Este documento trata de um habeas corpus impetrado contra decisão do Tribunal de Justiça da Bahia que negou o trancamento de uma ação penal contra Jonas Abib por suposta publicação de afirmações discriminatórias contra religiões de matriz africana em seu livro. O relator nega o pedido de trancamento da ação alegando que este é medida excepcional e que não há manifesta ilegalidade no caso, e também rejeita o argumento da prescrição da pretensão punitiva devido à imprescritibilidade do crime de racismo.
Este documento trata de um habeas corpus impetrado contra decisão do Tribunal de Justiça da Bahia que negou o trancamento de uma ação penal contra Jonas Abib por suposta publicação de afirmações discriminatórias contra religiões de matriz africana em seu livro. O relator nega o pedido de trancamento da ação alegando que este é medida excepcional e que não há manifesta ilegalidade no caso, e também rejeita o argumento da prescrição da pretensão punitiva devido à imprescritibilidade do crime de racismo.
Este documento trata de um habeas corpus impetrado contra decisão do Tribunal de Justiça da Bahia que negou o trancamento de uma ação penal contra Jonas Abib por suposta publicação de afirmações discriminatórias contra religiões de matriz africana em seu livro. O relator nega o pedido de trancamento da ação alegando que este é medida excepcional e que não há manifesta ilegalidade no caso, e também rejeita o argumento da prescrição da pretensão punitiva devido à imprescritibilidade do crime de racismo.
Este documento trata de um habeas corpus impetrado contra decisão do Tribunal de Justiça da Bahia que negou o trancamento de uma ação penal contra Jonas Abib por suposta publicação de afirmações discriminatórias contra religiões de matriz africana em seu livro. O relator nega o pedido de trancamento da ação alegando que este é medida excepcional e que não há manifesta ilegalidade no caso, e também rejeita o argumento da prescrição da pretensão punitiva devido à imprescritibilidade do crime de racismo.
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Superior Tribunal de Justia
HABEAS CORPUS N 143.147 - BA (2009/0144511-9)
RELATOR : MINISTRO ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP) IMPETRANTE : BELISRIO DOS SANTOS JNIOR IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DA BAHIA PACIENTE : JONAS ABIB
RELATRIO
O EXMO. SR. MINISTRO ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/SP): Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de JONAS ABIB contra acrdo do Tribunal de Justia da Bahia que denegou o writ l formulado. Pretende-se, no mrito, obter o trancamento da ao que atribui ao paciente a prtica da infrao penal descrita no artigo 20, 2, da Lei n. 7.716/1989. Segundo a pea acusatria, o paciente, por meio do livro de sua autoria, "Sim, Sim! No, No!, Reflexes de cura e libertao" , publicado pela Editora Cano Nova, teria feito "afirmaes discriminatrias religio esprita e s de matriz africana, como a umbanda e o candombl" (fl. 104). Sustenta a impetrao a inpcia da denncia, afirmando que "se o rgo da acusao considerasse o livro todo, sem meramente reproduzir os destaques do Centro Esprita representante, bem entenderia estar diante de uma obra de apologtica religiosa, de proselitismo, prprio de quem tem a misso reconhecida pela prpria denncia. E, assim, a conduta do paciente no poderia ser dada como criminosa, por estar ao abrigo da liberdade de religio e da liberdade de expresso" (fl. 12). Enfatiza, ainda, faltar justa causa para a ao por falta de tipicidade subjetiva, pois "no livro o paciente dirigiu-se prioritariamente ao pblico catlico, na inteno de manter os fiis Igreja Catlica e de trazer de volta os indecisos, aqueles que podem estar na mesma situao que o paciente afirma ter vivido" (fl. 19). Destaca o impetrante que "a democracia vive desse entrechoque de idias, da circulao livre de pensamentos. Da a proteo dada pela Constituio. que as idias se combatem com outras idias. A refutao de argumentos deve ser feita por meio de raciocnios que sejam consistentemente opostos" (fl. 29). Documento: 57873203 - RELATRIO E VOTO - Site certificado Pgina 1 de 15 Superior Tribunal de Justia A liminar foi deferida pelo antigo Relator, Ministro Og Fernandes, para suspender, at o julgamento definitivo do presente writ, o andamento da ao penal (fls. 576/577). Prestadas as informaes, o Ministrio Pblico Federal opinou pela concesso da ordem, conforme parecer de fls. 603/610. Com as peties de fls. 667/669 e 673/674, o impetrante requer o reconhecimento da prescrio da pretenso punitiva estatal. Na deciso de fls. 679/681, proferi deciso "para reconhecer a prescrio da pretenso punitiva estatal na Ao Penal n. 1957502-1/2008, da 12 Vara Criminal de Salvador, na Bahia" . Aps a interposio de agravo regimental pelo Ministrio Pblico Federal, exerci o juzo de retratao para reconsiderar a deciso atacada, tendo em vista que a conduta tpica imputada ao paciente - art. 20 da Lei n. 7.716/1989 - sofre a incidncia da clusula de imprescritibilidade prevista no art. 5, XLII, da Constituio Federal. o relatrio.
Documento: 57873203 - RELATRIO E VOTO - Site certificado Pgina 2 de 15
Superior Tribunal de Justia HABEAS CORPUS N 143.147 - BA (2009/0144511-9)
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/SP): O presente habeas corpus no merece conhecimento, pois impetrado em substituio a recurso prprio (HC 109956, Relator Ministro MARCO AURLIO, Primeira Turma, DJe 11/9/2012). Contudo, considerando que foi interposto antes da mudana de entendimento acima mencionada, passo anlise sobre a existncia de manifesta ilegalidade que implique em ofensa liberdade de locomoo do paciente e justifique a concesso da ordem de ofcio. De incio, cabe destacar que o trancamento de inqurito policial ou ao penal por meio de habeas corpus medida excepcional, somente autorizada em casos em que fique patente, sem a necessidade de anlise ftico-probatria, a atipicidade da conduta, a absoluta falta de provas da materialidade e indcios da autoria ou a ocorrncia de alguma causa extintiva da punibilidade, o que no ocorre no presente caso. Este o entendimento de ambas as Turmas que julgam a mateira nesta Corte Superior:
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINRIO EM
HABEAS CORPUS. ESTELIONATO. PLEITO DE TRANCAMENTO DA AO PENAL EM VIRTUDE DE AUSNCIA DE JUSTA CAUSA. ALEGADA ATIPICIDADE DA CONDUTA. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. QUITAO DO DBITO. SMULA 554/STF. PRESCRIO RETROATIVA DA PRETENSO PUNITIVA. PRAZO DE 12 ANOS. NO ULTRAPASSADO LAPSO TEMPORAL ENTRE OS MARCOS INTERRUPTIVOS. RECURSO DESPROVIDO. I - A jurisprudncia do excelso Supremo Tribunal Federal, bem como desta eg. Corte, h muito j se firmou no sentido de que o trancamento da ao penal por meio do habeas corpus medida excepcional, que somente deve ser adotada quando houver inequvoca comprovao da atipicidade da conduta, da incidncia de causa de extino da punibilidade ou da ausncia de indcios de autoria ou de prova sobre a materialidade do delito, o que no ocorre no caso. (...) Recurso desprovido . (RHC 58.993/RJ, Rel. Ministro Documento: 57873203 - RELATRIO E VOTO - Site certificado Pgina 3 de 15 Superior Tribunal de Justia FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, DJe 30/9/2015)
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINRIO EM
HABEAS CORPUS. FURTO DE ENERGIA ELTRICA. TRANCAMENTO DA AO PENAL. DENNCIA. FATOS ADEQUADAMENTE NARRADOS. OCORRNCIA. EXERCCIO DA AMPLA DEFESA. POSSIBILIDADE. FALTA DE JUSTA CAUSA. AUSNCIA DE RELGIO LEITOR NA UNIDADE HABITACIONAL. CONTAS DO APARTAMENTO. OBRIGAO DA INCORPORADORA. EXAME APROFUNDADO DO CONTEXTO FTICO-PROBATRIO. NECESSIDADE. MATRIA INCABVEL NA VIA ELEITA. RECEBIMENTO DA INCOATIVA. FUNDAMENTAO. MATRIA NO EXAMINADA PELA CORTE DE ORIGEM. SUPRESSO DE INSTNCIA. RECURSO DESPROVIDO. 1. O trancamento da ao penal em sede de recurso ordinrio em habeas corpus medida excepcional, somente se justificando se demonstrada, inequivocamente, a ausncia de autoria ou materialidade, a atipicidade da conduta, a absoluta falta de provas, a ocorrncia de causa extintiva da punibilidade ou a violao dos requisitos legais exigidos para a exordial acusatria, o que no se verificou na espcie. 2. De se notar que a descrio da pretensa conduta delituosa foi feita de forma suficiente ao exerccio do direito de defesa, com a narrativa de todas as circunstncias relevantes, permitindo a leitura da pea acusatria a compreenso da acusao, com base no artigo 41 do Cdigo de Processo Penal. 3. Demais digresses sobre a justa causa para a ao penal, imiscuindo-se no exame das teses de ausncia de relgio leitor na unidade habitacional e de incumbncia da incorporadora em arcar com os gastos do apartamento, demandam inexoravelmente revolvimento de matria ftico-probatria, no condizente com a via angusta do writ, devendo, pois, ser avaliada a quaestio pelo Juzo a quo por ocasio da prolao da sentena, aps a devida e regular instruo criminal, sob o crivo do contraditrio. 4. A alegao de fundamentao inidnea para o recebimento da exordial acusatria no foi examinada pelo Tribunal de origem, vez que sequer fora ventilada na inicial do prvio remdio heroico, no podendo, assim, ser apreciada a matria por este Superior Tribunal, sob pena de indevida supresso de instncia. 5. Recurso a que se nega provimento. (RHC 62.555/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, DJe 22/09/2015)
No tocante preliminar de prescrio da pretenso punitiva, suscitada
pelo impetrante na petio de fls. 667/669, no vejo como acolher o pedido. Como dito na deciso de fls. 721/725, o paciente foi denunciado como incurso no art. 20 da Lei n. 7.716/1989. Tratando-se de crime de racismo, incide Documento: 57873203 - RELATRIO E VOTO - Site certificado Pgina 4 de 15 Superior Tribunal de Justia sobre o tipo penal a clusula de imprescritibilidade prevista no art. 5, XLII, da Constituio Federal. Tambm no prospera a alegao da defesa de que o acusado foi denunciado "pela prtica e incitao de discriminao ou preconceito religioso" , o que no se enquadraria dentro da definio do crime de racismo, no sendo aplicvel a clusula de imprescritibilidade da Carta Magna, vedada a analogia in malam partem. Ocorre que a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justia firme no sentido de que o crime de racismo no se restringe aos atos preconceituosos em funo de cor ou etnia, mas abrangem todo ato discriminatrio praticado em funo de raa, cor, etnia, religio ou procedncia, conforme previso literal do art. 20 da Lei n. 7.716/1989. A propsito: HABEAS-CORPUS. PUBLICAO DE LIVROS: ANTI-SEMITISMO. RACISMO. CRIME IMPRESCRITVEL. CONCEITUAO. ABRANGNCIA CONSTITUCIONAL. LIBERDADE DE EXPRESSO. LIMITES. ORDEM DENEGADA. 1. Escrever, editar, divulgar e comerciar livros "fazendo apologia de idias preconceituosas e discriminatrias" contra a comunidade judaica (Lei 7716/89, artigo 20, na redao dada pela Lei 8081/90) constitui crime de racismo sujeito s clusulas de inafianabilidade e imprescritibilidade (CF, artigo 5, XLII). (...) 6. Adeso do Brasil a tratados e acordos multilaterais, que energicamente repudiam quaisquer discriminaes raciais, a compreendidas as distines entre os homens por restries ou preferncias oriundas de raa, cor, credo, descendncia ou origem nacional ou tnica, inspiradas na pretensa superioridade de um povo sobre outro, de que so exemplos a xenofobia, "negrofobia", "islamafobia" e o anti-semitismo. 7. A Constituio Federal de 1988 imps aos agentes de delitos dessa natureza, pela gravidade e repulsividade da ofensa, a clusula de imprescritibilidade, para que fique, ad perpetuam rei memoriam, verberado o repdio e a abjeo da sociedade nacional sua prtica. 8. Racismo. Abrangncia. Compatibilizao dos conceitos etimolgicos, etnolgicos, sociolgicos, antropolgicos ou biolgicos, de modo a construir a definio jurdico-constitucional do termo. Interpretao teleolgica e sistmica da Constituio Federal, conjugando fatores e circunstncias histricas, polticas e sociais que regeram sua formao e aplicao, a fim de obter-se o real sentido e alcance da norma. (...) 16. A ausncia de prescrio nos crimes de racismo justifica-se como alerta grave para as geraes de hoje e de amanh, para que se impea a reinstaurao de velhos e ultrapassados conceitos que a conscincia jurdica e histrica no mais Documento: 57873203 - RELATRIO E VOTO - Site certificado Pgina 5 de 15 Superior Tribunal de Justia admitem. Ordem denegada. (HC 82424, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Relator(a) p/ Acrdo: Min. MAURCIO CORRA, Tribunal Pleno, DJ 19-03-2004 PP-00017 EMENT VOL-02144-03 PP-00524)
CRIMINAL. HABEAS CORPUS. PRTICA DE RACISMO.
EDIO E VENDA DE LIVROS FAZENDO APOLOGIA DE IDIAS PRECONCEITUOSAS E DISCRIMINATRIAS. PEDIDO DE AFASTAMENTO DA IMPRESCRITIBILIDADE DO DELITO. CONSIDERAES ACERCA DE SE TRATAR DE PRTICA DE RACISMO, OU NO. ARGUMENTO DE QUE OS JUDEUS NO SERIAM RAA. SENTIDO DO TERMO E DAS AFIRMAES FEITAS NO ACRDO. IMPROPRIEDADE DO WRIT. LEGALIDADE DA CONDENAO POR CRIME CONTRA A COMUNIDADE JUDAICA. RACISMO QUE NO PODE SER ABSTRADO. PRTICA, INCITAO E INDUZIMENTO QUE NO DEVEM SER DIFERENCIADOS PARA FINS DE CARACTERIZAO DO DELITO DE RACISMO. CRIME FORMAL. IMPRESCRITIBILIDADE QUE NO PODE SER AFASTADA. ORDEM DENEGADA. I.O habeas corpus meio imprprio para o reexame dos termos da condenao do paciente, atravs da anlise do delito se o mesmo configuraria prtica de racismo ou caracterizaria outro tipo de prtica discriminatria, com base em argumentos levantados a respeito do judeus se os mesmos seriam raa, ou no tudo visando a alterar a pecha de imprescritibilidade ressaltada pelo acrdo condenatrio, pois seria necessria controvertida e imprpria anlise dos significados do vocbulo, alm de amplas consideraes acerca da eventual inteno do legislador e inconcebvel avaliao do que o Julgador da instncia ordinria efetivamente "quis dizer" nesta ou naquela afirmao feita no decisum. II. No h ilegalidade na deciso que ressalta a condenao do paciente por delito contra a comunidade judaica, no se podendo abstrair o racismo de tal comportamento, pois no h que se fazer diferenciao entre as figuras da prtica, da incitao ou do induzimento, para fins de configurao do racismo, eis que todo aquele que pratica uma destas condutas discriminatrias ou preconceituosas, autor do delito de racismo, inserindo-se, em princpio, no mbito da tipicidade direta. III. Tais condutas caracterizam crime formal, de mera conduta, no se exigindo a realizao do resultado material para a sua configurao. IV. Inexistindo ilegalidade na individualizao da conduta imputada ao paciente, no h porque ser afastada a imprescritibilidade do crime pelo qual foi condenado. V. Ordem denegada. (HC 15.155/RS, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, DJ 18/03/2002, p. 277)
No que diz respeito alegao de inpcia da exordial, constata-se que
a denncia narrou os seguintes fatos (fls. 585/588): Documento: 57873203 - RELATRIO E VOTO - Site certificado Pgina 6 de 15 Superior Tribunal de Justia
Consta dos autos, anexos, do Procedimento
Administrativo supra referido, que o denunciado, fundador da Comunidade Cano Nova, que tem a misso de evangelizar pelos meios de comunicao social, no livro de sua autoria "Sim, Sim! No, No! Reflexes de cura e libertao ", publicado pela Editora Cano Nova, faz afirmaes discriminatrias religio esprita e s religies de matriz africana, como a umbanda e o candombl. o que se observa das seguintes passagens da obra:
"O demnio, dizem muitos, "no nada criativo".
Ele continua usando o mesmo disfarce. Ele, que no passado se escondia por trs dos dolos, hoje se esconde nos rituais e nas prticas do espiritismo, da umbanda, do candombl e de outras formas de espiritismo. Todas essas formas de espiritismo tm em comum a consulta aos espritos e a reencarnao." (pgs. 29/30)
"Os prprios pais e mes-de-santo e todos os que
trabalham em centros e terreiros so as primeiras vtimas: so instrumentalizados por Satans. (...) A doutrina esprita maligna, vem do maligno. (...)" (pg 16)
Em outro trecho, numa clara ofensa e desrespeito
doutrina esprita e sua liturgia, o autor acrescenta:
"O espiritismo no uma coisa qualquer como
alguns pensam. Em vez de viver no Esprito santo, de depender dele e ser conduzida por Ele, a pessoa acaba sendo conduzida por espritos malignos. (...) O espiritismo como uma epidemia e como tal deve ser combatido: um foco de morte. O espiritismo precisa ser desterrado da nossa vida. No preciso ser cristo e ser esprita, (...) Limpe-se totalmente!" (pgs. 17/18)
"H pessoas que j leram muitos livros do
chamado "espiritismo de mesa branca", de um kardecista muito intelectual que realmente fascina - as coisas do inimigo fascinam. Desfaa-se de tudo. Queime tudo. No fique com nenhum desses livros. (...)" (pg.43)
Do mesmo modo, informaes inverdicas e
preconceituosas so dirigidas s religies de matriz africana, alm de se verificar flagrante incitao destruio e desrespeito aos seus Documento: 57873203 - RELATRIO E VOTO - Site certificado Pgina 7 de 15 Superior Tribunal de Justia objetos de culto:
"Acabe com tudo: tire as imagens de lemanj (que
na verdade so um disfarce, uma imitao de Nossa Senhora). Acabe com tudo! Mesmo que seja uma esttua preciosa, mesmo que seja objeto de ouro, no conserve nada. Isso maldio para voc; maldio para sua casa e sua famlia. (...)" (pg. 16) "Esses "trabalhos" so verdadeiros sacrifcios. s olhar o que se manda fazer: so "trabalhos" com plvora, punhal, sangue, pinga... Tudo indicando vcio, morte e destruio. Degolam galinha preta, bode, ovelha, amarram boca de sapo, pegam a roupa de fulano de tal, a s peas ntimas do rapaz ou da moa... (...) Esses "trabalhos so feitos para os demnios: para agrad-los." (pg. 37)
Por tudo quanto exposto, insta destacar que a
Constituio da Repblica Federativa do Brasil em seu Captulo I, quando cita os direitos e deveres individuais e coletivos, dispe no art. 5o, VI, que a liberdade de conscincia e de crena inviolvel e garante proteo aos locais de culto e s suas liturgias Mais adiante, o inciso VIII acrescenta que ningum ser privado de direitos por motivo de f ou de ideologia filosfica ou poltica. No caso da Bahia, a venda da referida obra constitui violao ainda mais grave, pois a Constituio Estadual, em seu Art. 275, diz que dever do Estado preservar e garantir a integridade, respeitabilidade e a permanncia dos valores da religio afro-brasileira. Por fim, como amostra da expanso e amplitude do contedo da referida obra, cumpre salientar que o indigitado livro, "Sim, Sim! No, No! Reflexes de cura e libertao", acompanhado de um CD de oraes, j alcanou a venda de 400.000 (quatrocentos mil) exemplares, estando na 85 a edio no ano de 2007, conforme informaes contidas na prpria capa e na folha de rosto da referida obra. Alm do que, o mesmo amplamente divulgado pelas livrarias e pode ser facilmente adquirido em Salvador pelo preo de R$14,90 (catorze reais e noventa centavos) (fl. 02). Destarte, estando o PADRE JONAS ABIB incurso, nas penas do art. 20, pargrafos 2o e 3o da Lei n 7.716/89. pela prtica e incitao de discriminao ou preconceito religioso, requer, aps o recebimento e a autuao desta denncia, seja o denunciado citado mediante precatria, com fulcro no art. 353 do Cdigo de Processo Penal, para interrogatrio e para se ver processar e condenar, notificando-se a testemunha do rol abaixo para comparecer perante este juzo em dia e hora a serem designados sob as cominaes legais.
Como visto, a denncia preenche os requisitos do artigo 41 do Cdigo
Documento: 57873203 - RELATRIO E VOTO - Site certificado Pgina 8 de 15
Superior Tribunal de Justia de Processo Penal, descrevendo fatos que, em tese, configuram o crime previsto no art. 20, pargrafos 2o e 3o da Lei n. 7.716/89. Constata-se que a inicial acusatria apontou de forma clara qual teria sido a conduta tpica, quem a praticou, de que modo o fez, delimitando o perodo em que foi perpetrada, esclarecendo, ainda, o nmero de exemplares da obra que j haviam sido vendidos e os locais onde podiam ser adquiridos, tudo de forma a permitir o pleno exerccio do direito de defesa por parte do acusado. Dessa forma, no h que se falar em inpcia da denncia. So precedentes nossos:
RECURSO ORDINRIO EM HABEAS CORPUS. PENAL
E PROCESSUAL PENAL. CRIME DE APROPRIAO INDBITA PREVIDENCIRIA. ALEGAES DE FALTA DE JUSTA CAUSA E DE INPCIA FORMAL DA DENNCIA. IMPROCEDNCIA. RECURSO NO PROVIDO. (...) 4. No h falar em inpcia formal da denncia quando a inicial acusatria preenche os requisitos do art. 41 do CPP e explicita, de forma satisfatria, a conduta atribuda ao(s) acusado(s) e as circunstncias da apropriao indbita previdenciria, de forma a possibilitar a compreenso sobre a acusao e o exerccio da ampla defesa. 5. A imputao ftica est suficientemente delineada, sendo possvel identificar a responsabilidade dos recorrentes no fato, porquanto foram acusados, na condio de gerentes da empresa, de deixar de repassar ao INSS os valores recolhidos de seus empregados a ttulo de contribuio previdenciria, conforme lanamento de dbito confessado. O acrdo federal, a seu turno, registrou que "a prova coligida demonstra constar o nome dos referidos pacientes nos documentos de constituio da empresa, bem como nas alteraes contratuais subsequentes, como scios responsveis pela pessoa jurdica". 6. Recurso ordinrio no provido. (RHC 25.024/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, DJe 02/03/2016)
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINRIO EM
HABEAS CORPUS. CRIMES DE PREVARICAO E QUADRILHA. TRANCAMENTO. AUSNCIA DE JUSTA CAUSA. REVOLVIMENTO FTICO-PROBATRIO. VIA INADEQUADA. INPCIA DA DENNCIA. NO OCORRNCIA. RECEBIMENTO DA INICIAL ACUSATRIA. FUNDAMENTAO SUFICIENTE. (...) 4. No inepta a denncia que apresenta uma Documento: 57873203 - RELATRIO E VOTO - Site certificado Pgina 9 de 15 Superior Tribunal de Justia narrativa congruente dos fatos, de modo a permitir o pleno exerccio da ampla defesa, descreve conduta que, ao menos em tese, configura o crime previsto no art. 317, c/c os arts. 29 e 288, na forma do art. 69 do Cdigo Penal, e, atentando aos ditames do art. 41 do CPP, qualifica o acusado e descreve o fato criminoso e suas circunstncias. 5. Firmada nesta Corte a orientao de que, "em regra, a deciso que recebe a denncia prescinde de fundamentao complexa, justamente em razo da sua natureza interlocutria" (HC 173.212/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 22/11/2011, DJe 01/12/2011). 6. Recurso ordinrio em habeas corpus desprovido. (RHC 45.251/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, DJe 04/03/2016)
HABEAS CORPUS. DISCRIMINAO RACIAL E
INCITAO DISCRIMINAO RACIAL (ARTIGO 20, CAPUT, DA LEI 7.716/1989). FALTA DE JUSTA CAUSA PARA A PERSECUO CRIMINAL. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO APROFUNDADO DE MATRIA FTICO-PROBATRIA. IMPOSSIBILIDADE NA VIA ESTREITA DO MANDAMUS. DENEGAO DA ORDEM. 1. O trancamento de ao penal na via do habeas corpus medida excepcional, s admitida quando restar provada, inequivocamente, sem a necessidade de exame valorativo do conjunto ftico ou probatrio, a atipicidade da conduta, a ocorrncia de causa extintiva da punibilidade, ou, ainda, a ausncia de indcios de autoria ou de prova da materialidade do delito. Precedentes. 2. Na hiptese vertente, para se constatar se o paciente agiu ou no com dolo de discriminar e de incentivar a discriminao racial, bem como para se verificar se teria agido no estrito cumprimento das normas estabelecidas no regimento interno do condomnio onde o delito teria ocorrido, seria necessria anlise aprofundada de matria ftico-probatria, o que vedado na via estreita do remdio constitucional. 3. A reforar a impossibilidade de trancamento do processo em apreo, bem como a existncia de justa causa para a persecuo criminal, em contato telefnico mantido com o Tribunal de Justia do Estado do Cear constatou-se a supervenincia de sentena condenatria, na qual a magistrada de origem, em acurado exame do material colhido ao longo da instruo, considerou comprovada a prtica dos delitos narrados na denncia pelo paciente. 4. Ordem denegada. (HC 118.382/CE, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, DJe 24/06/2011)
Em relao alegao de falta de fundamentao na deciso que
recebeu a denncia, a jurisprudncia desta Corte firme no sentido de no ser nula Documento: 57873203 - RELATRIO E VOTO - Site certificado Pgina 1 0 de 15 Superior Tribunal de Justia a deciso que recebe a denncia com fundamentao sucinta, notadamente quando se trata de deciso anterior edio da Lei n. 11.719/2008 . Nesse sentido:
PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS
SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL, ORDINRIO OU DE REVISO CRIMINAL. NO CABIMENTO. QUADRILHA. CORRUPO PASSIVA. LICITAO. FRAUDE. TRANCAMENTO DA AO PENAL. INPCIA DA DENNCIA. REQUISITOS DO ART. 41 DO CPP. DECISO QUE RECEBE A DENNCIA. FUNDAMENTAO. PRESCINDIBILIDADE. AUSNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 1. Ressalvada pessoal compreenso diversa, uniformizou o Superior Tribunal de Justia ser inadequado o writ em substituio a recursos especial e ordinrio, ou de reviso criminal, admitindo-se, de ofcio, a concesso da ordem ante a constatao de ilegalidade flagrante, abuso de poder ou teratologia. 2. O trancamento da ao penal por meio do habeas corpus s cabvel quando houver comprovao, de plano, da ausncia de justa causa, seja em razo da atipicidade da conduta supostamente praticada pelo acusado, seja da ausncia de indcios de autoria e materialidade delitivas, ou ainda da incidncia de causa de extino da punibilidade. 3. afastada a inpcia quando a denncia preencher os requisitos do art. 41 do CPP, com a individualizao da conduta do ru, descrio dos fatos e classificao dos crimes, de forma suficiente para dar incio persecuo penal na via judicial, bem como para o pleno exerccio da defesa. 4. Este Superior Tribunal consolidou o entendimento de que prescinde de fundamentao o decisum que recebe a denncia, especialmente antes da Lei n. 11.719/2008. 5. Habeas corpus no conhecido. (HC 94.163/RJ, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, DJe 05/11/2015)
PENAL. RECURSO ESPECIAL. CORRUPO ATIVA E
PASSIVA. INTERCEPTAO TELEFNICA. TRANSCRIO INTEGRAL. AUSNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SMULAS 282 E 356, AMBAS DO STF. DESNECESSIDADE. SMULA N. 83 DO STJ. AUSNCIA DE PREJUZO. JUZO ESTADUAL. COMPETNCIA INICIAL. NULIDADE. NO OCORRNCIA. ART. 157 DO CPP. AUSNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. RECEBIMENTO DA DENNCIA. AUSNCIA DE FUNDAMENTAO. NULIDADE. INEXISTNCIA. DIVERGNCIA JURISPRUDENCIAL. NO COMPROVAO. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E NO PROVIDO. (...) 7. Conforme j decidiu esta Corte Superior, "No h Documento: 57873203 - RELATRIO E VOTO - Site certificado Pgina 1 1 de 15 Superior Tribunal de Justia ilegalidade na falta de fundamentao do despacho que recebe a denncia, oferecida antes da edio da Lei n. 11.719/2008" (HC n. 181.532/SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, 5 T., DJe 13/12/2012). No caso, a deciso que recebeu a denncia datada de 11/2/2004, em momento anterior, portanto, aludida reforma. 8. Conforme disposio do art. 541, pargrafo nico, do Cdigo de Processo Civil e, tambm, do art. 255, 1 e 2, do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justia, o recurso especial interposto pelo art. 105, III, "c", da Constituio Federal deve ser instrudo com cpia do acrdo em que se fundamenta a divergncia, bem como deve ser realizado o cotejo analtico, demonstrando a similitude ftica entre os julgados e a incompatibilidade de entendimentos, formalidade no atendida satisfatoriamente pelo recorrente. 9. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, no provido. (REsp 1381695/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, DJe 26/08/2015)
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINRIO EM
HABEAS CORPUS. CRIMES DE PREVARICAO E QUADRILHA. TRANCAMENTO. AUSNCIA DE JUSTA CAUSA. REVOLVIMENTO FTICO-PROBATRIO. VIA INADEQUADA. INPCIA DA DENNCIA. NO OCORRNCIA. RECEBIMENTO DA INICIAL ACUSATRIA. FUNDAMENTAO SUFICIENTE. 1. O trancamento de ao penal constitui "medida excepcional, s admitida quando restar provada, inequivocamente, sem a necessidade de exame valorativo do conjunto ftico-probatrio, a atipicidade da conduta, a ocorrncia de causa extintiva da punibilidade, ou, ainda, a ausncia de indcios de autoria ou de prova da materialidade do delito" (HC 281.588/MG, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 05/02/2014) e que "s deve ser adotada quando se apresenta indiscutvel a ausncia de justa causa e em face de inequvoca ilegalidade da prova pr-constituda". (STF, HC 107948 AgR/MG, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 14.05.2012). 2. Hiptese em que o recorrente, inspetor de polcia, juntamente com outros corrus, supostamente omitia-se no dever legal de reprimir condutas ilcitas, deixando de praticar atos de ofcio de combater diversos contraventores que exploravam jogos de azar. 3. Seria prematuro, neste ponto do processo, concluir que a parte no participou de alguma forma no evento criminoso, devendo privilegiar-se, nesta fase processual, o princpio do in dubio pro societate. Ademais, para refutar tal concluso seria necessrio o revolvimento de matria ftico-probatria, medida invivel na via estreita do remdio heroico. 4. No inepta a denncia que apresenta uma narrativa congruente dos fatos, de modo a permitir o pleno exerccio da ampla defesa, descreve conduta que, ao menos em tese, configura o crime previsto no art. 317, c/c os arts. 29 e 288, na forma do art. 69 do Cdigo Penal, e, atentando aos ditames do art. 41 do CPP, qualifica o Documento: 57873203 - RELATRIO E VOTO - Site certificado Pgina 1 2 de 15 Superior Tribunal de Justia acusado e descreve o fato criminoso e suas circunstncias. 5. Firmada nesta Corte a orientao de que, "em regra, a deciso que recebe a denncia prescinde de fundamentao complexa, justamente em razo da sua natureza interlocutria" (HC 173.212/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 22/11/2011, DJe 01/12/2011) . 6. Recurso ordinrio em habeas corpus desprovido. (RHC 45.251/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, DJe 04/03/2016)
Sobre a alegao de falta de justa causa por atipicidade objetiva e
subjetiva da conduta, no h como acolher o pleito, pois como afirmado pelo prprio impetrante na inicial, a investigao dessa tese implica "necessria incurso, ainda que perfunctria, pela prova que acompanha a denncia" (fl. 17), procedimento que, sabidamente, incompatvel com os estreitos limites da via eleita, que no admite dilao probatria. Com efeito, mostra-se extremamente prematuro chegar-se a qualquer concluso sobre a tipicidade ou no da conduta imputada ao paciente antes de concluda a instruo criminal do feito, que deve ser reservada para as instncias ordinrias. Deferir o pedido da defesa implica em impedir antecipadamente o Ministrio Pblico de provar os fatos que imputou ao acusado na denncia, providncia que somente pode ser concretizada quando de forma evidente e inequvoca constatar-se a atipicidade da conduta, o que, como j dito, no ocorre no presente caso. da nossa jurisprudncia:
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HABEAS CORPUS. CRIMES TRIBUTRIOS, FORMAO DE QUADRILHA, FALSIDADE IDEOLGICA. ATIPICIDADE DO CRIME DO ARTIGO 1., INCISO VII, DA LEI N. 9.613/98. BIS IN IDEM COM RELAO AO CRIME DE FALSIDADE IDEOLGICA. TESES SUPERADAS. ALEGAO DE PECHA DAS PRORROGAES DA INTERCEPTAO TELEFNICA. RECONHECIMENTO PELO TRIBUNAL A QUO DA NULIDADE DA MEDIDA CONSTRITIVA. AUSNCIA DO INTERESSE DE AGIR. TRANCAMENTO DA AO PENAL. CRIMES TRIBUTRIOS. DENNCIA. FATOS ADEQUADAMENTE NARRADOS. OCORRNCIA. EXERCCIO DA AMPLA DEFESA. POSSIBILIDADE. INPCIA DA INCOATIVA. INEXISTNCIA. FALTA DE JUSTA CAUSA. IMPUTAO DE PERODO POSTERIOR SADA DO INCREPADO DA EMPRESA. EXAME APROFUNDADO DO CONTEXTO FTICO-PROBATRIO. Documento: 57873203 - RELATRIO E VOTO - Site certificado Pgina 1 3 de 15 Superior Tribunal de Justia NECESSIDADE. MATRIA INCABVEL NA VIA ELEITA. RECURSO DESPROVIDO. 1. Os pleitos de atipicidade do crime de lavagem de dinheiro e de averiguao de bis in idem entre o citado delito e a falsidade ideolgica encontram-se superados, ante o reconhecimento anterior de conduta atpica. 2. Reconhecida a nulidade das interceptaes telefnicas pelo Tribunal de origem, a alegao de pecha nas prorrogaes da medida constritiva carece do indispensvel interesse de agir. 3. O trancamento da ao penal em sede de recurso ordinrio em habeas corpus medida excepcional, somente se justificando se demonstrada, inequivocamente, a ausncia de autoria ou materialidade, a atipicidade da conduta, a absoluta falta de provas, a ocorrncia de causa extintiva da punibilidade ou a violao dos requisitos legais exigidos para a exordial acusatria, o que no se verificou na espcie. 4. De se notar que a descrio da pretensa conduta delituosa foi feita de forma suficiente ao exerccio do direito de defesa, com a narrativa de todas as circunstncias relevantes, permitindo a leitura da pea acusatria a compreenso da acusao, com base no artigo 41 do Cdigo de Processo Penal. 5. Demais digresses sobre a justa causa para a ao penal, imiscuindo-se no exame da tese de que foram imputados fatos delitivos ocorridos em perodo posterior sada do recorrente da empresa, demanda inexoravelmente revolvimento de matria ftico-probatria, no condizente com a via angusta do writ, devendo, pois, ser avaliada a quaestio pelo Juzo a quo por ocasio da prolao da sentena, aps a devida e regular instruo criminal, sob o crivo do contraditrio. 6. Recurso a que se nega provimento. (RHC 53.156/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, DJe 03/11/2015)
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HABEAS CORPUS. ARTIGOS 121, 2, INCISO IV, DO CDIGO PENAL. DENNCIA. INPCIA. INOCORRNCIA. PRESENTES OS REQUISITOS DO ART. 41, DO CPP. FALTA DE JUSTA CAUSA. IMPOSSIBILIDADE. ALEGAES DEFENSIVAS FUNDADAS NA DINMICA DELITIVA. REVOLVIMENTO DA MATRIA FTICO-PROBATRIA. ALEGADA AUSNCIA DE FUNDAMENTAO DO DECRETO PRISIONAL. SEGREGAO CAUTELAR DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA NA GARANTIA DA ORDEM PBLICA. REITERAO DELITIVA. RECURSO ORDINRIO DESPROVIDO. (...) V - No se pode discutir a ausncia de justa causa para a propositura da ao penal, em sede de habeas corpus, se necessrio um minucioso exame do conjunto ftico-probatrio em que sucedeu a infrao (precedentes). Na hiptese, h, com os Documento: 57873203 - RELATRIO E VOTO - Site certificado Pgina 1 4 de 15 Superior Tribunal de Justia dados existentes at aqui, o mnimo de elementos que autorizam o prosseguimento da ao penal, sendo por demais prematura a pretenso de seu trancamento (precedentes do STF e do STJ). VI - Para a decretao da custdia cautelar, ou para a negativa de liberdade provisria, exigem-se indcios suficientes de autoria e no a prova cabal desta, o que somente poder ser verificado em eventual decisum condenatrio, aps a devida instruo dos autos (precedentes do STJ). VII - No caso, o decreto prisional encontra-se devidamente fundamentado em dados extrados dos autos, que evidenciam que a liberdade do recorrente acarretaria risco ordem pblica, diante de sua periculosidade revelada no plano concreto, uma vez que reiterou na prtica delitiva, circunstncia apta a justificar a imposio da segregao cautelar com vistas garantia da ordem pblica (precedentes do STF e STJ). Recurso ordinrio desprovido. (RHC 57.390/BA, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, DJe 05/11/2015)
Ante todo o exposto, no conheo do habeas corpus , cassada a
liminar anteriormente concedida. como voto.
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