O Uso de Questionarios em Trabalhos Científicos PDF
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1. Introduo
Um questionrio to somente um conjunto de questes, feito para gerar os dados necessrios para se
verificar se os objetivos de um projeto foram atingidos. Mas, construir questionrios no uma tarefa
fcil, e aplicar tempo e esforo no planejamento do questionrio um requisito essencial para se atingir
os resultados esperados. Infelizmente no existe uma metodologia padro para o desenvolvimento de
questionrios, porm existem recomendaes de diversos autores com relao a essa importante tarefa no
processo de pesquisa cientfica.
A construo de um questionrio, segundo Aaker et al. (2001), considerada uma arte imperfeita, pois
no existem procedimentos exatos que garantam que seus objetivos de medio sejam alcanados com
boa qualidade. Ainda segundo o autor, fatores como bom senso e experincia do pesquisador podem
evitar vrios tipos de erros em questionrios, como por exemplo, as questes ambguas, potencialmente
prejudiciais, dada sua influncia na amplitude de erros. No entanto, existe uma seqncia de etapas
lgicas que o pesquisador deve seguir para desenvolver um questionrio:
Baseada em Aaker et al. (2001), a Figura 1 ilustra os passos para elaborao de um questionrio:
Etapa Passos
Evidenciar os objetivos da pesquisa
Definir o assunto da pesquisa em seu questionrio
Planejar o que vai ser
Obter informaes adicionais sobre o assunto da pesquisa a partir de fontes
Mensurado
de dados secundrios e pesquisa exploratria
Determinar o que vai ser perguntado sobre o assunto da pesquisa
Dar Forma ao Para cada assunto, determinar o contedo de cada pergunta
Questionrio Decidir sobre o formato de cada pergunta
Determinar como as questes sero redigidas
Texto das Perguntas Avaliar cada uma das questes em termos de sua facilidade de compreenso,
conhecimentos e habilidades exigidos, e disposio dos respondentes.
Decises sobre Dispor as questes em uma ordem adequada
Seqenciamento e Agrupar todas as questes de cada sub-tpico para obter um nico
Aparncia questionrio
Ler o questionrio inteiro para verificar se faz sentido, e se consegue
mensurar, o que est previsto para ser mensurado
Pr-Teste e Correo de Verificar possveis erros no questionrio
Problemas
Fazer o pr-teste no questionrio
Corrigir o problema
Figura 1 Passos para a elaborao de um questionrio.
O assunto exige uma pergunta separada, ou pode ser includo em outras perguntas?
Existem outras perguntas que j incluem adequadamente este ponto?
A pergunta desnecessariamente minuciosa e especfica?
Vrias perguntas so necessrias sobre o assunto desta pergunta ou uma o suficiente?
Deve-se evitar o uso de abreviao, e no se deve tratar dois assuntos complexos em uma mesma
pergunta.
Todos os aspectos importantes sobre este tpico sero obtidos da forma como foi elaborada a
pergunta?
Em perguntas de opinio, interessa saber os graus de favorabilidade/desfavorabilidade, ou basta
saber se a favor ou contra?
As pessoas tm a informao necessria para responder a pergunta? No basta, porm que se esteja
abordando a pessoa certa, preciso saber se ela capaz de se lembrar da informao. Nossa
habilidade para nos lembrarmos dos eventos influenciada pela importncia do prprio evento
para cada um, do tempo passado desde que ele ocorreu e da presena de estmulos que nos ajudem
a recordar.
Os respondentes estaro dispostos a dar a informao? A predisposio em responder a uma
determinada questo parece ser funo do tempo e trabalho envolvidos na elaborao da resposta,
de sua habilidade em articular a resposta, e da sensibilidade do assunto tratado.
Que objees algum poderia ter para responder esta pergunta?
O tema abordado muito ntimo, perturbador ou expe socialmente as pessoas, de forma a causar
resistncias e respostas falsas?
O tema embaraoso para o respondente por colocar em perigo seu prestgio caso seja contrrio a
idias socialmente aceitas?
Deve-se tomar o cuidado de no se usar perguntas muito especficas, quando, na verdade, a pesquisa for
de carter geral. Por exemplo, perguntar quantas vezes uma pessoa foi ao supermercado em determinado
ms, pode resultar em uma resposta menos precisa do que se fosse perguntado a respeito do seu
comportamento usual ou mdio durante os meses anteriores.
A escolha do formato das respostas mais adequado deve levar em conta as vantagens e desvantagens de
cada tipo para o objetivo da pesquisa.
As questes podem ser:
abertas onde os respondentes ficam livres para responderem com suas prprias palavras, sem se
limitarem a escolha entre um rol de alternativas.
mltipla escolha - onde os respondentes optaro por uma das alternativas, ou por determinado
nmero permitido de opes.
dicotmicas - So as que apresentam apenas duas opes de respostas, de carter bipolar, do tipo:
sim/no; concordo/no concordo; gosto/no gosto. Por vezes, uma terceira alternativa oferecida,
indicando desconhecimento ou falta de opinio sobre o assunto.
A figura 2 descreve segundo Mattar (1994), as principais vantagens e desvantagens de cada formato das
respostas.
Tipo de Questes Vantagens Desvantagens
Estimulam a cooperao; Do margem parcialidade do
Permitem avaliar melhor as entrevistador na compilao das
atitudes para anlise das questes respostas, j que no h um padro
estruturadas; claro de respostas possveis. Assim,
So muito teis como primeira difcil a codificao das respostas e
questo de um determinado tema sua conseqente compilao;
porque deixam o respondente H grande dificuldade para
mais vontade para a entrevista a codificao e possibilidade de
ser feita; interpretao subjetiva de cada
Cobrem pontos alm das questes decodificador;
fechadas; Quando aplicadas em forma de
Tm menor poder de influncia entrevistas, podem levar
nos respondentes do que as potencialmente a grandes vises dos
perguntas com alternativas entrevistadores;
Abertas
previamente estabelecidas; Quando feitas atravs de questionrios
Exigem menor tempo de auto-preenchidos, esbarram com as
elaborao; dificuldades de redao da maioria
Proporcionam comentrios, das pessoas, e mesmo com a
explicaes e esclarecimentos "preguia" de escrever.
significativos para se interpretar e So menos objetivas, j que o
analisar as perguntas com respondente pode divagar e at
respostas fechadas; mesmo fugir do assunto;
Evita-se o perigo existente no caso So mais onerosas e mais demoradas
das questes fechadas, do para serem analisadas que os outros
pesquisador deixar de relacionar tipos de questes.
alguma alternativa significativa no
rol de opes.
2.2.1 Escalas
Quando se aplica um questionrio fechado (mltipla escolha ou dicotmico) pretende-se medir aspectos
como atitudes ou opinies do pblico-alvo, e isso geralmente possvel com a utilizao de escalas. As
escalas que se utilizam podem ser de quatro tipos: escala de Likert, VAS (Visual Analogue Scales), escala
Numrica e escala Guttman.
A escala de Likert apresenta uma srie de cinco proposies, das quais o respondente deve selecionar
uma, podendo estas ser: concorda totalmente, concorda, sem opinio, discorda, discorda totalmente.
efetuada uma cotao das respostas que varia de modo consecutivo: +2, +1, 0, -1, -2 ou utilizando
pontuaes de 1 a 5. necessria ateno quando a proposio negativa. Nestes casos a pontuao
atribuda dever ser invertida.
VAS (Visual Analogue Scales) um tipo de escala que advm da escala de Likert apresentando
os mesmos objetivos, mas num formato diferente. Este tipo de escala baseia-se numa linha horizontal com
10 cm de comprimento apresentando nas extremidades duas proposies contrrias:
til Intil
O entrevistado deve responder questo assinalando na linha a posio que corresponde sua
opinio.
A Escala Numrica deriva da escala anterior na qual a linha se apresenta dividida em intervalos
regulares.
A escala de Guttman apresenta um conjunto de respostas que esto hierarquizadas. Deste modo
se um respondente concordar com uma das opes esta concordncia ir incluir todas as respostas que se
encontram numa posio inferior na escala. Se o inquirido concordar com uma opo, mas no concordar
com as anteriores, tal significar que a escala est mal construda. A cada item atribudo cotao que se
inicia em zero caso no seja escolhida nenhuma opo, um se for escolhida a primeira opo, dois se for
escolhida a segunda opo e assim sucessivamente.
Na formulao das perguntas deve-se cuidar para que as mesmas tenham o mesmo significado para o
pesquisador e para o respondente, evitando-se assim um erro de medio. Sabe-se que a formulao tem
efeito sobre as respostas. Esse efeito pode ser avaliado comparando-se os resultados em sub-amostras, de
perguntas formuladas de forma diferente.
Evitar:
perguntas que sugiram a resposta;
perguntas com contedo emocional e/ou sentimento de aprovao ou reprovao;
referncias a nomes que impliquem em aceitao ou rejeio ou tenham componente afetivo;
alternativas implcitas;
necessidade do respondente fazer clculos para responder;
perguntas de dupla resposta;
alternativas longas;
mudanas bruscas de temas, (fazer uma ligao entre os temas);
contgio de respostas (efeito halo);
vises involuntrios, motivados por reao visando prestgio por parte do respondente, retraimento
defensivo diante de perguntas personalizadas e a atrao exercida pela resposta positiva.
Segundo Selltiz et al (1974) se, mesmo depois de certificar que as perguntas esto apresentadas da
maneira mais clara possvel, ainda existirem dvidas quanto compreenso, costuma-se incluir perguntas
de acompanhamento, do tipo: "O que voc quer dizer com isso?", Voc poderia exemplificar?". Dessa
maneira, se torna possvel verificar como o respondente entendeu a questo e o que pretendeu dizer.
A ordem na qual as perguntas so apresentadas pode ser crucial para o sucesso da pesquisa. No h regras
estabelecidas, mas alguns cuidados devem ser tomados. Mattar (1994) recomenda:
Iniciar o questionrio com uma pergunta aberta e interessante (para deixar o respondente mais
vontade e assim ser mais espontneo e sincero ao responder as perguntas restantes). Iniciar com
perguntas sobre a opinio do respondente pode fazer com que se sinta prestigiado e se torne
disposto a colaborar.
O primeiro contato do respondente com o questionrio define sua vontade de respond-lo ou at mesmo a
deciso de no respond-lo;
Usar temas e perguntas gerais no inicio do questionrio, deixando as perguntas especficas para
depois (fechar o foco gradualmente);
As perguntas mais pessoais, sensveis ou embaraosas devem ser feitas somente no final do
questionrio e convm que sejam alternadas com questes simples;
Deve-se adotar uma ordem lgica de perguntas utilizando um fluxograma ou rvore de deciso
para posicionar as perguntas;
Dar uma seqncia lgica ao questionrio. Mudanas de tpicos repentinas e "ir e voltar" ao
assunto devem ser evitados;
Informaes que classificam social, econmica ou demograficamente o respondente devem ser
colocadas no final, a no ser que alguma delas sirva como "filtro";
Perguntas de carter mais invasivo, ou que tratem temas delicados, no devem ser colocados no
incio do questionrio e convm que sejam alternadas com questes simples;
Outra preocupao com o questionrio a de explicar as condies adequadas para o seu uso e aplicao,
tanto no caso de formulrios auto-preenchidos, quanto nos que utilizam entrevistadores. Devem ser
fornecidas aos entrevistadores instrues claras de como proceder no campo, como abordar os
respondentes, como preencher os instrumentos, etc. A seguir, so apresentados alguns pontos sobre os
quais os entrevistadores devem ser orientados.
Proporcionar ao respondente uma situao de liberdade, em que a pessoa seja estimulada a
apresentar francamente suas opinies;
Garantir, se for o caso, o anonimato do respondente;
O entrevistador deve ser educado, amistoso e imparcial;
Nunca dever mostrar surpresa ou desaprovao diante das opinies de quem responde;
As perguntas precisam ser apresentadas da maneira exata, com as mesmas palavras que foram
propostas;
Qualquer explicao improvisada da pergunta proibida. Em casos em que se imagine, de
antemo, que surgiro dvidas, esclarecimentos devem ser previamente elaborados;
As perguntas devem seguir a ordem exata em que aparecem no questionrio;
O entrevistador deve apresentar todas as perguntas, e jamais responder alguma por deduo
prpria;
Espera-se que o entrevistador registre fiel e integralmente a resposta;
necessrio que os entrevistadores sejam orientados em relao ao processo de amostragem. Por
exemplo, como proceder em casos de recusas ou ausncias.
So pontos a serem definidos nesta fase: nmero de pginas; qualidade do papel e da impresso; tipos e
tamanho de letras; posicionamento e tamanho dos espaos entre questes; cores da tinta e do papel para as
respostas; espao para resposta de cada questo; separao de campos para facilidade de digitao
(praticamente obrigatria para se compilar as respostas e process-las em tempo reduzido); impresso em
frente e verso ou s na frente.
Tais itens so relevantes para se ganhar a colaborao dos respondentes. Quanto melhor e mais adequada
for a apresentao, maior a probabilidade de se elevar o ndice de respostas.
Segundo Mattar (1994), os pr-testes podem ser realizados inclusive nos primeiros estgios, quando o
instrumento ainda est em desenvolvimento, quando o prprio pesquisador pode realiz-lo, atravs de
entrevista pessoal. O pr-teste , segundo Goode e Hatt (1972), um ensaio geral. Cada parte do
procedimento deve ser projetada e implementada exatamente como o ser na hora efetiva da coleta de
dados. As instrues para a entrevista devem estar na formulao final, e serem obedecidas
rigorosamente, para se ver se so ou no adequadas. O questionrio deve ser apresentado na forma final e
a amostra (embora menor) deve ser obtida segundo o mesmo plano que gerar a amostra final. Os
resultados do pr-teste so ento tabulados para que se conheam as limitaes do instrumento. Isto
incluir a proporo de respostas do tipo "no sei", de questes difceis, ambguas e mal formuladas, a
proporo de pessoas que recusam a entrevista, bem como os comentrios feitos pelos respondentes sobre
determinadas questes.
Caso o pr-teste revele necessidade de muitas alteraes, o questionrio revisado dever ser ento
novamente testado. O processo ser repetido tantas vezes quantas forem necessrias, at que o
instrumento se encontre maduro, pronto para ser aplicado. De acordo com Mattar (1994), para
instrumentos que foram cuidadosamente desenvolvidos, dois ou trs pr-testes costumam ser suficientes.
3. Populaes e amostras
Uma noo importante referente amostragem reconhecer que uma amostra vlida simplesmente no
o conjunto de respostas que adquirimos quando administrarmos um questionrio. Um conjunto de
respostas s uma amostra vlida, em condies estatsticas, se for obtido por um processo de amostragem
aleatrio. (Kitchenham e Pfleeger, 2002a).
Uma amostra vlida um subconjunto representativo da populao alvo. A palavra crtica em nossa
definio de amostra a palavra "representante." Se no tivermos uma amostra representativa, no
podemos declarar que os resultados generalizam populao alvo. Se nossos resultados no
generalizarem, eles tm pouco valor. Assim, a principal preocupao quando amostramos uma populao
assegurar que essa amostra representativa.
Amostras aleatrias estratificadas so teis para populaes no-homogneas, mas elas so complicadas
para analisar do que a amostras aleatrias simples.
Para determinar um tamanho de amostra adequado ou mnimo, precisamos saber quatro coisas sobre
nosso estudo:
1. O nvel alfa que pretendemos usar, onde alfa a probabilidade de um erro Tipo I (quer dizer, a
probabilidade de falsamente rejeitar a hiptese invlida). Alfa normalmente fixa em 0.05 ou
0.01.
2. O nvel de beta que ns pretendemos usar, onde beta a probabilidade de um erro Tipo II (quer
dizer, a probabilidade de falsamente aceitar a hiptese invlida). Beta normalmente fixa em
0.20. Falamos freqentemente sobre o poder de um teste ou experincia; poder calculado como
1-beta. O poder de um teste a probabilidade de aceitar corretamente a hiptese alternativa.
3. O tamanho de efeito que a diferena de resultados entre dois grupos. Por exemplo, suponha que
queremos investigar se h diferenas de pagamento entre engenheiros de software de diferentes
sexos. Poderamos pesquisar os homens e mulheres que se formaram em 1998 e perguntar qual
o salrio base deles. O tamanho de efeito a diferena entre o salrio masculino comum e o
salrio feminino comum.
4. A varincia de efeito o grau de variao dos dados dentro de um grupo. Usando o exemplo do
salrio, podemos obter a varincia de valores de salrio para os homens e para as mulheres.
Claro que, o tamanho de efeito e de varincia o que ns esperamos obter como resultado de nossa
pesquisa, assim precisamos de informao anterior para determinar um tamanho de amostra apropriado.
Podemos obter tal informao de pesquisas prvias, pesquisa piloto ou opinio de um especialista.
No caso simples de avaliar o tamanho de amostra, assumindo uma distribuio Normal para as variveis
de resposta, dois grupos com nmeros iguais em cada grupo e varincias iguais dentro do grupo, o
tamanho de amostra (por grupo) :
2
( z a zb ) *
1 2
onde
1-2 o tamanho de efeito.
a varincia padro.
za a parte superior na distribuio normal padro que corresponde a . Por exemplo, za = 1.96 se =
0.05.
zb a parte inferior na distribuio normal padro que correspondente a . zb = -0.84 se = 0.20.
No devemos esquecer os no respondentes quando fixarmos o tamanho da amostra. Por exemplo, se a
frmula nos fala que o tamanho de amostra tima 50, mas esperamos uma taxa de resposta de 80%,
devemos aumentar o tamanho da amostra para 63.
4. Anlise de Dados
Neste ponto, assumimos que voc j projetou e administrou a sua pesquisa e agora voc est pronto para
analisar os dados coletados. Agora abordaremos alguns assuntos gerais envolvendo analise de dados de
pesquisa. Porm, no iremos descrever como analisar todos os tipos de dados de pesquisa em detalhes,
desse modo iremos nos concentrar na discusso de alguns erros de anlise mais comuns e como evit-los.
(Kitchenham e Pfleeger, 2002c)
s vezes podemos usar todos os questionrios, at mesmo quando alguns esto incompletos. Neste caso,
temos tamanhos de amostra diferentes para cada pergunta que analisamos e temos que nos lembrar de
informar o tamanho de amostra atual para cada amostra estatstica. Esta aproximao satisfatria para
anlises como clculo de amostras estatsticas ou comparao de valores mdios, mas no para correlao
ou estudos de regresso. Sempre que a anlise envolve duas ou mais perguntas ao mesmo tempo,
precisamos definir um procedimento para tratar valores perdidos.
Em alguns casos, possvel usar tcnicas estatsticas para "imputar" os valores de dados perdidos (Little e
Rubin, 1987). Porm, tais tcnicas so normalmente imprprias quando a quantidade de dados perdidos
for excessiva e/ou os valores so categricos em vez de numricos.
Precisamos freqentemente dividir nossas respostas em subgrupos mais homogneos antes da anlise. A
diviso normalmente baseada em informao demogrfica. Podemos comparar as respostas obtidas de
subgrupos diferentes ou simplesmente informar os resultados separadamente para cada subgrupo. Em
alguns casos, a diviso pode ser usada para aliviar alguns erros do projeto inicial.
s vezes necessrio converter dados de escalas nominais e ordinais de nomes de categoria para
contagens numricas antes de serem inseridos nos arquivos de dados. A idia da traduo no analisar
dados de escala nominais e ordinais como se eles fossem valores numricos simples. Isso realizado
porque muitos pacotes estatsticos no suportam categorias representadas por uma seqncia de
caracteres. Em muitos casos, so colocados cdigos no questionrio junto com nomes de categoria, desse
modo a codificao realizada durante o projeto ao invs de ser realizada durante anlise de dados.
Um problema de codificao mais complexo surge para perguntas abertas. Neste caso, categorias de
resposta precisam ser construdas depois que os questionrios forem devolvidos. Identificar se duas
respostas diferentes so equivalentes ou no exige percia humana. Nesses casos, sbio pedir a vrias
pessoas diferentes que codifiquem respostas e compararem os resultados, de forma que a parcialidade
no seja introduzida pela categorizao.
4.3 Anlise de dados padro
A anlise de dados especfica, que voc precisa, depende do projeto de pesquisa e o tipo de escala de
respostas (nominal, ordinal, intervalar, etc.). As estatsticas de populao mais comuns para valores
numricos so:
N
Populao Total: XT = Xi
i =1
^ N
Media da Populao: X = ( X i ) / N
i =1
^
Varincia da Populao: x2 = ( X i X ) / N
Para variveis de dicotmicas (Sim/No ou 0/1), as estatsticas de populao mais comuns so:
N
Proporo: PY = ( Yi ) / N
i =1
Se tivermos uma amostra aleatria de tamanho n obtida de uma populao de tamanho N, podemos
calcular as estatsticas de populao de nossa amostra utilizando as seguintes equaes:
N n xi
Total: X T =
^
i =1
n
n
Mdia: x = xi / n
i =1
Varincia:
N 1 2
x2 = sx ( ) onde: s x2 = ( n
i =1
(x x ) )/(n 1)
i
2
s N n
O erro padro da estimativa do total : N x
n N
sx N n
O erro padro da estimativa da mdia :
n N
N n Py (1 Py )
n
^
i =1
yi
Para a proporo PY = e o erro padro da estimativa da proporo :
n N n 1
Estas podem no ser as frmulas que voc estaria esperando ao ler um livro bsico em estatstica e
anlise de dados. Os erros padres incluem o termo (N n) / N que ser chamado de correo de
populao finita (fpc)(Levy e Lemeshow, 1999). O fpc pode ser re-escrito como 1 ( n / N ) onde se
pode observar que se N tender ao infinito, o fpc se aproxima de 1 e as frmulas de erros padro se
aproxima das frmulas habituais. Se n = N, as condies de erro padro so zero porque os valores da
mdia, total e de proporo so conhecidos e portanto no sujeito a erro.
Nota. A equao que ns demos por determinar tamanho de amostra ignora o fpc, e se usada como est
resultar em um resultado sobreestimado do tamanho de amostra exigida. Porm, melhor para ter mais
do que menos em uma amostra.
Um grande nmero de pesquisas solicita que as pessoas respondam a perguntas numa escala ordinal. Por
exemplo, so pedidos aos respondentes que especifiquem at que ponto eles concordam com uma
determinada declarao. Aos respondentes so oferecidas as seguintes opes: concordo totalmente,
concordo, no concordo nem discordo, discordo ou discordo totalmente. uma prtica comum converter
a escala ordinal em um valor numrico correspondente (por exemplo: nmeros 1 a 5) e analisar os dados
como se eles fossem dados numricos simples. H ocasies em que essa abordagem razovel, mas viola
as regras matemticas para a anlise de dados ordinais. Usando uma converso de ordinal para vnculos
numricos um risco que anlise subseqente dar resultados enganosos.
Figura 1 representa uma pesquisa com trs perguntas, cada uma com uma escala ordinal de 5 opes de
resposta (rotuladas SP1, SP2, SP3, SP4, SP5) onde temos 100 respondentes. A Figura 3 apresenta as
respostas relacionadas a cada ponto da escala; por exemplo, para pergunta 1, os respondentes escolheram
SP1 10 vezes, SP2 20 vezes, SP3 40 vezes, SP4 20 vezes e SP5 10 vezes. Se convertemos o que a escala
aponta para um equivalente numrico (de 1 a 5) e determinar o valor mdio, chegaremos a uma mdia
igual a 3 para todas as trs perguntas. Porm, no podemos concluir que todas as respostas so
equivalentes. No caso da pergunta 1, temos uma distribuio simtrica com um nico pico. Isso pode ser
considerado como prximo de uma distribuio Normal com um valor mdio de 3. No caso de pergunta
2, temos uma distribuio bimodal. Para distribuies de bimodal, os dados no so Normais. Alm disso,
no h nenhuma tendncia central, assim a mdia no uma estatstica til. No caso da terceira pergunta,
temos um nmero igual de respostas em cada categoria, tpico de uma distribuio uniforme. Uma
distribuio uniforme no tem nenhuma tendncia central, e novamente o conceito de mdia no til.
Em geral, se os dados possurem um nico pico e se aproximarem de uma Normal, os riscos de uma
anlise incorreta so baixos se convertermos em valores numricos. Porm, devemos considerar se tal
converso necessria. H trs abordagens que podem ser usadas se quisermos evitar violaes de escala:
1. Podemos usar as propriedades da distribuio multinomial para calcular a proporo da
populao em cada categoria e ento determinar o erro padro da estimativa.
2. Podemos talvez converter uma escala ordinal em uma varivel dicotmica. Por exemplo, se
estamos interessados em comparar se a proporo de quem concorda ou concorda totalmente
maior em um grupo que outro, podemos re-codificar nossas respostas em uma varivel
dicotmica (por exemplo, podemos codificar "concordo totalmente" ou "concordo" como 1 e
todas as outras respostas como 0) e usar as propriedades da distribuio binomial. Essa tcnica
tambm til se quisermos avaliar o impacto de outras variveis em uma varivel de escala
ordinal.
3. Podemos usar a correlao de postos de Spearman ou o tau de Kendall (Siegel e Castellan, 1998)
para medir a associao entre variveis de escala ordinal.
2. Se quisermos adicionar conjuntamente medidas de escala ordinais de variveis relacionadas, para gerar
contagens totais para um conceito.
Porm, em ambos os casos, se no tivermos uma resposta prxima de uma Normal, os resultados da
analise dos dados podem estar errados. importante entender o tipo de escala utilizado em nossos dados
e analis-los adequadamente.
A forma mais comum de anlise aplicada a dados nominais determinar a proporo de respostas em
cada categoria. Assim, a menos que haja s duas categorias, no h nenhuma escolha exceto o uso das
propriedades da distribuio multinomial (ou possivelmente o hipergeomtrico) para determinar erros
padres das propores. Porm, ainda possvel usar tabelas multi-modo (multi-way) mesas e testes chi-
quadrados para medir associaes entre variveis de escalas nominais (veja (Siegel e Castellan, 1998),
Seo 9.1).
5. Concluses
Espera-se que ao longo deste trabalho o leitor tenha compreendido a importncia do planejamento na
realizao de um questionrio. Todas as indagaes quanto ao contedo, forma, redao e seqncia
devem ser feitas para cada questo. Esse planejamento no se limita ao desenvolvimento das questes,
mas tambm a realizao de pr-testes, determinao da populao alvo e da amostra, e analise dos
dados. Tudo isso deve ser realizado antes de se questionar toda a amostra com o propsito de no perder
todo trabalho empenhado.
6. Referncias
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