Relação - MFS - Psicologia (2 Ed. de 5)
Relação - MFS - Psicologia (2 Ed. de 5)
Relação - MFS - Psicologia (2 Ed. de 5)
Programa editorial da
LIVRARIA E EDITRA L O G O S
ENCICLOPDIA DE CINCIAS FILOSFICAS E SOCIAIS
de Mrio Ferreira dos Santos.
V olum es P u b l ic a d o s :
PSICOLOGIA
2.il Kdio
No P b e lo :
IVoologia Geral*
Assim Deus falou aos hom ens Coletnea de trabalhos publicados
com o pseudnimo de Mahdi Fezzan
A P ublic ah:
Tr a d u e s :
TE M A II
TEMA III
A S E N S I B I L I D A D E
TEMA IV
TEMA V
A A F E C T I V I D A D E
TEMA VI
A I N T E L E C T U A I, I D A D E
TEMA VII
TEMA VIII
ARTIGO 1
adaptao
assimilao tom ar semelhante., segundo os esquemas, ao
que se assemelha aos esquemas, rtd sim il
Na adaptao biolgica, h
1) incorporao dos elementos assimilados pelas funes
metablicas do organismo;
2) criao de novos esqucinas globais, que se estrueluram ,
segundo as experincias por que passam, que lhes do nova ordem,
os quais, enriquecidos das novas experincias, vo, por sua vez,
acomodar-se, incluindo, memorizadas, conscientemente ou no, as
experincias anteriores, o que explicaria as adaptaes adquiridas,
distintas das fixas, que seriam as normais dos esquemas biolgicos.
Discute-se se h adaptaes adquiridas ou no, e se elas no
so apenas possibilidades actualizadas das adaptaes fixas, isto ,
do conjunto dos esquemas biolgicos previam ente dados.
Por implicar ste tema o conhecimento de outras importantes
categorias da psicologia, no decorrer dste livro teremos oportuni
dade de examin-lo.
Como os seres vivos so mais ou menos complexos, entre les
conhecemos os que em seu funcionamento revelam uma diferen
ciao tal de funes, que so portadores de um sistema psquico
complexo, como os animais superiores e, entre les, o homem,
tema de nosso estudo, que dles se diferenciou ainda mais por ser
portador de uni esprito (uous), que criador.
E sse sistema psquico, como se observa, funciona dentro do
campo da biologia, por adaptaes que levam incorporao de
elementos do mundo exterior assimilados, mas se distingue por
construir seus prprios esquemas, esquemas psquicos, que no
funcionam por incorporao biolgica, mas por assimilaes de
outra ordem, o que leva a distinguir a psicologia das cincias na
turais, quanto a ste ponto, e torn-la, por sua vez, irredutvel
biologia, em oposio a todos os que se deixam empolgar pelas in
terpretaes biolgicas, que pretendem, como logo se vc, explicar
os factos psquicos, reduzindo-os a meras manifestaes biolgicas.
14 MRIO FERREIRA DOS SANTOS
Mas tais aparelhos no nos podem dar os factos como les so,
mas apenas trciduz-los aos nossos esquemas, para que dles tenha
mos sensaes, pois quando o microscpio nos aum enta cem vezes
um minsculo ser, de um milionsimo de milmetro de extenso,
no nos perm ite que o vejamos como le , mas que o vejamos
ampliado nossa faixa esquemtica.
Vemos, assim, que nossos meios de contacto com o mundo ex
terior so de mbito limitado. Alm disso, sabemos que os nossos
rgos dos sentidos no alcanam todos os campos dos factos, mas
apenas um muito limitado, que graas construo de outros es
quemas nos permitido traduz-Ios aos que nos so naturais.
Patenteia-se para ns que dispondo apenas do nossos esquemas
psquicos, no poderamos conhecei- alem dc? uma aixa diminuta
do existir. Mas, e eis o ponto importante*, o que disLingue o homem
dos animais:
somos capares de construir novos esquemas e com cies co
nhecer mais.
E sse ser, aqui, poder. E pudemos, no s com os esquemas
psquicos que dispomos, estructur-los de modo a construir novos
esquemas globais, que permitam novas acomodaes e novas assi
milaes, ampliando, assim, as nossas possibilidades, como tambm
construir meios, utilizar elementos do mundo exterior, ordenados
sob novos esquemas, para que sirvam de instrumentos, no s de
domnio dos factos exteriores, mas tambm para conhec-los.
Conhecer e dominar, dominar e conhecer, temos a dois as
pectos im portantes que distinguem o homem dos animais pois estes
dispem apenas de meios fisio-psicolgicos para adaptarem-se ao
meio exterior.
Dessa forma, a adaptao do homem j no tica e no pura
m ente psquica. E notica porque o nous se manifesta nessa ca
pacidade criadora de esquemas.
O homem apenas portador de um psiquismo, mas de um
psiquismo que capaz de fundar um esprito.
Sem necessidade de discutir se sse esprito substancialmente
diferente do psiquismo, ou de outra ordem de ser (espiritual, por
exem plo), diferente absolutamente da que componente do corpo,
podemos, de antemo, pois tais discusses viro em seu tempo e
em trabalhos posteriores, dizer que o homem um ser diferente
16 MRIO FERREIRA DOS SANTOS
Afectividade Intelectualidade
intuio pthica intuio intelectual
P S I C O L O G I A 17
Intelectualidade
Intuio Razo
captao do singular captao da generalidade
Sensibilidade
prazer-desprazer
Afectividade Intelectualidade
Intuio Razo
simpatia e antipatia certo e errado verdadeiro o lalsu
P S I C O L O G I A 19
ARTIGO 2
Origem etimolgica
Psicologia moderna
Diviso da Psicologia
Resumo histrico
ARTIGO 3
Paralelismo psquico-fisiolgico
Segundo essa teoria, surgida desde Leibnitz, e desenvolvida
at nossos dias, os factos psquicos e os factos fisiolgicos consti
tuem duas sries paralelas.
Segundo Leibnitz, no h nenhum a actuao da alma sbre
o corpo nem vice-versa, embora haja uma correspondncia do es
tado de um com o de outro. Seriam como dois relgios que m ar
cam as mesmas horas, sem que um exera aco sbre o outro,
e ambos funcionem, obedecendo harmonia preestabelecida
por Deus.
Os paralelistas modernos aceitam a independncia dos factos
psquicos de os fisiolgicos, mas no admitem a interveno divi
na. P ara m uitos dles, como Claparde, o paralelismo apenas
uma hiptese provisria para facilitar as observaes; para outros
uma afirmao, uma tese decisiva. So os paralelismos doutri
nais, como os de Taine, Hoeffding, Paulsen, etc.
P ara os paralelistas contemporneos:
a) h um a equivalncia absoluta entre os processos cere
brais e os processos mentais.
34 MRIO FERREIRA DOS SANTOS
* * *
* * *
ARTIGO 4
ARTIGO 5
A PSICOLOGIA COMPARADA
Os mtodos da psicologia
por inuio dus sentidos que conhecemos os factos fsicos;
mas os factos psquicos conhecemo-los diretam ente pela conscin
cia e indiretam ente pelos sentidos.
Se nos colocamos do ngulo da conscincia para observarmos
os factos psquicos, tomamos um a posio subjectiva; se nos co
locamos do ngulo dos sentidos, tomamos uma posio objectiva.
prim eira costuma-se chamar de mtodo de introspeco
(de intro spectare), e a segunda de extropeco.
Desde logo, discute-se a valia das duas posies. E desde
que se considere como o melhor caminho (m ethodos) o primeiro
ou o segundo, temos:
a) mtodo da introspeco subjectivo;
b) mtodo da extrospeco objectivo;
entre os quais os psiclogos escolhem ora um, ora outro,
por consider-los, um ou o outro, o melhor, o que j vimos.
Os psiclogos, de tendncia idealista, tendem ao primeiro; os
de tendncia afins s cincias naturais, ao segundo.
Considerados ambos, o objectivo e o subjectivo, desde logo
vemos que, dialcticamente, tm de completar-se num mtodo
objectivo-subjectivo, pois no possvel obter-se bons resultados
na introspeco nem na extrospeco, sem que se considere a
subjectividade e a objectividade.
Entretanto, vejamos prim eiram ente as diversas razoes que
apontam os que se colocam numa como noutra posio.
A posio subjectivista
A conscincia, quando reflete sbre si mesma, realiza a intros
peco, porque specta a si mesma, para dentro. ela, funcional
mente intro. Mas, nessa actividade, o psiclogo no permanece
como simples espectador. Mesmo que ficasse em tal posio, j
P S I C O L O G I A 47
A posio ohjactiva
Como vimos, o mtodo de extrospeco, ou tambm objec
tivo, indirecto, mediato. Observamos as reaces s excitaes,
preocupando-nos apenas com as relaes entre os factos psquicos
e os fsicos, sem preocupao com as representaes subjectivas,
como faz o behaviourismo (de behaviour, comportamento).
O behaviourismo surgiu nos Estados Unidos, com Thorn-
dike e como mctoao foi seguido, na Rssia, por Betcherev.
Com Watson, nos Estados Unidos, em vez de metodolgico, tor
nou-se dogmtico e materialista.
Os excessos dsse mtodo levaram a contribuies relativa
mente inferiores s desejadas, sem que se negue o papel positivo
que empreendeu. D ar uma orientao m eram ente objectiva
observao psicolgica no suficiente.
ARTIGO 1
PENSAMENTO E PERSONALIDADE
quando sente que outro o que o cerca, outro que le. neste
momento que se precisa, lenta, mas poderosamente, a noo de
tu a prpria existncia.
A formao do Eu est correlacionada ao meio ambiente, seu
contrrio, o no-Eu, S depois dsse perodo se delineia a dis
tino entre o corpo e o eu, quando comea a observ-lo como se
sse outro, que sentido, que conhecido, que lhe proporciona
sofrimentos e prazeres, maiores ou menores.
Essn uma segunda fase de diferenciao do Eu, e permite
a formao do que se chama personalidade.
Ora, todo pensamento, tda sensao, todos os factos psqui
cos observados exigem um corpo onde se processem. Km suma:
todo facto psquico implica a existncia de um corpo. Se 11a pri
meira fase a sensao no exigia o conhecimento da personalidade,
ela exige sempre a presena de um corpo. Mas o pensar de um
corpo, no o pensar de um outro corpo. O pensar individual,
singular.
Na psicologia patolgica, observam-se casos de desagregao
da personalidade. Na histeria, h diminuio do campo das sen
saes ou das idias. Esquecimentos parciais de factos, de uma
pessoa, etc..
Cada sensao uma nova sensao, cada perfum e que as
piramos uma nova sensao do olfato. Se ouvimos uma nota e
tornamos a ouv-la, a nossa sensao cada vez outra, embora o
objecto possa ser o mesmo. Dste aspecto individual, portanto
heterogneo, dos factos psquicos, nunca demais repetir a sua
importncia, porque topamos facilmente m uitas confuses sbre
ste assunto nas obras de muitos psiclogos.
fcil verificarmos, em cada um, que o pensar contnuo.
As excepes assinaladas por alguns, como a do sonho, a de
uma sncope, como solues de continuidade do pensar, no pro
cedem, porque no sonho h uma inconscincia relativa, pois nossa
vida psicolgica de ho;e se encadeia com a vida psicolgica de
ontem. Tambm a variedade dos sentimentos e das idias, que
se sucedem na conscincia, no vale como argumento contra a
continuidade da conscincia, porque tais factos psicolgicos so
apenas aspectos qualitativos dela, cujo curso, porm, variado.
Essa variante da corrente da conscincia mostra-nos tambm
a variante que se observa nos sentimentos, a variabilidade dos
54 MRIO FERREIRA DOS SANTOS
mesmos, pois ora temos urn sentimento mais forte, ora mais fraco.
A desigualdade da corrente de conscincia dem onstra sua velo
cidade desigual. H paradas bruscas, marchas apressadas, des-
lisamento tranqilo, escachoar mais adiante. Citemos William
James:
No h na linguagem hum ana tuna conjuno ou uma pre
posio, um giro adverbial, uma forma sintctica, uma inflexo
da voz que no Irndir/a algum matiz de relao que ns sentimos
existir entro os ol>jrrl.s mais visveis do nossos pensam entos...
Deveramos dr/er um sentimento de 6 , um sentimento de sim ,
um sentimento de mas", um sentimento de p o r, como dize
mos um sentimento de azul ou um sentimento de frio . Wil
liam Jam es chamava a sse sentimentos de sentimentos de re
lao e sentimentos de passagem . Ao lado dles falava nos
sentimentos de tendncia . Supondo que trs pessoas vos di
gam um a aps outra: A tenda, escute , olhe. Nos trs
casos, vossa conscincia atende. Mas a mesma ateno? Pon
do de lado as diferentes atitudes corporais, as ordens ouvidas, e x
pressadas por distintas palavras, fica o sentimento da direo de
onde deve vir a impresso em cada um dos casos, embora nenhu
ma impresso tenha chegado no entanto, exemplifica Roustan.
E ainda podemos citar essa lacuna que sentimos em ns
quando esquecemos uma palavra. Mas sentimos como uma som
b ra dela a nos guiar. Sabemos que as palavras que nos vm
mente no so aquelas. Era o que Jam es chamava de senti
mento de direo.
Se fsse um vcuo dentro da nossa constituio psquica, se
nada houvesse atrs dsses esquecimentos, como saberamos que
a palavra proposta no aquela que nos vem m ente? So fac
tos dessa espcie que destroem as opinies dos que procuram in
terp retar a nossa vida m ental apenas como impresses e idias,
nova modalidade da opinio daqueles que procuram conceber a
nossa conscincia como algo composto de tomos psquicos.
A nossa conscincia forma uma corrente ora mais veloz, ora
mais lenta, mas sempre intensista, portanto alheia a tda e qual
quer medida. (Na Noologia estudaremos as estructuras in
tencionais, alm das eidticas, e das fcticas do psiquismo h u
mano) .
Ns vemos, intumos por nossos sentidos, directamente, o
mundo como diversidade. Nossa intuio apreende o vrio, o
P S I C O L O G I A
ARTIGO 2
CONSCINCIA E INCONSCIENCIA
(Na Teoria Geral das Tenses ste terna retorna sob outros
aspectos).
Muitos so os psiclogos que negam a existncia de fenme
nos psicolgicos inconscientes, pois alegam que, sendo a cons
cincia prpria do pensamento, o que no conscincia deixa de
ser psicolgico. Admitem fenmenos fisiolgicos inconscientcs,
mas consideram absurda a aceitao de fenmenos psicolgicos
inconscientes, pois seria uma contradio em trmos,
ste argumento decorro das se<?;uintes razes: um fenme
no psicolgico torna-se conhecido de ns atravs da conscincia,
pois no h um conhecimento sem conscincia. Esta a razao que
nos leva a crer que a conscincia da essncia do psicolgico.
Conseqentemente se aceita que o consciente a essncia do
pensamento. Mas se admitirmos que a conscincia no a es
sncia do pensamento, mas da sua apreenso, como j tivemos
ocasio de estudar, os fenmenos psicolgicos inconscientes so
compreensveis. O utra objeo proposta a de que no pode
mos examinar sses fenmenos psicolgicos inconscientes, por se
rem incognoscveis, visto serem inconscientes. A conscincia no
pode apreender o que lhe escapa; portanto o conhecimento se
torna impossvel, visto o conhecimento implicar a conscincia.
(ste argumento dialcticamente falso, como se v em
Decadialctica) .
Devemos compreender que podemos conhecer os efeitos dos
fenmenos que se manifestam em ns e por les se torna possvel
construir uma noo do que os produz. Ora, ns aceitamos a
existncia do que no conhecemos diretamente, como admitimos
a existncia da outra face da lua, embora no a possamos ver.
No podemos conhecer diretam ente a vida psicolgica de uma
pessoa, mas podemos conhec-la por suas manifestaes, por seus
gestos, embora no tenhamos dela essa cincia que s nos daria
o conhecimento direto. Certos efeitos psicolgicos no levam a
aceitar a existncia de uma vida inconsciente. E somos levados
a tal pela gradao que notamos na vida consciente. H mais
conscincia e menos conscincia. Factos passados e esquecidos
tornam a ser lembrados, inclusive at aqules que passaram in
conscientemente para ns.
P S I C O L O G I A
* * *
(1) ste ponto exige outros estudos que s o podemos fazer na N oolo-
gia, pois invadim os aqui um terreno que ultrapassa o psicolgico.
P S I C O L O G I A (53
A natureza do inconsciente
Posio fisiologista
Posio psicologista
Classificao da conscincia
ARTIGO 3
ARTIGO 1
ATENO
A reflexo
Coordenadas da ateno
Divises da ateno
ARTIGO 2
Idia do Eu
Anlise, da idia do Eu
5c
ARTIGO 3
|: -f
ARTIGO 1
AS SENSAES SENTIDOS
8
J14 MRIO FERREIRA DOS SANTOS
ARTIGO 2
9
MRIO FERREIRA DOS SANTOS
ARTIGO 3
A MEMRIA
Fixam-se as memorizaes:
a) pela repetio: 1) metdica; 2) voluntria; 3) in
tercalada com repousos;
b) pelo interesse: 1) intelectual; 2) colectivo.
* * *
A record ao p od o ser:
a) espontnea;
b) reflectida.
ARTIGO 4
O INSTINTO
10
14(5 MRIO FERREIRA DOS SANTOS
Reaes e reflexos
Inteligncia e instinto
*1 V
152 MARIO FERREIRA DOS SANTOS
A heterogeneidade da vida
ARTIGO 1
A ACTIVIDADE. O HBITO
11
162 MRIO FERREIRA DOS SANTOS
ARTIGO 1
O FUNCCIONAR AFECTIVO
Pensamento sensrio-motriz
Caractevfeticas da afectividade
ARTIGO 2
r i r i i u ; i i r . '; < l m i | U ) (c o m o v A o )
cmocurs
iiikh.ix-;; Ni-nlimrnlos.
12
178 MRIO FERREIRA DOS SANTOS
ARTIGO 3
AS TENDNCIAS E AS INCLINAES.
AS PAIXES
& ik :!?
192 MRIO FERREIRA DOS SANTOS
13
194 MRIO FERREIRA DOS SANTOS
* 4*
198 MRIO FEKREIRA DOS SANTOS
ARTIGO 4
A IMAGINAO. FANTASIA
A criao esttica
A inspirao
bem j disse algum, que, pela m era razo, pela m era vlexn,
Newton chegasse teoria da atrao dos corpos, nem P astenr ;i
construir suas idias que tanta influncia tiveram no desenvolvi
mento da arte de curar.
ARTIGO 1
Sigo por uma rua (' vejo a casa cuide morei quando menino.
Im ediatamente me vem lembrana os dias passados. Ali, na
quela calada, brinquei com uns companheiros. Ouo a voz de
um amigo que me chama do outro lado. Parece-me v-lo com
sua roupinha azul. O carteiro sempre vinha daquela banda. O
passo tardo, meio curvado para o lado onde carregava as cartas.
Um mundo inteiro de recordaes me assaltam a memria. Po
deria ficar ali lembrando factos e mais factos, alguns ainda vivos,
outros esfumados por entre recordaes imprecisas.
As lembranas provocam outras, um a se os sociam a outras.
Essas idias (e aqui emprego a palavra no sentido de estado que
j esteve presente na conscincia, quer uma idia abstracta, ou
um a imagem concreta, ou um a emoo ou um sentimento qual
quer) me sugerem outras que lhe estiveram prximas no tempo
ou que a elas se assemelham.
A tal processo se d o nome de associao de idias, um a
modalidade da memria, um modo de proceder da memria. Na
verdade, no recordamos todo o passado, mas seleccionamos uns
factos, enquanto outros permanecem esquecidos. Ora uns sur
gem memria, conscincia, enquanto outros continuam na
obscuridade. Que leis, que regras, que princpios dirigem essa
seleco? Como e por que ela se processa? Em que, na verdade,
consiste essa associao de idias?
Essas perguntas assaltam aos psiclogos que procuram res
pond-las, levando-os a colocarem-se sob diversos pontos de vista.
208 MRIO FERREIRA DOS SANTOS
14
210 MRIO FERREIRA DOS SANTOS
invel
assento encosto
ARTIGO 2
A ABSTRACO
Crtica
O .singular e o p a rticula r
:t ::
15
226 MRIO FERREIRA DOS SANTOS
ARTIGO 3
Contedo do juzo
.4 crena
ARTIGO 4
16
242 MRIO FERREIRA DOS SANTOS
Princpio de finalidade
em outro ser, como, por exemplo, a erva est feita para o herb
voro, o sol foi feito para alum iar os homens, etc. (2)
Essa ltima finalidade terminou por ser ridicularizada pelos
filsofos.
J no assim quando se Irata da finalidade interna ou in
trnseca, que a finalidade que afirma a convenincia das partes
para com o todo, em que as partes so consideradas como meio,
por ex.-, um ser vivo, cujas partes so meios para o todo que o
fim, o prprio ser, O sistema nervoso, por exemplo, necessita da
circulao sangunea, como esta necessita daquele.
ARTIGO 5
tractiva, generaliza, como vimos, pela aco da razo, uma das fun
es intelectivas.
Quanto ltima teoria, funda-se nos sons da espcie em iti
dos pelo antropidi'. Qurivm os acentuar ainda alguns aspectos
sbre as relaes cnttv a linnuaiotn o o pensamento, que julga
mos de magno interesso, <*<ju<* san assinaladas por alguns psiclogos.
So as soRuintos: ivalmonlo o pi'iisaminlo antecede lingua
gem e tanto c verdade que procuramos muitas vzes palavras para
expressar o que sabemos, o que desejamos dizer e nem sempre as
encontram os.
Se a linguagem fsse a produtora do pensamento, como pen
sava de Bonald, tal no se daria. Mas, no se pode negar que h
uma reciprocidade entre o pensamento e a linguagem por que
ambos intereetuam -se dialcticamente. A palavra sempre freia
o pensamento, sempre diz menos do que desejamos, e essa a
tortura de todos os grandes escritores, porque a palavra, expres
sando idias gerais, conceitos, no pode prender em seu bjo o
contedo riqussimo da singularidade.
Depois dos estudos que fizemos, fcil compreender a razo.
Sabem muito bem disso os psicanalistas, por exemplo, quando per
cebem quanto tm de relativam ente expressivas as palavras, que,
por serem limitantes e limitadas, no tm a riqueza nem a capaci-
dade de expressar totalmente os factos singulares.
Cada um sabe quo pouco as palavras so capazes de dizer
tudo quanto sentimos e tudo quanto desejamos expressar. Sa
bem-no bem os poetas e os escritores em geral.
Entretanto, deve-se ainda salientar que as palavras, num de
senvolvimento maior do homem, substituem m uitas vzes o
pensam ento.
Sendo apenas um meio, acabam tornando-se um fim, e essa
a razo por que muitos apenas expressam palavras, mas quase
vazias de pensamento.
No livro Realidade do Homem, reproduzimos um a tese
interessante sbre a formao da linguagem, que aceitamos ple
namente, da autoria de Callet, que, na verdade, no mereceu
maior intersse da parte dos glotlogos, etc.
T HMA V il
ARTIGO 6
VONTADE E DESEJO
Conceito de querer
Crtica
17
258 MRIO FERREIRA DOS SANTOS
A inibio
ARTIGO 1
planao, por sucinta que fsse, apenas com a s idias gerais das
diversas teorias, encheramos algumas do/,onas ou talvez uma
centena de pginas, p o is no h toma do p s ic o lo g ia que no tenha
a sua teoria especial. M a s, das lo o r ia s que disputam a primazia
do pensamento psicolgico, p o d o m o s a p r o v e ita r uma classificao
de Schmidt, com as c o la b o r a r n o s IVita s por Puceiarelli.
Vamos deixar do lado a osoola da I'sicologa Objectiva, da
Psicologia Experimental clssica, que j estudamos, para interes-
sarmo-nos agora, pelas correntes modernas, que so as que me
recem um destaque parte. Ento temos:
1) a teoria da Gestalt, ou psicologia da estructura, da forma;
2) a psicologia introspectiva de Bergson, James, Brentano;
3) a psicologia cientfico-espiritual de Dilthey e Spranger; e
4) a Psicanlise, c om suas tendncias (que a mais
p o pular).
Esta classificao no implica que essas teorias sejam estric
tamente independentes e no relacionadas umas com as outras. A
dificuldade das classificaes consiste em terem elas muitos pon
tos de convergncia e at de coincidncia.
A Gestat
Brentano e Dilthey
Nietzsche
ARTIGO 2
A PSICANLISE
Fundamentos da Psicanlise
Meio ambiente
Homem
Meio ambiente
a) nascimento, infncia;
c) velhice, morte.
No ventre materno
Nascimento
Psiquismo infantil
18
274 MARIO FERREIRA DOS SANTOS
Id
.HJJISS
Prazer-desprazer
Princpio da repetio
Censura
Recalcamento
Consciente e inconsciente
Deslocamento
Super-ego
Associao
Transferncia
A transferncia tem muitos pontos de contacto com o deslo
camento. Vejamos singelamente o que seja. H o indivduo, h
o objecto para o qual o impulso tende realizar-se. Censurado o
impulso em relao ao objecto, sbre quem no se pode realizar,
desvia-se o impulso para outro objecto no julgado proibido pela
represso censora do Super-ego.
Condensao
Na nsia de se exteriorizar o impulso transforma-se, deslo
ca-se. E tambm transfere-se, como vimos. E no s. T rans
formado em imagens, pode dar-se a condensao de duas imagens
que se transform am numa s, para melhor iludir a vigilncia do
Super-ego. Nos lapsos de linguagem muito comum obser-
varem-sc sses erros, essas condensaes.
Dissociao
o caso contrrio de condensao. Em vez de se dar a con
juno do duas idias num a idia s, d-se a diviso em duas
idias de uma nica idia.
280 MRIO FERREIRA DOS SANTOS
Substituio
D-se a substituio quando h a troca do uma imagem cen
surada pelo Super-ogo, p o r outra qno se lho associe, que no
seja chocante com o moio amhioulo. So m casos do transladao
do sentido das palavras, to c o m u n s na gria.
Suhmutio
ARTIGO 3
ARTIGO 4