Intersetorialidade Divulgacao 1
Intersetorialidade Divulgacao 1
Intersetorialidade Divulgacao 1
organizadores
Organizadores
Giselle Lavinas Monnerat
Ney Luiz Teixeira de Almeida
Rosemary Gonalves de Souza
Prefcio
Vanda Maria Costa Ribeiro
Muito cuidado e ateno foram dedicados edio deste livro, no entanto a metodologia utilizada, citaes e
referncias bibliogrficas dos textos so de inteira responsabilidade dos autores.
Ttulo
A intersetorialidade na agenda das polticas sociais.
A intersetorialidade na agenda das polticas sociais/ organizadores Giselle Lavinas Monnerat, Ney
Luiz Teixeira de Almeida, Rosemary Gonalves de Souza; prefcio Vanda Maria Costa Ribeiro.
Campinas, SP: Papel Social, 2014.
Inclui Bibliografia
ISBN 978-85-65540-11-7
1. Assistncia social - Brasil 2. Intersetorialidade 3. Poltica social. 4. Polticas pblicas. I. Monnerat, Giselle
Lavinas. II. Almeida, Ney Luiz Teixeira de. III. Souza, Rosemary Gonalves de. IV. Ribeiro, Vanda Maria Costa.
Papel Social
www.editorapapelsocial.com.br
[email protected]
Rua Antonio Bertoni Garcia, 634 - Jd. Von Zuben
CEP: 13044-650 - Campinas - SP|11-9 8300 9086 | 19-3276-9859
Prefcio .......................................................................................................................... 9
Apresentao ................................................................................................................ 13
PARTE 1
Dimenses e desafios tericos do debate sobre
intersetorialidade
Artigo 1 ........................................................................................................................ 21
A intersetorialidade das polticas sociais na perspectiva dialtica
Potyara A. P. Pereira
Artigo 2 ........................................................................................................................ 41
Intersetorialidade e Polticas Sociais: um dilogo com a literatura atual
Giselle Lavinas Monnerat | Rosemary Gonalves de Souza
PARTE 2
A intersetorialidade no mbito do sistema de
proteo social
Artigo 3 ....................................................................................................................... 55
Poltica social, Intersetorialidade e Desenvolvimento
Ana Fonseca |Ana Luiza dvila Viana
Artigo 4 ....................................................................................................................... 77
Sistemas de proteo social, Intersetorialidade e Integrao de Polticas
Sociais
Maria Carmelita Yazbek
PARTE 4
Experincias de intersetorialidade na sade
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O movimento de expanso semntica tem sua lgica procedimental
a intersetorialidade na agenda das polticas sociais
que pode ser reconstruda para efeitos didticos: inicialmente uma simples
prtica gerencial (tempo 3), cuja eficcia demandar de imediato que
seja utilizada no momento prvio do planejamento (tempo 2) quando
evidentemente se reconhece sua necessidade em termos de dilogo e
discusso sobre prioridades (tempo1) que dever logicamente recuar ao
seu tempo zero, ou seja, o tempo em que as finalidades ou fins de uma
determinada poltica so postos na mesa. o tempo em que um acordo
sobre os valores se faz necessrio. Os supostos vrios momentos ou supostas
sucessivas metamorfoses da ideia de intersetorialidade aqui resumidas de
maneira tosca no corresponde de fato sua elasticidade e aos possveis
movimentos e direes diversas que as discusses assumem, conforme
variam as abordagens. Apenas ilustram o que mais me impressionou na
leitura. O que os artigos em seu conjunto mostram que o movimento
de ressignificao semntica do termo intersetorialidade no se limita ao
seu potencial gerencial, digamos assim, mas produz uma nova estrutura de
significados, construda a partir de prticas emancipatrias de interveno
que possibilitam o exerccio de direitos e resultam em sua garantia. Tambm
por esta razo, penso que no por acaso que o livro tenha sido organizado
por assistentes sociais.
A pobreza, objeto privilegiado do servio social a sntese de todas as
contradies de uma sociedade. nesse universo que se podem encontrar as
evidncias mais perversas da questo social. Nele se chega ao fundo do poo
da desigualdade social. A pobreza em si a evidncia incontestvel da injustia
social. E qual a relao possvel entre intersetorialidade e assistncia social?
Melhor dizendo, entre pobreza e intersetorialidade? Qualquer profissional
da pobreza sabe dizer. A efetividade de uma poltica antipobreza exige um
trabalho poltico social intersetorial em um sentido bastante amplo. Como
se sabe, a pobreza muita. a prtica da assistncia que revela a imposio
de prticas intersetoriais em nome em primeiro lugar da eficincia, da
eficcia e da efetividade. Finalmente, o trabalho com a pobreza que conduz
a discusses sobre o mtodo que se desdobram na discusso sobre valores.
a proximidade com a pobreza que leva conscincia pr-cognitiva de
que a efetividade de qualquer poltica de assistncia est em sua capacidade
emancipatria. Essa capacidade, melhor dizendo possibilidade, depende de
um mtodo e no de qualquer mtodo de implementao da poltica, seja
ela de assistncia na educao, de assistncia na sade, de assistncia quanto
a alimentao, quanto transferncia de renda ou a mais simples poltica
de atendimento de uma necessidade bsica e transitria de uma pessoa
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complexa, como a pessoa humana. isso que a proximidade prtica ou
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aos navegantes: ningum terminar a leitura como comeou. No menor dos
a intersetorialidade na agenda das polticas sociais
Graduada em Educao
Universidade do Cear.
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Apresentao
apresentao
O lanamento desta coletnea resulta da identificao da emergncia da
temtica da intersetorialidade na agenda das polticas pblicas, notadamente as
de corte social, vis vis a escassez de produo bibliogrfica sobre a questo.
O cenrio contemporneo, marcado pela complexidade da questo
social, faz da intersetorialidade um tema que desafia, do ponto de vista terico
e prtico, tanto os formuladores e implementadores de polticas sociais quanto
os estudiosos do assunto.
Apesar dos avanos estabelecidos no marco regulatrio das polticas
pblicas e sociais, foroso reconhecer que as aes e programas governamentais
brasileiros ainda apresentam grandes dificuldades para impactar os indicadores
sociais. Tal situao se traduz nas estratgias contemporneas de expanso
da educao pblica de baixa qualidade que mantm intocado o ciclo de
reproduo intergeracional da pobreza, nas novas e perversas modalidades de
relao pblico-privado no campo da sade e, notadamente, na centralidade
atribuda aos programas de transferncia de renda sem o aporte de uma rede de
proteo social consolidada.
Dentre outras questes, pode-se inferir que este quadro est relacionado
aos descaminhos da Seguridade Social entre ns e, especificamente, persistncia
de acentuada fragmentao das polticas pblicas e sociais. Nesta perspectiva,
argumenta-se que a operacionalizao das polticas sociais continua presidida
por uma lgica de organizao voltada para objetivos e ticas setoriais que
apresenta dificuldade em promover a equidade e a integralidade no atendimento
ao cidado. Na esteira deste raciocnio, h consenso na literatura nacional de
que para enfrentar a complexidade da questo social e os limites estruturais
da sociedade brasileira necessria a conformao de uma rede de proteo
social, cujo objetivo de integrao encontra-se, em grande medida, dependente
da construo de estratgias de gesto intersetorial.
Nesta direo, observa-se hoje a tendncia de disseminao de polticas
e programas sociais que exigem concertao intersetorial entre as diversas
polticas setoriais (governamentais) e a sociedade. Destacam-se aqui as
recentes propostas no campo da sade coletiva e da assistncia social, como
a Estratgia Sade da Famlia, o Programa Bolsa Famlia e a constituio do
Sistema Nacional de Vigilncia Nutricional e Alimentar (SISVAN), dentre
outros. Estes so exemplos de como se tem buscado induzir a implementao
de aes intersetoriais a partir da formulao de programas que contenham
em seu desenho a exigncia de sinergia e dilogo entre diferentes reas de
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polticas pblicas e sociais.
a intersetorialidade na agenda das polticas sociais
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reflexo produzida pela autora Potyara Pereira com o captulo intitulado A
apresentao
intersetorialidade das polticas sociais na perspectiva dialtica. As
abordagens tericas e as formas sociais assumidas pela intersetorialidade e a
tendncia setorializao das polticas constitui um plano de anlise preliminar
na discusso realizada pela autora. Ultrapassando os aspectos semnticos o texto
afirma a necessidade de problematizao da relao entre intersetorialidade e
interdisciplinaridade como chave compreensiva dos processos histricos de
apreenso e enfrentamento das condies de vida e necessidades do cidado
em sua relao com o Estado, a partir da mediao das polticas sociais. A
indicao deste procedimento analtico amparada na justificativa de como a
dialtica contribui para o estabelecimento de dilogos e integraes no plano
da gesto das polticas sociais que, sem desconsiderar sua construo setorial,
tomam a complexidade dos processos sociais numa perspectiva de totalidade.
Para tanto, problematiza como o debate sobre os diferentes saberes e prticas
que conformam o campo da cincia hoje tratado por autores que se valem da
teoria social crtica para desvelar os limites das reflexes ps-modernas.
O captulo Intersetorialidade e Polticas Sociais: um dilogo com
a literatura atual tem como perspectiva assinalar os principais pontos do
debate sobre a intersetorialidade presentes na literatura recente sobre polticas
sociais. As autoras, Giselle Lavinas e Rosemary Gonalves mostram como a
complexidade dos problemas socais, traduzida, sobretudo, na persistncia da
pobreza e das iniquidades sociais, traz o imperativo da concertao intersetorial,
que atualmente aparece como diretriz das principais polticas sociais (sade,
assistncia social, educao, poltica urbana, etc.), e como meio de potencializar
os resultados da ao governamental. Embora a intersetorialidade seja uma
diretriz recorrente no desenho dos principais programas sociais atuais, o
captulo demonstra que os desafios e entraves do desenvolvimento da gesto
intersetorial esto calcados no peso da tradio fragmentada que caracteriza
as intervenes estatais no campo social no pas, nos conflitos e disputas por
recursos financeiros entre as reas, assim como nas disputas polticos-eleitorais.
Tais entraves tm, notadamente no mbito local, dificultado a efetivao e a
sustentabilidade das iniciativas intersetoriais.
A segunda parte A intersetorialidade no mbito do sistema de
proteo social traz trs captulos que abordam a relao poltica social e
intersetorialidade pela via da anlise das polticas nacionais de Assistncia Social,
Combate Pobreza e Segurana Alimentar e Nutricional.
No primeiro captulo Poltica Social, Intersetorialidade e
Desenvolvimento as autoras Ana Fonseca e Ana Luiza dAvila Viana
desenvolvem a discusso sobre a intersetorialidade prevista na lgica e
desenho do Plano Brasil Sem Misria, principal programa social do governo
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Dilma Russeff. A base de anlise adotada busca estabelecer relao entre
a intersetorialidade na agenda das polticas sociais
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trabalho composta por dois captulos. Em O Lugar da Economia Solidria
apresentao
na Nova Gesto da Pobreza e do Trabalho, a interface entre a economia
solidria, a nova face da poltica social e as formas contemporneas de regulao
do trabalho precarizado e do desemprego so tratadas por Rosngela Nair de
Carvalho Barbosa a partir do exame das prticas laborativas ensejadas a partir
da criao, em 2003, pelo governo federal, da Secretaria Nacional de Economia
Solidria (SENAES) no mbito Ministrio do Trabalho e Emprego. A pesquisa
realizada pela autora mostra como esta rea de poltica pblica nasce com a
marca da intersetorialidade e da transversalidade das aes governamentais,
mas, contraditoriamente, o contexto da expanso da economia solidria o
da flexibilizao produtiva, da intensificao das relaes de terceirizao de
empresas e contratos; da retrao dos direitos do trabalho e da seguridade social.
O segundo captulo, O Bolsa Famlia: intersetorialidade
dimenso central na implementao e nos resultados do Programa, de
Maria Ozanira da Silva e Silva, analisa a caracterstica intersetorial do Bolsa
Famlia inscrita e demarcada no desenho das condicionalidades relativas s
reas de sade, educao e assistncia social. A autora trata a intersetorialidade
como temtica que orienta as polticas sociais na atualidade, conformando
desenhos de importantes polticas nacionais como, por exemplo, a PNAS
(Poltica Nacional de Assistncia Social). No mbito dessa poltica nacional,
o Programa Bolsa Famlia se apresenta, em termos de sua formulao, como
um programa social que traz a exigncia de condicionalidade ou contrapartida
aliada intersetorialidade como aspectos estruturantes para o enfrentamento da
pobreza no pas. Nesta direo, a autora apresenta a polmica discusso terica
em torno das condicionalidades e, apoiado em extensa pesquisa emprica,
examina os desafios prticos que marcam a experincia de treze municpios do
estado do Maranho no que se refere implementao de aes intersetoriais no
mbito do Programa Bolsa Famlia. Trata-se, portanto, de um estudo que agrega
horizontes de anlise relevantes e dimensiona os dilemas de implementao de
um programa com desenho intersetorial.
A quarta parte da coletnea dedicada s Experincias de
intersetorialidade na sade. O captulo Construindo Rede de Cuidados na
ateno sade mental, crack, lcool e outras drogas: Intersetorialidade
e direitos humanos de Marco Jos de Oliveira Duarte aborda uma
experincia de interveno conjunta entre diferentes atores governamentais
e no governamentais, de forma processual, na construo de uma rede
intersetorial de cuidado para com os usurios de sade mental, crack, lcool
e outras drogas e suas famlias no territrio de uma comunidade pacificada na
cidade do Rio de Janeiro. Neste contexto, a temtica das drogas ainda se coloca
por um lado, na forma da represso, ou mesmo da interdio/internao ou
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recolhimento compulsrio, e de outro, na culpabilizao dos usurios com forte
a intersetorialidade na agenda das polticas sociais
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O captulo Cidades e cidadanias em devir: caminhos da Escola
apresentao
Cidad ao Bairro-Escola em Nova Iguau de Clia Linhares e Maria
Cristina Leal fecha a coletnea abordando uma experincia concreta de
intersetorialidade da qual as duas autoras participaram. Para alm de um relato
de experincia, sempre bem acolhido em tempos de negao e/ou ocultao da
condio de sujeito dos educadores e intelectuais, o captulo revela os caminhos
de construo que os movimentos na educao percorrem nas dobraduras
do tempo e do espao contemporneo que conformam a gesto pblica nas
cidades. A relao entre a cidade, a cidadania e a construo de uma escola
cidad tratada histrica e conceitualmente apontando para as possibilidades
de emergncia e desenvolvimento de experincias intersetoriais a partir
de processos que tendem a considerar a educao e a escola em suas vrias
mediaes com a dinmica social. Destaca, sobretudo, mas no exclusivamente
o significado que a cidade adquire como territrio singular de desenvolvimento
de projetos educacionais que se articulam com as demais polticas sociais via
Estado, mas tambm envolvendo a sociedade civil.
Pretende-se que esta coletnea proporcione aos leitores um panorama
nacional sobre um dos principais temas que atravessam a discusso sobre a
poltica social na atualidade, qual seja: a intersetorialidade como uma das
estratgias possveis de potencializao de aes integradas no campo social.
Boa leitura!
Os organizadores
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a intersetorialidade
NA AGENDA DAS POLTICAS SOCIAIS
Os organizadores
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