A Rel Evan CIA Da Pregacao Expositica e Cristocentrica No Ministerio-Pastoral
A Rel Evan CIA Da Pregacao Expositica e Cristocentrica No Ministerio-Pastoral
A Rel Evan CIA Da Pregacao Expositica e Cristocentrica No Ministerio-Pastoral
Por
DIONATAN CARDOSO
São José dos Campos – SP
2007
2
TRABALHO DE GRADUAÇÃO
2007
Examinadores:
____________________________________________________
Pr. Emerson S. Pereira
____________________________________________________
Pr. Samuel Mendes Dutra
AGRADECIMENTOS
À Igreja Cristã Evangélica de São José dos Campos, que durante todo o período de
seminário me apoiou, financeira e espiritualmente, bem como a MEAR-VP (Mesa Executiva
e Administrativa Regional – Vale do Paraíba), que também me sustentou com parte do custo
estudantil, durante todo o curso. Aos pastores, João Arantes Costa, mentor amado, a quem
devo muito, e estimo por sua vida e obra ministerial, e a Emerson S. Pereira, meu conselheiro,
tutor, irmão e amigo; e as suas respectivas esposas, Nilza e Noemi. À Profa. Ana Lúcia da
Cruz Costa, mulher sábia e virtuosa, que disponibilizou tempo para ajudar-me nas correções.
Por fim, a toda família Lima, Vantoil, Cleide, Vantoil Jr., Ralph e Stella, que
dedicaram, em amor, suas vidas para me abençoar; e ao Presb. Josué do Amaral Lara e sua
esposa Lia Cândida de Lara, servos incansáveis do Senhor.
4
DEDICATÓRIA
À minha mãe, D. Dione Cardoso, que sempre me ensinou a confiar no Deus Todo-
Poderoso em todos os momentos da vida. D. Dione, sem dúvida alguma a senhora é a melhor
mãe do mundo! Merecedora de todo meu amor!
Às minhas irmãs, Deila e Daila, que através de suas vidas, me ensinaram a ter
empenho e com isso vencer as lutas diárias. Acreditem, amo vocês como as melhores irmãs
desse mundo!
Aos meus avós maternos, Moisés Martins Cardoso, que me ensinou a amar Cristo, e
por amor me fez o que sou hoje, e que já descansa com Senhor na glória eterna; e à viúva
Maria Antonia Cardoso, que mesmo não tendo tanta instrução na escola, soube criar 11 filhos
sem murmurar.
À minha amada noiva, Iara Ferreira Dourando, mulher virtuosa, que Deus permitiu
que eu encontrasse, que me acompanhará no ministério, e a quem dedico meu amor.
EPÍGRAFE
“E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu
respeito [a respeito de Cristo] constava em todas as Escrituras.” (Lc 24.27).
LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 11
1 A NATUREZA DA PREGAÇÃO EXPOSITIVA E CRISTOCÊNTRICA ..................... 13
1.1 Pregação ........................................................................................................................ 13
1.1.1 Breve Exegese .......................................................................................................... 13
1.1.2 Conceito Bíblico ....................................................................................................... 15
1.1.2.1 A Autoridade da Pregação .............................................................................. 16
1.1.2.2 O Poder da Pregação ...................................................................................... 17
1.1.2.3 A Ação do Espírito Santo ................................................................................ 18
1.1.2.4 O Propósito da Pregação ................................................................................ 18
1.1.3 Tipos de Pregação ..................................................................................................... 19
1.1.3.1 Tópica .............................................................................................................. 19
1.1.3.2 Textual ............................................................................................................. 20
1.1.3.3 Expositiva ........................................................................................................ 20
2.1.2 Embaixador............................................................................................................... 43
2.1.3 Despenseiro .............................................................................................................. 43
2.1.4 Intérprete................................................................................................................... 44
2.1.5 Expositor................................................................................................................... 45
2.1.6 Testemunha............................................................................................................... 45
2.1.7 Servo ......................................................................................................................... 46
2.2 Disciplina Pessoal.......................................................................................................... 47
2.2.1 Seu Tempo de Estudo ............................................................................................... 47
2.2.2 Seu Tempo de Oração............................................................................................... 48
2.2.3 Seu Tempo com a Família ........................................................................................ 49
2.3 Qualidades Indispensáveis ........................................................................................... 50
2.3.1 Caráter ...................................................................................................................... 50
2.3.2 Entusiasmo ............................................................................................................... 50
2.3.3 Sensibilidade............................................................................................................. 51
2.3.4 Humildade ................................................................................................................ 51
2.3.5 Zelo ........................................................................................................................... 52
2.3.6 Paixão ....................................................................................................................... 53
2.3.7 Observação ............................................................................................................... 53
CONCLUSÃO ............................................................................................................................................74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 76
ANEXO 1 ...............................................................................................................................................79
10
RESUMO
INTRODUÇÃO
1
Inerrante: Que não contém erros ou falhas na escrita.
12
É preciso também mostrar que a Bíblia é cristocêntrica em todo o seu conteúdo. Cristo
se faz presente em todas as páginas, agindo como Deus verdadeiro e posteriormente como
Redentor. Cristo é o centro de tudo, nada veio a existir sem Ele e tudo se fez por meio dele (Jo
1.1-3).
Numa época tão hostil à sã doutrina, em que os líderes evangélicos estão perdidos no
pragmatismo religioso, a exposição bíblica e cristocêntrica é a única forma de solidificar o
cristianismo (evangélico) na Pedra Angular (1Pe 2.6,7).
Esta pesquisa propõe-se a apresentar argumentos bíblicos teológicos que fundamentam
a qualidade do cristianismo em sua essência e na exposição bíblica, que por ser bíblica é
também cristocêntrica.
Usando fontes bibliográficas, esta monografia, valendo-se de argumentos de outros
para reforçar seu pensamento, procura mostrar: a) A Bíblia possui autoridade para reger a vida
do homem no campo físico, moral e espiritual; b) É ela que determina a mensagem, cabendo
ao pregador ser capacitado, ser dedicado, ser piedoso, ser trabalhador, ser responsável, a fim
de transmitir fielmente o que Deus já revelou em Sua Palavra.
Seria radicalismo crer na exposição correta da Palavra? Seria puritanismo crer que a
Bíblia é o manual que rege nossas vidas? Seria extremismo dedicar um bom tempo à oração e
ao estudo da Palavra antes de subir ao púlpito? Seria forçar textos bíblicos afirmar que Cristo
encontra-se em toda Bíblia?
Esta pesquisa busca resgatar a verdadeira essência da pregação, usada pelos profetas e
apóstolos, e posteriormente pelos pais apostólicos e reformadores, e que vem se perdendo a
cada dia no contexto evangélico brasileiro. Todas as perguntas citadas acima serão
respondidas ao longo da pesquisa.
Partindo da Palavra de Deus, e tendo como apoio diversos livros e artigos, dos quais
foram feitas leituras, resenhas e outras anotações, pôde-se apresentar uma boa pesquisa sobre
todas as partes envolvidas no tema.
Assim, espera-se que esta pesquisa monográfica ajude a todos os que têm a
responsabilidade e o privilégio de serem pregadores da Palavra de Deus: pastores,
seminaristas, evangelistas e todos aqueles que pensam um dia dedicar-se a esse ministério.
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1.1 Pregação
A mais sublime vocação que um homem pode receber é a de pregador. Porém é a que
exige um maior grau de dedicação e responsabilidade. O apóstolo Paulo entendia bem essa
obrigação, foi por isso que ele disse: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar,
pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!” (1Co
9.16).
Numa tentativa de apresentar de maneira coerente e exata o significado de pregação,
seguir-se-á uma breve exegese dos termos que têm relação com o tema.
2
Arauto: emissário, mensageiro, pregoeiro, núncio (Aurélio, 1986).
14
raiz keryk-, formou-se posteriormente o substantivo k rygma, que se emprega, assim como
outras palavras com a mesma forma, para descrever o fenômeno de k ryssein (o ‘retinido’ da
voz do arauto, o ato de gritar alto) ou, do outro lado, o conteúdo da proclamação assim feita (o
‘anúncio’, o ‘edital’).
b) AT – Na LXX as ocorrências variam de termo para termo. O substantivo k ryx
ocorre ao todo duas vezes. Em Gn 41.43 a LXX parafraseou o heb. q râh como ek ryxen...
k ryx, “um arauto proclamou diante dele...”. Já em Dn 3.4 é o arauto de Nabucodonosor que
conclama o povo a adorar a imagem. É importante notar que, em Gn 41 e Dn 3, enfatiza-se o
verbo k ryss , que aparece além do substantivo. O substantivo k rygma ocorre apenas três
vezes (2Cr 30.5; Jn 3.2; Pv 9.3), todas como uma descrição daquilo que é proclamado. Já o
verbo k ryss aparece com mais expressividade, ao todo vinte e nove vezes; usualmente para
interpretar o heb. q râh; mas em Jn 3.7 traduz z ’aq, ‘clamar’; e em Os 5.8; Jl 2.1; Sf 3.14;
Zc 9.9, se refere a um ‘grito alto’. Em Êx 36.6 e 2Cr 36, k ryss se emprega para uma
‘proclamação’ que Moisés mandou fazer em todo o arraial, e que Ciro, rei da Pérsia, publicou
em todo o seu reino.
Q râh se acha mais de 650 vezes no Antigo Testamento. Deixando de lado Zc 9.9 e Sf
3.14, como casos especiais, pode-se dizer que a palavra se emprega para somente três funções
clássicas do arauto: 1) Para a proclamação de uma festa cultual (Êx 32.5; 2Rs 10.20; 2Cr 30.5;
bem como Dn 3.4 LXX), ou um jejum (2Cr 20.3; Jl 1.14; 2.15; Jn 3.5, 7). 2) Para as ordens do
comandante militar no campo, ou um decreto do príncipe, que precisam ser proclamados (Êx
36.6; 2Cr 24.9). 3). Para a proclamação de julgamento (Os 5.8; Jl 3.9; Jn 3.2,4), ou do dia do
julgamento feito por Javé (Jl 2.1), ou em Is 61.1, o anúncio da liberdade aos cativos (Pv 1.21,
8.1 e 9.1-3 pertencem a uma categoria especial). São estas as passagens nas quais a sabedoria
brada em voz alta. Em Mq 3.5 k ryss é empregada para interpretar a proclamação da paz
feita pelos falsos profetas.
c) NT – Assim como na LXX, no Novo Testamento as ocorrências são variadas. O
substantivo k ryx aparece somente três vezes (1Tm 2.7; 2Tm 1.11; 2Pe 2.5). k rygma também
se acha com relativa raridade: em Paulo, para a mensagem de Cristo que ele proclama (Rm
16.25, k rygma Iesou Chiristou), ou para a sua pregação de modo geral (em 1Co 2.4; 15.14
com pronomes possessivos; cf. 1Co 1.21); com mais formalidade em 2Tm 4.17 e Tt 1.3 e,
finalmente, em Mt 12.41; Lc 11.32, para a mensagem de Jonas a Nínive. Em Rm 16.25 indica
a pregação de Cristo, conforme Paulo a leva a efeito. O ponto mais avançado desta linha é
2Tm 4.17. Tt 1.3, em que k rygma é o fenômeno de uma chamada que sai e impõe suas
reivindicações sobre os ouvintes: corresponde à vida e às atividades do profeta.
15
O verbo k ryss aparece sessenta e uma vezes: A) Dezenove nas Epístolas de Paulo
(Rm 2.21; 10.8; 10.14, 15; 1Co 1.23; 9.27; 15.11, 12; 2Co 1.19; 4.5; 11.4 (2x); Gl 2.2; 5.11;
Fp 1.15; Cl 1.23; 1Ts 2.9; 1Tm 3.16; 2Tm 4.2). B) Quatorze em Marcos (1.4, 7, 14, 38, 39,
45; 3.14; 5.20; 6.12; 7.36; 13.10; 14.9; 16.15, 20). C) Nove em Mateus (3.1; 4.17, 23; 9.35;
10.7, 27; 11.1; 24.14; 26.13). D) Nove vezes em Lucas (3.3; 4.18, 19, 44; 8.1, 39; 9.2; 12.3;
24.47). E) Oito vezes em Atos (8.5; 9.20; 10.37, 42; 15.21; 19.13; 20.25; 28.31). F) Uma vez
em 1Pedro (3.19) e no Apocalipse (5.2). É notável a sua ausência em João, Hebreus e Tiago.
A maior aproximação que o Novo Testamento faz da figura clássica do arauto é Ap
5.2, onde o anjo fez uma proclamação em grande voz, e 1Pe 3.19, em que a voz do
Crucificado ressoa no Hades. Em Rm 2.21, dirige-se àqueles que exigem que os homens não
furtem, embora eles mesmos o façam. Aqui, k ryss n é empregado no sentido de
ambivalência, onde o mensageiro transmite algo, mas pratica o oposto. A proclamação da
mensagem de Cristo, conforme Paulo entende, exige um pleitear e suplicar, com um amor que
busca, acompanhado pelos cuidados constantes para com o indivíduo (1Ts 2.9; 2Co 5.18).
O ato da proclamação é, em última análise, uma exigência prévia da fé, pois não tem
seu alvo meramente na transmissão de informações, nem numa lealdade formal, mas sim,
numa fé que acarreta a confiança e a entrega do próprio eu (cf. 1Co 15.11). Cristo não é
meramente o objeto da proclamação, mas também o sujeito dela, quem tem autoridade sobre
ela. É Ele mesmo quem ordena a proclamação e que, ao mesmo tempo, está presente
conforme a Sua própria vontade e permite que os ouvintes tenham experiência com Ele,
através da proclamação do Evangelho (Gl 3.1). Nas passagens mais antigas de Paulo (1Ts 2.9;
Gl 2.2; Cl 1.23) e em alguns contextos de Marcos (Mc 1.14; 13.10; 14.9) e de Mateus (Mt
4.23; 9.35; 24.14; 26.13), o objetivo é to euangelion, o – evangelho.
Nas Epístolas aos Coríntios (1Co 1.23; 15.12; 2Co 1.19; 11.4); Fp 1.15 e At 8.5; 9.20;
19.13, é Christos (quatro vezes), I sous, (três vezes) ou Jesus Cristo que é proclamado. João
Batista proclamava o – Batismo - baptisma metanoias eis aphesin hamarti n, “batismo de
arrependimento para remissão dos pecados” (Mc 1.4; Lc 3.3; cf. 10.37). Para Lucas, basileia,
o – Reino - é o objetivo da proclamação (Lc 8.1; 9.2; At 20.25; 28.31). Para Mateus, também
o reino é o próprio conteúdo do Evangelho que se proclama (cf. Mt 4.23; 9.35; 24.14).
nasceu no coração de Deus, foi Ele quem a introduziu como instrumento de ensinamento dos
Seus padrões ao homem.
Koller afirma: “Desde que a pregação se originou na mente de Deus e é o Seu recurso
característico para chegar aos corações dos homens com a mensagem planejada para salvar
a alma, obviamente é Sua prerrogativa estabelecer os padrões.” (KOLLER, 1999, p. 9).
Basicamente o conceito bíblico de pregação está fundamentado em quatro princípios:
autoridade da pregação; poder da pregação; ação do Espírito Santo e propósito da pregação.
Não há como fugir da autoridade bíblica na pregação como fator primordial para uma
exposição realmente eficaz, no seu objetivo de atingir e transformar o coração endurecido do
homem. A Bíblia é a expressão da vontade de Deus, é ela quem define no que devemos crer e
como devemos nos comportar.
Chapell afirma:
Apenas pregadores comprometidos em proclamar o que Deus diz têm o
imprimátur3 da Bíblia sobre sua pregação. Desse modo, a pregação expositiva se
empenha em descobrir e propagar o significado preciso da palavra. A Escritura
exerce domínio sobre o que os expositores pregam, pois eles esclarecem o que ela
diz. (CHAPELL, 2002, p. 24).
3
Imprimátur: Permissão de autoridade religiosa para imprimir texto que foi submetido à sua censura. (Aurélio,
1986).
18
O interesse do pregador deve ser sempre de expor a Palavra de Deus, pois ela é a fonte
transformadora de vida. Davi, ao livrar-se das mãos de Saul, disse: “... a palavra do SENHOR
é comprovadamente genuína.” (2Sm 22.31, NVI). A pregação da Palavra genuína é o
fundamento da ação poderosa de Deus na vida do homem.
Bancroft não só apresenta o Espírito Santo como instrutor supremo, mas direciona
essa instrução para Cristo e para a escatologia que se cumprirá nele. É muito importante
ressaltar que não é possível fazer uma divisão da trindade na pregação - é Deus quem fala ao
homem por meio da Bíblia, na ação do Espírito Santo, para anunciar Cristo.
propósito da pregação deve ser o mandamento de Deus, realizado no homem para edificação
do corpo de Cristo, a Igreja.
Robinson vai dizer:
O expositor deve saber registrar em palavras que qualidade de vida ou que obras
devem resultar da pregação do sermão e do ouvir do mesmo. Cumprimos nosso
propósito, segundo Paulo contou a Timóteo, por meio de (1) ensinar uma doutrina,
(2) refutar algum erro na crença ou na ação, (3) corrigir aquilo que está errado, e (4)
instruir as pessoas a enfrentarem corretamente a vida. (ROBINSON, 1980, p. 74).
1.1.3.1 Tópica
Reifler define da seguinte maneira: “Pregação tópica é aquela cuja divisão é extraída
do tema. Em outras palavras, divide-se o tema, não o texto de onde o tema é tirado.”
(REIFLER, 1993, p. 99). Marinho complementa dizendo: “É o método mais usado por ser o
de mais fácil preparo. É muito útil para os sermões doutrinários e evangelísticos, que
precisam basear-se em diferentes partes da Bíblia.” (MARINHO, 1999, p. 135).
A ressalva que se deve fazer é que, mesmo sendo o corpo do sermão e a escolha do
texto baseados num tema, não se pode fugir daquilo que é ensino bíblico, ou seja, o tema deve
também ser tirado da Bíblia. No preparo não se pode fugir da responsabilidade de estudar o
contexto, e saber que a pregação tópica não é o que se quer ouvir, e sim o que a Bíblia diz.
Por esta razão Braga vai dizer: “Para termos a certeza de que o conteúdo da mensagem será
totalmente bíblico, devemos principiar com um assunto ou tópico tirado da Bíblia.”
(BRAGA, 1986, p. 17).
20
1.1.3.2 Textual
A pregação textual vai diferir em alguns aspectos da pregação tópica. A principal das
diferenças está no fato de que na pregação tópica o tema surge na cabeça do pregador e vai
para o texto, enquanto que na pregação textual o assunto sai do próprio texto. Outro fator
importante é que a pregação textual se caracteriza por um texto pequeno, geralmente um ou
dois versículos.
Reifler descreve três modalidades da pregação textual:
(1) Natural, ou puro é aquele cujas divisões são feitas de acordo com as
declarações originais do texto, tais como se encontram na Bíblia [...] (2) Analítico
baseia-se em perguntas feitas ao texto, tais como: Onde? Quê? Quem? Por quê?
Para quê? [...] (3) Inferência, as orações textuais são reduzidas a uma expressão
sintética ou palavra que encerra o conteúdo, sendo, portanto, a essência da frase ou
declaração. (REIFLER, 1993, p. 102).
Esse tipo de pregação exige um bom conhecimento das Escrituras, por se tratar de uma
pequena porção de texto. Sendo assim, o objetivo do pregador, assim como na pregação
tópica, é declarar o teor bíblico.
1.1.3.3 Expositiva
Aqui está uma das ênfases desta pesquisa monográfica, a pregação expositiva. Reifler
define da seguinte maneira: “A pregação expositiva tira da Palavra de Deus os argumentos
principais da exegese ou exposição completa de um trecho mais ou menos extenso.”
(REIFLER, 1993, p. 105).
Marinho é mais inciso ao dizer:
Todas as idéias saem do texto e do contexto. A idéia central, as divisões principais
e todas as subdivisões originam-se de uma passagem maior da Bíblia e são
interpretadas à luz do contexto, o qual fornece o tema e as aplicações do sermão.
(MARINHO, 1999, p. 143).
A pregação expositiva é uma ferramenta mais que fundamental para que uma
congregação cresça no conhecimento dos preceitos de Deus. E é por essa razão que esta
21
pesquisa defende a pregação expositiva nos púlpitos das igrejas. Não há como mudar o caráter
do homem sem pregar a Bíblia.
1.2.1 Princípios
É impossível considerar a importância da pregação expositiva sem pôr em relevo os
princípios básicos de sua estrutura. O pregador obrigatoriamente tem que fundamentar sua
mensagem num texto bíblico, assim como viver e transmitir essa prática bíblica, e não omitir
a autoridade ou ação divina na pregação. Evidentemente que existem muitos outros princípios
que poderiam ser aplicados a essa pesquisa, porém essa tríplice consideração é essencial,
indispensável e suficiente no ministério da pregação.
O que Chapell está dizendo é que o pregador tem que priorizar a escolha do texto, e
depois entender o que este texto ensina, e então pregar este ensino. O pregador não pode
deixar de pensar que ele é um expositor. Ser expositor é falar de algo já existente.
22
É necessário enfatizar que “toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o
ensino...” (2Tm 3.16), mas é responsabilidade do pregador escolher o texto a ser pregado
pedindo orientação ao Espírito Santo.
Concluindo, o “pensamento do escritor bíblico determina a substância de um sermão
expositivo.” (ROBINSON, 1980, p. 15).
Escrituras e crer que é Deus, através da pessoa do Espírito Santo, quem age para convencer e
ensinar o homem acerca da doutrina bíblica.
1.2.2.1 Jesus
John Stott, citando Dargan, apresenta uma perspectiva bastante interessante sobre
Jesus Cristo como pregador.
O fundamento do cristianismo foi, pessoalmente, o primeiro dos seus pregadores;
mas foi antecedido pelo seu precursor e seguido pelos seus apóstolos, e na pregação
destes a proclamação e ensino da Palavra de Deus por meio de discursos públicos
ficaram sendo características essenciais e permanentes da religião cristã.
(DARGAN apud STOTT, 2003, p. 16-17).
Em Lucas está o retrato mais exato de Jesus como pregador itinerante: “O Espírito do
Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para
proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os
oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor.” (Lc 4.18,19).
24
Dada a inteireza do teor dos princípios de Jesus nas pregações, é importante citar o
grande exemplo contido nos evangelhos de Mateus e Lucas, o famoso Sermão do Monte. É
evidente que, para expor todo o conteúdo desse sermão, seria necessário um estudo minucioso
e várias páginas desta pesquisa, o que não será realizado aqui, mas fica o registro do
reconhecimento da inteireza de autoridade, convicção, conhecimento, eloqüência e eficácia de
Jesus em seus sermões, e em especial no Sermão do Monte.
1.2.2.2 Estêvão
Olhando para o sermão de Estêvão em Atos 7.1-53, visualizam-se duas características
importantes sobre pregação: eloqüência e conhecimento bíblico. Nota-se que Estêvão, de
maneira a causar admiração até nos exegetas presentes, apresenta a História do povo como
confirmação de que ele sabia exatamente o que estava falando. Outro dado de extrema validez
a se observar é que Estêvão está fazendo nada mais que expondo as Escrituras. Não há uma
inovação em suas palavras, há um reafirmar das palavras do próprio Deus, por meio dos
escritores, que foram inspirados a escreverem os livros bíblicos. Estêvão não está buscando
em seu próprio intelecto uma saída para se livrar das mãos de seus opressores, ele vai para as
Escrituras e encontra lá o necessário para sua defesa.
Vale destacar também a conclusão do seu sermão. Boor comenta da seguinte maneira:
Estêvão tira do abrangente testemunho as conseqüências para atualidade.
Realmente não devemos entender essas últimas frases de seu discurso como um
“xingar”. O homem que com um semblante de um anjo encarava seus juízes, que os
tratara conscientemente como irmãos e pais, agora no final não se deixa arrastar
pela carne e pelo sangue para uma agressividade vulgar (BOOR, 1983, p. 119).
1.2.2.3 Pedro
Boor faz uma observação interessante acerca dos discursos de Pedro: “Os discursos de
Pedro em Atos dos Apóstolos são estruturados todos da mesma maneira. Isso se deve à causa
defendida.” (BOOR, 1983, p. 53). O que levanta a seguinte pergunta: que causa defendida é
essa? Pedro tinha sempre em mente a obra salvadora em Cristo Jesus. Em Atos 2.38 ele
enfatiza o arrependimento em Jesus Cristo para remissão de pecados, e no verso 40 ele exorta
a multidão a deixar sua perversidade por meio de Cristo.
25
O mesmo Boor também argumenta que, embora exista essa semelhança nos sermões
de Pedro, “o sermão de Pentecoste se destaca por não existir nenhum convite à ação dirigida
ao ouvinte”, contudo, “o impacto de seus fatos atinge certeiramente o ‘coração’ dos
‘ouvintes’.” (BOOR, 1983, p. 53). O que leva a crer que a mensagem de Cristo crucificado
(At 2.22-24) por si só já é o cerne duma pregação para que os ouvintes sintam-se com os
corações compungidos. (At 2.37).
É necessário entender que, obrigatoriamente, a pregação deve conter a mensagem da
obra de Deus para o homem, realizada em Cristo. Tal princípio era o ponto chave dos
discursos de Pedro, o que factualmente foi eficaz, pois aproximadamente três mil pessoas se
converteram dos seus maus caminhos: “Então, os que aceitaram a palavra foram batizados,
havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas.” (At 2.41).
1.2.2.4 Paulo
Aqui o mais corajoso e empenhado dos pregadores, o herói do evangelista Lucas, o
apóstolo Paulo, que “pregava o reino de Deus, e, com toda intrepidez, sem impedimento
algum, ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo.” (At 28.31). Apóstolo fora do
tempo, comissionado pelo próprio Jesus Cristo para pregar o Evangelho.
Homem determinado a cumprir sua missão:
Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa
obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho! Se o faço de livre vontade,
tenho galardão; mas, se constrangido, é, então, a responsabilidade de despenseiro
que me está confiada. (1Co 9.16,17).
Tal empenho é apresentado por Stott pelo fato de “a pregação ser o modo
determinado por Deus para os pecadores ouvirem a respeito do Salvador e, assim, invocá-lo
para a salvação.” (STOTT, 1982, p. 18). Se existe uma característica imprescindível em
Paulo, a qual ninguém nunca poderá questionar, é seu empenho absoluto e entrega para a
pregação. Pregação que essencialmente tinha sempre Cristo como alvo principal. Paulo assim
fez nas suas três expedições missionárias e depois em sua viagem para Roma. Ele entendia
perfeitamente o que significava:
Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de
quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como
pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés
dos que anunciam coisas boas! (At 10.14,15, grifo meu).
26
1.2.3.1 Patrísticos4
O fundamento deixado pelo próprio Senhor Jesus e pelos apóstolos, no que diz
respeito à exposição bíblica, é a base sólida daqueles que são conhecidos como pais da Igreja,
ou pais apostólicos. Segundo Stott, o ensino do Senhor e dos apóstolos é “um manual
eclesiástico sobre ética, sacramentos, e ministério da segunda vinda de Jesus.” (STOTT,
2003, p. 18). A importante missão de continuidade da pregação é assumida pelos sucessores
apostólicos com as mesmas ênfases.
Num rápido passeio pela História do cristianismo, logo se vê “por volta do século II a
publicação da primeira apologia de Justino Mártir.” (STOTT, 2003, p. 19). Sábias palavras
dirigidas ao imperador defendendo a fé cristã das falsas acusações e enaltecendo a mensagem
dum Cristo que morreu e ressuscitou para salvar o homem dos seus pecados. Stott destaca a
autenticidade de Justino Mártir “na leitura e pregação das Escrituras e na combinação entre
a Palavra e o sacramento.” (STOTT, 2003, p. 19).
No final do século II surge a Apologia do pai latino Tertuliano.
Stott comenta e cita parte dessa Apologia:
Escrevendo a respeito das peculiaridades da sociedade cristã, enfatizou o amor e a
união que os mantinham juntos, e passou então, a descrever as suas reuniões: ‘Nós
nos reunimos para ler as nossas escrituras sagradas [...] Com as palavras sagradas,
nutrimos a nossa fé, animamos a nossa esperança, tornamos mais firme a nossa
confiança, e não menos, pela inculcação dos preceitos de Deus, confirmamos bons
hábitos. No mesmo lugar também são feitas exortações, repreensões e censuras
sagradas... ’ (TERTULIANO apud STOTT, 2003, p. 19-20).
4
A Era Patrística, como um todo, engloba o período histórico entre os anos 100 A.D., data referência para o
término da produção apostólica, e 451 A.D., com a realização do importante Concílio de Calcedônia.
Caracterizada pelos autores cristãos, ou seja, uma categoria de líderes que teve contato direto, ou mesmo
indireto, com os apóstolos.
27
Destaca-se nos escritos de Tertuliano a forte ênfase nas Escrituras Sagradas. Não havia
outra fonte para reger a conduta e ditar as regras do cristianismo. Suas pregações eram sempre
pautadas no que a Bíblia ensinava - nada criado, tudo extraído.
Ainda no final do século II, o pai grego Irineu de Lyon confirma a sucessão dos
ensinos apostólicos, segundo Stott, ressaltando a responsabilidade dos presbíteros aderirem a
esses mesmo ensinos:
Estes também conservam essa nossa fé em um só Deus, que conseguiu semelhantes
dispensas maravilhosas por amor a nós; e nos expõem as Escrituras sem perigo,
nem blasfemando a Deus, nem desonrando os patriarcas, nem desprezando os
profetas. (EUSÉBIO apud STOTT, 2003, p. 20).
Nos nomes citados nesta pesquisa, e em tantos outros, que tanto fizeram pelo
Evangelho, mas que não são citados, notória é a capacitação bíblica desses homens que
tinham como pilastra mestra, em suas construções doutrinárias, a Palavra de Deus. Suas
preocupações norteavam-se em interpretar e expor de maneira correta e coerente as Escrituras.
1.2.3.2 Reformadores
Com base nas palavras de Stott, os anos de 1329 a 1384 estão marcados na História,
por aquele que é chamado por Stott de “precursor” ou “estrela da alva” da reforma, John
Wycliffe. Entendem-se as palavras de Stott quando observamos na História de Wycliffe o seu
empenho em “proclamar a Bíblia como autoridade suprema na fé e na vida.” (STOTT, 2003,
p. 23).
O serviço mais sublime que os homens poderão alcançar na terra é pregar a Palavra
de Deus. Esse serviço é dever mais específico dos sacerdotes, e por isso Deus o
exige diretamente da parte deles [...] E por causa disso, Jesus deixava de lado outras
obras e se ocupava principalmente na pregação; assim também se ocupavam seus
apóstolos, e, por isso, Deus os amava [...] A Igreja, no entanto, é mais honrada pela
pregação da Palavra de Deus, e, daí, esse é o melhor serviço que os sacerdotes
28
podem prestar a Deus [...] Portanto, se nossos bispos não pregarem pessoalmente e
se impedirem os sacerdotes verdadeiros de pregar, serão culpados dos mesmos
pecados que mataram o Senhor Jesus Cristo (FANT & PINSON apud STOTT,
2003, p23).
O que mais admira não são as belas frases formadas por Wycliffe, mas a autoridade
implícita que se observa nelas. Vale ressaltar o contexto religioso cristão da época. O
cristianismo passava por um declínio doutrinário bíblico, que estava sendo substituído pela
voz hierárquica do papado, com suas anti-bíblicas práticas de indulgências e
transubstanciação, para enriquecimento da Igreja. Uma voz que pregasse biblicamente era
uma voz que pregava contra essas práticas. Wycliffe toma como base o Senhor da pregação, o
próprio Jesus Cristo e seus discípulos, mostrando a necessidade de continuidade desse
sublime serviço, como ele mesmo chama, para alcançar os perdidos.
Passados alguns anos, chega-se a Erasmo, que antecedeu Lutero na luta pela reforma.
Homem que pregava insistentemente a autoridade da Bíblia como regra de fé e prática, e
defendia a necessidade de eficácia da interpretação das Escrituras. O que é fácil de observar
no seguimento da História, com a continuidade desse fundamento por Lutero.
Para Lutero o púlpito era um lugar especial: “A reforma deu centralidade ao sermão.
O púlpito ficava mais alto que o altar, pois Lutero sustentava que a salvação era [por meio
de Cristo] mediante a Palavra.” (STOTT, 2003, p. 24).
De tudo o que Lutero nos ensinou, destaca-se um grande tesouro a ser citado:
Nove propriedades e virtudes de um bom pregador: ensinar sistematicamente [...]
ter boa perspicácia [...] ser eloqüente [...] ter uma boa voz e boa memória [...] deve
saber quando chegar ao fim [...] deve ter certeza da doutrina [...] deve arriscar e
envolver o corpo e o sangue (referência a Cristo), as riquezas e a honra, na Palavra
[...] deve se deixar zombar e escarnecer por todos (LUTHER apud STOTT, 2003,
p. 25).
Agora é possível entender um pouco do que foi a luta dos reformadores, e qual
estímulo tinham para enfrentar a Igreja romana sem hesitarem em suas convicções. Lutero pôs
em prática tudo o que defendeu, foi homem condizente com aquilo que ensinou, mesmo na
crise, nunca negou a sua fé e suas convicções. Lutero era homem sustentado e ancorado na
Palavra de Deus. “Foi a pregação dessa Palavra divina, e não a intriga política, nem o poder
da espada, que estabeleceu a Reforma na Alemanha.” (STOTT, 2003, p. 26).
Fortalecem a tese dessa monografia as palavras de Lutero após a reforma:
“Simplesmente ensinava, pregava e citava por escrito a Palavra de Deus: fora disso, eu nada
fazia.” (RUPP apud STOTT, 2003, p. 26).
29
Chega-se a outro grande nome da reforma, João Calvino, que dizia que a principal
marca de uma Igreja verdadeira era a pregação fiel da Palavra: “Sempre onde vemos a
Palavra de Deus pregada e ouvida com pureza [...] ali, não se pode duvidar, existe uma
igreja de Deus.” (CALVINO apud STOTT, 2003, p. 26).
Muitos outros nomes fizeram parte dessa História, mas cita-se para concluir: Hugh
Latimer, um grande pregador popular da reforma inglesa. Tinha na exposição bíblica a fonte
de suas pregações para atingir o coração do homem. Seu mais famoso sermão, intitulado “O
Sermão do Arado”, pregado na Catedral de São Paulo em 18 de janeiro de 1548, tinha como
ênfase: “A Palavra de Deus é semente para ser lançada no campo de Deus.” (cf. STOTT,
2003, p. 27-29).
Embora o cristianismo, ao longo de sua História, fosse perdendo a essência da
exposição bíblica, muitos homens, guiados pelo Espírito, lutaram para restaurar a autoridade
bíblica na pregação, dos quais se destacam os nomes citados acima.
1.2.3.3 Puritanos5
Sabe-se que o movimento puritano tem bastante a ensinar ao cristianismo
contemporâneo em muitos parâmetros de sua essência. Em especial destaca-se a ênfase na
pregação bíblica. Lloyd-Jones afirma: “O tema pregação vem como clímax em toda e
qualquer consideração do conceito puritano do culto e da administração da Igreja Cristã.”
(LLOYD-JONES, 1993, p. 378).
Os puritanos tinham em mente essencialmente a exposição das verdades das Escrituras
Sagradas, na pregação, era algo central, que girava em torno de uma boa hermenêutica e
exegese bíblica, como base para não perder o foco expositivo. Existe uma gama de exemplos
para citar, homens considerados por Irvonwy Morgan como “pregadores piedosos”; e ainda
argumenta:
O que há de essencial em entender os puritanos é que eram pregadores antes de
qualquer outra coisa, e pregadores com ênfases específicas que podiam ser
distinguidas de outros pregadores por aqueles que os escutavam [...] A tradição
puritana, em primeira e última análise, deve ser avaliada em termos do púlpito.
(MORGAN apud STOTT, 2003, p. 30).
5
“O puritanismo foi um movimento religioso do século XVI, dentro do protestantismo inglês” (CHAMPLIN,
2004, p. 513). “Os puritanos davam muita ênfase na certeza plena da sua salvação. Sabiam que o propósito do
homem é "glorificar a Deus e gozá-lo para sempre" mas entendiam que, enquanto não se alcançasse essa certeza
plena de que você era um eleito, não poderia glorificar a Deus de forma total” (NICODEMUS, internet).
30
através do poder do Espírito de Deus, e pessoas eram desafiadas a viver de modo digno dos
preceitos de Deus.
Dr. Lloyd-Jones cita algo interessante acerca do Diretório de Westminster, elaborado
pela Assembléia de Westminster, na década de 1640, que diz:
A pregação da Palavra, sendo o poder de Deus para a salvação, é uma das mais
grandiosas e excelentes obras pertencentes ao ministério do evangelho, deve ser
realizada de tal maneira que o obreiro não necessite envergonhar-se, mas se salve e
salve os que o ouvem (LLOYD-JONES, 1993, p. 382-383).
Fica bem firmado que o mais importante não é saber que texto pode ser usado num
sermão, pois todos podem, mas, num planejamento bem feito, estabelecer a seqüência a ser
pregada na igreja. Isso facilita para o pregador, assim como traz consistência aos sermões e
ainda pode fazer com que os ouvintes se interessem e passem a estudar de maneira mais
constante a seqüência apresentada.
Tudo isso não exime a ação do Espírito Santo, que por sua vez pode mudar a direção
da seqüência, como interrompê-la, e levar o pregador a uma outra mensagem que certamente
será muito mais apropriada ao momento.
Testamento, coloca como objetivo fazer uma ponte sobre esse abismo. Porém, a ressalva a ser
feita é o fato de que, mesmo havendo essa limitação, isso não exime o pregador da sua
responsabilidade de buscar entendimento do texto na sua língua de origem.
Argumenta John Grassmick:
O fato permanece: um método não é fim em si mesmo. Uma única aplicação do
método não irá produzir resultados perfeitos conclusivos, nem garantirá que o
estudante se torne um exegeta perfeito. Boa exegese é resultado de muito trabalho.
E isto exige tempo, prática repetitiva, e total dependência do ministério de ensino
do Espírito Santo. (GRASSMICK apud OLIVEIRA, 2000, p. 15).
Talvez pareça exaustivo todo esse processo, mas a prática leva a uma facilidade que
acompanhará o pregador na preparação dos sermões. O fato é que o pregador que quer ser
eficaz na sua mensagem precisa entender, da melhor forma possível, o significado do texto e
do contexto. Somente uma boa exegese pode dar esse conhecimento.
33
1.2.4.4 Desenvolvimento
Ao longo do ministério, obviamente, cada pregador desenvolverá um estilo próprio.
Porém, é necessário levar em consideração os procedimentos apresentados nesta monografia,
sobre escolha do texto, exegese prática e hermenêutica prática.
Tendo em vista que já se sabe qual texto será usado, já se obteve conhecimento dos
fatores gramaticais e contextuais e já se interpretou o texto, agora a responsabilidade é
desenvolver as idéias de forma que elas possam ser aplicadas ao ouvinte.
Dr. Shedd diz que a atração de uma mensagem depende muito de sua organização. E
diz também que é um desafio separar as idéias do texto e juntá-las com destreza e equilíbrio
(cf. SHEDD, 2000, p. 89). Claro, não é um processo fácil e rápido, para Stott “os grandes
34
1.2.4.5 Estrutura
No processo de estruturar o sermão, também existem algumas variantes de modelos.
Esta monografia se proporá a mostrar os princípios básicos dessa estrutura, o que na verdade
já vem desde o processo de pesquisa, estudo e desenvolvimento do sermão.
Com base no livro Prega a Palavra, de Karl LACHLER, e na exegese da epístola de
Efésios do Pr. José Humberto de OLIVEIRA, abordar-se-ão alguns passos para estruturar bem
um sermão. Para isso se usará o texto de Efésios 4.1-6.
ou seja, “peço a vocês que vivam daquela maneira digna que Deus determinou quando os
chamou.” (BLH).
Humildade
Considerar-se pequeno, dependente (Jo 15.5,7), e ao mesmo tempo, reconhecer o
poder de Deus (Fp 2.3).
Mansidão
Não é sinônimo de fraqueza, mas força controlada pelo Espírito Santo.
Longanimidade
Paciência ilimitada.
Suportar uns aos outros
A palavra indica ter paciência com alguém até que termine a provocação.
Amor
Amar é procurar de modo construtivo o bem-estar dos outros e o bem da comunidade.
Resumindo:
O único Pai cria a única família;
O único Senhor Jesus cria a única fé, única esperança e o único batismo;
O único Espírito cria o único corpo.
Quarto - Usar ilustrações para facilitar o entendimento, se achar necessário.
Quinto – Concluir o sermão de forma a fechar bem o assunto, e recapitular todos os
pontos dele.
6
“Redenção indica o preço pago para comprar de volta um escravo ou cativo, tornando-o livre de pagamento de
um resgate.” (CHAMPLIN, 2001, p.578, v.5).
37
1.3.1 O que é
É uma pregação centralizada na obra de Deus para o resgate do homem através do
sacrifício expiatório de Jesus Cristo na Cruz do Calvário. Reconhecendo que Cristo está no
mais alto degrau da doutrina bíblica, entendendo que a redenção do homem veio por Ele, e
somente por Ele. É saber que em toda a Escritura existe um foco cristológico.
Um exemplo prático bíblico é o do apóstolo Paulo, que decidiu nada saber entre os
homens, senão Jesus Cristo (1Co 2.1-2). E desenvolveu seu ministério apontando para a obra
de Jesus, o Ungido de Deus entregue à morte pelos homens, a fim de salvá-los.
É compreender que todos os ensinos doutrinários são implicações da cruz.
7
Priori – Eterno na perspectiva do passado. Antes da criação do universo e de tudo o que existe.
8
Posteriori – Eterno na perspectiva futura. Posterior a tudo.
9
Tipologia – Termo usado no mundo antigo para indicar a marca de um golpe ou uma impressão. Na Bíblia o
modelo é usado para mostrar uma correspondência entre duas situações históricas, tais como Adão e Cristo (cf.
Rm 5.12-21); ou a correspondência entre o padrão celestial e seu equivalente terrestre.
40
10
Figura extraída do livro de CHAPELL, 2003, p.321.
41
2.1.1 Arauto
Do grego keryx significa, segundo o léxico de Grimm-Thayer, “um mensageiro
revestido de autoridade pública que transmitia as mensagens oficiais dos reis, magistrados,
príncipes, comandantes militares.” (GRIMM-THAYER apud STOTT, 2005, p. 33).
Stott apresenta um pequeno histórico do termo:
11
No mundo de Homero , escreve o Dr. Mounce, o arauto era um homem digno, que
ocupava um cargo importante na corte real, enquanto na era pós Homérica [...] o
11
“Homero (gr. ) foi o primeiro grande poeta grego que teria vivido há cerca de 3500 anos, consagrou o
género épico com as suas grandiosas obras: A Ilíada e a Odisséia; e, além destas, mas sem respaldo histórico ou
literário, são a ele atribuídas as obras Margites, poema cômico a respeito de um herói trapalhão; a Batracomiomaquia,
paródia burlesca da Ilíada que relata uma guerra fantástica entre ratos e rãs, e os Hinos homéricos. Nada se sabe
seguramente da sua existência; mas a crítica moderna inclina-se a crer que ele terá vivido no século VIII a.C., embora
sem poder indicar onde nasceu nem confirmar a sua pobreza, cegueira e afã de viajante, caracteres que
tradicionalmente lhe têm sido atribuídos. A opinião predominante ao longo dos séculos afirma a unidade das duas
obras épicas, embora admita que talvez tenham sido elaboradas através de um fundo original primitivo. No século
XVIII foi levantada pela primeira vez pelos eruditos a questão homérica, contrapondo à opinião tradicional a negação
da existência de Homero e a afirmação de que as duas epopéias não passam de conglomerados de composições
anteriores. A questão ainda não se pode considerar totalmente resolvida.” (WIKIPÉDIA, acesso em 20/05/2007).
42
arauto servia mais ao Estado que ao rei. Seu trabalho era fazer proclamações
oficiais públicas. Ele precisava ter voz potente, e às vezes usava uma trombeta.
Além disto, era essencial que o arauto fosse um homem de bastante autocontrole. A
proclamação precisava ser transmitida exatamente como recebida. Como
mensageiro direto de seu senhor, ele não podia ousar acrescentar sua interpretação
(STOTT, 2005, p. 34).
Ser um arauto significava ter um cargo de suma importância, pois pesava sobre ele a
responsabilidade de transmitir sem erros a mensagem do seu superior. Isso mostra que não há
uma outra palavra que melhor descreva a identidade do pregador. Digno de nota está o fato de
que o arauto nunca fazia, ou alterava, ou arrumava a mensagem de seu superior, mas apenas
anunciava com todas as linhas e vírgulas aquilo que lhe era passado. Por isso, afirmou Stott:
“O Novo Testamento é rico em metáforas, e a mais importante destas é a do arauto, que
recebe a solene (e emocionante) responsabilidade de proclamar as boas novas de Deus.”
(STOTT, 2005, p. 31).
Ser um arauto de Deus, cuja mensagem é perfeita, requer uma responsabilidade sem
igual. É obrigação de todo pregador ser fiel a essa identidade, e nunca omitir ou deturpar a
mensagem de Deus, mas sempre expor, com interpretação correta, e apresentando Cristo.
A responsabilidade do pregador, como já visto na definição de “arauto”, é transmitir e
levar uma mensagem já escrita, em sua forma essencialmente correta. Paulo, como um
mensageiro de Deus, entendia como poucos o que isso significa, por isso deixou registrado:
“Nós, porém, pregamos a Cristo crucificado.” (1Co 1.23a, grifo meu). No grego “keryssomen
Christon estauromenon”, a mensagem é expressiva e direta, não é o que se pensa ou imagina,
mas um Cristo real que morreu e também ressuscitou para remissão dos pecados daqueles que
crêem nele. Outro texto que ajuda o entendimento é 2Co 4.5, que diz: “Pois não pregamos a
nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor.” (grifo meu). Aqui a expressão no grego é
“kyrion”, significando “Senhor”, alguém superior a tudo, dono de tudo e sobre tudo. É esse
Cristo que deve ser pregado, o Senhor de tudo.
Conclui-se com a palavra de Stott, que diz:
A pregação não existe para a propagação de idéias, opiniões e ideais, mas para
proclamação dos poderosos atos de Deus [...] Palavra de Deus é essencialmente o
registro e a interpretação do grande feito redentor de Deus em Cristo e através dele.
As Escrituras dão testemunho de Cristo, o único Salvador dos pecadores. Assim,
um bom despenseiro da Palavra será sempre um zeloso arauto das boas novas da
salvação em Cristo. (STOTT, 2005, p. 32).
43
2.1.2 Embaixador
No hebraico, “malak” pode ser traduzido por “enviado”, e “melis”, que significa
“intérprete”, ou “embaixador” (2Cr 32.31; 35.21; Is 30.4). No grego “presbeutes”, que
significa literalmente “embaixador” (2Co 5.20). Aparece também na forma verbal
“presbeuomai” em 2Co 5.20 e Ef 6.20. Champlin define da seguinte maneira: “Ministros
cristãos, vistos como encarregados de uma missão especial, que visa promover o ministério
salvífico de Cristo.” (CHAMPLIN, 2001, p. 349, v. 2). O que se nota claramente é que as
funções que qualificam o pregador, ou que definem sua identidade, estão sempre intimamente
ligadas. Enquanto o arauto significa transmitir sem erros a mensagem já revelada, o
embaixador teria essa mesma responsabilidade, mas agora como alguém que faz algo que vai
além, já que se trata da transmissão das verdades de Deus, na finalidade de ser representante.
Segundo Champlin existem algumas diretrizes que definem bem o que é embaixador:
O embaixador constrói pontes [...] é representante do rei, e anuncia sua mensagem,
que contém anúncio da salvação [...] tem responsabilidade de cumprir bem a sua
tarefa [...] é investido de grande honra, e suas palavras devem ser respeitadas, tal
como seu rei deve ser respeitado [...] não pode envolver-se na preguiça, em atos
errados, em linguagem dúbia, e em qualquer coisa que impeça sua missão e eficácia
[...] deve apresentar sua mensagem mediante palavras, atos e caráter bem formado
[...] deve ser uma pessoa que promova e viva a lei do amor [...] deve conhecer o rei
[...] deve ser humilde. (CHAMPLIN, 2001, p. 349, v. 2).
Pode-se notar que sobre o embaixador pesa uma grande responsabilidade, pois agora
não mais significa apenas uma transmissão de informações, mas também disciplina, empenho
e vivência. Em outras palavras, o embaixador é alguém que precisa transmitir sem erros a
mensagem do seu Senhor, com a incumbência de também cumpri-la.
2.1.3 Despenseiro
Em palavras simples, despenseiro é alguém que toma conta dos negócios de outro ou
que os gerencia.
Segundo Stott:
Despenseiro é o empregado de confiança que zela pela correta utilização dos bens
de outra pessoa. Assim o pregador é um despenseiro dos mistérios de Deus, ou seja,
da auto-revelação que Deus confiou aos homens e é preservada nas Escrituras.
(STOTT, 2005, p. 16).
neotestamentária, pois o original grego traz a palavra “oikonómos”, que significa “gerente da
casa”. Digna de nota é a definição do livro de Grimm-Thayer:
... dirigente de uma casa, ou dos negócios de uma casa; especialmente um
mordomo, despenseiro ou administrador [...] a quem o dono da casa ou o
proprietário confiou a direção de seus negócios, seus gastos e receitas, e o dever de
cuidar de cada um de seus servos, e até dos filhos menores de idade. (GRIMM-
THAYER apud STOTT, 2005, p. 19).
O termo aparece dez vezes no A.T. (Lc 12.42; 16.1, 3, 8; Rm 16.23; 1Co 4.1, 2; Gl
4.2; Tt 1.7; 1Pe 4.10). Outro termo grego que traz a idéia de despenseiro é “epítopos”, que
significa “encarregado”, e ocorre por três vezes (Mt 20.8; Lc 8.3; Gl 4.2).
O que fica em total evidência é a excelência do zelo de um mordomo. Alguém que
cuida dos bens alheios como se fossem dele, e como se tivessem um valor muito significativo.
Tal entendimento é fundamental para o pregador, pois cabe a ele zelar da melhor forma
possível pelos bens, ou seja, a Palavra de Deus conferida a ele, assim como de tudo que se
refere às coisas de Deus. Em linhas gerais todos os crentes são despenseiros ou mordomos do
Senhor, todos têm a responsabilidade de cuidar das coisas de Deus, mas é imprescindível que
o pregador entenda que não se trata de uma qualidade qualquer, mas de uma identidade a ele
conferida.
Ser fiel a essa identidade é ordem que veio com excelência por meio do apóstolo
Paulo: “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e
despenseiro dos mistérios de Deus. Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que
cada um deles seja encontrado fiel.” (1Co 4.1,2).
2.1.4 Intérprete
Do termo grego “hermeneutes”, vem o que pode ser traduzido como “intérprete”, daí
vem “hermeneutikos” (hermenêutica), que pode ser traduzido como “interpretação”, ou a “arte
de interpretar”.
Segundo a enciclopédia de Champlin:
É a ciência das leis e princípios de interpretação e explanação. [...] o principal
aspecto desse estudo diz respeito à compreensão das Escrituras Sagradas, e por que
meios essa compreensão deve ser atingida.” (CHAMPLIN, 2001, p. 95, v. 3).
2.1.5 Expositor
Com vista na ênfase da monografia, a qualidade de expositor é uma das mais
importantes na vida ministerial. Por isso Marinho afirma o seguinte: “As palavras têm poder
de produzir sentimentos, pensamentos e ações. Uma única palavra pode produzir amor ou
ódio, alegria ou tristeza, motivação ou depressão, pensamentos positivos ou negativos.”
(MARINHO, 1999, p. 17). Imagine-se a responsabilidade que pesa sobre o pregador, tendo
em vista que sua exposição tem base na Palavra de Deus. O que todo pregador precisa
entender e cauterizar em sua mente é o que afirma BOST: “A exposição do texto bíblico
permite que o Senhor Jesus, os apóstolos e outros homens inspirados preguem aos ouvintes.
Qual pregador moderno pode ultrapassar estes personagens ilustres?” (BOST, 1998, p. 65-
66).
É importante que o pregador tenha uma ótima eloqüência e oratória, que sua postura
seja exemplar e que saiba se expressar bem, mas o que não se pode perder de vista é o fato de
que o pregador está retransmitindo algo já revelado, como um servo dedicado que interpreta
bem e expõe com excelência. A responsabilidade do pregador na exposição está no fato de
que é Deus quem fala através da Bíblia e por intermédio dele. Ele é a ferramenta que Deus usa
para atingir e alimentar as ovelhas de Seu rebanho.
Embora muitos “pregadores” atuais tenham perdido esse foco e tenham se preocupado
apenas em como beneficiar-se com sua persuasão, essa é uma qualidade que todo pregador
vocacionado por Deus tem a obrigação de preservar e ser fiel.
2.1.6 Testemunha
Neste ponto da caminhada o correto é dizer que o pregador tem não apenas a
responsabilidade de ser testemunha, mas também, como Stott descreve, tem o grande
privilégio: “O pregador cristão tem o privilégio de testemunhar para Jesus e por Jesus,
defendendo-o, elogiando-o, colocando diante da corte alguma evidência que eles precisam
ouvir e considerar antes de dar o veredicto final.” (STOTT, 2005, p. 57).
46
Paulo se coloca nessa posição como alguém que recebeu esse ministério do próprio
Deus: “... testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé
em nosso Senhor Jesus [Cristo].” (At 20.21). Importante a se entender é o fato de que
testemunha aqui não significa algo visível, mas a experiência pessoal com Jesus Cristo na
salvação. A testemunha não pode alegar que ouviu falar, mas ela precisa ser incisiva e precisa
na sua afirmação, pois viveu pessoalmente essa experiência.
Stott apresenta como o Grimm-Thayer define testemunha e também apresenta sua
própria definição, o que traz clareza sobre o assunto:
O verbo grego martyrásthai ou martyrein significa [...] “ser testemunha, dar
testemunho, testificar, isto é, afirmar ter visto ou ouvido, ou experimentado, algo”
(GRIMM-THAYER apud STOTT, 2005, p. 66). [...] A testemunha é a que tem
conhecimento direto de certos fatos e que declara diante de uma corte de justiça o
que viu e ouviu. Testemunha aquilo que sabe. (STOTT, 2005, p. 66).
O pregador nunca será eficiente na sua mensagem sem conhecer a pessoa e obra
salvadora de Jesus Cristo em sua própria vida. Sua vida será sua pregação, sua experiência
será o seu testemunho, sua mensagem será Jesus Cristo.
2.1.7 Servo
Para esse termo existem diversas palavras correspondentes no grego, dos quais se
destacam: “oiketes”, o servo doméstico; “doulos”, o servo-escravo, sem direitos legais,
serviçal, pertencente ao seu senhor; e “diákonos”, que pode significar tanto ministro ordenado
para uma função no corpo eclesial, como simplesmente alguém que serve.
A idéia, quando se trata de pregação, é de um servo do Altíssimo que O serve com
total dedicação e zelo, sendo submisso totalmente aos seus mandamentos e transmitindo-os
como embaixador.
O perfil mais nítido e que pode ensinar da melhor maneira possível é o retrato de
Jesus: “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a
sua vida em resgate por muitos.” (Mc 10.45).
Charles Swindoll comenta o verso da seguinte maneira:
Quando Jesus se interessou em explicar a razão de sua vinda para o nosso meio, fê-
lo de forma direta: servir e dar. Não ser servido; não colocar-se sob os holofotes, no
picadeiro central. Não veio para ser famoso, nem conquistar a atenção do mundo,
nem se tornar conhecido, importante, popular, nem ser um ídolo. Não; e para falar a
verdade, esse tipo de coisa o repugnava. (SWINDOLL, 1983, p. 12).
Embora seja notória a repercussão que Jesus obteve no Seu ministério, Ele, o próprio
Jesus, nunca teve intuito de ser visto ou tratado como “uma estrela”. Ele nunca buscou um
47
“status” que pudesse fazer dele alguém que Ele não era, mas essencialmente buscou em Seu
ministério servir de maneira digna o Pai celestial. Considerando que todo crente tem que
buscar a semelhança de Cristo no seu caráter, e servi-lo, é algo que não pode de maneira
alguma sair da mente do crente e principalmente do pregador.
O servir foi a ênfase de Jesus, era o que os apóstolos pregavam, o que faziam os pais
apostólicos e o que deve ser considerado princípio maior na vida do pregador atual e de todos
os crentes, até a volta de Cristo.
“Ser servo não é dar indicação de fraqueza interior, mas de incrível força.”
(SWINDOLL, 1983, p. 182).
Essa disciplina precisa ser cultivada no coração do pregador, mas não por força do
ofício, e sim, por amor à Palavra de Deus (Sl 1.2).
“O bom estudo da Bíblia leva a mais fé e mais o que dizer a outras pessoas. Dá
certeza de ensinar a sã doutrina de Cristo, aquilo que faz bem a todos sem qualquer contra-
indicação.” (BOST, 1998, p. 57).
Estudar a Bíblia todos os dias é o lema principal de um pregador. Sem estudo da
Bíblia não existe mensagem bíblica. Primeiro o pregador prova o sabor do alimento, depois
leva esse alimento aos famintos e sedentos da “Voz do Senhor”.
em que cada uma dessas áreas pede. Não é permitido omitir nenhuma delas, todas são
importantes e essenciais para um ministério eficaz na pregação.
2.3.1 Caráter
Numa tentativa de se definir o que significa “caráter”, pode-se dizer: ego é aquilo que
o indivíduo pensa que é, reputação é aquilo que as pessoas pensam que o indivíduo é,
enquanto que caráter é aquilo que Deus sabe que o indivíduo é. O que está em pauta é o fato
que o caráter trata das ações do indivíduo como um todo. O ministério da pregação deve ser
realizado com muita dedicação e pureza, por isso, quando se trata do caráter pessoal do pastor
ou pregador, trata-se de uma das mais delicadas e importantes responsabilidades.
Paulo, nas epístolas a Timóteo (1Tm 3.1-7) e a Tito (Tt 1.5-9), apresenta um excelente
quadro do perfil do obreiro acerca de seu caráter pessoal. Deus, na Sua perfeição, deixou de
forma muito clara um perfil aprovado por Ele acerca do pastor. Seria vital fazer uma exegese
acurada de todas as palavras do texto, detalhando cada uma delas, porém não será possível
fazê-la nessa pesquisa, mas um termo é imprescindível que se analise - “irrepreensível”.
MacArthur analisa da seguinte maneira:
“Irrepreensível” (gr. anengklêtos) descreve [...] o efeito de uma vida piedosa.
Literalmente, o pastor “não será reprovado” ou, em outras palavras, ele será
“inculpável” ou estará “livre de ressalvas”. Estas devem ser as características
constantes de sua vida, uma vez que assume a mordomia do ministério de Deus.
(MACARTHUR, 1998, p. 110).
Conclui-se com o pensamento que o pregador necessita zelar por si mesmo para não
ter do que se envergonhar. Deve ser íntegro no seu ministério. Sua integridade que definirá o
seu caráter.
2.3.2 Entusiasmo
Segundo o dicionário Aurélio, entusiasmo significa “veemência, vigor, no falar ou no
escrever, dedicação ardente.” (AURÉLIO, 1986). O entusiasmo não é somente uma
qualidade significativa, mas a expressão da alegria que o pregador sente ao transmitir a
12
Como base foi usado o livro de MARINHO. A Arte de Pregar. São Paulo: Vida Nova, 1999.
51
Palavra de Deus. Chapell entendia bem o que isso significa, por isso ele afirmou: “A
consciência da capacitação de Deus deve estimular todos os pregadores (inclusive
pregadores principiantes) a se lançarem de todo o coração ao seu chamado.” (CHAPELL,
2002, p. 33).
Entusiasmar-se ao estudar a Bíblia é mergulhar no mais profundo rio de palavras
verdadeiras, alegrar-se de maneira singular ouvindo Deus falar por meio de Sua Palavra. Por
isso, todo pregador precisa entusiasmar-se com o estudo e exposição da Bíblia, pois ele está
sendo porta voz de Deus aos homens, e não há serviço de maior excelência que este.
“Entusiasmo é o combustível da expressão verbal. O orador precisa vibrar em cada
afirmação e empolgar-se com cada idéia.” (MARINHO, 2000, p. 34).
2.3.3 Sensibilidade
Faculdade de sentir com sutileza o que está à volta. O pregador precisa entender duas
dimensões da qualidade da sensibilidade.
1) Ele precisa ser sensível à voz do Senhor ao estudar ou preparar a mensagem. Quem
determina o conteúdo da pregação é Deus, portanto, cabe ao pregador saber discernir por qual
direção Deus o está guiando.
O Pr. Daniel Silva, pregando no Salmo 28 a um grupo de cerca de 600 jovens no
XXXII Retiro Nacional da COMOCEB, apresentou cinco benefícios da “Voz do Senhor”13:
“A voz do Senhor ensina a ser humilde; A voz do Senhor adoça nossas vidas; A voz do Senhor
transforma para melhor; A voz do Senhor sacode o paralisado; e A voz do Senhor vivifica”.
2) Ele precisa ser sensível ao público ouvinte. Certamente que o ouvinte não é o fator
preponderante acerca do direcionamento da mensagem, mas é o alvo. Se o pregador não
conhecer ou não tiver percepção dos ouvintes, tem grandes chances de não acertar no alvo (cf.
MARINHO, 2000, p. 35); mas com percepção adequada ele faz com que a Palavra penetre
profundamente nos coração de todo aquele que também for sensível à “Voz do Senhor”.
2.3.4 Humildade
Conta-se que “certo seminarista, pela primeira vez subindo ao púlpito, encheu-se de
orgulho pela grande oportunidade de sua vida. Para isso, ele ocupou várias horas de seu tempo
preparando aquele sermão. Usou muitos comentários e informações para recheá-lo. Tudo
estava indo de bem a melhor. No dia da pregação, o seminarista subiu com tanta confiança ao
13
Palestra do XXXI Retiro Nacional da COMOCEB
52
púlpito, que mais parecia um artista sendo levado a um posto de destaque, do que um
emissário da Palavra de Deus. Ao subir, com toda pompa, abriu sua Bíblia e começou a
pregar, porém, as coisas não ocorreram como planejadas. Parecia que tudo o que havia
estudado não estava surtindo efeito no público. No final, aquele jovem seminarista desceu do
púlpito tão abatido, que era nítida sua aparência de aflição. Foi então que veio até ele uma
senhora de certa idade e disse: se você tivesse subido ao púlpito como você desceu, você
teria descido como você subiu” (autor desconhecido, grifo meu).
A humildade não é somente uma qualidade, mas uma ferramenta indispensável para o
ministério da pregação (cf. MARINHO, 2000, p. 38). Stott define da seguinte maneira:
A humildade cristã começa com [...] “mentalidade modesta”. Tem que ver com o
nosso modo de pensar, tanto com relação aos outros (considerando-os mais
importantes que nós mesmos e assim os servir com alegria, Fp 2.3,4; 1Pe 5.5),
quanto com relação a Deus, principalmente (“andando humildemente com o seu
Deus”; Mq 6.5). (STOTT, 2003, p. 345).
2.3.5 Zelo
Na leitura da Bíblia, observa-se que a expressão “zelo” é usada de forma contundente
com seu significado e expressão. Paulo usou associando-a ao serviço do Senhor (Rm 12.11),
como também a apresentou como o cuidado acerca da busca dos dons (1Co 12.31).
Segundo Stott “zelo é um sentimento profundo e indispensável para pregadores.”
(STOTT, 2005, p. 294). Ele também afirma que ser zeloso é sentir o que se fala (cf. STOTT,
2003, p. 194).
O pregador precisa sempre estar em sintonia com Deus. O seu zelo pela Palavra de
Deus, pela honra do único Deus vivo e verdadeiro, precisa estar em evidência. Nenhum
pregador pode fugir dessa responsabilidade, mas assumi-la e cultivá-la em sua vida, para que
a cada dia ele desenvolva sua santidade, de modo agradável a Deus.
53
2.3.6 Paixão
Mais que uma qualidade, ter paixão pela pregação é um elemento indispensável para
um ministério realmente eficaz. Ter prazer em meditar na lei do Senhor (Sl 1.2; Js 1.8)
implica em ter paixão na transmissão a outros ouvidos das verdades bíblicas. O pregador
precisa amar os seus ouvintes de maneira especial e bíblica.
Quando o pregador entende que sem essa paixão ele não chegará a lugar algum, passa
a se dedicar cada dia mais ao estudo da Palavra de Deus com o intuito de levar aos seus
ouvintes um prato cheio de finas iguarias, servido com muito amor.
Amor não é dom, é parte do crente. Mas existem alguns níveis desse amor, que o Pr.
João Arantes Costa costuma ilustrar da seguinte forma: A Escada do Amor - o primeiro
degrau é o amor a Deus; o segundo degrau é o amor aos familiares; o terceiro degrau é o amor
ao desconhecido; e o quarto degrau é o amor ao inimigo.
Todo pregador precisa subir essa escada e firmar-se no último degrau, que de fato é o
mais difícil de chegar, mas é obrigação do pregador se manter nele. Se o pregador não tiver
paixão, amor no mais alto nível, sua mensagem não chegará ao coração dos ouvintes e ele
será ineficiente na sua missão de arauto de Deus.
2.3.7 Observação
Dois âmbitos devem ser analisados acerca da “observação”.
Primeiro, o âmbito do estudo bíblico, no qual o pregador deve ser sensível aos
detalhes e à profundidade do texto por meio da observação. A observação é uma das
habilidades mais úteis no estudo bíblico, pois através dela o pregador poderá descobrir
riquezas de detalhes imensas, facilitando a exposição.
Segundo, como apresenta Marinho: “O orador deve estar sempre atento para captar
fatos interessantes e diferentes nas diversas situações da vida.” (MARINHO, 1999, p. 35).
Pode-se acrescentar a importância da observação do contexto da igreja e sua atual situação.
Essa sensibilidade para observar certamente levará o pregador a atingir o centro do alvo.
Observar o mundo, a fim de contextualizar a mensagem. Observar as emoções, os
problemas que afligem o povo de Deus.
54
Agora sim, em obediência, Moisés se projeta para ser o grande líder da nação eleita de
Deus. Ele compreende a autoridade de Deus sobre tudo e todos. Moisés, ao longo de sua
56
jornada, pode provar dessa soberania quando Deus, em diversas situações difíceis, mostrou-se
presente.
Muitos outros exemplos poderiam ser citados nesta monografia, mas faz-se valer o
exemplo de Moisés a todos os pregadores. Cumpram cabalmente suas responsabilidades no
ministério da vida cristã porque Deus tem autoridade suprema para fazer segundo a Sua
vontade.
Ser um pregador segundo o coração de Deus é ser submisso a Sua autoridade em todo
o tempo, sob todas as circunstâncias, o que exige oração e humildade (1Sm 15.22, 23).
Não há pregação eficaz sem a obra do Espírito Santo. O pregador precisa, antes de
qualquer coisa, pedir essa iluminação do Espírito Santo para o preparo e exposição de seu
sermão, e confiar que é o Espírito Santo quem fará a obra no coração dos ouvintes. A eficácia
não está no nível intelectual do pregador, mas no poder do Espírito Santo que opera no
pregador e nos ouvintes.
Nesse ponto a oração é a responsabilidade principal do pregador, que deverá separar
horas de seu tempo para dedicar-se a orar por sua própria vida e pela dos ouvintes, pois a
fonte de poder é o Espírito de Deus.
Bíblia. A idéia é que o pregador é sujeito à mensagem bíblica, ou seja, ele não determina o
teor, apenas organiza e aplica o sermão de maneira correta ao seu contexto. Roy Allan afirma:
“O pregador não apenas possui uma mensagem, mas é possuído pela mensagem.”
(MARINHO, 1999, p. 157).
Depois de uma boa exegese e de uma boa hermenêutica, depois de encontrar a
mensagem correta do texto, o próximo passo é trazê-la para uma linguagem simples e aplicá-
la ao contexto onde será pregada, sem deturpar a mensagem. Todo processo precisa ser posto
em prática.
Começa-se com um bom tempo dedicado à oração, depois pela escolha do texto, em
seguida um estudo minucioso da passagem e contexto, considerando a exegese e a
hermenêutica, e só então se aplicam os princípios da homilética, ficando o sermão tomará
forma. Ressalte-se que durante todo o processo é necessária uma total dependência do
Espírito Santo, fundamentando-se unicamente na Palavra de Deus, sob Sua autoridade, e
apontando-se sempre para a pessoa e obra de Jesus Cristo.
A verdade é que a Bíblia é completa em sua mensagem, e nela está todo ensinamento
necessário para o alimento espiritual do homem. Não há razão para recheá-la, apenas
apresentá-la. A sã doutrina nem sempre será aceita, pois ela pesa no íntimo do homem, por
causa do pecado (cf. 2Tm 4.3), mas é obrigação do pregador dar prioridade à mensagem
essencialmente bíblica, ainda que doa em muitos.
Poemas e fábulas fazem bem para o ego, mas só a Bíblia tem poder para transformar,
por isso, aplique-se diretamente o princípio da primazia do texto bíblico. Não se deixa a
Bíblia em segundo plano, mas sempre no lugar de direito, na primeira.
A exposição garante a mensagem de Deus, não sendo possível o enxerto, ela honra a
Bíblia, dá o melhor alimento para a Igreja, bem como dá o melhor alimento para o pregador
que a prepara (cf. MARINHO, 2000, p. 146).
Uma vantagem muito forte da exposição é que muitas vezes ela traz assuntos
delicados sem serem importunos devido à seqüência ou direção do próprio texto (cf.
LIELFELD, 1984, p. 18).
Outra grande vantagem é que o pregador e o ouvinte ficam “limitados à verdade
bíblica. O subjetivismo fica minimizado.” (LIEFELD, 1984, p. 17).
A grande vantagem da exposição é a maior das vantagens, porque expor a Bíblia é
expor a Verdade de Deus. Não existem desvantagens, apenas vantagens. Através da exposição
Deus fala ao homem, o homem ouve Deus, o homem entende o plano salvífico de Cristo, o
homem crê nesse plano, e quando crê recebe gratuitamente da parte de Deus a vida eterna
com Cristo.
Por último, considerado por Liefeld, o mais elevado é a adoração a Deus e a exaltação
do Seu nome (cf. LIELFELD, 1984, p. 22). O homem foi criado para louvor da glória de Deus
61
e essa adoração deve perdurar eternamente. Muitos não conseguem entender como adorar
Deus através do sermão, mas acredite, é a adoração mais correta, pois é adoração bíblica.
3.2.1 Profundidade
Como já mencionado, a necessidade da profundidade no estudo do texto, não é uma
desvantagem, pelo contrário, é uma vantagem, porém, uma dificuldade, tendo em vista que
exigirá uma dedicação e disciplina muito grande.
Conforme o argumento de Liefeld, o pregador é obrigado a batalhar pelo entendimento
da passagem toda. Ele não pode deixar de lado palavras significativas, construções sintáticas
ou doutrinas. Nada pode escapar da beleza original do texto (cf. LIEFELD, 1984, p. 23).
Não é fácil aplicar todos os princípios da exegese e homilética, além das
responsabilidades pessoais, tais como o cuidado da família e da própria vida espiritual. Muitos
pregadores, em pouco tempo de ministério, começam a cair no erro da mesmice e deixam de
fazer todo o processo do preparo do sermão.
Dentro do próprio processo, fazer pontes entre a exegese e a hermenêutica, separar
horas para orar, tornam num contexto bem brasileiro, algo aparentemente impossível. Porém,
a tese dessa monografia é a relevância dessa exposição, portanto, todo o processo é
importante. Ser profundo no estudo bíblico é enxergar coloridas as palavras de Deus, sem
manchas. Embora difícil, é obrigação ministerial.
3.2.2 Vocabulário
O cuidado com as palavras é uma grande dificuldade na hora da exposição. O
pregador precisa conhecer sua platéia, cultura e intelecto. Às vezes, o nível intelectual é
bastante limitado, e se o pregador não tiver muita atenção ele correrá o risco de ser ineficaz na
entrega do sermão.
E se tratando de exposição, onde o nível de estudo é bem elevado, o objetivo de trazer
essa mensagem para um linguajar conhecido, sem ferir o sentido do texto, torna-se um pouco
difícil.
62
Claro que essa não é uma dificuldade impossível de se vencer, pelo contrário, com
dedicação e maturidade, o pregador facilmente desenvolverá habilidades que o ajudarão
posteriormente nessa fase de construção e exposição da mensagem.
Basta atenção e sensibilidade para perceber a quem se está pregando.
3.2.3 Contextualização
Uma das grandes dificuldades na exposição bíblica, considerando a
contemporaneidade, é a tão falada, mas pouco entendida, contextualização. Já foi bem
explicado nesta monografia o fato da Bíblia ser inerrante, infalível e atemporal, ou seja, o
texto inspirado não contém erros, sendo a Bíblia infalível e também seus princípios não se
limitam há uma determinada época - são imutáveis em todas as épocas.
Complica o fato de que, quando o pregador está preparando ou transmitindo a
mensagem, prioriza o contexto vivido e direciona esse contexto à Bíblia, invertendo a ordem
lógica e correta, que é buscar os princípios bíblicos e aplicá-los ao contexto.
Uma definição mais correta para contextualização é: saber como comunicar os eternos
e imutáveis princípios revelados por Deus na Bíblia, ao mundo atual para transformação de
vidas.
Evidentemente que não é tarefa fácil, por isso está sendo considerada como uma
dificuldade, tendo em vista que os ensinos bíblicos são confrontativos em grande parte.
Cabe ao pregador ter muita percepção quanto ao público e suas necessidades, porém,
sem manchar a doutrina eterna de Deus.
3.3.1 A Bíblia
A Bíblia, sem dúvida alguma, é a essência da pregação. Nela está a primazia do
k rygma de Deus, no qual se dá o processo de formação e os princípios da exposição. A
Bíblia é a fonte de informação do poder de Deus que age no homem (cf. MARINHO, 2000, p.
126). É a voz de Deus, inspirada pelo Espírito Santo (2Tm 3.16,17; 1Pe 1.20,21), infalível,
inerrante, com princípios atemporais e eternos.
Que fonte pode ser, em sua essência, além da Bíblia, portadora de tal autoridade?
Autoridade conferida pelo próprio Deus, sem autorização para aumento ou inserção (Mt 5.18;
Gl 1.8). Embora existam questões não reveladas ao homem, tudo o que é necessário a ele foi
revelado (Dt 29.29).
Numa tentativa de compreender, em essência, o significado de “palavra”, seguir-se-á
uma pequena exegese dos termos.
No hebraico, a expressão “dabar”, que significa, ‘palavra’, ‘mandamento’, ‘evento’,
‘ação’, possui a idéia do poder de Deus conferido pela palavra, como também, da ação de
Deus por meio dessa palavra (Gn 1.3; Sl 33.9). Um outro dado importantíssimo é o fato de
que essa palavra é pessoalmente autenticada por Deus. Tanto os profetas quanto os apóstolos
não relataram eventos criados por seu próprio intelecto, mas Deus falou por meio deles (Ez
17.1; 3.17,18; 1Pe 1.20.21). No grego “logos” significa ‘palavra’, ‘ensino’, ‘preceito’, e além
de ser usada com as mesmas funções de dabar, é também usada para apresentar a própria
Divindade, a pessoa de Jesus Cristo (Jo 1.1-4), como agente de Deus na criação (Cl 1.16) e na
salvação (Jo 3.16). Sendo Jesus Cristo único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5),
logos é a expressão máxima da Palavra de Deus (cf. MARINHO, 2000, p. 126-128).
A Bíblia é completa na sua composição, negligenciá-la é o mesmo que se entregar à
perdição (Hb 2.2; 3.15). Ao pregador e ao crente em geral cumpre amar essa Palavra (Js 1.8;
Sl 1.2) e obedecer (Jo 14.23, 24).
O Salmo 119 deve por obrigação ser a tônica na vida de todo crente, pois nele está um
retrato pintado com a maior excelência, e retrata com fidelidade o que deveria fazer parte do
coração de toda a humanidade: “Bem-aventurados os irrepreensíveis no seu caminho, que
andam na lei do Senhor.” (v. 1).
De maneira bem prática, a Bíblia, como única fonte de regra fé e prática, é a primazia
da exposição - nela o sermão é gerado, desenvolvido e aplicado. É impossível transformar
vidas sem a Bíblia, e ela tem que ser posta em predominância da hora do sermão. Valorizá-la
é sinônimo de obediência e de agrado a Deus.
64
3.3.2 O Pregador
O uso de um homem para ser pregador entre o povo de Deus é algo que vem desde
nossos primórdios. “Ao longo da história sagrada, para cada missão especial Deus teve um
pregador.” (MARINHO, 2000, p. 130). Observa-se que já nas primeiras gerações Deus
levantou um homem chamado Enoque para profetizar: “Quanto a este foi que profetizou
Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que veio o Senhor entre suas santas
miríades,” (Jd 14, grifo meu). Pouco tempo depois da criação já se têm evidências da mão de
Deus levantando profetas.
Correndo nas páginas da Bíblia, já no capítulo 6 de Gênesis, a corrupção se torna
predominante entre o povo. Deus então levanta um grande pregador (Noé), cuja história se faz
conhecida, para ser “pregador da justiça”, conforme relata Pedro: “... e não poupou o mundo
antigo, mas preservou a Noé, pregador de justiça,” (2Pe 2.5a, grifo meu).
Mais adiante, no livro de Êxodo, quando o povo precisou de libertação, pois estavam
cativos no Egito, Deus levanta Moisés e Arão para cumprir a missão de profeta ao povo:
“Então, se foram Moisés e Arão [...] Arão falou todas as palavras que o Senhor tinha dito a
Moisés, e este fez os sinais à vista do povo.” (Ex 4.29,30, grifo meu).
Ao longo do Antigo Testamento, Deus levantou muitos profetas, grandes homens,
Elias, Elizeu, Daniel, Malaquias e tantos outros, mostrando que sempre houve alguém com a
grande responsabilidade de pregar a mensagem de Deus.
Posteriormente, no Novo Testamento, rapidamente observa-se a figura de João Batista
pregando no deserto: “Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e
dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3.1,2, grifo meu). Os
apóstolos também compreendiam bem essa responsabilidade: “... iam por toda parte
pregando a palavra.” (At 8.4, grifo meu).
Tantos outros foram vocacionados a esse ministério. Deus nunca deixou de levantar
homens para o anúncio de Sua mensagem. Muitos surgiram e proclamaram a voz do Senhor
ao povo, até que veio o maior deles, o próprio Deus, na pessoa de Jesus Cristo:
Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de
todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e
a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu
poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da
Majestade, nas alturas, (Hb 1.1-3, grifo meu).
65
É com provas textuais como essa que a pregação obrigatoriamente tem que ser
expositiva e nunca pode deixar de anunciar Cristo, pois tudo é sustentado pela palavra do Seu
poder, e nada pode ser sem Ele.
Diante do quadro bíblico apresentado pode-se afirmar que, como portador da eterna
palavra de Deus, o pregador adquire a maior responsabilidade conferida ao homem, pois a
pregação é o meio pelo qual a Bíblia transforma vidas (cf. MARINHO, 2000, p. 128).
3.3.3 O Ouvinte
Mais adiante, apresentar-se-á, de maneira mais clara, alguns tipos de ouvintes. Porém,
faz-se necessário, neste momento, uma exposição direta sobre a condição da natureza
pecaminosa do homem.
Wayne Grudem faz algumas observações interessantes ao tratar sobre a queda do
homem:
Primeira, seu pecado atingiu a base do conhecimento, pois deu uma resposta
diferente à pergunta ‘o que é verdadeiro?’ [...] Segunda, seu pecado atingiu a base
dos parâmetros morais, pois deu uma resposta diferente à pergunta ‘o que é certo?’
[...] Terceira, seu pecado deu uma resposta diferente à pergunta ‘quem sou eu’?
(GRUDEM, 1999, p. 405).
É muito importante que o pregador saiba dessa condição e das implicações que ela
gera, pois assim, ele saberá, por meio da Bíblia, como atingir certeiramente o coração do
indivíduo. O ouvinte é por natureza alguém manchado pelo pecado, e com ele carrega essa
propensão ao erro. Nenhum homem, exceto o próprio Cristo, está fora dessa condição.
Dr. Lloyd Jones dissertando sobre teologia do pecado, fez a seguinte afirmação: “o
primeiro princípio do apóstolo (Paulo) é que não poderemos entender a grandeza do poder
da salvação de Deus enquanto não compreendermos que, por natureza, o homem está
espiritualmente morto.” (LLOYD-JONES, acesso em 25/05/2007). Quando Dr. Lloyd Jones
faz referência a estarmos espiritualmente mortos, ele está dizendo que todos os homens por
natureza são pecadores, e todos por natureza estão condenados (Rm 5.12; 6.23).
A chave da eficácia do sermão está em compreender a condição natural do homem, e a
abrangência da graça de Cristo.
Diante dessa realidade desastrosa da queda, algo se faz superior:
Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para
condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os
homens para justificação de vida. Porque, como pela desobediência de um só
homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um, muitos serão
feitos justos. (Rm 5.18-19).
66
que isso significa, por isso ele afirmou a Tito: “Em tempos devidos, manifestou a sua palavra
mediante a pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador,” (Tt 1.3).
Aos de Corinto Paulo confessou:
Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa
obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho! Se o faço de livre vontade,
tenho galardão; mas, se constrangido, é, então, a responsabilidade de despenseiro
que me está confiada. (1Co 9.16,17).
Dr. Shedd afirma que “pregar expositivamente significa, acima de tudo, que nós nos
comprometemos com a Palavra inspirada.” (SHEDD, 2000, p. 55). O compromisso do
pregador está firmado no fato que ele deve ser totalmente submisso ao ensino bíblico,
cumprindo cabalmente toda doutrina bíblica.
Certamente esse compromisso implica em trabalho árduo e muita dedicação. Jay
Adams, considerando essa verdade, afirma: “Uma boa pregação exige trabalho árduo... Estou
convencido de que o motivo básico das pregações pobres é a falta de gastar o devido tempo e
energia na preparação.” (ADAMS apud MACARTHUR, 1995, p. 289).
Ser um despenseiro de Deus exige de maneira bem peculiar um compromisso muito
elevado com a própria pessoa de Deus e com Sua Palavra. Isso pelo fato da mensagem de
Deus ser perfeita e por ser perfeita ela pede do pregador excelência no seu serviço.
Sem compromisso, não há excelência, sem excelência não há eficácia, sem eficácia a
exposição torna-se medíocre, sendo medíocre ela não atingirá o homem, não atingindo o
homem o pregador falha em sua tarefa. O compromisso não é uma tarefa aleatória no
ministério pastoral, mas é parte de um todo no que diz respeito ao serviço de despenseiro.
Portanto, fica em total evidência que, para a pregação ser eficaz, antes o pregador precisa ser
eficaz em seu compromisso com Deus e com Sua Palavra. E a pregação expositiva e
cristocêntrica exige cabalmente isso do pregador, por isso ela é relevante, primeiramente, no
aspecto compromisso.
do que podem suportar. (1Co 1.9; 10.13); Todavia, como Deus é fiel, nossa
mensagem a vocês não é “sim” e “não”, (2Co 1.18 - NVI).
Que a fidelidade de Deus é evidente e certa não há como questionar. Deus faz as
promessas e também as cumpre, sempre! A pauta nesse momento está na fidelidade do
pregador quanto à exposição bíblica. O mesmo Paulo, que apresentou de maneira tão precisa a
fidelidade de Deus, agora se volta para o homem mostrando também sua responsabilidade:
“Apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que seja capaz
de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela.” (Tt 1.9 - NVI).
Uma das questões favoráveis à pregação expositiva é o fato de que na exposição o
pregador é obrigado a ser fiel à mensagem bíblica, como primícia de Deus. Pregar com
fidelidade é exercer com excelência a vocação que Deus deu. Por mais essa razão, a exposição
cristocêntrica é relevante.
Deus está com todo o poder e foi Ele quem o conferiu a Satanás, assim como ao
homem. Portanto, a razão desse poder está em Deus (Rm 1.20), é Deus quem permite que o
homem conheça esse poder (Rm 9.22), e que venha a agir por meio dele (Rm 1.16; 1Co 1.18;
1Co 2.4). Essa ação humana revestida do poder de Deus acontece somente por ação do
Espírito Santo (Rm 15.13,19), na ação salvífica de Jesus Cristo (1Co 1.24).
A verdade é que não é possível entender toda essa ação se de fato o pregador não for
buscar com profundidade essas informações no texto bíblico. É de lá que mina esse poder de
70
informações capazes de atingir o coração mais endurecido. Marinho faz um comentário muito
interessante sobre o assunto: “[a exposição] extrai do texto bíblico não apenas a idéia central,
as divisões e as subdivisões, mas o próprio espírito do texto, fazendo o ouvinte reviver as
circunstâncias e os sentimentos que produziram aquele texto.” (MARINHO, 2000, p. 145).
Faz-se necessário citar novamente a frase de Ruskin: “Pregação: trinta minutos capazes de
ressuscitar mortos.” (RUSKIN apud MARINHO, 2000, p. 145).
Pregar expositivamente é apresentar o poder de Deus, mediante o Espírito, para
anunciar Cristo Jesus. A relevância da exposição está também no fato que ela consegue
visualizar esse poder e consegue canalizá-lo em direção ao homem, convicta de que está
somente falando aquilo que Deus revelou em Sua Palavra.
Talvez agora se possa entender porque Paulo disse: “Certamente, a palavra da cruz é
loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus.” (1Co 1.18).
indivíduo pelo poder que vem do alto. É mais uma razão pela qual a exposição cristocêntrica é
relevante no ministério pastoral.
Por mais maduro que o crente possa parecer, ele necessita do aprendizado bíblico.
Paulo faz uma exortação bem precisa sobre o assunto: “Desenvolvei a vossa salvação com
temor e tremor;” (Fp 2.12). Pedro, no final de sua última epístola, pede para que os crentes
cresçam na graça: “Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo.” (2Pe 3.18 – NVI).
O clássico texto de Paulo, escrevendo ao jovem pastor Timóteo, é talvez o melhor
retrato da inteireza e da necessidade do crente aprender, dia a dia, a Palavra de Deus: “Toda a
Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção,
para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
habilitado para toda boa obra.” (2Tm 3.16).
Outro fator importante de se ressaltar é o prazer que o crente tem, em ouvir e aprender
acerca das verdades bíblicas. Exemplos: Josué: “Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes,
medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está
escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido.” (Js 1.8). O salmista:
“Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite.” (Sl 1.2).
“De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a tua
palavra.” (Sl 119.9).
Muitas outras razões poderiam ser listadas neste tópico, porém, a ênfase aqui não está
na razão, mas no veículo que transmite essa razão e na eficiência em que o faz. A exposição,
por ser fiel ao texto bíblico, é o veículo mais eficaz na hora de transmitir essas verdades.
Robinson faz uma exortação interessante sobre o assunto: “Sem conteúdo bíblico, relacionado
com a vida, nada temos que valha a pena comunicar;” (ROBINSON, 1980, p. 127).
A exposição atinge o coração da criança mais inocente, como do adulto mais maduro,
e o faz com excelência, porque faz nada mais nada menos que expor o que Deus deixou
registrado ao homem como regra de fé e prática.
Vale a pena ser fiel a Deus, porque Ele é fiel (1Tm 2.13); vale a pena trabalhar
esforçadamente no estudo da Palavra, “se lançar de todo o coração ao seu chamado.”
(CHAPELL, 2002, p. 33), vale a pena ser “doulos” (escravo, servo) do Senhor.
Infelizmente a pregação expositiva e cristocêntrica exige grande esforço, e parece ser
grande demais para a maioria dos pregadores (cf. SHEDD, 2000, p. 110). Dr. Shedd ainda
acrescenta: “É uma raridade encontrar um líder de igreja que tenha treinado seus presbíteros
e diáconos a fazerem serviços na igreja [...] e ensinar classes de Escola Bíblica Dominical,
liberando-o, assim, para um estudo cuidadoso da Palavra, acompanhado de oração.”
(SHEDD, 2000, p. 110).
A exposição é a ferramenta mais hábil para atingir o coração do homem, e será até a
consumação dos séculos. E Deus em Sua soberania e graça dá ao pregador condição de
executá-la com excelência por meio do Espírito Santo, mas não exime o pregador de sua
responsabilidade e empenho.
Conclui-se esse tópico com as preciosas palavras de Dr. Russell P. Shedd:
Deus não deixará de abençoar os filhos que se empenham em se humilhar aos pés
do Senhor para saber o que ele falou através dos seus profetas e apóstolos para
atentamente escutarem o que o Espírito está dizendo hoje. Esse compromisso com a
Palavra inspirada, bem entendida e ministrada, criará servos úteis na Vinda do
Senhor. A palavra de Paulo para Timóteo deve encorajar todos a investir na
pregação que transforma vidas: “Procura apresentar-se a Deus aprovado, como
obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja corretamente a palavra da
verdade.” (2Tm 2.15 – NVI) (SHEDD, 2000, p. 111).
74
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAXTER, Richard. O Pastor Aprovado. Tradução Odayr Olivetti. São Paulo: Imprensa da
Fé, 1989.
BÍBLIA SAGRADA. Trd. João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Atualizada. 2. ed.,
Barueri (SP): Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
BRAGA, James. Como Preparar Mensagens Bíblicas. São Paulo: Vida, 1986.
CHAPELL, Bryan. Pregação Cristocêntrica. Tradução Oadi Salum. São Paulo: Editora
Cultura Cristã, 2002.
CUNHA, A. Silas. Hermenêutica. São José dos Campos: Centro de Estudos Teológicos do
Vale do Paraíba, 2006, 48p. (Apostila não publicada, preparada para a disciplina de
Hermenêutica).
GEISLER, Normam; NIX, William. Introdução Bíblica: Como a Bíblia Chegou Até Nós.
Tradução Oswaldo Ramos. São Paulo: Vida, 2003.
JULIARE, Wallace. Análise de Hebreus. São José dos Campos: Centro de Estudos
Teológicos do Vale do Paraíba, 2007, 36p. (Apostila não publicada, preparada para a
disciplina Análise de Hebreus).
LACHLER, Karl. Prega a Palavra – Passos para a Exposição Bíblica. Tradução Robinson
N. Malkomes. São Paulo: Edições Vida Nova, 1990.
LIEFELD, L. Walter. Exposição do Novo Testamento. Tradução Hans Udo Fuchs. São
Paulo: Vida Nova, 1985.
MCDOWELL, Josh. Josh McDowell Responde. Tradução Yolanda M. Krievin. São Paulo:
Editora Candeia, 2001
.
78
OLIVEIRA, H. José. Exegese do Novo Testamento. São José dos Campos: Centro de
Estudos Teológicos do Vale do Paraíba, 2006, 42p. (Apostila não publicada, preparada para a
disciplina Exegese do Novo Testamento).
REIFLER, U. Hans. Pregação ao Alcance de Todos. São Paulo: Vida Nova, 1993.
RIRYE, C. Charles. Bíblia de Estudo Anotada. Tradução Carlos Oswaldo Cardoso Pinto.
São Paulo: ABEC, 1994.
ROBINSON, W. Haddon. A Pregação Bíblica. Tradução Gordon Chown. São Paulo: Vida
Nova, 1983.
SHEDD, P. Russel. Palavra Viva: Extraindo e Expondo a Mensagem. São Paulo: Vida
Nova, 2000.
STOTT, John. Eu Creio na Pregação. Tradução Gordon Chown. São Paulo: Vida, 2003.
STOTT, John. O Perfil do Pregador. Tradução Glauber Meyer Pinto Ribeiro. São Paulo:
Vida Nova, 2005.
SWINDOLL, Charles. Eu, um Servo? Você está Brincando. Tradução Myrian Talitha Lins.
Belo Horizonte: Editora Betânia, 1983.
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ANEXO 01
CTM – Curso Teológico por Módulos
Visão Panorâmica do Novo Testamento
Pr. José Humberto de Oliveira
O DOM DE APÓSTOLO
APÓSTOLOS14 (gr. “apostólous”). A palavra “apóstolo” tem três significados
principais no Novo Testamento.
Primeiro, uma só vez parece que é aplicada a todo cristão individual, quando Jesus
disse: “O servo não é maior que seu senhor, nem o enviado (apóstolos) maior do que aquele
que o enviou.” (Jo 13.16). Assim, todo cristão é tanto um servo quanto um apóstolo. O verbo
“aposteilo” significa “enviar”, e todos os cristãos são enviados ao mundo como embaixadores
e testemunhas de Cristo, para participarem da missão apostólica de toda a igreja (Jo 20.21).
Porém, este não pode ser o significado neste trecho, pois neste sentido todos os cristãos
seriam apóstolos, ao passo que Paulo escreve que Cristo concedeu apenas “uns” para serem
apóstolos.
Segundo, havia “apóstolos das igrejas” (2Co 8.23; Fp 2.25), mensageiros enviados por
uma igreja como missionários ou com alguma outra incumbência.
Terceiro, havia os “apóstolos de Cristo”, um grupo muito pequeno e distintivo, que
consistia nos doze (inclusive Matias, que substituiu Judas), Paulo, Tiago irmão do Senhor, e
possivelmente um ou dois mais. Foram pessoalmente escolhidos e autorizados por Jesus, e
tinham que ser testemunhas oculares do Senhor ressurreto (At 1.21-22; 10.40-41; 1Co 9.1;
15.8-9; Lc 6.12-16). Deve ser neste sentido que Paulo está usando a palavra “apóstolos” aqui,
pois coloca-se em primeiro lugar na sua lista, assim como faz também em 1Co 12.28, e é
assim que até agora tem usado a palavra em suas cartas, referindo-se a si mesmo (Ef 1.1; 1Co
1.1, etc.) e aos seus colegas apóstolos como sendo o fundamento da Igreja e os meios da
revelação (Ef 2.20 e 3.2-6).
Não devemos hesitar, portanto, em dizer que neste sentido não há apóstolos hoje. Não
cremos que os “missionários” de hoje sejam os “apóstolos” de ontem, apesar de crermos que
muitos são chamados e enviados para certos lugares com missão específica.
Leitura Complementar:
TEOLOGIA SISTEMÁTICA, Wayne Grudem, São Paulo: Vida Nova, pp. 760-764.
14
Fonte: John Stott, Batismo e Plenitude do Espírito Santo. São Paulo: Vida Nova.