Pré-Projeto - Modelos Assistenciais em Enfermagem e o Cuidado Seguro - Evelyn Da Costa Martins Silva Lopez

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Processo Seletivo de Mestrado e Doutorado Acadmico em Enfermagem Turma 2016

Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da Universidade Federal do Paran

Pr-Projeto de Pesquisa Mestrado


Modelos assistenciais em enfermagem e o cuidado seguro

Evelyn da Costa Martins Silva Lopez

12 de setembro de 2016

Introduo
O conceito Segurana do Paciente tem sido amplamente discutido por instituies
de sade que primam a qualidade e satisfao do cliente. A ateno estabelecida ao tema tem
emergido na ltima dcada e a Organizao Mundial de Sade (OMS) criou em 2004 a
World Alliance for Patient Safety com o intuito de organizar os conceitos e as definies
sobre segurana do paciente, propor medidas para reduzir os riscos e minimizar os eventos
adversos, e em 2005 elegeu os Desafios Globais para a Segurana do Paciente1.
No Brasil, a instituio do Programa Nacional de Segurana do Paciente em 2013
tem norteado os servios de sade propondo estratgias voltadas reduo de riscos e de
danos no cuidado sade2.
Com o avano da tecnologia os processos assistenciais tornaram-se mais complexos
e acompanhados de mais riscos. A preocupao com a segurana do paciente desperta a
necessidade de revisar os processos assistenciais para identificar possveis falhas antes que
causem danos aos pacientes3. Deve-se conhecer quais so os processos mais crticos e com
maior probabilidade para novos incidentes, para ento reestrutur-los com aes eficazes de
preveno. Estas aes, se realizadas pelos profissionais de sade de forma correta, seguindo
protocolos especficos, associadas s barreiras de segurana nos servios, reduzem os
eventos adversos e incidentes relacionados assistncia sade4.
A cultura dos profissionais tambm deve ser trabalhada e alinhada poltica de
segurana do paciente com aperfeioamento das equipes de sade, utilizao de boas prticas
em servio, aprimoramento dos recursos tecnolgicos e melhoria dos ambientes de trabalho4.
Apesar de todos os esforos ao redor do tema segurana do paciente, o erro humano
um dos fatores que se destaca nas falhas de processos. Consideramos que o erro ou
incidentes so os eventos ou circunstncias que podem resultar, ou resultaram, em dano
desnecessrio ao paciente5 e que eventos adversos so complicaes indesejadas decorrentes
do cuidado prestado aos pacientes, no atribudas evoluo natural da doena de base6.
A enfermagem constitui a maior fora de trabalho em sade no Brasil7, e deve estar
diretamente relacionada com as estratgias de segurana do paciente, previso e preveno
de erros. Compreender a relao entre riscos, caractersticas dos cuidados sade e perfil
da rede hospitalar fornece enfermagem elementos importantes para a melhoria da
assistncia8.
Desde a da dcada de 80 o planejamento, reviso de processos e o acompanhamento
da prtica, assim como constantes melhorias, passaram a ser indispensveis posio das

instituies no mercado. Tal fato gerou mudanas na forma de gesto das organizaes que,
a partir de ento passaram a reestruturar e inovar seus servios em busca de excelncia,
atravs de prticas mais racionais e focadas nas demandas dos clientes. Foi ento que o
conceito de Qualidade emergiu e passou a ser adotado pela necessidade de
desenvolvimento sustentvel, com uma viso maior do desempenho futuro das empresas9.
Segundo Quinto Neto A (2000)10, a busca pela qualidade nos servios de ateno
sade tornou-se uma necessidade social e tcnica. Assim, os profissionais so influenciados
para que o trabalho executado contribua para mudanas, assumindo postura ativa,
participativa e transformadora, remodelando o modo de fazer das instituies. Os hospitais
so considerados instituies prestadoras de servios de amplo impacto social, portanto a
ateno qualidade dos servios prestados representa um diferencial a ser assumido9.
O Instituto de Medicina dos Estados Unidos da Amrica considera que o grau de
cuidado que os servios de sade dispensam aos seus pacientes aumentam as chances do
atendimento produzido ser desejado11,12. O responsvel pela gesto do cuidado ao paciente
nas instituies hospitalares o enfermeiro, com importante papel no alcance da qualidade
dos servios de sade, a que deve programar a suas aes, focalizando o atendimento integral
s necessidades humanas13.
Assim, a melhoria contnua da qualidade da assistncia de enfermagem requer do
profissional a implantao de aes e a aplicao de instrumentos que avaliem de forma
sistemtica os nveis de qualidade dos cuidados prestados13, 14.
Balard K (2003)15 cita que uma equipe de enfermagem bem estruturada ponto chave
para a prestao de cuidados de qualidade e podem aumentar a segurana do paciente,
garantindo um ambiente em que os enfermeiros esto no controle de sua prpria prtica.
Para Felli VEA et al. (2005)16, o trabalho de enfermagem apresenta-se como, a nvel
mdio, maiormente, as atividades assistenciais, e ao enfermeiro as aes de gerenciamento
do cuidado e da unidade de sade. No entanto, existe uma necessidade constante de repensar
o gerenciamento do cuidado e a assistncia em enfermagem, de maneira que os recursos
sejam melhor aplicados garantindo segurana, organizao e foco no cliente, considerando
as relaes interpessoais que envolvem a enfermagem, equipe multidisciplinar, o paciente e
a famlia17.
O modo como so organizadas as aes de ateno sade, incluindo os aspectos
tecnolgicos e assistncias conhecido como modelo assistencial18. A enfermagem no
Brasil tem se adaptado a alternativas e adequaes de modelos assistenciais externos para a
organizao do trabalho nos servios hospitalares19.

Dentre os inmeros modelos assistenciais de enfermagem existentes no mundo, uma


reviso bibliogrfica de 201220 elencou os 11 modelos mais presentes: Modelo de Prtica
Baseada em Evidncia, Modelo Assistencial Centrado no Paciente, Sistema Clnico
Avanado, Modelo Baseado no Significado Social, Primary Nursing, Cuidado Restaurativo
para Autonomia Assistida, Cuidado Holstico, Modelo de Sistema Neumann, Modelo
Colaborativo de Prestao de Cuidado, Cuidado Baseado na Espiritualidade e Modelo de
Cuidado Whanaungatanga. Esse estudo apenas identificou os modelos mais frequentes e
evidenciou que eles levam em considerao o paciente de forma integral e possuem como
objetivo a segurana na assistncia.
Diante do exposto e considerando que a qualidade da assistncia de enfermagem
contribui, de forma direta, para a segurana no cuidado do paciente, pretende-se com este
estudo responder seguinte indagao: qual o modelo assistencial de enfermagem que
oferece maior segurana ao paciente?

Objetivo
Identificar atravs de uma reviso integrativa na literatura o modelo assistencial em
enfermagem que oferece maior segurana ao paciente em ambiente hospitalar, voltado a
minimizar o risco de sofrer um evento adverso durante o cuidado prestado.
Justificativa do estudo
Existem inmeros modelos assistenciais para oferecer um cuidado de qualidade ao
paciente. Sabe-se que quanto maior a qualidade da assistncia mais segura ela se torna. No
entanto, no foi encontrado na literatura justificativas que definem qual o modelo mais
seguro a se seguir, que oferea qualidade e seja capaz de reduzir os riscos e minimizar os
eventos adversos relacionados a assistncia. Pretende-se com esse estudo demostrar para a
enfermagem qual o modelo assistencial ideal a ser executado quando o foco a segurana
do paciente.
Metodologia do estudo
Considerando que a reviso integrativa metodologia de estudo capaz de
proporcionar a sntese do conhecimento e a incorporao da aplicabilidade de resultados de
estudos significativos publicados, experimentais e no experimentais, na prtica de
determinado assunto20, elegeu-se esta modalidade para alcanar o objetivo proposto.
Para operacionalizar essa reviso, sero seguidas as seguintes fases:

Fase 1 Elaborao da pergunta norteadora: A pergunta norteadora foi elaborada e


apresentada neste projeto a partir de um referencial terico e raciocnios aprendidos
conforme minha experincia prtica.
Fase 2 Busca na literatura: Pretende-se nessa fase realizar a busca em base de dados
diversificada, como busca manual, bases eletrnicas, peridicos, referncias escritas nos
estudos selecionados, contato com pesquisadores e utilizao de material no-publicado.
Como critrios de amostragem pretende-se utilizar estudos que definam os modelos
assistenciais e exponham resultados da aplicabilidade dos modelos, com enfoque a satisfao
dos clientes e a ocorrncia de erros e eventos adversos relacionados assistncia dos
pacientes no recorte temporal de 2005 a 2016, nos idiomas ingls, portugus e espanhol, com
texto completo disponvel. A inteno a de incluir todos os estudos encontrados,
obedecendo aos critrios em concordncia com a pergunta norteadora.
Fase 3 Coleta de dados: Para extrair os dados dos artigos selecionados ser utilizado
um instrumento de coleta de dados (anexo 1) que servir como registro, capaz de organizar
os dados relevantes extrados, minimizar risco de erros na transcrio e garantir preciso na
checagem das informaes.
Fase 4 Anlise dos estudos includos: Os estudos sero organizados e ento
analisados segundo sugesto de Souza MT et al. (2010)20, 21, que cita uma hierarquia das
evidncias da seguinte forma:
- Nvel 1: evidncias resultantes da meta-anlise de mltiplos estudos clnicos
controlados e randomizados;
- Nvel 2: evidncias obtidas em estudos individuais com delineamento experimental;
- Nvel 3: evidncias de estudos quase-experimentais;
- Nvel 4: evidncias de estudos descritivos (no-experimentais) ou com abordagem
qualitativa;
- Nvel 5: evidncias provenientes de relatos de caso ou de experincia;
- Nvel 6: evidncias baseadas em opinies de especialistas.
Fase 5 Discusso dos resultados: Pretende-se elaborar uma sntese dos resultados e
comparar aos dados da anlise dos artigos do referencial terico, ressaltando as concluses
do estudo e esclarecer possveis vieses.
Fase 6 Apresentao do estudo: Ao final, apresentar a reviso contendo
informaes pertinentes e detalhadas dos resultados de forma completa.

Referncias Bibliogrficas

1.

Organizao Mundial de Sade. World Alliance for Patient Safety: forward programme.

Genebra: WHO; 2005.


2.

Ministrio da Sade (Brasil). Portaria 529 de 1 de abril de 2013. Institui o Programa

Nacional de Segurana do Paciente (PNSP). Dirio Oficial da Unio 02 de abril de 2013; seo
1, p.43.
3.

Viacava F, Ug MA, Porto S, Laguardia J, Moreira RS. Avaliao de desempenho de

sistemas de sade: um modelo de anlise. Rio de Janeiro: Cincia & Sade Coletiva; 2012;
17(4):921-34
4.

Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Manual Segurana do Paciente e Qualidade

em Servios de Sade: Uma Reflexo Terica Aplicada a Prtica. Braslia: Anvisa; 2013.
5.

Organizao Mundial de Sade. Patient safety research: introductory course - Session

1. What is patient safety? Genebra: WHO; 2012.


6.

Gallotti RMD. Eventos adversos: o que so? Rev. Assoc. Med. Bras; 2004; 50(2): 114.

7.

Conselho Regional de Enfermagem de So Paulo (BR). 10 passos para a segurana do

paciente [Internet]. 2010 [acesso em 05 de agosto de 2016]. Disponvel em: http://www.corensp.gov.br/sites/default/files/10_passos_seguranca_paciente_0.pdf


8.

Oliveira RM, Leito IMTA, Silva LMS, Figueiredo SV, Sampaio RL, Gondim MM.

Estratgias para promover segurana do paciente. Fortaleza: Esc Anna Nery 2014;18(1):12229.
9.

Bonato, V.L. Gesto de qualidade em sade: melhorando assistncia ao cliente. So

Paulo: O Mundo da Sade; 2011; 35(5): 319-31.


10. Quinto Neto A. Processo de acreditao: A busca da qualidade nas organizaes de
sade. Porto Alegre: Dacasa: Palmarica; 2000. p. 136.
11. Chassin MR, Galvin RW. The urgent need to improve health care quality. Institute of
Medicine National Roundtable on Health Care Quality. JAMA; 1998; 280(11):1000-5.
12. Ministrio da Sade (BR), Fundao Oswaldo Cruz, Agncia Nacional de Vigilncia
Sanitria. Documento de Referncia para o Programa Nacional de Segurana do Paciente.
Braslia, 2014.
13. Gabriel CS, Gabriel AB, Bernardes A, Rocha FLR, Miasso AI. Qualidade na assistncia
de enfermagem hospitalar: viso de alunos de graduao. Porto Alegre: Rev. Gacha Enferm;
2010 Sep; 31(3): 529-35.
14. Paiva SMA. Qualidade da assistncia hospitalar: avaliao da satisfao dos usurios
durante seu perodo de internao [tese]. Ribeiro Preto: Escola de Enfermagem de Ribeiro
Preto, Universidade de So Paulo; 2006.

15. Ballard K. Patient Safety: A Shared Responsibility [internet]. Online Journal of Issues
in Nursing; 2003; 8(3), Manuscript 4 [acesso em 18 de agosto de 2016]. Disponvel em:
http://www.nursingworld.org/MainMenu Categories/ANAMarketplace/ANAPeriodicals/OJIN/
TableofContents/Volume82003/No3Sept2003/PatientSafety.html.
16. Felli VEA, Peduzzi M. O trabalho gerencial em enfermagem. In: Kurcgant P.
Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. p.1-13.
17. Strapasson MR, Medeiros CRG. Liderana transformacional na enfermagem. Braslia:
Rev. bras. Enferm; 2009 Apr; 62 (2): 228-33.
18. Lucena AF, Paskulin LMG, Souza MF, Gutirrez MGR. Construo do conhecimento
e do fazer enfermagem e os modelos assistenciais. So Paulo: Rev. esc. enferm. USP; 2006
June; 40 (2): 292-98.
19. Magalhes AMM, Juchem BC. Primary nursing: adaptando um novo modelo de
trabalho no servio de enfermagem cirrgica do Hospital de Clnicas de Porto Alegre. Porto
Alegre: Rev Gacha Enferm; 2000; 21 (2):5-18.
20. Souza MT, Silva MD, Carvalho R. Reviso integrativa: o que e como fazer. So Paulo:
Einstein; 2010; 8(1):102-6.
21. Stetler CB, Morsi D, Rucki S, Broughton S, Corrigan B, Fitzgerald J, et al. Utilizationfocused integrative reviews in a nursing service. Springfield: Appl Nurs Res; 1998;11(4):195206.

Anexo 1 - Instrumento de coleta de dados da reviso integrativa


1 Dados de identificao do estudo
Ttulo do artigo:
Peridico:
Autores:
Ano:
Pas de publicao:

Idioma:

2 Local do estudo
Hospital
Universidade
Centro de pesquisa
Instituio nica
Pesquisa multicntrica
Outras instituies
No identifica o local
3 Tipo de publicao
3.1 Pesquisa
Abordagem quantitativa
Delineamento experimental
Delineamento quase-experimental
Delineamento no-experimental
Abordagem qualitativa
3.2. No pesquisa
Reviso de literatura
Relato de experincia
Outras____________________
4. Caracterizao do estudo
Objetivos
Resultados
Anlise
Implicaes

As concluses so justificadas com base nos resultados?


Quais so as recomendaes dos autores?

Nvel de evidncia
Limitaes ou vieses
Concluses

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