Curso Basico de Espiritismo - Primeiro Ano - 37 Edicao (FEESP)

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CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 Ano 37.

Edio Fevereiro/2012
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 Ano


37. Edio Fevereiro/2012

O Curso Bsico de Espiritismo tem como objetivo geral levar o aluno a uma assimilao do contedo doutrinrio
fundamental, assim como induzi-lo autorreflexo, ao conhecimento de si mesmo, de suas potencialidades, e
consequentemente modificao de sua conduta interior perante o mundo e a vida em sociedade.
Quanto ao contedo programtico, o curso em questo constitudo de vinte e quatro lies, contendo a essn-
cia de O Livro dos Espritos, abordado de forma sucinta e didtica.
Importa ainda considerar que esta obra no tem a pretenso de esgotar o contedo da Codificao, mas consis-
te em textos base, explanados de forma didtica e acessvel.
Nossos livros consistem em texto base, explanados de forma clara a permitir ao aluno uma viso metodolgica
do todo. Nesse aspecto caber ao expositor desenvolver, completar, aprofundar esses textos de forma precisa e
objetiva.
Dessa maneira, a Educao Esprita, em consonncia com o nosso tempo, sugere uma Pedagogia Ativa, ou seja,
uma proposta de Educao projetada para o futuro; centrada no sujeito, na vida.

rea de Ensino

Contedo
Apresentao 4
1 Aula - O ESPIRITISMO E OUTRAS DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS 5
Parte A - ESPIRITUALISMO E ESPIRITISMO ...................................................................................................... 5
Parte B - PARBOLA DO TRIGO E DO JOIO ...................................................................................................... 6
2 Aula - DEUS 6
Parte A - A INTELIGNCIA SUPREMA............................................................................................................... 6
Parte B - O SACRIFCIO MAIS AGRADVEL A DEUS .......................................................................................... 8
3 Aula - ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO UNIVERSO 8
Parte A - ESPRITO E MATRIA ........................................................................................................................ 8
Parte B - MEU REINO NO DESTE MUNDO ................................................................................................ 10
4 Aula - CRIAO 11
Parte A - FORMAO DOS MUNDOS E DOS SERES VIVOS - A VIDA ORGANIZADA - PLURALIDADE DOS
MUNDOS ........................................................................................................................................ 11
Parte B - H MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI ................................................................................ 13
5 Aula - PRINCPIO VITAL - FLUIDOS 14
Parte A SERES ORGNICOS E INORGNICOS - PRINCIPIO VITAL - A VIDA E A MORTE - A NATUREZA
DOS FLUIDOS .................................................................................................................................. 14
Parte B - PROGRESSO DOS MUNDOS ......................................................................................................... 16
6 Aula - PRINCPIO INTELIGENTE E OS TRS REINOS 17
Parte A - OS TRS REINOS - OS MINERAIS E AS PLANTAS - OS ANIMAIS E O HOMEM .................................... 17
Parte B - A LEI DE AMOR .............................................................................................................................. 20
7 Aula - ESPRITO, PERISPRITO E CORPO FSICO 20
Parte A ESPRITO: ORIGEM E NATUREZA - MUNDO NORMAL PRIMITIVO - FORMA E UBIQIDADE
DOS ESPRITOS - PERISPRITO: ORIGEM, NATUREZA, FUNES E PROPRIEDADES - CORPO
FSICO............................................................................................................................................. 20
Parte B - CUIDAR DO CORPO E DO ESPRITO ................................................................................................. 23
8 Aula - DIFERENTES ORDENS DE ESPRITOS 24
Parte A - PRIMEIRA SEGUNDA E TERCEIRA ORDENS ................................................................................... 24
Parte B - JUSTIA DAS AFLIES................................................................................................................... 27
9 Aula - ENCARNAO DOS ESPRITOS 27
3

Parte A - FINALIDADE-LIMITE-NECESSIDADE E JUSTIA DA REENCARNAO ................................................ 27


Parte B - NINGUM PODE VER O REINO DE DEUS, SE NO NASCER DE NOVO .............................................. 30
10 Aula - PLURALIDADE DAS EXISTENCIAS - RETORNO A VIDA CORPORAL 31
Parte A - PRELUDIO DO RETORNO - UNIO DA ALMA AO CORPO - IDIAS INATAS ENCARNAES
NOS DIFERENTES MUNDOS ............................................................................................................ 31
Parte B - CAUSAS ANTERIORES DAS AFLIES .............................................................................................. 34
11. Aula - RETORNO A VIDA CORPORAL - I 35
Parte A - FACULDADES MORAIS E INTELECTUAIS, INFLUNCIA DO ORGANISMO, IDIOTISMO,
LOUCURA E SUICDIO...................................................................................................................... 35
Parte B - O JUGO LEVE .................................................................................................................................. 38
12 Aula - RETORNO A VIDA CORPORAL - II 39
Parte A - DA INFNCIA - SIMPATIAS E ANTIPATIAS TERRENAS - ESQUECIMENTO DO PASSADO - SEXO
NOS ESPRITOS ............................................................................................................................... 39
Parte B - SE ALGUEM TE FERIR NA FACE DIREITA .......................................................................................... 42
13 Aula - EMANCIPAO DA ALMA 43
Parte A - SONO, SONHOS - VISITAS ESPRITAS ENTRE OS VIVOS TRANSMISSO OCULTA DO
PENSAMENTO - CATALEPSIA, LETARGIA OU MORTE APARENTE...................................................... 43
Parte B - PASSAGENS SOBRE RESSURREIO ................................................................................................ 44
14 Aula - VIDA ESPRITA - I 45
Parte A - ESCOLHA DAS PROVAS - RELAES DE ALM-TMULO - RELAES SIMPTICAS E
ANTIPTICAS DOS ESPRITOS .......................................................................................................... 45
Parte B - RECONCILIAR-SE COM SEUS ADVERSRIOS .................................................................................... 49
15 Aula - VIDA ESPRITA - II 50
Parte A - LEMBRANAS DA EXISTNCIA CORPREA ...................................................................................... 50
Parte B - DEIXAI OS MORTOS ENTERRAR OS SEUS MORTOS ......................................................................... 52
16 Aula - VIDA ESPRITA- III 53
Parte A - ESPRITOS ERRANTES ..................................................................................................................... 53
Parte B - A VERDADEIRA PROPRIEDADE........................................................................................................ 55
17 Aula - RETORNO DA VIDA CORPREA VIDA ESPIRITUAL 56
Parte A - A ALMA APS A MORTE - SEPARAO DA ALMA E DO CORPO - PERTURBAO ESPRITA ............. 56
Parte B - PARBOLA DO MORDOMO OU ADMINISTRADOR INFIEL ............................................................... 58
18 Aula - INFLUNCIA DOS ESPRITOS 59
Parte A - INTERFERNCIA DOS ESPRITOS EM NOSSOS PENSAMENTOS E AES .......................................... 59
Parte B - PAGAR O MAL COM O BEM ........................................................................................................... 60
19 Aula - OS PODERES OCULTOS E O HOMEM 61
Parte A - OS PACTOS - O PODER OCULTO - TALISMS E FEITICEIROS - BENOS E MALDIES .................... 61
Parte B - CARACTERES DO VERDADEIRO PROFETA........................................................................................ 62
20 Aula - AFEIES DOS ESPRITOS 63
Parte A - AFEIES POR CERTAS PESSOAS - ANJOS DA GUARDA ESPRITOS PROTETORES,
FAMLIARES OU PRESSENTIMENTOS ............................................................................................... 63
Parte B - PRECES INTELIGVEIS - MODO DE ORAR ......................................................................................... 65
21 Aula - OS ACONTECIMENTOS DA VIDA 66
PARTE A - INFLUNCIA NOS ESPRITOS NOS ACONTECIMENTOS DA VIDA - TORMENTOS
VOLUNTRIOS - A VERDADEIRA DESGRAA .................................................................................... 66
Parte B - O PODER DA F .............................................................................................................................. 68
22 Aula - AO, OCUPAES E MISSES DOS ESPRITOS 69
Parte A - OS ESPIRITOS DURANTE OS COMBATES - AO DOS ESPRITOS NOS FENMENOS DA
NATUREZA - OCUPAES E MISSES DOS ESPRITOS ..................................................................... 69
Parte B - TEMPESTADE ACALMADA OU AMAINADA ..................................................................................... 71
23 Aula O DESPERTAR DA CONSCINCIA ESPRITA 72
24. Aula HOMENAGENS 74
Parte A - HOMENAGEM A BEZERRA DE MENEZES ......................................................................................... 74
Parte B - HOMENAGEM A ALLAN KARDEC .................................................................................................... 76

Agradecimentos
O Bem que praticares, em algum lugar, teu advogado em toda parte. Emmanuel
Agradecemos primeiramente aos amigos espirituais pela inspirao, e a todos os colaboradores pela participa-
o na composio deste trabalho.
rea de Ensino
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

Apresentao

Em virtude da quantidade cada vez maior de alunos, interessados nas mensagens que consolam e esclarecem da
Doutrina do Cristianismo Redivivo, toma-se oportuno uma reviso dos textos didticos, no sentido de adapt-los
a uma pedagogia adequada aos novos tempos.
Se o objetivo da Educao a libertao total dos educandos, o alcance deste fim deve levar em conta as situa-
es e o horizonte cultural dos mesmos.
Este trabalho tem como objetivo geral, levar o aluno a uma assimilao do contedo doutrinrio. Para tanto,
buscou-se a fidelidade devida aos textos da Codificao, assim como, induzi-lo ao conhecimento de si mesmo, de
suas potencialidades e consequente modificao de sua conduta interior perante o mundo e a vida em socieda-
de.
Quanto ao contedo programtico, os cursos so constitudos de vinte e quatro lies, contendo a essncia dos
Livros da Codificao, abordados de forma sucinta e didtica.
Nossos livros consistem em textos base, explanados de forma clara c acessvel, deforma a permitir ao aluno uma
viso metodolgica do todo. Nesse aspecto caber ao expositor desenvolver, completar, aprofundar esses textos
de forma precisa e objetiva.
Dessa maneira, a Educao Esprita, em consonncia com o nosso tempo, sugerem uma Pedagogia Ativa, ou
seja, uma proposta de Educao projetada para o futuro; centrada no sujeito, na vida.
- O Livro dos Espritos constitui a pedra fundamental da Doutrina Esprita, marco inicial da Codificao Esprita.
Com relao s demais obras de Allan Kardec, os livros sequenciais partem da base filosfica deste:
- O Livro dos Mdiuns: natural que sucedesse com o aprofundamento cientfico e metodolgico dos fenmenos
espritas. Encontra-se sua fonte no Livro II (Cap. VI at o final);
- O Evangelho Segundo o Espiritismo: decorrncia do Livro IV em sua abordagem Doutrinria Moral;
- O Cu e o Inferno ou Justia Divina Segundo o Espiritismo: decorre do Livro IV do Livro dos Espritos.
- A Gnese, os Milagres e as Predies Segundo o Espiritismo: relaciona-se no Livro I (Cap. II, III e IV), ao Livro II
(Cap. IX, X e XI) e partes de captulos do livro III.
A educao um conjunto de hbitos adquiridos (Livro dos Espritos, pergunta 685a), onde no basta educa-
o por si S6, mas sim, a concretizao da educao espiritual pela conduta de cada um, ou seja, o aprendizado e
a pratica.
A Federao Esprita do Estado de So Paulo espera, portanto, que esta reviso possa cumprir com as finalidades
para as quais foi idealizada e, sobretudo corresponder aos desgnios da Espiritualidade, no sentido de ressaltar
sempre o carter evanglico da Codificao luz de princpios racionais, no ontem, no hoje e no amanh.
rea de Ensino
Zulmira da Conceio Chaves Hassesian
1 Aula - O ESPIRITISMO E OUTRAS DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS 5

1 Aula - O ESPIRITISMO E OUTRAS DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS


Parte A - ESPIRITUALISMO E ESPIRITISMO
O espiritualismo o oposto do materialismo, e qualquer um que acredite ter em si algo alm da matria espiri-
tualista.
Para designar a crena nos Espritos, e assim, evitar equvocos futuros, Kardec usou as palavras: Esprita e Es-
piritismo.
A Doutrina Esprita ou o Espiritismo tem por principio a relao do mundo material com os Espritos ou seres do
mundo invisvel. Os adeptos do Espiritismo so os espritas.
Assim o Espiritismo no tem como prtica: rituais, uso de incensos, imagens ou objetos materiais. Esta consoli-
dada em um trplice aspecto:
CINCIA, por estudar a luz da razo e dentro de critrios cientficos todos os fenmenos considerados es-
tranhos;
FILOSOFIA, por trazer uma interpretao prpria da vida - toda doutrina que d uma concepo prpria
do mundo uma filosofia;
RELIGIO, por ter como objetivo a transformao moral de cada criatura, amparados nos divinos ensina-
mentos de JESUS.
MARCO FUNDAMENTAL DA CODIFICAO FOI O LIVRO DOS ESPRITOS
Publicado pelo educador francs Hippolyte Lon Denizard Rivail, em 18 de abril de 1857, sob o pseudnimo Al-
lan Kardec. Esta obra o alicerce do espiritismo, e foi lanado por Kardec aps seus estudos sobre os fenmenos
que, segundo muitos pesquisadores da poca, possuam origem medinica, e estavam difundidos por toda a
Europa durante o sculo XIX. Apresenta-se na forma de perguntas e respostas, a primeira edio, datada de
1857 continha 501 perguntas e no mesmo ano revisado totalizando 1.019 perguntas. Foi o primeiro de uma srie
de cinco livros codificados pelo pedagogo.
Em ordem cronolgica segue:
O LIVRO DOS MEDIUNS (1861): (Mundo Esprita ou dos Espritos) - analisa a noo de Esprito e toda a srie de
imperativos que se ligam a esse conceito. A finalidade de sua existncia, seu potencial de autoaperfeioamento,
sua pr e sua ps-existncia e ainda as relaes que estabelece com a matria.
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO (1864): (Das leis morais) - aborda os ensinamentos morais de Jesus
Cristo, aos quais estaria submetida toda a Criao.
O CU E O INFERNO (1865): (Das esperanas e consolaes) - esclarece ponderaes acerca do futuro do ho-
mem, seu estado aps a morte, s alegrias e obstculos que encontra no alm-tmulo.
A GNESE (1868): (As causas primeiras) - abordando as noes de divindade, Criao e elementos fundamentais
do Universo.
PRINCPIOS BSICOS DO ESPIRITISMO
A Crena em Deus.
A Imortalidade da Alma.
A Reencarnao.
A encarnao dos Espritos se d sempre na espcie humana; seria um erro acreditar que a alma ou o Es-
prito pudesse encarnar no corpo de um animal.
Pela reencarnao, nas sucessivas existncias, mediante os seus esforos e desejos de melhoria no cami-
nho do progresso, o homem avana sempre e alcana a perfeio, que a sua destinao final.
A vida do Esprito se compe, assim, de uma srie de existncias corporais, e cada uma delas uma ocasi-
o para o seu progresso.
A Pluralidade dos Mundos Habitados.
A Comunicabilidade dos Espritos.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos - questes: 189 a 196, 610, 611, introduo: itens I, VI e VII, questes, 172 a 188
AMORIM, Deolindo - O Espiritismo Luz da Crtica - Cap. II.
PIRES, Jos Herculano - Agonia das Religies - cap. II, cap. 10 Magia e Magnetismo.
EMANNUEL, Palavras de Emmanuel- n. 83.
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Parte B - PARBOLA DO TRIGO E DO JOIO


"Certo homem semeou boa semente de trigo no seu campo.
Porm, noite, enquanto dormia, veio o inimigo e semeou joio no meio da plantao.
Quando o trigo cresceu, o joio tambm cresceu.
Os empregados foram contar ao patro e se ofereceram para arrancar o joio e deixar somente o trigo.
Mas o dono disse: "No faam isso. Se vocs arrancarem o joio, podem acabar arrancando algum trigo tambm;
deixem que cresam juntos at poca da colheita. Assim foi feito colheram, primeiro o joio e o queimaram, o
trigo foi recolhido ao celeiro".
Jesus foi quem que semeou a boa semente visando o progresso da humanidade. O Campo simboliza o mundo.
O trigo, as almas boas, e o joio , as ms que nos testam, tentando atrapalhar nosso crescimento espiritual. A
colheita significa o final dos tempos.
Cada um de ns age conforme o livre arbtrio, segundo nosso desejo nos tornando bons ou maus.
O joio simboliza a criatura m, que em nada cr, que por orgulho e egosmo no se modifica.
Baseado nessa imagem, Jesus desaconselha a destruio, ao contrrio, nos convida a transformao de senti-
mentos inferiores em virtudes. preciso esperar que a evoluo se faa.
O homem mau, ainda que resista, pode, um dia, tornar-se bom.
BIBLIOGRAFIA:
SCHUTEL, Cairbar - Parbolas e ensinos de Jesus.
Novo Testamento - Mateus: cap. 13, 24-30 e 13 36 a 43.
Godoy, Paulo Alves As maravilhosas parbolas de Jesus.
Mallet, Marina Um sentido para sua vida.

2 Aula - DEUS
Parte A - A INTELIGNCIA SUPREMA
Ao longo da histria da humanidade a idia ou compreenso de Deus assumiram vrias concepes em todas as
sociedades e grupos j existentes, desde as primitivas formas pr-clssicas das crenas provenientes das tribos
da Antiguidade ate os dogmas das modernas religies da civilizao atual.
Em um silogismo1 perfeito, existente no Livro dos Espritos (LE), na pergunta de no 1, Kardec pergunta aos Espri-
tos: Que Deus?.
Ao que, responderam: Deus a inteligncia Suprema, causa primria de todas as coisas.
Sempre indagamos: Quem Deus?
Buscando Nele, formas, aes e atributos humanos. (Antropomorfismo2).
Por ser a viso humana limitada e pelos conhecimentos dogmticos recebidos concebemos um Deus de maneira
antropomrfica, ou seja, com caractersticas humanas, Acresce-se a essas circunstancias outro fator relevante, a
lei natural de adorao, que o sentimento inato em todas as criaturas. Todos compreendem que existe acima
deles um Ser Supremo.
Nos primrdios da humanidade a divindade estava na natureza, raios, troves etc. Os mais esclarecidos j possu-
am a conscincia de sua fragilidade, aprendendo a curvar-se diante dAquele que os pode proteger.
A Doutrina Esprita define Deus a partir das causas e efeitos, o nada no poderia produzir coisa alguma.
Pelo axioma, ento definimos que todo efeito inteligente tem uma causa inteligente e pela grandeza do efeito se
julga a grandeza da causa. Neste momento, buscamos a Deus na origem, pela razo.

1
Argumento composto de trs proposies, a terceira das quais (concluso) a consequncia das outras duas (premissa maior e premis-
sa menor).
2
Doutrina filosfica que atribui a Deus forma, aes e atributos humanos.
2 Aula - DEUS 7

A pergunta de n 3, em o LE, tenta definir Deus, como:


Poderamos dizer que Deus infinito?
Resp: Definio incompleta. Pobreza da linguagem dos homens, insuficiente para definir as coisas que esto
alm da sua inteligncia. Deus infinito nas suas perfeies, mas o infinito uma abstrao; dizer que Deus
infinito tomar atributo de uma coisa por ela mesma, definir uma coisa, ainda no conhecida, por outra que
tambm no o . - LE
Deus eterno, no teve fim ou comeo, pois seno teria que ter sido obra de algum. Deus infinito em suas
perfeies, porm no o infinito, seno estaremos tomando o efeito pela causa.
Desta forma, devemos entender como infinito, a sua capacidade e atributos.
Provas da Existncia de Deus
Para provar a existncia de Deus, basta, portanto olhar para sua obra.
O que no obra do Homem s pode ser de uma fora superior ao prprio homem. Uma fora suprema, dada
supremacia da obra.
Observando-se o sincronismo perfeitamente absoluto do universo, a perfeio dos nossos corpos, a harmonia e
excelncia do funcionamento dos rgos humanos, o mecanismo maravilhoso, mas ao mesmo tempo complexo
dos sentidos humanos, dentre tantas outras coisas engenhosas da natureza perguntamos:
Seria tudo obra do acaso?.
Um grande lance de sorte?
Ou teramos uma causa inteligente orquestrando tudo isso?
Atributos da Divindade
1) Deus eterno.
Por eterno entende-se aquilo que no tem comeo e nem fim. Se Deus tivesse um princpio, teria sado do nada;
ora, o nada no existe. Por outro lado, se tivesse sido criado por outro ser, ento este ultimo que seria Deus.
2) Imutvel.
Se estivesse sujeito a mudanas, as leis que regem o Universo no teriam nenhuma estabilidade (LE 13).
3) imaterial.
Sua natureza difere de tudo o que chamamos matria, pois de outra forma Ele no seria imutvel, estando sujei-
to as transformaes da matria (LE 13).
4) nico
Se houvesse muitos Deuses, no haveria unidade de vistas nem de poder na organizao do Universo (LE, perg. 13).
5) todo poderoso.
Se no tivesse o poder soberano, haveria alguma coisa mais poderosa ou to poderosa quanto Ele, que assim
no teria feito todas as coisas. E aquelas que Ele no tivesse feito, seriam obra de um outro Deus. E ento Ele
no seria nico (LE 13).
6) soberanamente justo e bom.
Sua sabedoria revela-se pela natureza de suas leis de amor, que regem a justia por todo o Universo (LE 13).
Pergunta-se:
Deus um ser distinto, ou ser como opinam alguns, a resultante de todas as foras e de todas as inteligncias
do Universo reunidas?
Se fosse assim, Deus no existiria, porquanto seria efeito e no causa.
Ele no pode ser ao mesmo tempo uma e outra coisa.
Deus existe; disso no podeis duvidar e o essencial. (LE 14)
Confundir o criador com as criaturas uma interpretao materialista, donde Deus e matria se identificariam.
(LE 16).
Deus no o universo, mas, nele permanece em suas leis imutveis que lhe conferem ordem e harmonia.
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O escultor e a escultura no se confundem, mas permanece a idia do escultor, assim, o criador Deus e a criatu-
ra no se confundem, porm permanece a inteligncia como sendo o prprio cerne, gerador e sustentador da
obra.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos - questes: 1 a 16;
KARDEC, Allan - A Gnese - Cap. II;
DENIS, Lon - O Grande Enigma 1 Parte;
PIRES, Jos Herculano - Concepo Existencial de Deus, Cap. III, VII e X;
FLAMMARION, Camille - Deus na Natureza - Tomo V

Parte B - O SACRIFCIO MAIS AGRADVEL A DEUS


7. Se, pois quando apresentardes vossa oferenda ao altar vs vos lembrardes que o vosso irmo tem alguma
coisa contra vs, deixai a vossa ddiva ao p do altar; e ide antes reconciliar-vos com o vosso irmo, e depois
voltai para oferecer vossa ddiva. (So Mateus, cap. V, v. 23, 24).
8. Quando Jesus disse: Ide vos reconciliar com o vosso irmo antes de se apresentar vossa oferenda ao altar
ensina que o sacrifcio mais agradvel ao Senhor o do prprio ressentimento; que antes de se apresentar a ele
para ser perdoado, e que, se cometeu injustia contra um de seus irmos, preciso t-la reparado; s ento a
oferenda ser agradvel, porque vira de um corao puro de todo mau pensamento.
Os Judeus ofereciam sacrifcios materiais imolando animais para expiao da culpa ou para implorar auxilio. Este
animal era entregue a Deus como um pedido de perdo; Jesus devia conformar suas palavras aos seus usos. O
cristo no oferece ddivas materiais; ele espiritualizou o sacrifcio, mas o preceito, com isso, no tem seno
mais fora; oferece sua alma a Deus, e essa alma deve estar purificada; entretanto no templo do Senhor, deve
deixar ao lado de fora todo sentimento de dio e de animosidade, todo mau pensamento contra seu irmo; s
ento sua prece ser levada pelos Espritos superiores aos ps do Eterno. Eis o que ensina Jesus por estas pala-
vras: Deixai vossa oferenda ao p do altar; e ide primeiro vos reconciliar com vosso irmo, se quereis ser agrad-
veis a Deus.
Jesus, conforme nos mostra ao texto em Mateus, respeita esta prtica Ritualstica judaica. Ele no veio destruir a
lei, no veio revolucionar as relaes externas, no veio se preocupar com o culto externo. Ele sabia que estes
seriam gradualmente destitudos uma vez que o homem despertasse para a real relao entre ele e Deus. Ele
sabia que, se o amor brotasse no solo frtil a ponto de alcanar a verdade das coisas, aquelas atitudes externas
se diluiriam com o tempo.
As coisas externas com apego a matria no meritrio aos olhos de Deus e sim tudo que interno no homem,
o sentimento, o amor ao prximo, a pratica da caridade, o perdo, a reconciliao, a indulgencia, isso merit-
rio aos olhos do Senhor, os Valores espirituais, a conquista para um aprimoramento espiritual e moral.
Bibliografia:
E.S.E. Cap. X itens 7 e 8
Mateus V 5:23-24

3 Aula - ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO UNIVERSO


Parte A - ESPRITO E MATRIA
Para o Espiritismo o Universo composto de dois elementos gerais (LE 27):
1- Esprito - Princpio inteligente do universo (LE 23); por principio entende-se aqui o fundamento que d origem
ao Universo, e nele permanece como essncia universal. Portanto, por Esprito entende-se o principio da inteli-
gncia, abstrao da individualidade designada por esse nome (LE 25a).
Faz-se por bem esclarecer a razo de existir a expresso espritos, que so seres inteligentes da Criao, e a
palavra Espritos, empregada para designar os seres extracorpreos, no mais o elemento inteligente Univer-
sal (LE 76).
2- matria- Em sua origem, o principio material ou fluido csmico constitui matria primitiva que, atravs de
transformaes, serve de matria-prima para os aglomerados de tomos, que por sua vez daro origem as for-
mas materiais.
3 Aula - ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO UNIVERSO 9

Na pergunta 27 do Livro dos Espritos, Kardec questiona sobre a existncia de dois elementos gerais do Universo.
Os Espritos atribuem a Deus a origem desses dois princpios universais, de naturezas distintas um do outro, sen-
do fundamental a unio do Esprito com a matria, em seu estado essencial, para dar inteligncia a esta (LE 25) e,
portanto, dar origem a multiplicidade de seres e coisas na criao.
Propriedade da matria
Os Espritos respondem que a matria existe em estados que no conhecemos, podendo ser to etrea e sutil
que no produza impresso alguma em nossos sentidos. Entretanto, ser sempre matria (LE 22).
Fluido Universal, ou Fluido Csmico impondervel para ns, isto , sem peso (LE 27). Kardec pergunta aos Espri-
tos Superiores sobre a ponderabilidade como atributo essencial da matria. Eles lhe respondem:
- Matria como a entendeis, sim; mas no da matria considerada como fluido material. A matria etrea e sutil
que forma esse fluido impondervel para vs, mas nem por isso deixa de ser o principio da vossa matria pon-
dervel (LE 29).
Na Gnese, cap. VI, Leis e Foras, questo 10, o Codificador elucida a respeito da existncia de um fluido et-
reo que enche o espao e penetra os Corpos. Esse fluido o ter ou matria csmica primitiva, geradora do
mundo e dos seres. So inerentes as foras que presidiram as metamorfoses da matria. O Fluido Csmico como
j foi demonstrado matria elementar primitiva, cujas modificaes e transformaes constituem a inumer-
vel variedade de Corpos da Natureza. Como principio elementar do Universo assume dois estados distintos: o de
eterizao ou imponderabilidade; e o de materializao e ponderabilidade (G.E cap. XIV).
H, pois, regies em que a matria encontra-se ainda em um estado muito sutil e rarefeito. Em assim sendo, a
ponderabilidade uma propriedade relativa. Fora das esferas de atrao dos mundos no h peso, da mesma
maneira que no h nem alto nem baixo (LE 29). Nesse estado encontra-se o Fluido Csmico, principio gerador de
todas as coisas.
Iniciado o estudo sobre as partculas pelos atomistas gregos da poca pr-socrtica, o homem tem buscado os
constituintes elementares invisveis da matria. Na atualidade, com os avanos tecnolgicos, construiu-se acele-
radores de partculas gigantescos para reproduzir um ambiente favorvel para a criao dessas partculas prima-
rias estudadas pela fsica quntica, impossveis de serem apreendidas pela percepo sensvel, ou seja, pelos
cinco sentidos de que dispe o organismo humano.
Espiritismo explica essas mltiplas formas da matria que surgem a partir desse Fluido Csmico ou matria pri-
mitiva, de cuja transformao se originam os elementos qumicos que compem a natureza. Convm aqui escla-
recer o processo de constituio das formas materiais, at atingirem o estado de solidez:
tomo - so agrupamentos de partculas: eltrons, prtons, nutrons, quarks.
Molculas - so agrupamentos de tomos unidos por ligaes qumicas.
Elementos - so conjuntos de aglomerados de tomos da mesma natureza. Exemplo: hidrognio, ferro, prata
etc. so as formas mais simples da matria.
Substancias ou compostos: so compostas por nmero limitado de molculas. Exemplo: gua, cido clordrico
etc.

Corpos - so pores limitadas da matria.


As diferentes propriedades da matria passam a existir das modificaes que as molculas elementares sofrem
ao se agruparem em determinadas circunstancias (LE 31). Quando combinadas, passam a assumir variadas for-
mas, passando a matria a ser apreciada pela percepo sensorial. Com efeito, do ponto de vista humano, defi-
ne-se a matria como aquilo que tem extenso e pode impressionar os sentidos, bem como impenetrvel (LE
22). Pode-se assim resumir as propriedades da matria:
Impenetrabilidade: a propriedade pela qual dois ou mais corpos no podem ocupar o mesmo espao ao mes-
mo tempo.
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Extenso - todo corpo material ocupa um lugar no espao, passando a ter as trs dimenses (comprimento,
largura e altura).
Divisibilidade: a propriedade que tem a matria de ser dividida, e que confere a condio de poder ser pesada.
Alm dessas propriedades primrias, a matria primitiva ao transformar-se adquire outras qualidades secund-
rias: o sabor, o odor, as cores, as qualidades venenosas ou salutares dos corpos, que no passam de modifica-
es da mesma substncia primitiva (LE 32). No entanto, estas qualidades so apenas subjetivas, ou seja, elas no
existem em si mesmas, mas s existem pela disposio dos rgos destinados a perceb-las (LE 32).
Espao Universal
O conceito de espao gira sempre em tomo das complexas definies da fsica e atualmente da fsica quntica.
Por isso, possui diversas acepes.
Tem-se, por exemplo, o conceito newtoniano de espao absoluto. De outro lado, a teoria da Relatividade de
Einstein que estabelece que os fenmenos fsicos no ocorram apenas no espao, mas tambm se desenvolvem
no tempo, ou seja: os fenmenos fsicos ocorrem no continuo espao-tempo. Define-se tambm o espao, ora
como sendo a extenso que separa dois corpos, ora o lugar circunscrito onde se movem os mundos, o vazio no
qual atua a matria. (A Gnese - Cap. VI. item 1)
Na impossibilidade de um acordo unnime sobre tal conceito, do ponto de vista da Cincia, a Doutrina Esprita
vem ampliar o conhecimento humano: o espao Universal infinito. Supondo-se um limite para o espao, qual-
quer que seja a distancia a que o pensamento possa conceb-lo. A razo diz que, alm desse limite, h alguma
coisa. A fsica quntica em estudos recentes prope a existncia de uma partcula primria, e no que se definia
como vazio absoluto existe uma partcula. Assim, no se pode conceber um espao vazio, na forma j enunciada
pelos benfeitores (LE 35). Eles j diziam: que no h espao vazio, porque o vazio, enquanto sinnimo de nada,
no existe. E se o espao fosse o nada, no poderia existir. O espao vazio apenas em relao s percepes
humanas, insuficientes para compreender a matria sutil e etrea que nele existe.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos, Livro I, cap. II, questes 17 a 34;
KARDEC, Allan - O Livro dos Mdiuns, Primeira Parte n 51 e n 128 - item 10;
KARDEC, Allan A Gnese - cap. 1, n18; cap. VI itens 12 a 18;
KARDEC, Allan - Obras Pstumas - Cap. I;
KARDEC, Allan - O Cu e O Inferno 1 Parte, cap. 3;
Revista Esprita, de abril de 1867;
Revista Esprita, de outubro de 1858, pg. 291 e 292;
Revista Esprita, de setembro de 1867, pg. 268, n 18;
Bibliografia Complementar:
A. PIRES, Jos Herculano - Curso Dinmico de Espiritismo;

Parte B - MEU REINO NO DESTE MUNDO


Pilatos, tendo entrado de novo no palcio e feito vir Jesus a sua presena, perguntou-lhe: s o rei dos judeus? -
Respondeu-lhe Jesus: Meu reino no deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, a minha gente houvera
combatido para impedir que eu casse nas mos dos judeus; mas, o meu reino ainda no aqui.
Disse-lhe ento Pilatos: s, pois, rei? - Jesus lhe respondeu: Tu o dizes; sou rei; no nasci e no vim a este mundo
seno para dar testemunho da verdade. Aquele que pertence verdade escuta a minha Voz. (S. Joo, cap. XVIII, vv.
33, 36 e 37.)

Por essas palavras, Jesus claramente se refere vida futura, que ele apresenta como a meta a que a Humanida-
de ter e como devendo constituir objeto das maiores preocupaes do homem na Terra.
Jesus revelou que h outros mundos, onde a justia de Deus segue o seu curso e onde os bons acharo sua re-
compensa. Porm, conformando seu ensino com o estado dos homens de sua poca, no julgou conveniente
dar-lhes luz completa, percebendo que eles ficariam deslumbrados, visto que no a compreenderiam. Limitou-se
a, de certo modo, apresentar a vida futura apenas como um princpio, como uma lei da Natureza a cuja ao
ningum pode fugir.
O Espiritismo veio completar o ensino do Cristo, pois os homens j se mostram maduros o suficiente para com-
preenderem a verdade. Com o Espiritismo, a vida futura deixa de ser uma incgnita e os questionamentos res-
pondidos.
4 Aula - CRIAO 11

Para conquistar a vida futura se faz necessria abnegao, a humildade, a caridade e a benevolncia para com
todos. Independe de posio, mas do bem que fizermos ou de quantas lgrimas enxugarmos.
Compadecei-vos dos que continuam apegados ao egosmo, a vaidade, e aos bens materiais; ajudai-os com as
vossas preces, porquanto a prece aproxima o homem aos benfeitores espirituais.
Desse modo, os ensinamentos deixados no seu evangelho tm como finalidade levar o homem a conscientizao
de que seu verdadeiro destino est na vida futura; para tal conquista, toma-se necessrio um novo objetivo: a
aquisio de Valores Morais, mais amplos que os acanhados horizontes da vida puramente material.
Portanto, quando o Reino de Deus se implanta definitivamente nos coraes humanos, atravs da consumao
da renovao interior das criaturas, o reino de Jesus tambm ser desse mundo, que no momento apenas uma
instncia de expiao e dor.
Isso no significa que estejamos abandonados, Jesus nosso modelo e nosso orientador.
Tendo os fariseus perguntado a Jesus, quando viria o Reino de Deus? Ele respondeu: O reino de Deus no vem
visivelmente, nem diro: Ei-lo aqui, ou Ei-lo acol! Porque o reino de Deus est no meio de Vs (Lucas, 17:20)
Esse ensino de Jesus sobre o seu reino, a luz da Doutrina Esprita, dilata a viso do homem, que no mais se
prende ao pequeno mundo que habita, mas distancia seu olhar na imensido do infinito. Sua concepo materi-
alista de vida se transforma, em funo de valores morais e espirituais que to fortemente atuam na vida do ser
humano.
BIBLIOGRAFIA
ESE Cap. II- itens 1, 2, 3 e 8.

4 Aula - CRIAO
Parte A - FORMAO DOS MUNDOS E DOS SERES VIVOS - A VIDA ORGANIZADA - PLURALIDADE
DOS MUNDOS
Formao dos mundos
O universo compreende a infinidade dos mundos que vemos e no vemos todos os seres animados e inanima-
dos, todos os astros que se movem no espao e os fluidos que o preenchem, Allan Kardec abre o capitulo III do
primeiro livro, com o questionamento:
- O universo foi criado, ou existe por toda a eternidade, com Deus? Os espritos respondem: - Ele no pode ter
sido feito por si mesmo; e se existisse de toda a eternidade, como Deus, no poderia ser sua obra.
Os mundos so formados pela condensao da matria disseminada no espao. So as estrelas, planetas, satli-
tes, asterides, cometas, galxias e nebulosas. De modo geral os mundos habitados podem ser classificados e
cinco categorias distintas: Mundos primitivos, de expiao e provas, regeneradores, felizes e mundos divinos.
A proposta do Big bang (ou Grande exploso) foi sugerida primeiramente pelo padre Georges Lemaitre, quando
exps uma teoria propondo que o universo teria iniciado repentinamente.
No inicio era apenas uma atualizao de uma arque-concepo bblica que naturalmente j abria-se em duas
vertentes nada interessantes o atomismo e a criao, atravs das linhas espectrais da luz das galxias obser-
vadas no observatrio de Monte Palomar por Humason comearam a revelar um afastamento progressivo para
as galxias mais distantes, com caractersticas de uma dilatao universal.
Traduzida em nmeros, essa sensacional descoberta, permitiu ao astrnomo Edwin Hubble encaixar uma pro-
gresso aritmtica que mais tarde deram-lhe o nome de Constante de Hubble.
At hoje essa proporo aritmtica a rgua csmica indispensvel aos clculos dos cosmlogos do mundo in-
teiro.
O fsico Albert Einstein, que transcendendo as observaes apresentou em 1905 uma teoria geral da relatividade
que se identificava muito com o cenrio de fundo do universo.
Os cientistas acreditam em uma matria primitiva agrupada atravs dos tomos, formam os mundos e os corpos
de todos os seres vivos. Kardec acrescenta que a matria csmica primitiva encerrava os elementos materiais,
fludicos e vitais, de todos os universos, que expem a sua magnificncia diante da eternidade.
A matria etrea, mais ou menos rarefeita, que permeia os espaos interplanetrios; esse fluido csmico que
preenche em aglomeraes ricas de estrelas, mais ou menos condensado onde o cu astral ainda no brilha, a
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

substncia primitiva em que residem as foras universais de onde a Natureza tirou todas as coisas, o fluido uni-
versal. (GE Cap. VI item 17)
Formao dos seres vivos
Por meio dos germes que se encontravam latentes no planeta e, encontrando um ambiente propicio, comea-
ram a germinar. A formao dos seres vivos partiu do caos pela prpria fora da natureza. No comeo tudo era
caos; os elementos estavam fundidos. (LE 43)
Pouco a pouco, cada coisa tomou seu lugar, ento, apareceram os seres vivos, apropriados ao estado do globo.
Aparecem os vrus e com eles surge o campo primacial da existncia, formado por nucleoprotenas e globulinas,
oferecendo clima adequado aos princpios inteligentes ou mnadas fundamentais, que se destacam da substn-
cia viva. Sustentado pelos recursos da Vida que na bactria e na clula se constituem do liquido protoplasmti-
co, o principio inteligente nutre-se agora na clorofila, que revela um tomo de magnsio em cada molcula, pre-
cedendo a constituio do sangue de que se alimentar no reino animal.
Das cristalizaes atmicas e dos minerais, do vrus e do protoplasma, das bactrias e das amebas, das algas e
dos vegetais, pelo perodo jurssico, exteriorizando-se nos mamferos o principio inteligente atravessou os mais
rudes crivos da adaptao e seleo, assimilando valores mltiplos de organizao, da reproduo, da memria
do instinto, da sensibilidade, da percepo e da preservao prpria, penetrando assim pelas vias da inteligncia
mais completa e laboriosa adquirida, nas faixas da inaugurao da razo. Inclusive o homem ao seu tempo, ocu-
pou seu lugar ao lado de outros seres vivos. (Andr Luiz Evoluo em Dois Mundos cap. IV)
Povoamento da terra Ado
Kardec explica que a chamada raa admica foi uma das ltimas raas a surgirem na terra, com a misso de auxi-
liar no desenvolvimento do planeta, ajudar os seus habitantes primitivos a se elevarem espiritualmente. No
surgia milagrosamente, mas de forma natural, por descendncia biolgica de outras raas mais aperfeioadas.
(GE Cap. XI,item 38)
O espiritismo no pode admitir que essa alegoria seja tomada ao p da letra. A espcie humana no comeou
por um s homem, surgiu na terra pelo encadeamento natural da evoluo dos seres. Kardec estuda a posio
do homem na escala animal e declara por mais que isso possa ferir o seu orgulho, o homem deve resignar-se a
ver no seu corpo matria o ltimo elo da animalidade na terra.
A respeito das contradies da bblia e do espiritismo, Kardec, acertadamente responde que o Espiritismo ape-
nas explica a alegoria bblica, d-lhe a necessria interpretao na pergunta (LE 47)
- A espcie humana est entre os elementos orgnicos do globo terrestre? A resposta foi sim, e veio a seu tem-
po; foi isso que deu motivo a dizer-se que o homem Foi feito do limo da terra.
Kardec (GE, Cap. X) faz um quadro comparativo da alegoria dos seis dias da criao bblica e da formao geol-
gica determinada pela cincia. Este ltimo com a contribuio dos espritos. Acentua que a concordncia no
rigorosa e no pode ser tomada como tal, mas basta provar a intuio da realidade na alegoria bblica.
E conclui o captulo afirmando:
- No rejeitamos, pois, a Gnese bblica, mas estudemo-la, como estudamos a histria da origem dos povos.
Hoje os prprios telogos, catlicos e protestantes endossam as explicaes cientficas em consonncia com as
explicaes espritas.
A pesquisa cientfica comprova o povoamento do globo em diferentes locais, com relao a pigmentao da
pele, e as diferenas fsicas dos habitantes da regio, alm, da evoluo e das civilizaes existentes em um
mesmo perodo.
Diversidade das raas humanas
Na pergunta (LE 53), os Espritos respondem a Kardec que o homem apareceu em diversos pontos do planeta e
em diferentes pocas e, essa uma das causas da diversidade das raas. Depois o homem se dispersou pelos
diferentes climas, e aliando-se os de uma raa aos de outras, formaram novos tipos.
Kardec coloca que: certas raas apresentam tipos particulares caractersticos, que no permitem assinalar-lhes
uma origem comum que no podem ser atribudos apenas ao ambiente. E acrescenta: ...uma vez que os bran-
cos que se reproduzem no pas dos negros no se tornam negros, e reciprocamente... (GE cap. XI, item 39)
Pluralidade dos mundos
Que as obras de Deus estejam criadas para o pensamento e a inteligncia; que os mundos sejam a morada de
seres que os contemplam e descobrem sob o seu vu o poder e a sabedoria daquele que o forma, essa questo
no mais duvidosa para ns; mas que as almas que os povoam sejam solidrias, isso o que importa conhecer.
(GE cap. VI item 54)
4 Aula - CRIAO 13

Os mundos diferem segundo as condies diversas que lhes foram reservadas, e Segundo o seu papel respectivo
no cenrio do universo. (GE cap. VI item 61).
Deus povoou os mundos de seres vivos, as condies de existncia dos seres nos diferentes mundos, devem ser
apropriadas ao meio em que tem que viver. Os mundos progridem fisicamente pela elaborao da matria, e
moralmente, pela depurao dos Espritos que os habitam.
Aqueles que perseveram no mal em sua revolta contra Deus e suas leis sero doravante um entrave para o pro-
gresso moral, uma causa permanente de perturbao para o repouso e a felicidade dos bons, por isso eles so
enviados para os mundos menos avanados. (GE Cap. XI item 43)
F inabalvel somente aquela que pode encarar a razo, face a face, e todas as pocas da humanidade. (Allan
Kardec)
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos, Livro 1, cap. III, questes 37 a 59;
KARDEC, Allan - A Gnese - cap. IV itens de 1 a 10; cap. VI itens 1,08, 10 a 12, 16, 19, 23, e, 48 a 61; cap. VII, itens 13,17, 18, 48 e 49; cap.
IX, item 4;cap. X, itens de 1 a 12, 15, 2o e 26 a 29; cap. XI, itens 1 a 9, 29 a 32, 38 a 42, pargrafo 3 e 45; cap. XII, itens 1 a 23;
KARDEC, Allan - Obras Pstumas - Profisso de F Racional - cap. III, itens 10, 11 e 13;
KARDEC Allan, O Que Espiritismo, cap. III, itens 105 a 107;
Bibliografia Complementar:
ANDRE LUIZ - Evoluo em Dois Mundos - cap. IV
EMMANUEL - A Caminho da Luz v cap. II

Parte B - H MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI


No se turbe o vosso corao. Credes em Deus, crede tambm em mim. H muitas moradas na casa de meu Pai;
se assim no fosse, j eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. - Depois que me tenha ido e que
vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, tambm vos ai
estejais. (JOO, XIV : 1-3.)
DIFERENTES CATEGORIAS DE MUNDOS HABITADOS
Mundos inferiores: a existncia toda material, reinam soberanas as paixes, sendo quase nula a vida moral.
medida que esta se desenvolve, diminui a influncia da matria de tal maneira que, nos mundos mais adianta-
dos, a vida , por assim dizer, toda espiritual.
Mundos intermedirios: misturam-se o bem e o mal, predominando um ou outro, segundo o grau de adianta-
mento da maioria dos que os habitam.
Mundos superiores: o bem predomina sobre o mal.
AINDA PODEMOS CLASSIFICAR OS MUNDOS EM:
Mundos primitivos: destinados s primeiras encarnaes da alma humana.
Mundos de expiao e provas: onde domina o mal.
A superioridade da inteligncia, em grande nmero dos seus habitantes, indica que a Terra no um mundo
primitivo e as qualidades inatas que eles trazem consigo constituem a prova de que j viveram e realizaram cer-
to progresso. Mas, tambm, os numerosos vcios a que se mostram propensos constituem o ndice de grande
imperfeio moral.
Por isso esto aqui para expiarem suas faltas, mediante penoso trabalho e misrias da vida, at que hajam me-
recido ascender a um planeta mais ditoso.
Mundos de regenerao: nos quais as almas que ainda tem o que expiar extrai novas foras, repousando das
fadigas da luta.
Os mundos regeneradores servem de transio entre os mundos de expiao e os mundos felizes.
A alma penitente encontra neles a calma e o repouso e acaba por depurar-se, porm, o homem ainda se acha
sujeito s leis que regem a matria; a Humanidade experimenta as vossas sensaes e desejos, mas liberta das
paixes desordenadas de que sois escravos isento do orgulho que impe silncio ao corao, da inveja que a
tortura, do dio que a sufoca. (ESE cap. III)
Nesses mundos, todavia, ainda no existe a felicidade perfeita, mas a aurora da felicidade.
Mundos Felizes: onde o bem sobrepuja o mal.
Mundos celestes ou divinos: habitaes de Espritos depurados, onde exclusivamente reina o bem.
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

A Terra pertence categoria dos mundos de expiao e provas, razo por que ai vive o homem a braos com
tantas misrias.
Os Espritos que encarnam em um mundo no se acham a ele presos indefinidamente, nem nele atravessam
todas as fases do progresso que lhes cumpre realizar, para atingir a perfeio. Quando, em um mundo, eles al-
canam o grau de adiantamento que esse mundo comporta, passam para outro mais adiantado, e assim por
diante, at que cheguem ao estado de puros Espritos.
O progresso lei da Natureza. A essa lei todos os seres da Criao, animados e inanimados, foram submetidos
pela bondade de Deus.
A prpria destruio, que aos homens parece o termo final de todas as coisas, apenas um meio de se chegar,
pela transformao, a um estado mais perfeito, visto que tudo morre para renascer.
Ao mesmo tempo em que todos os seres vivos progridem moralmente, progridem materialmente os mundos em
que eles habitam.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. III, itens 1 a 5 e 8 a 19;
Novo Testamento - Joo 14: 1-2.

5 Aula - PRINCPIO VITAL - FLUIDOS


Parte A SERES ORGNICOS E INORGNICOS - PRINCIPIO VITAL - A VIDA E A MORTE - A NATU-
REZA DOS FLUIDOS
Seres Orgnicos e Inorgnicos e Principio Vital:
Os seres orgnicos so os que trazem em si mesmos uma fonte de atividade intima, que lhes da vida. Nascem,
crescem, reproduzem-se e morrem; so providos de rgos especiais para a realizao dos diferentes atos da
vida e apropriados s necessidades de sua conservao. Abrangem os homens, os animais e as plantas.
Os seres inorgnicos so os que no possuem vitalidade nem movimentos prprios, sendo formados apenas pela
agregao da matria: os minerais, a gua, o ar, etc. (LE, introduo questo 60)
a mesma lei, ou seja, a de atrao que une tanto os elementos dos corpos orgnicos, quanto os inorgnicos,
assim como a matria tambm a mesma, com a diferena que os corpos orgnicos esto animalizados, pois se
uniram ao fluido vital.
Na resposta 63, do LE, os amigos espirituais responderam que o princpio vital, tanto um efeito, quanto uma
causa da matria animalizada. um efeito produzido pela ao de um agente sobre a matria. Esse agente, sem
a matria, no vida, da mesma forma que a matria no pode viver sem ele. ele que d vida a todos os seres,
que o absorvem e assimila.
O fluido vital ou princpio vital uma das modificaes do fluido universal, j que tambm matria.
A Vida e a Morte
A causa da morte est na exausto dos rgos (LE, 68). O conceito de morte vigente hoje no meio cientifico inter-
nacional, o da ausncia de atividade eltrica cerebral. Ao lado de alguns sinais de fcil identificao, a ausn-
cia de atividade cerebral determinada pelo eletroencefalograma, confirma o diagnstico de morte fsica, mesmo
que o corao continue em funcionamento a custa de aparelhos especficos.
No entanto, em muitas oportunidades, essa exausto do corpo fsico ser precedida por uma deteriorao do
fluido vital que o animaliza.
Podemos comparar o mecanismo da morte a um aparelho eltrico em funcionamento. Poderamos faz-lo parar
de funcionar de duas maneiras: suprimindo a corrente eltrica que chega at ele, e quebrando o aparelho.
Assim tambm ocorre com a morte nos seres orgnicos; ela pode ocorrer de duas formas: o empobrecimento do
tnus vital iria desarticular as clulas do veiculo fsico, surgindo dai a doena, e posteriormente, a morte. Seria o
processo observado como mais frequncia nas mortes naturais; e a destruio direta do veculo fsico sem desin-
tegrao do fluido vital prvia, mortes trgicas (como acidentes, homicdio, suicdio).
Kardec, em complemento a questo 70, do LE, nos diz:
- A quantidade de fluido vital no a mesma em todos os seres orgnicos: varia segundo as espcies, e no
constante no mesmo indivduo, nem nos vrios indivduos da mesma espcie. H os que esto por assim dizer;
5 Aula - PRINCPIO VITAL - FLUIDOS 15

saturados do fludo vital, enquanto outros o possuem apenas em quantidade suficiente. por isso que uns so
mais ativos, mas energticos, e de certa maneira, de vida superabundante.
A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tomar-se incapaz de entreter a vida, se no for renovada pela absor-
o e assimilao de substancias que o contm.
O fluido vital se transmite de um individuo a outro. Aquele que o tem em maior quantidade pode d-lo ao que
tm menos e, em certos casos fazer voltar uma vida prestes a extinguir-se.
Veja vrios exemplos de doao do fluido vital, atravs de Jesus, nos casos: A filha de Jairo (Marcos: V, 21-43); O
filho da Viva de Naim (Lucas: VII, 11-17) e Lzaro (Joo, XI: 1-45).
Mecanismo da Morte
1 - Mortes Naturais
- Deteriorao do Fluido Vital
- Exausto do corpo fsico
- Desligamento do Esprito
2 - Mortes Trgicas
- Destruio do corpo fsico
- Desligamento do Esprito
No primeiro caso, o corpo enfermo no estaria em condies de participar da renovao do fluido vital adulte-
rado, o que completaria o circuito de foras enfermias.
No segundo caso, a morte alcanaria os rgos impregnados de fluidos vitais sadios, o que poderia criar dificul-
dades na readaptao do desencarnante a sua nova vida, j que o fluido vital exclusivo dos encarnados. Nesta
eventualidade (mortes trgicas), sabemos que o sofrimento que acompanha o desencarnante diretamente
proporcional culpabilidade da vtima naquele acidente. Nos casos em que o Esprito no foi responsvel (cons-
ciente ou inconsciente) pelo seu desencarne, o fluido vital restante sofreria uma desagregao o que liberaria o
Esprito dessas energias imprprias para a vida espiritual. Nos casos de suicdio direto ou indireto, as faixas de
fluido vital estariam aderidas ao corpo espiritual do recm-desencarnado, gerando dificuldades a sua readapta-
o a vida na erraticidade.
Com a morte do corpo fsico, a matria inerte se decompe, formando novos seres, porque na natureza tudo se
transforma, pois quem cria apenas Deus. Quanto ao principio vital, retorna a massa.
A Natureza dos Fluidos
Fluido Csmico Universal a matria elementar primitiva, cujas modificaes e transformaes constituem a
inumervel variedade dos corpos da natureza.
H um fluido etreo que preenche o espao e penetra os corpos. o fluido csmico ou universal ou matria
elementar primitiva, geradora do mundo e dos seres, ou seja, tudo que no Esprito provem das suas quase
infinitas transformaes.
Os fenmenos materiais tidos vulgarmente como milagrosos foram explicados pela Cincia, tendo em vista as
leis que regem a matria. Quanto aos fenmenos em que prepondera o elemento espiritual no explicveis
unicamente pelas leis da Natureza, encontram explicao nas leis que regem a vida espiritual (cap. X e XIV - GE).
Propriedades dos fludos
O fluido csmico ou Universal assume dois estados distintos: o de imponderabilidade - seu estado normal (eteri-
zao), passando ao de ponderabilidade que preside aos fenmenos materiais, de alada da Cincia; no estado
de eterizao situam-se os fenmenos espirituais ou psquicos, ligados existncia dos Espritos, estudados pelo
Espiritismo. Neste estado, os fluidos sofrem maior nmero de modificaes, adquirindo propriedades especiais,
sendo para os Espritos o que para ns so as substancias materiais; elaboram, combinam, produzindo os efeitos
desejados. Tais modificaes so feitas por Espritos mais esclarecidos, enquanto que os ignorantes, mesmo
participando do fenmeno, so incapazes de entend-las.
Nossos sentidos e instrumentos de anlise no podem perceber os elementos fludicos; alguns fluidos, entretan-
to, pela sua ligao com a vida corporal, podem ser avaliados pelos seus efeitos: so fluidos mais densos que
compem a atmosfera espiritual da Terra. Possuem vrios graus de pureza, sendo desse meio que os Espritos
deste planeta, encarnados e desencarnados, tiram os elementos necessrios manuteno de sua existncia.
Em outros mundos ocorre o mesmo, com as devidas variaes de constituio e condies de vitalidade de cada
um.
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

Os fluidos espirituais na verdade so matria mais ou menos quintessenciada; somente a alma ou principio inte-
ligente espiritual. Assim os fluidos espirituais so a matria do mundo espiritual. Quanto solidificao da
matria, na realidade no mais do que um estado transitrio do fluido universal, que pode volver ao seu esta-
do primitivo, quando deixam de existir as condies de coeso.
Ao dos Espritos sobre os fluidos
Criaes fludicas - Fotografia do pensamento.
Os fluidos espirituais constituem-se nos materiais utilizados pelos Espritos, o meio onde ocorrem os fenmenos
especiais bem como onde se forma a luz perceptveis no plano espiritual, como tambm o veiculo do pensa-
mento.
Atravs do pensamento imprimem direo, aglomeram, combinam ou dispersam, dando forma e cor, mudam as
propriedades dos fluidos de acordo com leis especificas. Tais transformaes podem ocorrer pela vontade como
tambm resultar de um pensamento inconsciente.
Para o Esprito, basta que pense em algo para que se produza, pois, pode tomar-se visvel a um mdium, mos-
trando a aparncia de qualquer encarnao em que fixe seu pensamento, com todas as caractersticas e particu-
laridades. Pode criar fluidicamente objetos com durao efmera (idntica a do pensamento que os criou) que,
para ele so to reais como o eram, no estado material, para o homem vivo.
O pensamento atua sobre os fluidos como o som sobre o ar, criando imagens fludicas reflete-se no perisprito
como num espelho, encorpa-se e se fotografa.
Assim, os mais secretos movimentos da alma repercutem no perisprito, permitindo a que leiam uns aos outros
como num livro. Vem a preocupao habitual do individuo, seus desejos, seus projetos, seus desgnios bons ou
maus.
Qualidades dos Fluidos:
Os fluidos podem ter qualidades fsicas e morais. Os fluidos, originalmente neutros, adquirem suas qualidades
no meio onde so elaborados.
Sob o ponto de vista Moral, trazem a impresso dos sentimentos do dio, da inveja, do cime, do orgulho, do
egosmo, da violncia, da hipocrisia, da bondade, da benevolncia, do amor, da caridade, da doura, etc.
Sob o ponto de vista fsico, so excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes, irritantes, soporferos, narc-
ticos, txicos, reparadores, etc.
O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as paixes e vcios da Humanidade.
BIBLIOGRAFIA:
1) Kardec, Allan - O Livro dos Espritos - Introduo, item II, questes 60 a 70;
2) Kardec, Allan - A Gnese - cap. XIV, itens 1 a 6 e 16 a 19;
3) Delanne, Gabriel - Evoluo Anmica - cap. I, item A Fora Vital
4) Angelis, -Io3H3 - Estudos Espritas - cap. 6 -psicografia de Divaldo Franco.
5) Novo Testamento: Marcos: V, 21-43; Lucas: VII, 11-17 e Joo XI: 1-45

Parte B - PROGRESSO DOS MUNDOS


outra mensagem de Santo Agostinho, tambm psicografada em Paris, em 1862, que Kardec escolheu para
encerrar o capitulo III de ESE.
Progresso significa segundo o dicionrio Houaiss ao de progredir; desenvolvimento gradual (de um proces-
so); progressividade, sucesso, continuao.
A Casa de meu Pai o Universo infinito. As diferentes moradas so os mundos que circulam no espao infinito,
oferecendo aos Espritos imortais, moradias prprias ao grau evolutivo de cada um.
Santo Agostinho vem nos dizer que a lei do progresso, a qual Kardec classificou como lei natural, funciona para
todos os seres animados e inanimados, para lev-los, pela transformao, a um estado mais perfeito, pois tudo
morre para renascer, porque Deus quer que tudo se engrandea e prospere. A prpria destruio, que parece
para os homens, o fim das coisas, apenas um meio de renascer, e nada volta para o nada.
Assim como os seres vivos progridem intelectual e moralmente, os mundos tambm progridem.
A histria dos mundos nos faz ver que desde a aglomerao dos primeiros tomos na formao deles h uma
progresso continua, um desenvolvimento imperceptvel para cada gerao, mas dando a seus habitantes con-
6 Aula - PRINCPIO INTELIGENTE E OS TRS REINOS 17

dies mais agradveis, a medida que, eles tambm avancem na senda do progresso, interferindo com a inteli-
gncia nas forcas da natureza.
Nada fica estacionrio: tudo evolui. Em tudo h um dinamismo evolutivo, progressivo.
A Terra, seguindo essa lei j foi mundo primitivo, tomou-se de expiaes e de provas e vai transformar-se em um
mundo regenerador, onde seus habitantes se esforaro para viver o bem, adequando seu comportamento Lei
de Deus.
Estamos vivenciando um longo perodo de transio, onde o mal, a violncia toma-se visvel a todos, ao nosso
redor ou atravs dos meios de comunicao.
O conhecimento do mau necessrio para que o homem desperte de vez e use sua inteligncia, sua sensibilida-
de, sua f, sua vontade no esforo de erradic-lo atravs do sentir o bem, pensar no bem e fazer somente o
bem, e no atravs do mesmo mal, da mesma violncia.
Apesar de vivermos em uma poca com aspectos diferentes, h semelhana com os tempos dos primeiros cem
anos do cristianismo: poca de mudanas marcadas nas idias dominantes at ento, quando os seguidores de
Jesus se doaram na divulgao atravs da palavra, da vivncia da Boa Nova que Jesus trouxe.
Hoje, a grande maioria dos homens sente necessidade de conhecer-se: Quem somos, de onde viemos, Para on-
de vamos?
Os atuais seguidores do Cristo, principalmente os espritas, pelos esclarecimentos que possuem, tm o dever de
divulgar os princpios de sua doutrina pelos meios de comunicao existentes, mas, principalmente, pela palavra
e pela conduta, na vivncia e no exemplo do amor e do perdo.
BIBLIOGRAFIA
Kardec, Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. III, item 19.

6 Aula - PRINCPIO INTELIGENTE E OS TRS REINOS


Parte A - OS TRS REINOS - OS MINERAIS E AS PLANTAS - OS ANIMAIS E O HOMEM
O Princpio Inteligente:
A alma estagia numa srie de existncias que precedem o perodo de humanidade.
Parece, assim, que a alma teria sido o princpio inteligente dos seres inferiores da criao nesses seres, que estas
longe de conhecer inteiramente, que o princpio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco, e ensaia
para a vida, como dissemos (LE, 607-a). Em tudo observamos a admirvel harmonia da criao divina, onde tudo se
encadeia e se transforma, seguindo a lei de evoluo.
Vale lembrar que, no fomos conscientemente pedra, planta ou animal. O Esprito (principio inteligente) estagia
nesses reinos, para o aprendizado de aspectos necessrios ao seu processo evolutivo assim como tambm de
seus instintos. Detentor deste aprendizado este princpio inteligente, pela vontade do Pai, adentra ao reino ho-
minal, j individualizao inteligente e ai sim passa a ser um ser consciente.
Aps a morte, o Esprito no pode lembrar-se de suas existncias anteriores ao perodo de humanidade, por-
quanto ainda no havia comeado a vida de Esprito;... mesmo difcil que se lembre de suas primeiras existn-
cias como homem, exatamente como o homem no se lembra mais dos primeiros tempos de sua infncia, e ain-
da menos do tempo que passou no ventre materno (LE, 608).
O homem, tendo tudo o que existe nas plantas e nos animais, domina todas as outras classes por uma intelign-
cia especial, ilimitada, que lhe d a conscincia do seu futuro, a percepo das coisas extra materiais e o conhe-
cimento de Deus (LE, 585).
Do ponto de vista do reino animal o homem no um ser a parte, porque nada na natureza se faz por transio
brusca; h sempre anis que ligam as extremidades da cadeia dos seres (LE, 609). Mas, o homem de fato um ser
a parte, porque tem faculdades que o distinguem de todos os outros e tm outro destino. A espcie humana a
que Deus escolheu para a encarnao dos seres que O podem conhecer (LE, 610).
Os Trs Reinos
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

Subentendem-se por Reino cada uma das trs grandes divises em que se agrupam todos os corpos da natureza,
a saber; reino mineral, vegetal e reino animal, ou ainda em duas grandes classes; seres orgnicos e seres inorg-
nicos.
Alguns estudiosos, no entanto, do ponto de vista moral consideram a espcie humana como um quarto reino, o
hominal, em razo de sua inteligncia ilimitada que o diferencia dos demais componentes do reino animal.
Tal posio plenamente corroborada pela Codificao Esprita, pois, do ponto de vista moral, h, evidentemen-
te, quatro graus. Esses quatro graus tm, com efeito, caracteres bem definidos, embora paream confundir-se os
seus limites (LE, 585).
I - Os Minerais e as Plantas
Minerais:
A matria inerte que constitui o reino Mineral, no possui mais do que uma fora mecnica (LE, 585).
Caracterizando-se pelas inmeras variedades e combinaes dos corpos simples da natureza, este reino consti-
tui-se a partir da agregao da matria sob o impulso das leis de atrao e coeso que unem e equilibram os
tomos em estruturas simples e/ou complexas.
Muito embora composto por matria inerte e, portanto, sem vitalidade, j neste reino encontra-se, latente, o
suporte necessrio manifestao da vida que ira despontar no reino vegetal.
Plantas:
As plantas, compostas de matria inerte, so dotadas de vitalidade (LE, 585); e embora possuindo fisiologia espe-
cfica, no tem conscincia de sua existncia; no pensam e no tem mais do que vida orgnica.
Assim, no experimentam sensaes nem sofrem quando so mutiladas: ...so fisicamente afetadas por aes
sobre a matria, mas no tem percepes; por conseguinte, no tm a sensao de dor. (LE, 587)
A fora observada pelos botnicos, que atrai as plantas umas as outras, no constitui manifestao de vontade;
trata-se to somente de uma fora mecnica da matria que age na matria; elas no poderiam opor-se (LE, 588).
Algumas plantas, porm, tm determinados movimentos fisiolgicos que levam a impresso de possurem no
apenas sensibilidade, como tambm uma espcie de vontade, como ocorre, por exemplo, com a sensitiva e a
dionia (LE, 589). Mas isto no significa que ambas possuam a faculdade de pensar; elas representam, sim, for-
mas intermedirias entre o reino vegetal e o animal.
Tudo transio da Natureza, pelo fato mesmo de que nada semelhante e no entanto tudo se liga. As plantas
no pensam, e por conseguinte no tm vontade... O organismo humano nos fornece exemplos de movimentos
anlogos, sem a participao da vontade como as funes digestivas e circulatrias... O mesmo deve acontecer
com a sensitiva, na qual os movimentos no implicam absolutamente a necessidade de uma percepo e menos
ainda de uma vontade. (LE, 589).
Mesmo nos mundos superiores, as plantas so sempre plantas, como os animais so sempre animais, e os ho-
mens sempre homens. (LE, 591).
II - Os Animais e o Homem
Os Animais
Comparando-se o homem e os animais, em relao inteligncia, torna-se difcil estabelecer uma linha divisria
entre ambos, pois certos animais tm notria superioridade sobre certos homens. Mas, nesse terreno, o homem
um ser a parte, que desce s vezes muito abaixo, ou pode elevar-se muito alto.
Todavia, no fsico o homem como os animais e menos provido que muitos deles, pois suas necessidades de
sobrevivncia, por exemplo, so providas pela prpria natureza, ao passo que o homem precisa usar a intelign-
cia para inventar os meios adequados a fim de suprir suas necessidades materiais. (LE, 592)
Os animais, quase que na totalidade de suas vidas, agem por instinto; contudo, alguns j se expressam por uma
vontade determinada, provando desfrutar de uma inteligncia, se bem que rudimentar e H pois, neles uma
espcie de inteligncia, mas cujo exerccio mais precisamente concentrado sobre os meios de satisfazer as suas
necessidades fsicas e prover a conservao. No h entre eles nenhuma criao, nenhum melhoramento...
Mesmo o progresso que realizam pela ao do homem efmero e puramente individual, porque o animal
abandonado a si prprio, no tarda a voltar aos limites traados pela Natureza. (LE, 593).
Eles tambm no possuem uma linguagem formada de slabas e palavras, mas tm outras formas de se comuni-
carem, sempre adequadas aos limites restritos de suas necessidades.
6 Aula - PRINCPIO INTELIGENTE E OS TRS REINOS 19

Na ausncia de voz comunica-se por outros meios, assim como os homens, quando mudos usam a mmica. Sen-
do-lhes facultada a vida de relao, possuem meios de se prevenirem e de exprimirem as sensaes que expe-
rimentam; por isto que os peixes comunicam-se entre si, da mesma forma que as baleias e outros animais,
pois a linguagem no privilgio exclusivo do homem.
Ocorre que a linguagem dos animais instintiva e limitada pelo circulo exclusivo das suas necessidades e das
suas idias, enquanto o homem perfectvel e se presta a todas as concepes da sua inteligncia. (LE, 594-a).
Em relao aptido que certos animais denotam de imitar a linguagem humana, deve-se ao fato de haver certa
conformao dos rgos vocais e por isso que, levados pelo instinto de imitao, chegam linguagem e aos
gestos dos homens, como o caso de algumas aves e dos smios (LE, 596).
Apesar de no desfrutarem do livre-arbtrio, os animais no so simples mquinas; tm liberdade de ao, em-
bora limitada e restrita aos atos da vida material, pois possuem uma inteligncia igualmente limitada, que os
possibilita para tal.
Possuindo uma inteligncia que lhes faculta certa liberdade de ao, tambm h neles um princpio independen-
te da matria, e que sobrevive ao corpo; a tal principio pode-se didaticamente chamar de alma, mas inferior
do homem. H entre a alma dos animais e a do homem tanta distncia quanto entre a alma do homem e
Deus (LE, 597-a).
Posto que os animais no possuam alma propriamente dita, mas um princpio espiritual, aps a morte conser-
vam sua individualidade, mas no a conscincia de si mesmos, uma vez que a vida inteligente permanece em
estado latente. Ficam numa espcie de erraticidade, pois no esto mais unidos a matria, mas nem por isso so
Espritos errantes.
Esprito errante um ser que pensa e age por sua livre vontade, Sendo a conscincia de si mesmo seu atributo
principal; o dos animais no tm a mesma faculdade (LE, perg. 600).
Os animais tambm acompanham a lei do progresso e nos mundos superiores suas possibilidades so bem mais
desenvolvidas, embora permanecendo sempre inferiores e submetidos aos homens; toda evoluo inclusive a
animal, decorre em funo da ordem natural das coisas.
Mas, mesmo nestes mundos e por no possurem livre-arbtrio, no passam pelo processo expiatrio e ignoram
a existncia de Deus.
Portanto, a inteligncia do homem e a dos animais, procede de um mesmo principio inteligente imanente nos
reinos da natureza; mas o reino animal a ltima etapa em que este princpio estagia em busca da sua indivi-
dualizao plena e responsvel, pois o despertar da sua conscincia, j no reino hominal, lhe trar a condio de
Esprito perfectvel.
O Homem
No reino hominal, o principio inteligente, trazendo consigo todo o acervo de experincias multimilenares con-
quistadas nos reinos da natureza inicia o processo da aquisio do domnio da razo e da conscincia de si mes-
mo, que o principal atributo do Esprito; no mais essncia espiritual, mas Esprito com individualidade
prpria, discernimento, responsabilidade de seus atos, conhecimento do bem e do mal, conhecimento de Deus e
de suas leis.
A Terra no o ponto de partida da primeira encarnao humana. O perodo de humanidade comea, em geral,
nos mundos ainda mais inferiores (LE, 607b), o que, no entanto, no constitui regra absoluta; excepcionalmente
pode acontecer que um Esprito desde o seu inicio esteja apto a viver na Terra.
Nesta fase, o estado da alma do homem corresponde ao estado da infncia na vida corporal; sua inteligncia
est apenas desabrochando e ensaiando apara a vida.
Muitos estudiosos classificam o gnero humano como sendo um animal racional e social. Mas, segundo a Dou-
trina Esprita, afirmar que o homem um animal, embora superior, to incorreto quanto dizer que o animal
um homem. Seu corpo se destri como o dos animais, isto certo, mas o seu Esprito tem um destino que s ele
pode compreender; porque s ele completamente livre (LE, 592);
O que toma o homem superior ao animal so os atributos intelectuais e morais e a intuio da existncia de
Deus, gravada em sua conscincia.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos, Livro 1, cap. IV, questes 71 a 75; Livro 2, cap. XI, questes 585 a 591;
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

KARDEC, Allan - A Gnese, cap. II, item 27; cap. III, itens 11, 12, 13, 14, 18 e 19; cap. V, item 9; cap. VI, itens 17 a 19; cap. X, itens 10 a 19,
24 e, 25; cap. XI, item 43; cap. XII, itens 13 a 26.
KARDEC, Allan - O Cu e O Inferno 1 Parte, cap. III, n 18; cap. IV, nS 7 e, 11 a 14; cap. V n 1 a 10;
KARDEC, Allan - O Que Espiritismo - cap. I e III;
Revista Esprita, de janeiro de 1862; de novembro de 1863; de julho de 1864;
Revista Esprita, de Setembro de 1864;

Parte B - A LEI DE AMOR


O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque o sentimento por excelncia, e os sentimentos so os instintos
elevados altura do progresso realizado. No seu ponto de partida, o homem s tem instintos; mais avanado e
corrompido, s tem sensaes; mais instrudo e purificado, tem sentimentos; e o amor o requinte do sentimen-
to (ESE cap. XI item 8).
O Esprito percorre longo caminho em busca de sua evoluo.
Como vimos, o principio inteligente estagia nos trs reinos para adquirir as condies necessrias e adentrar ao
reino hominal, e a partir de ento outra grande jornada se apresenta ao Esprito, j individualidade inteligente, o
desenvolvimento da inteligncia e o aprendizado do amor.
Os instintos so a germinao e os embries dos sentimentos. Trazem consigo o progresso, como a bolota oculta
o Carvalho. (ESE cap. XI item 8)
O instinto uma inteligncia no racional. por meio dele que todos os seres provm as suas necessidades (LE
questo 73).
Pode-se observar que o Esprito se utiliza do instinto para a manuteno da vida; na busca pelo alimento, na
condio da defesa e da reproduo.
Ao vivenciar a satisfao destas necessidades o Esprito experimenta sensaes que se transformaro em senti-
mentos dos mais variados matizes.
O grande desafio em nossas existncias a educao de nosso sentir, que se transforma em energias atravs
do pensamento emitido.
O aprendizado do amor se dar atravs do exerccio da conteno, do trabalho interior desenvolvido pela inteli-
gncia. O instinto no raciocina; a razo permite a escolha e d ao homem o livre-arbtrio (LE, questo 75).
Jesus veio mostrar a importncia do amor, com este ensinamento ele modificou o mundo, trouxe uma nova
realidade para a vida do Esprito, instaurou uma nova era para a humanidade.
Se a primeira palavra divina o amor, a segunda a reencarnao; pois s atravs da reencarnao poss-
vel a conquista do amor e da sabedoria, as duas asas que nos aproximam de Deus.
Atravs da reencarnao, na matria de que se constitui o corpo fsico e toda condio da vida material, o ho-
mem pode realizar o seu processo de crescimento. Faz-se necessrio que o Esprito se liberte da matria valori-
zando suas faculdades espirituais.
A busca pelo conforto, a luta pela sobrevivncia so sem dvida aspiraes dignas, mas o homem no pode me-
nosprezar a importncia de desenvolver suas conquistas espirituais, que constituem sua verdadeira riqueza.
O amor base das leis Divinas que regem todo o Universo, no havendo limite para a sua prtica. Os efeitos da
Lei de Amor so o aperfeioamento da raa humana e a felicidade devida na vida terrena.
Quando destas leis nos afastamos, sofremos, pois andamos na contra mo do bem.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, item 8.

7 Aula - ESPRITO, PERISPRITO E CORPO FSICO.


Parte A ESPRITO: ORIGEM E NATUREZA - MUNDO NORMAL PRIMITIVO - FORMA E UBIQIDA-
DE DOS ESPRITOS - PERISPRITO: ORIGEM, NATUREZA, FUNES E PROPRIEDADES - CORPO
FSICO.
ESPRITO:
Origem e natureza
Os Espritos so as almas daqueles que viveram sobre a Terra ou em outros mundos, despojados de seu envolt-
rio corporal. Para o Espiritismo alma o de um ser imaterial e individual que em nos reside e sobrevive ao
7 Aula - ESPRITO, PERISPRITO E CORPO FSICO. 21

corpo; o principio inteligente do Universo segundo a questo 23 do Livro dos Espritos, que abriga o pensa-
mento, vontade e o senso moral. Temos ainda o perisprito, envoltrio fludico, leve, impondervel, que une o
esprito e o corpo. (LE, Introduo)
Mas, como no se pode conceber o principio inteligente isolado de toda matria, nem o perisprito sem estar
animado pelo principio inteligente, as palavras alma e Esprita so, usualmente, empregadas indiferentemente
uma pela outra.
Em sntese temos no homem trs coisas essenciais:
1. a alma ou princpio inteligente,
2. o corpo, envoltrio material que coloca o Esprito em relao com o mundo exterior;
3. o perisprito, envoltrio fludico intermedirio entre o Esprito e corpo. A alma , assim, um ser simples; o
Esprito um ser duplo e o homem um ser triplo. (OQE, cap. II, 14)
A morte no seno a destruio do envoltrio material; a alma abandona esse envoltrio como a borboleta
deixa sua crislida; contudo, ela conserva seu corpo fludico ou perisprito.
A morte do corpo livra o Esprito do envoltrio que o amarrava a Terra e o fazia sofrer; uma vez liberto desse
fardo, ele no tem mais que seu corpo etreo, que lhe permite percorrer o espao e transpor as distncias com a
rapidez do pensamento. A unio da alma, do perisprito e do corpo material constitui o homem; a alma e o pe-
risprito separados do corpo constituem o ser chamado Esprito. (OQE, cap. II, 12,13 e 14)
Os Espritos so criao de Deus e se acham submetidos a sua vontade, mas quanto, ao modo porque nos criou e
em que momento o fez nada sabemos.
Os Espritos so a individualizao do principio inteligente, como os corpos so a individualizao do princpio
material e sua criao permanente. (LE, cap. I, 76-83)
Assim, somos criados todos iguais, simples e ignorantes, com as mesmas possibilidades de evoluo, porque
sendo Deus justo e misericordioso jamais poderia criar seus filhos em desigualdade de condies.
Mundo normal primitivo
Segundo o LE, os Espritos habitam um mundo a parte do material denominado mundo dos Espritos ou das inte-
ligncias incorpreas e que ainda este na realidade o principal na ordem, pois preexiste e sobrevive a tudo.
No entanto, existe uma correlao entre ambos, o mundo material e dos Espritos, pois um reage sobre o outro
incessantemente.
Ainda em relao questo 87, se os Espritos ocupam uma regio determinada e circunscrita no espao, eles
respondem:
- Esto por toda parte. Povoam infinitamente os espaos infinitos. Tendes muitos deles de continue a vosso la-
do, observando-vos e sobre vos atuando, sem o perceberdes, pois que os Espritos so uma das potncias da Na-
tureza e os instrumentos de que Deus se serve para execuo de seus desgnios providenciais. Nem todos, porm,
vo a toda parte, por isso que h regies interditas aos menos adiantados.
Pela sua presena permanente em nosso meio, os Espritos so os agentes de diversos fenmenos, desempe-
nhando um papel importante no mundo moral e at certo ponto no mundo fsico constituindo, assim, uma das
forcas da Natureza. (OQE, cap. II, 18)
Forma e ubiquidade dos Espritos
Quanto a ter uma forma determinada, esclarecem os Espritos de que na nossa percepo no a tm, mas que
na realidade seriam uma chama, um claro, ou uma centelha etrea. (LE, 88)
Os Espritos percorrem o espao atravs do pensamento, e a noo de distncia depende de sua natureza mais
ou menos depurada, no sendo a matria nenhum obstculo, pois tem a capacidade de atravessar tudo.
Cada Esprito uma unidade indivisvel, mas cada um pode lanar seus pensamentos para diversos lados, sem
que se fracione para tal efeito. Nesse sentido que se deve entender o dom da ubiquidade atribudo aos Espri-
tos, como o sol que irradia a todos os pontos do horizonte, ou, o que se da com um homem que, sem mudar de
lugar e sem se fracionar, transmite ordens, sinais a diferentes pontos.
PERISPRITO:
Para Kardec o Esprito o ser principal, que pensa e sobrevive e o corpo um acessrio designado como sendo
um invlucro, uma veste da qual se despoja por ocasio da morte. Alm desse invlucro material, tem o Esprito
um segundo, semimaterial, que o liga ao primeiro, do qual ao contrrio do corpo no se despoja, e que damos o
nome de perisprito. Esse invlucro semimaterial, que tem a forma humana, constitui para o Esprito um corpo
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

fludico, vaporoso, mas que, pelo fato de nos ser invisvel no seu estado normal, no deixa de ter algumas das
propriedades da matria. (LM, cap. I, 3)
O perisprito tem sua origem do fluido universal de cada globo, razo por que no idntico em todos os mun-
dos; passando de um mundo a outro, o Esprito muda de envoltrio. (LE, cap. I, 94).
O Esprito no pode ter ao direta sobre a matria pela sua essncia espiritual e, necessita de um intermedirio
para que possa atuar sobre a matria tangvel, desta forma o fluido perispirtico um veiculo do pensamento,
para transmitir o movimento as diversas partes do organismo, as quais atuam sob a impulso da sua vontade e
para fazer que repercutam no Esprito as sensaes que os agentes exteriores produzam.
Este lao fludico perispiritual tem sua ligao desde o momento da concepo e se une molcula a molcula, ao
corpo em formao, se desfazendo da mesma maneira por ocasio do desenlace, separao, que s vezes,
rpida, fcil, suave e insensvel, ao passo que outras lenta, laboriosa, horrivelmente penosa, conforme o esta-
do moral do Esprito. (GE, cap. XI, 17-19)
A natureza do envoltrio fludico est sempre em relao com o grau de adiantamento moral do Esprito sendo
impossvel para um Esprito inferior visitar mundos mais elevados, enquanto os Espritos superiores podem vir
aos mundos inferiores, e at, encarnar neles. (GE, cap. XIV, 9)
O envoltrio perispirtico de um Esprito se modifica com o progresso moral que este realiza em cada encarna-
o, embora ele encarne no mesmo meio; que os Espritos superiores, encarnando excepcionalmente, em mis-
so, num mundo inferior, tm perisprito menos grosseiro do que o dos nativos desse mundo. (GE, cap. XIV 10)
Formao e propriedades do perisprito
Tanto o corpo carnal quanto o perisprito tem origem no fluido Universal condensado e transformado em mat-
ria tangvel, porm no perisprito, a transformao molecular se opera diferentemente, porquanto o fluido con-
serva a sua imponderabilidade e suas qualidades etreas. O corpo perispirtico e o corpo carnal tm, pois origem
no mesmo elemento primitivo; ambos so matria, ainda que em dois estados diferentes. (GE, cap. XIV 7)
Tangibilidade
O perisprito, ainda que invisvel para ns no estado normal, no por isso menos matria etrea. O Esprito
pode, em certos casos faz-lo experimentar tuna espcie de modificao molecular que o torna visvel e mesmo
tangvel. (OQE, cap. II, 28)
Expansibilidade
O perisprito no se acha encerrado nos limites do corpo, como numa caixa. Pela sua natureza fludica, ele
expansvel, irradia para o exterior e forma, em tomo do corpo, uma espcie de atmosfera que o pensamento e a
fora da vontade podem dilatar mais ou menos. Da se segue que pessoas h que, sem estarem em contato cor-
poral, pode achar-se em contato pelos seus perispritos e permutar as suas impresses e, algumas vezes, pen-
samentos, por meio da intuio. (OP, 1 Parte, I, 11)
Penetrabilidade
Outra propriedade do perisprito, peculiar essa sua natureza etrea, a penetrabilidade. Matria nenhuma lhe
ope obstculo; ele as atravessa todas, como a luz atravessa os corpos transparentes. Dai vem que no h como
impedir que os Espritos entrem num recinto inteiramente fechado. (OP, 1 Parte, II, 16)
Invisibilidade
Por sua natureza e em seu estado normal, o perisprito invisvel, tendo isso de comum com uma imensidade de
fluidos que sabemos existir, mas que nunca vimos. Pode tambm, como alguns fluidos, sofrer modificaes que
o tomam perceptvel vista, quer por uma espcie de condensao, quer por uma mudana na disposio mole-
cular.
Pode mesmo adquirir as propriedades de um corpo solido e tangvel e retomar instantaneamente seu estado
etreo e invisvel.
Esses diferentes estados do perisprito resultam da vontade do Esprito e no de uma causa fsica exterior, como
se d com os gases. Quando um Esprito aparece, que ele pe seu perisprito no estado prprio a torn-lo vis-
vel. Entretanto, nem sempre basta vontade para faz-lo visvel: preciso, para que se opere a modificao do
perisprito, o concurso de umas tantas circunstncias que dele independem. (Veja-se: LM, 2 Parte, captulo VI.) (OP, 1
Parte, II, 16)

Sensaes
7 Aula - ESPRITO, PERISPRITO E CORPO FSICO. 23

O perisprito o rgo sensitivo do Esprito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos
sentidos corpreos.
O perisprito matria quintessenciada, princpio da vida orgnica e no intelectual, que reside no Esprito e o
agente das sensaes exteriores.
Pelos rgos do corpo, a viso, a audio e as diversas sensaes so localizadas e limitadas a percepo das
coisas materiais; pelo sentido espiritual, ou psquico, elas se generalizam o Esprito v, ouve e sente, por todo o
seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiao do seu fluido perispirtico. (GE, cap. XIV 22)
No corpo os rgos lhe servem de conduto, mas na sua ausncia as sensaes so gerais; no esto localizadas
em nenhum rgo especfico embora, o Esprito pode sofrer, mas esse sofrimento no corporal, contudo, no
seja exclusivamente moral, como o remorso, pois que ele se queixa de frio e calor. Pela sensao no ser pro-
duzida por agentes exteriores nem tampouco estar localizada, trata-se de uma reminiscncia mais do que uma
realidade.
A influncia material diminui medida que o Esprito progride, isto , medida que o prprio perisprito se tor-
na menos grosseiro.
Enquanto denso, tem mais percepo das impresses da matria, embora de maneira diferente. (LE, Parte 2 cap.
VI, 257)

Agente Modulador Biolgico


E o Esprito que modela o corpo e o apropria s suas novas necessidades aperfeioa-o e lhe desenvolve e com-
pleta o organismo, medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra,
talha-o de acordo com a sua inteligncia. (GE, cap. XI, 110)
Unio do principio espiritual matria
Tendo a matria que ser objeto do trabalho do Esprito para desenvolvimento de suas faculdades, era necessrio
que ele pudesse atuar sobre ela, pelo que veio habit-la, Deus, em vez de unir o Esprito pedra rgida, criou,
para seu liso, corpos organizados, flexveis, capazes de receber todas as impulses da sua vontade e de se pres-
tarem todos os seus movimentos.
O corpo , pois, simultaneamente, o envoltrio e o instrumento do Esprito e, a medida que este adquire novas
aptides, reveste outro invlucro apropriado ao novo gnero de trabalho que lhe cabe executar. (GE, cap. XI, 10)
Por ser material, sofre as vicissitudes da matria e com o tempo se desorganiza e decompe tronando-se intil
para o Esprito que o abandona. (KARDEC, GE, Cap. XI, 11-13)
A obrigao que tem o Esprito encarnado de prover ao corpo o alimento, a sua segurana, seu bem-estar, o
obriga a empregar suas faculdades em investigaes, a exercit-las e desenvolv-las. (GE, cap. XI, 24)
A unio com a matria , pois, til ao seu progresso. (GE, cap. XI, 24)
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos, Introduo, ao Estudo da Doutrina Esprita, n6, Livro 2, cap. I, questes 76 a 95;
KARDEC, Allan - O Livro dos Mdiuns - questes 245, 281 e, 282, item 30;
KARDEC, Allan - A Gnese, cap. IV item 17; cap. VI, item 19; cap. XI, itens 7, 23 e 29; cap. XIV - Fluidos, itens 7 a 12; cap. X, item 26 e, cap.
XI, itens 13 e 14, cap. XIV item 9;
KARDEC, Allan - O Cu e o Inferno 1 Parte - cap. 3 n 5;
KARDEC, Allan - O Que Espiritismo - cap. I; cap. II questes 15 e 100; cap. III, questes 109 a 114;
KARDEC, Allan - Obras Pstumas - pargrafo 3, n 15 e, pargrafo 5;
Revista Esprita, de outubro de 1860.

Parte B - CUIDAR DO CORPO E DO ESPRITO


O Senhor te humilhou e fez passar fome; depois, alimentou-te com esse man, que nem tu nem teus pais conhe-
ceis, para te ensinar que nem s de po vive o homem. Mas de toda a Palavra que sai da boca do Senhor que o
homem viver (Dt. 8, 3).
Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Esprito ao deserto para ser tentado pelo demnio. Ele jejuou quarenta dias
e quarenta noites. Depois, teve fome. O tentador aproximou-se dele e lhe disse: Se s Filho de Deus, ordena que
estas pedras se tornem pes.
Jesus respondeu: Est escrito: No s de po vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.
(Mateus, 4:4)
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Nesta passagem cuja referncia citada por Moises no Antigo testamento, Jesus lembra que embora tenhamos
necessidades materiais no devemos esquecer que temos obrigaes espirituais e neste sentido podemos cuidar
de nosso corpo fsico sem sucumbir s tentaes da matria.
Orienta o Esprito Emmanuel Apliquemos o sublime conceito no imenso campo do mundo. Bom gosto, harmonia
e dignidade na vida exterior constituem dever; mas no nos esqueamos da pureza da elevao e dos recursos
sublimes da vida interior; com que nos dirigimos para a Eternidade. (Fonte Viva, 18)
Sabemos que o homem uma alma encarnada e o corpo fsico seu instrumento de evoluo na matria que
necessita de cuidados constantes. Segundo Vinicius de Camargo:
Se, pois, o po indispensvel vida corprea, a luz imprescindvel a vida espiritual, considerando que esta
a vida real que sobre aquela reflete. Dai o ser a mais importante, a que requer mais ateno e cuidados. Cum-
pre, portanto, que o homem no porfie e lute somente pelo po que nutre o corpo perecvel, mas tambm, e
principalmente, pela aquisio da luz que alimenta e d crescimento ao Esprito imortal. O homem sendo, como
ficou dito, uma entidade composta de alma e corpo, no pode, por isso, atender aos reclamos da vida, manten-
do-se adstrito ao problema do po. (O Mestre na Educao, 23)
Assim, a luz o alimento do Esprito, enquanto o po para o corpo.
Somos Espritos imortais que temos um tempo para utilizao de potncias concedidas por Deus, para realizao
de tarefas evolutivas.
Estas potncias formam nosso corpo e nos lembra Emmanuel, Que fazes de teus ps, de tuas mos, de teus
olhos, de teu crebro? Sabes que estes poderes te foram confiados para honrar o Senhor iluminando a ti mesmo?
Medita nestas interrogaes e santifica o teu corpo, nele encontrando o templo divino. (Po Nosso, 12)
Tal a ligao que existe entre o campo fsico e espiritual que muitas impresses registradas no perisprito trazem
reflexos no invlucro carnal. Por exemplo, nos lembra Emmanuel que As enfermidades congnitas nada mais
so que reflexos da posio infeliz em que nos conduzimos no pretrito prximo, reclamando-nos a internao na
esfera fsica, s vezes por prazo curto, para tratamento da desarmonia interior a que fomos comprometidos.
Surgem, porm, outras cambiantes dos reflexos do passado na existncia do corpo: culpa disfarada e dos re-
morsos ocultos. so plantaes de tempo certo que a lei de ao e reao governa, vigilante, com segurana e
preciso. (Pensamento e Vida, 14)
Convm lembrar que nossa conduta na prtica do bem promove alteraes profundas na rota deste destino.
Semelhantes aes funcionam quais preciosos salvo-condutos desentranando os obstculos em nossa cami-
nhada para Felicidade Maior. (Estude e Viva)
Dispensar os cuidados necessrios ao corpo , portanto essencial uma vez que este influi de maneira importante
na alma.
Onde, ento, a sabedoria? Onde, ento, a cincia de viver? Em parte alguma; e o grande problema ticaria sem
soluo, se o Espiritismo no viesse em auxlio dos pesquisadores, demonstrando-lhes as relaes que existem
entre o corpo e a alma e dizendo-lhes que, por se acharem em dependncia mutua, importa cuidar de ambos.
Amai, pois, a vossa alma, porm, cuidai igualmente do vosso corpo, instrumento daquela. Desatender as neces-
sidades que a prpria Natureza indica, desatender a lei de Deus. (ESE cap. XVII, 11)
Quanto a natureza do Esprito, a mesma no reside no Campo fsico, como explica Hahnemann, pai da homeo-
patia em sua mensagem recebida em 1863: O corpo no d clera aquele que no na tem, do mesmo modo que
no d os outros vcios. Todas as virtudes e todos os vcios so inerentes ao Esprito. A no ser assim, onde esta-
riam o mrito e a responsabilidade? O homem deformado no pode tornar-se direito, porque o Esprito nisso no
pode atuar; mas, pode modificar o que do Esprito, quando o quer com vontade firme. (ESE, Cap. IX, 10)
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan, O Evangelho Segundo O Espiritismo - Cap. XVII, item 10
CAMARGO, Pedro pelo Esprito Vinicius, O Mestre na Educao - cap. XXIII
XAVIER, Francisco Cndido pelo Esprito Emmanuel, Fonte Viva - item 18
XAVIER, Francisco Cndido pelo Esprito Emmanuel, Po Nosso - item 12
XAVIER, Francisco Cndido pelo Esprito Emmanuel, Pensamento e Vida - cap. XIV
XAVIER, Francisco Cndido pelo Esprito Emmanuel, Livro da Esperana - lio 1

8 Aula - DIFERENTES ORDENS DE ESPRITOS


Parte A - PRIMEIRA SEGUNDA E TERCEIRA ORDENS
8 Aula - DIFERENTES ORDENS DE ESPRITOS 25

Os Espritos se classificam em razo do desenvolvimento, das qualidades ou imperfeies que possuem. Na rea-
lidade ilimitado o nmero de ordens, pois no existe entre elas uma linha de demarcao para servir de barrei-
ra de maneira a qual se possa multiplicar ou restringir as divises. Por essa razo foram reduzidas a trs ordens
principais:
Na primeira ordem encontramos aqueles que encontraram a perfeio os Espritos Puros sem nenhuma influn-
cia da matria, com superioridade moral e intelectual ante os outros, no sujeitos mais a reencarnao, por se-
rem perfeitos.
A segunda ordem so os Espritos Bons cujo desejo do bem a sua preocupao. So benvolos, sbios, pruden-
tes e superiores.
A terceira ordem so os Espritos imperfeitos que se caracterizam pela ignorncia, pelo desejo do mal e todas as
ms paixes que retardam o seu desenvolvimento. (LE 96 a 99)
AS DIFERENTES ORDENS DE ESPRITOS
As diferentes ordens de Espritos foram organizadas pelo nosso codificador, com o intuito de determinar a or-
dem e o grau de superioridade ou inferioridade dos Espritos, de maneira a ser possvel relacionar o grau de con-
fiana e de estima que eles merecem (LE 100).

TERCEIRA ORDEM: ESPRITOS IMPERFEITOS


- Caractersticas ignorncia, desejo do mal e apego as paixes que lhes retardam o desenvolvimento, por neles
existir a predominncia da matria sobre o Esprito. Tm a intuio de Deus, mas no o compreendem.
Essas caractersticas no so iguais para todos, pois progridem e se modificam, em conformidade com o desen-
volvimento da inteligncia e moralidade. Gradativamente libertam-se da influncia da matria.
Assim, passam a se classificarem em diferentes classes:
10 Classe - ESPRITOS IMPUROS
So inclinados ao mal. Insuflam a discrdia e a desconfiana. Utilizam-se de todos os disfarces para melhor en-
ganar. Sua linguagem chula e ignorante. Evidenciam-se pela inferioridade moral e intelectual.
9 Classe - ESPRITOS LEVIANOS
So inconsequentes, malignos, ignorantes, zombeteiros. Possuem uma linguagem muitas vezes espirituosa e
alegre.
8 Classe - ESPRITOS PSEUDOSSBIOS
Seus conhecimentos so bastante amplos, mas julgam saber mais do que realmente sabem. Sua linguagem
presunosa e contem algumas verdades mescladas com os mais absurdos erros. So presunosos, orgulhosos e
teimosos.
7 Classe - ESPRITOS NEUTROS
No so bons o bastante para fazerem o bem, nem maus o bastante para praticarem o mal.
6 Classe - ESPRITOS BATEDORES E PERTUBADORES
Manifestam sua presena por efeitos sensveis e fsicos, golpes, movimento e deslocamento anormal de corpos
slidos, de ar etc.
No formam propriamente uma classe especial na escala evolutiva. Podem pertencer a todas as classes da ter-
ceira ordem.
SEGUNDA ORDEM: ESPRITOS BONS
- Caracterizam pelo predomnio do Esprito sobre a matria, pelo desejo do bem. Suas qualidades existem em
razo do grau de evoluo que atingiram. Uns possuem a cincia, outros a sabedoria e a bondade. Compreen-
dem Deus e sentem-se felizes quando fazem o bem e quando impedem o mal. Em suma, esto em busca da
sabedoria e a moralidade.
OS ESPRITOS BONS esto classificados da seguinte forma:
5 Classe - ESPRITOS BENVOLOS
Tm como principal qualidade a bondade. Neles o progresso realizou-se mais no sentido moral que intelectual.
4 Classe - ESPRITOS SBIOS
Destacam-se pela amplitude de conhecimento, so livres de paixes. Dedicam-se mais pelas questes cientficas,
do que pelas morais. Encaram a cincia por sua utilidade.
3 Classe - ESPRITOS PRUDENTES
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So reconhecidos pelas qualidades morais e capacidade intelectual elevada, que permite a eles o julgamento
preciso dos homens e das coisas.
2 Classe - ESPRITOS SUPERIORES
Utilizam linguagem que transpira benevolncia, sempre elevada, sublime. A sabedoria e a bondade se renem
pela elevao espiritual.
PRIMEIRA ORDEM: ESPRITOS PUROS
- Formam uma classe nica. So Espritos que atingiram o ponto mais elevado da escala evolutiva e despojaram-
se de todas as impurezas da matria. Possuem superioridade intelectual e moral absolutas, em relao aos Esp-
ritos de outras classes. No esto sujeitos a reencarnao em corpos perecveis. E so mensageiros e ministros
de Deus, cujas ordens executam. (LE 113)
PROGRESSAO DOS ESPRITOS
Os Espritos so criados simples e ignorantes, mas com a aptido de tudo adquirir e de progredir em virtude de
seu livre arbtrio. Pelo progresso, eles adquirem novos conhecimentos, novas faculdades percepes e, por con-
seguinte gozos desconhecidos dos Espritos inferiores. Passam a ver, entender, sentir e compreender ao contra-
rio dos Espritos atrasados.
A felicidade dos Espritos est na razo do progresso realizado; inerente as qualidades que possuem so por
eles absorvidas em toda parte que se encontrem, quer seja na superfcie terrestre, entre os encarnados ou no
espao.
O Esprito adiantado est liberto de todas as necessidades corporais. A alimentao e o sono no tem para ele
nenhuma razo de ser. Deixa para sempre ao sair da Terra, as vs inquietaes os sobressaltos e todas as quime-
ras que envenenam o nosso orbe.
Os Espritos inferiores levam com eles, para o alm-tmulo seus hbitos, suas necessidades e suas preocupaes
materiais. No podendo se elevar passam a participar da vida dos encarnados, misturarem-se em suas dificulda-
des, trabalhos e em seus prazeres.
Suas paixes e seus apetites, sempre despertos pelo continuo contato da humanidade os sobrecarregam e a
impossibilidade de satisfazer-se toma para eles motivo de torturas.
Entretanto Deus no criou seres devotados ao mal, chegar o dia que cansado de sofrer experimenta uma ne-
cessidade irresistvel de ser feliz. Enfim, haver o dia em que o Esprito aps haver percorrido o ciclo de existn-
cias planetrias e ser purificado por seus renascimentos e suas migraes atravs dos mundos, v cerrar a srie
de encarnaes e se abrir para a verdadeira vida onde o mal, a sombra e o erro esto definitivamente banidos.
ANJOS E DEMNIOS
Em todas as religies os anjos so conhecidos por vrias denominaes, porm unnimes em afirmar que so
seres superiores a humanidade, intermedirios entre Deus e os homens.
A crena nos anjos faz parte essencial dos dogmas da igreja, que segundo ela, os anjos so seres puramente
espirituais, anteriores e superiores as criaturas. So seres privilegiados devotados a felicidade suprema e eterna,
desde sua formao, dotadas por uma natureza de todas as virtudes e de todos os conhecimentos, sem nada
haver feito para adquiri-los.
Na doutrina Esprita a palavra anjo desperta geralmente a idia da perfeio moral: so Espritos puros esto no
mais alto grau da escala de evoluo e renem em si todas as perfeies.
Contudo a palavra demnio no implica a idia de Esprito mau, a no ser no sentido moderno, pois o termo
deriva da palavra grega daimon, que significa gnio, inteligncia, e se aplicou aos seres incorpreos bons ou
maus, sem distino. Mas Deus que infinitamente justo e bom, no pode ter criado seres predispostos ao mal
por sua prpria Natureza e condenados pela Eternidade.
A sabedoria de Deus se encontra na liberdade de escolha que concede a cada um, porque assim, cada um tem o
mrito de suas obras. Submetidos lei do progresso, ningum colocado em primeiro lugar por privilgio, mas
o primeiro lugar a todos franqueado custa do esforo prprio.
Outro detalhe importante na Doutrina Esprita o esclarecimento de que no devemos aceitar a condio de
que haja Espritos destinados perpetuamente prtica do mal, pois o mal a ausncia do bem. (LE, 128 a 131)
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos, questes 96 a 131.
9 Aula - ENCARNAO DOS ESPRITOS 27

Parte B - JUSTIA DAS AFLIES


Bem-aventurados os que choram, pois sero consolados. Bem-aventurados os que tem fome e sede de justia,
pois sero saciados. Bem-aventurados os que sofrem perseguio por amor a justia, porque deles o reino dos
Cus. (Mateus, 5:5 e 6, 10)
Quando Jesus esteve na Terra, trouxe e exemplificou o roteiro que devemos seguir para irmos em direo ao
Pai. Nas bem-aventuranas, encontram-se mensagens de esperana e f no dia de amanh para aquele que cr
em Deus, em uma poca em que as pessoas estavam sem esperanas, desacreditadas de um Pai amoroso, visto
que as deturpaes que faziam em nome de Deus humilhavam, ao invs de reerguer os homens.
As palavras de Jesus, sua conduta, sua dedicao aos mais necessitados, enchem de alegrias os coraes mais
necessitados de f.
Nas bem-aventuranas, Ele traz claramente a idia de um futuro melhor para os que sofrem.
Contudo, a f no futuro traz pacincia e consolao, mas no explica por que alguns sofrem tanto e outros apa-
rentam ter uma vida sem embaraos.
neste ponto que o espiritismo esclarece o que havia oculto sob o vu das verdades ditas por Jesus. Se Deus
justo, as causas do sofrimento so justas, contudo, certos sofrimentos, como os daqueles irmos que nada fize-
ram nesta vida para merecer dificuldades to atrozes, destoam dos atributos do Criador, se no aceitarmos a
pluralidade das existncias.
Muitos se perguntam: Como Deus justo se permite que eu sofra tanto? O Pai Criador to perfeito que nos
Deus oportunidades e livre-arbtrio, ou seja, somos responsveis pela nossa conduta e para sermos felizes, Ele
nos enviou atravs dos tempos, seus emissrios celestes com a finalidade de mostrarem o caminho da felicida-
de, contudo, o ser humano prefere, muitas vezes, ir por um caminho que lhe causar sofrimento e tristeza.
Todavia, o desvio do caminho do bem opo de muitos e necessita de reparao, mesmo porque, como filhos
do Criador, temos intrnsecas em ns as sementes da perfectibilidade que a humanidade pode alcanar. Quando
transgredimos as Leis da vida, cometemos uma agresso a ns mesmos e, a nossa conscincia como filhos do
Pai, no permite a continuidade no caminho da evoluo, sem repararmos os desvios que cometemos contra
nossa conscincia Divina e contra nosso semelhante.
Aprendizado e reparao, com base na nossa necessidade de evoluo e progresso, eis como os homens neces-
sitam entender os sofrimentos pelos quais passam.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, itens 1 a 3.

9 Aula - ENCARNAO DOS ESPRITOS


Parte A - FINALIDADE-LIMITE-NECESSIDADE E JUSTIA DA REENCARNAO
- A alma
- Materialismo
- Ressurreio da carne
RESSURREIO DA CARNE
O termo ressurreio possui duas acepes. Etimologicamente tem sua raiz na lngua grega, especificamente
da palavra anstasis, cujo significado surgir, erguer-se, levantar, sair de uma situao ate outra. Do latim,
extrada do vocbulo ressurectio, ou ao de ressurgir, retomar vida, reanimar-se.
Essa interpretao esta contida no Evangelho de Mateus (cap. 22, 28, 30 e 31) cuja expresso ressurreio signi-
fica ressurgir dos mortos.
Para os hebreus ela fazia parte dos seus dogmas religiosos, com exceo dos saduceus, seita judaica da poca de
Jesus (acreditavam que tudo findava com a morte do corpo fsico).
A REENCARNAO foi conhecida na Antiguidade como ressurreio. O escritor esprita CELESTINO aponta o
vocbulo ressurreio, que significa em aramaico (lngua falada pelo povo judeu) reencarnao (em seu livro
ANALISANDO AS TRADUES BBLICAS).
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Atualmente, a ressurreio designa o retomo a vida do corpo fsico que est morto, sem vida. Esse fato est
comprovado pela Cincia ser impossvel, alm de contrariar as Leis Divinas.
Se buscarmos ao longo da Histria da Humanidade, a REENCARNAO foi conhecida ao longo dos tempos e
compartilhada na poca atual com a metade da populao mundial. Embora algumas religies a considerem
uma autntica heresia.
Para o termo existem tambm as denominaes de PALINGENESIA E A CRENA DE VIDAS SUCESSIVAS.
Compreende-se, dessa forma, que a reencarnao representa o retomo da alma ou do Esprito a vida corporal,
em um veculo diverso, recm-formado, no tendo nada em comum com o anterior.
O Esprito Emmanuel ao lanar luz sob o tema, elucida: Busquemos o farol do amor e do entendimento, do bom
nimo e da paz, da solidariedade e do amparo, aos que partilham, conosco, os caminhos evolutivos. No enco-
mendes, pois, embaraos e averses a loja do futuro, porque, a favor de nossa prpria renovao, concede-nos
o Senhor, cada manh, o sol renascente de cada dia
FINALIDADE DA ENCARNAO
O que entendemos como ENCARNAO luz da Doutrina Esprita?
- O objetivo fundamental da encarnao a oportunidade para o ESPRITO alcanar progresso intelectual e mo-
ral durante a passagem pela vida corprea.
DEUS concede aos seus filhos o mesmo ponto de partida a mesma liberdade de agir, bem como oportunidades
iguais. Pois do contrrio todo privilgio seria uma preferncia e toda a preferncia seria uma injustia.
A Encarnao pode ser por EXPIAO: como cumprimento da LEI DE CAUSA E EFEITO, quando o Esprito se en-
contra no mundo espiritual se recorda tudo que praticou em sua estadia terrena, os bons atos e seus enganos,
os quais permitiram proceder erradamente. Aps se arrepender pede para retornar a Terra. Vem ento, na mai-
oria das vezes, com pessoas que fez sofrer, quer sofrimentos fsicos, materiais, sobretudo morais, para desen-
volver no corao o verdadeiro AMOR.
Como Jesus nos ensinou: O AMOR COBRE MULTIDO DE PECADOS.
Aprende suportar, assim, as adversidades com pacincia, resignao e f. Por ter a certeza de que os sofrimen-
tos no so eternos, poder com mais facilidade redimir os erros do passado. No considera mais um castigo ou
punio, mas oportunidade bendita de evoluo.
Pode ser uma PROVA: porm, nem sempre o sofrimento decorrente de uma falta cometida pelo Esprito. Pode
ser uma escolha do Esprito que deseja sofrer para mais rapidamente aprimorar o seu desenvolvimento moral.
Evidentemente no se pode confundir com a expiao, a qual ser sempre uma prova. No entanto, nem sempre
a prova ser uma expiao (ESE cap. V item 9).
Pode ser tambm uma MISSO: sabe-se da existncia de Espritos missionrios com a finalidade de auxiliar a
acelerao do progresso intelectual, como o caso dos cientistas Louis Pasteur, Thomas Edson e outros. Igual-
mente para acelerar o progresso moral, como na hiptese de Chico Xavier, Madre Tereza de Calcut, Irm Dulce,
etc.
Por meio desses exemplos, os encarnados podem adquirir condies para cumprirem sua parte como SER Inte-
grante na Obra da Criao e para caminharem juntamente com a marcha progressiva Universal.
A encarnao para o Esprito um estado transitrio. Contudo necessita de um instrumento adequado para
atingir com sucesso o objetivo desejado a cada existncia terrena.
NECESSIDADE DA ENCARNAO
Por que encarnamos?
- Segundo o ESE: a passagem pela vida corprea se faz necessria, para realizarmos com ajuda do elemento
material os propsitos cuja execuo Deus nos confiou.
Pode-se compreender que a encarnao no uma punio, nem verdade que somente os Espritos culpados
esto sujeitos a ela. Por exemplo, o Esprito de um selvagem est no comeo de sua vida espiritual. A encarna-
o para ele ser um meio de desenvolver a inteligncia.
Mas, aquele que esclarecido, em que o senso moral ainda no est largamente desenvolvido se v obrigado a
repetir as etapas da vida corporal cheia de angstias, enquanto j podia ter atingido o fim. E um castigo imposto
pelo prprio Esprito. (ESE cap. lV itens 25 e 26)
A CADA UM SER DADO SEGUNDO SUAS OBRAS. JESUS
9 Aula - ENCARNAO DOS ESPRITOS 29

Observa-se, portanto, que ningum pode fazer a lio de casa pelo outro na escola da vida terrena. Do principio
universal da vida e da inteligncia nascem s individualidades. (LE, 144)
LIMITE DA ENCARNAO
Kardec questiona, (LE, 168) a respeito do nmero de reencarnaes necessrias para o nosso desenvolvimento
moral e o Espritos Superiores respondem o seguinte: a cada reencarnao so dados passos no caminho do
progresso. Quando j no apresentamos mais imperfeies ou impurezas, no mais precisamos das provas da
vida terrena. No existe propriamente dito limite para a encarnao, sero quantas forem necessrias e permiti-
das pela misericrdia divina, a fim de haver a depurao da materialidade, a medida que o Esprito possa atingir
a perfeio.
Evidentemente o numero de encarnaes vai depender tambm da individualidade de cada Esprito. (ESE cap. IV
Item 24)
Faz-se mister conceituar a individualidade do Esprito, caracterizada sob trs aspectos:
1. GRAU EVOLUTIVO - em que ponto cada qual se situa na escala ascendente evolutiva;
2. TENDENCIAS INATAS - cada um viveu uma historia nica, somatria de experincias pessoais;
3. AS TAREFAS - cada Esprito traz consigo um propsito especfico, familiar, profissional e pessoal. Como ESPRI-
TO IMORTAL todos tem um papel a exercer perante o Universo.
JUSTICA DA REENCARNAO
O principio da reencarnao no privilgio exclusivo da Doutrina Esprita, ele consiste em admitir e comprovar
as existncias das vidas sucessivas, pois, do contrario, seria negar um dos atributos de Deus, que SOBERANA-
MENTE BOM E JUSTO.
Por meio da justia da reencarnao, adquirem-se os meios para alcanar o pice da evoluo, por se proporcio-
nar a cada um a oportunidade de realizar, em novas existncias, o que no conseguiram fazer ou acabar em uma
primeira prova.
O homem que tem conscincia de sua inferioridade encontra na doutrina da reencarnao uma consoladora
esperana (LE, 171)
A teoria de um Deus que castiga ou impe penas eternas caiu por terra com a vinda do Consolador Prometido
no dia 18 de abril de 1857. A esperana passou a brilhar sobre a Terra.
A ALMA
Alma o Esprito encarnado, sede da vida imortal, do qual o corpo fsico apenas o seu invlucro, um ser real,
definido e sua morada provisria. indivisvel. Somente o Esprito pensa, sente e transmite o movimento aos
rgos do corpo fsico animados pelo fluido vital. PERISPRITO - principio intermedirio, semi-material, que serve
de primeiro envoltrio ao Esprito. Une a alma ao corpo.
MATERIALISMO
O Espiritismo surge em poca na qual o materialismo imperava.
Os Espritos Superiores no LE ensinam: aqueles que se aprofundam mais em Cincias Naturais como os anato-
mistas, fisiologistas, geralmente so levados ao materialismo. Passam em crer em tudo o que vem, no admi-
tindo nada que possa ultrapassar o seu entendimento. Sua prpria cincia os toma presunosos. (LE, 147)
Segundo a definio do Dicionrio Espiritismo de A a Z acredita-se que o materialismo mais do que uma ex-
presso filosfica negativa, uma atitude mental em que se demora a atribuir as coisas da Terra uma importn-
cia acima da que lhes devida.
Pode-se distinguir os materialistas em duas classes:
Aqueles que pertencem classe da negao absoluta, racionalizada a seu modo. Entendem que tudo matria,
no existindo substancia imaterial. Para eles o homem uma simples mquina, funciona enquanto est monta-
da. Desarranja-se ou para de trabalhar aps a morte, somente restando a carcaa. Para eles a natureza espiritual
propriedade da matria.
A Segunda classe de materialistas mais numerosa do que a primeira, por representar o verdadeiro materialis-
mo, um sentimento antinatural. Compreendem os que agem com indiferena, por falta de algo melhor.
Existe neles uma vaga aspirao pelo futuro. Mas esse futuro foi apresentado a eles de uma forma que a razo
se recusa a aceitar. Como consequncia vem a duvida, a incredulidade.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos, questes 132 a 148, 166 a 171, 1010 e 1010-a;
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. IV itens 1 a 17 e 24 a 26 ;
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PERALVA, Martins - O Pensamento de Emmanuel - item 11;


FRANCO, Divaldo - Joanna DAngelis - Estudos Espritas - item 5;

Parte B - NINGUM PODE VER O REINO DE DEUS, SE NO NASCER DE NOVO


O Divino Mestre, com essa mxima, comprova a sua crena na reencarnao. Em varias passagens dos seus en-
sinamentos redentores, encontram-se relatos sobre esse tema.
Jesus interroga seus discpulos:
- Que dizem os homens sobre quem sou? Eles respondem: uns dizem que sois Joo Batista; outros, Elias, outros
Jeremias ou alguns dos profetas.
Jesus lhes disse:
- E vos, quem dizeis que sou? Simo Pedro, tomando a palavra, lhe disse: VS SIS O CRISTO, O FILHO DO DEUS
VIVO. E Jesus lhe responde: sois bem-aventurado, Simo, filho de Jonas, pois no nem a carne nem o sangue
que vos revelou isto, mas meu Pai que est nos Cus. (Mateus,16:13-17; Marcos 8: 27-30)
Tem-se a belssima passagem, na qual aps a transfigurao seus discpulos lhe interrogavam dizendo: por que
dizem os escribas que necessrio que antes volte Elias?
Jesus lhes respondeu: De fato, Elias h de vir e restabelecer todas as coisas; mas,eu vos declaro que Elias j veio,
no o conheceram e o trataram como lhes aprouve. E assim que eles faro sofrer o Filho do Homem. Ento seus
discpulos compreenderam que fora de Joo Batista que Ele falara (Mateus 17: 10- 13; Marcos 9: 11-13)
O pensamento de que Joo Batista era Elias e de que os profetas poderiam reviver sobre a Terra segundo suas
crenas encontra-se mais especificamente em trs relatos aqui descritos. Se Jesus considerasse a crena da re-
encarnao um erro no deixaria de combat-la. Por conseguinte, fica evidente a concluso: o corpo de Joo
no poderia ser de Elias, Joo tinha sido criana, conhecia-se seus pais (Zacarias e Isabel prima de Maria de Na-
zar). O profeta Elias reencarnou, porm no ressuscitou.
A passagem do Cego de Nascena: E passando Jesus, viu um homem cego de nascena. E seus discpulos lhe
perguntaram: Rabi quem pecou este que ali est ou seus pais, para que nascesse cego?
Jesus lhes respondeu: No foram os seus pais, pois filho no herda culpa dos pais e nem ele, mas o Esprito que
nele habita (Joo 9: 1-2)
Tem-se o relato mais conhecido, o O Colquio de Jesus e Nicodemos.
Havia um homem dentre os Fariseus, por nome Nicodemos, senador dos Judeus. Este, uma noite, veio encon-
trar Jesus e lhe disse:
- Mestre, sabemos que s mestre, vindo da parte de Deus, porque ningum pode fazer estes milagres, que tu
fazes, se Deus no estiver com ele.
Jesus respondeu e lhe disse:
- Em Verdade, em Verdade vos digo que ningum poder ver o Reino de Deus seno nascer de novo.
Nicodemos lhe disse:
- Como pode nascer um homem que j Velho? Porventura pode entrar no Ventre de sua me e nascer outra
vez?
Respondeu-lhe Jesus:
- Em Verdade, em Verdade vos digo que quem no renasce da gua e do Esprito no pode entrar no Reino de
Deus. O que nascido da carne carne e o que nascido do Esprito Esprito. No se maravilhes de eu Vos
disser que necessrio nascer de novo. O Esprito sopra aonde quer, e tu ouves a sua Voz, mas no sabes de
onde ele vem, nem para aonde vai. Assim todo aquele que nascido do Esprito.
Perguntou Nicodemos:
- Como se pode fazer isto?
Respondeu Jesus:
- Tu s mestre em Israel, e no sabes estas coisas? Em Verdade, em Verdade vos digo que contamos somente o
que sabemos e damos testemunho do que vimos; e tu, com tudo isso, no recebes o nosso testemunho. Se
quando eu tenho falado das coisas terrenas, ainda, assim no me crs, como crerias, se eu falasse das celesti-
ais! (Joo 3:1 a 2)
Para compreender o sentido dessas palavras igualmente necessrio se ater ao significado da palavra gua que
no foi empregada na acepo que lhe prpria. Naquela poca, os antigos tinham conhecimentos muito im-
10 Aula - PLURALIDADE DAS EXISTENCIAS - RETORNO A VIDA CORPORAL 31

perfeitos sobre as cincias fsicas; acreditavam que a Terra havia sado da gua. Por essa razo olhavam gua
como elemento absoluto.
Segundo essa crena, a gua tornou-se o smbolo da Natureza material, assim como o Esprito o da Natureza
inteligente.
Se o homem no renascer da gua e do Esprito ou na gua e no Esprito, ou seja, Se o homem no renascer
com o corpo e a alma. Nesse sentido que foi compreendido o principio da pluralidade das existncias. (ESE, cap.
IV item 8)
O Divino Mestre indica o renascimento na matria como condio primordial para a aquisio dos bens impere-
cveis, para a impresso no Esprito dos Valores morais, que auxiliam o seu progresso ao reencarnar-se.
Entretanto, h conhecimento, embora uma minoria, de doutrinas anti-reencarnacionistas. Excluem a preexistn-
cia da alma, sendo ela criada ao mesmo tempo em que os corpos. No existe, assim, entre as almas nenhuma
ligao, so estranhas umas a outras. Fica assim a unio das famlias reduzida apenas a filiao corporal.
Sem o princpio da reencarnao, no seria possvel os Espritos formarem no espao, grupos, famlias unidas
pela afeio, pela simpatia e pela similitude de inclinaes. Se esto encarnados outros no, continuam unidos
pelo pensamento.
A verdadeira afeio a espiritual, de alma para alma. E a nica que sobrevive a destruio do corpo material.
Os laos familiares so fortalecidos pelas Vidas sucessivas, caminhando juntos para a sublimao espiritual.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. IV itens 1 a 3 e XIV;
Novo Testamento: Mateus XVI:13-17, XVII: 10-13 - Marcos VI:14-15, XVIII: 10-20 e Lucas IX:7-9
KARDEC, Allan -A Gnese - Cap. IX, itens 33 e 34.
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos, questes 203 a 217 e questes 773 a 775;

10 Aula - PLURALIDADE DAS EXISTENCIAS - RETORNO A VIDA CORPORAL


Parte A - PRELDIO DO RETORNO - UNIO DA ALMA AO CORPO - IDIAS INATAS ENCARNA-
ES NOS DIFERENTES MUNDOS
Sabemos que o princpio da reencarnao no novo, ele sabido desde a mais alta antiguidade. Os fatos esp-
ritas, sendo uma lei da Natureza so de todos os tempos.
Equivocadamente, os antigos (filsofos indianos e egpcios) admitiam a reencarnao de Espritos humanos re-
tornando aos corpos de animais, ou seja, o fenmeno da Metempsicose, pensamento posteriormente corrobo-
rado pelo filsofo grego, Pitgoras.
A Doutrina Esprita, atravs dos Espritos, rejeita de maneira mais absoluta esse pensamento, considerando que
entre outros fatos, isso seria retroceder, e o Esprito no retrocede. A reencarnao ensinada pelos Espritos est
fundada sobre a marcha ascensional da natureza e a progresso do homem em sua prpria espcie.
Os Espritos aos nos trazerem esclarecimentos sobre a pluralidade das existncias corporais, renovam e eluci-
dam uma doutrina existente desde as primeiras idades do mundo e que permanece ate nossos dias no pensa-
mento inato de muitas pessoas.
Os Espritos da Codificao nos mostram a reencarnao de forma racional em consonncia com as leis progres-
sistas da natureza, e mais prxima da sabedoria do Criador, portanto, sem supersties.
Aqueles que rejeitam a pluralidade das existncias, como explicam as diferentes aptides existentes em cada
criatura humana? Responderiam, talvez, que se as almas so desiguais, porque Deus as fez assim. Ento, por
que essa superioridade inata concedida a alguns?
Essa parcialidade, esse favorecimento estar de acordo com a justia e com o amor de Deus dedica a todas as
criaturas?
Joana de Angelis nos fala no livro Estudos Espritas: ...A reencarnao a mais excelente demonstrao da
Justia Divina, em relao aos infratores das Leis, na trajetria humana, facultando-lhes a oportunidade de res-
sarcirem numa os erros cometidos nas existncias transatas.
Preldio do Retorno
Nas perguntas 330 a 343, de LE, encontramos os esclarecimentos que nos levam a ter uma viso sobre o preparo
dos Espritos para a reencarnao, constando as diferentes situaes dos Espritos na erraticidade com relao
ao retorno a vida corporal:
Uns pressentem que o momento de reencarnar se aproxima, porm no sabe quando isso ocorrer.
Outros permanecem alheios necessidade da reencarnao, e nem a compreendem.
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Alguns podem antecipar sua volta ao corpo fsico, solicitando-a em suas preces; pode tambm retard-la, so-
frendo assim, as consequncias do seu ato.
Mesmo quando felizes em uma condio mediana na Espiritualidade, nela no podem permanecer indefinida-
mente, pela necessidade de progresso.
De acordo com as experincias pelas quais o Esprito deva passar, designado para ele corpo condizente. Pode-
r, tambm, pedir um corpo com imperfeies que o ajudar no seu adiantamento, mas nem sempre dele essa
escolha. Contudo, poder recusar o corpo escolhido por ele, mas por isso, ter que sofrer mais do que aquele
que no tentou nenhuma prova. (LE, 335a) H casos em que a unio do Esprito a determinado corpo, poder ser
imposto por Deus.
O instante da reencarnao um momento solene para o Esprito, que em sua perturbao natural, sabe que vai
voltar a este mundo, mas no sabe se ser vencedor em suas provas.
O preldio da reencarnao uma espcie de agonia para o Esprito.
No momento da reencarnao, dependendo da esfera que o Esprito habite, seus afetos o acompanharo, enco-
rajando-o, e muitas vezes, at o seguem durante a sua vida corprea.
A unio da Alma ao corpo
Na fecundao o ovulo considerado um elemento passivo, pois fica parado, o espermatozide que vai ate o
vulo utilizando o movimento de seu flagelo para se movimentar. Quando o espermatozide entra no vulo,
forma-se o zigoto que a pea principal para a formao orgnica do novo organismo, pois seu corpo se formar
a partir do zigoto.
Em que momento a alma se une ao corpo?
- A unio comea na concepo, mas no se completa seno no momento do nascimento. Desde o momento da
concepo, o Esprito designado para tomar determinado corpo a ele se liga por um lao fludico, que se vai en-
curtando cada vez mais, at o instante em que a criana vem luz; o grito que ento se escapa de seus lbios
anuncia que a criana entrou para o nmero dos vivos e dos servos de Deus. (LE, 344)
O momento da concepo aquele quando o espermatozide (clula sexual masculina), aps avanar em corri-
da frentica, encontra o vulo (clula sexual feminina) e ao penetr-lo, funde seus ncleos. Aps esse fenme-
no, comea-se a diviso celular e o Esprito reencarnante inicia a sua ligao fludica, molcula a molcula.
Uma vez ligado ao corpo, o Esprito nunca ser substitudo por outro naquele corpo. O que pode acontecer
uma renncia do esprito ao corpo, por sua fragilidade em enfrentar a prova iminente. Nesse caso, a criana no
vinga.
Se o corpo escolhido por um Esprito morrer antes do nascimento, esse Esprito escolher outro, mas nem sem-
pre de maneira imediata; o Esprito tem seu tempo para escolha.
Normalmente essas mortes ocorrem por fragilidade da matria. Esses casos de mortes, que podemos chamar
como prematuras ocorrem mais como provas para os pais do que para o Esprito propriamente dito.
Uma vez da unio ao corpo da criana, como homem, o Esprito pode sentir-se infeliz pela escolha e desejar
ter outra vida. Porm, o fator escolha no considerado no momento, porque o Esprito no se lembra da esco-
lha, mas pode recorrer ao suicdio, se achar a carga pesada demais.
No intervalo entre a concepo e o nascimento o Esprito no goza de todas as suas faculdades numa totalidade,
pois ele ainda no est encarnado, apenas ligado ao corpo. A partir do instante da concepo, o Esprito toma-
do de perturbao, que o adverte de que lhe soou o momento de comear nova existncia corprea. Essa per-
turbao cresce de continuo at ao nascimento. Nesse intervalo, seu estado quase idntico ao de um Esprito
encarnado durante o sono.
medida que, a hora do nascimento se aproxima, suas idias se apagam, assim como a lembrana do passado,
se apaga desde que entra na vida.
Essa lembrana, porm, lhe volta pouco a pouco, ao retomar ao estado de Esprito. Esse estado de perturbao
maior no nascimento do que no desencarne.
Ao nascer o Esprito no recobra imediatamente a plenitude das suas faculdades. Elas se desenvolvem gradual-
mente com os rgos. O Esprito se acha numa existncia nova; preciso que aprenda a servir-se dos instrumen-
tos de que dispe. As idias lhe voltam pouco a pouco, como a uma pessoa que desperta e se v em situao
diversa da que ocupava na vspera.
10 Aula - PLURALIDADE DAS EXISTENCIAS - RETORNO A VIDA CORPORAL 33

O feto em si, no tem uma alma uma vez que a encarnao est para ocorrer, mas ele est ligado a ela. A vida
intrauterina como uma planta que vegeta.
O aborto pode dar consequncias graves tanto para o Esprito como para os pais. considerado crime em qual-
quer poca da gestao, perante aos olhos de Deus.
O aborto causa a interrupo de uma programao espiritual e faz com que o Esprito no se sinta amado e no
entenda o que est acontecendo ou, por que ele foi rejeitado.
No caso de risco de vida da me, prefervel que a criana seja sacrificada, uma vez que a me j est encarna-
da. Esse feto deve ser tratado com todo respeito que qualquer encarnado o teria aps desencarne. Em tudo tem
a mo de Deus, e necessrio respeitarmos suas obras.
Quando uma criana, j no ventre da me, no tem possibilidades de viver a funo dela, como prova para os
pais. Existem tambm, o que poderamos chamar, ou o que chamamos de crianas nati-mortas, essas crianas
jamais tiveram um Esprito designado ao seu corpo. Pode chegar ao tempo normal do nascimento, mas no efe-
tiva a vida. Toda criana que sobrevive, tem necessariamente um Esprito encarnado.
Resumindo desde o incio da vida, que se d no momento da concepo, a responsabilidade grande, pois j
temos um Esprito destinado a esse ser que se aproxima de nos atravs de um filho, e tem sua misso.
Idias Inatas
As idias inatas so o resultado dos conhecimentos adquiridos nas existncias anteriores, so idias que se con-
servam no estado de intuio, para servirem de base a aquisio de outras novas.
Encontramos uma srie de casos de pessoas que nasceram em condies precrias e, no entanto, conquistaram
destaques na cincia, na poltica, nas artes e em outros ramos do conhecimento humano.
Observamos tambm a existncia de crianas precoces que, desde pequeninas, conseguem tocar instrumentos
musicais, fazem clculos com preciso, ou possuem conhecimentos que so compatveis aos de um adulto.
Diante disso, questionamos:
Como se do tais fatos, se no buscarmos a resposta na reencarnao?
S atravs dela que sentimos a Justia do Criador, dando a todos a oportunidade de conquista da elevao
espiritual.
Como Esprito encontra-se em constante evoluo, acumula de encarnao em encarnao conhecimentos,
habilidades e ao reencarnar num novo corpo mantm, de forma inata, o que conquistou em existncias anterio-
res.
Na reencarnao h um esquecimento de nossa personalidade do passado, no nos permitindo saber, salvo em
condies excepcionais, quem fomos ontem.
Os nossos conhecimentos adquiridos ficam adormecidos, porm no de maneira absoluta, porque seno a cada
reencarnao teramos que comear todo o aprendizado. Ocorre, tambm, que numa existncia desenvolvemos
mais nosso potencial intelectual e em outra mais o lado moral.
A cada nova existncia o Esprito tem como ponto de partida o que aprendeu na vida anterior, acrescido certa-
mente do que desenvolveu quando se encontrava no Plano Espiritual. Nada do que aprendemos se perde, tudo
fica arquivado em nos; s vamos acumulando conhecimentos.
Encarnaes nos Diferentes Mundos
Encontramos na questo 132 do LE que o objetivo da encarnao que cheguemos perfeio.
Assim observamos que vivemos num mundo onde se encontram encarnados Espritos dos mais diferentes graus,
tanto intelectuais quanto moral. Este mundo, como sabemos, um mundo de provas e expiaes, onde a dor
supera a felicidade; o mal supera o bem e que para conquistarmos a perfeio a que estamos destinados, po-
demos entender que necessitamos de muitas encarnaes que sero neste orbe, como em outros, de acordo
com nossa condio intelecto-moral.
E por estar em constante evoluo, o Esprito jamais retrograda, porm pode acontecer que no consiga acom-
panhar a evoluo de um determinado orbe para reencarnar novamente nele, dessa forma ter, para seu pr-
prio benefcio, a oportunidade de encarnar numa nova morada. Exemplificando: sabemos que a Terra s evolui-
r para um planeta de regenerao, quando a sua destinao assim indicar e que ento os Espritos que nela
reencarnarem tero atingido um grau mais elevado de inteligncia e amor. Assim sendo, os Espritos que no
conseguirem esta evoluo, aqui certamente no reencarnaro.
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Poder tambm acontecer que um Esprito j voltado para bem, pea para encarnar em um planeta mais inferior
a sua evoluo como misso, para levar seus conhecimentos intelectuais e (ou) morais.
No LE, questes 180 a 183, temos:
Ao passar de um planeta para outro, o Esprito conservar a sua inteligncia e todas as aquisies que obteve,
porm pode no ter condies de manifest-las, dependendo do corpo que escolher.
O estado fsico e moral dos seres vivos no so sempre os mesmos em cada mundo, porque os mundos tambm
esto determinados lei do progresso e todos se iniciaram da mesma forma que a Terra.
H mundos onde o Esprito deixa de revestir corpos materiais, e tem por envoltrio o perisprito, que to et-
reo que para nos como se no existisse. O perisprito modifica-se quando o Esprito encarna em outro mundo,
ou seja, ele se reveste na matria prpria desse mundo.
Portanto, Nossas diferentes existncias corporais no se passam s na Terra, mas nos diferentes mundos; a que
passamos neste globo no primeira, nem a ltima e uma das mais materiais e das mais distanciadas da per-
feio. (LE, 172)
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos, questes 172 a 178, 218 a 221-a, 222, 330 a 360.
FRANCO, Divaldo - Joanna DAngelis - Estudos Espritas - item 8.
EMMANUEL, Francisco Cndido Xavier- Palavras de Emmanuel- item 41.

Parte B - CAUSAS ANTERIORES DAS AFLIES


Mas se h males, nesta vida, de que o homem a prpria causa, h tambm outros que, pelo menos em apa-
rncia, so estranhos a sua vontade e parece golpe-los por fatalidade. Assim, por exemplo, a perda de entes
queridos e dos que sustentam a famlia. Assim tambm os acidentes que nenhuma previdncia pode evitar; os
reveses da fortuna, que frustram todas as medidas de prudncia; os flagelos naturais; e ainda as doenas de
nascena, sobretudo aquelas que tiram aos infelizes a possibilidade de ganhar a vida pelo trabalho; as deformi-
dades, a idiotia, e imbecilidade, etc. (ESE, cap. V, item 6).
Aflio, segundo o Dicionrio Houaiss:
1) estado daquele que est aflito
2) sentimento de persistente dor fsica ou moral; nsia, agonia, angstia
3) profundo sofrimento
Quando o sofrimento nos visita, devemos fazer a reflexo das suas causas, visando estabelecer se so atuais ou
anteriores a esta vida, mesmo tendo os esquecimentos do passado, fica-nos uma lembrana, uma intuio.
Que todos que so atingidos no corao pelas vicissitudes e decepes da vida, interroguem friamente sua
conscincia; que remontem progressivamente a fonte dos males que os afligem, e vero se, o mais frequente-
mente, no podem dizer: Se eu tivesse feito tal coisa eu no estaria em tal situao. (ESE, cap. V item 4)
Muitas vezes praticamos algum delito, mas conseguimos escapar das punies humanas por no haver provas
suficientes, ou porque certas faltas no so punveis nos cdigos penais, ou porque a crueldade e a ingratido
foram praticadas dentro do lar, no havendo denncia para gerar um processo. Mas diante da Lei de Deus, nada
passa sem resgate, desde a mais leve a mais grave das faltas; quem semeia, tem que colher.
Os sofrimentos produzidos por causas anteriores so sempre como os decorrentes de causas atuais, uma conse-
quncia natural da prpria falta cometida. Quer dizer que, em virtude de uma rigorosa justia distributiva, o ho-
mem sofre aquilo que fez os outros sofrerem. Se ele foi duro e desumano, poder ser por sua vez, tratado com
dureza e desumanidade; se foi orgulhoso, poder nascer numa condio humilhante; se foi avarento, ou se em-
pregou mal a sua fortuna, poder ver-se privado do necessrio; se foi mau filho, poder sofrer com os prprios
filhos e assim por diante. (ESE, cap. V item 7)
No podemos esquecer que nem todos os sofrimentos pelos quais passamos, so consequncias de faltas come-
tidas; pode tratar-se de provas escolhidas por ns quando do nosso planejamento reencarnatrio, visando aca-
bar nossa purificao e acelerar nosso adiantamento. Disso podemos dizer que toda expiao serve como prova,
mas nem toda prova uma expiao. Como diz Kardec no ESE, cap. V item 9:
Mas provas e expiaes so sempre sinais de uma inferioridade relativa, pois aquele que perfeito no precisa
de ser provado. Um Esprito pode, portanto, ter conquistado um certo grau de elevao, mas querendo avanar
11. Aula - RETORNO A VIDA CORPORAL - I 35

mais, solicita uma misso, uma tarefa, pela qual ser tanto mais recompensado, se sair vitorioso, quanto mais
penosa tiver sido a luta.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. V itens 6 a 10.

11. Aula - RETORNO A VIDA CORPORAL - I


Parte A - FACULDADES MORAIS E INTELECTUAIS, INFLUNCIA DO ORGANISMO, IDIOTISMO,
LOUCURA E SUICDIO.
Faculdades Morais e Intelectuais
As qualidades morais da criatura humana sejam boas ou, ms, pertencem ao Esprito que est encarnado nela;
se for um Esprito bom, suas qualidades so boas, ou seja, quanto mais elevado for, mais o homem est propen-
so ao bem. Se o Esprito for um ser ainda imperfeito, logicamente sua moral est aqum do bem.
Resumindo, podemos dizer que o homem bom a encarnao de um bom Esprito e o homem ainda vicioso,
ainda propenso ao mal, a encarnao de um Esprito ainda imperfeito. Devemos classificar como imperfeito,
para no dar a conotao de eternamente mau, pois poderamos entender que Deus injusto.
Como Espritos, somos perfectveis, ou seja, cedo ou tarde vamos caminhar para a perfeio.
O homem que age irrefletidamente ou faz as coisas sem ter muito cuidado ou o que imprudente, leviano, in-
consequente, brincalho, travesso ou folgazo ou s vezes at malfazejo, a encarnao de um Esprito brejeiro
ou leviano.
Devido que o corpo humano no poder ser usado por dois Espritos diferentes, as qualidades morais e intelectu-
ais pertencem ao Esprito que ali est reencarnado, dependendo do grau de elevao que tenha atingido.
H homens inteligentes, que por essa qualidade revelam um Esprito superior ali reencarnado, so s vezes e ao
mesmo tempo muito viciosos, porque o Esprito no bastante puro e por isso sofre influncias de outros
Espritos, encarnados ou no, que so mais inferiores. A evoluo do ser humano no se realiza ao mesmo tem-
po em todos os sentidos; num tempo ele evolui intelectualmente e em outro na moralidade, mas o progresso
sempre ascendente; so as oportunidades que Deus nos d atravs das mltiplas reencarnaes.
Sobre as diversas faculdades intelectuais e morais do homem, se seriam produtos de tantos outros Espritos,
Kardec na questo 365, do LE, nos elucida:
... As diversas faculdades so manifestaes de uma mesma causa que alma, ou do Esprito encarnado, e no
de muitas almas, como as diferentes sons do rgo so produtos de uma mesma espcie de ar e no de tantas
espcies de ar quantos forem os sons. Desse sistema resultaria que, quando o homem perde ou adquire certas
aptides, certas tendncias, isso significa que tantos Espritos o possuram ou deixaram, o que o tornaria um ser
mltiplo, sem individualidade, e consequentemente sem responsabilidade. Isto do mais contraditado pelos to
numerosos exemplos de manifestaes que os Espritos provam sua personalidade e sua identidade".
Influncia do Organismo
Na questo 367, do LE, Kardec pergunta se "o Esprito, ao se unir ao corpo, identifica-se com a matria? Teve
como resposta:
A matria no mais que o envoltrio do Esprito, como a roupa e o envoltrio do corpo. O Esprito, ao se unir
ao corpo, conserva os atributos da natureza espiritual.
Todas as faculdades, todas as qualidades, todas as sensaes pertencem ao Esprito e no ao corpo material.
Para que o Esprito encarnado possa exercer com toda liberdade as suas faculdades, h necessidade que o corpo
material, ou seja, a ferramenta que ele tem para se manifestar, no esteja defeituosa; caso contrrio, se toma
um obstculo.
O organismo, em certas circunstncias, impede o Esprito de se mostrar, mas esse, com o tempo, vai dominando
todos os rgos do prprio corpo, e se mostra com todas as faculdades.
Kardec faz uma analogia do corpo defeituoso sobre o Esprito, como a da gua lodosa que tira a liberdade de
movimento do corpo nela mergulhado.
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Sobre a influncia dos rgos materiais para o desenvolvimento das faculdades da alma, Kardec nos traz os se-
guintes ensinamentos:
- Encarnado, traz o Esprito certas predisposies e, se se admitir que a cada uma corresponda no crebro um
rgo, o desenvolvimento desses rgos ser efeito e no causa. Se nos rgos estivesse o princpio das faculda-
des, o homem seria mquina sem livre-arbtrio e sem a responsabilidade de seus atos. Foroso ento fora admi-
tir-se que os maiores gnios, os sbios, os poetas, os artistas, s o so porque o acaso lhes deu rgos especiais,
donde se seguiria que, sem esses rgos, no teriam sido gnios e que, assim, o maior dos imbecis houvera podi-
do ser um Newton, um Virglio, ou um Rafael, desde que de certos rgos se achassem providos. Ainda mais ab-
surda se mostra semelhante hiptese, se a aplicarmos as qualidades morais. Efetivamente, Segundo esse siste-
ma, um Vicente de Paulo, se a Natureza o dotara de tal ou tal rgo, teria podido ser um celerado e o maior dos
celerados no precisaria seno de um certo rgo para ser um Vicente de Paulo. Admita-se, ao contrrio, que os
rgos especiais, dado existam so consequentes, que se desenvolvem por efeito do exerccio da faculdade, co-
mo os msculos por efeito do movimento, e a nenhuma concluso irracional se chegara. Sirvamo-nos de uma
comparao trivial fora de ser verdadeira. Por alguns sinais fisionmicos se reconhece que um homem tem o
vcio da embriaguez. Sero esses sinais que fazem dele um brio, ou ser a ebriedade que nele imprime aqueles
sinais? Pode dizer-se que os rgos recebem o cunho das faculdades. (LE, 370 a)
Idiotismo
Idiotia, segundo o Dicionrio Houaiss: doena infantil de origem gentica, caracterizada por retardo mental gra-
ve, perda progressiva da viso, paralisia e morte, observada em filhos de casamentos consanguneos.
No podemos afirmar que um Esprito que encarna com a prova ou expiao do idiotismo, um Esprito igno-
rante. O que se pode dizer que ele fez mau uso das suas faculdades em outras existncias, e nesta, como creti-
no, repara suas dvidas.
Um idiota pode ser um Esprito dotado de grande capacidade intelectual, mas que no soube usar seu saber
para o bem, influenciou muita gente nos caminhos do mal.
O Esprito sofre, pois pela deficincia do instrumento fsico, no pode se manifestar adequadamente. O erro
atrofia as faculdades espirituais da alma, em se prendendo aos defeitos do corpo. Se as roupas que nos agasalha
precisam ser lavadas, quanto mais as vestes do Esprito, e elas se lavam pela evoluo espiritual, pela prtica do
bem, pelo amor ao prximo.
Se queremos nos livrar do idiotismo em uma ou mais das nossas existncias fsicas, que comecemos a nos de-
fender agora dessa situao constrangedora. Usemos nossa inteligncia para no deturpar a verdade, nem para
combat-la.
O Esprito exerce influncia sobre os rgos fsicos, isso uma verdade incontestvel, mas ser que esses rgos
tambm no exercem influncia sobre as faculdades do Esprito?
Os amigos espirituais responderam que essas influncias so grandes, mas o corpo no produz as faculdades,
que so atributos do Esprito. (LE, 372a)
Em complementao, Kardec nos orienta: Importa se distinga o estado normal do estado patolgico. No primei-
ro, o moral vence os obstculos que a matria lhe ope. H, porm, casos em que a matria oferece tal resistn-
cia que as manifestaes anmicas ficam obstadas ou desnaturadas, como nos de idiotismo e de loucura. So
casos patolgicos e, no gozando nesse estado a alma de toda a sua liberdade, a prpria lei humana a isenta da
responsabilidade de seus atos.
muito comum que o idiota quando no estado de Esprito, tenha conscincia que seu estado mental, conse-
quncia de uma prova ou expiao.
Loucura: Transtorno Mental
Loucura, segundo o Dicionrio Houaiss: distrbio, alterao mental caracterizada pelo afastamento mais ou me-
nos prolongado do individuo de seus mtodos habituais de pensar, sentir e agir; sentimento ou sensao que
foge ao controle da razo; ato ou fala extravagante, que parece desarrazoado; atitude, comportamento que
denota falta de senso, de juzo, de discernimento; atitude imprudente, insensata.
A loucura uma distoro da fora mental em uma ou inmeras reencarnaes. Ela no tem o poder de dese-
quilibrar o Esprito, que todo harmonia, por ter sado de Deus, mas, causa-lhe impresses, como que condicio-
namento das idias que o prprio Esprito frmula.
11. Aula - RETORNO A VIDA CORPORAL - I 37

O Esprito ao receber um corpo, se esse traz alguma deficincia, sofre dificuldades, de modo que suas faculdades
sejam reduzidas ou mesmo paralisadas. Ele no perde os conhecimentos anteriores adquiridos, que so imper-
turbveis na sua moradia de origem.
A loucura um estado patolgico deficiente; os problemas cerebrais no podem dar ao Esprito condies nor-
mais para se manifestar adequadamente. O LE nos diz que, em muitos casos, o Esprito livre mantm-se louco
por causa da sequncia de idias desorganizadas que repetiu durante a existncia toda, ou seja, atos repetitivos.
Em todas as manifestaes dessas doenas o corpo o que est desorganizado, mas, no podemos esquecer
que esse corpo tem certa influncia na mente viva da alma, impressionando-a a ponto de mostrar enfermidades
imaginarias.
Como ningum foi criado louco, ela uma provao dolorosa, portanto so consequncias de aes negativas
de um passado.
A loucura pode provocar o suicdio, quando o Esprito no suporta o sofrimento por no poder se manifestar
livremente e a nica maneira de acabar com isso procurar a monte do corpo fsico e assim, voltar condio
de Esprito livre.
Suicdio:
Na questo 944, do LE: O homem tem o direito de dispor da sua prpria vida?
R) No; somente Deus tem esse direito. O suicdio voluntrio uma transgresso dessa lei.
Nem sempre o suicdio voluntrio, porque o louco no tem conscincia do que faz.
Martins Peralva, em Pensamento de Emmanuel, cap. 35, nos que a principais motivaes para esse ato extre-
mo, pode ser:
a) Falta de f;
b) Orgulho ferido;
c) Esgotamento nervoso;
d) Loucura;
e) Tdio da vida;
f) Molstias consideradas incurveis;
g) Induo de terceiros, encarnados ou desencarnados.
Kardec, no cap. V de O ESE fala tambm da embriaguez, como causa inconsciente do suicdio e ainda das idias
materialista, ou seja, que no acredita que a vida continua aps a morte do corpo fsico.
Aquelas pessoas que recorrerem ao suicdio para fugir das misrias e decepes do mundo, so Espritos covar-
des. Deus ajuda aos que sofrem e no aos que no tem fora ou coragem para enfrentarem as provas pelas
quais tm que passar.
Respondero por homicdio, todos aqueles, encarnados ou desencarnados, que foram responsveis por levarem
uma pessoa ao suicdio.
So tambm responsveis, tanto aquele que partiu para o ato extremo por causa do desespero, por falta do
necessrio para continuar vivendo, quanto queles que foram responsveis diretamente por isso ou que poderi-
am ajudar e no o fizeram.
Cada um responder proporcionalmente pelo ato praticado.
O homem que se suicida com o fim de impedir que a vergonha por uma ao m envolva sua famlia, Deus leva-
r em conta a sua inteno, atenuando a sua falta, mas de qualquer forma vai entrar na vida espiritual carregado
de suas iniquidades por ter-se privado de repar-las durante a sua vida. (LE, 949)
Quando ao suicdio para salvar outros ou ser til aos semelhantes, Kardec nos elucida no LE, 951:
- Todo sacrifcio feito custa da prpria felicidade um ato soberanamente meritrio aos olhos de Deus, porque
a prtica da lei de caridade. Ora, Sendo a vida o bem terreno a que o homem d maior valor aquele que a re-
nuncia pelo bem dos seus semelhantes no comete um atentado: um sacrifcio que ele realiza. Mas antes de o
realizar deve refletir se a sua vida no poder ser mais til que a sua morte.
No LE, 953: Quando uma pessoa v a sua frente uma morte inevitvel, e terrvel, culpada por abreviar de al-
guns instantes o seu sofrimento, por uma morte voluntaria? Os Espritos respondem:
- Sempre culpado de no esperar o termo fixado por Deus. Alis, haver certeza de que tenha chegado, mal-
grado as aparncias, e no se pode receber um socorro inesperado no derradeiro momento?
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

Podemos, dentro da codificao, no Cu e Inferno, segunda parte, item V ver relatos de vrios suicidas desen-
carnados, mostrando as mais diversas em que se encontram no mundo espiritual.
O suicdio, longe de ser a porta da salvao, o sombrio prtico de inimaginveis torturas.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos, Introduo ao Estudo da Doutrina Esprita, cap. XV - A Loucura e suas causas; Livro 2, Cap. VII,
questes 361 a 378;
KARDEC, Allan - A Gnese - cap. II, itens 27 e 28; cap. XI, itens 13 e 14;
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V itens 14 a 17;
KARDEC, Allan - O Que Espiritismo - tpico: Loucura, suicdio e obsesso; cap. II, questo 135;
KARDEC, Allan - Obras Pstumas - As cinco alternativas da Humanidade - pargrafo 5, item 7;
Bibliografia Complementar:
PERALVA, Martins - O Pensamento de Emmanuel - item 35;

Parte B - O JUGO LEVE


Conceito de jugo
Pea de madeira assentada sobre a cabea dos bois para atrel-los a uma carroa ou arado; canga. Sujeio im-
posta pela forca ou autoridade; opresso. (Dicionrio Houaiss)
A palavra jugo significa submisso, domnio, opresso. Os judeus, na poca de Jesus, estavam sob o jugo roma-
no. O Mestre, no entanto, convidou-nos a aceitar o seu jugo, acrescentando que ele era suave, o que, a primeira
vista, parece uma contradio, tanto mais se lembrarmos de que as diretrizes religiosas conclamando ao cum-
primento dos deveres, ao equilbrio e a renncia, sempre foram consideradas austeras, difceis de serem segui-
das.
Mateus, no cap. II: 28 a 30 do seu Evangelho, narra o jugo leve da seguinte forma: Vinde a mim, todos vs
que sofreis e que estais sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vs e aprendei de mim que
sou brando e humilde de corao, e encontrareis o repouso de vossas almas, porque meu jugo suave e meu
fardo leve.
O jugo, por um motivo perfeitamente evidente, smbolo de servido, de opresso, de constrangimento. A pas-
sagem dos vencidos sob o jugo romano suficientemente explicita. O jugo simboliza a disciplina de duas manei-
ras: ou ela sofrida de modo humilhante, ou a disciplina escolhida voluntariamente e conduz ao domnio de si,
a unidade interior a unio com Deus.
Todos os sofrimentos: misrias, decepes, dores fsicas, perda de seres amados, encontram consolao em a f
no futuro, na confiana na justia de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Sobre aquele que, ao contrrio,
nada espera aps esta vida, ou que simplesmente duvida, as aflies caem com todo o seu peso e nenhuma es-
perana lhe mitiga o amargor. Foi isso que levou Jesus a dizer: Vinde a mim todos vos que estais fatigados, que
eu vos aliviarei. Entretanto, faz depender de uma condio a sua assistncia e a felicidade que promete aos
aflitos. Essa condio est na lei por ele ensinada. Seu jugo a observncia dessa lei; mas, esse jugo leve e a lei
suave, pois que apenas impe, como dever, o amor e a caridade. (ESE, cap. 6, item 2)
Nessa passagem evanglica, Jesus por ser brando e humilde de corao, nos convida a irmos at Ele. Ir at Jesus
significa no apenas comparecer a um centro esprita, a uma igreja, templos ou qualquer outro local religioso,
pois apenas a presena fsica de nada vale, ou seja, nada significa para nossa evoluo. Devemos estar em Espri-
to, com o corao aberto para que possamos receber aquilo que precisamos e merecemos e no esperar obter
milagres.
Muitos apenas querem receber, sem nada fazerem por merecer e, assim como entraram vazios, saem vazios,
porque no aproveitaram aqueles momentos de ensinamentos do Evangelho, para refletirem sobre a vida, o que
est fazendo dela, o porqu da sua famlia desagregada, o porqu dos sofrimentos, o porqu de seu orgulho, e
de seu egosmo, e descobrirem que fundamental para a sade espiritual, portanto, precisamos aprender tam-
bm a ser manso e humilde. Para que possamos receber o alvio que Jesus nos promete, necessrio o aprendi-
zado da lei de Deus, porque o jugo suave e o fardo leve.
Jesus conhecia perfeitamente as nossas dificuldades, afirmando, inclusive, que no viera chamar os justos, isto
, aqueles j identificados com o bem, mas os pecadores, ou seja, a imensa maioria dominada, ainda, pelo ego-
smo e pela iluso (Mateus, 9: 12 e 13). Ele sabia, em consequncia, que os frutos de seu trabalho no surgiriam de
imediatos.
12 Aula - RETORNO A VIDA CORPORAL - II 39

Essa compreenso da natureza humana caracterizava tambm os primeiros seguidores da Boa Nova, que no
aguardavam ou exigiam demonstraes de grandeza espiritual de ningum, devendo o cristo identificar-se por
seu sincero e perseverante esforo de melhoria. Alis, lendo-se os textos evanglicos, particularmente as cartas
que Paulo dirigiu as diversas comunidades por ele fundadas, v-se que estas se compunham de pessoas ainda
falveis, pois em suas missivas o apstolo trata de desentendimentos, dvidas, quedas... Percebe-se, contudo,
que existia naqueles agrupamentos uma disposio autntica para a vivncia do Evangelho e por isso recorriam
ao Grande trabalhador rogando esclarecimento e orientao. Com o tempo, infelizmente, aquela atitude sensa-
ta e objetiva foi esquecida, adotando o Cristianismo uma viso dualista segundo a qual apenas os indivduos
excepcionalmente bons estariam bem espiritualmente, achando-se os demais em falncia moral, sob ameaa do
inferno aps a morte.
Diversos fatores contriburam para esta mudana, entre elas a pregao centrada no pecado e no na promoo
do bem, o retorno a concepo antiga de um Deus vingativo, e no o Pai mencionado por Jesus, e a perda do
contato com o mundo espiritual, atravs da mediunidade, banida dos ambientes cristos.
A Doutrina Esprita nos permite entender o convite do Mestre, tanto em seu significado quanto em sua aplica-
o, lembrando que a submisso ao egosmo caracterizada por conflitos, apego e ansiedade que, realmente,
representam pesado fardo a dificultar a nossa marcha, que se faz penosa e cheia de sobressaltos.
O jugo de Jesus suave por nos libertar desses prejuzos, conduzindo-nos, progressivamente, a vivncia do amor
e da caridade.
O Espiritismo retoma, assim, a tradio crist original, pois reconhece as nossas deficincias e nos recomenda
corrig-las, propondo a ao no bem como valioso recurso para essa realizao. Foi por isso que Allan Kardec
afirmou: Conhece-se o verdadeiro esprita pela sua transformao moral e pelos esforos que emprega para
domar as suas ms tendncias (ESE, cap. XVII, item 4)
BIBLIOGRAFIA:
1) Kardec, Allan, O Evangelho Segundo Espiritismo, Cap. VI, itens 1 e 2
2) Kardec, Allan, O Evangelho Segundo Espiritismo, Cap. XVII, item 4
3) Emmanuel (Esprito), Roteiro, psicografia de Francisco Cndido Xavier

12 Aula - RETORNO A VIDA CORPORAL - II


Parte A - DA INFNCIA - SIMPATIAS E ANTIPATIAS TERRENAS - ESQUECIMENTO DO PASSADO -
SEXO NOS ESPRITOS
DA INFNCIA:
Frequentemente, ocorre ser o Esprito que anima o corpo de uma criana, to desenvolvido, ou mais ainda, do
que o de um adulto, conforme o seu progresso anterior. Enquanto criana, os rgos da inteligncia estando
ainda em desenvolvimento, no lhe pem a disposio todas as faculdades de um adulto. A sua inteligncia
permanecer limitada, at que a idade amadurea e ele domine totalmente o novo organismo.
A perturbao que acompanha a encarnao no cessa de sbito com o nascimento e s se dissipa com o de-
senvolvimento dos rgos. (LE, 380).
Segundo Emmanuel no livro O Consolador, o Esprito no perodo infantil, at os sete anos, ainda se encontra
em fase de adaptao a nova existncia. Nessa idade, ainda no existe uma integrao perfeita entre ele e a
matria orgnica. Suas recordaes do plano espiritual so mais vivas, tomando-se mais susceptvel de renovar o
carter e estabelecer novo caminho na consolidao dos princpios de responsabilidade, se encontrar nos pais
legtimos representantes do colgio familiar.
Eis por que o lar to importante para a edificao do homem e por que to profunda a misso dos pais pe-
rante as leis divinas, pois ai que a criana deve receber as bases do sentimento e do carter. O estado infantil
uma necessidade do Esprito e corresponde aos desgnios da Previdncia, pois um tempo de repouso para o
Esprito (LE, 382). O objetivo da encarnao o aperfeioamento do Esprito e o estado de infncia toma-o acess-
vel s impresses que recebe; sua nova fase de vida vai fundamentar-se nos novos registros inseridos a partir de
ento.
Da os novos rumos limitados e dependentes deles e o aumento da probabilidade de sucesso na nova vida.
As sbias leis divinas colocam-no em um meio onde ele s haure o que til, o que convm junto daqueles que
esto incumbidos de educ-lo e talvez capacitados a lhe auxiliar o adiantamento. Aos pais e professores cumpre
ponderar seriamente sobre este aspecto, pois o Espiritismo abre um novo captulo na Psicologia Infantil e na
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Pedagogia, mostrando a importncia da educao da criana, no apenas para a vida em curso, mas tambm
para a sua perene e definitiva evoluo espiritual.
Os estabelecimentos de ensino propiciam instrues, mas somente a famlia consegue educar; a universidade
forma o cidado, mas somente o lar edifica o Esprito.
O primeiro sinal de vida da criana expresso pelo choro para excitar o interesse da me e provocar os cuidados
necessrios (LE, 348). Se a sua manifestao fosse em hosanas de alegria, as reaes seriam to diferentes que
poucos se inquietariam com as suas necessidades. Em tudo erige-se a sabedoria divina.
A mudana que se opera no carter das criaturas ao atingirem certa idade, particularmente a partir da adoles-
cncia, deve-se ao fato de o Esprito retomar paulatinamente a sua natureza e mostrar-se qual era em encarna-
o anterior.
O que o Esprito foi, ou ser, permanece oculto na inocncia da criana. Isso permite que, no caso de Espritos
antagnicos, receba todas as manifestaes de carinho e amor essenciais para que se lhe conceda a oportunida-
de adicional de redimir-se. Assim, no procederiam os pais, se ao invs da criana cheia de graa e ingenuidade,
se encontrassem sob os traos infantis um Esprito adulto, mostrando o seu verdadeiro carter e instinto.
A infncia tem ainda outra utilidade: os Espritos no ingressam na vida corprea seno para se aperfeioarem,
para se melhorarem; a debilidade dos primeiros anos os toma flexveis, acessveis aos conselhos da experincia e
daqueles que devem faz-los progredir. E ento que se pode reformar o seu carter e reprimir as suas ms ten-
dncias.
Esse o dever que Deus confiou aos pais, misso sagrada pela qual tero que responder. E assim que a infncia
no somente til, necessria, indispensvel, mas ainda a consequncia natural das leis que Deus estabeleceu e
que regem o Universo (LE, 385).
Simpatias e Antipatias Terrenas
Simpatia, segundo Dicionrio Houaiss, a afinidade moral, similitude no sentir e no pensar que aproxima duas
ou mais pessoas; relao que h entre pessoas que, tendo afinidades, se sentem espontaneamente atradas
entre si; impresso agradvel, disposio favorvel que se experimenta em relao a algum que pouco se co-
nhece; estado afetivo prximo ao amor; faculdade de compenetrar-se das idias ou sentimentos de outrem.
Antipatia averso espontnea, irracional, gratuita por (algum ou algo); malquerena, repulso; comporta-
mento que expressa essa averso.
Frequentemente, durante a romagem terrena, dois seres sentem-se naturalmente atrados um pelo outro, em
circunstncias aparentemente fortuitas; ou inversamente, a sensao que surge de antipatia e rejeio. Estes
personagens no se reconhecem, porm, esta primeira impresso resultante de encarnaes anteriores, cujas
experincias felizes ou desagradveis emergem da memria espiritual de cada um.
Nem sempre recomendvel que eles se reconheam; a recordao das existncias passadas teria inconvenien-
tes maiores do que pensais. Aps a morte eles se reconhecero e sabero em que tempo estiveram juntos (LE,
386a). Afora estas circunstancias, dois Espritos que tenham afinidades se procuram sem que necessariamente
se hajam conhecido em pocas remotas; fazem-no por identidade de objetivos e metas.
Alm de os encontros que se do entre certas pessoas no serem obra do acaso, mas sim o efeito de relaes
simpticas, h, entre os seres pensantes, ligaes que ainda no conheceis. O magnetismo a bssola desta
cincia, que mais tarde compreendereis melhor (LE, 388). Assim como a atrao de um ser para outro resulta da
simpatia, Espritos antipticos se reconhecem sem se falarem.
Dois Espritos no so necessariamente maus pela ausncia de simpatia, mas tambm pela falta de similitude do
modo de pensar. Tal acontece por no serem afins. medida que eles se elevam, as diferenas se anulam e a
antipatia desaparece. Um Esprito mal sente antipatia por aquele que possa julg-lo e desmascar-lo. Ao sentir
sua aproximao, j pela primeira vez percebe iminente desaprovao; reage ento sob a forma de uma repulsa
que se transforma facilmente em rancor, inveja e uma inspirao de fazer o mal.
O bom Esprito, por sua vez, pode afastar-se do mau porque sabe que no ser por ele entendido; porm, cons-
ciente de sua superioridade no alimenta rancor nem inveja; limita-se a evit-lo.
ESQUECIMENTO DO PASSADO:
O Esprito quando reencarna, esquece totalmente o seu passado; porm, muitas pessoas acreditam que a lem-
brana de vidas anteriores, no decorrer da vida presente, seria de grande benefcio. Mas, em cada reencarnao
12 Aula - RETORNO A VIDA CORPORAL - II 41

manifestam-se as tendncias decorrentes da natureza do Esprito, a orientar seu comportamento mais correto,
as boas inclinaes, indicam o progresso j realizado e as ms, as paixes a serem superadas.
Inmeras vezes, Espritos que foram acerbos inimigos numa determinada vida, renascem no seio de uma mesma
famlia, a fim de removerem as arestas e aprenderem a se amar; se relembrassem do passado, em muitos casos
essa reconciliao se tomaria extremamente difcil.
O homem nem pode nem deve saber tudo; Deus assim o quer, na sua sabedoria. Sem o vu que lhe encobre
cenas coisas, o homem ficaria ofuscado, como aquele que passa sem transio da obscuridade para a luz. Pelo
esquecimento do passado, ele mais ele mesmo (LE, 392).
Em cada nova existncia, o Esprito usufrui do conhecimento conquistado nas vidas passadas, estando em me-
lhores condies de distinguir o bem do mal; ao retomar ao plano espiritual, descortina-se diante dele sua vida
pregressa. V as faltas que cometeu e que deram origem aos seus sofrimentos, assim como o modo como as
teria evitado; isto lhe servira de orientao, caso tenha o mrito de escolher por si prprio uma nova encarna-
o, a fim de evitar e reparar os erros cometidos. Ele ento escolhe provas semelhantes as que no soube apro-
veitar, ou os embates que melhor possam contribuir pra o seu adiantamento.
Mas, se no temos, durante a vida corprea, uma lembrana precisa daquilo que fomos e do que fizemos de
bem ou de mal em nossas existncias anteriores, temos, entretanto, a sua intuio. E as nossas tendncias ins-
tintivas so uma reminiscncia do nosso passado, as quais a nossa conscincia, - que representa o desejo por
ns concebido de no mais cometer as mesmas faltas, - adverte que devemos resistir (LE, 393). Se o homem no
tem, portanto, lembranas precisas do passado, tem sempre a voz da conscincia e suas tendncias instintivas,
que lhe permite o conhecimento de si mesmo.
Existem mundos mais evoludos, onde seus habitantes guardam lembranas claras de suas existncias passadas;
mas isto resultado da condio superior por eles conquistada, e que os leva a uma melhor compreenso e
melhor aproveitamento da liberdade que Deus lhes permite desfrutar. Nesses mundos, onde no reina seno o
bem, a lembrana do passado nada tem de penosa; por isso que neles se recorda com frequncia a existncia
precedente, como nos lembramos do que fizemos na vspera.
Quanto passagem que se possa ter tido por mundos inferiores, a sua lembrana nada mais , como dissemos,
do que um sonho mau (LE, 394). Mesmo em mundos como a Terra, e em casos muito especiais, existem pessoas
que sabem o que foram e o que faziam; contudo, abstm-se de diz-lo abertamente, pois, do contrrio, fariam
extraordinrias revelaes sobre o passado.
Assim, cabe ao homem suportar resignadamente as provas e expiaes que lhe so pertinentes, sem a preocu-
pao desnecessria de desvendar suas vidas passadas, a cada nova existncia a justia divina dar-lhe- a opor-
tunidade de retomar o curso do aprendizado interrompido, propiciando-lhe os recursos necessrios para os de-
vidos reajustes. Observando seu prprio carter, ele sentir, cada vez mais, a necessidade de superar suas im-
perfeies, pois basta que estude a si mesmo, e poder julgar o que foi, no pelo que , mas pelas suas tendn-
cias (LE, 399).
SEXO DOS ESPRITOS
No LE, 200 a 202, Kardec questiona:
Tm sexos os Espritos?
No como o entendeis, pois que os sexos dependem da organizao. H entre eles amor e simpatia, mas basea-
dos na concordncia dos sentimentos.
Em nova existncia, pode o Esprito que animou o corpo de um homem animar o de uma mulher e vice-versa?
Decerto; so os mesmos os Espritos que animam os homens e as mulheres.
Quando errante, que prefere o Esprito; encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher?
Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha so as provas por que haja de passar.
Os Espritos encarnam como homens ou como mulheres, porque no tm sexo. Visto que lhes cumpre progredir
em tudo, cada sexo, como cada posio social, lhes proporciona provaes e deveres especiais e, com isso, ensejo
de ganharem experincia. Aquele que s como homem encarnasse s saberia o que sabem os homens.
Os Espritos, em sua essncia, tm sexo, no representado exteriormente por rgos genitais, mas sim corres-
pondente s caractersticas psicolgicas de cada individualidade. Assim, nos Espritos que simpatizam mais com
o estilo masculino, as virtudes tidas como masculinas apresentam maior relevo, enquanto que, nos Espritos que
se adequam mais ao estilo feminino, ressalta um maior aperfeioamento das virtudes femininas. Dessa forma, a
masculinidade e a feminilidade representam caractersticas interiores de cada individualidade.
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O que atrai os Espritos entre si no a exterioridade fsica, mas sim a afinidade no pensar e no agir.
A escolha do sexo para o Esprito que vai reencarnar no est sujeita aos preconceitos da nossa sociedade terre-
na, onde ainda prevalece o machismo. Essa escolha leva em conta a necessidade de evoluir rumo perfeio,
que s se alcana adquirindo todas as virtudes dos homens e das mulheres. Todos ns temos de renascer incon-
tveis vezes como homem e como mulher, tantas vezes quantas necessrias para nos tornarmos mais prximos
da perfeio.
No se deve supervalorizar o sexo fsico, que e, em ltima instncia, um instrumento para as tarefas especficas
da paternidade ou maternidade.
Outro tpico importante a importncia da sexualidade equilibrada para uma vida saudvel. Em caso contrrio,
causamos danos srios ao nosso psiquismo e ao nosso organismo.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos, Livro 2, cap. IV, cap. VII, Cap. VIII;
KARDEC, Allan - A Gnese - Cap. XI. Cap. XII;
KARDEC, Allan - O Que Espiritismo - cap. II, cap. III;
KARDEC, Allan - O Cu e O Inferno - cap. III, 2 Parte, Cap. II, Cap. VIII;
KARDEC, Allan - Obras Pstumas - As cinco alternativas da Humanidade;
Revista Esprita, de junho de 1863;
Revista Esprita, de janeiro de l866;
Revista Esprita, de junho de 1869;
EMMANUEL, Francisco Cndido Xavier- Religio dos Espritos;

Parte B - SE ALGUM TE FERIR NA FACE DIREITA


Aprendestes que foi dito: olho por olho e dente por dente. - Eu, porm, vos digo que no resistais ao mal que
vos queiram fazer; que se algum vos bater na face direita, lhe apresenteis tambm a outra; - e que se algum
quiser pleitear contra vs, para vos tomar a tnica, tambm lhes entregueis o manto; - e que se algum vos
obrigar a caminhar mil passos com ele, caminheis mais dois mil. - Da aquele que vos pedir e no repilais aquele
que vos queira tomar emprestado. (S. MATEUS, v: 38 a 42.)
Jesus, quando esteve entre ns, procurou nos apresentar uma viso diferenciada da vida. Sua doutrina a ant-
tese de tudo aquilo que nos ensina o Esprito do mundo. O homem, no seu atraso espiritual, procurou fazer o
melhor ao seu alcance para adaptar os ensinamentos do Mestre aos interesses da comunidade. E, foi sob a ins-
pirao do Evangelho que se construiu a civilizao ocidental. Ningum em s conscincia poderia dizer que a
doutrina ensinada pelo Cristo no teve um papel fundamental no crescimento da humanidade.
Mas o homem, em seus limites de entendimento, nunca conseguiu assimilar determinados conceitos encontra-
dos nos discursos de Jesus. E, um deles, o da humildade. Na introduo desta lio, Ele mostra que j no seu
tempo, no havia mais sentido os homens continuarem fazendo uso das antigas leis civis ensinadas por Moiss:
olho por olho, dente por dente, dizia o antigo profeta. Eu, porm vos digo, disse o Cristo: se algum vos ferir na
face direita, oferece-lhe a outra. Se algum tirar-te a tnica, larga-lhe tambm a capa. Da a quem te pede e no
voltes s costas ao que deseja que lhe emprestes.
Foi assim que esse jovem na faixa dos trinta anos chocou a sociedade do seu tempo e continua chocando at os
dias atuais os homens contemporneos, que no conseguem compreender certos ensinamentos revolucion-
rios. Jesus, porm, veio nos ensinar as bases morais que devem reger o comportamento dos seres humanos e
no poderia faz-lo se no usasse de um verbo forte, capaz de impressionar pela gravidade das idias. Este texto
introdutrio base de uma sociedade justa e fraterna, onde os homens tratam-se como irmos e procuram
suportar as imperfeies uns dos outros.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, captulo 12, itens 7 e 8, Allan Kardec, faz um comentrio muito feliz da
lio, mostrando que os homens ainda se conduzem na vida dominados pelo orgulho e pelo egosmo. No pode-
remos construir uma sociedade mais justa e fraterna se os homens no se tratarem como irmos. Infelizmente
os sistemas que hoje governam a humanidade elegeram a competio como instrumento de progresso. Perdido
na exausto da vida social, o homem no consegue encontrar sada para seus problemas. Competir a ordem
do momento. Infelizmente esta conduta gera disputas e desentendimentos, estimulando a vileza e a avareza. As
consequncias para o futuro da humanidade em mdio prazo sero danosas.
O Codificador afirma que h mais coragem em suportar um insulto do que em se vingar. Mas s pode vivenciar
este estado de Esprito aquele que acredita que exista algo alm dessa vida. Para os materialistas, para os que se
13 Aula - EMANCIPAO DA ALMA 43

conduzem nas malhas do niilismo, no h motivos para que suportem as injustias cometidas por pessoas que
no compreendem ainda que todos somos filhos de um mesmo Pai. O trabalho de esclarecimento imenso e
esta quase todo por fazer. Os espritas tm em mos um precioso material doutrinrio, capaz de apresentar ao
homem novas opes de vida, fundamentadas nos princpios de imortalidade, da reencarnao e da lei de causa
e efeito.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XII, item 7 e 8;

13 Aula - EMANCIPAO DA ALMA


Parte A - SONO, SONHOS - VISITAS ESPRITAS ENTRE OS VIVOS TRANSMISSO OCULTA DO
PENSAMENTO - CATALEPSIA, LETARGIA OU MORTE APARENTE.
O SONO E OS SONHOS
Todos nos encarnados no planeta Terra, necessitamos de prover as necessidades de nosso organismo fsico.
Portanto, alimentao, higiene, vesturio, fazem parte do atendimento de necessidades que devemos realizar. O
sono momento de descanso para nosso organismo biolgico, uma vez que quando dormimos, o nosso orga-
nismo se recupera das fadigas do dia-a-dia. Contudo, no podemos esquecer de que se o nosso corpo fsico ne-
cessita de descanso para recuperar as energias gastas durante o dia, o mesmo no acontece com nosso corpo
perispiritual.
Sonhos do subconsciente
Caracterizam-se pela incoerncia, falta de nitidez, confuso. As idias, pensamentos e impresses que afetaram
nosso pensamento no estado de viglia iro ter papel importante, associados aos fatos comuns da vida e o tem-
peramento imaginativo ou emocional, que, registrados em nosso aparelho fsico (ainda imperfeito para registrar
com nitidez a realidade espiritual), nesta confuso que se verifica na maioria dos sonhos que temos. (LE, 405)
Sonhos reais ou inteligentes
So as reprodues do que se v, ouve ou sente do contato com os Espritos, encarnados ou desencarnados. So
vises perfeitas, diretas e objetivas e so tidos, geralmente, por Espritos mais elevados e com clarividncia defi-
nida.
por isto que nem sempre o homem se lembra desses sonhos, pois que ainda tem a alma em desalinho e no
lhe resta mais do que a lembrana da perturbao que acompanha a sua partida e a sua volta aliada a lembrana
do que o preocupa em estado de viglia. No entanto, quando esses sonhos so lembrados, revelam nitidez, cla-
reza, lgica e colorido, caractersticas dos sonhos reais. Este fato pode acontecer com relao aos Espritos en-
carnados mais elevados, que podem ter uma clarividncia mais definida porque guardam na memria, ao volta-
rem, os acontecimentos verificados, quer digam respeito existncia presente ou as vidas passadas, ou ao que
lhes vai suceder no futuro.
Para ilustrao desses sonhos lcidos, pode-se mencionar o sonho de Joana DArc, de Jac e dos antigos profetas
judeus; so lembranas da vida espiritual que a alma v, inteiramente desprendida do corpo fsico. Eles so ver-
dadeiros no sentido de apresentarem imagens reais para o Esprito, mas que, frequentemente, no tem relao
com o que se passa na vida corprea. Muitas vezes, ainda, como j dissemos, uma recordao. Podem ser,
enfim, algumas vezes, um pressentimento do futuro, se Deus o permite, ou a viso do que se passa no momento
em outro lugar, a que a alma se transporta.
VISITA ESPRITA ENTRE VIVOS
O Esprito, durante o sono, recobra em parte a sua liberdade, ou seja, ele se afasta do corpo. A faculdade que a
alma possui de emancipar-se e de desprender-se do corpo durante a vida fsica pode dar lugar a fenmenos
anlogos aos que os Espritos desencarnados produzem. Enquanto o corpo acha-se mergulhado em sono, ou
mesmo em estado de viglia, o Esprito, transportando-se a diversos lugares, pode tornar-se visvel e aparecer a
outras pessoas.
Do principio de emancipao da alma durante o sono parece resultar que temos, simultaneamente, duas exis-
tncias: a do corpo, que nos d a vida de relao exterior, e a da alma, que nos d a vida de relao oculta, no
entanto, no estado de emancipao, a vida do corpo cede lugar a da alma, mas no existem, propriamente fa-
lando, duas existncias; so antes duas fases da mesma existncia, porque o homem no vive de maneira dupla
(LE, 413).
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

O perisprito, tanto do encarnado quando do desencarnado, sempre um envoltrio semimaterial, o qual, se


visvel, tem uma aparncia to idntica a real, que se torna possvel a muitas pessoas estar com a verdade quan-
do dizem ter visto o encarnado, ao mesmo tempo, em dois pontos diversos. Atravs dos sonhos, o homem tem a
oportunidade de encontrar-se com amigos e parentes. Os laos de amizade, antigos ou novos, renem assim,
frequentemente, diversos Espritos que se sentem felizes em se encontrar (LE, 417). Essas visitas so significativas,
na medida em que rica, ao despertar, uma vaga intuio, que origem de certas idias que surgem espontane-
amente.
TRANSMISSO OCULTA DO PENSAMENTO:
Todo pensamento irradia as caractersticas do estado mental que o envolve - felizes ou menos felizes. Emitindo
uma idia, o homem passa a refletir as que se assemelham, mantendo-o em comunicao com todas as mentes
que tenham o mesmo modo de pensar. Da mesma forma que os indivduos influenciam, so tambm influencia-
dos. Pelos desejos, pela fixao de seus interesses, emitem e captam certa ordem de idias em regime de in-
fluncias recprocas. nesse regime que, durante o sono, os Espritos comunicam entre si suas idias. Portanto,
mesmo que a mente do homem no queira, o Esprito revela a outros o objeto das suas preocupaes.
Podemos dizer que o pensamento, energia emanada do ser pensante de maneira continua (e fragmentrio nos
irracionais), se propaga no meio do fluido universal e vai encontrar guarida nas mentes que estiverem sintoniza-
das com aquela faixa de pensamento especfica.
Por isso essa transmisso pode ocorrer de desencarnado para desencarnado; de encarnado para encarnado; de
desencarnado para encarnado e encarnado para desencarnado. Portanto, as palavras-chaves sero: SINTONIA e
TIPO DE PENSAMENTO.
Os Espritos podem captar o pensamento de outros Espritos, mas para isso alguns fatores determinantes sero
importantes, como nvel evolutivo dos Espritos em questo; grau de maior ou menor emancipao de seu corpo
de carne e finalmente sintonia. Cada Esprito, segundo a Codificao, uma unidade indivisvel, que pode irradi-
ar seus pensamentos para diversos pontos, sem que se fracione para tal efeito. nessa transmisso oculta de
pensamentos que alguns Espritos tm, muitas vezes, as mesmas ideias, sem necessidade da exteriorizao da
linguagem falada; assim que expressam-se na linguagem dos Espritos.
Muitas experincias cientficas j demonstraram a realidade dos pensamentos e a possibilidade de transmiti-los,
telepaticamente, isto , independente dos rgos da fala ou independente da escrita ou de qualquer outro meio
de comunicao ostensivo. Se formos um pouco mais observadores, constataremos que, frequentemente, es-
tamos exercitando esta faculdade, mesmo sem perceber, isto , de forma inconsciente.
O pensamento e a vontade so a ferramenta por excelncia, com a qual tudo podemos transformar em ns e a
volta de ns. Tenhamos somente pensamentos elevados e puros; aspiremos a tudo o que grande, nobre e
belo. Pouco a pouco sentiremos regenerar-se o nosso prprio ser, e com ele, do mesmo modo, todas as cama-
das sociais, o globo e a Humanidade! E, em nossa ascenso, chegaremos a compreender e a praticar melhor a
comunho universal que une a todos os seres.
CATALEPSIA, LETARGIA OU MORTE APARENTE.
Antes de entrar no estudo destes conceitos no espiritismo, vamos conceituar os termos letargia e catalepsia:
Letargia definida como: sonolncia mrbida ou estado de sono profundo verificado em algumas doenas;
Catalepsia definida como: sndrome nervosa, de ndole histrica, caracterizada pela suspenso parcial da
sensibilidade externa e dos movimentos voluntrios e, principalmente, por extrema rigidez muscular.
Os letrgicos e os catalpticos vem e ouvem o que est ao seu redor, apesar de no poderem se comunicar, por
que seu corpo fsico fica com uma perda temporria da sensibilidade e do movimento, por uma causa fisiolgica
ainda inexplicada.
Na letargia h a suspenso total das foras vitais do organismo fsico, dando a aparncia da morte e tem causas
naturais. J na catalepsia a suspenso rica localizada, onde a inteligncia pode manifestar-se livremente, no a
confundindo com a morte e alm de natural, pode tambm ser provocada e desfeita pela ao magntica.
BIBLIOGRAFIA
Kardec, Allan, O Livro dos Espritos, questes: 400 a 412; 413 a 424
DENIS, Lon. O problema do ser, do destino e da dor. Rio de Janeiro: FEB, 2007 Primeira parte, cap. VI, p. 121 , 129 e 132

Parte B - PASSAGENS SOBRE RESSURREIO


14 Aula - VIDA ESPRITA - I 45

Ressurreio significa ressurgir no mesmo corpo fsico, o que a cincia demonstra ser impossvel. Pois, aps a
disperso dos elementos (hidrognio, carbono, etc.) constitutivos do corpo biolgico, impossvel se faz a sua
reintegrao, uma vez que estes elementos retornam a natureza, compondo novos corpos.
Desta maneira, pode-se entender o termo ressurreio como uma figura simblica para a reencarnao.
Jesus disse que ... no vim derrogar as Leis, mas dar-lhes cumprimento, portanto, nada do que Jesus realizou
em sua poca, poderia contrariar as Leis Divinas. Assim sendo, as passagens onde o Mestre ressuscitou aque-
las pessoas, teria que ter um fundamento mais lgico.
O entendimento do que so catalepsia e letargia, nos auxiliam a entender, juntamente com as instrues dos
Espritos, que as ressurreies que Jesus provocou so casos de letargia e/ou catalepsia (que a cincia mdica
desconhecia).
Na poca do advento de Jesus, houve alguns casos de passagens de ressurreio, por exemplo:
A filha de Jairo: A menina estava desacordada j algum tempo e os mdicos da poca davam-na como estando
morta. Contudo, ao solicitar a Jesus que auxiliasse sua filha, o pai da menina estava sendo humilde, pedindo
auxilio a Deus. Ele acreditava que Jesus iria curar sua filha.
O filho da viva de Naim: A me do jovem estava desesperada porque seu nico filho havia desencarnado. Re-
correu a Jesus e ele dirigiu-se ao menino dizendo: levanta-te e o menino levantou-se e ps se a andar.
Lzaro, irmo de Marta e Maria: Jesus, pois, comovendo-se outra vez, profundamente, foi ao sepulcro: era uma
gruta, e tinha uma pedra posta sobre ela. Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irm do defunto, disse-lhe: Senhor, j
cheira mal, porque est morto h quase quatro dias. Respondeu-lhe Jesus: No te disse que, se creres, vers a
glria de Deus? Tiraram ento a pedra. E Jesus, levantando os olhos ao cu, disse Pai, graas te dou, porque me
ouviste. Eu sabia que sempre me ouves; mas por causa da multido que est em redor que assim falei, para
que eles creiam que tu me enviaste. E, tendo dito isso, clamou em alta voz: Lzaro vem para fora!
Saiu o que estivera morto, ligados os ps e as mos com faixas, e o seu rosto envolto num leno. Disse-lhes Je-
sus: Desligai-o e deixai-o ir. Jesus, como Esprito puro, j possua o amor incondicional, tinha magnetismo sufici-
ente e sabia como utiliz-lo em seus atendimentos de cura.
BIBLIOGRAFIA
LE, Livro Segundo, 1010;
ESE, Cap. IV itens 1 a 17;
Velho Testamento, I Reis, 17: 17 a 24;
Velho Testamento, II Reis, 4:2o a 32 e 36;
Velho Testamento, 13:21;
N.T Lucas 7: 11-15 e 8:49-55;
N.T Joo 11-1-46;
N.T Atos dos Apstolos, 9:36-42 e 20:9-12

14 Aula - VIDA ESPRITA - I


Parte A - ESCOLHA DAS PROVAS - RELAES DE ALM-TMULO - RELAES SIMPTICAS E AN-
TIPTICAS DOS ESPRITOS
ESCOLHA DAS PROVAS
Aps cada existncia, os Espritos vem o progresso que fizeram e compreendendo o quanto ainda lhes falta em
pureza para atingirem a felicidade real, escolhem assim as provas, que iro passar, antes de reencarnarem, pois
somente fora da matria pode o Esprito refletir acertadamente sobre as verdades eternas.
Nem todos o fazem aps o desencarne, h os que acreditam em penas eternas isso para eles um castigo.
Alguns solicitam suas provas para a vida presente ou mesmo para a futura, nisso consiste o seu livre arbtrio,
lembrando-nos sempre que nada acontece sem a permisso de Deus.
Para os Espritos mais prximos de sua origem (simples, ignorantes e carecidos de experincias) Deus lhes supre
as inexperincias, Traando-lhes o caminho que devem seguir, porm, pouco a pouco, o Pai os deixa escolher,
medida que o discernimento, juntamente com o progresso espiritual, vai evoluindo. Deus sabe esperar, no se
precipita, mas ainda assim, h encarnaes expiatrias, para Espritos vacilantes, necessitados da experincia
corprea.
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

Essa escolha dos Espritos apenas para o gnero das provaes, dando-lhes conhecimento da natureza das
vicissitudes, porm as particularidades correm por conta das consequncias das prprias aes, ignorando as-
sim, se tero xito ou no.
O Esprito escolhe provas que queira sofrer, de acordo com a natureza de suas faltas, as que o levem a expiao
destas e a progredir mais rapidamente. Para os encarnados pode parecer natural que se escolham as provas
menos dolorosas, ao Esprito, no. Uns impem a si mesmos uma vida de misrias e privaes, objetivando su-
port-las com coragem; outros preferem experimentar as tentaes da riqueza e do poder, muito mais perigosas
outros ainda, se decidem a experimentar suas forcas nas lutas que tero de sustentar em contato com o vcio.
Escolhendo, por exemplo, nascer entre malfeitores, sabia o Esprito a que arrastamentos se expunha; ignorava,
porm, quais os atos que viria a praticar. Esses atos resultam do exerccio da sua vontade, ou de seu livre-
arbtrio. Quanto mais difceis s provas, maior o mrito, se sair vitorioso.
Espritos mais atrasados podem pedir para nascer entre outros mais adiantados para progredirem, mas podero
ficar deslocados entre eles e so os que s vezes nos do um triste espetculo de ferocidade em meio da civiliza-
o; isso no quer dizer que retrocederam.
Nas provaes por que lhe cumpre passar para atingir a perfeio o Esprito no tem que sofrer tentaes de
todas as naturezas. H Espritos que desde o comeo tomam um caminho que os exime de muitas provas. Os
que se deixam arrastar para o mau caminho, correm todos os perigos que esse caminho apresenta.
Quando errante pouco importa ao Esprito encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher, o que o guia
na escolha so as provas por que haja de passar.
Para o tipo de provas que necessitamos, precisamos de mundos de expiaes e provas.
O Esprito pode enganar se quanto eficincia da prova que escolheu:
1) pode escolher uma que esteja acima de suas forcas e sucumbir (diferente de expiao);
2) pode tambm escolher alguma que nada lhe aproveite, como suceder se buscar vida ociosa e intil, mas ao
voltar ao mundo dos Espritos, verifica que nada ganhou e pede outra que lhe faculte recuperar o tempo perdi-
do.
o prprio Esprito que modela o seu envoltrio e o torna adequado as suas novas necessidades, ele o aperfei-
oa, o desenvolve e completa o organismo a medida que sente a necessidade de manifestar novas faculdades,
numa palavra, ele o talha conforme sua inteligncia. (GE - cap. XI - item II)
Em alguns casos no permitida ao Esprito a escolha do seu invlucro corpreo, depender sempre da evolu-
o adquirida. Em outros, quando o Esprito j conquistou essa evoluo, solicita impedimentos fsicos que o
imunize ante a possibilidade de reincidncia nos erros, pois, os compromissos morais adquiridos conscientemen-
te na carne, somente na carne, podem ser resolvidos.
Nem sempre o Esprito requisita deliberadamente determinadas provas, de vez que, em muitas circunstncias
quais aquelas que se verificam no suicdio ou na delinquncia, camos de imediato, na desagregao ou na insa-
nidade das prprias forcas, lesando o corpo espiritual, o que nos constrange a renascer no bero fsico exibindo
defeitos e molstias congnitas, em aflitivos quadros expiatrios.
O erro de uma encarnao passada pode influenciar na encarnao presente, predispondo as doenas que tem a
sua causa profunda na estrutura do corpo espiritual.
A carne assim como um filtro que retm as impurezas do corpo perispiritual, liberando-o de certos males ad-
quiridos.
Embora conhecedores que somos da Lei de Causa e Efeito, no podemos generalizar os casos, no podemos nos
esquecer daqueles missionrios que pedem provaes em enfermidades para serem instrumentos da descober-
ta da cura. H, tambm, outros Espritos que pedem duras provas, e ao sarem vitoriosos, podem evoluir mais
rapidamente.
Suportemos nossas provas, com a certeza do Amor de Jesus e com o amparo dos Amigos Espirituais, emissrios
do Pai, a nos protegerem, porm sem nos esquecemos de fazer a nossa parte. Ajuda-te a ti mesmo e o Cu te
ajudar.
14 Aula - VIDA ESPRITA - I 47

Todavia, as splicas justas so atendidas mais vezes do que supomos. Muitas vezes, a ajuda nos chega na idia
sugerida que nos far sair da dificuldade pelo nosso prprio esforo.
RELAES DE ALMTMULO
Os Espritos de diferentes ordens esto misturados na espiritualidade, como quando encarnados, homens bons e
maus se encontram o tempo todo, se relacionam, mas sem que isso, os obrigue a conviverem mais intimamente.
Os da mesma ordem se renem por uma espcie de afinidade e formam grupos ou famlias de Espritos unidos
pela simpatia e pelos propsitos; os bons, pelo desejo de fazer o bem; os maus, pelo desejo de fazer o mal, pela
vergonha de suas faltas e pela necessidade de se encontrarem entre os seres semelhantes a eles.
As diferentes ordens de Espritos estabelecem entre si uma hierarquia de poderes que exercida por meio de
uma ascendncia moral irresistvel, em relao superioridade moral elevada.
A condio dos Espritos na vida alm-tmulo, sua elevao, sua felicidade, depende da respectiva faculdade de
sentir e de perceber, que sempre proporcional ao seu grau evolutivo.
Os Espritos Superiores vo por toda parte, para exercerem a sua influncia sobre bons e maus. Para combater
as ms tendncias destes, a fim de auxili-los a evoluir, uma misso; porm, as regies habitadas pelos bons
so interditadas aos Espritos imperfeitos, a fim de que no levem a elas o distrbio das ms paixes.
Os Espritos inferiores se comprazem em nos levar ao mal pelo despeito de no terem merecido estar entre os
bons. O desejo deles o de impedir, tanto quanto puderem que os Espritos ainda inexperientes atinjam o bem
Supremo; querem fazer os outros provarem aquilo que eles provam.
O poder que um homem goza na Terra no lhe d supremacia no mundo dos Espritos, o maior na Terra pode
estar na ltima classe entre os Espritos, enquanto o seu servidor poder estar na primeira. Jesus disse: Quem
se humilhar ser exaltado, e quem se exaltar ser humilhado.
Aquele que teve poder na Terra, ao se ver inferiorizado entre os Espritos, sobretudo os orgulhosos e invejosos,
iro se sentir humilhados. O domnio do mandatrio sobre o subordinado, na espiritualidade, s continuar a
existir se a superioridade for moral.
Os Espritos se vem e se compreendem, a palavra material: reflexo da faculdade espiritual (LE, 282). O fluido
universal estabelece entre eles constante comunicao; o veiculo da transmisso de seus pensamentos, como,
para ns, o ar o do som. uma espcie de telgrafo universal, que liga todos os mundos e permite que os Esp-
ritos se correspondam de um mundo a outro.
Os Espritos, reciprocamente, no podem dissimular seus pensamentos. No podem ocultar-se uns dos outros.
Podem afastar-se uns dos outros, mas sempre se vem. Isto, porm, no constitui regra absoluta, porquanto
certos Espritos podem muito bem tornarem-se invisveis a outros Espritos, se julgarem til faz-lo.
Os Espritos comprovam suas individualidades pelo perisprito, que os toma distinguveis uns dos outros, como
faz o corpo entre os homens.
Os Espritos se reconhecem por terem coabitado a Terra. O filho reconhece o pai, o amigo reconhece o amigo. E,
assim, de gerao em gerao se reconhecem no mundo dos Espritos. Vemos a nossa vida pretrita e lemos
nela como em um livro. Vendo a dos nossos amigos e dos nossos inimigos, vemos a sua passagem da vida para a
morte.
Deixando seus despojos mortais necessrio algum tempo para que a Alma se reconhea a si mesma e sacuda o
vu material.
Aps este estgio, v imediatamente os parentes e amigos que a precederam.
A alma no seu regresso ao mundo dos Espritos acolhida da seguinte forma:
- A do justo, como bem-amado irmo, desde muito tempo esperado.
- A do mau, como um ser que se despreza (ele prprio).
Os Espritos impuros, quando da chegada de outro Esprito mau entre eles, ficam satisfeitos por verem seres que
se lhes assemelham e que tambm so privados da infinita ventura, qual na Terra um ladro entre seus iguais.
Nossos parentes e amigos costumam vir ao nosso encontro quando deixamos a Terra. Os Espritos vo ao encon-
tro da Alma como se regressasse de uma viagem, por haver escapado aos perigos da estrada, e ajudam-na a
desprender-se dos liames corporais. Isso uma graa concedida aos bons Espritos que se encontram com os
que os amam. Ao passo que aquele que se acha manchado, permanece em isolamento, ou s tem ao seu redor
os que lhe so semelhantes: isso uma punio. Muitas vezes, os seres amados esto ao lado e eles no conse-
guem v-los.
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

A reunio de parentes e amigos depois da morte depende da elevao deles e do caminho que seguem, procu-
rando progredir. Se um est mais adiantado e caminha mais depressa do que outro, no podem os dois conser-
var-se juntos. Ver-se-o de tempos a tempos, mas no estaro reunidos para sempre, seno quando puderem
caminhar lado a lado, ou quando se houverem igualado na perfeio. Acresce que a privao de ver os entes
queridos e amigos , s vezes, uma punio.
Essa punio uma forma do Esprito mais rapidamente despertar, e imposta pelo prprio Esprito por sua sin-
tonia espiritual.
RELAES SIMPTICAS E ANTIPTICAS DOS ESPRITOS
Ha afeies entre os Espritos, do mesmo modo que entre os homens, entretanto o lao que prende os Espritos
uns aos outros mais forte, pois quando carentes de corpo material, esse lao no se acha exposto s vicissitu-
des das paixes. Havendo averses somente entre os Espritos impuros, e so estes que excitam as inimizades e
as dissenses entre os homens.
Na erraticidade os que foram inimigos enquanto encarnados, compreendem como era estpida a atitude e pue-
ril o motivo; apenas os Espritos imperfeitos conservam uma espcie de animosidade, porm se foi por motivo
material e desaparecendo a matria, podero rever se sem ressentimento; da mesma forma que dois escolares
que no se gostavam, chegando a idade da razo reconhecem quo pueril eram suas brigas infantis.
A lembrana dos atos maus que dois homens praticaram um contra o outro, induz os Espritos, quando desen-
carnados, a se afastarem um do outro.
Aqueles a quem foi feito o mal neste mundo, se so bons, eles perdoam, segundo o arrependimento do execu-
tor deste mal. Se maus possvel que guardem ressentimento do mal que foi feito e queiram vingana, no raro,
em outra existncia. Deus pode permitir que assim seja, como um castigo.
No so suscetveis de alterar-se as afeies individuais dos ESPRITOS, por no estarem eles sujeitos a enganar-
se. Falta-lhes a mscara sob que se escondem os hipcritas. Da vem que, sendo puros, suas afeies so inalte-
rveis. Suprema felicidade lhes advm do amor que os une.
Continua a existir sempre, no mundo dos Espritos, a afeio mtua que dois seres se consagraram na Terra,
desde que originada de verdadeira simpatia. Se, porm, nasceu principalmente de causas de ordem fsica, desa-
parece com a causa. As afeies entre os Espritos so mais slidas e durveis do que na Terra, porque no se
acham subordinadas aos caprichos dos interesses materiais e do amor-prprio.
A teoria das metades eternas encerra uma simples figura, representativa da unio de dois Espritos simpticos.
Trata-se de uma expresso usada ate na linguagem vulgar e que se no deve tomar ao p da letra. No perten-
cem decerto a uma ordem elevada os Espritos que a empregaram. Necessariamente, limitado sendo o campo
de suas idias, exprimiram seus pensamentos com os termos de que se teriam utilizado na vida corporal. No se
deve, pois, aceitar a idia de que, criados um para o outro, dois Espritos tenham, fatalmente, que se reunir um
dia na eternidade, depois de haverem estado separados por tempo mais ou menos longo. (LE, 303a)
No h almas que desde suas origens, estejam predestinadas a unio. Cada um de ns no tem, nalguma parte
do Universo, sua metade, a que fatalmente um dia reunir. No h unio particular e fatal, de duas almas. A
unio que h a de todos os Espritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto , segundo
a perfeio que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discrdia nascem todos os ma-
les dos humanos; da concrdia resulta a completa felicidade.
A simpatia que atrai um Esprito para outro resulta da perfeita concordncia de seus pendores e instintos. Se um
tivesse que completar o outro, perderia a sua individualidade. A identidade necessria existncia da simpatia
perfeita apenas consiste na igualdade dos graus da elevao (todos - pensamento, sentimento e conhecimento).
Todos os Espritos sero simpticos no futuro. Um Esprito, que hoje est numa esfera inferior, ascender ao se
aperfeioar a esfera em que se acha o outro Esprito. E ainda mais depressa se dar o encontro dos dois, se o
mais elevado, permanecer estacionrio em razo de no bem realizar suas provas.
Podem deixar de ser simpticos um ao outro dois Espritos que j o sejam, se um deles for preguioso.
BIBLIOGRAFIA:
A Gnese - Cap. XI - Encarnaes dos Espritos e Reencarnao
Aps a Tempestade - Joanna de Angelis - item 24
Depois da Morte - Leon Denis 2 parte - cap. XIII - As Provas e a Morte e cap. XXXIII
Emmanuel - Emmanuel - cap. XXXII - Dos Destinos
14 Aula - VIDA ESPRITA - I 49

O Consolador - Emmanuel - perguntas 175 a 178 e 239 a 252


O Livro dos Espritos - perguntas de 258 a 273, 274 a 3o3 e 663
O Problema do Ser, do Destino e da Dor - Leon Denis - cap. VIII, XIII, XIV e XV
Religio dos Espritos - Emmanuel - Cadinho, Herana, Examinadores, Doenas Escolhidas, Em Plena Prova
Revista Esprita - Setembro e outubro de 1864 - Estudos Morais
Revista Esprita - julho de 1864 - Instrues dos Espritos - O castigo pela Luz - Mdium Sr. A. Didier
Revista Esprita - setembro de 1863 - Perguntas e Problemas Sobre a Expiao e a Prova
Revista Esprita novembro de 1860 - Relaes Afetuosas dos Espritos
Vida e Sexo - Emmanuel- cap. XXIV

Parte B - RECONCILIAR-SE COM SEUS ADVERSRIOS


Se teu irmo pecar contra ti, vai, e corrige-o entre ti e ele somente; se te ouvir; ganho ters o teu irmo. Ento,
chegando-se Pedro a ele, perguntou: Senhor; quantas vezes poder pecar meu irmo contra mim, para que eu
lhe perdoe? Ser at sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: No te digo que at sete vezes, mas at setenta vezes sete
vezes (Mateus 18:15, 21 e 22)
Portanto, se ests fazendo a tua oferta diante do altar; e te lembrar a que teu irmo tem alguma coisa contra
ti, deixa ali a tua oferta diante do altar; e vai te reconciliar primeiro com teu irmo, e depois virs fazer a tua
oferta.
Reconcilia-te sem demora com o teu adversrio, enquanto estas a caminho com ele, para que no suscita que ele
te entregue ao juiz, e que o juiz te entregue ao seu ministro, e sejas mandado para a cadeia. Em verdade te digo
que no sairs de l, enquanto no pagares o ltimo ceitil . (Mateus 5:23-26).
A misericrdia consiste no esquecimento e no perdo das ofensas. O dio e o rancor denotam alma sem eleva-
o, nem grandeza. O esquecimento das ofensas prprio das almas elevadas. Com que direito podemos pedir
o perdo das nossas faltas, se no perdoamos as dos outros? Como rezar o Pai Nosso? Ser realmente que
quando nos sentimos ofendidos, o primeiro a ofender no fomos ns mesmos? Ser que no nos escapou ne-
nhuma ao ou palavra injuriosa; sem que o percebssemos?
Mahatma Gandhi quando libertado de uma priso britnica, ao lhe perguntarem se perdoaria aos que o prende-
ram, ele respondeu que nada havia a perdoar. Esse deve ser o tipo de amor que unir todas as pessoas, um
amor universal, sem melindres.
Jesus quando ensinou o Pai Nosso, acrescentou: Se, porm, no perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai
vos perdoar as ofensas.
Desta belssima orao que Ele nos ensinou no Sermo do Monte, somente fez referncia ao perdo das ofen-
sas, mostrando dessa forma a importncia do perdo.
Quem perdoa obtm a graa da conscincia tranquila torna-se inacessvel ao mal, d impulso evolutivo a prpria
alma.
Sabemos que a morte no nos livra dos nossos inimigos, os Espritos vingativos perseguem muitas vezes, com
seu dio no alm-tmulo; porque estando o Esprito aprisionado em seu corpo, fica mais fcil para o desencar-
nado atormentar. Nisso reside causa da maioria dos casos de obsesso.
Para tranquilidade futura, Jesus recomenda nos reconciliarmos com os nossos inimigos, o quanto antes, para
que no se perpetue nas existncias futuras, o dio, o mal.
Perdo e esquecimento ao Esprito evangelizado a mesma coisa, mas para muitos de ns o perdo simples-
mente renunciar a vingana.
Jesus ainda recomendou que quem fosse fazer uma oferenda, primeiro reconciliasse com os seus adversrios e
s depois voltasse para dar a oferenda, com o corao limpo.
O perdo deve ser irrestrito e incondicional. Quando Pedro perguntou a Jesus quantas vezes deve-se perdoar,
ele lhe disse que deveria perdoar setenta vezes sete, isso no queria dizer perdoar quatrocentos e noventa ve-
zes apenas, mas infinitamente; perdoar com o corao e no s com os lbios, como aquele que diz: Eu perdo,
mas nunca mais quero v-lo, esse no perdoou realmente.
Perdoar doar amor, misericrdia. O perdo se reconhece pelos atos muito mais que pelas palavras.
Libertemo-nos de todas as amarras perniciosas que ainda nos prendem e sigamos livres de nossos defeitos mes-
quinhos na estrada que leva-nos ao Pai.
Sejamos indulgentes com os que nos caluniam, pois a indulgncia acalma, corrige e atrai. Saibamos pedir perdo
das calnias que fazemos; assim conseguiremos nos reconciliar com os nossos inimigos j nessa encarnao.
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

Que o Amor do Pai possa unir a todos seus filhos.


BIBLIOGRAFIA:
O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. X - itens 3, 5 e 8; cap. XII itens 5 e 8
Po Nosso - Emmanuel - cap. 120 - Conciliao
Joana de Angelis Responde - perguntas 21, 171 a 173
Renovando atitudes - Amar, no sofrer
Crnicas Evanglicas - Paulo Alves de Godoy - cap. VIII- Caminhe mais uma milha
O Evangelho dos Humildes - Eliseu Rigonatti - cap. V - itens 25 e 26
O Sermo da Montanha - Rodolfo Calligaris - Reconcilia-te sem demora com teu adversrio

15 Aula - VIDA ESPRITA - II


Parte A - LEMBRANAS DA EXISTNCIA CORPREA
Regressando a erraticidade, o Esprito vai se lembrando, pouco a pouco, no s da ltima existncia na Terra,
mas, tambm daquelas que a precedem. Isso acontece aps o perodo de perturbao, maior ou menor, pelo
qual o Esprito passa. Essas lembranas podem ser dos mais minuciosos pormenores, mas, de modo geral, ele s
se interessa pela lembrana daqueles fatos e pensamentos vivenciados que tenham tido influncia no seu esta-
do atual na erraticidade.
Evidente que, ao despertar no plano espiritual, o Esprito passa pelo espanto natural decorrente dos anos que
passou na vida corprea, cujas impresses se apagam gradualmente da memria. Aps a libertao do corpo e
livre do perodo de perturbao que se segue a morte, o Esprito passa a ter uma compreenso mais ntida dos
objetivos da vida material e da necessidade de purificao para chegar ao estado de Espritos Puros. So dese-
nhadas na memria do Esprito as lembranas por esforo da prpria imaginao ou como um quadro que se
apresenta a vista. De forma que, lembra-se de todos os atos de mais interesses e os outros ficam na mente mais
ou menos vagos ou esquecidos de todo. As lembranas sero perfeitas apenas dos fatos principais que possam
auxili-lo na trajetria da evoluo. Por isso, frequentemente conserva a lembrana dos sofrimentos que viven-
ciou e essa lembrana lhe faz compreender melhor a felicidade no plano espiritual.
So sempre gratos aos que se lembrem deles, dependendo do seu grau evolutivo no do importncia aos obje-
tos que lhe pertenceram, assim como tambm consideram o seu antigo corpo como uma roupa imprestvel. O
que realmente os atrai so o pensamento e a saudade das pessoas queridas.
Os Espritos inferiores sentem saudades das sensaes que tenham desfrutado na Terra e desejariam poder ain-
da ter a satisfao que sentiam enquanto estavam na matria e que os gratificavam. Por isso, procuram satisfa-
zer esse desejo material pela chamada vampirizao. Por esse processo, utilizam das pessoas que vibram na
esfera das mesmas sensaes impuras, para satisfazer as suas paixes. Assim sendo, bebem, fumam, co-
mem e fazem sexo utilizando pessoas como instrumento, conseguindo o fim desejado. Certamente que esse
procedimento acarreta a uns e outros a expiao mediante sofrimentos futuros, pelas indues exercidas sobre
esse ou aquele indivduo. Os Espritos elevados, no sentem saudades da sua felicidade material. Para eles a
felicidade eterna mil vezes prefervel aos prazeres efmeros da Terra.
Aqueles Espritos que deram comeo a trabalhos de vulto com uma finalidade til e que os vem interrompidos
pela morte, no lamentam, no outro mundo, por t-los deixado inacabado, porque vem que outros esto des-
tinados a conclu-los. A estes procuram influenciar para que os concluam e continuam a ter no mundo dos Espri-
tos o objetivo que tinham na Terra: o bem da humanidade. Conforme a elevao do Esprito, ele passa a apreci-
ar os trabalhos de arte ou literatura que tenha produzido de outro ponto de vista e no raro condenar o que
de maior admirao lhe causava. E tambm, de acordo com a sua elevao e a misso que tenha a desempe-
nhar, se interessa pelos trabalhos que se executam na Terra, no campo das artes e das cincias, desde que con-
siderem teis segundo uma viso bem diferente da nossa. Quanto ao amor pela ptria, o principio sempre o
mesmo. Para os Espritos elevados, a ptria e o Universo. Na terra, a ptria, para eles, esta onde se ache o maior
nmero das pessoas que lhes so afins.
COMEMORAO DOS MORTOS - FUNERAIS
Quando nos lembramos de forma equilibrada e amorosa daqueles que partiram para o plano espiritual, esta
lembrana poder aumentar-lhes a felicidade ou servir de lenitivo aos sofrimentos. Isso independe de ser o dia
de comemorao dos mortos. No dia de finados, s acorrem ao cemitrio atrados pelas pessoas que os chamam
pelo pensamento. Os esquecidos, cujos tmulos no so visitados, a esses nada mais os prende a Terra. De
15 Aula - VIDA ESPRITA - II 51

qualquer forma, o que importa a lembrana e o afeto que lhe devotamos. Aprece, por sua vez, que santifica
o ato da comemorao, independente do lugar, desde que seja feita com o corao.
A preferncia para ser enterrado neste ou naquele lugar s denota inferioridade moral, j que se sabe que a
alma se reunir, mais cedo ou mais tarde, aos Espritos que lhes so caros, sem depender do lugar onde estejam
os despojos mortais. um costume piedoso reunir no mesmo lugar os restos mortais dos membros de uma
mesma famlia, mas destitudo de importncia para os Espritos.
Aqueles que j possuem certa elevao, libertos das vaidades terrenas, vem como futilidade as honras que lhes
prestam aos despojos mortais, diferentemente dos Espritos ainda pouco elevados, que sentem grande prazer
nisso e at se aborrecem com o pouco caso que se lhes faam. Geralmente o Esprito assiste ao enterro do seu
corpo, mas tal no acontece se estiver em estado de perturbao. Quase sempre assiste aos lances do inventrio
e partilha dos bens que tiver deixado e toma conhecimento do comportamento dos seus herdeiros e legatrios,
avaliando, para sua tristeza ou alegria, os verdadeiros sentimentos deles.
PERDA DE PESSOAS AMADAS MORTES PREMATURAS
Desde pocas remotas, a morte vem sendo revestida por um aspecto lgubre e entendida com um aconteci-
mento que espalha a dor e a desolao, atingindo indiscriminadamente todas as idades. Da a revolta das criatu-
ras questionando a justia divina, por sacrificar jovens fortes, com todo um futuro de realizaes pela frente.
Todos lamentam profundamente a partida de um ente querido, principalmente quando se trata de mortes pre-
maturas, muitas vezes arrimo de famlia. No entanto, importa ao homem elevar-se para compreender que o
bem est muitas vezes onde aparentemente ele s v fatalidade; a justia divina no pode ser dimensionada
pela justia dos homens.
A morte prefervel, para a encarnao de vinte anos, a esses desregramentos vergonhosos que desolam as
famlias honradas e partem o corao de uma me. A morte prematura, frequentemente, um grande benefcio
que Deus concede aquele que se vai, e que se encontra, assim, preservado das misrias da vida, ou das sedues
que teriam podido arrast-lo a sua perdio, atrasando assim, o processo evolutivo do Esprito que aparente-
mente desencarnou prematuramente.
Dois amigos que se achem detidos numa mesma priso, ambos alcanaro um dia liberdade, mas um a obtm
antes do outro. Seria caridoso que o que continuou preso se entristecesse porque o seu amigo foi libertado pri-
meiro? No haveria de sua parte, mais egosmo do que afeio em querer que do seu cativeiro e do seu sofrer
partilhasse o outro por igual tempo? Ou ainda numa outra hiptese, se um amigo que convive conosco, estives-
se numa penosa situao de enfermidade, sua sade ou seus interesses exigem que v para outro pas, onde
estar melhor em todos os sentidos? Deixaria temporariamente de estar ao nosso lado, mas poderamos nos
corresponder com ele sempre: a separao seria apenas material, seria correto impedirmos a sua viagem, so-
mente para satisfazer o nosso interesse? O mesmo acontece com as pessoas que se amam na Terra. O que parte
primeiro se liberta e s nos cabe felicit-lo, aguardando com pacincia o momento em que por nossa vez tam-
bm estaremos libertos.
Assim sendo, no mundo espiritual, o conceito de morte bem diferente daquele conceito que temos aqui na
vida material. Os Espritos desencarnados encaram-na como um processo de libertao, dando a ela uma conti-
nuao oposta quela que lhe dada no mundo carnal. Por isso que o Espiritismo propicia um quadro bastante
diverso sobre a morte, dando a ela um aspecto mais consolador. Diante do princpio da reencarnao, o reen-
contro dos Espritos se toma uma questo de tempo.
O Esprita, portanto, sabe que a alma vive melhor quando liberta do corpo material, que esta separao tem-
porria e que ambos prosseguem enlaados pelos mtuos pensamentos de amparo, proteo e contentamento.
Sabe ainda que a revolta afeta os que se foram, porque ela de alguma forma revela no aceitao da vontade
divina. E muito mais produtivo e caridoso as boas obras realizadas em memria daqueles que se foram para a
ptria espiritual. Importa assim compreender essa realidade espiritual e cultivar harmoniosa permuta de fluidos
revigorantes, atravs de vibraes de carinho, pedindo a Deus que abenoe os que se anteciparam na grande
viagem, de modo que as lgrimas cedam lugar s aspiraes de um futuro reino pleno de felicidade, conforme
prometido por Jesus.
SORTE DAS CRIANAS DEPOIS DA MORTE
O nosso Codificador pergunta aos Espritos Superiores se o Esprito de uma criana morta em tenra idade to
adiantado como de um adulto, a resposta simples e sucinta s vezes bem mais, porque pode ter vivido mais e
possuir maiores experincias, sobretudo se progrediu (LE, 197). Sinaliza que antes de ser criana um Esprito
encarnado. A durao da vida da criana pode ser para o Esprito um complemento de uma vida interrompida,
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antes do tempo determinado. Seu desencarne frequentemente uma prova ou expiao para os pais. O destino
do Esprito de uma criana aps o seu desencarne recomear uma nova existncia. Aqueles Espritos que so
viciosos progrediram menos e tm ento de sofrer as consequncias de seus atos, no dos seus atos de infncia,
mas sim de suas existncias anteriores. Desta forma que a Justia Divina se mostra a todos.
BIBLIOGRAFIA:
Kardec, Allan - LE - 304 a 329 e 934 a 936
Kardec, Allan - ESE - cap. V- Item 21
O Pensamento de Emmanuel - Item 34
Simonetti, Richard - Quem tem Medo da Morte?
Nufel Jos - Do ABC ao Infinito - 1 volume

Parte B - DEIXAI OS MORTOS ENTERRAR OS SEUS MORTOS


Quando Jesus com suas sandlias pisava a Terra Santa, a Palestina, tinha como auxiliares mais diretos os doze
discpulos, que mais tarde seriam os Apstolos, como conhecemos hoje. Porm, alm dos doze Ministros do Seu
Evangelho, havia outros 70 discpulos, aos quais Jesus convidava de acordo com as circunstncias e as possibili-
dades do momento. Um certo dia, diante de um rapaz que se aproximou dele, disse-lhe:
Segue-me. E ele lhe disse: Senhor permita-me que v primeiro enterrar o meu pai. E Jesus lhe respondeu: Deixa
que os mortos enterrem os seus mortos, e tu vai e anuncia o Reino de Deus. Lc, 9: 59-60 e Mt, 8: 18-22
O que poderiam significar essas palavras: Deixai que os mortos enterrem os seus mortos? Elas possuem um sen-
tido bastante amplo, que somente um conhecimento completo da vida espiritual pode dar a interpretao mais
profunda e um entendimento mais amplo. A vida espiritual a verdadeira vida, a vida normal para qualquer
Esprito. A nossa existncia na Terra transitria e passageira, uma espcie de morte se for comparada ao
esplendor e a atividade da vida espiritual. O corpo fsico representa apenas uma roupa grosseira que reveste o
Esprito temporariamente, funciona como uma priso que prende o Esprito na Terra durante um determinado
tempo. Quando o Esprito se liberta dessa priso se sente muito feliz com a liberdade que lhe permite um meio
de compreenso do sentido da vida de um modo muito mais abrangente.
De forma que, o respeito que devemos aos mortos no se refere a matria, ou seja, ao corpo fsico, mas, pelo
respeito, pela lembrana e pela afeio ao Esprito ausente do corpo material. Quando Jesus disse ao rapaz que
deixasse aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos, no estava de maneira nenhuma com a inteno de
desprezar o corpo do pai daquele rapaz, mas, aproveitou aquela oportunidade para ensinar que o Esprito mui-
to mais que o corpo e que a verdadeira ptria a ptria espiritual, de onde todos nos temos a origem. Quem
passa pela sepultura, continua trabalhando, porque permanece vivo em outros planos, no esforo e na luta do
auto aprimoramento, a morte s existe nos caminhos do mal, onde as sombras impedem a viso da vida maior.
Por outro lado, Emmanuel atravs da psicografia de Francisco Cndido Xavier no livro Fonte viva, esclarece-nos
que Jesus no recomendou ao rapaz que deixasse aos cadveres o cuidado de enterrar os cadveres e sim
que deixasse aos mortos o cuidado de enterrar os mortos. Isso porque, existe uma grande diferena entre um
cadver e um morto. O cadver carne sem vida, enquanto um morto algum ausente da vida. Desse modo,
h muita gente que perambula nas sombras da morte sem morrer. Distantes do aprimoramento espiritual, mui-
tas pessoas se fecham no egosmo e na vaidade desmedida, recusando-se a participar das experincias coletivas,
e como sabemos no isolamento no h progresso.
H milhares de pessoas que dormem, indefinidamente, enquanto passam os dias de experincia sobre a Terra.
Percebem a produo incessante da natureza, mas no lembram-se da obrigao de fazer algo em benefcio do
progresso coletivo. Diante da rvore que se cobre de frutos ou da abelha que tece o favo de mel, no lembram-
se do pequenino dever de contribuir para a prosperidade comum. De uma maneira geral, se assemelham a mor-
tos preciosamente adornados.
Disse o apstolo Paulo: Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e o Cristo te iluminar (Efsios,
5:14). Isso equivale dizer que devemos acordar para a vida superior e nos levantar para realizar boas obras e o
Senhor nos ajudar, para que possamos ajudar os outros.
Perambulamos pelas sombras da morte sem morrer quando nos afundamos nos abismos do ouro, das conquis-
tas passageiras e nos abismos dos vcios e iluses de todos os matizes. Pela tentao da riqueza moramos em
16 Aula - VIDA ESPRITA- III 53

tmulos de cifres, derrotados pelos maus hbitos, enclausurando-nos nas grades das sombras, atormentados
pelos desenganos e frustraes.
Passar pela vida, sem perambular pelas sombras da morte aprender a participar da luta coletiva; sairmos de
nos mesmos a cada dia buscando sentir a dor do vizinho, as necessidades do prximo. despertar, acordar e
viver com todos, por todos e para todos, porque, ningum pode suspirar to somente para si. Em qualquer parte
do Universo somos usufruturios do esforo e do sacrifcio de milhes de pessoas.
Desta forma, se estivermos diante de algum cadver, que nada mais do que carne sem vida devemos lhe ofe-
recer a beno da sepultura, mas em se tratando de assunto espiritual, deixemos sempre aos mortos o cuidado
de enterrar os seus mortos.
BIBLIOGRAFIA
Kardec, Allan - ESE - cap. XXIII, itens 7 e 8
Xavier, Francisco Cndido - Pelo Esprito Emmanuel - Fonte viva lies 66 e 143
Xavier, Francisco Cndido - Pelo Esprito Emmanuel Po Nosso - lio 68

16 Aula - VIDA ESPRITA- III


Parte A - ESPRITOS ERRANTES
A Doutrina Esprita designa como erraticidade o estado em que os espritos se encontram entre duas encarna-
es, denominando-os de espritos errantes, termo usado pela primeira vez na questo 224 do LE: Que a alma
nos intervalos das encarnaes?
- Esprito errante que aspira a um novo destino e o espera.
Necessrio se faz a distino dos vocbulos erraticidade e mundo Esprita: o primeiro implica a condio de um
estado subjetivo pertinente aos espritos de segunda e terceira ordens, isto e, Espritos Superiores e Espritos
Imperfeitos; o segundo equivale ao local em que preexistem e sobrevivem todos os Espritos. Os de primeira
ordem, denominados puros, e que no se encontram na erraticidade, no tem mais a necessidade de reencarna-
rem, e assim, continuam a vida no mundo espiritual.
Por se encontrarem aguardando uma nova oportunidade de crescimento atravs da encarnao em mundos
fsicos adequados ao seu grau evolutivo, os espritos se preparam buscando ampliao de seus conhecimentos,
esta espera pode ser ou no longa, s vezes se estende por um determinado perodo de tempo, porm, nunca
perptuo.
Inseridos na condio de Espritos errantes, o livre-arbtrio est presente nas decises a serem tomadas, mas
para alguns, indcio de expiao imposta por Deus para que se adiantem na escala evolutiva, isso porque estar
em erraticidade, no significa sinal de inferioridade, haja vista que os Espritos se encontram por toda a parte.
Portanto, apenas os que devem reencarnar so considerados errantes, e os Espritos puros j se encontram em
seu estado definitivo, pelas prprias qualidades ntimas conquistadas atravs do esforo individual.
Em erraticidade, os Espritos analisam e refletem sobre o seu passado, sempre objetivando o aperfeioamento e,
ao percorrerem os lugares, observam e escutam com interesse os conselhos dos encarnados mais esclarecidos, e
dessa forma, as idias novas surgem em seu ntimo, predispondo-os aceitao dos desgnios divinos.
Portando consigo as paixes que lhes so inerentes e atravs do desejo e da vontade de melhorar-se, a verdade
surge lenta e gradual, indicando-lhes o caminho a seguir, impulsionando-os a uma nova existncia no mundo
material. Muitos se sentem felizes, outros se sentindo infelizes, entrevem o que lhes faltam para atingirem a
felicidade. Algumas vezes no lhes permitido, ainda reencarnar, constituindo assim de aprendizado para me-
lhor valorizao das oportunidades concedidas pelo Pai Criador.
No livro O Pensamento de Emmanuel, cap. 5, o autor assim se exprime:
... Geralmente as imperfeies demasiado arraigadas em nossa individualidade eterna no se diluem no estado
doutrinariamente denominado Espritos errantes - permanncia do Esprito no espao durante o tempo que
vai do instante do desenlace ao do incio de uma nova ligao a outro corpo que a reencarnao lhe proporcio-
na, por beno de Deus....
Na obra Depois da Morte, Leon Denis nos instrui, traando um paralelo sobre os Espritos que se encontram
em erraticidade:
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... A ignorncia, o egosmo, os defeitos de todo tipo reinam ainda na erraticidade, e a matria ai exercem sem-
pre sua influncia. O bem e o mal acotovelam-se. , de alguma forma, o vestbulo dos espaos luminosos, dos
mundos melhores. Todos por ali passam, todos permanecem, mas para elevarem-se mais alto ...
Isso nos esclarece a contento, sobre a continuidade da nossa individualidade como Ser Inteligente aps a morte,
com as qualidades e as imperfeies que nos acompanham durante a nossa trajetria evolutiva ate chegarmos
condio de Espritos puros.
MUNDOS TRANSITRIOS
O Ser Inteligente, ao se encontrar no mundo dos Espritos, quase sempre suas percepes se ampliam e muitos
compreendem melhor as vicissitudes porque passaram e conseguem mais ou menos mensurar a durao dos
sofrimentos e a sua utilidade, e com justeza, compreendem o presente como no conseguiam compreender no
estado de encarnados.
Para os Espritos errantes, Deus lhes destinou mundos denominados transitrios, os quais lhes servem de habi-
taes temporrias para que possam se preparar para encarnao futura e assim, desfrutar de maior ou menor
bem-estar nesses mundos cujas superfcies so estreis e, por isso, no servem como habitao para os encar-
nados.
No livro O Pensamento de Emmanuel, cap. 1, o autor assim se refere aos mundos habitados:
... Temos assim, no Espao incomensurvel, mundos-beros, mundos-experincias, mundos-universidades e
mundos-templos, mundos-oficinas e mundos reformatrios, mundos-hospitais e mundos-prises....
... As diversas zonas espirituais, superiores ou inferiores, alm das fronteiras fsicas, onde a vida palpita com a
mesma intensidade das metrpoles humanas....
Tudo que Deus cria tem a sua utilidade e antes da apario do homem na Terra, quando ainda no havia surgido
os primeiros seres orgnicos, esta serviu de habitao temporria para os Espritos que no tinham as necessi-
dades e as sensaes iguais as nossas como encarnados, mostrando a grandiosidade e sabedoria divinas.
Onde quer que se encontre a vida sempre ser vida, no como nos a entendemos, mas como Deus nos mostra
atravs da expanso do Universo por toda a parte, logo, no de se estranhar que muitos no consigam com-
preender onde est a utilidade desses mundos ainda em formao, mas que a cada dia servem como verdadei-
ras estaes para que os Espritos errantes possam ali ter um refugio em locais no circunscritos e nem localiza-
dos na imensido do Criador.
PERCEPCOES, SENSAES E SOFRIMENTOS DOS ESPRITOS.
A Inteligncia como atributo do Esprito se manifesta mais amplamente quando no encontra obstculos e, no
caso dos Espritos desencarnados, isso ocorrer em nvel mais significativo porque outras percepes inerentes ao
Ser Inteligente eclodem conforme o grau que lhes caracteriza a evoluo.
Em LE, questo 240: Os Espritos compreendem a durao como ns? - No, e isso faz que nem sempre nos
compreendais, quando se trata de fixar datas ou pocas. Entendamos que eles vivem fora do tempo de tal for-
ma que muitas vezes sentem como se os seus padecimentos fossem eternos, quando na realidade h apenas
uma manifestao mais ampla sobre o presente, o passado e o futuro, sempre de conformidade com o seu grau
evolutivo.
Na parte I cap. III, item 10 do livro O Cu e o Inferno, os Espritos Superiores nos esclarecem sobre a questo
da durao do temo:
... No intervalo das existncias corpreas o Esprito volta por tempo mais ou menos longo ao mundo espiritual,
onde feliz ou infeliz, segundo o bem ou o mal que tenha praticado..., ou seja, no h uma s imperfeio do
Esprito que no traga consequncias desagradveis e da mesma forma no h uma s qualidade que no lhe
traga felicidade.
Na questo 244 do LE: Os Espritos vem a Deus? Somente os Espritos superiores o vem e compreendem; os
Espritos inferiores o sentem e advinham. Observemos que muitas vezes no conseguem compreender e distin-
guir os sentimentos no tocante a Deus e isso sempre os deixam confusos e desorientados quando retomam ao
mundo espiritual.
Geralmente dirigem a sua ateno para o que lhe importante e, muitas vezes se demoram nas questes mate-
riais, sentem com maior ou menor intensidade os sofrimentos morais como decorrncia de suas aes no pro-
dutivas, as sensaes fsicas como dores localizadas, as necessidades fisiolgicas, o cansao fsico e tudo isso o
leva a se sentir como se estivesse encarnado, mas na realidade, so apenas elos que repercutem em seu perisp-
16 Aula - VIDA ESPRITA- III 55

rito e as lembranas que conservam da existncia fsica, revelando assim o grau de materialidade em que ainda
se encontram.
O Perisprito, sendo o princpio da vida orgnica, embora no seja o da vida intelectual, porque esta do dom-
nio do Esprito, tambm o agente que transmite as sensaes exteriores a este, e no instante da morte, o pe-
risprito se desprende gradativamente e a princpio, o Esprito no compreende a sua nova situao e muitas
vezes se revolta agravando ainda mais os seus padecimentos morais, os quais so percebidos como fome, sede,
frio, calor etc.
Na segunda parte do livro O Cu e o Inferno, os Espritos nas mais diversas condies evolutivas, nos revelam
o grau dos sofrimentos e das dores que sentem aps a morte do corpo fsico, e isso distinto para cada um,
corroborando mais uma vez, que a individualidade apenas se transfere de dimenso levando consigo todas as
paixes que o conduziram na existncia material, pois, uma existncia voltada para a espiritualizao, liberta o
Esprito das limitaes da matria e amplia a viso espiritual do ser como encarnado em mundos que lhes permi-
tem trabalhar pela prpria evoluo e dos semelhantes.
DIFERENTES ESTADOS DA ALMA NA ERRATICIDADE
J a par dos conhecimentos sobre a vida Esprita e sobre o Esprito na erraticidade, podemos concluir que a mor-
te do corpo fsico provocada pela exausto dos rgos materiais no opera qualquer transformao em nenhum
de ns, portanto, imprescindvel que aproveitemos o momento atual para refletirmos sobre ns mesmos, so-
bre nossas aes e reaes no viver cotidiano.
O Esprito desperta na erraticidade como realmente ele na realidade: uns no se apercebem do novo estado,
continuam vivendo como se estivesse encarnado e, por conseguinte, no conseguem compreender porque os
familiares e amigos agem como se no os estivessem vendo; outros, mesmo percebendo, continuam no propsi-
to de fazer o mal; outros ainda, por se sentirem cheios de remorsos, tomam-se revoltados e inconformados com
a nova situao em que se encontram; e h tambm os que aps um despertar sereno, ingressam em trabalhos
voltados para o bem.
No capitulo II, item 2, do Evangelho Segundo o Espiritismo ...No se turbe o vosso corao, crede em Deus,
crede tambm em mim. H muitas moradas na casa de meu Pai; se assim no fosse, j vo-lo teria dito, pois me
vou para vos preparar o lugar. Depois que me tenha ido e vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirareis
para mim, a fim de que onde eu estiver, tambm vos ai estejais... So Joo, cap. XIV: 1-3.
No texto transcrito acima, observemos atentamente e procuremos reter em cada um de ns, a mensagem con-
soladora que Jesus nos deixou para melhor aprendermos a lidar com as adversidades do dia a dia; o apelo aos
nossos melhores sentimentos; a advertncia quanto ao nosso procedimento com os nossos semelhantes e, por
fim, a esperana e a promessa de uma vida futura feliz.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos, Livro 2, cap. VI, item 1, questes 223 a 257; item II, questes 234 a 236 e, Ensaio Terico sobre as
Sensaes dos Espritos;
KARDEC, Allan - A Gnese, cap. XII itens 25 e 35;
KARDEC, Allan - O Cu e O Inferno, cap. I, itens 1 a 15; cap. III, item 10; cap. VII, item: Cdigo da vida Futura, pargrafos de 1 a 8;
KARDEC, Allan - O Que Espiritismo - cap. 2, n 17;
Revista Esprita - Maio de 1857;
Revista Esprita - Abril e Maio de 1864;

Parte B - A VERDADEIRA PROPRIEDADE


Leon Denis, na Segunda parte, captulo IX, da magnfica obra Depois da Morte, poeticamente nos induz a uma
reflexo profunda sobre a natureza dos nossos pensamentos e aes com relao a Deus e ao Universo, assim se
exprime:
... Na hora em que o silncio e a noite se estendem sobre a Terra, quando tudo repousa nas moradas humanas,
se dirigirmos nosso olhar para o infinito dos cus, l veremos inumerveis luzes disseminadas. Astros radiosos,
sis resplandecentes, seguidos pelos seus cortejos de planetas, envolvem aos milhares nas profundezas. At as
regies mais recuadas grupos estelares se desdobram como lenis luminosos. Em vo o telescpio sonda os
cus, em parte alguma ele encontra limites para o Universo; em toda parte os mundos se sucedem aos mundos,
os sis aos sis; em toda parte legies de astros se multiplicam a ponto de se confundir numa brilhante poeira
nos abismos sem fim dos espaos ...
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O homem sempre deve se conduzir durante a existncia material com sabedoria, em busca do seu aprimora-
mento, adquirindo os valores e as qualidades essenciais ao seu progresso. Criado simples e ignorante para, atra-
vs do esforo prprio e da perseverana nas vicissitudes que, algumas vezes lhe so impostas, outras vezes so
decorrentes da sua liberdade de ao que gera responsabilidades para com Deus, para com o prximo e, sobre-
tudo para consigo mesmo, chegar culminncia do objetivo da sua criao.
A cada nova oportunidade, ele realiza suas conquistas pessoais em nveis materiais e moral, adquirindo assim
um patrimnio somente seu que o acompanha antes, durante e depois da encarnao. Conforme vai ampliando
seu crculo de amizades na famlia, no trabalho e nas atividades sociais, conquista a cada dia algo bom e valoroso
que o ajudar sempre. Nessa interao com a sociedade, ele cresce, amplia, auxilia, trabalha e auxilia seus ir-
mos que partilham a caminhada evolutiva Ao encarnar num corpo fsico, ele traz o seu patrimnio com a finali-
dade de cada vez mais torn-lo valioso, e isso deveria fazer com que percebesse que tudo o que ele possuir no
mbito material, ser to somente como usufruturio de tudo que o Pai lhe confiou atravs da sua misericrdia.
Ao retornar a ptria de origem e quando sofrimentos inenarrveis o acometem, quase sempre ele lamenta por
no ter percebido tal realidade.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVI, item II, o Esprito (Cheverus, Bordus, 1861) nos alerta quanto
aos bens verdadeiros: ... A riqueza da inteligncia deve servir-te como a do ouro; difunde em teu redor os bene-
fcios da instruo, distribu aos teus irmos, os tesouros do teu amor, e eles frutificaro..., isso deve sempre
ser a meta do Esprito durante a existncia fsica e a sua transitoriedade aqui na terra.
Quase sempre o homem procura a sua propriedade individual e intransfervel nas coisas mundanas e transitrias
sem a mnima preocupao com a sua parte moral vivenciando a existncia com preocupaes que no agrega-
ro valores durante o seu percurso neste mundo e, ao despertar para a compreenso e aquisio desses bens
imperecveis, ele sofre, lamenta e quase sempre se revolta com a providncia que sempre o agradou com suas
bnos, objetivando o seu progresso infinito.
O objetivo do homem nas existncias fsicas exatamente para que ele conquiste com sabedoria, boa vontade e
desapego aos bens materiais, que constitui um dos maiores entraves ao seu crescimento que busque o seu eu
interior, que siga os passos do Mestre Jesus, que mesmo encarnado, aprenda a valorizar e priorizar os bens da
alma e do corao, os tesouros da amizade e da verdadeira fraternidade, quando ento o bem e o amor reinaro
sobre a Terra unindo todos os seres no ideal de servir e amar a Deus e ao prximo, como Jesus j havia nos dito.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo cap. III itens 2, 16 e, 17; caps. IV e V (Resumo da Doutrina de Scrates e Plato); Cap.
IV.
KARDEC Allan ESE Cap. XVI

17 Aula - RETORNO DA VIDA CORPREA VIDA ESPIRITUAL


Parte A - A ALMA APS A MORTE - SEPARAO DA ALMA E DO CORPO - PERTURBAO ESPRI-
TA
Analisando do ponto de vista filosfico do Espiritismo, a morte no significa a interrupo da vida. A morte resul-
ta da extino das foras vitais do ser orgnico.
No momento da morte fsica a alma volta a ser Esprito e conserva a sua individualidade no a perde jamais,
mesmo aps a morte do corpo fsico.
A individualidade um atributo do Esprito, demonstrada, atravs do perisprito, de acordo com as inmeras
comunicaes de seres desencarnados, que fornecem detalhes particulares da vida fsica anterior.
O perisprito o envoltrio fludico da alma, da qual no est separado nem antes, nem aps a morte, podendo
conservar, temporariamente, a aparncia fsica que tinha em sua ltima encarnao.
Cientificamente, est devidamente comprovada a sobrevivncia da individualidade do Esprito aps a morte
fsica. Portanto o Esprito imortal, porm no eterno, pois somente Deus eterno conserva o seu patrimnio
de experincias existenciais, cuja memria propriedade exclusiva do Esprito. Aps o desencarne, o Esprito
conserva todas as suas experincias da vida e principalmente, as aquisies morais, e nada leva com relao s
conquistas materiais.
Aps a criao o Esprito ser imortal, entretanto, no eterno, porque foi criado por Deus e somente Deus
eterno.
17 Aula - RETORNO DA VIDA CORPREA VIDA ESPIRITUAL 57

O Esprito encarnado, em sua maioria, no se lembra de que hospede da esfera que o recebe para a sua jorna-
da de experincias e aprendizado, para alcanar estgios mais sublimes, na sua evoluo espiritual.
Depois do desencarne, o Esprito tem conhecimento, com exatido, que o reino do bem ou o domnio do mal,
residem dentro de cada um.
A conscincia desse fato proporcionaria ao ser encarnado, o comprometimento em semear o bem e a luz, mais
intensamente em sua jornada terrena.
SEPARAO DA ALMA E DO CORPO
A confiana e a f na vida futura no so suficientes para excluir a apreenso da passagem da vida fsica para a
vida espiritual. Muitos, no temem a morte, entretanto, permanecem inseguros quanto transio de uma vida
para a outra.
A extino da vida orgnica provoca a separao da alma e do corpo, pela ruptura do lao fludico que os une;
mas essa separao jamais brusca; o fluido perispiritual se separa pouco a pouco de todos os rgos, de sorte
que a separao no completa e absoluta seno quando no reste mais um nico tomo do perisprito unido a
uma molcula do corpo.
Na transio do plano fsico para o plano espiritual, existem vrias sensaes dos Espritos e verifica-se que as
essas condies dependem do desprendimento do perisprito, que apresentam diversas variaes:
1) se, no momento da extino da vida orgnica o desligamento do perisprito j estiver completado, a alma
nada sentir;
2) se, nesse momento, a unio dos dois elementos, estiver no auge de suas foras, produzir-se- uma espcie de
ruptura ou dilaceramento;
3) se, a unio j se apresentar enfraquecida, a separao ser fcil e se dar sem abalo ou choque;
4) se, aps a completa extino da vida orgnica, ainda existirem muitos pontos de contatos entre o corpo fsico
e o perisprito, a alma poder sentir os efeitos da decomposio do corpo, at que as ligaes sejam completa-
mente rompidas.
A separao da alma e do corpo no dolorosa, h maior sofrimento para o corpo durante a vida que no mo-
mento da morte. a alma quem sofre e no o corpo fsico, este serve como o instrumento da dor.
A Doutrina Esprita esclarece que a intensidade e a durao do sofrimento esto na razo da afinidade entre o
corpo fsico e perisprito e conclui que o estado moral da alma a causa principal que influi sobre a maior ou
menor facilidade do desligamento. (Cu e Inferno)
PERTURBAO ESPRITA
Conforme esclarece a Doutrina Esprita, na passagem da vida corprea para vida espiritual, produz-se ainda, um
outro fenmeno de capital importncia: o da perturbao. Nesse momento a alma sente um entorpecimento
que paralisa, momentaneamente, as suas faculdades e neutralizam, pelo menos em parte, as sensaes. A alma
fica em estado catalptico, de sorte que quase nunca tem conscincia do seu ltimo suspiro.
O estado do Esprito no momento da morte pode se resumir assim: O Esprito sofre tanto mais quanto o desli-
gamento do corpo seja mais lento. O tempo de desligamento esta em razo de adiantamento do Esprito. Para o
Esprito desmaterializado, cuja conscincia pura, a morte um sono de alguns instantes, isenta de todo sofri-
mento, e cujo despertar cheio de suavidade.
A perturbao pode ser considerada como estado normal no instante da morte e a sua durao indetermina-
da; e varia de algumas horas a alguns anos.
Na morte natural, a que resulta da extino das foras vitais ou da doena, o desligamento se processa gradual-
mente. No ser humano, cuja alma esta desmaterializada, e cujos pensamentos se separaram das preocupaes
terrestres, o desligamento quase completo, antes da morte real; o corpo vive ainda a vida orgnica, e a alma j
entrou na vida espiritual.
A afinidade entre o corpo e o perisprito esta na razo do apego do Esprito a matria; est no seu mximo no
homem cujas preocupaes todas se concentram na vida e nos gozos terrenos; ela nula naquele cuja alma
depurada, esta identificada por antecipao com a vida espiritual.
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

Nas mortes violentas, por suicdio, acidente, ferimentos e etc., o Esprito surpreendido, espanta-se, no acredi-
ta que esteja morto e sustenta teimosamente que no morreu. No obstante, v o seu corpo, sabe que dele,
mas no compreende que esteja separado.
A perturbao que se segue a morte nada tem de penosa para o homem de bem: calma, semelhante que
acompanha um despertar tranquilo. Para aquele cuja conscincia no esta pura cheia de ansiedade e angs-
tias.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos - Segunda Parte - cap. III - 149 a 165
KARDEC, Allan - O Cu e o Inferno- Segunda Parte - cap. I- item4 a 9 e 13.

Parte B - PARBOLA DO MORDOMO OU ADMINISTRADOR INFIEL


Definio de parbola: As parbolas do Evangelho so narrativas alegricas, contendo figuras e quadros das
ocorrncias cotidianas, entretanto, capaz de transmitir verdades indispensveis, atravs de mtodos comparati-
vos para facilitar a compreenso de ensinamentos e preceitos morais.
Importncia do mtodo pedaggico: Ainda hoje, esse mtodo portador de resultados eficientes. A sua vign-
cia permite que se transfiram as informaes de uma para outra gerao, atravs das pocas, sem que percam a
sua atualidade, podendo ser sempre interpretadas conforme as circunstncias e caractersticas culturais de cada
poca (J.A.)
E Jesus disse aos seus discpulos: havia um homem rico, que tinha um administrador; e este lhe foi denunciado
como esbanjador dos seus bens.
Chamou-o e perguntou-lhe: que isto que ouo a teu respeito?
Presta conta da tua administrao, pois j no podes mais ser meu administrador.
Disse o administrador consigo mesmo: Que hei de fazer, j que o meu senhor me tira a administrao? No te-
nho foras para trabalhar na terra; de mendigar tenho vergonha.
Eu sei o que hei de fazer para que, quando for despedido da administrao, me recebam em suas casas.
Tendo chamado cada um dos devedores do seu senhor, perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu patro?
Respondeu ele: Cem cados (vasos de barro) de azeite. Disse-lhe ento: Toma a tua conta, assenta-te depressa e
escreve cinquenta.
Depois perguntou a outro: E tu, quanto deves? Respondeu ele: Cem coros (medida dos hebreus) de trigo. Disse-
lhe: Toma a tua conta e escreve oitenta.
E o senhor louvou o administrador infiel, por haver procedido sabiamente; porque os filhos deste mundo so
mais sbios na sua prpria gerao do que os filhos da luz.
E eu vos recomendo: Com as riquezas da iniquidade, faam amigos; para que, quando estas vos faltarem, esses
amigos vos recebam nos tabernculos (tenda usada pelos hebreus no deserto) eternos.
Quem fiel no pouco, tambm fiel no muito; e quem injusto no pouco, tambm injusto no muito.
Se, pois, no vos tomardes fiis na aplicao das riquezas de origem injusta, quem vos confiar a verdadeira
riqueza?
E se no vos tornardes fiis na aplicao do alheio, quem vos dar o que vosso?
Ningum pode servir a dois senhores; porque ou h de aborrecer-se de um e amar ao outro; ou se devotar a
um e desprezar ao outro. No podeis servir a Deus e as riquezas - Jesus (Lucas 16; 1 a 13)
Sintetizemos a parbola, interpretando os seus personagens:
O senhor ou proprietrio: Deus.
O mordomo infiel: o homem.
Os devedores beneficiados: nosso prximo. H bens dados a administrao: todos os bens materiais existentes
no mundo que habitamos (propriedades, fortuna, posio social, famlia, corpo fsico, etc.).
Interpretao da parbola: A parbola fala de um administrador (mordomo) que se comportou desonestamente.
Ento, chamado s contas, antes que fosse despedido convocou os devedores do proprietrio (o senhor) e man-
dou que confessassem dvidas menores que as verdadeiras; com esse procedimento, visava captar a simpatia e
boa vontade deles.
18 Aula - INFLUNCIA DOS ESPRITOS 59

Nesta parbola, parece que Jesus incentiva a prtica de atos ilcitos ou apologia a desonestidade uma consa-
grao fraude. Entretanto, no esse o objetivo do ensinamento. Sabemos que no Evangelho de Jesus no
existe nada dbio e que necessrio interpret-lo, segundo o esprito que vivifica.
No uso e administrao de qualquer desses bens, o homem procede como mordomo infiel: apropria-se deles
com exclusivismo, egoisticamente, acumulam os s para si, desrespeita os direitos alheios, prejudica o prximo.
A infidelidade est em se apossar do que nos dado temporariamente, para administrar.
O homem sendo o depositrio, o administrador dos bens que Deus lhe depositou nas mos, severas contas lhe
sero pedidas do emprego que lhes dar, em virtude do seu livre-arbtrio. O mau emprego consiste em utiliz-
los somente para a sua satisfao pessoal.
Ao contrrio, o emprego bom sempre que dele resulta algum bem para os outros. O mrito proporcional ao
sacrifcio que para tanto se impe. (ESE - cap. XVI, item 13)
BIBLIOGRAFIA:
Novo Testamento. (Lc 16: 1-13)
ALMEIDA, Jos de Souza e. - As Parbolas - cap. VII.
SCHUTEL, Cairbar - Parbolas e Ensinos de Jesus - 1 Parte.

18 Aula - INFLUNCIA DOS ESPRITOS


Parte A - INTERFERNCIA DOS ESPRITOS EM NOSSOS PENSAMENTOS E AES
Para o Esprita no novidade dizer que os Espritos vem tudo o que fazemos, contudo, o pensamento que
impulsiona nossas atitudes que vai determinar de quem (Esprito) vamos chamar a ateno para nossa condu-
ta.
Dependendo do que estamos fazendo e quem nos est assistindo, a reao de nosso irmo desencarnado ser
diversa, por exemplo, se estamos envoltos em dificuldades e com muitos percalos em nossa caminhada, os
irmos em menor escala evolutiva iro rir, se divertir e at auxiliar que aquela dificuldade torne-se maior. Po-
rm, se estamos sendo assistidos por irmos de evoluo mais apurada, estes iro lamentar nossos enganos e
contribuir para que sejamos esclarecidos e orientados sobre o melhor caminho a seguir. (LE, 456-458)
O meio de comunicao entre os Espritos o pensamento e atravs dele que so estabelecidos os contatos,
como as ondas de rdio estabelecero qual a emissora que iremos sintonizar. Assim, de acordo com nossos pen-
samentos que estabeleceremos contato e seremos ouvidos por aqueles que se interessam pelas nossas emis-
ses. Portanto, nenhum pensamento, at aquele que mais secreto, ou aquela atitude que escondemos, at de
nos mesmos, no ficaro escondidos pelos Espritos. (LE, 457)
Frequentemente somos influenciados pelos desencarnados em nossos pensamentos e aes. Muitos podem
perguntar-se, mas Por que permite Deus que os Espritos nos incitem ao mal? (LE, 466). Contudo, basta uma
anlise racional dos ensinamentos a ns oferecidos pela doutrina Esprita e responderemos com facilidade
...Nossa misso a de te por no bom caminho, e quando ms influncias agem sobre ti, s tu que as chamas,
pelo desejo do mal, porque os Espritos inferiores vm em teu auxilio no mal, quando tens a vontade de come-
ter; eles no podem ajudar-te no mal, seno quando tu desejas o mal...
Neutralizao das influncias negativas
Com base no estudo das questes apontadas neste captulo, percebemos o quo importante so nossos pensa-
mentos. No podemos esquecer que os pensamentos vm do ntimo de cada um de ns e o que passa em nosso
interior que devemos observar.
Contudo, no basta somente observar o que somos o que pensamos e o que fazemos. Urge trabalharmos nosso
aperfeioamento individual para que sejamos portadores de luzes e no de sombras, assim entendemos melhor
o enunciado ... diga com quem tu andas e eu direi quem tu s, pois chamamos pelo nosso pensamento aque-
les que se comprazem com eles.
Se o homem procura melhorar-se, trabalhando a sua renovao moral, auxiliando no trabalho de caridade com o
prximo, ele ir irradiando pensamentos direcionados ao bem e assim aqueles que lhes assemelham iro ter
com ele. Contudo, se o pensamento estiver impregnado de vcios e imperfeies, a sua companhia ser dos que
comungam das mesmas idias.
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

Distino dos prprios pensamentos


Portanto ns tambm, pois que estamos rodeados de uma to grande nuvem de testemunhas, deixemos todo
o embarao, e o pecado que to de perto nos rodeia... Hebreus, 12:1
Se os nossos irmos em evoluo participam de nossos pensamentos, muitas vezes nos questionamos se este ou
aquele pensamento nosso? Para isto, os Espritos nos deram a orientao de que o primeiro impulso (idia)
so, em geral, nossos pensamentos e os que nos geram duvidas so os sugeridos pelos Espritos. (LE 461)
Devemos levar, contudo, em considerao a evoluo moral do indivduo. Se for um homem de inteligncia e a
utiliza para bem servir, nisto tendo uma misso, com certeza ser auxiliado pelos benfeitores espirituais. Contu-
do, se aquele Esprito encarnado tem boas inclinaes, mas, no primeiro impulso tem uma idia infeliz, prova-
velmente, so ainda suas ms tendncias que afloram em seu ser.
E assim que Deus deixa a nossa conscincia a escolha da rota que devemos seguir, e a liberdade de ceder a uma
ou a outra das influncias contrrias que se exercem sobre ns. (LE, 466)
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos, Livro 2, cap. VIII, questes 419 a 421; cap. IX, questes 456 a 472; Livro 3, cap. II, questo 662;
KARDEC, Allan - A Gnese - cap. XIV (Os Fluidos), Ao dos Espritos sobre os Fluidos - Criaes Fludicas, itens 13 a 15;
KARDEC, Allan - Obras Pstumas - pargrafo II (A Alma), item 4;
KARDEC, Allan - O Que Espiritismo - cap. II (Comunicaes com o Mundo Invisvel);

Parte B - PAGAR O MAL COM O BEM


Se no amardes seno aqueles que vos ama, que recompensa tereis, uma vez que as pessoas de m vida amam
tambm aqueles que as amam? E se no fazeis o bem sendo aqueles que vo-lo fazem, que recompensa tereis,
uma vez que as pessoas de m vida fazem a mesma coisa.
Jesus nos indaga qual o diferencial do nosso trato na sociedade, com aqueles com quem nos convivemos e te-
mos afinidades e gostos comuns, em relao aos que optam por caminhos e pensamentos de vida diferente-
mente ao nosso.
Tratar bem aqueles que nos so queridos parece fcil, e quanto aos demais?
Jesus prossegue em questionar os que esto a sua volta e sorvem-lhe os ensinamentos: Se vos emprestais se-
no aqueles de quem esperais receber o mesmo favor, que recompensa tereis, uma vez que as pessoas de m
vida se emprestam mutuamente para receber a mesma vantagem?
Em seguida acrescenta dando destaque a: mas, por vs, amai os vossos inimigos, fazei o bem a todos, e em-
prestai sem disso nada esperar, e ento vossa recompensa ser muito grande, e sereis filho do Altssimo, que
bom para com os ingratos e para com os maus.
A seguir pede que sejamos todos cheios de misericrdia, como nosso Deus o . (So Lucas, cap. VI, v. 32 a 36)
Assim que do ensinamento extrai-se que o comum, daqueles a quem Jesus chama de pessoas de m vida
fazerem o bem entre si, entre os seus iguais.
Ao desviar o olhar na vida de relao para aquele que se tem como diferente que se deve aplicar, no s na
medida da fora moral, mas acrescer-se da medida do amor maior; daquele amor humano inspirado e dilatado
pelo amor do Pai, que todo cheio de misericrdia.
Jesus nos diz que devemos agir assim, at porque o benefcio maior para com aquele de quem o sentimento
emanado.
Quando inspirados no amor maior, a atitude de acolhimento, perdo das ofensas, a sublimao do eu, flui natu-
ralmente do ser.
Para aquele que incrdulo, que tem viso limitada na vida presente, no h porque ser gentil ou mesmo deli-
cado no trato social.
Provavelmente h de se perguntar o que eu ganho fazendo isso?.
Para aquele outro, cuja f, pode at ser tmida, mas que cr em Deus e no amor de Deus por seus filhos, mais
particularmente ao que professa a Doutrina Esprita, a esses, se tmidos, se fortalecero cada dia mais, a estes
ltimos, oportunidades valiosas de acrisolar virtudes no cadinho da vida.
19 Aula - OS PODERES OCULTOS E O HOMEM 61

Pois, aquele que tido hoje como um inimigo; como um ingrato, talvez maledicente, nos chega convivncia na
nsia ntima de ser acolhido e de colher, por sua vez, algum aprendizado atravs do nosso bom exemplo.
No Novo Testamento, Evangelho de Mateus, cap. V vers. de 38 a 40, Jesus nos fala em pagar o mal com o bem,
sem deixar nenhuma dvida, seno veja-se: ouviste o que foi dito, olho por olho, dente por dente, eu, porm
vos digo que no resistais ao mal; mas, se, porm algum te bater na face direita, oferece-lhe tambm a outra; e
ao que quiser pleitear contigo, e tirar-lhe a tnica, larga-lhe tambm a capa; e se qualquer te obrigar a andar
uma milha, vai com ele duas.
Claro est que o chamamento aos que crem no amor e na justia divina inquestionvel. V-se que para,
invs de retribuir a agresso sofrida, devemos oferecer a mansido; pois resistir ao mal fazer fora contra,
entrar no jogo do agressor. Na sequncia, a generosidade de sentimentos e ainda mais, dar de ns alm do que
nos pedido. Isto fazer o diferente, no sermos aqueles a quem o Mestre denominou os de m vida.
A face da mansido, do entendimento, da fraternidade, entendendo que o outro ainda no possui o conheci-
mento das Leis de Amor. Pela mansido o homem conquista amizades na Terra e bem-aventuranas no cu.
Os mansos e os humildes de corao possuiro a Terra porque se elevam na hierarquia espiritual. em Jesus
que devemos buscar as lies de mansido que tanto carecemos nas lutas da vida (SCHUTEL, Cairbar - Parbolas e
Ensinos de Jesus).
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XII, itens 1 a 4, Cap. V item 19.
SCHUTEL, Cairbar - Parbolas e Ensinos de Jesus - Mansido e Irritabilidade.

19 Aula - OS PODERES OCULTOS E O HOMEM


Parte A - OS PACTOS - O PODER OCULTO - TALISMS E FEITICEIROS - BENOS E MALDIES
Diversas vezes tentamos buscar em pessoas, que acreditamos poderiam nos ajudar, de forma rpida e imediata
a resoluo de nossos problemas. Ser que o homem tem o poder de decidir sobre a vida de seu semelhante, ou
quantas vezes, como pais, nos intitulamos donos da verdade e interferimos nas provas de nossos filhos? Pes-
soas que nem imaginamos, tentam atrapalhar e nos afastar de objetivos nobres, o orgulho que ainda impera
nos coraes dos homens, de fato no podemos esquecer a semeadura livre e a colheita obrigatria.
Os Pactos (LE, 549 a 550)
O que so pactos? Encontramos uma definio como sendo a que mais se adapta as questes que iremos tratar
acerca deste assunto: Aliana, no sentido de acordo, um pacto entre duas ou mais partes objetivando a reali-
zao de fins comuns
Neste intercmbio com o plano espiritual, muito comum encontrarmos pessoas que se questionam se h algo
de verdadeiro nos pactos com os maus Espritos. E a resposta que os Espritos nos trazem bem clara: No, no
h pactos, mas uma natureza m simpatizando com Espritos maus, tambm por curiosidades desvirtuamos do
caminho do bem. Sabemos que o mundo que vivemos ainda est repleto de doutrinas religiosas que so reple-
tas de rituais e promessas, que funcionam mais ou menos assim: voc me consegue este privilgio, eu retribuo
os Espritos atravs de pagamentos, agradecimentos... O que no podemos nos esquecer de que em qualquer
ato de nossas vidas h um pensamento que o motivou e este pensamento, esta inteno, ser observado de
acordo com o padro vibratrio.
Portanto, se queremos prejudicar o nosso semelhante, s no pensamento j estaremos nos ligando aqueles que
comungam da mesma faixa vibratria que ns e a est o sentido alegrico atribudo a palavra pacto. Aquele
que deseja cometer uma ao m, pelo simples fato de o querer chama em seu auxlio os maus Espritos, ficando
obrigado a servi-los como eles o auxiliam, pois eles tambm necessitam dele para o mal que desejam fazer...
(LE, 549)

O Poder oculto e Talisms (LE, q. 551 a 556)


O Livro dos Espritos, define o Poder Oculto: como um poder magntico muito grande que algumas pessoas
possuem do qual podem fazer mau uso se o prprio Esprito for mau e, nesse caso podero ser influenciados por
Espritos imperfeitos. Mas no acrediteis nesse pretenso poder mgico que s existe na imaginao da pessoas
supersticiosas e ignorantes das verdadeiras leis da natureza.
Do francs talisman e este do persa telesmt e este do grego (rito religioso).
Substantivo: Amuleto: Objeto ao qual se atribuem poderes mgicos.
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

Quando analisamos a histria da humanidade, percebemos que os objetos aos quais eram atribudos poderes
mgicos de proteo, sorte e outros, surgiram provavelmente nas primeiras tribos, onde os homens daquela
sociedade j tinham os chamados feiticeiros, que por diversas orientaes que recebiam do plano maior
(no podemos esquecer que a mediunidade sempre existiu, pois inerente ao Esprito), se juntava necessida-
de de uma representao material que pudesse auxili-los na concepo de f, de crena em um poder superior.
A poca exata de como isto ocorreu e seu ponto inicial, os historiadores no tem como identificar, contudo,
percebe-se no desenrolar do desenvolvimento de entendimento intelectual do homem, a aquisio destes sm-
bolos, que representavam sorte ou azar, na cultura de determinado povo, sendo esta disseminada para outras
regies. Por exemplo: Na China, espalhar moedas no cho e arroz atrai dinheiro e fortunas. Na Europa ocidental,
acreditavam que o alho matinha as pessoas livres de vampiros Para os Celtas, o trevo de quatro folhas simboliza
boa sorte.
O que nos importa entender que estes smbolos nada produzem realmente em nossas vidas, pois ...Todas as
frmulas so charlatanices; no h nenhuma palavra sacramental, nenhum signo cabalstico, nenhum talism
que tenha qualquer ao sobre os Espritos, porque eles s so atrados pelo pensamento e no pelas coisas
materiais.(LE, 552), percebemos tambm que aquele que confia naquele poder, ou melhor dizendo virtude de
um talism, pode por essa mesma confiana atrair um Esprito, pois eles o so por uma direo de pensamento
a determinado objetivo, mas a vemos a natureza do Esprito atrado depende da natureza da inteno e da
elevao dos sentimentos... isso indica estreiteza e fraqueza de idias, que do azo aos Espritos imperfeitos e
zombadores (LE, 554)
Feiticeiros
Os feiticeiros so definidos como praticantes ou lderes da celebrao de rituais, oraes ou cultos, para conse-
guir determinados fins. Contudo, entendemos com maior profundidade, pois os Espritos superiores nos esclare-
cem que Esses a que chamais feiticeiros so pessoas quando de boa-f, que possuem certas faculdades como o
poder magntico ou a dupla vista (LE 555) Existem, tambm, pessoas que com este poder magntico multo
grande, podem fazer mau uso, sendo a secundadas por maus Espritos, entretanto, existem aqueles que associ-
ados a este poder magntico de grande vulto, unem a pureza de sentimentos e um desejo ardente de fazer o
bem e podem curar uma pessoa pelo simples toque.
Beno e Maldio
Muitas vezes ns perguntamos se a maldio, ou praga como popularmente conhecido por ns, pode atin-
gir-nos. Ser?! Antes de qualquer coisa devemos lembrar que aquele que amaldioa o seu semelhante, j de-
monstra um sinal de inferioridade moral, alm do mais a maldio ou a beno no podem jamais desviar o nos-
so senso de Justia Divina, seno estaramos indo contra um dos atributos de nosso Pai Criador (LE 13). Contudo,
no podemos esquecer a pergunta: Qual nosso mundo ntimo?, pois sabemos que este que ir determinar
com quais sintonias estaremos ligados e qualquer tipo de influncia de pensamentos emitidos e magnetismo em
nossa direo s sero captados se estivermos ao seu alcance e se esta prova estiver dentro de nossa programa-
o de provas a serem vivenciadas. imprescindvel lembrar que tudo uma questo de f
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - o Livro dos Espritos, 549 a 557.
KARDEC, Allan - A Gnese cap. XVII itens 22 a 24;

Parte B - CARACTERES DO VERDADEIRO PROFETA


O capitulo XXI do ESE tem como titulo Falsos Cristos e Falsos Profetas e antes de iniciarmos uma reflexo so-
bre o tema vamos conceituar a palavra Profeta [do grego prophtes, pelo latim propheta] 1. Adivinho. 2. Aquele
que prev ou faz conjecturas sobre o futuro. 3. Titulo dado pelos muulmanos a Maom. 4. O que revela a vonta-
de de Deus. 5. Designao imprpria para mdium.
Todo aquele que enviado de Deus e vem ao mundo com a misso de instruir a humanidade naquele momento,
podem revelar coisas ocultas, mistrios da vida espiritual e tambm pode ser um profeta sem necessariamente
fazer predies, ou seja, sem fazer previses de acontecimentos futuros. Contudo, desde o surgimento de Jesus
que os homens devem atentar para seu ensinamento Ento, se algum vos disser: Eis que o Cristo est aqui,
ou ali, no lhe deis crdito; Porque surgiro falsos cristos e falsos profetas, e faro to grandes sinais e prodgios
que, se possvel fora, enganariam at os escolhidos. (Mateus, XXIV:23-24)
20 Aula - AFEIES DOS ESPRITOS 63

A doutrina Esprita, incentivando a f raciocinada, mostra o melhor caminho para identificar o verdadeiro profe-
ta, ou seja, aquele que realmente um enviado de Deus, estando aqui cumprindo uma misso de progresso da
humanidade e ensinamento de leis morais que o Cristo deixou exemplificado para todos nos h mais de 2000
anos. Quando observamos os homens, verificamos os diferentes nveis de evoluo de cada individualidade.
Muitos, ainda pouco conhecedores da f raciocinada, no percebem que ambiciosos e farsantes utilizam-se da
palavra bem articulada, para imbuir conceitos nada cristos em seus ensinamentos. Levando ao desengano de
muitos que se deixam levar pela f sem bases slidas.
Uma verdade que Jesus nos deixou que ... no boa a rvore que d maus frutos, nem m a que d bons
frutos... (Lucas, VI:43). Nessa passagem frutos significa obras, ou seja, nos coloca a verdadeira maneira de reco-
nhecer um profeta na Terra. Portanto, se ele for reconhecido por suas obras edificantes, consequentemente
ser considerado um enviado de Deus.
Nosso maior exemplo o Cristo, Ele veio sem pompas e honrarias, veio na humildade da vida comum do homem
daquela poca. Auxiliou a todos os que encontraram em seu caminho, curou doentes, orientou a todos e mesmo
na hora da maior etapa de sua passagem aqui na terra, deixou que a vontade do Pai fosse cumprida, ali deixando
seus ensinamentos atravs de seu exemplo de amor, humildade e caridade.
Muitos j presenciamos, em nosso momento atual e em momentos vrios de evoluo do homem nos tempos,
dizendo: - Eis-me aqui sou o Cristo, ou Sou o Seu enviado, e se algum que estiver em nosso caminho e
comportar-se desta maneira QUESTIONE, pois no possui a primeira caracterstica que reconhecemos em um
verdadeiro profeta, a humildade e se observarmos atentamente, quando em suas atitudes demonstra orgulho e
vaidade, que so sentimentos antagnicos a humildade, este j no demonstra superioridade moral, pois no
possui as virtudes necessrias e portanto, no h resultados e influncia moralizadora de suas obras, pois no as
tm.
Outra caracterstica importante a observar que a maioria dos verdadeiros missionrios de Deus ignora que o
sejam. Realizam a tarefa para a qual foram designados, graas a suas virtudes engrandecidas em sua alma, se-
guindo sua caminhada com a inteno da verdadeira caridade e amor ao semelhante, muitos passam at des-
percebidos dos olhos de alguns, pois, para eles o que interessa cumprir o dever que lhes compete, um dever
que o seu corao aponta e que segue sem pestanejar, com f no Pai Criador e com o sentimento verdadeiro do
amor, como o Cristo nos ensinou: Que vos amei uns aos outros; como eu vos amei a vs... (Joo, XIII 3:4)
Exploradores da credulidade existem e existiro enquanto nosso planeta estiver em fase de renovao, portan-
to, cabe a ns, que estamos entendendo melhor os ensinamentos de Jesus, vigiarmos e auxiliarmos aqueles que
compartilham conosco a jornada, a enxergar a verdade que esta ainda por baixo do vu para muitos. Ns que
estamos abraando a verdade que esclarece, auxilia, alivia as dores esta verdade baseada no entendimento ver-
dadeiro dos ensinamentos de Jesus, deve ser revelada para que aqueles que ainda no tm uma f raciocinada
despertem para a realidade dos novos tempos.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XXI, item 9.

20 Aula - AFEIES DOS ESPRITOS


Parte A - AFEIES POR CERTAS PESSOAS - ANJOS DA GUARDA ESPRITOS PROTETORES, FA-
MLIARES OU PRESSENTIMENTOS.
AFEIES POR CERTAS PESSOAS
Os bons Espritos se afeioam com os homens de bem ou com aqueles das quais percebam vontade de progredir
Porm nem sempre as afeies dos Espritos tem um cunho exclusivamente moral pode existir caso de uma
lembrana de paixes humanas.
Os Espritos desencarnados se afeioam aqueles Espritos encarnados que estejam na sua sintonia (semelhana
de sensaes) os bons se simpatizam com os homens de bem ou suscetveis ao progresso e os imperfeitos (infe-
riores) se ligam a homens viciosos ou com tendncias ao vcio.
Os bons Espritos se comprazem com o equilbrio o bom senso e a evoluo dos homens e ficam tristes quando
os vem seguindo outros caminhos menos promissores, enquanto, j os Espritos imperfeitos (inferiores) se
comprazem com as aflies e desvios dos homens, se irritando quando estes buscam um caminho que os levar
ao progresso.
FEESP CURSO BSICO DE ESPIRITISMO 1 ANO

Os bons Espritos, sabendo que a vida corporal apenas transitria, afligem-se mais com mal moral, porque o
homem est muito mais suscetvel as coisas materiais, deixando se levar muito fcil pelas paixes terrenas, atra-
vs do seu orgulho e egosmo. Os Espritos imperfeitos sempre incitam os homens ao desespero, para que eles
se comprometam cada vez mais, enquanto os Espritos bons tentam reerguer o homem dando-lhes coragem.
Os parentes e amigos que retomam antes ao plano espiritual sempre protegem os seus que permanecem no
plano terrestre, de acordo com o seu poder. Porm so sensveis a afeio daqueles que no os esqueceram.
Frequentemente protegem como Espritos em conformidade com o seu poder.
ANJOS DA GUARDA ESPRITOS PROTETORES FAMLIARES OU SIMPTICOS
Em vrias ocasies imaginamos o anjo da guarda com asas enormes, entretanto essa iluso se toma insignifican-
te diante da elevao do Esprito designado a proteger cada criatura. Pode-se chamar irmo espiritual, bom Esp-
rito ou bom gnio.
O irmo espiritual um bom Esprito que se liga ao homem para proteg-lo.
Anjo da guarda um Esprito protetor de uma ordem elevada, que tem como misso acompanhar e induzir o
homem a seguir o bom caminho, atravs de bons conselhos e encorajamento nas provas da vida.
O Esprito protetor acompanha o homem desde o nascimento at a morte e frequentemente continua acompa-
nhando no plano espiritual e em outras encarnaes, pois ele aceitou essa tarefa, podendo escolher seres que
lhe so simpticos, sendo que para uns um prazer e para outros uma misso ou um dever.
O Esprito protetor pode proteger outros homens, porm de uma forma genrica.
Alguns Espritos protetores necessitam deixar seu protegido para cumprir outras misses, nesses casos subs-
titudo automaticamente por outro.
A misso do Esprito protetor ou anjo da guarda de ajudar o seu protegido, estando em todos os momentos ao
seu lado, torcendo pela sua vitria, intuindo para sua evoluo, dando-lhes bons conselhos, e se sente decepci-
onado quando o v seguir caminhos no muito edificantes, porm ele nunca o abandona ou lhe faz mal, muito
pelo contrrio, permanece prximo, para entrar em ao assim que for solicitado ou que tiver oportunidade de
fazer contato.
Muitas vezes o protegido resolve seguir um caminho indicado pelos Espritos imperfeitos, pelas suas falhas mo-
rais, nesses casos o Esprito protetor permanece a distncia, no intervm diretamente, pois respeita o livre-
arbtrio do protegido que com certeza ir tirar um aprendizado daquela situao, deixando a cargo do mesmo
que se sintonize a ele (protetor), solicitando ajuda.
O Esprito protetor exerce a sua funo de maneira oculta, para que o protegido evolua atravs de seus prprios
mritos, pois mesmo o Esprito protetor o auxiliando com bons conselhos, ele respeita o livre-arbtrio do prote-
gido que necessita querer apreender para progredir.
O Esprito protetor sente-se coroado de felicidade quando v xito na sua misso, e lamenta quando o protegido
no consegue resistir s tentaes, mas, no entanto no desiste, porque sempre h tempo de se escrever o
amanh.
Os Espritos protetores adotaro o nome que o protegido quiser dar-lhe, pois ir lhe inspirar confiana, porque
para eles todos so irmos e com o consentimento daquele irmo que esta sendo chamado, atender o protegi-
do.
No plano espiritual frequentemente o Esprito reconhece seu protetor, pois j o conhece de outras encarnaes.
Familiares podem proteger seus entes queridos, porm devem apresentar um grau de elevao, um poder e
uma virtude a mais, concedidos por Deus. O pai que protege seu filho pode ser assistido por um Esprito mais
elevado.
O homem recebe o seu Esprito protetor de acordo com o seu grau de adiantamento e assim sucessivamente.
Deus no pede ao Esprito mais do que aquilo que comporte a sua natureza e o grau a que tenha atingido.
Quando o Esprito de um familiar protetor reencarna, pode vir com a misso de proteger aquele outro Esprito,
mas sempre haver um Esprito protetor para ampar-lo.
Os Espritos imperfeitos se ligam ao homem pela sua invigilncia e sintonia, trazendo-lhes dvidas entre o bem o
mal, mas isso acontece pelo homem e no porque a previdncia divina o incumbiu.
Os Espritos simpticos so atrados pelo homem pela sua afinidade, porm permanecem por um perodo tem-
porrio e com a permisso do Esprito protetor, bem como, os Espritos familiares.
20 Aula - AFEIES DOS ESPRITOS 65

Os ditos bom ou mau gnios, frequentemente no encarnam para acompanhar um homem mais diretamente,
costumam enviar Espritos que lhe sejam simpticos para essa misso.
Os Espritos protetores podem se ligar aos membros de uma famlia, que vivem juntos e so unidos por afeio,
no se levando em conta o orgulho pela raa.
Os Espritos, preferencialmente, frequentam lugares onde tem indivduos semelhantes, para se sentirem mais a
vontade e mais seguros para serem ouvidos. O homem ir atrair aquele que mais se afinize naquele momento,
tanto bons como maus, tudo depende do seu aperfeioamento moral. Isso sendo vlido tanto para o indivduo
como para uma coletividade.
Toda aglomerao de indivduos, formando uma sociedade, tem um Esprito Superior, que direciona os demais
para um objetivo comum, dependendo do grau de adiantamento daquele povo.
Quando um indivduo tem dom para artes, invocam Espritos protetores especiais para auxili-los, e so atendi-
dos quando so dignos e realmente tem o dom.
Cada homem tendo os seus Espritos simpticos, disso resulta que em todas as coletividades a generalidade dos
Espritos simpticos est em relao com a generalidade dos indivduos; que os Espritos estranhos so para elas
atrados pela identidade de gostos e de pensamentos; em uma palavra, que essas aglomeraes, to bem como
os indivduos, so mais ou menos bem envolvidas, assistidas e influenciadas, Segundo a natureza dos pensamen-
tos da multido.
Das observaes feitas sobre a natureza dos Espritos pode-se deduzir que o Esprito protetor ou Anjo da guarda
tm como misso seguir o homem na vida e auxili-lo em todos os momentos.
Quando o Esprito toma-se capaz de guiar-se por si s, no necessita mais do Esprito protetor, mas para que isso
acontea ter que estar em planos mais elevados.
PRESSENTIMENTOS
O pressentimento o conselho ntimo e oculto de um Esprito que vos deseja o bem.
O Esprito ao encarnar tem conhecimento do gnero de provas que ir se ligar, quando estas so marcantes, ele
conserva em seu foro ntimo uma impresso, que se aflorara no momento adequado na forma de pressentimen-
to ou intuio.
Quando no temos certeza acerca do pressentimento, devemos rogar para que Deus permita que seu Esprito
protetor seja mais explicito na mensagem.
O Esprito protetor procura nos auxiliar em nossa conduta seja moral ou vida privada, porm muitas vezes no
ouvimos a voz da nossa conscincia, mesmo assim eles nos enviam sugestes atravs das pessoas que nos cer-
cam, e em muitas vezes continuamos rumando pelo caminho mais penoso, tendo dissabores, mas pela nossa
invigilncia, pois o nosso Esprito protetor tentou nos alertar de todas as formas.
Exemplo simples: Seguimos um caminho e comeamos a sentir algo estranho (pressentimento) para no irmos
por ali, mas nos persistimos, mais adiante encontramos uma pessoa que nos comunica que tem alguns elemen-
tos suspeitos frente que podem nos assaltar. Se examinarmos as diversas circunstncias felizes ou infelizes da
nossa vida, veremos que em muitas ocasies recebemos conselhos, que, pelo nosso livre arbtrio nem sempre
aproveitamos.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos, Introduo ao Estudo da Doutrina Esprita, (Resumo da Doutrina dos Espritos), pargrafo 11; Livro
2, cap. IX, questes 484 a 524.
KARDEC, Allan - O Que Espiritismo - cap. II (Comunicaes com o Mundo Invisvel), itens 44, 63 e 84; pergunta 138.
KARDEC, Allan - A Gnese, cap. XIV (Os Fluidos), item 15, 3 pargrafo.
KARDEC, Allan - Obras Pstumas - item 47, 2 pargrafo.

Parte B - PRECES INTELIGVEIS - MODO DE ORAR


PRECES INTELIGVEIS
... Se eu orar numa lngua estrangeira, verdade que o meu Esprito ora, mas o meu entendimento fica sem
fruto... (Paulo, I Cor., XIV: 11,14,16-17)
Como pode se observar a prece s tem valor quando o pensamento est associado ao desejo ntimo, porque
caso contrrio est sendo feita sem propsito, apenas de uma forma mecnica, no atingindo o seu objetivo.
A prece realizada em uma lngua desconhecida no pode atingir o alvo, pois a sua interpretao estar dissocia-
da do pensamento, ou seja, a prece poder estar sendo destinada a algo que diverge do pensamento.
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Para que a prece realmente toque o corao necessrio que ela esteja sendo sentida e desejada, formando
assim uma idia, caso contrrio estar sendo em vo.
... Deus l o intimo dos coraes; perscruta o nosso pensamento e a nossa sinceridade; e consider-lo mais
sensvel forma do que ao fundo seria rebaix-lo.
MODO DE ORAR
Pelo divino circuito da prece, a criatura pede o amparo do Criador e o Criador responde a criatura pelo princpio
da reflexo espiritual, estendendo-lhe os Braos Eternos, a fim de que ela se erga dos vales da vida fragmentada
para os cimos da vida vitoriosa.
Trs podem se os objetivos da prece:
LOUVAR - consiste em exaltar os atributos de Deus, no evidentemente, com o propsito de ser-Lhe agradvel,
visto que Deus inacessvel lisonja. Devemos traduzir um sentimento espontneo e puro de admirao por
Aquele que, em todas as suas manifestaes, se revela detentor da perfeio absoluta, nosso apoio maior, nossa
inspirao mais sublime, nossa esperana mais autntica.
O Senhor conhece-nos melhor do que ns mesmos e nos oferece experincias compatveis com nossa capacida-
de de suport-las, cobrando-nos em suaves prestaes dbitos que nos esmagariam se fossemos convocados a
resgat-los numa s parcela.
PEDIR - o segundo propsito da orao, algo perfeitamente admissvel, um direito de todo filho que se dirige a
seu pai.
As peties visam algo que se deseje obter, em benefcio prprio ou de outrem. Que se pode pedir? Tudo desde
que no contrarie a Lei de Amor. Exemplos: perdo pelas faltas cometidas, foras para resistir s tentaes, pro-
teo contra os inimigos, sade para os enfermos, luz para os Espritos conturbados e paz para os sofredores
(encarnados ou desencarnados), amparo para um perigo iminente, coragem para vencer os percalos da vida,
pacincia e resignao nos momentos aflitivos e dolorosos, inspirao sobre como resolver uma situao difcil
seja de ordem material ou moral, etc.
Existem aqueles que dizem que Deus tudo v, ento por que pedir?
Quem raciocina assim desconhece que a orao no objetiva trazer Deus at ns, mas de elevar-nos at Ele. H
quem reclame que suas preces no so ouvidas. que pedimos o que queremos; Deus nos d o que precisamos,
e raramente compatibilizamos desejos e necessidades.
Se pretendermos que o Senhor nos libere de sofrimentos e dificuldades retificadoras, fatalmente colheremos
decepes.
O ideal, portanto no pedir que Deus nos favorea para as realizaes da Terra, mas que nos fortalea para as
realizaes do Cu, inspirando-nos o comportamento mais adequado, a atitude mais digna o esforo mais nobre.
AGRADECER - Deus coloca a nossa disposio diariamente, riquezas inestimveis. A oportunidade de servir, a
disciplina do trabalho, o conforto do lar, as possibilidades da inteligncia, so algumas das infinitas bnos que
devemos agradecer ao Criador.
A prece torna o homem melhor, porm no redime as faltas cometidas; aquele que pede a Deus perdo pelos
seus erros, s o obtm mudando sua conduta na prtica do bem. A prece no pode mudar a natureza das provas
pelas quais o homem tem que passar, porm nunca intil quando bem feita, porque d fora, o que j um
grande resultado (LE, 663).
A prece pelos desencarnados no muda os desgnios de Deus a seu respeito; mas o Esprito experimenta alvio e
conforto ao receber o influxo amoroso da prece.
Pode-se orar tambm aos bons Espritos, porque so eles os mensageiros de Deus e executores de Sua vontade.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVII, itens 16, 17 e 22.
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVIII (Coletnea de Preces Espritas), itens 11 a 13 .

21 Aula - OS ACONTECIMENTOS DA VIDA


PARTE A - INFLUNCIA NOS ESPRITOS NOS ACONTECIMENTOS DA VIDA - TORMENTOS VOLUN-
TRIOS - A VERDADEIRA DESGRAA
Os acontecimentos da vida podem ser influenciados por Espritos que esto em sintonia com os encarnados e
que atravs do pensamento so capazes de sugerir diversas opinies. Essas influncias, entretanto no alteram
21 Aula - OS ACONTECIMENTOS DA VIDA 67

o seu livre arbtrio nem interferem sobre as leis da natureza. Portanto no se deve atribuir aos Espritos a res-
ponsabilidade pelos seus atos, cabendo aos mesmos s consequncias e responsabilidades pela sua realizao.
Os atos praticados com a cooperao dos Espritos parecem absolutamente naturais uma vez que sua interven-
o oculta. Assim, ao encontrar algum ao acaso, pode ter sido por influncia dos Espritos que inspiram a
passar por determinado local.
Os Espritos tambm podem agir sobre a matria, desde que no interfiram nas leis da natureza. Se um homem
sobe por uma escada e ela se quebra, isso ocorre pelo fato da escada ser velha e estar fraca. A influncia dos
Espritos nesse caso pode se dar inspirando ao homem a idia de subir nessa escada. Se um raio atinge uma r-
vore e fere o homem que nela se abriga, da mesma forma a ao dos Espritos inspirar o homem para procurar
o abrigo no local onde o raio ir cair. E se o homem no der ateno aos Espritos e for se abrigar em outro local,
o raio cair sobre a mesma rvore, sem atingir o homem. Espritos no provocam a queda do raio, nem alteram
a matria para que a escada se quebre, como no caso anterior. Sua ao apenas sugerir ao homem que tome
esta ou aquela ao, que siga por um ou outro caminho. Os Espritos agem sobre a matria para que as leis da
natureza se cumpram, caso contrrio, estariam derrogando as leis.
Os acontecimentos da vida so orientados pela Espiritualidade. Se alguns Espritos desejam alterar esse plane-
jamento, devemos lembrar que a vontade Divina que prevalece. Os Espritos levianos e zombeteiros podem
nos criar pequenos embaraos, que so permitidos para exercitar a nossa pacincia. Eles podem agir por antipa-
tias pessoais dessa ou de outra existncia, ou unicamente por malcia, sem nenhum motivo especial. Se manti-
vermos elevada a moral e no nos deixarmos abater pelas contrariedades, esses Espritos se cansam e se afas-
tam.
Quando nossos inimigos desencarnam podem ou no reconhecer o mal que nos fizeram na Terra e, arrependi-
dos, param de nos perseguir. Outras vezes, se tomam nossos obsessores e continuam a nos perseguir, o que a
Previdncia Divina permite para nos provar. A orao a ferramenta eficaz para acabar com essa influncia da-
nosa. Orar pelos nossos inimigos, retribuir o mal com o bem, far com que eles compreendam os seus erros e
suas artimanhas cessaro, pois compreendero que nada ganham com isso.
Antes de condenarmos os Espritos pelos nossos infortnios, devemos acreditar que so as nossas transgresses
as Leis Divinas, a verdadeira causa dos nossos aborrecimentos.
Alguns Espritos podem interceder em nosso favor para nos proteger, mas h males que esto nos desgnios da
Providncia. Nesse caso, eles podem amenizar nossas dores e nos inspirar pacincia e resignao para superar-
mos as contrariedades e evoluirmos. Eles nos sugerem pensamentos positivos, pois depende de ns mesmos
afastar ou atenuar as vicissitudes da vida. Lamentar-se e fugir dos problemas nada resolve. Devemos sim, com
pacincia e resignao, enfrent-los e super-los, pois frequentemente do mal que nos aflige surgir um bem
muito maior esse o sentido das palavras: Buscais e achareis, batei e se vos abrir.
A penria muitas vezes nos causa o desespero e solicitamos riquezas materiais aos Espritos elevados que fre-
quentemente ignoram esse apelo. Entretanto, se for para nossa provao, eles podem nos ajudar, assim como
os maus Espritos que querem nos conduzir ao mal, pois a riqueza o meio mais fcil de nos perder atravs dos
prazeres que o dinheiro pode proporcionar.
Para mudarmos o rumo de nossa vida, preciso muito mais que trabalho. Podemos nos deparar com obstculos
intransponveis e que, apesar de todos os nossos esforos no encontraremos meios de super-los. Essas dificul-
dades at podem ser provocadas pela ao dos Espritos, mas na maioria das vezes ocorrem por causa da nossa
presuno. As barreiras que encontramos mostram apenas que escolhemos mal a elaborao e execuo de um
projeto. Est, portanto, em ns mesmos a causa dos nossos sofrimentos. preciso determinao para nos modi-
ficarmos. O orgulho dificulta a mudana dos objetivos grandiosos que escolhemos. No conseguimos perceber
que atravs de pequenas aes podemos alcanar a felicidade. Somente quando, atravs do entendimento da
justia Divina e da humildade, abrir nossa mente e corao, conseguiremos encontrar novos propsitos para o
nosso crescimento.
Os bons acontecimentos da vida devem ser comemorados sempre, porque representam a conquista dos nossos
objetivos e a superao de dificuldades. Devemos ento agradecer a Deus, pois sem a Sua permisso nada se faz
e aos bons Espritos, que so seus agentes. Os homens que se esquecem de agradecer a espiritualidade pelas
suas conquistas, vem apenas o resultado material delas. Muitos h que assim procedem e para os quais parece
que o destino sempre sorri. preciso lembrarmos da transitoriedade da nossa existncia fsica. Essa felicidade
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passageira e muito ser cobrado a quem muito foi dado. Esses tero mais contas a prestar quando desencarna-
rem. Aos Espritas, portanto, muito ser pedido, porque muito receberam atravs da doutrina, mas tambm aos
que souberem aproveitar os ensinamentos, muito lhes ser dado.
TORMENTOS VOLUNTRIOS
O homem esta incessantemente a procura da felicidade, que lhe escapa a todo instante. Qual seria a razo de
no encontrar na Terra a to almejada felicidade?
Por buscar nas coisas terrenas, que so ilusrias e perecveis, em vez de procur-la nos gozos da alma. gratifi-
cante encontramos a paz espiritual e mantermos a conscincia tranquila. O curioso de tudo isso, que so cria-
dos pelo prprio homem, os tormentos que somente a ele cabe evitar. Haver maiores tormentos que os causa-
dos pela inveja e pelo cime?
Para o invejoso e o ciumento no existe descanso, pois a inveja e o cime o impedem de ter a verdadeira vida.
Com certeza encontrariam a felicidade, to desejada, se abandonassem tais viciaes. (ESE, cap. V item 23).
VERDADEIRA DESGRAA
Todos falam da desgraa, todos a experimentaram e julgam conhecer o seu carter mltiplo. Segundo o E.S.E.
quase todos se enganam, pois, a verdadeira desgraa no , de maneira alguma, aquilo que os homens, ou seja,
os desgraados supem. Acreditam que a misria se encontra no credor impaciente, no bero vazio, na angstia
da traio, e na privao do orgulhoso que deseja vestir-se ricamente. realmente desgraa para aqueles que
no enxergam alm do presente. A verdadeira desgraa esta mais nas consequncias do passado, as quais de-
vem ser reparadas em conformidade com as Leis Divinas Que o Espiritismo vos esclarea, portanto, e restabele-
a a verdadeira luz da verdade e o erro to estranhamente desfigurados pela vossa cegueira. (ESE, cap. V item 24)
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos, Livro 2, cap. IX, 525 a 535-b;
KARDEC, Allan - O Livro dos Mdiuns - cap. XXVI, pargrafos 1 ao 13;
EMMANUEL, Francisco Cndido Xavier- Fonte Viva - captulos 76 e 149.

Parte B - O PODER DA F
E, depois que veio para onde estava a gente, chegou a ele um homem que, posto de joelhos, lhe dizia: Senhor
tem compaixo de meu filho que luntico e padece muito; porque muitas vezes cai no fogo, e muitas na gua.
E tendo-o apresentado a teus discpulos, e eles no o puderam curar. E respondendo Jesus disse: gerao in-
crdula e perversa at quando hei de estar convosco, at quando vos hei de sofrer? Trazeis-mo c. E Jesus o
abenoou, e saiu dele o demnio, e desde quela hora ficou o moco curado. Ento se chegaram os discpulos a
Jesus em particular,e lhe disseram: Por que no pudemos nos lan-lo fora? Jesus lhes disse : Por causa da vossa
pouca f. Porque, na verdade,vos digo: "Se tiverdes f como um gro de mostarda, direis a este monte: Passa
daqui para acol, e ele h de passar: e nada vos ser impossvel. (Mateus, XVII: 14-19).
F confiar nas prprias forcas. acreditar, saber, ter esperana que podemos conseguir. E impossvel imaginar
o progresso humano sem a f, pois quando confiamos nas nossas forcas somos capazes de feitos que at duvi-
damos ser capazes de conseguir. Esse poder pode ser chamado de vontade inquebrantvel ou desejo da al-
ma o poder da f.
Quando Jesus disse aos seus discpulos que eles eram homens de pouca f, no quis questionar o entendimento
de Deus e da espiritualidade, mas sim, constatar a confiana que tinham em si mesmos, nas capacidades e dons
adquiridos atravs das reencarnaes. Referia-se ao fato de que aqueles que acreditam em seu potencial, sem
presuno, encontram determinao para prosseguir, derrotando as adversidades que encontram pelo caminho.
Remover montanhas, portanto, no se refere ao transporte fsico das mesmas, mas ter a firme deciso moral de
que se pde suplantar as imperfeies, que nada no caminho ser grande ou forte suficientemente para impedir
nossa superao moral. Se em qualquer momento de nossas vidas nos depararmos com preconceitos, interesses
materiais ou paixes orgulhosas, a conscincia das prodigiosas faculdades que trazemos em nosso interior nos
far ultrapassar com galhardia essas barreiras. Ter dificuldades na vida ter a oportunidade de exercitar nossa
f e, quando o fazemos, nossas capacidades, mesmo as que esto em estado latente, crescem atravs de nossa
vontade ativa e se multiplicam durante nosso trabalho nos mostrando os caminhos para a vitria. No basta ver,
mas necessrio compreender. Assim no a f cega que devemos buscar, e sim, a f racionada. Quando, en-
to, se adquire uma f consciente e racional.
22 Aula - AO, OCUPAES E MISSES DOS ESPRITOS 69

Se todas as criaturas encarnadas estivessem convictas da fora que trazem consigo seriam capazes de edificar-se
moralmente e de realizar aquilo que chamamos de prodgios e muito mais. Foi por isso que Jesus disse: Tudo
possvel ao que cr.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. XIX, itens 1 a 5 e 12.

22 Aula - AO, OCUPAES E MISSES DOS ESPRITOS


Parte A - OS ESPRITOS DURANTE OS COMBATES - AO DOS ESPRITOS NOS FENMENOS DA
NATUREZA - OCUPAES E MISSES DOS ESPRITOS
Os Espritos Durante os Combates
Nas guerras, acontece tambm, dos Espritos tomarem partido. assim que os antigos representavam os deuses
tomando partido por este ou aquele povo. Esses deuses nada mais eram que os Espritos representados por
figuras alegricas (LE, 541). Ora, existem aqueles que so bons e apiam o lado da justia, ao passo que os maus,
os que alimentam sentimentos inferiores, comprazem-se em participar da discrdia e da destruio.
Com relao aos soldados que morrem durante os combates, acontece o mesmo que em todos os casos de mor-
te violenta, ou seja, ficam surpreendidos e como que atordoados, no acreditando estarem mortos; parecem-
lhes ainda tomar parte na ao; compreendem a realidade pouco a pouco. Conforme os sentimentos sejam mais
ou menos elevados, alguns podem ainda odiar os seus inimigos e persegui-los. Outros, com mais serenidade,
vem que no h fundamento para a animosidade e abandonam o campo de luta.
Ao dos Espritos sobre os Fenmenos da Natureza
Na Introduo, item VI, do LE, Kardec assevera: Os Espritos (...) constituem uma das potncias da Natureza,
causa eficiente de uma multido de fenmenos at ento inexplicados ou mal elucidados e que no encontram
entendimento racional seno no Espiritismo.
Os grandes fenmenos da Natureza, que so considerados como uma perturbao dos elementos, tm sua ori-
gem em causas imprevistas ou, ao contrrio, providenciais?
- Tudo tem uma razo de ser e nada acontece sem a permisso de Deus. (LE, 536)
Os fenmenos da Natureza s vezes tm, como imediata razo de ser, o homem. Na maioria dos casos, entre-
tanto, tm por nico motivo o restabelecimento do equilbrio e da harmonia das foras fsicas da Natureza. (LE,
536a)

Deus no exerce ao direta sobre a matria, encontrando agentes dedicados em todos os graus da escala dos
mundos. Os Espritos so encarregados de exercer certa influncia sobre os elementos da Natureza para os agi-
tar, acalmar e dirigir. (LE, 536b)
destituda de fundamento e est muito aqum da verdade, a crena dos antigos que consideravam os Espritos
como divindades, com atribuies especiais, sendo que uns eram encarregados dos ventos, outros dos raios,
outros de presidir ao fenmeno da vegetao, etc. (LE, 537)
Os Espritos que presidem aos fenmenos geolgicos no habitam precisamente a Terra. Presidem aos fenme-
nos e os dirigem de acordo com as atribuies que tm. Dia vir em que receberemos a explicao de todos
esses fenmenos e os compreenderemos melhor. (LE, 537a)
Os Espritos que presidem aos fenmenos da Natureza no so seres parte na criao. So Espritos que foram
encarnados como ns ou que o sero. (LE, 538)
Reflitam sobre: encarnados como ns ou que sero. (veja as referncias bibliogrficas)
Os Espritos que presidem aos fenmenos da Natureza pertencem s ordens superiores ou as inferiores da esca-
la Esprita, conforme seja mais ou menos material mais ou menos inteligente o papel que desempenhem. Uns
mandam, outros executam; os que executam coisas materiais so sempre de ordem inferior, assim entre os
Espritos, como entre os homens. (LE, 538a)
A produo do fenmeno, das tempestades obra de massas inumerveis de Espritos, que se renem para
produzi-lo. (LE, 539)
Os Espritos que exercem ao nos fenmenos da Natureza operam uns com conhecimento de causa, usando do
livre-arbtrio, e outros por efeito de impulso instintivo ou irrefletido. Os animais de nfima ordem, que fazem
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emergir do mar ilhas e arquiplagos, executam essas obras provendo as suas necessidades e sem suspeitarem
de que so instrumentos de Deus. H a um fim providencial e essa transformao da superfcie do globo ne-
cessria harmonia geral. Os Espritos mais atrasados oferecem utilidade ao conjunto, enquanto se ensaiam
para a vida, antes que tenham plena conscincia de seus atos e estejam no gozo pleno do livre-arbtrio, atuam
em certos fenmenos, de que inconscientemente se constituem os agentes. Primeiramente, executam, mais
tarde, quando suas inteligncias j houverem alcanado certo desenvolvimento, ordenaro e dirigiro as coisas
do mundo material. Depois, podero dirigir as do mundo moral. Tudo serve tudo se encadeia na Natureza, desde
o tomo primitivo at o arcanjo, que tambm comeou por ser tomo. Admirvel lei de harmonia, que o nosso
acanhado esprito ainda no pode apreender em seu conjunto! (LE, 540)
Ocupaes e Misses dos Espritos
Os livros do Esprito Andr Luiz, psicografados por Francisco Cndido Xavier, do-nos algumas noes de como
vivem os Espritos no mundo dos desencarnados. Quem no Nosso Lar, por exemplo, tem idia de como funcio-
nam os ministrios espirituais, o umbral, as zonas purgatoriais, etc. Em Os Missionrios da Luz, pode-se ver a
influncia exercida pelos Espritos no processo da reencarnao, a exemplo de Sigismundo.
Pela leitura dos livros espritas, notamos que os Espritos esto situados em diversos graus de evoluo: os supe-
riores tm a misso de auxiliar os menos desenvolvidos. Isso, porm, no nos exime de desempenhar as nossas
misses menores. Observe, por exemplo, o dever ou misso de um pai de famlia, em que a sua tarefa educar
os seus filhos para a vida em sociedade. No importa o tipo de misso, pois todas so uteis no mbito do desen-
volvimento geral. Pergunta-se: o que seria do Presidente da Republica sem o trabalho humilde dos varredores
de rua?
Os Espritos encarnados tm ocupaes inerentes as suas existncias corpreas. No estado de erraticidade, ou
de desmaterializao, tais ocupaes so adequadas ao grau de adiantamento deles. Uns percorrem os mundos,
se ocupam com o progresso, dirigindo os acontecimentos e sugerindo idias que lhes sejam propcias. Assistem
os homens de gnio que concorrem para o adiantamento da Humanidade; outros encarnam com determinada
misso de progresso; outros tomam sob sua tutela os indivduos, as famlias, as reunies, as cidades e os povos,
dos quais se constituem os anjos guardies, os gnios protetores e os Espritos familiares. Os Espritos vulgares
se imiscuem em nossas ocupaes e diverses. Os impuros ou imperfeitos aguardam, em sofrimentos e angs-
tias, o momento em que praza a Deus proporcionar-lhes meios de se adiantarem. Se praticam o mal pelo des-
peito de ainda no poderem gozar o bem.
Os Espritos, alm de cuidarem de seu melhoramento pessoal, concorrem para a harmonia do Universo, execu-
tando a vontade de Deus, do qual so os ministros. A vida Esprita uma ocupao contnua, mas nada tem de
penosa como a da Terra, pois no esta sujeita fadiga corprea, nem as angstias da necessidade.
Os Espritos inferiores e imperfeitos tambm desempenham funo til, embora, muitas vezes, no se aperce-
bam disso.
Os Espritos devem percorrer todos os diferentes graus da escala evolutiva para se aperfeioarem. Assim, todos
devem habitar em toda parte e adquirir o conhecimento de todas as coisas. Mas h tempo para tudo e dessa
forma, a experincia e o aprendizado pelos quais o Esprito est passando hoje, um outro j passou e outro ain-
da passar.
Existem Espritos que no se ocupam de coisa alguma, conservam-se totalmente ociosos. Todavia, esse estado
temporrio e cedo ou tarde o desejo de progredir os impulsiona para uma atividade.
Os Espritos de maior envergadura so incumbidos de auxiliar o progresso da humanidade, dos povos e indiv-
duos, dentro de um crculo de idias mais ou menos amplas, mais ou menos especiais e de velar pela execuo
de determinadas coisas. Alguns desempenham misses mais restritas e, de certo modo, pessoais ou inteiramen-
te locais, como assistir enfermos, aflitos, velar por aqueles de quem se constituram guias e protetores, orient-
los, dando-lhes conselhos ou inspirando-lhes bons pensamentos. Pode-se dizer que h tantos gneros de mis-
ses quanto s espcies de interesses a resguardar.
Os Espritos se ocupam com as coisas deste mundo de acordo com o grau de evoluo em que se encontrem. Os
superiores s se ocupam do que seja til ao progresso; j os inferiores se sentem ligados s coisas materiais e
delas se ocupam. As misses mais importantes so confiadas somente queles que Deus julga capazes de cum-
pri-las e incapazes de desfalecimento ou comprometimento. Ao lado das grandes misses confiadas aos Espri-
22 Aula - AO, OCUPAES E MISSES DOS ESPRITOS 71

tos Superiores, h outras de importncia relativa em todos os graus, concedidas a Espritos de todas as categori-
as.
Todas as inteligncias concorrem, pois, para a obra geral, qualquer que seja o grau atingido, e cada uma na me-
dida de suas foras, seja no estado de encarnao ou no espiritual. Por toda a parte h atividade, pois tudo no
Universo movimento que instrui e coadjuva, em mutuo apoio, dando-se as mos para a verdadeira prtica da
solidariedade.
A Lei do Trabalho para todos, inclusive para os Espritos puros. Esses tm como ocupao receberem as ordens
diretamente de Deus, transmitindo-as a todo o Universo e zelando por seu cumprimento.
As misses para os Espritos so definidas de conformidade com o seu adiantamento e a consequente capacida-
de de execut-las, sempre tendo em vista a oportunidade e o esforo que empregam para evoluir, e frequente-
mente, o Esprito as pede e se toma feliz quando as obtm.
Kardec pergunta: Haver Espritos que se conservem ociosos, que em coisa alguma til se ocupem? (LE, 564)
- H, mas esse estado temporrio e dependendo do desenvolvimento de suas inteligncias. H, certamente,
como h homens que s para si mesmos vivem. Pesa-lhes, porm, essa ociosidade e, cedo ou tarde, o desejo de
progredir lhes faz necessria a atividade e felizes se sentiro por poderem tornar-se teis. Referimo-nos aos
Espritos que ho chegado ao ponto de terem conscincia de si mesmos e do seu livre-arbtrio porquanto, em
sua origem, todos so quais crianas que acabam de nascer e que obram mais por instinto que por vontade ex-
pressa.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espritos, Cap. IX, Cap. X;
KARDEC, Allan - O Que Espiritismo - cap. III;
KARDEC, Allan - Obras Pstumas - As Expiaes Coletivas;
KARDEC, Allan - A Gnese, Cap. XI e Cap. XVI;
KARDEC, Allan - O Cu e O Inferno - cap. II;
Bibliografia Complementar:
DENIS, Lon - O Mundo Invisvel e a Guerra, cap. VIII.

Parte B - TEMPESTADE ACALMADA OU AMAINADA


Jesus, aps a multiplicao dos pes, foi conhecer outras populaes e indo at Decpole, uma regio composta
de dez cidades independentes entre si, fez a viagem atravessando de barca o lago de Genesar, muito sujeito a
tempestades. Os apstolos acharam timo por terem assim a oportunidade de escapar da multido, que no
ofereciam ao Mestre um minuto de sossego.
Inicialmente tudo correu bem, os apstolos remavam alegremente, enquanto Jesus aproveitava para repousar
um pouco. Subitamente um grande turbilho de vento se abateu sobre o lago, enchendo a barca de gua. Apro-
ximaram-se, ento, do Mestre e o despertaram, dizendo: Mestre, estamos perdidos! Jesus levanta-se, repre-
ende o vento e o tumulto das ondas, imediatamente sobrevindo a calmaria. Ele, ento, disse-lhes: Onde est a
vossa f? Os apstolos cheios de temor e admirao perguntavam uns aos outros: quem este, que d ordens
ao vento e as ondas e estes o obedecem? (Lucas, cap. VII, v. 22 a 25)
O fato de Jesus se encontrar dormindo tranquilamente durante a tempestade comprova a sua superioridade
moral.
No de se estranhar ele ter ampla autoridade sobre essas inteligncias. No podemos esquecer que o Divino
Mestre o Governador Planetrio da Terra, pela vontade do Pai Criador.
evidente que Jesus no ordenou ao mar, nem aos ventos, pois no teriam condies para compreender as
ordens divinas, mas dirigiu-se aos seres inteligentes encarregados pelas manifestaes da Natureza.
A Doutrina Esprita por meio de seus esclarecimentos comprova-nos que os fatos considerados milagres nada
so mais que resultados ou produtos das aes dos Espritos em nosso derredor trabalham sem cessar na execu-
o das leis naturais.
BIBLIOGRAFIA
SCHUTEL, Cairbar - Parbolas e Ensinos de Jesus;
Novo Testamento - Lucas, cap. VII (V. 22-25).
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23 Aula O DESPERTAR DA CONSCINCIA ESPRITA


Allan Kardec, no comentrio que faz ao item 191 de O Livro dos Espritos, ensina: A vida dos Espritos, no seu
conjunto, segue as mesmas fases da vida corprea; passa gradativamente do estado de embrio ao de infncia,
para chegar, por uma sucesso de perodos, ao estado de adulto, que o da perfeio, com a diferena de que
nesta no existe o declnio nem a decrepitude da vida corprea. o processo de desenvolvimento do ser, o
qual se iniciou nos primrdios da evoluo... Foi um longo trabalho no tempo para o despertar de nossa consci-
ncia espiritual.
Somos o resultado, o acumulo de experincias. Cada qual vive, v o mundo e suas facetas de modo diverso, se-
gundo seu grau de entendimento.
A diversidade das religies obedece ao fato de que na evoluo, cada um de nos desenvolveu sua espiritualida-
de, tambm de modo diverso.
Os Espritos partem da igualdade originria, passam pelas desigualdades existenciais, e atingem finalmente a
igualdade essencial. E, nesta caminhada evolutiva atravs dos milnios, a cada um ser dado conforme suas
obras, conforme seu esforo e interesse em progredir fsica e moralmente.
Leis Divinas, soberanas, imutveis e perfeitas, governam a vida em todos os reinos. Esta justia de Deus abso-
luta, e por isso mesmo, escapa as nossas mentes relativas. Mas na proporo em que formos evoluindo, alarga-
remos as nossas perspectivas mentais, para atingirmos a compreenso das coisas que hoje nos escapam.
E o amor de Deus por nos manifesta-se de varias formas, uma delas decorre do fato de nos trazer revelaes
peridicas. Na antiguidade mais remota, para os homens, o Cu era ponto de interrogao, um mistrio total... a
princpio o termo DEUS no significava o Senhor da Natureza, mas todo ser existente fora das condies da
humanidade, desprovido de capacidade abstrativa, simples e ignorante das leis que regiam o mundo, observava
os fenmenos naturais com admirao, perplexidade e certa idolatria.
Com o decorrer dos fatos tivemos novas revelaes, que so a sementeira do bem, a oportunidade de reformu-
lar a ns mesmos, um auxlio fundamental para que possamos, ao longo de nossas encarnaes, desenvolver
todo esse potencial que trazemos no ntimo. E, muitas vezes, sentimos a necessidade, de uma forma muito na-
tural, de nos elevarmos a cada etapa, somando, no s o conhecimento, mas tambm posturas, atitudes, hbi-
tos, que de tempos em tempos devem ser reformuladas.
Por entender que o homem mais frgil do que perverso, a Inteligncia Suprema do Universo revela-nos a VER-
DADE, pouco a pouco, progressivamente, de acordo com a nossa possibilidade de compreenso, revelando que
a Sua Justia inseparvel do seu Amor.
As Revelaes dos Espritos convidam-nos, naturalmente, a ideais mais elevados, a propsitos mais edificantes.
E os ensinamentos de JESUS so aquilo que h de mais elevado e de mais profundo no campo do conhecimento,
para que o homem de todas as pocas, de todas as partes da Terra possam promover o seu autoconhecimento,
atravs da sua prpria evoluo, o seu crescimento individual espelhado naquilo que Ele ensinou.
Depois de Jesus o mundo no seria mais o mesmo, do ponto de vista espiritual, mas a criatura humana ainda
com as suas resistncias, com as suas defesas, iria ter dificuldades para assimilar e principalmente praticar tudo
aquilo que Ele ensinou.
A Natureza no d saltos. Apesar de tudo que nos vivenciamos ao longo destes dois milnios, ainda hoje temos
dificuldades como consequncia do atavismo, ou seja, continuamos presos aos arcabouos religiosos de outras
pocas em assimilar e admitir esta Nova Mensagem em nossos coraes, desta forma no modificamos o nosso
comportamento, geramos os conflitos individuais e coletivos que vivemos nos dias atuais.
Ha milnios, a mente humana gravita em derredor de patrimnios efmeros, quais sejam os da precria posse
material, atormentada por pesadelos carnais de variadas espcies; guerras de todos os matizes consomem-lhe
as foras; flagelos de mltiplas expresses situam lhe a existncia em limitaes aflitivas e dolorosas. Com a
morte do corpo, a alma no atinge a liberao total. Alm-tmulo, prossegue atenta as imagens que a iluso lhe
armou ao caminho, escravizada a interesses inconfessveis. Em plena vida livre, guarda, ordinariamente, a posi-
o da criatura que venda os olhos e marcha, impermevel e cega, sob pesadas cargas a lhe dobrarem os om-
bros. Obstinados em disputar satisfaes egostas entre os companheiros da carne e orientados pelas suas pai-
23 Aula O DESPERTAR DA CONSCINCIA ESPRITA 73

xes desvairadas, escravizados em seus pontos de vistas pessoais e conduzidos por hbitos perniciosos, cami-
nham a passos vacilantes, com a mente voltada para experincias inferiores.
Atravs da Terceira Revelao, o homem que amadureceu o raciocnio com as informaes da Doutrina Esprita
supera as fronteiras da inteligncia comum e acorda dentro de si mesmo, deslumbrado, percebendo que a vida
patrimnio da gota dgua, tanto quanto a essncia dos incomensurveis sistemas siderais. Amadurecida a
compreenso na maioridade mental, percebe o homem a sua prpria pequenez, a frente do Infinito.
Mas a Doutrina Esprita no se coloca como um tribunal. E acima de tudo o processo libertador das conscincias,
a fim de que a viso do homem alcance horizontes mais altos. Esta nova f vem alargar-lhe a senda para mais
elevadas formas de evoluo, sendo a chave de luz para os ensinamentos do Cristo. Explica o Evangelho no
como um tratado de regras disciplinares, nascidas do capricho humano, mas como a salvadora mensagem de
fraternidade e alegria, comunho e entendimento, abrangendo as leis mais simples da vida. E a fora do Cristia-
nismo em ao para reerguer a alma humana e sublimar a vida. Pecado e culpa so substitudos por responsabi-
lidade!
E a esperana Esprita no repousa na fragilidade humana, mas nas potencialidades do Esprito, que se atualizam
no fogo das experincias existenciais. Em contato com os ideais da Nova Revelao, o homem, sentindo dilatar-
se lhe naturalmente a viso, comea a perceber, com mais amplitude, os problemas que o cercam. Agua-se lhe
a sensibilidade, intensifica-se lhe a capacidade de amar. Converte-se lhe o corao em profundo esturio espiri-
tual, em que todas as dores humanas encontram eco.
Por isso mesmo, acentuam-se lhe os sofrimentos, de vez que as suas aspiraes no surpreendem qualquer sin-
tonia nos planos inferiores em que ainda respira.
Desejaria o aprendiz acompanhar-se por todos aqueles que ama, na caminhada para a vida superior, entretanto,
medida que se adianta em conhecimentos e se sutiliza em sensaes, reconhece quase sempre que os amados
se fazem dele mais distantes.
O Mestre Nazareno j havia alertado: Se algum me quiser seguir, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e
siga-mel Segui-Lo passar pela porta estreita, exercendo a coragem, convivendo muitas vezes com a solido,
reconhecendo que temos necessidade urgente de renovar sentimentos, valores, ideais, propostas. Segui-Lo no
nos livra de nossos compromissos, perante a vida. Pelo contrrio, seu convite para que nos esforcemos para
viver seu Evangelho atravs de atitudes de unio, fraternidade, pacincia e perdo; no lar, no ambiente de tra-
balho, na comunidade, na escola, no ncleo religioso que frequentamos. Convida a viver no mundo, seguindo
seu exemplo. Somente Jesus pode proporcionar ao homem de todos os tempos a possibilidade desta mudana,
da transformao de si mesmo e do mundo em que vive.
Quanto mais cede a favor do todo, mais compensado pela Lei Divina que o enriquece de forca e alegria no
grande silncio. Reconhece que o Esprito foi criado para viver em comunho com os semelhantes, que a uni-
dade de um todo em processo de aperfeioamento e que no pode fugir, sem dano, a cooperao, mas, a ma-
neira da rvore no reino vegetal, precisa crescer e auxiliar com eficincia para garantir a estabilidade do campo e
fazer-se respeitvel.
E somente ai desperta e conquista a PAZ que resulta da conscincia sem choque com o inconsciente, que a irriga
de ideais superiores e a estimula as realizaes enobrecedoras.
O Espiritismo como um processo libertador de conscincias, uma questo de fundo e no de forma.
Apesar da evoluo no campo do conhecimento ainda h uma forca irresistvel que nos mantm cativos ao pas-
sado, as lendas, as crendices, supersties e mitos.
Somos viajantes da eternidade e dentro de nos reside a conscincia que somos seres espirituais em ascenso, no
roteiro da harmonia e da perfeio. Sabemos que o progresso no vem pelo simples crer, mas acima de tudo
pelo viver a nossa essncia espiritual. Romper a meta!
Neste homem alarga-se a acstica da alma e, embora os sofrimentos que o afligem, sobre ele que as Intelign-
cias Superiores esto edificando os fundamentos espirituais da Nova Humanidade, pois um futuro glorioso de luz
nos espera.
BIBLIOGRAFIA:
Kardec,Allan - O Livro Dos Espritos
Pires, J. Herculano - O Esprito e o Tempo
Emmanuel - Roteiro, psicografado por Francisco Cndido Xavier.
Emmanuel- Fonte viva - Cap. 17, psicografado por Francisco Cndido Xavier.
Angelis, Joanna de - Aps a Tempestade, psicografado por Divaldo Pereira Franco.
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Angelis, Joanna de - O despertar do Esprito, psicografado por Divaldo Pereira Franco.


Menezes, Bezerra de - Estudos Filosficos.

24. Aula HOMENAGENS


Parte A - HOMENAGEM A BEZERRA DE MENEZES
Livro: Lindos Casos de Bezerra de Meneses, de Ramiro Gama
Quem foi o homem, quem este esprito.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capitulo XVII - Sede perfeitos, item 3, encontramos a melhor definio
para este nosso irmo:
O verdadeiro homem de bem aquele que pratica a lei de justia, de amor e de caridade, na sua maior pureza...
Tem f no futuro, razo por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
Bezerra de Menezes foi um homem de bem, em todas as posies que ocupou, sempre agindo de conformidade
com os princpios da caridade e do amor ao prximo.
Caro aluno, para incentiv-lo a ler e estudar esse maravilhoso livro, que trs algumas passagens da vida desse
Esprito Missionrio, vamos relatar apenas alguns casos contidos do livro referenciado.
Bezerra encarnado.
30 - Geologia Humana
No consultrio da Farmcia Cordeiro, de propriedade do seu grande amigo Jos Guilherme Cordeiro, Bezerra
realizou um trabalho do Senhor, que ate hoje ecoa na Espiritualidade.
Foi ali, entre as quatro paredes daquela sala humilde e povoada por Espritos superiores, que o auxiliavam no
seu caridoso af de curar corpos e almas, que o Kardec Brasileiro realizou a sua misso apostlica.
O consultrio, depois do meio dia, enchia-se de gentes pobre e rica, tipos humildes de proletrios e figuras da
alta sociedade.
O humilde e caridoso mdico, com seus olhos verdes, trazendo aos lbios seu efetivo sorriso bondoso, fixava
aquela massa heterognea de consulentes e, perscrutando-lhes o mais intimo do ser, receitava a cada um com
os remdios adequados.
Costumava dizer aos seus ntimos que, ali, aprendia todos os dias uma verdadeira pagina de geologia humana.
Toda a crosta social estava ali representada e podia ser estudada, tal como o gelogo estuda as estratificaes
de um terreno multissecular.
O seareiro Esprita olhava toda aquela gente com as lentes do amor.
Sentia de cada um seus casos mais ntimos; lia-lhes os pensamentos e sentimentos; traduzia-lhes a angstia, os
problemas econmicos e morais.
E receitava pelo corao e pela mente. Pelo corao, conselhos, vestidos de emoo e ternura, acordando nos
consulentes o cristo que dormia; pela mente, homeopatia, gua fludica e passes. E finalizava pedindo que cada
um tivesse as mos, no lar, o grande livro, O Evangelho Segundo o Espiritismo, que o lesse com alma, com since-
ridade e confiana no seu autor, Nosso Senhor Jesus Cristo!
E os resultados eram os mais promissores.
Cada doente deixava seu consultrio, satisfeito, melhorado, pois que havia deixado l dentro o seu peso, a sua
tristeza, algo que o oprimia.
33 - O Apostolado da Medicina
Deixou para seus colegas o retrato do verdadeiro mdico, que deseja fazer da medicina um apostolado.
- Um mdico no tem o direito de terminar uma refeio, nem de escolher hora, nem de perguntar se longe
ou perto, quando um aflito lhe bate a porta.
O que no acode por estar com visita, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o
caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro; o que sobretudo pede um carro a quem no tem com que pagar a
receita, ou diz a quem lhe chora porta que procure outro, - esse no mdico, negociante da medicina, que
trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura. Esse um desgraado, que manda para outro o
anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a nica esprtula que podia saciar a sede de riqueza
do seu esprito a, nica que jamais se perder no vaivm da vida.
44- O Louco e o Santo
24. Aula HOMENAGENS 75

Bezerra de Menezes sempre um nome pronunciado e lembrado com gratido e ternura, pois soube realizar na
Terra a tarefa diferente, junto a Jesus, como mdico, esposo, pai, irmo e homem pblico.
Seus colegas quando o viam passar cosendo-se, todo, as paredes das ruas, rumo a avenidas das lgrimas e da
misria, furtando-se ao convvio dos orgulhosos e sbios convencidos, taxavam-no de louco.
Os seus discpulos, admiradores e beneficiados de seu corao, que foram e so todos os que, de perto, lhe sen-
tiram e sentem a luz da bondade, chamavam-no de santo.
Desejara ser o mdico dos pobres e o foi. Desejara ser um autntico discpulo do Cristo e realizou integralmente
o seu anseio maior.
45 - Sua prece a Deus
Sabia orar como ningum.
Quando orava, fazia-o de alma genufletida.
Chorava e os que viam orando aprendiam a orar de verdade e tambm choravam.
Por isso, Suas preces curavam e curam, salvaram e salvam, consolavam e consolam.
Deus, a que se dirigia e dirige seus pedidos, atendia-o e o atende sempre.
que Bezerra de Menezes lhe sabe falar na linguagem do corao e na msica do pranto que ama!
Manuel Quinto dizia:
Deus sempre fora, em toda a sua estrada pontilhada em realizaes, o fanal da consolao, o segredo do sacri-
fcio para a eucaristia da f....
47 - Dava algo de si mesmo.
Ao observarmos mais esta qualidade em Bezerra, podemos notar que ele sempre cumpriu o contido no Evange-
lho de Lucas, XXI: 1-4 - O bolo da viva e viveu sempre sob o ensinamento do Apstolo Paulo de Tarso, con-
dito na Primeira Carta aos Corntios: XIII, 1-13
No se preocupava com o dinheiro. Era-lhe apenas um meio e no um fim.
No dava tambm grande ateno s coisas materiais, como vemos.
Era ver um faminto, um sofredor a sua gente e lhe dava tudo o que tinha nos bolsos.
E, quando, porventura, nada possua de dinheiro, dava algo de si, num abrao, num olhar, numa prece.
Exercia a caridade desconhecida.
80 - Os ltimos momentos de Bezerra de Menezes
Nem no ltimo momento de lucidez, ante a agonia de morte, esqueceu os pobres e doentes do corpo e da alma.
...Bezerra, sentindo que se aproximava seus ltimos momentos nesta vida, pediu que o ajudasse a levantar-se
um pouco, e com a cabea erguida, olhos voltados para o alto, assim orou, baixinho e entre lgrimas, deixando-
nos suas ltimas palavras como a lio permanente da sua grandeza espiritual, de seu esprito totalmente liberto
dos vcios e ligado a causa de Jesus;
Jesus, amantssimo Advogado de nossas splicas junto a Deus Todo Poderoso, eu Te peo no que deixe de
sofrer, mas para que meu pobre esprito aproveite bem todo o sofrimento e, por fim, eu te peo pelos meus
irmos que ficam por esses pobres amigos, doentes do corpo e da alma, que aqui vieram buscar no teu humilde
servo uma migalha de conforto e de amor. Assiste-os, por caridade, d-lhes, a tua paz, a paz do Cordeiro de Deus
que tira os pecados do mundo, Nosso Senhor Jesus Cristo! Louvado seja Teu Nome! Louvado seja o Nome de
Jesus! Louvado seja Deus!
E desencarnou!
Apagara-se na Terra uma grande luz e apontara no cu mais um foco de claridade.
53 - Bezerra opera uma ferida gangrenada
O garoto Walter ferira a perna com arame farpado e nada dissera aos pais. Com o tempo, se agravou, com ame-
aa de gangrenar.
O mdico considerou o caso gravssimo e recomendou, alm dos medicamentos, que os pais recorressem a
Deus, pois temia algo pior.
Os pais foram buscar a av do menino, Me Ritinha que era mdium. Ela sentiu a gravidade da situao e em
prece pediu a ajuda de Bezerra de Menezes para operar seu neto.
Foi dado um passe na criana e por longo tempo a mdium ficou a pensar-lhe a ferida. Em pouco tempo, para
surpresa dos presentes, um bisturi invisvel cesurava (abria) a ferida, tirando-lhe os elementos infecciosos.
Bezerra recomendou repouso para o doente e que todos orassem e confiassem na misericrdia de Deus.
O mdico ao fazer sua visita, se surpreendeu com a melhora e ficou muito contente, pois tambm professava a
doutrina Esprita.
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Com o passar dos dias, a ferida foi fechando e a cicatriz, revelando uma operao invisvel.
54 - O passe evitou o ataque de uremia.
Uma criana de um ano de idade tivera uma reteno urinria, que mesmo com remdios no resolvia o pro-
blema.
O pais chamaram a mdium Me Ritinha, que com palavras amorosas, procurou levantar o campo vibratrio dos
pais e num clima de exaltao e f, orou pedindo ao Esprito Bezerra que medicasse a criana.
Bezerra veio atravs da mdium e deu um longo passe no doente e ainda sob ao do passe, a criana urinou,
evitando assim um esperado ataque de uremia.
BIBLIOGRAFIA
1) Gama, Ramiro, Lindos Casos de Bezerra de Menezes
2) Novo Testamento, I Carta de Paulo aos Corntios, XIII, 1-13
3) Novo Testamento, Lucas: XXI, 1-4

Parte B - HOMENAGEM A ALLAN KARDEC


LIVRO: Viagem Esprita em 1862
No livro Viagem Esprita de 1862, cabe ressaltar as outras viagens de Kardec realizadas com amor, comprome-
timento e seriedade.
Allan Kardec como Presidente da Sociedade Esprita, fora reeleito por quase unanimidade dando aos seguidores
todo apoio.
As viagens que Allan Kardec realizou serviram para divulgao do Espiritismo.
O primeiro incentivador para realizao das viagens foi o Sr. Guillaume, que vendo, entre outros, as qualidades
exigidas ao predestinado.
Em agosto de 1860, Kardec, deixa Paris envolta pela nvoa seca do outono, parte sozinho. Nas vsperas se sur-
preende com o desenvolvimento do Espiritismo em sua cidade natal, Lyon.
A caminho passou pelas cidades de Sens, Mcon e Saint Etienne Em 19 de setembro de 1860, recebido no Cen-
tro Esprita de Broteaux, nico existente, pelo Sr. Dijou senhor distinto, operrio chefe de oficinas e sua esposa.
Este o fato histrico, pois se trata do primeiro encontro de dirigentes espritas. O Sr. Dijou o responsvel do
grupo Lions. A mo do emrito missionrio aperta as mos calosas e speras do companheiro a quem chama
de irmo. O corao de Kardec se rejubila. O milagre a que tantas vezes fizera meno. Sempre com arrebata-
mento e orgulho, o grande feito que compete doutrina Esprita realizar consolida-se com a mensagem de Eras-
to companheiro de Paulo de Tarso o maior divulgador do Cristianismo. ERASTO EM SUA SUBLIME EPSTOLA DI-
RIGIDAA COMUNIDADE LIONESA ENCONTRA PALAVRAS PARA DESCREVER A EMOO DO NOSSO NOBRE CODI-
FICADOR E DIZ O SEGUINTE: NO PODEIS IMAGINAR QUANTO NOS DOCE E AGRADVEL PRESIDIR AO VOSSO
BANQUETE, ONDE O RICO E O OPERRIO SE ABRAAM, BEBENDO A FRATERNIDADE.
Kardec dirige-se a tribuna singela do Centro Esprita de Broteaux, pelo futuro afora ser lembrado como o local
onde fora aceso a pira do amor. Ali aceso o fogo sagrado que empunharo atravs dos sculos, todos aqueles
que se compromissaram, mesmo ao preo de injurias, suor e lgrimas a divulgar as glrias do Espiritismo pela
bno da PALAVRA.
Kardec escreve na Revista Esprita suas impresses da viagem.
Eu bem sabia que em Lyon os adeptos eram de grande nmero, porm estava longe de suspeitar que fosse to
considervel, pois se contam por centenas e, breve espero sero incontveis.
Na Segunda viagem, o emrito Codificador, observa que suas previses a respeito do nmero de adeptos se
confirmam. Escolhe para viajar a mesma poca, desce nas cidades de Mcon, e Sens Saint Etienne para abraar
novamente seus companheiros Espritas.
E precisamente no dia 19 de setembro de 1861, est mais uma vez entre os seus conterrneos. Como havia pre-
visto, os grupos se multiplicaram. Ante os seus olhos estavam representantes de Centros Espritas de Guillotire
em Perrache, em Croix Rousse, em Vaise, e, Saint-Juste sem contar o grande nmero de reunies familiares. Fica
extremamente emocionado na cidade de Lyon traduz o triunfo da causa, pela qual da sua vida, mesmo com a ira
deletria de seus crticos impotentes. O tema predileto de Kardec a Caridade, porm sabe que o despeito pode
ser to evidente quanto a Bondade.
24. Aula HOMENAGENS 77

Um operrio emociona profundamente discursando com admirveis palavras: Viemos de longe e subimos a
altura de Saint Juste com um calor extenuante. Trouxemos conosco as nossas ferramentas de trabalho, junta-
mente com po e queijo. Queramos partilh-lo convosco, um verdadeiro gape, ou seja, (banquete) oferecido
com simplicidade antiga e o corao sincero....
O emrito missionrio nunca menosprezou os oponentes. Pelo jornal GAZETTE DE LYON um jornalista Sr. C.M.
publica um artigo onde chama aos Espritas, alucinados que romperam com todas as crenas religiosas de seu
tempo e de seu pas. A resposta de Kardec serena: O Espiritismo no e uma seita poltica, como no uma
seita religiosa. a constatao de um fato, uma doutrina moral, e a moral esta em todas as religies, em todos
os tempos, em todos os pases. A moral que ensina boa ou m? subversiva? Estudem-na e sabero do que se
trata. Todavia, desde que a moral do Evangelho desenvolvida, conden-la ser condenar o Evangelho.
A evidente diminuio dos mdiuns de efeitos fsicos medida que se multiplicam o nmero de mdiuns de
comunicaes inteligentes. Os mdiuns iletrados so numerosos psicografam sem terem aprendido a escrever.
Esta viagem, tambm, ficou marcada pelo Auto de F de Barcelona, em 09 de outubro de 1861, onde cerca de
trezentas publicaes Espritas foram queimadas em praa pblica.
A viagem de 1862 sem sobra de dvida a mais importante e a mais extensa a ser feita e se alongara at Borde-
aux. Atende o convite subscrito por 500 assinaturas. Percorre a mais de vinte cidades diferentes, das quais pre-
sidiu a cerca de cinquenta reunies. Preparou com o seu zelo habitual o material de sua oratria todo o seu le-
gado fruto de experincia pessoal e a sua voz apesar dos anos cheia de energia.
Em seu primeiro discurso aos Espritas de Lyon e Bordeaux. Apresenta um fato at a pouco, desconhecido entre
os adeptos do Espiritismo, os medinicos.
DISCURSO
I - Kardec faz nesta primeira parte do discurso, uma anlise metdica de como se comportam aqueles que se
dizem Espritas. Como agem em relao a ele e a Doutrina. Dos ataques pessoais que sofreu e da sua atitude
serena e de plena confiana naqueles que so, de fato, Espritas (fls. 45/63).
II - Nesta parte do discurso, Kardec fala sobre a primazia filosfica que o Espiritismo tem, no s sobre o mate-
rialismo, mas sobre todas as demais correntes pensantes. Sobre o encantamento que as pessoas sentem quando
encontram no Espiritismo consolao, esperana, justia divina e racionalidade juntos, em detrimento do vazio
oferecido pela crena no nada absoluto, chegando ate mesmo a enumerar esses aspectos.
III - A anttese:
Egosmo .......... Exaltao da personalidade, do eu
Caridade ......... Sublimao da personalidade
Aqui Kardec discorre sobre o sentido amplo da caridade. Ressalta que a fraternidade, o fazer aos outros aquilo
que gostariam que lhe fizessem, o diferencial; o caminho para a evoluo da humanidade. Observa a falha na
base de alguns sistemas sociais quem pensam no desenvolvimento do Homem ignorando o aspecto espiritual da
existncia. Destaca ainda outra vez sobre a sublime misso do Espiritismo como sendo um norteador moral que
ira regenerar a humanidade, fazendo pelas massas o que hoje faz pelo indivduo.
A rgida moral apregoada pela Doutrina faz com que inmeras seno a grande maioria das pessoas, no abracem
a crena por notar o grande esforo que devem fazer para superar seus vcios e paixes, fraquezas e, principal-
mente, o egosmo. Um trecho que merece destaque todo particular quando ele nos fala que a Doutrina uma
luz intensa. Tal um espelho que nos oferecido e quando a pessoa nele se v refletida, apedreja aquele que lho
ofereceu. Ele enfatiza ... tal acontece hoje, em 1862. E ns dizemos: tal acontece hoje.
A transformao do Ser inevitvel e, por via de consequncia, a Terra como um todo se transformara, selecio-
nando assim, os Espritos que aqui habitaro. Kardec prossegue em seu discurso de forma calorosa e veemente,
conclamando a comunidade Esprita a seguir, de forma assombrosa e destemida, os ensinamentos de Jesus, que
preceituam, acima de tudo, o perdo das ofensas; a caridade sem distino; a indulgncia para com as faltas
alheias, lembrando sempre da mxima cristo, do fazer aos outros aquilo que quereramos que nos fizessem.
Enfatiza que nos, conhecedores que somos dos ensinos dos Espritos Superiores, temos condies de melhor
avaliar a encarnao presente visando um futuro melhor, a nos prprios, aqueles a quem amamos e aqueles que
por nos no se afeioaram.
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INSTRUES PARTICULARES DADAS AOS GRUPOS EM RESPOSTA A ALGUMAS DAS QUESTES PROPOSTAS
I - O nobre codificador, no por excesso de zelo, mas por cuidar que os adeptos do Espiritismo estejam sempre
vigilantes, principalmente no que se refere aqueles que por vrias maneiras tentaram destruir a vertiginosa as-
cendncia dos postulados Espritas, mostra-se incansvel em sua luta pela pureza, pela singeleza dos procedi-
mentos na prtica doutrinaria. Os agressores declarados j no mais se valem de maneirismos conhecidos. Ago-
ra agem de forma insinuante manipulando pessoas ingnuas que at se dizem Espritas, para depois disso, se
prevalecerem dos resultados.
Algumas pessoas por possurem mediunidade praticam necromancia, leitura de sorte. So os charlates e politi-
queiros que tentam lanar cinzas sobre o nome da Doutrina. Outros ainda pretendem realizar sesses medini-
cas assistidas por espritos zombeteiros, aproveitadores e pseudo-sbios, sendo que o resultado por certo, o
fiasco. Esses e o egosmo so os escolhos a serem vencidos e que tentam, ainda, embaar o brilho da Doutrina.
II - Perguntaram-lhe sobre a possibilidade se criar uma senha para se reconhecerem entre si os Espritas, Kardec
descartou de pronto essa hiptese, pois que no h fundamento para tal.
III - Perguntaram-lhe tambm, sobre a possibilidade de o Espiritismo degenerar em superstio nas classes pou-
co esclarecidas por falta de compreenso em sua essncia. Ao que o Codificador tranquiliza a comunidade com-
parando o uso que as pessoas fazem dos cinco sentidos que possuem, e colhe um depoimento emocionante de
um homem simples e trabalhador que dizia at bem pouco tempo que em nada absolutamente acreditava, se-
quer em Deus. Mas, segundo esse mesmo homem, aps conhecer e estudar o Espiritismo transformou-se radi-
calmente, e para isso argumentava que podiam at colher depoimento dos que o conhecia pessoalmente.
IV - Se o Espiritismo faz tanto bem as pessoas, por que ento tem tantos inimigos? Kardec ao ser questionado
sobre a tenacidade dos inimigos da Doutrina, que j naquela poca mostravam-se incansveis, deixou fluir seu
verbo iluminado e nos disse que quanto mais sria e inovadora uma tese, mais antagonista encontrar. Falou
de forma ldica da Doutrina que comeou com as mesas girantes que eram atrao e brincadeira da sociedade
parisiense, aps poucos anos mostrou-se inteira dizendo a que veio, e isso colocou em estado de alerta essa
mesma sociedade, que era materialista e acomodada por tradio e que no pretendia ter seus valores altera-
dos pelo que eles julgavam de to pouco valor e essncia.
V - Se o Espiritismo pudesse ser simbolizado pela figura de um soldado, Kardec, muito provavelmente, o veria
com o peito coberto de medalhas. Assim fez ele esta analogia ao comparar a trajetria pontilhada de inimigos e
obstculos tais que, vencedor que foi e que , a Doutrina engrandeceu-se ao passo que, se passassem os anos,
sem que ningum lhe notasse, no teria o mrito que hoje possui. Os ataques, as agresses sofridas, serviram
to somente para lanar holofotes, direcionando assim a ateno das pessoas para que buscassem a real propo-
situra daquele que era atacado.
VI - Publicaes indevidas em nome da Doutrina. Neste aspecto, Kardec ainda mais incisivo. Concita a comuni-
dade a estar especialmente vigilante quanto s publicaes que so feitas em nome da Doutrina. Ainda que pa-
ream corroborar, preciso que se tenha em conta os aspectos estritamente fundamentados na Doutrina. M-
diuns incautos assistidos por espritos pseudo-sbios do luz a livros que, na realidade, no condizem com o
embasamento srio da Codificao.
VII - Este item do discurso nos reporta a um trecho do Evangelho em que lanaram dvida sobre as aes de
Jesus quando curou certa pessoa. Disseram: quem ele pensa que ? Tem demnio Ao que ele respondeu: - um
reino que combata a si mesmo no sobrevive. Assim tambm com o que diziam sobre os feitos da Doutrina.
Murmuravam entre dentes que o que o Espiritismo fazia era por obra do maligno. Kardec muito sabiamente fala
sobre isso, nos recordando sobre os atributos, sobre a justia Divina. Quando h a manifestao de um esprito,
seja ele iluminado ou sofredor ainda nas sombras, e Sempre ser pela misericrdia divina que ser ouvido e
assistido.
VIII - Qual a interpretao sobre a proibio de Moiss em se invocar os mortos? A humanidade em sua infncia,
como o era na poca de Moiss, trazia maus costumes advindos quando da sua servido no Egito. Ento ao lder
no restou outra alternativa seno cortar, literalmente, o mal pela raiz, proibindo a comunicao com os supos-
tos mortos. Eles o faziam com o intuito de saberem a sorte, o futuro. H que se respeitar os que esto na outra
dimenso da vida. E assim, o codificador no afasta de todo o posicionamento de Moiss.
IX - Falsos profetas e falsos Cristos. No h nas fileiras Espritas quem se tenha propagado profeta ou mesmo
que palidamente, Cristo. As obras que so feitas pelos servidores, so feitas em nome de Jesus, e os resultados a
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prpria Doutrina nos diz que fazem parte das Leis naturais. Com certeza deve haver algum que diga de si para
consigo que possa de ser um profeta. Mas onde as virtudes que atraem os bons espritos?
X e XI - Sobre a formao de grupos e sociedades Espritas e o uso de prticas exteriores de cultos nos grupos.
Com estes itens Kardec encerra sua exposio aos fraternais amigos que visitou. Kardec explica de forma bastan-
te clara os procedimentos para se formar grupos de estudos e prticas doutrinrias. Sempre alertando para os
cuidados que se deve ter, considerando que o Espiritismo abraa todos os credos. No fazendo restrio aos
comparecimentos das mulheres e dos jovens, o Codificador j possua a viso futurista do desenvolvimento da
Doutrina atravs dos tempos.
CONCLUSO
As trs viagens realizadas por nosso inesquecvel missionrio em 1860, 1861 e 1862 tiveram como objetivo auxi-
liar os seguidores da Doutrina Esprita com suas preciosas orientaes tais como: no existir a necessidade das
prticas exteriores, no aprovao de cobrana por trabalhos medinicos, no faz restries a comparecimentos
das mulheres, dos jovens mesmo porque seria uma ingratido para com aqueles fiis colaboradores da Codifica-
o, quanto educao das crianas fica despreocupado por perceber nelas uma tranquilidade e felicidade por
no mais temerem o Diabo e nem o Inferno. O futuro da Doutrina estava consolidado.
As cartas que Kardec recebeu foram o testemunho da grande misso reservada ao Espiritismo de trazer luz, es-
perana, fortaleza e fraternidade as pessoas.
Kardec considerou suas viagens, principalmente a de 1862, extremamente proveitosa, onde pode constatar o
vicejar das sementes vigorosas da Boa Nova.

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