Analise Falha Aquecedor de Ar Caldeira
Analise Falha Aquecedor de Ar Caldeira
Analise Falha Aquecedor de Ar Caldeira
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Resumo
O aumento da demanda por energia a partir do bagao da cana tem feito com que as usinas de acar e lcool
busquem alternativas para reduo da manuteno das caldeiras, liberando mais tempo para a produo. O emprego do
ao inoxidvel tem se mostrado uma das principais ferramentas para esta reduo. Entretanto, erros de especificao
podem levar a falhas prematuras. Este trabalho reporta os fatores que levaram a tubos de ao inoxidvel AISI 409
romperem aps meia safra quando aplicados no pr-aquecedor de ar da caldeira de uma usina. Nesta aplicao, o AISI
304 dura cerca de 15 safras e o ao carbono em torno de 3. Foram utilizadas as tcnicas de anlise qumica via mida,
microscopia tica e EDS para caracterizar um tubo enviado pela usina. Os resultados apontaram formao de cloreto
nas paredes internas dos tubos que, em conjunto com o ambiente, acelerou o processo de corroso. O ao carbono
apresentou maior vida til dada a espessura 70% mais elevada. Devido s condies de trabalho do equipamento
recomendvel o emprego de aos inoxidveis com maior resistncia corroso, como o tradicional austentico AISI 304
ou o ferrtico AISI 444 este ltimo que apresenta melhor troca trmica.
Palavras-chave: Ao inoxidvel; Corroso; Tubo; Sucroalcooleiro.
1
Doutor em Engenharia Metalrgica e de Materiais, Diretor do Instituto SENAI de Inovao em Tecnologias Minerais, Belm, PA, Brasil.
E-mail: [email protected]
2
Engenheira Qumica, Coordenadora de Pesquisas em Corroso, Aperam Europe, Isbergues, Nord-Pas-de-Calais, Frana.
E-mail: [email protected]
3
Doutor em Cincia dos Materiais, Coordenador de Pesquisas em Ao Inoxidvel, Aperam South America, Timteo, MG, Brasil.
E-mail: [email protected]
216
Tecnol. Metal. Mater. Miner., So Paulo, v. 11, n. 3, p. 216-221, jul./set. 2014 217
C
0,01
Mn
0,14
P
0,03
S
0,00
N2
0,01
Si
0,43
Cr
11,07
Ni
0,18
ASTM
0,03
1,00
0,04
0,02
0,03
1,00
10,50-11,70
0,50
Outros
Ti=0,17
Nb=0,01
6(C+N)Ti0,5
Nb 0,17
Figura4. Macrografia das amostras: 1-sem perda de espessura (a), e 6-na regio do rompimento (b).
218
cloro possui explicaes diversas, todas ligadas a caractersticas da usina, como a proximidade da regio costeira,
o tempo e forma de estocagem do bagao (cu aberto),
o mtodo de colheita da cana ou at mesmo o tipo de
gua utilizada no processo (proveniente de um lago com
alimentao intermitente pelo mar).
A presena de cloretos em propores acima de
100ppm e em meio mido torna o ambiente agressivo
ao ao. Neste caso, foi apontada a formao de corroso
em regies com 0,25% em peso (2.500ppm), atingindo
valores superiores em anlises mais pontuais. Para o
pr-aquecedor de ar, a caracterstica do processo que
promove o ambiente corrosivo a troca trmica entre o
ar frio e as paredes dos tubos (aquecidas devido s temperaturas dos gases internos), o que gera condensao nas
tubulaes. Tal fato se deve presso interna nas tubulaes, que eleva o ponto de condensao da gua. Tem-se
que, por exemplo, a uma presso de 20kgf/cm2 a temperatura de condensao da gua de cerca de 210C [10].
Sendo assim, dependendo da presso aplicada, como a
do equipamento analisado de 21kgf/cm2 (valor medido
Figura5. Camada de xidos formada na amostra 6: regio sem perda de espessura (a) e regio do rompimento (b)-valores em mcrons.
Agradecimentos
Trabalho relacionado a projetos desenvolvidos com
auxlio da Financiadora de Estudos e Projetos-FINEP.
REFERNCIAS
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Recebido em: 19 Out. 2013
Aceito em: 15 Maio 2014
Tecnol. Metal. Mater. Miner., So Paulo, v. 11, n. 3, p. 216-221, jul./set. 2014 221