Avaliação de Soldabilidade Aisi 444

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Revista Eletrnica de Materiais e Processos, v.1, 1 (2006) 19-27


ISSN 1809-8797

Avaliao da Soldabilidade dos Aos AISI 444


T. M. Maciel1, M. A. Santos1, M. Mesquita1, F. A. S. Neto1
1

Departamento de Engenharia de Materiais Universidade Federal de Campina Grande- Av. Aprgio Veloso, 882,
Campina Grande , Paraba, CEP-58103.
(Recebido em 10/05/2006; revisado em 22/05/2006; aceito em 02/06/2006)
(Todas as informaes contidas neste artigo so de responsabilidade dos autores)

_____________________________________________________________________________
Resumo:
Neste trabalho estudou-se a soldabilidade dos aos AISI 444 para serem utilizados como lining em torres de
destilao de petrleo. Para isto corpos de prova deste ao soldados por processo de Soldagem ao Arco Eltrico com
Eletrodo Revestido (SAER) utilizando-se o eletrodo AWS E 309 MoL como metal de adio, foram submetidos a
ensaios de envelhecimento por tempos de 1h, 10 e 100h a uma temperatura de 400 C e em seguida avaliada a
dureza e a microestrutura do Metal de Solda e da Zona Trmicamente Afetada (ZTA) e a granulometria e a
extenso da ZTA das juntas soldadas. Observou-se tambm o comportamento das juntas soldadas destes aos em
testes de fadiga trmica, submetendo os corpos de prova a ciclos trmicos com temperatura de patamar de 400 C
(673K) durante 30, 60 e 90 minutos, simulando as reais condies de servio nas torres de destilao, observandose em seguida a presena de trincas atravs de ensaios por lquido penetrante. Os resultados indicaram ausncia de
trincas na ZTA, tanto nos testes de envelhecimento quanto naqueles de fadiga trmica, entretanto observou-se uma
significativa sensibilidade deste ao com relao extenso da ZTA e sua granulometria em funo da variao
da energia de soldagem e uma relao direta do tempo de tratamento de envelhecimento e da energia de soldagem
com a dureza do MS e da ZTA.
Palavras-chave: Aos AISI 444; juntas soldadas; granulometria; microdureza.
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Abstract:
In this work it was studied weldability of steel AISI 444 to be used as lining in towers of oil distillation. For this,
hardness, microstructure, grain size and the Heat Affected Zone (HAZ) size of samples welded by Shielded Metal
Arc Process using AWS E 309 MoL electrode as filler metal submitted to aging tests for 1, 10 and 100h at 400 C
were measured. The samples also were submitted to fatigue test at that temperature for 30, 60 and 120 min and
submitted to tests to identify cracks. The results showed no cracks evidence at the welded joints for both test,
however, the steel presented a considerable grow size at the HAZ with the Heat Input increase and a little hardness
increase with the time in the aging tests.
1

Keywords: AISI 444 Steel; welded joints; grain size; microhardness.

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E-mail do autor: [email protected] (T. M. Maciel)

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se constituir em uma alternativa vivel devido ao menor


coeficiente de dilatao trmica daqueles aos com
relao aos austenticos, alm de reduzir os custos da
operao (Lancaster, J.F., 1980). Entretanto, a ZTA de
juntas soldadas dos aos ferrticos, podem apresentar
uma significativa perda de tenacidade devido ao
excessivo crescimento do gro nesta regio ou aumento
de dureza por precipitao de carbonetos ou de fase s
aps permanncia em elevadas temperaturas (Modenesi,
P., 2001; Lancaster, J.F., 1980; Kou, S., 1987)
Na tentativa de melhorar a resistncia corroso e a
soldabilidade, novos aos inoxidveis ferrticos vm
sendo desenvolvidos, entre eles o ao AISI 444 com
menores teores de intersticiais, estabilizados com Nb e
Ti e com um maior teor de Mo (Modenesi, P., 2001).
Assim, o objetivo deste trabalho avaliar a
soldabilidade do ao AISI 444 como uma alternativa
para a substituio dos aos AISI 316 L atualmente
utilizados como Lining nas torres de destilao de
petrleo.

1. Introduo
O petrleo, devido a sua composio qumica e a
presena de diversas impurezas tais como: compostos
orgnicos sulfurados, nitrogenados, oxigenados, organometlicos, gua, sais minerais e areia, apresentam um
elevado grau de corrosividade.
Este aspecto exige dos diversos materiais,
empregados nas unidades de destilao e de
processamento do petrleo, uma elevada resistncia
corroso, em especial corroso causada pelos cidos
naftnicos.
As torres de destilao de petrleo so normalmente
fabricadas com chapas de ao ASTM A-516 Gr. 60 com
clad de ao AISI 405. Os elevados teores de enxofre
presentes nos leos de mais baixa qualidade atacam, por
corroso naftnica, o clad de ao inoxidvel AISI 405,
expondo o ao estrutural ao contato com o meio
agressivo, acelerando o processo de degradao da torre.
Este processo de degradao da torre exige uma
interveno para que seja recuperada. Esta recuperao
ocasiona uma perda de produtividade da unidade que
pode ser de algumas horas, a dias, dependendo do
tamanho do problema.
Atualmente, as torres so recuperadas pela aplicao
de lining (chapas) de aos inoxidveis AISI 316-L
soldadas entre si. Embora o uso do ao AISI 316-L
garanta uma boa resistncia corroso naftnica, surgem
trincas na zona afetada termicamente (ZTA) da solda
aps um determinado perodo de operao da unidade.
Essas trincas podem estar associadas a problemas
metalrgicos na ZTA da solda e, principalmente, aos
esforos causados pela dilatao e contrao do conjunto
(lining e parede da torre) em virtude da variao de
temperatura de trabalho da torre, associados aos efeitos
da camada de gs retida entre o lining e a parede da
torre.
A utilizao de aos inoxidveis ferrticos em
substituio aos austenticos para esta aplicao, pode

2. Materiais e mtodos
O processo de soldagem utilizado foi ao Arco
Eltrico com Eletrodo Revestido (SAER) por ser este o
processo utilizado atualmente na recuperao das torres
Os metais de base utilizados foram chapas de aos
inoxidveis AISI 444 com a mesma espessura dos
linings, ou seja, 3mm e chapas de ao carbono 1020
com 20 mm de espessura para simular as chapas de ao
da estrutura das torres, sobre as quais foram executadas
as soldagens.
Na tentativa de evitar fragilizao do metal de solda
foram utilizados eletrodos austenticos AWS E 309 MoL
com 2,5 mm de dimetro, como metal de adio.
As composies qumicas do metal de base e do
metal de adio esto apresentadas nas Tabelas 1 e 2
respectivamente.

Tabela 1. Composio qumica do ao inoxidvel AISI 444-A (% em peso)


C

Mn

Si

Cr

Ni

Mo

Al

Cu

Co

Nb

Ti

0,015

0,12

0,54

0,02

0,001

17,6

0,2

1,86

0,01

0,03

0,017

0,04

0,16

0,13

0,01

Para se obter os valores das correntes e tenses de


soldagem, utilizou-se um sistema de aquisio de dados
informatizado que forneciam os valores destas variveis
a cada meio segundo no computador para cada soldagem
executada.

As soldagens dos corpos de prova foram executadas


com 4 passes corridos laterais e 3 passes de cobertura
tranados, seguindo o mesmo procedimento utilizado nas
torres. A Figura 1 ilustra o esquema dos passes de
soldagem realizados no procedimento de soldagem e a
Figura 2 a fotografia do conjunto soldado.

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Tabela 2. Composio qumica nominal do eletrodo AWS E 309-MoL


C

Mn

Si

Cr

Ni

Mo

0,03

1,18

0,48

0,024

0,005

23,88

12,77

2,53

Cu
0,10

Fonte: NST Welding UK Ltda


Foram realizadas soldagens com correntes variando
de 58 a 81 A. Os valores de corrente utilizados
basearam-se nos valores indicados nos catlogos dos
fabricantes dos consumveis.Os cordes de base
(corridos) foram soldados com energia de soldagem
variando de 0,580,046 a 0,680,063 KJ/mm, enquanto

por Lquido Penetrante e posteriormente anlises


metalogrfica para avaliao do tamanho de gro e
extenso da ZTA e ensaios de microdureza ao longo da
junta para a avaliao da possibilidade de endurecimento
do metal de solda e da ZTA por formao de fases
fragilizantes ou reprecipitao de carbonetos.

Cordo corrido 3
Cordo corrido 2

Cordo corrido 1

Figura 1. Ilustrao dos passes de soldagem realizados no procedimento de soldagem.

Figura 2. Fotografia do corpo de prova

Como as torres de destilao operam em uma faixa


de temperatura que varia entre 400 e 300 C, os corpos
de prova foram submetidos 10 ciclos de aquecimento at
uma temperatura de 400 permanecendo por 30, 60 e 90
min nesta temperatura, resfriados dentro do forno at 300
C e a partir desta temperatura retirados para
resfriamento ao ar livre. Aps este ensaios de fadiga
trmica os corpos de prova forma submetidos a ensaios
por Lquidos Penetrantes para verificao da presena de
trincas.
Os ensaios metalogrficos foram realizados atravs
de microscopia ptica. O ataque qumico foi realizado
por molhamento utilizando como reagente gua Rgia

Figura 3. Disposio das duas linhas de indentaes no metal de base (MB), na Zona Termicamente Afetada (ZTA) e
no Metal de Solda (MS).
que os cordes de cobertura (tranados) foram soldados
com as energias variando de 0,950,046 a 1,030,130
KJ/mm.
Aps as soldagens as chapas foram submetidas a
testes de envelhecimento submetendo os corpos de prova
a aquecimentos em forno eltrico a uma temperatura de
400 C durante 1, 10 e 100 h, avaliando-se em seguida a
presena de trincas nas juntas soldadas atravs de ensaios

Fluorada. O tempo de ataque utilizado foi de 4 a 5


minutos.
A captura das imagens e medida do tamanho de gro
foram realizadas atravs de um programa de clculo do
tamanho do gro (TG) do Analisador de Imagem em que
foram calculados os dimetros dos gros para as
amostras analisadas. Com o TG obtido utilizou-se a uma
tabela especfica para converter o TG em dimetro mdio

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do gro em mm. Foram feitas 3 leituras de TG com o


objetivo de minimizar o erro na determinao do
dimetro mdio do gro.
Os ensaios de microdureza Vickers foram realizados
com uma carga de 300 gf e tempo de penetrao de 15
segundos. As medidas foram realizadas em 2 (duas)
linhas horizontais ao longo da extenso de toda junta
soldada, obedecendo a uma distncia entre as
indentaes de 0,25 mm para ZTA, e de 1,0 mm para o
MS totalizando 20 medidas no metal de solda e 10 na
ZTA de gros grosseiros. A Figura 3 ilustra a disposio

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Como as torres de destilao operam em uma faixa


de temperatura que varia entre 400 e 300 C, os corpos
de prova foram submetidos 10 ciclos de aquecimento at
uma temperatura de 400 permanecendo por 30, 60 e 90
min nesta temperatura, resfriados dentro do forno at 300
C e a partir desta temperatura retirados para
resfriamento ao ar livre. Aps este ensaios de fadiga
trmica os corpos de prova forma submetidos a ensaios
por Lquidos Penetrantes para verificao da presena de
trincas.
Os ensaios metalogrficos foram realizados atravs

Figura 4. Aspectos das trincas nos metais de solda. Aumento de 50X.


das duas linhas de indentaes passando desde o metal
de base (MB), pela Zona Termicamente Afetada (ZTA) e
pelo Metal de Solda (MS).
Aps as soldagens as chapas foram submetidas a
testes de envelhecimento submetendo os corpos de prova
a aquecimentos em forno eltrico a uma temperatura de
400 C durante 1, 10 e 100 h, avaliando-se em seguida a
presena de trincas nas juntas soldadas atravs de ensaios
por Lquido Penetrante e posteriormente anlises
metalogrfica para avaliao do tamanho de gro e
extenso da ZTA e ensaios de microdureza ao longo da
junta para a avaliao da possibilidade de endurecimento
do metal de solda e da ZTA por formao de fases

de microscopia ptica. O ataque qumico foi realizado


por molhamento utilizando como reagente gua Rgia
Fluorada. O tempo de ataque utilizado foi de 4 a 5
minutos.
A captura das imagens e medida do tamanho de gro
foram realizadas atravs de um programa de clculo do
tamanho do gro (TG) do Analisador de Imagem em que
foram calculados os dimetros dos gros para as
amostras analisadas. Com o TG obtido utilizou-se a uma
tabela especfica para converter o TG em dimetro mdio
do gro em mm. Foram feitas 3 leituras de TG com o
objetivo de minimizar o erro na determinao do
dimetro mdio do gro.

fragilizantes ou reprecipitao de carbonetos.

Os ensaios de microdureza Vickers foram realizados


com uma carga de 300 gf e tempo de penetrao de 15

Figura 5. Efeito da energia de soldagem (H) e do tratamento trmico sobre a dureza da ZTA

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segundos. As medidas foram realizadas em 2 (duas)


linhas horizontais ao longo da extenso de toda junta
soldada, obedecendo a uma distncia entre as
indentaes de 0,25 mm para ZTA, e de 1,0 mm para o
MS totalizando 20 medidas no metal de solda e 10 na
ZTA de gros grosseiros. A Figura 3 ilustra a disposio
das duas linhas de indentaes passando desde o metal
de base (MB), pela Zona Termicamente Afetada (ZTA) e
pelo Metal de Solda (MS). As medidas da ZTA
correspondem mdia destas medidas na regio de gros
grosseiros.
3. Resultados e discusso
3.1. Verificao da presena de trincas na junta soldada
O ensaio por lquido penetrante no identificou a
presena de trincas na ZTA para nenhuma das condies
utilizadas. Entretanto foram observadas trincas no metal
de solda de dois corpos de prova. Pelas caractersticas
das mesmas se constituem em trincas de solidificao,
conforme pode ser observado atravs da Figura 4.
Entretanto, no foi observada influncia do valor da
energia de soldagem sobre as mesmas, j que estas
surgiram com valores intermedirios desta varivel.
Ambas as trincas ocorreram nos metais de solda dos
passes corridos, na parte inferior do cordo que sofre
maior efeito da restrio dilatao.

microdureza da ZTA em funo da energia de soldagem


(H) e do tempo de permanncia na temperatura de 400
C. Os valores de energia de soldagem (H) neste caso
correspondem mdia das energias dos cordes corridos
e tranados.
Analisando-se o Grfico da Figura 5 percebe-se que
os valores da microdureza da ZTA aumentaram com a
reduo da energia de soldagem e com o aumento do
tempo de permanncia a 400 C, apesar do aumento
mximo ser de apenas 33 HV. O aumento da dureza com
a reduo da energia de soldagem poderia ser atribudo a
uma maior formao de pequenas propores de
martensita nos contornos de gro, devido ao aumento da
taxa de resfriamento na junta (Kou, S., 1987). Entretanto,
no foi identificado nenhum vestgio de rede de
martensita nesta regio, conforme pode ser observado na
Figura 6. O aumento da dureza em funo do aumento
do tempo de tratamento poderia ser atribudo a uma
maior reprecipitao de carbonetos ou nitretos de Cr, Ti
e/ou Nb ou de fases de dimenses mais reduzidas.
Entretanto, tendo em vista o pequeno aumento dos
valores de dureza, no foi possvel identificar mudanas
significativas na quantidade e tamanho dos precipitados,

3.2. Efeito do tempo de tratamento


A Tabela 3 e a Figura 5 apresentam os valores de
Tabela 3. Valores de microdureza da ZTA (em HV)
em funo do tempo de permanncia a 400 C (1,
10 e 100h) e da energia de soldagem (H).
H
(KJ/mm)
0,788
0,785
0,784
0,782
0,780
0,777
0,774
0,770
0,767
0,766
0,763
0,760

Desvio

1h

10h

100h

0,001500
0,000577
0,002646
0,001607
0,005058
0,003512
0,002784
0,002887
0,002255
0,004093
0,002930
0,002021

184,92
187,62
187,58
190,64
191,59
191,56
192,93
191,60
193,70
194,35
195,18
198,78

188,96
192,20
192,16
193,50
199,51
202,54
203,81
204,28
204,96
207,83
210,41
222,05

190,99
197,66
197,44
199,42
201,12
203,64
204,83
201,24
212,55
213,03
217,69
218,76

Figura 6. Contorno de gro na regio da ZTA.


Aumento 1000X.
conforme pode ser observado na Figura 7 que apresenta
as microestruturas na ZTA para as condies de
diferentes valores de dureza. Apesar destes acrscimos
nos valores da dureza serem relativamente pequenos o
seu nvel de nocividade em termos de perda de
tenacidade da ZTA s poder ser confirmada atravs de
ensaios especficos para este fim, como os ensaios de
impacto ou de tenacidade fratura.
3.3. Efeito no metal de solda
A Tabela 4 e a Figura 8 apresentam os valores de
microdureza do Metal de Solda (MS) para tempos de
permanncia (t) de 1, 10 e 100h temperatura de 400 C.
em funo da energia de soldagem.

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se ter variaes bastante significativas nos valores de


dureza em funo das diferentes morfologias e da

Analisando-se o Grfico da Figura 8 percebe-se que


os valores da microdureza no Metal de Solda (MS), da

(a)

24

(b)

(c)

Figura 7. Microestruturas da ZTA na regio de gros grosseiros com diferentes tempos de exposio de 1h (a), 10h
(b) e 100h (c) a 400 C. Aumento 1000X.

Figura 8. Efeito da energia de soldagem (H) e do tempo 400 C sobre a dureza do Metal de Solda.
mesma forma que para a ZTA aumentaram com a
reduo da energia de soldagem (H) e com o aumento do
tempo de permanncia (t). Entretanto pode-se observar
que houve alteraes um pouco mais significativas nos
valores de dureza em funo destas variveis, atingindose acrscimos de at 69 HV. Tendo em vista tratar-se de
metal de solda austentico o aumento da taxa de
resfriamento devido pequena reduo da energia de
soldagem no deveria proporcionar alteraes deste porte
nos valores de dureza. Entretanto, devido grande
participao de gros ferrticos nos metais de solda o
efeito da variao desta morfologia pode ser
significativo. Mesmo em um nico metal de solda pode-

possibilidade de formao de martensita, principalmente


nos metais de solda corridos obtidos com menor energia
de soldagem (Wang Z, Xu, B and Ye, C., 1993; Missori,
S & Koerber,C. 1997, Gonzles, G et al., 1991). A
Figura 9 (a) e 9(b) apresentam duas regies diferentes de
um mesmo metal de solda onde se pode verificar a
significativa diferena nos valores de dureza em funo
da microestrutura. A Figura 9 (a) apresenta uma
microestrutura acicular de aparncia martenstica que
proporcionou uma dureza 114 HV maior do que a da
regio correspondente microestrutura da Figura 9 (b).

Tabela 4. Valores de microdureza do metal de solda (MS) em HV para tempos de 1, 10 e 100h temperatura de 400 C
H (KJ/mm)
Desvio
1h
10h
100h
0,811
0,001732
224,82
253,11
249,78
0,797
0,002117
233,60
257,31
267,86
0,779
0,001925
235,32
260,67
270,22
0,769
0,002269
239,08
265,04
275,86
0,764
0,007000
239,76
265,70
290,21
0,748
0,003405
240,33
280,06
309,56

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Utilizando o diagrama de Schaeffer, devido elevada


participao do metal de base ferrtico na constituio do
metal de solda (diluio em torno de 50 %), os metais de

conforme observado na Figura 12, e a uma maior

Figura 11. Regio do Metal de solda (MS) tratado em


1h (a) e 100h (b). Aumento 500X.
Figura 9. Microestruturas do Metal de Solda (MS).
Aumento 500X.
solda se encontram na regio constituda de um elevado
percentual de ferrita (em torno de 80 %) com a
possibilidade da presena de martensita, conforme pode
ser observado atravs da Figura 10 (Missori, S &
Koerber,C. 1997). Esta possibilidade torna-se maior
devido maior taxa de resfriamento proporcionado pelo
menor valor da energia de soldagem nestes cordes,
varivel esta no considerada no diagrama.

elevao do seu valor com a alterao destas variveis,


como pela caracterstica morfolgica dos gros na regio
fundida associada com a provvel presena de
heterogeneidades comuns a esta regio como
mordeduras, falta de fuso e incluses de escria (Grong,
1994). Entretanto, assim como foi observado para a ZTA
este grau de nocividade para a tenacidade devido ao
aumento de dureza do metal de solda s poder ser
comprovado atravs de ensaios especficos para este fim.

3.4. Efeito da Energia de Soldagem sobre a Extenso e


Granulometria da ZTA

Figura 10. Diagrama de Schaeffer


Utilizando o diagrama de Schaeffer, devido elevada
participao do metal de base ferrtico na constituio do
metal de solda (diluio em torno de 50 %), os metais de
solda se encontram na regio constituda de um elevado
percentual de ferrita (em torno de 80 %) com a
possibilidade da presena de martensita, conforme pode
ser observado atravs da Figura 10 (Missori, S &
Koerber,C. 1997). Esta possibilidade torna-se maior
devido maior taxa de resfriamento proporcionado pelo
menor valor da energia de soldagem nestes cordes,
varivel esta no considerada no diagrama.
A probabilidade desta alterao na dureza vai
influenciar na tenacidade do metal de solda, se tornando
maior quando esta probabilidade comparada com
relao a ZTA, devido no s uma maior dureza mdia
desta regio quando comparada com a regio da ZTA,

Figura 12. Distribuio dos valores de microdureza


l
d j
ld d
A Tabela 5 e a Figura 13 apresentam a relao entre a
extenso da ZTA de gros grosseiros com os valores das
energias de soldagem (H).
Analisando-se a Figura 13 observa-se um aumento
significativo da ZTA com o aumento da energia de
soldagem. Foram observados aumentos de at 3 mm para
um acrscimo de apenas 0,2 kJ/mm na energia de
soldagem. Este aumento na ZTA de gro grosseiro pode
prejudicar sensivelmente a tenacidade da junta soldada.
O ideal, portanto, seria reduzir ao mximo a energia de
soldagem. Entretanto esta reduo na energia de
soldagem (H) no deve ser muito alta, pois como se

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verificou anteriormente, pode conduzir a aumentos


significativos de dureza nesta regio.
Tabela 5. Valores das extenses da ZTA em funo das
energias de soldagem (H).
DESVIOLZTA (mm)
H (KJ/(mm)
DESVIO-H
LZTA
1,35
1,50
1,90
2,10
2,30
2,50
3,05
3,45
4,05
4,35

0,354
0,141
0,141
0,141
0,141
0,141
0,071
0,495
0,212
0,212

0,638
0,756
0,762
0,782
0,819
0,842
0,865
0,895
0,906
0,900

0,110
0,279
0,286
0,243
0,270
0,133
0,265
0,392
0,181
0,304

Com relao influncia da energia de soldagem

26

dimetro mdio dos gros da ZTA para um acrscimo de


0,2 kJ/mm na energia de soldagem, apesar da presena
de Nb e Ti que atuam como estabilizadores do
crescimento gro.
4. Concluses
Apesar de ter-se identificado trincas em alguns
metais de solda no foi observada a presena destas na
ZTA das juntas soldadas para todas as condies de
soldagem tanto nos ensaios de envelhecimento como nos
de fadiga trmica.
Os valores de dureza do metal de solda e da ZTA
apresentaram um discreto aumento com a reduo da
energia de soldagem e com o aumento do tempo
exposio temperatura de 400 C, principalmente o
metal de solda que apresentou acrscimos de dureza de
at 69 HV.
As microestruturas dos metais de solda apresentaram

Energia de Soldagem H (kJ/mm)

Figura 13. Relao entre a energia de soldagem (H) e a extenso da ZTA

Figura 14. Regio da ZTA para soldagens realizadas com 0,7 kJ/mm (a), com 0,9 kJ/mm (b). Aumento 50X.
sobre o tamanho do gro ferrtico na vizinhana da linha
de fuso, para a amostra soldada com uma energia mdia
na ZTA de 0,7 KJ/mm (Figura 14 (a)), o valor mdio do
tamanho de gro foi de 0,184 mm, enquanto para
amostras soldadas com energia de soldagem (H) igual a
0,9 kJ/mm (Figura 14 (b)) este valor foi de 0,25 mm.
Verificando-se assim um aumento de 0,06 mm no

uma variao significativa na morfologia e aparncia dos


gros com reflexos significativos nos valores de dureza.
A extenso e granulometria da ZTA apresentaram
uma significativa dependncia da variao da energia de
soldagem apesar da presena de elementos
estabilizadores do crescimento de gro.

27

T. M Maciel et al / Revista Eletrnica de Materiais e Processos / ISSN 1809-8797 / v. 1, 1 (2006)19-27

Agradecimentos
Os autores agradecem FINEP e ao CENPES
PETROBRS pelo aporte de recursos financeiros para a
realizao da pesquisa
5. Referncias
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austenitic stainless steels. Welding Journal, v.72,
p. 53-59, 1993.
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