Bioenergia - Manual e Projecto PDF

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O presente volume, parte integrante de uma edio de trs volumes tcnicos, resulta do

trabalho levado a cabo no mbito de um projecto parcialmente financiado pela Comisso


Europeia, designadamente do programa ALTENER, o qual visa promover a utilizao das
Fontes de Energia Renovveis (FER) no espao Europeu.

O projecto em causa, designado por GREENPRO, decorreu entre Fevereiro de 2002 e


Janeiro de 2004, e envolveu um conjunto de parceiros que representaram cinco pases da
Unio Europeia, nomeadamente a Holanda, a Alemanha, a Itlia, o Reino Unido e Portugal.
Em todos estes pases sero de igual forma editados os trs mencionados volumes tcnicos
nos respectivos idiomas.

Com o objectivo de fornecer um documento de referncia a todos aqueles que se interessam


pela temtica das renovveis, partiu-se de originais elaborados na Alemanha. Posteriormente
cada pas procedeu ento necessria traduo e adaptao, no mbito da especificidade
de cada realidade nacional.

Pretendeu-se com o formato em causa proceder apresentao de informao de cariz


essencialmente prtico, sem descurar no entanto a fundamentao terica dos aspectos
mais relevantes.

Esperamos desta forma que a presente srie de documentos possa ser da mxima utilidade
para todos os que de algum modo pretendam contactar com as energias renovveis -
arquitectos, engenheiros, empreiteiros, instaladores, proprietrios de imveis, estudantes,
entre outros, quer ao nvel de projectos de investimento de natureza pessoal, quer no
contexto de actividades profissionais.

Janeiro de 2004
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

NDICE

1 INTRODUO 1.1

2 BIOENERGIA - ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.1


2.1 O desafio 2.1
2.2 O portador universal de energia 2.2
2.3 O Potencial 2.3
2.4 O mercado 2.4
2.5 As condies limitantes 2.5
2.6 O Processo fotossinttico 2.6
2.7 Funcionamento do processo de fotossntese 2.7
2.8 O papel do dixido de carbono nas alteraes climticas 2.7
2.9 O ciclo do carbono no planeta Terra 2.10
2.10 A biomassa como armazenamento de dixido de carbono 2.11
2.11 Tipos de biomassa 2.13
2.12 Fontes de biomassa 2.15
2.13 Utilizao das fontes de biomassa 2.16
2.14 Tipos de fontes de bioenergia 2.18
2.14.1 Fontes de biomassa slida 2.18
2.14.2 Fontes de biocombustveis lquidos 2.22
2.14.3 Fontes de biocombustveis gasosos 2.23
2.15 Caractersticas da qualidade das fontes de biomassa 2.24
2.15.1 Fontes de biomassa slida 2.24
2.15.2 Fontes de biocombustveis lquidos 2.27
2.15.3 Fontes de biocombustveis gasosos 2.29
2.16 Produtos de biomassa slida 2.30
2.16.1 Pelletes de madeira 2.31
2.16.2 Estilhas de madeira 2.32
2.16.3 Toros 2.34
2.16.4 Briquetes de madeira 2.35
2.16.5 Fardos de palha 2.35
2.17 Produtos biocombustveis lquidos 2.35
2.18 Produtos biocombustveis gasosos 2.36
2.19 Possveis usos tcnicos 2.36
2.19.1 Produo de calor 2.36
2.19.2 Gerao combinada de calor e energia 2.43
2.19.3 Processamento de um produto 2.53

3 BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.1


3.1 Descrio e componentes do sistema 3.1
3.1.1 Descrio do sistema 3.1
3.1.2 Biogs de efluentes agro-pecurios e co-substratos 3.5
3.1.3 Vrios sistemas de DA 3.11
3.1.4 Componentes do sistema 3.16
3.2 Planeamento dum projecto de digesto anaerbia 3.28
3.2.1 Passos a seguir no desenvolvimento do projecto 3.28
3.2.2 Criao do projecto 3.28
3.2.3 Anlise da exequibilidade 3.30
3.2.4 Preparao do projecto 3.37
3.3 Realizao, comissionamento e arranque do projecto 3.38
3.3.1 Planeamento e construo 3.38
3.3.2 Arranque 3.39
3.4 Operao e manuteno 3.41
3.4.1 Operao de um digestor em circunstncias normais 3.41
3.4.2 Operao de um digestor em caso de mau funcionamento 3.42

NDICE i
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

3.4.3 Manuteno 3.42

4 BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.1


4.1 Questes gerais 4.1
4.2 O mercado para biocombustveis lquidos 4.2
4.3 As vantagens dos biocombustveis 4.2
4.4 reas de aplicao 4.3
4.5 Processo para a produo de biocombustveis lquidos a partir da biomassa 4.5
4.5.1 leos Vegetais Naturais 4.5
4.5.2 Biodiesel 4.7
4.5.3 Etanol 4.8
4.5.4 Combustveis a partir do gs de sntese 4.9
4.5.5 Metanol 4.11
4.5.6 Hidrognio a partir da biomassa 4.11
4.6 Custos dos biocombustveis lquidos 4.12
4.7 Desenvolvimento do mercado de biocombustveis lquidos 4.13
4.7.1 leos Vegetais Naturais 4.13
4.7.2 Biodiesel 4.13
4.7.3 Etanol 4.14
4.8 Utilizao de biocombustveis lquidos em fontes mveis 4.15
4.8.1 leos vegetais naturais 4.15
4.8.2 Biodiesel 4.15
4.8.3 Etanol 4.16
4.9 Uso de biocombustveis lquidos em aplicaes estacionrias 4.16
4.9.1 Fundamentos 4.16
4.9.2 Possveis problemas tcnicos de operao nas centrais de cogerao com leo vegetal 4.17
4.10 Gesto do Projecto 4.17
4.10.1 Planeamento geral do projecto 4.17
4.10.2 Planeamento tcnico 4.18

5 SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.1


5.1 Medio detalhada do output mximo de calor 5.1
5.1.1 Clculo da necessidade de aquecimento para sistemas de aquecimento central 5.1
5.1.2 Clculo da necessidade de aquecimento em aplicaes de lareira 5.2
5.1.3 Procedimentos alternativos para calcular o output mximo de calor necessrio para aplicaes de
lareiras 5.3
5.2 Tipos de sistemas 5.6
5.3 Escolha de sistemas de combusto de pequenas dimenses para aquecimento de edifcios 5.7
5.3.1 Classificao de sistemas de combusto de pequenas dimenses descritos de acordo com o output de
calor 5.7
5.3.2 Lareiras abertas 5.8
5.3.3 Lareiras Fechadas 5.10
5.3.4 Salamandras 5.12
5.3.5 Forno de pelletes 5.15
5.3.6 Foges de aquecimento central 5.18
5.3.7 Fornos cermicos 5.20
5.3.8 Caldeiras de aquecimento central alimentadas com madeira 5.24
5.3.9 Caldeiras de aquecimento central com pelletes 5.29
5.3.10 Caldeiras de estilhas de madeira 5.37
5.3.11 Sistemas combinados de caldeiras 5.40
5.4 Equipamento de segurana para sistemas de aquecimento 5.45
5.4.1 Tanques de expanso 5.45
5.4.2 Chamins 5.47
5.4.3 Conduta da chamin 5.49
5.5 Armazenamento 5.49
5.5.1 Armazns para toros de madeira 5.49

NDICE ii
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

5.5.2 Armazenamento de pelletes 5.50


5.5.3 Possibilidades de armazenamento para estilhas de madeira 5.60

6 CALDEIRAS 6.1
6.1 Implementao de um projecto de aproveitamento energtico da madeira 6.1
6.2 Condies bsicas para projectos de aproveitamento energtico da madeira 6.3
6.2.1 Lista de verificao para projectos a nvel local e pblico 6.3
6.2.2 Lista de verificao para projectos privados 6.4
6.3 Planeamento 6.6
6.3.1 Avaliao dos dados iniciais do projecto 6.6
6.3.2 Aplicaes em edifcios municipais e edifcios habitacionais 6.8
6.3.3 Aplicaes para redes de aquecimento locais de pequenas e mdias dimenses 6.9
6.3.4 Tipos de sistemas de combusto 6.10
6.4 Avaliao da eficincia econmica 6.11
6.5 Fornecimento de combustvel 6.12
6.6 Estrutura organizacional 6.13
6.6.1 Estruturas opcionais de propriedade 6.14

7 GASEIFICAO 7.1
7.1 Princpios fundamentais 7.2
7.1.1 Gaseificao 7.2
7.1.2 Combustvel 7.2
7.1.3 Estado da tecnologia 7.3
7.2 Utilizao como energia 7.7
7.2.1 Aplicaes da gaseificao 7.7
7.2.2 Possveis utilizaes da energia do gs produzido a partir da madeira 7.8
7.2.3 Combinao de calor e energia numa unidade de cogerao 7.8
7.3 Emisses e sub-produtos 7.8

8 ENQUADRAMENTO LEGAL PARA SISTEMAS DE BIOENERGIA 8.1


8.1 Introduo 8.1
8.1.1 Aspectos legais gerais 8.1
8.1.2 Construo e operao de sistemas de bioenergia 8.1
8.1.3 Questes legais relacionadas com a biomassa 8.2
8.2 Questes gerais de licenciamento para sistemas de energia renovveis 8.2
8.2.1 Licena de acesso rede 8.2
8.2.2 Licena de construo 8.2
8.2.3 Requisitos Tcnicos 8.2
8.3 Processos de licenciamento para sistemas de biomassa 8.3
8.3.1 Input de biomassa 8.4
8.3.2 Emisses 8.4
8.3.3 Aspectos especficos da tecnologia 8.5
8.3.4 Documentos que acompanham o processo de licenciamento 8.6
8.3.5 Informao Adicional 8.6

9 MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.1


9.1 Introduo 9.1
9.2 Viso geral dos mecanismos de apoio para os sistemas de energia renovvel 9.1
9.2.1 Polticas de incentivo 9.1
9.2.2 Medidas legislativas 9.2
9.2.3 Incentivos fiscais 9.3
9.2.4 Subsdios, concesses ou programas de emprstimo 9.3
9.2.5 Apoio administrativo para o SER 9.4
9.2.6 Apoio de desenvolvimento tecnolgico 9.5
9.2.7 Educao e informao 9.5
9.3 Informao geral sobre apoio financeiro 9.5

NDICE iii
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

9.3.1 Elegibilidade do Projecto 9.6


9.3.2 Elegibilidade do Candidato 9.6
9.3.3 Critrios de qualificao essenciais (concordncia) 9.6
9.3.4 Impressos de requerimento 9.7
9.3.5 Tipo e nvel de financiamento 9.7
9.3.6 Acumulao 9.7
9.3.7 Condies actuais para programas de apoio 9.7
9.4 Informao complementar sobre as medidas de apoio em vrios pases 9.8
9.4.1 Fontes de informao em Portugal 9.8
9.4.2 Fontes de informao no Reino Unido 9.10
9.4.3 Fontes de informao nos Estados Unidos da Amrica 9.12
9.4.4 Fontes de informao no Canad 9.14
9.4.5 Fontes de informao na Austrlia 9.14
9.4.6 Fontes de informao na Escandinvia 9.15
9.4.7 Fontes de informao noutros pases de lngua inglesa 9.16
9.4.8 Fontes de informao ao nvel da UE 9.17
9.4.9 Outras fontes de informao sobre biomassa 9.17

NDICE iv
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

1 INTRODUO

Portugal um pas sem reservas de combustveis fsseis. senso comum que o recurso
bioenergia - energia obtida a partir da biomassa - constitui uma alternativa possvel, embora
parcial, aquisio de combustveis fsseis e, como tal, poder estabelecer-se como varivel
determinante na soluo de muitos dos problemas energtico-ambientais, econmicos, e
mesmo sociais, que esto vulgarmente associados ao consumo do carvo, petrleo ou gs
natutral. De facto, o uso de biomassa como fonte alternativa energia primria de origem fssil
pode permitir uma melhoria da qualidade de vida, particularmente em Pases sem reservas
daqueles combustveis, como Portugal, atravs da diminuio da sua dependncia economico-
energtica do exterior e da reduo dos impactos negativos resultantes da queima de carvo,
petrleo, gs natutral ou derivados.

A imagem da situao energtica nacional revela um sub-aproveitamento das energias


endgenas. Uma das fontes endgenas de extrema importncia o potencial energtico da
biomassa, uma vez que o valor anual nacional identificado da converso de biomassa em
energia ronda os 100 PJ/ano, pretendendo-se um crescimento de c. de 15% at 2010.

Questes de critrio que podem suscitar alguma controvrsia so a prpria definio daquilo
que se considera ser biomassa ou o enquadramento legal dos sistemas operativos com
biomassa. No primeiro e penltimo captulos do presente Manual estabelecem-se claramente
os critrios que definem o que pode ser considerado biomassa, e enumeram-se as divesas e
vastas aplicaes e tecnologias disponveis para a sua converso em energia, efectuando-se o
seu enquadramento legal. O ltimo captulo sintetiza as medidas de incentivo disponveis para
projectos de converso de biomassa.

Deve salientar-se ainda que a simples introduo de novos sistemas de converso de energia
a partir da biomassa (ou mesmo a modificao dos sistemas j existentes para queima
simultnea de biomassa com combustveis fsseis) no traduzem necessariamente um
aproveitamento energtico optimizado: h mesmo um paralelismo entre a converso energtica
da biomassa e a dos combustveis fsseis no que se reporta sua eficncia. , pois, bvio que
as instalaes carecem de um correcto dimensionamento e de uma instalao, operao e
manuteno cuidadas. A no considerao de qualquer destes aspectos pode acarretar uma
reduo no desempenho do sistema relativamente ao que inicialmente estava previsto.

Torna-se assim importante a existncia deste Manual para projectistas e instaladores, na


medida em que contm os fundamentos tericos e a informao prtica necessrios ao
correcto dimensionamento e instalao de sistemas produo de bioenergia ou de converso
energtica da biomassa (biogs a partir de sistemas de digesto anaerbia, biocombustveis
lquidos a partir de matrias primas renovveis, sistemas de combusto industriais e
domsticos de pequenas dimenses, caldeiras de centrais trmicas e gaseificadores), bem
como informao referente conduo e manuteno dos equipamentos.

O presente Manual constitui uma excelente ferramenta de apoio a projectistas e instaladores


de sistemas operativos com biomassa, desde os de aplicao domstica aos de aplicao
industrial e contribui desta forma para uma melhoria quer na aplicao destes sistemas quer na
sua conduo.

INTRODUO 1.1
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

2 BIOENERGIA - ENERGIA PROVENIENTE DO SOL

A energia solar, disponvel em forma de radiao superfcie da terra, excede 11.000 vezes a
energia actualmente necessria humanidade. A biomassa uma forma de armazenamento da
energia solar. As plantas convertem a energia solar atravs da fotossntese, com uma eficincia de
0,1%, e armazenam-na, durante muito tempo, nas folhas, nos caules, nas flores, etc. Em condies
limite, a energia na biomassa pode ser armazenada infinitamente, sem perdas.

Figura 2.1 - O planeta verde


Fotografia: NASA

A biomassa a nica energia renovvel que pode ser convertida em combustveis gasosos, lquidos
ou slidos, por meio de tecnologias de converso conhecidas. Neste contexto, o portador universal de
energia renovvel pode ser usado num vasto campo de aplicaes no sector da energia.
Presentemente, possvel fornecer energia a partir da biomassa para toda a gama de aplicaes
energticas, desde o aquecimento de imveis at ao fornecimento de combustveis para aplicaes
mveis, nomeadamente para os transportes.

A variedade de utilizaes possveis da biomassa, as vantagem de um armazenamento seguro e


inofensivo, e a possibilidade de integrar fornecedores locais de combustveis, nomeadamente
empresas agrcolas e florestais, oferecem um vasto campo de aplicaes sustentveis. Usar a
biomassa como um combustvel renovvel pode reduzir a pegada ecolgica de todas as naes no
que respeita energia, e poder ser a soluo para a minimizao das alteraes climticas e de
outros problemas ambientais. Quando se usa a energia armazenada na biomassa, esto a ser
emitidos gases com efeito de estufa, tal como o dixido de carbono. Contudo, a quantidade libertada
a mesma que foi consumida durante o processo da fotossntese, Assim, as fontes de biomassa so
consideradas neutras, relativamente aos danos climticos, derivados do efeito estufa.

Em contraste com o uso directo da energia solar ou elica, a biomassa como portadora de energia
renovvel est sempre disponvel. Geralmente, depois do tratamento da biomassa, esta convertida
em trs grandes formas de energia: electricidade, calor, e combustvel. Esta flexibilidade permite
biomassa estar em concorrncia directa com a energia produzida por fontes fsseis.

2.1 O desafio

A longo prazo, a energia a chave para a sobrevivncia da civilizao moderna. Em mdia, por ano,
cada ser humano, dos 6 bilies de pessoas no mundo, consome duas toneladas de carvo para
produo de energia. Existe uma grande diferena entre pases industrializados e pases em
desenvolvimento, sendo de referir, por exemplo, que um europeu consome mais do que seis

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.1


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

toneladas de carvo, o que representa um valor 40 vezes maior, do consumo de um ser humano no
Bangladesh.

Hoje em dia, 90 por cento das fontes de energia usadas so de origem fssil e a sua utilizao est
associada s emisses de dixido para a atmosfera. Assim, anualmente, a atmosfera terrestre recebe
mais de 15 bilies de toneladas de CO2, o que implica danos irreversveis no clima.

Todavia, a satisfao das necessidades energticas da civilizao no precisa de estar baseada nas
fontes de energia fssil. Os recursos energticos neutros em CO2, tais como o uso directo da energia
solar, energia elica e o uso indirecto da radiao solar em forma de biomassa, podem fornecer a
energia necessria.

A Unio Europeia tem vindo a enfatizar, na sua poltica energtica, o uso das fontes de bioenergia e o
desenvolvimento de um mercado para estas. No livro branco da Unio Europeia para os estados
membros, foram colocadas as seguintes metas, com vista ao uso da biomassa no ano 2010:

x 5 milhes de toneladas de biocombustveis;


x 10000 MW de biomassa em centrais de cogerao;
x 1 milho de lares fornecidas com biocalor;
x 1 milho de empregos no sector da bioenergia.

2.2 O portador universal de energia

A utilizao de biomassa, a forma mais antiga de fornecer energia humanidade. Contudo, as


fontes modernas de bioenergia, tais como as briquetes, pelletes ou estilhas de madeira, troncos de
madeira, gs proveniente da madeira, biogs e leo vegetal ou biodiesel, oferecem um elevado
potencial para utilizao de energias inovadoras. Estes combustveis naturais podem ser usados em
aplicaes estacionrias, para fornecimento de calor e energia a habitaes, edifcios pblicos, na
agricultura e na indstria. O biodiesel, gerado a partir de colheitas para fins energticos, pode ser
usado em motores para veculos automveis, para os quais apenas so necessrias pequenas
modificaes.

Figura 2.2 - Aplicaes da bioenergia

Os avanos tecnolgicos e a reputao da biomassa, como portadora de energia renovvel universal,


esto a permitir um aumento da avaliao do seu potencial. De referir que para alm dos efeitos
ambientais positivos, existem tambm diversos aspectos econmicos e sociais envolvidos,
nomeadamente a criao de postos de trabalho resultantes da colheita, tratamento e transporte da
biomassa. A longo prazo, por cada Gigawat-hora gerado, a bioenergia poder permitir a gerao de
1,75 novos empregos, surgindo como fonte de criao de uma rede de emprego significativa,
nomeadamente para o desenvolvimento sustentvel de reas rurais na Unio Europeia e na maior
parte de outros pases.

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.2


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 2.3 - Fotossntese: a fbrica de energia natural

A biomassa oferece um potencial considervel no suporte de um desenvolvimento estrutural


sustentvel e no reforo das reas rurais na Europa. Por isso, as fontes de bioenergia apresentam
vantagens a longo prazo para o desenvolvimento rural, mas tambm na produo agrcola de
alimentos e no melhoramento da qualidade deste servio na Unio Europeia. A biomassa como
energia solar armazenada mostra, assim, o seu poder como elemento universal de uma poltica
econmica sustentvel.

2.3 O Potencial

Nas reas rurais do planeta, crescem cerca de 200 bilies de toneladas de biomassa, com uma
capacidade de energia de aproximadamente 30000 Hexajoule, valor equivalente ao volume de
energia de todas as reservas das fontes de energia fssil. Um crescimento anual, de cerca de 15
bilies de toneladas de biomassa, atravs da fotossntese, representa um potencial energtico de
2250 Hexajoule.

Figura 2.4 - Tipos de biomassa

Infelizmente, este vasto potencial no pode ser usado directamente para energia, visto que est
disseminado sobre toda a massa terrestre. Apenas uma parte deste potencial est disponvel para
utilizao. O potencial tcnico est estimado em cerca de 150 Hexajoule.

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.3


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 2.5 - Potencial tcnico de biomassa na Europa

A fraco do potencial tcnico da biomassa vivel economicamente, depende das respectivas


condies de mercado. Assim, o valor econmico local do gs e do petrleo, bem como os
instrumentos polticos de suporte (subsdios, receitas etc.), complementam as vantagens ambientais
e sociais da bioenergia. No entanto, com o aumento dos preos para as fontes de energia fssil, o
potencial tcnico para projectos de bioenergia aumenta tambm.

2.4 O mercado

A biomassa contribui significativamente para o fornecimento de energia sustentvel, num


determinado nmero de pases europeus.

Figura 2.6 - A utilizao de bioenergia na Europa

Na Unio Europeia, mais de 2200 Petajoule de energia por ano, armazenados na forma de biomassa,
esto a ser produzidos. Destes, cerca de 1700 Petajoule so usados directamente para gerar calor,
enquanto que os restantes 500 Petajoule so usados para gerar electricidade.

Complementarmente, a Unio Europeia colocou como objectivo, para o ano 2010 e para o sector da
energia, um valor mdio de 12% de electricidade a partir de recursos de energia renovveis. Espera-
se que a biomassa fornea 10% de toda a energia na Europa, ou seja, um valor equivalente a cerca
de 5800 Petajoule.

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.4


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Presentemente, alguns estados membros da UE obedecem a este objectivo. A Finlndia, seguida da


Sucia, fornecem mais do que 10% da energia necessria atravs da biomassa. Estes pases
utilizam quase metade do seu potencial de biomassa, provando que um desenvolvimento
consequente no sector da bioenergia pode obter sucesso.

Figura 2.7 - Quota de bioenergia comparada com o consumo total de energia

2.5 As condies limitantes

As condies limitantes para projectos de bioenergia, nos vrios pases da Europa, no que diz
respeito s questes administrativas e econmicas, so muito variadas. As barreiras administrativas,
nomeadamente a nvel da poltica local, impedem o desenvolvimento dos projectos de bioenergia.
Analisando as receitas de venda de energia da biomassa, o nvel nos diferentes pases da UE
assemelha-se cada vez mais. Enquanto pases como a ustria, Alemanha, Frana e Portugal tm
tarifas de venda fixas para a electricidade gerada a partir da biomassa, outros pases, tais como o
Reino Unido, a Itlia ou a Blgica, introduziram instrumentos orientados para o mercado, como as
quotas de energia renovvel, tendo como consequncia o desenvolvimento de um mercado de
quotas.

Apresenta-se de seguida uma comparao das tarifas de venda para sistemas menores que 2 MWe
para os estados membros da Unio Europeia:

Figura 2.8 - Receitas da electricidade de biomassa na Europa

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.5


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Este grfico mostra claramente que no existe uma tendncia especfica, quanto ao tipo de
instrumento poltico, tarifa de venda fixa ou quota/certificado, e as respectivas receitas de venda de
energia. De notar que a Itlia e a ustria, dois pases com mecanismos polticos diferentes,
apresentam as receitas mais elevadas na Europa.

Em geral, as receitas para a electricidade proveniente da biomassa, em cada pas, diferem no tipo e
capacidade. Os subsdios de investimento individual complementam um projecto, conjuntamente com
emprstimos a baixos juros e incentivos fiscais.

O mercado de bioenergia e a variedade de instrumentos de suporte, so muitas vezes difceis de


analisar. So comuns alteraes frequentes na organizao poltica, de modo que os investidores
necessitam de verificar cuidadosamente as condies locais e regionais, e os programas nacionais e
europeus, por forma a elaborar uma boa concepo financeira, com um mnimo de custos e de risco.

O sucesso da introduo no mercado e o aumento da penetrao das fontes de bioenergia, depende


da conjugao dos vrios mecanismos de suporte: polticos, legais e de natureza administrativa e
financeira. Geralmente, os pases com uma quota mais elevada de energia proveniente da biomassa,
tm definidos objectivos a longo prazo na sua poltica de energia nacional, e um conjunto de
instrumentos de suporte ao desenvolvimento dos projectos de bioenergia. O desenvolvimento
tecnolgico, as actividades de investigao e desenvolvimento, bem como os actividades formativas,
tm um papel importante no sector da bioenergia. A indstria bioenergtica finlandesa, lder do
mercado mundial para sistemas de bioenergia da madeira, um excelente exemplo de sucesso,
devido ao forte investimento efectuado pelo governo finlands.

2.6 O Processo fotossinttico

O processo fotossinttico permite a criao de biomassa a partir do dixido de carbono na atmosfera,


gua e nutrientes, e a base de toda a vida no planeta Terra. A fotossntese assenta em dois
processos chave:

1. As plantas obtm energia a partir da radiao solar, o que permite a sua autotrofia. Por outro lado,
as plantas formam a base nutricional para os outros organismos, tais como os humanos e os animais,
que sendo formas de vida heterotrficas, no so capazes de obter a sua energia a partir da luz solar.

2. O processo fotossinttico o principal responsvel pela libertao do oxignio que utilizado pelos
organismos heterotrficos.

A forma como as plantas e os animais vivem em simbiose na Terra, pode ser demonstrada atravs da
seguinte experincia:

Figura 2.9 - Simbiose entre plantas e mamferos

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.6


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Se um mamfero, neste caso um rato, for colocado num recipiente hermeticamente fechado, o animal
morrer em poucos minutos, por falta de oxignio. Isto acontece porque o animal respira oxignio e
expira dixido de carbono, esgotando rapidamente o oxignio disponvel.

Por outro lado, se estiver presente uma planta no mesmo recipiente, esta absorve o dixido de
carbono que o mamfero expira e, com a radiao solar, realiza a fotossntese. Como desperdcio ela
gera oxignio, permitindo a sobrevivncia do rato enquanto este viver em simbiose com a planta.

Na Terra e na atmosfera terrestre, realiza-se o mesmo processo. Neste caso, as florestas fornecem o
oxignio que a humanidade e o reino animal precisam para viver.

2.7 Funcionamento do processo de fotossntese

O pigmento verde das folhas, a clorofila, a central energtica interna das plantas. Movidas pela
energia solar, as plantas convertem o dixido de carbono em biomassa, na forma de acar e de
amido. Para alm da radiao solar, a gua e os minerais (nutrientes da planta) so necessrios
neste processo, sendo estes retirados do solo atravs das razes.

Figura 2.10 Processo fotossinttico

Em termos qumicos, a reaco da fotossntese para a formao do acar tem a seguinte frmula:

Radiao Solar
6CO2  6H 2O   o C 6 H 12O 6  6O 2

Dependendo do tipo de planta, a fotossntese resulta na criao de vrias cadeias de carbono


(hidratos de carbono). Em espcies de plantas de crescimento rpido, tal como o milho, a
fotossntese de plantas jovens pode alcanar uma eficincia de converso energtica da radiao
solar at 2%. De salientar que, na Terra, a fotossntese o nico processo que fornece oxignio aos
organismos, da decorrendo a importncia deste para a vida na Terra.

2.8 O papel do dixido de carbono nas alteraes climticas

Actualmente, o fornecimento de energia humanidade baseia-se nos combustveis fsseis. As


centrais energticas e os veculos automveis, queimam por ano uma quantidade de combustveis
fsseis que resulta em cerca de 24 bilies de toneladas de dixido de carbono libertado para a
atmosfera, em todo o mundo. O teor natural de dixido de carbono na atmosfera terrestre baixo. No
entanto, estimativas efectuadas com base em sries de dados sobre a composio da atmosfera,
mostram que esta reserva tem estado a crescer.

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Figura 2.11 - Contedo de CO2 na atmosfera desde 1765


Grfico: Dobelmann/www.sesolutions. de
Dados: BINE servio de informao tcnica

Nos ltimos 100 anos, a combusto dos recursos fsseis, tais como leo mineral e carvo, tem
resultado num aumento na atmosfera terrestre de cerca de 27% na proporo de dixido de carbono.
Enquanto que em 1765 o teor de CO2 na atmosfera era cerca de 280 ppm, hoje regista um valor de
360 ppm. A este aumento de CO2 atribudo um papel importante no efeito de estufa observado
globalmente.

O efeito de estufa a descrio dos desenvolvimentos climticos que, a longo prazo, levaro a um
aumento nas temperaturas mdias anuais na atmosfera terrestre. Para alm do dixido de carbono,
outros gases prejudiciais esto a contribuir para este aumento global:

x Vapor de gua (H2O);


x Ozono (O3);
x Metano (CH4);
x xido nitroso (N2O).

As causas do enriquecimento destes gases na atmosfera terrestre derivam, essencialmente, de


quatro efeitos antropognicos:

1. Destruio da floresta tropical (15%);


2. Utilizao de combustveis fsseis (50%);
3. Emisses da produo e aplicao de qumicos (20%);
4. Emisses de actividades agrcolas (15%).

Funcionamento do efeito de estufa

Em mdia, 342 W/m2 de radiao solar de onda curta atingem a Terra. Desta quantidade, cerca de 77
W/m2 so reflectidos para o espao, pelos aerossis na atmosfera e pelas nuvens. A atmosfera
terrestre absorve aproximadamente 67 W/m2. Desta forma, cerca de 198 W/m2 da radiao solar
alcana os oceanos e o solo terrestre. Enquanto que a superfcie terrestre absorve aproximadamente
168 W/m2, ela reflecte directamente para a atmosfera cerca de 30 W/m2. Para alm disso, o espectro
de radiao passa de onda curta para onda longa.

A reflexo da radiao de onda longa no ultrapassa facilmente a atmosfera terrestre, ficando esta
enriquecida com dixido de carbono e vapor de gua. A superfcie da Terra liberta aproximadamente
390 W/m2 da radiao de onda longa, dos quais apenas 66 W/m2 ficam na atmosfera e 324 W/m2 so
imediatamente reflectidos de volta para a superfcie da Terra.

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Figura 2.12 - Como funciona o efeito estufa


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions. de

No incio do sculo XIX, este efeito era responsvel por um aumento da temperatura global mdia de
0,5C. De acordo com estimativas, no prximo sculo este aquecimento poder elevar-se at aos
1,4C - 5,6C.

Figura 2.13 - Vaga de tempestade no mar


Fotografia: coleco criativa / www.sesolutions.de

Apesar de parecerem pouco significativos, estes valores de aumento de temperatura podem causar
impactos no aquecimento global, catastrficos para muitos pases. Um aumento na temperatura anual
mdia, significar que diversas reas geladas na Terra derretam, tendo como consequncia um
aumento do nvel das guas mar entre 11 a 88 cm, ameaando desta forma nas reas costeiras com
cerca de 50% da populao mundial.

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Figura 2.14 - Furaco nos EUA


Fotografia: NASA / www.nasa.gov

Presentemente, muitas destas alteraes so j visveis. A cobertura de gelo do rctico reduziu 10 a


15 %. Na Europa, as plantas de jardim ficam em flor durante mais 10 dias em mdia,
comparativamente ao que acontecia h 35 anos atrs. As temperaturas mais altas resultam tambm
em fenmenos climatricos de maior frequncia, tais como tempestades e inundaes.

O prejuzo causado pelos desastres climatricos, tais como furaces, tem aumentado dez vezes mais
desde 1950. Em 1990, o prejuzo atingiu nveis recorde de 40 bilies de dlares americanos.

2.9 O ciclo do carbono no planeta Terra

No planeta Terra, o elemento carbono passa por um ciclo constante. Neste ciclo, o carbono
associado em cadeias, por meio da fotossntese. As plantas servem de alimento aos animais, sendo
criada a sua massa a partir destas cadeias. Quando os vegetais ou a biomassa animal entram em
decomposio, o carbono libertado novamente como dixido de carbono.

Figura 2.15 - O ciclo do carbono na Terra


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions.de
Dados: Comisso de estudo alem do Bundestag

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No total, mais de 575 bilies de toneladas de carbono passam por uma constante transformao.
Quando se queima a biomassa, o dixido de carbono das cadeias de carbono libertado para a
atmosfera. No entanto, estas emisses de dixido de carbono no so consideradas no desequilbrio
do clima.

Esta considerao baseia-se nos perodos de equilbrio que esto envolvidos nas mudanas
climticas, ou seja, medida que uma rvore cresce, esta absorve dixido de carbono na sua
biomassa. Para criar um metro cbico de madeira, a rvore consome uma tonelada de dixido de
carbono da atmosfera. Desta, 250 kg so armazenados como carbono na madeira e 750 kg so
libertados como oxignio para a atmosfera.

Quando a rvore morre, inicia-se um processo gradual de decomposio na floresta, na qual os


microrganismos quebram as cadeias de carbono da rvore nas suas partes constituintes.
Dependendo do tipo de madeira e da sua localizao, este processo pode levar desde um a vrios
anos. No ciclo natural de decomposio, tambm denominado combusto fria, libertada a mesma
quantidade de energia que originalmente foi armazenada.

No total, o processo de decomposio liberta exactamente a mesma quantidade de dixido de


carbono. A vantagem da oxidao rpida por combusto a criao de calor til.

Figura 2.16 - Ciclo de CO2 da combusto e deteriorao


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions.de

Como se pode ver no diagrama, o ciclo do carbono fechado em ambos os casos (combusto e
decomposio).

A libertao de energia na combusto, acontece durante um perodo de vrias horas. Apresenta uma
elevada densidade de energia, que pode ser utilizada. A decomposio natural tem lugar durante um
perodo mais longo, nalguns casos durante vrios anos. A densidade de energia resultante no
utilizvel.

Contudo, para o perodo de equilbrio de acontecimentos climticos, esta diferena no tem qualquer
efeito. Por esta razo, a combusto de fontes de bioenergia considerada como neutra em CO2.

2.10 A biomassa como armazenamento de dixido de carbono

Os princpios de agricultura e florestao sustentvel, oferecem formas de reduzir o desenvolvimento


das alteraes climticas globais. A expanso contnua de florestas e o aumento de stocks,
representa um papel importante, uma vez que aumenta a capacidade de armazenamento de dixido
de carbono.

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.11


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A importncia da biomassa no equilbrio estvel do dixido de carbono, deve-se ao facto de ser uma
fonte renovvel. As florestas activas e os espaos verdes so armazns de dixido de carbono, que
podem servir de sumidouro.

Existem, essencialmente, trs mecanismos de armazenamento relevantes para o dixido de carbono


quando este se torna biomassa.

1. Crescimento

A Biomassa, porque cresce rapidamente, serve de armazenamento de carbono. Na Europa, a


quantidade de dixido de carbono armazenado est em constante crescimento. Nas florestas da
Europa, crescem todos os anos cerca de 793 milhes de metros cbicos de madeira. Contudo,
apenas cerca de 418 milhes de metros cbicos so retirados das florestas.

Figura 2.17 - Uma floresta em crescimento


Fotografia: coleco criativa / www.sesolutions.de

Consequentemente, a rea de floresta na Europa cresceu 9 milhes de hectares nos ltimos 10 anos.
Com o aumento das reservas de madeira, as florestas europeias retiram, cada ano, cerca de 140
milhes de toneladas de carbono do ar, reduzindo a quantidade de dixido de carbono e contribuindo
activamente para a proteco do clima. Portanto, com uma gesto activa da floresta, possvel obter
uma reduo permanente no dixido de carbono.

2. Fontes de energia eficientes

Os produtos, tais como a madeira e outros recursos renovveis como fibras e leos, que tm
biomassa, podem substituir na totalidade fibras e materiais produzidos com derivados do petrleo.

Em contraposio aos recursos fsseis, os recursos renovveis a partir de materiais orgnicos,


requerem muito menos energia para a sua extraco, processamento e venda. Como consequncia,
a sua produo e processamento significam menores emisses de dixido de carbono para a
atmosfera. Para alm disso, as emisses de outros poluentes mais baixa.

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.12


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Figura 2.18 - Materiais qumicos


Fotografia: Coleco criativa / www.sesolutions.de

No final do ciclo de vida, os materiais orgnicos podem na sua generalidade ser usados, sem
restries, para a produo de energia regenerativa, contrastando com a maioria dos produtos
qumicos de recursos fsseis.

Deste modo, com a utilizao da madeira possvel poupar outras fontes de energia, tais como o
carvo, o leo e o gs, e introduzir um segundo ciclo de vida para os produtos. A valorizao
energticas destes produtos fecha o ciclo do carbono natural.

3. Uso a longo prazo

Se a madeira for retirada da floresta, geralmente transformada em materiais de construo e de


mobilirio, ou noutros bens econmicos de longa durao.

Figura 2.19 - A madeira como produto de longa durao


Fotografia: coleco criativa /www.sesolutions.de

O carbono armazenado na madeira e noutros produtos de fibra biolgica retido durante todo o
tempo de vida do produto. Por exemplo, uma tonelada de madeira usada para construo ou
produo de mobilirio contm 500 kg de carbono, que por sua vez armazena 1,8 toneladas de
dixido de carbono.

2.11 Tipos de biomassa

A biomassa a massa total de substncias orgnicas que ocorrem num habitat. As formas de
biomassa no planeta so diversas. Para alm disso existem diferenas nas utilizaes primrias de

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biomassa. Alm da indstria alimentar, a biomassa pode ser usada noutras indstrias, tais como, de
manufacturao ou construo.

Figura 2.20 Variedade de biomassa


Fotografia: coleco criativa / www.sesolutions.de

Quando o uso original termina, pode ser efectuado um uso energtico secundrio da biomassa. Por
exemplo, os resduos orgnicos que so uma mistura de material desperdiado, pode ser usado
como fonte de produo de energia regenerativa.

Figura 2.21 - Resduos orgnicos municipais


Fotografia: coleco criativa/www.sesolutions.de

A energia contida nos resduos orgnicos geralmente usada atravs da gerao de biogs. Nos
aterros, existe uma converso dos resduos orgnicos em metano. Nalguns casos, contudo, pode ser
vantajosa a fermentao directa destes resduos em sistemas de tratamento anaerbio. Para
resduos com alto teor de madeira, existe a possibilidade de serem sujeitos a secagem e queima.

Uma rea de estudo de aplicaes da biomassa passa pela criao de colheitas para fins
energticos, que crescem para uso directo como combustvel. Esta questo ser discutida nas
seces seguintes, analisando os diversos tipos de fontes de biomassa.

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.14


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2.12 Fontes de biomassa

A biomassa pode ser dividida em quatro categorias, de acordo com a sua origem:

1. Culturas para fins energticos


As colheitas para fins energticos so cultivadas principalmente para a produo de energia. A sua
funo capturar a radiao solar para armazen-la na biomassa. Exemplos de colheitas de energia
so a colza, o girassol, o miscanthus sinensis e o milho.

2. Resduos agrcolas e florestais


Os resduos que so gerados na colheita de cereais e no corte de rvores, tal como a palha e os
resduos de madeira, so desperdcios naturais. Este grupo de sub-produtos especialmente
adequado para a reciclagem energtica, porque reduz os custos de produo dos produtos principais,
ou aumenta o rendimento da cadeia de cultivo.

3. Sub-produtos orgnicos
O processamento da biomassa para criao de produtos, forma um grupo adicional de sub-produtos.
Estes sub-produtos incluem os resduos orgnicos, os efluentes da agro-pecuria e os resduos do
processamento industrial da madeira e de fibras vegetais. Nestes casos, a reciclagem energtica
pode conduzir a um aumento da utilidade e assegurar que partes do processo de produo sejam
permanente e ambientalmente sustentveis.

4. Resduos orgnicos
Os resduos orgnicos incluem os resduos domsticos e as lamas dos efluentes domsticos e
industriais, como por exemplo, os resduos da produo alimentar. Estes resduos esto geralmente
sujeitos legislao respectiva. Consequentemente, deve ser cumprida uma gama completa de
requisitos legais, desde a origem at ao controlo epidmico.

A biomassa vegetal encontra-se, geralmente num estado slido agregado. Tem ainda uma forma
geomtrica e um teor de gua que, na maior parte dos casos e por razes tcnicas, define o uso
energtico directo.

O seguinte diagrama apresenta os mtodos mais comuns de processamento das quatro classes de
biomassa:

Figura 2.22 Mtodos de processamento de biomassa


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions.de

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As fontes de biomassa utilizadas como combustveis, so classificadas de acordo com o estado de


agregao em que se encontram: slido, lquido ou gasoso.

Figura 2.23 Estados de agregao


Fotografia: coleco criativa / www.sesolutions.de

O estado de agregao existente determina as possibilidades de utilizao das fontes de biomassa e


o tipo de infraestrutura de converso energtica necessria. Os permutadores de calor ou os
sistemas de combusto combinados de calor e energia so capazes de usar combustveis slidos,
enquanto que os motores de combusto e as pilhas de combustvel, so incapazes.

A forma e o estado de agregao, dos produtos de biomassa processados, so determinados pelas


tecnologias e sistemas de converso disponveis. Para cada tipo de utilizao existe um mtodo de
operao optimizado para as caractersticas da biomassa e nveis de desempenho especficos. Para
se obter uma operao eficiente, estes nveis e caractersticas devem manter-se dentro de limites
rgidos.

2.13 Utilizao das fontes de biomassa

Em termos de formas de energia existem trs fundamentais: energia calorfica, energia mecnica e
energia elctrica.

Figura 2.24 Trs formas fundamentais de energia


Fotografia: coleco criativa / www.sesolutions.de

O uso das fontes de biomassa pode cobrir estes trs tipos de energia. Existe um grande nmero de
possibilidades de gerao das formas de energia desejadas, a partir das fontes de biomassa, em
diferentes estados de agregao.

Energia Calorfica

Normalmente o calor produzido em sistemas de combusto. Numa pequena escala, estes sistemas
podem aquecer uma habitao, enquanto que em larga escala, numa central, o calor disponvel por
meio de redes de calor pode fornecer quarteires de uma cidade.

Para sistemas de combusto estacionrios, cuja nica funo seja a produo de calor, predominam
os combustveis slidos, no que diz respeito biomassa. A madeira, como resduo ou matria-prima,

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pode ser usada para gerao de calor, com baixos custos de processamento, de triturao ou
secagem.

Figura 2.25 - Queimador moderno de madeira 2 x 3,2 MW


Fotografia: Schmid AG / www.holzfeuerung.ch

Energia mecnica

A energia mecnica produzida por meio de geradores de calor e energia, como as mquinas a
vapor. Nestas, o combustvel lquido ou gasoso inflamado nos cilindros de um motor de combusto.
A expanso da mistura combustvel/ar, causada pela combusto ento convertida em energia. O
calor produzido por este processo tem de ser dissipado para o ambiente, atravs de um sistema de
arrefecimento.

A utilizao de biodiesel na Europa, por exemplo, como uma mistura de etanol em Frana, e o uso de
etanol puro no Brasil, so exemplos de uso de fontes de biomassa com sucesso, no sector dos
transportes.

Figura 2.26 Exemplo de Veculos a Biodiesel


Fotografia: UfoP / www.ufop.de

Os leos vegetais do sarmento ou sementes de girassol e o lcool produzido da biomassa, possvel


cobrir as necessidades de mobilidade da sociedade. Os combustveis de biomassa so uma
alternativa tcnica, equivalente s fontes de energia fssil.

Energia Elctrica

Os sistemas que produzem energia mecnica, em motores de combusto ou em turbinas de


combusto directa e indirecta, so acoplados a geradores elctricos. Estes convertem a energia
mecnica em energia elctrica.

A utilizao de energia mecnica para produo de energia elctrica gera aproximadamente dois
teros de calor, para um tero de electricidade, o que demostra o aumento da eficincia econmica
da cogerao (produo simultnea de calor e electricidade) em aplicaes estacionrias.

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Figura 2.27 - Utilizao de biogs produzido em aterro


Fotografia: Dobelmann / www.sesolutions.de

O biogs, proveniente dos aterros, da reciclagem de resduos agrcolas ou de outros resduos


orgnicos pode ser utilizado, em centrais estacionrias para produo de energia.

2.14 Tipos de fontes de bioenergia

A bioenergia est disponvel no mercado, em todos os tipos de formas. Este manual apresenta os
produtos mais importantes, para os trs estados de agregao (slido, lquido, gasoso), nas suas
formas comerciais usuais.

2.14.1 Fontes de biomassa slida

A maior fonte de biomassa slida provm de produtos a partir da madeira. Estes so obtidos quando
retirada a lenha das florestas e quando os desperdcios so utilizados no processamento industrial
de produtos de madeira. Em muitos locais, outros sub-produtos, nomeadamente a palha so usados
para produzir energia, a partir da biomassa.

No desbaste das florestas, alm dos troncos das rvores, que so usados para as indstrias de
mobilirio e construo, so tambm recolhidos resduos de madeira de qualidade inferior. Por cada
hectare de floresta, podem ser obtidas, a partir destes resduos 0,4 - 0,8 toneladas de lenha seca.
Para alm disso, outras quantidades de resduos de madeira, recolhidas durante aces de
manuteno da floresta, permitem um rendimento combustvel anual de cerca de 1,5 toneladas por
hectare, para uma rea florestal de uso permanente.

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Figura 2.28 - Colheita de madeira mecanizada


Fotografia: Zeppelin AG / www.zeppelin.de

Nas exploraes florestais, as rvores so derrubadas com o auxlio de mquinas, que utilizam um
brao com uma serra elctrica montada. Adicionalmente, estas mquinas podem remover
automaticamente os ramos do tronco, retirar a casca escura da madeira e cortar o tronco em partes.
Este mtodo significa que, parte do valor acrescentado do processamento da madeira efectuado
antes da madeira sair da floresta.

Quando os troncos redondos so transformados em pranchas e vigas, so produzidas grandes


quantidades de resduos. Contudo, a maior parte destes utilizada na indstria da madeira para
outros materiais. Estilhas de madeira que no tm casca, por exemplo, uma matria prima para o
processamento de carto de elevada qualidade.

Figura 2.29 - Madeira industrial e seus subprodutos


Fotografia: Dobelmann / www.sesolutions.de

Contudo, outra parte destes resduos continua a ter fragmentos de impurezas e , portanto,
inadequada para a utilizao como matria prima. Estes pedaos de casca so ideais para
reciclagem energtica. Devido ao elevado teor de cinzas, estes resduos so principalmente utilizados
em centrais de fornecimento de calor de grandes dimenses e em centrais de cogerao, como
substrato de co-aquecimento.

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Figura 2.30 - Casca - subproduto do processamento da madeira


Fotografia: Dobelmann / www.sesolutions.de

Outros resduos significantes, provenientes da agricultura, incluem a palha e o feno. Os resduos de


ps-colheita esto usualmente disponveis a nvel local e em grandes quantidades.

Figura 2.31 - Colheita mecanizada de palha com fardo prensado


Fotografia: Claas AG / www.claas.de

Um hectare de palha tem um teor de energia de 73 gigajoules. Este valor aproximadamente


equivalente a 2.000 litros de leo de aquecimento. Contudo, a palha e outros produtos deste tipo
possuem caractersticas de combusto diferentes dos combustveis lenhosos. Consequentemente, o
ponto de fuso das cinzas e o comportamento de emisses da biomassa obriga a uma abordagem
tcnica diferente.

Figura 2.32 - Palha como produto residual natural


Fotografia:coleco criativa/ www.sesolutions.de

At data, tem sido apenas possvel conseguir uma reciclagem energtica, a grande escala, de
palha em centrais de cogerao.

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Para alm dos materiais referidos, os produtos no final do seu ciclo de vida, so ideais para a
reciclagem energtica. O processamento e a combusto de madeira velha um exemplo.

Figura 2.33 - Processamento industrial de desperdcio de madeira


Fotografia: Dobelmann / www.sesolutions.de

Devido sua utilizao prvia, esta biomassa pode estar contaminada com substncias txicas, tais
como qumicos, tintas ou algo similar. Por esta razo, muitos pases definem restries reciclagem
energtica da madeira velha. Queimar a madeira em pequenos sistemas de combusto permitido,
se o processamento da madeira for puramente mecnico e se a madeira contiver somente
contaminantes pouco perigosos.

Figura 2.34 - Madeira preparada mecnicamente


Fotografia: Dobelmann / www.sesolutions.de

Para alm da possvel utilizao de madeira velha, a madeira recolhida durante as actividades de
gesto do territrio, nomeadamente em trabalhos de manuteno nas estradas e auto estradas e dos
trabalhos em parques florestais, deve ser tida em conta. Estes resduos de madeira so geralmente
uma mistura de madeira, folhas e troncos.

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Figura 2.35 - Resduos de actividades de gesto do territrio


Fotografia: Dobelmann / www.sesolutions.de

A utilizao energtica serve tambm como um meio para a eliminao destes resduos. O teor
energtico destas misturas relativamente baixo, devido ao grande nmero de impurezas,
nomeadamente por causa das quantidades de solo que geralmente existem na mistura, que gera um
teor elevado de cinzas. As outras impurezas existentes, tais como embalagens de plstico, sacos e
outros resduos conduzem a nveis elevados de substncias txicas libertadas para a atmosfera.

2.14.2 Fontes de biocombustveis lquidos

A mobilidade fundamental para a sociedade moderna industrializada. Aparte algumas excepes, o


transporte de pessoas e bens efectuado com utilizao de combustveis lquidos. Existem j
disponveis vrias fontes de biocombustveis lquidos, tecnicamente equivalentes aos combustveis
fsseis, que podem realizar as tarefas de mobilidade, nomeadamente o etanol da fermentao
alcolica e o metanol da biomassa da celulose de lenhina. De longe, as colheitas para fins
energticos mais comuns so a colza e o girassol, cujo leo usado quer na sua forma natural, quer
como biodiesel.

Figura 2.36 - Colheitas de girassol


Fotografia:UfoP/www.ufop.de

Uma vez que as emisses de CO2 dos biocombustveis lquidos no so contabilizadas para o
aumento do efeito de estufa, estes combustveis apresentam um menor potencial de poluio,
relativamente aos combustveis fsseis. Contudo, no que respeita eficincia estes biocombustveis
apresentam nveis menores, nomeadamente em competies automobilsticas.

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Figura 2.37 - Biodiesel em desportos motorizados


Fotografia:UfoP/www.ufop.de

2.14.3 Fontes de biocombustveis gasosos

Os biocombustveis gasosos so o resultado da converso da biomassa natural. Por um lado, por


processos microbiolgicos, tal como a fermentao anaerbia do metano e, por outro lado, atravs da
converso termoqumica da biomassa slida em processos de gaseificao.

O biogs criado pela fermentao da biomassa animal e vegetal, sem a aco do oxignio. Neste
caso, uma simbiose de grupos de bactrias realiza a decomposio qumica dos compostos de
carbono, em produtos finais gasosos metano (CH4) e dixido de carbono (CO2). Na prtica, esta
situao acontece, por exemplo, em aterros.

Figura 2.38 Recolha de gs de um aterro


Fotografia: Dobelmann / www.sesolutions.de

A converso termoqumica da biomassa slida em gases combustveis tem lugar durante a


gaseificao ou durante a combusto lenta, com dfice de oxignio. Das cadeias de carbono na
biomassa criam-se os gases combustveis, monxido de carbono (CO), hidrognio (H2) e, em
pequenas quantidades, o metano (CH4).

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.23


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Figura 2.39 - Converso termoqumica da madeira em gs


Fotografia: Dobelmann / www.sesolutions.de

2.15 Caractersticas da qualidade das fontes de biomassa

2.15.1 Fontes de biomassa slida

Existem vrias maneiras de classificar as fontes de bioenergia slidas. A caracterstica de qualidade


mais importante, para qualquer fonte de energia, o seu poder calorfico. No caso da biomassa, esta
caracterstica directamente influenciada pelo contedo de gua.

O poder calorfico mais baixo PCMB pode ser calculado usando a seguinte frmula matemtica:

PC sec o u (100  % H 2O )  2,44 u % H 2O


PCMB
100
Onde PCseco o poder calorfico da madeira sem gua e %H2O o teor de gua na madeira no estado
em que encontrada.

Figura 2.40 - Teor de gua e poder calorfico da biomassa


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions.de

A biomassa um produto natural. Como tal, o teor natural de gua varia consideravelmente, mesmo
que no sofra influncias externas. Na prtica, a forma mais rpida de calcular esse teor com base
em valores recolhidos ao longo de vrios anos.

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O teor de gua tpico para a biomassa lenhosa fresca entre 40 e 60 %. As plantas verdes podem ter
um teor de gua mais elevado, at 80 %. A biomassa com secagem ao ar livre, atinge um teor de
gua que, dependendo da estao do ano e da humidade ambiental, varia entre 12 e 18 %.

Os produtos de biomassa com secagem artificial, tais como briquetes, tm um teor de gua mximo
de 10 %. Contudo, um armazenamento imprprio pode conduzir a uma absoro de gua por estes.
De referir que um teor de gua acima de 10 % torna as briquetes inutilizveis.

Devido influncia do peso, as fontes de biomassa so tratadas em medidas de volume.


Consequentemente, o mtodo de armazenamento e a forma geomtrica so muito importantes para a
determinao do poder calorfico, com base no volume da biomassa slida.

Para a madeira existem trs medidas cbicas principais:

Figura 2.41 - Unidades de medida no comrcio de madeira


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions.de

Devido s diversas densidades de armazenamento da madeira, estas unidades de medida resultam


em pesos e volumes diferentes. A tabela seguinte permite uma converso das unidades:

Tabela 2.1 - Valores guia de converso de volumes de madeira


Dados : Basisdaten Bioenergie
Mcs Mce m
Mcs 1 1,43 2,43
Mce 0,70 1 1,70
m 0,41 0,59 1

A unidade de clculo metro cbico slido (Mcs) usada apenas para madeira slida, enquanto que
metros cbicos empilhados (Mce) so usados principalmente para madeira acumulvel em pores a
metro ou toros. A medida metro cbico (m3) livre, ilustrada na figura 2.41, para estilhas de madeira,
utilizada para os seguintes produtos de madeira: briquetes, serradura e estilhas, bem como cereais e
outras massas considerveis.

A tabela seguinte mostra valores tpicos para fontes de biomassa de madeira slida.

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Tabela 2.2 - Dados caractersticos dos combustveis slidos feitos a partir da madeira
Dados: Basisdaten Bioenergie

Produtos de madeira Massa Teor Poder Teor Aquecimento Teor de


de calorfico energtico a leo cinza
gua equivalente
Peso medido 1t (madeira slida) [kg] [%] [MJ] [kWh] [litros] [kg]
Madeira rija (faia) Secagem por ar 1000 18 14,6 4069 407 4,1
Secagem natural 1000 35 11,1 3085 308 3,3
Verde 1000 50 7,9 2212 219 2,5
Madeira macia Secagem por ar 1000 18 14,9 4137 414 4,9
(abeto) Secagem natural 1000 35 11,3 3139 314 3,9
Verde 1000 50 8,1 2315 225 3,0
Peso medido 1t (produtos da madeira)
Pelletes Estufa 1000 10 17,0 4725 471 5,3
Serradura Estufa 1000 10 17,0 4536 453 5,4
Estilhas Estufa 1000 10 17,0 4425 442 5,8
3
Medida 1m solto (estilhas de madeira)
Madeira rija (faia) Secagem por ar 283 18 14,6 1161 115 1,2
Secagem natural 375 35 11,1 1050 108 1,2
Verde 464 50 7,9 1028 103 1,2
Madeira macia Secagem por ar 202 18 14,9 838 84 1,0
(abeto) Secagem natural 265 35 11,3 792 81 1,0
Verde 332 50 8,1 750 75 1,0
Medidas 1m3solto (produtos da madeira)
Pelletes Estufa 600 10 17,0 2835 283 3,2
Serradura Estufa 202 10 17,0 823 82 1,1
Estilhas Estufa 120 10 17,0 580 58 0,9
Medida cbica empilhada 1m3 (toros separados)
Madeira rija (faia) Secagem por ar 482 18 14,6 1961 196 2,0
Secagem natural 608 35 11,1 1875 188 2,0
Verde 669 50 7,9 1796 181 1,9
Madeira macia Secagem por ar 345 18 14,9 1429 143 1,7
(abeto) Secagem natural 436 35 11,3 1368 137 1,7
Verde 517 50 8,1 1305 131 1,6

No estado seco, que apenas pode ser atingido com secagem artificial, a madeira tem um poder
calorfico de 18,5 MJ por quilograma.

As cinzas, que ocorrem quando a madeira queimada, tm um elevado teor de nutrientes, tais como
clcio, magnsio, potssio e fsforo. Os resduos de cinzas com densidade acima de 900 kg/m3, tm
um teor baixo em metais. Consequentemente, estas so usualmente permitidas, para aplicao como
fertilizante.

Contudo, durante a combusto de resduos de madeira em sistemas com capacidades de combusto


de mais de 150 kW, podem ocorrer grandes quantidades de cinzas finas (densidade menor que 400
kg/m3). Estas podem conter concentraes to elevadas de metais pesados que, por razes
ambientais, o seu uso como fertilizantes no se justifica.

As fontes de biomassa slida da ramagem tm os seguintes valores caractersticos.

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Tabela 2.3 - Dados caractersticos de combustveis feitos de biomassa de ramagem


Dados: Basisdaten Bioenergie

Produtos de ramagem Massa Teor Poder Teor Aquecimento Teor


de calorfico energtico a leo de
gua equivalente cinza
Peso medido 1t [kg] [%] [MJ] [kWh] [litros] [kg]
Palha de trigo Secagem natural 1000 15 14,4 4032 403 57,0
Palha de cevada Secagem natural 1000 15 14,7 4116 412 48,0
Palha de centeio Secagem natural 1000 15 14,7 4116 412 48,0
Palha de nabo Secagem natural 1000 15 14,3 4004 400 62,0
Palha de milho Secagem natural 1000 15 14,8 4144 414 67,0
Feno de prado Secagem natural 1000 15 14,3 4004 400 71,0
Palha de linho Secagem natural 1000 15 14,2 3976 398 27,0
Miscanthus Secagem natural 1000 15 14,9 4172 417 39,0
Gro de trigo Secagem natural 1000 15 14,2 3976 398 39,0
3
Medida cbica empilhada 1m (Armazenagem em fardos)
Palha de trigo Secagem natural 135 15 14,4 544 54 7,7
Palha de cevada Secagem natural 133 15 14,3 533 53 7,6
Palha de centeio Secagem natural 140 15 14,9 584 58 8,0
Palha de nabo Secagem natural 133 15 14,3 533 53 7,6
Palha de milho Secagem natural 139 15 14,8 576 58 7,9
Feno de prado Secagem natural 133 15 14,3 533 53 7,6
Palha de linho Secagem natural 131 15 14,2 521 52 7,5
Miscanthus Secagem natural 140 15 14,9 584 58 8,0
Medida cbica empilhada 1m3
Gro de trigo Secagem natural 760 15 14,2 3022 302 43,3

Com a biomassa da ramagem, o teor de cinzas e o seu comportamento de fuso, sob a influncia da
temperatura, tm um papel importante. Em contraste com a madeira, as cinzas deste tipo de
biomassa comeam a fundir-se para temperatura entre os 710 a 930C. Durante a combusto estas
temperaturas so rapidamente atingidas.

Desta forma, os sistemas de combusto para este tipo de biomassa so projectados para prevenir a
ocorrncia de escrias ou aglomerados de cinza, dentro das grelhas ou paredes do forno,
nomeadamente atravs de um sistema de arrefecimento a gua.

A ramagem tm um teor mdio de cloro de 0,5%, e por causa desse teor elevado e da existncia de
potssio na biomassa proveniente da palha, estas tm um potencial corrosivo elevado. O cloro, como
os outros componentes naturais, enxofre e azoto, est presente em quantidades que constituem um
factor de emisso relevante. Assim, necessrio enquadrar na legislao vigente, as actividades de
operao, em instalaes de queima de produtos de palha. Isto aplica-se tanto para as emisses
gasosas, como subsequente utilizao dos resduos de cinza, que apresentam uma densidade de
150 quilogramas por metro cbico.

2.15.2 Fontes de biocombustveis lquidos

Das fontes de biocombustveis lquidos, tm correntemente aplicaes comerciais no mercado: o leo


vegetal, o biodiesel e o etanol.

2.15.2.1 leo vegetal natural

O uso de leo vegetal natural em motores de combusto to recente que o comit de normalizao
europeu ainda no tomou qualquer deciso final, sobre a sua utilizao. At que surja uma norma
definitiva para o uso de leo vegetal em motores, utilizada uma norma de qualidade criada por
diversos institutos de pesquisa.

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Tabela 2.4 - Dados caractersticos para leos vegetais


Dados: lmhle Leer / www.biodiesel.de

Padro de qualidade alemo RK


Densidade a 15C g/ml 900-930
Ponto de inflamao C 220
Teor mx. de gua ppm 750
Viscosidade cinemtica max. mm/s 35
Valor de acidez mg KOH/g 2
Resduo de carbono max. % 0,4
Estabilidade de oxidao min. h a 110 C 5
Teor de fsforo max. ppm 15
Teor de cinza % 0,01
Teor de impurezas mg/kg 25

Alguns leos vegetais aplicados em motores de combusto esto conforma esta norma de qualidade,
mostrando portanto a existncia de aplicaes com sucesso, como combustvel em motores diesel
adaptados.

2.15.2.2 Biodiesel

As caractersticas de qualidade mais importantes para o cido gordo ster metillico (biodiesel) so
regulamentadas, para a Europa, na pr-norma pr EN 14 214:

Tabela 2.5 - Dados caractersticos para biodiesel


Dados: lmhle Leer / www.biodiesel.de

Diesel-K FAME
pr EN 14 214
Densidade a 15C g/ml 875-890
Ponto de inflamao C 100
Teor mx. de gua ppm 300
Viscosidade cinemtica max. mm/s 3,5-5,0
Valor de acidez mg KOH/g 0,5
Glicerina total % 0,25
Livre de Glicerina h at 110 C 0,02
Teor de fsforo max. ppm 10
Teor de metanol % 0,3
Etapas de temperatura mg/kg -20, -10, 0

Apenas os combustveis que vo de encontro a este critrio so aprovados para utilizao em


veculos.

2.15.2.3 Etanol

O etanol usado em pequena escala, como combustvel puro, para motores movidos a gasolina.
em contraposio, muito utilizado como componente de mistura nos combustveis fsseis. possvel
misturar etanol at 10% em volume com combustveis para motores a gasolina, sem haver
necessidade de converter os motores.

O etanol proveniente da biomassa, de acordo com os requisitos de qualidade apresentados na tabela


2.6, adequado para misturas com combustveis fsseis:

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Tabela 2.6 - Dados caractersticos para o Etanol


Dados: Williams / www.williamsenergypartners.com
Etanol
Pureza do etanol % 98
Outros alcois % < 0,5
Teor mx. de gua % 0,82
Teor mx. de impurezas mg/l 50
Teor de cloro mg/l 32
Teor de cobre mg/l 0,08
Valor min. de pH - 6,5
Valor max. de pH - 9
Teor max. de acetato ppm 7
Partculas de impurezas visveis - Nenhumas

Na produo desta mistura de combustvel, e porque o etanol solvel em gua, deve assegurar-se
que no existe contaminao com gua, nomeadamente no enchimento ou no armazenamento.
Assim, a produo e o enchimento desta mistura de combustvel s tem lugar, geralmente, em
grandes estaes e centros de distribuio dos fabricantes de combustvel.

2.15.3 Fontes de biocombustveis gasosos

As fontes gasosas de biomassa so obtidas a partir da converso de biomassa slida ou resduos de


suinicultura, tais como estrume. A fermentao anaerbia de metano e a produo termoqumica de
gases de sntese so dois mtodos diferentes de transformao da biomassa, em fontes gasosas de
bioenergia.

2.15.3.1 Biogs

A principal caracterstica de qualidade do biogs o respectivo teor em metano. O metano tem um


poder calorfico de 39,8 Megajoules por metro cbico e, como componente combustvel
predominante, determina o teor de energia do biogs. Este teor varia com as caractersticas
mssicas, para os teores dos substratos fermentados de hidrocarbonetos, gorduras e protenas. Em
mdia o biogs tem um volume de metano de cerca de 50 a 75 %, complementado por 50 a 25 % em
volume de dixido de carbono.

Figura 2.42 Exemplo de instalao de produo de biogs com co-fermentao


Fotografia: Loick Bioenergie / www.enr.de

Adicionalmente, o biogs contm pequenas quantidades de outros gases, tais como o cido sulfdrico
(H2S), oxignio (O2) e hidrognio (H2). Enquanto que o oxignio e o hidrognio no representam
problemas para a subsequente utilizao energtica, o cido sulfdrico um gs prejudicial. Alm

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deste ser txico, tambm corrosivo. Com teores de H2S acima de 50 ppm, recomendada a
dessulfurizao do biogs, de modo que a subsequente utilizao no aumente os custos de
manuteno, devida a danos de corroso.

2.15.3.2 Gases de sntese

Os gases de sntese so produzidos durante a gaseificao e a combusto lenta da biomassa, em


condies de dfice ou excluso de oxignio. Os componentes combustveis destes gases consistem
em hidrognio (H2), monxido de carbono (CO) e metano (CH4). Os componentes inertes nestes
gases so o dixido de carbono (CO2) e o nitrognio (N2).

A composio do gs depende do oxidante escolhido, para iniciar o processo de sntese. Se se


utilizar ar atmosfrico, a composio do gs tem azoto (cerca de 50%) e produzido um gs magro
(aproximadamente 5 MJ/m3), enquanto que a utilizao de oxignio puro como oxidante leva a um
gs de sntese com um elevado teor de hidrognio e monxido de carbono e, consequentemente, um
poder calorfico de mais de 10 MJ/m3.

Tal como a composio qumica do gs, as cargas de poeiras e os teores de alcatro so importantes
na determinao dos usos subsequentes para os gases de sntese. Para utilizao em motores,
ambos os parmetros poeiras e alcatro devem estar abaixo de 100 mg/m3, de outro modo a
operao do motor a longo prazo deixa de ser possvel.

2.16 Produtos de biomassa slida

Existe um grande nmero de produtos de biomassa slida no mercado, que podem ser usados em
combusto ou sistemas de gaseificao. As maiores fontes destes produtos de energia so florestais,
e agrcolas, bem como o sector de matrias primas secundrias.

As principais fontes e produtos finais de produtos de biomassa slida de madeira, que esto
disponveis no mercado, so mostrados na figura seguinte.

Figura 2.43 - Produtos bioenergticos a partir da madeira


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions.de

As caldeiras modernas e os sistemas de combusto so optimizados, nas suas zonas de combusto,


para as geometrias existentes de biomassa. As caldeiras a madeira, alimentadas manualmente,
comportam somente certos comprimentos de toros e o material muito fino no queima da melhor
maneira. Os queimadores de estilhas ou pelletes, alimentados automaticamente, operam apenas com
geometrias de combustvel e teores de gua especficos.

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.30


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Contudo, para alm da geometria, a composio qumica dos combustveis tem um papel importante
na combusto limpa. O gro de trigo e as briquetes de madeira, tm uma densidade quase idntica
(gro de trigo 750 kg/m3 e briquetes de madeira 650 kg/m3) e geometria similar, mas, o
comportamento de fuso das cinzas destes produtos (gro de trigo aproximadamente 800C e
briquetes de madeira mais de 1,500C) significa que o gro de trigo s pode ser usado em
queimadores especiais, com grelhas de arrefecimento a gua.

As seguintes seces apresentam as fontes de biomassa mais importantes, disponveis no mercado.

2.16.1 Pelletes de madeira

As pelletes so formas mecanicamente estveis de p de madeira. Esta transformao (alta


densidade de produto) permite um aumento da eficincia de muitos processos, tais como, um
aumento do fluxo favorvel e melhoria de propriedades de combusto. Os produtos peletizados
podem ser transportados, usando sistemas existentes, tais como transportadores em parafuso ou
equipamento de suco.

Uma das vantagens de se utilizarem pelletes de madeira est no seu tamanho normalizado,
permitindo que os produtores de caldeiras a madeira, mesmo para gamas de sada baixas at 50 kW,
fabriquem sistemas de aquecimento completamente automticos. Os pelletes de madeira tm uma
elevada densidade energtica permitindo que os sistemas de aquecimento obtenham autonomias
equivalentes a sistemas com leo de fontes de energia fssil.

Os pelletes de madeira para aquecimento consistem em serradura ou estilhas de madeira no


contaminadas. Durante a produo, 6 a 8 metros cbicos de estilhas de madeira ou serradura so
comprimidas a altas presses, num metro cbico de pelletes de madeira.

Figura 2.44 - Estilhas de madeira de uma plaina


Fotografia: creativ collection / www.sesolutions.de

Antes da produo de pelletes de madeira, os materiais so secos. O processo de produo resulta,


geralmente, em pelletes com um comprimento entre 5 e 43 mm. A compactao acima dos 1000 bar
permite que estes se mantenham estveis, durante o transporte e enchimento, at sua queima.

Como resultado da secagem e compactao, as pelletes tm um teor de gua mximo de 8%. Para
alm disso apresentam uma densidade de mais de 650 kg por metro cbico. Assim as pelletes de
madeira apresentam um poder calorfico constante entre 4,9 e 5,4 kWh por quilograma. Regra geral,
2 kg de pelletes de madeira substituem cerca de 1 litro de leo de aquecimento.

Na produo de pelletes de madeira, tambm so usadas colas naturais, como o amido do milho.
Estas colas so adicionadas para facilitar o processo de prensagem, e para melhorar o equilbrio

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energtico e a resistncia abrasiva do produto. O limite mximo para as colas de 2%, que esto
estabelecidos de modo a minimizar o teor de cinzas, dado que a matriz de cinzas est optimizada
para o sistema de combusto.

Figura 2.45 - Pelletes de madeira


Fotografia: Dobelmann / www.sesolutions.de

Mesmo se a produo de pelletes de madeira, com os seus processos de prensagem e secagem, for
pouco eficiente do ponto de vista energtico, este corresponde a menos de 2% do teor de energia do
produto final. Por esta razo, os pelletes de madeira so significativamente melhores do que as
fontes de energia fssil, para as quais 10-12% da sua energia necessria, para tratamento e
purificao.

Figura 2.46 - Produo industrial de pelletes de madeira


Fotografia: Umdasch AG / www.umdasch.com

2.16.2 Estilhas de madeira

Para aquecimento automatizado com madeira, em sistemas com limites de sada elevados,
superiores a 50 kW, so usadas estilhas de madeira. Estas so produzidas a partir dos resduos de
madeira colhida e do processamento de madeira, atravs de cortadores mecnicos.

Para a produo de estilhas de madeira, existem disponveis trs aparelhos diferentes de corte
mecnico (cortador, cortador cilndrico e cortador de parafuso).

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Figura 2.47 - Cortador cilndrico para 100m3 de estilhas de madeira por hora
Fotografia: Dobelmann / www.sesolutions.de

Os requisitos energticos especficos para o processo de corte variam entre 2 e 5 kWh por tonelada
de produto cortado, ou seja, menos do que 0,5% da energia contida na madeira. Este requisito
depende fortemente do teor de gua na madeira. A madeira rija e seca ao ar necessita de cerca
de18% mais energia no processo de corte, do que a madeira fresca e hmida da floresta.

As estilhas de madeira tm geralmente um comprimento entre 1 e 10 centmetros. Tm at 4 cm de


largura e esto divididas em trs categorias comerciais: corte fino <3 cm, corte mdio <5 cm e corte
grosso <10 cm. A grande uniformidade do tamanho nas estilhas de madeira e um teor baixo em gua
so os requisitos essenciais para uma utilizao eficaz, em sistemas de aquecimento automatizados.

Nas estilhas no devem existir impurezas, tais como, pedras, objectos de metal ou outros materiais
estranhos. Para alm disso, as estilhas de madeira no devem estar muito hmidas, para que se
possa obter uma combusto limpa. A madeira fresca da floresta tem um teor de gua de 50%, sendo
este nvel suficiente, para causar problemas tcnicos na combusto.

Se o teor em gua das estilhas estiver abaixo dos 40%, so classificadas como hmidas e requerem
uma secagem posterior. Se for utilizado um mtodo de secagem ao ar livre, consegue-se atingir um
teor em gua de cerca 20% depois de vrias semanas de secagem.

Estilhas de madeira com elevada qualidade, para uso em sistemas de combusto automatizados, no
contm ou contm uma quantidade mnima de casca de rvores. Isto torna possvel assegurar que
exista uma combusto ptima, com um teor mnimo de cinzas, menor que 0,5%.

Os sistemas de combusto automatizados conseguem garantir uma operao correcta se as estilhas


de madeira tiverem os mesmos comprimentos e no houver sobredimensionamento no comprimento
do material cortado. Por outro lado, os bloqueios e a formao de aglomerados no armazenamento
podem causar paragens no sistema de combusto.

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.33


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 2.48 - Estilhas de madeira de alta qualidade


Fotografia: Dobelmann / www.sesolutions.de

Tal como os briquetes de madeira, as estilhas de madeira, tm de ser derivadas de madeira pura. As
impurezas na forma de plsticos ou tintas, que no se conseguem remover da madeira velha,
conduzem ao aumento de emisso de poluentes e do teor de cinzas. Por esta razo, o seu uso em
caldeiras sem purificao do gs de exausto geralmente proibido.

A madeira processada em estilhas de madeira pode ser usada em todos os sistemas de combusto
disponveis. A gama total de sada num sistema de combusto totalmente automatizado, desde uma
sada trmica de 50 kW e at vrias dezenas de megawatts, pode ser coberta com este produto de
biomassa.

2.16.3 Toros

A produo de toros divididos para fins energticos, a forma tradicional de preparao da madeira.
Neste processo, a madeira serrada em peas at 1 metro de comprimento. Esto estabelecidos
outros trs medidas de comprimento de toros: 25 cm, 33 cm e 50 cm. Todos os produtores de
caldeiras tm optimizadas as geometrias das cmaras de combusto para estes comprimentos.

Depois de ser cortada no comprimento desejado, a madeira dividida, para optimizar a rea de
superfcie para combusto e para facilitar a secagem da madeira. Quando a madeira separada
manualmente, o toro mantido em p e separado em quatro partes ao comprido. Este processo
tambm pode ser feito por uma mquina hidrulica de corte de madeira.

Figura 2.49 - Corte industrial de madeira


Fotografia: Biomassehof Allgu GmbH / www.holzbrennstoffe.de

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.34


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Para utilizar os toros em aquecedores importante que a madeira esteja seca. Um bom toro de
madeira tem um teor de gua menor que 20 %. Este valor atinge-se depois de dois anos de
armazenamento ao ar livre. Se este requisito for satisfeito, pode esperar-se um teor de cinzas
residual dos toros menor que 0,5%.

A produo de toros a forma energeticamente mais eficiente de preparao de madeira, como


produto de biomassa. Os separadores mecnicos de toros requerem menos de 0,1% do teor de
energia total. Por causa da sua falta de uniformidade, os toros no so adequados para a combusto
automatizada. O seu uso restringido a caldeiras de madeira, alimentadas manualmente.

2.16.4 Briquetes de madeira

Os briquetes de madeira so prensados do mesmo modo que as pelletes, a partir das estilhas de
madeira e serradura. Neste caso tambm se utiliza madeira sem casca. Durante o processo de
manufactura, a madeira tem de secar, at se obter um teor de gua inferior a 10%.

Tal como as pelletes, os briquetes de madeira so compactados no processo de manufactura,


comprimindo um metro cbico de madeira rija, em 450 kg de briquetes de madeira. Com um poder
calorfico de 18,5 megajoules por quilo, os briquetes de madeira atingem valores quase idnticos aos
briquetes de lenhina.

Figura 2.50 - Briquetes de madeira armazenados


Fotografia: Umdasch AG / www.umdasch.com

Uma elevada densidade de energia, boas propriedades de calor do material de madeira compactado
e os baixos resduos, com um mximo de 0,5% de teor de cinzas, tornam os briquetes de madeira um
combustvel ideal para sistemas de combusto pequenos, alimentados manualmente, tais como
fornos, queimadores de madeira e fornos cermicos. Porque no contm nenhuma resina de rvore,
no so propensos a emitir fascas. Por esta razo, os briquetes de madeira tambm so muito
adequados para o uso em lareiras abertas.

2.16.5 Fardos de palha

A palha e outros produtos de ramagem so tratados em fardos compactados e em rolos. Os fardos


rectangulares tm comprimentos de 80 cm a 250 cm, larguras de 30 cm a 120 cm e alturas de 30 a
130 cm. A compactao, durante a produo destes fardos, atinge densidades de armazenamento de
130 a 160 kg/m3.

Os fardos redondos, dependendo da maquinaria disponvel, podem ser produzidos com dimetros de
60 cm a 180 cm. Estes fardos tm um comprimento entre 120 cm e 150 cm e atingem densidades de
armazenamento at 120 kg/m3.

2.17 Produtos biocombustveis lquidos

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BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Na Europa, o biodiesel o nico biocombustvel lquido disponvel no mercado geral, nas estaes de
distribuio. Embora as grandes empresas de leo mineral por toda a Europa no ofeream biodiesel
nos seus postos de distribuio, em muitos pases existe uma rede de estaes de enchimento
independentes, que fornece o produto biodiesel.

Figura 2.51 - Percurso do biodiesel


Fotografia: UfoP / www.ufop.de

Na Europa e nos EUA, o etanol e outras fontes de biocombustveis lquidos so usados como
componentes de mistura e aditivos. Como resultado, o cliente no se apercebe geralmente do seu
uso.

A utilizao directa de etanol puro como combustvel, sistema implementado em larga escala no
Brasil, uma excepo.

2.18 Produtos biocombustveis gasosos

Os produtos biocombustveis gasosos so geralmente produzidos para aplicaes estacionrias.


Mesmo existindo exemplos de abastecimento de biogs em redes de gs natural, estes produtos
esto geralmente ligados a uma instalao, no estando facilmente disponveis no mercado. No
entanto j foi testado o uso de biogs em automveis ou mquinas agrcolas.

2.19 Possveis usos tcnicos

As fontes de biomassa so usadas em trs campos principais de aplicao:

1. Produo de calor puro;


2. Produo de electricidade, e combinada com calor;
3. Uso como combustvel para veculos.

As fontes de biomassa podem substituir totalmente as fontes de energia fssil, nos trs campos.

A principal rea de aplicao para as fontes slidas de biomassa a produo de calor. Este pode
ser produzido eficientemente em sistemas de combusto de tamanho pequeno (de 3 kW) e mdio
(cerca de 100 kW), e em grandes centrais trmicas (cerca de 10 MW). As fontes lquidas e gasosas
de biocombustveis so raramente usadas para produo de calor puro. A sua rea de aplicao
tende a ser mais na produo de electricidade ou no uso como combustvel para veculos.

Os processos usados para produzir electricidade a partir da biomassa tm feito, durante muitos anos,
parte da melhor tecnologia disponvel,. Estes vo desde mini-estaes de energia (com motores de
combusto), at grandes centrais de energia (com turbinas a vapor).

2.19.1 Produo de calor

O calor pode ser produzido usando todas as fontes de biomassa nos estados slido, lquido e gasoso.
Enquanto a quantidade de calor produzido depende apenas do poder calorfico do combustvel, as
condies bsicas necessrias para a combusto completa com baixas emisses, diferem para
diferentes estados de agregao.

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.36


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2.19.1.1 Combusto de fontes slidas de biomassa

Os combustveis slidos orgnicos no so auto-inflamveis, sob condies ambientais normais.


Para que uma fonte slida de biomassa queime, necessrio ter lugar uma cadeia complexa de
processos de converso termoqumica:

1. Aquecimento
2. Secagem
3. Decomposio piroltica
4. Gaseificao do combustvel sem gua
5. Gaseificao do carbono slido
6. Oxidao dos gases combustveis

Os requisitos tcnicos para uma converso total dos combustveis slidos, nesta cadeia de processo
so:

1. O ar oxidante deve ser fornecido em excesso;


2. O controlo do processo deve conduzir a uma mistura suficientemente boa dos gases combustveis
e do ar de combusto fornecido;
3. A mistura combustvel/ar produzida no processo necessita de um tempo de actuao na rea de
reaco;
4. Todo o processo necessita de uma temperatura de combusto suficientemente elevada.

As caldeiras modernas de combustvel slido so projectadas de modo a criarem estas condies


tcnicas adequadas. Essencialmente, isto possvel com a separao espacial do fornecimento de ar
e da chama (entrada de ar primria) e do fornecimento de ar zona de combusto do gs (entrada
de ar secundria). Assim, garante-se uma combusto uniforme dos combustveis, e um baixo nvel de
emisses.

De seguida so explicadas em detalhe as fases individuais na combusto, usando combustveis


slidos.

Fase 1: Aquecimento do combustvel (menos de 100C)


Quando os sistemas de combusto so alimentados, os combustveis slidos esto geralmente
temperatura ambiente, ou seja, a uma temperatura entre 10C e 25C. Antes que as reaces
possam comear, o combustvel slido precisa de passar por uma fase de aquecimento.

Fase 2: Secagem do combustvel (entre 100 C e 150 C)


Acima dos 100C inicia-se a vaporizao da gua existente no combustvel. Esta liberta-se do
combustvel, na forma de vapor de gua.

Fase 3: Decomposio piroltica dos componentes da madeira (entre 150C e 230C)


A decomposio piroltica comea a temperaturas de cerca de 150C. Neste processo, os
componentes de cadeia longa dos combustveis slidos so quebrados em compostos de cadeia
curta. Os produtos que surgem so gases e compostos lquidos de alcatro, tais como o monxido de
carbono (CO) e hidrocarbonetos gasosos (CmHn). A decomposio piroltica da madeira no necessita
de oxignio.

As fases 1 a 3 so reaces endotrmicas (absoro de calor). Elas tm lugar automaticamente em


qualquer fogo e servem para preparar o combustvel para a oxidao. Uma vez atingido o ponto de
inflamao, que cerca de 230C, as reaces exotrmicas (libertao de calor) iniciam-se com a
entrada de oxignio. A superfcie exterior da madeira pode ser inflamada a cerca de 300C e, a partir
dos 400C, ocorre combusto espontnea.

Fase 4: Gaseificao do combustvel sem gua (entre 230C e 500C)


A decomposio trmica do combustvel sem gua, sob a influncia do oxignio, inicia-se a um ponto
de inflamao de cerca de 230C. A gaseificao tem lugar na chama de um fogo de combustvel
slido. O oxignio (como ar primrio) fornece calor suficiente na sua reaco, com produtos gasosos

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.37


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da pirlise capazes de afectar os produtos slidos e lquidos de pirlise, tais como o carbono e
alcatro.

Fase 5: Gaseificao do carbono slido (de 500C a 700C)


Nesta fase, sob a influncia do dixido de carbono (CO2), vapor de gua existente e oxignio (O2),
produz-se monxido de carbono combustvel. A gaseificao do carbono slido exotrmica e liberta
luz e raios de calor, que tomam a forma de uma chama visvel.

Fase 6: Oxidao dos gases combustveis (de 700C a cerca de 1.400C)


A oxidao de todos os gases combustveis, resultantes das etapas do processo precedente,
representa o fim da reaco de combusto para os combustveis slidos. Sob a influncia do ar
secundrio, efectua-se a combusto completa e limpa da mistura de gases.

O processo de converso pode ser visualizado na figura abaixo:

Figura 2.52 - Grfico de temperatura na combusto de lenha


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions.de

A lenha inflamada como combustvel apresenta a curva de calor mostrada acima. A combusto
baseia-se num equilbrio entre reaces endotrmicas (absoro de calor), representadas com uma
seta azul, e reaces exotrmicas (libertao de calor), representadas com uma seta vermelha.

Figura 2.53 - Chamas de um fogo a lenha


Fotografia: coleco criativa / www.sesolutions.de

As diferentes cores das chamas, num fogo com madeira, so o resultado de vrios processos de
combusto. As chamas amarelas ocorrem com a ps-combusto de partculas de carbono, tal como a

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fuligem. As chamas azuis ocorrem quando a madeira pirolisada em monxido de carbono. Ambas
as volatilizaes e a fase seguinte de combusto so fortemente dependentes da superfcie de
reaco disponvel.

Quando uma pea de madeira grande queimada, a combusto acontece num processo contnuo,
no qual as mudanas termoqumicas se movem de fora para dentro do material. O diagrama abaixo
apresenta uma seco em corte, de uma pea de madeira a arder, caracterizada esquematicamente.

Figura 2.54 - Seco de um cepo a arder


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions.de

Neste exemplo, visualizam-se claramente as vrias etapas de processo de secagem, gaseificao e


combusto atravs da madeira. A superfcie de reaco disponvel tem um papel importante na
velocidade dos processos. Ao reduzir o tamanho dos combustveis aumenta-se a superfcie
especfica para que as reaces tenham lugar existindo a possbilidade de uma converso mais
rpida do combustvel.

Figura 2.55 - rea de reaco da superfcie/volume


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions.de

A diviso e reduo do tamanho da lenha cria as condies ideais para que decorra uma combusto
de baixas emisses, na qual, as fases de arranque e queima do combustvel so minimizadas. Isto
torna mais fcil a sada de calor dos sistemas de combusto, e podem ser projectados sistemas de
armazenamento de calor mais precisos.

medida que a combusto prossegue, atravs das vrias etapas do processo, so libertados
poluentes dos biocombustveis slidos. Contudo, um bom controlo de processo pode elimin-los,
antes de escaparem para o ambiente. Os poluentes devidos combusto de fontes de biomassa
slida podem ser divididos em duas classes:

A. Poluentes resultantes de combusto incompleta


B. Poluentes resultantes de combusto completa

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As substncias prejudiciais resultantes da combusto incompleta so: o monxido de carbono (CO),


carbono (C), bem como hidrocarbonetos e compostos de alcatro (CmHn) e partculas no queimadas.
A gerao destes poluentes pode ser evitada, se a combusto seguir os seguintes critrios:

1. Temperatura mnima > 800C;


2. Oxignio suficiente, ar em excesso > 1,5;
3. Tempo de repouso dos gases na zona de combusto > 0,5 segundos.

Os poluentes resultantes da combusto completa, compreendem principalmente: xidos de azoto


(NOx) e monxido de carbono residual (CO). Enquanto os xidos de azoto so produzidos pelo ar de
combusto e pelo azoto contido nos combustveis, o monxido de carbono um indicador da
qualidade da combusto. O teor de monxido de carbono nos gases de exausto do sistema de
combusto determinado, principalmente, pelo nmero de ar em excesso (lambda) e o design do
sistema de combusto.

Os sistemas de combusto modernos, com uma via separadora do ar primrio e secundrio, e uma
zona de combusto suficientemente grande, criam as condies certas para a existncia baixas
emisses de combusto. Deste ponto de vista, as caldeiras alimentadas manual ou automaticamente
so usadas em aplicaes para produo de calor puro.

Para uma boa eficincia geral, os sistemas modernos de combusto tm que criar as condies de
processo ptimas, para todas as fases de combusto. Isto aplica-se particularmente a fornecimentos
primrios e secundrios de ar de combusto, que representa o factor limitante para uma combusto
limpa e uma elevada eficincia.

Em caldeiras modernas, ambas as alimentaes de ar so projectadas com ventiladores, geralmente


controlados electronicamente, ou adaptados com palhetas de ar regulveis. Isto permite que a sada
da caldeira possa variar com a alimentao de ar primrio. Com uma alimentao de ar secundrio
regulada da mesma maneira, possvel garantir a combusto ptima de ar, durante todo o processo.
Como consequncia, as emisses poluentes so minimizadas no decorrer da operao e na fase de
aquecimento crtica.

Nos dias que correm, necessrio cada vez mais, ter sistemas de aquecimento regular nas
habitaes, quer para aquecimento do ar ambiente, ou para gua do chuveiro. Essas necessidades
causam grandes problemas para sistemas de aquecimento a madeira no regulados. Na prtica, este
problema resolvido, quer com a instalao de tanques de armazenamento bem dimensionados,
quer com uma alimentao automtica constante de combustvel novo.

Os tanques de armazenamento bem dimensionados podem absorver toda a produo de calor, de


uma carga de combustvel, e armazen-lo podendo posteriormente fazer a distribuio de calor pela
rede de aquecimento da casa, quando necessrio.

Figura 2.56 - Tanque moderno de armazenamento


Fotografia + grfico: Viessmann Werke / www.viessmann.com

O funcionamento de um tanque de armazenamento, com uma caldeira a madeira pode ser explicado,
com a ajuda do seguinte grfico:

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Figura 2.57 - Como funciona um sistema de armazenamento


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions.de

Os sistemas de armazenamento modernos indicam caldeira, atravs de um interruptor de valor


limite, quando necessitam de calor. Isto permite que os intervalos de combusto da caldeira sejam
coordenados e que o nmero de sequncias de inflamaes na caldeira seja reduzido.

O sistema de armazenamento permite que sistemas de aquecimento a madeira sejam, por um lado,
flexveis e reajam rapidamente a requisitos de calor e, por outro lado, prolonguem os intervalos de
combusto. Isto ajuda a reduzir o desgaste da caldeira e a minimizar o nmero de combustes
parciais.

Para alm da utilizao de tanques de armazenamento, outra possibilidade, para atingir uma sada de
calor constante, usar uma unidade de alimentao automtica.

Figura 2.58 - Caldeira de alimentao automtica


Grfico: Oekofen / www.okeofen.at

As caldeiras alimentadas manualmente a madeira slida ou pelletes esto disponveis para uma
gama de energia trmica de 1 kW at 100 kW. Na gama de 10 kW a 50 kW, usam-se principalmente
pelletes de madeira enquanto que na gama de sada acima de 50 kW, predominante o uso de
estilhas de madeira.

2.19.1.2 Combusto de fontes biocombustveis lquidas

As fontes biocombustveis lquidas, leo vegetal ou biodiesel, podem ser usadas para produo de
calor puro.

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Na sua viscosidade e comportamento de queima, o biodiesel igual ao leo de aquecimento


convencional. Consequentemente, as caldeiras de queima de leo, admitindo que todas as partes
plsticas e metais em contacto com o combustvel so resistentes ao biodiesel, tambm podem ser
usadas sem qualquer converso.

Figura 2.59 - Caldeira moderna a leo


Grfico: Viessmann Werke / www.viessmann.com

O leo vegetal natural, em contraste, tem maior viscosidade que o leo de aquecimento.
Consequentemente, so necessrias diferentes geometrias de queimadores para a sua utilizao o
que leva a que no possa ser usado nos queimadores de leo convencionais.

Alguns fabricantes tm queimadores especiais de leo de sarmento de vinha que usam um mtodo
centrfugo para assegurar uma distribuio inflamvel do leo viscoso. Misturas de mais de 20% de
leo vegetal com leo de aquecimento no afectam significativamente a viscosidade resultante. No
entanto com uma proporo de mistura de 5%, observou-se a carbonizao e a formao de
depsitos nos bocais e placas dos orifcios.

2.19.1.3 Combusto de fontes biocombustveis gasosas

Os gases biognicos, quando de qualidade adequada, podem ser usados em caldeiras a gs


convencionais, nomeadamente em caldeiras de baixa temperatura e caldeiras de condensao.

Figura 2.60 - Caldeira moderna de condensao de gs


Grfico + fotografia: Ritter GmbH & Co. KG / www.paradigma.de

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Comparado com o gs natural, o biogs apresenta uma velocidade de propagao da chama mais
baixa. Por esta razo, ao usar o biogs os tubos do queimador necessitam de ser ajustados nas
caldeiras a gs. Para pequenas sadas de aquecimento, at 30 kW, so geralmente usados
queimadores atmosfricos. Quantidades maiores de gs, por outro lado, s podem ser utilizadas em
queimadores com ventiladores.

O tempo de vida til e a intensidade de manuteno dos aquecedores a biogs depende da


composio do gs depois da sua preparao. Particularmente nas caldeiras de condensao, um
alto teor residual de cido sulfdrico (H2S) pode provocar danos irreparveis.

O biogs e outros gases biognicos, so raramente usados puros na produo de calor. Muitas
vezes, economicamente mais vantajoso, transformar em electricidade. Geralmente, o biogs
utilizado para sistemas combinados de calor e energia.

2.19.2 Gerao combinada de calor e energia

A electricidade produzida, a partir das fontes de biomassa, normalmente produzida em cogerao.


Em termos de tecnologia, so utilizados motores de combusto, turbinas stirling e mquinas a vapor,
Numa pequena escala podem ser usadas pilhas de combustvel.

Os argumentos principais de utilizao da cogerao residem em interesses econmicos e na


eficincia energtica. A produo de electricidade a partir de combustveis realiza-se, em grande
parte, por meio de geradores de cogerao, que extraem a energia mecnica da energia trmica.
Esta pode ser convertida nos geradores em energia elctrica. Na prtica a eficincia de converso
mxima atingida para a electricidade ronda os 40%. O resto da energia continua a existir na forma de
calor.

Num sistema de cogerao, a electricidade e o calor so produzidos ao mesmo tempo. Em contraste


com uma central de condensao, na qual o calor produzido em cogerao dissipado por meio de
um permutador de calor, em centrais de cogerao a energia elctrica e trmica so utilizadas
imediatamente.

Se o objectivo for optimizar economicamente a utilizao das fontes de energia, o calor libertado
durante a produo de energia tem de ser utilizado. Um sistema descentralizado de cogerao pode
atingir uma eficincia total de 90% da energia primria de entrada. Ou seja, existe um grande
aumento na eficincia de utilizao, comparada com os meros 36% de eficincia na produo de
energia elctrica, nas centrais de condensao.

Figura 2.61 - Eficincia da gerao de energia


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions.de

A produo de energia em cogerao proporciona uma melhor utilizao da energia primria de


entrada.

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.43


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Dimensionamento de um sistema de cogerao

O dimensionamento do output trmico e elctrico das centrais de cogerao um factor decisivo para
a eficincia do projecto. Os geradores, que operam em paralelo com a rede, isto , ligados
directamente rede de electricidade, podem ser projectados para serem controlados por calor. Neste
caso, o sistema est regulado de tal modo que o calor produzido utilizado e se, ao mesmo tempo,
for produzida electricidade em excesso, enviada para a rede de electricidade.

A base para o dimensionamento deste sistema de cogerao uma curva de durao de carga
anual. Os requisitos de energia para a rede de aquecimento de um local, so calculados ao longo do
ano e representados na forma de um grfico:

Figura 2.62 - Curva de durao de carga anual para necessidades trmicas


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions.de

O output trmico usado num edifcio registado e assinalado, em ordem descendente, num grfico.
Os sistemas de cogerao, tm um dimensionamento optimizado, quando tm um tempo de
funcionamento mximo possvel para fornecimento de calor.

Os sistemas CCE, dimensionados de acordo com consideraes econmicas, cobrem 10 a 35% da


energia elctrica ou trmica mxima de um edifco. Geralmente, isto atinge um tempo de
funcionamento anual acima de 5000 horas. Em termos da energia total, o sistema CCE cobre, ento,
cerca de 50 a 80 por cento das necessidades anuais de calor e energia.

Se um sistema CCE for instalado em combinao com uma caldeira, garante-se um tempo anual de
funcionamento para a unidade acima de 5000 horas e, portanto, uma operao econmica.

Os valores da tabela seguinte servem de guia para o dimensionamento de um sistema CCE para
edifcios de habitao, tais como lares de idosos, hotis, hospitais ou blocos de apartamentos:

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.44


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Tabela 2.7 - Dimensionamento de sistemas de cogerao


Dados: Glizie GmbH / www.glizie.de

Necessidades anuais de Necessidades de calor Necessidades de Sada ptima do


calor em Agosto electicidade anuais sistema de cogerao
kWh/a kWh/ms kWh/a kWe
150.000 4.500 45.000 7
250.000 7.500 75.000 11
400.000 12.000 120.000 18
600.000 18.000 180.000 27
800.000 24.000 240.000 36
1.000.000 30.000 300.000 45
1.200.000 36.000 360.000 54
1.400.000 42.000 420.000 63
1.600.000 48.000 480.000 72
1.800.000 54.000 540.000 81
2.000.000 60.000 600.000 90
2.200.000 66.000 660.000 99
2.400.000 72.000 720.000 108
2.600.000 78.000 780.000 117
2.800.000 84.000 840.000 126
3.000.000 90.000 900.000 135
4.000.000 120.000 1.200.000 180
5.000.000 150.000 1.500.000 225
6.000.000 180.000 1.800.000 270
8.000.000 240.000 2.400.000 360
10.000.000 300.000 3.000.000 450

O dimensionamento de sistemas de cogerao, conforme a tabela anterior, funciona do seguinte


modo:

Um sistema de cogerao tem uma sada ptima quando as necessidades anuais de calor, as
necessidades no ms de Agosto e as necessidades de electricidade anuais so alcanadas ou
excedidas pelo output elctrico da CCE. Deve notar-se, que a respectiva linha de valores mais baixa
(na tabela) determina a sada de energia do sistema. No exemplo mostrado a vermelho para um
edifcio de apartamentos, resulta numa sada elctrica de CCE ptima de 18kW.

O dimensionamento preciso importante no planeamento das centrais. Se a unidade seleccionada


for muito grande, no econmica e os seus tempos de funcionamento anuais so muito baixos. Ao
contrrio, se a unidade seleccionada for demasiado pequena, ento o benefcio potencial, econmico
e ecolgico no atingido.

Para o planeamento de instalao de centrais de cogerao, deve existir sempre um estudo


detalhado da integrao hidrulica na rede de aquecimento, da tecnologia dos sistemas elctricos, do
isolamento do rudo, da sada do gs de exausto e do fornecimento de combustvel.

Para a integrao hidrulica das unidades de cogerao em redes trmicas de edifcios, apresentam-
se dois exemplos de ligao, com caldeiras de baixa temperatura e caldeiras de condensao.

Exemplo 1: Sistema de cogerao e caldeira de baixa temperatura

Quando se usa um sistema CCE, juntamente com caldeiras convencionais, ou caldeiras de baixa
temperatura, ou caldeiras a lenha, a sua integrao no circuito de aquecimento traz vantagens
tcnicas. Deste modo, um sistema CCE pode ser integrado em circuitos de aquecimento existentes,
sem requerer uma tecnologia de controlo especial.

Esta soluo construda, ligando o tubo de alimentao caldeira, e inserindo gua de


aquecimento (aquecida na unidade CCE). Com a unidade CCE em funcionamento, aumenta portanto
a temperatura da caldeira, reduzindo assim os tempos de operao da mesma.

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.45


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Figura 2.63 - Sistema de cogerao no circuito de aquecimento com caldeira a lenha


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions.de

Exemplo 2: CCE com caldeira de condensao e tanque de armazenamento

Se uma unidade de CCE for usada em conjunto com uma caldeira de condensao, obtm-se
desvantagens em integrar a unidade de CCE na alimentao porque limita a utilizao da energia de
aquecimento da caldeira.

A unidade de CCE portanto integrada no sistema de aquecimento paralelo caldeira de


condensao. usado um tanque de armazenamento ou um interruptor hidrulico, para equalizao
hidrulica. Este mtodo evita, tanto quanto possvel, a interferncia entre as bombas. Para alm
disso, a bomba da caldeira deve ter um controlo dependente da temperatura. Quando a caldeira est
a trabalhar, evita-se qualquer fluxo excedente de gua quente na caldeira via tanque de
armazenamento.

Figura 2.64 - Sistema de cogerao no circuito de aquecimento com caldeira de condensao


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions.de

A ligao de retorno da unidade de CCE est localizada na zona de carga, de modo a no forar a
unidade de CCE a desligar enquanto a caldeira est a funcionar, mesmo se houver fluxo excedente,
devido ao tanque de armazenamento.

Tal como o sistema de cogerao e a caldeira, os tanques de armazenamento so usados em muitas


aplicaes. Isto justifica-se pela sua utilidade, para cobrir picos de calor de curta durao. Com o seu

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volume de armazenamento de calor, evita-se o funcionamento da caldeira em picos de carga e


aumenta-se o tempo de funcionamento contnuo da unidade de CCE.

Na prtica, o dimensionamento do permutador de calor, para aquecer a gua do tanque de


armazenamento, deve condizer com a sada trmica da unidade de CCE e no com a sada total do
sistema de aquecimento.

2.19.2.1 Motores de combusto

Uma variao tcnica no uso de fontes biocombustveis lquidas e gasosas para a gerao
combinada de calor e energia so os motores de combusto. Estas unidades existem em dois grupos
tecnolgicos diferentes, de acordo com o tipo de combusto (combusto interna ou externa).

Os motores de combusto interna incluem motores de ignio, motores de gs-diesel e motores


diesel de injeco piloto. Um exemplo de um motor de combusto externa o motor Stirling. A tabela
seguinte resume as caractersticas tcnicas dos vrios sistemas de motores:

Tabela 2.8 - Dados tcnicos para mquinas de combusto


Tabela: Dobelmann / www.sesolutions.de

Motor de Motor de gs- Motor de Motor Stirling


ignio a gs diesel injeco diesel
Localizao da combusto Interna Interna Interna Externa
Eficincia (%) 22 - 27 > 35 28 -35 < 30
Tempo de vida Baixo Alto Mdio Experimental
Necessidades de manuteno Alto Baixo Alto Experimental
Custos de investimento Baixo Alto Mdio Experimental
Classe de desempenho (kW) >5 > 150 30 -150 Experimental

A escolha do motor a usar depende principalmente do projecto. Os motores so escolhidos pela sua
potncia e especificaes, em conjunto com o combustvel disponvel.

Os pequenos projectos com necessidades de aquecimento baixas e possivelmente espordicas


tendem a ser equipados com motores de ignio a gs ou motores de injeco diesel. Por outro lado,
os motores diesel-gs de alta compresso, que tm custos de investimento elevados, tendem a ser
usados em projectos de grandes dimenses.

Motor de ignio a gs

Na sua construo, os motores de ignio a gs so idnticos aos motores a gasolina, usados nos
carros. O carburador usado nos motores a gasolina substitudo por um misturador a gs. Este
misturador gera uma mistura inflamvel de combustvel e do ar de entrada do motor, que ento entra
em ignio atravs da fasca produzida pela vela de ignio.

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Figura 2.65 - Sistema de cogerao de injeco a gs com sada de 300 kWe


Fotografia: Dobelmann / www.sesolutions.de

Motor gs-diesel

Os motores a gs-diesel podem ser projectados como motores a diesel normais, que depois so
ajustados ignio a gs, ou a sua compresso to alta que a ignio no necessria. A classe
de energia destes motores excede geralmente os 150 kW de energia elctrica. Como resultado da
construo robusta, so normais tempos de vida em servio acima de 80000 horas de
funcionamento.

Figura 2.66 - Ajuste de um mbolo num motor de grandes dimenses


Fotografia: MAN BW / manbw.de

Motor de injeco a diesel

Os motores diesel de injeco so motores a diesel convertidos, que so capazes de queimar biogs,
misturado com ar.

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Figura 2.67 - Sistema de cogerao de injeco a diesel com 100 kWe de energia
Fotografia: Dobelmann / www.sesolutions.de

Uma vez que esta mistura de ar/gs no se auto inflama com as presses de compresso criadas
nos motores diesel, a ignio externa tem de ser fornecida, tal como com os motores de ignio, por
fasca. Assim, os motores diesel de injeco piloto usam bocais de injeco existentes e introduzem
diesel e leo de aquecimento no cilindro, junto com a mistura comprimida de gs/ar. Este jacto de
combustvel inflama, como resultado da compresso, e consequentemente inflama a mistura e o
processo de combusto realiza-se. A quantidade de leo inflamado, necessrio para operar o motor,
deste modo cerca de 7-10% da sada total atingida do motor. O tempo de vida deste tipo de motor
cerca de 30.000 a 40.000 horas de funcionamento.

Motor Stirling

Os motores Stirling so um exemplo de motores que usam a combusto externa. Estes geradores de
calor e energia utilizam a diferena de temperatura entre dois pontos e convertem esta diferena de
energia em energia mecnica.

Figura 2.68 - Sistema de cogerao striling com 10 kWe de sada


Fotografia: Dobelmann / www.sesolutions.de

Os motores Stirling ainda esto pouco difundidos em aplicaes industriais. Infelizmente, a vantagem
da combusto externa, tambm causa problemas, dado que no consegue assegurar uma
transferncia de calor constante para o cilindro.

Motor de mbolo a vapor

Os motores de mbolo a vapor so a verso moderna da mquina a vapor, inventada por James Watt
em 1769.

BIOENERGIA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL 2.49


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As mquinas movidas a vapor so alimentadas com caldeiras a vapor. Requerem presses de vapor
entre 6 e 60 bars. Se a mquina for um elemento intermdio, num circuito de produo, ento podem
ser toleradas contrapresses at 25 bars. As mquinas a vapor podem lidar com velocidades de fluxo
at 40t/h.

As classes de desempenho destas mquinas esto entre 25 kW e 1500kW. Tendo velocidades


nominais entre 750 e 1500 rotaes por minuto (rpm).

Se for necessrio aumentar a potncia das mquinas, estas podem ser preparadas num circuito em
cascata e possvel trabalhar com modelos de expanso multi etapas. O rendimento energticos das
mquinas pode tambm ser optimizado, com um controlo do enchimento, para limites de carga
completos ou parciais.

Figura 2.69 - Motor de mbolo a vapor com 1.5 MWe de sada


Fotografia: Spilling Energie / www.spilling.de

As mquinas a vapor so unidades robustas e bem comprovadas para combustveis slidos. So


fceis de operar e, devido s velocidades lentas do mbolo e baixo uso, oferecem alta eficcia. As
mquinas a vapor tm baixos requisitos, relativamente qualidade de gua de alimentao e podem
ser usadas com eficincia, sempre que se deseje a cogerao, com uma proporo de
aproximadamente 10 a 15%.

2.19.2.2 Turbinas

As turbinas podem ser divididas em quatro tipos diferentes:

1. Turbinas a vapor;
2. Turbinas a gs;
3. Turbinas de ciclo orgnico Rankine (COR);
4. Turbinas de ar quente.

De seguida apresenta-se uma explicao tcnica dos conceitos envolvidos nestas turbinas.

Turbinas a vapor

No processo de energia a vapor, a gua alimentada por via de uma bomba de alimentao, para
uma caldeira de vapor, consistindo num vaporizador e num sobreaquecedor. Aqui, muda do estado
lquido para o estado gasoso. O volume do vapor que resulta ento expandido, atravs de uma
turbina que est acoplada a um gerador. O vapor expandido e arrefecido recolhido num
condensador ou torre de arrefecimento e retorna a um estado lquido.

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Figura 2.70 - Montagem de uma turbina a vapor


Fotografia: Siemens AG / www.siemens.de

As despesas estruturais, envolvidas nas unidades necessrias para a produo de vapor, significam
que, por razes econmicas, o limite de energia mais baixo para este processo seja de 300 kW.

Turbinas a gs

Ao contrrio das turbinas a vapor, descritas na seco anterior, que operam num circuito fechado
aquecido externamente, as turbinas a gs so aquecidas directamente. Aqui, os combustveis entram
em combusto com o oxignio, numa cmara de combusto onde se inclui a turbina, e expelidos
atravs das lminas da turbina. O movimento rotativo resultante convertido em energia elctrica,
por um gerador.

Figura 2.71 - Montagem de uma turbina a gs


Fotografia: Siemens AG / www.siemens.de

As turbinas a gs so produzidas em tamanhos at vrios megawatts. Contudo, micro turbinas a gs


podem fornecer gamas de energia elctrica mais baixas, comeando em 30 kW.

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Figura 2.72 - Turbinas de micro gs


Fotografia: MTU AG / www.mtu.de
Grfico: Capstone Inc. / www.capstone.com

Um dos aspectos tpicos das mquinas geradoras de calor e energia a perda de eficincia, em
operao de carga parcial, sendo portanto necessrio um fluxo de gs constante na turbina. Para
alm disso, a eficincia elctrica de pequenas turbinas a gs (mdia de 25-29%), com um nvel de
energia elctrica de 200kW, fica abaixo das mquinas de combusto convencional.

Turbinas de ciclo orgnico Rankine (COR)

Nos sistemas de ciclo orgnico Rankine (COR), so usadas turbinas que em vez de gua tm, como
meio de trabalho, solventes orgnicos de ponto de ebulio baixo. O seu limite enrgtico est entre
os 50kW e 2,5 MW.

Em contraste com outros sistemas de turbinas, as turbinas COR podem ser usadas com diferenas
de temperatura mais baixas.

Como processo tpico secundrio, as reas de aplicao so o uso de energia geotrmica e solar
trmica e a utilizao de calor residual das centrais de aquecimento a biomassa.

Turbinas de ar quente

Nalguns casos, a combusto directa de gases biognicos em turbinas abertas de gs causa


problemas tcnicos. Nestes casos, podem ser usadas turbinas de ar quente com combusto externa.

Estas turbinas diferem das turbinas a gs de combusto interna, pelo facto de terem um aquecimento
externo. Aqui o gs, que circula num circuito fechado, aquecido a uma temperatura de entrada na
turbina perto do aquecimento isobrico. Na turbina, o ar sofre ento uma expanso irreversvel at
presso atmosfrica.

Tal como para todas as turbinas, a potncia da rede resulta da diferena entre a potncia da turbina e
a potncia do compressor. As turbinas de ar quente so processos primrios tpicos, que requerem
um nvel elevado de temperatura.

2.19.2.3 Pilhas de combustvel

As pilhas de combustvel so um tipo de conversor de energia electroqumica. Elas convertem em


gua, gases ricos em hidrognio com o oxignio do ar ou em forma pura, e extraem directamente a
energia elctrica e o calor deste processo. Esta forma de converso electroqumica foi recomendada
em 1897, por Wilhelm Ostwald, no encontro da Bunsen Society, para a Criao da Conservao de
Recursos Combustveis de Energia Elctrica.

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Figura 2.73 - Pilha de combustvel de uso industrial


Fotografia: MTU AG / www.mtu.de

Quatro tipos de pilhas de combustvel tm tecnologia adequada para a utilizao de gases


biognicos:

1. Pilha de combustvel de membrana polimrica electroltica;


2. Pilha de combustvel de cido fosfrico;
3. Pilha de combustvel de carbonato fundido;
4. Pilha de combustvel de xido slido.

Os dois tipos de pilhas adicionais existentes, pilhas de combustvel alcalinas e de metanol directo,
no podem ser operadas directamente, tendo como componente principal do biogs, o metano (CH4).
As pilhas de combustvel alcalinas (PCA) apenas podem ser operadas com hidrognio puro (H 2). As
pilhas de combustvel de metanol directo (PCMD) no servem para o uso de biogs, visto que
apenas operam sem problemas se utilizarem metanol puro como combustvel. O hidrognio e o
metanol podem ser extrados da biomassa slida.

2.19.3 Processamento de um produto

Para alm da utilizao energtica directa das fontes biocombustveis gasosas e lquidas, para a
produo de calor ou cogerao, a preparao e venda de combustveis processados uma
alternativa interessante. Os requisitos para a qualidade da preparao e do produto resultante so
particularmente elevados.

2.19.3.1 Processamento de combustvel para veculos

Os gases biognicos precisam de ser processados e comprimidos para 200 bars, de modo a
assegurar uma margem operacional suficiente, para veculos completamente movidos a combustvel.
Tal como as medidas para impedir a corroso, remoo de cido sulfdrico e amonaco, tambm
essencial filtrar e secar o gs que usado. Uma medida posterior passa pela separao do dixido
de carbono, para aumentar o poder calorfico do combustvel produzido.

Vrios processos podem ser usados para preparar o biogs:


x filtros moleculares para separar o dixido de carbono, em combinao com filtros de carbono
activo que eliminam o cido sulfdrico;
x absorsores de presso, movidos a gua, para eliminar simultaneamente ambos os componentes
do gs.

Os requisitos mnimos de qualidade para o uso de biogs como combustvel em veculos so os


seguintes:

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Tabela 2.9 - Requisitos mnimos de qualidade para o uso de biogs como combustvel em
veculos
Nome Unidade Gs bruto de biogs Combustvel biogs
Metano (CH4) Vol.% 50-75 >95
Dixido de carbono (CO2) Vol.% 25-50 3-4
Vapor de gua (H2O) g/m 10-50 0,032
Azoto(N2) Vol.% 0-5 -
Oxignio (O2) Vol.% 0-2 <1,0
Hidrognio (H2) Vol.% 0-1 <0,5
Amonaco (NH3) Vol.% 0-1 -
cido sulfdrico (H2S) Vppm 0 - 6.000 <15
Partculas slidas m < 100 <5

2.19.3.2 Alimentao da rede de gs natural

Para fornecer biogs s redes de gs natural ou gs de cidade, necessrio usar mecanismos de


preparao de combustveis, como descrito no captulo anterior. Porque a presso existente nos
servios de biogs insuficiente ou pode estar sujeita a grandes variaes, devido ao processo de
produo, antes de alimentar a rede pblica de gs necessrio aumentar a presso para limites de
presso relevantes.

Tabela 2.10 Presso necessria para fornecer biogs s redes de gs natural


Linhas de baixa presso at 50 mbars
Linhas de mdia presso 50 mbars at 1 bar
Linhas de alta presso acima de 1 bar at 80 bars

No entanto, as alimentaes directas da rede so muito raras, dado que, o biogs tem de passar por
todas as fases de tratamento no local e ser adaptado qualidade predominante do gs natural na
rede.

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3 BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA

A digesto anaerbia (DA) de efluentes agro-pecurios uma tcnica que tem sido aplicada h
vrias dcadas. Apesar das primeiras instalaes de DA apresentarem diversas dificuldades
tcnicas, hoje consensual que so tcnica e comercialmente atractivas para produo de
energia renovvel. So mltiplas as vantagens das centrais de biogs:

x Investimento econmico atractivo;


x Facilidade de operao e segurana da instalao;
x Produo de electricidade e calor a partir de fontes renovveis, resultando numa reduo
da emisso de dixido de carbono (CO2);
x Reduo das emisses de metano (CH4) provenientes do armazenamento dos efluentes
agro-pecurios;
x Melhoria da qualidade do resduo orgnico enquanto fertilizante.

Nos ltimos anos, foram construdas por todo o mundo centenas de instalaes de biogs,
desde digestores de dimenso domstica (principalmente nos pases desenvolvidos) a
digestores centralizados de larga escala (integrados em centrais de tratamento de efluentes
agro-pecurios).

3.1 Descrio e componentes do sistema

Regra geral, o princpio de operao de todos os digestores anaerbios o mesmo. Os


efluentes agro-pecurios e outros tipos de biomassa (co-substratos) so introduzidos num
grande recipiente selado e sem ar no seu interior. Neste ambiente desprovido de oxignio, as
bactrias produzem biogs. Na maior parte dos digestores, os efluentes so aquecidos para
acelerar o processo.

O biogs produzido pode ser utilizado para gerar calor e/ou electricidade. Esta ltima opo,
denominada combinao de calor e energia (CCE ou cogerao), a mais comum. A
electricidade gerada por um motor a gs pode ser destinada, no apenas para injeco na rede
elctrica, mas tambm para consumo prprio. O calor parcialmente utilizado no digestor e
podendo o restante ser usado, por exemplo, para aquecer estbulos ou residncias, ou na
produo de guas quentes sanitrias.

A digesto anaerbia pode ser aplicada a vrias escalas, dependendo da quantidade de


biomassa disponvel. Os sistemas podem ir desde pequenos digestores, escala de uma
explorao agro-pecuria, at grandes digestores anaerbios centralizados, alimentados com
efluentes de diversas fontes. Neste guia, o nfase dado aos digestores escala de uma
explorao agro-pecuria, usando sistemas de cogerao.

3.1.1 Descrio do sistema

3.1.1.1 Viso geral do sistema

Apresenta-se de seguida um esquema geral de um digestor anaerbio tipo, sendo discutidos


os vrios componentes.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.1


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Figura 3.1 - Viso geral esquemtica de um sistema de digesto anaerbia tpico


Grfico: Ecofys bv / www.ecofys.com

1. Armazenamento de efluentes agro-pecurios

A maior parte dos sistemas de armazenamento de efluentes agro-pecurios so celeiros, silos


e reservatrios. Os efluentes agro-pecurios contm bactrias que produzem metano assim
que estes so produzidos (por meio de digesto fria) e desta forma a produo de metano, que
ocorre durante o armazenamento, diminui o rendimento do biogs no digestor. No caso de um
armazenamento em celeiro aberto, as emisses de metano tambm representam problemas
ambientais, que se repercutem no bem-estar dos animais. Deve-se portanto, efectuar o mais
rapidamente possvel, o transporte dos efluentes agro-pecurios do armazenamento para o
digestor. Normalmente, este transporte efectuado com recurso a uma bomba.

2. Armazenamento de co-substratos

Adicionando outro tipo de biomassa, com uma maior densidade energtica do que o efluente
agro-pecurio, pode aumentar-se substancialmente o rendimento do biogs. A biomassa
adicional chama-se co-substrato. A diferena na fluidez dos co-substratos, comparada com a
do efluente agro-pecurio, sugere um armazenamento separado.

3. Pr-tratamento

Com base no tipo de co-substrato e respectivo estado de agregao, existem trs formas
diferentes de pr-tratamento: tratamento mecnico, pr-aquecimento e tratamento trmico.

Alguns co-substratos requerem uma reduo de tamanho, efectuada por corte ou moagem,
para evitar a presena de partculas demasiado grandes nas bombas e misturadores da
instalao. Por outro lado, a reduo de tamanho aumenta a rea de superfcie para as
bactrias, com a consequente acelerao da produo de biogs. Outros tipos de co-substrato,
como as gorduras, podem requerer pr-aquecimento para melhorar as caractersticas do fludo.
Alguns co-substratos necessitam de tratamento trmico para preencher requisitos sanitrios.

4. Digestor

O digestor o equipamento onde os substratos so aquecidos e onde se d o processo de


fermentao. Os dois produtos finais deste processo so o biogs e o substrato digerido.
Durante o processo de digesto o contedo agitado periodicamente:

x Para que o substrato introduzido se misture com o substrato existente, para melhorar a
penetrao das bactrias no substrato mais recente;
x Para atingir uma temperatura uniforme no digestor;
x Para evitar e interromper a formao de camadas sedimentares;
x Para melhorar o metabolismo das bactrias, removendo as bolhas de gs.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.2


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

5. Armazenamento de ps digesto

Os substratos digeridos so normalmente guardados num tanque de armazenamento de ps


digesto, dado que apenas uma pequena fraco usada directamente no digestor. Alm do
mais, neste equipamento produzido biogs adicional.

6. Armazenamento de biogs

O biogs que produzido no digestor tem de ser armazenado at ser usado, podendo ser
armazenado quer no digestor, quer num tanque especfico de armazenamento exterior de gs.

7. O motor a gs

O motor a gs, funcionando como uma unidade CCE, utiliza o biogs como fonte de energia
primria para produzir electricidade e calor. A electricidade produzida pode ser usada para
consumo prprio e/ou ser fornecida rede. O calor produzido ser usado, em parte, para o
aquecimento do digestor, sendo o restante usado para o aquecimento de edifcios e de guas
sanitrias, estbulos ou para outros fins, como estufas ou processos industriais.

O biogs tambm pode ser processado para ser utilizado como combustvel de transporte, para
abastecer uma rede de gs natural, ou apenas para gerao de calor. Nos pases
desenvolvidos, o biogs produzido por digestores no aquecidos, usado como combustvel
para cozinhar.

3.1.1.2 Dimenso

Pode ser feita uma distino entre os seguintes tamanhos de sistemas de DA:

Pequena Escala

Estes so digestores simples com uma capacidade de 5-100m3 para pequenas quantidades de
substrato (100-1.000 ton por ano). Regra geral, um digestor deste tamanho no rentvel,
devido aos elevados custos do investimento, em comparao com um rendimento
relativamente baixo. Um digestor deste tamanho poder ser encontrado principalmente na
sia, sendo muito raro na Europa. Estes digestores no esto munidos de isolamento,
aquecimento nem agitao.

Escala de uma explorao agro-pecuria

Este manual centra-se nos digestores escala de uma explorao agro-pecuria. Estes tm
uma capacidade de 100-800 m3 e podem processar 1.000-15.000 toneladas de substrato por
ano. Geralmente, uma grande parte destes substratos tm origem numa nica explorao
agro-pecuria, e a electricidade produzida fornecida rede. O calor residual poder ser
usado como substituto doutras fontes de produo de calor.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.3


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Figura 3.2 - Vista geral de uma central escala de uma explorao agro-pecuria
Fotografia: PlanET GmbH / www.planet-biogas.com

Grande escala

Um digestor de grande escala tem uma capacidade superior a 15.000 toneladas de substrato,
processadas anualmente. Devido sua escala, este tipo de aplicao oferece, muitas vezes,
oportunidades economicamente atractivas para o posterior tratamento do produto digerido, tais
como, a produo de efluentes e adubos de alta qualidade. Instalaes industriais de biogs a
uma grande escala podem digerir desperdcios orgnicos hmidos, como por exemplo,
efluentes industriais, resduos orgnicos do processamento de alimentos ou ento fraces
orgnicas separadas, provenientes dos resduos slidos urbanos municipais.

Figura 3.3 - Vista geral de uma central de Digesto Anaerbia escala industrial
Fotografia: ARA GmbH / www.ara-goe.de

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.4


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3.1.2 Biogs de efluentes agro-pecurios e co-substratos

3.1.2.1 O processo biolgico

Durante o processo de digesto anaerbia, as bactrias decompem a matria orgnica para


produzir a energia necessria para o seu metabolismo. Como produto secundrio deste
metabolismo produz-se metano. A figura seguinte apresenta as principais fases tericas e os
produtos intermedirios, no processo da digesto anaerbia. Na prtica, estas fases coexistem
dentro do processo e cada uma delas caracterizada pela funo principal de cada grupo de
bactrias existente no substrato.

Figura 3.4 - Diagrama esquemtico mostrando as principais fases tericas do processo


de digesto anaerbia
Grfico: Ecofys bv / www.ecofys.com

3.1.2.2 Condies do processo

Para produzir o metano, as bactrias tm de estar num ambiente especfico. Esse ambiente
tem de ter as seguintes condies:

x Condies anaerbias: as bactrias s esto activas na ausncia de oxignio;


x Condies de humidade: necessrio existir uma humidade relativa de pelo menos 50%
no substrato;
x Temperatura: a actividade bacteriana condicionada pela temperatura, dividindo-se as
bactrias em psicroflicas (< 30C), mesoflicas (30-40C) e termoflicas (40-55C). O grupo
das termoflicas tem a maior actividade. No entanto a maioria dos digestores escala de
uma explorao agro-pecuria funciona com o grupo das mesoflicas, uma vez que, este
processo menos sensvel a mudanas e, portanto, controlado mais facilmente do que o
processo termoflico;
x Tempo de reteno: uma produo optimizada de biogs, depende da temperatura e do
tempo de actuao das bactrias no substrato. Este tempo de reteno reflecte-se para
cada grupo de bactrias. Assim, as psicroflicas requerem um tempo de reteno de 40-
100 dias, enquanto que as mesoflicas necessitam de 25-40 dias e as termoflicas, 15-25
dias.;

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.5


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 3.5 - Relao entre temperatura e tempo de reteno


Grfico: Ecofys bv / www.ecofys.com

x pH: o valor do pH no digestor anaerbio dever rondar os 7,5. Em caso de co-digesto de


substratos cidos (como alguns desperdcios da indstria processadora de alimentos)
poder haver necessidade de ajuste do pH, devendo ser dada especial ateno a este
aspecto;
x Carga orgnica: as bactrias necessitam de um mnimo de carga orgnica (matria
orgnica seca por m3 do digestor, por dia) como alimento para sobreviverem. A carga
orgnica deve situar-se entre 0,5 e 5 kg, de matria orgnica, por m3 do tanque digestor,
por dia (MO/m3/dia). A situao mais favorvel ser disponibilizar entre 1 e 3 kg MO/m3/dia
evitando-se a ocorrncia de sobre-alimentao das bactrias com uma carga orgnica
muito alta. Para alm disso, deve ser introduzido, diariamente, substrato fresco no digestor;
x Substncias auxiliares: as bactrias necessitam, para o seu metabolismo, de compostos
solveis de azoto, minerais e elementos residuais. Quando o efluente agro-pecurio
usado, como o maior componente do substrato, estas substncias esto presentes em
nmero suficiente;
x Substncias inibidoras: Algumas substncias que podero estar presentes no efluente, tais
como desinfectantes, antibiticos e cidos orgnicos (por exemplo, resultantes da limpeza
dos estbulos com desinfectante ou do tratamento de todo o gado com antibiticos), inibem
a actividade bacteriana ou podem inclusivamente eliminar as bactrias. Devem ser
evitadas grandes concentraes destas substncias inibidoras;

Figura 3.6 - Vista microscpica das bactrias da digesto


Fotografia: Smack AG / www.schmack-biogas.com
BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.6
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

x Tamanho das partculas: As partculas no substrato no devem ser demasiado grandes.


Caso contrrio, as bactrias tm pouca superfcie de contacto com o co-substrato;
x Mistura do substrato: O gs que produzido pelas bactrias apenas vir superfcie
automaticamente, se houver menos de 5% de matria seca no substrato. Em todos os
outros casos, necessrio fazer uma mistura para evitar o aumento de presso;
x Condies consistentes/uniformes: Devem ser evitadas mudanas rpidas nas condies
do processo. A alimentao do digestor com substrato fresco deve ser feita gradualmente.
O mesmo se aplica mudana na composio do substrato;
x Teor em Azoto: necessria a presena de azoto no substrato, pois um elemento
essencial para o metabolismo das bactrias e ajuda a manter o pH (quando convertido
para amonaco neutraliza os cidos). Contudo, demasiado azoto no substrato poder
conduzir formao excessiva de amonaco, resultando em efeitos txicos. Uma
proporo equilibrada de carbono e azoto encontra-se entre os 20:1 e os 40:1, embora
valores fora deste intervalo possam tambm resultar numa digesto eficiente.

3.1.2.3 Composio do biogs

O biogs produzido tem na sua composio metano (CH4) e dixido de carbono (CO2), bem
como quantidades menores de azoto, hidrognio, amonaco e cido sulfdrico.

Tabela 3.1 - Composio do biogs


Componente Vol %
Metano (CH4) 50-80%
Dixido de carbono (CO2) 50-20%
Azoto (N2) <1%
Hidrognio (H2) <1%
Amonaco (NH3) <1%
cido Sulfdrico (H2S) <1%

O teor de metano no biogs varia entre 50 e 80%. Quanto maior o teor de metano no biogs,
mais energia contm.

3.1.2.4 Produo de biogs

Quando todos os parmetros do processo se encontram dentro dos limites necessrios, a


produo de biogs estar perto do mximo terico. A produo de biogs determinada pelas
caractersticas do substrato. De referir que as seguintes propriedades so importantes:

x Matria seca (MS): % de matria seca no substrato;


x Matria Orgnica (MO): a fraco orgnica (%) da matria seca;
x Matria Orgnica Seca (MOS): a parte orgnica do substrato (= MS x MO);
x Produo mxima especfica de biogs (em m3/tonelada MOS).

A produo total de biogs pode ser calculada com a seguinte frmula:

Produo de biogs = quantidade de substrato (em toneladas) x MS (%) x MO (% de


MS) x produo mxima de biogs (em m3 por tonelada MOS)

Exemplo:

1000 toneladas de estrume de porco tm um teor de matria seca (MS) de 8%, do qual 80%
matria orgnica (MO). A produo mxima de biogs de 450 m3/tonelada MOS. A produo
de biogs a partir da digesto deste estrume ser:

1000 toneladas x 8% MS x 80% MO x 450 m3/tonelada MOS = 28.800 m3 de biogs

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.7


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3.1.2.5 Substratos

Os substratos so os materiais que vo ser digeridos. Numa explorao agro-pecuria, o


substrato bsico o efluente agro-pecurio. Podem ainda ser adicionados outros materiais
orgnicos hmidos, como cereal ou erva.

Efluentes agro-pecurios

A composio do efluente, que tem um grande efeito no rendimento do biogs, varia quanto ao
tipo de animal e quanto explorao. A Tabela seguinte apresenta a variabilidade da
composio e a produo do biogs do efluente para vrios animais. Como resultado do uso
de gua a fraco de matria seca pode variar, enquanto o rendimento de biogs pode variar
para diferentes tipos de alimentao.

Tabela 3.2 - Caractersticas do efluente de diferentes animais


Tipo de efluente Matria Seca Matria Produo de Produo de Produo
MS (%) Orgnica Biogs Biogs mdia de
(% de MO) (m/tonelada (m3/tonelada biogs
3
MOS) hmida) (m /tonelada
hmida)
Efluentes de 7-15 65-85 200-400 9-51 25
bovinicultura
Efluentes de 3-13 65-85 350-550 7-61 27
suinicultura
Efluentes de 10-20 70-80 350-550 24-88 51
avicultura

O efluente das vacas leiteiras tem um rendimento de biogs mais baixo por kg de matria
orgnica seca do que o efluente da suinicultura. Isto deve-se principalmente flora intestinal da
vaca, que estimula o incio da digesto do estrume ainda antes da excreo. Ainda assim, o
menor rendimento compensado pelo teor relativamente alto de matria seca do seu estrume.

As vacas leiteiras produzem cerca de 27 toneladas de efluente, por animal, por ano. No
entanto, dependendo do sistema de pastoreio de uma (grande) explorao especfica, parte
desta quantidade produzida enquanto as vacas pastam. Os porcos fmeas produzem cerca
de 5,5 toneladas de estrume por animal, por ano; os porcos machos cerca de 1,2. O estrume
dos porcos fmeas possui um menor teor de matria seca do que o estrume dos porcos
machos e, como tal, um menor rendimento de biogs por tonelada.

Co-substratos

A adio de co-substratos ao efluente (co-digesto) uma forma economicamente atractiva,


para aumentar a produo de biogs. Os co-substratos tm geralmente um rendimento de
biogs por tonelada (hmida) substancialmente mais alto, comparado com o efluente agro-
pecurio, e podem ser adquiridos de vrias fontes. Na maioria das exploraes agrcolas,
existem vrios tipos de desperdcios. Para alm disso, possvel cultivar biomassa para utilizar
na digesto anaerbia (chamadas colheitas para fins energticos). Na maioria dos casos, os
co-substratos so originrios de fontes externas, por exemplo, resduos da indstria
processadora de alimentos.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.8


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 3.7 - Trs co-substratos diferentes


Fotografias: PlanET GmbH / www.planet-biogas.com

Quando os co-substratos so adicionados, devero ser tidas em conta as condies


necessrias para o seu processamento, tais como, a carga orgnica ou o pH. A maior parte
dos sistemas de biogs, numa explorao agro-pecuria, no capaz de lidar com teores de
matria seca superiores a 15%, resultantes da mistura de efluente e co-substrato. Uma vez que
grande parte do efluente de bovinicultura e suinicultura possui um teor significativamente
menor de matria seca, possvel adicionar co-substratos com maior teor de matria seca. A
tabela seguinte d uma indicao da composio e rendimento de vrios co-substratos. Esta
tabela dever ser usada apenas como uma indicao, pois na prtica, a composio de co-
substratos poder oscilar.
Tabela 3.3 - Caractersticas de alguns co-substratos
Tipos de co- Matria Seca Matria Produo de Produo de Produo
substratos MS (%) Orgnica Biogs Biogs mdia de
3
(% de MO) (m/tonelada (m /tonelada biogs
3
MOS) hmida) (m /tonelada
hmida)
Desperdcio 10-20 65-85 400-700 25-120 75
vegetal
Beterraba 10-20 80-95 800-1200 65-230 145
sacarina
Armazenamento 15-40 75-95 500-900 55-340 200
de cereal
Armazenamento 30-50 80-90 500-700 120-315 220
de erva
Desperdcios de 8-50 70-90 600-1300 30-585 310
gordura e
sobrenadante

Aquando da utilizao de co-substratos, devem ter-se em considerao os aspectos


mencionados na seco seguinte e ainda requerimentos legais especficos, como licenas
adicionais.

3.1.2.6 Propriedades e qualidade do efluente agro-pecurio (co)digerido

Efluente digerido

O efluente digerido tem diversas vantagens em relao ao efluente no tratado:

x A fraco de azoto (N) que directamente absorvida pelas plantas aumentou. Este o
resultado da converso de compostos orgnicos facilmente degradveis. Com o uso
apropriado do efluente digerido (por exemplo, estrumar no incio da poca de cultivo para
evitar a lixiviao do azoto) possvel poupar adubo qumico. Esta poupana na utilizao
de adubo qumico, pode atingir valores na ordem dos 10-20%;
x Os compostos orgnicos que se degradam muito devagar (compostos do gnero de
hmus, tambm chamados lenhose) no so degradados no processo de digesto
anaerbia, mantendo-se portanto a funo de fertilizante do solo;
x O composto tem menos odores;
BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.9
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

x mais homogneo;
x A quantidade de microorganismos patognicos e germes reduzida.

Figura 3.8 - Substrato no digestor


Fotografia: PlanET GmbH / www.planet-biogas.com

Co-Substratos

Aquando da utilizao de co-substratos deve-se prestar ateno a uma srie de factores. Para
alm de se reunirem as condies do processo, devem ser tidos em conta os seguintes
aspectos:

x Aspectos Qumicos: Os co-substratos podero conter metais pesados (como zinco e cobre)
ou outros contaminantes inorgnicos e poluentes orgnicos persistentes (POPs). Quando o
composto (a mistura digerida do efluente e dos co-substratos) for usada em solo agrcola,
aconselha-se a verificao das concentraes destes contaminantes no composto, para
verificar a conformidade com padres nacionais e/ou regionais requeridos. Os co-
substratos podero tambm conter azoto, fsforo e potssio, em concentraes
significativamente mais altas que nos adubos qumicos.
x Impurezas fsicas: possvel que estejam presentes impurezas fsicas no co-substrato.
Estas podem consistir em: plstico e borracha; metal; vidro e cermica; areia e pedras;
materiais de celulose (madeira, papel, etc); e outros. Estas impurezas podem afectar a
estabilidade operacional da instalao ou danificar os componentes da fbrica. Para alm
disso, a maioria destas impurezas tambm indesejvel, se o composto for utilizado em
solo agrcola. Deve assegurar-se que o co-substrato tema o menor nmero possvel de
impurezas fsicas e que corresponda aos padres nacionais e/ou regionais sobre esta
matria;
x Microorganismos patognicos e germes: Os co-substratos podem conter vrios
microorganismos patognicos e germes, dependendo da sua fonte de origem. Os co-
substratos originrios de fontes externas podem apresentar um risco adicional de aumento
de doenas (como a BSE) ou propiciar o aparecimento de ervas daninhas, especialmente
quando o composto usado em solo agrcola. Este risco varia para os diferentes tipos de
co-substratos.

Microorganismos patognicos e germes

Como resultado do aquecimento do substrato no digestor, uma grande parte dos


microorganismos patognicos e germes so eliminados. Quanto mais alta a temperatura do
processo, maior o grau de reduo. A Tabela seguinte mostra este efeito para algumas
bactrias patognicas que esto presentes nos efluentes.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.10


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Tabela 3.4 - Comparao entre o tempo de eliminao (T-90) de algumas bactrias


patognicas no composto e no efluente no tratado (Bendixen, 1999). O tempo de
eliminao aquele em que 90% das bactrias so eliminadas
Bactrias Composto Efluente no tratado
53C 35C 18-21C 6-15C
(em (em dias) (em (em
horas) semanas) semanas)
Salmonella typhi murium 0,7 2,4 2,0 5,9
Salmonella dublin 0,6 2,1 - -
E.coli 0,4 1,8 2,0 8,8
Staphylococcus aureus 0,5 0,9 0,9 7,1
Mycobacterium paratuberculosis 0,7 6,0 - -
Coliform bacteria - 3,1 2,1 9,3
Grupo de D-Streptococci - 7,1 5,7 21,4
Streptococcus faecalis 1,0 2,0 - -

Como resultado, o composto contm menos microorganismos patognicos e germes que o


efluente no digerido. Contudo, os co-substratos originrios de fontes externas podero conter
microorganismos patognicos e germes adicionais.

Microorganismos Patognicos

A classificao dos vrios tipos de co-substratos, relativamente ao risco potencial de


patognicos :

1. Lamas de produo vegetal;


2. Lamas de aquacultura;
3. Lamas da produo animal;
4. Resduos separados na fonte (por exemplo das residncias);
5. guas residuais.

O produto digerido das lamas da produo vegetal ou da aquacultura no dever constituir


qualquer risco patognico. As restantes categorias constituem de facto um risco adicional de
patognicos e, portanto, necessitam de saneamento. Na maioria dos casos, o saneamento
feito atravs do aquecimento do efluente a 70C, durante uma hora (pasteurizao). O
processo de saneamento reduz os patognicos para um nvel satisfatrio. O saneamento
ocorre num pequeno tanque separado, que aquecido. O saneamento do substrato fresco
(antes do processo de digesto) denominado pr-saneamento. O ps-saneamento feito
depois do processo de digesto.

Germes

Se existem incertezas acerca do tipo de germes no co-substrato, aconselhvel aplicar o


saneamento deste. Por exemplo, a erva das margens apresenta um baixo risco na propagao
de doenas causadas por patognicos nos animais, mas por vezes poder conter um elevado
nmero de germes. O processo de saneamento reduz os germes para um nvel satisfatrio.

3.1.3 Vrios sistemas de DA

O funcionamento geral de cada digestor anaerbio o mesmo. Os substratos so adicionados


num recipiente selado, no qual o biogs produzido, atravs de um processo de digesto. O
biogs armazenado num tanque, de forma a assegurar um fornecimento constante unidade
de CCE. Existe uma grande variedade de sistemas de digesto anaerbia diferentes, cada
qual, apresentando as suas vantagens e desvantagens. Os sistemas mais comuns sero
discutidos seguidamente.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.11


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

3.1.3.1 Processos de digesto anaerbia

De acordo com a gesto do processo dos sistemas de DA, estes podem ser divididos nas trs
seguintes categorias:

x Processos contnuos;
x Processos descontnuos (sistema por fases);
x Processos semi-contnuos.

Figura 3.9 - Esquema de processos de digesto anaerbia


Grfico: Ecofys bv / www.ecofys.com

Processo Contnuo

Uma central de biogs, a funcionar em modo contnuo, consiste num digestor principal e num
tanque de ps-digesto para o composto. Os tanques de armazenamento de efluentes
existentes podem ser usados como tanques de ps-digesto. Quando os substratos so
adicionados no digestor, uma quantidade equivalente de composto bombada para o tanque
de ps-digesto, atravs de um tubo de descarga, pelo que, o nvel no digestor mantm-se
constante. O composto, que introduzido no tanque de ps-digesto, poder conter alguns
substratos, que continuaro a ser digeridos no armazenamento. Normalmente, o tanque de
ps-digesto est selado, para que o biogs a produzido possa ser usado, e portanto permita
aumentar a produo global de gs. Outra opo, para aperfeioar a eficincia total do sistema
a utilizao de ar rico em metano, proveniente do tanque de ps-digesto, como ar para a
combusto.

Este processo contnuo adequa-se mais a agricultores que tenham de armazenar os seus
efluentes, durante longos perodos. O digestor pode ser relativamente pequeno, porque ir
conter apenas o efluente, enquanto durar o processo de digesto (tempo de reteno). A
funo de armazenamento do digestor no to importante, uma vez que o composto
armazenado no tanque de ps-digesto

Processo por fases

Uma outra opo de funcionamento de um digestor anaerbio o processo por fases. Neste
processo, o digestor periodicamente preenchido, na sua totalidade, com efluente e co-
substrato. O digestor ento selado e o processo de digesto inicia-se. A taxa de produo de
biogs aumenta at atingir um patamar mximo, e quando a taxa de produo diminui abaixo
de 90-95%, transportado composto para o tanque de armazenamento. O restante permanece
no digestor para dar incio ao processo de digesto da nova poro de substrato fresco. Para
que se possa ter um fornecimento constante de biogs, necessrio existirem diversos
digestores a funcionar em paralelo, em fases diferentes do processo de DA. Usualmente, os
sistemas de mltiplos tanques digestores so mais adequados para centrais industriais de
grande escala; a digesto por fases em dois tanques pode ser utilizada nos digestores de
exploraes agro-pecurias.
BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.12
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Processo semi-contnuo

Este tipo de processo combina as vantagens do processo por fases e do processo contnuo.
Permite utilizar o digestor para armazenamento e digesto de substratos. O material orgnico
adicionado continuamente, at encher gradualmente o tanque digestor. O efluente digerido fica
armazenado no tanque enquanto for necessrio. Uma vez preenchido o digestor, em vez de
funcionar como um processo por fases, passa a funcionar continuamente. Desta forma,
qualquer substrato adicional que seja acrescentado, far com que haja um fluxo de composto
para o tanque de armazenamento. Geralmente, o tamanho destes tanques suficientemente
grande, pelo que no necessrio um tanque adicional de ps-digesto. A maior desvantagem
deste processo resulta do facto de parte do composto no ser completamente digerido e, desta
maneira, o rendimento de biogs menor, quando comparado com outras opes de
processos. Para alm disso, devido ao curto tempo de reteno, o efeito de saneamento
ligeiramente mais baixo.

3.1.3.2 Princpios de digesto

Os digestores podem ser divididos em dois grandes grupos:

x Digestor horizontal;
x Digestor vertical.

Geralmente os sistemas semi-contnuos usam os digestores horizontais. Ambos os tipos


podem ser aplicados para sistemas contnuos.

Digestor Horizontal

Normalmente, os digestores horizontais so relativamente pequenos rondando o volume


padro entre os 50 e os 150 m3. Estes digestores consistem num grande tanque de ao, com
um sistema de agitao. Regra geral, estes tanques so transportados para o local numa s
pea, estando portanto, limitado pelas dimenses mximas permitidas para transporte
rodovirio.

Quando os substratos so introduzidos no digestor, so aquecidos pelo equipamento de


aquecimento. Estes instrumentos de aquecimento so montados no eixo da misturadora, pelo
que se encontram em rotao no substrato. De referir que este tipo de digestor requer sempre
armazenamento exterior de gs.

O substrato entra no digestor lentamente por um lado e o composto sai pelo outro. A vantagem
deste tipo de digestores que os substratos no so misturados horizontalmente, mas
verticalmente. Sendo assim, o efeito do saneamento e o rendimento mdio de biogs mais
elevado. O tempo de reteno pode ser mais curto, aumentando a capacidade do digestor.

Um digestor horizontal tem capacidade para uma percentagem de material seco na ordem dos
15 a 20%.

Figura 3.10 - Digestor horizontal


Grfico: Ecofys bv / www.ecofys.com

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.13


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Digestor vertical

Um digestor vertical tem uma forma cilndrica e normalmente possui um volume que varia entre
os 300 e os 1500 m3. O contedo pode ser aquecido, quer por um permutador externo, que
aquece os substratos que esto a ser introduzidos, quer por gua quente que circula em tubos
ao longo das paredes do digestor. As paredes so isoladas para reduzir a perda de calor.
Existem vrios sistemas de agitao possveis. Na maioria dos casos, o biogs fica
armazenado com o composto, separado por uma membrana flexvel.

O digestor vertical pode ser igualmente montado com uma cobertura slida, utilizando um
armazenamento externo de biogs.

Na maioria dos casos, este tipo de digestor, menos dispendioso que um digestor horizontal,
devido ao uso de materiais mais baratos, como beto e ao facto da construo ser menos
complexa. A agitao dos substratos pode ser feita utilizando vrios tipos de aparelhos
agitadores.

Um digestor vertical tem capacidade para uma percentagem de material seco que vai dos 10
aos 15%.

Figura 3.11 - Digestor vertical


Fotografia: Smack AG / www.schmack-biogas.com

Critrios de seleco de digestor:

x Tamanho e tipo do actual sistema de armazenamento de efluentes: possivelmente, o


armazenamento existente pode ser usado como um tanque digestor ou como
armazenamento de ps-digesto;
x Percentagem de matria seca do substrato: um digestor horizontal tem capacidade para
uma percentagem mxima de matria seca entre os 15 e os 20%, enquanto que um
digestor vertical suporta um mximo de 10 a 15%. comum utilizar o digestor vertical
quando a percentagem de matria seca se encontra abaixo dos 10%;
x Tempo de reteno desejvel: se o digestor tiver de servir como armazenamento
temporrio de efluente, aconselhvel a utilizao de um digestor semi-contnuo;
x Custos de investimento: um digestor horizontal relativamente dispendioso. Os sistemas
de armazenamento existentes podero ser usados como armazenamento de ps-digesto.
No caso de se utilizar um digestor vertical possvel que este seja uma adaptao do
tanque de armazenamento dos efluentes.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.14


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3.1.3.3 Esquemas mais comuns de sistemas de DA

Existe uma grande variedade de esquemas de sistemas de DA, sendo que cada um tem as
suas vantagens e desvantagens. As principais razes por que se deve escolher um certo
esquema so:

x disponibilidade de substratos;
x recursos de investimento disponveis;
x infraestrutura disponvel (por exemplo, transformao de um silo num digestor);
x espao disponvel;
x saneamento necessrio;
x clima (um clima frio requer melhor isolamento trmico);
x tempo necessrio (ou preferido) de armazenamento do composto;
x preferncia por um fornecedor.

Na Figura 3-12 apresentam-se vrios esquemas de sistemas possveis. De referir que existe
uma distino entre digestores, com armazenamento de biogs interno ou externo.

As variantes a e b do sistema, na Figura 3-12, so digestores que funcionam semi-


continuamente, na mais simples e mais econmica construo. Devido ao rcio satisfatrio
entre custos/desempenho, so construdos em muitos casos novos digestores, como se pode
ver na variante c. O tamanho de um digestor deve ser o menor possvel, dado o aumento de
custos de investimento, com o aumento das dimenses.

Por vezes, tanto o tanque digestor como o armazenamento de ps-digesto so usados para
armazenamento de biogs (variante e). Os digestores horizontais so frequentemente
desenhados como na variante d e na f. Quanto opo de desenho c e d, pode ser usada uma
variedade de sistemas de armazenamento de ps-digesto. As variantes g e h do sistema
mostram sistemas de digesto por fases.

Figura 3.12 - Esquemas tpicos de sistemas de DA


Grfico: Ecofys bv / www.ecofys.com

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.15


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

3.1.4 Componentes do sistema

3.1.4.1 Tanques digestores

Neste manual dado mais nfase aos digestores verticais. O pavimento e as paredes destes
digestores so, na sua maior parte, feitos de beto reforado a ao. Contudo, pode tambm ser
usado apenas ao. As paredes dos digestores necessitam de cobertura com material de
isolamento para evitar a perda de calor.

O digestor deve ser selado ao ar. A cobertura superior do contentor depende do tipo de
armazenamento aplicado. Para armazenamentos de gs integrado, a cobertura deve consistir
numa chapa flexvel. A desvantagem desta construo deve-se ao facto de ter um baixo efeito
de isolamento e assim existir perdas de calor significativas. Usando um tecto slido com
isolamento, estas perdas podem ser evitadas. Na maior parte dos casos, o sistema requer um
armazenamento externo de gs.

3.1.4.2 Aquecimento e isolamento trmico do digestor

O processo de digesto anaerbia requer temperaturas geralmente superiores temperatura


ambiente. A digesto anaerbia mesoflica d-se entre 25 e 35C, e os processos termoflicos
acima dos 40C. Portanto, necessrio aquecer o substracto at temperatura requerida.
Geralmente, o calor gerado por cogerao usado para este aquecimento. transferido para o
digestor atravs de linhas de aquecimento normalizadas.

Existem trs tipos de aquecimento de substrato, dependendo do tipo de digestor. Em


digestores horizontais o aquecimento est integrado no dispositivo de agitao. O aquecimento
dos digestores verticais de beto geralmente instalado como aquecimento de parede, com a
tubagem de aquecimento instalada no interior da parede. Neste caso, h muitas vantagens na
utilizao da tubagem em ao inx comparativamente de PVC, devido excelente
conductividade trmica e baixa tendncia para formao de incrustaes. Os digestores de
metal, em contraste com os de beto, podem ser equipados com revestimento exterior de
aquecimento. Pode ser usado tambm, aquecimento do pavimento, contudo o seu uso levanta
alguns problemas, uma vez que a camada de sedimentos no fundo do digestor funciona quase
como isolamento, reduzindo as caractersticas de conductividade trmica.

Figura 3.13 Sistema de aquecimento do digestor


Fotografia: PlanET GmbH / www.planet-biogas.com

As centrais de biogs, com tanques de saneamento, nos quais parte do substrato aquecido
at 70C, podem quase sempre dispensar o aquecimento do digestor, usando um permutador
de calor com contador de caudal, para aquecer o vapor principal do substrato, trocando calor
com o substrato higienizado. Neste caso o isolamento do digestor deve ser um pouco mais
espesso do que o usual.
BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.16
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

De modo a reduzir as perdas de calor do substrato, atravs das paredes do digestor


necessrio isol-lo. Os materiais de isolamento comuns so: l mineral, mistura de fibras
minerais, poliestireno expandido ou extrudido ou espuma de poliuretano. Para isolar o digestor
podem tambm ser usados alguns materiais orgnicos feitos de algodo, l, cortia ou
materiais similares. Geralmente usado poliuretano nas paredes laterais do digestor, com uma
espessura de cerca de 6 cm, enquanto o poliestireno geralmente aplicado no fundo do
digestor, com uma espessura de cerca de 8 cm. A l mineral pode ser usada para o fundo e
paredes laterais de um digestor, com uma espessura de cerca de 10 cm.

Figura 3.14 - Isolamento trmico do digestor


Fotografia: Krieg + Fischer Ingenieure GmbH / www.kriegfischer.de

A seleco do material de isolamento trmico apropriado, depende do tamanho do digestor e


do preo especfico de cada material de isolamento. Os tipos de isolamento tem certas
caractersticas de conductividade trmica que influenciam a sua espessura.

A definio de um equilbrio econmico ptimo entre os custos do material de isolamento e as


poupanas devidas s perdas de calor reduzidas deve ser o objectivo, quando se desenha o
isolamento do digestor. Para proteger o isolamento contra a sujidade e as condies
atmosfricas tambm necessria uma camada no topo.

Tabela 3.5 - Caractersticas dos vrios materiais de isolamento


3
Material de isolamento Densidade [kg/m ] Conductividade trmica [W/mK]
Poliuretano 0,030
Poliestireno expandido 20-45 0,040
Poliestireno extrudido 30-80 0,035
L mineral 30-50 0,043
Cortia 100-120 0,050
Malha de l de carneiro 10-20 0,035
Mistura de algodo 20 0,040

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.17


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

3.1.4.3 Tubagem para o transporte de substrato

Existem dois tipos de tubagem:

x sobre presso (para transporte);


x superfcie livre.

A tubagem sobre presso, para transporte de substrato por meio de uma bomba, em curtas
distncias, deve ter um dimetro de pelo menos 100 mm para evitar bloqueios. Para distncias
maiores requer-se um dimetro de pelo menos 150 mm, e para evitar sedimentos no fundo da
tubagem deve considerar-se uma velocidade de transporte mnima de cerca de 1 m/s.

A tubagem em superfcie livre est sujeita influncia da gravidade, pelo que requer um
dimetro de pelo menos 200 mm.

Geralmente a tubagem usada nas centrais de DA feita de ao. Contudo so tambm


utilizados outros materiais, tais como plsticos.

Figura 3.15 - Tubagem para transporte do substrato


Fotografia: Smack AG / www.schmack-biogas.com

Qualquer tubagem que esteja exposta a congelamento deve ser protegida, por meios de
isolamento, de modo a evitar a formao de gelo e assim o bloqueio da mesma.

Deve ser instalada uma vlvula de reteno, para evitar o refluxo do digestor, para o
armazenamento de efluente.

3.1.4.4 Bomba

Uma bomba no sistema DA pode ter duas funes, servindo para superar a diferena em
altura, ou para ser usada no sistema hidrulico de agitao.

As bombas classificam-se da seguinte forma:

x centrfugas;
x deslocamento positivo;
x espiral excntricas;
x palheta;
x fole.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.18


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 3.16 - Diferentes bombas


Fotografias: PlanET GmbH / www.planet-biogas.com

De modo a facilitar o funcionamento das bombas, deve instalar-se a tubagem com uma
inclinao de 1 a 2%, para que a bomba fique automaticamente vazia durante a paragem. Este
procedimento evita a formao de sedimentos na bomba. No entanto , este procedimento no
possvel com bombas de vlvula, uma vez que estas no aspiram automaticamente o
substrato.

3.1.4.5 Dispositivos de Agitao

Os dispositivos de agitao servem para estabelecer as seguintes condies no digestor:

x equilbrio de temperatura no substrato;


x mistura do substrato existente e do novo, por forma a que estejam presentes bactrias
activas em todo o substrato;
x preveno de formao de aglomerados e camadas.

Os dispositivos de agitao nas centrais de DA classificam-se em mecnicos e hidrulicos


sendo os mais comuns de parafuso.

Figura 3.17 - Agitador de parafuso


Fotografia: Krieg + Fischer Ingenieure GmbH / www.kriegfischer.de

Agitador de parafuso

Um agitador de parafuso consiste num electromotor, com capacidade de carga de 2,5 at 25


kW. Este sistema operado manualmente e adequado para digestores com volume at um 1
m3. O agitador cria um fluxo em qualquer direco desejada. Para evitar e contrariar a
formao de camadas sedimentares, necessrio um ajustamento em altura. normalmente
desenhado como agitador ajustvel em altura, ou com brao articulvel.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.19


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Agitao hidrulica

O substrato pode ser agitado hidraulicamente, atravs da sua bombagem para o exterior do
digestor, para um local definido e realimentao num ponto diferente. O substrato
normalmente retirado por um tubo na parte superior do digestor e injectado na parte inferior. O
produto de entrada e de sada do tubo deve ser colocado, de tal modo, que o seu contedo
seja misturado completamente. Na maior parte dos casos o substrato na bomba pode ser
usado para este fim. Para tornar este processo possvel, o tubo de transporte deve ter uma
derivao por meio de uma vlvula e de um tubo adicional.

Figura 3.18 - Agitao hidrulica


Fotografia: PlanET GmbH / www.planet-biogas.com

Este sistema apenas adequado quando so usados co-substratos fluidos. menos


adequado para co-substratos que tendem a formar camadas sedimentares.

A vantagem de um sistema hidrulico que no tem partes que se movam dentro do digestor.
A bomba est localizada fora do digestor e facilmente acessvel para manuteno.

3.1.4.6 Armazenamento de Substrato

Os sistemas de armazenamento de efluentes mais utilizados so os celeiros, silos, bacias e


reservatrios. Quando se usa um digestor aconselhvel armazenar o efluente durante o
menor tempo possvel, porque o processo de digesto comea durante o armazenamento,
conduzindo a rendimentos menores do biogs, no digestor.

O armazenamento de co-substrato depender, em larga escala, das suas propriedades fsicas


e qumicas. Por exemplo, o cereal pode ser armazenado em silos, mas as gorduras requerem
um tanque de armazenamento (possivelmente com um aparelho de aquecimento para
assegurar a manuteno do seu estado lquido).

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.20


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 3.19 - Sistema de armazenamento de substrato


Fotografia: PlanET GmbH / www.planet-biogas.com

3.1.4.7 Sistema de alimentao de co-substrato

Muitos co-substratos slidos requerem um tratamento, para reduo de tamanho, antes de


serem inseridos no digestor. O tamanho das partculas do co-substrato deve ser
suficientemente pequeno para ser adicionado e misturado com o efluente. Este processo
requer a existncia de um sistema de alimentao que reduza ou moa os co-substratos.

Os substratos podem ser inseridos directamente num tanque digestor passando por um
sistema de secagem, por exemplo, um tanque em forma de funil. Os substratos fluidos podem
ser tambm inseridos directamente no tanque de digesto, atravs do sistema de
armazenamento.

Como alternativa pode ser usado um tanque de pr-mistura, para misturar o efluente e os co-
substratos, antes de serem bombeados para o digestor.

De modo a assegurar um bom controlo da quantidade de co-substratos fornecidos,


necessrio um sistema de doseamento e pesagem.

Figura 3.20 - Sistema de alimentao de co-substrato


Fotografias: PlanET GmbH / www.planet-biogas.com e Ecofys bv / www.ecofys.com

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.21


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

3.1.4.8 Armazenamento de biogs

O biogs fica armazenado, normalmente, em condies de presso e temperatura normais, o


que faz com que seja necessrio um maior volume, em comparao com os convencionais
cilindros de armazenamento de gs. O volume determinado pelo rendimento de produo de
biogs e pelo modelo de consumo. Quando o motor est a trabalhar constantemente
necessrio um armazenamento menor de biogs, em comparao com um sistema que serve
para providenciar energia em picos de necessidade.

Os tanques de armazenamento de gs podem ser distinguidos pela presso a que operam.


Existem diferenas entre o armazenamento a baixa presso e tanques de mdia e de alta
presso. A baixa presso, a operao efectua-se um pouco acima da presso atmosfrica e os
tanques so geralmente de chapa flexvel. A presso de operao estabelecida por uma
vlvula de regulao, situada ao longo da tubagem de gs que conduz ao motor CCE
(combinao calor e energia), dependendo tambm do peso da chapa. O armazenamento de
baixa presso de biogs utilizado usualmente em centrais DA, para exploraes agro-
pecurias, e operam em subpresso entre 0,05-0,5 mbar. Os tanques de mdia (5-20 bar) e de
alta presso (200-300 bar) so projectados com vlvulas de presso de ao e garrafas de gs.

Figura 3.21 - Armazenamento de biogs uma variante


Fotografia: Krieg + Fischer Ingenieure GmbH / www.kriegfischer.de

O armazenamento de biogs pode ser interno (no topo do substrato ou composto) ou externo.
Se o biogs armazenado internamente, deve-se instalar uma membrana flexvel acima do
efluente em digesto, no sendo, no entanto necessria, quando a quantidade de biogs a
armazenar pequena. Esta membrana deve ter uma espessura de cerca de 1-2 mm, e tem
propriedades de expanso quando h formao de biogs.

Se o biogs armazenado exteriormente, pode-se utilizar um reservatrio de gs. Estes


reservatrios armazenam biogs a baixas presses sem esforar o material do reservatrio,
pelo que asseguram um tempo de vida longo.

Armazenamentos efectuados com membrana possuem algumas vantagens quando


comparadas com outros tipos. Podem ser manufacturadas a baixo custo, no prprio local, e
para qualquer tamanho, at 2000 m3. Para alm disso a membrana resistente corroso. Por
outro lado, os reservatrios de gs devem ser protegidos da deteriorao e da influncia das
condies atmosfricas.

3.1.4.9 O motor de biogs

Usualmente a energia qumica armazenada no biogs transformada em calor e potncia,


atravs dum motor de gs convencional. Este tipo de converso de energia tambm
chamada Gerao Combinada de Calor e Energia. Neste guia sero discutidos apenas os
motores de gs mais utilizados, nomeadamente o motor de pisto que conduz gerao de
BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.22
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

electricidade. Outros equipamentos de converso de biogs para a gerao de electricidade


so: motor de agitao, pilha combustvel e turbina de gs. Contudo, estas opes ainda no
esto homologadas comercialmente (para digesto anaerbia). Recentemente tem sido
efectuada investigao no campo do uso de pilhas combustveis, para digestores de
exploraes agro-pecurias.

Figura 3.22 - Motor CCE


Fotografia: Smack AG / www.schmack-biogas.com

Normalmente, um motor de pisto pode libertar calor para a atmosfera atravs da gua de
arrefecimento do motor e do sistema de exausto. Numa configurao CCE, este calor
recuperado por meio de permutadores de calor. Parte deste calor utilizado para aquecer o
digestor, enquanto que o calor remanescente pode ser usado para necessidades de calor
externas. O motor CCE pode utilizar at 90% da energia do combustvel convertendo-a em
30% de energia elctrica e 60% em calor.

A electricidade gerada pode ser utilizada tanto para uso prprio como para fornecimento
rede. Existem duas opes diferentes para a produo de electricidade:

x Produo nominal constante: nesta configurao, de funcionamento constante, a unidade


de CCE ser a mais pequena possvel. Contudo, no existe possibilidade para aumentar a
capacidade de produo de electricidade, quando existem picos de necessidade;
x Necessidade urgente: o motor operar primeiramente quando a necessidade de
electricidade maior, sendo que nesses momentos, a electricidade ter o seu valor
econmico mais elevado, tanto para utilizao prpria como para fornecimento para a rede.

Os motores para biogs so baseados em tipos de motores a quatro tempos que so


produzidos em largas sries. Motores a dois tempos no so adequados por causa do elevado
nvel de utilizao. Na maioria dos casos um motor adequado pode ser adquirido a uma
empresa especializada em adaptao de motores para biogs.

Um tipo especfico de motor de pisto o motor a dois combustveis. Este trabalha


preferencialmente com gasleo, e quando o motor se encontra em funcionamento, adiciona-se
biogs e a quantidade de gasleo diminui em 10 a 20%. Esta a quantidade mnima requerida
para iniciar a ignio da mistura e para lubrificar o motor. O biogs misturado e aspirado para
o motor. A vantagem de um motor a gasleo a possibilidade de utilizar uma mistura com um
teor relativamente baixo de CH4. Alm disso, pode funcionar como uma unidade de energia de
emergncia. A desvantagem que emite monxido de carbono (at 10 vezes mais que um
motor de gs alimentado com biogs).

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.23


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

De modo a iniciar a digesto anaerbia, necessrio aquecer o contedo do digestor. Um


motor a dois combustveis pode funcionar a gasleo e produzir gua quente, at que a
produo de biogs se inicie. Nalguns pases a electricidade produzida com um motor deste
tipo no considerada como energia renovvel.

3.1.4.10 Remoo de cido sulfdrico

O biogs pode conter cerca de 1% de cido sulfdrico (H2S). O H2S possui um efeito corrosivo
em metais e poder danificar o motor e a tubagem, da a importncia de remoo deste
elemento. A remoo pode ser feita simplesmente por adio de algum ar (2 a 6 vol.%) pela
parte superior do digestor, junto ao local onde est localizada a sada de biogs para
armazenamento. As bactrias oxidantes convertem o cido sulfdrico em enxofre, e de seguida
este precipitar no composto, como enxofre elementar. Quando a quantidade de ar doseada
correctamente, a quantidade de H2S no biogs pode ser reduzida em 95%. Contudo, se for
adicionado demasiado ar, o cido sulfdrico pode converter-se em cido sulfrico. Alm disso, a
combinao de ar e biogs pode ser explosiva. A limitao da quantidade de ar muito
importante.

Figura 3.23 - Remoo de cido sulfdrico


Fotografia: PlanET GmbH / www.planet-biogas.com

Um instrumento de medio de H2S pode medir a quantidade do mesmo. Uma bomba de ar de


aqurio pode servir como a bomba mais simples para adicionar ar de uma forma fcil e
controlada. Este mtodo simples, fivel e de baixo custo geralmente usado em digestores de
exploraes agro-pecurias.

3.1.4.11 Tanque de ps digesto/ Tanque de armazenamento de composto

Depois do substrato ter sido fermentado transferido para o tanque de ps digesto, para ser
armazenado, at que o substrato digerido possa ser usado como fertilizante. Os tanques de
armazenamento so cada vez mais cobertos, para evitar perdas de azoto e para recuperar
biogs adicional, que se forma durante o perodo de armazenamento do composto.
Geralmente, durante os meses mais frios do ano, no permitido espalhar fertilizante nos
campos. De acordo com o tamanho necessrio para armazenamento, o tanque deve ser
desenhado de modo a que armazene a quantidade de substrato digerido, produzido durante
um perodo de cerca de 6 a 7 meses. Com o sobredimensionamento ligeiro da capacidade de
um tanque de ps digesto podem retirar-se vantagens se se tiver em conta uma posterior
extenso da central de biogs. Geralmente, os tanques de armazenamento de efluentes
existentes so usados como tanques de ps digesto.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.24


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 3.24 - Tanque de ps digesto


Fotografia: Krieg + Fischer Ingenieure GmbH / www.kriegfischer.de

3.1.4.12 Equipamento de medio e controlo

Vrios aparelhos de medio permitem ao operador da central de biogs manter o sistema de


modo eficiente e assim assegurar o sucesso econmico desta. Alm do mais, permitem o
controlo dirio do comportamento dos diferentes componentes e a deteco de problemas com
o funcionamento e comportamento do sistema. Os aparelhos de medio mais importantes so
os seguintes:

x Sensores de temperatura para medir a temperatura do digestor e a temperatura do fluxo de


avano e de retorno do ciclo de aquecimento: geralmente os sensores de temperatura
esto acoplados parede do digestor, para medir a temperatura do substrato. Para
determinar o consumo de calor, as temperaturas precisam de ser medidas na rede de
aquecimento nos fluxos de avano e retorno; em combinao com um medidor de fluxo, o
aquecimento gerado e o processo de consumo de calor podem ser calculados;
x Indicador do nvel de substrato no digestor: um indicador de nvel ajuda a analisar o
comportamento do digestor, e dessa forma a quantidade de biogs produzida. Esta
medio importante para se saber as quantidades dirias de substrato adicional, e dessa
forma, o fluxo de substrato;
x Medidores de electricidade, um para consumo prprio do sistema e outro para a
electricidade distribuda na rede;
x Medidor de gs: devem ser instalados pelo menos dois medidores de gs medindo a
produo e o consumo de gs. Os fluxos de gs medidos so indicadores do
comportamento da central de biogs. Alm disso, servem para operar o sistema de modo
seguro.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.25


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 3.25 - Equipamentos de medio


Fotografia: Smack AG / www.schmack-biogas.com

Os aparelhos de medio acima mencionados podem ser ligados a um computador, para


automatizar a aquisio de dados e respectivo tratamento.

Complementarmente a estes instrumentos importante determinar regularmente outros


parmetros, tais como:

x O valor de pH do substrato e do composto, para assegurar as condies apropriadas a


uma boa actuao das bactrias;
x A composio do biogs: a determinao do contedo de metano e de cido sulfdrico
(H2S) so indicadores do comportamento do digestor e dos parmetros de controlo
necessrios, para assegurar a remoo do H2S do biogs, evitando assim a corroso;
x O teor da matria seca do substrato, para estimar o rendimento do biogs e a taxa de
processamento;
x A concentrao de amonaco, que influencia a taxa de produo de biogs, sendo que,
para taxas mais elevadas a produo diminui. No composto a concentrao de amonaco
d indicao do potencial como fertilizante;
x A concentrao de cidos gordos de pequena cadeia, d indicaes do comportamento do
processo de digesto e permite ao operador reagir a alteraes no ambiente de digesto,
uma vez que, quanto mais baixa a concentrao de cidos gordos de pequena cadeia,
mais compostos txicos, para as bactrias, podem estar presentes no substrato.

Em geral, em centrais de biogs de exploraes agro-pecurias, estes parmetros no so


medidos continuamente. Contudo, a determinao do valor de pH do substrato e do composto
deve ser levado a cabo diariamente de modo a detectar alteraes na actividade bacteriana.
Esta medio pode ser levada a cabo usando simplesmente papel indicador ou medidores
simples de pH electrnicos. Idealmente deve medir-se a composio do biogs atravs de um
cromatgrafo gasoso, uma vez que a deteco de H2S importante para assegurar um maior
tempo de vida da mquina de cogerao. Na prtica, a determinao da composio do biogs
reduzida medio do teor de CO2, atravs de indicadores Brigon-CO2-e H2S, atravs de
tubos especiais, cujo contedo reage ao H2S.

Os contedos de matria seca, o amonaco e as concentraes de cido gordo so geralmente


determinados num laboratrio com uma base regular, idealmente mensal.

Em particular, se os co-substratos entram como suplemento no efluente mais importante


analisar e controlar os parmetros caractersticos do substrato, o biogs e o material digerido,
para assegurar um melhor comportamento da central de biogs.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.26


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

A unidade de controlo de uma central de biogs mede um conjunto de parmetros, para apoiar
o funcionamento automtico desta e determinar o desempenho do sistema. Entre os
parmetros que so controlados pela unidade de controlo esto: a temperatura do processo e a
unidade de agitao.

3.1.4.13 Ligao rede

Em geral as mquinas de cogerao fornecem a electricidade produzida rede elctrica.


Operando estas mquinas em paralelo com a rede elctrica, por razes de segurana, tm de
ser observadas diversas regras tcnicas. preciso instalar aparelhos de medio, unidades de
controlo, ligaes e elementos de vigilncia, para estar de acordo com a segurana elctrica.
Complementarmente, deve ter-se cuidado com a compensao da energia reactiva. Deve
tambm assegurar-se que as flutuaes de voltagem esto de acordo com os padres locais
para a rede. Geralmente, devem estar dentro de um limite de 3%, para evitar perturbaes no
equipamento electrnico. Nos casos em que a rede local muito fraca para receber a
electricidade produzida da mquina de gerao, necessrio instalar uma subestao
transformadora, que permite alimentar a rede de alta voltagem.

3.1.4.14 Equipamento de segurana

Manuseando combustveis como o biogs, requer sempre o cumprimento de um nmero de


regras de segurana, para minimizar o risco de um acidente e para assegurar um
funcionamento seguro do sistema de biogs. Devem ser instalados um mnimo de
componentes de segurana e devem ser seguidas um conjunto de regras, para preveno de
acidentes. Na figura seguinte apresentam-se os principais equipamentos de segurana
aconselhveis. Nalguns pases existem regulamentaes especiais, para sistemas de biogs.

Figura 3.26 - Esquema dos componentes de segurana de um sistema de biogs


Grfico: Ecofys bv / www.ecofys.com

Independentemente do equipamento de segurana mostrado, existem regras adicionais que


devem ser seguidas, como por exemplo, a distncia entre o digestor, o motor de CCE e os
estbulos ou outros edifcios que sofram aces de manuteno. Alm disso, na fase de
projecto da central de biogs, devem ser tomadas diversas medidas de segurana, como por
exemplo:

x aberturas no tanque, suficientemente largas para assegurar uma ventilao suficiente;


x vlvulas de reteno e outros interruptores de segurana facilmente alcanveis;

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.27


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

x toda a tubagem de gs deve ser resistente corroso, sendo que, a tubagem de cobre no
cumpre este requisito.
x o alojamento do motor de CCE necessita de estar ventilado adequadamente, para receber
uma taxa de renovao de ar suficiente.

Figura 3.27 - Equipamentos de segurana (flare, vlvula de segurana, etc.)


Fotografias: Ecofys bv / www.ecofys.com, ARA GmbH / www.ara-goe.de, PlanET GmbH /
www.planet-biogas.com e Smack AG / www.schmack-biogas.com

3.2 Planeamento dum projecto de digesto anaerbia

3.2.1 Passos a seguir no desenvolvimento do projecto

O processo de desenvolvimento do projecto comea com uma ideia, delineada a um nvel


bsico, para se obter uma viso geral da exequibilidade (criao de projecto). Esta ideia
trabalhada em maior detalhe, para se ter uma panormica precisa da exequibilidade legal,
tcnica e econmica do projecto (estudo da exequibilidade). Se a mesma parecer promissora,
so tomadas todas as aces necessrias, para iniciar a realizao actual da instalao
(preparao do projecto). Nesta altura o digestor anaerbio pode ser construdo (realizao do
projecto). Depois desta fase o digestor anaerbio est pronto para o comissionamento e
arranque.

3.2.2 Criao do projecto

O sucesso econmico de um projecto de biogs depende, devido sua complexidade, de


vrios aspectos, que influenciam a exequibilidade tcnica e econmica. Como resultado disto,
importante considerar relevantes as solues tcnicas, organizacionais, econmicas e
financeiras, nos primeiros passos de desenvolvimento dos projectos de biogs. Nesta primeira
fase, a fase da criao, um nmero de questes relevantes tm de ser respondidas
positivamente:

x Que tipo de tecnologia ser utilizada? A infraestrutura existente na localizao desejada


(por exemplo, a prpria explorao) utilizada de uma forma optimizada?
x Que tipo de infraestruturas so necessrias? Por exemplo, tecnicamente possvel utilizar
a electricidade da rede existente? Pode-se utilizar o calor produzido?
x possvel utilizar co-substratos provenientes de locais prximos?
x Como que o efluente (co)digerido pode ser utilizado?
x O projecto economicamente exequvel?
x provvel que as licenas necessrias sejam obtidas?

A exequibilidade econmica a base de qualquer projecto comercial. Na fase de criao,


suficiente uma anlise de custos bsica. Se esta e as outras questes apresentarem um
resultado positivo, o desenvolvimento do projecto pode continuar para a fase seguinte: o
estudo da exequibilidade, incluindo uma anlise econmica detalhada, baseada em
oramentos dos fornecedores.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.28


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 3.28 - Digestor anaerbio escala de uma explorao agro-pecuria


Fotografia: Ecofys bv / www.ecofys.com

3.2.2.1 Exequibilidade econmica da digesto anaerbia

A exequibilidade econmica da digesto anaerbia depende de vrios factores. A tarifa de


venda de electricidade proveniente do biogs e possveis subsdios so factores
essencialmente determinados pelo Governo. Para alm destes, os seguintes factores
dependem da explorao, empresa ou projecto:

x Quantidade de efluente utilizvel: maiores quantidades de efluente conduziro a economias


de escala, por exemplo, duplicando a quantidade de efluente a ser digerido aumenta-se o
custo de investimento mas no duplicar;
x Composio do efluente: o tipo de efluente (por exemplo, bovinicultura ou suinicultura)
determina o rendimento de biogs. A matria seca do efluente tambm um factor
importante, e se o efluente for relativamente hmido, necessrio um digestor de maiores
dimenses, para um menor rendimento de biogs. Na prtica, uma maneira de influenciar
este contedo da matria seca reduzindo a quantidade de gua utilizada na limpeza dos
estbulos;
x Disponibilidade de outro material orgnico, que sirva de co-substrato: a co-digesto de
outra matria orgnica aumentar a exequibilidade econmica. Materiais orgnicos, tais
como resduos agrcolas (possivelmente da prpria explorao), ou resduos de indstria
de processamento de alimentos possuem rendimentos de biogs especficos elevados,
quando comparados com o efluente. Na maioria dos casos, estes resduos podem ser
obtidos a baixos custos ou eventualmente com ganhos;
x Consumo e custo do uso de electricidade da empresa/explorao: a electricidade que
produzida, pode ser utilizada tanto na prpria explorao ou empresa, ou alimentar a rede
de electricidade. Esta considerao depender das tarifas de ambas, mas tambm dos
objectivos de abastecimento do proprietrio;
x Necessidade de calor da empresa e/ou vizinhos prximos: o calor produzido com o biogs
pode satisfazer as necessidades de calor de reas vizinhas. Contudo, o transporte de calor
relativamente caro. Desta forma a necessidade final de calor dever estar dentro de um
pequeno raio (como regra geral, um mximo de 200 metros mas preferencialmente a curtas
distncias);
x Utilizao final do efluente (co)digerido: o nmero de nutrientes disponveis directamente
superior no efluente (co)digerido do que no efluente no digerido. Podem-se poupar mais
de 10% dos custos, em fertilizantes azotados. Na prtica, esta vantagem s possvel
quando o substrato utilizado nas prprias terras. No provvel que os compradores de
fertilizante paguem mais quando este digerido;

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.29


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

x Situao financeira: aconselha-se a reflexo sobre o financiamento do projecto logo no


estdio inicial. Se o valor do crdito do investidor elevado, a taxa de interesse do
emprstimo, requerida para o financiamento do investimento, pode ser mais baixa. A
quantidade de investimento, que pode ser obtida por meio de emprstimo tambm ser
maior. Uma opo possvel para financiar um projecto atravs de um investidor externo,
tal como uma empresa de leasing ou uma empresa de electricidade.

3.2.2.2 Inventrio das licenas requeridas

Em geral, para instalaes de DA, so necessrias as seguintes licenas:

x licena de construo;
x licena ambiental;
x aconselhvel verificar se precisa uma licena para utilizar o composto como fertilizante.

Para a localizao desejada, deve ser verificada a existncia de zona industrial. Para cada
licena importante verificar com a respectiva autoridade legal quanto tempo levar o
processo de licenciamento. De notar que, a regulamentao das licenas varia de pas para
pas.

3.2.2.3 Ligao rede

De modo a colocar a electricidade produzida na rede, so necessrias geralmente adaptaes


ligao existente. Na fase de criao necessrio inventariar o tipo de infraestruturas
adicionais necessrias no caso de instalao de uma pequena unidade de CCE (20-150 kW).
O proprietrio da rede pode informar acerca das condies que a instalao deve preencher e
os custos com as adaptaes necessrias. aconselhvel contactar o operador local da rede,
na primeira fase do projecto. Na fase inicial, o equipamento elctrico e a ligao rede tm de
ser executados, por um tcnico credenciado.

3.2.2.4 Fase seguinte

No final da fase de criao, algum deve ser capaz de dar uma resposta positiva s questes
mencionadas no incio desta fase. Uma primeira impresso da instalao desejada, incluindo a
capacidade, e o esboo da exequibilidade deve estar delineada.

3.2.3 Anlise da exequibilidade

3.2.3.1 Oramento

O pedido de oramento aos vrios fornecedores de instalaes de biogs uma boa maneira
de ter uma ideia da diferena de custos tcnicos e de investimento. O oramento pode ser a
chave, para estabelecer uma instalao operacional. As actividades necessrias para operar
legalmente um digestor anaerbio podem tambm estar includas nestes oramentos. Por outro
lado, parte das actividades oramentadas podem ser feitas por conta prpria, enquanto que
frequentemente, partes da construo, licenas e possveis ajustes com o operador de rede
so feitas pela empresa que instala o digestor anaerbio.

Quando se requer um oramento, deve estar bem definido o tipo de instalao pretendida e o
que deve ser ou no includo. Esse programa de especificaes deve incluir pelo menos o
seguinte:

x quantidade anual de efluente;

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.30


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

x composio do efluente (pelo menos a fraco de matria seca);


x quantidade anual de co-substratos, descrio fsica e composio;
x infraestruturas existentes que possam ser integradas na instalao de DA: sistema de
armazenamento para o efluente, que possa ser utilizado para armazenar o composto,
edifcios existentes que possam ser utilizados, ou equipamento existente, tais como,
misturadores de efluente ou bombas;
x caractersticas do terreno, onde o digestor ser instalado;
x necessidades de calor que sero satisfeitas pelo calor da CCE, por exemplo, estbulos ou
outros.

A instalao necessita de obedecer s normas aplicveis de segurana, emisses e rudo. O


fornecedor deve estar familiarizado com estas normas.

Na base dos principais componentes de um digestor e respectivo tamanho possvel estimar


os custos de investimento, para a instalao.

3.2.3.2 Licenas

Na fase de criao foi suficiente conhecer a atitude geral das autoridades legais acerca da DA.
Nesta fase, ser necessrio dar mais um passo e em princpio, tem de se efectuar um pedido
de aprovao. provvel que uma pequena descrio do projecto, com um esboo do
resultado pretendido seja suficiente.

3.2.3.3 Fornecimento de electricidade

Na maioria dos casos, a maior parte da electricidade fornecida rede, desde que seja
economicamente atractivo. Contudo, em determinadas alturas, por exemplo, horas de pico,
pode ser mais favorvel utilizar a prpria energia produzida. Em alguns casos, tambm
vantajoso possuir uma unidade de CCE de maiores dimenses, de modo a produzir
electricidade somente nas horas de pico. Esta deciso deve ser tomada com base nos picos,
tarifa de pico mximo, tarifas de fornecimento e custos adicionais da unidade de CCE. A
empresa de electricidade envolvida poder providenciar informao, de modo a ser tomada a
deciso.

3.2.3.4 Utilizao de calor

Na fase de criao foi realizado um inventrio dos possveis usos do calor produzido. Nesta
fase, o calor exigido deve ser detalhado. Um aspecto importante, alm da quantidade de calor
necessrio, a sua variao no tempo, por exemplo, para uma habitao, o calor exigido no
vero quase nulo. Os benefcios do aquecimento utilizado devem ser tidos em conta, quanto
aos custos das tubagens de aquecimento.

3.2.3.5 Aquisio de co-substratos

Se a prpria explorao no puder fornecer a quantidade desejada de co-substratos (ou


efluente), so necessrios fornecimentos externos. Nalguns casos, este fornecimento ser feito
com base em resduos disponveis pontualmente. Para um fornecimento contnuo de co-
substratos contudo aconselhvel realizar contratos com fornecedores. Os aspectos
importantes a planear nestes contratos so:

x tipo e quantidade de co-substrato (ou efluente);


x planeamento temporal de fornecimento;
x especificao da qualidade (possivelmente em gamas), tais como, contedo da mistura,
contaminao (por exemplo, plsticos, pedras), nutrientes, etc.;

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.31


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

x medio do fornecimento (tanto em quantidade como em qualidade), nomeadamente os


mtodos (normalizados) que sero utilizados para tal;
x durao do contrato, uma vez que, quanto mais extenso temporalmente for o contrato,
mais segura ser a continuidade de fornecimento. Registar tambm um perodo de
notificao;
x preo do co-substrato, que podem flutuar anualmente, sendo portanto necessrio negociar
um preo todos os anos;
x condies de pagamento;
x responsabilidade.

3.2.3.6 Disponibilidade de nutrientes adicionais

Os nutrientes adicionais, resultantes do fornecimento de co-substrato a partir de fontes


externas, tm de ser utilizados aps a digesto. Se isto puder ser feito na prpria terra pode
no causar custos adicionais ( parte dos custos extra de transporte e de aplicao na terra).
Contudo, se no houver espao, poder ser levado para solos de terceiros. Sero necessrios
contratos adicionais.

3.2.3.7 Dimenso

No oramento do fornecedor, o tamanho dos vrios componentes deve ser especificado. Com
base nos componentes principais de um digestor e da sua dimenso, deve ser efectuada uma
estimativa dos custos de investimento. Os componentes de maior custo so o tanque digestor
e o seu isolamento, a unidade de CCE, os misturadores, bombas e a tubagem. Regra geral,
podem ser usadas as frmulas seguintes, para calcular a dimenso necessria, ou o volume
dos vrios componentes. De referir que se utiliza para todos os exemplos de clculo, um
projecto tipo, com uma digesto de 5000 m3 de efluente de bovinicultura e 1000 m3 (800
toneladas) de desperdcio agrcola por ano.

Volume do digestor

Volume do digestor (m3) = > efluente (m3/ ano) + co-substrato (m3/ano)@ x >Tempo de
reteno (dias)/365@

Para uma digesto mesoflica, o tempo de reteno ronda os 30 dias.

Exemplo:

5000 m3 de efluente de bovinicultura e 1000 m3 de desperdcio agrcola so geralmente


digeridos, com um tempo de reteno de 28 dias. O volume do digestor precisa de ser pelo
menos (5000+1000) x (28/365) = 461 m3.

Armazenamento de ps digesto

Em muitos casos prtico ou necessrio armazenar o composto. Na maior parte dos celeiros
(semi)abertos com pavimento, no prtico separar o efluente do composto. Nesse caso
necessrio um armazenamento externo. Pode tratar-se de um armazenamento j existente
(como um silo ou um reservatrio) ou um novo armazenamento. O tamanho deste
armazenamento pode ser calculado como se segue:

Tamanho do armazenamento (m3) = Entrada anual de substrato (m3/ano) x tempo de


armazenamento requerido (em meses)/12 tamanho do digestor (em m3)

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.32


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Exemplo:

5000 m3 de efluente de bovinicultura e 1000 m3 de desperdcio agrcola so anualmente


digeridos com um tempo de reteno de 28 dias. necessrio um tempo de armazenamento
de 2 meses. O tamanho do armazenamento ps digesto (5000+1000) x 2/12 461 = 539
m3.

Produo de biogs

A produo de biogs determinada pelo contedo de matria seca (MS), pela fraco
orgnica da matria seca (FO/MS) e pela produo de biogs por kg de fraco orgnica. Pode
ser usada a seguinte frmula para o clculo da produo de biogs:

Produo de biogs (m3/ano) = Efluentem (ton/ano) x MSm x FOm/MSm x m3 de biogs


por kg FOm x 1000 + Co-substratocs x MScs x FOcs/MScs x m3 de biogs por kg de FOcs
x 1000

Exemplo:

5000 m3 de efluente de bovinicultura e 1000 m3 de desperdcio agrcola so digeridos


anualmente. O efluente (com densidade de 1 ton/m3) tem um MS de 10%, um FO/MS de 80% e
uma produo de biogs de 0,25m3/kg de OS. O desperdcio orgnico (com uma densidade de
0,8ton/ m3) possui um MS de 30%, um FO/MS de 70% e uma produo de biogs de 0,55m3/kg
de OS. A produo de biogs (m3/ano) = (5000*1) (ton de efluente/ano) x 10% x 80% x 0,25 x
1000 + (1000*0,8) (ton de desperdcio/ano) x 30% x 70% x 0,55 x 100.000 + 92.400 = 192.400
m3 de biogs/ano.

Armazenamento de biogs

O armazenamento de biogs feito, tanto em reservatrios de gs externo, como por meio de


uma membrana que cobre o silo. Na prtica, uma capacidade de armazenamento de 20-50%
de produo de biogs diria suficiente para utilizar uma unidade de CCE. Este valor pode
ser menor, se a unidade de CCE operar em contnuo.

Reservatrios de gs externos

Tamanho do armazenamento de biogs (m3) = produo diria de biogs (m3/dia) x


20%

Exemplo:

Uma produo de biogs de 192.400 m3/ano corresponde a 527 m3/dia. Esta produo requer
um armazenamento de biogs de 527 x 20%=106 m3.

Membrana de biogs

A dimenso da membrana necessria para cobrir o silo determinada pelo dimetro do tanque
digestor. A quantidade de gs armazenado sob a membrana relativamente pequena. Esta
pode aumentar se o digestor no estiver completamente cheio, uma vez que todo o volume em
excesso pode ser usado para armazenamento de gs. Na prtica pode ser necessrio usar um
digestor ligeiramente mais largo, para compensar esta perda de capacidade de
armazenamento.
BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.33
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

volume do digestor m 3
Dimetro do digestor m 2 u
altura do digestor m u 3,14

Exemplo:

Um digestor de 461 m3 tem 5 metros de altura. O dimetro do digestor igual a


461
2u 10,8 metros .
5 u 3,14

Capacidade de CCE

Capacidade de CCE (kWe) = eficincia elctrica x >produo de biogs (m3/ano) x


poder calorfico do biogs (MJ/Nm3)/3,6@/>Horas de laborao completa/ano@

O poder calorfico do biogs (em MJ) pode ser calculado pelo seguinte: quantidade de metano
no biogs x 34, podendo utilizar-se um valor mdio de 20MJ/Nm3. Regra geral, usada uma
eficincia elctrica de 30%. Para CCE maiores do que 50 kW este valor pode aumentar,
enquanto que para CCE menores do que 30 kW pode diminuir. Se a unidade CCE usada a
tempo inteiro, o nmero de horas operacionais rondar as 7500 por ano.

Exemplo:

5000 m3 de efluente de bovinicultura e 1000 m3 de desperdcio agrcola so digeridos


anualmente e produzem 192.400 m3 de biogs/ano. A unidade de CCE necessria 30% x
192.400 x 20 / (3,6 x 7500) = 42,8 kWe.

As seguintes frmulas so usadas para o dimensionamento da flare e dos componentes de


aquecimento.

Entrada trmica CCE (kWt) = capacidade de CCE (kWe)/eficincia elctrica

Sada trmica CCE (kWt) = entrada trmica CCE (kWt) x eficincia trmica de CCE

Uma unidade mdia de CCE, para digestores escala de exploraes agro-pecurias, tem
uma eficincia trmica de cerca de 50%.

Exemplo:

A unidade de 42,8 kWe tem uma entrada trmica de 42,8 / 30% = 142,7 kWt. A sada trmica
igual a 142,7 x 50% = 71,4 kWt.

Material de isolamento

Isolamento da rea intermdia do digestor

rea intermdia = altura do digestor x dimetro x 3,14

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.34


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Exemplo:

Um digestor de 461m3 tem 5 metros de altura. O dimetro de 10,8 metros. A rea de


isolamento : 5 x 10,8 x 3,14 = 170m2. Se o isolamento tiver 6 cm de espessura, o volume
dado por rea x espessura = 170 x 0,06 = 10,2m3.

Nalguns casos, a parte inferior do digestor pode necessitar tambm de isolamento, aplicando-
se a seguinte frmula:

Isolamento do fundo do digestor:

rea do fundo = dimetro2 x 0,785

Exemplo:

Um digestor de 461 m3 tem 5 metros de altura. O dimetro de 10,8 metros. A rea de


isolamento do fundo : 10,82 x 0,785 = 91,6 m2. Se o isolamento possui 8 cm de espessura, o
volume : rea x espessura = 91,6 x 0,08 = 7,3 m3.

Tubagem de aquecimento para calor residual

Calor necessrio para o digestor

Uma grande parte do calor produzido utilizado, para manter a temperatura no digestor.
Portanto, necessrio calor para aquecer o substrato fresco e compensar as perdas de
energia, atravs da transmisso. Esta depende do isolamento do digestor e da sua temperatura
externa. Regra geral, este valor de cerca de 30% da energia necessria para o aquecimento
do substrato. A quantidade de calor necessria para manter a temperatura no digestor pode ser
calculada pela seguinte frmula:

Calor necessrio (em MJ/ano) = massa de substrato (ton/ano) x calor especfico (em
KJ/kg/K) x (T digestor T substrato fresco) x 130%

Regra geral, o calor especfico do substrato igual ao da gua (4,2 MJ/ton/K). Para substratos
com um contedo relativamente baixo em gua, o calor especfico ser mais baixo.

Exemplo:

5000 toneladas de efluente de bovinicultura e 800 toneladas de desperdcio agrcola so


anualmente digeridas a uma temperatura (mesoflica) de 35C. A temperatura mdia do
substrato fresco de 15C. O calor necessrio para o digestor igual a (5000+800) x 4,2 x (35-
15) x 130% = 633.360 MJ/ano. Ou seja igual a 633 GJ/ano.

Quando so aplicadas medidas sanitrias, o (co-)substrato pr ou ps aquecido a uma


temperatura mais alta. O calor especfico necessrio adicional para este processo depende
largamente da configurao (isto , usando a recuperao de calor, apenas aquecendo o co-
substrato, pr ou ps aquecimento). O calor necessrio adicional estar na gama dos 10-140%
do calor que usado no digestor.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.35


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Calor Residual

O calor residual o calor que ainda resta, quando o calor necessrio para o digestor
desviado da produo total de calor da unidade CCE. Este calor pode ser usado efectivamente,
isto , para aquecer estbulos ou habitaes.

Produo de calor CCE (GJ) = Sada trmica CCE (kWt) x horas operacionais CCE

Calor residual (GJ) = produo de calor CCE (GJ) calor necessrio ao digestor (GJ)

Exemplo:

5000 toneladas de efluente de bovinicultura e 800 toneladas de desperdcio agrcola so


digeridos anualmente. A capacidade trmica (de sada) da unidade de CCE : 71,4 x 7500 x
3,6/1000=1,928 GJ/ano. O calor residual igual a: 1.928 633 = 1295 GJ/ano.

Dimensionamento da tubagem de aquecimento

Se a produo de calor residual e o calor necessrio para os edifcios for conhecido, pode ser
equacionado o seu aproveitamento, se for economicamente atractivo. Na maior parte dos
casos, o dimensionamento da tubagem de aquecimento efectuado com base na capacidade
de produo completa da CCE. Desta forma h alguma flexibilidade na diviso do calor, entre o
digestor e os edifcios. Em certas alturas, todo o calor produzido pode ir para os edifcios. Para
digestores de exploraes agro-pecurias, um tubo de aquecimento com um dimetro de 33,7
mm e uma espessura de 2,6 mm ser suficiente.

Capacidade necessria dos tubos de aquecimento (em kWt) = Sada trmica CCE

O seguinte quadro apresenta as dimenses necessrias dos tubos de aquecimento, para


vrias capacidades.

Tabela 3.6 - Dimenso necessria dos tubos de aquecimento para vrias capacidades
Capacidade Dimetro
mxima (mm)
18 13,5
30 17,2
45 21,3
70 26,9
110 33,7
175 42,4

Exemplo:

5000 toneladas de efluente de bovinicultura e 800 tonelada de desperdcio agrcola so


digeridas anualmente. A capacidade trmica (sada) da unidade CCE 71,4 kWt. O tubo de
aquecimento necessrio tem um dimetro mnimo de 26,9 mm.

Bomba para efluente

O tipo e tamanho da bomba, para o efluente, depende do contedo de matria seca do efluente
e da altura qual tem de ser bombado (o ponto de entrada do digestor).

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.36


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Exemplo:

Um tanque digestor de 460 m3 recebe trs vezes ao dia 5 m3 de efluente numa hora. O efluente
tem um contedo de matria seca de 7-10%. Uma bomba de palheta de 3 kW ser suficiente.

Misturador

O tipo e tamanho do misturador depende, em grande escala, do contedo de matria seca no


digestor e do tamanho do tanque digestor. A sua capacidade estar na gama de 2-25 kW.

Exemplo:

Um tanque digestor de 460m3contm um efluente com um contedo de matria seca de 7%.


necessrio um misturador imerso de 7,5 kW. Se o contedo de matria seca aumentar 10%,
necessrio um misturador imerso de 11 kW.

3.2.3.8 Fase seguinte

Com a informao adquirida na anlise de exequibilidade, a exequibilidade econmica pode


ser estimada. Se a exequibilidade econmica for positiva e se a autoridade legal emitir uma
deciso positiva, com base no digestor anaerbio proposto, o projecto pode ser trabalhado, em
mais detalhes.

3.2.4 Preparao do projecto

3.2.4.1 Seleco do fornecedor

Com base nos vrios oramentos (da anlise de exequibilidade) pode ser seleccionado o
fornecedor preferido. Com este fornecedor (ou com mltiplos fornecedores de partes do
digestor) deve ser realizado um acordo sobre os termos de entrega, tendo em considerao os
seguintes aspectos:

x Caractersticas dos produtos entregues, tais como, o tamanho do digestor, a incluso


de licena e custos;
x Tipo de trabalhos adicionais necessrios durante a construo (quantidade de tempo,
requisitos necessrios): Os custos podem ser reduzidos se o cliente fornecer mo de
obra prpria, para ajudar durante a construo da instalao.
x Prazo de entrega;
x Especificaes do produto e do processo;
x Garantias do produto ou do processo, nomeadamente, a durao da garantia, a
quantidade mnima de horas de trabalho e o rendimento mnimo;
x Preo e perodo da oferta e a tabela que pode ser usada para ajustar o preo;
x Condies de resciso: Devem pelo menos incluir a recusa de licenas (ou requisitos
adicionais pela autoridade legal, que em termos de custo so inaceitveis) e falha no
financiamento do projecto;
x Eventual contrato de manuteno: averiguar se est includo um contrato de
manuteno. aconselhvel ter pelo menos um contrato de manuteno para a
unidade de CCE.

Nesta fase o fornecedor ter de detalhar toda a instalao (engenharia). Especificaes,


desenho escala, mapas ,etc., que sero necessrios para o licenciamento.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.37


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

3.2.4.2 Licenciamento

Nesta fase, pode iniciar-se o processo de licenciamento. A autoridade legal informar quais os
documentos necessrios. Na maioria dos casos sero pelo menos:

x Desenhos escala;
x Clculos de engenharia (por exemplo, fluxos de massa, biogs e produo de kW, nvel
sonoro);
x Plano de emergncia.

possvel que sejam pedidos requisitos adicionais. Se os mesmos tiverem custos elevados a
exequibilidade econmica do projecto pode estar em perigo. Por esta razo o comissionamento
final no dever ter lugar antes que sejam obtidas as licenas.

3.2.4.3 Financiamento do projecto

Durante o processo de licenciamento, o financiamento do projecto poder ser elaborado


detalhadamente. Dever ser verificada a existncia de possveis subsdios, uma vez que na
maior parte dos casos, ser necessrio um emprstimo aconselhvel pedir oramentos a
vrias instituies financeiras (bancos ou companhias leasing). Um contabilista ou conselheiro
financeiro/legal poder aconselhar, sobre a estrutura legal ptima (por exemplo, uma
sociedade).

3.2.4.4 Fase seguinte

Com base no desenho detalhado da instalao, e reunindo todos os requisitos estabelecidos


nas licenas concedidas, pode ser feita uma anlise econmica final. Esta anlise dever
mostrar o cash flow anual, durante a vida do projecto. Os financiadores do projecto querem
verificar o cash flow, sendo aconselhvel entregar o controlo dos clculos a um contabilista. Se
esta anlise econmica final for positiva, o projecto est pronto para a sua realizao. Contudo,
devero ser tidas em conta as seguintes condies:

x No existem desentendimentos entre o fornecedor e o cliente, nomeadamente sobre os


produtos que o fornecedor ir entregar e eventuais trabalhos adicionais;
x A acessibilidade ao local de construo, e as condies do solo so favorveis, bem como
a localizao de fios e cabos existentes;
x Todas as licenas esto irrevogavelmente concedidas;
x Todas as tarefas esto comissionadas, atravs de documentos escritos;
x Existe um plano de trabalho para a instalao, incluindo a ligao de partes separadas;
x Existe acordo entre todas as partes interessadas, acerca das condies de pagamento;
x Existem planos de construo aprovados;
x Existe um plano de qualidade.

3.3 Realizao, comissionamento e arranque do projecto

Quando a deciso final for tomada, a construo do digestor anaerbio pode iniciar. Neste
captulo, discutido o planeamento da construo, at ao arranque da instalao.

3.3.1 Planeamento e construo

3.3.1.1 Planeamento

As empresas responsveis pela construo e instalao devem possuir um plano claro,


contendo a seguinte informao:
BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.38
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

x Incio dos trabalhos e planeamento temporal por fases, com os correspondentes


prazos/entregas;
x Fornecimento de peas e materiais;
x Pagamentos;
x Concluso e teste.

A estrutura de comunicao dever estar claramente definida de antemo. Quando e com


quem tero lugar as reunies, para discutir o progresso e possveis dificuldades. Existncia de
um supervisor da obra para verificar se a instalao est a decorrer conforme as
especificaes dos requisitos legais. Finalmente deve ainda existir um procedimento, para
monitorizar a necessidade de trabalhos adicionais, numa primeira fase da construo.

3.3.1.2 Execuo

Durante a execuo, os seguintes tpicos devero estar bem documentados:

x Especificaes da instalao construda (com eventuais diferenas para as especificaes


originais);
x Resultados dos testes;
x Instrues para procedimentos de funcionamento, manuteno e segurana (formao do
pessoal);
x Resultados do teste de comissionamento;
x Clculo dos custos de investimento realizados;
x Garantias e certificados de qualidade.

3.3.1.3 Contribuio prpria durante a construo e superviso

possvel que o proprietrio do projecto tenha acordado com o fornecedor prestar ajuda
durante a construo. Existe a possibilidade de dar assistncia em vrias actividades, como
isolar o tanque digestor, misturar cimento e despejar beto, descarregar equipamento, soldar
ou colar peas do tanque digestor, unir canos, fios, etc. Tambm aconselhvel que o
proprietrio do projecto verifique regularmente o progresso da construo.

3.3.2 Arranque

O arranque do digestor anaerbio um passo crucial na realizao do projecto. Durante o


arranque, ser iniciado o processo biolgico da produo de biogs. As bactrias responsveis
por este processo j esto presentes no efluente de bovinicultura, mas necessitam de ser
adicionadas, quando se utiliza efluente da suinicultura. Depois de um perodo de 3-6 meses, a
produo de biogs ir aumentar gradualmente at atingir o seu mximo. A composio do
biogs produzido poder oscilar durante este perodo de arranque. O teor de metano
aumentar para 55-60%. A concentrao de enxofre no biogs ser alta no incio, mas
decrescer quando a dessulfurizao (biolgica) se encontrar operacional.

Quando a construo do digestor estiver completa, aconselhvel que o fornecedor


supervisione o arranque. Aps o perodo de arranque, o comprador poder verificar se a
instalao rene as especificaes, quanto ao rendimento de biogs e produo de
electricidade. As actividades quotidianas que o operrio da central ter de desempenhar
consistem em:

x introduo do efluente ou, se efectuado automaticamente, monitorizao dessa tarefa;


x adio dos co-substratos;
x monitorizao do funcionamento dos misturadores;
x manuteno de um caderno de notas com as entradas dirias de efluente e co-substratos,
a temperatura no digestor, rendimento de biogs, etc.
BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.39
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

importante que as tarefas do operador estejam bem documentadas. Durante o arranque, o


fornecedor dever continuar a assumir responsabilidades.

Quando o teor de metano no biogs estiver abaixo dos 45% poder haver risco de exploso.
Se o teor de metano estiver acima dos 45%, o gs ir queimar sem necessidade de uma
chama piloto. Durante o perodo de arranque, devero ser tidas em conta as seguintes
precaues de segurana:

x Preveno de fasca/chama;
x Separao do equipamento de converso de gs do digestor.

Durante o arranque, o substrato tem de ser aquecido. Uma vez que ainda no existe biogs
para servir de combustvel unidade de CCE, ser necessrio um combustvel ou uma fonte
de calor alternativos:

x Se a unidade CCE estiver ligada ao sistema de aquecimento, por exemplo, de uma


explorao ou empresa, podero ser utilizadas caldeiras j existentes;
x Se a unidade CCE tiver a possibilidade de funcionar num modo duplo de combustvel (por
exemplo, pode funcionar tanto a biogs como a gasleo), o outro combustvel pode ser
usado para aquecer esta unidade;
x Pode ser utilizado temporariamente um bico de gs alimentado por gasleo, gs natural,
propano ou outro combustvel fssil.

Quando os combustveis fsseis esto a ser usados para aquecer a unidade CCE, a
electricidade produzida no pode ser vista como sustentvel. Se esta electricidade
introduzida na rede, aconselha-se a discutir a questo com a empresa de electricidade que ir
comprar a electricidade produzida.

Nalguns casos, em que a matria orgnica co-digerida, possvel que a licena ambiental
requeira amostras do composto. Aconselha-se a fazer anlise de amostras no arranque do
digestor. Durante o perodo de arranque, dever ser da responsabilidade do fornecedor do
digestor o cumprimento dos regulamentos, quanto composio dos produtos de entrada e
sada do digestor anaerbio.

Na maioria dos casos, no final do perodo de arranque, a responsabilidade pelo funcionamento


do digestor anaerbio ir passar do fornecedor para o comprador. Como tal, o comprador do
digestor anaerbio ter de assegurar, durante o arranque, o correcto funcionamento da
instalao, conforme as especificaes garantidas, tais como o rendimento e a composio do
biogs.

O fornecedor ter de informar adequadamente o utilizador, sobre aspectos operacionais.


Aspectos importantes tais como:

x Instruo acerca das rotinas dirias (introduo do efluente e/ou mistura dos composto)
x Inspeco dos principais parmetros do processo e indicadores (equipamento de leitura e
medio);
x Monitorizao do rendimento e da composio do biogs (teor de enxofre, teor de metano);
x Operao e manuteno do equipamento de converso do biogs (CCE, queimadores,
chama);
x Instrues de segurana: indicao do alarme de exploso, medidas caso se se verifiquem
valores superiores ao limite e emergncias;
x Monitorizao e administrao (possivelmente como requisito legal);
x Liquidao de contas com a empresa de electricidade, tendo em conta a electricidade que
introduzida na rede.

Como resultado desta instruo, o utilizador ficar apto para a operao e manuteno do
digestor anaerbio.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.40


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

3.4 Operao e manuteno

Aps o arranque do digestor, este tem de ser operado e ser alvo de manuteno. Este captulo
trata dos aspectos operacionais de um digestor anaerbio, em circunstncias normais e em
caso de mau funcionamento, bem como dos aspectos de manuteno.

3.4.1 Operao de um digestor em circunstncias normais

A tarefa do operador controlar as condies do processo e assegurar-se de que a unidade de


CCE funciona bem. Para tal, tero de ser levadas a cabo as seguintes actividades.

Actividades dirias:

x Introduo do efluente e dos co-substratos, no tanque digestor;


x Inspeco do leo do motor;
x Verificao de falhas no monitor/luzes, no quadro de distribuio;
x Inspeco da presso da gua, no equipamento de aquecimento;
x Inspeco da bomba doseadora da unidade de dessulfurizao;
x Observao e manuteno de uma temperatura ptima, no tanque digestor;
x Ajuste dos intervalos de mistura, para evitar uma superfcie flutuante ou deposio no
fundo. Assegurar que o intervalo permite que o biogs se solte gradualmente do efluente;
x Inspeco de todos os tubos de fornecimento e drenagem para a passagem do efluente e
dos co-substratos;
x Inspeco dos nveis, no tanque digestor e no tanque de armazenamento final
x Inspeco do armazenamento de biogs;
x Registo do rendimento do biogs e horas de funcionamento da unidade de CCE. Outros
aspectos relevantes que devero ficar registados so o consumo de biogs pela unidade
de CCE, produo de electricidade, temperatura da digesto, entrada de co-substrato,
actividades de manuteno desempenhadas e incidentes especiais.

Estas actividades tero a durao de cerca de 30 minutos por dia. Se os co-substratos forem
introduzidos manualmente no digestor, ser necessrio mais algum tempo.

Actividades semanais:

x Verificao dos nveis nos reservatrios, que contm a gua da condensao. Esvaziar se
necessrio;
x Testar os misturadores;
x Verificao visual da unidade CCE e toda a sua tubagem;
x Verificao do funcionamento da vlvula de presso.

Actividades semestrais:

x Inspeco de todos os parafusos e tampas;


x Purga da central de aquecimento;
x Inspeco de todo o equipamento elctrico;
x Inspeco da proteco de presso;
x Inspeco de todo o equipamento de segurana;

Actividades anuais:

x Inspeco do subsistema da instalao que contm biogs, para evitar estragos, fugas e
corroso;
x Teste ao extintor de fogo;
x Verificao de todos os lquidos quanto resistncia congelao.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.41


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Outras actividades:

x Aceitao dos co-substratos do fornecedor externo (e anlise de amostras se necessrio);


x Administrao financeira.

3.4.2 Operao de um digestor em caso de mau funcionamento

A digesto anaerbia uma tecnologia comprovada, porm, possvel ocorrer um mau


funcionamento. Na maioria dos casos, uma manuteno mecnica resolve o problema. Em
baixo esto descritas as aces que devero ser tomadas, ou os riscos existentes, em caso de
mau funcionamento de partes de instalao.

Aces necessrias em caso de mau funcionamento do armazenamento do biogs:

x Corte do fornecimento de biogs para o armazenamento;


x Esvaziamento do armazenamento de biogs;
x Entrada no armazenamento, somente aps ventilao suficiente e na presena de uma
segunda pessoa, que segure uma corda de segurana.

Mau funcionamento do sistema de aquecimento:

x Uma fuga no sistema de aquecimento e na sua tubagem induz ao risco de queimaduras.

Aces necessrias em caso de mau funcionamento da unidade de CCE:

x Cortar o fornecimento de gs no exterior da unidade/edifcio de CCE;


x Carregar no boto de emergncia, fora da unidade /edifcio de CCE;
x No caso de cheirar a gs, ventilar e evitar fascas/chamas que provoquem fogo.

Aparelhos electrnicos com defeito:

x Dever ser resolvido por um tcnico especialista.

Aces necessrias em caso de defeito de tubagens, bombas e misturadores:

x Devem ser removidas de imediato todas as obstrues;


x Em caso de mau funcionamento de uma bomba ou de um misturador, todas as vlvulas
devem ser fechadas e as bombas devem ser desligadas.

Mau funcionamento do tanque digestor:

x Deve haver ventilao suficiente para se entrar no tanque. Seno, existe o risco de asfixia,
envenenamento, fogo e exploso.

3.4.3 Manuteno

Os vrios componentes do digestor anaerbio podem estar sujeitos a maus funcionamentos,


como descrito no captulo anterior, e em todos os casos estaro sujeitos ao desgaste. Desta
forma, necessria uma manuteno peridica. A unidade de CCE tem de ser alvo de
manuteno a cada 20.000 horas de operao, e necessita de uma reviso a cada 60.000
horas de operao. As bombas, principalmente as de palheta, precisam de um inspeco
peridica, com um intervalo de 3-5 anos. Os outros componentes da instalao, sob
circunstncias normais, no devero sofrer desgaste at ao final da sua vida tcnica (10-20
anos), mas podero ser necessrias algumas reparaes. O operador da central de biogs
poder fazer reparaes simples, como desbloquear um tubo ou substituir um parafuso.
Porm, para uma manuteno mais complexa, como a manuteno de equipamento elctrico,

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.42


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

a substituio de um tubo de biogs ou a reparao de uma bomba, aconselhvel a ajuda de


um tcnico de manuteno.

BIOGS A PARTIR DE SISTEMAS DE DIGESTO ANAERBIA 3.43


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

4 BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS

O uso de leos vegetais para combustveis de motores pode parecer insignificante hoje em dia. Mas,
com o decorrer do tempo, tais leos podem tornar-se to importantes como o petrleo e os produtos
derivados do carvo-alcatro dos tempos presentes. Estas foram palavras escritas por Rudolf Diesel,
no prefcio da sua patente de 1912.

Enquanto os motores diesel e os combustveis fsseis conseguiram alcanar um sucesso triunfante


no mundo, o uso de biocombustveis lquidos est hoje no incio da sua fase de desenvolvimento,
apesar das vantagens para o meio ambiente.

O uso destes biocombustveis penetrou com maior eficcia no mercado dos transportes, em resultado
dos incentivos fiscais, que desta forma conseguiram dar incutir nestes combustveis uma maior
competitividade econmica.

Os biocombustveis so especialmente adequados para o uso em sectores nicho, como seja nos
equipamentos existentes em sistemas de transporte e de armazenamento de gua potvel, devido ao
baixo risco de poluio das massas de gua.

O presente captulo sobre biocombustveis lquidos, documenta o estado de arte da tecnologia para a
produo destes combustveis. Contudo, as possibilidades para uso posterior dos combustveis
lquidos no sero esquecidas, sendo objecto de discusso nos captulos sobre ambiente e
desenvolvimento de mercado. De momento, tm sido realizadas poucas experincias operacionais na
rea dos biocombustveis lquidos em aplicaes estacionrias. Portanto, o captulo sobre os
biocombustveis lquidos no entrar em detalhes tcnicos e operacionais de implementao do
projecto mas, em vez disso, focar os factores de fundo e os mecanismos gerais do projecto.

Para alm disso, apresenta-se uma viso geral sobre o tema e as diferentes vantagens scio-polticas
e ambientais dos biocombustveis lquidos, bem como uma viso detalhada dos mercados na Europa,
Estados Unidos e Amrica do Sul.

So tambm examinados os procedimentos tcnicos para a produo de biocombustveis,


complementarmente discusso das propriedades de emisso. Sero tambm descritas as
perspectivas do desenvolvimento do mercado e, finalmente, sero delineadas as possveis aplicaes
tcnicas para estes combustveis, no sector dos transportes e reas estacionrias.

4.1 Questes gerais

Cerca de 30% das emisses de dixido de carbono nas naes industrializadas, so causadas pelo
sector dos transportes. O movimento de pessoas e o transporte de mercadorias na Comunidade
Europeia, levam a emisses de aproximadamente 902 milhes de toneladas anuais de dixido de
carbono para a atmosfera. Estas emisses so causadas, principalmente, pelos combustveis fsseis
importados de outras partes do mundo.

Actualmente, o sector dos transportes ainda depende de forma significativa do combustvel fssil,
nomeadamente do petrleo. Esta observao, que num primeiro relance pode parecer um pouco
trivial, torna-se significativa, quando se considera que a logstica para pessoas e mercadorias est no
centro dos sistemas econmicos. Faltas de fornecimento nesta rea, como por exemplo em resultado
de desenvolvimentos polticos, afectam directamente os ciclos econmicos. Mesmo pequenas
mudanas nos preos dos combustveis tm consequncias no desenvolvimento da economia global.

A dependncia da economia em relao aos combustveis fsseis, a questo mais fcil de


compreender no mercado do combustvel. Os combustveis alternativos so mais escassos neste
sector do que noutras reas de utilizao de energia. O aumento da globalizao do mundo do
negcio, anda de mo dada com o aumento no transporte de mercadorias e pessoas, sendo por outro
lado, um facto aceite de que os recursos energticos fsseis so finitos. Portanto, no se poder
continuar a usar estas fontes de energia para sempre. Para alm disso, a mecanizao contnua dos
pases desenvolvidos e em desenvolvimento, tm levado a um aumento muito significativo na procura
de combustveis fsseis. Como o seu fornecimento no pode ser sustentado, colocam-se problemas
econmicos a longo prazo.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.1


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Estes factores e as situaes muitas vezes instveis, resultantes das condies polticas e
econmicas precrias nos pases produtores de petrleo, esto a forar muitas naes
industrializadas a procurar alternativas e ser menos dependentes das importaes de petrleo.

Para mudar esta tendncia, o uso de veculos deve ser reduzido e amigo do ambiente, e devem ser
desenvolvidos combustveis renovveis. Isto consegue-se de duas maneiras: i) com auto-imposies
para minimizar o consumo, por exemplo, os fabricantes europeus de automveis desejam uma mdia
de nvel de emisso de dixido de carbono em todos os carros de 140g/km, e ii) usar combustveis
alternativos de fontes renovveis, o que quebrar a dependncia dos pases produtores de petrleo e
colocar mais nfase nos recursos domsticos.

4.2 O mercado para biocombustveis lquidos

A Unio Europeia lder mundial na produo de biocombustveis, produzindo e usando um total de


2.100.000 toneladas de biocombustveis, para o sector dos transportes. Os principais produtores so
a Alemanha, a Itlia, a ustria e a Frana, seguidos da Espanha e da Blgica.

Para alm disso, a Comisso Europeia quer que em 2020 um quinto do transporte de pessoas e
mercadorias na Unio Europeia, seja efectuado com base em veculos biocombustveis. Assim, 20%
da mobilidade na Comunidade teria um impacto nulo nas alteraes climticas.

Tendo em conta a penetrao dos biocombustveis no mercado, existem diferenas significativas e


evidentes nos estados membros da Unio Europeia. Esta diferena deve-se essencialmente s vrias
estratgias para a realizao tcnica e aos incentivos fiscais. Tendo em conta a realizao tcnica,
existem duas opes: um uso combinado de biocombustveis ou um uso puro. Contudo, a chave para
o desenvolvimento do mercado dos biocombustveis Europeus passa pelo seu custo.

Hoje em dia, uma das principais caractersticas que distingue os biocombustveis, dos combustveis
fsseis, so os custos de matria prima mais elevados. Muitas destas matrias primas tm os seus
mercados de venda primrios nos bens alimentares e sectores da cosmtica. Os produtores de leos
vegetais, por exemplo, comeam a ser confrontados com a deciso de colocar o seu produto nos
bens alimentares ou no mercado de combustvel.

Os custos de produo destes combustveis varia de 0,02 a 0,05 por mega joule e so, portanto,
significativamente mais elevados do que os custos de produo e distribuio para o petrleo fssil e
diesel. A diferena de custos entre fontes renovveis e fsseis significativamente maior no mercado
combustvel, do que nos mercados da electricidade e de calor. Consequentemente, os
biocombustveis precisam de ter apoios financeiros, de modo a serem capazes de competir no
mercado.

Uma alternativa lgica, enquadrada numa poltica ambiental, seria dar iseno a estes combustveis,
da taxa dos leos minerais que cobrada sobre o petrleo. Esta deciso destacaria a desvantagem
de custo que existe na produo e que deve ser afectada aos consumidores. Nivelando os custos ou
at favorecendo os biocombustveis, pode-se estimular uma procura sustentvel no mercado e os
benefcios ambientais podero comear a ser visveis.

4.3 As vantagens dos biocombustveis

O cultivo e o processamento dos biocombustveis lquidos, emite menos dixido de carbono relevante
para o ambiente do que o processamento dos combustveis de fontes fsseis. Quando se olha para
as fontes de energia em geral, bem como para os perigos individuais para a gua, para o clima e para
a sade, os biocombustveis lquidos comparam-se muito favoravelmente aos combustveis fsseis.

Os biocombustveis so inerentemente mais biodegradveis do que os combustveis fsseis,


representando portanto uma ameaa mais baixa para as guas interiores e costeiras. Isto e o facto
dos biocombustveis serem, na sua maior parte, produzidos na mesma regio em que so
consumidos, significa que o risco de perigo resultante do transporte altamente minimizado.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.2


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 4.1 - Proteco da gua


Fotografia: UfOP / www.ufop.de

Contudo, as vantagens dos biocombustveis no esto s limitadas ao ambiente. A presena de


biocombustveis no mercado de combustveis traz tambm substanciais vantagens scio-econmicas.
Os biocombustveis so um factor importante nos planos para o desenvolvimento rural na Europa.

Nesta perspectiva, a intensidade de trabalho a longo prazo, permitida por estes combustveis, um
factor importante. Produzir biocombustveis e matrias primas, pode abrir caminho para a agricultura
multifuncional, o que cria novas fontes de salrios e empregos nas reas rurais. Assumindo que a
Unio Europeia tem uma procura sustentvel para 7 milhes de toneladas de biocombustveis, 2.000
empregos seriam criados no cultivo de plantas e outros 7.000 no processamento. Em geral, os
biocombustveis podem ser a fonte para 120.000 novos empregos (a longo prazo).

4.4 reas de aplicao

Embora usados ocasionalmente na cogerao ou na produo de calor, os biocombustveis lquidos


so principalmente usados no sector automvel. Isto deve-se parcialmente s propriedades fsicas
dos biocombustveis lquidos, como seja a capacidade de serem bombeados. Para alm disso, a
elevada densidade energtica contribuiu para provar o valor destes combustveis no sector dos
transportes..

Figura 4.2 Consumo de energia especfica na produo de combustvel


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions.de
Dados: Ludwig Boelkow Systemtechnik

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.3


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Os biocombustveis so hoje em dia, uma das principais solues para a eliminao do problema das
alteraes climticas. Para alm do hidrognio, pode considerar-se uma gama de lquidos baseados
no carbono como combustveis renovveis, tais como os leos vegetais de uso secundrio e os seus
esteres (biodiesis), o grupo de lcoois, como o metanol e o etanol; bem como outros
hidrocarbonetos, como os combustveis sintticos petrleo/diesel. Os combustveis de fontes
renovveis, que so j produzidos a partir da biomassa em maiores quantidades para o sector de
transporte, so o leo vegetal, o metil ster e o etanol.

A produo de biocombustveis lquidos est no seu comeo, tendo contudo possibilidades de


desenvolvimento substanciais. Os cenrios tcnicos prevem que 25% do mercado combustvel da
Unio Europeia possa ser moldado, para serem utilizados combustveis renovveis. possvel
alcanar este objectivo, com as tecnologias existentes, se houvesse uma reduo moderada no
consumo mdio da frota e se 50% da biomassa disponvel fosse usada para a produo de
combustvel.

Se a discusso fosse estendida aos combustveis de biomassa sintticos, que ainda se encontram na
fase de pesquisa, a quota de mercado das renovveis podia ser de 45%. A Unio Europeia atingiria
ento redues significativas nas suas emisses de dixido de carbono. Alm disso, podia ser
atingido um grau de independncia considervel do petrleo.

No sector do transporte tm prevalecido dois tipos de motor para equipar os automveis. O motor de
ignio, alimentado a gasolina, e o motor diesel de auto-ignio, alimentado a gasleo. Os
biocombustveis podem ser produzidos para ambos os tipos de motor.

Ambos os leos naturais e steres metlicos (EM) podem ser usados para alimentar os motores
diesel. Hoje em dia, os combustveis mais comuns no mercado so os steres metlicos, porque
podem ser usados nos motores diesel tradicionais sem haver necessidade de efectuar modificaes
tcnicas complicadas.

Os steres metlicos so produzidos com base em leos vegetais. Estes leos vegetais e animais, e
as gorduras, so sujeitos a um processo de esterificao, usando metanol.

Contudo, para alcanar a penetrao mxima de mercado, os biocombustveis devem estar


disponveis tambm para carros a gasolina. Os lcoois como o metanol e o etanol, so adequados
para estes motores a gasolina.

Uma outra forma de alimentar os carros sem motor de combusto, atravs do uso de energia a
partir da electricidade. Esta pode ser fornecida atravs do armazenamento de energia (em baterias)
ou conversores de energia (pilhas de combustvel). A vantagem dos carros movidos a electricidade
que no emitem poluentes para a atmosfera quando esto a funcionar. Contudo, contrariamente aos
argumentos da indstria, no esto completamente livres de emisses. A energia necessria para o
armazenamento da carga ou combustvel, resulta geralmente em emisses de dixido de carbono.
Contudo, h excepes. Por exemplo, quando a electricidade necessria produzida directamente a
partir de fontes de energia renovvel como o Sol, o vento ou hidrulica.

Os requisitos para os combustveis modernos so numerosos e diversos. Os mais importantes so:

x Custos de produo aceitveis;


x Capacidade de produo em quantidades suficientes;
x Infraestruturas para transporte e distribuio financeiramente viveis;
x Adequao aos motores de combusto, pilhas de combustvel e outros conversores de energia
se necessrio;
x Significativo potencial de reduo de CO2.

Os processos para produo de biocombustveis so tecnicamente avanados, estando a ser


amplamente utilizados na indstria qumica e na produo de bens alimentares. Os processos
tcnicos usados so geralmente to comuns, que um aumento na procura de biocombustveis no
far diminuir grandemente os custos, em resultado do efeito de escala.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.4


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Assim, os custos estruturais dos biocombustveis so menos determinados pelos processos de


produo. Entre outros factores determinantes neste custo, temos o preo das matrias primas
principais e secundrias.

4.5 Processo para a produo de biocombustveis lquidos a partir da biomassa

O quadro seguinte lista as matrias primas usadas para sintetizar os biocombustveis lquidos mais
importantes:

Tabela 4.1 Matrias primas, processos e aplicaes dos biocombustveis lquidos


Biocombustvel Fonte Tcnica Aplicao
lquido
Biodiesel Plantas oleosas: Extraco em presso Na forma pura ou
leo de nabo (Europa do Norte) Esterificao com metanol combinado com diesel
leo de girassol (Europa do Sul) convencional
leo de colza
leo usado (leo de cozinha)
Bioetanol Acar de beterraba Fermentao alcolica Componente na gasolina ou
Cereais puro como combustvel
Outras colheitas
Produtos do desperdcio de
plantas
Madeira, palha
ETBE Bioetanol (derivado) Reaco com isobuteno Componente combinado na
na presena de um gasolina at 15%
catalisador
Biometanol Materiais celulsicos de lenhina Processo termoqumico Equivalente ao metanol
Fraco biodegradvel do lixo fssil
MTBE Biometanol (derivado) Reaco com isobuteno Combinado como
na presena de um componente
catalisador

Os primeiros quatro biodiesis listados nesta tabela esto disponveis no mercado. O metanol, o
MTBE e outros combustveis sintticos descritos nestas linhas de aco, esto ainda na fase de
experimentao e desenvolvimento. Outros leos naturais ou vegetais tambm so usados em muitos
estudos cientficos. Estes sero abordados de forma breve, uma vez que ainda no so relevantes no
mercado.

No futuro, espera-se que a indstria do biocombustvel se centre muito mais nos mercados dos
materiais reciclados secundrios, como fonte mais barata de matrias primas. A utilizao de
resduos como fonte secundrias de matrias primas, podem surgir como alternativa sua
eliminao. Contudo, a possibilidade de compensar os custos de eliminao dos resduos, usando-o
para produzir combustvel, depende sempre dos custos individuais dessa eliminao. Alm disso, no
existe, a mdio prazo, desenvolvimento potencial neste sector.

4.5.1 leos Vegetais Naturais

Alguns tipos de colheitas como girassis, colza e oliveira, tm um elevado contedo de gordura
vegetal, que pode ser usado em processos tcnicos. Os girassis so colhidos com as sementes
separadas do resto da planta.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.5


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Figura 4.3 Colheita de leo de girassol


Fotografia: UfOP / www.ufop.de

Esto disponveis dois processos tcnicos para produzir leos vegetais das colheitas mencionadas.
Aquele que usado depende do tamanho da fbrica de produo.

Nas fbricas de leo pequenas e descentralizadas, o leo extrado, por dia, de 0,5 a 25 toneladas
de sementes de girassol, com uma taxa de extraco at 80%.

Na produo industrializada, um procedimento de extraco adicional efectuado ao resduo da


planta, depois da extraco mecnica. Utilizam-se solventes para separar o leo do resduo
esmagado, e de seguida, os solventes e o leo so separados. Este procedimento aumenta ainda
mais o rendimento do leo utilizvel, embora o leo tenha de passar atravs de uma purificao
intensa depois deste tratamento. As fbricas de leo industriais com esta gesto de processo tm um
rendimento at 99%, processando at 4000 toneladas de sementes de leo por dia.

A seguir extraco, h um processo intensivo de purificao do leo vegetal natural, em ambos os


tipos de produo. Os slidos remanescentes no leo, depois de comprimidos at 6%, so retirados.
Em fbricas pequenas, isto pode ser conseguido atravs de uma sedimentao contnua. Para
fbricas industriais de maior dimenso usam-se geralmente centrifugadoras.

Na Europa do Norte, a colza domina a produo de leos vegetais, para os mercados de combustvel
e bens alimentares. O rendimento deste leo ronda os 1150 litros por hectare de terra. A colza
apenas pode ser semeada de quatro em quatro anos no mesmo solo. Na Europa do Sul, o girassol
o maior fornecedor de leo vegetal. Ambos os tipos podem ser processados em combustveis, sem
restries.

Os restos da farinha da colza so usados como alimentao animal natural, na criao de gado. A
venda deste resduo como alimento animal essencial para melhorar a economia da produo do
leo de colza. So produzidos cerca de 1900 kg de farinha por hectare de campo.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.6


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Figura 4.4 Colheita de colza

Foto: UfOP / www.ufop.de

Propriedades tcnicas como combustvel

O leo vegetal natural tem um teor de carbono muito elevado (de 77 at 78% do seu peso). O
hidrognio (12%) e o oxignio (10%), perfazem a parte restante. Os leos vegetais como produtos
naturais que so, comportam-se como produtos biodegradveis. Por vezes, esta propriedade pode
ser um obstculo ao uso como combustvel, porque os processos de oxidao e polimerizao podem
iniciar-se nos tanques de armazenamento. Estes processos alteram as propriedades dos leos
combustveis, mesmo sob condies de armazenamento favorveis, pelo que a vida mxima de
armazenamento dos leos vegetais naturais permanece limitada de 6 a 12 meses.

Em condies de frio, os leos vegetais reagem de modo diferente dos combustveis refinados. Com
descidas de temperatura, tornam-se cada vez mais viscosos, ao ponto de solidificarem.

Em pases com invernos frios, devem ser considerados os efeitos da congelao. Esta questo
significa que os leos vegetais s podem ser usados nos transportes quando combinados com
combustveis tradicionais. Alternativamente, deve ser garantida uma temperatura do combustvel
acima de 5-10C. Isto significa manter o tanque de leo a uma temperatura que garanta a viscosidade
exacta para o sistema de injeco do combustvel. Estes factores tornam a propulso com leos
vegetais naturais tecnicamente mais complicada do que a propulso com combustveis
convencionais.

4.5.2 Biodiesel

Os leos vegetais naturais no podem ser usados em motores diesel convencionais, sem serem
efectuadas modificaes. Portanto, para que o leo vegetal produzido seja integrado no mercado de
combustvel tradicional, sem a necessidade de modificaes do motor, deve sofrer um processo de
estrificao.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.7


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 4.5 - Biodiesel numa bomba de gasolina

Foto: UfOP / www.ufop.de

O leo vegetal, uma vez tratado pelo processo de estrificao, passa a ter a designao corrente de
biodiesel. Neste processo, as molculas gordas so separadas em trs cadeias steres de cidos
gordos. As propriedades fsicas dos leos vegetais so de tal modo alteradas, que passam a ter uma
correspondncia com as propriedades fsicas dos combustveis convencionais. Depois da
esterificao, as molculas tm uma viscosidade que similar s do gasleo normal.

O biodiesel pode ser produzido atravs de leos gordos usados (leos de cozinha), bem como leos
vegetais naturais. Estas gorduras devem ser recolhidas e sofrer um tratamento de purificao
especial, antes que a estrificao possa gerar a qualidade desejada.

O processo de estrificao requer lcoois, recorrendo-se na maior parte dos casos ao metanol. Um
subproduto da estrificao a glicerina, a qual, depois de ser purificada, poder ser usada na
indstria qumica como material base. Os processos usados para a produo destes combustveis
so processos existentes na indstria de bens alimentares e tm sido, nos ltimos anos, optimizados
para o mercado de combustvel. Isto torna possvel a uniformidade e a conformidade com requisitos
de qualidade exigentes dos combustveis modernos.

Propriedades tcnicas como combustvel

Na maioria dos casos, o uso de biodiesis no obriga a qualquer ajustamento no motor. Na maior
parte dos casos, usa-se uma mistura de biodiesel combinada com combustvel convencional. No
entanto, podem tornar-se necessrias alteraes tcnicas, quando os vedantes de borracha no so
feitos de borracha de fluorcarbonetos. Embora na sua viscosidade o biodiesel produzido tenha quase
sempre propriedades idnticas ao combustvel diesel fssil, os steres metlicos comportam-se de
maneira diferente dos polmeros qumicos.

Os biodiesis atacam e dissolvem alguns sintticos usados nos carros, incluindo os tubos de
combustvel e os vedantes. Alguns componentes feitos de borracha nitrilo so afectados. Em casos
de contacto prolongado com biodiesis, podem inchar e amolecer. Se os produtores usarem
componentes de borracha fluorcarbonetos, ou se forem instalados durante uma reparao, no
existem tais problemas. A borracha de fluorcarboneto resistente ao ataque do biodiesel e
resistente ao combustvel diesel fssil. Deste modo, o produtor d ao consumidor a possibilidade de
propulso a diesel ou a biodiesel, sem se ter de fazer qualquer modificao.

4.5.3 Etanol

O etanol pode ser produzido fermentando colheitas de acar, como a cana de acar, milho paino
e beterraba, bem como vegetais com goma, como o milho, o trigo e a batata. Por vezes, a biomassa
de celulose de lenhina, contendo celulose, lenhina e hemicelulose, tambm usada para produzir
etanol. So exemplos o desperdcio de madeira, de palha ou de plantas.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.8


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

As plantas de acar podem ser trituradas e fermentadas para produzir o etanol, atravs da
fermentao alcolica. As plantas com goma, como o trigo, devem primeiro ser hidrolisadas, por
cidos ou enzimas, a aucares, antes de se efectuar a fermentao alcolica. Enquanto nos anos 80
a produo de etanol concentrava-se no uso de plantas de acar e com goma, as prticas de
pesquisa e desenvolvimento centram-se na biomassa da lenhina celulsica. Esta tem frequentemente
associado benefcios econmicos, porque o desperdcio de lenhina celulsica est disponvel no
mercado e no usada no sector dos bens alimentares.

A produo a partir da biomassa da lenhina celulsica poder significar um avano para a produo
de etanol a partir da biomassa.

A biomassa da lenhina celulsica pode apenas ser usada para a produo de etanol se for
decomposta em glucose. Durante a transformao da biomassa de lenhina celulsica, a
decomposio usando vapor aumenta a rea de superfcie, criando as condies ideais para produzir
o composto de acar por meio de microorganismos.

O passo seguinte fazer a hidrlise. A lenho-celulose transformada num composto de glucose e de


outros aucares. Os materiais de glucose so fermentados em lcool atravs de leveduras e em
condies aerbias muito controladas. Deve ser dada importncia s condies ambiente em que os
organismos bacterianos e fungos se encontram. A temperatura e os valores de pH so cruciais para o
sucesso da fermentao.

Com o composto produzido pela fermentao, isola-se o etanol atravs de vrias fases de destilao
(rectificao). Com a destilao em vrias fases, pode ser conseguido um nvel de pureza de 96% do
etanol. A mistura remanescente consiste de gua e materiais orgnicos.

Propriedades tcnicas como combustvel

O etanol comum muito adequado como combustvel para motores a gasolina de injeco directa.
Devido ao seu elevado nmero de octanas, de 110 at 130, um combustvel pouco explosivo. Da
resulta que os motores operados com etanol e optimizados para este tipo de combustvel podem usar
um nvel elevado de compresso.

O etanol destilado pode tambm ser usado como um componente combinado para alimentar motores
standard a gasolina. As propriedades do etanol aumentam a eficincia do motor e reduzem o
consumo de combustvel. Para alm disso, como o nmero de octanas resultante mais elevado,
produzido um combustvel compatvel com o motor. At um volume de 10%, pode ser adicionado sem
ter de se efectuar modificaes tcnicas em toda a frota de carros. Consequentemente, a mistura
mais disponvel no mercado a de 10% de volume de etanol e 90% de volume de gasolina.
Concentraes mais elevadas de etanol (at ao etanol puro),so tambm uma fonte de combustvel
adequada para os motores a gasolina de injeco directa, embora esta situao obrigue realizao
de modificaes nos motores comuns.

4.5.4 Combustveis a partir do gs de sntese

Para alm dos procedimentos de extraco e fermentao, uma transformao termoqumica, tem
potencial para produzir combustvel atravs da produo de gs de sntese. Contudo, os processos
esto em fase de pesquisa, e portanto os combustveis sintticos no sero lanados no mercado
brevemente.

A vantagem deste tipo de combustvel que pode ser produzido a partir de um espectro
relativamente amplo de matrias primas. Esta diversidade permite que uma central de produo seja
economicamente efectiva, apesar da flutuao de preos das matrias primas.

Uma outra possibilidade para estes combustveis sintticos, a produo de um gs de sntese sem
alcatro, que pode abrir caminho para a economia de combustvel baseada no hidrognio. Os gases
de sntese, com ou sem elementos de monxido de carbono, oferecem a maior flexibilidade possvel,
no s em termos de matrias primas usadas, mas tambm em termos de produtos produzidos.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.9


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Muitos dos combustveis j usados e muitos dos combustveis planeados para o futuro, podem ser
produzidos a partir de uma combinao de matrias primas baseadas neste combustvel.

O metanol, o metano, o hidrognio e a gasolina sinttica, e os combustveis diesel, podem ser todos
produzidos por meio da fase intermdia do gs de sntese. Os combustveis sintticos, em particular,
tm o potencial para desenvolver um comportamento de emisses amigo do ambiente, contanto que
as propriedades sejam idnticas ou melhores. Esto a ser efectuadas pesquisas na indstria
automvel, tendo em conta procedimentos de desenvolvimento para a produo de combustveis
sintticos em simultneo com o hidrognio.

Ainda necessria muita pesquisa na produo do gs de sntese a partir da oxidao


substoiquiomtrica da biomassa. Os procedimentos usados hoje em dia para a produo de gs da
biomassa, no foram projectados para produzir gases de sntese, mas para converter os gases
produzidos em electricidade. Infelizmente, a sua transferncia directa para a gaseificao da
biomassa em centrais descentralizadas mais pequenas (<50MW), no obteve sucesso imediato.

Ainda no foram solucionadas muitas questes que se prendem com a produo de combustveis
sintticos. Estas questes incluem a qualidade e estabilidade dos combustveis produzidos, os custos
de produo, o possvel rendimento das matrias primas e a eficincia energtica de todo o projecto.

Produo de gs de sntese

O passo inicial na produo de gs a partir da biomassa, a converso termoqumica dos


combustveis base. O ar, o oxignio, o vapor e o hidrognio, bem como as misturas destes gases,
podem ser usados como meios de gaseificao para este processo. A produo do combustvel que
se segue um processo cataltico. Portanto, o gs de sntese deve satisfazer requisitos particulares e
deveria apresentar um elevado nvel de pureza.

Economicamente e por razes logsticas, as centrais de pequenas dimenses so cruciais para o uso
da tecnologia da gaseificao para a biomassa. Estas devem ser projectadas de tal modo que o uso
de oxignio puro no seja necessrio. Fornecer os aparelhos de gaseificao com oxignio puro ou
construir um aparelho de fraccionamento do ar, no adequado gaseificao descentralizada da
biomassa, por razes de custo.

Um outro requisito essencial dos gases de sntese usados para produzir combustvel, o teor de
hidrognio. Por vezes, este est bem abaixo de 50%, especialmente com procedimentos de
gaseificao autotrmicos, onde a energia produzida a partir do combustvel processado. Os
procedimentos de gaseificao alotrmicos, que usam calor fornecido externamente, tm de longe um
melhor potencial de serem usados para produzir os gases de sntese, visto que prometem uma
qualidade do gs mais elevada.

No processo alotrmico, o calor externo transferido para o reactor. Isto significa que no
necessrio fornecer oxignio como gs de sntese e o gs produzido tem um teor de hidrognio
utilizvel. Contudo, este procedimento requer quantidades considerveis de energia externa, visto
que, em contraste com os procedimentos autotrmicos, no preenchem os seus prprios requisitos.

Estado actual da pesquisa

A Alemanha tem uma central teste para a gaseificao da biomassa. O processo efectuado tendo
em conta que num primeiro passo a biomassa seca, como a madeira, palha ou lamas orgnicas,
transformada em gs de sntese rico em monxido de carbono, por meio de gaseificao
substoiquiomtrica. Num segundo passo, os combustveis sintticos podem ser produzidos a partir do
gs sntese, uma vez que foi purificado para remover as partculas contaminantes.

Os hidrocarbonetos podem tambm ser produzidos a partir do gs de sntese, usando a sntese


Fischer-Tropsch. Em condies de reaco entre 220 240C e com presso de cerca de 25 bar,
podem ser convertidos hidrocarbonetos de cadeia longa em hidrocarbonetos de cadeia curta, usando
catalisadores baseados em ferro e cobalto. Deve disponibilizar-se hidrognio para este processo.
Contudo, na produo descentralizada de combustvel, este processo tecnicamente muito
complicado, porque uma vasta gama de produtos produzida durante a sntese Fischer-Tropsch.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.10


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

4.5.5 Metanol

O metanol usado numa vasta gama de reas, desde a combinao com os combustveis
convencionais (sem alterar a tecnologia usada), at ao uso puro como combustvel. Pode ser usado
em motores de combusto tradicional e em pilhas de combustvel de metanol directo. Mas o metanol
pode tambm ser usado como produto base para sintetizar biodiesel a partir de leos vegetais.

Figura 4.6 Metanol numa estao de servio


Fotografia: DaimerChrysler / www.daimlerchrysler.de

O metanol pode ser feito a partir da biomassa, mas encontra-se ainda na fase experimental.
Importante para a produo a converso da biomassa slida numa forma gasosa. Isto pode ser feito
por meio da produo de gs de sntese, ou usando o biogs dos aterros ou centrais de biogs.

A produo de metanol um processo qumico de custo intensivo. Portanto, nas condies actuais
apenas usada a biomassa de resduos como madeira velha ou resduos orgnicos, para produzir
metanol.

Propriedades

A estrutura qumica do metanol CH3OH. O metanol tem um poder calorfico mais baixo do que os
combustveis convencionais, como a gasolina e o diesel.

H uma desvantagem decisiva do metanol puro, em relao aos combustveis convencionais. Embora
o metanol seja lquido, tem propriedades corrosivas. Portanto, no pode ser distribudo por meio da
rede de distribuio existente nas estaes de abastecimento de gasolina.

Nas condies ambientais e presso atmosfrica normais, o metanol lquido na sua estrutura
qumica. Esta estrutura compacta d aos carros a metanol, com o mesmo tamanho de tanque,
autonomias mais elevadas do que carros movidos a gs natural ou a hidrognio. Uma vez libertado
para o ecossistema, o metanol imediatamente dissolvido e no pode ser facilmente recuperado.
Contudo, em termos de degradao biolgica, muito mais favorvel do que a gasolina.

A eficincia energtica para a produo de metanol da biomassa, alcana valores at 55%.


Alternativamente, se usado em graus mais baixos de eficincia, o gs de sntese remanescente pode
ser usado para produzir electricidade.

4.5.6 Hidrognio a partir da biomassa

Em muitos cenrios futuros, o hidrognio considerado uma fonte importante de energia. Contudo, o
hidrognio no existe no seu estado natural. Est combinado com outros elementos, nomeadamente
com o oxignio na gua ou com o carbono no gs metano. Desta forma, deve ser, em primeiro lugar,
separado destes elementos, o que conseguid com consumo de energia. Isto significa que o
hidrognio to ecolgico como as fontes de energia usadas para o produzir.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.11


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

O hidrognio um gs inodoro. Tem uma densidade de cerca de 0,09Kg/m3, sendo


significativamente mais leve do que o ar. O ponto de ebulio verifica-se temperatura de -253C.
Isto torna-o tecnicamente complicado para armazenar, transportar e distribuir. Alm disso, o
hidrognio tem uma densidade energtica volumtrica baixa, o que significa que os carros com um
alcance acima de 500 km, necessitam de reservas lquidas. O armazenamento em contentores de
gases pressurizados possvel para baixas autonomias.

Quando o hidrognio usado em pilhas de combustvel, as nicas substncias prejudiciais que


podem emergir so xidos de azoto, se ocorrer a oxidao com o ar. Desta forma, o hidrognio uma
boa alternativa para a reduo de impactes ambientais, tendo em conta que o sector dos transportes
gera muitos impactes ambientais, devido aos combustveis usados.

Produo de hidrognio a partir da biomassa

Embora obtido essencialmente atravs da electrlise, tambm possvel produzir hidrognio usando
a biomassa. Por meio de oxidao parcial, pode ser produzido um gs combustvel, que consiste
largamente em monxido de carbono e hidrognio. O gs de sntese produzido tambm chamado
gs fraco, devido ao seu baixo poder calorfico. Se houver inteno de produzir hidrognio puro,
adequado s pilhas de combustvel a partir deste gs, ser necessrio um processo de purificao
complicado. As partculas e o alcatro, bem como algum monxido de carbono, deve ser removido.

Estado actual de investigao

A gaseificao da biomassa, como uma fonte de hidrognio, tem sido um tpico de pesquisa durante
muito tempo. Os problemas tcnicos relacionados com os procedimentos usados, esto
principalmente relacionados com a gaseificao completa dos diferentes tipos de biomassa e a
subsequente purificao do gs. A produo de hidrognio a partir da biomassa ainda no est
preparada para ser disponibilizada no mercado.

4.6 Custos dos biocombustveis lquidos

Os combustveis renovveis podem substituir os combustveis fsseis, assegurando uma


contribuio sustentvel para a proteco do clima e do ambiente. Contudo, para penetrar no
mercado, estes combustveis deveriam ajustar-se e ser sujeitos s mesmas condies e realidades.

A nvel nacional e europeu, existem algumas polticas fiscais e programas de apoio para compensar
alguns dos custos adicionais destes combustveis, nomeadamente ao nvel da reduo do imposto
sobre os produtos petrolferos. Contudo, estes instrumentos apenas compensam uma parte do custo
adicional. O principal critrio para competir com sucesso no mercado ser a obteno de baixos
custos de produo.

Os custos actuais dos biocombustveis lquidos, cerca de 0,8 / l, so significativamente mais


elevados do que os custos de produo e distribuio da gasolina e do diesel. Enquanto que o custo
de produo de energia elctrica a partir de fontes regenerativas j aceitvel para utilizadores finais,
a diferena dos custos entre os biocombustveis lquidos e combustveis fsseis significativamente
maior.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.12


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 4.7 - Custos de biocombustvel custos de combustvel fssil


Grfico: Dobelmann / www.sesolutions.de
Dados: Ludwig Boelkow Systemtechnik

A eficincia econmica dos combustveis renovveis apenas um dos muitos aspectos a ter em
considerao. Os benefcios destes combustveis, como a melhor compatibilidade ambiental e a
minimizao dos perigos para a sade, significam uma penetrao no mercado mais rpida nalguns
nichos.

4.7 Desenvolvimento do mercado de biocombustveis lquidos

Cada aumento que se verifica no preo dos combustveis fsseis, abre caminho ao lanamento do
mercado dos biocombustveis lquidos. mais fcil, para muitos biocombustveis, tornarem-se
competitivos no mercado, se os combustveis fsseis forem mais penalizados fiscalmente, como pode
ser visto na Figura anterior.

Os pargrafos seguintes descrevem as tendncias do desenvolvimento do mercado actual para os


biocombustveis mais importantes.

4.7.1 leos Vegetais Naturais

Conforme se verifiquem mais sucessos nas experincias tcnicas, assim aumentar o uso de leo
vegetal natural. De momento, a maior parte dos motores esto ainda em testes ou esto na primeira
fase de produo em srie. O desenvolvimento do mercado posterior deste tipo de combustvel
depender grandemente dos sucessos destes projectos.

Em contraste com os combustveis fsseis e o biodiesel j desenvolvido para o mercado global, os


leos vegetais naturais destacar-se-o nos mercados regionais. Isto deve-se s suas propriedades
tcnicas, ou seja o tempo de armazenamento limitado, e tambm eficincia econmica, obrigando a
que sejam assegurados contratos de fornecimento a longo prazo.

4.7.2 Biodiesel

Existem duas abordagens diferentes que podem ser feitas para assegurar o amplo uso de biodiesel
no mercado nacional de combustveis lquidos: i) na sua forma pura, semelhana do que se verifica
na Alemanha, ii) , combinado com combustveis fsseis, de acordo com a opo que se verifica em
Frana. A esta mistura associam-se importantes benefcios fiscais concedidos por parte do Governo
Francs.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.13


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Por um lado, o uso de biodiesel puro, em conjunto com catalisadores de oxidao, pode conduzir
reduo das emisses de gases de escape e pode criar condies ptimas para aplicaes
adequadas, como no transporte citadino ou em reas protegidas.

Por outro lado, a adio de biodiesel ao combustvel fssil, constitui um processo mais simples e
raramente incorre em custos adicionais na produo e distribuio do combustvel. Contudo, os
benefcios em termos de emisses so mais reduzidos.

O uso do biodiesel para a produo combinada de calor e energia elctrica em aplicaes


estacionrias, est a ser travada, devido a obstculos econmicos. As matrias primas e os custos de
produo do biodiesel so consideravelmente mais caros do que os combustveis convencionais
utilizados, apoiados fiscalmente, nalguns casos. Os programas de apoio aos combustveis fsseis
podem constituir importantes barreiras sobre a eficincia econmica dos biocombustveis.

4.7.3 Etanol

Na maioria dos pases, a produo de lcool combustvel ainda representa um papel secundrio. Em
Frana, no Brasil e nos Estados Unidos da Amrica, existem programas estatais que patrocinam o
uso de Etanol. Contudo s agora, no contexto do aumento dos preos de leo e no interesse recente
no fornecimento de energia amiga do ambiente, que o assunto tem recebido uma maior ateno.

O papel do etanol no mercado dos combustveis lquidos, pode ser encontrado na rea dos aditivos
combustveis. Isto tem a ver com a eficincia econmica. Normalmente podem ser atingidos preos
de mercado mais elevados quando vendido como um aditivo combustvel, do que quando vendido
como um combustvel puro. Alm disso, para as quantidades usadas como aditivo, no so
necessrias modificaes tcnicas nos carros.

Mesmo se actualmente a Europa ainda no registou grande sucesso no uso do etanol, ao nvel
internacional existem j sinais considerveis de sucesso. O Brasil, por exemplo, tem levado a cabo
um programa de sucesso desde 1975. Graas ao Programa Pr-lcool, 1,3 bilies de litros por ano
esto a ser actualmente lanados no mercado de combustvel. Isto torna o Brasil lder dos pases
produtores de combustvel lcool. Produz 43% do seu mercado combustvel com fontes renovveis.

No Brasil, a produo de lcool para o mercado de combustveis lquidos baseia-se unicamente na


cana do acar, o que cria 40% dos rendimentos agrcolas. A produo de etanol da cana de acar
foi promovida como parte do Programa Pr-lcool. Tambm ao abrigo deste programa foi promovido
o desenvolvimento dos motores de etanol puro, os quais necessitam apenas de 4% de aditivos. A
reduo significativa dos preos no mercado mundial para o crude, nos anos 80, teve um impacto
negativo no programa, resultando na obrigatoriedade de adio de 24% de etanol gasolina
fornecida nas bombas de gasolina, por forma a manter o mercado do etanol.

Os Estados Unidos da Amrica tm um programa de etanol para o trfego rodovirio. Em 2001, 6


bilies de litros de lcool foram lanados para o mercado de combustvel, tendo substitudo 1,5% das
vendas de gasolina nos Estados Unidos da Amrica. A estratgia nos Estados Unidos pressionar
para que seja adicionado um mximo de 10% de etanol, e que seja obtido predominantemente do
milho. O programa actual tem vindo a ter uma tendncia ascendente, devido ao aumento das
preocupaes ambientais. A estratgia destas actividades reduzir impactes no ambiente, causados
pelo monxido de carbono (CO) e ozono (O3), atravs da adio de componentes combustveis ricos
em oxignio, como o etanol ou os seus derivados.

O uso do etanol nas centrais de energia estacionrias tecnicamente possvel (especialmente em


centrais combinadas de produo de calor e de energia elctrica). Devido ao facto de ser
principalmente usado como um aditivo combustvel, no permitiu at agora impor-se neste mercado
como produto puro.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.14


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

4.8 Utilizao de biocombustveis lquidos em fontes mveis

4.8.1 leos vegetais naturais

At agora, o conhecimento sobre o comportamento de leos vegetais naturais nos motores modernos
limitado. No se encontram disponveis registos de dados importantes sobre o comportamento
destes combustveis, bem como provas de tempo de vida nos bancos de ensaio e no uso de veculos
em diferentes condies.

Para os leos vegetais naturais serem usados em motores diesel, devem ser feitas modificaes
tcnicas. Para pr-aquecer o combustvel, o requisito mais importante adaptar o sistema de
injeco de combustvel viscosidade dos leos vegetais naturais. Adicionalmente, o facto do
comportamento da distribuio do combustvel ser diferente, torna geralmente necessria uma
instalao diferente dos mbolos.

Em termos dos componentes mais essenciais do motor, os motores diesel usados com leo vegetal
so idnticos aos usados com combustveis fsseis. Usam sistemas de injeco directa, para
distribuir o combustvel na cmara de combusto.

Devido sua elevada viscosidade, difcil processar o leo vegetal num composto que possa ser
inflamado, nos motores diesel, a baixas temperaturas. Para evitar problemas de ignio em motores
frios, o combustvel diesel convencional usado para o processo de ignio e o leo vegetal natural
apenas injectado aps o perodo de aquecimento do motor. Isto significa que deve ser instalado um
sistema de dois tanques.

Um outro problema com esta viscosidade natural do leo vegetal que, num sistema de injeco de
combustvel, estes leos no podem ser facilmente pulverizados num composto inflamvel. Mesmo
que esta questo no seja muito importante para utilizaes curtas, pelo contrrio, se for utilizado
leo vegetal sistematicamente, a longo prazo pode conduzir a uma injeco desigual e, portanto,
maior acumulao de partculas nos revestimentos do cilindro, mbolos, vlvulas e bocais de
injeco, os quais esto no seu funcionamento normal sujeitos a presso.

4.8.2 Biodiesel

O uso de biodiesel em motores diesel geralmente possvel. Contudo, importante que o biodiesel
seja aprovado pelo fabricante do motor. Esta aprovao pode ser emitida se o veculo estiver j
preparado ou quando tenham sido efectuadas algumas adaptaes, nomeadamente a substituio de
vedantes de borracha, entre outros componentes de borracha de nitrilo, que estejam em contacto
com o combustvel. Estes componentes devero ser substitudos por componentes de borracha de
fluorcarbono.

Na prtica, ao usar biodiesel, para ajudar a garantir uma utilizao sem problemas a longo prazo,
deve ter-se em ateno ao seguinte:

x Se o carro passar a utilizar biodiesel aps um longo perodo de tempo, durante o qual apenas foi
usado diesel de petrleo, pode ser necessrio alterar o filtro de combustvel. Como o biodiesel se
comporta como um solvente, os resduos do combustvel diesel podem ser dissolvidos, o que
pode levar a bloqueios dos filtros;
x Pela mesma razo, as reas envernizadas que esto em contacto com o biodiesel devem ser
limpas imediatamente;
x Se o biodiesel for usado em carros no aprovados, alguns materiais sintticos ou de borracha
podem danificar-se em certas circunstncias, depois de um perodo de uso mais longo. A ttulo de
exemplo, os tubos de combustvel podem amolecer. Os tubos feitos de borracha de fluorcarbono,
j utilizados em modelos aprovados, podem evitar esta situao. Podem efectuar-se verificaes
regulares do sistema de combustvel e, se necessrio, alterar os materiais afectados.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.15


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

4.8.3 Etanol

O etanol raramente usado na Europa e nos Estados Unidos da Amrica como combustvel puro.
Apenas no Brasil usado este mtodo. A razo para esta situao a elevada taxa de evaporao
do combustvel, visto que reduz a capacidade para arranques frios.

O problema dos arranques frios a baixas temperaturas, no relevante em zonas climticas quentes.
Em zonas climticas mais frias, como na Europa do norte, os carros tm de estar por vezes
equipados com um tanque de gasolina extra, para assumir arranques frios.

O uso do etanol, quando combinado com a gasolina convencional, no requer quaisquer


modificaes tcnicas nos motores. As suas qualidades tcnicas aumentam duas vezes o nmero de
octanas do combustvel, em 10% da proporo do peso. Os combustveis de mistura de etanol e
gasolina so geralmente mais amigos dos motores do que os combustveis de gasolina puros.

4.9 Uso de biocombustveis lquidos em aplicaes estacionrias

4.9.1 Fundamentos

O biocombustvel lquido com o maior potencial para a cogerao o leo vegetal natural. Este pode
ser produzido e preparado em cooperativas agrcolas (usando meios simples), para o uso em motores
adaptados. Portanto, estas linhas orientadoras focaro principalmente os leos vegetais naturais.
Contudo, as afirmaes gerais nestas linhas orientadoras podem tambm aplicar-se a outros
projectos de biomassa, com outros combustveis.

De forma genrica, pode-se dizer que todos os biocombustveis lquidos podem ser usados em
aplicaes estacionrias, onde o peso, um factor sempre relevante numa aplicao mvel, pode ser
desprezado. Isto abre caminho a algumas possibilidades tcnicas. Muitas das vantagens ambientais
oferecidas por estes combustveis comeam a ter o seu efeito. Constituem bons exemplos, a
instalao de tanques de camada dupla, que evitam acidentes com libertao de combustveis para
os solos ou recursos hdricos, ou o ajustamento dos filtros e outros sistemas de tratamento de
emisses gasosas.

A cogerao considerada uma parte importante da proteco ambiental em todo o mundo, por
causa do seu elevado nvel de eficincia energtica. Isto tambm se aplica quando so usados
combustveis fsseis. Este facto combinado com a eficincia econmica da operao das centrais,
essencial para projectos de cogerao, torna mais difcil o uso de biocombustveis lquidos numa
aplicao estacionria.

O design de motores estacionrios de leo vegetal o mesmo que o usado para aplicaes mveis.
A vantagem da cogerao para motores estacionrios que muitos dos problemas tcnicos
associados ao leo vegetal, como os arranques a frio, podem ser eliminados. Para alm disso, na
cogerao, geralmente est disponvel calor suficiente para ter um controlo suficiente sobre a
viscosidade observada a baixas temperaturas. As unidades do motor nas fbricas de cogerao esto
na maioria num estado quente ou pr-aquecido quando arrancam.

Os motores de cogerao so projectados para trabalhar com uma performance ptima, o maior
nmero de horas anuais possvel, para alm de 4000 horas de operao, para assegurar um elevado
nvel de eficincia. Isto torna possveis intervalos de manuteno regulares.

A cogerao com o leo vegetal a mesma que para as unidades de cogerao tradicionais em
operaes de gs natural ou leo combustvel. Um motor de combusto ligado a um gerador
elctrico que transforma a energia mecnica do motor em electricidade. A eficincia da produo de
energia primria cerca de 30%. O calor gerado para o sistema de exausto ou para o sistema de
arrefecimento do motor, pode ser aproveitado por meio de permutadores de calor e disponibilizado
para edifcios ou processos.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.16


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

4.9.2 Possveis problemas tcnicos de operao nas centrais de cogerao com leo vegetal

As bombas e sistemas de injeco de combustvel so as partes mais crticas das unidades de


cogerao operadas com leo vegetal. Elas so a fonte da maior parte dos problemas. A fraca
qualidade do combustvel ou a existncia de contaminantes prejudiciais, podem levar a uma rpida
formao de depsitos nos bocais de injeco e no sistema de combusto, o que pode levar a uma
insuficiente atomizao do combustvel, e numa fase seguinte contaminao do leo do motor.

A maior ameaa para os motores de leo vegetal deve-se eventualidade de falha do sistema de
lubrificao central, que geralmente conduz a danos irreversveis do motor. A juntar aos
contaminantes prejudiciais no combustvel, muitas vezes uma gradual tixotropia do leo da
lubrificao responsvel por este tipo de dano. Por estas razes, so recomendadas mudanas de
leo e inspeces de manuteno aos motores de leo vegetal, pelo menos em cada 250 horas.
Contudo, no s uma mudana do leo do motor e do filtro que deve ser efectuada, mas tambm
uma anlise da qualidade do leo encontrado.

O leo vegetal comporta-se de maneira diferente dos combustveis fsseis refinados em muitos
aspectos. portanto tambm aconselhvel equiparar os motores a leo vegetal com temporizadores
de arrefecimento, para garantir o lento arrefecimento da unidade do motor. Isto no s evita o dano
do motor por sobreaquecimento, mas evita tambm a carbonizao dos bocais e mbolos devida
queima descontrolada do leo vegetal.

difcil fazer uma estimativa dos intervalos de manuteno nas centrais de cogerao a leo vegetal,
porque se reuniu pouca experincia operacional at ao presente momento. Embora os projectos
anteriores registem sucessos operacionais, sofreram-se pesados atrasos com danos maiores no
motor. A operao destas centrais depende de muitos parmetros e, muitas vezes, de parmetros
que no podem ser suficientemente monitorizados, da resultando que as causas exactas das falhas
no podem ser muitas vezes determinadas.

Estes factos significam que h necessidade de aumentar os fundos de manuteno acima de 2


cntimos de por kWh de energia elctrica produzida. Isto deve ser tido em conta o mais cedo
possvel na fase do planeamento financeiro.

4.10 Gesto do Projecto

4.10.1 Planeamento geral do projecto

Para implementar um projecto de cogerao com biocombustveis lquidos, devem ser seguidos os
mesmos passos necessrios para instalar uma central de cogerao com combustveis fsseis.

O planeamento do projecto deve ser efectuado de acordo com os seguintes passos:

x Investigao preliminar e inspeco da situao actual;


x Anlise dos requisitos de aquecimento na rea;
x Anlise de custos e investigaes preliminares sobre os custos de combustvel;
x Verificao da eficincia econmica;
x Esboo dos conceitos de cogerao para vrios cenrios;
x Seleco de tecnologia adequada;
x Seleco de um mtodo de operao adequado;
x Reunio de propostas de fornecedores de centrais de cogerao, incluindo custos de
manuteno;
x Pr-planeamento da distribuio;
x Obteno das autorizaes necessrias, por parte das autoridades;
x Anlise final da viabilidade econmica;
x Arranque do projecto.

Devido h pouca experincia prtica com centrais de cogerao operadas com leo vegetal natural,
tm de se obter antecipadamente garantias suficientes do fabricante, incluindo custos de
manuteno. Os projectos de energia com leo vegetal natural tm ainda carcter de pesquisa.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.17


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

A seco seguinte descreve os elementos mais importantes para o sucesso de um projecto de


aproveitamento energtico.

4.10.2 Planeamento tcnico

O mais importante para assegurar o sucesso do projecto, obter um fornecimento a longo prazo de
combustveis em quantidades suficientes e qualidade adequada. So aconselhveis contratos de
fornecimento a longo termo e, acima de tudo, a obrigao de qualidade com os produtores de leo
vegetal.

Como o leo vegetal tem um tempo de vida armazenado de cerca de 6 meses, a logstica de
abastecimento deve ser projectada de tal modo que minimize os tempos de armazenamento dentro
da central. Em unidades de cogerao de maiores dimenses, com elevado consumo de leo e um
elevado uso anual, possvel a distribuio em camio cisterna e armazenamento num tanque de
combustvel externo, embora se deva assegurar que os tanques no esto contaminados com outros
resduos. Se existirem outros resduos, podem acontecer danos irreversveis no motor e nos sistemas
de gesto de combustvel.

Em contraste com os combustveis fsseis, como o diesel ou o leo combustvel, o leo vegetal um
produto natural perecvel, que pode ser danificado por muitas influncias externas. O oxignio, a luz,
o calor e ies metlicos dos compostos do ferro ou do cobre, podem conduzir a uma degradao
rpida do leo. A viscosidade do leo aumenta e a probabilidade de colmatao das linhas de
combustvel, das bombas de injeco e bocais, aumenta exponencialmente. A capacidade de
lubrificao do leo do motor pode tambm ser consideravelmente afectada por tais processos.

Para o armazenamento devem ter-se em conta as seguintes recomendaes:

x Temperatura de armazenamento abaixo de 10C;


x Aquecimento do combustvel apenas imediatamente antes da utilizao;
x Armazenamento em tanques opacos;
x Assegurar a estanquicidade do subsolo para evitar entrada de oxignio;
x Drenagem da gua de condensao resultante das flutuaes de temperatura;
x Afastamento de potenciais contaminantes;
x Inexistncia de compostos de metal que possam oxidar, tais como cobre, lato, ferro. Em vez
disso, deve-se utilizar ao inx ou materiais sintticos permanentes;
x Zona de sedimentao;
x Armazenamento durante um mximo de 6 meses.

As dimenses da tubagem de transporte devem ser tidas em conta. Os tubos que suposto
transportarem 30 litros de leo vegetal por hora, a longo prazo, devem ter um dimetro mnimo de 14
milmetros. Devem ser projectados de tal modo que possam ser completamente esvaziados e devem
ter locais para recolha de amostras. As bombas usadas devem ser adequadas para a operao com
materiais viscosos. aconselhvel a instalao de um tanque de armazenamento em frente bomba
de combustvel equipado com um tubo de retorno. Os sistemas devem ter filtros duplos de alta
tecnologia, de modo a que possa suster o maior nmero possvel de partculas de sujidade, o que
evita a ocorrncia de qualquer dano do motor.

BIOCOMBUSTVEIS LQUIDOS A PARTIR DE MATRIAS PRIMAS RENOVVEIS 4.18


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

5 SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES

O parmetro mais importante para seleccionar e medir os sistemas de aquecimento a necessidade


de calor. Isto compreende dois elementos: a necessidade de aquecimento dos espaos e a
necessidade de gua quente para aplicaes sanitrias. Enquanto a necessidade de gua quente
pode ser constante aos 12,5 kWh/m de rea habitvel, a medio da necessidade do aquecimento
dos espaos depende de vrios parmetros. Nas seguintes pginas encontram-se descritas vrias
estratgias para determinar a necessidade de aquecimento.

A tabela seguinte, com dados baseados em valores empricos, pode ser utilizada, numa primeira
aproximao, para inventariar as necessidades de aquecimento de espaos de um edifcio.

Tabela 5.1 Necessidades de aquecimento em diferentes tipos de edifcios


Dados: www.wamsler-hkt.de
Edifcio Isolamento trmico Janelas de vidro Altura da sala Necessidade de calor
externo especfica
Edifcio antigo No Simples > 2,50 m 190 W/m
Edifcio antigo No Simples < 2,50 m 160 W/m
Edifcio antigo Parcial Vidro trmico > 2,50 m 130 W/m
Edifcio antigo Parcial Vidro trmico < 2,50 m 110 W/m
Edifcio novo Sim Vidro trmico < 2,50 m 90 W/m
Edifcio novo Sim Vidro triplo < 2,50 m 70 W m

Em muitos pases, existem disposies tcnicas nacionais ou regionais para o isolamento trmico.
Estas incluem regulamentos de construo que tm em considerao o isolamento trmico e formas
de construo para reduzir a necessidade de aquecimento dos novos edifcios. Com base nos
respectivos regulamentos, em concordncia com a idade dos edifcios, possvel fazer uma
estimativa preliminar da necessidade mdia de aquecimento do conjunto de edifcios existente.

A realizao de clculos de isolamento trmico, de acordo com procedimentos de clculo aplicveis


para edifcios individuais, pode fornecer muitas vezes um bom ponto de partida para estabelecer a
necessidade de aquecimento de um edifcio.

Apesar da suposta preciso no clculo dos procedimentos prescritos, na prtica existem muitas vezes
diferenas considerveis entre a necessidade de aquecimento calculada e a real. Isto porque tais
procedimentos so simplificados e padronizados. Por exemplo, a maioria das disposies usam
sequncias padronizadas de temperatura e comportamentos de utilizador que, embora correctos,
podem muitas vezes representar incorrectamente edifcios individuais, devido falta de informaes
mais detalhadas.

Normalmente existe uma divergncia alargada de necessidades de energia para edifcios antigos.
Quanto mais moderno o edifcio, menor a variao nas necessidades de aquecimento.

5.1 Medio detalhada do output mximo de calor

O output mximo de calor necessrio de pequenos sistemas de combusto, para sistemas de


aquecimento central e aplicaes de lareira pode ser calculado usando diferentes abordagens.

5.1.1 Clculo da necessidade de aquecimento para sistemas de aquecimento central

A frmula seguinte permite uma medio suficientemente precisa da necessidade de aquecimento Q,


para o dimensionamento dos sistemas de aquecimento a lenha para os edifcios.

Q Qesp u A u F1 u F2

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.1


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Onde, Qesp, necessidade de calor especfica (tabela 5-1); A, rea habitvel aquecida em m; F1, factor
de correco para outras temperaturas mnimas (Tabela 5-2); F2 factor de correco para tipos de
edifcios (Tabela 5-3).

Tabela 5.2 Factor de correco F1 para a temperatura mnima


Dados: www.wamsler-hkt.de

t min. F1
-6C 0,76
-8C 0,82
-10C 0,88
-12C 0,94
-14C 1,00
-16C 1,06

Tabela 5.3 Factor de correco F2 para tipo de edifcio


Dados: www.wamsler-hkt.de
Tipo de edifcio F2
Vivenda 1,00
Vivenda com jardim 0,95
Vivenda com terrao 0,90
Edifcio com apartamentos
< 8 apartamentos 0,70
> 8 apartamentos 0,65

Exemplo:

Para um edifcio residencial com seis apartamentos, uma rea habitvel global de 420 m e situado
numa rea com uma temperatura ambiente mnima de -16C, foi determinada uma necessidade de
calor especfica Qesp de 130 W/m de rea habitvel.

A necessidade de aquecimento para este exemplo :

Q Qesp u A u F1 u F2 130 W / m 2 u 420 m 2 u 1,06 u 0,70 40,5 kW

A necessidade total de aquecimento Q para a qual dever ser projectado o output de calor do gerador
de calor, ascende aos 40,5 kW.

5.1.2 Clculo da necessidade de aquecimento em aplicaes de lareira

Muitos sistemas de combusto de pequenas dimenses no so projectados para fornecer todo o


aquecimento para os edifcios. Contudo, so capazes de desempenhar diversas tarefas de
aquecimento para divises ou reas dentro dos edifcios.

Se a inteno dimensionar estas aplicaes de aquecimento, necessrio um conhecimento


detalhado das necessidades de aquecimento para os respectivos espaos. Neste caso no possvel
implementar abordagens globais, relacionadas com os edifcios, uma vez que, na maioria dos casos,
existem desvios considerveis nas necessidades de aquecimento. Representativo de outros efeitos, a
figura seguinte ilustra a diferenciao das necessidades de aquecimento, dependendo da posio de
uma diviso num edifcio.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.2


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.1 Disperso das necessidades de calor num edifcio por zonas
Esquema: www.sesolutions.de
Dados: Wamsler

Se for conhecido o output mximo de calor necessrio para um edifcio e a posio da diviso a ser
aquecida com uma aplicao de lareira, possvel fazer uma estimativa aproximada da necessidade
de aquecimento, com base nos valores percentuais fornecidos acima.

Em muitos casos, este mtodo suficientemente preciso para seleccionar um output de calor
apropriado de uma aplicao de lareira.

Se existir alguma dvida quanto existncia ou no de calor suficiente, melhor escolher um modelo
maior. Ao mesmo tempo, contudo, dever garantir-se que as aplicaes de lareira instaladas no so
desnecessariamente grandes. De outra forma, ao longo dos anos a eficincia reduz, resultando em
maior consumo e maiores emisses de combustvel.

5.1.3 Procedimentos alternativos para calcular o output mximo de calor necessrio para
aplicaes de lareiras

Caso no exista um clculo fivel do output de calor necessrio, este pode ser determinado utilizando
o mtodo apresentado de seguida. Os pontos da tabela abaixo devem ser somados no caso de
serem aplicveis diviso em estudo.

Tabela 5.4 Atribuio de pontuao consoante a tipologia da habitao


Dados: www.wamsler-hkt.de
Factores de avaliao Pontos
Vivenda 1
Sto 2
Diviso com duas paredes internas no aquecidas 1
Diviso com trs paredes internas no aquecidas 2
Diviso sem isolamento trmico nas paredes exteriores ou telhado 2
Diviso perto ou acima da estrada 1
Cada parede da diviso uma parede externa 2
Janelas maiores do que 1/5 da rea externa da diviso 2
Orientao da diviso NO N NE E 1
Mais de 600 m acima do nvel do mar ou rea particularmente fria 1
Particularmente exposta ao vento 2
Temperatura da diviso tem de ser superior a +20C, mesmo que esteja muito frio l fora 1
Diviso utilizada frequentemente 2

Com base na pontuao calculada e sabendo as caractersticas do edifcio (sem isolamento trmico,
com isolamento trmico convencional, ou edifcio de baixo consumo energtico), possvel
determinar o output de calor necessrio das aplicaes de lareira, utilizando os seguintes grficos (1
sem isolamento, 2 isolamento convencional, 3 baixo consumo energtico).

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.3


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.2 - Output mximo de calor necessrio em espaos sem isolamento trmico
Grfico: www.sesolutions.de
Dados: Wamsler

Figura 5.3 - Output mximo de calor necessrio em espaos com isolamento convencional
Grfico: www.sesolutions.de
Dados: Wamsler

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.4


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.4 - Output mximo de calor necessrio em espaos de habitaes de baixo consumo
energtico
Grfico: www.sesolutions.de
Dados: Wamsler

Estabelecido o output mximo necessrio de uma aplicao de lareira, a necessidade de madeira


pode ser determinada a partir dos dois grficos abaixo. A diferena no teor de energia da madeira
natural e pelletes de madeira resulta das diferentes densidades de armazenamento (ver Captulo 2).

O seguinte grfico mostra as variaes na necessidade diria de madeira, dependendo da


temperatura ambiente.

Figura 5.5 Quantidade diria de madeira necessria para aquecimento


Grfico: www.sesolutions.de
Dados: Wamsler

O grfico seguinte possibilita uma aproximao necessidade global anual de combustvel.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.5


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.6 Necessidade anual de madeira para aquecimento


Grfico: www.sesolutions.de
Dados: Wamsler

As necessidades anuais e dirias de madeira so critrios importantes, aquando da escolha das


aplicaes de lareira. Se no se escolher uma caldeira automtica, como uma central de pelletes ou
caldeira de estilhas de madeira, ter-se- de alimentar manualmente a caldeira.

No caso de ser escolhida uma fonte de aquecimento alimentada manualmente, como a nica fonte
para a casa, os aspectos de obteno e armazenamento de madeira devero ser analisados antes da
instalao.

5.2 Tipos de sistemas

Geralmente, esto disponveis duas variantes de aquecimento de pequenas dimenses:

x sistemas monovalentes, nos quais existe apenas um tipo de gerador de calor, que necessrio
para cobrir a inteira necessidade de calor do edifcio, mesmo nos Invernos mais severos. Por esta
razo, tais geradores de calor devem ser projectados para suprir as necessidades mximas de
calor, calculadas para o edifcio;
x sistemas bivalentes, nos quais as necessidades de calor do edifcio so cobertas por dois ou
mais tipos diferentes de geradores de calor tais como geradores de pelletes com painis solares.

Os sistemas de aquecimento bivalentes so diferenciados em dois tipos:

1. Sistemas alternativos bivalentes;


2. Sistemas bivalentes paralelos.

Os sistemas bivalentes alternativos geralmente so construdos por forma a que um dos geradores
de calor seja projectado como um sistema monovalente, que pode fornecer a carga de calor
completa, enquanto que o segundo sistema geralmente projectado com um output mais baixo.
Ambos os sistemas so operados alternativamente, de modo que o sistema com o output mais baixo
fornece o edifcio em perodos mais quentes e o sistema maior fornece o calor nos perodos mais
frios.

Os sistemas bivalentes paralelos so operados numa base em que ambos os sistemas cobrem a
necessidade de calor, de acordo com as suas possibilidades individuais. Se os sistemas paralelos
bivalentes funcionarem eficientemente, necessrio que haja um tanque de armazenamento
controlado electronicamente.
SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.6
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

5.3 Escolha de sistemas de combusto de pequenas dimenses para aquecimento de edifcios

Existem numerosas alternativas para fornecer os edifcios com aquecimento a partir da madeira.
possvel desenvolver no s sistemas de aquecimento central, mas aplicaes descentralizadas de
lareiras, em combinao com a energia solar e outras fontes de energia. As possibilidades oferecem
um output adequado para cada tipo de aplicao desejado.

A escolha de pequenos sistemas de combusto determinada por parmetros tcnicos, da ser


necessrio ter um conhecimento preciso de todas as qualidades dos geradores de calor. Os
seguintes geradores de calor sero descritos nas seces seguintes.

Tabela 5.5 Tipos de sistemas de combusto de pequenas dimenses


1 Lareiras abertas 6 Fornos de cermica
2 Lareiras fechadas 7 Caldeiras com toros
3 Salamandra 8 Caldeiras com pelletes
4 Fornos a pelletes 9 Caldeiras com estilhas
5 Foges de aquecimento central 10 Caldeiras combinadas

A seleco inicial dos geradores de calor baseada na necessidade de obter um output mximo,
determinado pelo clculo do calor necessrio. Se se pretender usar um gerador num sistema
bivalente paralelo, ser possvel usar qualquer combinao de geradores de calor centrais e
descentralizados.

Quando se usa uma combinao de vrios geradores de calor, devem ser escolhidos sistemas de
combusto optimizados ao seu desempenho.

5.3.1 Classificao de sistemas de combusto de pequenas dimenses descritos de acordo


com o output de calor

Para alm do output trmico, a necessidade anual de calor tambm um critrio de seleco
importante. Nem todas as instalaes que tenham um output apropriado so adequadas para cobrir a
necessidade de aquecimento anual.

Figura 5.7 - Intervalos de desempenhos mximos de sistemas de combusto de pequenas


dimenses
Grfico: www.sesolutions.de

O diagrama seguinte lista os sistemas de combusto de pequenas dimenses, de acordo com a


necessidade anual de calor que podem fornecer.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.7


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.8 - Produo anual de sistemas de combusto de pequenas dimenses


Grfico: www.sesolutions.de

Um terceiro critrio de seleco a possibilidade de ligao a um sistema de aquecimento central.


Embora nem todos os edifcios tenham tal sistema central, nem todos os sistemas de combusto
podem ser ligados a tal sistema quando existem, como se mostra no seguinte diagrama.

Figura 5.9 Critrio de seleco de tipo de sistema de aquecimento


Grfico: www.sesolutions.de

Contudo, o gosto pessoal e o conforto individual tm um papel fundamental quando se seleccionam


os tipos de sistemas ilustrados nas seguintes seces.

5.3.2 Lareiras abertas

Descrio

As lareiras abertas tm um efeito de aquecimento muito baixo. Se for queimada lenha numa lareira
aberta, apenas cerca de 20% da sua energia usada para aquecimento do espao na forma de
radiao. O restante escapa atravs da chamin, sem ser usado.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.8


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.10 Lareira aberta


Fotografia: www.kaminkassette.de

As lareiras abertas so usadas principalmente por questes estticas e no para fins de


aquecimento. Por esta razo devem apenas ser usadas ocasionalmente, por exemplo, durante o
perodo de transio para o perodo de aquecimento.

Especificaes tcnicas para lareiras abertas:

Tabela 5.6 - Especificaes tcnicas para lareiras abertas


Dados: www.sesolutions.de

Aplicao primria Efeito visual na sala, conforto


Local de instalao Espao habitvel
rea de aquecimento Espao habitvel (limitada)
Emisso de calor atravs de radiao Sim
Emisso de calor atravs de propagao No
Emisso de calor atravs de permutador de calor No
Tipo de combusto Dependente do ar ambiente
Cmara de combusto Aberta
Gama de sada (calor) 1-3 kW
Eficincia < 20C
Combustvel utilizvel Toros de madeira, briquetes de madeira
Processo de ignio Manual
Temperatura de combusto Aprox. 180C
Uso conjunto da chamin com outros sistemas No
Dimetro necessrio para a chamin A ser calculado individualmente
Chamin resistente humidade Sim
Sistema de aquecimento pr-fabricado No
3 2
Necessidade de ar fresco 0,036 m /h por cm de abertura
Distncia de segurana frente > 1,00 m
Distncia de segurana nos lados > 0,30 m
Distncia de segurana em cima > 0,70 m
Distncia de segurana no cho Base prova de fogo

Requisitos estruturais:

As lareiras abertas requerem uma chamin prpria e entrada de ar fresco. No devem ser operadas
outras aplicaes de lareiras em divises com lareiras abertas. Estas divises no devem estar
equipadas com sistemas de extraco. Isto evita um possvel refluxo de fumo nas reas habitveis,
que podem levar ao envenenamento das pessoas.

Em contraste com todas as outras aplicaes de lareiras, as lareiras abertas tm uma cmara de
combusto aberta para a diviso. A parte de trs e as paredes do lado das lareiras abertas so
fabricadas ou em alvenaria de barro refractrio pr-fabricado ou so construdas, usando
componentes pr-fabricados.
SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.9
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Se se pretende que a lareira seja usada, para aquecimento do espao, durante o perodo de
transio, a abertura do calor necessrio pode ser pr-calculada:

Volume da diviso em m x 30 = abertura necessria da lareira em cm

Exemplo:

Uma diviso com 100 m (40 m de espao com uma altura de 2,50 m) requer uma lareira de 3.000
cm. Isto corresponde a uma abertura de lareira de 50 x 60 cm.

Ao mesmo tempo, a abertura da lareira deve ter uma proporo equilibrada ao volume do espao
habitvel. A abertura mxima de lareira permitida pode ser calculada usando a seguinte frmula:

Volume da sala em m x 60 = abertura mxima da lareira em cm

Para alm do dimensionamento da abertura de combusto da lareira, o fornecimento de ar fresco


lareira tambm importante. Uma lareira necessita de uma renovao de ar mnima de 0,036 m/h
por cm da abertura da cmara de combusto.

Abertura da lareira em cm x 0,036 = entrada permanente de ar fresco em m/h

Exemplo:

O funcionamento de uma lareira com uma abertura de 3.000 cm requer uma entrada de ar fresco
permanente de mais de 108 m/h.

Contudo, as janelas e as portas nas casas modernas esto hoje em dia calafetadas, pelo que
impossvel que tal volume de ar possa fluir naturalmente. Por esta razo, o ar de combusto deve ser
disponibilizado por meio de uma conduta de ar fresco do exterior de dimenses adequadas.

5.3.3 Lareiras Fechadas

Se uma lareira estiver fechada com uma porta de vidro, ento descrita como uma lareira fechada.
So tambm conhecidas frequentemente no mercado como lareiras embutidas. Estas incluem uma
cmara de combusto com colector de cinzas, colector dos gases de escape, entre outros.

Figura 5.11 Lareira fechada


Fotografia: www.kaminkassette.de

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.10


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Em contraste com as lareiras abertas, a cmara de combusto est fechada. Isto permite melhorar o
controlo da entrada de ar de combusto e aumenta a temperatura na cmara de combusto o que
conduz a um aumento perceptvel na eficincia e qualidade de combusto.

Contudo, porque a geometria da chamin e a combusto permanecem essencialmente idnticas, no


aumenta a renovao do ar na diviso. Portanto, algumas lareiras fechadas so equipadas
adicionalmente com condutas de conveco e tubos de ar quente.

Figura 5.12 Circulao de ar numa lareira fechada


Esquema: www.kaminkassette.de

Dependendo do tamanho e do fabricante, as lareiras fechadas tm uma sada trmica entre 5 e 10


kW. O calor emitido por radiao para a diviso. Estas lareiras so adequadas para aquecer
divises durante perodos de transio.

Apesar da sua fraca eficincia global, quem desejar instalar um sistema destes deve consultar os
respectivos fabricantes sobre a sua implementao e dimensionamento individual.

Especificaes tcnicas para lareiras fechadas:

Tabela 5.7 - Especificaes tcnicas para lareiras fechadas


Dados: www.sesolutions.de

Aplicao primria Conforto, aquecimento de espaos


Local de instalao Espao habitvel
rea de aquecimento Espao habitvel (limitado)
Emisso de calor atravs de radiao Sim
Emisso de calor atravs de propagao Sim
Emisso de calor atravs de permutador de calor No
Tipo de combusto Dependente do ar ambiente
Cmara de combusto Fechada
Gama de sada (calor) 5-10 kW
Eficincia < 40C
Combustvel utilizvel Toros de madeira, briquetes de madeira
Processo de ignio Manual
Temperatura de combusto Aprox. 400C
Uso conjunto da chamin com outros sistemas No
Dimetro necessrio para a chamin A ser calculado individualmente
Chamin resistente humidade Sim
Sistema de aquecimento pr-fabricado Fornos inseridos sim, outras lareiras fechadas no
Necessidade de ar fresco A calcular individualmente
Distncia de segurana frente > 0,80 m
Distncia de segurana nos lados > 0,30 m
Distncia de segurana em cima > 0,70 m
Distncia de segurana no cho Base prova de fogo

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.11


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Requisitos estruturais:

Quase todas as lareiras abertas podem ser convertidas em lareiras fechadas inserindo uma cmara
de combusto. Cada lareira tem normalmente a sua geometria individual. Por esta razo, sempre
essencial verificar a instalao caso a caso, e da ser impossvel fazer afirmaes gerais quanto
sua convenincia. Devem ter-se em conta os seguintes critrios quando se considera a instalao de
uma lareira embutida:

x No deve haver material combustvel na rea de radiao;


x Deve haver isolamento suficiente volta da lareira.

As lareiras embutidas so capazes de oferecer um aquecimento confortvel, limpo e seguro. So


alimentadas manualmente com lenha. As lareiras fechadas podem ser aquecidas com toros ou
briquetes de madeira. Assim como com a alimentao do forno, as cinzas devem ser retiradas
manualmente do colector de cinzas. Por estas razes e devido sua baixa eficincia global, as
lareiras inseridas so apenas adequadas para aquecimento de espaos habitveis durante perodos
de transio.

5.3.4 Salamandras

As salamandras disponveis hoje em dia so verses tecnicamente melhoradas. So colocadas em


qualquer local da diviso e ligadas chamin por meio de uma conduta. As salamandras tm portas
frontais hermticas, com fecho, que normalmente tm uma vidraa de quartzo que permite observar a
combusto.

Figura 5.13 - Salamandra


Fotografia: www.hase.de

As salamandras emitem a maior parte do seu calor por radiao a partir da superfcie aquecida.
Muitos tipos tm um revestimento de conveco que permite que o ar frio seja extrado da
envolvente, antes de ser novamente libertado como ar quente atravs de aberturas na parte superior.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.12


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.14 Outra salamandra


Fotografia: www.hase.de

As salamandras pesam geralmente entre 13 e 26 kg por kW de sada trmica, de modo que pode
esperar-se um peso global de 40 a 80 kg por metro quadrado da rea de aquecimento. As
salamandras modernas tm uma ventoinha que regula a sada de calor. Dependendo do modelo e do
fabricante, possvel regular a sada entre 2 e 15 kW. Alguns fabricantes tambm fornecem
salamandras com controlo remoto.

Especificaes tcnicas para salamandras:

Tabela 5.8 - Especificaes tcnicas para salamandras


Dados: www.sesolutions.de

Aplicao primria Aquecimento de espaos, conforto


Local de instalao Espao habitvel
rea de aquecimento Espao habitvel
Emisso de calor atravs de radiao Sim
Emisso de calor atravs de propagao Sim
Emisso de calor atravs de permutador de calor Depende do tipo de construo
Tipo de combusto Dependente do ar ambiente
Cmara de combusto Fechada
Gama de sada (calor) 3-15 kW
Eficincia < 90C
Combustvel utilizvel Toros de madeira, briquetes de madeira
Processo de ignio Manual, automtico
Temperatura de combusto 180 - 200C
Uso conjunto da chamin com outros sistemas Sim
Dimetro necessrio para a chamin A ser calculado individualmente
Chamin resistente humidade Sim
Sistema de aquecimento pr-fabricado Sim
3
Necessidade de ar fresco 4 m volume de espao / kW
Distncia de segurana frente > 0,80 m
Distncia de segurana nos lados > 0,20 m
Distncia de segurana em cima > 0,70 m
Distncia de segurana no cho Base prova de fogo

Requisitos estruturais:

1. Instalao:
As salamandras desenvolvem calor quando em funcionamento. Este emitido como radiao atravs
do vidro ou atravs do aumento da temperatura da superfcie externa. Por esta razo, tais fornos
devem ser sempre mantidos a uma distncia segura dos materiais de construo combustveis,
mveis, cortinas ou outros objectos decorativos.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.13


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Quando se projecta a instalao de salamandras em espaos habitveis e de trabalho, deve definir-


se um espao livre mnimo. Por exemplo, deve haver um espao livre de 80 cm volta do vidro. Esta
distncia pode ser eventualmente menor. No obstante, os requisitos do fabricante devem ser
sempre cumpridos.

Existe menos risco de combusto dos materiais circundantes nas outras reas da salamandra, tais
como a parede do fundo, revestimentos laterais e chamin. Portanto, a distncia de objectos
inflamveis pode ser reduzida para 20 cm.

A salamandra no deve estar colocada directamente em soalhos combustveis tais como carpetes,
parquet ou cortia. Requer sempre uma base de material de construo no combustvel, tal como
tijolos cermicos, pedra, vidro ou ao. Como regra, esta base deve estender-se 50 cm para alm da
frente e 30 cm no outro lado, para assegurar uma proteco ptima ao fogo. Os requisitos individuais
do fabricante so tambm decisivos quando se projecta a base prova de fogo.

Os elementos mais importantes de uma salamandra so a entrada de ar e as aberturas de circulao.


O ar deve ser capaz de passar sempre atravs destas sem ser obstrudo. Tambm deve assegurar-
se que estas aberturas se mantm abertas. De outro modo, uma combusto pobre pode levar ao
envenenamento por monxido de carbono e ao risco de exploso.

2. Fornecimento de ar fresco

As salamandras so aplicaes de lareira que dependem do ar existente na diviso. Isto tambm se


aplica se estiverem equipadas com uma entrada de ar externa separada. Deve haver uma proporo
equilibrada entre o tamanho da diviso e a sada do cmara de combusto.

Geralmente um volume de espao de pelo menos 4 m3 necessrio por kW de sada de calor. Este
valor no deve ser reduzido, por questes de segurana. O fornecimento de ar geralmente
produzido usando um ventilador silencioso de velocidade varivel. O ar sugado por meio de um
tubo de entrada central e, se for usada uma entrada de ar externa, permite operar,
independentemente do ar da diviso.

O diagrama seguinte ilustra a circulao de ar dentro de uma salamandra.

Figura 5.15 - Circulao de ar dentro de uma salamandra


Esquema: www.hase.de

O ar da sala entra por meio de uma conduta de ar fresco e separado em componentes do ar


primrio e secundrio. O ar primrio passa atravs da grelha das cinzas na base da cmara e oxida o
combustvel enquanto este liberta calor.

O ar secundrio separado necessrio para uma queima ptima dos gases produzidos. alimentado
por cima e, depois de ser utilizado na combusto, sai como gs de escape atravs da chamin. Com
SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.14
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

algumas salamandras, o gs quente da conduta passa atravs de um permutador de calor, que


permite ao calor produzido ser transferido para outras divises, atravs da circulao de gua. O ar
corrente que est indicado no vidro dirigido verticalmente para baixo e fornece um sistema de
renovao de ar para limpar o vidro automaticamente

O limite de segurana para operar salamandras numa diviso uma presso mxima negativa de 4
Pa. Por esta razo, no se devem operar aparelhos que sejam capazes de criar presses negativas
mais altas na diviso onde a salamandra est instalada. Em particular, estes aparelhos incluem
sistemas de extraco e sistemas de ventilao. Devem ser usadas medidas tcnicas para assegurar
que no seja possvel nenhuma operao paralela, tal como um fecho recproco dos circuitos da
salamandra e do sistema de extraco. Alternativamente, deve providenciar-se uma abertura larga de
entrada de ar na respectiva diviso.

3. Gases de escape:

A sada mxima da salamandra limitada pela capacidade da chamin. Por esta razo, a quantidade
de ar de combusto no deve conduzir a uma presso positiva na cmara de combusto. Isto
significa que o efeito de suco da chamin deve prolongar-se tanto quanto a cmara de combusto.
Se no for o caso, ou deve ser reduzida a sada da caldeira ou deve ser redimensionada a chamin.

Para extrair os gases de combusto das salamandras necessrio ter uma chamin para
aquecimento a combustveis slidos. Normalmente os gases na conduta tm uma temperatura entre
150 e 200C. Contudo, deve notar-se que a temperatura do gs na chamin pode decair abaixo dos
160C, podendo causar condensao, o que pode danificar a chamin.

A conduta da salamandra deve ser projectada de modo que no seja demasiado comprida. Deve
prolongar-se verticalmente desde a salamandra e ter menos do que 2 m de comprimento. Por
questes de projecto e para atingir uma extraco ptima dos gases, aconselhvel usar acessrios
de origem fornecidos pelo fabricante.

Idealmente, a chamin deve ser construda de material prova de humidade e ter bom isolamento
trmico. Isto aplica-se passagem da chamin atravs do sto da casa. A maior parte dos
fabricantes de salamandras exige um dimetro mnimo da chamin de cerca de 13cm.

5.3.5 Forno de pelletes

Os fornos verticais de pelletes so essencialmente idnticos s salamandras em termos de


instalao, classe de desempenho e ligao chamin. So usados para o fornecimento de calor em
espaos habitveis, com a possibilidade de ligao do forno ao sistema de aquecimento central.

Figura 5.16 Forno de pelletes moderno


Fotografia: www.rika.at

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.15


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Em termos tcnicos, contudo, os fornos de pelletes so substancialmente diferentes das salamandras


porque, para alm do ventilador, esto equipados com medio automtica e alimentao de pelletes
a partir de uma tremonha. Isto permite que os fornos sejam alimentados com cargas de combustvel
para mais de 2 dias.

Figura 5.17 Tremonha de forno de pelletes


Fotografia: www.rika.at

Os fornos de pelletes so principalmente usados para aquecer espaos habitveis individuais. So


similares s salamandras em termos do seu uso e comportamento de aquecimento. Tendo tambm
uma sada trmica idntica, os fornos a pelletes fornecem calor atravs da radiao pelo vidro e
permitem que o ar quente se propague atravs de aberturas ou grelhas no forno.

Os fornos de pelletes so fabricados com um limite de sadas de calor volta de 11KW. Os


ventiladores incorporados e o combustvel permitem que a sada da maioria dos fornos de pelletes
seja ajustada muito facilmente. Por exemplo, a sada dos fornos de pelletes pode ser diminuda para
cerca de 30% da sua sada mxima, sem apresentar qualquer aumento notvel nas emisses de
exausto.

Uma caracterstica tcnica nica dos fornos de pelletes a ignio automtica do combustvel.
Alguns fabricantes at permitem que os foges sejam ligados por controlo remoto usando um
telemvel.

Figura 5.18 Forno de pelletes activado por telemvel


Esquema: www.rika.at

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.16


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

A aplicao mais prtica dos fornos de pelletes individuais na recuperao e renovao de edifcios
antigos, isto , em aplicaes para as quais seria muito caro fornecer um aquecimento central
retroajustado. Na maioria dos casos, h ainda uma chamin a funcionar no edifcio, permitindo que se
instalem fornos de pelletes sem qualquer problema.

Uma outra aplicao destes fornos em casas de arquitectura passiva, nas quais a necessidade de
calor to baixa que tais fornos conseguem fornecer todo o aquecimento necessrio. Nestes
edifcios, os fornos de pelletes podem funcionar como fornos de radiao de ar quente e, combinados
com um permutador de calor, como caldeiras de aquecimento central.

Especificaes tcnicas para fornos de pelletes:

Tabela 5.9 - Especificaes tcnicas para fornos de pelletes


Dados: www.sesolutions.de

Aplicao primria Aquecimento de espaos, conforto


Local de instalao Sala
rea de aquecimento Sala
Emisso de calor atravs de radiao Sim
Emisso de calor atravs de propagao Sim
Emisso de calor atravs de permutador de calor Depende do tipo de construo
Tipo de combusto Dependente do ar ambiente
Cmara de combusto Fechada
Gama de sada (calor) 3-11 kW
Eficincia < 90C
Combustvel utilizvel Pelletes de madeira
Processo de ignio Automtico
Temperatura de combusto 150 - 200C
Uso conjunto da chamin com outros sistemas Sim
Dimetro necessrio para a chamin A ser calculado individualmente
Chamin resistente humidade Sim
Sistema de aquecimento pr-fabricado Sim
3
Necessidade de ar fresco 4 m volume de espao / kW
Distncia de segurana frente > 0,80 m
Distncia de segurana nos lados > 0,20 m
Distncia de segurana em cima > 0,70 m
Distncia de segurana no cho Base prova de fogo

Requisitos estruturais:

Os requisitos tcnicos para os fornos de pelletes so equivalentes aos das salamandras. Isto aplica-
se quer descarga dos gases da conduta quer s distncias de segurana dos fornos para as
moblias inflamveis.

Graas s suas tremonhas integradas, os fornos de pelletes no necessitam de reas de


armazenamento externo para o combustvel. Isto no s liberta mais espao habitvel, mas tambm
muito prtico.

Manuteno dos fornos de pelletes:

Em contraste com as salamandras, em que a cinza deve ser removida manualmente depois de cada
utilizao, os fornos de pelletes so projectados para uma operao semi-automtica. Contudo, um
forno de pelletes correctamente utilizado requer uma manuteno e assistncia regular.

O queimador deve ser verificado diariamente, quando a funcionar. Se houver escrias e clnquers
estes devem ser removidos. As aberturas de ar do forno de pelletes devem tambm ser limpas se
necessrio. importante evitar que as cinzas voltem para o queimador, pois tal pode causar
entupimento.

Depois de queimar 50Kg de combustvel, um forno de pelletes deve ser submetido ao seguinte
programa de manuteno:
SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.17
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

x Desligar o forno e deix-lo arrefecer;


x Remover a zona de combusto, verificar a escria ou clnquers e limpar todas as entradas de ar
para combusto;
x Limpar a zona de combusto;
x Esvaziar e limpar o tabuleiro de recolha de cinzas;
x Limpar o vidro, primeiro com jornal hmido e depois polir com jornal seco.

Assistncia aos fornos de pelletes:

Porque os fornos de pelletes contm um nmero considervel de partes mecnicas, deve ser feita a
sua verificao uma vez por ano ou depois de um uso de cerca de 1500Kg de combustvel. Esta
assistncia de fbrica inclui limpeza completa de todo o equipamento do forno. Muitas vezes, como
parte desta assistncia os elementos de ligao e ignio so substitudos ou verificados para ver se
funcionam correctamente. Por esta razo, a assistncia fornece uma parte importante da preveno
de acidentes e precauo de segurana.

5.3.6 Foges de aquecimento central

Podem ser usados toros de madeira no s para aquecimento, mas tambm para cozinhar e assar.
Os foges tradicionais de cozinha a madeira ou carvo so hoje em dia fornecidos por alguns
fabricantes com uma funo de aquecimento adicional - como fornos de aquecimento central.

Figura 5.19 Fogo de aquecimento central moderno


Fotografia: www.wamsler-hkt.de

Os foges de aquecimento central modernos so usados no s para cozinhar, assar e aquecer


cozinhas como podem tambm aquecer todo o edifcio incluindo gua quente domstica.
Tecnicamente isto conseguido envolvendo parte do forno com uma camisa contendo gua e
incluindo outros permutadores de calor na tubagem de gs quente, que esto ligados com o sistema
de aquecimento central.

O calor excedente que no usado para cozinhar e assar usado para o sistema de aquecimento
central ou armazenado como gua quente num tanque de armazenamento (acumulador) integrado
no sistema.

Os foges de aquecimento central atingem uma eficincia global de aproximadamente 65% porque o
calor irradiado na diviso onde est instalado o fogo usado para aquecimento e no dever ser
perdido.

Especificaes tcnicas para foges de aquecimento central:


SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.18
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Tabela 5.10 - Especificaes tcnicas para foges de aquecimento central


Dados: www.sesolutions.de

Aplicao primria Cozinhar, aquecimento de espaos


Local de instalao Cozinha
rea de aquecimento Cozinha, rea habitvel
Emisso de calor atravs de radiao Sim
Emisso de calor atravs de propagao Sim
Emisso de calor atravs de permutador de calor Sim
Tipo de combusto Dependente do ar ambiente
Cmara de combusto Fechada
Gama de sada (calor) 11-27 kW
Eficincia < 65C
Combustvel utilizvel Toros de madeira, briquetes de madeira
Processo de ignio Manual, automtico
Temperatura de combusto 250 320C
Uso conjunto da chamin com outros sistemas Sim
Dimetro necessrio para a chamin A ser calculado individualmente
Chamin resistente humidade Sim
Sistema de aquecimento pr-fabricado Sim
3
Necessidade de ar fresco 4 m volume de espao / kW
Distncia de segurana frente > 0,80 m
Distncia de segurana nos lados > 0,20 m
Distncia de segurana em cima > 0,70 m
Distncia de segurana no cho Base prova de fogo

Requisitos estruturais:

1. Instalao:

Os requisitos para instalao so semelhantes aos da instalao de salamandras. Para alm disso,
os armrios de cozinha por cima dos foges de aquecimento central devem ser colocados com uma
separao mnima de 70 cm do forno para evitar danos no material do armrio ou combusto do seu
contedo.

Porque so utilizados para cozinhar e assar, os foges de aquecimento central libertam quantidades
variveis de calor. Para se fazer um uso ptimo deste calor em edifcios, portanto aconselhvel
integrar um tanque de armazenamento (acumulador) no sistema de aquecimento central do edifcio.

Mesmo se alguns fabricantes considerarem que suficiente um tanque de armazenamento de 25


litros por kW, na prtica os volumes do tanque de armazenamento devem ter uma capacidade de
caldeira trmica entre 50 e 74 litros por kW. Se se incorporar um sistema solar trmico, geralmente
melhor escolher um volume de armazenamento maior.

O tanque de armazenamento instalado entre o fluxo e os tubos de retorno do fogo de aquecimento


central. Os tanques de armazenamento modernos podem ser ligados a vrios aquecedores ao
mesmo tempo, tal como os aquecedores a lenha e instalaes trmicas solares. O tanque de
armazenamento pode tambm ser usado para fornecer quer aquecimento ao espao quer gua
quente domstica.

2. Fornecimento de ar fresco:

Os foges de aquecimento central dependem do ar na diviso. Isto tambm se aplica se o fogo


estiver equipado com uma entrada de ar externa separada. Deve haver uma proporo equilibrada
entre o tamanho da diviso e o output do fogo. Geralmente, necessrio um volume de pelo menos
4m3 por kW de output de calor do fogo.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.19


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Complementarmente, o limite de segurana para o diferencial de presso negativa mximo 4 Pa.


Por esta razo expressamente proibido operar aparelhos que sejam capazes de criar presses
negativas mais elevadas na diviso onde o forno est instalado.

Em particular, estes aparelhos incluem sistemas de extraco e de ventilao. Devem ser usadas
medidas tcnicas para assegurar que no seja possvel nenhuma operao em paralelo, tal como um
encerramento recproco dos circuitos do fogo e do sistema de extraco, ou assegurando-se que
este ltimo est ligado no modo de recirculao. Alternativamente, deve providenciar-se uma abertura
para entrada de ar larga na respectiva diviso.

3. Gases de escape:

Para remover os gases de escape dos foges de aquecimento central necessrio ter uma chamin
aprovada para aquecimento a combustveis slidos e deve resistir at 400 C.

O tubo de gs de escape para a chamin deve ser curto e vedado. As seces horizontais so
geralmente at 0,5 m mas devem ter uma inclinao superior a15.

Apenas os componentes produzidos pelo fabricante devem ser usados para ligar o fogo chamin,
para assegurar um bom fluxo de ar e uma selagem hermtica com a chamin.

4. Manuteno:

A grelha do fogo de aquecimento central deve ser verificada diariamente para retirar escrias e
clnquers.

As aberturas de ar devem ser limpas se necessrio. importante evitar que as cinzas voltem para a
grelha pois pode provocar entupimentos. Por razes de segurana, a cinza deve ser sempre
removida dos foges de aquecimento central uma vez arrefecidos para evitar que os resduos sejam
novamente queimados.

5.3.7 Fornos cermicos

Os fornos cermicos so construes fixas de aquecimento. So equipados com tijolos de barro


refractrio cozido. Tais sistemas de fornos de armazenamento de calor tm grandes dimenses.

Os fornos cermicos, que na maioria esto situados num local central nos edifcios, aquecem reas
que normalmente se prolongam por vrias divises. So geralmente instalados como aquecimento
adicional ao aquecimento central existente e, muitas vezes, acoplados ao circuito de aquecimento
central. Geralmente distinguem-se dois tipos de fornos cermicos: fornos cermicos simples e de ar
quente.

Fornos cermicos simples

O forno cermico simples tem material de barro refractrio e tijolos a rodear directamente a cmara
de combusto. O calor que gerado emitido para a parte cermica de armazenamento de calor, e
gradualmente alcana a superfcie cermica. Daqui ento irradiado para o espao da sala para
fornecer aquecimento.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.20


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.20 Seco de forno cermico simples


Esquema: www.brunner.de

Devido ao processo lento na emisso de calor, um forno cermico simples requer pelo menos duas
horas antes de alcanar o output total de calor. Para encurtar este tempo possvel instalar
permutadores de calor ou condutas acima do forno. Estes so abertos num ou em dois lados ou
podem ser fechados com pequenas portas. Abrindo as portas, estas actuam como superfcies de
aquecimento rpido e irradiam o calor directamente. Os alimentos podem ser mantidos quentes nas
condutas de permuta de calor e, dependendo da construo, tambm possvel a sua utilizao para
assar alimentos.

A vantagem dos fornos cermicos simples a sua considervel capacidade de armazenar calor. Uma
vez aquecidos podem irradiar calor quase constante na diviso at 24 horas. A desvantagem a
considervel lentido do sistema.

Fornos cermicos de ar aquecido


Os fornos cermicos de ar aquecido tm um sistema de aquecimento de ferro forjado, que est
situado no centro da cmara de aquecimento. Quando operado, o ar frio da sala aspirado por baixo
para dentro do forno. Este sobe e sai quente atravs da grelha e condutas de ar. O calor do forno
tambm irradiado atravs da cobertura cermica. Este tipo de forno emite calor mais dinamicamente
do que os fornos cermicos simples.

Nos fornos cermicos de ar quente, a cmara de combusto e as paredes cermicas esto sempre
separadas.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.21


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.21 Seco de forno cermico de ar quente


Esquema: www.brunner.de

O calor gerado na cmara de combusto do forno absorvido pela cermica, dirigido para a
superfcie e ento irradiado para o exterior, ou transferido para o ar ambiente da diviso. A superfcie
da cermica aquecida a uma temperatura mdia entre 50C e 90C.

Neste limite de temperatura, as propores de radiao e conveco correspondem substancialmente


s condies que os utilizadores sentem como confortveis. A baixa conductividade trmica da
cermica significa que possvel tocar-lhe sem risco de queimadura, mesmo que exista uma
temperatura de 140C perto da cmara de combusto.

Cerca de 60% do calor criado emitido a partir do sistema de aquecimento para o revestimento
cermico circundante, que por sua vez armazena o calor e, ao atingir a temperatura de irradiao, o
irradia para a sala (40% emitido por conveco).

Os sistemas de aquecimento para os fornos cermicos tm um suporte de ferro forjado, com um


revestimento cermico de material de barro refractrio, no qual os troncos ou briquetes de madeira
so queimados.

Os sistemas de aquecimento tm geralmente um permutador de calor para integrar o forno cermico


com o sistema de aquecimento central. Alm disso, alguns fabricantes tm sistemas de aquecimento
com tanques de armazenamento para gua quente.

Os fornos cermicos emitem calor por um perodo de 6 a 24 horas. Alimentando-os uma ou duas
vezes por dia, possvel fornecer uma emisso contnua de calor. Os fornos cermicos modernos
tm eficincias de aquecimento entre 75% e 89%.

A vantagem dos fornos cermicos de ar quente que estes j emitem calor (por meio de conveco)
antes da cermica aquecer temperatura de irradiao. Uma possvel desvantagem a grande
proporo de calor emitida por conveco, o que poder ser desconfortvel. Portanto, por razes de
conforto, deve assegurar-se que haja uma rea cermica bastante grande (rea de irradiao).

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.22


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Especificaes tcnicas para fornos cermicos:

Tabela 5.11 - Especificaes tcnicas para fornos cermicos


Dados: www.sesolutions.de

Aplicao primria Aquecimento de espaos


Local de instalao Sala
rea de aquecimento Salas adjacentes
Emisso de calor atravs de radiao Sim
Emisso de calor atravs de propagao Sim
Emisso de calor atravs de permutador de calor Sim
Tipo de combusto Dependente do ar ambiente
Cmara de combusto Fechada
Gama de sada (calor) 4-15 kW
Eficincia < 90C
Combustvel utilizvel Toros de madeira, briquetes de madeira
Processo de ignio Manual
Temperatura de combusto < 300C
Uso conjunto da chamin com outros sistemas Sim
Dimetro necessrio para a chamin A ser calculado individualmente
Chamin resistente humidade Sim
Sistema de aquecimento pr-fabricado No
3
Necessidade de ar fresco 4 m volume de espao / kW
Distncia de segurana frente > 0,20 m
Distncia de segurana nos lados > 0,20 m
Distncia de segurana em cima > 0,70 m
Distncia de segurana no cho Base prova de fogo

Requisitos estruturais:

Em contraste com os fornos a madeira, os fornos cermicos podem ser ligados a chamins que j
sejam usadas por outras aplicaes de lareiras.

importante assegurar que o forno cermico, a tubagem de escape e a chamin se combinem em


termos de funcionamento. Esta tarefa deve ser efectuada por especialistas.

So usados vrios tipos de material de parede para fornos cermicos. Alm da cermica, tambm
possvel usar gesso. Os fornos cermicos de hoje so considerados como objectos de decorao e
devem ser projectados cuidadosamente em termos estticos e tcnicos em edifcios novos ou
antigos.

Para atingir um calor radiante suave e agradvel, deve assegurar-se que o calor radiante emitido
pela cermica est em contacto com superfcies circundantes que aquecem facilmente, tais como
paredes e tectos. Portanto, no muito benfico se o forno cermico for colocado em frente a uma
janela. A melhor localizao para o forno no centro de um edifcio, de modo a que o calor emitido
possa afectar grandes partes da casa.

Os fornos cermicos podem ser colocados ao longo de uma parede (se possvel viradas para o
interior), ou num canto. Tambm possvel project-los de modo a que as superfcies externas do
forno se prolonguem para vrias divises. Quando situado apenas numa diviso, existe maior
eficincia de calor se a distncia do forno cermico superfcie da parede for de pelo menos 15 cm.

Qualquer aplicao de lareira requer uma base de suporte prova de fogo. Se os fornos cermicos
forem tidos em conta quando se projectam novos edifcios, possvel fornecer o reforo necessrio.
Os tectos j existentes, contudo, devem ser cuidadosamente examinados para ver como as vigas ou
suportes esto situados e se a construo do tecto preenche os requisitos de proteco contra fogo.

O material de barro refractrio instalado no forno consiste principalmente em cido de slica e


substncias de barro. Os painis ou blocos que so usados para o revestimento interior dos fornos
cermicos devem ser prova de fogo e capazes de suportar temperaturas de cerca de 1200 C. Pode

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.23


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

ser usada marga como material de ligao, mas no como material de construo. Os tijolos so
apenas usados para construir plintos, pisos e para assentar fundaes.

Operao:

O tamanho e tipo de construo dos fornos cermicos dependem da necessidade de calor da sala a
ser aquecida. Quando se determina a sada do forno cermico deve ser considerado o tipo de
utilizao: aquecimento completo ou auxiliar.

Dependendo do tipo de construo, a sada de calor dos fornos cermicos varia entre 600 e 1000 W
por m da rea do forno cermico. Os fornos cermicos aquecem o ar da sala imediatamente ao
serem aquecidos, mas tm menos capacidade de armazenamento. Os fornos simples so mais
lentos, mas emitem um calor caracterstico, muito agradvel.

Alm da correcta ignio do forno, o factor mais importante no aquecimento com fornos cermicos
a boa tiragem.

5.3.8 Caldeiras de aquecimento central alimentadas com madeira

As caldeiras de aquecimento central alimentadas com madeira so sistemas de aquecimento


convencionais aquecidos com madeira cortada ou briquetes, que esto situados numa diviso
separada e podem cobrir as necessidades de calor de um edifcio inteiro. Estas caldeiras de
gaseificao de madeira, como tambm so conhecidas, so portanto usadas para fornecer o calor
completo para moradias simples e grandes edifcios.

Figura 5.22 - Caldeiras de aquecimento central modernas alimentadas com madeira


Fotografia: www.koeb-schaefer.com

So usados como combustvel troncos de madeira com 25 100 cm de comprimento. O fogo de


baixa temperatura resultante, produz gases de madeira que so retirados para uma cmara de
combusto secundria, onde so completamente queimados.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.24


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.23 Seco de Caldeira de aquecimento central alimentada com madeira


Esquema: www.koeb-schaefer.com

As caldeiras que utilizam troncos de madeira separam claramente os dois tipos diferentes de
combusto. Na cmara de combusto primria, a madeira aquecida e, como resultado da queima
com oxignio, so libertados gases inflamveis.

Figura 5.24 - Seco e fotografia de Caldeira de aquecimento central alimentada com madeira
Esquema e Fotografia: www.guntamatic.at

Estes gases so aspirados atravs de um ventilador para uma cmara de combusto revestida com
material cermico ou ao resistente a altas temperaturas. Esta utiliza os gases de madeira criados na
primeira cmara de combusto da caldeira. O gs de madeira misturado com o oxignio secundrio
necessrio numa cmara giratria e queimado, enquanto retirado atravs de uma placa de
combusto. A seguinte figura mostra a chama do gs de uma caldeira de gaseificao de madeira.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.25


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.25 Cmara de combusto secundria e gs da madeira


Esquema e Fotografia: www.froeling.at

Os gases de escape de ambas as fases de combusto so retirados atravs dos permutadores de


calor integrados na caldeira, onde transferem o seu calor para a gua circulante no sistema de
aquecimento. Assim, estes gases so arrefecidos a temperaturas abaixo dos 200 C, antes de serem
retirados atravs da chamin para o exterior.

O funcionamento de um ventilador permite que a combusto seja mantida substancialmente


independente das condies circundantes. Isto significa que as condies de tiragem na chamin tm
um papel menos importante.

Os ventiladores permitem que as fases de combusto primria e secundria nas caldeiras modernas
a troncos de madeira estejam coordenadas de uma forma precisa. Alm disso, permitem que seja
ultrapassada uma maior perda de presso na fornalha, o que necessrio para atingir uma mistura
ptima do ar secundrio e gases inflamveis criados na cmara secundria de combusto.

Figura 5.26 - Circulao de ar onde?


Esquema: www.guntamatic.at

Existem no mercado sistemas de aquecimento central funcionando com toros de madeira com dois
tipos diferentes de estratgias de controlo. Os sistemas controlados termostaticamente ajustam o
calor produzido na caldeira temperatura da gua da caldeira e necessidade do sistema de
aquecimento domstico. Outras caldeiras monitorizam o teor de oxignio no gs de combusto da
caldeira com um sensor Lambda e podem, portanto, assegurar que h sempre uma ptima
combusto. Tais avanos tcnicos permitem tambm que estas caldeiras atinjam uma eficincia de
mais do que 90%.

Ao reduzir o ventilador, tambm possvel s caldeiras centrais de gaseificao de madeira queimar


cargas parciais at 50% da carga nominal. Apesar da alta tecnologia de controlo, isto baixa porm a
SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.26
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

eficincia da caldeira sob tais circunstncias. Como tal, deve ser integrado um tanque acumulador
que equilibre as flutuaes entre a necessidade de calor e o seu fornecimento. Esta componente
permite tambm que as caldeiras centrais a toros de madeira sejam combinadas optimamente com
instalaes trmicas solares.

Em contraste com as lareiras simples ou aquecedores de espaos em divises, as caldeiras a toros


de madeira so instaladas numa diviso separada, com uma ligao ao sistema de aquecimento
central. Os seus meios de construo so portanto fundamentalmente diferentes, uma vez que as
caldeiras a toros so projectadas para evitar que o calor seja emitido atravs da superfcie da caldeira
para os espaos circundantes. Geralmente, estas caldeiras tm um bom isolamento trmico.

Especificaes tcnicas para caldeiras de gaseificao de madeira:

Tabela 5.12 - Especificaes tcnicas para caldeiras de gaseificao de madeira


Dados: www.sesolutions.de

Aplicao primria Aquecimento de espaos, gua quente


Local de instalao Sala de aquecimento
rea de aquecimento Todo o edifcio
Emisso de calor atravs de radiao No
Emisso de calor atravs de propagao No
Emisso de calor atravs de permutador de calor Sim
Tipo de combusto Dependente do ar ambiente
Cmara de combusto Fechada
Gama de sada (calor) 5-150 kW
Eficincia < 90C
Combustvel utilizvel Toros de madeira, briquetes de madeira
Processo de ignio Manual, automtico
Temperatura de combusto 150 200C
Uso conjunto da chamin com outros sistemas Sim
Dimetro necessrio para a chamin Calculado individualmente
Chamin resistente humidade Sim
Sistema de aquecimento pr-fabricado Sim
Necessidade de ar fresco Calculado individualmente
Distncia de segurana frente > 0,80 m
Distncia de segurana nos lados > 0,50 m
Distncia de segurana em cima > 0,70 m
Distncia de segurana no cho Base prova de fogo

Requisitos estruturais:

1. Instalao

As caldeiras de madeira com uma sada total de calor de mais de 50 kW s so normalmente


permitidas numa diviso prpria. Estas divises devem ter uma altura mnima de tecto de 2 m e um
volume mnimo de 8 m.

Tambm importante que o ar de alimentao da caldeira seja substancialmente limpo, sem poeiras
e sem hidrocarbonetos halogenados, tais como os produzidos por sprays, pigmentos, tintas e
solventes. Estes podem prejudicar o funcionamento da caldeira.

A temperatura interna da diviso da caldeira no deve exceder os 40 C, mesmo quando a caldeira


est a funcionar. Tambm no permitido armazenar materiais combustveis, fluidos ou gases neste
compartimento. Como consequncia, no deve ser armazenado mais do que um dia de carga de
madeira.

A distncia mnima da caldeira parede geralmente de 50 cm, contudo a porta frontal da caldeira
deve estar pelo menos a 80 cm da parede prxima. A caldeira deve ter um espao de pelo menos 1
m at ao local de armazenamento do carga diria de madeira.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.27


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

A cinza produzida aquando do funcionamento da caldeira deve ser armazenada em contentores no


combustveis com tampas. Uma diviso com 20 m requer extintores contendo um mnimo de 6 kg de
p. Os extintores com 12 kg de p so necessrios para divises com uma rea entre 20 e 50 m.

aconselhvel instalar um tanque de armazenamento para caldeiras de gaseificao de madeira, de


modo a cobrir as flutuaes dirias na necessidade de calor. O tanque de armazenamento deve
tambm ser capaz de absorver o calor resultante de uma caldeira carregada para assegurar o uso
ptimo de combustvel.

Mesmo que alguns fabricantes considerem suficiente um tanque de armazenamento de 25 litros por
kW, na prtica o volume do tanque de armazenamento deve ter entre 50 e 74 litros por kW da
capacidade trmica da caldeira. Se for incorporado um sistema trmico solar, deve ser escolhido um
volume de armazenamento maior.

As eficincias ptimas da caldeira so alcanadas quando a temperatura do sistema de aquecimento


central est entre 70 e 85C. A temperatura no sistema de aquecimento central deve ser de pelo
menos 60C, de outro modo, a maior parte dos sistemas de controlo no pode ser operada
adequadamente.

2. Fornecimento de ar fresco:

Para que a caldeira funcione de modo seguro, dever assegurar-se que tem um fornecimento ptimo
de ar e de exausto. Aqui, deve tambm assegurar-se que a presso negativa na sala da caldeira
no seja maior do que 4 Pa. Isto consegue-se fornecendo aberturas com uma seco livre de pelo
menos 300 cm para todos os tamanhos de caldeira at 50 kW. As caldeiras com maior sada
requerem uma rea de fornecimento de 2,5 cm, para alm dos 300 cm2 por cada kW adicional.

As condutas de admisso e exausto devem, tanto quanto possvel, ser colocadas de forma oposta
para conseguir uma boa suco trmica. As aberturas devem sempre estar cobertas com uma grelha,
para evitar a entrada de corpos estranhos.

As grelhas com uma malha de 10mm provaram ser seguras. As chamins modernas j tm
ventilao traseira que pode substituir a abertura de exausto.

3. Gases de escape:

Para remover os gases de escape da caldeira necessrio ter uma chamin que seja aprovada para
combustveis slidos de aquecimento. Esta deve ter uma resistncia fuligem de 1200C. Deve
notar-se tambm que as temperaturas da conduta na chamin podem descer abaixo de 160C e, s
vezes, at abaixo de 90C, tornando possvel a formao de condensao.

Por esta razo, a chamin deve ser construda com material prova de humidade e ser muito bem
isolada. Isto aplica-se particularmente passagem da chamin atravs do sto da casa. Alm disso,
o ponto de orvalho deve tambm ser calculado. A maior parte dos fabricantes de caldeiras exigem
que a chamin tenha um dimetro mnimo de 16 cm.

As condutas permitidas para combustveis lquidos e gasosos no podem ser usados para caldeiras
de gaseificao a madeira. Se a chamin tiver uma tiragem maior do que 20 Pa, deve ser usado um
controlador de tiragem.

A conduta para a chamin deve ser curta (comprimento < 2,0m) e selada. A ligao chamin deve
ser sempre colocada de modo a que esteja inclinada para cima ( > 15 ). Na prtica, as inclinaes de
30 a 45 na direco do fluxo provaram ser seguras. Alm disso, a ligao deve ter isolamento
trmico e, se possvel, executada sem quaisquer curvas. A entrada para a chamin deve facilitar o
fluxo e curvar para cima.

Quando as caldeiras gaseificadoras de madeira so acesas pela primeira vez, espera-se uma certa
quantidade de presso positiva. Por esta razo, deve assegurar-se que a conduta para a chamin
seja colocada de modo a que fique completamente hermtica. possvel usar silicone resistente
temperatura como um componente vedante ou, alternativamente, a conduta deve ser bem soldada.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.28


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Alm disso, deve ser colocada uma conduta flexvel com isolamento sonoro para a chamin, para
diminuir o rudo emitido.

4. Manuteno da caldeira:

Antes de cada utilizao


O excesso de cinza deve ser removido da cmara de carga da caldeira. Aqui, as placas de
combusto da caldeira de gaseificao de madeira devem ser limpas. Deve tambm assegurar-se
que as aberturas de ar secundrias na cmara giratria esto livres.

Mensal
O espao entre a placa superior e inferior deve ser limpo. Alm disso, todas as partes da cmara de
combusto acessveis na caldeira devem ser desmontadas e limpas.

Trimestral
necessrio limpar o ventilador para manter a sada e tiragem da caldeira. As partes de cobertura
so desmontadas e os depsitos das lminas do ventilador removidos.

5. Assistncia:

As caldeiras de gaseificao de madeira devem ter assistncia uma vez por ano. Os fabricantes
oferecem normalmente um contrato de manuteno, que permite uma assistncia completa dos
componentes da caldeira e de todo o equipamento tcnico. Muitas vezes, como parte desta
assistncia so substitudos ou verificados os interruptores e elementos de ignio para ver se
funcionam correctamente.

Alm de manter o funcionamento dos aparelhos, tambm essencial que as caldeiras sejam
inspeccionadas por razes de segurana. Apenas as caldeiras que so verificadas regularmente
podem funcionar em segurana.

5.3.9 Caldeiras de aquecimento central com pelletes

Tal como os fornos de pelletes j descritos, existem tambm caldeiras alimentadas por pelletes de
madeira padronizadas, que so colocadas numa zona central dos edifcios. Como com as caldeiras
de gaseificao de madeira, estas so tambm instaladas em divises separadas. Oferecem uma
alternativa completa ao aquecimento com combustveis fsseis em todas as reas de aquecimento,
incluindo aquecimento de espaos e fornecimento de gua quente.

Tecnicamente, h trs maneiras diferentes de carregar as caldeiras de pelletes de madeira:


alimentao inferior, sistema de retorta e sistema de alimentao superior. O sistema usado depende
do fabricante da caldeira. Os meios de funcionamento e as vantagens e desvantagens individuais so
descritas na seco seguinte.

Sistema de alimentao inferior

Uma caldeira de pelletes com carga de alimentao inferior consiste num sistema de accionamento
com motores elctricos e sistemas de controlo exteriores caldeira e um componente de queima
dentro da caldeira.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.29


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.27 Estrutura de funcionamento de uma caldeira com pelletes com sistema de
alimentao inferior
Fotografia: www.paradigma.de

Modo de funcionamento:

As pelletes de madeira so carregadas por meio de um transportador em parafuso para a rea de


combusto. O ar primrio retirado atravs de uma grelha de ao em forma de anel, na forma de um
disco de travo de carro.

Usando os orifcios do ar secundrio ou, como no esquema em baixo, usando os tubos de ar


secundrio, o gs de ps-combusto da carbonizao ocorre nas reas de combusto prova de
aquecimento da caldeira, pelo que a mistura do gs da carbonizao combinada com o ar
secundrio. Os gases que so gerados durante todo o processo de queima so ento retirados
atravs de permutadores de calor, para permitir que a caldeira transfira o calor para o sistema de
aquecimento central.

Figura 5.28 - Seco de uma caldeira com pelletes com sistema de alimentao inferior
Esquema: www.paradigma.de

Vantagens tcnicas:

fcil determinar o nvel de pelletes no recipiente de queima e geralmente auto-controlvel.

Desvantagens tcnicas:

As pelletes de madeira entram directamente em contacto com a combusto. Isto significa que h um
risco de voltarem acesas para a tremonha. Este tipo de combusto tecnicamente moroso, porque
criado um calor considervel subsequente na placa de queima, que est sempre cheia. O movimento
contnuo ou intermitente do transportador pode compactar o combustvel ou destruir as pelletes.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.30


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Tambm possvel formar uma base de combusto pouco homognea, permitindo que as pelletes
acabem na rea de cinzas sem serem queimadas.

Figura 5.29 Caldeira com sistema de alimentao inferior em operao


Fotografia: www.paradigma.de

Sistema de retorta

Um queimador de pelletes com combusto de retorta tem uma construo similar a um sistema de
alimentao inferior. O mecanismo transportador e a electrnica de controlo esto situados fora da
caldeira enquanto a zona de combusto est no seu interior.

Figura 5.30 Caldeira com sistema de retorta para pelletes


Fotografia: www.gilles.at

Modo de funcionamento:

As pelletes de madeira so carregadas por meio de um transportador de parafuso na parte lateral


para o contentor de ao ou cmara de combusto de tijolo refractrio.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.31


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.31 Seco de caldeira com sistema de retorta para pelletes


Esquema: www.hargassner.at

O ar primrio fornecido por debaixo das pelletes. O ar secundrio fornecido por meio de um anel
ou tubo para a zona de combusto e assegura a ps-combusto e a combinao completa da mistura
de gs proveniente da carbonizao com o ar de ps-combusto. Com queimadores de retorta, a
cinza cai atravs da grelha para um colector.

No percurso dos gases de escape para a chamin, estes atravessam um permutador de calor, que
transfere o calor para o sistema de aquecimento central da casa.

Vantagens tcnicas:

O sistema de retorta usa um tipo de combusto que desenvolve pouco calor subsequente e, portanto,
responde rapidamente quando so feitas alteraes aos comandos de controlo.

Desvantagens tcnicas:

Com a combusto de retorta, as pelletes de madeira esto directamente em contacto com a zona de
combusto havendo risco de voltarem a ser acesas. Tal como a combusto de alimentao inferior, o
transportador compacta o combustvel. Este efeito pode criar uma base de combusto pouco
homognea com combusto pobre. Com a combusto de retorta, cai frequentemente mais cinza do
que com outros tipos de sistemas de combusto de pelletes de madeira.

Sistema de alimentao superior

Este sistema usa uma filosofia de transportador para a carga das pelletes de madeira no queimador
completamente diferente. Neste sistema o transporte feito por gravidade. Dentro da caldeira so
carregadas as pelletes de madeira por meio de um transportador de parafuso e ento caem atravs
de um tubo ou calha para a zona de queima.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.32


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.32 - Caldeira com sistema de alimentao superior


Fotografia: www.viessmann.de

Com caldeiras de pelletes, usando sistemas de alimentao superior, o fogo alimentado com ar
primrio e secundrio directamente na zona de queima, resultando na queima completa das pelletes
e nos gases inflamveis por elas libertados. Os gases de combusto resultantes so ento enviados
para cima, atravs de permutadores de calor dentro da caldeira, que transferem o calor produzido
para o sistema central de aquecimento do edifcio.

Figura 5.33 Seco de sistema de alimentao superior


Esquema: www.kuenzel.de

A cinza criada no recipiente de queima cai por meio da gravidade para uma caixa ou colector de
cinzas, de onde pode ser removida como parte da manuteno regular da caldeira.

Vantagens tcnicas:

Com sistemas de alimentao superior, o mecanismo transportador das pelletes no est


directamente ligado zona de combusto, pelo que no existe risco das pelletes voltarem acesas
para a tremonha de armazenamento. Alm disso, este mtodo de carga de combustvel atinge uma
SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.33
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

base de combusto homognea e no-compacta. Os fornos de pelletes com sistemas de alimentao


superior tm uma construo resistente ao uso, e podem ser equipados com um sistema de limpeza
automtico na grelha de combusto.

Desvantagens tcnicas:

difcil monitorizar o nvel de pelletes devendo este ser verificado com um indicador de nvel.

Especificaes tcnicas para caldeiras a pelletes de madeira:

Tabela 5.13 - Especificaes tcnicas para caldeiras a pelletes de madeira


Dados: www.sesolutions.de

Aplicao primria Aquecimento de espaos, gua quente


Local de instalao Sala de aquecimento
rea de aquecimento Todo o edifcio
Emisso de calor atravs de radiao No
Emisso de calor atravs de propagao No
Emisso de calor atravs de permutador de calor Sim
Tipo de combusto Dependente do ar ambiente
Cmara de combusto Fechada
Gama de sada (calor) 5-35 kW
Eficincia < 90C
Combustvel utilizvel Pelletes de madeira
Processo de ignio Automtico
Temperatura de combusto 150 - 200C
Uso conjunto da chamin com outros sistemas Sim
Dimetro necessrio para a chamin Calculado individualmente
Chamin resistente humidade Sim
Sistema de aquecimento pr-fabricado No
Necessidade de ar fresco Calculado individualmente
Distncia de segurana frente > 0,80 m
Distncia de segurana nos lados > 0,50 m
Distncia de segurana em cima > 0,70 m
Distncia de segurana no cho Base prova de fogo

As pelletes de madeira so predominantemente usadas para fornecer aquecimento em edifcios


residenciais privados ou pequenos edifcios comerciais. So principalmente usados em classes de
sada mdia e pequena at 50 kW. As caldeiras a pelletes de madeira alimentadas automaticamente
fornecem uma alternativa vivel, econmica e tecnicamente aos sistemas de leo e de gs.

Requisitos estruturais:

1. Instalao:

Em contraste com os sistemas de aquecimento a gs ou leo, os sistemas alimentados a pelletes


queimam constantemente uma pequena quantidade de pelletes, antes do mecanismo de alimentao
fornecer novo combustvel para a zona de combusto. Como resultado, impossvel medir com
preciso a necessidade de calor, pelo que existe sempre um pequeno atraso de cerca de 10 a 15
minutos antes da necessidade de calor ser suprida.

Uma necessidade sbita de calor pode levar a problemas se o sistema de aquecimento central no
possuir gua quente suficiente. Este problema pode ser resolvido, contudo, com tanques de
armazenamento de gua quente (acumuladores). Estes aumentam os intervalos de queima, visto que
o sistema de aquecimento pode aceitar mais calor. Aumenta a eficincia e reduz as emisses de
combusto.

Alm disso, os tanques de armazenamento permitem incorporar no sistema de aquecimento central


sistemas trmicos solares ou outros sistemas de produo de calor, baixando a necessidade anual de
combustvel. Assim, uma instalao trmica solar bem projectada, com um tanque de
SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.34
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

armazenamento suficientemente dimensionado, pode cobrir toda a necessidade de gua quente de


uma habitao.

Figura 5.34 Sistema combinado de aquecimento com pelletes e solar trmico


Esquema: www.wagner-solartechnik.de

particularmente recomendada a instalao de tanques de armazenamento de gua quente em


edifcios com baixas necessidades de calor. Geralmente, a instalao de um tanque de
armazenamento aumenta a utilidade do sistema.

Dependendo do sistema central de aquecimento usado, recomenda-se um acumulador com


capacidade para pelo menos 25 litros por kW de sada de calor da caldeira. Se se pretende incorporar
uma instalao trmica solar, so recomendados acumuladores com capacidade entre 50 e 77 litros
por kW de sada de calor de pelletes.

Figura 5.35 - Tanque de armazenamento


Fotografia: www.paradigma.de

Actualmente, esto disponveis sistemas de aquecimento central de pelletes com uma sada de calor
de cerca de 5 50 kW. As caldeiras de aquecimento de pelletes fornecem uma soluo ideal para
proprietrios de habitaes com preocupaes ambientais, em moradias simples e multi-familiares,
que tm uma construo de baixa energia, uma sada de calor de 10 40 kW e uma necessidade
SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.35
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

anual de energia de cerca de 2.000 20.000 kWh. Estas caldeiras a pelletes requerem at 5.000 kg
de pelletes por ano.

2. Fornecimento de ar fresco:

De modo a operar a caldeira em segurana, deve assegurar-se que tenha um ptimo fornecimento de
entrada e exausto de ar. Deve assegurar-se que a presso negativa na sala da caldeira no seja
maior do que 4 Pa. Isto conseguido fornecendo ar e aberturas de exausto, com uma seco aberta
de pelo menos 150 cm, para todos os tamanhos de caldeiras de pelletes disponveis.

As condutas de fornecimento e exausto devem, tanto quanto possvel, ser colocadas opostamente
para alcanar uma boa suco trmica. As aberturas devem sempre ser cobertas com uma grelha,
para evitar que corpos estranhos entrem na caldeira.

As grelhas com uma malha de 10 mm provaram ser de confiana. As chamins modernas j tm


ventilao traseira, que pode substituir a abertura de exausto.

3. Gases de escape:

Para remover os gases da caldeira necessrio ter uma chamin que seja aprovada para
combustveis slidos de aquecimento. Deve notar-se tambm que as temperaturas da conduta na
chamin podem descer abaixo de 160C e, s vezes, at abaixo de 90C.

Por esta razo, a chamin deve ser construda com material prova de humidade e ser muito bem
isolada. Isto aplica-se particularmente passagem da chamin atravs do sto da casa. A maior
parte dos fabricantes de caldeiras exige que a chamin tenha um dimetro mnimo de 14 cm.

As condutas permitidas para combustveis lquidos e gasosos podem no ser adequadas para
caldeiras de pelletes. Se a chamin tiver uma tiragem maior do que 20 Pa, deve ser usado um
controlador de tiragem. As caldeiras de pelletes requerem um mnimo de tiragem de 5 Pa.

A conduta para a chamin deve ser curta (comprimento < 2,0m) e hermtica. A ligao chamin
deve ser sempre colocada de modo a que esteja inclinada para cima ( > 15 ). Na prtica, as
inclinaes de 30 a 45 na direco do fluxo provaram ser seguras. Alm disso, a ligao deve ter
isolamento trmico no se percebe e, se possvel, executada sem quaisquer curvas. A entrada para a
chamin deve facilitar o fluxo e curvar para cima.

Com as caldeiras de toros, os tubos do gs da conduta no permutador de calor da caldeira requerem


muitas vezes uma limpeza considervel. As condutas das caldeiras modernas de pelletes so fceis
de limpar, possuindo aparelhos de limpeza automticos para os tubos do gs de escape.

Figura 5.36 Permutador de calor com sistema de limpeza automtica


Fotografia: www.paradigma.de

Quando as caldeiras de pelletes so acesas com uma chamin fria, espera-se que haja alguma
presso positiva no tubo da conduta. Por esta razo, deve assegurar-se que a ligao do tubo da
SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.36
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

conduta para a chamin seja colocada de modo a que fique completamente hermtica. possvel
usar silicone resistente temperatura como um componente vedante ou, alternativamente, a conduta
deve estar bem soldada. Alm disso, sensato colocar uma conduta flexvel e isolada para a
chamin, para melhorar o isolamento sonoro.

A regra geral para medir chamins estabelece que chamins com dimetros de 14 cm podem ser
usadas com caldeiras de pelletes com sadas at 15 kW. As chamins com dimetros de 16 cm
podem ser usadas com caldeiras de pelletes com sadas entre 20 e 25 kW. So recomendadas
chamins com dimetros de 18 cm para caldeiras com sadas maiores.

4. Funcionamento:

As caldeiras de pelletes so sistemas de aquecimento completamente automticos. Se a instalao


tcnica do sistema estiver conforme com a qualidade do combustvel, apenas necessrio remover o
colector de cinzas cada 2-8 semanas. A maior parte das caldeiras de pelletes est equipada com um
sistema de compresso de cinzas para aumentar o volume til.

importante que o sistema esteja desligado antes de remover a cinza, de modo a que estas possam
arrefecer no colector.

A cinza de pelletes normal castanha acinzentada e arenosa. Se a caldeira no estiver


correctamente preparada, a cinza preta, porque formou-se carvo e as pelletes no foram
correctamente queimadas. Com uma preparao incorrecta das caldeiras a pelletes com
queimadores de alimentao inferior ou retortas, tambm possvel que caiam pelletes no
queimadas no colector de cinzas. Se se observarem repetidamente estas falhas tcnicas, deve ser
notificado o servio de apoio ao cliente do fabricante da caldeira. Isto deve-se a um problema com o
controlo electrnico da caldeira ou com o nvel de monitorizao.

As caldeiras de pelletes tm geralmente tecnologia de monitorizao sofisticada que pode indicar a


avaria.

Causas frequentes de avarias no queimador:

x Falta de pelletes na cmara de armazenamento;


x Indicador de nvel na tremonha intermdia avariado;
x Bloqueio do motor do transportador;
x Dispositivo de ignio elctrico avariado.

5.3.10 Caldeiras de estilhas de madeira

Alm das pelletes, podem tambm ser usadas estilhas de madeira como combustvel nas caldeiras
automticas. Tecnicamente, as caldeiras de estilhas alimentadas automaticamente so muito
similares s caldeiras de pelletes de madeira. As estilhas so geralmente introduzidas na caldeira
com transportadores em espiral ou de parafuso.

Assim como as pelletes de madeira, as estilhas so um material volumoso. Contudo, as estilhas so


de longe menos homogneas do que as pelletes, devido ao seu modo de produo. Como resultado,
aumenta o risco de bloqueios dos sistemas transportadores e tremonhas.

Por esta razo, as caldeiras de estilhas so mais robustas e maiores do que as caldeiras de pelletes.
Portanto, tm uma capacidade mnima de combusto de 35 kW. Dependendo do projecto, os
sistemas de aquecimento de estilhas de madeira so tambm produzidos como centrais de larga
escala, que podem produzir uma sada de calor de diversos megawatts. Esta seco, contudo,
apenas considerar as caldeiras de estilhas com pequenos limites de sada.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.37


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.37 - Caldeira de estilhas com sistema automtico de extraco do depsito


Fotografia: www.hargassner.at

As lminas salientes do rotor da espiral revolvente so usadas para destruir a estrutura das estilhas
de madeira, evitando assim que o sistema de extraco fique bloqueado. A placa de presso fixada
caixa do transportador liberta a presso da estrutura do gro no depsito. Isto evita a criao de
estrutura nas estilhas de madeira e portanto evita que o transportador de parafuso funcione no vazio.

Na figura pode ser visto um colector de cinzas com uma tampa vermelha frente da caldeira, na qual
a cinza do processo de combusto recolhida. Tal como as caldeiras de pelletes, o combustvel
incendiado usando um queimador.

Figura 5.38 Transporte de estilhas para a zona de combusto


Esquema: www.hargassner.at

Embora a tecnologia destas caldeiras seja bem desenvolvida e eficiente, elas no so adequadas
para habitaes domsticas devido aos elevados custos da caldeira, depsito de armazenamento e
equipamento de transporte. Porm, em termos econmicos so ideais para aplicaes em que as
caldeiras de pelletes j no so adequadas, isto , para edifcios de apartamentos e pblicos.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.38


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Especificaes tcnicas para caldeiras de estilhas de madeira:

Tabela 5.14 - Especificaes tcnicas para caldeiras de estilhas de madeira


Dados: www.sesolutions.de

Aplicao primria Aquecimento de espaos


Local de instalao Sala da caldeira
rea de aquecimento Todo o edifcio, aquecimento da regio
Emisso de calor atravs de radiao No
Emisso de calor atravs de propagao No
Emisso de calor atravs de permutador de calor Sim
Tipo de combusto Dependente do ar ambiente
Cmara de combusto Fechada
Gama de sada (calor) 35-7000 kW
Eficincia < 90C
Combustvel utilizvel Aparas de madeira
Processo de ignio Automtico
Temperatura de combusto 150 - 200C
Uso conjunto da chamin com outros sistemas No
Dimetro necessrio para a chamin Calculado individualmente
Chamin resistente humidade Sim
Sistema de aquecimento pr-fabricado No
Necessidade de ar fresco Calculado individualmente
Distncia de segurana frente > 0,80 m
Distncia de segurana nos lados > 0,50 m
Distncia de segurana em cima > 0,70 m
Distncia de segurana no cho Base prova de fogo

Requisitos estruturais:

As caldeiras de estilhas requerem uma diviso prpria, bem como reas de armazenamento. Deve
ser possvel alimentar facilmente as reas de armazenamento com madeira transportada por camio,
estando suficientemente perto das caldeiras para permitir o uso de correias transportadoras de baixo
custo com um comprimento mnimo.

Porque as caldeiras de estilhas de madeira tm uma amplitude larga de sadas, desde 35 kW at 7


MW, impossvel fazer afirmaes gerais acerca do tipo de condutas de fornecimento de ar e de
escape e outros elementos tcnicos. Para um limite de sada baixo at 100 kW, as necessidades na
conduta e no fornecimento de ar so idnticas aos das caldeiras de gaseificao de madeira. O
mesmo se aplica na ligao hidrulica ao circuito de aquecimento.

Funcionamento:

Com a emisso de calor ajustada aos edifcios, as caldeiras de estilhas de madeira esto
continuamente em funcionamento durante o perodo de aquecimento. Durante este perodo elas no
so desligadas. Em vez disso, a sua sada simplesmente ajustada de acordo com a necessidade
pelo uso das suas ventoinhas de tiragem.

Controlos lgicos programveis, chamados sistemas CLP, controlam a ignio e completam o


funcionamento do sistema. Isto permite que tal sistema se adapte continuamente necessidade de
calor, variando entre uma carga fixa de 100% at uma carga parcial de 30%. O controlo de
combusto electrnico assegura a queima quase completa com uma elevada eficincia de 87-90%.

As caldeiras modernas de estilhas de madeira so projectadas para um funcionamento


completamente automtico. Normalmente, no requerem limpeza regular da caldeira, grelha ou
sistemas de condutas. Se, contudo, for dispensado um sistema de remoo automtico de cinzas por
razes de custo, a cinza acumulada deve ser removida uma vez por semana.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.39


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.39 Mecanismo de limpeza automtico


Fotografia: www.hargassner.at

5.3.11 Sistemas combinados de caldeiras

Os sistemas combinados de caldeiras podem ser usados para aplicaes onde est disponvel uma
larga gama de combustveis, tal como estilhas de madeira, toros de madeira ou serradura. Estas so
similares, em construo, s caldeiras de gaseificao de madeira.

Para alm de um orifcio de alimentao para troncos de madeira, estes sistemas tambm tm uma
entrada lateral para estilhas de madeira. A sua construo permite-lhes aceitar vrias geometrias de
combustvel. Pode ser queimada uma larga variedade de produtos, como serradura, pelletes, estilhas
de madeira, troncos e desperdcio de madeira no tratada.

Figura 5.40 Sistema combinado para troncos e estilhas


Esquema e Fotografia: www.koeb-schaefer.at

Estes sistemas so particularmente eficientes em zonas onde produzida uma quantidade suficiente
de resduos de madeira e diferentes tamanhos de gro, como numa oficina de carpintaria. Em tais
reas de aplicao estes so a melhor escolha para um sistema de aquecimento. As caldeiras
combinadas tm tambm interesse para os construtores que desejem uma elevada flexibilidade em
termos de tipos de combustveis.

Consideraes iniciais de projecto:

Existe uma grande variedade de projectos disponveis para pequenos sistemas de combusto,
alimentados a madeira. Se estes sistemas de combusto so projectados como simples aplicaes
de lareira, no so necessrios outros componentes de construo para alm de uma chamin.
SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.40
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Contudo, se o aquecimento a madeira for incorporado num sistema de aquecimento central, precisam
de ser seleccionados outros componentes para alm da caldeira de aquecimento e dimensionados
durante a fase de projecto.

O seguinte diagrama ilustra um sistema de aquecimento completo, com uma caldeira de madeira.
Este sistema mostra a verso mais elaborada possvel com vrias cargas e um fornecimento de calor
suplementar fornecido por um sistema solar trmico.

Figura 5.41 Sistema combinado de caldeira a pelletes e solar trmico


Esquema: www.wagner-solartechnik.de

As seces seguintes explicam as funes dos elementos deste sistema combinado de caldeira de
pelletes e solar trmico e apresenta algumas consideraes sobre o seu dimensionamento e
execuo.

1. Caldeiras de madeira

A escolha e dimensionamento das caldeiras de madeira j foram discutidos em seces anteriores.


As descries e especificaes tcnicas nesta seco listam toda a informao sobre sadas, tipos de
instalao e requisitos estruturais.

Um critrio importante para um bom funcionamento da caldeira , para alm de uma manuteno
cuidadosa e assistncia apropriada, a proteco da caldeira contra a corroso. O aparecimento da
corroso nas condutas da caldeira , na maioria dos casos, devida condensao dos produtos de
combusto.

Cada vez que a caldeira ligada produz, como parte do processo de oxidao, gua na forma de
vapor. Se esta entrar em contacto com superfcies frias, condensa. Para alm disso, se estiver
presente dixido de enxofre no gs, pode ocorrer a formao de cido sulfrico (H2SO4) no
condensado. Isto causa muitas vezes uma corroso considervel das paredes da caldeira ou do
sistema de condutas.

Este problema de corroso pode ser evitado elaborando um projecto que mantenha uma temperatura
de retorno suficientemente alta. O fluxo de retorno da gua quente na caldeira controlado por
termostato mantm a temperatura da parede da caldeira a um nvel no qual a condensao no pode
ocorrer.

A tendncia para se formar condensao determinada pelo teor de gua do combustvel e a


composio das condutas. O grfico abaixo mostra os pontos de condensao nas condutas de gs
para vrias propores ar/combustvel O e teores de gua do combustvel.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.41


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.42 Ponto de condensao para vrias propores ar/combustvel O


Grfico: www.sesolutions.de

Os gases da combusto de madeira com uma proporo ar/combustvel O=1,5 e uma humidade de
cerca de 20% condensam em superfcies mais frias (< 50C). Se o teor de gua na madeira for cerca
de 40%, o ponto de condensao com as mesmas condies bsicas j ocorre a 65C.

Em casas mais velhas, o sistema de aquecimento muitas vezes projectado com uma temperatura
de fluxo de 90C e uma temperatura de retorno de 70C. Na maior parte do tempo, no h risco de
condensao quando se faz o aquecimento com madeira hmida.

Com os irradiadores modernos e sistemas de caldeira, contudo, so muitas vezes escolhidos nveis
de temperatura baixos. Por exemplo, so escolhidos 75C para a temperatura de fluxo e 55C para a
temperatura de retorno do sistema de aquecimento. No entanto, se houver uma elevao da
temperatura de retorno sem controlo de termostato, a caldeira e o sistema de condutas podem entrar
rapidamente em corroso.

A abertura de um orifcio do termostato assegura que a caldeira atinja rapidamente a temperatura


correcta quando acesa e que, durante o funcionamento dirio, no alimentada com gua de retorno
que esteja fria. Deve sempre assegurar-se que a caldeira est equipada com um sistema de
monitorizao, para evitar o perigo de corroso quando se acende ou apaga a caldeira.

2. Necessidade de aquecimento de espaos

A necessidade de aquecimento de espaos nos edifcios fornece a base para o dimensionamento da


sada da caldeira. Isto por sua vez a base para seleccionar os tipos de caldeiras.

Figura 5.43 Radiadores modernos


Fotografia: www.viessmann.de

H muitos tipos diferentes de radiadores modernos. Tm diferentes comportamentos de irradiao


por metro quadrado de superfcie irradiada.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.42


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

3. Necessidade de gua quente sanitria

A necessidade de calor para aquecer a gua domstica em aplicaes sanitrias, como chuveiros,
banheiras e lavatrios pode ser escolhida para um valor mdio de 12,5 kW/h por metro quadrado de
rea habitvel e por ano. O quadro seguinte apresenta valores guia para a durao de uso, o
consumo de gua e a necessidade de calor para aplicaes sanitrias.

Tabela 5.15 Valores guia de necessidade de gua quente sanitria


Dados: Wamsler

Durao de uso Extraco Necessidade de aplicao


Aplicao sanitria Min. L kWh
Banheira (1600 x 700 mm) 140 5,8
Banheira(1700 x 750 mm) 160 6,5
Banheira (1800 x 750 mm) 200 8,7
Poliban 6 40 1,6
Bid 10 20 0,8
Lavatrio 4 9 0,35
Lava-loias 10 30 1,15

Esta informao fornece a base para projectar os sistemas de aquecimento em edifcios cujo
consumo de gua quente no est conforme com a norma, tal como penses e hotis.

4. Tanques de armazenamento de gua quente

Clculo do tanque de armazenamento sem o uso de um sistema solar trmico:

O contedo necessrio do tanque de armazenamento para caldeiras de madeira calculado de


acordo com a norma Europeia NA 303-5, usando a seguinte frmula:

QEdif
VTA 15 u TC u QN u 1  0,3 u
Qmin

Onde, VTA = contedo em litros do tanque de armazenamento, TC = Tempo de combusto com uma
sada de calor estimada em horas, QN = Sada de calor nominal em kW, QEdif = Sada de calor
determinada para o edifcio em kW e Qmin = Sada de calor mais baixa da caldeira em kW.

De modo a obter um resultado correcto, devem estar deduzidas da sada de calor do edifcio as
divises que necessitam apenas de aquecimento pontual, tais como os quartos para hspedes.

Exemplo:

Uma habitao familiar com uma carga de calor QEdif de 22 kW deve ser equipada com um tanque de
armazenamento adequado.

A sada de calor estimada QN da caldeira a ser instalada de 26 kW e a sua sada de calor mais
baixa Qmin de 13 KW. Quando a caldeira est cheia de combustvel, o fabricante da caldeira
especifica um tempo de combusto TC de 4 horas para a sada de calor determinada.

22
VTA 15 u 4 u 26 u 1  0,3 u 768 litros
13

O tamanho mnimo de um tanque de armazenamento de 768 litros. De modo nenhum deve o


tamanho ser abaixo deste valor. Neste exemplo, uma boa escolha passaria por um tanque de
armazenamento com um volume de 1000 litros.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.43


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

5. Sistemas solares trmicos

Na maior parte dos casos, possvel instalar um sistema de aquecimento central com um sistema
solar trmico. Isto permite que o edifcio seja completamente aquecido com calor solar, de uma forma
amiga do ambiente. Por um lado, atravs da radiao solar recolhida e, por outro, atravs da energia
solar armazenada na madeira. Um sistema solar trmico d ao proprietrio do edifcio uma utilidade
suplementar e vantagens econmicas, visto que a radiao solar substitui o combustvel.

Figura 5.44 Distribuio do tipo de fornecimento de calor para um ano tipo


Grfico: www.sesolutions.de

Um sistema solar bem planeado pode poupar 50% da necessidade anual de madeira. Isto no s
financeiramente interessante, mas fornece ao operador muitas vantagens, porque no tem de
conseguir e preparar o combustvel de madeira nem tratar das cinzas. Pode encontrar-se informao
especfica sobre projectos de sistemas no Manual sobre sistemas solares trmicos do IST.

Os volumes do tanque de armazenamento para sistemas solares trmicos podem ser calculados,
usando a necessidade dos tanques de armazenamento para as caldeiras de madeira. Isto permite
poupar custos de investimento e conseguir uma melhor eficincia de todo o equipamento do sistema.

6. Bombas de circulao

As bombas de circulao so usadas para manter o fluxo de gua no sistema de aquecimento.

Figura 5.45 Bomba de circulao

Fotografia: www.viessmann.de

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.44


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Dependendo da diferena do tamanho e altura do sistema de aquecimento, as bombas devem ser


capazes de lidar com diferentes dbitos e presses de gua. Para dimensionar as bombas
necessrio ter uma curva caracterstica da rede de aquecimento.

5.4 Equipamento de segurana para sistemas de aquecimento

O sistema de aquecimento dever estar equipado com os seguintes elementos:

x Tanque de expanso fechado;


x Ventilador de segurana na parte mais alta da caldeira;
x Tomada de segurana;
x Termmetro;
x Manmetro;
x Aparelho automtico para remoo do calor, o qual activado se a temperatura de
funcionamento for excedida.

Figura 5.46 Equipamento de distribuio e segurana


Fotografia: www.viessmann.de

5.4.1 Tanques de expanso

A gua expande quando aquecida. Este fenmeno natural causaria considerveis flutuaes de
presso num sistema de aquecimento fechado se a temperatura do sistema mudasse.

Figura 5.47 Tanque de expanso


Fotografia: www.viessmann.de
SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.45
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Portanto, para evitar estragar a rede de tubagem, a caldeira e radiadores, instalado um tanque de
expanso em qualquer sistema fechado com gua. Este consiste numa bolha de borracha numa
caixa de ao, que preenchida com um gs neutro, como azoto, que consegue absorver flutuaes
de temperatura na rede.

O tamanho do tanque de expanso decisivo para a segurana e resistncia presso de toda a


rede de tubagem. Os tanques de expanso so projectados de acordo com a seguinte frmula:

VT f u > VS  VCal u E f  2,4@

Onde, VT = volume total do tanque de expanso, f = factor de expanso (2 para tanques de


expanso), VS = volume do sistema (incluindo tanque de armazenamento de gua quente), VCal =
volume da gua da caldeira e Ef = factor de expanso para gua quente.

Quando se determina o volume do sistema VS, dever ser tido em considerao o volume do tanque
de armazenamento existente no sistema de aquecimento.

O factor de expanso f para o aquecimento de gua fria usado aquando do enchimento do sistema
pode ser determinado a partir do seguinte grfico.

Figura 5.48 Curva de expanso da gua


Grfico: www.sesolutions.de

Uma temperatura mxima da gua no circuito de aquecimento de 82 C produz um factor de


expanso f de 2,9 %.

Outro parmetro importante para dimensionar o tanque de expanso o volume de gua no sistema
de aquecimento VS.

Exemplo:

Um edifcio tem um volume do sistema de aquecimento VS de 725 litros e um volume de caldeira VCal
de 25 litros. A temperatura mxima do sistema de aquecimento foi medida aos 82 C. A partir disto foi
determinado um factor Ef de 2,9% (diagrama do factor de expanso).

VT 2 u > 725  25 u 0,029  2,4@ 48,3 litros

O volume calculado para o tanque de expanso de 48,30 litros. Dever portanto ser escolhido um
tanque de expanso que tenha um volume total de 50 litros.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.46


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

5.4.2 Chamins

essencial que as chamins sejam correctamente dimensionadas e projectadas, uma vez que isso
determina o output dos sistemas de combusto pequenos. A razo desta relao porque a tiragem
natural da chamin retira os gases da caldeira, ao mesmo tempo que aspira o ar fresco - processo
essencial para a combusto. O efeito da chamin baseia-se puramente na capacidade fsica de
elevao do ar quente.

Os sistemas com combusto de presso positiva, que tm queimadores de ar forado, como


caldeiras de leo e gs, so capazes de ultrapassar a perda de presso do interior da caldeira
atravs dos seus ventiladores.

As caldeiras com combusto sob presso, como a maioria das caldeiras a madeira, dependem
completamente da tiragem natural da chamin para descarregar os gases da conduta e para fornecer
a caldeira com ar fresco. Em muitos casos, isto suportado por uma ventoinha de tiragem induzida,
que pode melhorar a sada de tiragem da chamin criando uma tiragem artificial. Isto tambm permite
a variao na sada de combusto de uma caldeira de presso negativa.

Uma altura de conduta da chamin correctamente dimensionada fundamental para aumentar a


sada das caldeiras, pelo que a conduta da chamin dever adequar-se o mais possvel caldeira.
Quando a tiragem da conduta muito forte conduz a maiores perdas, reduzindo assim a eficincia
das caldeiras a madeira.

Para melhorar o equilbrio entre a caldeira e a chamin existente, deve ser utilizado um limitador de
tiragem (regulador de tiragem).

Os limitadores de tiragem modernos esto geralmente equipados com uma aba de libertao de
presso que se abre se ocorrer um escape repentino na chamin. Isto permite que a presso
resultante seja libertada, protegendo a habitao e a chamin de quaisquer danos.

Os sistemas de chamin para pequenos sistemas de combusto com madeira devem cumprir
critrios rgidos:

x Resistncia a temperaturas at 400 C;


x Resistncia humidade, porque as temperaturas da combusto podem ocorrer abaixo dos 160
C;
x Acabamento da superfcie interior suave e sem fendas;
x Isolamento trmico para evitar que os gases de combusto se condensem nas superfcies frias
da chamin;
x Seco dimensionada para ser constante e que no se altere o seu dimetro.

So usados principalmente dois sistemas diferentes de chamins para combusto de madeira, que
preenchem estes critrios: chamins de cermica e ao inoxidvel.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.47


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Figura 5.49 Chamins de cermica e de ao inoxidvel


Fotografias: www.pro-schornstein.de e www.viessmann.de

Os projectos de chamin baseiam-se nos seguintes critrios principais:

x Altura acima do nvel do mar;


x Tipo de aplicao de lareira planeado;
x Usos mltiplos da chamin;
x Forma da seco;
x Dimetro;
x Altura til da chamin;
x Extenso em rea fria;
x Extenso exterior.

O diagrama seguinte mostra as diferentes medidas.

Figura 5.50 Alturas para chamins


Esquema: www.schiedel.de

Todos os fabricantes de caldeiras especificam os requisitos de tiragem para a chamin nas suas
instrues de instalao tcnica. Estas variam dependendo da projecto tcnico da caldeira.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.48


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

5.4.3 Conduta da chamin

A conduta para a chamin deve ser curta (comprimento < 2,0m) e hermtica. A ligao chamin
deve ser sempre colocada de modo a que esteja inclinada para cima (> 15). Na prtica, as
inclinaes de 30 a 45 na direco do fluxo provaram ser seguras. Alm disso, a ligao deve ter
isolamento trmico no se percebe e, se possvel, executada sem quaisquer curvas. A entrada para a
chamin deve facilitar o fluxo e curvar para cima.

Figura 5.51 Ligao da chamin a caldeira de pelletes


Esquema: www.paradigma.de

Espera-se uma certa quantidade de presso positiva quando as caldeiras de madeira so acesas.
Por esta razo, deve assegurar-se que o tubo da conduta para a chamin colocado de modo a que
fique completamente hermtico. possvel usar silicone resistente temperatura como um
componente vedante ou, alternativamente, a conduta pode ser bem soldada.

Alm disso, sensato colocar um tubo de conduta flexvel e isolado para a chamin, para melhorar o
isolamento sonoro. O tubo da conduta para a chamin no deve ser revestido a tijolos, visto que isto
pode causar problemas de isolamento do rudo. Deve ter sempre uma abertura de inspeco
hermtica para permitir que se controlem os depsitos de fuligem e se necessrio remov-los.

5.5 Armazenamento

5.5.1 Armazns para toros de madeira

O critrio mais importante para os toros de madeira o grau de secagem. Cada litro de gua
removido da madeira como vapor usa 0,7 kW, que descarregado atravs da chamin e no est
disponvel para aquecimento de espaos.

Outros problemas com madeira hmida resultam no abaixamento de temperatura durante a


combusto, de modo que a zona de combusto no produz o calor necessrio. Isto conduz ao risco
de formao de gs de madeira no queimado, como creosoto, ou fuligem nas vlvulas da conduta e
da chamin.

Todos estes problemas podem ser evitados se a madeira for devidamente seca, da ser ideal um
perodo de seca de dois anos no exterior. Depois desta secagem, quase todos os toros de madeira
cortados tm um teor de gua que adequado para a combusto.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.49


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Figura 5.52 Secagem da madeira


Grfico: www.sesolutions.de

De modo a conseguir esta condio, a madeira necessita ser armazenada correctamente. Devem
observar-se as seguintes condies bsicas:

x A madeira deve ser serrada e separada, de modo a que esteja pronta para uso;
x A madeira deve ficar numa base com 20 cm de altura permevel ao ar;
x Deve haver uma conduta de ar na vertical com 5-10 cm de largura atrs da pilha de madeira.;
x A pilha de madeira deve ser protegida contra a chuva com uma cobertura no topo;
x No cobrir completamente a madeira com plstico;
x Armazenar apenas madeira em espaos com bastante ar ou, de outro modo, h o risco de
formao de bolor.

Os toros de madeira tm uma densidade de energia relativamente baixa. So necessrios cinco


metros cbicos de toros de madeira para substituir um metro cbico de leo combustvel. Se se
pretende calor com toros de madeira durante todo o ano, importante que se armazenem pelo
menos 1,5 vezes a necessidade anual de combustvel, de modo a permitir que a madeira seque
devidamente e se cubram os perodos frios. Tal quantidade de madeira corresponde a um volume de
armazenamento de pelo menos 7,5 m.

5.5.2 Armazenamento de pelletes

Essencialmente h trs possibilidades diferentes para armazenar pelletes, que so feitas medida
para diferentes espaos. Em termos tcnicos, consistem em quatro unidades de armazenagem
diferentes:

x silos de sacos;
x depsitos de pelletes;
x tanques de armazenagem subterrneos;
x tremonhas de armazenamento.

E trs sistemas de extraco diferentes:

x extraco por transportador;


x extraco por vcuo;
x extraco esttica (tremonha).

Todos os sistemas descritos so capazes de assegurar extraco de pelletes do respectivo sistema


de armazenamento sem problemas. As vrias combinaes destes processos so, contudo,
desenvolvidas para diferentes reas de aplicao.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.50


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

5.5.2.1 Consideraes bsicas para salas de armazenamento de pelletes

Localizao da diviso da caldeira

Se possvel, a sala de armazenamento das pelletes deve confinar com uma parede externa, uma vez
que a tubagem de ligao deve ser acessvel do exterior, para o fornecimento de pelletes. Com salas
de armazenamento situadas internamente, a alimentao e os tubos da conduta devem correr na
parede externa. A caldeira de pelletes deve ser sempre desligada antes de encher o armazm de
pelletes.

Se possvel, a diviso da caldeira deve sempre confinar com uma parede externa, para assegurar um
fornecimento directo de ar de combusto para a caldeira de pelletes. Com divises de caldeira
situadas internamente, uma conduta de abastecimento deve ligar a sala da caldeira com a parede
externa.

Dimensionamento da diviso de armazenamento de pelletes

O armazm de pelletes deve ser sempre rectangular, e se possvel o comprimento da sala no deve
ter mais que 2,0 m. Na prtica, dimenses como 2 metros por 3 metros ou 1,8 metros por 3,2 metros
provaram ser seguras. A mecnica do fluxo das pelletes de madeira significa que quanto mais estreita
a sala, mais pequeno o tamanho dos espaos no utilizveis.

O tamanho do armazenamento depende da necessidade de calor do edifcio. Deve ser


suficientemente grande, contudo, para armazenar um ano de fornecimento de combustvel. As
seguintes regras gerais aplicam-se quando se dimensionam as divises de armazenamento de
pelletes:

Regras gerais:

x 1 kW de carga de calor = 0,9 m de armazenamento (incl. vazio);


x Espao de armazenagem utilizvel = 2/3 de armazenamento (incl. vazio);
x 1m pelletes = 650 kg;
x Teor de energia = 5kWh/kg.

Exemplo

Moradia unifamiliar com carga de calor de 15 kW tem uma necessidade anual de pelletes de 5800 kg.

x 15 kW carga de calor x 0,9 m/kW = 13,5 m volume de armazenamento;


x Volume utilizvel para armazenamento = 13,5 m x 2/3 = 9 m;
x Quantidade armazenvel de pelletes = 9 m x 650 kg = 5850 kg;
x rea de armazenamento necessrio = 13,5 m / 2,4 m (altura da sala) = 5,6 m. Uma boa rea
para armazenamento seria 2m x 3m = 6m;
x Quantidade de energia armazenada = 5850 kg x 5 kWh/kg = 29.250 kWh.

Proteco da humidade

As pelletes so altamente hidroscpicas, isto , absorvem gua. Se as pelletes estiverem em


contacto com o pavimento ou paredes hmidas, expandem-se e partem e so, portanto, inutilizadas.

Requisitos tcnicos para armazenamento de pelletes:

x O local de armazenagem de pelletes deve manter-se seco todo o ano;


x A humidade normal do ar, tal como aquela que ocorre todo o ano em moradias normais como
resultado das condies atmosfricas, no danifica as pelletes de madeira;
x Se houver risco ocasional de paredes hmidas (por exemplo edifcios velhos), recomenda-se que
as paredes sejam revestidas com painis de madeira ventilados. Alternativamente, h a
possibilidade de armazenar pelletes em armazns industriais de pelletes, tais como silos de trigo;
SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.51
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

x Em novos edifcios, nos quais a humidade est entranhada nas paredes estas devem ser secas
antes de se instalar um armazm de pelletes.

5.5.2.2 Armazenamento e transporte de pelletes

Armazns de pelletes

O seguinte fluxograma permite escolher rapidamente o sistema de armazenamento de pelletes mais


adequado.

Figura 5.53 Seleco de tipo de armazenamento de pelletes


Esquema: www.sesolutions.de

De seguida descrevem-se os mtodos de funcionamento e as caractersticas tcnicas destes tipos de


armazenamento.

Sistema 1: Silo de extraco com transportador de parafuso

Figura 5.54 - Silo de extraco com transportador de parafuso


Fotografia: www.oekofen.at

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.52


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

O sistema 1 adequado quando possvel instalar a caldeira de pelletes e o armazenamento


directamente a seguir um ao outro numa diviso do edifcio.

A parte principal do sistema o silo de pelletes. Este consiste num tecido artificial resistente, que
pendurado como uma tenda dentro de uma estrutura estvel em ao.

Na parte da frente do silo completamente fechado est acoplado um tubo que est ligado estrutura
de suporte. O orifcio das pelletes da cisterna est ligado a esta estrutura. Isto permite que o silo seja
preenchido atravs de um camio de pelletes convencional.

O material de tecido do silo de pelletes tem a caracterstica de ser permevel ao ar, mas prova de
p. Isto significa que estes silos no requerem um tubo de exausto separado. Durante o processo de
enchimento descrito nas pginas seguintes, o silo enche de ar, o ar injectado escapa atravs do
material de tecido e as pelletes so libertadas no silo.

Figura 5.55 Transferncia de pelletes para o silo de armazenamento


Fotografia: www.paradigma.de

Logo que o silo de pelletes esteja cheio, tem de se esperar que o ar acumulado se escape. A caldeira
de pelletes pode ento entrar novamente em funcionamento normal. As pelletes so removidas do
fundo do silo atravs de uma abertura redonda e transportadas com o transportador de parafuso
montado para a caldeira.

Este silos de pelletes so fiveis e necessitam de pouca manuteno para um armazenamento pouco
complicado de pelletes na diviso da caldeira.

Sistema 2: Silo de extraco por vcuo

O sistema 2 adequado quando no possvel instalar um armazm permanente dentro do edifcio e


a caldeira de pelletes e a tremonha de armazenamento devem estar em espaos separados.

Figura 5.56 - Silo de extraco por vcuo


Fotografia: www.oekofen.at
SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.53
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Os silos de pelletes usando extraco de vcuo so tecnicamente idnticos aos silos que usam
extraco por transportador de parafuso. Para instalar o sistema de extraco de vcuo, fixada uma
pea de suco ao orifcio de sada, na parte inferior do silo, no lugar da flange do transportador.

Duas mangueiras em espiral so fixadas a esta pea especial de encaixe. As pelletes so retiradas,
usando um motor de aspirao atravs de uma das mangueiras em espiral para a caldeira de
pelletes. O ar de aspirao volta ento ao silo, por meio da outra mangueira onde pode ser
novamente usado para transferir as pelletes.

Os sistemas de vcuo podem cobrir distncias at 20 metros entre o armazm de pelletes e a


caldeira. Aqui deve ter-se em considerao que, quando se funciona com as mangueiras de
transporte atravs de tectos, devem ser colocadas duas mangueiras em espiral, de dimetro
aproximado de 60 mm (mangueiras de fluxo e de retorno). Mesmo se for possvel colocar as
mangueiras separadamente, deve assegurar-se que os comprimentos no diferem em mais de 10%.

Ao colocar as mangueiras deve tambm assegurar-se que o raio de curvatura das mangueiras no
mais pequeno do que cinco vezes o dimetro externo das mangueiras. Isto significa que as
mangueiras em espiral de 60 mm requerem um raio de curvatura de 5 x 60 mm = 300 mm.

Se tiverem de se superar declives, deve assegurar-se que so colocados comprimentos inferiores a 3


metros no declive. Se forem instaladas seces de mangueira horizontais que tenham pelo menos 1
metro de comprimento, tambm possvel combinar seces inclinadas.

Ao instalar e operar um sistema, importante assegurar-se que as mangueiras e as ligaes so


absolutamente hermticas. Devem ser usados grampos para mangueiras, especificados pelo
fabricante, que fornecem uma equalizao potencial por um fio de cobre embutido nas mangueiras
elsticas.

Sistema 3: Depsito de extraco por vcuo

O sistema 3 idntico em termos de tecnologia de vcuo ao do sistema 2 acima descrito. Em vez de


usar um silo de pelletes pr-fabricado, as pelletes de madeira esto armazenadas no seu prprio
armazm especialmente equipado.

Figura 5.57 - Depsito de extraco por vcuo


Esquema: www.wagner-solartechnik.de

O sistema particularmente adequado para proprietrios de habitaes que desejam equipar os seus
edifcios com uma sala de armazenamento de pelletes, mas no podem faz-lo na proximidade
imediata da sala da caldeira de pelletes. Ao instalar tubos de aspirao na casa, deve ter-se em
considerao que os tubos podem deixar escapar rudos durante a transferncia das pelletes, que
tem lugar duas vezes por dia.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.54


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

H vrias maneiras de ligar o sistema de vcuo sala de armazenamento de pelletes. Pode ser ou
acoplado a um transportador de parafuso instalado centralmente, ou ligado a 3 ou 4 mangueiras de
aspirao cujos bocais so colocados no pavimento do armazm de pelletes.

Figura 5.58 Extraco por suco atravs de mangueiras


Esquema: www.hargassner.at
Fotografia: www.paradigma.de

O transportador das pelletes retira e transporta as pelletes de madeira na corrente de ar criada pelo
motor de aspirao.

A outra possibilidade instalar mangueiras de suco no pavimento do armazm de pelletes.

Figura 5.59 Sistema de extraco com mangueiras no pavimento do armazm


Fotografia: www.windhager-ag.at

O ar circulante suga as pelletes para os bocais das mangueiras de aspirao, onde so aspiradas
com o fluxo de corrente para a caldeira. Estas mangueiras de aspirao so aparafusadas ao
pavimento das divises para armazenamento a intervalos de 50 a 75 cm.

Sistema 4: Depsito de extraco com transportador de parafuso

O sistema 4 idntico, em termos de estrutura do armazm de pelletes usado no sistema 3 acima


descrito.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.55


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.60 - Depsito de extraco com transportador


Esquema: www.wagner-solartechnik.de

Contudo, em vez de transportar as pelletes de madeira com um sistema de vcuo, as pelletes so


extradas da sala de armazenamento com um transportador de parafuso, antes de serem
transportadas o resto da distncia para a caldeira de pelletes, com um outro transportador de
parafuso. Assim o mecanismo usado por este sistema para transportar as pelletes para a caldeira
idntico, em termos tcnicos, ao sistema 1.

Se a diviso de armazenamento de pelletes for construda com uma estrutura slida, esta dever
estar equipada com uma estrutura de apoio, que converta esta diviso num armazm de pelletes.
Devem ser instalados pavimentos inclinados em estruturas de suporte, de acordo com a seco que
se mostra abaixo.

Figura 5.61 Seco de depsito de pelletes com transportador de parafuso

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.56


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.62 - Planta da sala de armazenamento de pelletes

Figura 5.63 - Seco longitudinal de uma sala de armazenamento de pelletes

Requisitos estruturais para o armazenamento de pelletes:

As paredes circundantes devem ser capazes de suportar as cargas impostas pelas pelletes
(densidade volumtrica 650 kg/m). As seguintes espessuras podem ser utilizadas:

x Tijolo favo de mel com peso mdio, 11,5cm estucado em ambos os lados;
x Beto, 10cm reforado;
x Beto ventilado, 11,5cm estucado em ambos os lados;
x Tijolo, 12cm estucado em ambos os lados;
x Paredes de madeira com estrutura de suporte incluindo pilares de 12 cm, ambos os lados
revestidos com painis de madeira de 15-20 mm, ligados estruturalmente aos tectos, pavimento e
paredes.

Estes requisitos aplicam-se a paredes com comprimento mximo de 5 metros e uma altura de 2,5
metros, que esto ligadas ao tecto em todos os lados, pavimento e paredes.

Detalhe: Portas

Geralmente no h requisitos de proteco contra fogo para as portas ou aberturas dos armazns de
pelletes para quantidades armazenadas at 15.000 kg. As portas ou aberturas devem abrir para fora
e ter uma selagem contnua ( prova de p).

O interior de portas e aberturas para os armazns de pelletes deve estar protegido com tbuas de
madeira, para evitar que as pelletes pressionem as portas ou aberturas. A maaneta das portas deve

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.57


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

ser retirada do interior. A fechadura da porta deve ser vedada no interior, de modo que seja prova
de p. Isto pode ser feito com fita isoladora forte.

Detalhe: Tapete de proteco de impacto

O tapete de proteco de impacto (por exemplo com 1.250x1.500 mm) desenhado para proteger a
destruio das pelletes, quando colidem com as paredes circundantes. Protege tambm as prprias
paredes de serem danificadas. O tapete de proteco de impacto consiste num material de borracha
resistente abraso e ao envelhecimento, com braos de suporte para o prender ao tecto.
pendurado do lado oposto aos tubos de enchimento com um espao de 20 cm entre este e a parede.

Sistema de enchimento:

Para encher o armazm de pelletes, so necessrios dois tubos de enchimento com acopladores,
onde ligado um ventilador de aspirao a um dos tubos de enchimento, quando descarregado o
combustvel.

Para instalar os tubos de enchimento, necessrio criar aberturas nas paredes com dimetros de
125-1500mm. Os tubos de PE ou PVC construdos na parede mostraram ser seguros. Os tubos e
acopladores de enchimento devem ser fixados firmemente, de modo que os tubos de enchimento no
se enrolem quando o fornecedor de pelletes liga a mangueira ao acoplador. Ao montar o sistema de
aquecimento, injectada espuma PU prova de gua nos espaos entre os tubos de enchimento e
as aberturas preparadas das paredes.

Os tubos de enchimento devem ser ligados terra (uma ligao de arame de 1,5 mm ao terminal de
ligao equipotencial). A ligao terra necessria para evitar a ocorrncia de cargas
electrostticas durante o processo de enchimento.

Os tubos direitos e curvos devem ser revirados em ambas as extremidades para permitir que sejam
ligados juntos com anis de expanso, de modo a ficarem firmes e estanques ao p.

No se devem usar:

x Tubos feitos de plstico (perigo de cargas electrostticas);


x Tubos cuja estrutura possa destruir as pelletes durante o processo de enchimento (por exemplo,
tubos em espiral, usados nos sistemas de ventilao).

Pavimentos inclinados:

A sala de armazenamento deve ter pavimentos inclinados, para permitir que seja completamente
esvaziada pelo sistema de extraco usado. Os pavimentos inclinados devem ser instalados com
base nas seguintes instrues:

x Devem estar com um ngulo de 40 45 para que as pelletes possam deslizar;


x Devem ser instalados preferencialmente com painis de madeira com uma superfcie o mais lisa
possvel;
x Devem ser capazes de resistir a cargas impostas pelas pelletes (densidade volumtrica 650
kg/m);
x Devem prolongar-se at s paredes circundantes, para evitar que as pelletes escoem para os
espaos vazios por baixo (donde normalmente no possvel recuper-las);
x No devem reduzir as aberturas laterais entre a conduta do transportador e a cobertura.

Instalaes elctricas no armazm de pelletes:

As instalaes elctricas no podem estar situadas no armazm de pelletes incluindo interruptores,


luzes, etc. (so excepo os esquemas protegidos contra exploso).

Sistema 5: Depsito subterrneo exterior

O sistema 5 com depsitos subterrneo usado quando os proprietrios no tm espao suficiente


para um armazm de pelletes.
SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.58
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.64 - Depsito subterrneo exterior


Esquema: www.wagner-solartechnik.de

Assim, um tanque de armazenamento feito de beto ou plstico enterrado a uma distncia de cerca
de um metro da parede da casa.

Tal como todos os sistemas de armazenamento de pelletes, a caldeira deve ser desligada antes do
enchimento. De outro modo, o gs da conduta e o calor de combusto podem ser aspirados para o
depsito.

Para encher o tanque subterrneo, as mangueiras de fornecimento e exausto so ligadas aos dois
tubos existentes. O resto do processo de enchimento idntico aos outros armazns de pelletes.

Os tanques de armazenamento de pelletes feitos de beto so enterrados permanentemente em solo


hmido. Portanto, apenas podem ser usados os contentores feitos de beto resistente gua. Os
produtos de beto normal, tais como os tanques convencionais ou cisternas, no preenchem muitas
vezes este requisito. Portanto, apenas se devem usar tanques de armazenamento que tenham sido
projectados como armazns de pelletes. De outro modo, se as pelletes ficarem muito hmidas,
podem danificar o sistema de transporte, a caldeira de pelletes, as condutas e a chamin.

Sistema 6: Caldeira e tremonha combinadas

O sistema 6 com uma caldeira combinada e tremonha usado quando os edifcios tm necessidades
de calor baixas. Isto pode ser o caso, por exemplo, de casas passivas ou de baixa energia, que usam
menos do que 30 kW por ano, por m de espao habitvel.

Figura 5.65 - Caldeira e tremonha combinadas


Esquema: www.wagner-solartechnik.de

A tremonha de armazenamento contgua caldeira de pelletes preenchida com sacos de pelletes


de madeira. A construo tcnica da tremonha de armazenamento similar de um depsito de
pelletes, com transportador de parafuso e sistema de reduo de presso.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.59


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Porque est combinada com uma tremonha de armazenamento, a caldeira de pelletes tem
dimenses externas mais largas, o que deve ser tomado em considerao ao serem projectados os
espaos interiores.

5.5.3 Possibilidades de armazenamento para estilhas de madeira

As estilhas de madeira so muito menos homogneas do que as pelletes de madeira. Por esta razo,
so geralmente movidas com um carregador frontal, tractores com ps frontais ou outras mquinas
escavadoras. Neste caso os requisitos estruturais so bastante diferentes dos requisitos para um
depsito de armazenamento de pelletes de madeira.

Variedades de depsitos:

1. Depsitos de estilhas de madeira com acesso veicular directo;


2. Depsitos de estilhas de madeira convencionais sem acesso veicular;
3. Depsito de estilhas de madeira com secagem preliminar;
4. Depsitos de estilhas de madeira com transportadores de parafuso de alimentao;
5. Depsitos de estilhas de madeira subterrneos exteriores;
6. Depsitos de estilhas de madeira ao nvel do solo e no exterior.

Como todas as variantes de depsitos podem funcionar para estilhas de madeira com processos de
transportador j descritos, dispensa-se uma explicao detalhada do mecanismo de transporte.

1. Depsitos de estilhas de madeira com acesso veicular directo

Os depsitos de estilhas de madeira com acesso veicular directo so espaos nos edifcios que
abrem para o exterior. Assim, as estilhas de madeira podem ser trazidas com um transportador
frontal. Para evitar que as estilhas de madeira escorreguem do depsito, a superfcie de
armazenamento fechada com beto ou vigas horizontais de ao.

Figura 5.66 - Depsitos de estilhas de madeira com acesso veicular directo


Esquema: www.hargassner.at

2. Depsitos de estilhas de madeira convencionais sem acesso veicular

Os depsitos de estilhas de madeira convencionais sem acesso veicular esto situados dentro do
edifcio. Esto separados do resto do espao atravs de uma diviso. As estilhas de madeira podem
ser trazidas para este depsito por um transportador de correia ou um equipamento similar. As
estilhas de madeira so removidas horizontalmente e caem atravs de um tubo inclinado para outro
transportador. Este transporta ento as estilhas de madeira para a caldeira para combusto.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.60


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.67 - Depsitos de estilhas de madeira convencionais sem acesso veicular


Esquema: www.hargassner.at

3. Depsito de estilhas de madeira com secagem preliminar

Com um depsito de estilhas de madeira com secagem preliminar, as estilhas de madeira frescas so
armazenadas no tecto quente da sala da caldeira, de modo a que possam ser completamente secas.
Uma vez completo este processo, as estilhas de madeira so empurradas manualmente ou por uma
mquina sobre uma balaustrada donde caem para o espao do depsito. Daqui um transportador
transfere-as para a caldeira.

Figura 5.68 - Depsito de estilhas de madeira com secagem preliminar


Esquema: www.hargassner.at

4. Depsitos de estilhas de madeira com transportadores de parafuso de alimentao

Em alguns casos as divises da caldeira e depsitos esto localizados por baixo dos edifcios
tornando impossvel que os veculos descarreguem as estilhas de madeira para l. Assim,
transportadores de parafuso podem ser usados para transferir as estilhas de madeira de um depsito
de armazenamento para o depsito principal. Estes transportadores so instalados e tm dimetros
de pelo menos 30 cm.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.61


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.69 - Depsitos de estilhas de madeira com transportadores de parafuso de


alimentao
Esquema: www.hargassner.at

5. Depsitos de estilhas de madeira subterrneos exteriores

Uma outra variante possvel, quando os edifcios tm pouco espao para depsitos de estilhas de
madeira, construir depsitos de armazenamento subterrneos no exterior. So construdos ao longo
da diviso da caldeira na cave e podem ser directamente carregados lanando as estilhas de madeira
de um camio ou atrelado. Esta espcie de depsitos pode ser tambm facilmente preenchida
manualmente ou com correias transportadoras e carregadores frontais.

Figura 5.70 - Depsitos de estilhas de madeira subterrneos exteriores


Esquema: www.hargassner.at

6. Depsitos de estilhas de madeira ao nvel do solo e no exterior.

Se a caldeira de estilhas de madeira estiver instalada ao nvel do solo, possvel construir um


armazm externo ao nvel do solo. Este pode ser carregado atravs de um alapo de alimentao
com um carregador frontal ou uma correia transportadora.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.62


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 5.71 - Depsitos de estilhas de madeira ao nvel do solo e no exterior


Esquema: www.hargassner.at

necessria uma experincia considervel ao manejar e transportar as estilhas de madeira, como


resultado das suas caractersticas de fluxo. Portanto, os depsitos de estilhas de madeira devem ser
sempre projectados com o envolvimento de designers especialistas e tcnicos de transporte
especialistas nesta rea.

Os projectos feitos de acordo com critrios puramente arquitectnicos conduziro geralmente a


problemas de longo prazo. Os tcnicos especialistas devem ser envolvidos no processo de projecto
numa fase inicial para planificar a incorporao do depsito e os seus aparelhos de alimentao de
uma forma harmnica dentro do edifcio.

SISTEMAS DE COMBUSTO DE PEQUENAS DIMENSES 5.63


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

6 CALDEIRAS

O aquecimento, com recurso utilizao de madeira, em grandes edifcios de instituies pblicas ou


empresas privadas representa um grande passo para a sustentabilidade.

A energia de aquecimento representa um tero das necessidades de energia das sociedades


modernas. Se estas necessidades de energia puderem ser cobertas usando recursos locais, isto
resulta em impactos econmicos interessantes na regio:

x O uso de recursos naturais locais cria independncia e refora a rede local;


x O fornecimento de combustvel da regio gera rendimento econmico;
x Os grandes projectos tm um papel de farol, ou seja, potenciam o aparecimento de outros
projectos.

Os sistemas de aquecimento de alimentao automtica so hoje em dia usados como forma de


utilizao da biomassa, para fornecer energia a grandes edifcios e propriedades. As estilhas de
madeira e serradura so armazenadas e queimadas nestes sistemas, sendo o calor resultante
dirigido para os consumidores ligados ao sistema.

6.1 Implementao de um projecto de aproveitamento energtico da madeira

Os projectos de aproveitamento energtico da madeira que envolvem uma grande central trmica
incluem necessariamente um grande nmero de elementos econmicos, legais e tcnicos.

Estes esto resumidos no quadro abaixo:

Tabela 6.1 Aspectos tcnicos, econmicos e legais a ter em conta para um projecto de
energia a madeira
Tcnico Econmico Legal
Condies de projecto bsicas Necessidades de capital Estrutura organizacional
Volumes de biomassa Viabilidade econmica Aprovao
Conceito de abastecimento de biomassa Opes financeiras Aceitao pela vizinhana
Projecto do sistema Planeamento do projecto

Devido maior complexidade no que respeita logstica, funcionamento e manuteno, comparada


com os projectos de aproveitamento energtico de combustveis fsseis, tais como leo e gs, a
estrutura organizacional nos projectos de aproveitamento energtico da madeira da maior
importncia. Os requisitos para a organizao do projecto aumentam, com o aumento da
complexidade do tipo de sistema a ser instalado e com o aumento do nmero de parceiros no
projecto, fornecedores e pessoal operacional envolvido.

Os pontos mais importantes para a organizao e implementao de um projecto deste tipo so


considerados nas seguintes seces.

Implementao de projectos de aproveitamento energticos da madeira sete passos para um


projecto com sucesso

1. Seleccionar a localizao correcta

importante que um primeiro projecto numa regio tenha 100% de sucesso. Isto diz respeito
eficincia econmica, sustentabilidade ambiental, benefcios para a regio e impacte visual.

Para este fim, todos os edifcios existentes devem ser analisados e seleccionada uma combinao
dos melhores edifcios, para planificao subsequente.

Edifcios com condies vantajosas para a instalao de um projecto deste tipo so:

x Edifcios planeados que vo ser construdos num futuro prximo;


x Edifcios que necessitam de reconstruo com sistema de aquecimento planeado;
x Um sistema de aquecimento antigo que vai ser substitudo.

CALDEIRAS 6.1
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Os edifcios adequados devem ter espao disponvel na cave ou fora do edifcio para o
armazenamento de combustvel e acesso aos veculos de distribuio.

2. Verificar a disponibilidade de combustvel

Devem ser inventariados os combustveis que esto disponveis localmente, visto que as caldeiras de
madeira no podem funcionar com qualquer tipo de combustveis. Em particular, devem verificar-se
os tipos de resduos das indstrias transformadoras de madeira, estilhas de madeiras ou pelletes,
disponveis nos fabricantes locais.

3. Procurar aconselhamento profissional

Os grandes sistemas de aquecimento a madeira devem ser implementados por projectistas com
experincia e tcnicos credenciados. Uma anlise de um sistema de referncia, sobre o qual o novo
sistema ser baseado, deve fazer parte do programa preparatrio.

4. Informar e envolver as autoridades

Deve ser fornecida s autoridades locais, representantes polticos e populao, informao clara
sobre o projecto desde o seu incio. tambm importante mostrar abertamente que as pessoas tm o
direito a uma opinio no processo de deciso/execuo, de modo a que um sentimento geral positivo
acompanhe o projecto. Tambm, onde for possvel, devem ser integrados no projecto os
trabalhadores locais e os seus representantes.

5. Seleccionar uma caldeira de elevada qualidade

Deve ser seleccionado um produto de qualidade, que pode ser identificado pelos seguintes critrios:

x Eficincia > 85%;


x Baixas emisses: CO < 200 mg/m3, partculas < 150 mg/m3 para a carga total e a 50% da
utilizao;
x Limpeza automtica do permutador de calor e remoo automtica de cinzas;
x Capacidade potencial de monitorizao remota pelo fabricante, para os vrios parmetros da
caldeira;
x Elevada fiabilidade, demonstrada em projectos de referncia.

6. Assegurar a existncia de suporte para o sistema em funcionamento

Um sistema de aquecimento de madeira requer uma monitorizao completa permanentemente.


Existem duas opes disponveis para isto:

x Um tcnico qualificado das autoridades locais responsvel pelo sistema de aquecimento,


nomeadamente da compra do combustvel, verificao da qualidade do combustvel fornecido,
funcionamento do sistema de monitorizao e documentao, bem como da limpeza da caldeira
e distribuio das cinzas;
x Uma empresa de energia assume completa responsabilidade pela operao e manuteno do
sistema.

7. Publicitar o projecto

Um projecto de aproveitamento energtico da madeira com sucesso algo que deve ser enfatizado,
no sentido de promover a regio onde se insere.

CALDEIRAS 6.2
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 6.1 Central trmica a madeira


Fotografia: Polytechnik GmbH / www.polytechnik.at

6.2 Condies bsicas para projectos de aproveitamento energtico da madeira

6.2.1 Lista de verificao para projectos a nvel local e pblico

Lista de Verificao:

Condies genricas:

1. No existe gs natural ou rede de aquecimento local no municpio?


Sim = 1 No = 0
2. Regionalmente, a atitude poltica perante o projecto positiva?
Sim = 1 No = 0
3. Os silvicultores locais esto interessados no fornecimento de matria prima?
Sim = 1 No = 0
4. As empresas locais esto interessadas no fornecimento de matria prima?
Sim = 1 No = 0
Total parcial para condies genricas =

Existncia e disponibilidade de combustvel em quantidades suficientes:

1. H reservas de madeira das actividades florestais locais?


Sim = 1 No = 0
2. Parte dessas reservas usada para a produo de material transformado?
Sim = 1 No = 0
3. Os silvicultores locais esto interessados em produzir madeira transformada?
Sim = 1 No = 0
4. O material transformado pode ser obtido de cooperativas vizinhas?
Sim = 1 No = 0
5. Existem disponveis resduos secos do processamento da madeira?
Sim = 1 No = 0
6. O armazenamento de material transformado possvel nos edifcios existentes na comunidade
local?
Sim = 1 No = 0
7. Esto disponveis pelletes?
Sim = 1 No = 0

Total para combustvel suficiente =

Existncia de edifcios com condies de consumo de calor a partir de madeira:

CALDEIRAS 6.3
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

1. Existem edifcios que tm sistemas de aquecimento com mais de 15 anos?


Sim = 1 No = 0
2. Existem edifcios que precisam de ser renovados num futuro prximo?
Sim = 1 No = 0
3. Existem edifcios com necessidades de calor elevadas?
Sim = 1 No = 0
4. Existem edifcios que podem ser abastecidos pelas redes locais de aquecimento?
Sim = 1 No = 0
5. Existem edifcios com espao suficiente para caldeira e armazenamento de combustvel?
Sim = 1 No = 0

Total para edifcios adequados para combustveis de madeira =

Outras circunstncias favorveis:

1. Existem actividades em curso, tal como Agenda 21?


Sim = 1 No = 0
2. Iniciativas existentes para produtos regionais?
Sim = 1 No = 0
3. Existe apoio financeiro para aquecimento com madeira?
Sim = 1 No = 0
4. Existem experincias positivas com combustveis de madeira, em comunidades vizinhas?
Sim = 1 No = 0
5. Existe um nvel de interesse elevado no aquecimento com madeira, em habitaes privadas?
Sim = 1 No = 0
6. Existem fabricantes locais e comerciantes interessados nos sistemas de aquecimento com
madeira?
Sim = 1 No = 0
7. A comunidade tem recursos financeiros suficientes para efectuar um investimento?
Sim = 1 No = 0
8. Existem empresas contratantes de confiana?
Sim = 1 No = 0
9. Existe pessoal interessado e capaz para fornecer apoio tcnico ao sistema?
Sim = 1 No = 0

Total para outras circunstncias favorveis =

Avaliao:

Menos de 10 pontos:
Existe ainda um longo caminho a percorrer na comunidade. Contudo, a implementao de um
pequeno projecto poder fazer a diferena.

11 a 20 pontos:
A altura propcia para instalar um primeiro sistema de caldeira alimentada a madeira comear pelo
melhoramento das condies bsicas para usufruir da realizao do projecto com sucesso.

Mais do que 20 pontos:


Esto estabelecidas as condies ideais para um sistema de aquecimento com madeira. Dever ser
instalado, idealmente, para 100% de calor renovvel em edifcios pblicos.

Nota adicional:
A diferena de resultados nas categorias mostra onde devem ser feitos melhoramentos.

6.2.2 Lista de verificao para projectos privados

Lista de Verificao:

1. A empresa est preparada?


x A gesto empresarial apoia projectos inovadores?

CALDEIRAS 6.4
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

x A empresa tem clientes que preferem a qualidade e o progresso tcnico?

2. Existe disponvel algum projecto adequado?


x O planeamento est prestes a comear ou acabou de comear, de modo a ser fcil a sua
adaptao?
x O projecto insere-se numa regio em que no h rede de abastecimento de calor?
x O projecto insere-se numa comunidade que tem uma poltica de proteco ambiental activa?
x Numa das propriedades da empresa, necessrio substituir o sistema de aquecimento e h
espao suficiente para armazenamento?

3. Sero oferecidos servios de energia?


x Inventariar fornecedores de servios locais e respectivos servios oferecidos.
x Verificar os fornecedores de servios de energia regionais.

4. Est definido o abastecimento de combustvel?


x Saber quem so os fornecedores de combustveis de madeira.
x Verificar as estruturas de fornecimento existentes.
x Estaro os proprietrios de reas florestais na regio interessados no fornecimento?

Factores de sucesso:

1. Boa caldeira
x Baixas emisses: CO < 200 mg/m3, partculas < 150 mg/m3 para a carga total e a 50% da
utilizao;
x Limpeza automtica do permutador de calor e remoo automtica de cinzas;
x Capacidade potencial de monitorizao remota pelo fabricante para parmetros da caldeira;
x Elevada fiabilidade demonstrada em projectos de referncia.

Figura 6.2 - Caldeira rotativa com remoo de cinzas


Fotografia: Koeb&Schaefer KG / www.koeb-schaefer.com

2. Bom planeamento
x rea de armazenamento de combustvel 30 m;
x Acesso virio adequado para entregas de madeira em grandes quantidades;
x Sala da caldeira com aproximadamente 20 m e 2,5 m de altura;
x rea de acesso caldeira, em toda a sua superfcie, com 120 cm;
x Conformidade com os requisitos de proteco de incndio.

CALDEIRAS 6.5
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 6.3 - Instalao de aquecimento central a madeira com caldeira dupla


Fotografia: Koeb&Schaefer KG / www.koeb-schaefer.com

3. Informar residentes e vizinhos


x Fornecer informao aos residentes sobre a funo e vantagem do sistema de aquecimento com
madeira;
x Informar os vizinhos sobre o sistema de aquecimento planeado, caldeira seleccionada e suas
caractersticas de emisses, com visita a uma instalao modelo;
x Informao preliminar comunidade local e autoridades.

4. Preparao da fase operacional


x Definir quem supervisionar a caldeira e a deposio de cinzas (encarregado, tcnico,
residentes);
x Formao do pessoal responsvel, pelo fabricante da caldeira;
x Definir o destino final das cinzas;
x Planear a entrega de combustvel a intervalos que causem a menor perturbao possvel aos
residentes.

6.3 Planeamento

6.3.1 Avaliao dos dados iniciais do projecto

Os sistemas de aquecimento existentes tm outputs que variam de 100 kW a 5 MW. Estas classes de
actuao requerem grandes quantidades de combustvel, o que significa que o armazenamento de
reservas e a alimentao automtica das caldeiras so factores essenciais. tambm possvel usar
madeira como combustvel, em sistemas com outputs superiores a 5 MW. Contudo, estes sistemas
so principalmente operados como centrais de cogerao. Em termos de tecnologia de processo,
estes sistemas so geralmente comparados a centrais convencionais de condensao de energia.

CALDEIRAS 6.6
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 6.4 Central de aquecimento com madeira


Foto: Ingenieurbuero Gammel / www.gammel.de

As reas de aplicao para estas grandes centrais de aquecimento so geralmente edifcios


municipais ou edifcios de habitao, bem como novas reas residenciais com pequenas ou mdias
redes de calor locais. Os sistemas de aquecimento alimentados a madeira podem ser projectados
para serem completamente automatizados. Alm disso so construdos para terem baixas
necessidades de manuteno.

Output da caldeira

As caldeiras para madeira esto dimensionadas para uma certa carga base, o que significa que a
caldeira est bem dimensionada se atingir pelo menos 2.000 horas de carga completa por ano. Isto
assegura que 70% da energia necessria para um edifcio fornecida pela caldeira. A parte restante
da energia tem de ser fornecida por uma segunda caldeira mais pequena ou outra fonte de energia.

Figura 6.5 Seco em corte de caldeira rotativa


Grfico: Koeb&Schaefer KG / www.koeb-schaefer.com

Armazenamento

Os armazns para centrais de aquecimento com madeira necessitam muitas vezes de armazenar
volumes considerveis de madeira, de acordo com o output da caldeira. Na maior parte dos casos a
madeira armazenada em silos ou depsitos.

CALDEIRAS 6.7
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 6.6 Caldeira de grandes dimenses com depsito para combustvel


Grfico: Schmid AG / www.holzfeuerung.ch

O combustvel transportado para a caldeira atravs de um transportador em parafuso, sistema


hidrulico de arrastamento ou sistema de arrastamento rotativo.

Figura 6.7 Depsito de combustvel com sistema hidrulico de arrastamento


Fotografia: Polytechnik GmbH / www.polytechnik.at

A madeira usada no processo de combusto deve ter uma secagem prvia, antes de entrar no
depsito de combustvel. S se conseguem manter os intervalos de manuteno pr-determinados se
for assegurado o uso de madeira seca, com um teor de gua mximo de 35%.

6.3.2 Aplicaes em edifcios municipais e edifcios habitacionais

Um volume de armazenamento de 14 dias de funcionamento em carga completa deve ser o objectivo


a atingir, no caso dos sistemas de aquecimento de madeira, para edifcios residenciais ou municipais.
Isto calculado usando a seguinte frmula:

Output trmico no min al u 14 dias c arg a completa u 24 horas


Varmazenamento
poder calorfico u densidade volumtrica u eficincia

Onde output trmico nominal da caldeira = 1 MW, 14 dias de carga completa para 24 horas/dia, poder
calorfico mdio de 4 kWh, densidade volumtrica de 250 kg/metro cbico livre e eficincia do sistema
de 85 %.

Daqui resulta:

CALDEIRAS 6.8
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

1000 u 14 u 24
Varmazenamento 395 m 3
4 u 250 u 0,85

Seria portanto necessrio manter uma reserva de aproximadamente 400 m de volume de


armazenamento.

6.3.3 Aplicaes para redes de aquecimento locais de pequenas e mdias dimenses

As redes de aquecimento locais de tamanho pequeno e mdio tambm podem ser alimentadas por
centrais de aquecimento de madeira. Neste caso, o calor produzido no sistema da caldeira
armazenado na gua que bombada para os consumidores, por meio de um sistema de tubagem de
cobre, ao ou plstico, com isolamento trmico. Em cada n (ponto de ligao) nestas redes h um
permutador de calor que transfere o calor do circuito de gua de aquecimento, para o circuito de gua
de aquecimento interno do edifcio.

Para os utilizadores deste tipo de instalao, a ligao a uma rede de aquecimento local alimentada a
energia de madeira significa que podem beneficiar da oportunidade de um sistema de aquecimento
completamente automtico, sem perder as vantagens ambientais das energias renovveis. Alm
disso, o proprietrio de qualquer habitao aquecida desta maneira pode libertar espao para outros
propsitos, que de outro modo estaria ocupado com aquecedores ou outras formas de aquecimento e
armazenamento de combustvel.

Nas redes de aquecimento locais o calor fornecido a cada consumidor individual registado usando
contadores de calor. So contadores de gua que tm sensores de temperatura na alimentao e
retorno. Estes aparelhos calculam a quantidade de calor fornecido por ano, a partir do volume de
gua que passa atravs do contador e a diferena de temperatura entre o fluxo de alimentao e de
retorno.

O mtodo seguinte pode ser usado para estimar o consumo anual deste tipo de central de
aquecimento:

Output trmico no min al u horas anuais c arg a completa


Consumo anual
poder calorfico u densidade volumtrica u eficincia

Onde output trmico nominal da caldeira = 1 MW, 1500 horas por ano com carga completa, poder
calorfico mdio de 4 kWh, densidade volumtrica de 250 kg/metro cbico livre e eficincia do sistema
de 85 %.

Daqui resulta:

1000 u 1500
Consumo anual 1765 m 3 1765 m 3 u 0,25 t / m 3 440 ton estilhas / ano
4 u 250 u 0,85

O seguinte mtodo pode ser usado para o dimensionamento de armazns de combustvel para este
tipo de central de aquecimento:

Output trmico no min al u 14 dias c arg a completa u 12 horas


Varmazenamento
poder calorfico u densidade volumtrica u eficincia

Onde output trmico nominal da caldeira = 1 MW, 14 dias de carga completa para 12 horas/dia, poder
calorfico mdio de 4 kWh, densidade volumtrica de 250 kg/metro cbico livre e eficincia do sistema
de 85 %.

Daqui resulta:

CALDEIRAS 6.9
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

1000 u 14 u 12
Varmazenamento 197 m 3
4 u 250 u 0,85

Seria portanto necessrio manter uma reserva de aproximadamente 200 m de volume de


armazenamento.

Em termos de logstica, os grandes camies so geralmente adequados para abastecimento de


ambos os tipos de centrais de aquecimento. Podem conter 80 m no prprio veculo e 40 m num
atrelado. Os impactos desta logstica tornam-se claros, especialmente para grandes sistemas com 6-
8 MW, visto que tm um consumo dirio de estilhas de madeira de trs cargas de camio mais
atrelado. O volume de trfego resultante, poluio sonora e emisses prejudiciais provocam impactes
ambientais na rea circundante.

Figura 6.8 Armazm de combustvel


Fotografia: Polytechnik GmbH / www.polytechnik.at

6.3.4 Tipos de sistemas de combusto

Existem variadas solues tcnicas no mercado, para grandes sistemas de aquecimento alimentados
a madeira. Estes tm muitas vezes vantagens ou desvantagens no que diz respeito ao
manuseamento, intensidade de manuteno e requisitos de qualidade de combustvel (tipo de
madeira, teor de gua e pureza do material).

Devido a estes factores devem ser sempre implementados projectos de aquecimento a madeira
planeados por especialistas que analisaro as condies bsicas para um sistema de aquecimento,
incluindo a situao de fornecimento de combustvel. Para alm disto, para selecionar o equipamento
importante visitar sistemas de referncia e avaliar as experincias anteriores.

O quadro seguinte apresenta os sistemas de aquecimento alimentados automaticamente existentes:

Tabela 6.2 Sistemas de aquecimento com alimentao automtica

Tipo de combusto Alimentao Combustvel Energia


Caldeira de cmara dupla Mecnica Estilhas de Madeira, casca 35 kW 3 MW
Caldeira com alimentao inferior Mecnica Estilhas de madeira 20 kW 2 MW
Caldeira com tapete transportador Mecnica Estilhas de madeira 200 kW e superior
Caldeira com depurador multi-ciclnico Pneumtica Estilhas de madeira 200 kW e superior
Caldeira de leito fluidizado Mecnica Estilhas de madeira 10 kW e superior

CALDEIRAS 6.10
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 6.9 Caldeira com sistema de alimentao automtica


Foto: Polytechnik GmbH / www.polytechnik.at

6.4 Avaliao da eficincia econmica

Os custos elevados de investimento so inerentes ao desenvolvimento de projectos de


aproveitamento energtico com madeira, para classes elevadas de output. Estes custos so o factor
decisivo na avaliao da eficincia econmica de um projecto. Qualquer mtodo para avaliao da
eficincia econmica deve passar sempre pelos seguintes passos:

Tabela 6.3 - Etapas para definir custos de produo de energia


Etapa de clculo Parmetros a determinar
Determinar as condies base do projecto Localizao, dados de consumo energtico,
necessidades de aquecimento, e eventualmente
tambm a energia elctrica que pode ser necessria
Determinar as quantidades de combustvel disponveis Potencial de biomassa regional, distncia mdia para
as fontes de biomassa, alteraes sazonais, tipo de
combustvel e propriedades do material
Concepo da cadeia logstica Mtodo de distribuio de combustveis, tipo e durao
do armazenamento, passos posteriores de
processamento no local
Esboo esquemtico do sistema Nmero, tipo e sada dos geradores de calor, tipo de
combusto da caldeira, mtodo de tratamento dos
gases de escape, dados do projecto para o sistema
como um todo, informao sobre mquinas.
Concepo da engenharia no local Necessidades de espao, edifcios, localizao das
tubagens, estruturas de transferncia.

Os custos do projecto incluem os seguintes blocos:

1. Custos de investimento
x Investimento no sistema tecnolgico;
x Custos auxiliares do planeamento;
x Custos para aprovao e inspeco;
x Impostos;
x Juros;
x Fundo de reserva.

2. Custos de operao
x Custos de combustvel;
x Custos de pessoal;
x Manuteno;
x Reparaes;

CALDEIRAS 6.11
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

x Seguro;
x Deposio das cinzas;
x Equipamento.

3. Rendimentos
x Energia proveniente do calor;
x Energia proveniente da electricidade (apenas em sistemas de cogerao);
x Apoio financeiro;
x Reduo da taxa de juro.

Tabela 6.4 - Custos tpicos de investimento para vrios projectos de aproveitamento


energtico com madeira
Mquinas Construo Electricidade Outros Custos totais
Caldeira de 500KW 70 % 15 % 3% 12 % 150.000
Caldeira de 1 MW e com edifcio 55 % 30 % 5% 10 % 300.000
Central de aquecimento 5MW 55 % 25 % 10 % 10 % 1.200.000
Sistema de caldeira a vapor de 10MW com edifcio 50 % 35 % 5% 10 % 6.000.000
Central de aquecimento 14MW 50 % 30 % 10 % 10 % 9.000.000

Figura 6.10 Central de aquecimento com caldeira rotativa


Grfico: Koeb&Schaefer KG / www.koeb-schaefer.com

Tabela 6.5 - Custos de investimento nas redes de aquecimento locais para novas habitaes
Rede de aquecimento local
200 kW 200 /m
500 kW 225 /m
1.000 kW 275 /m
2.000 kW 300 /m
4.000 kW 350 /m

6.5 Fornecimento de combustvel

No contexto da organizao de projectos de aproveitamento energtico de madeira para potncias


elevadas, o fornecimento de combustvel tem um papel importante. Neste caso essencial a
disponibilidade regional de combustveis e que a disponibilidade de potenciais combustveis seja
determinada, como parte das investigaes preliminares, durante o estudo de viabilidade. As
questes logsticas, as distncias e a disponibilidade sazonal dos combustveis deve tambm ser
determinada.

CALDEIRAS 6.12
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 6.11 Manipulao de combustvel e carregamento


Fotografia: Polytechnik GmbH / www.polytechnik.at

Os seguintes aspectos so crticos quando se esboa a concepo da logstica para o combustvel:

x Itinerrios de transporte;
x Disponibilidade sazonal dos combustveis durante o perodo de aquecimento;
x Propriedades fsicas (teor de gua, poder calorfico, densidade volumtrica);
x Formas de distribuio dos combustveis;
x Preparao dos combustveis.

Para maximizar a criao de valor a nvel local, deve colocar-se a prioridade numa configurao
regional de contratos de aquisio de combustvel. Os seguintes grupos de fornecedores devem ser
abordados:

x Proprietrios florestais e associaes de produtores florestais;


x Serraes e empresas de processamento de madeira;
x Madeireiros;
x Operadores florestais e horticultores;
x Empresas de reciclagem;
x Gabinetes municipais, Direco de parques naturais.

6.6 Estrutura organizacional

O tipo de instalao de aproveitamento energtico a ser construda tem uma influncia importante na
estrutura do projecto. A complexidade organizacional do projecto tambm uma questo decisiva.
Um sistema de combusto de madeira para um s edifcio municipal necessita de uma estrutura
muito simples. Isto torna-se ainda mais simples se forem usadas estilhas de madeira de um
fornecedor regional. Em contraste, um sistema para fornecer calor a nvel local, para uma rea em
desenvolvimento, ser caracterizado por um largo nmero de partes envolvidas no projecto
(fornecedores de combustvel, consumidores, empresas fornecedoras) e portanto por uma estrutura
de projecto complexa.

necessrio envolver diferentes actores ao organizar um projecto de aproveitamento energtico com


madeira, de acordo com a complexidade do mesmo:

x O proprietrio ou o operador do sistema responsvel pelo financiamento, construo e tambm


por assegurar o fornecimento de combustvel e se for apropriado, a venda da energia produzida.
O operador tem de ter estatuto legal, individual ou colectivo;
x A central do sistema pode ser gerida por terceiros, nomeadamente uma instituio (operador,
empresa de fornecimento de energia ou pelo proprietrio). Este gestor responsvel pela
manuteno, operao e tambm em parte pelo marketing da energia produzida;
x Existem grandes diferenas entre os vrios combustveis que podem ser usados. H portanto
uma larga gama de possveis fornecedores de combustvel (por exemplo silvicultores, autoridades
locais, empresas de manuteno de auto estradas, serraes);

CALDEIRAS 6.13
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

x H necessidade de distinguir entre consumidores de energia elctrica e trmica. A electricidade


produzida pelos sistemas de bioenergia geralmente alimenta a rede local. Para a energia trmica
pode haver uma larga variedade de consumidores;
x Outros actores envolvidos no projecto so geralmente os fornecedores do sistema. O seu
envolvimento depende do tipo, do tamanho e da complexidade do projecto.

6.6.1 Estruturas opcionais de propriedade

Ao contrrio dos pequenos sistemas de combusto que so predominantemente geridos por privados
ou proprietrios de empresas, os projectos de aproveitamento energtico da madeira, em grandes
centrais de aquecimento, caracterizam-se por uma grande variedade de estruturas de propriedade
possveis.

Operao do sistema por proprietrio local

Esta a forma mais simples de modelo de operao. Neste caso, o sistema est geralmente
localizado no mesmo local em que a energia produzida usada. O investidor e o operador so
idnticos, visto que o sistema operado pelo proprietrio do local. Este geralmente organiza o
fornecimento do combustvel.

Este conceito pode ser alargado tambm ao fornecimento de propriedades terceiras nas vizinhanas
a partir do local existente. Neste caso, o calor e possivelmente o fornecimento de energia aos clientes
vizinhos tem de ser contratado.

Cooperao entre o operador do sistema e o fornecedor de combustvel

Esta espcie de acordo cooperativo hoje em dia, o modo mais comum de operar uma instalao de
aproveitamento energtico com sistemas de tamanho pequeno e mdio. O operador geralmente
tambm idntico ao investidor do projecto. A venda do calor e em alguns casos a energia tm lugar
atravs de contratos de fornecimento de longo prazo.

Geralmente, com este acordo contratual com o fornecedor de combustvel, os contratos de


fornecimento dizem apenas respeito a certos tipos de madeira. Estas so muitas vezes fornecidas a
preos fixos por um perodo definido de pelo menos um ano. Em sistemas de pequenas dimenses
existe apenas um fornecedor, em contraste com sistemas de maiores dimenses, para os quais, o
risco potencial de perda de fornecimento de combustvel minimizado, pelo acordo com vrios
fornecedores presentes na regio.

Leasing

O leasing e condies de aquisio e definio dos proprietrios dos projectos de aproveitamento


energtico de madeira so estabelecidos a longo prazo, entre os operadores e as empresas de
leasing. As condies de leasing, estabelecimento de responsabilidade e os limites de fornecimento
so sempre especificados por projecto.

No final do perodo contratual, com acordos de leasing possvel ao operador adquirir as instalaes
por um preo previamente especificado. Opes idnticas de leasing so oferecidas em muitos casos
pelos fabricantes dos sistemas. Estas podem ter interesse quando o operador do projecto no tem a
capacidade financeira que permita uma aquisio directa do sistema.

Financiamento do projecto

Com as expectativas financeiras adstritas ao sistema, investidores e empresas privados podem


financiar o projecto. O capital dos accionistas fornecido para a implementao e financiamento do
projecto. Para alm da perspectiva de lucro, muitos investidores so por vezes motivados pelo
carcter ambiental do projecto. A identificao com projectos de biomassa e a grande aceitao so
geralmente factores que aumentam a disposio dos investidores a apoiar os projectos.

Para propiciar o investimento, a exequibilidade tcnica do projecto deve ser investigada. Para
assegurar a credibilidade junto dos investidores, aconselhvel apoiar o projecto com relatrios

CALDEIRAS 6.14
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

imparciais de tcnicos reconhecidos. Alm disso, a viabilidade econmica do projecto deve ser
demonstrada em detalhe.

Factores importantes de sucesso para o financiamento do projecto so: descrio precisa do projecto
(da situao em particular) e das sinergias ecolgicas e sociais; demonstrao de um retorno
econmico seguro. Em muitos casos agncias financeiras, bancos especializados ou gabinetes de
projecto privados tomaro conta da administrao do capital de investimento e marketing profissional,
atravs dos seus gestores de recursos financeiros. A participao dos financiadores geralmente
representada por meio de holdings de accionistas na empresa do projecto, ou como quotas. Os
investidores participam nos lucros da empresa do projecto, de acordo com o seu nvel de
participao. Se ocorrerem perdas, o investidor responsvel pelos activos depositados, at perda
total do dinheiro investido.

Modelos cooperativos

Nesta forma de organizao, uma associao cooperativa de operadores fundada por vrios
participantes no projecto com o objectivo de implementar o projecto conjuntamente. Uma cooperativa
similar na sua estrutura a uma sociedade ou associao, podendo portanto aplicar-se, se
necessrio, a condio de ser sem fins lucrativos.

A cooperativa no realiza ela prpria benefcios, os lucros so distribudos aos parceiros na


associao. Para os participantes no projecto, o risco de investimento e operao partilhado, o que
permite um investimento em sistemas e mquinas mais eficientes.

6.6.2 Contratualizao

A contratualizao descreve os modelos nos quais as tarefas, na rea do financiamento,


planeamento, instalao, manuteno e reparaes para os sistemas, que fazem parte dos servios
tcnicos do edifcio, so feitas em outsourcing a uma empresa externa, na sua totalidade ou pelo
menos em parte.

Um cenrio tpico de contratatualizao envolve duraes de contrato de 10 a 20 anos. Durante este


tempo, a empresa contratualizada tem completa responsabilidade sobre o investimento e sobre os
sistemas de operao.

O refinanciamento dos investimentos feitos pelo proprietrio depende da forma de contratualizao.

Parcerias regionais

As parcerias regionais provam, muitas vezes, ser um modelo particular de sucesso para o
alargamento sistemtico do uso de biomassa nas regies. Estes modelos contam com as sinergias
econmicas, tcnicas e logsticas entre muitos parceiros regionais individuais.

Os parceiros em parcerias regionais podem vir dos sectores dos resduos, agricultura e silvicultura, e
autoridades locais, por meio de empresas municipais. Os investidores ou associaes de investidores
esto muitas vezes integrados na parceria para assegurar o financiamento do projecto. Os potenciais
operadores de centrais podem ser considerados, se tiverem as necessrias qualificaes tcnicas e
experincia prtica suficiente. A componente final nas parcerias regionais so os compradores
adequados do calor e outras formas de energia que podem ser produzidas, tal como frio e
electricidade.

CALDEIRAS 6.15
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

7 GASEIFICAO

H 200 anos, a biomassa principalmente a madeira ainda era a maior fonte de energia utilizada.
Contudo, se no tivessem aparecido os combustveis fsseis, os enormes aumentos de populao, o
incio da industrializao e o crescente padro de vida no teriam sido possveis. A produo global
anual de biomassa est, porm, estimada em cerca de cinco vezes o actual consumo primrio de
energia. Graas ao enorme progresso nas comunicaes, transportes e logstica, ser possvel, no
futuro, explorar comercialmente algum deste potencial.

Com uma agricultura e florestao sustentveis, e devido contribuio nula para as emisses de
CO2, a biomassa poder aumentar do seu nvel actual de 10% para um total de 20% na utilizao
global de energia, sem prejudicar a produo de alimentos prioritrios e a plantao industrial de
colheitas. Contudo, to alta percentagem s possvel quando, conjuntamente com madeira de alta
qualidade, se derivam outras biomassas a partir de resduos agrcolas mais difceis de utilizar, como
o desperdcio de cana de acar, silagem de milho, palha de cereal, feno de animais domsticos e
outras fontes de desperdcio orgnico para a produo de energia.

At aqui, a mais comum e mais conhecida forma de utilizar energia a partir da biomassa tem sido a
converso trmica directa, isto , a combusto. Porm, existem outras formas de utilizar biomassa
slida para energia, para produzir calor e electricidade. Uma delas a gaseificao, onde a biomassa
slida convertida em gs combustvel, num processo termoqumico. A produo deste combustvel
secundrio tem vantagens decisivas, em termos de possibilidades de manuseamento e converso em
energia til. Em princpio, os mesmos processos de converso ocorrem como aqueles utilizados na
combusto, mas as diferentes fases na converso termoqumica so separadas fsica e
cronologicamente. Isto quer dizer que o gs produzido pode ser usado numa unidade de cogerao,
que aproveita o teor de energia do combustvel para um efeito mximo, atravs da combinao de
calor e energia.

Figura 7.1 Modelo de central de gaseificao

A gaseificao da biomassa, em particular a gaseificao da madeira, uma das possibilidades mais


eficientes e amigas do ambiente para a utilizao da biomassa, na gerao de energia elctrica em
centrais de pequenas dimenses. Mesmo no perodo do ps-guerra, a tecnologia de gaseificao,
com gaseificadores de madeira, estava disponvel para operao comercial pela firma Imbert GmbH.
Ficou esquecida nos anos seguintes, com os preos baixos do petrleo, mas agora esto a ser
levadas a cabo investigaes, em muitos lugares, sobre o uso da tecnologia de gaseificao, embora
ainda no exista nenhum equipamento de gaseificao totalmente automtico, pronto para ser
vendido no mercado. O principal problema a contaminao do gs produzido, por partculas de
alcatro, o que torna impossvel o uso sustentado deste gs, em mquinas de combusto. Este

GASEIFICAO 7.1
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

problema pode ser resolvido de duas maneiras: melhorando a qualidade do gs e desenvolvendo


equipamento de purificao.

A gaseificao termoqumica da biomassa slida assim uma tecnologia importante para o futuro,
que poder contribuir para alcanar as crescentes necessidades de energia, atravs da combinao
de calor e energia, nas dcadas vindouras.

7.1 Princpios fundamentais

7.1.1 Gaseificao

Durante o processo de gaseificao, a biomassa convertida, o mais completamente possvel, a


altas temperaturas (acima de 600 C) num novo suporte de energia, na forma de um gs. Um meio de
gaseificao contendo oxignio (por exemplo, ar) aplicado biomassa aquecida. As substncias
orgnicas so desfeitas em compostos combustveis e o carbono residual sofre uma combusto
parcial para monxido de carbono. A gaseificao ocorre com a combusto sub-estequiomtrica
(0<O<1). A quantidade estequiomtrica do agente oxidante a quantidade mnima calculada a ser
aplicada ao combustvel para a combusto completa (O=1); a quantidade do agente oxidante
indicada por meio da proporo combustvel/ar O.

O calor necessrio para o processo geralmente fornecido por meio da combusto parcial da
biomassa.

Uma caracterstica fundamental da gaseificao a separao fsica e cronolgica da produo e


utilizao do produto do processo, o gs. Aqui reside a diferena entre combusto e inflamao.

Isto mostra que a gaseificao um sub-processo da combusto e que o gs produzido por uma
combusto parcial.

O gs combustvel de baixo poder calorfico, produzido com um valor mdio de 5 MJ/m3, pode ser
usado em queimadores, para fornecimento de calor, ou em motores de combusto ou turbinas a gs,
para produzir electricidade, ou calor e electricidade combinados.

7.1.2 Combustvel

As propriedades do combustvel so da mxima importncia na seleco de um gaseificador. Os


diferentes modelos de gaseificao precisam de combustveis com caractersticas especficas, tais
como uma composio pr-definida da superfcie e teor de mistura. Uma operao fivel, a longo
termo, apenas possvel quando os parmetros so observados. No existem gaseificadores que
consigam usar todos os tipos de combustveis e produzir gs limpo.

Um reactor projectado para a gaseificao de briquetes de madeira do tamanho de um punho,


quando usado com estilhas de madeira, produzir menos gs bruto, um teor de alcatro mais elevado
no gs bruto e sofrer outros efeitos negativos. Os combustveis que se encontram em diferentes
tamanhos no so, geralmente, muito adequados para a gaseificao. Esses combustveis tm
propriedades de fluxo insuficientes. Portanto, tendem a formar fragmentos, buracos e cavidades
indesejadas. Pedaos de madeira do mesmo tamanho (especialmente cubos e formas esfricas) so,
por outro lado, ideais.

Em contraste com os gaseificadores de fluxo directo, os gaseificadores contra-corrente podem


tambm gaseificar combustveis que no tm propriedades de superfcie uniformes, contudo esta
vantagem tem o seu preo, j que o gs possui um alto teor de alcatro e tem de ser purificado com
filtros caros, de modo a ser compatvel com os motores.

Um gaseificador funciona perfeitamente e tem um bom grau de eficincia se for apenas usado o
combustvel para ele designado e se houver um ptimo teor de mistura e de fragmentao. Muitos
construtores de gaseificadores operam o gaseificador, na fase de teste, com um dado combustvel.

GASEIFICAO 7.2
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

7.1.3 Estado da tecnologia

A tecnologia de gaseificao de madeira correntemente usada apenas em grandes centrais. Isto


tanto mais surpreendente quando se considera que a tecnologia j estava completamente
desenvolvida e era amplamente usada na Alemanha, depois da II Guerra Mundial.

Embora nesse tempo no tenham sido desenvolvidas centrais para a produo de energia e calor, a
tecnologia do motor para o mercado automvel estava a comear a aplicar-se.

Exemplo:

O gaseificador de 29 MWe chamado Amergas, em Getruidenberg, baseia-se no gaseificador com


base na circulao fluidizada, onde o gs de sntese tambm usado no gerador de vapor da central
de energia a carvo, ligada ao mesmo. A central tem capacidade para gaseificar at 150.000
toneladas de madeira por ano, que pode usar para produzir electricidade, com uma eficincia de
35%, substituindo assim o carvo como combustvel primrio. Embora o gaseificador Amergas tenha
funcionado sem quaisquer problemas, problemas tcnicos com a purificao do gs levaram a
demoras, no se conseguindo alcanar a capacidade total de produo de combustvel anual. Os
custos de investimento para o gaseificador so cerca de 1600 /kWe.

Figura 7.2 - Gaseificador Amergas na central energtica de Gertruidenberg, Holanda


Fotografia: Ecofys b.V. / www.ecofys.com

Na figura acima, est representado um gaseificador de base fixa. A biomassa, alimentada


normalmente pelo topo do reactor, em pedaos de combustvel slido, exposta a um meio de
gaseificao e passa atravs de vrios estdios, antes de chegar fossa das cinzas.

Antigamente, o princpio de gaseificao de corrente ascendente (o combustvel e o gs movem-se


em direces opostas) era muitas vezes aplicado. Hoje em dia, o princpio mais utilizado de
gaseificador contra-corrente, que pode ser usado em centrais com uma capacidade de cogerao de
biomassa entre 100 kW e 10 MW. Devido ao alto teor de alcatro no gs e s grandes necessidades
que se colocam para a sua purificao, no pode ser ainda contabilizada uma disponibilizao
comercial na cogerao.

GASEIFICAO 7.3
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 7.3 - Princpios bsicos de vrios tipos de gaseificadores


Fotografia: Ecofys b.V. / www.ecofys.com

Com um gaseificador de fluxo directo aplica-se uma gaseificao de corrente ascendente. Por outras
palavras, as direces do combustvel e do gs produzido so as mesmas. Os gases decompostos
na zona de pirlise so subsequentemente aquecidos numa zona de oxidao acima de 1000C. Tem
lugar um extenso processo de diviso dos compostos orgnicos de cadeia longa, resultantes em
compostos de cadeia curta, convertendo assim a matria rica em alcatro, em matria com baixo teor
de alcatro. Estes reagem na zona de reduo subsequente com as cinzas, para formar mais gs
(CO2 em CO). Isto significa que o gs bruto de sada pode ser usado quando se necessita de um gs
de elevada qualidade. Os gaseificadores de fluxo directo esto especialmente adaptados para a
produo combinada de calor e energia para centrais de baixa capacidade (at 500 kW).

Nos gaseificadores com leito fluidizado, a taxa de fluxo do gs to alta que uma base de material
(geralmente areia de pedreira) vinda de baixo, circula volta do combustvel. A converso do
combustvel e a troca de substncias tem lugar espontaneamente, em condies estveis de
combusto e temperatura, o que assegura uma combusto ptima.

Faz-se uma distino entre um gaseificador com base em bolhas de ar fluidizadas, no qual
caracterstica uma base fluidizada claramente definida (altura geralmente entre 1-2 metros), e um
gaseificador com base na circulao fluidizada, onde a base fluidizada se expande bastante. Estes
processos sofreram testes extensivos, mas apenas provaram ser economicamente viveis para
grandes centrais, devido tecnologia complexa e dispendiosa.

GASEIFICAO 7.4
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Exemplo:

A fbrica de gaseificao em Bladel uma fbrica de demonstrao agrcola de cogerao, para


gaseificar resduos de frango, com uma capacidade entre 60 kWe e 40 kWe. Os principais incentivos
deste tipo de fbrica so os custos considerveis, que tm de ser pagos na Holanda, para obter os
resduos orgnicos de frango. A base fluidizada deste gaseificador tem uma capacidade de mais de
900 toneladas de resduos orgnicos de frango por ano. A fbrica tornar-se- operacional no final de
2003. Os custos de investimento desta fbrica de demonstrao foram aproximadamente 8200 /kWe.

Figura 7.4 - Gaseificador de resduos orgnicos de frango, Bladel na Holanda

Com reactores de fluxo por arrastamento, as reaces de gaseificao tm lugar durante o transporte
pneumtico do combustvel, atravs do reactor. O combustvel deve ser primeiro modo finamente
para tornar possvel o transporte e assegurar tempos de reaco curtos para a gaseificao das
partculas individuais. No necessrio material base adicional, como no caso dos gaseificadores de
base fluidizada. Esta tecnologia no teve o mesmo alcance que os gaseificadores de base fixa e
fluidizada para a utilizao da biomassa, devido aos custos elevados.

Os gaseificadores de base fixa, usando a tcnica de fluxo directo, so adequados operao


comercial, com solues descentralizadas, especialmente na rea da cogerao enquanto que os
gaseificadores de base fluidizada so mais adequados para centrais de maiores dimenses.

As seces seguintes apenas examinaro mais detalhadamente a tcnica da gaseificao de fluxo


directo, visto que a mais avanada em termos de eficincia econmica e de competitividade no
mercado.

7.1.3.1 Instalao tcnica de um gaseificador de fluxo directo com utilizao de madeira

Uma central de gaseificao a madeira consiste na combinao de vrios procedimentos tcnicos. A


seguinte ilustrao mostra a estrutura do gaseificador, baseado no princpio de Joos.

GASEIFICAO 7.5
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Figura 7.5 - Estrutura de um gaseificador a madeira baseado no princpio de Joos

No gaseificador de Joos, o combustvel entra no reactor de gs (3), atravs de uma tremonha de


entrada (1), por meio de uma espiral transportadora (2). As partculas de p no gs produzido no
reactor so removidas por meio de um ciclone (4) e o gs transportado para a espiral de transporte,
para secagem indirecta, por meio de um permutador de calor (5), antes de ser usado como energia.

7.1.3.2 Produo de gs a partir da madeira num gaseificador de fluxo directo de base fixa
Para centrais de capacidade mais baixa, at 500 kW, so usados na maioria gaseificadores de base
fixa, usando o princpio de fluxo directo. As zonas de gaseificao destes sistemas esto indicados na
figura em baixo.

Figura 7.6 - Zonas de gaseificao num gaseificador de fluxo directo de base fixa

A gua contida no combustvel primeiro vaporizada a uma temperatura entre os 100C -200 C
(secagem). O prximo passo a desgaseificao e destilao trmica dos contedos, principalmente
em elementos de gs, a temperaturas entre 300C e 600C, na ausncia de oxignio (pirlise: O=0). A
oxidao do carbono e do hidrognio realiza-se a temperaturas geralmente acima de 600C, para
cobrir as necessidades trmicas da reaco de reduo endotrmica e para destruir os
hidrocarbonetos, que se formaram na zona de pirlise. O gs de madeira actualmente produzido a
temperaturas de cerca de 500C, por meio de uma reduo dos produtos de oxidao, CO2 e H2O, do
carbono. A base para este efeito o equilbrio Boudouard da reaco de carbono e outras reaces
de equilbrio, como os equilbrios de gs de gua e metano, que so fortemente influenciados pela
temperatura e presso.

GASEIFICAO 7.6
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Tabela 7.1 Reaces de reduo dos produtos de oxidao


Reaco Boudouard: C + CO2 CO -162.2 KJ/mol
Reaco do Hidrognio : C + H2O CO +H2 -119.0 KJ/mol
Reaco do Metano: C+ 2H2 CH4

Durante o processo de gaseificao, produzido um gs, que consiste numa mistura de gases
combustveis (H2, CO, CH4) e no combustveis (CO2, N2). A composio mdia mostrada no
grfico seguinte.

Figura 7.7 - Composio mdia de gs de madeira com ar como meio de gaseificao

A composio do gs bruto depende das caractersticas combustveis (tamanho dos pedaos, teor de
mistura e composio qumica), do agente de gaseificao, da temperatura de gaseificao e da
presso no reactor.

7.2 Utilizao como energia

7.2.1 Aplicaes da gaseificao

A gaseificao da biomassa uma tecnologia muito promissora, especialmente para a produo de


energia. A electricidade fornecida tem um elevado grau de eficincia. Alm disso, podem esperar-se
emisses mais baixas, relacionadas com o processo, como o caso da produo de electricidade,
por meio de uma combusto directa da biomassa. Por esta razo, tem sido levada a cabo muita
investigao, para tentar tornar esta tecnologia disponvel em centrais de larga escala.

Contudo, existem muito poucas centrais de gaseificao em operao no mercado e apenas para
produo de calor. Existem particulares dificuldades com a purificao do gs, visto que a biomassa
gaseificada mostra um elevado teor de poeiras e, por vezes, quantidades considerveis de materiais
orgnicos condensveis.

Os motores de combusto convertidos e as turbinas a gs requerem um gs combustvel condensado


e sem poeiras.

No existe um gaseificador ideal para os diferentes tipos de biomassa. Os diferentes gaseificadores


disponveis tm vantagens e desvantagens, em termos da biomassa a ser gaseificada, a qualidade
desejada do gs, bem como os custos de investimento e operao. Os diferentes sistemas de
gaseificao diferem em:

x Tipo de reactor (de base fixa, base fluidizada, reactor de fluxo por arrastamento);

GASEIFICAO 7.7
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

x O mtodo de fornecimento de calor (calor aplicado do exterior ou atravs da oxidao parcial do


combustvel);
x A direco do fluxo da biomassa e os meios de gaseificao (gaseificao contra-corrente ou
fluxo directo);
x O meio de gaseificao usado (ar, oxignio, vapor).

7.2.2 Possveis utilizaes da energia do gs produzido a partir da madeira

O gs da gaseificao da biomassa pode ser usado de diversas formas. Pode ser queimado
directamente e os gases queimados produzidos podem, por exemplo, ser usados para produzir calor
ou processar calor ou para alimentar um motor trmico. Contudo, o gs pode tambm ser usado
directamente num motor a gs ou numa turbina a gs, para produzir metanol ou hidrognio.

No futuro, o motor stirling e a pilha de combustvel podem tambm ser um meio de produzir energia,
com gerador a gs.

A queima do gs num motor a gs produz quase um kW de electricidade por Kg de madeira e em


unidades de co-gerao, geralmente, duas vezes mais energia trmica. O captulo seguinte discute
as vantagens da combinao de calor e energia.

7.2.3 Combinao de calor e energia numa unidade de cogerao

O mtodo mais promissor do uso de gs produzido atravs da gaseificao a partir da biomassa em


centrais de cogerao.

Geralmente os motores industriais ou dos veculos so modificados e requerem uma converso para
poderem usar gs da madeira. Levantam-se alguns problemas na produo do gs. Em particular, a
matria condensada contida no gs de sntese purificado pode depositar-se nos bocais de injeco.
Estes devem ser limpos, como parte do trabalho de manuteno. Os depsitos no compartimento do
motor encurtam os intervalos entre as mudanas de leo, que devem ter lugar aproximadamente em
cada 250 horas de operao. Os limites de tolerncia para os compostos de alcatro so 100 mg/m3,
para os quais vale a pena o uso do gs de sntese da gaseificao a partir da biomassa.

Isto significa que so muitas vezes usados motores a diesel convertidos e motores a gasolina,
baseados na injeco diesel ou nas velas de ignio. At agora, o mtodo de operao mais simples
e com mais sucesso tem sido com os motores de injeco. Embora estes necessitem de 5%-20% de
leo de ignio para iniciar o processo de combusto, no necessrio um gs de qualidade
consistente. O gs de sntese absorvido enriquecido no cilindro, por meio de injeco directa de
combustvel com a quantidade de diesel ou biodiesel necessrio para uma combusto limpa.

A quantidade exacta de leo de ignio que o motor necessita para manter a velocidade de rotao
em vazio injectada no motor. Na entrada de ar, ligado um misturador de gs, no qual se mistura
gs de sntese, no fluxo de massa de ar, at que o motor alcance a actuao pretendida. Regulando
a quantidade de leo de ignio, possvel reagir a flutuaes na qualidade do gs. Quando terminar
completamente a combusto do gs de sntese, possvel utilizar o motor com 100% de leo de
ignio.

O uso de motores a gs faz mais sentido, ecolgica e economicamente, mas requer uma qualidade
mais elevada de gs no que diz respeito operao, e est ainda em fase de experimentao. Muitas
instituies e empresas na Europa ainda esto a trabalhar no desenvolvimento e lanamento desta
tecnologia.

Concepes com motores stirling ou pilhas de combustvel esto na fase de desenvolvimento tcnico
e ainda no esto adequadas ao uso do gs de sntese.

7.3 Emisses e sub-produtos

Os sub-produtos dos gaseificadores so cinzas, condensados e por vezes carbono. Em boas


condies de operao, as cinzas podem ter um teor de carbono de 25% (% em peso). O

GASEIFICAO 7.8
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

condensado em madeira no contaminada consiste, principalmente, em gua e baixas quantidades


de alcatro. Alguns fabricantes de gaseificadores purificam as cinzas e condensados at ao ponto de
no serem considerados resduos perigosos. Geralmente, os condensados podem
subsequentemente ser colocados no sistema de esgotos e as cinzas podem ser enviadas para o seu
destino final. Contudo, alguns gaseificadores produzem uma elevada concentrao de substncias
txicas nos seus sub-produtos (cinzas, condensados), especialmente quando se usa desperdcio de
madeira. Estes sub-produtos prejudiciais tm um custo de deposio ou em alternativa a central deve
ser convertida, de modo a que eles no se acumulem desta forma. O carbono extrado por alguns
fabricantes e apresenta propriedades similares ao carvo activado.

Outras emisses so os fumos das unidades de cogerao que trabalham a gs de madeira. As


emisses ocorrem quando o gs queimado e durante operaes normais de cogerao. A queima
apenas necessria em operaes iniciais, para ligar e desligar a unidade.

As maiores emisses no gs bruto so de NOx, CO, SO2, e CnHm. Estas emisses diferem de acordo
com os diferentes tipos de gaseificador. Ainda no foi possvel determinar regulamentos definitivos de
emisses para as unidades de cogerao operadas com gs de sntese provenientes da gaseificao
da biomassa, mas os limites de tolerncia a serem observados orientar-se-o provavelmente para os
de combustveis de massa slida.

O elevado teor de CO das emisses requer, em particular, uma purificao intensa. De modo a
satisfazer os limites de tolerncia das emisses, os fumos do motor devem tambm ser filtrados com
um catalisador de oxidao.

As condies predominantes de reduo no compartimento do combustvel representam uma


vantagem ambiental da tecnologia da gaseificao. No fornecida mais do que a quantidade
necessria de oxignio para manter a temperatura no processo de pirlise, no reactor de
gaseificao. Este produz gs de sntese utilizvel durante a converso da madeira residual, mas no
azoto. A combusto subsequente do gs no motor da central de cogerao controlada, resultando
numa combusto que emite substncias txicas mnimas, para todas as fases de operao.

A formao de outras substncias txicas, como as dioxinas e furanos, evitada devido ao baixo
nvel de oxignio. Especialmente devido monitorizao das reaces em cada fase do processo, as
emisses so mnimas e a descarga de substncias prejudiciais regulada. Alm disso, o risco das
cinzas geradas terem substncias prejudiciais, como metais pesados, apenas se coloca se os
materiais a consumir contiverem tambm estes contaminantes.

GASEIFICAO 7.9
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

8 ENQUADRAMENTO LEGAL PARA SISTEMAS DE BIOENERGIA

Este captulo fornece uma introduo s questes legais relevantes, relacionadas com a construo e
operao de um sistema de biomassa. D uma viso dos aspectos gerais vlidos para qualquer
sistema e detalhes especficos para as diferentes tecnologias, dado existirem digestores anaerbios,
aplicaes com biocombustveis, e unidades de combusto de biomassa slida.

Devido s alteraes dos regulamentos, evita-se fornecer detalhes dos decretos e procedimentos
especficos, mas nomeiam-se aspectos relevantes que geralmente influenciam os projectos de
biomassa. Para alm disto, fornecida uma lista com referncias s fontes mais importantes, onde
pode ser obtida informao detalhada.

8.1 Introduo

Analisando o quadro legal relevante para instalao e operao de centrais de biomassa, podem
distinguir-se geralmente trs seces:

x uma seco geral, associada instalao e operao de sistemas de energias renovveis e a


sua ligao rede elctrica;
x uma seco especfica do sistema, ligada construo e operao de um sistema de biomassa
particular (central de biogs, unidade de combusto de biomassa fornecendo calor e/ou energia
ou um motor de cogerao movido a biocombustvel);
x uma seco especfica relacionada com a entrada de biomassa na central.

8.1.1 Aspectos legais gerais

A primeira seco geral cobre basicamente o enquadramento geral para a alimentao de


electricidade rede elctrica. H alguns anos, a alimentao de electricidade de produtores de
energia independentes, para a rede elctrica, precisava de ser negociada com o respectivo operador
de rede para cada nova central de energia. Hoje em dia, na maior parte dos pases desenvolvidos,
este aspecto geralmente regulado por esquemas especiais para a electricidade de fontes de
energia renovveis ou para mquinas ou centrais de cogerao. De seguida as questes especficas,
tal como o acesso rede preferida a custos razoveis, comearam a surgir. Geralmente, um rgo
governamental designado d a necessria autorizao.

8.1.2 Construo e operao de sistemas de bioenergia

A instalao e operao de sistemas de biomassa requer vrias licenas e autorizaes, antes da sua
construo, operao ou fornecimento de calor ou energia. Em geral, o procedimento de
licenciamento para sistemas de biomassa duplo, dependendo das caractersticas da central. Por um
lado, necessrio obter uma licena de construo para permitir a construo de um novo edifcio e
por outro, necessrio estabelecer a concordncia com a regulamentao nacional existente. Para
casos especiais, em particular grandes centrais, os estudos de impacte ambiental tm de demonstrar
que o sistema em causa no pe em causa as condies ambientais locais, de acordo com a
respectiva regulamentao ambiental.

Para sistemas de aquecimento de pequena escala, no so requeridas, muitas das vezes, quaisquer
licenas, sendo necessrias apenas medies regulares de emisso.

Geralmente, o enquadramento legal relacionado com a construo e operao de um sistema de


biomassa consiste nos Decretos e Regulamentos legais a que se deve obedecer. Para alm disso,
regulamentaes detalhadas explicam os procedimentos a ser seguidos, para obter uma determinada
licena para o respectivo sistema.

Complementarmente, durante a execuo tcnica da instalao, os fabricantes devem seguir certas


tcnicas e padres (por exemplo, regulamentos tcnicos sobre instalaes elctricas), que so
geralmente estabelecidas pelas associaes de profissionais, institutos de normalizao ou entidades

ENQUADRAMENTO LEGAL PARA SISTEMAS DE BIOENERGIA 8.1


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

similares. Contudo, as empresas de instaladores registadas so responsveis pelo trabalho


efectuado, relativamente s regulamentaes tcnicas aplicveis.

8.1.3 Questes legais relacionadas com a biomassa

O espectro de utilizaes da biomassa, as suas diversas caractersticas, as diferentes origens e os


vrios tipos de aplicaes mostram a complexidade da instalao de projectos de biomassa. Por
exemplo, analisando um segmento da biomassa slida, a biomassa da madeira, a variao, tendo em
conta a qualidade da madeira, estende-se desde os resduos frescos da floresta at aos resduos de
madeira altamente contaminados. O material de entrada nas centrais de digesto anaerbia
demonstra uma maior variedade, para nomear apenas alguns: resduos orgnicos, resduos da
indstria alimentar, incluindo a produo de carne, a fraco orgnica dos lixos domsticos, culturas
de aproveitamento energtico etc. Cada cadeia de biomassa tem de ser tratada de um modo
especfico, por forma a ser utilizada como combustvel para produzir electricidade e/ou calor. Mas,
juntamente com os aspectos tcnicos, h tambm um nmero de questes legais a serem
consideradas para cada cadeia especfica. Em geral, as cadeias de biomassa so categorizadas
devido a trs questes principais:

x A aptido de um certo material como portador de energia renovvel, que tambm importante
para se fazer uso de medidas de apoio;
x A classificao de uma biomassa especfica e os respectivos regulamentos de emisso;
x A identificao da necessidade de tratamento especial de um material de entrada ou de sada.

8.2 Questes gerais de licenciamento para sistemas de energia renovveis

8.2.1 Licena de acesso rede

Quando se planeia instalar um projecto de biomassa, em que a electricidade produzida e enviada


para a rede, essencial a candidatura ao acesso rede junto da autoridade designada. Geralmente
um organismo governamental ou a empresa de operao da rede. Na maior parte dos pases, esta
questo apenas um acto formal, se o sistema instalado estiver em conformidade com os padres
tcnicos. Contudo, certas circunstncias podem afectar os custos relacionados com a licena de
acesso rede, independentemente das taxas normais de licenciamento. Por exemplo, a capacidade
das linhas locais de electricidade ou as subestaes de converso podem ser mais pequenas do que
o necessrio, de modo que tem de ser acrescentada capacidade adicional na rede ou o sistema tem
de ser ligado a uma linha mais distante, com maior capacidade.

8.2.2 Licena de construo

Normalmente, tm de ser concedidas licenas de construo aos sistemas de biomassa para a


instalao do sistema e respectivos edifcios. Em alguns pases, onde j foi construdo um nmero
significativo de sistemas de energia renovvel, existem cdigos especiais de construo para estes
sistemas. Contudo, em muitos pases, tais sistemas so vistos como sistemas de converso de
energia, idnticos a qualquer outra central de energia, e respectivos edifcios. Algumas vezes, esta
classificao pode criar um nmero de requisitos que vo para alm dos que so necessrios para
um projecto de biomassa. Portanto, aconselhvel verificar com a respectiva autoridade, numa fase
inicial do projecto, quais os regulamentos particulares que devem ser cumpridos. Geralmente, a
entidade que autoriza o licenciamento, local, regional ou at nacional, depende da capacidade
trmica do sistema de biomassa. Nos casos em que as autoridades locais esto envolvidas, pode
acontecer que a autoridade seja confrontada com tal sistema pela primeira vez e que, portanto, o
processo de licenciamento leve mais tempo do que geralmente necessrio.

8.2.3 Requisitos Tcnicos

No processo de construo de sistemas tcnicos necessrio, em geral, um certo nmero de


habilitaes tcnicas que apenas pessoal habilitado pode fornecer. Por exemplo, existem regras
ENQUADRAMENTO LEGAL PARA SISTEMAS DE BIOENERGIA 8.2
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

comuns para a instalao de equipamento elctrico. No entanto, especificamente em sistemas de


ligao rede, apenas electricistas que esto registados na respectiva empresa operadora de rede
esto autorizados a efectuar este trabalho.

Para alm disso necessrio haver uma inspeco, para verificar se a instalao foi efectuada de
acordo com os regulamentos e os padres tcnicos vlidos. Esta inspeco conduzida pelas
entidades de inspeco especficas. Em particular, os sistemas de segurana esto sujeitos a tais
autorizaes.

8.3 Processos de licenciamento para sistemas de biomassa

Deve seguir-se um nmero de regulamentos, de modo a obter uma licena para construir e operar
uma central de biomassa. Para sistemas mais pequenos, tal como aquecimentos a biomassa de
pequena escala (por exemplo foges a pelletes), as licenas necessrias esto na maioria limitadas
conforme os presentes regulamentos de emisso e certas regras de segurana, devido ao
manuseamento de combustvel. As autoridades locais municipais geralmente tratam desta questo.

Para sistemas maiores de biomassa, o processo de licenciamento torna-se mais complexo e vrias
autoridades, no s municipais, esto envolvidas na concesso das licenas necessrias.

Durante toda a fase de desenvolvimento do projecto e respectivo processo de licenciamento,


importante contactar, numa fase inicial, as respectivas autoridades. Por um lado, fornece ao
proponente do projecto os detalhes necessrios sobre a informao que necessria para a
candidatura respectiva licena e, por outro lado, o contacto com antecedncia pode poupar muito
tempo e dinheiro durante o processo de licenciamento.

Geralmente, os procedimentos de licenciamento diferem para as centrais de digesto anaerbia e


para os sistemas de combusto alimentados a biomassa, que fornecem calor e/ou energia a centrais
estacionrias de calor e energia abastecidas com biocombustveis lquidos. Em geral, a licena est
relacionada com as seguintes reas:

x Combustvel (tipo e caractersticas da biomassa utilizada);


x Emisses;
x Resduos.

Sistemas de
Input Geral
combusto
Emisses
Combustvel Ligao rede
Impactes
renovvel? Licena de construo ambientais

Grau de Emisses
Combusto
contaminao gasosas

Pr-tratamento Digesto Biogs Emisses


Cogerao
necessrio anaerbia gasosas

Material Cinzas
digerido
Output Compostagem ou deposio

Figura 8.1 - Quadro legal para um projecto de biomassa

Na figura acima, apresentada uma viso do quadro legal e respectivos pontos de licenciamento
para sistemas de combusto e centrais de digesto anaerbia. Apresentam-se as quatro categorias
principais do licenciamento, que esto relacionadas com o input (biomassa), o output (resduos),
questes gerais (edifcios e ligao rede) e aspectos de licenciamento para sistemas de combusto.
Estes ltimos tambm se aplicam a qualquer outro sistema usando qualquer tipo de combustvel.

ENQUADRAMENTO LEGAL PARA SISTEMAS DE BIOENERGIA 8.3


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

8.3.1 Input de biomassa

Geralmente, a legislao de um pas fornece regras a partir das quais as fontes de energia so
consideradas como portadoras de energia renovvel e, portanto, elegveis para as medidas de apoio
nacional. Tendo em vista a biomassa, existem geralmente distines posteriores, definindo o tipo de
biomassa, incluindo a fonte de cada cadeia de biomassa e as tecnologias que permitem converter a
biomassa em calor e electricidade. Por vezes, so dados certos requisitos tendo em conta os pr-
tratamentos. As razes principais para tais definies detalhadas residem nos diversos e mltiplos
tipos de cadeias de biomassa e na necessidade de estar em conformidade com a respectiva
legislao.

Alguns exemplos:

x Em alguns pases, os resduos so vistos como um combustvel, noutros no;


x A turfa considerada como biomassa na Finlndia, mas na maioria dos outros pases
classificada como um combustvel fssil;
x O grau de contaminao dos resduos de madeira define a sua categorizao como combustvel
renovvel ou no, num certo nmero de pases; por exemplo, na Alemanha, no pode ser
excedido um certo limite de PCB/PCT ou dioxinas/furanos, de outra forma considerado como
resduo especial, que necessita de seguir regras especiais para ser removido;
x Os resduos da produo de carne ou a fraco orgnica dos resduos domsticos necessitam
geralmente de ser higienizados, antes de serem autorizados como material para uma central de
biogs;
x Na Holanda, a electricidade que produzida por biomassa co-combustvel, em grandes centrais
de energia a carvo, qualificada para apoiar medidas para fontes de energia renovvel;
x Na maior parte dos pases, o tipo de material de entrada numa central de digesto anaerbia
define se o produto digerido pode ser usado como fertilizante ou se deve ser removido.

Devido grande variedade de cadeias de biomassa e a diferena nas aplicaes tcnicas para
utilizao da biomassa como portadora de energia distinguem-se as duas maiores categorias de
aplicao: digesto anaerbia e sistemas de combusto. Uma vez que as aplicaes estacionrias de
biocombustvel consistem numa mquina de cogerao ou numa caldeira, os aspectos legais
relevantes so tratados na parte de digesto anaerbia (mquina de cogerao) ou na parte do
sistema de combusto (caldeira).

8.3.2 Emisses

Em geral, quando se fala em emisses referem-se a emisses de partculas ou gases que so


prejudiciais ao ambiente e aos seres humanos. Para alm destas emisses, o rudo tem tambm de
ser considerado, quando se opera uma instalao tcnica. Contudo, os regulamentos da emisso de
rudo so geralmente menos importantes (dada a relativa facilidade em obter conformidade legal) do
que a emisso de gases ou partculas para o processo de licenciamento.

Onde quer que o combustvel seja incinerado, num processo de combusto (uma caldeira, um fogo
ou uma cmara de combusto de uma mquina de cogerao) so emitidos gases de combusto.
Geralmente, estes consistem numa mistura de diferentes gases e partculas. Os elementos principais
so componentes oxidados do combustvel, tais como dixido de carbono, monxido de carbono,
xidos de azoto, xidos de enxofre, metais pesados e partculas de combustvel no oxidadas. Outros
componentes podem ser substncias formadas pela influncia de altas temperaturas e presses,
durante o processo de combusto, tal como o cido hidroclordrico ou at dioxinas quando se
incineram certas fraces de resduos de madeira contaminada.

A conformidade com os regulamentos de emisses um dos elementos centrais que tem de ser
provado durante o processo de licenciamento. A concesso de uma licena permite apenas a
combusto dos combustveis que fazem parte dos documentos de licenciamento. Devido s
diferentes emisses originadas por combustveis distintos, qualquer mudana de combustvel requer
uma nova licena. Da que, uma vez construda e posta a laborar uma central de biomassa,
ENQUADRAMENTO LEGAL PARA SISTEMAS DE BIOENERGIA 8.4
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

necessrio ter muito cuidado em verificar o combustvel utilizado e se corresponde ao permitido na


licena.

Existem diferenas nos regulamentos de emisses da maioria dos pases, dependendo do tipo de
combustvel usado, da capacidade de produo de energia do processo de combusto e do tipo de
tecnologia utilizada. Por exemplo, diferentes limites de emisso podem obter-se se for incinerada
madeira ou palha, ou se a capacidade de produo for 100k W ou 20MW.

Os limites fixados de emisses, nos respectivos regulamentos, requerem geralmente tecnologias de


limpeza do gs de combusto, equipamentos de medida e aparelhos de controlo. Naturalmente, isto
influencia os custos de investimento e, desta forma, a viabilidade do projecto.

8.3.3 Aspectos especficos da tecnologia

Neste captulo so apresentadas as questes especficas da tecnologia relacionados com o quadro


legal e o licenciamento, distinguindo entre digesto anaerbia, sistemas de aquecimento de pequena
escala e sistemas de combusto de larga escala.

8.3.3.1 Digesto anaerbia

Um aspecto que destaca as centrais de biogs a grande variedade de potenciais co-substratos que
podem ser usados como material de entrada num digestor anaerbio. Esta variedade pode levar a um
conjunto de diferentes requisitos, tendo em conta o pr-tratamento e o impedimento do uso do
material digerido como fertilizante.

Geralmente, existem regulamentos que determinam regras particulares de tratamento para cadeias
especficas de biomassa e, aqui em particular, quando se tm muitos resduos da produo de carne
ou a fraco orgnica de resduos domsticos. Isto implica, muitas vezes, a necessidade de se
pedirem licenas para cada co-substrato.

Especificamente para centrais de biogs agrcola, importante que o produto digerido possa ser
utilizado como fertilizante nos solos agrcolas e que no seja tratado como resduo. Caso contrrio
necessrio proceder sua remoo, com custos elevados. Portanto, preciso ter muito cuidado
quando se decide a adio de certos co-substratos. Alguns tm elevados nveis de metais pesados
ou outros componentes que podem contaminar o produto digerido e assim impedir que seja utilizado
nos solos agrcolas.

Para alm dos aspectos legais relacionados com a biomassa, o motor de cogerao, como motor de
combusto, requer tambm uma licena. Neste caso a minimizao das emisses tem um papel
relevante.

Complementarmente, existem regras de segurana para o manuseamento do gs que tem de estar


em conformidade com as respectivas regras.

8.3.3.2 Sistemas de aquecimento de pequena escala

Os sistemas de aquecimento comuns de biomassa so fabricados em grandes sries e vm com um


certificado de conformidade, com os padres e normas vlidos, entre eles, os regulamentos de
emisso para a respectiva capacidade de aquecimento. Portanto, na maioria dos casos no so
necessrias licenas especficas. apenas necessrio fazer medies de controlo das emisses.

Certas precaues de segurana devem ser seguidas quando se armazena biomassa para
aquecimento, de modo a evitar acidentes e minimizar os riscos de incndio.

8.3.3.3 Sistemas de combusto de mdia e grande dimenso

Um dos passos mais importantes durante o desenvolvimento de um projecto de biomassa de maior


dimenso o contacto antecipado com as autoridades de licenciamento. Estas fornecem ao
proponente do projecto a informao actualizada necessria, sobre os documentos necessrios e

ENQUADRAMENTO LEGAL PARA SISTEMAS DE BIOENERGIA 8.5


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

relatrios de especialidade, bem como a prtica corrente de licenciamento para o tipo de sistema
especfico.

Idntica s fbricas de biogs, a conformidade com os regulamentos de emisses representa a parte


central, durante o processo de licenciamento dos sistemas de combusto de maiores dimenses. Os
limites de emisso dependem da capacidade de energia da respectiva central e do tipo de biomassa
usado.

Em contraste com os sistemas de aquecimento de pequena escala e geralmente com as centrais de


biogs de menores dimenses, o licenciamento de centrais de combusto de maiores dimenses
pode tambm incluir um estudo de impacte ambiental e um envolvimento do pblico. Geralmente, tais
requisitos so definidos nos respectivos procedimentos e decretos. Em geral, quanto mais
contaminado est um combustvel e quanto maior a central, mais elevados so os requisitos
durante o processo de licenciamento.

8.3.4 Documentos que acompanham o processo de licenciamento

Um certo nmero de documentos tem de ser fornecido s diferentes autoridades de licenciamento,


acompanhando os formulrios formais de licenciamento. A lista seguinte apresenta uma indicao do
tipo de documentos necessrios:

x Descrio do projecto;
x Desenhos gerais;
x Descrio da biomassa;
x Diagramas de fluxo do processo;
x Tempos de operao;
x Dados tcnicos do sistema e componentes;
x Medidas de reduo de emisses;
x Medidas de segurana;
x Destino final dos resduos.

Alguma da informao a ser fornecida s autoridades de licenciamento necessita de ser preparada


em relatrios da especialidade, elaborados por organizaes acreditadas independentes.

8.3.5 Informao Adicional

De modo a obter informaes adicionais no quadro legal actualizado, devem-se contactar as


respectivas autoridades do pas onde o projecto de biomassa est a ser desenvolvido.

ENQUADRAMENTO LEGAL PARA SISTEMAS DE BIOENERGIA 8.6


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

9 MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA

Os novos desenvolvimentos tecnolgicos requerem, geralmente, um conjunto de condies para


poderem passar da fase de investigao e de projecto piloto, para a fase de mercado, onde a
comercializao em grandes quantidades lhes possa permitir conseguir a desejada competitividade.
Na maioria dos casos, estas condies so estabelecidas pelos governos, nomeadamente o contexto
em que as tecnologias se podem enquadrar.

Os sistemas de energia renovvel (SER) so uma das opes para reduzir as emisses de gases
com efeito de estufa. Desta forma, constituem um importante contributo nos esforos da maioria dos
governos dos pases Europeus, no que respeita ao necessrio contributo para se reduzir as
emisses, que se encontram na origem das alteraes climticas. Este captulo apresenta as
diferentes medidas de apoio para projectos de biomassa, bem como contactos detalhados e links,
onde pode encontrar-se informao sobre as medidas de apoio nacionais e europeias.

9.1 Introduo

Esto a ser aplicadas, nos diferentes estados membros da Unio Europeia, uma grande variedade de
medidas para promover sistemas de energia renovveis. Em geral, pode afirmar-se que uma poltica
de energia renovvel com sucesso, em cada pas, no depende de um simples mecanismo de apoio,
mas antes de uma combinao de um nmero de efeitos equilibrados. Estes efeitos podem
categorizar-se nas seguintes classes:

x poltica;
x legislativa;
x fiscal;
x financeira;
x administrativa.

Para alm destes efeitos, os programas especficos de desenvolvimento tecnolgico e os efeitos


educacionais, tm tambm um papel complementar.

9.2 Viso geral dos mecanismos de apoio para os sistemas de energia renovvel

9.2.1 Polticas de incentivo

A base para um mercado nacional de energia renovvel bem desenvolvido a incorporao de


objectivos, a longo prazo, da energia renovvel na poltica energtica global de um pas. Em pases
onde a autonomia das regies ou dos estados federados como a Alemanha, a ustria ou a Espanha,
as polticas de energia regional contribuem em larga escala para a definio de uma poltica nacional.

Exemplo 1:

A poltica energtica finlandesa tem apoiado, nos ltimos dez anos, a promoo dos sistemas de
energia renovvel e, em particular, a utilizao em larga escala da biomassa, como uma fonte de
energia renovvel. Em 1994, foi lanada uma estratgia nacional para a biomassa, definido como
objectivo, um aumento de 25% (~61PJ/a) em 2005 de uso da biomassa, comparativamente a 1992.
Cinco anos mais tarde, em 1999, foi estabelecido um plano de aco para as energias renovveis,
reforando estes objectivos. No caso da biomassa a meta passou para 114,5PJ/a.

Exemplo 2:

Em 2003, os Estados Unidos estabeleceram um programa para a biomassa, para reduzir a


dependncia do petrleo estrangeiro, com dois grandes objectivos a longo prazo: i) desenvolver
combustveis lquidos; ii) e criar uma indstria de biomassa domstica. Isto conseguir-se- removendo
as barreiras da eficincia econmica e da viabilidade ambiental.

MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.1


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

9.2.2 Medidas legislativas

Analisando as medidas legislativas que apoiam a produo de energia renovvel, a primeira medida
para a electricidade verde, dar-lhe preferncia no acesso rede de electricidade, a preos
razoveis. Uma Directiva Europeia criou uma fundao, tendo em vista assegurar este importante
factor, exigindo encargos transparentes e razoveis para o acesso rede. Contudo, diversos estados
membros da UE j contemplavam na sua legislao esta soluo.

Comparando os instrumentos de apoio legal para a electricidade verde, podem distinguir-se,


basicamente, trs: i) legislao sobre venda rede elctrica; ii) vantagens competitivas; iii) e sistemas
por quotas.

A legislao sobre venda rede, oferece receitas fixas para cada kilowatt-hora de electricidade verde.
Um grande nmero de pases membros da UE tem legislao deste tipo em curso, como so os
casos da Alemanha, da Dinamarca e de Espanha, os quais tm apresentado um sucesso
particularmente elevado com este tipo de medida legislativa.

Exemplo:

Na Alemanha, a Lei sobre as Fontes de Energia Renovvel (EEG), surgiu no dia 1 de Abril de 2000 e
substituiu a antiga lei de venda de electricidade rede (que iniciou o sucesso da electricidade verde,
em 1990). Esta lei regulamenta dois grandes aspectos:

1. d acesso preferencial rede de electricidade para as fontes de energia renovvel;


2. estabelece benefcios de venda para a electricidade que alimenta a rede nacional de electricidade
durante 20 anos.

Para alm disso, define quais as fontes de energia renovvel e as que no so. As receitas fixas de
venda de electricidade variam, dependendo da fonte de energia renovvel e da capacidade do
sistema de energia renovvel. A electricidade da biomassa recebe benefcios de 84 a 99 /MWh
(2004) e quanto menor for a capacidade do sistema, maior o benefcio.

Figura 9.1 - Viso genrica dos principais mecanismos de apoio na UE

Um sistema de obrigaes por quotas requer que o fornecedor de electricidade, o produtor, o


operador de rede ou o consumidor, criem ou comprem uma certa quota de electricidade verde. Os
certificados verdes comerciais e as sanes complementam estas obrigaes de quota. Hoje em dia,
na Blgica e no Reino Unido, as quotas so aplicadas aos fornecedores e em Itlia aos produtores.
Na Sucia planeia-se introduzir um sistema de quotas baseado no consumidor.

MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.2


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Exemplo:

Desde o dia 1 de Abril de 2002, que a chamada Renewable Obligation (RO) est em vigor no Reino
Unido. De acordo com a RO, os fornecedores de energia so obrigados a comprar uma certa
proporo de electricidade proveniente das fontes de energia renovvel. Durante o primeiro perodo
desta lei, de Abril de 2002 at Maro de 2003, 3% da electricidade fornecida tem que ter origem em
fontes de energia renovvel. A proporo aumentar at Maro de 2011, para 10,4%. Se o
fornecedor decidir no cumprir este requisito, deve ento pagar uma compensao de 30/MWh
entidade reguladora. A prova da compra feita atravs de Certificados de Renewable Obligation
(ROCs), que podem ser comercializados entre os fornecedores de electricidade.

O sistema de oferta competitiva envolve geralmente um pedido para uma certa capacidade de
electricidade verde, que oferece preos fixos para um certo perodo de tempo ao licitante ganhador. A
Irlanda (e anteriormente no Reino Unido) tem um sistema de oferta apropriado para a capacidade
elctrica elica e da biomassa. A Frana tinha o mesmo sistema para a energia elica, mas mudou
para um sistema de venda rede de electricidade.

Quer a obrigao por quotas quer a oferta competitiva, so instrumentos de mercado, em contraste
com o sistema de venda renda.

9.2.3 Incentivos fiscais

As medidas fiscais incluem impostos ambientais, tais como impostos adicionais sobre combustveis
fsseis, emisses de CO2 ou iseno de imposto para a electricidade verde, mas tambm incentivos
fiscais para investimentos em SER. Supe-se que tais instrumentos criem um estmulo necessrio
procura directa. Os incentivos ao investimento so oferecidos num nmero de estados membros da
EU, complementando as medidas legislativas. Por exemplo, na Alemanha e na Sucia, as isenes
fiscais para investidores privados so oferecidas para o investimento em projectos de energia elica.
Nos Pases Baixos, um esquema de diminuio acelerada oferecido a investidores nos sistemas de
energia renovvel, para atrair capital para a nova capacidade SER. Apenas os Pases Baixos e o
Reino Unido oferecem uma iseno de imposto sobre o consumo ou produo de electricidade verde.
A Frana e a Alemanha oferecem iseno de impostos para o uso de biocombustveis, tais como o
biodiesel na Alemanha e o biodiesel e o bioetanol em Frana.

Exemplo:

Nos Pases Baixos, cada consumidor de electricidade tem de pagar uma certa quantia referente a
uma taxa ecolgica chamada REB, por cada kilowat-hora que consome. A quantia varia com o
consumo total anual: grandes consumidores (>10000MWh/a) no tm de pagar REB, enquanto que
pequenos consumidores (<10MWh/a) so obrigados a pagar 63,9/MWh. Se o consumidor decide
comprar electricidade de fontes de energia renovvel, o REB reduzido para 29/MWh.

9.2.4 Subsdios, concesses ou programas de emprstimo

dado apoio financeiro, quer atravs de subsdios de investimento directo, quer atravs de
emprstimos a baixo juro. Os certificados verdes tambm oferecem apoio financeiro adicional para a
electricidade verde. Os subsdios de investimento esto a ser oferecidos na maior parte dos estados
membros da UE, mas com uma dimenso e um realce diferentes. Devido maturidade da tecnologia,
na maioria dos pases, a energia elica j no elegvel para subsdios de investimento. Durante
muito tempo, por exemplo, na Dinamarca a energia elica foi fortemente apoiada, o que levou a um
grande desenvolvimento desta tecnologia neste pas. Hoje, a fora da indstria elica dinamarquesa
mostra os resultados de um investimento inicial, tendo-se tornado um factor importante para a sua
economia.

MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.3


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Os sistemas fotovoltaicos (PV) tm sido e so subsidiados, na maior parte dos pases, visto que a
tecnologia ainda bastante cara. Contudo, em alguns pases com prmios mais altos fixados para a
electricidade de sistemas PV, os subsdios tm sido diminudos ou esto disponveis apenas para
instalaes especficas inovadoras ou programas que j terminaram. Em toda a UE, os sistemas de
biomassa so apoiados financeiramente por programas de investimento directo, para apoiar uma
implementao posterior. Juntamente com os subsdios de investimento directo relacionados com os
sistemas SER, existem tambm subsdios de fundos estruturais da UE, que so oferecidos para
melhorar as infraestruturas de certas regies ou pases dentro da UE. Tais concesses estiveram
disponveis em pases como Portugal, Espanha e Irlanda, mas tambm em regies como a ustria.

Exemplo 1:

O programa remoto de produo de Energia Renovvel na Austrlia oferece concesses at 50% dos
custos de capital das instalaes de energia renovvel, que operam fora da rede.

Exemplo 2:

So oferecidos emprstimos a baixo juro, na estrutura do programa Ambiental de um banco alemo


(Die Mittelstandsbank), para sistemas de energia renovvel, at uma proporo de capital em dbito
de 75% dos custos do capital total. Os juros destes emprstimos so geralmente 2% mais baixos do
que os emprstimos dos bancos.

9.2.5 Apoio administrativo para o SER

Medidas legislativas, fiscais e financeiras so os factores mais importantes para instalar, com
sucesso, um sistema de mecanismos de apoio electricidade verde. No obstante, uma vez chegado
implementao do SER, deve ser tomado em conta um nmero de barreiras administrativas, sendo
as duas mais importantes os procedimentos de licenciamento e as normas de emisso (gases de
efeito estufa, partculas, rudo, etc).

Exemplo 1:

Nos Pases Baixos, muito difcil obter autorizao para a instalao de sistemas de biogs com
motores de cogerao. Embora os pases baixos tenham uma grande produo de resduos
orgnicos de pecuria, os regulamentos para distribuir os resduos orgnicos digeridos como
fertilizante so muito rgidos.

Exemplo 2:

Um exemplo positivo para uma regulamentao, que facilita a implementao do SER, a


necessidade que as autoridades locais na Alemanha tm em atribuir certas reas nos Planos
Directores Municipais, classificando-as como reas em que possa ser usada energia elica. Isto d
uma orientao de planeamento importante para localizar projectos de energia elica.

MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.4


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

9.2.6 Apoio de desenvolvimento tecnolgico

Um outro aspecto que ajuda a promover o mercado da energia renovvel e a criar uma
implementao sustentvel de energias renovveis na economia nacional, o desenvolvimento
tecnolgico. Aqui, os subsdios para investigao e desenvolvimento (I&D) e os programas de
investigao nacional, so os instrumentos comuns mais importantes. O apoio de todas as fases,
desde a investigao, passando pela demonstrao at implementao, so indispensveis. S
desta forma ser possvel assegurar o know-how necessrio dentro de uma poltica de pessoal
qualificado. Outro aspecto importante o fortalecimento da indstria nacional envolvida em produtos
e projectos de energia renovvel, apoiando assim a prpria economia, atravs da criao de
empregos e potencial de exportao. So exemplos excelentes a indstria elica dinamarquesa e
alem, mas tambm a indstria fotovoltaica na Alemanha e nos Pases Baixos, ou a biomassa na
Finlndia e Sucia.

Exemplo:

A estrutura do Programa de Desenvolvimento da Indstria da Energia Renovvel (DIER), tem sido


estabelecida pelo governo australiano, para apoiar a indstria de energia renovvel australiana. Tm
sido assegurados programas de concesses competitivas, a empresas que conseguem demonstrar
que os seus projectos apoiaro o desenvolvimento da indstria de energia renovvel. O DIER
fornece A$ 6 Mio e financiou duas fases anteriores avaliadas em mais de A$ 2 Mio.

9.2.7 Educao e informao

Por ltimo, mas no menos importante, a educao e a informao tambm contribuem hoje em dia
para a organizao de uma poltica SER com sucesso. Na maior parte dos estados membros da UE,
tm sido criadas agncias de energia nacional, que levam a cabo funes tais como a oferta de
informao e o acompanhamento de projectos, implementando assim activamente a poltica de
energia. Num determinado nmero de pases, foram tambm formadas agncias de energia locais,
que focam interesses locais ou regionais especficos.

Exemplo:

A Iniciativa Europeia Soltherm, uma rede de aco central, que foi criada para estimular o
crescimento do mercado dos produtos trmicos solares. Isto dever conduzir a uma maior
contribuio da Unio Europeia para os objectivos da Campanha de arranque, ao propor 15 milhes
de m2 de rea colectora trmica solar em 2004. Desta forma a Unio Europeia oferecer um
importante contributo aos objectivos de Kioto, no que respeita a reduo da emisso de CO2. A
iniciativa foi feita para fomentar a troca de informao em estruturas de educao, e uma rede da
Unio Europeia para a troca de experincia e conhecimentos, na rea das aplicaes trmicas
solares.

9.3 Informao geral sobre apoio financeiro

Uma concepo financeira saudvel decisiva para o sucesso econmico de um projecto de


bioenergia. Neste contexto os subsdios desempenham um papel importante. Contudo, a aquisio
de capital por parte de terceiros, por exemplo, instituies pblicas ou empresas de electricidade,
uma parte fulcral, uma vez que cada projecto tem as suas prprias caractersticas e os programas de
auxlio financeiro esto muitas vezes relacionados com algumas delas. O tamanho do sistema, o tipo
de biomassa utilizada, a quantidade de calor produzido, a localizao, entre outras questes, so
alguns dos parmetros que influenciam a seleco do programa apropriado. Em geral, aconselha-se
a usar a ajuda de um consultor especialista, que conhea os programas de apoio e que tenha o
conhecimento actualizado sobre o estado actual de tais programas.

MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.5


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Um primeiro passo saber que espcie de instituio fornece apoio para projectos de bioenergia.

Geralmente, estas instituies podem ser classificadas em cinco grupos:

1. Ministrios e instituies afins:


x Ministrio da Economia;
x Ministrio da Agricultura e/ou Florestas;
x Ministrio do Ambiente;
x Ministrio de Investigao e Desenvolvimento (para projectos inovadores).

2. Instituies regionais:
x Ministrios ou instituies de estados federais ou regies.

3. Instituies municipais.

4. Organizaes independentes:
x Por exemplo, fundaes com preocupaes ambientais

5. Empresas de energia.

Apesar do grande nmero de programas de apoio, a maior parte deles consiste num conjunto de
aspectos comuns. De seguida, explicam-se as questes mais importantes, que podem ser
encontradas em cada linha de orientao de um programa de apoio.

9.3.1 Elegibilidade do Projecto

Aqui definido qual o tipo de sistema que suportado pelo respectivo programa e qual o objectivo
que o sistema precisa de cumprir. Geralmente, diferenciado entre sistemas de biogs, unidades de
combusto movidas a biocombustveis slidos e sistemas usando biocombustveis lquidos.
Posteriormente, feita muitas vezes uma diferenciao entre sistemas que produzem apenas
electricidade ou apenas calor, ou que combinam a produo de calor com a electricidade
(cogerao). Contudo, para o apoio financeiro podem ser especificadas restries, tendo em conta o
tamanho do sistema ou a elegibilidade de certos componentes do sistema. Por exemplo, os custos de
propriedade esto muitas vezes excludos. Os programas regionais definem claramente as
localizaes onde os sistemas de bioenergia podem ser construdos e operados.

9.3.2 Elegibilidade do Candidato

O grupo de instituies elegvel para o apoio financeiro varia de acordo com o tipo de projecto de
bioenergia e o programa de apoio. Geralmente, distingue-se entre privados, empresas de diferentes
dimenses (PME, etc.), empresas agrcolas ou florestais, instituies pblicas (por exemplo,
universidades) e indstrias de fornecimento de energia. Em geral, os programas de apoio so
desenhados para grupos particulares. Muitas vezes, os programas apresentam restries, tendo em
conta a elegibilidade de organismos pblicos para capitais, uma vez que os meios financeiros provm
de fundos pblicos e no suposto reflurem, mas estimularem investimentos adicionais de entidades
no pblicas.

9.3.3 Critrios de qualificao essenciais (concordncia)

De modo a obter apoio financeiro por parte de programas de capital, podem tambm existir restries
relativas concordncia com certas normas tcnicas, ou com a aplicao de regras de gesto de
projecto especficos.

Geralmente, para os sistemas de bioenergia, podem pedir-se os seguintes aspectos:

x Concordncia com limites de emisso especificados;


x Patamar mnimo de eficincia ou uma taxa de utilizao de calor mnimo;
x Tipo de biomassa licenciada.

MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.6


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

tambm muito importante saber que o projecto no se iniciar antes de se obter um certo
certificado ou, em, alguns casos, antes do apoio ser garantido. Contudo, em geral, o planeamento
pode comear antes.

9.3.4 Impressos de requerimento

Para alm dos impressos de requerimento necessrios, tambm preciso um nmero de anexos
para complementar a informao do projecto de bioenergia. Os documentos listados a seguir
representam alguns documentos que apoiam as instituies de apoio financeiro, na avaliao da
proposta de projecto:

x Estudo de impacte ambiental;


x Informao sobre as consequncias socio-econmicas;
x Contratos (fornecimento da biomassa, aluguer da propriedade);
x Aprovao do banco sobre o projecto financeiro;
x Extracto do registo do terreno;
x Licenas;
x Propostas de fornecedores.

9.3.5 Tipo e nvel de financiamento

O apoio financeiro dos sistemas de bioenergia, funciona por concesses ou emprstimos de baixo
juro. Incentivos fiscais complementam muitas das vezes estes instrumentos.

O nvel de uma concesso depende dos custos elegveis e da taxa do auxlio financeiro. Uma taxa de
30% de custos de investimento elegvel, significa que o investidor de um projecto de bioenergia
necessita de financiar 30% menos. A taxa de subsdio varia de acordo com o tamanho do sistema, o
tipo de biomassa, rendimentos etc. Geralmente as taxas so de 25 a 50%.

Exemplo:

Um sistema de biogs apoiado por um emprstimo de juro baixo, incluindo a remessa parcial em
dbito at uma certa capacidade de energia da mquina de cogerao. Para mquinas de cogerao
maiores, omitida a remessa em dbito para que o apoio seja concedido pelo emprstimo a juro
baixo. Isto uma forma tpica de adaptar o nvel de apoio economia de escala.

So muitas vezes oferecidas medidas de apoio, quando um sistema de aquecimento a combustvel


fssil substitudo por sistemas de aquecimento a biomassa (por exemplo, um fogo a pelletes de
madeira ou sistemas centralizados de aquecimento para um edifcio) ou em combinao com um
sistema trmico solar, ou se forem aplicadas medidas adicionais de conservao de calor (tais como
o melhoramento do isolamento do edifcio).

9.3.6 Acumulao

Geralmente, o apoio financeiro dos diferentes estados e os programas de apoio municipal ou regional
podem ser combinados, de modo a aumentar o nvel de apoio a um projecto. Contudo, a maior parte
dos programas de apoio limitam a taxa total de apoio financeiro a um projecto. Uma taxa de apoio
financeiro de 50% dos custos totais do sistema, um limite comum que se pode encontrar na maior
parte dos programas de apoio financeiro.

9.3.7 Condies actuais para programas de apoio

Devido s diferentes alteraes das modalidades de programas de apoio, a publicao de novos


programas ou a sua abolio, no so fornecidos quaisquer detalhes sobre programas de apoio neste
manual, optando-se por fornecer uma listagem detalhada das fontes de informao onde podem ser
obtidas informaes actualizadas de programas de apoio e as suas condies actuais.
MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.7
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Os seguintes subcaptulos fornecem informao sobre esquemas de apoio, no campo da bioenergia,


para pases diferentes.

9.4 Informao complementar sobre as medidas de apoio em vrios pases

Devido natureza das polticas e sua implementao, o tipo e condies das medidas dos
programas de apoio para sistemas de bioenergia mudam frequentemente. Esta seco centra-se,
portanto, no fornecimento de fontes suplementares de informao para alm dos detalhes das
medidas de apoio.

Uma lista com links a organizaes governamentais e no governamentais, que fornecem


informaes sobre a poltica da biomassa como portadora de energia renovvel, e a sua
implementao e medidas de apoio, est disponvel em vrios pases que falam ingls o Reino
Unido, os EUA, Canad, Austrlia e pases escandinavos e na Unio Europeia. Estes links ajudam
tambm a adquirir informao sobre programas regionais.

9.4.1 Fontes de informao em Portugal

Governo
A ADENE realiza, prioritariamente,
actividades de interesse pblico no
domnio da poltica energtica e dos
servios pblicos concessionados ou
licenciados no sector da energia. Pode
Agncia para a Energia (ADENE) actuar em reas relevantes para outras
www.adene.pt polticas sectoriais, quando interligadas
com a poltica energtica, em
articulao com os organismos pblicos
competentes. Desenvolve a sua
actividade junto dos diferentes sectores
econmicos e dos consumidores.
Responsvel pela concepo,
promoo e avaliao das polticas
Direco Geral de Geologia e relativas energia e aos recursos
Energia (DGGE) geolgicos, numa ptica do
www.dge.pt desenvolvimento sustentvel e de
segurana do abastecimento
energtico.
Agncias de energia municipais e
inter-municipais
planeta.clix.pt/ag-energia-ave
www.cm-tondela.pt
As vrias agncias de energia
www.ageneal.pt
municipais e inter-municipais
www.cm-loures.pt
desenvolvem os seus planos de
www.amerlis.pt
desenvolvimento de energias
www.areal-energia.pt
renovveis, nomeadamente da
www.valima.pt/arealima
Biomassa.
www.aream.pt
www.amria.pt
www.arevdn.pt
www.energaia.pt
Disponibiliza informao sobre o Plano
Nacional de Alteraes Climticas e
Estratgia Nacional de
Instituto do Ambiente Desenvolvimento Sustentvel.
www.iambiente.pt responsvel pelo processo de Avaliao
de Impacte Ambiental. Disponibiliza
tambm informao sobre vrias reas
ambientais.
MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.8
BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Financiamento
A Medida de Apoio ao Aproveitamento
do Potencial Energtico e
Racionalizao de Consumos (MAPE)
Programa de Incentivos tem por objectivo propiciar apoios
Modernizao da Economia (PRIME) dirigidos produo de energia
www.poe.min-economia.pt elctrica por recurso a energias novas e
renovveis, utilizao racional de
energia e converso dos consumos
para gs natural.

Associaes e Organizaes
Entidade que tem como uma das
competncias, contribuir para a
progressiva melhoria das condies
tcnicas, econmicas e ambientais nos
Entidade Reguladora dos Servios sectores regulados, estimulando,
Energticos (ERSE) nomeadamente, a adopo de prticas
www.erse.pt que promovam a utilizao eficiente da
electricidade e do gs natural e a
existncia de padres adequados de
qualidade do servio e de defesa do
meio ambiente.
A misso da APE reflectir sobre as
matrias ligadas evoluo do sector
energtico num contexto de
Associao Portuguesa de Energia desenvolvimento sustentvel em
(APE) mercados concorrenciais e concretizar
www.apenergia.pt aces que visem a dinamizao e
consolidao do papel do sector
energtico na economia e na qualidade
de vida em Portugal.
Tem por objecto a coordenao,
representao e defesa dos interesses
dos seus associados, dotando-os de um
instrumento de participao na
APREN - Energias Renovveis
elaborao das polticas energtica e
www.apren.pt
ambiental relacionadas com o
aproveitamento dos recursos naturais
renovveis, entre os quais o domnio da
Biomassa / Biogs.
Tem por objectivo promover a utilizao
eficiente atravs da energia da
Associao Portuguesa de
cogerao, sendo esta entendida como
Cogerao (COGEN Portugal)
produo combinada do calor e da
www.cogenportugal.com
electricidade com utilizao efectiva das
duas formas de energia.

I&D e outras fontes de informao


As actividades desenvolvem-se em
variados campos, desde os
Departamento de Energias
biocombustveis ao tratamento e
Renovveis do INETI
valorizao de resduos e efluentes, e
www.ineti.pt
utilizao das potencialidades das
microalgas.

MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.9


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

9.4.2 Fontes de informao no Reino Unido

Governo
A ltima informao sobre o programa
de fundos do departamento do comrcio
Department of Trade and Industry
e indstria para energia renovvel
(DTI)
(chamadas para proposta, etc); tambm
www.dti.gov.uk
fornece informao sobre a poltica de
bioenergia.
Department for Environment, Food ltimas informaes sobre o apoio
and Rural Affairs (DEFRA) plantao de colheitas para fins
www.defra.gov.uk energticos
Informao sobre a eficincia da
Energy Savings Trust (EST) energia e mudanas climticas;
www.est.org.uk programas para autoridades locais,
consulta a pequenas empresas.
UK Government Non-Food Use of Lista de todos os projectos
Crops Research Database governamentais I&D financiados sobre
cbaforms.maff.gov.uk/aims colheitas no alimentares.
Organizao reguladora para o
The Office of Gas and Electricity mercado de gs e electricidade;
Markets (OFGEM) administra Renewable Obligation (RO).
www.ofgem.gov.uk Informao sobre assuntos prticos de
RO.
O Carbon Trust est a desenvolver e a
The Carbon Trust implementar programas para apoio a
www.thecarbontrust.co.uk tecnologias de baixa emisso de
carbono
Pela Carbon Trust em colaborao com
Enhanced Capital Allowance Scheme
DEFRA e Inland Revenue, para
(ECA)
fornecer informao acerca do
www.eca.gov.uk
Esquema ECA
Grupo Parlamentar de Energia
PRASEG Renovvel e Sustentvel. Novidades
www.praseg.org.uk/ para a implementao prtica de
medidas de apoio, tais como a
Renewable Obligation

Financiamento
DTI Support Programme
Informao sobre o programa de apoio
www.dti.gov.uk/renewable/geninfo.ht
do Governo do Reino Unido para SER
ml
O New Opportunities Fund distribui o
dinheiro da lotaria nacional e
New Opportunities Fund
disponibilizar brevemente 50 milhes
www.nof.org.uk
de libras para projectos elicos,
projectos de colheitas para fins
energticos e de projectos de pequena
escala de aquecimento a biomassa.
Fundos para projectos de demonstrao
em projectos elicos, projectos
Captial Grants Scheme (DTI)
geradores de electricidade a partir de
www.dti.gov.uk/energy/renewables/su
colheitas para fins energticos e
pport/capital_grants.shtml
esquemas de aquecimento de biomassa
de pequena escala.
Objectivo: apoiar projectos comunitrios
Landfill Tax Credit Scheme
ambientais e incentivar parcerias entre
www.entrust.org.uk
operadores de aterros e comunidades
locais; o ENTRUST gere este esquema.

MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.10


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Financiamento (cont.)
Landfill Tax Credit Scheme Bank
Account - from The Co-operative Criou uma conta especial para
Bank organizaes registadas na Entrust
www.co-operativebank.co.uk
Informao sobre o programa DEFRA,
DEFRA England Rural Development de desenvolvimento rural para a
Programme Inglaterra, que inclui garantias para
www.defra.gov.uk/erdp/erdpfrm.htm colheitas para fins energticos (Energy
crop scheme - ECS)
Clear Skies Renewable Energy Informao para o esquema de
Grants concesses do DTI para sistemas de
www.clear-skies.org energia renovvel
A SCHRI fornece concesses,
Scottish Community and Householder
conselhos e apoio a projecto para
Renewables Initiative (SCHRI)
desenvolver e gerir esquemas
http://www.est.org.uk/schri/
renovveis novos
Community Renewables Initiative's
Fornece conselhos sobre como
(CRI)
estabelecer projectos SER,
www.countryside.gov.uk/communityre
financiamento e fundos, tecnologia, etc.
newables/

Associaes e Organizaes
Associao comercial para a indstria
British Bio Gen
da bioenergia britnica; informao
www.britishbiogen.co.uk
geral sobre bioenergia
Associao comercial representante
dos produtores de energia renovvel no
Renewable Power Association
Reino Unido; vasta informao sobre
www.r-p-a.org.uk
energia renovvel, poltica e medidas de
apoio
Associao Comercial para empresas
Environmental Services Association fornecedoras de servioes de gesto de
www.esauk.org resduos e servios ambientais
associados
Organizao para promover o
National Assembly Sustainable desenvolvimento sustentvel e energia
Energy Group renovvel no Pas de Gales; informao
www.naseg.org especial sobre programas de apoio no
Pas de Gales
Western Regional Energy Agency &
Agncia de Energia na Irlanda do Norte
Network
que promove o SER
www.wrean.co.uk
British Association for Biofuels and Organizao dedicada promoo de
Oils (BABFO) combustveis de transporte e leos
http://www.biodiesel.co.uk/ provenientes de fontes renovveis.

I&D e outras fontes de informao


Rede global de pesquisas activas e
Biomass Pyrolysis Network (PyNe)
fomentadores de pirlise rpida da
www.pyne.co.uk
biomassa; informao tecnolgica
Biomass Gasification Network Rede global de pesquisas activas e
(GasNet) implementadoras de pirlise rpida da
www.gasnet.uk.net biomassa; informao tecnolgica

MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.11


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

9.4.3 Fontes de informao nos Estados Unidos da Amrica

Governo
Poltica de energia, programas de
Department of Energy (DoE)
apoio, links para outras fontes de
www.doe.gov
informao
Seco de bioenergia do site DoE dos
EERE Bioenergy
EUA sobre eficincia de energia e
www.eere.energy.gov/RE/biopower
energia renovvel
Biofuels Information Network Informao extensa sobre bioenergia
Bioenergy.ornl.gov pelo Oakridge National Lab

Financiamento
Concesses Disponveis nos EUA.
www.science.doe.gov/grants/
Departamento de Energia
Informao sobre cinco programas de
bioenergia regionais, administrados pelo
Regional Biomass Energy Program Fuels Development Office dentro do
(RBEP) DOE's Office of Transportation
www.ott.doe.gov/rbep/ Technology. O programa tem ligaes
estreitas com o DOE's Office of Power
Technologies.
Southeastern Regional Biomass
Energy Program (SERBEP) Seco leste do RBEP
www.serbep.org
Great Lakes Regional Biomass
Energy Program (GLRBEP)
Seco dos Grandes Lagos do RBEP
www.cglg.org/1projects/biomass/inde
x_frame.html
Northeast Regional Biomass Program
(NRBP) Seco nordeste do RBEP
www.nrbp.org
Pacific Regional Biomass Program
(PRBP) Seco do Pacfico do RBEP
www.pacificbiomass.org
Western Regional Biomass Energy
Program (WRBEP) Seco oeste do RBEP
www.westbioenergy.org
U.S. Department of Energy National Programa dedicado ao apoio do
Biofuels Program desenvolvimento e aplicao de
www.biofuels.doe.gov biocombustveis
Fundao independente apoiada por
The Energy Foundation vrias fundaes para promover a
www.energyfoundation.org eficincia da energia e energia limpa;
vrios programas de apoio para SER
Projecto gerido pelo Interstate
Renewable Energy Council (IREC),
Database on State incentives for RES
financiado pelo DOE; informao e
www.dsireusa.org
medidas de apoio nos diferentes
estados dos EUA

MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.12


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Associaes e Organizaes
Informao, anlise de polticas e
Renewable Energy Policy Project
novidades sobre SER; financiada pelo
solstice.crest.org/bioenergy
DOE, EPA e vrias fundaes
American Bioenergy Association
www.biomass.org
Coordena o esforo de I&D no campo
Biomass Research and Development
da biomassa; gerida pelo National
Initiative
Biomass Coordination Office (DOE &
www.bioproducts-bioenergy.gov
Department of Agriculture - DA)
Biomass Energy Research
Association Informao sobre bioenergia
www.bera1.org
Associao de indstrias de etanol;
American Coalition for Ethanol
informao extensa sobre etanol
www.ethanol.org
incluindo preos
Associao comercial nacional para a
Renewable Fuels Association (RFA) indstria de etanol nos EUA, factos
www.ethanolrfa.org sobre a poltica, etanol, centrais e
outros
Associao comercial nacional
National Biodiesel Board representante da indstria biodiesel;
www.biodiesel.org informao sobre biodiesel, fontes de
biodiesel, etc.
Portal sobre mudanas climticas e
The Climate Ark
energia renovvel, informao extensa
www.climateark.org
e links
Certificao de produtos de
electricidade renovveis. Fornece
Green-e Renewable Electricity
informao aos consumidores de
Certification Program
electricidade verde. Administrada pelo
www.green-e.org
Center for Resource Solutions sem fins
lucrativos.
Organizao principal de mais de 30
Sustainable Energy Coalition
associaes do campo de SER; fornece
www.sustainableenergy.org
novidades sobre SER

I&D e outras fontes de informao


O centro de dados NREL fornece
informao sobre combustveis
Alternative Fuels Data Center alternativos, listagem de veculos a
www.afdc.nrel.gov combustvel alternativo disponveis,
incluindo um sistema delineado de
estao de combustvel interactivo
National Renewable Energy
Informao sobre SER (tambm
Laboratories
bioenergia)
www.nrel.gov

MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.13


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

9.4.4 Fontes de informao no Canad

Governo
Desempenha e patrocina a pesquisa
sobre energia, desenvolvimento
tecnolgico e demonstrao dentro do
CANMET
Natural Resources Canada, um
www.nrcan.gc.ca
departamento dentro do governo federal
canadiano; informao sobre
financiamentos
Departamento governamental federal,
NRCAN
especializado em desenvolvimento
www.nrcan.gc.ca
sustentvel e uso de fontes naturais
Criada atravs de esforos do Natural
Canadian Renewable Energy
Resources Canada (NRCan);
Network
informao sobre todas as tecnologias
(CanREN)
de energia renovveis
Centro de excelncia para a eficincia
Office of Energy Efficiency (OEE)
da energia e informao sobre
oee.nrcan.gc.ca
combustveis alternativos

Financiamento
National Biomass Ethanol Program Administrado pelo Farm Credit Canada
(NBEP) (FCC) em nome do Agriculture and
www.fcc-sca.ca Agri-Food Canada (AAFC)
Renewable Energy Deployment Programa de apoio para SER,
Initiative especificamente para sistemas de
(REDI) combusto de biomassa de elevada
www.nrcan.gc.ca eficincia e baixa emisso

Associaes e Organizaes
Canadian Renewable Fuels
Association Informaes sobre etanol, biodiesel, etc.
www.greenfuels.org

9.4.5 Fontes de informao na Austrlia

Governo
Informao sobre mudanas climticas,
The Australian Greenhouse Office desenvolvimento sustentvel e SER
www.greenhouse.gov.au links, programas de financiamento,
informao compreensiva, etc.
Sustainable Energy Development Informao sobre SER em NSW
Authority NSW poltica, programas de apoio,
www.seda.nsw.gov.au informao de base
Sustainable Environment Authority of Informao sobre SER em Victioria
Victoria poltica, programas de apoio,
www.seav.vic.gov.au informao de base
Greenhouse Office of Victoria Informao sobre a estratgia de
www.greenhouse.vic.gov.au Reduo de Gases Estufa de Victoria
Energy SA Sustainable and
Informao sobre SER em SA poltica,
renewable energy
programas de apoio, informao de
www.sustainable.energy.sa.gov.au/h
Base
ome/home.htm
Western Australian Government - Informao sobre SER na Austrlia
Office of Energy Ocidental poltica, programas de
www.energy.wa.gov.au apoio, informao de base

MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.14


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Governo (cont.)
Department of Infrastructure, Energy
Informao sobre SER na Tasmania
and Resources, State Government of
poltica, programas de apoio,
Tasmania
informao de base
www.dier.tas.gov.au
Department of Business, Industry and
Informao sobre SER nos Territrios
Resource Development of Northern
do Norte poltica, programas de apoio,
Territory
informao de base
www.dme.nt.gov.au
Sustainable Energy Development Informao sobre SER na Austrlia
Office of Western Australia Ocidental poltica, programas de
www.sedo.energy.wa.gov.au apoio, informao de base

Financiamento
Apoio para Sistemas de Fornecimento
Renewable Energy Rebate Program
de Energia a reas remotas (RAPS)
www.dme.nt.gov.au
incorporando energia renovvel
Programas de governo para SER Informao sobre um nmero de
www.greenhouse.gov.au/renewable/g programas nacionais de governo para
overnment.html apoiar SER
Informao sobre um nmero de
Western Australia RES programs programas de apoio direccionados para
www.sedo.energy.wa.gov.au diferentes SER I&D e penetrao de
mercado

Associaes e Organizaes
Um forum governo-indstria para
promover e facilitar o desenvolvimento
www.users.bigpond.net.au/bioenergy
de biomassa para a energia,
australia/Home.htm
combustveis lquidos, e outro valor
adicionado aos produtos bio-baseados
Biodiesel Association of Australia
Promoo do biodiesel na Austrlia;
Associao de Biodiesel da Austrlia
informao de fundo, links
www.biodiesel.org.au
Apoio e lobby para cultivadores
australianos e processadores de stock
Australian Biofuels Association
de alimentao de biomassa,
Associao Australiana de
produtores domsticos de
Biocombustveis
biocombustveis, distribuidores de
www.australianbiofuelsassociation.or
biocombustveis, organizaes de
g.au
pesquisa e desnvolvimento, informao
compreensiva sobre biocombustveis.

9.4.6 Fontes de informao na Escandinvia

Governo
Danish Energy Agency Informao sobre SER, programas de
www.energistyrelsen.dk apoio, links na Dinamarca
The National Danish Energy
Mais informao sobre SER, poltica e
Information Centre
links na Dinamarca
www.energioplysningen.dk
Informao sobre a poltica de energia
Danish Energy Authority
na Dinamarca, incluindo legislao, por
www.ens.dk
exemplo, normas de emisso
Finish Ministry of trade and Industry Informao sobre SER, programas de
www.ktm.fi apoio e links na Finlndia

MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.15


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Governo (cont.)
National Technology Agency of
Informao sobre SER, programas de
Finland
apoio e links na Finlndia
www.tekes.fi
Parte do Ministrio Real Noruegus do
Petrleo e Energia. A principal misso
do Enova contribuir para a defesa do
Norwegian Energy Agency
ambiente e uso racional e produo de
www.enova.no
energia; informao, programas de
apoio e outros instrumentos financeiros
e incentivos
Swedish Energy Agency Informao sobre SER, programas de
www.stem.se apoio, links na Sucia

Associaes e Organizaes
Danish Biomass Association
Informao sobre bioenergia e
(DANBIO)
programas de apoio na Dinamarca
www.biomass.dk
A associao sueca de bioenergia
Svenska Bioenergifreningen organizadora do World Bioenergy
(SVEBIO) Conference 2004. Informao sobre
www.svebio.se todos os tpicos relacionados com
bioenergia na Sucia
Norwegian Bioenergy association Informao sobre bioenergia na
(NoBio) Noruega; inclui lista de fornecedores de
www.nobio.no combustvel bioenergtico
Finish Bioenergy Association Informao detalhada sobre bioenergia,
(FINBIO) empresas, tecnologia, estattica, links e
www.finbioenergy.fi outros
The Swedish Association of Pellet Membros operam dezasseis das mais
Producers (PiR) de vinte fbricas de produo no pas.
www.pelletsindustrin.org Informao sobre pellets e produtores
Danish Centre for Biomass Informao detalhada sobre bioenergia
Technologies em geral, tecnologia, informao
www.videncenter.dk detalhada para palha

I&D e outras fontes de informao


Focalizao: integrao do mercado de
energia, fontes de energia renovvel,
Nordic Energy Research eficincia da energia, a sociedade de
www.nefp.info hidrognio e consequncias das
mudanas climatricas na esfera da
energia
Technical Research Centre of Finland
Informao detalhada sobre bioenergia
www.vtt.fi
Centro de testes para unidades de
Teknologisk Institut combusto de biomassa de pequena
www.teknologisk.dk escala; inclui listas das caldeiras
aprovadas

9.4.7 Fontes de informao noutros pases de lngua inglesa

frica do Sul
Department of Minerals and Energy Informao sobre programas de apoio e
www.dme.gov.za poltica do SER na frica do Sul

MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.16


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Nova Zelndia
Energy Efficiency & Conservation
Informao sobre a poltica SER e
Authority (EECA)
outras na Nova Zelndia
www.eeca.govt.nz
Bioenergy Association of New
Zealand Informao de fundo sobre bioenergia,
(BANZ) tecnologia, publicaes, etc.
www.bioenergy.org.nz

9.4.8 Fontes de informao ao nvel da UE

UE e Europa
Pgina de entrada geral do site da
Comisso Europeia; informao para
UE
todos os programas de apoio existentes
na UE para SER
Site da CE que fornece informao
sobre fontes de fundos europeus,
A Global Overview of Renewable
polticas SER, informao de tecnologia
Energy Sources (AGORES )
geral incluindo descries de projectos,
www.agores.org
actores chave nacionais nos membros
estados CE e publicaes sobre SER
Servidor de informao da CE,
CORDIS
fornecendo informao sobre I&D,
www.cordis.lu
inovaes, programas de apoio e outros
Associao principal das associaes
de biomassa nacionais; organizao
European Biomass Association
poltica para reforar o desenvolvimento
(AEBIOM)
do mercado de bioenergia europeu;
www.ecop.ucl.ac.be/aebiom
informao geral, links, papers,
newsletter.
Grupo de interesse econmico para
European Renewable Energy
reforar e racionalizar os desempenhos
Centres Agency (EUREC)
de I&D europeus em tecnologias de
www.eurec.be
energia renovvel

9.4.9 Outras fontes de informao sobre biomassa

Dados de biomassa
Base de dados holandesa de biomassa
Phyllis e resduos; anlise dos dados sobre um
www.ecn.nl/phyllis/ largo nmero de cadeias de biomassa
diferentes
BIOBIB Base de dados austraca de
www.vt.tuwien.ac.at/biobib/search.ht biocombustveis; gerida pela
ml Universidade Tcnica de Viena
Climate Neutral Gaseous and Liquid Programa do governo holands;
Energy Carriers (GAVE) informao geral e detalhada sobre
gave.novem.nl biocombustveis

MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.17


BIOENERGIA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAO

Internacional
International Energy Agency (IEA) Informao sobre todos os aspectos
www.iea.org relacionados com energia
Seco de biomassa do IEA;
IEA Bioenergy informao detalhada sobre I&D de
www.ieabioenergy.com biomassa e estado da tecnologia;
muitos relatrios para download
Fornece estatsticas sobre energia
Renewables Information Database
renovvel nos pases membros da
www.iea.org/statist/renew.htm
OCDE
Rede de informao internacional que
Centre for Analysis and
fornece a gestores, engenheiros,
Dissemination of Demonstrated
arquitectos e investigadores, informao
Energy Technologies (CADDET)
acerca das energias renovveis e
www.caddet-re.org
tecnologias de poupana de energia
Rede europeia de bioenergia; fornece
AFB NET informaes detalhadas sobre
www.vtt.fi/virtual/afbnet/ tecnologia, potencialidades, actividades
nacionais sobre bioenergia.
Rede que apoia, trata e distribui
informao sobre pesquisa,
European Energy Crops InterNetwork
desenvolvimento e implementao de
www.eeci.net
actividades de colheitas para fins
energticos.

MEDIDAS DE APOIO PARA PROJECTOS DE BIOENERGIA 9.18

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