18-Francisco Penante - Fases de Formação Do Direito Empresarial

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FASES DE FORMAO DO DIREITO EMPRESARIAL: A POSIO DO BRASIL.

So trs as fases de formao do Direito Empresarial:


(I) Fase das Corporaes de Ofcio.
O primeiro perodo ou fase de formao do Direito Empresarial marcado pela aglutinao dos
comerciantes em torno das chamadas Corporaes de Ofcio, atravs das quais buscam tutelar
satisfatria e adequadamente as suas atividades.
Marcado por forte subjetivismo, o Direito Comercial das Corporaes tratava-se de um direito classista e
corporativo, visto que amparava unicamente a classe dos comerciantes inscritos nas Corporaes e
submetidos a regras comerciais por eles prprios estabelecidas. Assim, estava-se diante de normas feitas
pelos comerciantes e para os comerciantes.
Com o surgimento dos ideais do liberalismo, expressados por movimentos como a prpria Revoluo
Francesa de 1789, que idealizava sistema fundado na libert, legalit et fraternit, no havia mais
ambiente para a justia classista das Corporaes de Ofcio, afinal, que igualdade havia naquele modelo?
Ademais, outros segmentos da sociedade j vinham pressionando as Corporaes, para que seus juzes
tambm julgassem matrias de cunho no comercial.
(II) Fase da Teoria dos Atos de Comrcio.
Surge ento a segunda fase de formao do Direito Empresarial, conhecida como Fase da Teoria dos
Atos de Comrcio.
A segunda fase de formao do Direito Empresarial teve como principal protagonista o Code de
Commerce francs, elaborado em 1808 pelos juristas de Napoleo Bonaparte. Aqui, houve o abandono do
subjetivismo que marcou toda a primeira fase de formao do Direito Empresarial, o qual d lugar
objetividade dos atos legais de comrcio. A partir de ento, as relaes jurdicas mercantis no seriam
mais definidas pela condio ou no de comerciante (elemento subjetivo), mas sim pelos atos por eles
praticados, sempre que tipificados pela lei como atos de comrcio. O diploma francs e sua Teoria dos
Atos de Comrcio viriam a se tornar referncia em todo o mundo.
Mas, onde fica o Brasil em todo esse contexto? No Brasil, mais especificamente em 1850, foi editado o
nosso Cdigo Comercial1 inspirado na Teoria dos Atos de Comrcio. Ele descrevia comerciante como
aquele que praticava mercancia, todavia, sem definir esta. Assim, coube ao Regulamento 737, tambm de
1850, elencar quais os atos considerados de comrcio (exemplo: compra e venda de imveis, cmbio,
operaes de seguro, transporte de mercadorias, etc.). Assim, s seriam considerados atos de comrcio,
contando assim com a proteo das normas do diploma comercial ptrio, aqueles atos expressamente
definidos como tal.
Sem embargo, por estar a Teoria dos Atos de Comrcio dotada de um perfil esttico, esta no era capaz
de acompanhar a evoluo da atividade mercantil. A complexidade da economia capitalista, marcada por
elementos como a forte concorrncia e a produo em escala, fez surgir novas formas mercantis que,
embora dotadas de toda feio mercantil, estavam excludas da proteo das leis comerciais, haja vista
no integrarem o rol taxativo dos atos elencados na lei como atos de comrcio. o caso, por exemplo, das
atividades de prestao de servios em massa, as quais, ao no integrarem a lista do Regulamento 737,
eram regidas por legislao comum, no desfrutando assim da mesma proteo conferida queles atos
enumerados pela legislao comercial.
Diante desse cenrio, seguidas leis foram promulgadas com o escopo de reconhecer o carter comercial
das novas relaes mercantis, alargando assim o mbito de atuao da legislao comercial. o caso da
Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades Annimas), da Lei 5.474/68 (Lei das Duplicatas), da Lei 7.357/85 (Lei do
cheque), da Lei 8.078/90 (CDC), da Lei 8.955/94 (Lei de Franquias), etc.

Lei 556 de 25 de junho de 1850.

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Mas, mesmo com a crescente alterao da legislao nacional, o Direito Comercial permaneceu por longo
perodo vinculado a arcaica Teoria dos Atos de Comrcio, no acompanhando assim as mudanas na
matria que vinham ocorrendo em todo o mundo.
(III) Fase da Teoria da Empresa.
Foi a Itlia que, com a promulgao do Codice Civile de 1942, consagrou a terceira e ltima fase de
formao do Direito Empresarial, at hoje vigente, a chamada Fase da Teoria da Empresa. De acordo com
essa teoria, o amparo do Direito Comercial no decorreria mais da condio ou no de comerciante (ou
seja, do subjetivismo, como nas Corporaes de Ofcio), no dependeria mais da presena ou no do ato
em uma lista (ou seja, do objetivismo, como na Teoria dos Atos de Comrcio), mas sim da caracterizao
ou no da atividade como empresria.
A Teoria da Empresa teve a sua efetiva insero no ordenamento brasileiro apenas com o advento da Lei
10.406/02 (novo Cdigo Civil), o qual derrogou2 a primeira parte do Cdigo Comercial de 1850, inserindo o
Brasil na terceira fase de formao do Direito de Empresa.

Revogou parcialmente.
Atualmente, apenas a parte referente ao comrcio martimo continua vigente no Cdigo Comercial de 1850.

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