ALBERTI, Leon Battista - Da Pintura
ALBERTI, Leon Battista - Da Pintura
ALBERTI, Leon Battista - Da Pintura
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Conselho Editorial
Presidente
Paulo Franchetti
Alcir Pcora Arley Ramos Moreno
Eduardo Delgado Assad Jos A. R. Gontijo
Jos Roberto Zan Marcelo Knobel
Sedi Hirano Yaro Burian Junior
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D A PINTURA
Traduo
Antonio da Silveira Mendona
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AL14d
isbn 978-85-268-0862-1
cdd 759.935
759.9355
1a edio, 1989
2a edio, 1999
Editora da Unicamp
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S UMRIO
A PRESENTAO .......................................................................
I NTRODUO ........................................................................... 33
P RLOGO ................................................................................ 67
L IVRO P RIMEIRO ..................................................................... 71
L IVRO S EGUNDO ...................................................................... 95
L IVRO TERCEIRO ....................................................................... 127
N OTAS
L IVRO P RIMEIRO ............................................................... 141
L IVRO S EGUNDO ............................................................... 147
L IVRO TERCEIRO ................................................................ 151
B IBLIOGRAFIA ......................................................................... 153
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A PRESENTAO
Leon Kossovitch
O texto de Alberti que se vai ler o primeiro, na literatura artstica, a constituir a pintura como objeto
de teoria e doutrina sistematizadas. A novidade do
escrito, insistentemente enunciada em passagens do
Da pintura, distingue-o dos textos da Antigidade
grega, apenas mencionados, pois j na maior parte
perdidos para Vitrvio, cujo Da arquitetura pertence ao sculo I a.C., ou para Plnio, o Velho, que
escreve o enciclopdico Histria natural em I d.C.;
mais do que outros escritos, romanos e at gregos,
nos quais a pintura ocasionalmente aflorada,
constituem-se eles como fontes principais, mesmo
porque suprstites da arte antiga, muito embora em
sua exposio de conceitos e preceitos no opere
sistematizao. Quanto bibliografia subseqente,
desprezando-se aqui escritos periegticos, topogrficos, ecfrsicos etc., dos relevantes nem o Ensaio
sobre diversas artes, do monge Tefilo, atribuvel aos
sculos XII-XIII, nem o duvidoso Hermenia, de
Dionsio do Monte Atos, que, embora do XVIII,
preserva, enquanto as expe, convenes de ante-
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rior bizantinidade, nem mesmo o Tratado de pintura, de Cennino Cennini, datvel dos fins do XIV
ou, no mximo, do incio do XV nenhum deles
(conquanto notveis como preceptivas e distintos
pelas matrias) intercepta o discurso albertiano em
seu traado de base. Pois, enquanto Dionsio ensina iconografia de cenas e figuras hagiogrficas, ou
Tefilo religa as artes da pintura, vidro e metal para
instruo, ornamento e liturgia na casa de Deus, ou
ainda Cennini se instala na oficina de receitas e preceitos tcnicos, Alberti monta seu discurso com
geometria e retrica (e potica), instruindo aprendiz distinto do dos autores precedentes, pois familiarizado com artes liberais. Problematizador apesar
de didtico, o Da pintura, como referncia da investigao de pintores ulteriores (muito de Leonardo
dele deriva) e como gnero discursivo (a tratadstica
do XVI o pressupe), singulariza-se na histria das
teorias da pintura.
Comparando-se com os antigos, Alberti elevase, como toscano do sculo XV, quando pede aos
pintores seus leitores que lhe faam o retrato em
alguma composio. Retomando prtica pictrica
conhecida e o lugar conexo do retrato imortalizador, de Plnio (fonte principal do Da pintura),
Alberti reivindica, por sua obra, glria (a qual tambm exigida pelo quatrocentista Manetti para seu
biografado Brunelleschi, alado como inventor da
perspectiva). Repropondo-se a prtica, no ser, espera-se, inconveniente o elogio da Editora da Unicamp, que, por publicar o livro, dele aceite, dado o
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inslito da iniciativa, o passo segundo o qual tambm ela no acredita que a natureza, mestra das
coisas, tenha se tornado velha e exaurida, de acordo
com a traduo sempre arguta do professor Antonio Mendona. Algum realismo, todavia, mandaria
traar-se para tal publicao emblema da fortuna,
considerados os tempos que pelo pas correm (depressa, talvez, felizmente).1
Prlogo
Dois momentos podem ser, aqui, distinguidos: as
divises do Da pintura e a pea encomistica, em
que Brunelleschi, a quem o texto toscano est dedicado, alteia-se, famoso. O elogio, construdo com
hiprbole continuada, articula o lugar-comum do declnio de um passado de glria que volta e, mais, que
os artfices do sculo XV inicial superam. Brunelleschi,
Donatello, Ghiberti, Luca Della Robbia e Masaccio,
na seqncia do texto, rivalizam com os antigos; na
agonstica, o lugar-comum do desenlace o triunfo:
os antigos, instrudos por modelos presentes, tm
menos dificuldade nas artes do que os contemporneos de Alberti, aos quais eles faltam (dificuldade,
1 Tomou-se, aqui, o partido do comentrio rpido que, colado ao texto
albertiano, ponha em evidncia temas e articulaes conceituais bsicas;
desejou-se, assim, complementar a exposio abrangente de Cecil Grayson. Foram excludas notas bibliogrficas e anlises extensas que, em outra
situao textual, seriam obrigatrias (por exemplo, a pormenorizao da
perspectiva). Os nmeros entre parnteses indicam os pargrafos da edio presente.
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Livro I
Os rudimentos tratam das luzes, mas, antes de tudo,
da matemtica. O primado desta tem o aval da Antigidade, pois requisito de filosofia, pintura etc.; em
Alberti, mais que lugar-comum, constitui-se como
preliminar prtica, pois opera intensamente no texto. Todavia, o Da pintura no se deseja matemtico
por inteiro: no obra de gemetra escrita para ge12
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bos de Erwin Panofsky). Determinando-se a posio do olho diante da imagem pintada, da mutabilidade da superfcie segue-se o princpio da escolha:
o pintor elege, entre as possveis, a figurao tima
(12). Da, uma definio de pintura: na pirmide,
o desenho da orla precede a aplicao da cor superfcie. As coisas vistas so reduzidas pela pintura
a superfcies, que, bidimensionais (2), figuram no
plano do suporte a tridimensionalidade daquelas.
A parede ou a tbua (quadro) em que se desenha e
se pinta so consideradas interseco da pirmide
visual, sendo interpretadas, por isso, como um vidro translcido (12). o enunciado clebre do quadro-janela, atravs do qual se v o mundo figurvel
(19). Enfim, como figurao do corpo, a superfcie
requer o claro-escuro, que lhe estende os poderes,
pois simula a terceira dimenso. Assim, a pintura,
como interseco da pirmide, determina-se com os
trs elementos arbitrados pelo pintor, que os considera em conjunto na obteno da representao tima.
Tecnicamente, desenho, cor e claro-escuro recobrem
as partes circunscrio, composio e recepo
de luzes do Livro II (12), excetuando-se a operao
retrico-potica que as intercepta e, em grande medida, as interpreta.
Determinada a construo, Alberti analisa geometricamente, por semelhana de tringulos e, assim,
propores, a pirmide visual e sua interseco (1316), demonstrando a razo que h entre a superfcie
vista e a pintada (14-15); fica assegurada a exatido do traado da orla, logo, da superfcie, em reDA PINTURA
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azul, gua = verde, terra = cinzento ou pardo). Passando pela exposio das diversas fontes de luz, o
texto detm-se na observao dos efeitos reflexivos
da cor transportada pelos raios luminosos (11). A
recepo de luzes apenas desponta, pois se trata,
aqui, de rudimentos e, ademais, de noo que
foge matemtica. Enquanto associada cor, tem
interesse pelos efeitos de relevo e iluminao que
analisa. No que se refere s cores, so elas pouco
desenvolvidas em Alberti, assim como nos autores do sculo XVI em geral; a cor torna-se objeto
de discusso apenas a partir de meados do sculo
XVI veneziano. No Quatrocentos, ela est subordinada ao desenho e ao claro-escuro; ainda assim, recebe alguns desenvolvimentos na retomada da distino pliniana entre cores austeras e floridas (47),
na inter-relao das reas coloridas na composio
(a amizade das cores) (48), enfim, em seu elogio
no preceito que a faz substituir o ouro, imitando-o
(a recusa deste tem base tcnica, pois altera a cor
das superfcies enquanto a outras faz brilhar (49),
como, tambm, a dos preos, como abaixo se v).
Livro II
No se desdenhe a parte encomistica do Da pintura: ela participa no movimento que expele as referncias crists (centrais em Tefilo, Dionsio ou
Cennini) em benefcio das humanistas. Mas, sem
o louvor, que at o sculo XVIII cultivado como
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