Apostila Curto Circuito - Arthur Damaso PDF
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DE POTNCIA
Notas de Aula
Verso 13/08/2014
Sistemas Eltricos de Potncia Notas de Aula Verso 13/08/2014 12:05 2
SUMRIO
1. GLOSSRIOS ............................................................................................................................................... 6
2. INTRODUO ............................................................................................................................................. 8
4. O SISTEMA POR UNIDADE .......................................................................................................................11
4.1. INTRODUO .............................................................................................................................................. 11
4.2. DEFINIO DE PU ....................................................................................................................................... 11
4.3. MUDANA DE BASE ..................................................................................................................................... 15
4.4. TRANSFORMADOR DE DOIS ENROLAMENTOS .................................................................................................. 17
4.5. TRANSFORMADOR DE TRS ENROLAMENTOS .................................................................................................. 21
4.6. TRANSFORMADOR COM TAP FORA DO VALOR NOMINAL ................................................................................... 23
4.7. MODELOS DE GERADORES SNCRONOS ........................................................................................................... 32
4.8. MODELOS DE LINHAS DE TRANSMISSO ......................................................................................................... 36
4.8.1. LINHA CURTA .............................................................................................................................................. 36
4.8.2. LINHA MDIA .............................................................................................................................................. 36
4.8.3. LINHA LONGA .............................................................................................................................................. 37
4.8 MODELOS DE CARGAS .................................................................................................................................. 38
4.9 INTRODUO AOS ESTUDOS DE CURTO-CIRCUITO. ........................................................................................... 42
4.10 EXERCCIOS ................................................................................................................................................ 49
5. COMPONENTES SIMTRICAS ..................................................................................................................54
5.1. INTRODUO .............................................................................................................................................. 54
5.2. O TEOREMA DE FORTESCUE ......................................................................................................................... 54
5.3. POTNCIA COMPLEXA .................................................................................................................................. 61
5.4. IMPEDNCIAS DE SEQUNCIA........................................................................................................................ 62
5.5. IMPEDNCIAS DE SEQUNCIA DOS COMPONENTES DE UM SEP.......................................................................... 64
5.4.1 LINHAS DE TRANSMISSO............................................................................................................................. 65
5.4.2 GERADORES SNCRONOS .............................................................................................................................. 66
5.4.3 TRANSFORMADORES DE DOIS ENROLAMENTOS ............................................................................................... 67
5.4.4 TRANSFORMADORES DE TRS ENROLAMENTOS .............................................................................................. 72
5.5 EXERCCIOS ................................................................................................................................................ 85
6. CLCULO DE CURTO-CIRCUITO ..............................................................................................................89
6.1. INTRODUO .............................................................................................................................................. 89
6.2. CURTO-CIRCUITO FASE-TERRA ..................................................................................................................... 90
6.3. CURTO-CIRCUITO FASE-FASE ........................................................................................................................ 92
6.4. CURTO-CIRCUITO FASE-FASE-TERRA ............................................................................................................. 94
6.5. MTODO DA MATRIZ IMPEDNCIA DE BARRA ............................................................................................... 102
6.7. EXERCCIOS .............................................................................................................................................. 109
7. FLUXO DE POTNCIA .............................................................................................................................112
7.1. INTRODUO ............................................................................................................................................ 112
7.2. MTODO DE GAUSS ................................................................................................................................... 115
7.3. MTODO DE GAUSS-SEIDEL ....................................................................................................................... 121
7.4. MTODO DE NEWTON-RAPHSON ................................................................................................................ 122
7.5. MTODO DESACOPLADO RPIDO ................................................................................................................ 137
7.6. EXERCCIOS .............................................................................................................................................. 141
8. ESTABILIDADE ESTTICA E TRANSITRIA .........................................................................................142
8.1 ESTABILIDADE EM REGIME PERMANENTE .................................................................................................... 142
8.2 MQUINA DE POLOS LISOS EM REGIME PERMANENTE .................................................................................... 143
8.3 CURVA DE CAPABILIDADE E CURVAS V ...................................................................................................... 149
UM POUCO DE HISTRIA
O curso de Engenharia Eltrica da UTFPR, anteriormente denominado Engenharia Eltrica,
nfase Eletrotcnica, tem no momento mais de trinta anos de existncia e uma posio consoli-
dada junto comunidade acadmica paranaense. Nossa Universidade Tecnolgica Federal do
Paran completou seu primeiro centenrio em 2009 e, embora tenha ainda pouca experincia
como universidade, posio que assumiu apenas em 2005, tambm uma instituio consolidada
no Paran e no Brasil.
Observaes:
1) Todas as figuras deste trabalho, exceto a Figura 3.1, foram elaboradas pelo autor usando o
GNU Image Manipulation Program GIMP 2.6, disponvel em www.gimp.org.
2) Todas as fotografias so de domnio comum.
3) No momento (13/08/14) este um trabalho em progresso. Em caso de constatao de erros, o
autor agradece notificaes enviadas pelo e-mail [email protected].
1. GLOSSRIOS
Glossrio de smbolos usados como subndices ou sobre-ndices
Smbolo Indicao dada pelo ndice
0 Componente de sequncia zero
1 Componente de sequncia positiva
2 Componente de sequncia negativa
012 Sistema de sequncia (equilibrado)
a Fase a
b Fase b, valor base
c Fase c, perdas no ncleo (core)
abc Sistema original (desequilibrado)
ca Circuito aberto
cc Curto-circuito
d Componente de eixo direto
ef Valor eficaz
elt Grandeza eltrica
g Entreferro, componente de entreferro
h Ordem de um harmnico
i Entrada (input)
q Componente de eixo em quadratura
Tenso ou corrente de linha
max Valor mximo
mec Grandeza mecnica
mit Mquina de induo trifsica
mst Mquina sncrona trifsica
mim Mquina de induo monofsica
min Valor mnimo
msm Mquina sncrona monofsica
mdc Mquina de corrente contnua
m Grandeza magntica, magnetizao
n Valor nominal
n Componente normal
o Sada (output)
pu Por unidade (valor por unidade)
q Componente de eixo em quadratura
r Componente radial, rotor
rb Rotor bloqueado
s Saturado, sncrono, sncrona
T Total
Componente tangencial
Perdas hmicas, componente de perdas hmicas
2. INTRODUO
Em agosto de 2010 o Sistema Interligado Brasileiro (SIN) era composto por 2.271 empreendi-
mentos de gerao em operao, totalizando uma potncia instalada de 110.224 MW. Desta po-
tncia, 69,24% correspondem a Usinas Hidreltricas (UHEs), 25,15% correspondem a Usinas
Termeltricas Convencionais (UTEs), 1,82% a Usinas Termeltricas Nucleares (UTNs) e o res-
tante a Pequenas Centrais Hidreltricas (PCHs), e Centrais Elicas (EOL).
Figura 3.1
Integrao eletroenergtica do Sistema Interligado Nacional (SIN)
Fonte: ONS, http://www.ons.com.br/conheca_sistema/mapas_sin.aspx
A interligao do SIN feita por meio da Rede Bsica, redefinida em 1998 por meio da
Resoluo ANEEL 245/1998. A Rede Bsica dos sistemas eltricos interligados constituda por
todas as linhas de transmisso em tenses iguais ou superiores a 230 kV e subestaes que con-
tenham equipamentos em tenso igual ou superior a 230 kV, integrantes de concesses de servi-
os pblicos de energia eltrica. Excepcionalmente, linhas e subestaes em tenses inferiores a
230 kV podem fazer parte da Rede Bsica, desde que autorizadas pelo Operador Nacional do
Sistema (ONS).
A operao correta dos sistemas tambm depende do conhecimento dos nveis de curto-
circuito em cada barramento, de modo que sistemas adequados de proteo possam ser dimensi-
onados. Em linhas gerais, o problema de curto-circuito nada mais do que um problema de fluxo
de potncia no qual uma das barras submetida a condies de curto, ou seja, forada a manter
tenso nula ou quase nula. O curto, mais apropriadamente denominado falta, pode ser simtrico,
como nos casos dos curtos trifsico e trifsico-terra, ou assimtrico, como nos casos dos curtos
fase-terra, fase-fase ou fase-fase-terra. Sendo um problema de fluxo de potncia em condies
excepcionais, poderamos em princpio usar os mtodos de fluxo de potncia para resolver pro-
blemas de curto-circuito. Conduto, no caso dos curtos assimtricos, o problema se torna mais
complexo, pois as correntes em cada uma das fases sero diferentes. Felizmente, em situaes de
curto podemos fazer algumas simplificaes no sistema e podemos tambm usar o mtodo das
componentes simtricas, o que nos permitir conhecer correntes e potncias de curto em cada
uma das barras do sistema.
4.2. Definio de PU
Um valor em pu nada mais do que o valor original de uma grandeza qualquer, tal como tenso,
corrente, impedncia, etc., escrito em relao a um valor base da mesma grandeza. Sendo Vreal o
valor da grandeza original e Vbase o valor base, o valor expresso em pu ser
Quando expressamos valores finais, tanto faz usar pu ou %. Nos clculos, contudo, o sis-
tema pu mais adequado. A razo que dois valores percentuais, quando multiplicados, devem
ser divididos por 100 para resultar em um novo valor percentual. Por outro lado, a multiplicao
de dois valores em pu j fornece o novo valor tambm em pu.
____
Exemplo 4.1. Um transformador de tenso nominal primria igual a 13,8 kV opera momentane-
amente em 14 kV. Expresse a tenso de operao em pu e em percentual, na base do equipamen-
to.
Soluo. O valor em pu
Vreal 14 kV
V pu 1,0145 pu ,
Vbase 13,8 kV
enquanto o valor percentual
3VI
S pu V pu I pu .
3Vb I b
Escolhendo-se as bases para duas das grandezas acima, as bases para as outras duas se-
guem diretamente.
Geralmente iremos escolher as bases para tenso (Vb) e para potncia (Sb), calculando as
bases para impedncia (Zb) e corrente (Ib). Em circuitos trifsicos, que o caso usual, teremos
Zb
Vb 2 . (4.2)
Impedncia-base em
funo de Vb e Sb.
Sb
Sb Corrente-base em fun-
Ib . (4.3) o de Vb e Sb.
3Vb
Observaes:
1) A potncia-base nica e uma s para todos os barramentos do sistema em anlise.
O exemplo a seguir esclarece essas caractersticas das bases das diversas grandezas.
Exemplo 4.2. Converta para pu as impedncias do sistema abaixo e determine as bases de tenso
e de impedncia em cada barramento. Considere que a potncia-base 20 MVA e que a tenso-
base no primeiro barramento 13,8 kV.
Figura 4.1
Sistema para o Exemplo 4.2
Soluo. A tenso-base na barra 1 Vb1 13,8 kV . A tenso-base na barra 2 pode ser obtida
considerando-se a relao de transformao do transformador, ou seja
138 kV
Vb2 kT12 Vb1 13,8 Vb2 138 kV
13,8 kV
A tenso-base na barra 3 igual tenso-base na barra 2, pois linhas de transmisso no
afetam as bases de tenso:
Vb3 138 kV
Z b1
V 13,8 kV
b1
2 2
Zb1 9,522
Sb 20 MVA
Z b2
V 138 kV
b2
2 2
Zb2 952,2
Sb 20 MVA
j10%
xG1 xG1 j0,10 pu
100
j12%
xT12 xT12 j 0,12 pu
100
j80
xLT12 xLT12 j 0,084 pu
952,2
Z Z
Z vpu e Zn
pu
.
Z bv Z bn
Igualando Z nas expresses acima, vm
Z bv
Z npu Z vpu .
Z bn
2 Mudana de bases de
S V
Z n
pu
Z bn bv .
v
pu
(4.4) uma impedncia em pu.
Sbv Vbn
____
Exemplo 4.3. Considerando, no sistema abaixo, que a potncia-base 50 MVA e que a tenso-
base na barra 1 15 kV, converta todas as impedncias para pu, nas bases do sistema.
Figura 4.2
Sistema para o Exemplo 4.3
Soluo. A tenso-base na barra 1, Vb1 , foi arbitrada em 15 kV. A tenso-base na barra 2 pode
125 kV
Vb2 15 Vb2 135,87 kV
13,8 kV
A tenso-base na barra 3 igual tenso-base na barra 2
Vb3 135,87 kV
A tenso-base na barra 4 pode ser calculada da mesma maneira
6,6 kV
Vb4 135,87 Vb4 6,50 kV
138 kV
A nica impedncia-base que interessa a das barras 2 e 3, pois somente nesse trecho
temos impedncias em ohms que devem ser convertidas para pu
Z b2 Z b3
V 135,87 kV
b2
2 2
Zb2 369,21
Sb 50 MVA
As reatncias de G1, T12 e T34 podem agora ser expressas em pu e transformadas para as
bases novas (do sistema)
2
50 15
xG1 j 0,08 xG1 j 0,1333 pu
30 15
2
50 13,8
xT12 j 0,10 xT12 j 0,0846 pu
50 15
2
50 138
xT34 j 0,12 xT34 j 0,1547 pu
40 135,87
25 MVA
S4 S4 0,50 pu
50 MVA
Sabendo agora que todos os elementos do sistema podem ser representados por meio de
suas impedncias, podemos desenhar o diagrama da Figura 4.3.
Figura 4.3
Diagrama de reatncias para o Exemplo 4.3
Figura 4.4
Circuito equivalente por fase de um
transformador de dois enrolamentos
O circuito ilustrado para uma fase apenas, pois os circuitos para as demais fases so
idnticos, a menos das defasagens adequadas de tenses e correntes. Os parmetros do circuito
equivalente, em /fase, so:
xm = reatncia de magnetizao.
desprezvel frente corrente do primrio I1 . Sendo assim, e desde que o transformador esteja
prximo condio nominal, o ramo de excitao pode ser removido. O circuito equivalente
simplificado resultante mostrado na Figura 4.5.
O transformador de potncia pode assim ser representado por uma nica reatncia referi-
da ao primrio. Contudo, essa mesma reatncia pode tambm ser referida ao secundrio, resul-
tando em xT x1 / k 2 x2 .
Figura 4.5
Circuito equivalente simplificado de
um transformador de dois enrolamentos
Figura 4.6
Circuito equivalente simplificado final de
um transformador de dois enrolamentos
A reatncia xT=x 1 + k2x2 pode ser obtida por meio do ensaio de curto-circuito, tambm
conhecido como ensaio de corrente nominal.
Podemos agora mostrar que, quando expressa em pu, xT independe de que lado tomamos
como referncia. Sejam inicialmente:
xTA x A k 2 xB ,
Sabendo ainda que Z bA VbA / Sb e k VbA / VbB , vem
2
xTpuA x Apu
V / V x
bA bB
2
B
V / S 2 ,
bA b
ou,
xB
xTpuA x Apu x Apu xBpu .
V / S 2
(4.5)
bB b
xA
xTB xB ,
k2
a qual, convertida para pu, poder ser escrita como
xA
2
xB
xTpuB k .
Z bB
ou
pu
V / V x
bB bA
2
A
xBpu ,
V / S
xTB 2
bB b
ou, ainda
xA
xTpuB xBpu x Apu xBpu .
V / S 2
(4.6)
bA b
Relao de tenses de
xTpuA
k pu
1. (4.8) um transformador, em
xTpuB pu.
Essa provavelmente a maior vantagem do uso do sistema pu, pois podemos tratar trans-
formadores como meras impedncias, sem nos preocuparmos com referncias a enrolamentos e
fatores de transformao.
xam = reatncia de disperso entre os terminais de alta e de mdia tenso, com o ter-
minal de baixa tenso aberto.
xab
= reatncia de disperso entre os terminais de alta e de baixa tenso, com o ter-
minal de mdia tenso aberto.
xm b
= reatncia de disperso entre os terminais de mdia e de baixa tenso, com o
terminal de alta tenso aberto.
O modelo resultante uma espcie de delta, mas devemos salientar que h pouco em co-
mum entre este delta e as ligaes homnimas comuns em circuitos trifsicos. Assim, no po-
demos usar as transformaes Y estudadas em circuitos eltricos.
Figura 4.7
(a) Smbolo unifilar de um transformador
de trs enrolamentos; (b) modelo em delta
de um transformador de trs enrolamentos
Figura 4.8
Modelo em estrela de um
transformador de trs enrolamentos
Tomando os enrolamentos aos pares, sempre com o terceiro a vazio, podemos escrever
xam xa xm . (4.9)
xab xa xb (4.10)
xmb xm xb (4.11)
xa 1
2 xam xab xmb . (4.12) Reatncias de um mode-
lo Y para um transfor-
xb 1
2 xab xmb xam . (4.13)
mador de trs enrola-
mentos.
xm 1
2 xam xmb xab . (4.14)
A
a , (4.15)
B
onde
Tenso do lado de AT
A , (4.16)
Tenso nominal do lado de AT
Tenso do lado de BT
B , (4.17)
Tenso nominal do lado de BT
O transformador fora do tap nominal pode agora ser modelado como na Figura 4.9, ou se-
ja, um transformador ideal de relao a : 1 em srie como uma admitncia yT , que representa o
transformador quando operando no tap nominal.
Sa Sr ,
ou,
Va Ia* Vr Ir* Vr Iab
*
,
ou, ainda,
V *
Va Ia* a Iab .
a
Finalmente,
I
Ia ab* . (4.18)
a
Figura 4.9
Modelo inicial para o transformador
com tap fora do valor nominal
Podemos tambm escrever a corrente Iab em funo das tenses nas barras r e b, ou seja
V
Iab a * Ia Vr Vb yT a Vb yT .
a
ou,
y y
Ia T2 Va T* Vb . (4.19)
a a
Da mesma forma, podemos escrever a seguinte relao para a corrente no lado de baixa
V
Ib Iab Vb Vr yT Vb a yT ,
a
ou,
y
Ib T Va yT Vb . (4.20)
a
Ia yT / a 2 yT / a * Va
(4.21)
I b yT / a yT Vb
Ia Yaa Yab Va
(4.22)
I b Yba Ybb Vb
Yaa yT / a 2
Ybb yT
(4.23)
Y y / a *
ab T
Yba yT / a
Lembrando que uma das propriedades dos elementos da matriz admitncia nodal que
Yab Yba , segue-se que devemos ter a a , ou seja, a deve ser um numero real, o que significa
*
que, como sabemos, os taps do transformador apenas alteram o mdulo da tenso, mas no o
ngulo de fase. Note tambm que, na nossa notao, Y representa um elemento da matriz admi-
tncia nodal [Y ] , enquanto y representa uma admitncia fsica do circuito.
Figura 4.10
Modelo para o transformador
com tap fora do valor nominal
Escrevendo as equaes nodais para o sistema da Figura 4.10, teremos
Ia Va y a (Va Vb ) y ab .
Ib Vb yb (Vb Va ) y ab
ou,
Ia Va y a y ab Vb y ab .
Ib Va y ab Vb yb y ab
Ia y a y ab y ab Va Yaa Yab Va
(4.24)
I b yab y b y ab Vb Yba Ybb Vb
Yaa y a y ab
Ybb y b y ab (4.25)
Y Y y
ab ba ab
n i, enquanto a admitncia Yij Yji igual ao recproco da admitncia fsica que liga os ns i e
j.
yT / a 2 y a y ab
yT y b y ab
(4.26)
yT / a y ab
yT / a y ab
Das equaes (4.26), segue-se que
yT 1 a Admitncias de um
y a . (4.27) transformador com tap
a2
fora do valor nominal.
yT a 1
yb (4.28)
a
yT
y ab (4.29)
a
Note que, se tivermos a=1, ou seja, se ambos os taps do transformador estiverem na ten-
so nominal, teremos y a yb 0 e y ab yT 1 / xT , e voltaremos ao modelo original de um
transformador de potncia de dois enrolamentos.
____
Exemplo 4.4. Para o sistema da Figura 4.11, pede-se: (a) considerando que a potncia-base 100
MVA e que a tenso-base 15 kV no barramento 1, converta os parmetros do sistema abaixo
para pu; (b) apresente os resultados em diagrama unifilar, na forma retangular.
Figura 4.11
Sistema para o Exemplo 4.4
138 kV
Vb2 kT12 Vb1 15 Vb2 138 kV
15 kV
Sabendo que no h queda de tenso-base em uma linha de transmisso, as tenses-base
nas barras 2 e 3 sero iguais
Vb3 138 kV
69 kV
Vb4 kT34 Vb3 138 Vb2 41,4 kV
230 kV
13,8 kV
Vb5 kT35 Vb3 138 Vb2 8,28 kV
230 kV
Vb6 Vb4 Vb6 41,4 kV
11 kV
Vb7 kT67 Vb6 41,4 Vb7 10,517 kV
3 25 kV
Sbv Vbn
2
100 13,8
xG1 j 0,1 xG1 j 0,1058 pu
80 15
2
100 15
xT12 j 0,11 xT12 j 0,1222 pu
90 15
A reatncia da linha de transmisso 2-3 j est em pu, mas est expressa nas bases 230
kV e 50 MVA. Logo, devemos fazer uma mudana de bases
2
100 230
xLT23 j 0,03 xLT23 j 0,1667 pu
50 138
2
100 230
xam j 0,13 xam j 0,4012 pu
90 138
2
100 230
xab j 0,15 xab j 0,8333 pu
50 138
2
100 69
xm b j 0,11 xmb j 0,3395 pu
90 41,4
xa 1
2 xam xab xmb 1 2 j 0,4012 j 0,8333 j 0,3395 xa j 0,8950 pu
xb 1
2 xab xmb xam 1 2 j 0,8333 j 0,3395 j 0,4012 xb j 0,7716 pu
xm 1
2 xam xmb xab 1 2 j 0,4012 j 0,3395 j 0,8333 xm j 0,0926 pu
A reatncia da linha 4-6 est expressa em ohms. Para convert-la para pu devemos dividi-
la pela impedncia-base do trecho 4-6, ou seja
j 20 j 20
xLT46 xLT46 j1,1669 pu
(Vb 4 ) / Sb (41,4) 2 / 100
2
Figura 4.12
Diagrama de reatncias para o Exemplo 4.4.
Todas as reatncias esto em pu.
Exemplo 4.5. Para o sistema da Figura 4.13, sabendo que a tenso na barra 5 1,0 pu e conside-
rando Sb=50 MVA e Vb1=13,8 kV, pede-se: (a) a corrente na barra 5, em pu e em amperes; (b) a
tenso na barra 1, em pu e em volts.
Soluo. Fazendo Vb1=13,8 kV, todas as tenses-base j so iguais s respectivas tenses nomi-
nais. Alm disso, as reatncias do gerador e dos transformadores j esto nas tenses-base corre-
tas. Basta reescrev-las para a nova potncia-base. Logo
2
50 13,8
xG1 j 0,1 xG1 j 0,0667 pu
75 13,8
2
50 13,8
xT12 j 0,08 xT12 j 0,0444 pu
90 13,8
2
50 138
xT34 j 0,12 xT34 j 0,1000 pu
60 138
Figura 4.13
Sistema para o Exemplo 4.5
As reatncias das linhas podem ser convertidas para pu dividindo-as pelas respectivas
impedncias-base
j 50 j 50
xLT23 xLT23 j 0,1313 pu
(Vb 2 ) / Sb (138) 2 / 50
2
j 20 j 20
xLT45 xLT45 j 0,2100 pu
(Vb 4 ) / Sb (69) 2 / 50
2
Devemos converter para pu tambm as potncias nas barras 4 e 5, dividindo-as pela po-
tncia-base
20
S4pu S4pu 0,4 pu
50
30
P5pu P5pu 0,6 pu
50
Figura 4.14
Diagrama de reatncias para o
Exemplo 4.5. Todos os valores em pu
A corrente na barra 5 pode ser obtida a partir da tenso e da potncia nessa barra, ou seja
ou
A corrente-base na barra 5
Sb 50 10 6
I b5 418,37 A
3Vb5 3 69 10 3
V4pu V5pu jx45 I5pu 1,0 j0,21 0,667 25,84 V4pu 1,06856,7756 pu
A corrente na barra 4 pode ser obtida a partir da tenso e da potncia nessa barra, ou seja
ou
I45pu I4pu I5pu 0,3744 18,195 0,667 25,84 I45pu 1,0393 23,093 pu
ou
Sabendo que a tenso-base na barra 1 13,8 kV, a tenso em volts na barra 1 ser
armadura, 2 o fluxo magntico por polo produzido pelo rotor, a fora eletromotriz E f induzi-
onde k1w , ainda, o fator de enrolamento da armadura, tipicamente maior do que 0,85 e menor
ou igual a 1,0.
Quando alimenta uma carga qualquer, de maneira isolada ou conectado ao sistema, a ten-
so nos terminais do gerador ser V1 E f , indicando a presena de uma impedncia interna,
usualmente representada em srie. Contudo, por causa do desacoplamento eltrico entre campo e
armadura, o gerador sncrono uma fonte de corrente quase ideal, podendo ser representado ini-
cialmente como na Figura 4.15, onde xm a reatncia de magnetizao, x1 a reatncia de dis-
perso da armadura, r1 a resistncia hmica da armadura e rc a resistncia de perdas no n-
cleo (histerese e Foucault). Todos os parmetros so expressos em ohms por fase.
Figura 4.15
Modelo inicial de um gerador
sncrono trifsico
possvel fazer algumas simplificaes no circuito da Figura 4.15. Nos geradores co-
muns em sistemas de potncia, sempre da classe MVA, os condutores da armadura tm bitola
larga a ponto da resistncia r1 ser desprezvel. As perdas no ncleo tambm so desprezveis, o
que significa que a resistncia rc muito grande em comparao com xm, e podemos fazer
rc // xm xm . O resultado o circuito da Figura 4.16, que consiste de um equivalente Norton em
srie com uma reatncia de disperso jx1.
Figura 4.16
Modelo intermedirio de
um gerador sncrono trifsico
equivalente final, mostrado na Figura 4.17, adequado a geradores sncronos de polos lisos, que
geralmente o caso de turbogeradores. Para geradores de polos salientes, que geralmente o
caso de hidrogeradores, algumas modificaes devem ser introduzidas, as quais sero objeto do
captulo 9.
Figura 4.17
Modelo de circuito equivalente de
um gerador sncrono de polos lisos
Equao fasorial de um
E f V1 jxd I1 . (4.31) gerador de polos lisos
em regime permanente.
A nica modificao necessria para transformar o gerador descrito pela equao (4.31)
em um motor sncrono a mudana do sentido da corrente, resultando na seguinte equao
Equao fasorial de um
E f V1 jxd I1 . (4.32) motor de polos lisos em
regime permanente.
Vamos supor que um gerador sncrono esteja funcionando a vazio quando um curto-
circuito trifsico ocorre. Vamos supor tambm, por simplicidade, que o curto ocorre exatamente
quando a tenso alternada do gerador instantaneamente nula. Por causa do carter indutivo do
gerador, a corrente no atingir imediatamente um valor de regime constante, mas se comportar
como mostrado na Figura 4.18. A envoltria da senoide uma exponencial mais complexa do
que o usual, pois sua taxa de decaimento no constante. Para evitar a dificuldade de se traba-
lhar com uma quantidade muito grande de constantes de tempo, costumamos definir trs pero-
dos de tempo, cada um deles caracterizado por uma reatncia sncrona:
1) Perodo subtransitrio: corresponde aos primeiros ciclos aps o curto, durante os quais
a corrente decai muito rapidamente; caracterizado pela reatncia subtransitria de eixo
direto, xd ' ' .
2) Perodo transitrio: corresponde ao perodo aps o perodo subtransitrio e antes da cor-
rente ter se estabilizado, durante o qual a corrente decai mais lentamente; caracterizado
pela reatncia transitria de eixo direto, xd ' .
3) Perodo de regime permanente: corresponde ao perodo aps a corrente ter se estabili-
zado; caracterizado pela reatncia sncrona de eixo direto usual, xd .
Figura 4.18
Corrente de armadura de um gerador sncrono
em curto-circuito trifsico simtrico
A Tabela 4.1 mostra os valores tpicos das reatncias de algumas mquinas sncronas.
Note que a relao entre as reatncias sncrona xd e subtransitria xd ' ' pode chegar a 11 vezes
no caso do gerador de polos salientes. Como veremos no captulo 5, essa diferena torna bastante
crtica a escolha do perodo no qual devemos calcular as correntes de curto-circuito.
representado de maneira unifilar como na Figura 4.19. Neste modelo, rLT a resistncia hmica,
responsvel pelas perdas por efeito Joule, e xLT a reatncia indutiva da linha. Ambos os par-
metros so especificados em ohms por fase.
Figura 4.19
Modelo de uma linha de transmisso curta
sentado na Figura 4.21. Em ambos o termo jBc ( jxc ) 1 representa a susceptncia total da
linha.
Figura 4.20
Modelo T de uma linha
de transmisso mdia
Note que a nica diferena entre os modelos e T uma distribuio diferente da impe-
dncia srie e da susceptncia paralela ao longo do trecho em questo. Quando a capacitncia em
paralelo for desprezvel, o que significa Bc , ambos os modelos se reduzem ao modelo de
linha curta. Daremos sempre preferncia ao modelo e, quando nada for mencionado, este o
modelo que deve ser usado.
Figura 4.21
Modelo de uma linha
de transmisso mdia
comprimento total da linha, podemos escrever equaes diferenciais parciais para a linha, as
quais, uma vez resolvidas, resultam em
2b tanh( l / 2)
B eq , (4.34)
Figura 4.22
Curva de carga tpica de um
barramento de distribuio
A carga total do sistema pode, grosso modo, ser repartida entre usurios industriais e re-
sidenciais. A potncia consumida pelos consumidores industriais varia de um tero nas horas de
pico at metade nas horas de carga mnima. Uma diferena muito importante entre os dois tipos
de consumidores que nos industriais existe uma porcentagem elevada de motores de induo
(cerca de 60 por cento), enquanto nos consumidores residenciais predominam as cargas de aque-
cimento e iluminao.
No Brasil a tarifa dos consumidores residenciais monmia, ou seja, existe apenas uma
tarifa, especificada em R$/kWh, que incluiu simultaneamente demanda e energia. J consumido-
res industriais so geralmente tarifados por meio de uma tarifa binmia, do tipo horo-sazonal.
Nesse tipo de tarifa a demanda cobrada em R$/kW, com valores diferentes para perodos de
ponta e fora de ponta. A energia cobrada em R$/MWh, com valores tambm diferentes para
perodos mido (dezembro a abril) e seco (maio a novembro). O horrio de ponta, no Brasil,
definido como o perodo de trs horas consecutivas, de escolha da distribuidora, compreendido
entres as 17h e as 22h.
Em pases mais desenvolvidos, nos quais existe algum tipo de Gerenciamento pelo Lado
da Demanda (GLD), existem tambm tarifas binmias para consumidores residenciais. Nesse
caso o consumidor paga mais caro, em R$/kWh no horrio de ponta, e mais barato, tambm em
R$/kWh, no horrio fora de ponta. A finalidade incentivar a migrao do consumo residencial
do horrio de ponta para o horrio fora de ponta, reduzindo a necessidade de investimentos em
distribuio para atendimento ao horrio de ponta. Uma maneira relativamente fcil de implantar
a GLD em um pas como o Brasil seria, por exemplo, pr-aquecer a gua durante o perodo fora
de ponta, armazenando-a em reservatrios trmicos especiais, para utilizao no horrio de pon-
ta, seja para o banho, seja para outro tipo de uso. Contudo, enquanto a energia tiver o mesmo
preo dentro e fora da ponta, esse tipo de GLD no teria sentido econmico para consumidores
residenciais. A ANEEL pretendia implantar em 2014 uma tarifa residencial denominada tarifa
branca, formada por trs componentes, todas em R$/kWh: uma componente reduzida, no hor-
rio fora de ponta, uma componente elevada, no horrio de ponta, e uma componente intermedia-
ria, uma hora antes do horrio de ponta e uma hora depois. Conduto, por causa de dificuldades
de implantao, a tarifa branca foi deixada para 2015.
1) Demanda mxima: valor mdio da carga durante o intervalo de tempo de meia hora
em que a demanda mxima.
2) Fator de carga: relao entre a demanda mdia e a mxima em um determinado in-
tervalo de tempo. O fator de carga ideal deve ser elevado. Caso seja unitrio, significa
que todas as unidades geradoras esto sendo utilizadas a plena carga durante o pero-
do considerado. Seu valor varia com a natureza da carga; sendo baixo para cargas de
iluminao (cerca de 12 %) e elevado para cargas industriais.
3) Fator de diversidade: relao entre a soma das demandas mximas individuais dos
consumidores e a demanda mxima do sistema. Este fator mede a diversificao da
carga e diz respeito capacidade de gerao e transmisso instalada. No caso da de-
manda mxima de todos os consumidores ocorrer simultaneamente, isto , fator de
diversidade unitrio, dever-se-o instalar muitos outros geradores. Felizmente, este
fator muito maior que a unidade, especialmente para consumidores residenciais. Em
um sistema de quatro consumidores o fator de diversidade poderia ser elevado, com
os consumidores absorvendo energia como na Figura 4.23.
Figura 4.23
Representao dos extremos do fator de diversidade
de uma instalao com dois consumidores
Em estudos de fluxo de potncia o ideal seria realizar um estudo para cada hora da curva
de carga da Figura 4.22. Isso, contudo, exigiria um esforo computacional muito grande, alm de
exigir uma previso de cargas muito complexa. Por outro lado, o modelo de dois patamares (pon-
ta e fora de ponta) adotado no nvel de distribuio (tenses inferiores a 230 kV), pouco descri-
tivo para estudos de sistemas de transmisso (tenses iguais ou superiores a 230 kV). Assim, em
estudos de transmisso geralmente adotamos o modelo de trs patamares (cargas mdia, leve e
pesada) da Rede Bsica brasileira, conforme mostrado na Tabela 4.2.
Para nossos fins, as cargas sero usualmente representadas em MVA ou MW, juntamente
com o fator de potncia, em um dos patamares da Tabela 4.2. No diagrama unifilar as cargas
sero representadas por meio de setas, como na Figura 4.29, indicando potncia absorvida, ou
por meio de impedncias, como na Figura 4.31.
zem correntes de curto diferentes em cada uma das fases, sendo denominados faltas assimtri-
cas.
A rigor, tanto faltas simtricas quanto assimtricas deveriam ser calculadas a partir das
tcnicas de fluxo de potncia, que sero vistas a partir do captulo 7, fazendo-se a impedncia de
curto igual a zero. Contudo, em sistemas de pequeno porte e em casos nos quais no se exige
muita preciso, podemos desenvolver uma metodologia simplificada, partindo das seguintes con-
sideraes:
1) A tenso pr-falta de todos os geradores igual a 1,0 pu. Sabendo que a tenso dos
geradores de um sistema de potencio pode variar entre 0,95 pu e 1,05 pu, a tenso
mais provvel de operao dos geradores 1,0 pu, onde a tenso-base a tenso no-
minal do gerador.
2) As cargas so desprezveis durante o curto, pois, sabendo que o sistema de pequeno
porte (poucas barras), a ocorrncia de um curto-circuito desvia das cargas toda a po-
tncia produzida pelos geradores.
3) As capacitncias em paralelo de linhas de transmisso tambm so desprezveis, pelo
mesmo motivo anterior.
Corrente trifsica de
V 1,00 curto-circuito franco em
I pu
cc 3 th , (4.34)
Z th Z th um sistema de potncia
de pequeno porte.
onde Zth a impedncia de Thvenin vista da barra onde ocorre o curto-circuito. Caso o curto se
d atravs de uma impedncia de falta Z f , basta adicion-la a Z , ou seja
th
Corrente trifsica de
Vth 1,00 curto-circuito atravs de
I ccpu3 , (4.35) uma impedncia em um
Zth Z f Zth Z f sistema de potncia de
pequeno porte.
O estudo das faltas assimtricas um pouco mais complexo, exigindo tcnicas especiais
que sero descritas no captulo 5, juntamente com vrios outros conceitos de curto-circuito.
Exemplo 4.6. Para o sistema da Figura 4.24, calcule a corrente trifsica de curto-circuito na bar-
ra 3, em pu e em amperes. Considere que a potncia-base 50 MVA e que a tenso-base na barra
3 69 kV.
Figura 4.24
Sistema para o Exemplo 4.6
Soluo. Inicialmente, substitumos os geradores por suas respectivas impedncias internas, des-
prezamos as cargas e isolamos a barra na qual desejamos calcular a falta. O resultado o dia-
grama de reatncias da Figura 4.25.
Figura 4.25
Diagrama de reatncias para o Exemplo 4.6
ou,
1,0 pu 1,0 pu
Iccpu3 Iccpu3 j 5,448 pu
Z th j 0,1836
Para converter a corrente de curto para amperes, precisamos antes calcular a corrente-
base, que ser
Sb 50 10 6
I b3 I b3 418,37 A
3Vb3 3 69 103
Assim,
____
Exemplo 4.7. Para o sistema da Figura 4.26, calcule a corrente trifsica de curto-circuito nas
barras 1 e 7. Utilize as bases de 60 MVA e 69 kV na barra 2.
Figura 4.26
Sistema para o Exemplo 4.7
Soluo. A Figura 4.27 ilustra o diagrama de reatncias resultante aps a converso para pu nas
bases indicadas, j com as cargas desprezadas e os geradores substitudos por suas respectivas
reatncias internas.
1,0 pu 1,0 pu
Iccpu3 Iccpu3 j3,7719 pu
Z th j 0,2651
S 60 106
Icc3 Iccpu3 b j3,7719 j3,7719 502,04 Icc3 j1.893,66,3 A
3Vb3 69 10 3
3
Figura 4.27
Diagrama de reatncias para o Exemplo 4.7
O curto na barra 7 um pouco mais complicado, pois apenas a barra 3 ser flutuante e o
diagrama de reatncias resultante formar um delta entre as barras 2, 4 e 6, como mostrado na
Figura 4.28.
Figura 4.28
Sistema do Exempo 4.7 com curto na barra 7
A Figura 4.29 ilustra o circuito resultante com uma estrela entre as barras 2, 4 e 6.
Figura 4.29
Diagrama resultante para curto na barra 7
1,0 pu 1,0 pu
Iccpu3 Iccpu3 j1,981 pu
Z th j 0,50479
S 60 106
Icc3 Iccpu3 b j1,981 j1,981 2.309,4 Icc3 j 4.574,92 A
3Vb 7 15 10 3
3
4.10 Exerccios
4.10.1 Descreva algumas vantagens de se usar o sistema por unidade (pu) em vez das unidades
convencionais (volts, amperes, etc.).
4.10.3. Dois transformadores esto conectados em srie. Um deles especificado para 15 MVA,
69 kV/125 kV, X=10%. O outro, para 10 MVA, 13,8 kV/69 kV, X=8%. Determine a rea-
tncia de cada transformador e a reatncia total, em pu, nas bases de 30 MVA e 138 kV.
Tabela 4.4
3
Y Y ? ? ? ? ?
4
Y ? ? ? ? ?
5 Y Y ? ? ? ? ?
6 Y ? ? ? ? ?
7 Y ? ? ? ? ?
8 ? ? ? ? ?
4.10.5 Trs geradores, cujos parmetros so listados na Tabela 4.5, esto conectados a um bar-
ramento comum de 13,8 kV. Determine a reatncia equivalente, resultante da ligao em
paralelo dos trs geradores, nas bases de 100 MVA e 15 kV.
Tabela 4.5
4.10.7 Para o sistema da Figura 4.30, utilizando potncia-base de 50 MVA e tenso-base igual a
13,8 kV no barramento 1, pede-se: (a) converta para pu os valores de todos os parme-
tros; (b) calcule a tenso no barramento 1 de modo que a tenso no barramento 5 seja
0,95 pu.
Figura 4.30
Sistema para o Exerccio 4.11.7
4.10.8 Um gerador sncrono trifsico, 60 Hz, 50 MVA, 30 kV, tem reatncia sncrona igual a 9
por fase. A resistncia de armadura desprezvel. O gerador est entregando potncia
nominal com fator de potncia de 0,8 em atraso, sob tenso nominal, a um barramento in-
finito. Pede-se: (a) Determine a tenso interna do gerador e o ngulo de carga ; (b) com
a tenso interna mantida constante no valor do item anterior, a potncia de entrada do ge-
rador reduzida a 25 MW; determine a corrente e o fator de potncia.
4.10.10 Para o sistema da Figura 4.31, pede-se: (a) converta todos os parmetros para pu,
usando potncia-base de 100 MVA e tenso-base de 15 kV na barra 9; (b) obtenha a
matriz admitncia nodal do sistema, em pu (Adaptado de ARLEI, 1998).
Figura 4.31
Sistema para o Exerccio 4.11.10
4.10.12 Uma linha de transmisso trifsica, 225 kV, tem comprimento de 40 km. A resistn-
cia por fase 0,15 /km e a indutncia por fase 1,326 mH/km. As capacitncias
em paralelo so desprezveis. Um transformador trifsico conectado a um dos lados
da linha, e uma carga de 380 MVA, com fator de potncia de 0,9 em atraso, sob 225
kV, conectada ao outro lado. Usando o modelo de linha curta, determine a tenso e
a potncia do lado do transformador.
4.10.13 Para o sistema da Figura 4.32, considere que a potncia-base 100 MVA e que a
tenso-base 15 kV na barra 4. Pede-se: (a) desenhe o diagrama unifilar para o sis-
tema, representando o transformador (que est fora do tap nominal) como um mode-
lo e incluindo as susceptncias das linhas; (b) converta todas as impedncias e ad-
mitncias para ohms e siemens, respectivamente; (c) desprezando cargas e suscep-
tncias em paralelo, calcule as impedncias Thvenin equivalentes nas barras um,
trs e quatro; (d) calcule as correntes trifsicas de curto-circuito nas barras um, trs e
quatro (Adaptado de ARLEI, 1998).
Figura 4.32
Sistema para o Exerccio 4.11.13
4.10.15 Uma linha de transmisso trifsica, 345 kV, 130 km, tem impedncia srie por fase
igual a z=0,036+j0,3/km. A admitncia em paralelo por fase y=j4.2210-6 S/km.
Um dos lados da linha ligado a uma subestao e absorve 400 A, sob fator de po-
tncia 0,95 atrasado e 345 kV. Usando o modelo da linha mdia, determine a tenso,
corrente, potncia e fator de potncia do lado da carga.
4.10.16 Uma linha de transmisso de 500 kV tem comprimento de 250 km. A impedncia
srie por fase z0.045j0.4 /km e a admitncia em paralelo y=j410-6 S/km.
Determine os parmetros do modelo de linha longa para esta linha.
4.10.17 Uma linha de transmisso de 200 km conecta uma usina geradora a um sistema de
distribuio. Os parmetros da linha, por quilmetro e por fase, so: R=0,1; L=1,25
mH; C=0,01 F. Considerando que a tenso e a corrente do lado do sistema de dis-
4.10.19 Dois geradores com potncias individuais de 80 MVA esto conectados como ilus-
trado na Figura 4.33. A tenso nominal de cada gerador 11 kV e a reatncia sncro-
na de cada um deles 12%. Os transformadores elevadores so especificados para
11/66 kV, 90 MVA, e tm reatncia de disperso igual a 10%. Um curto-circuito tri-
fsico ocorre na barra 6 em um momento no qual nenhuma corrente circula atravs
da linha 2-5. Determine a corrente trifsica de curto-circuito na barra 6, em amperes.
Figura 4.33
Sistema para o Exerccio 4.11.19
5. COMPONENTES SIMTRICAS
5.1. Introduo
O clculo de curto-circuitos assimtricos (fase-terra, fase-fase, fase-fase-terra) poderia, em prin-
cpio, ser realizado por meio das ferramentas convencionais de anlise de circuitos polifsicos
(malhas, ns, equivalentes, etc.). Contudo, o esforo computacional envolvido aumentaria com a
terceira potncia do nmero de barras do sistema, tornando a tarefa impossvel a partir de algu-
mas poucas barras. Felizmente, um teorema enunciado por Charles L. Fortescue em 1918 possi-
bilita a simplificao da anlise de faltas assimtricas, como veremos a seguir.
Nota biogrfica: Charles LeGeyt Fortescue (1876 1936) foi um engenheiro eltrico nascido
em York Factory, um entreposto comercial que funcionou at 1957 no noroeste da provncia ca-
nadense de Manitoba. Em 1898, Fortescue tornou-se um dos primeiros engenheiros graduados
pela Queens University, localizada em Ontario, Canad. Aps sua formatura, Fortescue ingres-
sou na Westinghouse Corporation, nos Estados Unidos, onde permaneceu durante toda sua vida
profissional, vindo a trabalhar com transformadores de alta tenso e problemas a eles relaciona-
dos. Em 1918, Fortescue publicou o artigo Method of symmetrical co-ordinates applied to the
solution of polyphase networks (AIEE Transactions, vol. 37, p. 1027-1140), dando origem ao
estudo das componentes simtricas e reduzindo enormemente o esforo computacional envolvi-
do nos clculos de curto-circuitos assimtricos. Em 1939, o IEEE (Institute of Electrical and
Electronics Engineers) criou uma bolsa de mestrado em homenagem a Fortescue, concedida
anualmente .
O teorema de Fortescue pode ser escrito para tenses ou correntes. Para N=3 (sistema tri-
fsico), os trs conjuntos de fasores equilibrados so conhecidos como sequncias e definidos
da maneira a seguir.
1) Sequncia positiva
A defasagem entre duas fases quaisquer da sequncia positiva sempre 120 e os mdu-
los das correntes (ou tenses) so iguais entre si. Denotando as trs fases por a, b e c, teremos
A sequncia negativa gira no sentido inverso ao da sequncia positiva, tambm com ngulos de
120 entre duas fases quaisquer. Usaremos o sobre-ndice 2 para represent-la. Outros ndices
usuais so e cba. Da mesma forma que na sequncia positiva, teremos
3) Sequncia zero
Uma terceira sequncia, ou sistema de fasores, necessria para satisfazer o teorema de Fortes-
cue. Nesta sequncia, denominada zero e usualmente representada pelo sobre-ndice 0, os
fasores no giram, permanecendo paralelos entre si. Da mesma forma que nas sequncias anteri-
ores, teremos
Figura 5.1
Sequncias de fase: (a) positiva;
(b) negativa; (c) zero
1 1 1
I c 1120 I a aI a
2 2 2 2
I c 1240 I a a I a
As correntes de sequncia zero podem ser escritas de maneira ainda mais simples
Ia 1 1 1 Ia0 (5.17)
I b 1 a
2
a Ia1
I 1 a a 2 I 2
c a
onde
1 1 1 (5.19)
A 1 a 2 a
1 a a 2
O sobre-ndice abc denota o sistema desequilibrado original e o sobre-ndice 012 denota
o sistema de sequncia.
A AT , (5.20)
onde o sobre-ndice T denota a matriz transposta. Alm disso, podemos verificar que
AT A* 3I , (5.21)
onde I a matriz-identidade. Este resultado ser til mais tarde. Finalmente, a matriz A
invertvel, com inversa dada por
1 1 1 (5.22)
A 1 a a 2
1 1
3
1 a 2 a
I A I ,
012 1 abc (5.23)
ou
Ia0 1 1 1 Ia
Sistema de sequncia
1 1 012 escrito em termos do
I a 1 a a 2 Ib (5.24) sistema abc original.
I 2 3 1 a 2 a Ic
a
I
Ia0 Ia Ib Ic n ,
1
3 3
onde In a corrente de neutro. Assim, s haver corrente de sequncia zero em circuitos nos
quais houver caminho para a corrente de neutro. Quando tal caminho no existir, como o
caso de conexes delta, a corrente de sequncia zero ser nula.
Exemplo 5.1. Usando a relao (5.24), calcule as correntes de sequncia para um sistema abc
equilibrado.
Ia0 1 1 1 I a 0
1 1
I a 1 a a I a 120
2
I 2 3 1 a 2 a I a 120
a
ou,
0 I a
I a 3 1 1 120 1120 0
1 I a
I a 1 1120 1 120 1240 1120 I a
3
2 I a
I a 3 1 1240 1 120 1120 1120 0
Os resultados acima indicam que um sistema equilibrado com os ngulos 0, 120,
+120 (sistema de sequncia positiva) tem apenas componente de sequncia positiva. Se os n-
gulos fossem 0, +120, 120, caracterizando um sistema de sequncia negativa, apenas a com-
ponente de sequncia negativa existiria. Em ambos os casos a componente de sequncia zero
seria nula.
____
Ia0 1 1 1 80
1 1
I a 1 a a 6 90
2
I 2 3 1 a 2 a 16143,1
a
ou,
Ia0 1 1 1 80
1 1
I a 1 1120 1 120 6 90
I 2 3 1 1 120 1120 16143,1
a
ou, ainda,
Figura 5.2
Diagrama fasorial mostrando a composio de um
sistema desequilibrado a partir de trs sistemas equilibrados
S3 V abc Iabc .
* (5.25)
S3 V abc I abc ,
T * (5.26)
V a I a (5.27)
V abc V b , e I abc Ib
V c Ic
I A I .
abc 012
V A V .
abc 012
S3 A V 012 A I ,
T 012 * (5.28)
ou,
S3 V 012 A
T
A I ,
T * 012 * (5.27)
onde
V 0 I0 (5.30)
V 012 V 1 , e I012 I1 .
V 2 I 2
Decorre que a potncia total a soma das potncias de cada sequncia. Assim, cada um
dos trs circuitos de sequncia absorve uma parte da potncia total absorvida pelo circuito abc
original.
da por uma fonte trifsica cujas tenses de fase so Va , Vb e Vc . As fases esto acopladas entre si
por meio de impedncias mtuas Z m , as quais podem ser resultantes de capacitncias ou indu-
tncias entre os condutores das linhas.
Figura 5.3
Carga trifsica equilibrada
com impedncias mtuas
Va Z s Ia Z m Ib Z m Ic Z n In
Vb Z s Ib Z m Ia Z m Ic Z n In
Vc Z s I c Z m I a Z m I b Z n I n
Va Z s Z n Ia Z m Z n Ib Z m Z n Ic
Vb Z m Z n Ia Z s Z n Ib Z m Z n Ic
Vc Z m Z n I a Z m Z n I b Z s Z n I c
Va Z s Z n Z m Z n Z m Z n Ia (5.32)
Vb Z m Z n Z s Z n Z m Z n Ib
V Z Z Z m Z n Z s Z n Ic
c m n
A equao (5.32) pode ser escrita em forma mais compacta utilizando-se a notao matri-
cial
V Z I ,
abc abc abc (5.33)
onde
Z s Z n Z m Z n Z m Z n (5.34)
Z
abc
Z m Z n Z s Z n Z m Z n
Z m Z n Z Z Z s Z n
m n
A V Z A I .
012 abc 012 (5.35)
V A Z A I .
012 1 abc 012 (5.36)
Sabendo que V 012 tem dimenso de volts e que I012 tem dimenso de amperes, ento,
por fora da lei de Ohm, o termo A Z A dever ter dimenso de ohms, sendo deno-
1 abc
Z A Z A .
012 1 abc (5.37)
Substituindo as relaes (5.19), (5.22) e (5.34) em (5.37), teremos, aps um calculo direto
Z s 3Z n 2Z m 0 0 Matriz-impedncia de
Z
012
0 Z s Z m 0 .
(5.38)
sequncia.
0 0 Z s Z m
A relao (5.37) deixa claro que as componentes simtricas funcionam como um mtodo
de diagonalizao da matriz-impedncia. A consequncia eltrica desse fato ainda mais inte-
ressante. Por exemplo, substituindo (5.38) em (5.36), podemos escrever
V 0 Z s 3Z n 2Z m 0 0 I
0 (5.39)
1
V 0 Z s Z m
0 I1
V 2 0 0 Z s Z m I 2
V 0 Z s 3Z n 2Z m I0 (5.40)
1
V Z s Z m I
1
V Z s Z m I
2 2
Assim, tenses de uma sequncia produziro correntes desta sequncia apenas. Em outras
palavras, os circuitos de sequncia so eletricamente desacoplados entre si.
vas impedncias j conhecidas. Contudo, precisamos analisar ainda a representao das impe-
dncias de sequncias negativa e zero de tais equipamentos.
J a reatncia de sequncia zero de uma linha de transmisso muito maior, por causa da
diferente distribuio de fluxos magnticos produzida pelas trs correntes em fase. Sendo Dn a
distncia entre a linha e o neutro, D a distncia entre as trs linhas e o comprimento da linha,
conforme mostrado na Figura 5.4, a reatncia de sequncia zero dada pela relao (5.42) a se-
guir.
Z LT
2
Z LT
1
, (), (5.41) Impedncias de sequn-
cias de uma linha de
transmisso. Note que a
D
0
xLT x1LT
1,2f ln n , (m/km). (5.42) reatncia em (5.42)
D dada em m/km.
3 3
10 10
Figura 5.4
Corte de uma linha de transmisso para
clculo da reatncia dada por (5.42)
Sabendo que a sequncia negativa gira no sentido contrrio da positiva, a reatncia de se-
quncia negativa do gerador dever ser calculada com o dobro da frequncia de operao. Uma
frmula prtica considerar que tal reatncia aproximadamente igual reatncia subtransitria
de eixo direto.
No caso da sequncia zero, as correntes giram junto com o campo girante. Logo, haver
apenas fluxo disperso, no fluxo magnetizante. A reatncia de sequncia zero ser portanto apro-
ximadamente igual reatncia de disperso da armadura.
Devemos nos lembrar tambm de que, no caso da sequncia zero, haver circulao de
corrente somente quando houver conexo ao terra. Assim, nos casos de conexo delta e estrela
aberta o circuito equivalente ser tambm aberto para sequncia zero. Finalmente, quando a co-
nexo for estrela, mas aterrada atravs de uma impedncia Zn, o circuito ser fechado para se-
quncia zero, mas a impedncia aparecer multiplicada por trs, conforme a equao (5.38).
Todos os circuitos equivalentes para geradores sncronos esto resumidos na Tabela 5.1.
Impedncias de sequn-
ZT1 ZT2 ZT0 Z , (). (5.46) cia para transformado-
res.
Da mesma forma que no caso dos geradores, o tipo de conexo dos transformadores in-
fluenciar os circuitos para as sequncias negativa e zero, conforme mostrado na Tabela 5.2.
No que diz respeito sequncia zero, as regras gerais, tanto para geradores quanto para
transformadores, so as seguintes:
1) A conexo estrela aterrada deixa passar corrente de sequncia zero, sem restries.
2) A conexo estrela aterrada por impedncia Zn deixa passar corrente de sequncia zero,
mas devemos adicionar a parcela 3Zn impedncia de sequncia zero do transforma-
dor.
3) A conexo estrela sem aterramento bloqueia completamente a passagem da corrente
de sequncia zero.
4) A conexo delta bloqueia a passagem da corrente de sequncia zero que sairia do
transformador; se o outro lado estiver ligado em estrela aterrada ou estrela aterrada
por impedncia, a corrente de sequncia zero ser desviada para o terra.
Os alunos que se deparam pela primeira vez com componentes simtricas geralmente en-
tendem como bastante naturais os circuitos para sequncia zero de transformadores conectados
em estrela, estrela aterrada e estrela aterrada por impedncia, mas veem como reservas a conexo
delta. Para melhorar a compreenso, devemos nos lembrar de que o transformador funciona por
compensao de fora magnetomotriz. Por exemplo, sendo IA a corrente no lado de alta e IB a
corrente no lado de baixa, devemos ter
Impedncias de sequn-
N A IA N B IB , (5.47) cia para transformado-
res.
mente aterrada ou aterrada por impedncia. As figuras 5.5 e 5.6 ilustram essa situao para a
conexo estrela aterrada-delta. Uma fonte de tenso monofsica foi ligada ao lado de alta, de
maneira a se simular a sequncia zero, o mesmo acontecendo com a impedncia de carga do lado
de baixa. A figura 5.6 deixa claro que h circulao de corrente no lado de baixa, por dentro do
delta. Logo, haver corrente tambm no lado de alta. Contudo, essa corrente no circula pela
carga e, assim, o circuito equivalente do lado de baixa aberto. No lado de alta o nico caminho
para a corrente para o terra, conforme ilustrado.
Figura 5.5
Transformador trifsico abaixador, conectado em estrela aterrada-
delta, ligado de maneira a simular a sequncia zero
A situao se torna um pouco mais complicada se tivermos uma fonte no lado em delta e
uma carga no lado em estrela aterrada. Contudo, podemos invocar a simetria implcita na relao
(5.47) e argumentar que o circuito equivalente da Figura 5.6 vale tambm para esse caso. Situa-
o semelhante ocorre no caso da conexo delta-delta (ltima linha da Tabela 5.2). Do ponto de
vista eltrico seria indiferente representarmos um circuito aberto de ambos os lados, com uma
impedncia duplamente aterrada no meio, ou representarmos apenas um circuito aberto, remo-
vendo a impedncia. Entretanto, novamente por razes de simetria, preferimos a primeira repre-
sentao.
Figura 5.6
Simplificao do circuito da Figura 5.5
Exemplo 5.3. Um gerador sncrono trifsico, 25 MVA, 11 kV, tem reatncia subtransitria de
20%, reatncia de disperso de 1% e alimenta dois motores por meio de uma linha de transmis-
so e transformadores, conforme a Figura 5.7. Os motores so especificados para 15 MVA e 7,5
MVA, respectivamente, e ambos tm reatncia subtransitria de 25%, reatncia de disperso de
2% e tenso nominal de 10 kV. Os transformadores so ambos especificados para 30 MVA,
10,8/121 kV, com reatncia de disperso de 10% cada. A reatncia srie da linha 100 . Dese-
nhe os diagramas de sequncia positiva, negativa e zero para o perodo subtransitrio. Considere
que as bases do sistema so iguais aos dados nominais do gerador e que as impedncias de neu-
tro do gerador e do motor 2 so ambas iguais a 0,1 pu, j nas bases do gerador.
Figura 5.7
Sistema para o Exemplo 5.3
Soluo. Devemos antes escrever todas as reatncias nas bases do gerador: Sb=25 MVA, Vb1 =11
kV . As reatncias do gerador j esto na base correta, logo
xG1 j 0,01 pu
2
25 10,8
xT12 j 0,1 xT12 j 0,0803 pu
30 11,0
121
Vb3 11 Vb3 123,24 kV
10,8
10,8
Vb3 123,24 Vb3 11 kV
121
As reatncias do transformador 3-4 e dos motores sero, respectivamente
2
25 121
xT34 j 0,1 xT34 j 0,0803 pu
30 123,24
2
25 10
xMd1 ' ' j 0,25 xMd1 ' ' j 0,3444 pu
15 11
2
25 10
xM1 j 0,02 xM 1 j 0,0275 pu
15 11
2
25 10
xMd2 ' ' j 0,25 xMd 2 ' ' j 0,689 pu
7,5 11
2
25 10
xM 2 j 0,02 xM 2 j 0,0551 pu
7,5 11
j100
xLT23 xLT23 j 0,1646 pu
(123,24) 2 / 25
Da relao (5.43), sabemos que as reatncias de sequncia positiva dos geradores e moto-
res sero iguais s respectivas reatncias subtransitrias. Alm disso, as reatncias de sequncia
positiva dos transformadores so iguais s respectivas reatncias de transmisso e a reatncias de
sequncia positiva da linha de transmisso ser igual reatncia prpria da linha. Assim, o dia-
grama de sequncia positiva pode ser desenhado conforme a Figura 5.8 abaixo.
Figura 5.8
Circuito de sequncia positiva para o Exemplo 5.3
Sabendo que devemos desenhar o circuito de sequncia negativa para o perodo subtran-
sitrio, os valores das reatncias de sequncia negativa do gerador e dos motores so iguais s
respectivas reatncias de sequncia positiva. As reatncias dos transformadores e dos geradores
tambm permanecem as mesmas. Assim, o diagrama de sequncia negativa pode ser desenhado
conforme a Figura 5.9 abaixo.
Figura 5.9
Circuito de sequncia negativa para o Exemplo 5.3
O diagrama para sequncia zero mostrado na Figura 5.10 abaixo. Note a interrupo do
circuito nas barras 2 e 3, por causa das ligaes delta. Note tambm que as reatncias do gerador
e dos motores foram substitudas pelas respectivas reatncias de disperso, conforme recomen-
dado pela relao 5.45. Alm disso, as reatncias de neutro do gerador e do motor 2 aparecem
multiplicadas por trs, conforme a relao (5.39).
Figura 5.10
Circuito de sequncia zero para o Exemplo 5.3
____
Exemplo 5.4. Para o sistema da Figura 5.11, com os dados da Tabela 5.4, pede-se: (a) desenhe
os diagramas para as sequncias positiva, negativa e zero; (b) calcule as impedncias equivalen-
tes de Thvenin na barra 5 para as sequncias positiva, negativa e zero. As bases so Sb=120
MVA e Vb1=13,8 kV. Considere que a reatncia de neutro do gerador da barra 9 j0,4 pu, j
convertida para a base nova (Adaptado de ARLEI, 1998).
Figura 5.11
Sistema para o exemplo 5.4
Equipamento x1 x2 x0
Transformador 1-2 8% 8% 8%
O primeiro passo converter as reatncias e impedncias para a nova base. A Tabela 5.5
ilustra os resultados para as trs sequncias e as Figuras 5.12, 5.13 e 5.14 ilustram, respectiva-
mente, os circuitos para as sequncias positiva, negativa e zero. Note que as reatncias do trans-
formador 3-4-5 j foram convertidas para o modelo estrela, conforme as relaes (4.12), (4.13) e
(4.14).
Equipamento x1 x2 x0
Os circuitos para as sequncias positiva, negativa e zero so mostrados nas Figuras 5.12,
5.13 e 5.14, respectivamente.
Figura 5.12
Circuito de sequncia positiva para o exemplo 5.4
Figura 5.13
Circuito de sequncia negativa para o exemplo 5.4
Figura 5.14
Circuito de sequncia zero para o exemplo 5.4
____
Exemplo 5.5. Desenhe os circuitos de sequncia negativa e zero para o sistema de potncia da
Figura 5.15 abaixo. Os valores-base so 50 MVA e 138 kV na barra 2.
Figura 5.15
Sistema para o Exemplo 5.5
Vb7 6,9 kV ,
Vb4 13,2 kV .
As reatncias de sequncia negativa das linhas de transmisso podem ser escritas como
j 40
2
xLT xLT
2
j 0,105 pu
23
138 / 50
2 23
j 20
2
xLT xLT
2
xLT
2
xLT
2
j 0,0525 pu
58 69
138 / 50
2 58 69
Os transformadores esto todos na nova tenso-base, restando ajustar para a nova potn-
cia-base
50
xT212 xT215 xT234 xT246 j 0,1 xT2 xT2 xT2 xT2 j 0,2 pu
25 12 15 34 46
50
xT278 xT279 j 0,1 xT2 xT2 j 0,3333 pu
15 78 79
50
xg27 j 0,2 xg2 j 0,3333 pu
30 7
Figura 5.16
Diagrama de sequncia negativa para o Exemplo 5.5
0
xLT23
4 xLT
2
23
4 j 0,105 xLT
2
23
j 0,42 pu
0
xLT58
xLT
0
69
4 xLT
0
69
4 j 0,0525 xLT
0
58
xLT
0
69
j 0,21 pu
2
50 13,8
x g01 x g04 j 0,08 xg1 x g4 j 0,1749 pu
0 0
25 13,2
50
xg07 j 0,08 xg0 j 0,1333 pu
30 7
50
0
xng j 0,05 xng
0
j 0,0833 pu
7
30 7
No caso do diagrama de sequncia zero devemos tomar cuidado de com as ligaes dos
transformadores, bem como adicionar as reatncias de neutro dos geradores, multiplicadas por
trs, em srie com as respectivas reatncias de sequncia zero. O resultado mostrado na Figura
5.17.
Figura 5.17
Diagrama de sequncia zero para o Exemplo 5.5
5.5 Exerccios
5.6.1. Enuncie o teorema de Fortescue e descreva suas vantagens no clculo de faltas assi-
mtricas (fase-terra, fase-fase, etc.). Esse teorema traria alguma vantagem no clculo
de faltas simtricas, tais como a trifsica e a trifsica-terra?
5.6.2. Seja um sistema eltrico cujas tenses em determinada barra so, em kV:
Va 13,87 , Vb 10,2100 , Vc 4,5 90 . Pede-se: (a) determine as tenses
de sequncia para as fases a, b e c; (b) desenhe o diagrama fasorial completo, ilus-
trando como as tenses do sistema original desequilibrado so formadas a partir das
somas adequadas das tenses de sequencia.
5.6.3. Seja um sistema eltrico cujas tenses de sequencias, para a fase a, so:
Va1 13,87 , Va2 10,2100 , Va0 4,5 90 . Pede-se: (a) determine as tenses
das fases a, b e c do sistema original desequilibrado; (b) desenhe o diagrama fasorial
completo, ilustrando como as tenses do sistema original desequilibrado so forma-
das a partir das somas adequadas das tenses de sequencia.
5.6.6. Considere um sistema composto por: (a) gerador trifsico, 13,8 kV, 50 MVA,
x=10%; (b) transformador de dois enrolamentos, 15 kV/69kV, 70 MVA, ligado em
estrela-estrela, com os dois neutros aterrados, x=8%; (c) linha de transmisso com
x=20 ohms; (d) carga de 20 MVA, com fator de potncia unitrio. Todos os elemen-
tos esto ligados em srie, na sequncia gerador, transformador, linha, carga. A po-
tncia base 100 MVA e a tenso base 15 kV na barra do gerador. Pede-se: (a)
converta os valores para pu; (b) calcule todas as impedncias equivalentes de Thve-
nin (sequncias positiva, negativa e zero) na barra de carga.
5.6.8. Considere o sistema da Figura 5.18, cujas impedncias esto representadas na Tabela
5.6. (a) Desenhe os diagramas de reatncias para as sequncias positiva, negativa e
zero, com todos os parmetros representados; (b) calcule as impedncias para as trs
sequncias nas trs barras (uma de cada vez).
Figura 5.18
Sistema para o Exerccio 5.6.8
5.6.9. Um gerador trifsico de 30 MVA, 13,8 kV, possui uma reatncia subtransitria de
15%. Ele alimenta dois motores atravs de uma LT com dois trafos nas extremida-
des, conforme diagrama unifilar. Os valores nominais dos motores so 20 e 10 MVA,
ambos com 20% de reatncia subtransitria. Os trafos trifsicos so ambos de 35
MVA 13,2 - 115Y (kV), com reatncia de disperso de 10%. A reatncia em srie
da LT 80 . Faa o diagrama de reatncias com todos os valores em pu. Escolha os
valores nominais do gerador como base do circuito do prprio gerador.
Figura 5.19
Sistema para o Exerccio 5.6.9
5.6.10. Desenhe o diagrama de sequncia zero para o sistema da Figura 5.20 abaixo.
Figura 5.20
Sistema para o Exerccio 5.6.10
5.6.11. (a) Desenhe os circuitos de sequncia negativa e de sequncia zero para o sistema de
potncia da Figura 5.21. Expresse os valores de todas as reatncias em pu nas bases
30 MVA e 6.9 kV na barra 1. Os neutros dos geradores das barras 1 e 5 esto ligados
terra por meio de reatores limitadores de corrente com reatncia de 5%, cada qual
tendo como bases os valores dos respectivos geradores; (b) calcule as impedncias
equivalentes de Thevnin, para as sequencias negativa e zero, na barra 3.
Figura 5.21
Sistema para o Exerccio 5.6.11
6. CLCULO DE CURTO-CIRCUITO
6.1. Introduo
Neste captulo abordaremos o clculo de faltas assimtricas, quais sejam: fase-terra, fase-fase e
fase-fase-terra. Os conceitos introdutrios vistos na seo 4.10 continuam vlidos, mas agora
devemos aplicar o mtodo das componentes simtricas aos problemas em questo.
Figura 6.1
Circuitos de sequncia de um gerador a vazio:
(a) sequncia positiva; (b) sequncia negativa; (c) sequncia zero
As seguintes equaes podem ser abstradas dos circuitos da Figura 6.1 acima, os quais
so semelhantes aos circuitos da segunda linha da Tabela 5.1:
As equaes (6.2) e (6.2) podem parecer um pouco estranhas, pois descrevem correntes
circulando e tenses terminais sem que haja fems internas. Contudo, devemos nos lembrar de que
tais equaes decorrem do teorema de Fortescue e, assim, apenas a soma das trs equaes acima
tem significado fsico. Note tambm que, como j vimos na Tabela 5.1, apenas o circuito de se-
quncia positiva apresenta fem interna ( E a ) no nula.
sncrona do gerador em srie com qualquer impedncia a ele conectada, como impedncias de
linhas de transmisso, transformadores, etc. Por simplicidade, as fases b e c, que estariam ligadas
a cargas, so consideradas abertas, pois, conforme vimos no item 4.10, as cargas so considera-
das desprezveis durante um curto. Podemos ento escrever as seguintes condies de contorno
para o curto-circuito fase-terra
Va Z f Ia , (6.4)
Ib 0 , (6.5)
Ic 0 . (6.6)
Figura 6.2
Gerador com a fase a em curto com o terra
Escrevendo a transformao de Fortescue (5.24), com as correntes dadas por (6.5) e (6.6),
vem
Ia0 1 1 1 Ia (6.7)
1 1
I a 1 a a 2 0 ,
I 2 3 1 a 2 a 0
a
ou,
I (6.8)
Ia0 Ia1 Ia2 a .
3
Va E a Ia0 Z S1 Z S2 Z S0 . (6.11)
I
(6.12)
Z f Ia E a a Z S1 Z S2 Z S0 .
3
E a (6.13)
Ia0 ,
Z S1 Z S2 Z S0 3Z f
3E a Corrente de curto-
Iccft Ia (6.14) circuito fase-terra.
Z S1 Z S2 Z S0 3Z f
A corrente Ia0 , dada por (6.13), resulta de uma tenso E a aplicada a uma impedncia total
Z S1 Z S2 Z S0 3Z f . A Figura 6.3 mostra um circuito mnemnico1, que, por sua vez, ilustra a
1
Mnemnico vem de Mnemosine, a deusa grega da memria, e um elemento grfico ou verbal cuja finalidade
auxiliar a memorizao frmulas, listas ou outras informaes. Em outras palavras, trata-se de um macete.
relao (6.13) de maneira grfica. Note que este circuito nada mais do que a ligao em srie
dos circuitos da Figura 6.1, ligados ainda em srie a uma impedncia 3Z f .
Figura 6.3
Circuito mnemnico para o curto-circuito fase-terra
agora
Vb Vc Z f Ib , (6.15)
Ib Ic Iccff , (6.16)
Ia 0 . (6.17)
Ia0 1 1 1 0 (6.18)
1 1
I a 1 a a 2 Ib ,
I 2 3 1 a 2 a Ib
a
ou,
Ia0 0 , (6.19)
1
Ia1 a a 2 Ib ,
3
(6.20)
1
Ia2 a 2 a Ib .
3
(6.21)
Figura 6.4
Gerador com as fase b e c em curto por meio de impedncia
De acordo com o teorema de Fortescue expresso por (5.16a), (5.16b) e (5.16c), as tenses
nas fases a, b e c podem ser escritas como
Vb Vc Z f Ib a 2 a Va1 Va2 , (6.23)
Z f Ib a 2 a E a Z S1 Ia1 Z S1 Ia2 . (6.24)
Das relaes (6.20) e (6.21) vem que Ia2 Ia1 . Logo, a relao (6.24) pode ser escrita
como
Z f Ib a 2 a E a Ia1 Z S1 Z S2 . (6.25)
De (6.2), temos ainda que Ib 3Ia1 / a a 2 , o que nos permite escrever (6.25) como
3Ia1 Z f
(6.26)
a a 2
a 2 a E a Ia1 Z S1 Z S2 .
Isolando Ia1 na relao acima, e levando em considerao que a a 2 a 2 a 3 , te-
remos
E a (6.27)
Ia1 .
Z Z S2 Z f
1
S
j 3E a Corrente de curto-
Iccff Ib (6.28) circuito fase-fase.
Z S1 Z S2 Z f
Figura 6.5
Circuito mnemnico para o curto fase-fase
Vb Vc Z f Ib Ic , (6.29)
Iccfft Ib Ic , (6.30)
Ia 0 . (6.31)
Figura 6.6
Gerador com as fase b e c em curto para o terra
Vb Z f Ib Ic Z f Ia0 a 2 Ia1 aIa2 Ia0 aIa1 a 2 Ia2 , (6.33)
ou,
Vb Z f 2 Ia0 a 2 a Ia1 a a 2 Ia2 , (6.34)
Vb Z f 2 Ia0 Ia1 Ia2 . (6.35)
Vb 3Z f Ia0 . (6.37)
Vb Va0 a 2 a Va1 , (6.38)
ou,
Z 1 I1 E a Corrente de sequncia
Ia0 S a (6.41) zero para o curto fase-
3Z f Z S0 fase-terra.
Agora falta apenas determinarmos Ia1 , valor que dever ser usado para a determinao de
Ia0 em (6.41). Considerando novamente que Va1 Va2 e igualando as relaes (6.1) e (6.2), tere-
mos inicialmente
1 1
I 2 Z S I a Ea , (6.43)
Z S2
a
Z S1 Ia1 E a 1 Z S1 Ia1 E a
Ia 0. (6.44)
3Z f Z S0 Z S2
1 1 1 1
I 1 Ea Z S I a Ea Z S I a , (6.45)
3Z f Z S0 Z S2
a
2 1 1 0 1 1
I 1 Z S Ea Z S I a 3Z f Z S Ea Z S I a ,
a
Z S2 3Z f Z S0 (6.46)
2 1 2 1 1 1 0 0 1 1
I 1 Z S Ea Z S Z S I a 3Z f Ea 3Z f Z S I a Z S Ea Z S Z S I a ,
a
Z 2 3Z Z 0S f S (6.47)
E a
Ia1 1 2 0
Z S Z S Z S 3Z f 3Z f Z S2 Z S0 Z S2
,
(6.48)
Z 2 Z 0 3Z
S S f
E a
Ia1
Z
Z S 2S S 0
1
2 Z 0 3Z ,
f (6.49)
Z Z 3Z
S S f
E a Corrente de sequncia
Ia1
Z S1 Z S2 // 3Z f Z S0 (6.50) positiva para o curto
fase-fase-terra.
Para calcular a corrente de curto fase-fase-terra, devemos calcular inicialmente Ia1 , depois
Ia0 e depois Iccfft , de acordo com as relaes (6.50), (6.41) e (6.42), respectivamente.
O processo de clculo das correntes de curto pode parecer um pouco tedioso, mas tudo se
resume ao clculo das impedncias Z S1 , Z S2 , e Z S0 , identificadas com as impedncias equivalentes
de Thvenin das sequncias positiva, negativa e zero, respectivamente, e da aplicao de algu-
mas frmulas prontas. A Figura 6.7 ilustra o circuito mnemnico para o caso em questo.
Figura 6.7
Circuito mnemnico para o curto fase-fase-terra
____
Exemplo 6.1. Calcule as correntes de curto fase-terra, fase-fase e fase-fase-terra na barra 5 para
o sistema da Figura 6.7. Considere que as impedncias de neutro dos geradores so iguais a j0,1
pu e que a impedncia de falta igual a j0,2 pu. As demais impedncias so dadas na Tabela 6.1.
Figura 6.8
Sistema para o Exemplo 6.1
Figura 6.9
Circuito de sequncia positiva para o Exemplo 6.1
Figura 6.10
Diagrama de reatncias de sequncia positiva para o Exemplo 6.1
Zth5 j 0,1977 pu
1
O circuito de sequncia negativa semelhante, exceto pelos valores das reatncias dos
geradores, conforme mostrado na Figura 6.11.
Figura 6.11
Diagrama de reatncias de sequncia negativa para o Exemplo 6.1
Zth5 j 0,1876 pu
2
O diagrama de sequncia zero exige ateno triplicada. Em primeiro lugar, por causa dos
valores diferentes das reatncias dos geradores e das linhas de transmisso. Em segundo, por
causa das ligaes dos transformadores, especialmente o lado ligado em delta. Em terceiro, por
causa das reatncias de neutro dos geradores, que agora devem ser multiplicadas por trs e inclu-
das em srie com as respectivas reatncias de sequncia zero. O diagrama resultante mostrado
na Figura 6.12.
de j0,50 e j0,30, que agora esto em srie. Logo, a impedncia de Thvenin de sequncia zero
ser
Zth5 j 0,575 pu
0
Figura 6.12
Diagrama de reatncias de sequncia zero para o Exemplo 6.1
As correntes de curto podem ser agora facilmente calculadas. De acordo com a relao
(4.35), a corrente de curto trifsico ser
1,00 1,00
I cc3
Icc3 j 2,5145 pu
Z th5 Z f
1
j 0,1977 j 0,2
3,00 3,00
Iccft
Z 1
th 5 Z th5 Z th5 3Z f
2 0
j 0,1977 j 0,1876 j 0,575 3 j 0,2
Iccft j1,9227 pu
j 3 j 3
Iccff Iccff 2,9593 pu
Z 1
th 5
2
Z th 5 Z f j 0,1977 j 0,1876 j 0,2
De acordo com (6.50), a corrente de sequncia positiva para o curto fase-fase-terra ser
1,00 1,00
Ia1
Z 1
th 5
2
th 5
Z // 3Z f Z th5
0
j 0,1977 j 0,1876 // 3 j 0,2 j 0,575
Ia j 2,7819 pu
1
A corrente de sequncia zero para o curto fase-fase-terra ser, de acordo com (6.41)
Seja um sistema de potncia de n barras, cuja matriz admitncia nodal pode ser escrita
como
I Y V ,
onde I e V so os vetores corrente e tenso respectivamente.
Relembrando das relaes (4.25), os elementos Yii da matriz admitncia nodal so iguais
soma de todas as admitncias que se ligam ao n i, enquanto as admitncias Yij Yji so iguais
ao recproco das respectivas admitncias fsicas que ligam os ns i e j. Logo, a matriz admitncia
nodal Y pode ser rapidamente construda a partir de regras simples. A matriz impedncia de
____
Exemplo 6.2. Repita o Exemplo 6.1 pelo mtodo da matriz impedncia de barra.
Soluo. Inicialmente devemos redesenhar o circuito da figura 6.9, porm invertendo as impe-
dncias de modo a obtermos admitncias. O resultado mostrado na Figura 6.13.
Figura 6.13
Circuito de sequncia positiva para o Exemplo 6.2
De acordo com as regras (4.25), os elementos de Y 1 da diagonal principal sero
De acordo com as mesmas regras (4.25), os elementos de Y fora da diagonal principal
sero
Y141 0 Y411 ,
Y151 0 Y511 ,
Y231 0 Y321 ,
Y351 0 Y531 ,
A matriz admitncia nodal Y 1 ser
j18,333 j10,0 0 0 0
j10,0 j 20,667 0 j 6,667 j 4,0
Y 1 0 0 j18,333 j10,0 0 .
0 j 6,667 j10,0 j 24,359 j 7,692
0 j 4,0 0 j 7,692 j11,692
A inverso de Y 1 pode ser realizada por meio de um software numrico, como o Ma-
tLab ou o SciLab2, ou ainda por meio de uma calculadora cientfica, resultando em
2
O SciLab uma das alternativas freeware ao MatLab. Veja www.scilab.org .
Como pode ser observado, a matriz impedncia de barra simtrica, da mesma forma que
a matriz admitncia nodal. Contudo, enquanto a matriz admitncia nodal esparsa (tem muitos
elementos nulos), a matriz impedncia de barra cheia (tem poucos elementos nulos). Da matriz
Z tambm fica evidente que impedncia de curto na barra 5, para sequncia positiva, ser
1
Z55
1
j 0,1977 pu ,
Figura 6.14
Circuito de sequncia negativa para o Exemplo 6.2
A matriz admitncia nodal Y 2 ser
j 20,0 j10,0 0 0 0
j10,0 j 20,667 0 j 6,667 j 4,0
Y 2 0 0 j 20,0 j10,0 0 .
0 j 6,667 j10,0 j 24,359 j 7,692
0 j 4,0 0 j 7,692 j11,692
Z552 j 0,1876 pu ,
que mais uma vez igual impedncia Z th2 5 obtida anteriormente no Exemplo 6.1.
Figura 6.15
Circuito de sequncia zero para o Exemplo 6.2
Note, em relao ao circuito da Figura 6.15, que devemos primeiro adicionar a impedn-
cia de cada gerador e sua respectiva impedncia de neutro, e depois invert-las para obter a ad-
mitncia. Esse procedimento deve ser realizado sempre que tivermos algum equipamento, gera-
dor, motor ou transformador, aterrado por meio de impedncia. Feita tal considerao, os ele-
mentos da matriz admitncia nodal so
Y130 0 Y310 ,
Y140 0 Y410 ,
Y150 0 Y510 ,
Y230 0 Y320 ,
Y350 0 Y530 ,
A matriz admitncia nodal Y 0 agora ser
j13,1746 0 0 0 0
0 j5,333 0 j3,333 j 2,0
Y 0 0 0 j13,1746 j10,0 0 .
0 j3,333 j10,0 j18,333 j5,0
0 j 2,0 0 j5,0 j 7,0
j0,0759 0 0 0 0
0 j0,6250 j0,3150 j0,4150 j0,4750
Z Y
0 0 1
0 j0,3150 j0,3150 j0,3150 j0,3150 .
0 j0,4150 j0,3150 j0,4150 j0,4150
0 j0,4750 j0,3150 j0,4150 j0,5750
Z550 j 0,5750 pu ,
que mais uma vez coincide com a impedncia Z th0 5 obtida anteriormente no Exemplo 6.1. As
correntes de curto-circuito na barra 5 podem ser agora facilmente calculadas, conforme vimos no
Exemplo 6.1. Alm disso, agora podemos calcular as correntes de curto em qualquer uma das
outras barras.
____
Figura 6.16
Sistema para o Exemplo 6.3
Figura 6.17
Diagrama de reatncias de sequncia positiva para o Exemplo 6.3
xxx
6.7. Exerccios
Observaes: (1) quando as impedncias de falta e de neutro no forem mencionadas, conside-
re-as nulas; (2) quando no mencionado, as impedncias esto especificadas nas bases dos res-
pectivos equipamentos; (3) quando no mencionado, os equipamentos esto ligados em estrela
solidamente aterrada.
6.7.2. (a) Quais as vantagens e desvantagens do clculo de curto-circuito por meio das impe-
dncias de Thvenin?; (b) quais as vantagens e desvantagens do clculo de curto-circuito
por meio da matriz impedncia de barra?
6.7.3. (a) Descreva as regras para a construo da matriz admitncia nodal de um sistema de
potncia; (b) como possvel obter a matriz impedncia de barra a partir da matriz admi-
tncia nodal?
6.7.6. O transformador trifsico ligado ao gerador descrito no exerccio anterior tem os seguin-
tes valores nominais: 7,5 MVA; 6,9/15 kV, xd = 10%. Se ocorrer um curto-circuito trif-
sico no lado da alta tenso do transformador com tenso nominal e em vazio, determine:
(a) a corrente inicial eficaz simtrica no lado de alta tenso do transformador; (b) a cor-
rente inicial eficaz simtrica no lado da baixa tenso do transformador.
6.7.7. Um gerador de 60Hz, 650 kVA, 480 V, xd ' ' = 0,08 pu, alimenta uma carga puramente
resistiva de 500 kW, sob 480 V. A carga ligada diretamente aos terminais do gerador.
Se todas as trs fases da carga forem simultaneamente curto-circuitadas, determine a cor-
rente inicial eficaz simtrica no gerador, em pu, nas bases do gerador.
6.7.8. Um turbogerador, especificado para 60 Hz, 10 MVA e 13,8 kV, ligado em estrela soli-
damente aterrada e funciona sob tenso nominal, em vazio. As reatncias so xd ' ' = x2 =
0,15 pu e x0 = 0,05 pu. Determine a relao entre a corrente subtransitria para uma falta
fase-terra e a corrente subtransitria para uma falta trifsica simtrica.
6.7.9. No exerccio anterior, determine a relao entre a corrente subtransitria para uma falta
fase-fase e a corrente subtransitria para uma falta trifsica simtrica.
6.7.11. Calcule todas as correntes de curto-circuito para o sistema do Exerccio 5.6.6, na barra
de carga, pelo mtodo das impedncias de Thvenin. Considere que a reatncia de falta
j0,2 pu.
6.7.12. Calcule todas as correntes de curto-circuito para o sistema do Exerccio 5.6.8, na barra 3,
pelos mtodos das impedncias de Thvenin e da matriz impedncia de barra. Considere
que a reatncia de falta nula.
6.7.13. Para o sistema da Figura 6.18, com os dados da Tabela 6.2, determine as correntes de
curto-circuito trifsica e fase-terra na barra 5.
Figura 6.18
Sistema para o Exerccio 6.7.13
7. FLUXO DE POTNCIA
7.1. Introduo
Fluxo de potncia, tambm conhecido como fluxo de carga, um problema matemtico cujo
objetivo determinar as tenses e potncias em todos os barramentos de um sistema eltrico.
Como vimos no Exemplo 4.5, nos casos de real interesse o problema do fluxo de potncia no
linear e deve ser resolvido por meio de mtodos numricos, como Gauss-Seidel, Newton-
Raphson e outros. Iniciamos classificando os barramentos de um SEP, que podem ser divididos
em trs tipos bsicos:
H apenas um barramento de referncia por sistema, mas pode haver vrios barramentos
de carga e de gerao. O fato de um barramento ter geradores no significa que seja um barra-
mento de gerao, ou seja, se um barramento tiver potncia ativa e mdulo da tenso conhecidos,
ele ser considerado PV, ou seja, de gerao. Ademais, barramentos que sirvam apenas de cone-
xo entre outros barramentos, sem geradores ou cargas conectados, cujas tenses e ngulos se-
jam desconhecidos, sero considerados barramentos PQ, com P=0 e S=0.
Sb 10 MVA .
Figura 7.1
0,08559 57,45
1,0 V3 3 .
V3 3
0,08559 57,45
1,0 3 V3 .
V3
cos 3 V cos57,45 V3
0,08559
3
sen 0,08559 sen57,45
3
V3
ou,
(7.4)
cos 3
0,046051
V3
V3
.
sen 0,072141
3
V3
.
2
As razes so,
V3' 0,09023
''
V3 0,94856
A primeira raiz implicaria em uma queda de tenso excessiva entre as barras 1 e 2. As-
sim, escolhemos a segunda raiz.
V3 0,94856 pu
ou,
V3 13,09 kV
sen 3
0,072141
3 4,362
0,94856
Vamos supor que inicialmente apenas uma equao no linear deva ser resolvida. A pri-
meira etapa do mtodo de Gauss consiste em se escrever a equao na forma x f x . A seguir,
a equao deve ser escrita na forma iterativa. Sendo k-1 o ndice da iterao inicial, teremos
Finalmente, arbitramos um valor inicial para x e calculamos os valores das iteraes se-
Em geral desejamos resolver um sistema de n equaes no lineares, que dever ser escrito
como
x1k
f1 x1k 1 , x2k 1 , x3k 1 ,..., xnk 1 (7.6)
k
x2 f x
2
k 1
1 , x2k 1 , x3k 1 ,..., xnk 1
f x
k k 1
x3 3 1 , x2k 1 , x3k 1 ,..., xnk 1
xnk
f n x1k 1 , x2k 1 , x3k 1 ,..., xnk 1
3
DUNNINGTON, G. W. Carl Friedrich Gauss, titan of science. The Mathematical Association of America, 2003.
____
Exemplo 7.2. Resolva o Exerccio 7.1 por meio do mtodo de Gauss. Considere um erro de 10-5.
0,08559 57,45
V3k 1 1,0 .
V k
3
*
0,08559 57,45
V31 1,0 0,95667 4,325 .
1,00
A seguir, usamos V31 0,95667 4,325 para calcular a segunda iterao
0,08559 57,45
V32 1,0 0,94902 4,325 ,
0,95667 4,325
e assim por diante
0,08559 57,45
V33 1,0 0,94863 4,361 .
0,94902 4,325
4
O telgrafo de Gauss-Weber, ao contrrio do telgrafo eletromecnico de Samuel Morse, usava linguagem anal-
gica e no binria, consistindo de uma agulha que se movia distncia sob a influncia de uma fonte de tenso,
localizada distncia e cuja amplitude se variava.
0,08559 57,45
V34 1,0 0,94856 4,361 .
0,94863 4,361
0,08559 57,45
V35 1,0 0,94856 4,362 .
0,94956 4,361
Podemos observar que o erro entre a quarta e a quinta iteraes inferior a 10-5. Assim, o
problema converge com apenas cinco iteraes, mostrando que o mtodo de Gauss funciona de
fato. Contudo, precisamos desenvolver uma formulao que seja capaz de resolver problemas de
n barras e no de apenas uma barra.
I1 Y Y12 Y1 p Y1n V1
11
I 2 Y21 Y22 Y2 p Y2 n V2
.
Ip Yp1 Yp1 Ypp Ypn Vp
I Yn1 Yn 2 Ynp Ynn V
n n
Isolando Vp
Forma iterativa do
k 1
Vp
Ypp
1 k k * n k
S p / V p YpqVq .
(7.10)
mtodo de Gauss.
q 1
q p
____
Exemplo 7.3. Resolva o problema do Exemplo 7.1 usando a equao (7.10). Considere um erro
mnimo de 10-5.
Soluo. Devemos determinar V3 , sendo V1 1,00 pu e Sb 10 MVA . A barra 1 assim a
barra de referncia e a barra 3 a de carga.
A matriz admitncia nodal fcil de ser obtida:
V10 1,00
V20 1,00
V 0 1,00
3
S20 0
4,5 / 10
S30 arccos(0,9) 0,45 j 0,21794
0,9
A potncia da barra 3 considerada negativa por se tratar de uma barra de carga. A po-
tncia da barra 2 nula para todas as iteraes, por se tratar de uma barra genrica.
De acordo com a equao (7.10), a tenso na barra 2 para a primeira iterao ser:
V21
1
Y22
S20 / V20 Y21V10 Y23V30 .
*
6,8966 j 25,5747
V21 1,00
6,8966 j 25,5747
V31
1
Y33
S30 / V30 Y31V10 Y32V20 .
*
V31
0,45 j0,21794 / 1,0 0 1,0 (6,8966 j17,2414) 1,0
6,8966 j17,2414
6,4466 j17,02346
V31 0,98027 1,06
6,8966 j17,2414
Aps a primeira iterao, teremos:
V11 1,00
V 1 1,00
2
V22
1
Y
S21 / V21 Y21V11 Y23V31 .
22
*
6,44626 j 25,3566
V22 0,98774 0,8272
6,8966 j 25,5747
A tenso na barra 3 para a segunda iterao ser:
V32
1
Y33
S31 / V31 Y31V11 Y32V21
*
(7.12)
V32
0,45 j0,21794 / 0,98027 1,06 0 1,0 (6,8966 j17,2414) 1,0
6,8966 j17,2414
V32
0,45487 j0,230779 6,8966 j17,2414
6,8966 j17,2414
6,44173 j17,01062
V32 0,97953 1,06
6,8966 j17,2414
O erro por enquanto 0,97953 0,98027 7,4 10 4 , ainda longe do erro mnimo
de 105 . O mtodo de Gauss tem convergncia lenta e oscilatria. Erros da ordem de 105 s
comearo a aparecer por volta da 28 iterao e o erro mnimo de 105 s se estabilizar a partir
da 45 iterao, resultando em
V245 0,96970 3,232
V 45 0,94854 4,362
3
Pode parecer estranho que um problema que foi resolvido anteriormente com apenas cin-
co iteraes seja resolvido agora com quase dez vezes isso. Contudo, devemos lembrar que a
Equao (7.3) se aplica apenas a problemas de duas ou trs barras, enquanto a Equao 7.9 se
aplica a problemas de n barras (embora a convergncia possa se tornar lenta para muitas barras).
tudo, nessa altura dos clculos j dispnhamos de V22 , que uma melhor estimativa de V2 do
que V21 . Podemos, assim, usar os valores das variveis assim que estiverem disponveis. O siste-
ma de equaes (7.6) pode ento ser escrito como
x1k
f1 x1k 1 , x2k 1 , x3k 1 ,..., xnk 1 (7.13)
k
x2 f x , x , x
2
k
1
k 1
2
k 1
3 ,..., xnk 1
f x , x , x
k k 1
x3 3
k
1
k
2 3 ,..., xnk 1
xnk
f n x1k , x2k , x3k , ..., xnk 1
Os mtodos de Gauss e de Gauss-Seidel apresentam, alm das j vistas, as seguintes propri-
edades:
Nota biogrfica5: Philipp Ludwig von Seidel (1821 1896) nasceu em Zweibrcken, Alema-
nha, filho de um funcionrio dos correios. Em 1840, Seidel entrou para a Universidade de Ber-
lim, onde foi aluno do matemtico Johann Dirichlet e do astrnomo Johann Franz Encke, mu-
dando-se dois anos depois para a Universidade de Knigsberg, onde foi aluno dos matemticos
Friedrich Bessel, Carl Jacobi e Franz Neumann. Seus principais interesses vieram a ser tica e
anlise matemtica, assuntos de sua tese de doutoramento e de sua dissertao de habilitao,
respectivamente. Seidel desenvolveu, independentemente de outros matemticos como Karl
5
Fonte: O'CONNOR J.J.; ROBERTSON, E.F. Philipp Ludwig von Seidel. Disponvel: http://www-groups.dcs.st-
and.ac.uk/~history/Biographies/Seidel.html .
O exemplo a seguir ilustra uma soluo por Gauss-Seidel, assim como apresenta as conside-
raes especiais que devem ser feitas no caso de barramentos de gerao.
____
Exemplo 7.4. Dado o sistema da Figura 7.3, determine V1 e V2 , com um erro de 10-5, sendo
Figura 7.3
Soluo.
(continua...)
f1 x10 x1 , x20 x2 y1
, (7.12)
f 2 x10 x1 , x20 x2 y2
Expandindo as equaes (7.12) em srie de Taylor, teremos
f1 f1
f1 x1 x1 , x2 x2 f1 x1 , x2 x1 x x2 x ... y1
0 0 0 0
1 2
, (7.13)
f x x , x x f x , x x f f
0 0 0 0 2
x2 2
... y2
2 1 1 2 2 2 1 2 1
x1 x2
Desprezando as derivadas de ordem superior primeira e escrevendo o sistema de equa-
es em forma matricial, vem
f1 f1
y1 f1 x10 , x20 x1
0
x2
0 x1
,
0
y2 f 2 x1 , x2 f 2
0 f 2 x2
(7.14)
x1 x2
0 0
onde todas as derivadas devem ser calculadas a partir dos valores iniciais. Podemos escrever
(7.14) abreviadamente como
D J C, (7.15)
onde:
[D] = vetor das diferenas, tambm conhecido como vetor dos mismatches.
Exemplo 7.5. Resolva o sistema abaixo pelo mtodo de Newton-Raphson, sendo x10 x20 2.
Considere um erro mnimo de 10-10.
2( x1 ) 2 x2 5
. (7.18)
x1 x2 6( x2 ) 2 57
Observao: note que, por exemplo, x12 o valor de x1 na segunda iterao, enquanto
O jacobiano de f1 e f2
f1 f1
4 x 0 8 1
J xf 1 x2
0 0
1
01 . (7.20)
2 f 2 x2 x10 12 x20 x10 2 2 26
x1 0
x2
0
x2 2
0
4 1,3252427
J 5,3009708
1 1
1,3252427 12 2,3980583 2,3980583 30,10194
. (7.25)
2,3980583
Invertendo o jacobiano
0,206958 0,00516
J 1 . (7.26)
0,01671 0,025854
As correes para a primeira iterao sero
x12 0,206958 0,00516 1,19149 0,20778
2 7,3736 0,17073 . (7.27)
2
x 0,01671 0,025854
Os erros j diminuram um pouco, mas ainda so muito maiores do que 10 -10. Os valores
de x12 e x22 para a segunda iterao sero
n
V * Y * cos( ),
P
k V k m km k m km
m1
n
(7.35)
Q V
k Vm Ykm sen ( k m km ).
* *
k m1
H N
J . , (7.39)
M L
onde
P P
H n1n1 , (7.40) Nn1 , (7.41)
V
Q Q
M n1 , (7.42) L . (7.43)
V
P
N km k Vk Gkm cos km Bkm sen km , (7.46)
Vm
Pk
N kk Vk Gkk Vm Gkm cos km Bkm sen km , (7.47)
Vk mk
Q
M km k VkVm Gkm cos km Bkm sen km , (7.48)
m
Qk
M kk Vk2Gkk Vk Vm Gkm cos km Bkm sen km , (7.49)
k mk
Q
Lkm k Vk Gkm sen km Bkm cos km , (7.50)
Vm
Qk
Lkk Vk Bkk Vm Gkm sen km Bkm cos km . (7.51)
Vk mk
J ,
1
(7.54)
V Q
. (7.55)
V V V
Nota biogrfica: Joseph Raphson (1648 1715) foi um matemtico ingls que frequentou o
Jesus College, em Cambridge, e se formou em matemtica em 1692. Pouco antes, em 1689, Ra-
phson j havia sido eleito Fellow of the Royal Society, por indicao de Edmund Halley. As da-
tas so incertas, inclusive as de nascimento e morte, pois quase nada se sabe da vida de Raphson.
De qualquer forma, ele ficou conhecido pelo mtodo de Newton-Raphson e por ter traduzido
para o ingls a Arithmetica Universalis de Isaac Newton. Alm disso, Raphson foi um grande
defensor da hiptese de que Newton teria sido o nico inventor do Clculo, em oposio aos
defensores do alemo Gottfried Leibniz. Apesar de tal proximidade de interesses, Raphson e
Newton no eram amigos ou colaboradores, coisa que, na verdade, teria sido difcil a Newton. O
mtodo de Raphson para determinao de razes de equaes no lineares foi apresentado por ele
em seu Analysis Aequationum Universalis, de 1690. Newton desenvolveu um mtodo similar em
seu Mtodo das Fluxes, escrito em 1671, mas publicado somente em 1736. A verso de Ra-
phson, alm de ser superior de Newton, aquela que aparece nos livros atuais e, se no fosse a
importncia de Newton para a matemtica e fsica, seria conhecido apenas como Mtodo de
Raphson.
____
Figura 7.4
Soluo.
O sistema tem n=3 barras. Logo, o jacobiano ter dimenso 22. H apenas uma barra PQ (car-
ga). Logo, 1. Assim, conveniente renumerarmos os barramentos como em azul na figura,
de modo a podermos escrever:
a) Barramentos de Carga (PQ): 1 .
b) Barramentos de Gerao (PV): 1 2 .
c) Barramento de referncia (V): n 3 .
As submatrizes sero
M n1 M12 , L L11 .
O jacobiano ser
H11 H12 N12
H N H N 22
21 H 22
J . ,
M L M M 22 L22
21
ou, em termos de derivadas
P1 P1 P1
V2
1 2
P2 P2 P2
J 1 2
V2 .
Q Q2 Q2
2
1 2 V2
____
Exemplo 7.7. Resolva o sistema da Figura 7.5, que consiste de uma linha de transmisso repre-
sentada por um modelo , pelo mtodo de Newton-Raphson. Considere P 0,001 pu e
j1,25
Y j1j1,27
(7.56)
G jB .
,25 j1,27
G
0,0 0,0 (7.57)
.
0,0 0,0
1,27 1,25
B
(7.58)
.
1,25 1,27
Sabendo que a barra 1 de referncia (V), o jacobiano ter apenas um elemento, corres-
pondente barra 2, de gerao (PV), ou seja
J H 22 P2 .
2
De acordo com (7.45), teremos
2
H 22 V B22 V2 Vm G2 m sen 2 m B2 m cos 2 m ,
2
2
m1
ou
H 22 V22 B22 V2 V1 G21sen 21 B21 cos 21 V2 G22sen 22 B22 cos 22 . (7.59)
ou, ainda, sabendo que 22 0 e V1 V2 1,0
ou
P2 V2 V1 G21 cos21 B21sen21 V2 G22 cos22 B22sen22 . (7.61)
ou, ainda
P2 1,25 sen21 (7.62)
Um teste inicial de convergncia pode ser feito para 21 2 1 0 0 0 e V2 1,0 .
De (7.52), temos
P2 P2( dado) P2( calc.) 0,4 0 0,4 . (7.63)
P2 0,4
2I 0,32 rad.
H 22 1,25 (7.65)
Agora devemos calcular o novo valor da potncia (observe que os ngulos esto em radi-
anos)
P2I 1,25 sen 21 1,25 sen(0,32) 0,39321 rad. (7.67)
ou,
O erro ser
P2I P2( e) P2I 0,4 (0,39321) 0,00679 . (7.68)
P2I 0,00679
2II 0,00572 rad.
H 22 1,18654 (7.70)
O erro ser
P2II P2( dado) P2II 0,4 (0,39999 ) 0,00001 . (7.73)
Agora o sistema convergiu dentro da margem de erro especificada. Resta somente calcu-
lar P1, Q1 e Q2.
ou
P1 V1 V1 G11 cos11 B11sen11 V2 G12 cos12 B12sen12 . (7.74)
Notamos que, como no h cargas nem perdas hmicas na linha, as potncias nas barras 1
e 2 so iguais em mdulo. Da mesma forma, de (7.36), temos
2
Q1 V1 Vm G1m sen1m B1m cos1m , (7.76)
m1
ou,
Q1 V1V1 G11sen11 B11 cos11 V2 G12sen12 B12 cos12 , (7.77)
Q1 1,27 cos(0) 1,25 cos(0,32572 ) Q1 2,45428 pu (7.78)
Finalmente
2
Q2 V2 Vm G2 m sen 2 m B2 m cos 2 m , (7.79)
m1
____
Exemplo 7.8. Calcule V2 e V3 para trs iteraes pelo mtodo de Newton-Raphson para o siste-
ma a seguir.
De acordo com (7.46), e sabendo que os ngulos so todos nulos, podemos escrever
Pk
N km Vk Gkm .
Vm
Assim, teremos
N 23 V2G23 10V2 ,
N32 V3G32 10V3 .
Da mesma forma, de acordo com (7.47), teremos
3
N kk Vk Gkk VmGkm .
m 1
Assim,
N22 V2 G22 V1G21 V2G22 V3G23 V1G21 V3G23 5V1 10V3 .
N33 V3 G33 V1G31 V2G32 V3G33 V1G31 V2G32 10V1 10V2 .
O jacobiano ser, portanto
5V1 10V3
J
10V2
10V1 10V2
. (7.83)
10V3
Teste inicial de convergncia. Devemos calcular inicialmente P20 e P30 . De acordo com
J
15 10
, (7.84)
10 20
0,05
J 1
0,1
. (7.85)
0,05 0,075
Os novos valores das tenses sero
P20
I 0
V2 V2
V V J 1
0 .
3 3 P3
I
V2 1,0 0,1 0,05 13,8
V 1,0 0,05 0,075 11,5
3
I
V2 1,0 0,805 0,195
V 1,0 0,1725 0,8275
3
Calculando as novas potncias,
P2I V2I 5 30V2I 10V3I 0,195 5 30 0,195 10 0,8275 1,4479 ,
e
P3I V3I 10 10V2I 30V3I 0,8275 10 10 0,195 30 0,8275 10,6541 .
Testando a convergncia
P2I 1,2 (1,4479 ) 2,6479 ,
P3I 1,5 10,6541 12,1541 .
A convergncia ainda parece longe. Logo, devemos usar (7.83) para calcular o novo ja-
cobiano da segunda itereo
5V1 10V3
J
10V2
10V1 10V2
,
10V3
5 10 0,8275 10 0,195
J
10 0,8275 10 10 0,195
J
13,275 1,95
8,275 11,95
Invertendo o jacobiano
0,0136842
J
0,0838596
0,0931579
.
0,0580702
Os valores das tenses para a segunda iterao sero
P2I
II I
V2 V2
V V J I .
1
3 3 P3
II
V2 0,195 0,0838596 0,0136842 2,6479
V 0,8275 0,0580702 0,0931579 12,1541
3
II
V2 0,195 0,3884 0,5834
V 0,8275 1,286 0,4585
3
Calculando novamente as potncias
P2II V2II 5 30V2II 10V3II 0,5834 5 30 0,5834 10 0,4585 9,96864 ,
e
P3II V3II 10 10V2II 30V3II 0,4585 10 10 0,5834 30 0,4585 13,5666 .
Testando novamente a convergncia
P2I 1,2 9,9686 8,7686 ,
P3I 1,5 13,5666 15,0666 .
Ainda no convergiu. Logo, devemos repetir o procedimento.
P P Q Q
, , , .
V V
Em vrios casos observamos que as variveis PQ e QV so desacopladas, ou seja, inde-
pendentes, e podemos escrever
P P
, (7.86)
V
Q Q
. (7.87)
V
P
(i ) (i ) (i )
H 0
..... . ..... (7.88)
,
Q 0 L V
ou,
P(i ) H (i ) (i )
. (7.89)
Q(i ) L(i ) V (i )
V
, (7.94)
(i )
V L' V
Q (i ) (i )
onde
L
L'km km Gkm sen km Bkm cos km , (7.97)
Vk
b) A relao Bkm / Gkm elevada, entre 5 e 20. Logo, Bkm Gkm sen km .
Sendo assim, sabendo que a reatncia entre as barras k e m xkm, e que o nmero de
barras diretamente ligadas barra k, podemos escrever os elementos de B ' e B' ' da seguinte
forma bastante simplificada:
1
B'km x ,
km
B'kk 1 ,
m1 xkm
(7.102)
m k
B' ' B ,
km km
____
Exemplo 7.9. Formule as equaes para o mtodo desacoplado rpido para o sistema a seguir e
obtenha o ngulo 2 e a tenso V3 para as duas primeiras iteraes.
7.6. Exerccios
xxx
6
Alguns autores, como JORDO (1980), preferem o termo polos no salientes, por entenderem que a presena das
ranhuras que alojam as bobinas de campo descaracteriza um rotor liso ou perfeitamente cilndrico.
onde N f o nmero de espiras equivalente por fase do estator, 2 o fluxo por polo do rotor,
e 2f1 a frequncia angular eltrica em radianos eltricos (rad-e) por segundo e um an-
gulo de fase. De acordo com a Lei de Faraday, a fora eletromotriz induzida em uma fase do
estator ser
d2 (t )
e f (t ) e N f 2 cos(et ) . (8.3)
dt
Podemos identificar e f (t ) com o seguinte fasor , cuja amplitude foi convertida para volts
eficazes e na qual foi includo ainda um fator de enrolamento kw, resultante das caractersticas
construtivas dos enrolamentos trifsicos
N k
E f e f w 2 . (8.4)
2
Fazendo ainda e N f kw / 2 m (uma constante) e considerando que a f.e.m. em (8.3) es-
Figura 8.1
Definio dos eixos direto (d) e em quadratura (q)
Em situaes de regime podemos imaginar que o fluxo 2 gira no sentido anti-horrio
com velocidade constante N s , juntamente com todo o diagrama fasorial. Se houver um incre-
mente de potncia mecnica na entrada do gerador, o polo norte se adiantar levemente em rela-
o referncia, produzindo tambm um incremento em . Da mesma forma, redues na po-
tncia mecnica sero acompanhadas de redues de , apropriadamente denominado ngulo de
carga (ou de potncia). Os estudos de estabilidade, seja em regime permanente ou transitrio,
tm a finalidade de determinar se os valores iniciais e finais de correspondem a situaes est-
veis, i.e., situaes nas quais o gerador continua a operar em sincronismo com o barramento infi-
nito.
Suponha agora que a tenso interna por fase da mquina seja E f E f , que a tenso
terminal por fase, aqui tomada como referncia, seja V1 V10 e que a corrente de armadura
O circuito unifilar equivalente para a relao (8.6) mostrado na Figura 8.2. No caso de
mquinas de grande potncia, como sempre ser o nosso caso, a resistncia r1 geralmente des-
prezvel em relao reatncia sncrona xd. A relao (8.6) est escrita para o caso de geradores.
Para o caso de motores, basta multiplicar a corrente por 1.
Figura 8.2
Circuito unifilar equivalente para uma mquina de polos lisos
Antes que o gerador possa produzir energia, ele precisa ser colocado em paralelo com o
barramento infinito. Para isso, necessrio que quatro condies sejam satisfeitas:
to V1 , as quatro condies acima podem ser escritas em uma nica equao fasorial.
Condio de paralelismo
E fq V1q . (8.7) entre um gerador e o
barramento infinito.
onde q 1,2,3 o ndice das fases. Podemos verificar que a relao (8.7) satisfaz imediatamente
s condies (a), (c) e (d). A condio (b) satisfeita de maneira implcita, pois a definio de
um fasor decorre da utilizao de um espao onde a frequncia nica e constante.
Duas relaes interessantes podem ser obtidas para as potncias ativa e reativa em funo
dos parmetros da mquina ( V1 , E f , xd , ), em vez de em funo dos parmetros da carga
AB V1sen , (8.8)
AB xd I1sen . (8.9)
Figura 8.3
Diagrama fasorial para um gerador sobreexcitado
xd V1 E f V12 cos sen cos Q
, (8.16)
(8.19) indicam que as potncias ativa e reativa inicialmente fornecidas ao barramento sero nu-
las. Para transferir potncia ativa ao barramento devemos aumentar , o que feito por meio do
aumento da potncia mecnica no eixo da mquina. Mantendo-se E f constante, a potncia em
Figura 8.4
Potncia ativa em funo do ngulo de carga para um gerador de polos lisos
A potncia ativa mxima ocorre para ee / 2 rad-e, valor que denominaremos ngulo
de estabilidade esttica, pois a mquina no pode funcionar em regime permanente para ngu-
los acima deste valor e sair de sincronismo. Na regio estvel, supondo excitao constante,
aumentos da potncia mecnica Pm ec no eixo do gerador sero contrabalanados por aumentos da
potncia eltrica resistente oferecida pelo gerador. O ngulo permanecer oscilando levemen-
te em torno do ponto de equilbrio e a velocidade do rotor tambm oscilar levemente em torno
da velocidade sncrona. Acima de / 2 , aumentos da potncia mecnica produziro redu-
____
Exemplo 8.1. Seja um gerador trifsico de polos lisos, 10 MVA, 2,2 kV, ligado em estrela. A
reatncia sncrona de eixo direto 1,2 por fase e a resistncia de armadura pode ser despreza-
da. Considerando que a tenso interna seja igual nominal, pede-se: (a) determine a corrente de
armadura correspondente mxima potncia ativa; (b) desenhe o diagrama fasorial correspon-
dente.
Soluo. Para potncia mxima, devemos ter / 2 rad-e. Tomando ainda a tenso terminal
como referncia, teremos, de (8.6)
Figura 8.5
Diagrama fasorial para o Exemplo 8.1
rando r1 desprezvel
V1 E f V1V1
jV1 I1 . (8.20)
xd xd
Supondo que o fator de potncia seja indutivo e tomando V1 como referncia, a relao
(8.20) poder ser escrita como
2
V1 E f V
1 V1 I1(90 ) . (8.21)
xd xd
O diagrama fasorial correspondente relao (8.21) mostrado na Figura 8.6. Estamos
agora interessados nos limites operacionais da mquina. O crculo ilustrado na Figura 8.6, por
exemplo, representa a potncia aparente mxima da mquina, seja qual for o fator de potncia.
Descartando-se outros componentes do conjunto turbina-gerador ou do conjunto motor-carga, a
potncia operacional da armadura poderia se localizar em qualquer ponto do crculo ilustrado.
Figura 8.6
Diagrama fasorial das potncias
Contudo, existem outros limites a considerar, conforme ilustrado na Figura 8.7. Conside-
re, por exemplo, que a mquina esteja funcionando como gerador. Se o limite da turbina fosse
especificado para coincidir com a potncia ativa mxima do gerador (Pmax), tal coincidncia se
daria apenas em um ponto, ou seja, o de fator de potncia unitrio. Assim, reduzindo um pouco o
limite da turbina que o gerador pode acionar (segmento OC), poderemos ter o conjunto turbina-
gerador funcionando em uma faixa mais extensa de fatores de potncia.
Figura 8.7
Limites operacionais de uma mquina sncrona
Situao semelhante ocorre com o limite de excitao mxima. Se estipulssemos tal li-
mite como coincidindo com Qmax, o campo do gerador estaria sobre-dimensionado, pois o limite
seria atingido somente para fator de potncia zero. Assim, dimensionamos o segmento OA como
o limite mximo de excitao, o que permite que a mquina funcione com excitao mxima em
uma faixa mais ampla de fatores de potncia.
Figura 8.8
Curva de capabilidade de uma mquina sncrona
I1 Id Iq . (8.22)
Cada uma das componentes de I1 produzir quedas de tenso diferentes, associadas res-
Figura 8.9
Diagrama fasorial para um gerador de polos
salientes alimentando carga indutiva
A potncia ativa igual a uma tenso multiplicada pela componente de corrente em fase
com ela. Por exemplo, sendo V1 a tenso, I1 a corrente e o ngulo entre V1 e I1 , temos a rela-
ver
P Vd I d Vq I q . (8.24)
Da Fig. 8.9, obtemos
Vd V1sen , (8.25)
Vq V1 cos . (8.26)
xq I q V1sen , (8.27)
xd I d E f V1 cos . (8.28)
Substituindo (8.25), (8.26), (8.27) e (8.28) em (8.24), teremos
E V1 cos V sen
P V1sen f V1 cos 1 , (8.29)
xd xq
que pode ser transformada em
V1E f 1 1
P sen V12 sen cos , (8.30)
xd x x
q d
e, finalmente, em
Ao contrrio do que acontece na mquina de polos lisos, cuja potncia ativa varia senoi-
dalmente em funo do ngulo de carga, a potncia da mquina de polos salientes agora uma
soma de duas partes. A primeira parte, conforme mostrado na Fig. 8.10, denominada potncia
de excitao, por ser diretamente proporcional a E f . Tal potncia a mesma daquela da mqui-
cia, por depender da diferena entre as relutncias de eixo direto e de eixo em quadratura7.
Figura 8.10
Potncia ativa de um gerador de polos salientes
Podemos usar uma considerao semelhante para deduzir uma expresso para a potncia
reativa. Neste caso, temos uma multiplicao entre as componentes de tenso e de corrente que
se encontram em quadratura, ou
Q Vd I q Vq I d . (8.32)
7
Lembre-se que a relutncia magntica inversamente proporcional reatncia indutiva.
Note o sinal negativo no segundo termo, dado o fato de Vd estar atrasado em relao a
teremos
E V1 cos V sen
Q V1 cos f V1sen 1 , (8.33)
xd xq
ou,
sos isso pode ser feito por meio do clculo da excitao E f , conforme a frmula (8.6). Na m-
quina de polos salientes, por outro lado, E f no pode ser calculada sem o clculo prvio de .
Para fator de potncia indutivo, a corrente I q pode ser obtida diretamente a partir da
Fig. 8.9
I q I1 cos . (8.37)
Substituindo (8.37) em (8.36), vem
V1sen xq I1 cos . (8.38)
ou,
V1sen xq I1 cos cos sen sen , (8.39)
ou, ainda
sen V1 xq I1sen xq I1 cos cos . (8.40)
Finalmente
xq I1 cos
tg . (8.41)
V1 xq I1sen
A relao (8.41) vale apenas para o caso indutivo. Para o caso capacitivo devemos notar
que a corrente I q deve ser escrita, a partir da Fig. 8.11, como
I q I1 cos . (8.42)
Repetindo o procedimento anterior, teremos
xq I1 cos
tg . (8.43)
V1 xq I1sen
A relao (8.43) foi obtida para carga capacitiva e , mas pode ser rapidamente veri-
ficado que a mesma tambm vlida para carga capacitiva e .
As frmulas (8.41), para carga indutiva, e (8.43), para carga indutiva, podem ser unifica-
das em uma s
Na frmula (8.44) devemos considerar o sinal adequado para o ngulo, ou seja, <0
para carga indutiva e >0 para carga capacitiva.
adequado.
4. Calcule Id I1 Iq .
Figura 8.11
Diagrama fasorial para um gerador de polos salientes alimentando carga capacitiva
____
Exemplo 8.2. Um gerador sncrono de polos salientes, 50 MVA, 2,2 kV, trabalha a plena carga
com fator de potncia 0,8 indutivo. A reatncia de eixo direto 1,0 pu e a reatncia de eixo em
quadratura 0,7 pu. Pede-se: (a) o ngulo de carga ; (b) a tenso interna Ef; (c) a regulao per-
centual de tenso; (d) o diagrama fasorial.
Soluo. Os clculos sero feitos em pu, com Sb=50 MVA e Vb=2,2 kV. A corrente de armadura,
a plena carga
*
I S1 1,036,87 1,0 36,87 pu .
*
1 V
1 1,0
A tangente do ngulo de carga ser
atg0,3944 21,52
A corrente de eixo em quadratura ser
1,0 (1,0) 2 1 1
Ef 0,8 sen (2 21,52) E f 1,782 pu ,
1,0 sen (21,52) 2 0,7 1,0
que coincide com o resultado calculado anteriormente.
V1E f
Pa , (8.47)
xd
V12 1 1
Pb . (8.48)
2 xq xd
A seguir, aplicamos a regra da derivada primeira em (8.46)
P
Pa cos ee 2Pb cos2 ee 0 . (8.49)
Com uma pequena transformao trigonomtrica, a relao acima pode ser escrita como
4Pb cos2 ee Pa cos ee 2Pb 0 , (8.50)
que nada mais do que uma equao do segundo grau cuja incgnita cos . Resolvendo
(8.50), teremos
Determinao do ngulo
Pa Pa2 32 Pb2 de estabilidade esttica
cos ee . (8.51)
de uma mquina de po-
8Pb
los salientes.
A Figura 8.xx mostra a variao de ee em funo de Ef, para xd=1,0pu e vrios valores de
xq, de modo a evidenciar o efeito da salincia. Para xq =1,0 pu, por exemplo, o efeito da salincia
nulo (polos lisos), e, para o mesmo valor de Ef, quanto maior a diferena entre xd e xq, menor
ser ee.
Figura 8.XX
Variao do ngulo de estabilidade esttica, para xd =1,0pu e vrios valores de xq.
Apesar do grande grau de idealizao, o BI til da mesma forma que um plano sem atri-
to ou um condutor sem resistncia, ou seja, para facilitar a anlise inicial de sistemas mais com-
plexos. Iniciaremos analisando o caso de um nico gerador ligado ao BI e depois passaresmos a
sistemas compostos por dois geradores e finalmente para sistemas multimquinas.
(t ) st mec (t ) . (8.53)
Derivando (8.53) duas vezes em relao ao tempo, teremos
d 2 d 2 mec
. (8.54)
dt 2 dt 2
Substituindo (8.54) em (8.52)
d 2 mec
Tt J Tmec Te . (8.55)
dt 2
trica total e M mec denominada constante de inrcia da mquina. Nas situaes de interesse
isso acontecesse, a mquina perderia o sincronismo. Assim, podemos escrever M mec como
M mec S J , (8.57)
Sabemos tambm que a relao entre m ec , em radianos mecnicos por segundo (rad/s), e
M'
M . (8.63)
Sb
Convertendo o resto da equao para pu, podemos escrever
d 2 e
M Pmec ( pu) Pe ( pu) ,
dt 2
ou, ainda, considerando que de agora em diante todas nossas equaes sero escritas em pu e que
todos os ngulos so eltricos
d 2
M Pmec Pe . (8.64)
dt 2
A potncia eletromagntica, por sua vez, pode ser escrita como
d
Pe Pd Ps ( ) , (8.65)
dt
onde Pd a potncia de amortecimento, relacionada ao amortecimento causado pelo ar no en-
treferro e pelas barras amortecedoras, e Ps a potncia sncrona. Para uma mquina de polos
lisos, Ps dada por (8.18) e, para uma mquina de polos salientes, dada por (8.31).
Equao da oscilao
d 2 d
M 2 Pd Ps ( ) Pmec . (8.66) (swing) da mquina
dt dt sncrona.
M mecmec
Wk . (8.69)
2
Logo, H ser
M m ecm ec
H , (8.70)
2 Sb
ou, lembrando da definio de M
pSb M mec pMmec
H . (8.71)
2 2 Sb 4
Finalmente, usando (8.57) para expressar a velocidade em radianos eltricos por segundo
pMe 2 Me
H . (8.72)
4 p 2
A constante H escrita na frequncia de referncia do sistema, 0 2f 0 . Logo
sim, temos uma equao diferencial de segunda ordem, no linear e no homognea, que, no
caso geral, somente pode ser resolvida por meio de mtodos computacionais (e.g., Runge-Kutta).
Contudo, no caso de pequenas oscilaes (digamos, / 10 / 10 ), podemos considerar
que sen (em radianos). Nesse caso, a potncia sncrona para polos lisos pode ser escrita
como Ps, onde Ps o coeficiente de sincronizao, ou a inclinao da curva Ps na origem.
Equao diferencial
d 2 d
M 2 Pd Ps 0 , (8.74) linearizada e homog-
dt dt nea.
na qual Pm ec foi inicialmente igualada a zero (gerador flutuando a vazio), para obtermos uma
equao diferencial homognea, de mais fcil soluo.
Pd Fator de amortecimento.
, (8.77)
2 MPs
Ps Frequncia angular
n . (8.78) natural.
M
r n n 2 1 . (8.80)
Caso I. 0 . Nesse caso a soluo (8.80) se reduz a duas razes imaginrias conjugadas,
(t ) Ae j t Be j t .
n n
(8.81)
Lembrando que e jnt cos(nt ) jsen (nt ) , a soluo acima pode ser reescrita como
ou,
(t ) A B cos(nt ) j A B sen(nt ) .
Fazendo A B a0 e j A B b0 , podemos escrever
(t ) a0 cos(nt ) b0 sen(nt ) .
Fazendo ainda a0 A0 cos e b0 A0 sen , podemos finalmente escrever
(t ) A0 cos(nt ) , (8.82)
(t ) e t Ae jt Be jt .
n
(8.83)
Usando os mesmos mtodos do Caso I, podemos escrever
que uma soluo do tipo oscilador com amortecimento subcrtico. Para 0 , o Caso II se
reduz ao Caso I.
Aoe t . n
(8.85)
n t n 2 1 t 2 1 t
Ao e e
e n
.
ou,
2 1 t
1
Ao 1 e t e
n
n
. (8.86)
e
No se espera solues criticamente ou supercriticamente amortecidas em mquinas sn-
cronas, pois o amortecimento nelas observado no expressivo a esse ponto.
Exemplo 8.3. Um gerador sncrono est flutuando a vazio, com velocidade de oscilao nula,
quando submetido a uma perturbao momentnea o . Considerando que a oscilao rapi-
A velocidade de oscilao de d / dt , ou
atg n / . (8.89)
ngulo de fase para os
Casos I e II.
A soluo (8.84) mostra que, para o gerador flutuando a vazio, qualquer perturbao ser
amortecida. Caso isso no ocorra, corremos o risco de que o gerador saia de sincronismo, especi-
almente no caso de potncias mdias muito baixas, quando o ngulo de estabilidade esttica ee
poder ser atingido rapidamente.
Quando Pmec for injetada no eixo do gerador, o ngulo de regime permanente, quando
t , ser . Agora a soluo geral para a equao (8.83) pode ser escrita como
que pode ser considerada como a soluo geral linearizada para um gerador flutuando a vazio
( 0 ) ou sumetido a um degrau de potncia mecnica tal que (t ) . A soluo
(8.89) considera que a potncia mecnica subitamente aplicada ao eixo do gerador, em forma
da degrau. Na prtica isso impossvel, por causa da grande inrcia do conjunto turbina-gerador,
mas o que nos interessa aqui a facilidade da modelagem matemtica. A aplicao de potncia
mecnica em forma de rampa, por exemplo, poderia ser modelada como uma grande sequncia
de degraus, na qual o ngulo de uma sequncia entendido como o ngulo 0 da prxima
sequncia. Outros tipos de variao de potncia mecnica so muito difceis, ou mesmo imposs-
veis, de serem resolvidos analiticamente e devero ser objeto de soluo numrica.
Exemplo 8.4. Repita o Exemplo 8.3 para velocidade inicial nula, mas agora com 0 .
o Constante Ao generali-
Ao . (8.91) zada para a oscilao do
cos( ) gerador, Casos I e II.
Os clculos mostram que o ngulo continua sendo dado pela relao (8.89).
Exemplo 8.5. Seja um gerador sncrono de 28 polos, 10 MW, 60 Hz, H=8 MJ/MVA, Ps=20
pu/rad-e, Pd=0,20 pu/rad-e/s, ligado diretamente ao barramento infinito. Escreva a equao da
oscilao do ngulo para: (a) gerador flutuando a vazio, com ngulo inicial de 5 graus eltricos
e ngulo final nulo; (b) carga nominal subitamente aplicada ao eixo do gerador.
d 2 d
M 2
Pd Ps 0
dt dt
H
A partir dos dados do problema, e considerando que M , teremos
f
d 2 d
0,0424 2 0,20 20 0 (8.92)
dt dt
A frequncia natural de oscilao ser
Ps 20
n 21,708 rad/s. (8.93)
M 0,0424
De acordo com a relao (8.76), o fator de amortecimento ser
Pd 0,20
0,1085 , (8.94)
2 MPs 2 0,0424 20
correspondendo seguinte frequncia angular amortecida
o 5
Ao 5,03 . (8.97)
cos( ) cos(6,23)
A resposta para o gerador flutuando a vazio ser, em graus eltricos
A Figura 8.14 ilustra a evoluo do sistema no chamado espao de fase. Nesse caso, abs-
tramos a varivel tempo e plotamos a velocidade de em funo de . Percebemos que o siste-
ma inicia com =5 e velocidade nula, atingindo a estabilidade no ponto (0, 0).
Figura 8.12
Evoluo do ngulo para o gerador
linearizado flutuando a vazio
Figura 8.13
Velocidade de para o gerador
linearizado flutuando a vazio
Figura 8.14
Diagrama no espao de fase para o
gerador linearizado flutuando a vazio
No caso do gerador que subitamente recebe carga nominal, podemos considerar Pmec=1
pu. A aproximao da anlise linearizada nos permite escrever Pmec Ps , onde o ngulo ex-
presso em radianos eltricos. Assim
Pmec 1,0
0,05 rad, ou 2,87 (8.99)
Ps 20,0
A soluo ser dada agora pela equao (8.89)
(t ) A0e t cos(t ) 2,87 A0e2,3562t cos(21,5798t 6,23) ,
n
(8.100)
onde a constante Ao dada por (8.91)
o 5 2,87
Ao 2,143 (8.101)
cos( ) cos(6,23)
As Figuras 8.15, 8.16 e 8.17 mostram o comportamento do gerador linearizado sob carga.
Percebemos que agora o gerador atinge a estabilidade no ponto (2,87, 0/s). Por causa das limi-
taes do mtodo linearizado, que se restringe a pequenas oscilaes, no sabemos se a potncia
Pmec ser de fato absorvida pelo gerador e se a estabilidade ser atingida em . O mtodo das
reas, visto no item 8.8 a seguir, permitir tal estimativa.
Figura 8.15
Evoluo do ngulo para o
gerador linearizado sob carga
Figura 8.16
Velocidade de para o gerador
linearizado sob carga
Figura 8.17
Diagrama no espao de fase para
o gerador linearizado sob carga
Feitas tais simplificaes, a equao da oscilao (8.6) pode ser escrita como
d 2
M Pe Pmec , (8.102)
dt 2
ou,
d 2 d
M 2
M Pmec Pe Pa , (8.103)
dt dt
onde Pa Pmec Pe a potncia acelerante da mquina. Multiplicando (8.26) por
2 2 d
, teremos
M M dt
d P d
2 2 a , (8.104)
dt M dt
ou, ainda
d 2 P d
2 a , (8.105)
dt M dt
Multiplicando (8.104) por dt e integrando em relao a , vem
2 m
2
M 0
Pa d , (8.106)
2 m
M 0
Pa d , (8.107)
onde a velocidade angular de oscilao do rotor (no confundir com a velocidade angular
sncrona). Considerando que 0 na situao de estabilidade, podemos escrever
m m
Pa d
0
Pmec Pe d 0 , (8.108)
0
ou
Figura 8.18
rea embaixo de Pmec
A rea embaixo da senoide Pe mostrada na Figura 8.19 e pode ser calculada como
ou
Pmax sen d Pmax cos 0 cos , (8. 112)
0
Note agora que quando confrontamos as Figuras 8.18 e 8.19, a rea ABDFH comum
aos dois grficos e pode ser eliminada. O problema torna-se assim encontrar o ngulo que
iguala as reas A1 e A2, conforme ilustrado na Figura 8.20. Durante a rea A1 o rotor acelera, pois
a potncia mecnica maior do que a potncia eltrica. Da mesma forma, durante a rea A2 o
rotor desacelera, pois a potncia eltrica torna-se maior do que a potncia mecnica. O rotor
atinge a estabilidade no ponto D, parando de oscilar. A equao (8.109) pode ento ser reescrita
como
Figura 8.19
reas embaixo da senoide Pe
Figura 8.20
Dinmica para tomada sbita de carga
A equao (8.115) no tem soluo analtica, mas pode ser resolvida por tentativas ou por
meio do solver da HP, de alguma planilha numrica ou de um software numrico. Para
0 10 / 18 rad-e, teremos
51,0
Um aspecto interessante desta soluo a independncia dela em relao a Pmax 650 .
Em outras palavras, o resultado acima vale para qualquer mquina de polos lisos funcionando
com 0 10 , independente da potncia nominal, do nmero de polos e da frequncia, respeita-
das as simplificaes do mtodo das reas.
8.21. No razovel esperar que um gerador de polos lisos esteja operando com o>80 quando
de um aumento subido de carga e, assim, a relao entre 0 e deve ser sempre uma reta as-
cendente.
Figura 8.21
Soluo para tomada sbita de carga
A tomada sbita de carga um caso muito idealizado, pois, nos casos reais, a potncia
mecnica nunca varia como um degrau. Alm disso, a rigor no estamos levando em conta um
dos requisitos do mtodo das reas, que a prpria constncia da potncia mecnica. A seguir
discutimos um caso um pouco mais realista.
Figura 8.22
Circuito simples para clculo do ngulo crtico
Figura 8.23
Dinmica para um gerador e uma linha, falta franca
ou,
A2 Pmax cos 0 cos c Pmec 0 c . (8. 120)
Igualando (8.119) e (8.120), teremos
Pmec c 0 Pmax cos 0 cos c Pmec 0 c ,
ou,
Pmec 2 0 Pmax cos 0 cos c . (8.121)
Em 0, podemos escrever
Pmec Pmax sen 0 , (8.122)
onde Pmax a potncia mxima antes da falta.
A equao (8.123) pode ser resolvida analiticamente: tendo 0, podemos calcular c fa-
cilmente. O resultado ser maior do que o valor real, pois estamos desprezando o amortecimento.
Entretanto, o raciocnio acima s ser vlido caso a falta seja franca, ou seja, caso a transferncia
de potncia entre as barras 2 e 3 seja nula entre 0 e c. Caso isso no acontea, teremos a situa-
o ilustrada na Figura 8.24, na qual r1 definido como:
Pfal
r1 , (8.124)
Pmax
onde Pfal a potncia mxima durante a falta.
A rea A2 continua a mesma calculada pela relao (8.119). A rea A1 , por outro lado,
deve ser calculada como:
c
A1 Pmec r1Pmax sen d c 0 Pmec r1 Pmax cos c cos 0 .
0
cos c
2 0 sen 0 r1 1 cos 0 ngulo crtico para uma
. (8.126) linha, falta no franca.
1 r1
Figura 8.24
Dinmica para um gerador e uma linha, falta no franca
Exemplo 8.6. Para o sistema da Figura 8.22, considere que a potncia mecnica injetada no eixo
do gerador 0,5pu, a reatncia sncrona do gerador 0,8pu, a reatncia do transformador 0,2pu
e a reatncia total da linha de transmisso, cuja resistncia desprezvel, 0,4pu. A excitao do
gerador 1,05pu e a tenso no barramento 1,0pu. Em dado momento, uma falta ocorre nas
imediaes da barra 2. Determine o ngulo crtico de extino da falta supondo que: (a) a falta
trifsica e franca; (b) a falta trifsica e tem reatncia de 0,05pu, com resistncia desprezvel.
2 41,81 sen (41,81) 0,0 1cos(41,81)
cos c 180
0,3761 ,
1 0,0
c 67,91 .
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2 41,81 sen (41,81) 0,7778 1cos(41,81)
cos c 180
0,9166 ,
1 0,7778
c 156,43 .
A Figura 8.25 mostra a variao do ngulo crtico em funo do ngulo inicial para vrios
casos de r1. interessante notar que, quanto maior o valor de r1, ou seja, quanto maior a potncia
mxima durante a falta em relao potncia mxima antes da falta, mais restrita ser a variao
do ngulo inicial. Note tambm que, a partir de o=75, c praticamente igual a o. Logo, no
haver tempo para que o ngulo de carga se estabelea em um novo valor antes de se tornar crti-
co. Para ngulos inciais menores do que 75, c pode atingir maiores valores em relao a o para
maiores impedncias de falta. Para o=50, por exemplo, c=64 para r1=0 e c=115 para r1=0,8.
Assim, faltas francas restrigem mais a excurso de antes que este se torne crtico. Esta e outras
razes tornam necessria a definio de uma margem de segurana para o ngulo de carga.
Figura 8.25
ngulos crticos para vrios casos de r1.
Figura 8.26
Circuito duplo para clculo do ngulo crtico
A falta trifsica e ocorre na linha de baixo, podendo ser franca ou no, e extinta pela
abertura ou pela reposio da linha em funcionamento (veremos que a matemtica da situao
indiferente, variando apenas os parmetros).
A Figura 8.27 mostra o circuito reduzida a reatncias, no qual a falta representada tam-
bm por uma reatncia. O gerador representado como uma reatncia atrs de uma tenso de
excitao Ef cujo ngulo de carga em relao ao barramento infinito representado pela barra
3. A falta ocorre no ponto a: se a=0, a falta ocorre na barra 2; se a=1, a falta ocorre na barra 3; se
a=1/2, a falta ocorre na metade da linha de baixo e assim por diante.
Figura 8.27
Circuito reduzido a reatncias para clculo do ngulo crtico
A Figura 8.28 ilustra a dinmica da situao. O parmetro r1 o mesmo dado por (8.124)
e r2 dado por
Ppos
r2 , (8.127)
Pmax
onde Ppos a potncia mxima aps a falta.
No h nada que impea termos r2=1. Nesse caso, a falta seria eliminada por meio da re-
posio da linha de baixo e a situao pr-falta seria idntica situao ps-falta. Contudo, no
podemos ter r2=r1, pois isso significaria que a linha de baixo permanece em falta.
A falta ocorre em o, quando o sistema deixa de funcionar em Pmax sen e passa a funcio-
nar em r1 Pmax sen . A potncia mecnica torna-se superior potncia eltrica, o gerador comea
Observando a Figura 8.28, a rea A1, correspondente acelerao do rotor, igual a rea
A1 do problema para uma linha e impedncia de falta no nula, cuja demonstrao repetida a
seguir por convenincia.
c
A1 Pmec r1Pmaxsen d c 0 Pmec r1Pmax cos c cos 0 . (8.128)
0
cos c
max 0 sen 0 r2 cos max r1 cos 0 ngulo crtico para duas
. (8.130) linhas, com falta em uma
r2 r1 das linhas.
Figura 8.28
Dinmica para um gerador e duas linhas
A Figura 8.29 mostra a variao do ngulo crtico em funo do ngulo inicial para r2=1
e vrios valores de r1. Note que esta figura exatamente igual Figura 8.25, que ilustrava o
comportamento para uma s linha. Assim, se, no caso do sistema com duas linhas, se uma das
linhas entrar em falta e voltar integralmente aps a extino desta, fazendo r2=1, a dinmica do
sistema exatemente mesma do sistema com uma s linha, para o mesmo valor de r1.
Figura 8.29
ngulos crticos para r2=1 e vrios casos de r1.
A Figura 8.30 mostra as mesma curvas anteriores, mas agora para r2=0,85. Note que a
curva para r1=0,9 no mais mostrada, pois no podemos ter r1> r2. Note tambm que a variao
do ngulo crtico agora bem mais restrita. Por exemplo, antes (Figura 8.29), para o=40, o
ngulo crtico era aproximadamente 75 para r1=0,2. Agora, com r2=0,75 e o mesmo valor para
r1, o ngulo crtico aproximadamente 62. Consequentemente, o sistema de proteo deve ser
muito mais rpido na tarefa de extino da falta.
A Figura 8.31 mostra as mesma curvas anteriores, mas agora para r2=0,75, um valor j
bastante factvel, como veremos no exemplo a seguir. Agora, para r1=0,2 e o=40, o ngulo cr-
tico cai para aproximadamente 48.
Note, nas Figuras 8.30 e 8.31, que agora h valores mximos para o ngulo inicial para
manter a estabilidade do sistema. Por exemplo, tanto para r2=0,85 quanto para r2=0,75, se o ge-
rador tiver o>60, o sistema ser levado instabilidade para faltas com quaisquer valores de r1.
Assim, no importa quo rpido for o sistema de proteo, o gerador dever ser desconectado da
rede.
Figura 8.30
ngulos crticos para r2=0,85 e vrios casos de r1.
Figura 8.31
ngulos crticos para r2=0,75 e vrios casos de r1.
Exemplo 8.7. Para o sistema da Figura 8.26, considere que a potncia mecnica injetada no eixo
do gerador 0,8pu, a reatncia sncrona do gerador 0,2pu, a reatncia do transformador 0,2pu
e a reatncia total de cada linha de transmisso, cujas resistncias so desprezveis, 0,4pu. A
tenso de excitao do gerador 1,05pu e a tenso no barramento 1,0pu. Em dado momento,
uma falta ocorre exatamente na metade da linha de baixo e extinta por meio da abertura desta.
Determine o ngulo crtico de extino da falta, supondo que esta trifsica e tem reatncia de
0,02pu, com resistncia desprezvel.
Soluo. Antes da falta o circuito de impedncias pode ser desenhado como na Figura 8.32. A
reatncia antes da falta pode ser facilmente calculada como:
Figura 8.32
Circuito de impedncias antes da falta
Figura 8.33
Circuito de impedncias depois da falta
Durante a falta, com a insero da reatncia de falta, o circuito aquele mostrado na Fi-
gura 8.34 e o clculo da reatncia entre as barras 1 e 3 torna-se um pouco mais complicado.
Uma maneira de desenvolver uma expresso geral para x fal x1'3 , correspondente reatncia
Figura 8.34
Circuito de impedncias durante a falta
Figura 8.35
Circuito da Figura 8.34 transformado para estrela
O circuito deve ser agora transformado de estrela para delta. Apenas a reatncia x1'3 de
x1' x3 x3 xn 0 xn 0 x1'
x fal , (8.137)
xn 0
xx
x fal 1' 3 x3 x1' , (8.138)
xn 0
xf
xLT 1 xLT 2
xLT 1 xLT 2
xd ' xT a (1 a) xLT 1 xLT 2
xLT 1 xLT 2 x x (8.140)
x fal LT 1 LT 2 xd ' xT .
x f ( xLT 1 xLT 2 ) a(1 a) x LT 2
2
xLT 1 xLT 2
Lembrando-nos que xLT 1 xLT 2 /( xLT 1 xLT 2 ) xLT 1 // xLT 2 , e que, de acordo com (8.131),
xd ' xT xLT 1 // xLT 2 x pre , a relao acima pode ser escrita de forma mais compacta. O resultado
Reatncia durante a
( x ' x axLT 1 // xLT 2 )(1 a) xLT 1 xLT 2
x fal d T x pre . (8.141) falta para casos seme-
x f ( xLT 1 xLT 2 ) a(1 a) x 2LT 2 lhantes ao do Exemplo
8.7.
x fal j
0,2 0,2 0,2 a (1 a) 0,4 0,4 j0,6 .
(8.142)
0,02 (0,4 0,4) a(1 a) 0,16
No caso de uma falta na metade da linha de baixo, teremos a=0,5. Assim:
x fal j
0,4 0,2 0,5 0,5 0,16 j0,6 j1,3143 . (8.143)
0,02 0,8 0,5 0,5 0,16
Os prximos passos so calcular as potncias mximas antes, durante e depois da falta:
V1Eg 1,0 1,05
Pmax 1,75 pu . (8.144)
x pre 0,6
V1Eg 1,0 1,05
Pfal 0,7989 pu (8.145)
x fal 1,3143 .
V1Eg 1,0 1,05
Ppos 1,3125 pu (8.145)
x fal 0,8 .
Pfal 0,7989
r1 0,4565 , (8.146)
Pmax 1,75
Ppos 1,3125
r2 0,75 . (8.147)
Pmax 1,75
cos c
2,4861 0,4748 sen(0,4748) 0,75 cos(2,4861) 0,4565 cos(0,4748) ,
(8.152)
0,75 0,4565
c 1,8509 rad , (8.153)
c 106,05 (8.154)
A reatncia xfal, dada por (8.141), pode ser plotada em funo de xf, para vrios valores de
a. O resultado mostrado na Figura 8.32. Como pode ser visto, para faltas na barra 2 (a=0), a
reatncia durante a falta xfal varia bastante em funo de xf (quanto mais franca a falta, maior o
valor de xfal e, consequentemente, menor a potncia transferida durante a falta). J quanto mais
perto da barra 3 for a falta, menos dependente de xf torna-se xfal. Para faltas na barra 3, teremos
a=1 e xfal = xpre, indicando que a falta foi absorvida pelo barramento infinito, no tendo sido per-
cebida pelo gerador na barra 1.
Figura 8.32
Variao de xfal em funo de xf, para vrios valores de a
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9. ESTABILIDADE EM SISTEMAS
MULTIMQUINAS
9.1 Introduo
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Em breve...
10.3 Introduo
Em breve...por enquanto, s rabiscado em: http://goo.gl/Kwz0sf.
11.1 Introduo
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12.1 Introduo
Lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum
lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum...
13. REFERNCIAS
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