Valas Escoradas

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PEF 2502- Obras Subterrneas

Prof. Carlos Eduardo M. Maffei


Profa Heloisa Helena S. Gonalves
Prof. Pedro Wellington G. N. Teixeira

1 - INTRODUO

A caracterstica principal de uma obra enterrada a multi-disciplinaridade. Para a


elaborao do projeto de um tnel, de uma vala, de uma garagem subterrnea,
etc, deve-se conhecer muito bem o comportamento do solo perante a escavao,
a influncia da gua e como fazer o dimensionamento estrutural.

Desta forma, quando trabalhamos com estruturas enterradas est implcita a


interao solo-estrutura, que consiste na compatibilizao dos deslocamentos da
estrutura e do solo (macio).

A interao solo-estrutura no utilizada somente em obras subterrneas, mas


tambm quando numa fundao queremos compatibilizar os deslocamentos da
estrutura e do macio; neste caso deve-se efetuar o clculo da estrutura como um
conjunto.

Em um tnel executado com anis constitudos por segmentos articulados, por


exemplo, se no considerssemos o solo como um meio contnuo, a estrutura ficaria
hiposttica. O fato de considerarmos o meio contnuo, que representa o solo, como
estrutura, torna possvel o clculo, conforme o modelo abaixo.

Figura 1.1 Representao do solo como meio contnuo


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Pode ser considerado tambm o solo como uma srie de molinhas atuantes no
tnel, como barras bi-articuladas; a estrutura no hiposttica.

Figura 1.2 Solo representado como molas

As obras podem ser consideradas como estruturas provisrias ou permanentes.

As obras so consideradas provisrias quando tm o acompanhamento do


construtor; a mobilizao imediata e os imprevistos so resolvidos rapidamente.
Nestas situaes, pode-se utilizar coeficientes de segurana menores que os das
normas.

Obras permanentes devem ter coeficientes de segurana de norma, os quais


traduzem o pequeno risco de runa (da ordem de 10-15) que a sociedade admite
correr.
Enquanto a observao e a capacidade de mobilizao do Construtor podem
garantir a estabilidade das estruturas provisrias, apenas o atendimento s
especificaes das normas pode garantir a estabilidade das estruturas permanentes.

As valas so abertas atravs de mtodo destrutivo, que pode ser denominado:


Mtodo da trincheira, VCA = Vala a cu aberto ou Cut and Cover

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1.3 Valas escoradas e valas atirantadas

O procedimento construtivo o seguinte: escava-se a vala, constri-se a estrutura e


procede-se o reaterro.

Os tneis so escavados atravs de mtodo no-destrutivo, isto , o tnel aberto


sem que se destrua a superfcie; atravs de mtodo subterrneo.

2 - VALAS ESCORADAS

2.1 Introduo

Obras Provisrias

Em se tratando de obras provisrias para abertura de valas, sejam quais forem os


sistemas adotados de conteno, devem ser realizados, no mnimo, os seguintes
clculos: carregamento; clculo esttico; estabilidade da ficha descontnua;
estabilidade geral; estabilidade do fundo da vala; ruptura hidrulica; deslocamentos;
capacidade de suporte das cargas verticais na parede.

Para cada sistema de escoramento, devem tambm ser verificados:

Com estroncas: efeito de temperatura; efeito de pr-compresso

Com ancoragens: verificao da fora limite de protenso dos tirantes

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Quando se tratar de escavao total em taludes devem ser verificadas: estabilidade


geral; ruptura hidrulica; deslocamentos.

Nos casos de estabilizao de taludes por meio de ancoragens, deve ser verificada
a fora limite de protenso dos tirantes.

Para cada tipo de parede de conteno, deve-se proceder a verificao: dos


pranches; das estacas; das paredes-diafragma; das estacas intermedirias; das
estroncas; dos travamentos; das ligaes.

Obras Permanentes

Em se tratando de estruturas permanentes, sejam quais forem os tipos de obra ou


variantes do mtodo em trincheira adotadas, devem ser calculados:

AES - CARREGAMENTO
CLCULO DOS ESFOROS SOLICITANTES
VERIFICAO DO EQUILBRIO

2.2 - Mtodos Construtivos

Os sistemas de escoramento so constitudos pela parede de conteno mais o


escoramento. Para o escoramento podem ser utilizadas estroncas ou tirantes ou
estroncas e tirantes.

Paredes de conteno:

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As paredes de conteno podem ser contnuas, como por exemplo uma parede
diafragma, ou descontnuas como por exemplo quando se utilizam estacas metlicas
com pranches de madeira (escoramento perfil-prancho).

Para a execuo de um escoramento descontnuo, muitas vezes necessrio


proceder-se o rebaixamento do lenol fretico. Se o nvel d'gua estiver acima do
fundo da escavao e o solo no possuir coeso suficiente, ser carreado para
dentro da vala pelo fluxo de gua, aps a escavao e antes da colocao dos
pranches,

Apesar de no ser necessria a utilizao de rebaixamento do lenol fretico para a


execuo de paredes contnuas, pode-se optar por este procedimento para diminuir
os esforos na parede durante a fase provisria, sempre que os esforos na fase
provisria forem maiores que os da fase permanente. Desta forma economiza-se na
armao da parede. Um exemplo onde isto pode ocorrer quando se est na fase
provisria, depois de executada toda a escavao e antes da construo da laje de
fundo, pois neste caso a reao de apoio est a uma distncia maior do fundo da
escavao e, portanto os momentos na parede diafragma so maiores do que
quando a laje de fundo j foi executada e a parede apoia-se no fundo da escavao.

laje de fundo feita

laje de fundo por fazer

2.1 Rebaixamento do nvel d gua na fase provisria

As paredes contnuas podem ser de madeira, metlica, concreto ou solo-cimento.

As paredes de madeira s so utilizadas para pequenas valas (at cerca de 3,5m de


profundidade) em solo competente.
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Figura 2.2. Prancho de madeira

As paredes metlicas so formadas de estacas prancha.

Figura 2.3. Estaca prancha metlica

Tambm existem estacas prancha de concreto, pr moldadas.

Figura 2.4. Estaca prancha de concreto

Outro tipo de parede contnua de concreto a diafragma, que moldada in- loco.
Para a abertura dos painis da parede diafragma utiliza-se lama bentontica para
conter o solo lateralmente. A bentonita em repouso forma uma pelcula impermevel
(gel), que torna possvel a ao de uma tenso horizontal 3 , correspondente ao
peso da coluna de lama (esquema da figura 2.5). Sendo a tenso vertical efetiva
do terreno, deve-se ter o crculo de Mohr que representa as tenses principais e
tangente envoltria de resistncia do solo.

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envoltria de resistncia do solo

Figura 2.5 Parede diafragma: tenses na interface solo- coluna de bentonita


A bentonita pode ser substituda por colis que uma mistura de bentonita com
cimento. Esta mistura mais estvel, porm, menos utilizada por ser mais cara.
Quando se usa colis deve-se tomar cuidado com o tempo de execuo para evitar
a sua pega antes da concretagem da parede diafragma.

Caso exista uma fundao muito prxima escavao, que provoque um esforo
adicional na parede, deve-se aumentar a reao 3 , e, para isto, por exemplo,
aumenta-se a coluna de lama, conforme esquema abaixo.

sapata
parede diafragma

Figura 2.6. Fundao prxima escavao da parede diafragma

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aumento da
coluna

envoltria de resistncia do solo

Figura 2.7. Acrscimo de tenso confinante gerado pelo aumento da coluna de lama

Quando a parede diafragma tem que vencer grandes vos, surge a dificuldade de se
conseguir a continuidade da armao, nas duas direes, amarrando as gaiolas ou
soldando. Faz-se hoje armao cruzada. Nos cantos os painis devem ser
contnuos.

Figura 2.8. Armao cruzada da parede diafragma

As paredes contnuas tambm podem ser constitudas de estaces de concreto


secantes. Neste caso, deve-se execut-los intercalados e enquanto estiverem com o
concreto fresco, quebr-los de tal forma que o estaco central, ao ser executado,
no deixe vazios entre eles. Deve-se tomar cuidado com a armao.
As paredes de solo cimento so de jet-grouting ou de rotocrete. Como o solo
cimento no pode ser armado e a tenso admissvel compresso pequena, estas
paredes no trabalham flexo.

O jet-grouting pode ser usado tanto para parede de conteno como

para

estroncamento. O jet-grouting um solo cimento misturado no campo, sob presso.


Com equipamento apropriado insere-se no terreno, injetando-se gua, uma haste
que pode ter um, dois ou trs furos. A gua sob presso desestrutura o solo,
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facilitando a formao da coluna de solo-cimento. Esta coluna formada a medida


que a haste levantada injetando cimento sob presso.

Quando h uma haste injetando nata de cimento, o processo chamado CCP


(Chemical Churning Pile);consegue-se formar colunas de solo-cimento com at
80cm de dimetro. Quando existem duas hastes concntricas o processo chamado
JSG (Jumbo Special Grouting); a segunda haste aplica ar comprimido e as colunas
podem atingir 1.80m de dimetro. Quando existem trs hastes o processo
chamado CJ (Column Jet), a terceira haste utilizada para injetar gua na subida, e
as colunas podem chegar a 3.10m de dimetro.

O solo cimento um concreto muito piorado, com

1
da resistncia do concreto
10

simples. Para uma coluna com 1,20m de dimetro, tem-se um consumo de cimento
de aproximadamente 11 sacos/ m de coluna.

As paredes diafragma podem ser projetadas de diferentes formas. Uma maneira de


economizar , quando possvel, executar a parede com painis de diferentes
comprimentos.

Figura 2.9. Parede formada por paredes-diafragma de diferentes comprimentos.

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Figura 2.10. Parede de conteno formada por colunas com comprimento diferentes,
trabalhando como muro de arrimo de gravidade

Figura 2.11. Colunas de Jet grouting em planta

Uma obra que j foi executada, na qual se utilizaram colunas de jet grouting como
laje de fundo do escoramento foi a do prdio da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.
Este mtodo construtivo foi utilizado para permitir a escavao da vala sem o
rebaixamento do lenol fretico. Depois foi executada a laje de concreto,
dimensionada para resistir a subpresso.

Figura 2.12. Esquema da obra provisria para a escavao da Bolsa de Valores do


Rio de Janeiro

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No escoramento para a construo da passagem subterrnea da Praa XV , no Rio


de Janeiro, foram utilizadas colunas de jet-grouting, como vigas longitudinais
(longarinas) e como estroncas.

Figura 2.13. Esquema da obra provisria para a passagem subterrnea da Praa


XV, no Rio de Janeiro

O rotocrete executado como a estaca de hlice contnua, s que o cimento


misturado ao solo, portanto, o solo no retirado.

As paredes descontnuas podem ser de madeira, metlico-madeira e de concreto.


As paredes descontnuas de madeira so constitudas de pontaletes que s podem
ser utilizados para valas de pequena altura e em solo firme.

Figura 2.14. Paredes descontnuas de madeira: pontaletes


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As paredes constitudas de perfis metlicos (estacas) e pranches de madeira so


utilizadas para grandes alturas de valas e tem como vantagem o reaproveitamento
do material.

Figura 2.15. Perfis metlicos com pranches de madeira


As paredes de concreto descontnuas so constitudas por estacas de concreto com
ou sem concreto projetado, em arco, entre elas. O tipo de estaca mais utilizado o
estaco porque pode ser executado at grandes profundidades, para qualquer tipo
de solo. Tambm tm sido utilizadas estacas tipo hlice contnua, porm estas
estacas tem a desvantagem de limite de comprimento e de armao. importante
lembrar que a parede de conteno deve resistir a esforos horizontais e deve
ser armada para resistir a momentos fletores.

Escoramento

O escoramento pode ser feito atravs de estroncas, tirantes ou estroncas e tirantes.

As estroncas podem ser de diferentes materiais: madeira, ao ou concreto.

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Nas valas muito estreitas, as estroncas dificultam o acesso s obras dentro da vala.
Em alguns casos, como por exemplo, nas valas executadas para a colocao dos
tubos da Sabesp, retira-se uma estronca, coloca-se o tubo e depois recoloca-se a
estronca. O escoramento neste caso deve ser dimensionado prevendo esta
situao.

Nas valas muito largas, a influncia da temperatura passa a ser um fator importante
no comportamento das estroncas, pois gera uma variao no seu comprimento.
Neste caso, so utilizadas estroncas metlicas que podem ser pr-comprimidas,
quando tiverem mais de 15m de comprimento, para diminuir os efeitos da
temperatura e dos esforos de terra.

A pr-compresso de vrios nveis de estroncas deve ser feita simultaneamente,


utilizando-se vrios macacos. Quando o primeiro nvel de estroncas prcomprimido a priori, a parede pode se deslocar e na instalao do segundo nvel, as
estroncas do primeiro podem ser afrouxadas. Como a pr-compresso complicada
e realiza um pr-encurtamento muito pequeno, cerca de 1 cm, prefervel aumentar
a rea da seo transversal da estronca, reduzindo assim tambm o encurtamento
devido fora normal.

Alm da deformao da parede sob a ao dos empuxos laterais tambm pode


ocorrer o levantamento do fundo da escavao (heave) devido remoo do solo
durante a escavao.

Figura 2.16. Levantamento do fundo da escavao


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Nas valas muito largas as estroncas tendem a flambar lateralmente, o que pode ser
evitado utilizando-se estroncas mais robustas, como por exemplo, perfis duplo I.
Utiliza-se tambm contraventamento das estroncas.

Quando so necessrios maiores vos entre as estacas, para a retirada de terra,


faz-se um reforo da longarina.

Figura 2. 17. Contraventamento das estroncas em valas largas.

Como as estroncas de concreto no podem ser reaproveitadas, so utilizadas,


geralmente, quando so incorporadas definitivamente estrutura. Exemplo:
Canalizao do crrego guas Espraiadas.

Os tirantes podem ser ativos ou passivos. Os ativos so de cordoalhas ou de barras;


os passivos so de barras, as estacas raiz e as micro estacas injetadas. Os fios dos
tirantes devem ser protegidos para evitar a corroso do ao.

Quando so utilizados tirantes ativos para o estroncamento, deve-se dimension-los


para que fiquem com um comprimento livre suficiente, que permita a protenso,
aps a qual este comprimento livre pode ser preenchido com grout. O grout no
deve encostar na parede, a fim de que na protenso o bulbo seja testado.
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CO

MP

RI

ME
N

TO

LIV

RE

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Figura 2.18. Esquema de execuo do tirante

Quando a parede descontnua, a conteno de solo entre as estacas pode ser


feita utilizando-se pranchas de madeira ou concreto projetado em arco, conforme
esquema a seguir.

Figura 2.19. Concreto projetado em arco

Observar que as pranchas devem ser cunhadas contra o solo, para que a superfcie
de contato fique comprimida.

Existem dois sistemas de escoramento: o berlinense e o hamburgus. No primeiro


tem-se cmara de trabalho na vala (ver esquema).

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Figura 2.20. Esquema de escoramento berlinense

No segundo, concreta-se a estrutura permanente contra a conteno.

Figura 2.21. Esquema de escoramento hamburgus

O mtodo milans chamado mtodo invertido, no qual, em primeiro lugar, se


controi a laje sobre o terreno, utilizando-se o mesmo como fundo da forma. Em
seguida, aps as paredes-diafragma executadas, faz-se a escavao. Exemplo:
Estao Marechal. A escavao sob laje custa 5 a 6 vezes mais que a escavao a
cu aberto, devendo ser evitada, sempre que possvel.

Figura 2.22. Esquema milans


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Sistemas de conteno

A seqncia construtiva de um sistema de conteno pode ser representada pelas


etapas 1 a 4 esquematizadas na figura 2.23.
1a

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4a

Figura 2. 23. Fases de escavao

Nunca se deixa, em obras permanentes o fundo sem proteo (colocar laje, lastro)
pois o solo exposto pode deformar-se sob tenso (efeito de fluncia) ou degradar-se.
A seguir executa-se a estrutura enquanto as estroncas so removidas e finalmente
feito o reaterro.

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Figura 2.24. Fases de reaterro

Na fase de reaterro, esquematizada na figura 2.24 pode ocorrer um dos casos


seguintes:

1- O esforo F excessivo para a parede concretada quando se remove a


estronca inferior. Utiliza-se ento o reestroncamento (1) e completa-se a
estrutura permanente (3).
2- O esforo F resistido pela parede ao se remover a estronca (2);
completa-se, ento, a estrutura permanente (3)
Adotando-se parede-diafragma incorporada (na estrutura permanente), a laje de teto
pode apoiar-se nela; a laje pode ser pr-moldada ou moldada in loco, conforme
apresentado na figura 2.25.

Figura 2.25. Laje de teto

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Pode ser utilizado rebaixamento na fase provisria para diminuir a presso da gua
na diafragma.

2.3 EMPUXOS

Carregamento

O carregamento das paredes de conteno da vala deve ser obtido pela


superposio das diversas aes

resultantes dos empuxos de terra, do lenol

fretico, das sobrecargas decorrentes de edifcios na zona de influncia, da parede


de conteno, de depsitos de materiais, de veculos e equipamentos.

Empuxo de Terra: Paredes Flexveis e Rgidas

A escavao do macio de um dos lados da parede, admitida instalada sem


qualquer efeito sobre as tenses e deformaes iniciais, ir provocar deslocamentos
para o lado interno da vala: a distribuio dos deslocamentos ir depender da
vinculao e da rigidez da parede, e do tipo de solo e da interface solo-conteno.
Se houver rotao da parede (rgida) em relao base, as tenses que atuam na
parede distribuir-se-o de forma triangular como apresentado na figura 2.26, com
intensidade

que

depender

do

valor

do

deslocamento

desenvolvido

progressivamente.

Figura 2.26. Caso R1: Parede Rgida ( Rotao em torno da base )


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Admitindo a translao pura da parede, resultados diversos publicados indicam a


forma do diagrama de tenses normais parede, segundo a figura 2.27, na qual a
altura ho do ponto de aplicao de "E", o qual varia entre 0,40h e 0,45h; resultados
de medies indicam que, se o estado ativo for alcanado, o valor de "E" difere de 5
a 10% do valor obtido no caso R-1, o que pouco significa quando se consideram as
imprecises na determinao do empuxo ativo.

Figura 2.27. Caso R2: Parede rgida (translao)

A rotao da parede em torno do topo provocaria uma redistribuio como indicado


na figura 2.28 (Caso R-3), admitindo-se preservada a resultante E (rea do diagrama
triangular ideal); resultados tericos e de medies indicam que, se o estado ativo
for alcanado, o valor do empuxo cerca de 20% maior que o empuxo ativo
triangular ideal, principalmente porque a restrio de deslocamentos impede que o
estado ativo seja alcanado na regio superior.

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Figura 2.28: CASO ( R-3 ): Parede Rgida ( Rotao em torno do topo )

Observe-se, ainda, que a redistribuio limitada capacidade de arqueamento do


solo.
Os casos R-1, R-2 e R-3 fornecem indicaes para paredes rgidas, e em condies
pouco realsticas com relao base (apoio e ficha indefinidos). Se as paredes
forem flexveis, haver outras redistribuies das tenses de empuxo, condicionadas
tanto pelos deslocamentos adicionais por efeito da flexo da parede, como por
arqueamento. Os deslocamentos globais incrementados geralmente sugerem adotar
o valor Ea no dimensionamento de paredes flexveis.

Para as contenes flexveis as figuras 2.29 a 2.31 apresentam indicaes

de

distribuies idealizadas de tenses, associadas a deslocamentos idealizados,


sempre com ausncia de considerao do apoio realstico da base.

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Figura 2.29. CASO ( F-1 ): Parede flexvel ( Rotao em torno da base )


Figura 2.30. CASO ( F-2 ): Parede flexvel (Topo e base fixos)
Figura 2.31. CASO ( F-3 ): Parede flexvel ( Topo fixo ); f ( com flexo ); ( sem
flexo )

A associao de translao aos dois casos de rotao (F-1 e F-3) no modifica


substancialmente a distribuio das tenses, diminuindo sempre o valor do Empuxofora ao ativo.

J no caso F-2, a associao a outras formas de deslocamento leva s distribuies


apresentadas nas figuras 2.32 a 2.34:

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(dt = distribuio das tenses, dti = distribuio triangular ideal)

Figura 2.32 CASO ( F-2 ): Com rotao em torno da base

( dt = distribuio das tenses, dti = distribuio triangular ideal )

Figura 2.33. CASO ( F-2 ): Com rotao em torno do topo

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( dt = distribuio das tenses, dti = distribuio triangular ideal )

Figura 2.34. CASO ( F-2 ): Com translao e rotao em torno do topo

No obstante todas as distribuies de tenses terem sido observadas e estimadas


para condies especficas, admite-se que possam ser generalizadas, com ajustes
criteriosos, para a maioria dos casos da prtica. Entretanto, se o solo do macio
arrimado no tem condies de arquear, tendem a prevalecer as distribuies
triangulares do tipo geosttico.

possvel verificar, aps a aplicao de determinado mtodo de clculo, se a


hiptese

de

distribuio

do

carregamento

que

foi

adotada

corresponde

aproximadamente deformada obtida.


Geralmente, tanto paredes de estacas metlicas como paredes-diafragma, nas
dimenses usuais, comportam-se como sistemas flexveis. Apenas paredes sujeitas
a severas restries de deslocamentos horizontais comportam-se como sistemas
rgidos.

O empuxo ativo se desenvolve para deformaes muito pequenas; j para o


desenvolvimento do empuxo passivo so necessrias grandes deformaes,
conforme pode ser observado na figura 2.35.

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Figura 2.35. Desenvolvimento dos empuxos em funo dos deslocamentos

Pode-se utilizar qualquer mtodo para clculo dos empuxos. O mtodo de Rankine
normalmente mais utilizado pela facilidade de sua aplicao. Este mtodo foi
deduzido a partir do crculo de Mohr e da envoltria de resistncia do solo.
Originalmente as equaes foram deduzidas para solos no coesivos, acima do
nvel dgua, admitindo-se no haver atrito entre a parede de conteno e o solo.
Posteriormente, estas equaes foram estendidas para solos coesivos.

Os outros mtodos de clculo dos empuxos so os mtodos de equilbrio limite ou


mtodos cinemticos. Estes mtodos admitem o mecanismo de ruptura, isto ,
partem da superfcie de ruptura e do equilbrio de foras. Existem diferentes mtodos
deduzidos a partir de diferentes formas de superfcie de ruptura. O mtodo de
Coulomb, por exemplo, admite uma superfcie plana de ruptura.

A diferena de resultados entre os diversos mtodos varia em funo do tipo de solo


atingindo o mximo valor de 10% para o empuxo ativo.

O mtodo de Rankine mais conservador porque admite um campo de tenses que


no viola a condio de plastificao, no formando obrigatoriamente o mecanismo
de ruptura. Os mtodos cinemticos, que admitem o mecanismo de ruptura podem
estar contra a segurana, se o mecanismo admitido no for o real, porque neste
caso, o mecanismo real forma antes, isto , a ruptura sempre ocorre na superfcie
que tem o maior empuxo ativo ou o menor empuxo passivo. Quando so satisfeitas
as hipteses de Rankine, os resultados obtidos por Rankine so iguais aos obtidos
por Coulomb e neste caso o resultado o real.

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Na natureza as rupturas so semelhantes s admitidas pelos mtodos de equilbrio


limite e os resultados reais esto entre os obtidos pelo mtodo de Rankine e os
Mtodos Cinemticos.

Comparao entre mtodos de clculo de empuxos

Apresentam-se nas figuras 2.36 e 2.37 grficos comparando o empuxo obtido por
Rankine (vlido para as condies ideais j mencionadas) com os obtidos por outros
pesquisadores, cada um adotando uma diferente forma de superfcie de
deslizamento.
Cabem as seguintes observaes de interesse:

No empuxo ativo.
-

O empuxo calculado pela frmula de Rankine sempre maior, aumentando a


diferena em relao aos cinemticos medida que aumenta o atrito
parede-solo ().

Todos os empuxos obtidos pelos modelos cinemticos, tambm no empuxo


passivo so contra a segurana. Entretanto, os que adotam superfcie curva
so prximos, enquanto o que adota superfcie reta (Coulomb) muito
irrealstico para = . Sobretanto quando = /2, todos os cinemticos do
resultados prximos. Como a superfcie curva mais realstica, somente deve
ser utilizada a superfcie reta se o valor de se limitar a /2.

Na prtica se utiliza a expresso de Rankine por facilidade, mas com coeficientes Ka


e Kp obtidos dos modelos cinemticos

a k ah 2 k a e ep kph 2c kp .

Como Ka e Kp so obtidos para solos no-coesivos as frmulas so mais


representativas para o caso de pequenos valores de coeso.

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Quando a coeso significativa, so adotados empuxo passivo ou, ainda, ficha


mnima da parede.

Figura 2.36 a Comparao entre coeficientes de empuxo ativo para vrias


teorias (MORGENSTERN & EISENSTEIN, 1970).
2

Figura 2.36 b Comparao entre coeficientes da componente horizontal de


empuxo ativo para vrias teorias (MORGENSTERN & EISENSTEIN, 1970).

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Figura 2.37 a Comparao entre coeficientes de empuxo passivo para vrias


teorias (MORGENSTERN & EISENSTEIN, 1970).

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Figura 2.37 b Comparao entre coeficientes da componente horizontal de


empuxo passivo para vrias teorias (MORGENSTERN & EISENSTEIN, 1970).

Empuxo Ativo - Repouso

Quando os valores dos deslocamentos da parede de conteno no forem


suficientes para a mobilizao total do empuxo ativo - o que corresponde utilizao
de paredes mais rgidas para limitar deslocamentos - devero ser considerados
valores intermedirios entre o empuxo ativo e o empuxo em repouso.

Influncia da gua

A. No empuxo ativo

A.1 - Terrenos homogneos

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Quando o meio for homogneo ou puder ser admitido como tal, distinguem-se dois
casos extremos: meio permevel e meio impermevel.

Meio Permevel

Se a parede de conteno tambm for permevel, admite-se que o lenol fretico


seja rebaixado, por ao da drenagem da parede, ou por um sistema de
bombeamento. Neste caso considera-se suficiente calcular o empuxo de acordo com
as recomendaes anteriores, considerando peso especfico natural do solo se a
eficincia do rebaixamento for tal que o lenol fretico no intercepte a parede acima
do fundo da escavao; caso contrrio, o empuxo dever ser determinado por
mtodo cinemtico atravs da pesquisa da superfcie crtica considerando a
interferncia do lenol fretico, e a piezometria no macio arrimado.

Se a parede for impermevel e o mtodo construtivo considerar rebaixamento do


lenol fretico, aplicam-se as mesmas recomendaes . Entretanto, no sendo
previsto o rebaixamento, o empuxo deve ser calculado admitindo nvel d'gua
esttico, isto , o empuxo hidrosttico deve ser somado ao empuxo de terra
calculado com peso especfico submerso do solo.

Meio Impermevel

Neste caso admite-se que no haja rebaixamento, (exceo feita a casos de solos
de comportamento singular). Se a parede for impermevel pode-se adotar o nvel
d'gua como esttico e somar o empuxo hidrosttico ao empuxo de terra calculado
com o peso especfico submerso do solo; pode-se ou utilizar mtodos de clculo
cinemticos considerando as redes de percolao com as condies de contorno.
No caso de paredes permeveis, alm da parcela devida permeabilidade e ao
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gradiente imposto, conta-se tambm com a contribuio do fluxo pela parede que
no mais
consiste

um elemento de restrio s vazes defluentes. Assim, a soluo

em avaliar a posio da rede de fluxo transiente em determinados

instantes, compatveis com o avano da escavao.

Os procedimentos de clculo usualmente empregados ou desprezam a influncia da


gua (admitindo que a parede provoque o rebaixamento do lenol) ou consideram
um nvel d'gua esttico-fictcio (equivalente a uma certa altura da parede). Estes
somente podem ser utilizados se for comprovado que no conduzem a resultados
desfavorveis em relao segurana; caso contrrio, recomenda-se que sejam
traadas as redes de fluxo (incrementalmente ou no, conforme o caso) e se
considere o efeito da gua na superfcie crtica. O mesmo procedimento deve ser
aplicado a paredes tornadas permeveis por meio de drenos ou de furos.

Terrenos estratificados

No caso de meios estratificados aplicam-se os mesmos conceitos j apresentados,


com as devidas adaptaes , levando em conta, principalmente, a eventual falta de
eficincia do rebaixamento; assim, se houver rebaixamento devem ser aplicados
mtodos cinemticos para determinao da superfcie crtica, quer a parede seja
impermevel ou no; se no houver rebaixamento e a parede for permevel aplicase tambm o mesmo critrio, mas se a parede for impermevel, pode-se superpor o
empuxo hidrosttico ao empuxo de terra calculado com peso especfico submerso.
Os mesmos critrios so aplicados tambm no caso de lenis empoleirados,
lembrando-se apenas que no caso de reduo da presso hidrosttica com a
profundidade, o empuxo de terra deve ser calculado com o peso especfico
submerso do solo somado s presses de gua.

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Observaes:

No caso de utilizao de drenos no macio impermevel, preciso traar redes


de fluxo para determinar a superfcie crtica, levando em conta o efeito da gua.

Em princpio o nvel d'gua a ser considerado deve ser o indicado pelas


sondagens; porm levando em considerao a poca de sua execuo, as
condies

hidrogeolgicas

topogrficas

do

local,

pode

ser

adotada

sobreelevao do nvel.

B. No empuxo passivo

Face importncia do empuxo passivo para a estabilidade da parede,


principalmente na ltima fase de escavao, utiliza-se peso especfico submerso.
Em casos excepcionais, com reforo efetivo do sistema de rebaixamento de forma a
garantir ausncia de gua na cunha de empuxo passivo, pode ser utilizado o peso
especfico natural do solo. Nas fases intermedirias de escavao, existindo
rebaixamento, no deve ser considerada a presena de gua, a no ser em casos
excepcionais por falta de eficincia do rebaixamento.

O coeficiente de segurana no empuxo passivo deve ser aplicado apenas s


tenses efetivas, calculadas com peso especfico submerso.

C. No empuxo em repouso

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Se o meio puder ser considerado permevel e a parede tambm for permevel,


haver necessariamente rebaixamento do lenol fretico; se este for eficiente a
ponto de manter o nvel d'gua junto parede abaixo do fundo da escavao,
calcula-se o empuxo em repouso com peso especfico natural do solo; se o nvel
d'gua interceptar a parede acima do fundo da escavao, o empuxo deve ser
calculado atravs de meio contnuo considerando as foras de percolao e a
restrio aos deslocamentos da parede. Se a parede for impermevel e o lenol for
rebaixado, aplicam-se os mesmos procedimentos; se o lenol no for rebaixado,
considera-se o nvel d'gua esttico e superpem-se as presses hidrostticas s
tenses horizontais devidas ao empuxo de terra, calculado com peso especfico
submerso. Este mesmo procedimento aplica-se ao caso de meio impermevel com
parede impermevel. Finalmente, no caso de meio impermevel (sem rebaixamento,
portanto) e parede permevel, o clculo deve ser realizado atravs de meio contnuo
considerando a restrio a deslocamentos horizontais da parede e levando em
conta, como j mencionado no item A, a velocidade de escavao e a velocidade de
rebaixamento do nvel d'gua.

Se o meio for estratificado, valem os mesmos conceitos considerando a falta de


eficincia do rebaixamento.

Definio das sobrecargas de clculo

Devem ser consideradas no clculo das obras provisrias do mtodo em trincheira,


as cargas adicionais decorrentes da existncia de edificaes

situadas nas

imediaes das estruturas de conteno e da possibilidade de acesso, prximo a


vala, de veculos e equipamentos de construo.

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Para edifcios em fundao direta o nvel de aplicao do carregamento o prprio


nvel das sapatas. Em se tratando de fundaes profundas, torna-se necessrio
analisar caso a caso, estimando-se a distribuio do atrito lateral e a carga de ponta
e a influncia na parede da vala a partir de solues da Teoria da Elasticidade.

Para atender ao depsito de materiais de construo e ao trfego de veculos e


equipamentos na faixa lateral vala, definem-se dois tipos de sobrecargas
equivalentes
a sobrecarga geral uniformemente distribuda (P=10kN/m 2) abrange as cargas
provenientes dos depsitos de materiais de construo (tais como terra, ao e
pedra) e tambm as cargas provenientes do trfego de veculos.

No empuxo passivo.

No clculo do empuxo passivo quaisquer sobrecargas acidentais no devem ser


consideradas.

Empuxo Assimtrico

Os empuxos de um e de outro lado da vala escorada podem ser diferentes e, neste


caso, deve ser verificada a parede de maior carregamento. No caso extremo das
cargas serem muito diferentes, deve-se verificar se existe um coeficiente de
segurana mnimo de 2, em relao ao empuxo passivo que pode ser mobilizado
pela parede menos carregada. Aplica-se a esta mtodo de clculo que supe
estroncas pr-comprimidas (mtodo para Sistemas de Conteno Rgidos ). Podese, tambm, considerar as duas paredes simultaneamente se os deslocamentos da
parede menos carregada implicarem em redistribuio das foras nas estroncas;
neste caso, as paredes passam a ser representadas, estruturalmente, por prticos.
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Clculos

Os clculos dizem respeito determinao dos esforos solicitantes do sistema de


conteno, s verificaes complementares relativas estabilidade da vala e ao
dimensionamento dos elementos estruturais.

Os modelos para o clculo das solicitaes das contenes de valas podem ser
agrupados naqueles que no levam em conta a interao solo-estrutura - no
compatibilizando os deslocamentos do solo e da estrutura - e os que levam em
conta, representando a restrio do solo atravs de barras ou atravs de meio
contnuo.
Por serem distintos os modelos, a serem aplicados, consideram-se os seguintes
casos:
. Paredes em balano
-ficha mnima
-ficha maior que a mnima
.Paredes estroncadas
-com um nvel de estroncas (ou tirantes)
-com vrios nveis de estroncas
.Paredes com vrios nveis de tirantes

Paredes com vrios nveis de estroncas

A experincia tem demonstrado que sistemas de conteno que utilizam paredes de


estacas metlicas e pranches contidas por estroncas metlicas tm se comportado
como sistemas flexveis para os tipos, dimenses e vos usualmente empregados.
Mesmo sistemas constitudos de paredes-diafragma, nessas condies, tm se
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comportado como flexveis face s deformaes que ocorrem na regio da ficha em


cada fase de escavao.

Quando se desejar limitar os deslocamentos da parede estroncada obtendo-se,


portanto, um sistema de conteno rgido, preciso limitar os vos entre os nveis
de estroncas, enrijecer longarinas e paredes, entre outras providncias, inclusive
construtivas, tais como evitar carreamento de solo.

Os mtodos de clculo podem ser classificados em evolutivos e no-evolutivos


conforme levem ou no em conta, em cada fase, os esforos e deslocamentos que
ocorrem em fases anteriores.

Nos Sistemas de Conteno Flexveis (SCF) para os quais se adota empuxo ativo
retificado como carregamento, suficiente aplicar mtodos no-evolutivos; no caso
de paredes flexveis podem ser utilizados o Mtodo de Envoltria Aparente ou o
Mtodo de Viga Contnua Para Paredes Flexveis e no caso de paredes rgidas, o
Mtodo de Viga Continua Para Paredes Rgidas. Como estes mtodos no fornecem
deslocamentos horizontais que permitam verificar a validade da hiptese da adoo
do empuxo ativo, so apresentadas limitaes para sua aplicao.

Para os Sistemas de Conteno Rgidos (SCR), (assim, projetados para limitar


deslocamentos, ou, assim tornados por fora de sistemas ou mtodos construtivos),
e para os Sistemas de Conteno Flexveis (SCF) - quando se deseja obter os
deslocamentos da parede ou simplesmente quando se deseja fazer uso de modelos
mais refinados - necessrio aplicar mtodos evolutivos. Obtidos os deslocamentos,
em qualquer caso (SCR ou SCF), deve ser verificado se a magnitude e distribuio
dos mesmos correspondem ao empuxo adotado.

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Naturalmente sempre prefervel a aplicao de mtodos evolutivos porque


representam melhor o comportamento do sistema de conteno; assim, se para o
dimensionamento possvel utilizar mtodo no-evolutivo, o mesmo no ocorre em
problemas que envolvam anlise de deslocamentos, retro-anlises e outros.

Limitaes do Mtodo Emprico (Mtodo da Envoltria Aparente) e do Mtodo da


Viga Contnua ( no evolutivos).

O Mtodo Emprico, como tambm o Mtodo da Viga Contnua, somente deve ser
utilizado quando se deseja verificar a estabilidade da parede, no interessando
avaliar os deslocamentos.

O Mtodo da Envoltria Aparente, um mtodo emprico, que fornece os esforos


solicitantes a partir de resultados de valas instrumentadas e que pode ser utilizado
em condies que satisfazam as hipteses propostas nestes mtodos.

O Mtodo da Viga Contnua considera em cada fase da escavao uma viga


contnua para representar a parede e apoios indeslocveis para representar as
estroncas; abaixo do fundo da escavao, para fins de clculo de foras cortantes e
momentos fletores, a flexibilidade da parede admitada como suficiente para
mobilizar parte do empuxo passivo de modo a adotar o engastamento da parede no
solo.

Sistemas de Conteno Rgidos ou Sistemas de Conteno Flexveis quando


se deseja obter deslocamentos
Nestes casos os mtodos evolutivos so de aplicao obrigatria: so assim
chamados porque acumulam, em cada fase, as tenses e deformaes ocorridas

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nas fases anteriores, permitindo, ao contrrio dos no evolutivos, obter


deslocamentos transversais.

Deve-se distinguir dois grupos de mtodos evolutivos: aqueles que representam o


solo como meio contnuo, recomendveis em casos especiais de anlise e aqueles
que representam o solo por meio de barras.

Paredes com Vrios Nveis de Tirantes

A carga de instalao dos tirantes induz tenses no solo e na parede, as quais


dependem, entre outros fatores, da rigidez relativa entre os dois elementos, razo
pela qual somente devem ser utilizados mtodos de clculo que consideram este
fato; os mtodos podem ser evolutivos ou no evolutivos.

Interessa observar que a aplicao da carga de incorporao do tirante limita os


deslocamentos finais da parede de tal modo que mesmo em paredes muito flexveis
o efeito de arqueamento muito localizado; assim, no se considera a retificao do
empuxo ativo. Por outro lado, a experincia, comprovada pelos clculos, tem
demonstrado que a carga de incorporao do tirante varia pouco com as vrias
fases da obra, tornando, portanto, pouco representativos os mtodos de clculo noevolutivos que supem a parede representada por uma viga sobre apoios
indeslocveis.

Verificaes complementares

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Estabilidade da Ficha Descontnua

Nas paredes constitudas de estacas descontnuas abaixo do fundo da escavao,


alm da verificao da segurana em relao ao empuxo passivo como se a parede
fosse contnua necessrio verificar se a parcela de fora que solicita a estaca
admissvel, isto , se o empuxo passivo disponvel frente da estaca suficiente
para manter o equilbrio da referida parcela; se no for, a estaca corta o solo como
se fosse uma faca, o que chamado efeito de faca..

Estabilidade Geral

Uma vez garantida a estabilidade da parede de conteno, necessrio verificar a


estabilidade do macio independentemente dela; assim, enquanto os clculos
elaborados conforme descrio acima procuram garantir que no haja translao ou
rotao do macio arrimado segundo superfcies que interceptam a parede, estes
clculos destinam-se verificao da estabilidade de superfcies que no a
interceptem.

Em funo das caractersticas do macio e de suas descontinuidades, a verificao


da estabilidade geral consiste em garantir segurana suficiente em relao a um
movimento de rotao de corpo rgido atravs de uma superfcie de escorregamento
contnua, admitida cilndrica.

Em geral, no caso de macios que possam ser considerados homogneos e que


abaixo da ficha da parede apresentem resistncia constante ou crescente com a
profundidade, no h necessidade de verificar a estabilidade geral, seno no caso
de paredes atirantadas.

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Considera-se suficiente a anlise das superfcies de ruptura por mtodos baseados


no estado-limite, desde que a reologia dos materiais seja compatvel com as
hipteses do mtodo, adotando-se, se for o caso, correes nos parmetros de
resistncia dos solos.

No caso de valas, a anlise deve ser limitada s superfcies de ruptura que no


interceptem a parede oposta.

A sobrecarga mnima a ser adotada de 1,0 tf/m2 distribuda uniformemente.

Entende-se que os casos de solos que apresentem comportamento especial (solos


colapsveis, expansivos, etc) devero ser analisados com critrios a serem definidos
em cada caso especfico.

Os valores mnimos de CS para qualquer so:


CS = 1,3 para obras provisrias
CS = 1,5 para obras permanentes

Nas paredes em balano deve ser considerada a possibilidade de ocorrer a trinca de


trao em solos coesivos como efeito acidental; a presso hidrosttica nela atuando
tambm deve ser considerada como carregamento acidental.

Se o macio apresentar deformao volumtrica importante, que deva ser


considerada, devem ser empregados modelos que representem o solo como meio
contnuo deformvel.

Apenas podem ser considerados como tirantes, para efeito de estabilidade global,
aqueles cujos bulbos encontrem-se alm da superfcie crtica; no caso da superfcie
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crtica interceptar bulbos, as foras nos tirantes devem ser consideradas


proporcionalmente ao comprimento que se encontra alm da superfcie crtica.

Finalmente, deve ser lembrado que no suficiente localizar os bulbos de modo a


aumentar o coeficiente de segurana da superfcie crtica obtida sem considerar os
tirantes; preciso certificar-se que qualquer outra superfcie de ruptura tenha o
coeficiente de segurana normatizado.

Observaes :

1.

Nas paredes em balano deve ser considerada a trinca de trao em


solos coesivos, preenchida com gua.

2.

Se a relao entre a altura da parede e seu comprimento for incompatvel


com a hiptese de estado plano de deformao, poder ser considerado o
efeito tridimensional

Estabilidade do Fundo da Vala

Devido remoo do material do interior da vala, quando o solo abaixo do fundo da


escavao no apresenta resistncia suficiente, o peso do solo externo vala pode
provocar uma ruptura que se caracteriza por um levantamento do fundo.

Em geral, somente h risco deste tipo de ruptura, em solos extremamente pouco


resistentes. Quando o solo abaixo da escavao constitudo de argila mole, devese considerar dois casos: sem dissipao de presso neutra e com dissipao de
presso neutra.

Observaes :
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caso de macios constitudos de solos heterogneos e de comportamento


especial (colapsveis, expansivos, etc) dever ser analisado de modo especial.

Tambm se deve proceder verificao da estabilidade, independentemente do


tipo de solo, nos seguintes casos:
a. fundao de carga muito elevada junto vala
b. talude ngreme lateral vala
c. parede de conteno recebendo carga vertical

Ruptura Hidrulica

Quando o nvel do lenol fretico, externamente vala, apresenta-se acima do fundo


da escavao, em funo das caractersticas do solo pode ocorrer a ruptura
hidrulica do fundo da escavao por falta de equilbrio vertical.

No caso de solos permeveis, deve ser garantido que o peso efetivo de solo na
regio da ficha garanta um coeficiente de segurana em relao ao levantamento do
fundo ou "piping".

Tanto para areias homogneas, isotrpicas como para solos estratificados, deve ser
consultada a bibliografia especializada que fornece mtodos de clculo e
recomendaes construtivas, no que se refere ao problema da ruptura de fundo.

O coeficiente de segurana deve ser maior do que 1,5; entretanto, maiores valores
podero ser adotados a fim de garantir a operao de equipamentos.
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No caso de solos impermeveis na regio da ficha, deve ser garantido o equilbrio da


camada impermevel com coeficiente de segurana mnimo de 1,5. Como fora
atuante considera-se aquela devida s sub-presses no fundo da camada
impermevel, enquanto a fora resistente se deve ao peso de solo acima deste
fundo; dependendo do caso possvel considerar-se tambm como fora resistente
a devida mobilizao da resistncia ao cisalhamento no solo na superfcie crtica.

Casos de solos no abordados, entre os quais aqueles de comportamento especial


como os colapsveis, expansivos, entre outros, devem ser analisados em cada caso
particular.

Deslocamentos

Os deslocamentos do macio devidos escavao da vala devem ser avaliados


porque podem produzir danos importantes nos edifcios, tabulaes ou em outros
tipos de obras existentes na zona de influncia da vala.

O valor e a distribuio dos recalques que devem ser esperados podem ser obtidos
atravs de diversas maneiras. A escolha do mtodo de avaliao dos recalques
depende da maior ou menor preciso dos dados disponveis e dos resultados que se
pretende alcanar, face importncia e estado dos edifcios ou utilidades existentes
na rea de influncia da vala.

Uma das maneiras de avaliar os deslocamentos consiste na utilizao de valores de


referncias bibliogrficas que se baseiam em medidas experimentais de um grande
nmero de casos, no levando em conta, portanto, o tipo e a geometria do sistema
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de conteno, dependendo somente da classificao do solo, considerado como


homogneo; como exemplo, pode ser citado o grfico devido a Peck, que fornece os
valores de recalques ao longo da altura de escavao para diversas distncias.

A partir dos deslocamentos horizontais da parede, calculados por mtodo evolutivo,


possvel admitir, em muitos casos,

que o volume do macio seja constante

durante todas as fases de escavao e re-aterro; neste caso, o volume dos


recalques na superfcie pode ser suposto igual ao volume dos deslocamentos
laterais da parede.

distribuio dos recalques na

superfcie

depende da distribuio

dos

deslocamentos horizontais e verticais da parede, do atrito com o macio arrimado,


das sobrecargas das estruturas adjacentes e de outros fatores.

Os recalques provocados pelo rebaixamento do lenol fretico devem ser


adicionados aos estimados anteriormente.

Outra maneira de obteno dos recalques superfcie atravs dos deslocamentos


horizontais da parede, consiste em aplicar os deslocamentos ao macio, este
representado por um meio contnuo. Esta maneira particularmente interessante se
houver variao volumtrica significativa, se houver necessidade de melhor preciso
nos resultados, ou ainda, se houver necessidade de considerar a rigidez das
fundaes

e das estruturas vizinhas, caso em que se pode tambm avaliar os

efeitos nas mesmas.

O mtodo que adota o menor nmero de hipteses simplificadoras consiste em


considerar o macio como um meio contnuo, de comportamento reolgico o mais
representativo possvel e de representar o carregamento em cada fase com a
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remoo correspondente das tenses aplicadas parede; obrigatria a


superposio das vrias fases de construo (mtodo evolutivo), a fim de
considerar, de maneira adequada os deslocamentos ocorridos nas fases anteriores.

A aplicao deste modelo permite levar em conta todas as condies de contorno,


como fundaes, estruturas vizinhas e estratificao do macio, e obter os
deslocamentos em qualquer ponto do macio, possibilitando uma avaliao do
comportamento ditado pela interao solo-estrutura durante todas as fases de
escavao e re-aterro.

Consideraes Gerais

A seguir, a ttulo de informao, transcrevem-se algumas concluses sobre o grau


de influncia, nos deslocamentos horizontais da parede, dos principais fatores que
envolvem a execuo de uma vala escorada de estacas metlicas e pranches de
madeira.
a. A utilizao de bermas tem um efeito apenas parcial na restrio aos
deslocamentos laterais.
b. A altura livre da escavao abaixo do ltimo nvel de estroncas o fator mais
significativo no que respeita aos deslocamentos laterais.
c. A influncia dos vazios atrs dos pranches podem ter um significado
importante em termos de deslocamentos laterais.
d. A principal funo da pr-compresso das estroncas ajustar melhor as
estroncas s paredes, no tendo contribuio significativa na restrio aos
deslocamentos laterais, medida que a escavao aprofundada; para
conseguir o ajuste suficiente uma cunhagem bem executada. Restringe-se o
uso da pr-compresso a valas muito largas.
e. A construo da laje de fundo o principal fator na estabilizao da parede.
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f. O volume dos recalques aumenta significativamente todas as vezes que se


procede remoo das estroncas.
g. Solos residuais submetidos a grandes gradientes tem o passivo diminudo e
podem sofrer ruptura de fundo.

Finalmente, deve ser lembrado que a experincia nas obras do metr em So Paulo
demonstram que a remoo do primeiro nvel de estroncas induz significativos
deslocamentos laterais da parede, devendo-se adotar providncias construtivas que
os minimizem.

Capacidade de Suporte das Cargas Verticais na Parede

Esta verificao necessria quando as paredes de conteno esto sujeitas a


foras verticais que no as usuais, como as decorrentes de peso prprio, peso do
estroncamento; so exemplos: foras devidas a coberturas de vala, a lajes,
componente vertical de foras aplicadas por tirantes, a edificaes e outras.

A capacidade de carga vertical deve ser demonstrada atravs de mtodos aceitos na


prtica de projetos de fundaes e adequados a cada caso especfico, devendo ser
lembrado que os deslocamentos verticais devem ser compatveis com o
desempenho da parede de conteno e que, dependendo dos valores, podem
modificar o clculo dos empuxos.

Efeito de Temperatura

A variao da temperatura na face exposta de paredes-diafragma provoca tenses


secundrias, que podem ser desprezadas. Entretanto, a variao da temperatura
nas estroncas provoca efeitos nem sempre desprezveis.
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O esfriamento das estroncas provoca deslocamentos das paredes para o interior da


vala, aumentando os recalques nas vizinhanas da vala , enquanto o aquecimento
provoca um acrscimo de fora normal devido restrio a deslocamentos laterais.
A variao de temperatura nas estroncas somente deve ser considerada em valas
com larguras excepcionais, recomendando-se, se for o caso, encunhamento em
determinadas horas do dia.

Para valas no cobertas, adota-se variao de temperatura nas estroncas entre 0o


e 65oC.

A experincia tem demonstrado que o acrscimo de fora nas estroncas devido


variao da temperatura

tem sido muito pequeno quando comparado com a

resistncia da estronca, de modo que estes clculos somente se justificam em casos


excepcionais.

Podem, ainda, ser utilizadas frmulas empricas apresentadas na bibliografia, as


quais, de certa forma, j consideram efeitos de construo e de variao de
temperatura nas paredes.

Efeito da pr-compresso

A pr-compresso de estroncas tem a finalidade de compensar deslocamentos


longitudinais das estroncas, tanto os elsticos como os

devidos reduo de

temperatura; ademais, obtm-se maior eficincia no sistema de escoramento porque


se compensam eventuais folgas do escoramento. Como os deslocamentos
mencionados somente so importantes em casos excepcionais e como o
encunhamento das estroncas j suficiente para compensar as folgas, a pr48

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compresso, cuja utilizao dificulta sobremaneira a execuo do sistema de


conteno, somente deve ser utilizada em casos excepcionais. De qualquer forma,
uma vez definida sua utilizao, deve-se verificar que sejam realizados reencunhamentos para compensar o alvio em estroncas durante a pr-compresso
das vizinhas; o prprio encunhamento da estronca para remoo do macaco pode
provocar alvio e a conseqente perda de eficincia da pr-compresso.

O valor da carga de pr-compresso deve ser determinado com a condio de que,


ao haver esfriamento, o encurtamento das estroncas deve ser limitado para
minimizar os recalques e, ao haver aquecimento, o acrscimo de fora normal nas
estroncas - em virtude da restrio parcial que o solo oferece - seja admissvel.
Assim, a carga de pr-compresso ir depender da temperatura de instalao e das
temperaturas extremas que solicitam a estronca.
Como h perdas de cargas, por acomodao, durante a incorporao e como a prcompresso de estroncas vizinhas tambm produz alvio de carga, deve-se avaliar a
carga realmente incorporada em cerca de 70 a 90% da carga nominal, dependendo
do tipo de instalao e do programa de pr-compresso e cunhagem.

Verificao da Fora Limite de Protenso dos Tirantes

Esta verificao trata da limitao da fora de protenso a que os tirantes esto


sujeitos. Dependendo do comprimento, haver um valor da fora de protenso a
partir do qual uma cunha de solo se desprender junto com o tirante. Esta
verificao pode ser feita atravs do mtodo apresentado por Ranke e Ostermayer
(1968), o qual est baseado em trabalho anterior desenvolvido por Krantz, e que se
encontra na bibliografia especializada.

Dimensionamento
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O dimensionamento dos elementos estruturais: pranches, estacas, paredesdiafragma,

longarinas,

estroncas,

contraventamentos,

ligaes,

devem

ser

realizados de acordo com as normas.

Em particular, no caso de pranches vale comentar que, tendo em vista o fenmeno


do arqueamento do solo entre as estacas o carregamento que atua nos pranches
significativamente menor do que o correspondente s tenses calculadas supondo
estado ativo ou em repouso da massa de solo.

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