Resenha Sobre Valsiner
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Resenha
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http://dx.doi.org/10.1590/0103-656420140108
Resenha de: Valsiner, J. (2012). Fundamentos da psicologia cultural: mundos da mente, mundos
da vida. Porto Alegre, RS: Artmed.
formas de relao pessoa-cultura que postular, afastando-se de proposies monolgicas da relao entre acontecimentos pessoais e sociais, tais como aquelas em que a
pessoa pertence cultura, como na psicologia transcultural, e tambm daquelas em que a cultura pertence pessoa, como na antropologia social. Na dialogia de Valsiner,
a cultura pertence ao sistema psicolgico individual, que se
constri pelos processos de internalizao e externalizao
aqui aparece a perspectiva de Lev Vygostsky em um
constante movimento de mtua constituio entre acontecimentos pessoais e sociais aqui se mostra a perspectiva
de bidirecionalidade dos processos de socializao, que o
autor traz de suas obras anteriores.
Essas ideias so postas no Captulo 1, em que
Valsiner se dedica no apenas sua postulao, mas
tambm e principalmente em situ-las criticamente no mbito das noes de cultura contemporneas, em explicitar
sua filiao terico-metodolgica e em argumentar em favor delas por meio de suas implicaes para a articulao
entre os mbitos pessoal e social da vida humana. Nesse
captulo inicial j apresenta os constructos formadores de
sua proposta da cultura como semiose, em que a noo de
ambiguidade central:
Se a cultura deve ser explicada pela semiose, a noo de ambiguidade est necessariamente, por conseguinte, no centro de todos os nossos construtos
tericos, do mesmo modo que desempenha um papel central em nossas experincias de vida (p. 49).
Ancorado no que ele mesmo denomina de bases
semiticas da psicologia cultural prossegue, nos Captulos
2 a 7, com uma complexa articulao entre os mbitos
pessoal e coletivo, onde cada proposio geneticamente
formativa da outra, e todas sistemicamente integradas na
questo-chave do livro: como os seres humanos vivem em
uma sociedade e . . . como a sociedade vive no interior
dos seres humanos (p. 67).
Nesses captulos, diante das formulaes tericas
que vai apresentando, so desdobradas implicaes epistemolgicas, metodolgicas e ticas de suas escolhas na direo desta ou daquela psicologia, nesta ou naquela fronteira
com as cincias, a histria e a semitica.
O Captulo 2 , nessa perspectiva, central. Nele
Valsiner traz tona e explicita sua noo de sociedade,
que vem cunhando principalmente dentro de tradies da
psicologia social de campo, remetendo a Kurt Lewin, da
psicologia das representaes sociais, com Moscovici, e da
psicologia gentico-cultural, com Heinz Werner.
Nessa altura, define sociedade como uma abstrao
conceitual, uma histria mtica coletivamente criada e partilhada, que funciona como um signo (do tipo campo), com
impacto orientador sobre a vida das pessoas. A sociedade ,
assim, uma teia mitolgica, construda e reconstruda pelas
prprias pessoas nela imersas que cria condies reais
ou circunscreve suas prprias vidas, orientando seu prprio
existir. Aqui reconhecida a convergncia das proposies
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Referncias