras drogas, a misria, o desemprego, a baixa auto-
Ao longo dos sculos, e at h bem poucos anos, as cri- estima, problemas psicolgicos e psiquitricos. Nesse enten-
anas eram consideradas seres de menor importncia. Era de dimento, achamos que pais que maltratam seus filhos devem
aceitao comum na sociedade o abandono, a negligncia, o ser orientados sempre e tratados e punidos, se necessrio.
sacrifcio e a violncia contra crianas, chegando ao filicdio,
declarado ou velado, que levava as taxas de mortalidade Como e por que ocorre o abuso sexual?
infantil, na Frana do sculo XVIII, a nveis absurdos, inacre-
O abuso sexual frequente e ocorre em todas as classes
ditveis, de sempre mais de 25% das crianas nascidas vivas.
sociais e estratos econmicos, em todos os pases do mundo,
Hoje, em muitos pases, para cada mil crianas nascidas
bem como as outras formas de maus-tratos, o fsico, o psico-
vivas, morrem menos de dez, antes de um ano de vida. Se-
lgico e a negligncia. O abusador sexual, ou seja, aquele
gundo Elisabeth Badinter, em Um amor conquistado - O mito
que se utiliza de uma criana ou adolescente para sua satis-
do amor materno, na Frana daquela poca raramente uma
fao sexual, , antes de tudo, um doente. sociedade, po-
criana era amamentada ao seio da me. Morriam como
rm, aparenta frequentemente ser um indivduo normal. O
moscas. Cerca de 2/3 delas morriam junto s amas de leite -
abuso sexual intrafamiliar inicia-se geralmente muito cedo,
miserveis e mercenrias - contratadas pela famlia e nas
quando a criana tem cerca de cinco anos, e um ato pro-
casas das quais ficavam, em mdia, quatro anos, quando
gressivo, um misto de carinho e afagos, com ameaas - no
sobreviviam. Nos asilos de Paris, mais de 84% das crianas
conte nada mame, voc a filha de que mais gosto, voc
abandonadas morriam antes de completarem um ano de vida.
minha preferida, ou, no conte para ningum, um segredo
Ainda no sculo XIX era comum a roda dos expostos nos
nosso, ou, ainda, se falar para sua me, ela vai te castigar e
asilos - no excelente Abrigo Romo Duarte, no Rio, ainda
botar voc na rua. Com medo e remorso, mas tambm com
existe uma pea dessas em exposio -, o abandono dos
prazer, a criana vai aceitando a relao com o pai agressor.
filhos era uma rotina aceita. Mas foi a partir do final desse
Sim, porque na maioria das vezes, o abuso sexual praticado
sculo que a criana, at ento estorvo intil - porque nada
pelo pai biolgico, contra a filha - e s vezes contra o filho.
produzia -, passou a ser valorizada, sob a ptica de que deve-
uma situao patolgica de toda a famlia. Progressiva, pode
ria sobreviver para ser tornar adulto produtivo. A criana pas-
chegar, na adolescncia, penetrao vaginal e gravidez.
sou a ser protegida por interesses, antes de tudo econmicos
Raramente acompanhada de violncia fsica, ou deixa mar-
e polticos, a partir da Revoluo Industrial especialmente em
cas evidentes. Contudo, as consequncias para a vida social
fins do sculo XVIII. As sociedades protetoras da infncia
e sexual da criana sero srias. O abuso sexual intrafamiliar
surgiram na Europa entre 1865 e 1870, e eram mais recentes,
diferente da explorao sexual de crianas e adolescentes,
e menos representativas, do que a Sociedade Protetora dos
situao em que o comrcio est envolvido. E sempre um
Animais. A palavra pediatria s surgiu em 1872. De acordo
ato de criminosos contra crianas ou adolescentes, que no
com Elisabeth Badinter, os mdicos, ento, no tratavam as
tm outra opo. Frequentemente o abusador sexual de cri-
crianas. Achavam que isso era tarefa das mulheres - ou seja,
anas e adolescentes um pedfilo. A pedofilia um distr-
das mes e amas, porque no existiam mdicas. Em resumo,
bio do desenvolvimento psicolgico e sexual, que leva indiv-
apesar de ainda no respeitada na sua individualidade, a
duos, aparentemente normais, a buscarem de forma compul-
criana comeou a ser de alguma forma protegida h pouco
siva e obsessiva o prazer sexual com crianas e adolescen-
mais de cem anos. Mas foi s no incio do sculo XX, com
tes. As consequncias do abuso sexual para crianas e ado-
Freud, que a criana passou a ser entendida no seu desen-
lescentes so graves, s vezes com repercusses para toda a
volvimento psicolgico. O castigo fsico como mtodo peda-
vida. O pedfilo deve portanto ser excludo do convvio social,
ggico, porm, secularmente pregado at por filsofos da
enquanto submetido a tratamento. As vtimas devem ser
grandeza de um Santo Agostinho, continuou at nossos dias.
apoiadas pela famlia e por profissionais especializados. O
Ainda de acordo com Elisabeth Badinter, Santo Agostinho
primeiro passo para combater o abuso sexual a sociedade
justifica todas as ameaas, as varas, as palmatrias. "Como
ser informada sobre a sua frequncia, crianas serem preco-
retificamos a rvore nova com uma estaca que ope sua fora
cemente informadas sobre seu prprio corpo e se o abuso
fora contrria da planta, a correo e a bondade humanas
sexual ocorrer, nosso conselho para os pais : "acredite no

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que lhe diz seu filho, por mais absurdo que lhe parea". A to frequente quanto nos Estados Unidos ou em qualquer
auto-estima preservada e confiana nos pais, podem impedir pas do mundo.
a maioria das situaes de abuso sexual.
Didaticamente, quais e como so as formas mais co-
E os maus-tratos psicolgicos? muns de maus-tratos?
frequente entre todos ns. Creio que todos, de alguma So formas de maus-tratos: Fsicos - uso de fora fsica
forma, em algum dia, maltratamos psicologicamente nossos de forma intencional, no acidental, ou os atos de omisso
filhos. A frase que usamos para divulgao no rdio resume intencionais, no-acidentais, praticados por parte dos pais ou
bem: "no deixa marca aparente, mas marca por toda a vida." responsveis pela criana ou pelo adolescente, com o objeti-
O que melhor define os maus-tratos psicolgicos so as humi- vo de ferir, danificar ou destruir esta criana ou o adolescente,
lhaes, discriminaes, ofensas feitas pelos prprios pais. deixando ou no marcas evidentes. Psicolgicos - rejeio,
Um exemplo que vi, algumas vezes, inclusive no meu consul- depreciao, discriminao, desrespeito, utilizao da criana
trio, de casais que tm trs filhos. A me se identifica com como objeto para atender a necessidades psicolgicas de
um, o pai com outro, e um sobra. a sndrome do patinho adultos. Pela sutileza do ato e pela falta de evidncias imedia-
feio. Coitada dessa criana, a discriminada, a menos protegi- tas, este tipo de violncia um dos mais difceis de caracteri-
da e cuidada dentro de uma famlia. zar e conceituar, apesar de extremamente frequente. Cobran-
as e punies exageradas so formas de maus-tratos psico-
O que considerado negligncia?
lgicos que podem trazer graves danos ao desenvolvimento
Negligncia o ato de omisso do responsvel pela crian- psicolgico, fsico, sexual e social da criana. Abuso sexual -
a ou pelo adolescente em prover as necessidades bsicas situao em que criana ou adolescente usado para gratifi-
para seu desenvolvimento. Por isso, a Abrapia procura infor- cao sexual de adulto ou adolescente mais velho, baseado
mar a populao, de todas as maneiras, para que ela se em uma relao de poder. Inclui manipulao da genitlia,
conscientize, por exemplo, que uma criana deixada s, em mama ou nus, explorao sexual, voyeurismo, pornografia e
casa, fica em situao de risco, podendo ingerir medicamen- exibicionismo - incluindo telefonemas erticos - e o ato sexual
tos, gua sanitria, tomar choques eltricos, queimar-se no com ou sem penetrao, com ou sem violncia. Sndrome de
fogo, cortar-se ou at cair de uma janela. Tambm so Munchausen - situaes em que pais, com objetivos de aufe-
omissos os pais que no alimentam adequadamente seus rir lucro ou ter alguma outra vantagem, simulam em seus
filhos, que no cuidam da higiene ou do calendrio das vaci- filhos, de forma habilidosa, ardilosa e verossmil, sinais e
naes, ou no os matriculam na escola. Lembramos que o sintomas de doenas. Nesses casos, levam essas crianas a
Governo tambm negligente quando no proporciona aos hospitais e, frequentemente, elas so submetidas aos mais
pais condies mnimas de sobrevivncia. Acidentes, por complexos exames para buscar o diagnstico. Exemplifico
definio, so situaes casuais, eventuais, imprevisveis. com um caso que vivi no Hospital Souza Aguiar. A me afir-
Traumas com graves consequncias ocorrem frequentemente mava que a filha chorava lgrimas com sangue - e nada se
e so considerados acidentais. Na realidade, na maioria das encontrava nos exames. Foi levada para outros hospitais
vezes, se a situao fosse investigada, caracterizaria negli- especializados, com a me sempre repetindo que a criana
gncia dos prprios pais. estava com sangue nos olhos. E denunciava que no conse-
guamos resolver o problema. Certa vez, porm, vimos que,
Quem mais maltrata seus filhos, o homem ou a mu- durante a noite, a me furava o prprio dedo e colocava o
lher? sangue no olho da criana - e imediatamente chamava a
a me biolgica quem mais maltrata fisicamente seus fi- enfermagem. Frequentes so os casos de pais que chegam
lhos. O abusador sexual na famlia quase sempre o pai aos hospitais com filhos em coma, muitas vezes consecuti-
biolgico, que age contra a filha. vas. Acaba-se descobrindo que do barbitricos ou outros
sedativos em grandes doses para as crianas. Esses adultos
Normalmente, em que idade a criana mais maltrata- so pessoas neurticas ou com graves problemas mentais,
da? que precisam ser identificadas e tratadas. O nome da sndro-
me vem da literatura, em que o personagem, o baro de
Antes dos cinco anos, caracterizando bem o ato como
Munchausen, criava histrias fantasiosas, extremamente
uma demonstrao de covardia.
detalhadas, e todos acreditavam nelas. Esse quadro foi inici-
Quais os mais frequentes casos de maus-tratos contra almente descrito em adultos, que criavam doenas em si
crianas? prprios. Posteriormente, em 1977, Meadow descreveu a
situao em que pais com desordens psiquitricas produziam
Nos hospitais, as situaes mais encontradas so marcas nos filhos o mesmo quadro. Da a denominao Sndrome de
na pele, de leses provocadas por murros, tapas, surras de Munchausen by proxi, ou por procurao. Examinei, certa
chicotes, fios, vara, queimaduras - muito frequentes - por vez, uma adolescente de quatorze ou quinze anos com uma
cigarro, ferro eltrico, gua fervendo, objetos aquecidos. cicatriz de cirurgia de apendicectomia que no cicatrizava.
Tambm comuns so as fraturas de ossos longos dos mem- Conversamos e ela contou-me que estava retirando os pontos
bros superiores e inferiores, de crnio, de costelas e clavcu- com seus dedos porque no queria ir para casa. Prolongava
las. Ocorrem ainda leses de vsceras, como ruptura de fga- sua estadia no hospital.
do, bao ou intestinos. A morte por maus-tratos praticados
pelos prprios pais, nos Estados Unidos, acontece, segundo Sndrome do beb sacudido (Shaken baby syndrome) -
estatsticas locais, em mais de duas mil crianas por ano. outra situao de maltrato em que uma criana, geralmente
Alis, as estatsticas americanas mostram que, anualmente, um beb, sacudida, na maioria das vezes pelos prprios
so registrados cerca de 1,5 milho de casos de maus-tratos pais, causando hemorragias intracranianas e intra-oculares
contra crianas e adolescentes, na famlia. Os nmeros vo que podem levar morte ou deixar graves sequelas, que
alm: mostram que 300 mil crianas e adolescentes sofrem muitas vezes s sero detectadas ao longo da vida, em razo
abusos sexuais, entre os quais, quatro mil so de incestos de de distrbios no aprendizado ou no comportamento.
pais com filhas. Acredita-se que, para cada 20 casos de vio-
De diagnstico difcil, obriga o profissional de sade a es-
lncia, s um notificado. No Brasil, o trabalho realizado em
tar informado sobre sua grande frequncia e sobre a necessi-
vrios estados, por rgos do Governo e organizaes no-
dade de anamnese bem completa, com exame obrigatrio de
governamentais - Crami, em So Paulo, e Abrapia, no Rio de
fundo de olho e ressonncia magntica para o diagnstico de
Janeiro - vem demonstrando que a violncia domstica aqui
micro-hemorragias cerebrais. Todos se lembram de um caso
recente que abalou todo o mundo, do beb que morreu com

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hemorragia cerebral em consequncia do shaken que teria nos padres atuais, a relao endogmica era aceita. Hoje,
sido infringido por sua baby sitter, uma jovem inglesa que proibido, o incesto um tabu no respeitado por muitos. Abu-
estava estudando nos Estados Unidos. Os pais da criana, so psicolgico - provocado por pais, professores, pediatras,
ambos mdicos, trabalhavam o dia inteiro e deixavam seu pessoas de convvio ntimo com crianas. Pode ser observa-
filho com a bab. Ela foi presa, acusada de homicdio, conde- do, claramente, em todas as classes sociais. No Brasil, alia-se
nada num primeiro julgamento e, paradoxalmente, libertada ao alto ndice de desinformao, falta de pesquisas e esta-
em outro seguinte, aps 279 dias de deteno. tsticas sobre a vida intrafamiliar. Por desconhecimento e
preconceito, as classes mais elevadas da populao tendem
Em que classes sociais esses casos de maus-tratos
a acreditar que a violncia contra crianas e adolescentes
mais ocorrem, no Brasil?
dentro de casa s acontece com miserveis ou em outros
A literatura mundial e as pesquisas divulgadas em con- pases. Atualmente, a grave situao da falta de trabalho e de
gressos internacionais mostram que todas as formas de emprego no Brasil atinge a todas as classes sociais. O de-
maus-tratos ocorrem em todo o mundo, em todas as classes semprego, ou o medo de perder o trabalho, so fatores preci-
sociais. No Brasil, quase no temos estatsticas. necessrio pitantes de maus-tratos, em funo de um estado de ansie-
analisar essa pergunta em relao a cada tipo de maus- dade, depresso e baixa auto-estima. As pessoas bebem,
tratos. perdem o autocontrole e agridem. Costumo dizer que a dife-
rena apenas entre o usque da classe mdia e a cachaa
Os casos de maus-tratos fsicos e de negligncia so mais da maior parte da populao.
denunciados nas classes mais pobres. Isso no significa, em
absoluto, que pobre seja mais violento, mas sim que misria, Os pais so punidos?
promiscuidade, pobreza absoluta so fatores desencadeantes Deve-se considerar que o objetivo , antes de tudo, prote-
da violncia. Como vivem em comunidades, o fato torna-se ger a criana e reinseri-la na famlia tratada. Aps o diagns-
conhecido por todos e mais fcil que algum denuncie. A tico, a Abrapia encaminha as crianas e os pais para trata-
classe mdia, morando em apartamentos, consegue masca- mento. Mas, com toda certeza, alguns pais deveriam ser
rar e esconder esse tipo de maus-tratos. A prpria Abrapia, julgados e receber a aplicao das penalidades previstas na
quando recebe alguma denncia, tem dificuldade de chegar a Lei. No entanto, infelizmente, isso raro. Uma pesquisa da
esses pais de classe mdia, com seus tcnicos sendo barra- Universidade Popular da Baixada, patrocinada pelo Ministrio
dos pelos porteiros dos condomnios. E, quando algum des- da Justia, analisou os 2.217 processos relativos violncia e
ses pais chega Abrapia, j vem acompanhado por seu ad- maus-tratos nos dez maiores municpios do estado do Rio de
vogado. Janeiro, no ano de 1997. O maior nmero de processos,
O abuso sexual frequente em todas as classes sociais, 1.221, foi encontrado no Rio; seguido de Campos, com 219;
em todo o mundo. O muro do silncio, nessas situaes, Nova Iguau, com 186; So Gonalo, com 130 e Duque de
mais difcil de ser rompido, principalmente nas classes mais Caxias, com 97. A lamentar, o fato de que, dos 2.217 proces-
elevadas. O pior que muitos acreditam que entre ns brasi- sos, s 19,8% estavam finalizados com sentena. Quanto
leiros no ocorrem abusos sexuais em famlia. A propsito, deciso judicial em relao ao agressor, em 49% dos casos
lembro-me de um pediatra meu amigo, com uma grande clni- no houve sentena e, em 23,6%, no houve registro (sic).
ca no Rio, que me disse um dia: - Lauro, no tenho isso em Apenas em 15,1% houve punio para o agressor, que foi
meu consultrio. Tambm um psiquiatra, conhecido meu, desde uma simples advertncia at a suspenso ou destitui-
acredita que haja exagero nas denncias, nos Estados Uni- o do ptrio poder. Especificamente em relao ao abuso
dos. Realmente, o americano chegou ao nvel de tamanha sexual, houve 257 processos, sendo 143 do municpio do Rio
preocupao com o abuso sexual que podemos questionar se de Janeiro. Tambm no municpio do Rio, no item Deciso
isso no leva a um distanciamento do to necessrio contato judicial em relao ao agressor, em 46,7% dos casos no
fsico entre pais e filhos. So to frequentes as notificaes houve sentena (sic) e em 26,8% no houve registro (sic). S
que j existem at instituies de proteo a vtimas das de- houve algum tipo de punio, tambm de advertncia at a
nncias de abusos sexuais e outros - VOCAL-Victims of Child perda do ptrio poder, em apenas 8,9% dos casos. Essa
Abuse Laws. No h por que sermos to diferentes dos ou- pesquisa alerta para dois pontos em especial: so poucos os
tros pases. Bons exemplos da universalidade do problema casos de violncia dos pais contra os filhos que chegam
so trs filmes estrangeiros, exibidos no Rio em 1999, que Justia, e rarssimos so os pais que recebem alguma puni-
tinham suas tramas girando em torno do abuso sexual - o o, alm do inexplicvel nmero de casos sem registro ou
dinamarqus Festa de Famlia (Festen, direo de Thomas sem sentena, segundo os resultados da pesquisa. As maio-
Vinterberg), o americano A Felicidade (Happiness, de Todd res dificuldades em se punir legalmente e tratar o agressor,
Solondz) e o ingls Zona de Conflito (The war zone, de Tim ocorrem nos caos de abuso sexual. Frequentemente pais no
Roth). No primeiro, o clmax se concentra no filho mais velho, acreditam nos filhos, policiais desinformados no crem nos
que, durante a festa em que o pai comemorava 60 anos de pais e a justia, por falta de provas fsicas (s 30% dos casos
idade, denuncia o patriarca como tendo sido um abusador de abuso sexual deixam marcas evidentes), no pune o ped-
dele e da irm, morta por suicdio, com o conhecimento da filo, que na maioria das vezes segue seu caminho de preda-
me, omissa. O filme americano retrata as atividades pedfi- dor de crianas por toda a vida.
las de um mdico psicanalista, famoso e aparentemente nor- Quem deve denunciar os maus-tratos, e a quem?
mal, em New Jersey, que compulsivamente abusava dos
colegas de colgio do filho de dez anos. Sua famlia, muito Pelo Artigo 13 do Estatuto da Criana e do Adolescente-
bem inserida no american way of life, de nada desconfiava. ECA, "os casos de suspeita ou confirmao de maus-tratos
Zona de Conflito trata com densidade da relao incestuosa contra criana ou adolescente sero obrigatoriamente comu-
entre o pai e a filha adolescente, em uma famlia de classe nicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem
mdia inglesa, aparentemente normal e feliz. Habitualmente, prejuzo de outras providncias legais". As autoridades que
quando falamos em abuso sexual contra crianas, associa- podem receber as denncias, alm dos Conselhos Tutelares,
mos o caso a um psicopata ou a um pedfilo. Na maioria das so: o Juiz da Infncia e da Juventude (antigo Juiz de Meno-
vezes, porm, isso ocorre com homens comuns, que agem res), a polcia, o Promotor de Justia da Infncia e da Juven-
normalmente em sociedade, mas em casa mostram-se doen- tude, os Centros de Defesa da Criana e do Adolescente e os
tes, deprimidos, tm dificuldades nas atividades sexuais, Programas SOS-Criana. Essas denncias podem ser feitas
neurticos que acabam encontrando nas filhas a relao que por qualquer cidado, mas so obrigatrias para alguns pro-
lhes preenche o vazio afetivo. Essa situao muito comum. fissionais. A esse respeito, o Artigo 245 do ECA prev puni-
At porque, quando a sociedade ainda no estava organizada es: "Deixar o mdico, professor ou responsvel por estabe-

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lecimento de ateno sade e de ensino fundamental, pr- me que, certa vez, fiz uma conferncia sobre violncia do-
escola ou creche, de comunicar autoridade competente os mstica em um congresso internacional de cirurgia peditrica,
casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou no Rio. Aps minha exposio, o presidente do congresso,
confirmao de maus-tratos contra criana ou adolescente". A um mdico suo, parabenizou-me, mas disse que j conhecia
penalidade para a omisso de "multa de 3 a 20 salrios todas as situaes que eu havia apresentado. Na sua terra
mnimos, aplicando-se o dobro em caso de reincidncia". O tambm ocorria o mesmo. E citou casos que no conhecemos
Cdigo Penal prev outras punies. pessoalmente, como colocar uma criana, para castig-la, em
um armrio fechado, ou para fora de casa, na neve. Efetiva-
Com sua experincia de 35 anos frente do Servio
mente, o que mais me impressiona no so os casos extre-
de Pediatria do Hospital Municipal Souza Aguiar, 18 anos
mos, exemplares, que citamos. O pior saber que a violncia
na Abrapia e outros quarenta em consultrio peditrico,
de pais e parentes contra crianas que deles dependem to-
deve ter muitos casos para contar. Quais os que mais o
talmente continua a existir, em todas as suas formas, com
impressionou?
enorme frequncia, em todos os pases do mundo. Por analo-
A violncia, em todas as suas formas, para mim sempre gia com as estatsticas americanas, pode-se calcular que
impressionante. No me conformo em ver nos hospitais de cerca de 40 mil crianas e adolescentes so severamente
emergncia, em grande quantidade, crianas e adolescentes maltratados pelos seus responsveis, todos os anos, no Rio
atropelados em portas de escolas, vtimas de acidentes de de Janeiro e no Brasil, no mnimo 600 mil ao ano. Dessas,
trnsito e de quedas, muitas vezes evitveis, ou de intoxica- 1800 (0,3%) morrem. Lamentavelmente, poucos so os casos
es diversas. O problema saber quais dessas situaes notificados.
poderiam ter sido prevenidas e quais delas foram intencio- Qual seu conselho para os pais? No passar da pal-
nais. Voltando violncia de pais contra filhos, e responden- mada?
do pergunta, vou citar alguns casos que mais me marcaram.
Evidentemente, os piores foram aqueles que chegaram Sou contra qualquer tipo de violncia. Muitos pais batem
morte. Lembro-me do Willian, um menino de cerca de dois em seus filhos acreditando que seja a nica forma de educ-
anos de idade, que chegou morto sala de emergncia, nu- los. Discordo. Bater em uma criana sempre ato de covar-
ma manh de sbado. Apresentava inmeros sinais externos dia, um abuso do mais forte contra o mais fraco. Devemos
de violncia e fratura do crnio. A pessoa que o levou era buscar outras formas de educar filhos, sem castigos fsicos,
uma mulher de cerca de 30 anos, me substituta. Ela deitava- sem maus-tratos psicolgicos. Os tempos mudaram. As cri-
se sobre o corpo do menino e chorava, gritando: "O que fize- anas devem ter limites bem estabelecidos, com firmeza,
ram com voc, Willian? Quem fez isso? Vou me vingar." Pou- pelos pais. A insegurana dos pais, a falta de ateno e o
co depois, confessou que havia torturado o garoto durante descontrole pessoal so as principais causas da opo do
dias, como represlia pelo fato de a me biolgica no estar castigo fsico como forma pedaggica. Estou certo de que at
mandando regularmente a importncia combinada para a a palmada, culturalmente aceita por muitos, dispensvel. De
manuteno do menino. Ela foi presa e condenada: pena toda forma, eu no buscaria transmitir sentimentos de culpa
mxima, por homicdio doloso. Outra criana que morreu, com para os pais. Ser pai uma tarefa extremamente difcil, que
cerca de um ano de idade, encontrei na emergncia em um exige um treino contnuo e perseverante. Alis, como dizia
respirador, com inmeras fraturas de crnio. A me, tranquila Winnicott, a vida essencialmente difcil de ser vivida por
e s vezes at dormindo ao lado da criana, informou que a todos, e os pais devem procurar ser suficientemente bons
encontrou cada, junto cama, quando chegou em casa. O para seus filhos - nem permissivos, nem agressivos (Mother
pai estava l. A criana havia sido agredida violentamente na good enough, de Winnicott).
cabea, com algum instrumento. Os casos que chegam a um
Uma pergunta de cunho pessoal: o senhor, que h
hospital pblico so sempre de grande violncia. Uma me
anos faz palestras sobre esse tema, bateu em seus fi-
colocou a mo da criana em panela com gua fervendo,
lhos?
causando queimaduras de segundo grau profundo, queimadu-
ra em luva, tpica de maus-tratos fsicos. Outra queimou a Bati, e me arrependo profundamente. No surrei, mas dei
boca do filho com uma colher aquecida, porque ele dizia pala- palmadas. Errei, e hoje no o faria de jeito nenhum. Afinal,
vres. Outros pais colocaram a filha em uma bacia com gua no apenas os filhos crescem e mudam, mas os pais tam-
quente para castig-la porque no controlava oesfncterurin- bm. Certa vez, preocupado com o modelo de educao que
rio noite. Outros, queimaram o perneo da filha com objeto proporcionei a meus filhos, perguntei a minha neta, Ana Caro-
aquecido porque ela se masturbava. Ou queimaram a mo de lina, agora j adolescente, se seus pais haviam batido nela.
uma menina na prancha do fogo, ou colocaram um beb Ela me respondeu assustada: - No, vov. Que pergunta
sentado na frigideira com leo fervendo. So todos exemplos esquisita! Raphael, outro neto meu, garantiu-me que nunca
de casos graves que chegam aos hospitais. Mas quantas levou sequer uma palmada dos pais. Isso, por um lado, de-
crianas so maltratadas e nem sequer recebem atendimen- monstra que afirmar que filhos vo reproduzir sempre o que
to? Os casos levados ao SOS Criana da Abrapia so menos vivenciaram falso. Por outro lado, a constatao tambm foi
graves, permitindo uma ao preventiva mais eficaz. Em para mim um grande alvio. E meus trs filhos e dois netos
relao negligncia, o que mais me impressiona so as so, at onde se pode visualizar, felizes e saudveis - apesar
situaes de crianas deixadas sozinhas em casa - que se das palmadas.
intoxicam, sofrem quedas e, s vezes, morrem ou ficam muti-
ladas em consequncia de incndio em casa, com graves Algumas estatsticas nacionais tm destacado que o
queimaduras, ou quedas de apartamentos altos. O abuso principal tipo de mal-trato praticado pelos pais contra os
sexual, quando chega ao hospital, sempre muito grave, com filhos a negligncia. Qual a importncia desses dados?
leses graves de genitlia e nus. Os casos levados frequen- fundamental termos dados sobre todas as formas de
temente Abrapia apresentam menores consequncias fsi- violncia contra a criana para que polticas pblicas possam
cas, sem marcas evidentes e exigindo para o diagnstico a ser estabelecidas. lamentvel que no Brasil essas informa-
aplicao de tcnicas sofisticadas de revelao do abuso es sejam superficiais, pouco expressivas e que no repre-
sexual na famlia. Maus-tratos e negligncia de pais contra sentem a realidade do pas. Mas de toda forma essas infor-
filhos continuam a ocorrer em todos os pases do mundo. A maes so vlidas e importantes como uma amostra, como
literatura cientfica est cheia de casos quase inacreditveis: um indicativo e a sua divulgao relevante para levar
bebs colocados em forno de microondas, ou mortos por discusso do tema pela sociedade, atravs dos meios de
aspirao de pimenta em p colocada pelos pais nas suas comunicao.
bocas, ou assassinados por asfixia por travesseiro. Recordo-

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O que negligncia de pais contra filhos?
So negligentes os pais que no proporcionam aos filhos
as condies bsicas para um bom desenvolvimento biolgi-
co, social e psicolgico.
A negligncia est vinculada situao econmica e
social do pas? Pais pobres so mais negligentes?
No. A informao o fator principal para prevenir a ne-
gligncia. Contudo, famlias pobres ou miserveis tero maio-
res dificuldades de prover o bsico para seus filhos. Sobretu-
do se o Estado for omisso.
Isso significa que h tambm uma negligncia por par-
te do Estado?
Sim. Famlias com ganhos irrisrios no podero dar a
seus filhos o que eles precisam para o seu desenvolvimento.
E quem responsvel por essa situao de negligencia, fam-
lia ou Estado? Apenas como exemplo, cito o acesso gratuito
educao infantil, ao ensino bsico, s vacinas e orientao
para a preveno de acidentes.
E o planejamento familiar seria uma forma de reduzir a INTRODUO:
negligncia contra os filhos?
No h dvida. No s a negligncia, mas todas as for-
mas de maus-tratos que ocorrem na famlia e inclusive o
abandono, por exemplo, de recm nascidos indesejados. Pais
no deveriam ter filhos se no tivessem condies de ofere-
cer a eles o indispensvel para o seu desenvolvimento sau-
dvel. E volta-se aqui negligncia do Estado ao qual compe-
te proporcionar a todos o acesso ao planejamento familiar e
aos mtodos contraceptivos. E antes de tudo informao de
como proceder.
Alm da falta de vacinao, da preveno dos aciden-
tes e do acesso educao o que mais pode ser conside-
rado como negligncia dos pais?
Diria que antes de tudo so negligentes os pais que no
do aos filhos carinho, afeto, amor. Que no estimulam, no
reconhecem e no valorizam seus filhos, permitindo que eles
cresam com baixa auto-estima, sentimento responsvel pela
Em abril de 1997 cinco rapazes, adolescentes, em
infelicidade de crianas e adultos. Mas tambm os pais que
Braslia, atearam fogo em um suposto mendigo, mais tarde
so permissivos, que no estabelecem limites ou que os im-
identificado como ndio Galdino. O episdio ficou conhecido
pem com violncia.
como a morte do ndio patax. Os rapazes colocaram uma
Sendo assim, pais que praticam maus-tratos psicol- mistura de material inflamvel sobre o ndio que dormia e nele
gicos ou emocionais ou abandonam seus filhos, so ne- atearam fogo. O ndio acordou com o corpo em chamas e
gligentes? gritou por socorro, sendo levado ao hospital com graves quei-
maduras. No dia seguinte, veio a falecer. Os rapazes, reco-
No podemos nos prender apenas a definies tcnicas nhecidos e presos, apresentaram como justificativa, os seguin-
dos diversos tipos de violncia contra crianas. evidente tes argumentos: "no sabamos que era um ndio" e "pensa-
que crianas que crescem aterrorizadas e com medo dos mos que fosse um mendigo".
pais, que so chamadas pelos pais de estpidas, burras, Em outubro de 2002, em Porto Seguro, quatro rapa-
incompetentes, preguiosas, que ouvem "voc no deveria ter zes,coincidentemente tambm moradores de Braslia, espan-
nascido", esto sofrendo maus tratos psicolgicos que pode- caram at a morte o garom de um restaurante, porque este
ro marc-las por toda vida. Seus pais so maltratantes e havia solicitado aos mesmos que desocupassem a mesa, uma
negligentes. O mesmo pode-se dizer do abandono, no s o vez que nada estavam consumindo no restaurante.
abandono de crianas propositadamente em locais pblicos,
mas falamos tambm dos pais ausentes que egoisticamente
abandonam seus filhos em suas prprias casas.
NATUREZA E ORIGENS DA TENDNCIA ANTI-SOCIAL.

NOS DERAM ESPELHOS E VIMOS UM MUNDO DOEN-


TE: REFLEXES SOBRE AGRESSIVIDADE, COMPOR-
TAMENTO ANTI-SOCIAL E VIOLNCIA NA CONTEMPO-
RANEIDADE

Junia de VILHENA.
Doutora em Psicologia Clnica

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que pagamos em nome da civilizao, at porque no h co-
mo eximar a agressividade do ser humano. Quando ela no
parece de uma forma explicita, ela aparece de forma implcita,
e se volta para o prprio homem que a negou. Dessa forma,
sempre possvel unir um considervel nmero de pessoas no
amor, enquanto sobrarem outras pessoas para receberem as
manifestaes de sua agressividade. (Freud, 1930:119)
Para Freud, o homem seria intrinsecamente mau e
destrutivo, tendo de ser contido em seus desejos por foras
civilizatrias, sem o que estaria condenado ao modo de viver
impulsivo prprio dos povos primitivos. a sociedade que
gera, mas que tambm restringe, a expresso da agressivida-
de individual, mesmo que jamais a extinga. O superego seria a
instncia que conformaria o homem a se submeter lei social
por esta ter-se tornado uma lei internalizada atravs dos me-
canismos de identificao e introjeo.
Fatos como estes no so isolados, pelo contrrio, Freud (1930) reflete sobre esta ambiguidade de
tornam-se cada vez mais frequentes. Estamos habituados a instintos no ser humano ao distinguir em ns a existncia de
encarar a violncia como um ato enlouquecido, pelo prisma de dois impulsos, o de vida ou Eros, e o de morte, Tanatos. Um
uma exceo, ou seja - como transgresso de regras, normas no aparece no ser humano sem que o outro tambm apare-
e leis j aceitas por uma comunidade. Violncia, em nosso a, porm a destrutividade, consequncia direta da pulso de
imaginrio, est permanentemente associada marginalidade, morte, vista com fora disjuntiva, atuaria de forma silenciosa.
aos atos fsicos de abuso, ou ruptura de normas e leis que Podemos especificar, a partir do olhar de Jurandir
so respeitadas por uma determinada comunidade. Nosso Freire Costa, o carter marcante da violncia como sendo o
mito, como aponta Chau (1980), o de uma sociedade no desejo de causar mal, humilhar, fazer sofrer o outro. O ato
violenta, cordial e sem preconceitos, com episdios violentos, violento porta a marca de um desejo, o emprego deliberado da
sempre referidos a mecanismos de excluso social, onde ns, agressividade. Falar de violncia falar de uma inteno de
como agentes, no nos inclumos. destruir. Poderamos dizer que a agressividade opera quando
Mas o que dizer da exceo que est se transfor- h reconhecimento pelo sujeito do objeto a quem enderea
mando em norma? Como entender o ato agressivo, violento, sua reivindicao agressiva. A agressividade, ao contrrio da
delinquente e anti-social, em uma perspectiva scio- violncia, inscreve-se dentro do prprio processo de constru-
psicanaltica? Como no psicologizar o social, retirando de ns o da subjetividade, uma vez que seu movimento ajuda a
a responsabilidade pela sociedade que estamos construindo? organizar o labirinto identificatrio de cada sujeito.
Paralelamente, como no reduzir o psquico a uma patologia A partir da ideia de o ato agressivo ser um reco-
social? Reduzir nossa compreenso apenas a uma perspecti- nhecimento e endereamento de uma mensagem, possvel
va significa empobrec-la, uma vez que a compreenso do fazermos uma aproximao deste com a tendncia anti-social,
outro remete-nos sempre a diferentes registros. postulada por Winnicott. Winnicott v, neste tipo de ato,distinto
Por isto, os exemplos escolhidos foram propositais. da delinquncia, a busca de um limite e de um acolhimento,
No estamos, mais uma vez, buscando entender a violncia demonstrado neste endereamento.
pela via da excluso social fato que, em nenhum momento Mas esse endereamento de SOS por parte da
negamos. Os jovens apresentados pertencem s classes m- criana ou adolescente sociedade de difcil entendimento,
dia e alta, estudam em escolas privadas e tm acesso a todos j que subjetiva sua percepo e sua interpretao por parte
os bens de consumo. Como entender tamanha barbaridade tanto dos pais quanto da sociedade. E, se no entendido esse
vinda de meninos de famlia? Afinal de contas, estamos SOS a tempo, ele ir se perdendo em ganhos secundrios
acostumados a associar a barbrie s classes populares! cada vez maiores, fornecidos pela mesma sociedade que
(Vilhena & Zamora, 2002) deveria l-los como um apelo de limites e ajuda.
Mas como se chega delinquncia? Onde est a
origem da agressividade? O que leva aos desvios da agressi-
I - DA AGRESSIVIDADE VIOLNCIA vidade?

II- A AGRESSIVIDADE, SUAS ORIGENS E SEUS DESVIOS

A questo da agressividade no ser humano susci-


ta, desde Freud (1930), uma situao paradoxal: todos admi-
tem que a agressividade existe no ser humano, mas custam a
admiti-lo e a estud-la como algo inerente ao mesmo.
Assim, poucas pessoas admitem serem cruis em
atos e em pensamentos. Aqui temos todo um trabalho de civili-
zao que nos educa a tolhermos e ocultarmos essa vertente
de nossa fisiologia e, para Freud (1930), este o preo alto

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Enfatizamos que a agressividade que cria o mun-
do, e tambm cria a destrutividade, no pode ser categorizada
como sade e doena e, sim, como um deslizar entre sade e
doena. A agressividade que destri, destri dependendo dos
olhos de quem a v.
O que seria, ento, a tendncia anti-social? A
tendncia anti-social um sinal de SOS (esperana) ao meio
que se encontra em dbito para com a criana. Ela no um
diagnstico. Na tendncia anti-social h uma necessidade que
se exprime em uma externalidade, a culpa do ambien-
te.Caracteriza-se por um elemento que compele o ambiente a
tornar-se importante.
Para Winnicott (2000) h sempre duas vertentes
da tendncia anti-social: aquela representada tipicamente pelo
roubo, e a outra representada pela destrutividade, mesmo que
a nfase recaia por vezes mais sobre uma do que sobre a
A agressividade, para Winnicott, traz em si mesma outra.
um movimento natural, e que, em seus primrdios ou incio, No roubo h a procura de algo, em algum lugar,
somente um movimento. Assim, o agitar de braos de um feto por parte da criana o que importa no o objeto que
na barriga somente um movimento que, por acaso, encontra roubado e sim o que esta criana procura quando rouba. J a
a barriga ou seu limite e no um soco; o mexer de pernas destrutividade estaria relacionada interao com o pai. A
somente um movimento instintual e no um chute, no possu- funo paterna, em Winnicott, ser o ambiente indestrutvel,
em intencionalidade de ato agressivo. Ser a me, sendo aquele que sustenta a me, que sustenta o beb. O que a
suficientemente boa que significar este gesto espontneo do criana busca so limites.
beb, lendo-o como algo criativo ou no, limitando-o. Quando Para Winnicott h uma gradao entre a tendn-
a leitura que o beb recebe de seus gestos no adequada cia anti-social vista como normal, aquela que se encontra at
ou a esperada, a reao deste a ela suprir, com seu intelec- nos bons lares, e a delinquncia, assim como h uma grada-
to, as funes que falham: ele passa a cuidar da me quando o entre a agressividade normal, a destrutividade e a violn-
no se encontra no reflexo especular da mesma. (Maia, 2002). cia.
Dessa forma, este beb tem de agora lidar, ele O delinquente difere da criana com tendncia
mesmo, com o meio, substituindo esta me que falhou, dando anti-social porque na delinquncia j haveria defesas constitu-
conta dessa tarefa a partir dos mecanismos que puder dispor das, com ganhos secundrios, que dificultariam a criana
em sua insuficincia ou imaturidade. a partir desta falha entrar em contato com seu desilusionamento inicial. Na delin-
ambiental que se instaura o que Winnicott denomina de ten- quncia h ainda um reclame por direitos perdidos, mas em
dncia anti-social. nvel muito maior de desespero e solido, posto que esta cri-
Mas qual a relao entre agressividade no acolhida pelo ana ter procurado o limite para o seu gesto agressivo e no
meio e o ato violento? o ter encontrado, passando a aumentar a sua rea de atua-
Jurandir Freire Costa (1986) coloca que a violncia o em- o, tornando-se destrutivo.
prego desejado da agressividade, com fins destrutivos (p.30) A destrutividade seria a forma mais desesperada
e principalmente percebida por quem observa o ato de agres- de tentar chamar ateno para si mesmo que uma criana
sividade, assim como por quem recebe essa agressividade, poderia lanar mo: ela estaria denunciando a quebra na es-
como havendo uma intencionalidade em praticar essa agres- trutura, teria se tornado, segundo o prprio Winnicott, um de-
so, transformando-a numa ao violenta. Portanto, somente linquente, ou seja, aquele que desaloja as coisas, que desaloja
haveria violncia quando o sujeito que sofre a ao agressiva de seu lugar, do lugar que lhe atribudo pela sociedade no
sente no agente da ao um desejo de destruio. caso a falta total de lugar, j que ele estaria apelando um grito
Segundo Winnicott, na fase da dependncia abso- de SOS para as estruturas mais vastas da sociedade, que
luta, nenhuma me perceberia o gesto espontneo do beb seriam as leis do pas, e procurando o limite nas barras de
como um gesto intencional e, portanto, violento a ela. E, se a uma priso.
me no percebe esse ato como tal, o beb no se perceber
como agente violentador. Nesse primeiro momento no h III- QUANDO AS FUNES PARENTAIS FALHAM: A IN-
como associar agressividade primria com violncia, por no FNCIA EM ECLIPSE
haver intencionalidade no gesto do beb, este pura motilida-
de, pura manifestao do instinto. a me quem devolver
ao beb o sentido de maldade ou inocuidade de sua
agressividade puramente instintiva. a me, e o ambiente
humano, quem qualifica humanamente o instinto, tornando-o
uma manifestao pulsional, ou seja, um desejo dirigido a um
objeto (bom ou mau) e portador de um afeto (bom ou mau).
(Costa, 1986: 31)
No reino da pura fora, o que talvez possa ser
apreendido como um lao social o medo da morte, a pura
luta para sobreviver no viver, pois existe uma diferena
fundamental. Viver diz respeito ao desejo, enquanto que so-
breviver restringe-se necessidade. Para Winnicott, o oposto
morte no o estar vivo, e sim ter uma vida criativa. Daquele
que apenas sobrevive, pode-se dizer, como Hanna Arendt
(2001), que ele muito triste, pois os homens , embora devam
morrer, no nascem para morrer, mas para comear. Para
Arendt, a violncia destri o poder e destitui e anula o outro, Acreditamos que a agressividade da infncia circu-
enquanto a agressividade constitutiva e se inscreve em um la por esta questo da negligncia e falha nas funes mater-
processo de subjetivao, uma vez que seu movimento ajuda na primria e paterna dessas crianas. A criana est tendo
a organizar o labirinto identificatrio de cada sujeito. que assumir, muito cedo, a responsabilidade pelos seus atos,

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entendendo-se responsabilidade um se responsabilizar infantil
e onipotente, pela falta de algum que deveria estar l, sufici- CONCLUSO
entemente forte, para conter a intruso do meio e no est, ou
est fragilizado, com medo de ser ou fazer o que tem de ser
feito.
Desta forma, a agressividade, o impulso agressivo,
acaba no se fundindo com o impulso ertico, fazendo-se
expressar pela tirania da criana pequena que fala com sua
me ou com seu pai como um igual, ou como se fosse seu
dono. Sua agressividade resolve, onipotentemente, o proble-
ma da falta e da falha, resolve pelo grito, no eu quero sem
limites, pelo papagaiar de falas e pelo desejar coisas de adul-
tos que atordoam os prprios adultos ao estarem estes diante
de seus prprios espelhos, seus filhos. Os filhos da contempo-
raneidade so retrato de pais com medo de serem pais, retrato
do lugar que resta vazio, a ser preenchido por algo ou algum
que est fora da famlia. Dessa forma, perpetua-se a onipotn-
cia e o narcisismo infantil e no se instaura o princpio da rea-
lidade de forma efetiva nesta infncia, que responde ao adulto Ao contrrio dos animais, o homem s , muito
como tendo outro ideal de ego, posto que esses pais no po- parcialmente, um ser biolgico. Sua existncia propriamente
deriam ocupar esse lugar e papel. humana e social s se realiza atravs de sua imerso no sim-
Uma das respostas que a criana desapossada blico, isto num conjunto de cdigos que permite que se
fornece ao meio que a desapossou , ao nosso ver, o compor- comunique e se relacione com outros homens e com o univer-
tamento anti-social. E este comportamento, no sendo inter- so que o circunda - a cultura assim, a prpria condio de
pretado pela sociedade como um apelo de SOS dirigido ao possibilidade do humano.
outro, que no se percebe falhando, vai aumentando a sua Para que seja possvel um lugar para o Sujeito
intensidade, tornando-se destrutivo e violento. fundamental que a lei tenha valor e para tal preciso que ela
No estaria o comportamento anti-social denunci- seja justa, a todos se aplique e a todos represente. A lei existe
ando esse palco de acirramento de rivalidades, posto que a no para humilhar e degradar o desejo, mas para estrutur-lo,
diferena entre a criana e o adulto estaria no sendo mais integrando-o no circuito do intercmbio social. Do contrrio, o
marcada, no estaria mais sendo efetivamente efetuada devi- que observaremos que, ao invs do respeito e obedincia,
do aos pais estarem adolentificados, obrigando a seus filhos a teremos cada um fundando a prpria lei. Cada um querendo
virarem adolescentes antes de poderem viver sua infncia? ser sua prpria origem nesses casos a violncia explode os
O lugar da infncia na contemporaneidade o limites do humano. (Vilhena & Santos 2000)
espao no qual a criana no pode ser criana e vive uma de se perguntar: qual lei os pais instauram para
eterna adolescncia. como se criana estivssemos impu- a criana se a elas esto to fusionados? Ser que a no
tando obrigaes e valores muito cedo e, com isso, estaramos explicitao da lei ou a ambiguidade da lei no seria uma das
vivenciando uma diluio da infncia como um espao social causas de a criana necessitar usar, como forma de expres-
que foi adquirido ao longo de alguns sculos. so, a atuao e no a palavra, acabando por usar da violn-
Em dcadas anteriores a criana (como nas socie- cia como, talvez, a nica via possvel de comunicao com o
dades primitivas), aps breves rituais de iniciao se tornava outro na sua busca por seus direitos sentidos como perdidos?
um adulto. Hoje, a adolescncia se alonga cada vez mais, e a Segundo Calligaris (1996) os sujeitos no s pree-
infncia se encurta, como se o perodo de latncia sombreasse xistem ao tecido de relaes, mas so efeitos delas. A falta de
a infncia. O que ocorre, hoje em dia, um fenmeno denomi- referentes simblicos culturais produzidos nas sociedades
nado de adultescncia, termo que designa o ideal de ser ado- complexas promove o sentimento de no-pertencimento, de
lescente para sempre, com adultos tendo condutas adolescen- no-filiao. Os filhos desse social encontram-se perturbados,
tes e faltando padres adultos para os verdadeiros adoles- muitas vezes em uma procura desesperada de uma referncia
centes se identificarem, assim como est faltando s crianas. que os proporcione um sentimento de pertencimento, de inclu-
Sem essas funes parentais sendo exercidas de so. O que sem a dimenso da filiao, exercer a prpria
forma suficientemente boa, a criana acaba por perder seus subjetividade muito difcil, reserva um destino de sofrimento
referenciais identificatrios. Vemos, ento, surgir uma famlia e loucura (p.13).
adolescente, sem um papel que caiba criana e outro aos
adultos: os papis ou aparecem invertidos, ou aparecem dilu-
dos. Desinventamos a infncia em prol de algo que, se parar- Adolescentes em conflito com a lei: construes teri-
mos para analisar, no sabemos bem o que seja, nem o que cas e metodolgicas sobre a medida socioeducativa a
trar como consequncias futuras. partir das significaes das famlias e dos tcnicos
Com esse cenrio social podemos aqui pensar
qual o papel da criana atualmente. Esperamos que nossos Maria Lizabete de Souza Pvoa; Maria Ftima Olivier
filhos sejam a nossa imagem de felicidade. O que esperamos Sudbrack
de nossos filhos que sejam nossos parceiros, nossos ami- 1.1.Introduo
gos... Porque para os pais atuais a tida autoridade passa a
ser vivida como autoritarismo, como uma ameaa a esta felici- Selosse (1997), psicossocilogo francs, permitiu uma no-
dade desejada a este amor to propalado. Aos pais, como va abordagem para adolescente em conflito com a Lei no
aponta Lasch (1997) caberia cada vez mais apenas a tarefa contexto jurdico. Nesta abordagem o jovem tido como judi-
amorosa, sendo delegada a outras instncias pblicas a tarefa civel, no apenas sujeito Lei, mas visto como sujeito psico-
educativa (Vilhena, 1998: 72). lgico com sua histria, sua palavra e sua verdade. O ato
A criana a caricatura da felicidade impossvel delinquente tido como resultante de mltiplas determinaes
dos adultos. de carter social e psicolgico, onde o jovem ao mesmo
A violncia que assistimos hoje em dia, que nos tempo sujeito e objeto, agente e paciente de seu processo de
pe to perplexos e assustados, representa o ltimo grau de socializao.
tentativa de estabelecimento de um dilogo, que j foi rompi-
do.

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Focalizando a dimenso familiar da delinquncia juvenil 1.2.Metodologia
Sudbrack (1992) destaca a funo paterna, e ressalta que a
1.2.1 Da interveno
passagem ao ato delinquente, alm de seus aspectos indivi-
duais e sociais, culturais e institucionais, uma manifestao, A metodologia das Reunies Multifamiliares seguiu o mo-
no exterior, daquilo que o jovem no pode dizer no interior da delo de Costa & Melo (Costa, 1998) que utiliza: 1) a orientao
famlia. O ato delinquente projeta o jovem para fora de sua da sesso psicodramtica em trs etapas: aquecimento, dra-
famlia, rumo a um terceiro o juiz e rumo a um sistema matizao e o compartilhar, bem definidas com incio meio e
educativo de assistncia. fim; 2) O princpio das redes sociais, que rege a formao de
Para Selosse (1997) o juiz representa o interdito e o espa- redes de interao atravs da mobilizao do relacionamento
o jurdico constitui-se num excelente espao de mobilizao natural das famlias como sistemas de suporte para elas mes-
do jovem e da famlia em crise, devido ocorrncia do ato mas. Este sistema considerado mais potente do que o da
delinquencial. O apelo Lei permite resignific-la como prote- responsabilidade profissional porque parte do pressuposto de
tora, operante e estruturante, oferecendo ao jovem os limites que a rede, como as famlias, contm em si o germe da mu-
que ele no conheceu ou conheceu de forma punitiva. A inter- dana, a qual mais eficaz quando realizada entre iguais; 3) O
veno judicial com suas medidas psico-socio-educativas conceito de terapia familiar mltipla de Laqueur, cujo princpio
incita o adolescente a uma mudana no estilo de vida atravs bsico a funo teraputica assumida pelas famlias, as
de uma reorganizao psquica, permitindo que ele saia da quais, por semelhana e identificao, apontam solues e
interdio para o interdito, introjetando a Lei. Para este autor, a possibilidades de mudana; 4) A Sociometria de Moreno.
instituio jurdica tem um papel educador e reparador, consti- As atividades realizadas foram: 1) as reunies multifamilia-
tuindo-se num terceiro que restitui ao jovem a sua palavra, res com a participao dos adolescentes, familiares e corpo
permitindo-lhe resgatar o sentido de seu ato. Assim, o acom- tcnico envolvido no acompanhamento da medida scio-
panhamento a ser dispensado pelas instituies scio-juridicas educativa; 2) intervises com corpo tcnico das instituies e
deve possibilitar o alcance das trs dimenses da medida alunos da graduao e ps-graduao da UnB, com objetivo
socioeducativa, quais sejam: 1) a repressiva da sanso para de planejamento e avaliao das reunies multifamiliares.
que o jovem possa ter a oportunidade de contatar com o as-
pecto protetor da Lei o "no" do interdito para a introjeo 1.2.2. Da pesquisa
da interdio; 2) a da orientao psicopedaggica, para recon- Foi utilizada a abordagem de Levy (2001), para a pesquisa
duzi-lo dentro do processo de reinsero social; e 3) a da interventiva na qual o pesquisador interfere no campo estuda-
reparao para que internamente promova a reconciliao do ao aplicar um projeto de desenvolvimento das interaes
consigo mesmo e com a sociedade. intra e inter familiares e institucionais, promovendo, assim,
Segundo Selosse (1997) e Sudbrack (1992), o acompa- mudanas psicossociais. Essa interveno: 1) coloca a mu-
nhamento institucional deve possibilitar ao jovem um espao dana como foco do processo grupal; 2) busca a realidade
transacional onde ele possa expressar seus sentimentos, suas intersubjetiva propondo novas relaes atravs da linguagem
dificuldades e seus sonhos, elaborando sua experincia atra- e da participao ativa dos diferentes atores sociais na mu-
vs de uma relao autntica com o educador. Esse deve ser dana que lhes dizem respeito; 3) prope-se articular os recur-
uma referncia firme e segura, que comunica de maneira sim- sos existentes e ampliar as aes coordenadas com outros
blica os aspectos ticos-sociais. O trabalho educativo que setores (das polticas sociais, comunitrias, etc.) contando com
inclui a mediao deve permitir a emergncia de contedos a participao de profissionais de diferentes formaes.
manifestos e latentes possibilitando a regulao de novas A compreenso do comportamento do adolescente na so-
relaes do sujeito consigo mesmo e com o outro. Para Sud- ciedade atual foi embasada na perspectiva da psicossociologia
brack, a mediao deve ser realizada dentro de uma aborda- francesa proposta Gaulejac (1994), Selosse (1997), Enriquez
gem sistmica, permitindo ao jovem entrar na teia social e se (2000), Levy (2000). Tal corrente da psicologia social se pro-
libertar da dupla estigmatizao a que submetido: a familiar e pe a estudar os grupos, as organizaes e as comunidades,
a social. Essa tarefa deve ser realizada logo aps o delito, considerados como conjuntos concretos que mediam a vida
para que o adolescente possa realizar mais prontamente a sua pessoal dos indivduos e so por esses criados, geridos e
reparao, restituindo, assim, a sua imagem prejudicada pelo transformados. Portanto, essas condutas, tanto dos indivduos,
ato infracional. como dos grupos, como das organizaes e comunidades, no
Tendo em vista a importncia das dimenses jurdica, so- quadro da vida cotidiana, se tornam objetos de pesquisa, de
cial, institucional, familiar e pessoal do adolescente em conflito reflexo e anlise desta disciplina. Desse modo, na interven-
com a Lei, no trabalho realizado, buscou-se o aspecto protetor o, a compreenso dos fatores grupais, institucionais e soci-
da Lei, procurando, dessa forma, adequar s demandas do ais que se relacionam aos adolescentes em conflito com a lei
adolescente, da famlia e do tcnico para que o acompanha- fundamental. A psicossociologia recusa-se a separar o indiv-
mento reparador da medida scio-educativa pudesse ter senti- duo e o coletivo, o afetivo e o institucional, os processos in-
do e se tornar efetivo. conscientes e os processos sociais, ancorando-se na questo
da complexidade e da pluridisciplinaridade As demandas soci-
Pretendeu-se neste estudo, ao nvel da interveno, opor- ais, hoje, so demandas psicossociais, organizando-se em
tunizar aos adolescentes, pais e equipe tcnica (monitores e funo de um objeto comum. O psicolgico est relacionado
tcnicos) das reas executora, fiscalizadora, jurdica e social subjetividade, enquanto o sociolgico questo da identidade.
que acompanham jovens em medidas scio-educativas, uma A psicossociologia remete-se ao questionamento fenomenol-
reflexo sobre os problemas que lhes afetam. Buscou-se, gico do que conduz o indivduo e a sociedade a construrem a
assim, contribuir para uma ampliao das significaes das sua histria, desejar mudar o mundo e a provocar mudanas
medidas socioeducativas para a famlia e o tcnico. Promover em si mesmos. Esse profissional trabalha o social no mbito
um constante dilogo entre esses atores para que pudessem da emoo, da subjetividade, da afetividade e do inconsciente;
rever sua prtica e resgatar suas competncias. Desenvolver e o psquico no mbito da cultura, da lngua, do simblico e da
metodologias que considerem o adolescente, a famlia e o sociedade.
tcnico como atores do trabalho educativo.
Dos sujeitos da pesquisa
Ao nvel da pesquisa, buscou-se investigar as significaes
da famlia e dos tcnicos quanto medida socioeducativa, no Constituram-se sujeitos da pesquisa 15 adolescentes (que
contexto das reunies multifamiliares. cumpriam diferentes medidas scio-educativas, desde a pres-
tao de servios a comunidade internao), 50 familiares,

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19 participantes da equipe tcnica (psiclogos, assistentes relao medida socioeducativa e s reunies; construda
sociais, pedagogos, monitores) do CAJE (Centro de Atendi- a partir das falas: "A medida uma possibilidade de entrada
mento a Juventude Especializado), SEMSE/VIJ (Setor de em cursos e ingresso no mercado de trabalho" Pise no freio.
Medidas Scioeducativas da Vara Infncia e Juventude), CDS Faa a coisa certa. Fale, Aja e Oua". 4) Percepo crtica da
(Centro de Desenvolvimento Social da Secretaria de Estado e medida socioeducativa elaborada a partir das frases: "Chega
de Ao Social) e Semi-liberdade envolvidos na fiscalizao e de Violncia";"Violncia no combate violncia" "De nada
execuo das medidas scio-educativas e alunos da equipe adianta a liberdade se no temos a liberdade de errar""Me d
de pesquisa da UnB ligados ao PRODEQUI. Os adolescentes dignidade".
e familiares foram encaminhados pelas diferentes instituies
envolvidas: CAJE, SEMSE/VIJ e CDS e Semi-Liberdade do As denncias assustaram a equipe tcnica que se sentiu
Gama. confrontada. Nas intervises, o corpo tcnico pode entender a
razo das denncias e refletir sobre como estavam vivencian-
As informaes foram colhidas a partir de oito reunies mu- do a medida socioeducativa. Atravs do processo de identifi-
tifamiliares mensais das 15 reunies de interviso, de tiveram cao comearam a perceber os pais no mais inimigos em
um total de quatro horas de durao. Os dados foram extra- campos opostos, mas como pessoas que como eles, tambm
dos da filmagem, em vdeo das reunies, dos trabalhos reali- se sentiam aprisionados, desqualificados e marginalizados no
zados pelos participantes durante as reunies (colagem, carta- contexto scio-jurdico. Nessa interviso foram criadas trs
zes, imagens, expresso corporal, dramatizaes) e dos rela- zonas de sentido: 1) Impotncia e desvalorizao social do
trios dos estagirios, alunos e pesquisadores do PRODEQUI/ tcnico; atravs das metforas: da armadilha, do touro espe-
UnB. tado, da ponte e da expresso, estamos "escorregando na
banana"; 2) Reflexo crtica prtica institucional, referen-
A anlise interpretativa do contedo temtico teve como ciada falta de polticas pblicas; expressas nas falas:
fundamento a epistemologia qualitativa de Gonzlez Rey "Ainda no tinha parado para pensar na medida"; "O trabalho
(2002). Essa proposta metodolgica se relaciona com o ponto do monitor mecnico";"A poltica fala de corrupo e a gente
de vista ps-moderno proposto por Grandesso (2000). Para o fala de dignidade";"Temos que estar mais prximos dos agen-
autor, as construes do terapeuta investigador devem privile- tes" e da metfora do alvo ("que a gente - equipe tcnica -
giar o cenrio subjetivo dos clientes, prprios de suas constru- tenta acertar"), do grfico (que "d oportunidade para o menino
es e sentidos. pensar o que nunca tinha pensado antes"); do relgio que
1.3. Descrio e Anlise dos trs primeiros encontros e encerra que "Tem um momento na vida das pessoas que se
intervises voc no agir de forma definitiva o tempo passa..."; do anel e
da pulseira ("Precisamos ver o que eles tem de bom")
O primeiro encontro teve como tema "Como estou viven-
do a medida scio-educativa?" e objetivou uma anlise das Com base no primeiro encontro e nas discusses feitas na
implicaes da medida scio-educativa na vida de cada um superviso elegeu-se como tema para o segundo encontro:
dos participantes, atravs da reflexo sobre questes: Como Quais as funes da medida? Esta reunio teve o objetivo de
v a medida hoje? O que a medida scio-educativa para focalizar e refletir sobre os trs aspectos da medida scio-
voc? Como est vivendo a medida scio-educativa? Essa educativa. Tal reflexo ocorreu aps uma encenao, de car-
discusso foi realizada em pequenos grupos aps o aqueci- ter didtico realizada pelos tcnicos. As zonas de sentido per-
mento inicial, no qual as pessoas dispostas em crculo e ao cebidas neste encontro foram: 1)Conscincia crtica dos pais
som de uma msica se olhavam e se reconheciam, decla- quanto ao papel da famlia na medida socioeducativa; dada
rando solenemente o seu nome, aps se conhecerem. As pelas falas: "Quando esto l prometem mundos e fundos,
reflexes sobre a medida feitas em subgrupos foram expres- quando saem, aprontam de novo". " um trabalho de consci-
sas num painel apresentado em sesso plenria. entizao da prpria famlia"; 2) O papel do juiz, quando a
famlia falha; observado atravs das frases: "A lei aplicada
Este encontro teve um grande nmero de participantes, 73 quando a famlia e a sociedade no esto conseguindo (aten-
pessoas. Foi esclarecido que o objetivo da reunio era criar der s necessidades do jovem)"; 3) A necessidade de arre-
um lugar onde as pessoas teriam "corpo, voz e vez" (metfora pendimento e de valorizao da vida pelo adolescente em
introduzida pela equipe tcnica), podendo falar da suas rela- conflito com a lei; tal necessidade foi expressa nas falas: "(
es, inclusive com a justia. Muitos familiares aproveitaram- preciso uma) Reflexo sobre o que ele fez" "( preci-
se do espao para denunciar os maus-tratos que seus filhos so)Assumir o erro, arrependimento do que fez"; 4) A violncia
vinham sofrendo nas unidades de internao. O grupo criou vivida pelo adolescente e famlia na instituio presente nas
uma identidade expressa nas metforas utilizadas "estamos falas sobre "a violncia da polcia e dos monitores". Os partici-
no mesmo barco", "navegando para um porto seguro" - e foi pantes nesse encontro formularam propostas que constituram
capaz de detectar e controlar os ritmos do metabolismo grupal, a quinta zona de sentido; 5) Propostas e sugestes para a
oferecendo sugestes para a fadiga e a temporalidade. A instituio: "capacitao e atendimento psicolgico para os
aceitao do mtodo psicodramtico com seus princpios de monitores; "Atendimento psicolgico extensivo fam-
criatividade e espontaneidade permitiu a descoberta e utiliza- lia";"Atendimento especializado no caso de drogadio"; "Cur-
o de habilidades pessoais, bem como a adequao dos sos adequados s necessidades dos jovens". Embora a medi-
recursos s pessoas. da socioeducativa tenha sido significada como "importante"
Nesse contexto, as falas dos participantes encerram quatro para os diferentes atores, nem pais, e a equipe tcnica como
zonas de sentido construdas a partir de frases ilustrativas, um todo, tinham uma percepo clara dos trs nveis da medi-
projetadas em figuras, so estas: 1 ) a zona de sentido da da. Apenas o nvel da sanso era bem compreendido por
impotncia da famlia face situao infracional do filho; todos e significado como: " um freio, uma sinalizao de limi-
foi elaborada a partir das falas:"me senti sem cho", "sou tes". Depois das reflexes feitas no grupo, os demais nveis da
prisioneiro de mim mesmo"; "sinto-me como uma criana medida, tais como, o da orientao scio-educativa, inicial-
que no sabe agir" etc.; 2) Desejo de ter uma famlia unida mente entendida de forma vaga como "um futuro melhor",
e capaz de cuidar. Essa zona de sentido foi construda das assim como a reparao, comearam a ser compreendidos
falas que acompanhavam os cartazes "um ninho" "Quando um pelo grupo. A orientao scio-pedaggica foi entendida como
filho cai ns temos que estar bem para ajud-lo" "A famlia se aquela que d ao jovem oportunidade de emprego e a repara-
uniu" "A base da famlia o pai e a me. Tem muito pai ausen- o como o momento do adolescente refletir sobre o dano
te""Ns no precisamos mentir, ns sabemos como enfrentar a causado a outrem, a famlia e a ele mesmo. Evidenciou-se,
situao temos "coragem de enfrentar". 3) Expectativas em assim, o papel da famlia em ajudar na promoo desta refle-
xo.

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No incio deste encontro, a medida socioeducativa era vista ria, aps a qual representaram num sociodrama1 como esses
como sendo da esfera da polcia. Havia um movimento das atores se articulavam e como deveriam se articular. Nesse
famlias de transferir para o juiz a responsabilidade pelos filhos encontro foram produzidas 4 zonas de sentido: 1) A violncia
e para a polcia a competncia de vigi-los. Houve uma ampli- familiar e institucional "causando a revolta e a excluso do
ao desse nvel de conscincia e do papel dos diferentes jovem infrator" atravs da cena do processo de excluso do
atores. Pais e tcnicos estavam mais prximos e puderam jovem e das frases "A violncia comea dentro da prpria
expressar como a medida socioeducativa estava sendo cum- casa""A instituio s vezes trata com dignidade, s vezes
prida pelos diferentes atores, identificando as disfunes das no" ; 2) A famlia descobre o papel da justia; elaborado
instituies sociais e a forma excludente com que tratavam a mediante as falas: "O juiz determina os limites, deve julgar de
questo do adolescente com problemas de conduta. Puderam, forma imparcial"." A justia lenta"; 3) A famlia percebe as
tambm, idealizar nova forma de realizar o acompanhamento dimenses da medida socioeducativa; e questiona a "Inter-
da medida, atravs das participaes harmoniosas, firmes e nao por tempo indeterminado"; 4)Aspectos pedaggicos
constantes de todas as instituies envolvidas. A metfora: da medida quando dizem que ela possibilita ao "jovem a pen-
"estamos no mesmo barco", significou o "crescer juntos" como sar sobre sua prpria vida"; "d chance para o jovem estudar e
parceiros em meio a dvidas e conflitos, aprendendo uns com aprender uma profisso"
os outros. A partir da, as denncias que tanto assustavam os
tcnicos diminuram sensivelmente, o que permitiu o aprofun- A famlia descobriu a forma de atuao dos outros atores
damento de outras questes. da medida socioeducativa na rede institucional; "O adolescen-
te cumprindo as normas"; "A famlia orientando, acompanhan-
Nesse momento dialgico, foram construdos espaos no do, compreendendo, dando carinho. No discriminando"; "O
mais de denncia, mas de cumplicidade, permitindo que os governo oferecendo acompanhamento da LA, cursos e traba-
pais e filhos, junto com a equipe tcnica, passassem a se ver lho"; "A sociedade, valorizando a participao dos jovens.
como cidados sujeitos aos direitos e deveres reivindicando Ajuda dos empresrios"; "A comunidade, participando com
com mais conscincia "escola, assistncia e trabalho" e "reu- suas crticas"; "A escola, educando sem discriminar".
nies (como estas) nas unidades de acompanhamento da
medida socioeducativa (Centro de Desenvolvimento Social) e Ao observar as reflexes realizadas pela famlia e pelo tc-
nas unidades de internao", "(nessas reunies preciso) a nico, destaca-se uma certa similaridade na vivncia e nas
participao do Juiz, do mdico.". O suporte afetivo oferecido concepes dos mesmos quanto s medidas socioeducativas,
neste contexto permitiu que os pais expressassem seu afeto, quanto ao contexto e aplicao delas ao adolescente em
saindo do contexto de sofrimento e solido ao dizerem "apren- conflito com a lei e, sobretudo, quanto ao seu papel e sua
di a viver", "hoje sou outra pessoa", "encontrei outra famlia". responsabilidade no acompanhamento das mesmas.
Os tcnicos puderam neste contexto onde percebiam os pais Aps anlise de cada encontro e de cada interviso, nos
como inimigos e o adolescente como incorrigvel se colocar quais foram destacadas dezenove zonas de sentido, perce-
"como as mes, no lugar delas" e ver "em alguns (jovens) a bemos que estas encerravam contedos que se sobrepunham
possibilidade de mudana". Para alguns, os dilogos promovi- e evidenciavam uma articulao entre as construes das
dos nos encontros "aguou... a sensibilidade como educador". famlias e as dos tcnicos. Desse modo, foi possvel conjugar
Segunda interviso realizada com os tcnicos para apreci- as zonas das famlias e as dos tcnicos em 4 zonas comuns,
mais abrangentes. So elas: 1) Primeira zona de sentido:
ao de um encontro e planejamento do outro foram com 3
zonas de sentido: 1) Como lidar com o afeto no trabalho sentimentos de impotncia; 2)Segunda zona de sentido:
institucional; construda a partir das frases: "Tem que ter desejo de uma rede familiar, institucional e social;
autoridade e afeto ao mesmo tempo" 2) Contradies da 3)Terceira zona de sentido: crticas e crenas sobre a
famlia a respeito das medidas socioeducativas de restri- medida socioeducativa; 4) uarta zona de sentido: partici-
o de liberdade, trazidas pelo tcnico; elaborada a partir pao ativa dos atores da medida.
das falas:"O pai transfere sua responsabilidade para a institui- A primeira zona de sentido: sentimentos de impotncia
o"; "O pai pede"policia na Instituio 2"; "O pai perde o con- foi evidenciado pelas metforas de aprisionamento, ataque,
tato com o filho institucionalizado"; 3) Confuso das famlias medo da queda. Ambos, tanto o tcnico quanto a famlia, se
quanto aos papis das instituies na execuo das me- colocam, de algum modo, sem recursos e desqualificados.
didas socioeducativas, expressas nas frases:"Confundem
polcia com justia e o juiz com o promotor". Conforme tem sido apontado na literatura, os pais, nos dias
de hoje, apresentam dificuldade de estar presentes na vida
Esta reviso permitiu-lhes vislumbrar o seu papel dentro da dos filhos, devido s condies impositivas e competitivas da
Instituio anteriormente tida como "uma incgnita", "uma vida ps-moderna, que os leva a dedicar a maior parte do seu
armadura" e como agentes de mudana capazes de reconhe- tempo ao trabalho e s atividades laborais. Estes, no atendi-
cer que " possvel uma ao conjunta da instituio com as mento s demandas de trabalho e sobrevivncia - especial-
famlias ( possvel) uma rede de ajuda". Na condio de me- mente o pai, representante da lei -, so levados a abandonar o
diadores, proposta por Selosse (1995), disseram: "... hoje seu papel parental de figuras de autoridade. A famlia se v,
procuro estabelecer laos (com os adolescentes) e conquist- tambm, "atacada" e "bombardeada" por uma srie de infor-
los"... "... valorizando a medida scio-educativa". maes contraditrias, vindas da mdia e das diferentes ins-
Dando continuidade ao processo de compreenso da me- tncias educacionais (escola, igreja, etc.). Isso dificulta e atra-
dida scio-educativa, que pareceu estar sendo estimulante, palha na realizao do seu papel educativo (Schenker, 2003;
elegeu-se o tema do terceiro encontro: Quais so os atores da Schust et cols.,1999; Selosse, 1997; Gualejc, 1987,1991,1994;
medida? Esta reunio teve como objetivo identificar e compre- Giddens, 1991).
ender o papel dos diferentes atores que participam da medida As presses da sociedade atual sobre a famlia, nos forma-
scio-educativa limitados aos adolescentes, aos pais e agora tos hedonistas, consumistas, individualistas, nos seus sentidos
aos tcnicos. No aquecimento e entrosamento do grupo as de permissividade, de narcisismo, de competitividade, apre-
pessoas buscaram se conhecer expressando o que acharam sentam uma degradao dos valores sociais, ticos e morais.
de "bonito" na pessoa com quem buscou contato durante a Os pais no conseguem educar os filhos, por se encontrarem
caminhada inicial. No trabalho em pequenos grupos, os parti- desqualificados e despreparados pelas agncias da socieda-
cipantes, com a ajuda da equipe tcnica, destacaram o papel de.
dos atores da medida scio-educativa (adolescente, famlia,
corpo tcnico, juiz, comunidade, etc). Os subgrupos produzi- O tcnico tambm sofre esta presso, desprestigiado e
ram um painel sobre o assunto apresentado em sesso plen- mantido alheio ao que vai se passando, enquanto exercita as

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suas atividades, porquanto convive com a corrupo na polti- apresenta propostas, uma das quais se refere capacitao e
ca e na sociedade, tentando zelar pela tica, na sua prtica. ao apoio psicolgico dos funcionrios, e a outra sugere a cria-
Sente-se impotente num contexto institucional degradado, que o de um espao de escuta para o adolescente e para os
prega uma coisa e faz outra. Todo este contexto denota incoe- familiares. Este processo reflexivo e crtico remete questo
rncias e inconstncias, alm das distncias entre o discurso e tica, das relaes e das instituies.
a prtica institucionais.
O ato infracional depende de um contexto, e tem uma fun-
Ambos, tcnico e famlia, desenvolveram uma certa ce- o, que a de interrogar o pai, representante da lei, familiar e
gueira que os impede de ver o sujeito adolescente, com o qual social. Este ato possui um aspecto positivo e de algum modo
se relacionam. Sentem-se inseguros para abord-lo, j que ele pode instituir o jovem na sociedade. Em relao a este aspec-
se tornou um desconhecido. Tanto a famlia quanto o tcnico to, a famlia traz a sua crena de que, atravs da medida soci-
parecem um tanto perdidos enquanto autoridades. Encontram- oeducativa, o adolescente poder promover a sua reinsero
se desorientados e desconfirmados pela prpria sociedade, familiar e social, assumindo as regras, limites e responsabili-
que no lhes garante o instrumental necessrio aos desempe- dades familiares, institucionais e sociais. Poder tambm ter
nhos dos seus papis, ao mesmo tempo em que os desqualifi- um melhor direcionamento na sua insero social e comunit-
ca, por no cumprirem suas tarefas. ria, atravs de estudo formal, de cursos profissionalizantes e
de trabalho. Percebe, no entanto, que as instituies, bem
Os pais so desqualificados em virtude da falta de condi- como as polticas do governo, ainda no assumiram de fato
es bsicas mnimas de manuteno da famlia, e o tcnico, esta necessidade.
pela falta de condies estruturais adequadas para a realiza-
o de suas prticas (polticas, programas, instalaes e pro- Na terceira zona de sentido: crticas e crenas sobre a
cedimentos apropriados e claros). medida socioeducativa, a famlia acredita que a medida
possa promover no jovem o arrependimento. Este ponto nos
Neste contexto confuso e precrio, em que vivenciam o remete dimenso da reparao (Selosse, 1997). Esta crena
"medo da queda", e as consequncias do fracasso, estes
da famlia de algum modo compartilhada pelo tcnico, que
atores desejam mudanas. Este desejo se conjuga na segun- busca rever sua viso do adolescente inacessvel e a sua
da zona de sentido: desejo de uma rede familiar, institucio-
dificuldade de aproximao dele.
nal e social capaz de cuidar do jovem em conflito com a
lei. Famlia e tcnico sentem-se ss na tarefa de orientao ao Quanto s possibilidades da medida, o tcnico assume que
adolescente. A famlia se encontra sem o apoio da tradio e h um desconhecimento da mesma por parte da famlia e
dos costumes, e tambm sem o suporte comunitrio, pois a tambm da sua parte, que "no tinha parado para pensar so-
solidariedade teve o lugar tomado pelo "individualismo". Sente bre (ela)". Percebe, assim, que ainda no tinha observado
tambm a falta do apoio social, de creches, de escolas, de mais claramente o seu instrumento de trabalho, bem como os
programas educativos e culturais, que atendam s suas ne- aspectos que impedem a sua prtica institucional. Reconhece,
cessidades de educao e de cuidados dos filhos. J o tcnico tambm, o seu papel e o dos educadores, mudando a sua
se encontra sem o apoio da rede institucional, pois cada uma percepo inicial sobre eles, dizendo: "os educadores (so)
das instituies est voltada mais para as suas prticas espe- maravilhosos, mas no percebem a importncia da participa-
cficas, sem a ateno devida aos demais participantes do o no processo, no percebem o quanto so valiosos".
processo de recuperao do jovem em conflito com a lei.
O tcnico, distncia, num segundo momento da experi-
A famlia e o tcnico convivem com a falcia da sociedade, ncia reflexiva, no contexto das reunies multifamiliares, bus-
que atravs de suas diferentes agncias sociojurdicas os ca, dentro dos seus universos possveis de compreenso e
desconfirmam. Sofrem tambm com a denncia que o adoles- ao, mesmo que limitados, as mudanas institucionais ne-
cente faz, com as suas transgresses: a famlia ele denuncia cessrias para a realizao da tarefa. Nesta reflexo crtica
como incompetente, "por no t-lo educado", e o tcnico tam- tem uma outra viso sobre o jovem, no mais como "plstico"
bm ele denuncia, "por no conseguir cont-lo na sua trajet- e impermevel, mas como um ser precioso a ser descoberto:
ria infracional, por no conseguir recuper-lo". "a gente acredita que dentro de cada um deles (jovens) existe
uma preciosidade, assim como na famlia... existem potenciais
Nesse movimento reflexivo famlia e tcnico denunciam a maravilhosos, que s vezes a gente no consegue trazer para
violncia da instituio e da sociedade que ainda no garan- fora, mas ele existe, a gente acredita, at porque so seres
tem o tratamento coerente, respeitoso e digno para o adoles- humanos, e todos ns, como seres humanos"...
cente infrator conforme est previsto no ECA.
Estas reflexes alentam estes atores para novas possibili-
Apesar destes aspectos negativos, a famlia e o tcnico se dades de atuaes, que podem dar resultados melhores, mais
mostram resilientes, no se entregando situao. Buscam, objetivos, portanto, na viso deles, que poderiam sanear o
atravs de uma profunda reflexo, voltar-se para si mesmos e contexto de violncia institucional, da qual vm a ser agentes e
para o sujeito de sua ao (o adolescente em formao), para vtimas.
a instituio sociojurdica e para o instrumento por ela utiliza-
do, a medida socioeducativa, com os seus recursos pedaggi- Percebem tambm que o contexto psicossocial (das insti-
cos e psicossosciais. Esta foi reconhecida como capaz de tuies em geral, da escola, da famlia), que contribui para a
promover a reinsero social do jovem em conflito com a lei, criao e manuteno do sintoma, deve ser focalizado no
sendo devidamente aplicada. processo interventivo (Sudbrack, 1998). Desse modo, solicitam
ajuda para si e para os outros atores (funcionrios das institui-
Nesse processo se deparam com as possibilidades da me- es), reconhecendo o papel de cada um, e a sua dificuldade.
dida socioeducativa, que inclui o acompanhamento educativo -
que deve ser feito dentro de um contexto emptico. O tcnico Estas percepes comuns do tcnico e da famlia se refe-
busca resgatar a dimenso afetiva como forma de aproxima- rem, desta vez, quarta zona de sentido: participao ativa
o da sua clientela, os adolescentes e as suas famlias. Os dos diferentes atores na medida socioeducativa. Nessa
pais buscam resgatar o seu papel e a presena parental na considerao percebem que o adolescente deve colaborar no
famlia, e a condio cidad, para si e para os adolescentes, seu processo de formao e reconhecem que "a presena
na sociedade. deles riqussima"... Quanto ao papel da famlia, destacam
que os pais devem estar mais presentes na vida dos filhos.
Famlia e tcnico refletem sobre a sua experincia institu- Quanto ao papel das agncias sociais e comunitrias, estas
cional e percebem o seu poder como agentes transformado- devem criar programas que atendam s necessidades desen-
res, dentro do contexto das medidas socioeducativas. A famlia volvimentais do adolescente (prticas esportivas, recreativas,

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artsticas, etc.) que protejam o jovem em situao de risco. 1.5.Concluso
Quanto ao papel da escola, como agncia de socializao,
deve educar "sem discriminar". Quanto ao papel da instituio, As reunies possibilitaram aos adolescentes e familiares:
tratar com "dignidade" e, quanto ao papel do governo, propiciar 1) a reflexo e compreenso dos trs aspectos da medida
ocupao e "trabalho para o jovem". scio-educativa e de como deveriam atuar os diferentes atores
a ela relacionados; 2) a expresso de seus sentimentos de
Apesar das conjugaes apresentadas entre as reflexes vergonha, impotncia, injustia e insatisfao com a sociedade
da famlia e as do tcnico, observa-se, por parte da famlia, um e com o sistema judicial; 3) a expresso de suas queixas de
enfoque maior quanto s possibilidades de mudana do jovem, uma forma mais direta e menos hostil aos agentes institucio-
a partir da vivncia da medida socioeducativa, sobretudo no nais; 4) o reconhecimento de si mesmos nos seus iguais; 5) o
que se refere construo de um projeto de vida. reconhecimento de seus filhos e as reais necessidades que
eles, tm como a do dilogo aberto e franco, sobre problemas
O pensamento do tcnico, ao se mostrar identificado com o como sexualidade; 6) a reviso de suas faltas e resgate da sua
da famlia, permite que juntos possam construir um caminho competncia como pais, fornecendo ajuda a seus iguais. Aos
dentro de uma outra ordem. As construes apresentadas, tcnicos: 1) a compreenso dos trs aspectos da medida s-
tanto pela famlia quanto pelo tcnico, revelam a tica do com- cio-educativa e de como deveriam atuar os diferentes atores a
promisso e a da responsabilidade frente ao adolescente em ela relacionados; 2) a anlise dos aspectos internos e externos
conflito com a lei. que interferem na sua atuao como educador no acompa-
Assim, a instituio, que destas maneiras tem violentado nhamento das medidas scio-educativas; 3) a criao de uma
pais, tcnicos e adolescentes, deve adotar um outro modelo rede relacional mais constante, prxima e efetiva entre as
de atuao. Como novo modelo sugere-se o sistmico, que diferentes instncias (executora e fiscalizadora, tcnica e no
aborda o problema do jovem em conflito com a lei, em todos tcnica) relacionadas ao acompanhamento da medida scio-
os seus aspectos. Neste modelo, o ato delinquente resulta de educativas; 4) o resgate de sua competncia tcnica dentro de
mltiplas determinaes de carter social e psicolgico, e um contexto relacional mais prximo da famlia e do problema
coloca o adolescente como sujeito e objeto, agente e paciente que ela porta; 5) o acolhimento das queixas e necessidades
de seu processo de socializao (Selosse, 1997 e Sudbrack, das famlias.
1992). O trabalho institucional, dentro deste modelo deve bus- O espao conversacional possibilitou a desconstruo e
car a participao ativa dos diferentes atores, atendendo s externalizao do problema, que envolvia o apego a narrativas
suas demandas (Lvy, 1994). Assim, o acompanhamento da viciadas sobre os atores envolvidos na medida scio-educativa
medida socioeducativa deve contemplar adolescente, famlia e (Ferramini 1999). Nessa troca dialgica a posio do no-
tcnico, num movimento reflexivo, no processo de reparao saber da equipe teraputica proporcionou um esforo colabo-
de si mesmos e no resgate do seu papel na sociedade. rativo na gerao de novos significados. Nesta produo foi
Mudar a prtica requer uma intensa reviso de valores so- necessria a construo de um clima emocional de aceitao
cioculturais, para que profundas mudanas sejam operadas e de diferentes vises e de revitalizao dos discursos estabele-
estendidas rede interinstitucional. Como prope Xaud, citan- cidos. (Diamond e Lidle 1999).
do Antnio Carlos Gomes da Costa (em: Brito, 1999). Faz-se O ato infracional passou a expressar "uma esperana"; me-
necessrio um intercmbio constante com as instituies, que tfora proposta pelos pais, que reconheceram a interveno
no podem perder de vista a dimenso tica. A delinquncia judicial com suas medidas psicoscio-educativas uma possibi-
deve ser tratada juridicamente, sem descambar para o 'retribu- lidade de mudana no estilo de vida do jovem e de suas fam-
cionismo hipcrita', que para assegurar a ordem pblica de- lias, tal como prope Selosse (1997). Muitos assinalaram que
fende o rebaixamento da idade penal e o aumento das penas, a famlia se "uniu" a partir do momento em que o jovem "caiu
ou para o 'paternalismo ingnuo', que patologiza o delito, tiran- na justia". Tal aspecto ressalta a natureza do acting-out do
do do jovem a possibilidade de defesa (acrescentamos: e de adolescente dizendo fora o que no pode dizer na famlia, ato
reparao), atravs do processo legal. este que tem a finalidade de unir a famlia e reinstituir a lei
O adolescente, dentro desta perspectiva, deve ser visto paterna (Sudbrack, 1992).
como um sujeito transformador. Para isso Xaud (em: Brito, Atravs da participao dialgica dos Encontros, a equipe
1999) prope que o tcnico, no atendimento ao adolescente tcnica pode vislumbrar o nvel de ajuda para mudana, pro-
infrator, precisa contextualiz-lo e contextualizar o delito, aten- posto por Levy (2001), reconhecendo suas limitaes, re-
dendo s necessidades de justia e de reparao (acrscimo significando a importncia de seu papel e formulando novas
nosso), fornecendo os necessrios indicadores para o proces- possibilidades de atuao e ajuda intra e inter-institucional.
so educativo.
O grupo depois de ter criado um espao e uma identidade
Ao contextualizar o jovem, o tcnico poder conhecer a prpria pode sair da obrigao (imposta pela medida scio-
pessoa que est sua frente, entendendo suas motivaes e educativa) para a demanda (solicitando a continuidade do
conhecendo suas potencialidades. Poder, tambm, conhecer trabalho agora com enfoque na drogadio). A presena en-
seu relacionamento com as figuras parentais e sua capacidade carnada da figura do juiz que outorgou de forma simblica o
de estabelecer vnculos afetivos, necessrios promoo resgate da autoridade parental permitiu a compreenso duas
humana. dimenses da Lei como protetora e repressora.
A interveno dentro do judicirio deve contribuir para a
esde o incio que a questo da delinquncia no pode-
desconstruo do contexto que produz a violncia. Isso remete
ria ser circunscrita a
a um trabalho com as famlias e instituies, para a construo
de novos significados sobre essa realidade, significados estes OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA CRIANA E DO ADO-
geradores de novas possibilidades de relacionamento intrafa- LESCENTE.
miliar, interfamiliar e interinstitucional, da maneira como est A Conveno sobre os Direitos da Criana da ONU, a
previsto no ECA. Essa nova composio deve atender, portan- Constituio Federal e o Estatuto da Criana e do Adolescen-
to, atual demanda necessria de pragmatismo, de eficcia, te listam diversos direitos que devem ser alvo de proteo
de rapidez, de economia de tempo, de dinheiro e de ideias, prioritariamente pelo Estado, pela famlia e pela a fim de ga-
aspectos estes que produzem novas formas de lida com o rantir uma existncia digna e o desenvolvimento pleno da
sofrimento, que afeta tanto a clientela assistida quanto as criana e adolescente.
equipes de atendimento, em prejuzo para toda a sociedade.

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Dessa forma, que a criana e adolescente, alm dos di- ECA, esclarece que o direito liberdade abrange o direito de
reitos fundamentais inerentes a qualquer ser humano, tm locomoo, de expresso, de crena, de diverso, de partici-
alguns direitos que lhe so especiais pela sua prpria condi- pao da vida familiar, comunitria e poltica (nos termos da
o de pessoa em desenvolvimento. O Estatuto da Criana e lei) e de refgio.
Adolescente, portanto, rompe com a doutrina da situao
irregular do Cdigo de Menores que tratava a criana e o O direito ao respeito, conforme art. 17 do ECA, consiste
adolescente como objetos, passando a trat-los como sujeitos na inviolabilidade da integridade fsica, psquica e moral da
de direitos. criana e do adolescente. Para tanto deve-se preservar a
imagem, a identidade, a autonomia, os valores, as ideias e as
Assim, o art. 4. determina que dever da famlia, da co- crenas, os espaos e os objetos pessoais.
munidade, da sociedade em geral e do Poder Pblico assegu-
rar, com absoluta prioridade, a efetivao dos direitos vida, A criana e adolescente, conforme determina o art. 18 do
sade, alimentao, educao, ao esporte, ao lazer, ECA deve estar protegida de todo e qualquer tratamento
profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liber- desumano, violento, aterrorizante, vexatrio e constrangedor,
dade, convivncia familiar e comunitria. Esse artigo qua- garantindo assim sua dignidade.
se uma reproduo literal do que est disposto na Constitui- Por isso, com base no direito ao respeito e dignidade
o Federal do Brasil. que h uma preocupao clara do Estatuto com o sigilo dos
O Estatuto, visando garantir a efetivao desses direitos, processos, principalmente processos de apurao de atos
dispe que qualquer atentado, por omisso ou ao, aos infracionais, alm disso, h no Estatuto crimes especficos em
direitos fundamentais das crianas e adolescentes so puni- caso de violao desses direitos, visando dessa forma impe-
dos conforme determina a lei. dir ou, ao menos, coibir que esses direitos sejam violados. A
previso est no art. 240 e 241 do ECA.
Direito vida e direito sade.
Direito convivncia familiar e comunitria
So disciplinados pelos arts. 7. a 14 do ECA. Assim, o di-
reito vida e sade, segundo o art. 7. do ECA, sero efeti- Para haver a efetivao de todos os direitos fundamentais
vados atravs de polticas pblicas que permitam o nascimen- que so assegurados a criana e adolescente necessrio se
to e desenvolvimento sadio e harmonioso, em condies garantir a convivncia familiar. Instituies no so como
dignas de existncia. famlia, pois o vnculo familiar calcado no afeto. E por isso,
com base na importncia dessa convivncia familiar, que
Para garantir a efetivao dos direitos que o ECA de- permitir um desenvolvimento com dignidade e efetivao dos
termina que seja assegurado a gestante o acompanhamento direitos humanos que, o art. 19 do ECA dispe que toda
pr-natal no sistema nico de sade, determina ainda que se criana ou adolescente tem direito a ser criado e educado no
possvel, preferencialmente, o mdico que fez o acompanha- seio da sua famlia e, excepcionalmente, em famlia substitu-
mento no pr-natal seja o que realizar o parto e mais que o ta.
Poder Pblico garanta a alimentao do recm-nascido.
Buscando-se impedir arbitrariedades e garantir que a cri-
Verifica-se portanto que o que se busca acabar com a ana e adolescente se desenvolvam no seio de sua famlia
mortalidade infantil ou, ao menos, reduzi-la, havendo uma natural que o art. 23 do ECA dispe que a falta ou carncia de
preocupao clara com a sade e vida da gestante e da cri- recursos materiais no constitui motivo suficiente para a per-
ana recm nascida. da ou suspenso do poder familiar. De fato, seria absurdo que
um pai ou uma me pudessem perder ou ter suspenso o
Alm disso, h uma determinao do Estatuto para que os poder familiar por serem pobres. Embora to claro e evidente
empregadores e as instituies propiciem o aleitamento ma- no incomum decises judiciais nesse sentido, decises
terno, inclusive no caso de mes privadas de liberdade. As- que refletem uma viso preconceituosa que um pai ou me
sim, tanto as mulheres que trabalham e tambm aquelas que pobre no tem condies de educar bem uma criana ou um
esto presas, includas aqui as adultas e adolescentes, que adolescente.
so mes devem poder amamentar seus filhos. Como cedi-
o o aleitamento contribui para o desenvolvimento saudvel Direito educao, cultura, ao esporte e ao lazer
da criana recm nascida e, portanto, no basta apenas in-
centiv-lo, mas necessrio que se d meios para que a me O direito educao, garantido no art. 53 do ECA, tem por
possa realiz-lo. finalidade o pleno desenvolvimento da criana e adolescente,
o preparo para o exerccio da cidadania e qualificao para o
Direito alimentao. trabalho. Assim, o acesso educao surge com um fator de
transformao social, visando o combate a excluso social,
Embora no haja um captulo especifico no Estatuto sobre permitindo que a criana e adolescente se desenvolvam e
to importante direito ligado claramente a vida, pois no h estejam preparados para exigncias da vida em sociedade,
vida sem alimentao, tanto a Constituio Federal como o tanto quanto aos seus direitos e deveres no convvio com as
Estatuto o elencam entre os direitos a serem protegidos, ca- pessoas como no seu trabalho.
bendo ao Estado fornecer essa alimentao se os pais ou
responsveis no tiverem condies de faz-lo. E a preocu- Dessa forma, o Estatuto dispe que o acesso ao ensino
pao com a efetivao desse direito clara quando o Estatu- obrigatrio e gratuito direito pblico subjetivo da criana e
to em seu 3. do art. 7. dispe que incumbe ao Poder P- adolescente. Cabe aos pais e responsveis a obrigao de
blico propiciar alimentao gestante e nutriz que dele matricular os filhos ou pupilos na escola e controlar a fre-
necessitem, pois evidente que para um desenvolvimento quncia, cabe ao Estado oferecer o ensino obrigatrio e ao
sadio necessria uma alimentao adequada desde a ges- estabelecimento de ensino fundamental comunicar ao Conse-
tao. lho Tutelar os casos de maus tratos, a reiterao de faltas
injustificadas e evaso escolar e altos nveis de repetncias.
Direito liberdade, ao respeito e dignidade. Assim, evidente que h obrigao por parte da famlia, do
O direito liberdade da criana e adolescente tem carac- Estado e tambm da escola para que a criana e adolescente
tersticas especificas, j que so pessoas em desenvolvimen- no deixe de estudar ou abandone os estudos, para que se
to e por serem imaturas muitas vezes se encontram em situa- d efetividade ao direito educao que lhe garantido.
o de vulnerabilidade. Mas no por essa condio peculiar importante que a criana e adolescente conhea suas
que no tem direito liberdade, alis esse direito se altera razes, mais, que ela valorize essas razes e as mantenha,
conforme o desenvolvimento vai se completando. O art. 16 do
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pois assim que ela manter e desenvolver a sua identida- Temos de pensar maior, na atuao coletiva, fazendo,
de com o grupo. Por isso, a preocupao do Estatuto que no construindo, provocando aes e projetos de atendimento
art. 58 que dispe que no processo educacional sero respei- mais amplos, pois a meu ver muito pouco o que se faz no
tados os valores culturais, artsticos e histricos prprios do mbito do Poder Pblico, das Varas da Infncia e da Juventu-
contexto social da criana e do adolescente, garantindo a eles de atualmente, no obstante o denodado esforo dos juzes e
liberdade de criao e acesso as fontes da cultura. juzas, dos profissionais que nelas atuam, Promotores de
Justia, psiclogos, assistentes sociais, etc.
Por fim, h a preocupao que alm da educao, a cri-
ana e adolescente possa brincar e praticar esportes. O es- Muito se fala e teorizado em relao ao tema da criana
porte e o lazer contribui para que a criana e adolescente como especial objeto da ateno do legislador, do educador,
desenvolvam outras potencialidades e desenvolvem o relaci- da medicina e de outras disciplinas. Todavia, em termos prti-
onamento social. cos, de efetiva implementao de polticas de atendimento
Direito profissionalizao e proteo ao trabalho aos jovens, muito pouco se faz em nossa sociedade.

do trabalho que o homem obtm seu sustento. Porm, a Esta a situao, de quase completo descaso para com a
busca por esse sustento compete a adultos, no a adolescen- complexa problemtica da denominada proteo integral, em
tes ou a crianas. Por essa razo que a Constituio Federal que vivemos e que vem gerando insuportveis taxas de vio-
e o Estatuto da Criana e Adolescente probem que menores lncia infanto-juvenil, tendo como causas, dentre outras, a
de dezesseis anos trabalhem, exceto se for para exercer suas falta de estrutura familiar, a desinformao e o despreparo
potencialidades e os preparem para a vida adulta, o que dos pais, a m qualidade do ensino pblico obrigatrio, a
permitido a partir de quatorze anos quando o exercer na con- inadequao dos educadores no trato com o jovem, a ausn-
dio de aprendiz. cia de vontade e de empenho das autoridades pblicas para
A proibio tem um fundamento muito claro permitir que a um completo e duradouro projeto de atendimentos dos direi-
criana e o adolescente tenha tempo para estudar. O exerc- tos da criana e do adolescente, dentre outras causas no
cio de um trabalho por uma criana ou por um adolescente menos importantes.
lhe retira o tempo que lhe necessrio no s de frequentar
as aulas, mas tambm de estudar o que foi passado em sala No custa lembrar, ao menos em linhas gerais, o conte-
de aula e fazer as lies. Alm disso, o trabalho em muitas do dos artigos 3, 4 e 5 do Estatuto da Criana e do Adoles-
situaes acarreta danos para a sade da criana ou adoles- cente, escritos como corolrios do art. 227 da Constituio
cente, pessoas em desenvolvimento que so, e que muitas Federal, que estabelece como absolutamente prioritrios os
vezes no detm a fora fsica necessria para realizao de direitos da criana e como absoluta prioridade da famlia, da
determinados trabalhos. sociedade e do Estado o dever de assegurar tais direitos. E
dentre os rgos do Estado est a obrigao da Justia da
So vedados ao menores de 18 anos, conforme a Consti- Infncia e da Juventude de, por seus integrantes, pelo juiz,
tuio Federal, o trabalho noturno, perigoso ou insalubre. E o pelo promotor de justia, pelos profissionais que a integram,
Estatuto, em seu art. 67, complementa que tambm so ve- dar ateno prioritria proteo integral da criana e do
dados ao adolescente empregado ou aprendiz, o trabalho adolescente.
realizado em locais prejudiciais sua formao e desenvolvi-
mento fsico, psquico, moral e social, alm dos realizados em Sempre cabe destacar a atuao que ns, juzas e juzes,
horrios e locais que no permitam a frequncia escola. temos de enfrentar nesta rea, da qual depende a formao
de uma nao desenvolvida. Como ns podemos atuar, en-
H uma preocupao da Constituio e tambm do Esta-
quanto autoridades pblicas, como membros do Poder Judici-
tuto com a profissionalizao da criana e adolescente que
rio, no desenvolvimento tanto de aes isoladas quanto de
necessitam desenvolver todas as suas potencialidades e
polticas articuladas de proteo criana e ao adolescente?
estarem preparados para a vida adulta. Renata Flores Tibyri-
a
A defesa de todos os direitos das crianas e dos adoles-
AS MEDIDAS ESPECFICAS DE PROTEO centes, tais como direito vida, sade, alimentao,
CRIANA E AO ADOLESCENTE. educao, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignida-
de, ao respeito, liberdade, convivncia familiar e comuni-
A CRIANA COMO PRIORIDADE tria, tambm de nossa responsabilidade, dever prioritrio
da populao e do magistrado, a quem cabe coloc-los a
Servios e rede de servios de proteo especial s
salvo de toda forma de negligncia, discriminao, explora-
crianas e aos adolescentes
o, violncia, crueldade e opresso (art. 227, Constituio
Rodrigo Lobato Junqueira Enout Federal).
Juiz de Direito, SP. Para quem ainda no est vivenciando em sua plenitude a
Este singelo e despretensioso escrito, alinhavado por um conscientizao de seus deveres para com a defesa dos
aprendiz que h anos vem se preocupando com a lamentvel direitos da criana e do adolescente, basta ser lembrada a
situao em que nos encontramos neste pas, neste Brasil redao do artigo 4 do ECA, que explicita, em seu caput e no
campeo de desrespeito aos mais elementares direitos hu- nico, as garantias para que essa prioridade seja assegura-
manos, onde se cultiva com rara competncia a malandra- da.
gem, a violao do direito alheio como um triunfo do opressor,
visa apenas mais uma reflexo sobre aquilo que podemos do senso comum o mandamento que resulta da combi-
fazer em benefcio da melhoria de nossa sociedade, da quali- nao de vrios destes dispositivos, de que cabe a todos ns,
dade de vida, tomando como assunto principal as providn- sociedade, famlia, comunidade e Poder Pblico priorizar a
cias que A TODOS NS INCUMBE POR FORA DE LEI E defesa e a proteo dos direitos da criana e do adolescente,
DA CONSTITUIO FEDERAL e pelo estudo histrico do assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, toda as
movimento revolucionrio que se convencionou chamar de oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvol-
ILUMINISMO, das doutrinas religiosas e pacifistas e do culto vimento fsico, mental, moral, espiritual e social, em condies
defesa e proteo dos direitos humanos. de liberdade e dignidade (ECA, arts. 3 e 4).

Conhecimentos Especficos 150 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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Estamos, ns todos, lutado com todas as foras para que cirio ou no, que efetivamente tm praticado, exercitado a
a criana e o adolescente tenham seus direitos atendidos? defesa desse direito da criana e do adolescente, buscando a
Quais as aes e polticas que temos desenvolvido em bene- soluo alm dos pais biolgicos e depois de esgotadas as
fcio da criana e de sua famlia? O que temos feito em rela- tentativas de estruturao familiar para o acolhimento do
o a temas, como por exemplo, o da paternidade respons- jovem no seio da prpria famlia natural.
vel?
No cabe aqui desenvolver discurso e estabelecer concei-
So indagaes que nos levam a uma reflexo autocrtica tos sobre a importncia da famlia para o desenvolvimento do
e crtica de nossa sociedade, que muito alardeia mas pouco ser humano, para a formao fsica, psicolgica, espiritual e
faz em benefcio do desenvolvimento sadio da criana e do moral da criana e do adolescente, e tambm do adulto, ma-
adolescente e sofre na carne as consequncia desse descaso tria to debatida e do conhecimento de quem tenha um m-
de dcadas, especialmente com o recrudescimento da mis- nimo de formao nas reas de psicologia, de servio social,
ria e da violncia. de pedagogia, no campo jurdico e em outras disciplinas afins.

Se um dos principais direitos da criana, seno o mais im- O certo que a legislao veio tornar jurdico o que antes
portante deles, o direito convivncia familiar a que se era somente cientfico, impondo assim essa responsabilidade
refere o art. 19 do ECA, quais as polticas pblicas e os servi- no somente aos cientistas, psiclogos, assistentes sociais,
os, pblicos ou particulares, de atendimento famlia exis- pedagogos, mas tambm a juzes, a promotores de justia e a
tentes em nossa comunidade? todos os agentes pblicos, sociedade, famlia, a todos
enfim.
No cabe aqui, dada a complexidade e amplitude do tema,
abordar questes relativas a poltica e a projetos de atendi- Da Poltica de Atendimento dos Direitos da Criana e
mento, mas apenas referentes ao assunto especfico desta do Adolescente
palestra, pertinentes aos servios especiais de proteo a que
alude o art. 87, III, do Estatuto. Arts. 86 a 89 do ECA

Esta a limitao que existe, por bvias razes de tempo, Entrando agora na matria especfica de nossa discusso,
ao assunto de que trataremos nesta oportunidade, pelo sim- passemos ento rea dos servios especiais de proteo.
ples fato de que inesgotvel o tema que tem como objetivo
principal os direitos da criana elencados na Constituio, na A poltica de atendimento dos direitos da criana e do ado-
legislao infraconstitucional e em nossos espritos de cida- lescente far-se- atravs de um conjunto articulado de aes
dos mais ou menos impregnados de doutrina humanista. governamentais e no governamentais, da Unio, dos Esta-
dos, do distrito Federal e dos Municpios (art. 86).
Direito convivncia familiar e comunitria
Prev o art. 87 que so linhas da ao poltica de atendi-
Toda criana ou adolescente tem direito a ser criado e mento:
educado no seio de sua famlia e, excepcionalmente, em
famlia substituta, assegurada a convivncia familiar e comu- I - polticas sociais bsicas;
nitria, em ambiente livre da presena de pessoas dependen-
tes de substncias entorpecentes. (ECA, art. 19) II - polticas e programas de assistncia social, em carter
supletivo, para aqueles que dela necessitem;
Na interpretao e na execuo dos mandamentos deste
sensato dispositivo legal que reside um dos maiores tor- III- servios especiais de preveno e atendimento mdico
mentos que aflige a atuao daqueles que militam na rea do e psicossocial s vtimas de negligncia, maus-tratos, explo-
atendimento criana e ao adolescentes, principalmente rao, abuso, crueldade e opresso;
aqueles que trabalham com o instituto do abrigamento e no
atendimento a famlias. IV - servio de identificao e localizao de pais, respon-
svel, crianas e adolescentes desaparecidos;
Certos exageros, ou melhor dizendo, alguns enfoques no
muito sensatos, muitas vezes recheados de preconceitos V - proteo jurdico-social por entidades de defesa dos di-
morais e religiosos, acabam por fazer letra morta dessa regra reitos da criana e do adolescente.
que constitui um dos alicerces do Estatuto da Criana e do
Adolescente, nosso lindo diploma legislativo que veio, em tema de estudo, nesta oportunidade que me dada, as
verdade, consubstanciar a melhor e atualssima doutrina da disposies do inciso III deste art. 87, que tm como destina-
proteo integral. trios as pessoas menores de 18 anos de idade vtimas de
negligncia, maus-tratos, explorao, abuso, crueldade e
Alguns entendidos dizem que o direito da criana e do opresso e seus agressores, dentro e fora da famlia.
adolescente convivncia familiar exigvel apenas de seus
pais, naturais ou adotivos. Isto verdadeiro, mas apenas em Ao lado e em complemento s polticas sociais bsicas e
parte. Evidentemente que o direito da criana convivncia das polticas e programas supletivos a que se referem os
familiar depende da vontade, da disposio, do desejo dos incisos. I e II do art. 87, a lei prev os servios especiais de
pais em terem consigo seus filhos. Nesse sentido temos a preveno e atendimento mdico e psicossocial aos menores
concluso que basta a recusa dos pais, ou pela m vontade vitimizados por negligncia, maus-tratos, explorao, abuso,
de um ou de ambos, que estar prejudicada a convivncia crueldade e opresso (inciso. III).
familiar no seio da famlia biolgica, devendo ser buscada a
convivncia em famlia substituta. No. No meu entender Verificada a situao do art. 98 (ECA), de violao de di-
esse entendimento equivocado. reitos por a) ao ou omisso da sociedade ou do Estado, b)
sabido que o direito convivncia familiar no se res- por falta, omisso ou abuso dos pais ou responsvel, c) em
tringe ao direito de estar e de ser criado e educado pelos pais. razo da prpria conduta da criana ou do adolescente, est
Quantos de ns fomos criados e educados por um av, por caracterizada a necessidade de tomada de medidas especfi-
uma av, por tias ou tios ou por outros parentes mais distan- cas de proteo em relao ao jovem vitimizado, que pode
tes? Fao aqui o elogio queles, profissionais do Poder Judi-

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referir-se tanto ao atendimento ao menor como a seus familia- que outros trabalhos foram feitos com a mesma finalidade, de
res e ao agressor. divulgar os dados das entidades de atendimento ao menor na
Capital.
Considerando a condio do menor de 18 anos de idade,
temos como exemplos de destinatrios da norma legal a cri- Todavia, no obstante a iniciativa profcua de organiza-
ana e o adolescente, como exposto na edio do ECA patro- es governamentais e no-governamentais, no se concreti-
cinada pelo antigo CBIA: zou ainda um conjunto sistematizado de informaes relativas
ao trabalho e ao procedimento dessas entidades de atendi-
- vtima de abandono e trfico; mento, especialmente em relao aos chamados servios
especiais, de atendimento criana e ao adolescente vitimi-
- vtima de abuso, opresso, negligncia e maus tratos na zado, destinado, esse trabalho de informao, a subsidiar a
famlia; formao de uma rede coesa que possa ser assim considera-
da.
- que fazem da rua o seu espao de luta pela sobrevivn-
cia ou de moradia; Rede e formao da rede

- vtimas do trabalho abusivo, explorador e ilegal; Tenho participado de alguns encontros de especialistas
cujo propsito a discusso de como formar uma eficiente
- envolvidos no uso e trfico de substncia ilcita; rede envolvendo as entidades de atendimento criana e ao
adolescente. Sou quase leigo no assunto, mas ouso trazer a
- envolvidos em prostituio; este seleto auditrio uma reflexo minha para a anlise crtica
de vocs.
- em conflito com a lei em razo de cometimento de ato in-
fracional (criana); O que rede? Um conjunto de pessoas, jurdicas e fsi-
cas, que, unidas num mesmo desiderato, em comunho de
- em outras circunstncias que impliquem riscos sua in- propsitos, esteja em articulao para a otimizao de seus
tegridade fsica, psicolgica ou moral. servios e de finalidade a que se propem?

Embora a legislao d a denominao de medida de pro- Na definio do mestre Aurlio, rede , no sentido figura-
teo somente quelas que tm como objeto os cuidados do, o conjunto de estabelecimentos, agncias, ou mesmo de
destinados criana e ao adolescente (art. 101), tm igual- indivduos, pertencentes a organizao que se destina a pres-
mente carter protetivo, tambm com ntido contedo preven- tar determinado servio.
tivo e/ou teraputico, aquelas preconizadas no art. 129, desti-
nadas aos adultos que, por, por ao ou omisso, criaram ou Vejo, em acrscimo a este conceito, que rede de servio
permitiram que se criasse a situao de violao dos direitos pressupe a criao de um sistema articulado de informaes
reconhecidos e assegurados na lei e na doutrina da proteo a respeito da dinmica e do funcionamento de seus diversos
integral. componentes, destinado, esse sistema, a propiciar o trabalho
Quais, em linhas gerais, as medidas especficas de prote- integrado de atendimento a suas finalidades.
o destinadas ao menor vtima de negligncia, maus-tratos,
explorao, abuso, crueldade e opresso? So aquelas do A formao de uma rede de atendimento pessoa, seja
art. 101. na rea da sade, da educao, de defesa de direitos, etc.,
implica na sistematizao dessas informaes e no gerenci-
E quais so as medidas aplicveis aos pais ou ao respon- amento dos dados coletados, cuidando primordialmente de
svel pelo menor? Aquelas do art. 129 e mais as normas de sua divulgao eficiente. Um dos meios para que se atinja
represso previstas no prprio ECA e na legislao penal. essa eficincia a publicao das informaes e a promoo
de formas de integrao dos servios e das entidades atravs
Tomada a medida protetiva considerada melhor, de rigor de visitas e encontros de seus dirigentes.
o prosseguimento do estudo do caso, do acompanhamento e
aprofundamento do diagnstico social da famlia, daquela E a rede a manuteno, no tempo, dessa integrao.
me ou das pessoas que podem ser consideradas membros Aqui, ento, cabe um apelo a todos ns, interessados na
da entidade familiar, e do diagnstico psicolgico dessas defesa e no aprimoramento do atendimento ao menor, para a
pessoas, tambm com o acompanhamento do desenvolvi- criao da rede na Capital e em todo o Estado de So Paulo,
mento da criana e do adolescente, atravs de entrevistas e o que, no meu entendimento, somente poder ser conseguido
de relatrios da entidade de atendimento, tudo para em de- com a efetiva implementao de um projeto governamental,
terminado momento, num futuro imediato ou prximo, seja que na realidade j existe e denominado SIPIA - Sistema de
cumprido estritamente o que est determinado no art. 19 do Informao para a Infncia e a Adolescncia.
ECA, a fim de que seja assegurada a sadia convivncia fami-
liar e comunitria, com a reestruturao da famlia. O SIPIA prope a criao de uma sistema de registro e in-
formaes sobre a garantia dos direitos fundamentais preco-
Dos servios de proteo especial (art. 87, III) existen- nizados no ECA, como um poderoso instrumento para a
tes da Capital aes eficiente dos Conselhos Tutelares, dos Conselhos de
Direitos, das Varas da Infncia e da Juventude e das prprias
Existem alguns trabalhos, dentre os quais um levantamen- entidades de atendimento, dentre os diversos usurios.
to realizado pela entidade Pr Mulher, Famlia e Cidadania,
mediante convnio com a Secretaria de Estado da Assistn- um sistema informatizado desenvolvido pela Secretaria
cia e Desenvolvimento Social, a respeito da demanda e dos Nacional dos Direitos Humanos e de seu Departamento da
recursos da Zona Oeste do Municpio da Capital, no qual Criana e do Adolescente com a cooperao tcnica do
consta a relao das entidades de atendimento s vtimas da CONDECA - Conselho Estadual dos Direitos da Criana e do
violncia. Adolescente, da Secretaria Estadual de Assistncia e Desen-
volvimento Social - SADS e da PRODESP, destinado a:
Existe tambm uma relao elaborada pela Pastoral do
Menor, da Arquidiocese, das entidades vinculadas a ela. Sei - padronizar as informaes em nvel nacional;

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analogia com o sistema assistencial dos menores, apesar de
- facilitar o registro dessas informaes; ter em vista, particularmente, a assistncia aos psicopatas e
ausncia, que modalidade especial de assistncia aos inte-
- agilizar e automatizar o processo decisrio; resses de quem abandona o prprio domiclio, sem que lhe
conhea o paradeiro e sem deixar representante.
- registrar o histrico de cada caso;
Pelo princpio da ratio do matrimnio, o fundamento bsico
- possibilitar o intercmbio das informaes do casamento e da vida conjugal a afeio entre os cnju-
ges e a necessidade de que perdure completa comunho de
Tem, o SIPIA, trs objetivos primordiais: vida.
Com o princpio da igualdade jurdica dos cnjuges desa-
- possibilitar a mais objetiva e completa leitura da queixa parece o poder marital e a autocracia do chefe de famlia
ou da situao da criana ou adolescente; substituda por um sistema em que as decises devem ser
tomadas de comum acordo entre marido e mulher, pois os
- encaminhar a aplicao da medida mais adequada para tempos atuais requerem que a mulher seja a colaboradora do
sanar a situao de violao de direitos; homem e no a subordinada.

- subsidiar as diversas instncias - Conselho de Direitos e Com base no princpio da igualdade jurdica de todos os fi-
autoridades - na formulao e gesto de polticas de atendi- lhos, no se faz distino entre filho legtimo e natural quanto
mento ao ptrio poder, nome e sucesso; permite-se o reconheci-
mento de filhos ilegtimos e probe-se que se revele no assen-
Concluso to de nascimento a ilegitimidade simples ou espuriedade.
Quanto natureza, o direito de famlia ramo do direito
O que concluo dessa curta mas rica experincia de dois privado, apesar de sofrer interveno estatal, devido impor-
anos frente de uma Vara da Infncia e da Juventude da tncia social da famlia; direito extrapatromonial ou persona-
Capital de So Paulo, mas de longa data ocupado com o lssimo (irrenuncivel, intransmissvel, no admitindo condio
tema relativo educao e formao da juventude, que ou termo ou exerccio por meio de procurador); suas normas
no obstante a notria falta de recursos humanos e materiais, so cogentes ou de ordem pblica; suas instituies jurdicas
o Poder Judicirio vem fazendo um trabalho, de forma isola- so direitos-deveres. http://www.centraljuridica.com/
da, sem adequada articulao com os outros raros recursos
do Estado e da comunidade, sem mtodo, e principalmente Noes Gerais do Direito de Famlia
sem o reconhecimento, dentro e fora da instituio judiciria,
FAMLIA
da importncia da atividade de atendimento jurisdicional
criana e ao adolescente e da riqueza do cabedal adquirido De acordo com Gonalves(2009), a conceituao de
nestes 9 anos de vigncia do Estatuto da Criana e do Ado- direito de famlia , de todos os ramos do direito, o mais
lescente, e porque no dizer, resultado tambm da experin- ligado prpria vida, uma vez que, de modo geral, as
cia anterior, adquirido s custas da dedicao de seus profis- pessoas provm de um organismo familiar e a ele conser-
sionais no trato dirio com a crua realidade social em que vam-se vinculadas durante a sua existncia, mesmo que
vivemos. venham a constituir nova famlia pelo casamento ou pela
unio estvel.
Temos muito a dar, a construir, mas para tanto precisa-
mos de recursos humanos e materiais, treinamentos, dilogo Desde modo, pode-se afirmar que a famlia uma rea-
com estudiosos e profissionais das mais diversas reas e lidade sociolgica e constitui a base do Estado, o ncleo
principalmente de liberdade e de incentivo moral, para partici- fundamental em que repousa toda a organizao social. A
parmos de um movimento de sensibilizao da sociedade e famlia aparece como uma instituio necessria e sagra-
dos governantes mostrando-lhes como pode ser nossa contri- da, que merece ampla ateno proteo do Estado.
buio para o desenvolvimento das mais diversas aes de Ademais, o direito de famlia constitui o ramo do direito
atendimento famlia, ao jovem e ao adolescente. civil que disciplina as relaes entre pessoas unidas pelo
matrimnio, pela unio estvel ou pelo parentesco bem
NOES DE DIREITO DA FAMLIA. como os institutos complementares da tutela e curatela
embora no advenham de relaes familiares, tm, em
razo de sua finalidade, conexo com o direito de famlia.
Noes Gerais de Direito de Famlia
Como regra, as leis em geral referem-se famlia co-
Constitui o direito de famlia, o complexo de normas que mo um ncleo mais restrito, constitudo pelos pais e sua
regulam a celebrao do casamento, sua validade e os efei- prole, embora no seja essencial essa configurao.
tos que dele resultam, as relaes pessoais e econmicas da
sociedade conjugal, a dissoluo desta, as relaes entre O Cdigo Civil de 2002 destina o Livro IV da Parte Es-
pais e filhos, o vnculo do parentesco e os institutos comple- pecial ao direito de famlia. Trata, princpio do direito
mentares da tutela, curatela e da ausncia. pessoal, das regras sobre o casamento, sua celebrao,
validade e causas de dissoluo, bem como da proteo
portanto, o ramo do direito civil concernente s relaes da pessoa dos filhos. Em seguida, sobre relaes de
entre pessoas unidas pelo patrimnio ou pelo parentesco a parentesco, enfatizando a igualdade plena entre os filhos
aos institutos complementares de direito protetivo ou assis- consolidada pela Constituio Federal de 1988.
tencial, pois, embora a tutela e a curatela no advenham de
relaes familiares, tm, devido a sua finalidade, conexo No tocante aos alimentos, o Cdigo Civil de 2002 traa
com o direito de famlia. regras que abrangem os devidos em razo do parentesco,
do casamento e tambm da unio estvel, trazendo, como
O objeto do direito de famlia a prpria famlia, embora inovao, a transmissibilidade da obrigao aos herdei-
contenha normas concernentes tutela dos menores que se ros(art.1.700), dispondo de forma diversa do art. 402 do
sujeitam a pessoas que no so seus genitores, curatela, diploma de 1916.
que no tem qualquer relao com o parentesco, mas encon-
tra, guarida nessa seara jurdica devido semelhana ou

Conhecimentos Especficos 153 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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Assim, no que se refere a obrigao alimentar, alcana assegurando o direito de propriedade exclusiva dos bens
todos os parentes na linha reta, porm na linha colateral, adquiridos com seu trabalho.
limita-se aos irmos (artigos 1.696 e 1.697, CC)
Na dcada de 1970, outra grande conquista, a disso-
Assim, est disposto: luo do casamento, ou seja, o divrcio. Antes da aprova-
o da Lei do divrcio, as pessoas casadas automatica-
Art. 1.696 : O direito prestao de alimentos rec- mente criavam um vnculo jurdico permanente para toda
proco entre os pais e filhos, extensivo a todos ascenden- vida. Havia a possibilidade do "desquite", onde interrom-
tes, recaindo a obrigao nos mais prximos em grau, uns pia a sociedade conjugal, assegurando os direitos e deve-
em falta de outros. res, com a partilha de bens, e fim do compromisso de
Art . 1.697: Na falta dos ascendentes cabe a obrigao convivncia sobre o mesmo teto, s que no permitia em
aos descendentes, guardada a ordem de sucesso e, hiptese alguma a constituio de outra famlia com a
faltando estes, aos irmos, e assim germanos como uni- proteo do Estado.
laterais. Restando a estas pessoas a informalidade das rela-
Famlia brasileira es, onde eram obrigadas a constituir unio estvel, sem
nenhum amparo diante das Leis que protegiam e resguar-
Esta instituio surgiu para regular as relaes de or- davam tais direitos dos que viviam juntos e de seus des-
dem afetiva. O Estado e a Igreja regulam estas relaes. cendentes.
Porm, cada um a seu tempo, interferindo assim na vida
privada das pessoas. O divrcio apareceu em nosso ordenamento brasileiro
em 1977, sob a Emenda constitucional n 09. Em seguida
Com a formao da famlia brasileira, a sociedade est surgiu a Lei 6515/77, assim chamada de Lei do divrcio,
intimamente ligada a evoluo e origem da sociedade. que regulamentou o novo instituto jurdico. Sendo assim, o
Essa construo social e jurdica tem sua origem no sc. casamento no mais uma instituio indissolvel, fican-
XVI, com um modelo de sociedade patriarcal. do autorizado aos cnjuges a possibilidade da separao,
Sendo assim, a figura de famlia era chamada "pater e de um novo relacionamento amparado pela Lei.
familias", onde o poder era concentrado na figura paterna, No incio as pessoas poderiam se divorciar apenas
as decises no tocante a famlia e seus membros era uma nica vez, porm no mesmo ano, a Lei 7.841 revo-
exclusivamente do homem. gou tal art. 38 da Lei do divrcio.
Em nosso ordenamento jurdico o "pater familias", era O desquite se tornou em termos jurdicos Separao
resguardado, atravs de normas restringia os direitos da Judicial, sendo ento um estgio intermedirio at o di-
mulher, com fortes inspiraes romanas, ela tinha um vrcio. Com a edio da Lei 11.441/07, possvel fazer a
papel restrito em relao ao patrimnio, no era conside- separao e o divrcio consensual de forma extrajudicial,
rada como sujeito de direito, sua existncia se pautava sem precisar recorrer ao judicirio, todo processo feito
para a instituio casamento e procriao. no cartrio, dando mais agilidade e evitando processos
Esta instituio denominada casamento, surgiu para traumticos para todos os envolvidos, ou seja, marido,
regular as relaes de ordem afetiva. O Estado e a Igreja mulher e principalmente os filhos.
regulam estas relaes. Porm, cada um a seu tempo, http://www.domtotal.com/
interferindo assim na vida privada das pessoas. Cdigo Civil
Diante do princpio da ratio do matrimnio, a afeio Do Direito de Famlia
entre os cnjuges o fundamento bsico da vida conju- TTULO I
gal. Do Direito Pessoal
O Estado regulamentou o casamento como um dos SUBTTULO I
atos mais solenes do direito, desde modo reconhecendo e Do Casamento
protegendo juridicamente apenas s famlias formadas CAPTULO I
pelo casamento. Disposies Gerais
Ademais, o casamento civil, era uma verso jurdica Art. 1.511. O casamento estabelece comunho plena de
do casamento religioso. Surgiu no Brasil com a origem da vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cnju-
Repblica, ocasionando assim a separao da Igreja e do ges.
Estado. Art. 1.512. O casamento civil e gratuita a sua celebra-
o.
Entretanto, a partir dessa dissoluo, o Estado laico
passou a ser a nica forma de constituio da famlia, Pargrafo nico. A habilitao para o casamento, o regis-
dentro da sociedade agrria e tambm patriarcal, sendo tro e a primeira certido sero isentos de selos, emolumentos
introduzida pela Constituio Federal de 1891. e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as
penas da lei.
Onde no artigo 72, pargrafo 4, da Constituio Fede- Art. 1.513. defeso a qualquer pessoa, de direito pblico
ral de 1891, diz: que s seria reconhecido o casamento ou privado, interferir na comunho de vida instituda pela
civil , conceituado como unio entre um homem e uma famlia.
mulher com a finalidade de constituir famlia, assim indis-
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o
solvel.
homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade
Este modelo de matrimnio ideal, deu inspirao ao de estabelecer vnculo conjugal, e o juiz os declara casados.
Estado adotando-o como clula primria da sociedade, Art. 1.515. O casamento religioso, que atender s exign-
considerado por muito tempo a nica forma de constitui- cias da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a
o de uma famlia legtima. este, desde que registrado no registro prprio, produzindo
efeitos a partir da data de sua celebrao.
Em 1964 com a edio da Lei 4124/64, denominada
"Estatuto da mulher casada", o modelo patriarcal deixou Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se
de prevalecer, posicionado a mulher dentro da sociedade aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil.
e da famlia, trazendo grandes avanos, capacitando e

Conhecimentos Especficos 154 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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1o O registro civil do casamento religioso dever ser Pargrafo nico. permitido aos nubentes solicitar ao juiz
promovido dentro de noventa dias de sua realizao, median- que no lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previs-
te comunicao do celebrante ao ofcio competente, ou por tas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexis-
iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homo- tncia de prejuzo, respectivamente, para o herdeiro, para o
logada previamente a habilitao regulada neste Cdigo. ex-cnjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso
Aps o referido prazo, o registro depender de nova habilita- do inciso II, a nubente dever provar nascimento de filho, ou
o. inexistncia de gravidez, na fluncia do prazo.
2o O casamento religioso, celebrado sem as formalida- Art. 1.524. As causas suspensivas da celebrao do ca-
des exigidas neste Cdigo, ter efeitos civis se, a requerimen- samento podem ser arguidas pelos parentes em linha reta de
to do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, um dos nubentes, sejam consanguneos ou afins, e pelos
mediante prvia habilitao perante a autoridade competente colaterais em segundo grau, sejam tambm consanguneos
e observado o prazo do art. 1.532. ou afins.
3o Ser nulo o registro civil do casamento religioso se, CAPTULO V
antes dele, qualquer dos consorciados houver contrado com Do Processo de Habilitao PARA O CASAMENTO
outrem casamento civil. Art. 1.525. O requerimento de habilitao para o casamen-
CAPTULO II to ser firmado por ambos os nubentes, de prprio punho, ou,
Da Capacidade PARA O CASAMENTO a seu pedido, por procurador, e deve ser instrudo com os
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos po- seguintes documentos:
dem casar, exigindo-se autorizao de ambos os pais, ou de I - certido de nascimento ou documento equivalente;
seus representantes legais, enquanto no atingida a maiori- II - autorizao por escrito das pessoas sob cuja depen-
dade civil. dncia legal estiverem, ou ato judicial que a supra;
Pargrafo nico. Se houver divergncia entre os pais, III - declarao de duas testemunhas maiores, parentes ou
aplica-se o disposto no pargrafo nico do art. 1.631. no, que atestem conhec-los e afirmem no existir impedi-
Art. 1.518. At celebrao do casamento podem os pais, mento que os iniba de casar;
tutores ou curadores revogar a autorizao. IV - declarao do estado civil, do domiclio e da residn-
Art. 1.519. A denegao do consentimento, quando injus- cia atual dos contraentes e de seus pais, se forem conheci-
ta, pode ser suprida pelo juiz. dos;
Art. 1.520. Excepcionalmente, ser permitido o casamento V - certido de bito do cnjuge falecido, de sentena de-
de quem ainda no alcanou a idade nbil (art. 1517), para claratria de nulidade ou de anulao de casamento, transita-
evitar imposio ou cumprimento de pena criminal ou em da em julgado, ou do registro da sentena de divrcio.
caso de gravidez. Art. 1.526. A habilitao ser feita pessoalmente perante o
CAPTULO III oficial do Registro Civil, com a audincia do Ministrio Pbli-
Dos Impedimentos co. (Redao dada pela Lei n 12.133, de 2009) Vigncia
Art. 1.521. No podem casar: Pargrafo nico. Caso haja impugnao do oficial, do Mi-
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentes- nistrio Pblico ou de terceiro, a habilitao ser submetida
co natural ou civil; ao juiz. (Includo pela Lei n 12.133, de 2009) Vigncia
II - os afins em linha reta; Art. 1.527. Estando em ordem a documentao, o oficial
III - o adotante com quem foi cnjuge do adotado e o ado- extrair o edital, que se afixar durante quinze dias nas cir-
tado com quem o foi do adotante; cunscries do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obri-
gatoriamente, se publicar na imprensa local, se houver.
IV - os irmos, unilaterais ou bilaterais, e demais colate-
rais, at o terceiro grau inclusive; Pargrafo nico. A autoridade competente, havendo ur-
gncia, poder dispensar a publicao.
V - o adotado com o filho do adotante;
Art. 1.528. dever do oficial do registro esclarecer os nu-
VI - as pessoas casadas; bentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade
VII - o cnjuge sobrevivente com o condenado por homic- do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.
dio ou tentativa de homicdio contra o seu consorte.
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas sus-
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, at o pensivas sero opostos em declarao escrita e assinada,
momento da celebrao do casamento, por qualquer pessoa instruda com as provas do fato alegado, ou com a indicao
capaz. do lugar onde possam ser obtidas.
Pargrafo nico. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver co- Art. 1.530. O oficial do registro dar aos nubentes ou a
nhecimento da existncia de algum impedimento, ser obri- seus representantes nota da oposio, indicando os funda-
gado a declar-lo. mentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.
CAPTULO IV Pargrafo nico. Podem os nubentes requerer prazo razo-
Das causas suspensivas vel para fazer prova contrria aos fatos alegados, e promo-
Art. 1.523. No devem casar: ver as aes civis e criminais contra o oponente de m-f.
I - o vivo ou a viva que tiver filho do cnjuge falecido, Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e
enquanto no fizer inventrio dos bens do casal e der partilha 1.527 e verificada a inexistncia de fato obstativo, o oficial do
aos herdeiros; registro extrair o certificado de habilitao.
II - a viva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser Art. 1.532. A eficcia da habilitao ser de noventa dias,
nulo ou ter sido anulado, at dez meses depois do comeo da a contar da data em que foi extrado o certificado.
viuvez, ou da dissoluo da sociedade conjugal; CAPTULO VI
III - o divorciado, enquanto no houver sido homologada Da Celebrao do Casamento
ou decidida a partilha dos bens do casal; Art. 1.533. Celebrar-se- o casamento, no dia, hora e lu-
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascen- gar previamente designados pela autoridade que houver de
dentes, irmos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutela- presidir o ato, mediante petio dos contraentes, que se mos-
da ou curatelada, enquanto no cessar a tutela ou curatela, e trem habilitados com a certido do art. 1.531.
no estiverem saldadas as respectivas contas. Art. 1.534. A solenidade realizar-se- na sede do cartrio,
com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos

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duas testemunhas, parentes ou no dos contraentes, ou, II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juzo;
querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, III - que, em sua presena, declararam os contraentes, li-
noutro edifcio pblico ou particular. vre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher.
1o Quando o casamento for em edifcio particular, ficar 1o Autuado o pedido e tomadas as declaraes, o juiz
este de portas abertas durante o ato. proceder s diligncias necessrias para verificar se os
2o Sero quatro as testemunhas na hiptese do pargra- contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinria,
fo anterior e se algum dos contraentes no souber ou no ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze
puder escrever. dias.
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por 2o Verificada a idoneidade dos cnjuges para o casa-
procurador especial, juntamente com as testemunhas e o mento, assim o decidir a autoridade competente, com recur-
oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a so voluntrio s partes.
afirmao de que pretendem casar por livre e espontnea 3o Se da deciso no se tiver recorrido, ou se ela passar
vontade, declarar efetuado o casamento, nestes termos:"De em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandar
acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante registr-la no livro do Registro dos Casamentos.
mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da 4o O assento assim lavrado retrotrair os efeitos do ca-
lei, vos declaro casados." samento, quanto ao estado dos cnjuges, data da celebra-
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, la- o.
vrar-se- o assento no livro de registro. No assento, assinado 5o Sero dispensadas as formalidades deste e do artigo
pelo presidente do ato, pelos cnjuges, as testemunhas, e o antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o
oficial do registro, sero exarados: casamento na presena da autoridade competente e do oficial
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, pro- do registro.
fisso, domiclio e residncia atual dos cnjuges; Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procu-
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de rao, por instrumento pblico, com poderes especiais.
morte, domiclio e residncia atual dos pais; 1o A revogao do mandato no necessita chegar ao
III - o prenome e sobrenome do cnjuge precedente e a conhecimento do mandatrio; mas, celebrado o casamento
data da dissoluo do casamento anterior; sem que o mandatrio ou o outro contraente tivessem cincia
IV - a data da publicao dos proclamas e da celebrao da revogao, responder o mandante por perdas e danos.
do casamento; 2o O nubente que no estiver em iminente risco de vida
V - a relao dos documentos apresentados ao oficial do poder fazer-se representar no casamento nuncupativo.
registro; 3o A eficcia do mandato no ultrapassar noventa dias.
VI - o prenome, sobrenome, profisso, domiclio e resi- 4o S por instrumento pblico se poder revogar o man-
dncia atual das testemunhas; dato.
VII - o regime do casamento, com a declarao da data e CAPTULO VII
do cartrio em cujas notas foi lavrada a escritura antenupcial, Das Provas do Casamento
quando o regime no for o da comunho parcial, ou o obriga- Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela
toriamente estabelecido. certido do registro.
Art. 1.537. O instrumento da autorizao para casar trans- Pargrafo nico. Justificada a falta ou perda do registro ci-
crever-se- integralmente na escritura antenupcial. vil, admissvel qualquer outra espcie de prova.
Art. 1.538. A celebrao do casamento ser imediatamen- Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no es-
te suspensa se algum dos contraentes: trangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cnsules
I - recusar a solene afirmao da sua vontade; brasileiros, dever ser registrado em cento e oitenta dias, a
II - declarar que esta no livre e espontnea; contar da volta de um ou de ambos os cnjuges ao Brasil, no
III - manifestar-se arrependido. cartrio do respectivo domiclio, ou, em sua falta, no 1o Ofcio
Pargrafo nico. O nubente que, por algum dos fatos da Capital do Estado em que passarem a residir.
mencionados neste artigo, der causa suspenso do ato, no Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do es-
ser admitido a retratar-se no mesmo dia. tado de casadas, no possam manifestar vontade, ou tenham
Art. 1.539. No caso de molstia grave de um dos nuben- falecido, no se pode contestar em prejuzo da prole comum,
tes, o presidente do ato ir celebr-lo onde se encontrar o salvo mediante certido do Registro Civil que prove que j era
impedido, sendo urgente, ainda que noite, perante duas casada alguma delas, quando contraiu o casamento impug-
testemunhas que saibam ler e escrever. nado.
1o A falta ou impedimento da autoridade competente pa- Art. 1.546. Quando a prova da celebrao legal do casa-
ra presidir o casamento suprir-se- por qualquer dos seus mento resultar de processo judicial, o registro da sentena no
substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad livro do Registro Civil produzir, tanto no que toca aos cnju-
hoc, nomeado pelo presidente do ato. ges como no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis
desde a data do casamento.
2o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, ser re-
gistrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante Art. 1.547. Na dvida entre as provas favorveis e contr-
duas testemunhas, ficando arquivado. rias, julgar-se- pelo casamento, se os cnjuges, cujo casa-
mento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em imi- estado de casados.
nente risco de vida, no obtendo a presena da autoridade
qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poder o CAPTULO VIII
casamento ser celebrado na presena de seis testemunhas, Da Invalidade do Casamento
que com os nubentes no tenham parentesco em linha reta, Art. 1.548. nulo o casamento contrado:
ou, na colateral, at segundo grau. I - pelo enfermo mental sem o necessrio discernimento
Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemu- para os atos da vida civil;
nhas comparecer perante a autoridade judicial mais prxima, II - por infringncia de impedimento.
dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a decla- Art. 1.549. A decretao de nulidade de casamento, pelos
rao de: motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida
I - que foram convocadas por parte do enfermo;
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mediante ao direta, por qualquer interessado, ou pelo Mi- a coabitao, havendo cincia do vcio, valida o ato, ressalva-
nistrio Pblico. das as hipteses dos incisos III e IV do art. 1.557.
Art. 1.550. anulvel o casamento: Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ao de anulao
I - de quem no completou a idade mnima para casar; do casamento, a contar da data da celebrao, de:
II - do menor em idade nbil, quando no autorizado por I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;
seu representante legal; II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;
III - por vcio da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a III - trs anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;
1.558; IV - quatro anos, se houver coao.
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo ine- 1o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anu-
quvoco, o consentimento; lar o casamento dos menores de dezesseis anos, contado o
V - realizado pelo mandatrio, sem que ele ou o outro con- prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da
traente soubesse da revogao do mandato, e no sobrevin- data do casamento, para seus representantes legais ou as-
do coabitao entre os cnjuges; cendentes.
VI - por incompetncia da autoridade celebrante. 2o Na hiptese do inciso V do art. 1.550, o prazo para
Pargrafo nico. Equipara-se revogao a invalidade do anulao do casamento de cento e oitenta dias, a partir da
mandato judicialmente decretada. data em que o mandante tiver conhecimento da celebrao.
Art. 1.551. No se anular, por motivo de idade, o casa- Art. 1.561. Embora anulvel ou mesmo nulo, se contrado
mento de que resultou gravidez. de boa-f por ambos os cnjuges, o casamento, em relao a
Art. 1.552. A anulao do casamento dos menores de de- estes como aos filhos, produz todos os efeitos at o dia da
zesseis anos ser requerida: sentena anulatria.
I - pelo prprio cnjuge menor; 1o Se um dos cnjuges estava de boa-f ao celebrar o
casamento, os seus efeitos civis s a ele e aos filhos aprovei-
II - por seus representantes legais; taro.
III - por seus ascendentes.
2o Se ambos os cnjuges estavam de m-f ao celebrar
Art. 1.553. O menor que no atingiu a idade nbil poder, o casamento, os seus efeitos civis s aos filhos aproveitaro.
depois de complet-la, confirmar seu casamento, com a auto- Art. 1.562. Antes de mover a ao de nulidade do casa-
rizao de seus representantes legais, se necessria, ou com mento, a de anulao, a de separao judicial, a de divrcio
suprimento judicial. direto ou a de dissoluo de unio estvel, poder requerer a
Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por aquele parte, comprovando sua necessidade, a separao de corpos,
que, sem possuir a competncia exigida na lei, exercer publi- que ser concedida pelo juiz com a possvel brevidade.
camente as funes de juiz de casamentos e, nessa qualida- Art. 1.563. A sentena que decretar a nulidade do casa-
de, tiver registrado o ato no Registro Civil. mento retroagir data da sua celebrao, sem prejudicar a
Art. 1.555. O casamento do menor em idade nbil, quando aquisio de direitos, a ttulo oneroso, por terceiros de boa-f,
no autorizado por seu representante legal, s poder ser nem a resultante de sentena transitada em julgado.
anulado se a ao for proposta em cento e oitenta dias, por Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de
iniciativa do incapaz, ao deixar de s-lo, de seus representan- um dos cnjuges, este incorrer:
tes legais ou de seus herdeiros necessrios.
I - na perda de todas as vantagens havidas do cnjuge
1o O prazo estabelecido neste artigo ser contado do dia inocente;
em que cessou a incapacidade, no primeiro caso; a partir do
casamento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz. II - na obrigao de cumprir as promessas que lhe fez no
contrato antenupcial.
2o No se anular o casamento quando sua celebra-
o houverem assistido os representantes legais do incapaz, CAPTULO IX
ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovao. Da Eficcia do Casamento
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vcio da Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem
vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consen- mutuamente a condio de consortes, companheiros e res-
tir, erro essencial quanto pessoa do outro. ponsveis pelos encargos da famlia.
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poder acrescer
outro cnjuge: ao seu o sobrenome do outro.
I - o que diz respeito sua identidade, sua honra e boa 2o O planejamento familiar de livre deciso do casal,
fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
torne insuportvel a vida em comum ao cnjuge enganado; financeiros para o exerccio desse direito, vedado qualquer
tipo de coero por parte de instituies privadas ou pblicas.
II - a ignorncia de crime, anterior ao casamento, que, por
sua natureza, torne insuportvel a vida conjugal; Art. 1.566. So deveres de ambos os cnjuges:
III - a ignorncia, anterior ao casamento, de defeito fsico I - fidelidade recproca;
irremedivel, ou de molstia grave e transmissvel, pelo con- II - vida em comum, no domiclio conjugal;
tgio ou herana, capaz de pr em risco a sade do outro III - mtua assistncia;
cnjuge ou de sua descendncia; IV - sustento, guarda e educao dos filhos;
IV - a ignorncia, anterior ao casamento, de doena men- V - respeito e considerao mtuos.
tal grave que, por sua natureza, torne insuportvel a vida em Art. 1.567. A direo da sociedade conjugal ser exercida,
comum ao cnjuge enganado. em colaborao, pelo marido e pela mulher, sempre no inte-
Art. 1.558. anulvel o casamento em virtude de coao, resse do casal e dos filhos.
quando o consentimento de um ou de ambos os cnjuges Pargrafo nico. Havendo divergncia, qualquer dos cn-
houver sido captado mediante fundado temor de mal conside- juges poder recorrer ao juiz, que decidir tendo em conside-
rvel e iminente para a vida, a sade e a honra, sua ou de rao aqueles interesses.
seus familiares.
Art. 1.568. Os cnjuges so obrigados a concorrer, na
Art. 1.559. Somente o cnjuge que incidiu em erro, ou so- proporo de seus bens e dos rendimentos do trabalho, para
freu coao, pode demandar a anulao do casamento; mas o sustento da famlia e a educao dos filhos, qualquer que
seja o regime patrimonial.
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Art. 1.569. O domiclio do casal ser escolhido por ambos Art. 1.576. A separao judicial pe termo aos deveres de
os cnjuges, mas um e outro podem ausentar-se do domiclio coabitao e fidelidade recproca e ao regime de bens.
conjugal para atender a encargos pblicos, ao exerccio de Pargrafo nico. O procedimento judicial da separao
sua profisso, ou a interesses particulares relevantes. caber somente aos cnjuges, e, no caso de incapacidade,
Art. 1.570. Se qualquer dos cnjuges estiver em lugar re- sero representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo
moto ou no sabido, encarcerado por mais de cento e oitenta irmo.
dias, interditado judicialmente ou privado, episodicamente, de Art. 1.577. Seja qual for a causa da separao judicial e o
conscincia, em virtude de enfermidade ou de acidente, o modo como esta se faa, lcito aos cnjuges restabelecer, a
outro exercer com exclusividade a direo da famlia, ca- todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juzo.
bendo-lhe a administrao dos bens. Pargrafo nico. A reconciliao em nada prejudicar o di-
CAPTULO X reito de terceiros, adquirido antes e durante o estado de sepa-
Da Dissoluo da Sociedade e do vnculo Conjugal rado, seja qual for o regime de bens.
Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: Art. 1.578. O cnjuge declarado culpado na ao de sepa-
I - pela morte de um dos cnjuges; rao judicial perde o direito de usar o sobrenome do outro,
II - pela nulidade ou anulao do casamento; desde que expressamente requerido pelo cnjuge inocente e
III - pela separao judicial; se a alterao no acarretar:
IV - pelo divrcio. I - evidente prejuzo para a sua identificao;
1o O casamento vlido s se dissolve pela morte de um II - manifesta distino entre o seu nome de famlia e o
dos cnjuges ou pelo divrcio, aplicando-se a presuno dos filhos havidos da unio dissolvida;
estabelecida neste Cdigo quanto ao ausente. III - dano grave reconhecido na deciso judicial.
2o Dissolvido o casamento pelo divrcio direto ou por 1o O cnjuge inocente na ao de separao judicial po-
converso, o cnjuge poder manter o nome de casado; sal- der renunciar, a qualquer momento, ao direito de usar o
vo, no segundo caso, dispondo em contrrio a sentena de sobrenome do outro.
separao judicial. 2o Nos demais casos caber a opo pela conservao
Art. 1.572. Qualquer dos cnjuges poder propor a ao do nome de casado.
de separao judicial, imputando ao outro qualquer ato que Art. 1.579. O divrcio no modificar os direitos e deveres
importe grave violao dos deveres do casamento e torne dos pais em relao aos filhos.
insuportvel a vida em comum. Pargrafo nico. Novo casamento de qualquer dos pais,
1o A separao judicial pode tambm ser pedida se um ou de ambos, no poder importar restries aos direitos e
dos cnjuges provar ruptura da vida em comum h mais de deveres previstos neste artigo.
um ano e a impossibilidade de sua reconstituio. Art. 1.580. Decorrido um ano do trnsito em julgado da
2o O cnjuge pode ainda pedir a separao judicial sentena que houver decretado a separao judicial, ou da
quando o outro estiver acometido de doena mental grave, deciso concessiva da medida cautelar de separao de
manifestada aps o casamento, que torne impossvel a conti- corpos, qualquer das partes poder requerer sua converso
nuao da vida em comum, desde que, aps uma durao de em divrcio.
dois anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura 1o A converso em divrcio da separao judicial dos
improvvel. cnjuges ser decretada por sentena, da qual no constar
3o No caso do pargrafo 2o, revertero ao cnjuge en- referncia causa que a determinou.
fermo, que no houver pedido a separao judicial, os rema- 2o O divrcio poder ser requerido, por um ou por am-
nescentes dos bens que levou para o casamento, e se o re- bos os cnjuges, no caso de comprovada separao de fato
gime dos bens adotado o permitir, a meao dos adquiridos por mais de dois anos.
na constncia da sociedade conjugal. Art. 1.581. O divrcio pode ser concedido sem que haja
Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da co- prvia partilha de bens.
munho de vida a ocorrncia de algum dos seguintes moti- Art. 1.582. O pedido de divrcio somente competir aos
vos: cnjuges.
I - adultrio; Pargrafo nico. Se o cnjuge for incapaz para propor a
II - tentativa de morte; ao ou defender-se, poder faz-lo o curador, o ascendente
III - sevcia ou injria grave; ou o irmo.
IV - abandono voluntrio do lar conjugal, durante um ano CAPTULO XI
contnuo; Da Proteo da Pessoa dos Filhos
V - condenao por crime infamante; Art. 1.583. A guarda ser unilateral ou compartilhada.
VI - conduta desonrosa. (Redao dada pela Lei n 11.698, de 2008).
Pargrafo nico. O juiz poder considerar outros fatos que 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuda a
tornem evidente a impossibilidade da vida em comum. um s dos genitores ou a algum que o substitua (art. 1.584,
Art. 1.574. Dar-se- a separao judicial por mtuo con- 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilizao conjun-
sentimento dos cnjuges se forem casados por mais de um ta e o exerccio de direitos e deveres do pai e da me que no
ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele devida- vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos
mente homologada a conveno. filhos comuns. (Includo pela Lei n 11.698, de 2008).
Pargrafo nico. O juiz pode recusar a homologao e 2o A guarda unilateral ser atribuda ao genitor que reve-
no decretar a separao judicial se apurar que a conveno le melhores condies para exerc-la e, objetivamente, mais
no preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de aptido para propiciar aos filhos os seguintes fatores: (Inclu-
um dos cnjuges. do pela Lei n 11.698, de 2008).
Art. 1.575. A sentena de separao judicial importa a se- I afeto nas relaes com o genitor e com o grupo famili-
parao de corpos e a partilha de bens. ar; (Includo pela Lei n 11.698, de 2008).
Pargrafo nico. A partilha de bens poder ser feita medi- II sade e segurana; (Includo pela Lei n 11.698, de
ante proposta dos cnjuges e homologada pelo juiz ou por 2008).
este decidida. III educao. (Includo pela Lei n 11.698, de 2008).

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3o A guarda unilateral obriga o pai ou a me que no a Art. 1.591. So parentes em linha reta as pessoas que es-
detenha a supervisionar os interesses dos filhos. (Includo to umas para com as outras na relao de ascendentes e
pela Lei n 11.698, de 2008). descendentes.
4o (VETADO). (Includo pela Lei n 11.698, de 2008). Art. 1.592. So parentes em linha colateral ou transversal,
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poder at o quarto grau, as pessoas provenientes de um s tronco,
ser: (Redao dada pela Lei n 11.698, de 2008). sem descenderem uma da outra.
I requerida, por consenso, pelo pai e pela me, ou por Art. 1.593. O parentesco natural ou civil, conforme resul-
qualquer deles, em ao autnoma de separao, de divrcio, te de consanguinidade ou outra origem.
de dissoluo de unio estvel ou em medida cautelar; (Inclu- Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de paren-
do pela Lei n 11.698, de 2008). tesco pelo nmero de geraes, e, na colateral, tambm pelo
II decretada pelo juiz, em ateno a necessidades espe- nmero delas, subindo de um dos parentes at ao ascenden-
cficas do filho, ou em razo da distribuio de tempo neces- te comum, e descendo at encontrar o outro parente.
srio ao convvio deste com o pai e com a me. (Includo pela Art. 1.595. Cada cnjuge ou companheiro aliado aos pa-
Lei n 11.698, de 2008). rentes do outro pelo vnculo da afinidade.
1o Na audincia de conciliao, o juiz informar ao pai e 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascenden-
me o significado da guarda compartilhada, a sua importn- tes, aos descendentes e aos irmos do cnjuge ou compa-
cia, a similitude de deveres e direitos atribudos aos genitores nheiro.
e as sanes pelo descumprimento de suas clusulas. (Inclu- 2o Na linha reta, a afinidade no se extingue com a dis-
do pela Lei n 11.698, de 2008). soluo do casamento ou da unio estvel.
2o Quando no houver acordo entre a me e o pai quan- CAPTULO II
to guarda do filho, ser aplicada, sempre que possvel, a Da Filiao
guarda compartilhada. (Includo pela Lei n 11.698, de 2008). Art. 1.596. Os filhos, havidos ou no da relao de casa-
3o Para estabelecer as atribuies do pai e da me e os mento, ou por adoo, tero os mesmos direitos e qualifica-
perodos de convivncia sob guarda compartilhada, o juiz, de es, proibidas quaisquer designaes discriminatrias relati-
ofcio ou a requerimento do Ministrio Pblico, poder basear- vas filiao.
se em orientao tcnico-profissional ou de equipe interdisci- Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constncia do ca-
plinar. (Includo pela Lei n 11.698, de 2008). samento os filhos:
4o A alterao no autorizada ou o descumprimento imo- I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de
tivado de clusula de guarda, unilateral ou compartilhada, estabelecida a convivncia conjugal;
poder implicar a reduo de prerrogativas atribudas ao seu
detentor, inclusive quanto ao nmero de horas de convivncia II - nascidos nos trezentos dias subsequentes dissoluo
com o filho. (Includo pela Lei n 11.698, de 2008). da sociedade conjugal, por morte, separao judicial, nulidade
e anulao do casamento;
5o Se o juiz verificar que o filho no deve permanecer
sob a guarda do pai ou da me, deferir a guarda pessoa III - havidos por fecundao artificial homloga, mesmo
que falecido o marido;
que revele compatibilidade com a natureza da medida, consi-
derados, de preferncia, o grau de parentesco e as relaes IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de em-
de afinidade e afetividade. (Includo pela Lei n 11.698, de bries excedentrios, decorrentes de concepo artificial
2008). homloga;
Art. 1.585. Em sede de medida cautelar de separao de V - havidos por inseminao artificial heterloga, desde
corpos, aplica-se quanto guarda dos filhos as disposies que tenha prvia autorizao do marido.
do artigo antecedente. Art. 1.598. Salvo prova em contrrio, se, antes de decorri-
Art. 1.586. Havendo motivos graves, poder o juiz, em do o prazo previsto no inciso II do art. 1.523, a mulher contrair
qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira diferente novas npcias e lhe nascer algum filho, este se presume do
da estabelecida nos artigos antecedentes a situao deles primeiro marido, se nascido dentro dos trezentos dias a contar
para com os pais. da data do falecimento deste e, do segundo, se o nascimento
Art. 1.587. No caso de invalidade do casamento, havendo ocorrer aps esse perodo e j decorrido o prazo a que se
filhos comuns, observar-se- o disposto nos arts. 1.584 e refere o inciso I do art. 1597.
1.586. Art. 1.599. A prova da impotncia do cnjuge para gerar,
poca da concepo, ilide a presuno da paternidade.
Art. 1.588. O pai ou a me que contrair novas npcias no
perde o direito de ter consigo os filhos, que s lhe podero ser Art. 1.600. No basta o adultrio da mulher, ainda que
retirados por mandado judicial, provado que no so tratados confessado, para ilidir a presuno legal da paternidade.
convenientemente. Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a pater-
Art. 1.589. O pai ou a me, em cuja guarda no estejam nidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ao
os filhos, poder visit-los e t-los em sua companhia, segun- imprescritvel.
do o que acordar com o outro cnjuge, ou for fixado pelo juiz, Pargrafo nico. Contestada a filiao, os herdeiros do
bem como fiscalizar sua manuteno e educao. impugnante tm direito de prosseguir na ao.
Pargrafo nico. O direito de visita estende-se a qualquer Art. 1.602. No basta a confisso materna para excluir a
dos avs, a critrio do juiz, observados os interesses da cri- paternidade.
ana ou do adolescente. (Includo pela Lei n 12.398, de Art. 1.603. A filiao prova-se pela certido do termo de
2011) nascimento registrada no Registro Civil.
Art. 1.590. As disposies relativas guarda e prestao Art. 1.604. Ningum pode vindicar estado contrrio ao que
de alimentos aos filhos menores estendem-se aos maiores resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou
incapazes. falsidade do registro.
SUBTTULO II Art. 1.605. Na falta, ou defeito, do termo de nascimento,
Das Relaes de Parentesco poder provar-se a filiao por qualquer modo admissvel em
CAPTULO I direito:
Disposies Gerais I - quando houver comeo de prova por escrito, provenien-
te dos pais, conjunta ou separadamente;

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II - quando existirem veementes presunes resultantes Art. 1.621. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
de fatos j certos. cia
Art. 1.606. A ao de prova de filiao compete ao filho, Art. 1.622. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor cia
ou incapaz. Art. 1.623. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
Pargrafo nico. Se iniciada a ao pelo filho, os herdeiros cia
podero continu-la, salvo se julgado extinto o processo. Art. 1.624. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
CAPTULO III cia
Do Reconhecimento dos Filhos Art. 1.625. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
Art. 1.607. O filho havido fora do casamento pode ser re- cia
conhecido pelos pais, conjunta ou separadamente. Art. 1.626. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
Art. 1.608. Quando a maternidade constar do termo do cia
nascimento do filho, a me s poder contest-la, provando a Art. 1.627. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
falsidade do termo, ou das declaraes nele contidas. cia
Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do Art. 1.628. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
casamento irrevogvel e ser feito: cia
I - no registro do nascimento; Art. 1.629. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
II - por escritura pblica ou escrito particular, a ser arqui- cia
vado em cartrio; CAPTULO V
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifesta- Do Poder FAMILIAR
do; Seo I
IV - por manifestao direta e expressa perante o juiz, Disposies Gerais
ainda que o reconhecimento no haja sido o objeto nico e Art. 1.630. Os filhos esto sujeitos ao poder familiar, en-
principal do ato que o contm. quanto menores.
Pargrafo nico. O reconhecimento pode preceder o nas- Art. 1.631. Durante o casamento e a unio estvel, com-
cimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele pete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um
deixar descendentes. deles, o outro o exercer com exclusividade.
Art. 1.610. O reconhecimento no pode ser revogado, nem Pargrafo nico. Divergindo os pais quanto ao exerccio
mesmo quando feito em testamento. do poder familiar, assegurado a qualquer deles recorrer ao
Art. 1.611. O filho havido fora do casamento, reconhecido juiz para soluo do desacordo.
por um dos cnjuges, no poder residir no lar conjugal sem o Art. 1.632. A separao judicial, o divrcio e a dissoluo
consentimento do outro. da unio estvel no alteram as relaes entre pais e filhos
Art. 1.612. O filho reconhecido, enquanto menor, ficar seno quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em
sob a guarda do genitor que o reconheceu, e, se ambos o sua companhia os segundos.
reconheceram e no houver acordo, sob a de quem melhor Art. 1.633. O filho, no reconhecido pelo pai, fica sob po-
atender aos interesses do menor. der familiar exclusivo da me; se a me no for conhecida ou
Art. 1.613. So ineficazes a condio e o termo apostos capaz de exerc-lo, dar-se- tutor ao menor.
ao ato de reconhecimento do filho. Seo II
Art. 1.614. O filho maior no pode ser reconhecido sem o Do Exerccio do Poder Familiar
seu consentimento, e o menor pode impugnar o reconheci- Art. 1.634. Compete aos pais, quanto pessoa dos filhos
mento, nos quatro anos que se seguirem maioridade, ou menores:
emancipao. I - dirigir-lhes a criao e educao;
Art. 1.615. Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, II - t-los em sua companhia e guarda;
pode contestar a ao de investigao de paternidade, ou
maternidade. III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para ca-
sarem;
Art. 1.616. A sentena que julgar procedente a ao de in-
vestigao produzir os mesmos efeitos do reconhecimento; IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento au-
mas poder ordenar que o filho se crie e eduque fora da com- tntico, se o outro dos pais no lhe sobreviver, ou o sobrevivo
panhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa qualidade. no puder exercer o poder familiar;
Art. 1.617. A filiao materna ou paterna pode resultar de V - represent-los, at aos dezesseis anos, nos atos da
casamento declarado nulo, ainda mesmo sem as condies vida civil, e assisti-los, aps essa idade, nos atos em que
do putativo. forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
CAPTULO IV VI - reclam-los de quem ilegalmente os detenha;
Da Adoo VII - exigir que lhes prestem obedincia, respeito e os ser-
Art. 1.618. A adoo de crianas e adolescentes ser de- vios prprios de sua idade e condio.
ferida na forma prevista pela Lei no 8.069, de 13 de julho de Seo III
1990 - Estatuto da Criana e do Adolescente. (Redao dada Da Suspenso e Extino do Poder Familiar
pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:
Art. 1.619. A adoo de maiores de 18 (dezoito) anos de- I - pela morte dos pais ou do filho;
pender da assistncia efetiva do poder pblico e de senten- II - pela emancipao, nos termos do art. 5o, pargrafo
a constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais nico;
da Lei n 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criana III - pela maioridade;
e do Adolescente. (Redao dada pela Lei n 12.010, de
IV - pela adoo;
2009) Vigncia
V - por deciso judicial, na forma do artigo 1.638.
Art. 1.620. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
cia Art 1.636. O pai ou a me que contrai novas npcias, ou
estabelece unio estvel, no perde, quanto aos filhos do
relacionamento anterior, os direitos ao poder familiar, exer-

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cendo-os sem qualquer interferncia do novo cnjuge ou que provado que os bens no foram adquiridos pelo esforo
companheiro. comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais
Pargrafo nico. Igual preceito ao estabelecido neste arti- de cinco anos;
go aplica-se ao pai ou me solteiros que casarem ou esta- VI - praticar todos os atos que no lhes forem vedados
belecerem unio estvel. expressamente.
Art. 1.637. Se o pai, ou a me, abusar de sua autoridade, Art. 1.643. Podem os cnjuges, independentemente de
faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens autorizao um do outro:
dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Mi- I - comprar, ainda a crdito, as coisas necessrias eco-
nistrio Pblico, adotar a medida que lhe parea reclamada nomia domstica;
pela segurana do menor e seus haveres, at suspendendo o II - obter, por emprstimo, as quantias que a aquisio
poder familiar, quando convenha. dessas coisas possa exigir.
Pargrafo nico. Suspende-se igualmente o exerccio do Art. 1.644. As dvidas contradas para os fins do artigo an-
poder familiar ao pai ou me condenados por sentena tecedente obrigam solidariamente ambos os cnjuges.
irrecorrvel, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos
de priso. Art. 1.645. As aes fundadas nos incisos III, IV e V do art.
1.642 competem ao cnjuge prejudicado e a seus herdeiros.
Art. 1.638. Perder por ato judicial o poder familiar o pai
ou a me que: Art. 1.646. No caso dos incisos III e IV do art. 1.642, o ter-
ceiro, prejudicado com a sentena favorvel ao autor, ter
I - castigar imoderadamente o filho; direito regressivo contra o cnjuge, que realizou o negcio
II - deixar o filho em abandono; jurdico, ou seus herdeiros.
III - praticar atos contrrios moral e aos bons costumes; Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo dos cnjuges pode, sem autorizao do outro, exceto no
antecedente. regime da separao absoluta:
TTULO II I - alienar ou gravar de nus real os bens imveis;
Do Direito Patrimonial II - pleitear, como autor ou ru, acerca desses bens ou di-
SUBTTULO I reitos;
Do Regime de Bens entre os Cnjuges III - prestar fiana ou aval;
CAPTULO I IV - fazer doao, no sendo remuneratria, de bens co-
Disposies Gerais muns, ou dos que possam integrar futura meao.
Art. 1.639. lcito aos nubentes, antes de celebrado o ca- Pargrafo nico. So vlidas as doaes nupciais feitas
samento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprou- aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia sepa-
ver. rada.
1o O regime de bens entre os cnjuges comea a vigorar Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente,
desde a data do casamento. suprir a outorga, quando um dos cnjuges a denegue sem
2o admissvel alterao do regime de bens, mediante motivo justo, ou lhe seja impossvel conced-la.
autorizao judicial em pedido motivado de ambos os cnju- Art. 1.649. A falta de autorizao, no suprida pelo juiz,
ges, apurada a procedncia das razes invocadas e ressal- quando necessria (art. 1.647), tornar anulvel o ato pratica-
vados os direitos de terceiros. do, podendo o outro cnjuge pleitear-lhe a anulao, at dois
Art. 1.640. No havendo conveno, ou sendo ela nula ou anos depois de terminada a sociedade conjugal.
ineficaz, vigorar, quanto aos bens entre os cnjuges, o regi- Pargrafo nico. A aprovao torna vlido o ato, desde
me da comunho parcial. que feita por instrumento pblico, ou particular, autenticado.
Pargrafo nico. Podero os nubentes, no processo de Art. 1.650. A decretao de invalidade dos atos praticados
habilitao, optar por qualquer dos regimes que este cdigo sem outorga, sem consentimento, ou sem suprimento do juiz,
regula. Quanto forma, reduzir-se- a termo a opo pela s poder ser demandada pelo cnjuge a quem cabia conce-
comunho parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritu- d-la, ou por seus herdeiros.
ra pblica, nas demais escolhas. Art. 1.651. Quando um dos cnjuges no puder exercer a
Art. 1.641. obrigatrio o regime da separao de bens administrao dos bens que lhe incumbe, segundo o regime
no casamento: de bens, caber ao outro:
I - das pessoas que o contrarem com inobservncia das I - gerir os bens comuns e os do consorte;
causas suspensivas da celebrao do casamento; II - alienar os bens mveis comuns;
II da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redao dada III - alienar os imveis comuns e os mveis ou imveis do
pela Lei n 12.344, de 2010) consorte, mediante autorizao judicial.
III - de todos os que dependerem, para casar, de supri- Art. 1.652. O cnjuge, que estiver na posse dos bens par-
mento judicial. ticulares do outro, ser para com este e seus herdeiros res-
Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o ponsvel:
marido quanto a mulher podem livremente: I - como usufruturio, se o rendimento for comum;
I - praticar todos os atos de disposio e de administrao II - como procurador, se tiver mandato expresso ou tcito
necessrios ao desempenho de sua profisso, com as limita- para os administrar;
es estabelecida no inciso I do art. 1.647;
III - como depositrio, se no for usufruturio, nem admi-
II - administrar os bens prprios; nistrador.
III - desobrigar ou reivindicar os imveis que tenham sido CAPTULO II
gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem Do Pacto Antenupcial
suprimento judicial;
Art. 1.653. nulo o pacto antenupcial se no for feito por
IV - demandar a resciso dos contratos de fiana e doa- escritura pblica, e ineficaz se no lhe seguir o casamento.
o, ou a invalidao do aval, realizados pelo outro cnjuge
com infrao do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647; Art. 1.654. A eficcia do pacto antenupcial, realizado por
menor, fica condicionada aprovao de seu representante
V - reivindicar os bens comuns, mveis ou imveis, doa- legal, salvo as hipteses de regime obrigatrio de separao
dos ou transferidos pelo outro cnjuge ao concubino, desde de bens.
Conhecimentos Especficos 161 A Opo Certa Para a Sua Realizao
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Art. 1.655. nula a conveno ou clusula dela que con- CAPTULO IV
travenha disposio absoluta de lei. Do Regime de Comunho Universal
Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de Art. 1.667. O regime de comunho universal importa a
participao final nos aquestos, poder-se- convencionar a comunicao de todos os bens presentes e futuros dos cn-
livre disposio dos bens imveis, desde que particulares. juges e suas dvidas passivas, com as excees do artigo
Art. 1.657. As convenes antenupciais no tero efeito seguinte.
perante terceiros seno depois de registradas, em livro espe- Art. 1.668. So excludos da comunho:
cial, pelo oficial do Registro de Imveis do domiclio dos cn- I - os bens doados ou herdados com a clusula de inco-
juges. municabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
CAPTULO III II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdei-
Do Regime de Comunho Parcial ro fideicomissrio, antes de realizada a condio suspensiva;
Art. 1.658. No regime de comunho parcial, comunicam-se III - as dvidas anteriores ao casamento, salvo se provie-
os bens que sobrevierem ao casal, na constncia do casa- rem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em pro-
mento, com as excees dos artigos seguintes. veito comum;
Art. 1.659. Excluem-se da comunho: IV - as doaes antenupciais feitas por um dos cnjuges
I - os bens que cada cnjuge possuir ao casar, e os que ao outro com a clusula de incomunicabilidade;
lhe sobrevierem, na constncia do casamento, por doao ou V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
sucesso, e os sub-rogados em seu lugar; Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente per- artigo antecedente no se estende aos frutos, quando se
tencentes a um dos cnjuges em sub-rogao dos bens parti- percebam ou venam durante o casamento.
culares; Art. 1.670. Aplica-se ao regime da comunho universal o
III - as obrigaes anteriores ao casamento; disposto no Captulo antecedente, quanto administrao
IV - as obrigaes provenientes de atos ilcitos, salvo re- dos bens.
verso em proveito do casal; Art. 1.671. Extinta a comunho, e efetuada a diviso do
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de ativo e do passivo, cessar a responsabilidade de cada um
profisso; dos cnjuges para com os credores do outro.
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cnjuge; CAPTULO V
VII - as penses, meios-soldos, montepios e outras rendas Do Regime de Participao Final nos Aquestos
semelhantes. Art. 1.672. No regime de participao final nos aquestos,
Art. 1.660. Entram na comunho: cada cnjuge possui patrimnio prprio, consoante disposto
I - os bens adquiridos na constncia do casamento por t- no artigo seguinte, e lhe cabe, poca da dissoluo da soci-
tulo oneroso, ainda que s em nome de um dos cnjuges; edade conjugal, direito metade dos bens adquiridos pelo
casal, a ttulo oneroso, na constncia do casamento.
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o
concurso de trabalho ou despesa anterior; Art. 1.673. Integram o patrimnio prprio os bens que ca-
da cnjuge possua ao casar e os por ele adquiridos, a qual-
III - os bens adquiridos por doao, herana ou legado, quer ttulo, na constncia do casamento.
em favor de ambos os cnjuges;
Pargrafo nico. A administrao desses bens exclusiva
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cnjuge;
de cada cnjuge, que os poder livremente alienar, se forem
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de ca- mveis.
da cnjuge, percebidos na constncia do casamento, ou pen- Art. 1.674. Sobrevindo a dissoluo da sociedade conju-
dentes ao tempo de cessar a comunho. gal, apurar-se- o montante dos aquestos, excluindo-se da
Art. 1.661. So incomunicveis os bens cuja aquisio ti- soma dos patrimnios prprios:
ver por ttulo uma causa anterior ao casamento. I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar
Art. 1.662. No regime da comunho parcial, presumem-se se sub-rogaram;
adquiridos na constncia do casamento os bens mveis, II - os que sobrevieram a cada cnjuge por sucesso ou
quando no se provar que o foram em data anterior. liberalidade;
Art. 1.663. A administrao do patrimnio comum compete III - as dvidas relativas a esses bens.
a qualquer dos cnjuges.
Pargrafo nico. Salvo prova em contrrio, presumem-se
1o As dvidas contradas no exerccio da administrao adquiridos durante o casamento os bens mveis.
obrigam os bens comuns e particulares do cnjuge que os
administra, e os do outro na razo do proveito que houver Art. 1.675. Ao determinar-se o montante dos aquestos,
auferido. computar-se- o valor das doaes feitas por um dos cnju-
ges, sem a necessria autorizao do outro; nesse caso, o
2o A anuncia de ambos os cnjuges necessria para bem poder ser reivindicado pelo cnjuge prejudicado ou por
os atos, a ttulo gratuito, que impliquem cesso do uso ou seus herdeiros, ou declarado no monte partilhvel, por valor
gozo dos bens comuns. equivalente ao da poca da dissoluo.
3o Em caso de malversao dos bens, o juiz poder atri- Art. 1.676. Incorpora-se ao monte o valor dos bens aliena-
buir a administrao a apenas um dos cnjuges. dos em detrimento da meao, se no houver preferncia do
Art. 1.664. Os bens da comunho respondem pelas obri- cnjuge lesado, ou de seus herdeiros, de os reivindicar.
gaes contradas pelo marido ou pela mulher para atender Art. 1.677. Pelas dvidas posteriores ao casamento, con-
aos encargos da famlia, s despesas de administrao e s tradas por um dos cnjuges, somente este responder, salvo
decorrentes de imposio legal.
prova de terem revertido, parcial ou totalmente, em benefcio
Art. 1.665. A administrao e a disposio dos bens cons- do outro.
titutivos do patrimnio particular competem ao cnjuge propri- Art. 1.678. Se um dos cnjuges solveu uma dvida do ou-
etrio, salvo conveno diversa em pacto antenupcial. tro com bens do seu patrimnio, o valor do pagamento deve
Art. 1.666. As dvidas, contradas por qualquer dos cnju- ser atualizado e imputado, na data da dissoluo, meao
ges na administrao de seus bens particulares e em benef- do outro cnjuge.
cio destes, no obrigam os bens comuns.

Conhecimentos Especficos 162 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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Art. 1.679. No caso de bens adquiridos pelo trabalho con- Art. 1.692. Sempre que no exerccio do poder familiar coli-
junto, ter cada um dos cnjuges uma quota igual no condo- dir o interesse dos pais com o do filho, a requerimento deste
mnio ou no crdito por aquele modo estabelecido. ou do Ministrio Pblico o juiz lhe dar curador especial.
Art. 1.680. As coisas mveis, em face de terceiros, presu- Art. 1.693. Excluem-se do usufruto e da administrao dos
mem-se do domnio do cnjuge devedor, salvo se o bem for pais:
de uso pessoal do outro. I - os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento,
Art. 1.681. Os bens imveis so de propriedade do cnju- antes do reconhecimento;
ge cujo nome constar no registro. II - os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis
Pargrafo nico. Impugnada a titularidade, caber ao cn- anos, no exerccio de atividade profissional e os bens com
juge proprietrio provar a aquisio regular dos bens. tais recursos adquiridos;
Art. 1.682. O direito meao no renuncivel, cessvel III - os bens deixados ou doados ao filho, sob a condio
ou penhorvel na vigncia do regime matrimonial. de no serem usufrudos, ou administrados, pelos pais;
Art. 1.683. Na dissoluo do regime de bens por separa- IV - os bens que aos filhos couberem na herana, quando
o judicial ou por divrcio, verificar-se- o montante dos os pais forem excludos da sucesso.
aquestos data em que cessou a convivncia. SUBTTULO III
Art. 1.684. Se no for possvel nem conveniente a diviso Dos Alimentos
de todos os bens em natureza, calcular-se- o valor de alguns Art. 1.694. Podem os parentes, os cnjuges ou compa-
ou de todos para reposio em dinheiro ao cnjuge no- nheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem
proprietrio. para viver de modo compatvel com a sua condio social,
Pargrafo nico. No se podendo realizar a reposio em inclusive para atender s necessidades de sua educao.
dinheiro, sero avaliados e, mediante autorizao judicial, 1o Os alimentos devem ser fixados na proporo das
alienados tantos bens quantos bastarem. necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obri-
Art. 1.685. Na dissoluo da sociedade conjugal por mor- gada.
te, verificar-se- a meao do cnjuge sobrevivente de con- 2o Os alimentos sero apenas os indispensveis sub-
formidade com os artigos antecedentes, deferindo-se a he- sistncia, quando a situao de necessidade resultar de culpa
rana aos herdeiros na forma estabelecida neste Cdigo. de quem os pleiteia.
Art. 1.686. As dvidas de um dos cnjuges, quando supe- Art. 1.695. So devidos os alimentos quando quem os pre-
riores sua meao, no obrigam ao outro, ou a seus herdei- tende no tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu
ros. trabalho, prpria mantena, e aquele, de quem se recla-
CAPTULO VI mam, pode fornec-los, sem desfalque do necessrio ao seu
Do Regime de Separao de Bens sustento.
Art. 1.687. Estipulada a separao de bens, estes perma- Art. 1.696. O direito prestao de alimentos recproco
necero sob a administrao exclusiva de cada um dos cn- entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, re-
juges, que os poder livremente alienar ou gravar de nus caindo a obrigao nos mais prximos em grau, uns em falta
real. de outros.
Art. 1.688. Ambos os cnjuges so obrigados a contribuir Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigao aos
para as despesas do casal na proporo dos rendimentos de descendentes, guardada a ordem de sucesso e, faltando
seu trabalho e de seus bens, salvo estipulao em contrrio estes, aos irmos, assim germanos como unilaterais.
no pacto antenupcial. Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro
SUBTTULO II lugar, no estiver em condies de suportar totalmente o
Do Usufruto e da Administrao dos Bens de Filhos Me- encargo, sero chamados a concorrer os de grau imediato;
nores sendo vrias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas
Art. 1.689. O pai e a me, enquanto no exerccio do poder devem concorrer na proporo dos respectivos recursos, e,
familiar: intentada ao contra uma delas, podero as demais ser
I - so usufruturios dos bens dos filhos; chamadas a integrar a lide.
II - tm a administrao dos bens dos filhos menores sob Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudana
sua autoridade. na situao financeira de quem os supre, ou na de quem os
recebe, poder o interessado reclamar ao juiz, conforme as
Art. 1.690. Compete aos pais, e na falta de um deles ao circunstncias, exonerao, reduo ou majorao do encar-
outro, com exclusividade, representar os filhos menores de go.
dezesseis anos, bem como assisti-los at completarem a
maioridade ou serem emancipados. Art. 1.700. A obrigao de prestar alimentos transmite-se
aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694.
Pargrafo nico. Os pais devem decidir em comum as
questes relativas aos filhos e a seus bens; havendo diver- Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poder
gncia, poder qualquer deles recorrer ao juiz para a soluo pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento,
necessria. sem prejuzo do dever de prestar o necessrio sua educa-
o, quando menor.
Art. 1.691. No podem os pais alienar, ou gravar de nus
real os imveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obri- Pargrafo nico. Compete ao juiz, se as circunstncias o
gaes que ultrapassem os limites da simples administrao, exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestao.
salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, medi- Art. 1.702. Na separao judicial litigiosa, sendo um dos
ante prvia autorizao do juiz. cnjuges inocente e desprovido de recursos, prestar-lhe- o
Pargrafo nico. Podem pleitear a declarao de nulidade outro a penso alimentcia que o juiz fixar, obedecidos os
dos atos previstos neste artigo: critrios estabelecidos no art. 1.694.
I - os filhos; Art. 1.703. Para a manuteno dos filhos, os cnjuges se-
parados judicialmente contribuiro na proporo de seus
II - os herdeiros; recursos.
III - o representante legal. Art. 1.704. Se um dos cnjuges separados judicialmente
vier a necessitar de alimentos, ser o outro obrigado a prest-

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los mediante penso a ser fixada pelo juiz, caso no tenha Art. 1.716. A iseno de que trata o artigo antecedente du-
sido declarado culpado na ao de separao judicial. rar enquanto viver um dos cnjuges, ou, na falta destes, at
Pargrafo nico. Se o cnjuge declarado culpado vier a que os filhos completem a maioridade.
necessitar de alimentos, e no tiver parentes em condies Art. 1.717. O prdio e os valores mobilirios, constitudos
de prest-los, nem aptido para o trabalho, o outro cnjuge como bem da famlia, no podem ter destino diverso do pre-
ser obrigado a assegur-los, fixando o juiz o valor indispen- visto no art. 1.712 ou serem alienados sem o consentimento
svel sobrevivncia. dos interessados e seus representantes legais, ouvido o Mi-
Art. 1.705. Para obter alimentos, o filho havido fora do ca- nistrio Pblico.
samento pode acionar o genitor, sendo facultado ao juiz de- Art. 1.718. Qualquer forma de liquidao da entidade ad-
terminar, a pedido de qualquer das partes, que a ao se ministradora, a que se refere o 3o do art. 1.713, no atingir
processe em segredo de justia. os valores a ela confiados, ordenando o juiz a sua transfern-
Art. 1.706. Os alimentos provisionais sero fixados pelo ju- cia para outra instituio semelhante, obedecendo-se, no
iz, nos termos da lei processual. caso de falncia, ao disposto sobre pedido de restituio.
Art. 1.707. Pode o credor no exercer, porm lhe vedado Art. 1.719. Comprovada a impossibilidade da manuteno
renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crdito do bem de famlia nas condies em que foi institudo, poder
insuscetvel de cesso, compensao ou penhora. o juiz, a requerimento dos interessados, extingui-lo ou autori-
Art. 1.708. Com o casamento, a unio estvel ou o concu- zar a sub-rogao dos bens que o constituem em outros,
binato do credor, cessa o dever de prestar alimentos. ouvidos o instituidor e o Ministrio Pblico.
Pargrafo nico. Com relao ao credor cessa, tambm, o Art. 1.720. Salvo disposio em contrrio do ato de insti-
direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em relao tuio, a administrao do bem de famlia compete a ambos
ao devedor. os cnjuges, resolvendo o juiz em caso de divergncia.
Art. 1.709. O novo casamento do cnjuge devedor no ex- Pargrafo nico. Com o falecimento de ambos os cnju-
tingue a obrigao constante da sentena de divrcio. ges, a administrao passar ao filho mais velho, se for mai-
or, e, do contrrio, a seu tutor.
Art. 1.710. As prestaes alimentcias, de qualquer natu-
reza, sero atualizadas segundo ndice oficial regularmente Art. 1.721. A dissoluo da sociedade conjugal no extin-
estabelecido. gue o bem de famlia.
SUBTTULO IV Pargrafo nico. Dissolvida a sociedade conjugal pela
Do Bem de Famlia morte de um dos cnjuges, o sobrevivente poder pedir a
extino do bem de famlia, se for o nico bem do casal.
Art. 1.711. Podem os cnjuges, ou a entidade familiar,
mediante escritura pblica ou testamento, destinar parte de Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de famlia com
seu patrimnio para instituir bem de famlia, desde que no a morte de ambos os cnjuges e a maioridade dos filhos,
ultrapasse um tero do patrimnio lquido existente ao tempo desde que no sujeitos a curatela.
da instituio, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade TTULO III
do imvel residencial estabelecida em lei especial. DA UNIO ESTVEL
Pargrafo nico. O terceiro poder igualmente instituir Art. 1.723. reconhecida como entidade familiar a unio
bem de famlia por testamento ou doao, dependendo a estvel entre o homem e a mulher, configurada na convivn-
eficcia do ato da aceitao expressa de ambos os cnjuges cia pblica, contnua e duradoura e estabelecida com o objeti-
beneficiados ou da entidade familiar beneficiada. vo de constituio de famlia.
Art. 1.712. O bem de famlia consistir em prdio residen- 1o A unio estvel no se constituir se ocorrerem os
cial urbano ou rural, com suas pertenas e acessrios, desti- impedimentos do art. 1.521; no se aplicando a incidncia do
nando-se em ambos os casos a domiclio familiar, e poder inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de
abranger valores mobilirios, cuja renda ser aplicada na fato ou judicialmente.
conservao do imvel e no sustento da famlia. 2o As causas suspensivas do art. 1.523 no impediro a
Art. 1.713. Os valores mobilirios, destinados aos fins pre- caracterizao da unio estvel.
vistos no artigo antecedente, no podero exceder o valor do Art. 1.724. As relaes pessoais entre os companheiros
prdio institudo em bem de famlia, poca de sua institui- obedecero aos deveres de lealdade, respeito e assistncia,
o. e de guarda, sustento e educao dos filhos.
1o Devero os valores mobilirios ser devidamente indi- Art. 1.725. Na unio estvel, salvo contrato escrito entre
vidualizados no instrumento de instituio do bem de famlia. os companheiros, aplica-se s relaes patrimoniais, no que
2o Se se tratar de ttulos nominativos, a sua instituio couber, o regime da comunho parcial de bens.
como bem de famlia dever constar dos respectivos livros de Art. 1.726. A unio estvel poder converter-se em casa-
registro. mento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento
3o O instituidor poder determinar que a administrao no Registro Civil.
dos valores mobilirios seja confiada a instituio financeira, Art. 1.727. As relaes no eventuais entre o homem e a
bem como disciplinar a forma de pagamento da respectiva mulher, impedidos de casar, constituem concubinato.
renda aos beneficirios, caso em que a responsabilidade dos TTULO IV
administradores obedecer s regras do contrato de depsito. Da Tutela e da Curatela
Art. 1.714. O bem de famlia, quer institudo pelos cnju- CAPTULO I
ges ou por terceiro, constitui-se pelo registro de seu ttulo no Da Tutela
Registro de Imveis. Seo I
Art. 1.715. O bem de famlia isento de execuo por d- Dos Tutores
vidas posteriores sua instituio, salvo as que provierem de Art. 1.728. Os filhos menores so postos em tutela:
tributos relativos ao prdio, ou de despesas de condomnio.
I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados
Pargrafo nico. No caso de execuo pelas dvidas refe- ausentes;
ridas neste artigo, o saldo existente ser aplicado em outro
prdio, como bem de famlia, ou em ttulos da dvida pblica, II - em caso de os pais decarem do poder familiar.
para sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselha- Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete aos pais, em
rem outra soluo, a critrio do juiz. conjunto.

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Pargrafo nico. A nomeao deve constar de testamento VII - militares em servio.
ou de qualquer outro documento autntico. Art. 1.737. Quem no for parente do menor no poder
Art. 1.730. nula a nomeao de tutor pelo pai ou pela ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar parente
me que, ao tempo de sua morte, no tinha o poder familiar. idneo, consanguneo ou afim, em condies de exerc-la.
Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe Art. 1.738. A escusa apresentar-se- nos dez dias subse-
a tutela aos parentes consanguneos do menor, por esta or- quentes designao, sob pena de entender-se renunciado o
dem: direito de aleg-la; se o motivo escusatrio ocorrer depois de
I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais prximo ao aceita a tutela, os dez dias contar-se-o do em que ele sobre-
mais remoto; vier.
II - aos colaterais at o terceiro grau, preferindo os mais Art. 1.739. Se o juiz no admitir a escusa, exercer o no-
prximos aos mais remotos, e, no mesmo grau, os mais ve- meado a tutela, enquanto o recurso interposto no tiver pro-
lhos aos mais moos; em qualquer dos casos, o juiz escolhe- vimento, e responder desde logo pelas perdas e danos que
r entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefcio do o menor venha a sofrer.
menor. Seo IV
Art. 1.732. O juiz nomear tutor idneo e residente no do- Do Exerccio da Tutela
miclio do menor: Art. 1.740. Incumbe ao tutor, quanto pessoa do menor:
I - na falta de tutor testamentrio ou legtimo; I - dirigir-lhe a educao, defend-lo e prestar-lhe alimen-
II - quando estes forem excludos ou escusados da tutela; tos, conforme os seus haveres e condio;
III - quando removidos por no idneos o tutor legtimo e o II - reclamar do juiz que providencie, como houver por
testamentrio. bem, quando o menor haja mister correo;
Art. 1.733. Aos irmos rfos dar-se- um s tutor. III - adimplir os demais deveres que normalmente cabem
1o No caso de ser nomeado mais de um tutor por dispo- aos pais, ouvida a opinio do menor, se este j contar doze
sio testamentria sem indicao de precedncia, entende- anos de idade.
se que a tutela foi cometida ao primeiro, e que os outros lhe Art. 1.741. Incumbe ao tutor, sob a inspeo do juiz, admi-
sucedero pela ordem de nomeao, se ocorrer morte, inca- nistrar os bens do tutelado, em proveito deste, cumprindo
pacidade, escusa ou qualquer outro impedimento. seus deveres com zelo e boa-f.
2o Quem institui um menor herdeiro, ou legatrio seu, Art. 1.742. Para fiscalizao dos atos do tutor, pode o juiz
poder nomear-lhe curador especial para os bens deixados, nomear um protutor.
ainda que o beneficirio se encontre sob o poder familiar, ou Art. 1.743. Se os bens e interesses administrativos exigi-
tutela. rem conhecimentos tcnicos, forem complexos, ou realizados
Art. 1.734. As crianas e os adolescentes cujos pais forem em lugares distantes do domiclio do tutor, poder este, medi-
desconhecidos, falecidos ou que tiverem sido suspensos ou ante aprovao judicial, delegar a outras pessoas fsicas ou
destitudos do poder familiar tero tutores nomeados pelo Juiz jurdicas o exerccio parcial da tutela.
ou sero includos em programa de colocao familiar, na Art. 1.744. A responsabilidade do juiz ser:
forma prevista pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - I - direta e pessoal, quando no tiver nomeado o tutor, ou
Estatuto da Criana e do Adolescente. (Redao dada pela no o houver feito oportunamente;
Lei n 12.010, de 2009) Vigncia II - subsidiria, quando no tiver exigido garantia legal do
Seo II tutor, nem o removido, tanto que se tornou suspeito.
Dos Incapazes de Exercer a Tutela Art. 1.745. Os bens do menor sero entregues ao tutor
Art. 1.735. No podem ser tutores e sero exonerados da mediante termo especificado deles e seus valores, ainda que
tutela, caso a exeram: os pais o tenham dispensado.
I - aqueles que no tiverem a livre administrao de seus Pargrafo nico. Se o patrimnio do menor for de valor
bens; considervel, poder o juiz condicionar o exerccio da tutela
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, prestao de cauo bastante, podendo dispens-la se o tutor
se acharem constitudos em obrigao para com o menor, ou for de reconhecida idoneidade.
tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos Art. 1.746. Se o menor possuir bens, ser sustentado e
pais, filhos ou cnjuges tiverem demanda contra o menor; educado a expensas deles, arbitrando o juiz para tal fim as
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem quantias que lhe paream necessrias, considerado o rendi-
sido por estes expressamente excludos da tutela; mento da fortuna do pupilo quando o pai ou a me no as
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, houver fixado.
falsidade, contra a famlia ou os costumes, tenham ou no Art. 1.747. Compete mais ao tutor:
cumprido pena; I - representar o menor, at os dezesseis anos, nos atos
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probi- da vida civil, e assisti-lo, aps essa idade, nos atos em que for
dade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores; parte;
VI - aqueles que exercerem funo pblica incompatvel II - receber as rendas e penses do menor, e as quantias
com a boa administrao da tutela. a ele devidas;
Seo III III - fazer-lhe as despesas de subsistncia e educao,
Da Escusa dos Tutores bem como as de administrao, conservao e melhoramen-
Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela: tos de seus bens;
I - mulheres casadas; IV - alienar os bens do menor destinados a venda;
II - maiores de sessenta anos; V - promover-lhe, mediante preo conveniente, o arren-
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de trs damento de bens de raiz.
filhos; Art. 1.748. Compete tambm ao tutor, com autorizao do
IV - os impossibilitados por enfermidade; juiz:
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de I - pagar as dvidas do menor;
exercer a tutela; II - aceitar por ele heranas, legados ou doaes, ainda
VI - aqueles que j exercerem tutela ou curatela; que com encargos;

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III - transigir; Art. 1.755. Os tutores, embora o contrrio tivessem dis-
IV - vender-lhe os bens mveis, cuja conservao no posto os pais dos tutelados, so obrigados a prestar contas
convier, e os imveis nos casos em que for permitido; da sua administrao.
V - propor em juzo as aes, ou nelas assistir o menor, e Art. 1.756. No fim de cada ano de administrao, os tuto-
promover todas as diligncias a bem deste, assim como de- res submetero ao juiz o balano respectivo, que, depois de
fend-lo nos pleitos contra ele movidos. aprovado, se anexar aos autos do inventrio.
Pargrafo nico. No caso de falta de autorizao, a efic- Art. 1.757. Os tutores prestaro contas de dois em dois
cia de ato do tutor depende da aprovao ulterior do juiz. anos, e tambm quando, por qualquer motivo, deixarem o
Art. 1.749. Ainda com a autorizao judicial, no pode o exerccio da tutela ou toda vez que o juiz achar conveniente.
tutor, sob pena de nulidade: Pargrafo nico. As contas sero prestadas em juzo, e
I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante con- julgadas depois da audincia dos interessados, recolhendo o
trato particular, bens mveis ou imveis pertencentes ao me- tutor imediatamente a estabelecimento bancrio oficial os
nor; saldos, ou adquirindo bens imveis, ou ttulos, obrigaes ou
letras, na forma do 1o do art. 1.753.
II - dispor dos bens do menor a ttulo gratuito;
Art. 1.758. Finda a tutela pela emancipao ou maiorida-
III - constituir-se cessionrio de crdito ou de direito, con- de, a quitao do menor no produzir efeito antes de apro-
tra o menor. vadas as contas pelo juiz, subsistindo inteira, at ento, a
Art. 1.750. Os imveis pertencentes aos menores sob tute- responsabilidade do tutor.
la somente podem ser vendidos quando houver manifesta Art. 1.759. Nos casos de morte, ausncia, ou interdio do
vantagem, mediante prvia avaliao judicial e aprovao do tutor, as contas sero prestadas por seus herdeiros ou repre-
juiz. sentantes.
Art. 1.751. Antes de assumir a tutela, o tutor declarar tu- Art. 1.760. Sero levadas a crdito do tutor todas as des-
do o que o menor lhe deva, sob pena de no lhe poder co- pesas justificadas e reconhecidamente proveitosas ao menor.
brar, enquanto exera a tutoria, salvo provando que no co-
nhecia o dbito quando a assumiu. Art. 1.761. As despesas com a prestao das contas se-
ro pagas pelo tutelado.
Art. 1.752. O tutor responde pelos prejuzos que, por cul-
pa, ou dolo, causar ao tutelado; mas tem direito a ser pago Art. 1.762. O alcance do tutor, bem como o saldo contra o
pelo que realmente despender no exerccio da tutela, salvo no tutelado, so dvidas de valor e vencem juros desde o julga-
caso do art. 1.734, e a perceber remunerao proporcional mento definitivo das contas.
importncia dos bens administrados. Seo VII
1o Ao protutor ser arbitrada uma gratificao mdica Da Cessao da Tutela
pela fiscalizao efetuada. Art. 1.763. Cessa a condio de tutelado:
2o So solidariamente responsveis pelos prejuzos as I - com a maioridade ou a emancipao do menor;
pessoas s quais competia fiscalizar a atividade do tutor, e as II - ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reco-
que concorreram para o dano. nhecimento ou adoo.
Seo V Art. 1.764. Cessam as funes do tutor:
Dos Bens do Tutelado I - ao expirar o termo, em que era obrigado a servir;
Art. 1.753. Os tutores no podem conservar em seu poder II - ao sobrevir escusa legtima;
dinheiro dos tutelados, alm do necessrio para as despesas III - ao ser removido.
ordinrias com o seu sustento, a sua educao e a adminis-
trao de seus bens. Art. 1.765. O tutor obrigado a servir por espao de dois
anos.
1o Se houver necessidade, os objetos de ouro e prata,
pedras preciosas e mveis sero avaliados por pessoa idnea Pargrafo nico. Pode o tutor continuar no exerccio da tu-
e, aps autorizao judicial, alienados, e o seu produto con- tela, alm do prazo previsto neste artigo, se o quiser e o juiz
vertido em ttulos, obrigaes e letras de responsabilidade julgar conveniente ao menor.
direta ou indireta da Unio ou dos Estados, atendendo-se Art. 1.766. Ser destitudo o tutor, quando negligente, pre-
preferentemente rentabilidade, e recolhidos ao estabeleci- varicador ou incurso em incapacidade.
mento bancrio oficial ou aplicado na aquisio de imveis, CAPTULO II
conforme for determinado pelo juiz. Da Curatela
2o O mesmo destino previsto no pargrafo antecedente Seo I
ter o dinheiro proveniente de qualquer outra procedncia. Dos Interditos
3o Os tutores respondem pela demora na aplicao dos Art. 1.767. Esto sujeitos a curatela:
valores acima referidos, pagando os juros legais desde o dia I - aqueles que, por enfermidade ou deficincia mental,
em que deveriam dar esse destino, o que no os exime da no tiverem o necessrio discernimento para os atos da vida
obrigao, que o juiz far efetiva, da referida aplicao. civil;
Art. 1.754. Os valores que existirem em estabelecimento II - aqueles que, por outra causa duradoura, no puderem
bancrio oficial, na forma do artigo antecedente, no se pode- exprimir a sua vontade;
ro retirar, seno mediante ordem do juiz, e somente: III - os deficientes mentais, os brios habituais e os vicia-
I - para as despesas com o sustento e educao do tute- dos em txicos;
lado, ou a administrao de seus bens; IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento men-
II - para se comprarem bens imveis e ttulos, obrigaes tal;
ou letras, nas condies previstas no 1o do artigo antece- V - os prdigos.
dente;
Art. 1.768. A interdio deve ser promovida:
III - para se empregarem em conformidade com o disposto
I - pelos pais ou tutores;
por quem os houver doado, ou deixado;
II - pelo cnjuge, ou por qualquer parente;
IV - para se entregarem aos rfos, quando emancipados,
ou maiores, ou, mortos eles, aos seus herdeiros. III - pelo Ministrio Pblico.
Seo VI Art. 1.769. O Ministrio Pblico s promover interdio:
Da Prestao de Contas I - em caso de doena mental grave;

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II - se no existir ou no promover a interdio alguma das 2 O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da
pessoas designadas nos incisos I e II do artigo antecedente; lei.
III - se, existindo, forem incapazes as pessoas menciona- 3 Para efeito da proteo do Estado, reconhecida a
das no inciso antecedente. unio estvel entre o homem e a mulher como entidade fami-
Art. 1.770. Nos casos em que a interdio for promovida liar, devendo a lei facilitar sua converso em casamento.
pelo Ministrio Pblico, o juiz nomear defensor ao suposto 4 Entende-se, tambm, como entidade familiar a comu-
incapaz; nos demais casos o Ministrio Pblico ser o defen- nidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
sor. 5 Os direitos e deveres referentes sociedade conjugal
Art. 1.771. Antes de pronunciar-se acerca da interdio, o so exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
juiz, assistido por especialistas, examinar pessoalmente o 6 O casamento civil pode ser dissolvido pelo divrcio,
arguido de incapacidade. aps prvia separao judicial por mais de um ano nos casos
Art. 1.772. Pronunciada a interdio das pessoas a que se expressos em lei, ou comprovada separao de fato por mais
referem os incisos III e IV do art. 1.767, o juiz assinar, se- de dois anos.
gundo o estado ou o desenvolvimento mental do interdito, os 7 Fundado nos princpios da dignidade da pessoa hu-
limites da curatela, que podero circunscrever-se s restri- mana e da paternidade responsvel, o planejamento familiar
es constantes do art. 1.782. livre deciso do casal, competindo ao Estado propiciar recur-
Art. 1.773. A sentena que declara a interdio produz sos educacionais e cientficos para o exerccio desse direito,
efeitos desde logo, embora sujeita a recurso. vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituio
Art. 1.774. Aplicam-se curatela as disposies concer- oficiais ou privadas.
nentes tutela, com as modificaes dos artigos seguintes. 8 O Estado assegurar a assistncia famlia na pes-
Art. 1.775. O cnjuge ou companheiro, no separado judi- soa de cada um dos que a integram, criando mecanismos
cialmente ou de fato, , de direito, curador do outro, quando para coibir a violncia no mbito de suas relaes.
interdito. Histrico. A ideia de famlia um tanto complexa, uma vez
1o Na falta do cnjuge ou companheiro, curador legti- que varivel no tempo e no espao.t Tem razes Greco-
mo o pai ou a me; na falta destes, o descendente que se romanas. O pai de famlia era o senhor absoluto de sua fam-
demonstrar mais apto. lia.
2o Entre os descendentes, os mais prximos precedem No obstante com o passar dos sculos o poder patriarcal
aos mais remotos. deixar de ser absoluto, ainda assim continuou sendo patriar-
3o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, com- cal, sob forte influencia da igreja crist (herana do judasmo
pete ao juiz a escolha do curador. pauliano e a ditadura religiosa).
Art. 1.776. Havendo meio de recuperar o interdito, o cura- Com as revolues modernas e a insero da mulher no
dor promover-lhe- o tratamento em estabelecimento apropri- trabalho, agregados a revoluo sexual da mulher que pleiteia
ado. direitos de igualdade em idos de 1960, houve por influencia
os doutrinadores modernos que lentamente adotam linha de
Art. 1.777. Os interditos referidos nos incisos I, III e IV do entendimentos diversos daqueles conceitos ultrapassados.
art. 1.767 sero recolhidos em estabelecimentos adequados,
quando no se adaptarem ao convvio domstico. A nossa CF de 1988 rompendo em parte com a tradio
crist, passou a admitir no apenas o casamento como forma
Art. 1.778. A autoridade do curador estende-se pessoa e de famlia, mas tambm a nossa contribuio como forma de
aos bens dos filhos do curatelado, observado o art. 5o. famlia a unio estvel e o ncleo monoparental.
Seo II
Neste ponto a CF e 1998 fez uma verdadeira revoluo,
Da Curatela do Nascituro e do Enfermo ou Portador de
pois at ento a igreja era quem legitimava a famlia carac-
Deficincia Fsica
terstica dos pases judaico-cristo-, segundo Guilherme de
Art. 1.779. Dar-se- curador ao nascituro, se o pai falecer Oliveira (portugus), um dos maiores especialistas do direito
estando grvida a mulher, e no tendo o poder familiar. de famlia.
Pargrafo nico. Se a mulher estiver interdita, seu curador O Estado antigamente sufocava a famlia, como por
ser o do nascituro. exemplo, no havia divrcio, reconhecimento de filho adulteri-
Art. 1.780. A requerimento do enfermo ou portador de de- no, etc. Somente em 1949 o filho adulterino passou a ter
ficincia fsica, ou, na impossibilidade de faz-lo, de qualquer algum direito.
das pessoas a que se refere o art. 1.768, dar-se-lhe- curador H de se considerar que houve grande avano na legisla-
para cuidar de todos ou alguns de seus negcios ou bens. tura brasileira, com a introduo de leis protetivas ao concu-
Seo III binato puro e a unio estvel, acompenhado a linha da CF de
Do Exerccio da Curatela 1988, bem como o disciplinamento da matria no NCC, certo
Art. 1.781. As regras a respeito do exerccio da tutela apli- de que outras leis viro, em seu devido tempo, quanto ao
cam-se ao da curatela, com a restrio do art. 1.772 e as caso em comento.
desta Seo.
Art. 1.782. A interdio do prdigo s o privar de, sem P: A nossa CF esgotou os arranjos de forma constitucional?
curador, emprestar, transigir, dar quitao, alienar, hipotecar, R: Segundo o grande professor Avaro Villaa, Silvio Venosa,
demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que tendem a ter uma linha mais literal do texto constitucional,
que no sejam de mera administrao. ou seja, para esta parte da doutrina, apenas integra a famlia
Art. 1.783. Quando o curador for o cnjuge e o regime de o casamento, a unio estvel e o ncleo monoparental, ou
bens do casamento for de comunho universal, no ser seja, fazem uma interpretao restritiva (linha moderada)
obrigado prestao de contas, salvo determinao judicial. Este o entendimento que ainda prevalece no Brasil, segun-
do a jurisprudncia no STJ e STF.
Uma outra corrente doutrinria, mais moderna, como Luiz
Direito Civil: DIREITO DE FAMLIA (noes gerais) Edson Fachim, Maria Berenice Dias, Giselda Hironaka, tm
Dico constitucional: uma posio mais ampliativa, tendem a afirmar que a CF no
Art. 226. A famlia, base da sociedade, tem especial prote- esgotou o direito de famlia com relao a arranjos familiares.
o do Estado. O professor Paulo Lbo afirma em uma de suas obras que o
1 O casamento civil e gratuita a celebrao. artigo 226 uma norma geral inclusiva.

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Significa que o art. 226 uma clausula aberta. O art. 226 a) PUBLICISTA sustenta que o casamento instituto ju-
reconhece como famlia o casamento, a unio estvel, o n- rdico de direito pblico (seria, nessa linha, um ato administra-
cleo parental, como tambm, por ser uma clausula aberta no tivo); sustentava que o casamento seria um ato administrati-
nega outros arranjos familiares, a exemplo da controvertida vo. Embora seja regido por normas de ordem pblica, no
unio homoafetiva, o mesmo para a famlia fraterna (irmo um ato administrativo. Trata-se de uma corrente superada.
mais velho que cria irmo mais novo), etc (este ultimo aceito b) PRIVATISTA sustenta que o casamento instituto ju-
pela primeira doutrina, rdico de direito privado, subdividindo-se nas seguintes cor-
reforando ainda mais que a nossa constituio adotou um rentes:
sistema aberto inclusivo e no discriminatrio). no-contratualista; Os no-contratualistas lanam mo de
Em um concurso pblico, deve se saber posicionar em re- inmeros e diferenciados argumentos para atacar a natureza
lao a adoo da banca. contratual do casamento: seria um acordo, um negcio com-
CONCEITO DE DIREITO DE FAMLIA plexo (dada a participao do juiz), um ato-condio (Duguit),
Se trata de um conceito vago. Famlia um ente desper- uma instituio (instituio significa um complexo de normas),
sonificado, base da sociedade cuja tessitura ou natureza etc. (Orlando Gomes, Direito de Famlia, Forense).
ditada pelo vinculo da afetividade, no cabendo ao Estado contratualista. Entendemos que o casamento, seguindo
defini-la, mas sim promov-la. vertente do pensamento de BEVILAQUA, seria um "contrato
At o incio do sculo XIX, prevalncia do casamento- especial de direito de famlia". Sustenta que o ncleo do ca-
aliana, entre grupos. O sculo XX continua priorizando a samento o consentimento ncleo de todo o contrato. No
famlia legtima casamentria, mas j sob o influxo do indivi- se pode compar-lo com outras pessoas, mas o seu ncleo
dualismo (casamento por amor). No fim da primeira metade, a tem natureza contratual.
Igreja e o Estado comeam a perder fora como "instncias O professor recomenda, inclusive, para a horas de des-
legitimadoras", ganhando importncia outras formas de unio canso, visando a relaxar a mente antes do concurso, a leitura
livre. Na dcada de 80 surgem as famlias de segundas e da bela obra "O Contrato de Casamento", de Honor de Bal-
terceiras npcias (famlias recombinadas) , convivendo com a zac...olhe que ttulo sugestivo!...
unio estvel (GUILHERME DE OLIVEIRA Prof. Catedrtico PLANO DE EXISTNCIA DO CASAMENTO
da Faculdade de Direito de Coimbra)Houve quem sustentasse O casamento para existir deve observar trs pressupostos
que a famlia era dotada de personalidade jurdica, mas esta existenciais, segundo o autor Frances Zacharie:
corrente, em nosso sentir, no foi a que prevaleceu.
- CONSENTIMENTO (VONTADE). No existe casamen-
OBS: Ns precisamos, ao conceituar famlia, de que no to sem que haja consentimento. um ato serissimo. No se
cabe o Estado conceituar a famlia e sim, promov-la. Deve- pode brincar, a resposta sim ou no.
mos lembrar que o novo direito de famlia, lembra-nos Rodri-
go da Cunha Pereira consagra, alm da afetividade os princ- - DIVERSIDADE DE SEXO. O grande saudoso Caio Ma-
pios "da interveno mnima do Estado" e da funo social da rio (na ultima obra evoluo do direito civil), lembra que a
diversidade de sexo um princpio.
famlia. O planejamento familiar no obrigatrio a exemplo
da interveno mnima. Alm deste princpio, salta os olhos o - CELEBRAO POR AUTORIDADE MATERIALMEN-
princpio da funo social. TE COMPETENTE. Pontes de Miranda diz que o casamento
Princpio da funo Social. A funo social da famlia, tra- para existir precisa ser celebrado por autoridade materialmen-
duz a regra de base constitucional, caucada na dignidade te competente. No sendo celebrado por juiz materialmente
humana, no sentido de reconhecer a famlia como uma ambi- competente o casamento inexistente (Ex: casamento cele-
ncia de realizao dos projetos pessoais de felicidade dos brado por um juiz federal).
seus membros. OBS: No caso de incompetncia meramente territorial ou
CARACTERSTICAS MODERNAS DO CONCEITO DE relativa, o casamento anulvel (art. 1550, VI. Art. 1550.
FAMLIA anulvel o casamento: VI - por incompetncia da autoridade
celebrante.).
Segundo Maria Berenice Dias, existem trs caractersti-
cas: Sobre a celebrao por autoridade, note-se que o novo
CC acolheu a teoria do funcionrio de fato (teoria da aparn-
SCIOAFETIVA: a famlia moldada pela afetividade. O cia).
que determina a famlia no o direito o afeto.
Teoria da aparncia. Vale lembrar, com base na teoria da
EUDEMONISTA: Busca a promoo da felicidade dos aparncia, que o artigo 1554 CC admite a mantena do ca-
seus membros exerce funo social. samento luz do princpio da boa f.
ANAPARENTAL: famlia pode ser formada inclusive, por Art. 1554. Subsiste o casamento celebrado por aquele
pessoas que no guardam vinculo tcnico de parentesco que, sem possuir a competncia exigida na lei, exercer publi-
entre si. Ex: empregada que cria o filho do patro desde cri- camente as funes de juiz de casamentos e, nessa qualida-
ana, faz parte da famlia. de, tiver registrado o ato no Registro Civil.
"Tal ocorre na chamada teoria do funcionrio de fato, pro-
CASAMENTO vinda do Direito Administrativo, quando determinada pessoa,
Conceito. Na definio de Van Wetter, o casamento traduz sem possuir vnculo com a Administrao Pblica, assume
a unio do homem e da mulher com objetivo de formar uma posto de servidor como se realmente o fosse, e realiza atos
comunidade de existncia. a primeira(mais conhecida) em face de administrados de boa f, que no teriam como
forma de entidade familiar. CC desconfiar do impostor. Imagine-se, em um distante munic-
Art. 1511. O casamento estabelece comunho plena de pio, o sujeito que assume as funes de um oficial de Regis-
vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cnju- tro Civil, realizando atos registrrios e fornecendo certides.
ges. Por bvio, a despeito da flagrante ilegalidade, que, inclusive,
Na definio segundo o CC percebido a eficcia horizon- acarretar responsabilizao criminal, os efeitos jurdicos dos
tal do direito de famlia (igualdade). Fundamentalmente temos atos praticados, aparentemente lcitos, devero ser preserva-
duas formas de casamento. dos, para que se no prejudique aqueles que, de boa f, ha-
NATUREZA JURDICA jam recorrido aos prstimos do suposto oficial.
Este, sem dvida, um dos pontos mais tormentosos da Da mesma forma, se nos dirigimos ao protocolo de uma
matria, digladiando-se a doutrina ao sabor das seguintes repartio pblica para apresentarmos, dentro de determina-
correntes: do prazo, um documento, e l encontramos uma pessoa que

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se apresenta como o funcionrio encarregado, no existe ou moral, decorrente de seu abrupto rompimento e violador
necessidade de se perquirir a respeito da sua legitimidade. Se das regras da boa-f, d ensejo pretenso indenizatria.
o sujeito era um impostor, caber prpria Administrao Confirmao, em apelao, da sentena que assim decidiu.
Pblica apurar o fato, com o escopo de punir os verdadeiros (TJRJ - 5 Cm. Cvel; AC n 2001.001.17643-RJ; Rel. Des.
funcionrios que permitiram o acesso de um estranho ao Humberto de Mendona Manes; j. 17/10/2001; v.u.). BAASP,
interior de suas instalaes. O que no se pode supor que o 2274/584-e, de 29.7.2002.
administrado ser prejudicado com a perda do prazo para a "O nosso ordenamento ainda admite a concesso de in-
apresentao do documento solicitado. Mas no apenas no denizao mulher que sofre prejuzo com o descumprimento
Direito Administrativo a teoria da aparncia tem aplicabilidade. da promessa de casamento. Art. 1.548, III, do C. Civil. Falta
Tambm no Direito Civil". dos pressupostos de fato para o reconhecimento do direito ao
CAPACIDADE PARA O CASAMENTO dote e partilha de bens. Recurso no conhecido." (STJ -
Art. 1517. O homem e a mulher com dezesseis anos po- RESP 251689 - RJ - 4 T. - Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar -
dem casar, exigindo-se autorizao de ambos os pais, ou de DJU 30.10.2000 p. 162)";
seus representantes legais, enquanto no atingida a maiori- OBS: No cabe lucros cessantes.
dade civil. NAMORO. A ruptura do namoro no tem a mesma roupa-
Pargrafo nico. Se houver divergncia entre os pais, gem do noivado, razo pela qual, no se leva a simetria da
aplica-se o disposto no pargrafo nico do art. 1.631 (supri- disposio supra.
mento judicial).
Art. 1518. At celebrao do casamento podem os pais, DEVERES JURDICOS DECORRENTES DO CASAMEN-
tutores ou curadores revogar a autorizao. TO.
Art. 1519. A denegao do consentimento, quando injusta, Art. 1566. So deveres de ambos os cnjuges:
pode ser suprida pelo juiz. I - FIDELIDADE RECPROCA;
Autorizao para casamento. exigido para os nubentes O dever de fidelidade traduz uma manifestao de lealda-
com idade entre 16 a 18 anos. de dentro do casamento. A ruptura, quebra do dever de fideli-
Idade mnima para casar: 16 anos. Exceo: dade no se d apenas com o adultrio, mas tambm por
Art. 1520. Excepcionalmente, ser permitido o casamento meio de condutas desonrosas.
de quem ainda no alcanou a idade nbil (art. 1.517), para O adultrio tecnicamente falando a conjuno carnal es-
evitar imposio ou cumprimento de pena criminal (crimes pria. Beijos, sentar no colo de outrem no adultrio tecni-
sexuais) ou em caso de gravidez. camente falando e sim, conduta desonrosa.
OBS: A despeito de o casamento no figurar mais explici- Relaes esprias pela internet no adultrio virtual co-
tamente como causa de extino de punibilidade no art. 107 mo dizem por ai. Se trata de infidelidade virtual.
do CP, possvel a antecipao da capacidade nbil para P: A colheita da prova admissvel em relao a infideli-
evitar imposio ou cumprimento de pena criminal, uma vez dade virtual. Ex Notebook do marido? R: Sim, de acordo com
que o matrimonio pode ser interpretado como perdo ou re- o principio da proporcionalidade e da ponderao de interes-
nncia no mbito processual penal. ses. Da mesma forma que constitucional do direito do mari-
Solenidade. Os nubentes deve declarar expressamente do preservar as comunicaes, a mulher tem o direito da
que recebem um ao outro. Se titubear ou vacilar, o celebrante dignidade virtual (Robert Alexy). Ver material de apoio.
deve suspender o ato. Tambm ocorre em outros pases. Washington de Barros Monteiro. Tem um posicionamento
NOIVADO ou PROMESSA DE CASAMENTO ou ESPON- arriscado diz que o homem pode trair porque da sua natu-
SAIS reza. No campo de concurso pblico pouco recomendado
Segundo ANTONIO CHAVES, "consistem em um com- defender essa tese.
promisso de casamento entre duas pessoas desimpedidas, II - VIDA EM COMUM, NO DOMICLIO CONJUGAL;
de sexo diferente, com o escopo de possibilitar que se conhe- A coabitao no traduz ao p da letra de morar junta,
am melhor, que aquilatem suas afinidades e gostos". A rup- traduz sim, o dever conjugal. A cautelar de separao de
tura injustiada do noivado pode, em havendo demonstrao corpos suspende temporariamente este dever.
do dano, gerar responsabilidade civil.
III - MTUA ASSISTNCIA;
Com isso no se conclua que ns estamos sempre obri-
gados a dizer o "sim", quando assumimos o noivado. No IV - SUSTENTO, GUARDA E EDUCAO DOS FILHOS;
isso. V - RESPEITO E CONSIDERAO MTUOS.
O problema que, a depender das circunstncias da rup- DA EFICCIA DO CASAMENTO
tura, o exerccio deste direito pode se afigurar abusivo, gera- Art. 1565. Pelo casamento, homem e mulher assumem
dor de dano material ou moral (podendo desfazer o casamen- mutuamente a condio de consortes, companheiros e res-
to semanas antes, prefere, por exemplo, o noivo, deixar a sua ponsveis pelos encargos da famlia.
pretendente, humilhada, no altar, aps proferir sonoro 'no'... 1 Qualquer dos nubentes, querendo, poder acrescer
tudo, pois, a depender da anlise do caso concreto). ao seu o sobrenome do outro.
Pode haver, pois, quebra do princpio da boa-f objetiva, 2 O planejamento familiar de livre deciso do casal,
aplicvel ao Direito de Famlia. competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
Confira-se, a propsito do noivado, a seguinte jurispru- financeiros para o exerccio desse direito, vedado qualquer
dncia selecionada: tipo de coero por parte de instituies privadas ou pblicas.
RESPONSABILIDADE CIVIL - CASAMENTO - CERIM- PLANO DE VALIDADE DO CASAMENTO
NIA NO REALIZADA POR INICIATIVA EXCLUSIVA DO IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS
NOIVO, S VSPERAS DO ENLACE - Conduta que infringiu So requisitos que tocam a validade e eficcia do casa-
o princpio da boa-f, ocasionando despesas, nos autos com- mento.
provadas, pela noiva, as quais devem ser ressarcidas. Dano
No CC de 1916, os impedimentos eram divididos:
moral configurado pela atitude vexatria por que passou a
nubente, com o casamento marcado. Indenizao que se Absolutamente dirimentes (art. 183, I a VIII) de ordem
justifica, segundo alguns, pela teoria da culpa in contrahendo, pblica;
pela teoria do abuso do direito, segundo outros. Embora as Relativamente dirimentes (art. 183, IX a XII) de ordem
tratativas no possuam fora vinculante, o prejuzo material particular;

Conhecimentos Especficos 169 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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Impedientes ou proibitivos (art. 183, XIII a XVI). Art. 1557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do
Essa matria foi profundamente modificada com o advento outro cnjuge:
do NCC. Hoje, quando se abre o CC no se tem amis em um I - o que diz respeito sua identidade, sua honra e boa
nico artigo os impedimentos acima narrados. Houve portanto fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior
uma reformulao. torne insuportvel a vida em comum ao cnjuge enganado;
Assim, luz do NCC, os antigos impedimentos absolutos Ex: Homosexualidade ignorada pela nubente.
so tratados simplesmente por "IMPEDIMENTOS" no art. Se o conhecimento for posterior ao casamento causa de
1521. separao.
Os antigos impedimentos relativos, no novo CC so trata- II - a ignorncia de crime, anterior ao casamento, que, por
dos como CAUSAS DE ANULAO do casamento, nos ter- sua natureza, torne insuportvel a vida conjugal;
mos do art. 1550, CC. III - a ignorncia, anterior ao casamento, de defeito fsico
J os impedientes so tratados como CAUSAS SUSPEN- irremedivel, ou de molstia grave e transmissvel, pelo con-
SIVAS DO CASAMENTO, nos termos do art. 1523 do CC. tgio ou herana, capaz de pr em risco a sade do outro
DOS IMPEDIMENTOS cnjuge ou de sua descendncia;
Dos impedimentos. Art. 1521. No podem casar: Impotncia coeandi. Impotncia gravitacional. Desde que
I - OS ASCENDENTES COM OS DESCENDENTES, SE- o conhecimento seja desconhecido anteriormente ao casa-
JA O PARENTESCO NATURAL OU CIVIL; mento.
II - OS AFINS EM LINHA RETA; Ex: Sogra-genro, padas- A impotncia de no ter filhos no causa de anulabilida-
tro-enteada. de.
III - O ADOTANTE COM QUEM FOI CNJUGE DO ADO- IV - a ignorncia, anterior ao casamento, de doena men-
TADO E O ADOTADO COM QUEM O FOI DO ADOTANTE; tal grave que, por sua natureza, torne insuportvel a vida em
So parentes. comum ao cnjuge enganado.
IV - OS IRMOS, UNILATERAIS OU BILATERAIS, E Obs.: Note-se que a ausncia de virgindade da noiva no
DEMAIS COLATERAIS, AT O TERCEIRO GRAU INCLUSI- mais causa de anulao do casamento. Alis, com a entra-
VE; da em vigor da Constituio Federal, no mais poderia ser,
luz dos princpios da dignidade humana e da igualdade.
OBS: apesar do impedimento constante na parte final des-
te inciso, com base no Decreto Lei n 3.200 de 1941, a doutri- Art. 1558. anulvel o casamento em virtude de coao,
na (enunciado 98), entende ser possvel o casamento entre quando o consentimento de um ou de ambos os cnjuges
colateriais de terceiro grau caso exista parecer mdico favo- houver sido captado mediante fundado temor de mal conside-
rvel. Entende-se que esse decreto-lei cair na linha do desu- rvel e iminente para a vida, a sade e a honra, sua ou de
so. seus familiares.
Art. 1.521, inc. IV: o inc. IV do art. 1.521 do novo Cdigo Os vcios de consentimento podem anular um casamento.
Civil deve ser interpretado luz do Decreto-Lei n 3.200/41 no Ter cuidado com o erro, este tambm pode anular o casa-
que se refere possibilidade de casamento entre colaterais mento, conforme art. 1557 e 1558 acima.
de 3 grau. IV - DO INCAPAZ DE CONSENTIR OU MANIFESTAR,
V - O ADOTADO COM O FILHO DO ADOTANTE; So ir- DE MODO INEQUVOCO, O CONSENTIMENTO;
mos. V - REALIZADO PELO MANDATRIO, SEM QUE ELE
VI - AS PESSOAS CASADAS; OU O OUTRO CONTRAENTE SOUBESSE DA REVOGA-
O DO MANDATO, E NO SOBREVINDO COABITAO
VII - O CNJUGE SOBREVIVENTE COM O CONDENA- ENTRE OS CNJUGES;
DO POR HOMICDIO OU TENTATIVA DE HOMICDIO CON-
TRA O SEU CONSORTE. VI - POR INCOMPETNCIA DA AUTORIDADE CELE-
BRANTE.
Consequncia. Contraindo o casamento impedido, cau-
sa de nulidade. CC PARGRAFO NICO. EQUIPARA-SE REVOGAO A
INVALIDADE DO MANDATO JUDICIALMENTE DECRETA-
Art. 1548. nulo o casamento contrado: DA.
I - pelo enfermo mental sem o necessrio discernimento EFEITOS DA SENTENA QUE ANULA CASAMENTO.
para os atos da vida civil; Um parte da doutrina (Orlando Gomes, Maria helena Diniz)
II - por infringncia de impedimento. afirma que a sentena tem efeitos ex nunc; Existe outra cor-
Outrossim, a decretao de nulidade de casamento, pelos rente doutrinria (Pontes de Miranda) afirma que os efeitos
motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida so ex tunc. Para o professor a que defende a retroativida-
mediante ao direta, por qualquer interessado, ou pelo Mi- de dos efeitos (ex tunc) at porque o registro cancelado.
nistrio Pblico, conforme determinao do art. 1549 do CC. CAUSAS SUSPENSIVAS (IMPEDIENTES)
Perceba que no rol do art. 1548 no existe o impedimento Interferem na eficcia do casamento. O casamento vali-
dos condenados por crime de adultrio que outrora existia no do, mas em determinadas situaes, ficam suspensas.
CC de 1916. Sano. Quem viola as causas suspensivas, obrigatoria-
CAUSAS DE ANULAO mente se submete ao regime de separao obrigatria de
Art. 1550. Anulvel o casamento: bens.
I - DE QUEM NO COMPLETOU A IDADE MNIMA PARA Art. 1523. No devem casar:
CASAR; Idade mnima = 16 anos. I - O VIVO OU A VIVA QUE TIVER FILHO DO CN-
II - DO MENOR EM IDADE NBIL, QUANDO NO AU- JUGE FALECIDO, ENQUANTO NO FIZER INVENTRIO
TORIZADO POR SEU REPRESENTANTE LEGAL; DOS BENS DO CASAL E DER PARTILHA AOS HERDEI-
III - POR VCIO DA VONTADE, NOS TERMOS DOS ROS; Pretende o dispositivo evitar confuso patrimonial.
ARTS. 1.556 A 1.558; II - A VIVA, OU A MULHER CUJO CASAMENTO SE
Vicio do negcio e causa de anulao de contrato mais DESFEZ POR SER NULO OU TER SIDO ANULADO, AT
um argumento favorvel para a natureza jurdica. DEZ MESES DEPOIS DO COMEO DA VIUVEZ, OU DA
Art. 1556. O casamento pode ser anulado por vcio da DISSOLUO DA SOCIEDADE CONJUGAL; Pretende res-
vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consen- guardar o patrimnio e a prole.
tir, erro essencial quanto pessoa do outro.
Conhecimentos Especficos 170 A Opo Certa Para a Sua Realizao
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III - O DIVORCIADO, ENQUANTO NO HOUVER SIDO 2 O casamento religioso, celebrado sem as formalida-
HOMOLOGADA OU DECIDIDA A PARTILHA DOS BENS DO des exigidas neste Cdigo, ter efeitos civis se, a requerimen-
CASAL; possvel o divorcio sem a partilha. Neste caso, to do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil,
casando sem a partilha, o regime ser de separao obrigat- mediante prvia habilitao perante a autoridade competente
ria. e observado o prazo do art. 1.532.
IV - O TUTOR OU O CURADOR E OS SEUS DESCEN- 3 Ser nulo o registro civil do casamento religioso se,
DENTES, ASCENDENTES, IRMOS, CUNHADOS OU SO- antes dele, qualquer dos consorciados houver contrado com
BRINHOS, COM A PESSOA TUTELADA OU CURATELADA, outrem casamento civil.
ENQUANTO NO CESSAR A TUTELA OU CURATELA, E
NO ESTIVEREM SALDADAS AS RESPECTIVAS CONTAS. FORMAS ESPECIAIS DE CASAMENTO
Para evitar abuso.
Formas bsicas so o casamento civil e o religioso com
Pargrafo nico. permitido aos nubentes solicitar ao juiz efeitos civis.
que no lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previs-
tas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexis- As formas especiais so:
tncia de prejuzo, respectivamente, para o herdeiro, para o CASAMENTO EM IMINENTE RISCO DE VIDA ou IN ARTI-
ex-cnjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso CULO MORTIS ou INEXTREMIS ou CASAMENTO NUNCU-
do inciso II, a nubente dever provar nascimento de filho, ou PATIVO;
inexistncia de gravidez, na fluncia do prazo. Art. 1540. Quando algum dos contraentes estiver em imi-
P: O que Casamento Putativo? R: aquele casamento nente risco de vida, no obtendo a presena da autoridade
nulo ou anulvel contrado de boa f por um ou ambos os qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poder o
cnjuges. A diferena est em razo da boa f objetiva, onde casamento ser celebrado na presena de seis testemunhas,
o juiz, at mesmo de oficio pode reconhecer a putatividade e que com os nubentes no tenham parentesco em linha reta,
preservar os efeitos do casamento como se fosse vlido, para ou, na colateral, at segundo grau.
quem estava de boa f. CC Art. 1541. Realizado o casamento, devem as testemunhas
Art. 1561. Embora anulvel ou mesmo nulo, se contrado comparecer perante a autoridade judicial mais prxima, den-
de boa-f por ambos os cnjuges, o casamento, em relao a tro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declara-
estes como aos filhos, produz todos os efeitos at o dia da o de:
sentena anulatria. I - que foram convocadas por parte do enfermo;
1 Se um dos cnjuges estava de boa-f ao celebrar o II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juzo;
casamento, os seus efeitos civis s a ele e aos filhos aprovei- III - que, em sua presena, declararam os contraentes, li-
taro. vre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher.
2 Se ambos os cnjuges estavam de m-f ao celebrar 1 Autuado o pedido e tomadas as declaraes, o juiz
o casamento, os seus efeitos civis s aos filhos aproveitaro. proceder s diligncias necessrias para verificar se os
Confira-se ainda jurisprudncia do STJ sobre a matria: contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinria,
Casamento putativo. Boa-f. Direito a alimentos. Recla- ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze
mao da mulher. 1. Ao cnjuge de boa-f aproveitam os dias.
efeitos civis do casamento, embora anulvel ou mesmo nulo 2 Verificada a idoneidade dos cnjuges para o casa-
(Cd. Civil, art. 221, pargrafo nico). 2. A mulher que recla- mento, assim o decidir a autoridade competente, com recur-
ma alimentos a eles tem direito mas at data da sentena so voluntrio s partes.
(Cd. Civil, art. 221, parte final). Anulado ou declarado nulo o 3 Se da deciso no se tiver recorrido, ou se ela passar
casamento, desaparece a condio de cnjuges. 3. Direito a em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandar
alimentos "at ao dia da sentena anulatria". 4. Recurso registr-la no livro do Registro dos Casamentos.
especial conhecido pelas alneas a e c e provido. RESP 4 O assento assim lavrado retrotrair os efeitos do ca-
69108 / PR; RECURSO ESPECIAL 995/0032729-5. samento, quanto ao estado dos cnjuges, data da celebra-
H entendimento do STF, todavia, no sentido de no ha- o.
ver limitao de tempo no que tange ao direito alimentar (RTJ, 5 Sero dispensadas as formalidades deste e do artigo
89:495).7 antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o
FORMAS DE CASAMENTO casamento na presena da autoridade competente e do oficial
Temos o casamento civil e o religioso com efeitos civis. do registro.
Um caso ou outro, o reconhecimento do Estado obrigatrio CASAMENTO EM CASO DE MOLESTIA GRAVE
desde 1890. Art. 1539. No caso de molstia grave de um dos nubentes,
CASAMENTO CIVIL o presidente do ato ir celebr-lo onde se encontrar o impedi-
Art. 1514. O casamento se realiza no momento em que o do, sendo urgente, ainda que noite, perante duas testemu-
homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade nhas que saibam ler e escrever.
de estabelecer vnculo conjugal, e o juiz os declara casados. 1 A falta ou impedimento da autoridade competente pa-
CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS ra presidir o casamento suprir-se- por qualquer dos seus
Art. 1515. O casamento religioso, que atender s exign- substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad
cias da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a hoc, nomeado pelo presidente do ato.
este, desde que registrado no registro prprio, produzindo 2 O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, ser re-
efeitos a partir da data de sua celebrao. gistrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante
Art. 1516. O registro do casamento religioso submete-se duas testemunhas, ficando arquivado.
aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil. uma forma menos grave que o nucumpativo.
1 O registro civil do casamento religioso dever ser CASAMENTO POR PROCURAO
promovido dentro de noventa dias de sua realizao, median- Art. 1542. O casamento pode celebrar-se mediante procu-
te comunicao do celebrante ao ofcio competente, ou por rao, por instrumento pblico, com poderes especiais.
iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homo- 1 A revogao do mandato no necessita
logada previamente a habilitao regulada neste Cdigo. chegar ao conhecimento do mandatrio; mas, celebrado o
Aps o referido prazo, o registro depender de nova habilita- casamento sem que o mandatrio ou o outro contraente ti-
o.

Conhecimentos Especficos 171 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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vessem cincia da revogao, responder o mandante por qual a concubina detinha o direito a morar no imvel depois
perdas e danos. da morte da esposa. "Neste caso haveria uma apropriao de
2 O nubente que no estiver em iminente risco de vida bem de esplio".
poder fazer-se representar no casamento nuncupativo. Segundo o ministro Aldir Passarinho Junior, relator do
3 A eficcia do mandato no ultrapassar noventa dias. processo no STJ, o entendimento do Tribunal aponta para o
4 S por instrumento pblico se poder revogar o man- pagamento de indenizao concubina durante o perodo de
dato. vida em comum. "A concubina faz jus a uma indenizao por
servios domsticos prestados ao companheiro, o que no
OBS: Se houver revogao de procurao, os atos subse- importa em dizer que se est a remunerar como se servial
quentes teriam que ser inexistentes, mas o artigo supra trata ou empregada fosse, mas , sim, na sua contribuio para o
de causa de invalidade. funcionamento do lar, permitindo ao outro o exerccio de ativi-
DIREITOS DA (O) AMANTE dade lucrativa, em benefcio de ambos". Liberado dos afaze-
P: possvel amar duas pessoas ao mesmo tempo? R: res domsticos, o homem no despende tempo, energia ou
Em sendo possvel, existe a possibilidade de concorrerem preocupao para a manuteno da casa e de si mesmo,
ncleos afetivos simultneos? Reconhecendo o fato da vida "encargos confiados concubina, e isso tem certo valor, re-
de que uma pessoa possa manter vida paralela (a e B), o conhecido jurisprudencialmente".
direito poderia tutelar as duas relaes? Para o relator, a penso fixada na Justia paulista meio
Trata-se de uma questo, acima de tudo jurdica. O mun- salrio mnimo mensal, do comeo ao fim da relao extra-
do tem mudado, tem havido uma frouxido de valores. A conjugal parece "coerente, pela longa durao, superior a
evoluo est ai. trs dcadas, da convivncia, ainda que na constncia do
Relaes concubinrias paralelas sempre existiram, no casamento".
se trata de um fato novo. O aspecto que essa temtica esta Por outro lado, o relator discordou de parte da deciso que
sendo colocada em enfrentamento. atribui concubina o direito de residir no imvel de proprieda-
O CC no existe tutela especifica sobre amantes ou con- de do homem, aps a morte da mulher dele, em outubro de
cubinas. Existe sim, no CC um artigo que cuidam relao de 2000. "Se o direito indenizatrio, no parece razovel es-
amantes, embora no cuide de direitos: tend-lo para alm do perodo da relao, para torn-lo vital-
Art. 1727. As relaes no eventuais entre o homem e a cio em favor da concubina, em detrimento dos herdeiros le-
mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. gais, ainda que no sejam herdeiros necessrios". A seu ver,
significaria mais do que uma indenizao, "uma espcie de
No concurso no escrever unio estvel referindo a con-
usufruto sobre imvel alheio, que jamais chegou a ser ocupa-
cubinas. Concubinas se trata de amantes. Para unio estvel
do pela concubina, mas pela esposa. A, mais do que uma
o termo companheira e companheiro.
indenizao, estaria havendo uma apropriao de bem do
Existe duas correntes doutrinrias que tratam sobre direi- esplio, mesmo que temporria".
tos do amante:
POLIAMORISMO
- 1 corrente: Sustenta que a relao concubinria deve
A situao em que um homem ou mulher mantm duas ou
ser tutelada apenas pelo direito obrigacional, visando a evitar
mais relaes paralelas que se conhece, se aceitam e consa-
o enriquecimento sem causa. Esta a corrente predominante.
gram essas relaes. Hiptese de concubinato consentido.
Ex: Amantes num prazo de 15 anos tem direito de ser indeni-
zado (muitas vezes o amante colabora para o aumento patri- Trata-se da situao, estudada por alguns psiclogos, em
monial como uma compra de um apartamento). Encontra-se que uma pessoa mantm, simultaneamente, relaes de afeto
deciso neste sentido, inclusive no STJ (Resp. 303.604). paralelas com dois ou mais indivduos, todos cientes da cir-
cunstncia coexistencial, vivenciando-se, pois, uma relao
- 2 corrente: Esta corrente, mais arrojada, defendida por
sobremaneira aberta.
autores como Anderson Gomes, Marlia Andrade, despontan-
do essa corrente como uma tendncia no sentido de se reco- Mas como o Direito disciplinaria a questo?
nhecer a amante direitos de famlia a exemplo dos alimentos No havendo regra legal especfica, o TJRS, em caso se-
(roupagem familiarista). Quanto ao regime de bens, dever-se- melhante, observando a afetividade existente, decidiu por
ia apurar o montante produzido ao longo da convivncia. equidade, consoante vemos na referncia abaixo.
Em cada caso concreto seria necessrio utilizar-se do Justia determina diviso de bens entre esposa, concubi-
bom senso, da equidade e da sabedoria, no se podendo na e filhos Site: Expresso da notcia
adotar uma regra geral. http://www.lawweb.com.br/conteudo.asp?Codigo=1562
Interessante salientar que o STF recentemente se depa- Deciso indita
rou com o problema dos direitos da amante no campo previ- A 8 Cmara Cvel do Tribunal de Justia reconheceu que
dencirio, no RE 397.762-8 BA, em que por maioria, os minis- um cidado viveu duas unies afetivas: com a sua esposa e
tros negaram a diviso da penso previdenciria entre a viva com uma companheira. Assim, decidiram repartir 50% do
do falecido e sua amante, mantendo a linha tradicional. No patrimnio imvel, adquirido no perodo do concubinato, entre
quer dizer que esta matria esteja resolvida, posto que fora as duas. A outra metade ficar, dentro da normalidade, com
julgado por uma turma e no pelo plenrio. os filhos. A deciso indita na Justia gacha e resultou da
A respeito do tema, veja esta interessante notcia: anlise das especificidades do caso. A companheira entrou
Concubina tem direito a penso, mas no a imvel Site: na Justia com Ao Ordinria de Partilha de Bens contra a
Expresso da notcia esposa e filho do falecido. Alegou que manteve relacionamen-
http://www.lawweb.com.br/conteudo.asp?Codigo=1617 to pblico e notrio com ele entre 1970 e 1998.
Os ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal de O relator, Desembargador Rui Portanova, concedeu ape-
Justia (STJ) reconheceram o direito de uma dona de casa a nas em parte o pedido da autora pois "no h como retirar
receber indenizao pelo perodo de convivncia com um dos filhos o direito de herana ou totalmente da esposa o seu
homem casado. Ela vai receber uma penso mensal de meio direito de meao". Assim, declarou que a companheira tem
salrio mnimo, correspondente aos 36 anos de durao do direito a 25% do patrimnio imvel adquirido pelo falecido
relacionamento, s interrompido com a morte dele. O homem durante a existncia do concubinato.
mantinha uma vida dupla: morava com a mulher e, alguns A companheira vivia em Santana do Livramento e tambm
dias e noites da semana, passava com a concubina. No en- teve um filho com o cidado. J a famlia legalizada vivia em
tanto, o STJ reformou deciso da Justia paulista, segundo a So Gabriel. Para o magistrado, apesar de no se aplicar o

Conhecimentos Especficos 172 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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novo Cdigo Civil diretamente, a situao prevista no artigo S. 380 Comprovada a existncia da sociedade de fato
1.727. Para ele, o novo Cdigo Civil no proibiu o concubina- entre os concubinos, cabvel a sua dissoluo judicial, com
to. "Agora possvel dizer que o novo sistema do direito de a partilha do patrimnio adquirido pelo esforo comum.
famlia se assenta em trs institutos: um, preferencial e lon- A contribuio da companheira, que tanto poderia ser dire-
gamente tratado, o casamento; outro, reconhecido e sinteti- ta (econmica) como, em uma viso mais avanada, indireta
camente previsto, a unio estvel; e um terceiro, residual, (psicolgica), justificaria, pois, a demanda voltada diviso
aberto s apreciaes caso a caso, o concubinato", afirmou. proporcional do patrimnio, cujo trmite seria feito em sede do
Para o Desembargador Portanova, "a experincia tem Juzo Cvel, como j mencionado, visto que, at ento, a
demonstrado que os casos de concubinato apresentam uma relao entre os companheiros no era admitida como uma
srie infindvel de peculiaridades possveis". Avaliou que se forma de famlia.
pode estar diante da situao em que o trio de concubino A nossa Constituio Federal, todavia, modificaria profun-
esteja perfeitamente de acordo com a vida a trs. No caso, damente esse cenrio, retirando o concubinato puro (entre
houve uma relao "no eventual" contnua e pblica, que pessoas desimpedidas ou separadas de fato) da zona do
durou 28 anos, inclusive com prole, observou. Direito das Obrigaes, para reconhecer-lhe dignidade consti-
"Tal era o elo entre a companheira e o falecido que a es- tucional, alando-o ao patamar de instituto do Direito de Fam-
posa e o filho do casamento sequer negam os fatos pelo lia, consoante se depreende da leitura de seu art. 226, 3:
contrrio, confirmam; quase um concubinato consentido." Para efeito da proteo do Estado, reconhecida a unio
O Desembargador Jos Ataides Siqueira Trindade acom- estvel entre o homem e a mulher como entidade familiar,
panhou as concluses do relator, ressaltando a singularidade devendo a lei facilitar a sua converso em casamento.
do caso concreto: "No resta a menor dvida que um caso Note-se, aqui, no ter havido uma identificao com o ca-
que foge completamente daqueles parmetros de normalida- samento tanto que se disps facilitar a converso em
de e apresenta particularidades especficas, que deve mere- matrimnio , mas sim uma equiparao em nvel constitucio-
cer do julgador tratamento especial". J o Desembargador nal, para efeito protetivo, no mbito do Direito Constitucional
Alfredo Guilherme Englert, que presidiu a sesso ocorrida em de Famlia.
27/2, acompanhou tambm, nas concluses, o relator. Seguindo, pois, esse referido mandamento constitucional,
UNIO ESTVEL duas importantes leis foram editadas: a Lei n. 8.971, de 1994
Momento histrico (que regulou os direitos dos companheiros aos alimentos e
Regulamentao anterior (Leis n. 8971/94 e 9278/96) e o sucesso), e a Lei n. 9.278, de 1996 (que revogou parcial-
novo CC art. 1723: O sculo XX marcou a histria da hu- mente o diploma anterior, ampliando o mbito de tutela dos
manidade, no apenas como a era da tecnologia, mas tam- companheiros).
bm da profunda mudana de valores, refletindo-se, por con- O novo Cdigo Civil, por sua vez, culminaria por derrogar
sequncia, no mbito da famlia: o casamento deixaria de ser a lei de 1996, uma vez que a disciplina da unio estvel pas-
a nica instncia legitimadora e passaria a conviver com ou- saria e integrar o corpo do nosso prprio Estatuto Civil:
tras formas de unio livre. "TTULO III
Nessa linha, com especial influncia do Direito francs, o DA UNIO ESTVEL
nosso sistema jurdico, paulatinamente, passaria a ceder Art. 1.723. reconhecida como entidade familiar a unio
espao ao concubinato entidade familiar no matrimoniali- estvel entre o homem e a mulher, configurada na convivn-
zada preferindo, inclusive, substituir esta expresso indi- cia pblica, contnua e duradoura e estabelecida com o objeti-
cativa de uma relao proibida pela noo de companhei- vo de constituio de famlia.
rismo.
1o A unio estvel no se constituir se ocorrerem os
Ora, podemos observar que a evoluo desse instituto impedimentos do art. 1.521; no se aplicando a incidncia do
deu-se a passos lentos, no mbito do Direito Civil, que, de inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de
maneira tmida, apenas em 1912, por ocasio da entrada em fato ou judicialmente.
vigor do Decreto n. 2.681, reconheceria concubina direito
indenizao pela morte do companheiro em estradas de ferro. OBS: Pessoas casadas, mas separadas de fato ou judici-
almente podem constituir unio estvel.
A partir da, em geral, apenas o Direito Obrigacional deita-
ria seus olhos tutela da companheira, para admitir, em um 2o As causas suspensivas do art. 1.523 no impediro a
caracterizao da unio estvel.
primeiro momento, a possibilidade de se pleitear indenizao
pelos servios prestados durante o perodo de convivncia. DEVERES JURDICOS DA UNIO ESTVEL
Observava-se, pois, aqui, a preocupao da jurisprudncia Art. 1.724. As relaes pessoais entre os companheiros
em evitar o enriquecimento sem causa de uma das partes da obedecero aos deveres de lealdade, respeito e assistncia,
relao, mas sempre a situando no rido terreno obrigacional, e de guarda, sustento e educao dos filhos.
razo por que, no mbito judicial, as demandas porventura Art. 1.725. Na unio estvel, salvo contrato escrito entre
instauradas tramitariam em Varas Cveis. os companheiros, aplica-se s relaes patrimoniais, no que
E note-se que, nessa primeira fase, a companheira era couber, o regime da comunho parcial de bens.
tratada como mera prestadora de servios domsticos. Art. 1.726. A unio estvel poder converter-se em casa-
Mas a jurisprudncia evoluiria, em um segundo momento, mento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento
para admitir o reconhecimento de uma sociedade de fato no Registro Civil.
entre os companheiros, de maneira que a companheira deixa- Art. 1.727. As relaes no eventuais entre o homem e a
ria de ser mera prestadora de servios com direito a simples mulher, impedidos de casar, constituem concubinato".
indenizao, para assumir a posio de scia na relao CONCEITO DE UNIO ESTVEL
concubinria, com direito parcela do patrimnio comum, na A unio estvel uma entidade familiar constitucionalmen-
proporo do que houvesse contribudo. te reconhecida, constituda por duas pessoas que mantenham
Nessa linha, o Supremo Tribunal Federal, que j havia edi- convivncia pblica, contnua e duradoura, objetivando a
tado smula admitindo o direito da companheira indeniza- constituio de uma famlia.
o por acidente de trabalho ou transporte do seu companhei- Para a configurao da unio estvel, deve ser observado
ro, se no houvesse impedimento para o matrimnio (S. 35), como ponto mais importante o elemento teleolgico. Objetivo
avanaria mais ainda, para reconhecer, na smula 380, direito de constituir famlia aparentam casamento, porque a finali-
partilha do patrimnio comum:

Conhecimentos Especficos 173 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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dade da unio formar famlia. O verbo conjugado est no lio, por meio da qual os declarantes afirmam a instabilidade
presente e no no futuro, pois (namoro) com propsito de evitar a aplicao das regras da
- no existe tempo mnimo para a configurao da unio unio estvel.
estvel Este ato tem validade jurdica? R: Pode at servir como
- no se exige prole comum. elemento para o juiz investigar a inteno das partes, mas
- no exigido a convivncia more uxrio - coabitao no uma prova peremptria. Pois este contrato no pode,
(sumula 382 do STF): aprioristicamente afastar as regras da unio estvel para
isso no tem validade.
A vida em comum sob o mesmo teto, more uxorio, no
indispensvel caracterizao do concubinato. Silvio Venosa: a unio um fato da vida, estando ela con-
figurada, no um contrato de namoro que ir afast-la. Nes-
Para efeito de reconhecimento da unio estvel, no se sa perspectiva o contrato nulo.
exige lapso temporal predeterminado, bem como no so
indispensveis a convivncia sob o mesmo teto ou more ux- No STJ tambm observamos a preocupao em se dife-
rio (S. 382 do STF) nem a existncia de prole comum. Claro renciar o namoro da unio estvel:
que todos esses fatores, isoladamente ou, com mais razo DIREITOS PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. UNIO EST-
ainda, reunidos, facilitaro a admissibilidade do vnculo con- VEL. REQUISITOS. CONVIVNCIA SOB O MESMO TETO.
cubinrio, mas no podem ser encarados como requisitos DISPENSA. CASO CONCRETO. LEI N. 9.728/96. ENUNCI-
imprescindveis. ADO N. 382 DA SMULA/STF. ACERVO FTICO-
Ademais, vale relembrar que apenas a relao concubin- PROBATRIO. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIA-
ria pura vale dizer, entre pessoas desimpedidas ou separa- DO N. 7 DA SMULA/STJ.
das de fato merece, regra geral, a tutela do Direito de Fam- DOUTRINA. PRECEDENTES. RECONVENO. CAP-
lia, sendo esta a orientao da jurisprudncia: TULO DA SENTENA. TANTUM DEVOLUTUM QUANTUM
Famlia Reconhecimento de unio estvel Requisitos APELLATUM. HONORRIOS. INCIDNCIA SOBRE A CON-
Pessoas casadas 1 do art. 1.723 do CC Bens adquiri- DENAO. ART. 20, 3, CPC. RECURSO PROVIDO PAR-
dos durante a convivncia Partilha. So requisitos da unio CIALMENTE.
estvel a convivncia duradoura, pblica, contnua e com o I - No exige a lei especfica (Lei n. 9.728/96) a coabitao
objetivo de constituir famlia. Nos termos do 1 do art. 1.723 como requisito essencial para caracterizar a unio estvel. Na
do novo CC, somente se reconhecer a unio estvel de realidade, a convivncia sob o mesmo teto pode ser um dos
pessoas casadas no caso de se encontrarem separadas de fundamentos a demonstrar a relao comum, mas a sua au-
fato ou judicialmente. Se um dos companheiros ainda se sncia no afasta, de imediato, a existncia da unio estvel.
achava vinculado a casamento anterior, poca da convivn- II - Diante da alterao dos costumes, alm das profundas
cia, no h falar em unio estvel e, por consequncia, em mudanas pelas quais tem passado a sociedade, no raro
direito ao partilhamento dos bens adquiridos no perodo, hip- encontrar cnjuges ou companheiros residindo em locais
tese em que se torna necessria a prova da participao do diferentes. III - O que se mostra indispensvel que a unio
convivente postulante em sua aquisio (TJMG, 8 Cm. Cv., se revista de estabilidade, ou seja, que haja aparncia de
Ap. 1.0024.02732976-2/001-1, j. 23-6-2005). casamento, como no caso entendeu o acrdo impugnado. IV
OBS: Existe um projeto de lei que se intitula o estatuto das - Seria indispensvel nova anlise do acervo ftico-probatrio
famlias, onde tem por objetivo regulamentar a unio estvel, para concluir que o envolvimento entre os interessados se
inclusive para pessoas do mesmo sexo (PL 2285-07) tratava de mero passatempo, ou namoro, no havendo a
inteno de constituir famlia. V - Na linha da doutrina, "pro-
REGIME DE BENS: CONTRATO DE CONVIVNCIA cessadas em conjunto, julgam-se as duas aes [ao e
Na unio estvel, a disciplina patrimonial feita por meio reconveno], em regra, 'na mesma sentena' (art. 318), que
de contrato de convivncia (ver obra de Francisco Cahali necessariamente se desdobra em dois captulos, valendo
Ed. Saraiva), de maneira que ausente este pacto sero apli- cada um por deciso autnoma, em princpio, para fins de
cadas as regras da comunho parcial de bens, nos termos do recorribilidade e de formao da coisa julgada". VI - Nestes
art. 1725 CC. termos, constituindo-se em captulos diferentes, a apelao
Art. 1.725. Na unio estvel, salvo contrato escrito entre interposta apenas contra a parte da sentena que tratou da
os companheiros, aplica-se s relaes patrimoniais, no que ao, no devolve ao tribunal o exame da reconveno, sob
couber, o regime da comunho parcial de bens. pena de violao das regras tantum devolutum quantum apel-
Ainda no campo da unio estvel, perfeitamente admiss- latum e da proibio da reformatio in peius. VII - Consoante o
vel e bastante comum, o "contrato de convivncia", pacto 3 do art. 20, CPC, "os honorrios sero fixados (...) sobre o
firmado entre os companheiros, por meio do qual so discipli- valor da condenao". E a condenao, no caso, foi o usufru-
nados os efeitos patrimoniais da unio, como a penso ali- to sobre a quarta parte dos bens do de cujus. Assim, sobre
mentcia e o regime de bens. essa verba que deve incidir o percentual dos honorrios, e
Nesse caso, o vnculo concubinrio no negado. Muito no sobre o valor total dos bens. (REsp 474.962/SP, Rel.
pelo contrrio. voluntariamente reconhecido e amigavel- MIN. SLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TUR-
mente disciplinado. MA, julgado em 23.09.2003, DJ 01.03.2004 p. 186)
Mas vale lembrar, com FRANCISCO CAHALI, em exce- UNIO ESTVEL PUTATIVA
lente obra do Direito brasileiro, que: "O contrato de convivn- Tambm aplicao da teoria da aparncia, assim como se
cia no tem fora para criar a unio estvel, e, assim, tem sua d no casamento, na unio estvel putativa uma pessoa man-
eficcia condicionada caracterizao, pelas circunstncias tem relaes de companheirismo simultneas com outras
fticas, da entidade familiar em razo do comportamento das pessoas de boa-f.
partes. Vale dizer, a unio estvel apresenta-se como conditio Uma pessoa casada (e que ainda mantm sociedade con-
juris ao pacto, de tal sorte que, se aquela inexistir, a conven- jugal) mantiver relao concubinria com outra, que, de boa-
o no produz os efeitos nela projetados". f, ignora o status matrimonial do seu companheiro, poderia
UNIO ESTVEL X NAMORO invocar a proteo da legislao de famlia, invocando a teoria
Um ponto ainda deve ser salientado: no se deve confun- da aparncia (putatividade)? Em nosso sentir, teoricamente
dir a unio estvel entidade familiar constitucionalmente sim, muito embora no tenha sido este o entendimento espo-
reconhecida com o simples namoro. sado pelo STJ, que negou essa teoria neste acrdo:
O contrato de namoro um assunto srio. uma declara- Unio estvel. Reconhecimento de duas unies concomi-
o formal de natureza negocial, em livro de notas de tabe- tantes. Equiparao ao casamento putativo. Lei n 9.728/96.

Conhecimentos Especficos 174 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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1. Mantendo o autor da herana unio estvel com uma mu- SEPARAO JUDICIAL CONSENSUAL (ART. 1574)
lher, o posterior relacionamento com outra, sem que se haja Trata-se da denominada separao amigvel, que se d
desvinculado da primeira, com quem continuou a viver como por acordo de vontades dos cnjuges, e se forem casados h
se fossem marido e mulher, no h como configurar unio mais de um ano PRAZO DE REFLEXO - (no CPC, arts.
estvel concomitante, incabvel a equiparao ao casamento 1120 e ss.). Vale lembrar que, recentemente, a Lei n 11.112,
putativo. 2. Recurso especial conhecido e provido. (REsp de 13.05.05, determinou que, na petio conjunta, dever
789.293/RJ, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES constar o acordo relativo guarda dos filhos menores e ao
DIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado em 16.02.2006, DJ regime de visitas;
20.03.2006 p. 271) Art. 1574. Dar-se- a separao judicial por mtuo con-
UNIO ESTVEL E TERCEIROS ESTVEL sentimento dos cnjuges se forem casados por mais de um
Problemtica serssima. ano (PRAZO DE REFLEXO) e o manifestarem perante o
Na apostila de processo civil, bem salientado pelo profes- juiz, sendo por ele devidamente homologada a conveno.
sor Diddier, em relao a outorga de concubinria a contratos OBS: Orlando Gomes critica o mutuo consentimento, pois,
com clausula de fiana. para ele o consentimento em si j suficiente.
Como no h registro da existncia da unio estvel, e Pargrafo nico. O juiz pode recusar a homologao e
embora a publicidade da relao seja um requisito para a no decretar a separao judicial se apurar que a conveno
configurao desta entidade familiar, realmente torna-se difcil no preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de
ao terceiro proteger-se de eventuais prejuzos, no podendo um dos cnjuges.
ser aplicado esse regime processual especial aos companhei- SEPARAO LITIGIOSA (ART. 1572)
ros, por haver insegurana jurdica de enorme monta, outros- A separao litigiosa pode ser por causa objetiva e subje-
sim, se nos autos houver notcia da unio estvel, a postura tiva:
mais prudente do juiz ouvir o companheiro.
POR CAUSA OBJETIVA: Chamada de separao faln-
Por conta disso, em caso de colidncia entre o direito de cia. Os pargrafos primeiro e segundo do art. 1572 descreve
terceiro de boa f e um dos companheiros (ex: do emprstimo a ruptura da vida em comum "separao falncia" ou acome-
com garantia hipotecria) sugere a doutrina (Arnold Wald) que timento de doena mental grave "separao remdio". No se
se preserve o direito de terceiro de boa f, cabendo ao com- discute culpa. No a separao mais usual no Brasil.
panheiro prejudicado ao regressiva contra o outro. Pode
no ser a melhor soluo, mas sem duvida a mais razovel, 1 A separao judicial pode tambm ser pedida se um
vista da grande possibilidade de fraude. dos cnjuges provar ruptura da vida em comum h mais de
um ano e a impossibilidade de sua reconstituio. SEPARA-
Por conta disso, os contratos de financiamento pelos ban- O FALNCIA
cos j existem perguntas sobre a unio estvel, acautelando a
possibilidade de fraude. 2 O cnjuge pode ainda pedir a separao judicial
quando o outro estiver acometido de doena mental grave,
CASAMENTO CELEBRADO EM CENTRO ESPRITA manifestada aps o casamento, que torne impossvel a conti-
Possibilidade Legal de Atribuio de Efeitos Civis. Recusa nuao da vida em comum, desde que, aps uma durao de
da Autoridade Cartorria. dois anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura
Argumentos contrrios improvvel. SEPARAO REMDIO.
O espiritismo no seria religio. Ex: Embriagus patolgica.
No haveria autoridade celebrante. 3 No caso do 2, revertero ao cnjuge enfermo, que
No haveria liturgia (ritual religioso). no houver pedido a separao judicial, os remanescentes
Argumentos favorveis dos bens que levou para o casamento, e se o regime dos
bens adotado o permitir, a meao dos adquiridos na cons-
Existe liturgia prpria. tncia da sociedade conjugal.
A lei no define o que autoridade celebrante.
P: O que clausula de dureza? R: A sua origem do di-
O IBGE, em pesquisa realizada em 2002 observou que a reito francs. A doutrina entende (Carlos Roberto Gonalves)
religio esprita uma das religies do povo brasileiro. que o CC no repetiu a clausula de dureza prevista no art. 6
Dalmo Dallari defende o casamento esprita kardecista ar- da antiga lei do divorcio, segundo a qual o juiz poderia negar
gumentando principalmente que a lei no definiu o que a separao falncia ou remdio, caso constatasse o agra-
religio, nem autoridade celebrante. vamento das condies pessoais dos filhos menores ou do
Na jurisprudncia, a primeira deciso sobre o tema no cnjuge enfermo.
Mandado de Segurana n 34739.8/05, de Salvador, que, na
linha de raciocnio de Dalmo Dallari admitiu o casamento no POR CAUSA SUBJETIVA: Trata-se da pior forma de
centro esprita. separao.
SEPARAO Art. 1572. Qualquer dos cnjuges poder propor a ao de
Outrora denominada de desquite, quando decretada, de- separao judicial, imputando ao outro qualquer ato que im-
terminava o desfazimento da sociedade conjugal, e no do porte grave violao dos deveres do casamento e torne insu-
vinculo conjugal. portvel a vida em comum.
Nos termos do art. 1576 determinados deveres so dissol- Por causa subjetiva: caput do art. 1572, caso em que um
vidos: cnjuge imputa ao outro ato que importa em grave violao
Art. 1576. A separao judicial pe termo aos deveres de de qualquer dos deveres do casamento, tornando insuport-
coabitao e fidelidade recproca e ao regime de bens. vel a vida em comum;
Pargrafo nico. O procedimento judicial da separao O artigo 1573 exemplifica: Art. 1573. Podem caracterizar a
caber somente aos cnjuges, e, no caso de incapacidade, impossibilidade da comunho de vida a ocorrncia de algum
sero representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo dos seguintes motivos:
irmo. I - adultrio;
CLASSIFICAO II - tentativa de morte;
Pedro Sampaio diz que poder-se-ia limitar o pleito na rup- III - sevcia (maus tratos) ou injria grave;
tura da convivncia afetiva. Segundo a doutrina, a separao IV - abandono voluntrio do lar conjugal, durante um ano
judicial pode ser classificada da seguinte maneira: contnuo;

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V - condenao por crime infamante; Existe Projeto de Emenda Constitucional (do Deputado
VI - conduta desonrosa. Federal Srgio Carneiro) para acabar com a separao no
Pargrafo nico. O juiz poder considerar outros fatos que Brasil, mantendo, apenas, o divrcio.
tornem evidente a impossibilidade da vida em comum. Decorrido 1 ano da sentena de separao, pode-se re-
Critica. O sistema brasileiro deveria ser repensado, numa querer a converso em divorcio indireto. A sentena de sepa-
perspectiva constitucional, no seria o caso de abandonarmos rao s pode ser convertida que j houver passado em jul-
o critrio da culpa para admitirmos, em respeito funo gado. comum no Brasil, antes ou durante da sentena de
social da famlia, a separao por simples desamor? A res- separao, um dos cnjuges ingressam com separao de
posta afirmativa. Autores do quilate de Leonardo Alves, corpos ento, esse prazo de um ano pode ser contado a
Marcelo Truzi defendem esse posicionamento em respeito a partir desta decretao, lembrando ainda que a sentena tem
dignidade humana, bastando apenas a falta do amor (separa- que transitar em julgado.
o por desamor). Art. 1580. Decorrido um ano do trnsito em julgado da
O prprio STJ admite essa tese revolucionria sentena que houver decretado a separao judicial, ou da
deciso concessiva da medida cautelar de separao de
RESP 467184/SP; RECURSO ESPECIAL 2002/0106811- corpos, qualquer das partes poder requerer sua converso
7 em divrcio.
Relator: Ministro Ruy Rosado de Aguiar (1102) rgo Jul- 1 A converso em divrcio da separao judicial dos
gador: T4 QUARTA TURMA Data do Julgamento: cnjuges ser decretada por sentena, da qual no constar
05/12/2002 referncia causa que a determinou.
Ementa SEPARAO. Ao e reconveno. Improcedn- DIVRCIO DIRETO
cia de ambos os pedidos. Possibilidade da decretao da
separao. Evidenciada a insuportabilidade da vida em co- 2 O divrcio poder ser requerido, por um ou por am-
mum, e manifestado por ambos os cnjuges, pela ao e bos os cnjuges, no caso de comprovada separao de fato
reconveno, o propsito de se separarem, o mais convenien- por mais de dois anos.
te reconhecer esse fato e decretar a separao, sem impu- O nico fundamento da ao de divorcio direto a sepa-
tao da causa rao de fato a mais de 02 anos.
at possvel se discutir culpa em divorcio, para fixar efei-
to colateral da sentena, como alimentos.
Perda do direito ao sobrenome do outro O CC revolucionando no art. 1581 diz que o divorcio pode
Outra critica refere-se ao art. 1578: Art. 1578. O cnjuge ser concedido sem que haja previa partilha do casal, onde a
declarado culpado na ao de separao judicial perde o lei antiga do divorcio (art. 43) s se podia decretar o divorcio
direito de usar o sobrenome do outro, desde que expressa- se houvesse a partilha.
mente requerido pelo cnjuge inocente e se a alterao no Art. 1581. O divrcio pode ser concedido sem que haja
acarretar: prvia partilha de bens.
I - evidente prejuzo para a sua identificao; Smula n 197. O divrcio direto pode ser concedido sem
II - manifesta distino entre o seu nome de famlia e o que haja prvia partilha dos bens. (DJU 22.10.1997)
dos filhos havidos da unio dissolvida; Por conta disso, inmeros processos so impetrados com
III - dano grave reconhecido na deciso judicial. base neste dispositivo, onde a partilha de bens geralmente
no feita, sendo em alguns casos feita no inventrio de um
1 O cnjuge inocente na ao de separao judicial po- dos ex cnjuges.
der renunciar, a qualquer momento, ao direito de usar o
sobrenome do outro. LEGITIMIDADE
2 Nos demais casos caber a opo pela conservao Art. 1582. O pedido de divrcio somente competir aos
do nome de casado. cnjuges.
DIVRCIO Pargrafo nico. Se o cnjuge for incapaz para propor a
ao ou defender-se, poder faz-lo o curador, o ascendente
O divrcio s foi possvel no Brasil por conta da emenda ou o irmo.
n 09, Constituio de 1967 que baniu o princpio da indis-
solubilidade do matrimnio. CONSIDERAES LEI 11.441 DE 2007
No divrcio, no apenas a sociedade conjugal extinta Por bvio, por estarmos cuidando do Direito de Famlia,
(vnculo matrimonial), admitindo, por consequncia, novo cuidaremos de estudar especificamente a separao e o
casamento. divrcio administrativos.
Para que fosse possvel o divrcio (dissoluo do vnculo Trata-se de um grande avano em nosso sistema legislati-
matrimonial) no Brasil, fez-se necessria a edio da Emenda vo.
Constitucional n. 09 CF de 1967, pondo por terra o princpio Este diploma alterou o CPC nos seguintes termos: Art. 3
constitucional da indissolubilidade do casamento (sobre o da Lei n 5.869, de 1973 Cdigo de Processo Civil, passa a
tema, cf. "Divrcio e Separao", Yussef Said Cahali, RT). vigorar acrescida do seguinte art. 1.124-A:
Posteriormente, a matria veio a ser regulamentada pela "Art. 1124-A. A separao consensual e o divrcio con-
famosa Lei n. 6515 de 1977 (Lei do Divrcio). sensual, no havendo filhos menores ou incapazes do casal e
Atualmente o novo CC regula o divrcio nos artigos 1580 observados os requisitos legais quanto aos prazos, podero
a 1582. ser realizados por escritura pblica, da qual constaro as
disposies relativas descrio e partilha dos bens co-
ESPCIES DE DIVRCIO muns e penso alimentcia e, ainda, ao acordo quanto
Alm do divrcio indireto ou por converso, temos ainda o retomada pelo cnjuge de seu nome de solteiro ou manu-
divrcio direto, ambos com base constitucional (art. 226, 6, teno do nome adotado quando se deu o casamento.
CF), sendo que, nesta ltima modalidade, basta a comprova- 1 A escritura no depende de homologao judicial e
o da separao de fato h mais de dois anos, para o defe- constitui ttulo hbil para o registro civil e o registro de im-
rimento do pleito. veis.
DIVRCIO INDIRETO OU POR CONVERSO 2 O tabelio somente lavrar a escritura se os contra-
Pressupe a separao judicial decretada. tantes estiverem assistidos por advogado comum ou advoga-

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dos de cada um deles, cuja qualificao e assinatura consta- Considerando que o ato lavrado sem a presena do r-
ro do ato notarial. go do MP e do Juiz, quer-se, com tal medida, evitar possvel
3 A escritura e demais atos notariais sero gratuitos leso ao interesse dos menores.
queles que se declararem pobres sob as penas da lei." No entanto, com certa frequncia ocorrem situaes em
A primeira grande vantagem desta lei, que remeteu a se- que, na separao e no divrcio, os direitos dos filhos perma-
parao e o divrcio consensuais via administrativa, per- necem inalterados, por j haverem sido reconhecidos e certi-
mitir que qualquer desses atos possa ser feito em qualquer ficados em procedimento anterior (a exemplo da ao de
cartrio de notas do Brasil, averbando-se, por conseguinte, a alimentos ou de guarda, j definitivamente decidida ou julga-
posteriori, a respectiva escritura, nos cartrios de Registro da).
Civil, de Imveis, e, embora nada diga a lei, na Junta Comer- Ora, apresentando, o casal, ao tabelio, uma certido
cial, caso um dos separandos/divorciandos seja empresrio comprobatria de tal circunstncia, no haveria sentido em se
individual. impedir a lavratura do ato, na via administrativa. At porque a
O ato notarial, como visto, tambm dispensa a homologa- guarda e os alimentos j podem ter sido decididos ou acorda-
o judicial. dos!
Procurao. No h tentativa de reconciliao, de maneira Na mesma linha, como bem destacou Antnio Carlos Par-
que, agora, perfeitamente possvel sustentar-se que o di- reira (em texto publicado no
vrcio e a separao consensual possam ser feitos por procu- http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9391), prejuzo
rao (procurao pblica com poderes especiais). inexistir na simples converso da separao judicial em
Testemunha. Entendemos, categoricamente, que a exi- divrcio:
gncia de testemunha dispensvel, sendo bastante a decla- "Mas e se os direitos indisponveis dos filhos incapazes j
rao conjunta dos interessados, sob as penas da lei civil e estiverem judicialmente tutelados e as escrituras de separa-
criminal. O art. 53 da Resoluo 35 de 24 de abril de 2007, do o e divrcio ratificarem as decises judiciais, sem quaisquer
CNJ, registra que o tabelio "pode" colher a declarao de alteraes pelo casal? Qual o prejuzo para os filhos incapa-
testemunha. Entende que a declarao dos cnjuges no zes? Nenhum.
basta para a comprovao da separao de fato: Assim, se for caso de mera converso consensual de se-
Art. 53. A declarao dos cnjuges no basta para a com- parao judicial em divrcio, no qual ficaro mantidas as
provao do implemento do lapso de dois anos de separao clusulas da separao relativas guarda, direito de visita e
no divrcio direto. Deve o tabelio observar se o casamento penso alimentcia dos filhos menores e maiores incapazes,
foi realizado h mais de dois anos e a prova documental da obviamente que nenhum prejuzo poder ocorrer para os
separao, se houver, podendo colher declarao de teste- filhos.
munha, que consignar na prpria escritura pblica. Caso o Nessa hiptese se foram prejudicados, tal se deu no pro-
notrio se recuse a lavrar a escritura, dever formalizar a cesso judicial da separao e sob as barbas do Juiz de Direito
respectiva nota, desde que haja pedido das partes neste e do Promotor de Justia".
sentido. Unio Estvel. Uma pergunta, em concluso, merece ser
No concordamos, data vnia, no entanto, quando o feita: e como fica a unio estvel? Ora, posto a lei nada tenha
mesmo dispositivo no considera bastante a declarao dos dito a respeito, pensamos que nada impede a lavratura de
divorciandos. Por que no? A afetividade faliu! Alis, nos dissoluo de unio estvel, analogicamente, nos termos da
termos da prpria Resoluo, a testemunha facultati- nova lei. Mas reiteramos: a lei foi omissa.
va...ademais, muito mais relevante do que a simples anlise Alis, em defesa da nossa linha de pensamento, diramos
de documentos a palavra dos integrantes da relao afetiva at que o Tabelio est mais acostumado a atender compa-
que se exauriu. Vamos aguardar e ver como se posicionar a nheiros do que pessoas casadas, eis que j se habituou a
jurisprudncia do Brasil... lavrar contratos de convivncia e os (polmicos) contratos de
Partilha de bens. A referida lei tornou a partilha de bens namoro.
novamente obrigatria (como era na antiga Lei do Divrcio Processos novos e em curso. E, finalmente, como fica a
art. 43)? Entendemos que no. aplicao desta lei em face de processos novos e de proces-
A partilha dos bens, referida pela nova lei, em nosso sen- sos que j estejam em curso? Est se firmando o entendi-
tir, no deveria ser considerada obrigatria, pois, falida a mento no sentido de que, para os novos processos, faculta-
afetividade, no haveria sentido em se impedir a dissoluo tivo, para os interessados, ingressarem na via administrativa.
da sociedade conjugal ou do prprio matrimnio, por fora do Alis, no caso do divrcio ou da separao, pode at ser mais
patrimnio. conveniente a instaurao do processo, por conta do "segre-
Ademais, deixa claro o art. 1581 do CC, ainda em vigor, do de justia", inexistente nos atos notariais (por ser ato pbli-
que o divrcio poder ser decretado sem que haja prvia co).
partilha dos bens (na linha da antiga Smula 197 do STJ). Por outro lado, os processos em curso, considerando os
Nada impede, portanto, que as partes ingressem, depois, atos procedimentais j realizados e o impulso oficial que os
com pedido judicial de partilha amigvel, ou at mesmo, em animou, devem ser julgados, facultando-se, todavia, s par-
caso de resistncia de uma das partes, com ao de diviso. tes, recorrerem via administrativa. No pode, todavia, esta
Imposto. Antes de efetuar a partilha, outrossim, deve o no- soluo ser impositiva, em respeito ao prprio jurisdicionado,
trio redobrar a cautela quanto ao recolhimento do imposto que aguardou muitas vezes anos a prolao da sentena
devido (especialmente o ITCMD), alm da respectiva taxa e j recolheu as custas judiciais. No nos afigura justo, em
judiciria. Neste ponto, declarando o casal ser pobre, no nosso pensar.
poder o tabelio deixar de efetuar a separao ou divorcio, UNIO HOMOAFETIVA
entretanto, levar a conhecimento do Estado (certido) para Ver DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famlias.
que o mesmo cobre. Porto Alegre: 2005, Livraria do Advogado.
Filhos menores. Um outro importante aspecto gira em tor- OBS: No concurso colocar o termo homossexualidade
no dos filhos menores. Destacou o legislador, no caput do art. (trata-se de um aspecto psquico comportamental). O termo
1124-A, que a separao ou o divrcio, pela via administrati- homossexualismo uma antiga referencia patolgica, caben-
va, apenas ser possvel no havendo filhos menores ou do mencionar que a OMS retirou-o do SIDE (catalogo interna-
incapazes do casal. Em princpio, entendemos a regra. cional de doenas) desde 1979.

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- O transexualismo sim, doena neurolgica, cataloga- Recentemente, todavia, avanou no entendimento, embo-
da, com o cdigo SIDE F 64.0. ra no haja pacificado a tese de linha familiarista:
Correntes existentes no Brasil: Temos duas correntes no PENSO. RELACIONAMENTO HOMOAFETIVO.Trata-se
Brasil. de recurso interposto pelo INSS em que se discute se um
a) Trata-se de entidade familiar O art. 226 da CF uma companheiro homossexual temou no direito a receber pen-
norma geral de incluso, no sendo admissvel excluir-se uma so por morte como dependente de segurado falecido. A
relao estvel calcada na afetividade (PAULO LOBO, Maria sentena julgou improcedente o pedido, extinguindo o pro-
Berenice Dias, Rodrigo da Cunha Pereira). Deve-se reconhe- cesso. O MPF apelou da sentena, alegando que o 3do art.
cer direitos de famlia (alimentos) e sucessrios (herana). 226 da CF/1988 no exclui a unio estvel entre pessoas do
Segundo o professor esta corrente a que se harmoniza com mesmo sexo, devendo ser observado o princpio da igualda-
o sistema aberto da CF; de. Apelou, ainda, o autor, e o Tribunal a quo deu provimento
O prprio TSE consagrou este entendimento avanado: s apelaes. Note-se que a matria, na espcie, est afeta
Registro de candidato. Candidatura ao cargo de prefeito. ao direito previdencirio e no ao de famlia. Isso posto, a
Relao estvel homossexual com a prefeita reeleita do mu- Turma negou provimento ao recurso do INSS, confirmando a
nicpio. Inelegibilidade. (CF 14 7). Os sujeitos de uma rela- concesso do benefcio,uma vez que preenchidas as exign-
o estvel homossexual, semelhana do que ocorre com cias da Lei n. 8.213/1991, comprovadas a qualidade de segu-
os de relao estvel, de concubinato e de casamento, sub- rado do de cujus e a convivncia afetiva e duradoura (18
metem-se regra de inelegibilidade prevista no art. 14, 7, anos) entre o falecido e o autor. Outrossim,confirmou a legiti-
da Constituio Federal. Recurso a que se d provimento. midade do MP para intervir no processo em prol de tratamen-
(TSE Resp Eleitoral 24564 Viseu/PA Rel. Min. Gilmar to igualitrio quanto a direitos fundamentais, a teor do art. 127
Mendes j. 01/10/2004). da CF/1988. Destacou o Min. Relator que, no 3 do art. 16
da Lei 8.213/1991, pretendeu o legislador gizar o conceito de
b) Alvaro Vilaa: Trata-se de mera sociedade de fato, re- entidade familiar, a partir do modelo da unio estvel, com
gida pela Direito Obrigacional (S. 380, STF). A despeito de o vista ao direito previdencirio, sem excluso da relao ho-
primeiro entendimento, que ns perfilhamos, estar desenvol- moafetiva.
vendo-se no Brasil, com decises favorveis de vrios Tribu-
nais, especialmente Rio Grande do Sul, o STJ, aparentemen- Ressaltou, ainda, que o prprio INSS regulou a matria
te, e por ora, tem seguido a linha tradicional: por meio da Instruo Normativa n.25/2000, com vista con-
cesso de benefcio ao companheiro ou companheira homos-
RECURSO ESPECIAL. RELACIONAMENTO MANTIDO sexual, para atender determinao judicial em medida liminar
ENTRE HOMOSSEXUAIS. SOCIEDADE DE FATO. DISSO- em ao civil pblica com eficcia erga omnes, ao fundamen-
LUO DA SOCIEDADE. PARTILHA DE BENS. PROVA. to de garantir o direito de igualdade previsto na Constituio.
ESFORO COMUM. Entende a jurisprudncia desta Corte Posteriormente, o INSS tambm disps sobre a matria, edi-
que a unio entre pessoas do mesmo sexo configura socie- tando nova instruo normativa (INSS/DC n. 50 de 8/5/2001),
dade de fato, cuja partilha de bens exige a prova do esforo por fora da mesma ao civil pblica. REsp 395.904-RS, Rel.
comum na aquisio do patrimnio amealhado. Recurso es- Min. Hlio Quaglia Barbosa, julgado em 13/12/2005.
pecial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. (REsp
648.763/RS, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA J no STF, chama-nos a ateno a ADI 3300, em que se
TURMA, julgado em 07.12.2006, DJ 16.04.2007 p. 204) pode verificar o possvel entendimento do culto Min, CELSO
DE MELLO a respeito do tema, e que pode, talvez, traduzir o
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DISSOLUO entendimento futuro da Corte:
DE SOCIEDADE DE FATO. HOMOSSEXUAIS. HOMOLO-
GAO DE ACORDO. COMPETNCIA. VARA CVEL. ADI 3300 MC/DF*RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO
EXISTNCIA DE FILHO DE UMA DAS PARTES. GUARDA E EMENTA: UNIO CIVIL ENTRE PESSOAS DO MESMO
RESPONSABILIDADE. IRRELEVNCIA. 1. A primeira condi- SEXO. ALTA RELEVNCIA SOCIAL E JURDICO-
o que se impe existncia da unio estvel a dualidade CONSTITUCIONAL DA QUESTO PERTINENTE S UNI-
de sexos. A unio entre homossexuais juridicamente no ES HOMOAFETIVAS. PRETENDIDA QUALIFICAO DE
existe nem pelo casamento, nem pela unio estvel, mas TAIS UNIES COMO ENTIDADES FAMILIARES. DOUTRI-
pode configurar sociedade de fato, cuja dissoluo assume NA. ALEGADA INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1 DA
contornos econmicos, resultantes da diviso do patrimnio LEI N 9.278/96. NORMA LEGAL DERROGADA PELA SU-
comum, com incidncia do Direito das Obrigaes. 2. A exis- PERVENINCIA DO ART. 1.723 DO NOVO CDIGO CIVIL
tncia de filho de uma das integrantes da sociedade amiga- (2002), QUE NO FOI OBJETO DE IMPUGNAO NESTA
velmente dissolvida, no desloca o eixo do problema para o SEDE DE CONTROLE ABSTRATO. INVIABILIDADE, POR
mbito do Direito de Famlia, uma vez que a guarda e respon- TAL RAZO, DA AO DIRETA. IMPOSSIBILIDADE JUR-
sabilidade pelo menor permanece com a me, constante do DICA, DE OUTRO LADO, DE SE PROCEDER FISCALI-
registro, anotando o termo de acordo apenas que, na sua ZAO NORMATIVA ABSTRATA DE NORMAS CONSTITU-
falta, outra caber aquele munus, sem questionamento por CIONAIS ORIGINRIAS (CF, ART. 226, 3, NO CASO).
parte dos familiares. 3. Neste caso, porque no violados os DOUTRINA. JURISPRUDNCIA (STF). NECESSIDADE,
dispositivos invocados - arts. 1 e 9 da Lei 9.278 de 1996, a CONTUDO, DE SE DISCUTIR O TEMA DAS UNIES ES-
homologao est afeta vara cvel e no vara de famlia. TVEIS HOMOAFETIVAS, INCLUSIVE PARA EFEITO DE
4. Recurso especial no conhecido. (RESP 502.995/RN, Rel. SUA SUBSUNO AO CONCEITO DE ENTIDADE FAMILI-
Ministro FERNANDO GONALVES, QUARTA TURMA, julga- AR: MATRIA A SER VEICULADA EM SEDE DE ADPF DE-
do em 26.04.2005, DJ 16.05.2005 p. 353) CISO: A Associao da Parada do Orgulho dos Gays, Ls-
bicas, Bissexuais e Transgneros de So Paulo e a Associa-
COMPETNCIA. RELAO HOMOSSEXUAL. AO DE o de Incentivo Educao e Sade de So Paulo - que
DISSOLUO DE SOCIEDADE DE FATO, CUMULADA sustentam, de um lado, o carter fundamental do direito per-
COM DIVISO DE PATRIMNIO. INEXISTNCIA DE DIS- sonalssimo orientao sexual e que defendem, de outro, a
CUSSO ACERCA DE DIREITOS ORIUNDOS DO DIREITO qualificao jurdica, como entidade familiar, das unies ho-
DE FAMLIA. COMPETNCIA DA VARA CVEL. Tratando-se moafetivas - buscam a declarao de inconstitucionalidade do
de pedido de cunho exclusivamente patrimonial e, portanto, art. 1 da Lei n 9.278/96, que, ao regular o 3 do art. 226 da
relativo ao direito obrigacional to-somente, a competncia Constituio, reconheceu, unicamente, como entidade famili-
para process-lo e julg-lo de uma das Varas Cveis. Re- ar, "a unio estvel entre o homem e a mulher, configurada na
curso especial conhecido e provido. (RESP 323.370/RS, Rel. convivncia pblica, contnua e duradoura e estabelecida com
Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em o objetivo de constituio de famlia" (grifei). As entidades
14.12.2004, DJ 14.03.2005 p. 340)

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autoras da presente ao direta apiam a sua pretenso de processo de controle (...)." (RTJ 145/136, Rel. Min. MOREIRA
inconstitucionalidade na alegao de que a norma ora questi- ALVES - grifei)
onada (Lei n 9.278/96, art. 1), em clusula impregnada de Cabe indagar, neste ponto, embora esse pleito no tenha
contedo discriminatrio, excluiu, injustamente, do mbito de sido deduzido pelas entidades autoras, se se mostraria poss-
especial proteo que a Lei Fundamental dispensa s comu- vel, na espcie, o ajuizamento de ao direta de inconstituci-
nidades familiares, as unies entre pessoas do mesmo sexo onalidade proposta com o objetivo de questionar a validade
pautadas por relaes homoafetivas. jurdica do prprio 3 do art. 226 da Constituio da Rep-
Impe-se examinar, preliminarmente, se se revela cabvel, blica.
ou no, no caso, a instaurao do processo objetivo de fisca- A jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal firmou-se
lizao normativa abstrata. que ocorre, na espcie, circuns- no sentido de no admitir, em sede de fiscalizao normativa
tncia juridicamente relevante que no pode deixar de ser abstrata, o exame de constitucionalidade de uma norma cons-
considerada, desde logo, pelo Relator da causa. titucional originria, como o aquela inscrita no 3 do art.
Refiro-me ao fato de que a norma legal em questo, tal 226 da Constituio:
como positivada, resultou derrogada em face da supervenin- "- A tese de que h hierarquia entre normas constitucio-
cia do novo Cdigo Civil, cujo art. 1.723, ao disciplinar o tema nais originrias dando azo declarao de inconstitucionali-
da unio estvel, reproduziu, em seus aspectos essenciais, o dade de umas em face de outras incompossvel com o sis-
mesmo contedo normativo inscrito no ora impugnado art. 1 tema de Constituio rgida.
da Lei n 9.278/96. - Na atual Carta Magna, 'compete ao Supremo Tribunal
Uma simples anlise comparativa dos dispositivos ora Federal, precipuamente, a guarda da Constituio' (artigo
mencionados, considerada a identidade de seu contedo 102, 'caput'), o que implica dizer que essa jurisdio lhe
material, evidencia que o art. 1.723 do Cdigo Civil (Lei n atribuda para impedir que se desrespeite a Constituio co-
10.406/2002) efetivamente derrogou o art. 1 da Lei n mo um todo, e no para, com relao a ela, exercer o papel
9.278/96: de fiscal do Poder Constituinte originrio, a fim de verificar se
Cdigo Civil (2002) "Art. 1.723. reconhecida como enti- este teria, ou no, violado os princpios de direito suprapositi-
dade familiar a unio estvel entre o homem e a mulher, con- vo que ele prprio havia includo no texto da mesma Consti-
figurada na convivncia pblica, contnua e duradoura e esta- tuio.
belecida com o objetivo de constituio de famlia." - Por outro lado, as clusulas ptreas no podem ser invo-
Lei n 9.278/96 "Art. 1. reconhecida como entidade fa- cadas para sustentao da tese da inconstitucionalidade de
miliar a convivncia duradoura, pblica e contnua de um normas constitucionais inferiores em face de normas constitu-
homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constitui- cionais superiores, porquanto a Constituio as prev apenas
o de famlia." como limites ao Poder Constituinte derivado ao rever ou ao
Extremamente significativa, a tal respeito, a observao emendar a Constituio elaborada pelo Poder Constituinte
de CARLOS ROBERTO GONALVES ("Direito Civil Brasileiro originrio, e no como abarcando normas cuja observncia se
Direito de Famlia", vol. VI/536, item n. 3, 2005, Saraiva): imps ao prprio Poder Constituinte originrio com relao s
"Restaram revogadas as mencionadas Leis n. 8.971/94 e outras que no sejam consideradas como clusulas ptreas,
n. 9.278/96 em face da incluso da matria no mbito do e, portanto, possam ser emendadas. Ao no conhecida, por
Cdigo Civil de 2002, que fez significativa mudana, inserindo impossibilidade jurdica do pedido." (RTJ 163/872-873, Rel.
o ttulo referente unio estvel no Livro de Famlia e incor- Min. MOREIRA ALVES, Pleno - grifei)
porando, em cinco artigos (1.723 a 1.727), os princpios bsi- Vale assinalar, ainda, a propsito do tema, que esse en-
cos das aludidas leis, bem como introduzindo disposies tendimento impossibilidade jurdica de controle abstrato de
esparsas em outros captulos quanto a certos efeitos, como constitucionalidade de normas constitucionais originrias
nos casos de obrigao alimentar (art. 1.694)." (grifei) reflete-se, por igual, no magistrio da doutrina (GILMAR
A ocorrncia da derrogao do art. 1 da Lei n 9.278/96 FERREIRA MENDES, "Jurisdio Constitucional", p. 178,
tambm reconhecida por diversos autores (HELDER MARTI- item n. 2, 4 ed., 2004, Saraiva; ALEXANDRE DE MORAES,
NEZ DAL COL, "A Unio Estvel perante o Novo Cdigo "Constituio do Brasil Interpretada", p. 2.333/2.334, item n.
Civil", "in" RT 818/11-35, 33, item n. 8; RODRIGO DA CUNHA 1.8, 2 ed., 2003, Atlas; OLAVO ALVES FERREIRA, "Controle
PEREIRA, "Comentrios ao Novo Cdigo Civil", vol. XX/3-5, de Constitucionalidade e seus Efeitos", p. 42, item n. 1.3.2.1,
2004, Forense) torna invivel, na espcie, porque destitudo 2003, Editora Mtodo; GUILHERME PEA DE MORAES,
de objeto, o prprio controle abstrato concernente ao preceito "Direito Constitucional Teoria da Constituio", p. 192, item
normativo em questo. que a regra legal ora impugnada na n. 3.1, 2003, Lumen Juris; PAULO BONAVIDES, "Inconstitu-
presente ao direta j no mais vigorava quando da instau- cionalidade de Preceito Constitucional", "in" "Revista Trimes-
rao deste processo de fiscalizao concentrada de consti- tral de Direito Pblico", vol. 7/58-81, Malheiros; JORGE MI-
tucionalidade. RANDA, "Manual de Direito Constitucional", tomo I- I/287-288
e 290-291, item n. 72, 2 ed., 1988, Coimbra Editora).
O reconhecimento da inadmissibilidade do processo de
fiscalizao normativa abstrata, nos casos em que o ajuiza- No obstante as razes de ordem estritamente formal, que
mento da ao direta tenha sido precedido como sucede na tornam insuscetvel de conhecimento a presente ao direta,
espcie da prpria revogao do ato estatal que se preten- mas considerando a extrema importncia jurdico-social da
de impugnar, tem o beneplcito da jurisprudncia desta Corte matria cuja apreciao talvez pudesse viabilizar-se em
Suprema (RTJ 105/477, Rel. Min. NRI DA SILVEIRA RTJ sede de arguio de descumprimento de preceito fundamen-
111/546, Rel. Min. SOARES MUOZ ADI 784/SC, Rel. Min. tal -, cumpre registrar, quanto tese sustentada pelas entida-
MOREIRA ALVES): des autoras, que o magistrio da doutrina, apoiando-se em
valiosa hermenutica construtiva, utilizando-se da analogia e
"Constitucional. Representao de inconstitucionalidade. invocando princpios fundamentais (como os da dignidade da
No tem objeto, se, antes do ajuizamento da arguio, revo- pessoa humana, da liberdade, da autodeterminao, da
gada a norma inquinada de inconstitucional." (RTJ 107/928, igualdade, do pluralismo, da intimidade, da no-discriminao
Rel. Min. DECIO MIRANDA - grifei) e da busca da felicidade), tem revelado admirvel percepo
"(...) tambm no pode ser a presente ao conhecida do alto significado de que se revestem tanto o reconhecimen-
(...), tendo em vista que a jurisprudncia desta Corte j firmou to do direito personalssimo orientao sexual, de um lado,
o princpio (...) de que no admissvel a apreciao, em quanto a proclamao da legitimidade tico-jurdica da unio
juzo abstrato, da constitucionalidade ou da inconstitucionali- homoafetiva como entidade familiar, de outro, em ordem a
dade de norma jurdica revogada antes da instaurao do permitir que se extraiam, em favor de parceiros homossexu-

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ais, relevantes consequncias no plano do Direito e na esfera relaes afetivas. Essa a misso fundamental da jurispru-
das relaes sociais. dncia, que necessita desempenhar seu papel de agente
Essa viso do tema, que tem a virtude de superar, neste transformador dos estagnados conceitos da sociedade. (...)."
incio de terceiro milnio, incompreensveis resistncias soci- (grifei)
ais e institucionais fundadas em frmulas preconceituosas Vale rememorar, finalmente, ante o carter seminal de que
inadmissveis, vem sendo externada, como anteriormente se acham impregnados, notveis julgamentos, que, emana-
enfatizado, por eminentes autores, cuja anlise de to signifi- dos do E. Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul
cativas questes tem colocado em evidncia, com absoluta e do E. Tribunal Regional Federal da 4 Regio, acham-se
correo, a necessidade de se atribuir verdadeiro estatuto de consubstanciados em acrdos assim ementados:
cidadania s unies estveis homoafetivas (LUIZ EDSON "Relao homoertica Unio estvel Aplicao dos
FACHIN, "Direito de Famlia Elementos crticos luz do novo princpios constitucionais da dignidade humana e da igualda-
Cdigo Civil brasileiro", p. 119/127, item n. 4, 2003, Renovar; de Analogia Princpios gerais do direito Viso abrangen-
LUIZ SALEM VARELLA/IRENE INNWINKL SALEM VAREL- te das entidades familiares Regras de incluso (...) Inteli-
LA, "Homoerotismo no Direito Brasileiro e Universal Parce- gncia dos arts. 1.723, 1.725 e 1.658 do Cdigo Civil de 2002
ria Civil entre Pessoas do mesmo Sexo", 2000, Ag Juris Precedentes jurisprudenciais. Constitui unio estvel a
Editora, ROGER RAUPP RIOS, "A Homossexualidade no relao ftica entre duas mulheres, configurada na convivn-
Direito", p. 97/128, item n. 4, 2001, Livraria do Advogado cia pblica, contnua, duradoura e estabelecida com o objetivo
Editora ESMAFE/RS; ANA CARLA HARMATIUK MATOS, de constituir verdadeira famlia, observados os deveres de
"Unio entre Pessoas do mesmo Sexo: aspectos jurdicos e lealdade, respeito e mtua assistncia. Superados os precon-
sociais", p. 161/162, Del Rey, 2004; VIVIANE GIRARDI, "Fa- ceitos que afetam ditas realidades, aplicam-se, os princpios
mlias Contemporneas, Filiao e Afeto: a possibilidade constitucionais da dignidade da pessoa, da igualdade, alm
jurdica da Adoo por Homossexuais", Livraria do Advogado da analogia e dos princpios gerais do direito, alm da con-
Editora, 2005; TASA RIBEIRO FERNANDES, "Unies Ho- tempornea modelagem das entidades familiares em sistema
mossexuais: efeitos jurdicos", Editora Mtodo, So Paulo; aberto argamassado em regras de incluso. Assim, definida a
JOS CARLOS TEIXEIRA GIORGIS, "A Natureza Jurdica da natureza do convvio, opera-se a partilha dos bens segundo o
Relao Homoertica", "in" "Revista da AJURIS" n 88, tomo regime da comunho parcial. Apelaes desprovidas." (Ape-
I, p. 224/252, dez/2002, v.g.). lao Cvel 70005488812, Rel. Des. JOS CARLOS TEIXEI-
Cumpre referir, neste ponto, a notvel lio ministrada pe- RA GIORGIS, 7 Cmara Civil - grifei)
la eminente Desembargadora MARIA BERENICE DIAS ("Uni- "(...) 6. A excluso dos benefcios previdencirios, em ra-
o Homossexual: O Preconceito & a Justia", p. 71/83 e p. zo da orientao sexual, alm de discriminatria, retira da
85/99, 97, 3 ed., 2006, Livraria do Advogado Editora), cujas proteo estatal pessoas que, por imperativo constitucional,
reflexes sobre o tema merecem especial destaque: deveriam encontrar-se por ela abrangidas. 7. Ventilar-se a
"A Constituio outorgou especial proteo famlia, in- possibilidade de desrespeito ou prejuzo a algum, em funo
dependentemente da celebrao do casamento, bem como de sua orientao sexual, seria dispensar tratamento indigno
s famlias monoparentais. Mas a famlia no se define exclu- ao ser humano. No se pode, simplesmente, ignorar a condi-
sivamente em razo do vnculo entre um homem e uma mu- o pessoal do indivduo, legitimamente constitutiva de sua
lher ou da convivncia dos ascendentes com seus descen- identidade pessoal (na qual, sem sombra de dvida, se inclui
dentes. Tambm o convvio de pessoas do mesmo sexo ou a orientao sexual), como se tal aspecto no tivesse relao
de sexos diferentes, ligadas por laos afetivos, sem conota- com a dignidade humana. 8. As noes de casamento e amor
o sexual, cabe ser reconhecido como entidade familiar. A vm mudando ao longo da histria ocidental, assumindo con-
prole ou a capacidade procriativa no so essenciais para tornos e formas de manifestao e institucionalizao plurvo-
que a convivncia de duas pessoas merea a proteo legal, cos e multifacetados, que num movimento de transformao
descabendo deixar fora do conceito de famlia as relaes permanente colocam homens e mulheres em face de distintas
homoafetivas. Presentes os requisitos de vida em comum, possibilidades de materializao das trocas afetivas e sexu-
coabitao, mtua assistncia, de se concederem os mes- ais. 9. A aceitao das unies homossexuais um fenmeno
mos direitos e se imporem iguais obrigaes a todos os vncu- mundial em alguns pases de forma mais implcita com o
los de afeto que tenham idnticas caractersticas. alargamento da compreenso do conceito de famlia dentro
Enquanto a lei no acompanha a evoluo da sociedade, das regras j existentes; em outros de maneira explcita, com
a mudana de mentalidade, a evoluo do conceito de mora- a modificao do ordenamento jurdico feita de modo a abar-
lidade, ningum, muito menos os juzes, pode fechar os olhos car legalmente a unio afetiva entre pessoas do mesmo sexo.
a essas novas realidades. Posturas preconceituosas ou dis- 10. O Poder Judicirio no pode se fechar s transformaes
criminatrias geram grandes injustias. Descabe confundir sociais, que, pela sua prpria dinmica, muitas vezes se an-
questes jurdicas com questes de carter moral ou de con- tecipam s modificaes legislativas. 11. Uma vez reconheci-
tedo meramente religioso. Essa responsabilidade de ver o da, numa interpretao dos princpios norteadores da consti-
novo assumiu a Justia ao emprestar juridicidade s unies tuio ptria, a unio entre homossexuais como possvel de
extra-conjugais. Deve, agora, mostrar igual independncia e ser abarcada dentro do conceito de entidade familiar e afas-
coragem quanto s unies de pessoas do mesmo sexo. Am- tados quaisquer impedimentos de natureza atuarial, deve a
bas so relaes afetivas, vnculos em que h comprometi- relao da Previdncia para com os casais de mesmo sexo
mento amoroso. Assim, impositivo reconhecer a existncia de dar-se nos mesmos moldes das unies estveis entre hete-
um gnero de unio estvel que comporta mais de uma esp- rossexuais, devendo ser exigido dos primeiros o mesmo que
cie: unio estvel heteroafetiva e unio estvel homoafetiva. se exige dos segundos para fins de comprovao do vnculo
Ambas merecem ser reconhecidas como entidade familiar. afetivo e dependncia econmica presumida entre os casais
Havendo convivncia duradoura, pblica e contnua entre (...), quando do processamento dos pedidos de penso por
duas pessoas, estabelecida com o objetivo de constituio de morte e auxlio-recluso." (Revista do TRF/4 Regio, vol.
famlia, mister reconhecer a existncia de uma unio estvel. 57/309-348, 310, Rel. Des. Federal Joo Batista Pinto Silveira
Independente do sexo dos parceiros, fazem jus mesma - grifei)
proteo. Concluo a minha deciso. E, ao faz-lo, no posso deixar
Ao menos at que o legislador regulamente as unies ho- de considerar que a ocorrncia de insupervel razo de or-
moafetivas - como j fez a maioria dos pases do mundo civi- dem formal (esta ADIN impugna norma legal j revogada)
lizado -, incumbe ao Judicirio emprestar-lhes visibilidade e torna invivel a presente ao direta, o que me leva a declarar
assegurar-lhes os mesmos direitos que merecem as demais extinto este processo (RTJ 139/53 RTJ 168/174-175), ainda

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que se trate, como na espcie, de processo de fiscalizao Conceito. Trata-se do estatuto patrimonial do casamento,
normativa abstrata (RTJ 139/67), sem prejuzo, no entanto, da regido pelos princpios da liberdade de escolha, da variabili-
utilizao de meio processual adequado discusso, "in dade e da mutabilidade.
abstracto" considerado o que dispe o art. 1.723 do Cdigo Referencia legislativa. A partir do art. 1639 do CC.
Civil , da relevantssima tese pertinente ao reconhecimento, Art. 1639. lcito aos nubentes, antes de celebrado o ca-
como entidade familiar, das unies estveis homoafetivas. samento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprou-
Arquivem-se os presentes autos. Publique-se. Braslia, 03 de ver.
fevereiro de 2006. Ministro CELSO DE MELLO Relator
1 O regime de bens entre os cnjuges comea a vigorar
Por fim, lembrando MARIA BRAUNER (in Direitos Funda- desde a data do casamento.
mentais do Direito de Famlia, coordenado por Belmrio Welter
e Rolf Madaleno, Livraria do Advogado, 2004, pgs. 267-268): 2 admissvel alterao do regime de bens, mediante
"A aceitao recente da unio afetiva entre iguais no mbito autorizao judicial em pedido motivado de ambos os cnju-
do Direito de Famlia representa uma nova face do conceito ges, apurada a procedncia das razes invocadas e ressal-
de cidadania, transpondo a barreira do interdito, buscando a vados os direitos de terceiros.
afirmao da diferena a partir da manifestao da liberdade PRINCPIOS
de expresso e do direito ao livre desenvolvimento da perso- - Principio da variabilidade. No Brasil temos um sistema
nalidade". variado de regime de bens. No temos um regime nico.
COMENTRIOS AO ART. 1647 Temos a comunho parcial, a comunho universal, o regime
Para esposa a autorizao uxria. Para o marido a au- de separao de bens (legal e convencional), participao
torizao marital. final nos aquestos. Este ultimo criticado pela doutrina, por
ser complicado.
Nelson Nery Junior e Rosa Maria Nery afirmam que sepa-
rao absoluta a convencional. Note-se que, mesmo casa- OBS: No se tem mais o regime dotal.
dos no regime de participao final nos aquestos, a anuncia - Principio da liberdade de escolha. Em regra tem-se li-
do outro cnjuge faz-se necessria (ressalvado, claro, supri- berdade de escolha do regime de bens (1639).
mento judicial ou se os cnjuges houverem dispensado a - Principio da mutabilidade. Apesar de ser novo no CC,
necessidade de outorga, no pacto antenupcial art. 1.656, Orlando Gomes j o defendia em sua obra. O regime de bens
CC). pode ser modificado no curso do casamento.
Todavia, a indeterminao do termo "absoluta" poder, No entanto, o pedido de mudana deve ser conjunto (ju-
sem dvida, dar margem a mais de um entendimento, em risdio voluntria), no existindo a jurisdio contenciosa
doutrina. para tal.
Art. 1647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum O juzo competente a vara de famlia, por causa do sta-
dos cnjuges pode, sem autorizao do outro, exceto no tus do casamento.
regime da separao absoluta: Esta mudana no pode prejudicar terceiros, razo pela
I - alienar ou gravar de nus real os bens imveis; qual, tem que ser registrado a sentena que declara a mu-
OBS: Francisco Cahali afirma, juntamente com respeitvel dana do casamento junto ao cartrio de registro civil, de
parcela da doutrina que a sesso de direitos hereditrios imveis e se qualquer um dos dois for empresrio, na junta
tambm exige autorizao do cnjuge. comercial.
II - pleitear, como autor ou ru, acerca desses bens ou di- P: A Sentena que autoriza a mudana tem efeitos ex
reitos; nunc ou ex tunc? R: Respeitados os direitos de terceiros, a
Trata-se do litisconsrcio. sentena opera ex tunc, posto que aproveita o patrimnio
anterior e re-partilha (o patrimnio j existia) Segue esta
III - prestar fiana ou aval; linha: Luiz Felipe Brasil Santos, Sergio Pereira: "A sentena
IV - fazer doao, no sendo remuneratria, de bens que altera o regime de bens opera efeito ex tunc retroativos
comuns, ou dos que possam integrar futura meao. portanto. Hoje esta posio encontra-se pacificado no STJ
Pargrafo nico. So vlidas as doaes nupciais feitas (este j firmou entendimento no sentido da possibilidade de
aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia sepa- pessoas casadas antes do CC poderem alterar o regime de
rada. bens Resp 730.546MG).
Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, PACTO ANTENUPCIAL
suprir a outorga, quando um dos cnjuges a denegue sem um contrato, formal e solene levado ao registro pblico e
motivo justo, ou lhe seja impossvel conced-la. condicionado ao casamento.
Art. 1.649. A falta de autorizao, no suprida pelo juiz, O enunciado 331 da 4 Jornada, nos lembra a possibilida-
quando necessria (art. 1.647), tornar anulvel o ato pratica- de de se mesclar em regras de regime de bens diversos no
do, podendo o outro cnjuge pleitear-lhe a anulao, at dois pacto antenupcial.
anos depois de terminada a sociedade conjugal. N 331.
Pargrafo nico. A aprovao torna vlido o ato, desde Art. 1.639: O estatuto patrimonial do casal pode ser defini-
que feita por instrumento pblico, ou particular, autenticado. do por escolha de regime de bens distinto daqueles tipificados
Art. 1.650. A decretao de invalidade dos atos praticados no Cdigo Civil (art. 1.639 e pargrafo nico do art. 1.640), e,
sem outorga, sem consentimento, ou sem suprimento do juiz, para efeito de fiel observncia do disposto no art. 1.528 do
s poder ser demandada pelo cnjuge a quem cabia conce- Cdigo Civil, cumpre certificao a respeito, nos autos do
d-la, ou por seus herdeiros. processo de habilitao matrimonial.
Observao quanto a Sumula 332 do STJ, referente fi- REGIME LEGAL SUPLETIVO
ana prestada pelo cnjuge: "A fiana prestada sem autoriza- o regime da comunho parcial de bens.
o de um dos cnjuges implica a ineficcia total da garan-
tia"(13.03.2008). Quando a esposa ou marido no d a Art. 1640. No havendo conveno, ou sendo ela nula ou
anuncia ou outorgar uxria torna-se ineficaz a garantia. ineficaz, vigorar, quanto aos bens entre os cnjuges, o regi-
totalmente ineficaz. Ponto para os devedores. Desse modo, me da comunho parcial.
no tem aplicabilidade os artigos supra quanto ao suprimento. Pargrafo nico. Podero os nubentes, no processo de
REGIMES DE BENS habilitao, optar por qualquer dos regimes que este cdigo
regula. Quanto forma, reduzir-se- a termo a opo pela

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comunho parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritu- II - os bens adquiridos com valores exclusivamente per-
ra pblica, nas demais escolhas. tencentes a um dos cnjuges em sub-rogao dos bens parti-
REGIME LEGAL OBRIGATRIO culares;
Art. 1641. obrigatrio o regime da separao de bens no III - as obrigaes anteriores ao casamento;
casamento: IV - as obrigaes provenientes de atos ilcitos, salvo re-
I - das pessoas que o contrarem com inobservncia das verso em proveito do casal;
causas suspensivas da celebrao do casamento; V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de
II - da pessoa maior de sessenta anos; profisso;
Trata-se de um inciso inconstitucional. Rodrigo da Cunha VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cnjuge;
Pereira afirma que se trata de uma interdio. Quem pode OBS: O STJ tem precedente no sentido de que credito
afirmar que a idade causa de falta de capacidade? trabalhista deve ser includo na partilha.
Veja o enunciado da Jornada de Direito Civil: N 125.
Proposio sobre o art. 1.641, inc. II: CRDITOS TRABALHISTAS
- Redao atual: "da pessoa maior de sessenta anos". Por fim, vale mencionar que o STJ tem sustentado que,
- Proposta: revogar o dispositivo. em caso de separao do casal, crditos trabalhistas devem
ser includos na partilha dos bens (ver RESP. 421.801 RS).
- Justificativa: "A norma que torna obrigatrio o regime da A questo polmica, no Cdigo novo, que exclui da comu-
separao absoluta de bens em razo da idade dos nubentes nho parcial e da universal "proventos do trabalho pessoal de
no leva em considerao a alterao da expectativa de vida cada cnjuge" arts. 1659, VI e 1668, V c/c o 1659, VI). Sus-
com qualidade, que se tem alterado drasticamente nos lti- tentou o relator, Min. RUY ROSADO DE AGUIAR, no julgado
mos anos. Tambm mantm um preconceito quanto s pes- mencionado, que "para a maioria dos casais brasileiros, os
soas idosas que, somente pelo fato de ultrapassarem deter- bens se resumem renda mensal familiar. Se tais rendas
minado patamar etrio, passam a gozar da presuno absolu- forem tiradas da comunho, esse regime praticamente desa-
ta de incapacidade para alguns atos, como contrair matrim- parece". Ao nosso ver, trata-se de uma deciso contra legem
nio pelo regime de bens que melhor consultar seus interes- (feita uma interpretao social).
ses"
VII - as penses, meios-soldos, montepios e outras rendas
III - de todos os que dependerem, para casar, de supri- semelhantes.
mento judicial.
Art. 1660. Entram na comunho:
Tambm padece de macula da inconstitucionalidade. Pe-
los argumentos supra, acrescentado com a possibilidade de, I - os bens adquiridos na constncia do casamento por t-
atingindo a maioridade, teriam que ingressar com ao para tulo oneroso, ainda que s em nome de um dos cnjuges;
mudar o regime de bens querido. II - os bens adquiridos por fato eventual(ex: loteria), com
MUDANA DE REGIME DE BENS E DIREITO INTER- ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;
TEMPORAL III - os bens adquiridos por doao, herana ou legado,
CIVIL - REGIME MATRIMONIAL DE BENS - ALTERA- em favor de ambos os cnjuges;
O JUDICIAL - CASAMENTO OCORRIDO SOB A GIDE IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cnjuge;
DO CC/1916 (LEI N 3.071) - POSSIBILIDADE - ART. 2.039 V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de ca-
DO CC/2002 (LEI N 10.406) - CORRENTES DOUTRIN- da cnjuge, percebidos na constncia do casamento, ou pen-
RIAS - ART. 1.639, 2, C/C ART. 2.035 DO CC/2002 - dentes ao tempo de cessar a comunho.
NORMA GERAL DE APLICAO IMEDIATA. 1 - Apresenta- Art. 1661. So incomunicveis os bens cuja aquisio
se razovel, in casu, no considerar o art. 2.039 do CC/2002 tiver por ttulo uma causa anterior ao casamento.
como bice aplicao de norma geral, constante do art. P: Cumprindo promessa de compra e venda anteriormente
1.639, 2, do CC/2002, concernente alterao incidental ao casamento (pagamento integral). Onde o bem (no campo
de regime de bens nos casamentos ocorridos sob a gide do dominial) foi adquirido no curso do casamento. Integra? No.
CC/1916, desde que ressalvados os direitos de terceiros e Bens adquiridos por causa anterior ao casamento no entram
apuradas as razes invocadas pelos cnjuges para tal pedido, na comunho parcial. Quitando a promessa de compra e
no havendo que se falar em retroatividade legal, vedada nos venda antes do casamento no integra ao regime. Outrossim,
termos do art. 5, XXXVI, da CF/88, mas, ao revs, nos ter- as parcelas pagas no curso do pagamento, o outor cnjuge
mos do art. 2.035 do CC/2002, em aplicao de norma geral ter direito a metade do que foi pago.
com efeitos imediatos. 2 - Recurso conhecido e provido pela
alnea "a" para, admitindo-se a possibilidade de alterao do Art. 1662. No regime da comunho parcial, presumem-se
regime de bens adotado por ocasio de matrimnio realizado adquiridos na constncia do casamento os bens mveis,
sob o plio do CC/1916, determinar o retorno dos autos s quando no se provar que o foram em data anterior.
instncias ordinrias a fim de que procedam anlise do Art. 1663. A administrao do patrimnio comum compete
pedido, nos termos do art. 1.639, 2, do CC/2002. (REsp a qualquer dos cnjuges.
730.546/MG, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUARTA 1 As dvidas contradas no exerccio da administrao
TURMA, julgado em 23.08.2005, DJ 03.10.2005 p. 279) obrigam os bens comuns e particulares do cnjuge que os
REGIME DE BENS EM ESPCIE administra, e os do outro na razo do proveito que houver
REGIME DA COMUNHO PARCIAL DE BENS (art. 1658 auferido.
e ss) 2 A anuncia de ambos os cnjuges necessria para
Conceito. O regime da comunho parcial adota como cri- os atos, a ttulo gratuito, que impliquem cesso do uso ou
trio geral a comunicabilidade dos bens adquiridos onerosa- gozo dos bens comuns.
mente no curso do casamento por um ou ambos os cnjuges. 3 Em caso de malversao dos bens, o juiz poder atri-
Art. 1659. Excluem-se da comunho: buir a administrao a apenas um dos cnjuges.
I - os bens que cada cnjuge possuir ao casar, e os que Art. 1664. Os bens da comunho respondem pelas obri-
lhe sobrevierem, na constncia do casamento, por doao ou gaes contradas pelo marido ou pela mulher para atender
sucesso, e os sub-rogados em seu lugar; aos encargos da famlia, s despesas de administrao e s
decorrentes de imposio legal.

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Art. 1665. A administrao e a disposio dos bens consti- MARIA DE ANDRADE NERY, Novo Cdigo Civil e Legislao
tutivos do patrimnio particular competem ao cnjuge proprie- Extravagante Anotados, SP, RT, 2002).
trio, salvo conveno diversa em pacto antenupcial. Isso porque, na obrigatria, mais razovel exigir-se a ou-
Art. 1666. As dvidas, contradas por qualquer dos cnju- torga, considerando-se a necessidade de se beneficiar ou
ges na administrao de seus bens particulares e em benef- proteger o outro cnjuge, tal como se d por aplicao da S.
cio destes, no obrigam os bens comuns. 377, STF: Smula n 377. No regime de separao legal de
REGIME DA COMUNHO UNIVERSAL DE BENS (art. bens, comunicam-se os adquiridos na constncia do casa-
1667 e ss) mento. Aplica-se o principio da comunho parcial (no a
Conceito. Invocando a doutrina de Arnaldo Rizzardo, na prpria comunho parcial). A sumula 377 do STF aplica-se ao
comunho universal de bens ocorre uma fuso quase comple- regime de separao legal e no convencional.
ta do patrimnio pessoal e dos bens adquiridos no curso do REGIME DA PARTICIPAO FINAL DOS AQUESTOS
casamento, conforme as regras dos artigos 1667 e seguintes: O grande jurista Clovis do Couto e Silva queria que este
Art. 1667. O regime de comunho universal importa a co- regime fosse o regime legal supletivo em lugar da comunho
municao de todos os bens presentes e futuros dos cnju- parcial.
ges e suas dvidas passivas, com as excees do artigo se- Este regime foi criado na Costa Rica e adotado em pases
guinte. como Alemanha, Espanha, Frana e Argentina. E hoje dis-
Veja esta jurisprudncia: EMBARGOS DE TERCEIRO. ciplinado no Brasil a partir do art. 1672.
DIREITO MEAO DA ESPOSA. No tendo a Embargante Dentre os regimes de bens, a novidade foi o da participa-
se desincumbido do encargo probatrio de que desempe- o final nos aquestos, inexistente na legislao anterior.
nhasse atividade profissional ou tivesse economia prpria, e um regime hbrido ou misto, pois na vigncia da socie-
ante a ausncia de prova no sentido de que o produto da dade conjugal temos as regras da separao total de bens,
atividade empresarial, da qual o marido era scio, foi usufru- com livre administrao pelos cnjuges. Porm, com a disso-
do pela sociedade conjugal e em benefcio da famlia, os bens luo da sociedade conjugal ou pela morte, ou pelo divrcio,
comuns respondem pelo crdito trabalhista, a teor do disposto ou pela separao judicial, ou mesmo em caso de nulidade,
no artigo 1.667 do Cdigo Civil. (TRT 03 R.; AP 00384-2007- voltamos a ter o regime de comunho parcial de bens, pois as
091-03-00-0; Segunda Turma; Rel. Juiz Mrcio Flvio Salem partes passam a ter direito sobre a metade de todos os bens.
Vidigal; Julg. 23/10/2007; DJMG 31/10/2007) Neste novo regime, cada cnjuge possui patrimnio pr-
Art. 1668. So excludos da comunho: prio (como no regime da separao), cabendo, todavia,
I - os bens doados ou herdados com a clusula de inco- poca da dissoluo da sociedade conjugal, direito metade
municabilidade e os sub-rogados em seu lugar; dos bens adquiridos pelo casal, a ttulo oneroso, na constn-
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdei- cia do casamento (art. 1672). Embora se assemelhe com o
ro fideicomissrio, antes de realizada a condio suspensiva; regime da comunho parcial, no h identidade, uma vez que,
III - as dvidas anteriores ao casamento, salvo se provie- neste ltimo, entram tambm na comunho os bens adquiri-
rem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em pro- dos por apenas um dos cnjuges, e, da mesma forma, deter-
veito comum; minados valores, havidos por fato eventual (a exemplo do
dinheiro proveniente de loteria).
IV - as doaes antenupciais feitas por um dos cnjuges
ao outro com a clusula de incomunicabilidade; No regime de participao final, por sua vez, apenas os
bens adquiridos a ttulo oneroso, por ambos os cnjuges,
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. sero partilhados, quando da dissoluo da sociedade, per-
Art. 1669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no manecendo, no patrimnio pessoal de cada um, todos os
artigo antecedente no se estende aos frutos, quando se outros bens que cada cnjuge, separadamente, possua ao
percebam ou venam durante o casamento. casar, ou aqueles por ele adquiridos, a qualquer ttulo, no
Art. 1670. Aplica-se ao regime da comunho universal o curso do casamento.
disposto no Captulo antecedente, quanto administrao Trata-se de um regime de regramento bastante complexo
dos bens. que, provavelmente, no ir "pegar" no Brasil.
Art. 1671. Extinta a comunho, e efetuada a diviso do Pode haver fraude, onde um dos cnjuges pode "escon-
ativo e do passivo, cessar a responsabilidade de cada um der" bens do casal adquiridos a titulo oneroso. Difere da co-
dos cnjuges para com os credores do outro. munho parcial porque nesta, a aquisio de bens adquiridos
REGIME DA SEPARAO CONVENCIONAL DE BENS por um cnjuge ser dividido, ao passo que os aquestos tem
escolhida no pacto antenupcial. que ser por ambos. A ideia parecida com a sumula do 377,
Conceito. Na separao convencional haver patrimnio s que com regras especficas, complexas, que s um conta-
exclusivo administrao pessoal de cada cnjuge sem forma- dor poder apurar o montante.
o de patrimnio comum ou necessidade de outorga uxria. P: No regime de participao final h a necessidade de
Art. 1687. Estipulada a separao de bens, estes perma- outorga uxria?R:De acordo com o art. 1647, o nico regime
necero sob a administrao exclusiva de cada um dos cn- que no se aplica o de separao de bens. Em regra, toda-
juges, que os poder livremente alienar ou gravar de nus via, quem casado no regime de participao final tem de
real. colher a outorga nas hipteses do art. 1647, a exemplo da
venda de apartamento, ressalvado a previso do art. 1656:
Art. 1688. Ambos os cnjuges so obrigados a contribuir
"No pacto antenupcial, que adotar o regime de participao
para as despesas do casal na proporo dos rendimentos de
final nos aquestos, poder-se- convencionar a livre disposio
seu trabalho e de seus bens, salvo estipulao em contrrio
dos bens imveis, desde que particulares".
no pacto antenupcial.
P: cabe ao monitria no direito de famlia? R: Existe po-
OBS: Em caso de regime de separao obrigatria de
sio na doutrina admitindo possibilidade (revista IBDFAM 22
bens. A jurisprudncia brasileira, por meio da sumula 377
Fabiana e Teobaldo Spengler) de ao monitria no direito
mitigou a dureza do regime de separao obrigatria admitin-
de famlia. Ex: crdito prescrito de alimentos.
do-se a comunicabilidade dos bens aquestos (adquiridos na
Constancia do casamento). Art. 1672. No regime de participao final nos aquestos,
cada cnjuge possui patrimnio prprio, consoante disposto
Em nosso sentir, "separao absoluta" deve ser entendido
no artigo seguinte, e lhe cabe, poca da dissoluo da soci-
como separao convencional, ou seja, escolhida no pacto
antenupcial (nesse sentido, NELSON NERY JR. e ROSA

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edade conjugal, direito metade dos bens adquiridos pelo Historicamente, no direito brasileiro, a guarda sempre fora
casal, a ttulo oneroso, na constncia do casamento. deferida unilateralmente, prevalecendo o direito da me, em
Art. 1673. Integram o patrimnio prprio os bens que cada caso de culpa de ambos os cnjuges.
cnjuge possua ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer O critrio da culpa, no entanto, no o melhor em uma
ttulo, na constncia do casamento. perspectiva constitucional. Recentemente, entrou em vigor a
Pargrafo nico. A administrao desses bens exclusiva lei que regula a guarda compartilhada ou conjunta (Lei n.
de cada cnjuge, que os poder livremente alienar, se forem 11698 de 2008), modalidade especial em que pais e mes
mveis. dividem a responsabilidade de conduo da vida do filho,
Art. 1674. Sobrevindo a dissoluo da sociedade conjugal, conjuntamente, sem prevalncia de qualquer dos genitores.
apurar-se- o montante dos aquestos, excluindo-se da soma Claro est que se trata de uma salutar modalidade de
dos patrimnios prprios: guarda a ser adotada quando os pais mantm bom relacio-
I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar namento, e segundo sempre o interesse existencial da crian-
se sub-rogaram; a ou do adolescente.
II - os que sobrevieram a cada cnjuge por sucesso ou No havendo acordo, o juiz dever ter redobrada cautela,
liberalidade; pois a eventual imposio desta medida poder resultar em
grave prejuzo prole, por conta do mau relacionamento dos
III - as dvidas relativas a esses bens. pais.
Pargrafo nico. Salvo prova em contrrio, presumem-se Penso, alis, que a medida ser muito mais recomendvel
adquiridos durante o casamento os bens mveis. nas separaes e divrcios consensuais. A base constitucio-
Art. 1675. Ao determinar-se o montante dos aquestos, nal deste arranjo familiar o art. 226 5 da CF, que estabe-
computar-se- o valor das doaes feitas por um dos cnju- lece a igualdade entre os cnjuges.
ges, sem a necessria autorizao do outro; nesse caso, o Fundamentalmente temos quatro tipos de guarda:
bem poder ser reivindicado pelo cnjuge prejudicado ou por
seus herdeiros, ou declarado no monte partilhvel, por valor Unilateral: uma guarda exclusiva, seja do pai ou mo,
equivalente ao da poca da dissoluo. cabendo ao outro o direito de visitas. No existe primazia do
sexo feminino, por conta do principio da isonomia.
Art. 1676. Incorpora-se ao monte o valor dos bens aliena-
dos em detrimento da meao, se no houver preferncia do Bilateral ou guarda conjunta ou guarda compartilhada:
cnjuge lesado, ou de seus herdeiros, de os reivindicar. No existe exclusividade, a guarda exercida simultanea-
mente entre o pai e a me. Trata-se de uma co-
Art. 1677. Pelas dvidas posteriores ao casamento, contra- responsabilidade. Waldir Grisard Filho. No se trata de uma
das por um dos cnjuges, somente este responder, salvo guarda exclusiva. Este tipo de guarda muito utilizado nos
prova de terem revertido, parcial ou totalmente, em benefcio EUA. Tem-se aplicao do princpio da isonomia.
do outro.
Guarda alternada: uma variao da guarda unilateral.
Art. 1678. Se um dos cnjuges solveu uma dvida do outro Nesta, o pai ou a me alternam perodos de guarda exclusiva.
com bens do seu patrimnio, o valor do pagamento deve ser Muita gente confunde com a guarda compartilhada (nesta no
atualizado e imputado, na data da dissoluo, meao do h exclusividade). Ex: De janeiro a julho o filho fica com a
outro cnjuge. me e o pai com o direito de visitas, de agosto a dezembro
Art. 1679. No caso de bens adquiridos pelo trabalho con- alterna-se.
junto, ter cada um dos cnjuges uma quota igual no condo- Nidao: Neste ultima modalidade a criana fica no mes-
mnio ou no crdito por aquele modo estabelecido.
mo domicilio de maneira que os pais alternam perodo de
Art. 1680. As coisas mveis, em face de terceiros, presu- convivncia.
mem-se do domnio do cnjuge devedor, salvo se o bem for Novidade: Confira o novo diploma, que alterou as regras
de uso pessoal do outro. de guarda no Cdigo Civil, consagrando a nova modalidade
Art. 1681. Os bens imveis so de propriedade do cnjuge acima referida:
cujo nome constar no registro. LEI N 11.698, DE 13 JUNHO DE 2008.
Pargrafo nico. Impugnada a titularidade, caber ao cn- Altera os arts. 1.583 e 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de
juge proprietrio provar a aquisio regular dos bens. janeiro de 2002 Cdigo Civil, para instituir e disciplinar a
Art. 1682. O direito meao no renuncivel, cessvel guarda compartilhada.
ou penhorvel na vigncia do regime matrimonial. O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que o Con-
Art. 1683. Na dissoluo do regime de bens por separao gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
judicial ou por divrcio, verificar-se- o montante dos aques- Art. 1o Os arts. 1.583 e 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de
tos data em que cessou a convivncia. janeiro de 2002 Cdigo Civil, passam a vigorar com a se-
Art. 1684. Se no for possvel nem conveniente a diviso guinte redao:
de todos os bens em natureza, calcular-se- o valor de alguns "Art. 1.583. A guarda ser unilateral ou compartilhada.
ou de todos para reposio em dinheiro ao cnjuge no pro-
prietrio. 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuda a
um s dos genitores ou a algum que o substitua (art. 1.584,
Pargrafo nico. No se podendo realizar a reposio em 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilizao con-
dinheiro, sero avaliados e, mediante autorizao judicial, junta e o exerccio de direitos e deveres do pai e da me que
alienados tantos bens quantos bastarem. no vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar
Art. 1685. Na dissoluo da sociedade conjugal por morte, dos filhos comuns.
verificar-se- a meao do cnjuge sobrevivente de conformi- 2o A guarda unilateral ser atribuda ao genitor que re-
dade com os artigos antecedentes, deferindo-se a herana vele melhores condies para exerc-la e, objetivamente,
aos herdeiros na forma estabelecida neste Cdigo. mais aptido para propiciar aos filhos os seguintes fatores:
Art. 1686. As dvidas de um dos cnjuges, quando superi- I afeto nas relaes com o genitor e com o grupo famili-
ores sua meao, no obrigam ao outro, ou a seus herdei- ar;
ros.
II sade e segurana;
GUARDA DE FILHOS
III educao.
Conceito. A guarda, decorrncia do poder parental, traduz
um conjunto de direitos e obrigaes em face da criana ou 3o A guarda unilateral obriga o pai ou a me que no a
adolescente especialmente de natureza material e moral. detenha a supervisionar os interesses dos filhos.

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OBS: Com esse artigo, fica mais claro ainda que a res- CLASSIFICAO
ponsabilidade de ambos os pais, mesmo aquele que no a) civis ou cngruos trata-se da verba alimentar que visa
detenha a guarda, mitigando por via de consequncia a juris- a manter o alimentando em toda a sua dimenso existencial,
prudncia do STJ quando a responsabilidade de apenas um abrangendo no apenas os alimentos em si, mas educao,
dos cnjuges. lazer, sade etc.;
4o (VETADO)." (NR) b) naturais ou necessrios trata-se dos alimentos bsi-
"Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poder cos, circunscritos subsistncia do alimentando;
ser: c) provisrios so fixados liminarmente, no bojo do pro-
I requerida, por consenso, pelo pai e pela me, ou por cedimento especial da Lei de Alimentos;
qualquer deles, em ao autnoma de separao, de divrcio, d) provisionais (arts. 852 a 854, CPC) trata-se de medi-
de dissoluo de unio estvel ou em medida cautelar; da cautelar, com o escopo de fixar a penso alimentcia;
II decretada pelo juiz, em ateno a necessidades espe- e) definitivos so fixados na sentena da ao de ali-
cficas do filho, ou em razo da distribuio de tempo neces- mentos (e, dada a natureza da prestao, podem ser revistos,
srio ao convvio deste com o pai e com a me. caso haja mudana no binmio capacidade-necessidade.
1o Na audincia de conciliao, o juiz informar ao pai e ALIMENTOS ENTRE PARENTES
me o significado da guarda compartilhada, a sua importn- No houve, nesse particular, grandes mudanas no trata-
cia, a similitude de deveres e direitos atribudos aos genitores mento da disciplina:
e as sanes pelo descumprimento de suas clusulas. CON-
CURSO DE MAGISTRATURA OBRIGAO DO JUIZ. Art. 1696. O direito prestao de alimentos recproco
entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, re-
2o Quando no houver acordo entre a me e o pai quan- caindo a obrigao nos mais prximos em grau, uns em falta
to guarda do filho, ser aplicada, sempre que possvel, a de outros.
guarda compartilhada.
Art. 1697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigao aos
O Juiz no pode obrigar a guarda compartilhada quando descendentes, guardada a ordem de sucesso e, faltando
no for possvel. Ex: Pais que se odeiam, onde h risco pere- estes, aos irmos, assim germanos como unilaterais.
ne; luz da proporcionalidade e razoabilidade, o juiz no
pode obrigar a guarda compartilhada. Art. 1698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro
lugar, no estiver em condies de suportar totalmente o
O juiz pode obrigar, quando por exemplo, casais educados encargo, sero chamados a concorrer os de grau imediato;
de fino trato, onde no brigam, mas tambm no abrem mo sendo vrias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas
da guarda. Com ajuda de equipe psico-social supervisionando devem concorrer na proporo dos respectivos recursos, e,
o casal por certo perodo de tempo. intentada ao contra uma delas, podero as demais ser
3o Para estabelecer as atribuies do pai e da me e os chamadas a integrar a lide.
perodos de convivncia sob guarda compartilhada, o juiz, de Esta previso de litisconsrcio passivo servir especial-
ofcio ou a requerimento do Ministrio Pblico, poder basear- mente para atingir os avs. No interior tem sido muito comum
se em orientao tcnico-profissional ou de equipe interdisci- a demanda intentada contra eles, por serem titulares de uma
plinar. obrigao complementar.
4o A alterao no autorizada ou o descumprimento Alm do mais, tm proventos certos (INSS etc.) Mas lem-
imotivado de clusula de guarda, unilateral ou compartilhada, bre-se de que a obrigao dos avs , apenas, complementar
poder implicar a reduo de prerrogativas atribudas ao seu obrigao dos pais.
detentor, inclusive quanto ao nmero de horas de convivncia
com o filho. OBS: Os alimentos pagos pelos avos traduzem uma obri-
gao complementar dos pais.
5o Se o juiz verificar que o filho no deve permanecer
ALIMENTOS ENTRE CNJUGES
sob a guarda do pai ou da me, deferir a guarda pessoa
que revele compatibilidade com a natureza da medida, consi- Segundo CAHALI (em excelente texto publicado na obra
derados, de preferncia, o grau de parentesco e as relaes O Direito de Famlia e o Novo Cdigo Civil, Ed. Del Rey), o
de afinidade e afetividade." (NR) STF firmou a tese da irrenunciabilidade (S. 379), embora o
Art. 2o Esta Lei entra em vigor aps decorridos 60 (ses- STJ, nos ltimos anos, haja abrandado este entendimento.
senta) dias de sua publicao. O NCC, todavia, mantm o posicionamento do STF, em
Braslia, 13 de junho de 2008; 187o da Independncia e seu art. 1707:
120o da Repblica. Art. 1.707. Pode o credor no exercer, porm lhe vedado
LUIZ INCIO LULA DA SILVA renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crdito
insuscetvel de cesso, compensao ou penhora.
Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto
At quando persiste a obrigao de pagar alimentos no
Jos Antonio Dias Toffoli casamento (ou unio estvel)? R: Na mesma linha, firmando
Este texto no substitui o publicado no DOU de 16.6.2008 forte jurisprudncia, bom que se lembre que novo casamen-
CONSIDERAES IMPORTANTES SOBRE ALIMENTOS to ou unio estvel do credor, exonera o alimentante (TJRS
Conceito. Com base no princpio da solidariedade familiar, AC 598497600 e 70000881508), na forma do prprio CC,
os alimentos consistem nas prestaes que um parente, cn- inclusive no caso do concubinato (impuro):
juge ou convivente fornece ao outro, visando sua mantena Art. 1.708. Com o casamento, a unio estvel ou o concu-
de uma vida digna. binato do credor, cessa o dever de prestar alimentos.
No trataremos aqui, por no ser objeto do mdulo de fa- Para o STJ, no entanto, o namoro no extingue o direito
mlia, da penso indenizatria paga vtima (ou sucessores) aos alimentos:
do ato ilcito. DIREITO DE FAMLIA. CIVIL. ALIMENTOS. EX-
Alimentos tem base, ou no casamento, ou na unio est- CNJUGE. EXONERAO. NAMORO APS A SEPARA-
vel ou no parentesco. O CONSENSUAL. DEVER DE FIDELIDADE. PRECE-
CARACTERSTICAS DENTE. RECURSO PROVIDO. I - No autoriza exonerao
Irrenunciabilidade, intransmissibilidade, impenhorabilida- da obrigao de prestar alimentos ex-mulher o s fato desta
de, incompensabilidade (lembrar que a cobrana da presta- namorar terceiro aps a separao. II - A separao judicial
o em atraso submete-se a prazo prescricional de dois anos, pe termo ao dever de fidelidade recproca. As relaes se-
a teor do art. 206, pargrafo segundo do CC 02). xuais eventualmente mantidas com terceiros aps a dissolu-

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o da sociedade conjugal, desde que no se comprove des- gao de prestar alimentos. 3. Agravo regimental desprovido.
regramento de conduta, no tm o condo de ensejar a exo- (AgRg no Ag 598.588/RJ, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO
nerao da obrigao alimentar, dado que no esto os ex- MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado em
cnjuges impedidos de estabelecer novas relaes e buscar, 21.06.2005, DJ 03.10.2005 p. 242)
em novos parceiros, afinidades e sentimentos capazes de O PROBLEMA DA PRISO CIVIL NOS ALIMENTOS
possibilitar-lhes um futuro convvio afetivo e feliz. III - Em linha J tratamos da priso civil no mdulo de obrigaes, mas
de princpio, a exonerao de prestao alimentar, estipulada vale a pena rever esta importante smula:
quando da separao consensual, somente se mostra poss-
vel em uma das seguintes situaes: a) convolao de novas S. 309 - O dbito alimentar que autoriza a priso civil do
npcias ou estabelecimento de relao concubinria pelo ex- alimentante o que compreende as trs prestaes anterio-
cnjuge pensionado, no se caracterizando como tal o sim- res ao ajuizamento da execuo e as que vencerem no curso
ples envolvimento afetivo, mesmo abrangendo relaes sexu- do processo.
ais; b) adoo de comportamento indigno; c) alterao das E veja esta outra importante deciso, tambm do STJ, im-
condies econmicas dos ex-cnjuges em relao s exis- peditiva de aplicao da Lei de Execuo Penal no mbito da
tentes ao tempo da dissoluo da sociedade conjugal. (RESP priso civil, uma vez que possuem fundamentos diversos:
111.476/MG, Rel. MIN. SALVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, HABEAS CORPUS. PRISO CIVIL. OBRIGAO ALI-
QUARTA TURMA, julgado em 25.03.1999, DJ 10.05.1999 p. MENTCIA. CUMPRIMENTO DA PENA. ESTABELECIMEN-
177) TO PRISIONAL. REGIME SEMI-ABERTO. LEI DE EXECU-
Questo das mais tormentosas, por sua vez, a discus- ES PENAIS. INAPLICABILIDADE. PRISO DOMICILIAR.
so da culpa, no juzo de famlia, eis que, o NCC manteve a IDADE AVANADA E SADE PRECRIA. - Em regra, no
regra de que o reconhecimento deste elemento anmico acar- se aplicam as normas da Lei de Execues Penais priso
reta, como regra geral, a perda do direito aos alimentos: civil, vez que possuem fundamentos e natureza jurdica diver-
Art. 1.702. Na separao judicial litigiosa, sendo um dos sos. - Em homenagem s circunstncias do caso concreto,
cnjuges inocente e desprovido de recursos, prestar-lhe- o possvel a concesso de priso domiciliar ao devedor de
outro a penso alimentcia que o juiz fixar, obedecidos os penso alimentcia. (HC 35.171/RS, Rel. Ministro HUMBER-
critrios estabelecidos no art. 1.694. TO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em
03.08.2004, DJ 23.08.2004 p. 227)
Outrossim, nos termos no art. 1707, no se admite a re-
nuncia aos alimentos. PARENTESCO
ALIMENTOS NECESSRIOS Segundo Caio Mario, a relao de parentesco a mais
importante e constante relao humana.
P: O que se entende por alimentos necessrios?R: So
aqueles alimentos bsicos. No so a regra. A regra que os Com base no pensamento de MARIA HELENA DINIZ, po-
aliemntos civis so amplos (envolve comida, sade, lazer, deramos dizer que o parentesco a relao vinculatria no
etc). Os alimentos necessrios so aparecidos no CC: 1704. s entre pessoas que descendem umas das outras ou de um
mesmo tronco comum, mas tambm entre o cnjuge ou com-
A grande dificuldade est, pois, em se fixar o conceito de panheiro e os parentes do outro e entre adotante a adotado
culpa. Afastando-se, pois, da moderna tendncia de objetiva- (Curso de Direito Civil Brasileiro Direito de Famlia, Ed.
o das relaes jurdicas, o que justificaria a substituio do Saraiva). Na mesma linha, poder haver parentesco nas rela-
elemento culpa pelo elemento necessidade, o NCC culminou es nascidas da socioafetividade no campo da filiao.
por consagrar um dispositivo de certa forma complexo, e de
grande impacto social: O parentesco poder ser:
Art. 1.704. Se um dos cnjuges separados judicialmente a) natural ou consanguneo; a relao que vincula pes-
soas que descendem do mesmo tronco comum.
vier a necessitar de alimentos, ser o outro obrigado a prest-
los mediante penso a ser fixada pelo juiz, caso no tenha b) por afinidade e; aquele regulado no art. 1595 e que
sido declarado culpado na ao de separao judicial. vincula um cnjuge ou companheiro e os parentes do outro.
Pargrafo nico. Se o cnjuge declarado culpado vier a OBS: cnjuge e companheiros no so parentes entre si. Na
necessitar de alimentos, e no tiver parentes em condies linha reta vai at o infinito, na linha colateral vai at o cunha-
do.
de prest-los, nem aptido para o trabalho, o outro cnjuge
ser obrigado a assegurlos, fixando o juiz o valor indispen- OBS: "Concunhado" inveno brasileira, porque no
svel sobrevivncia. existe tecnicamente relao de parentesco entre parentes por
Trata-se de uma norma nitidamente assistencial, que me- afinidade.
lhor seria compreendida, se a exigncia da anlise da culpa c) civil. Ex: adoo; reproduo humana assistida como
fosse evitada. por exemplo inseminao artificial.
ALIMENTOS NA UNIO ESTVEL Entendemos, ademais, estar mantido o entendimento do
No houve, no Cdigo Civil, preocupao em disciplinar o STJ que no reconhece dever de alimentar entra parentes por
afinidade:
direito dos conviventes em dispositivo explicito, de maneira
que lhes so aplicveis os dispositivos retro mencionados, ALIMENTOS A OBRIGAO ALIMENTAR DECORRE DA
referentes ao casamento, mutatis mutandis. LEI, NO SE PODENDO AMPLIAR A PESSOAS POR ELA
Vale, no entanto, a jurisprudncia do STJ: NO CONTEMPLADOS. INEXISTE ESSE DEVER EM RE-
LAO A NORA 23.08.1993 p. 16575)
Agravo regimental. Recurso especial no admitido. Ali-
mentos. Unio estvel. 1. Esclareceu o Tribunal que a relao PODER FAMILIAR
estvel entre as partes, durante mais de 20 (vinte) anos e da Trata-se de um verdadeiro munus, consistente em um
qual resultaram trs filhos, restou fartamente comprovada, conjunto de poderes (direitos e deveres), exercitveis em prol
tendo o vnculo afetivo terminado em 1995. Para casos como do interesse existencial dos filhos. Este poder familiar no se
o presente, o entendimento da Corte consolidou-se quanto ao mantm em face de filhos maiores e capazes.
cabimento da penso alimentcia, mesmo que fosse rompida A esse respeito, leia-se interessante julgado do STJ:
a convivncia antes da Lei n 8.971/94. 2. A circunstncia de Habeas Corpus. Internao involuntria em clnica psi-
ser o recorrente casado no altera esse entendimento, pois, quitrica. Ato de particular. Ausncia de pro- vas e/ ou ind-
alm de estar separado de fato, as provas dos autos eviden- cios de perturbao mental. Constrangimento ilegal delinea-
ciam, de forma irrefutvel, a existncia de unio estvel, a do. Binmio poder-dever familiar. Dever de cuidado e prote-
dependncia econmica da agravada e a consequente obri- o. Limites. Extino do poder familiar. Filha maior e civil-

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mente capaz. Direitos de personalidade afetados. - incab- rando, ela jamais exerceu o ptrio poder. (REsp 275.568/RJ,
vel a internao forada de pessoa maior e capaz sem que Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA
haja justificativa proporcional e razovel para a constrio da TURMA, julgado em 18.05.2004, DJ 09.08.2004 p. 267)
paciente. - Ainda que se reconhea o legtimo dever de cui- Mas, nesse contexto, em se mantendo a posio do STJ,
dado e proteo dos pais em relao aos filhos, a internao fica a pergunta: a perda do poder familiar imposta ao pai que
compulsria de filha maior e capaz, em clnica para tratamen- ignora moral e espiritualmente a sua prole seria, para ele,
to psiquitrico, sem que haja efetivamente diagnstico nesse uma sano ou um favor?...
sentido, configura constrangimento ilegal. Ordem concedida. Vamos refletir sobre isso...
(HC 35.301/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 03.08.2004, DJ 13.09.2004 p. 231) Em concluso, vale registrar que o professor GUILHERME
DE OLIVEIRA, autoridade internacional em Direito de Famlia,
RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAES AFETI- analisando o tema, conclui: "Embora no haja jurisprudncia
VAS clara sobre o assunto, suponho, julgo que aceitvel defen-
Trata-se de tema bastante polmico, e que ganhou flego der que o abandono afetivo quer se traduza em descumpri-
com a disciplina dos direitos da personalidade, inaugurada mento dos deveres jurdicos, quer integrados no poder paren-
pelo CC de 2002. tal e que provoque danos no-patrimoniais na pessoa do filho
Sem pretender esgotar o raio da abrangncia da matria, pode dar lugar obrigao de indenizar. Como em qualquer
poderamos centrar o nosso esforo analtico na: outra ao de responsabilidade civil, preciso provar o des-
a) resp. civil no casamento e na unio estvel; cumprimento, a culpa, o dano e a causalidade" (Boletim iB-
b) resp. civil por abandono afetivo na filiao. DFAM 4 Setembro/Outubro de 2006).
Sobre a primeira situao, o STJ j se pronunciou a res- FILIAO
peito: Em primeira ordem deve ser partir do principio da igualda-
Separao judicial. Proteo da pessoa dos filhos (guarda de dos filhos. O princpio que deve nortear o nosso estudo o
e interesse). Danos morais (reparao). Cabimento. 1. O da igualdade dos filhos, contemplado no art. 227,6 da CF.
cnjuge responsvel pela separao pode ficar com a guarda No h, pois, mais espao para a distino entre famlia leg-
do filho menor, em se tratando de soluo que melhor atenda tima e ilegtima.
ao interesse da criana. H permisso legal para que se regu- Tremos dois tipos de reconhecimento: Voluntrio e Judici-
le por maneira diferente a situao do menor com os pais. Em al
casos tais, justifica-se e se recomenda que prevalea o inte- RECONHECIMENTO VOLUNTRIO
resse do menor. 2. O sistema jurdico brasileiro admite, na As formas de reconhecimento voluntrio aplicam-se aos fi-
separao e no divrcio, a indenizao por dano moral. Juri- lhos havidos fora do casamento, eis que os matrimoniais so
dicamente, portanto, tal pedido possvel: responde pela presumidamente "filhos do marido" (ver art. 1.597, CC).
indenizao o cnjuge responsvel exclusivo pela separao. O reconhecimento voluntrio, na forma do art. 1609, CC,
3. Caso em que, diante do comportamento injurioso do cnju- pode se dar:
ge varo, a Turma conheceu do especial e deu provimento ao
recurso, por ofensa ao art. 159 do Cd. Civil, para admitir a I - no registro do nascimento;
obrigao de se ressarcirem danos morais. (RESP II - por escritura pblica ou escrito particular, a ser arqui-
37.051/SP, Rel. Ministro NAVES, TERCEIRA TURMA, julgado vado em cartrio;
em 17.04.2001, DJ 25.06.2001 p. 167) III - por testamento, ainda que incidentalmente manifesta-
J o abandono afetivo na filiao, poder, em nosso sen- do;
tir, autorizar a aplicao dos princpios da responsabilidade IV - por manifestao direta e expressa perante o juiz,
civil, sem que isso signifique a "monetarizao" da relao de ainda que o reconhecimento no haja sido o objeto nico e
afeto. principal do ato que o contm.
Assim pensamos desde que se entenda que a indeniza- Pargrafo nico. O reconhecimento pode preceder o nas-
o imposta ao pai ou me que abandona o seu filho, em cimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele
franco desrespeito ao dever legal de educao (que pressu- deixar descendentes.
pe amor) consiste em uma resposta que o novo Direito Civil O reconhecimento voluntrio ato solene, espontneo, ir-
d, manifestando repulsa a este tipo de comportamento, vio- revogvel, incondicional e personalssimo (no sentido de que
lado do princpio constitucional da dignidade da pessoa hu- no pode algum - por exemplo, meu pai - reconhecer filho
mana. Trata-se, em nosso sentir, de especial aplicao da meu por mim, embora admita-se que o faa procurador com
teoria do desestmulo. A funo da indenizao teria condo poderes especiais art. 59 da LRP).
eminentemente pedaggico. Se o menor relativamente capaz, entendemos no ser
Infelizmente, no entanto, o STJ negou a aplicao da teo- necessria assistncia do seu representante para o ato de
ria (a matria dever ser submetida ao STF): reconhecimento, por se tratar de mero reconhecimento de
RESPONSABILIDADE CIVIL. ABANDONO MORAL. RE- fato (nascimento). Ademais, por se tratar de ato jurdico em
PARAO. DANOS MORAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A inde- sentido estrito (o reconhecimento), no interfere, para a sua
nizao por dano moral pressupe a prtica de ato ilcito, no ocorrncia, o aspecto da capacidade, por no se tratar de um
rendendo ensejo aplicabilidade da norma do art. 159 do negcio jurdico (Marcos Mello)
Cdigo Civil de 1916 o abandono afetivo, incapaz de repara- Se absolutamente incapaz, concordamos com MARIA
o pecuniria. 2. Recurso especial conhecido e provido. BERENICE DIAS no sentido de se instaurar procedimento
(REsp 757.411/MG, Rel. Ministro FERNANDO GONALVES, perante o juiz da Vara de Registros Pblicos, com a participa-
QUARTA TURMA, julgado em 29.11.2005, DJ 27.03.2006 p. o do MP (art. 109, LRP) (ver a sua excelente obra Manual
299) de Direito das Famlias, Livraria do Advogado, 2005, pg.
DIREITO CIVIL. PTRIO PODER. DESTITUIO POR 351).
ABANDONO AFETIVO. POSSIBILIDADE. ART. 395, INCISO Nascituro. Admite-se, outrossim, o reconhecimento do
II, DO CDIGO CIVIL C/C ART. 22 DO ECA. INTERESSES nascituro (antes, portanto, do nascimento com vida).
DO MENOR. PREVALNCIA. - Caracterizado o abandono OBS: possvel, ainda, como visto na leitura do artigo
efetivo, cancela-se o ptrio poder dos pais biolgicos. Inteli- acima, o reconhecimento de filhos falecidos, se eles deixaram
gncia do Art. 395, II do Cdigo Bevilacqua, em conjunto com descendentes (para evitar reconhecimento interesseiro).
o Art. 22 do Estatuto da Criana e do Adolescente. Se a me
abandonou o filho, na prpria maternidade, no mais o procu-

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OBS: Importante mencionar, ainda, que, se, no ato do re- Por vezes, a jurisprudncia, no acolhendo a teoria da fili-
gistro, a genitora indicar o nome do pai do seu filho, instaura- ao scio-afetiva, analisada abaixo, admite a ao de anula-
se, na forma da Lei n. 8.560/92, uma espcie de sindicncia o do registro, como podemos ver neste recente julgado:
ou procedimento oficioso, para a apurao do fato, podendo AO ANULATRIA. PATERNIDADE. VCIO. CONSEN-
resultar na propositura de ao investigatria, caso no tenha TIMENTO. O Tribunal a quo, com base no resultado de exa-
havido reconhecimento espontneo. me de DNA, concluiu que o ora recorrente no o pai biolgi-
FILHO MENOR RECONHECIDO co da recorrida. Assim, deve ser julgado procedente o pedido
Ponto importante a se destacar diz respeito ao consenti- formulado na ao negatria de paternidade, anulando-se o
mento do filho menor reconhecido. Seria este imperioso, co- registro de nascimento por vcio de consentimento, pois o ora
mo o na adoo de adolescentes maiores de 12 anos? recorrente foi induzido a erro ao proceder ao registro da cri-
Nada impede que o juiz oua o adolescente, embora o CC ana, acreditando tratar-se de sua filha biolgica. No se
no estabelea esta exigncia. A vontade, no entanto, no pode impor ao recorrente o dever de assistir uma criana
vinculativa. reconhecidamente destituda da condio de filha. REsp
FILHO MAIOR 878.954-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 7/5/2007.
Filhos maiores, por sua vez, devem consentir no reconhe- AO DE INVESTIGAO DE PATERNIDADE
cimento, a teor do art. 1.614 do CC: uma ao declaratria, imprescritvel, luz do princpio
Art. 1.614. O filho maior no pode ser reconhecido da verdade material. (art. 27 do ECA).
sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o Tm legitimidade ativa para a propositura desta ao: o
reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem mai- alegado filho (investigante) ou o MP. Inclusive o filho adotado,
oridade, ou emancipao. entendeu o STJ, poder manejar a investigatria, para pes-
O filho menor, por sua vez, poder ingressar, aps atingir quisar a denominada "verdade biolgica":
a maioridade ou a sua emancipao, com ao de impugna- AGRAVO REGIMENTAL. ADOTADO. INVESTIGAO
o de reconhecimento. Trata-se, em nosso sentir, do exerc- DE PATERNIDADE. POSSIBILIDADE. - A pessoa adotada
cio de um direito potestativo que, pela lei, submete-se a prazo no impedida de exercer ao de investigao de paterni-
decadencial de quatro anos. dade para conhecer sua verdade biolgica. - Inadmissvel
Entretanto, luz do princpio da veracidade da filiao, h recurso especial que no ataca os fundamentos do acrdo
entendimento no sentido do descabimento deste prazo, como recorrido. - No h ofensa ao Art. 535 do CPC se, embora
j se decidiu no STJ: rejeitando os embargos de declarao, o acrdo recorrido
examinou todas as questes pertinentes. (AgRg no Ag
DIREITO CIVIL. INVESTIGAO DE PATERNIDADE. 942.352/SP, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BAR-
PRESCRIO. ARTS. 178, 9, VI, E 362, DO CDIGO ROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 19.12.2007, DJ
CIVIL. ORIENTAO DA SEGUNDA SEO. imprescrit- 08.02.2008 p. 1)
vel o direito de o filho, mesmo j tendo atingido a maioridade,
investigar a paternidade e pleitear a alterao do registro, no A legitimidade passiva, por sua vez, do pai ou dos seus
se aplicando, no caso, o prazo de quatro anos, sendo, pois, herdeiros (se a investigatria post mortem), no sendo legi-
desinfluentes as regras dos artigos 178, 9, VI e 362 do timado o esplio.
Cdigo Civil ento vigente. Precedentes. Recurso especial Por outro lado, bom lembrar que, se discutida a pater-
provido. (RESP 601997/RS, Rel. Ministro CASTRO FILHO, nidade declarada no registro (ex.: CAIO ingressa com ao
TERCEIRA TURMA, julgado em 14.06.2004, DJ 01.07.2004 investigatria em face de TICIO, supostamente seu pai, em-
p. 194) bora o seu registro de nascimento houvesse sido feito por
Esse mesmo entendimento poder-se-ia aplicar ao Cdigo MEVIO), o "pai registrrio" deve integrar a lide como litiscon-
Civil de 2002, ressalvada a hiptese de j se haver consolida- sorte do investigado. Interessante notar ainda - uma vez que
do a filiao scio-afetiva, tema abordado abaixo, caso em a finalidade ltima da presente actio a busca da verdade
que a relao filial j no pode mais ser desconstituda, em real - que a lei permite a qualquer pessoa, provado legtimo
nosso sentir. interesse, contest-la:
RECONHECIMENTO JUDICIAL Art. 1.615. Qualquer pessoa, que justo interesse tenha,
pode contestar a ao de investigao de paternidade, ou
Noes Gerais. O reconhecimento judicial do vnculo de maternidade.
paternidade ou maternidade, d-se especialmente por meio
de ao investigatria. personalssimo o direito do filho, podendo os seus su-
cessores continuarem a demanda:
Outras aes, todavia, no menos importantes, e tambm
regidas pelo superior princpio da veracidade, so admitidas Art. 1.606. A ao de prova de filiao compete ao filho,
em nosso sistema, a exemplo das aes: enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor
ou incapaz.
- anulatria de registro (caso em que o sujeito alega ter
incorrido em erro ao registrar filho imaginando seu); Pargrafo nico. Se iniciada a ao pelo filho, os herdeiros
podero continu-la, salvo se julgado extinto o processo.
- declaratria de falsidade (em geral tambm reivindica-
tria de paternidade); P: Cabe a investigatria de relao avoenga? R: Nos ter-
mos do art. 1606, o direito de investigar paternidade perso-
- negatria de paternidade (caso em que o marido nega nalssimo, mas o STJ tem mitigado esta regra, para admitir
a paternidade do filho nascido da sua esposa), etc. que netos possam investigar a relao com o Av (STJ AR
OBS: Todas elas, alis, em geral, consideradas imprescri- 336 RS; Resp 604.154 RS).
tveis, luz do princpio da veracidade da filiao. Trata-se de No que tange instruo probatria, esta admite todos os
posies doutrinrias.
meios lcitos de prova, salientando-se, por bvio, a realizao
Na maioria das vezes, por meio dessas aes, discute-se do exame de DNA (este o mais importante). A seu respeito,
a filiao gentica, embora nada impea tambm a discusso veja este interessante julgado do STJ:
da filiao scio-afetiva, em nosso pensar. Mais comum entre Direito civil. Recurso especial. Ao de investigao de
todas essas aes a investigatria de paternidade (diz-se, paternidade. Exame pericial (teste de DNA) em confronto com
quanto maternidade, que esta sempre certa, o que no as demais provas produzidas. Converso do julgamento em
totalmente correto, pois poder haver, sim, interesse na pro- diligncia. - Diante do grau de preciso alcanado pelos m-
positura desta ao, a exemplo da hiptese de troca de bebs todos cientficos de investigao de paternidade com fulcro na
em hospital). anlise do DNA, o valorao da prova pericial com os demais

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meios de prova admitidos em direito deve observar os seguin- Processo civil. Recurso especial. Ao de investigao de
tes critrios: (a) se o exame de DNA contradiz as demais paternidade. Registro em nome de terceiro. Cumulao de
provas produzidas, no se deve afastar a concluso do laudo, pedidos contra rus diversos. Possibilidade. Aditamento da
mas converter o julgamento em diligncia, a fim de que novo inicial. - A ao de investigao de paternidade independe do
teste de DNA seja produzido, em laboratrio diverso, com o prvio ajuizamento da ao de anulao de registro, cujo
fito de assim minimizar a possibilidade de erro resultante seja pedido apenas consequncia lgica da procedncia da
da tcnica em si, seja da falibilidade humana na coleta e ma- demanda investigatria. Precedentes. - A pretenso concomi-
nuseio do material necessrio ao exame; (b) se o segundo tante de ver declarada a paternidade e ver anulado o registro
teste de DNA corroborar a concluso do primeiro, devem ser de nascimento no configura cumulao de pedidos, mas
afastadas as demais provas produzidas, a fim de se acolher a cumulao de aes. - possvel o aditamento da inicial para
direo indicada nos laudos periciais; e (c) se o segundo teste incluso do litisconsorte unitrio. Precedentes. - Em demanda
de DNA contradiz o primeiro laudo, deve o pedido ser apreci- objetivando a declarao de paternidade e anulao de regis-
ado em ateno s demais provas produzidas. Recurso espe- tro, o suposto pai biolgico e aquele que figura como pai na
cial provido. (RESP 397.013/MG, Rel. Ministra NANCY AN- certido de nascimento devem ocupar, em litisconsrcio unit-
DRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11.11.2003, DJ rio, o plo passivo. Recurso especial no conhecido. (RESP
09.12.2003 p. 279). 507.626/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
Quanto a este exame, embora exista entendimento no TURMA, julgado em 05.10.2004, DJ 06.12.2004 p. 287)
sentido de se admitir conduo coercitiva, mais forte a tese MUTABILIDADE DOS EFEITOS DA COISA JULGADA
de que a negativa do ru, calcada na proteo dos direitos da A ttulo de concluso, um importante ponto que deve ser
personalidade, culminar na presuno juris tantum da pater- destacado no sentido de que a doutrina e jurisprudncia
nidade que se quer provar. Nesse sentido, a S. 301 do STJ: ptrias tm admitido a MUTABILIDADE DOS EFEITOS DA
"Em ao investigatria, a recusa do suposto pai a subme- COISA JULGADA, na investigatria, especialmente quando a
ter-se ao exame de DNA induz presuno juris tantum de demanda julgada improcedente por falta de provas (ou
paternidade". mesmo quando houver procedncia, sem exame de DNA).
Em abono deste entendimento, vide, tambm os arts. 231 Tal entendimento, pois, viabiliza a rediscusso do deci-
e 232 do CC: sum, que no transitar materialmente em julgado em deter-
Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a exame m- minadas situaes (quando ausente a produo do exame de
dico necessrio no poder aproveitar-se de sua recusa. DNA).
Art. 232. A recusa percia mdica ordenada pelo juiz po- LEMBRE-SE: havendo recusa de DNA e provado ser pai,
der suprir a prova que se pretendia obter com o exame. no cabe ao pai pedir exame para tentar mitigar a prova
A causa de pedir na investigatria apenas a relao se- verine contra factum prprio.
xual, havendo o novo cdigo dispensado, corretamente, o rol Nesse sentido, j se posicionou o prprio STJ, admitindo
de fundamentos constantes no art. 363 do Estatuto Civil ante- ao rescisria para desconstituir julgado anterior:
rior. AO RESCISRIA - INVESTIGAO DE PATERNIDA-
FICADA INDCIO DA PATERNIDADE: Nesse ponto, in- DE - EXAME DE DNA APS O TRNSITO EM JULGADO -
teressante registrar que o STJ, em acrdo da lavra da Min. POSSIBILIDADE - FLEXIBILIZAO DO CONCEITO DE
NANCY ANDRIGHI firmou entendimento no sentido de que DOCUMENTO NOVO NESSES CASOS. SOLUO PR
"existncia de relacionamento casual, hbito hodierno que VERDADEIRO "STATUS PATER". - O laudo do exame de
parte do simples 'ficar', relao fugaz, de apenas um encon- DNA, mesmo posterior ao exerccio da ao de investigao
tro, mas que pode garantir a concepo" apto a firmar a de paternidade, considera-se "documento novo" para apare-
presuno de paternidade (REsp 557.365/RO, Rel. Ministra lhar ao rescisria (CPC, art. 485, VII). que tal exame
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em revela prova j existente, mas desconhecida at ento. A
07.04.2005, DJ 03.10.2005 p. 242). prova do parentesco existe no interior da clula. Sua obten-
O foro competente para a investigatria o do domiclio o que apenas se tornou possvel quando a evoluo cien-
do ru. tfica concebeu o exame intracitolgico. (RESP 300.084/GO,
Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, SEGUNDA
Entretanto, caso haja cumulao com pedido de alimen- SEO, julgado em 28.04.2004, DJ 06.09.2004 p. 161)
tos, desloca-se para o domiclio do autor (S. 1 do STJ). Se
houver cumulao com petio de herana, o foro competen- Na mesma linha, tendo havido trnsito em julgado da pri-
te, em nosso sentir o juzo do inventrio. meira sentena que concluiu pela improcedncia da investiga-
tria, sem a realizao do exame de DNA, o STJ tambm
Na sentena, ao julgar procedente o pedido, o juiz dever admitiu o ajuizamento de uma nova ao:
fixar os alimentos devidos ao autor, podendo faz-lo at de
ofcio, a teor do art. 7, Lei n. 8.560/92, segundo o entendi- PROCESSO CIVIL. INVESTIGAO DE PATERNIDADE.
mento que perfilhamos. REPETIO DE AO ANTERIORMENTE AJUIZADA, QUE
TEVE SEU PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE POR FAL-
A admissibilidade dos alimentos provisrios polmica, TA DE PROVAS. COISA JULGADA. MITIGAO. DOUTRI-
embora haja entendimento a respeito (TJRS, AI NA. PRECEDENTES. DIREITO DE FAMLIA. EVOLUO.
70009149071). RECURSO ACOLHIDO. I No excluda expressamente a
Finalmente, cumpre-nos lembrar que o termo inicial para paternidade do investigado na primitiva ao de investigao
cobrana dos alimentos a citao, a teor da S. 277 do STJ, de paternidade, diante da precariedade da prova e da ausn-
apesar de entendimentos contrrios como Maria Berenice que cia de indcios suficientes a caracterizar tanto a paternidade
diz que o correto da concepo (esta seria a melhor posi- como a sua negativa, e considerando que, quando do ajuiza-
o, pois a me tem gastos desde a concepo): mento da primeira ao, o exame pelo DNA ainda no era
"S. 277, STJ. Julgada procedente a investigao de pater- disponvel e nem havia notoriedade a seu respeito, admite-se
nidade, os alimentos so devidos a partir da citao". o ajuizamento de ao investigatria, ainda que tenha sido
(DJU 16.6.2003) aforada uma anterior com sentena julgando improcedente o
Ainda quanto aos efeitos da sentena, vale salientar que o pedido. II Nos termos da orientao da Turma, "sempre
STJ tem dispensado pedido autnomo de cancelamento do recomendvel a realizao de percia para investigao gen-
registro (falso), por considerar este como consequncia direta tica (HLA e DNA), porque permite ao julgador um juzo de
da procedncia da demanda investigatria: fortssima probabilidade, seno de certeza" na composio do
conflito. Ademais, o progresso da cincia jurdica, em matria

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de prova, est na substituio da verdade ficta pela verdade cincia). Seguindo essa premissa o juiz no seria apenas um
real. III A coisa julgada, em se tratando de aes de estado, homologador de DNA?.
como no caso de investigao de paternidade, deve ser inter- Mas ser que, ser pai ou me , simplesmente, gerar ou
pretada modus in rebus. Nas palavras de respeitvel e avan- conceber? Admite-se, pois, nessa linha de evoluo, nos dias
ada doutrina, quando estudiosos hoje se aprofundam no de hoje, a paternidade do corao, denominada scio-afetiva,
reestudo do instituto, na busca sobretudo da realizao do construda ao longo dos anos, e calcada em valores e senti-
processo justo, "a coisa julgada existe como criao necess- mentos (paternidade ou maternidade de criao).
ria segurana prtica das relaes jurdicas e as dificulda- Fala se fala em "desbiologizao do direito de famlia" (Pi-
des que se opem sua ruptura se explicam pela mesmssi- oneiro no assunto: JOO BATISTA VILELA- incio da dcada
ma razo. No se pode olvidar, todavia, que numa sociedade de 1980). Trata-se, pois, de uma das mais belas teses desen-
de homens livres, a Justia tem de estar acima da segurana, volvidas pelo Direito de Famlia nos ltimos anos, e que j
porque sem Justia no h liberdade". IV Este Tribunal tem comea a ganhar fora at mesmo no STJ:
buscado, em sua jurisprudncia, firmar posies que atendam
aos fins sociais do processo e s exigncias do bem comum. FILIAO. ANULAO OU REFORMA DE REGISTRO.
(RESP 226436/PR, Rel. Ministro SLVIO DE FIGUEIREDO FILHOS HAVIDOS ANTES DO CASAMENTO, REGISTRA-
TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 28.06.2001, DJ DOS PELO PAI COMO SE FOSSE DE SUA MULHER. SITU-
04.02.2002 p. 370) AO DE FATO CONSOLIDADA H MAIS DE QUARENTA
ANOS, COM O ASSENTIMENTO TCITO DO CNJUGE
E mais recentemente, leia-se o seguinte julgado: FALECIDO, QUE SEMPRE OS TRATOU COMO FILHOS, E
Direito processual civil. Recurso especial. Ao de investi- DOS IRMOS. FUNDAMENTO DE FATO CONSTANTE DO
gao de paternidade com pedido de alimentos. Coisa julga- ACRDO, SUFICIENTE, POR SI S, A JUSTIFICAR A
da. Inpcia da inicial. Ausncia de mandato e inexistncia de MANUTENO DO JULGADO. - Acrdo que, a par de repu-
atos. Cerceamento de defesa. Litigncia de m-f. Inverso tar existente no caso uma "adoo simulada", reporta-se
do nus da prova e julgamento contra a prova dos autos. situao de fato ocorrente na famlia e na sociedade, consoli-
Negativa de prestao jurisdicional. Multa prevista no art. 538, dada h mais de quarenta anos. Status de filhos. Fundamento
pargrafo nico, do CPC. - A propositura de nova ao de de fato, por si s suficiente, a justificar a manuteno do jul-
investigao de paternidade cumulada com pedido de alimen- gado. Recurso especial no conhecido. (RESP 119346/GO,
tos, no viola a coisa julgada se, por ocasio do ajuizamento Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julga-
da primeira investigatria cujo pedido foi julgado improce- do em 01.04.2003, DJ 23.06.2003 p. 371)
dente por insuficincia de provas , o exame pelo mtodo A paternidade scio-afetiva construda ao longo do tem-
DNA no era disponvel tampouco havia notoriedade a seu po com base em valores e com base no afeto.
respeito. - A no excluso expressa da paternidade do inves-
tigado na primitiva ao investigatria, ante a precariedade da E mais recentemente, em Santa Catarina:
prova e a insuficincia de indcios para a caracterizao tanto Sentena reconhece paternidade/maternidade scio-
da paternidade como da sua negativa, alm da indisponibili- afetiva fundada na posse de estado de filho Reconhecimento
dade, poca, de exame pericial com ndices de probabilida- de paternidade/maternidade scio afetiva, fundada na posse
de altamente confiveis, impem a viabilidade de nova incur- de estado de filho. Esta a sntese de interessante sentena
so das partes perante o Poder Judicirio para que seja tan- proferida na 2 Vara Cvel da comarca de Xanxer (SC).
gvel efetivamente o acesso Justia. - A falta de indicao O julgado - sujeito a recurso de apelao no TJ-SC - reco-
do valor da causa no ofende aos arts. 258 e 282, inc. V, do nheceu a C.M.N. a condio de filha de R.B. e C.B., que a
CPC, ante a ausncia de prejuzo s partes, sobressaindo o haviam "adotado", sem processo judicial de adoo, nem a
carter da instrumentalidade do processo. - Sanado o defeito lavratura de qualquer escritura pblica. O julgado, acompa-
com a devida regularizao processual, no h que se alegar nhando a tendncia da doutrina moderna, reconheceu que
ausncia de mandato e inexistncia dos atos praticados. - "hoje a filiao est fundamentada muito mais na condio
No h cerceamento de defesa quando, alm de preclusa a scio-afetiva do que em elementos de carter biolgico ou
questo alegada pela parte, impera o bice da impossibilida- jurdico".
de de se reexaminar fatos e provas em sede de recurso es- A sentena determina, ainda, a anulao da partilha havi-
pecial. - A ausncia de dolo exclui a possibilidade de declara- da quando do falecimento da me "adotante", em que deixou
o de litigncia de m-f. - Em ao investigatria, a recusa de se incluir a autora da ao como herdeira. O juiz reconhe-
do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz pre- ce, ainda, requerente, todos os direitos hereditrios, em
suno juris tantum de paternidade (Smula 301/STJ). - No igual condies com os filhos naturais do casal.
existe violao ao art. 535 do CPC quando o Tribunal de Na parte dispositiva, o juiz da causa reconhece "a existn-
origem apreciou todas as questes relevantes para o deslinde cia da maternidade/paternidade scio-afetiva alegada e, via
da controvrsia, apenas dando interpretao diversa da bus- de consequncia, declaro ser a autora filha afetiva de R.B. e
cada pela parte. - Invivel em sede de recurso especial a C.B., reconhecendo em seu favor, por igual, todos os direitos
anlise de alegada violao a dispositivos constitucionais. inerentes tal condio, vedada qualquer espcie de discri-
Recurso especial no conhecido. (REsp 826.698/MS, Rel. minao".
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
A sentena tambm declara "nula a partilha procedida nos
06.05.2008, DJ 23.05.2008 p. 1) Com isso, conclumos pela
autos da ao de inventrio (n 783/1996), dos bens deixados
possibilidade de, luz do princpio da dignidade da pessoa
pelo falecimento de C.B., que tramitou perante o juzo da 1
humana e da identidade, se poder rediscutir o julgado.
Vara desta comarca, devendo nova diviso de bens ser pro-
PATERNIDADE SCIO-AFETIVA cedida, contemplando-se a autora como herdeira, na qualida-
Em um primeiro momento, vivia-se, no Brasil, a fase da de de descendente, em igualdade de condies com os de-
paternidade legal ou jurdica, calcada simplesmente em uma mais contemplados, atribuindo-se-lhe quinho exatamente
presuno ( "filho" do marido aquele "concebido por sua igual".
esposa"). Essa parte dispositiva alcana o vivo (pai "adotante") e
Tal presuno ainda presente (art. 1597, CC), posto no cinco outros herdeiros, que tambm foram rus da ao.
goze mais do mesmo prestigio, no sendo absoluta, especi- O advogado Erlon Fernando Ceni de Oliveira (OAB-PR n
almente por conta do surgimento do exame de DNA. 21.549) atua em nome da autora da ao. J h recurso de
Num segundo momento, com o exame de DNA, passamos apelao dos rus interposto ao TJ de Santa Catarina. (Proc.
a viver a fase da paternidade cientfica ou biolgica (pai seria n 080.04.002217- 0). Data: 13.07.2006: Fonte:
aquele reconhecido como doador do material gentico pela www.espacovital.com.br

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OBS: J h quem defenda a investigao de paternidade Sobre a primeira situao, o STJ j se pronunciou a res-
scio-afetiva. A sentena ir declarar como se fosse pai, co- peito:
mo qualquer outro. Separao judicial. Proteo da pessoa dos filhos (guarda
Quando h o cometimento de crime, no se pode logica- e interesse). Danos morais (reparao). Cabimento. 1. O
mente reconhecer o vinculo daquele que usurpou a criana cnjuge responsvel pela separao pode ficar com a guarda
(ex: do caso Pedrinho). do filho menor, em se tratando de soluo que melhor atenda
PATERNIDADE ALIMENTAR ao interesse da criana. H permisso legal para que se regu-
Conceito. Trata-se de uma construo doutrinria relati- le por maneira diferente a situao do menor com os pais. Em
vamente nova que, sem menoscabar a scio-afetividade, visa casos tais, justifica-se e se recomenda que prevalea o inte-
a permitir a mantena da obrigao alimentar em face do pai resse do menor. 2. O sistema jurdico brasileiro admite, na
biolgico (genitor) caso o pai afetivo no disponha de condi- separao e no divrcio, a indenizao por dano moral. Juri-
es financeiras adequadas. dicamente, portanto, tal pedido possvel: responde pela
indenizao o cnjuge responsvel exclusivo pela separao.
Sobre o tema, escreve ROLF MADALENO: 3. Caso em que, diante do comportamento injurioso do cnju-
"Em tempos de verdade afetiva e de supremacia dos inte- ge varo, a Turma conheceu do especial e deu provimento ao
resses da prole, que no pode ser discriminada e que tam- recurso, por ofensa ao art. 159 do Cd. Civil, para admitir a
pouco admite romper o registro civil da sua filiao social j obrigao de se ressarcirem danos morais. (RESP
consolidada, no transparece nada contraditrio estabelecer 37.051/SP, Rel. Ministro NAVES, TERCEIRA TURMA, julgado
nos dias de hoje a PATERNIDADE MERAMENTE ALIMEN- em 17.04.2001, DJ 25.06.2001 p. 167)
TAR. Nela, o pai biolgico pode ser convocado a prestar sus- J o abandono afetivo na filiao, poder, em nosso sen-
tento integral ao seu filho de sangue, sem que a obrigao tir, autorizar a aplicao dos princpios da responsabilidade
material importe em qualquer possibilidade de retorno sua civil, sem que isso signifique a "monetarizao" da relao de
famlia natural, mas que apenas garanta o provincial efeito afeto.
material de assegurar ao filho rejeitado vida digna, como nas
geraes passadas, em que ele s podia pedir alimentos do Assim pensamos desde que se entenda que a indeniza-
seu pai que era casado e o rejeitara. A grande diferena e o o imposta ao pai ou me que abandona o seu filho, em
maior avano que hoje ele tem um pai de afeto, de quem franco desrespeito ao dever legal de educao (que pressu-
filho do corao, mas nem por isso libera o seu procriador da pe amor) consiste em uma resposta que o novo Direito Civil
responsabilidade de lhe dar o adequado sustento no lugar do d, manifestando repulsa a este tipo de comportamento, vio-
amor. a dignidade em suas duas verses" (Revista Brasilei- lador do princpio constitucional da dignidade da pessoa hu-
ra de Direito de Famlia n. 37, 2006, pg. 148) mana. Trata-se, em nosso sentir, de especial aplicao da
teoria do desestmulo. A funo da indenizao teria condo
OBS: Ver: PL 3220/2008 visa implementar no Brasil o eminentemente pedaggico.
chamado parto annimo direito a me, ao entregar o seu
filho para a adoo, permanecer desconhecida. Visitar o site: Abaixo, no tpico "textos complementares", no deixe de
www.ibdefam.com.br , este tema ser enfrentado e outro ler o excelente texto de GISELDA HIRONAKA a respeito do
curso. tema.
RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAES AFETIVAS Mas, nesse contexto, em se mantendo a posio do STJ,
ou de FAMILIA fica a pergunta: a perda do poder familiar imposta ao pai que
ignora moral e espiritualmente a sua prole seria, para ele,
Dano moral simplesmente leso a direito da personali- uma sano ou um favor?...
dade. No bojo familiar, perfeitamente aplicvel, por isso que
no se pode negar. Vamos refletir sobre isso...
Guilherme de Oliveira. Um dos mais respeitados no as- Adultrio, recusa a pratica de sexo, sexo anormal e infide-
sunto, inclusive na Europa. lidade so causas de dano moral.
Trata-se de uma questo das mais relevantes. O professor Abandono afetico na filiao. Em concluso, vale registrar
Rui Rosado, verificou que pases como Espanha, Frana, que o professor GUILHERME DE OLIVEIRA, autoridade in-
Portugal e Argentina reconhecem essa forma de responsabili- ternacional em Direito de Famlia, analisando o tema, conclui:
zao. Na Alemanha verifica-se certa resistncia. O fato "Embora no haja jurisprudncia clara sobre o assunto,
que na tendncia do direito comparado admitir. suponho, julgo que aceitvel defender que o abandono
No Brasil, se trata de uma matria nova, mesmo que inse- afetivo quer se traduza em descumprimento dos deveres
rida com o advento da CF que protege os direitos da persona- jurdicos, quer integrados no poder parental e que provoque
lidade (dignidade da pessoa humana), sendo que somente danos no-patrimoniais na pessoa do filho pode dar lugar
em 05 anos anteriores que comeou a sua discusso dou- obrigao de indenizar. Como em qualquer outra ao de
trinria. responsabilidade civil, preciso provar o descumprimento, a
culpa, o dano e a causalidade" (Boletim iBDFAM 4 Setem-
O prprio projeto de reforma do CC pretende consolidar os bro/Outubro de 2006)
princpios da responsabilidade civil.
Tereza Antonia Lopes diz que temos que ter o cuidado de
Considerando o alguns acrdos antigos reconheciam a no monetarializar o direito de famlia.
responsabilidade civil dentro das relaes conjugais. Resp.
37051 SP, onde admitiu-se dano moral no casamento. A responsabilidade civil tem a funo social, pedaggica,
para que se coadune ao pai ou me a ser responsabilizado
Hoje possvel pedir separao cumulada com pedido de pelo abandono afetivo. Qual pior, o dano material, onde
indenizao por dano moral. A base a principiologia consti- pode ser recuperado co trabalho ou o abandono afetivo?
tucional protetiva dos direitos da personalidade, bem como os preciso que se diga que o caso mais emblemtico que chegou
deveres legais impostos ao cnjuge ou companheiro. ao STJ por meio do Resp. 757.411 MG e STF RE 22.995 (em
Trata-se de tema bastante polmico, e que ganhou flego sede de admissibilidade por agravo) de prenome Alexandre
com a disciplina dos direitos da personalidade, inaugurada (precedente no Tribunal Superiores) estamos aguardando o
pelo CC de 2002. posicionamento do STF quanto a responsabilidade social do
Sem pretender esgotar o raio da abrangncia da matria, pai luz dos princpios civis-constitucionais em nosso orde-
poderamos centrar o nosso esforo analtico na: namento jurdico.
a) resp. civil no casamento e na unio estvel; Infelizmente, no entanto, o STJ negou a aplicao da teo-
b) resp. civil por abandono afetivo na filiao. ria (a matria dever ser submetida ao STF), amparado pela
fundamental consequncia da perda do poder familiar:

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RESPONSABILIDADE CIVIL. ABANDONO MORAL. RE- patrimonial da vtima, do interesse jurdico desta, sempre
PARAO. DANOS MORAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A inde- prevalente, mesmo face de circunstncias danosas oriundas
nizao por dano moral pressupe a prtica de ato ilcito, no de atos dos juridicamente inimputveis...
rendendo ensejo aplicabilidade da norma do art. 159 do E no me satisfiz com esta idealizao estrutural, j bem
Cdigo Civil de 1916 o abandono afetivo, incapaz de repara- formatada na minha mente.
o pecuniria. 2. Recurso especial conhecido e provido. Pensei ainda mais e conclu que a insatisfao vinha de
(REsp 757.411/MG, Rel. Ministro FERNANDO GONALVES, um fato muito simples: se amos nos reunir em Congresso de
QUARTA TURMA, julgado em 29.11.2005, DJ 27.03.2006 p. Direito de Famlia, certamente a pujana do tema deveria
299) como o sadio ramo de trigo que se enverga ao ritmo do vento,
DIREITO CIVIL. PTRIO PODER. DESTITUIO POR mas no se quebra inclinar-se para um outro lado e suscitar
ABANDONO AFETIVO. POSSIBILIDADE. ART. 395, INCISO outra ordem de inquietaes, alm daquelas (importantssi-
II, DO CDIGO CIVIL C/C ART. 22 DO ECA. INTERESSES mas igualmente, no resta dvida)
DO MENOR. PREVALNCIA. - Caracterizado o abandono que se condensa na preocupao com a vtima quer a
efetivo, cancela-se o ptrio poder dos pais biolgicos. Inteli- vtima de danos produzidos por filhos menores e indenizveis
gncia do Art. 395, II do Cdigo Bevilacqua, em conjunto com pelos seus pais, quer a vtima consolidada na pessoa do
o Art. 22 do Estatuto da Criana e do Adolescente. Se a me prprio filho, pela violao de seus direitos de personalidade,
abandonou o filho, na prpria maternidade, no mais o procu- principalmente na recuperao de sua normalidade patri-
rando, ela jamais exerceu o ptrio poder. (REsp 275.568/RJ, monial ou moral, como instrumento de superior categoria e
Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA valorao, endereado mantena da dignidade da pessoa
TURMA, julgado em 18.05.2004, DJ 09.08.2004 p. 267) humana.
Pagar alimento, como muitos os fazem no tem nada a Pensei ento que seria adorvel e certamente oportuno
ver com relao ao abandono afetivo. revirar os alicerces mais profundos do assunto para trazer
Responsabilidade Civil na Relao Paterno-Filial tona as inquietaes, as dvidas, as questes que nem sem-
Giselda Hironaka (www.ibdfam.com.br) pre so do interesse imediato do direito, mas que so, indubi-
1. Primeiras palavras O enfrentamento do presente tema tavelmente, a sua raiz mediata. Melhor de tudo, pensei, esta
que me foi especialmente deferido, neste conclave, pela co- busca, ainda que significativamente difcil para mim, revelaria
nhecidssima e eterna gentileza de nosso Presidente, o Dr. aquela nova maneira de se procurar desvendar e descrever o
Rodrigo da Cunha Pereira descortinou para mim, ao tempo fenmeno jurdico a partir de sua interface com os fenmenos
em que me dediquei a imaginar como construir esta exposi- no-jurdicos que o antecedem.
o, um panorama to variado e rico, que no tenho hoje Este , senhores, o rico caminho da interdisciplinaridade,
nenhuma dvida de que se trata de mais um daqueles assun- que admite a um agrupamento de pessoas como este nosso
tos que no se esgotam, que no auto-desenham os seus de hoje, sob as dobras da diversidade de pensamento, de
prprios limites, mas, ao contrrio, oferecem de modo cont- linhas e de construes cientficas, dobras essas que caracte-
nuo e incessante, ao pesquisador, ao estudioso e ao operador rizam e personificam o IBDFAM que nos sentemos uns ao
do direito, um fabuloso manancial de aspectos que podem ser lado dos demais, socilogos, antroplogos, psiclogos, filso-
sempre e sempre percorridos, sem o risco do esgotamento da fos e homens do direito. Sem castelos ou prises. Sem mol-
seiva profcua que o vivifica. des pr-estruturados e estratificados. Mas absolutamente
Pessoalmente, na minha atividade acadmica, tenho dedi- abertos contemplao da vida como ela , e atentos aos
cado muita ateno e grande esforo de pesquisa volta da contornos do caminho que leva realizao pessoal e plena
temtica da responsabilidade civil, mormente esta conhecida de cada um dos homens, enquanto membro do grupo familiar
como indireta, da qual se diz ora ser uma responsabilidade que o abriga e guarda.
subjetiva por culpa presumida ora se tende a dizer ser E a inquietao intrigante que se encontrava presa dentro
uma responsabilidade objetiva, por se lhe conferir cada vez de mim, emergiu e expandiu-se, desdobrando-se na mais
menos o nus probatrio da culpa. Estou a me referir res- singela das perguntas: Por que impe-se e repercute no
ponsabilidade dos pais pelos danos causados pelos seus Direito de Famlia a responsabilidade advinda da relao
filhos menores, conforme a regra da Lei Civil que ainda paterno-filial?
vige, o Cdigo de 1916, em seu art. 1521, especialmente. Em que bases extra-jurdicas estariam assentadas as ra-
Tem me sensibilizado, igualmente, nesta vertente da rela- zes, as justificativas e os fundamentos da imposio de tal
o paterno-filial em conjugao com a responsabilidade, este dever?
vis naturalmente jurdico, mas essencialmente justo, de se Poderia, acaso, a filosofia fornecer alguma base para a
buscar compensao indenizatria em face de danos que discusso da responsabilidade civil na relao paterno-filial?
pais possam causar a seus filhos, por fora de uma conduta Poderia, acaso, a psicologia adequadamente explicar qual o
imprpria, especialmente quando a eles negada a convi- liame existente entre pais e filhos, que seja capaz de gerar e
vncia, o amparo afetivo, moral e psquico, bem como a refe- de justificar a concretude desta responsabilizao, face de
rncia paterna ou materna concretas, acarretando a violao terceiros, mas e principalmente face deles prprios, um
de direitos prprios da personalidade humana, magoando em ralao ao outro?
seus mais sublimes valores e garantias, como a honra, o Sim, certamente sim, do mesmo modo como outros seg-
nome, a dignidade, a moral, a reputao social, o que, por si mentos de apreciao e formulao do conhecimento huma-
s, profundamente grave. no, como a antropologia, como a sociologia, e como todas as
Mas, dizia-lhes antes, o descortinamento do tema, con- demais persecues cientficas que tenham por objeto de
forme minha concepo, permitiu-me logo verificar que havia interesse imediato o homem e sua circunstncia relacional
um estreitamento na temtica que me fora presenteada, de humana.
sorte que a preocupao com a responsabilidade deveria E assim, sob este desenho pr-jurdico, sob esse matiz
cingir-se civil e, sob este vis, deveria decorrer dos laos fundante, sob esta inquietao acerca da raiz, decidi mudar o
familiares que matizam a relao paterno-filial. curso de minha apreciao, a qual lhes trago hoje, deixando-a
Ora, assim visualizado o tema, imps-se, prontamente, sob suas mais que competentes consideraes e crticas.
para mim, esta ideia de que deveria trat-lo sob as tintas da 2. O arco filosfico da circunstncia relacional humana,
responsabilidade civil propriamente dita, costurando os con- entre pais e filhos. Levando o conceito de responsabilidade
ceitos to conhecidos, para mim e para tantos dos senhores civil para suas bases mais longnquas, que o confundem com
da urgncia da reparao do dano, da re-harmonizao o termo genrico da responsabilidade, e o dever clssico da

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prestao do devido, a filosofia, por exemplo, tem sim, muito mente em poder do pai. Em outras palavras: em Aristteles,
que dizer. assim como em toda a tradio grega, um consenso entre
Basicamente, ela tem muito que dizer sobre essa respon- os autores a ideia de que so os pais que tm autoridade
sabilidade na relao entre pais ou s o pai, ou s a me sobre seus filhos, e que o marido que tem autoridade sobre
e filhos, sempre que a ideia de famlia estiver presente ou for sua esposa (ou suas esposas).
o centro das suas questes. Por que essa autoridade masculina, paterna e marital?
H, a propsito, uma longa histria do conceito de famlia Porque ela , como toda autoridade, uma autoridade natural,
na prpria histria da filosofia, alm da histria das institui- segundo a viso filosfica de Aristteles.
es civis. E essa uma histria que vem desde os gregos Ora, segundo a concepo clssica, ento, ser por uma
portanto, desde o incio da filosofia ocidental e que se con- necessidade natural humana que os filhos devam obedecer
funde muitas vezes com a prpria filosofia poltica, com o aos pais e a mulher deva obedincia ao marido. Se a famlia
prprio pensamento em torno do direito e das sociedades. antiga, assim, patriarcal, porque a natureza inteira o .
J de uma forma muito sofisticada, o tema da famlia apa- Essa concepo clssica, que obviamente se encontra em
rece nessa ligao com a poltica justamente no pensamento completo descompasso com a contemporaneidade, a con-
poltico de Aristteles, quando, em sua Poltica, apresenta cepo que, como se sabe, mais dominou as teorias ou dou-
uma explicao da plis (cidade) como sendo uma associa- trinas em torno da famlia, por toda a histria da humanidade.
o de vrias associaes menores, das quais a originria a De fato, Aristteles est mais presente do que distante em
famlia. certos aspectos: ainda que nunca mais se tivesse desenvolvi-
A cidade, antes de ser uma reunio de poderes, de insti- do a ideia de que a cidade uma reunio de famlias, por
tuies, de leis, uma associao de famlias. Essa concep- praticamente toda a histria da humanidade se manteve a
o aristotlica da cidade como uma reunio de famlias, ideia de que a famlia a mais originria das associaes
clebre na histria da filosofia poltica, no prosseguiu, toda- naturais, e que sua composio envolve uma autoridade natu-
via, com grande repercusso desde a Idade Mdia. ral dos pais sobre os filhos e do marido sobre a mulher.
A partir do longo perodo medieval, a concepo da vida Por isso mesmo, pressinto que a anlise do tema, a partir
poltica se ver derivada, em especial, das prprias institui- de Aristteles seja relevante, na medida em que deixa claro o
es e da presena efetiva de certos poderes ou autoridades, que sempre estar em questo, na composio da famlia: a
perdendo-se de certa forma a ideia grega de que a cidade famlia uma associao na qual algum tem poder sobre
uma grande famlia. Mais do que isso, quer no perodo medi- outrem, restando saber, primeiro, a quem e por que se deve
eval, quer nos perodos subsequentes (em especial naquele esse poder e, segundo, se a famlia no pode ser uma asso-
em que se desenvolve o jus-naturalismo moderno), ser pos- ciao baseada em outra coisa que no a dominao ou a
svel encontrar longas consideraes jurdicas a respeito do dependncia.
que a famlia ou deva ser. Sempre que se tratar das relaes de famlia e da respon-
Mas h algo na concepo aristotlica que fundamental, sabilidade envolvida nas relaes de famlia, fundamental
que talvez no convenha esquecer, mesmo quando se desvi- ser que se trate, tambm, da base dessa relao.
ar a ateno para as concepes mais modernas. Trata-se do A inquietao tipicamente ps-moderna assenta-se em
seguinte, resumindo este aspecto: Por que a cidade uma buscar a resposta pergunta: no seio da famlia da contem-
associao mxima que resulta da reunio de outras associa- poraneidade desenvolve-se ainda, e tipicamente, uma relao
es que resultam, por sua vez, da reunio de associaes de poder ou possvel afirmar, por exemplo, que a nfase
menores que so, enfim, as famlias? Porque, justamente, a relacional se encontra deslocada para a afetividade?
famlia uma associao natural humana (como a cidade, de O tema da responsabilidade nas relaes de famlia en-
certa forma, ser de maneira mais complexa), onde as rela- volve necessariamente essa viso clssica da autoridade,
es dentro dessa associao so naturalmente determina- para bem ou para mal.
das. O que permitiria, assim, conceber no s a famlia, no O olhar histrico de contemplao pretrita sobre o assun-
s a cidade, mas qualquer associao, a sua condio de to admite afirmar que marcante essa significao da famlia
elo de ligaes naturais. do passado mais como uma relao de poder do que como
H, bem sabe e lembra Aristteles, vrios tipos diferentes uma relao de afeto. Por consequncia, a famlia aparece
de associaes, e consequentemente vrios tipos diferentes tradicionalmente como uma associao cujos benefcios se
de cidades, de famlias e de comunidades de toda ordem. A dirigem mais para os pais (e mais ainda para o pai ou o mari-
consequncia que, se for o caso de tentar uma classificao do) do que para os filhos (ou para a mulher).
dos tipos de cidade ou dos tipos de famlia, isso s ser pos- A tradio patriarcal, de ndole francamente autoritria, na
svel se for definido um critrio para a tipologia. concepo das relaes de famlia, pretendeu muitas vezes, e
Esse critrio buscado por Aristteles para a classificao na inteno de justificar-se como instituio civil, faz-lo por
das cidades; e encontrado no como critrio nico, mas vieses imaginados racionais ou cientficos.
como critrio duplo: primeiro, uma cidade pode ser governada E mesmo que uma tal justificao fosse ideolgica e im-
por um s, por poucos ou por muitos; segundo, o governo possvel, o principal argumento utilizado para a defesa da
pode ser puro ou corrompido. Consequncia: h seis tipos de autoridade do patriarca foi, desde os gregos, a existncia de
cidades trs tipos puros (monarquia, o governo de um s; uma hierarquia ou de uma dependncia natural. Essa ideia
aristocracia, o governo de poucos; politia, o governo de que est na base das concepes antigas e clssicas de
muitos) e trs tipos impuros, corrompidos, que so corres- famlia e que se faz notar principalmente na imposio da
pondentes s trs formas puras (respectivamente: tirania, autoridade nas relaes familiares curiosamente aparecer
oligarquia e democracia). tambm como ndice, no plo oposto dessa relao, vale
E para a famlia? Diferentemente do que ocorre com a ci- dizer, aparecer como o fator de consagrao da responsabi-
dade, para o caso da famlia no h critrio que permita sua lidade dos pais diante dos filhos, assim como do marido dian-
classificao em vrios modelos puros; existem, certamente, te da mulher.
vrios tipos de famlia, no sentido de que h famlias com O que a tradio mostra, enfim, que a concepo da au-
diferenciados nmeros de componentes, que se beneficiam toridade baseada numa ideia de natureza, mas ao mesmo
ou no de servos, propriedades, etc. Mas, diferente do que tempo essa ideia de natureza traz uma concepo de respon-
ocorre com a cidade (onde o poder pode estar na mo de um sabilidade muito equivalente.
s, ou no), no caso da famlia o comando familiar est sem-
pre nas mos dos pais, e para certas funes est exclusiva- A primeira explicao para a ideia de que a associao
mais primitiva a famlia, pode ser vista, ainda em Aristteles,

Conhecimentos Especficos 193 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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por meio de sua afirmao de que a famlia o resultado da com muito mais razo ser apontada uma dependncia e
associao daqueles seres que "no podem, por natureza, subordinao dos filhos em relao aos pais.
ficar separados um do outro". Refere-se, o filsofo grego, ao Se a prpria subordinao da mulher era vista como ne-
homem e mulher. cessria, mesmo sendo a mulher um indivduo adulto e expe-
Ou seja: Aristteles at concebe que as famlias tenham riente, o que dizer ento, e sempre, de pessoas que tinham
ou no posses, que tenham ou no filhos, mas no concebe pouca experincia ou no tinham experincia nenhuma?
uma famlia sem a ideia de casamento, e muito menos con- Pessoas que no tinham condies de se manterem sozi-
cebe as famlias homoafetivas. A concepo corrente da nhos?
famlia brasileira at muito pouco tempo era vulgarmente Dir-se- no apenas que dependiam muito mais dos adul-
aristotlica, ainda que a prtica da famlia brasileira fosse tos na relao familiar, mas, consequentemente, que deviam,
muitas vezes o inverso da sua imagem... na mesma proporo, muito mais obedincia.
E porque o novo Cdigo Civil no incluiu as unies homo- Se a famlia, nessa concepo clssica e reiteradamente
afetivas entre as entidades familiares, talvez seja o caso de patriarcal, foi tida como uma relao de poder praticamente
dizer que, em termos oficiais, ainda estamos na viso aristot- desptico, cujo pater era o detentor exclusivo ou principal de
lica de famlia, onde essa associao originria s legtima todo o poder de deciso quanto liberdade e o destino dos
se obedecer ao que a sociedade patriarcal considera normali- integrantes da famlia, ento os filhos estiveram, certamente,
dade sexual e moral. numa posio muito prxima escravido: sua dependncia
Mas enfim, a ideia original a de que a famlia uma as- fsica, material e moral foi eternamente a causa do seu dever
sociao que decorre da natureza humana, na medida em incessante de obedincia.
que decorre de uma necessidade de vida em comum, que Se assim , o que dizer, ento, de uma concepo de fa-
Aristteles, e novamente a tradio posterior a ele, atribuir mlia que a v como uma associao daqueles que no po-
relao entre homem e mulher. dem deixar de estar unidos (Aristteles), ao mesmo tempo em
E que relao essa? Uma relao fsica, apenas, ou que o homem , naturalmente, o cabea de sua famlia (cultu-
uma relao de dependncia? Aristteles coloca que uma ra grega, teologia judaico-crist, direito romano...)?
relao de dependncia, especialmente da mulher em relao Nessa associao, o elo de ligao e o ndice dos deveres
ao homem: esta, sozinha, no apenas no capaz de procri- no se indicam pelo amor, no se matizam pela recproca
ar, como no seria capaz de subsistir, e muito menos coman- generosidade, no se caracterizam pela mtua proteo, mas
dar uma cidade ou um exrcito. E no seria capaz por qu? sim se realizam por meio da dominao. E se trata de domi-
Porque, por sua constituio natural, ela seria mais fraca que nao porque, na concepo patriarcal clssica, jamais have-
o homem, incapaz, enquanto s ele seria capaz, para a prti- r um espao para que a mulher e os filhos assumam, contra
ca de certas aes que demandam fora e prudncia. a vontade do pai, o posto que deveria lhes corresponder.
Aristteles quer apontar, portanto, uma deficincia, uma O correr histrico desnudar a certeza de que, para se vis-
debilidade natural na mulher, visvel seja por sua comparao lumbrar a igualdade de direitos entre homem e mulher e
ao homem, seja por sua prpria compleio. tambm entre pais e filhos na conduo da famlia, sero
Ora, sob o preconceito dessa ideia de que a mulher fisi- necessrios milnios.
camente, mas tambm racionalmente, inferior ao homem, Mas esse longo tempo, necessrio certamente para a
Aristteles sequer foi um dos primeiros: a ideia j estivera concepo dessa igualdade de direitos, de certa forma seria
colocada com todas as letras por Demcrito de Abdera, necessrio, tambm, para a concretude da prpria responsa-
quando recomendou que a mulher no se exercite na palavra, bilidade paterna como um dever dos pais, em lugar de um
porque isso coisa perigosa, ou que ser governado por uma poder dos pais.
mulher , para o homem, a suprema violncia. A ideia de responsabilidade paterna que existe hoje no
Esse argumento pretensamente naturalista de que a mu- encontra grandes referncias nas concepes antigas de
lher inferior ao homem hoje nos assusta com sua brutalida- natureza humana e de famlia. verdade que o mundo antigo
de? Pois foi o principal argumento utilizado em quase toda a concebeu deveres dos pais, dos chefes de famlia; mas a
histria da humanidade para tentar justificar o poder patriarcal concepo de responsabilidades civis muito mais recente.
ou masculista sobre as mulheres. esse o principal argumen- Por qu? Porque, se a simples responsabilidade envolvida no
to utilizado hoje em dia para justificar a violncia domstica dever de assistncia classicamente determinada pelo poder
contra as mulheres e meninas no Brasil, assim como a violn- do pai sobre sua famlia, a responsabilidade envolvida nos
cia generalizada contra as mulheres e meninas em regimes danos decorrentes da m gesto dessa chefia de famlia no
fundamentalistas como o do Taleban, que por uma certa e decorre mais do arbtrio desse mesmo pai de famlia.
infeliz contingncia tem sido constantemente focado e critica- Vale dizer: na concepo antiga e tradicional de famlia, o
do em nossos dias. pater tinha obrigaes, mas tinha tambm poder suficiente
Numa palavra, o argumento da debilidade ou incapacida- para arbitrar quais seriam essas obrigaes, j que era se-
de natural da mulher o argumento mais utilizado para tentar nhor de suas mulheres e de seus filhos.
justificar a autoridade do homem em relao mulher dentro Ao contrrio, em concepes mais recentes de famlia e
da estrutura familiar, ao mesmo tempo que a dependncia da que remontam, no mximo, ao incio do perodo moderno os
mulher em relao ao homem, nessa mesma estrutura. pais de famlia tm certos deveres que independem do seu
O nosso tema aqui no , diretamente, essa relao patri- arbtrio, porque agora quem os determina o Estado.
arcalista entre homens e mulheres, entre maridos e esposas, 3. A concepo jus-naturalista de famlia e a distinta visua-
entre pais e filhas, e por isso no o caso de levar adiante a lizao do ptrio poder.
anlise e a crtica dessa concepo irracional que sempre
insiste em se manifestar at hoje na concepo dos papis do A partir do Renascimento e da modernidade, ser chefe de
homem e da mulher na famlia. famlia continuou significando deter um poder privilegiado e
amplo, mas que j no mais um poder superior capacida-
Mas fundamental que tenhamos comeado por apont- de cada vez mais visvel dos outros integrantes da famlia.
la, pois ela a base para aquela outra relao que constitui, A modernidade abre espao para uma transformao lenta,
aqui, o nosso tema principal: a relao entre pais e filhos. mas radical, na concepo de famlia, j que investe pela
O que a histria mostra, e as histrias do pensamento e primeira vez (especialmente no mbito do jus-naturalismo) na
das instituies mostram junto, que, se a relao entre ho- ideia de igualdade entre homem e mulher quanto capacida-
mens e mulheres, em famlia, foi sempre baseada numa con- de para chefiar a famlia.
cepo naturalista de dependncia e subordinao da mulher,

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Quem mostra isso com muita nfase desde a dcada de Qual efetivamente seria a razo e o fundamento da exis-
1970 um dos maiores historiadores do jus-naturalismo, tncia perenizada de um ptrio poder, a significar uma autori-
Alfred Dufour. Num timo estudo publicado originalmente em dade dos pais sobre os filhos, garantida pelo Estado, e que
1975, mas retomado e desenvolvido anos mais tarde, deno- permite queles determinar a vida destes. O que que, enfim,
minado Autoridade marital e autoridade paterna na escola do impulsiona o Estado a conceder e garantir um tal poder?
direito natural moderno, Dufour mostra que uma das maiores A argumentao original , novamente, a que se aperfei-
contribuies do jus-naturalismo foi inovar na concepo dos oa na noo da natureza.
direitos entre os integrantes da famlia. Os filhos vm ao mundo na dependncia completa dos
Neste estudo, Dufour mostra que tanto a relao entre pais, e assim permanecem enquanto no se tornam, eles
homem e mulher recebeu inovaes importantes no ambiente mesmos, adultos ou emancipados. A dependncia natural
jus-naturalista, como tambm as recebeu a relao entre pais to certa e inegvel, que sequer pode ser recusada pelos
e filhos, ainda que em menor medida. No que diz respeito pais. Perfeitamente compreensvel e aceitvel.
relao entre homens e mulheres, autores como John Locke Mas a questo que insiste em no calar, e que decorre
no sculo XVII, mas tambm como Christian Wolff, e seu desta singela verdade versa sobre a dvida de qual seria a
discpulo Daniel Nettelbladt, no sculo XVIII, investiram na origem da autoridade dos pais?
ideia de que a mulher, como o homem, detm uma autoridade
natural sobre os filhos, e efetivamente equivalente do ho- Ou, em outros termos, por que a dependncia dos filhos
mem. equivale a uma dominao por parte dos pais, a uma autori-
dade destes sobre aqueles, enfim?
No que respeitasse, pois, autoridade sobre os filhos, a
mulher teria os mesmos direitos que o homem, e por razes O ptrio poder, justamente, no um poder acidental, in-
naturais diferentes daquelas que eram alegadas por Aristte- voluntrio. Ele exercido pelos pais como dominao sobre
les ou por toda a tradio medieval crist: a mulher, como o os filhos. J que uma dominao, talvez o ptrio poder no
homem, causa da existncia dos filhos, e isso torna a sua envolva nenhum componente afetivo. Ao menos, nenhum
autoridade natural. Esta lgica menos restritiva do que a componente positivamente afetivo, como a generosidade com
concepo anterior, mas ainda, sem dvida, um reconheci- respeito aos filhos.
mento tmido do potencial racional da mulher, j que ela no Ao contrrio, talvez o seu sentido seja sempre, ou priorita-
desenhada, ainda, como uma possvel autoridade equivalente riamente, negativo, no sentido de um aproveitamento ou 'usu-
de seu prprio marido. fruto' dos filhos, um exerccio desenvolvido talvez mais em
No que respeita relao paterno-filial, por outra parte, benefcio dos prprios pais, do que para a alegria ou proveito
nota-se que as mudanas sero tambm visveis, embora se dos filhos. Por que isso? Porque, de ponta a ponta, na relao
mostrem menores do que a relativa equalizao de direitos ou entre pais e filhos simbolizada pelo ptrio poder, os filhos no
de autoridade entre homem e mulher. Todavia, apesar do seu tm poder nenhum.
menor peso, dar-se- igualmente, nesta circunstncia relacio- A ideia de ptrio poder, assim, pressupe algo semelhante
nal, uma mudana suficiente para caracterizar, enfim, a con- antiga concepo da subordinao da mulher ao homem:
cepo da relao entre pais e filhos como uma relao na ela devida segundo a natureza. Ela devida porque a parte
qual sempre haver uma responsabilidade dos pais em rela- dominada na relao mais fraca, mais dbil... Numa pala-
o s necessidades dos filhos, a ponto de se poder dizer que vra, dependente da outra.
a que nasce, propriamente, uma concepo articulada de Talvez.
responsabilidade civil na relao paterno-filial. Mas o que causa esta dependncia, de fato? A natureza,
Esta interferncia do jus-naturalismo moderno na reformu- como se fosse uma condio sem conserto ou mudana? Ou
lao da concepo em tela, ocorrida nos sculos XVII e as circunstncias, como se fosse uma condio determinada
XVIII, fez com que se realizasse, aos poucos, a noo propri- unicamente pela maior fora do dominador?
amente jurdica de responsabilidade que se desenvolve at Se a reflexo nos fizer passear os olhos para a histria da
se tornar responsabilidade civil, no incio do sculo XIX e condio feminina, facilmente observar-se- que a causa da
tambm porque a, na modernidade, que a condio jurdica dependncia reside exatamente na segunda opo: o que
dos filhos dentro da famlia passa a ser apresentada segundo historicamente determinou, s mulheres, a ausncia de direi-
critrios que se pretendem racionais ou cientficos, para alm tos e a submisso ao patriarcado foi uma circunstncia de
dos antigos critrios do costume. imposio pela fora, reiterada pelos costumes e pelas insti-
certo que esta concepo jus-naturalista, assim como tuies, ao mesmo tempo que endossada pelo prprio direito.
traada, guarda uma grande distncia com respeito concep- Desde a Antiguidade, o homem caput de sua mulher e
o contempornea ou ps-moderna. Contudo, penso que das mulheres de sua famlia. No porque tenha sido um dese-
dedicar uma certa ateno maneira como os autores mo- jo das mulheres. Mas elas sempre viveram em um mundo
dernos trabalharam o assunto, pode dizer muito contempo- dominado por instituies patriarcais, cuja estrutura no per-
raneidade, quando somos convidados a considerar a famlia mitia a prpria modificao.
como uma entidade real, concreta, cuja significao e cujas O mesmo pode ser descrito para a situao dos filhos.
necessidades talvez no estejam mais definidas unicamente
Desde sempre, e com mais forte razo, os pais mas
pela lei ou pelo arbtrio do juiz.
principalmente o pai so caput dos infantes.
4. O desafio da modernidade para demonstrar, racional-
Em parte, por causa de uma concreta dependncia dos fi-
mente, os fundamentos da autoridade e da dependncia entre
lhos, que no tm nem foras, nem meios, nem principalmen-
os seus componentes.
te experincia para emancipar-se na vida. Mas, em parte
Ao tratar da famlia, os autores modernos tinham, ento, o porque a famlia foi sempre constituda como um domnio
desafio de demonstrar racionalmente quais os fundamentos particular de quem o instaurou. O crculo familiar, no qual o
da autoridade e da dependncia entre os seus componentes. chefe de famlia senhor dos membros da famlia, funciona
claro que o tema desta autoridade em famlia era (como como uma monarquia particular, como bem lembraria Cesare
sempre ) um princpio corrente; mas, por mais consensual Beccaria, no captulo 26 de seu tratado Dos delitos e das
que fosse a ideia de autoridade marital e paterna, no plano da penas.
teoria jurdica havia sempre a necessidade de evidenciar os
A definio tradicional e jurdica de famlia, ento, e por
seus fundamentos. Um dos paradoxos originados dessa tare-
todos os motivos, est muito longe da definio de uma rela-
fa, todavia, foi a revelao, por vezes, de que uma certa prti-
o afetiva. Ela define diretamente uma espcie muito particu-
ca por quase todos aceita no tinha fundamentos to racio-
lar de domnio e dominao.
nais, como se poderia imaginar.

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Na famlia marcada pelo ptrio poder, como compreender, nao do seu destino. Sempre. Ainda que esteja sob o ptrio
assim, algum fundamento natural ou racional para a respon- poder, ou sob o poder familiar, como prefere a nova Lei Civil
sabilidade dos pais diante dos filhos? Brasileira , ou ainda que esteja sob a dependncia dos pais
Se esta responsabilidade, desde o incio, diz respeito a ou do Estado.
uma dependncia dos filhos em relao aos pais, ento ela Pais e Estado assim como toda a sociedade, afinal
determinada mais pelos filhos do que pelos pais? no podem, em momento nenhum, tratar a criana como
Ou determinada mais pelo Estado do que pelos filhos? coisa s pelo fato de ser ela sem experincia ou sem ativida-
Num ou noutro caso, no , certamente, uma responsabi- de produtiva, sem maturidade espiritual ou sem autonomia
lidade determinada pelos prprios pais, porque no cabe a material. A criana, apesar de seu estado de extrema e con-
eles decidir a sua validade ou no. Se lhes coubesse, no creta dependncia, um ser humano como qualquer outro,
seria, ento, responsabilidade. Seria assuno volitiva de um ser desejante e emotivo como qualquer outro, que sente
obrigao. dor diante da crueldade alheia e revolta por no lhe ser con-
cedida a liberdade que capaz de administrar sozinha. E
H, concretamente, uma condio de dependncia dos fi- por ser dotada desse desejo e dessa necessidade que a cri-
lhos em relao aos pais que , sim, uma dependncia natu- ana, enfim, dotada de dignidade e assim deve ser respei-
ral, em dois sentidos: primeiro, porque os pais so causa dos tada. No respeitar essas necessidades e negar a relevncia
filhos; segundo, porque os filhos, para se manterem, precisam do desejo tratar a criana como coisa, efetivamente ser
do auxlio dos adultos; e como s existem porque seus pais violento com ela, o que afasta, em definitivo, qualquer relao
os deram existncia, so estes que devem ser encarrega- tica com a criana.
dos da sua subsistncia.
Senhores.
A obrigao primeira dos pais em relao aos filhos , cer-
tamente, a transmisso da cultura. Lvi Strauss esclarece Se o caso de pensar a responsabilidade na relao en-
que, para que se passe da natureza (os meros impulsos, o tre pais e filhos, vale a pena pens-la apenas pelo vis do
simples biolgico, nossa parte mais animal) para a cultura (o direito ou o caso de pens-la a partir especialmente da
humano, o criado), para que se passe do individual para o tica? o caso de pens-la em ambos os planos, necessari-
social, so necessrias trs interditos bsicos: canibalismo, amente, inclusive porque nenhum deles vlido sem o outro,
parricdio e incesto. Dada a condio humana de indefenso, na considerao da responsabilidade.
para que os filhos sobrevivam, as suas necessidades vitais Qualquer que seja o tema proposto, a respeito da respon-
primeiras sero satisfeitas pela me, por um perodo relativa- sabilidade, ele ser um tema tanto jurdico quanto tico. Nu-
mente prolongado em relao s outras espcies animais. ma perspectiva tica, como fica essa responsabilidade? Ela
Os filhos, assim, so um encargo natural trazido pela uni- no pode, de forma alguma, negar validade ao desejo da
o dos pais: o nascimento dos filhos obriga os pais a mante- criana. O contrrio demonstrar a vida em famlia como uma
rem os prprios filhos, como se os filhos fossem, de certa relao de violncia, justamente porque uma relao de
forma, uma culpa deles prprios, que no incumbe ao Estado neutralizao e de dominao apenas, o que muito bem
assumir. Ou seja, mesmo nos termos em que os filhos de- mostrado, entre outros autores, por Michel Foucault, em seus
pendem dos pais para sobreviver e se desenvolver, no cabe, vrios estudos sobre as relaes de poder, mas especialmen-
luz do vis da Antiguidade que est em foco, tentar enxer- te a Microfsica do poder e, mais ainda, na sua ltima obra, a
gar, a, nenhuma relao afetiva. Histria da sexualidade.
Se ela ocorrer tambm, tanto melhor, um excedente. Importante tambm verificar que as consideraes acer-
Aos olhos do Estado, a relao entre pais e filhos a de uma ca da responsabilidade na relao entre pais e filhos no
sociedade causada por vontades completamente particulares, devem se reduzir ao fato de se averiguar quais so as obriga-
que no tm poder nem legitimidade para transferir sua cau- es que j existem, ou que decorrem desta relao por sua
salidade ao Estado, se este no o desejar. Porque causam os prpria condio e estrutura natural, nem de se averiguar
filhos, os pais causam, conjuntamente, todos os gastos envol- quais so os meios de compensao de danos na m gesto
vidos na sua manuteno e desenvolvimento. dessa autoridade paterna, por vez patriarcal.
Se assim , raciocine-se: por qual motivo o Estado ou ou- claro que envolve estes aspectos tambm, mas de for-
tra entidade que no os prprios pais, poderia ou deveria ser ma alguma deve se restringir a eles, pois, se ficarem, as con-
considerado co-responsvel nessa criao? Se e somente sideraes, restritas a essa perspectiva tcnica, talvez no se
se considerarmos que por nenhum motivo, ento, de fato, a ampliem satisfatoriamente os horizontes. Talvez seja neces-
relao paterno-filial pode ser avaliada como uma relao de srio e at imprescindvel ir a um ponto outro, de estranha
um senhor com seus prprios bens. Apenas isso. inverso, e verificar que preciso conhecer o que h, nos
filhos, que determina a autoridade dos pais.
Assim entendida, contudo, a relao paterno-filial no en-
volve, claro, o poder paterno de decidir pela vida ou morte Questo muito curiosa, essa, porque parece inverter a
dos filhos (isto era coisa dos dspotas antigos), mas envolve, prpria ideia de autoridade. Afinal, se algum tem autoridade
sim, uma precedncia na determinao externa da vida dos sobre um outro, que coisa mais extravagante haveria do que
filhos. a ideia de que a autoridade medida por quem est a ela
subordinado?
Quem deve decidir o destino e as preferncias dos filhos,
seria o caso de se perguntar o Estado ou os pais? Ou, ao De fato, a questo extravagante.
menos, quem tem precedncia nessa deciso o Estado ou Mas ser que pode ser garantido algum resultado positivo
os pais? No importa qual seja a resposta que se d, se a questo oposta, que mesmo a questo clssica, de saber
opo for por um dos dois o Estado ou os pais se estar, qual o poder que a autoridade tem por sua prpria vontade
com isso, aceitando a ideia de que os filhos so coisa... ou potncia? Ao que parece, ela sempre foi til para conceber
Na verdade, saindo enfim desse plano que concebe a au- a relao dos pais com os filhos como um ptrio poder,como
toridade paterna como ptrio poder, encontra-se o verdadeiro uma relao de dominao dos filhos pelos pais. E sendo
desafio de definir quem deve ter precedncia para decidir apenas isso, os benefcios ou as garantias desta relao,
sobre os destinos da criana ou do jovem atrelado, ainda, para os filhos, so mais produto da sorte do que das necessi-
vida em famlia. dades dos filhos.
Sem dvida, a essncia da ps-modernidade responde e Ou no?
estampa a concepo contempornea mundializada, ao me- Deixo essa questo em aberto, porque o mais importante,
nos em sociedades assemelhadas nossa: a prpria crian- segundo me parece, o enfrentamento da outra questo: o
a ou jovem, sempre, que deve ter precedncia na determi- que h, nos filhos, que determina a autoridade dos pais?

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5. Os critrios para a definio da autoridade e, conse- ocorre que esse poder s existe porque os sditos, isto ,
quentemente, da responsabilidade paterno filial, sob o enfo- os filhos, o aceitam.
que do jus-naturalismo moderno: o fundamento, a titularidade A ideia ainda que bastante curiosa reveladora de um
e a extenso. certo poder por parte dos filhos, coisa que talvez no se visse
Esta questo , de certa forma, esboada pelo jus- em Grotius, e que certamente no se via antes do jus-
naturalismo, como mostra Alfred Dufour, no estudo antes naturalismo. uma ousadia gigantesca, em termos tericos,
mencionado, sendo certo que a partir de ento ocorreram conceber que h algo na vontade dos filhos que determina o
algumas inovaes de peso na concepo jurdica da relao poder dos prprios pais, ainda mais porque se trata de algo
entre pais e filhos. que no est sob o poder dos pais: a razo dos filhos, a von-
Pela primeira vez, provavelmente, apareceu no pensa- tade dos filhos.
mento jurdico moderno a ideia de que os filhos no so pro- Os pais, de fato, podem obrigar as aes dos filhos, mas
priedade dos pais, ainda que estejam necessariamente sob no podem obrigar sua vontade, seu desejo. Da mesma for-
sua custdia e autoridade. No h, entre esses autores do ma como intil legislar a conscincia na vida civil, na vida
pensamento jurdico moderno, um perfeito consenso em to- familiar essa tentativa tambm completamente intil. Isso
dos os aspectos, mas h pontos em comum que permitem, significa, do ponto de vista de Hobbes que, se a sociedade
imagino, uma viso sistemtica do conjunto. familiar est estabelecida (e ela certamente vem de fatores
O que Dufour mostra em seu estudo que h trs critrios naturais), igualmente verdade que a sua continuidade e
distintos para a definio da autoridade paterna, todos inova- perpetuidade depende diretamente do arbtrio de quem est
dores no sentido de superarem a antiga concepo de que a abaixo do poder.
autoridade paterna algo inquestionvel, ou decididamente Ora, este um modo de anlise absolutamente novo na
arbitrrio. Esses trs critrios, por terem uma significao histria do pensamento jurdico.
moderna, podem soar estranhos compreenso contempo- Na mesma linha, um outro autor do sculo XVII, Samuel
rnea; mas contm elementos nicos para que a mesma Pufendorf, em seu tratado Do direito de natureza e das gentes
autoridade paterna, e a responsabilidade nessa relao, seja (1672), dir que a autoridade paterna a autoridade mais
repensada hoje em dia. Os critrios para a definio dessa antiga e a mais sagrada que se acha entre os homens. Ou
autoridade, e consequentemente das condies da sua res- seja, o que marca a validade dessa autoridade um valor
ponsabilidade, so: o fundamento; a titularidade; a extenso. moral que Pufendorf atribui autoridade paterna, porque,
A respeito do critrio relativo ao fundamento da autoridade para ele, o sagrado no aquilo que decorre do divino, mas
paterna, h trs formas de express-la, segundo o jus- aquilo que tido como moralmente vlido.
naturalismo moderno: uma fundamentao hierrquica, uma um passo que vai alm da simples gerao dos filhos
fundamentao convencionalista e uma fundamentao fun- como sendo base para a autoridade paterna (como era em
cional. Grotius), porque, segundo Pufendorf, o que determina a auto-
A fundamentao hierrquica lembra, em parte, as con- ridade dos pais sobre os filhos no a simples gerao, mas
cepes antigas e consiste na concepo de que a autoridade a semelhana: h validade na autoridade desde que os filhos
dos pais sobre os filhos no quadro da sociedade familiar tem sejam semelhantes a ns e estejam, como ns, igualmente
como fundamento a natureza. Essa a posio, por exemplo, dotados daqueles direitos naturais comuns a todos os ho-
de Hugo Grotius (autor do tratado Do direito de guerra e de mens.
paz, de 1625), que considera que os pais, por gerarem os Vale dizer, a autoridade paterna tem um fundamento natu-
filhos, tm direito sobre suas pessoas como quem tem direitos ral que envolve, agora, a moral. Num certo sentido, a autori-
sobre qualquer coisa de que seja o criador. , na verdade, a dade depende, tambm, dos filhos, porque ela s vlida na
primeira das concepes da autoridade paterna desenvolvida medida em que os pais cumprem obrigaes perante os fi-
dentro do jus-naturalismo e ser, em consequncia, muito lhos. Essas obrigaes, se no so impostas pela vontade
combatida mesmo dentro de seus domnios, especialmente dos filhos (como talvez fosse o caso em Hobbes), ao menos
porque carrega ainda algo das concepes pr-jus- so moralmente necessrias, e nenhuma autoridade pode ser
naturalistas. concebida se no houver, reciprocamente, o cumprimento das
Mas ela inovadora na medida em que coloca como base obrigaes por parte dos prprios pais.
para a concepo da autoridade a necessidade de um critrio Assim, segundo Pufendorf, a condio paterna envolve
que seja racional. Para Grotius, esse critrio racional a moralmente um encargo, do qual os pais no tm como esca-
natureza, mas a natureza que ele v semelhante que a par moralmente (ainda que possam dele escapar material-
teologia via quando analisava a relao entre o homem e mente).
Deus: j que Deus o criador dos homens, os homens so O que se extrai de Hobbes e de Pufendorf, se tomados em
como objetos que pertencem a Deus; identicamente, j que conjunto, a revelao de que a paternidade, mesmo que
os filhos so criao original dos pais, so como que objetos envolva um poder sobre os filhos, envolve necessariamente
que lhes pertencem, ou cuja liberdade depende diretamente um dever quanto aos filhos. No importa se em funo da
dos pais. vontade dos filhos (concepo de Hobbes) ou se em funo
A linha jus-naturalista de pensamento manter, nos dois da moralidade da prpria relao (como em Pufendorf).
sculos seguintes, a ideia de natureza como base para se Em qualquer caso, no est mais nas mos dos pais,
pensar a liberdade e os direitos; mas trabalhar uma outra apenas, todo o arbtrio sobre o valor dessa autoridade e a sua
ideia de natureza, ou ver, a partir da mesma natureza, outras correspondente responsabilidade. Essa ideia extremamente
necessidades e outros direitos, seja para os pais, seja para os reveladora, porque mostra a fragilidade a que se pode expor a
filhos. ideia de domnio dos filhos pelos pais. Esse domnio, sempre
A fundamentao convencionalista consiste numa ideia que os filhos no o desejarem porque violento, ou sempre
que se assemelha muito concepo jus-naturalista do con- que for contrrio necessidade moral da relao, no pode
trato social, e est presente, por exemplo, no Leviat (1651) ser legtimo.
de Hobbes: da mesma forma como a vida em sociedade s Por seu turno, a fundamentao funcional consiste numa
existe porque os cidados consentem com sua existncia, a concepo do final do jus-naturalismo que tender a ser con-
vida em famlia tambm s existe porque os filhos assim o tinuada aps o jus-naturalismo moderno: ela considera que a
consentem. Mesmo que a famlia seja uma associao onde sociedade familiar tem uma finalidade o sustento e educa-
h uma certa relao de poder, no toa muito assemelhada o ou formao dos filhos e que a autoridade vlida em
com a relao que um monarca tem com seus sditos, o que funo de cumprir essa finalidade.

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Se a finalidade natural ou voluntria, pouco importa; o sociedade conjugal. De forma que a titularidade de nada vale
que importa que ela irrecusvel, e que nenhuma famlia se no for exercida como cumprimento de certas finalidades
poderia ser concebida sem que tivesse como finalidade con- as quais, segundo tais autores, so naturais tanto do ponto de
junta a formao dos seus integrantes. Na diviso de poderes vista dos filhos quanto do ponto de vista dos pais. A educa-
e funes dentro da prpria famlia, aos pais cabe, como o, portanto, o ndice principal tanto da autoridade quanto
adultos e ainda como geradores, proverem a formao dos da responsabilidade dos pais, que somente nessa hiptese se
filhos, e a estes cabe obedincia na medida em que recebem confundem evidentemente.
a formao ou dependem dela. A respeito da extenso, como elemento identificador e
Caso no mais dependam, todavia, seja da formao, seja qualificador da autoridade paterna, caberia indagar at onde e
dos pais para receber a formao, nada mais de potestativo at quando ela se impe sobre os filhos?
resta como elo para essa estrutura familiar. Quem formula uma questo delicada, na medida em que envolve a
bases tericas para uma tal concepo, por exemplo, so jus- concepo dos filhos como sendo ou no propriedade dos
naturalistas do final do sculo XIX, como o ingls John Locke, pais. No pensamento jus-naturalista, essa ideia tende a se
e outros do correr do sculo XVIII, como Christian Wolff, enfraquecer pela primeira vez, mas ainda um referencial
Thomasius, Burlamaqui e Barbeyrac. para sustentar a ideia de dependncia dos filhos em relao
Uma passagem de Locke, nesse sentido, esclarecedora: aos pais. No importa qual seja a fundamentao da autori-
Os filhos, confesso, no nascem [em] estado pleno de igual- dade paterna, ela sempre tem uma necessidade de justifica-
dade, embora nasam para ele. Quando vm ao mundo, e por o racional.
algum tempo depois, seus pais tm sobre eles uma espcie Mesmo no caso da ideia de uma fundamentao natural
de domnio e jurisdio, mas apenas temporrios. Os laos (que era a concepo de Grotius), em que os pais tm autori-
dessa sujeio assemelham-se aos cueiros em que so en- dade simplesmente por gerarem os filhos, j existe uma certa
voltos e que os sustentam durante a fraqueza da infncia. restrio do poder paterno, na medida em que esse poder
Quando crescem, a idade e a razo os vo afrouxando at necessita, mesmo a, abandonar o arbitrarismo.
carem finalmente de todo, deixando o homem sua prpria e Existe, no pensamento moderno, sempre a ideia de uma
livre disposio. finalidade, ou de uma necessidade, a governar a ao huma-
Talvez esta seja, dentre as concepes elementares do na, e em especial a ao potestativa. Isso vale diretamente
jus-naturalismo em torno da relao paterno-filial, a mais para a autoridade paterna, na medida em que o pai no pode
prxima da contemporaneidade, mas importante notar o que ir contra as necessidades dos filhos, ou as finalidades coleti-
ela ainda mantm de essencialmente moderno: a relao de vas dessa relao (como a educao).
obedincia e de autoridade se mantm na medida em que se Ora, mesmo no caso em que se considera, como em Gro-
mantm, antes de tudo, a relao de segurana e formao. tius no incio do sculo XVII, que s o pai titular do poder
O que h de novo e importante nessa concepo, bus- paterno e que este lhe devido to somente por ser genitor,
cando compar-la, inclusive, com as demais que j eram isso ainda no suficiente para dar, a ele, direito de vida ou
esboadas pela sculo XVII o fato de que ela diz algo radi- morte sobre os filhos. Essa restrio ao arbtrio paterno
cal: a relao entre pais e filhos deve ser pensada em benef- constante na figura do pai.
cio, principalmente, dos filhos. E a primeira vez em que isso Assim, na definio do direito equivalente, ou seja, do que
dito. E porque a relao entre pais e filhos deve ser pen- est em poder do pai ou dos pais para arbitrar a respeito dos
sada sempre tendo em vista prioritariamente o benefcio dos filhos, h uma tendncia nesse pensamento moderno a de-
filhos, que aos pais cabe a educao deles, e a estes est senvolver a ideia de que podem fazer o que no prejudicar a
legitimada a desobedincia em caso de irresponsabilidade ou finalidade original da relao de famlia. Ou seja, os pais po-
incapacidade dos pais. dem fazer o que quiserem com os filhos e com seus os bens,
Alm da concepo da autoridade paterna a respeito da desde que no signifique isso uma diminuio de segurana
sua fundamentao, h ainda as concepes a respeito da dos prprios filhos. Ao contrrio, o que cabe aos pais em
titularidade e a respeito da extenso: termos de segurana dos filhos justamente a sua formao
A respeito da titularidade, a vertente precpua de indaga- em conjunto com a preservao de seus bens. Isso quando
o quer verificar quem titular do ptrio poder o pai ou a no significar, como em Locke, que a prpria formao envol-
me? Com esta questo, d-se o retorno ao papel da mulher ve ensinar aos filhos a preservar os prprios bens.
na famlia. Como aqui a referncia, ainda que temporariamen- A extenso dessa autoridade dos pais equivale, portanto,
te, est sendo o pensamento moderno, ou seja, os sculos a considerar que a autoridade continua enquanto continua o
XVII e XVIII, claro que no se encontrar uma defesa entu- processo de formao dos filhos. A partir do momento em que
siasmada de uma igualdade de direitos para o homem e a os filhos j so dotados de experincia suficiente para se
mulher no que respeita a esse ttulo. Pelo contrrio, para a manterem sozinhos em suas prprias vidas, cessa concreta-
maioria dos pensadores modernos, o pai tem uma autoridade mente a misso original e natural dos pais com respeito sua
maior que a me, inclusive porque a mulher est sob sua formao e, tambm, com respeito tutela dos seus bens.
autoridade, na mesma famlia. Mas o resultado desse encerramento, em vez de significar
Ainda assim, haveria uma defesa de igual titularidade en- uma libertao de um poder opressivo, pode significar, como
tre homem e mulher na direo da famlia, entre os moder- coroao de toda a histria familiar, a fundao de uma iden-
nos? Sim, houve e ela est, por exemplo, em autores como tidade entre pais formadores e filhos j formados, equalizados
John Locke e Thomasius, quer dizer, aqueles mesmos auto- agora no s em seus direitos naturais, mas no que lhes cabe
res que, diante da indagao sobre o fundamento da autori- como direitos civis: ao final do processo de autoridade pater-
dade, fixaram-no na obrigao que tm os pais para com a na, de formao familiar, de dependncia dos filhos em rela-
educao dos filhos. De modo semelhante, eles reconhecero o aos pais, o que temos uma outra associao, cujos
um igual direito entre o pai e a me, quanto deteno da laos mais fortes que os laos determinados pela vida civil a
autoridade sobre os filhos, em funo justamente desse igual todos os cidados so justamente os laos do afeto, quando
poder, ou igual obrigao, para educar. tais laos tenham tido a devida oportunidade de se formarem,
possvel assim concluir, de uma forma curiosa, acerca ao longo de todo esse percurso.
da finalidade da autoridade dos pais: esta autoridade serve, A histria das concepes de autoridade paterna no co-
segundo este pensamento, para indicar a obrigao, dos pais meara no pensamento moderno e no terminar com ele. E
ou de um dos pais, de prover a educao dos filhos. para a histria propriamente dita da responsabilidade envolvida
isso que se forma a sociedade familiar e, talvez mesmo, a

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nessa autoridade, se aparece com clareza nos modernos, a uma necessidade da natureza inteira, que a de preserva-
tender a continuar. o de todos os seus elementos constituintes.
De modo que seria possvel estender essa histria da O direito quase divino dado aos pais, segundo Grotius,
concepo do poder paterno, cada vez mais distinto da con- sobre seus filhos (porque estes vieram daqueles) no signifi-
cepo clssica e mais ainda da concepo antiga de ptrio ca, jamais, o direito de retirar-lhes a vida. Pense-se nisto a
poder, para os tempos atuais. Mas no o objetivo desta partir do ponto de vista do filho, por outro lado. claro que
palestra. no h nada na sua estrutura natural que pea a sua morte, a
A inteno desta referncia aos modernos encontrar, na sua prpria destruio, o seu aprisionamento ou seu suplcio.
histria do pensamento jurdico, uma fonte racional para se Mas tudo na sua natureza pede proteo e orientao.
pensar a responsabilidade paterna fora daqueles moldes que Exatamente como na vida civil. No h nada no sdito ou
vinham, desde os gregos, fixando a ideia de que os pais tm no cidado que pea a extino da sua liberdade. Ao contr-
um poder equivalente sua vontade ou seu arbtrio, sem rio, a sua natureza em sociedade pede liberdades, direitos,
medidas estabelecidas seja pela natureza, seja pela moral, segurana da parte do poder soberano.
seja pela razo, seja pelo desejo. Parece-me correto, ento, dizer que a relao de obedin-
E a modernidade nos apresenta esta medida, certamente cia e orientao s vlida na medida em que oferea segu-
pela primeira vez. rana aos atores a envolvidos, e prioritariamente aos que
A autoridade paterna existe somente enquanto correspon- mais dependem dessa segurana, na famlia, isto , os filhos.
de a uma obrigao, obrigao fundamentalmente de prover o Talvez toda a autoridade dos pais possa, por isso mesmo,
sustento e a formao; mas essa obrigao definida cada ser reduzida a esse nico princpio sua potncia, ou sua
vez mais pelas necessidades dos filhos e cada vez menos responsabilidade, para garantir segurana aos filhos.
pelos arbtrios dos pais ou do pai. Essa reduo, completamente legtima e reveladora do
A grande prova de que os filhos deixam de ser coisas nas essencial, d ideia de poder paterno um significado que
mos despticas dos prprios pais a existncia crescente retira qualquer pontificao negativa. Com ela, o poder pater-
de sua liberdade para interferir na determinao dos rumos de no no desaparece, mas se torna uma atividade voltada para
toda a famlia. o benefcio do receptor, portanto para um benefcio que
Quando o mundo moderno se conclui na passagem do pblico e no privado. essa publicidade do poder paterno,
sculo XVIII para o XIX, os filhos j tinham, dentro do pensa- dentro da sociedade familiar, que permite chamar a esse
mento poltico e pedaggico, uma importncia nunca antes poder, na verdade a essa generosidade, uma autoridade em
vista. certa medida.
Ainda que a prtica pedaggica e a prtica social, assim Quando a autoridade se apresenta no como entidade
como a prpria dogmtica civilista, se demorem a absorver castradora ou opressora, mas formadora e protetora, a crian-
essas concepes, elas so uma conquista estabelecida no a se v continuada nos prprios pais. Ao contrrio, quando
interior da modernidade. Como diz Alfred Dufour: "Ao substitu- ela se v explorada ou de alguma forma neutralizada, o que
ir um universo de hierarquias naturais por um universo de ela v no so os seus protetores, mas os seus inimigos mais
autoridades consentidas em favor de aplicao, no domnio diretos.
das cincias scio-morais, do mtodo das cincias fsicas e O ndice a determinar se a relao entre pais e filhos
matemticas, os tericos do Direito natural moderno no se uma relao entre formadores mtuos ou entre inimigos m-
contentaram em lanar as bases de uma nova ordem moral e tuos , especialmente, a necessidade dos filhos.
poltica emancipada da tutela da teolgica." Essa ideia no estaria, em contrapartida, dando aos filhos
O que os filsofos jus-naturalistas causaram, com sua re- um poder que eles no tm ou no deveriam ter? A saber: o
voluo metodolgica no tratamento do assunto, foi a neces- poder de, pelo prprio desejo, quando no pela prpria birra,
sidade de dar ao pensamento em torno da autoridade e da recusar a orientao e proteo dos pais?
responsabilidade paterna bases exclusivamente racionais, A ideia de natureza, de certa maneira, se preserva a,
bases necessariamente cientficas. com esse pensamento sem, todavia, deixar uma reserva para a violncia agora pelo
moderno, enfim, que o clculo e a definio dos papis em lado da parte mais fraca, ou inferior na antiga hierarquia.
famlia exige ser pensado fora de modelos, mas unicamente Como diria Espinosa, a essncia do homem o desejo, e
dentro da observao das relaes humanas como elas con- no h como pretender eliminar o desejo em quem quer que
cretamente se do. seja, muito menos na criana, que comumente vive em esta-
Tendo isso em vista, podemos passar para um outro regis- do de hilaridade.
tro, que o de considerar a validade dessa fundamentao O perigo para qualquer ser humano em qualquer relao,
racional da autoridade e da responsabilidade paterna. A ques- e isso vale para pais e filhos na relao de famlia, no o
to vlida desde que se mantenha vlido o princpio de que desejo que se manifesta por qualquer das partes, mas a vio-
aos pais no cabe qualquer arbtrio contrrio necessidade lncia que pode decorrer das prprias aes. A violncia ,
dos filhos. Essa uma lio dos modernos, que cabe direta- por definio, a prpria ao contrria natureza de algo ou
mente a ns, hoje. Retomemos algo que foi perguntado mais de algum. Se o desejo natural, um ato violento no decorre
atrs: o que h, nos filhos, que determina a autoridade dos necessariamente do desejo humano, mas de uma compreen-
pais? so equivocada do que se deseja ou do que se necessita
Essa questo mais ousada do que parece primeira vis- verdadeiramente.
ta, porque pressupe o questionamento de algo que o costu- Isso vale para qualquer relao humana, isso vale tam-
me usa considerar inquestionvel, a autoridade paterna. bm para as relaes de famlia: assim como no cabe aos
Ora, se os pais detm alguma autoridade sobre os filhos, pais serem violentos com os filhos, no cabe aos filhos serem
o que determina a legitimidade das suas decises? violentos com os pais. O que no representar violncia, toda-
luz dos modernos, poderamos dizer que o benefcio via, no representa perigo natureza de cada uma das par-
dos filhos, sempre. A julgar pelo que nos esclarece a filosofia tes, e portanto merece toda concesso, ou, para usarmos a
jurdica moderna, jamais, no importa qual seja a fundamen- palavra que deve sempre estar presente, merece toda liber-
tao da autoridade, os pais esto livres de atender s ne- dade.
cessidades dos filhos. A responsabilidade dos pais consiste principalmente em
Os pais que tm aquele poder quase absoluto sobre os fi- dar oportunidade ao desenvolvimento dos filhos, consiste
lhos porque so genitores e esto, na verdade, subordinados principalmente em ajud-los na construo da prpria liberda-

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de. Trata-se de uma inverso total, portanto, da ideia antiga e A COLOCAO EM FAMLIA SUBSTITUTA - GUARDA,
maximamente patriarcal de ptrio poder. Aqui, a compreenso TUTELA, ADOO.
baseada no conhecimento racional da natureza dos integran-
tes de uma famlia quer dizer que no h mais fundamento na Guarda
prtica da coisificao familiar.
O encaminhamento do menor para guarda de terceiro,
As relaes de famlia, j que se do no interior de uma encontra seu amparo no Estatuto da Criana e do Adoles-
sociedade, tendem a atravessar constantemente essa tenso cente, e tem como base primordial a proteo e o bem estar
que ora distancia, ora aproxima, as relaes de poder e as do mesmo em sua formao psquica, moral e social.
relaes de afeto.
Consideremos que a relao em famlia no precise ser A guarda de terceiros, prevista no Estatuto, conse-
uma relao de poder, ainda que haja quem considere isso quncia de situao irregular do menor gerada por abando-
impossvel. Mas se ela no uma relao de poder, ou de no ou orfandade. A confiana da guarda do menor tercei-
dominao, o que ela ou pode ser? Somente uma relao ros, por razes graves e insuperveis, j se manifestava no
afetiva. Isso, para o que entendemos por famlia, faz sentido, Cdigo de Napoleo, editado em 1804, o qual, em seu artigo
mas a concorrncia entre afeto e interesses familiares no 302: Os filhos sero confiados ao cnjuge que obteve o di-
to evidente quanto deveria, o que exige, do civilista que se vrcio, a no ser que o tribunal, a pedido da famlia e do mi-
dedica hoje ao tema das relaes de famlia, uma ateno nistrio pblico, e em vista das informaes, ordene, para
especial condio dessas pequenas sociedades como liga- maior vantagem dos filhos, que todos, ou alguns deles, se-
es mantidas nuclearmente pelo afeto. jam confiados aos cuidados quer do outro cnjuge, quer de
Conceber as famlias como associaes determinadas pe- uma terceira pessoa, demonstrou que se inspirava no inte-
lo afeto significa necessariamente recusar que sejam deter- resse do menor, mesmo que com isso gerasse detrimento
minadas por uma relao de dominao ou poder. aos pais.
Paralelamente, significa dar a devida ateno s necessi- No Brasil, o Decreto n17.493/27, primeiro Cdigo de
dades manifestas pelos filhos em termos, justamente, de Menores da Amrica Latina, continha em seu art.27: encar-
afeto e proteo. Poder-se-ia dizer, assim, que uma vida regado da guarda de menor pessoa que, no sendo pai,
familiar na qual os laos afetivos so atados por sentimentos me, tutor, tem por qualquer ttulo a responsabilidade de
positivos, de alegria e amor recprocos em vez de tristeza ou vigilncia, direo ou educao dele ou voluntariamente o
dio recprocos, uma vida coletiva em que se estabelece traz em seu poder ou companhia. A Lei n6.697/79, no pa-
no s a autoridade parental e a orientao filial, como espe- rgrafo nico do 2 artigo, contm a expresso responsvel
cialmente a liberdade paterno-filial. pela guarda em substituio a encarregado pela guarda. A
Uma vida familiar que, ao contrrio, marcada pelas rela- citada Lei j admitia forma de colocao em famlia substitu-
es de dio claramente uma vida na qual se perdeu qual- ta e estabelecia normas de regncia em seus artigos. [16]
quer equilbrio afetivo, porque j no se percebem, a, identi- A Carta Magna brasileira de 1988, em seu artigo 227,
dades, semelhanas, generosidades. Pior: concebe-se que assegura criana como dever da famlia, da sociedade e
alguma paz s pode ser conquistada se se impuser, de qual- do Estado. O direito ao convvio com a famlia e comunida-
quer das partes, uma tirania da opresso sobre a parte inimi- de, veio disciplinado pela Lei n 8069/90, Estatuto da Crian-
ga. A j no se trata mais de responsabilidade numa relao a e do Adolescente, que atravs de seu artigo 33, que mais
paterno-filial, mas de uma responsabilidade mais apropriada adiante ser descrito, regulariza a posse de fato do menor.
quilo que Grotius chamava de direito de guerra.
Que contribuio pode dar, assim, a filosofia, e especial- A situao irregular que pode gerar a guarda de terceiro,
mente a filosofia moderna, para a considerao racional ou precisa ser passvel de enquadramento nas hipteses do
tica da responsabilidade nas relaes de famlia? Diria que artigo 98, do Estatuto, as quais geram a colocao em fam-
uma contribuio precisa e espantosamente necessria hoje lia substituta, se a mesma se demonstrar necessria pro-
em dia: a reflexo sobre o sentido, nas relaes de famlia, teo do menor.
dos laos afetivos como laos inquebrantveis apesar do Art. 98 - As medidas de proteo criana e ao adoles-
prprio desaparecimento dos modelos tradicionais de famlia. cente so aplicveis sempre que os direitos reconhecidos
O que torna esses laos inquebrantveis mais que o fra- nesta Lei forem ameaados ou violados:
casso ou a natureza nefasta dos laos de poder e dominao,
quando estes infestam a concepo que uma famlia pode ter I por ao ou omisso da sociedade ou do Estado;
de si prpria. Os laos afetivos so inquebrantveis porque, II por falta, omisso ou abuso dos pais ou respons-
como mostrava j Pufendorf, sempre estiveram na origem das veis;
relaes de famlia, porque ela o lugar natural dessa prtica
da identidade entre os seus integrantes. III em razo de sua conduta.
Seria, posteriormente, a excessiva carga institucional dada O artigo 101 capute inciso VII, do Estatuto, confirmam a
s relaes familiares que voltaria a dificultar a compreenso necessidade da comprovao das hipteses contidas no
da famlia como campo de liberdade coletiva; mas, como o artigo 98. Antonio Chaves [17], em sua obra, expressa que:
desejo de identidade e unio mais forte do que o desejo de a guarda de que trata o Estatuto s se aplica ao menor em
dominao e disputa, nenhuma autoridade ou responsabilida- situao irregular, isto , separado da famlia por morte ou
de fora desse interesse exclusivo na proteo e na formao abandono dos pais. Outros autores porm entendem que:
dos filhos pode ser verdadeiramente vlido. guarda pode ser deferida com relao a qualquer menor de
isso, principalmente, o que os modernos nos mostram a 18 anos de idade, independente de sua condio.
respeito da responsabilidade nas relaes de famlia: elas s
so legtimas enquanto se concentram no interesse pela for- A Lei 8.069/90 que incorpora a doutrina scio-jurdica da
mao e pela liberdade dos filhos. proteo integral proposta pela ONU, contrariamente aos
anteriores Cdigos de Menores, acabou com a ideia de situ-
Dayvid C. Pereira
ao irregular. Conforme se depreende do artigo 28 da cita-
da Lei A colocao em famlia substituta far-se- mediante
guarda, tutela ou adoo, independentemente da situao
jurdica da criana ou do adolescente, nos termos desta Lei,
a guarda a forma mais simples de colocao do menor em

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famlia substituta, nada importando sua situao jurdica. famlia substituta, em qualquer de suas formas, prevendo
[18] uma hiptese mais simples - a guarda -, na qual ocorre mero
desfalque das prerrogativas inerentes ao ptrio poder, como
Os artigos 165 170 do Estatuto so os que estipulam forma de evitar a Institucionalizao da criana/adolescente.
os procedimentos que devem ser seguidos em caso de ne-
cessidade de colocao de menor em famlia substituta. O Adoo
artigo 33 e seu 1 e 2 pargrafo, classificam a guarda em:
O termo adoo originado do latim "adoptio", e quer di-
Art. 33 - A guarda obriga prestao de assistncia ma- zer, literalmente, "ato ou efeito de adotar". Adotar quer dizer
terial, moral e educacional criana ou adolescente, confe- tomar, assumir, receber como filho.
rindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive
aos pais. Vrias so as definies encontradas na literatura jurdi-
ca, acerca do instituto da adoo. CCERO afirmou que
Pargrafo 1 - A guarda destina-se a regularizar a posse "adotar pedir religio e lei aquilo que da natureza no
de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, se pode obter".
nos procedimentos de tutela e adoo por estrangeiros.
CARVALHO SANTOS definiu-a como "ato jurdico que
Pargrafo 2 - Excepcionalmente, deferir-se- a guarda, estabelece entre duas pessoas relaes civis de paternidade
fora dos casos de tutela e adoo, para atender a situaes e filiao."2 PONTES DE MIRANDA disse ser ela um "ato
peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsvel, solene pelo qual se cria entre o adotante e o adotado rela-
podendo ser deferido o direito de representao para a pr- o fictcia de paternidade e filiao."3
tica de atos determinados.
Constitui ela ato bilateral, solene, de ordem pblica, me-
A guarda enquadrada no pargrafo primeiro classifica- diante o qual algum, nos termos da lei, estabelece com ou-
da como GUARDA PERMANENTE a qual uma guarda pe- trem, estranho ou parente, exceto filho ou irmo, relao
rene e fortemente estimulada pelo artigo 34 do Estatuto: O fictcia de paternidade e filiao.
Poder Pblico estimular, atravs de assistncia jurdica,
incentivos fiscais e subsdios, o acolhimento, sob a forma de A adoo um ato civil pelo qual algum adquire um es-
guarda, de criana ou adolescente rfo ou abandonado. O tranho na qualidade de filho. Caio Mrio da Silva Pereira [22]
pargrafo segundo no deixa de citar uma novidade trazida apresenta a adoo como: ato jurdico pelo qual uma pes-
pelo Estatuto da Criana e do Adolescente, ou seja, a soa recebe outra como filho, independentemente de existir
GUARDA PECULIAR a qual visa suprir uma eventual falta entre elas qualquer relao de parentesco consanguneo ou
dos pais. afinidade.

O pargrafo 3, do artigo 33 A guarda confere crian- Podemos dizer que a adoo visa dar filhos a quem os
a ou adolescente a condio de dependente, para todos os quer e melhorar, material e imaterialmente, a vida de quem
fins e efeitos do direito, inclusive previdencirios A incluso for adotado.
do menor, como dependente previdencirio do guardio, O regime de adoo sofreu evolues, vigorando hoje o
questionamentos e discordncias gerou as quais acabaram que consta no Estatuto da Criana e do Adolescente, artigos
por fazer vigorar o Decreto 2.171, de 05.03.1997, o qual reti- 39 ao 52, quando abrange crianas, at 12 (doze) anos de
rou o menor sob guarda judicial da proteo previdenciria idade incompletos, e adolescentes dos 12 (doze) aos 18
estatal. (dezoito) anos, ou seja, enquadra nos artigos citados adoo
Alguns doutrinadores, como Luiz Edson Fachim conside- que envolve os menores de 18 (dezoito) anos, com exceo
ram inconstitucional a excluso, face os artigos 226 da Carta ao contido no artigo 40: O adotando deve contar com, no
Magna de 1988, segundo o qual a famlia tem especial pro- mximo, dezoito anos data do pedido, salvo se j estiver
teo do Estado, e o 227 no qual est insculpido o dever da sob a guarda ou tutela dos adotantes.
Famlia, da Sociedade e do Estado em assegurar criana e A adoo dos nascituros e dos maiores de 18 (dezoito)
ao adolescente o direito sade. Em contrapartida, J. M. anos de idade no so passveis de enquadramento na Lei
Leoni Lopes de Oliveira [19], manifesta-se contrrio guarda 8.069/90, devendo ser enquadradas nas normas do Cdigo
previdenciria, pois entende ter a guarda finalidade maior, Civil.
quando demonstrado que a nica finalidade permitir ao
menor usufruir os benefcios previdencirios do guardio. O instituto da adoo se viu ampliado com o Estatuto da
Criana e do Adolescente, o qual permite:
A guarda no afeta o ptrio poder pelo que no afasta o
dever material dos pais de assistncia alimentar, se o menor Art. 42 - Podem adotar os maiores de vinte e um anos,
dela necessitar, embora o guardio assuma a obrigao de independentemente de seu estado civil.
prestar assistncia material, moral, educacional. Pargrafo 2 - A adoo por ambos os cnjuges ou concubi-
nos poder ser formalizada, desde que um deles tenha
Jos Luiz Mnaco da Silva [20], adverte: completado vinte e um anos de idade, comprovada a estabi-
(...) leitura do artigo 33 caput poderia sugerir a seguin- lidade da famlia.
te lio uma vez que o guardio se encontra obrigado, O Projeto de Cdigo Civil, em seu artigo 1.636, quanto a
merc do enunciado legal supracitado, a prestar alimentos idade de quem desejar adotar, assim se expressa: S a
ao menor cuja guarda detm, mostrar-se-ia vigoroso o ar- pessoa maior de 25 anos pode adotar. Quando vigorar, sa-
gumento segundo o qual os genitores estariam livres de beremos como ser aceita a elevao da idade.
cumprir idntica obrigao. Afinal de contas, poder-se-ia ar-
gumentar, estando o menor sob a guarda de outrem, que os A diferena de idade exigida entre o adotante e o adota-
pais se eximiram, por completo, do dever de prestar alimen- do de 16 (dezesseis) anos (art. 42, 3): O adotante h
tos. de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho que o adota-
do. Entende-se que o limite de 16 (dezesseis) anos de dife-
J Luiz Carlos de Barros Figueiredo [21] assim se pro- rena suficiente para que o adotante tenha plena consci-
nuncia: ncia do seu ato, j que a maioridade atingiu aos 21 (vinte e
A Constituio e a Lei 8.069/90 priorizam a permanncia um) anos. Sem modificaes no Projeto de Cdigo Civil.
do menor no seio da famlia natural, mas no olvidam a ne- A adoo depende da concordncia dos pais biolgicos,
cessidade de, em casos especficos, haver colocao em caso conhecidos, acessveis e no destitudos do ptrio po-

Conhecimentos Especficos 201 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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der, como tambm o consentimento do adotando, se maior Em caso de suspenso do ptrio poder, a tutela consi-
de 12 anos. Uma vez instituda, irrevogvel e no restabe- derada provisria e em caso de perda do mesmo, a tutela
lece o ptrio poder aos pais naturais, nem com a morte dos torna-se definitiva, perdurando at o atingimento da maiori-
adotantes. dade do pupilo, denominao dada ao menor que sob a tute-
la se encontra.
Outra ampliao que a Lei n 8.069/90 apresenta a
permisso de um dos cnjuges ou concubinos adotar os fi- As tutelas previstas em Lei, podem ser de 3 (trs) esp-
lhos do outro, mantendo-se no registro civil do adotado os cies [26] ou de 4 (quatro) espcies como coloca Maria Hele-
dados do genitor biolgico. uma forma de exteno do p- na Diniz [27]. As espcies citadas por ambos os doutrinado-
trio poder. o que nos transmite o pargrafo 1, do artigo res, divergem apenas na incluso da Tutela Irregular, in-
41: Se um dos cnjuges ou concubinos adota o filho do ou- cluso efetuada por Maria Helena Diniz. As espcies de tute-
tro, mantm-se os vnculos de filiao entre o adotado e o la so:
cnjuge ou concubina do adotante e os respectivos paren-
tes. - Tutela Testamentria - deferida por testamento ou ato
de ltima vontade, artigo 407 do Cdigo Civil, desde que a
Em relao adoo por estrangeiro, residente ou domi- nomeao ocorra por quem, no momento de sua morte,
ciliado fora do pas, inmeras discordncias surgiram sobre possua o ptrio poder. De acordo com o pargrafo nico do
a aplicao das normas existentes, o que gerou a criao, citado artigo, a nomeao pode ocorrer, alm do testamento,
pela Deputada Rita Camara, do Projeto de Lei n 1.391/99, por qualquer outro documento autntico.
projeto aprovado pela Comisso de Seguridade Social e
Famlia, o qual, quando vigorar, dever dispor sobre adoo Art. 407 - O direito de nomear tutor compete ao pai,
internacional de crianas e adolescentes. O projeto veda o me, ao av paterno e ao av materno. Cada uma destas
deferimento de uma adoo internacional antes de se esgo- pessoas o exercer no caso de falta ou incapacidade das
tarem as possibilidades de manter a criana ou adolescente que lhes antecederem na ordem aqui estabelecida.
em sua prpria famlia ou em famlia do nosso pas. A inten- Pargrafo nico - A nomeao deve constar de testa-
o dificultar o trfico internacional de crianas e adoles- mento ou de qualquer outro documento autntico.
centes. Torna indispensvel a intermediao de rgo P-
blico ou entidade particular do pas estrangeiro credenciado A Constituio Federal de 1988, atravs de seus artigos:
no Brasil. [23] 5,inciso I e 226, pargrafo 5, eliminou essa desigualdade,
entre homem e mulher, constante no artigo acima transcrito.
Ocorrendo a adoo, a mesma atribui ao adotado os
mesmos direitos e deveres de filho natural e, por isso, qual- - Tutela Legtima - a tutela que provm da Lei, no da
quer adoo pretendida dever fundar-se em motivos legais, vontade dos envolvidos. Ocorre na inexistncia de tutor no-
em benefcios ao adotvel. Os interesses do adotvel deve- meado, por ato de ltima vontade, pelos pais ou avs. O ar-
ro ser colocados, pelo julgador, acima de qualquer outro tigo 409, do Cdigo Civil, institui uma ordem de preferncia
interesse. indicao, ordem que no necessita ser obedecida a rigor,
pois prevalecem os interesses do menor, da pessoa que me-
Tutela lhores condies apresentar e se oferecer ao munus.
Ao analisarmos a Tutela, conclumos que a mesma um - Tutela Dativa - tutela conferida pelo juiz pessoa es-
poder conferido uma pessoa capaz. de carter assisten- tranha, pela falta de tutor testamentrio ou enquadrvel na
cial, que substitui o ptrio poder. enquadrada na Lei tutela legtima. O artigo 410, do Cdigo Civil, contm os fa-
8.069/90, em seus artigos 36 38, mas disciplinada pelo tos que podem provocar a nomeao:
Cdigo Civil, no qual o Ttulo VI inicia o Captulo I com a
mesma, em seus artigos 406 ao 445. Art. 410 - O juiz nomear tutor idneo e residente no
domiclio do menor:
A tutela tem por finalidade uma proteo e assistncia
um menor e administrao aos seus bens. Na poca em que I na falta de tutor testamentrio, ou legtimo;
o Direito Romano predominava, no mesmo a tutela tinha um II quando estes forem excludos ou escusados da tute-
carter protetivo mais direcionado aos bens do menor do la;
que sua pessoa. Atualmente predomina a preocupao
pessoa. III quando removidos por no idneos o tutor legtimo e
o testamentrio
uma instituio que pode atingir os menores de 21
(vinte e um) anos de idade, no subordinados autoridade - Tutela Irregular - a quarta tutela mencionada na dou-
dos pais, pelo fato dos mesmos terem falecido, serem julga- trina, na qual no se nomeia propriamente um tutor. O que
dos ausentes ou perderem o ptrio poder e um terceiro exercer o papel de tutor, dever zelar pelo menor e por seus
investido dos poderes de interesse do menor. bens como se investido do encargo estivesse legitimamente,
mas no gera efeitos jurdicos. a que ocorre quando o me-
Maria Helena Diniz [24] conceitua a tutela como: um nor em situao irregular se encontra, situao esta prevista
complexo de Direitos e Obrigaes, conferidos pela lei, a um nos artigos 36 38 da Lei 8.069/90.
terceiro, para que proteja a pessoa de um menor, que no
se ache sob o ptrio poder, e administre seus bens. Con- A tutela um encargo pessoal, que no poder ser exer-
clui-se, pelo conceito, que o escopo da tutela substituir o cido pelas pessoas constantes no artigo 413 do Cdigo Civil,
ptrio poder. j que no legitimados para exercer o cargo se encontram.
uma funo imposta pela Lei, irrecusvel, a no ser que si-
Pontes de Miranda [25] estipula a tutela de poder confe- tuaes sejam determinadas e entendidas como motivo justi-
rido pela lei, ou segundo princpios seus, pessoa capaz, ficado para a recusa. O artigo 414 do Cdigo Civil enquadra
para proteger a pessoa e reger os bens dos menores que as situaes que amparam a escusa. O artigo 415, do citado
esto fora do Ptrio-Poder. cdigo, tambm enquadra uma escusa que, em anlise do
O artigo 406 do Cdigo Civil aborda os casos em que fato, pode ser aceita: Quem no for parente do menor no
pode ocorrer a tutela: Os filhos menores so postos em tu- poder ser obrigado a aceitar a tutela, se houver parente
tela: I falecendo os pais, ou sendo julgados ausentes; II idneo, consanguneo ou afim, em condies de exerc-la.
decaindo os pais do ptrio poder. O exerccio da tutela limitado e controlado por Lei. Uma
ideia generalizada podemos captar pelo artigo 422, do Cdi-

Conhecimentos Especficos 202 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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go Civil: Incumbe ao tutor sob a inspeo do juiz reger a de que no traz problemas para a sade, usa o tempo que ele
pessoa do menor, velar por ele, e administrar-lhe os bens. A j faz uso, geralmente de dois a trs anos, para justificar.
atuao do tutor, no exerccio de seu encargo junto a pessoa
do menor e dos seus bens, inspecionada por juiz, prevale- Os pais, embora percebam e sintam claramente a gravi-
cendo o referente pessoa. dade dos problemas que o uso de drogas traz para o filho e
para famlia, sentem-se impotentes, incompetentes, culpados,
O artigo 1.521, inciso II do Cdigo Civil, estipula que o tu- e, sobretudo, ficam confusos e divididos entre o certo e erra-
tor responsvel por atos ilcitos praticados pelo menor que do, no sabem mais que atitudes devam tomar.
como pupilo se encontra. A responsabilidade tambm envolve
a prestao de contas, pelo tutor, ao juiz, atravs de balano Essa confuso sustentada, complicada, alimentada e
a cada ano e com todas as formalidades contbeis a cada 2 ampliada por alguns fatores sociais e culturais tais como:
(dois) anos, de sua atuao como administrador dos bens do
menor sob sua tutela, conforme estipulado pelos artigos 434, 1. Uma banalizao do uso de drogas por vrios segui-
435 e 436 do Cdigo Civil. mentos sociais, como bandas de msica e movimentos arts-
A tutela cessa, dentre outras causas: com a maioridade ou ticos, algumas defesas calorosas e pblicas e o argumento de
emancipao do menor; caindo o menor sob o ptrio poder; que todo mundo um dia vai experimentar, ou que esse uso
em caso de legitimao, reconhecimento e adoo. A funo faz parte da fase da adolescncia e que, portanto, vai passar.
do tutor pode se encerrar antes do trmino da tutela, pois o No entanto, trabalhos epidemiolgicos, como o de Carline
encargo do tutor de 2 (dois) anos. Caso ocorra, efetuada (1997), mostram que a mdia brasileira de experimentao
substituio do tutor por outro ou reconduo do mesmo. (uso na vida) foi de: 0,7% para cocana, 3,4% para maconha,
17,3% para inalantes. Esses dados negam essa generaliza-
O artigo 445 do Cdigo Civil, nos transmite possibilidades o, exceto quanto ao lcool que foi de 77,5% dos adolescen-
de destituio da tutela: Ser destitudo o tutor, quando ne- tes estudantes pesquisados;
gligente, prevaricador ou incurso em incapacidade. Roberto
Joo Elias [28], em sua colocao sobre a destituio da 2. A ambiguidade social criminaliza algumas drogas e le-
tutela, mais uma vez nos deixa clara a predominncia da galiza outras com argumentos falsos e moralistas. Essa sepa-
proteo da pessoa do menor: rao de drogas lcitas e ilcitas no tem qualquer relao
H uma preocupao do legislador, alis bem compre- com o mal que possam causar, pois ambas so prejudiciais
ensvel, no sentido de que aquele que exerce o cargo deve sade. A separao est mais ligada a antigas razes polti-
faze-lo de molde a no prejudicar o pupilo. Assim sendo, cas e econmicas. As lcitas so as drogas que eram usadas
ainda que agindo de boa-f, se o tutor no for capaz de exer- pelos colonizadores como o lcool e o tabaco, e as ilcitas
cer a tutoria em proveito do menor, dela ser destitudo. Com aquelas usadas pelos colonizados como o pio, a maconha e
maior razo nos casos de negligncia e prevaricao. No a coca. Portanto, o uso das ltimas proibido por questes
primeiro, h uma presuno de desinteresse pelo cargo e polticas e econmicas do colonizador sobre o colonizado,
ausncia de condies que so prprias ao bom pai de fam- desconsiderando totalmente a questo do ponto de vista da
lia, necessrias ao correto desempenho do cargo. No segun- sade (Bezerra, 1998). Muitos pais entram em pnico, porque
do caso, a incapacidade seria superveniente nomeao, descobriram que a filha usa maconha, no entanto, no de-
entendendo-se por prevaricador aquele que falta, por interes- monstram a mesma preocupao com um adulto da famlia
se ou m-f, aos deveres de seu cargo. ou mesmo com o filho que faz uso sistemtico de lcool. Am-
bas situaes so preocupantes;
As causas que geram a suspenso ou destituio do p-
trio poder podem ser geradoras da destituio da tutela. A Lei 3. Argumentos racionais e simplistas que deslocam essa
8.069/90 faz referncia ao citado em seu artigo 38, quando ao questo complexa das drogas somente para rea da sade
artigo 22 se remete, atravs do artigo 24. Em todos os aspec- fsica e rea jurdica, sem levar em conta que o uso de drogas
tos, o interesse e o bem estar do menor dever sempre pre- pelo filho envolve, sobretudo os aspectos afetivos e emocio-
valecer sobre qualquer outro interesse. Por: Marcia Pelissari nais entre os membros da famlia. Os primeiros e principais
problemas que surgem, e que devem preocupar os pais, no
ADOLESCNCIA, DROGADIO E FAMLIA. esto na esfera da sade, mas no distanciamento afetivo
A FAMLIA, O ADOLESCENTE E O USO DE DROGAS entre pais e filhos, nas dificuldades de comunicao que con-
taminam outros aspectos da dinmica familiar, e na esfera
Valdi Craveiro Bezerra[1] social, pelo fato do adolescente ser lanado num contexto
Hebeatra (Clnico de Adolescentes). marginal que permeia o uso de drogas ilcitas, sendo este
Ana Carolina Bessa Linhares[2] meio mais nocivo que o prprio uso da droga em si. (Bezerra,
Psicloga, Psicoteraputa de Adolescentes. 1998);
Doutor me ajude. Atenda meu filho que est usando dro-
4. Informaes e posies contraditrias entre profissio-
gas!
nais sobre o uso de drogas, que vo depender da experin-
Quando os pais[3] nos procuram pedindo ajuda para um cia, do tempo dessa experincia, e principalmente do modelo
filho[4] adolescente que est vivendo uma situao especial terico-ontolgico dos profissionais envolvidos. Encontramos
de uso de drogas, eles fazem um pedido para atendermos posies variadas tais como: O adolescente s pra se ele
seu filho e no se sentem includos nessa consulta ou nesse de fato quiser ser ajudado; No adianta proibi-lo de usar
pedido de ajuda. Em geral o filho no est pedindo ajuda, drogas, pois ele tem de descobrir outros prazeres para substi-
nem acha o uso de drogas um problema. Na conversa com os tuir a droga; Todos os adolescentes experimentaro drogas
pais, o adolescente argumenta que estes no sabem de nada, de qualquer maneira.
que maconha, por exemplo, no faz mal, no atrapalha, faz
at bem sade sendo usada como remdio no tratamento Coragem, ns vamos entrar nesse barco com vocs!
do glaucoma, no tratamento da Aids, e outros argumentos
veiculados na imprensa falada e escrita. Contra argumenta A famlia sempre foi vista como fator de risco ou como
que o cigarro e a cerveja que o pai usa , faz mais mal sade causa dos problemas dos filhos. Inmeros artigos procuram
que seu baseado. Tem convico de que deixa de usar associaes do tipo causa-efeito que expliquem o uso de
drogas quando quiser, pois no dependente, e como prova drogas do filho com: o alcoolismo de um dos pais (Chassin et
all 1993; Ullman & Orenstein, 1994); a transmisso gentica

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familiar (Bierut et all 1998; Merikangas et, all 1998); a separa- e perigosa para ns. No podemos esquecer que mesmo que
o dos pais (Nurco et all, 1996); a estrutura e relao afetiva o pai desse adolescente seja um alcolatra, o nico pai que
familiar (Metzier et all, 1994; Sokol-Katz & Ulbrich, 1992; ele tem, e se devolvermos a dignidade a esse homem, con-
Walsh, 1995). Poucos estudos na literatura tm olhado para firmando-o como pai, o pouco que ele fizer pelo filho, ter um
as contribuies da famlia (Rutter,1985; Walsh, 1996; Wer- efeito maior que, qualquer efeito provocado por uma inter-
ner, 1993). veno maravilhosa realizada por um terapeuta fantstico.
Sem essa crena na competncia da famlia, na qual esta se
A experincia clnica nos conduziu a considerar a famlia fia e se agarra, o profissional jamais conseguir fazer uma
no como um entrave, um problema ou um fator complicador parceria com esta famlia, parceria esta fundamental e vital
que deveria ficar fora do processo, mas como uma forte alia- para o sucesso dessa grande aventura, que ajudar esse
da, como o principal instrumento no processo de resgate do adolescente a parar com o uso de drogas.
adolescente vivendo a situao especial de uso de drogas.
Embora parea to desprovida de recursos, na famlia que O que propomos uma inverso total para a famlia, que
encontramos a soluo para seu problema. no seu desespero se acha incompetente, e principalmente
para o profissional que se formou e est acostumado a ser
Para uma famlia pedir ajuda a um profissional necess- visto como aquele que vai resolver os problemas, as doenas.
rio muita coragem. Em primeiro lugar, porque o uso de drogas Acreditamos que ns profissionais possamos ser mais eficien-
mal visto, estigmatizado, considerado falta de vergonha e tes quando conseguimos essa parceria com a famlia e agi-
de carter, e denigre tanto o indivduo quanto famlia. Em mos como facilitadores, potencializadores de suas capacida-
segundo lugar, a criminalizao do uso de algumas drogas des e instrumentos.
faz do pedido de ajuda uma denncia.
to difcil para a famlia acreditar que ela que tem os
Quando corajosamente os pais ou outros adultos pedem instrumentos para fazer o filho parar com o uso de drogas,
ajuda para um filho adolescente, em geral j faz algum tempo como para o profissional descer do pedestal onde foi coloca-
desde quando algum membro da famlia percebeu e preocu- do pela famlia, que acaba funcionando como uma armadilha
pou-se com o uso, at o momento em que ela chega a ns para ambos.
pedindo ajuda. E isso positivo, porque indica que a famlia j
usou vrios recursos e fez vrias tentativas de resoluo com O primeiro passo desse processo convencer a famlia de
os instrumentos que dispunham e que funcionaram para re- que vamos atend-los e no a seu filho, por dois motivos.
solver outras dificuldades encontradas na histria de vida Primeiro, porque quem pede ajuda so os pais, apesar de ser
familiar. Somente quando elas esgotam seus recursos, pe- o filho quem tem o problema e quem sofre, no o adoles-
dem ajuda aos ditos especialistas. assim que entendemos cente, mas a famlia. A demanda vem distribuda, e se a fam-
essa demanda da famlia, e comunicamos a ela que estamos lia ainda acredita que o profissional que vai resolver o
muito orgulhosos da confiana que elas nos depositam. Mas problema, ela insistir em pedir ajuda para o filho que por si
no aceitamos atender seu filho, principalmente no incio, s no pede. Nossa conduta reforar e confirmar esses pais
porque no acreditamos na sua incompetncia enquanto pais. ainda mais como competentes. Basta a crueldade de nossa
Aceitar e responsabilizar-nos pelo tratamento de seu filho, sociedade que pe na famlia toda a culpa. O segundo moti-
confirma a ideia de que eles so incompetentes e de que vo, que vemos na prtica, que um usurio de drogas por
somos ns, os especialistas, que iremos resolver o problema. mais conscincia e informao que tenha sobre os malefcios
Se recebssemos seu filho, a famlia sairia aliviada, meu filho que esta causa, e eles sempre tm, mesmo que perceba seu
est sendo tratado, porm eles no aprenderiam a resolver e sofrimento e o sofrimento da famlia, muito, muito difcil
enfrentar os problemas que esto vivendo, nem assumiriam vencer sozinho a relao estabelecida com a droga. Esperar
sua participao to indispensvel nesse processo. Certa- que ele queira ser ajudado para fazermos algo por ele, o
mente creditariam a ns os resultados e continuariam a sentir- mesmo que insistirmos em dar na chave para dar a partida
se incompetentes e culpados em relao s dificuldades do num caminho que s pega no tranco isto , sendo empur-
filho e, portanto, despreparados para lidar com eles. Devol- rado. Esta postura de cobrar do usurio que assuma a res-
vemos essa confiana acreditando que eles fizeram o melhor ponsabilidade de parar com o uso de drogas, o que mais
que podiam at o momento e que esgotando seus recursos retarda o processo de fazer o filho parar de usar drogas.
vieram nos pedir ajuda para que, junto a ns e a outras fam-
lias, possamos formar uma rede e procurar alternativas para Construindo parceria com a famlia
uma questo to complexa e difcil para eles pais, para ns
profissionais e para toda a sociedade. Quando as famlias nos procuram elas vm com muita
mgoa do filho. A pergunta que sempre se faz : Como um
A famlia competente garoto to bom, to atencioso, inteligente, amigo, to querido
pde cair nessa? Como pode fazer isso com sua famlia? Que
Acreditamos de fato, que a famlia tem competncia para vergonha, meu Deus!. Essa mgoa provocada pelo medo de
resolver o problema do uso de drogas do filho. Ela s no perda, pelo sentimento de culpa, de incompetncia, de fra-
sabe que tem. Nenhum profissional conseguir estabelecer casso, leva a uma frustrao muito grande. Quando a dinmi-
um vnculo to poderoso com este adolescente, como o vn- ca familiar chega a esse ponto, o canal de comunicao com
culo entre o filho e os pais. Os vnculos dos pais com os filhos o filho est totalmente desgastado ou j quase inexistente. A
so mais poderosos em operar mudanas que qualquer vn- construo da parceria consiste primeiro em preparar os pais,
culo teraputico ou de autoridade constituda. So vnculos trabalhando esses sentimentos que funcionam como um freio
com histria de vida, com um tempo de no mnimo a idade do de mo no processo de mudana:
filho. essa crena do profissional que vai confirmar a famlia
como capaz e competente e vai torn-la poderosa em promo- 1) A mgoa provocada pelo comportamento do filho pelo
ver mudanas verdadeiras em todo o sistema familiar. Se uso de drogas, leva os pais a tratar o filho e a droga como a
essa famlia no for confirmada como capaz, o que de fato , mesma coisa. Aquele filho antes maravilhoso, cheio de futuro,
ficar mergulhada numa crena de fracasso e de incompetn- de provveis sucessos, reduzido a um maconheiro, a um
cia to grande, que dificilmente ter condies de ajudar o drogado. Quando os pais referem-se ao filho, o confundem
filho, e tentar de todos os modos transferir a competncia com a droga e inevitvel o atrito. Eles esquecem todo o bom
para o profissional, que se no for esperto, ser seduzido comportamento anterior ao uso de drogas do filho, e este
pelo brilho do poder de curar e cair na armadilha mais antiga reduzido ao comportamento marginal do uso de drogas. Por

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essa razo, no fcil convencer os pais de que no podem bilidade nossa, enquanto pais e adultos, pois somos madu-
confundir o filho, com o comportamento apresentado por este, ros, experientes e capazes o suficiente para enfrentarmos
em uso de drogas, mesmo que seja o filho que esteja agindo com determinao essa tarefa. Devemos assumir que a deci-
assim. Para o sucesso de nosso trabalho, de suma impor- so do filho parar de usar drogas nossa, no importando se
tncia os pais realizarem essa separao. Separar o filho, ele vai ajudar ou no.
aquela criana maravilhosa que os pais tm em seus cora-
es, do comportamento atual provocado pelo uso de drogas,
o que vai permitir a criao de um canal de comunicao 4) O sentimento de culpa vem muitas vezes disfarado de
com amorosidade, condio sine qua non, para a promoo cansao e de um no querer mais lutar pelo filho. A pergunta
da parada do uso de drogas pelo filho. Para facilitar essa que os pais mais nos fazem : onde foi que eu errei?. Esse
ginstica mental, usamos a ideia da droga como um encos- sentimento de culpa, herana de nossa sociedade judaica-
to, um esprito mau. Explicamos aos pais que, o que no crist especializada em apontar o errado, o pecado, o mal
presta a droga, no o filho, que continua aquela criana feito, esquece totalmente e completamente o positivo, o certo,
amorosa de antes. A droga se apossa do filho feito um en- o bom. Ns vamos para o cu no por termos feito muitas
costo, e este passa a ter o comportamento daquele esprito coisas boas, mas por no termos pecado. Da mesma manei-
mau que a droga. Por mais que queira, que tenha boas ra, a famlia vivencia o uso de drogas do filho. At o momento
intenes, o filho no consegue resistir ao encosto-droga. A estavam acertando, tinham um filho maravilhoso, e faziam
droga estabelece uma relao de dependncia com o filho to coisas boas e certas. De repente, a culpa aniquila tudo de
grande que, como um encosto, acabam sendo confundidos positivo que eles fizeram e j conseguiram na educao dos
um com o outro. Para afastarmos o filho das drogas, temos de filhos. Alm disso, o filho que at ento era maravilhoso e
traze-lo cada vez mais para perto de ns, e no tentar afastar querido reduzido a um drogado. A comunicao feita em
a droga, o encosto, batendo no filho, pois assim o encosto torno das cobranas, das drogas, da culpa, gerando raiva,
gruda mais ainda. Para ns, a maneira mais prtica de fazer impedindo solues. Proporcionar famlia fazer um resgate
isso abraando o filho to apertado que no sobre espao de tudo de bom que j viveram, do filho maravilhoso que eles
para a droga ficar entre eles, pais e o filho. Nesse processo, o tm e com isso perceber que acertaram mais do que erraram,
objetivo que os pais percebam que o filho continua sendo vai favorecer o restabelecimento de uma comunicao entre
seu filho, aquela pessoa maravilhosa que sempre tiveram, e pais e filhos.
que esto momentaneamente (comparando com a eternida-
de) separados pelos sentimentos de fracasso, de impotncia, Criando um canal de comunicao de amorosidade
da quebra de respeito, levando a uma comunicao com
agressividade, associados com o uso de drogas do filho. S Aps convencer a famlia a assumir a responsabilidade de
no podem esquecer que seu filho e que eles so seus fazer o filho parar com o uso das drogas, o prximo passo
pais. criar um canal de comunicao pelo qual os pais possam
conversar com o filho, sem os vcios anteriores de culpa,
2) O medo de perda provoca uma resistncia inicial a cobrana, raiva, depreciaes e mgoas, que s servem para
qualquer mudana que possa levar sada do filho de casa. provocar distncias, dificultando qualquer comunicao. A
Quando pequenos, os limites so claros e precisos e os filhos caracterstica bsica deste canal a amorosidade. Tudo que
no esto em condies de questionar em funo de sua total comunicado ao filho como a preocupao, os limites, as
dependncia. Quando crescem ou adolescem, por essa de- regras, permeado por essa amorosidade. Embora os pais
pendncia no existir mais em sua totalidade, temos um sen- tenham muito amor pelos filhos, no cotidiano no expressam
timento que, se pusermos limites que eles no aceitem, eles sua amorosidade. Usando a racionalidade, sem aproximar o
podem ir embora. Diante disso, os pais passam cada vez discurso da afetividade, o pai pode dizer ao filho: Voc no
menos a por limites, chegando ao ponto de aceitar todas as vai nessa festa, porque com certeza vai fumar maconha e se
imposies do filho e perdem a funo de protetor. Num pro- juntar com seus amigos drogados. Utilizando um canal de
cesso gradual, os filhos deixam a escola, distanciam-se da amorosidade, evitando justificativas racionais e falando de
famlia, trocam velhos amigos por amigos do meio das dro- seus sentimentos na primeira pessoa, a mesma interveno
gas, cometem delitos. E, impotentes diante disso, poder per- poderia ser: Eu no quero que voc v a essa festa, porque
d-lo de vez para as drogas, para um traficante, para uma amo muito voc e vou ficar extremamente preocupado com a
bala perdida. O caminho mais fcil para perdermos um filho possibilidade de voc fumar maconha, pois certamente en-
termos medo de perd-lo. O que os pais no podem esquecer contrar seus amigos e ser muito difcil para voc dizer no.
que o amor que os liga aos filhos aponta para os dois lados, sair de uma comunicao racional, na qual o embate de
isto , dos filhos para os pais tambm. O que pode estar exis- opinies encontra um terreno frtil e interminvel que acaba
tindo, a no manifestao desse amor, o que verdade em agresses, para uma comunicao emocional, na qual os
para ambos os lados. pais falam dos seus sentimentos, do sofrimento diante do
risco de perder o filho para as drogas, no fornecendo espao
3) O sentimento de impotncia, como decorrncia dessa para discusses. abandonar o foco das drogas e centrar no
perda dos limites, dificulta os pais de assumirem a responsa- filho. Sair da viso: meu filho tem um problema (as drogas),
bilidade total sobre a parada do uso de drogas do filho. Na para: meu filho tem uma grande dificuldade em relao s
grande maioria, os pais acreditam que a parada do uso de drogas. A partir deste salto, os pais investiro no filho e no
drogas depende da boa vontade e da determinao do filho. nas drogas. Na nossa experincia com o grupo de pais de
Eles dizem, desculpabilizando-se, que no foram eles que filhos vivendo uma situao especial de uso de drogas, o
levaram o filho a usar droga, que eles proporcionaram tudo Grupo Multifamlia, a maneira mais prtica de promovermos a
para que ele fosse normal, desde as condies materiais at criao desse canal de amorosidade, provocando uma
emocionais e afetivas, e que se seu filho no quiser parar de aproximao pelo abrao e pela declarao de amor ao filho.
usar, ningum poder fazer nada por ele. A questo que O abrao por si s no teraputico, mas veculo para o
no basta ele querer parar de usar drogas. No depende de estabelecimento de um vnculo de amorosidade. Por isso,
sua boa vontade. No esqueamos que o caminho do inferno temos de fazer algumas consideraes a respeito desse
est cheio de boas intenes. Os filhos frequentemente afir- abrao:
mam que param quando quiserem, mas se deixarmos por
conta de sua prpria boa vontade deixaremos uma responsa- 1) Se crescer, perde o colo - Com muita frequncia, na en-
bilidade enorme em suas mos. Mos jovens demais para trada da puberdade, os filhos perdem o colo, os abraos, o
uma responsabilidade to grande. Felizmente essa responsa- contato fsico com os pais. um processo de afastamento

Conhecimentos Especficos 205 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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dos dois lados. Por um lado, as mudanas fsicas como as sentimentos positivos, mas com muita frequncia, todas as
curvas, seios, cheiros, msculos, deixam os pais um pouco mgoas e outros sentimentos que podem comprometer a
sem jeito no contato fsico com os filhos, at ento quase que estratgia. O abrao no pode ser espontneo, tem que ser
assexuados, ou considerados como tais, e de uma hora para estratgico.
outra sem percebermos, temos uma mulher ou um homem,
sexuados em casa. A evitao do contato quase certa.
Para superar essa barreira sexuada, o que no fcil, os Declarando e formalizando posies
pais continuam abraando os filhos como se ainda fossem
suas criancinhas, e os infantilizam durante o abrao com Esta etapa, que apresentaremos de forma sinttica, faz
expresses do tipo: meu beb, meu filhinho, e outras ex- parte do processo de instrumentalizao dos pais, e portando
presses, no intuito s vezes de serem mais afetivos, e me- no o objetivo principal deste trabalho.
nos fsico-sexuados. Por outro lado, o filho que est adoles-
cendo, quer ser confirmado como adulto e muitas vezes tam- Junto criao do canal de comunicao de amorosidade
bm confunde o crescimento e autonomia, que deve ser con- com o filho, de suma importncia que os pais tomem algu-
quistada, com o afastamento fsico e emocional dos pais. mas posies diante do uso de drogas do filho. Essas posi-
Nossa cultura popular ajudada pelas teorias psicolgicas do es tomam forma de declarao para toda a famlia. Todos
incio do sculo, principalmente de influncia psicanaltica, os membros da famlia devem participar do processo, porque
tem criado no imaginrio da populao que o adolescente todos esto implicados, fazem parte da mesma famlia, e o
para crescer tem de afastar-se dos pais. Dessa forma, a au- processo de mudana vai favorecer a todos os filhos e princi-
tonomia est associada a rompimento. Para ns, contudo, palmente ao casal, que com muita frequncia apresenta um
crescimento tambm est profundamente associado capa- problema subjacente ao do filho.
cidade e maturidade para estabelecer e manter os vnculos
afetivos. Essa aprendizagem se faz fundamentalmente dentro Solicitamos aos pais que atravs de uma reunio familiar
do espao familiar. Em todas as culturas, a famlia d a seus formal, apresentem para todos os membros da famlia, estas
membros o cunho da individualidade. A experincia humana declaraes, e as assumam como suas decises e no dos
de identidade tem dois elementos: um sentido de pertencer e profissionais envolvidos no processo.
um sentido de ser separado. A famlia a matriz da identida-
de onde esses elementos se misturam (Paccola, 1994). O 1) Declarao de amor incondicional ao filho Ns te
processo de individuao, que o adolescente passa, tem amamos muito e no vamos abrir mo de voc para droga
como significado encontrar sua individualidade, de sentir-se nenhuma, para traficante nenhum, e para onde voc for, ire-
um sujeito nico portador de uma personalidade dentro do mos te buscar. Essa deve ser a primeira declarao, pois vai
seu espao familiar, e ocorre ao mesmo tempo em que o nortear e dar sentido a todas as outras. No importa se o filho
processo de pertencimento, que o sentimento de fazer parte acredite, aceite ou faa chacotas. Na nossa experincia,
de uma famlia sem perder sua identidade. Esses processos quando eles fazem isto, porque tanto os filhos quanto os
ocorrem simultaneamente, pois quanto mais eu sou autnomo pais no sabem o que fazer com os sentimentos gerados por
e me sinto confirmado na minha subjetividade, mais eu posso essa declarao, s vezes, h muito tempo esquecidos. Essa
pertencer a uma famlia sem ter receio de perder minha iden- declarao arrasta todo e qualquer dilogo para o canal de
tidade. Portanto, precisamos entender que pais e filhos preci- comunicao de amorosidade, saindo do racionalismo das
sam dar continuidade expresso da amorosidade no pero- ideias.
do da adolescncia, confirmando para ambos a continncia
que o contato corporal assegura e fortalecendo o vnculo 2) Declarao de intolerncia ao uso de drogas No to-
amoroso que deve vigorar durante toda nossa existncia. leramos em nossa famlia o uso de drogas, e faremos o pos-
svel e o impossvel para voc parar seu uso, porque te ama-
2) E se me rejeitar? - Outro fator que dificulta esse abrao, mos muito. Essa segunda declarao deixa claro que s h
o medo dos pais de no serem correspondidos e de se uma opo que a parada do uso de drogas. Costumamos
sentirem rejeitados. importante os pais perceberem que dizer que o adolescente tem duas opes: Ou ele pra de
abraaro os filhos, no por eles filhos, mas por eles pais, usar drogas ou ele pra de usar drogas, e s pode escolher
pois esto construindo um canal de comunicao de amorosi- uma das duas. Ela tambm abre espao para todas as atitu-
dade com o filho, para por meio deste canal trabalharem a des que os pais devam tomar que impeam que o filho faa
parada do uso de drogas do filho. Um bom treino comear uso de drogas. Os pais devem vasculhar o quarto do filho na
abraando uma arvore muito bonita, sentindo toda a emoo procura de incensos, papelotes, drogas, que devem ser joga-
dessa interao com a natureza. A rvore nada faz e o ho- dos no vaso e dada descarga, e depois comunicar ao filho.
mem no se sente rejeitado por isso. Se o filho recusa o
abrao, no importa, a misso do pai consegui-lo, mesmo 3) Declarao de responsabilidade Estamos assumindo
quando este estiver dormindo. O processo mais importante diante de voc o compromisso de faze-lo parar de usar droga,
que os resultados imediatos. e para isso faremos o possvel e o impossvel. Deixar a res-
ponsabilidade de parar com o uso sobre o adolescente uma
3) E se eu no tiver vontade? - Na coleo das dificulda- sobrecarga muito grande para ele. Ns acreditamos que ele
des em abraar o filho, uma outra questo levantada pelos tem a maior boa inteno, mas como j afirmamos, de boa
pais que somente devem abraar o filho quando sentirem inteno o inferno est cheio. Nosso filho um adolescente
vontade. Eles alegam que o abrao deve ser espontneo. A em dificuldade, e precisa que os pais, e ns adultos tomemos
questo que no podemos esquecer que o abrao aqui essa atitude de responsabilidade, e de compromisso diante
usado como um veculo para criar um canal de comunicao. de um problema tal como o uso de drogas que requer maturi-
Ele no est sendo apenas uma expresso afetiva, mas tem dade, segurana, experincia , firmeza, compromisso. Por
uma inteno, uma estratgia, um objetivo certo. Quando mais que os pais tenham dificuldades, e todos os adultos tm,
orientamos os pais a abraar os filhos no mnimo trs vezes esto muito mais preparados do que esse adolescente para
ao dia, (como uso de antibitico) orientamos que no esque- assumir essa responsabilidade.
am da inteno, e no momento do abrao mentalizem: Es-
tou criando um canal de comunicao de amorosidade com 4) Declarao de no compactuar com segredos No
voc. Esta mentalizao importante, porque lembra cons- guardaremos segredos de seu uso de drogas, e compartilha-
tantemente aos pais seu objetivo e impede que esse abrao remos com todas as pessoas que possam nos ajudar nesse
se reduza a uma manifestao afetiva que pode trazer tanto processo. O segredo alimenta o trfico, protege o traficante,

Conhecimentos Especficos 206 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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e mantm o uso de drogas pelo adolescente. O nico benefi- Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido
cirio do segredo o traficante. A quebra do segredo visibiliza mediante violncia ou grave ameaa a pessoa, a autoridade
uma situao de dificuldade e promove uma tomada de posi- policial, sem prejuzo do disposto nos arts. 106, pargrafo
o, um enfrentamento da situao em relao famlia. nico, e 107, dever:
nesse momento ou algum momento aps, que os pais procu-
ram ajuda para enfrentar esse problema. A quebra do segre- I - lavrar auto de apreenso, ouvidos as testemunhas e o
do tambm vai alm de dar incio ao processo de parada de adolescente;
uso de drogas pelo adolescente, vai bloquear o contato com o II - apreender o produto e os instrumentos da infrao;
traficante e paralisar a rede do trfico. Se mantivermos segre-
do diante do uso do filho, seremos jogados na lgica perversa III - requisitar os exames ou percias necessrios com-
do trfico. Encobriremos nosso filho e ele vai continuar a fazer provao da materialidade e autoria da infrao.
uso da droga. Ele pode usar nosso medo e nossa vergonha Pargrafo nico. Nas demais hipteses de flagrante, a la-
para ficarmos calados, para fugir de nossas decises. im- vratura do auto poder ser substituda por boletim de ocorrn-
portante fazermos um cerco, criarmos uma rede de apoio e cia circunstanciada.
no poderemos cri-la se fizermos segredo da situao e no
pedirmos colaborao e ajuda. A revelao, o jogo aberto Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou respons-
protege os pais, pois permite a estes tomar decises que com vel, o adolescente ser prontamente liberado pela autoridade
certeza protegero seu filho de situaes de risco. policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua
apresentao ao representante do Ministrio Pblico, no
Finalizando a ttulo de comeo de processo mesmo dia ou, sendo impossvel, no primeiro dia til imediato,
exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua reper-
Ns apresentamos o incio de um processo, que o de cusso social, deva o adolescente permanecer sob internao
seduzir a famlia para participar, assumir com a responsabili- para garantia de sua segurana pessoal ou manuteno da
dade de juntos, famlia e profissionais, promoverem a parada ordem pblica.
do uso de drogas do filho. importante deixar claro que o que
Art. 175. Em caso de no liberao, a autoridade policial
apresentamos aqui somente parte desse trabalho, visto que
encaminhar, desde logo, o adolescente ao representante do
o acompanhamento e instrumentalizao so processos mui-
Ministrio Pblico, juntamente com cpia do auto de apreen-
to mais extensos e complexos e envolvem outras etapas que
so ou boletim de ocorrncia.
no sero apresentadas nesta publicao. A continuidade
desse trabalho o que ocorre no que intitulamos Grupo Mul- 1 Sendo impossvel a apresentao imediata, a autori-
tiFamlia e consiste em acompanhar os pais nessa aventura dade policial encaminhar o adolescente entidade de aten-
at a parada do uso de drogas, dando apoio em suas reca- dimento, que far a apresentao ao representante do Minis-
das, trabalhando o uso da autoridade em vez do poder, co- trio Pblico no prazo de vinte e quatro horas.
memorando as pequenas vitrias como grandes sucessos, e
o tempo todo encontrando nas dificuldades dos pais as solu- 2 Nas localidades onde no houver entidade de aten-
es para seus problemas. dimento, a apresentao far-se- pela autoridade policial.
falta de repartio policial especializada, o adolescente
Notas: aguardar a apresentao em dependncia separada da
[1] Valdi Craveiro Bezerra - Hebeatra (Clnico de Adoles- destinada a maiores, no podendo, em qualquer hiptese,
centes), Gestalt Terapeuta, Terapeuta de Famlia e Coorde- exceder o prazo referido no pargrafo anterior.
nador do Adolescentro FHDF. Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade poli-
[2] Ana Carolina Bessa Linhares - Psicloga, Psicotera- cial encaminhar imediatamente ao representante do Minist-
puta de Adolescentes, Terapeuta de Famlia, Facilitadora de rio Pblico cpia do auto de apreenso ou boletim de ocor-
Biodana, Mestranda em Psicologia Clnica da UnB, Coorde- rncia.
nadora de Pesquisa e Treinamento do Adolescentro FHDF.
[3] Nos referimos sempre a "pais" considerando ambos Art. 177. Se, afastada a hiptese de flagrante, houver ind-
quando vivem juntos e/ou a um dos dois quando a famlia for cios de participao de adolescente na prtica de ato infracio-
uniparental. nal, a autoridade policial encaminhar ao representante do
[4] Filho ser o termo genrico usado tanto para o sexo Ministrio Pblico relatrio das investigaes e demais docu-
masculino como para o sexo feminino. mentos.
[5] Texto extrado em: Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato
http://www.adolec.br/bvs/adolec/P/cadernos/capitulo/cap18/ca infracional no poder ser conduzido ou transportado em
p18.htm compartimento fechado de veculo policial, em condies
atentatrias sua dignidade, ou que impliquem risco sua
A APURAO DE ATO INFRACIONAL ATRIBUDO AO integridade fsica ou mental, sob pena de responsabilidade.
ADOLESCENTE.
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do
Da Apurao de Ato Infracional Atribudo a Adolescente Ministrio Pblico, no mesmo dia e vista do auto de apreen-
so, boletim de ocorrncia ou relatrio policial, devidamente
Art. 171. O adolescente apreendido por fora de ordem ju-
autuados pelo cartrio judicial e com informao sobre os
dicial ser, desde logo, encaminhado autoridade judiciria.
antecedentes do adolescente, proceder imediata e informal-
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato in- mente sua oitiva e, em sendo possvel, de seus pais ou
fracional ser, desde logo, encaminhado autoridade policial responsvel, vtima e testemunhas.
competente.
Pargrafo nico. Em caso de no apresentao, o repre-
Pargrafo nico. Havendo repartio policial especializada sentante do Ministrio Pblico notificar os pais ou respons-
para atendimento de adolescente e em se tratando de ato vel para apresentao do adolescente, podendo requisitar o
infracional praticado em co-autoria com maior, prevalecer a concurso das polcias civil e militar.
atribuio da repartio especializada, que, aps as providn-
Art. 180. Adotadas as providncias a que alude o artigo
cias necessrias e conforme o caso, encaminhar o adulto
anterior, o representante do Ministrio Pblico poder:
repartio policial prpria.
I - promover o arquivamento dos autos;

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II - conceder a remisso; 1 Se a autoridade judiciria entender adequada a re-
misso, ouvir o representante do Ministrio Pblico, profe-
III - representar autoridade judiciria para aplicao de rindo deciso.
medida scio-educativa.
2 Sendo o fato grave, passvel de aplicao de medida
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou conce- de internao ou colocao em regime de semi-liberdade, a
dida a remisso pelo representante do Ministrio Pblico, autoridade judiciria, verificando que o adolescente no pos-
mediante termo fundamentado, que conter o resumo dos sui advogado constitudo, nomear defensor, designando,
fatos, os autos sero conclusos autoridade judiciria para desde logo, audincia em continuao, podendo determinar a
homologao. realizao de diligncias e estudo do caso.
1 Homologado o arquivamento ou a remisso, a autori- 3 O advogado constitudo ou o defensor nomeado, no
dade judiciria determinar, conforme o caso, o cumprimento prazo de trs dias contado da audincia de apresentao,
da medida. oferecer defesa prvia e rol de testemunhas.
2 Discordando, a autoridade judiciria far remessa dos 4 Na audincia em continuao, ouvidas as testemu-
autos ao Procurador-Geral de Justia, mediante despacho nhas arroladas na representao e na defesa prvia, cumpri-
fundamentado, e este oferecer representao, designar das as diligncias e juntado o relatrio da equipe interprofissi-
outro membro do Ministrio Pblico para apresent-la, ou onal, ser dada a palavra ao representante do Ministrio P-
ratificar o arquivamento ou a remisso, que s ento estar blico e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte
a autoridade judiciria obrigada a homologar. minutos para cada um, prorrogvel por mais dez, a critrio da
Art. 182. Se, por qualquer razo, o representante do Minis- autoridade judiciria, que em seguida proferir deciso.
trio Pblico no promover o arquivamento ou conceder a Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, no
remisso, oferecer representao autoridade judiciria, comparecer, injustificadamente audincia de apresentao,
propondo a instaurao de procedimento para aplicao da a autoridade judiciria designar nova data, determinando sua
medida scio-educativa que se afigurar a mais adequada. conduo coercitiva.
1 A representao ser oferecida por petio, que con- Art. 188. A remisso, como forma de extino ou suspen-
ter o breve resumo dos fatos e a classificao do ato infraci- so do processo, poder ser aplicada em qualquer fase do
onal e, quando necessrio, o rol de testemunhas, podendo procedimento, antes da sentena.
ser deduzida oralmente, em sesso diria instalada pela auto-
ridade judiciria. Art. 189. A autoridade judiciria no aplicar qualquer me-
dida, desde que reconhea na sentena:
2 A representao independe de prova pr-constituda
da autoria e materialidade. I - estar provada a inexistncia do fato;
Art. 183. O prazo mximo e improrrogvel para a conclu- II - no haver prova da existncia do fato;
so do procedimento, estando o adolescente internado provi-
soriamente, ser de quarenta e cinco dias. III - no constituir o fato ato infracional;

Art. 184. Oferecida a representao, a autoridade judici- IV - no existir prova de ter o adolescente concorrido para
ria designar audincia de apresentao do adolescente, o ato infracional.
decidindo, desde logo, sobre a decretao ou manuteno da Pargrafo nico. Na hiptese deste artigo, estando o ado-
internao, observado o disposto no art. 108 e pargrafo. lescente internado, ser imediatamente colocado em liberda-
1 O adolescente e seus pais ou responsvel sero cien- de.
tificados do teor da representao, e notificados a comparecer Art. 190. A intimao da sentena que aplicar medida de
audincia, acompanhados de advogado. internao ou regime de semi-liberdade ser feita:
2 Se os pais ou responsvel no forem localizados, a I - ao adolescente e ao seu defensor;
autoridade judiciria dar curador especial ao adolescente.
II - quando no for encontrado o adolescente, a seus pais
3 No sendo localizado o adolescente, a autoridade ju- ou responsvel, sem prejuzo do defensor.
diciria expedir mandado de busca e apreenso, determi-
nando o sobrestamento do feito, at a efetiva apresentao. 1 Sendo outra a medida aplicada, a intimao far-se-
unicamente na pessoa do defensor.
4 Estando o adolescente internado, ser requisitada a
sua apresentao, sem prejuzo da notificao dos pais ou 2 Recaindo a intimao na pessoa do adolescente, de-
responsvel. ver este manifestar se deseja ou no recorrer da sentena.

Art. 185. A internao, decretada ou mantida pela autori- Seo VI


dade judiciria, no poder ser cumprida em estabelecimento Da Apurao de Irregularidades em Entidade de Atendi-
prisional. mento
1 Inexistindo na comarca entidade com as caractersti- Art. 191. O procedimento de apurao de irregularidades
cas definidas no art. 123, o adolescente dever ser imediata- em entidade governamental e no-governamental ter incio
mente transferido para a localidade mais prxima. mediante portaria da autoridade judiciria ou representao
2 Sendo impossvel a pronta transferncia, o adoles- do Ministrio Pblico ou do Conselho Tutelar, onde conste,
cente aguardar sua remoo em repartio policial, desde necessariamente, resumo dos fatos.
que em seo isolada dos adultos e com instalaes apropri- Pargrafo nico. Havendo motivo grave, poder a autori-
adas, no podendo ultrapassar o prazo mximo de cinco dias, dade judiciria, ouvido o Ministrio Pblico, decretar liminar-
sob pena de responsabilidade. mente o afastamento provisrio do dirigente da entidade,
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou res- mediante deciso fundamentada.
ponsvel, a autoridade judiciria proceder oitiva dos mes- Art. 192. O dirigente da entidade ser citado para, no pra-
mos, podendo solicitar opinio de profissional qualificado. zo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar
documentos e indicar as provas a produzir.

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Art. 193. Apresentada ou no a resposta, e sendo neces- centes), devem ter uma capa ou tarja que os distinga dos
srio, a autoridade judiciria designar audincia de instruo demais, para que recebam um trmite prioritrio, sendo que
e julgamento, intimando as partes. os procedimentos envolvendo adolescentes privados de liber-
dade devero tramitar de forma preferencial mesmo em rela-
1 Salvo manifestao em audincia, as partes e o Mi- o a processos-crime de rus presos (cf. item 2.3.2.2, do
nistrio Pblico tero cinco dias para oferecer alegaes referido Cdigo de Normas).
finais, decidindo a autoridade judiciria em igual prazo.
O especial destaque e a maior celeridade do feito tam-
2 Em se tratando de afastamento provisrio ou definiti- bm vale para as investigaes policiais (cf. Resoluo n
vo de dirigente de entidade governamental, a autoridade judi- 249/2005 - SESP) e para atuao do Ministrio Pblico (cf.
ciria oficiar autoridade administrativa imediatamente su- Recomendao n 03/2000, da Corregedoria Geral do Minis-
perior ao afastado, marcando prazo para a substituio. trio Pblico - CGMP), sendo todas as referidas regras decor-
3 Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade rentes do princpio legal e constitucional da prioridade absolu-
judiciria poder fixar prazo para a remoo das irregularida- ta criana e ao adolescente, previsto no art.227, caput, da
des verificadas. Satisfeitas as exigncias, o processo ser CF que, por fora do disposto no art.4, par. nico, do ECA,
extinto, sem julgamento de mrito. importa na precedncia de atendimento nos servios pbli-
cos ou de relevncia pblica, o que se aplica, logicamente,
4 A multa e a advertncia sero impostas ao dirigente prestao jurisdicional, assim como atividade ministerial e
da entidade ou programa de atendimento. policial.
- PROCEDIMENTO PARA APURAO DE ATO INFRACI- A competncia para seu processo e julgamento ser in-
ONAL ATRIBUDO DA ADOLESCENTE (arts.171 a 190 do variavelmente do Juiz da Infncia e Juventude do local da
ECA): ao ou omisso (local da conduta infracional), observadas as
regras de conexo, continncia e preveno previstas no CPP
A aplicao de medidas scio-educativas a adolescentes ex vi do disposto no art.147, 1 c/c art.148, incisos I e II e
acusados da prtica de ato infracional est sujeita a um pro- 152, do ECA.
cedimento prprio, regulado pelos arts.171 a 190 do ECA,
que pressupe a observncia de uma srie de regras e prin- Vale lembrar que, a teor do disposto no art.114 c/c
cpios de Direito Processual (como o contraditrio, ampla art.189, incisos II e IV, do ECA, para imposio de medidas
defesa, devido processo legal), insculpidos nos arts.110 e 111 scio-educativas, imprescindvel a devida comprovao da
do ECA, assim como no art.5, incisos LIV e LV da CF, sem autoria e da materialidade da infrao, para o que no basta a
perder de vista as normas e princpios prprios do Direito da mera confisso do adolescente, sendo necessria a instru-
Criana e do Adolescente, com nfase para os princpios da o do feito e a produo de provas idneas e suficientes, a
prioridade absoluta e da proteo integral criana e ao ado- exemplo do que ocorreria em se tratando de um processo
lescente. crime instaurado em relao a um imputvel.
Importante destacar, alis, que a finalidade do procedi- A respeito da matria, foi recentemente editada Smula
mento para apurao de ato infracional praticado por adoles- n 342, do STJ, segundo a qual:
cente, ao contrrio do que ocorre com o processo-crime ins- No procedimento para aplicao de medida scio-
taurado em relao a imputveis, no a aplicao de uma educativa, nula a desistncia de outras provas em face da
sano estatal (no caso, as medidas scio-educativas), mas confisso do adolescente.
sim a proteo integral do adolescente, que se constitui no
objetivo de toda e qualquer disposio estatutria, por fora Acerca do procedimento para apurao de ato infracional
do disposto nos arts.1 e 6, da Lei n 8.069/90. A rigor, mes- importante destacar:
mo se comprovada a autoria da infrao, sequer h a obriga-
1 - O adolescente apreendido em flagrante dever ser ci-
toriedade da aplicao de medidas scio-educativas, o que
somente dever ocorrer se o adolescente delas necessitar (cf. entificado de seus direitos (art.106, par. nico do ECA) e
arts.113 c/c 100, primeira parte, do ECA), como forma de encaminhado autoridade policial competente (art.172 do
neutralizar os fatores determinantes da conduta infracional ECA), com comunicao INCONTINENTI ao Juiz da Infncia
(que devem ser apurados, inclusive atravs de uma avaliao e da Juventude e sua famlia ou pessoa por ele indicada
tcnica interdisciplinar) (art.107 do ECA). Caso haja DP especializada para adoles-
centes, dever o adolescente ser a esta encaminhado, mes-
Ao adolescente acusado da prtica de ato infracional mo quando o ato for praticado em companhia de imputvel.
tambm so assegurados inmeros direitos individuais, rela-
Obs: A falta da imediata comunicao da apreenso de
cionados nos arts.106 a 109 do ECA, em reproduo a dispo-
sies similares contidas no art.5, da CF. criana ou adolescente autoridade judiciria competente,
famlia ou pessoa indicada pelo adolescente importa, em tese,
A tnica do procedimento para apurao de ato infracio- na prtica do crime do art.231 do ECA, assim como se consti-
nal a celeridade, sendo que embora possua regras prprias tui crime proceder apreenso de criana ou adolescente
e no tenha por escopo a aplicao de sano de natureza sem que haja flagrante ou ordem escrita e fundamentada de
penal, por fora do disposto no art.152 do ECA, so a ele autoridade judiciria competente ou sem a observncia das
aplicadas, em carter subsidirio (ou seja, na ausncia de formalidades legais (art.230, caput e par. nico do ECA).
disposio expressa do ECA e desde que compatveis com a
2 - Caso o ato infracional seja praticado mediante violn-
sistemtica por ele estabelecida e com os princpios que nor-
teiam o Direito da Criana e do Adolescente), as normas cia ou grave ameaa pessoa, dever ser lavrado auto de
gerais previstas no Cdigo de Processo Penal, com exceo apreenso, com a oitiva de testemunhas, do adolescente,
do sistema recursal, ex vi do disposto no art.198 do ECA (que apreenso do produto e instrumentos da infrao e requisio
prev a adoo, com algumas adaptaes, do sistema re- de exames ou percias necessrias comprovao da mate-
cursal do Cdigo de Processo Civil, o que vlido, inclusive, rialidade do ato (art.173 do ECA). Se o ato infracional for de
para o procedimento para apurao de ato infracional). natureza leve, basta a lavratura de boletim de ocorrncia
circunstanciado (art.173, par. nico do ECA). Necessrio
Segundo os itens 2.3.2 e 5.2.7, do Cdigo de Normas da jamais perder de vista que na forma do disposto no art.114 do
Corregedoria Geral de Justia do Estado do Paran, os pro- ECA, a imposio de medidas scio-educativas tem como
cedimentos para apurao de ato infracional (assim como pressuposto a comprovao da autoria e materialidade da
outras causas que envolvem interesses de crianas e adoles- infrao.

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3 - Com o comparecimento dos pais ou responsvel (po- Obs: A princpio, no necessria a presena de advo-
de ser o dirigente da entidade de abrigo se o adolescente est gado quando da realizao da oitiva informal (a obrigatorie-
em atendimento - vide art.92, par. nico do ECA) e o caso dade se d apenas aps a audincia de apresentao -
no comporte internao provisria, dever ocorrer a libera- art.186, 2 e 3 c/c art.207 e 1 do ECA), mas se o ado-
o do adolescente (independentemente de ordem judicial) lescente tiver defensor constitudo, a assistncia deste deve
com assinatura de termo de compromisso de apresentao ser garantida.
ao MP (art.174, primeira parte do ECA).
7 - Aps a oitiva informal, o MP poder tomar uma das
Obs: A regra ser a liberao imediata do adolescente, seguintes providncias (art.180 do ECA):
seja qual for o ato infracional praticado, independentemente
I - ARQUIVAMENTO: fato inexistente, atipicidade do fato,
do recolhimento de fiana (ou seja, a apreenso em flagrante,
por si s, no autoriza a manuteno da privao de liberdade autoria no do adolescente, pessoa tem mais de 21 anos
do adolescente), ressalvada a imperiosa necessidade do no momento da oitiva informal etc.;
decreto de sua internao provisria (conforme arts.107 par. II - REPRESENTAO: deduo da pretenso scio-
nico e 108, par. nico, do ECA). educativa em Juzo pelo MP (art.182 do ECA);
4 - Se o caso reclama o decreto da internao provisria Obs: Toda ao scio-educativa pblica incondiciona-
do adolescente (cujos requisitos so: a) gravidade do ato, b) da, e o MP o seu titular exclusivo, no havendo que se falar
repercusso social, c) necessidade de garantia da segurana em ao scio-educativa privada ainda que em carter
pessoal do adolescente ou d) manuteno da ordem pblica - subsidirio (ou seja, no se aplicam as disposies do
art.174, in fine, do ECA) ou no comparecem os pais ou res- art.29 do CPP e art.5, inciso LIX, da CF).
ponsvel, deve ser aquele imediatamente encaminhado ao
MP, com cpia de auto de apreenso. A propsito, no foi fixado qualquer prazo para o ofere-
cimento da representao (embora, se for o caso, este deva
4.1 - Se no possvel a apresentao imediata, enca- ocorrer da forma mais clere possvel, havendo inclusive a
minha-se o adolescente entidade apropriada (de internao previso de sua deduo oral, em sesso diria instalada
provisria) e, em 24 (vinte e quatro) horas, apresenta-se o pela autoridade judiciria - art.182, 1, 2 parte do ECA),
adolescente ao MP (art.175 e 1 do ECA). sendo que, neste aspecto, a atuao do MP no est sujeita
Obs: Onde no houver entidade apropriada, o adoles- ao princpio da obrigatoriedade, mas sim ao princpio da opor-
tunidade, sendo sempre prefervel a concesso da remisso
cente dever aguardar a apresentao ao MP em dependn-
cia da DP separada da destinada a imputveis (art.175, 2 como forma de excluso do processo (inteligncia do art.182,
do ECA), onde em qualquer hiptese no poder permanecer caput do ECA).
por mais de 05 (CINCO) DIAS, sob pena de responsabilidade Formalmente, a representao scio-educativa se asse-
(arts.5 e 185, 2 c/c art.235, do ECA). melha a uma denncia-crime, contendo como elementos: o
O adolescente no poder ser transportado em compar- endereamento (sempre ao Juiz da Infncia e Juventude); a
timento fechado de viatura policial (camburo), em condies qualificao das partes; a narrativa do fato e sua capitulao
atentatrias sua dignidade ou que impliquem em risco sua jurdica; o pedido de procedncia e aplicao da medida
integridade fsica ou mental (art.178 do ECA), o que importa, scio-educativa que se entender mais adequada (no h
em tese, na prtica do crime previsto no art.232 do ECA pedido de condenao nem deve haver a prvia indicao
de qualquer medida) e, por fim, o rol de testemunhas, se
Obs: no h proibio expressa ao uso de algemas, po- houver.
rm, em especial com o advento da Smula Vinculante n 11,
do STF, estas somente devem ser empregadas quando hou- Tendo em vista a celeridade do procedimento, no se
ver real justificativa para tanto, de modo a evitar que o ado- exige, quando do oferecimento da representao, prova pr-
lescente seja submetido a um constrangimento maior que o constituda de autoria e materialidade da infrao (art.182,
estritamente necessrio (vide art.232, do ECA). 2 do ECA), que somente ser necessria ao trmino da-
quele, para que possa ser imposta alguma medida scio-
5 - Se no h flagrante, autoridade policial dever reali- educativa ao adolescente (conforme art.114 do ECA). Isto
zar as diligncias necessrias apurao do fato, encami- no significa deva o MP oferecer a representao (em espe-
nhando ao MP, com a maior celeridade possvel, o relatrio cial quando acompanhada de um pedido de decreto de inter-
das investigaes e outras peas informativas (art.177 do nao provisria) sem que existam ao menos fortes indcios
ECA). de autoria e materialidade da infrao, sob pena de dano
grave e irreparvel ao adolescente acusado. Em caso de
6 - O MP procede oitiva informal do adolescente e, se
dvida, prefervel a devoluo dos autos D.P. de origem
possvel, dos pais, testemunhas e vtimas (art.179 do ECA). para realizao de diligncias complementares.
6.1 - Caso, aps liberado, o adolescente no comparea Obs: Vale destacar que, embora seja desejvel, e deva
na data designada para o ato, o MP notificar os pais ou ocorrer, sempre que possvel, a oitiva informal do adolescente
responsvel para apresentao daquele e, caso persista a no conditio sine qua non ao oferecimento da representa-
ausncia, expedir ordem de conduo coercitiva, podendo o scio-educativa, sendo possvel que este ocorra sem
para tanto requisitar o concurso das polcias civil e militar aquela, como na hiptese em que o adolescente encontra-se
(art.179, par. nico, do ECA); foragido.
6.2 - A audincia perante o MP ser realizada com as III - REMISSO: Quando concedida pelo MP, constitui-se
peas autuadas no cartrio e com certido de antecedentes. numa forma de excluso do processo. Pode ser concedida
Quando da oitiva informal deve-se colher, tanto junto ao ado- em sua modalidade de perdo puro e simples (caso em que
lescente, quanto a seus pais ou responsvel, informes acerca independe do consentimento do adolescente) ou vir acompa-
da conduta pessoal, familiar e social daquele (se estuda, nhada de MSE no privativa de liberdade (devendo ser esta
trabalha, obediente, respeitador etc.), elementos que iro ajustada pelo representante do MP e adolescente - arts.126,
influenciar tanto na tomada de deciso acerca de que provi- caput e 127, ambos do ECA - maiores detalhes adiante).
dncia dever o MP adotar no caso (ato que dever ser fun-
damentado - art.205, do ECA), quanto, ao final do procedi- 7.1 - Promovido o arquivamento ou concedida a remis-
mento (se oferecida a representao), na indicao da(s) so, mediante termo fundamentado (vide art.205 do ECA), os
medida(s) a ser(em) aplicada(s).

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autos devero ser encaminhados autoridade judiciria, para cia - cf. art.151, do ECA, ou os tcnicos da unidade onde o
homologao (art.181, caput, do ECA). adolescente estiver internado).
Obs: Mesmo tendo sido o adolescente apreendido em 9.3 - Neste momento, o Juiz, ouvido o MP, pode conce-
flagrante, aps concedida a remisso ou promovido o arqui- der a remisso judicial, como forma de extino ou suspen-
vamento, ou mesmo quando, oferecida a representao, no so do processo (arts.186, 1 e 126, par. nico, ambos do
estiverem presentes os elementos que autorizam o decreto ECA).
da internao provisria, ou apontam no sentido na necessi-
dade imperiosa da medida (cf. art.108, do ECA), o Ministrio 10 - Se no conceder remisso judicial, o Juiz designa
Pblico poder entregar o adolescente diretamente aos pais, audincia em continuao e pode determinar a realizao de
mediante termo, independentemente de ordem judicial (va- diligncias e de estudo psicossocial (art.186, 2 do ECA),
lendo lembrar que a regra ser sempre a liberao imediata providncia que se mostra imprescindvel caso se vislumbre a
do adolescente - cf. art.108, par. nico, do ECA). possibilidade da aplicao de medida privativa de liberdade,
dado princpio constitucional da excepcionalidade da interna-
8 - Homologado o arquivamento ou a remisso, a autori- o.
dade judiciria dever determinar, conforme o caso, o cum-
10.1 - A partir da audincia de apresentao, se o ado-
primento da medida eventualmente ajustada (vide arts.126,
caput c/c 127 e art.181, 1, todos do ECA). lescente ainda no tiver advogado constitudo, a autoridade
judiciria dever lhe nomear um defensor (art.111, inciso III e
8.1 - Caso discorde do arquivamento/remisso e/ou da art.186, 2 c/c art.207, caput e 1 do ECA).
medida ajustada, a autoridade judiciria no ter alternativa
11 - O advogado constitudo ou nomeado dever apre-
outra alm de encaminhar os autos, mediante despacho fun-
damentado, ao Procurador Geral de Justia, que oferecer sentar defesa prvia no prazo de 03 (trs) dias (art.186, 3
representao, designar outro membro do MP para faz-lo do ECA), arrolando as testemunhas que tiver e pedindo a
ou ratificar o arquivamento/remisso, que ento ficar a realizao das diligncias que entender necessrias. Como
autoridade judiciria obrigada a homologar (art.181, 2 do no procedimento para apurao de ato infracional funda-
ECA - procedimento similar ao contido no art.28 do CPP). A mental a aferio das condies pessoais, familiares e sociais
autoridade judiciria, portanto, neste momento no pode ho- do adolescente, a oitiva de pessoas que o conhecem, ainda
mologar a remisso sem a incluso da medida eventualmente que no tenham testemunhado o ato, assume maior relevn-
ajustada entre o MP e o adolescente/responsvel, sendo-lhe cia que no processo penal.
vedado modific-la de ofcio (vide art.128 do ECA). 12 - Na audincia em continuao (verdadeira audincia
9 - Uma vez oferecida (e formalmente recebida) a repre- de instruo e julgamento), so ouvidas as testemunhas da
sentao, a autoridade judiciria designar audincia de representao, da defesa prvia, juntado relatrio (estudo
apresentao, com a notificao (citao) do adolescente E psicossocial) de equipe interprofissional, dando-se a seguir a
seus pais ou responsvel, para que compaream ao ato palavra ao MP e ao advogado para razes finais orais, por 20
acompanhados de advogado, dando-lhe cincia da imputa- minutos, prorrogveis por mais 10, decidindo em seguida o
o de ato infracional efetuada (art.184, caput e 1, e Magistrado (art.186, 4 do ECA).
art.111, inciso I, do ECA). Se os pais ou responsvel no 13 - Estando o adolescente em internao provisria, o
forem localizados, o Juiz designa curador especial ao adoles- prazo mximo e improrrogvel para concluso de todo o
cente (art.184, 2, do ECA). Se no localizado o adoles- procedimento de 45 (quarenta e cinco) dias, computados da
cente, expede-se mandado de busca e apreenso e susta-se data da apreenso (inclusive) - arts.108, caput e 183, do
o processo at sua localizao - ou seja, o adolescente no ECA.
pode ser processado revelia (art.184, 3 do ECA). Estando
o adolescente internado, ser requisitada sua apresentao, Obs: Tecnicamente no h que se falar em condena-
sem prejuzo da notificao de seus pais ou responsvel, que o ou absolvio do adolescente acusado da prtica de
devero estar presentes ao ato (art.111, VI c/c art.184, 4, ato infracional, devendo a sentena acolher ou no a preten-
do ECA). Se o adolescente, apesar de citado, no comparece so scio-educativa.
ao ato, este redesignado, determinando a autoridade judici- No primeiro caso, julga-se procedente a representao e
ria sua conduo coercitiva, expedindo-se o mandado res- aplica-se a(s) medida(s) scio-educativa(s) mais adequadas,
pectivo (art.187, do ECA). de acordo com as necessidades pedaggicas especficas do
9.1 - Estando apreendido o adolescente, deve a autori- adolescente e demais normas e princpios prprios do Direito
dade judiciria decidir acerca da necessidade ou no da da Criana e do Adolescente (observando-se o disposto nos
manuteno de sua internao provisria, observado o dis- arts.112, 1 e 113 c/c 99 e 100, todos do ECA), com funda-
posto no art.108, caput e pargrafo nico e art.174, do ECA mentao quanto prova de autoria e materialidade e adequa-
(a internao provisria somente pode ser decretada em se o da(s) medida(s) aplicada(s) - com especial enfoque acer-
tratando de ato infracional de natureza grave, aps cabal ca da eventual pertinncia das medidas privativas de liberda-
demonstrao de sua necessidade imperiosa, nas hipteses de (dadas as restries e princpios que norteiam - e visam
previstas em lei - art.174, do ECA, devendo ser o adolescente restringir - sua aplicao mesmo diante de infraes conside-
encaminhado para estabelecimento adequado, onde ser radas de natureza grave). Como dito anteriormente, apenas
obrigatria a realizao de atividades pedaggicas). O prazo para aplicao da MSE de advertncia, bastam indcios sufi-
mximo de permanncia em estabelecimento prisional (en- cientes de autoria e prova de materialidade (art.114 do ECA).
quanto aguarda a remoo para estabelecimento adequado) No segundo caso, julga-se improcedente a representa-
de 05 (cinco) dias, sob pena de responsabilidade, inclusive o, no sendo possvel a aplicao de qualquer medida
criminal (arts.5 e 185, 2 c/c 235, do ECA). (art.189 do ECA - no configurao do ato infracional - condu-
9.2 - Comparecendo adolescente e seus pais ou respon- ta atpica ou acobertada pelas excludentes de antijuridicidade;
svel, sero colhidas as declaraes de todos (conforme inexistncia do fato ou de provas quanto ao fato; ausncia de
art.186, caput do ECA - a audincia de apresentao no provas quanto materialidade; inexistncia de provas quanto
pode ser confundida com o singelo interrogatrio do acusa- autoria).
do previsto no CPP, indo muito alm), podendo ser solicitada Obs: Mesmo improcedente a representao, em haven-
a ouvida de profissionais habilitados (se disponvel, a prpria do necessidade, a autoridade judiciria pode aplicar ao ado-
equipe tcnica interprofissional a servio do Juizado da Infn- lescente medidas unicamente protetivas (sem carga coerciti-

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va, portanto), nos moldes do art.101 estatutrio, ou encami- B - O julgamento, em grau de recurso, das aes relati-
nhar o caso para atendimento pelo Conselho Tutelar. vas ao Estatuto da Criana e do Adolescente, ressalvada a
matria infracional, de competncia das Dcima Primeira e
Obs: Intimao da sentena que reconhece a prtica in- Dcima Segunda Cmaras Cveis (art.88, inciso V, alnea b,
fracional e aplica MSE: do mesmo Regimento Interno).
Se a autoridade judiciria impe ao adolescente medida
scio-educativa privativa de liberdade (semiliberdade ou in-
AS MEDIDAS SCIO-EDUCATIVAS.
ternao), a intimao da sentena deve ser feita pessoal-
mente ao adolescente e ao defensor, sendo que na hiptese
do primeiro no ser encontrado, aos pais ou responsvel, Das Medidas Scio-Educativas
bem como e ao defensor (art.190, incisos I e II, do ECA).
Seo I
Recaindo intimao na pessoa do adolescente, dever
este manifestar se deseja ou no recorrer da deciso (art.190, Disposies Gerais
2, do ECA).
Art. 112. Verificada a prtica de ato infracional, a autorida-
Mesmo que o adolescente diga que no deseja recorrer, de competente poder aplicar ao adolescente as seguintes
o defensor no est impedido de faz-lo, porm se a manifes- medidas:
tao do adolescente for afirmativa, desde logo se considera
I - advertncia;
interposto o recurso, devendo o defensor ser intimado a ofe-
recer as razes respectivas. II - obrigao de reparar o dano;
Aqui vale abrir um parnteses para destacar o fato de tal III - prestao de servios comunidade;
permissivo se constituir numa peculiaridade em relao
sistemtica estabelecida para o processamento dos recursos IV - liberdade assistida;
interpostos contra decises proferidas pela Justia da Infncia V - insero em regime de semi-liberdade;
e Juventude.
VI - internao em estabelecimento educacional;
Com efeito, por fora do disposto no art.198, do ECA, em
todos os procedimentos afetos Justia da Infncia e Juven- VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
tude (inclusive claro os procedimentos para apurao de ato 1 A medida aplicada ao adolescente levar em conta a
infracional praticado por adolescente), adota-se o sistema sua capacidade de cumpri-la, as circunstncias e a gravidade
recursal do Cdigo de Processo Civil, com algumas adapta- da infrao.
es.
2 Em hiptese alguma e sob pretexto algum, ser admi-
Como sabemos, por fora do disposto nos arts.506, par. tida a prestao de trabalho forado.
nico c/c 514, ambos do CPC, a petio na qual a apelao
interposta j deve vir acompanhada das respectivas razes, 3 Os adolescentes portadores de doena ou deficincia
no sendo o caso de abrir novo prazo (ou um prazo especfi- mental recebero tratamento individual e especializado, em
co, como ocorre na Lei Processual Penal), para apresentao local adequado s suas condies.
destas.
Art. 113. Aplica-se a este Captulo o disposto nos arts. 99
Uma vez que o sistema recursal adotado pela Lei n e 100.
8.069/90 o previsto no Cdigo de Processo Civil, a princpio
Art. 114. A imposio das medidas previstas nos incisos II
no seria admissvel interpor o recurso para, somente aps,
a VI do art. 112 pressupe a existncia de provas suficientes
promover a juntada de suas razes.
da autoria e da materialidade da infrao, ressalvada a hip-
Ocorre que o disposto no citado art.190, 2, do ECA se tese de remisso, nos termos do art. 127.
constitui em mais uma adaptao ao sistema recursal do
Pargrafo nico. A advertncia poder ser aplicada sem-
Cdigo de Processo Civil introduzida pelo legislador estatut-
pre que houver prova da materialidade e indcios suficientes
rio, que em ltima anlise visa submeter anlise de uma
da autoria.
instncia superior toda e qualquer deciso impositiva de me-
dida privativa de liberdade a um adolescente acusado da Seo II
prtica de ato infracional, pois via de regra, ao ser indagado
se deseja recorrer de tal deciso, a resposta em tais casos Da Advertncia
ser afirmativa. Art. 115. A advertncia consistir em admoestao verbal,
Por fim, resta mencionar que caso a medida scio- que ser reduzida a termo e assinada.
educativa aplicada for de natureza diversa das privativas de Seo III
liberdade (advertncia, obrigao de reparar o dano, presta-
o de servios comunidade, liberdade assistida ou medi- Da Obrigao de Reparar o Dano
das de proteo), a intimao pode ser feita apenas na pes- Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos
soa do defensor (art.190 do ECA). patrimoniais, a autoridade poder determinar, se for o caso,
Obs: A competncia para processar e julgar, em grau de que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento
recurso, matria concernente ao Estatuto da Criana e do do dano, ou, por outra forma, compense o prejuzo da vtima.
Adolescente, em razo do disposto no Regimento Interno do Pargrafo nico. Havendo manifesta impossibilidade, a
Tribunal de Justia local, assim definida: medida poder ser substituda por outra adequada.
A - O julgamento, em grau de recurso, da chamada ma- Seo IV
tria infracional, ou seja, relativa aos procedimentos para
apurao de ato infracional praticado por adolescente, de Da Prestao de Servios Comunidade
competncia exclusiva da Segunda Cmara Criminal (art.90-
A, inciso II, alnea i, do Regimento Interno do TJPR); Art. 117. A prestao de servios comunitrios consiste na
realizao de tarefas gratuitas de interesse geral, por perodo
no excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais,

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hospitais, escolas e outros estabelecimentos congneres, 5 A liberao ser compulsria aos vinte e um anos de
bem como em programas comunitrios ou governamentais. idade.
Pargrafo nico. As tarefas sero atribudas conforme as 6 Em qualquer hiptese a desinternao ser precedida
aptides do adolescente, devendo ser cumpridas durante de autorizao judicial, ouvido o Ministrio Pblico.
jornada mxima de oito horas semanais, aos sbados, do-
mingos e feriados ou em dias teis, de modo a no prejudicar 7o A determinao judicial mencionada no 1o poder
a frequncia escola ou jornada normal de trabalho. ser revista a qualquer tempo pela autoridade judici-
ria. (Includo pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
Seo V
Art. 122. A medida de internao s poder ser aplicada
Da Liberdade Assistida quando:
Art. 118. A liberdade assistida ser adotada sempre que I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave
se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompa- ameaa ou violncia a pessoa;
nhar, auxiliar e orientar o adolescente.
II - por reiterao no cometimento de outras infraes gra-
1 A autoridade designar pessoa capacitada para ves;
acompanhar o caso, a qual poder ser recomendada por
entidade ou programa de atendimento. III - por descumprimento reiterado e injustificvel da medi-
da anteriormente imposta.
2 A liberdade assistida ser fixada pelo prazo mnimo
de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, 1o O prazo de internao na hiptese do inciso III deste
revogada ou substituda por outra medida, ouvido o orienta- artigo no poder ser superior a 3 (trs) meses, devendo ser
dor, o Ministrio Pblico e o defensor. decretada judicialmente aps o devido processo le-
gal. (Redao dada pela Lei n 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervi-
so da autoridade competente, a realizao dos seguintes 2. Em nenhuma hiptese ser aplicada a internao,
encargos, entre outros: havendo outra medida adequada.

I - promover socialmente o adolescente e sua famlia, for- Art. 123. A internao dever ser cumprida em entidade
necendo-lhes orientao e inserindo-os, se necessrio, em exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele desti-
programa oficial ou comunitrio de auxlio e assistncia social; nado ao abrigo, obedecida rigorosa separao por critrios de
idade, compleio fsica e gravidade da infrao.
II - supervisionar a frequncia e o aproveitamento escolar
do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrcula; Pargrafo nico. Durante o perodo de internao, inclusi-
ve provisria, sero obrigatrias atividades pedaggicas.
III - diligenciar no sentido da profissionalizao do adoles-
cente e de sua insero no mercado de trabalho; Art. 124. So direitos do adolescente privado de liberdade,
entre outros, os seguintes:
IV - apresentar relatrio do caso.
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do
Seo VI Ministrio Pblico;
Do Regime de Semi-liberdade II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determina- III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
do desde o incio, ou como forma de transio para o meio
aberto, possibilitada a realizao de atividades externas, IV - ser informado de sua situao processual, sempre
independentemente de autorizao judicial. que solicitada;

1 So obrigatrias a escolarizao e a profissionaliza- V - ser tratado com respeito e dignidade;


o, devendo, sempre que possvel, ser utilizados os recursos VI - permanecer internado na mesma localidade ou naque-
existentes na comunidade. la mais prxima ao domiclio de seus pais ou responsvel;
2 A medida no comporta prazo determinado aplican- VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
do-se, no que couber, as disposies relativas internao.
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
Seo VII
IX - ter acesso aos objetos necessrios higiene e asseio
Da Internao pessoal;
Art. 121. A internao constitui medida privativa da liber- X - habitar alojamento em condies adequadas de higie-
dade, sujeita aos princpios de brevidade, excepcionalidade e ne e salubridade;
respeito condio peculiar de pessoa em desenvolvimento.
XI - receber escolarizao e profissionalizao;
1 Ser permitida a realizao de atividades externas, a
critrio da equipe tcnica da entidade, salvo expressa deter- XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
minao judicial em contrrio. XIII - ter acesso aos meios de comunicao social;
2 A medida no comporta prazo determinado, devendo XIV - receber assistncia religiosa, segundo a sua crena,
sua manuteno ser reavaliada, mediante deciso fundamen- e desde que assim o deseje;
tada, no mximo a cada seis meses.
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de
3 Em nenhuma hiptese o perodo mximo de interna- local seguro para guard-los, recebendo comprovante daque-
o exceder a trs anos. les porventura depositados em poder da entidade;
4 Atingido o limite estabelecido no pargrafo anterior, o XVI - receber, quando de sua desinternao, os documen-
adolescente dever ser liberado, colocado em regime de tos pessoais indispensveis vida em sociedade.
semi-liberdade ou de liberdade assistida.
1 Em nenhum caso haver incomunicabilidade.

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2 A autoridade judiciria poder suspender temporari- contraditrio e a ampla defesa, dentre outros princpios consti-
amente a visita, inclusive de pais ou responsvel, se existirem tucionais do processo. http://pt.shvoong.com/
motivos srios e fundados de sua prejudicialidade aos inte-
resses do adolescente.
O TRABALHO DO PSICLOGO E AS ATRIBUIES DA
Art. 125. dever do Estado zelar pela integridade fsica e EQUIPE INTERPROFISSIONAL NA VARA DA INFNCIA E
mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequa- DA JUVENTUDE, NAS VARAS DA FAMLIA E DAS SU-
das de conteno e segurana. CESSES E NAS VARAS ESPECIAIS DA INFNCIA E DA
JUVENTUDE.
Captulo V
Da Remisso
Psicologia e justia. A psicologia e as prticas judici-
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para rias na construo do ideal de justia
apurao de ato infracional, o representante do Ministrio
Pblico poder conceder a remisso, como forma de excluso Hlio Cardoso de Miranda Jnior
do processo, atendendo s circunstncias e consequncias O presente texto aborda a relao entre os saberes consti-
do fato, ao contexto social, bem como personalidade do tudos pela Psicologia e o Direito na construo do ideal de
adolescente e sua maior ou menor participao no ato infraci- Justia. Esta relao hoje visvel nos trabalhos desenvolvi-
onal. dos pelos psiclogos que atuam nas instituies judicirias.
Pargrafo nico. Iniciado o procedimento, a concesso da Faz-se uma pequena abordagem das questes relativas ao
remisso pela autoridade judiciria importar na suspenso trabalho com as crianas, os adolescentes, as famlias e os
ou extino do processo. loucos nestas instituies, destacando em cada um seus pon-
tos especficos. Por fim, aborda-se a possvel contribuio da
Art. 127. A remisso no implica necessariamente o reco- psicologia para a reflexo sobre o exerccio da magistratura.
nhecimento ou comprovao da responsabilidade, nem preva-
lece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventual- A relao entre os saberes construdos pela Psicologia, o
mente a aplicao de qualquer das medidas previstas em lei, Direito e as prticas judicirias muito antiga, mas ainda pou-
exceto a colocao em regime de semi-liberdade e a interna- co conhecida no Brasil.
o. A Justia moderna erigiu-se em cima dos ideais revolucio-
Art. 128. A medida aplicada por fora da remisso poder nrios da liberdade, da igualdade e da fraternidade. A demo-
ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido cracia a sociedade dos cidados e estes so assim conside-
expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do rados quando lhes so reconhecidos alguns direitos funda-
Ministrio Pblico. mentais. O discurso sobre a cidadania caminhou at o ponto
de se pensar o "cidado do mundo", cujo primeiro anncio foi a
As medidas socioeducativas a medida aplicada pelo Declarao dos Direitos do Homem. Entretanto, de acordo
Estado ao adolescente que comete ato infracional (menor com Bobbio (1992:9), "a nica coisa que at agora se pode
entre 12 e 18 anos), tem natureza jurdica impositiva, sancio- dizer que so expresso de aspiraes ideais, s quais o
natria e retributiva, visa inibir a reincidncia, sua finalidade nome "direitos" serve unicamente para atribuir um ttulo de
pedaggica e educativa. Na aplicao dessa medida so nobreza. Apesar disto, no se pode negar que as regras de
utilizados os mtodos pedaggicos, sociais, psicolgicos e convivncia humana, bases da lei e do Direito, foram se com-
psiquitricos. Para o Estatuto da Criana e do Adolescente plexificando e absorvendo, cada vez mais, contribuies dos
ECA (Lei 8069/90), so medidas socioeducativas: a) adver- mais diversos campos do saber. Os rgos legislativos e judi-
tncia; b) obrigao de repara o dano; c) prestao de servi- cirios, tendo como meta o ideal da Justia, incorporaram nos
os comunidade; d) liberdade assistida; e) semiliberdade; f) seus procedimentos noes e conceitos de outras reas do
internao. 1. Advertncia admoestao verbal aplicada conhecimento, o que transformou as prticas destes rgos.
pela autoridade judicial e reduzida a termo. Neste ato devem
estar presentes o juiz e o membro do Ministrio Pblico. 2. Constituiu-se ento uma nova rea de prtica dos psiclo-
obrigao de reparar o dano ocorre nas seguintes hipte- gos: a psicologia jurdica. Denominao ampla e pouco defini-
ses: a) devoluo da coisa; b) ressarcimento do prejuzo; c) da, a aplicao da psicologia ao espao jurdico ainda suscita
compensao do prejuzo por qualquer outro meio. 3. Presta- desconfianas e incmodos. Afinal, por que a Justia precisa
o de Servio comunidade o adolescente realiza tare- do trabalho do psiclogo ?
fas gratuitas de interesses gerais em hospitais, escolas ou A primeira resposta a esta questo remete s primeiras
entidades assistenciais. O prazo no pode ser superior a 6 formas de aplicao do saber psicolgico instituio judici-
meses, deve ser cumpridas em uma jornada mxima de 8 ria. Historicamente, a primeira demanda que se fez psicolo-
horas semanais. 4. liberdade assistida uma medida que gia em nome da Justia ocorreu no campo da psicopatologia.
impe obrigaes coercitivas ao adolescente. O diagnstico psicolgico servia para melhor classificar e con-
O adolescente ser acompanhado em suas atividades di- trolar os indivduos. Os psiclogos eram chamados a fornece-
rias (escola, famlia e trabalho) de forma personalizada. 5. rem um parecer tcnico (pericial), em que, atravs do uso no
semiliberdade a privao parcial da liberdade do adoles- crtico dos instrumentos e tcnicas de avaliao psicolgica,
cente que praticou o ato infracional. cumprida da seguinte emitiam um laudo informando instituio judiciria, via seus
forma: a) durante o dia atividades externas (traba- representantes, um mapa subjetivo do sujeito diagnosticado.
lho/escola); b) no perodo noturno ele recolhido ao estabe- O objetivo era melhor instruir a instituio para tomada de
lecimento apropriado com o acompanhamento de orientador. decises mais fundamentadas e, portanto, mais justas. Nem
No Estatuto, no foi fixada a durao mxima da semiliberda- preciso dizer que os profissionais que executavam este tipo de
de. 6. Internao a mais grave e complexa medida im- trabalho geralmente se centravam na anlise da subjetividade
posta das medidas impostas ao infrator. Trata-se de restrio individual descontextualizada e objetificada; em outros termos,
ao direito de liberdade do adolescente. Ela aplicada somen- reificada.
te nos seguintes casos: a) ato infracional mediante grave
ameaa ou violncia pessoa; b) reiterao no cometimento Menores e loucos: estes os principais clientes que o Direito
de outras infraes graves; c) descumprimento reiterado e encaminhou Psicologia. Um livro reeditado em 1923 do emi-
injustificvel da medida anterior imposta. Na aplicao dessas nente jurista Tobias Barreto tinha justamente este ttulo: "Me-
medidas devem ser observados o devido processo legal, o nores e Loucos". A leitura foucaultiana de que a Psicologia a

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superfcie do mundo moral em que o homem se aliena ao custa de lidarmos com a impossibilidade da satisfao. co-
buscar a sua verdade aqui muito pertinente. A Psicologia mum ouvirmos das pessoas que sofreram as perdas mais
serviu somente como mais uma das tcnicas de exame, pro- desoladoras, que vivenciaram a dor mais profunda, como em
cedimento que substituiu cientificamente o inqurito na produ- assassinatos e sequestros, dizerem imprensa: "esperamos
o da verdade jurdica (Foucault, 1996). Um exemplo desta Justia". o que resta. Visto pelo ngulo psquico, o trabalho
viso centrada na psicopatologia objetivando a manuteno da constante da Justia resgatar, simbolicamente, a crena na
inquestionvel ordem pblica pode ser encontrada no livro possibilidade da convivncia humana.
Manual de Psicologia Jurdica, de Mira Y Lpes (1945).
O psiclogo chamado pelo judicirio a escutar estas de-
Mais recentemente, a lei , absorvendo o discurso cientfico- mandas que lhe chegam em alguns casos especficos. Em
psicolgico, estabeleceu como necessrio em muitos casos o termos judiciais, nossos maiores clientes hoje so as crianas,
trabalho do psiclogo. Nas prises se instituram as comisses os adolescentes (a famlia por extenso) e os loucos.
tcnicas para realizar a avaliao para progresso, em que
todos concordam que necessria a presena de psiclogos. Os adolescentes se tornaram problema social e alcana-
Na rea da famlia, incluindo a as crianas abandonadas e/ou ram projeo principalmente pela questo dos delitos juvenis,
infratoras, o Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA) veio da delinquncia. Por um lado dever social a interveno, por
afirmar de forma mais incisiva a necessidade da presena do outro direito deles serem ouvidos. No uma escuta que se
psiclogo na lida com as questes prprias da rea. Marca-se reduza ao individual, subjetivo, mas que, considerando-o,
a um reconhecimento social importante, mas poderamos possa estar aberta multicausalidade do ato humano. Escutar
perguntar: mudou a demanda da instituio judiciria em rela- o crime tarefa que se impe atualmente para que novas
o ao trabalho do psiclogo ? Pede-se agora ao psiclogo formas de interveno possam ser propostas.
algo alm de um diagnstico, de uma percia ? Entretanto, se esta escuta no se mantiver crtica, corre-se
A resposta a estas questes no simples. Por um lado, a o risco de cair na psicologizao de todo ato considerado
socialmente "desviante", retornando de forma bruta aos proce-
instituio, atravs da prpria lei, continua a demandar oficial-
mente um trabalho pericial. Entretanto, a prtica dos psiclo- dimentos baseados na curva normal, o que se conjuga bus-
gos foi inserindo variveis que demonstraram a insuficincia ca de formas cada vez mais sofisticadas de adaptar as pesso-
da percia. as. Ora, muitas vezes o desviante portador da mensagem de
que algo no vai bem no social, de que algo precisa mudar. O
Afinal, quem o cliente do psiclogo ? A instituio que lhe sistema social no tem ouvidos para isto, narcsico demais.
demanda o trabalho ou o sujeito que por algum motivo foi Alguns profissionais, entre eles o psiclogo, tem hoje a rdua
inserido no discurso institucional ? Sem desconsiderar a impor- misso de fazer ouvir o que querem calar. E para calar, inclu-
tncia que ocupa a instituio em nosso trabalho, nosso clien- sive j crucificaram...
te o sujeito que atendemos.
Estas novas formas de interveno podem ter efeitos dis-
Nos antigos Juizados de Menores e nas Febems j traba- tintos da mera adaptao, muitas vezes to sintomtica quanto
lhavam psiclogos que foram introduzindo questionamentos seu contrrio. Exemplos interessantes so o da prestao de
acerca da funo destas instituies. Alguns Estados brasilei- servios comunidade e o da liberdade assistida. So tentati-
ros, como So Paulo por exemplo, j realizavam concursos vas de transformar o que seria uma simples punio em uma
para psiclogos na instituio judiciria antes mesmo da apro- experincia significativa a partir da insero da prtica infraci-
vao da Constituio Federal (1988) e tambm do ECA onal na histria de vida do sujeito (Teixeira, 1994:9), no para
(1990). Estes trabalhos pioneiros foram muito importantes para justificar ou para explicar, mas para implicar (Roberto, 1996).
a transformao da prtica do psiclogo nestas instituies. So apostas na possibilidade do sujeito reorientar-se na sua
relao com a lei e, por conseguinte, uma aposta na possibili-
Hoje consenso que no podemos reduzir nossa funo dade de um lao social menos sofrido.
prtica pericial nos moldes em que definida legalmente. Ao
abrir o espao de escuta do outro, o psiclogo abre tambm a A lei procurou substituir a punio pela educao, mas isto
possibilidade de emergncia do sujeito enquanto singularidade no suficiente. Se considerarmos como educao o proces-
na sua relao com a Lei e com a lei . Mesmo procurando so pelo qual o indivduo socializa-se, um processo muito alm
ajustar-se aos papis e lugares que o discurso institucional da escolarizao, incluindo todas as formas transmitidas pela
exige, o sujeito, ao falar para um outro que se coloca dispon- cultura que nossa sociedade complexa pe a nossa disposi-
vel a escut-lo, articula suas demandas endereando-as a o, perceberemos que a educao formal, escolar, apenas
uma instncia decisria, portadora de um suposto saber sobre uma parte do processo educacional. Como trabalhei em outro
a resposta ao sofrimento do qual se queixa. texto (Miranda JR., 1997), fazendo parte deste processo temos
as condies concretas de existncia das pessoas (alimenta-
A instituio judiciria sempre um lugar de trabalho com o adequada por exemplo, fundamental no processo edu-
o sofrimento. Sofrimento que advm do mal-estar inerente cativo), temos a famlia que passa por fortes transformaes
cultura e que encontra ali uma forma particular de se expressar na atualidade e temos a mdia, com seus valores consumistas.
e de demandar alvio. Lugar no qual se prope a existncia do Este ltimo aspecto merece um comentrio parte.
ideal da Justia. A Justia uma das mais legtimas e mais
impossveis demandas do ser falante. Deve-se frisar: dizer que Freud (1974 (1929)) postulou haver um mal-estar intrnse-
ela impossvel no significa que totalmente irrealizvel. co civilizao em funo da impossibilidade da satisfao
Significa que a Justia deve permanecer no horizonte tico pulsional. Podemos dizer que o consumo serve hoje como
mas que sua expresso nas decises judiciais sempre parece sintoma social para escamotear este mal-estar. Aprendemos
subjetivamente incompleta. O dano pelo qual sofremos e do desde crianas que consumir necessrio, somos coagidos a
qual nos queixamos nos parece sempre estar alm de qual- faz-lo. A busca frentica por pequenos objetos ou supostos
quer reparao. Afinal, o que pode recuperar nossa perda ? prazeres visam evitar a angstia do encontro com os limites
a Lei: o que foi perdido irrecupervel, resta construir novas humanos. A droga legal ou ilegal , neste sentido, o objeto
possibilidades e para isto muitas vezes contamos com a lei. privilegiado do consumo pois realiza o maior afastamento
Por isto a relao com a lei sempre conflitiva. Ela nos parece possvel entre o sujeito e seu desejo. O que estaro querendo
ao mesmo tempo o que nos cerceia a realizao do desejo e o dizer os meninos que matam por um tnis ? Que roubam para
que a possibilita ao regular a relao com o outro. S o Simb- comer e para se drogar ? Que assistem na TV da vitrine a
lico pode responder por nossas desiluses. O Simblico este Xuxa lanando no mercado um novo produto a eles inacess-
duplo: abre-nos a possibilidade da realizao do desejo a vel e pouco depois cantando "de hoje em diante, s quero

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boas notcias"? Este o paradoxo do capitalismo: propagar o clnica no litgio, muitas vezes o sofrimento permanece
que preciso viver bem (o que traduzido por possuir bens de travestido das mais diversas demandas num processo judicial
consumo) mas no oferecer condies para isto. Portanto, h interminvel.
muito mais a fazer quanto ao processo educacional que pro-
duzir escolas. Os valores culturais de convivncia e respeito E o desejo das crianas ? Envolvidos nestes jogos paren-
ordem que a escola quer transmitir esto em choque com os tais, as crianas comeam a ter problemas na escola, nos
valores que fundamentam nossa sociedade de consumo. relacionamentos com seus amigos e parentes. Entram em um
conflito de lealdade com os pais, no sabem como responder
Retornando questo legal. Podemos dizer que os ado- as suas demandas. Este sujeito ainda emaranhado na teia
lescentes esto se tornando sujeitos de direito. Diminuiu a fantasmtica familiar sofre por no saber dizer sobre este
idade mnima para votar, questiona-se a idade da responsabi- imaginrio que no permite que ele se coloque como sujeito,
lizao civil. Estes movimentos indicam a necessidade de dar restando-lhe apenas a vertente do assujeitado. Em alguns
palavra ao jovem para que ele possa se posicionar, mas uma casos, quando os pais no se dispem a nenhum trabalho de
palavra que venha acompanhada de deveres. Rompe-se o elaborao subjetiva porque o sintoma no permite nenhuma
antigo falso protecionismo do Estado e das famlias. No basta abertura, um trabalho com as crianas consegue fazer efeito.
proteg-los, eles precisam reivindicar e serem reivindicados. Elas comeam a contestar as demandas parentais e tentam
Os adolescentes ainda no possuem, juridicamente, a palavra no participar do jogo litigioso no qual so as maiores prejudi-
plena mas preciso dar a eles a chance de irem alcanando- cadas. Infelizmente, estes casos so raros.
a.
Quando o trabalho com as famlias possvel, quando se
Com relao s crianas, o problema da famlia evidencia- pode questionar aquela verdade que os sujeitos construram
se muito mais. A famlia passa hoje por uma transformao no drama familiar (ratificado pelo discurso judicirio que ofere-
muito intensa. A configurao familiar muito diversa, desde o ce a cada um o lugar de autor e ru, requerente e requerido,
nmero crescente de adolescentes grvidas, de mulheres que culpado e inocente), abre-se a possibilidade de uma ressignifi-
optam por criarem os filhos sozinhas, de filhos de pais separa- cao do conflito. Ressignificao que nem sempre quer dizer
dos e recasados, situao cada vez mais comum, at a oficia- o fim do litgio -para isto seria necessrio um trabalho analtico
lizao da unio homossexual e qui sua demanda por ado- que no tem lugar na instituio -, mas que permite a aposta
o de crianas. numa mudana na situao de sofrimento que antes se viven-
ciava. Nestes casos podemos falar de crianas como sujeito
O trabalho do psiclogo com a famlia se coloca desde a de direito. Direito de, pelo menos, ser preservado da violncia
questo da adoo. A adoo, como no poderia deixar de simblica do sintoma parental.
ser, tem carter definitivo e principalmente por isto no mais
aceitvel que ela se d simplesmente pelo pedido de um casal E quando se fala em violncia, lembramos sempre do pro-
interessado e a escolha de uma criana (como ainda ocorre blema do abuso sexual de crianas e adolescentes. Terreno
em alguns Estados do Nordeste). A adoo no um proces- movedio em que se mesclam fantasia e realidade, cena que
so to simples quanto quer o suposto humanismo caritativo de causa horror e curiosidade. Nestes casos estamos diante de
algumas instituies de abrigo de crianas abandonadas. A um nmero imenso de variveis culturais e psquicas que
demanda por adoo pode no ser mais que um sintoma do tornam muito complexa a tarefa de bem lidar com estes pro-
casal em funo de sua histria pessoal e conjugal. Nem sem- blemas.
pre o desejo o exerccio da paternidade apesar do pedido
centralizar-se a. Escutar os cnjuges, a famlia, localizar o Por um lado, vivemos em uma sociedade que torna cada
lugar do filho adotado naquela constelao simblica, isto vez mais precoce a sexualizao das crianas. claro que h
ajuda inclusive a preparar os futuros pais para receberem um um limite biolgico para o exerccio da sexualidade, mas o
novo ser em seu meio. simblico atropela isto como um trator num castelo de areia.
Podemos assistir hoje em programas televisivos de grande
No incomum que quando as crianas que foram adota- audincia a meninos de tenra idade executando danas que
das ilegalmente - o famoso "pegou para criar" - chegam se estabeleceram na cultura por seu apelo sexual. As progra-
adolescncia e comeam a criar problemas, seus pais adotivos maes consideradas antes pornogrficas ou apelativas so,
buscarem os rgos judicirios para "resolver" estes proble- cada vez mais, acessveis pela TV a cabo ou nas bancas de
mas, de preferncia afastando-os da sua convivncia. Por isto revistas. Este o campo de uma intensa discusso sobre a
este trabalho que se coloca antes da constituio fatual da censura e a permissividade. Discusso apaixonada que envol-
relao paterno-filial pode ser muito importante, depois disto ve sempre juzos de valor e que no cabe nos limites deste
aparecem outras questes. texto. Mas temos de considerar esta mudana de costumes
para refletirmos sobre o abuso sexual. Afinal, nossa lei penal
Questes, por exemplo, das famlias que entram em litgio. ainda diz que em relaes sexuais com menores de 14 anos
Elas compem, quase sempre, a cena do trabalho do psiclo- presume-se a violncia, j que est implcito nestes casos uma
go tambm. As disputas pela guarda dos filhos, as acusaes incapacidade para autodeterminao. Desta forma, a palavra
mtuas, as intimidades expostas num processo judicial, assim do adolescente no tem nenhum valor pois ele ainda no est
correm muitos processos nas Varas de Famlia. Como ficam de "posse" da sua razo ou, pelo menos, ela no encontra-se
as crianas nestas situaes ? Em geral, no muito bem. E o amadurecida. E preciso relativizar normas to rgidas. Relativi-
que se percebe na prtica que estes litgios relacionam-se zar significa considerar o contexto scio-cultural, em constante
muitas vezes a problemas particulares que os ex-cnjuges no transformao, e a prpria implicao dos envolvidos em cada
conseguiram elaborar aps a separao. Ento chegam ao caso. J existem juizes que tentam levar isto em considerao.
judicirio com uma construo litigiosa imaginria muito bem
estabelecida na qual, em geral, os filhos esto como objetos S assim poderemos falar de abuso sexual sem cair cons-
de disputa, sendo que a preocupao com seu bem estar fica tantemente nas teias do moralismo puritano, que denega a
em segundo plano. Se os filhos esto mal, a culpa sempre sexualidade infantil, e sem desconsiderar tambm a constitui-
do outro. As crianas e adolescentes envolvidos transformam- o cultural brasileira, na qual tem se tornado comum a rela-
se em objetos de ataques e defesas que no so seno uma o sexual entre dois menores de 14 anos.
forma sintomtica de lidar com a perda narcsica implcita na
desiluso amorosa. Por outro lado, o abuso existe e quando ele ocorre encon-
tramo-nos diante de uma criana ou adolescente que traz na
O trabalho do psiclogo desconstruir o litgio, escutar de sua histria uma marca angustiante. Considerando que a se-
cada um qual a sua parte naquela histria. Sem uma interven- xualidade, no sentido amplo como defendeu Freud desde os

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"Trs Ensaios..."(1905) constitui a subjetividade e por isto uma possibilidade de elaborao e de estabelecimento de um
permeia todos os relacionamentos humanos, estaremos diante novo lao social. Isto no ocorrer sem uma interveno espe-
de algum que tem a possibilidade de ver sua vida e sua rela- cfica, sem um lugar que seja referncia para este sujeito reor-
o com o outro marcada pela violncia. claro que a relao denar sua vida psquica. Precisamos romper com a equao
no causal e direta. Muitas pessoas que sofreram abusos loucura = periculosidade.
sexuais na infncia, elaboraram a experincia de forma que a
marca do sofrimento pode ficar no passado. Outros no, o A mesma crtica pode ser feita com relao equao lou-
trazem todo o tempo como repetio. Estes precisam de cura = incapacidade civil. Nos processos de interdio judicial,
acompanhamento teraputico, inclusive para elaborar o seu abolem-se os direitos do indivduo em nome do seu direito de
afastamento do abusador que, geralmente, algum muito ser tutelado (leia-se protegido). Interditado, o indivduo no
prximo. pode mais administrar seus bens, nem a sua pessoa e no
pode votar tambm. Considerado desarrazoado mas "manso",
Quanto ao abusador, muitas vezes estamos tambm diante o indivduo visto como dependente e por isto necessitado de
de casos em que fundamental um bom diagnstico. No um algum que lhe ampare e oriente, algum que ter o poder de
diagnstico cerceador mas que abra possibilidades de trata- administrar seus bens (sua penso previdenciria, na maioria
mento e acompanhamento, dando chance do sujeito de elabo- dos casos). Faz parte desta rotina a exigncia de um diagns-
rar seu ato. tico mdico. Seu alicerce filosfico a "posse" da razo como
fundamento do direito e a conscincia como a capacidade de
Entretanto, o trabalho do judicirio encerra-se nesta cons- entendimento e determinao para os deveres e direitos do
tatao e na busca da preservao da criana de outros abu- homem. Este alicerce encontra-se abalado h muito na histria
sos. O acompanhamento tanto do abusado como do abusador do pensamento moderno. So pelo menos trs os grandes
ainda deve ser feito em outro lugar. nomes que obrigaram a remodelar este discurso iluminista:
Abordando ento o diagnstico e a questo da elaborao Marx, Freud e Nietszche. Mas a lei brasileira ainda pensa
subjetiva, tocamos no problema dos loucos. Com relao como os iluministas, pelo menos com relao loucura. Como
loucura, ainda estamos muito no incio, apesar de todos os o indivduo (ou est) desarrazoado no se questiona os
avanos que a Luta Antimanicomial conquistou ao longo dos efeitos que a interdio possa ter para o prprio interditado. H
anos. Assistimos hoje ao questionamento do estatuto social de tambm o problema terico-clnico de que nas crises o sujeito
"doente mental", derivado de uma histria em que as cincias precisa de auxlio mas fora delas no necessariamente. Pode-
_ medicina e psicologia em particular - procuraram explicar a ramos ainda esboar outras questes. E claro, devemos en-
loucura e explicando-a, silenciaram-na. Se em relao aos tender que muitos diagnsticos implicam realmente uma pro-
tratamentos assistimos a avanos considerveis na crtica ao vvel incapacidade de lidar com uma srie de problemas prti-
modelo manicomial e na proposta de ofertas de servios em cos da vida cotidiana como o valor dos objetos, a insero em
sade mental menos estigmatizantes e cronificadores, no um trabalho produtivo, etc. So os casos de demncia, os
campo jurdico ainda h muito por se fazer, tanto com relao casos conhecidos como de retardamento mental, os portado-
abordagem criminal do louco quanto com relao a sua res de sndrome de Down, entre outros. Entretanto, mesmo
interdio civil. estes devem ser bem avaliados e tambm no esto livres dos
interessados apenas nos seus (muitas vezes parcos) bens. A
Com relao ao problema criminal, cabe uma reviso do relao entre o interditando e o futuro curador tem de ser ava-
conceito de periculosidade. Ser to exata a relao entre liada tanto quanto a verdadeira necessidade de uma interdi-
psiquismo (enquanto diagnstico ou tipologia) e ato ? o. No incomum famlias pobres requisitarem a interdio
Mesmo que algumas teorias e pesquisas estatsticas pos- de um dos descendentes com vistas ao recebimento da pe-
sam estabelecer uma correlao entre certos fenmenos men- quena penso previdenciria que em vrias situaes de mis-
tais e uma tendncia a agresso, esta relao nunca exata. ria representa muito, como constatou Delgado (1992) em sua
Juridicamente, o indivduo que cometeu um ato criminoso sem pesquisa. Algumas pessoas recebem a penso e mantm
estar de posse de suas faculdades mentais, sem ter capacida- internados seus familiares interditados sem nem sequer saber
de de discernimento tico jurdico sobre o que fazia ou ainda se ainda esto vivos.
sem ter capacidade para autodeterminar-se, autogovernar-se E como fica este sujeito nomeado louco (ou doente) pela
(so termos jurdicos), considerado inimputvel e, por isto, famlia em funo de uma determinada histria? Geralmente
no ser punido pois o crime no existiu legalmente. Recebe- perde suas prprias referncias e torna-se totalmente depen-
r, ao contrrio, uma medida de segurana que significa o dente e submisso ao curador. Paradoxalmente, o judicirio
encaminhamento para tratamento. Ora, trata-se de uma medi- aceita pedidos de desinterdio feitos pelos prprios interdita-
da que visa proteger os loucos ao reconhecer a especificidade dos. Talvez mea culpa. Entretanto, so muito raros estes pedi-
de seus atos mas que enfatiza, tanto quanto na questo das dos e mais rara ainda a desinterdio.
crianas , a vertente do assujeitamento em detrimento da
considerao do sujeito de direito que ali se apresenta. Novamente a ideia a ser defendida a de que o procedi-
mento pericial pode no ser suficiente para a instruo de um
Simplesmente a internao em instituio asilar, como os processo e a deferio da interdio. Faz-se necessrio o
manicmios judicirios - quando a medida de segurana trabalho de avaliao da situao familiar do interditando, de
detentiva, que mais comum, e no restritiva - no constitui avaliao da relao entre interditando e curador (avaliao
tratamento, constitui medida saneadora da nossa conscincia. que deveria ser constante) e, principalmente, a escuta do
Acredita-se estar prevenindo a ocorrncia de novos crimes, o prprio interditando. Faz-se necessrio tambm uma diferenci-
que parece ser uma boa justificativa, mas os manicmios judi- ao entre incapacidade civil e incapacidade para o trabalho,
cirios ainda so, em geral, depsitos de pessoas que ao aspectos distintos que se mesclam no imaginrio cultural em
entrarem ali perdem suas referncias familiares e sociais. Ali que o indivduo s cidado quando trabalhador.
despejamos um pouco do horror de nossas fantasias. Dali no
sairo to cedo, somente quando um profissional especfico Como est posto hoje, a justificativa para a inimputabilida-
determinar a "cessao de periculosidade". Perguntamos se de e para a interdio " a deficincia ou doena tomada como
no caberia tentar uma escuta deste sujeito a partir do mo- causa biolgica, cujo reconhecimento tarefa do perito psiqui-
mento da crise, quando o ato ocorreu e precisa ser significado. trico" (Delgado, 1992:86). No mais aceitvel a aplicao
No caso da determinao de um tratamento, que esta palavra no crtica da positividade implcita na causalidade biolgica.
possa referir-se realmente a um acompanhamento teraputico Aplicao que no passado justificou inclusive o discurso da
em que se possa contar com esta escuta, com a abertura para "purificao racial". Algum que tem todas as possibilidades de
estabelecer um lao social aceitvel e que luta por isto, no

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deve ser vtima de um processo em que lhe retiram parte da Hoje, a atuao do Psiclogo Jurdico permeia uma ao
cidadania. A base para esta mudana est, novamente, na interdisciplinar na soluo de conflitos da famlia, infncia e
questo da definio do processo sade-doena. A psicanlise juventude. Ao lado de Assistentes Sociais, Advogados, Ju-
demonstrou, por exemplo, que um delrio no simplesmente zes, o trabalho se apresenta de forma mais completa. Cabe
a ausncia de crtica, um juzo imperfeito, mas a forma do ao Psiclogo Jurdico dispor de seus conhecimentos a cerca
sujeito tentar elaborar aquilo que o toma de assalto. do Fenmeno do Comportamento Humano, atuando junto
ao conflito mediando e conciliando as partes e seus interes-
No se pode mais querer excluir da convivncia social o di- ses no Processo Judicial.
ferente. Cabe reconhecer esta diferena e pensar meios de
lidar com ela. direito de todos buscar a felicidade. Cada um Segundo a Psicologia Jurdica, podemos destacar trs
com seus recursos e limites. conceitos importantes: a) Psiclogo Forense: atua nos pro-
cessos criminais, nas Varas Especiais da Infncia e da Juven-
Um ltimo ponto a ser abordado. Um ponto importante e tude, utilizando mtodos e procedimentos para avaliar os
delicado: o que os psiclogos tm a dizer sobre a formao aspectos da personalidade e o grau de periculosidade de
daqueles que exercero o lugar da representao da lei, os indivduos adultos ou adolescentes, agentes de condutas
juizes? tipificadas pela lei como criminosas; b) Psiclogo Jurdico:
Mesmo que no seja um problema muito debatido na cena atua nos processos civis, dentro (como peritos) ou fora (como
jurdica, sabemos que a Justia, na prtica, sofre abalos com assistentes tcnicos) da instituio judiciria, analisando a
atos e decises que a ferem eticamente enquanto ideal. No dinmica familiar das pessoas envolvidas nos litgios, nas
a questo de se propor uma tipologia de personalidade para o Varas da Famlia e nas Varas da Infncia e c) Psiclogo
exerccio da magistratura, mas de tentar recuperar sua funo Judicirio: especificao do psiclogo jurdico que atua emi-
tica. Funo que se liga a prpria relao do sujeito com a nentemente dentro do sistema judicirio.
Lei. O Psiclogo Jurdico um profissional auxiliar da justia,
O juiz, como representante da lei, ocupa um lugar angusti- cuja tarefa analisar e interpretar as mensagens emocionais,
ante, de deciso. Um lugar que deve ser ocupado por quem a estrutura de personalidade e a configurao das relaes
queira pagar o preo desta angstia. Este preo ser relana- familiares, com o objetivo de oferecer sugestes e dar subs-
do todo o tempo s suas questes pessoais com a Lei. O dios deciso judicial.
trabalho solitrio com estas questes fundamental. Seno Busca-se elucidar as causas pessoais que conduziram
podem ocorrer casos como a juza de Braslia que inocentou aqueles indivduos prtica de atos criminosos e os senti-
os jovens assassinos do ndio patax e que a imprensa regis- mentos dos mesmos em relao ao ocorrido. Procuramos
trou dizendo ter se colocado no lugar da me daqueles jovens. auxiliar os demais integrantes da equipe jurdica na avaliao
Ora, possvel ser me e juza ao mesmo tempo e no e assistncia psicolgica de indivduos, casais, menores e
mesmo lugar ? Em que ponto esta juza foi atingida para que seus familiares, envolvidos nos processos criminais; bem
provocasse este abalo no ideal cultural que supostamente como assessor-los, sempre que necessrio, no encaminha-
representa ? mento para o tratamento especializado, seja para terapias
psicolgicas e psiquitricas, seja para tratamento da depen-
Enfim, ainda h muito por fazer e os psiclogos tm o que dncia do lcool e outras drogas.
contribuir. Trabalhar pelos direitos do homem tarefa que a
humanidade mal comeou a empreender. E neste comeo No cumprimento destas tarefas absolutamente necess-
deveramos evitar o erro de reduzir estes direitos ao reconhe- rio o estudo de caso, por meio da consulta prvia aos autos
cimento do estado de vtima. Este reconhecimento est implci- dos processos sob exame, e a permuta de informaes com
to no que Bobbio (1992) chamou de "ttulo de nobreza", citado outros profissionais, em muitos casos com o recurso de reu-
no incio deste texto. Os direitos do homem tem de transcen- nies interdisciplinares. Esses passos se constituram como
der este lugar, tem que se referir capacidade de resistncia. pr-requisitos para a elaborao posterior de pareceres, que
Como afirmou Garcia: "Se existem os direitos do homem, so juntados aos processos em estudo.
estes no seriam os direitos da vida contra a morte, no seri- O Psiclogo Jurdico participa de algumas audincias,
am os direitos da simples sobrevivncia contra a misria, teri- prestando informaes, para esclarecer aspectos tcnicos em
am que ser os direitos da resistncia humana. Direitos do Psicologia. Dentre o material tcnico utilizado podemos des-
imortal, direi, afirmam-se por si mesmos: direitos da resistncia tacar: entrevistas individuais; observao clnica; visitas domi-
contra a contingncia do sofrimento e da morte, so estes os
ciliares; testes psicolgicos e contato com profissionais de
autnticos direitos da resistncia humana". reas afins. A utilizao de tais mtodos faz com que o profis-
esta resistncia, esta fidelidade quilo que nos obriga a sional tenha subsdios para auxiliar o juiz na efetivao da
uma nova maneira de ser que devemos ter como meta neste sentena e elaborao de seu prprio parecer.
trabalho que se coloca no terreno problemtico entre o no- Em sntese, podemos dizer que o Psiclogo especialista
agir do Estado (direitos de liberdade) e a ao positiva do em Psicologia Jurdica, ao atuar no mbito da justia pode
Estado (direitos sociais), terreno em que ala vo a Justia desempenhar mltiplas tarefas, colaborando, por exemplo, no
contempornea. planejamento e execuo de polticas de cidadania, direitos
A Atuao do Psiclogo Jurdico humanos e preveno da violncia. Centrando, assim, sua
atuao na orientao do dado psicolgico repassado no s
Maria Camila Carvalho do Nascimento para os juristas como tambm aos indivduos que carecem de
A Psicologia Forense, a princpio, era tida como um ramo tal interveno, para possibilitar a avaliao das caractersti-
da Psicologia dedicado ao estudo das personalidades que cas de personalidade e fornecer subsdios ao processo judici-
chamavam a ateno por apresentarem um comportamento al, alm de contribuir para a formulao, reviso e interpreta-
considerado criminoso. No entanto, com a evoluo do Direito o das leis.
em parceria com a Psicologia, houve o nascimento do termo -o0o-
Psicologia Jurdica e, em decorrncia, o psiclogo passou a
ser considerado um perito, oferecendo ao juiz subsdios no Hoje, o trabalho dos psiclogos no campo jurdico com-
mbito de seus conhecimentos tcnicos especficos, por meio preende a investigao, em diferentes nveis de complexida-
de laudos e pareceres. Assim, a Psicologia Jurdica viabiliza a de, dos fenmenos psicolgicos no mbito da Justia e dos
deciso do juiz quanto aplicao da justia. exerccios do Direito, prestando servios de assessoramento

Conhecimentos Especficos 218 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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direto e indireto s organizaes de Justia e as instituies adequadamente as necessidades daquela famlia, que muitas
que cuidam dos direitos dos cidados. Compe, ainda, esse vezes passam despercebidas nos litgios judiciais.
campo, as atividades de pesquisa, ensino e de extenso, em
crescimento nas universidades brasileiras. (CRUZ, 2005). As duas atuaes de destaque da psicologia jurdica no di-
reito de famlia so a percia psicolgica e a de assistente
Na contemporaneidade a Psicologia Jurdica no se res- tcnico.
tringe na elaborao de psicodiagnstico, est presente em
quase todos os Tribunais de Justia do pas incluindo organi- A percia psicolgica importante para a compreenso da
zaes que integram os poderes Judicirio, Executivo e o dinmica familiar e da comunicao verbal e no-verbal de
Ministrio Pblico, em vrias reas de atuao: Varas de cada um dos indivduos. O psiclogo perito deve ser imparcial
Famlia, Infncia e Juventude, Prticas de adoo, Conselhos e neutro para escutar as mensagens conscientes e inconsci-
Tutelares, prises, abrigos, unidades de internao, entre entes do grupo familiar e atravs de procedimentos especfi-
outras. cos fornecer subsdios deciso judicial, apresentando su-
gestes, com enfoques psicolgicos que possam amenizar o
Com a contribuio de psiclogos, dentre outras ativida- desgaste emocional das envolvidos, e principalmente preser-
des, so resolvidos conflitos familiares, realizadas adoes, var a integridade fsica e psicolgica dos filhos menores.
solucionadas disputas de guarda, regulamentadas visitas de
pais e avs, interditadas pessoas que no tem capacidade de O assistente tcnico um psiclogo autnomo contratado
gerir seus bens, atendidos adolescentes em conflitos com a pela parte para reforar sua argumentao no processo e
Lei, acompanhadas execues de penas, propostas no regi- complementar o estudo psicolgico feito pelo perito. como
me penal dos sentenciados. (COSTA, 2001). um consultor da parte, mas seu trabalho deve sempre atender
aos princpios da tica profissional qual est sujeito, e no
Aplicao da psicologia nas questes judiciais deve limitar a uma viso parcial. Precisa, para resguardar a
qualidade de seu trabalho, obter informaes acerca da di-
INTRODUO
nmica familiar completa, e assim fornecer subsdios deci-
Com a promulgao da legislao atual a assistncia in- so judicial que, a principio so favorveis ao seu cliente, mas
fncia, adolescncia e ao idoso passou a ser enfocada servem tambm para compreender o contexto familiar integral
como uma questo social e o Estado brasileiro vm atuando e identificar as reais necessidades dos membros da famlia.
como grande interventor e o principal responsvel pela assis- Essa interao do trabalho dos psiclogos, perito e assis-
tncia e pela proteo desses sujeitos sociais e de seus direi- tente com o dos juristas objetiva evitar que o confronto famili-
tos. ar se agrave ou se perpetue, minimizando os danos que por
Procurando atender s necessidades biopsicosociais dos ventura venham sofrer seus envolvidos, especialmente crian-
envolvidos nos processos de guarda, adoo e interdio, o as e adolescentes.
Poder Judicirio procura obter e manter todas as informaes Antes de encerrarmos esse captulo importante esclare-
pertinentes origem e histria de vida dos sujeitos do plo cer, sucintamente, a distino entre percia e avaliao psico-
ativos (requerentes) e plo passivo (requerido). Torna-se lgica. Esta ltima utilizada como primeiro e principal ins-
ento de fundamental importncia o trabalho de profissionais trumento para analisar os vrios e distintos casos que che-
especializados para procederem aos estudos e investigaes gam Justia. um procedimento utilizado para diagnosticar
necessrios, que iro possibilitar ao Estado defender e aten- a situao de conflito, pressupe uma interveno no caso
der aos interesses dos sujeitos do plo passivo. por meio de um estudo, s vezes prolongado, da vtima, do
O psiclogo dentre outros profissionais desenvolve um contexto em que tudo aconteceu, dos familiares e de outros
trabalho relevante para o juizado cvel, especialmente nos indivduos envolvidos no processo judicial.
processos de guarda, adoo e interdio. Atravs de um Nos casos de processos de famlia, como a separao
estudo psicolgico criterioso fornecem uma avaliao impor- conjugal, disputa de guarda dos filhos, regulamentao de
tante que deve ser considerada no momento da deciso judi- visitas e outros, os psiclogos so nomeados peritos pelos
cial. O estudo psicolgico, alm, de detectar algo encoberto Juzes, so encarregados de fazer avaliaes psicolgicas de
ou mesmo disfarado pelas famlias ou pessoas envolvidas todas as pessoas que compem o caso a ser julgado, utili-
no processo, ajuda a evitar erros que trazem grande sofrimen- zam-se, tambm de entrevistas, tcnicas de exame e investi-
to e grandes transtornos para serem revertidos, o acompa- gao, de acordo com a natureza e gravidade do caso. Elabo-
nhamento psicolgico torna mais tranquilo e seguro os pro- ram um laudo pericial com um parecer indicativo ou conclusi-
cessos em questo. vo. Esse laudo oferece ao Juiz elementos do ponto de vista
A APLICAO DA PSICOLOGIA NAS QUESTES JU- psicolgico, para que ele possa decidir o processo com novas
DICIAIS bases de conhecimento alm do Direito.

A Psicologia, mais especificamente, a Psicologia Jurdica PROCESSOS DE GUARDA


como uma cincia autnoma, produz conhecimento que se O papel do Psiclogo Judicirio nas disputas de guarda
relaciona com o conhecimento produzido pelo Direito, o que dos filhos e programao das visitas quando o casal se sepa-
possibilita que haja uma interao, um dialogo entre essas ra , atualmente, reconhecida e at mesmo obrigatria, tanto
cincias. que sua atuao tem sido institucionalizada na estrutura judi-
O psiclogo jurdico atua fazendo avaliaes psicolgicas, ciria mediante a instalao de servios psicossociais foren-
percias, orientaes, acompanhamento, contribui para polti- ses, como serventias de quadros prprios, aparelhadas para
cas preventivas, estuda os efeitos do jurdico sobre a subjeti- as suas atribuies especficas.
vidade do indivduo, entre outras formas de atuao. Com a separao surgem os papeis do guardio e do ge-
No direito de famlia torna-se imprescindvel atuao do nitor descontnuo, o primeiro deve coincidir com o cuidador ou
psiclogo. As questes familiares so mais amplas e comple- cuidadora, independente do gnero, pois ele quem prov as
xas. No se limitam letra fria e objetiva da lei, esta nem necessidades bsicas da criana. Pela letra fria da lei no
sempre suficiente para dirimir as questes familiares leva- haveria suporte legal para se atribuir automaticamente a
das ao judicirio. A psicologia, como cincia do comportamen- guarda me. Genitor aquele que no fica diariamente com
to humano, vem, atravs de seu aparato, buscar compreender a criana, mas tem direto a visita, ou melhor dever de visitar,
elementos e aspectos emocionais de cada indivduo e da dever de se fazer presente e influenciar na criao dos filhos.
dinmica familiar, e assim, encontrar uma sada que atenda
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A atuao do psiclogo na vara de famlia, que trata de Dentre os mtodos do psiclogo esto a entrevistas, a in-
questes como separao, guarda e visita, se deve, em gran- vestigaes, a visitas e a anlise dos dados coletados, assim
de parte, pela presena de crianas, visto a dificuldade de como valores, atitudes explcitas e implcitas, crenas dos
question-las diretamente e de saber o que se passa com sujeitos e demais aspectos relevantes que possam interferir
elas, por isso a necessidade de um profissional com formao no processo de adoo. O momento do processo de produ-
especifica em relao ao desenvolvimento infantil, processo o de informaes, pode conduzir a novos indicadores,
psicolgico e psicodinamismo da famlia. O Juiz apesar de emergindo novos elementos e novas ideias e posicionamento.
no ter sido preparado para entender de criana tem que A combinao das informaes indiretas e omitidas constitu-
tomar uma deciso que condicionar a vida do pai, da me e em uma grande rea para a anlise da possibilidade de haver
da criana, os psiclogos suprem essa deficincia, buscando algo encoberto, mascarado ou disfarado. O estudo criterioso,
amenizar os conflitos pr-existentes na separao litigiosa. imparcial, de surpresa pertinente e necessrio para que seja
capaz de detectar as situaes de risco e agir em defesa dos
Em relao guarda, ela pode ser alternada ou comparti- interesses das crianas e adolescentes.
lhada. Na guarda alternada o guardio tem certos direitos que
so direitos superiores ao do genitor descontnuo. A guarda Estudos realizados pela Universidade Catlica de Braslia
compartilhada quer dizer que ambos tm a mesma prerrogati- e Universidade de Braslia juntamente com o Servio Psicos-
va de escolher, opinar e influir na direo do filho. Nesse social Forense do Tribunal de Justia do Distrito Federal,
sentido, mais justo quanto ao equilbrio daquilo que se con- apontam que:
fere ao pai ou me. A deciso quanto guarda e as visitas
no vm do psiclogo, ele apenas fornecer dados que em- Os estudos psicossociais proporcionam no somente
basaro a deciso do Juiz. Permitindo, desta forma, um dilo- um novo conhecimento, mas um processo de reflexo e uma
go com a letra fria da lei e as implicaes simplesmente mo- mudana de postura e atuao;
rais, conferindo s decises judiciais um maior senso de justi- Muitas vezes a entrega de uma criana adoo po-
a e preocupao social. A psicologia contribui ao dizer que deria ser considerado como um ato responsvel e consciente
existem duas pessoas que personificam duas funes dentro em defesa da vida de um filho;
da psicologia, a me e o pai, um no substitui o outro, por
isso a criana deve ter acesso aos dois e s suas linguagens Torna-se de fundamental importncia que o judicirio
que so parte simblica e parte da carga gentica dela mes- mantenha um banco de dados pertinentes origem e histria
ma. de vida do adotando/adotado a fim de que este possa recons-
truir sua histria, facilitando a construo de uma auto ima-
ADOO gem clara e definida;
No processo de adoo preciso que haja o consentimen- No Brasil, a demanda pela adoo caracteriza-se por
to dos pais ou do representante legal da criana ou adoles- buscar a soluo dos conflitos do adotando e no exatamente
cente. E devero ser encaminhados no Juizado da Infncia e do adotado;
Juventude para que sejam tomadas as providencias legais.
Os parentes podero adotar, mas os avs e irmos interessa- O medo do desconhecido e o preconceito quanto
dos devero solicitar a guarda da criana junto ao servio hereditariedade das crianas so fatores que desestimulam a
social judicirio. adoo;
No andamento do trmite legal sero realizados os traba- O estgio de convivncia e morosidade da sentena
lhos tcnicos responsveis pelos estudos psicossociais das judicial provocam grande insegurana e sofrimento aos sujei-
famlias e das crianas, sero realizadas investigaes com tos do processo, no s pela indefinio mas principalmente
respaldo no Estatuto da Criana e do Adolescente (art.50, pelo medo da perda;
1) que visa proteger e garantir os direitos fundamentais da
criana e do adolescente. Os profissionais avaliam e emitem A experincia da preparao psicolgica para a ado-
pareceres e relatrios tcnicos que indicam positivamente ou o, as aproximaes sucessivas, a orientao, o apoio e o
no a adoo, buscando sempre a satisfao das necessida- aconselhamento, se revelaram importantes para as famlias
des do adotado. adotantes e para os adotados trazendo-lhes confiana, tran-
quilidade e segurana;
A interveno da psicologia jurdica no direito de famlia,
especialmente na adoo, vai alm das preocupaes de O estudo psicossocial um vasculhamento necess-
moradia digna, alimentao, escola e sade. Na verdade, visa rio para minimizar os riscos de uma adoo mal sucedida,
atender s necessidades biopsicossociais das crianas e podendo-se chegar a uma adequao da famlia sonhada
adolescentes, analisando os aspectos de adaptao, aceita- com a famlia possvel para todos e, em especial para a crian-
o, integrao da criana dentro da famlia em relao aos a;
filhos biolgicos e demais familiares, na reconstruo de sua Famlias adotantes entrevistadas valorizam as in-
nova histria familiar. formaes e orientaes recebidas durante o estudo psicos-
preciso,ainda, lembrar que antes de uma histria de social, ressaltando inclusive a necessidade de maior divulga-
adoo existe uma histria de abandono. A situao de o do tema na mdia para desmascarar preconceitos e auxi-
abandono das famlias originrias, o desamparo e o grande liar outros adotantes a buscar a realizao de uma adoo
sofrimento fsico e psquico das crianas e adolescentes, o legal.
motivo das adoes, as caractersticas da famlia adotiva, INTERDIO
seus anseios, medos, dificuldades e vulnerabilidade so as-
pectos que precisam ser trabalhados antes e durante o pro- A interdio judicial de um cidado, no Estado de Direito,
cesso. A psicologia permiti uma anlise sobre a importncia est prevista como medida de exceo da cidadania, sendo
mtodos do psiclogo, em especial a escuta, para o atendi- regulada por lei, e atribui a responsabilidade aos agentes
mento das famlias e das crianas, podendo gerar mudanas pblicos, para efeito da sua execuo. Como ato do Estado
significativas em suas vidas. Objetivando defender os interes- que estabelece restrio ao gozo dos direitos do cidado, o
ses e os direitos do adotado numa tentativa de restituir dos instituto da interdio judicial deveria encontrar-se revestida
danos at ento sofridos, com o estabelecimento de uma de todos os cuidados e reservas, na medida em que sua
relao familiar estvel e benfica. ocorrncia produz srias limitaes ao atingido no tocante
sua capacidade de se posicionar como agente de reivindica-

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o diante das instituies, inclusive do prprio Estado e dos A Atuao do Psiclogo encontra-se estabelecida no
seus agentes. art. 151 do ECA Estatuto da Criana e do Adolescente (an-
tigo Cdigo de menores).
Estabeleci-se uma posio semelhante a de menor idade
civil, por meio da tutela ou da curatela, instaura-se graves O Tcnico atua no processo relativo a infncia e juven-
prejuzos ao desempenho social dos atingidos, fragilizando-os tude na condio de Perito.
sobremaneira e colocando-os merc de injunes em suas
vidas privadas, sobre as quais estes no tm o menor contro- O trabalho psicolgico na Vara da Infncia e da Juven-
le. tude abrange o contato com a clientela (partes pessoas
pertencentes ao processo ou no), a atuao nos autos pro-
A interdio judicial uma excepcionalidade contra a ci- cessuais, participao na sala de audincia formal ou infor-
dadania: ao mesmo tempo em que priva de responsabilidades malmente, contatos com instituies e entidades afins, ativi-
o cidado, transfere a gesto de seus direitos a um terceiro, dades ligadas equipe e a administrao, eventos relaciona-
seja este um agente do Estado, seja um particular que passa dos rea como cursos, palestras, congressos, superviso e
a responder por aquele cidado. outros.
O termo ao cvel se enquadra no processo da "Capaci- Os laudos tcnicos (relatrios) elaborados pelo Psiclo-
dade Cvel" em que se permite a uma pessoa adquirir direitos go fazem parte dos autos (processos) como mais uma prova
e contrair obrigaes por conta prpria, por si mesma, sem a que somadas as demais faro com que o Juiz julgue a causa
necessidade de um representante legal. Para a ocorrncia de (conflito de interesses).
uma ao cvel de interdio, faz-se necessrio que o indiv-
duo perca a capacidade de gerir seus bens e sua prpria O Psiclogo livre no seu aspecto cientfico. A funo
pessoa. Esta situao judicial apresenta-se como a mais do Psiclogo desempenhada alm da Vara da Infncia e
frequente nas percias psiquitricas, que incidem frequente- Juventude, especificamente tambm perante a Vara de Fam-
mente na incapacidade total e definitiva, a qual se configura lia e Sucesses (lida com litgios onde se disputa a posse dos
pela perda da autodeterminao da pessoa. filhos) bem como na Vara Especial que lida com menores
infratores (acima de 12 anos).
A necessidade da percia psiquitrica nos casos de aes
para uma possvel interdio apresenta-se hoje frequente na reas de Atuao do Psiclogo na Vara da Infncia e Ju-
realidade brasileira. Este fato solicita deste profissional, cada ventude:
vez mais, uma especificidade para diagnstico diferencial, Medidas de colaborao em Famlia Substituta Guar-
cuja conduta seja adequada a cada caso. da Tutela Adoo (destituio de Ptrio Poder)
CONCLUSO Disputa
A psicologia jurdica tem desempenha papel imprescind- Vitimizao (Maus tratos, fsicos e psicolgicos e Abuso
vel nos processos de guarda, adoo e interdio. Suas an- Sexual)
lises acerca dos indivduos que compem a relao jurdica e
dos terceiros envolvidos enriquecem e muito o trabalho dos Abrigo Desinternao
juristas, que com base nas informaes que os psiclogos
abstraem, atravs de seus mtodos especficos norteiam as Queixas conduta (Problemas de distrbios de com-
decises judiciais tornando o processo menos danoso e sofri- portamento socializado da criana / adolescente)
do principalmente para as crianas e adolescentes envolvi- Suprimento de idade / Suprimento de Consentimento
dos, alm de possibilitarem um tomada de deciso, por parte para casamento
do juiz, mais justa e humana fundada na individualidade da-
quele determinado grupo familiar. Emancipao
Atualmente, tem-se implementado conhecimentos de psi- Maria Ceclia Brando Haga
cloga jurdica na prpria formao dos juristas, o que no
PSICODIAGNSTICO - TCNICAS UTILIZADAS.
ameaa o trabalho dos psiclogos, visto que uma atividade
complexa que cabe apenas aos psiclogos devido sua forma-
Tania Montandon
o especfica. Para os juristas essas noes de psicologia
jurdica servem para que estes no sejam totalmente leigos
NA CLNICA
diante de um laudo pericial psicolgico. Alm dos inmeros
O diagnstico possvel atravs das entrevistas diagnsticas.
benefcios na compreenso global dos casos eles confiados,
A palavra entrevista deriva do francs entrevue, que provm
tanto na atividade de advogados quando de juizes, permitin-
do latim videre, que significa ver. O dicionrio da Real Aca-
do-lhes uma viso mais subjetiva e no limitando-se apenas
demia Espanhola define como vista, concorrncia e confern-
objetividade da lei. Parece simples, mas uma questo de
cia de duas ou mais pessoas em um lugar determinado, para
fundamental importncia no direito de famlia, por se tratar de
tratar de resolver um negcio. A palavra diagnstico origina-
um momento delicado em um dos principais pilares da socie-
se do grego diagnstiks e significa discernimento, faculdade
dade, a estrutura familiar. http://www.coladaweb.com/
de conhecer, de ver atravs de.
PSICLOGO JUDICIRIO/TJSP
Existem quatro tipos de entrevista:
Funcionrio Pblico do Tribunal de Justia do Estado de
So Paulo do Poder Judicirio (admitido por Concurso Pbli- - Fechada: O entrevistador no pode alterar as perguntas e a
co).O Psiclogo compe a equipe interprofissional da Vara da ordem como apresentada ao entrevistado;
Infncia e Juventude (antigo Juizado de Menores), constituin-
do os "Servios Auxiliares" sendo rgo da assessoria tcni- - Aberta: O entrevistador improvisa, dirige e intervm segundo
ca. as necessidades;
recente a introduo do Psiclogo no quadro de fun-
cionrios auxiliares do Juiz de Direito, atuando juntamente - Semi-dirigida: a mistura das duas primeiras, onde o entre-
com o Assistente Social (seo tcnica), Promotor de Justia, vistador dispe de uma certa liberdade no interrogatrio, mas
Comissariado (voluntrios) e Cartrio (Escrivo Diretor). tem que cumprir outras normas;

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- Livre: Interroga-se deixando que o entrevistado nos informe referir o caso individual aos quadros nosogrficos ou s estru-
livremente, sem nossa interveno, a no ser para dar-lhe a turas de personalidade subjacentes.
norma tcnica inicial.
Formulam-se indicadores que permitem determinar a incidn-
Toda anlise e previso da conduta humana envolve uma cia da histria de vida no estado atual da personalidade, inte-
atribuio do significado aos fatos comportamentais. preci- grando os comportamentos do sujeito, suas queixas, sintomas
so categoriz-los em termos de determinados conceitos, que com o material oriundo das tcnicas projetivas.
traduzem nexos subjacentes. H uma ciso entre o que se
descreve em linguagem cientfica e o que se observa experi- O diagnstico, segundo o modelo mdico, estabelecido em
mentalmente. quadros classificatrios das doenas mentais, precisos e
exclusivos, organizando sndromes sintomticas com caracte-
A atribuio da significao ao sujeito constitui um retorno a rsticas especficas. Testes so elaborados para determinar
problemas que haviam permanecido circunscritos. O signifi- os processos psquicos subjacentes e tendncias patolgicas.
cado por ns atribudo a cada ato e momento de nossa exis-
tncia mais importante para entender nossas decises, Segundo o modelo psicomtrico, caractersticas genricas do
cognies, emoes, nossas atividades psquicas do que a comportamento humano de ordem gentica e constitucional
mera fora de hbitos estereotipadamente adquiridos. so consideradas imutveis e identificadas em testes para
classific-las e medi-las.
O comportamento, no sendo amorfo, mas dotado de sentido
prprio, no pode mais ser tratado como qualquer outra ma- J o modelo behaviorista considera o comportamento obser-
tria do conhecimento, sujeita nossa intuio. preciso vvel como o nico objeto possvel se ser estudado pela psi-
fundamentar-se na inteligncia da significao do comporta- cologia.
mento.
O maior desenvolvimento dos modelos de psicodiagnstico
A afirmao de Piaget No se sabe a priori se as estruturas deu-se em consultrios privados com clientela socialmente
pertencem ao homem, natureza ou aos dois aplica-se ao privilegiada.
fenmeno fsico em relao ao qual no sabemos at que
ponto a natureza da causalidade vincula-se aos processos Os princpios tericos bsicos do diagnstico psicolgico so:
dedutivos decorrentes das estruturas lgico-matemticas que
introduzimos em sua descrio. Essa dvida dissipa-se na -Processos intrapsquicos: O paciente faz uso de identifica-
Biologia, onde o dado observvel no depende da percepo es projetivas patolgicas, sentindo que aloja objetos frag-
dos fatos, mas da ao dirigida por outro ser vivo. Essa ao mentados dentro de um outro indivduo, assim como partes
passa a ser o ncleo da observao em Psicologia. de outro indivduo so sentidas como alojadas dentro da per-
sonalidade do paciente.
Diagnstico e prognstico colhem o papel estruturador do
comportamento prprio de cada nvel e de cada linguagem, -Processos de desenvolvimento e maturao: As observaes
captando a riqueza informacional que suscita em torno do a respeito das diversas etapas da vida so preciosas para
sujeito e permite compreender as bases de sua conduta. diferenciao entre normal e patolgico e para construo de
teorias, instrumentos de medida e julgamento clnico.
A enfermidade do indivduo desenvolveu-se em um ambiente
familiar determinado. Assim, deve-se conhecer as reaes do -Processos de dinmica familiar: O estudo enfatiza a relao
paciente ante sua enfermidade e suas implicaes na dinmi- precoce entre me e beb, internalizao, pela criana, dos
ca da famlia como fonte de informao valiosa, tanto para o pais e as foras externas que operam para criao e desen-
diagnstico psicolgico como para o tratamento. Entre as cadeamento de distrbios.
reaes est o sentimento de culpa, principalmente quando
se trata de perturbaes emocionais. O informe psicolgico deve conter:

A aceitao, a negao ou o rechao da enfermidade da -Dados de identificao, para ter uma viso imediata da inser-
pessoa por parte de seu ambiente, em grande parte, esto o do indivduo em seu mundo microssocial;
mobilizados pelos sentimentos de culpa das pessoas de seu
ncleo familiar. -Motivos da consulta, contendo as queixas do paciente e
familiares;
Quando o paciente uma criana, geralmente os sentimentos
de culpa dos pais esto na superfcie da conscincia. Nos -Os recursos utilizados, contendo observaes, tcnicas e
adultos, costuma-se ocorrer o mesmo de forma mascarada. testes;

Na Psicanlise, a relao psiclogo-paciente enfatiza que o -Histrico de vida, resumindo os aspectos relevantes para
paciente transfere ao psiclogo contedos inconscientes de conhecer seu processo evolutivo e estado em que se encon-
sua vida mental infantil e o psiclogo mobilizado em suas tra no presente;
fantasias e angstias primitivas. As transferncias e contra-
transferncias so utilizadas em prol da compreenso diag- -Dados sobre o grupo familiar;
nstica.
-Sntese diagnstica, o que o psiclogo pde perceber e inte-
As atividades clnicas do profissional devem ser empreendi- grar no contexto como sendo sua compreenso globalizadora
das com o mnimo de interferncia de suas teorias sobre sua do paciente;
capacidade de observar e captar os fatos relevantes.
-Prognstico, apontando os recursos emocionais do paciente
O diagnstico deve delimitar graus de integrao da persona- e do grupo familiar para lidar com as perturbaes e suportar
lidade, diferenciando neurticos, psicticos e pervertidos. os atendimentos requeridos;

A descrio de caractersticas de como o indivduo se vincula -Encaminhamento, contendo informaes expressas de modo
e suas defesas e ansiedades predominantes deve permitir breve, relacionando-as s entrevistas devolutivas.

Conhecimentos Especficos 222 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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Quarto, psicodiagnstico de Rorschach. Quinto, C.A.T. Sexto,
O psicodiagnstico possibilita uma avaliao global da perso- entrevista de devoluo diagnstica com os pais, normalmen-
nalidade do paciente, determinao da natureza, intensidade te em duas sesses. Stimo, entrevista com a criana para
e relevncia dos distrbios, fornecimento de subsdios a de- situ-la a respeito do seu tratamento.
mais profissionais, definio do tipo de interveno teraputi-
ca, prognstico da evoluo teraputica e pesquisa psicolgi- 3- Quais os resultados obtidos?
ca.
Verificar as condies de analisabilidade do paciente, isto ,
Assim, as funes do diagnstico psicolgico so de orienta- sua capacidade de simbolizao e sua capacidade de transfe-
o e seleo de problemas de ajustamento, direo de ser- rncia.
vios de psicologia, ensino e superviso profissional, asses-
soria e percias sobre assuntos de psicologia. 4- Qual sua viso crtica ao seu trabalho e ao Dagnstico
Psicolgico em geral?
Entrevista com Neila Fernandes Bruzaferro:
Um saber a priori sobre o paciente ao mesmo tempo que
1- Qual o objetivo do Diagnstico Psicolgico? auxilia na determinao da conduta clnica a seguir comporta
questes ticas complexas, pois a escuta analtica deve ser
Conhecimento do indivduo atravs da percepo dos disposi- preferencialmente isenta de pr-conceitos. Corre-se o risco de
tivos pelos quais ele interage com seu mundo interno e com o se privilegiar, a partir do diagnstico, os sintomas, quando se
mundo externo. O uso do seu potencial, mecanismos de de- sabe que as verdades so sempre semi-ditas. O cuidado com
fesa, estrutura e dinmica de sua personalidade. o rtulo outro ponto. Mas ao mesmo tempo necessrio
clarear o terreno onde se est pisando.
2- Quais as etapas e os recursos utilizados?
Entrevista com Suzana Alamy Reis:
- Entrevista inicial com a famlia ou o sujeito;
- Testes de acordo com a demanda; 1- Qual o objetivo do Diagnstico Psicolgico?
- Devoluo e orientao cabveis.
Detectar problemas psquicos que possam estar interferindo
3- Quais os resultados obtidos? na sua conduta dentro do hospital, interferindo no bom funci-
onamento da dinmica da enfermaria e no seu prprio trata-
Traar um prognstico de vida, aguardar situaes de crise, mento mdico. Possibilitar um diagnstico diferencial e um
programar um processo de adaptao com o meio, traar estudo da personalidade do paciente para a escolha do tra-
uma perspectiva de um processo teraputico, reeducao de tamento psicolgico adequado.
capacidades inibidas ou prejudicadas.
2- Quais as etapas e os recursos utilizados?
4- Qual sua viso crtica ao seu trabalho e ao Diagnstico
Psicolgico em geral? Acredito que a anamnese diagnstica o recurso mais impor-
tante, sendo que os testes projetivos so complementares a
Demorado e dispendioso, necessrio muito estudo, com a esta. No caso da Neuropsicologia, so utilizados tambm os
prtica pode-se abrir mo de determinados instrumentos, testes cognitivos para verificao das funes superiores que
porque a viso clnica j embasa suficientemente para o pro- possam estar comprometidas em funo de leses neurolgi-
grama de orientao. cas.

Entrevista com Vanessa Campos Santoro: 3- Quais os resultados obtidos?

1- Qual o objetivo do Diagnstico Psicolgico? Uma impresso diagnstica, importante para nos ajudar a
programar a assistncia psicolgica a ser dada ao paciente,
Determinar a estrutura clnica subjacente do sujeito que est ajudando-nos a nos conduzir para melhores resultados.
sendo testado. Estrutura clnica o modo particular de funci-
onamento psquico de cada pessoa e que vai depender da 4- Qual sua viso crtica ao seu trabalho e ao Diagnstico
maneira como cada pessoa vivenciou seu Complexo de di- Psicolgico em geral?
po, e consequentemente a Lei. A estrutura clnica nos forne-
cer as tticas e estratgias na direo do tratamento. O diagnstico psicolgico a meu ver um instrumento de
grande valia nos atendimentos, apontando para resultados
2- Quais as etapas e os recursos utilizados? mais eficazes. Sem o mesmo, torna-se muito complicado
saber qual o procedimento adequado.
Fazer uma distino entre o Psicodiagnstico infantil e o de
adulto. No adulto, a nfase dada nas entrevistas prelimina- Entrevista com Snia Eustquio:
res, onde, via linguagem, e na transferncia, tenta-se deter- 1- Qual o objetivo do Diagnstico Psicolgico?
minar qual a estrutura psquica do sujeito: neurose, psicose
ou perverso. Em caso de dvidas, pode-se recorrer ao psi- Levantar todos os dados que correspondem estrutura psico-
codiagnstico do Rorschach ou ao T.A.T., preferencialmente lgica do sujeito, localizando a a sua demanda dentro do
aplicados por outra pessoa. No caso da criana, os testes processo de desenvolvimento dele e, com isso, ter dados
psicolgicos fazem parte do processo de diagnstico, pois suficientes para se estabelecer um diagnstico diferencial.
mais difcil de se determinar a estrutura psquica que est se
formando. Inicialmente, entrevista com os pais para elucidar o 2- Quais as etapas e os recursos utilizados?
lugar que a criana ocupa nas fantasias do casal, como eles
lidam com o sintoma da criana e se esse sintoma tampona Diagnstico Infantil:
alguma verdade no dita nessa famlia. Segundo, hora de
jogo diagnstico, onde se observa a maneira como a criana - Entrevista com pais ou famlia (anamnese);
se expressa atravs dos brinquedos. Terceiro, os testes psi- - Aplicao de testes quando a criana tem idade para desen-
cogrficos: H.P.T., famlia, desenho livre, Machover e Bender. volv-los ou observao do comportamento ldico;

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- Devoluo com uma hiptese diagnstica pronta, previso para poder trabalhar suas possibilidades e no correr o risco
de prognstico e estratgias teraputicas. Na ocasio colo- de enfatizar seus sintomas, limitando-o. Para tal, dever utili-
cado o contrato teraputico e pode se iniciar a orientao zar o diagnstico apenas para direcionar o tratamento e saber
familiar. quais as estratgias mais adequadas a serem usadas.

Diagnstico de Adultos: Importante tambm que o processo diagnstico contnuo,


e deve estar sempre aberto a modificaes no decorrer do
- Entrevista livre; tratamento, pois o indivduo est sempre se transformando e
- Entrevista dirigida (questionrios); gerando transformaes no meio que convive.
- Testes, se necessrio bateria selecionada de acordo com
HISTRIA DO PSICODIAGNSTICO
cada demanda;
- Devoluo Hiptese diagnstica Prognstico Estrat- 1 Introduo:
gia teraputica ou programa teraputico Contrato.
A palavra diagnstico origina-se do grego diagstiks e
3- Quais os resultados obtidos? significa discernimento, faculdade de conhecer, de ver atravs
de. Este seria o sentido mais amplo, e desta forma o diag-
O principal resultado o fornecimento de dados classificat- nstico inevitvel. Em sentido mais restrito, utiliza-se o ter-
rios ou de diagnstico que possibilitam o terapeuta propor mo diagnstico para referir-se possibilidade de conhecimen-
uma estratgia ou conduta na devoluo, que podem ser: to que vai alm daquela que o senso comum pode dar, ou
apenas um laudo ou relatrio, um aconselhamento emergen- seja, a possibilidade de significar a realidade fazendo uso de
cial (1 ou 2 sesses), propostas teraputicas variadas. conceitos, noes e teorias cientficas.
O diagnstico psicolgico busca uma forma de compreen-
4- Qual sua viso crtica ao seu trabalho e ao Diagnstico so situada no mbito da Psicologia. Em nosso pas, uma
Psicolgico em geral? das funes exclusivas do psiclogo garantidas pela Lei n
4119 de 27/08/62, que dispe sobre a formao em Psicolo-
Eu trabalho com diagnstico em todos os casos que atendo. gia e regulamenta a profisso de psiclogo.
Hoje tenho um esquema prprio de avaliao de todo o de-
senvolvimento sexual infantil e adolescente indo at a fase Quando nos dispomos a realizar um psicodiagnstico,
atual do paciente. Com este desenvolvimento passo a pes- presumimos possuir conhecimentos tericos, dominar proce-
quisar as possveis causas dos sintomas apresentados em dimentos e tcnicas psicolgicas. Devemos nos lembrar que
alguma etapa pesquisada. Oriento-me pelas teorias de de- devido ao grande nmero de teorias existentes, a atuao do
senvolvimento sexual infantil da Psicanlise. Considero o psiclogo varia consideravelmente. Com isso o prprio uso do
diagnstico de suma importncia. Ele que vai nos orientar termo varia e muitas vezes, ao invs de diagnstico psicol-
no trabalho a ser desenvolvido. Impossvel trabalhar sem ele. gico encontra-se psicodiagnstico, diagnstico da persona-
Considero importante a sistematizao de teorias psicolgicas lidade, estudo de caso ou avaliao psicolgica.
de vrias linhas de pensamento, o que nos falta de outras
Segundo Trinca (1984) na avaliao psicolgica houve
linhas psicolgicas, justamente o que encontramos com
uma procura de integrao das diversas abordagens e quan-
fartura na psicanlise. Utilizo Psicanlise para diagnstico
do olhamos concretamente para a Psicologia Clnica, verifi-
(Freud, Melanie klein), Milton Erickson para tratar (hipnose), e
camos grandes variaes de conhecimentos e atuaes, e,
conhecimentos sobre o emprego de medicamentos, diagns-
portanto, na prtica do psicodiagnstico, temos tambm v-
ticos e procedimentos de tratamento.
rias formas de atuao, muitas das quais no podem ser
consideradas decorrentes de exclusivamente uma ou outra
CONCLUSO
abordagem.
Aps pesquisa em livros sobre Diagnstico Psicolgico em Atualmente, todas as correntes em Psicologia concordam,
clnicas e entrevistas a quatro profissionais, obtemos uma embora partindo de pressupostos e mtodos diferentes, que,
noo das diversas opinies a respeito do assunto. Apesar de para se compreender o homem necessrio organizar co-
todos considerarem seu uso importante no tratamento tera- nhecimentos que digam respeito sua vida biolgica, intrap-
putico, alguns encontram pontos negativos na realizao do squica e social no sendo possvel excluir nenhum desses
mesmo, pois consideram o diagnstico uma rotulao que horizontes.
pode se restringir aos limites do paciente, sendo que o psic-
logo deve levantar hipteses e acreditar nas possibilidades de Segundo Ocampo (1981) o processo Psicodiagnstico era
mudanas. O Diagnstico Psicolgico feito em uma situao considerado, anteriormente, como uma situao em que o
particular, e o significado de cada situao diferente para psiclogo aplicava um teste em algum. Ele ento cumpria
cada indivduo. uma solicitao seguindo os passos e utilizando os instrumen-
tos indicados por outros profissionais, quase sempre da rea
A validade e importncia do Diagnstico Psicolgico vai de- mdica (psiquiatra, pediatra, neurologista). Assim o psiclogo
pender da postura do profissional em relao ao mesmo e, atuava como algum que aprendeu a aplicar testes e espera-
sendo sria e responsvel, possibilitar melhores resultados va que o paciente colaborasse docilmente.
em sua prtica. O psiclogo trabalhou durante muito tempo com um mode-
lo similar ao do mdico clnico que, para proceder com efici-
Todos os psiclogos consideram o Diagnstico Psicolgico ncia e objetividade, toma a maior distncia possvel em rela-
importante e de valor relevante na busca de uma orientao o a seu paciente a fim de estabelecer um vnculo afetivo
para um tratamento eficaz e que objetive o bem-estar do que no lhe impea de trabalhar com a tranquilidade e objeti-
paciente. No entanto, seu uso deve ser feito com cautela para vidade necessrias. Ocampo (1981) atribui este fato falta de
no se correr o risco de tratar o indivduo pelo nome(rtulo) uma identidade slida por parte do psiclogo, que lhe permi-
de seu problema psquico, ao invs de trat-lo pela pessoa tisse saber quem era e qual era seu verdadeiro trabalho den-
que , com caractersticas individuais prprias e uma histria tro das ocupaes ligadas sade mental. Neste momento os
de vida nica. testes eram utilizados no psicodiagnstico como se eles cons-
titussem em si mesmos o objetivo do psicodiagnstico e
Assim, o psiclogo deve escutar o paciente sem pr- como escudo entre o profissional e o paciente, para evitar
conceitos, sem o rtulo do diagnstico fixo em sua mente, pensamentos e sentimentos que mobilizassem afetos.

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Observamos aqueles profissionais que buscaram uma entes psiquitricos, no mais considerados lunticos, se tor-
aproximao autntica com o paciente, mas para isso tiveram naram nervosos ou neurticos .
que abandonar o modelo mdico sem estarem preparados
para isso. Com a difuso da Psicanlise os psiclogos opta- Desta poca, data a diviso dicotmica dos transtornos
ram por aceit-la como modelo de trabalho, o que trouxe psiquitricos em orgnicos e funcionais. Foi nessa escala
progressos e ao mesmo tempo uma nova crise de identidade pr-dinmica da psiquiatria que surgiu Emil Krapelin, que se
no psiclogo, uma vez que este se esqueceu que a dinmica notabilizou por seu sistema de classificao dos transtornos
do processo psicanaltico era muito diferente da dinmica do mentais e, especialmente, por seus estudos diferenciais entre
processo psicodiagnstico. esquizofrenia e psicose manaco-depressiva. Em consequn-
cia, as classificaes nosolgicas e o diagnstico diferencial
Assim podemos perceber, como nos mostra Ocampo ganharam nfase.
(1981), que o psiclogo teve que percorrer as mesmas etapas
que um indivduo percorre em seu crescimento. Buscou figu- importante lembrar que ao mesmo tempo Freud publica
ras boas para se identificar, aderiu ingnua e dogmaticamente A interpretao dos sonhos, que provinha da melhor tradi-
a certa ideologia e identificou-se com outros profissionais, at o neurofisiolgica, mas que representou o primeiro elo de
que pde questionar-se sobre a possibilidade de no ser uma corrente de contedo dinmico, logo em seguida com o
como eles. Por fim entrou em um perodo de maturidade ao aparecimento do teste de associao de palavras, de Jung,
perceber que utilizava uma pseudo - identidade que distorcia fornecendo a base para o lanamento, mais tarde, das tcni-
sua identidade real, conseguindo assim uma maior autonomia cas projetivas.
de pensamento e prtica. A expresso psicodiagnstico utilizada pela primeira vez
2 - FUNDAMENTOS DO PSICODIAGNSTICO E SEU por Hermann Rorschach quando publica em 1921 seu teste
HISTRICO de manchas de tinta. O teste passou a ser utilizado como um
passo essencial (e, s vezes, nico) do processo psicodiag-
Os psiclogos, hoje em dia, no apenas administram tes- nstico. A grande popularidade alcanada nas dcadas de
tes; eles realizam avaliaes. Segundo Jurema Cunha e quarenta e cinquenta atribuda ao fato de que os dados
colaboradores os psiclogos realizam avaliaes; psiclogos gerados pelo mtodo eram compatveis com os princpios
clnicos, entre outras tarefas, realizam psicodiagnsticos. A bsicos da teoria psicanaltica.
avaliao psicolgica um conceito muito amplo. O psicodi-
agnstico um captulo dentro da avaliao psicolgica, rea- Esse foi o tempo ureo das tcnicas de personalidade.
lizado com propsitos clnicos e, portanto no abrange todos Embora o teste de Rorschach e o Teste de Apercepo Te-
os modelos de avaliao psicolgica das diferenas individu- mtica (Apercepo a partir da apresentao de um est-
ais. Testagem um mtodo de avaliao psicolgica. Psico- mulo em forma de tema por exemplo, leva o sujeito a aperce-
diagnstico pressupe a utilizao de outros instrumentos, ber nele necessidades e motivos que existiam no seu incons-
alm dos testes, para abordar os dados psicolgicos de forma ciente e que projeta no tema, assim facilitando o diagnstico
sistemtica, cientfica, orientada para a resoluo de proble- de seus ajustamentos e desajustamentos) fossem os instru-
mas. mentos mais conhecidos, comearam a se multiplicar rapida-
mente as tcnicas projetivas, como o teste da figura humana,
O psicodiagnstico nasceu (derivou) da Psicologia Clnica o Szondi (prottipo do BBT: teste de fotos de profisses) e
que foi criada sob a tradio da psicologia acadmica e da tantos outros. Entretanto, a partir de ento, as tcnicas proje-
tradio mdica e um ramo da Psicologia que tem por finali- tivas comearam a apresentar certo declnio em seu uso, por
dade bsica o desenvolvimento e a aplicao das tcnicas de problemas metodolgicos, pelo incremento de pesquisas com
diagnstico e psicoteraputicas para a identificao e trata- instrumentos alternativos, como o MMPI e outros inventrios
mento de distrbios do comportamento. Entre essas tcnicas de personalidade, por sua associao com alguma perspecti-
usualmente designadas pelo nome de mtodo clnico va terica, novamente a psicanaltica e pela nfase na inter-
salientam-se as entrevistas, os testes, as tcnicas projetivas e pretao intuitiva apesar de esforos para o desenvolvimento
a observao diagnstica. de sistemas de escores. Apesar disso, essas tcnicas ainda
so bastante utilizadas, embora com objees por parte dos
Pode-se dizer que as primeiras sementes do psicodiag- psiclogos que lutam por avaliaes de orientao condutista
nstico foram lanadas no final do sculo XIX e no incio do (behaviorista) e biolgica.
sculo XX, atravs dos trabalhos de Galton que introduziu o
estudo das diferenas individuais, de Cattell, a quem se de- Atualmente, h indiscutvel nfase no uso de instrumentos
vem as primeiras provas, designadas como testes mentais, e mais objetivos e entrevistas diagnsticas mais estruturadas,
de Binet, que props a utilizao do exame psicolgico (atra- notadamente com o incremento no desenvolvimento de avali-
vs da mensurao intelectual) como coadjuvante da avalia- aes computadorizadas de personalidade que vm ofere-
o pedaggica. Por tais razes, foi atribuda a paternidade cendo novas estratgias neste campo.
do psicodiagnstico a esses trs autores: Galton, Cattell e
Binet. Tambm, as necessidades de manter um embasamento
cientfico para o psicodiagnstico, compatvel com os pro-
A tradio psicomtrica (medida quantitativa dos fenme- gressos em outros ramos da cincia, tm levado ao desenvol-
nos psquicos) foi desta maneira fundada e ficou sedimentada vimento de novos instrumentos mais precisos, especialmente
pela difuso das escalas de Binet que em 1905 apresenta um aps o advento do DSM-IV e de baterias padronizadas, que
teste de inteligncia para separar crianas com retardo men- permitem nova abordagem na rea diagnstica da neuropsi-
tal, seguidas pela criao dos testes do exrcito americano cologia, constituda pela confluncia da psicologia clnica e da
em 1906 que foi o primeiros teste coletivos para selecionar neurologia comportamental
recrutas.
Por outro lado, pode-se afirmar, que o campo da avalia-
Por outro lado, na medicina, aps a reabilitao moral dos o psicolgica da personalidade tem feito contribuies vitais
casos psiquitricos (abolio dos mtodos teraputicos bru- para a teoria, prtica e pesquisa clnica.
tais eletrochoque), iniciada por Philippe Pinel, a necessida-
Mas alguns autores propem uma questo: ter o psicodi-
de de compreender o doente mental, obrigou o meio mdico a
estudar a doena mental. Como seria de esperar, as causas agnstico o impacto que merece?
da doena mental foram buscadas no organismo e, em espe- Neste sentido, algumas pesquisas foram desenvolvidas,
cial, no sistema nervoso, e, como decorrncia disso, os paci- uma delas com 70 pacientes, encontrando concordncia entre
as recomendaes diagnsticas do psiclogo e do psiquiatra,

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em 94% dos casos, mesmo quando havia ocorrido uma dis- Fazer um diagnstico psicolgico no significa necessari-
cordncia inicial. Considera que o reconhecimento da quali- amente o mesmo que fazer um psicodiagnstico. Este termo
dade do psicodiagnstico tem que ver, em primeiro lugar, com implica automaticamente a administrao de testes e estes
um refinamento dos instrumentos e, em segundo lugar, com nem sempre so necessrios ou convenientes.
estratgias de marketing de que o psiclogo deve lanar mo
para aumentar a utilizao dos servios de avaliao pelos Um diagnstico psicolgico to preciso quanto possvel
receptores de laudos. imprescindvel por diversas razes:

Tambm se levantou outra questo: observando que mui- Para saber o que ocorre e suas causas, de forma a
tas vezes psiclogos competentes acabam por fornecer uma responder ao pedido com o qual foi iniciada a consulta.
grande quantidade de informaes inteis para as fontes de
Porque iniciar um tratamento sem o questionamento
encaminhamento, por falta de uma compreenso adequada
prvio do que realmente ocorre representa um risco muito
das verdadeiras razes que motivaram o encaminhamento
alto. Significa, para o paciente, a certeza de que se pode
ou, em outras palavras, por desconhecimento das decises
cur-lo (usando termos clssicos). E o que ocorre se logo
que devem ser tomadas com base nos resultados do psicodi-
aparecem patologias ou situaes complicadas com as quais
agnstico.
o psiclogo no sabemos lidar, que vo alm daquilo que
As sugestes apontadas, de conhecer as necessidades do podemos absorver, atravs de supervises e anlises? Bus-
mercado e de desenvolver estratgias de conquistas desse caremos a forma de interromper (consciente ou inconscien-
mercado, parecem se fundamentar na pressuposio de que temente) o tratamento com a conseguinte hostilidade ou de-
o psiclogo, sobrecarregado com suas tarefas, no est ava- cepo do paciente, o qual ter muitas duvidas antes de tor-
liando a adequabilidade de seus dados ao pblico consumi- nar a solicitar ajuda.
dor.
Para proteger o psiclogo, que ao iniciar o tratamento
Mas que pblico este? Que profissionais ou servios po- contrai automaticamente um compromisso em dois sentidos:
dem ter necessidade de solicitar psicodiagnsticos? Primei- clnico e tico. Do ponto de vista clnico, deve estar certo de
ramente, vejamos onde costuma trabalhar um psiclogo que poder ser idneo perante o caso sem cair em posturas ing-
lida com psicodiagnsticos. Mais comumente exerce suas nuas nem onipotentes. Do ponto de vista tico, deve proteger-
funes numa instituio que presta servios psiquitricos ou se de situaes nas quais est implicitamente comprometen-
de medicina geral, num contexto educacional ou legal ou do-se a fazer algo que no sabe exatamente o que . No
numa clnica ou consultrio psicolgico, em que o psiclogo entanto, a consequncia do no cumprimento de um contrato
recebe encaminhamento principalmente de psiquiatras, de teraputico , em alguns pases, a cassao da carteira pro-
outros mdicos (pediatras, neurologistas, etc.), da comunida- fissional.
de escolar (de orientadores, professores, etc.), de juzes ou
de advogados, ou atende casos que procuram espontanea- Por estas razes explica-se a importncia da etapa diag-
mente um exame, ou so recomendados por algum familiar nstica, sejam quais forem os instrumentos cientficos utiliza-
ou amigo. dos na mesma. Freud j falava da importncia desta etapa,
qual ele dedicava os primeiros meses do tratamento. Coloca
A questo bsica com que se defronta o psiclogo que, que ela vantajosa tanto para o paciente quanto para o pro-
embora um encaminhamento seja feito, porque a pessoa fissional, que avalia assim se poder ou no chegar a uma
necessita de subsdios para basear uma deciso para resol- concluso positiva.
ver um problema, muitas vezes ela no sabe claramente que
perguntas levantar ou, por razes de sigilo profissional, faz Quando se dedica muito tempo ao diagnstico acaba-se
um encaminhamento vago para uma avaliao psicolgica. estabelecendo uma relao transferencial muito difcil de
Em consequncia, uma das falhas comuns do psiclogo a dissolver caso a deciso de interromper o processo for toma-
aceitao silenciosa de tal encaminhamento, com a realiza- da. Alm do mais, dispomos na atualidade de muitos recursos
o de um psicodiagnstico, cujos resultados no so perti- que permitem solucionar as dvidas em um tempo menor.
nentes s necessidades da fonte de solicitao. Vejamos agora, segundo Arzeno (1995) com quais finali-
, pois, responsabilidade do clnico manter canais de co- dades pode ser utilizado o psicodiagnstico.
municao com os diferentes tipos de contextos profissionais 1) Diagnstico. Conforme o exposto acima bvio que a
para os quais trabalha, familiarizando-se com a variabilidade principal finalidade de um estudo psicodiagnstico a de
de problemas com que se defrontam e conhecendo as diver- estabelecer um diagnstico. E cabe esclarecer que isto no
sas decises que os mesmos pressupem. Mais do que isto: equivale a colocar um rtulo, mas a explicar o que ocorre
deve determinar e esclarecer o que dele se espera, no caso alm do que o paciente pode descrever conscientemente.
individual. Esta uma estratgia de aproximao, que lhe
permitir adequar seus dados s necessidades das fontes de Durante a primeira entrevista elaboramos certas hipteses
encaminhamento, de forma que seus resultados tenham o presuntivas. Mas a entrevista projetiva, mesmo sendo impres-
impacto que merecem e o psicodiagnstico receba o crdito a cindvel, no suficiente para um diagnstico cientificamente
que faz jus. fundamentado.

3 - O PSICODIAGNSTICO CLNICO NA ATUALIDADE Lembremos o que diz Karl Meninger, no prefcio do livro
de David Rapaport:
Segundo Arzeno (1995), o psicodiagnstico est recupe-
rando-se de uma poca durante a qual poderamos dizer que Durante sculos o diagnstico psiquitrico dependeu fun-
havia cado no descrdito da maioria dos profissionais da damentalmente da observao clnica. Todas as grandes
sade mental. obras mestras da nosologia psiquitrica foram realizadas sem
a ajuda das tcnicas de laboratrio e de nenhum dos instru-
imprescindvel revalorizar a etapa diagnstica no traba- mentos de preciso que atualmente relacionamos com o
lho clnico, e um bom diagnstico clnico est na base da desenvolvimento da cincia moderna. Tanto a psiquiatria do
orientao vocacional e profissional, do trabalho com peritos sculo XIX como a da primeira parte do sculo XX, era uma
forenses ou trabalhistas, etc. psiquiatria de impresses clnicas, de impresses colhidas
Se o psiclogo consultado porque existe um problema, graas a uma situao privilegiada: a do mdico capacitado
algum sofre ou est incomodado e deve indagar a verdadei- para submeter o paciente a exame. Mas esse exame sua
ra causa disso. disposio no era de modo algum uniforme ou estvel; e

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tampouco poderia ter sido padronizado de forma que fosse 2) Avaliao do tratamento. Outra forma de utilizar o psi-
possvel comparar os diferentes dados obtidos. Com o adven- codiagnstico como meio para avaliar o andamento do
to dos modernos mtodos de exame psicolgico atravs de tratamento. o que se denomina re-testes e consiste em
testes, a psiquiatria atingiu a idade adulta dentro do mundo aplicar novamente a mesma bateria de testes aplicados na
cientfico. Sem medo de exagerar pode-se afirmar que o primeira ocasio. Havendo suspeita de que o paciente lembre
campo da cincia mental que tem tido o maior progresso perfeitamente o que fez na primeira vez e se deseje variar,
relativo nos ltimos anos. pode-se criar uma bateria paralela selecionando testes equi-
valentes.
Meninger foi durante muitos anos chefe da clnica que leva
seu nome. Ele apoiou e animou a criao e o desenvolvimen- Algumas vezes isto feito para apreciar os avanos tera-
to dos testes tanto projetivos como objetivos. Cada paciente puticos de forma mais objetiva e tambm para planejar uma
que ingressava na clnica era submetido a uma bateria com- alta. Em outras palavras para descobrir o motivo de um
pleta de testes. impasse no tratamento e para que, tanto o paciente como o
terapeuta possa falar sobre isso, estabelecendo, talvez, um
Ainda hoje esse modelo de trabalho eficiente, porque a novo contrato sobre bases atualizadas. Em outros casos
entrevista clnica no uma ferramenta infalvel, a no ser ainda, porque existe disparidade de opinies entre eles. Um
quando em mos de grandes mestres, e s vezes, nem mes- deles acredita que pode dar fim ao tratamento, enquanto que
mo nesses casos. Os testes to pouco o so. Mas se utilizar- o outro se ope.
mos ambos os instrumentos de forma complementar h uma
margem de segurana maior para chegar a um diagnstico Estes casos representam um trabalho difcil para o psic-
correto, especialmente se incluirmos testes padronizados. logo, pois passa a ocupar o papel de um rbitro que dar a
razo a um dos dois. ento conveniente esclarecer ao paci-
Alm do mais, a utilizao de diferentes instrumentos di- ente que o psicodiagnstico no ser realizado para demons-
agnsticos permite estudar o paciente atravs de todas as trar-lhe que estava enganado, mas, como um fotgrafo, ele
vias de comunicao: pode falar livremente, dizer o que v registrar as situaes para depois coment-las. O mesmo
em uma lmina, desenhar, imaginar o que gostaria de ser, esclarecimento deve ser dado ao terapeuta. Obviamente,
montar quebra cabeas, copiar algo, etc. Se por algum motivo conveniente que a entrevista de devoluo seja feita por
o domnio da linguagem verbal no foi alcanado (idade, aquele que realizou o estudo, tendo um cuidado muito espe-
doena, casos de surdos-mudos, etc.) os testes grficos e cial em mostrar uma atitude imparcial e fundamentando as
ldicos facilitam a comunicao. afirmaes no material dado pelo paciente.
A bateria de testes utilizada deve incluir instrumentos que Nos tratamentos particulares, o terapeuta que decide o
permitam obter ao mximo a projeo de si mesmo. Por isso, momento adequado para um novo psicodiagnstico (ou, tal-
se pedirmos ao paciente que desenhe uma figura humana, vez, para o primeiro). No entanto, nos tratamentos realizados
sabemos que haver uma projeo, mas muito mais se lhe em instituies pblicas ou privadas, so elas que fixam os
pedirmos que desenhe uma casa ou uma rvore, j que ele critrios que devem ser levados em considerao. Algumas
no pode controlar totalmente o que projeta. deixam isto a critrio dos terapeutas, outras, decidem paut-lo
Como dito antes, importante incluir testes padronizados considerando tanto a necessidade de avaliar a eficincia de
porque nos do uma margem de segurana diagnstica mai- seus profissionais quanto a de contar com um banco de da-
or. dos teis, por exemplo, para fins de pesquisa. Assim, poss-
vel que o primeiro psicodiagnstico seja indicado quando o
Outro elemento importante que nos dado pelo psicodi- paciente entra na instituio, e o outro de seis a oito meses
agnstico refere-se relao de transferncia- aps, dependendo isto do perodo destinado a cada paciente.
contratransferncia.
3) Como meio de comunicao. Existem pacientes com di-
Ao longo de um processo que se estende entre trs e cin- ficuldades para conversar espontaneamente sobre sua vida e
co entrevistas, aproximadamente, e observando como o paci- seus problemas. Outros, como o caso de crianas muito
ente se relaciona diante de cada proposta e o que ns senti- pequenas, no podem faz-lo. Outros emudecem e s do
mos em cada momento, podemos extrair concluses de gran- respostas lacnicas e espordicas. Favorecer a comunicao
de utilidade para prever como ser o vnculo teraputico (se favorecer a tomada de insight, ou seja, contribuir para que
houver terapia futura), quais sero os momentos mais difceis aquele que consulta adquira a conscincia de sofrimento
do tratamento, os riscos de desero, etc. suficiente para aceitar cooperar na consulta. Tambm provo-
Porm, nem todos os psiclogos, psicanalistas e psiclo- ca a perda de certas inibies, possibilitando assim um com-
gos clnicos concordam com esse ponto de vista. Alguns portamento mais natural.
reservam a utilizao do psicodiagnstico para casos nos No se trata de cair em atitudes condescendentes, mas de
quais surgem dvidas diagnsticas ou quando querem obter realizar a tarefa dentro de um clima ideal de comunicao, na
uma informao mais precisa, diante, por exemplo, de uma medida do possvel. Procura-se tambm respeitar o timing do
suspeita de risco de suicdio, dependncia de drogas, deses- paciente, ou seja, o seu tempo. Alguns estabelecem rapport
truturao psictica, etc. Em outras ocasies o solicitam por- imediatamente, enquanto que para outros, isso pode exigir
que tm dvidas sobre o tratamento mais aconselhvel, se a bastante tempo.
psicanlise ou uma terapia individual ou vincular. Finalmente,
existe outro grupo de profissionais que no concordam em Por isso seria grotesco ficar em silncio por um longo pe-
absoluto com este ponto de vista e prescindem totalmente do rodo, apoiando-se no princpio de que a entrevista livre e
psicodiagnstico. Ainda mais, no concedem valor cientfico o cliente que deve falar. Como seria tambm grotesco inter-
algum aos testes projetivos. Alguns vo mais longe, dizendo romp-lo enquanto est relatando algo importante para impor-
que de forma alguma importante fazer um diagnstico inici- lhe a tarefa de desenhar.
al, que isso chega com o tempo, ao longo do tratamento. O psicodiagnstico possui um fim em si mesmo, mas
Todas as posies so respeitveis, porm devem ser tambm um meio para outro fim: conhecer esta pessoa que
fundamentadas cientificamente e, at o momento, no foram chega porque precisa de ns. A finalidade conhec-la de
encontradas demonstraes, baseadas na teoria da projeo forma mais profunda possvel. Para isso o bom rapport
e da psicologia da personalidade, que os testes projetivos imprescindvel.
carecem de validade.

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4) Na investigao. No que se refere investigao de- ses vlidas. Por exemplo, significativo que os homossexu-
vemos distinguir dois objetivos: um a criao de novos ins- ais desenhem primeiro a figura do sexo oposto, j que na
trumentos de explorao da personalidade que podem ser amostra de controle a pessoa desenha primeiro a do seu
includos na tarefa psicodiagnstica. Outro objetivo o de prprio sexo, no Teste das Duas Pessoas.
planejar a investigao para o estudo de uma determinada
patologia, algum problema trabalhista, educacional ou foren- Foram usados exemplos simples com a finalidade de
se, etc. Neste caso, usa-se o psicodiagnstico como uma das transmitir claramente em que consiste essa tarefa. A utilidade
ferramentas teis para chegar a concluses confiveis e, destas pesquisas varia muito e as mais importantes so aque-
portanto, vlidas. las que permitem identificar indicadores que serviro para
detectar precocemente problemas clnicos, trabalhistas, edu-
Um exemplo do primeiro caso o que fez o prprio Her- cacionais, etc., com a consequente economia de sofrimento,
mann Rorschach quando criou as manchas e selecionou problemas e at complicaes institucionais.
entre milhares aquelas que demonstravam ser mais estimu-
lantes. Para dar validade a este teste mostrou as lminas a O psicodiagnstico inclui, alm das entrevistas iniciais, os
um grupo de pacientes selecionados aleatoriamente e, aps, testes, a hora de jogo com crianas, entrevistas familiares,
a outro grupo j diagnosticado com o mtodo da entrevista vinculares, etc. As concluses de todo o material obtido so
clnica (esquizofrnicos, fbicos, etc.). Assim pde estabele- discutidas com o interessado, com seus pais, ou com a fam-
cer as respostas populares (prprias da maioria estatstica lia completa, conforme o caso e o sistema do profissional.
selecionada aleatoriamente) e as diferentes sndromes ou Os testes realizados individualmente so reservados, ge-
perfil de respostas tpico de cada quadro patolgico. ralmente, para a entrevista individual com essa pessoa, para
Da mesma forma procedeu Murray, criador do T.A.T. a entrega dos resultados. Porm o que tem sido feito e con-
(Thematic Apperception Test). As respostas estatisticamente versado entre todos pode ser mostrado ou assinado para
mais frequentes foram denominadas populares. Os desvios exemplificar algum conflito que os clientes minimizam ou
dessas respostas populares eram considerados significativos negam.
tanto no aspecto enriquecedor e criativo como no sentido 4 - CARACTERIZAO DO PROCESSO PSICODIAG-
oposto, ou seja, no aspecto patolgico, podendo proceder do NSTICO
mesmo modo que Rorschach.
Psicodiagnstico um processo cientfico, limitado no
A criao de um teste no uma tarefa fcil. No podem tempo, que utiliza tcnicas e testes psicolgicos, a nvel indi-
ser colhidos alguns registros e deles extradas concluses vidual ou no, seja para entender problemas luz de pressu-
com a pretenso de que sejam vlidas para todos. necess- postos tericos, identificar e avaliar aspectos especficos ou
rio respeitar aquilo que a psicoestatstica indica como modelo para classificar o caso e prever seu curso possvel, comuni-
de investigao para que as suas concluses sejam aceit- cando os resultados. (CUNHA, 2000)
veis.
O Psicodiagnstico caracterizado como um processo ci-
Tambm necessrio um conhecimento abrangente e o entfico porque deve partir de um levantamento prvio de
trabalho em equipe para a correta interpretao dos resulta- hipteses que sero confirmadas ou anuladas atravs de
dos. Assim, por exemplo, se se pretende criar um teste que passos predeterminados e com objetivos precisos.
avalie a inteligncia em crianas surdas-mudas, ser impres-
cindvel a presena de um especialista dessa rea. Se a in- A avaliao psicolgica mais ampla que o psicodiagns-
teno criar um teste para pesquisar determinados conflitos tico, e seu objeto de estudo pode ser um sujeito, um grupo,
emocionais em crianas pequenas, indispensvel que al- uma instituio, uma comunidade, da a importncia dos tra-
gum conhea perfeitamente como o desenvolvimento balhos interdisciplinares j que o objeto a avaliar sempre um
normal da criana a cada idade e da criana do grupo tnico sistema complexo, integrado por subsistemas diversos: biol-
ao qual pertence o pesquisador, j que, no sendo assim, se gico, psicolgico, social, cultural, em interao permanente.
a pesquisa tratasse de estudar o mesmo aspecto, mas em O psicodiagnstico est mais vinculado com a clnica, est
crianas suecas ou japonesas, sem a presena de um antro- vinculado com temas de interesse clnicos, tais como nosolo-
plogo e um psiclogo, conhecedores da matria, como inte- gias psicopatlogicas, critrios de sade psquica, enfoques
grantes da equipe pesquisadora, poderiam ser tiradas conclu- patognicos e saudveis. Logo, diagnosticar supe situarmo-
ses incorretas. nos no plano do processo sade-enfermidade e poder deter-
Em relao ao segundo objetivo, trata-se em primeiro lu- minar em que medida se est ou no em presena de uma
gar de definir claramente o que se deseja pesquisar. Supo- patologia ou transtorno que necessita de um determinado tipo
nhamos que a finalidade descobrir se existe um perfil psico- de interveno.
lgico tpico dos homossexuais, dependentes de drogas ou O processo psicodiagnstico limitado no tempo porque
claustrofbicos. O primeiro passo deve ser selecionar ade- ele baseado num contrato de trabalho entre paciente ou
quadamente os instrumentos a serem utilizados, a ordem que responsvel e o psiclogo, to logo os dados iniciais permi-
ser seguida, as ordens que sero dadas, o material (tama- tam, deve estabelecer um plano de avaliao e, portanto, uma
nho do papel, nmero do lpis, etc.) e os limites dentro dos estimativa do tempo necessrio para sua realizao (nmero
quais podemos admitir variaes individuais. Isto chamado aproximado de sesses de exame).
de padronizar a forma de administrao do psicodiagnstico.
Se cada examinador trabalhasse sua maneira, seria impos- O plano de avaliao estabelecido com base nas per-
svel comparar os registros colhidos e, portanto, no poder- guntas ou hipteses iniciais, definindo-se no s quais os
amos pretender tirar deles concluses cientificamente vlidas. instrumentos necessrios, mas como e quando utiliz-los.
Logo aps, administraremos este psicodiagnstico assim Pressupe-se, evidentemente, que o psiclogo saiba que
planejado: por um lado, a uma amostra de homossexuais, instrumentos so eficazes, isto , quais instrumentos podem
dependentes de drogas, etc., e, por outro lado, o mesmo ser eficientes, se aplicados com propsitos especficos, para
psicodiagnstico, a outra amostra chamada de controle, que fornecer respostas a determinadas perguntas ou testar certas
no registra a mesma patologia do grupo em estudo. Em uma hipteses. Por este grande motivo, que o psiclogo deve
terceira conhecer os diferentes instrumentos de avaliao psicolgica.
etapa, sero buscadas as recorrncias e convergncias Depois da administrao de uma bateria de testes, ns
em ambos os grupos, para poder-se assim chegar a conclu- obtemos dados que devem ser articulados com as informa-

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es da histria clnica, da histria pessoal ou com outras, a Frequentemente dados resultantes desse exame, da hist-
partir do elenco das hipteses iniciais, para permitir uma sele- ria clnica e da histria pessoal permitem atender ao objetivo
o e uma integrao, rodeada pelos objetivos do psicodiag- de classificao nosolgica. A avaliao com tal objetivo
nstico, que determinam o nvel de inferncias que deve ser realizada pelo psiquiatra e, tambm, pelo psiclogo quando o
alcanado. paciente no testvel. Quando est sob a responsabilidade
do psiclogo, sempre que possvel, alm desses recursos o
Para Ocampo (1981) o processo psicodiagnstico pode mesmo dever lanar mo de outros instrumentos psicolgi-
ser visto como uma situao com papis bem definidos e com cos, como testes e tcnicas, para poder testar cientificamente
um contrato no qual o cliente pede uma ajuda, e o psiclogo as suas hiptese. A classificao nosolgica, alm de facilitar
aceita o pedido e se compromete a satisfaz-lo na medida de a comunicao entre profissionais, contribui para o levanta-
suas possibilidades. Ela ainda caracteriza o processo como mento de dados epidemiolgicos de uma populao.
uma situao bi-pessoal, de durao limitada, cujo objeti- Outro objetivo do psicodiagnstico o do diagnstico dife-
vo conseguir uma descrio e compreenso, o mais profun- rencial, praticamente associado ao objetivo de classificao
da e completa possvel, da personalidade total do paciente ou nosolgica. O psiclogo investiga irregularidades e inconsis-
do grupo familiar. Enfatiza tambm a investigao de algum tncias do quadro sintomtico e/ou dos resultados dos testes
aspecto em particular, segundo a sintomatologia e as caracte- para diferenciar categorias nosolgicas, nveis de funciona-
rsticas da indicao. Abrange os aspectos passados, presen- mento mental. Naturalmente, para trabalhar neste objetivo
tes (diagnstico) e futuros (prognstico) desta personalidade, (diagnstico diferencial), o psiclogo, alm de experincia e
utilizando para alcanar tais objetivos certas tcnicas. (pg.17) de sensibilidade clnica, deve ter conhecimentos avanados
5 - OBJETIVOS DO PSICODIAGNSTICO de psicopatologia e de tcnicas sofisticadas de diagnstico.

Segundo Cunha (2000) o processo psicodiagnstico pode O objetivo de avaliao compreensiva considera o caso
ter um ou vrios objetivos, dependendo das perguntas ou numa perspectiva mais global, determinando o nvel de funci-
hipteses inicialmente formuladas. Mais comumente envolve onamento da personalidade, examinando funes do ego
vrios objetivos, que norteiam e delimitam o elenco das hip- (controle da percepo e da mobilidade; prova da realidade;
teses. Dependendo da simplicidade ou da complexidade das antecipao, ordenao temporal; pensamento lgico, coe-
questes propostas, variam os objetivos. rente, racional; elaborao das representaes pela lingua-
gem, etc), em especial quando h insight, para indicao
Classificao simples (descritivo); teraputica ou, ainda, para estimativa de progressos ou resul-
tados de tratamento. No chega necessariamente classifi-
Classificao nosolgica; cao nosolgica, embora esta possa ocorrer subsidiariamen-
Diagnstico diferencial; te (auxiliar), uma vez que o exame pode revelar alteraes
psicopatlogicas. Mas, de qualquer forma, envolve algum tipo
Avaliao compreensiva; de classificao, j que a determinao do nvel de funciona-
mento (compreenso o funcionamento psquico do paciente)
Entendimento dinmico; especialmente importante para a indicao teraputica,
definindo limites da responsabilidade profissional.
Preveno;
Basicamente, podem no ser utilizados testes. A no utili-
Prognstico; zao de testes um objetivo explcito ou implcito nos conta-
tos iniciais do paciente com psiquiatras, psicanalistas e psic-
Percia forense.
logos de diferentes linhas de orientao teraputica. Ao pas-
As perguntas mais elementares que podem ser formula- so que, se o objetivo atingido atravs de um psicodiagnsti-
das em relao a uma capacidade, um trao, um estado emo- co, obtm-se evidncias mais objetivas e precisas, que po-
cional, seriam: Quanto? ou Qual? Aqui, o objetivo seria de dem, inclusive, servir de parmetro para avaliar resultados
classificao simples. Um caso comum de exame com este teraputicos, mais tarde, atravs de um reteste.
objetivo seria o de avaliao do nvel intelectual. O examinan-
O objetivo do psicodiagnstico como entendimento din-
do submetido a testes, adequados sua idade e nvel de
mico, em sentido lato (amplo/restrito), pode ser considerado
escolaridade. So levantados escores (valor quantitativo obti-
como uma forma de avaliao compreensiva, j que enfoca a
do pela soma ou total de pontos creditados a um indivduo em
personalidade de maneira global, mas pressupe um nvel
situao de prova ou teste), consulta de tabelas e os resulta-
mais elevado de inferncia clnica (deduo, concluso, jul-
dos so fornecidos em dados quantitativos, classificados
gamento clnico). Atravs do exame, se procura entender a
sinteticamente (resumidamente).
problemtica de um sujeito, com uma dimenso mais profun-
Mas, raro que um exame psicolgico se restrinja a este da, na perspectiva histrica do desenvolvimento, investigando
objetivo, uma vez que os resultados dos testes, os escores fatores psicodinmicos, identificando conflitos e chegando a
dos subtestes e as respostas intratestes praticamente nunca uma compreenso do caso com base num referencial terico.
so regulares e as diferenas encontradas so susceptveis
Um exame deste tipo requer entrevistas muito bem con-
de interpretao. Pode-se, ento, identificar foras e fraque-
duzidas, cujos dados nem sempre so consubstanciados
zas, dizer como o desempenho do paciente do ponto de
pelos passos especficos de um psicodiagnstico, portanto,
vista intelectual. Neste caso, o objetivo do psicodiagnstico
no sendo um recurso privativo do psiclogo clnico. Frequen-
descritivo.
temente, se combina com os objetivos de classificao noso-
tambm descritivo, o exame do estado mental do paci- lgica e de diagnstico diferencial. Porm, quando um
ente que um tipo de recurso diagnstico que envolve a objetivo do psicodiagnstico, leva no s a uma abordagem
explorao da presena de sinais e sintomas, eventualmente diferenciada das entrevistas e do material de testagem, como
utilizando provas muito simples, no padronizadas, para uma a uma integrao dos dados com base em pressupostos
estimativa sumria de algumas funes, como a ateno e psicodinmicos.
memria. Este constituiria um exame subjetivo de rotina em
Um psicodiagnstico tambm pode ter um objetivo de pre-
clnicas psiquitricas (o exame subjetivo se baseia em infor-
veno. Tal exame visa a identificar problemas precocemen-
maes dadas pelo paciente e em observaes de seu com-
te, avaliar riscos, fazer uma estimativa de foras e fraquezas
portamento), muitas vezes completado por um exame objeti-
do ego, bem como da capacidade para enfrentar situaes
vo.

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novas, difceis, conflitivas ou ansiognicas. Em sentido lato, Primeiro contato e entrevista inicial com o paciente.
pode ser realizado por outros profissionais de uma equipe de
sade pblica. Aplicao de testes e tcnicas ordenadas e seleciona-
das de acordo com o caso.
No obstante, num exame individual, que pode requerer
uma dimenso mais profunda, especialmente envolvendo Encerramento do processo: devoluo oral ao paciente
uma estimativa de condies do ego frente a certos riscos ou e aos pais.
no enfrentamento de situaes difceis, seria indicado um
psicodiagnstico. Informe escrito para o requerente.
Outro objetivo o prognstico, que depende fundamen- Como foi dito anteriormente, o psicodiagnstico um es-
talmente da classificao nosolgica e, neste sentido, no tudo profundo da personalidade, do ponto de vista fundamen-
privativo do psiclogo. talmente clnico. Quando o objetivo do estudo outro (traba-
lhista, educacional, forense, etc.) o psicodiagnstico clnico
Por fim, o psicodiagnstico com o objetivo de percia fo- anterior e serve de base para as concluses necessrias
rense. Com esta finalidade, o exame procura resolver ques- nessas outras reas.
tes relacionadas com insanidade, competncia para o
exerccio de funes de cidado, avaliao de incapacidade A concepo usada da personalidade parte da base de
ou de comprometimentos psicopatolgicos que etiologicamen- que a esta possui um aspecto consciente e outro inconscien-
te (na sua origem) possam se associar com infraes da lei, te; que tem uma dinmica interna que foi descrita muito bem
etc. pela psicanlise; que existem ansiedades bsicas que mobili-
zam defesas mais primitivas e outras mais evoludas (como
Geralmente, colocada uma srie de quesitos (interroga- colocaram Melanie Klein e Anna Freud, respectivamente); que
es) que o psiclogo deve responder para instruir um deter- cada individuo possui uma configurao de personalidade
minado processo. Suas respostas devem ser claras, precisas nica e inconfundvel, algo assim como uma gestalt pessoal;
e objetivas. Portanto, deve haver um grau satisfatrio de cer- que tem um nvel e um tipo de inteligncia que pode manifes-
teza quanto aos dados dos testes, o que bastante comple- tar-se segundo existam ou no interferncias emocionais, que
xo, porque, h emoes e impulsos mais intensos ou mais moderados
... os dados descrevem o que uma pessoa pode ou no que o indivduo pode controlar adequada ou inadequadamen-
fazer no contexto da testagem, mas o psiclogo deve ainda te; que existem desejos, inveja e cimes entrelaados cons-
inferir (concluir, julgar, deduzir) o que ele acredita que ela tantemente com todo o resto da personalidade; que impulsos
(pessoa) poderia ou no fazer na vida cotidiana. (Groth- libidinosos e tanticos lutam para ganhar a primazia ao longo
Marnat, 1984, p.25). da vida; que o sadismo e o masoquismo esto sempre pre-
sentes em maior ou menor escala; que o nvel de narcisismo
As respostas fornecem subsdios para instruir decises de pode ser baixo demais, adequado ou excessivamente alto, e
carter vital para o indivduo. Consequentemente, a necessi- isto incide no grau de submisso, maturidade ou onipotncia
dade de chegar a inferncias que tenham tais implicaes que demonstre;
pode se tornar at certo ponto ansiognica para o psiclogo.
E ainda, que as qualidades depressivas ou esquizides
Na realidade, comumente o psiquiatra nomeado como que predominarem como base da personalidade, podem ser
perito e solicita o exame psicolgico para fundamentar o seu razoveis ou sofrer um aumento at transformarem-se em um
parecer. No obstante, muitas vezes o psiclogo chamado conflito que atrapalha ou altera o desenvolvimento do indiv-
para colocar com a justia, de forma independente. duo; que as defesas que o mesmo tem usado ao longo da
vida podem ou no ser benficas dependendo do contexto,
Ocampo (1981) afirma que a investigao psicolgica de-
sem que o sejam em si mesmas; que sobre a estrutura de
ve conseguir uma descrio e compreenso da personalidade
base de predomnio esquizide ou depressivo instalam-se
do paciente, onde importante explicar a dinmica do caso
outras estruturas defensivas de tipo obsessivo, fbico ou
tal como aparece no material recolhido, integrando-o num
histrico; que os fatores hereditrios e constitutivos desempe-
quadro global. Uma vez alcanado um panorama preciso e
nham um papel muito importante, razo pela qual no re-
completo do caso, incluindo os aspectos patolgicos e os
comendvel trabalhar exclusivamente com a histria do indi-
adaptativos, trataremos de formular recomendaes terapu-
vduo e o fato desencadeante da consulta, mas estar aberto
ticas adequadas.
possibilidade de incluir outros estudos complementares (m-
6 - PASSOS DO PSICODIAGNSTICO dico-clnicos, neurolgicos, endocrinolgicos, etc.). Isto signi-
fica levar em considerao a hiptese das sries complemen-
Segundo Cunha (2000), de forma bastante resumida, os tares de Freud.
passos de um diagnstico, utilizando um modelo psicolgico
de natureza clnica, so os seguintes: Alm do mais, conforme as ltimas pesquisas, o contexto
scio-cultural e familiar deve ocupar um lugar importante no
Levantamento de perguntas relacionadas com os moti- estudo da personalidade de um indivduo, j que de onde
vos da consulta e definio das hipteses iniciais; ele provm. Portanto, o estudo da personalidade , na reali-
dade, um estudo de pelo menos trs geraes, que se desen-
Seleo e utilizao de instrumentos de exame psico- volveram em um determinado contexto tnico-scio-cultural.
lgico;
Por isso, muito importante saber claramente qual o ob-
Levantamento quantitativo e qualitativo dos dados; jetivo do psicodiagnstico que vamos realizar.
Formulao de inferncias pela integrao dos dados, Quando o cliente chega dizendo: Me mandaram... sabe-
tendo como pontos de referncias as hipteses iniciais e os mos em primeiro lugar que o que est sendo dito no ver-
objetivos do exame; e dade, pois ningum consulta exclusivamente por esse motivo.
Em algum recanto de si mesmo existe o desejo de fazer a
Comunicao de resultados e enceramento do proces- consulta. Em segundo lugar, a motivao muito inconscien-
so. te e no a percebe, por isso a colocao soa muito superficial.
J no enfoque da Ocampo (1981) reconhecemos os se- De forma que, antes de iniciar a tarefa, o psiclogo deve
guintes passos: esclarecer com o cliente qual o motivo manifesto e mais
consciente do estudo e intuir qual seria o motivo latente e
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inconsciente do mesmo. importante dedicar a isto todo o O elenco de hipteses deve ser norteado e delimitado pelo
tempo que for necessrio e no iniciar a tarefa se o cliente objetivo do psicodiagnstico. Isto significa que nem todas as
insistir na ideia de que o faz por mera curiosidade, j que se hipteses levantadas devem necessariamente testadas, sob
refletira negativamente no momento da devoluo de infor- pena de o processo se tornar inusitadamente longo ou inter-
mao. minvel.
Vejamos mais algumas informaes sobre as etapas do Conseguindo selecionar as tcnicas e os testes adequa-
processo psicodiagnstico apontadas por Arzeno (1995) e dos, deve-se distribui-los conforme as recomendaes ineren-
Cunha (2000). tes natureza e ao tipo de cada um, considerando, ainda, o
tempo de administrao e as caractersticas especficas do
O primeiro passo ocorre desde o momento em que o clien-
paciente. Como se pode pressupor, o plano de avaliao
te ou seus responsveis fazem a solicitao da consulta at o envolve a organizao de uma bateria de testes.
encontro pessoal com o profissional.
Bateria de testes a expresso utilizada para designar um
O segundo passo ocorre na ou nas primeiras entrevistas conjunto de testes ou de tcnicas, que podem variar entre
nas quais tenta-se esclarecer o motivo latente e o motivo dois e cinco ou mais instrumentos, que so includos no pro-
manifesto da consulta, as ansiedades e defesas que a pessoa cesso psicodiagnstico para fornecer subsdios que permitam
que consulta mostra (e seus pais ou o resto da famlia), a confirmar ou infirmar as hipteses iniciais, atendendo o objeti-
fantasia de doena, cura e anlise que cada um traz e a cons- vo da avaliao.
truo da histria do indivduo e da famlia em questo.
A bateria de testes utilizada por duas razes principais.
Foi deixado totalmente de lado o tipo de inqurito exausti- Primeiramente, considera-se que nenhum teste, isoladamen-
vo e entediante, tanto para o profissional como para os clien- te, pode proporcionar uma avaliao abrangente da pessoa
tes, e vamos nos guiamos na entrevista mais pelo que vai como um todo. Em segundo lugar, o emprego de uma srie
surgindo conforme o motivo central da consulta. de testes envolve a tentativa de uma validao intertestes dos
Para Cunha (2000), nesse momento que devemos fazer dados obtidos, a partir de cada instrumento em particular,
o contrato de trabalho, que envolve um comprometimento de diminuindo, dessa maneira, a margem de erro e fornecendo
ambas as partes em cumprir certas obrigaes formais. melhor fundamento para se chegar a inferncias clnicas.
O psiclogo compromete-se a realizar um exame, durante H dois tipos principais de baterias de testes: as baterias
certo nmero de sesses, cada uma com durao prevista, padronizadas para avaliaes especficas e as no padroni-
em horrios predeterminados, definindo com o paciente ou zadas, que so organizadas a partir de um plano de avalia-
responsvel os tipos de informes necessrios e quem ter o.
acesso aos dados do exame. Esse contrato deve envolver No primeiro caso, a bateria de testes no resulta de uma
certo grau de flexibilidade, devendo ser revisto sempre que o seleo de instrumentos de acordo com as questes levanta-
desenvolvimento do processo tiver de sofrer modificaes, das num caso individual, pelo psiclogo responsvel pelo
seja porque novas hipteses precisam ser investigadas, seja psicodiagnstico, a no ser quando se trata de bateria padro-
por ficar obstaculizado por defesas do prprio paciente. nizada especializada.
O paciente ou seus responsveis, por sua vez, se com- Na prtica clnica, tradicional o uso da bateria no-
prometem a comparecer nas horas marcadas, nos dias pre- padronizada. No plano de avaliao, so determinadas as
vistos e implicitamente a colaborar para que o plano de avali- especificidades e o nmero de testes que so programados
ao seja realizado sem problemas. sequencialmente, conforme sua natureza, tipo, propriedades
O terceiro momento o que dedicamos a refletir sobre o psicomtricas, tempo de administrao, grau de dificuldade,
material colhido anteriormente e sobre nossas hipteses inici- qualidade ansiognica e caractersticas do paciente individual.
ais para planejar os passos a serem seguidos e os instrumen- Embora a bateria no-padronizada deva atender, ento, a
tos diagnsticos a serem utilizados. Segundo Cunha (2000), o vrios requisitos, ela organizada de acordo com critrios
processo psicodiagnstico um processo cientfico e, como mais flexveis do que a bateria padronizada. Os nmeros de
tal, parte de perguntas especficas, cujas respostas provveis testes eventualmente podem ser modificados para mais ou
se estruturam na forma de hipteses que sero confirmadas para menos.
ou no atravs dos passos seguintes do processo. Em razo da variedade de questes propostas inicialmen-
Geralmente, temos um ponto de partida que o encami- te e adequadas aos objetivos do psicodiagnstico, frequente-
nhamento. Qualquer pessoa que encaminha um paciente o mente a bateria de testes inclui testes psicomtricos e tcni-
faz sob a pressuposio de que ele apresenta problemas que cas projetivas. Neste caso, sua sequncia e distribuio
tm uma explicao psicolgica e todas as alternativas de relativa, na bateria de testes, devem ser cuidadosamente
explicao so hipteses, que sero testadas atravs do consideradas, levando em conta o tempo necessrio para a
psicodiagnstico. O esclarecimento e a organizao das administrao, o grau de dificuldades das mesmas, sua quali-
questes pressupostas num encaminhamento so tarefas da dade ansiognica e as caractersticas especficas do pacien-
responsabilidade do psiclogo. Ainda segundo a mesma auto- te.
ra, os objetivos do psicodiagnstico dependem das perguntas Ocampo e colegas (1981) do primordial importncia
iniciais. questo da mobilizao ou no da ansiedade na distribuio
Com o plano de avaliao pronto, procuramos identificar sequencial das tcnicas. Dessa maneira recomenda priorida-
recursos que permitam estabelecer uma relao entre as de para instrumentos no-ansiognicos.
perguntas iniciais e suas possveis respostas. O plano de O quarto momento consiste na realizao da estratgia
avaliao consiste em traduzir as perguntas em termos de diagnstica planejada. Muitas vezes age-se de acordo com
tcnicas e teste, isto , consiste em programar a administra- este plano, em outras, no entanto, so necessrias modifica-
o de uma srie de instrumentos adequados ao sujeito es- es durante o percurso. Por isso, insistimos em que no
pecfico e especialmente selecionados para fornecer subs- pode haver um modelo rgido de psicodiagnstico que possa
dios para que se possa chegar s respostas para as pergun- ser usado em todos os casos, sendo que a melhor orientao
tas iniciais. Os dados resultantes, portanto, devem possibilitar para cada caso vir da experincia clnica e nvel de anlise
confirmar ou infirmar as hipteses, com um grau satisfatrio pessoal do profissional.
de certeza.

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Cunha (2000) prope algumas questes bsicas relacio- O psiclogo no deve assumir a posio daquele que sa-
nadas a administrao de testes e tcnicas assim como as be diante dos que no sabem. Primeiro, porque isso no
particularidades da situao da interao com o examinando verdade. Segundo, porque essa posio contm muita onipo-
e do manejo clnico que devem ser consideradas: tncia e d lugar a reaes que atrapalham o trabalho.
insustentvel afirmar que em umas quantas entrevistas te-
1. Revisar particularidades referentes aos instrumentos nhamos esgotado o conhecimento de um indivduo e, ainda
e as caractersticas do paciente. mais, de um casal ou famlia. Mas possvel dizer que con-
2. Estar suficientemente familiarizado com o instrumen- seguimos desvendar, com a maior certeza possvel, o motivo
to que provoca o sintoma que d origem consulta.
3. Organizar todo o material que pretende utilizar antes s vezes o prprio indivduo ou seus pais podem assumir
da chegado do cliente. o papel daquele que pergunta e esperar que todas as suas
dvidas sejam respondidas, como se o profissional tivesse
4. Ter em mente os objetivos para a incluso de cada uma bola de cristal. Nesse caso necessrio reformular os
tcnica da bateria. respectivos papis, especialmente o do profissional, que no
O quinto momento aquele dedicado ao estudo do mate- propriamente um vidente.
rial para obter um quadro o mais claro possvel sobre o caso O profissional ir gradualmente aventando suas conclu-
em questo. um trabalho rduo que frequentemente des- ses e observando as reaes que estas produzem nele ou
perta resistncias, mesmo em profissionais de boa formao nos entrevistados. A dinmica usada deve favorecer o surgi-
e que trabalham com seriedade. necessrio buscar recor- mento de novos materiais. Assim como evitamos o tdio no
rncias e convergncias dentro do material, encontrar o signi- inqurito da primeira entrevista, evitaremos tambm agora
ficado de pontos obscuros ou produes estranhas, correlaci- transformar a transmisso de nossas concluses em um dis-
onar os diferentes instrumentos utilizados, entre si e com a curso que no d espao para que o interlocutor inclua suas
histria do indivduo e de sua famlia. Se forem aplicados reaes. Ao contrrio, as mesmas sero de grande utilidade
testes, eles devem ser tabulados corretamente e deve-se para validar ou no nossas concluses diagnsticas.
interpretar estes resultados para integr-los ao restante do
material. Os sujeitos ou seus pais podem no ter mencionado algo
que surge no material registrado, e aproveitaremos essa en-
No se trata de um tratado mecnico de montar um que- trevista para perguntar. Muitas vezes esta informao pode
bra-cabea, mesmo tendo alguma semelhana com essa mudar radicalmente as hipteses levantadas pelo profissional,
tarefa. mais uma busca semelhante do antroplogo e do e sua presena um bom sinal porque aumenta o grau de
arquelogo ou de um interprete de uma lngua desconheci- sinceridade e confiana do cliente.
da pelo paciente e sua famlia cuja traduo ajuda a desven-
dar um mistrio e reconstruir uma parte da histria que des- Alm do mais, em alguns casos especficos, especialmen-
conhecem a nvel consciente, mas que se refere a quando foi te em uma famlia com crianas, dependendo do que tenha-
gerada a patologia. mos percebido na ou nas entrevistas familiares diagnsticas,
pode ser adequado realizar a entrevista de devoluo com
Independente das informaes dos testes, nesse momen- uma tcnica ldica que se alterne com a verbal, especialmen-
to, o psiclogo j possui um acervo de observaes que cons- te naqueles casos nos quais o indivduo ou a famlia so mo-
titui uma amostra do vidos mais por cdigos de ao que de verbalizao.
comportamento do paciente durante as vrias sesses Finalmente, o stimo passo do processo consiste na ela-
que transcorreu o processo diagnstico, desde o contato borao do informe psicolgico, se solicitado.
inicial at a ltima tcnica utilizada. Em resumo, capaz de
descrever o paciente. 7 - TESTES E TCNICAS PSICOLGICAS

O mais difcil nesse momento do estudo compreender o Segundo Scheeffer (1968), o teste psicolgico pode ser
sentido da presena de algumas incongruncias ou contradi- definido como uma situao padronizada que serve de est-
es e aceit-las como tais, ou seja, renunciar a onipotncia mulo a um comportamento por parte do examinando; esse
de poder entender tudo. justamente a presena de elemen- comportamento avaliado, por comparao estatstica com o
tos ininteligveis que vai nos alertar acerca de algo que ser de outros indivduos submetidos mesma situao, permitin-
entendido muito mais adiante, no decorrer do tratamento, do assim sua classificao quantitativa e qualitativa.
quando a comunicao entre o sistema consciente e incons- Ocampo (1981) nos chama ateno: no planejamento da
ciente tenha-se tornado mais porosa e o indivduo estiver, bateria temos que pensar que o processo psicodiagnstico
ento, em melhores condies para suportar os contedos deve ser suficientemente amplo para compreender bem o
que vierem tona. Esses elementos no devero ser despre- paciente, mas ao mesmo tempo, no se deve exceder porque
zados, pelo contrrio, devero ser colocados no laudo que isto implica uma alterao no vnculo psiclogo - paciente.
enviarmos a quem solicitou o estudo para deix-lo de sobrea-
viso. No entanto, pode ser imprudente inclu-los na devoluo Para planejar uma bateria necessrio pensar em testes
ao paciente, pois isso poder angusti-lo muito e provocar que captem o maior nmero possvel de condutas (verbais,
uma crise, um ataque ao psiclogo ou uma desero. grficas e ldicas), de maneira a possibilitar a comparao de
um mesmo tipo de conduta, provocada por diferentes estmu-
Chegamos assim ao sexto momento do processo psicodi-
los ou instrumentos e diferentes tipos de conduta entre si.
agnstico: a entrevista de devoluo de informao. Pode ser muito importante discriminar a sequncia em que sero apli-
somente uma ou vrias. Geralmente feita de forma separa- cados os testes escolhidos. Ela deve ser estabelecida em
da: uma com o indivduo que foi trazido como protagonista da funo de dois fatores: a natureza do teste e a do caso em
consulta e outra com os pais e o restante da famlia. Se a questo. O teste que mobiliza uma conduta que corresponde
consulta foi iniciada como familiar, a devoluo e nossas ao sintoma nunca deve ser aplicado primeiro. Utilizar estes
concluses tambm sero feitas a toda a famlia. testes em primeiro lugar supe colocar o paciente na situao
Esta ltima entrevista est impregnada pela ansiedade do mais ansigena ou deficitria sem o prvio estabelecimento
paciente, da sua famlia e, por que no diz-lo, muitas vezes de uma relao adequada. Recomendamos como regra geral
tambm pela do psiclogo, especialmente nos casos mais reservar os testes mais ansigenos para as ltimas entrevis-
complexos. tas.

Conhecimentos Especficos 232 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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Os testes grficos so os mais adequados para comear terapia que se inicia, devido ao aspecto teraputico intrnseco
um exame psicolgico, por diversas razes, entre elas por a um processo de avaliao e ao aspecto avaliativo intrnseco
abarcarem os aspectos mais dissociados, menos sentidos psicoterapia. Outras vezes, o processo de avaliao com-
como prprios, e permitirem que o paciente trabalhe mais plexo e exige um conjunto diferenciado de tcnicas de entre-
aliviado, alm de serem econmicos quanto ao tempo gasto vistas e de instrumentos e procedimentos de avaliao, como,
em sua aplicao, ou seja uma tarefa fcil. por exemplo, alm da entrevista, os instrumentos projetivos
ou cognitivos, as tcnicas de observao, etc. A importncia
Consideramos necessrio incluir, entre os testes grficos, de enfatizar a entrevista como parte de um processo poder
diferentes contedos em relao ao tema solicitado, come- vislumbrar o seu papel e o seu contexto ao lado de uma gran-
ando pelos de temas mais ambguos at chegar aos mais de quantidade possvel de procedimentos em psicologia.
especficos.
A entrevista clnica um procedimento poderoso e, pelas
Numa bateria - padro, segundo Ocampo (1981), devem suas caractersticas, o nico capaz de adaptar-se diversi-
ser includos, entre os testes projetivos, aqueles que promo- dade de situaes clnicas relevantes e de fazer explicitar
vam condutas diferentes. Portanto, a bateria projetiva deve particularidades que escapam a outros procedimentos, princi-
incluir testes grficos, verbais e ldicos. Quanto aos testes de palmente aos padronizados. A entrevista a nica tcnica
inteligncia, sua incluso na sequncia da bateria no pode capaz de testar os limites de aparentes contradies e de
ser arbitrria, o momento exato de sua incluso deve ser tornar explcitas caractersticas indicadas pelos instrumentos
decidido de acordo com o caso. padronizados, dando a eles validade clnica, por isso, a ne-
7.1 ALGUMAS SUGESTES DE MTODOS E TCNI- cessidade de dar destaque entrevista clnica no mbito da
CAS UTILIZADAS avaliao psicolgica.
1. Quanto ao mtodo quantitativo: so utilizados testes Definimos ainda a entrevista clnica como tendo caracte-
psicomtricos (tabelas padronizadas para uma dada popula- rsticas de ser dirigida. Afirmar que a entrevista um proce-
o), como: testes de inteligncia, tcnicas expressivo- dimento pode suscitar alguns questionamentos. Mesmo nas
grficas psicomtricas, Inventrios de personalidade, invent- chamadas entrevistas livres, necessrio o reconhecimen-
rio de traos ou estados afetivos, inventrios de sintomas to, pelo entrevistador, de seus objetivos. Como afirmamos
especficos, Escala de maturidade Viso-Motora. antes, os objetivos de cada tipo de entrevista definem as
estratgias utilizadas e seus limites. no intuito de alcanar
2. Quanto ao mtodo clnico propriamente dito: entrevis- os objetivos da entrevista que o entrevistador estrutura suas
tas de vrios tipos, tcnicas de associao, tcnicas de cons- interveno. O entrevistador precisa estar preparado para
truo, tcnicas de complemento, tcnica expressivo-grficas, lidar com o direcionamento que o sujeito parece querer dar
tcnicas expressivo-ldicas, tcnicas de ordenao, etc. entrevista, de forma a otimizar o encontro entre a demanda do
3. Quanto ao mtodo organizacional: observao livre ou sujeito e os objetivos da tarefa. Em sntese, conclumos que
sistemtica de vrias situaes, diretamente ou com a utiliza- todos os tipos de entrevista tm alguma forma de estrutura-
o de recursos tcnicos. o na medida em que a atividade do entrevistador direciona
a entrevista no sentido de alcanar seus objetivos.
8 - AS ENTREVISTAS
Entrevistador e entrevistado tm, nesse processo, atribui-
8.1 - DEFINIO E TIPOS DE ENTREVISTAS es diferenciadas de papis. A funo especfica do entre-
vistador coloca a entrevista clnica no domnio de uma relao
Em psicologia, a entrevista clnica pode ser entendida co-
profissional. dele a responsabilidade pela conduo do
mo um conjunto de tcnicas de investigao, que tem o seu
processo e pela aplicao de conhecimentos psicolgicos em
tempo delimitado e direcionada por uma profissional treina-
benefcio das pessoas envolvidas. responsabilidade dele
do, que vai utilizar conhecimentos psicolgicos, com o objeti-
dominar as especificidades da tcnica e a complexidade do
vo de descrever e avaliar os aspectos pessoais, relacionais
conhecimento utilizado. Essa responsabilidade delimita (estru-
ou sistmicos (indivduo, casal, famlia, rede social) do entre-
tura) o processo em seus aspectos clnicos. Assumir essas
vistado, em um processo que visa a fazer recomendaes,
responsabilidades profissionais pelo outro tem aspectos ti-
encaminhamentos ou propor algum tipo de interveno em
cos fundamentais, significa reconhecer a desigualdade intrn-
benefcio das pessoas entrevistadas.
seca na relao que d uma posio privilegiada ao entrevis-
Examinando os elementos dessa definio podemos dizer tador. Essa posio lhe confere poder e, portanto, a respon-
que tcnica entendida como uma srie de procedimentos sabilidade de zelar pelo interesse e bem-estar do outro. Tam-
que possibilitam investigar os temas em questo. A investi- bm do entrevistador a responsabilidade de reconhecer a
gao possibilita alcanar os objetivos primordiais da entre- necessidade de treinamento especializado e atualizaes
vista, que so descrever e avaliar, o que pressupem o constantes ou peridicas.
levantamento de informaes, a partir das quais se torna
A complexidade dos procedimentos especficos de cada
possvel relacionar eventos e experincias, fazer inferncias,
tipo de entrevista clnica, dos conhecimentos psicolgicos
estabelecer concluses e tomar decises. Essa investigao
envolvidos e dos aspectos relativos competncia do entre-
se d dentro de domnios especficos da psicologia clnica e
vistador, necessrio para sustentar uma relao interpessoal
leva em considerao conceitos e conhecimentos amplos e
de investigao clnica, requerem treinamento especializado.
profundos nessas reas. Esses domnios incluem, por exem-
O resultado de uma entrevista depende largamente da expe-
plo, a psicologia do desenvolvimento, a psicopatologia, a
rincia e da habilidade do entrevistador, alm do domnio da
psicodinmica, as teorias sistmicas. Aspectos especficos
tcnica.
em cada uma dessas reas podem ser priorizados como, por
exemplo, o desenvolvimento psicossexual, sinais e sintomas Supe-se que a entrevista clnica deve ter como benefici-
psicopatolgicos, conflitos de identidade, relao conjugal, rio direto as pessoas entrevistadas. Por outro lado, isso nem
etc. sempre claro nos dias de hoje, quando os psiclogos tm
que se haver, cada vez mais, com terceiros envolvidos, como
Afirmamos ainda que a entrevista parte de um proces-
juzes, empregados, empresas de seguros, etc. Nesse sentido
so. Este deve ser concebido, basicamente como um processo
necessrio o psiclogo definir em que sentido quem o
de avaliao, que pode ocorrer em apenas uma sesso e ser
cliente (empresa ou empregado, por ex.) e que demandas so
dirigido a fazer um encaminhamento, ou a definir os objetivos
apropriadas ou no.
de um processo psicoteraputico. Muitas vezes, o aspecto
avaliativo de uma entrevista inicial confunde-se com a psico-
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As necessidades de delimitao temporal so claras e es- 3. Entrevistas diagnsticas: Pode priorizar os aspectos
sa delimitao no requer, necessariamente, um nico encon- sindrmicos ou psicodinmicos. O primeiro visa a descrio
tro. Mesmo quando o processo requer mais de uma ocasio, de sinais e sintomas para a classificao de um quadro ou
no processo de entrevista, no h um contrato de continuida- sndrome. O diagnstico psicodinmico visa descrio e a
de como em um processo teraputico, embora, frequente- compreenso da experincia ou do modo particular de funcio-
mente, a entrevista clnica resulte em um contrato teraputico. namento do sujeito, tendo em vista uma abordagem terica.
A delimitao temporal tem a funo de explicitar as diferen- um tipo de entrevista que visa a modificao de um quadro
as de objetivos dos dois procedimentos e dos papis dife- apresentado em benefcio do sujeito.
renciados do profissional nas duas situaes. Essa delimita-
o define o setting e fortalece o contrato teraputico, que 4. Entrevistas sistmicas: focalizam a avaliao da estru-
pode ser consolidado como concluses das entrevistas inici- tura ou da histria relacional ou familiar. Podem tambm ava-
ais. Essas recomendaes, o encaminhamento ou a definio liar aspectos importantes da rede social de pessoas e fam-
de um setting e contrato teraputico podem ocorrer integrados lias.
como parte de uma nica sesso de entrevista ou podem se 5. Entrevista de devoluo: tem por finalidade comunicar
reservados para uma entrevista designada exclusivamente ao sujeIto o resultado da avaliao. Em muitos casos, essa
para este fim (entrevista de devoluo), demarcando, de ma- atividade integrada em uma mesma sesso, ao final da
neira mais precisa, o trmino do processo de avaliao. entrevista. Em outras situaes, principalmente quando as
Adrados (1982) afirma que a entrevista tida como uma atividades de avaliao se estendem por mais de uma ses-
tcnica, dentre outras de extrema relevncia, principalmente so, til destacar a entrevista de devoluo do restante do
porque subexiste ao dia-a-dia tornando-se cada vez mais processo.
eficiente e imprescindvel, constituindo-se como ponto funda- As entrevistas semi-estruturadas so assim denominadas
mental para o alcance de uma viso global e consequente- porque o entrevistador tem clareza de seus objetivos, de que
mente de uma concluso diagnstica, a respeito do cliente. tipo de informao necessria para atingi-los, de como essa
Existem diversos tipos de entrevistas, que iro se diferen- informao deve ser obtida, quando ou em que sequncia,
ciar de acordo com seu objetivo principal e com o trabalho em que condies deve ser investigada e como deve ser
que est sendo realizado. Para cada processo h um tipo de considerada.
entrevista, que podem ser classificadas de vrias maneiras: Quanto a classificao das entrevistas a partir dos seus
segundo o seu aspecto formal, segundo os objetivos e se- objetivos podemos dizer que h uma grande variedade. Den-
gundo a estruturao. tre as mais estudadas vamos citar: triagem, anamnese, diag-
Quanto ao aspecto formal, as entrevistas podem ser divi- nstica, sistmicas e devoluo.
didas em estruturadas, semi-estruturadas e de livre estrutura- 8.2 - Competncias do avaliador para as entrevistas e
o. As entrevistas estruturadas so de pouca utilidade clni- a qualidade da relao:
ca. A aplicao desse tipo de entrevista mais frequente em
pesquisas. Sua utilizao raramente considera as necessida- O bom uso da tcnica deve ampliar o alcance das habili-
des ou demandas do sujeito avaliado usualmente ela se dades interpessoais do entrevistado e vice-versa. Para levar
destina ao levantamento de informaes definidas pelas ne- uma entrevista a termo de modo adequado, o entrevistador
cessidades de um projeto. Privilegiam a objetividade as deve ser capaz de:
perguntas so quase sempre fechadas ou delimitadas por 1. Estar presente, no sentido de estar inteiramente dispo-
opes previamente determinadas e buscam respostas espe- nvel para o outro naquele momento, e poder ouvi-lo sem a
cficas a questes especficas. interferncia de questes pessoais;
tradio se referir entrevista de livre estruturao com 2. Ajudar o paciente a se sentir vontade e a desenvolver
entrevista livre ou no estruturada ou ainda, aberta. Nesse uma aliana de trabalho;
tipo de entrevista, o paciente convidado a falar livremente
sobre aquilo que quiser. Cunha (2000) argumenta que mesmo 3. Facilitar a expresso dos motivos que levaram a pes-
assim, a entrevista tem alguma estruturao. soa a ser encaminhada ou a buscar ajuda;
As entrevistas semi-estruturadas so assim denominadas 4. Buscar esclarecimentos para colocaes vagas ou in-
porque o entrevistador tem clareza de seus objetivos, de que completas;
tipo de informao necessria para atingi-los, de como
5. Confrontar esquivas e contradies, mas de forma gen-
essa informao deve ser obtida, quando ou em que sequn-
til;
cia, em que condies deve ser investigada e como deve ser
considerada. Alm de modo padronizado, ela aumenta a 6. Tolerar a ansiedade relacionada aos temas evocados
confiabilidade ou fidedignidade da informao obtida. na entrevista.
Quanto a classificao das entrevistas a partir dos seus 7. Reconhecer defesas e modos de estruturao do paci-
objetivos podemos dizer que h uma grande variedade. Den- ente, especialmente quando elas atuam diretamente na rela-
tre as mais estudadas vamos citar: o com o entrevistador (transferncia);
1. Entrevista de triagem: tem por objetivo principal avaliar 8. Compreender seus processos contratransfernciais;
a demanda do sujeito e fazer um encaminhamento. Geral-
mente, utilizada em servios de sade pblica ou em clni- 9. Assumir a iniciativa em momentos de impasse;
cas sociais, onde existe a procura contnua por uma diversi- 10. Dominar as tcnicas que utiliza.
dade de servios psicolgicos, e torna-se necessrio a ade-
quao da demanda em relao ao encaminhamento preten- 8.3 - Objetivos e requisitos da primeira entrevista em
dido. avaliao

2. Entrevista de anamnese: tem por objetivo o levanta- No caso de ser a primeira consulta que os pais (ou pacien-
mento detalhado da histria de desenvolvimento da pessoa, te adulto) fazem, a primeira entrevista o primeiro passo do
principalmente na infncia. A anamnese uma tcnica de processo psicodiagnstico e deve reunir certos requisitos para
entrevista que pode ser facilmente estruturada cronologica- cobrir seus objetivos, tais como: no comeo ser muito livre,
mente. no direcionada, de forma que possibilite a investigao do
papel que cada um dos pais desempenha, entre eles e co-
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nosco; o papel que cada um parece desempenhar com o filho, Quando isso ocorre, essa criana tem um respaldo, uma
a fantasia que cada um traz sobre o filho, a fantasia de doen- conteno muito mais forte que aquela que os pais negadores
a e cura que cada um tem, a distncia entre o motivo mani- oferecem, ou aqueles que esto atravessando sua prpria
festo e o latente da consulta, o grau de colaborao ou de crise de angstia. Nestes casos, tambm eles devero rece-
resistncia com o profissional, etc. ber uma ajuda pertinente, porque no h algum capaz de
resgatar o grupo familiar da situao angustiante. Existe um
Para isso, sero levados em considerao tanto elemen- nvel de angstia ou ansiedade cujo aparecimento saudvel,
tos verbais como no verbais da entrevista, a gesticulao mas exacerbao negativa, pois o paciente entra numa
dos pais, seus lapsos, suas aes, como por exemplo, ir ao crise de angstia da qual no consegue se afastar, e no
banheiro, esquecer algo ao partir, segurar uma bolsa ou pasta podemos de maneira alguma pensar em aplicar algum teste;
o tempo todo, fazer comentrios profissionais, fazer alguma podendo isto ser, inclusive, uma conduta pouco humana,
queixa (mesmo parecendo justificada pode estar encobrindo absurda e iatrognica. Ocorre frequentemente sob algum
uma queixa de outra natureza), desencontro do casal ao che- comando, ou diante de determinada lmina de algum teste
gar para a primeira entrevista, trocar o horrio por engano, que o paciente as associa automaticamente com alguma
trazer uma lista escrita com dados excessivamente detalha- morte ou com algum acontecimento que desencadeou o seu
dos, olhar o teto o tempo todo, pedir um conselho rapidamen- conflito. Nestes casos pode ocorrer um bloqueio total, uma
te, etc. crise de choro ou uma rejeio violenta, talvez se negando a
Contratransferencialmente, deveremos escutar de maneira realizar a tarefa. Todas estas reaes tm importncia diag-
constante aquilo que sentimos e as associaes que fazemos nstica, porque indicam quais so as reaes do paciente
medida que eles vo relatando a sua verso do que ocorre. quando tocamos seus pontos mais vulnerveis e dolorosos.
Assim, ficaremos com uma imagem desse filho, a imagem provvel que nesses casos tenhamos que suspender a tarefa,
que eles nos transmitiram, cada um a sua, e a que fica co- escutar o que ele precisa nos contar, o que lembrou ou asso-
nosco, que nem sempre o reflexo fiel do que os pais tm ciou, sendo que nesse momento teremos ento uma nova
tentado nos passar. etapa de entrevista aberta, mesmo j estando na fase de
aplicao de algum teste.
Quando conhecermos o filho, o passo seguinte do proces-
so, j poderemos comparar essa imagem que temos dele com Cabe aqui uma recomendao. No devemos esquecer
a que realmente estamos recebendo. que estamos desde o incio incluindo aspectos transferenciais
da relao do paciente ou dois pais conosco, e tambm
Foi dito antes que o primeiro requisito da entrevista proje- (mesmo se no as verbalizamos) contratransferenciais. No
tiva de que seja livre. Um segundo requisito que em um devemos esquecer tambm que aquilo que se reestrutura,
outro momento, quando for mais oportuno, segundo o julga- seguindo a teoria da Gestalt, um campo no qual cada um
mento do profissional que est fazendo o trabalho, seja bas- dos integrantes (no qual ns includos) ter uma constante
tante dirigida de forma a poder elaborar uma histria clnica mobilidade dinmica, de tal modo que o que vier a ocorrer
completa do paciente. Deve-se solicitar dados, colher infor- algo alm do mero somatrio de condutas individuais.
mao exaustiva sobre a histria do sintoma e tambm deixar
estabelecido um contrato para esta etapa do trabalho diag- Se os pais forem um casal bem estruturado, os sentiremos
nstico. Por exemplo, quantas entrevistas sero feitas, quem unidos e haver uma distncia ideal entre eles e ns. Se o
deve participar, em que horrio, que ordem ser dada ao filho, casal no estiver bem unido poderemos notar que um deles
quais sero os honorrios, qual o objetivo de todo o estudo, quer excluir o outro e fazer uma aliana conosco. Ou ento,
em que vamos centr-lo, qual o motivo mais profundo, que que um deles se exclui desce o incio, no vindo entrevista,
destino ter a informao que obtivermos (se ser transmitida ou tentando ser uma presena ausente (por exemplo, olhando
a eles ou ao filho, ou alm deles ao pediatra, professora, a para o teto o tempo todo), fazendo que o outro no tenha
um juiz, etc.). outra soluo que falar conosco constantemente. Pode ocor-
rer tambm que no queiram vir juntos. No caso de j existir a
importante detectar na primeira entrevista, seja com os separao, devemos aceitar esta situao, mas deveremos
pais, com o filho, com o adolescente ou com o adulto que tentar de todas as formas possveis que assistam juntos
chegam pela primeira vez, o nvel de angstia, o nvel de entrevista final para que tomem uma deciso conjunta, pois
preocupao que provoca isso que est ocorrendo com eles. trata-se de compreender o que est acontecendo com o filho
necessrio e saudvel que se produza num momento de- e decidir o seu futuro. Parecem consultar com a finalidade de
terminado da entrevista, quando o paciente ou seus pais desqualific-lo repetidamente e no buscando a sua ajuda.
tenham insight de que o que ocorre triste, preocupa ou
assusta, notar que surja neles algum indcio de tais sentimen- A diferena entre uma entrevista clnica habitual e aquela
tos, pois se no for assim pode predominar um clima de ne- que o ponto de partida para um estudo psicodiagnstico
gao parcial da verdadeira importncia do conflito, ou um com os testes projetivos que nesta deveremos manter um
clima manaco de negao total e projeo, como quando duplo papel: no incio, um papel de no interveno ativa,
tudo parece ser preocupao da professora ou do pediatra, limitando-nos a sermos um observador da situao que est
mas no dos pais. se desenvolvendo no campo do qual estamos participando.
Tentaremos manter o nosso papel de observador que escuta
importante ainda ressaltar que em um processo diag- e registra (atravs do material do paciente e dos efeitos con-
nstico fundamental trabalhar com um nvel de ansiedade tratransferenciais).
instrumental, ou seja, saudvel. Isto importante porque o
nvel de ansiedade e o modo como regem o paciente, os pais A posteriori e gradualmente, iremos intercalando pergun-
e a famlia para cont-la ou manej-la um dado diagnstico tas ou tentando dirigir o dilogo. Devemos considerar o mo-
e prognstico muito significativo. mento mais oportuno, adotar em papel mais ativo, tal como
intervir, investigar, e inclusive enfrentar os pais com suas
No tem o mesmo significado que os pais de uma criana prprias contradies, falta de recordaes ou falta de sensi-
entrem numa crise da qual ns dificilmente poderemos tir- bilidade para registrar a seriedade da sintomatologia e os
los, que se vemos que eles mesmos so capazes de conter a riscos que o filho est correndo.
prpria angstia ou um deles capaz de conter a angstia do
outro, tambm o se eles reagem positivamente ao mo- Na entrevista com um adulto ocorreria o mesmo. Tecni-
deradora do psiclogo. camente, isto pode ser feito simplesmente assinalado alguns
pontos, sem fazer interpretaes, o que no recomendvel
na primeira entrevista. Mas o grau de permeabilidade muito

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varivel. Alguns pais (ou adolescentes ou adultos) vm com Uma imagem do conflito central e seus derivados;
muito insight e possibilitam-nos trabalhar desde o primeiro
contato, de uma maneira muito mais gil e teraputica. Isso, Uma histria da vida do paciente e da situao desen-
no entanto, no o usual, e s vezes ocorre totalmente o cadeadora;
contrrio.
Alguma hiptese inicial sobre o motivo profundo do
Nessa entrevista inicial, usa-se o enquadre de uma entre- conflito, a qual ser ratificada ou modificada, segundo o mate-
vista aberta projetiva, fundamentalmente no incio. Mas logo, rial projetivo dos testes e da entrevista de devoluo;
essa deve ser dirigida para colher todos os dados necessrios
ou enfrentar os pais, mostrando-lhes situaes que observa- Uma estratgia para usar determinados instrumentos
mos muito negadas, deslocadas ou dissociadas. diagnsticos seguindo uma determinada ordem, de modo que
sirvam para ratificar e ampliar as nossas hipteses prvias ou
Com crianas, o equivalente entrevista projetiva inicial para retific-las.
a hora do jogo diagnstico. Tanto com eles quanto com ado-
lescentes e adultos, continuaremos logo com os testes, e na 8.3 - O PRIMEIRO CONTATO NA CONSULTA
maioria dos casos teremos que fazer os respectivos inquri- Apesar de ter afirmado que o processo psicodiagnstico
tos. Espera-se que o mesmo modelo se repita: no incio co- consta de vrios passos (e estes de fato ocorrem), nunca se
lheremos a produo espontnea do paciente e logo faremos pode afirmar que um vem antes e o outro vem depois de uma
um inqurito para especificar detalhar das respostas (solucio- forma mecnica, fixa e esttica. Tudo depende de diversas
nar ambiguidades ou contradies, completar, esclarecer, razes.
etc.) e isso exige de ns ma atitude abertamente dirigida.
Esses diferentes passos j foram anteriormente aborda-
por isso que dizemos que a atitude do profissional que dos. Vamos relembrar:
realiza o estudo da personalidade com testes projetivos,
composta: no totalmente de laissez faire, nem tampouco O primeiro consiste na primeira tomada de contato. Isto
uma atitude absolutamente fechada ou de dirigismo rgido. E significa que nessa primeira etapa teremos recebido o telefo-
bastante difcil esgotar todas as possibilidades, porque cada nema do paciente ou o pedido de um profissional para realizar
caso um psicodiagnstico nico e que no se repete, devido o estudo de um paciente determinado. Se quem nos solicita o
a que, como j se disse, no pode existir um modelo nico e estudo o terapeuta que vai se encarregar do tratamento,
rgido. A atitude do psiclogo deve ser ao mesmo tempo pls- nosso papel ficara restrito basicamente aplicao de testes
tica, aberta, permevel e concretamente precisa e centraliza- pertinentes.
da em um objetivo que no podemos ignorar ou perder de
Nestes casos necessrio tomar cuidado para no inter-
vista em momento algum. Ficarmos com uma resposta amb-
ferir demais na relao transferencial que o paciente j tenha
gua significa no podermos chegar s concluses necess-
estabelecido com seu terapeuta. Numa consulta dessa natu-
rias para realizar o diagnstico ou prognstico, nem tomar
reza tentaremos reduzir a entrevista inicial ao mnimo poss-
uma deciso ou dar sugestes quanto estratgia teraputica
vel. Em alguns casos bom trabalhar praticamente s cegas,
confeccionando um bom informe.
com dados mnimos de identidade do grupo familiar, motivo
Por essa razo, se um paciente resiste a realizar uma ta- da consulta, e muito especificamente o motivo que levou o
refa determinada, podemos troc-la por outra equivalente, terapeuta a solicitar o estudo. Seria prefervel que a devolu-
mas no omiti-la. Podemos encontrar outro teste paralelo ou o (que um dos passos finais do processo) fosse feita pelo
propor-lhe uma outra atividade. Podemos, inclusive, no apli- prprio terapeuta na medida e no momento que considerasse
car nenhum teste no momento, simplesmente dedicar horas adequado, e somente seria feita pelo profissional que realizou
de jogo com uma criana, ou realizar entrevistas com um o psicodiagnstico se aquele o considera mais conveniente,
adolescente ou adulto, mas isso no significa que deixaremos explicitando a razo.
de faz-lo mais adiante, no momento mais oportuno.
O informe que enviaremos a esse profissional tem uma re-
No caso em que estivermos fazendo um psicodiagnstico levncia especial, pois ali deve estar contida toda a informa-
grupal, no h uma primeira entrevista inicial individual ou, se o que ele necessita. Devemos ento realiza-lo com dedica-
ela existe, muito breve. Nesses casos, deve-se iniciar con- o especial para poder cumprir com a finalidade a que se
vocando o grupo para a aplicao de uma srie de provas destina o estudo.
coletivas (ou seja, cada um far o seu trabalho simultanea-
Se no for possvel atingir os objetivos, ser importante
mente ao trabalho dos outros) ou grupais (nas quais, entre
continuar com mais uma entrevista. Isto acontece frequente-
todos, vo elaborar uma resposta a uma solicitao nossa).
mente com os pais de uma criana, pois cinquenta minutos
Nestes casos, a informao que viermos a obter ser algo
podem ser insuficientes para todo esse trabalho. Podemos
como uma mera discriminao entre os que possuem e os
ento prolong-la ou fazer mais de uma entrevista inicial.
que no possuem um requisito determinado.
Se o nvel de ansiedade (persecutria, depressiva ou con-
Nestes casos pode acontecer que no se inclua o contato
fusional) dos pais tornar difcil manter um clima adequado,
individual nem a relao transferncia-contratransferncia, ou
torna-se aconselhvel cham-los novamente, pois geralmente
seja, o campo dinmico que criado em uma entrevista indi-
na segunda entrevista esto mais tranquilos, menos tensos,
vidual. Tudo isso excludo para poder-se obter informaes
menos defensivos, mais recuperados e melhor situados.
sobre um grupo muito maior no menor tempo possvel. Se
estivermos trabalhando em escolas, por exemplo, muito No caso contrrio, a situao pouco promissora e seria
importante detectar patologias srias e posteriormente, seri- aconselhvel pensar que a terapia individual do filho exclusi-
am convocados os indivduos cujo material apresenta o que vamente no o mais adequado. Deve ser complementado
chamamdo de indicadores de conflito ou de patologia. Ser com orientao dos pais, ou indicao de terapia de casal,
ento necessrio entrevistar os pais e fazer um estudo mais familiar, vincular, etc.
minucioso e individual de cada um. No podemos esquecer
que objetivo de uma pesquisa assim realizada ajudar um Conclumos ento que a primeira entrevista um concei-
nmero grande de pessoas, detectando precocemente a to referente primeira etapa diagnstica, que tem um objetivo
patologia, e esta uma tcnica extremamente til. especfico, mas no significa que deve ser s uma nem que
deve ser realizada obrigatoriamente no incio do processo
Se a primeira entrevista cumpriu sua finalidade, termina- diagnstico. Em circunstncias especiais podemos obter
remos a mesma com:

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dados aps a aplicao dos testes, e no no incio da consul- dispe de conhecimentos e instrumentos de trabalho para
ta. ajudar o paciente a decifrar os seus problemas, a encontrar
uma explicao para os seus conflitos e para aconselh-lo
9 - O ENQUADRE NO PROCESSO PSICODIAGNSTI-
sobre a maneira mais eficiente de resolv-los.
CO
Quando algum chega pela primeira vez, perguntamos:
Em todas as atividades clnicas, e entre elas se inclui o Em que posso ajud-lo? e com a resposta obtemos a primei-
psicodiagnstico, necessrio partir de um enquadre. ra chave sobre a forma de encarar o caso. Se a resposta for:
O enquadre pode ser mais estrito, mais amplo, mais per- Venho porque estou preocupado, estou muito nervoso, no
mevel ou mais plstico, conforme as diferentes modalidades consigo dormir, no me concentro no trabalho e no sei por-
do trabalho individual ou conforme as normas da instituio que isso acontece, no nos provoca a mesma reao do que
na qual se trabalhe. Varia de acordo com o enfoque terico se o indivduo respondesse: No sei, foi o mdico que me
que serve como marco referencial predominante para o pro- mandou porque estou com lcera e ele diz que psicolgico.
fissional, conforme a sua formao, suas caractersticas pes- Perguntaramos: mas voc, o que pensa. Acha que o mdico
soais e tambm conforme as caractersticas do cliente. esta certo? sua resposta pode ser afirmativa, o que abre uma
perspectiva mais favorvel, ou pode responder: No, eu no
Alguns profissionais afirmam que trabalham sem enqua- acredito nessas coisas. Essa resposta deixa pouqussima
dre. Esta afirmao, no entanto, encerra uma falcia, pois margem para encarar qualquer tipo de trabalho. Se o mdico
essa posio de no-enquadre j por si mesma uma forma nos enviou seu paciente e espera receber um informe psico-
de enquadre, em todo caso do tipo laissez-faire. lgico, devemos explicar-lhe que mesmo que ele no acredite
Cada profissional assume um sistema de trabalho que o faremos alguns testes para poder enviar ao mdico uma res-
caracteriza, alm das variveis que possa introduzir no caso. posta conforme o que ele espera de ns.

A qualidade e o grau da patologia do cliente nos obrigam a No sendo assim, muito difcil realizar o psicodiagnsti-
adaptar o enquadre a cada caso. No possvel trabalhar da co e, quase conveniente colocar que, o prorrogaremos at
mesma forma com um paciente neurtico, com um psictico que ele sinta a necessidade de faz-lo, at que esteja con-
ou com um psicopata grave. Cada caso implica diferentes vencido de que seu mdico esta com razo. Do contrrio,
graus de plasticidade. Uma pessoa absolutamente dependen- mesmo que ele faa de boa vontade o que lhe pedirmos, as
te exigir esclarecimentos permanentes do que deve ou no concluses que obtivermos no tero valor nenhum para ele,
fazer, enquanto que outros sentiro nossas intervenes e a entrevista de devoluo poderia tornar-se uma espcie de
como interferncias desagradveis. Um psicopata precisa ser desafio no qual queremos convenc-lo de algo que ele se
limitado constantemente. O psictico exige de nossa parte nega a aceitar.
uma total concentrao. Precisa ser limitado, mas tambm Alguns autores afirmam que existem certos aspectos do
cuidado e protegido e tambm precisamos proteger-nos. enquadre que permanecem mudos at que alguma circuns-
A idade do paciente tambm influi no enquadre escolhido. tncia nos obriga a romp-los, e ento aparecem com clare-
Com uma criana pequena, sentaremos para brincar no cho za.
se ela assim solicitar. Com adolescentes, sabemos que preci- Suponhamos que o terapeuta tenha sido sempre pontual,
samos ser mais tolerantes quanto sua frequncia, sua pon- at que um dia um problema no trnsito o obriga a chegar
tualidade e suas resistncias para realizar certos testes dos vinte minutos mais tarde. O paciente est esperando furioso,
quais no gostam. Talvez queiram antes acabar de escutar quase o insulta e grita porque o senhor deve estar aqui
uma msica em seu mp3. Deixamos escut-la at ele dizer quando eu chego. Se no houvesse surgido esta ruptura do
que podemos comear. Talvez tambm fizssemos o mesmo enquadre, essa reao teria permanecido sempre encoberta
com uma criana ou com um adulto psictico. pela seriedade do comportamento do terapeuta.
Concluso: impossvel trabalhar sem um enquadre, mas Sabemos em que tanto o profissional como o paciente,
no existe um nico enquadre. trazem para o encontro um aspecto mais infantil e outro mais
Quando questionados sobre o enquadre que usamos, mui- maduro. Se o contrato do psicodiagnstico feito sobre a
tas vezes acontecer que a reflexo vem a posteriori da prti- base dos aspectos infantis de ambos, os resultados sero
ca clnica. Em primeiro lugar, agimos, e depois refletiremos negativos e perigosos.
sobre como e por que trabalhamos daquela forma. Bion re- Bleger, citado por Arzeno (1995), coloca em seu artigo La
comenda trabalhar com absoluta ateno flutuante e liberda- entrevista psicolgica (publicao interna da Faculdade de
de, e depois de terminada a sesso, ento sim, aconselh- Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires):
vel tomar notas e pensar sobre o ocorrido. No psicodiagnsti-
co isto se aplica principalmente entrevista inicial. Nas se- Para obter o campo particular da entrevista que descre-
guintes j necessrio agir de outra forma para atingir nosso vemos, devemos contar com um enquadre fixo que consiste
objetivo. na transformao de certo conjunto de variveis em constan-
tes. Dentro deste enquadre inclui-se no somente a atitude
Seja com um adolescente, com um adulto ou com os pais tcnica e o papel do entrevistador como o temos descrito,
de uma criana, a primeira entrevista nos dar subsdios que mas tambm os objetivos, o lugar e a durao da entrevista.
facilitaro o enquadre a ser escolhido. Seu comportamento, O enquadre funciona como um tipo de padronizao da situa-
seu discurso, suas reaes, so indicadores que nos ajudam o estmulo para ele, mas que deixe de oscilar como varivel
a resolver que tipo de enquadre usaremos, se mais estrito ou para o entrevistador. Se o enquadre sofre alguma modificao
mais permissivo. (por exemplo, porque a entrevista realizada em um lugar
O enquadre inclui no somente o modo formulao do tra- diferente) essa modificao deve ser considerada como uma
balho, mas tambm o objetivo do mesmo, a frequncia dos varivel sujeita observao, tanto como o prprio entrevis-
encontros, o lugar, os horrios, os honorrios e, principalmen- tado. Cada entrevista possui um contexto definido (conjunto
te, o papel que cabe a cada um. de constantes e variveis) devido ao qual ocorrem os emer-
gentes e estes s fazem sentido e so significativos em rela-
O papel do psiclogo no o de quem sabe, enquanto o e devido a esse contexto. O campo da entrevista tambm
que o do paciente o de quem no sabe. Ambos sabem algo no fixo, mas dinmico, o que significa que est sujeito a
e ambos desconhecem muitas coisas que iro descobrindo uma mudana permanente, e a observao deve se estender
juntos. O que marca a assimetria de papis que o psiclogo do campo especfico existente a cada momento continuida-

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de e sentido dessas mudanas... Cada situao humana tes poderemos trabalhar com elasticidade e plasticidade,
sempre nica e original, sendo assim tambm o ser a entre- enquanto com outros deveremos ser mais drsticos.
vista, mas isso no se aplica somente aos fenmenos huma-
nos, mas tambm aos fenmenos da natureza, o que j era Apesar da interveno drstica, a tica profissional orien-
do conhecimento de Herclito. Esta originalidade de cada ta-nos a dizer a verdade, porque para isso somos consulta-
acontecimento no impede o estabelecimento de constantes dos, e se em determinados casos precisarmos posicionar-nos
gerais, ou seja, das condies em que os fatos se repetem dessa maneira, imprescindvel faz-lo, tanto pelos pais
com maior frequncia. O individual no exclui o geral nem a quanto pelo filho, e tambm por ns mesmos.
possibilidade de introduzir abstrao e categorias de anlise... Muitas vezes o processo psicodiagnstico no acaba com
a forma de observar bem ir formulando hipteses enquanto a aceitao fcil de nossas concluses. Os clientes ou seus
se observa, e no transcurso da entrevista verificar e retificar responsveis precisam de tempo para pensar, para assimilar
as hipteses durante o seu prprio transcurso em funo das o que lhes foi dito. Muitas vezes tambm, ns precisamos de
observaes subsequentes que, por sua vez, vo ser enri- tempo para ratificar e retificar as nossas hipteses. De modo
quecidas pelas hipteses previas. Observar, pensar e imagi- que algumas vezes necessrio modificar o enquadre inicial
nar coincidem totalmente e fazem parte de um nico processo no que se refere ao nmero de entrevistas e deixar mais es-
dialtico. pao para concluir o processo com maior clareza.
Como vemos, Bleger enfatiza a importncia do enquadre Agora vamos dedicar um breve espao ao enquadre no
para manter o campo da entrevista de forma que uma srie mbito institucional.
de variveis (aquelas que dependem do entrevistador) se
mantenham constantes. Isso contribui para uma melhor ob- Cada instituio pode (e deve) fixar os limites dentro dos
servao. quais vai se desenvolver o trabalho do psiclogo. Por exem-
plo, a durao de cada entrevista, o tipo de diagnstico que
Segundo Bleger, o enquadre seria o fundo ou a base, e o se espera, o modo de deixar registrado e arquivado o materi-
processo psicodiagnstico, a imagem do que, unindo ambos al, o tipo de informe final, etc. Mas o tipo de bateria a ser
os conceitos (enquadre e processo) configurariam a situao usada e a sua sequncia de responsabilidade exclusiva dos
teraputica. O enquadre seria o fator constante, o que no psiclogos. Eles decidiro de comum acordo o modus ope-
processo. O processo seria aquilo que varivel, o que se randi. Do contrrio, podem ocorrer situaes ridculas, iatro-
modifica. Isto o que explica de que forma vai se desenvol- gnicas e at legalmente objetveis.
vendo o processo teraputico. No caso de um psicodiagnsti-
co podemos fazer uso destes conceitos. A situao no a 10 - Algumas contribuies teis para a realizao da
teraputica. Mas, da mesma forma, precisamos observar o primeira entrevista com o cliente
indivduo para fazer um diagnstico correto. Devemos ter A primeira entrevista a primeira etapa do processo psi-
certeza de que aquilo que surgir ser material do paciente codiagnstico, que possui diversos objetivos. Isto no signifi-
(variveis por ele introduzidas) e no nosso. ca que deva necessariamente ser uma s.
Como colocamos anteriormente, tanto o terapeuta como o Como j dissemos anteriormente, se o nvel de ansiedade
paciente, trazem um lado infantil e ou outro mais maduro. O dos pais ou de um adulto for muito alto ao chegar para a pri-
enquadre, ponto de partida de importncia decisiva para o meira entrevista (seja essa ansiedade persecutria, depressi-
processo psicodiagnstico, tanto como para o teraputico, se va ou confusional), torna-se difcil manter um clima ideal de
torna ainda mais complicado quando consideramos que cada trabalho. Talvez o objetivo desse primeiro encontro seja, para
um dos pais e filhos tambm trazem ambos os aspectos. Por eles, conhecer-nos e comprovar que no iremos acus-los de
isso, advertimos sobre o risco de que se estabeleam situa- seus fracassos e erros.
es nas quais so colocadas em jogo as partes infantis (pri-
mitivas e onipotentes) de cada um, inclusive do prprio profis- Nesses casos, a primeira entrevista pode ser mais curta e
sional. centralizada na descrio daquilo que causa preocupao no
momento. Uma segunda consulta pode ser o mais indicado
Perto do final da primeira entrevista, costumamos explicar para encontrar os indivduos menos tensos e mais colabora-
ao paciente (ou aos seus pais) que dever fazer alguns dese- dores. Se isso no ocorrer, a situao ser menos alentadora.
nhos, inventar algumas histrias, etc. e que logo aps nos Talvez tenham passado por uma experincia anterior muito
reunimos para conversar sobre os resultados. Quando estiver negativa, ou realmente no acreditem que possam ser ajuda-
prevista uma entrevista familiar, devemos tambm adverti-lo dos por um psiclogo. Este um ponto no qual devemos
com o tempo. Geralmente no h resistncia quando dito deter-nos todo o tempo necessrio, evitando assim que o
que desejamos conhecer como a famlia quando esto estudo precise ser interrompido mais adiante.
todos juntos.
Uma vez que sabemos da presena constante da transfe-
Durante a hora do jogo diagnstico e das entrevistas fami- rncia positiva e da transferncia negativa no psicodiagnsti-
liares diagnsticas, nosso papel ser o de um observador no co, devemos tomar cuidado para que esta ltima no seja to
participante. O mesmo acontece no momento de aplicar os intensa ao ponto de impedir o nosso trabalho.
testes. Somente aps colher a produo espontnea do indi-
vduo deveremos intervir mais ao fazer algum inqurito e No se trata de negar ou diluir a transferncia negativa,
inclusive algum exame de limites. mas e mant-la controlada para facilitar um clima de rapport
aceitvel. Em geral, bastam alguns assinalamentos ou co-
Nosso papel muito mais ativo durante a entrevista final, mentrios para consegui-lo.
na qual o esperado justamente que demos a nossa opinio
sobre o que ocorre. A recomendao da estratgia teraputi- Quando se trata de um paciente de outro profissional, a
ca mais adequada deve ser formulada e devidamente funda- primeira entrevista pode-se ter uma breve conversa sobre
mentada pelo profissional, dada a autoridade que o seu papel dados de filiao, constelao familiar primria e atual, profis-
lhe confere. Quando, para o paciente, muito difcil assimilar so, etc. Se o cliente tem conhecimento do motivo pelo qual
toda a informao que temos para dar-lhe, aconselhvel foi enviado e se j fez algo semelhante antes. Esse momento
marcar mais de uma ou duas entrevistas. deve levar entre dez e quinze minutos, e devemos evitar que
se transforme em um relato detalhado e prolongado da hist-
muito difcil definir o papel do psiclogo no momento da ria da vida do paciente, j que isso que tende a estabelecer
devoluo de informao. Com alguns adultos ou adolescen- um vnculo transferencial que interfere naquele estabelecido
previamente com o seu terapeuta, confundindo o paciente.
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Nestas circunstncias, o psiclogo deve controlar a sua curio- diferentes. Anna Freud estava certa, j que a maioria das
sidade e manter uma distncia ideal que possibilite um clima crianas respondem que esto bem e no sabem o que ocor-
agradvel para trabalhar, sem fomentar falsas expectativas no re com elas. excepcional que possam relatar sintomas e
sentido de criar um vnculo que muito brevemente ser inter- mostrar preocupao ou sofrimento pelos mesmos. Geral-
rompido. mente so os pais que fazem essa parte. Mas estamos falan-
do de conscincia de doena. As crianas (e os outros tam-
Retomando agora o assunto da primeira entrevista, tal bm) s conseguem falar de seus conflitos quando j entra-
como ela realizada em termos gerais, ou seja, depois de um ram na etapa final do tratamento, e isso um dos elementos
primeiro contato telefnico com algum que inicia a consulta que indicam justamente o xito do mesmo e a proximidade de
diretamente conosco. seu fim.
Uma forma delicada e adequada de abrir essa entrevista, Isto significa que todo aquele que consulta percebe, mes-
aps as respectivas apresentaes, pode ser a seguinte per- mo a nvel inconsciente, que h algo mal e causa dor, mal-
gunta: Em que posso ajud-lo? e adequar-se resposta estar, etc. dramatizando-o ou visualizando-o como um sonho,
recebida para decidir a estratgia seguinte. justamente para detectar este matria.
A palavra estratgia no se refere a um plano rgido nem a Sobre o motivo latente da consulta e fantasia de doena e
uma dinmica de entrevista previamente planejada. Ao con- cura observamos que j na primeira hora de jogo a criana
trrio, refere-se a resposta a essa pergunta que vai dar uma dramatiza, associa, desenha, modela e brinca, mostrando,
pauta que dirigir a nossa ateno para um ou outro caminho, sem saber, qual a sua fantasia de doena e cura. Talvez
dando-nos a possibilidade de fazermos novas perguntas. isso no aparea exatamente na primeira hora de jogo e pode
Estabelece-se assim um dilogo e no um monlogo. ser necessria outra hora para isso. Isso fica, no entanto, a
No incio da primeira entrevista, nossas perguntas devem critrio do profissional. Com crianas, essa atividade pode ser
ser mnimas, para dar mais liberdade ao sujeito ou casal de complementada com o Desenho Livre.
pais, mas medida que formos elaborando hipteses presun- Poderamos agora acrescentar que no somente o sujeito
tivas sobre o que estiver ocorrendo ser imprescindvel fazer que consulta tem a sua prpria fantasia inconsciente de do-
comentrios e perguntas pertinentes. ena, mas tambm cada um dos pais e o psiclogo possuem
O motivo da consulta vai guiar a nossa busca, e conve- as suas.
niente explorar detalhadamente todas as reas com ele rela- A fantasia inconsciente de doena aquilo que o sujeito
cionadas, deixando para uma entrevista ulterior, outras per- sente, sem dar-se conta disso, o que passa por baixo do nvel
guntas que vierem a surgir, para no transformar o primeiro consciente. Tem relao com o sentimento de responsabili-
encontro em um inqurito to entediante quanto persecutrio. dade e compromisso com o sintoma descrito consciente e se
Ser considerado o motivo manifesto da consulta a res- refere ao que est mal e sua causa.
posta da nossa primeira pergunta nessa entrevista inicial. Se o paciente diz que: Estou me sentindo mal porque no
aquilo que est mais prximo da conscincia e o que o consigo me concentrar e ns perguntarmos o que ele acha
indivduo prefere mencionar em primeiro lugar. Talvez, ao ter sobre esse problema de no conseguir concentrar-se, esta-
mais confiana, venha a mencionar outros motivos de preo- remos a caminho de descobrir algo sobre a sua fantasia in-
cupao mais difceis de comunicar. Estes so chamados de consciente de doena.
motivo latente ou inconsciente da consulta, que poder surgir A fantasia inconsciente de doena est correlacionada
medida que formos realizando o estudo, e ser ou no com o conceito de fantasia de cura, que implica aquilo que o
transmitido ao paciente dependendo das circunstncias. sujeito poderia imaginar como a soluo para os seus pro-
Como j foi colocado anteriormente, chamaremos proviso- blemas.
riamente sintoma quilo que o paciente traz como motivo A fantasia inconsciente de anlise um terceiro conceito
manifesto da solicitao de psicodiagnstico. que juntamente com os dois anteriores, configuraria uma
Quanto ao motivo manifesto da consulta e conscincia de espcie de trip de grande importncia quando se pretende
doena poderamos estabelecer um paralelo entre ambos os iniciar um trabalho teraputico com um sujeito.
conceitos. O desfecho dos testes projetivos verbais com histrias
A preocupao do paciente, o que ele considera sintoma um elemento que d uma informao valiosa a respeito, e por
preocupante, e assim o coloca deste o incio, deveria ser isso imprescindvel incluir alguns deles na bateria de testes.
considerado como conscincia da doena: ele sabe que algo Como dito anteriormente, a fantasia de doena um n-
esta mal e o descreve como pode. Se ele no registrar ne- cleo enquistado, com o qual a pessoa mantm um determina-
nhum desconforto, poderemos falar sobre a no conscincia do tipo de relao.
da doena.
Poderamos dizer, em geral, que as fantasias iniciais de
Para sermos bem precisos, devemos esclarecer que exis- cura possuem um marcante toque mgico onipotente que vo
te uma distncia enorme entre o grau de conscincia de do- adquirindo caractersticas mais realistas e menos onipotentes
ena com o qual o paciente chega para a primeira entrevista e medida que o sujeito amadurece.
aquele que obtido no incio do tratamento, ou quando este
j est bem adiantado. nesse momento que o paciente, a Geralmente, o objetivo primordial da primeira entrevista
criana, o adolescente ou adulto, poder falar de seus confli- conhecer a histria do sujeito e de sua famlia. Porm, mais
tos, depois de tornar consciente o que era inconsciente, ou importante que o registro cronolgico dos fatos de trs gera-
seja, quando conscincia de doena original tenham sido es a reconstruo do romance familiar com seus mitos,
incorporados aspectos importantes que pertenciam ao plano seus segredos, suas tradies, etc.
mais inconsciente.
Mesmo tendo que fazer uso do inqurito, principalmente
No que se refere a conscincia de doena e fantasia in- sobre fatos que os pais ou o prprio sujeito nos relataram,
consciente de doena, Arzeno aponta que so dois conceitos tentando fazer com que estes sejam amenos e, principalmen-
distintos. Uma grande parte das discusses entre Anna Freud te, que mantenha certa lgica em relao ao assunto que est
e Melanie Klein sobre a criana tem ou no conscincia de sendo tratado.
doena foi devido ao fato de que elas falavam de duas ideias

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Uma vez conhecido o motivo manifesto da consulta, fare- com esses so frequentes ou no e como a relao. Tam-
mos perguntas sobre tudo o que possa estar relacionado com bm sero feitas perguntas sobre os irmos de cada um e as
ele. Por exemplo, se os pais dizem que a criana de sete suas idades, assim como a histria e todos os detalhes do ou
anos ainda molha a cama noite, perguntaremos se ele tem dos nomes escolhidos para o filho que foi trazido para consul-
um sono muito pesado, se bebe muito liquido antes de dormir, tar, ou para o adulto que est consultando.
qual a atitude deles diante desse acontecimento, se o meni-
no est preocupado ou no com a sua enurese e aos poucos O sintoma esta expressando algo que no foi dito, ele
iremos entrando em nveis mais profundos. Perguntaremos ocupa o lugar dessa verdade no dita, surge com e para ou-
ento se na famlia h algum membro enurtico. Se tiverem tro. Seria intil, ento procurar a etiologia da doena exclusi-
mencionado que o levam para a cama do casal porque assim vamente dentro do sujeito. Devem tambm ser explorados o
ele no urina, perguntaremos se isto interfere ou no nas contexto atual e a histria familiar dentro dos quais ela surgiu.
relaes sexuais do casal e finalmente indagaremos se, pelo A Escola Francesa nos proporciona tambm outra hipte-
contrrio, o levam para a sua cama para preencher um vazio se de grande valor para compreender o gnese de muitos
que existe no casal e essa super-estimulao provoca o sin- problemas: o qual o lugar do filho no desejo de seus pais:
toma. Se assim for, isso explicaria por que no consultaram um prolongamento narcisstico ou falo da me? Ou reco-
antes. Mas se agora, quando o menino se queixa de que nhecido como um-Outro com autonomia e vontade prprias?
assim no pode acampar nem dormir na casa de algum ami- Isso no pode ser objeto de um inqurito direto. mais fcil
go, a vergonha do menino encobre os seus sentimentos de que seja observado nas entrevistas familiares. Se tivermos
culpa por ser um terceiro includo no casal ao qual realmente dvidas, indicado realizar uma entrevista vincular me-filho
separa. Aqui, aparece ento, o motivo manifesto e o motivo e outra para pai-filho, alm da familiar, para registrar fatos que
latente da consulta. Ao mesmo tempo, os pais trazem como nos tragam informaes a esse respeito.
motivo a enurese do filho, mas logo a seguir colocam as suas
prprias cartas sobre a mesa. como se nos dissessem: 5. Todo sintoma implica o fracasso ou a ruptura do equil-
Viemos devido aos nossos conflitos sexuais. brio intrapsquico prvio. O momento no qual os pais de uma
criana, adolescente ou adulto consultam, quando quando
essencial que o profissional esgote todas as perguntas o sintoma j no mantm o equilbrio familiar ou no basta, e
que possam ter relao com este assunto. Por exemplo, co- a estrutura familiar balana.
mo foi a infncia de cada um, que lembranas tm do vnculo
com os seus pais e irmos, etc. Todo o resto importante, Recordando o esquema freudiano, poderemos utiliz-lo
mas deve ser perguntado como complemento o assunto ante- como um guia ideal pra saber quais as informaes devemos
rior. colher na entrevista inicial e nas posteriores.

Poderamos, assim, dirigir nossas perguntas lembrando o 1. Herana e constituio (ou seja, a histria dos seus
seguinte: antepassados);

1. O sintoma apresenta um aspecto fenomenolgico: nes- 2. Histria prvia do sujeito (seja ela real ou fantasia-
se sentido devemos perguntar minuciosamente tudo quilo da);
que se refere ao mesmo, sem dar nada por sabido. Os pais 3. Situao desencadeante (individual e familiar).
dizem, teimoso, mas ao pedir descries podemos desco-
brir, talvez, que seja uma conduta de reafirmao muito ma- Estes fatores contribuem para a criao de um conflito in-
dura de um menino que no se submete a seus pais, excessi- terno que provoca angstia e mobiliza defesas. O sujeito
vamente rgidos e obsessivos. entra ento num quadro neurtico com formao e sintomas,
os quais, como afirmamos anteriormente, sero o motivo
2. O sintoma apresenta um aspecto dinmico: mostra e tanto manifesto como latente da consulta.
esconde ao mesmo tempo um desejo inconsciente que entra
em oposio com uma proibio do superego. Por isso Em relao aos recursos de que dispe o psiclogo para
importante perguntar como a criana ou o adolescente rea- registrar tudo o que necessrio desde a entrevista inicial,
gem diante dos sintomas descritos pelos pais. A vergonha, a cabe resumir o seguinte:
repulsa e o pudor so elementos que indicam a existncia de
1. Sem dvida, a comunicao verbal a via essencial
um conflito intrapsquico, que o sujeito ir cooperar no traba-
para tal objetivo.
lho do psicodiagnstico e no tratamento posterior, e que a
patologia predominantemente neurtica. 2. O registro do no verbal tambm essencial e por
isso o psiclogo deve ser um ouvinte atento a gestos, lapsos,
3. Todo sintoma causa um beneficio secundrio, sendo
atuaes, etc., que possuem um valor inestimvel, pois no
importante ento calcular o que esse sujeito obtm nesse
so produtos de um discurso planejado, mas de um discurso
sentido e o que ele perderia no caso de que abandonasse o
do inconsciente. Neste momento no o inqurito, mas a
sintoma. Isso nos ajudar a medir as resistncias que ele
observao atenta que serve ao psiclogo como fonte de
colocar para a superao do mesmo.
coleta de dados.
4. Sintoma expressa algo no nvel familiar: a entrevista
3. Finalmente, existe outro nvel de registro com o qual
familiar diagnstica nos dar maior informao em relao a
o psiclogo pode contar: seu registro contratransferencial.
esse aspecto do que a entrevista inicial, mas mesmo assim,
Para que ele seja confivel, o psiclogo deve ter realizado
deveremos estar alertas para captar sinais referentes a isso,
uma boa psicanlise de forma a no confundir aquilo que ele
desde o incio.
registra como algo do outro com efeitos das suas interven-
Tambm os psicanalistas decidiram usar esse novo enfo- es em reas no resolvidas e si mesmo.
que, familiar, de maneira que o psiclogo dispe agora de
No encerramento da primeira entrevista, que o momento
vrios esquemas referenciais entre os quais poder escolher
da despedida desse primeiro encontro entre os pais ou o
o mais convincente, sem omitir essa perspectiva to importan-
adulto e o psiclogo, indicado combinar os passos que
te na atualidade.
sero seguidos, os horrios das consultas posteriores, assim
Seguindo esse enfoque, torna-se imprescindvel interro- como esclarecer tambm quais sero os honorrios e a forma
gar, durante a primeira entrevista, sobre o nome e sobrenome de pagamento dos mesmos.
de cada progenitor, idade atual, se o pai e a me vivem ou
Presente ou passado, por onde comear?Se o psiclogo
so falecidos (quando e por qual motivo), se os encontros
aplicar mecanicamente a tcnica habitual do inqurito, cair

Conhecimentos Especficos 240 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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no erro de comear pelo passado. Por exemplo: foi um filho CUNHA, 1993). Enquanto tcnica, a entrevista tem seus pr-
desejado? Como foi a gravidez? E o parto? Foi com frceps prios procedimentos empricos atravs dos quais no somen-
ou no? Foi com anestesia? Entre outros. Se os pais (ou o te se amplia e se verifica, mas, tambm, simultaneamente,
adulto), chegarem muito angustiados por algum fato recente, absorve os conhecimentos cientficos disponveis. Nesse
isso seria contraproducente e at poderamos pensar que sentido, Bleger (1960) define a entrevista psicolgica como
uma defesa do profissional para impedir a sua angstia. sendo um campo de trabalho no qual se investiga a conduta
e a personalidade de seres humanos (p.21). Uma outra defi-
Por isso, assinalamos que o mais conveniente comear nio caracteriza a entrevista psicolgica como sendo uma
pelo motivo manifesto da consulta passando por todas as forma especial de converso, um mtodo sistemtico para
reas que possam ter conexo com o mesmo, para logo in- entrar na vida do outro, na sua intimidade (RIBEIRO, 1988,
vestigar as outras cautelosamente sem descart-las sob ne- p.154). Enfim, Gil (1999) compreende a entrevista como uma
nhuma hiptese, j que podem surgir dados muito valiosos. forma de dilogo assimtrico, em que uma das partes busca
Quando o sujeito ou os pais chegam angustiados demais coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informa-
pelo presente, contraproducente remet-los ao passado. o (p.117).
Tambm pode ocorrer o posto: ficam presos primeira infn- A entrevista psicolgica pode ser tambm um processo
cia e parece impossvel que consigam descrever o filho como grupal, isto , com um ou mais entrevistadores e/ou entrevis-
o vem nesse momento. Quando tratamos com um adulto, tados. No entanto, esse instrumento sempre em funo da
notamos a facilidade com que ele responde s perguntas sua dinmica, um fenmeno de grupo, mesmo que seja com a
sobre o que est acontecendo no presente. participao de um entrevistado e de um entrevistador.
Quando notarmos que impossvel para o paciente des- III - OS OBJETIVOS DA ENTREVISTA
prender-se do passado ou do presente, devemos deixar essa
etapa da histria, que ficou incompleta, para uma prxima Com base nos critrios que objetivaram a entrevista em
entrevista, evitando assim a presso para obter uma informa- sade mental, pode-se classificar a entrevista quanto aos
o que possivelmente acabara chegando mais adiante. seguintes objetivos:
dc355.4shared.com/doc/62tOsMeJ/preview.html
a) Diagnstica Visa estabelecer o diagnstico e o prog-
nstico do paciente, bem como as indicaes teraputicas
adequadas. Assim, faz-se necessrio uma coleta de dados
A ENTREVISTA PSICOLGICA. sobre a histria do paciente e sua motivao para o tratamen-
to. Quase sempre, a entrevista diagnstica parte de um
A Entrevista Psicolgica e suas Nuanas
processo mais amplo de avaliao clnica que inclui testagem
Valdeci Gonalves da Silva psicolgica;
Cada indivduo tem um mundo interno diferente, e o es- b) Psicoterpica Procura colocar em prtica estratgia
tmulo tem um significado para cada um (Irvin D. Yalom). de interveno psicolgica nas diversas abordagens - rogeri-
ana (C. Rogers), jungiana (C. Jung), gestalt (F. Perls), bioe-
I - UM BREVE HISTRICO nergtica (A. Lowen), logoterapia (V. Frankl) e outras -, para
A entrevista psicolgica sofreu algumas modificaes no acompanhar o paciente, esclarecer suas dificuldades, tentan-
incio do sculo XIX, quando predominava o modelo mdico. do ajud-lo solucionar seus problemas;
Naquela poca, Kraepelin usava a entrevista com o objetivo c) De Encaminhamento Logo no incio da entrevista,
de detalhar o comportamento do paciente, e, assim, poder deve ficar claro para o entrevistado, que a mesma tem como
identificar as sndromes e as doenas especficas que as objetivo indicar seu tratamento, e que este no ser conduzi-
classificavam segundo a nosografia vigente. Enquanto isso, do pelo entrevistador. Devem-se obter informaes suficien-
Meyer, psiquiatra americano, se interessava pelo enfoque tes para se fazer uma indicao e, ao mesmo tempo evitar
psicobiolgico (aspectos biolgicos, histricos, psicolgicos e que o entrevistado desenvolva um vnculo forte, uma vez que
sociais) do entrevistado. A partir de Hartman e Anna Freud o pode dificultar o processo de encaminhar;
interesse da entrevista se deslocou para as defesas do paci-
ente. Isto , a psicanlise teve sua influncia na investigao d) De Seleo O entrevistador deve ter um conhecimen-
dos processos psicolgicos, sem enfatizar o aspecto diagns- to prvio do currculo do entrevistado, do perfil do cargo, deve
tico, antes valorizado. fazer uma sondagem sobre as informaes que o candidato
tem a respeito da empresa, e destacar os aspectos mais
Nos anos cinquenta, Deutsch e Murphy apresentaram sua significativos do examinando em relao vaga pleiteada,
tcnica denominada Anlise Associativa que considerava etc.;
importante registrar no somente o que o paciente dizia, mas,
tambm, em fornecer informaes sobre o mesmo. Desse e) De Desligamento Identifica os benefcios do trata-
modo, desviou-se o foco sobre o comportamento psicopatol- mento por ocasio da alta do paciente, examina junto com ele
gico para o comportamento dinmico. Ainda nesta dcada, os planos da ps-alta ou a necessidade de trabalhar algum
Sullivan concebeu a entrevista como um fenmeno sociolgi- problema ainda pendente. Essa entrevista tambm utilizada
co, uma dade de interferncia mtua. com o funcionrio que est deixando a empresa, e tem como
o objetivo obter um feedback sobre o ambiente de trabalho,
Aps este perodo, a entrevista e o Aconselhamento Psi- para providenciais intervenes do psiclogo em caso, por
colgicos se deixaram influenciar, entre outros, por Carl Ro- exemplo, de alta rotatividade de demisso num determinado
gers, cuja abordagem consiste em centrar no paciente. Ou setor;
seja, em procurar compreender, de acordo com o seu refe-
rencial, significados e componentes emocionais, tendo como f) De Pesquisa Investiga temas em reas das mais di-
base a sua aceitao incondicional por parte do entrevistador. versas cincias, somente se realiza a partir da assinatura do
entrevistado ou paciente, do documento: Termo de Consenti-
II - DEFINIO DE ENTREVISTA PSICOLGICA mento Livre e Esclarecido (Resoluo CNS no 196/96), no
A entrevista psicolgica um processo bidirecional de in- qual estar explcita a garantia ao sigilo das suas informaes
terao, entre duas ou mais pessoas com o propsito previa- e identificao, e liberdade de continuar ou no no processo.
mente fixado no qual uma delas, o entrevistador, procura IV - A SEQUNCIA TEMPORAL DAS ENTREVISTAS DI-
saber o que acontece com a outra, o entrevistado, procurando AGNSTICAS
agir conforme esse conhecimento (WIENS apud NUNES, In:
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Essa sequncia pode ser subdividida em: entrevista inicial; - O entrevistador retoma os motivos da consulta, e a ma-
entrevistas subsequentes e entrevista de devoluo, caracte- neira como o processo de avaliao foi conduzido;
rizadas de forma diferente, e mostrando objetivos distintos
conforme o momento em que elas ocorram (GOLDER, 2000). - A devoluo inicia com os aspectos menos comprometi-
dos do paciente, ou seja, menos mobilizadores de ansiedade;
a) Entrevista Inicial
- Deve-se evitar o uso de jargo tcnico (expresses pr-
a primeira entrevista de um processo de psicodiagnsti- pria da cincia circulante entre os profissionais da rea, em
co. Semidirigida, durante a qual o sujeito fica livre para expor outras palavras gria profissional), e iniciar por sintoma liga-
seus problemas. Segundo Fiorini (1987), o empenho do tera- do diretamente queixa principal;
peuta nessa primeira entrevista pode ter uma influncia deci-
siva na continuidade ou no abandono do tratamento (p.63). - A entrevista de devoluo deve encerrar com a indicao
Pinheiro (2004) salienta que a mesma ocorre num certo con- teraputica.
texto de relao constantemente negociada. O termo negoci- V - DIFERENA ENTRE ENTREVISTA, CONSULTA E
ao se refere ao posicionamento definido como um proces- ANAMNESE
so discursivo, atravs do qual [...] so situados numa conver-
sao como participantes observveis, subjetivamente coe- A tcnica da entrevista procede do campo da medicina, e
rentes em linhas de histrias conjuntamente produzi- inclui procedimentos semelhantes que no devem ser con-
das(DAVIES & HARR apud PINHEIRO, 2004, p.186). fundidos e nem superpostos entrevista psicolgica. Consul-
ta no sinnimo de entrevista. A consulta consiste numa
Essa entrevista, geralmente, inicia-se com a chamada te- assistncia tcnica ou profissional que pode ser realizada ou
lefnica de um outro tcnico, encaminhando o entrevistado satisfeita, entre as mais diversas modalidades, atravs da
para a avaliao psicodiagnstica, ou com a chamada do entrevista. A entrevista no uma anamnese. Esta implica
prprio entrevistado. Tem como objetivos discutir expectati- numa compilao de dados preestabelecidos, que permitem
vas, clarear as metas do trabalho, e colher informaes sobre fazer uma sntese, seja da situao presente, ou da histria
o entrevistado, que no poderiam ser obtidas de outras fon- de doena e de sade do indivduo. Embora, se faa a anam-
tes. As primeiras impresses sobre o entrevistado, sua apa- nese com base na utilizao correta dos princpios que regem
rncia, comportamento durante a espera, so dados que a entrevista, porm, so bem diferenciadas nas suas funes.
sero analisados pelo entrevistador, e que podem facilitar o
processo de anlise do caso. Para Gilliron (1996), a primeira Na anamnese, o paciente o mediador entre sua vida,
entrevista deve permitir conhecer: sua enfermidade, e o mdico. Quando por razes estatsticas
ou para cumprir obrigaes regulamentares de uma institui-
- O modo de chagada do paciente consulta (por si mes- o, muitas vezes, ela feita pelo pessoal de apoio ou auxili-
mo, enviado por algum ou a conselho de algum, etc.); ar. A anamnese trabalha com a suposio de que o paciente
- O tipo de relao que o paciente procura estabelecer conhece sua vida e est, portanto, capacitado para fornecer
com o seu terapeuta; dados sobre a mesma. Enquanto que, a hiptese da entrevis-
ta de que cada ser humano tem organizado a histria de
- As queixas iniciais verbalizadas pelo paciente, em parti- sua vida, e um esquema de seu presente, e destes temos que
cular a maneira pela qual ele formula seu pedido de ajuda (ou deduzir o que ele no sabe. Ou seja, o que nos guia numa
sua ausncia de pedido). entrevista, do mesmo modo que em um tratamento, no a
fenomenologia reconhecvel, mas o ignorado, a surpre-
A partir dessas impresses e expectativas, entrevistador e sa(GOLDER, 2000, p.45). Nessa perspectiva, Bleger (1980)
entrevistado constroem mutuamente suas transferncias, compreende que, diferentemente da consulta e da anamnese,
contratransferncias, e resistncias que foram ativadas bem a entrevista psicolgica tenta o estudo e a utilizao do com-
antes de ocorrer o encontro propriamente dito. Um clima de portamento total do indivduo em todo o curso da relao
confiana proporcionado pelo entrevistador facilita que o en- estabelecida com o tcnico, durante o tempo que essa rela-
trevistando revele seus pensamentos e sentimentos sem o durar (p.12).
tanta defesa, portanto, com menos distores. No final dessa
entrevista devem ficar esclarecidos os seguintes pontos: hor- A entrevista psicolgica funciona como uma situao onde
rios, durao das sesses, honorrios, formas de pagamento se observa parte da vida do paciente. Mas, nesse contexto
(quando particular), condies para administrar instrumentos no consegue emergir a totalidade do repertrio de sua per-
de testagem e para as condies de consulta a terceiros. sonalidade, uma vez que no pode substituir, e nem excluir
outros procedimentos de investigao mais extensos e pro-
b) Entrevistas Subsequentes
fundos, a exemplo de um tratamento psicoterpico ou psica-
Aps a entrevista inicial, em que obtida uma primeira naltico, o qual demanda tempo, e favorece para que possa
impresso sobre a pessoa do paciente, esclarecimentos so- emergir determinados ncleos da personalidade. Este tipo de
bre os motivos da procura, e realizao do contrato de traba- assistncia, tambm no pode prescindir da entrevista. Esta
lho de psicodiagnstico, via de regra so necessrios mais que apresenta lacunas, dissociaes e contradies que
alguns encontros. O objetivo das entrevistas subsequentes levam alguns pesquisadores a consider-la um instrumento
a obteno de mais dados com riqueza de detalhes sobre a pouco confivel. Mas, com diz Bleger (1980), essas dissocia-
histria do entrevistado, tais como: fases do seu desenvolvi- es e contradies, so inerentes condio humana, e a
mento, escolaridade, relaes familiares, profissionais, sociais entrevista oferece condies para que as mesmas sejam
e outros. refletidas e trabalhadas.
c) Entrevista de Devoluo ou Devolutiva VI - TIPOS DE ENTREVISTA

No trmino do psicodiagnstico, o tcnico tem algo a dizer Segundo Gil (1999), as entrevistas podem ser classifica-
ao entrevistado em relao ao que fundamenta a indicao. das em: informal, focalizada, por pautas e estruturada.
Em 1991, Cunha, Freitas e Raymundo (apud NUNES, In: a) Entrevista Informal (livre ou no-estruturada) o tipo
CUNHA, 1993), elaboraram algumas recomendaes sobre a menos estruturado, e s se distingue da simples conversao
entrevista de devoluo: porque tem como objetivo bsico a coleta de dados. O que se
- Aps a interpretao dos dados, o entrevistador vai co- pretende a obteno de uma viso geral do problema pes-
municar-lhe em que consiste o psicodiagnstico, e indicar a quisado, bem como a identificao de alguns aspectos da
teraputica que julga mais adequada; personalidade do entrevistado;

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b) Entrevista Focalizada (semi-estruturada ou semidirigi- c) Antropolgico Abrange a relao ambiente-
da) to livre quanto a informal, todavia, enfoca um tema organismo na compreenso da comunicao. Qualquer dado
bem especfico. Permite ao entrevistado falar livremente so- ser considerado, mas, nem sempre, possvel dizer em que
bre o assunto, mas quando este se desvia do tema original o momento ele est e onde ser utilizado. Esse tipo de entrevis-
entrevistador deve se esforar para sua retomada; ta parece mais complexo, assim sendo, exige mais prtica do
entrevistador para analisar as informaes.
c) Entrevista por Pautas (semi-estruturada ou semidirigida)
Apresenta certo grau de estruturao, j que se guia por VIII - TCNICAS DE ENTREVISTA
uma relao de pontos de interesses que o entrevistador vai
explorando ao longo do seu curso. As pautas devem ser or- Um dos aspectos essenciais da entrevista est na investi-
denadas e guardar certa relao entre si. O entrevistador faz gao que se realiza durante o seu transcurso. As observa-
poucas perguntas diretas e deixa o entrevistado falar livre- es so registradas em funo das hipteses que o entrevis-
mente medida que se refere s pautas assimiladas. Quando tado emite. O entrevistador ordena na seguinte disposio:
este, por ventura, se afasta, o entrevistador intervm de ma- observao, hiptese e verificao. Uma boa observao
neira sutil, para preservar a espontaneidade da entrevista; consiste, de algum modo, em formular hipteses que vo
sendo reformuladas durante a entrevista em funo das ob-
d) Entrevista Estruturada (fechada) Desenvolve-se a servaes subsequentes. No entender de Bleger (1980), o
partir de uma relao fixa de perguntas, cuja ordem e redao trabalho do psiclogo somente adquire real envergadura e
permanecem invarivel para todos os entrevistados, que transcendncia quando coincidem a investigao e a tarefa
geralmente so em grande nmero. Por possibilitar o trata- profissional, porque estas so as unidades de uma prxis que
mento quantitativo dos dados, este tipo de entrevista torna-se resguarda a tarefa mais humana: compreender e ajudar os
o mais adequado para o desenvolvimento de levantamentos outros. Assim, indagao e atuao, teoria e prtica, devem
sociais. ser manejadas como momentos e aspectos inseparveis do
mesmo processo.
VII A ENTREVISTA QUANTO AO SEU REFERENCIAL
TERICO 8.1) Segundo Bleger (1980), a entrevista se diferencia de
acordo com o beneficirio do resultado:
O processo de entrevista orientado por seu referencial
terico. Aqui sero vistas, em sntese, algumas das perspecti- - A entrevista que se realiza em benefcio do entrevistado,
vas: a exemplo da consulta psicolgica ou psiquitrica;
a) Perspectiva Psicanaltica Tem como base os pressu- - A entrevista cujo objetivo a pesquisa, valorizando, ape-
postos dos contedos inconscientes. O entrevistador busca nas, o resultado cientfico da mesma;
avaliar a motivao inconsciente, o funcionamento psquico e
a organizao da personalidade do entrevistado. A entrevista - A entrevista que se realiza para terceiro, neste caso, a
orientada para a psicodinmica da estrutura intrapsquica ou servio de uma instituio.
das relaes objetais1 e funcionamento interpessoal; Com exceo do primeiro tipo de entrevista, os demais
b) Perspectiva Existencial-humanista No procura for- exigem do entrevistador que desperte interesse ou motive a
mular um diagnstico, e sim, verificar se o interesse do indiv- participao do entrevistado.
duo est auto-realizado ou no. Aqui no existe uma tcnica 8.2) Segundo Gil (1999), as entrevistas podem se d em
especfica de entrevista, estas so consideradas pelos exis- duas modalidades: Face a face e por Telefone. A entrevista
tencialistas como manipulao. O entrevistador reflete o que tradicional tem sido realizada face a face. No entanto, nas
ouve, pergunta com cuidado, e tenta reconhecer os sentimen- ltimas dcadas vem sendo desenvolvida a entrevista por
tos do entrevistado; telefone.
c) Perspectiva Fenomenolgica Estuda a influncia dos - Principais vantagens da entrevista por telefone, em rela-
pressupostos e dos preconceitos sobre a mente, e que os o entrevista pessoal: custos mais baixos; facilidade na
acionam ao estruturar a experincia e atribuir-lhe um signifi- seleo da amostra; rapidez; maior aceitao dos moradores
cado. Alm de uma atitude aberta e receptiva, necessrio das grandes cidades, que temem abrir suas portas para es-
que o entrevistador atue como observador participante, e que, tranhos; facilidade de agendar o momento mais apropriado
assim, seja capaz de avaliar criticamente, atravs de sua para a realizao da entrevista;
experincia clnica e conhecimento terico, o que est ocor-
rendo na entrevista. - Limitaes da entrevista por telefone: interrupo da en-
trevista pelo entrevistado; menor quantidade de informaes;
VII A ENTREVISTA QUANTO AO SEU MTODO impossibilidade de descrever as caractersticas do entrevista-
Segundo Ribeiro (1988), a realizao da entrevista psico- do ou as circunstncias em que se realizou a entrevista; par-
lgica segue diferentes enfoques: cela significativa da populao que no dispe de telefone ou
no tem seu nome na lista.
a) Psicomtrico O entrevistador faz uso constante de
8.3) Segundo Erickson (apud SCHEEFFER, 1977), al-
uma srie de instrumentos: testes, pesquisas, controle esta-
tstico, etc., predeterminados, enquanto dispositivos para a gumas recomendaes devem ser aplicveis ao processo de
aquisio de conhecimentos sobre o entrevistado. Nessa entrevista psicolgica:
situao, dificilmente o entrevistador conseguir aprofundar a - O entrevistador deve ter o cuidado para no transformar
relao, o encontro permanece mais em nvel formal e infor- a entrevista numa conversa social. Como posso ajud-lo?,
mativo do que espontneo, criativo e transformador. Isto no uma boa maneira de se iniciar uma entrevista;
quer dizer que seja menos vlida ou mais superficial;
- O entrevistador no deve completar as frases do entre-
b) Psicodinmico A relao poder ser mais aprofun- vistado. Devem-se evitar perguntas que induzam respostas
dada devido ao fato do entrevistador contar com maior dispo- do tipo sim ou no. No interromper o fluxo do pensamento
nibilidade de tempo para questionar o entrevistado, e conduzir do entrevistado, a no ser que ele se perca em ideias que
a situao de maneira menos estruturada. Sua ateno no fogem dos tpicos da entrevista;
est no aqui e no agora, ela atende a uma dinmica de cau-
sa-efeito na qual submensagens podero dificultar a comuni- - A atitude do entrevistador deve ser de aceitao comple-
cao; ta das vivncias do entrevistado. No deve haver discusso
de pontos de vista;

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- As pausas e silncios so, quase sempre, embaraosos querer triunfar e nem se impor perante o mesmo. Compete
para o entrevistador. Nesses momentos, possivelmente, o ao entrevistador averiguar como essas atitudes funcionam e
entrevistado est revivendo experincias que no consegue como o afetam. O grau de represso do entrevistado, de um
expressar verbalmente. Quando as pausas forem longas, o certo modo, tem uma relao direta com o nvel de represso
entrevistador poder retomar um tpico anterior que estava do entrevistador.
sendo discutido;
Necessariamente, o entrevistado que fala muito no traz
- O tempo de entrevista deve ser marcado, e o entrevista- tona aspectos relevantes das suas dificuldades. A linguagem
do ser comunicado de quanto tempo dispe. Se necessrio, que um meio de transmitir informao, mas poder ser
marca-se outra (s) entrevista (s). Deve-se limitar o nmero de tambm uma maneira poderosa de se evitar uma verdadeira
assuntos em cada sesso para no confundir o entrevistado; comunicao (BLEGER, 1980). Nem sempre, uma carga
emocional intensa significa uma evoluo no processo. O
- necessrio trocar o pronome pessoal eu, pelo uso de silncio uma expresso no-verbal que muitas vezes comu-
expresses2 mais vagas, tais como: parece que ...; parece nica bem mais que as palavras. O silncio , geralmente, o
melhor ...; etc.; fantasma do entrevistador iniciante. Ele pode ser tambm
- Recomenda-se fazer o resumo do que fora discutido em uma tentativa de encobrir a faceta de um momento o qual o
cada final de entrevista. E que o entrevistador faa uma snte- sujeito no consegue enfrentar. Castilho (1995) cita uma srie
se para o entrevistado do que foi abordado na sesso; de tipos de silncio que so comuns nas dinmicas de grupo,
mas que tambm ocorrem, com bastante frequncia, no pro-
- O trmino da entrevista no deve transformar-se numa cesso de entrevista, etc. Para ilustrar foram destacados al-
conversa social, sem nenhuma relao com os problemas guns tipos de silncio:
discutidos. Isto pode prejudicar o resultado da entrevista.
- Silncio de Tenso a expresso da ansiedade. Fa-
8.4) Segundo Foddy (2002), aconselhvel o investiga- cilmente observado atravs da postura corporal tensa ou
dor ou entrevistador: inquieta do entrevistado, da sua respirao ofegante, do tam-
- Adotar uma atitude comum e casual. Ex. Por acaso voc borilar dos dedos, etc.;
...; - Silncio de Medo Deixa o entrevistado petrificado, na
- Empregar a tcnica Kinsey de olhar os inquiridos bem sua tentativa de fugir de uma situao psicologicamente ame-
nos olhos, e colocar a pergunta sem rodeios de modo a que aadora. Esse silncio suscita muita tenso e, como conse-
eles tenham dificuldade em mentir; quncia, forte descarga psicossomtica;

- Adotar uma aproximao indireta de modo a que os in- - Silncio de Reflexo Surge normalmente aps a in-
quiridos forneam a informao desejada sem terem consci- terveno do entrevistador, ou logo aps um feedback, ou
ncia disso, a exemplo das tcnicas projetivas; mesmo depois do entrevistador ter passado por algum tipo de
vivncia. Nele, observa-se a ausncia de tenso, h um reco-
- Colocar as perguntas perturbadoras na parte final do lhimento introspectivo de elaborao mental;
questionrio ou da entrevista de modo a que as respostas no
sofram qualquer consequncia desse efeito. - Silncio de Desinteresse O indivduo perde o foco da
ateno, camufla resistncia, se desinteressa pela situao
8.5) Segundo Gilliron (1996), pode-se estudar os com- externa porque interiormente ela o atinge.
portamentos do paciente praticamente em relao a dois
eixos: 9.1) A Ansiedade na Entrevista

- A anamnese do sujeito que permite a observao dos A ansiedade parte da existncia humana, todas as pes-
comportamentos repetitivos que do uma ideia exata da sua soas a sentem em grau variado, por vezes consiste em uma
personalidade: trata-se do ponto de vista histrico; resposta adaptativa do organismo (SIERRA, 2003). Para Bion
(apud ALMEIDA & WETZEL, 2001), se duas pessoas esto
- A observao do comportamento do paciente quando da numa sala de anlise sem angstia, no est havendo anlise
primeira entrevista tambm fornece indicaes muito precisas (p.272). Calligaris (apud GOLDER, 2000), percebe que em
sobre a organizao da sua personalidade. todo encontro, o outro est imediatamente implicado enquan-
to semelhante imaginrio, o que se busca primeiro uma
IX DINMICA DA ENTREVISTA
tela, uma espcie de cumplicidade que supe um sentido
O entrevistador, no seu papel de tcnico, no deve expor comum ao que estamos dizendo(p.151). Desse modo, a ansi-
suas reaes e nem sua histria de vida. No deve permitir edade um indicativo do desenvolvimento de uma entrevista,
em ser considerado como um amigo pelo entrevistado e, nem e deve ser controlada pelo entrevistador, a sua prpria, e a
entrar em relao comercial, de amizade ou de qualquer outro que aparece no entrevistado.
benefcio que no seja o pagamento dos seus honorrios.
Durante a situao de entrevista, tanto ansiedade quan-
Para Gilliron (1996), a investigao repousar:
do os mecanismos de defesa do entrevistado podem aumen-
- Na anlise do comportamento do paciente com relao tar, no somente devido a esse novo contexto externo que ele
ao enquadre; enfrenta, mas tambm devido ao perigo, em potencial, daquilo
que desconhece em sua personalidade. O contato direto com
- Num modelo preciso suscetvel de evidenciar a dinmica seres humanos, coloca o tcnico diante da sua prpria vida,
relacional que se estabelece entre o paciente e o terapeuta; sade ou doena, conflitos e frustraes. Considerando que o
modelo de apoio objetal. entrevistador um agente ativo na investigao, sua ansie-
O entrevistado deve ser recebido com cordialidade, e no dade torna-se um dos fatores mais difceis de lidar. Em sua
de forma efusiva. Diante de informaes prvias fornecidas tarefa, o psiclogo pode oscilar facilmente entre a ansiedade
por outra pessoa, se deixa claro que essas no sero manti- e o bloqueio, sem que isto o perturbe, desde que possa resol-
das em reserva. Em funo de no abalar a confiana do ver na medida em que surja.
entrevistado, estas lhe sero comunicadas. A reao contra- Toda investigao implica a presena de ansiedade frente
transferencial deve ser encarada com um dado de anlise da ao desconhecido, e o investigador deve ter a capacidade para
entrevista, no se deve atuar diante da rejeio, inveja ou toler-la, assim, poder manter o controle da situao. H
qualquer outro sentimento do entrevistado. As atitudes deste casos em que o investigador, devido aos seus bloqueios e
no devem ser domadas ou subjugadas, no se trata de limitaes, se v oprimido pela ansiedade, e recorre a meca-

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nismos de defesa para se sentir seguro, e assim, elimina a Nessa perspectiva, Gilliron (1996) diz que todo paciente
possibilidade de uma investigao eficaz, uma vez que con- procura obter alguma coisa do terapeuta. Ele no busca ape-
duz a entrevista de maneira estereotipada. Um outro proble- nas a cura de um sintoma, mas tambm certa qualidade de
ma frequente diz respeito a uma certa compulso do entrevis- relao (p.14). O entrevistado revela aspectos irracionais ou
tador focalizar seu interesse ou encontrar perturbaes exa- imaturos de sua personalidade, seu grau de dependncia, sua
tamente na esfera que ele nega os seus prprios conflitos. onipotncia e seu pensamento mgico. As transferncias
negativas e positivas podem coexistir num mesmo processo,
A manipulao tcnica, de toda ansiedade, deve ser reali- embora, quase sempre com predomnio relativo, estvel ou
zada com referncia a personalidade do entrevistado, e o alterado, de uma delas. Segundo Sang (2001), a situao
nvel de timing (sincronizao e ajustamento) que se tenha
analtica e no a sua pessoa o que levou a paciente a se
estabelecido na relao. Toda interpretao fora desse con- apaixonar por ele, isto , que o amor de transferncia es-
texto implica em agresso ao paciente ou entrevistado. Cabe sencialmente impessoal. [...] o analista no deve nem reprimir
ao psiclogo saber calar, na proporo inversa da sua vonta- nem satisfazer as pretenses amorosas da paciente. Deve
de compulsiva de interferir. Nessa tica, Almeida & Wetzel sim, trat-las como algo irreal (pp.319-20). No que confir-
(2001, p.271) dizem que a interpretao algumas vezes vem mado por Yalom (2006), quando diz que os sentimentos que
de um desejo de interveno com a finalidade de eliminar surgem na situao teraputica geralmente pertencem mais
angstias (perda de continncia), instados pela situao e ao papel que pessoa, um equvoco tomar a adorao
autorizados pelo setting (grifo dos autores). transferencial como um sinal de sua atratividade ou charme
Segundo Piaget (apud GIL, 1999), o bom entrevistador pessoal irresistvel (p.175).
deve reunir duas qualidades: saber observar (no desviar b) Contratransferncia
nada, no esgotar nada); saber buscar (algo de preciso, ter a
cada instante uma hiptese de trabalho, uma teoria, verdadei- Na contratransferncia emerge do entrevistador reaes
ra ou falsa, para controlar) (grifo do autor). Douglas (apud que se originam do campo psicolgico em que se estrutura a
FODDY, 2002) corrobora com essa ideia quando afirma que entrevista. Porm, se constitui, quando bem conduzida, num
entrevistar criativamente ter determinao atendendo ao indcio de grande significao e valor para orientar o entrevis-
contexto, em vez de negar, ou no conseguir compreender. O tador no estudo que realiza. Seu manejo requer preparao,
que se passa numa situao de entrevista determinado pelo experincia e um alto grau de equilbrio mental, para que
processo de perguntas e respostas, a entrevista criativa agar- possa ser utilizada com validade e eficincia. Na contratrans-
ra o imediato, a situao concreta, tenta perceber de que ferncia, salienta Gilliron (1996), as emoes vividas pelo
modo esta afetao vai sendo comunicada e, ao compreender analista so consideradas reativas s do paciente, vinculan-
esses efeitos, modifica a recepo do entrevistador, aumen- do-se, portanto, ao passado deste ltimo, e no dizendo res-
tando, assim, a descoberta das verdades3. peito diretamente pessoa do analista.
Manfredi (apud ZASLAVSKY & SANTOS, 2005, p.296), dis-
9.2) Transferncia e Contratransferncia
tingue cinco tendncias de abordagens desta questo:
a) Transferncia 1 - A contratransferncia no mais considerada como
Freud (1914-1969) entende que a transferncia (...) uma criao unicamente do paciente, por ignorar a transfe-
apenas um fragmento da repetio e que a repetio uma rncia do analista;
transferncia do passado esquecido (...) para todos os aspec- 2 - problemtico diferenciar a contratransferncia normal
tos da situao atual (p.166). A transferncia designada da patolgica (os dados disposio do analista no permi-
pela psicanlise como um processo atravs do qual os dese- tem, quase sempre, uma diferenciao);
jos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos,
num certo tipo de relao estabelecida, eminentemente, no 3 - A tolerncia contratransferncia j seria suficiente,
quadro da relao analtica. A repetio de prottipos infantis dada, aqui, a dificuldade da diferenciao dos sentimentos
vividos com um sentimento de atualidade acentuada. Classi- envolvidos na dupla;
camente a transferncia reconhecida como o terreno em
que se d a problemtica de um tratamento psicanaltico, pois 4 - Devia-se, mais sbia e humildemente, fazer tambm a
so a sua instalao, as suas modalidades, a sua interpreta- rota inversa: procurar no paciente, e no s procurar no ana-
o e a sua resoluo que as caracteriza (LAPLANCHE & lista;
PONTALIS, 2004). 5 - A questo do confessar ou no, ou confessar/revelar
A transferncia e a contratransferncia so fenmenos at quando/quanto, os sentimentos contratransferenciais
que esto presentes em toda relao interpessoal, inclusive despertados.
na entrevista. Na transferncia o entrevistado atribui papis X CONSIDERAES FINAIS
ao entrevistador, e se comporta em funo dos mesmos,
transfere situaes e modelos para a realidade presente e Para que o instrumento Entrevista Psicolgica, de fato, se
desconhecida, e tende configurar esta ltima como situao efetive como auxiliar no trabalho do psiclogo, no o bas-
j conhecida, repetitiva. No entender de Gori (2002), repetin- tante a sua compreenso ou domnio terico e tcnico que
do transferencialmente, evoca-se a lembrana e somente fundamenta e norteia sua prtica, mas tambm de experin-
por meio da lembrana que temos acesso histria [...] Por cias que so adquiridas em rollyplays atravs de estgio,
meio da transferncia forjado num lugar intermedirio entre superviso; laboratrio ou oficinas de sensibilidade. preciso
a vida real e um ensaio de vida, para que o drama humano desenvolver a sensibilidade para entrevistar, aprender ser
possa ter um desfecho (p.78). emptico, saber lidar com a prpria subjetividade e com a
subjetividade do outro (entrevistando), facilitando assim que
A articulao do conceito de momento sensvel(grifo da seu universo, um tanto livre das ameaas, se descortine. O
autora) passa pelo posicionamento do terapeuta. Esse ins- entrevistador precisa adquirir habilidade da dissociao
tante preciso determina os mecanismos que instalam a trans- instrumental, e ser capaz de adentrar esse universo, sem
ferncia. Com efeito, o momento em que uma relao de juzo de valor, sem preconceito, para que assim possa estar
trabalho se torna possvel. A abertura ao outro, a espera de com o Outro, conhecer, no temer, se perder e se achar e,
ajuda vinda do exterior forte e expe o paciente tanto ao finalmente, voltar realidade do contexto. E agora, de posse
melhor quanto ao pior dessa interao (GOLDER, 2000). de sua bagagem tcnica tecer suas observaes, pondera-
es e consideraes, de modo axiomtico, considerado que
a utpica da neutralidade sempre dever ser perseguida. Os

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princpios ticos sero avivados em cada encontro, e nenhum
instrumento poder adquirir uma aura de prevalncia sobre a O psiclogo, na elaborao de seus documentos, dever
pessoa do entrevistado, que mais importante e assim deve adotar como princpios norteadores as tcnicas da linguagem
ser respeitado. O que no significa ser meloso, por demais escrita e os princpios ticos, tcnicos e cientficos da profis-
solicito, muito menos autoritrio. O entrevistador deve habili- so.
tar-se em se inscrever na virtualidade da distncia e proximi-
dades timas que o trabalho possa fluir. Ser a pessoa na 1 PRINCPIOS TCNICOS DA LINGUAGEM ESCRITA
figura do profissional imbudo da inteno singular de realizar
uma atividade sem perder sua essncia humana. Nesse in- O documento deve, na expresso escrita, apresentar uma
vestida, fundamental que o profissional se conhea, e que redao bem estruturada e definida, ou seja, expressar o
faa de rotineiras as reflexes sobre suas atitudes, postura e pensamento, o que se quer comunicar. Deve ter uma ordena-
comportamento, bem como de que tenha tambm flexibilidade o que possibilite a compreenso por quem o l, o que
em reformul-los, quando a necessidade aponte. Muito do fornecido pela estrutura, composio de pargrafos ou frases,
trabalho do psiclogo certamente vem em consequncia do alm da correo gramatical.
auto mergulho que lhe dar a base na qual se apiam sua
atuao e interveno com toda transparncia. O emprego de expresses ou termos deve ser compatvel
com as expresses prprias da linguagem profissional, garan-
NOTAS
tindo a preciso da comunicao e evitando a diversidade de
1 - Expresso usada na psicanlise para designar o modo significaes da linguagem popular.
de relao do sujeito com seu mundo, relao que resultado
complexo e total de uma determinada organizao da perso- A comunicao deve ainda apresentar como qualidades a
nalidade, de uma apreenso mais ou menos fantasstica dos clareza, a conciso e a harmonia. A clareza se traduz, na
objetos e de certos tipos de defesa (LAPLANCHE & PONTA- estrutura frasal, pela sequncia ou ordenamento adequado
LIS, 2004). dos contedos, pela explicitao da natureza e funo de
cada parte na construo do todo. A conciso se verifica no
2 - Yalom (2006), diz que os terapeutas tm jeitinhos ardi- emprego da linguagem adequada, da palavra exata e neces-
losos, e se pergunta o que os terapeutas fariam sem recorrer sria. Essa economia verbal requer do psiclogo a ateno
ao recurso do eu me pergunto? Eu me pergunto o que o para o equilbrio que evite uma redao lacnica ou o exagero
impede de agir em relao a uma deciso que parece que de uma redao prolixa. Finalmente, a harmonia se traduz na
voc j tomou. correlao adequada das frases, no aspecto sonoro e na
3 - Para Nietzsche, No existe verdade, s existe inter- ausncia de cacofonias.
pretao (apud YALOM, 2006).
2 PRINCPIOS TICOS E TCNICOS

RELATRIOS E LAUDOS PERICIAIS PSICOLGICOS. 2.1.Princpios ticos

MANUAL DE ELABORAO DE DOCUMENTOS DECOR- Na elaborao de DOCUMENTO, o psiclogo basear su-


RENTES DE AVALIAES PSICOLGICAS as informaes na observncia dos princpios e dispositivos
do Cdigo de tica Profissional do Psiclogo. Enfatizamos
Consideraes Iniciais aqui os cuidados em relao: aos deveres do psiclogo nas
suas relaes com a pessoa atendida, ao sigilo profissional,
A avaliao psicolgica entendida como o processo ci- s relaes com a justia e ao alcance das informaes -
entfico de coleta de dados, estudos e interpretao de infor- identificando riscos e compromissos em relao utilizao
maes a respeito dos fenmenos psicolgicos, que so das informaes presentes nos documentos em sua dimen-
resultantes da relao do indivduo com a sociedade, utilizan- so de relaes de poder.
do-se, para tanto, de estratgias psicolgicas mtodos,
tcnicas e instrumentos. Os resultados das avaliaes devem 2.2. Princpios Tcnicos
identificar os condicionantes sociais e seus efeitos no psi-
quismo, com a finalidade de serem instrumentos para atuar O processo de avaliao psicolgica deve considerar
no somente sobre o indivduo, mas na modificao desses que os objetos deste procedimento (as questes de ordem
condicionantes sociais. psicolgica) tm determinaes histricas, sociais, econmi-
cas e polticas, sendo as mesmas elementos constitutivos no
O presente Manual tem como objetivos orientar o profissi- processo de subjetivao. O DOCUMENTO, portanto, deve
onal psiclogo na confeco de documentos decorrentes das considerar a natureza dinmica, no definitiva e no cristali-
avaliaes psicolgicas e fornecer os subsdios ticos e tcni- zada do seu objeto de estudo.
cos necessrios para a elaborao qualificada da comunica-
o escrita. Os psiclogos, ao produzirem documentos escritos, de-
vem se basear exclusivamente nos instrumentais tcnicos
As modalidades de documentos aqui apresentadas foram (entrevistas, testes, observaes, dinmicas de grupo, escuta,
sugeridas durante o I FRUM NACIONAL DE AVALIAO PSICOL- intervenes verbais etc.) que se configuram como mtodos e
GICA, ocorrido em dezembro de 2000. tcnicas psicolgicas para a coleta de dados, estudos e inter-
pretaes de informaes a respeito da pessoa ou grupo
Este Manual compreende os seguintes itens: atendidos, bem como sobre outros materiais e documentos
produzidos anteriormente e pertinentes matria em questo.
I. Princpios Norteadores da elaborao documental;
II. Modalidades de documentos; A linguagem nos documentos deve ser rigorosa, precisa,
III Conceito e Finalidade / Estrutura; clara e inteligvel.
IV Validade dos Documentos;
V Guarda dos Documentos. II - MODALIDADES DE DOCUMENTOS

I - PRINCPIOS NORTEADORES NA ELABORAO DE 1. Declarao


DOCUMENTOS 2. Atestado Psicolgico

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3. Relatrio Psicolgico fato constatado. Embora seja um documento simples, deve
4. Laudo Psicolgico cumprir algumas formalidades:
5. Parecer Psicolgico
a) Ser emitido em papel timbrado ou apresen-
III - CONCEITO / FINALIDADE / ESTRUTURA tar na subscrio do documento o carimbo, em que conste
seu nome e sobrenome acrescido de sua inscrio profissio-
1 DECLARAO nal (Nome do Psiclogo / N. da inscrio).

1.1. Conceito e finalidade da Declarao b) O Atestado deve expor:


- Registro do nome e sobrenome do cliente;
um documento que visa a informar a ocorrncia de fatos ou - Finalidade do documento;
situaes objetivas relacionados ao atendimento psicolgico, - Registro da informao pelo sintoma, situa-
com a finalidade de: o ou estado psicolgico que jus-tifica o atendimento, afas-
tamento ou falta podendo registrar sob o indicativo do cdi-
a) Declarar comparecimentos do atendido; go da Classificao Internacional de Doenas (CID);
b) Declarar o acompanhamento psicolgico do atendido; - Registro do local e data da expedio do
c) Informaes diversas sobre o enquadre do atendimento Atestado;
(tempo de acompanha- - Registro do nome completo do psiclogo,
mento, dias ou horrios); sua inscrio no CRP, e/ou carimbo com as mesmas informa-
es;
No deve ser feito o registro de sintomas, situa- - Assinatura do psiclogo acima da identifica-
es ou estados psicolgicos. o do psiclogo ou do carimbo.

1.2. Estrutura da Declarao Se a finalidade do Atestado for solicitar afastamento ou


dispensa, o registro da informao/pedido dever estar justifi-
a) Ser emitido em papel timbrado ou apresentar cado pelo sintoma, situao ou estado psicolgico.
na subscrio do documento o carim-bo, em que conste nome
e sobrenome do psiclogo acrescido de sua inscrio profis- Os registros devero estar transcritos de forma corrida, ou
sional (Nome do Psiclogo / N. da inscrio). seja, separados apenas pela pontuao, sem pargrafos,
evitando, com isso, riscos de adulteraes. No caso em que
b) A Declarao deve expor: seja necessria a utilizao de pargrafos, o psiclogo dever
- Registro do nome e sobrenome do solicitante; preencher esses espaos com traos.
- Finalidade do documento (por exemplo, para fins de com-
provao);
- Registro de informaes solicitadas em relao ao atendi- 3 RELATRIO PSICOLGICO
mento (por exemplo: se faz acompanhamento psicolgico, em
quais dias, qual horrio);
- Registro do local e data da expedio da Declarao; 3.1. Conceito e finalidade do Relatrio Psicolgico
- Registro do nome completo do psiclogo, sua inscrio no
CRP, e/ou carimbo com as mesmas informaes. O Relatrio Psicolgico uma apresentao
descritiva e/ou interpretativa acerca de situaes ou estados
Assinatura do psiclogo acima da identificao do psicolgicos e suas determinaes histricas, sociais, polti-
psiclogo ou do carimbo. cas e culturais, pesquisadas no processo de Avaliao Psico-
lgica. Como todo DOCUMENTO, deve ser subsidiado em
dados colhidos e analisados luz de um instrumental tcnico
2 ATESTADO PSICOLGICO (entrevistas, dinmicas, testes psicolgicos, observao,
escuta, interveno verbal etc.), consubstanciado em referen-
2.1. Conceito e Finalidade do Atestado cial tcnico-filosfico e cientfico, adotado pelo psiclogo.

um documento expedido pelo psiclogo que A finalidade do Relatrio Psicolgico ser sempre a
certifica uma determinada situao ou estado psicolgico, de apresentar resultados e concluses da avaliao psicol-
tendo como finalidade: gica. Entretanto, em funo da petio ou da solicitao do
interessado, o Relatrio Psicolgico poder destinar-se a
a) Afirmar como testemunha, por escrito, a informao finalidades diversas, como: encaminhamento, interveno,
ou estado psicolgico diagnstico, prognstico, parecer, orientao, solicitao de
de quem, por requerimento, o solicita, aos fins expressos por acompanhamento psicolgico, prorrogao de prazo para
este; acompanhamento psicolgico etc. Enfim, a solicitao do
requerente que ir apontar o objetivo ltimo do Relatrio
b) Justificar faltas e/ou impedimentos do solicitante, ates- Psicolgico.
tando-os como decor-
rentes do estado psicolgico informado; 3.2. Estrutura

c) Solicitar afastamento e/ou dispensa do solicitante, Independentemente das finalidades a que se destina, o
subsidiado na afirmao Relatrio Psicolgico uma pea de natureza e valor cientfi-
atestada do fato, em acordo com o disposto na Resoluo cos, devendo conter narrativa detalhada e didtica, com cla-
CFP n 015/96. reza, preciso e harmonia, tornando-se acessvel e compre-
ensvel ao destinatrio.
2.2. Estrutura do Atestado
Os termos tcnicos devem, portanto, estar acom-
A formulao do Atestado deve restringir-se informa- panhados das explicaes e/ou conceituao retiradas dos
o solicitada pelo requerente, contendo expressamente o fundamentos terico-filosficos que os sustentam.

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Independentemente tambm, da finalidade a
que se destina, o Relatrio Psicolgico deve conter, no mni- a parte final, conclusiva, do Relatrio Psicol-
mo, 3 (trs) etapas: introduo, descrio e concluso, alm gico. Nela, o psiclogo vai espelhar e dar nfase s evidn-
do cabealho. cias encontradas na anlise dos dados a partir das refern-
cias adotadas, que subsidiaram o resultado a que o psiclogo
1. Cabealho chegou, sustentando assim a finalidade a que se props.
2. Introduo ou Histrico Escrita logo aps a descrio, o psiclogo deve expor o resul-
3. Descrio ou Desenvolvimento tado e/ou consideraes. Aps a narrao conclusiva, o Rela-
4. Concluso trio Psicolgico encerrado, com indicao do local, data de
emisso e assinatura do psiclogo.
3.2.1. Cabealho

a parte superior da primeira parte do Relatrio Psicol- 4 LAUDO PSICOLGICO OU PERICIAL


gico com a finalidade de identificar:
O autor/relator quem elabora o Relatrio Psico-
lgico; 4.1. Conceito e finalidade do Laudo Psicolgico ou
O interessado quem solicita o Relatrio Psico- Pericial
lgico;
O assunto/finalidade qual a razo/finalidade do
Relatrio Psicolgico. A palavra laudo originria do idioma latino, do genitivo
laud-is e significa originalmente mrito, valor, glria. um
No identificador AUTOR/RELATOR, dever ser documento conciso, minucioso e abrangente, que busca rela-
colocado o(s) nome(s) do(s) psiclogo(s) que realizar(o) a tar, analisar e integrar os dados colhidos no processo de
avaliao, com a(s) respectiva(s) inscrio(es) no Conselho avaliao psicolgica tendo como objetivo apresentar diag-
Regional. nstico e/ou prognstico, para subsidiar aes, decises ou
No identificador INTERESSADO, o psiclogo encaminhamentos. Portanto, diferencia-se do Relatrio Psico-
indicar o nome do autor do pedido (se a solicitao foi da lgico por ter como objetivo subsidiar uma tomada de deci-
Justia, se foi de empresas, entidades ou do cliente). so, por realizar uma extensa pesquisa cujas observaes e
No identificador ASSUNTO, o psiclogo indicar dados colhidos devero ser relacionados s questes e situa-
a razo, o motivo do pedido (se para acompanhamento psico- es levantadas pela deciso a ser tomada.
lgico, prorrogao de prazo para acompanhamento ou ou-
tras razes pertinentes a uma avaliao psicolgica). 4.2. Estrutura

3.2.2. Introduo ou Histrico Na sua estrutura bsica, o laudo psicolgico


contm os seguintes itens:
Alguns psiclogos, em seus Relatrios, intitulam
essa primeira parte como HISTRICO. Ela destinada 1. Identificao
narrao histrica e sucinta dos fatos que produziram o pedi- 2. Descrio da demanda
do do Relatrio Psicolgico. Inicia-se com as razes do pedi- 3. Mtodos e tcnicas utilizadas
do, seguida da descrio do processo ou procedimentos utili- 4. Concluso
zados para coletar as informaes, contextualizando fatos e
pessoas neles envolvidos e a metodologia empregada, possi- 4.2.1. Identificao
bilitando assim, para quem l, a compreenso do ocorrido, o
que se est analisando, solicitando e/ou questionando. Refere-se descrio dos dados bsicos do
Portanto, a introduo tratar da narrao: avaliado, como nome, data de nascimento, idade, escolarida-
a) dos fatos motivadores do pedido; de, filiao, profisso etc.
b) dos procedimentos e instrumentos utilizados na coleta
de dados (nmero de en- 4.2.2. Descrio da demanda
contros, pessoas ouvidas, instrumentos utilizados), luz do
referencial terico-filosfico que os embasa. Nesse item, o psiclogo apresenta as informa-
es referentes a motivos, queixas ou problemticas apresen-
3.2.3. Descrio ou Desenvolvimento tadas, esclarecendo quais aes, decises ou encaminha-
mentos o Laudo dever subsidiar.
a parte do Relatrio na qual o psiclogo faz uma exposio
descritiva de forma metdica, objetiva e fiel dos dados colhi- 4.2.3. Mtodos e tcnicas utilizadas
dos e das situaes vividas. Nessa exposio, deve respeitar
a fundamentao terica que sustenta o instrumental tcnico Refere-se descrio dos recursos utilizados e
utilizado, bem como princpios ticos, como as questes rela- dos resultados obtidos.
tivas ao sigilo das informaes. Somente deve ser relatado o
que for necessrio para o esclarecimento do encaminhamen- 4.2.4. Concluso
to, como disposto no pargrafo 2o. do Artigo 23 do Cdigo de
tica Profissional. Destina-se a apresentar uma sntese do diagnsti-
co e/ou prognstico da avaliao realizada e/ou encaminha-
O psiclogo, ainda nessa parte, poder se valer de citaes mentos, necessariamente relacionados demanda.
ou transcries, visando a reforar as concluses de sua
anlise. No deve fazer afirmaes sem sustentao em fatos
e/ou teorias, devendo ter linguagem precisa, especialmente 5 PARECER
quando se referir a dados de natureza subjetiva, expressan-
do-se de maneira clara e exata.
5.1. Conceito e finalidade do Parecer

3.2.4. Concluso

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O Parecer uma manifestao tcnica fundamen- No havendo definio legal, o psiclogo, onde for poss-
tada e resumida sobre uma questo focal do campo psicol- vel, indicar o prazo de validade em funo das caractersti-
gico cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo. cas avaliadas, das informaes obtidas e dos objetivos da
avaliao.
O Parecer tem como finalidade apresentar resposta escla- Quando no for possvel a indicao do prazo,
recedora, no campo do conhecimento psicolgico, atravs de informar o carter situacional e temporal dos dados de uma
uma avaliao tcnica especializada, de uma questo- avaliao psicolgica.
problema, visando a dirimir dvidas que esto interferindo na
deciso, sendo, portanto, uma resposta a uma consulta, que Ao definir o prazo, o psiclogo deve dispor dos fundamen-
exige de quem responde competncia no assunto. tos para a indicao, devendo apresent-los sempre que
solicitado.
5.2. Estrutura

O psiclogo nomeado perito deve fazer a anlise do pro- VI - GUARDA DOS DOCUMENTOS E CONDIES DE
blema apresentado, destacar os aspectos relevantes e opinar GUARDA
a respeito, considerando os quesitos apontados e com fun-
damento em referencial terico cientfico. Os documentos escritos decorrentes de avaliao psicol-
gica, bem como todo o material que os fundamentou, devero
Deve-se rubricar todas as folhas dos documentos. Haven- ser guardados pelo prazo mnimo de 5 anos, observando-se a
do quesitos, o psiclogo deve respond-los de forma sinttica responsabilidade por eles tanto do psiclogo quanto da insti-
e convincente, no deixando nenhum quesito sem resposta. tuio em que ocorreu a avaliao psicolgica.
Quando no houver dados para a resposta ou quando o psi-
clogo no puder ser categrico, deve-se utilizar a expresso Esse prazo poder ser ampliado nos casos previstos em
sem elementos de convico. Se o quesito estiver mal for- lei, por solicitao judicial, ou ainda em casos especficos em
mulado, pode-se afirmar prejudicado, sem elementos ou que seja necessria a manuteno da guarda por maior tem-
aguarda evoluo. po.

O Parecer composto de 4 (quatro) partes: Em caso de extino de servio psicolgico, o material


1. Cabealho privativo e os documentos escritos devem permanecer em
2. Exposio de motivos posse do psiclogo responsvel, que os manter sob sua
3. Discusso guarda pelo prazo previsto neste manual.
4. Concluso
Atingido esse prazo, o psiclogo ou instituio respons-
5.2.1. Cabealho vel pela guarda dever destruir o material de forma a no
permitir a quebra do sigilo das informaes nele contidas.
a parte que consiste em identificar o nome do perito e
sua titulao, o nome do autor da solicitao e sua titulao. O psiclogo responsvel pelo documento escrito decorren-
te da avaliao psicolgica dever estar atento ao artigo 24
5.2.2. Exposio de Motivos do Cdigo de tica Profissional do Psiclogo, garantido, as-
sim, o sigilo profissional. http://www.actran.com.br/
Essa parte destina-se transcrio do objetivo da consul-
ta e os quesitos ou apresentao das dvidas levantadas -o0o-
pelo solicitante. Deve-se apresentar a questo-problema,
no sendo necessria, portanto, a descrio detalhada dos As questes quanto ao Direito e a Psicologia so funda-
procedimentos, como os dados colhidos ou o nome dos en- mentais no auxlio ao magistrado para deliberaes e senten-
volvidos. as a serem aplicadas.

5.2.3. Discusso Um laudo pericial psicolgico deve estar pautado em as-


pectos ticos, legais e psicolgicos que permitam informaes
A discusso do PARECER constitui-se na anlise que auxiliem o Juiz e contribua para uma justia.
minuciosa da questo-problema, explanada e argumentada
com base nos fundamentos necessrios existentes, seja na O laudo pericial consiste em um documento que ser ela-
tica, na tcnica ou no corpo conceitual da cincia psicolgi- borado pelo perito ao final de um processo de avaliao.
ca.
Este documento parecido com o formato de um laudo
5.2.4. Concluso psicolgico em uma avaliao clnica, porm diferenciando-se
em algumas peculiaridades.
a parte final do Parecer, em que o psiclogo ir apresen-
tar seu posicionamento, respondendo questo levantada. De forma resumida, este laudo pericial ser composto pe-
Ao final do posicionamento ou do Parecer propriamente dito, los dados de identificao do avaliando, pelos mtodos e
informa o local e data em que foi elaborado e assina o docu- procedimentos utilizados pelo perito, seus achados e discus-
mento. so sobre os mesmos e, por fim, por uma breve concluso.

Apesar de ser considerado um meio de prova, o laudo pe-


V - VALIDADE DOS DOCUMENTOS ricial no se constitui em uma verdade absoluta e, conse-
quentemente, passvel de critica e questionamento.

O prazo de validade dos documentos escritos decorrentes Sob o ponto de vista legal, esta uma das principais
das avaliaes psicolgicas dever considerar a legislao questes que o perito dever atentar-se. Conforme os itens
vigente nos casos j definidos. contidos no artigo 2 do CEPP, vedado ao psiclogo: (Al-
neas)

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g) Emitir documentos sem fundamentao e qualidade as prticas desenvolvidas, um padro de conduta que fortale-
tcnico-cientfica; a o reconhecimento social daquela categoria.
h) Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e
tcnicas psicolgicas, adulterar resultados ou fazer declara- Cdigos de tica expressam sempre uma concepo de
es falsas. homem e de sociedade que determina a direo das relaes
entre os indivduos. Traduzem-se em princpios e normas que
Estas so algumas das observaes dispostas no Cdigo devem se pautar pelo respeito ao sujeito humano e seus
de tica do Psiclogo, juntamente com o contido no artigo direitos fundamentais. Por constituir a expresso de valores
147 do Cdigo de Processo Civil que influenciaro de forma universais, tais como os constantes na Declarao Universal
direta na elaborao e disposio de um laudo psicolgico dos Direitos Humanos; scio-culturais, que refletem a realida-
jurdico ou forense. de do pas; e de valores que estruturam uma profisso, um
cdigo de tica no pode ser visto como um conjunto fixo de
No laudo psicolgico jurdico ou forense dever constar normas e imutvel no tempo. As sociedades mudam, as pro-
dados extremamente objetivos e com alto grau de preciso e fisses transformam-se e isso exige, tambm, uma reflexo
clareza na discusso de seus achados, fundamentados teori- contnua sobre o prprio cdigo de tica que nos orienta.
camente para que se possa justificar a concluso e principal-
A formulao deste Cdigo de tica, o terceiro da profis-
mente evitar possveis sanses administrativas ao profissio-
so de psiclogo no Brasil, responde ao contexto organizativo
nal, em caso de no observao destas consideraes legais
dos psiclogos, ao momento do pas e ao estgio de desen-
e deontolgicas.
volvimento da Psicologia enquanto campo cientfico e profis-
sional. Este Cdigo de tica dos Psiclogos reflexo da ne-
Outra importante considerao a ser feita ao redigir o lau-
cessidade, sentida pela categoria e suas entidades represen-
do diz respeito ao contedo apresentado neste documento.
tativas, de atender evoluo do contexto institucionallegal
do pas, marcadamente a partir da promulgao da denomi-
O que possvel revelar em um laudo psicolgico foren-
nada Constituio Cidad, em 1988, e das legislaes dela
se? Como fica a questo do sigilo profissional do Psiclogo?
decorrentes.
O sigilo das informaes deve ser observado nas comuni- Consoante com a conjuntura democrtica vigente, o pre-
caes orais ou escritas com outros profissionais, com a im- sente Cdigo foi construdo a partir de mltiplos espaos de
prensa ou autoridades. discusso sobre a tica da profisso, suas responsabilidades
e compromissos com a promoo da cidadania. O processo
So quatro tipos de situaes, nas quais este sigilo poder ocorreu ao longo de trs anos, em todo o pas, com a partici-
ser quebrado: pao direta dos psiclogos e aberto sociedade.
a) pelo prprio consentimento;
b) dever legal, a fim de evitar a propagao de molstias; Este Cdigo de tica pautou-se pelo princpio geral de
c) em risco de suicdio; aproximar-se mais de um instrumento de reflexo do que de
e) em justas causas, cujo significado pratico versa sobre um conjunto de normas a serem seguidas pelo psiclogo.
situaes em que o sigilo deve ser sacrificado em beneficio Para tanto, na sua construo buscou-se:
de outro direito como por exemplo, a vida ou a sade de outra
pessoa ou da sociedade. a. Valorizar os princpios fundamentais como grandes ei-
xos que devem orientar a relao do psiclogo com a socie-
Silva (2003) aponta para uma soluo recomendada pelos dade, a profisso, as entidades profissionais e a cincia, pois
especialistas da rea, em que o texto apresentado no laudo esses eixos atravessam todas as prticas e estas demandam
deve se limitar s questes pertinentes a pergunta formulada uma contnua reflexo sobre o contexto social e institucional.
pelo juiz ou pelos advogados. b. Abrir espao para a discusso, pelo psiclogo, dos limi-
tes e intersees relativos aos direitos individuais e coletivos,
Assim, a presena de todo contedo que ser apresenta- questo crucial para as relaes que estabelece com a socie-
do no laudo ser justificado pela necessidade de responder (e dade, os colegas de profisso e os usurios ou beneficirios
somente responder) a questo inicialmente requerida. dos seus servios.
http://www.psicologiananet.com.br/
c. Contemplar a diversidade que configura o exerccio da
TICA PROFISSIONAL. profisso e a crescente insero do psiclogo em contextos
institucionais e em equipes multiprofissionais.

Cdigo de tica Profissional do Psiclogo d. Estimular reflexes que considerem a profisso como
um todo e no em suas prticas particulares, uma vez que os
Apresentao principais dilemas ticos no se restringem a prticas espec-
ficas e surgem em quaisquer contextos de atuao.
Toda profisso define-se a partir de um corpo de prticas
que busca atender demandas sociais, norteado por elevados Ao aprovar e divulgar o Cdigo de tica Profissional do
padres tcnicos e pela existncia de normas ticas que Psiclogo, a expectativa de que ele seja um instrumento
garantam a adequada relao de cada profissional com seus capaz de delinear para a sociedade as responsabilidades e
pares e com a sociedade como um todo. deveres do psiclogo, oferecer diretrizes para a sua formao
e balizar os julgamentos das suas aes, contribuindo para o
Um Cdigo de tica profissional, ao estabelecer padres fortalecimento e ampliao do significado social da profisso.
esperados quanto s prticas referendadas pela respectiva
categoria profissional e pela sociedade, procura fomentar a
auto-reflexo exigida de cada indivduo acerca da sua prxis, Princpios Fundamentais
de modo a responsabiliz-lo, pessoal e coletivamente, por
aes e suas consequncias no exerccio profissional. A mis- 1. O psiclogo basear o seu trabalho no respeito e na
so primordial de um cdigo de tica profissional no de promoo da liberdade, da dignidade, da igualdade e da inte-
normatizar a natureza tcnica do trabalho, e, sim, a de asse- gridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a
gurar, dentro de valores relevantes para a sociedade e para Declarao Universal dos Direitos Humanos.

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2. O psiclogo trabalhar visando promover a sade e 9. Zelar para que a comercializao, aquisio, doao,
a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contri- emprstimo, guarda e forma de divulgao do material privati-
buir para a eliminao de quaisquer formas de negligncia, vo do psiclogo sejam feitas conforme os princpios deste
discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso. Cdigo;

3. O psiclogo atuar com responsabilidade social, 10. Ter, para com o trabalho dos psiclogos e de outros
analisando crtica e historicamente a realidade poltica, eco- profissionais, respeito, considerao e solidariedade, e, quan-
nmica, social e cultural. do solicitado, colaborar com estes, salvo impedimento por
motivo relevante;
4. O psiclogo atuar com responsabilidade, por meio
do contnuo aprimoramento profissional, contribuindo para o 11. Sugerir servios de outros psiclogos, sempre que,
desenvolvimento da Psicologia como campo cientfico de por motivos justificveis, no puderem ser continuados pelo
conhecimento e de prtica. profissional que os assumiu inicialmente, fornecendo ao seu
substituto as informaes necessrias continuidade do
5. O psiclogo contribuir para promover a universali- trabalho;
zao do acesso da populao s informaes, ao conheci-
mento da cincia psicolgica, aos servios e aos padres 12. Levar ao conhecimento das instncias competentes
ticos da profisso. o exerccio ilegal ou irregular da profisso, transgresses a
princpios e diretrizes deste Cdigo ou da legislao profissio-
6. O psiclogo zelar para que o exerccio profissional nal.
seja efetuado com dignidade, rejeitando situaes em que a
Psicologia esteja sendo aviltada. Art. 2 - Ao psiclogo vedado:

7. O psiclogo considerar as relaes de poder nos 1. Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que ca-
contextos em que atua e os impactos dessas relaes sobre racterizem negligncia, discriminao, explorao, violncia,
as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crueldade ou opresso;
crtica e em consonncia com os demais princpios deste
Cdigo.
2. Induzir a convices polticas, filosficas, morais,
ideolgicas, religiosas, de orientao sexual ou a qualquer
Das Responsabilidades do Psiclogo tipo de preconceito, quando do exerccio de suas funes
profissionais;
Art. 1 - So deveres fundamentais dos psiclogos:
3. Utilizar ou favorecer o uso de conhecimento e a utili-
1. Conhecer, divulgar, cumprir e fazer cumprir este C- zao de prticas psicolgicas como instrumentos de castigo,
digo; tortura ou qualquer forma de violncia;

2. Assumir responsabilidades profissionais somente por 4. Acumpliciar-se com pessoas ou organizaes que
atividades para as quais esteja capacitado pessoal, terica e exeram ou favoream o exerccio ilegal da profisso de psi-
tecnicamente; clogo ou de qualquer outra atividade profissional;

3. Prestar servios psicolgicos de qualidade, em con- 5. Ser conivente com erros, faltas ticas, violao de di-
dies de trabalho dignas e apropriadas natureza desses reitos, crimes ou contravenes penais praticados por psic-
servios, utilizando princpios, conhecimentos e tcnicas re- logos na prestao de servios profissionais;
conhecidamente fundamentados na cincia psicolgica, na
tica e na legislao profissional; 6. Prestar servios ou vincular o ttulo de psiclogo a
servios de atendimento psicolgico cujos procedimentos,
4. Prestar servios profissionais em situaes de cala- tcnicas e meios no estejam regulamentados ou reconheci-
midade pblica ou de emergncia, sem visar benefcio pesso- dos pela profisso;
al;
7. Emitir documentos sem fundamentao e qualidade
5. Estabelecer acordos de prestao de servios que tcnico-cientfica;
respeitem os direitos do usurio ou beneficirio de servios de
Psicologia; 8. Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos
e tcnicas psicolgicas, adulterar seus resultados ou fazer
6. Fornecer, a quem de direito, na prestao de servi- declaraes falsas;
os psicolgicos, informaes concernentes ao trabalho a ser
realizado e ao seu objetivo profissional; 9. Induzir qualquer pessoa ou organizao a recorrer a
seus servios;
7. Informar, a quem de direito, os resultados decorren-
tes da prestao de servios psicolgicos, transmitindo so- 10. Estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou ter-
mente o que for necessrio para a tomada de decises que ceiro, que tenha vnculo com o atendido, relao que possa
afetem o usurio ou beneficirio; interferir negativamente nos objetivos do servio prestado;

8. Orientar a quem de direito sobre os encaminhamen- 11. Ser perito, avaliador ou parecerista em situaes nas
tos apropriados, a partir da prestao de servios psicolgi- quais seus vnculos pessoais ou profissionais, atuais ou ante-
cos, e fornecer, sempre que solicitado, os documentos perti- riores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado
nentes ao bom termo do trabalho; ou a fidelidade aos resultados da avaliao;

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12. Desviar para servio particular ou de outra institui- Art. 7 - O psiclogo poder intervir na prestao de servi-
o, visando benefcio prprio, pessoas ou organizaes os psicolgicos que estejam sendo efetuados por outro pro-
atendidas por instituio com a qual mantenha qualquer tipo fissional, nas seguintes situaes:
de vnculo profissional;
1. A pedido do profissional responsvel pelo servio;
13. Prestar servios profissionais a organizaes concor-
rentes de modo que possam resultar em prejuzo para as 2. Em caso de emergncia ou risco ao beneficirio ou
partes envolvidas, decorrentes de informaes privilegiadas; usurio do servio, quando dar imediata cincia ao profissio-
nal;
14. Prolongar, desnecessariamente, a prestao de ser-
vios profissionais; 3. Quando informado expressamente, por qualquer
uma das partes, da interrupo voluntria e definitiva do ser-
15. Pleitear ou receber comisses, emprstimos, doa- vio;
es ou vantagens outras de qualquer espcie, alm dos
honorrios contratados, assim como intermediar transaes 4. Quando se tratar de trabalho multiprofissional e a in-
financeiras; terveno fizer parte da metodologia adotada.

16. Receber, pagar remunerao ou porcentagem por


Art. 8 - Para realizar atendimento no eventual de crian-
encaminhamento de servios;
a, adolescente ou interdito, o psiclogo dever obter autori-
zao de ao menos um de seus responsveis, observadas as
17. Realizar diagnsticos, divulgar procedimentos ou determinaes da legislao vigente;
apresentar resultados de servios psicolgicos em meios de
comunicao, de forma a expor pessoas, grupos ou organiza-
es. 1. 1 - No caso de no se apresentar um responsvel
legal, o atendimento dever ser efetuado e comunicado s
autoridades competentes;
Art. 3 - O psiclogo, para ingressar, associar-se ou per-
manecer em uma organizao, considerar a misso, a filoso-
2. 2 - O psiclogo responsabilizar-se- pelos encami-
fia, as polticas, as normas e as prticas nela vigentes e sua
nhamentos que se fizerem necessrios para garantir a prote-
compatibilidade com os princpios e regras deste Cdigo.
o integral do atendido.
Pargrafo nico: Existindo incompatibilidade, cabe ao psi-
clogo recusar-se a prestar servios e, se pertinente, apre- Art. 9 - dever do psiclogo respeitar o sigilo profissional
sentar denncia ao rgo competente. a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade
das pessoas, grupos ou organizaes, a que tenha acesso no
Art. 4 - Ao fixar a remunerao pelo seu trabalho, o psic-
exerccio profissional.
logo:
Art. 10 - Nas situaes em que se configure conflito entre
1. Levar em conta a justa retribuio aos servios as exigncias decorrentes do disposto no Art. 9 e as afirma-
prestados e as condies do usurio ou beneficirio; es dos princpios fundamentais deste Cdigo, excetuando-
se os casos previstos em lei, o psiclogo poder decidir pela
2. Estipular o valor de acordo com as caractersticas quebra de sigilo, baseando sua deciso na busca do menor
da atividade e o comunicar ao usurio ou beneficirio antes prejuzo.
do incio do trabalho a ser realizado; Pargrafo nico - Em caso de quebra do sigilo previsto no
caput deste artigo, o psiclogo dever restringir-se a prestar
3. Assegurar a qualidade dos servios oferecidos in- as informaes estritamente necessrias.
dependentemente do valor acordado.
Art. 11 - Quando requisitado a depor em juzo, o psiclogo
Art. 5 - O psiclogo, quando participar de greves ou para- poder prestar informaes, considerando o previsto neste
lisaes, garantir que: Cdigo.
Art. 12 - Nos documentos que embasam as atividades em
1. As atividades de emergncia no sejam interrompi- equipe multiprofissional, o psiclogo registrar apenas as
das; informaes necessrias para o cumprimento dos objetivos
do trabalho.
2. Haja prvia comunicao da paralisao aos usu-
Art. 13 - No atendimento criana, ao adolescente ou ao
rios ou beneficirios dos servios atingidos pela mesma.
interdito, deve ser comunicado aos responsveis o estrita-
mente essencial para se promoverem medidas em seu bene-
Art. 6 - O psiclogo, no relacionamento com profissionais fcio.
no psiclogos:
Art. 14 - A utilizao de quaisquer meios de registro e ob-
servao da prtica psicolgica obedecer s normas deste
1. Encaminhar a profissionais ou entidades habilitados
Cdigo e a legislao profissional vigente, devendo o usurio
e qualificados demandas que extrapolem seu campo de atua-
ou beneficirio, desde o incio, ser informado.
o;
Art. 15 - Em caso de interrupo do trabalho do psiclogo,
2. Compartilhar somente informaes relevantes para por quaisquer motivos, ele dever zelar pelo destino dos seus
qualificar o servio prestado, resguardando o carter confi- arquivos confidenciais.
dencial das comunicaes, assinalando a responsabilidade,
de quem as receber, de preservar o sigilo.
1. 1 - Em caso de demisso ou exonerao, o psic-
logo dever repassar todo o material ao psiclogo que vier a

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substitu-lo, ou lacr-lo para posterior utilizao pelo psiclogo Das Disposies Gerais
substituto.
Art. 21 - As transgresses dos preceitos deste Cdigo
constituem infrao disciplinar com a aplicao das seguintes
2. 2 - Em caso de extino do servio de Psicologia,
penalidades, na forma dos dispositivos legais ou regimentais:
o psiclogo responsvel informar ao Conselho Regional de
Psicologia, que providenciar a destinao dos arquivos con-
fidenciais. 1. Advertncia;

Art. 16 - O psiclogo, na realizao de estudos, pesquisas 2. Multa;


e atividades voltadas para a produo de conhecimento e
desenvolvimento de tecnologias: 3. Censura pblica;

1. Avaliar os riscos envolvidos, tanto pelos procedi- 4. Suspenso do exerccio profissional, por at 30 (trin-
mentos, como pela divulgao dos resultados, com o objetivo ta) dias, ad referendum do Conselho Federal de Psicologia;
de proteger as pessoas, grupos, organizaes e comunidades
envolvidas; 5. cassao do exerccio profissional, ad referendum do
Conselho Federal de Psicologia.
2. Garantir o carter voluntrio da participao dos
envolvidos, mediante consentimento livre e esclarecido, salvo Art. 22 - As dvidas na observncia deste Cdigo e os ca-
nas situaes previstas em legislao especfica e respeitan- sos omissos sero resolvidos pelos Conselhos Regionais de
do os princpios deste Cdigo; Psicologia, ad referendum do Conselho Federal de Psicologia.

3. Garantir o anonimato das pessoas, grupos ou orga- Art. 23 - Competir ao Conselho Federal de Psicologia
nizaes, salvo interesse manifesto destes; firmar jurisprudncia quanto aos casos omissos e faz-la
incorporar a este Cdigo.
4. Garantir o acesso das pessoas, grupos ou organi- Art. 24 - O presente Cdigo poder ser alterado pelo Con-
zaes aos resultados das pesquisas ou estudos, aps seu selho Federal de Psicologia, por iniciativa prpria ou da cate-
encerramento, sempre que assim o desejarem. goria, ouvidos os Conselhos Regionais de Psicologia.

Art. 25 - Este Cdigo entra em vigor em 27 de agosto de


Art. 17 - Caber aos psiclogos docentes ou supervisores
2005
esclarecer, informar, orientar e exigir dos estudantes a obser-
vncia dos princpios e normas contidas neste Cdigo. BRASIL, LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. C-
Art. 18 - O psiclogo no divulgar, ensinar, ceder, em- digo Civil. Artigos 1511 a 1638; 1694 a 1727 e 1728 a 1783.
prestar ou vender a leigos instrumentos e tcnicas psicol-
gicas que permitam ou facilitem o exerccio ilegal da profis- Do Direito de Famlia
so. TTULO I
Do Direito Pessoal
Art. 19 - O psiclogo, ao participar de atividade em vecu-
los de comunicao, zelar para que as informaes presta- SUBTTULO I
das disseminem o conhecimento a respeito das atribuies, Do Casamento
da base cientfica e do papel social da profisso. CAPTULO I
Disposies Gerais
Art. 20 - O psiclogo, ao promover publicamente seus ser- Art. 1.511. O casamento estabelece comunho plena de
vios, por quaisquer meios, individual ou coletivamente: vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cnju-
ges.
1. Informar o seu nome completo, o CRP e seu nme- Art. 1.512. O casamento civil e gratuita a sua celebra-
ro de registro; o.
Pargrafo nico. A habilitao para o casamento, o regis-
2. Far referncia apenas a ttulos ou qualificaes pro- tro e a primeira certido sero isentos de selos, emolumentos
fissionais que possua; e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as
penas da lei.
3. Divulgar somente qualificaes, atividades e recur- Art. 1.513. defeso a qualquer pessoa, de direito pblico
sos relativos a tcnicas e prticas que estejam reconhecidas ou privado, interferir na comunho de vida instituda pela
ou regulamentadas pela profisso; famlia.
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o
4. No utilizar o preo do servio como forma de pro- homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade
paganda; de estabelecer vnculo conjugal, e o juiz os declara casados.
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender s exign-
5. No far previso taxativa de resultados; cias da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a
este, desde que registrado no registro prprio, produzindo
6. No far auto-promoo em detrimento de outros efeitos a partir da data de sua celebrao.
profissionais; Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se
aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil.
7. No propor atividades que sejam atribuies priva- 1o O registro civil do casamento religioso dever ser
tivas de outras categorias profissionais; promovido dentro de noventa dias de sua realizao, median-
te comunicao do celebrante ao ofcio competente, ou por
8. No far divulgao sensacionalista das atividades iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homo-
profissionais. logada previamente a habilitao regulada neste Cdigo.

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Aps o referido prazo, o registro depender de nova habilita- do inciso II, a nubente dever provar nascimento de filho, ou
o. inexistncia de gravidez, na fluncia do prazo.
2o O casamento religioso, celebrado sem as formalida- Art. 1.524. As causas suspensivas da celebrao do ca-
des exigidas neste Cdigo, ter efeitos civis se, a requerimen- samento podem ser argidas pelos parentes em linha reta de
to do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, um dos nubentes, sejam consangneos ou afins, e pelos
mediante prvia habilitao perante a autoridade competente colaterais em segundo grau, sejam tambm consangneos
e observado o prazo do art. 1.532. ou afins.
3o Ser nulo o registro civil do casamento religioso se, CAPTULO V
antes dele, qualquer dos consorciados houver contrado com Do Processo de Habilitao PARA O CASAMENTO
outrem casamento civil. Art. 1.525. O requerimento de habilitao para o casamen-
CAPTULO II to ser firmado por ambos os nubentes, de prprio punho, ou,
Da Capacidade PARA O CASAMENTO a seu pedido, por procurador, e deve ser instrudo com os
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos po- seguintes documentos:
dem casar, exigindo-se autorizao de ambos os pais, ou de I - certido de nascimento ou documento equivalente;
seus representantes legais, enquanto no atingida a maiori- II - autorizao por escrito das pessoas sob cuja depen-
dade civil. dncia legal estiverem, ou ato judicial que a supra;
Pargrafo nico. Se houver divergncia entre os pais, III - declarao de duas testemunhas maiores, parentes ou
aplica-se o disposto no pargrafo nico do art. 1.631. no, que atestem conhec-los e afirmem no existir impedi-
Art. 1.518. At celebrao do casamento podem os pais, mento que os iniba de casar;
tutores ou curadores revogar a autorizao. IV - declarao do estado civil, do domiclio e da residn-
Art. 1.519. A denegao do consentimento, quando injus- cia atual dos contraentes e de seus pais, se forem conheci-
ta, pode ser suprida pelo juiz. dos;
Art. 1.520. Excepcionalmente, ser permitido o casamento V - certido de bito do cnjuge falecido, de sentena de-
de quem ainda no alcanou a idade nbil (art. 1517), para claratria de nulidade ou de anulao de casamento, transita-
evitar imposio ou cumprimento de pena criminal ou em da em julgado, ou do registro da sentena de divrcio.
caso de gravidez. Art. 1.526. A habilitao ser feita pessoalmente perante o
CAPTULO III oficial do Registro Civil, com a audincia do Ministrio Pbli-
Dos Impedimentos co. (Redao dada pela Lei n 12.133, de 2009) Vigncia
Art. 1.521. No podem casar: Pargrafo nico. Caso haja impugnao do oficial, do Mi-
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentes- nistrio Pblico ou de terceiro, a habilitao ser submetida
co natural ou civil; ao juiz. (Includo pela Lei n 12.133, de 2009) Vigncia
II - os afins em linha reta; Art. 1.527. Estando em ordem a documentao, o oficial
III - o adotante com quem foi cnjuge do adotado e o ado- extrair o edital, que se afixar durante quinze dias nas cir-
tado com quem o foi do adotante; cunscries do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obri-
gatoriamente, se publicar na imprensa local, se houver.
IV - os irmos, unilaterais ou bilaterais, e demais colate-
rais, at o terceiro grau inclusive; Pargrafo nico. A autoridade competente, havendo ur-
gncia, poder dispensar a publicao.
V - o adotado com o filho do adotante;
Art. 1.528. dever do oficial do registro esclarecer os nu-
VI - as pessoas casadas; bentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade
VII - o cnjuge sobrevivente com o condenado por homic- do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.
dio ou tentativa de homicdio contra o seu consorte. Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas sus-
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, at o pensivas sero opostos em declarao escrita e assinada,
momento da celebrao do casamento, por qualquer pessoa instruda com as provas do fato alegado, ou com a indicao
capaz. do lugar onde possam ser obtidas.
Pargrafo nico. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver co- Art. 1.530. O oficial do registro dar aos nubentes ou a
nhecimento da existncia de algum impedimento, ser obri- seus representantes nota da oposio, indicando os funda-
gado a declar-lo. mentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.
CAPTULO IV Pargrafo nico. Podem os nubentes requerer prazo razo-
Das causas suspensivas vel para fazer prova contrria aos fatos alegados, e promo-
Art. 1.523. No devem casar: ver as aes civis e criminais contra o oponente de m-f.
I - o vivo ou a viva que tiver filho do cnjuge falecido, Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e
enquanto no fizer inventrio dos bens do casal e der partilha 1.527 e verificada a inexistncia de fato obstativo, o oficial do
aos herdeiros; registro extrair o certificado de habilitao.
II - a viva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser Art. 1.532. A eficcia da habilitao ser de noventa dias,
nulo ou ter sido anulado, at dez meses depois do comeo da a contar da data em que foi extrado o certificado.
viuvez, ou da dissoluo da sociedade conjugal; CAPTULO VI
III - o divorciado, enquanto no houver sido homologada Da Celebrao do Casamento
ou decidida a partilha dos bens do casal; Art. 1.533. Celebrar-se- o casamento, no dia, hora e lu-
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascen- gar previamente designados pela autoridade que houver de
dentes, irmos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutela- presidir o ato, mediante petio dos contraentes, que se mos-
da ou curatelada, enquanto no cessar a tutela ou curatela, e trem habilitados com a certido do art. 1.531.
no estiverem saldadas as respectivas contas. Art. 1.534. A solenidade realizar-se- na sede do cartrio,
Pargrafo nico. permitido aos nubentes solicitar ao juiz com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos
que no lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previs- duas testemunhas, parentes ou no dos contraentes, ou,
tas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexis- querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante,
tncia de prejuzo, respectivamente, para o herdeiro, para o noutro edifcio pblico ou particular.
ex-cnjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso 1o Quando o casamento for em edifcio particular, ficar
este de portas abertas durante o ato.

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2o Sero quatro as testemunhas na hiptese do pargra- 1o Autuado o pedido e tomadas as declaraes, o juiz
fo anterior e se algum dos contraentes no souber ou no proceder s diligncias necessrias para verificar se os
puder escrever. contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinria,
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze
procurador especial, juntamente com as testemunhas e o dias.
oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a 2o Verificada a idoneidade dos cnjuges para o casa-
afirmao de que pretendem casar por livre e espontnea mento, assim o decidir a autoridade competente, com recur-
vontade, declarar efetuado o casamento, nestes termos:"De so voluntrio s partes.
acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante 3o Se da deciso no se tiver recorrido, ou se ela passar
mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandar
lei, vos declaro casados." registr-la no livro do Registro dos Casamentos.
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, la- 4o O assento assim lavrado retrotrair os efeitos do ca-
vrar-se- o assento no livro de registro. No assento, assinado samento, quanto ao estado dos cnjuges, data da celebra-
pelo presidente do ato, pelos cnjuges, as testemunhas, e o o.
oficial do registro, sero exarados: 5o Sero dispensadas as formalidades deste e do artigo
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, pro- antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o
fisso, domiclio e residncia atual dos cnjuges; casamento na presena da autoridade competente e do oficial
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de do registro.
morte, domiclio e residncia atual dos pais; Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procu-
III - o prenome e sobrenome do cnjuge precedente e a rao, por instrumento pblico, com poderes especiais.
data da dissoluo do casamento anterior; 1o A revogao do mandato no necessita chegar ao
IV - a data da publicao dos proclamas e da celebrao conhecimento do mandatrio; mas, celebrado o casamento
do casamento; sem que o mandatrio ou o outro contraente tivessem cincia
V - a relao dos documentos apresentados ao oficial do da revogao, responder o mandante por perdas e danos.
registro; 2o O nubente que no estiver em iminente risco de vida
VI - o prenome, sobrenome, profisso, domiclio e resi- poder fazer-se representar no casamento nuncupativo.
dncia atual das testemunhas; 3o A eficcia do mandato no ultrapassar noventa dias.
VII - o regime do casamento, com a declarao da data e 4o S por instrumento pblico se poder revogar o man-
do cartrio em cujas notas foi lavrada a escritura antenupcial, dato.
quando o regime no for o da comunho parcial, ou o obriga- CAPTULO VII
toriamente estabelecido. Das Provas do Casamento
Art. 1.537. O instrumento da autorizao para casar trans- Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela
crever-se- integralmente na escritura antenupcial. certido do registro.
Art. 1.538. A celebrao do casamento ser imediatamen- Pargrafo nico. Justificada a falta ou perda do registro ci-
te suspensa se algum dos contraentes: vil, admissvel qualquer outra espcie de prova.
I - recusar a solene afirmao da sua vontade; Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no es-
II - declarar que esta no livre e espontnea; trangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cnsules
III - manifestar-se arrependido. brasileiros, dever ser registrado em cento e oitenta dias, a
Pargrafo nico. O nubente que, por algum dos fatos contar da volta de um ou de ambos os cnjuges ao Brasil, no
mencionados neste artigo, der causa suspenso do ato, no cartrio do respectivo domiclio, ou, em sua falta, no 1o Ofcio
ser admitido a retratar-se no mesmo dia. da Capital do Estado em que passarem a residir.
Art. 1.539. No caso de molstia grave de um dos nuben- Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do es-
tes, o presidente do ato ir celebr-lo onde se encontrar o tado de casadas, no possam manifestar vontade, ou tenham
impedido, sendo urgente, ainda que noite, perante duas falecido, no se pode contestar em prejuzo da prole comum,
testemunhas que saibam ler e escrever. salvo mediante certido do Registro Civil que prove que j era
casada alguma delas, quando contraiu o casamento impug-
1o A falta ou impedimento da autoridade competente pa- nado.
ra presidir o casamento suprir-se- por qualquer dos seus
substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad Art. 1.546. Quando a prova da celebrao legal do casa-
hoc, nomeado pelo presidente do ato. mento resultar de processo judicial, o registro da sentena no
livro do Registro Civil produzir, tanto no que toca aos cnju-
2o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, ser re- ges como no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis
gistrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante desde a data do casamento.
duas testemunhas, ficando arquivado.
Art. 1.547. Na dvida entre as provas favorveis e contr-
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em imi- rias, julgar-se- pelo casamento, se os cnjuges, cujo casa-
nente risco de vida, no obtendo a presena da autoridade mento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do
qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poder o estado de casados.
casamento ser celebrado na presena de seis testemunhas,
que com os nubentes no tenham parentesco em linha reta, CAPTULO VIII
ou, na colateral, at segundo grau. Da Invalidade do Casamento
Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemu- Art. 1.548. nulo o casamento contrado:
nhas comparecer perante a autoridade judicial mais prxima, I - pelo enfermo mental sem o necessrio discernimento
dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a decla- para os atos da vida civil;
rao de: II - por infringncia de impedimento.
I - que foram convocadas por parte do enfermo; Art. 1.549. A decretao de nulidade de casamento, pelos
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juzo; motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida
III - que, em sua presena, declararam os contraentes, li- mediante ao direta, por qualquer interessado, ou pelo Mi-
vre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher. nistrio Pblico.
Art. 1.550. anulvel o casamento:
I - de quem no completou a idade mnima para casar;
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II - do menor em idade nbil, quando no autorizado por II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;
seu representante legal; III - trs anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;
III - por vcio da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a IV - quatro anos, se houver coao.
1.558; 1o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anu-
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo ine- lar o casamento dos menores de dezesseis anos, contado o
quvoco, o consentimento; prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da
V - realizado pelo mandatrio, sem que ele ou o outro con- data do casamento, para seus representantes legais ou as-
traente soubesse da revogao do mandato, e no sobrevin- cendentes.
do coabitao entre os cnjuges; 2o Na hiptese do inciso V do art. 1.550, o prazo para
VI - por incompetncia da autoridade celebrante. anulao do casamento de cento e oitenta dias, a partir da
Pargrafo nico. Equipara-se revogao a invalidade do data em que o mandante tiver conhecimento da celebrao.
mandato judicialmente decretada. Art. 1.561. Embora anulvel ou mesmo nulo, se contrado
Art. 1.551. No se anular, por motivo de idade, o casa- de boa-f por ambos os cnjuges, o casamento, em relao a
mento de que resultou gravidez. estes como aos filhos, produz todos os efeitos at o dia da
Art. 1.552. A anulao do casamento dos menores de de- sentena anulatria.
zesseis anos ser requerida: 1o Se um dos cnjuges estava de boa-f ao celebrar o
I - pelo prprio cnjuge menor; casamento, os seus efeitos civis s a ele e aos filhos aprovei-
taro.
II - por seus representantes legais;
2o Se ambos os cnjuges estavam de m-f ao celebrar
III - por seus ascendentes. o casamento, os seus efeitos civis s aos filhos aproveitaro.
Art. 1.553. O menor que no atingiu a idade nbil poder, Art. 1.562. Antes de mover a ao de nulidade do casa-
depois de complet-la, confirmar seu casamento, com a auto- mento, a de anulao, a de separao judicial, a de divrcio
rizao de seus representantes legais, se necessria, ou com direto ou a de dissoluo de unio estvel, poder requerer a
suprimento judicial. parte, comprovando sua necessidade, a separao de corpos,
Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por aquele que ser concedida pelo juiz com a possvel brevidade.
que, sem possuir a competncia exigida na lei, exercer publi- Art. 1.563. A sentena que decretar a nulidade do casa-
camente as funes de juiz de casamentos e, nessa qualida- mento retroagir data da sua celebrao, sem prejudicar a
de, tiver registrado o ato no Registro Civil. aquisio de direitos, a ttulo oneroso, por terceiros de boa-f,
Art. 1.555. O casamento do menor em idade nbil, quando nem a resultante de sentena transitada em julgado.
no autorizado por seu representante legal, s poder ser Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de
anulado se a ao for proposta em cento e oitenta dias, por um dos cnjuges, este incorrer:
iniciativa do incapaz, ao deixar de s-lo, de seus representan-
tes legais ou de seus herdeiros necessrios. I - na perda de todas as vantagens havidas do cnjuge
inocente;
1o O prazo estabelecido neste artigo ser contado do dia
em que cessou a incapacidade, no primeiro caso; a partir do II - na obrigao de cumprir as promessas que lhe fez no
casamento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz. contrato antenupcial.
2o No se anular o casamento quando sua celebra- CAPTULO IX
o houverem assistido os representantes legais do incapaz, Da Eficcia do Casamento
ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovao. Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vcio da mutuamente a condio de consortes, companheiros e res-
vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consen- ponsveis pelos encargos da famlia.
tir, erro essencial quanto pessoa do outro. 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poder acrescer
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do ao seu o sobrenome do outro.
outro cnjuge: 2o O planejamento familiar de livre deciso do casal,
I - o que diz respeito sua identidade, sua honra e boa competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior financeiros para o exerccio desse direito, vedado qualquer
torne insuportvel a vida em comum ao cnjuge enganado; tipo de coero por parte de instituies privadas ou pblicas.
II - a ignorncia de crime, anterior ao casamento, que, por Art. 1.566. So deveres de ambos os cnjuges:
sua natureza, torne insuportvel a vida conjugal; I - fidelidade recproca;
III - a ignorncia, anterior ao casamento, de defeito fsico II - vida em comum, no domiclio conjugal;
irremedivel, ou de molstia grave e transmissvel, pelo con- III - mtua assistncia;
tgio ou herana, capaz de pr em risco a sade do outro IV - sustento, guarda e educao dos filhos;
cnjuge ou de sua descendncia; V - respeito e considerao mtuos.
IV - a ignorncia, anterior ao casamento, de doena men- Art. 1.567. A direo da sociedade conjugal ser exercida,
tal grave que, por sua natureza, torne insuportvel a vida em em colaborao, pelo marido e pela mulher, sempre no inte-
comum ao cnjuge enganado. resse do casal e dos filhos.
Art. 1.558. anulvel o casamento em virtude de coao, Pargrafo nico. Havendo divergncia, qualquer dos cn-
quando o consentimento de um ou de ambos os cnjuges juges poder recorrer ao juiz, que decidir tendo em conside-
houver sido captado mediante fundado temor de mal conside- rao aqueles interesses.
rvel e iminente para a vida, a sade e a honra, sua ou de
seus familiares. Art. 1.568. Os cnjuges so obrigados a concorrer, na
proporo de seus bens e dos rendimentos do trabalho, para
Art. 1.559. Somente o cnjuge que incidiu em erro, ou so- o sustento da famlia e a educao dos filhos, qualquer que
freu coao, pode demandar a anulao do casamento; mas seja o regime patrimonial.
a coabitao, havendo cincia do vcio, valida o ato, ressalva-
das as hipteses dos incisos III e IV do art. 1.557. Art. 1.569. O domiclio do casal ser escolhido por ambos
os cnjuges, mas um e outro podem ausentar-se do domiclio
Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ao de anulao conjugal para atender a encargos pblicos, ao exerccio de
do casamento, a contar da data da celebrao, de: sua profisso, ou a interesses particulares relevantes.
I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;

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Art. 1.570. Se qualquer dos cnjuges estiver em lugar re- sero representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo
moto ou no sabido, encarcerado por mais de cento e oitenta irmo.
dias, interditado judicialmente ou privado, episodicamente, de Art. 1.577. Seja qual for a causa da separao judicial e o
conscincia, em virtude de enfermidade ou de acidente, o modo como esta se faa, lcito aos cnjuges restabelecer, a
outro exercer com exclusividade a direo da famlia, ca- todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juzo.
bendo-lhe a administrao dos bens. Pargrafo nico. A reconciliao em nada prejudicar o di-
CAPTULO X reito de terceiros, adquirido antes e durante o estado de sepa-
Da Dissoluo da Sociedade e do vnculo Conjugal rado, seja qual for o regime de bens.
Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: Art. 1.578. O cnjuge declarado culpado na ao de sepa-
I - pela morte de um dos cnjuges; rao judicial perde o direito de usar o sobrenome do outro,
II - pela nulidade ou anulao do casamento; desde que expressamente requerido pelo cnjuge inocente e
III - pela separao judicial; se a alterao no acarretar:
IV - pelo divrcio. I - evidente prejuzo para a sua identificao;
1o O casamento vlido s se dissolve pela morte de um II - manifesta distino entre o seu nome de famlia e o
dos cnjuges ou pelo divrcio, aplicando-se a presuno dos filhos havidos da unio dissolvida;
estabelecida neste Cdigo quanto ao ausente. III - dano grave reconhecido na deciso judicial.
2o Dissolvido o casamento pelo divrcio direto ou por 1o O cnjuge inocente na ao de separao judicial po-
converso, o cnjuge poder manter o nome de casado; sal- der renunciar, a qualquer momento, ao direito de usar o
vo, no segundo caso, dispondo em contrrio a sentena de sobrenome do outro.
separao judicial. 2o Nos demais casos caber a opo pela conservao
Art. 1.572. Qualquer dos cnjuges poder propor a ao do nome de casado.
de separao judicial, imputando ao outro qualquer ato que Art. 1.579. O divrcio no modificar os direitos e deveres
importe grave violao dos deveres do casamento e torne dos pais em relao aos filhos.
insuportvel a vida em comum. Pargrafo nico. Novo casamento de qualquer dos pais,
1o A separao judicial pode tambm ser pedida se um ou de ambos, no poder importar restries aos direitos e
dos cnjuges provar ruptura da vida em comum h mais de deveres previstos neste artigo.
um ano e a impossibilidade de sua reconstituio. Art. 1.580. Decorrido um ano do trnsito em julgado da
2o O cnjuge pode ainda pedir a separao judicial sentena que houver decretado a separao judicial, ou da
quando o outro estiver acometido de doena mental grave, deciso concessiva da medida cautelar de separao de
manifestada aps o casamento, que torne impossvel a conti- corpos, qualquer das partes poder requerer sua converso
nuao da vida em comum, desde que, aps uma durao de em divrcio.
dois anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura 1o A converso em divrcio da separao judicial dos
improvvel. cnjuges ser decretada por sentena, da qual no constar
3o No caso do pargrafo 2o, revertero ao cnjuge en- referncia causa que a determinou.
fermo, que no houver pedido a separao judicial, os rema- 2o O divrcio poder ser requerido, por um ou por am-
nescentes dos bens que levou para o casamento, e se o re- bos os cnjuges, no caso de comprovada separao de fato
gime dos bens adotado o permitir, a meao dos adquiridos por mais de dois anos.
na constncia da sociedade conjugal. Art. 1.581. O divrcio pode ser concedido sem que haja
Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da co- prvia partilha de bens.
munho de vida a ocorrncia de algum dos seguintes moti- Art. 1.582. O pedido de divrcio somente competir aos
vos: cnjuges.
I - adultrio; Pargrafo nico. Se o cnjuge for incapaz para propor a
II - tentativa de morte; ao ou defender-se, poder faz-lo o curador, o ascendente
III - sevcia ou injria grave; ou o irmo.
IV - abandono voluntrio do lar conjugal, durante um ano CAPTULO XI
contnuo; Da Proteo da Pessoa dos Filhos
V - condenao por crime infamante; Art. 1.583. A guarda ser unilateral ou compartilhada.
VI - conduta desonrosa. (Redao dada pela Lei n 11.698, de 2008).
Pargrafo nico. O juiz poder considerar outros fatos que 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuda a
tornem evidente a impossibilidade da vida em comum. um s dos genitores ou a algum que o substitua (art. 1.584,
Art. 1.574. Dar-se- a separao judicial por mtuo con- 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilizao conjun-
sentimento dos cnjuges se forem casados por mais de um ta e o exerccio de direitos e deveres do pai e da me que no
ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele devida- vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos
mente homologada a conveno. filhos comuns. (Includo pela Lei n 11.698, de 2008).
Pargrafo nico. O juiz pode recusar a homologao e 2o A guarda unilateral ser atribuda ao genitor que reve-
no decretar a separao judicial se apurar que a conveno le melhores condies para exerc-la e, objetivamente, mais
no preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de aptido para propiciar aos filhos os seguintes fatores: (Inclu-
um dos cnjuges. do pela Lei n 11.698, de 2008).
Art. 1.575. A sentena de separao judicial importa a se- I afeto nas relaes com o genitor e com o grupo famili-
parao de corpos e a partilha de bens. ar; (Includo pela Lei n 11.698, de 2008).
Pargrafo nico. A partilha de bens poder ser feita medi- II sade e segurana; (Includo pela Lei n 11.698, de
ante proposta dos cnjuges e homologada pelo juiz ou por 2008).
este decidida. III educao. (Includo pela Lei n 11.698, de 2008).
Art. 1.576. A separao judicial pe termo aos deveres de 3o A guarda unilateral obriga o pai ou a me que no a
coabitao e fidelidade recproca e ao regime de bens. detenha a supervisionar os interesses dos filhos. (Includo
Pargrafo nico. O procedimento judicial da separao pela Lei n 11.698, de 2008).
caber somente aos cnjuges, e, no caso de incapacidade, 4o (VETADO). (Includo pela Lei n 11.698, de 2008).

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Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poder Art. 1.592. So parentes em linha colateral ou transversal,
ser: (Redao dada pela Lei n 11.698, de 2008). at o quarto grau, as pessoas provenientes de um s tronco,
I requerida, por consenso, pelo pai e pela me, ou por sem descenderem uma da outra.
qualquer deles, em ao autnoma de separao, de divrcio, Art. 1.593. O parentesco natural ou civil, conforme resul-
de dissoluo de unio estvel ou em medida cautelar; (Inclu- te de consanginidade ou outra origem.
do pela Lei n 11.698, de 2008). Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de paren-
II decretada pelo juiz, em ateno a necessidades espe- tesco pelo nmero de geraes, e, na colateral, tambm pelo
cficas do filho, ou em razo da distribuio de tempo neces- nmero delas, subindo de um dos parentes at ao ascenden-
srio ao convvio deste com o pai e com a me. (Includo pela te comum, e descendo at encontrar o outro parente.
Lei n 11.698, de 2008). Art. 1.595. Cada cnjuge ou companheiro aliado aos pa-
1o Na audincia de conciliao, o juiz informar ao pai e rentes do outro pelo vnculo da afinidade.
me o significado da guarda compartilhada, a sua importn- 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascenden-
cia, a similitude de deveres e direitos atribudos aos genitores tes, aos descendentes e aos irmos do cnjuge ou compa-
e as sanes pelo descumprimento de suas clusulas. (Inclu- nheiro.
do pela Lei n 11.698, de 2008). 2o Na linha reta, a afinidade no se extingue com a dis-
2o Quando no houver acordo entre a me e o pai quan- soluo do casamento ou da unio estvel.
to guarda do filho, ser aplicada, sempre que possvel, a CAPTULO II
guarda compartilhada. (Includo pela Lei n 11.698, de 2008). Da Filiao
3o Para estabelecer as atribuies do pai e da me e os Art. 1.596. Os filhos, havidos ou no da relao de casa-
perodos de convivncia sob guarda compartilhada, o juiz, de mento, ou por adoo, tero os mesmos direitos e qualifica-
ofcio ou a requerimento do Ministrio Pblico, poder basear- es, proibidas quaisquer designaes discriminatrias relati-
se em orientao tcnico-profissional ou de equipe interdisci- vas filiao.
plinar. (Includo pela Lei n 11.698, de 2008).
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constncia do ca-
4o A alterao no autorizada ou o descumprimento imo- samento os filhos:
tivado de clusula de guarda, unilateral ou compartilhada,
poder implicar a reduo de prerrogativas atribudas ao seu I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de
estabelecida a convivncia conjugal;
detentor, inclusive quanto ao nmero de horas de convivncia
com o filho. (Includo pela Lei n 11.698, de 2008). II - nascidos nos trezentos dias subsequentes dissoluo
5o Se o juiz verificar que o filho no deve permanecer da sociedade conjugal, por morte, separao judicial, nulidade
sob a guarda do pai ou da me, deferir a guarda pessoa e anulao do casamento;
que revele compatibilidade com a natureza da medida, consi- III - havidos por fecundao artificial homloga, mesmo
derados, de preferncia, o grau de parentesco e as relaes que falecido o marido;
de afinidade e afetividade. (Includo pela Lei n 11.698, de IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de em-
2008). bries excedentrios, decorrentes de concepo artificial
Art. 1.585. Em sede de medida cautelar de separao de homloga;
corpos, aplica-se quanto guarda dos filhos as disposies V - havidos por inseminao artificial heterloga, desde
do artigo antecedente. que tenha prvia autorizao do marido.
Art. 1.586. Havendo motivos graves, poder o juiz, em Art. 1.598. Salvo prova em contrrio, se, antes de decorri-
qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira diferente do o prazo previsto no inciso II do art. 1.523, a mulher contrair
da estabelecida nos artigos antecedentes a situao deles novas npcias e lhe nascer algum filho, este se presume do
para com os pais. primeiro marido, se nascido dentro dos trezentos dias a contar
Art. 1.587. No caso de invalidade do casamento, havendo da data do falecimento deste e, do segundo, se o nascimento
filhos comuns, observar-se- o disposto nos arts. 1.584 e ocorrer aps esse perodo e j decorrido o prazo a que se
1.586. refere o inciso I do art. 1597.
Art. 1.588. O pai ou a me que contrair novas npcias no Art. 1.599. A prova da impotncia do cnjuge para gerar,
perde o direito de ter consigo os filhos, que s lhe podero ser poca da concepo, ilide a presuno da paternidade.
retirados por mandado judicial, provado que no so tratados Art. 1.600. No basta o adultrio da mulher, ainda que
convenientemente. confessado, para ilidir a presuno legal da paternidade.
Art. 1.589. O pai ou a me, em cuja guarda no estejam Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a pater-
os filhos, poder visit-los e t-los em sua companhia, segun- nidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ao
do o que acordar com o outro cnjuge, ou for fixado pelo juiz, imprescritvel.
bem como fiscalizar sua manuteno e educao. Pargrafo nico. Contestada a filiao, os herdeiros do
Pargrafo nico. O direito de visita estende-se a qualquer impugnante tm direito de prosseguir na ao.
dos avs, a critrio do juiz, observados os interesses da cri- Art. 1.602. No basta a confisso materna para excluir a
ana ou do adolescente. (Includo pela Lei n 12.398, de paternidade.
2011) Art. 1.603. A filiao prova-se pela certido do termo de
Art. 1.590. As disposies relativas guarda e prestao nascimento registrada no Registro Civil.
de alimentos aos filhos menores estendem-se aos maiores Art. 1.604. Ningum pode vindicar estado contrrio ao que
incapazes. resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou
SUBTTULO II falsidade do registro.
Das Relaes de Parentesco Art. 1.605. Na falta, ou defeito, do termo de nascimento,
CAPTULO I poder provar-se a filiao por qualquer modo admissvel em
Disposies Gerais direito:
Art. 1.591. So parentes em linha reta as pessoas que es- I - quando houver comeo de prova por escrito, provenien-
to umas para com as outras na relao de ascendentes e te dos pais, conjunta ou separadamente;
descendentes. II - quando existirem veementes presunes resultantes
de fatos j certos.

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Art. 1.606. A ao de prova de filiao compete ao filho, Art. 1.622. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor cia
ou incapaz. Art. 1.623. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
Pargrafo nico. Se iniciada a ao pelo filho, os herdeiros cia
podero continu-la, salvo se julgado extinto o processo. Art. 1.624. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
CAPTULO III cia
Do Reconhecimento dos Filhos Art. 1.625. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
Art. 1.607. O filho havido fora do casamento pode ser re- cia
conhecido pelos pais, conjunta ou separadamente. Art. 1.626. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
Art. 1.608. Quando a maternidade constar do termo do cia
nascimento do filho, a me s poder contest-la, provando a Art. 1.627. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
falsidade do termo, ou das declaraes nele contidas. cia
Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do Art. 1.628. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
casamento irrevogvel e ser feito: cia
I - no registro do nascimento; Art. 1.629. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
II - por escritura pblica ou escrito particular, a ser arqui- cia
vado em cartrio; CAPTULO V
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifesta- Do Poder FAMILIAR
do; Seo I
IV - por manifestao direta e expressa perante o juiz, Disposies Gerais
ainda que o reconhecimento no haja sido o objeto nico e Art. 1.630. Os filhos esto sujeitos ao poder familiar, en-
principal do ato que o contm. quanto menores.
Pargrafo nico. O reconhecimento pode preceder o nas- Art. 1.631. Durante o casamento e a unio estvel, com-
cimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele pete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um
deixar descendentes. deles, o outro o exercer com exclusividade.
Art. 1.610. O reconhecimento no pode ser revogado, nem Pargrafo nico. Divergindo os pais quanto ao exerccio
mesmo quando feito em testamento. do poder familiar, assegurado a qualquer deles recorrer ao
Art. 1.611. O filho havido fora do casamento, reconhecido juiz para soluo do desacordo.
por um dos cnjuges, no poder residir no lar conjugal sem o Art. 1.632. A separao judicial, o divrcio e a dissoluo
consentimento do outro. da unio estvel no alteram as relaes entre pais e filhos
Art. 1.612. O filho reconhecido, enquanto menor, ficar seno quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em
sob a guarda do genitor que o reconheceu, e, se ambos o sua companhia os segundos.
reconheceram e no houver acordo, sob a de quem melhor Art. 1.633. O filho, no reconhecido pelo pai, fica sob po-
atender aos interesses do menor. der familiar exclusivo da me; se a me no for conhecida ou
Art. 1.613. So ineficazes a condio e o termo apostos capaz de exerc-lo, dar-se- tutor ao menor.
ao ato de reconhecimento do filho. Seo II
Art. 1.614. O filho maior no pode ser reconhecido sem o Do Exerccio do Poder Familiar
seu consentimento, e o menor pode impugnar o reconheci- Art. 1.634. Compete aos pais, quanto pessoa dos filhos
mento, nos quatro anos que se seguirem maioridade, ou menores:
emancipao. I - dirigir-lhes a criao e educao;
Art. 1.615. Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, II - t-los em sua companhia e guarda;
pode contestar a ao de investigao de paternidade, ou
maternidade. III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para ca-
sarem;
Art. 1.616. A sentena que julgar procedente a ao de in-
vestigao produzir os mesmos efeitos do reconhecimento; IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento au-
mas poder ordenar que o filho se crie e eduque fora da com- tntico, se o outro dos pais no lhe sobreviver, ou o sobrevivo
panhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa qualidade. no puder exercer o poder familiar;
Art. 1.617. A filiao materna ou paterna pode resultar de V - represent-los, at aos dezesseis anos, nos atos da
casamento declarado nulo, ainda mesmo sem as condies vida civil, e assisti-los, aps essa idade, nos atos em que
do putativo. forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
CAPTULO IV VI - reclam-los de quem ilegalmente os detenha;
Da Adoo VII - exigir que lhes prestem obedincia, respeito e os ser-
Art. 1.618. A adoo de crianas e adolescentes ser de- vios prprios de sua idade e condio.
ferida na forma prevista pela Lei no 8.069, de 13 de julho de Seo III
1990 - Estatuto da Criana e do Adolescente. (Redao dada Da Suspenso e Extino do Poder Familiar
pela Lei n 12.010, de 2009) Vigncia Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:
Art. 1.619. A adoo de maiores de 18 (dezoito) anos de- I - pela morte dos pais ou do filho;
pender da assistncia efetiva do poder pblico e de senten- II - pela emancipao, nos termos do art. 5o, pargrafo
a constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais nico;
da Lei n 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criana III - pela maioridade;
e do Adolescente. (Redao dada pela Lei n 12.010, de
IV - pela adoo;
2009) Vigncia
V - por deciso judicial, na forma do artigo 1.638.
Art. 1.620. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
cia Art 1.636. O pai ou a me que contrai novas npcias, ou
estabelece unio estvel, no perde, quanto aos filhos do
Art. 1.621. (Revogado pela Lei n 12.010, de 2009) Vign-
relacionamento anterior, os direitos ao poder familiar, exer-
cia
cendo-os sem qualquer interferncia do novo cnjuge ou
companheiro.

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Pargrafo nico. Igual preceito ao estabelecido neste arti- comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais
go aplica-se ao pai ou me solteiros que casarem ou esta- de cinco anos;
belecerem unio estvel. VI - praticar todos os atos que no lhes forem vedados
Art. 1.637. Se o pai, ou a me, abusar de sua autoridade, expressamente.
faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens Art. 1.643. Podem os cnjuges, independentemente de
dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Mi- autorizao um do outro:
nistrio Pblico, adotar a medida que lhe parea reclamada I - comprar, ainda a crdito, as coisas necessrias eco-
pela segurana do menor e seus haveres, at suspendendo o nomia domstica;
poder familiar, quando convenha.
II - obter, por emprstimo, as quantias que a aquisio
Pargrafo nico. Suspende-se igualmente o exerccio do dessas coisas possa exigir.
poder familiar ao pai ou me condenados por sentena
irrecorrvel, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos Art. 1.644. As dvidas contradas para os fins do artigo an-
de priso. tecedente obrigam solidariamente ambos os cnjuges.
Art. 1.638. Perder por ato judicial o poder familiar o pai Art. 1.645. As aes fundadas nos incisos III, IV e V do art.
ou a me que: 1.642 competem ao cnjuge prejudicado e a seus herdeiros.
I - castigar imoderadamente o filho; Art. 1.646. No caso dos incisos III e IV do art. 1.642, o ter-
ceiro, prejudicado com a sentena favorvel ao autor, ter
II - deixar o filho em abandono; direito regressivo contra o cnjuge, que realizou o negcio
III - praticar atos contrrios moral e aos bons costumes; jurdico, ou seus herdeiros.
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum
antecedente. dos cnjuges pode, sem autorizao do outro, exceto no
TTULO II regime da separao absoluta:
Do Direito Patrimonial I - alienar ou gravar de nus real os bens imveis;
SUBTTULO I II - pleitear, como autor ou ru, acerca desses bens ou di-
Do Regime de Bens entre os Cnjuges reitos;
CAPTULO I III - prestar fiana ou aval;
Disposies Gerais IV - fazer doao, no sendo remuneratria, de bens co-
Art. 1.639. lcito aos nubentes, antes de celebrado o ca- muns, ou dos que possam integrar futura meao.
samento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprou- Pargrafo nico. So vlidas as doaes nupciais feitas
ver. aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia sepa-
1o O regime de bens entre os cnjuges comea a vigorar rada.
desde a data do casamento. Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente,
2o admissvel alterao do regime de bens, mediante suprir a outorga, quando um dos cnjuges a denegue sem
autorizao judicial em pedido motivado de ambos os cnju- motivo justo, ou lhe seja impossvel conced-la.
ges, apurada a procedncia das razes invocadas e ressal- Art. 1.649. A falta de autorizao, no suprida pelo juiz,
vados os direitos de terceiros. quando necessria (art. 1.647), tornar anulvel o ato pratica-
Art. 1.640. No havendo conveno, ou sendo ela nula ou do, podendo o outro cnjuge pleitear-lhe a anulao, at dois
ineficaz, vigorar, quanto aos bens entre os cnjuges, o regi- anos depois de terminada a sociedade conjugal.
me da comunho parcial. Pargrafo nico. A aprovao torna vlido o ato, desde
Pargrafo nico. Podero os nubentes, no processo de que feita por instrumento pblico, ou particular, autenticado.
habilitao, optar por qualquer dos regimes que este cdigo Art. 1.650. A decretao de invalidade dos atos praticados
regula. Quanto forma, reduzir-se- a termo a opo pela sem outorga, sem consentimento, ou sem suprimento do juiz,
comunho parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritu- s poder ser demandada pelo cnjuge a quem cabia conce-
ra pblica, nas demais escolhas. d-la, ou por seus herdeiros.
Art. 1.641. obrigatrio o regime da separao de bens Art. 1.651. Quando um dos cnjuges no puder exercer a
no casamento: administrao dos bens que lhe incumbe, segundo o regime
I - das pessoas que o contrarem com inobservncia das de bens, caber ao outro:
causas suspensivas da celebrao do casamento; I - gerir os bens comuns e os do consorte;
II da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redao dada II - alienar os bens mveis comuns;
pela Lei n 12.344, de 2010)
III - alienar os imveis comuns e os mveis ou imveis do
III - de todos os que dependerem, para casar, de supri- consorte, mediante autorizao judicial.
mento judicial.
Art. 1.652. O cnjuge, que estiver na posse dos bens par-
Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o ticulares do outro, ser para com este e seus herdeiros res-
marido quanto a mulher podem livremente: ponsvel:
I - praticar todos os atos de disposio e de administrao I - como usufruturio, se o rendimento for comum;
necessrios ao desempenho de sua profisso, com as limita-
es estabelecida no inciso I do art. 1.647; II - como procurador, se tiver mandato expresso ou tcito
para os administrar;
II - administrar os bens prprios;
III - como depositrio, se no for usufruturio, nem admi-
III - desobrigar ou reivindicar os imveis que tenham sido nistrador.
gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem
suprimento judicial; CAPTULO II
Do Pacto Antenupcial
IV - demandar a resciso dos contratos de fiana e doa-
o, ou a invalidao do aval, realizados pelo outro cnjuge Art. 1.653. nulo o pacto antenupcial se no for feito por
com infrao do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647; escritura pblica, e ineficaz se no lhe seguir o casamento.
V - reivindicar os bens comuns, mveis ou imveis, doa- Art. 1.654. A eficcia do pacto antenupcial, realizado por
dos ou transferidos pelo outro cnjuge ao concubino, desde menor, fica condicionada aprovao de seu representante
que provado que os bens no foram adquiridos pelo esforo legal, salvo as hipteses de regime obrigatrio de separao
de bens.

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Art. 1.655. nula a conveno ou clusula dela que con- CAPTULO IV
travenha disposio absoluta de lei. Do Regime de Comunho Universal
Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de Art. 1.667. O regime de comunho universal importa a
participao final nos aqestos, poder-se- convencionar a comunicao de todos os bens presentes e futuros dos cn-
livre disposio dos bens imveis, desde que particulares. juges e suas dvidas passivas, com as excees do artigo
Art. 1.657. As convenes antenupciais no tero efeito seguinte.
perante terceiros seno depois de registradas, em livro espe- Art. 1.668. So excludos da comunho:
cial, pelo oficial do Registro de Imveis do domiclio dos cn- I - os bens doados ou herdados com a clusula de inco-
juges. municabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
CAPTULO III II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdei-
Do Regime de Comunho Parcial ro fideicomissrio, antes de realizada a condio suspensiva;
Art. 1.658. No regime de comunho parcial, comunicam-se III - as dvidas anteriores ao casamento, salvo se provie-
os bens que sobrevierem ao casal, na constncia do casa- rem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em pro-
mento, com as excees dos artigos seguintes. veito comum;
Art. 1.659. Excluem-se da comunho: IV - as doaes antenupciais feitas por um dos cnjuges
I - os bens que cada cnjuge possuir ao casar, e os que ao outro com a clusula de incomunicabilidade;
lhe sobrevierem, na constncia do casamento, por doao ou V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
sucesso, e os sub-rogados em seu lugar; Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente per- artigo antecedente no se estende aos frutos, quando se
tencentes a um dos cnjuges em sub-rogao dos bens parti- percebam ou venam durante o casamento.
culares; Art. 1.670. Aplica-se ao regime da comunho universal o
III - as obrigaes anteriores ao casamento; disposto no Captulo antecedente, quanto administrao
IV - as obrigaes provenientes de atos ilcitos, salvo re- dos bens.
verso em proveito do casal; Art. 1.671. Extinta a comunho, e efetuada a diviso do
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de ativo e do passivo, cessar a responsabilidade de cada um
profisso; dos cnjuges para com os credores do outro.
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cnjuge; CAPTULO V
VII - as penses, meios-soldos, montepios e outras rendas Do Regime de Participao Final nos Aqestos
semelhantes. Art. 1.672. No regime de participao final nos aqestos,
Art. 1.660. Entram na comunho: cada cnjuge possui patrimnio prprio, consoante disposto
I - os bens adquiridos na constncia do casamento por t- no artigo seguinte, e lhe cabe, poca da dissoluo da soci-
tulo oneroso, ainda que s em nome de um dos cnjuges; edade conjugal, direito metade dos bens adquiridos pelo
casal, a ttulo oneroso, na constncia do casamento.
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o
concurso de trabalho ou despesa anterior; Art. 1.673. Integram o patrimnio prprio os bens que ca-
da cnjuge possua ao casar e os por ele adquiridos, a qual-
III - os bens adquiridos por doao, herana ou legado, quer ttulo, na constncia do casamento.
em favor de ambos os cnjuges;
Pargrafo nico. A administrao desses bens exclusiva
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cnjuge;
de cada cnjuge, que os poder livremente alienar, se forem
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de ca- mveis.
da cnjuge, percebidos na constncia do casamento, ou pen- Art. 1.674. Sobrevindo a dissoluo da sociedade conju-
dentes ao tempo de cessar a comunho. gal, apurar-se- o montante dos aqestos, excluindo-se da
Art. 1.661. So incomunicveis os bens cuja aquisio ti- soma dos patrimnios prprios:
ver por ttulo uma causa anterior ao casamento. I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar
Art. 1.662. No regime da comunho parcial, presumem-se se sub-rogaram;
adquiridos na constncia do casamento os bens mveis, II - os que sobrevieram a cada cnjuge por sucesso ou
quando no se provar que o foram em data anterior. liberalidade;
Art. 1.663. A administrao do patrimnio comum compete III - as dvidas relativas a esses bens.
a qualquer dos cnjuges.
Pargrafo nico. Salvo prova em contrrio, presumem-se
1o As dvidas contradas no exerccio da administrao adquiridos durante o casamento os bens mveis.
obrigam os bens comuns e particulares do cnjuge que os
administra, e os do outro na razo do proveito que houver Art. 1.675. Ao determinar-se o montante dos aqestos,
auferido. computar-se- o valor das doaes feitas por um dos cnju-
ges, sem a necessria autorizao do outro; nesse caso, o
2o A anuncia de ambos os cnjuges necessria para bem poder ser reivindicado pelo cnjuge prejudicado ou por
os atos, a ttulo gratuito, que impliquem cesso do uso ou seus herdeiros, ou declarado no monte partilhvel, por valor
gozo dos bens comuns. equivalente ao da poca da dissoluo.
3o Em caso de malversao dos bens, o juiz poder atri- Art. 1.676. Incorpora-se ao monte o valor dos bens aliena-
buir a administrao a apenas um dos cnjuges. dos em detrimento da meao, se no houver preferncia do
Art. 1.664. Os bens da comunho respondem pelas obri- cnjuge lesado, ou de seus herdeiros, de os reivindicar.
gaes contradas pelo marido ou pela mulher para atender Art. 1.677. Pelas dvidas posteriores ao casamento, con-
aos encargos da famlia, s despesas de administrao e s tradas por um dos cnjuges, somente este responder, salvo
decorrentes de imposio legal.
prova de terem revertido, parcial ou totalmente, em benefcio
Art. 1.665. A administrao e a disposio dos bens cons- do outro.
titutivos do patrimnio particular competem ao cnjuge propri- Art. 1.678. Se um dos cnjuges solveu uma dvida do ou-
etrio, salvo conveno diversa em pacto antenupcial. tro com bens do seu patrimnio, o valor do pagamento deve
Art. 1.666. As dvidas, contradas por qualquer dos cnju- ser atualizado e imputado, na data da dissoluo, meao
ges na administrao de seus bens particulares e em benef- do outro cnjuge.
cio destes, no obrigam os bens comuns.

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Art. 1.679. No caso de bens adquiridos pelo trabalho con- Art. 1.692. Sempre que no exerccio do poder familiar coli-
junto, ter cada um dos cnjuges uma quota igual no condo- dir o interesse dos pais com o do filho, a requerimento deste
mnio ou no crdito por aquele modo estabelecido. ou do Ministrio Pblico o juiz lhe dar curador especial.
Art. 1.680. As coisas mveis, em face de terceiros, presu- Art. 1.693. Excluem-se do usufruto e da administrao dos
mem-se do domnio do cnjuge devedor, salvo se o bem for pais:
de uso pessoal do outro. I - os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento,
Art. 1.681. Os bens imveis so de propriedade do cnju- antes do reconhecimento;
ge cujo nome constar no registro. II - os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis
Pargrafo nico. Impugnada a titularidade, caber ao cn- anos, no exerccio de atividade profissional e os bens com
juge proprietrio provar a aquisio regular dos bens. tais recursos adquiridos;
Art. 1.682. O direito meao no renuncivel, cessvel III - os bens deixados ou doados ao filho, sob a condio
ou penhorvel na vigncia do regime matrimonial. de no serem usufrudos, ou administrados, pelos pais;
Art. 1.683. Na dissoluo do regime de bens por separa- IV - os bens que aos filhos couberem na herana, quando
o judicial ou por divrcio, verificar-se- o montante dos os pais forem excludos da sucesso.
aqestos data em que cessou a convivncia. SUBTTULO III
Art. 1.684. Se no for possvel nem conveniente a diviso Dos Alimentos
de todos os bens em natureza, calcular-se- o valor de alguns Art. 1.694. Podem os parentes, os cnjuges ou compa-
ou de todos para reposio em dinheiro ao cnjuge no- nheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem
proprietrio. para viver de modo compatvel com a sua condio social,
Pargrafo nico. No se podendo realizar a reposio em inclusive para atender s necessidades de sua educao.
dinheiro, sero avaliados e, mediante autorizao judicial, 1o Os alimentos devem ser fixados na proporo das
alienados tantos bens quantos bastarem. necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obri-
Art. 1.685. Na dissoluo da sociedade conjugal por mor- gada.
te, verificar-se- a meao do cnjuge sobrevivente de con- 2o Os alimentos sero apenas os indispensveis sub-
formidade com os artigos antecedentes, deferindo-se a he- sistncia, quando a situao de necessidade resultar de culpa
rana aos herdeiros na forma estabelecida neste Cdigo. de quem os pleiteia.
Art. 1.686. As dvidas de um dos cnjuges, quando supe- Art. 1.695. So devidos os alimentos quando quem os pre-
riores sua meao, no obrigam ao outro, ou a seus herdei- tende no tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu
ros. trabalho, prpria mantena, e aquele, de quem se recla-
CAPTULO VI mam, pode fornec-los, sem desfalque do necessrio ao seu
Do Regime de Separao de Bens sustento.
Art. 1.687. Estipulada a separao de bens, estes perma- Art. 1.696. O direito prestao de alimentos recproco
necero sob a administrao exclusiva de cada um dos cn- entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, re-
juges, que os poder livremente alienar ou gravar de nus caindo a obrigao nos mais prximos em grau, uns em falta
real. de outros.
Art. 1.688. Ambos os cnjuges so obrigados a contribuir Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigao aos
para as despesas do casal na proporo dos rendimentos de descendentes, guardada a ordem de sucesso e, faltando
seu trabalho e de seus bens, salvo estipulao em contrrio estes, aos irmos, assim germanos como unilaterais.
no pacto antenupcial. Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro
SUBTTULO II lugar, no estiver em condies de suportar totalmente o
Do Usufruto e da Administrao dos Bens de Filhos Me- encargo, sero chamados a concorrer os de grau imediato;
nores sendo vrias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas
Art. 1.689. O pai e a me, enquanto no exerccio do poder devem concorrer na proporo dos respectivos recursos, e,
familiar: intentada ao contra uma delas, podero as demais ser
I - so usufruturios dos bens dos filhos; chamadas a integrar a lide.
II - tm a administrao dos bens dos filhos menores sob Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudana
sua autoridade. na situao financeira de quem os supre, ou na de quem os
recebe, poder o interessado reclamar ao juiz, conforme as
Art. 1.690. Compete aos pais, e na falta de um deles ao circunstncias, exonerao, reduo ou majorao do encar-
outro, com exclusividade, representar os filhos menores de go.
dezesseis anos, bem como assisti-los at completarem a
maioridade ou serem emancipados. Art. 1.700. A obrigao de prestar alimentos transmite-se
aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694.
Pargrafo nico. Os pais devem decidir em comum as
questes relativas aos filhos e a seus bens; havendo diver- Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poder
gncia, poder qualquer deles recorrer ao juiz para a soluo pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento,
necessria. sem prejuzo do dever de prestar o necessrio sua educa-
o, quando menor.
Art. 1.691. No podem os pais alienar, ou gravar de nus
real os imveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obri- Pargrafo nico. Compete ao juiz, se as circunstncias o
gaes que ultrapassem os limites da simples administrao, exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestao.
salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, medi- Art. 1.702. Na separao judicial litigiosa, sendo um dos
ante prvia autorizao do juiz. cnjuges inocente e desprovido de recursos, prestar-lhe- o
Pargrafo nico. Podem pleitear a declarao de nulidade outro a penso alimentcia que o juiz fixar, obedecidos os
dos atos previstos neste artigo: critrios estabelecidos no art. 1.694.
I - os filhos; Art. 1.703. Para a manuteno dos filhos, os cnjuges se-
parados judicialmente contribuiro na proporo de seus
II - os herdeiros; recursos.
III - o representante legal. Art. 1.704. Se um dos cnjuges separados judicialmente
vier a necessitar de alimentos, ser o outro obrigado a prest-

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los mediante penso a ser fixada pelo juiz, caso no tenha Art. 1.716. A iseno de que trata o artigo antecedente du-
sido declarado culpado na ao de separao judicial. rar enquanto viver um dos cnjuges, ou, na falta destes, at
Pargrafo nico. Se o cnjuge declarado culpado vier a que os filhos completem a maioridade.
necessitar de alimentos, e no tiver parentes em condies Art. 1.717. O prdio e os valores mobilirios, constitudos
de prest-los, nem aptido para o trabalho, o outro cnjuge como bem da famlia, no podem ter destino diverso do pre-
ser obrigado a assegur-los, fixando o juiz o valor indispen- visto no art. 1.712 ou serem alienados sem o consentimento
svel sobrevivncia. dos interessados e seus representantes legais, ouvido o Mi-
Art. 1.705. Para obter alimentos, o filho havido fora do ca- nistrio Pblico.
samento pode acionar o genitor, sendo facultado ao juiz de- Art. 1.718. Qualquer forma de liquidao da entidade ad-
terminar, a pedido de qualquer das partes, que a ao se ministradora, a que se refere o 3o do art. 1.713, no atingir
processe em segredo de justia. os valores a ela confiados, ordenando o juiz a sua transfern-
Art. 1.706. Os alimentos provisionais sero fixados pelo ju- cia para outra instituio semelhante, obedecendo-se, no
iz, nos termos da lei processual. caso de falncia, ao disposto sobre pedido de restituio.
Art. 1.707. Pode o credor no exercer, porm lhe vedado Art. 1.719. Comprovada a impossibilidade da manuteno
renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crdito do bem de famlia nas condies em que foi institudo, poder
insuscetvel de cesso, compensao ou penhora. o juiz, a requerimento dos interessados, extingui-lo ou autori-
Art. 1.708. Com o casamento, a unio estvel ou o concu- zar a sub-rogao dos bens que o constituem em outros,
binato do credor, cessa o dever de prestar alimentos. ouvidos o instituidor e o Ministrio Pblico.
Pargrafo nico. Com relao ao credor cessa, tambm, o Art. 1.720. Salvo disposio em contrrio do ato de insti-
direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em relao tuio, a administrao do bem de famlia compete a ambos
ao devedor. os cnjuges, resolvendo o juiz em caso de divergncia.
Art. 1.709. O novo casamento do cnjuge devedor no ex- Pargrafo nico. Com o falecimento de ambos os cnju-
tingue a obrigao constante da sentena de divrcio. ges, a administrao passar ao filho mais velho, se for mai-
or, e, do contrrio, a seu tutor.
Art. 1.710. As prestaes alimentcias, de qualquer natu-
reza, sero atualizadas segundo ndice oficial regularmente Art. 1.721. A dissoluo da sociedade conjugal no extin-
estabelecido. gue o bem de famlia.
SUBTTULO IV Pargrafo nico. Dissolvida a sociedade conjugal pela
Do Bem de Famlia morte de um dos cnjuges, o sobrevivente poder pedir a
extino do bem de famlia, se for o nico bem do casal.
Art. 1.711. Podem os cnjuges, ou a entidade familiar,
mediante escritura pblica ou testamento, destinar parte de Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de famlia com
seu patrimnio para instituir bem de famlia, desde que no a morte de ambos os cnjuges e a maioridade dos filhos,
ultrapasse um tero do patrimnio lquido existente ao tempo desde que no sujeitos a curatela.
da instituio, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade TTULO III
do imvel residencial estabelecida em lei especial. DA UNIO ESTVEL
Pargrafo nico. O terceiro poder igualmente instituir Art. 1.723. reconhecida como entidade familiar a unio
bem de famlia por testamento ou doao, dependendo a estvel entre o homem e a mulher, configurada na convivn-
eficcia do ato da aceitao expressa de ambos os cnjuges cia pblica, contnua e duradoura e estabelecida com o objeti-
beneficiados ou da entidade familiar beneficiada. vo de constituio de famlia.
Art. 1.712. O bem de famlia consistir em prdio residen- 1o A unio estvel no se constituir se ocorrerem os
cial urbano ou rural, com suas pertenas e acessrios, desti- impedimentos do art. 1.521; no se aplicando a incidncia do
nando-se em ambos os casos a domiclio familiar, e poder inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de
abranger valores mobilirios, cuja renda ser aplicada na fato ou judicialmente.
conservao do imvel e no sustento da famlia. 2o As causas suspensivas do art. 1.523 no impediro a
Art. 1.713. Os valores mobilirios, destinados aos fins pre- caracterizao da unio estvel.
vistos no artigo antecedente, no podero exceder o valor do Art. 1.724. As relaes pessoais entre os companheiros
prdio institudo em bem de famlia, poca de sua institui- obedecero aos deveres de lealdade, respeito e assistncia,
o. e de guarda, sustento e educao dos filhos.
1o Devero os valores mobilirios ser devidamente indi- Art. 1.725. Na unio estvel, salvo contrato escrito entre
vidualizados no instrumento de instituio do bem de famlia. os companheiros, aplica-se s relaes patrimoniais, no que
2o Se se tratar de ttulos nominativos, a sua instituio couber, o regime da comunho parcial de bens.
como bem de famlia dever constar dos respectivos livros de Art. 1.726. A unio estvel poder converter-se em casa-
registro. mento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento
3o O instituidor poder determinar que a administrao no Registro Civil.
dos valores mobilirios seja confiada a instituio financeira, Art. 1.727. As relaes no eventuais entre o homem e a
bem como disciplinar a forma de pagamento da respectiva mulher, impedidos de casar, constituem concubinato.
renda aos beneficirios, caso em que a responsabilidade dos TTULO IV
administradores obedecer s regras do contrato de depsito. Da Tutela e da Curatela
Art. 1.714. O bem de famlia, quer institudo pelos cnju- CAPTULO I
ges ou por terceiro, constitui-se pelo registro de seu ttulo no Da Tutela
Registro de Imveis. Seo I
Art. 1.715. O bem de famlia isento de execuo por d- Dos Tutores
vidas posteriores sua instituio, salvo as que provierem de Art. 1.728. Os filhos menores so postos em tutela:
tributos relativos ao prdio, ou de despesas de condomnio.
I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados
Pargrafo nico. No caso de execuo pelas dvidas refe- ausentes;
ridas neste artigo, o saldo existente ser aplicado em outro
prdio, como bem de famlia, ou em ttulos da dvida pblica, II - em caso de os pais decarem do poder familiar.
para sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselha- Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete aos pais, em
rem outra soluo, a critrio do juiz. conjunto.

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Pargrafo nico. A nomeao deve constar de testamento VII - militares em servio.
ou de qualquer outro documento autntico. Art. 1.737. Quem no for parente do menor no poder
Art. 1.730. nula a nomeao de tutor pelo pai ou pela ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar parente
me que, ao tempo de sua morte, no tinha o poder familiar. idneo, consangneo ou afim, em condies de exerc-la.
Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe Art. 1.738. A escusa apresentar-se- nos dez dias subse-
a tutela aos parentes consangneos do menor, por esta or- qentes designao, sob pena de entender-se renunciado o
dem: direito de aleg-la; se o motivo escusatrio ocorrer depois de
I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais prximo ao aceita a tutela, os dez dias contar-se-o do em que ele sobre-
mais remoto; vier.
II - aos colaterais at o terceiro grau, preferindo os mais Art. 1.739. Se o juiz no admitir a escusa, exercer o no-
prximos aos mais remotos, e, no mesmo grau, os mais ve- meado a tutela, enquanto o recurso interposto no tiver pro-
lhos aos mais moos; em qualquer dos casos, o juiz escolhe- vimento, e responder desde logo pelas perdas e danos que
r entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefcio do o menor venha a sofrer.
menor. Seo IV
Art. 1.732. O juiz nomear tutor idneo e residente no do- Do Exerccio da Tutela
miclio do menor: Art. 1.740. Incumbe ao tutor, quanto pessoa do menor:
I - na falta de tutor testamentrio ou legtimo; I - dirigir-lhe a educao, defend-lo e prestar-lhe alimen-
II - quando estes forem excludos ou escusados da tutela; tos, conforme os seus haveres e condio;
III - quando removidos por no idneos o tutor legtimo e o II - reclamar do juiz que providencie, como houver por
testamentrio. bem, quando o menor haja mister correo;
Art. 1.733. Aos irmos rfos dar-se- um s tutor. III - adimplir os demais deveres que normalmente cabem
1o No caso de ser nomeado mais de um tutor por dispo- aos pais, ouvida a opinio do menor, se este j contar doze
sio testamentria sem indicao de precedncia, entende- anos de idade.
se que a tutela foi cometida ao primeiro, e que os outros lhe Art. 1.741. Incumbe ao tutor, sob a inspeo do juiz, admi-
sucedero pela ordem de nomeao, se ocorrer morte, inca- nistrar os bens do tutelado, em proveito deste, cumprindo
pacidade, escusa ou qualquer outro impedimento. seus deveres com zelo e boa-f.
2o Quem institui um menor herdeiro, ou legatrio seu, Art. 1.742. Para fiscalizao dos atos do tutor, pode o juiz
poder nomear-lhe curador especial para os bens deixados, nomear um protutor.
ainda que o beneficirio se encontre sob o poder familiar, ou Art. 1.743. Se os bens e interesses administrativos exigi-
tutela. rem conhecimentos tcnicos, forem complexos, ou realizados
Art. 1.734. As crianas e os adolescentes cujos pais forem em lugares distantes do domiclio do tutor, poder este, medi-
desconhecidos, falecidos ou que tiverem sido suspensos ou ante aprovao judicial, delegar a outras pessoas fsicas ou
destitudos do poder familiar tero tutores nomeados pelo Juiz jurdicas o exerccio parcial da tutela.
ou sero includos em programa de colocao familiar, na Art. 1.744. A responsabilidade do juiz ser:
forma prevista pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - I - direta e pessoal, quando no tiver nomeado o tutor, ou
Estatuto da Criana e do Adolescente. (Redao dada pela no o houver feito oportunamente;
Lei n 12.010, de 2009) Vigncia II - subsidiria, quando no tiver exigido garantia legal do
Seo II tutor, nem o removido, tanto que se tornou suspeito.
Dos Incapazes de Exercer a Tutela Art. 1.745. Os bens do menor sero entregues ao tutor
Art. 1.735. No podem ser tutores e sero exonerados da mediante termo especificado deles e seus valores, ainda que
tutela, caso a exeram: os pais o tenham dispensado.
I - aqueles que no tiverem a livre administrao de seus Pargrafo nico. Se o patrimnio do menor for de valor
bens; considervel, poder o juiz condicionar o exerccio da tutela
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, prestao de cauo bastante, podendo dispens-la se o tutor
se acharem constitudos em obrigao para com o menor, ou for de reconhecida idoneidade.
tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos Art. 1.746. Se o menor possuir bens, ser sustentado e
pais, filhos ou cnjuges tiverem demanda contra o menor; educado a expensas deles, arbitrando o juiz para tal fim as
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem quantias que lhe paream necessrias, considerado o rendi-
sido por estes expressamente excludos da tutela; mento da fortuna do pupilo quando o pai ou a me no as
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, houver fixado.
falsidade, contra a famlia ou os costumes, tenham ou no Art. 1.747. Compete mais ao tutor:
cumprido pena; I - representar o menor, at os dezesseis anos, nos atos
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probi- da vida civil, e assisti-lo, aps essa idade, nos atos em que for
dade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores; parte;
VI - aqueles que exercerem funo pblica incompatvel II - receber as rendas e penses do menor, e as quantias
com a boa administrao da tutela. a ele devidas;
Seo III III - fazer-lhe as despesas de subsistncia e educao,
Da Escusa dos Tutores bem como as de administrao, conservao e melhoramen-
Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela: tos de seus bens;
I - mulheres casadas; IV - alienar os bens do menor destinados a venda;
II - maiores de sessenta anos; V - promover-lhe, mediante preo conveniente, o arren-
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de trs damento de bens de raiz.
filhos; Art. 1.748. Compete tambm ao tutor, com autorizao do
IV - os impossibilitados por enfermidade; juiz:
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de I - pagar as dvidas do menor;
exercer a tutela; II - aceitar por ele heranas, legados ou doaes, ainda
VI - aqueles que j exercerem tutela ou curatela; que com encargos;

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III - transigir; Art. 1.755. Os tutores, embora o contrrio tivessem dis-
IV - vender-lhe os bens mveis, cuja conservao no posto os pais dos tutelados, so obrigados a prestar contas
convier, e os imveis nos casos em que for permitido; da sua administrao.
V - propor em juzo as aes, ou nelas assistir o menor, e Art. 1.756. No fim de cada ano de administrao, os tuto-
promover todas as diligncias a bem deste, assim como de- res submetero ao juiz o balano respectivo, que, depois de
fend-lo nos pleitos contra ele movidos. aprovado, se anexar aos autos do inventrio.
Pargrafo nico. No caso de falta de autorizao, a efic- Art. 1.757. Os tutores prestaro contas de dois em dois
cia de ato do tutor depende da aprovao ulterior do juiz. anos, e tambm quando, por qualquer motivo, deixarem o
Art. 1.749. Ainda com a autorizao judicial, no pode o exerccio da tutela ou toda vez que o juiz achar conveniente.
tutor, sob pena de nulidade: Pargrafo nico. As contas sero prestadas em juzo, e
I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante con- julgadas depois da audincia dos interessados, recolhendo o
trato particular, bens mveis ou imveis pertencentes ao me- tutor imediatamente a estabelecimento bancrio oficial os
nor; saldos, ou adquirindo bens imveis, ou ttulos, obrigaes ou
letras, na forma do 1o do art. 1.753.
II - dispor dos bens do menor a ttulo gratuito;
Art. 1.758. Finda a tutela pela emancipao ou maiorida-
III - constituir-se cessionrio de crdito ou de direito, con- de, a quitao do menor no produzir efeito antes de apro-
tra o menor. vadas as contas pelo juiz, subsistindo inteira, at ento, a
Art. 1.750. Os imveis pertencentes aos menores sob tute- responsabilidade do tutor.
la somente podem ser vendidos quando houver manifesta Art. 1.759. Nos casos de morte, ausncia, ou interdio do
vantagem, mediante prvia avaliao judicial e aprovao do tutor, as contas sero prestadas por seus herdeiros ou repre-
juiz. sentantes.
Art. 1.751. Antes de assumir a tutela, o tutor declarar tu- Art. 1.760. Sero levadas a crdito do tutor todas as des-
do o que o menor lhe deva, sob pena de no lhe poder co- pesas justificadas e reconhecidamente proveitosas ao menor.
brar, enquanto exera a tutoria, salvo provando que no co-
nhecia o dbito quando a assumiu. Art. 1.761. As despesas com a prestao das contas se-
ro pagas pelo tutelado.
Art. 1.752. O tutor responde pelos prejuzos que, por cul-
pa, ou dolo, causar ao tutelado; mas tem direito a ser pago Art. 1.762. O alcance do tutor, bem como o saldo contra o
pelo que realmente despender no exerccio da tutela, salvo no tutelado, so dvidas de valor e vencem juros desde o julga-
caso do art. 1.734, e a perceber remunerao proporcional mento definitivo das contas.
importncia dos bens administrados. Seo VII
1o Ao protutor ser arbitrada uma gratificao mdica Da Cessao da Tutela
pela fiscalizao efetuada. Art. 1.763. Cessa a condio de tutelado:
2o So solidariamente responsveis pelos prejuzos as I - com a maioridade ou a emancipao do menor;
pessoas s quais competia fiscalizar a atividade do tutor, e as II - ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reco-
que concorreram para o dano. nhecimento ou adoo.
Seo V Art. 1.764. Cessam as funes do tutor:
Dos Bens do Tutelado I - ao expirar o termo, em que era obrigado a servir;
Art. 1.753. Os tutores no podem conservar em seu poder II - ao sobrevir escusa legtima;
dinheiro dos tutelados, alm do necessrio para as despesas III - ao ser removido.
ordinrias com o seu sustento, a sua educao e a adminis-
trao de seus bens. Art. 1.765. O tutor obrigado a servir por espao de dois
anos.
1o Se houver necessidade, os objetos de ouro e prata,
pedras preciosas e mveis sero avaliados por pessoa idnea Pargrafo nico. Pode o tutor continuar no exerccio da tu-
e, aps autorizao judicial, alienados, e o seu produto con- tela, alm do prazo previsto neste artigo, se o quiser e o juiz
vertido em ttulos, obrigaes e letras de responsabilidade julgar conveniente ao menor.
direta ou indireta da Unio ou dos Estados, atendendo-se Art. 1.766. Ser destitudo o tutor, quando negligente, pre-
preferentemente rentabilidade, e recolhidos ao estabeleci- varicador ou incurso em incapacidade.
mento bancrio oficial ou aplicado na aquisio de imveis, CAPTULO II
conforme for determinado pelo juiz. Da Curatela
2o O mesmo destino previsto no pargrafo antecedente Seo I
ter o dinheiro proveniente de qualquer outra procedncia. Dos Interditos
3o Os tutores respondem pela demora na aplicao dos Art. 1.767. Esto sujeitos a curatela:
valores acima referidos, pagando os juros legais desde o dia I - aqueles que, por enfermidade ou deficincia mental,
em que deveriam dar esse destino, o que no os exime da no tiverem o necessrio discernimento para os atos da vida
obrigao, que o juiz far efetiva, da referida aplicao. civil;
Art. 1.754. Os valores que existirem em estabelecimento II - aqueles que, por outra causa duradoura, no puderem
bancrio oficial, na forma do artigo antecedente, no se pode- exprimir a sua vontade;
ro retirar, seno mediante ordem do juiz, e somente: III - os deficientes mentais, os brios habituais e os vicia-
I - para as despesas com o sustento e educao do tute- dos em txicos;
lado, ou a administrao de seus bens; IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento men-
II - para se comprarem bens imveis e ttulos, obrigaes tal;
ou letras, nas condies previstas no 1o do artigo antece- V - os prdigos.
dente;
Art. 1.768. A interdio deve ser promovida:
III - para se empregarem em conformidade com o disposto
I - pelos pais ou tutores;
por quem os houver doado, ou deixado;
II - pelo cnjuge, ou por qualquer parente;
IV - para se entregarem aos rfos, quando emancipados,
ou maiores, ou, mortos eles, aos seus herdeiros. III - pelo Ministrio Pblico.
Seo VI Art. 1.769. O Ministrio Pblico s promover interdio:
Da Prestao de Contas I - em caso de doena mental grave;

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II - se no existir ou no promover a interdio alguma das Seo I
pessoas designadas nos incisos I e II do artigo antecedente; Dos Poderes, dos Deveres e da responsabilidade do Juiz
III - se, existindo, forem incapazes as pessoas menciona- Art. 125. O juiz dirigir o processo conforme as disposi-
das no inciso antecedente. es deste Cdigo, competindo-lhe:
Art. 1.770. Nos casos em que a interdio for promovida
pelo Ministrio Pblico, o juiz nomear defensor ao suposto I - assegurar s partes igualdade de tratamento;
incapaz; nos demais casos o Ministrio Pblico ser o defen- II - velar pela rpida soluo do litgio;
sor.
Art. 1.771. Antes de pronunciar-se acerca da interdio, o III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrrio dignidade
juiz, assistido por especialistas, examinar pessoalmente o da Justia;
argido de incapacidade. IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. (Includo
Art. 1.772. Pronunciada a interdio das pessoas a que se pela Lei n 8.952, de 13.12.1994)
referem os incisos III e IV do art. 1.767, o juiz assinar, se-
gundo o estado ou o desenvolvimento mental do interdito, os Art. 126. O juiz no se exime de sentenciar ou despachar
limites da curatela, que podero circunscrever-se s restri- alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide
es constantes do art. 1.782. caber-lhe- aplicar as normas legais; no as havendo, recor-
rer analogia, aos costumes e aos princpios gerais de direi-
Art. 1.773. A sentena que declara a interdio produz
to. (Redao dada pela Lei n 5.925, de 1.10.1973)
efeitos desde logo, embora sujeita a recurso.
Art. 1.774. Aplicam-se curatela as disposies concer- Art. 127. O juiz s decidir por eqidade nos casos previs-
nentes tutela, com as modificaes dos artigos seguintes. tos em lei.
Art. 1.775. O cnjuge ou companheiro, no separado judi- Art. 128. O juiz decidir a lide nos limites em que foi pro-
cialmente ou de fato, , de direito, curador do outro, quando posta, sendo-lhe defeso conhecer de questes, no suscita-
interdito. das, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.
1o Na falta do cnjuge ou companheiro, curador legti-
mo o pai ou a me; na falta destes, o descendente que se Art. 129. Convencendo-se, pelas circunstncias da causa,
demonstrar mais apto. de que autor e ru se serviram do processo para praticar ato
simulado ou conseguir fim proibido por lei, o juiz proferir
2o Entre os descendentes, os mais prximos precedem
sentena que obste aos objetivos das partes.
aos mais remotos.
3o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, com- Art. 130. Caber ao juiz, de ofcio ou a requerimento da
pete ao juiz a escolha do curador. parte, determinar as provas necessrias instruo do pro-
Art. 1.776. Havendo meio de recuperar o interdito, o cura- cesso, indeferindo as diligncias inteis ou meramente prote-
dor promover-lhe- o tratamento em estabelecimento apropri- latrias.
ado. Art. 131. O juiz apreciar livremente a prova, atendendo
Art. 1.777. Os interditos referidos nos incisos I, III e IV do aos fatos e circunstncias constantes dos autos, ainda que
art. 1.767 sero recolhidos em estabelecimentos adequados, no alegados pelas partes; mas dever indicar, na sentena,
quando no se adaptarem ao convvio domstico. os motivos que Ihe formaram o convencimento. (Redao
Art. 1.778. A autoridade do curador estende-se pessoa e dada pela Lei n 5.925, de 1.10.1973)
aos bens dos filhos do curatelado, observado o art. 5o.
Art. 132. O juiz, titular ou substituto, que concluir a audin-
Seo II cia julgar a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afas-
Da Curatela do Nascituro e do Enfermo ou Portador de tado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos
Deficincia Fsica em que passar os autos ao seu sucessor. (Redao dada
Art. 1.779. Dar-se- curador ao nascituro, se o pai falecer pela Lei n 8.637, de 31.3.1993)
estando grvida a mulher, e no tendo o poder familiar.
Pargrafo nico. Em qualquer hiptese, o juiz que proferir
Pargrafo nico. Se a mulher estiver interdita, seu curador
a sentena, se entender necessrio, poder mandar repetir as
ser o do nascituro.
provas j produzidas. (Includo pela Lei n 8.637, de
Art. 1.780. A requerimento do enfermo ou portador de de- 31.3.1993)
ficincia fsica, ou, na impossibilidade de faz-lo, de qualquer
das pessoas a que se refere o art. 1.768, dar-se-lhe- curador Art. 133. Responder por perdas e danos o juiz, quando:
para cuidar de todos ou alguns de seus negcios ou bens. I - no exerccio de suas funes, proceder com dolo ou
Seo III fraude;
Do Exerccio da Curatela
Art. 1.781. As regras a respeito do exerccio da tutela apli- II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providn-
cam-se ao da curatela, com a restrio do art. 1.772 e as cia que deva ordenar de ofcio, ou a requerimento da parte.
desta Seo. Pargrafo nico. Reputar-se-o verificadas as hipteses
Art. 1.782. A interdio do prdigo s o privar de, sem previstas no no II s depois que a parte, por intermdio do
curador, emprestar, transigir, dar quitao, alienar, hipotecar, escrivo, requerer ao juiz que determine a providncia e este
demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos no Ihe atender o pedido dentro de 10 (dez) dias.
que no sejam de mera administrao.
Seo II
Art. 1.783. Quando o curador for o cnjuge e o regime de Dos Impedimentos e da Suspeio
bens do casamento for de comunho universal, no ser
obrigado prestao de contas, salvo determinao judicial. Art. 134. defeso ao juiz exercer as suas funes no pro-
cesso contencioso ou voluntrio:
BRASIL, LEI No 5.869, DE 11 DE JANEIRO DE 1973.Cdigo I - de que for parte;
de Processo Civil, artigos 134 a 147; 420 a 439;
II - em que interveio como mandatrio da parte, oficiou
DO JUIZ como perito, funcionou como rgo do Ministrio Pblico, ou
prestou depoimento como testemunha;

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III - que conheceu em primeiro grau de jurisdio, tendo- Art. 139. So auxiliares do juzo, alm de outros, cujas
lhe proferido sentena ou deciso; atribuies so determinadas pelas normas de organizao
judiciria, o escrivo, o oficial de justia, o perito, o deposit-
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da rio, o administrador e o intrprete.
parte, o seu cnjuge ou qualquer parente seu, consangneo
ou afim, em linha reta; ou na linha colateral at o segundo Seo I
grau; Do Serventurio e do Oficial de Justia
V - quando cnjuge, parente, consangneo ou afim, de Art. 140. Em cada juzo haver um ou mais oficios de jus-
alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, at o tercei- tia, cujas atribuies so determinadas pelas normas de
ro grau; organizao judiciria.
VI - quando for rgo de direo ou de administrao de Art. 141. Incumbe ao escrivo:
pessoa jurdica, parte na causa.
I - redigir, em forma legal, os ofcios, mandados, cartas
Pargrafo nico. No caso do no IV, o impedimento s se precatrias e mais atos que pertencem ao seu ofcio;
verifica quando o advogado j estava exercendo o patrocnio
da causa; , porm, vedado ao advogado pleitear no proces- II - executar as ordens judiciais, promovendo citaes e in-
so, a fim de criar o impedimento do juiz. timaes, bem como praticando todos os demais atos, que
Ihe forem atribudos pelas normas de organizao judiciria;
Art. 135. Reputa-se fundada a suspeio de parcialidade
do juiz, quando: III - comparecer s audincias, ou, no podendo faz-lo,
designar para substitu-lo escrevente juramentado, de prefe-
I - amigo ntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; rncia datilgrafo ou taqugrafo;
II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de IV - ter, sob sua guarda e responsabilidade, os autos, no
seu cnjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na cola- permitindo que saiam de cartrio, exceto:
teral at o terceiro grau;
a) quando tenham de subir concluso do juiz;
III - herdeiro presuntivo, donatrio ou empregador de al-
guma das partes; b) com vista aos procuradores, ao Ministrio Pblico ou
Fazenda Pblica;
IV - receber ddivas antes ou depois de iniciado o proces-
so; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, c) quando devam ser remetidos ao contador ou ao parti-
ou subministrar meios para atender s despesas do litgio; dor;

V - interessado no julgamento da causa em favor de uma d) quando, modificando-se a competncia, forem transfe-
das partes. ridos a outro juzo;

Pargrafo nico. Poder ainda o juiz declarar-se suspeito V - dar, independentemente de despacho, certido de
por motivo ntimo. qualquer ato ou termo do processo, observado o disposto no
art. 155.
Art. 136. Quando dois ou mais juzes forem parentes, con-
sangneos ou afins, em linha reta e no segundo grau na linha Art. 142. No impedimento do escrivo, o juiz convocar-lhe-
colateral, o primeiro, que conhecer da causa no tribunal, im- o substituto, e, no o havendo, nomear pessoa idnea
pede que o outro participe do julgamento; caso em que o para o ato.
segundo se escusar, remetendo o processo ao seu substitu- Art. 143. Incumbe ao oficial de justia:
to legal.
I - fazer pessoalmente as citaes, prises, penhoras, ar-
Art. 137. Aplicam-se os motivos de impedimento e suspei- restos e mais diligncias prprias do seu ofcio, certificando
o aos juzes de todos os tribunais. O juiz que violar o dever no mandado o ocorrido, com meno de lugar, dia e hora. A
de absteno, ou no se declarar suspeito, poder ser recu- diligncia, sempre que possvel, realizar-se- na presena de
sado por qualquer das partes (art. 304). duas testemunhas;
Art. 138. Aplicam-se tambm os motivos de impedimento II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado;
e de suspeio:
III - entregar, em cartrio, o mandado, logo depois de
I - ao rgo do Ministrio Pblico, quando no for parte, e, cumprido;
sendo parte, nos casos previstos nos ns. I a IV do art. 135;
IV - estar presente s audincias e coadjuvar o juiz na
II - ao serventurio de justia; manuteno da ordem.
III - ao perito; (Redao dada pela Lei n 8.455, de V - efetuar avaliaes. (Includo pela Lei n 11.382, de
24.8.1992) 2006).
IV - ao intrprete. Art. 144. O escrivo e o oficial de justia so civilmente
1o A parte interessada dever argir o impedimento ou a responsveis:
suspeio, em petio fundamentada e devidamente instru- I - quando, sem justo motivo, se recusarem a cumprir,
da, na primeira oportunidade em que Ihe couber falar nos dentro do prazo, os atos que Ihes impe a lei, ou os que o
autos; o juiz mandar processar o incidente em separado e juiz, a que esto subordinados, Ihes comete;
sem suspenso da causa, ouvindo o argido no prazo de 5
(cinco) dias, facultando a prova quando necessria e julgando II - quando praticarem ato nulo com dolo ou culpa.
o pedido. Seo II
2o Nos tribunais caber ao relator processar e julgar o Do Perito
incidente. Art. 145. Quando a prova do fato depender de conheci-
CAPTULO V mento tcnico ou cientfico, o juiz ser assistido por perito,
DOS AUXILIARES DA JUSTIA segundo o disposto no art. 421.

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1o Os peritos sero escolhidos entre profissionais de n- II - sem motivo legtimo, deixar de cumprir o encargo no
vel universitrio, devidamente inscritos no rgo de classe prazo que Ihe foi assinado. (Redao dada pela Lei n 8.455,
competente, respeitado o disposto no Captulo Vl, seo Vll, de 24.8.1992)
deste Cdigo. (Includo pela Lei n 7.270, de 10.12.1984)
Pargrafo nico. No caso previsto no inciso II, o juiz co-
2o Os peritos comprovaro sua especialidade na matria municar a ocorrncia corporao profissional respectiva,
sobre que devero opinar, mediante certido do rgo profis- podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o
sional em que estiverem inscritos. (Includo pela Lei n 7.270, valor da causa e o possvel prejuzo decorrente do atraso no
de 10.12.1984) processo. (Redao dada pela Lei n 8.455, de 24.8.1992)
3o Nas localidades onde no houver profissionais qualifi- Art. 425. Podero as partes apresentar, durante a dilign-
cados que preencham os requisitos dos pargrafos anterio- cia, quesitos suplementares. Da juntada dos quesitos aos
res, a indicao dos peritos ser de livre escolha do juiz. (In- autos dar o escrivo cincia parte contrria.
cludo pela Lei n 7.270, de 10.12.1984)
Art. 426. Compete ao juiz:
Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o ofcio, no prazo
que Ihe assina a lei, empregando toda a sua diligncia; pode, I - indeferir quesitos impertinentes;
todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legtimo. II - formular os que entender necessrios ao esclarecimen-
Pargrafo nico. A escusa ser apresentada dentro de 5 to da causa.
(cinco) dias, contados da intimao ou do impedimento su- Art. 427. O juiz poder dispensar prova pericial quando as
perveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a partes, na inicial e na contestao, apresentarem sobre as
aleg-la (art. 423). (Redao dada pela Lei n 8.455, de questes de fato pareceres tcnicos ou documentos elucidati-
24.8.1992) vos que considerar suficientes. (Redao dada pela Lei n
Art. 147. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informa- 8.455, de 24.8.1992)
es inverdicas, responder pelos prejuzos que causar Art. 428. Quando a prova tiver de realizar-se por carta,
parte, ficar inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em poder proceder-se nomeao de perito e indicao de
outras percias e incorrer na sano que a lei penal estabe- assistentes tcnicos no juzo, ao qual se requisitar a percia.
lecer.
Art. 429. Para o desempenho de sua funo, podem o pe-
Da Prova Pericial rito e os assistentes tcnicos utilizar-se de todos os meios
Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou necessrios, ouvindo testemunhas, obtendo informaes,
avaliao. solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em
reparties pblicas, bem como instruir o laudo com plantas,
Pargrafo nico. O juiz indeferir a percia quando: desenhos, fotografias e outras quaisquer peas.
I - a prova do fato no depender do conhecimento especial Art. 430. (Revogado pela Lei n 8.455, de 24.8.1992))
de tcnico;
Art. 431-A. As partes tero cincia da data e local desig-
II - for desnecessria em vista de outras provas produzi- nados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter incio a pro-
das; duo da prova. (Includo pela Lei n 10.358, de 27.12.2001)
III - a verificao for impraticvel. Art. 431-B. Tratando-se de percia complexa, que abranja
mais de uma rea de conhecimento especializado, o juiz
Art. 421. O juiz nomear o perito, fixando de imediato o poder nomear mais de um perito e a parte indicar mais de
prazo para a entrega do laudo. (Redao dada pela Lei n um assistente tcnico. (Includo pela Lei n 10.358, de
8.455, de 24.8.1992) 27.12.2001)
1o Incumbe s partes, dentro em 5 (cinco) dias, conta- Art. 432. Se o perito, por motivo justificado, no puder
dos da intimao do despacho de nomeao do perito: apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz conceder-lhe-, por
I - indicar o assistente tcnico; uma vez, prorrogao, segundo o seu prudente arbtrio.
II - apresentar quesitos. Art. 433. O perito apresentar o laudo em cartrio, no pra-
zo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audi-
2o Quando a natureza do fato o permitir, a percia pode- ncia de instruo e julgamento. (Redao dada pela Lei n
r consistir apenas na inquirio pelo juiz do perito e dos 8.455, de 24.8.1992)
assistentes, por ocasio da audincia de instruo e julga-
mento a respeito das coisas que houverem informalmente Pargrafo nico. Os assistentes tcnicos oferecero seus
examinado ou avaliado. (Redao dada pela Lei n 8.455, de pareceres no prazo comum de 10 (dez) dias, aps intimadas
24.8.1992) as partes da apresentao do laudo.(Redao dada pela Lei
n 10.358, de 27.12.2001)
Art. 422. O perito cumprir escrupulosamente o encargo
que Ihe foi cometido, independentemente de termo de com- Art. 434. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade
promisso. Os assistentes tcnicos so de confiana da parte, ou a falsidade de documento, ou for de natureza mdico-
no sujeitos a impedimento ou suspeio. (Redao dada legal, o perito ser escolhido, de preferncia, entre os tcni-
pela Lei n 8.455, de 24.8.1992) cos dos estabelecimentos oficiais especializados. O juiz auto-
rizar a remessa dos autos, bem como do material sujeito a
Art. 423. O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recu- exame, ao diretor do estabelecimento. (Redao dada pela
sado por impedimento ou suspeio (art. 138, III); ao aceitar a Lei n 8.952, de 13.12.1994)
escusa ou julgar procedente a impugnao, o juiz nomear
novo perito. (Redao dada pela Lei n 8.455, de 24.8.1992) Pargrafo nico. Quando o exame tiver por objeto a auten-
ticidade da letra e firma, o perito poder requisitar, para efeito
Art. 424. O perito pode ser substitudo quando: (Redao de comparao, documentos existentes em reparties pbli-
dada pela Lei n 8.455, de 24.8.1992) cas; na falta destes, poder requerer ao juiz que a pessoa, a
I - carecer de conhecimento tcnico ou cientfico; quem se atribuir a autoria do documento, lance em folha de
papel, por cpia, ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins
de comparao.

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Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento do perito e I - a indicao da casa ou do lugar em que deve efetuar-se
do assistente tcnico, requerer ao juiz que mande intim-lo a a diligncia;
comparecer audincia, formulando desde logo as pergun-
tas, sob forma de quesitos. II - a descrio da pessoa ou da coisa procurada e o des-
tino a Ihe dar;
Pargrafo nico. O perito e o assistente tcnico s estaro
obrigados a prestar os esclarecimentos a que se refere este III - a assinatura do juiz, de quem emanar a ordem.
artigo, quando intimados 5 (cinco) dias antes da audincia. Art. 842. O mandado ser cumprido por dois oficiais de
Art. 436. O juiz no est adstrito ao laudo pericial, poden- justia, um dos quais o ler ao morador, intimando-o a abrir
do formar a sua convico com outros elementos ou fatos as portas.
provados nos autos. 1o No atendidos, os oficiais de justia arrombaro as
Art. 437. O juiz poder determinar, de ofcio ou a requeri- portas externas, bem como as internas e quaisquer mveis
mento da parte, a realizao de nova percia, quando a mat- onde presumam que esteja oculta a pessoa ou a coisa procu-
ria no Ihe parecer suficientemente esclarecida. rada.

Art. 438. A segunda percia tem por objeto os mesmos fa- 2o Os oficiais de justia far-se-o acompanhar de duas
tos sobre que recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventu- testemunhas.
al omisso ou inexatido dos resultados a que esta conduziu. 3o Tratando-se de direito autoral ou direito conexo do ar-
Art. 439. A segunda percia rege-se pelas disposies es- tista, intrprete ou executante, produtores de fonogramas e
tabelecidas para a primeira. organismos de radiodifuso, o juiz designar, para acompa-
nharem os oficiais de justia, dois peritos aos quais incumbir
Pargrafo nico. A segunda percia no substitui a primei- confirmar a ocorrncia da violao antes de ser efetivada a
ra, cabendo ao juiz apreciar livremente o valor de uma e ou- apreenso.
tra.
Art. 843. Finda a diligncia, lavraro os oficiais de justia
DA EXECUO DE PRESTAO ALIMENTCIA auto circunstanciado, assinando-o com as testemunhas.
Art. 732. A execuo de sentena, que condena ao paga- De Outras Medidas Provisionais
mento de prestao alimentcia, far-se- conforme o disposto
no Captulo IV deste Ttulo. Art. 888. O juiz poder ordenar ou autorizar, na pendncia
da ao principal ou antes de sua propositura:
Pargrafo nico. Recaindo a penhora em dinheiro, o ofe-
recimento de embargos no obsta a que o exeqente levante I - obras de conservao em coisa litigiosa ou judicialmen-
mensalmente a importncia da prestao. te apreendida;

Art. 733. Na execuo de sentena ou de deciso, que fi- II - a entrega de bens de uso pessoal do cnjuge e dos fi-
xa os alimentos provisionais, o juiz mandar citar o devedor lhos;
para, em 3 (trs) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez III - a posse provisria dos filhos, nos casos de separao
ou justificar a impossibilidade de efetu-lo. judicial ou anulao de casamento;
1o Se o devedor no pagar, nem se escusar, o juiz de- IV - o afastamento do menor autorizado a contrair casa-
cretar-lhe- a priso pelo prazo de 1 (um) a 3 (trs) meses. mento contra a vontade dos pais;
2o O cumprimento da pena no exime o devedor do pa- V - o depsito de menores ou incapazes castigados imo-
gamento das prestaes vencidas e vincendas. (Redao deradamente por seus pais, tutores ou curadores, ou por eles
dada pela Lei n 6.515, de 26.12.1977) induzidos prtica de atos contrrios lei ou moral;
3o Paga a prestao alimentcia, o juiz suspender o Vl - o afastamento temporrio de um dos cnjuges da mo-
cumprimento da ordem de priso. rada do casal;
Art. 734. Quando o devedor for funcionrio pblico, militar, VII - a guarda e a educao dos filhos, regulado o direito
diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito de visita que, no interesse da criana ou do adolescente,
legislao do trabalho, o juiz mandar descontar em folha pode, a critrio do juiz, ser extensivo a cada um dos avs;
de pagamento a importncia da prestao alimentcia. (Redao dada pela Lei n 12.398, de 2011)
Pargrafo nico. A comunicao ser feita autoridade, Vlll - a interdio ou a demolio de prdio para resguar-
empresa ou ao empregador por ofcio, de que constaro os dar a sade, a segurana ou outro interesse pblico.
nomes do credor, do devedor, a importncia da prestao e o
tempo de sua durao. Art. 889. Na aplicao das medidas enumeradas no artigo
antecedente observar-se- o procedimento estabelecido nos
Art. 735. Se o devedor no pagar os alimentos provisio- arts. 801 a 803.
nais a que foi condenado, pode o credor promover a execu-
o da sentena, observando-se o procedimento estabelecido Pargrafo nico. Em caso de urgncia, o juiz poder auto-
no Captulo IV deste Ttulo. rizar ou ordenar as medidas, sem audincia do requerido.

Da Busca e Apreenso BRASIL, LEI N 12.435, DE 6 DE JULHO DE 2011. (Sistema


nico de Assistncia Social - SUAS)
Art. 839. O juiz pode decretar a busca e apreenso de
pessoas ou de coisas. LEI N 12.435, DE 6 DE JULHO DE 2011.
Art. 840. Na petio inicial expor o requerente as razes Altera a Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispe
justificativas da medida e da cincia de estar a pessoa ou a sobre a organizao da Assistncia Social.
coisa no lugar designado. A PRESIDENTA DA REPBLICA Fao saber que o Con-
Art. 841. A justificao prvia far-se- em segredo de jus- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
tia, se for indispensvel. Provado quanto baste o alegado,
expedir-se- o mandado que conter:

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Art. 1o Os arts. 2o, 3o, 6o, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 20, 21, 22, I - consolidar a gesto compartilhada, o cofinanciamento e a
23, 24, 28 e 36 da Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, cooperao tcnica entre os entes federativos que, de modo
passam a vigorar com a seguinte redao: articulado, operam a proteo social no contributiva;
Art. 2o A assistncia social tem por objetivos: II - integrar a rede pblica e privada de servios, programas,
projetos e benefcios de assistncia social, na forma do art. 6o-
I - a proteo social, que visa garantia da vida, reduo C;
de danos e preveno da incidncia de riscos, especialmen-
te: III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos
na organizao, regulao, manuteno e expanso das
a) a proteo famlia, maternidade, infncia, adoles- aes de assistncia social;
cncia e velhice;
IV - definir os nveis de gesto, respeitadas as diversidades
b) o amparo s crianas e aos adolescentes carentes; regionais e municipais;
c) a promoo da integrao ao mercado de trabalho; V - implementar a gesto do trabalho e a educao perma-
d) a habilitao e reabilitao das pessoas com deficincia e nente na assistncia social;
a promoo de sua integrao vida comunitria; e VI - estabelecer a gesto integrada de servios e benefcios;
e) a garantia de 1 (um) salrio-mnimo de benefcio mensal e
pessoa com deficincia e ao idoso que comprovem no possu- VII - afianar a vigilncia socioassistencial e a garantia de
ir meios de prover a prpria manuteno ou de t-la provida direitos.
por sua famlia;
1o As aes ofertadas no mbito do Suas tm por objetivo
II - a vigilncia socioassistencial, que visa a analisar territori- a proteo famlia, maternidade, infncia, adolescncia
almente a capacidade protetiva das famlias e nela a ocorrn- e velhice e, como base de organizao, o territrio.
cia de vulnerabilidades, de ameaas, de vitimizaes e danos;
2o O Suas integrado pelos entes federativos, pelos res-
III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso pectivos conselhos de assistncia social e pelas entidades e
aos direitos no conjunto das provises socioassistenciais. organizaes de assistncia social abrangidas por esta Lei.
Pargrafo nico. Para o enfrentamento da pobreza, a assis- 3o A instncia coordenadora da Poltica Nacional de As-
tncia social realiza-se de forma integrada s polticas setori- sistncia Social o Ministrio do Desenvolvimento Social e
ais, garantindo mnimos sociais e provimento de condies Combate Fome. (NR)
para atender contingncias sociais e promovendo a universali-
zao dos direitos sociais. (NR) Art. 12. .......................................................................
Art. 3o Consideram-se entidades e organizaes de assis- .............................................................................................
tncia social aquelas sem fins lucrativos que, isolada ou cumu-
lativamente, prestam atendimento e assessoramento aos be- II - cofinanciar, por meio de transferncia automtica, o
neficirios abrangidos por esta Lei, bem como as que atuam aprimoramento da gesto, os servios, os programas e os
na defesa e garantia de direitos. projetos de assistncia social em mbito nacional;

1o So de atendimento aquelas entidades que, de forma .............................................................................................


continuada, permanente e planejada, prestam servios, execu- IV - realizar o monitoramento e a avaliao da poltica de
tam programas ou projetos e concedem benefcios de presta- assistncia social e assessorar Estados, Distrito Federal e
o social bsica ou especial, dirigidos s famlias e indivduos Municpios para seu desenvolvimento. (NR)
em situaes de vulnerabilidade ou risco social e pessoal, nos
termos desta Lei, e respeitadas as deliberaes do Conselho Art. 13. ..........................................................................
Nacional de Assistncia Social (CNAS), de que tratam os inci- I - destinar recursos financeiros aos Municpios, a ttulo de
sos I e II do art. 18. participao no custeio do pagamento dos benefcios eventu-
2o So de assessoramento aquelas que, de forma conti- ais de que trata o art. 22, mediante critrios estabelecidos
nuada, permanente e planejada, prestam servios e executam pelos Conselhos Estaduais de Assistncia Social;
programas ou projetos voltados prioritariamente para o fortale- II - cofinanciar, por meio de transferncia automtica, o
cimento dos movimentos sociais e das organizaes de usu- aprimoramento da gesto, os servios, os programas e os
rios, formao e capacitao de lideranas, dirigidos ao pbli- projetos de assistncia social em mbito regional ou local;
co da poltica de assistncia social, nos termos desta Lei, e
respeitadas as deliberaes do CNAS, de que tratam os inci- .............................................................................................
sos I e II do art. 18.
VI - realizar o monitoramento e a avaliao da poltica de
3o So de defesa e garantia de direitos aquelas que, de assistncia social e assessorar os Municpios para seu desen-
forma continuada, permanente e planejada, prestam servios e volvimento. (NR)
executam programas e projetos voltados prioritariamente para
Art. 14. ..........................................................................
a defesa e efetivao dos direitos socioassistenciais, constru-
o de novos direitos, promoo da cidadania, enfrentamento I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento
das desigualdades sociais, articulao com rgos pblicos de dos benefcios eventuais de que trata o art. 22, mediante crit-
defesa de direitos, dirigidos ao pblico da poltica de assistn- rios estabelecidos pelos Conselhos de Assistncia Social do
cia social, nos termos desta Lei, e respeitadas as deliberaes Distrito Federal;
do CNAS, de que tratam os incisos I e II do art. 18. (NR)
.............................................................................................
Art. 6o A gesto das aes na rea de assistncia social
fica organizada sob a forma de sistema descentralizado e VI - cofinanciar o aprimoramento da gesto, os servios, os
participativo, denominado Sistema nico de Assistncia Social programas e os projetos de assistncia social em mbito local;
(Suas), com os seguintes objetivos: VII - realizar o monitoramento e a avaliao da poltica de
assistncia social em seu mbito. (NR)

Conhecimentos Especficos 270 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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Art. 15. ......................................................................... 6o A concesso do benefcio ficar sujeita avaliao da
deficincia e do grau de incapacidade, composta por avaliao
I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento mdica e avaliao social realizadas por mdicos peritos e por
dos benefcios eventuais de que trata o art. 22, mediante crit- assistentes sociais do Instituto Nacional do Seguro Social
rios estabelecidos pelos Conselhos Municipais de Assistncia (INSS).
Social;
................................................................................... (NR)
.............................................................................................
Art. 21. ........................................................................
VI - cofinanciar o aprimoramento da gesto, os servios, os
programas e os projetos de assistncia social em mbito local; .............................................................................................
VII - realizar o monitoramento e a avaliao da poltica de 3o O desenvolvimento das capacidades cognitivas, moto-
assistncia social em seu mbito. (NR) ras ou educacionais e a realizao de atividades no remune-
radas de habilitao e reabilitao, entre outras, no constitu-
Art. 16. As instncias deliberativas do Suas, de carter em motivo de suspenso ou cessao do benefcio da pessoa
permanente e composio paritria entre governo e sociedade com deficincia.
civil, so:
4o A cessao do benefcio de prestao continuada con-
............................................................................................. cedido pessoa com deficincia, inclusive em razo do seu
Pargrafo nico. Os Conselhos de Assistncia Social esto ingresso no mercado de trabalho, no impede nova concesso
vinculados ao rgo gestor de assistncia social, que deve do benefcio, desde que atendidos os requisitos definidos em
prover a infraestrutura necessria ao seu funcionamento, ga- regulamento. (NR)
rantindo recursos materiais, humanos e financeiros, inclusive Art. 22. Entendem-se por benefcios eventuais as provises
com despesas referentes a passagens e dirias de conselhei- suplementares e provisrias que integram organicamente as
ros representantes do governo ou da sociedade civil, quando garantias do Suas e so prestadas aos cidados e s famlias
estiverem no exerccio de suas atribuies. (NR) em virtude de nascimento, morte, situaes de vulnerabilidade
Art. 17. ....................................................................... temporria e de calamidade pblica.

............................................................................................. 1o A concesso e o valor dos benefcios de que trata este


artigo sero definidos pelos Estados, Distrito Federal e Munic-
4o Os Conselhos de que tratam os incisos II, III e IV do pios e previstos nas respectivas leis oramentrias anuais,
art. 16, com competncia para acompanhar a execuo da com base em critrios e prazos definidos pelos respectivos
poltica de assistncia social, apreciar e aprovar a proposta Conselhos de Assistncia Social.
oramentria, em consonncia com as diretrizes das confern-
cias nacionais, estaduais, distrital e municipais, de acordo com 2o O CNAS, ouvidas as respectivas representaes de
seu mbito de atuao, devero ser institudos, respectiva- Estados e Municpios dele participantes, poder propor, na
mente, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municpios, medida das disponibilidades oramentrias das 3 (trs) esferas
mediante lei especfica. (NR) de governo, a instituio de benefcios subsidirios no valor de
at 25% (vinte e cinco por cento) do salrio-mnimo para cada
Art. 20. O benefcio de prestao continuada a garantia criana de at 6 (seis) anos de idade.
de um salrio-mnimo mensal pessoa com deficincia e ao
idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem 3o Os benefcios eventuais subsidirios no podero ser
no possuir meios de prover a prpria manuteno nem de t- cumulados com aqueles institudos pelas Leis no 10.954, de 29
la provida por sua famlia. de setembro de 2004, e no 10.458, de 14 de maio de 2002.
(NR)
1o Para os efeitos do disposto no caput, a famlia com-
posta pelo requerente, o cnjuge ou companheiro, os pais e, Art. 23. Entendem-se por servios socioassistenciais as
na ausncia de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmos atividades continuadas que visem melhoria de vida da popu-
solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutela- lao e cujas aes, voltadas para as necessidades bsicas,
dos, desde que vivam sob o mesmo teto. observem os objetivos, princpios e diretrizes estabelecidos
nesta Lei.
2o Para efeito de concesso deste benefcio, considera-
se: 1o O regulamento instituir os servios socioassistenciais.

I - pessoa com deficincia: aquela que tem impedimentos de 2o Na organizao dos servios da assistncia social se-
longo prazo de natureza fsica, intelectual ou sensorial, os ro criados programas de amparo, entre outros:
quais, em interao com diversas barreiras, podem obstruir I - s crianas e adolescentes em situao de risco pessoal
sua participao plena e efetiva na sociedade com as demais e social, em cumprimento ao disposto no art. 227 da Constitui-
pessoas; o Federal e na Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatu-
II - impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a to da Criana e do Adolescente);
pessoa com deficincia para a vida independente e para o II - s pessoas que vivem em situao de rua. (NR)
trabalho pelo prazo mnimo de 2 (dois) anos.
Art. 24. ........................................................................
3o Considera-se incapaz de prover a manuteno da pes-
soa com deficincia ou idosa a famlia cuja renda mensal per .............................................................................................
capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salrio-mnimo.
2o Os programas voltados para o idoso e a integrao da
4o O benefcio de que trata este artigo no pode ser acu- pessoa com deficincia sero devidamente articulados com o
mulado pelo beneficirio com qualquer outro no mbito da benefcio de prestao continuada estabelecido no art. 20
seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistncia desta Lei. (NR)
mdica e da penso especial de natureza indenizatria.
Art. 28. ..........................................................................
5o A condio de acolhimento em instituies de longa
permanncia no prejudica o direito do idoso ou da pessoa 1o Cabe ao rgo da Administrao Pblica responsvel
com deficincia ao benefcio de prestao continuada. pela coordenao da Poltica de Assistncia Social nas 3 (trs)
esferas de governo gerir o Fundo de Assistncia Social, sob

Conhecimentos Especficos 271 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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orientao e controle dos respectivos Conselhos de Assistn- dades sem fins lucrativos de assistncia social de que trata o
cia Social. art. 3o desta Lei.
............................................................................................. 1o O Cras a unidade pblica municipal, de base territori-
al, localizada em reas com maiores ndices de vulnerabilidade
3o O financiamento da assistncia social no Suas deve e risco social, destinada articulao dos servios socioassis-
ser efetuado mediante cofinanciamento dos 3 (trs) entes tenciais no seu territrio de abrangncia e prestao de
federados, devendo os recursos alocados nos fundos de assis- servios, programas e projetos socioassistenciais de proteo
tncia social ser voltados operacionalizao, prestao, social bsica s famlias.
aprimoramento e viabilizao dos servios, programas, proje-
tos e benefcios desta poltica. (NR) 2o O Creas a unidade pblica de abrangncia e gesto
municipal, estadual ou regional, destinada prestao de
Art. 36. As entidades e organizaes de assistncia social servios a indivduos e famlias que se encontram em situao
que incorrerem em irregularidades na aplicao dos recursos de risco pessoal ou social, por violao de direitos ou contin-
que lhes foram repassados pelos poderes pblicos tero a sua gncia, que demandam intervenes especializadas da prote-
vinculao ao Suas cancelada, sem prejuzo de responsabili- o social especial.
dade civil e penal. (NR)
3o Os Cras e os Creas so unidades pblicas estatais ins-
Art. 2o A Lei no 8.742, de 1993, passa a vigorar acrescida titudas no mbito do Suas, que possuem interface com as
dos seguintes artigos: demais polticas pblicas e articulam, coordenam e ofertam os
Art. 6o-A. A assistncia social organiza-se pelos seguintes servios, programas, projetos e benefcios da assistncia soci-
tipos de proteo: al.
I - proteo social bsica: conjunto de servios, programas, Art. 6-D. As instalaes dos Cras e dos Creas devem ser
projetos e benefcios da assistncia social que visa a prevenir compatveis com os servios neles ofertados, com espaos
situaes de vulnerabilidade e risco social por meio do desen- para trabalhos em grupo e ambientes especficos para recep-
volvimento de potencialidades e aquisies e do fortalecimento o e atendimento reservado das famlias e indivduos, asse-
de vnculos familiares e comunitrios; gurada a acessibilidade s pessoas idosas e com deficincia.

II - proteo social especial: conjunto de servios, progra- Art. 6-E. Os recursos do cofinanciamento do Suas, desti-
mas e projetos que tem por objetivo contribuir para a recons- nados execuo das aes continuadas de assistncia soci-
truo de vnculos familiares e comunitrios, a defesa de direi- al, podero ser aplicados no pagamento dos profissionais que
to, o fortalecimento das potencialidades e aquisies e a pro- integrarem as equipes de referncia, responsveis pela orga-
teo de famlias e indivduos para o enfrentamento das situa- nizao e oferta daquelas aes, conforme percentual apre-
es de violao de direitos. sentado pelo Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate
Fome e aprovado pelo CNAS.
Pargrafo nico. A vigilncia socioassistencial um dos ins-
trumentos das protees da assistncia social que identifica e Pargrafo nico. A formao das equipes de referncia de-
previne as situaes de risco e vulnerabilidade social e seus ver considerar o nmero de famlias e indivduos referencia-
agravos no territrio. dos, os tipos e modalidades de atendimento e as aquisies
que devem ser garantidas aos usurios, conforme delibera-
Art. 6-B. As protees sociais bsica e especial sero es do CNAS.
ofertadas pela rede socioassistencial, de forma integrada,
diretamente pelos entes pblicos e/ou pelas entidades e orga- Art. 12-A. A Unio apoiar financeiramente o aprimoramen-
nizaes de assistncia social vinculadas ao Suas, respeitadas to gesto descentralizada dos servios, programas, projetos
as especificidades de cada ao. e benefcios de assistncia social, por meio do ndice de Ges-
to Descentralizada (IGD) do Sistema nico de Assistncia
1o A vinculao ao Suas o reconhecimento pelo Minist- Social (Suas), para a utilizao no mbito dos Estados, dos
rio do Desenvolvimento Social e Combate Fome de que a Municpios e do Distrito Federal, destinado, sem prejuzo de
entidade de assistncia social integra a rede socioassistencial. outras aes a serem definidas em regulamento, a:
2o Para o reconhecimento referido no 1o, a entidade de- I - medir os resultados da gesto descentralizada do Suas,
ver cumprir os seguintes requisitos: com base na atuao do gestor estadual, municipal e do Distri-
I - constituir-se em conformidade com o disposto no art. 3o; to Federal na implementao, execuo e monitoramento dos
servios, programas, projetos e benefcios de assistncia soci-
II - inscrever-se em Conselho Municipal ou do Distrito Fede- al, bem como na articulao intersetorial;
ral, na forma do art. 9o;
II - incentivar a obteno de resultados qualitativos na ges-
III - integrar o sistema de cadastro de entidades de que trata to estadual, municipal e do Distrito Federal do Suas; e
o inciso XI do art. 19.
III - calcular o montante de recursos a serem repassados
3o As entidades e organizaes de assistncia social vin- aos entes federados a ttulo de apoio financeiro gesto do
culadas ao Suas celebraro convnios, contratos, acordos ou Suas.
ajustes com o poder pblico para a execuo, garantido finan-
ciamento integral, pelo Estado, de servios, programas, proje- 1o Os resultados alcanados pelo ente federado na ges-
tos e aes de assistncia social, nos limites da capacidade to do Suas, aferidos na forma de regulamento, sero conside-
instalada, aos beneficirios abrangidos por esta Lei, observan- rados como prestao de contas dos recursos a serem transfe-
do-se as disponibilidades oramentrias. ridos a ttulo de apoio financeiro.

4o O cumprimento do disposto no 3o ser informado ao 2o As transferncias para apoio gesto descentralizada


Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome pelo do Suas adotaro a sistemtica do ndice de Gesto Descen-
rgo gestor local da assistncia social. tralizada do Programa Bolsa Famlia, previsto no art. 8o da Lei
no 10.836, de 9 de janeiro de 2004, e sero efetivadas por
Art. 6-C. As protees sociais, bsica e especial, sero meio de procedimento integrado quele ndice.
ofertadas precipuamente no Centro de Referncia de Assis-
tncia Social (Cras) e no Centro de Referncia Especializado 3o (VETADO).
de Assistncia Social (Creas), respectivamente, e pelas enti-

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4o Para fins de fortalecimento dos Conselhos de Assistn- recebedores ao ente transferidor, anualmente, mediante rela-
cia Social dos Estados, Municpios e Distrito Federal, percen- trio de gesto submetido apreciao do respectivo Conse-
tual dos recursos transferidos dever ser gasto com atividades lho de Assistncia Social, que comprove a execuo das
de apoio tcnico e operacional queles colegiados, na forma aes na forma de regulamento.
fixada pelo Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate
Fome, sendo vedada a utilizao dos recursos para pagamen- Pargrafo nico. Os entes transferidores podero requisitar
to de pessoal efetivo e de gratificaes de qualquer natureza a informaes referentes aplicao dos recursos oriundos do
servidor pblico estadual, municipal ou do Distrito Federal. seu fundo de assistncia social, para fins de anlise e acom-
panhamento de sua boa e regular utilizao.
Art. 24-A. Fica institudo o Servio de Proteo e Atendi-
mento Integral Famlia (Paif), que integra a proteo social Art. 3o Revoga-se o art. 38 da Lei n 8.742, de 7 de de-
bsica e consiste na oferta de aes e servios socioassisten- zembro de 1993.
ciais de prestao continuada, nos Cras, por meio do trabalho Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.
social com famlias em situao de vulnerabilidade social, com
o objetivo de prevenir o rompimento dos vnculos familiares e a Braslia, 6 de julho de 2011; 190o da Independncia e 123o
violncia no mbito de suas relaes, garantindo o direito da Repblica.
convivncia familiar e comunitria.
Pargrafo nico. Regulamento definir as diretrizes e os
procedimentos do Paif. PROVA SIMULADA I - PSICOLOGO - TJ/SP
Prova anterior
Art. 24-B. Fica institudo o Servio de Proteo e Atendi-
mento Especializado a Famlias e Indivduos (Paefi), que inte-
Portugus
gra a proteo social especial e consiste no apoio, orientao
01. Das seguintes construes abaixo, marque a que no
e acompanhamento a famlias e indivduos em situao de
est pontuada corretamente:
ameaa ou violao de direitos, articulando os servios socio-
A) As crianas, nervosas, esperavam o resultado da reunio.
assistenciais com as diversas polticas pblicas e com rgos
B) Nervosas, as crianas esperavam o resultado da reunio.
do sistema de garantia de direitos.
C) As crianas, esperavam, nervosas, o resultado da reunio.
Pargrafo nico. Regulamento definir as diretrizes e os D) As crianas, esperavam nervosas, o resultado da reunio.
procedimentos do Paefi. E) As crianas nervosas esperavam o resultado da reunio.
Art. 24-C. Fica institudo o Programa de Erradicao do 02. Que tratamento adequado no trato com um cardeal?
Trabalho Infantil (Peti), de carter intersetorial, integrante da A) Vossa Magnificncia
Poltica Nacional de Assistncia Social, que, no mbito do B) Vossa Reverendssima
Suas, compreende transferncias de renda, trabalho social C) Vossa Excelncia Reverendssima
com famlias e oferta de servios socioeducativos para crian- D) Vossa Eminncia
as e adolescentes que se encontrem em situao de traba- E) Vossa Paternidade
lho.
1o O Peti tem abrangncia nacional e ser desenvolvido 03. Identifique a nica frase que no apresenta erro no em-
de forma articulada pelos entes federados, com a participao prego do pronome de tratamento:
da sociedade civil, e tem como objetivo contribuir para a retira- A) Sua santidade ainda quer falar com Vossa Alteza?
da de crianas e adolescentes com idade inferior a 16 (dezes- B) Sr. Prefeito, V.Ex. est cansada?
seis) anos em situao de trabalho, ressalvada a condio de C) Estas cartas so para V.S.
aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos. D) Encaminhamos os documentos V. Em.
E) Desejo que voc no esquea teus amigos.
2o As crianas e os adolescentes em situao de trabalho
devero ser identificados e ter os seus dados inseridos no 04. Indique a frase cujo grau do adjetivo no superlativo
Cadastro nico para Programas Sociais do Governo Federal absoluto:
(Cadnico), com a devida identificao das situaes de traba- A) Ela a mais bonita da rua.
lho infantil. B) Ele revelou-se um timo mdico.
C) Sua redao est o mximo!
Art. 30-A. O cofinanciamento dos servios, programas, pro-
D) Estou profundamente abatida.
jetos e benefcios eventuais, no que couber, e o aprimoramen-
E) A doena dele muito contagiosa.
to da gesto da poltica de assistncia social no Suas se efe-
tuam por meio de transferncias automticas entre os fundos
05. Ache a frase cuja expresso grifada pode ser classificada
de assistncia social e mediante alocao de recursos prprios
de locuo adjetiva:
nesses fundos nas 3 (trs) esferas de governo.
A) Ele sentou esquerda do palco.
Pargrafo nico. As transferncias automticas de recursos B) Seu irmo me parece um sujeito -toa.
entre os fundos de assistncia social efetuadas conta do C) Ela vestiu-se s pressas.
oramento da seguridade social, conforme o art. 204 da Cons- D) Conte o remdio gota a gota.
tituio Federal, caracterizam-se como despesa pblica com a E) Ele vem aqui de vez em quando.
seguridade social, na forma do art. 24 da Lei Complementar no
101, de 4 de maio de 2000. 06. Destaque os quatro substantivos trisslabos:
A) beleza ; cardume ; censura ; ensino
Art. 30-B. Caber ao ente federado responsvel pela utili- B) clebre ; alface ; comeo ; concreto
zao dos recursos do respectivo Fundo de Assistncia Social C) palmeira ; alegre ; cadeira ; fraqueza
o controle e o acompanhamento dos servios, programas, D) esperto ; mendigo ; Marcela ; ntido
projetos e benefcios, por meio dos respectivos rgos de E) atleta ; vlido ; altura ; civismo
controle, independentemente de aes do rgo repassador
dos recursos. 07. Ache a nica frase cuja conjuno integrante:
Art. 30-C. A utilizao dos recursos federais descentraliza- A) A dor era tanta que o ferido desmaiou.
dos para os fundos de assistncia social dos Estados, dos B) Toque para que todos entrem.
Municpios e do Distrito Federal ser declarada pelos entes C) Embora fosse tarde, fomos visit-lo.

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D) No sei se ele vir hoje. C) Aonde voc quer chegar?
E) Se precisar de ajuda, telefone-me. D) Mandaram voc ir aonde?
E) Aonde iremos hoje noite?
08. Qual a alternativa onde no h conjuno subordinativa
temporal? 17. Encontre o erro de ortografia:
A) J era noite quando ele foi embora. A) lambujem ; consciencioso ; caranguejo
B) Mal entrei na sala , encontrei vrios amigos. B) goianiense ; elucubrao ; oprbrio
C) Sempre que venho aqui, vou visit-lo. C) holerite ; freada ; receoso
D) Ela est assim desde que sua filha morreu. D) desprevenido ; expontneo ; alcaguete
E) Como ele insistisse, resolvi aceitar o convite. E) estender ; lascivo ; manteigueira

09. Sobre o emprego de preposio no podemos dizer que: 18. Qual a alternativa onde h um plural incorreto?
A) o termo consequente complemento ou adjunto do termo A) guardas-noturnos ; vices-diretores
antecedente preposio; B) bias-frias ; bate-papos
B) a locuo prepositiva sempre termina por preposio; C) puros-sangues ; dedos-duros
C) as preposies ao se unirem a certas palavras sempre D) sextas-feiras ; joes-ningum
perdem algum fonema; E) bem-me-queres ; arrozes-doces
D) ligando um termo consequente ao seu antecendente, a
preposio pode expressar as mais variadas relaes; 19. Que dupla de substantivos abaixo apresenta erro no g-
E) palavras provenientes de outras classe gramaticais podem nero do artigo precedente?
funcionar como preposies. A) a aguardente ; o amlgama
B) a apendicite ; a cal
10. Qual a frase que tem concordncia verbal compatvel com C) as saca-rolhas ; a vspora
a norma culta? D) a trama ; o drama
A) No se deve matar tantos jacars assim. E) o formicida ; a laringe
B) Isso no atitudes que se tomem.
C) Fizeram dias muito frios na Europa. 20. Identifique onde ocorre silepse de pessoa:
D) Mais de um governador participou da reunio. A) Nada pode a mquina inventar das coisas.
E) Bate duas horas neste instante. B) Dizem que os paulistas somos pouco dados aos parques.
C) As meninas, espero que os irmos cheguem antes.
11. Indique onde h erro de concordncia nominal: D) Nossos bosques tm mais vida, nossa vida mais amores.
A) Estou quites com meus credores. E) O trocador olhou, viu, no aprovou.
B) gua muito bom para matar a sede.
C) proibida a entrada de pessoas estranhas. Conhecimentos
D) Saram duas edies extras do jornal.
E) J est inclusa na despesa a comisso do garon. 21. Estando o adolescente interno, o prazo de reavaliao
pela equipe interprofissional dever ser:
12. Em que perodo o termo em destaque est inadequada- A) Mensal;
mente empregado? B) Bimestral;
A) Quase morreu quando fez a ablao de um dos rins. C) Trimestral;
B) No quero este livro, seno aquele. D) Semestral;
C) As beatas postaram-se esquerda do altar. E) Anual.
D) sangue, o que frui em minhas veias!
E) No lia jornais de fim de semana. 22. No caso de ato infracional cometido mediante grave ame-
aa ou violncia pessoa, qual a medida scio-educativa que
13. Que frase apresenta erro no emprego do pronome relati- dever ser aplicada ao adolescente ?
vo? A) Liberdade assistida;
A) Nenhuma festa a que fui convidado esteve to animada. B) Semiliberdade;
B) Esta a imagem ante a qual me ajoelhei. C) Advertncia;
C) A moa que veio reclamar minha irm. D) Internao em estabelecimento educacional;
D) Esta a lagoa em cujas guas nadei. E) Obrigao de reparar danos.
E) O jogo a que presenciamos foi muito bom.
23. Assinale a opo que se refere medida especfica de
14. Indique a alternativa que apresenta erro no emprego do proteo:
verbo: A) Prestao de servio comunidade;
A) Enganar-se-ia quem o supusesse um fraco. B) Advertncia;
B) A polcia havia preso o homem errado. C) Incluso no programa de semiliberdade;
C) Espero que haja muitos amigos meus na festa. D) Incluso em programa comunitrio ou oficial de auxlio
D) Ele medeia os encontros da filha com a me. famlia, a criana e/ou adolescente;
E) Mesmo que penteemos os cabelos, no nos vo reconhe- E) Internao.
cer.
24. No tocante adoo, assinale a afirmativa correta:
15. Descubra a frase onde "a" foi usado no lugar de "h": A) No atribui ao adotado direitos e deveres sucessrios;
A) Esta duplicata ser descontada daqui a dois meses. B) Inexiste limite de idade para o adotando;
B) Daqui a alguns meses estaremos no segundo milnio. C) Trata-se de um procedimento revogvel;
C) Estou guardando esta carta a trs meses. D) A morte dos adotantes no restabelece o ptrio poder dos
D) O homem morreu a dois passos da filha. pais naturais;
E) As frias terminaro a 15 de fevereiro. E) Poder ocorrer atravs de instrumento procuratrio.

16. Indique o uso incorreto de "aonde": 25. Ao analisar a tendncia anti-social, correto afirmar que:
A) Aonde vocs pensam que vo? A) No comparvel com a neurose e psicose;
B) Aonde ficaremos hoje noite? B) Refere-se apenas criana;

Conhecimentos Especficos 274 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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C) O comportamento anti-social ser manifesto sempre no lar; C) No pode ser utilizada por ocasio da consulta;
D) Inexiste relao direta entre a tendncia anti-social e a D) Busca objetivos psicolgicos especficos, como o diagns-
privao; tico e a terapia;
E) No observada em indivduos normais. E) um instrumento fundamental do mtodo clnico.

26. Os casos de suspeita ou confirmao de maus tratos 32. Analise as assertivas abaixo e assinale a opo correta:
contra crianas ou adolescentes sero obrigatoriamente co- A) Na anamnese deve-se obter todas as informaes para
municados: realizar uma sntese da histria do indivduo;
A) Ao Ministrio Pblico; B) A consulta consiste na solicitao de assistncia tcnica ou
B) Ao Conselho Tutelar; profissional que dever ocorrer com o uso da entrevista;
C) Ao Juiz; C) Alguns tipos de entrevista podem excluir ou substituir ou-
D) Aos abrigos de crianas e/ou adolescentes; tros procedimentos de investigao da personalidade;
E) Ao Conselho de Defesa dos Direitos da Criana e Adoles- D) Toda entrevista tem um contexto definido, ou seja, um
cente. conjunto de constantes e variveis;
E) O fundamento da entrevista psicolgica consiste basica-
27. A Tutela ser deferida: mente no fato de perguntar ou no objetivo de recolher dados
A) Indistintamente, s pessoas de at vinte e um anos incom- da histria do entrevistador.
pletos;
B) s pessoas do sexo feminino de at vinte e um anos in- 33. No tocante ENTREVISTA ABERTA, seria incorreto afir-
completos; mar que:
C) s pessoas de at vinte e um anos incompletos, desde A) O entrevistador tem ampla liberdade para formular pergun-
que no emancipadas; tas e fazer as intervenes que se fizerem necessrias;
D) s pessoas maiores de vinte e cinco anos; B) A liberdade do entrevistador levar sempre em considera-
E) s pessoas do sexo masculino de at dezoito anos incom- o ou ter como parmetro a estrutura psicolgica do entre-
pletos. vistado;
C) Seu campo no pode ser considerado fixo e sim dinmico,
28. As medidas de proteo criana e ao adolescente, so estando sujeito a permanentes mudanas;
aplicveis sempre que os direitos reconhecidos no art.98 do D) Trata-se de uma relao humana em que um dos integran-
E.C.A. forem ameaados ou violados: tes deve estar cnscio do que est acontecendo e atuar se-
I. Por ao ou omisso da Sociedade ou do Estado; gundo esse conhecimento;
II. Por falta, omisso ou abuso dos pais ou responsvel; E) Possibilita uma melhor comparao sistemtica de dados,
III. Em razo de sua conduta. posto que utiliza perguntas previamente formuladas e segue
A) Todos os itens esto corretos; metodologia especfica.
B) Nenhum dos itens est correto;
C) Apenas o item I est correto; 34. A Psicanlise influenciou a Teoria da Entrevista:
D) Esto corretos os itens I e II; A) Valorizando fundamentalmente a observao do compor-
E) Esto corretos os itens I e III. tamento do entrevistado;
B) Delineando e reconhecendo o campo psicolgico, suas leis
29. O art.126 do E.C.A. preceitua que antes de iniciado o e o enfoque situacional;
procedimento judicial para apurao de ato infracional, o C) Enfatizando aspectos da dimenso inconsciente do com-
representante do Ministrio Pblico poder conceder a remis- portamento;
so: D) Reforando a compreenso da entrevista como um todo,
A) Quando a infrao for considerada grave; no qual o entrevistador um dos seus integrantes e seu com-
B) Quando a infrao for caracterizada de pequena gravida- portamento um dos elementos da totalidade;
de; E) Estabelecendo regras bsicas para colher dados comple-
C) Em qualquer fase do procedimento; tos de toda a vida do entrevistado.
D) Em nenhuma fase do procedimento;
E) Analisando as circunstncias e consequncias do ato in- 35. Assinale a assertiva incorreta:
fracional cometido, o contexto social e a personalidade do A) O enquadramento na entrevista abrange no apenas a
adolescente. atitude tcnica e o papel do entrevistador, mas considera
fundamentais os objetivos, o lugar e o tempo da entrevista;
30. Segundo o artigo 129 do E.C.A. so medidas aplicveis B) No decorrer da entrevista as observaes no devem ser
aos pais ou responsveis, dentre outras: registradas em funo das hipteses que o entrevistador vai
Inciso I - Encaminhamento a programa oficial ou comunitrio emitindo;
de promoo famlia; C) Determinados conflitos trazidos pelo entrevistado podem
Inciso III - Encaminhamento a tratamento psicolgico ou psi- no ser fundamentais, assim como as motivaes que ele
quitrico; alega so, geralmente, racionalizaes;
Inciso IV - Encaminhamento a cursos ou programas de orien- D) A mxima objetividade s pode ser alcanada quando se
tao; incorpora o sujeito observador como uma das variveis do
Inciso VI - Obrigao de encaminhar a criana ou adolescente campo;
a tratamento especializado; E) A entrevista possibilita a reflexo sobre as contradies e
Inciso VIII - Perda da Guarda. dissociaes da personalidade, de acordo com o nvel de
A) Esto corretos os itens I e III; tolerncia angstia que o entrevistado apresente.
B) Esto corretos os itens I, III e VI;
C) Todos os itens esto corretos; 36. Analise as afirmativas abaixo e indique a alternativa corre-
D) Nenhum dos itens est correto; ta:
E) Apenas o item VI est correto. A) Na anamnese trabalha-se com a suposio de que embora
o paciente conhea a sua vida, no tem a capacidade de
31. No que se reporta ENTREVISTA PSICOLGICA, assi- oferecer dados objetivos sobre ela;
nale a alternativa incorreta: B) Alguns pesquisadores consideram a entrevista um instru-
A) uma tcnica de investigao cientfica; mento totalmente confivel a despeito das lacunas, dissocia-
B) Possui procedimentos especficos ou regras empricas; es e contradies que o entrevistado apresente;

Conhecimentos Especficos 275 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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C) Vivenciando o processo transferencial, o entrevistado for- D) Supervisionar a frequncia e o aproveitamento escolar do
nece aspectos irracionais ou imaturos de sua personalidade adolescente promovendo, inclusive sua matrcula;
que dificulta sobremaneira o trabalho do entrevistador; E) Diligenciar no sentido da profissionalizao do adolescente
D) Transferncia e contratransferncia so fenmenos que e de sua insero no mercado de trabalho.
ocorrem em toda relao interpessoal, a exemplo da entrevis-
ta; 42. No regime de semiliberdade, correto afirmar:
E) O Perfil do entrevistador est inversamente ligado sua A) A medida comporta prazo determinado;
capacidade de integrar a tcnica aprendida com seus conhe- B) A medida tem o prazo mnimo de seis meses;
cimentos tericos. C) A medida no comporta prazo determinado;
D) A medida tem prazo mnimo de um ano e seis meses;
37. No que se refere ao OBJETO LIBIDINAL, assinale a as- E) A medida tem prazo de dois anos.
sertiva incorreta:
A) Pode servir simultaneamente satisfao de vrios instin- 43. Assinale a alternativa em que as medidas scio-
tos; educativas se configuram mais restritivas da liberdade pesso-
B) Muda no decorrer da vida, inevitvel e frequentemente; al do adolescente:
C) Permanece o mesmo durante a vida do indivduo, visto que A) Semiliberdade e liberdade assistida;
fruto de suas punes instintuais; B) Internao e semiliberdade;
D) No pode ser descrito atravs de coordenadas espaciais e C) Semiliberdade, liberdade assistida e internao;
temporais; D) Liberdade assistida e internao;
E) Ser constitudo progressivamente no decorrer do primeiro E) Liberdade assistida e prestao de servios comunidade.
ano de vida;
44. A prestao de servios comunidade, ser cumprida no
38. No tocante puberdade e adolescncia, incorreto perodo mximo de:
afirmar que: A) 12 meses;
A) Nem sempre o incio da adolescncia coincide com o da B) 08 meses;
puberdade; C) 03 meses;
B) A puberdade possui evidncias fsicas definidas, o mesmo D) 06 meses;
no ocorrendo com a adolescncia; E) 02 anos.
C) O fenmeno da puberdade universal, observado em
todos os povos e latitudes com exceo dos pigmeus pbe- 45. No que se refere medida de privao de liberdade,
res; incorreto afirmar que:
D) A adolescncia tem caractersticas bastante peculiares A) No comporta prazo determinado, devendo sua manuten-
conforme o ambiente scio-cultural do indivduo; o ser reavaliada no mximo a cada 06 meses;
E) A puberdade no se conclui com o fim do crescimento B) A liberdade ser compulsria aos 21 anos de idade;
esqueltico. C) A medida impede o adolescente de receber visitas sema-
nalmente, podendo ficar incomunicvel;
39. Tomando por referncia o entendimento de GRINBERG, D) Em nenhuma hiptese o perodo mximo de internao
segundo o qual o conceito operativo de identidade est formu- exceder 03 anos;
lado a partir das noes dos vnculos de integrao espacial, E) Em qualquer hiptese a desinternao ser precedida de
temporal e social do sentimento de identidade, identifique a autorizao judicial, ouvido o ministrio pblico.
alternativa correta:
I. O vnculo de integrao espacial est relacionado com a 46. Na medida scio-educativa de internao, correto afir-
imagem corporal; mar que:
II. O vnculo de integrao temporal seria a capacidade de A) permitida a realizao de atividades externas, a critrio
seguir sentindo-se o mesmo ao longo da vida ( "Sentimento da equipe tcnica da entidade, salvo expressa determinao
de mesmidade" ); judicial em contrrio;
III. O vnculo de integrao social diz respeito as inter- B) O perodo mnimo de internao dever ser de at 03
relaes pessoais com as figuras parentais e com as figuras anos;
afetivas relevantes de sua existncia. C) Durante o perodo de internao no h obrigatoriedade do
A) Todos os itens esto corretos; desenvolvimento de atividades pedaggicas;
B) Nenhum dos itens est correto; D) Ao interno no ser permitido o direito de peticionar dire-
C) Esto corretos os itens I e II; tamente a qualquer autoridade;
D) Apenas o item I est correto; E) A medida dever sempre comportar prazo determinado.
E) Esto corretos os itens I e III.
47. No que se refere Guarda, correto afirmar que:
40. Considerando a gria na adolescncia como um abandono A) No confere criana e/ou adolescente a condio de
da comunicao infantil por uma forma adulta da expresso, dependente para todos os fins e efeitos de direito, inclusive
podemos afirmar que ela: previdencirio;
A) uma "perverso" da linguagem do adolescente; B) irrevogvel;
B) Seria uma forma de expressar a sua identidade lingustica; C) Confere ao seu detentor o direito de opor-se a terceiros,
C) Seria um subproduto da cultura adolescente que traduz a inclusive aos pais;
luta pela preservao de uma identidade grupal; D) No obriga a prestao de assistncia material criana
D) Todas as afirmativas esto corretas; e/ou adolescente;
E) Apenas as afirmativas a e b esto corretas. E) Na adoo por estrangeiros a guarda poder se constituir
uma etapa preliminar.
41. No tocante liberdade assistida, assinale a nica afirmati-
va incorreta: 48. A obrigao de reparar o dano normalmente aplicvel
A) Promover socialmente o adolescente e sua famlia, forne- quando o ato infracional envolve:
cendo-lhes orientao e inserindo-os, se necessrio, em pro- A) Violncia grave pessoa;
grama oficial ou comunitrio de auxlio e assistncia social; B) Atos contra o patrimnio;
B) Apresentar relatrio do caso; C) Homicdio;
C) Controlar a conduta do adolescente; D) Latrocnio;

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E) Formao de quadrilha.
56. No que diz respeito aos direitos do adolescente privado de
49. Estando o adolescente internado provisoriamente, o prazo liberdade, marque a alternativa incorreta:
mximo e improrrogvel para a concluso do procedimento, A) Receber escolarizao e profissionalizao;
ser de: B) Ter acesso aos objetos necessrios higiene e asseio
A) 01 ms; pessoal;
B) 90 dias; C) Entrevistar-se pessoalmente com o representante do Mi-
C) 45 dias; nistrio Pblico;
D) 24 horas; D) No ser informado de sua situao processual;
E) 06 meses. E) Receber, quando de sua desinternao, os documentos
pessoais indispensveis vida em sociedade.
50. Quanto ao ato infracional praticado por crianas, assinale
a medida que se configura inaplicvel: 57. A medida de internao no poder ser aplicada:
A) Requisio de tratamento mdico, psicolgico ou psiqui- A) Quando se tratar de ato infracional, cometido mediante
trico, em regime hospitalar ou ambulatorial; grave ameaa ou violncia pessoa;
B) Internao; B) No objetivo de acompanhar, auxiliar e orientar o adoles-
C) Abrigo em entidades; cente que sofreu ameaa fsica;
D) Colocao em famlia substituta; C) Por descumprimento reiterado e injustificvel de medida
E) Encaminhamento aos pais ou responsvel mediante termo anteriormente imposta;
de responsabilidade. D) Por reiterao no cometimento de outras infraes graves;
E) Caso exista uma outra medida adequada.
51. Quanto forma de comunicar criana sua condio de
adotada, na viso de Maldonado, dentre todas assinale a 58. As entidades governamentais e no governamentais, ao
maneira mais adequada: planejar e executar seus programas de atendimento e assis-
A) A criana e/ou adolescente no dever ter o conhecimento; tncia criana e adolescente devero inscrev-los:
B) Esta comunicao dever ser feita s na adolescncia; A) No Conselho Municipal dos direitos da criana e do ado-
C) Dever ser dito que seus pais biolgicos morreram; lescente;
D) Levar a criana a compreender que seus pais biolgicos, B) No Conselho Tutelar;
por alguma razo, que seus pais adotivos desconhecem, no C) Na Justia da infncia e da juventude;
puderam cuidar dela; D) Na delegacia especializada da criana e do adolescente;
E) Que seus pais biolgicos no tinham meios adequados E) Junto Fundao Estadual do Bem-estar do Menor - FE-
para criar a criana. BEM.

52. Podemos definir a adolescncia como: 59. Nos casos de crianas estrangeiras, a colocao em fam-
A) Uma etapa de transio entre a infncia e a idade adulta; lia substituta ser admissvel em que modalidade:
B) Um momento que marca no s a aquisio da imagem I. Tutela;
corporal definitiva, como tambm a estruturao final da per- II. Guarda;
sonalidade; III. Adoo.
C) Uma fase onde h predominncia das mudanas biolgi- A) Esto corretos os itens I e II;
cas; B) Esto corretos os itens II e III;
D) Fase que pode ser plenamente compreendida atravs da C) Todos os itens esto corretos;
anlise isolada dos aspectos biolgicos, psicolgicos, sociais D) Nenhum dos itens est correto;
e culturais; E) Apenas o item III est correto.
E) Fase que coincide com a puberdade.
60. No que diz respeito colocao em famlia substituta,
53. Entre os diversos elementos que possibilitam assinalar o correto afirmar que:
trmino da adolescncia, marque a alternativa incorreta: A) Sempre que possvel, a criana ou adolescente dever ser
A) Relao de reciprocidade com a gerao precedente; previamente ouvido e a sua opinio devidamente considera-
B) Capacidade de assumir compromissos profissionais e se da;
auto manter; B) Na apreciao do pedido, levar-se- em conta o grau de
C) Busca de pautas de identificao no grupo de iguais; parentesco e a relao de afinidade ou de afetividade, a fim
D) Estabelecimento de uma identidade sexual e possibilidade de evitar ou minorar as consequncias decorrentes da medi-
de estabelecer relaes afetivas estveis; da;
E) Aquisio de um sistema de valores pessoais. C) Admitir a transferncia da criana ou adolescente a ter-
ceiros ou entidades governamentais ou no governamentais,
54. Na obrigao de reparar o dano, o adolescente deve: sem autorizao judicial;
A) Promover ressarcimento sem necessariamente compensar D) Esto corretos os itens A e B;
o prejuzo; E) Esto corretos os itens A, B e C.
B) Promover o ressarcimento do dano;
C) Reparar o prejuzo da vtima;
D) Restituir o objeto;
E) Reparar prejuzo ou restituir o objeto conforme o caso.

55. Na hiptese de maus tratos, opresso ou abuso sexual


impostos pelos pais ou responsvel, a autoridade judiciria
determinar, como medida cautelar:
A) O encaminhamento do agressor a atendimento especiali-
zado;
B) O afastamento do agressor da morada comum;
C) A destruio do ptrio poder;
D) A advertncia verbal;
E) A obrigao de prestar servio comunidade.

Conhecimentos Especficos 277 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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e ( ) "No os vi quando desapareceram."

05. Assinale a frase em que no h erro no emprego do pro-


nome de tratamento:
a ( ) Espero que voc no esquea teus amigos.
b ( ) Estas flores so para a Vossa Alteza.
c ( ) Ela encaminhou os presentes V.S..
d ( ) Vossa Majestade ainda quer falar com S.Excia?
e ( ) Reiteramos a V.Rev.ma nossa estima e apreo.

06. Indique a frase que apresenta erro na concordncia do


verbo com o sujeito:
a ( ) Esta verdade, s a conhece minha irm e eu.
b ( ) Nem um nem outro candidato acertaram a questo.
c ( ) O chefe ou o pai recebero a primeira fatia do bolo.
d ( ) Para ele no existe azar e sorte.
e ( ) Tanto eu quanto voc sabamos o resultado.

07. Qual a alternativa que no apresenta concordncia corre-


ta do verbo ser?
a ( ) Ontem foi vinte e dois de maio.
b ( ) Dez anos muito tempo.
c ( ) Isso guas passadas.
d ( ) Quando veio, era perto de cinco horas.
e ( ) As visitas ramos ns.

08. Ache a alternativa que apresenta erro:


a ( ) tabelies magnificentssimos
b ( ) cidades magrrimos
c ( ) ancios integrrimos
d ( ) corrimes antiqussimos
PROVA PSICLOGO II - TJ SP e ( ) charlates crudelssimos
Prova anterior
09. Indique onde h erro na flexo dos adjetivos compostos:
Prova A
a ( ) roupas azul-celeste
Portugus
b ( ) raios ultravioleta
01. Marque a afirmativa falsa:
c ( ) meninas surdas-mudas
a ( ) a orao principal, quando no exerce nenhuma funo
d ( ) poemas pico-lricos
sinttica em outra orao do perodo composto por subordi-
e ( ) camisas verde-claros
nao;
b ( ) o perodo simples, se constitudo de uma s orao,
10. Marque a nica construo que no aceita como correta
chamada absoluta;
na lngua culta:
c ( ) a orao coordenada que se prende anterior por meio
a ( ) Raquel mais pequena que sua irm.
de conectivo denomina-se sindtica;
b ( ) Seu quadro foi o mais grande da exposio.
d ( ) a orao subordinada adjetiva no depende de nenhum
c ( ) Este vinho mais excelente que aquele.
termo da orao cujo ncleo seja um substantivo;
d ( ) Josias mais bom do que trabalhador.
e ( ) as oraes subordinadas adjetivas classificam-se em
e ( ) Este automvel mais moderno que o de cor vermelha.
restritivas e explicativas.
11. Identifique a nica frase que no passa ideia de superlati-
02. Identifique onde est a orao subordinada substantiva
vo:
cujo valor sinttico de aposto:
a ( ) Ele valente como qu!
a ( ) "De uma coisa sei: que preciso morrer para viver."
b ( ) Ela no apenas uma boa diretora, ela a diretora.
b ( ) "Ele disse que no se lembrava do nome."
c ( ) Maria mais bonita que simptica.
c ( ) "Confesso que me bambeou a perna."
d ( ) Romrio um senhor jogador!
d ( ) "O triste que no era uma planta qualquer."
e ( ) Aquele filho o menos carinhoso de todos.
e ( ) "Meu Deus, s agora me lembrei que a gente morre."
12. Aponte a alternativa onde a pontuao est adequada ao
03. Encontre a alternativa que expe uma orao coordenada
perodo:
sindtica explicativa:
a ( ) "A morte, no extingue: transforma, no aniquila, renova,
a ( ) No fui escola porque fiquei doente.
no divorcia, aproxima."
b ( ) No falte reunio pois quero falar com voc.
b ( ) "A morte, no extingue - transforma - no aniquila - reno-
c ( ) Como estava muito resfriado, no foi recepo.
va - no divorcia - aproxima."
d ( ) No posso inscrev-lo uma vez que no h mais vagas.
c ( ) "A morte; no: extingue (transforma); no: aniquila (reno-
e ( ) Fomos bem recebidos porque trazamos boas notcias.
va); no: divorcia (aproxima)."
d ( ) "A morte no extingue: transforma; no aniquila: renova;
04. Qual dos perodos abaixo apresenta orao subordinada
no divorcia: aproxima."
adverbial concessiva?
e ( ) "A morte, no extingue, transforma; no aniquila, renova;
a ( ) "O caminho to comprido que no tem fim."
no divorcia, aproxima."
b ( ) "Aqui vai o livro para que o leias."
c ( ) "Obedeciam aos pais sem grandes esforos, posto fos-
13. Descubra o vocbulo que no se completa com a letra ao
sem teimosos."
lado:
d ( ) " medida que descia tranquilizava-se."
a ( ) mi__to ; despre__o ; ob__quio ; empre__a (s)

Conhecimentos Especficos 278 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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b ( ) e__pelir ; e__pender ; e__tremoso ; te__to (x) b ( ) apenas a opo II est correta.
c ( ) __ibia ; ultra__e ; can__ica ; ma__estoso (j) c ( ) as opes I eII esto corretas.
d ( ) Man__el ; b__eiro ; b__lir ; ng__a (u) d ( ) as opes II e III esto corretas.
e ( ) pt__o ; __mpigem ; discr__o ; tereb__ntina (i) e ( ) as opes I e III esto corretas.

14. Qual o perodo cujo termo em destaque est inadequa- 22. Indique a nica opo que melhor responde a questo.
damente empregado? Apesar de vivermos em plena "era das comunicaes", o
a ( ) O Juiz empossou os seus pares. processo comunicante entre as geraes continua ............
b ( ) Cuidemos da horta que os celeiros esto vazios. I. Muito bem entre a sociedade.
c ( ) Acenderam os crios sob o altar. II. Emperrado e claudicante.
d ( ) Ao luchar a perna, o atleta gritou de dor. III. Claudicante.
e ( ) S sai besteira desta sua cachola. a ( ) apenas a alternativa II est correta.
b ( ) apenas a alternativa I est correta.
15. Complete as frases corretamente: c ( ) apenas a alternativa III est correta.
O objeto que estava no fundo do lago _____. d ( ) as alternativas I e III esto corretas.
Como aluno, sou do corpo _____ da escola. e ( ) as alternativas II e III esto corretas.
Por favor, _____ aquela porta. Faz frio aqui.
Rendamos _____ aos que tombaram na guerra. 23. A tendncia anti-social pode ser encontrada:
a ( ) imergiu ; docente ; serre ; pleito I. Num indivduo normal.
b ( ) imergiu ; discente ; cerre ; preito II. Num indivduo neurtico.
c ( ) emergiu ; discente ; cerre ; preito III. Num indivduo psictico.
d ( ) emergiu ; docente ; serre ; pleito a ( ) apenas a alternativa I est correta.
e ( ) imergiu ; discente ; serre ; preito b ( ) apenas a alternativa II est correta.
16. Ache a dupla onde h erro de ortografia: c ( ) apenas a alternativa III est correta.
a ( ) aterrissar ; asar d ( ) as alternativas I e III esto corretas.
b ( ) beneficncia ; hilariedade e ( ) as alternativas I, II e III esto corretas.
c ( ) prazerosamente ; meteorologia
d ( ) imprescindvel ; manteigueira 24. Quando existe uma tendncia anti-social..............
e ( ) hidravio ; candeeiro a ( ) houve a perda de algo bom.
b ( ) houve a perda de algo mau.
17. Que verbo no se apresenta corretamente conjugado no c ( ) no houve perda.
presente do indicativo? d ( ) houve o ganho de algo bom e algo mau.
a ( ) precavemos ; precaveis (precaver) e ( ) houve a perda de algo bom e algo mau.
b ( ) di ; doem (doer)
c ( ) adiro ; aderes ; adere ; aderimos ; aderis ; aderem (ade- 25. O furto est no centro da tendncia anti-social. A criana
rir) que furta um objeto no est desejando o objeto roubado,
d ( ) frejo ; freges ; frege ; frigimos ; frigis ; fregem (frigir) mas est desejando .............
e ( ) arguo ; argis ; argi ; arguimos ; arguis ; argem (arguir) a ( ) um irmo.
b ( ) amigos.
18. Indique onde no se fez a correta concordncia nominal: c ( ) a me.
a ( ) Cerveja bom para sade. d ( ) mais brinquedos.
b ( ) Guardou bastantes moedas de prata. e ( ) ser mais livre.
c ( ) necessria coragem.
d ( ) Foi ela mesma que escreveu a carta. 26. Segundo Winnicott, do ponto de vista da criana, a me
e ( ) Entregue estes convites em mo. foi criada:
a ( ) pelo pai.
19. Qual a funo sinttica do termo em destaque ? b ( ) por Deus.
"O velho autntico tinha sido substitudo pelo velho fingido". c ( ) pela prpria criana.
a ( ) complemento nominal d ( ) pelos amigos.
b ( ) objeto indireto e ( ) pelos avs.
c ( ) objeto direto preposicionado
d ( ) agente da passiva 27. Ao cuidar da criana, a me est constantemente lidando
e ( ) adjunto adverbial com .....
I. O valor de incmodo do seu beb.
20. Marque a alternativa cuja orao apresenta em destaque II. A liberdade do seu beb.
um termo sem vnculo sinttico com a mesma: III. O exagero do seu beb.
a ( ) A moa caminhava apressadamente. a ( ) apenas a alternativa II est correta.
b ( ) Mataram os meus gatinhos. b ( ) apenas a alternativa I est correta.
c ( ) Estou no meio da praa. c ( ) as alternativas II e III esto corretas.
d ( ) Ele gostou da sugesto. d ( ) as alternativas I, II e III esto corretas.
e ( ) Joo, onde est Maria? e ( ) as alternativas I e II esto corretas.

Conhecimentos 28. Um sintoma anti-social muito comum :


a ( ) agressividade.
21. O conflito de geraes provm ........... b ( ) depresso.
I. De uma "defasagem" no sistema de valores de duas gera- c ( ) choro inconsolado.
es sucessivas. d ( ) isolamento.
II. Das mudanas scio-culturais em processo numa determi- e ( ) avidez estreitamente relacionada a inibio do apetite.
nada poca.
III. Das propores que j vm sendo verificadas na histria 29. Na sndrome da rejeio primria ativa, a atividade da
da civilizao ocidental. me consiste em .......
a ( ) apenas a opo I est correta. I. Uma rejeio global da maternidade.

Conhecimentos Especficos 279 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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II. Uma rejeio parcial da maternidade. e ( ) as opes I e II esto corretas.
III. Uma rejeio externa da maternidade.
a ( ) apenas a alternativa II est correta. 37. Segundo Freud, um pai ausente e psicologicamente fraco
b ( ) apenas a alternativa I est correta. ou incapaz de assumir a paternidade, pode provocar no me-
c ( ) as alternativas I e II esto corretas. nino:
d ( ) as alternativas II e III esto corretas. a ( ) uma grande dificuldade em fazer amigos.
e ( ) as alternativas I, II e III esto corretas. b ( ) indiferena com relao aos familiares.
c ( ) um srio dficit em sua identidade genital.
30. Indique o item que melhor completa a questo. d ( ) grande tendncia a depresso.
Na rejeio primria passiva, o recm-nascido normalmente e ( ) comportamento bastante agressivo.
apresenta ..........
a ( ) dor de ouvido. 38. Seguindo as investigaes de M. Klein, a necessidade do
b ( ) sensibilidade multiplicada. homem ser pai aparece ......:
c ( ) dispnia, sensibilidade reduzida. a ( ) na segunda metade do primeiro ano de vida.
d ( ) clicas. b ( ) ao nascer.
e ( ) depresso. c ( ) na adolescncia.
d ( ) aos 8 ou 9 anos.
31. No beb no h conflito entre o ego e o superego, uma e ( ) na fase adulta.
vez que no recm-nascido...........
a ( ) nem um nem outro est presente. 39. A tica que o mundo moderno transmite aos jovens uma
b ( ) os dois esto presentes e h boa relao entre eles. tica de .........:
c ( ) apenas o superego est presente, por essa razo no h a ( ) reflexo alicerada na responsabilidade.
conflito. b ( ) ao inspirada no oportunismo.
d ( ) apenas o ego est presente, por essa razo no h con- c ( ) sentimento transmitido ao prximo.
flito. d ( ) opresso as aes dos jovens.
e ( ) s h id e superego, portanto h harmonia. e ( ) perverso nas atitudes comuns.

32. A criana que precisa descarregar quantidades muito 40. Do ponto de vista intrapsquico, o comportamento dos
maiores de tenso, com mais frequncia, do que uma criana pais frente a seus filhos adolescentes determinado basica-
calma e tranquila, denominamos de criana........ mente pelo grau de .......:
a ( ) hipotmica. d ( ) latente. I. Resoluo dos conflitos atuais.
b ( ) hipertnica. e ( ) dinmica. II. Resoluo de seus conflitos edpicos.
c ( ) manifesta. III. Resoluo de seus conflitos internalizados.
a ( ) as opes I e II esto corretas.
33. Bem no incio da infncia, o rgo principal de descarga b ( ) as opes II e III esto corretas.
...... c ( ) apenas a opo III est correta.
a ( ) a mo. d ( ) a boca. d ( ) apenas a opo I est correta.
b ( ) o nariz. e ( ) o olho. e ( ) apenas a opo II est correta.
c ( ) o ouvido.
41. O momento da privao original ocorre durante o perodo
34. H duas funes na amamentao. So elas: em que o ego do beb ou da criana pequena est em .....
I. Uma deficincia de descarga por uma suco muito mais a ( ) reconhecimento de sua importncia.
frequente de partes acessveis de seu prprio corpo. b ( ) processo de realizao da fuso das razes libidinais e
II. A ingesto de alimento propriamente dita, que satisfaz e agressivas do id.
aplaca a fome e a sede simultaneamente. c ( ) evidncia de sua capacidade de suportar a indiferena.
III. A descarga de tenso, ou seja, a satisfao da mucosa d ( ) processo de transio.
oral por meio das atividades dos lbios, lngua, palato e espa- e ( ) um momento favorvel a sua atuao.
o laringo-farngeo..
a ( ) apenas a alternativa I est correta. 42. A base da psicologia de grupo :
b ( ) apenas a alternativa II est correta. a ( ) a unio do grupo.
c ( ) as alternativas I e III esto corretas. b ( ) a psicologia do indivduo.
d ( ) alternativas II e III esto corretas. c ( ) a mesma faixa etria.
e ( ) as alternativas I, II e III esto corretas. d ( ) maturidade do indivduo.
e ( ) criatividade do grupo.
35. A idade em que surgem as primeiras respostas sociais e
aparece o primeiro precursor do objeto, no decorrer do ..... 43. O estudo das primeiras etapas do desenvolvimento permi-
a ( ) dcimo segundo ms de vida. tiu descobrir ......
b ( ) nono aniversrio. a ( ) a importncia do papel de ser pai.
c ( ) oitavo aniversrio. b ( ) a necessidade de desprender-se do lar.
d ( ) dcimo ms de vida. c ( ) a bissexualidade no indivduo.
e ( ) terceiro ms de vida. d ( ) que o filho nico apresenta uma maior tendncia homos-
sexual.
36. Segundo Spitz, os nativos que mantm o costume antigo e ( ) no homem, h um momento no qual a fantasia de ter um
de carregar as crianas durante todo o dia nas costas ou nas filho no seu ventre normal.
ancas, proporcionam s crianas .........:
I. Ampla descarga de tenso. 44. A atitude, na grande maioria das crianas que sofrem de
II. Reduzida descarga de tenso. eczema infantil, de:
III. Estmulo receptivo. a ( ) depresso.
a ( ) apenas a opo II est correta. b ( ) hostilidade.
b ( ) apenas a opo I est correta. c ( ) agressividade.
c ( ) as opes I e III esto corretas. d ( ) ansiedade manifesta.
d ( ) as opes II e III esto corretas. e ( ) delicadeza.

Conhecimentos Especficos 280 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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b ( ) emocional.
45. O essencial sade mental do beb e da criana peque- c ( ) latente.
na ...... d ( ) incorporativa.
a ( ) a vivncia de uma relao calorosa, ntima e contnua e ( ) conclusiva.
com a me.
b ( ) a ausncia do objeto bom. 54. O sistema cenestsico responde a signos .......
c ( ) neutralidade do id e do ego. I. No-verbais
d ( ) presena permanente dos familiares. II. No-dirigidos.
e ( ) presena da chupeta e da mamadeira at os 3 anos de III. Expressivos.
idade. a ( ) apenas a opo I est correta.
b ( ) apenas a opo II est correta.
46. Ser capaz de tolerar tudo o que podemos encontrar em c ( ) apenas a opo III est correta.
nossa realidade interior .......... d ( ) as opes I, II e III esto corretas.
I. Uma grande dificuldade humana. e ( ) as opes II e III esto corretas.
II. Um dos importantes objetivos humanos.
III. Uma satisfao exterior. 55. Privar o beb de afeto de desprazer durante o decorrer do
a ( ) apenas a opo I est correta. primeiro ano de vida, to prejudicial quanto........:
b ( ) apenas a opo II est correta. a ( ) priv-lo do desconforto.
c ( ) as opes I e II esto corretas. b ( ) priv-lo da agressividade.
d ( ) as opes I e III esto corretas. c ( ) priv-lo da depresso.
e ( ) as opes II e III esto corretas. d ( ) priv-lo da frustrao.
e ( ) priv-lo do afeto de prazer.
47. Um mtodo importante para lidar com a agresso na rea-
lidade interna o 56. Uma das pragas sociais no adolescente de nossa poca
mtodo .... .......:
a ( ) histrico. a ( ) a desobedincia aos pais.
b ( ) peculiar. b ( ) a falta de respeito com os mais velhos.
c ( ) similiar. c ( ) a delinquncia juvenil.
d ( ) individualista. d ( ) a gria.
e ( ) masoquista. e ( ) a falta de objetivo na vida.

48. A agressividade primria se manifesta atravs de: 57. Os maiores delitos em nossa sociedade so cometidos
a ( ) relaes internas. por:
b ( ) relaes externas. I. Adultos
c ( ) relaes de aproximao. II. Adolescentes.
d ( ) relaes amigveis. III. Crianas.
e ( ) relaes instintivas. a ( ) as opes II e III esto corretas.
b ( ) as opes I e II esto corretas.
49. Indique a alternativa correta que preenche a lacuna. c ( ) apenas a opo III est correta.
A _____________, constitui um perigoso potencial para o d ( ) apenas a opo II est correta.
indivduo e para a comunidade. e ( ) apenas a opo I est correta.
a ( ) perda do objeto mau.
b ( ) energia instintiva reprimida. 58. Manifestao filicida :
c ( ) manifestao das relaes externas. a ( ) a rivalidade existente entre as geraes.
d ( ) agresso primria. b ( ) a unio dos jovens.
e ( ) realidade interior. c ( ) a liberdade de expresso do jovem.
d ( ) o sacrifcio da juventude.
50. Um dos objetivos na construo da personalidade tornar e ( ) a chegada na adolescncia.
o indivduo capaz de drenar o .........
a ( ) instintual. 59. Indique a opo falsa.
b ( ) perverso. O esquema referencial terico a que aludimos o que consi-
c ( ) sublimado. dera o carter psicopatolgico dos sintomas na adolescncia
d ( ) sentimento. uma funo de certos "mdulos" ou "variveis", que so:
e ( ) superego. a ( ) intensidade.
b ( ) durao.
51. A manifestao fecal da criana, pressupe um certo tipo c ( ) significado regressivo.
de relao ....... d ( ) polimorfismo.
a ( ) pr-objetal. e ( ) discriminao.
b ( ) coprofgica.
c ( ) objetal, ainda que patolgica. 60. Indique a alternativa que preenche corretamente as lacu-
d ( ) de periodicidade. nas.
e ( ) integral. O________ e ________ tem um papel igualmente importante
na formao do sistema psquico e da personalidade.
52. O humor depressivo da me origina, na criana, uma a ( ) objeto mau / seus componentes.
inclinao para tendncia ....... b ( ) objeto bom / seus componentes.
a ( ) objetal. d ( ) agressiva. c ( ) amor / dedicao.
b ( ) saudvel. e ( ) depressiva. d ( ) afeto / integrao.
c ( ) de induo. e ( ) prazer / desprazer.
GABARITO
53. A perda da me que entra em depresso no uma per- 01-D 21-C 41-B
da fsica, como quando a me morre. uma perda ........ 02-A 22-A 42-B
a ( ) passageira. 03-B 23-E 43-E

Conhecimentos Especficos 281 A Opo Certa Para a Sua Realizao


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04-C 24-A 44-D B) 1 e 2 apenas.
05-E 25-C 45-A C) 2 e 3 apenas.
06-C 26-C 46-C D) 1, 2 e 3.
07-A 27-B 47-E
08-B 28-E 48-B 5. O artigo 67 trata das condies de trabalho do aprendiz em
09-E 29-B 49-B regime familiar de trabalho, aluno de escola tcnica, assistido
10-B 30-C 50-A em entidade governamental ou no-governamental e veta o
11-C 31-A 51-C trabalho:
12-D 32-B 52-E 1 - noturno (entre 22h e 5h do dia seguinte).
13-A 33-D 53-B 2 - perigoso, insalubre ou penoso.
14-D 34-D 54-D 3 - realizado em locais prejudiciais sua formao e ao seu
15-C 35-E 55-E desenvolvimento fsico, psquico, moral e social.
16-B 36-C 56-C 4 - realizado em horrios e locais que impeam a freqncia
17-D 37-C 57-E escola.
18-C 38-A 58-A Atendem ao enunciado, os itens:
19-D 39-B 59-E A) 1, 2, 3 e 4.
20-E 40-E 60-E B) 1, 2 e 3 apenas.
C) 2, 3 e 4 apenas.
PROVA SIMULADA III D) 2 e 3 apenas.

1. Dentre as atribuies do Conselho Tutelar no consta: 6. De acordo com a LDB, (V) verdadeiro ou (F) falso afirmar.
A) expedir notificaes. ( ) A educao bsica poder organizar-se em sries anuais,
B) requisitar certides de nascimento e de bito de criana ou perodos semestrais, ciclos, alternncia regular de perodos
adolescente quando necessrio. de estudos, grupos no-seriados, com base na idade, na
C) expedir mandado de priso s pessoas que comprovada- competncia e em outros critrios, ou por forma diversa de
mente violaram os direitos constantes do Estatuto. organizao, sempre que o interesse do processo de aprendi-
D) requisitar servios pblicos nas reas de sade, educao, zagem assim o recomendar.
servio social, previdncia, trabalho e segurana. ( ) A escola poder reclassificar os alunos, inclusive quando
se tratar de transferncias entre estabelecimentos situados no
2. Sobre as disposies do ECA (V) verdadeiro ou (F) falso Pas e no exterior, tendo como base as normas curriculares
afirmar. gerais.
( ) As crianas adotadas tm o mesmo direito e qualificaes ( ) O calendrio escolar dever adequar-se s peculiaridades
daquelas havidas na relao de casamento. locais, inclusive climticas e econmicas, a critrio do respec-
( ) As famlias que apresentem carncia de recursos materiais tivo sistema de ensino, facultando reduzir o nmero de horas
para a criao dos filhos podero ser includas em programas letivas previstas na legislao.
oficiais de auxlio. A seqncia correta :
( ) A manuteno ou reintegrao de criana ou adolescente A) F, V, V.
sua famlia ter preferncia em relao a qualquer outra pro- B) V, F. V.
vidncia. C) V, V, F.
A seqncia correta : D) F, V, F.
A) V, F. V.
B) F, V, V. 7. Consta da LDB que o controle de freqncia fica a cargo da
C) F, F, V. escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas
D) V, V, V. do respectivo sistema de ensino, exigida a freqncia mnima
de _____ do total de horas letivas para aprovao
3. O acolhimento, sob a forma de guarda, de criana ou de A) 50%.
adolescente afastado do convvio familiar contar com alguns B) 75%.
estmulos oferecidos pelo Poder Pblico, como: C) 60%
1 - assistncia jurdica. D) 90%
2 - cesta bsica mensal.
3 - incentivos fiscais. 8. Analise as afirmaes sobre a LDB.
4 - convnio de sade particular. 1 - A LDB prev a possibilidade de acelerao de estudos
So itens que constam do Art. 34 do ECA: para alunos com atraso escolar.
A) 1 e 2, apenas. 2 - Cabe a cada instituio de ensino expedir histricos esco-
B) 2 e 3, apenas. lares, declaraes de concluso de srie e diplomas ou certi-
C) 3 e 4, apenas. ficados de concluso de cursos, com as especificaes cab-
D) 1 e 3, apenas. veis.
Podemos concluir que, segundo a LDB:
4. O ECA determina que as medidas de proteo s crianas A) 1 e 2 esto incorretas.
e adolescentes contemplem as necessidades pedaggicas, B) apenas 1 est correta.
preferencialmente aquelas que visem ao fortalecimento dos C) apenas 2 est correta.
vnculos familiares e comunitrios e que garantam, dentre D) 1 e 2 esto corretas.
outros, os princpios de:
1 - Privacidade zelando pela intimidade, direito imagem e 9. A educao bsica, nos nveis fundamental e mdio ter
reserva de sua vida privada. uma carga horria anual de ____ horas, distribudas por ___
2 - Interveno precoce efetuada pelas autoridades logo dias de efetivo trabalho escolar, excludo o tempo reservado
que a situao de perigo seja conhecida. aos exames finais, quando houver.
3 - Obrigatoriedade da informao exclusivamente aos pais Completam corretamente os respectivos claros:
que devem ser informados sobre os motivos que determina- A) 750 // 200.
ram a interveno e da forma como esta se processa. B) 900 // 210.
So afirmaes corretas: C) 800 // 200.
A) 1 e 3 apenas. D) 850 // 220.

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(B) Seguindo o conceito da liberdade de imprensa, no h
10. incorreto afirmar que conforme alteraes na LDB restries quanto veiculao de publicidade em revistas
(Redao dada pela Lei n 10.793, de 1.12.2003) a educa- destinadas ao pblico infanto-juvenil.
o fsica, integrada proposta pedaggica da escola, (C) Fitas de vdeo devero exibir, no invlucro, informaes
componente curricular obrigatrio da educao bsica, sendo sobre a natureza da obra e a faixa etria a que se destinam.
sua prtica facultativa ao aluno: (D) As alternativas A e C esto corretas.
A) de nacionalidade estrangeira.
B) que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis 19. dever do Estado assegurar criana e ao adolescente:
horas. Qual das alternativas abaixo no est correta de acordo com
C) que estiver prestando servio militar inicial ou que, em o art. 54 do ECA?
situao similar, estiver obrigado prtica da educao fsica. (A) Ensino Fundamental, obrigatrio e gratuito
D) que tenha prole. (B) oferta de ensino noturno regular
(C) progressiva extenso da obrigatoriedade e gratuidade at
11. O ECA, no seu art. 112, afirma que verificada a prtica de o final do Ensino Mdio
ato infracional a autoridade competente poder aplicar medi- (D) progressiva extenso da obrigatoriedade e gratuidade at
das punitivas ao adolescente. No permitido ao adolescente o final do Ensino Fundamental
infrator a pena de:
(A) advertncia 20. Com base no Estatuto da Criana e do Adolescente, o
(B) obrigao de reparar o dano Captulo V do Direito Profissionalizao e Proteo ao
(C) prestao de servios comunidade trabalho, em seu artigo 63: A formao tcnico-profissional
(D) prestao de trabalho forado obedecer aos seguintes princpios...
I. Garantia de acesso e frequncia obrigatria ao ensino regu-
12. De acordo com o ECA, correto afirmar: lar.
(A) o adotando deve ter, no mnimo 18 anos data do pedido II. Atendimento em Creche e Pr-escola, adequando s con-
(B) a adoo atribui condio de filho ao adotado, com os dies do adolescente.
mesmos direitos e deveres, inclusive sucessrios, desligando- III. Atividade compatvel com o desenvolvimento do adoles-
o de qualquer vnculo com pais ou parentes, salvo os impedi- cente.
mentos matrimoniais IV. Horrio especial para os exerccios das atividades.
(C) os maiores de 18 anos, independentemente do estado De acordo com o art. 63, podemos dizer que esto corretas:
civil, podem adotar (A) I, II e III (C) I, III e IV
(D) a adoo no depende do consentimento dos pais ou do
(B) II, III e IV (D) todas as alternativas esto corretas
representante legal do adotado

13. Considera-se criana, para efeitos do Estatuto da Criana RESPOSTAS


e do Adolescente, a pessoa que tenha at: 01. C 11. D
(A) 12 anos completos (C) 14 anos completos 02. D 12. B
(B) 12 anos incompletos (D) 14 anos incompletos 03. D 13. B
04. B 14. D
14. Que direito O Estatuto da Criana e do Adolescente no 05. A 15. B
garante? 06. C 16. B
(A) Direito Liberdade 07. B 17. D
(B) Direito Educao 08. D 18. D
(C) Direito de ser respeitado por seus educadores 09. C 19. D
(D) Direito de trabalho a menores de 16 (dezesseis) anos de 10. A 20. C
idade
PROVA SIMULADA IV
15. Na interpretao da Lei 8.069/90 (ECA), levar-se-o em
conta, a condio peculiar da criana e do adolescente como 01. Assinale a alternativa correta.
pessoas: Na luta histrica entre a liberdade e o poder, entre o indivduo
(A) desenvolvidas (C) incapazes e o Estado, s declaraes de direitos:
(B) em desenvolvimento (D) capazes a) representam o triunfo dos aliados contra os regimes tota-
litrios na II Guerra Mundial;
16. Na definio do Estatuto da Criana e do Adolescente, a b) constituem o grande marco divisrio entre a Antiguidade
medida provisria e excepcional, utilizvel como forma de e a Idade Moderna;
transio para a colocao em famlia substituta, no impli- c) esto vinculadas ao triunfo do absolutismo;
cando privao de liberdade, refere-se (ao): d) so instrumentos jurdicos de limitao do poder estatal.
(A) Orfanato (C) Casa de custdia
(B) Abrigo (D) Fundao 02. Conceder-se- mandado de injuno:
a) para assegurar o conhecimento de informaes relativas
17. Assinale a alternativa incorreta: pessoa do impetrante, constante de registros de entidades
(A) a adoo irrevogvel governamentais ou de carter pblico.
(B) antes de consumada a adoo no ser permitida a sada b) sempre que a falta de norma regulamentadora torne
do adotando do territrio nacional invivel o exerccio dos direitos e liberdades constitucionais e
(C) a adoo depende do consentimento dos pais ou do re- das prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e
presentante legal do adotando cidadania.
(D) podem adotar os maiores de dezoito anos, independen- c) para proteger direito lquido e certo, quando o respons-
temente de estado civil vel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pblica
no exerccio de atribuies do Poder Pblico.
18. De acordo com o Estatuto da Criana e do Adolescente: d) para retificao de dados, quando no se prefira faz-lo
(A) Toda criana ou adolescente ter acesso s diverses e por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
espetculos pblicos classificados como adequados sua
faixa etria.

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03. Com referncia aos remdios constitucionais, nomeie a imposta, invocando impedimento decorrente de crena religi-
alternativa CORRETA, considerados, inclusive, o magistrio osa ou de convico poltica.
da doutrina e a jurisprudncia dos tribunais: Assinale:
a) Qualquer pessoa parte legtima para propor ao popu- a) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
lar que vise a anular ato lesivo ao patrimnio pblico ou de b) se somente as afirmativas I e IV estiverem corretas.
entidade de que o Estado participe; c) se somente as afirmativas II e IV estiverem corretas.
b) O habeas corpus, posto que admita dilao probatria em d) se somente as afirmativas II, III, e IV estiverem corretas.
seu processamento, instrumento idneo de sorte a permitir,
em sede de processo penal, o exame aprofundado de matria 07. O direito de propriedade:
ftica e a anlise valorativa e minuciosa de elementos de I. assegurado pela Constituio, mas a propriedade deve
prova; atender sua funo social;
c) Conceder-se- habeas data para assegurar a obteno II. garantido pela Constituio, podendo, no entanto ocorrer
de certides em reparties pblicas, visando a defesa de a desapropriao por necessidade ou utilidade pblica, ou por
direitos e esclarecimentos de situaes de interesse do impe- interesse social, mediante prvia e justa indenizao em di-
trante; nheiro em qualquer hiptese;
d) Admite-se a utilizao, pelos organismos sindicais e pelas III. no permite, mesmo em caso de iminente perigo, que a
entidades de classe, do mandado de injuno coletivo, com a autoridade competente use de propriedade particular sem
finalidade de viabilizar, em favor dos membros ou associados indenizao prvia, independentemente de eventual dano;
dessas instituies, o exerccio de direitos assegurados pela IV. implica no cumprimento da funo social daquela, sendo
Constituio. que no caso da propriedade urbana tal ocorre quando atende
s exigncias fundamentais de ordenao da cidade expres-
04. Assinale a nica opo que esteja em consonncia com sas no plano diretor e na hiptese de propriedade rural quan-
os direitos e deveres individuais e coletivos assegurados pela do preencher os requisitos de aproveitamento racional e ade-
Constituio. quado; utilizao adequada dos recursos naturais e preserva-
a) A recusa de oficial do registro civil de registrar tambm no o do meio ambiente; observncia das disposies que
nome do companheiro filho de pessoa que no seja casada, regulam as relaes de trabalho; e explorao que favorea o
quando a mulher comparecer sozinha para fazer o registro da bem-estar dos proprietrios e dos trabalhadores.
criana, no viola a igualdade de homens e mulheres em Em anlise s assertivas acima, pode-se afirmar que:
direitos e obrigaes nos termos da Constituio. a) todas esto corretas;
b) livre a expresso da atividade intelectual, artstica, b) esto corretas apenas as de nmeros I e II;
cientfica e de comunicao, observados os limites estabele- c) esto corretas apenas as de nmeros I, II e IV;
cidos pela censura e obteno de licena nos termos da lei. d) esto corretas apenas as de nmeros I e IV.
c) So inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a pagamento pela 08. O sigilo das comunicaes telefnicas inviolvel, salvo
utilizao devidamente autorizada e o direito a indenizao por ordem da autoridade
pelo dano material ou moral decorrente de sua violao. a) judicial a fim de investigao para instruo de processos
d) A prtica do racismo constitui crime inafianvel e im- referentes a atos de improbidade administrativa.
prescritvel, sujeito pena de recluso, nos termos da lei. b) judicial a fim de investigao criminal ou instruo pro-
cessual penal.
05. Assinale a alternativa CORRETA: c) policial a fim de investigao dos delitos de sequestro e
a) O mandado de segurana se presta a tutelar direito lqui- trfico de entorpecentes.
do e certo, no amparado por habeas corpus ou habeas data. d) judicial a fim de investigao nos processos de separao
A liquidez e certeza requisito indispensvel para a ao, judicial ou divrcio.
pelo que a controvrsia de direito impede a concesso do
mandado. 09. Sobre os direitos e garantias fundamentais, analise as
b) Os tratados e convenes, ratificados pelo Brasil, que afirmativas a seguir:
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em I. Na desapropriao, a indenizao ser justa, prvia e em
dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos mem- dinheiro. Na Constituio e na lei complementar podero ser
bros, sero equivalentes s emendas constitucionais. criadas excees a essa regra, indenizando-se, por exemplo,
c) Constitui garantia fundamental de preservao do direito com ttulos pblicos.
liberdade a impossibilidade de priso, seno por ordem II. A Constituio no permite a extradio do brasileiro nato.
escrita e fundamentada da autoridade judiciria competente, III. Na sucesso de bens de estrangeiro, localizados no Brasil,
ressalvada unicamente a hiptese de priso em flagrante poder ser usada a lei pessoal do de cujus se for mais benfi-
delito. ca para o filho ou cnjuge que tenha a nacionalidade brasilei-
d) A Constituio Federal garante, expressamente, a gratui- ra.
dade na ao de habeas corpus e habeas data, sem necessi- So verdadeiras somente as afirmativas:
dade da existncia de norma regulamentar. Os atos necess- a) I e II
rios ao exerccio da cidadania sero gratuitos, na forma que a b) I e III
lei regulamentar prever. c) II e III
d) I, II e III
06. A respeito do catlogo de direitos fundamentais da Consti-
tuio Federal de 1988, analise as afirmativa a seguir: 10. No momento em que a Constituio da Repblica do
I. livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, Brasil assegura ser livre a locomoo no territrio nacional
atendidas as qualificaes profissionais que a lei estabelecer. em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da
II. plena a liberdade de associao para fins lcitos e veda- lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens,
da a de carter militar. estabelece uma norma constitucional de eficcia:
III. livre a expresso da atividade intelectual, artstica, cient- a) plena e aplicabilidade direta, imediata e integral.
fica e de comunicao, podendo ser exigida autorizao pr- b) contida e aplicabilidade direta, imediata, mas possivel-
via do poder pblico, caso as manifestaes expressivas mente no integral.
atentem contra a ordem pblica e os bons costumes. c) limitada, declaratria de princpios institutivos.
IV. inviolvel a liberdade de conscincia e de crena. Con- d) limitada, declaratria de princpios programticos.
tudo, ningum poder se eximir de obrigao legal a todos

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11. Assinale a alternativa correta a respeito dos direitos e de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
garantias fundamentais previstos na Constituio Federal. durante o dia, por determinao judicial;
(A) A casa asilo inviolvel do indivduo, e ningum nela c) inviolvel o sigilo da correspondncia e das comunica-
pode penetrar, a no ser, unicamente, por ordem judicial. es telegrficas, de dados e das comunicaes telefnicas,
(B) Aos autores pertence o direito exclusivo de utilizao, salvo, no ltimo caso, por ordem judicial, nas hipteses e na
publicao ou reproduo de suas obras, direito que se extin- forma que a lei estabelecer para fins de investigao criminal
gue com a sua morte, no sendo transmissvel aos seus her- ou instruo processual penal;
deiros. d) a prtica do racismo constitui crime afianvel, sujeito
(C) A lei no poder restringir a publicidade dos atos proces- pena de deteno.
suais, exceto para a defesa da intimidade ou do interesse
social. 16. Sobre os direitos fundamentais em matria processual,
(D) A prtica do racismo crime imprescritvel, mas que per- incorreto afirmar que
mite a fiana. a) aos litigantes so assegurados, em processo administrati-
(E) A Constituio Federal admite, entre outras, as penas de vo, o contraditrio e a ampla defesa, se a respectiva legisla-
privao da liberdade, perda de bens e de trabalhos forados. o de regncia assim o dispuser.
b) ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o
12. Considerando as diversas formas de expresso da liber- devido processo legal.
dade individual garantida pelo texto constitucional, correto c) ningum ser processado nem sentenciado seno pela
afirmar que autoridade competente.
(A) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em d) so inadmissveis, no processo, as provas obtidas por
locais abertos ao pblico, desde que no frustrem outra reu- meios ilcitos.
nio anteriormente convocada para o mesmo local, exigida e) a lei s poder restringir a publicidade dos atos processu-
apenas a prvia autorizao da autoridade competente. ais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
(B) a prtica do racismo constitui crime inafianvel, impres- exigirem.
critvel e insuscetvel de graa ou anistia.
(C) no haver penas, entre outras, de morte, de carter 17. Sobre o direito de acesso s informaes mantidas pela
perptuo, de interdio de direitos e de banimento. Administrao Pblica, reconhecido como direito fundamental
(D) nenhuma pena passar da pessoa do condenado, mas a inerente aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas,
decretao do perdimento de bens poder ser estendida aos ou afirmado como parmetro objetivo de atuao da Adminis-
sucessores, at o limite do valor do patrimnio transferido. trao Pblica, correto afirmar que
a) dever da Administrao Pblica assegurar aos cidados
13. Assinale a alternativa que contempla corretamente um o acesso s informaes por ela mantidas mas, ao mesmo
direito ou garantia constitucional. tempo, seu dever resguardar o sigilo da fonte.
(A) Garantia, na forma da lei, do direito de fiscalizao do b) a lei disciplinar as formas de participao do usurio na
aproveitamento econmico das obras que criarem ou administrao pblica direta e indireta, regulando especial-
de que participarem aos criadores, aos intrpretes e s res- mente o acesso dos estrangeiros no residentes no Pas a
pectivas representaes sindicais e associativas. registros administrativos e a informaes sobre atos de go-
(B) Direito de no ser preso seno em flagrante delito ou por verno.
ordem escrita da autoridade judiciria competente, mesmo no c) so a todos assegurados, independentemente do paga-
caso de transgresso militar ou crime propriamente militar, mento de taxas, a obteno de certides em reparties p-
definidos em lei. blicas para defesa de direitos e esclarecimento de situaes
(C) Garantia, na forma da lei, da gratuidade ao registro civil de de interesse pessoal, coletivo ou geral.
nascimento, certido de bito e s aes de habeas corpus d) se conceder habeas data para assegurar o conhecimento
e habeas data, exclusivamente queles que forem reconheci- de informaes relativas pessoa do impetrante ou de inte-
damente pobres. resse coletivo ou geral, constantes de registros ou bancos de
(D) Garantia ao brasileiro, nato ou naturalizado, de que no dados de entidades governamentais ou de carter pblico.
ser extraditado por crime comum. e) todos tm direito a receber dos rgos pblicos informa-
es de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou
14. Conceder-se- mandado de injuno geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de res-
(A) para assegurar o conhecimento de informaes relativas ponsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres-
pessoa do impetrante, constante de registros de entidades cindvel segurana da sociedade e do Estado.
governamentais ou de carter pblico.
(B) sempre que a falta de norma regulamentadora torne invi- 18. Leia as seguintes afirmaes:
vel o exerccio dos direitos e liberdades constitucionais e das I. Segundo o caput do art. 5.o da Constituio Federal,
prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e cida- assegurada a inviolabilidade do direito vida, liberdade,
dania. igualdade, segurana e propriedade aos brasileiros e aos
(C) para proteger direito lquido e certo, quando o responsvel estrangeiros residentes no pas. Isso significa que no h
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pblica no qualquer diferenciao constitucional, em relao aos direitos
exerccio de atribuies do Poder Pblico. individuais, coletivos, sociais e polticos, que os nacionais e
(D) para retificao de dados, quando no se prefira faz-lo estrangeiros gozam sob a gide da Carta da Repblica.
por processo sigiloso, judicial ou administrativo. II. As normas definidoras de direitos e garantias fundamentais
(E) sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de tm aplicao imediata e no excluem outros decorrentes do
sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, regime e dos princpios adotados pela Constituio, ou ainda,
por ilegalidade ou abuso de poder. dos tratados internacionais dos
quais nosso pas fizer parte.
15. Assinale a alternativa incorreta: III. De acordo com o art. 5., 3.o da Constituio Federal, os
a) inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo tratados internacionais que versarem sobre direitos humanos
assegurado o livre exerccio dos cultos religiosos e garantida, e forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em
na forma da lei, a proteo aos locais de culto e a suas liturgi- dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos mem-
as; bros, sero equivalentes s emendas constitucionais.
b) a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela poden- IV. O alistamento eleitoral e o voto so obrigatrios para os
do penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso maiores de dezoito anos. Porm, no podem se alistar como

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eleitores os estrangeiros, os clrigos e, durante o perodo de tes). Note-se que a Constituio estende a garantia do con-
servio militar obrigatrio, os conscritos. traditrio e da ampla defesa aos processos administrativos.
So corretas apenas as afirmativas
(A) I e II. 24. Garantias jurisdicionais - A primeira garantia jurisdicional
(B) I e III. vem tratada no art. 50, XXXV: a lei no excluir da aprecia-
o do Poder Judicirio leso ou ameaa de direito. E a
(C) II e III. inafastabilidade ao acesso ao Judicirio, traduzida no mono-
(D) II e IV. plio da jurisdio, ou seja, havendo ameaa ou leso de
(E) III e IV. direito, no pode a lei impedir o acesso ao Poder Judicirio.
Anote-se que o preceito constitucional no reproduz clusula
19. O direito associao, previsto constitucionalmente como constante da Emenda Constitucional n. 1, de 1969 (art. 153,
um direito fundamental, pode ser caracterizado pela 4), a qual possibilitava que o ingresso em juzo poderia ser
(A) liberdade de associao, pois ningum poder ser compe- condicionado prvia exausto das vias administrativas,
lido a se associar ou a se manter associado. desde que no fosse exigida garantia de instncia, sem ultra-
(B) no interveno estatal no funcionamento das associa- passar o prazo de cento e oitenta dias para a deciso do
es, sendo necessria autorizao para a constituio de pedido. Assim, no existe mais o contencioso administrativo:
cooperativas. o acesso ao Poder Judicirio assegurado, mesmo pendente
(C) possibilidade de dissoluo de uma associao, por pro- recurso na esfera administrativa.
cedimento judicial ou administrativo.
(D) licitude do objeto da associao, admitindo-se a constitui-
o de associaes que possuam carter paramilitar. 25. Ao dispor que a propriedade atender a sua funo soci-
(E) transitoriedade, j que a associao dever ter carter al, o art. 5, XXIII, da Constituio a desvincula da concepo
transitrio, pacfico e realizar-se em local pblico. individualista do sculo XVIII. A propriedade, sem deixar de
ser privada, se socializou, com isso significando que deve
20. Assinale a alternativa correta. oferecer coletividade uma maior utilidade, dentro da con-
a) O princpio da presuno da inocncia determina que nin- cepo de que o social orienta o individual.
gum ser considerado culpado at o trnsito em julgado de
sentena penal condenatria. Quanto aos remdios constitucionais:
b) No haver priso civil por dvida, salvo a do responsvel
pelo inadimplemento voluntrio e inescusvel de obrigao 26. Ao popular o meio processual a que tem direito
alimentcia e a do depositrio infiel. qualquer cidado que deseje questionar judicialmente a
c) Ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o validade de atos que considera lesivos ao patrimnio pblico,
devido processo legal, exceto na hiptese de crimes contra a moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
administrao pblica. patrimnio histrico e cultural.
d) Nenhum brasileiro ser extraditado, salvo o naturalizado,
em caso de crime comum, praticado antes da naturalizao, 27. O Mandado de Segurana um instituto jurdico que
ou de comprovado envolvimento em trfico ilcito de entorpe- serve para resguardar Direito lquido e certo, no amparado
centes e drogas afins mesmo que, no ltimo caso, o pas que por Habeas Corpus ou Habeas Data, que seja negado, ou
solicita a extradio aplique a pena de morte. mesmo ameaado, em face de ato de quaisquer dos rgos
do Estado Brasileiro, seja da Administrao direta, indireta,
Nas questes que se seguem, assinale: bem com dos entes despersonalizados e dos agentes
C se a proposio estiver correta particulares no exerccio de atribuies do poder pblico.
E- se a mesma estiver incorreta Trata-se de um remdio constitucional posto disposio de
toda Pessoa Fsica ou jurdica, ou mesmo rgo da
administrao pblica com capacidade processual.
21. Direitos polticos so os que conferem participao no
poder estatal, atravs do direito de votar, de ser votado e de
28. O Mandado de Segurana coletivo ao igualmente de
ocupar funes de Estado. Tais direitos so dados apenas ao
rito especial que determinadas entidades, enumeradas
cidado, considerando-se como cidado o nacional no gozo
expressamente na Constituio, podem ajuizar para defesa,
dos direitos polticos (cidadania nacionalidade + direitos
no de direitos prprios inerentes a essas entidades, mas de
polticos). Nacionalidade e cidadania so termos distintos. A
direito lquido e certo de seus membros, ou associados,
nacionalidade adquire-se por fatores relacionados ao
ocorrendo, no caso, o instituto da substituio processual.
nascimento ou pela naturalizao. A qualidade de cidado
Pode ser impetrado por: a) partido poltico com representao
adquire-se formalmente pelo alistamento eleitoral, dentro dos
no Congresso Nacional; b) organizao sindical, entidade de
requisitos da lei.
classe ou associao legalmente constituda e em
funcionamento h pelo menos um ano, em defesa dos
22. Garantias civis - Consistem na obteno, independente- interesses de seus membros ou associados.
mente do pagamento de taxas, de certides em reparties
pblicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situa- 29. O mandado de injuno, previsto no artigo 5, inciso LXXI
es pessoais (art. 5, XXXIV, b). O direito obteno de da Constituio do Brasil de 1988, um dos remdios-
certido limitado situao pessoal, e o seu exerccio inde- garantias constitucionais, sendo, segundo o Supremo Tribunal
pende de regulamentao. Relacionam-se ainda as garantias Federal (STF), uma ao constitucional usada em um caso
civis com o mandado de segurana e o habeas data. concreto, individualmente ou coletivamente, com a finalidade
de o Poder Judicirio dar cincia ao Poder Legislativo sobre a
23. Garantias processuais - Como garantias processuais, omisso de norma regulamentadora que torne invivel o
destacam-se, na Constituio, a do devido processo legal, exerccio dos direitos e garantias constitucionais e das
agora expressamente prevista no art. 5, LIV (ningum ser prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo cidadania.
legal), a do contraditrio e a da ampla defesa, asseguradas
no art. 5, LV (aos litigantes, em processo judicial ou adminis- 30. Habeas Corpus - Medida que visa proteger o direito de ir e
trativo, e aos acusados em geral so assegurados o contradi- vir. concedido sempre que algum sofrer ou se achar ame-
trio e ampla defesa, com os meios e recursos a ela ineren- aado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de

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locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder. Quando h produo, por parte da defesa, de provas referentes a fatos
apenas ameaa a direito, o habeas corpus preventivo. negativos.
d) A Constituio Federal assegura que so gratuitos para os
31. Constitui direito e dever individual e coletivo previsto na reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro civil de
Constituio brasileira, alm de outros, o seguinte: nascimento e casamento e a certido de bito.
(A) crime inafianvel e imprescritvel a ao de grupos e) Aos tratados sobre direitos humanos, em vigor no plano
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o internacional e interno, a Constituio Federal assegura hie-
Estado Democrtico. rarquia de norma constitucional
(B) violvel a intimidade, a honra e a imagem das pessoas,
salvo a sua vida privada. 36 . Considere as seguintes assertivas a respeito dos direitos
(C) o cidado poder ser privado de direitos por motivo de e deveres individuais:
crena religiosa, ainda que a invocar para eximir-se de obri- I livre a expresso da atividade intelectual, artstica, cient-
gao legal. fi ca e de comunicao, independente de censura, observada
(D) limitada a liberdade de associao, permitida a de car- a necessidade de licena.
ter paramilitar, nos termos da lei. II todos podem reunir-se pacifi camente, sem armas, em
(E) todo trabalhador ser compelido a associar-se e a perma- locais abertos ao pblico, desde que haja autorizao da
necer associado a sindicato de sua categoria profissional. autoridade pblica competente e que no frustrem outra reu-
nio anteriormente convocada para o mesmo local.
32. No que concerne aos direitos e deveres individuais e III todos tm direito a receber dos rgos pblicos informa-
coletivos, nos termos preconizados pela Constituio Federal es de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou
de 1988 correto afirmar: geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de res-
(A) A organizao sindical, legalmente constituda e em funci- ponsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres-
onamento h pelo menos 6 meses poder impetrar mandado cindvel segurana da sociedade e do Estado.
de segurana coletivo, em defesa dos interesses de seus IV a pena ser cumprida em estabelecimentos distintos, de
membros ou associados. acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apena-
(B) O Brasil se submete jurisdio de Tribunal Penal Inter- do.
V s presidirias sero asseguradas condies para que
nacional a cuja criao tenha manifestado adeso.
possam permanecer com seus fi lhos durante o perodo de
(C) O preso no tem direito identificao dos responsveis amamentao.
por sua priso ou por seu interrogatrio policial, se for salutar Assinale a opo verdadeira.
para a manuteno da segurana. a) I, IV e V esto corretas.
(D) Qualquer cidado parte legtima para propor ao popu- b) III, IV e V esto corretas.
lar que vise a anular ato lesivo ao patrimnio pblico, ficando c) II, III e IV esto corretas.
o autor, salvo comprovada m-f, isento de custas judiciais, d) I, II e III esto incorretas.
mas dever suportar em qualquer hiptese o nus da sucum- e) I, II e V esto incorretas.
bncia.
(E) Ningum ser privado de direitos por motivo de crena 37. Assinale a alternativa correta a respeito dos direitos e
religiosa ou de convico filosfica ou poltica, ainda que as garantias fundamentais previstos na Constituio Federal.
invoque para eximir-se de obrigao legal a todos imposta e (A) A casa asilo inviolvel do indivduo, e ningum nela
recusar-se a cumprir prestao alternativa, fixada em lei. pode penetrar, a no ser, unicamente, por ordem judicial.
(B) Aos autores pertence o direito exclusivo de utilizao,
33. Tendo em vista os remdios constitucionais: publicao ou reproduo de suas obras, direito que se extin-
a) A ao popular pode ser ajuizada por pessoa fsica ou gue com a sua morte, no sendo transmissvel aos seus her-
jurdica, nacional ou estrangeira. deiros.
b) Conceder-se- "habeas corpus" sempre que algum so- (C) A lei no poder restringir a publicidade dos atos proces-
frer ou se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em suais, exceto para a defesa da intimidade ou do interesse
sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de social.
poder. (D) A prtica do racismo crime imprescritvel, mas que per-
c) O mandado de segurana pode ter o prazo de impetrao mite a fiana.
de cento e vinte dias interrompido em razo de oferecimento (E) A Constituio Federal admite, entre outras, as penas de
de pedido de reconsiderao. privao da liberdade, perda de bens e de trabalhos forados.
d) Conceder-se- "habeas data" sempre que a falta de nor-
ma regulamentadora torne invivel o exerccio dos direitos e 38. Quando a falta de norma regulamentadora impedir o exer-
das liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes ccio dos direitos e liberdades constitucionais do cidado, este
nacionalidade, soberania e cidadania. poder ajuizar
(A) o mandado de segurana.
34. inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo (B) o mandado de injuno.
assegurado: (C) o habeas data.
a) o livre exerccio dos cultos religiosos (D) a ao direta de inconstitucionalidade.
b) garantia e proteo aos locais de culto (E) a ao popular.
c) garantia a proteo as liturgias
d) todas as alternativas esto corretas 39. Assinale a alternativa incorreta:
a) inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo
35. Dos direitos e garantias fundamentais, marque a nica assegurado o livre exerccio dos cultos religiosos e garantida,
opo correta. na forma da lei, a proteo aos locais de culto e a suas liturgi-
a) A reduo da jornada de trabalho vedada expressamente as;
pela Constituio Federal. b) a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela poden-
b) No ser concedida a extradio de estrangeiro por crime do penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso
poltico, salvo se esse crime poltico tiver sido tipificado em de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
tratado internacional. durante o dia, por determinao judicial;
c) Decorre da presuno de inocncia, consagrada no art. 5, c) inviolvel o sigilo da correspondncia e das comunica-
da Constituio Federal, a impossibilidade de exigncia de es telegrficas, de dados e das comunicaes telefnicas,

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salvo, no ltimo caso, por ordem judicial, nas hipteses e na b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou me brasi-
forma que a lei estabelecer para fins de investigao criminal leira, desde que qualquer deles esteja a servio da Repblica
ou instruo processual penal; Federativa do Brasil;
d) a prtica do racismo constitui crime afianvel, sujeito c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de me
pena de deteno. brasileira, desde que sejam registrados em repartio brasilei-
ra competente ou venham a residir na Repblica Federativa
40. Assinale a alternativa correta. do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a
a) No h crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem maioridade, pela nacionalidade brasileira.
prvia cominao legal, exceto nos casos de crimes contra a d) todas as alternativas esto corretas
administrao pblica.
b) A lei penal no retroagir, ainda que para beneficiar o ru. 47. Com relao aos princpios constitucionais da Administra-
c) A pena de morte absolutamente vedada pela Constituio o Pblica, considere:
Federal. I. A Constituio Federal probe expressamente que conste
d) No ser concedida extradio de estrangeiro por crime nome, smbolo ou imagens que caracterizem promoo pes-
poltico ou de opinio. soal de autoridade ou servidores pblicos em publicidade de
atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos
41. No privativo de brasileiros natos o cargo pblicos.
(A) de Presidente da Repblica. II. Todo agente pblico deve realizar suas atribuies com
(B) de Presidente do Senado Federal. presteza, perfeio e rendimento funcional.
(C) de carreira diplomtica. As afirmaes citadas correspondem, respectivamente, aos
(D) de Governador do Estado. princpios da
(E) de Ministro do Supremo Tribunal Federal. (A) impessoalidade e eficincia.
(B) publicidade e moralidade.
42. So condies de elegibilidade, na forma da lei, a idade (C) legalidade e impessoalidade.
mnima de
(D) moralidade e legalidade.
(A) trinta anos para Vice-Presidente.
(B) dezoito anos para Deputado Estadual. (E) eficincia e publicidade.
(C) vinte e um anos para Prefeito.
(D) trinta anos para Senador. 48. A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio
(E) vinte e um anos para Governador. indissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como
43. correto afirmar que fundamentos:
(A) o prazo de validade do concurso pblico ser de at cinco I - a soberania;
anos, prorrogvel uma vez, por igual perodo. II - a cidadania;
(B) os acrscimos pecunirios percebidos por servidor pblico III - a dignidade da pessoa humana;
sero computados e acumulados para fim de concesso de IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
acrscimos ulteriores. V - o pluralismo poltico.
(C) so estveis aps 2 anos de efetivo exerccio os servido- Esto corretas:
res nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de a) todas esto corretas
concurso pblico. b) somente quatro delas esto corretas
(D) a lei poder estabelecer qualquer forma de contagem de c) somente trs esto corretas
tempo de contribuio fictcio. d) somente duas esto corretas
(E) vedada a acumulao remunerada de cargos pblicos,
exceto quando houver compatibilidade de horrios, a de um 49. Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federa-
cargo de professor com outro, tcnico ou cientfico. tiva do Brasil:
a) construir uma sociedade livre, justa e solidria;
44. Segundo a Constituio Federal vigente, a Repblica b) garantir o desenvolvimento nacional;
Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrtico de c) erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desi-
Direito e tem como um dos seus princpios fundamentais gualdades sociais e regionais;
(A) o pluralismo poltico. d) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
(B) a democracia liberal. raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discrimi-
(C) a bicameralidade. nao.
(D) a multiplicidade de legendas partidrias. e) todos esto corretos
(E) a obrigatoriedade do voto.
50. Assinale a alternativa incorreta:
45. Nos termos da Constituio Federal vigente, a) So estveis aps dois anos de efetivo exerccio os servi-
(A) a proteo do trabalhador contra a despedida arbitrria h dores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude
de ser estabelecida em lei ordinria. de concurso pblico.
(B) permitida a criao de mais de uma entidade sindical, b) Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
representativa de categoria profissional ou econmica, na servidor estvel ficar em disponibilidade, com remunerao
mesma base territorial. proporcional ao tempo de servio, at seu adequado aprovei-
(C) admite-se a no equiparao dos direitos do trabalhador tamento em outro cargo.
avulso e do trabalhador com vnculo empregatcio. c) Como condio para a aquisio da estabilidade, obriga-
(D) obrigatria a participao dos sindicatos nas negocia- tria a avaliao especial de desempenho por comisso insti-
es coletivas de trabalho. tuda para essa finalidade.
(E) legtima a distino entre trabalho manual, tcnico e d) A Unio, os Estados e o Distrito Federal mantero escolas
intelectual. de governo para a formao e o aperfeioamento dos servido-
res pblicos, constituindo-se a participao nos cursos um
46. So brasileiros natos: dos requisitos para a promoo na carreira, facultada, para
a) os nascidos na Repblica Federativa do Brasil, ainda que isso, a celebrao de convnios ou contratos entre os entes
de pais estrangeiros, desde que estes no estejam a servio federados.
de seu pas;

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51. A Repblica Federativa do Brasil no tem como um dos idade, se homem, ou aos setenta e cinco anos, se mulher,
seus fundamentos com proventos proporcionais ao tempo de contribuio.
a) a soberania. d) os servidores abrangidos por esse regime de previdncia
b) a cidadania. sero aposentados por invalidez permanente, sendo os pro-
c) o monismo poltico. ventos proporcionais ao tempo de contribuio.
d) os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. e) vedada a adoo de requisitos e critrios diferenciados
e) a dignidade da pessoa humana. para a concesso de aposentadoria aos servidores abrangi-
dos por esse regime de previdncia, ressalvados, nos termos
52. Sobre o direito de acesso s informaes mantidas pela definidos pela legislao do regime geral da previdncia soci-
Administrao Pblica, reconhecido como direito fundamental al, os casos, entre outros, de servidores que exeram ativida-
inerente aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas, des de risco iminente.
ou afirmado como parmetro objetivo de atuao da Adminis-
trao Pblica, correto afirmar que 55. rgo do Poder Judicirio o(a)
a) dever da Administrao Pblica assegurar aos cidados a) Advocacia-Geral da Unio.
o acesso s informaes por ela mantidas mas, ao mesmo b) Tribunal de Contas da Unio.
tempo, seu dever resguardar o sigilo da fonte. c) Ministrio Pblico do Estado do Esprito Santo.
b) a lei disciplinar as formas de participao do usurio na d) Superior Tribunal Militar.
administrao pblica direta e indireta, regulando especial- e) Polcia Militar, quando investida em atividades de investi-
mente o acesso dos estrangeiros no residentes no Pas a gao criminal.
registros administrativos e a informaes sobre atos de go-
verno. 56. Com relao acumulao de funes e vencimentos dos
c) so a todos assegurados, independentemente do paga- servidores pblicos da administrao direta, autrquica e
mento de taxas, a obteno de certides em reparties p- fundacional, correto afirmar que
blicas para defesa de direitos e esclarecimento de situaes (A) a acumulao de cargos constitucionalmente permitida,
de interesse pessoal, coletivo ou geral. desde que se trate de acumulao de um cargo tcnico ou
d) se conceder habeas data para assegurar o conhecimento cientfico com um cargo de professor, sem cumulao de
de informaes relativas pessoa do impetrante ou de inte- vencimentos de cada funo.
resse coletivo ou geral, constantes de registros ou bancos de (B) a acumulao de cargos excepcionalmente permitida,
dados de entidades governamentais ou de carter pblico. no caso de dois cargos ou empregos privativos de profissio-
e) todos tm direito a receber dos rgos pblicos informa- nais de sade, com profisses regulamentadas, com a acu-
es de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou mulao dos vencimentos de cada funo.
geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de res- (C) o servidor investido no mandato de Vereador, desde que
ponsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres- haja compatibilidade de horrios para o exerccio de ambas
cindvel segurana da sociedade e do Estado. atribuies, perceber as vantagens de seu cargo, emprego
ou funo, sem prejuzo da remunerao do cargo eletivo.
53. Sobre os cargos, empregos e funes pblicas, consti- (D) o servidor investido no mandato de Prefeito ser afastado
tucionalmente incorreto afirmar do cargo, emprego ou funo que antes desempenhava,
a) que, na Unio, compete ao Presidente da Repblica dispor, sendo-lhe vedada a cumulao de remuneraes, e percebe-
mediante decreto, sobre a extino de funes ou cargos r, compulsoriamente, os subsdios atribudos ao Prefeito
pblicos. Municipal.
b) que a investidura em cargo ou emprego pblico depende (E) tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distri-
de aprovao prvia em concurso pblico de provas ou de tal, o servidor ficar afastado de seu cargo, emprego ou fun-
provas e ttulos, de acordo com a natureza e a complexidade o, sem prejuzo da remunerao percebida no servio p-
do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas blico, cumulando-a com a do mandato eletivo.
as nomeaes para cargo em comisso declarado em lei de
livre nomeao e exonerao. 57. Considere as assertivas abaixo, relacionadas Adminis-
c) que eles so acessveis aos estrangeiros, na forma da lei. trao Pblica.
d) que, durante o prazo improrrogvel, previsto no edital de I. permitida, desde que estabelecida em lei, a contratao
convocao, aquele aprovado em concurso pblico de provas por tempo determinado para atender a necessidade tempor-
ou de provas e ttulos ser convocado com prioridade sobre ria de excepcional interesse pblico.
novos concursados para assumir cargo ou emprego, na car- II. O direito livre associao sindical irrestritamente garan-
reira. tido ao servidor pblico civil e ao militar.
e) que as funes de confiana, exercidas exclusivamente por III. A administrao fazendria goza, dentro de sua rea de
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comis- competncia e jurisdio, de precedncia sobre os demais
so, a serem preenchidos por servidores de carreira nos ca- setores administrativos, na forma da lei.
sos, condies e percentuais mnimos previstos em lei, desti- IV. Os acrscimos pecunirios percebidos por servidor pblico
nam-se apenas s atribuies de direo, chefia e assesso- civil ou militar sero computados para fins de concesso de
ramento. acrscimos ulteriores.
V. Os vencimentos do Poder Legislativo e do Poder Judicirio
54. correto afirmar, sobre o regime de previdncia constitu- no podero ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo.
cionalmente assegurado aos servidores titulares de cargos Esto corretas APENAS as que se encontram em
efetivos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos (A) II e IV.
Municpios, includas suas autarquias e fundaes, que (B) I, II e IV.
a) ele ter carter no contributivo, salvo quanto aos servido- (C) III, IV e V.
res ingressos no servio pblico aps 1 de janeiro de 2004. (D) I, III e V.
b) os servidores abrangidos por esse regime de previdncia (E) III e IV.
podero aposentar-se voluntariamente, desde que cumprido,
entre outras condies, o tempo mnimo de dez anos de efeti- 58. O servidor pblico abrangido pelo regime de previdncia
vo exerccio no servio pblico e cinco anos no cargo efetivo previsto na Constituio Federal, ser aposentado compulso-
em que se dar a aposentadoria. riamente aos
c) os servidores abrangidos por esse regime de previdncia (A) sessenta e cinco anos de idade, com proventos integrais.
sero aposentados compulsoriamente aos setenta anos de

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(B) setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao (B) o nmero de juzes na unidade jurisdicional ser proporci-
tempo de contribuio. onal efetiva demanda e respectiva populao.
(C) sessenta e cinco anos de idade, com proventos proporci- (C) a atividade jurisdicional ser ininterrupta, sendo vedado
onais ao tempo de servio. frias coletivas nos juzos e tribunais de segundo grau, funci-
(D) setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao onando, nos dias em que no houver expediente forense
tempo de servio. normal, juzes em planto permanente.
(E) sessenta anos de idade, com proventos integrais. (D) as decises administrativas dos tribunais sero motivadas
e em sesso pblica, sendo as disciplinares tomadas pelo
59. Nos termos da Constituio Federal de 1988, os Poderes voto da maioria absoluta de seus membros.
Executivo, Legislativo e Judicirio publicaro os valores dos (E) a distribuio de processos ser por cotas na primeira
subsdios e da remunerao dos cargos e empregos pblicos: instncia e imediata na segunda.
(A) anualmente.
(B) semestralmente. 65. No que concerne ao Conselho Nacional de Justia, pode-
se afirmar que
(C) trimestralmente.
(A) ser presidido pelo Ministro do Superior Tribunal de Justi-
(D) bimensalmente.
a, que votar em caso de empate, ficando excludo da distri-
(E) mensalmente.
buio de processos naquele tribunal.
(B) composto por onze membros, com mais de trinta e cinco
60. Dentre as proposies abaixo, INCORRETO afirmar que
e menos de sessenta e seis anos de idade, com mandato de
a Repblica Federativa do Brasil tem como fundamentos,
dois anos, admitida uma reconduo.
dentre outros,
(C) o Ministro do Supremo Tribunal Federal exercer a funo
(A) a cidadania e o pluralismo poltico.
de Ministro-Corregedor.
(B) a soberania e a dignidade da pessoa humana.
(D) os seus membros sero nomeados pelo Presidente da
(C) o pluralismo poltico e a valorizao social do trabalho.
Repblica, depois de aprovada a escolha pela maioria absolu-
(D) a dignidade da pessoa humana e o valor da livre iniciativa.
ta do Congresso Nacional.
(E) a autonomia e a dependncia nacional.
(E) junto ao Conselho oficiaro o Procurador-Geral da Rep-
blica e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Ad-
61. Nos termos da Constituio Federal, a ao, quanto aos
vogados do Brasil.
crditos resultantes das relaes de trabalho, prescrevem em
(A) dois anos para os trabalhadores urbanos e rurais, at o
66. O pluralismo poltico um dos
limite de cinco anos aps a extino do contrato de trabalho.
(A) princpios da administrao pblica direta e indireta.
(B) trs anos para os trabalhadores urbanos e quatro anos
(B) objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil.
para os rurais, at o limite de trs anos, respectivamente,
(C) fundamentos da Repblica Federativa do Brasil.
aps a extino do contrato de trabalho.
(D) princpios norteadores da Repblica Federativa do Brasil
(C) cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, at o
nas suas relaes internacionais.
limite de dois anos aps a extino do contrato de trabalho.
(E) direitos sociais assegurados pela Constituio Federal do
(D) trs anos para os trabalhadores urbanos e rurais, at o
Brasil.
limite de dezoito meses aps a extino do contrato de traba-
lho.
67. Sobre a estabilidade do servidor pblico, correto afirmar
(E) cinco anos para os trabalhadores urbanos e trs anos
que o servidor
para os rurais, at o limite de cinco anos, respectivamente,
(A) pblico perder sua estabilidade por sentena judicial
aps a extino do contrato de trabalho.
transitada em julgado ou mediante processo administrativo no
qual lhe tenham sido assegurados a ampla defesa e o contra-
62. A representao de cada um dos Estados e do Distrito
ditrio.
Federal, no Senado Federal, ser renovada de
(B) estvel, demitido em razo de sentena judicial, que tenha
(A) quatro em quatro anos, sucessivamente, por dois e um
logrado a invalidao desse ttulo judicial, ter direito reinte-
tero.
grao ao cargo que ocupava. Caso o cargo tenha sido pre-
(B) quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois
enchido por outrem, esse servidor no ser reintegrado de
teros.
imediato, permanecendo em disponibilidade.
(C) quatro e oito anos, alternadamente, por dois e um tero.
(C) estvel, tendo seu cargo extinto ou declarada a sua des-
(D) oito em oito anos, sucessivamente, por um e dois teros.
necessidade, ficar em disponibilidade, percebendo sua re-
(E) quatro e oito anos, respectivamente, por dois e um tero.
munerao integralmente, at que seja possvel seu aprovei-
tamento em outro cargo.
63. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-
(D) estvel poder perder seu cargo por insuficincia de de-
Presidente da Repblica, ou vacncia dos respectivos cargos,
sempenho, apenas nos trs primeiros anos de efetivo exerc-
sero sucessivamente chamados ao exerccio da Presidn-
cio, mediante procedimento de avaliao peridica,que deve-
cia, o Presidente
r ser disciplinado por lei complementar.
(A) do Senado Federal, o da Cmara dos Deputados e o do
(E) que tenha sido aprovado por concurso pblico para cargo
Conselho de Defesa Nacional.
de provimento efetivo, exercido sua funo por trs anos
(B) do Congresso Nacional, o do Supremo Tribunal Federal e
efetivamente, e tenha sido favoravelmente avaliado em seu
o do Senado Federal.
desempenho por comisso instituda para essa finalidade,
(C) do Supremo Tribunal Federal, o do Senado Federal e o do
adquire o direito estabilidade.
Congresso Nacional.
(D) da Cmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do
Supremo Tribunal Federal.
(E) do Conselho da Repblica, o do Congresso Nacional e o 68. A Constituio Federal estabelece sanes polticas,
do Senado Federal. administrativas e penais ao servidor pblico que no
cumprir com o dever de probidade. So elas:
64. Com relao ao Poder Judicirio, INCORRETO afirmar
que (A) ressarcimento de danos ao errio pblico, manuteno
(A) obrigatria a promoo do juiz que figure por trs vezes dos direitos pessoais, alterao da funo exercida; indispo-
consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento. nibilidade dos bens.

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(B) manuteno dos direitos polticos e pessoais, perda da (A) trinta anos para Vice-Presidente.
funo pblica; ressarcimento de danos ao errio pblico; (B) dezoito anos para Deputado Estadual.
disponibilidade dos bens. (C) vinte e um anos para Prefeito.
(C) reposio dos bens materiais ao errio pblico; suspen- (D) trinta anos para Senador.
so dos direitos de locomoo e comunicao; proibio de (E) vinte e um anos para Governador.
investidura em outro cargo pblico.
(D) suspenso dos direitos polticos; proibio do exerccio do 73. A respeito dos Deputados e Senadores, correto afirmar:
cargo; exposio de verba pblica; alienao dos bens pes- (A) so inviolveis, penalmente, por suas opinies, palavras e
soais. votos, mas podem responder civilmente se acusarem algum
(E) suspenso dos direitos polticos; perda da funo pblica; sem provas.
indisponibilidade dos bens; ressarcimento de danos ao errio (B) desde a expedio do diploma, sero submetidos a julga-
pblico. mento perante o Superior Tribunal de Justia.
(C) no podero ser presos, nem mesmo em caso de flagran-
69. Sobre os Poderes do Estado e respectivas funes, sobre te delito, a no ser com autorizao da Presidncia da res-
eficcia e significado da Constituio e sobre a anlise do pectiva Casa.
princpio hierrquico das normas, marque a nica opo cor- (D) perdero o mandato quando sofrerem condenao crimi-
reta. nal em sentena transitada em julgado.
a) Segundo a doutrina mais atualizada, nem todas as normas (E) tero sua imunidade automaticamente suspensa durante o
constitucionais tm natureza de norma jurdica, pois algumas estado de stio.
no possuem eficcia positiva direta e imediata.
b) O exerccio da funo jurisdicional, uma das funes que 74. Compete privativamente Unio legislar sobre
integram o poder poltico do Estado, no exclusivo do Poder (A) organizao da Defensoria Pblica do Distrito Federal.
Judicirio. (B) proteo infncia e juventude.
c) As normas de aplicabilidade limitada dependem sempre de (C) direito penitencirio.
uma lei que lhes complete a normatividade, de maneira que (D) procedimentos em matria processual.
possam produzir seus efeitos essenciais.
d) Na concepo materialista de Constituio, dada rele-
75. Tendo em vista o disposto no texto constitucional vigente,
vncia ao processo de formao das normas constitucionais,
que, alm de ser intencional, deve produzir um conjunto sis- assinale a alternativa correta a respeito dos Estados Federa-
temtico com unidade, coerncia e fora jurdica prprias,
dos.
dentro do sistema jurdico do Estado.
e) A norma geral da Unio, elaborada no exerccio de sua (A) Os Estados podem, mediante lei ordinria, instituir regies
competncia legislativa concorrente, hierarquicamente su- metropolitanas, aglomeraes urbanas e microrregies, cons-
perior norma suplementar estadual. titudas por agrupamentos de municpios limtrofes, para inte-
grar a organizao, o planejamento e a execuo de funes
70. Sobre a organizao do Estado, marque a nica opo pblicas de interesse comum.
correta. (B) Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
a) Tanto no caso do desmembramento, como no caso de concesso, os servios de gs canalizado, na forma da lei,
subdiviso de um Estado, para formar novos Estados ou vedada a edio de medida provisria para a sua regulamen-
Territrios, a populao diretamente interessada, que ir tao.
participar do plebiscito convocado pelo Congresso Nacional, (C) O nmero de Deputados Assemblia Legislativa corres-
toda a populao do Estado. ponder ao dobro da representao do Estado na Cmara
b) Embora seja competncia da Unio exercer monoplio dos Deputados, no podendo ultrapassar o total de 94 Depu-
estatal sobre a industrializao e o comrcio de minrios tados.
nucleares e seus derivados, so autorizadas, sob regime de (D) Pertencem aos Estados vinte por cento do produto da
permisso, a produo, a comercializao e a utilizao de arrecadao do imposto sobre produtos industrializados.
radioistopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas.
c) A decretao de interveno da Unio em um Estado que 76. No que tange organizao constitucional do Poder Le-
suspendeu o pagamento da dvida fundada por mais de dois gislativo, correto afirmar que
anos consecutivos, sem motivo de fora maior, depende de (A) cabe ao Congresso Nacional, com a sano do Presidente
provimento, pelo Superior Tribunal de Justia, de representa- da Repblica, resolver definitivamente sobre tratados, acor-
o proposta pelo Procurador-Geral da Repblica. dos ou atos internacionais que acarretem encargos ou com-
d) Nos termos da Constituio Federal, os aumentos pecuni- promissos gravosos ao patrimnio nacional.
rios percebidos por servidor pblico no sero computados ou (B) compete ao Congresso Nacional, com a sano do Presi-
acumulados para fim de concesso de acrscimos ulteriores, dente da Repblica, autorizar referendo e convocar plebiscito.
salvo expressa determinao legal. (C) compete privativamente ao Senado Federal aprovar pre-
e) Mediante emenda s respectivas Constituies e Lei Org- viamente, por voto secreto, aps argio pblica, a escolha
nica, facultado aos Estados e ao Distrito Federal estabele- de Ministros do Tribunal de Contas da Unio indicados pelo
cer como limite nico, para o subsdio dos Deputados Esta- Presidente da Repblica.
duais e Distritais, o subsdio mensal dos desembargadores do (D) a Cmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-
respectivo Tribunal de Justia. o em sesso conjunta, exclusivamente, para inaugurar a
sesso legislativa, receber o compromisso do Presidente da
71. Assinale a opo correta. So privativos de brasileiro nato Repblica e conhecer do veto e sobre ele deliberar.
os cargos, exceto:
a) de Presidente e Vice-Presidente da Repblica. 77. O artigo primeiro da Constituio da Repblica Federativa
b) de Ministro do Supremo Tribunal Federal. do Brasil afirma que A Repblica Federativa do Brasil, for-
c) de Deputados e Senadores. mada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do
d) de Oficial das Foras Armadas. Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direi-
e) da carreira diplomtica. to. Diante desta proposio, assinale a alternativa correta.
a) A repblica forma de estado; e a federao, sistema de
72. So condies de elegibilidade, na forma da lei, a idade governo.
mnima de

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b) A repblica forma de governo; e a federao, sistema de _______________________________________________________
governo.
c) A repblica sistema de governo; a federao, sistema de _______________________________________________________
estado _______________________________________________________
d) A repblica forma de governo; e a federao, forma de
estado. _______________________________________________________
_______________________________________________________
78. Conforme o texto da Constituio Federal, constituem
objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil, _______________________________________________________
EXCETO:
_______________________________________________________
a) construir uma sociedade livre, justa e solidria.
b) a autodeterminao dos povos. _______________________________________________________
c) garantir o desenvolvimento nacional.
d) erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desi- _______________________________________________________
gualdades sociais e regionais. _______________________________________________________
79. Assinale a alternativa correta. _______________________________________________________
a) No h crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem _______________________________________________________
prvia cominao legal, exceto nos casos
de crimes contra a administrao pblica. _______________________________________________________
b) A lei penal no retroagir, ainda que para beneficiar o ru.
c) A pena de morte absolutamente vedada pela Constituio _______________________________________________________
Federal. _______________________________________________________
d) No ser concedida extradio de estrangeiro por crime
poltico ou de opinio. _______________________________________________________
_______________________________________________________
80. Assinale a alternativa INCORRETA.
a) So direitos sociais a educao, a sade, o trabalho. _______________________________________________________
b) O seguro-desemprego, em caso de desemprego involunt-
_______________________________________________________
rio, direito dos trabalhadores urbanos e rurais assegurado
pela Constituio Federal. _______________________________________________________
c) A Constituio Federal veda a remunerao do trabalho
noturno superior do diurno. _______________________________________________________
d) A reteno dolosa de salrio constitui crime, segundo a _______________________________________________________
Constituio.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
RESPOSTAS
01. D 11. C 21. C 31. A 41. D _______________________________________________________
02. B 12. D 22. C 32. B 42. C
_______________________________________________________
03. D 13. A 23. C 33. B 43. E
04. D 14. B 24. C 34. D 44. A _______________________________________________________
05. D 15. D 25. C 35. C 45. D
06. A 16. A 26. C 36. B 46. D ______________________________________________________
07. D 17. E 27. C 37. C 47. A _______________________________________________________
08. B 18. C 28. C 38. B 48. A
09. C 19. A 29. C 39. D 49. E _______________________________________________________
10. B 20. A 30. C 40. D 50. A _______________________________________________________
51. C 61. C 71. C _______________________________________________________
52. E 62. B 72. C
_______________________________________________________
53. A 63. D 73. D
54. B 64. E 74. A _______________________________________________________
55. D 65. E 75. B
56. C 66. C 76. C _______________________________________________________
57. D 67. E 77. D _______________________________________________________
58. B 68. E 78. B
59. A 69. B 79. D _______________________________________________________
60. E 70. B 80. C _______________________________________________________

___________________________________ _______________________________________________________

___________________________________ _______________________________________________________

___________________________________ _______________________________________________________

___________________________________ _______________________________________________________

___________________________________ _______________________________________________________

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