A Inconstitucionalidade Da Conduta Social e Personalidade Do Agente Como Critérios de Fixação de Pena
A Inconstitucionalidade Da Conduta Social e Personalidade Do Agente Como Critérios de Fixação de Pena
A Inconstitucionalidade Da Conduta Social e Personalidade Do Agente Como Critérios de Fixação de Pena
1. Introdução
Dentre as muitas circunstâncias eleitas pelo legislador penal brasileiro como
critérios para a fixação da pena pelo juiz, duas delas se destacam no art.59 do Códi-
go Penal Brasileiro como um nítido resquício do direito penal de autor3: a conduta
social e a personalidade do agente.
A majoração da pena em virtude da conduta social do agente pressupõe a análi-
se de condutas não tipificadas pelo legislador e qualquer aumento de pena em virtude
desta circunstância eqüivale à imposição de pena sem prévia cominação legal, em
nítida ofensa ao princípio constitucional da legalidade. Não bastasse, a análise destas
condutas incidentalmente durante a fixação da pena, sem garantia ao réu dos direitos
ao contraditório e ao devido processo legal, eqüivale ainda a uma condenação sumá-
ria e inquisitorial por fatos - é bom que se repita - atípicos.
1
Professor de Direito Penal da PUC Minas. Doutor em Direito pela UFPR e Mestre em Direito
pela UFMG. Editor do site www.tuliovianna.org.
2
Professora de Direito Penal da PUC Minas. Mestranda em Direito pela UFMG e Especialista
em Ciências Penais pela PUC Minas.
3
Resquício este reiterado pela nova lei de drogas, Lei 11.343/2006, que em seu art.42 estabele-
ce: "O juiz na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art.59 do Código
Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do
agente."
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4
VIANNA, Túlio Lima. Pena - Fixação: Roteiro Didático, p.56.
5
A este respeito, comenta José Afonso da Silva; "Quanto à relação Estado-lgreja, três siste-
mas são observados: a confusão, a união e a separação, cada qual com gradações. [...] Na confusão,
o Estado se confunde com determinada religião; é o Estado teocrático, como o Vaticano e os Estados
islâmicos. Na hipótese de união, verificam-se relações jurídicas entre o Estado e determinada Igreja no
concernente à sua organização e funcionamento, como, por exemplo, a participação daquele na desig-
nação dos ministros religiosos e sua remuneração. Foi o sistema do Brasil Império. [...] A República
principiou estabelecendo a liberdade religiosa com a separação da Igreja e do Estado. Isso se deu antes
TÚLIO VIANNA/ GEOVANA MATTOS - A INCONSTITUCIONALIDADE DA CONDUTA SOCIAL... 307
da constitucionalização do novo regime, com Decreto 119-A, de 7.1.1890, da lavra de Ruy Barbosa,
expedido pelo Governo Provisório. A Constituição de 1891 consolidou esta separação e os princípios
básicos da liberdade religiosa (arts. 11, §2°; 72, §§3° a 7o; 28 e 29). Assim, o Estado brasileiro se tornou
laico, admitindo e respeitando todas as vocações religiosas." (Silva, José Afonso, p.247-252)
6
Ferrajoli, Luigi. Direito e Razão, p. 208.
308 ANUARIO DE DERECHO CONSTITUCIONAL LATINOAMERICANO / 2008
Toda lesão a bem jurídico pressupõe uma conduta humana a esta relacionada
por um nexo de causalidade. "Matar alguém" lesa o bem jurídico vida; "Subtrair
coisa alheia móvel", o patrimônio; "constranger mulher à conjunção carnal", a liber-
dade sexual, etc.
Desta necessária relação existente entre lesão a bem jurídico e uma conduta
humana que lhe deu causa, surge a necessidade de que toda criminalização esteja
fundada na descrição de condutas humanas (ativas ou omissivas) proibidas, pois só
assim se poderá determinar com precisão qual bem jurídico foi lesionado. Pune-se
uma conduta por ter lesionado (ou exposto a perigo de lesão) um bem jurídico.
Zaffaroni e Batista alertam, no entanto, para o fato de que:
Enquanto para alguns autores o delito constitui uma infração ou lesão jurídica,
para outros ele constitui o signo ou sintoma de uma inferioridade moral, biológica ou
psicológica. Para uns, seu desvalor - embora haja discordância no que tange ao objeto
- esgota-se no próprio ato (lesão); para outros, o ato é apenas uma lente que permite
ver alguma coisa daquilo onde verdadeiramente estaria o desvalor e que se encontra
em uma característica do autor. Estendendo-se ao extremo esta segunda opção, che-
ga-se à conclusão de que a essência do delito reside numa característica do autor, que
explica a pena.8
2
Tourinho Filho, Fernando da Costa. Processo Penal. v. 4, p. 247.
312 ANUAHIO DE DERECHO CONSTITUCIONAL LATINOAMERICANO / 2008
supõe ser ele culpado. A presunção de não culpabilidade rejeita esta supremacia da
acusação sobre a defesa e consagra a segurança jurídica amparada na condenação
transitada em julgado.
A presunção de culpa teria ainda uma dificuldade prática de intrincada solução:
um condenado que tivesse sua pena aumentada em virtude de processo criminal em
andamento contra si e que, posteriormente, fosse absolvido no processo que jus-
tificou o incremento de sua pena, poderia requerer através de Revisão Criminal a
diminuição da pena em virtude de sua nova situação jurídica (art. 621, Ui, do CPP)?
Em caso positivo, teríamos um judiciário ainda mais assoberbado com revisões cri-
minais para discutir frações de pena em condenações criminais. Em caso negativo,
teríamos réus cumprindo penas em virtude de fatos pelos quais foram absolvidos.
Está claro, pois, que acusações são somente acusações até que eventualmente
se tornem sentenças condenatórias transitadas em julgado e em nenhuma hipótese
poderão ser utilizadas para majorar pena em outro processo, seja como maus antece-
dentes ou como "conduta social" e "personalidade" desvalorados.
13
ZAFFARONI, Eugênio Raul. et ai. Derecho Penal: parte general, p. 992-993.
TÚLIO VIANNA / GEOVANA MATTOS - A INCONSTITtOONALIDADE OA CONDUTA SOCIAL... 313
seja, numa palavra, à sua personalidade, à sua constante ou estável intimidade psí-
quica. [...] O que pode incidir sob a censura da moral jurídico-social é tão somente o
que se realiza no mundo exterior ou objetivo. A repressão penal é como São Tome:
somente crê depois que vê. Só há culpabilidade, e portanto, punibilidade pelo que
o indivíduo realmente fez, pelo fato penalmente típico que praticou, e não também
pelo que ele possa vir a fazer ou praticar. Somente diz com o "momento" desse fato,
e não com a série de momentos que hajam contribuído na formação do caráter ou
modo de ser do agente. Não ultrapassa o fenômeno psíco-físico da ação antijurídica
in concreto, seja, ou não, o fiel reflexo da personalidade do homem que age. Este é
o conceito tradicional da culpabilidade e o único admissível dentro dentro dos prin-
cípios gerais do direito penal vigente.14
Entretanto, ao descrever uma das etapas para fixação de pena, prescrita no
art. 42 do Código Penal de 1940, ainda vigente àquela época, parece se esquecer de
todos os fundamentos por ele mesmo defendidos e afirma com veemência a necessi-
dade da análise da personalidade do acusado.
Toda a vida do réu - individual, familiar, militar, profissional, intelectual, social
- deve ser dominada pelo juiz. Qualquer circunstância da conduta em exame será
levada em conta, sem demasias nem omissões [...] A apreciação da personalidade do
homem, para afeicoar-lhe a sanção, está ao alcance da experiência comum e obedece
aos critérios habituais. Todos aprendem a bem distinguir os padrões de honestidade
e de bondade, que nenhum homem consegue sonegar às solicitações constantes da
vida, cada vez menos hipócrita e fechada [...] Para conhecer uma personalidade, não
se limita o magistrado a encarar o indivíduo isolado, e, sobretudo, o considera ser
vivo em sociedade [...] Decidida que foi a responsabilidade, não tem razão de ser da
perícia psiquiátrica, para os fins do art. 42. Mais do que os subsídios médicos (saúde e
higiene em geral), são úteis os pedagógicos (aproveitamento, conduta e necessidades
de instrução e educação), administrativos e pessoais (vida profissional e funcional),
militares (reação à disciplina de caserna), cívicos, morais, que todos colaboraram
para integrar o conjunto na participação da vida, a síntese da atividade. E a conduta
como cidadão, filho, pai, esposo, companheiro, amigo, profissional, como sócio de
centros culturais beneficientes, recreativos, esportivos, mundanos, etc. A conduta,
durante e depois do crime, entrará sempre na revelação da personalidade.15
Percebe-se que o pretenso direito penal de culpabilidade, defendido num pri-
meiro momento, passa a dar toda ênfase à pessoa do acusado no momento da con-
cretização da sua pena, passando a reprovação a ser analisada pelo modo de ser do
autor do delito. O que passa a ser censurável não é mais a sua conduta, mas sua per-
sonalidade, que será avaliada pelo juiz, podendo indicar um significativo aumento
em sua pena.
16
Hungria, Nelson. Comentários ao Código Penal, vol. lb, p. 479.
17
Ferrajoli, Luigi. Direito e Razão, p. 455.
TÚLIO VIANNA / GEOVANA MATTOS - A INCONSTITUCIONALIDADE DA CONDUTA SOCIAL... 315
mas com o maior ou menor grau de pena a aplicar-se ao réu (o que não se confunde
com a punibilidade).18
Ora, se para determinar o quantum da pena, analisa-se a conduta de vida do
acusado, podendo aumentá-la porque seu comportamento não condiz com a vontade
da maioria, o que estamos fazendo, senão incriminando tais condutas, utilizando-se,
para tanto, da culpabilidade de autor?
Bruno, por sua vez, nota esta contradição do sistema penal brasileiro, que, de
um modo geral, tipifica fatos e não autores, e a determinação do legislador ao elencar
a personalidade e conduta social como critérios a serem averiguados pelo magistrado
para mensuração da pena in concreto:
A maioria das verdadeiras circunstâncias modificadoras da pena, de que se ocu-
pa o Código, não se refere propriamente à ação punível no seu aspecto objetivo, mas
à culpabilidade do agente em razão da maneira como atuou na realização do crime
ou de condições particulares de sua personalidade. A culpabilidade entendida como
reprovabilidade, resultante da vontade rebelde do agente, com a sua imputabilidade,
o seu dolo ou culpa, a exigibilidade de que se comportasse de maneira conforme
ao Direito, em cuja apreciação devem computar-se a sua total personalidade, a sua
situação, os seus antecedentes e os motivos que o tenham determinado ao crime. Em
regra, dir-se-ia que essas circunstancias transcendem mesmo da posição do Código
em referência ao problema da culpabilidade, parecendo ultrapassar o conceito da
culpabilidade em relação ao fato e dirigir-se num sentido que poderia alcançar a
chamada culpabilidade de caráter ou pela conduta da vida, em caminho para a con-
sideração da perigosidade do autor. Mas o estado perigoso é coisa diferente, e seria
um extravio metodológico fazê-lo influir na pena, que, em nosso Código, continua
a ser a punição.19
Entretanto, Bruno não leva adiante sua constatação, não afirmando categori-
camente o equívoco da opção do legislador, mostrando-a inviável num sistema que
proíbe a ação do agente e não sua condição de vida, determinando a impossibilidade
de sua aplicação.
Fragoso também percebe a incoerência do legislador, asseverando que embora
o ordenamento jurídico brasileiro vigente seja adepto do direito penal de ato, analisa
a personalidade do agente no momento da quantificação da pena:
Porque fundamento da pena é aqui a realização da conduta delituosa, a pena
deveria, em princípio, medir-se pela gravidade do fato e pela culpabilidade do agen-
te. Na aplicação da pena, no entanto, entram em jogo critérios de política criminal,
predominando, como veremos, elementos que se relacionam com a personalidade
do agente.20
IS
Hungria, Nelson. Comentários ao Código Penal, vol. lb, p.480.
19
Bruno, Anibal. Direito Penal, parte geral, tomo 3o, p. 109-110.
20
Fragoso, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal, p. 347.
316 ANUARIO DE DERECHO CONSTITUCIONAL LATINOAMERICANO / 2008
21
Ibidem, p. 407.
22
Toledo, Francisco de Assis. Princípios Básicos do Direito Penal. p. 251.
TÚLIO VIANNA / GEOVANA MATTOS - A INCONSTITUCIONALIDADE DA CONDUTA SOCIAL... 31 7
Não é viável, porém, a adoção de uma posição dualista ou mista, na qual esta-
riam inseridas as duas espécies de culpabilidade, de autor e de ato. A defesa dessa
combinação resulta, inevitavelmente, na legitimação de um direito penal de autor
com roupagem democrática e vistosa de um direito penal de ato. Sendo assim, não
existe referido sistema moderado. Se este sistema admite a análise da conduta social
e da personalidade como elementos capazes de aumentar a pena do réu, ele conduz,
inevitavelmente, ao tão abominado direito penal de autor, ainda que se afirme ser um
direito penal de ato.
Estamos completameute ciertos de que 'culpabilidad de acto' y 'culpabilidad de
autor' constituyen una opcíón en Ia que no cabe transaccíón alguna. La pretensíón de una
amálgama de ambas y Ia presentación de estas como posiciones extremas, constituye un
camino falso y un método encubierto para sostentar Ia culpabilidad de autor.23
Assim, sempre que o julgamento versar sobre a análise de qualquer condição
existencial do sujeito, estará se referindo a um direito penal de autor.
Regis Prado também se diz um defensor do direito penal de ato ao analisar a
culpabilidade:
Trata-se de uma culpabilidade pelo fato individual (Einzeltatchuld), que re-
pousa sobre a conduta típica e ilícita do autor (Direito Penal do fato), e não uma
culpabilidade pela conduta de vida (Lebensfuhrungsschuld) - de caráter ou de autor
[...]. O conceito de culpabilidade penal é, portanto, de natureza jurídica (ético-exis-
tencial-jurídico) e não ético-moral ou religioso.24
No entanto, o aludido direito penal de fato passa a focar-se na pessoa do acusa-
do quando Regis Prado demonstra os critérios a serem observados pelo magistrado
no momento de determinar a pena, conceituando e explicando como se deve proce-
der para fazer a mensuração da conduta social e da personalidade:
[...] a conduta social, que compreende o comportamento do réu em seu meio
familiar e laborai. Cumpre observar que um indivíduo portador de maus antecedentes
nem sempre será, necessariamente, portador de uma conduta socialmente desajustada,
assim como não é regra que alguém que jamais tenha perpetrado delitos não possa ter
uma vida social repleta de deslizes e infâmias.
[...] a personalidade, ou seja, a índole, o caráter do indivíduo, reveladora de suas
qualidades e defeitos. Aqui são verificadas, além da índole do sujeito, sua sensibilida-
de ético-social e a presença de possíveis desvios em seu caráter; 25
Constata-se que a culpabilidade, que Prado inicialmente afirma ser pautada
com base no fato, dilui-se e deixa de referir-se ao ato, para orientar-se diretamente
ao autor. A análise do caráter do autor, que é abominada em um primeiro momento,
passa a ter relevância ímpar, tendo Prado ressaltado a importância de não se deixar
23
Zaffaroni, Eugênio Raul. Tratado de derecho penal, parte general, tomo IV, p. 56.
24
Prado, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro, voi. I, p. 421-422.
25
Prado, Luiz Regis. Comentários ao Código Penal, p. 243.
318 ANUARIO DE DERECHO CONSTITUCIONAL LATINOAMERICANO / 2008
26
Bitencourt, César Roberto. Tratado de Direito Penal: parte geral, v. 1, p. 10.
27
Bitencourt, César Roberto. Tratado de Direito Penal: parte geral, v. 1, p. 555.
28
Zaffaroni, Eugênio Raul. Tratado de derechopenal, tomo IV, p. 52.
TÚLIO VIANNA / GEOVANA MATTOS - A INCONSTITUCIONALIDADE DA CONDUTA SOCIAL... 319
Desta forma, Nucci afirma que a pena deveria ser aplicada tendo em vista o ca-
ráter, a índole, as idéias, opinões, pensamentos, hábitos e costumes do acusado, que
poderiam ser avaliados como desfavoráveis pelo simples motivo do julgador consi-
derar que não se enquadram naquilo que ele concebe como correto, considerando-os
imorais ou reprováveis, dentro dos padrões de normalidade impostos pela maioria.
Sendo assim, embora o Princípio da Legalidade garanta que o cidadão só poderá
ser penalizado pelas condutas anteriormente previstas como crime, que o Princípio
da Lesividade garanta que só será criminalizada a conduta que lesar um bem jurídico
de terceiro, o agente que comete um delito perderia todos os direitos que lhe foram
assegurados, inclusive o de ter sua própria identidade e continuar a ser ele mesmo,
permitindo ao Estado o direito de ditar o que é certo e o que é errado, mesmo que a
conduta por ele praticada não seja ilícita.
E ainda que sua conduta seja tipificada penalmente, como o fato de ser um
marido violento, é imprescindível que lhe seja garantido o Devido Processo Legal,
que está intimamente vinculado à acusação, estabelecendo que ninguém será privado
de sua liberdade sem a garantia do contraditório e da ampla defesa. Assim, o réu só
poderá ser condenado pelos fatos que lhe forem imputados formalmente, contra os
quais terá o direito de se defender, o que não acontece quando sua pena é aumentada
em virtude de a personalidade e a conduta social serem consideradas desfavoráveis
com base em supostos crimes cometidos, sem a existência de uma acusação formal,
banindo o direito de defesa.
Coadunando o entendimento aqui apresentado, e sendo coerente com o posi-
cionamento firmado ao analisar a culpabilidade, que defende ser de ato, Zaffaroni
afirma a impossibilidade da análise da personalidade como critério capaz de preju-
dicar o acusado:
A personalidade do agente cumpre uma dupla função: com relação à culpabili-
dade, serve para indicar - como elemento indispensável - o âmbito de autodetermi-
nação do agente. Insistimos aqui ser inaceitável a culpabilidade de autor. A maior ou
menor 'adequação' da conduta ao autor, ou 'correspondência' com a personalidade
deste, em nenhum caso pode fundamentar uma maior culpabilidade, e, no máximo,
deve servir para não baixar a pena do máximo que a culpabilidade de ato permite,
que é algo diferente.32
Vê-se, pois, que Zaffaroni demonstra que não há como adotar critérios como a
conduta social e personalidade do agente no momento da quantificação da sua pena,
sem, com isso, contrariar a culpabilidade de autor.
Também Teles afirma categoricamente a impossibilidade de se analisar a perso-
nalidade e conduta social como elementos para fixação da pena:
32
Zaffaroni, Eugênio Raul; Pierangeli, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro, v.
1, p. 710.
TÚLIO VIANNA / GEOVANA MATTOS - A INCONSTITUCIONALIDADE DA CONDUTA SOCIAL 321
4. Conclusão
33
Teles, Ney Moura. Direito Penal, p. 105-106.
34
Ibidem, p. 106-107.
322 ANUARIO DE DERECHO CONSTITUCIONAL LATINOAMERICANO / 2008
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