Texto Agroecologia

Palestra: Agroecologia
Palestra
Agroecologia
Luiz Antnio Vieira da Silva*
A abelha fazendo o mel vale o tempo que no voou...1

Beto Guedes e Fernando Brant
Inicialmente, gostaria de fazer algumas consideraes a respeito dos prefixos agros
e eco, ambos de origem grega, em que o primeiro, agrs, significa campo e o segundo
okos, casa ou habitao. A partir disto, podemos entender que o termo Agroecologia
descreve a interao do setor primrio de produo com o meio ambiente. Numa viso
maior, chamamos de casa no apenas o espao fsico que vivemos, onde encontramos
nosso recanto de sossego e bem-estar, mas numa viso maior para nossa casa, do local
em que alm de moramos, cuidamos de nossos filhos e companheira (o), mas tambm
do espao fsico de total interao ou integrao com a natureza, abrangendo as relaes
ecolgicas entre os seres vivos de mesma espcie relaes interespecficas (colnias,
sociedades e competio) ou das relaes ecolgicas intra-especficas, entre indivduos
de espcies diferentes (protocooperao, inquilinismo, comensalismo, mutualismo,
amensalismo, herbivorismo, predatismo, parasitismo e a competio).
Portanto, trataremos do campo (local ou modo de produo) como o lugar que
ns, humanos, habitamos (moradia e subsistncia) e onde temos profunda interao
com o meio ambiente. Aquele em que, ao mesmo tempo, estamos inseridos e que est
ao redor deste espao produtivo e de moradia. O modo de produo, o modo de vida e
a interao humana/meio ambiente Ecologia Humana.
Em 1866, o zologo alemo Ernest Haeckel (1834-1919), postula o termo
Ecologia, que por definio o estudo das relaes entre os seres vivos e o ambiente
em que vivem. Pelo fato de ns, humanos, sermos seres vivos, consequentemente,
compartilhamos a Biosfera com os demais seres vivos macroscpicos ou microscpicos,
numa ao conjunta que regula a vida neste planeta. A Ecologia como toda cincia
moderna, necessita das informaes geradas por outras cincias, num trabalho
interdisciplinar, envolvendo diversos ramos do conhecimento. Alm da Biologia, da
Fsica e da Qumica, tambm as Cincias Econmicas e Sociais tm de ser integradas,
*
Bilogo - Mestre em Higiene Veterinria. Professor do Instituto Federal Fluminense - Colgio Tcnico Agrcola Ildefonso Bastos
Borges Campus Bom Jesus do Itabapoana
Palestra proferida no Assentamento Rural Santa F, na localidade de Batatal, em Apiac (ES) em 12/11/2009.
VRTICES, Campos dos Goytacazes/RJ, v. 12, n. 3, p. 199-201, set./dez. 2010
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Luiz Antnio Vieira da Silva
para que se possa entender a incrvel complexidade das relaes existentes entre o
homem, os seres vivos e o planeta.
Quando tratamos de implantao de qualquer tipo de indstria urbana ou rural,
devem-se considerar os aspectos econmicos e os impactos ambientais provocados por
ela. Deve-se considerar o lixo gerado, os resduos slidos ou lquidos, onde ser lanado,
se provoca degradao de matas, rios e lagoas etc. Mais do que nunca, a Ecologia deve estar
ligada Economia e vice-versa, o que iremos chamar de Planejamento Ambiental.
A Primeira Conferncia Mundial sobre o Meio Ambiente aconteceu em
Estocolmo, na Sucia, em 1972. A participao do Brasil nesta Conferncia promovida
pelas Naes Unidas, deixou muito a desejar. At ento no tnhamos nenhuma lei
que tratasse do assunto. Muito embora tivssemos o Cdigo Florestal, na poca, j
desatualizado, mas que no formava nenhum conjunto de mecanismos legais abrangentes
a questo ambiental. Coube ao Presidente Joo Batista Figueiredo, a assinatura da Lei
de n 6.938, de 31 de agosto de 1981, que trata da Poltica Ambiental. Na sua estrutura
no seu 2 artigo, item 10, verifica-se a abordagem acerca do ensino sobre Educao
Ambiental.
interessante, neste momento, destacarmos que a Educao Ambiental no
visa apenas reciclagem de papel ou preservao do mico leo-dourado. Ela envolve
outros aspectos relativos ao meio ambiente humano com os demais meios como uma
imensa teia. Falar de Educao Ambiental tratar de misria, de transporte, de escola,
de salrio, de saneamento bsico, etc. falar de gerar qualidade de vida, dar o bemestar fsico, mental e social ao indivduo ou a uma comunidade. Portanto, deve ser
tratada como um fato poltico, com bases num pensamento crtico e inovador, capaz de
promover as mudanas de atitudes da sociedade.
A agroecologia consiste em uma proposta de agricultura sustentvel, ou seja,
socialmente justa, economicamente vivel e ecologicamente sustentvel.
importante lembrar os movimentos sociais que explodiram entre as dcadas de
60 e 70, como resultado, por exemplo, do fim da Segunda Guerra Mundial, da guerra
entre Estados Unidos e Coria do Norte, a crise dos msseis de Cuba e o engrossamento
do conflito norte-americano no extremo oriente agora com o Vietnam. Movimentos
sociais como a Contracultura, concebido pelo pensador alemo Marcuse, do movimento
paz e amor da atitude de ser hippe, da gerao Woodstock (antecessores do movimento
ambientalista no mundo), de formar e viver em comunidades de ideais naturalistas e/
ou agrcolas, ao estilo dos israelitas dos Kibutzim, do bem comum, preocupados com a
preservao e conservao do meio, de estar em harmonia completa, com que Carl Sagan
denomina de Cosmos. A esta semente, posteriormente germinada e desenvolvida,
chamaramos de agroecologia, como campo de produo cientfica alternativo de
relao homem-meio ambiente. Nasce como cincia multidisciplinar, preocupada
com a aplicao direta de seus princpios na agricultura, na organizao social e no
estabelecimento de novas formas de relao entre sociedade e natureza.
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Alicerada pela ECO-92, a Conferncia Mundial das Naes Unidas para o Meio
Ambiente, realizada na cidade do Rio de Janeiro, em 1992, traz consigo documentos
como a Carta da Terra e trs convenes a respeito da Biodiversidade, Desertificao e
Mudanas climticas, uma declarao de princpios sobre florestas, a Declarao do Rio
sobre Ambiente e Desenvolvimento e a Agenda 21 (base para que cada pas elabore seu
plano de preservao do meio ambiente).
Assim, a ECO-92 apresenta como objetivo principal buscar meios de conciliar
o desenvolvimento scio-econmico com a conservao e proteo dos ecossistemas da
Terra.
O surgimento da agroecologia, cujas bases ainda esto sendo fundadas, coincidiu
com a preocupao pela preservao dos recursos naturais. Com os critrios de
sustentabilidade, norteiam as discusses sobre uma agricultura sustentvel, que garanta
a preservao do solo, dos recursos hdricos, da vida silvestre e dos ecossistemas naturais,
e ao mesmo tempo garanta a segurana alimentar.
A agroecologia uma abordagem da agricultura que se baseia nas dinmicas da
natureza. A sucesso natural a qual permite que se restaure a fertilidade do solo sem
o uso de fertilizantes minerais e que se cultive sem uso de agrotxicos. No mbito
da agroecologia, encontramos as discusses sobre agricultura orgnica, biodinmica,
natural, a agro floresta, a permacultura e outros temas. A agroecologia a passagem da
maneira convencional de produzir, com agrotxicos e outros contaminantes, para novas
maneiras de fazer agricultura, com tecnologias de base ecolgica.
A agroecologia se contrape ao agronegcio:
Por condenar a produo centrada na monocultura, na dependncia de insumos
qumicos e na alta mecanizao.
Por criticar, alm da concentrao de terras produtivas, a explorao do
trabalhador rural e o consumo no local da respectiva produo.
Conclui-se, ento, que as prticas agroecolgicas podem ser vistas como prticas
de resistncia da agricultura familiar, pois se baseiam na pequena propriedade, na mo
de obra familiar. Em sistemas produtivos adaptados s condies locais e em redes
regionais de produo e distribuio de alimentos. Movimento gerado h quase 50
anos, nestes momentos de alta tecnologia de manejo e produo das reas agricultveis
(agricultura e pecuria), mantm-se como alternativa de vida e consumo. De respeito
a todas as formas de vida e, consequentemente, ao meio ambiente, interao homem
natureza. Buscando para ns, humanos, o que o meio nos oferece de mais saudvel.
Mesmo transformando, modificando, alterando o espao fsico, mas de maneira a no
causar impactos ambientais. Pois como na cano a abelha fazendo o mel vale o tempo
que no voou...
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Adriano Henrique Ferrarez et al.
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VRTICES, Campos dos Goytacazes/RJ, v. 12, n. 3, p. 199-201, set./dez. 2010

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VRTICES, Campos dos Goytacazes/RJ, v. 12, n. 3, p. 199-201, set./dez. 2010

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Adriano Henrique Ferrarez et al.

VRTICES, Campos dos Goytacazes/RJ, v. 12, n. 3, p. 41-57, set./dez. 2010

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