Espinosa Resumo
Espinosa Resumo
Espinosa Resumo
1) a substncia, ou seja, aquilo que causa de si mesmo, e que no pode ser criado ou
destrudo = Deus. anterior a seus acidentes ou atributos, j que estes, dependem dela para
se manifestar;
Espinosa defende que o homem um ser racional e, portanto, essa razo deve influir
no apenas teoricamente, mas tambm na sua vida prtica e emocional. No entanto, como
vimos anteriormente, h um pressuposto do pensamento de Espinosa que afirma que Deus
existe como causa primeira de si mesmo e de todas as coisas e que, portanto, tudo o que
existe, existe em Deus. Sua existncia necessria e essa necessidade, j que Deus est
no mundo, ou seja, imanente, est igualmente em todas as coisas, e nisso o homem no
fica de fora (incluindo-se a todas as esferas da existncia humana, como dissemos h
pouco: a esfera terica, a esfera prtica e a esfera emocional). Toda a ao dos homens, j
que estes so modos de Deus, est, portanto, obedecendo a essa mesma necessidade e as
noes de liberdade e acaso difundidas pela imaginao da grande massa da populao no
encontram lugar no sistema de pensamento de Espinosa.
Tendo essa reflexo como base, vale pensar de que modo possvel considerar a ao
humana na ausncia de qualquer escolha (j que tudo necessrio e nada contingente), e
qual seria, ento, o papel da razo.
Antes de enveredar por esta seara, vale considerar que, no sistema de Espinosa,
esprito e corpo uma nica coisa, que ora concebemos como pensamento e ora
concebemos como extenso. Cada um desses atributos divinos oferece uma explicao
completa da realidade. Esse aspecto da filosofia de Espinosa levou alguns crticos a
afirmarem que no seu pensamento h uma combinao de monismo ontolgico com um
dualismo conceitual, posto que ele lana mo de dois conceitos (atributos divinos: extenso
e pensamento) para explicar um nico ser/existente (substncia nica). Assim, um certo
estado fsico reflexo de um homem que raciocina, se alegra, deseja ou se enerva e esse
estado est diretamente relacionado com seu raciocnio, sua alegria, seu desejo ou seu
nervosismo.
Os modos de Deus, nos quais se encontram os homens e tudo o mais que existe, so
modos finitos, isto , podem ser pensados como no existindo, enquanto que a substncia,
Deus, infinita, no podendo jamais ser pensada como no existindo. Se no seu sistema
tudo necessrio e dependente da substncia nica, e, ao mesmo tempo, os modos
diferenciam-se da substncia por sua natureza finita, temos a uma certa independncia
dos modos em relao substncia, posto que se aquelas podem vir a perecer, o mesmo no
pode ocorrer com a substncia.
Essa independncia parcial dos modos em relao substncia que faz com que os
homens possam ser pensados individualmente, isto , como indivduos dentro de um
sistema regido pela necessidade. Neste momento, vale abordar um conceito que nos ajuda a
compreender esta individualidade humana: trata-se do conatus. O conatus, de acordo com
Espinosa, seria a resistncia que as coisas oferecem contra algumas mudanas que poderiam
fazer com que esta coisa deixasse de existir, em outras palavras, o conatus o esforo em
persistir no seu prprio ser. Desse modo, vale dizer, que o conatus constitui a essncia do
ser, bem como o seu princpio causal, sendo a um s tempo a causa e a essncia de um
ser/objeto. Podemos evocar, a ttulo de exemplo, o prprio pedao de cera evocado em
outros momentos: a cera, por assim dizer, resiste para manter a sua identidade, isto , a sua
prpria constituio ocorre de modo a dificultar certos procedimentos que a fariam deixar
de existir enquanto um pedao de cera. Fica claro, entretanto, que os organismos animados
(animais e homem) apresentam maior resistncia do que seres inanimados (uma pedra, ou o
prprio pedao de cera, por exemplo). Por esse motivo tendemos a individualizar mais os
animais (e mais ainda os seres humanos) do que um mineral.
O conatus um esforo do corpo e tambm da mente (no caso dos homens). Quando
falamos em apetite, desejo, o que est em questo um esforo da mente promovido pelo
conatus, cujo objetivo sempre a manuteno da existncia individual, fazendo com que
um organismo mantenha-se afastado daquilo que o cerca e persistindo, portanto na sua
relativa independncia. Ainda de outro modo, podemos dizer que o conatus a essncia do
homem, conjugada pelo movimento interno do corpo e pela rede de relaes das ideias.
Seguindo essa linha de raciocnio, temos que a ao, nada mais do que o poder de
apropriar-se do maior nmero de causas exteriores que possam aumentar o seu conatus, e,
inversamente, a paixo seria, ento, a fraqueza pela qual um ser deixa-se vencer pelas
variedades de causas que diminuem o seu poder de persistncia, o seu conatus. Logo, a ao
definida por Espinosa enquanto causa adequada, e a paixo, por outro lado, enquanto
causa inadequada: somos ativos quando agimos e somos passivos quando sofremos uma
paixo (a paixo, para Espinosa, sempre um declnio de potncia, enquanto que a ao
uma potncia positiva).
Ainda sobre a paixo, Espinosa admite que assim como a razo, ela busca maneiras
de obedecer ao conatus, no entanto, a paixo guiada pela imaginao (j vimos o papel
negativo que a imaginao ocupa no sistema de Espinosa), e a imaginao permanece
sempre exterior ao conatus: este s pode ser bem sucedido mediante a razo. O que ocorre,
por conseguinte, que o homem, guiado pela paixo, acaba por deparar-se com inmeros
conflitos e no capaz de obter uma deciso adequada. O conatus , dessa maneira,
enfraquecido e o homem se deixa tomar por causas exteriores. Ser vtima da paixo
escravizar-se: manter-se numa oscilao constante que culminar na aniquilao do
conatus e, por consequncia, numa aniquilao do prprio homem.