Tratamento de Dejetos de Aves
Tratamento de Dejetos de Aves
Tratamento de Dejetos de Aves
Introduo
No setor de produo de ovos, as vantagens advindas do uso recente
de novas tecnologias so contabilizados em termos de ganho de homogeneidade de lote, melhor regularidade na distribuio das dietas,
padronizao na classificao dos ovos, diminuio dos ovos quebrados
e/ou sujos, entre outras.
As gaiolas de arame galvanizado, onde so alojadas as aves, so dispostas em andares semi-sobrepostos de forma piramidal e representam
os sistemas convencionais de instalao de poedeiras (Figura 1).
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Compostagem
A compostagem uma estratgia bastante interessante para o tratamento dos dejetos de poedeiras comerciais e definido como um
processo biotecnolgico de decomposio de matria orgnica sob condies aerbias controladas, realizado por colnias mistas de microrganismos. O processo pode ocorrer naturalmente ou pode ser acelerado
com a interveno do homem, tornando-se mais eficiente.
O composto orgnico estabilizado o produto final da compostagem
e apresenta caractersticas especficas que o determinam como um
material adequado ao uso como fertilizante no solo (veja IN 25/2009 do
MAPA).
O conhecimento do processo de compostagem importante para a produo de um composto orgnico de boa qualidade e para a preveno
de problemas durante o processo.
A compostagem um sistema de tratamento de custo baixo e mo de
obra simples. Adicionando aos dejetos materiais ricos em carbono (para
aumentar a relao C/N) e de baixa umidade, como serragem, palhas e/
ou cascas, controlando a temperatura, umidade e aerao, consegue-se
conduzir o processo de forma adequada e extrair um material final de
boa qualidade.
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Granulometria
O tamanho e a uniformidade das partculas so importantes no processo de compostagem, pois conferem maior ou menor superfcie de
contato aos micro-organismos e facilidade ou no de passagem de ar
atravs da pilha de compostagem. Partculas muito pequenas (<2 mm)
podem gerar locais de anaerobiose e prejudicar o processo.
Pesagem e mistura
Todos os materiais utilizados na compostagem, incluindo os dejetos,
devem ser pesados e misturados at se tornarem completamente homogneos, conforme orientaes tcnicas para regular a relao C/N e
umidade.
Local adequado
O ideal que a compostagem seja realizada em local prximo da produo do dejeto. Locais muito distantes das granjas so economicamente
desaconselhveis, pois o transporte onera os custos e pode inviabilizar
o processo. O ptio disponvel para a compostagem pode ser arquitetado para pequenos e grandes projetos e ir depender da quantidade de
dejetos produzidos. O solo deve ser compactado e impermeabilizado
evitando a infiltrao de gua de chuva contaminada com dejetos s
guas subterrneas. A direo dos ventos outro fator a ser considerado, haja vista que os ventos ajudam a diminuir a umidade das pilhas de
compostagem tanto ou mais que a incidncia de luz solar. necessrio
planejar a disposio correta de reas destinadas pr-compostagem,
compostagem e ps-compostagem. Projetos detalhados podem ser realizados por profissionais qualificados e especializados.
Para uma boa evoluo do processo de compostagem, alguns mtodos
de controle devem ser tomados, tais como:
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Temperatura
A temperatura necessita ser controlada diariamente. A faixa ideal durante a compostagem de 35 a 60C. Temperaturas abaixo de 25C e
acima de 65C atrapalham a atividade microbiana tornando o processo
lento. O aumento de temperatura durante os primeiros dias do processo
(fase termoflica) essencial para a eliminao de micro-organismos
patognicos sensveis elevao de temperatura.
Odor
A eliminao total dos odores, durante a compostagem, quase impossvel. Porm, a conduo correta e controlada d a possibilidade
de minimizar a emisso de odores. O suprimento correto de oxignio
Beneficiamento
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Secagem ou irrigao
Dependendo do teor de umidade do composto orgnico, pode ser necessrio a secagem ou o acrscimo de gua. O teor de umidade recomendado para o composto orgnico de 30 a 40%.
Biodigesto anaerbia
A biodigesto anaerbia o processo biolgico no qual a matria
orgnica degradada na ausncia de oxignio, formando majoritariamente metano (CH4) e dixido de carbono (CO2). Essa mistura de gases
denominada de biogs e pode ser coletada e usada como fonte de
energia (trmica ou eltrica) em substituio aos combustveis fsseis,
diminuindo a demanda e o impacto ambiental pela utilizao de uma
fonte de energia renovvel.
A biodigesto anaerbia pode ser usada no tratamento de resduos
slidos ou lquidos, promovendo a reduo do poder poluente dos
dejetos, tendo como subproduto, alm do biogs, o biofertilizante com
vrias aplicaes na propriedade rural. O biofertilizante o material
lquido efluente do processo que sofreu digesto anaerbia, teve parte
considervel de sua matria orgnica convertida em biogs atravs dos
micro-organismos presentes, alm de parte dos nutrientes biodisponibilizados. Para sua aplicao no solo importante que seja respeitado
o balano de nutrientes, pois caso contrrio este poder passar de um
biofertilizante a um poluente.
O processo ocorre em cmaras fechadas fornecendo ao meio a condio de anaerobiose a qual necessria para que os micro-organismos
possam digerir a matria orgnica presente. So encontrados biodigestores de diversos modelos e tipos de operao. A escolha do modelo
mais adequado dever levar em conta a frequncia de produo de
dejetos, caractersticas dos dejetos e disponibilidade de mo de obra.
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Queima de biomassa
A cogerao de energia com a utilizao de dejetos de animais como
forma de disposio final dos mesmos, ainda no prtica comum no
Brasil. No entanto, em muitos pases (Estados Unidos e na Europa) j
foram desenvolvidas tecnologias que permitem, ao mesmo tempo, gerar
energia a partir da queima dos dejetos e eliminar o problema que a sua
grande quantidade representa em algumas granjas. (Figura 4). Este
processo consiste na queima dos dejetos e, com o vapor liberado, se
produz energia eltrica tendo como resduo final a cinza.
A recomendao para este tipo de processo de tratamento para dejetos com baixo teor de umidade (haja vista que a gua diminui o poder
calorfico do material), granjas que no dispe de rea suficiente para
outros tratamentos e demanda de energia dentro da propriedade.
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Montagem e acompanhamento
O manejo da compostagem deve ser realizado diariamente para que todos os animais da propriedade tenham destino adequado em menos de
24 horas aps sua morte, evitando assim o risco de contaminao do
ambiente, de problemas sanitrios e de atrao de animais que possam
ser vetores de doenas (aves, roedores, moscas e ces). Recolhidos os
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Mo de obra treinada.
O excesso de gua poder liberar chorume, forte odor, atrao de moscas e animais. O excesso de gua tambm favorece a anaerobiose, ou
seja, a alta umidade resulta na ausncia e dificuldade de circulao de
Incinerao
A incinerao o mtodo que traz maiores benefcios sob o ponto de
vista de biosegurana. Permite a destruio das carcaas com eliminao dos patgenos. A Embrapa Sunos e Aves desenvolveu um incinerador de pequenos animais que pode ser utilizado para a destinao
final das carcaas de aves mortas.
Aterro
A utilizao do solo para disposio de animais mortos deve ser realizada com cuidados e critrios tcnicos. No recomendada a disposio
direta no solo em funo dos riscos sanitrios e ambientais associados a esta prtica. Quando a disposio no solo for prtica utilizada,
recomenda-se sua disposio em valas spticas ou aterros industriais e
nunca em aterros sanitrios que no so concebidos tecnicamente para
receber este tipo de material. Antes de utilizar a prtica de aterramento
altamente recomendvel consultar a legislao ambiental pertinente.
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Literatura recomendada
AUGUSTO, K. V. Z.; LUCAS JNIOR, JORGE; MIRANDA, A. P. Reduo de volume e peso durante a compostagem de dejetos de galinhas
poedeiras. In: SIMPSIO INTERNACIONAL SOBRE GERENCIAMENTO
DE RESDUOS DE ANIMAIS, 1., 2009, Florianpolis. Anais [das] palestras e trabalhos cientficos. Concrdia: Embrapa Sunos e Aves, 2009.
1 CD-ROM.
COLLINS, E. R. (Ed.). Poultry waste management handbook. Nova
York: Natural Resource Agriculture and Engineering, 1999. 72 p. (NRAES, 132).
MAZZUCO, H.; KUNZ, A.; PAIVA, D. P. de; JAENISCH, F. R. F.;
PALHARES, J. C. P.; ABREU, P. G. de; ROSA, P. S.; AVILA, V. S. de.
Boas prticas de produo na postura comercial. Concrdia: Embrapa
Sunos e Aves, 2006. 39 p. (Embrapa Sunos e Aves. Circular Tcnica,
49).
MOORE JUNIOR, P. A. Best Management practices for poultry manure
utilization that enhance agricultural productivity and reduce pollution. p.
89-117 In: Hatfield, J. L.; Stewart B. A. Animal waste utilization: effective use of manure as a soil resource. Boca Racon: CRC Press, 2010.
328 p.
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