Veredas Escolares II
Veredas Escolares II
Veredas Escolares II
VEREDAS ESCOLARES II
Partilhando experincias criativas de ensino e
aprendizagem do CEPAE/UFG
Goinia-GO
Editora Espao Acadmico, 2016
ISBN: 978-85-69818-19-9
1. Ensino. I. Suanno, Marilza Vanessa Rosa (org.). II. Silva, Rusvnia Luiza Batista Rodrigues da (org.). III. Faria, Viviane Fleury
de (org.). IV. Ttulo.
CDU: 37
DIREITOS RESERVADOS
proibida a reproduo total ou parcial da obra, de qualquer forma ou por qualquer meio, sem a
autorizao prvia e por escrito do autor. A violao dos Direitos Autorais (Lei n 9.610/98) crime
estabelecido pelo artigo 184 do Cdigo Penal.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2016
Apresentao
O real no est no incio nem no fim, ele se mostra pra gente
no meio da travessia... Joo Guimares Rosa (Grande serto: veredas)
damental no CEPAE. So relatos de planos de ensino tanto disciplinares quanto interdisciplinares demonstrando a diversidade
de temas e possibilidades de trabalho que se desenvolve dentro
dos departamentos. Os captulos que se seguem, na parte IV, so
projetos igualmente desenvolvidos no Ensino Mdio que possuem contribuies de bolsistas do PIBID e tambm relatos de
trabalhos de campo. H tambm textos que incorporam a linguagem das redes sociais como possibilidade metodolgica no
ensino.
A antepenltima parte do livro traz contribuies amplas de
trabalhos entre professores do CEPAE e outros profissionais, tanto
da rea de ensino quanto de outras reas. A temtica do estgio
comparece em 2 captulos, assim como relatos de projetos relacionados a formao de professores. Na penltima parte da obra
temas como educao, formao de professores, emancipao, estgio e ps-graduao e na ltima parte fecham um ciclo complexo de discusses e intercmbios entre o CEPAE e professores dos
cursos de graduao da UFG e outras instituies de ensino.
O livro Veredas Escolares II, enfim, resultado do grande
intercmbio entre pesquisadores, professores e intelectuais que
ocorreu durante o Seminrio e o Frum, quando foi possvel
pensar, discutir e partilhar projetos e metodologias criativas da
prtica docente. E para public-lo contamos com o patrocnio da
LIFE/CAPES/UFG, com o qual o CEPAE foi contemplado por
meio do Edital CAPES 067/2013. Um dos principais objetivos
da CAPES ao instituir o Laboratrio Interdisciplinar de Formao de Educadores (LIFE) justamente o de fornecer s universidades condies para desenvolver aes que incidam sobre a
formao docente, realizando atividades que promovam a troca
de experincias e a ampliao de saberes e conhecimentos necessrios ao exerccio da docncia.
De fato, a partir da divulgao das experincias pedaggicas relatadas neste livro, ser possvel demonstrar o que o CEPAE tem produzido a partir dos dilogos feitos com os cursos de
Licenciaturas; da realidade escolar propriamente dita; das pesquisas desenvolvidas por seus docentes e das muitas articulaes
que apenas um ambiente que rene a pesquisa e o cho da escola
pode promover. Os projetos apresentados no Veredas escolares
II sero utilizados em cursos de formao de professores a serem ofertados pelo Laboratrio Interdisciplinar de Formao de
Educadores - LIFE/UFG.
Diante das nossas conquistas s cabe aos educadores seguir adiante e com maior responsabilidade e afinco, buscando
novos caminhos a percorrer que cheguem um ensino bsico
mais eficiente, inclusivo, crtico e humano. Apontam no horizonte outras veredas a serem alcanadas, que elas se tornem mais
um patamar no caminho rumo a uma Educao Bsica de qualidade, de alento aos sonhos vindouros. Parabns para nossa equipe trans, multi, ultra-disciplinar. Com certeza a travessia mais
tranquila se compartilhada com nossos pares, profissionais que
almejam chegar ao mesmo lugar em outras veredas escolares.
Sumrio
5 APRESENTAO
Parte I
PROJETOS DESENVOLVIDOS NA ESCOLA
21 FOLIA DE SO SEBASTIO, DAS COMUNIDADES
QUILOMBOLAS DA CHAPADA DOS VEADEIROS- GO:
UMA TEMATIZAO DA FESTA JUNINA NO CEPAE/
UFG
Pitias Alves Lobo
35 PROJETO CIRCULA E SUA ROTAO PELO ENSINO,
PESQUISA E EXTENSO NO CEPAE
Clia Sebastiana Silva
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Parte II
PROJETOS DESENVOLVIDOS NA EDUCAO INFANTIL
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Parte III
PROJETOS DESENVOLVIDOS NO ENSINO FUNDAMENTAL
101 LEITURA LITERRIA NA ESCOLA: DESDOBRAMENTOS
ESTTICOS E AFETIVOS
Maria de Ftima Cruvinel
Parte IV
PROJETOS DESENVOLVIDOS NO ENSINO MDIO
191 VIAGEM A PIRENPOLIS: UMA
PEDAGGICA TRANSDISCIPLINAR
Vivianne Fleury de Faria
Marcello Lucas
EXPERINCIA
Parte V
PROJETOS VINCULADOS FORMAO DE PROFESSORES,
PESQUISA E PS-GRADUAO STRICTO SENSU
269 PRTICAS SOCIAIS DE LETRAMENTO E INCLUSO NA
EDUCAO BSICA
Andrea Hayasaki Vieira
Andra dos Guimares de Carvalho
Deise Nanci de Castro Mesquita
Vera Kran Gomes Miranda
285 AS ARTES CIRCENSES NA EDUCAO FSICA ESCOLAR
ENQUANTO CONTEDO DA CULTURA CORPORAL:
SUAS CONTRIBUIES PARA DESENVOLVIMENTO DA
EXPRESSO CORPORAL E CRIATIVIDADE
Bruno Amaral Ramos
Alcir Horcio da Silva
301 O CINEMA E AS CRIANAS: ALGUMAS CONSIDERAES
Maria Alice de Sousa Carvalho Rocha
Sonia Maria Rodrigues
Glacy Queirs de Roure
319 PIBID: UMA EXPERINCIA DE ORIENTAO
Brbara Proena Rodrigues de Moraes
Dbora Lucas Duarte
Silvana Matias Freire
331 O DISCURSO DO PROFESSOR NA SALA DE AULA E
IDENTIDADES DISCENTES
Luzia Rodrigues da Silva
Rosymari de Souza Oliveira
ESCOLA:
Parte I
PROJETOS DESENVOLVIDOS NA ESCOLA
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Introduo
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E, ainda:
Folia
Cepae/ UFG.
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Para sobreviver o homem necessita extrair da natureza, ativa intencionalmente, os meios de sua subsistncia. Ao fazer isso ele inicia o processo de transformao da natureza,
criando um mundo humano (o mundo da cultura) (1995),
p. 19).
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A educao , ao mesmo tempo, um processo cultural individual e um fenmeno social. A pedagogia, teoria da educao,
pe em evidencia o primeiro aspecto da educao e oculta o
segundo. Mascarando assim a importncia social da educao por trs de seu esprito cultural, a pedagogia desempenha
um papel ideolgico. (CHARLOT, 1979, p. 71).
A constatao que a cultura atua de forma educacional permeada de uma malha de relaes objetivas. Mostra entre outros elementos
a linha tnue entre sociedade e educao, revelando a ao recproca
entre elas, dialeticamente, cujo determinante atua sobre o determinado e comparativamente Gay (apud Ruiz, 1996, p. 71) comenta o indivduo a cultura escrita em letras minsculas, e a cultura o indivduo
escrito em letras maisculas.
Ao apontarmos essa dinamicidade do fenmeno educacional
encontramos possibilidades de dilogo com a pedagogia histrico- crtica, desenvolvida por Saviani (2000) no exato momento de
tratarmos um evento- Festa Junina em sua constituio histrica
imersa na luta de classes e nas relaes entre opressor e oprimido.
Nessa direo, reconhecemos, no entanto, o hiato a ser percorrido
por Saviani e o seu grupo na relao Escola e Cultura Popular, pois
consideramos ser o conhecimento popular um objeto a ser apreendido dentro do espao escolar e no somente o conhecimento
erudito (SAVIANI, 2000) defendido pelo autor, pelo menos, em sua
concepo original.
A superao desta realidade em evidncia, a nosso ver, tem amplas possibilidades de galgar xito, quando a estrutura vivenciada pelo
oprimido, no caso, a comunidade quilombola visitante ao espao do
CEPAE/ UFG percebe e reconhece a situao de opresso histrica e
conjuntural e, no caso, da Escola, quando os escolares vivenciando o
convvio e a troca de experincias percebem os pontos em comuns e a
resistncia da identidade quilombola, em nome da memria de luta e
Folia
Cepae/ UFG.
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Cepae/ UFG.
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Referncias
ADORNO, Theodor W. Educao e emancipao. 8ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2012.
APPLE, Michael. Ideologia e currculo. 3ed. So Paulo: Artmed, 1995.
ARANHA, Maria Lcia de Arruda. Histria da educao. 2ed. So Paulo, Ed. Moderna, 1996.
CHARLOT, Bernard. A mistificao pedaggica. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 1979.
CHAU, Marlene. Cultura e democracia- edio revista ampliada. So Paulo: Cortez,
1989.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
GRAMSCI, Antnio. Os intelectuais e a organizao da cultura. 4ed. Rio de Janeiro:
Civilizao Brasileira, 1985.
MARX, Karl. O capital. Livro 1, vol I. So Paulo: Moraes, 1989.
MOYSS, Lcia. O desafio de saber ensinar. 5ed. Campinas: Papires, 1994.
PEDROZA, Reigler Siqueira. A performance da folia de So Sebastio: aspectos simblicos de um ritual na comunidade Quilombola Magalhes- GO. (Dissertao de
Mestrado). Goinia:UFG- Faculdade de Cincias Sociais da Universidade Federal de
Gois, 2013.
RUIZ, Erasmo Miessa. Freud no diva do crcere: Gramsci analisa a psicanlise.
Campinas: Autores Associados, 1996.
SAVIANI, Demerval. Pedagogia histrico- crtica: primeiras aproximaes. 6ed.
Campinas: Autores Associados, 2000.
_________________. Educao: do senso comum conscincia filosfica. 13ed.
Campinas: Autores Associados, 2000.
_________________. Escola e democracia: 30ed. Campinas: Autores Associados,
1995.
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Introduo
ste trabalho pretende apresentar o CIRCULA, um projeto pedaggico e de extenso que envolve toda a comunidade escolar do
CEPAE, bem como outros segmentos da Instituio UFG e da sociedade em geral. Sua nfase a trade cincia, cultura e arte. Segundo
Alfredo Bosi (2003), quando se trata de cultura brasileira, h quem
pretenda uma unidade, uma coeso de onde se quer extrair a expresso
de uma identidade nacional. Ocorre, porm, que no h nela uma homogeneidade e, nesses tempos de intensificao da cultura de massa,
parece haver uma to grande multiplicidade de manifestaes culturais em nosso pas que quase se chega jocosa expresso geleia geral.
Mas, se nos deslocamos para a condio de analistas, intrpretes e at
mesmo de criadores da cultura, possvel perceber uma pluralidade
que remete a estruturas sociais diferenciadas. A proposta do trabalho
que ora se apresenta a de mostrar como o projeto CIRCULA prope
deslocar o ngulo de viso dos alunos e dos demais participantes desse
projeto da condio de meros espectadores para o de quem assume
o primeiro plano e analisa, interpreta, expressa, critica, constri, produz conhecimento, arte, cultura, no sentido mais pleno da percepo
dessa pluralidade. Entendida como um fazer, como qualquer atividade
humana conduzida regularmente a um fim, o que se entende por arte,
conforme aqui se apresenta como proposta para finalizar e apresentar
os resultados dos trabalhos pedaggicos desenvolvidos ao longo do
ano letivo do CEPAE, pode abarcar todas as reas do conhecimento,
1. Doutora em Literatura Brasileira pela UNB. Professora de Lngua Portuguesa do CEPAE/UFG.
[email protected]
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da matemtica filosofia, da literatura fsica, de tal modo que envolve, indiscriminadamente, toda a comunidade escolar. Espera-se, com
a realizao do projeto, que, sobretudo, os alunos do CEPAE possam
desenvolver suas habilidades investigativa, crtica, artstica e cultural,
por meio de suas prticas e que, assim, tenham potencializada a formao esttica e tica.
Fundamentos
Para Adorno (1995), a educao s tem sentido verdadeiramente quando dirigida a uma autorreflexo crtica e, assim direcionada, ela
deve criar condies para o processo de formao e emancipao dos
indivduos, possibilitando-lhes, socialmente, a conquista da autonomia. Associa, para tanto, o conceito de emancipao conscientizao
e racionalidade e afirma que, para alm de preparar os homens para
se adaptarem ao mundo e produzir pessoas bem ajustadas, ela precisa
tambm fortalecer a resistncia. Reconhece, no entanto, que nem sempre fcil lidar com essa tarefa ambgua. De todo modo, interessa-nos
aqui a proposta da educao como possibilidade de formar homens
autnomos, emancipados, libertos de sua autoinculpvel menoridade, para usar um termo em que Adorno (1995) se remete a Kant.
reconhecendo esse papel da educao que se faz necessrio repensar o papel da escola em um tempo e um espao que se impem ao
jovem como uma grande sala de aula sem paredes (McLuhan, 2000),
em que todo o ambiente urbano torna-se agressivamente pedaggico. A escola, nesse contexto, e como inveno histrica que , pode
fadar-se ao ocaso ou desaparecer por uma morte tranquila (MASSCHELEIN & SIMONS, 2013,p. 10), mas, justamente por essa condio, tambm pode ser reinventada. Conforme Masschelein & Simons
(2013, p.11), reinventar a escola se resume a encontrar formas concretas no mundo de hoje para fornecer tempo livre1 e para reunir os
jovens em torno de uma coisa comum. A pergunta mais desafiadora
: o que seria essa coisa comum?
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contemplar a faixa etria de cada nvel da escola. Alm disso, os alunos das instituies parceiras ou outros interessados podem tambm
se inscrever em tais oficinas. H tambm, durante o evento, a exposio dos diversos trabalhos feitos nas aulas ou oficinas e a apresentao
de trabalhos das instituies parceiras. O terceiro dia culmina com as
apresentaes de trabalhos dos alunos desenvolvidos ao longo do ano
letivo e com atividades mais festivas voltadas tambm para as famlias.
Para o binio 2015-2016, pretendem-se apresentar algumas inovaes relativamente s atividades a serem desenvolvidas. Prev-se a
importncia de se fazerem circular as atividades no tempo e no espao,
como forma at mesmo de se manter fidelidade ao nome CIRCULA.
Por essa razo, apresentam-se como propostas: mostras de filmes como
resultado de projetos previamente discutidos em grupos de estudos ou
em sala de aula ou at mesmo com o objetivo de oferecer aos alunos e
comunidade alternativas de filmes que estejam fora do circuito comercial. Para o primeiro bloco, a seleo ser feita por gneros: Filmes de
traduo literria; Documentrios; Cinema de poesia; Curtas. Haver,
ainda, palestras e oficinas com escritores e artistas do circuito nacional, sobretudo, aqueles escritores cujos livros literrios fazem parte do
projeto de leitura literria do Departamento de Portugus.
Consideraes
Para BOSI (2003, p. 14),
medida que a cincia se mostra capaz de pensar a si prpria; medida que a filosofia se autocritica [...]; medida
que o estilo de hoje resgata, refaz ou parodia a linguagem de
outros tempos o esprito humano se move e no enreda os
fios da pura tautologia.
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Referncias
ADORNO, Theodor W. Educao e emancipao. Trad. Wolfgang Leo Maar. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1995.
BOSI, Alfredo. Cultura brasileira: temas e situaes. So Paulo: tica, 2003.
MCLUHAN, Marshall. Viso, som e fria. In: LIMA, Luiz Costa (Org.). Teoria da
cultura de massa. So Paulo: Paz e Terra, 2000.
MASSCHELEIN, Jan & SIMONS, Maarten. Em defesa da escola. Belo Horizonte: Autntica, 2013.
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Introduo
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Ataide Felcio dos Santos, Luclcia Dias Nunes, Joo Paulo Godoy, Maria Jos Oliveira de Faria
Almeida, Sirley Aparecida de Souza, Snia Santana da Costa
Ms. Luclcia Dias Nunes, Prof Dr. Maria Jos Oliveira de Faria
Almeida, prof Dr. Snia Santana da Costa e Psic. Ms. Danielle
de Paulo Mendona Cunha. Com trs anos de existncia, o projeto
conta atualmente (2015) com a participao de vrios servidores
docentes, tcnicos e alunos bolsistas da graduao que aderiram
proposta de desenvolver atividades que promovam a preveno ao
uso de drogas lcitas e ilcitas. O projeto tem como pblico alvo
os alunos do CEPAE/UFG e seus familiares, mas tambm oferece
vagas para a participao de outros membros da Comunidade em
geral. desenvolvido por meio de seminrios, palestras, aulas, oficinas etc., alm do oferecimento de uma disciplina eletiva para os
alunos do Ensino Mdio do CEPAE. A amplitude que o projeto tem
ganhado o que nos instiga a apresent-lo neste artigo.
O Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada Educao CEPAE
da Universidade Federal de Gois UFG, desenvolve atividades de
ensino na Educao Bsica, da Educao Infantil ao Ensino Mdio, e
tambm ps-graduao lato e stricto sensu. Em seu Projeto Poltico
Pedaggico (CEPAE, 2013, p. 13) h a defesa de que
uma escola que pretende ser transformadora da realidade
social deve ser mediadora entre a formao do indivduo e a
sociedade. Logo, o fenmeno educativo deve ser concebido
como uma das formas de se efetivar a relao do indivduo
com o meio social, visando o desenvolvimento da personalidade com a aquisio de habilidades especficas que contribuiro para a construo da emancipao humana.
Sendo assim, seus professores no poderiam ignorar as denncias recebidas de que alunos e mesmo familiares estavam tendo contato com drogas lcitas e ilcitas, inclusive alguns sendo apontados como
usurios e traficantes.
A questo da sade de nossos jovens preocupa as autoridades
brasileiras tendo em vista o aumento de sua vida til nos ltimos anos,
assim, teme-se que em um futuro no muito distante a nossa popu-
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Ataide Felcio dos Santos, Luclcia Dias Nunes, Joo Paulo Godoy, Maria Jos Oliveira de Faria
Almeida, Sirley Aparecida de Souza, Snia Santana da Costa
Desenvolvimento
A realidade apresentada por vrios meios de comunicao e as
denncias recebidas pelo CEPAE motivaram o grupo composto por
cinco servidores Prof. MS. Atade Felcio dos Santos, Prof Ms. Luclcia Dias Nunes, Prof Dr. Maria Jos Oliveira de Faria Almeida, prof
Dr. Snia Santana da Costa e Psic. Ms. Danielle de Paulo Mendona
Cunha a participarem da quinta edio do curso Preveno ao uso
de drogas para educadores de escolas pblicas, promovido pelo Ministrio da Educao por meio da Secretaria de Educao Bsica SEB
e pelo Ministrio da Justia por meio da Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas SENAD, com o objetivo de se qualificarem para
a realizao de atividades de preveno ao uso de drogas no CEPAE,
bem como a realizao de aes necessrias para o caso de haver alunos usurios de drogas.
Como produto final do curso, o grupo escreveu um projeto de
extenso com o objetivo de prevenir o uso de drogas lcitas e ilcitas,
tendo como pblico alvo os alunos do CEPAE e seus familiares, mas
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Ataide Felcio dos Santos, Luclcia Dias Nunes, Joo Paulo Godoy, Maria Jos Oliveira de Faria
Almeida, Sirley Aparecida de Souza, Snia Santana da Costa
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Almeida, Sirley Aparecida de Souza, Snia Santana da Costa
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Almeida, Sirley Aparecida de Souza, Snia Santana da Costa
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Almeida, Sirley Aparecida de Souza, Snia Santana da Costa
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Almeida, Sirley Aparecida de Souza, Snia Santana da Costa
escola. Outro momento em que tal protagonismo se destacou foi quando as crianas produziram textos e desenhos para o jornal da escola,
convidando os demais colegas para participarem da Ao Bem Viver.
Com a atitude de divulgarmos por meio do mural os desenhos,
cartazes e textos dos membros do projeto, tem se tornado comum percebermos a presena de vrios membros da escola (alunos, pais, professores, funcionrios) lendo o material produzido pelo grupo, o que
tem deixado os alunos e os familiares mais preocupados em fazer um
trabalho que passe a mensagem que eles desejam para todo o grupo
da escola, o que tem gerado uma reflexo mais aprofundada sobre os
temas abordados.
Concluso
O trabalho de preveno ao uso de drogas que, h trs anos,
vem sendo realizado em nossa escola, tem contado com o aumento
significativo de participantes, produtos acadmicos tm sido realizados, o dilogo com os alunos e pais, mesmo os que no participam
do projeto, tem sido estabelecido de maneira mais tranquila, quando
se refere preveno, uso e trfico de drogas. No entanto, avaliamos
que precisamos expandir esse trabalho para alunos de outras sries do
CEPAE e de outras escolas da comunidade, o que torna necessrio,
tambm, maior participao dos servidores do CEPAE e da comunidade cepaneana.
Vigotski (2001) aponta que na regulao do comportamento
moral, devemos focar nos aspectos positivos e no nos negativos e tem
sido essa a abordagem que temos dado em nossas atividades. Temos
procurado apreender o que o autor nos aponta, quando ele afirma:
Procure fazer dos seus alunos pessoas livres, ensine-os a agir
sempre quando for possvel vendo as coisas do ponto de vista
do bem. Acostume-os a dizer sempre a verdade mas para isso
no lhes mostre tanto os aspectos nocivos da mentira quanto
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Parte II
PROJETOS DESENVOLVIDOS NA EDUCAO INFANTIL
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O cotidiano do Departamento de
Educao Infantil do Cepae/UFG:
Algumas Reflexes sobre Questes
Curriculares
Ana Rogria de Aguiar1
Bruna Lorrany da Silva2
Camila Cerqueira dos Santos Silva3
Ione Mendes Silva Ferreira4
Lucilene Santana5
Luana Brgida Carneiro Pel6
Lilliane Braga Arruda 7
Introduo
ste artigo busca explicitar a organizao curricular do Departamento de Educao Infantil do Centro de Ensino e Pesquisa
Aplicada Educao da Universidade Federal de Gois. Tal organizao se d sob a forma de reas de experincia em torno das quais
o cuidar e o educar se articulam, materializando as concepes e
prticas compartilhadas entre os seus educadores. O Departamento
surgiu com o objetivo atender aos filhos da comunidade universitria com o foco em um atendimento voltado para uma poltica social
1 Mestre em Educao pela UFG. Professora do DEI/ CEPAE / UFG. ana-rogeria-aguiar@
hotmail.com
2 Pedagoga pela UFG. Professora bolsista do DEI/ CEPAE / UFG. [email protected]
3 Mestre em Educao pela UFG. Professora do DEI/CEPAE/ UFG. www.nepiec.com.br
4 Mestre em Educao pela UFG. Professora do DEI/CEPAE/ UFG. [email protected]
5 Especialista em Psicopedagogia pela UEG. Professora do DEI/CEPAE/ UFG.
[email protected]
6 Especialista em Psicopedagogia pela FABEC. Professora substituta do CEPAE/UFG. luana_
[email protected]
7 Mestranda em Educao pela UFG. Professora do Departamento de Educao Infantil do
CEPAE/[email protected]
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Ana Rogria de Aguiar, Bruna Lorrany da Silva, Camila Cerqueira dos Santos Silva, Ione Mendes Silva Ferreira, Lucilene Santana, Luana Brgida Carneiro Pel, Lilliane Braga Arruda
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Ana Rogria de Aguiar, Bruna Lorrany da Silva, Camila Cerqueira dos Santos Silva, Ione Mendes Silva Ferreira, Lucilene Santana, Luana Brgida Carneiro Pel, Lilliane Braga Arruda
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Ana Rogria de Aguiar, Bruna Lorrany da Silva, Camila Cerqueira dos Santos Silva, Ione Mendes Silva Ferreira, Lucilene Santana, Luana Brgida Carneiro Pel, Lilliane Braga Arruda
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Ana Rogria de Aguiar, Bruna Lorrany da Silva, Camila Cerqueira dos Santos Silva, Ione Mendes Silva Ferreira, Lucilene Santana, Luana Brgida Carneiro Pel, Lilliane Braga Arruda
As reas de experincia, fundamentadas na relao terica e prtica da Proposta Poltico Pedaggica do DEI-CEPAE-UFG, apresenta seus
contedos necessrios formao das crianas e a observao sistemtica de seus interesses e necessidades, desenvolvidos de forma integrada
e interdisciplinar. Desta forma, para melhor compreenso do trabalho
pedaggico proposto no Departamento de Educao Infantil realizado,
destacam-se a seguir os fundamentos que orientam o planejamento das
aes de duas reas de experincia ressaltando suas contribuies no
processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianas.
As atividades da rea de Msica tm como princpio orientador o modelo triangular (BARBOSA, 1996) com vistas em aes como:
contextualizar, apreciar e o fazer. Nesta perspectiva esta rea compreende atividades que promovam: a escuta de msicas, aprendizagem de
canes, brincadeiras de roda, realizao de brincadeiras com msica
(brinquedos cantados), manuseio e construo de instrumentos sonoros. Estas atividades despertam, estimulam e desenvolvem o gosto
musical e favorecem a expresso e a comunicao.
A criana incentivada a aprender msica brincando, atravs
de jogos musicais, cantigas de roda, danas, interpretaes musicais
diversas, e o mais importante, atravs das brincadeiras com a msica a
criana poder pesquisar novos sons e us-los para fazer msicas, criar
novos ritmos, melodias, formas diferentes de fazer msica. A criana,
por meio do brincar, ir experimentar, criar, fazer de vrias formas,
descobrir novos caminhos, perguntar sobre o que est dado, enfim,
ela ser sujeito constitutivo do processo criativo. preciso incentivar
a pesquisa, para isto propomos atividades em que as crianas possam
experimentar a msica pesquisando diferentes sons para construir
melodias e ritmos diversos, criar instrumentos musicais, tenham diferentes contatos com a msica, conheam vrios repertrios, criem
novas canes e formas de interpretaes musicais.
Estudos realizados por Brito (2003) destacam que a presena da
rea de msica na educao importante por ser [...] uma das formas
de representao simblica do mundo, a msica, em sua diversidade e
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riqueza, permite-nos conhecer melhor a ns mesmos e ao outro prximo ou distante (BRITO, 2003, p. 26). Na Educao Infantil constitui
a possibilidade de trocas e criaes sonoras e sua importncia fundamenta-se na descoberta para as crianas do mundo de sons, dos ritmos, melodias, registros sonoros individuais e coletivos.
As crianas, desde bebs, interagem permanentemente com o
ambiente sonoro que os envolve e logo com a msica, j que ouvir cantar e danar so atividades presentes na vida de quase todos
os seres humanos, ainda que de diferentes maneiras. Podemos dizer
que o processo de musicalizao comea espontaneamente, de forma
intuitiva, por meio do contato com todas as variedades de sons do cotidiano, incluindo a a presena da msica. Nesse sentido, as cantigas
de ninar, as canes de rodas, as parlendas, e todo tipo de jogo musical
tm grande importncia, pois por meio das interaes que se estabelecem que os bebs desenvolvem um repertrio que lhes permitir
comunicar-se pelos sons; os momentos de troca e comunicao sonoro-musicais favorecem o desenvolvimento afetivo e cognitivo, bem
como a criao de vnculos fortes tanto com os adultos quanto com a
msica (BRITO, 2003, p. 28)
Para contemplar a proposta de trabalho desta rea de conhecimento, destacamos a contribuio da Msica para o desenvolvimento
afetivo e social da criana e neste sentido Nogueira (2004) apresenta
elementos fundamentais para o professor de Educao Infantil. Segundo a autora, o trabalho com a msica to importante quanto o de
outras reas de conhecimento sendo responsabilidade dos educadores
em favorecer a formao de bons ouvintes e bons apreciadores alm de
contribuir para a ampliao do universo musical infantil.
A rea de Artes organiza as atividades pedaggicas segundo a
perspectiva de Barbosa (1996), que prope o modelo triangular para o
trabalho pedaggico: contextualizar, apreciar e fazer. As atividades desenvolvidas por essa rea so planejadas considerando as experincias
socioculturais das crianas e de suas famlias que so contextualizadas,
problematizadas e ampliadas pelos educadores.
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Ana Rogria de Aguiar, Bruna Lorrany da Silva, Camila Cerqueira dos Santos Silva, Ione Mendes Silva Ferreira, Lucilene Santana, Luana Brgida Carneiro Pel, Lilliane Braga Arruda
A apreciao da produo artstica pelas crianas do DEI/CEPAE/UFG promovida pela realizao de visitas galerias de arte e ao
teatro, a promoo das contaes de histrias, dramatizaes e brinquedos cantados, apresentaes de dana e tambm a partir do contato
com obras de arte e os diferentes materiais artsticos que so disponibilizados para as crianas.
A livre expresso das crianas proporcionada por meio de desenhos, colagens, modelagens, pinturas, entre outras tambm se constitui como fator essencial no trabalho com a rea de artes. Para Vygotsky (1982) o pensamento, a sensibilidade, a imaginao, a perspectiva,
a intuio e a cognio devem ser trabalhados de modo integrado na
promoo do desenvolvimento das habilidades criativas das crianas.
A criatividade, assim como as habilidades para a criao no so inatas
nem tampouco privilgio de alguns. Dentre outros aspectos, no desenvolvimento desta rea, considera-se as experincias das crianas e
ainda suas referncias histricas e culturais compartilhadas pelo seu
grupo social.
Se faz necessrio tambm ampliar o repertrio das imagens e
objetos, abastecer as crianas de outros elementos produzidos em outros contextos e pocas, como, por exemplo, as imagens da histria da
arte, fotografias e vdeos, objetos artesanais produzidos por culturas
diversas, brinquedos, adereos, vestimentas, utenslios domsticos, assim como aqueles elementos significativos que so representados por
meio dos jogos simblicos e teatrais, como tambm aguar o nosso
olhar para elementos da arte moderna que diz respeito s novas tecnologias como computao grfica, dentre outros.
Neste contexto a arte nos convidar a desenvolver atividades
que estimulem o desenvolvimento de um ser sensvel e criativo, uma
vez que o ambiente comunica valores e concepes, definido por uma
esttica e visualidade que contribuem decisivamente para a construo
cultural do sujeito histrico e, portanto, da sensibilidade.
A rea de Brinquedos e Brincadeiras uma rea privilegiada,
pois responsvel em propor atividades do eixo que permeia todo o
71
trabalho na Educao Infantil, pois Brincar um elemento fundamental no desenvolvimento infantil (Rossler, 2006. p 50), brincar
uma forma de linguagem que a criana usa para compreender e interagir consigo, com o outro, com o mundo. Rossler afirma:
[...] conforme se expande o mundo objeto humano, do qual
a criana vai-se tornando consciente ao longo de seu desenvolvimento por conta da tomada da conscincia da atitude
humana, das aes humanas realizadas frente a esse mundo,
e cujo domnio a desafia, mais ela recorrer atividade ldica como forma de domin-lo. (p. 55)
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Ana Rogria de Aguiar, Bruna Lorrany da Silva, Camila Cerqueira dos Santos Silva, Ione Mendes Silva Ferreira, Lucilene Santana, Luana Brgida Carneiro Pel, Lilliane Braga Arruda
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observamos os diferentes nveis de desenvolvimentos que encontramse as crianas de diferentes faixas etrias. Esta observao sensvel s
possvel, porque temos como foco a criana no processo educativo, mas,
no perdemos de vista a necessidade e importncia da mediao pedaggica como elemento fundamental para nortear a intencionalidade nas
prticas educativas na Educao infantil.
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Introduo
presente trabalho traz uma reflexo acerca da proposta terico metodolgica sobre a formao para a autonomia, resilincia e criao, considerando o movimento corporal, a brincadeira
e a literatura no cotidiano do Departamento de Educao Infantil, no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada Educao da UFG.
Identifica aes envolvendo essas categorias de forma integradora e
dialgica na ao educativa dos professores de um grupo de quinze
crianas entre 3 a 3 anos e 11 meses. Identifica ainda a brincadeira,
a interao e a contao de histrias como recursos fundamentais
para a formao da autonomia e da superao de problemas das
crianas de forma ldica e criativa. Respaldada pela teoria histrico
cultural, o desenvolvimento do plano de ao registra seu movimento dialtico, intervindo no contexto de relaes entre a instituio de educao infantil e famlia, os avanos no desenvolvimento
das funes psquicas superiores, a interao e a socializao do
grupo. Para apresentar esse estudo de natureza descritiva e de carter qualitativo, utilizou-se da observao sistemtica em registros
semanais, os registros dos pais, os aportes tericos e o planejamento
semanal que prope as aes aps a sntese semanal dos resultados
alcanados. Observou-se, descreveu-se e discutiram-se as aes
1. Mestre em Educao pela UFG. Professora do DEI/ CEPAE / UFG. [email protected]
2. Licenciatura em Educao Fsica pela UFG. Bolsista de extenso do DEI/ CEPAE /
[email protected]
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crianas. As normas estabelecidas no grupo tambm foram construdas de forma ldica, realizando gestos e movimentos corporais e atitudes de alteridade em coletividade, ressaltando momentos de auto
avaliao no grupo e de planejamento de novas propostas.
O sentimento de segurana favorecido s crianas, relacionando brincadeiras e dramatizaes reforou o predomnio de uma maior
integrao e cooperao entre as crianas, estabelecendo relaes de
confiabilidade entre os envolvidos, assim como atenuar os bloqueios
que interferem na aprendizagem. Com vistas proposta de aprimorar
as relaes entre famlia e escola, o plano de ao associado s atividades educativas em seu dilogo corporal e ao subprojeto A hora do
conto e do livro literrio favoreceu o desenvolvimento da capacidade
e do potencial criativo e expressivo, alm da construo de valores necessrios s conquistas cotidianas, formao de conceitos e a canalizao de aes para a resoluo de problemas.
Com as propostas de intensas atividades de brincadeiras, permeada pelo movimento e pela literatura infantil, o livro literrio ao
chegar s famlias prestou grande servio aos pais, tornando-os capazes de, ao compartilharem dessas leituras com seus filhos, redescobrirem em si prprios a infncia que ficou ali esquecida, podendo mobilizar o reconto sob a forma de dramatizao, de alegria e inteireza
necessria s relaes entre adulto e criana.
As atividades planejadas se desenvolviam no grupo de crianas
com base na seguinte trade: as observaes realizadas nos registros
das atividades feitas de forma descritiva, analtica e reflexiva; as categorias do plano de ao (movimento, criao, resilincia e autonomia);
e o subprojeto A hora do conto e de livro literrio. A dinmica das
atividades demonstraram integrao e movimento dialtico.
Para a construo do subprojeto A hora do conto e do livro literrio, os educadores fundamentaram-se nos estudos da abordagem
histrico cultural, que compreende a imaginao como elemento fundamental para o desenvolvimento infantil e condies para a criao,
soluo de problemas e ganhos de autonomia. Realizaram o procedi-
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mento metodolgico, envolvendo aquisio de cultura, da lngua desenvolvida na fala, a socializao e a interao das crianas em processo de desenvolvimento. A troca de livros literrios foi proporcionada
no grupo, oportunizando momento de leitura com as famlias, registro
de recontos com fotografias e ilustraes. Os livros selecionados tiveram como critrio as necessidades da criana, para que posteriormente fizessem a socializao em momento coletivo. Todas as semanas as
crianas levavam um livro literrio juntamente com um caderno de
registros para retornar na semana anterior.
Dessas devolutivas surgiam novas histrias e brincadeiras.
Como expresso livre, espontnea e imprevisvel do humano as brincadeiras revelavam os contextos de sentido, da essencialidade do ato.
Uma criana v e escuta literalmente o que est vendo e ouvindo e
reporta a sua realidade para superar seus conflitos. Trabalhar a escuta
do material imaginrio e simblico traz, num primeiro plano, a experincia com o discurso inacabado, reconfigurando frente narrativa um
novo arranjo para uma nova histria criada no grupo um texto vivo,
que revela a dinmica desse processo integrador.
As multiplicidades de reescritas e interpretaes, problematizando situaes ao compartilhar com os demais os contextos das histrias, reestabeleceu novas relaes, fortalecendo parcerias e ampliando
a identidade do grupo como um todo. As recriaes no grupo seguiam
uma rotina de horrios, que se distinguem entre os momentos dos registros realizados com as famlias e compartilhados com o grupo e o
momento em que as crianas apresentam o livro e a partir das imagens
realizava o reconto, descrevendo a histria dentro da histria. O texto
imagem grfica e imagem lembrana provoca na criana a tomada de
conscincia do fato de que aquele conto de mentirinha um meio de
escrever outros contos e construir novas brincadeiras.
Essas histrias reapareceram em outros momentos do dia e da
semana nas brincadeiras das crianas do grupo Tatu Bolinha, criadas
nos espaos da instituio em momentos de atividades no sistematizadas. Observou-se aspectos que envolviam possveis medos pro-
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presente trabalho refere-se ao resultado do plano de ao, intitulado 1,2,3, Vamos brincar outra vez!, composto por um conjunto de prticas pedaggicas direcionadas s crianas de 04 a 05 anos, realizado no Agrupamento 4 vespertino do Departamento de Educao
Infantil da Universidade Federal de Gois DEI/ CEPAE/UFG.
A vivncia de algumas atividades propostas no cotidiano do
agrupamento 4 vespertino do Departamento de Educao InfantilDEI/CEPAE/UFG, convidou as educadoras a aguarem o olhar para
o movimento e interesse das crianas perante as atividades realizadas,
com o objetivo de juntos, crianas e educadores, construrem o projeto
especfico do grupo 4 cuja temtica abrangesse o interesse e as necessidades do grupo, bem como contribusse para ampliar o conhecimento
e universo cultural das crianas.
A proposta de trabalho realizada no Departamento de Educao
Infantil- DEI/CEPAE/UFG concebe a criana como um ser social que
se constitui e constitudo nas relaes sociais, isso significa segundo
Vygotsky, (1996) que o homem dialgico por natureza, precisa dos
semelhantes para existir, ser e viver.
1. Especialista em Educao Infantil. Professora do DEI/CEPAE/UFG. dricaramosbarboza@
hotmail.com
2. Pedagoga, SME de Aparecida de Goinia. Professora do DEI/CEPAE/UFG. livia-lima@
hotmail.com
3. Acadmica do Curso de Artes Visuais pela UFG. Estagiria do DEI/CEPAE/UFG.
[email protected]
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Adriana Maria Ramos Barboza, Lvia de Sousa Lima dos Santos, Letcia de Almeida Rodrigues
Por isso a Instituio de Educao Infantil um universo social diferente do da famlia, Wallon (1975) ressalta que o espao
educacional constitui um meio rico e diversificado, que possibilita
criana vivenciar com seus pares, outros lugares nas relaes, sendo ora lder, ora liderada, ora pai, ora filho, ora outra personagem;
propiciando a percepo da criana quanto as suas semelhanas e
diferenas com o grupo, aprendendo a lidar com os conflitos, favorecendo novas experincias, ampliando seus conhecimentos, favorecendo interaes, partilhando ideias e constituindo sua identidade a partir das relaes estabelecidas nos grupos em que a criana
convive.
Assim, alm da observao das educadoras, quanto ao entusiasmo das crianas em determinadas atividades, foram realizadas com as
mesmas rodas de conversa sobre as vivncias cotidianas realizadas no
espao de Educao Infantil, DEI/CEPAE/UFG, com o intuito de definirmos coletivamente qual temtica seria trabalhada de maneira mais
detalhada pelo agrupamento.
Eis que surge a resposta quando se pergunta ao grupo: De
tudo que voc faz aqui no DEI/CEPAE/UFG, o que mais voc gosta?
BRINCAR! foi a resposta mais dita pelas crianas.
Assim, inicia-se o projeto com o objetivo de valorizar a brincadeira como ao cultural e forma de expresso relevante para a vida
dos seres humanos, de modo que traduza a construo de conhecimento pela criana, individual e coletivamente, pois a brincadeira propicia criana a construo de sua identidade cultural e social.
[...] a brincadeira uma mutao do sentido, da realidade: nela, as coisas transformam-se em outras. um espao
margem da vida cotidiana que obedece as regras criadas
pela circunstncia. Nela, os objetos podem apresentar-se
com significado diferente daquele que possuem normalmente. (BROUGRE, 1997, p.35)
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Neste contexto, brincar essencial para a aprendizagem e o desenvolvimento da criana, o ato de brincar e da brincadeira de extrema importncia como ao cultural para a vida dos seres humanos,
porque ensina sobre o corpo, as relaes interpessoais, o mundo fsico,
a matemtica do cotidiano, a construo narrativa do falar, conversar,
combinar, ao mesmo tempo em que se brinca.
Concordamos com Arce (2006, p.8) quando afirma que: [...] a
brincadeira no algo espontneo, inerente ao ser infantil, podendo
no se desenvolver dependendo da insero que a criana possui em
nosso mundo. Ou seja, o brincar uma atividade social onde a criana
constri e reconstri simbolicamente a realidade, representa o existente, apropria-se do mundo e atribui-lhe sentido atravs da brincadeira
(VYGOTSKI, 1998).
Entende-se que, a criana no nasce brincando, mas aprende
a brincar com os sujeitos culturalmente mais experientes (pais, famlia, colegas, professores, etc.). Portanto, brincar pode ser visto como
o modo de ser, de estar e de experimentar o mundo pelas crianas.
Entender suas brincadeiras possibilitar que representem os papis
que escolheram para brincar independente do sexo, pois a criana se
expressa pelo ato ldico e por meio desse ato que a infncia carrega
consigo as brincadeiras em diferentes contextos.
As crianas brincam de vrias maneiras: balbuciam e movimentam seus braos olhando um mbile; exploram motoramente os espaos; imitam os fazeres dos adultos e das outras crianas; cantam e
desenham; leem e escutam histrias; cuidam dos filhinhos; andam
de bicicleta; jogam bola, montam torres e constroem casas, castelos
de areia, etc. Barbosa (2011) ressalta que so mltiplas as formas do
brincar, o qual exige das crianas que se expressem em suas mltiplas
linguagens, ou seja, que no seccionem nem hierarquizem as distintas
linguagens, mas sim as potencializem ao us-las em atos completos e
complexos.
Nesse sentido, possvel exemplificar ao observar uma criana
brincando de roda; ela seleciona canes de um repertrio compar-
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Desenvolvimento
Neste projeto 1, 2, 3 Vamos brincar outra vez! alm das brincadeiras e interaes, a linguagem matemtica apareceu sem obrigatoriamente se preocupar com a forma de representao dos nmeros ou
com o registro no papel. Permitindo criana criar, explorar e inventar
seu prprio modo de expresso e de relao com o mundo. Assim, a
linguagem matemtica estar presente cotidianamente em diferentes
contextos como na arte, na msica, na poesia, em histrias, na forma
como a criana organiza seu pensamento, nas brincadeiras e jogos infantis, na hora de dividir pores de lanche, entre outros, a que so
construdos conhecimentos matemticos como tamanhos, distncia,
comprimento, quantidade, cores, formas. Percebem objetos iguais e
diferentes, organizam, classificam e criam conjuntos, estabelecem relaes, comparaes, observam os tamanhos das coisas, brincam com as
formas, ocupam um espao e assim, vivem e aprendem a matemtica
cotidianamente nas propostas pedaggicas vivenciadas.
Nesse contexto, a proposta metodolgica do trabalho teve como
ponto de partida a prpria brincadeira. Na brincadeira, as crianas
aprendem a cantar cantando; a girar girando; a contar dizendo um,
dois, trs... No so necessrias aulas prvias com os contedos mencionados para depois realizar a brincadeira; ao contrrio, a realizao
da brincadeira que suscita, em seu acontecer, temas, ideias e conceitos
que sero aprofundados ou ampliados pelo professor de acordo com
os contextos. Assim, percebemos que o incio do projeto seria comear
brincando.
Assim, a metodologia deste plano de ao consistiu em eleger
estratgias que nos permitiram apresentar diversas brincadeiras, brinquedos e jogos levando em considerao a sutileza ldica que permeia
o contexto da educao infantil. Considerando o BRINCAR como necessidade bsica da infncia, preciso compreender que as crianas,
para brincarem, precisam de companheiros de brincadeiras, espaos
para brincar, materiais, oportunidades, tempo, estmulo e encoraja-
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mento, oportunidades planejadas e tambm espontneas, e valorizao desse momento pelos adultos que com elas convivem.
O trabalho proposto foi organizado por meio de situaes que
levaram as crianas a vivenciarem diversas experincias (culturais,
corporais, afetivas, cognitivas e estticas). Assim, as crianas foram
convidadas a participarem da escolha e seleo de contedos elencados coletivamente sobre a temtica e brinquedos e brincadeiras a
serem trabalhados no grupo durante o primeiro e segundo semestre,
como sugere o cronograma de atividades: Levantamento de dados para
a elaborao do Plano de ao; Brincadeiras em grupo; Origem e histria de alguns Brinquedos; Confeco de Brinquedos; Confeco de
jogos; Brincadeiras de Faz de Conta; Brinquedos Cantados; Brincadeiras populares; Brincadeiras de roda; Brincadeiras do tempo dos pais
e avs; Registros das Brincadeiras; Sorteio da sacola de Brincadeiras;
Brincadeiras em famlia; Confeco do Portflio Coletivo; Socializao do Registro das brincadeiras em Famlia.
Desse modo, durante o trabalho desta temtica, realizamos com
o grupo de crianas e com a participao da famlia, um levantamento
de material e de fundamentao terica que subsidiou as nossas aes,
por meio de pesquisas na internet, livros, revistas e jornais, histrias de
brincadeiras da infncia dos pais; vivncias por meio da culinria, etc.
O nome do projeto foi intitulado: 1,2,3 Vamos brincar outra
vez! ao percebermos que a fala da maioria das crianas do grupo ao
finalizar uma brincadeira era vamos brincar de novo! Apresentamos
como objetivo a importncia de valorizar a brincadeira como ao
cultural e forma de expresso relevante para a vida dos seres humanos
de modo que traduza a construo de conhecimento pela criana, individual e coletivamente, uma vez que a brincadeira propicia criana
a construo de sua identidade cultural e social.
Neste contexto, elencamos com as crianas, por meio de listagem em cartazes, desenhos, imagens, obras de arte que retratam diversas brincadeiras, vdeos, msicas, algumas brincadeiras que elas j
conheciam e quais desejariam aprender mais um pouquinho. Como
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Parte III
PROJETOS DESENVOLVIDOS NO ENSINO
FUNDAMENTAL
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Consideraes iniciais
tarefa principal da educao estabelecer a relao entre a criana e o mundo, o que pressupe, conforme Jorge Larrosa (2014)
em recente entrevista, tornar a sala de aula um espao para o imprevisvel. Se considerarmos que essa relao se d especialmente por meio
da linguagem verbal, a concepo dialgica da linguagem sustentando
o ensino de lngua materna na escola determinante, principalmente
levando em conta a proposta de Larrosa como condio para que a
educao conte com um importante pressuposto: a imprevisibilidade
no universo escolar. Essas consideraes do estudioso espanhol figuram como abertura deste texto, uma vez que interesse aqui refletir
sobre os sentidos da educao contempornea, o que implica pensar
o papel da escola e de seus sujeitos num cenrio marcado, sobretudo,
pela autonomia no que se refere ao acesso informao e ao conhecimento. No que em outras pocas no houvesse a preocupao de
pensar a educao considerando o homem em relao ao seu tempo,
afinal, a subjetividade porosa aos seus contornos.
Se educar principalmente dar criana a condio de perceber-se no mundo e tambm o mundo em si, ou seja, como ele a afeta
, uma questo interessante a se colocar, seno para respond-la, ao
menos para problematiz-la, seria: o que tem alimentado os afetos do
indivduo contemporneo? A palavra afeto, aqui, tomada do campo da psicologia, no sentido de sentimento ou emoo em diferentes
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meira, a autora reflete sobre os conflitos de seu pas de origem e, sobretudo, sobre a condio feminina submetida tirania do regime islmico, depois de vivenciar com um grupo de ex-alunas uma experincia
de leitura de obras literrias proibidas no Ir. Na segunda, em forma de
ensaio, o autor retoma sua juventude pelo fio da memria para narrar
uma experincia leitora que teria sido responsvel por parte importante de sua formao.
No se entenda, com estas consideraes e exemplos, que a leitura literria funcione como prescrio mdica, mesmo porque a compreenso de leitura que embasa minha proposta de abordagem decorre
da concepo de linguagem como manifestao dialgica, de forma
que autor e leitor atuam ativamente para a construo de sentidos, ou
seja, o leitor no figura como paciente no processo de significao. Em
artigo sobre a natureza do romance, o premiado escritor Milton Hatoum observa que, longe de ser uma receita de bem viver ou funcionar
como autoajuda, a boa literatura causa surpresa, dvidas, estimula a
reflexo porque contribui como indagao vida, como estmulo
reflexo e ao pensamento. Ela um convite aventura da palavra e seus
smbolos (HATOUM, 2015).
O estudioso da leitura Vincent Jouve prope que a dimenso
subjetiva deve ser colocada no corao dos cursos de literatura,
considerando o duplo benefcio: levar o aluno a se interessar por um
livro que fale dele prprio e a complementar seu saber sobre o mundo, via conhecimento sobre si (JOUVE, 2013, p. 54). Para alm dos
cursos de literatura, podemos propor o enfoque na dimenso subjetiva tambm para a prtica de leitura literria escolar. Em um de
seus principais estudos, o terico francs sintetiza, com base em uma
abordagem semitica, as vrias facetas da complexa atividade da leitura: 1) processo neurofisiolgico, porque ativada por diferentes funes do crebro, do que decorre que, antes de qualquer abordagem
do contedo, ler uma operao de percepo, de identificao e
de memorizao dos signos; 2) processo cognitivo, que diz respeito
converso das palavras em elementos de significao e que exige
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abstrao do leitor; 3) processo argumentativo, que pressupe a inteno de convencer, perceptvel ou no, mas presente em todo texto,
dada a fora interpeladora do discurso; 4) processo simblico, que
guarda relao direta com o contexto cultural de cada leitor, uma vez
que age nos modelos do imaginrio coletivo, recusando-os ou aceitando-os; 5) processo afetivo, dada sua influncia sobre as emoes
e a afetividade do leitor, o que determina a identificao, portanto, o
que move a leitura de fico (JOUVE, 2002).
Desenvolvimento: da prtica de leitura e seus desdobramentos
Dessas diversas mas complementares particularidades e facetas
do ato de ler, interessam-me, para desenvolver a reflexo aqui proposta, especialmente os dois ltimos processos, os quais sero abordados
em dilogo com o projeto de leitura da narrativa juvenil Corda bamba, da premiada escritora brasileira Lygia Bojunga Nunes, realizado
com turmas do 7 ano do ensino fundamental do Centro de Ensino
e Pesquisa Aplicada Educao (CEPAE-UFG). Por meio de uma
experincia efetiva de leitura, ou seja, vivida por leitores reais, a pretenso reafirmar a escola como espao de formao de sujeitos leitores, ressaltando o investimento, ps-leitura, no que se denominou
desdobramentos, com vistas a contemplar a experincia leitora subjetiva e a oportunizar aos alunos a adeso obra, um envolvimento
pessoal com o livro, ainda que as aes decorrentes da leitura tenham
sido computadas como tarefa escolar. Em nosso projeto de leitura no
CEPAE, as atividades relativas s leituras literrias no deixam de ser
consideradas no processo de avaliao, mas necessrio ressaltar que
as abordagens propostas privilegiam a interpretao pessoal do aluno.
Infelizmente ainda no instauramos a leitura cursiva, como j ocorre
na Frana. Distinta da leitura analtica, que exige do aluno a anlise e
interpretao do texto, a leitura cursiva se caracteriza por ser uma atividade mais pessoal e autnoma, livre da coero avaliativa (ROUXEL,
2015).
106
A literatura , antes, lugar do eu; a leitura literria explora a fantasia para reinventar a realidade. O espao escolar lugar do conhecimento mas pode ser tambm lugar dos sonhos. A presena do gnero
literrio na escola, parte buscar atender s tantas funes j reconhecidas ver a esse respeito o ensaio Sobre algumas funes da literatura, do semioticista italiano Umberto Eco (2003) , tem como interesse
inquestionvel levar o aluno percepo de si e do mundo, por meio
da experincia esttica com a linguagem, que pressupe os processos
simblico e afetivo. E, para que essa experincia possa ser alcanada,
um bom comeo pode ser a escolha do livro. Antes, porm, no seria
inoportuno trazer algumas consideraes sobre a autora, com o intuito
de antecipar a justificativa da escolha tambm do ttulo, alm de reiterar algumas afirmaes j feitas neste trabalho.
No romance Aula de ingls, a protagonista afirma: claro que
eu j sabia que um livro pode modificar a vida de uma pessoa, e que a
relao de quem escreve e de quem l pode ser mgica (NUNES, 2006,
p. 22). Na genial mensagem que escreveu a pedido do IBBY (Organizao Internacional para o Livro Infantil e Juvenil), intitulado Livro:
a troca, ela fala de sua profunda ligao com o livro, e assim introduz
o texto: Para mim, livro vida: desde que eu era muito pequena os
livros me deram casa e comida (NUNES, 1988, p. 7). No so poucos
os textos de Lygia Bojunga Nunes que, se no tematizam, reverenciam
a leitura e a escrita, mas seu projeto literrio no s pe em questo a
relao subjetiva com a palavra escrita, seja lendo ou escrevendo, mas
tambm expe, com um discurso que requer (e ganha) a adeso do
leitor, as ocorrncias mais comezinhas mas que, por serem do universo
particular, so antes de tudo verdades demasiado humanas.
Assim, o que norteia a indicao de um ttulo para leitura escolar o interesse que esse gnero possa ter para o leitor individual,
particularizado, ou seja, o efeito de sentido que o texto dado a ler
pode alcanar junto ao sujeito leitor, naquele momento de sua vida.
Dito de outro modo, interessa, numa proposta de prtica leitora literria, que a leitura do texto mova o leitor em direo a si mesmo, a fim
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de que lhe permita ver-se nas relaes que o conectam ao que est ao
seu redor, ou seja, que o texto, no processo de construo de sentidos
pelo leitor, funda o individual com o social. Por isso mesmo um dos
aspectos da obra bojunguiana que justificam sua indicao para um
trabalho mais detido de compreenso leitora na escolarizao bsica
o investimento da autora em personagens crianas e adolescentes,
consequentemente, nos conflitos que lhes so peculiares.
Em estudo sobre a personagem no romance, o professor e crtico literrio Antonio Candido afirma que o enredo existe por meio
das personagens e que essas vivem na trama, de tal maneira que enredo e personagem exprimem, ligados, os intuitos do romance, a viso da vida que decorre dele, os significados e valores que os animam
(CANDIDO, 1985, p. 52). Somam-se a esses dois elementos as ideias
e, assim, enredo, personagem e ideias so intimamente ligados, inseparveis no todo do romance bem realizado. Contudo, desses trs
elementos, avulta a personagem, pois ela representa a possibilidade
de adeso afetiva e intelectual do leitor, pelos mecanismos de identificao, projeo, transferncia etc. (CANDIDO, 1985, p. 53). No
se trata, ressalva o crtico, de considerar a personagem como essncia
do romance; ela , sim, o elemento mais atuante, mais comunicativo
da arte novelstica moderna mas que s adquire pleno significado no
contexto da obra. Analisando algumas personagens de Lygia Bojunga
Nunes, Eliana Gabriel Aires (2012, p.147) observa que na obra da autora essa categoria narrativa atinge uma dimenso maior, pois extrapola os limites da prpria ficcionalidade constituindo-se em elemento
primordial de vida.
Na produo literria em questo, que agrada tambm adultos
mas direcionada principalmente a crianas e adolescentes, as personagens merecem ateno especial, por serem complexas e singulares.
Traos prprios da natureza humana como a busca da identidade, a
autoafirmao, os sentimentos de amizade, amor, cime, insegurana, bem como as decepes sofridas no processo de amadurecimento
inerente ao ser, inclusive temas considerados por muito tempo tabu,
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do como palhao. O propsito foi colher um testemunho concreto sobre a condio dessa figura que teve um importante papel para muitas
crianas, numa poca no to distante, a fim de conhecer um pouco de
sua trajetria, as alegrias e adversidades de uma vida nmade. Como
atraes humanas, foram lembradas tambm outras figuras encontradias no circo, como os anes, a mulher barbada e outros integrantes
do que foi chamado no passado de circo dos horrores.
3) Magia: esse objeto de investigao, que atraiu bastante o interesse da turma, foi proposto como provocao a que o grupo se preparasse para trazer ao espao da sala de aula alguns truques, tpicos dos
apresentados ao respeitvel pblico do circo. Os truques, certamente
no os sofisticados, foram desvendados em vdeos da internet e treinados para o espetculo.
4) Animais no circo: para este item da pesquisa, foi antecipado
o mote Alegria das crianas e tristeza dos animais, e a abordagem no
poderia ser diferente, dado o alcance dos movimentos de defesa dos
animais e das decises legais apesar da polmica contra seu uso em
espetculos circenses, considerando as ms condies em que vivem e
os maus-tratos no processo de adestramento.
5) Habilidade corporal: para esse tipo de atrao circense, que
inclui a corda bamba e a pirotecnia presentes na trama do livro de Lygia Bojunga, o intuito foi a pesquisa elencar as vrias modalidades,
apontando as diferenas mas sobretudo evidenciando o esforo dos
artistas e acrobatas para a auto superao no picadeiro. A proposta
previu tambm a simulao de algum nmero de equilbrio em sala
de aula.
Aps as apresentaes do grupo, o que se percebeu nos alunos
foi um alargamento da experincia com a narrativa lida e, sobretudo,
uma evidente aproximao entre leitores e obra. Explorando o elenco das personagens de Corda bamba, em vez do palhao, a figura que
centraliza as atenes a mulher barbada, Barbuda, como chamada
a personagem bojunguiana. Mas, diferentemente de ser configurada
como uma aberrao da natureza, comum no chamado circo dos hor-
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Introduo
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A ideia de representao, subjacente aos discursos cinematogrficos e poticos, impe ao leitor a percepo, de um lado, dos jogos
dos ritmos e dos efeitos de sentido lingusticos, assim como da fantasia
envolta na leitura dos textos literrios.
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Essas orientaes justificam a escolha do modo como foi trabalhada a leitura de O Bicho de Sete Cabeas e Outros Seres Fantsticos,
pois a escola, principalmente, um lugar propcio para se ler poesia.
Ali podemos dar incio leitura de novos textos, buscar novos
sentidos, a partir da explorao da sonoridade das palavras, dos significados variados e das condies de interveno que fazemos ao construir o sentido das coisas.
a partir de elementos concretos como a forma das palavras,
a organizao do discurso que podemos acessar os sentidos presentes no texto e correlacion-los ao que cada leitor arregimenta de seu
conhecimento de mundo. Inicia-se um processo de transposio da
compreenso concreta das coisas e das palavras (identificao de sons,
letras e palavras) para uma compreenso mais abstrata do discurso (o
gnero textual envolvido, motivao, importncia social, construo
de sentidos etc).
Em princpio, a compreenso que o aluno tem de poesia algo
como palavras bonitas, cheias de ludicidade que so ditas em momentos especiais (citao do aluno IM). Essa pode ser uma das compreenses que os sujeitos tm acerca da funo da poesia. A escola deve
ampliar esse conceito e dizer que os poemas no falam s de amor,
embora esses sejam belas formas de represent-lo.
A leitura de O Bicho de Sete Cabeas e Outros Seres Fantsticos
ampliou o conceito de Poesia e da diversidade de formas poticas que
um poema pode ter. Eucana Ferraz no apenas busca como matria
de poesia o imaginrio presente nas lendas, no folclore brasileiro, assim como em mitos mundiais como a Fnix, Oroboro, Sereia e Bicho
Papo, que esto presentes em nossa cultura e na cultura de muitos pases, e os transforma em poemas, que brincam com a articulao
de ideias dos leitores, com suas expectativas. Essa abordagem indica
um caminho interessante para o professor motivar e trabalhar a leitura
de poemas em sala de aula e, de uma forma geral, qualquer texto.
O desenvolvimento de nossas atividades, voltadas leitura de
O Bicho de Sete Cabeas, teve como fundamento a leitura de contos
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Cavalo (JLM)
Cavalo Cavalopssaro! Tem quatropatas eduasasas!
A leitura das imagens ilustrativas dos poemas revela um projeto criativo e dialgico, porque so parte de uma mesma moeda. Os
alunos tentam imprimir em seus textos caractersticas encontradas no
texto de Ferraz, assim como de outros poemas lidos, como no caso de
Cavalo, que retoma o poema Pgaso, e imprime uma forma concretista ao poema, desconstruindo a organizao lingustica do texto. Nesse sentido, o texto potico estabelece relao com a ilustrao, assim
como o leitor corrobora juntamente com os autores para a construo
dos sentidos das imagens, como foi visto na produo de reescrita dos
poemas pelos alunos do CEPAE.
Quando perguntados se queriam ilustrar suas percepes dos
poemas, a partir de materiais reciclados, uma luz surgiu em seus olhos.
Acredito que isso ocorreu no simplesmente porque eles sairiam do
plano da leitura e da escrita, mas por se tornarem autores de suas prprias ilustraes, utilizando materiais disponveis, com uma proposta
sustentvel por traz. Afinal, toda a escola e mundo nos dias atuais tm
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discutido a importncia de preservao do meio ambiente e, quem disse que aulas sobre leitura de poesia no so sustentveis?
O papel do ilustrador, nesse caso, igualmente importante ao
papel do autor e do leitor, como dito anteriormente:
O ilustrador , em primeiro lugar, um comunicador visual
e um fazedor de imagens. Constri significados e transmite
ideias, narrativas, mensagens e emoes para audincias,
pblicos e leitores. fundamental para esse processo a expresso criativa pessoal, o gozo da interpretao de palavras
e ideias em imagens. Naturalmente, a ilustrao muito
mais do que uma traduo literal do texto. Pode ampliar,
explicar, iluminar, decorar e at melhorar o texto. Segundo
Sara Fanelli, se o texto bom, a ilustrao dever revelar
outras perspectivas paralelas, acrescentando algo mais. Texto e imagem so, afinal, duas formas de representao que
se reforam mutuamente para comunicar mensagens, emoes ou ideias. (MACIEL, 2011, p. 2)
O brilho no olhar dos alunos indcio de que os objetivos propostos pela escola esto sendo obtidos. esse movimento de atividades que tem um propsito que faz de uma escola um espao criativo,
de uso da linguagem em prol da formao do indivduo. Esses alunos
descobriram e ainda vo descobrir muitos caminhos que lhes permitam ler com mais prazer, tendo conscincia de que so capazes de resolverem problemas, mesmo sabendo que enfrentam dificuldades na
execuo das tarefas propostas.
Essa perspectiva de trabalho conjunto de Eucana Ferraz e Andr da Loba, ao mesmo tempo que d continuidade a uma tendncia
na literatura infanto-juvenil, apresenta-se muito contempornea, principalmente porque o leitor atual a enxerga dessa forma. uma proposta contempornea, cuja esttica minimalista, ancorada numa percepo do mundo industrial e moderno, alia tcnicas de escrita de poesia
elaborao conceitual do poema ilustrado, ambos de linhas simples
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Introduo
s questes ambientais saram do debate puramente acadmico e
esto, a cada dia, mais evidentes para a populao. A falta de gua
nas cidades brasileiras e o excesso de resduos slidos trouxeram o debate ambiental para as residncias e salas de aula. No entanto, quando
se prope a no-utilizao de sacolas plsticas ou a economia de gua,
apenas parte da populao se mobiliza. Por que, geralmente, a prtica
se distancia do discurso? Por que mudar hbitos , em geral, to difcil?
Uma pista para responder esse questionamento est no fato de os problemas ambientais serem complexos e exigirem mudanas de atitudes
dos cidados. Ademais isto requer tempo e, em muitos casos, essas
atitudes no so tomadas por falta de conhecimento.
Segundo Cinquetti (2004), a temtica ambiental vem sendo introduzida na escola brasileira nas ltimas dcadas, em decorrncia da
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Pombo (2005), por sua vez, afirma que, alm de buscar articulaes, a interdisciplinaridade s se efetiva quando a atitude se reflete
em colaborao, em partilha do saber, em construo coletiva de novas
linguagens. Nessa colaborao no se nega a especialidade das disciplinas, mas se buscam as relaes dinmicas entre elas (FAZENDA,
2011). Assim sendo, tornam-se necessrias a reviso e a atualizao
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de cada disciplina, ampliando-se os espaos de intercmbio e possibilitando o surgimento de propostas pedaggicas inovadoras (HASS,
2011).
Para Fazenda (2008), a interdisciplinaridade escolar distinta da interdisciplinaridade cientfica. A primeira tem uma perspectiva educativa e deve favorecer o processo deaprendizagem do
aluno, respeitando seus saberes e integrando-os aos conhecimentos
cientficos. Nessa perspectiva, o trabalho pedaggico interdisciplinar tem o potencial de aproximar o aluno da sua realidade, permitindo que ele compreenda as complexas redes conceituais e d mais
significado aos contedos da aprendizagem (THIESSEN, 2008).
Desse modo, interdisciplinaridade e transversalidade se alimentam
mutuamente, pois s possvel tratar os temas transversais a partir
das inter-relaes, o que fica impossvel numa abordagem disciplinar (BRASIL, 1997).
De acordo com Fazenda (2014) a pesquisa interdisciplinar
somente se torna possvel quando vrias disciplinas so reunidas
com base em um mesmo objeto, sendo necessrio criar uma situao problema e gerar o projeto da conscincia e reconhecimento
comuns. Foi justamente o que ocorreu neste projeto, que fez surgir
uma situao problema a partir dos questionamentos dos alunos.
Por isso, ns, professores do 4 ano do CEPAE, propusemos que a
questo dos resduos slidos fosse o tema gerador dos estudos em
alguns bimestres escolares do ano de 2015. Desta forma, apresentamos aqui a construo e o desenvolvimento desta proposta transversal trabalhada interdisciplinarmente em duas turmas de 4 ano
do Ensino Fundamental.
A construo coletiva da proposta
O CEPAE uma unidade acadmica da UFG que atua nas reas de ensino, pesquisa e extenso. Possui turmas do ensino bsico e
atende desde a educao infantil ps-graduao. campo de Estgio
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Curricular Supervisionado para os estudantes de licenciaturas e bacharelado da UFG, no qual os docentes exercem atividades de orientadores-supervisores. A pluridocncia acontece j na primeira fase do
ensino fundamental e, a partir do 3 ano, os professores atuam em suas
reas de formao. O grupo de professores formado por pedagogos e
especialistas (licenciados em Cincias Biolgicas, Matemtica, Letras,
Artes, Educao Fsica, entreoutras).
Estamos inseridos numa estrutura disciplinar, mas temos clareza da necessidade de romper a compartimentalizao do contedo.
Acreditamos que nossos alunos aprendem mais e de forma significativa pela integrao do conhecimento, dadas situaes, tais como:
quando so valorizados os seus saberes, quando o interesse e a curiosidade so despertados, quando so capazes de relacionar o contedo
com a vida e com outras reas de conhecimento e, tambm, quando
esto felizes.
No CEPAE consideramos fundamentais para uma prtica crtica e reflexiva as reunies de planejamento entre os professores da
turma, nas quais nos detemos em situaes, como: dialogamos sobre
os objetivos que queremos alcanar, as posturas comuns, as abordagens pedaggicas, os contedos de cada disciplina e pensamos formas
de construir propostas de ensino. De acordo com Thomazi e Asinelli
(2009), o planejamento uma ao em que se organiza e sistematiza
o trabalho pedaggico, evitando a improvisao, algo que no poderia
ocorrer em hiptese alguma no nosso caso, dada a natureza interdisciplinar do trabalho.
Na reunio de planejamento no incio do ano letivo de 2015,
ns, professores do 4 ano, discutimos sobre a necessidade de um trabalho mais prximo dos alunos, de modo a estabelecer conexes entre
as disciplinas e propiciar-lhes a percepo de que o conhecimento no
desconectado da vida real. O grupo foi unnime em compreender
que a prtica se torna mais significativa para os alunos se for entremeada por um tema. Pensando nessa perspectiva, listamos algumas
temticas que poderiam ser abordadas. Como a questo do lixo foi
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espao para que todos os envolvidos, inclusive ns professores, tivssemos uma vivncia mediada por diversos conhecimentos.
A seguir apresentamos algumas atividades desta proposta interdisciplinar com o tema transversal, desenvolvidas nas duas salas de 4
ano do ensino fundamental do CEPAE ao longo de dois bimestres do
ano de 2015. Uma das turmas tem 30 alunos e a outra 31, com idade
entre 9 e 11 anos. Os professores de Portugus e Matemtica lecionam em ambas as turmas. J a disciplina de Cincias conta com duas
professoras, uma em cada turma, mas as atividades desenvolvidas e a
abordagem metodolgica so as mesmas.
As atividades
Iniciamos o ano letivo de 2015 e, aps as primeiras atividades
de cada disciplina, levamos os alunos ao cinema para assistirem ao filme Wall-E. Tivemos por objetivo despertar o interesse deles pelo tema
com o intuito de desencadear o debate. Aps a sesso, as turmas, cada
uma em sua respectiva sala, sob a orientao dos docentes de Matemtica e Lngua Portuguesa, debateram o enredo da referida produo cinematogrfica. Os alunos disseram se gostaram ou no da obra,
comentaram quais cenas chamaram mais a ateno e quais passagens
no entenderam. Em suas falas demonstraram a compreenso de que o
filme trazia uma crtica ao comportamento humano em relao falta
de cuidados com o meio ambiente.
Outro assunto discutido nesse momento foi a postura dos alunos na sala de cinema, vez que esse um ambiente diferente daquele
a que estavam acostumados. Alguns deles lancharam e deixaram seus
lixos sob as cadeiras. Questionamos a diferena dessa postura ea apresentada no filme. Aps refletirem, perceberam que agiram de forma
inadequada, inclusive porque havamos dito que no era para lanchar
naquele ambiente.
A partir das reflexes produzidas, percebemos que a proposta
da atividade havia sido bem aceita. Houve grande incmodo por parte
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de da construo coletiva da atividade e pela cooperao das responsabilidades no fazer pedaggico, a saber: no momento da coleta dos
dados, na autonomia dada aos alunos na constituio dos grupos, na
discusso sobre a melhor maneira de coletar as informaes (se entregariam a pergunta por escrito, ou perguntariam oralmente) e na forma
como realizaram o registro dos dados. Para os alunos, a pesquisa de
opinio sobre o lixo permitiu desenvolver o esprito de investigao, de
cooperao. E mais: alm de possibilitar uma participao mais ativa
e crtica, contribuiu para que os discentes se sentissem produtores de
conhecimento, na medida em que a responsabilidade do fazer pesquisa foi compartilhada.
Em outra atividade, foram abordados os hbitos dos cuidados
das famlias com o lixo domstico e a periodicidade da coleta do lixo
pela prefeitura, em seus bairros. Para dar subsdios a esta discusso,
orientei os alunos na produo do texto O lixo nosso de cada dia.
Parte dessa atividade foi realizada em casa, com o auxlio das famlias,
visando promover maior envolvimento delas nas atividades escolares.
Esse texto trazia informaes sobre o lixo produzido no Brasil, em toneladas, chamando a ateno para sua crescente produo em determinadas dcadas. Pelas informaes obtidas, a quantidade de lixo jogada
fora por habitante em um dia, no Estado de Gois, de aproximadamente 1kg, levando-se em conta que a produo diria da populao
total do Estado de 6.330 toneladas. Para auxiliar os alunos na leitura
e compreenso desses nmeros grandes, estimamos a quantidade do
lixo produzido pelos brasileiros diariamente usando como unidade de
medida algo no convencional, qual seja, o estdio do Maracan. Os
alunos concluram que o lixo descartado pelos brasileiros diariamente
enche cerca 178 estdios do Maracan de lixo.
Vrios questionamentos surgiram nas aulas: os cuidados das
famlias com o armazenamento do lixo em casa (acondicion-lo em
sacolas plsticas, reaproveitando-se aquelas embalagens dos supermercados ou em sacos plsticos especficos); a separao entre lixo orgnico e reciclvel; a existncia ou no de lixeiras nas portas das casas;
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costume e a justificativapara essa atitude foi a de que ainda no pensavam a esse respeito. Refletimos sobre a necessidadede entenderem o
problema como um todo, incluindo as questes ambientais e sociais,
para que repensassem uma postura ambiental mais positiva.
Posteriormente os alunos leram o texto A crise do lixo e da falta
de educao (Adriano Zago, Jornal O Hoje). Discutimos como o problema do lixo tambm est relacionado aos maus hbitos das pessoas.
Havia no texto alguns termos tcnicos e os alunos perceberam que era
necessrio mais estudo. Isso foi feito por meio de um trabalho em grupo no qual deveriam pesquisar e formular um conceito coletivo. Eles
apresentaram muita dificuldade nessa atividade por no encontrarem
respostas prontas nos textos pesquisados e terem que trabalhar em
grupo. Ns, professoras, apenas intermediamos a atividade, deixando
que os problemas emergissem. Na aula seguinte discutimos o porqu
das dificuldades enfrentadas e decidimos organizar uma elaborao
coletiva dos conceitos. Isto foi feito a partir das pesquisas dos grupos e
de imagens que levamos para aprofundar as discusses. Ao final, construmos um glossrio coletivo com diversos conceitos relacionados ao
tema lixo (resduos slidos, classificao do lixo quanto origem, resduos slidos orgnicos e inorgnicos, rejeito, aterro sanitrio, lixes,
compostagem caseira, lixo hospitalar, os 3Rs - reduo, reutilizao e
reciclagem).
O assunto sobre os 3Rs gerou bastante interesse e foi o momento de os alunos distinguirem entre reciclagem e reutilizao, conceitos
comumente confundidos. Utilizamos a revista em quadrinhos Cabea
Oca - Lixo: reeducar possvel, produzida por Christie Queiroz para
ilustrar e discutir esse assunto. Ampliamos a discusso com leitura de
textos como Pratique os 7Rs: repense, respeite, responsabilize-se, recuse, reduza, reaproveite e recicle, disponibilizado no site do Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor. Promovemos ainda um amplo
debate sobre o descarte do leo de cozinha. Os alunos pesquisaram
sobre o destino do leo usado em suas casas e a maioria afirmou que
esse resduo era utilizado para fabricao do sabo caseiro. Discutimos
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eles precisavam compreender melhor o que era uma clula. Esse estudo foi feito por meio de leituras, vdeos e observao da parede celular
de uma planta aqutica ao microscpio (Figura 1). Retornarmos ao
estudo dos fungos e bactrias por meio de atividades, como: leitura de
textos, investigao da presena de fungos na escola (Figura 2), realizao de experincias (Figura 3), apresentao de fungos comestveis,
entre outras. Os alunos compreenderam porque fungos e bactrias so
agentes decompositores e como a decomposio essencial para a manuteno da vida na Terra.
Ao final do segundo bimestre, propusemos que os alunos produzissem textos informativos sobre bactrias, fungos e decomposio
da matria orgnica. Para isso, elaboramos coletivamente um roteiro
que pudesse orient-los sobre o assunto a ser abordado em cada pargrafo e, a partir dele, cada aluno escreveu a sua produo individual.
Nos textos produzidos eles demonstraram bom domnio do contedo
evidenciando como a formao dos conceitos colabora na produo
escrita.
As discusses, a curiosidade e o interesse despertado nos alunos
direcionaram o trabalho sobre os resduos slidos. Foi um fazer constante, no qual as crianas participaram ativamente, inclusive propondo
temas a serem estudados. Em nossas aulas valorizamos sobremaneira
o conhecimento dos alunos e, em vrios momentos, eles perceberam
que entendiam sobre um determinado assunto, mas lhes faltava uma
organizao das ideias. Em outras situaes sentiram a necessidade de
maior aprofundamento nos estudos para o entendimento dos conceitos cientficos.
J prximo s frias questionamos, novamente, quem jogava
lixo no cho. A maioria dos alunos afirmou que no faziam mais isso.
Daqueles que jogavam, muitos disseram que pararam, pois comearam a pensar nos danos causados natureza. Dois alunos afirmaram
que ainda tinham essa prtica, mas que, pelos menos, pensavam a respeito antes de descartar o lixo.
O estabelecimento do dilogo, a motivao por um tema trans-
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dade de casa nas disciplinas de Lngua Portuguesa e Cincias. Discutimos sobre as caractersticas do relatrio e relembramos informaes
importantes sobre o aterro e a visita, que foram anotadas no quadro e
copiadas pelos alunos para subsidiar a escrita. Os relatrios foram analisados pelos professores de Cincias e Lngua Portuguesa, que fizeram
uma correo e organizaram a re-escrita. Os detalhes e as informaes
contidas nos relatrios traduzem o interesse dos alunos por atividades
e aes em que a teoria e a prtica dialogam e se complementam.
Com essa atividade, percebemos que os alunos organizaram
melhor seus argumentos e opinies, pois, alm de terem a oportunidade de refletir e experienciar mais de uma perspectiva sobre um mesmo
tema, utilizaram o conhecimento para compreender uma problemtica social de sua realidade.
Entendemos que as discusses nas aulas contriburam para que
os alunos se apropriassem melhor das informaes dadas na palestra,
reforando o quanto o dilogo e as articulaes entre as disciplinas
colaboram para a formao cidad dos alunos e para a tomada de
conscincia sobre o sentido da presena do homem no mundo (FAZENDA, 2011, p. 74).
Culminncia do projeto
Em reunio de planejamento do segundo semestre de 2015, avaliamos as aes do projeto interdisciplinar e sentimos a necessidade de
realizar um fechamento. Para isso, planejamos trs aes: visita de um
profissional que trabalha com a questo dos resduos slidos; elaborao de uma carta para o reitor da UFG; atividade prtica de reutilizao de resduos.
Convidamos um representante da Incubadora Social da UFG,
que proferiu uma palestra sobre os resduos slidos da universidade e a
questo das cooperativas de catadores de materiais reciclveis (Figura
5). Nossos alunos tiveram a oportunidade de dialogar com um profissional que lida diariamente com a questo do lixo. Eles fizeram diver-
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nossas prticas (inclusive se estvamos fazendo um movimento interdisciplinar), construmos aes e atividades conjuntas, integramos os
saberes de diferentes reas e avaliamos constantemente nossa proposta
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152
Flvia Pereira Lima, Leandro Bernardo Guimares, Larissa de Mello Evangelista, Luciana Parente Rocha
153
Introduo
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portuguesa, inglesa, espanhola e francesa. Considerou-se ainda, plenamente satisfatria a ao coletiva realizada por trs professores do
departamento de lngua inglesa em que discusses, anlises e reflexes
sobre o processo em desenvolvimento sugeria sobre a formao continua de professores, alm de reflexes sobre o processo de aquisio
de lngua estrangeira, produo de materiais, metodologia e didtica.
O presente artigo refere-se a uma experincia na segunda fase
do ensino bsico realizada no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada
Educao (CEPAE) no primeiro semestre do ano de 2014.
As reflexes sobre o ensino-aprendizado de lnguas, as insatisfaes com alguns resultados, as alegrias de outros so elementos
que nos fazem pensar em alternativas para as nossas aulas de ingls.
Trabalhando h 22 anos em uma escola pblica federal de educao
bsica, vimos desde 1995 propondo a alternncia entre o livro didtico
e a utilizao de materiais autnticos. Assim, a partir destes estudos e
de uma prtica fundamentada na utilizao de materiais autnticos,
como msica, poemas, contos de fada, fbulas, filmes, artes plsticas
dentre outros, ns, professores de lnguas estrangeiras do Cepae/UFG,
desenvolvemos um projeto de pesquisa cujo problema se expressa na
seguinte questo: quais so as implicaes da utilizao de outros recursos didticos, que no o livro-texto, no ensino de lngua estrangeira
para alunos de uma escola pblica federal de Goinia-Go de educao
bsica em seu contato regular e sistematizado com a lngua estrangeira-ingls?
Em se tratando de ensino e aprendizagem de lngua estrangeira,
de longa data as discusses e pesquisas desenvolvidas sobre materiais
didticos, sobretudo se se considera que todo material didtico est
alinhado a uma dada abordagem de ensinar e de aprender... (ALMEIDA FILHO, 2013, p. 27). Seguindo ainda com o pensamento de Almeida Filho (2013, p. 27), livros ou materiais didticos de ensino so
(...) instncias de aprovao de um modelo de instruo e suas formas
previstas de aprender nutridas pela comunidade cientfica ou por subcomunidades em tenso, ameaando dissidncia.
Materiais
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Assim, buscamos como objetivo geral, nesta pesquisa, a execuo de atividades pedaggicas e de criao artstica que possibilitem investigar a leitura, a escrita e a criao corporal e literria
do estudante de lngua estrangeira na educao bsica. (DUARTE,
2014, p. 240). Queremos, portanto, uma investigao que possa
contribuir para o avano dos estudos em linguagem, no que diz
respeito ao ensino e aprendizagem de lnguas estrangeiras, focalizando-se especialmente os efeitos do trabalho com materiais
extra didticos em sala de aula. Mais especificamente, queremos
experimentar o uso de materiais como literatura, msica e artes
plsticas dentre outros em sala de aula desde o incio do primeiro
contato regular do aluno com a lngua-alvo. Nessa trajetria, acabamos por refletir sobre a formao contnua do professor, buscando superar os obstculos interiores vividos pelos pesquisadores. Os
obstculos exteriores so relativos ao objeto da pesquisa, enquanto
que os obstculos interiores so inerentes ao pesquisador e so de
trs tipos: lacunas no conhecimento, fragilidade ou insipincia das
ferramentas intelectuais, ausncia de determinadas virtudes (LA
TAILLE, 2009, p. 96).
156
Desenvolvimento
Este estudo teve incio em 2012 com a participao de trs professores do departamento de lngua inglesa, e trs turmas de alunos
do 6 ano da segunda fase do ensino fundamental, que somam um
total de 60 alunos do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada Educao (CEPAE). Alm destes alunos, contamos com a participao de
dez bolsistas de Iniciao Cientfica Jnior que receberam, no ano de
2014, apoio da Fundao de Amparo Pesquisa no estado de Gois
(FAPEG). Esta pesquisa se desenvolver at o ano de 2016, data de encerramento da 2 fase do ensino fundamental dos alunos participantes.
Para o desenvolvimento das aulas, os professores de ingls, entre
uma unidade e outra do livro didtico, preparam materiais autnticos.
No ano de 2014, o prof. Newton Freire Murce Filho, participante da
pesquisa, desenvolveu um projeto em que os alunos deveriam produzir um livro trilngue (espanhol, francs e ingls), lnguas estrangeiras
adotadas no CEPAE. Posteriormente, o professor Newton pediu a seus
alunos que tambm acrescentassem a lngua portuguesa. A partir de
um livro literrio bilngue de ttulo: Gracias de Pat Mora, ilustrao
de John Parra e traduo de Adriana Domnguez, , lido e discutido
em sala, por meio de apresentao do livro escaneado via datashow,
e um roteiro bastante amplo de atividades, os alunos foram levados a
entender o livro, a traduzir excertos do livro e posteriormente a pensar
em coisas e pessoas que lhes so importantes, e que nem sempre eles se
lembram de agradecer. Os procedimentos didtico-metodolgicos variaram entre: fazer um inventrio lexical de pessoas e coisas que os alunos gostariam de agradecer; buscar o lxico e as estruturas nos stios
especializados, ou no de ensino de lngua estrangeira; utilizar tablete
ou celular para pesquisar o lxico, utilizar o laboratrio de informtica
para produzir o livro, encontrar as ilustraes. Fazia parte deste projeto
levar o aluno a refletir sobre a semelhanas e dessemelhanas entre as
lnguas. A mesma frase produzida em portugus deveria ser escrita em
ingls, em sala, e posteriormente produzida em espanhol e francs, em
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Alguns exemplos de textos para a produo dos livros, (os nomes dos autores citados so fictcios e foram criados por mim):
Para o sol que aquece meu dia, obrigada.
For the sun that warms up my day, thanks.
Por el sol que calienta mi dia, gacias.
Au soleil qui rchaufle mon jour, merci.
(Mariana)
For the food that feed me, thanks.
la nourreture qui me nourrit, merci.
Por la comida que me alimenta, gracias.
(Ana)
For my mom who cares me, thanks.
ma mre quis ocupe de moi, merci.
Por mi mam que se preocupa comigo, gracias.
Para minha me que cuida de mim, obrigada.
(Clara)
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publicao do livro, da apresentao oral feita para a turma. Alm disso, mostrar aos alunos as vrias possibilidades de se buscar o conhecimento de lngua estrangeira seja por meio de livros, seja por meios
eletrnicos de maneira que eles possam, de fato, compreender a lngua
em seu funcionamento.
Alm da questo da avaliao, considerou-se plenamente satisfatria a ao coletiva realizada por trs professores do departamento
de lngua inglesa em que discusses, anlises e reflexes sobre o processo em desenvolvimento sugeria. Acreditamos que a efetivao desta
pesquisa sobre materiais autnticos para o ensino de lngua estrangeira
vem contribuindo para a formao contnua dos professores do CEPAE medida que essa produo de conhecimento tem uma relao
mediada pela teoria num contexto de aplicao.
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TOMLINSON, B. Materials development in language teaching. Cambridge: Cambridge
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Introduo
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zato (2010), nos permitem compreender melhor as questes que permeiam o desenvolvimento do pensamento geomtrico aliado as tecnologias, aqui, especificamente, a linguagem computacional Logo. Permite-nos tambm entender que a produo de significado, pelo estudante,
est relacionada ao avano, em diferentes estgios, da compreenso dos
conceitos e das propriedades de Geometria. Est tambm interligada ao
desenvolvimento da capacidade lgico-dedutiva e argumentativa. Estes
autores dialogam sobre uma aprendizagem de Geometria que vai de encontro aos mtodos repetitivos, reforando em suas concepes a importncia de uma aprendizagem de Geometria que priorize situaes de
cunho reflexivo-analtico, lgico e significativo.
necessrio que o estudante compreenda os enunciados de
Geometria de forma crtica e reflexiva. Para isso, porm, a educao escolar, mais especificamente, o contexto de sala de aula, precisa romper alguns laos que ainda prendem e supervalorizam
domesticao e o treinamento exacerbado do estudante por meio
de atividades mecnicas e listas de exerccios extensas que pouco
contribuem para o desenvolvimento do pensamento geomtrico.
preciso que o cenrio escolar (aqui, particularmente, nas aulas de
Geometria) esteja fundamentado em situaes pedaggicas que, de
fato, promovam [...] oportunidades de comparar, mediar, classificar, representar, construir e transformar. (LORENZATO, 2010,
p.10).
No panorama scio-histrico, de acordo com Fiorentini (1995),
algumas formas de ensinar e aprender Geometria no se justificam
mais, principalmente, nesta atual era informatizada em que as tecnologias se tornam um dos elementos essenciais das relaes afetivas,
motoras, psquicas e, principalmente, cognitivas da comunidade escolar. Por outra instncia, no entanto, o uso das tecnologias nas aulas
de Geometria, especialmente, com o uso de softwares matemticos, s
far sentido se elas forem usadas na perspectiva de contribuir no desenvolvimento do pensamento e na construo crtica do conhecimento, no o contrrio.
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A Geometria pode ser empreendida como uma [...] investigao do espao intelectual, j que, embora comece com a viso, ela
caminha em direo ao pensamento, indo do que pode ser percebido
para o que pode ser concebido (WHEELER, 1981, p. 352). Alm disso, Van Hiele (1986) destaca que o estudante precisa percorrer os nveis da compreenso, (visualizao, anlises, dedues lgico-espaciais
e abstraes) at alcanar a maturao do pensamento geomtrico, que
considerada, desenvolvimento integral do processo cognitivo de um
determinado assunto em Geometria.
Em dilogo com tudo isso, a linguagem computacional, por
meio do software SuperLogo 3.0, apresenta um estilo diferente de
abordar (diga-se: desenvolver e explorar) os conceitos, as propriedades e proposies de Geometria. Ela, quando bem trabalhada na
sala de aula, pode ajudar no desenvolvimento de habilidades intelectuais da localizao espacial, na construo lgico-dedutiva e do
pensamento geomtrico. Isso ocorre pelo fato dela constituir um
ambiente estimulante, que propicia o incentivo aos estudantes a desenvolver estratgias para ensinar a tartaruga-rob3 na construo
de figuras simples at as mais complexas tanto de cunho conceitual,
quanto procedimental. Para Valente (1999), por exemplo, a arte de
programar um computador incentiva o estudante a pensar e questionar para construir.
O uso da linguagem computacional Logo por meio do software SuperLogo 3.0 pode promover uma situao mais rica
aprendizagem de Geometria, tornando-a uma atividade de cunho
exploratrio, experimental e investigativo. Produzindo, assim, no
cenrio de sala de aula, situaes mais dinmicas e significativas
para a formao de competncias e o desenvolvimento de habilidades do estudante. Alm disso, a utilizao dessa linguagem
computacional pode auxiliar, em diferentes momentos e situaes, na compreenso dos contedos e na construo das ideias
3 o rob principal do software Super Logo 3.0 (que recebe comandos a serem executados lgico e sistematicamente).
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A linguagem computacional Logo, por meio do software Super Logo4, foi desenvolvida nos Estados Unidos da Amrica - EUA,
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33e Rencontre Internationale, p.351-353, Pallanza, 1981.
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Introduo
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Aqui se pretende compreender a escola como espao de possibilidades de ensinar e aprender Geografia aproveitando da enorme
potencialidade dada por ela em ser um plano concreto de acontecimentos. O lcus de anlise em questo a primeira fase do CEPAE,
um centro de ensino que se realiza como escola de educao bsica,
dentre outras atividades de formao, como ps-graduao stricto e
lato senso alm de educao infantil.
Estive no CEPAE pela primeira vez no ano 2000 para realizao do meu estgio supervisionado em Geografia onde permaneci, ao
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longo de um semestre. Assim como outros alunos do curso de licenciatura em Geografia da UFG, realizei meu estgio na segunda fase do
ensino fundamental e ensino mdio. Observei turmas do 2 ano do
EM bem como ministrei as minhas atividades de estgio nesse espao.
A primeira fase era, para mim, o lugar das crianas menores onde trabalhavam os professores de formao nica. Naquela poca, no ano de
2000, o estgio de Geografia ocorria apenas no prdio de baixo, onde
estavam os professores especialistas: na segunda fase.
Retornei ao CEPAE aps trs anos, no primeiro semestre de 2003,
como professora substituta. Permaneci por um ano e meio e, ao longo de
todo o perodo, fui professora do Ensino Mdio substituindo um professor que estava de licena para sua formao em nvel de mestrado. Em
2009 retornei ao CEPAE, pela terceira vez, na condio de professora efetiva. Nesta ocasio estava finalizando meus estudos de doutoramento e
reencontrei a escola organizada na estrutura de rea e Subrea de ensino.
Eram trs grandes reas nas quais se reuniam todos os campos disciplinares da escola, cada um desses campos formava uma subrea, a exceo
de Filosofia e Sociologia que sempre formou uma nica subrea. A Geografia estava na mesma rea que a Histria, a Sociologia e a Filosofia. Esta
organizao articulava o trabalho dos professores das duas fases, primeira
e segunda, ou seja: havia, na subrea de Geografia, dois professores que
atuavam na primeira fase, um licenciado em Geografia e uma professora
com formao em Pedagogia; bem como trs professores especficos, licenciados em Geografia, atuando do sexto at o terceiro ano do EM. Atualmente a organizao mudou para a estrutura de Departamentos, onde
cada disciplina pertence a um departamento a exceo do Departamento
de Sociologia e Filosofia e do Departamento interdisciplinar da primeira
fase, onde a maioria dos professores so pedagogos.
A inteligibilidade do espao escolar e a composio abstrata da
memria torna a tarefa rdua e difcil. Para compens-la, o texto est
dividido em duas partes: na primeira, relato a minha chegada a primeira fase do CEPAE e o conhecimento daquele espao escolar; na segunda descrevo e analiso os dilogos e aprendizados e, consequentemente,
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Parte IV
PROJETOS DESENVOLVIDOS NO ENSINO MDIO
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Introduo
certo que se vive hoje em meio a uma crise: crise mundial, nacional, local humana. No se fala de outra coisa em todos os lugares.
E esta crise parece atingir a todos os horizontes que se mire: crise econmica, poltica, energtica, ambiental, de valores ticos. Respira-se
crise no Brasil e no mundo. Uma crise aparente: quanto poltica, aos
desastres ambientais, s guerras, aos atentados, fatos que esto no noticirio todos os dias. Contudo, tambm h uma crise nem to visvel,
uma crise interior, de identidade, de valores morais, do modo de ser,
estar e lidar com o mundo, quem sabe decorrente da incerteza de um
futuro no planeta azul.
Essa crise tambm se instalou na escola, e no de hoje. A escola tradicional est sendo compelida a adaptar-se aos novos tempos.
Seus currculos e mtodos ainda moldados no sculo XX ou at XIX
devem, por fora, ser mudados a fim de atender aos alunos do sculo
XXI. Segundo alguns autores, como Morin e La Torre, a fragmentao
um dos agentes da crise da escola atual. A separao em disciplinas
e em sries um modelo a ser revisto, por mais que seja difcil uma
transformao to radical.
Este modo segmentado de ver e de estar no mundo que separa,
compartimentaliza, e que foi sedimentado no Iluminismo no sculo
1 Doutora em Literatura Brasileira pela UnB. Professora de Lngua Portuguesa do CEPAE / UFG.
[email protected]
2 Mestre em Ensino de Cincia e Matemtica pela UFG. Professor de Matemtica do CEPAE /
UFG. [email protected]
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XVIII, orientou os currculos escolares e durante muito tempo se mostrou eficaz para o aprimoramento dos estudos, das cincias. Contudo,
cada vez mais especializadas, as cincias no dialogam entre si, no
formando um conhecimento integral. E quanto mais profundos os conhecimentos, mais e mais isolados se tornam, o que perdura e se verticaliza cada vez mais vertiginosamente at os dias atuais, criando
desertos entre as reas do conhecimento e entre as pessoas, negligenciando a pergunta mais importante que a educao deve responder: o
que faz do homem humano?
De fato, com a industrializao, entre o final o sculo XIX e o
incio do sculo XX, os sistemas de ensino na Europa que antes eram
restritos s classes dominantes sofreram uma primeira grande mudana, impulsionados pelas demandas de mo de obra mais qualificada,
ou seja, a educao em larga escala foi idealizada para um fim prtico, o de capacitar a populao para os vrios imperativos do mercado
de trabalho. Este modelo foi adotado no Brasil, cuja industrializao
tardia, comeada em meados do sculo XX, reproduziu na escola as
condies da produo em srie 1 srie, 2 srie. Os alunos devem
dominar certos conhecimentos em cada etapa, como os operrios de
uma fbrica conhecem alguns procedimentos da fabricao em srie,
nunca visualizando o todo, de modo que cada um faa sua parte desconhecendo o saber integral.
Chegando ao extremo neste sculo XXI, a crise j era anunciada
por Edgar Morin desde o final dos anos 60 com sua obra Mtodo, em
que o autor grosso modo partindo da anlise da crise daquilo a que
chama o Paradigma da Simplificao, ou seja, de um modelo de
produo, organizao, validao e transmisso do saber que est em
voga nos ltimos 300 anos, questiona e pe em xeque o modelo iluminista de fracionamento dos saberes, das cincias e prope um mtodo
que encara a complexidade da realidade, da vida, do cosmos, procurando elucidar a profundidade do pensamento complexo, a possibilidade de um conhecimento polissmico, um feixe, inter, multi e transdisciplinar o Paradigma da Complexidade. Tende-se a concordar
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sas, promove a manuteno e consolidao das diferenas e a competitividade entre desiguais. No por nada que a evaso escolar atinge
principalmente os mais pobres, ocorre, sobretudo, por ser difcil para
muitos alunos persistir em um sistema moldado para promover a desistncia de muitos em favor da eleio de alguns separando, mais
uma vez, o joio do trigo. O fato que a escola que privilegia a compartimentalizao dos saberes, por um lado, e a competio dos alunos
por notas, por outro, s agudiza o fosso das desigualdades sociais, uma
vez que no leva em considerao leitura de mundo, nas palavras de
Paulo Freire, ou capital cultural, para Pierre Bourdieu (2007). Para o
autor:
Com efeito, para que sejam favorecidos os mais favorecidos
e desfavorecidos os desfavorecidos, necessrio e suficiente que a escola ignore, no mbito dos contedos do ensino
que transmite, dos mtodos e tcnicas de transmisso e dos
critrios de avaliao, as desigualdades culturais entre as
crianas das diferentes classes sociais. Em outras palavras,
tratando todos os educandos, por mais desiguais que sejam
eles de fato, como iguais em direitos e deveres, o sistema
escolar levado a dar sua sano s desigualdades iniciais
diante da cultura. /A igualdade formal que pauta a prtica
pedaggica serve como mscara e justificao para a indiferena no que diz respeito s desigualdades reais diante do
ensino e da cultura transmitida, ou melhor, exigida. (p. 53)
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O resultado foi mais do que satisfatrio. O que se chama de religao, de fato, funciona. A capacidade de socializao, a responsabilidade, a curiosidade, a afetividade entre os colegas, a camaradagem foram valorizados ao mesmo tempo em que protagonizaram sua prpria
educao ao toamrem decises de o que e como abordarem temas que
eles mesmos escolheram. A ideia era integrar as disciplinas em um s
projeto, o que ocorreu, de fato.
O professor de Matemtica, por sua vez, encomdendou para a
turma fotografias em que o aluno deveria se colocar na foto em relao a um objeto em perspectiva. Assim, alguns deles pareceram estar
segurando uma igreja, ou sustentando uma ponte. sabido e corrente
que o conhecimento matemtico perpassa pelas mais variadas reas
do conhecimento humano e se faz presente nas diferentes atividades
do cotidiano. Ele, por si s, fornece ao indivduo diversas ferramentas
que o capacitam a fazer uma anlise mais profunda do meio em que
ele est inserido e, quando combinado com as demais reas do conhecimento humano, potencializa ainda mais essa capacidade de anlise e
de tomada de deciso.
A escola um lcus privilegiado para a apresentao e discusso do conhecimento sistematizado nas diferentes reas do conhecimento. Mais ainda, ela capaz de criar as condies necessrias
para que o indivduo possa no apenas se apropriar de cada um desses conhecimentos, mas desenvolver a habilidade de articul-los em
conjunto.
Entretanto, o ensino da Matemtica na maioria das escolas nem
sempre consegue fazer com que o aluno perceba a presena do conhecimento matemtico no seu cotidiano, alm da mera utilizao dos
nmeros para contar e expressar uma quantia, uma vez que esse conhecimento discutido de forma descontextualizada. Embora sabendo que nem sempre e nem todo conhecimento especfico faa parte
desse cotidiano de uma forma palpvel, explorar aqueles que fazem,
contribui para dar maior significado aprendizagem, reforando a
motivao do aluno.
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A atividade realizada em Pirenpolis representou uma oportunidade para que os alunos pudessem religar os diferentes aspectos
do conhecimento matemtico discutido em sala, tendo como pano de
fundo a arquitetura da cidade de Pirenpolis, num contexto de identificar e explorar as formas geomtricas planas e espaciais da arquitetura
da cidade.
A atividade consistiu em explorar e interagir com o ambiente,
identificando e classificando as formas geomtricas planas e espaciais
discutidas e estudadas em sala. Os alunos, trabalhando em grupos,
escolheram uma forma geomtrica para interagirem com ela usando
uma mquina fotogrfica. Uma forma de interao entre o indivduo e
o meio. Como dito antes, a utilizao do recurso audiovisual por si,
transdisciplinar e coletiva. Isso fez com que fosse necessria uma coordenao e cooperao entre os alunos para que pudessem interagir
com as formas da cidade e a registrar em uma fotografia.
A segunda parte da atividade consistiu no relato da atividade e,
de posse com a fotografia na qual mostrava a interao com a forma
geomtrica, analisaram, sob a luz do conhecimento matemtico que
havia sido discutido em sala, a forma geomtrica presente na imagem.
Os conhecimentos especficos de Portugus e Matemtica demandaram, um para o outro, ferramentas que possibilitaram aos alunos desenvolverem o trabalho. O texto em lngua materna um recurso natural para a expresso e registro da compreenso sobre o conhecimento
matemtico. Fazer uso dessa linguagem possibilita que o aluno se afaste, num primeiro momento, da complexidade da linguagem especfica
da matemtica, e assim possa compreender os conceitos envolvidos e,
ento, express-los na linguagem especfica.
A interao dos alunos com a forma geomtrica da arquitetura
da cidade e a anlise posterior da forma, possibilitou ir alm da discusso do conhecimento matemtico de forma abstrata da sala de aula
para contextualiz-lo em uma ao concreta na qual o aluno pde vivenciar como protagonista na construo do seu conhecimento.
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Consideraes finais
De volta a crise, como se se pudessemos dela sair, h que se preocupar em sadas efetivas para ela. Se no da crise planetria, universal,
tentemos eluciudar os mencanismos de excluso da escola e tambm
de manuteno das prticas perversas que fazem da educao instrumento de reproduo do status quo vigente e no de emancipao do
sujeito. Entende-se que preciso inovar, experimentar criativamente,
uma vez que no existem modelos prontos, pelo contrrio, o momento
de substituio de mtodos j comprovadamente equivocados mais
que isso comprometidos com um sistema cruel e falaz, por outros
que ainda esto por se contruir. Em outras palavras: trocar o que
nocivo pelo novo, ainda que o novo ainda no seja consenso, no esteja pronto. Sejamos corajosos e enfrentemos o desafio por uma escola
mais humana e mais eficiente.
Referncias
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disciplinas para dialogar com outros campos de conhecimento. Disponvel em http://
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201
203
Introduo
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206
Para Moreira (2005; 2011), crtica refere-se a uma aprendizagem que no tenha apenas um significado relevante, mas que oferea
suporte para analisar, manipular, rejeitar e lidar com novas situaes
de incerteza e relatividade na construo do conhecimento, permitindo ao aluno fazer parte da sua cultura e, ao mesmo tempo, no ser
subjugado por ela, por seus ritos, mitos e ideologias (2005, p. 7).
Princpios Facilitadores
Dentre os princpios facilitadores abordados por Moreira (2005;
2011), destacamos a importncia da interao social, do uso de materiais didticos diversificados e da utilizao de estratgias que suscitem uma participao mais ativa do aluno no seu processo de ensino
-aprendizagem.
De acordo com Vygotsky (1998), todos os processos psicolgicos so primeiramente sociais para depois se tornarem individuais e o
dilogo e a colaborao so essenciais a esses processos. Para Williams
e Burden (1999), as pessoas interagem com outras na vida cotidiana,
no contexto sociocultural e so essas interaes que do sentido ao
mundo. No contexto escolar, a interao produz diversos tipos de inter
-relao e de intercmbio de negociaes entre alunos e entre alunos
e professores. A interao, aliada a fatores como idade, personalidade,
contexto, preferncias individuais de aprendizagem, influencia as decises do aluno e afeta a quantidade e a qualidade do conhecimento
gerado. As inter-relaes podem ser potencializadas por meio de atividades colaborativas que promovam a interao.
No ensino de LE, as atividades colaborativas potencializam a
aquisio da lngua-alvo, pois promovem tanto a produo de input
como de output. E, por meio da interao com os colegas, os alunos
207
podem praticar a LE, compartilhar informaes, diminuir a ansiedade e desenvolver a sua autonomia (SABOTA e FIGUEIREDO, 2003).
Segundo Hernndez (1990), as atividades colaborativas, incentivam
o aprendiz e evitam que ele abandone a atividade quando se depara
com dificuldades, uma vez que a tarefa e, consequentemente, as responsabilidades passam a ser divididas com a dupla ou com o grupo.
Williams e Burden (1999) acrescentam que o trabalho colaborativo,
em aulas de LE, atua de forma positiva sobre a autoimagem, aumentando a confiana, a tolerncia e a motivao dos membros. De acordo
com autores, a interao social atua na troca e na negociao de significados, suscita o dilogo entre todos os envolvidos no processo de
ensino-aprendizagem, levando os participantes a formular perguntas,
a questionar, a refletir e analisar sobre o conhecimento. Nessa perspectiva, a interao facilitadora da ASC.
A utilizao de materiais diversificados nos processos de ensino um princpio facilitador que prima pela descentralizao do livro
didtico. Segundo Moreira (2005), a utilizao de um manual didtico nico no estimula o questionamento, a autonomia e a criticidade,
portanto, contrrio a uma ASC. Por isso, sem descartar o uso do
manual didtico, prope-se que se faa uso de outros materiais e recursos, tais como vdeos, msicas, filmes, objetos ldicos etc. A partir
das inmeras possibilidades de materiais de apoio e de recursos que
podem ser utilizados nos processos de ensino-aprendizagem de uma
LE, destaca-se neste trabalho, o uso das TIC.
A utilizao das TIC na educao possui grande aceitao por
parte dos alunos. De acordo com Costa (2001), esse fato tem relao
com o alto ndice de aprovao entre os jovens brasileiros e com a presena, cada vez maior, das TIC no seu cotidiano, o que favorece a sua
utilizao como recurso didtico e instrumento pedaggico. Para o
ensino de LE, as TIC tm a capacidade de oferecer informaes lingusticas (input), visuais e sonoras que atendem aos diversos estilos de
aprendizagem dos alunos (OLIVEIRA, 2013).
Para Behrens (2006), num mundo globalizado, que derruba
208
209
210
Alm disso, observa-se nas interaes comunicativas que o papel de (P) foi de mediadora do processo. Sua funo foi nortear, aconselhar e oferecer possibilidades, levando o aluno a pensar nas diferentes etapas da Atividade. Neste sentido, o aluno teve a oportunidade de
vivenciar a realidade da sala de aula, a partir de suas prprias ideias e
experincias, como pode ser atestado nas falas de (C e D), retiradas das
entrevistas, sobre o desenvolvimento da ACS:
[C] foi bem mais difcil! Comeamos
a valorizar o trabalho que a pessoa tem para
fazer uma boa aula.
[D] achei difcil a parte de formulao da questo. Essa parte que a gente teve
mais dificuldade, porque a gente no tem o
hbito de fazer isso.
Os termos: difcil, valorizar, uma boa aula e no tem o hbito, nas falas de (C e D) demonstram que estes alunos foram capazes
de se colocar no lugar do outro e de refletir sobre sua prpria atuao,
desenvolvendo a criticidade e o pensamento metacognitivo. Estes so
alguns indcios de que a Atividade uma estratgia de ensino de LE,
capaz de promover uma ASC.
Durante as entrevistas, no foram mencionados problemas tc-
211
212
[H]: Oi lindas
[I]: Oi quem ?
[H]:
[I]: Uai kkkk
[H]: Gasparzinha
[H]:
[I]: Oh vc faltou pq?
[H]: Ontem fui ao mdico hoje fui fazer exames
[J]: E a vida, tem dias q VC tem tudo, e tem dia q VC n tem
nd
Filosofei agr
[K]: Agora vou dormir Pq estou morta
: Mnins
: Bueeenas
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214
215
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217
Introduo
218
219
220
mar um leitor crtico e autnomo? Para responder a esse questionamento, recorremos a Ezequiel Teodoro da Silva (2002, p.26) quando
ele faz a defesa da criticidade como elemento bsico da leitura. O estudioso esclarece que pela leitura crtica que o leitor abala o mundo
das certezas. Ora, leitura crtica e autonomia caminham juntas. Silva
(2002) ainda assevera que esse mesmo leitor elabora e dinamiza os
conflitos, organiza snteses. Ele o que combate assiduamente qualquer tipo de conformismo, qualquer tipo de escravido de ideias referidas pelos textos.
Para se fazer a investigao desta pesquisa em sala de aula, o
ponto de partida de que se lanou mo para proceder s consideraes
foi uma seleta de poemas da obra de dois poetas modernos, Carlos
Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, e de dois contemporneos, Jos Paulo Paes e Paulo Leminski. A escolha desses quatro poetas se
deveu ao fato de que a produo potica deles, numa linguagem cotidiana e esteticamente bem elaborada, toca os dramas humanos vividos
pelos adolescentes em formao.
Ao pretender contribuir para a formao de leitores de poesia
na sala de aula e, nesse mbito, desenvolver estudos e leituras sobre
a relao entre poesia e humanizao, poesia e criticidade, estabeleceu-se como proposta metodolgica uma interveno em sala de aula,
a partir da execuo de uma sequncia didtica de leitura de poesia
aplicada na supracitada escola pblica no municpio de Goinia. Alm
disso, coletaram-se dados antes e depois do trabalho desenvolvido
com eles acerca da percepo dos alunos do Ensino Mdio sobre poesia. Foram aplicados questionrios e feita a produo de um memorial
de leitura cujas propostas se conformam com os objetivos da investigao; aplicaram-se, tambm, atividades de anlise crtica de alguns
poemas; bem como se problematizaram o ensino de literatura na escola e a leitura de poesia na sala de aula; a leitura e a interpretao de
textos poticos foram motivados como fundamentos de compreenso
de mundo e construo de conhecimento e da cidadania; possibilitaram-se a vivncia de emoes, o exerccio da fantasia, da imaginao e
221
222
223
a ideia tradicional de formao tem duas faces. Formar significa, de um lado, dar forma e desenvolver um conjunto de
disposies preexistentes. Por outro lado, levar o homem
at a conformidade em relao a um modelo ideal do que
ser humano que foi fixado e assegurado de antemo.
Minha aposta seria pensar a formao sem ter uma ideia
prescrita de seu desenvolvimento nem um modelo normativo de sua realizao. Algo assim como um devir plural
e criativo, sem padro nem projeto, sem uma ideia prescritiva de seu itinerrio e sem uma ideia normativa, autoritria
e excludente de seu resultado, disso a que os clssicos chamavam humanidade ou ser plenamente humano. (LARROSA, 2000, p.12)
Ao conceber essa definio de formao, Larrosa ressalta a autonomia do ser humano, subvertendo a concepo tradicional de educao que sempre se props a formatar as pessoas de acordo com os
valores e modelos de uma sociedade hierrquica e burguesa ou que se
conforma a um projeto de ser humano ideal. Na relao entre literatura e escola, percebe-se um papel preponderante na autonomia do
aluno para formar-se, conforme esse devir plural e criativo a que se
refere Larrosa (2000). Para ele, uma prtica de leitura literria como
acontecimento da pluralidade e da diferena, como aventura rumo ao
desconhecido e como produo infinita de sentido poderia contribuir
para um pensamento mais aberto sobre formao, especialmente, se
for para confirmar, em consonncia com o pensamento adorniano, a
formao de um sujeito que cria as prprias leis (nomos) para si
mesmo (auto).
Isto posto, pertinente defender que a poesia, nesse mbito,
contribui, de forma significativa, para a formao humana e crtica
do aluno. Como explcito pela opinio de uma das participantes da
pesquisa, a aluna I.A.A., sobre a utilidade da leitura e da literatura:
escrever bem, ver o mundo diferente, ficar informado, porque o
indivduo, na escola, assume o papel de um leitor que contrape ao
224
Para o autor, converter o olhar uma das condies para que
o leitor se construa como sujeito livre e independente daqueles que
o esto formando como ser humano capaz de ver as coisas sob vrios
ngulos. Logo, a prtica de leitura literria permite que o aluno possa autoconduzir o seu processo formativo, porque a leitura possibilita
a converso do olhar que deve se tornar crtico. E essa a dimenso
mais visvel e prtica, que coopera para estender a aptido da pessoa
para olhar, perceber e compreender as coisas para se reconhecer na
percepo do outro, para constituir a sua identidade, para distinguir
as semelhanas e diferenas entre si e o mundo das coisas, entre si e os
outros sujeitos. Logo, ao dizer que a leitura ajuda a [...] ver o mundo
diferente, I.A.A., aluna do Ensino Mdio, no colgio pesquisado, aproxima-se do que diz Todorov (2009 p.23):
a literatura abre ao infinito essa possibilidade de interao
com os outros e, por isso, nos enriquece infinitamente. Ela
nos proporciona sensaes insubstituveis que fazem o
mundo real se tornar mais pleno de sentido e mais belo.
(TODOROV, 2009, p.23)
225
Tambm Candido (2004) ressalta o papel da Literatura na construo da personalidade e na capacidade que esta tem de alterar a viso
de mundo daqueles que a usufruem. Assim, expe:
entendo aqui por humanizao (j que tenho falado tanto
nela) o processo que confirma no homem aqueles traos
que reputamos essenciais, como o exerccio da reflexo, a
aquisio do saber, a boa disposio para com o prximo, o
afinamento das emoes, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepo da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura
desenvolve em ns a quota de humanidade na medida em
que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante. (CANDIDO, 2004, p. 180)
Essa capacidade de humanizar, de tornar o indivduo mais aberto, mais compreensivo, mais afinado em suas emoes, mais bem disposto para com o seu prximo faz, portanto, da leitura literria um
instrumento poderoso de formao e de educao (Candido, 2004),
em sala de aula e em outros espaos da escola. Para isso, os mediadores
devem ter o entendimento de que um texto literrio exige uma leitura
que considere as suas especificidades, isto , a mediao deve ser feita
por meio de estratgias que permitam entender o texto e interpret-lo
a partir do que ele apresenta no aspecto formal e no modo de arranjar
as palavras. Como ressalta Candido (2004, p.178), o contedo s atua
por causa da forma e ela que traz em si virtualmente a capacidade
de humanizar devido ordenao que recebe de seu produtor. Sendo
assim, diz-se que o texto e o modo como a leitura feita so aspectos
relevantes e que no podem ser ignorados pelo mediador da leitura
literria, quando se coloca em contato o aluno leitor com o texto lido.
Em face dessa contingncia, Bakhtin (2006) expe que preciso
perder a ingenuidade diante do texto e compreender sua significao;
perceber, numa viso de mundo, um universo de valores e uma inteno.
226
O essencial na tarefa de descodificao no consiste em reconhecer a forma utilizada, mas compreend-la num contexto concreto preciso, compreender sua significao numa
enunciao particular. Em suma, trata-se de perceber seu
carter de novidade e no somente sua conformidade
norma. Em outros termos, o receptor pertencente mesma
comunidade lingustica, tambm considera a forma lingustica utilizada como um signo varivel e flexvel e no como
um sinal imutvel e sempre idntico a si mesmo. (BAKHTIN, 2006, p. 96)
227
228
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231
Introduo
este artigo apresentamos as experincias vivenciadas no primeiro semestre do ano de 2015 junto ao Programa Institucional de
Bolsas de Iniciao Docncia (PIBID). Tais experincias resultam do
desenvolvimento das atividades escolares em duas turmas de 1 ano de
Ensino Mdio do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada Educao
(CEPAE), na disciplina de Geografia. O texto discute influencia do
PIBID na formao de futuros professores, a ao e reflexo do ser professor e a influncia dos materiais didticos no processo de mediao
do conhecimento. Abordamos a cartografia como uma linguagem por
ter perpassado todas as atividades desenvolvidas durante os planejamentos e as aulas. Nossa proposta se resume na possibilidade de reflexo acerca da importncia do Programa PIBID na formao de futuros
professores, pois este programa possibilitou a experincia do exerccio
como professoras de Geografia alm de estar articuladas a formao e
aprendizagem significativas.
232
Camylla Silva Otto, Ludmylla Teodoro da Silva, Nayara Gomes de Sousa, Rusvnia Luiza Batista Rodrigues da Silva
O texto em questo resulta da experincia vivenciada no desenvolvimento das reflexes e atividades desenvolvidas na disciplina de
Geografia em duas turmas de 1 ano do Ensino Mdio do Centro de
Ensino e Pesquisa Aplicada Educao (CEPAE), uma escola pblica
de educao bsica da Universidade Federal de Goias (UFG), localizada na regio Norte de Goinia/GO.
As atividades foram desenvolvidas no primeiro semestre de
2015, com as iniciativas de um grupo de seis alunos, formandos
em Geografia pela UFG, e a superviso de uma professora da escola e duas professoras na coordenao de rea, sendo que todos
os integrantes eram pertencentes ao Programa Institucional de
Bolsas de Iniciao Docncia (PIBID), vinculado a Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES)
da UFG.
O PIBID visa aperfeioar a formao dos estudantes em licenciaturas, aproximando a universidade das escolas pblicas por meio de
professores do ensino bsico que se vinculam ao programa. Os professores universitrios e escolares que orientam os bolsistas so profissionais qualificados que subsidiam a progresso dos alunos para alm
do que oferece a grade curricular obrigatria da universidade. No PIBID so desenvolvidas atividades como reunies, pesquisas, leituras,
observaes, discusses, planejamentos, intervenes, construo de
materiais didticos, seminrios, produes de artigos cientficos, entre
outros.
A experincia relatada neste trabalho centralizou-se nos contedos de cartografia, que foi o principal eixo temtico das atividades desenvolvidas nas duas turmas de 1 ano, perpassando todos os
contedos discutidos e aprofundados ao longo do primeiro semestre
de 2015, sendo eles, descritivamente: formas de orientao, coordenadas geogrficas, movimentos da terra e estaes do ano, fuso horrios,
horrio de vero, escalas, projees, mapas temticos, grficos e sensoriamento remoto. A cartografia foi trabalhada ora como contedo
propriamente dito, ora como articulao a outras temticas geogr-
233
234
Camylla Silva Otto, Ludmylla Teodoro da Silva, Nayara Gomes de Sousa, Rusvnia Luiza Batista Rodrigues da Silva
Assim, ao aproximar universidade e escola, temos a oportunidade de concretizar aes apreendidas durante a formao, por meio
dos estudos, planejamentos e intervenes realizadas na escola, sempre acompanhados do professor supervisor, que ao observar as aes,
realiza apontamentos com o objetivo de aprimorar a futura profisso
que ser exercida pelos bolsistas do PIBID.
Podemos destacar tambmo ganho de experincias ao vivenciar
o ambiente escolar onde os medos e anseios que surgem durante a formao so colocados em evidencia, e ao serem discutidos e divididos
em grupo se dissipam. Dilemas relacionados aos contedos, a sala de
235
236
Camylla Silva Otto, Ludmylla Teodoro da Silva, Nayara Gomes de Sousa, Rusvnia Luiza Batista Rodrigues da Silva
pelos professores ao planejarem suas aulas coloca as seguintes reflexes: ser que todos os conceitos apresentados so corretos? A leitura
permite o desenvolvimento de um raciocnio espacial crtico? A sistematizao das ideias condiz com a realidade social daquela turma? O
uso do livro gera uma aprendizagem significativa?
A discusso do livro didtico complexa. Muitos professores
o consideram como primordial, enquanto outros o criticam a ponto
de negarem a sua utilizao. Consideramos que o livro didtico tem
suas implicaes tanto positivas quanto negativas. Como positivo, destacamos as diversas possibilidades de auxilio terico-metodolgicos
apresentados no livro para as aulas, sendo um instrumento de grande
valia;,e como negativo, as grandes escalas de anlises conceituais que
so apresentadas, privilegiando uma escala maior de conceitualizao,
como globais e nacionais, ou mesmo um uso irrefletido, irrestrito e
pouco critico, como se ele fosse um material pronto e acabado.
As exemplificaes aqui realizadas visam salientar que o livro didtico um importante instrumento pedaggico, mas que, ao
mesmo tempo, pode ser prejudicial se utilizado como nico recurso
a subsidiar as aulas. A forma de utilizao do livro didtico depende
unicamente do professor, que tem autonomia para planejar suas aulas e selecionar o melhor meio de encaminhar o contedo. Para que
seja significativo aos alunos o contedo deve ser bem planejado. Se
for somente reproduzido, constituir em uma aula tradicional, dotada
de repeties e memorizaes, no tendo significado para os alunos e
consequentemente gerar uma aprendizagem deficitria.
Uma das explicaes do porque o livro didtico ser um instrumento to utilizado pelos professores a aproximao dos livros aos
Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs) por meio do Programa
Nacional do Livro Didtico (PNLD), que estabelece princpios que os
conciliam. Esse fator de facilitao do processo de lecionar exercido conscientemente por muitos professores. Ainda, por ser um recurso disponibilizado de forma gratuita s escolas pblicas, constituindo
muitas vezes, em nico material escolar de alguns alunos.
237
238
Camylla Silva Otto, Ludmylla Teodoro da Silva, Nayara Gomes de Sousa, Rusvnia Luiza Batista Rodrigues da Silva
239
A escolha pela produo de materiais didticos se deu por acreditarmos que um material concreto auxiliaria a abstrao, facilitando
dessa forma o processo formao de conceitos, contribuindo assim
para compreenso do contedo pelos alunos. Como evidenciado por
Bardi e Campos a partir das ideias de Schmitz (1993), O material didtico pode ser considerado a ligao entre as palavras e a realidade
concreta. Sua principal funo auxiliar o aluno a pensar, possibilitando o desenvolvimento de sua imaginao e de sua capacidade de
estabelecer analogias.
Partindo desse pressuposto optamos por produzir uma representao da projeo polar plana, tambm conhecida como projeo
azimutal. Escolhemos essa representao por acreditarmos que a partir da visualizao dos meridianos e antimeridianos, a contribuio
para compreenso dos fuso horrios pelos alunos seria maior.
Para a produo desse material utilizamos: cartolina, papel
cartaz, lpis de escrever, borracha, canetas colorida e preta, rgua,
barbante e cola. Construmos o material e o levamos pronto para
a sala de aula. Utilizamos tambm materiais disponibilizados pela
escola, como o globo terrestre e o mapa poltico, para auxiliar no
processo de ensino.
Essa experincia confirmou a importncia de utilizar materiais
didticos para uma melhor compreenso do contedo pelos alunos e
demonstrou que os professores podem ser autores de materiais pedaggicos que qualificam o ensino dos contedos em sala de aula. Em
anexo, so demonstradas algumas imagens das regncias que adotamos esses materiais para auxiliar o processo de ensino e aprendizagem
referentes ao contedo de fusos-horrio (Imagens 01 e 02).
Consideraes finais
Este artigo teve como objetivo apresentar as experincias vivenciadas pelo grupo PIBID/Geografia. Buscamos demonstrar a influen-
240
Camylla Silva Otto, Ludmylla Teodoro da Silva, Nayara Gomes de Sousa, Rusvnia Luiza Batista Rodrigues da Silva
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243
Introduo
244
Letcia Pires Paiva (CEPAE/UFG), Profa. Ms. Sirley Aparecida de Souza (CEPAE/UFG)
Do
exterior para o interior do espao escolar: reflexo-crtica sobre uma pesquisa voltada
1 fase do Cepae
245
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Letcia Pires Paiva (CEPAE/UFG), Profa. Ms. Sirley Aparecida de Souza (CEPAE/UFG)
Do
exterior para o interior do espao escolar: reflexo-crtica sobre uma pesquisa voltada
1 fase do Cepae
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Letcia Pires Paiva (CEPAE/UFG), Profa. Ms. Sirley Aparecida de Souza (CEPAE/UFG)
1 (...)
2 (...)
3 (...)
Art. 59. Os sistemas de ensino asseguraro aos educandos
com necessidades especiais:
I (...)
II (...)
III (...)
IV Educao especial para o trabalho, visando a sua efetiva integrao na vida em sociedade, inclusive condies
adequadas para os que no revelarem capacidade de insero no trabalho competitivo, mediante articulao com os
rgos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas reas artstica, intelectual
ou psicomotora;
V (...)
Assim, faz-se necessrio compreender que a Educao Inclusiva j uma realidade educacional inarredvel. Urge, aos educadores da Educao Bsica, como destaca Carneiro (2015, p.121)
o enfrentamento das desigualdades do sistema educacional brasileiro e, igualmente, para eliminar o sistema fecundador de desigualdades. Neste diapaso, os educadores do CEPAE tm trilhado nesta senda, deste modo, a pesquisa que gerou este artigo,
se justifica.
Do
exterior para o interior do espao escolar: reflexo-crtica sobre uma pesquisa voltada
1 fase do Cepae
249
250
Letcia Pires Paiva (CEPAE/UFG), Profa. Ms. Sirley Aparecida de Souza (CEPAE/UFG)
Do
exterior para o interior do espao escolar: reflexo-crtica sobre uma pesquisa voltada
1 fase do Cepae
251
sive s famlias da classe trabalhadora que so autorizadas a matricular os seus filhos nas escolas regulares de Educao Bsica, entretanto,
ainda no se constata a superao da desigualdade, mas sim, perceptvel segregao de crianas, adolescentes e jovens das classes menos
favorecidas dentro do sistema escolar, nestes espaos, cotidianamente
se veem aoitados pela indiferena, ou se tornam vtimas de xingamentos e consequentes humilhaes; o mais brbaro e perverso desse
cenrio que elas permanecem na escola com a iluso de aprender em
condies iguais.
Obviamente, a organizao escolar no se encontra isolada nesse processo de excluso da pessoa com deficincia, a famlia tambm
exerce papel preponderante nesse processo de incluso escolar. Caber,
portanto, s instituies (escola, famlia e Estado por meio de seus agentes) garantirem a melhor forma de promoo da equidade com vistas
superao da educao de poucos para a Educao para TODOS!
Consideraes Finais
Em sntese, este artigo tencionou apresentar algumas nuanas
de um estudo ainda incipiente. A ideia foi a de compartilhar possibilidades e limitaes de se trabalhar um tema to interessante como este
que orbita em torno da Educao Inclusiva.
Os estudos no acabaram; espera-se, assim, com a divulgao de
tais possibilidades, expectativas e frustraes rever junto a educadores
estudiosos no assunto os conceitos formulados nesta pesquisa.
Ademais, tais incurses pedaggicas servem para colaborar para
uma melhor compreenso do modo como tem acontecido a incluso
escolar das crianas com necessidades especiais, ponderando que uma
incluso escolar no deva se limitar ao direito de matrcula e frequncia na escola. Isto um bom comeo, mas no se resume neste ato! A
rigor, h muito mais para desvelar e refletir com vistas superao da
violncia simblica favorecendo a sociabilidade e integrao no espao
escolar, como estratgia de sobrevivncia.
252
Letcia Pires Paiva (CEPAE/UFG), Profa. Ms. Sirley Aparecida de Souza (CEPAE/UFG)
Referncias
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152. Dissertao (Mestrado em Educao). Programa de Ps-Graduao em Educao. Pontifcia Universidade Catlica de Gois.
253
Introduo
sala de aula na escola pblica brasileira esteriliza a leitura de textos no-didticos, sobretudo, compromete a atividade reflexiva a
partir de questes filosficas. A organizao escolar seriada rene os
alunos em turmas divididas meramente pela logstica de infraestrutura
determinada por lei, em que pese a ausncia de algum critrio epistemolgico na [in]disponibilidade do locus de ensino. Dentro da sala de
aula a indisciplina, a dispersividade, a desmotivao, e principalmente,
ao que se pode chamar filosoficamente de crise da razo, sintomas flagrantes no corpo discente em geral, vo de encontro com as tradicionais atividades de leitura e reflexo.
O relato aqui apresentado analisa o procedimento metodolgico
de produo de vdeos com celular na aula de filosofia, com alunos do
ensino mdio, e problematiza a atividade reflexiva instrumentalizada,
a fim de pensar a inovao de recursos pedaggicos e sua interferncia
na situao epistemolgica e cultural de estudantes das geraes Y e Z.
Destaca-se assim, a instrumentalizao das operaes cognitivas inerente ao amplo acesso a tecnologias digitais de informao, comunicao e expresso (TDICE), o que coloca em questo
o lugar e os recursos do trabalho pedaggico escolar, notadamente
aqueles indispensveis ao estudo de filosofia. Neste cenrio, o protagonismo do professor figura como nica e ltima alternativa ao
aluno para a leitura dos textos de filosofia e o enveredar-se no saber
1 Mestre em Filosofia pela UFG. Professor de Filosofia na rede estadual de Gois. Professor de
Filosofia do CEPAE/UFG. [email protected]
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filosfico, menosprezando a criatividade como processo de formao propriamente filosfica e humanista. Desta monta, a atividade
reflexiva deve assumir a funo de protagonizar o aluno, fazendo-o
agente criativo.
Notoriamente, a escola pblica brasileira passa por uma espcie
de crise, passvel de compreenso sob diversos prismas. A contumaz
crtica feita s polticas pblicas em face do conluio entre economia
e educao; a precariedade crnica de infraestrutura e de subsdios
para a gesto escolar; o baixo rendimento dos alunos em avaliaes
externas2; as deficincias na formao de base; o analfabetismo funcional; a vertiginosa e histrica desvalorizao profissional do professor; a vulnerabilidade social dos alunos quanto a violncia, pobreza,
criminalidade e drogas; dentre tantos outros problemas. Sobretudo, o
ensino mdio apresenta particularidades neste contexto crtico, fragilizado em seu papel de consolidar a formao do ensino fundamental3,
expe seus paradigmas pedaggicos a um exame visceral, o que exige
contemporizar seu plano epistmico.
No que tange o caso do ensino de filosofia, a leitura de textos
de natureza filosfica seja de filsofos ou subjacente histria e temtica do pensamento filosfico atividade primordial, correlata
reflexo conceitual e crtica prpria da filosofia, cuja identidade nem
sempre reconhecida no ensino da disciplina de filosofia na escola.
Segundo as Orientaes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio,
Neste ponto, em que se procura a confluncia entre a especificidade da Filosofia e seu papel formador no ensino
mdio, cabe enfatizar um aspecto peculiar que a diferencia
de outras reas do saber: a relao singular que a Filosofia
mantm com sua histria, sempre retornando a seus textos
clssicos para descobrir sua identidade, mas tambm sua
atualidade e sentido. (2006, p.27)
2 PISA, ENEM, SAEB, ENAD, SAEGO em Gois.
3 LDB 9.394/96, Art.35, Inciso I.
255
Do mesmo modo, no Brasil, possvel identificar lugar comum entre pesquisadores4 da rea na defesa pelo estudo e reflexo
centrada no texto de natureza filosfica. Entretanto, didaticamente, a
opo atividade de leitura e reflexo filosficas tende nulidade em
face da resistncia e deficincia dos alunos em realiz-la no estudo
de filosofia, principalmente em sala de aula. Tomamos a experincia
de trabalho com alunos de ensino mdio do Colgio Estadual Antnio Oliveira da Silva, situado na cidade de Goinia, na regio centro
-oeste do Brasil. Substancialmente, falamos de jovens categorizados
segundo as denominaes gerao Y e Z5, isto , o grupo de pessoas
que se encontram na esteira da era da informao, da tecnologia ou
digital. Vale frisar que se trata de um pblico com intensa relao
com aparatos tecnolgicos de mdias digitais (smartphones, notebooks, tablets, etc.), importante tambm situar a presena massiva
destes alunos no mundo virtual.
Nas turmas de 1 ano do ensino mdio, onde se encontram os
4 RODRIGO, 2009, p.27; GALLO, p.16, SILVEIRA, p.88-9, em Filosofia no ensino mdio, 2007;
GOTO, em A filosofia e seu ensino, 2009, p.107; SALLES, em Ensaio de iniciao ao filosofar,
2007, p.13-14.
5 Conceito usado na sociologia para identificar caractersticas comuns ou padro entre indivduos
nascidos em pocas determinadas.
256
sujeitos deste relato de caso, so compostas por alunos de uma faixa-etria que oscila entre a extrema agitao, marcada por brincadeiras e
inquietude, e a apatia diante do estudo terico. Iniciam seus estudos
de filosofia pela origem do pensamento filosfico entre os gregos da
antiguidade. No momento planejado para a leitura dos textos didticos, solicitamos o estudo dos conceitos presentes no livro didtico,
posteriormente, a realizao das atividades de fixao ao final do captulo correspondente ao tema. Na aula oportuna, encaminhamos toda
a turma para a quadra esportiva e organizamos grupos com 3 ou 4
alunos, para os quais foi designada uma das questes j trabalhadas na
atividade do livro. Como culminncia do estudo, solicitamos que cada
grupo gravasse um vdeo com celular a fim de apresentar seu resultado
de estudo.
No universo de procedimentos metodolgicos disponveis ao
professor, o aparato tecnolgico divide espao com recursos tradicionais desde a aula expositiva oralmente, at o uso do quadro-negro e o
livro didtico. O aparente conflito entre recursos digitais e tradicionais
tem como pano de fundo o residual terico-epistemolgico das tecnologias da educao, confere ao espao escolar a simbologia de um
terreno pantanoso, pedagogicamente, um lugar inspito para o ensino
porque esvazia o saber6 da experincia humana, ocupa este vazio com
instrumentos cognitivos estreis. Decerto, a educao se realiza na experincia da criatividade, neste caso, no exerccio da leitura e reflexo
filosficas, e compreende a escola como espao privilegiado para imbuir o aluno do domnio dos instrumentos disponveis para o conhecimento e prtica da sua formao humana. Desta monta, a anlise do
caso a que nos propomos, tem por objeto de investigao o ensino de
filosofia por meio de instrumental tecnolgico das funes cognitivas,
para o protagonismo do sujeito de conhecimento no exerccio da cria6 Nos apropriamos aqui da distino feita por LPEZ (2008, p.98), Saber e pensar no
pertencem ao mesmo registro: o saber acumulativo, de algum modo ele corporal (se incorpora
em informaes, imagens, palavras), enquanto o pensar incorporal, intempestivo, puro
acontecimento que s existe como efeito e deixa de existir assim que cessa de produzir-se., a qual
acreditamos aproximar conhecimento e seus instrumentos.
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sob ordem expressa e imposio de ateno e silncio, no possvel realizar a leitura comentada de textos em voz alta, facilmente, os
alunos se dispersam com seus celulares ou com conversas paralelas
entre os colegas, sob ameaa de punio, alguns optam por se deitar
na carteira e dormir. Em raros momentos, alguns poucos alunos se
dispersam folheando as pginas do livro, geralmente procura de algo
que lhes chame a ateno, desperte seu interesse, geralmente imagens,
ou algum assunto de interesse e curiosidade, quase sempre alheio ao
que se est estudando no momento da aula.
Dificilmente de forma voluntria, num primeiro momento de na
relao cognitiva com o livro, alguns alunos apresentam dificuldades
em encontrar as pginas informadas pelo professor, partes indicadas
do texto, ou localizar a atividade proposta no prprio livro e relacion
-la ao texto a ser estudado. A organizao didtica do livro, que deveria
ser a orientao necessria para o estudo dos textos, se mostra insuficiente, h parcela de alunos que no consegue acompanhar a linha
didtica dos textos, no diferenciam o texto principal do secundrio,
no faz relaes entre as divises em subttulos nos textos, confundem
textos complementares com o principal, no ligam sequer as palavras
destacadas s questes das atividades de reflexo. Entretanto, o que nos
parece mais grave, a deficincia de leitura, muito perceptvel quando
solicitada oralmente, mostra uma incapacidade de entendimento da
estrutura do prprio texto, a despeito da interpretao e reflexo. Alm
do parco vocabulrio, os alunos demonstram compreenses erradas
do contedo objetivo do texto. prtica comum e corriqueira, que os
alunos se restrinjam a procurar as respostas do exerccio de fixao
numa busca aleatria de partes do texto lido que aparentam ter qualquer relao prxima ao que solicitam as perguntas do exerccio, sem
o domnio interpretativo do texto. Poucos alunos obtm xito nesta
empreitada, e se tornam referncia para que os demais simplesmente
copiem o resultado deste estudo e o apresentem como seu prprio
trabalho.
As dificuldades relatadas na atividade de leitura neste contex-
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266
Referncias
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Parte V
PROJETOS VINCULADOS FORMAO DE
PROFESSORES, PESQUISA E PS-GRADUAO STRICTO
SENSU
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Introduo
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No Brasil, quando analisados os problemas que afetam o letramento de alunos de educao bsica, o que se verifica que alguns,
embotados pelos meios de comunicao de massa, pela falta de cultura
de leitura em casa e/ou pelo desbito de dedicar algumas horas ao estudo, carecem de mediao pedaggica para que possam perceber a leitura (literria e de outros gneros discursivos) como uma experincia
esttica que mantm em exerccio a lngua como patrimnio coletivo.
Sendo assim, coube a esses projetos que privilegiam o letramento pensar em um currculo escolar orientado pela prtica de leitura e escrita
de gneros discursivos que potencializem as capacidades cognitivas e
intelectuais de seus aprendizes, promovendo seu acesso aos bens culturais da sociedade letrada e garantindo sua permanncia em um ambiente educativo que provoque o desejo de buscar, de conhecer e de
construir, autonomamente, o prprio saber.
A partir da anlise, interpretao e comparao de textos literrios de diferentes gneros e pocas, as professoras/pesquisadoras puderam convidar o aluno-leitor a exercitar sua percepo e anlise crticas das estratgias discursivas utilizadas, para, a partir da, estabelecer
relaes entre o que l, sua realidade e posteriores produes textuais.
Por meio da explorao do carter esttico da linguagem e da aproximao do aluno de uma expresso elaborada do idioma, seu esprito
crtico em relao vida pode ser aperfeioado e sua competncia lingustica para ler e escrever foi aprimorada. dizer que, enquanto possibilidade de dilogo com o mundo, as experincias contidas na leitura
(literria e outras) passaram a ser compartilhadas, proporcionando aos
educandos uma maior viso de si e de sua atuao no mundo, bem
como uma melhor compreenso e uso do idioma adotado por uma
cultura letrada.
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surdo, seus interesses e necessidades; o uso de estratgias comparativas que envolviam estruturas gramaticais e contextos interlnguas,
em que o significado e o sentido das palavras nos diversos contextos
auxiliavam tanto no entendimento de seu uso como na memorizao correta de sua ortografia (exposio dialgica de experincias
biculturais e bilngues); o reforo datilolgico seguido do sinal correspondente, com o uso de figuras ou imagens visuais para auxiliar
na explicao do contedo; construo de vdeos adaptados para Libras, entre outros.
Ao final, a pesquisadora concluiu que a atuao profissional do
intrprete de Libras na escola de educao bsica vai muito alm do
mero ato de interpretar e traduzir contedos, explicaes e exerccios
para o aluno surdo em sala de aula, pois o contato e a interao cotidiana entre eles, pela Libras e as trocas de experincias socioculturais
advindas de seu uso, promovem laos afetivo-pedaggicos que potencializam o desejo do aluno de integrar-se a esse ambiente educacional
e aprendizagem de contedos cientficos que ele oferece. E, como
fruto educacional final de sua investigao, a pesquisadora mantm
aberto um frum de discusso em um Espao Colaborativo Virtual
Permanente no site da Secretaria Municipal de Educao de Senador
Canedo, cujo objetivo possibilitar o debate e a troca de experincias
continuadas entre os profissionais envolvidos no campo da incluso e
do letramento: intrpretes de Libras, professores regentes e de Atendimento Educacional Especializado, psicopedagogos, fonoaudilogos e
demais interessados no tema.
Outro estudo que contempla a formao colaborativa e o letramento de crianas em situao de deficincia na escolarizao bsica
foi desenvolvido em Rialma, uma cidade do interior de Gois. O objetivo central da pesquisa intitulada Formao Colaborativa na Perspectiva Scio-Histrico-Cultural: a dialtica da incluso foi discutir o
processo de letramento de um grupo de crianas com e sem necessidades educacionais especiais que, devido situao nmade dos pais
(assentados agrrios, cortadores de cana e presidirios), nem sempre
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No desconsiderando a Matriz Curricular organizada pela Secretaria Municipal de Educao, a pesquisadora e suas colegas buscaram estratgias pedaggicas que privilegiassem a flexibilizao de seus
contedos programticos. Assim, tomaram como referncia os eixos
temticos existentes na matriz e, sem interferir nas questes organizacionais da escola, juntas pensaram e propuseram novas formas de
trabalh-los; isto , no lugar das rotineiras atividades de ensino desenvolvidas, juntas planejaram, criaram e desenvolveram atividades problematizadoras e contextualizadas, tomando como ponto de partida as
necessidades scio-cognitivas dos educandos e educandas que viviam
em situao de deficincia e excluso, na prpria sala de aula da escola.
Para isso, a pesquisadora e suas colegas consideraram o fato de
que todo e qualquer grupo de alunos que ingressa na escola traz uma
bagagem sociocultural que, quando reconhecida e valorizada, serve de
referncia para a apresentao e a explorao de contedos cientficos
veiculados em forma de saberes sistematizados. E, por meio de seus
relatos orais em forma de memrias, anedotas e causos, de suas produes textuais em linguagens pictricas, de suas brincadeiras e de outras
prticas ldicas pensadas pedagogicamente, trouxeram para suas vidas
cotidianas, leituras e conhecimentos escolares formais, sem resqucios
de certo pedantismo acadmico.
Um ltimo exemplo de pesquisas do PPGEEB/CEPAE/UFG
que visam a prticas sociais de letramento e incluso na Educao Bsica foi a desenvolvida sob o ttulo Formao de Professores em AEE:
experincia de um curso virtual colaborativo no municpio de Goinia. A deciso da pesquisadora em oferecer e avaliar os resultados
empricos de um curso de formao continuada para professores de
salas de recursos multifuncionais, na modalidade semipresencial, se
deu aps a coleta de dados primrios na prpria Secretaria Municipal
de Educao de Goinia, quando identificou a persistente preocupa-
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possvel, mas que s acontece verdadeiramente quando h um trabalho colaborativo entre todos os participantes do processo educativo, ou
seja, quando h troca de saberes entre alunos, professores e intrpretes.
O contato cotidiano, devido a questes lingusticas comuns, permite
ao intrprete ter um conhecimento mais aprofundado sobre o sujeito
surdo, isto , sobre sua forma de pensar, de como ele constri o entendimento dos fatos que acontecem ao seu redor, seu comportamento
resultante das aes lingusticas inadequadas, da espontaneidade, das
influncias emocionais e hegemnicas que acontecem nos processos
de aprendizagem, conhecimento de suas dificuldades, conhecimento
de suas potencialidades, dentre outros. Tambm a troca de informaes entre os profissionais envolvidos no processo de ensino e aprendizagem do aluno surdo de suma importncia, uma vez que cada
profissional especialista em determinada rea de conhecimento, o
que contribui para o entendimento de fatos mais amplos, reiterando,
assim, a necessidade do trabalho colaborativo permanente (CARVALHO, 2014).
Alm de uma excelente oportunidade de autorreflexo e autotransformao, este trabalho teve o sentido de suscitar em todas ns,
educadoras, o entendimento de que o ensino escolar no pode acontecer revelia da cultura que constituiu a vida desses grupos de educandos; pelo contrrio, que devemos partir dessa mesma cultura, dos
conhecimentos prvios dos educandos, da histria de vida de cada um,
dos conhecimentos j adquiridos por eles na prpria escola ou no senso-comum; que devemos valorizar todas as experincias scio-histricas presentes em sala, pois os alunos e alunas podem aprender juntos;
que as relaes interpessoais em sala de aula, se planejadas intencionalmente, ajudam tanto a integrar e harmonizar a turma, quanto a favorecer que os prprios colegas possam ajudar a criar nos alunos com
necessidades educacionais especiais boas zonas de desenvolvimento
proximal, levando em conta o seu nvel de desenvolvimento efetivo.
(MIRANDA, 2015).
A prtica que venho desenvolvendo como tutora h alguns anos
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Andrea Hayasaki Vieira, Andra dos Guimares de Carvalho, , Deise Nanci de Castro Mesquita, Vera Kran Gomes Miranda
(de 2008 a 2015) foi o que mais me motivou a realizar esta pesquisa.
Ao longo desse perodo, mais especificamente durante o curso de educao especial: Formao Continuada para os Professores do Atendimento Educacional Especializado, em 2010 e 2013, e no acompanhamento do trabalho realizado na Sala de Recursos Multifuncionais, em
2013, pude perceber que a maioria dos professores possua dificuldades em organizar e construir o plano de AEE de acordo com as teorias estudadas e de modo que as atividades potencializassem o nvel de
desenvolvimento do aluno. Notei, tambm, um descontentamento dos
professores frente realidade escolar, pois a articulao com os demais
professores parecia impossvel, dificultando a organizao e construo dos recursos pedaggicos que ajudariam na aprendizagem do aluno. O que pude concluir que embora a incluso escolar de alunos
com necessidades educacionais especficas fosse garantida por leis e
decretos, e vrios cursos de formao escolar vinham sendo ofertados,
as preocupaes e queixas persistiam e referiam-se (in)eficcia dos
cursos de formao ofertados, (in)disposio do professor em realizar mudanas de concepes e atitudes, e (im)compreenso dos pais
sobre o papel da escola. Talvez por isso, uma das experincias mais ricas dessa investigao ocorreu j no final do processo, quando tivemos
a presena de uma psicloga que tem uma filha com deficincia, que
se disps a socializar sua experincia como me de uma criana com
necessidade educacional especfica. Ela narrou a sua histria de vida,
a evoluo de sua filha, o que faz para estimular seu desenvolvimento
cognitivo, os recursos adaptados que ela prpria construiu ao longo
deste perodo e os atendimentos especializados que a filha recebeu no
Centro de Reabilitao e Readaptao Dr. Henrique Santillo (CRER).
Diante de sua exposio, todos ns nos demos conta do quanto a famlia tem uma funo primordial na vida da criana, pois desde o seu
nascimento esta interao com os adultos que assegura a sua sobrevivncia, que viabiliza a sua mediao com o mundo, em geral, e o
escolar, em especfico. Os membros de sua famlia so, pois, os maiores
responsveis por apresentar a ela costumes, normas, objetos e hbitos
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Introduo
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Entendemos a expresso corporal como uma forma de se perceber enquanto sujeito histrico que possui emoo e razao. Em suma,
Pedrosa & Tavares (2009, p.199) diz:
As artes circenses na educao fsica escolar enquanto contedo da cultura corporal: suas
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Podemos afirmar que as artes circenses colaboram para desenvolvimento integral dos seus praticantes, pois eles valorizam a ludicidade, a subjetividade, a autonomia, a expresso corporal, a criatividade, entre outras variadas e ricas experincias socioculturais e motoras. No entanto, para alcanar tais objetivos, os professores devem se
posicionar de forma crtica e reflexiva, compreendendo bem a funo
Educao Fsica e defendendo sua legitimidade dentro do ambiente
escolar, no apenas como sinnima de esportes, mas sim enquanto disciplina que estuda a cultura corporal a partir de jogos, lutas, ginstica,
mmicas, artes circenses, entre outros.
Histrico da educao fsica e das artes circenses
Historicamente a Educao Fsica vem sendo influenciada pelas
reas biolgicas e militares. Desde meados do sculo XIX (SOARES,
2004; COLETIVO DE AUTORES, 2009; DAOLIO, 2004; BRACHT... [ET
ALII.], 2003) a Educao Fsica tem sido considerada como sinnimo de
exerccio fsico, higiene, sade e esportes, sendo que ela foi influenciada
diretamente pelo desenvolvimento social, cultural, poltico e econmico.
Dentro dessa lgica essa disciplina se adequou aos interesses capitalistas,
utilizando de diferentes meios mdia, marketing, relaes mercadolgicas, enfim a indstria cultural no geral objetivando o lucro como resultado final. Dentro desse contexto podemos afirmar que ao longo dos anos
a criatividade e a expresso corporal ficaram em segundo plano.
A expanso da Educao Fsica foi se consolidando de acordo
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As artes circenses na educao fsica escolar enquanto contedo da cultura corporal: suas
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ou seja, num vis tradicional, pois com seu alto nvel de regulamentao
e orientao para o resultado, ele acaba por banir possibilidades criativas, em nome do ensino meramente tecnicista do gesto (Kunz, 2006).
Baseando-se nas pesquisas de Betti (1999) e Darido & Rosario
(2005), percebemos que os alunos tm interesse em aprender novos contedos, assim existe a possibilidade para inserir as artes circenses, enquanto
elemento da cultura corporal, no ambiente escolar. A partir de vivncias,
experimentaes e prticas circenses, eles podero compreender os sentidos e significados das artes circenses, no apenas como conhecimento de
carter pragmtico, mas tambm que apresenta um contexto histrico e
sociocultural que contribuir na formao integral dos praticantes.
A partir da utilizao das vivncias e experimentaes de cada
aluno entendemos que existe uma maior possibilidade de que as artes
circenses possam ser compreendidas em seus sentidos e significados,
possibilitando que todos participem integralmente do processo de ensino-aprendizagem desses contedos.
As artes circenses e suas possibilidades em relao s principais tendncias da educao fsica
Buscaremos fazer possveis relaes das artes circenses com as
principais abordagens da Educao Fsica: desenvolvimentista, construtivista, crtico emancipatria e crtico superadora (DAOLIO, 2010).
Basearemos em Go Tani (1988), Freire (2005), Kunz (2006) e Coletivo
de Autores (2009), autores principais das tendncias acima e Bracht
(1999), Darido (2001) e Daolio (2010), autores que comentam essas
obras, para alcanarmos esses objetivos.
Abordagem desenvolvimentista
Acredita-se que para a Educao Fsica atender s reais necessidades dos alunos ela precisa compreender bem os aspectos do crescimento, desenvolvimento e aprendizagem. A Educao Fsica assim
As artes circenses na educao fsica escolar enquanto contedo da cultura corporal: suas
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tradies que foram encontradas a partir das devidas reflexes realizadas anteriormente. Acredita-se que aps o esclarecimento sobre os
elementos contraditrios, os envolvidos tero mais oportunidades de
ter uma tomada de conscincia, que o primeiro elemento necessrio
para a superao da situao (no significando que os problemas sero
solucionados).
Ao se tentar inserir os contedos das artes circenses numa perspectiva emancipatria, os professores devero levar em conta que os
alunos tero que se sentirem sujeitos do processo de ensino-aprendizagem, buscando facilitar as experimentaes das competncias sociais,
comunicativas e objetivas. A constituio do processo de ensino pelas
trs categorias, trabalho, interao e linguagem, deve conduzir ao desenvolvimento da competncia objetiva, social e comunicativa (KUNZ,
2006, p.40).
Espera-se que a partir dessa perspectiva os alunos possam, com
a construo e manipulao dos objetos das artes circenses, experimentar, apreender e construir diferentes formas de se expressarem
corporalmente nas diversas atividades da cultura corporal que esto
sendo construdas ao longo do tempo. Busca-se tambm possibilitar
que os alunos, atravs da linguagem ou das suas representaes cnicas, manifestem o que aprenderam e experimentaram de variadas
maneiras.
Abordagem crtico superadora
Essa abordagem destaca que os temas da cultura corporal (o
jogo, o esporte, a ginstica e a dana), devem compor um programa
de Educao Fsica, com os grandes problemas sociopolticos atuais
como: ecologia, papis sexuais, sade pblica, relaes sociais do trabalho, preconceito urbano, distribuio de renda, dvida externa e outros (COLETIVO DE AUTORES, 2009).
A Educao Fsica ento considerada como matria escolar
que busca:
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Considerando como um dos papeis da Educao Fsica socializar de forma sistematizada, dosada e sequenciada os conhecimentos
da cultura corporal, busca-se levar os alunos compreenso de todo
processo de desenvolvimento da nossa sociedade, a partir de nossos
contedos especficos, demonstrando assim como as contradies sociais ajudam a constitu-los.
As artes circenses podem assim serem utilizadas como uma forma de os alunos representarem simbolicamente suas aes, ou seja,
com o auxlio desse contedo possvel desenvolver a criatividade e
a noo de totalidade, ao levar os alunos a participarem de todo processo de construo dos seus prprios materiais (malabares, rola rola
entre outros), manipulando-os atravs de tcnicas que podero ser
construdas individualmente e/ou coletivamente. Pode-se assim, trazer novos sentidos e significados para as prticas corporais dos alunos
dentro e fora do ambiente escolar.
Metodologia
Este estudo se configura como uma pesquisa qualitativa, pois
atende em grande parte s suas caractersticas: tem o ambiente natural como fonte direta dos dados; o pesquisador como instrumentochave; a pesquisa qualitativa descritiva; h uma preocupao com o
processo e no simplesmente com o produto; os dados so analisados
indutivamente; e, por fim, o significado a preocupao essencial na
abordagem definida (TRIVIOS, 1987).
A pesquisa-ao na escola ocorreu no 2 bimestre letivo, maio e
junho, do ano de 2015 com os alunos da turma do 3 ano do curso tcnico integrado de informtica para internet do Instituto Federal de Gois
- Formosa. A fim de diagnosticar melhor a realidade escolar buscamos
inicialmente fazer anotaes sobre a estrutura, quantidade de alunos, se
algum possui necessidade especial, entre outras questes que forem pertinentes durante as observaes. A observao estruturada (...) usada
na pesquisa qualitativa quando se deseja colocar em relevo a existncia, a
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possibilidade de existncia, de algum ou alguns traos especficos do fenmeno que se estuda (...) (TRIVIOS, 1987, p. 153).
Entende por pesquisa ao uma interveno na prtica que
mesmo tendendo a ser pragmtica difere da pesquisa cientfica tradicional por modificar o que est sendo pesquisado, sendo limitada pelo
contexto e pela tica da prtica (TRIPP, 2005). Para Engel (2000, p.
181): A pesquisa-ao um tipo de pesquisa participante engajada, em
oposio pesquisa tradicional, que considerada como independente,
no-reativa e objetiva .
Aps a observao e diagnstico inicial comeamos a pesquisa
-ao. Foram realizadas 16 aulas, com dois encontros semanais e durao de 1 h e 30 minutos, onde trabalhamos os seguintes contedos
das artes circenses: malabares, cordas e rola-rola. Ao final de cada
aula realizamos uma avaliao com a turma buscando perceber se: 1)
os objetivos planejados foram alcanados, 2) a metodologia utilizada
conseguiu fazer a turma participar de todo processo, 3) a partir da organizao da aula os alunos conseguiram desenvolver sua criatividade
e expresso corporal.
Os instrumentos para coleta dos dados foram: observao estruturada, relatrio das aulas e questionrios.
Resultados
Os dados j foram coletados e a pesquisa est em fase de concluso. A partir da pesquisa-ao acompanhada dos relatrios das aulas
podemos fazer alguns apontamentos:
a) Diagnosticamos inicialmente que os alunos apresentavam
uma viso de Educao Fsica restrita, ou seja, como sinnima de esporte e/ou recreao. Percebemos tambm que
nenhum aluno havia vivenciado as artes circenses nas aulas
de Educao Fsica. Conclumos que esse entendimento limitado da Educao Fsica se deve s influncias histricas e
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socioculturais que a mesma tem sofrido. Vimos que ao longo dos anos essa disciplina foi utilizada sob uma perspectiva
militarista e mdica, com uma supervalorizao de alguns
contedos: ginstica e esporte (CASTELLANI FILHO, 2010;
BRACHT, 2009; MARINHO, 2004; COLETIVO DE AUTORES, 2009).
b) Notamos que parte da turma estava com receio em vivenciar as artes circenses no incio. Acreditamos que o fato do
contedo ser novo e complexo contribuiu substancialmente para aumentar as barreiras - psicolgicas, motoras, entre
outras - que dificultaram a participao efetiva dos alunos
num primeiro momento. Porm, as dinmicas em grupos,
desafios e jogos circenses possibilitaram uma melhor troca
de conhecimentos entre eles, onde percebemos que a turma
era bastante participativa, unida e colaborativa. Ao final da
aula vimos que estavam motivados e com boas expectativas
para as prximas aulas.
c) Na medida em que as aulas foram se desenvolvendo notamos que as disparidades motoras entre os alunos foram
aumentando, ou seja, percebemos que enquanto alguns estavam com bastante facilidade nos movimentos especficos
dos contedos propostos outros apresentavam dificuldade
em aes motoras simples. Decidimos ento dividir a turma
em pequenos grupos para que pudessem compartilhar suas
tcnicas construdas. Essa estratgia juntamente com a mediao dos conhecimentos por parte do professor contribuiu
para a evoluo da turma.
d) Durante o desenvolvimento das 16 aulas percebemos que os
alunos no geral, internalizaram os movimentos bsicos de
todos os contedos desenvolvidos. Dentro dessa perspectiva
valido ressaltar algumas frases ditas nos crculos de dilogos: Nunca imaginei que fosse capaz de fazer malabarismo
com bolinhas, Muito legal ter uma viso de Educao fsi-
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Referncias
BETTI, Irene Conceio Rangel. Esporte na escola: mas s isso, professor?. Motriz
Volume 1, Nmero 1, 25 -31, junho/1999. Acesso em: 20.06.2012
BETTI, Mauro. Educao Fsica e Sociedade: A Educao Fsica na escola brasileira. 2 ed. So Paulo: Editora Hucitec.
BORTOLETO, Marco Antnio Coelho. Introduo a Pedagogia das Atividades Circenses. Vrzea Paulista, SP: Fontoura, 2010.
BRACHT, Valter. Sociologia crtica do esporte: uma introduo. 3 ed. Iju: editora
Uniju, 2009.
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Introduo
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criana precisa elaborar e responder sobre a sua posio diante do Outro. Esse tempo, como explica Roure (2014, p. 1056), o lugar do mais
puro desamparo face ao amor, demanda e ao gozo do Outro; ganhos
e perdas, sonho e trauma.
Alguns filmes do notcia desse processo e, de certo modo,
colaboram para no idealizar esse tempo como algo que se d de
forma natural e cronolgica, apresentando a criana com seus dramas, tentando se relacionar com os conflitos: separao, morte,
sexualidade, enfim, com as vicissitudes que marcam a experincia
humana. Como lembra Truffaut (2005, p.36), nada pequeno no
que se refere infncia.
Criana-protagonista: estratgia narrativa?
Comeamos por retomar o estudo de Rosas (2014), intitulado
A personagem infantil como estratgia narrativa no cinema latino-americano contemporneo. A autora afirma que a criana-protagonista
uma estratgia narrativa que pode estabelecer um gnero de filme,
particularmente o histrico. Ela cita, como exemplo, a filmografia brasileira, chilena e argentina, cuja representao histrica, especialmente
a da ditadura ocorrida nesses pases, ganha um novo sentido de expresso a partir do tratamento mais sutil dado temtica, ao utilizar
uma criana-protagonista como agente motor da narrativa (ROSAS,
2014, p. 577).
Para defender seu ponto de vista, Rosas (2014) efetiva anlises
flmicas das produes: Kamchatka (Marcelo Pyeyro, 2002), Machuca (Andrs Wood, 2004) e O ano em que meus pais saram de frias
(Cao Hamburguer, 2006), destacando o que tm em comum, isto ,
que todos abordam o contexto sociopoltico de pases em regime ditatorial sob a perspectiva de uma criana, a protagonista dos acontecimentos narrados. Nos filmes analisados por Rosas (2014), as narrativas se detm mais no no dito, na perspectiva de explorar mais o
interior dos personagens do que as suas aes, privilegiando recursos
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Tirar proveito dessa atitude das crianas, que revela sem mscaras os dramas que constituem a experincia humana, parece ser o
motivo principal da sua incluso nos roteiros como protagonistas. De
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modo geral, a experincia com o cinema deve considerar aquilo mesmo que a arte evidencia: o confronto do sujeito com a incompletude
do simblico, com o real impossvel, e, por isso mesmo, fonte de estranhamento, angstia e criao (ROURE, 2014).
Vale a pena destacar que, para alm de um gozo esttico ou de
signos a serem decifrados, a experincia esttica pode promover a confrontao de representaes que algum pode ter de si e do outro.
importante salientar essa potencialidade na especificidade do cinema
com as crianas, realando como os procedimentos flmicos so organizados e selecionados tendo em vista o filme como um todo. Afinal,
a luz, os planos, a montagem e os dispositivos narrativos no so elementos isolados.
Pensamos que filmes que trazem crianas como protagonistas
provocam tais efeitos, principalmente se os dispositivos cinematogrficos forem trabalhados esteticamente, configurando um funcionamento lingustico (metfora e metonmia) via processo pars pro toto,
conforme indica Roman Jakobson (2011) no seu texto Decadncia do
cinema? A esse respeito, ele diz:
a terminologia da cenarizao, com seus planos mdios,
primeiros planos e primeirssimos planos, nesse sentido
bastante instrutiva. O cinema trabalha com fragmentos de
temas e com fragmentos de espao e de tempo de diferentes
grandezas, muda-lhes as propores e entrelaa-os segundo a contiguidade ou segundo a similaridade e o contraste, isto , segue o caminho da metonmia ou o da metfora
(JAKOBSON, 2011, p. 155).
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figurino, o plano, o cenrio, a trilha sonora etc. geram vrias possibilidades de leitura.
Criana-protagonista: uma singularidade inquietante?
O filme E Buda desabou de vergonha (2007) caracteriza essa
modalidade da criana-protagonista justamente por nos revelar o
drama de Baktai (Nikbakht Noruz), menina que aparenta uns seis
anos de idade, para encontrar o caminho de sua escola - a sua realidade a de uma sociedade marcada pelos efeitos da guerra, da destruio e da misria. um filme de Hana Makhmalbaf, integrante
de uma famlia de cineastas iranianos: Mohsen Makhmalbaf, seu
pai (cineasta, escritor, editor, ator e produtor de filmes iranianos),
conhecido pelos filme Um instante de inocncia (1996), O Silncio
(1998), Gabbeh (1996); e a irm, Samira Makhmalbaf, tambm diretora de filmes como A Ma (1998) e O quadro negro (2000). Por
esse ltimo filme, produzido aos seus 14 anos de idade na poca
(2007), essa jovem cineasta foi premiada em vrios (mais de dez)
festivais de cinema..
A proeza do filme est na forma como, pelos dispositivos estticos (luz, planos, trilha sonora etc.), Hana Makhmalbaf apresenta tanto
o desabamento de Buda como a vergonha. Assim, h duas quedas: a
primeira, nas cenas iniciais, a de Buda; a segunda, nos ltimos momentos, a da menina Baktai. Essa ltima produz um efeito de retroao primeira com as seguintes indagaes: seria essa queda de Baktai
a vergonha de Buda? Estaria ali, na cena da criana estirada, a sua condio final de destituio subjetiva ou um outro modo de resistncia
lei imposta s mulheres e meninas pela poltica talib, demonstrada
por ela ao longo do caminho escola?
O incio marcado pelas cenas reais de destruio das esttuas
de Bamiyan, gigantescos Budas bombardeados por tanques em maro
de 2001. Essas esttuas foram erguidas a 230km da capital do Afeganisto, Kabull, e eram reconhecidas pela UNESCO como patrimnios
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O segundo demonstrado na cena em que, novamente, o caderno sofre uma interveno. Um senhor beira do rio destaca uma folha
e constri um pequeno barco de papel - outro momento de poesia no
filme. Ele guiar a menina atravs do curso do rio.
Na cena da escola, momento em que Baktai participa de uma
aula, o batom retoma a sua funo de pintar o rosto, mais uma vez
denunciando o seu desejo. Isso porque chegar escola de meninas no
implica realiz-lo, pois, at nesse lugar, o desejo de saber barrado.
Baktai expulsa da sala pela professora para retornar sua casa. Antes
disso, entretanto, se encontra com Abbas e interceptada pelos meninos que ordenam que ela caia. E ela, de novo, resiste por algum
tempo. Mas cai, abatida. A msica inicial contempla esse momento,
retornando-nos ao incio do filme, o da queda de Buda. Estaria nessa
cena de destituio subjetiva a vergonha de Buda ou de todos ns? O
horror produzido pelas cenas iniciais retomado, pois a cena final a
ele remete. Por qu? Seria porque essa destituio subjetiva tambm
nos remete ao traumtico pensado pela psicanlise e estruturante da
constituio do sujeito? Nesse efeito de retroao determinado pela
cena final, no poderamos refletir sobre os obstculos apresentados
Baktai como a falta estruturante, constituda por esse traumtico da
constituio subjetiva em movimento?
Assim, relacionamos outro filme, o Bem-Vindo Casa de Bonecas(1995). o segundo longa de Todd Solondz, um diretor emblemtico do cinema independente americano dos anos de 1990, com uma
filmografia marcada pela stira classe-mdia norte-americana. Nesse
filme, a crtica gira em torno do ideal de beleza e a protagonista, Dawn
Wiener (Heather Matarazzo), uma adolescente que se encontra totalmente fora dos padres dessa beleza ideal: feia, usa culos e roupas
espalhafatosas. Na escola, onde faz a stima srie, seus colegas a chamam de lsbica e de cara de salsicha. Os professores a humilham e
seus pais, especialmente sua me, Mrs. Wiener (Angela Pietropinto),
demonstram uma preferncia explcita pela irm caula Missy (Daria
Kalinina). Ela uma garotinha loira (visual Barbie), retratada no filme
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Referncias
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LEMOS, M. T. G. de. A Lngua que me Falta: uma anlise dos estudos de aquisio de
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ROSAS, I. de A. A Personagem Infantil como Estratgia Narrativa no Cinema Latino
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1998, 108 p.
TRUFFAUT, F. O Prazer dos Olhos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2205, 350 p.
FILMOGRAFIA
Bem-Vindo Casa de Bonecas.1995. Estados Unidos. Todd Solondz, DVD Vdeo Filmes. DVD.
E Buda desabou de vergonha. 2007. Hana Makhmalbaf, DVD Vdeo Filmes. DVD.
Um doce olhar (Bal). 2010. Turquia. Semih Kaplanaglu. DVD Vdeo Filmes.
DVD.
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Introduo
ste trabalho tem dois objetivos principais. O primeiro apresentar o relato de uma experincia de orientao realizado no ano de
2015, como uma das atividades do PIBID (Programa Institucional de
Bolsas de Iniciao Docncia-Francs/CAPES/UFG) e o segundo
apresentar a anlise resultante dessa orientao.
Os alunos de licenciatura, com bolsa do PIBID, participam de
atividades em escolas de Educao Bsica com o intuito de iniciarem
sua preparao para a docncia, antes do incio do estgio supervisionado. At recentemente, esses bolsistas tinham como funo selecionar e elaborar material didtico, desenvolver atividades para sala
de aula, atender individualmente alunos com dvidas ou dificuldades
em contedos especficos, aperfeioar as quatro habilidades (produo
e compreenso oral e escrita) para o ensino de lnguas estrangeiras,
dentre outras.
No entanto, a preparao para uma outra prtica pedaggica surge a partir da crescente oferta de bolsas PIBIC-EM (Programa
Institucional de Bolsas de Iniciao Cientfica para o Ensino Mdio):
a orientao de projetos de pesquisa de alunos da Educao Bsica.
1. Aluna do 3 ano do Ensino Mdio do CEPAE/UFG. Bolsista PIBIC-EM/UFG. barbaraprm@
hotmail.com
2. Acadmica de Licenciatura Letras-Francs/UFG. Bolsista PIBID/Francs/CAPES.
[email protected]
3. Doutora em Lingustica pela UNICAMP. Professora de Lngua Francesa do CEPAE/UFG.
[email protected]
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cesa, o primeiro desafio foi escolher o tema especfico. A aluna pesquisadora manifestou, logo de incio, seu desejo de trabalhar com o
livro Le Petit Prince. A supervisora (professora do CEPAE) e a bolsista
orientadora (PIBID-Letras) consideraram, porm, que tal livro traz
questes que apontam sempre para uma lio de moral polarizada em
que o bem e o mal no se confundem. Tais lies so transmitidas
apenas de modo direto e transparente. Mas, por no querer deixar de
lado a escolha da aluna pesquisadora, decidiram propor uma anlise
comparativa com um outro livro: Ltranger. Esse livro, alm de ser
linguisticamente adequado ao nvel da aluna pesquisadora, foi escolhido por ser literariamente mais complexo do que o livro Le Petit Prince
e elaborado com uma narrativa ambgua que desafia o entendimento
do leitor.
Metodologia
O trabalho que aqui desenvolvemos um estudo comparado
entre duas obras literrias em lngua francesa. Para realiz-lo, encontros entre a orientadora e a aluna pesquisadora ocorreram quinzenalmente, de modo presencial, ao longo do primeiro semestre de 2015, na
Faculdade de Letras. As orientaes virtuais foram realizadas quando
necessrias. O e-mail foi utilizado como ferramenta de dilogo para a
troca de experincias de escrita. O e-mail tambm foi utilizado para
tirar dvidas da orientadora junto supervisora.
Antes dos encontros, foram marcadas leituras em torno das
quais eram realizadas discusses e elaborados questionamentos. A
orientadora e a aluna pesquisadora no chegaram, porm, a respond
-los de modo conclusivo por isso pretendem continuar a pesquisa no
segundo semestre de 2015.
Como embasamento terico nos servimos de obras de estudos
comparados em literatura (BARTHES, 2004) e obras cuja perspectiva
filosfica se fundamenta no existencialismo (SARTRE, 1946).
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A apatia do personagem Mersault diante de fatos que o implicam subjetivamente um dos aspectos que mais causam estranhamento no leitor de Camus como no fragmento em que responde namorada, Marie:
Perguntou-me depois se eu no gostava de uma mudana
de vida. Respondi que nunca se muda de vida, que em todos os casos, todas as vidas se equivaliam e que a minha,
aqui, no me desagradava. Mostrou um ar descontente,
disse que eu respondia sempre margem das questes, e
que no tinha ambio, o que para os negcios era desastroso. Voltei para o meu trabalho. Teria preferido no a
descontentar, mas no via razo nenhuma para modificar
a minha vida. Pensando bem, no era infeliz. Quando era
estudante, alimentara muitas ambies desse gnero. Mas
quando abandonei os estudos, compreendi muito depressa
que essas coisas no tinham verdadeira importncia. Maria
veio buscar-me noite e perguntou-me se eu queria casar
com ela. Respondi que tanto me fazia, mas que se ela de fato
queria casar, estava bem. (CAMUS, 1942. p. 30).
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como tais polarizaes so consideradas pelas correntes filosficas e pelas instituies sociais.
Ao fim do trabalho, pudemos concluir ainda que tudo depende
do seu posicionamento em relao ao mundo e ao ser humano. Tais
questionamentos s fazem sentido diante dessa existncia. Aps nossas anlises, nos posicionamos como crticos em relao existncia
de uma essncia que acreditamos no existir. No existe, a priori, um
sentido para a vida, o sentido construdo em cada experincia vivida.
Referncias
SARTRE, Jean Paul. O existencialismo um humanismo. 3. Ed. Lisboa: Editorial Presena, 1946. Trad. Verglio Ferreira.
BARTHES, Roland. O grau zero da escrita. 2. Ed. So Paulo: Martins Fontes, 2004.
Trad. Mario Laranjeira.
REY, Pierre Louis. Ltranger: Analyse Critique. Paris: Hatier, 1942.
CAMUS, Albert. Ltranger. Paris: Collection Folio, ditions Gallimard, 1942.
EXUPRY, Antoine. Le Petit Prince. Paris: ditions Gallimard, 1945.
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Linguagem e interao
Compreendendo que o discurso de sala de aula construdo no
jogo de vozes, no qual a voz do professor se apresenta como a voz que
orienta o aluno, o princpio da dialogicidade da linguagem e dos sujeitos, tal como proposto por Bakhtin (1995), a base da reflexo aqui
pretendida.
Segundo a concepo dialgica de Bakhtin (1995), a linguagem
remete interao social. Ela lugar de atividade e no apenas vista
como forma ou sistema, por isso est em constante transformao.
viva, dinmica e autnoma, possui carter discursivo, dialgico e polifnico. Ainda como afirma esse autor: a lngua vive e evolui historicamente na comunicao verbal concreta, no no sistema lingustico
abstrato das formas da lngua nem no psiquismo individual dos falantes (BAKHTIN, 1995, p. 127).
Assim, a linguagem vista como prtica social apontada como
discurso, o que implica aspectos extralingusticos para compreender
seus sentidos: contexto histrico, social, poltico e ideolgico. Para
Bakhtin (1997), no cabe mais abordar a linguagem com foco apenas
na lngua e sua abstrao, pois atravs da linguagem que as pessoas
se interagem no mundo. Os enunciados so produzidos num contexto
especfico, em que o locutor e interlocutor participam de um jogo de
imagens que vo tecendo significados, produzindo uma efetiva comunicao. A lngua penetra na vida atravs dos enunciados concretos
que a realizam, e tambm atravs dos enunciados concretos que a
vida penetra na lngua (BAKHTIN, 1997, p. 282).
O homem essencialmente linguagem. Ela d poder e possibilita a apropriao das coisas do mundo. por ela que o ser humano se
revela e se objetiva. Nasce da necessidade humana de comunicao,
de se fazer compreendido. Possui uma natureza dialgica, do mesmo
modo que utilizamos a linguagem em relao ao outro, ele tambm a
utiliza em relao a ns. Isso significa dizer que o discurso construdo graas a um dilogo existente entre diversas vozes. E nesse dilo-
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lngua se concretiza nos atos de fala e, para Fiorin, necessrio distinguir discurso da fala:
O discurso so as combinaes de elementos lingusticos
(frases ou conjuntos constitudos de muitas frases), usadas
pelos falantes com o propsito de exprimir seus pensamentos, de falar do mundo exterior ou de seu mundo interior,
de agir sobre o mundo. A fala a exteriorizao psico-fsico-fisiolgica do discurso. Ela rigorosamente individual,
pois sempre um eu quem toma a palavra e realiza o ato de
exteriorizar o discurso. (2001, p 11)
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Considerando que o campus de pesquisa constitui uma condio de produo relevante para a anlise dos dados, no podemos
perder de vista que o lugar de coleta interfere na produo dos discursos ali elaborados, como tambm na relao que se estabelece entre
os atores do processo ensino-aprendizagem. Essas consideraes sero
retomadas na anlise dos dados e na concluso do trabalho.
Dito isso, abordamos a metodologia. Optamos pela combinao
da pesquisa de campo de natureza etnogrfica qualitativa, por permitir
a descrio de vivncias contextualizadas (SANTOS, 1997), e a anlise
de discurso crtica (ADC), por possibilitar uma abordagem adequada
anlise desses processos sociais. A priori, foram realizadas entrevistas com os alunos e gravadas duas aulas de Portugus e duas de Histria que esto sendo transcritas para compor o corpus a ser analisado,
em consonncia com o referencial terico adotado. Tambm foram
recolhidas duas produes textuais dos alunos para serem analisadas.
Os conhecimentos tericos levantados nesta pesquisa foram
aplicados em uma escola pblica de Goinia-GO, que atende a um pblico de nvel scio-econmico - cultural variado. Em sua maioria, os
alunos so oriundos das classes populares, filhos de trabalhadores braais, pedreiros, mecnicos, costureiras, domsticas, profissionais liberais, subempregados e at mesmo desempregados. Essas informaes
foram retiradas dos formulrios de matrcula dos educandos. Esta escola oferece como modalidades de Ensino: Educao Infantil, Ciclo I e
II e o Projeto Mais Educao, que atende a 90 alunos, no contra turno,
em situao de risco e com dificuldades de aprendizagem.
A sala escolhida foi uma turma de 5 ano/ Ciclo II do Ensino
Fundamental, na faixa etria entre 09 e 10 anos, por serem alfabetizados. Por ter duas turmas com as mesmas caractersticas, foi realizado um sorteio entre as mesmas. Quanto s professoras convidadas
a participar da pesquisa, uma responsvel pela disciplina de Lngua
Portuguesa e a outra, de Geografia e Histria.
A pesquisa foi realizada de fevereiro a junho de 2015. Um complicador durante sua realizao foi a baixa assiduidade dos alunos, o
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As categorias a serem utilizadas na anlise das produes sero
a intertextualidade e a argumentao, bem como a anlise da prtica
discursiva do professor em seus aspectos ideacional experincia do
mundo, sistema de conhecimentos e crenas; interpessoal interao
social entre os participantes, sujeitos sociais, identidade; Textual ligao das partes de um texto em um todo coerente, conforme as prerrogativas de Fairclough (2001).
Consideraes finais
Com este trabalho, esperamos contribuir para uma melhor
compreenso das questes significativas relacionadas ao processo de
construo de identidade por meio do processo discursivo presente
nas relaes ensino-aprendizagem, vivenciado, muitas vezes, por professores e alunos, em geral, de forma conflitante e dolorosa.
Esperamos que os resultados da pesquisa possam proporcionar,
por meio do grupo de estudo proposto aos professores da escola, a reflexo crtica sobre a relevncia do discurso, possibilitando contribuir
com suas prticas de ensino e seu crescimento pessoal/profissional.
Estimamos que os eventos de letramento criem um espao que promova conscientizao lingustica (FAIRCLOUGH, 2001) e criticidade na
comunidade escolar, de modo a contribuir para a formao de sujeitos
autnomos intelectualmente que tenham possibilidade de compreender o mundo no qual esto inseridos, refletir sobre as diferentes vozes
que constituem a sociedade e agir conscientemente em busca de justia
e equidade.
Desse modo, o grupo de estudo foi proposto e aceito pelo corpo
docente da escola com o objetivo de discutir, analisar e estudar as diferentes dimenses da linguagem, compreendendo que ela viabiliza o
sujeito representar a realidade fsica e social na qual est inserido, am-
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Maria Izabel Barnez Pignata, Ana Karolina da Silva Reges, Nathalia Vieira Silva, Fernando
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Maria Izabel Barnez Pignata, Ana Karolina da Silva Reges, Nathalia Vieira Silva, Fernando
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A quarta e ltima estao foi realizada na sala de aula que constitua a poro final do tnel. Nela havia materiais que remetiam s
prticas relacionadas aos assuntos abordados no percurso. Foram realizadas atividades como exibio de vdeos de curta durao, apresentao de colnias de bactrias coletadas nos copos outros objetos da
escola; visualizao da gua ao microscpio ptico e microscpio caseiro (produzido por meio de dois copos, uma seringa e uma caneta de
laser verde) e, por ltimo, foi apresentado um aplicativo para dispositivos mveis (Android e IOS) que disponibiliza o contedo abordado.
Um ms aps a realizao da prtica pedaggica, demos continuidade ao projeto, realizando uma pesquisa para avaliar as atividades
desenvolvidas. A avaliao constou de uma proposta de construo de
textos em grupos focais. Em cada turma, durante uma hora-aula de
aproximadamente 45 minutos, os alunos foram organizados em grupos de seis alunos e orientados a construir um texto livre sobre a atividade desenvolvida. Como o propsito da avaliao era o de trabalhar
anlise de categorias (BARDIN, 2009), no foi dada qualquer sugesto
ou explicao aos alunos sobre o contedo do texto. Os textos foram
recolhidos e analisados.
Resultados e discusso
O Estgio Curricular Supervisionado I, no tem como objetivo
principal introduzir os estagirios na escola a fim de que estes coloquem em prtica tudo o que aprenderam at o momento na graduao,
mas sim, de possibilitar uma anlise da realidade da escola como um
todo, sendo um momento de preparao e reflexes orientadas pelo
professor orientador do curso e pelas professoras supervisoras da escola. Assim, as implicaes deste so intensas, e vo desde reflexes
pessoais, vivncia do ambiente escolar, oportunidade na proposio
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Maria Izabel Barnez Pignata, Ana Karolina da Silva Reges, Nathalia Vieira Silva, Fernando
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Percebemos, durante a execuo do PIP, que o professor precisa
desenvolver estratgias para lidar com a indisciplina da turma e ento
conseguir ser ouvido. Foi interessante notar que no existe uma frmula ou tcnica pronta, pois ser professor algo muito dinmico, uma
vez que trabalhamos com pessoas muito diferentes umas das outras,
que esto aprendendo conviver e, portanto uma das caractersticas
mais importantes a desenvolver a flexibilidade.
Quanto avaliao feita pelos alunos sobre as atividades desenvolvidas, foram analisados trinta e cinco textos. Os resultados apresen-
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6o ano (%)
7o ano (%)
8o ano (%)
Total (%)
75,0
76,9
50,0
68,6
16,7
8,3
8,3
0,0
0,0
38,5
50,0
10,0
0,0
20,0
5,7
17,1
(2) Doenas
58,3
84,6
60,0
68,6
(3) Microrganismos
Desperdcio/ conservao
Polticas pblicas
(4) gua
Via de contaminao
Distribuio no planeta
Importncia fisiolgica
Microscpio caseiro
Vdeo
(5) Recursos Microscpio de luz
didticos
Placa de Petri
Modelos
58,3
25,0
8,3
41,7
41,7
50,0
50,0
25,0
33,3
0,0
0,0
76,9
46,2
7,7
23,1
38,5
46,2
38,5
30,8
46,2
7,7
23,1
90,0
40,0
0,0
20,0
40,0
100
60,0
20,0
40,0
10,0
0,0
74,3
37,1
5,7
28,6
40,0
62,9
48,6
25,6
40,0
5,7
8,6
(1) Higiene
Subcategoria
Compartilhamento/
objetos
Lavagem das mos
Preveno de doenas
Garrafinha/ squeeze
Foi evidente o reconhecimento dos alunos em relao problemtica apresentada, sobre o uso de objetos compartilhados, mencionado em 68,6% dos textos. Por outro lado, no demarcaram significativamente a importncia do uso de garrafinhas individuais, a associao
da lavagem das mos com a percepo da importncia da higiene para
evitarmos doenas, indicando, talvez, que orientaes sobre tais prticas devam ser rotina na escola.
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Andra Ins Goldschmidt, Ana Maria da Conceio Silva, Mercs Pietsch Cunha Mendona,
Maria Izabel Barnez Pignata, Ana Karolina da Silva Reges, Nathalia Vieira Silva, Fernando
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Neste sentido, a escola tem um papel fundamental na formao cidad dos indivduos, o que implica tambm em sua atuao na
conscientizao quanto aos hbitos de higiene. Segundo Rocha (2003),
a escola atua como cenrio privilegiado de um conjunto de prticas
voltadas para o disciplinamento da infncia, tendo poderosa colaborao para o sucesso de campanhas que visam ao combate de endemias
e epidemias, como tambm para a difuso de meios de preveno e
preservao da sade.
A atividade de conscientizao deve ser contnua, e Vasconcelos
et al. (2001) afirmam que o ambiente escolar propcio ao reforo e
repetio de conhecimentos e hbitos, uma vez que a motivao
deve ser uma atitude constante para que os hbitos de higiene sejam
incorporados (p. 44). Sendo assim, discusses a respeito de aes de
preveno e cuidados com a sade devem estar presentes em todas
as sries e disciplinas, por meio de reflexes cotidianas, uma vez que
hbitos so apreendidos pelos estudantes, e permanecem mesmo aps
a finalizao dos estudos obrigatrios, influenciando a atuao desses
indivduos na sociedade.
Os alunos reconhecem a presena de microrganismos patognicos e riscos de doenas (68,6% e 74,3% respectivamente), mas no manifestaram os mesmos ndices no que se referem ao cuidado. Assim, os
resultados demonstram a importncia de trabalhar melhor a profilaxia
do que a doena em si, pois, muitas vezes, nos contedos de Cincias
e Biologia, so enfatizados mais os ciclos patognicos e suas implicaes, em detrimento da discusso sobre a importncia de desenvolver
hbitos saudveis na preveno de doenas.
Segundo Leonello e LAbbate (2006), dentre as proposies das
Orientaes Curriculares Nacionais est a abordagem transversal de
questes sociais, na qual temas de relevncia social como o ambiente,
pluralidade cultural, orientao sexual, tica e sade seriam tratados
355
em todas as disciplinas do currculo fundamental de maneira transversal, ou seja, perpassando todas as etapas das reas curriculares. Neste
contexto, compete tambm ao professor saber esclarecer e orientar a
respeito de patologias que so prevalentes em seu ambiente de trabalho. No est sendo sugerido que o professor assuma mais uma responsabilidade em sua trajetria diria, mas sim, que estes profissionais
da educao possam vir a ser empoderados no que se refere a estes
conhecimentos, pois papel da escola formar alunos com conhecimentos e capacidades que os tornem aptos a discriminar informaes,
identificar valores agregados a essas informaes e realizar escolhas.
Focesi (1992) comenta que a Educao em Sade pretende colaborar na formao de uma conscincia crtica no escolar, resultando
na aquisio de prticas que visem promoo, manuteno e recuperao da prpria sade e da sade da comunidade da qual faz parte.
Torna-se evidente a necessidade de se auxiliar a comunidade escolar
para a construo do conhecimento sobre os riscos a que esto expostos ao compartilharem objetos, como o uso de copos ou garrafinhas,
sem a higienizao adequada.
A escola deve ser um ambiente seguro e saudvel, onde o desenvolvimento de crianas e adolescentes possa se dar de forma efetiva,
com o alcance do mximo de seus potenciais intelectuais, sem danos
psicolgicos e/ou fsicos. O enfrentamento deste problema por parte
dos professores e equipe diretiva nas escolas pode ser alcanado, desde
que se promova campanhas e orientaes contnua aos alunos. Goldschmidt e Loreto (2011) apontam que desta forma, a escola estar
saindo de uma perspectiva meramente curativa, realizando aes de
preveno e promoo da sade, propondo a articulao de saberes
tcnicos e populares e a mobilizao de recursos institucionais e comunitrios, pblicos e privados para seus enfrentamento e resoluo.
um conjunto de comportamentos e atitudes que melhoram
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Andra Ins Goldschmidt, Ana Maria da Conceio Silva, Mercs Pietsch Cunha Mendona,
Maria Izabel Barnez Pignata, Ana Karolina da Silva Reges, Nathalia Vieira Silva, Fernando
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um estilo de vida para mais saudvel. A promoo da sade no comporta imposies de comportamentos, investe sim em informar o indivduo e desenvolver competncias e confiana (empowerment) para
que este tome uma opo informada, estando devidamente esclarecido
do que perde ou ganha com elas, trabalhando assim com fatos e no
com a coao de opinies. Deste modo, a promoo/educao para
a sade comeou a ser compreendida como um fator indispensvel
colaborando favoravelmente no sentido de prevenir, educar, formar e
informar para a tomada de decises responsveis no que diz respeito a
situaes potencialmente patognicas (Antunes, 2008).
Para o sucesso da aquisio e do desenvolvimento destas competncias Pereira et al. (2000) defendem que importante que no seja
s o meio escolar a estimular os comportamentos saudveis: (...)
importante contextualizar este tipo de intervenes numa dimenso
ecolgica mais vasta, quer a partir de diferentes contextos (fsico, familiar, escolar, social, cultural e econmico), quer a partir de diferentes agentes (pais, professores, mdicos, psiclogos, educadores e outros
profissionais), que passam a ser modelos de identificao para mais
novos (p. 148).
A categoria gua tambm foi contemplada nos textos, tanto
nos aspectos relacionadas ao meio ambiente (conservao, desperdcio, disponibilidade de gua no planeta), quanto como substncia essencial vida e composio dos seres vivos.
Em relao aos recursos didticos utilizados, percebemos, no
comportamento dos alunos durante as atividades e nas menes do
texto, como os alunos esto habituados ao estilo tradicional de aulas:
quando vivenciam uma proposta didtica diferente, ficam mais interessados e motivados.
Segundo Moran, Masetto e Behrens (2006), o uso de prticas
inovadoras fundamental na educao atual e devem ser entendidas
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Maria Izabel Barnez Pignata, Ana Karolina da Silva Reges, Nathalia Vieira Silva, Fernando
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A aplicao do PIP nos fez ver a escola com outros olhos. Cabe
ao professor tentar mudar a realidade do ensino, constipada ao uso de
metodologias fixas e engessadas, de buscar novas didticas que incitem
a curiosidade de seus alunos a fim de alavancar a busca e a construo
do conhecimento. Trata-se da ruptura do tradicional com a busca do
novo, novo esse que desperta interesse e facilita o aprendizado quando se trata de aprender de forma divertida, com a incluso de aulas
mais interativas, no s entre professor e aluno, mas entre aluno e o
contedo estudado.
A incluso de uma Sala das Curiosidades ao fim do tnel na
aplicao do Projeto de Interveno Pedaggica nos permitiu enxergar
com maior clareza o despertar da curiosidade ao se comparar um ensino terico com o prtico. As aulas diferenciadas permitem ao aluno
enxergar de perto o que h por de trs da cincia, permite ver como as
coisas funcionam e assim criar interesse pelo que realmente v, e no
pelo que ouve falar, dando explicao euforia ao ver um microscpio
e no s saber o que ele , mas visualizar como funciona e o que permite enxergar.
Esperamos que com a aplicao do PIP, alguns atos sejam repensados e que o significado e a importncia da prtica seja levada
para a vida dos alunos. Por fim, de acordo com a anlise da interveno na escola, verificamos que as prticas foram satisfatrias e a aprendizagem foi significativa e que valeu pena o empenho envolvido nas
atividades do estgio supervisionado I.
Referncias
ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.; KUMAR, V. (Trads.). Robbins & Cotran; Patologia - bases patolgicas das doenas. 8. ed. Editora Elsevier, 2010.
ALARCO, I. Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001.
ANTUNES, M. Promoo e educao em sade: a participao comunitria como
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Andra Ins Goldschmidt, Ana Maria da Conceio Silva, Mercs Pietsch Cunha Mendona,
Maria Izabel Barnez Pignata, Ana Karolina da Silva Reges, Nathalia Vieira Silva, Fernando
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Introduo
sta pesquisa tem como objeto de estudo a manifestao da cultura corporal as lutas. O contexto ser a organizao do trabalho
pedaggico dessas manifestaes nas escolas pblicas de Goinia. As
lutas so expresses da cultura corporal historicamente produzida pela
humanidade e, desta forma, indispensvel ser socializada como contedo pertinente s aulas de Educao Fsica na escola. Em suas formas
originais ou adaptadas as lutas esto presentes nos clubes, academias
e atualmente no ambiente escolar, sendo tratadas como contedo pedaggico. Entretanto, podemos constatar o ensino precarizado deste
contedo nas escolas pblicas municipais goianienses ou ento a sua
aplicao de forma similar ao que acontece em espaos no formais de
ensino. Pretende responder ao seguinte problema da pesquisa: quais
os elementos que dificultam ou inviabilizam o ensino das lutas no contexto da Educao Fsica escolar nas escolas pblicas municipais goianienses?
Apresenta-se como objetivo geral contribuir com a construo
de elementos terico-metodolgicos para o trato com o conhecimento das Lutas na Educao Fsica escolar e como objetivos especficos
aponta-se a apresentao: I) dos principais elementos que dificultam
ou inviabilizam a presena das lutas no contexto da Educao Fsica
1 Mestrando do PPGEEB/CEPAE/UFG. Professor IF Goiano. [email protected].
br.
Doutor em Educao pela UFBA. Professor de Educao Fsica do CEPAE/UFG. halcir@yahoo.
com.br
362
escolar; II) das experincias exitosas relacionados com o ensino sobre o conhecimento das Lutas nas escolas; III) dos procedimentos terico-metodolgicos que potencializem o ensino acerca do fenmeno
das lutas na Educao Fsica escolar. Desta forma, esta pesquisa tem
como problemtica reconhecer quais elementos dificultam ou inviabilizam o ensino das lutas no contexto da Educao Fsica escolar nas
escolas pblicas municipais goianienses, sendo objeto de investigao
a organizao do trabalho pedaggico e o trato com o conhecimento
das lutas dos professores de Educao Fsica que atuam neste contexto
educacional.
Os referenciais tericos utilizados neste estudo so Brasil (1997),
Coletivo de Autores (1992), Gasparin (2011), Marta (2010), Olivier
(2000), Pistrak (2000), Saviani (2003), dentre outros. Desta forma, este
trabalho tem como objetivo contribuir com a construo de elementos
terico-metodolgicos para o trato com o conhecimento das lutas na
Educao Fsica escolar. A pesquisa ser realizada atravs do recurso
metodolgico da pesquisa-ao com vistas a reflexo em torno da resoluo de problemas prticos e confeco de um produto educacional relacionado com a organizao do trabalho pedaggico e o ensino
das lutas na Educao Fsica escolar. Esta pesquisa obteve parecer de
aceitao peloComit de tica em Pesquisa da Universidade Federal
de Gois (CEP-UFG) e j passou pela etapa de qualificao no PPGEEB/CEPAE/UFG. Encontra-se na etapa de aplicao de questionrios.
Ao seu final tambm apresentaremos uma proposta metodolgica que
tem por objetivo contribuir com a qualificao da interveno dos trabalhadores da rea a partir da troca de experincias e, ainda, com a
construo coletiva de novos subsdios terico-prticos, para ressignificar o ensino do contedo tematizado pela Educao Fsica escolar,
neste caso as Lutas.
Este texto tem por finalidade compor a querela de assuntos e,
principalmente, instigar a construo de um corpo de conhecimentos
significativos relacionados ao trato com o conhecimento das Lutas na
disciplina curricular de Educao Fsica.
363
Na ocasio tambm apresentaremos uma proposta metodolgica que tem por objetivo contribuir com a qualificao da interveno
dos trabalhadores da rea. A partir da troca de experincias e, ainda,
com a construo coletiva de novos subsdios terico-prticos, esperase ressignificar o ensino de um determinado contedo tematizado pela
Educao Fsica escolar, neste caso as Lutas.
As reflexes que seguem compem a pesquisa em andamento
A Organizao do Trabalho Pedaggico e o trato com o conhecimento
das Lutas na Educao Fsica escolar no municpio de Goinia. Desta
forma, apresentaremos resultados parciais, concluses iniciais, comentrios, questionamentos e hipteses acerca da elaborao de estratgias
de ensino que visem oportunizar a aprendizagem, a elaborao e aplicao do conhecimento sobre o contedo Lutas.
Desenvolvimento
Em suas formas originais ou adaptadas as Lutas esto presentes
nos clubes, academias e atualmente no ambiente escolar, sendo tratadas como contedo pedaggico.
Entretanto, podemos constatar o ensino precarizado deste contedo nas escolas pblicas municipais goianienses ou ento a sua aplicao de forma similar ao que acontece em espaos de ensino no escolares (MARTA, 2010).
Ao pensarmos sobre o contedo Lutas no contexto da Educao Fsica escolar, o que percebemos so experincias galgadas em
estratgias padronizantes e prescritivas, aliceradas em pressupostos
das cincias biolgicas e, hegemonicamente, tratadas a partir da lgica
esportiva.
Assim, este estudo se torna relevante medida que procura investigar cientificamente a organizao do trabalho pedaggico e o trato com o conhecimento das lutas na Educao Fsica escolar da rede
pblica de ensino do municpio de Goinia.
De outra forma, o estudo tambm se justifica pelo fato de refletir
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367
de professores de Educao Fsica favorece a apresentao conteudstica dos temas, por vezes desarticulada com o contexto social vivido
pelos alunos e professores.
Segundo os Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para a
rea da Educao Fsica so os trabalhadores que tratam deste campo
da prtica pedaggica que devem propiciar aos alunos uma viso das
diversas manifestaes do ato de lutar, destacando os principais elementos de cada modalidade (BRASIL, 1997).
Na obra Metodologia do Ensino de Educao Fsica tambm se
aponta como contedo da Educao Fsica temas da cultura corporal,
ou seja, os jogos, a ginstica, as lutas, as acrobacias, a mmica, o esporte
e outros (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 10).
Logo, a escola passa a demandar a qualificao dos trabalhadores que tratam com este conhecimento.
Segundo Del Vecchio e Franchini (2006), a camada de professores com titulao de mestres e doutores que atuam nos cursos de graduao em Educao Fsica e que possuem conhecimentos no campo
das lutas ainda irrisrio.
Desta forma, observam-se aes no sentido de facilitar o entendimento das distintas expresses do lutar humano dentro dos cursos
de graduao em Educao Fsica. As possibilidades de formao tm
apontado para o estudo das lutas de maneira geral, sendo esta pesquisa
organizada a partir desta lgica epistemolgica.
Ensino das Lutas na Educao Fsica escolar
A recomendao para o trato com o conhecimento das Lutas na
disciplina de Educao Fsica, na escola, como componente curricular
encontrada em variadas obras que dizem respeito a rea (BRASIL,
1997; COLETIVO DE AUTORES, 1992).
De forma geral, a possibilidade para pensar a organizao do
trabalho pedaggico acerca do conhecimento sobre as Lutas na Educao Fsica escolar tem se pautado a partir das contribuies tericas
de alguns autores da rea.
368
Encontramos em Oliver (2000) a organizao deste contedo tendo como referncia a educao infantil. Indica-se um
rol de atividades que, fundamentadas nos atos de golpear, derrubar e imobilizar, apresenta como objetivo especfico auxiliar
na resoluo de conflitos internos sala de aula, tais como a
violncia.
Propostas pedaggicas que trabalhem o conhecimento das lutas simultaneamente a questes miditicas, filosficas e culturais de
maneira que sejam tratadas nas dimenses conceituais, atitudinais e
procedimentais, tambm se fazem presentes.
De maneira geral essas iniciativas discorrem sobre o processo
de inicializao ao trato com o conhecimento das lutas. Indicam, para
tanto, os jogos como ferramenta atravs da qual se introduziro movimentaes mais genricas, sendo preconizados os jogos de agarre
referentes s lutas onde predomine a ao de segurar, uma vez que
estes jogos tendem a diminuir a distncia de enfretamento, atenuando
possveis golpes impactantes.
Tambm observa-se que muitos autores apresentam uma preocupao com o ensino dos aspectos histricos e culturais de forma
que a Educao Fsica dialogue com as demais disciplinas escolares, ao
tratar pedagogicamente da Lutas.
Contribuies para a organizao do trabalho pedaggico do contedo Lutas na Educao Fsica escolar
Nossas consideraes tericas refletem oportunamente sobre a
necessidade de tratar os aspectos metodolgicos na rea da Educao
Fsica escolar a partir de uma concepo crtica de currculo e, desta
forma, qualificar a interveno pedaggica no interior da escola, mediante a superao de procedimentos fragmentados e cartesianos, conforme discutido no item anterior.
Para tanto, encontramos no Coletivo de autores (1992), em Pistrak (2003), e Gasparin (2011), subsdios para a organizao do traba-
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Arrola-se, desta forma, que o contedo Lutas pertence ao contexto da Educao Fsica, o que nos permite dizer que h um entendimento compartilhado de que necessrio trabalhar a ampliao do
acervo metodolgico utilizado pelos professores ao lecionarem sobre
este conhecimento.
Precisamos, portanto, elaborar estratgias de ensino inovadoras
a partir de nossas experincias prticas, que, com certeza, iro nos remeter a novas questes, considerando cada realidade.
Projetamos a expectativa de, com esta pesquisa, contribuir
com o processo de identificao das demandas dos trabalhadores da
rea da Educao Fsica que lecionam nas escolas municipais da rede
pblica de ensino goianiense e, como desdobramento, colaborar com
a instalao de propostas de estratgias de ensino adequadas e inovadoras.
Referncias
ALVES-MAZOTTI. A. J. O mtodo nas cincias sociais. So Paulo: Pioneira, 1998.
ANDERSON, P. Balano do neoliberalismo. In: SADER, E. GENTILI, P. (org). Psneoliberalismo. As Polticas Sociais do Estado Democrtico. So Paulo: Paz e Terra,
1995.
BERBEL, N. A. N. Metodologia da Pesquisa-ao: uma alternativa metodolgica apropriada para o ensino superior. In: Semana - Revista Cultural e Cientfica da Universidade Estadual de Londrina. v. 16, n. 2, ed. especial, p. 9-19, out., 1995.
BRASIL. Parmetros Curriculares Nacionais: Educao Fsica. v. 7. Ministrio da
Educao e do Desporto. Braslia, 1997.
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educao Fsica. So Paulo:
Cortez Editora, 1992.
DELVECCHIO, F. B. FRANCHINI, E. Lutas, Artes Marciais e Esportes de Com-
373
375
Introduo
376
sua capacidade de leitura visual atravs do estudo da arte em quadrinhos associada literatura, relao pouco explorada no meio escolar.
A metodologia utilizada neste estudo de recorte qualitativo: analise
terica do estado da questo e pesquisa participativa com aplicao de
estratgia didtica, tendo em vista a leitura de quadrinho literrio sob
superviso, analise comparada de produo e oficina criativa de quadrinho para aperfeioar a formao leitora literria
Na atualidade, a busca da ao educativa integrada fundamentada na necessidade do enfrentamento da fragmentao cientfico-positivista, fundamento da grande maioria das prticas educativas
no meio escolar. A interdisciplinaridade traz na base de seu conceito o
dilogo entre os mltiplos fragmentos presentes no acervo do conhecimento humano. A perspectiva da ao interdisciplinar no pressupe
que cada rea tenha sua competncia reduzida ou anulada, mas que
algumas reas tenham suas competncias articuladas de maneira a ampliar o conhecimento no processo de formao dos sujeitos em situao de aprendizagem. o dilogo que se busca estabelecer ao propor a
interface entre reas do conhecimento (LUCK, 1994).
Mesmo considerando tratar-se a interdisciplinaridade de um
grande desafio, a rea de Ensino de Arte pode dialogar com diversas
outras reas, sem perder seu eixo especfico, criando conexes ricas e
importantes para o desenvolvimento do ser humano. Nesse sentido,
compreende-se possvel uma ao educativa entre Artes Visuais e Literatura, especialmente no que tange promoo da experincia esttica
mediante a leitura, com nfase no gnero literrio, a ser desenvolvida
com educandos do Ensino Bsico.
Na sociedade contempornea, marcada pela pluralidade de linguagens e pelo forte apelo dos novos meios e suportes, necessrio
que a escola contemple diversas frentes para formao de crianas e
jovens na Educao Bsica. E nesse rico e novo universo da comunicao contempornea, h diversas e atraentes linguagens, de forma
que a leitura na sociedade da cultura visual demanda um letramento
imagtico; essa uma realidade posta pelo contexto, que exige uma
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381
produzida em uma unidade de estudo para educandos de Ensino Mdio, denominada Unidade de leitura e recriao de literatura em Quadrinhos. Nessa pesquisa, trinta (30) estudantes de Ensino Mdio do
CEPAE/UFG, adolescentes entre 15 e 17 anos, tiveram acesso leitura de quadrinhos literrios sob orientao, foi escolhido o ttulo Dom
Casmurro de Machado de Assis, ou conforme a necessidade, um outro
autor de destaque da literatura clssica brasileira, versado para HQ.
Esses alunos participaram, tambm, de uma oficina criativa de introduo produo de quadrinhos, a fim de que conhecessem a linguagem do gnero HQ, de forma didtica. Essa proposta foi composta de
8 aulas, 4 delas para leitura e anlise de literatura em quadrinhos, e 4
para produes criativas orientadas.
A coleta de dados se deu mediante observao participativa em
sala de aula, observando atividades feitas pelos estudantes, produo,
interesse real e registro fotogrfico das aes didticas. Quanto ao
produto final da experincia didtica, foi elaborada uma revista em
formato HQ sobre essa sequncia didtica. Essa revista, que expe a
sequncia experimentada e qual se pode chamar processo didtico
inovador entre literatura e artes visuais, poder ser utilizada na formao docente como mtodo de trabalho de incentivo formao
leitora.
Discusso sobre resultado final da pesquisa
Na atualidade, a busca da ao educativa interdisciplinar justificada na necessidade do enfrentamento da fragmentao cientfico
-positivista, fundamento da grande maioria das prticas educativas no
meio escolar. As reas de ensino de arte e de literatura podem dialogar
entre si e com diversas outras reas, sem perder seu eixo especfico,
criando conexes ricas e importantes para o desenvolvimento do ser
humano. Nesse sentido, esta pesquisa apresentou um projeto de leitura
escolar integrando artes visuais e literatura, com vistas provocao
do interesse de jovens pela leitura, com nfase no gnero literrio. Na
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Estgio Curricular Supervisionado I no curso de Cincias Biolgicas da Universidade Federal de Gois (UFG) a disciplina em
que temos a oportunidade de vivenciar os acontecimentos da escola e
refletir sobre eles atravs de discusses de textos. O estgio nos permite, como destaca Borssoi (2008), a aproximao da realidade escolar,
para que o aluno possa perceber os desafios que a carreira lhe oferecer, refletindo sobre a profisso que exercer, integrando - o saber fazer
- obtendo (in)formaes e trocas de experincias (p. 01).
1. Doutora em Educao no Ensino de Cincias pela UFSM. Professora da UF de Santa Maria.
Professora no Programa de Mestrado em Educao em Cincias e Matemtica da UFG.
2. Mestre em Extenso Rural pela Universidade Federal de Viosa. Professora de Cincias do
CEPAE/UFG. [email protected]
3. Mestre em Educao em Cincias e Matemtica pela UFG. Professora do CEPAE/UFG e PIV na
Secretaria de Estado, Educao, Cultura e Esporte do Estado de Gois. larissamelloevangelista@
gmail.com
4. Acadmica do curso de Licenciatura em Biologia da UFG. [email protected]
5. Acadmica do curso de Licenciatura em Biologia da UFG. [email protected]
6. Acadmica do curso de Licenciatura em Biologia da UFG. [email protected]
7. Acadmica do curso de Licenciatura em Biologia da UFG. [email protected]
8. Acadmico do curso de Licenciatura em Biologia ICB/UFG -marcoaureliogynbio@hotmail.
com
388
Andra Ins Goldschmidt, Ms. Flvia Pereira Lima, Ms. Larissa de Mello Evangelista, Daiany
Folador Sotero, Vanessa Leonel Falchi, Dayane Francisca De Sousa, Ludimila Da Silva Pereira,
Marco Aurelio Mendes Elias
389
390
Andra Ins Goldschmidt, Ms. Flvia Pereira Lima, Ms. Larissa de Mello Evangelista, Daiany
Folador Sotero, Vanessa Leonel Falchi, Dayane Francisca De Sousa, Ludimila Da Silva Pereira,
Marco Aurelio Mendes Elias
391
392
Andra Ins Goldschmidt, Ms. Flvia Pereira Lima, Ms. Larissa de Mello Evangelista, Daiany
Folador Sotero, Vanessa Leonel Falchi, Dayane Francisca De Sousa, Ludimila Da Silva Pereira,
Marco Aurelio Mendes Elias
393
Resultados e discusso
A oportunidade de desenvolvermos as atividades com os anos
iniciais nos possibilitou compreender melhor as ideias de Erikson apud
Verssimo (2002), que discute que nessa faixa etria as crianas esto
totalmente propcias para o aprendizado pleno, em que a curiosidade
e esforo so formados e cabe ao professor e a escola reconhecerem as
habilidades delas desenvolvendo a autoestima e aprendizagem.
Goldschmidt (2012), afirma que as crianas adoram aprender.
Portanto, vital que os professores ao trabalharem Cincias levem em
considerao a curiosidade da criana pelo ambiente em que vive. Neste contexto, a cincia deve estar presente nos anos iniciais, no apenas
como transmisso de conceitos cientficos, mas compreendida como
394
Andra Ins Goldschmidt, Ms. Flvia Pereira Lima, Ms. Larissa de Mello Evangelista, Daiany
Folador Sotero, Vanessa Leonel Falchi, Dayane Francisca De Sousa, Ludimila Da Silva Pereira,
Marco Aurelio Mendes Elias
395
Alternativas
Com a mo
Beber na garrafinha
Copo compartilhado
Criana
Adulto
Idoso
No respondeu
Salgada
Doce
Doce potvel
Seis copos
Dois copos
Oito copos
3
Ano
(%)
0,0
100,0
0,0
79,6
11,1
9,3
1,7
69,1
5,5
25,5
12,3
5,3
82,5
4
Ano
(%)
3,4
94,9
1,7
98,3
1,1
0,0
0,0
94,9
0,0
5,1
10,3
3,4
84,7
5
Ano
(%)
3,3
96,7
0,0
87,5
7,1
5,4
0,6
98,5
0,0
1,5
15,6
3,1
80,6
396
Andra Ins Goldschmidt, Ms. Flvia Pereira Lima, Ms. Larissa de Mello Evangelista, Daiany
Folador Sotero, Vanessa Leonel Falchi, Dayane Francisca De Sousa, Ludimila Da Silva Pereira,
Marco Aurelio Mendes Elias
3
Ano
(%)
4
Ano
(%)
5Ano
(%)
Corao
Rins
Crebro
25,0
60,7
14,3
9,7
82,3
8,1
5,1
94,9
0,0
No respondeu
0,6
0,0
0,0
3,5
0,0
0,0
5,3
1,7
3,0
Adquirir doenas
Coloca gua na mo para
beber
Nunca toma gua na
mo
s vezes toma gua na
mo
Sim
No
91,3
98,3
97,0
9,1
5,3
17,9
54,5
59,6
39,3
36,4
40,4
42,9
80,0
20,0
94,7
5,3
85,5
14,5
s vezes
0,0
0,0
0,6
No respondeu
0,6
0,0
0,0
Alternativas
397
Traz garrafinha
Empresta garrafinha
Sim
7,1
1,7
3,4
No
85,7
92,7
77,6
S s vezes
5,4
10,0
17,2
No respondeu
1,8
1,7
1,7
Sim
61,0
82,1
60,7
No
39,0
10,7
39,3
Talvez
0,0
7,1
0,0
No trago garrafinha
25,4
23,1
36,8
Empresto
19,1
0,0
7,0
55,6
0,0
76,9
0,0
56,1
0,7
0,0
0,0
1,1
Sim
82,1
92,9
83,6
No
17,9
7,1
16,4
Os alunos apontaram doenas como o principal risco ao consumir gua com as mos, demonstrando terem conhecimento sobre as
possibilidades de contaminao e at os agentes de risco, pois foram
citados vermes, bactrias, germes e microrganismos presentes na boca.
A escola possui um ambiente de amplo saber especfico, alm de
apresentar carter universal e obrigatrio. Esses so pontos que fortalecem o papel da escola como instrumento de conscientizao. Porm,
essa no uma funo que cabe somente escola; envolve tambm a
educao familiar e a promoo de polticas pblicas. No basta apenas desenvolver os contedos de educao, necessrio tambm sanear o ambiente e promover aes de conscientizao que alcancem
todas as esferas da sociedade.
Costa, Silva e Diniz (2008), afirmam que:
Uma das formas de se promover sade e incentivar prticas
de vida saudveis utilizar-se do processo de educao em
sade, onde se oportuniza o compartilhamento de saberes
398
Andra Ins Goldschmidt, Ms. Flvia Pereira Lima, Ms. Larissa de Mello Evangelista, Daiany
Folador Sotero, Vanessa Leonel Falchi, Dayane Francisca De Sousa, Ludimila Da Silva Pereira,
Marco Aurelio Mendes Elias
3 Ano
(%)
4 Ano
(%)
5Ano
(%)
Doenas
50,0
47,7
46,2
Contaminao
28,2
12,5
14,0
Mal-estar
6,4
1,1
5,4
Morrer
1,3
0,0
1,1
0,0
0,0
0,8
Vermes
1,9
2,3
2,2
Bactrias
6,4
17,0
7,5
Microrganismos na boca
2,6
21,9
53,3
Germes
No h problema de beber gua na mo, se essa
estiver higienizada
Herpes
0,0
3,4
2,2
1,3
1,2
10,7
0,0
12,3
0,4
Nenhum
0,0
0,0
1,1
No sei
2,6
0,0
0,0
No responderam
1,3
1,5
2,2
Sobre as atividades realizadas, constatamos que durante o circuito realizado os alunos ficaram eufricos com as situaes que en-
399
3 Ano
(%)
52,7
28,6
2,2
3,3
2,2
4,4
2,2
1,1
1,1
0,0
1,1
0,0
0,0
0,0
0,0
1,1
0,0
4 Ano
(%)
39,7
25,6
1,9
9,0
7,7
1,3
0,0
1,3
0,0
2,6
1,3
1,3
1,3
0,0
1,3
0,0
2,6
5 Ano
(%)
31,5
25,2
3,1
2,5
3,1
2,5
0,0
0,0
0,0
2,5
1,3
0,0
0,0
1,3
2,5
1,3
1,3
400
Andra Ins Goldschmidt, Ms. Flvia Pereira Lima, Ms. Larissa de Mello Evangelista, Daiany
Folador Sotero, Vanessa Leonel Falchi, Dayane Francisca De Sousa, Ludimila Da Silva Pereira,
Marco Aurelio Mendes Elias
O que observamos de maior interesse dos alunos na atividade pedaggica do tnel ficou tambm demonstrado nas respostas dos
questionrios. O maior destaque foi dado ao uso do microscpio e a
visualizao dos microrganismos. Os primeiros contatos com a Cincia,
atravs de atividades prticas complementando as aulas tericas, provoca nos alunos o encantamento e o despertar para o novo, fazendo com
que a ateno dos alunos seja maior os estimulem a quererem aprender.
Consideraes finais
Higiene e gua so temas centrais de convvio social e individual
de bem estar e sade. Por esses motivos as crianas devem ter contato
com esses assuntos desde cedo, com atividades diferenciadas e instigantes, que estimulem a aprendizagem significativa e a mudana de
posturas.
Observamos a ateno dos alunos ao explicarmos o contedo.
Para eles era legal aprender tocando, vendo, andando, comentando,
discutindo. So importantes esses caminhos diferenciados, que fazem
com que o aluno se motive a aprender cada vez mais.
A partir dos questionrios aplicados conseguimos obter um feedback positivo em relao ao nosso projeto. Entretanto, entendemos
que trs dias de conscientizao no foram suficientes e para que os
resultados sejam mais positivos, atingindo mudanas de posturas,
preciso mais tempo para se trabalhar com assunto. Assim, percebemos
que fundamental a contribuio que os professores da instituio,
continuem trabalhando constantemente esses assuntos em sala de aula.
O estgio, tanto na primeira fase como na segunda fase, possibilita ao estagirio observar e vivenciar a realidade escolar. Porm, deve
ser levado em conta que a idade do aluno influencia no modo de como
o discente deve planejar suas aulas.
O estgio nos anos inicias nos trouxe diversas experincias e
desafios, como por exemplo, lidar com a vontade de vrias crianas de
participar ao mesmo tempo. Percebemos na vivncia como atividades
401
402
Andra Ins Goldschmidt, Ms. Flvia Pereira Lima, Ms. Larissa de Mello Evangelista, Daiany
Folador Sotero, Vanessa Leonel Falchi, Dayane Francisca De Sousa, Ludimila Da Silva Pereira,
Marco Aurelio Mendes Elias
403
Introduo
404
Aline Gomes Machado, Dayse Alisson Camara Cauper, rika Dias de Sousa, Gabriel Augusto
de Lima Barbosa
405
406
Aline Gomes Machado, Dayse Alisson Camara Cauper, rika Dias de Sousa, Gabriel Augusto
de Lima Barbosa
ca uma vez que a Educao Fsica, como disciplina do currculo escolar, pode contribuir com a compreenso terica
e prtica da realidade vivida.
Visto o papel da Educao Fsica em transmitir os conhecimentos da cultura corporal, percebe-se o quanto preciso considerar o
atletismo, muitas vezes negligenciado, como parte fundamental dos
contedos a serem ensinados na escola. Portanto, diante das dificuldades encontradas cabe ao professor buscar solues, antes de utilizar
as barreiras existentes como justificativas, para que os alunos tenham
a oportunidade de conhecer essa modalidade esportiva to tradicional e ao mesmo tempo esquecida. O atletismo segundo a definio da
Associao Internacional de Federaes de Atletismo (IAAF) um esporte com provas de pista (corridas), de campo (saltos e lanamentos),
provas combinadas, como decatlo e heptatlo (que renem provas de
pista e de campo), o pedestrianismo (corridas de rua, como a maratona), corridas em campo (cross country), corridas em montanha e
marcha atltica (IAAF 2010). Suas razes nos indicam que esse esporte
considerado um esporte-base, pois est alicerado nos movimentos
essenciais e naturais do ser humano, como correr, andar e saltar.
Calvo (2005) mostra que alm do atletismo ser pouco trabalhado nas escolas, muitas vezes, o pouco contato com essa modalidade esportiva, quando ocorre, deficiente. Infelizmente, o que se sabe sobre
o assunto, na maioria das vezes, restringe-se ao que divulgado pela
mdia num vis de alto rendimento, relacionado a recordes, ndices,
marcas e competies. Fato que, pode provocar nos professores uma
sensao de impotncia para desenvolver um trabalho com o atletismo
dentro da realidade escolar. Contudo, papel da escola e do professor
de Educao Fsica difundir, esclarecer e proporcionar experincias
acerca dos conhecimentos transmitidos pela mdia (MATTHIESEN,
2005) e isso deve ocorrer tambm em relao ao atletismo.
notvel que a maioria das escolas pblicas brasileiras no oferece uma estrutura ideal para a vivncia da modalidade, como pista de
407
A opo pela perspectiva crtica de educao, ancorada em Saviani, se justifica pela necessidade de assumir a tarefa de educar como
um compromisso estabelecido com o projeto histrico de transformao da sociedade. Desse modo, foram seguidos os cinco passos da pedagogia-histrico crtica como sugere Gasparin: Prtica Social Inicial,
Problematizao, Instrumentalizao, Catarse e Prtica Social Final,
simultaneamente em todas as aulas em consonncia com a:
408
Aline Gomes Machado, Dayse Alisson Camara Cauper, rika Dias de Sousa, Gabriel Augusto
de Lima Barbosa
[...] obra Metodologia do Ensino de Educao Fsica do Coletivo de Autores (1992), obra onde apresentado o paradigma da reflexo crtica sobre a cultura corporal, visando
elevar a formao do indivduo enquanto sujeito histrico,
crtico e consciente da realidade social, em que vive. Para
tanto, parte-se da prtica social, que problematizada pela
constatao, sistematizao, compreenso e explicao
cientfica do real visando a prxis revolucionria, criativa,
superadora, que somente possvel com a ampliao, aprofundamento do conhecimento historicamente acumulado
e da autodeterminao dos estudantes (REIS et al., 2013,
p.10).
409
410
Aline Gomes Machado, Dayse Alisson Camara Cauper, rika Dias de Sousa, Gabriel Augusto
de Lima Barbosa
Buscando favorecer o processo de sistematizao dos conhecimentos foi proposta uma atividade coletiva na biblioteca que consistia
em revisar os temas abordados. A dinmica se deu atravs de questes
discursivas e de mltipla escolha. As perguntas eram apresentadas por
meio de slides e vdeos. Os alunos tinham que discutir em grupo e responder oralmente as questes. Foram utilizados tambm dicionrios e
livros, como material de consulta. Essa atividade despertou nos alunos
o senso de colaborao e tomada de deciso, alm de conhecerem um
outro lado da Educao Fsica que vai alm das quadras.
Foi elaborado pelos estagirios um roteiro de observao/avaliao para sistematizar as reflexes sobre as aulas. Esse instrumento
foi preenchido sempre ao final de cada aula, onde eram analisadas as
seguintes questes: relao professor-aluno; relao aluno-aluno; participao; compreenso; organizao da turma; aproveitamento do
tempo til; pontos de melhoria. Essas anlises tornaram-se um importante instrumento de aferio e acompanhamento do trabalho pedaggico, facilitando assim os planejamentos e as aes conscientes para
a melhoria do ensino nas aulas de Educao Fsica. Pode-se perceber
que os alunos demonstraram uma grande evoluo quanto aos conhecimentos acerca do contedo desenvolvido durante o perodo de regncia. Essa evoluo ainda mais perceptvel ao comparar a avaliao
411
412
Aline Gomes Machado, Dayse Alisson Camara Cauper, rika Dias de Sousa, Gabriel Augusto
de Lima Barbosa
Referncias
Associao Internacional de Federaes de Atletismo (IAAF), 2010.
< http://www.iaaf.org/home > Acesso em 07/08/2015.
CALVO, A. P. O. O atletismo como contedo da educao fsica escolar: estudo realizado com universitrios da UNESP Rio Claro. 2005. 51f. Trabalho de Concluso de
Curso (Graduao em Licenciatura em Educao Fsica)Instituto de Biocincias de
Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2005.
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da educao fsica. So Paulo:
Cortez, 1994.
FAGANELLO, F.R.G. Atletismo Na Educao Fsica Escolar: A Elaborao Colaborativa Do Software Atletic. Tese apresentada ao Instituto de Biocincias do Cmpus
de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obteno
do ttulo de Doutor em Desenvolvimento Humano e Tecnologias. Rio Claro So
Paulo, 2015.
GOINIA. Diretrizes Curriculares para a Educao Fundamental da Infncia e da
Adolescncia, Goinia: Secretaria Municipal de Educao, 2008.
MATTHIESEN, S. Q. Uma abordagem do atletismo escolar. In: MINISTRIO DOS
ESPORTES (Org.). Manifestao dos esportes. 1 edio, Braslia, 2005.
RODRIGUES, A. T. Referncias terico-metodolgicas para a elaborao de sequncias didticas do ensino em educao fsica. In: Reorientao Curricular do 1 ao
9 ano - Currculo em Debate Gois. Goinia, GO, 2010.
REIS, A.P. et al. Pedagogia Histrico-Critica e Educao Fsica. Editora UFJF, Juiz
de Fora, 2013.
413
ANEXO I
PROVAS SELECIONADAS
MATERIAIS
CORRIDAS
Corrida de velocidade, meio
fundo e fundo
Cones
Corrida de Revezamento
Cano PVC
SALTOS
Salto em distncia
Salto Triplo
Salto em Altura
Elstico
LANAMENTOS
Dardo
Martelo
Disco
ARREMESSO
Peso
415
Materiais extra-didticos:
trabalhando com fraseologismos em
lngua francesa
Sirlene Terezinha de Oliveira 1
Introduo
416
2 Comprendre et employer sans dfaut les expressions figes dans une langue particulire, quelle
soit maternelle ou trangre, donne la mesure de notre habilite linguistique.
417
418
Desenvolvimento
Com apenas duas aulas semanais e uma carga horria de uma
hora e meia, difcil desenvolver qualquer atividade extra se ficarmos
totalmente presos ao programa do livro. Mas, pensando nos alunos e
na real importncia desse tema, elaborei atividades curtas, rpidas e
quinzenais para iniciar o projeto e aos poucos ir sentindo a recepo
dos alunos.
A princpio, o primeiro passo dessa pesquisa era o da percepo.
Ao ler os textos e ao desenvolver as atividades propostas, eu esperava
que os alunos ficassem inquietos quanto ao sentido e forma das expresses, pois, s assim, eles perceberiam a presena de fraseologismos
nas atividades. O segundo passo seria o da associao entre o sentido
e a composio dos fraseologismos, e o terceiro seria conseguir que os
alunos usassem os fraseologismos em situaes quotidianas.
Nos dois primeiros anos, nenhum dos meus objetivos foram alcanados. No houve muita contribuio quanto reflexo sobre o que
um provrbio, um dito ou uma expresso idiomtica. Ao que tudo indica, meus alunos de 6 e 7 anos do ensino fundamental no ouviam e
nem usavam expresses idiomticas e nem provrbios. Alguns se lembraram de ditos pronunciados, geralmente, por seus pais e professores
quando eram repreendidos ou aconselhados.
Nessas duas sries, os alunos tm entre 10 e 12 anos e acredito
que a pouca idade tenha contribudo para o insucesso das atividades.
Nessa fase, os pais e adultos que rodeiam a vida dessas crianas, tendem a falar de forma clara para, de fato, serem compreendidos e o
discurso dos alunos, nessa faixa etria, carregado de grias. Pude ento concluir que a experincia de vida desses alunos ainda pequena
para que percebam e saibam usar a sua lngua materna de forma mais
ampla.
419
www.bonjourdefrance.com
Destacamos os pases que foram citados nos mapas, descobrimos suas capitais e seus idiomas, falamos sobre os monumentos e meios
de transporte que apareceram na primeira imagem. Uma contribuio
sempre aparece de algum aluno que j viajou para fora ou que conhece
420
algum que mora no exterior. A segunda imagem caracteriza com roupas e assessrios os habitantes de vrios pases, o que provocou risos
e um ambiente descontrado. Os esteretipos apresentados permitiram
uma boa discusso sobre os aspectos culturais de cada pas. preciso dizer que ficamos quase uma aula inteira apenas com essas duas imagens.
Depois de trabalhar as imagens, eu trouxe um texto cujo nome
Les pays o on parle le franais, traduzindo: os pases onde se fala
francs. O texto fala sobre uma escola onde estudam alunos de vrios
pases e aps a leitura do texto fizemos alguns exerccios de compreenso que privilegiavam as caractersticas de cada pas.
O ltimo exerccio da folha era um exerccio de fraseologismos.
A primeira coluna traz expresses idiomticas relacionadas com as nacionalidades sua, inglesa, espanhola, turca, indiana, escocesa e rabe.
A segunda coluna traz o significado da expresso.
4) En file... indienne ! Voyons ce que ces expressions signifient! Associez lexpression avec le sens correct:
Propositions
Rponses
1) boire en Suisse
(
2) filer langlaise
(
3) le tlphone rabe (
4) une tte de Turc
(
5) en file indienne
(
6) la douche cossaise (
7) parler le franais
comme une vache
espagnole
(
tion, de bouche loreille.
421
422
423
Atividade 2
A segunda atividade foi desenvolvida com a turma do 9 ano do
ensino fundamental e, desta vez, tentei trabalhar com provrbios. A
aula demorou bastante para fluir, pois os alunos no demonstravam ter
muitos conhecimentos sobre eles.
Comecei a aula colocando um provrbio no quadro: une hirondelle ne fait pas le printemps. Imaginei que os alunos se lembrariam
do provrbio em portugus: uma andorinha s no faz vero. Mas
os alunos no sabiam o que era hirondelle (andorinha) e tambm no
conheciam o provrbio em portugus e consequentemente, desconheciam seu significado.
Ento, imaginei que meu exemplo no tivesse sido bom e logo
escrevi um outro confiante de que eles o conheceriam: quand le chat ne
pas l, les souris dansent. Em portugus temos um provrbio idntico:
quando os gatos saem os ratos fazem a festa. Mais uma vez os alunos
me disseram que no conheciam e mesmo quando coloquei o provrbio em portugus, eles me disseram no haver compreendido o que ele
significava. Nesta altura, alguns alunos j haviam perdido o clima da
aula, achando que aquilo no os levaria a nada.
Ento achei melhor entregar logo a atividade e fazer com eles.
Levei uma aula inteira, de uma hora e meia, para desenvolver apenas
uma atividade.
Lisez les proverbes suivants et puis essayez de trouver la bonne
signification.
1. Mieux vaut tard que jamais.
2. Une main lave lautre.
3. Tout vient point qui sait attendre.
4. Plus le cur grandit, moins les paroles sont utiles.
5. Jamais bon chien il ne vient bon os.
6. La nuit tous les chats sont gris.
424
425
provrbios, acredito que primeiro pelo vocabulrio que no era realmente fcil, mas tambm por uma grande dificuldade em entender o
seu significado, mesmo quando eu traduzia ou explicava. A relao dos
alunos com os provrbios me provocou muitas inquietaes, por isso,
decidi intensificar e diversificar as atividades.
No pedi que os alunos desenhassem nessa atividade de provrbios, porm, um aluno ao final da aula, me entregou dois desenhos
ilustrando os provrbios que ele mais gostou. Um de seus desenhos
est em anexo e por ser uma produo espontnea, a meu ver, tem um
grande valor.
Consideraes Finais
Trabalhar atividades extra-didticas tm um aspecto muito positivo que a motivao dos alunos. Apresentar algo diferente daquilo
que fazermos sempre, trabalhar com atividades e temas diferentes dos
j ento trabalhados pelos mtodos de lngua estrangeira rompe com
a rotina, torna a aula mais dinmica e interessante. claro que nem
todos se envolvem da mesma forma, mas o envolvimento de alguns j
torna nosso trabalho de educador mais gratificante.
Acredito que ensinar uma lngua estrangeira seja mais que apresentar apenas novas estruturas gramaticais. Aproximar nossos alunos
da cultura alvo possibilita enriquecer seus conhecimentos e trabalhar
os fraseologismos deixa as aulas de francs mais interessantes e significativas para os alunos.
426
Referncias
GONZLEZ REY, Isabel. La phraseologie du franais. Presses Universitaires du Mirail. Toulouse, 2002.
MOUNIN, Georges. Les Problmes Thoriques de la Traduction. ditions Gallimard. 1963.
ZULUAGA, Alberto. Introduccin al estudio de las expresiones fijas. Frankfurt.
1980.
427
Introduo
ivemos em um mundo que passa por grandes mudanas possibilitadas pelo desenvolvimento tcnico cientfico-informacional que
alteram a vida das pessoas e as relaes delas com o espao geogrfico.
Isto contribui para transformaes significativas na forma de perceber,
viver, o lugar e o mundo, provocando a sensao de que o planeta encolheu. Segundo Harvey: A experincia da compresso do tempo-espao um desafio, um estmulo, uma tenso e, s vezes, uma profunda
perturbao, capaz de provocar, por isso mesmo, uma diversidade de
reaes sociais, culturais e polticas (HARVEY, 1998, p. 219). Esse contexto desafia a educao, a escola e o ensino de Geografia a buscar novas
prticas para atender e realizar o seu papel na sociedade atual.
No Brasil, em particular, e no mundo, de maneira geral, a massificao do uso de novas tecnologias da informao e da comunicao
interferiram nos modos de ser e viver das pessoas, especialmente dos
adolescentes que frequentam as escolas atualmente. Circunstncia que
exige dos docentes reflexo e descobertas de novas pontes de comunicao com os estudantes, a busca e a reviso de mtodos e tcnicas de
ensino visando a eficcia do processo de ensino-aprendizagem.
1 A primeira verso deste texto foi apresentada ao XV Encuentro de Gegrafos de Amrica Latina
realizado em Havana - Cuba de 6 a 10 de abril de 2015, sob o ttulo Brasil, espao geogrfico:
sintonia em canes.
2. Mestre em Geografia pela UFG. Professora de Geografia na Rede Municipal de Ensino de
Goinia - GO. [email protected]
3. Doutor em Geografia pela UNESP. Professor de Geografia do CEPAE/UFG. elson.olanda@
gmail.com
428
429
430
A viso oficial da Geografia escolar no Sistema Educacional Brasileiro demonstrada nos PCNs destaca-a como propulsora da constante busca pelo exerccio da cidadania no Brasil e da compreenso da sociedade brasileira. Para Kaercher (2002, p.225): preciso formar uma
conscincia espacial para a prtica da cidadania. Em resumo, o processo de ensino e da aprendizagem em Geografia, deve correlacionar
os saberes construdos com a realidade vivida. Assim, tem como papel
a construo do indivduo/cidado capaz de fazer diversas leituras da
realidade, como tambm contribuir para uma sociedade melhor para
todos, inclusive com a formao de cidados competentes, reflexivos
e crticos.
Aos professores de Geografia o desafio torna-se ainda mais amplo, considerando que a proposta do ensino de Geografia descobrir
o mundo, analis-lo e explor-lo. Este mundo globalizado em que vivemos tem refletido de maneira desfavorvel no sistema educacional
especialmente na perda dos ideais de educao universal, igualitria,
de boa qualidade e guiada pela formao da cidadania.
Uma das implicaes posta educao pela globalizao da economia sobre a maneira de como o ensino e a aprendizagem devem se
431
432
433
Para Carraro (2013) nas escolas pblicas do Brasil as possibilidades esto abertas para novas experincias pedaggicas, inclusive
com o uso da msica reconhecido, presente e valorizado tambm nos
livros didticos:
So inegveis, contudo, os campos de possibilidades que
temos hoje nas escolas pblicas, as brechas que podemos
434
ocupar enquanto professores e professoras, visando potencializar uma ao ativa, processual e criativa, trabalhando
com os alunos gneros e ritmos musicais que valorizam
as alternncias de percepes espaciais, ao contrrio das
perspectivas, via de regra adotadas pela mdia. Felizmente
constatamos que as colees didticas recentes de Geografia para todos os segmentos da educao bsica esto valorizando mais a linguagem musical como um valioso subsdio para o professor e professora favoreceram uma melhor
aprendizagem discente (CARRARO, 2013, p. 209).
Em suma, os autores citados so unnimes em destacar a importncia do uso das mdias no ensino, no presente caso, da msica.
Na perspectiva apontada neste texto, o papel do professor
de Geografia ao utilizar canes nas suas aulas como estratgia de
ensino de interconectar as letras das msicas com experincias e
prticas socioespaciais do aluno, alm de instigar questionamentos,
possibilitar tenses e imbricaes dos conceitos utilizados pela Geografia e viabilizar o aprofundamento na compreenso dos fenmenos
naturais e humanos presentes na construo do espao geogrfico
em estudo.
A msica pode ser o elo para trabalhos interdisciplinares com
outras reas de conhecimento com contedos previstos e ou oportunizados para alunos da escola pblica, a maioria deles filhos de
trabalhadores. Assim, possibilita ir ao encontro das necessidades do
mundo contemporneo, no qual o apelo audiovisual constante e
favorece trabalhar em sala de aula em conformidade aos Parmetros
Curriculares Nacionais ( BRASIL,1998), que sugere a descrio, a observao, a explicao, a interao, a analogia e a representao do
espao como aspectos relevantes no ensino de Geografia. Realizada
a conexo entre o ensino de geografia e a msica, a seguir ser demonstrada a experincia da utilizao de letras de msica em sala de
aula no Ensino Bsico.
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Para introduzir o estudo do Brasil, a investigao de suas caractersticas e identificao da sua diversidade natural, propusemos a audio seguida da leitura da msica Pas Tropical. Ressaltamos que no
perodo em que a msica foi composta o Brasil estava sob uma ditadura
militar (de 1964 a 1985) fundamentada na ideologia de segurana nacional, no anticomunismo, no qual se estabeleceu a represso e a censura
aos seus opositores. Muitos artistas, especialmente os msicos e cantores usaram vrias metforas para conseguirem divulgar seus trabalhos e
mensagens disfaradas nas msicas e peas teatrais. Foi a maneira que
os compositores encontraram nos anos de chumbo para dar seu recado contornando a censura e tambm estabelecer um segundo sentido
assim como a contestao ao regime militar vigente no Brasil.
Estabelecida uma digresso, passemos a atividade proposta. Inicialmente levantou-se o problema: Em que medida a localizao geogrfica do Brasil influencia na diversidade natural do territrio?
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Introduo
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fim, outros executem de forma programtica; deve sim, ser compreendido e desenvolvido como uma ao conjunta, que passe pela elaborao e desenvolvimento, no e com o coletivo da escola. Desta maneira,
podemos criar formas e modos de concretizar/vivenciar os princpios
da gesto democrtica na escola no como interveno programada,
mas como prxis criadora. Aliado a isto, podemos estabelecer uma relao dialtica entre a pesquisa e a ao, supondo ainda que a pesquisa
deve ter como funo a transformao da realidade (BRASIL, s/d).
O tema proposto pelos alunos estagirios de biologia, no primeiro semestre de 2014, refere-se comunicao crtico-reflexiva no
ambiente escolar, a partir de conflitos observados no perodo de vivncia na escola e aliado anlise da proposta educacional do colgio,
apresentado pelo Projeto Poltico Pedaggico (PPP). Foi percebido
pelos estagirios, que a escola apresenta em seu PPP, a proposta de
despertar de forma crtica e reflexiva, os cidados que ali se formam.
Com base nestas ideias, os acadmicos buscaram compreender de que
maneira a escola vem norteando essas prticas crtico-reflexivas, e se
estas por parte do corpo discente so encaradas como uma realidade
ou uma idealizao.
Diante deste objetivo, os estagirios, ao vivenciarem e investigarem o campo de atuao, verificaram que o CEPAE apresenta um
conjunto de normas estabelecidas entre professores e equipe diretiva,
das quais so apresentadas aos alunos. Durante o perodo de investigao inicial, perceberam divergncias entre as normas estabelecidas,
o discurso da equipe diretiva, dos professores e dos alunos e a realidade vivenciada no colgio. Pensando em compreender melhor estas
divergncias estabelecidas, conversaram com as distintas partes que
compreendem a comunidade escolar, e relataram um discurso seguro
da equipe diretiva, no que diz respeito formao crtico-reflexiva dos
alunos, capaz de ser um diferencial tanto na vida acadmica quanto na
sociedade. Porm, ouvindo as outras partes, constataram uma realidade que destoa em alguns pontos, por apresentar alunos que no cumprem normas e as criticam, sem demonstrarem reflexes a respeito; ou
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Trajetria metodolgica
Em uma etapa inicial, os estagirios realizam um primeiro contato com a escola, e atravs de observaes dirias, organizaram um
roteiro para investigao da realidade escolar, o que designado por
diagnose.
O termo diagnose tem origem grega diagnostiks e sua raiz,
tambm provm do grego (dignosis = discernimento, exame), podendo ser entendido a partir dos seus dois componentes dia + gnosis como
atravs do conhecimento (VASCONCELLOS, 2008, p. 188), revelando
assim que a diagnose vai alm de um observar pelo simples fato de
estar olhando, tendo um comprometimento de um olhar cuidadoso do
estagirio que analisa a realidade de forma crtico-reflexiva. Portanto,
leva em considerao os contextos histricos, polticos e pedaggicos
que a escola est passando ou j passou no decorrer de sua existncia.
Durante o perodo de observao na escola, o primeiro ponto
que chamou ateno se referiu s normas existentes na escola e que
estavam fixadas em um mural. provavel que esse elemento tenha
despertado a ateno dos estagirios, por conta de terem observado
vrios alunos ocupando o ptio da escola no perodo de aula, o que
os levou a questionar, se no haviam normas para tal situao. Ainda,
foi observado pelo grupo, que vrios alunos no entravam utilizando
uniforme, sendo que conforme as normas definidas, era obrigatria
a entrada com o mesmo. Findada essa primeira etapa de observao,
que consistiu em vrias visitas, em que os olhares se voltaram especialmente para a questo da normatizao, foi promovida uma discusso
conjunta entre toda a turma de estgio e a professora orientadora, com
o intuito de direcionar os caminhos com relao a proposta para o Projeto de Interveno Pedaggica (PIP). Durante a discusso surgiram
alguns questionamentos referentes ao no cumprimento dessas regras,
tais como: As normas foram apresentadas e esclarecidas aos alunos?
Existe algum trabalho de conscientizao com relao a estas? Por que
as normas no so respeitadas? Aps a discusso, os estagirios opta-
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Resultados e discusses
A atividade desenvolvida durante trs dias consecutivos contou
com participao significativa, principalmente da parte dos alunos. A
participao dos professores foi maior no segundo dia, pois optou-se
em alguns estagirios passarem em cada sala dos departamentos, perguntando se os professores gostariam de participar do projeto e oferecendo o papel para que eles tambm discorressem sobre suas impresses acerca da escola. A Figuras 1 ilustra as atividades desenvolvidas.
A anlise dos dados foi realizada de forma coletiva. Todas as opinies foram lidas e classificadas em crticas, crticas reflexivas (quando
apontava ou discutia sugestes), elogios e elogios reflexivos.
As respostas foram discutidas de forma geral pelo grupo de estagirios, que analisaram os pontos positivos e negativos dos resultados
do projeto, assim como organizaram os dados em percentuais e grficos, para que resultados pudessem ser apresentados escola.
No que se refere aos dados gerais coletados atravs do PIP, foram obtidas a participao de 430 alunos e de 36 professores e/ou
membros da equipe diretiva (no primeiro dia, obteve-se inicialmente
apenas 2 participaes, no segundo dia as urnas foram direcionadas
at os professores). As opinies estiveram centradas em 31 temas, dos
quais optouse por apresentar os dez temas mais relevantes para crticas e elogios. Dentre o percentual dos alunos, 92% fizeram crticas,
sendo 95% sem nenhuma sugesto ou explicao. Apenas 5% foram
crticas reflexivas. Os elogios representaram apenas 8% das participaes, sendo 94% destes apenas elogios, e somente 6% tratavam-se de
elogios reflexivos. Em relao ao percentual de professores e/ou equipe
diretiva, 58% fizeram crticas, sendo que 100% foram no reflexivas, e
42% fizeram elogios, tambm sendo 100% no reflexivos.
Ainda no que diz respeito aos dados gerais encontrados, quanto
aos temas levantados, as dez crticas e dez elogios principais levantados pelos alunos esto representados nos Grficos 1 e 2 e no Quadro 1.
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VASCONCELLOS, C. dos S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto poltico-pedaggico. Libertad, v. 1,2008.
Parte VI
OUTRAS ESCOLAS, INSTITUIES E PESQUISADORES
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Introduo
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apenas, com Lagneau e Alain, que a altura e a largura pressupem a profundidade, porque um espetculo em um s
plano supe a eqidistncia de todas as suas partes ao plano
de meu rosto: essa anlise s concerne largura, altura e
profundidade j objetivadas, e no experincia que nos
abre estas dimenses. O vertical e o horizontal, o prximo
e o longnquo so designaes abstratas para um nico ser
em situao, e supem o mesmo face-a-face do sujeito e
do mundo (MERLEAU-PONTY, 2011, p. 360).
O crescente nmero de imagens que, via de regra, integra o cotidiano dos sujeitos nos dias atuais alvo de estudos de autores preocupados em discutir as consequncias deste fenmeno na sociedade
(HERNNDEZ, 2007; MARTINS, 2007; DEBORD, 1997). Tal assunto
envolve consequncias que perpassam o aspecto do consumo incitado
por estas referncias visuais, influenciando o modo de os sujeitos lidarem com o espao urbano, com o espao digital, com o tempo, com
o dinheiro, com o outro, com o corpo e suas vestimentas, dentre tan-
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Viabilizar a organizao de Mostras peridicas dos resultados imagticos construdos, na expectativa de fomentar a
relao escola-comunidade.
O foco metodolgico destes objetivos a construo de atividades experimentais. Vale esclarecer que essa dinmica se distingue do trabalho realizado em atividades convencionais de um curso
tcnico de informtica ou de fotografia, por exemplo, por abranger a interconexo de contedos matrizes, tais como: informtica
aplicada, jogos didticos digitais e edio de imagens e vdeos. Estes contedos so explorados em todas as turmas do Ciclo II, em
diferentes nveis de aprofundamento, que so determinados pelo
desenvolvimento cognitivo e tcnico dos estudantes no decorrer do
ano letivo.
A metodologia de ensino adotada, portanto, contempla aulas
expositivas e prticas envolvendo atividades individuais e coletivas que
integram no s contedos de diferentes disciplinas, como tambm os
explicitados abaixo:
1 Trimestre
- Introduo sobre anlises de imagens
- Jogos digitais didticos (interao e familiaridade digital)
- Desenvolvimento de anlises de vdeos temticos e filmes selecionados
- Conceitos e tipos de mdias contemporneas
- Informtica e incluso digital
- Noes bsicas de informtica
- Hardware e software
- Tcnicas de digitao
- Segurana e limites de uso da internet
- Trabalho, pesquisa e diverso na internet: limites e implicaes
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2 Trimestre
- Fotografia bsica e interveno na imagem
- Anlise de imagens/fotografias
- Livre produo fotogrfica x produo temtica
- Edio de imagem e arte digital
- Narrativas visuais
3 Trimestre
- Vdeo bsico e produo audiovisual
- Gneros cinematogrficos
- Tcnicas de filmagem
- Elaborao de roteiros
- Construo de personagens
- Produo de vdeos curta-metragem
As figuras 1 a 6 ilustram parte do processo de trabalho aqui implicado (vide final do artigo). Visando preservar as identidades dos
alunos envolvidos, vale mencionar que as faces dos mesmos foram camufladas nas imagens que compem este artigo.
O processo de avaliao adotado em Comunicao e Multimeios
se efetiva contnua e processualmente, tendo como principal critrio o
envolvimento e a participao dos estudantes nas atividades semanalmente propostas.
Alguns resultados desse trabalho foram exibidos comunidade
escolar (alunos, responsveis, gestores, professores e funcionrios) no
evento Mostra de Curtas-Metragens promovido pela EMTI Mnica
de Castro Carneiro no II semestre de 2015.
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Consideraes Finais
O relato de trabalho aqui exposto no representa uma proposta
fechada, sujeitando-se a adaptaes que acompanham a dinmica do
cotidiano escolar no decorrer do ano letivo. Por este motivo, no que
tange explorao integral da proposta, fundamental o quesito autonomia para o desenvolvimento de contedos diferentes e/ou de uma
cronologia distinta da proposta inicial, tanto em virtude dos recursos
disponibilizados pela Escola, quanto pela prpria natureza experimental da atividade especfica em pauta.
Convm elucidar que, muito embora o uso de tecnologias contemporneas no contexto escolar no seja garantia de trabalho bem
sucedido, o poder de atrao e estmulo que essas ferramentas exercem na vida cotidiana fazem delas um instrumento didtico potencial.
Cabe a todos os envolvidos com o processo educacional o papel de
mediar o uso desses aparatos comunicacionais, e interpretao de seus
produtos, em prol de uma sociedade mais lcida e civilizada.
O lugar do professor, nesta empreitada, constitui um espao de
extrema responsabilidade. Afinal, seria um grande equvoco pretender
atribuir o sucesso ou fracasso de um trabalho pedaggico presena
ou ausncia de recursos. O uso de mdias contemporneas tanto pode
contribuir com um ensino significativo quanto atrapalhar. A mediao
docente, (o que integra as escolhas metodolgicas, os planejamentos e
a atuao em sala), portanto, foi o fator determinante que cerceou todo
o desenvolvimento do trabalho.
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471
Introduo
ste texto apresenta uma reflexo inicial acerca de uma experincia de estgio curricular obrigatrio do curso de Pedagogia realizada em um circo. Compreende-se essa experincia como um duplo
processo: de formao contnua da professora-orientadora de estgio
(formao do formador) e de formao inicial do grupo de alunos
estagirios. Do ponto de vista da formao profissional, entende-se
que coexistindo com uma dimenso de desenvolvimento de um conjunto de disposies preexistentes, de orientaes a serem seguidas,
tambm uma dimenso que investe no que ainda no tem forma definida constitui esse processo (Larrosa, 2003). No caso apresentado,
a dimenso em devir se apresenta intensificada desde o incio pela
interlocuo historicamente incomum entre academia e circo em
campo de estgio. Nessa perspectiva, dois aspectos so abordados: a
construo da possibilidade de dilogo entre instituies diferentes
(academia e circo) e a inveno de possibilidades de interlocuo entre prticas pedaggicas acadmicas e prticas pedaggicas circenses.
Considera-se que alguns indcios apontam para um contgio inicial
entre prticas pedaggicas de ambas as instituies no decorrer do
trabalho de estgio. O circo passou a habitar a sala de aula de estgio, por exemplo, com a incluso de poesia no incio das aulas por
sugesto do grupo de estagirios aps vrias idas ao campo. Como
essa atividade no constava no planejamento inicial da disciplina,
1 Doutora em Educao pela UFRGS. Professora de Pedagogia da Faculdade de Educao da
UFG. [email protected]
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Na coexistncia entre estas dimenses da formao: o formar a partir do desenvolvimento de um conjunto de disposies
preexistentes em relao a um modelo ideal do que ser humano
e o formar como um vir a ser plural, sem uma ideia prescritiva de
2 Parte deste texto foi apresentada em comunicao oral no II RIEC e VII INCREA, realizados
em Goinia, em setembro de 2015.
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Como professora-orientadora de estgio, eu desconhecia o campo no qual atuaria, mas sabia, pelo documento de solicitao enviado
Faculdade de Educao, que havia l um grupo disposto a dialogar
com a universidade para enfrentar suas demandas, pois, do contrrio, o convite no teria sido feito. Logo, tanto o convite como o aceite
passaram a indicar uma disponibilidade de ambos os grupos para o
dilogo. E esta era uma dimenso de abertura para a inveno: duas
instituies que historicamente no tem uma tradio de atuar juntas,
3 A coordenao pedaggica exercida pela professora Seluta Rodrigues e a coordenao
administrativa por Valdemir de Souza (palhao Maneco Marac).O Circo Laheto atua em
Goinia desde 1994 e desenvolve trabalhos com crianas que, em sua maioria, vivem sob
condies materiais e sociais precrias. As atividades so realizadas no contraturno escolar. . Site
www.circolaheto.org
4 O convite fora encaminhado tambm no ano anterior, mas no havia sido acolhido por nenhum
professor.
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compreender, de analisar, de interpretar os fenmenos percebidos nas atividades de estgio. Assim, o estgio torna-se
possibilidade de formao contnua para os professores formadores. (PIMENTA; LIMA, 2010, p. 114)
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Apesar de todo o cuidado que tivemos no planejamento das atividades para evitar que isso acontecesse, o discurso pedaggico escolar
se fez presente vrias vezes nas falas das crianas/adolescentes sob a
forma de resistncia s propostas de atividades: Tem que escrever?
Ah, escrever, mas eu j escrevi de manh na escola! Vai valer nota esta
tarefa? Quantas linhas tenho que fazer? Eu no sei escrever histrias!
Eu no sei ler assim..., no quero ler agora.
Algumas vezes, discutindo com o grupo de estgio nas salas da
faculdade, eu dizia que no sabia como agir, mas que inventaramos
um caminho juntos, contando com o auxlio da equipe do circo. Foi
fundamental o apoio da coordenadora pedaggica que acompanhou
todo o trabalho e sugeriu, discordou, auxiliou, acompanhando no somente o planejamento mas participando tambm das avaliaes que
fazamos aos finais de tarde, aps as oficinas, sentados na cantina do
circo. Foram movimentos de cuidado com o outro, de busca de aproximao do circo com a universidade.
Em uma oficina, quando cheguei a um dos grupos de trabalho
coordenado por uma dupla de estagirias, e que estava reunido em
um dos picadeiros, que um espao bastante amplo, percebi que as
crianas/adolescentes se divertiam com outros afazeres e no realizavam a atividade proposta. Por um momento tive saudade das paredes
das salas de aula, como se elas pudessem resolver o problema! Naquele
contexto, nos faltavam referncias que indicassem um modo de agir
no escolarizado que tentasse fazer as crianas retornarem atividade
proposta. No havia uma diretora para a qual pudssemos encaminhar
uma criana que no estava realizando a atividade, nem caderno de
registro de ocorrncia a ser preenchido, recreio a ser suspenso, ou a
possibilidade de mandar bilhetes para os pais - prticas comuns em
muitas escolas nas quais havamos atuado. O dilogo sempre a ao
a ser adotada quando h algum problema em relao s crianas - foi o
que descobrimos no decorrer da nossa vivncia no campo de estgio.
As questes, sempre que possvel, so cuidadas logo que os problemas
acontecem com a(s) criana(s) envolvidas, seja atravs de dilogo com
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um arte-educador, em uma primeira instncia, seja pela prpria coordenadora pedaggica, quando se faz necessrio.
Desde ento, a disciplina tornou-se um objeto de investigao
para todo o grupo de estgio. Comeamos a observar mais sistematicamente que as crianas buscavam e traziam suas cadeiras na hora
da brincadeira coletiva quando era necessrio, lavavam os copos do
lanche e os devolviam mesa na cantina, no colocavam lixo no cho,
auxiliavam uns aos outros nas atividades.
Em meio ao caos, de um jeito que nos era ainda incompreensvel, percebamos um outro modo de organizao das crianas/
adolescentes e dos arte-educadores e tais observaes passaram a ser
consideradas no planejamento das oficinas, como, por exemplo, optar
por atividades nas quais as crianas pudessem interagir umas com as
outras, cooperar entre si, pois as observaes nos mostravam que essa
era uma prtica comum nas atividades.
Tambm descobrimos que as brincadeiras realizadas no incio
das tardes quando todos se reuniam no picadeiro principal para uma
conversa inicial sobre as atividades do dia, eram sempre coletivas e
cooperativas. No vivenciamos nenhuma atividade individual e/ou
competitiva sendo realizada pelas crianas/adolescentes. Algumas
atividades at poderiam demandar aes individualizadas em algum
momento, mas sempre eram propostas como opo para as crianas.
Ningum se expunha a menos que decidisse fazer isso.
Nesse movimento de estranhamento em relao ao outro e, ao
mesmo tempo, de abertura para o dilogo em busca de aproximaes,
fomos construindo um caminho possvel entre as prticas pedaggicas
que trazamos da academia e as prticas pedaggicas que conseguamos aprender com o circo.
Consideraes
O projeto Brincando com a leitura e a escrita, desenvolvido pelo
grupo de estagirios sob orientao da professora de estgio, foi sen-
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zada pelas crianas/adolescentes, mas pela primeira vez elas encenavam seus prprios textos, sendo simultaneamente autores, leitores e
personagens de suas prprias histrias e de histrias de seus colegas.
Os nomes dos autores das narrativas no foram revelados de antemo.
Deixamos que as prprias crianas descobrissem quais colegas eram os
autores das histrias encenadas por elas.
Retomando o conceito de formao de Larrosa (2003), o processo vivenciado tanto pela professora de estgio como pelo grupo de
estagirios trouxe as vozes da academia para o circo, o que pode ser
compreendido como a dimenso do previsvel, do conjunto de disposies preexistentes que deveriam ser realizadas, por tratar-se de uma
disciplina de estgio inserida em uma grade curricular de um curso da
universidade e que chega ao circo com um objetivo pedaggico (ensinar leitura e escrita). Mas esse processo de formao tambm foi marcado pelas vozes do circo - lugar do outro - que, trazendo o inesperado,
produzindo o estranhamento, acabou por transformar as prprias prticas pedaggicas acadmicas na tentativa de produzir um encontro
com as prticas pedaggicas circenses.
Tais possibilidades de encontro continuaram a serem inventadas no ano seguinte, quando foram desenvolvidos os projetos Rdio
Circo e Magia, no primeiro semestre, e O espetculo vai comear, no segundo semestre e tambm no ano de 2013, quando o projeto chamouse Corpo e circo. O trabalho foi retomado em 2015 com dois projetos:
Problematizando questes tnico-raciais e de gnero (turno matutino,
com crianas de 6 a 9 anos) e Problematizando questes de gnero (turno vespertino). A opo por tais temticas aconteceu a partir de uma
articulao entre observaes feitas pelos estagirios no primeiro semestre e temas transversais propostos para serem trabalhados dentro
do objetivo geral de desenvolvimento humano e educao integral do
Circo Laheto.
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Maria Glria Dittrich, Edimar Blaskowski, Fabio Paulo Belli, Paulo Rogrio Ferreira
Todo ser humano consciente de si tem o desejo de emanciparse, ser dono de si, ele necessita de caminhos, veredas escolares de
sabedorias que constroem o seu ser no mundo. Aqui vereda se entende
como caminhos, metodologias, estratgias, epistemologias para realizar algo a algum. Dentro desse entendimento sabe-se da importncia
da educao escolar como uma vereda tica de formao de conscincia e de atitude no que diz respeito ao outro, enquanto ser que tambm busca sua emancipao nas veredas da escola, como caminho de
formao para o desabrochar da sabedoria e autorealizar-se nas suas
necessidades no convvio social.
Destarte, uma das grandes caractersticas do perodo moderno
a barbarizao, pela promoo da violncia irracional, injustificada,
praticada deliberadamente nas amplas relaes socioculturais. So
inmeras formas de explorao e opresso, que violando a dignidade da pessoa, comprometem o bem estar social. Porm, as veredas do
mundo escolar no se escaparam disso. Os indivduos se encontram
assim, submersos num estado de total e constante insegurana, no
tm garantia de sua autonomia e liberdade e se sentem ameaados por
uma invaso de informaes e aes inusitadas que colocam em xeque
a sua sade mental e sua paz social. Tal situao resultado de conscincias que, em seu itinerrio, veredas escolares formativas, no obtiveram o auxlio necessrio a fim de tornarem-se emancipadas.
O presente artigo est dividido em trs veredas explicativas,
como caminhos de compreenso do tema aqui tratado. A primeira
corresponde conceituao do termo barbrie e identificao de como
esse trava a dimenso emancipatria do ser humano. Identificar-se- a
presena de formas de barbarizao contidos na sociedade atual, marcada por elementos de violncia que se fizeram presentes j nos campos de concentrao de Auschwitz. Na segunda implica apresentao
do entendimento de emancipao, com indicativos de qual vereda, caminho, que a educao pode trilhar para que sua efetividade acontea.
Por fim, na terceira vereda se estabelece nexo entre os conceitos de barbrie e de emancipao, para mostrar a concepo de educao eman-
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[...] a barbrie existe em toda parte em que h uma regresso violncia fsica primitiva, sem que haja uma vinculao transparente com objetivos racionais na sociedade,
onde exista, portanto a identificao com a erupo da
violncia fsica. Por outro lado, em circunstncias em que
a violncia conduz inclusive a situaes bem constrangedoras em contextos transparentes para a gerao de condies
humanas mais dignas, a violncia no pode sem mais nem
menos ser condenada como barbrie.5
A barbrie entendida por Adorno como uma triste aurora atualmente presente, e que deve ser combatida desde as veredas escolares.
A nica forma de combater as diversas barbries do mundo incentivar a humanidade, em especial as crianas e jovens, para que desenvolva uma reflexo crtica, acerca das atrocidades de um mundo voltado
para o consumo, prazer e poder. No ser isto um grande desafio para
a escola contempornea?
Adorno enfatiza a experincia dos campos de concentrao, em
especial os de Auschwitz, destinados a oprimir, torturar e matar milhes de seres humanos, considerados inferiores pelos nazistas. No
possvel, humanamente falando, justificar e permitir tamanha barbrie
e desapropriao do ser humano, na busca de torn-lo um no ser no
mundo. Pensando sobre as veredas escolares no que diz respeito violncia de toda ordem,
Auschwitz representa uma marca do passado, do presente
e do futuro. Uma lembrana que move aquilo que nos representa o sofrimento do passado, a angstia que sentimos
no presente e a culpa que nos acompanhar no futuro. A
educao s ter sentido como educao se dirigida a uma
autorreflexo crtica e passa a ter a funo de no deixar que
este fato do passado seja esquecido e assim, faz-lo sentir5 ADORNO, 1995, p. 159-160.
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Para que Auschwitz no se repita, devemos considerar as criticas de Adorno a respeito de uma educao como um processo emancipatrio. Afirma ele que estamos mergulhados em um mundo que,
de modo sutil, nos leva a uma realidade parecida com Auschwitz, e a
nica forma de evitarmos isso desenvolvermos uma autorreflexo
crtica sobre ns mesmos. Para Guesser (2011) o nome Auschwitz, em
particular, vem a representar o prprio inominvel na obra de Adorno:
a tragdia da histria, diante da qual precisam ser suscitadas questes
transcendentais a respeito da possibilidade da filosofia, da arte e da
liberdade. Com efeito, papel da escola, como responsvel por uma
educao fundamental, vereda importante, implica promover a construo de uma sociedade com pessoas livres, capazes de pensar e de
criarem oportunidades de promoo da justia para o bem comum
dentro das cincias naturais, humanas e sociais.
O que Adorno prope, diante do diagnstico do presente,
um trabalho de autorreflexo crtica sobre ns mesmos,
fazendo-nos reconhecer os mecanismos inconscientes que
produzem a personalidade autoritria e dominadora que
existe em cada um de ns. Uma proposta que possibilita
que Auschwitz no se repita no presente. (SILVA; BITTENCOURT, 2011, p. 3234).
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Neste sentido, o ser humano deve no s fazer um reconhecimento de si, mas do outro e da natureza, pois a satisfao de uma
autoconscincia realizada na medida em que se depara com outra
autoconscincia, capaz de acolhimento s diferenas e de cuidado a
elas, pois nessa atitude que se reconhece como pessoa que busca realizar seus objetivos para encontrar o sentido de viver. (ESPINDOLA;
DITTRICH, 2015) Esta ideia aponta uma vereda de educao tica de
repeito e responsabilidade para com a vida. No entanto, na relao ser
humano-sociedade ainda existe as divises sociais, as quais vo se configurando ao longo do tempo, tomando uma via de mo dupla. Por
um lado, pessoas se tornam mais esclarecidas e proativas e por outro,
vivem veredas culturais que acabam, em certos aspectos de sua personalidade, sendo foradas a regredir para os estgios mais primitivos. Com efeito, pelo processo de consumo em um mundo capitalista
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em que, conforme os ensinamentos da psicologia profunda, todo carter, inclusive daqueles que mais tarde praticam
crimes, forma-se na primeira infncia, a educao que tem
por objetivo evitar a repetio precisa se concentrar na primeira infncia. (ADORNO, 1995, p. 122)
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Para Adorno, o professor, tentando afirmar-se perante os alunos, envolvido em um jogo desonesto, no qual acredita ter como
dever castigar e utilizar seus conhecimentos de modo a obter vantagem perante o saber dos alunos. Neste sentido, o processo formativo dos alunos baseia-se na autoridade (quando no no autoritarismo) do professor. Em muitas situaes, ele assume o papel
de influenciar, convencer ou iludir, o que perpetua a ausncia da
possibilidade de se desenvolver a emancipao dos que esto sob a
sua tutela. O papel do professor no deve ser elogiar os alunos que
se adaptam, que no questionam, que aceitam incondicionalmente
o que est sendo proposto, passivamente, sem barulho. Nem excluir
os que no se enquadram no que est planejado, dando-lhes expulses, suspenses ou os gritos. Os professores precisam ser educados
para refletir sobre sua atuao profissional e sobre sua relao com
a sociedade como um todo. Devem ser conduzidos, de modo que,
por experincia pessoal, superem o conformismo, a adaptao cega.
Alm disso, para que possam desenvolver a capacidade de amar e
acolher, to necessria ao processo educativo, fundamental o interesse e o entusiasmo.
A educao emancipatria torna-se uma vereda escolar, como
uma via de esperana de libertao para o livre pensar e criar e dentro
disso emerge a necessidade para abrir o olhar pedaggico transdisciplinaridade, para no se fechar em noes de currculos fechados e
fragmentados nos saberes e metodologias ativistas. Por isso, a educao emancipatria deve investir na desbarbarizao da violncia per-
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Introduo
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nez (1997). A criatividade entendida neste ensaio como uma expresso da subjetividade luz da psicologia histrico-cultural.
Falar de criatividade no uma tarefa fcil. Apesar do termo
estar muito presente na literatura cientfica e cotidiana, no h uma
definio nica deste conceito. oportuno lembrar que criatividade
tem sido apontada, pelo senso comum, como um fenmeno mgico e
misterioso, que acontece no homem independentemente das circunstncias e do meio no qual ele est inserido. Em tempos de tecnologias
avanadas e formas muito complexas de interao e comunicao, ser
considerada uma pessoa criativa, tem sido o objetivo da maior parte
dos indivduos que buscam destaque em todos os espaos sociais nos
quais esto inseridos.
A ideia de criatividade como um fenmeno intrnseco essncia humana, no aconteceu nem alcanou tal hegemonia por acaso.
Autores como Amabile (1989) e Runco (1996) concordam com o fato
de que a criatividade faz parte da natureza humana e, portanto, ir
se desenvolver em maior ou menor grau dependendo das condies
ambientais e sociais. Neste caso a cultura interfere nos nveis de criatividade, mas no na sua origem.
Quando analisamos os estudos do pesquisador espanhol Saturnino de De la Torre (2005), autor da oficina proposta no II RIEC, observamos que a criatividade considerada a qualidade mais prxima
e especfica do ser humano. O homem , na sua essncia, um ser que
cria e isso o que o diferencia dos outros animais. E continua suas
observaes: criatividade a deciso de fazer algo pessoal e valioso
para satisfao prpria e benefcio dos demais. (p. 13). Para ele, o ser
humano s chega a sua autorrealizao quando desenvolve ao mximo suas potencialidades. E este desenvolvimento tem muito a ver com
uma deciso pessoal, principalmente no grau de implicao e entusiasmo. Continuando, o autor firma que a criatividade possui um significado pessoal que no menos importante que o significado social e
cientfico. Neste contexto, De la Torre (2005) menciona quatro estados
ou tipos de criatividade. O primeiro deles seria a criatividade filoge-
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Assim a formao defendida no referido Parecer confere escola a tarefa de organizar um percurso formativo aberto e flexvel que
extrapole a presena dos componentes curriculares oficias incluindo
tambm outros componentes flexveis e variveis que possibilitem
percursos formativos que atendam aos inmeros interesses, necessidades e caractersticas dos educandos (BRASIL, 2010, p. 22). A escola
para o Parecer precisa acolher diferentes saberes, diferentes culturas
e ticas e empenhar-se em se constituir como espao de pluralidade
fundamentada no principio emancipador.
Percebe-se, portanto, a existncia de um contexto bastante favorvel, do ponto de vista terico e poltico para o desenvolvimento de
currculos mais flexveis, favorecedores de uma formao de sujeitos
autnomos e criativos.
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Para a autora, a criatividade concebida luz da teoria histrico-cultural, no uma potencialidade com a qual se nasce, mas um
processo complexo da subjetividade humana que se constitui a partir
dos espaos sociais de vida do sujeito. Desta forma, a criana pode
ou no desenvolver recursos psicolgicos que lhe permitiro aes
criativas em contextos sociais determinados. Isto se d, pela posio
que o sujeito ocupa na hora de se expressar criativamente. Sobre isso,
assinala que o sujeito quem, em sua projeo e diante das situaes
enfrentadas, utiliza e atualiza seus recursos personolgicos para comportar-se criativamente. (p.51). Recursos personolgicos no inatos,
mas constitudos a partir das interaes, comunicaes e vivncias do
sujeito nos mais variados espaos sociais que ele atua.
Mitjns Martnez (1997) estuda a criatividade que se mostra
presente na maior parte das pessoas. A autora entende que este processo humano constitudo na relao histrica que o indivduo estabelece com o seu contexto social. Histrico no somente no sentido da
histria passada do sujeito, mas sim, referindo-se natureza dos pro-
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Cenrio: a professora Rute, que tinha uma excelente formao pedaggica, participou de um curso para aprender
novas diretrizes de reforma educacional. Na verdade, as
informaes recebidas no curso ministrado pelo Governo,
embora no tenham fornecido informaes relevantes, gerou na professora uma reflexo e conscientizao sobre as
atuais perspectivas do currculo. Essa conscincia provocou-lhe certo conflito com sua prpria concepo de ensino. E por isso que este, no terminou na sala de aula, mas
durante a anoite teve uma espcie de viso conflitiva entre
o formalismo, a burocracia administrativa e seu trabalho
como professora de estudantes do ensino mdio. Em seu
sonho aparecem pessoas como objetivo, contedo, Estratgia, Avaliao. Ela os associou imediatamente ao currculo
estabelecido, mas tinham opinies diferentes.
Contedo: evidente que o futuro do ensino depende de
mim. Sou a chave do currculo e sem mim no h formao possvel. Professores e estudantes tm olhares em mim
como o seu favorito.
Objetivo: assim foi durante muito tempo, quando os idealizadores do currculo identificaram a educao como
instruo. Mas os tempos mudaram, amigo e os objetivos
decidiram a dieo e o que pretendiam.
Contedo: no se engane. Por mais que os tericos se esforcem, na prtica, docentes e estudantes se orientam pelos
contedos que precisam aprender. E toda a reforma implica
numa mudana de contedos.
Objetivo: e nas finalidades e metas tambm. Cada reforma
vem marcada por prioridades e valores prprios da poca, por alguns princpios. Dcadas atrs o importante era
o domnio dos conhecimentos, hoje so mais importantes
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Contedo: mas controles como o PISA Programa Internacional de Avaliao de Estudantes) nos obrigam a adquirir
determinados conhecimentos e domnios, isso se no quisermos ficar atrs de outros pases.
Avaliao: ests enganado amigo. A onda industrial tem
sido superada pelas telecomunicaes e tambm pala conscincia. No entanto, continuamos obcecados com os resultados acadmicos padronizados e suas comparaes; e enquanto, deixamos de fora pessoa com peculiaridades suas
potencialidades seu progresso, sua capacidade de ser feliz
e fazer aos demais felizes. Veja china, Cingapura, conseguiram as pontuaes mais altas no teste PISA e sem duvida
est pensando em mudar o sentido educativo.
Relator: Assim, os elementos curriculares seguiram mudando suas opinies, imitando de creta forma, o que acontece quando alguns docentes se renem. Alguns adotaram
uma postura baseada na realidade do modelo curricular e
outros, como objetivos mais utpicos e dispostos a mudar,
esperaram a chegada do currculo que nunca veio. A professora Ruth sentiu como se estivesse aberto uma janela por
onde entrava um ar fresco. E viu um novo personagem com
aparncia de currculo, mas que na realidade era o Cenrio Formativo. Era um personagem alegre, dinmico, entusiasta, criativo e os elementos curriculares se aproximavam
dele. O que foi dito no se sabe, somente a tarefa orientada.
descrever como seria uma aula criativa e que papel teriam
vocs em um cenrio formativo baseado na autonomia e na
criatividade. E Ruth acordou pensando qual o significado
do seu sonho.
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sa, contudo entendendo que cada elemento curricular citado importante para o bom andamento das atividades na escola.
Elementos da Oficina como Expresso da Criatividade
Ao analisarmos a Oficina proposta pelo Professor Dr. Saturnino De La Torre, avaliamos que alguns indicadores de criatividade
esto presentes, principalmente pela nova forma de trazer reflexo
os elementos do currculo. A encenao proposta levou cada participante da Oficina a pensar sobre as atividades desenvolvidas na escola
de uma forma completamente diferente da qual esses elementos eram
pensados at agora. O aspecto novidade, apresentado no conceito de
criatividade de Mitjns Martnez (1997), estaria, neste caso, na forma
de apresentar os elementos curriculares, levando cada participante da
Oficina a uma reflexo interessante e nova sobre o papel desses elementos em sua prpria prtica. Esta reflexo do trabalho docente, seria
o que a autora chama de valor social que tambm deve estar presente
na expresso criativa.
Assim, o professor Saturnino de La Torre nos apresenta uma
possibilidade de pensarmos o currculo de uma forma ainda nunca
pensada pela maior parte dos participantes da Oficina. Assim, quando ele apresenta um cenrio em que todos os componentes curriculares tm voz e podem expressar aquilo que desejam, alguns elementos
criativos so expressos nesse cenrio, levando em considerao o fator
novidade e relevncia social.
A primeira ideia que queremos frisar a noo de que necessrio que os elementos que constituem o currculo escolar sejam
visveis e que consigam se fazer expressar a toda a comunidade escolar.
Assim, necessrio que os sujeitos envolvidos no processo educacional abracem os elementos do currculo e que estes passam a ter um
sentido psicolgico para cada um desses sujeitos.
Gonzlez Rey (1995), afirma que, medida em que o indivduo
vai se desenvolvendo como sujeito psicolgico, maior e mais complexa
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a mediao subjetiva existente entre ele prprio e seu o contexto social. Segundo o autor, esta mediao se d em dois nveis: o primeiro,
num nvel mais elementar, quando o sujeito tem menor controle intencional; o segundo definido pelo aumento do espao intencional do
sujeito, que abraa os elementos do meio social que passam a ter um
sentido psicolgico para ele. O homem, em sua condio de sujeito
(condio adquirida desde muito cedo e caracterizada pela intencionalidade e autodeterminao), no se subtrai, em nenhum momento,
do espao interativo de suas relaes sociais, elemento inseparvel de
seu desenvolvimento.
Ao dar vida e sentimentos a cada elemento que compe o currculo escolar, De La Torre, cria zonas de sentidos subjetivos, tornando
centrais os processos comunicativos que se estabelecem entre sujeito e
os elementos curriculares, a princpio, distantes, tericos e marginais
sua prtica. O sujeito quem d significado e inteligibilidade ao currculo que ter uma imerso viva e ativa na comunidade escolar. Todos
os sujeitos envolvidos no processo de desenvolvimento do currculo,
na escola, passam, assim, de seguidores de regras para sujeitos interativos que definiro e daro sentido para as atividades propostas no
Projeto Pedaggico da Escola e na produo terica do currculo. Pois,
a vivncia das atividades escolares estaro associadas ao desenvolvimento progressivo de zonas de sentido em relao ao currculo.
A segunda ideia que percebemos ao participar da Oficina do Dr
De La Torre e que estamos considerando como um elemento criativo
da sua ao, o fato de que o dilogo pressupe uma conversa entre,
no mnimo, dois interlocutores. Uma conversa pressupe a expresso
de sentimentos e palavras que possuem um significado, um significante e sentidos subjetivos individuais e singulares.
Uma escola composta por vrias pessoas, que possuem vrios
nveis de conscincias semioticamente constitudas nas e pelas interaes que estes sujeitos estabelecem com o seu contexto social e histrico. Assim, podemos ir mais adiante e afirmar que a nossa conscincia
formada por significados expressos em palavras da lngua portuguesa,
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nidad prope uma mudana de via, mudana nos caminhos da sociedade atual, por meio da articulao entre: reforma do pensamento;
reforma da sociedade; reforma da vida; reforma da educao; reforma
da universidade; atravs do que denomina poltica de humanidade3 e
poltica de civilizao4.
A finalidade da educao passa a ser pensar complexo e transdisciplinar a fim de promover metamorfose social, individual e antropolgica (MORIN, 2011a) e, portanto, salvaguardar a humanidade, a
Terra-Ptria e dar prosseguimento ao processo de hominizao (MORIN, 2003).
Emergem inovaes nas intencionalidades dos professores de
ps-graduao entrevistados, e que estes pretendem rever a finalidade da educao, da formao humana, e construir um fazer docente,
com concepes, processos e estratgias complexas e transdisciplinares.
As inovaes didticas identificadas nesta pesquisa foram construdas por meio de prxis complexas e transdisciplinares (SUANNO,
2012, 2013), a partir da reforma do pensamento (MORIN, 2007a), em
processos de docncia transdisciplinar (MORAES, 2008).
Emerge uma prxis complexa e transdisciplinar construda por
meio de uma relao ternria entre teoria, prtica e experincia do
sujeito (subjetiva, biogrfica, autopoitica) a fim de promover aes
transformadoras, ou seja, metamorfoses sociais, individuais e antropolgicas (MORIN, 2011a). Tal prxis se constri a partir da reforma do
pensamento caracterizada por Morin
Os entrevistados resignificam a prtica docente por meio de
novas relaes entre sujeito-objeto-vida, teoria-prtica-ao, e assim
criam aes transformadoras do sujeito, do conhecimento e das rea3 A poltica de humanidade pauta-se no humanismo planetrio, na governana global, em outra
lgica poltico-econmica capaz de promover simultaneamente processos de globalizao e
desglobalizao; crescimento e decrescimento; desenvolvimento e involuo; transformao e
conservao.
4 A poltica de civilizao visa ser capaz de garantir a dignidade humana, a diversidade cultural,
e ser capaz de fomentar: poltica de qualidade de vida; poltica de convivncia; poltica ecolgica;
poltica de solidariedade; por meio da cidadania planetria e da sustentabilidade do planeta.
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O princpio da reintroduo do sujeito cognoscente compreende a inseparabilidade entre ser e conhecer e o papel dinmico e ativo
do sujeito na construo de mediaes, relaes, intercmbios, conexes, auto-eco-organizadoras do conhecimento que constri. Com a
complexidade, resgata-se o sujeito, autor de sua histria e coautor de
construes coletivas, reintegrando-o ao processo de construo do
conhecimento (MORAES, 2008, p. 106).
O ser humano, nessa perspectiva, considerado em sua com5 Morin (2008) prope como operadores do pensamento os princpios: a) princpio sistmicoorganizacional, b) princpio hologramtico, c) princpio retroativo, d) princpio recursivo,
e) princpio dialgico, f) princpio auto-eco-organizador ou autoproduo e g) princpio da
reintroduo do sujeito cognoscente no processo de construo do conhecimento. Moraes e
Valente (2008, p. 9-10) propem mais trs princpios: a) princpio ecolgico da ao, b) princpio
da enao e c) princpio tico.
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A passagem de um nvel de realidade para outro ocorre a partir de processos auto-eco-organizadores, que possibilitem a ampliao
dos nveis de conscincia dos sujeitos, visto que existe uma correspondncia entre nveis de realidade e nveis de percepo, assim como entre os nveis de percepo e nveis de conscincia.
Transdisciplinaridade e docncia
A transdisciplinaridade uma corrente de pensamento que
busca construir novos modos de compreenso da complexidade que
se manifesta na contemporaneidade. A transdisciplinaridade incorpora a interdisciplinaridade e caracteriza-se por ir alm das relaes
do campo disciplinar ao incorporar e valorizar diferentes formas de
saber (experienciais, filosficos, culturais, tradies, mitos, lendas...).
A transdisciplinaridade relaciona-se com a complexidade humana e
suas representaes.
A docncia transdisciplinar pauta-se em princpios epistemolgicos, ontolgicos e metodolgicos e se prope a produzir conhecimento, rever a formao humana, o estilo e sentido da vida, e assim,
ampliar a conscincia do sujeito na relao homem, natureza e sociedade. Este modo de pensar ecologizante visa ampliar a compreenso
do sujeito sobre si mesmo e sobre a complexidade e a pluralidade de
representaes de mundo. Este um movimento de reforma do pensamento.
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Na anlise das entrevistas desta pesquisa foi possvel compreender que h uma relao recursiva, complementar e coprodutora entre
complexidade e transdisciplinaridade. Como podemos observar na
fala dos entrevistados: Ao utilizar os operadores cognitivos do pensamento complexo se promove a transdisciplinaridade (Entrevistado S).
Para promover a transdisciplinaridade preciso promover o pensamento complexo proposto por Edgar Morin (Entrevistada V).
Em concordncia com o exposto, Petraglia (2008, p. 83) apresenta que a transdisciplinaridade fruto do paradigma da complexidade, fundamentada por uma epistemologia da complexidade, tambm estando presentes em seu seio as interligaes de sujeito-objeto
-ambiente.
A transdisciplinaridade, segundo Nicolescu (1999), diz respeito quilo que est ao mesmo tempo entre as disciplinas, atravs das
diferentes disciplinas, alm de qualquer disciplina. E tem por pilar os
nveis de realidade, a lgica do terceiro includo e a complexidade.
A entrevistada Y destaca o potencial da transdisciplinaridade
para transformar a realidade, pois transforma as pessoas e os seus valores. J o entrevistado H pontua que a transdisciplinaridade tem potencial para favorecer a ampliao da conscincia, da viso e da atitude
do sujeito. O Entrevistado W, assim como a entrevistada I destacaram
que a transdisciplinaridade um desafio, e para o entrevistado S uma
inspirao. O entrevistado L declara que:
A transdisciplinaridade alterou a minha didtica, posto que
a transdisciplinaridade me alterou. A transdisciplinaridade
me trouxe reflexes sobre a vida como um todo e a vida
como um todo repercute na didtica que faz parte dessa
vida. A didtica sob a tica do pensamento redutor implica a uma compreenso de ensino e de aprendizagem muito
aqum do que podemos ter quando a didtica praticada
sob a tica do que estamos chamando transdisciplinar (Entrevistado L).
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A transdisciplinaridade tem um potencial construtivo e transformador, pois ao transcender as disciplinas as incorpora, assim como
rompe com a linearidade e a fragmentao do conhecimento. A transdisciplinaridade tem a pretenso de religar conhecimentos (a partir da
articulao de conceitos, noes, enfoque...) a fim de compreender a
complexidade do real e assim construir um novo corpo de saber que
atravessa, reorganiza e ressignifica os conhecimentos religados. Desta
forma, a transdisciplinaridade demanda pulso religadora, interao,
dinamismo e criatividade do sujeito.
Ampliao da conscincia
A principal inovao didtica, na perspectiva do pensamento
complexo e da transdisciplinaridade, a busca pela ampliao da conscincia do sujeito na relao com o objeto e com a vida, argumenta a entrevistada R. Nesta mesma perspectiva, o entrevistado H argumenta que
a ampliao da conscincia torna-se conceito nuclear para se pensar a
didtica transdisciplinar, pois intenciona a ampliao da percepo dos
sujeitos sobre si mesmo, assim como sobre os fenmenos. Desta forma:
As inovaes no so instrumentais ou metodolgicas seno de viso, de estratgia e de avaliao. Afeta o currculo
no seu conjunto e ao enfoque dos contedos. Procura-se
no s que o estudante aprenda a pensar, como tambm a
sentir e a valorizar. (Entrevistado H).
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A Entrevistada O apresenta que a partir dos estudos da complexidade e da transdisciplinaridade pode vislumbrar quatro tipos de
conscincia: a) Conscincia de si como ser humano (autoconhecimento); b) Conscincia do todo (interdependncia); c) Conscincia da necessidade de abertura do olhar e da atitude (dilogo); d) Conscincia
da necessidade de integrar fenmenos e situaes aparentemente antagnicos (integrao).
A ampliao da conscincia faz emergir novas relaes com o
conhecimento, novas relaes entre os sujeitos, novas relaes com a
natureza, novas relaes com as culturas, novas relaes com a transcendncia.
Ao promover a ampliao da conscincia pode-se ampliar a
percepo dos sujeitos, de modo que se percebam como sujeitos planetrios, e assim mobiliz-los para interesses coletivos, qualificados
para pensar o bem comum, a dignidade humana, a justia social, a
qualidade de vida, e desta forma, buscar se afastar desses tempos de
individualismo, desapego e desamparo social da modernidade lquida
(BAUMAN, 2001).
Religar cultura das humanidades e cultura cientfica
O pensamento complexo no soluo, mas desafio constante voltado religao entre a cultura cientfica e a cultura
das humanidades. No h um receiturio para a transdisciplinaridade, mas uma pulso cognitiva contrria fragmentao. No se trata de diabolizar as especialidades, mas
inseri-las em contextos mais amplos (Entrevistado S).
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Para Morin (2003) alm da incerteza do conhecimento convivemos com a incerteza histrica e o inesperado, pois no possvel ter
certezas sobre o curso da histria da humanidade. Para Morin os grandes acontecimentos do sculo passado foram inesperados (Primeira
Guerra Mundial, Revoluo Sovitica, queda do Muro de Berlim, colapso do imprio sovitico, dentre outros), por isso ningum pode
predizer o amanh (MORIN, 2003, p. 61).
Bauman (2001) analisa que o projeto da modernidade apresenta-se como inadequado para enfrentar as incertezas do mundo atual,
da modernidade lquida. Neste mesmo sentido, Sousa Santos (2000)
compreende que o contexto de transio paradigmtica pelo qual passamos se arquiteta em ambiente de incertezas, complexidade e caos e
tem ampla repercusso (nas estruturas, prticas sociais, instituies,
ideologias, representaes sociais, inteligibilidade, vida cotidiana e na
personalidade).
Braga, Genro e Leite (1997) argumentam que inovaes se geram em contexto de incerteza paradigmtica, contexto no qual, rompe-se com os paradigmas tradicionais, com a racionalidade cognitivo
-instrumental, sobrepe-se outras racionalidades, como cognitivo-afetiva e, como prope Sousa Santos (1989,1994), esttico-expressiva e
moral-prtica, reconfigurando os saberes cientficos, as humanidades
e o senso comum, reconfigurando tambm as relaes de poder.
Pensar prospectivo e comprometer-se com o presente e o futuro
No meu trabalho como professora universitria motivo os
meus acadmicos e orientandos no sentido de aprenderem
a pensar de forma sistmica, relacional, processual, e pensar possibilidades, pensar prospectivo, buscar antecipar os
fatos; aprender tambm a envolver-se, preocupar-se, comprometer-se com seriedade e responsabilidade com aquilo
que estuda e investiga (Entrevistada U).
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Morin prope a articulao das disciplinas em torno de metatemas e orienta que devemos aprender que a procura da verdade pede
a busca e a elaborao de metapontos de vista (MORIN, 2010, p. 29).
Neste sentido, complementarmente aos contedos disciplinares j trabalhados nas universidades, a presente pesquisa me permitiu
compreender a relevncia do estudo e do dilogo transdisciplinar sobre metatemas, como: mundo, terra, vida, humanidade, arte, histria,
conhecimento, culturas adolescentes, antropoltica, antropotica, democracia, sustentabilidade, cidadania, conscincia, responsabilidade
planetria, justia e responsabilidade social, solidariedade, pluralidade
cultural, diversidade, globalizao, cultura de paz e no-violncia, direitos humanos, pensamento sistmico, transdisciplinaridade, condio humana, dentre outros.
Por meio do estudo de metatemas, em perspectiva interdisciplinar/ transdisciplinar, desenvolver a capacidade humana de pensar
complexo, assim como, ampliar a percepo e a sensibilidade do sujeito
sobre as questes humanas, sociais e ambientais. E assim impulsionar a
relao entre teoria e prtica, com conscincia ampliada, comprometimento, criatividade propositiva, atitude transdisciplinar, na elaborao
e efetivao de aes transformadoras do real e do sujeito.
Pensar complexo demanda compreender o objeto de estudo
e seus respectivos vnculos e relaes, para assim, buscar captar sua
dinmica sistmica-organizacional, recursiva, retroativa e no-linear.
Neste sentido, compreende-se que as metodologias de ensino devam
ser interativas e auto-eco-organizadoras de modo a favorecer a articulao de dimenses e referncias.
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A ttulo de exemplo, uma estratgia didtica poderia ser construda por meio da utilizao de mapas conceituais, da organizao de
ideias em redes, com a inteno de se criar uma visualizao sistmica,
hologramtica, recursiva, retroativa e dialgica da temtica em estudo.
A entrevistada Y narra que em suas aulas utiliza de mapas conceituais, pois: Os mapas conceituais me auxiliam na tentativa de fundir as
perspectivas, as dimenses em torno do metatema de estudo.
Os mapas conceituais so representaes grficas de conhecimentos organizados de forma articulada, e assim, favorecem a visualizao dos conceitos, das interaes, das dimenses e possibilita a
percepo da dinmica dos conhecimentos religados.
A representao visual de ideias e de suas dinmicas de interao
(fluxos, recurses, retroaes, circuitos) atende a finalidade didtica de
construo do conhecimento transdisciplinar. Essas representaes visuais so compreendidas como elaboraes provisrias, incertas e vinculadas aos nveis de percepo da realidade, de insero do terceiro
includo, que naquela elaborao foi possvel articular e representar.
Consideraes
Esta apresentao teve por intuito apresentar algumas consideraes sobre inovaes didticas transdisciplinares identificadas nesta
pesquisa. E finaliza a exposio ao propor uma via didtica para pensar e construir conhecimentos por meio de metatemas, a fim de construir metapontos de vista e metaconceitos, no intuito de promover a
metamorfose social, individual e antropolgica.
Referncias
ALMEIDA, Maria da Conceio de; CARVALHO, Edgard de Assis. Cultura e pensamento complexo. Natal: EDUFRN, 2009.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Lquida. Jorge Zahar Editor, 2001.
BRAGA, A., GENRO, M. E., LEITE, D. Universidade futurante: inovaes entre as
certezas do passado e incertezas do futuro. In: LEITE, D., MOROSINI, M. (Org.) Universidade futurante. Campinas: Papirus, 1997.
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544
SOUSA SANTOS, Boaventura de. A universidade no sculo XXI: para uma reforma
democrtica e emancipatria da Universidade. So Paulo: Cortez, 2010.
TORRE, S. de la; MORAES, M.C.; PUJOL, M. A. Transdisciplinaridade e ecoformao: um novo olhar sobre a educao. So Paulo: TRIOM, 2008.
545
Introduo
ste texto tem como objetivo apresentar as experincias realizadas no Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Docncia (PIBID/CAPES)2, da Faculdade de Educao Fsica/UFG, em
parceria com escolas pblicas da rede municipal de educao de
Goinia.
O projeto Pibid/FEF/UFG, desde os momentos iniciais, se estruturou terica e pedagogicamente com o intuito de auxiliar na formao de professores em articulao junto educao bsica. Seus
objetivos principais se caracterizaram por: a) colaborar com a formao de professores por meio de atividades docentes vinculados
realidade das escolas pblicas; b) possibilitar aos estudantes do curso
de licenciatura vivenciar e compreender as contradies presentes
nas prticas dos professores na educao bsica; c) instrumentalizar
os estudantes, por meio de pesquisas amparadas pela viso crtica
da educao, cultura e sociedade; d) implementar diferentes metodologias no processo de ensino-aprendizagem visando gerar aes
de mudanas da realidade escolar; e, e) proporcionar vivncias educativas aos estudantes, por meio do trabalho coletivo a partir dos
problemas concretos da Educao Bsica.
1. Doutor em Educao pela UFG. Professor da UFG. [email protected]
2 Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Docncia (PIBID) implementada pela
CAPES/2009, oferece bolsas aos estudantes e professores e auxilio financeiro para a Instituio
de Ensino Superior, no mbito das licenciaturas para a realizao de projetos articulados com as
escolas pblicas, nos limites da Educao Bsica.
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A metodologia de trabalho utilizada baseou-se na pesquisa-ao privilegiando a estratgia da observao, questionamento participativo e reflexo crtica acerca dos problemas existentes na escola.
Escola esta contextualizada no cotidiano e condicionada pelos determinantes histrico-sociais3 que configuram a realidade da educao
brasileira. O trabalho parte e se desenvolve por meio das contribuies dos prprios atores envolvidos no processo educacional inter
-relacionando as experincias vividas, suas prticas pedaggicas, o
contexto do trabalho docente e as expectativas de criar alternativas
de mudanas na escola. Todo o processo construdo objetivou explicitar os problemas comuns da prtica pedaggica presentes no cenrio das instituies educativas, os conflitos metodolgicos existentes
no trabalho docente inclusive a escolha e o trato com os contedos,
a estrutura do currculo superior e aos saberes cientficos e culturais
configurados em disciplinas de formao e a ao poltica, em face
dos interesses e contradies determinadas pelo modelo social capitalista.
O trabalho coletivo como base metodolgica da formao de professores
Com vistas a alcanar os objetivos enunciados, principalmente no que se refere ideia de compreender e mudar a realidade poltica e pedaggica da prtica dos professores, o projeto se orientou
por trs eixos: a) capacitar os estudantes numa leitura crtica sobre
o currculo de licenciatura a partir das experincias pedaggicas
desenvolvidas na escola; b) possibilitar aos estudantes a capacidade
de observao das diferentes dimenses do cotidiano escolar numa
perspectiva da unidade e totalidade do fenmeno scio-educacional; e, c) construir aes compartilhadas com os professores da
escola, por meio do trabalho coletivo e da pesquisa educacional,
3 Na composio dos determinantes sociais, esto presentes as leis, os PCNs, os PPC, a Poltica
Educacional e o prprio sistema educacional como um todo.
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4 A auto-avaliao dos participantes no projeto se pauta em refletir cada ao, cada estratgia
utilizada e a partir dos resultados obtidos no campo de experincias pedaggicas e polticas junto
s escolas. As auto-avaliaes dos bolsistas e supervisores de campo se referencia nos seguintes
questionamentos: 1) As atividades esto atingindo os seus objetivos? 2) O que esto indicando os
resultados parciais no processo? 3) As atividades esto gerando formas superiores de organizao
do trabalho coletivo? 4) Que sugestes esto contribuindo para melhorar a prtica? 5) Quais os
erros metodolgicos e as necessrias correes? 6) Quais procedimentos devem ser incorporados
na nova ao? 7) Que tipo de conhecimento est se produzindo? (DAVID, 1998, p.71-72).
5 Mesmo nas paralisaes, greves dos professores, modificaes do calendrio escolar,
problemas estruturais das escolas, entre outros que ocorrem na tanto na escola bsica como na
Universidade, exemplificam bem este processo de mltiplas determinaes e das circunstncias
histricas do fenmeno social.
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do Pibid15 para a formao inicial de professores; repensando a questo da Sade do escolar16, onde, partindo de dados empricos, se analisou os aspetos orgnicos e funcionais dos alunos da educao infantil
nos dois Ciclos iniciais objetivando identificar os fatores biolgicos que
pudessem estar interferindo na qualidade de vida e nas aprendizagens
dos alunos. Outra temtica estudada se refere relao entre Educao
Fsica e Esporte Escolar17, onde se buscou compreender os contedos
e as prticas do esporte na escola e sua relao com a ideologia subjacente instituda por influncia dos megaeventos esportivos no Brasil.
Outro tema desenvolvido, via pesquisa-ao, se refere aos estudos sobre
os Jogos, brinquedos e brincadeiras18 onde se procurou compreender
a configurao destas atividades ldicas a partir olhar das crianas e de
seu modo de vida. Foram concludos ainda dois estudos sobre os Ciclos de Escolarizao. No primeiro, buscou compreender a estrutura e
funcionamento dos Ciclos e o papel da educao fsica19 j, no segundo,
em Avaliar os contedos da educao fsica20 nas diferentes formas de
Ciclos existentes e as suas consequncias para a educao fsica na escola. A questo do corpo na escola foi objeto tambm de estudo cujo
objetivo era de identificar Quem educa o corpo de quem na escola21, e
revelar os diferentes tratamentos dado ao corpo pela educao fsica e o
significado dado pelos demais professores da escola. No estudo sobre a
Ideologia presente na legislao da educao e da Educao Fsica22, se
15 ARAUJO, Marcos Vinicius. Contribuies do Pibid para a formao de professores a
experincia metodolgica da FEF/UFG. FEF. 2011.
16 MACHADO, Krita C. Sade, Educao Fsica e Escola: Cenrio de uma relao invisvel.
(Seminrio de Aprofundamento escolar). Goinia, FEF- 2012.
17 Esporte escolar como fenmeno social uma abordagem crtica (Painel- ENALIC), Uberaba
2013.
18 O brinquedo e o brincar: a realidade do olhar e da prtica da criana (Painel ENALIC)
Uberaba 2013.
19 Os Ciclos de Formao e Desenvolvimento Humano e a Questo do Ensino da Educao
Fsica. (Comunicao Oral- ENALIC ) Uberaba 2013. MILHOMEM, Suzane Ribeiro.
20 A prtica da avaliao na proposta de ciclos de formao e desenvolvimento humano nas aulas
de educao fsica (Painel - ENALIC) - Uberaba, 2013.
21 A educao corporal no contexto escolar: Quem educa quem? (Painel no ENALIC) UBERABA -2013.
22 Ideologia, Educao Fsica e Escola: os sentidos do corpo na legislao educacional
(Comunicao Oral - ENALIC) - Uberaba, 2013.
556
procurou refletir sobre as principais leis educacionais e a legislao especifica da educao fsica para o ensino escolar nas ltimas dcadas. Para
completar est srie de estudos temticos divulgados em congressos e
monografias de concluso de curso, tem-se ainda os estudos acerca da
Cultura na escola23 que analisou, a partir das principais festas e eventos
escolares, como tais eventos so traduzidos em formao cultural para
os alunos, comunidade, e, inclusive, para os pibidianos.
Outras temticas em andamento valem a pena ser destacadas:
A Educao compensatria e a Formao Esportiva na escola (Atleta
do futuro, Escola da Inteligncia, Sade na Escola, Segundo-Tempo,
Atleta na Escola, entre outros), onde se busca compreender as consequncias pedaggicas para o ensino na escola, j que so programas
que incham o espao da educao, reduzem o tempo dos contedos
bsicos e subtrem o tempo pedaggico da prpria educao fsica na
escola. Nas demandas de interesses coletivos se iniciou estudos sobre
as Teorias da Educao Fsica colocando novos problemas para a prtica educativa na escola e suas consequncias para o ensino-crtico direcionado formao humana. Nesta temtica esto sendo avaliados
as vrias abordagens da educao fsica e os pressupostos terico-metodolgicos relacionados educao escolar.
Em sntese, as atividades apresentadas foram desenvolvidas por
processos reflexivos, debates coletivos, crticas metodolgicas o por diferentes formas de avaliao interna dos grupos e, externamente, por
meio de exposio pblica nos vrios congressos cientficos e educacionais (CONPEEX, ENALIC, CONBRACE, SBPC, PIBID, outros),
dentro e fora da Educao Fsica24. No processo de planejamento das
atividades vrias dinmicas foram utilizadas desde a organizao do
trabalho coletivo, autogesto, atividades de pesquisas executadas por
um sujeito e/ou grupos, tudo isto, visando diversificar os papis de
23 Cultura e Escolarizao: da cultura elaborada primeira cultura derradeira. (Painel).
Uberaba- ENALIC, 2013. Edielson Canto e Janderson Honorato Andrade
24 O Banco de Dados se compe de artigos, textos, livros, sites, vdeos, fotos, objetiva dar suporte
terico-metodolgico ao grupo e servir de memria para futuras anlises deste tipo de trabalho
formativo.
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aprendizagem cientfica, fortalecer o nvel de responsabilidade individual, estimular a tomada de decises, a democratizao das experincias coletivas e a formao poltica dos participantes do projeto. Para
melhor visualizar os trabalhos monogrficos produzidos pelos bolsistas, segue quadro abaixo:
Quadro 01 Trabalhos Monogrficos Produzidos (2011/2013)
Autor
Titulo
ARAUJO, Marcos
Vincius de
BARBOSA, Monicke
Stephany A. Alves
BRITO, Pamella
Gomes de
CANTO, Edielson
de Souza
CARVALHO,
Lorrayne Bruna de
CRUVINEL, Bruna
de Paula
O
papel
do
jogo
na
educao
infantil
e
suas
aproximaes
com a educao fsica. FEF/UFG, 2011.
DOMINGUES,
Nadmilia Castro.
FALCO, Paula
Andria de Almeida
MACHADO, Krita
Cabral
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MILHOMEM,
Suzane Ribeiro
PACHECO, Raquel
Bernardes
QUEIROZ,Jehnny
KellenVargasBatista
ROCHA JUNIOR,
Anrio Dornelles
SILVA, Genivaldo
Antonio da
XAVIER, Johnnys
Fleuri
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a fora essencial no contexto de mudanas. As experincias demonstraram que escolas do mesmo sistema pblico municipal de educao,
apresentam situaes-problemas iguais, mas, na prtica, boa parte indicavam solues, orientaes e procedimentos distintos, razo pela
qual o coletivo deveria se ajustar s condies objetivas de cada escola,
aos interesses e motivaes da comunidade escolar e, especialmente,
nos tipos de motivaes dos professores no sentido de mudanas da
realidade de sua escola.
No que se refere aos diagnsticos, toda nfase recaia nos problemas de cada escola e nos interesses (imediatos) dos professores, a
orientao seguia os seguintes questionamentos reflexivos: 1) as temticas geradoras analisadas, refletidas e aprofundadas refletem as
necessidades do coletivo e revelam a essncia do problema colocado?;
2) as aes a serem executadas respeitam as capacidades e/ou domnio
do conhecimento de cada sujeito articuladas responsabilidade do coletivo?; 3) o tempo disponvel para a execuo das tarefas, os diagnsticos e as novas aes de pesquisas so definidas no grupo em funo
das novas necessidades colocadas? (DAVID, 1998).
No mbito do desenvolvimento da pesquisa-ao as atividades
se iniciavam pelas observaes e problematizaes, pelo processamento das informaes, pela experimentao e por novas avaliaes.
(THIOLLENT, 1985). J nos processos terico-reflexivos as referncias utilizadas (artigos, textos, monografias, literatura histrico-critica,
outros) visavam dar suporte s decises coletivas e a construo das
aes pedaggicas junto s escolas.
Novos rumos para a formao de professores...
Duas questes se colocam hoje para reflexes e aprofundamentos do projeto Pibid/FEF: 1) existe capacitao formativa dos acadmicos que levam em conta os processos de participao coletiva e tomada
de deciso poltica? (DEMO, 2000); 2) o atual modelo de trabalho prepara criticamente os estudantes em metodologias de ensino objetivada
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Pensar a experincia
A interdisciplinaridade em questo
Um dos objetivos do Pibid o de proporcionar aos futuros professores a participao em experincias metodolgicas, tecnolgicas e
prticas docentes de carter inovador e interdisciplinar e que busquem
a superao de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem (Cf. Edital CAPES/DEB n. 02/2009-PIBID, p. 3; os itlicos
so nossos). Ressalte-se que os demais objetivos elencados no mesmo
edital esto estreitamente relacionados com uma preocupao que
tambm nossa, qual seja, a adoo de prticas de ensino que no se
limitem a resguardar a filosofia na organizao curricular do ensino
mdio apenas para cumprir uma obrigatoriedade. Antes, o que nos
mobiliza fazer da nossa prtica um lugar de experimentaes luz do
3 Em 2010, quando iniciamos a execuo do subprojeto de Filosofia, contvamos com dez
bolsistas. Hoje, so vinte e quatro estudantes integrados ao programa.
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princpio segundo o qual a investigao imanente ao exerccio da docncia em filosofia. Do mesmo modo, as prticas de ensino combinadas com as condies adequadas para estudos e pesquisas so fundamentais para viabilizar o projeto de uma educao de qualidade para
todos em face da massificao do ensino mdio. Esse um problema
que nos confronta com duas exigncias: assumir uma posio poltica
comprometida com a construo do projeto de melhoria da qualidade
do ensino na educao bsica; enfrentar o desafio didtico de ensinar
ou tornar acessvel um saber especializado - a Filosofia - para um pblico to vasto; e, ainda, a criao de metodologias de ensino para dar
conta das exigncias terico-epistemolgicas da disciplina de filosofia.
Nesse sentido,
Quanto maior a distncia entre o ponto de partida cultural
do aluno e as exigncias inerentes ao saber filosfico, maior
a importncia dos procedimentos didticos, o que significa dizer a importncia do trabalho docente. Diante de um
estudante que no possui as qualificaes requeridas para a
apropriao do saber filosfico, compete ao professor produzir mediaes pedaggicas capazes de reduzir a distncia
entre o precrio universo cultural do aluno de nvel mdio e
as exigncias da reflexo filosfica (RODRIGO, 2007, p.42).
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fia s salas de aula, orientados por uma reflexo prvia sobre os qus
e os para qu da prtica educacional da filosofia. nesse contexto
que se insere aqui uma anlise focada nos limites e possibilidades de
uma metodologia de carter interdisciplinar.
Se a filosofia no s no tem de temer nenhum contgio pela
lgica de outras disciplinas como mostra a especificidade da sua histria e de seus modelos argumentativos, justamente quando posta em
contato com elas (NOBRE e TERRA, 2007, p. 101), resta saber em
que bases essa intermediao pode ser feita, por exemplo, quando o
filsofo procura servir de mediador do debate entre duas ou mais disciplinas. evidente que o filsofo no conhece duas ou mais disciplinas das cincias humanas, das cincias naturais ou das artes rigorosamente como o especialista as conhece. Apenas de maneira limitada ele
pode traduzir os objetos de estudo de outras disciplinas no nvel de
seus fundamentos e de seus pressupostos. O problema que se coloca
: como fazer um movimento em direo s outras disciplinas, num
exerccio filosfico que possibilite travar dilogos com professores e
alunos sobre as possveis conjugaes e convergncias de temas e problemas especficos de cada uma das disciplinas?5 Indo mais alm, h
de se interrogar sobre as dificuldades de transposio dos discursos
portadores de propostas interdisciplinares para o campo das prticas,
uma vez que uma metodologia interdisciplinar esbarra em problemas
bsicos, como, por exemplo, a formao estanque dos prprios professores, que precisam vencer barreiras conceituais para compreender a
relao de sua especialidade com as demais reas do saber.
Por isso mesmo, h de se retornar ideia mesma que se encontra
por traz da questo da interdisciplinaridade: a disciplina. A disciplina,
5 Sobre as possveis articulaes entre a filosofia e a histria, por exemplo, e como o professor
de filosofia poderia colaborar com o professor de histria, Ricardo Terra prope o seguinte: o
professor de filosofia poderia trabalhar um texto como Educao aps Auschwitz, de Theodor
W. Adorno, articulando suas aulas com as do professor de histria. Logo em seguida, poderia
pensar a criao da Organizao das Naes Unidas e sua Carta de Princpios, juntamente
com uma discusso sobre direitos humanos, em que pensadores da filosofia moderna seriam
essenciais, como John Locke, Jean-Jacques Rousseau e Immanuel Kant. A apresentao da
Revoluo Francesa e das revolues do sculo XIX poderia ser acompanhada por textos de Karl
Marx com o professor de filosofia (NOBRE; TERRA, 2007, p. 98).
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No somente os cientistas, mas o prprio Ministrio da Educao espera que a filosofia ajude a consolidar a prtica interdisciplinar
desde o Ensino Mdio, como fica claro nos Parmetros Curriculares
Nacionais, na parte relativa aos conhecimentos de filosofia.
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Referimo-nos sempre ao esprito de uma legislao que destina um papel primordial para a Filosofia no Ensino Mdio.
Isso fica mais claro quando apontamos o foco para a interdisciplinaridade, proposta como eixo estruturante a ser
privilegiado em toda formao curricular e o modo como
devem ser tratados os conhecimentos filosficos, conforme
indicado expressamente na Resoluo 03/98k, a saber, no
2, alnea b do Artigo 10 As propostas pedaggicas das escolas devero assegurar tratamento interdisciplinar e contextualizado para os conhecimentos de filosofia (2000, p. 45-46;
itlicos do original).
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cessria para abandonar o conforto da nossa linguagem tcnica e para nos aventurarmos num domnio que de todos
e de que ningum proprietrio exclusivo. No se trata de
defender que, com a interdisciplinaridade, se alcanaria um
forma de anular o poder que todo saber implica [...], mas de
acreditar na possibilidade de partilhar o poder que se tem,
ou melhor de desejar partilh-lo. Como? Desocultando o
saber que lhe corresponde, explicitando-o, tornando-o discursivo, discutindo-o (2004, p. 16).
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Ocorre que, com efeito, h um empobrecimento da experincia escolar, para falar com Walter Benjamin (1985). Inmeros
so os dispositivos10 que tentam nos expropriar dela, entretanto,
8 A questo objetiva que leva Arendt a formular a pergunta nesses termos o preconceito do
mundo moderno em relao poltica; a convico generalizada de que poltica e no
sua ausncia se devem as trgicas experincias do totalitarismo, da ameaa nuclear e da
desertificao de um mundo cuja durabilidade posta em risco pela ascenso da produo e do
consumo como objetivos supremos do viver juntos.
9 Transposio feita por Jos Srgio Fonseca de Carvalho, no ltimo captulo de sua tese de livre
docncia: Educao uma herana sem testamento (USP, 2013).
10 Dispositivo [] qualquer coisa que tenha de algum modo a capacidade de capturar, orientar,
determinar, interceptar, modelar, controlar e assegurar os gestos, as condutas, as opinies e os
discursos dos seres viventes[...]. Diferentemente do que acontecia com os dispositivos ditos
tradicionais (a confisso, a priso, as escolas, etc.) [...], nos dispositivos hodiernos (a internet, os
telefones celulares, a televiso, as cmeras de monitoramente urbano etc.), no mais possvel
constatar a produo de um sujeito real, mas uma recproca indiferenciao entre subjetivao e
dessubjetivao, da qual no surge seno um sujeito espectral [...]. Quanto menos subjetividades
so formadas no corpo a corpo dos indivduos com os dispositivos tanto mais dispositivos so
criados como tentativa inelutvel de sujeio dos indivduos s diretrizes do poder (SCRAMIM
e HONESKO, 2009), p. 13-14).
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de diferentes estruturas e registros, elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo (BRASIL, 2006, p. 33).
Desse modo, o nosso trabalho no Pibid vem ao encontro destas orientaes. Entretanto, para alm da aquisio de habilidades e
competncias, para que o aluno domine tcnicas que o capacitem a
ingressar no mercado de trabalho ou na universidade, esses exerccios
combinados - a leitura e a escrita - so imanentes atividade filosfica.
por meio deles que os estudantes aprendem a orientar-se no pensamento. certo que o ensino de filosofia est vinculado a uma certa
tcnica [...] propriamente filosfica e, ao mesmo tempo, capaz de ser
ensinada. Ora, qual , em definitivo, essa tcnica intrnseca filosofia?
[...]: a leitura (CRAIA, 2002, p. 213). Mas, o que est em jogo na atividade do professor de filosofia simplesmente ter o domnio de tcnicas de leitura para que a disciplina seja ensinada? H algo mais, para
alm da dimenso tcnica que perpassa a didtica do ensino da filosofia. Uma didtica propriamente filosfica aquela que se relaciona intrinsecamente com o modo pelo qual o professor se apropria do acervo
da filosofia para, assim, poder ensin-la. O filsofo l. L, filosoficamente, o mundo, para poder tecer sua trama conceitual, mas tambm
l, filosoficamente, a tradio, os livros de filosofia, as obras de outros
pensadores (CRAIA, 2002, p. 213-214) e textos de outros registros.
Uma leitura no filosfica apenas porque os textos so filosficos;
pode-se ler textos filosficos sem filosofar e ler filosoficamente textos
jornalsticos, artsticos, polticos etc (FAVARETTO, 2004, p. 50).
Chegamos assim escritura de textos, o ponto alto de nossa experincia no Pibid. Dois acontecimentos so dignos de nota: o primeiro deles, a publicao do livro Filosofia: entre o ensino e a pesquisa
- ensaios de formao (2012), que rene ensaios escritos pelos bolsistas. Ensaios de formao sim, para lembrar que formao ao ou
resultado de formar, de criar, de constituir alguma coisa. Assim, com
os ensaios publicados neste livro, o que se pretendeu foi precisamente
isto: dar um exemplo do modo pelo qual alguma coisa foi constituda
para qualificar a trajetria formativa/intelectual de estudantes e pro-
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fessores de Filosofia que participam do Pibid. Ali, a um s tempo, fizemos apropriaes e desapropriaes de pensadores Schopenhauer,
Nietzsche, Heidegger, Hannah Arendt, Foucault, Deleuze, Agamben
num esforo de pensar com eles, mas de desembaraarmo-nos deles,
para pensar o que eles no poderiam ter pensado.
Um tema central percorre todo o livro: o diagnstico da cultura
no tempo presente. Os bolsistas se ocuparam com a rdua tarefa de
dizer o que se passa (FOUCAULT, 2000, p. 57), o que nos acontece,
o que nos afeta e o que acontece com o ensino de filosofia em tempos
de educao governamentalizada cabe temer ou buscar novas armas?
Uma pergunta que busca enfrentar o controle e a racionalidade operantes no modo de funcionamento das instituies escolares em nossa poca; o que acontece quando a filosofia e seu ensino se pem em
relao com a no-filosofia?; o que acontece quando a leitura artstica
dos clssicos substituda pela leitura de comentadores e quais seriam
os prejuzos formao filosfica dos estudantes, quando o professor
utiliza como recurso didtico em suas aulas apenas o livro didtico?;
quais seriam as condies de possibilidade do pensamento em tempos
de regncia planetria da tcnica e suas implicaes para o ensino de
filosofia?); de que modo a utilizao do filme nas aulas de filosofia pode
ser feita por meio de exerccios criativos a partir dos quais problemas
filosficos so mobilizados para aproximar o cinema da filosofia e provocar os alunos a fazerem o movimento do pensamento?; qual o lugar
da leitura e da escrita na formao filosfica dos jovens no Ensino Mdio em um tempo de declnio da fora vital da lngua e de degenerao
da cultura?; como introduzir os alunos ao mundo do pensamento nas
condies atuais, de reduo da subjetividade ao corpo?.
O ensaio uma escrita pensante que consiste em pr prova
aquele que ensaia. Recordemos que ensaio uma palavra que no latim
tardio, exagum,i, quer dizer, ato de pesar. Retenhamos, ento, dessa
forma tardia, o sentido de pesar uma aprendizagem, de ser uma prova e, ao mesmo tempo, uma tentativa, um exerccio experimental, de
modo muito prximo ao objetivo de Hannah Arendt (1988, p. 41) que,
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mos a delinear melhor nossa responsabilidade de formadora de professores de filosofia diante da paisagem do nosso tempo. Com a fora
da pergunta e do exerccio do pensamento, contra os efeitos anestsicos que anulam a nossa capacidade de espanto (thaumadzein), vimos
constituindo o espao de criao que deu origem escrita pensante de
estudantes do curso de Filosofia da UFG que se preparam para habitar
a escola. Abrimos espao para dar a palavra aos estudantes que, corajosamente, aceitaram o desafio de parar para pensar e buscar o sentido
de se viver em uma sociedade que transforma a cultura em objeto de
entretenimento e diverso e faz com que pessoas sejam tratadas como
coisas e coisas sejam tratadas como pessoas. Fiquemos com a fora da
interrogao posta pela estudante: como [essa] mesma sociedade se
atreve a prometer a felicidade? Fiquemos com a imagem e o testemunho das prprias estudantes para encerrar esse ensaio de experimentao movido pela vontade de aprender, de aumentar a potncia de agir
e de fazer a vida vibrar e se renovar.
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Por meio dos sorrisos colgates, pele branca, felicidade estampada no rosto, os comerciais tentam manipular nossos sentimentos e desejos, construindo um nico estilo de vida, que
o considerado normal e desejvel. O grande problema das
propagandas e desse padro que elas criam que elas no
reconhecem as distines de classe, encarando a sociedade
como se todos tivessem a mesma condio financeira, educacional e cultural [...]. Ser membro dessa sociedade assustador, como o prprio Bauman observa, em seu livro Vida para
consumo a transformao das pessoas em mercadorias:
consumidores de ambos os sexos, todas as idades e posies
sociais iro sentir-se inadequados, deficientes e abaixo do padro a no ser que respondam com prontido a esses apelos.
Munique Coutrim de Albuquerque (2 B) - A alienao e o
poder das propagandas
(classificada em 5 lugar)
Referncias
ADORNO, T. W. A filosofia e os professores. In: Educao e emancipao. Traduo
Wolfgang Leo Maar. 4. ed. So Paulo: Ed. Paz e Terra, 2006, p. 51-74.
ARENDT, H. O que poltica? Fragmentos das obras pstumas compilados por Ursula Ludz. Traduo Reinaldo Guarany. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
______. Prefcio: a quebra entre o passado e o futuro. In: Entre o passado e o futuro. 2.
Traduo Mauro W. Barbosa de Almeida. So Paulo: Ed. Perspectiva, 1988, p. 28-42.
BRASIL. Ministrio da Educao. Secretaria de Educao Bsica. Orientaes curriculares para o ensino mdio: cincias humanas e suas tecnologias. Braslia, DF, 2006.
Disponvel em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_01_internet.pdf> Acesso
em 18, set, 2009.
BRASIL. Ministrio da Educao. Secretaria de Educao Mdia e Tecnolgica. Parmetros curriculares nacionais: ensino mdio. Braslia: MEC, 2000. Disponvel em:
<http://portal.mec.gov.br/semtec/ensmed/ftp/CienciasHumanas.pdf> Acesso em
15,out, 2010.
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Agradecimentos
CAPES, por instituir um programa que busca qualificar a
formao de professores e encorajar alunos da Licenciatura a seguir a
carreira do magistrio; UFG e Faculdade de Filosofia, por abrirem
espao e apoiarem docentes que se ocupam com a formao de professores de Filosofia para a educao bsica; aos professores Ivanilton Jos
de Oliveira, Paulo Alexandre de Castro e Rusvnia Luiza Batista Rodrigues da Silva, pela iniciativa de organizarem esta publicao por meio
da qual partilhamos a nossa experincia no Pibid; aos professores-supervisores do Pibid-Filosofia/UFG: Luiz Rodrigues Botelho (Colgio
Estadual Pr-Universitrio); Evandson Paiva Ferreira e Fabrcio David
de Queiroz (Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada Educao - Cepae/
UFG); Atlio Lcio Malta e Diane Marcy de Brito Marinho (Colgio Estadual Professor Jos Carlos de Almeida) pela inestimvel colaborao
e apoio constante s nossas aes no Pibid; finalmente, professora
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Introduo
ste texto apresenta uma reflexo sobre as contribuies do Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Docncia - PIBID - para a
formao do professor de msica e, tambm, para o fortalecimento de
aes pedaggicas em educao musical escolar. Para isso, tomaremos
as experincias adquiridas no Curso de Msica-Licenciatura da Escola
de Msica e Artes Cnicas da Universidade Federal de Gois, EMAC/
UFG, descrevendo a trajetria do PIBID-Msica na cidade de Goinia/GO. A reflexo ser elucidada por estudos realizados por diversos
pesquisadores da rea de educao musical que analisam a formao
pedaggico-musical do professor, articulando-a com a realidade da escola e com as especificidades da rea de msica aspectos que devem
ser levados em considerao na formao do educador musical.
Nesse sentido, oportuno reforar que a msica, apesar de ser
considerada uma rea de conhecimento pouco valorizada ao longo da
histria da educao escolar brasileira, tem avanado tanto no mbito
das concepes como das prticas. Experincias significativas podem
ser constatadas em vrios lugares do pas conforme ressalta Penna
(2013), que destaca Gois, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul
como exemplos relevantes no ensino de msica escolar.
O texto est construdo a partir de reflexes acerca do ensino
1. Doutora em Educao pela UF MGS. Professora da EMAC/UFG.
2. Doutor em Histria pela UnB. Professor da EMAC/UFG.
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Levando em considerao o carter plural e ecltico da educao escolar, antevendo a participao efetiva dos egressos em variadas
comunidades que vivenciaro no decorrer de suas trajetrias pessoais
e profissionais, vale a pena reforar o questionamento dos autores acima que revela a inquietao diante do que deve ser ensinado em sala
de aula.
Formao e atuao do professor de msica
Para uma compreenso mais adequada do papel do PIBID na
formao do professor, acreditamos ser oportuno expor brevemente
sobre as concepes pedaggicas que permeiam a formao do professor de msica na UFG.
O Curso de Msica-Licenciatura da UFG tem se consolidado
como um curso engajado na formao integral do aluno, e tem se articulado com a realidade e com o mercado de trabalho. O Curso possui
trs habilitaes: Educao Musical, Ensino do Instrumento Musical
e Ensino do Canto. O egresso da habilitao Educao Musical deve
estar apto para atuar prioritariamente como professor de msica em
escolas de educao bsica e em espaos alternativos de educao. J os
egressos das habilitaes Ensino do Instrumento Musical e Ensino do
Canto so licenciados para atuar como professores de instrumento ou
canto em escolas de ensino especfico de msica, em escolas de educao bsica e em espaos alternativos de educao.
As disciplinas de Estgio Supervisionado contemplam o espao
escolar de educao bsica rede pblica de ensino , escolas especficas de msica e espaos alternativos (creches, projetos sociais, ONGs,
igrejas, dentre outros). Como preparao pedaggica e musical, h
disciplinas ligadas aos seguintes eixos temticos: didtico-pedaggico,
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las regulares brasileiras, identificando matrizes de percepes, prticas e selees culturais impeditivas para a democratizao do ensino musical. Isso tudo, visando contribuir
para possveis contradies entre perfis delineados pelos
cursos de ensino superior em msica e as demandas da realidade escolar (PEREIRA, 2013b, p. 47)
Em sintonia com este raciocnio, Pereira (2013a, p. 292) nos adverte e nos desafia a libertar as amarras histricas que muitas vezes
fazem com que nos mantenhamos resistentes ao popular: [...] no se
trata de excluir a msica erudita do repertrio escolar esta msica
tambm parte da histria cultural dos seres humanos e, portanto, digna de ser objeto de estudo, mas no a nica.
O mais importante, antes mesmo de definir se a msica adequada ou no para a aplicao em sala de aula, considerar a pertinncia do contedo a ser aprendido. O repertrio deve se justificar pelo
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disso, tendo conscincia de que no h uma situao educativa igual a outra, a reflexo tambm torna-se necessria
para que, dialogando com a sua prpria atuao, se possa
construir solues possveis para os problemas que se apresentam no seu dia-a-dia. (MORATO; GONALVES, 2008,
p. 116-117).
Tratar da formao e da atuao do professor de msica no contexto da educao bsica requer, portanto, conceber o aspecto multicultural da educao musical, onde criao, interpretao e apreciao
musicais sejam concebidas como vivncias fundamentais para a aprendizagem.
Entendemos que o objetivo ltimo do ensino de arte na
educao bsica (a includa a msica) ampliar o alcance
e a qualidade da experincia artstica dos alunos, contribuindo para uma participao mais ampla e significativa na
cultura socialmente produzida ou, melhor dizendo, nas
culturas, para lembrar sempre da diversidade. O efeito de
um ensino que realmente cumpra esse objetivo vai alm dos
muros da escola, modificando o modo de o indivduo se
relacionar com a msica e com a arte. Para que o ensino
de arte possa de fato contribuir para essa ampliao da experincia cultural, deve partir da vivncia do aluno e promover o dilogo com as mltiplas formas de manifestao
artstica. E o multiculturalismo nos traz indicaes para tal.
(PENNA, 2008, p. 97).
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c) criar oportunidade de os alunos oriundos dos cursos de Licenciatura em Msica se inserirem no mercado de trabalho,
fornecendo subsdios tericos e orientaes prticas para
uma melhor qualidade de suas aes na educao bsica.
Torna-se importante incentivar a pesquisa, a autonomia e o
pensamento crtico, tanto nos licenciandos participantes do subprojeto, quanto nos alunos das escolas, fazendo com que estes vivenciem
experincias musicais variadas e ampliem seu conhecimento sobre aspectos referentes linguagem musical.
No PIBID-Msica, cada bolsista cumpre uma carga horria de
10 horas semanais, sendo oito horas em atividade na escola e duas horas em reunies de planejamento, orientao, avaliao e elaborao
de relatrios. A proposta inicial era que tivssemos um determinado
nmero de acadmicos distribudos proporcionalmente de acordo
com o nmero de matriculados das escolas, com perfis diferentes e
complementares, de forma a privilegiar prticas vocais e instrumentais. No entanto, diante de diversos fatores, tais como, nmero de alunos matriculados, horrios das aulas de msica nas escolas participantes, habilidades especficas de cada acadmico bolsista e seus horrios
disponveis para a execuo das atividades, tivemos que reorganizar a
distribuio o que implicou, em alguns casos, na atuao do bolsista
em duas escolas diferentes.
Em fase inicial, os bolsistas passam por um perodo em que
observam a escola e seu funcionamento, tomando conhecimento dos
alunos e da dinmica escolar. Posteriormente, planejam e fazem intervenes prticas nas aulas ministradas pelos professores de msica.
As reunies so realizadas no sentido de discutir e reavaliar o planejamento, e fornecer subsdios terico-metodolgicos para as aulas.
Os bolsistas apresentam os resultados do trabalho na escola em
que atuam, divulgando-os em diversos eventos, sobretudo, na rea de
educao musical, e no caso especfico da UFG, no Congresso de Ensino, Pesquisa e Extenso (CONPEEX), que acontece anualmente na
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ensino, principalmente as escolas do ensino formal de msica. Muito do que trabalhado em sala de aula pode ser
utilizado em discusses na universidade. Podemos perceber que s vezes um conhecimento transmitido na teoria
sendo que s vezes a realidade bastante diferente. Quando
estamos na escola encontramos problemas relacionados
infra-estrutura, dificuldades de encontrar ambientes para
um ensino de qualidade. muito difcil trabalhar com condies que no favoream um bom rendimento, mas apesar
de tudo, tentamos fazer adaptaes com a nossa realidade.
necessrio saber aproveitar dos conhecimentos oferecidos
pela universidade e mostrar tambm para ela sobre a realidade vivida no cotidiano das escolas. (Bolsista 7).
Levando em considerao que a experincia do PIBID no envolve apenas os acadmicos dos cursos de licenciatura, temos a figura
do professor supervisor que, por sinal, de suma importncia, visto
que este lida diretamente com a realidade escolar e promove a ligao
entre o acadmico bolsista e a escola. Dessa forma, relevante considerarmos a viso desses professores:
[...] observou-se um crescente comprometimento dos licenciandos com a dinmica da sala de aula, onde os mesmos
intervieram mediante planejamento e sistematizao de
atividades voltadas aos contedos propostos. A cada nova
aula, planejamento, reflexo e sistematizao da prtica se
tornam cada vez mais autnomos e assertivos, demonstrando crescimento, maturidade e responsabilidade para com
sua formao e qualidade da educao que ministram. [...]
Em relao aos alunos, percebeu-se que com o passar do
tempo os mesmos demonstraram cada vez mais interesse
pela prtica musical, observando-se maior empenho e satisfao em fazer algo de seu interesse dentro das propostas ofertadas. A interao com o grupo proporcionou-lhes
a percepo de que suas dificuldades no so exclusivas, o
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Por fim, alm da reflexo sobre a prtica, construda cotidianamente na ao de ser professor, importante destacar a afetividade e o vnculo
que une aluno e professor, como pode ser observado no trecho seguinte:
Fazer parte desse projeto contribuiu para o meu crescimento acadmico, mas, coloco destaque quanto s questes morais. Pois, realmente uma experincia maravilhosa colocar
em prtica parte daquilo que vemos na faculdade, ainda
mais se tratando de msica, que uma disciplina muito
aceita na escola pelos alunos. Me fez aprender muito quanto a aspectos didticos, quanto a entender a limitao do
outro, crescimento em conjunto e sou capaz de dizer que
vou seguir com essa maneira de trabalhar instrumento em
conjunto. Apesar das limitaes fsicas da escola (falta de
instrumento, entre outros), muito interessante, pois, o
professor se v em situaes-problema e desenvolve sua
criatividade para no deixar com que isso possa ser um
problema que atrapalhe o desenvolvimento da aula. Sem
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Consideraes finais
Desde a implementao do PIBID-Msica em 2010, ocorreu uma
grande movimentao que estabeleceu um dilogo bastante produtivo
entre universidade e escolas de ensino bsico. Tal dilogo foi mediado
pelos acadmicos bolsistas e professores supervisores, que estiveram
frente nas respectivas escolas, possibilitando atividades de apreciao e
interpretao no campo da msica, fundamentais para o enriquecimento cultural dos estudantes da educao bsica alcanados pelo PIBID.
O trabalho pautado pelo pensamento do professor reflexivo levou em considerao as circunstncias cotidianas dos alunos, trabalho
este que vai desde a reflexo acerca de repertrios mais adequados a
serem trabalhados em sala de aula at a apresentao de resultados,
quer em formas de artigos cientficos, como tambm apresentaes
pblicas, em forma de recitais.
Acreditamos que com a continuao do projeto PIBID-Msica,
um ganho significativo continuar ocorrendo, tanto para a universidade quanto para as escolas de ensino bsico participantes do projeto.
Referncias
ALVARENGA, Claudia Helena; MAZZOTTI, Tarso Bonilha. Educao musical e legislao: reflexes acerca do veto formao especfica na Lei 11.769/2008. Opus,
Porto Alegre, v. 17, n. 1, p. 51-72, jun. 2011.
CAMPOS, Nilceia P.. Iniciao docncia na educao bsica: uma experincia com
acadmicos de Licenciatura em Msica. In: Encontro Regional Centro Oeste da ABEM
e Seminrio de Prtica de Ensino de Msica, 10, 2010, Sinop/MT. Anais... Sinop/MT:
UFMT, 2010. p. 141-148.
________. Msica, Licenciatura e Escola Pblica: experincias do Programa Institu-
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ANEXOS
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Alunos da Disciplina
Eletiva (Ensino Mdio)
Projeto de Preveno
ao uso de drogas: ao
integrada entre o Cepae
e a famlia - Foto arquivo
do projeto
Alunos dos 4s e 5s
anos Projeto de
Preveno ao uso de
drogas: ao Bem
Vive Foto arquivo
do projeto
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Figura 4 - Amarelinha
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Figura 2: Alunos obser- Figura 3: Experimento para cultivar bactvando fungos na escola e rias.
registrando no caderno.
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FIGURA 4 - Criana especial (DOWN) no horrio do recreio brincando em um dos espaos do CEPAE.
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En file indienne
Filer langlaise
La douche cossaise
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Quadro 1. Categorizao das crticas apontadas pelos alunos do CEPAE durante o Projeto de Interveno Pedaggica
TEMA
DESCRIO
Lanche
Uniforme
Obras
Muito lenta/ Gera muita baguna e sujeira/ O barulho atrapalha as aulas/ Deveriam ser
feitas nas frias/ Corrupo/ Devagar e mal feita/ Causa alergia
Estrutura
Namoro
Ruim/ Melhorar estrutura/ Tirar o sino de perto das salas/ Colocar grades nas
janelas(macacos)/ No tem data show/ Laboratrio de informtica no est pronto/
Banheiros masculinos estragados/ Construir uma lanchonete/ Construir uma mini
rampa/ Televiso deveria voltar/ Melhorar o aparelho de som/ Falta tecnologia/ Ter
uma sala para os alunos dormirem/ Melhorar climatizao da salas de aula/ Melhorar
banheiros
Liberar namoro do mesmo sexo/ Liberar o namoro/ Namoro excessivo
Ensino
Diminuir quantidade de eletivas/ Tirar eletivas/ Ter eletivas para o ensino fundamental/
Ter duas aulas de Educao Fsica/ No prepara para o ENEM/ A escola no tem
reforo/ Eletivas chatas e inteis/ Aumentar as aulas de Ed. Fsica, Artes, Msica,
Sociologia e filosofia/ Mais aulas de teatro, dana e matemtica bsica/ Proporcionar
viagens pedaggicas
Gesto
Direo distante/ Coordenao deve ser mais rgida/ Equipe diretiva deveria agir
mais/ No tirar frias durante as aulas/ Solicitao de equipamentos no atendida/
Liberdade de escolha do tema da quadrilha/ O inter classe s realizado se os alunos
organizarem/ Chapa nica para escolha
Limpeza
Sem papel higinico/ Tirar os objetos deixados no ptio/ Carteiras sujas de corretivo /
Limpeza (sala, banheiro e ptio) / Melhorar o cuidado com o lixo/
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Professores
Mais srios/ Menos irritados/ Muito velhos/ Reclamam da apatia dos alunos/ Reclamam
de dores/ Tratam os alunos como crianas/ Deveriam incentivar/ Alguns gritam demais/
Alguns mal-educados/
Recreio
Aumentar o tempo/ Melhores msicas/ Poder ficar na sala/ Bolas para poder jogar/
Msica muito alta/
Figura 1. Organizao e participao da comunidade escolar no espao para reflexo e leitura das ideias (crticas e/ou elogios) para apresentao de resultados comunidade escolar.
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