Direitos Fundamentais PDF
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Direitos Fundamentais | Samuel Oliveira
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Mas, para REIS NOVAIS, isto no obsta a um problema de conflitos. por isso
que defende que quanto aos direitos fundamentais vantajoso adotar uma perspetiva
transparente, i.e., que evidencie os conflitos de interesses, valores e princpios que
subjazem a todos os conflitos.
Assim, para esta tese, a maioria no viola direitos fundamentais porque a maioria
nunca est enganada.
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quando uma posio se afigura como impopular aos olhos da maioria que ela
necessita de ser protegida. A maioria no necessita da proteo: bastam-lhe as regras
democrticas. Com as posies minoritrias no assim: estas esto sujeitas a presso, a
uma potencial discriminao e supresso.
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Mas a dimenso objetiva vai mais alm: possvel que uma norma de direito
fundamental imponha ao Estado um dever, sem que da resulte a correspondente
pretenso para qualquer indivduo ou sem que essa pretenso preencha os requisitos
exigidos para a sua qualificao como direito subjetivo.
Assim, uma norma que atribua direitos subjetivos constitui tambm uma norma
negativa de competncia do Estado porque probe objetivamente uma interveno do
Estado nas zonas protegidas. No obstante, os direitos fundamentais no deixam de ser
direitos individuais por isso, pois garante ao particular a sua atuao.
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uma obrigao que pode ser vista como um dever correspetivo de um direito
dos particulares proteo e segurana ou como uma consequncia jurdica dos
contedos objetivos positivos dos direitos fundamentais. Para o que nos interessa, esta
ltima que releva.
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Para REIS NOVAIS esta ideia de presuno no colhe porque: (1) adquire
relevncia jurdica prtica quando perspetivada em termos de significar a judiciabilidade
do direito em questo, coisa que aqui no acontece, o que contribui para o risco de
paralisia da justia administrativa e constitucional o que leva diminuio das garantias
individuais; (2) as relaes em que esto em causa direitos fundamentais so cada vez
mais concebidas como relaes multipolares, podendo existir diferentes interesses entre
os cidados.
Podemos tomar duas atitudes: (1) considerar que s existe direito subjetivo
quando existe o poder de exigir a realizao judicial, (2) ou distinguir os dois momentos,
i.e., uma coisa ter o direito, outra poder acionar a sua realizao.
Para REIS NOVAIS ser titular de um direito prima facie no equivale a ter
reconhecido o poder de exigir a sua efetivao judicial.
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Para ser titular de um direito subjetivo temos de ter (1) um enunciado jurdico de
Direito pblico, impondo ao Estado um dever objetivo de comportamento; (2) esse
enunciado no pode ter sido determinado pela prossecuo de interesses pblicos, mas
tem de servir o prosseguimento de interesses individuais; (3) aos particulares afetados
pelo no cumprimento deve ser concedida a faculdade de poderem realizar os interesses
protegidos pela norma, para exigir algo ao Estado.
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Por sua vez, este acrescento levantou novos problemas: (1) como que se
distinguem direitos de liberdade e direitos sociais; (2) qual o regime aplicvel aos direitos
que no so de liberdade ou de natureza anloga.
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Para as teses substancialistas a diferena tem que ver com uma caracterstica
material do direito em questo.
, todavia, um critrio que levanta problemas como, e.g., (1) o facto de num
Estado Social todos os direitos fundamentais terem como referencial a dignidade, bem
como (2) a dificuldade em justificar o porqu dos direitos de liberdade terem uma maior
proteo constitucional.
REIS NOVAIS parece atribuir algum crdito s teses de distino formal. Para
estas, a atribuio de um regime privilegiado no tem que ver com a importncia do
direito em causa, mas com a estrutura forma, i.e., diferenas que impede um tratamento
comum. Qual o problema?
Estas teses encaram o direito como um todo, todavia, o direito fundamental uma
realidade complexa que pode ser decomposta: assim, quando encarado dessa forma
(direito como um todo) ele torna-se inapto a operar no caso concreto.
Este um critrio que j fez sentido, mas REIS NOVAIS nota que, atualmente, j
deve ser abandonado, na medida em que os direitos sociais j se encontram hoje
determinados, j foram legalmente conformados, pelo que a distino esbateu-se.
- Para REIS NOVAIS a diferena assenta num critrio duplo: (1) por um lado,
est em causa uma diferente determinabilidade do contedo constitucional em causa e,
(2) por outro lado, tem que ver com a diferente natureza dos deveres estatais diretamente
envolvidos, ou seja, a diferena de natureza das reservas.
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Os direitos sociais, por seu turno, so afetados na sua dimenso por uma reserva
do politicamente adequado.
- Ainda que consigamos distinguir os tipos de direito com base nestes dois
critrios, continuamos a enfrentar um problema que tem que ver com a perceo de
existncia de um regime diferenciado.
Assim, no h que atender realidade abstrata, mas sim ao caso concreto e, para
isso, h que ver se (1) o direito em causa ou no fundamental, (2) se tem relevncia
material, (3) se est suficientemente determinado em termos de direito subjetivo pblico
e (4) se judicialmente invocvel com respeito pela integral separao de poderes e dos
limites da justia administrativa.
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A segunda tem que ver com o regime orgnico e com a reserva de competncia
legislativa da AR quanto aos direitos de liberdade, mas j no quanto aos direitos sociais
165, n 1 b).
REIS NOVAIS pega ainda no artigo 18, n 1, 1 parte e chama a ateno para a
parte que refere que os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos de liberdade
so diretamente aplicveis.
Ora, daqui retira-se, de facto, uma diferena tendencial, mas no se retira uma
proteo especial.
A aplicabilidade direta no tem que ver com a diferena formal, mas coma
suscetibilidade de invocao direta dos preceitos constitucionais.
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Por esta razo, h quem afirme que os direitos sociais no tm natureza de direitos
fundamentais. Contra tal, h quem argumente que tambm os direitos de liberdade tm
custos anlogos aos direitos sociais. Por isso, a reserva do possvel no se apresenta
exclusiva dos direitos sociais: assim, no por a que os direitos sociais deixam de ser
direitos fundamentais.
Por isso, a distino passa pelo facto dos direitos de liberdade no serem afetados
intrinsecamente pela reserva do financeiramente possvel, mas os direitos sociais j o
serem porque so bens escassos.
- Ainda assim, REIS NOVAIS vem defender que este entendimento no coloca
em causa a natureza fundamental dos direitos sociais.
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Para REIS NOVAIS a reserva geral imanente de ponderao que afeta os direitos
fundamentais justifica a admissibilidade constitucional de ocorrncia de restries aos
direitos fundamentais atuadas pelos poderes constitudos, mesmo que no diretamente
autorizadas pela CRP.
Para que a restrio seja admissvel tem de passar testes que, em sentido lato, so
os seguintes: (1) a verificao do maior peso de um bem e (2) os limites aos limites.
Ora, este teste no exclusivo dos direitos de liberdade, aplica-se tambm aos
direitos sociais, na medida em que estes tambm se apresentam como direitos
fundamentais.
Qual o problema?
Nos direitos sociais o problema tem que ver com saber quem est mais bem
colocado para tomar opes oramentais. Ora, se dizemos que o poder poltico (e
efetivamente o poder poltico que est mais bem colocado), ento, o poder judicial
aparece enfraquecido. Se o poder judicial est enfraquecido, tambm a efetividade dos
direitos sociais o vai estar, na medida em que conferir ao juiz a sindicncia das decises
do poder poltico implica, partida, uma violao do princpio da separao dos poderes.
No obstante, para REIS NOVAIS, esta concluso no decisiva, pelo que tanto
se afigura fundamentais os direitos de liberdade, como os direitos sociais. O que, reforce-
se, no aula o facto de existir uma reserva do possvel que afeta os direitos sociais.
- Quanto separao de poderes REIS NOVAIS nota que estamos perante uma
questo de competncia oramental.
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Pode o juiz substituir a deciso do poder poltico por uma deciso sua?
Ora, esta questo apenas colocvel quanto aos direitos sociais. Quanto aos
direitos de liberdade a questo no se coloca porque, a, a judiciabilidade impe-se de
imediato, no existindo sequer uma ponderao do legislador no sentido de aferir da
possibilidade de satisfazer ou no esse direito.
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No limite, pode afirmar-se que uma satisfao exagerada de um direito social pode
colocar em causa outros direitos sociais de igual ou maior relevncia.
O Estado tem tambm o dever de promover o acesso individual aos bens com
proteo de direito fundamental. um dever inovador, pois h uma obrigao jurdica
do Estado em ajudar os particulares a acederem a esses bens.
Este dever de promoo coloca um ponto final na conceo que v o Estado como
agente neutro: o Estado social e est preocupado com as desigualdades que anulam as
condies de livre desenvolvimento da autonomia individual.
Assim, vem afirmar que a dogmtica dos direitos fundamentais deve ser to
simples quanto possvel e to complicada quanto necessrio. Desta forma, no
necessrio inventar regimes, pelo que a dicotomia direitos de liberdade e direitos sociais
se afigura recusvel.
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Para REIS NOVAIS no: podero at ser teis. No obstante, a distino deve ser
to complicada quanto necessria.
A variao tem que ver com a diferena de natureza do dever estatal que est em
causa.
O que no implica que o Estado no possa afetar esse espao para promover outro
interesse digno de proteo e com peso prevalecente.
A restrio ser legtima dependendo da sua prpria natureza. Pode, e.g., estar
determinada na norma a cedncia dessa perante outras, sendo a prpria CRP a autorizar
os poderes constituintes a restringir o direito fundamental em causa.
O que, por sua vez, no implica a ausncia de controlo pelo poder judicial.
Continua a poder atuar numa 2 instncia, na medida de verificao do cumprimento dos
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limites aos limites: ou seja, no se ativa a reserva geral imanente de ponderao, mas
aplicam-se os limites aos limites.
Em que medida est obrigado a essa proteo? No existe uma forma nica de
proteo e, partida, quem est melhor colocado para decidir qual a melhor so os
rgos polticos legitimados pela maioria.
Assim, o 1 problema tem que ver com a adequao funcional que se afigura como
uma manifestao da separao de poderes.
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Este uma rea em que a movimentao difcil: por um lado, h razes jurdicas
que atenuam o impacto da reserva; por outro, deve ser respeitada a separao de poderes;
mas, a fim, o que se pretende uma ponderao de valores, que contenha racionalidade
na ponderao de alternativas.
Qual o problema desta ideia? No limite ter que ver com a separao de poderes,
na medida em que o poder judicial nem sempre ser quem est mais bem colocado para
perceber qual o trunfo mais alto, da mesma forma que difcil perceber quem tem a
ltima palavra, i.e., a quem cabe arbitrar o conflito.
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O controlo tende a ser mais intenso quando em causa est um dever estatal de
respeitar um direito e esse dever foi inobservado atravs da prtica de um ato; ser menos
intenso quando em causa est um dever de promoo e esse seja incumprido por causa de
uma omisso estatal.
- Para REIS NOVAIS o que releva no tem que ver com a natureza positiva ou
negativa do direito, mas com a natureza do dever estatal mobilizvel na situao em
apreciao: a densidade do controlo judicial determina-se intrinsecamente pela natureza
e reservas subsequentes, independentemente da estrutura do direito.
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Isto tambm se aplicar aos direitos sociais, desde que estes no dependam da
reserva do financeiramente possvel e sejam juridicamente determinveis no plano
constitucional.
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Mesmo o controlo dos limites aos limites tende a ser mais difcil porque tem de
relevar a prognose do legislador ao momento em que aplicou a medida restritiva. Ou ser
que podemos considerar o momento posterior? Podemos porque a inconstitucionalidade
pode ser posterior.
Assim, a distino entre estes dois princpios pauta-se com o facto da proibio
do excesso se focar num ato, enquanto a proibio do dfice se foca na CRP, no comando
constitucional.
- A diferena entre direitos negativos e positivos tem que ver com o tratamento
diferenciado para cada um deles que resulta num controlo judicial mais complexo e
atenuado na realizao dos direitos positivos do que nos direitos negativos.
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- Na teoria interna o prprio direito contm as suas restries, pelo que direito e
restrio esto contidos no mesmo local. A restrio um contedo do direito, apresenta-
se como um limite do mesmo.
ALEXY fala, a este propsito, dos limites imanentes: so-no porque so inerentes
aos direitos que os compem.
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Esta soluo afigura-se como aquela que maior benefcio traz para o todo social.
- Para que uma restrio implcita seja acolhida sem que se violem direitos
fundamentais, h que definir critrios objetivos.
A 2 etapa tem que ver com a soluo de conflitos com base numa conceo
unitria da CRP e da sua ordem de valores para fins de determinao, no caso concreto,
da relao de preferncia entre os valores em coliso.
A 3 etapa tem que ver com o controlo da restrio com recurso ao princpio da
proibio do excesso e da garantia do contedo essencial do direito fundamental para
efeitos de delimitao da medida e do alcance admissvel da cedncia do direito
fundamental restringido.
Nota ainda para o que diz REIS NOVAIS: restrio a ao ou omisso estatal
que afeta desvantajosamente o conceito de um direito fundamental, porque se eliminam,
reduzem ou dificultam as vias de acesso ao bem que ele protege e as possibilidade de
fruir dele por parte dos seus titulares, em virtude de se terem enfraquecido deveres e
obrigaes que resultavam para o Estado.
Mas qual a dignidade da pessoa humana que aqui releva? Ser uma dignidade
da pessoa humana imposta pela viso estatal da maioria?
Para REIS NOVAIS tal ideia seria contraproducente e contrria doutrina que v
nos direitos fundamentais trunfos contra a maioria.
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Para tal, s possvel adotar uma estratgia ampliativa, pois aquilo que se procura
a incidncia sobre o mximo de atuaes estatais possveis que possam afetar
negativamente a autonomia, a liberdade e o bem-estar individuais num escrutnio judicial
efetivo.
Seguindo esta linha de pensamento, para REIS NOVAIS, s deve ser excludo do
exerccio do direito fundamental e da necessidade de proceder aos testes de controlo
seguintes tudo aquilo que constitua ilcito-penal em sentido material ou que seja
consensual e indiscutivelmente rejeitado como sendo inadmissvel numa sociedade
democrtica.
Desta feita, REIS NOVAIS afasta-se da viso ampliativa dada por ALEXY para
quem os direitos fundamentais so princpios, pois este autor considera como sendo
protegido de prima facie pelo direito fundamental tudo aquilo que possa ter relao ou
ser invocado em associao ao direito fundamental. Se adotssemos esta perspetiva, matar
ou violar seriam um exerccio de direito fundamental de prima facie.
A lgica de proteo dos direitos fundamentais tem que ver com o valorar
positivamente princpios e bens que a eles esto ligados: princpios esses que so a
dignidade, a autonomia, a liberdade, a vida, etc., seja a ttulo definitivo ou de prima facie.
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aqui que se inclui o que deve ser definitivamente admitido ou no. O que
posteriormente afetar o direito fundamental, estar a violar o direito.
- impossvel dizer quando um bem pode ceder, mas possvel determinar quais
as razes inadmissveis para justificar a restrio dos direitos fundamentais.
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Assim, a natureza dos direitos fundamentais como trunfos cria uma exigncia
particular sobre as autoridades pblicas, obrigando-as a materializar o seu direito, a que
tenham o dever de garantir o acesso aos direitos fundamentais protegidos.
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GOMES CANOTILHO vem dizer que apesar de REIS NOVAIS ter alguma razo,
a sua tese tem problemas: (1) dissolve a fora normativa da CRP e (2) entrega os direitos
fundamentais a que, no concreto, pondera a respetiva aplicao.
Ora, quanto 1 crtica, diz que no procede porque a posio alternativa tambm
aceita a necessidade de cedncia de direitos fundamentais em situaes reais.
No fundo, os defensores dessa teoria sabem que a conceo, na prtica, falha, pelo
que, para lhe dar algum sentido, evitando que o que no tenha consagrao constitucional
possa limitar os direitos fundamentais, acabam por elevar tudo a direito fundamental.
REIS NOVAIS vem inclusivamente utilizar isso como argumento para dizer que
aquilo que dissolve a fora normativa da CRP a elevao a direito fundamental de tudo
quanto possa conflituar com os direitos fundamentais j consagrados.
NOVAIS responde que verdade, mas a outra doutrina nem isso faz porque eleva
tudo a direito fundamental: ou seja, a CRP nada vale.
Quanto 2 crtica, NOVAIS diz que erra no alvo porque confunde a questo de
fundo: saber quais os bens que podem justificar a cedncia de um direito fundamental,
bem como, no plano competencial, procurando saber a quem cabe determinar a
prevalncia.
Para REIS NOVAIS a ltima palavra deve ser do juiz, mas, a diferena, est no
critrio que inspira o controlo judicial: para REIS NOVAIS um critrio material,
enquanto para GOMES CANOTILHO a tentao decidir tudo atravs do argumento da
reserva de lei interpretado de maneira formalista.
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A ideia dos direitos fundamentais como trunfos tem aqui o fundamento ltimo de
resistncia, justificando que se atribua a ltima palavra na garantia dos direitos
fundamentais a um poder judicial independente e que no perca a racionalidade da
separao de poderes.
-- A dignidade deve ser analisada enquanto dever ser jurdico que vincula a
atuao dos poderes do Estado: tem um valor moral, mas no deve ser desligada de tudo
o resto.
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ainda assim, luz do 18/3, pode ser razo suficiente para a sua inviabilizao
constitucional.
O 18, n 3 deve ser interpretado com cautela suficiente para que no contenda
com o princpio da indispensabilidade, visto que facilmente conduziria a situaes em
que o legislador, tentando evitar contender com o 18, n 3, entraria num campo
atentatrio do princpio da proibio do excesso.
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H quem tenha uma viso minimalista do papel do juiz e diz que s poderia
invalidar as diferenciaes arbitrrias, identificando o princpio da igualdade com o
princpio da proibio do arbtrio.
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Isto leva a uma confuso com o princpio da proibio do excesso, mas eles so
autnomos, notando-se a autonomia (1) no juzo de ponderao e alternativas disponveis
e (2) no facto da existncia das exigncias de proibio do excesso serem aplicveis to-
s pela existncia de expetativas dos particulares dignas de proteo, independentemente
de se referirem, ou no, a direitos, liberdades e garantias.
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e devessem t-lo anulado. Assim, para REIS NOVAIS, o decurso do tempo pode criar
circunstncias de verificao que determinem que uma medida restritiva cujos efeitos se
destinem a perdurar, ainda que no seja considerada inapta no momento da sua criao
luz dos prognsticos feitos com base nos conhecimentos e experincia disponveis se
venha a revelar inidnea e inconstitucional a partir do momento que essa verificao foi
ou poderia ter sido feita.
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REIS NOVAIS nota que se tomarmos o princpio nesta aceo ele tem uma
eficcia muito reduzida. Assim, vem o Professor afirmar que h um conjunto mais vasto
de situaes em que o critrio da indispensabilidade pode ser utilizado.
Assim, o juiz constitucional tem de fazer uma ponderao, fazendo um juzo que
denote se do ponto de vista da garantia dos valores constitucionais prefervel invalidar
a medida excessiva, sabendo que, durante algum tempo, toda e qualquer possibilidade de
prossecuo necessria de um fim legtimo est vedada, ou se prefervel deix-la com o
seu carcter excessivo, esperando que o legislador a substitua.
Princpio da proporcionalidade
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medida em que essa relao avaliada como sendo justa, adequada, razovel,
proporcionada ou da medida em que ela no excessiva, desproporcionada ou
desrazovel.
Para REIS NOVAIS, contudo, h que ter noo da diferena entre a metodologia
da ponderao a que se recorre quando se verifica a justificao ou fundamento de uma
restrio da liberdade e os juzos valorativos a que se procede quando se analisa a
proporcionalidade da medida restritiva.
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O poder constitudo autor da restrio deve escolher o meio que considera mais
adequado, pois o rgo de controlo, partida, j garantiu no existirem outros meios
menos restritivos.
Princpio da razoabilidade
O controlo de razoabilidade pode ser aplicado (1) lei restritiva na projeo das
suas possveis aplicaes e (2) s intervenes restritivas individuais e concretas.
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Princpio da determinabilidade
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- Significa isto que uma lei tem de ser clara e precisa e no demasiado abrangente,
i.e., no deve ser to lata que possa ser interpretada como incluindo na sua previso
proibitiva, no apenas comportamentos no protegidos por normas jusfundamentais, mas
tambm comportamentos por ela cobertos, podendo desenvolver efeitos inibitrios ou
intimidatrios junto dos destinatrios.
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