A Didatica e A Acao Do Docente Profa Dra Maria Antonia Ramos de Azevedo

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A Didtica e a ao docente

frente ao desafio da incluso:


concepes e formas de
interveno
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Profa. Dra. Maria Antonia Ramos de Azevedo
UNESP/ Rio Claro
[email protected]

OBJETIVO

Refletir sobre a possibilidade real de contribuio


que a didtica, pode trazer ao aluno, no
planejamento e interveno educativa, dentro da
Escola Inclusiva desde a Educao Infantil at o
Ensino Mdio.

SUCESSO ESCOLAR

O xito escolar um fato imaginrio, que depende das


caractersticas e idade da criana, da estrutura e dinmica
familiar, da escola, do meio social, da poca e do local onde
tudo isso acontece.

O fracasso na aprendizagem atinge o individuo, a sua famlia


e o meio social j que o conhecimento significa poder na
nossa cultura.
Os problemas de aprendizagem so construdos na trama da
organizao familiar e social que lhe outorga significaes.

SUCESSO ESCOLAR
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Para todas as crianas o sucesso escolar importantssimo,
j que seu desempenho como pessoa est vinculado em
grande parte sua atuao como aluno

Para a famlia, o sucesso escolar dos filhos quase que um


atestado social de exito dos pais como educadores

Para a escola, alunos com bom desempenho acadmico, em


geral significam profissionais bem sucedidos no futuro

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Individualmente, a criana, a escola ou a famlia no so
linearmente responsveis pelos problemas de aprendizagem
das crianas ou em ltima anlise, do SUCESSO OU
FRACASSO escolar,
MAS
a combinao entre fatores congnitos e as experincias
vivenciadas nesses ambientes, levam a emerso
das
predisposies
pr
existentes,
que
podem
ser
desencadeadoras
potenciais
dos
transtornos
de
aprendizagem.

PROCESSO DE INCLUSO

No basta integrar os alunos e no basta que sejam feitas


adaptaes para aceitar um determinado grupo de alunos.
Isso relativamente fcil de fazer e vem acontecendo,
infelizmente, em muitos casos, at hoje. A verdadeira
Incluso requer a reestruturao do sistema
educacional de modo que este cuide de todos os
alunos, dando-lhes condies de pleno acesso e
participao .
A verdadeira incluso promove reflexo sobre polticas
globais de educao e a mudana do enfoque da educao
especial para a diversidade dentro de uma escola regular
para todos

DIFERENAS ENTRE INTEGRAO E INCLUSO


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Integrao: levar a criana com deficincias para o espao
escolar.
Incluso: preconiza que no so as crianas que devem
ajustar-se s exigncias da escola, mas que dever ser a
escola, ao reestruturar o sistema de educao, capaz de
efetivamente cuidar de todos os alunos e no que apenas
faa adaptaes para aceitar um grupo de alunos.
Educao Inclusiva deve refletir mais do que o ensino de
contedos acadmicos: deve desenvolver o aluno como um
todo, cultivando as habilidades, atitudes, conhecimentos
necessrios a integrao na sociedade.

INCLUSO

A incluso para ser verdadeiramente vivida precisa


ser desencadeada por meio de trs grandes
movimentos:
1.O aluno precisa ESTAR no contexto escolar;
2.O aluno no apenas precisa estar, mas
efetivamente precisa PERTENCER ao contexto
escolar numa interveno educativa que esteja
impregnada de PERTENCIMENTO;
3.O aluno ao estar e ao se sentir pertencente
aquele lugar formativo precisa APRENDER.

A INCLUSO
Condies prvias:
Preparar a sociedade para compreender e adotar o
princpio da escola inclusiva.
Preparar o mundo do trabalho pblico e privado para
receber as pessoas quando sarem da escola.
Escola inclusiva tem funo de instituio de ensino e no
de apoio social.
Ampliaram-se os limites da educao da criana com
dificuldades de aprendizagem mais ou menos severas, ao
incorpor-las ao sistema regular de ensino.

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EDUCAO INCLUSIVA
Exige: atendimento dos alunos, no apenas dos portadores
de deficincias, mas de todas as crianas;
Implica: trabalhar com a diversidade de forma interativa
escola e setores especializados;
orientada para: acolhimento, aceitao, esforo coletivo e
equiparao de oportunidades de desenvolvimento;
Requer: que as crianas participem de classes comuns

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CARACTERSTICAS DA EDUCAO INCLUSIVA


1. Desaparecem as discriminaes entre pessoas devido a
gnero, cultura e incapacidades.
2. Acessvel a todos os estudantes sem exceo e estes tm
direito ao um currculo culturalmente bom e adaptado a
sua idade e capacidade potencial de aprender.
3. Prioriza o respeito pela singularidade das pessoas e por
seu ritmo de aprendizagem.
4. Procura promover a autonomia de todos os estudantes.
5. Objetiva fazer de cada escola um sistema organizado de
preparao e facilitao do desenvolvimento integral de
todos os alunos e no apenas daqueles com maior ou
menor facilidade de aprendizagem.

CARACTERSTICAS DA EDUCAO INCLUSIVA


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6. comprometida com as necessidades e oferta de
oportunidades educativas e direitos humanos de todos os
alunos, abolindo qualquer tipo de segregao ou
discriminao.
7. Busca os melhores meios de oferecer apoio aos
estudantes,
para
que
desenvolvam
suas
reais
potencialidades dentro do meio educativo, tendo por base
uma aprendizagem significativa e centrada no indivduo.
8. A incluso visa no s aumentar a participao de todos os
alunos nos currculos das escolas regulares mas tambm
diminuir a presso de excluso nessas escolas.

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IMPRESCINDVEL QUE A FAMLIA POSSA:


Oferecer segurana atravs de boa vinculao, para
desenvolver na criana / adolescente alto nvel de empatia
e comportamento pr-social adequado
Ensinar a criana / adolescente a se cuidar
Respeitar e acatar afetivamente as limitaes e
orientaes de comportamento da criana / adolescente
Procurar manter uma atitude de serenidade durante os
momentos mais difceis de relacionamento para ajudar a
criana / adolescente a desenvolver inclusive a percepo
de modelo de conduta (auto regulao)

IMPRESCINDVEL QUE O PROFESSOR POSSA:

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Encorajar as crianas com dificuldades de aprendizagem
a a superarem seus problemas a partir de suas reais
potencialidades;
O profissional deve conhecer os pontos favorveis da
modalidade de aprendizagem para ajudar aos professores,
aos pais e criana, a superar suas dificuldades de
aprendizagem;
Ter em mente que mesmo nos grandes prejuzos na
aprendizagem, h alguma rea na qual a dificuldade
menor e esse um dado que deve ser valorizado...

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IMPRESCINDVEL QUE O PROFESSOR


POSSA:
Transformar verdadeiramente a escola em um lugar
de construo de conhecimentos e valores e assim
como a famlia e a sociedade, promover a cultura de
formao da personalidade social dos indivduos em
desenvolvimento...
Desenvolver uma ao docente que favorea os
processos de ensino e aprendizagem por meio de
uma didtica fundamental.

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Vera Candau - Didtica


O processo de ensino e aprendizagem se
desenvolve por meio de trs dimenses:
HUMANA, POLTICO-SOCIAL E TCNICA
Para Candau, a Didtica uma reflexo
sistemtica sobre os processos de ensino e
aprendizagem buscando alternativas para os
problemas da prtica pedaggica

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Sem a articulao das dimenses da didtica :

Ao docente pautada numa didtica instrumental:


O seu contedo constitui um conjunto de
informaes fragmentrias;
Apresenta desarticulao entre a teoria e a prtica
(descontextualizao da prtica pedaggica);
Caracteriza-se pelo consumismo de teorias
importadas;
Tem como pressuposto implcito a afirmao da
neutralidade cientfica e tcnica;
No articula as trs dimenses ( H, T e P)

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Com articulao das trs dimenses da didtica:

Ao docente pautada numa didtica fundamental:

Viso de totalidade do processo de ensino e


aprendizagem;
Perspectiva tridimensional;
Articulao das dimenses valorizando-as com a
mesma importncia;
Valorizao das relaes entre a escola e a
sociedade.

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RECURSOS EDUCATIVOS NA ESCOLA INCLUSIVA


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Na criao de contextos educacionais preciso:


A. Identificar os recursos, prticas e os conhecimentos pr
existentes para apoiar a aprendizagem;
B. Ver as diferenas como oportunidades para aprendizagem;
C. Desenvolver uma linguagem da prtica e criar condies
que encorajem os professores a assumir riscos;
D. Abraar o princpio de que na flexibilidade, as diferenas se
acomodam melhor e rejeitar os ideais de uma pedagogia
que trata de modo igual quem diferente pois tal princpio
produz fracasso e excluso

PAPEL DO PROFESSOR NA ESCOLA INCLUSIVA


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Recentes discusses acerca do trabalho educacional, com as


crianas e a resistncia que as polticas de incluso tem
encontrado, torna evidente a necessidade de redefinir
o papel dos professores, o que implica que estes se
assumam como profissionais crticos reflexivos,
capazes de se transformarem e se desenvolverem assim
como desenvolverem e transformarem sua prtica diria.

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ABORDAGEM PEDAGGICA DOS PROFESSORES


OBJETIVA:
Trabalhar de forma conjunta com os profissionais da rea da
sade e familiares sobre os transtornos observados junto
criana / adolescente quanto orientao do espao fsico,
do tempo, da execuo de tarefas segundo sua prioridades,
etc.
Mostrar a importncia de se considerar e utilizar a afetividade
para permear as relaes oportunizando situaes que o
aluno possa utilizar todo o seu potencial
Desenvolver a ateno de toda a comunidade escolar para a
importncia da auto-estima de seus alunos e valoriz-los
individualmente por seus comportamentos positivos, no
enfatizando os negativos
Mostrar as vantagens de se dar igual valor s relaes
afetivas e aos contedos programticos durante o processo
ensino aprendizagem.

ALGUNS FATORES QUE INTERFEREM NA CAPACIDADE


DE APRENDER

Gentico, biolgico e psicolgico,

Escola, a famlia, os aspectos scio-culturais,

O valor que se d ao conhecimento em determinado


momento da vida da criana e em cada sociedade, o que
tambm interfere muito na aquisio da aprendizagem da
criana,

Mtodo adotado pela escola, pode prejudicar no s a


avaliao dos problemas de aprendizagem como ainda
evidenci-los de forma exagerada e no lhes dar
continncia e encaminhamento adequado.

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SINAIS IMPORTANTES PARA A ESCOLA OBSERVAR


NOS ALUNOS E RECOMENDAR UMA VISITA A UM
ESPECIALISTA
Em escolares:
1. Reduo significativa de interesse e ateno;
2. Reduo do rendimento escolar ou presena de
transtornos de aprendizagem
3. Presena
de
comportamentos
de
hiperatividade,
impulsividade ou desateno com freqncia maior que o
esperado
4. Abandono de atividades antes desejadas
5. Retraimento social
6. Perturbaes sbitas do sono (relato da criana ou da
me) acompanhadas de um dos itens acima;
7. Reaes emocionais violentas;
8. Rebeldia, birra, implicncia, atividades de oposio;
9. Preocupao ou ansiedade exageradas.

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SINAIS IMPORTANTES PARA A ESCOLA OBSERVAR


NOS ALUNOS E RECOMENDAR UMA VISITA A UM
ESPECIALISTA
Em adolescentes:
1. Reduo significativa no rendimento escolar;
2. Abandono de atividades antes prazerosas, de amigos ou
familiares;
3. Mudana de conduta:alteraes do sono, do apetite;
4. Agresses freqentes, rebeldia, oposio ou reaes
violentas;
5. Comportamentos destrutivos;
6. Comportamento sexualizado excessivo.

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TRABALHO COM A CRIANA

Orientar a criana sobre o que esperado dela em termos


de comportamento e aprendizagem, detalhando as razes
pelas quais ele est em atendimento;

Fornecer informaes diretas e claras sobre o transtorno,


deixando sempre aberto o canal para futuras dvidas;

Usar de rotinas previsveis (horrio, local, comportamento


do profissional) mas evitar tarefas repetitivas ou longas e
priorizar novidades e exerccios curtos;

TRABALHO COM A CRIANA

Procurar manter acordos indagando a criana


como ela pode aprender melhor;
Usar recursos como gravador, computador, jogos
(jogos de regras permitem o aprendizado de
limites,
participao
social,
o
saber
ganhar/perder, o desenvolvimento cognitivo e o
refazer superando erros), leitura em voz alta,
contar e escrever histrias, gibis, exerccios
sensrio motores, de raciocnio, introduzindo
sempre novidades para manter a ateno, a
motivao e descobrir o estilo de aprendizagem
da criana;

TRABALHO COM A CRIANA

Valorizar o bom comportamento e desempenho,


elogiando e encorajando a transposio de
limites;
Estabelecer limites devagar e firmemente, mas
nunca usando de punio ou de reprimendas
para evitar frustrao, o medo ou a baixa autoestima;
Trabalhar sempre a noo de tempo, espao,
seqenciao, ateno.

TRABALHO COM A CRIANA

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Dosar as instrues em quantidades que permitam um


desempenho positivo do aluno, na maior arte das
ocasies;
Estimular respostas individuais promovendo feedback
imediato ao aluno;
Procurar envolver a criana no processo de aprendizagem
de maneira a encoraj-lo e motiv-lo transpor suas
limitaes
O aluno, seja criana ou adolescente, uma pessoa a ser
respeitada, tratada afetivamente dentro das normas
sociais do grupo.

CONCLUINDO...

No mbito educativo:

Trabalha com objetivos educativos, atitudinais, e


conceituais similares para todos os alunos;
Mas as estratgias devem ser variadas e
especializadas, coordenadas com as atuaes no
mbito familiar e scio-econmico;

Ritmo
de
ensino
aprendizagem:
deve
acompanhar o ritmo dos alunos, feitas as
adaptaes curriculares necessrias;
Currculo: amplo e bem equilibrado, funcional,
apropriado para a idade mental, centrado no
apenas na aquisio de habilidades mas tambm
dirigido a proporcionar uma melhoria na
qualidade de vida dos educandos.

... As

pessoas no processo de incluso apresentam


caractersticas diferenciais em funo do mbito da
interveno: educativo, familiar e scio-comunitrio
Deve-se partir das necessidades especiais e
singulares do nvel de desenvolvimento e etapa da
vida de cada pessoa...

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BIBLIOGRAFIA

39

CARNEIRO, Moaci Alves. LDB fcil: leitura crtico-compreensiva:artigo a


artigo. Petrpolis, RJ: Vozes, 1998.

DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do estado. 25


edio._So Paulo: Saraiva, 2005.

DIDONET, Vital. Plano Nacional de Educao Braslia: Lber Livro editora,


3 edio, 2006.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. So Paulo: Editora Paz e Terra, 1996.

GES, Maria Ceclia Rafael de et alii. Polticas e prticas de educao


inclusiva. Campinas, SP: Autores Associados, 2004.

MASETTO, Marcos T. Didtica: a aula como centro. 4. ed. So Paulo: FTD,


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CANDAU, Vera Maria (Org.). A Didtica em Questo. 7 ed. Petrpolis: Vozes,
1983.
CANDAU, Vera Maria. Rumo a uma nova didtica. Petrpolis: Vozes, 1988.

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