Contos de Oikodoro
Contos de Oikodoro
Contos de Oikodoro
de Patricia Morales
traduo de Maria Beatris M. Mauad Leis
reviso de Maria Cludia M. Mauad Ferreira
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Patricia Morales
A Carta da Terra comea assim: Todos ns estamos muito preocupados porque a Terra
e todas as pessoas que vivero no futuro esto em perigo. Por isso, juntos, nos
comprometemos seriamente a cuidar da natureza e a respeitar a todos os seres
humanos, os animais e as plantas. Para isso pronunciamos estes princpios da Carta da
Terra, que nos guiaro para atuar da melhor maneira possvel.
I. NOSSOS FUNDAMENTOS
Princpio 2: Vamos cuidar de toda a comunidade da vida. Vamos usar para isso
entendimento, compaixo e amor. A liberdade, o conhecimento e o poder que
tenhamos no nos devem afastar desta tarefa.
2. O cuidado da planta
Princpio 4: Vamos garantir que a Terra se mantenha bela e magnfica, tanto para
ns, como para todos que vivero no futuro. Protegendo nossos ideais e culturas,
formularemos em seguida princpios mais especficos.
4. A solidariedade das rvores
Princpio 10: Vamos garantir que todos os negcios sejam feitos com justia,
honestidade e correo. Particularmente, deve-se levar muito em considerao o meio
ambiente, a proteo dos trabalhadores e o futuro da Terra. Tambm ajudaremos as
comunidades mais pobres e endividadas.
10. A rvore, os vendedores e as crianas
Princpio 11: Vamos tornar realidade que os homens e as mulheres sejam tratados
como iguais, pois sabemos que nenhum dos dois melhor ou pior que o outro. Muitas
vezes, as mulheres e as meninas so maltratadas. Devemos nos comprometer para que
elas desfrutem de todos os direitos, como ir escola, ser artistas ou governantes.
Vamos proclamar que o amor seja o centro de todas as famlias.
11. A igualdade das duendas
Princpio 12: Vamos respeitar a todos igualmente, sem que ningum seja maltratado.
Somos todos diferentes, por nossa prpria identidade de cor, nossa lngua, religio ou
maneira de pensar, mas todos ns merecemos idntico respeito. Por isso, tambm
ajudaremos que se respeitem os povos indgenas e as minorias. Confiaremos nos
jovens, os quais apoiaremos a alcanar um futuro melhor.
12. Os duendes diferentes e os animais
Princpio 13: Vamos procurar que nossas decises sejam participativas, honestas,
responsveis e sempre justas. Para isso, dialogaremos livremente, buscaremos as
melhores solues e cuidaremos de todos e de cada um, desde o menor at o maior.
13. A pedra da concrdia
Princpio 14: Ns nos educaremos, ao longo de nossas vidas, para cuidar da Terra e de
seu futuro com os nossos conhecimentos, valores e capacidades. Particularmente, para
as crianas e os jovens, as portas do saber estaro bem abertas. As artes, as letras, as
cincias e os meios de comunicao contribuiro para que todos ns vivamos
corretamente.
14. O lpis maravilhoso
Princpio 15: Vamos tratar todos os seres vivos com respeito e considerao. Para isso,
no seremos cruis com os animais, evitando seu sofrimento.
15. A ponte de estrelas
Princpio 16: Vamos viver com tolerncia, sem violncia e em paz. Vamos nos tratar
com entrosamento, solidariedade e cooperao, tanto dentro de nossa comunidade,
como fora dela. Para isso, vamos condenar a violncia e a guerra, e promover o
desarmamento. Assim a paz chegar at as estrelas e viveremos em harmonia
conosco, os demais e a Terra, qual pertencemos.
16. O duelo sobre a lua
I-
NOSSOS FUNDAMENTOS
Os presentes de Oikodoro
Como todos os duendes, Oikodoro est muito ligado Terra. Mas como desde
quando ele era criana, estava to dedicado a encher de cuidados a Terra, os
seres humanos, os animais e as plantas, os demais duendes o quiseram chamar
de Oikodoro, que vem do grego e significa o que d presentes casa, a Terra,
pois os duendes crem que o cuidado o melhor presente que se pode dar para
a Terra, que a casa de todos e tambm dos duendes. Se o pronunciamos
OIkodoro significa o que recebe presentes da Terra, o que tambm verdade,
pois toda a natureza um maravilhoso presente para todos.
Oikodoro tambm muito famoso pelos presentes que costuma dar s crianas.
Para isso, enche uma sacola muito original. Mas uma vez algum pegou sua
sacola de presentes e desapareceu com ela. Sem encontrar rastro algum,
Oikodoro resolveu contar o que aconteceu s crianas. Com muita ternura as
crianas consolaram Oikodoro. Ele resolveu presentear-lhes com sua lupa e seu
telescpio, que ele mesmo havia construdo. Estes instrumentos eram muito
importantes para suas travessias, pois com o telescpio observava o curso das
estrelas e se deixava guiar por elas, e com a lupa estudava os rastros no bosque
e a composio da gua. Estes dois presentes foram muito festejados pelas
crianas. Oikodoro lhes contou que o prprio mundo um presente e que ele est
cheio de muitos outros presentes ainda por descobrir: com a lupa um mundo
desconhecido chega a nossa viso, e com o telescpio se aproximam de ns o
mundo das estrelas e dos planetas, e o nosso lugar no universo. Com eles junto a
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isso
entendimento,
compaixo
amor.
liberdade,
O cuidado da planta
Para o aniversrio da cidade as crianas foram convidadas a enfeitar as ruas. Uma
das crianas encontrou uma planta muito bonita e extica no bosque que seria
um bom enfeite para a cidade. Quando a criana disse a Oikodoro que levaria a
planta ao concurso, o duende tentou faz-la desistir, explicando-lhe que essa
espcie era a nica existente no bosque e poucas ainda existiam no planeta.
Porm, a criana fez um buraco na terra e levou a planta. Oikodoro pediu-lhe,
ento, que a protegesse muito do sol e a regasse todos os dias. A criana
prometeu faz-lo. Mas, em pouco tempo se esqueceu de cuidar da planta e por
causa do calor e da secura a planta murchou e morreu.
No dia do aniversrio da cidade a criana no teve nada que comemorar e
desolada foi contar o acontecido ao duende. Oikodoro estava muito bravo. A
criana lhe deu a nica coisa que lhe havia restado da planta: uma semente.
Oikodoro viu que a semente era boa e lhe indicou todos os cuidados que deveria
ter para que a planta vivesse. No ano seguinte, quando novamente chegou o
aniversrio da cidade, a criana levou a planta que havia cuidado, dando-lhe gua
e protegendo-a do sol todos os dias. A planta tinha muitas flores bonitas, que
nem Oikodoro havia visto no bosque. A criana foi condecorada tanto pela beleza
da planta, como pelo cuidado que havia lhe dado. Por fim, todos foram ao bosque
com Oikodoro, pois a criana havia prometido colocar a planta de volta no
bosque, na mesma cova que, tempos atrs, ela prpria havia feito.
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Os blocos coloridos
Certa vez Oikodoro deu s crianas da cidade um grande brinquedo de montar.
Eram uns blocos vermelhos, amarelos, verdes, laranjas, turquesas, roxos e azuis
que podiam ser empilhados para fazer construes.
As crianas quiseram montar a melhor e mais bonita torre para surpreender
Oikodoro. Em pouco tempo houve muitas brigas, pois uns queriam usar cores que
no fossem nem to claras nem to escuras; outros queriam esconder os blocos
grandes, que eram os azuis e os verdes, e por ltimo outros queriam usar
somente as peas vermelhas, amarelas e azuis, mas no as restantes, pois no
eram cores primrias.
Primeiro experimentaram montar sem os blocos azuis, pois eram muito escuros e
sem os amarelos, pois eram demasiadamente claros. A torre que montaram com
os blocos restantes era pequena e ningum ficou satisfeito.
Depois decidiram que seria melhor utilizar os blocos azuis, pois eram os maiores,
mas ocultando-os para sustentar toda a construo junto com os verdes, que
tambm eram grandes. Mas a construo ficou to desequilibrada que a torre
caiu em pouco tempo.
Por ltimo experimentaram colocar s as peas vermelhas, azuis e amarelas, mas
elas eram to diferentes que no encaixavam bem e no chegaram sequer a
montar a torre.
Quando Oikodoro foi visit-los imaginou que encontraria uma bela torre, mas em
lugar disso, s estava a caixa vazia e as peas espalhadas pelo cho. O que
aconteceu? - perguntou Oikodoro.
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As crianas lhe explicaram que aqueles blocos no eram bons, pois ou formavam
uma torre muito pequena, ou pouco equilibrada, ou nem sequer conseguiam
mont-la. Oikodoro j no estava to surpreso com o que havia acontecido, e
pediu s crianas que se sentassem junto a ele para construir a grande torre.
Primeiro, disse Oikodoro, convm arrumar as peas e observar sua forma, mais
que sua cor. As cores lhe daro beleza, mas a construo se basear nas formas.
Oikodoro pegou as peas mais slidas e maiores para a base, e assim foi
crescendo a torre, at formar toda ela um grande arco-ris de madeira. Oikodoro
lhes mostrou que absolutamente todas as peas eram necessrias e tambm
todas as cores, pois elas sustentavam a disperso da luz e refletiam a sabedoria
do universo.
Oikodoro lhes explicou que todos os blocos deviam participar da construo, da
melhor e mais equilibrada maneira possvel, respeitando as prprias formas e sem
utilizar critrios estranhos, que s prejudicariam a grande obra prima.
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outra rvore que possa falar com ela, - sugeriu a criana. As crianas
caminharam todo o dia em busca de uma rvore florida, e chegaram at o
bosque. Naquela ocasio, a grande rvore do bosque estava muito florida. As
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O caleidoscpio da natureza
Oikodoro no apenas d presentes, mas tambm recebeu presentes muito
valiosos e originais de muitas regies da terra. Um dia mostrou s crianas seu
presente mais querido: o caleidoscpio. Este instrumento mostra em uma
variao infinita a sabedoria da natureza, e ajuda a orient-lo em direo ao
futuro com idias e sonhos para um mundo melhor.
Uma vez Oikodoro esteve muito doente, pois havia comido muito, e com uma
febre muito alta, teve grandes pesadelos. Em seu sonho ruim o espelho mgico
que contm o caleidoscpio, se agitava at quebrar-se em pedaos. Dali
pequenos homenzinhos, animaizinhos e outros seres vivos saiam feridos e se
perdiam entre os vidros. Oikodoro havia despertado inconsolvel e foi olhar seu
caleidoscpio que, inalterado, guardava o segredo da natureza e suas idias para
um mundo melhor.
No dia seguinte, amanheceu j sem febre e se dedicou a imaginar as aes que
ajudariam a cuidar das diferentes formas de vida e do futuro dos seres humanos
e da Terra.
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A queda do edifcio
Uma vez, uma das crianas quis construir um edifcio de tijolos e pedaos de
madeira. A obra comeou a crescer e crescer e chegou a ser, por acaso, o edifcio
mais alto de toda cidade. A criana estava muito contente com essa obra de arte
e a ofereceu para a cidade. Mas ningum estava de acordo ainda. Todos exigiam
que o edifcio fosse mais alto ainda. A criana estava totalmente cansada e
angustiada. Durante a noite se aproximaram dois bandidos para continuar a
construo com madeira e tijolo. Mas a obra despencou sobre as casas vizinhas e
sobre as rvores do bosque, causando muito estrago. O prdio j no existia
mais! Oikodoro acordou com todo aquele barulho, e foi ajudar a socorrer os que
necessitavam imediatamente. Os habitantes da cidade comearam a brigar, pois
uns queriam o prdio outra vez e outros queriam que nada se construsse no
lugar, evitando mais confuso. A criana estava triste pelo acontecido, mas
tambm aliviada por ter fim aquela tarefa to impossvel quanto intil.
Finalmente, a criana e Oikodoro propuseram restaurar o estrago causado s
casas e ao bosque, pois tanto trabalho desmedido havia mostrado que aprender
os limites prprios e respeitar os dos demais o nico caminho para a felicidade.
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A venda da Terra
Conta Oikodoro que uma vez um grande homem de negcios, muito respeitado e
temido, decidiu realizar seu grande negcio. E para isso gastaria toda sua riqueza.
Ele decidiu colocar a venda a Terra. Grandes propagandas que voavam no cu
propunham o grande negcio. Como ningum at o momento reclamou a Terra
como sua, refletiu, e talvez algum a quisesse comprar...
Os outros homens de negcios e as pessoas comuns, preocupados, o
observavam. E logo trs gigantes monstruosos chegaram do fundo do Universo
at a Terra e se aproximaram do homem de negcios:
- Se a Terra est venda, ns desejamos compr-la.
O homem de negcios sentiu respeito e temor pelos gigantes e lhes perguntou:
- O que receberei em troca, porque a Terra tem muito valor?
- Ns pagaremos o melhor preo, com a melhor moeda estrelar.
- E o que posso comprar com esse dinheiro? Perguntou o homem de negcios.
- Bem, uma grande estrela ou um meteorito, disseram os gigantes.
- Ser dono de uma estrela! Nunca antes fui dono de uma estrela!
- Por exemplo, essa estrela vermelha muito grande e te podemos vend-la a um
bom preo... Disseram os gigantes.
- Sim, eu a compro! Trato feito! Exclamou o homem de negcios.
E assim o homem de negcios voltou a sua casa, havendo vendido a Terra e
comprado uma estrela. Ele contou a seu filho seu grande negcio e mostrou os
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Ento a natureza voltou a oferecer sua beleza. Junto ao sol, o arco ris vestiu o
cu e salpicou a terra com suas sete cores. As flores puderam saciar de tintas e
cores seu laboratrio, e retornaram s suas prprias cores, com idntica beleza.
Com a ajuda de Oikodoro as crianas construram tambm um laboratrio de
cores, que serviu para a arte e a imaginao, e convidaram todos a participar e
desfrutar da sabedoria da natureza.
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O concerto no parque
Oikodoro conta que houve um tempo distante em que a guerra havia
empobrecido a cidade, e por isso todos eram pobres. Ele ajudou a reconstruir o
parque e o colgio para as crianas, pois elas haviam deixado de brincar pela
crueldade da guerra e da pobreza. Aquelas crianas voltaram escola e praa
para compartilhar os brinquedos. E assim voltaram tambm seus sonhos e
fantasias. Aprenderam a ler e a escrever ganhando um horizonte rico que
ningum arrebataria, nem mesmo a pobreza, e perceberam tambm que brincar
era um direito de todas as crianas.
Para as crianas era muito importante a aula de msica da escola. Ali todos
sonhavam em ser grandes msicos e acompanhavam o violino at suas ltimas
consequncias; vibravam junto aos tons coloridos da flauta, seguiam sem parar o
piano, to belo como sonoro. Cada qual tratava de descobrir em si mesmo a
msica que sua boca e o resto do corpo lhes ofereciam.
Um dia formando uma orquestra sem instrumentos, e com a partitura na
memria, chegaram ao parque. Acreditava-se que no parque havia se escondido
da guerra um mago musical muito talentoso, que s pelas noites aparecia para
vestir de cores e sons as rvores e os brinquedos. Ningum o havia visto, porm,
muitos notvagos haviam escutado uma msica belssima. Aquele dia foi muito
especial para todos. As crianas foram aos brinquedos que Oikodoro havia
construdo e cantarolaram o concerto que haviam escutado. Uma menina
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Princpio 10: Vamos garantir que todos os negcios sejam feitos com
justia, honestidade e correo. Particularmente, deve-se levar em
considerao o meio ambiente, a proteo dos trabalhadores e o futuro
da Terra. Tambm ajudaremos as comunidades mais pobres e
endividadas.
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saltos tambm alcano com facilidade o que necessito. J pulou alguma vez?
-
contente.
Logo um cavalo se aproximou do duende grande, e lhe perguntou:
-
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Por ser maior que os demais duendes, e ter dificuldades para ver de perto
Eu tambm sou um tanto elevado, mas justamente por isso que posso
Me sinto diferente, e desejaria ter uma cor mais suave, como os demais
duendes.
-
Presenteamos algumas de nossas plumas para enfeitar as outras aves, e elas, por
outro lado, podem nos socorrer, pois nos identificam rapidamente, lhe
comentaram as aves.
-
Muito obrigado por sua defesa s cores. Eu acho que tambm aprenderei
que minha cor tem sua prpria beleza, disse agradecido o duende.
-
Por ltimo um canguru chegou at o duende que se achava feio e lhe perguntou:
-
duende.
-
O que voc est dizendo? Nunca diria que um canguru feio! O seu rabo
evita que voc caia. Ns no temos seu belo equilbrio. Suas orelhas lhe permitem
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beleza. Mas tambm estou convencido da sua prpria beleza, que soube
encontrar a beleza nos demais, lhe garantiu o canguru.
-
E foi assim que os quatro duendes voltaram do passeio e foram muito felizes e
queridos, sendo eles como eram e dando o melhor de si.
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A pedra da amizade
Uns amigos que passeavam pelo bosque descobriram uma pedra to valiosa
como pesada e decidiram lev-la com eles. Quem era mais forte conseguiu
levant-la, quem era mais criativo inventou uma carroa para transport-la, quem
era mais gil a transportou e o mais cuidadoso protegeu-a durante o caminho.
Quando chegaram no houve acordo do que fazer com ela, pois cada um queria
ter a razo. As discusses no tinham fim e a amizade parecia no existir mais. A
pedra ficou abandonada no meio da cidade. Todos achavam a pedra muito
bonita, mas tornou-se um incomodo muito grande t-la deixado no meio da rua e
os habitantes da cidade pediram a ajuda de Oikodoro. Oikodoro chamou os
amigos, que por causa da discrdia, no dialogavam mais. Ele lhes ensinou que a
pedra ali colocada no tinha muito valor e que a amizade perdida, sim, era de
grande valor. Pedras como aquela Oikodoro havia visto muitas vezes, mas
amizade, disse, algo nico. Oikodoro lhes mostrou que a pedra pertencia
amizade, pois pela amizade haviam visitado o bosque e por ela haviam
conseguido trazer a pedra todos juntos. Mas como a amizade havia se quebrado,
a pedra devia retornar harmonia do bosque. Os amigos pediram a Oikodoro lhes
ajudar a recuperar a amizade, pois descobriram que a amizade tem o valor de
incontveis pedras. E como Oikodoro viu que a harmonia voltou a reinar entre
eles, lhes convidou a conservar a pedra. por isso que no parque se encontra
uma pedra como smbolo da amizade duradoura.
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O lpis maravilhoso
Como todos os duendes, Oikodoro se desperta ao amanhecer e dedica as
primeiras horas do dia leitura de seus originais livros. As crianas esto
convencidas que por isso Oikodoro sabe tanto sobre a Terra e tudo o que existe
sobre ela. Uma vez as crianas pediram para acompanhar Oikodoro durante um
dia todo, para que ele compartilhasse com elas a sabedoria dos livros. Oikodoro
os convidou para a sua biblioteca e juntos leram alguns captulos do livro Duende
da Natureza e fizeram anotaes com um lpis que Oikodoro havia recebido de
um mago. Os duendes esto convencidos que os objetos que mais valorizam
devem tambm ser compartilhados. Logo aps a apaixonante leitura Oikodoro
pegou o lpis e os convidou a dar um passeio pelo bosque. Durante o passeio o
duende fez uma roda com as crianas e colocou o lpis mgico no meio, que
cheio de brilho e de cores, desenhou no ar o livro da natureza e foram de
desprendendo suas sbias folhas. O livro comeou a mover suas folhas e no ar o
lpis danou sua melodia. Dessa dana nasceu um pssaro de plumas fabulosas
que pegou o lpis com seu bico. O lpis espalhou no vo da ave sementes
maravilhosas que, ao chegar terra, se transformavam em flores muito bonitas.
Junto ltima semente caiu o lpis, que uma flor protegeu antes de roar o cho.
Dos imperceptveis movimentos das flores surgiu uma borboleta multicor, que
com grande esforo fez girar, com suas asas, o lpis sobre a terra, formando um
belo pntano. O lpis flutuava na gua at que, guiado pela correnteza, desenhou
o sol refletido. O sol pegou o lpis com um de seus raios. O sol e as crianas
ajudaram o lpis a iluminar o pssaro de plumas fabulosas, as maravilhosas
flores, a borboleta multicor e o pntano. E logo jogaram o lpis ao ar, que foi
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A ponte de estrelas
As crianas conhecem um gato que de dia brinca com as borboletas e de noite
canta com as estrelas. Oikodoro contou um conto que havia escutado fazia algum
tempo. Na beirada de uma selva um gato perseguia cruelmente uma borboleta.
A borboleta voou sobre o rio at chegar a uma ilha. Com a ajuda da correnteza, o
gato atravessou o rio sobre uma rvore seca. A borboleta sobrevoou a ilha, dando
voltas, e logo se foi. A rvore seca se perdeu na correnteza, e o gato, com medo
da gua, ficou na ilha.
Alguns dias mais tarde os animais do bosque procuraram o gato, e surpresos
descobriam que ele estava na ilha. Para esconder seu medo de gua, o gato disse
aos seus amigos que queria explorar cuidadosamente a ilha. Eles o escutaram e
embora no estivessem convencidos de que o gato havia dito a verdade, foram
embora. Constantemente os animais se aproximavam da beirada da selva para
perguntar ao gato se ele desejava algo. Mas o gato respondia: A ilha
maravilhosa. Obrigado, ficarei por mais um tempo.
O inverno havia chegado, e a gua estava muito fria. O gato parecia triste na ilha
e seus amigos estavam preocupados. Um dia muito frio de inverno era o
aniversrio do gato, os animais do bosque haviam feito um grande bolo com uma
vela acesa, e o aproximaram ternamente margem.
- Feliz aniversrio, querido gato. Fizemos um bolo, mas a gua est quase gelada
e no podemos dividi-lo. Festejamos daqui mesmo.
O gato emocionado agradecia da ilha. Ao chegar a noite; a lua e as estrelas
comearam a enfeitar o cu, e em meio aos animais o bolo permanecia
iluminado. A luz da vela chamou a ateno das estrelas que se perguntavam:
- Que essa luz ali no bosque? Caiu alguma estrela?
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nuvem cinza sobre a Terra se encheu de buracos e como um tecido velho, ficou
em trapos. Oikodoro estava emocionado por essa honra que as crianas faziam
a seu amigo viajante e sorria agradecido. Seu sorriso tornou-se gargalhada
quando uma luz leve, tnue, mas permanente, chegava aos olhos de Oikodoro.
- Kosmodoro que nos sada! Ele viu o sinal de vocs e encontrou o caminho. A
Terra volta a reluzir ante seus olhos, e ante os olhos do universo, exclamou
Oikodoro e todas as crianas aguardaram o retorno de Kosmodoro.
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Nota da autora:
Todos os comentrios e sugestes so bem-vindos.
Agradeo antecipadamente.
Estes contos procuram ilustrar a Carta da Terra. Aqui se apresenta uma verso no oficial
para crianas. A verso completa e oficial da Carta da Terra se encontra em
www.earthcharter.org
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