71º Caderno Cultural de Coaraci

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 16

CADERNO CULTURAL

COARACI
71
Parque Monteiro Lobato - Foto Adonai - Efeito - PauloSNSantana - Banner Net

Desde 2010, distribudos gratuitamente 49.700 exemplares. 700 amostras mensais.


Novembro de 2016

63
anos
Bem vindo a Coaraci

Lei de Reforma do Congresso de 2013


A HORA PARA ESTA PEC NACIONAL AGORA! VAMOS TIRAR TODOS OS PRIVILGIOS DOS CONGRESISTAS!!!

Caderno Cultural de Coaraci, 5 anos com voc - 49.700 exemplares distribudos gratuitamente
NOVEMBRO

2016

VOTO INVESTIMENTO POPULAR

NOVO PREFEITO DE COARACI ASSUMIR EM JANEIRO DE 2017


O novo Prefeito de Coaraci a partir de janeiro de 2017 Jadson Albano, lho de
Raimunda Albano e de Joaquim M. G. Galvo popularmente conhecido como Gima.
Nasceu em 7 de janeiro de 1983, estudou na Escola Monteiro Lobato e na Universidade
de Santa Cruz, UESC, onde graduou-se em Administrao. Casou-se com Deyse
Souza. bastante conhecido em Coaraci, por ser um catlico atuante, msico, e j ter
possudo uma banda. Com a perda de seus irmos tornou-se o brao direito da famlia,
passando a gerir os negcios com o seu pai.
H pelo menos duas eleies ele vinha tentando eleger-se Prefeito Municipal, no
primeiro pleito foi superado e nestas eleies foi eleito juntamente com o seu VicePrefeito o vereador Rosival Carvalho.
Grande parte da populao urbana e rural de Coaraci votou nele acreditando em
suas propostas de governo, e os seus projetos so muito interessantes. Vai enfrentar
muitas diculdades com relao economia municipal, em razo do Brasil estar
passando por um dos piores momentos de toda a sua histria. um iniciante na
politica, possui uma cha limpa e isto bom, principalmente neste momento de
incertezas e desconanas.
Durante a sua campanha politica Jadson apresentou comunidade uma srie de
projetos: Com relao sade, pretende promover aes que visem a melhoria do
atendimento hospitalar, potencializar os servios dos Postos de Sade da famlia PSFs
aumentar a acessibilidade aos medicamentos, fazendo a utilizao eciente dos recursos da assistncia farmacutica. Na
educao, esporte, lazer e cultura, pretende investir na qualidade do ensino, assegurar a contrapartida dos acordos rmados
entre Secretaria de Educao Municipal e Associaes Estudantis, monitorar e assegurar as metas e as estratgias do Plano
Municipal de Educao de forma democrtica, melhorar o atendimento do transporte escolar com igualdade e segurana aos
usurios, criar uma agenda cultural do municpio, atravs de audincia pblica com os atores envolvidos, resgatar festividades
como 7 de Setembro, Lavagem de Santa Helena, desenvolver parcerias com outros municpios, a m de criar circuitos de
eventos, aumentar a participao de atletas coaracienses nos diversos esportes, buscando potencializar a visibilidade do
municpio, revitalizar os espaos pblicos de prticas esportivas, promover Jogos Estudantis com as escolas pblicas e
privadas. Pretende cuidar, preservar e planejar uma nova Segurana Pblica Municipal, com o apoio logstico, reestruturao e
treinamento da guarda municipal via parcerias, dando condies necessrias para a execuo de suas aes, deseja estimular
a parceria entre os Guardas Municipais, Policia Militar e Policia Civil, para melhores resultados, por meio da uma Gesto
Integrada. Quanto ao Desenvolvimento Econmico, pretende dar oportunidade, servios, diversicar, promover a PrAtividade, inovar, criar uma identidade, potencializar, criar parcerias, promover o acesso e zelar pelas estradas. Pretende
estimular parcerias com a SEBRAE, CDL, UESC e demais rgos que promovam o desenvolvimento empresarial e o esprito
empreendedor, apoiar eventos que promovam a exposio de produtos e servios em nosso municpio, implementar aes que
promovam a produo e a comercializao do artesanato no municpio, criar A Casa do Arteso e promover eventos que
viabilizem a comercializao dos produtos agropecurios do municpio. Pretende estruturar a feira livre com banheiros limpos,
barracas padronizadas, constantes higienizaes, promover a organizao e conforto dos usurios. Implantar a Coleta Seletiva
nas reparties pblicas e apoiar as associaes de catadores de lixo, responsvel pelo lixo seletivo. Com relao Assistncia
Social, zelar pela igualdade, fortalecer a autoestima, criar parcerias, e dar oportunidades. Programar novas aes que
contemplem os servios de convivncia no municpio e implantar este servio nos distritos, apoiar tecnicamente o Centro de
Recuperao Desao Jovem, fortalecer parcerias entre CREAS e Conselho Tutelar. Para o desenvolvimento urbano, pretende
modernizar, elaborar um planejamento urbano, embelezar a cidade, e criar a incluso social. Vai construir um cinema modelo,
alcanar reas urbanas sem calamento, promovendo vias pblicas de qualidade, reformar e revitalizar as praas do municpio,
construir academias de sade na Praa de Eventos.
Para Jadson a sua administrao ser moderna, prossional, renovada, responsvel e haver sincronia entre os poderes.
Ele arma que vai praticar uma gesto participativa, transparente e democrtica com a valorizao dos servidores pblicos
concursados. Vai permitir que os secretrios tenham mais autonomia no exerccio de suas funes e deve monitorar as metas
estabelecidas pelo executivo, manter a tica e o combate corrupo, por meio de estratgias de auditorias internas, criar
uma comisso permanente pra discutir, pensar e idealizar uma Coaraci no futuro, focada na modernizao e inovao.(Fonte
Livreto de Campanha, CNPJ CAND.25.511.952/0001-09-Tiragem 1000 UM-CNPJ GRAF:63.201.867/0001-25).
Espera-se que a administrao de Jadson Albano seja transparente e como ele mesmo disse, moderna, e que a sua
equipe comungue com as suas ideias e contribua para ajud-lo a resolver todas as diculdades que vo se desenhar no futuro.
PauloSNSantana

CRDITOS
Diretor: Paulo Srgio Novaes Santana. Rua Jos Evangelista de Farias, 16, 1 andar.
Tel.(073) 3241 - 2405 / (073) 98121-8056.
Reviso textual, diagramao e arte-nal: PauloSNSantana.
Site: www.informaticocultural.wix.com/coaraci.
Impresso: Grca Mais. Reviso ortogrca: Licia Kassyele. Colaboradores: Dr Suzy
Santana Cavalcante (Mdica), Carlos Maia, Almir Sena, M Clia S. Cavalcante,
Ilce Liane Barreto.
Parceiros: Raael Carneiro e Foto Adonae. Distribuio municipal - Hlton Valadares.

email:informativocultural162@gmail

Pg.02

Caderno Cultural de Coaraci, 5 anos com voc - 49.700 exemplares distribudos gratuitamente
NOVEMBRO

DE POUSO ALEGRE A ALMADINA

Em Janeiro de 2017 o
Municpipio de Almadina
ter um Prefeito
Coaraciense
O empresrio coaraciense, Milton
Cerqueira, muito conhecido na regio,
ex-vereador da cidade de Itabuna,
assume a Prefeitura Municipal de
Almadina a partir de 01 de Janeiro de
2017. Milton um empresrio de
sucesso, durante a sua vida em Coaraci,
se destacou pela dedicao ao trabalho.
Ele foi feirante, vendedor de peixes,
a g r i c u l t o r, p r o d u t o r d e c a c a u ,
proprietrio de banca do jogo do bicho,
mas destacou-se mesmo quando se
mudou para Itabuna, onde chegou a
uma cadeira na Cmara Municipal
daquela cidade. Embora tenha se
empenhado para ser prefeito de
Coaraci, infelizmente para ele este
projeto no foi bem sucedido. Nestas
eleies ele conseguiu vencer o seu
adversrio, ser prefeito pelo municpio
vizinho Almadina. As eleies, foram
acirradas, com muitos atos de violncia,
mas tudo transcorreu dentro da
legalidade. Conforme noticiou a mdia,
Milton Cerqueira vai abrir mo do salrio
de prefeito. Ele j avisou que vai abrir
mo do salrio superior a R$10 mil reais,
e pretende doar o dinheiro para
construo ou reforma de casas de
pessoas carentes. Sem considerar os
reajustes anuais com inao, Milton
abrir mo de nada menos que R$ 480
mil reais durante seus quatro anos de
mandato: - Graas a Deus no dependo
de poltica, entrei na poltica para ajudar
a populao mais carente. E durante a
campanha falei que abriria mo do meu
salrio, e vou fazer isso a partir de
janeiro, declarou ele.
Fonte:Pablo Nascimento.

PROCEDNCIA DO NOME
DA CIDADE DE ALMADINA
Histria adaptada por PauloSNSantana
Fonte: Henrique Kruschewsky

Existem algumas teorias sobre a origem


do nome Almadina: A primeira delas
que Almadina derivou-se de Almada que
signica Mina de Ouro e de Prata. Ou
foi do Rio Almada. A sua numerologia
corresponde aos nmeros 325, que
indica um povo que gosta de liberdade,
de se aventurar, gostam de espaos
abertos para extravasar a sua energia e
alegria de viver. A segunda remonta a
personagem de MARIA D'ALMADA, uma
portuguesa da alta sociedade de Ilhus
(onde morava), que contribuiu com a
vila de Pouso Alegre conseguindo
engenheiros ingleses pra elaborarem o
plano diretor urbano da futura cidade,
observe que Almadina tem um
excelente traado, e se distingue da
grande maioria das cidades da regio. A
terceira teoria de mera semntica que
alega o signicado em latim de
"Almadina", que seria "alma digna" e
dessa forma "almadinense" seria igual a
"povo de alma digna".
Por m, a quarta e ltima teoria, no to
potica, no entanto a que me pareceu
mais real e crvel, a que ouvi do Dr. Zeca,
e que passei ao Caderno Cultural, na
certeza de que seria sem dvidas de
grande importncia histrica: Ouvi do
meu amigo Jos Carlos Oliveira, histria
da poca da emancipao politica da
regio, e em especial do municpio
Pouso Alegre. Ele me contou que quando
reunidos para escolherem um nome
para Pirangi, Almadina foi apresentado,
mas algumas lideranas presentes no
ato recusaram e justicaram que j
haviam escolhido Itajupe que signica
"CAMINHO DE GUAS ENTRE PEDRAS E
ESPINHOS. Na oportunidade lideranas
de Pouso Alegre presentes no ato ocial,
atrados pelo belo e sugestivo nome
Almadina, comunicaram as autoridades presentes que Pouso Alegre
passaria a se chamar Almadina. O
Intendente levou a deciso dos PousoAlegrenses ao Governador, que na
mesma ocasio mandou registrar em
cartrio.
Quando retornaram a Pouso Alegre com
a noticia, as lideranas foram contestadas, pois o povo queria o nome So
Joo Batista. Resultado: Eles tiveram
que fugir da cidade s presas.
Acredite se quiser!

2016

a economia almadinense antes cacaueira, hoje baseada na produo de


pequenos agricultores e um comrcio
mediano, contando tambm com as
movimentaes nanceiras atravs dos
aposentados e funcionrios do
municpio. Fica perto das cidades de
Coaraci, Itajupe, Itabuna e Ilhus, onde
a estrada asfaltada e 80% em timo
estado.
Fica prxima tambm s cidades de
Floresta Azul, Ibicara e Ibicu, estando
os trechos de ligao em pssimo estado.
O rio Almada nasce em Almadina e passa
pelas cidades vizinhas, chegando a
desaguar em Ilhus; hoje o rio passa por
um profundo estado de poluio, sendo
submetido a despejo de lixo e esgoto,
como tambm h desmatamento nas
suas proximidades A cidade de
Almadina, antes chamada de Pouso
Alegre, chegou no auge do cacau a ter
16.000 habitantes, hoje com o xodo
desta populao para metrpoles, a
populao no chega a 7.000 habitantes.
O municpio tem escolas municipais e
estaduais bem conservadas e com um
bom ensino. A populao de Almadina
tambm relativamente muito pobre,
dependendo at da importao de frutas,
verduras, mercadorias, entre outros
produtos. Os almadinenses recorrem a
cidades vizinhas para muitas coisas.
O lazer dos habitantes ca por conta dos
bares, lanchonetes, boate. A menos de
100 quilmetros encontra-se tambm as
praias de Ilhus, onde muitos optam por
esta possibilidade.
Atualmente a cidade conta com dois
provedores locais de internet, rdio e tv
cabo, com velocidades que variam entre
128 kbps e 1 mbps, alm da velox, da
Operadora Oi.
Tambm conta com sinal de celular GSM
da Operadora Claro. A viao Rota liga
Almadina a Coaraci, Itajupe, Itabuna,
Ilhus, Floresta Azul e Ibicara.
Mais informaes sobre a cidade podem
ser encontradas no site:
.............. www.almadanews.com.br.
Referncias:
Instituto Brasileiro de Geograa e
Estatstica (IBGE).

HISTRICO DE ALMADINA
Almadina um municipio do Estado da
Bahia. Sua populao estimada em
2014 era de 6.357 habitantes. Almadina
uma cidade hospitaleira, onde nos
meses de junho e julho acontece as
festividades juninas, So Pedro e So
Joo, uma cidade muito fria que chega
a menos de 10C no ms de junho.
A cidade cercada por lindas serras
tpicas da Mata Atlntica;

Site:www.informativocultural.wix.com/coaraci

Pg.03

Caderno Cultural de Coaraci, 5 anos com voc - 49.700 exemplares distribudos gratuitamente
NOVEMBRO

MULATA BASTARDA, POBRE E ROMANCISTA

2016

Mulata, bastarda e
pobre, Maria
Firmina dos Reis
sofreu muito
preconceito, mas
foi a primeira
romancista
brasileira

MALUCO BELEZA

Adonias Filho
Adonias Filho nasceu na Fazenda So
Joo, em Itajupe, antiga Pirangi, no sul
da Bahia, em 1915. Contista,
romancista, ensasta e tradutor. Como
romancista autor de Os Servos da
Morte (1946), Memrias de Lzaro
(1952), Corpo Vivo (1962) e As
Velhas (1975), dentre outros. Ocupou
cargos importantes na vida cultural do
Brasil: diretor do Instituto Nacional do
Livro, do Servio Nacional do Teatro, da
Biblioteca Nacional, da Agncia
Nacional, presidente do Conselho
Federal de Cultura e membro da
Academia Brasileira de Letras. Sua obra
foi traduzida para o ingls, espanhol,
alemo e eslovaco. Pelo conjunto da
obra recebeu o Grande Prmio de Fico
da Fundao Cultural do Distrito
Federal. Transita com forte inventiva e
segurana tcnica impressionante tanto
no romance como na novela e no conto.
Seus personagens tambm narram, os
dilogos acontecem no tempo exato,
estilizando e recuperando o idioma.
Consegue projetar em seus dramas uma
a t m o s f e ra d e g ra n d e d e n s i d a d e
humana, grande fora conitiva, grande
tragicidade. O texto A Moa dos
Pezinhos de Queijo foi escolhido do
livro O Largo da Palma, 1981. Faleceu no
dia 5 de agosto de 1990, na Fazenda
Aliana, de sua propriedade, no interior
de Ilhus. (Ft. Lvr. O conto de cinco
baianos de Cyro de Mattos.)

Fonte abahiadeoutrora.blog
Existem dvidas se era realmente
maluco ou apenas um excntrico
irreverente. O importante nesses tipos
populares a sua perenidade, imortais
sua maneira torta, pois, nunca so
esquecidos pelo povo. Incorporam-se ao
folclore da regio e atravessam sculos.
O Maluco Beleza era um desses tipos
engraados que divertia todos.
Seu ponto favorito era a Ladeira do
Taboo onde sempre fazia um arremedo
de comcio para a multido que se
postava ao seu redor. Tinha uma
cabeleira enorme, desgrenhada e uma
cara de poucos amigos. Era um
monarquista de carteirinha e recitava
catilinrias contra a Repblica, que
achava coisa do demo que s iria trazer
destruio para o povo brasileiro.
Fazia questo de esmiuar cada um dos
erros do novo regime e tentava aular o
povo contra os polticos republicanos e
suas ideias erradas. Como levava muito
a srio o que fazia e tinha um jeito todo
especial de inamar a multido, a polcia
comparecia sempre e acabava a
igrejinha a os de espada e patas de
cavalos. A multido se dispersava, o
orador
ia direto para a Casa de
Correo de onde saia impvido no dia
seguinte para comear tudo de novo, a
garrafa de branquinha pendendo da sua
mo esquerda.
Muitos anos mais tarde, um gnio
tambm rebelde, inconformista e
inconformado, ostentando uma
cabeleira cacheada, mimoseou a Bahia
com suas msicas e seu estilo
inconfundvel de viver. Tambm foi
chamado de Maluco Beleza e tambm
jamais ser esquecido apesar de ter
nascido h dez mil anos atrs.
Chamava-se Raul Seixas. E no havia
nada neste mundo que no soubesse
demais...Nota: Na falta de uma imagem
do Maluco Beleza de outrora, coloquei
uma caricatura do Maluco Beleza de
hoje, o imortal Raul seixas.

email:informativocultural162@gmail

Este ano, comemora-se 191 anos de


nascimento da escritora maranhense
Maria Firmina dos Reis, apontada como
a primeira romancista brasileira.
Durante muito tempo, sua produo foi
ignorada em detrimento de escritoras
como a potiguar Nsia Floresta (18101885), nome importante na luta
feminista, e a paulista Teresa Margarida
da Silva e Orta (1711-1793), considerada a primeira mulher a escrever co
no Brasil, fato contestvel porque ela
viveu a maior parte de sua vida em
Portugal. Firmina pioneira, porm, por
ter conseguido publicar seus romances
autonomamente, no sem esforo, alm
de atuar no magistrio, tendo sido
responsvel inclusive pela inaugurao
de uma escola mista e gratuita no
Maranho, o que causou grande
polmica na poca.
Maria Firmina nasceu em So Lus, em
1825. Mulata, bastarda e pobre, sofreu
muito preconceito, contra o qual lutou
bravamente, provando seu valor no
campo intelectual. Era prima do escritor
e educador Sotero dos Reis, de quem
recebeu apoio. Ela foi aprovada em
concurso pblico para professora
primria, na cidade de Guimares, e
denunciou as injustias ocorridas no
campo da educao, de difcil acesso no
sculo XIX. Seu romance mais famoso
rsula, publicado em 1859. De temtica
abolicionista, a obra retrata os horrores
da escravido e desenvolve as camadas
psicolgicas dos personagens negros,
de grande importncia no enredo,
apesar de ter no plano principal o amor
impossvel entre dois personagens
brancos. Em outro romance, Gupeva, de
1870, a autora aborda o indianismo: um
chefe indgena se apaixona por uma
moa vinda da Europa, sem saber que se
trata de sua meia-irm. So histrias
bem novelescas, com um pano de fundo
que retrata a sociedade de maneira
ferrenha. Firmina tambm foi contista,
poetisa, charadista e compositora de
msica. Escreveu artigos crticos para
jornais locais, comps o Hino
Libertao dos Escravos e o conto A
Escrava, aderente aos ideais
antiescravistas e republicanos. Me
adotiva de dez crianas, solteira toda a
vida, morreu em sua casa, pobre, cega e
esquecida em Guimares, 1917.
Felizmente, alguns autores e pesquisadores da atualidade resgataram sua
importncia, comentando sua vida e
obra. Tanta ousadia no poderia ter sido
em vo.Referncias: NERES, Jos.
Maria Firmina dos Reis: Nossa Primeira
Romancista. In: Revista Conhecimento
Prtico Literatura. n 58. 2015.

Pg.04

Caderno Cultural de Coaraci, 5 anos com voc - 49.700 exemplares distribudos gratuitamente
NOVEMBRO

LAGARTAS VERDES

A FEIJOADA DE BETUME
Do coaraciense Ivo B. Ramos

Eram cerca de quatorze horas, quando o


construtor do primeiro edifcio de
apartamentos de luxo de Itabuna,
puxou uma cadeira e me perguntou: A
que horas encerram os trabalhos no
canteiro? L pelas duas da manh,
quando a laje estiver completa. Pondo a
mo no queixo, pensativo, disse:
Quando terminarem, aqueles homens
estaro cansados e famintos: O que iro
comer aquela hora? V ao mercado,
compre o necessrio e prepare uma
comidinha para eles. Como hoje
sexta e segunda feira feriado, compre
tambm uma cachacinha como
aperitivo!
H cerca de duzentos e cinquenta
trabalhadores na obra. Vai ser muita
comida para alimentar todos! Sim,
eu sei e compre coisas boas. Eles
merecem. Prepare tudo e me d a conta.
Eu pago!Fui obra e pedi ao mestre
Tonho que liberasse dois serventes
Cassiano e Rel para ajudar nos
preparativos da comidinha. .......
..Acompanhado de suas mulheres,
com as quais vivia h cerca de quatro
anos, Valdecy, a Val, vinte e quatro
anos, grvida de trs meses e Cibelly, a
Cila, vinte e dois anos, grvida de dois
ambas chegaram rindo alto e fazendo
chacotas com as barrigas. Cassiano,
trinte e cinco anos, que de dia era
servente e noite era vigia da obra, (!?)
dizia que Cila era amiga e companheira
de Val, moravam os trs na mesma casa
no So Caetano e que cuidava dela como
cuidava de Val. Cila ajudava Val em tudo
(TUUUUUDO!!) e quando Val no estava
a m(kkkkkk!).
As duas eram timas cozinheiras e
seriam muito teis no preparo da
feijoada. Quando chegamos do
mercado, Cassiano e Rel j haviam
tomado todas as providncias. Em trs
trempes de ferro, seriam colocados os
c a l d e i r e s i m p r o v i s a d o s : To n i s
cortados ao meio, equipados com alas
d e v e r g a l h o, u t i l i z a d o s
como
depsitos de gua potvel e bebedouro.
Sobre a grande bancada de madeira
existente no galpo, foram colocados os
ingredientes: feijo, carne de porco
salgada, jab, toucinho defumado,

calabresa, carne-de-sol-de-dois-pelos,
paio, p de porco, bucho salgado,
cupim, barriga de porco, quiabo, jil,
abbora, couve, repolho, oito tigelas de
cebolas picadas, trs de pasta de alho e
trs de torresmo. Trinta maos de
tempero verde de todos os tipos,
pimentes, pimenta e cominho, corante,
tomate e pimenta de cheiro e folhas de
louro. Como arremate, foi jogado em
cada panelo um osso corredor de uns
trinta centmetros cada um! As
mulheres cortavam todos os
ingredientes juntos e despejavam nos
paneles, j com feijo. Cada vasilha
cheia era levada por Rel e Cassiano,
que utilizavam um ripo metido nas
alas de ferro, para facilitar o transporte
at s trempes. Para mexer, Cassiano
providenciou colheres de pau feitas
de ripas de sucupira, com mais de um
metro de comprimento. Val, minha
Pomba A, joga fora as cabeas de
repolho. Esto cheias de lagartas verdes
e gordinhas do tamanho de um dedo!
Pondo as mos na cabea e de olhos
arregalados, Val respondeu: Cassinho,
meu Pombo, agora tarde!
Cila, minha Pomba B, guarde na
geladeira os trs quilos de carne de
carneiro e os quatro quilos de l de
peixe. So do mestre Tonho Que cara
de espanto essa sua pomba doida?
Voc jogou tudo na panela?! Onde j
se viu feijoada com carneiro fresco e l
de peixe?!! Cila, voc esqueceu a
cozinha e s sabe o caminho do
quarto?PEIXE?! Cassinho, meu gato
angor, eu achei que voc tava lel!.
Temperei tudo e joguei na panela O
peixe foi junto!.. Caramba, agora
entendi as risadas de Val!

Perguntei a Val: No vo precisar de


gua para lavar os ingredientes da
feijoada? Ela respondeu: Carece no
D o u t o r, o s i n g r e d i e n t e s j t o
t e m p e ra d o e a s p a n e l a s j t o
cozinhando! Deu pra encher as trs!
Respondeu rindo e enxugando as mos
no avental!
O patro mandou trazer cinquenta litros
de cachaa destilada, meio saco de
limes, copos e pratos descartveis.
Tudo colocado no escritrio at a hora do

Site:www.informativocultural.wix.com/coaraci

2016
encerramento das atividades.
Por volta da meia noite, o patro chegou
acompanhado de dois amigos que
vieram de Braslia para a inaugurao do
edifcio (um Deputado Federal e um
Senador). Entraram no escritrio,
sentaram ao redor da mesa e me
perguntaram se j estava pronta.
Desculpe, mas no sabamos que o
senhor vinha. A feijoada est bem
temperada mas meio alinhavada e
quando os homens chegarem cansados
e famintos, no vo perguntar como foi
feita. Principalmente, aps uma boa
dose de cachaa! Eu no sei se o senhor
e os seus amigos
Eu sei, eu sei Passamos o dia
pensando nessa feijoada. Agora que
sentimos o cheiro e regada com uma
boa cachaa com limo V dizer
cozinheira que traga j os nossos pratos.
Estamos famintos!
Por volta de uma da manh, o toque
rpido da sirene indicou o encerramento
das atividades. A la j comeava a se
formar em frente ao Galpo da Feijoada.
Ningum se preocupou em perder
tempo tomando banho ou lavando as
mos! Largavam as ferramentas e os
carrinhos de mo e corriam para a la.
Muitos tiravam as tiras que havia nos
capacetes e os utilizavam como pratos
Cabia mais feijoada!
s pressas, conseguimos pratos e
talheres para o patro e seus
convidados. Comeram com vontade os
t r s g e n e r o s o s p r a t o s f e i t o s ,
decorados por dona Val com grandes
rodelas de cebola e de limo e uma
enorme bandeja de salada. Tomaram
vrias doses de caipirinha e deram
muitas risadas. Foi a melhor feijoada
que j comi! Disse o Deputado.
(Naquele momento, eu pensei no triste
m das lagartas verdes e gordinhas do
tamanho de um dedo!).
A coisa estava organizada! As cinco
janelas do grande galpo, estavam
ocupadas seguindo uma ordem: As trs
primeiras, com os caldeires de
feijoada, a quarta com a farinha e a
quinta com a cachaa, que era servida
nos copos descartveis (bem cheios).
Dinho, meu colega de trabalho, quis
agilizar a coisa dando a um peo uma
garrafa e dizendo-lhe que dividisse com
os colegas. Avidamente e com os olhos
arregalados, o homem pegou a garrafa e
com grande agilidade arrancou a
tampinha com os dentes e pelo gargalo,
despejou todo o lquido goela abaixo
como se fosse gua, atirando longe a
garrafa vazia! Dinho, de queixo cado,
tava o peo que se acabando de rir,
perguntava: Tem mais? Achou melhor
permanecer no batente da janela,
servindo nos copos. No meio de tanta
gente, h sempre algum quem se ...

Pg.05

Caderno Cultural de Coaraci, 5 anos com voc - 49.700 exemplares distribudos gratuitamente
NOVEMBRO

DONA MARIA DO BEIJ

destaca pela forma de ver a vida.


Betume era uma dessas pessoas. O
negro mais negro que j vi; Sua cor
impressionava, da o seu apelido. Corpo
atltico, alto e muito forte de tanto
malhar nas academias da vida. Sem pai
e sem me, desde criana se debate no
mar revolto do racismo e do
preconceito, sem nunca ter conhecido
um afago, um abrao ou um presente de
aniversrio. Mesmo assim, Betume
trabalhava mostrando o que tinha de
mais bonito: Os dentes, que se
destacavam at no escuro. Ria de tudo,
brincava com todos, botava apelidos e
sacaneava todo mundo. De vez em
quando o mestre chamava-lhe a
ateno e sempre nos avisava: Cuidado
com Betume, gente boa, generoso,
humilde, prestativo, e leal se gostar de
voc e for bem tratado mas tem pavio
curto! Briga bem e no aceita desaforos.
Tem vinte e seis anos
e j matou
quatro. Inclusive um soldado da PM
pernambucana (apelidado de Chibata)
que adorava estuprar negras (de
qualquer idade), surrar e torturar
negros at a morte! E foram muitos.
Betume foi o nico que no comeu da
feijoada! Gaiato como sempre, se
encontrava na sacada do oitavo andar e
para chegar antes dos companheiros,
resolveu descer por um cabo de ao que
estava instalado rente parede, vindo
do ltimo andar at o trreo. Sem tirar
as luvas de couro, agarrou com fora o
cabo e se jogou no espao!
Ouvimos um longo e tenebroso grito;
todos pararam assombrados! O patro e
os amigos, eu e Dinho, samos para ver o
que aconteceu. Nos fundos do edifcio
que estava s escuras, encontramos o
homem desmaiado. s pressas, Betume
foi levado para o hospital, cando em
observao com um p engessado, as
mos esfoladas e cheias de ataduras. O
atrito foi forte e as luvas de nada
adiantaram!
A pedido do patro, eu e Dinho fomos
entregar uma gorda gorjeta s
m u l h e r e s . E n c o n t ra m o s a s d u a s
abraadas e chorando, enquanto
procuravam uns brincos de ouro que
dona Val havia colocado em um
saquinho de papel e que caram dentro
da feijoada! Os brincos de Val nunca
foram encontrados mas a passadeira
que caiu da cabea de Cila estava no
terceiro panelo!
At hoje, quando passo em frente ao
edifcio, me recordo daquele dia e da
h is t r ic a e m a is t e m p e ra d a d a s
feijoadas E das lagartas verdes e
gordinhas do tamanho de um dedo,
que foram parar em Braslia! Observaes:Este caso foi baseado em fatos
reais. Como sempre, evito dizer nomes
verdadeiros.

A mulher emprestada
Autor Francisco Cruz Nascimento
Livro 1 Concurso Literrio do
Funcionrio Pblico da Bahia
Interior da Bahia, dcada de noventa,
povoado do Picado. Cheiro, um homem
de cinquenta e quatro anos, pequeno
agricultor de banana prata, homem
rude, casado com Dona Maria do beiju,
quatro lhos menores de dezoito anos,
apreciador de fumo de corda, grande
jogador de domin, frequentador dos
botequins locais, no dispensava uma
branquinha para abrir o apetite noturno,
esbanjava machismo e domnio total da
esposa e dos quatro lhos. Sendo dois
fora do casamento. Dona Maria era uma
esposa dedicada, que vendia beiju de
tapioca para ajudar na renda da famlia.
Submissa aos caprichos do marido
sonhava em voltar para a sua cidade de
origem, Bom Jardim, lugar que deixou
aos dezenove anos, para acompanhar
Cheiro, o maior vencedor de torneios de
domin do povoado vizinho, com suas
promessas de vida boas, na beira do Rio
Pojuca, de onde a bela Maria saltaria da
pequena ponte de madeira, para
mergulhar nos sinhs de liberdade
oferecido pelo prncipe agricultor.
Depois de vinte anos de convivncia,
nas noites de vero a esposa
consagrada aceitava dormir no cho frio
forrado por uma colcha grossa. Com a
chegada do vero intenso na regio de
Feira de Santana, o calor aumentava e o
desconforto para dormir a dois numa
cama de meio casal, torna-se
insuportvel. a que o grande Cheiro
do Picado resolve procurar o amigo
Zacarias, tambm conhecido por Zaco
da Farinha. A ideia era apresentar a
proposta inusitada. Cheiro estava
eufrico quando disparou: - Amigo
Zaco, voc que meu compadre de
considerao e vive sozinho nesse
casaro, poderia me socorrer? Zaco,
meio desconado se pronticou:- Pois
no compadre Cheiro, em que posso ser
til? Cheiro no contou dois tempos, e

email:informativocultural162@gmail

2016
foi direto ao assunto: - O vero chegou,
eu sinto muito calor e a minha cama de
meio casal, Maria d uma suadeira
danada. Ser que eu posso lhe
emprestar a minha mulher agora e
quando chegar o inverno voc me
devolve? Zacarias se assustou: - O
compadre quer que eu que com Dona
Maria morando aqui em casa durante o
vero? Cheiro explicou: - Pode car
tranquilo, os meninos no vm, no.
s Maria. Eu te garanto que ela lava,
passa, cozinha e sabe cuidar da casa
muito bem! O compadre Zaco, ainda
desconado, retrucou: - E depois, se eu
me apegar a ela e ela se apegar a mim.
Como que ca? Cheiro, louco pra se
livrar da mulher: Isso a gente conversa
quando chegar o inverno. Zaco,
contente com a negociao: - Ento t
tudo bem. Por mim o suor dela no vai
incomodar em nada, dona Maria
mulher vistosa, prendada e acho que a
gente vai se dar bem. Pode a mandar
vir e basta trazer a roupa de vestir, o
resto eu ajeito.
Cheiro correu em casa, eufrico por ter
conseguido convencer o compadre. Foi
explicar tudo, em detalhes para sua
amada mulher:
-... A voc ca na casa do compadre
Zaco at passar o vero, quando o
inverno chegar gente se aquece de
novo, t certo minha preta? Maria,
injuriada deu a resposta: - Oxente, voc
t cando doido? Onde j se viu
emprestar a mulher por amigo, mesmo
que seja seu compadre? Isso no t
certo. Eu casei foi com voc homem!
Cheiro estava decidido:
- Pronto, pode arrumar suas roupas, o
meu compadre esta esperando... No
tinha mais jeito. Cheiro decidiu o destino
da santa esposa e assim foi feito. Dona
Maria, coitada, s teve que obedecer ao
esposo, mas o tempo passou, Cheiro
dormia vontade na cama de meio
casal, roncava, virava de um lado pro
outro e no tinha ningum pra encostar
o corpo suado em seu corpo macio e
marido solitrio.
O inverno foi chegando com
temperaturas baixas durante o dia,
noite, o vento frio fazia doer pele
sensvel de qualquer sertanejo
acostumado com o sol de todos os dias.
Cheiro tratou de bater porta do amigo
Zaco:
- Bom dia amigo Zacarias, Maria est em
casa? Por favor, diga-lhes que vim
busc-la, a saudade apertou, o frio t de
doer o corpo todo. Tentei car sozinho as
duas noites passadas, mas no
aguentei. Vim buscar a minha preta.
Zaco, na sua santa pacincia, chamou
Maria: - Preta, Cheiro est aqui
querendo falar com voc! De dentro da
casa Maria respondeu:...

Pg.06

Caderno Cultural de Coaraci, 5 anos com voc - 49.700 exemplares distribudos gratuitamente
2016

SOMOS RESPONSVEIS POR NOSSAS ESCOLHAS

VAMOS ACABAR COM TODAS AS REGALIAS


DOS POLTICOS BRASILEIROS
Vamos apoiar a Lei da Reforma do Congresso
Autoria da Lei:

Pedro Augusto Expedito Arajo De Souza Damasceno - Go.


D

Bate!
bate...

a
id a
v lic
b
p

respondeu: - No tenho nada pra falar


com ele meu nego, vem pra c, vem.
Cheiro ouviu a voz da mulher e tentou
entrar porta adentro, mas Zaco parou o
compadre na porta: Pera compadre
Cheiro, aqui casa de homem. Ningum
vai entrando assim, sem ser convidado,
no. Cheiro assustado e meio
embaraado perguntou: - O que que t
acontecendo compadre Zaco?
Calmamente Zaco respondeu: - Maria
disse que no volta mais no, porque
aqui no tem nada de inverno ou vero,
a gente dorme junto em qualquer
e s t a o, a m u l h e r a l m d e s e r
prendada, uma excelente
companheira, deseja ser respeitada e no
mais, o senhor emprestou a sua mulher
porque quis ningum te obrigou. Tem
homem que vira corno porque no tem
respeito pela mulher decente que tem
dentro de casa, no sabe? Daqui ela no
sai. Agora o senhor d seu jeito: Cheiro
entra em desespero e corre pra casa da
me de santo: - Me Brbara, a senhora
pode me ajudar? Brbara, muito bem
informada da situao respondeu-lhe: Olhe seu Cheiro, o senhor procurou
sarna pra se coa, nem tomando vinte e
um banhos de guin com espada de
Ogum e sal grosso, essa quizila deixa o
seu corpo, isso o senhor vai carregar pro
resto da sua vida e saiba que dona Maria
t muito mais feliz agora. Cheiro, ainda
desesperado procura o delegado do
povoado: - Vamos l pra tirar ela
fora? O delegado d o toque especial: Eu devia era colocar o senhor no xadrez,
onde j se viu uma mulher como dona
Maria ser emprestada pro compadre!
Agora o seu nome aqui no povoado do
Picado vai ser Corno Cheiroso pro
senhor aprender a respeitar as
mulheres, o pior que o senhor perdeu
os seus quatro lhos tambm! Cheiro
bota as mos na cabea e se lamenta:
Oh meu Deus, por que eu fui me apegar
tanto quela cama de meio casal que
vov deixou-me de herana? Sou um
homem desgraado!O que vou fazer da
minha vida nesse frio miservel sem a
minha costelinha, sem aquele corpo
quentinho da minha Maria? Perdoa-me
Senhor, traz ela de volta pra mim...
Zacarias assiste ao show de Cheiro na
pracinha do povoado e d o ltimo
recado de Maria: Ela mandou dizer que
seja inverno, primavera, outono ou
vero, faa frio ou faa sol, o amor que
ela sente por mim, no vai trocar por
ningum e a cama de meio casal voc
pode car pra dormir sozinho a vida
inteira, ah disse tambm que embaixo
do colcho tem uma colcha de feltro que
voc forrava o cho pra ela dormir nos
dias de calor, pode se enrolar pra aliviar
o frio! Assim, Cheiro vive at hoje
sonhando com o dia em que a mulher
emprestada queira voltar pra casa.

A
Sa rro
la ch
ri o
al

NOVEMBRO

Maior taxa
de juros do
mundo

Sucateamento
da Educao,
Sade e
Segurana Pblica

Demagogia
eleitoral

de
os
vi as
s
b
De ver

s
na tas
s
is
a
n alh
a
b
ud a
M is tr
le
...esse
que no
reage!

Privatizaes
Corru
e imp po
unida
de

Lei da reforma do Congresso (emenda Constituio)


PEC de iniciativa popular
Problema:
Vemos muitas situaes abusivas por parte de nossos parlamentares, chega de
tanta regalia enquanto a populao sofre com o descaso. hora de mudana no
congresso nacional, a proposta na verdade traz o mnimo que deveria estar em vigor
a muito tempo.
Soluo:
1. Fica abolida qualquer sesso secreta e no-pblica para qualquer deliberao
efetiva de qualquer uma das duas Casas do Congresso Nacional. Todas as suas
sesses passam a ser abertas ao pblico e imprensa escrita, radiofnica e
televisiva.
2. O congressista ser assalariado somente durante o mandato. No haver
aposentadoria por tempo de parlamentar, mas contar o prazo de mandato
exercido para agregar ao seu tempo de servio junto ao INSS referente sua
prosso civil.
3. O Congresso (congressistas e funcionrios) contribui para o INSS. Toda a
contribuio (passada, presente e futura) para o fundo atual de aposentadoria do
Congresso passar para o regime do INSS imediatamente. Os senhores
Congressistas participaro dos benefcios dentro do regime do INSS exatamente
como todos outros brasileiros. O fundo de aposentadoria no pode ser usado para
qualquer outra nalidade.
4. Os senhores congressistas e assessores devem pagar por seus planos de
aposentadoria, assim como todos os brasileiros. 5. Aos Congressistas ca vetado
aumentar seus prprios salrios e graticaes fora dos padres do crescimento de
salrios da populao em geral, no mesmo perodo, cando ainda sujeito a
aprovao por parte do superior tribunal federal. 6. O Congresso e seus agregados
perdem seus atuais seguros de sade pagos pelos contribuintes e passam a
participar do mesmo sistema de sade do povo brasileiro. 7. O Congresso deve
igualmente cumprir todas as leis que impe ao povo brasileiro, sem qualquer
imunidade que no aquela referente total liberdade de expresso quando na
tribuna do Congresso. 8. Exercer um mandato no Congresso uma honra, um
privilgio e uma responsabilidade, no um uma carreira. Parlamentares no devem
servir em mais de duas legislaturas consecutivas.

Site:www.informativocultural.wix.com/coaraci

Pg.07

Caderno Cultural de Coaraci, 5 anos com voc - 49.700 exemplares distribudos gratuitamente
NOVEMBRO

GETS 1968 - 1970

2016

GRUPO DOS ESTUDANTES DA TERRA DO SOL


1968 - 1970

GETS

Smbolo do Grupo
GETS
50 anos

Banda GETS
Entrevista com Paulo Csar B. Leal
sobre a Banda GETS (Abril de 2015).
Paulo Csar nos recebeu em sua
casa dizendo que
havia gostado do
Poema Orao do
Bolacheiro, que
escrevemos em
homenagem ao
Bar Bolacha em
maro de 2015.
E comeamos assim:
- Meu nome Paulo Csar Batista
Leal, sou popularmente conhecido como
Paulo Caninha. (Paulo uma gura
bastante conhecida em Coaraci. Muito
bem relacionado socialmente, quando
estava com sua sade em dias era
frequentador assduo do Bar e Jazz
Bolacha, comunicativo, extrovertido,
j foi msico da Banda GETS, seu
instrumento a bateria. Fui entrevistlo sobre a Banda GETS que no nal dos
anos 60, foi sucesso na regio.
Na oportunidade ele nos disse que
na poca os msicos eram jovens
adolescentes do curso ginasial, lhos de
famlias da sociedade e entre os que
compunham a banda, estava ele
prprio, seu irmo Antnio Papada,
Joo, Lus Alberto, lho do nado
Alberto Assis e Lo seu primo.

P a u l o : - L o e ra u m e xc e l e n t e
guitarrista. O grupo tinha como
Presidente Rosa Selman, lha do Sr.
Bitonho, hoje ela esposa de Uriel. Tudo
comeou em um dos muitos encontros
que tnhamos, foi quando surgiu a ideia
de formarmos um conjunto musical, o
projeto amadureceu e criamos o
conjunto denominado de GETS, Grupo
de Estudantes da Terra do Sol. No
tnhamos instrumentos e para adquirilos pedimos ajuda ao meu pai, Nono Leal
e ao Senhor Alberto Assis. Soubemos
que estavam vendendo uns instrumentos em Ilhus, fomos at l no carro do
irmo de Joo e compramos todos. A
banda recebeu muita ajuda do nado
Nelson Moura, ele cedia as instalaes
do Clube Social para ensaiarmos,
realizarmos festas e arrecadarmos
fundos para comprar novos equipamentos e investir em projetos sociais.
Ns os msicos no recebamos pra
tocar, estvamos ali pelo prazer de
participar.
A banda permaneceu em atividade de
1968 a 1970. Eu permaneci por um ano,
logo depois tive que estudar fora, que
quando terminvamos o ginsio amos
fazer o curso cientico em outras
cidades. Eu fui estudar em Jaguaqura,
fui fazer o 1 ano cientco l, outros
foram para Salvador, mas Lo cou em
Coaraci. O repertrio da nossa banda
eram os hits da poca e os sucessos dos
Beatles.

email:informativocultural162@gmail

Nos dias de hoje quando eu ouo a


Banda Pecados Capitais lembro-me
daquela poca com saudades. Foi um
movimento bem bonito, lindo mesmo,
uma poca de ouro... Finalizou Paulo...
Paulo Cesar lho de Claudionor
Ferreira Leal e da Senhora Antnia
Batista Leal, irmo de Z Carlos,
Maria, Ceclia, Tonho Papada, Jorge o
genro do nado Alberto Assis, Professor
N e o caula Asa Branca, que um
msico renomado.
Paulinho esta sob cuidados mdicos e
todos os seus amigos esto unidos em
uma corrente de f para que ele vena
essa batalha pela vida.
Que Deus o proteja!
...................... (PauloSNSantana)

Parte da Banda GETS: Paulo Caninha,


Luiz, Tonho Leal e Man Mucug.

Pg.08

Caderno Cultural de Coaraci, 5 anos com voc - 49.700 exemplares distribudos gratuitamente
NOVEMBRO

2016

GRUPO DOS ESTUDANTES DA TERRA DO SOL

GETS
50 anos
Luiz Marfuz

DE LUIZ MARFUZ ROSA SELMAN

Rosa Selman

Consideraes da Professora Rosa Selman, sobre o movimento GETS:


(Grupo de Estudantes da Terra do Sol) - Abril de 2015.
De Luiz Marfuz a Rosa Selman:
Rosa Maria Selmam Santos da Paz
lha de Antnio Jos dos Santos, que
era conhecido como senhor Bitonho, e
de Dona Zilda Selman Santos. Rosa
coaraciense, esposa de Uriel Ferreira da
Paz, lho de Itapitanga, eles tm dois
lhos e um neto. Ela Professora
aposentada, ensinou por mais de
quarenta anos em Coaraci e lecionou
tambm em Itapitanga.
- Rosa: - Quando o GETS foi fundado eu
cursava o 2 ano normal e j trabalhava,
na poca fui convidada para participar
do grupo pelo seu fundador Luiz Marfuz,
um jovem que mais tarde tornou-se um
talentoso teatrlogo com trabalhos
consagrados internacionalmente. Assim
que ele foi para Salvador me convidaram
para ser a presidente do grupo que tinha
aproximadamente trinta jovens, muitos deles formaram-se mais tarde,
alguns zeram Medicina, Direito, outros
seguiram para a Educao, Professores,
ou entraram na politica, como o exemplo do Ex-Prefeito de Coaraci, Aldemir
Cunha, conhecido por Janjo.
Na poca em que foi fundado, o
principal objetivo do grupo era diverso,
cultura e festas. Com o tempo foram
surgindo novas ideias at formarmos a
banda musical. No grupo original os
msicos eram Leo (Aurlio), que era um
excelente guitarrista, e hoje poderia
estar tocando em bandas de sucesso,
Lus Alberto Assis, lho de Alberto Assis,
Paulo Leal, Antnio Carlos Papada.
A banda tocava em festinhas e tinha um
belo repertrio. Naquela poca Alberto
Assis era Presidente do Clube Social de
Coaraci e quando solicitvamos, ele
permitia ensaiarmos e planejarmos
festas e reunies. O Presidente do Clube
dos Bancrios era o Dr. Hamilton
Henrique, quem tambm cedia o Clube
para nossos ensaios, festinhas e
reunies.

Durante um bom tempo permaneceu


assim, um ou dois anos depois o grupo
comeou a se dispersar, alguns foram
estudar em Salvador, e os que no
podiam estudar fora, continuaram por
aqui at o dia que a banda acabou
completamente.
Os nossos instrumentos musicais caram com Lo, ele tocava na rua 1 de
Janeiro e em festas na cidade e regio.
Mais tarde alguns participantes do
grupo pegaram instrumentos emprestados e no devolveram mais e com
isso a banda deixou de existir.
Mesmo sem a banda o projeto perdurou
at o nal dos anos 60, inicio dos anos
1970, com trabalhos sociais e assistenciais. Ajudvamos pessoas carentes e
doentes da comunidade. Um fato
relevante foi que sustentamos um idoso
muito pobre por algum tempo, construmos um pequeno barraco para ele,
que cava situado nas imediaes da
atual Igreja Santo Antnio, semanalmente contribuamos com uma cesta
bsica e produtos de higiene pessoal,
isto durou um bom tempo. Outra ao
importante foi assistncia que o grupo
deu a uma jovem portadora de cncer
no joelho, em estado terminal. Ns
viabilizamos tratamento mdico, medicamentos e internao, conseguimos
doadores de sangue, mas como o caso
j estava bem adiantado no houve
tratamento que resolvesse a situao
difcil da moa. Cuidamos dela at o seu
falecimento.
ramos aproximadamente trinta componentes, eu consigo lembrar parte deles:(Roney Moreira 'hoje, Juiz de Direito', Jos Carlos Santana, 'Advogado',
Givanildo, Aldemir Cunha 'Janjo,
Advogado e Ex-Prefeito', seu irmo
Pop, Marileusa Calhau, Sisi, 'residindo
em Salvador', Cess irm de Queninho,
j falecido, Lzio Gualberto, Cristina
Teixeira S e seu irmo Joo,

Site:www.informativocultural.wix.com/coaraci

Adma Miranda, esposa de Ibernon,


Clarisse Povoas, Jorge Bareco, Nanci,
lha de Idelfonso, Celso Miranda e Bob),
a turma era grande...
Acho que naquele tempo havia mais
movimentos culturais, festas e eventos
que atualmente. Coaraci possua dois ou
trs clubes e as festas aqui realizadas
eram famosas, os jovens quando no
estavam reunidos para organizar
eventos, encontravam-se nas escadarias da Matriz de Nossa Senhora de
Lourdes para tocar violo, recitar
poesias, contar piadas e causos, cantar
e namorar.
Havia drogas mas no como atualmente, raras excees no grupo faziam
uso, e alguns sucumbiram ao vicio.
PauloSNSantana

an

lm

Se
sa

Ro

Pg.09

Caderno Cultural de Coaraci, 5 anos com voc - 49.700 exemplares distribudos gratuitamente
NOVEMBRO

2016

SUCESSOS DE CINEMA, CONCURSO E CARNAVAIS


.

Concurso de rainha e princesa da Primavera, 1953. Festa em benefcio da


construo do Ginsio de Coaraci. Egnia, rainha. Maria Alice e Dirce,
princesas... Grande festa! Clube Social de Coaraci
Betenamita - E. de Samba de D.Bernadete

AV MARIA
Dr. Eldebrando cantou algumas vezes Ave Maria nos casamentos em Coaraci.
Arrasava coraes! Hoje na idade da sabedoria ele est sentindo falta das
visitas dos amigos que fez em Coaraci.

Vamos exercitar nossa memria:


Quais os lmes, exibidos no Cine Ana, que mais
emocionaram vocs e quem so as beldades do carnaval?

ANTIGOS CARNAVAIS

SUCESSOS DO CINE ANA


Os Quatro Cavalheiros do Apocalipse,
toda Srie de Sissi, Ben-Hur, A or
que no morreu, Prisioneiros de
Zenda, Aeroporto, esse fazia eu e Ana
Rita carmos emocionadas, D'Jango,
Ringo e sua Pistola de Ouro, Pato
Donald, Sartana e Os 10 mandamentos.

Quem lembra do bloco de Vitalino e o


afox do Joaquinzinho? E das Escolas
de Samba de D. Bernadete e Luca?
Eu babava pra sair nelas e meus pais
no permitiam. Sa num ano em que
Sandra de senhor Miguelzinho adoeceu e D. Bernadete pediu pra minha
me deixar eu deslar no lugar dela.
Por muito pedir ela deixou. Fomos
deslar em Itajupe! Foi uma glria
pra mim! As escolas de samba eram
sucesso na regio.
Lembro-me do "Z Pereira que D.
Bernadete fazia pela manh,
geralmente os homens vestidos de
mulher e a tarde o bloco misto de
meninos e meninas. Lembro-me dos
Blocos de Afox de Vitalino e o de
Joaquinzinho. Lembro tambm das
bicicletas com os raios enfeitados de
tiras de papel crepom em cores
variadas e ao rodarem produziam um
efeito fantstico.
A s m e n i n a s c o a ra c i e n s e s h o j e
senhoras, eram lindas .
(Sandra Soares).

Cess-E.de Samba de D.Bernadete

Gilmarry de baiana, Leninha Vila Nova,


Sandra de Lourdes Luna, Ftima Freire do Sr. Drio.

email: [email protected]

Pg.10

Ccaderno Cultural de Coaraci, 5 anos com voc - 49.700 exemplares distribudos gratuitamente
NOVEMBRO

O HOMEM QUE SE TRANSFORMOU EM UM CARRO

2016

Em momento de estacionamento.

CEPLAC/UESC
ESTE MICRO NIBUS PERTENCEU A CEPLAC,
E FOI MUITO UTILIZADO NA EMARC
- Uruuca (Escola Mdia de Agricultura da Regio Cacaueira) at 1969. Depois foi
doado a UESC (universidade Estadual de Santa Cruz). Na foto que tenho em arquivo
o nibus se encontrava assim, no sei se j foi recuperado. Foto: Prof. Adlia Maria
Carvalho de Melo. Acervo: Jos Rezende Mendona.

JIPE
Conhea a histria do homem que se transformou em um carro
Por Oziel

parava, estacionava; no tinha dentes,


mas velas; no possua olhos, mas
faris; no usava sapatos, mas pneus, e
as meias eram as cmaras de ar. Ao
beber gua dizia que estava
abastecendo o motor e se precisasse ir
ao sanitrio fazia analogia referindo-se
ao cano de descarga. E como todo o
carro, por vezes precisava fazer a troca
de leo, narra a escritora Adriana
Dantas, em seu livro Itabuna Histria e
Estrias. Coube a ela o mais profundo
mergulho na
histria desse
extraordinrio personagem. Adriana
conta que Jipe nasceu em Amargosa e
foi batizado com o nome de Afrnio
Batista de Queiroz, o qual
desde
menino era fascinado por automvel.

Afrnio sonhava em ser um jipe.

E o homem se fez carro. Correu


estradas, levantou poeiras, transps
barreiras e atoleiros, o tempo inteiro a
viajar. E o carro estava no homem como
o homem estava no carro, como uma
coisa estava na outra. Jipe era a sua
marca e assim o chamavam e assim se
achava. Em passadas largas mudava a
marcha, sinalizava, buzinava, dava
passagem, acelerava, ultrapassava, se
m o s t rava m q u i n a e m t o d a s u a
plenitude. Atitude s dele, pelo que me
consta e contam. Nunca dava carona e

e muito menos aceitava pois um carro


no poderia ir dentro do outro,
e x p l i c ava . C h e g a n d o s c i d a d e s
obedecia aos sinais do trnsito e quando
estacionava simbolizava esse
procedimento deixando no local do
estacionamento uma caixa de papelo
que lhe servia de bagageiro. Carro
estacionado saa de dentro dele o
homem que ento conversava com as
pessoas, em especial com outros
motoristas, tomava informaes,
itinerrios a seguir. Diversas vezes a
cena se repetiu no ponto de txi da Praa
Rui Barbosa, em Ipia e outras cidades
da regio. No demorava muito e
novamente o homem voltava a ser
carro, arrancava estrada afora.
Personalidade folclrica intermunicipal,
Jipe transitava nas regies sul e
sudoeste da Bahia, entre Itabuna e
Jequi. Sendo um carro dentro do
homem s admitia a mecnica
automobilstica. Se equipava a rigor e
no aceitava contrariaes. -No dizia
que andava, mas sim que dirigia; no

Site:www.informativocultural.wix.com/coaraci

Na porta de sua casa, passava horas


admirando os carros que cruzavam as
estreitas ruas, podendo diferencia-los
ao mais leve ronco do motor. Alguns
desses modelos ele reproduzia em
miniaturas feitas com latas e nelas
projetava suas fantasias. Viajava
dentro dos sonhos iam os carros. O
carrinho de lata e o menino Afrnio:
heris das prprias aventuras. A
brincadeira infantil, no entanto, foi
virando obsesso. Afrnio crescia com a
ideia xa de ter o prprio automvel. O
pai, um simples alfaiate, sabia que no
tinha condies de realizar o sonho de
Afrnio, mas para se livrar dos
insistentes pedidos prometeu que se...

Pg.11

Caderno Cultural de Coaraci, 5 anos com voc - 49.700 exemplares distribudos gratuitamente
NOVEMBRO

2016

MOA NUA, TRIBUNAL E PROCESSO

que se o lho conclusse o curso primrio


ganharia o seu objeto de desejo. Afrnio
meteu a cara nos livros. Antes de chegar
ao objetivo traado, a sua me morreu.
Dois anos depois foi a vez do pai. rfo
aos dez anos de idade o garoto foi morar
com uma tia, permanecendo com ela
durante sete anos. Quando sua tia
morreu Afrnio mudou-se pra Jequi.
Trabalhou num hotel, onde sofreu um
acidente, batendo fortemente a cabea.
Ele mesmo atribua a isso o seu
desequilbrio mental.A partir de ento o
homem se transforma em carro, toma
seu prprio destino. Nas estradas era
cumprimentado pelas insistentes
buzinas. Passou a usar grandes culos
amarelos (para brisa) e um relgio
(velocmetro). Resolveu abandonar o
volante (uma tampa de panela) e dizia
que era seu pensamento que o levava
para onde ele quisesse. A escritora
grapina lembra que Jipe chamava a
ateno de todos trajando de maneira
incomum: sobre o peito, como um
enorme colar carregava uma placa de
metal, onde eram inscritos quatro
nmeros. No pulso do brao esquerdo
prendia um arame duro deixando a
ponta voltada pra cima. Atava sobre a
mo direita um pequeno pedao de
espelho. Com todos esses apetrechos
(placa, antena, retrovisor e volante), ele
se mostrava como o prprio carro que
tanto sonhara. Sem moradia certa (ou
melhor sem garagem) vivia sozinho
pelas ruas e queixava-se de nunca ter
encontrado um bom mecnico. Depois
de ter passado um longo perodo
doente, aos 65 anos de idade, foi
recolhido pelas Irms de caridade ao
Abrigo So Francisco de Assis, em
Itabuna, onde permaneceu at sua
morte. Antes de morrer, aos 92 anos,
Jipe (modelo 1918) foi tema de um
vdeo clipe da banda Mendigos Blues,
dirigido pelo cineasta ipiauense Edson
Bastos. Talvez essas tenham sido suas
ltimas imagens, seu ltimo
depoimento. O carro e o homem
seguem
na via lctea, com trnsito
livre nas constelaes. (Giro/Jos

Barbosa foi o dono do primeiro boi zebu


de Coaraci, seu nome era boi Marab,
que pesou mais de 1000 kg, campeo
brasileiro da raa em Uberaba. Deslou
em carro aberto em Itabuna. Deslou
tambm em Coaraci. Na poca Barbosa
ainda morava em Coaraci. A.C.Lemos

MOA NUA
Joaquim Moreira teve uma mula que se
chamava "Moa Nua", Waldomiro Vita
tinha Nega Lorde e Periquito tinha
Professora. Z do Galo tinha Walita,
Cocana e mais quatro, todas pele baa,
Carambola era a Madrinheira da tropa,
Garbosa e Lua Nova. Dr.Roney

TRIBUNAL E PROCESSO
Ns temos um cavalo e eu coloquei o
nome de Tribunal. O gerente da fazenda
adquiriu um cavalo e para me surpreender colocou o nome de Processo,
agora vou comprar outro e o nome ser
Inqurito, tudo pra car dentro de casa,
como se diz. Dr. Roney

BARBOSA E O BOI ZEBU

DISQUE 3241-2030
98154-6142

email:informativocultural162@gmail

ANTIGOS CARNAVAIS
PEIXE FRITO
Sr. Peixe Frito!
Naziazeno Machado,
escrivo da Polcia Civil,
mais conhecido por
"Peixe Frito". Algum
lembrou da barraca do
Bixiguinha! L eu comi
por inmeras vezes, um
sarapatel (maravilhoso)
e outros quitutes fantsticos.
A barraca dele era armada todas as
sextas-feiras, bem embaixo da janela
do quarto dos meus pais, na casa que
veio a ser de Hlio Fraife. A gente
cava escutando por toda a noite, os
causos e estrias narradas pelos
clientes do Bixiguinha. Peixe Frito toda
vez que via a professora Perpetua
cantava:"Perpetua a or que mais
cheira". Ele tomava banho no Rio todos
os dias bem cedinho e saia enrolado
com uma toalha e uma saboneteira na
mo.
TEMPO REI

Tinha tempo pra tudo em Coaraci:


arraia, gude, peo, banho de rio,
engenho de Zeca Branco, jogo de roleta
e mais... Bons tempos que a televiso
no permite mais. Foi nesta diversidade
que fomos criados, com vrios vcios.
Ruim quando a pessoa vicia em uma
nica coisa. Banho de rio na fazenda de
cacau de Armando Pinto, e na decida
comprava jurubeba fabricada por
Otvio. Lembram? E como era cara a
jurubeba de Otvio. Era uma verdadeira
vaquinha bem magra. Quinto
MENDENGUE: Quando ele estava
virado, a vitima era Gildarte Galvo, na
poca prefeito! Tel. 71 8726-3249Wathsapp.
MARCAPASSO: Marcapasso quando
agradecia algo que lhe davam: dizia: Muito satime de latijame. Era doido!
Antnio Lemos.
Z DUNDA:Lembram-se de Z Dunda?
pio lio, um dia Z Dunda pediu a
Silvio Rico um pedao de carne pra
assar, ento Silvio comprou uma manta
inteira, deu um talho no meio e
literalmente vestiu Z Dunda, enando
a manta atravs da sua cabea. Gogo foi
namorado de Z Dunda. Josa Souza.
TONHO E PERI LIMA: Tonho foi amigo
de Juvncio Peri Lima. O apelido de Peri
era Tatu, porque abriu muitas ruas e
construiu muito. Ele jogou bola com Dr.
Gilson, Clarindo Teixeira, Antnio
Barbosa. Contava varias estrias de
Gogo de Sola. Dr.Roney.
MIGUEL CAGO: Quem se lembra de
Miguel Cago? Humano e capaz. Foi o
parteiro de uma gerao de coaracienses e vereador mais votado na
poca. Carlinhos Tavares
T O N H O E P I R I Q U I T O : To n h o
disputava com Periquito quem atirava
melhor. Uma vez eu vi Periquito cortar
bala um cigarro na boca de Piau.

Pg.12

Caderno Cultural de Coaraci, 5 anos com voc - 49.700 exemplares distribudos gratuitamente
NOVEMBRO

2016

BATE BOLA

Calo Azul, Chico, Vando, Jorge, Rubem, Dinho, Toe Dabala

Tudo pelo esporte

FIVE BLUE 2 X SANTOS 1


Em p: Milton Cerqueira, Bahia, Wilson Gogo, Z Morais, Joo Neves
Sentados: Sisinio, Valmir, Z Leal e Fenelon

BATE BOLA NO ZAP ZAP DO GETS...


Jorge lho de Non Leal s era escolhido nos babs por ltimo e pra jogar no gol. Manuel e Srgio Monarta foram os melhores
goleiros da velha gerao, jogaram no melhor time de Coaraci, o time de Regi Dito! O jogador mais temido de todos era o
saudoso Walter Pernta, depois vm Jorge Pavo, Janjo, Fernando e o pior de todos era Renato de Abdala, esse dava azia em
sonrizal! (Quinto). E Mrio de Z do Galo? Paulo Canarinho? Lembro que ele tinha uma irm chamada Carmem, moa muito
bonita. Mrio e Canarinho tambm eram os ltimos a serem escolhidos. Z Cueca e Z Roial. (Quinto).O Five Blue foi o time que
estreei no Clube dos Bancrios, com 16 anos contra o poderoso Santos. Fiz o gol no nal, de cabea, logo em Z Leal. ramos to
franzinos que as mangas das camisas tinham que fIcar enroladas. (Catlo). Fonte ZAP do GETS, Out.2016.

Site:www.informativocultural.wix.com/coaraci

Pg.13

Caderno Cultural de Coaraci, 5 anos com voc - 49.700 exemplares distribudos gratuitamente
NOVEMBRO

Pra que se viver em m de vida?

CORONEL, CACAUEIRO E
TRAVESSA.
Cyro de Mattos Nasceu em Itabuna,
em 31 de janeiro de 1939.
Pra que se viver em m de vida? S
mesmo pra car o dia inteiro amassando
os passos da amargura, muita dor e
tormento. Certo que o sol queime os
cacaueiros nos anos de vero forte e
faa gerar as grandes crises por falta de
safra, coisa que ultimamente tem
acontecido. E esse vexame a bater de
porta em porta despejando sem cessar
sua carga de desgosto at em grande
fazendeiro. Isso at que se suporta com
certo conformismo, o que se pode fazer
quando a ingratido vem por parte do
tempo? Nada, nada mesmo. Nada se
pode fazer quando tudo desacerto sob
os passos desse calmo e avantajado
boiadeiro. O tempo. Agora, duro, duro
de se roer, quando o ano bom de
chuva, farto de lama por tudo quanto
escondido, os frutos pocando nos galhos
e no tronco, e nada de se vender cacau
por falta de bons preos. Quando aqui
cheguei no incio era at bom o ano de
estio. De sol forte mesmo. Quando nem
carecia usar sagacidade pra se adquirir
roas novas em terreno que desse
produo boa. Era at de fazer d a
gente olhar aqueles roceiros
cabisbaixos, uns olhos entristados, se
aproximando como bicho acorrentado a
oferecer suas lavouras a qualquer preo.
Agora que vejo e revejo tantos
passados, chego desgostoso a um s
pensamento, que o cacaueiro no uma
rvore boa, mas um castigo terrvel,
fora mel, dentro fel, qualquer coisa
enfeitiada com seus caminhos de usura
e ciladas do demo. Quando no a falta
de chuva escasseando as safras, a
fartura das guas se alastrando por tudo
quanto terreno, mas por onde andam
os bons preos? Sempre nessas horas
crticas um deserto sem esperana em
seu eterno paradeiro. E j se comenta
aos quatro rumos do vento que so os
gringos no estrangeiro os reais donos da
lavoura. No se diz por a que na
dependncia dos interesses deles que
o Governo rma os preos pra compra e
venda do cacau?Misria de Governo que
durante o ano todo vive de sugar o
sangue alheio! tempo infame e
quando que vai terminar este cheiro de
cacau mofo que asxia feito poeira do
inferno? (Um dia de sol quente.ar
parado em seu brilho intenso...............

raios de sol penetram os vidros de


portas e janelas. L dentro utua grande
quietude na sala de visitas. Fitas
coloridas de um sol com brilho coam a
poeira na do ar, envolvem um jarro
com ores murchas sobre a mesa de
jacarand. As cadeiras vazias com o
assento feito de couro de zebu. Forte
calor ativa o cheiro ardido de cacau, no
armazm ao lado os sacos arrumados
at o teto: as casas vizinhas invadidas
por aquela atmosfera de mofo, de coisa
velha e pano encardido. Uma atmosfera
que circula sobre plantas e o cacaueiro
no jardim, rvore que foi plantada com a
sabedoria de suas mos, pacientemente
adubada com estrume de gado e que, de
maneira estranha, de repente deixou de
dar frutos. Guarda do sobrado do
coronel, sentinela de um mundo
solitrio, galhos de cacaueiro estendem
nas paredes da varanda sombras
pavorosas. O vento passa mais forte
nesse momento. Sombras se metem
pelo quarto, guras terrveis movem-se
nos cmodos de cima, infundem medo a
uns olhos esbugalhados no rosto tenso.
Os vizinhos escutam o descarregar do
revlver, tiros que brocam o forro e
paredes, uma voz rouca que esbraveja,
o coronel a excomungar a famlia, o
destino, o mundo inteiro.)e esse tempo
desditoso, dia e noite no calor de seu
jugo maldito. O mundo cada homem
deve fazer do tamanho que o corao
deseja, mas s que nessas bandas a
gente vive a sofrer o tempo eterno,
nunca se sabe se estamos no mundo dos
mortos ou dos vivos, se a gente anda por
um sonho cheio de frutos de ouro ou se
tropeamos feito cego que procura uma
sada no escuro. A febre dos cacaueiros
como uma luzinha que se enxerga
longe com a sua chama azul e que vem
chegando de mansinho e que na
escurido de olhos e ouvidos pega a ter
encantamento e como um feitio
enraizado germina sob a pele e
esquenta o sangue todo e algo vivo e de
perninhas geis e nervosas comea seu
trnsito de agonia pelos caminhos do
pensamento. Felizes so aqueles que
descobrem logo cedo que a vida no
passa de uma armadilha que no falha,
aqueles que no encontram na morte o
pavor de todo corao, os sabedores de
que tudo isso aqui embaixo no passa
nada mais e nada menos de uma
simples travessia e que acreditam nisso
aqui como uma passagem que se faz pra
outro reino com seus grandes pastos
verdes onde tudo alegria, canto, paz e
abrigo e fortuna depssaro na sensao
de um vo perfeito. (O tempo prossegue
abrasador. O coronel l em voz baixa a
notcia em letras grandes na primeira
pgina do jornal.Letras sobem e descem
por ondas de rancor, um fogo queimalhe as entranhas, dentes ocultos de uma
viso aterradora soltam sua sanha por
aquele espao do jornal. Protestam os
fazendeiros contra o descaso do Gover-

email:informativocultural162@gmail

2016

-no e clamam medidas urgentes para


solucionar o preo baixo do cacau. Uma
crise sem igual na histria da regio, no
curso desse territrio que j nasceu
indmito, que de to rico e imenso se
perde nas prprias curvas do tempo.
Vejam vocs. Imundos, corja de porcos,
raa de mendigos. Idiotas que nunca
aprendem com o desmando do Governo,
e que ainda por cima pedem a unio da
classe dos fazendeiros nessa hora
crtica, e vejam, vejam s, vejam s
isso, ainda esto convidando o povo em
geral para participar de uma passeata
gigantesca pelas ruas e praas da
cidade. Tropa de bandidos, bando de
incompetentes, quem j viu povo fazer
greve ou passeata pelos vexames de
fazendeiro? Vocs j se esqueceram que
h pouco tempo zeram uma passeata
monstruosa e formaram aquela pilha
enorme de sacos de cacau na Praa
Pioneira e sob o bombardeio dos
discursos clamaram e exigiram mais
respeito por parte do Governo com a
lavoura cacaueira? Se esqueceram,
hein? E que depois botaram fogo nos
sacos cheios de cacau e zeram aquela
enorme fogueira e caram de mos
dadas cantando e danando em volta da
bandeira do Brasil e todos naquela
cantoria at o sol aparecer rogando
esmolas ao Governo. Por acaso adiantou
alguma coisa todo aquele alvoroo que
mais parecia festa organizada pelo
demo? Uns palermas metidos a sabidos,
que nunca aprendem que o sbio
aquele que no erra, sabido s erra uma
vez, besta quem erra sempre. No
deviam fazer o que fazem, no deviam,
porque nada do Governo vo conseguir
com isso. E o pior que s chegar o
tempo de eleies cam todos
prestativos, cada qual a querer mostrar
mais prestgio, banquete pra aqui,
banquete pra ali, e a encher as urnas
com os votos comprados no dinheiro. E
depois de apuradas as eleies cam
todos eles acovardados, sem o mnimo
de coragem pra cobrar dos candidatos
eleitos as promessas ofertadas em festa
de palanque e passeata com larmnica
e pipocos de foguete. Ficam todos de
rabo encolhido, naquela lengalenga feito
mulher sem marido, governo pra l e
governo pra c, que a regio vai car na
misria se o cacau no tiver bom preo,
e por a descambam nessa ladainha que
no para em seu choro modo como se o
Governo fosse um espantalho de mil
pernas trazido pelo rabo de algum
cometa desconhecido. Eh tempo, eh
tempo, meu tempo, aquele tempo bom
que no volta mais, Com
hojeos lhos
tudo
diferente, vontade de coronel no
mais lei sob o comando do revlver e do
rebenque. Hoje somente isso:
cordeirismo sob os dizeres de ordem e
progresso. a nova lei, os novos rumos
do vento, e no se acha um s lugar
nessa cidade que o infame do Governo
no tenha plantado seus domnios).

Pg.14

Caderno Cultural de Coaraci, 5 anos com voc - 49.700 exemplares distribudos gratuitamente
NOVEMBRO

PERSONALIDADE COARACIENSE

2016

o
l
u
a
P
e
a

u
L

BANCO POSTAL
ABRA A SUA CONTA MAIS GARANTIDA, FAA SEU CRDITO MAIS SEGURO,
PAGUE SUA CONTA MAIS FCIL.

CASAL PAULO E LUZA LEAL

ZACAWBOY

Este casal tem uma imensa lista de amigos em Coaraci


Nasceram e criaram-se nesta terra, so muito estimados
pela sociedade coaraciense. Eu diria que Paulo e Luza so
extremamente sociveis e gostam de conversar e interagir
com outras pessoas. Eles no tem medo de expor suas
opinies e so muito comunicativos. Concentram a sua
energia no mundo real. So pessoas realistas e prticas.
So guiados pelos seus instintos e tambm pelos
sentimentos (decidem com base no que estiverem se
sentindo no momento). Valorizam a harmonia, a empatia
no seguem regras rgidas, aceitam bem as excees.
Ficam mais satisfeitos em tomar decises bem pensadas e
mais acertadas. Ficam angustiados se precisarem tomar
uma deciso rapidamente. Em geral pensam bastante antes
de agir.
Por todas estas caractersticas o casal vive em harmonia
com a sociedade, so respeitados e amados pelos amigos e
familiares, acredito que os coaracienses desejam que os
dois consigam ultrapassar todas as diculdades inerentes
prpria vida, mantendo sempre a f em Deus e em seus
desgnios.
Que Deus os abenoe.
Nsantana..............................

GIRAFA

PauloSNSantana

COMAC

Site:www.informativocultural.wix.com/coaraci

Pg.15

Desde 2010, distribudos gratuitamente 49.700 exemplares. 700 amostras mensais.

71 CADERNO CULTURAL DE COARACI


Foto Adonai - Estrada Coaraci a Almadina
Camada superior: Foto Ilustrativa do Grito de Independncia. Fonte Internet.
Efeito Corel Draw

Vamos nos livrar dos corruptos,


nos unir pela PEC de 2013,
acabar com todos os privilgios dos polticos brasileiros,!
engrossar as leiras pela PEC dos Congressistas!

INDEPENDNCIA OU MORTE!

Você também pode gostar