Sebenta Direito Romano
Sebenta Direito Romano
Sebenta Direito Romano
DIREITO ROMANO
IUS ROMANUM
Ins Metello
Introduo
O Direito Romano um conjunto de normas ou regras de carcter social, mas alm de
sociais so normas jurdicas. Existem para garantir a liberdade e sociabilidade do homem. As
normas jurdicas so aquelas que eficazmente protegem e determinam o que de cada um,
contribuindo para uma convivncia saudvel. So necessrias vida social - ubi societas, ibi
ius.
As normas jurdicas caracterizam-se pela sua imperatividade, determinam deveres-ser assim.
Se as normas no forem cumpridas h um aparelho coercivo que as impe, e s
consequncias do seu no cumprimento, nem todas. Estas normas guiam-se por um sentido
de Justia. Ao conjunto de normas jurdicas chamamos ius.
O direito uma vis, uma fora autoritariamente ditada e socialmente aceite. O direito
romano distingue-se externamente pelo seu carcter coercivo.
Modernamente, vrios autores pensam que ius tenha a sua origem no primitivo snscrito
yaus (=puro, bom, santo). O ius, na sua estrutura originria, teria, portanto, um certo
contedo ou sentido religioso, que jamais haveria de perder por completo.
No que noo real de ius direito - diz respeito, quase impossvel encontrar um
consenso quanto sua definio devido sua complexidade. Pode-se, no entanto, descrever
genericamente o Direito como tudo aquilo que tem especiais atinncias com o iustum.
A razo de ser da conexo entre Ius Romanum e Imperium radica na prpria noo de ius.
uma vis que necessita de auctoritas, no tanto para subsistir como para ser eficiente. E essa
autoridade tem de verificar-se, no s quando o ius criado por uma entidade pblica, mas
tambm quando criao dos prprios juristas. O jurista precisa ter uma certa autoridade
social a sustent-la.
O direito no uma cincia de lgica, mas de justia. As regras do direito nunca se aplicam
como uma regra fixa, matematicamente, mas sim guiadas pela justia.
Summum Ius Summa Iniuria.
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Para alm de tudo isto, a jurisprudncia por Ulpianus partia da filosofia e da viso
Aristotlica do conhecimento, que a seguinte:
1. Saber Puro: Sofia/Sapientia
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Cincia do ser
tica-moral: bem/justia
Instrumental
Tcnica que, para ser til, tem de obedecer s verdades ltimas do Homem e
justia
O saber puro influencia os outros, a techn juridicamente neutra. Tem de ser orientada por
saberes superiores. Caso contrrio pode ser utilizada para fins imorais distoro da
hierarquia.
Segundo Ulpianus, a justia era a vontade constante e perptua de atribuir a cada um o seu
direito, ou seja, era a virtude/hbito de querer e optar por praticar o bem e atribuir a cada
um o que seu. possvel concluir que a liberdade do Homem condio fundamental. Este
autor elabora uma distino entre vrios sentidos do Direito (Ius), resumidos no seguinte
esquema:
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Direito Objectivo
o Contedo do dever justo num determinado caso;
o Comportamento que deve ser adoptado;
o A prpria coisa justa (res iusta);
o Objectum: ipsa res iusta.
Direito Subjectivo
o Faculdade de exigir de outrem o respeito por um determinado Direito;
o Exigncia do cumprimento do dever de justia;
o Consequente do Direito em sentido Objectivo (no se pode exigir algo que
no existe).
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Para os Romanos, uma norma s era jurdica se respeitasse o justo. Ou seja, tinha de
respeitar os preceitos do Direito: viver honestamente; no prejudicar ningum, atribuir a
cada um o que seu. Assim sendo, todas as normas jurdicas criavam uma relao jurdica
de justia.
O Direito era distinto da religio, havendo assim uma laicizao deste e da jurisprudncia
(Cincia do Direito), e era definido pela tica (moral) sem, contudo, se confundir os dois
planos. No entanto, versavam dois pontos em comum: aquilo que no moralmente
aceitvel, no direito e que o direito s se preocupa com a exteriorizao, ou seja, com
aquilo que visvel e afecta a vida em comunidade.
Na concepo Jusnaturalista Clssica, a adoptada pelos Romanos, o Direito Natural (ius
naturale por Ulpianus ou ius gentium por Gaius sculo II d.C.) era vigente e no um ideal
imaginrio. Segundo Gaius Todos os povos que se regem por leis e costumes usam em
parte o seu prprio direito, em parte aquele que comum a todos os homens, ou seja,
todas as comunidades se regem por leis positivas o seu prprio direito e por leis naturais
comuns a todos os homens. O fundamento das leis naturais a razo natural (naturalis
ratio ou aequitas naturalis), pois todos a tm e por isso utilizada na evoluo do Direito de
forma a flexibilizar o Direito arcaico, aperfeioando o Direito Positivo e adapt-lo aos tempos
modernos. A ltima referncia especialmente importante na medida em retrata a forma
como o facto da urbis (cidade) se ter transformado num orbis (mundo) trouxe mudanas
para a sociedade que fizeram com que o Direito Romano se tivesse de expandir para todos
aqueles que no faziam inicialmente parte do seu povo mas que tinham de estar sobre o
domnio das leis de Roma.
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O Direito Romano apresenta-se como uma expresso do poderio poltico de Roma e a sua
vigncia s atinge perodos de grandeza, sendo ainda um direito tipicamente imperial. A
conexo entre Ius Romanum e imperium encontra-se na prpria noo de ius; este, uma
fora que necessita de uma auctoritas de modo a ser eficiente. Pode mesmo dizer-se que a
primeira finalidade da poltica de Roma era manter firme o ordenamento jurdico.
Na histria de Roma deu-se a seguinte sucesso de formas de governo:
Monarquia
Roma era uma civitas, ou seja, uma cidade-estado que tinha, por isso, trs rgos polticos
fundamentais, sendo estes: um ou mais chefes (Monarquia vs Repblica), uma assembleia
de nobres ou homens maduros com experincia e uma assembleia do povo. Esta noo de
Roma enquanto cidade-estado manteve-se durante a Repblica at ao dominado. No
entanto, existiram grupos anteriores civitas que foram os seguintes:
Familia
o Agregado de coisas e de pessoas submetidas a um paterfamilias chefe comum;
Gens
o Consequente das familias;
o Ligadas e submetidas politicamente a uma autoridade comum pater gentis;
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Curia
o Consequente da gens;
o Agrupamento poltico;
o Reunio de vrias Gentis, chefiadas pelo Curio Curio (sacerdote)
o Comunidades familiares abandonam a sua religio particular (dommus) para
celebrarem cerimnias religiosas em honra de uma divindade superior;
Tribus
o Consequente da curia;
o Organizao poltica mais vasta;
o Reunio das vrias crias;
o Ligao a uma divindade protectora que mantm a unio dos membros
o Originou a Civitas.
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Rex
o Regere dirigir;
o Detentor do Imperium:
Chefe do exrcito;
Delegao do poder;
Senatus
o Vem da palavra Senex Velho;
o Constitudo inicialmente pelos patres das gentes;
o Constitudo pelos homens mais experientes (e mais velhos) escolhidos entre
os patrcios;
o Assembleia aristocrtica;
o Em 312 a.C., com a Lex Ovinia, os plebeus alcanaram a entrada no Senado;
o Aconselhavam o rei atravs do senatusconsultum poder consultivo;
o Podiam juntar-se por autonomia prpria e lanar senatusconsultum sem estes
serem pedidos;
o Nomeavam o interrex;
o Consentiam ou ratificavam as leis votadas nos comcios (auctoritas patrum).
Comitia Curiata
o No podem votar as leis pois estas so feitas e impostas pelo rei de acordo
com a sua vontade e devido a seu poder ilimitado de imperium, no tendo os
comcios qualquer influncia;
o Votavam apenas a Lex Curiata de Imperio
Aclamavam o rex.
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Plebe
o Organizada nos Comcios por Crias
o No tinham acesso Ager Publicus propriedade do Estado que podia ser
explorada por um patrcio;
o Beneficiava de proteco jurdica e de sustento, tinha relevo sucessrio;
o Pouco poder na monarquia, ganha poder na repblica, classe moderada de
povos latinos-sabinos.
Como j foi referido, o poder do rex no era hereditrio, existindo assim uma monarquia
electiva. Assim, o rei chegava ao poder da seguinte forma:
1. O rei propunha um sucessor;
2. Quando o rei morria reunia-se o senado que nomeava um dos patres para exercer o
poder durante cinco dias interrex exercia o interregnum -, depois nomeavam outro;
3. Senado propunha um rex que apresentavam ao povo que seria aclamado por este.
Assim v-se que no era realmente uma monarquia electiva mas sim proclamada. Mais
ainda, no se tratava de uma verdadeira aclamao, pois o povo apenas consentia com a
deciso previamente formada pelo Senado.
O rex sentava-se na Sella Curulis, cadeira de marfim, onde exercia o seu poder e usava uma
toga praetexta (manto), um ceptro, uma coroa de louros e os seus fasces (varas atadas com
lmina de um machado que representava o poder de condenar morte) eram transportados
pelos seus lictores.
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Repblica
Em 510 a.C. deu-se o incio tradicional da Repblica, contudo as datas provveis apontam
para finais do sculo VI a.C., meados de sculo V. a.C.. Nesta data, os patrcios revoltaram-se
contra o ltimo rei etrusco e derrubaram assim o ltimo rei de Roma, pois a partir desse
momento instaura-se a Repblica e o imperium passa a ser exercido no por um chefe mas
por dois (cnsules) que exercem um mantado de um ano e so eleitos pelo povo. Mantevese, contudo, um Rex Sacrorum, sacerdote, de modo a no perturbar a paz dos deuses. Assim,
o poder republicano encontrava-se dividido da seguinte forma: magistratura, senado e povo.
Magistratura
Magistratura o nome dado ao cargo de governar e um magistrado seria o detentor de um
determinado cargo poltico, podendo ser ou no detentor de imperium. Os magistrados
encontravam-se, no entanto, limitados no seu poder atravs de quatro factores:
Pluralidade;
o Mais do que uma magistratura.
Colegialidade;
o Mais do que um magistrado por magistratura.
Temporalidade;
o Mandato de um ou cinco anos (no caso do censor) .
Electividade.
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2. Cnsul
o At 357 a.C. (Leges Liciniae Sextiae*) tinham definio de pretor sentido
amplo;
Praetor maximus.
o Juntava o senado para o consultar ius facultas agendi cum patribus;
o Convocava as assembleias ius facultas agendi cum populo;
o Detentor do imperium;
o Podia exercer o Ius Intercessionis (direito de veto) sobre as aces do pretor,
seu colega minor.
3. Pretor
o Exerccio normal e corrente da jurisdio em causas civis;
o Detentor do imperium, se bem que submetido ao do Cnsul;
o Publicava o seu edictum obra de jurisprudncia - que podia ser alterado,
desde que no fosse contra aquilo que j tinha sido publicado
Sabia-se quais os direitos que, no campo civil, um cidado tinha;
Sabia-se quais os direitos que eram garantidos/protegidos pelo
magistrado;
Limitava os seus poderes;
Publicava-o com o auxlio do seu concilium (juristas).
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4. Edil Curul
o Magistratura criada pelas Leges Licinae Sextiae
o Cura da urbis
Cuidavam da cidade;
Controlavam o mercado;
Tinham iurisdictio, podia aplicar multas, e escreviam documentos que
diziam quais as sanes a ser utilizadas em caso de incumprimento
edictum;
Garantiam a segurana pblica (edictum previa a aco do
magistrado).
o Cura annonae
Abastecimento da cidade.
o Cura Ludorum
Organizavam espectculos pblicos (jogos e circo)
5. Questor
o Administrao Financeira;
Aerarium.
o Instrua e preparava processos de casos a ser julgados;
Exercia funes no campo da justia criminal.
*Com as Leges Liciniae Sextiae, os plebeus puderam juntar-se ao senado mas os patrcios
exigiram duas magistraturas novas que lhes fossem reservadas: a do praetor e a dos aediles
curules.
Potestas
o Poder de criar direitos e deveres para a civitas;
o Poder de representar o Populus Romanus;
o Era comum a todo os magistrados, mas cada um tinha esse poder em maior
ou menos grau, conforme as suas atribuies.
Imperium
o Poder ilimitado, exercido pelo Pretor, pelo Cnsul e pelo Ditador;
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Iurisdictio
o Poder especfico de administrar a justia de forma normal e corrente;
o Poder dizer o direito;
o Cabe ao pretor, se bem que extraordinariamente ao cnsul, nas causas civis;
o Os Quaestores instauravam processos criminais;
o Os edis curuis tambm gozavam de iurisdictio.
Em 149 a.C. a Lex Aebutia de Formulis fez com que o processo civil romano decorresse em
duas fases: in iure e apud iudicim. A primeira fase era importantssima e a se verificava um
ius-dicere, ou seja, uma afirmao solene da existncia ou no de direito. Nesta fase
participava o pretor que realizava o enquadramento jurdico da causa: ouvia a histria,
apreciava os factos juridicamente e decidia se era um caso que merecia proteco. A partir
da, dava uma ordem ao juiz (iudex) particular eleito pelas partes, com sano do
magistrado, sem jurisdio, pois limitava-se a seguir a formulae do pretor para proferir
sentena num ou noutro sentido se a prova x se comprovasse.
Como j foi referido, a partir do sc. II a.C., cidade de Roma transformou-se num mundo, o
que fez com que surgissem problemas relativos com a submisso dos povos ao Direito
Romano. O ius civille s se aplicava aos cidados de Roma mas, com esta expanso, cada vez
mais no romanos ficavam submetidos ao poder de Roma sbditos do povo romano. A
surgiu a questo: que direito aplicar s relaes entre romanos e no romanos? A resposta
surgiu facilmente: o ius gentium/naturalis, dando espao para uma segunda abordagem
desse problema, que questionava quem aplicaria esse direito. Assim, a partir do ano 242 a.C.
a administrao da justia distribuda por dois pretores: o praetor urbanus e o praetor
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Para alm das magistraturas j referidas, existiam duas magistraturas extraordinrias, que
adquiriram este nome por apenas serem postas em prtica em situaes extraordinrias,
como de crise ou guerra. Eram as seguintes:
Tribuno da Plebe
o Comeou como figura revolucionria nas guerras contra o patriciado, ficando
margem da legalidade;
o Chefiava revolues;
o Representava a plebe junto do patriciado;
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Quando foi reconhecido eleito pela primeira vez em 494 a.C. e integre nos magistrados em
449 a.C. - foram-lhe atribudos os seguintes poderes:
o Iux Intercessiones direito de veto;
o Sacro Sanctitas povo acordava e jurava matar todas e quaisquer pessoas
que atentassem contra a integridade do tribuno privilgio da
inviolabilidade;
o Coercitio passava multas a quem no respeitasse suas determinaes;
o Auxilium Plebis
Em 312 a.C. passou a fazer parte do Senado, sentando-se na tribuna. Contudo, no eram
senadores pois no tinham direito de voto. Mantiveram o Summa Coercendi Potestas e o Ius
Intercessionis. Podia ainda convocar os Concilia Plebis para propor a votao de plebiscitos;
eram estes que tinham a iniciativa legislativa. Nos anos 287 a.C. terminaram as lutas entre
a plebe e o patriciado.
Tal como nos outros magistrados, o seu poder tambm era limitado e controlado atravs da
colegialidade: existiam 10 magistrados que podiam vetar-se mutuamente.
Ao se terem estabelecido idades mnimas para um indivduo se candidatar s magistraturas
do Cursos Honorum e visto este limite no existir para aceder ao cargo de tribuno, este era
por norma muito jovem e por isso facilmente influenciado pelos outros magistrados.
Senado
O Senado comeou por ser uma assembleia aristocrtica, onde apenas participavam os
membros das famlias nobres. Este era ainda o nico rgo permanente, sempre em
funcionamento. Contudo, em 312 a.C. os plebeus que j tivessem exercido uma magistratura
puderam entrar, tal como os seus descendentes considerados aristocracia.
O Senado tinha os seguintes poderes:
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Com a Lex Publicia Phiconis de Patrum Auctoritate em 339 a.C. o Senado tornou-se o
primeiro a ter conhecimento das leis, tendo o poder de as vetar.
Comitia
Os comitia no funcionavam permanentemente, s funcionando quando os magistrados
com imperium os convocavam. Os comcios por crias agrupamentos de gentes - que j
existiam no perodo monrquico, mantiveram-se no perodo republicano. Contudo, a sua
importncia era muito diminuta.
As competncias destes comcios eram dos seguintes domnios:
Direito Privado;
Concesses.
Assim, no tinham peso na vida da civitas; tratavam por exemplo de questes relacionadas
com a adrogatio (adopo) - um indivduo trocava de famlia e passava a ficar sob a
autoridade de outro paterfamilias; isto fazia-se atravs de um acordo entre os paters das
duas famlias que era realizado nos comcios.
Na poca republicana, a Lex Curiata de Imperium servia para atribuir poder aos magistrados.
Contudo, os magistrados maiores no eram eleitos pelos comcios das crias mas sim
pelos comcios por centrias.
Alm do comcio por crias, a poca republicana conheceu mais duas assembleias populares:
Roma, enquanto Estado, tinha 31 tribos. Os cidados romanos que tinham nascido como
homens livres ingenuus eram inscritos numa das 31 tribos de Roma. Os homens libertos livres mas nascidos noutra condio - eram inscritos numa das 4 tribos urbanas.
Nas assembleias populares romanas, cada tribo tinha um voto, independentemente do
nmero de cabeas, impedindo que os libertos, por mais que fossem, no tivessem a maioria
dos votos. O critrio de inscrio em uma ou outra tribo tinha haver com o domiclio da
pessoa mas tambm com a sua classe social. Contudo, na inscrio numa tribo, no eram
tomados em conta os bens materiais das pessoas em causa.
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Eleger os magistrados menores - edil curul e questores - que tinham depois o poder
de convocar estes comcios; tambm os magistrados maiores tinham o poder de os
convocar para lhes apresentar novas leis [tal acontecia porque era mais fcil juntar os
comcios por tribos];
Saneamento bsico
Competncias jurisdicionais.
Nos comcios por centrias o povo era chamado a participar, estando organizado como o
povo em armas, uma legio. Estes comcios eram ento uma organizao militar. Com isto,
houve uma maior importncia dada ao exrcito e o povo em armas era o tipo de comcio
que tinha mais importncia em Roma. Era um exrcito de cidados chamado para discutir a
vida pblica.
Os cidados apareciam nas reunies, no Campo de Marte, fora do Pomerium (fronteiras de
Roma), armados. Reuniam-se a, pois dentro deste nenhum magistrado podia exercer o
comando militar, onde se exercia tambm o direito de condenar morte ou exercer penas
corporais. Estes comcios elegiam os magistrados maiores.
A Lex Porcia de Provocatione deu aos cidados a possibilidade de recorrer aos comcios por
centrias a deciso de pena de morte, mesmo fora do Pomerium. Qualquer cidado romano
condenado morte ou cuja condenao envolvesse uma pena corporal, podia recorrer aos
comcios por centrias.
Estes comcios eram compostos por 143 centrias. No topo, havia as centrias da cavalaria
(18) Equites -, onde eram inscritos os mais ricos. Depois havia cinco classes de infantaria
onde, s na primeira classe, existiam 80 centrias. Isto significava que a maioria (voto
maioritrio) da Assembleia era resultante do voto dos Equites e da primeira classe de
infantaria. Apesar de haver mais proletrios (ltima classe) e membros das outras classes,
eram os outros que tinham a maioria dos votos. Vivia-se assim uma oligarquia, poder nas
mos dos mais ricos.
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Concilia Plebis
Os Concilia Plebis (conclios da plebe) no eram uma assembleia popular, pois
representavam uma s classe. Estes, tambm tinham poderes jurisdicionais electivos visto o
Tribunus da Plebe ser eleito por estes, tal como o Aediles Plebis. O Tribuno da Plebe tinha,
como j foi referido, o poder de passar multas e, o recurso das decises deste Tribunus, era
realizado nestes conclios.
Estes conclios tambm tinham competncias ditas legislativas; tendo em conta que a lei era
aquilo que o Populus Romanus estabelecia e que os conclios da plebe eram assembleias de
classe, estes no podiam legislar; contudo, aprovavam plebiscitis deliberaes da plebe-,
tomadas nos conclios da plebe que, contudo, no vinculavam sequer a prpria classe de que
faziam parte. Com a Lex Valeria Horatia De Plebiscitis em 449 a.C., reconhecida a
legitimidade dos plebiscitos que passam a ter fora de lei, mas apenas em relao plebe.
Mais tarde, com a Lex Hortensia de Plebiscitis, os plebiscitos passam a ter fora de lei
perante todos.
Com tudo isto, a elite romana passou a ser formada pelo patriciado e por aqueles plebeus
que, tendo enriquecido com o comrcio e tendo entrado para o ramo das magistraturas,
entraram para o senado. Assim, a oposio entre os patrcios e os plebeus termina.
Crise da Repblica:
A incapacidade das instituies republicanas em manter a paz e a ordem foi devida
expanso romana. Tais instituies nasceram num ambiente de uma cidade-estado, no
sendo adequadas a um grande estado imperial. Deste modo, podemos afirmar que a
grandeza de Roma foi a causa do fim da Repblica.
Roma, no seu processo de expanso, esbarrou com as ambies de Cartago, com quem teve
trs guerras chamadas Guerras Pnicas. Com a primeira guerra resultou a primeira
provncia de Roma, a ilha Siclia, em 241 a.C.. No ano de 237 a.C. foram anexadas Crsega e
Sardenha. Iniciaram-se duas outras guerras, ambas com a vitria de Roma. 2 Guerra Pnica:
entre 218 A.C e 201 A., face s perdas anteriores, Cartago procura anexar a Pennsula
Ibrica, ameaando o Norte de Itlia vence Roma, anexando a Pennsula Ibrica. Na terceira
Cartago fica destrudo.
A data de 146 a.C. marca a entrada de Roma enquanto potncia dominante no
Mediterrneo. Assim, esta Roma pouco tem de semelhante com a cidade-Estado como
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comeou e surgiu o problema de como gerir este grande Estado territorial. Com excepo do
censor, os magistrados com imperium que tinham um mandado anual no tinham condies
de gerir a nova dimenso de Roma. Assim, a concepo republicana viu-se obrigada a sofrer
alteraes. Mesmo a nvel de mentalidade, os romanos tornam-se um povo cosmopolita que
se habituara a certas comodidades. Com as conquistas comeam a afluir a Roma imensos
escravos, membros de povos dominados que passam a estar sob o domnio dos romanos.
Assim, h um grande aumento da escravatura. Mais ainda, com o abandono dos campos,
surge a necessidade de entregar o trabalho agrcola aos escravos: assiste-se ao aumento da
dificuldade da vida dos escravos.
As cidades de estado ou povos submetidos aos romanos formaram alianas com os estes
chamados aliados - mas no sculo I a.C. estes povos exigiram a concesso da cidadania
romana, querendo participar em pleno direito nas instituies polticas da vida romana. At
ento, o ius suffragii e o ius honorum eram restritos aos cidados romanos e por isso os noncivis no tinham o direito de votar nas assembleias populares nem se podiam candidatar a
uma magistratura ou serem eleitos magistrados. Perante a recusa da cidadania deu-se a
chamada Guerra Social que durou de 91 a 88 a.C. e, embora os romanos tenham vencido
militarmente esta guerra, a verdade que tiveram de ceder na exigncia dos povos aliados.
Esta concesso da cidadania romana plena abrangeu todos os povos que viviam a Sul do
Polo (rio) considerado territrio italiano - atravs da Lex Plautia Papiria. queles que
viviam acima do Polo territrio chamado Glia Cisalpina- foi-lhes dada a latinidade e
gozavam de parte dos direitos dos cidados romanos atravs da Lex Pompeia de
Transpadanis de 89 a.C.; com isto gozavam do ius suffragii mas no do ius honorum. Este
acesso macio cidadania fez com que houvesse um desequilbrio das instituies
republicanas.
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Principado
De 88 a.C. a 82 a.C. ocorreu a guerra civil entre Mrio e Sila, terminando com a vitria do
segundo que, aps a sua vitria, vai proclamar-se ditador e exercer os seus direitos entre 82
e 79 a.C.. Contudo, esta ditadura diferente daquela que j foi estudada. Sila, para se
autoproclamar ditador, invocou que iria fazer/renovar as leis e dar uma nova Constituio ao
Estado, ou seja, justificou a sua subida ao poder com uma reforma do Estado Legibus
Faciendiis Et Rei Publicae Constituendae Causae.
Enquanto isto, Mrio fez uma reforma no exrcito que teve consequncias muito
importantes, pois o exrcito passou de um exrcito de cidados para um exrcito
profissional. Assim, o exrcito tornou-se uma carreira um soldado participava no exrcito
durante 20 anos e se no termo desse tempo tivesse tido um trabalho honroso, ento recebia
um pedao de terra; queles que no eram cidados romanos, mas tivessem tido um
trabalho igualmente honroso, era-lhes dada a cidadania romana.
Isto fez com que os soldados tivessem uma fidelidade muito maior aos seus
governantes/comandantes do que ao prprio Estado e comeou a haver, com as conquitas,
comandantes muito afamados que tinham os seus soldados a segui-los cegamente
chamado fenmeno do caudilhismo (o que facilitava as guerras civis).
Primeiro de tudo, surgiram formas constitucionais completamente estranhas Repblica
tais como o triunvirato. Este surgiu na necessidade dos homens mais poderosos de Roma
chegarem a uma soluo sobre a diviso dos poderes. O triunvirato era constitudo por
Pompeu - conquistador do Oriente -, Crcio homem mais rico de Roma e Csar
conhecido pela conquista da Glia Transalpina. Csar e Pompeu, sendo os homens mais
poderosos e gloriosos de Roma, acabam por se confrontar em Grcia , na Batalha de Farslia
,onde o exrcito de Pompeu derrotado pelo exrcito de Csar, o que faz com que o
primeiro fuja para o Egipto sendo depois assassinado pelo fara, defensor de Csar.
Com a sua vitria Csar consegue que, em 48 a.C., o Senado lhe conceda a ditadura durante
dez anos. Esta outra figura estranha Repblica, pois temos a monocracia de um Homem
que nada tem haver com a Constituio republicana, at porque o seu poder se apoiava no
exrcito. Deste modo, quem mandava era quem tinha a fidelidade do exrcito e por isso o
Senado acabou por apenas confirmar e dar roupagem republicana a um poder que j existia,
margem da Repblica.
Em 45 a.C., depois da morte de Pompeu, ainda houve quem continuasse a luta contra Csar
mas aps uma ltima batalha, Csar deixou de ter quaisquer inimigos que lhe fizessem
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dizemos que o senado concedeu a Augustus o este Imperium percebe-se que a este se
estava a dar o poder de governar provncias e comandar as tropas estacionadas no territrio
dessas. O Imperium Proconsulare j existia na Repblica, pois necessitaram de arranjar uma
soluo para controlar/governar as provncias (provncia: territrio extra-itlico sob o
domnio de Roma). Ainda na poca republicana instituiu-se o uso de os cnsules e
principalmente pretores, uma vez eleitos, lhes ser confiado o cargo de governar uma
provncia. Com o tempo, este uso modificado: passa a ser confiado pelo Senado a exmagistrados o governo das provncias Prorrogatio Imperium. Ou seja, um cnsul que
tivesse terminado o seu mandato, obtinha uma nova funo de governar uma provncia de
modo a manter a estabilidade destas; os magistrados com tais funes tinham o nome de
pr-cnsul ou pr-pretor. Maius significava que mesmo as provncias que no estavam
entregues ao Imperador, porque no tinham tropas e estavam pacificadas, este tinha o
poder de intervir nessas, controlando-as. Infinitium significa algo que no tem fim; sem
limite ou fronteiras (das provncias), pois arrogou-se o poder de supervisionar vrias
provncias ao mesmo tempo. A partir de 146 a.C. incio da supremacia romana no
Mediterrneo tornou-se uma prtica corrente que o territrio conquistado obtivesse uma
Lex Provinciae aprovada pelo Senado onde se estabelecia a diviso da provncia para efeito
da aplicao da jurisdio conventus iuridici.
Este novo regime trs a seguinte diferena: o senado confia a Augustus um imperium
permanente inicialmente confiou-o durante 10 anos mas acabou por torn-lo vitalcio. O
novo regime, chamado Principado, assentou num compromisso entre o Senado e Augustus.
Imperator comeou por ser um ttulo com carcter meramente militar, denominando o
chefe dos comandos militares. Isto significava que o poder de Octaviano assentava, antes de
mais, no poder militar. Era ento o chefe supremo do exrcito, fonte ltima do seu poder.
Contudo passou a utilizar o ttulo Imperator permanentemente e tal palavra passou a ser
utilizada pelos seus descendentes para denominar o Homem forte de Roma, o prprio
Prnceps.
O Principado era uma Diarquia, um regime com dois rgos: o Prnceps e o Senado. Este
regime consistia na partilha pelo Prnceps do governo das provncias com o senado. Isto
significou que todas as provncias j civilizadas, pacificadas e/ou romanizadas e que no
precisavam da presena do exrcito, foram confiadas ao senado. Contudo, agora j no era
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necessrio ter sido cnsul para se ser pr-cnsul; o senado podia confiar esse governo a
quem quisesse.
Em termos constitucionais, Augustus era um pr-cnsul como todos os outros, pois exercia
um Imperium Proconsulare que se estendia a todas as provncias no civilizadas. No entanto,
o poder de Augustos no era igual aos outros, pois era Maius et Infinitum. As provncias que
se encontravam sob o governo de Augustos ficaram conhecidas como Provncias Imperiais
ou Ceasaris, enquanto as outras eram as Provncias Senatoriais. Isto mostra que s
formalmente que havia uma Diarquia.
Ins Metello
Provncias Imperiais:
o Eram provncias no totalmente pacificadas, que necessitavam de l ter
tropas estacionadas.
o Estavam sujeitas ao imperium pro-consulare do imperador
o Implica um funcionalismo imperial. Quem governa as provncias so
funcionrios.
o As provncias mais pequenas eram governadas por um Procuratorum. Os
procuradores tambm tinham a funo de administrar o tesouro do
imperador Fiscus
Provncias Senatoriais:
o Eram governadas por um pr-cnsul ou por um pr-pretor;.
o J estavam pacificadas e romanizadas
o Era o senado que nomeava o pr-cnsul ou o pr-pretor
Ins Metello
estavam sujeitos ao seu prprio direito. Os povos cuja identidade jurdica fora abolida
estavam sujeitos ao imperium do governador.
Ao ser instituda uma provncia era estabelecida uma Lex Provinciae que era uma lei
comicial. Esta regulava as regras na provncia, atribuam o estatuto s comunidades (cidades)
das provncias. Estabelecia os impostos e o mtodo de cobrana dos impostos.
Quando um territrio era conquistado, Roma adoptava o sistema que fosse mais vantajoso
para si. Havia tolerncia para com as instituies das comunidades conquistadas, desde que
no pusesse em causa os interesses de Roma e o pagamento de impostos, os romanos
reconheciam a identidade jurdico-poltica em diferentes graus.
Lex Provinciae: lei geral da provncia, mas havia cidades com estatutos diferentes:
Civitates Foederatae:
o Cidades que haviam celebrado um contrato Foedus com Roma.
Resultavam de um acordo de vontades
o Eram formalmente independentes, eram juridicamente autnomas
o A sua autonomia s podia ser alterada bilateralmente
Civitates Liberae:
o Autonomia limitada na lex Provinciae
o Eram territrio romano
o O governador podia intervir na administrao da cidade
o Algumas estavam isentas de impostos: as civitates imunes
Civitates Stipendiarae:
o Comunidades indgenas que gozavam de menor autonomia
o Estavam obrigadas a pagar um tributo fixo stipendium correspondia ao
soldo do exrcito
o O governador podia intervir na administrao
A autonomia das cidades era determinada pela luta que as cidades tinham oferecido.
Deditio: rendio a os cidados mantinham a sua autonomia, mas a superviso
administrativa das instituies era feita por Roma. Havia tambm os dedititii, este eram
aqueles que perdiam completamente o seu direito.
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Ins Metello
o Municpios
Cidades a quem Roma tinha concedido a cidadania romana plena municpio romano - ou a latinidade - municpio latino.
Duumviri:
Iuri Dicundo administrar a justia
Quinquenales: fazer o censo local
Aediles: mesmas funes que os aediles de Roma.
Cada cidade tinha uma lei prpria que a regulava, mas estavam sujeitas ao imperium do
governador.
Em 132 a. C., com o Publius Rupilius: o governador tem competncia para resolver litgios
entre:
Foram ainda criados funcionrios menores que auxiliavam os governadores (legados) tais
como os Assessores Contubernales Consiliarii e os Procurator Caesaris que tinham a cargo a
administrao financeira das provncias imperiais.
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Ins Metello
O Egipto tinha um governo especial, pois era governado por um Praefectus Aegypti que era
um homem da confiana do imperador, escolhido entre os cavaleiros e que no era um
magistrado, o que significa que o senado no intervinha nesta provncia to importante que
sustentava Roma em trigo.
Tambm em Roma so formados novos funcionrios que vo eclipsar o poder das
magistraturas. Como exemplo temos:
Praefectus Annonae
o Encarregue do abastecimento de Roma.
Praefectus Praetorio
o Encarregue da guarda pretoriana
o
Praefectus Urbi
o Comando da fora de polcia de Roma (porque Augustus formou uma fora
permanente de polcia para manter a paz em Roma)
o
Com o tempo, passou a julgar os crimes daqueles que eram apanhados pela
sua polcia
Praefectus Vigilum
o Comandante da fora de bombeiros de Roma, tambm criada por Augustus,
pois esta era uma forte ameaa em Roma, principalmente nos bairros
populares (onde habitava o povo)
o Funes de polcia, sendo um gnero de guardas-nocturnos de Roma
No esquecer que quem tinha o poder de jurisdio nas provncias eram os governadores,
que publicavam o seu edictum.
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Ins Metello
O Principado era uma monocracia, pois o poder estava nas mos do prnceps. Contudo, era
como se fosse uma monarquia disfarada de repblica, visto as instituies republicanas
continuarem a funcionar. Por exemplo, continuou a haver eleies para as magistraturas
mas era o prnceps quem apresentava um candidato seu para ocupar esse lugar - candidatus
caesaris o que significava que era quase certo se esse seria eleito para o cargo.
O Senado continuou a existir durante o perodo do principado e at ganhou relevo em
relao ao governo anterior; no plano poltico a posio do Senado passou a ser menos
importante, pois o ttulo de Augustus veio a atribuir a Octaviano o poder de auctoritas ou
seja, o poder que antes pertencia ao senado; no plano estritamente jurdico assiste-se a um
aumento da sua importncia, pois o senatusconsultum passa a ter papel de fonte imediata
de direito, ou seja, passa a ter poder legislativo, o que tencionava compensar a perda de
autoridade/prestgio poltico do senado.
Os comcios populares entraram em profunda decadncia neste perodo, apesar de
continuarem a existir. Logo durante o governo do sucessor de Augustus, Tibrio, verificou-se
que as competncias electivas dos comcios passam para o senado. Isto , os comcios
perdem as suas competncias electivas e os cnsules, pretores, etc. passam a ser eleitos
pelo senado e no pelos comcios. Contudo, para manterem parte desse poder, realizava-se
o renuntiatio que consistia em, aps os magistrados serem eleitos pelo senado, os
resultados eram pronunciados nos comcios de forma a, formalmente, dar a entender que o
povo tinha de concordar com os magistrados que foram eleitos. Quanto s competncias
jurisdicionais vai acontecer que vo comear a ser criados tribunais especiais para exercer
essa jurisdio que estava reservada aos comcios quaestiones perpetuae (tribunais
especiais com jurisdio criminal permanente). A mais importante quaestio era a Quaestio
de Maiestate.
O poder de declarar a guerra e proclamar a paz vai passar para as mos do imperador. Os
poderes legislativos dos comcios vo passar para o senado e por isso nunca mais este vai
mostrar as suas rogationes aos comcios por crias. O imperador continua, contudo, a
submeter a suas decises aos comcios por tribos mas apenas para manter a iluso de que
estes tinham verdadeira opinio, porque na verdade os comcios apenas aclamavam
decises pr-feitas e j tomadas. Em concluso, o povo excludo do trabalho normativo e
at os senatusconsultum passaram a ter o nome de Orationes Principum in Senatu Habitae,
ou seja, discursos do imperador feitos no senado. Aqui, o imperador mandava um
magistrado ler no senado em voz alta a proposta imperial que necessitava de aprovao;
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Ins Metello
Dominado
O dominatus ou monarquia absoluta era um regime que na sua substncia era um regime de
um s homem mas que assentava num compromisso; uma monarquia que no se queria
assumir enquanto tal. As fontes de legitimidade do regime assentavam nas instituies
republicanas mas o que acontece com o dominatus que estas mscaras vo cair e o Estado
romano vai-se apresentar como uma monarquia pura e dura maneira oriental.
O sc. III d.C. foi um sculo de grande crise em Roma. Com o assassnio do ltimo imperador
da dinastia Severus abriu-se uma grandessssima crise em Roma qual se d o nome de
Anarquia do Exrcito, pois vo subir diversos imperadores ao poder devido a um problema
de sucesso imperial. Neste perodo de crise, no existindo uma fonte de estabilidade, a
nica coisa que existia era a fora, por isso exrcito proclamava um imperador mas se um
outro lhes promete mais, matavam o antigo para proclamar um novo.
A crise do Principado foi devido presso exercida pelos povos brbaros e a problemas
demogrficos e econmicos tais como uma inflao terrvel que, com o aumento da presso
dos brbaros, vai aumentar exponencialmente. Assim, o principal problema econmicofinanceiro era manter o exrcito contente e pagar-lhes pontualmente. Tentando contornar a
crise, provocou-se uma grande emisso da moeda por parte do Imperador, o que vai trazer
uma grave crise e, consequentemente, uma crise demogrfica gravssima, que leva a um
ciclo vicioso.
Surge ento um homem que pretende manter a paz e a ordem no mundo romano,
Diocleciano. Este era um militar de origens humildes que tinha crescido dentro da casa do
exrcito. Em 288 d.C., Diocleciano proclamado imperador pelos seus soldados e queria
instaurar o poderio de Roma, restaurando a glria de Roma. Para tal, lanou-se sobre esses
problemas, tais como o da inflao. Assim, estabeleceu um edictum em 301 a.C. Edictum
de Pretiis Rerum Venalium onde estabeleceu preos mximos para certos bens e servios,
podendo aplicar pena de morte a quem excedesse esses valores. Contudo, no conseguiu
resolver o problema, nem mesmo com a reforma monetria.
Depois, chega a uma determinada concluso: a crise do Estado romano deve-se excessiva
extenso do imprio pois, ameaado por todos os lados, no pode ser governado por um s
homem e, portanto, achou por bem que o poder imperial fosse repartido. Deste modo, logo
em 286 d.C. chama outro militar para o auxiliar, Maximiano. Ambos, cada um na sua esfera,
exercem o seu poder e recebem o ttulo de Augustus: Diocleciano estava fixo em Nicomdia
e Maximiano em Milo.
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Ins Metello
Destruio de igrejas
Galrio foi brutal e dizem que foi este quem convenceu Diocleciano a publicar tais medidas.
No Ocidente, as medidas de Constncio tiveram menos brutalidade e foram executadas com
menos rigor.
Em 311 d.C., nas vsperas de morte de Galrio este publicou um edicto de tolerncia em que
declara o Cristianismo uma Religio Licita, permitindo que cristos pratiquem livremente a
sua religio mas, em troca exigiu que no pusessem em causa a ordem do Estado rezassem
por este e pela sade do Imperador. Este edicto ficou conhecido por Edicto de Nicomdia/de
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Ins Metello
Tolerncia e foi importante na medida em que, pela primeira vez, o Estado Romano
reconhece e legitima o Cristianismo. Em 313 d.C. Constantino, filho de Constncio, depois de
vencer o seu rival chegou a um acordo com Licnio. No chamado Acordo de Milo
concordaram em dar liberdade religiosa a todos os cidados. Assim consolidaram e
alargaram o Edicto de 311 d.C..
Constantino foi baptizado hora da morte mas j durante o seu governo favoreceu a Igreja.
Este imperador dos anos 324 a 327 governou sozinho.
Em 380, Teodsio I, tambm conhecido como Teodsio Magnum/Grande, publicou uma
Constituio Cunctos Populos abrindo o Cdigo Teodosiano e proclamando o Catolicismo
como religio oficial do Estado Romano. A misso desta Constituio era terminar com
heresias, que deveriam ser punidas; acontecia que qualquer diviso ou conflito dentro dos
cristos ameaavam a unidade do imprio; assim estabeleceu o Cristianismo Ortodoxo e a
Santa Trindade.
Magister Officiorum
o Supervisor da Administrao Interna do Imprio
Magister Militum
o Chefe do Exrcito
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Ins Metello
Em 395 d.C. Teodsio I reuniu todo o Imprio nas suas mos e, com a sua morte, dividiu-se
pelos seus filhos o Imprio Romano em Oriente e Ocidente. O imprio do Oriente era uma
zona mais rica e slida, com influncias gregas, sendo governado por Arcdio. O do Ocidente
esboroou-se no sculo V com as invases brbaras, tendo sido governado por Onrio. Em
476, marcou-se o fim do imprio do Ocidente quanto o imperador Rmulo Augustus foi
deposto por um brbaro. O imprio do Oriente sobreviveu mais mil anos at que, em 1453,
os turcos invadem Constantinopla e fazem cair o imprio Bisantino. Ao perodo entre a
queda dos dois imprios se d nome de Idade Mdia.
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Ins Metello
Esta expresso representa uma metfora que surgiu pela primeira vez em textos no
jurdicos, em Roma. Ccero ter sido o primeiro a escrev-la (sc. II e I a.C., morreu em 43
a.C.).
Tito Ldio, historiador, referindo-se Lei das Doze Tbuas, disse que esta era a Fons Omnis
Publici Privatique Iuris, ou seja, fonte de todo o direito pblico e privado.
Os juristas, para denominar fonte de direito diziam Ius Constat (direito consta de) ou Ius
Venit (direito vem de), e s a partir do sc. VI passaram a utilizar a j referida expresso.
Esta representava uma metfora relativa imagem de uma fonte como o brotar/fluir do
direito.
Fons Exsistendis:
Populos
Comcios
Senado
Magistrados
Imperador
Jurisprudncia (Doutrina)
Fons Manifestandi:
Costume
O primeiro rgo de produo normativa era o Populus Romanus, distinto dos comcios
(assembleias populares onde tm acento todos os cidados romanos).
Qual o sentido desta distino entre os comcios e o povo?
que o povo tambm criava direito: no formalmente como fazia nos comcios, mas
tambm atravs da prpria prtica social de forma informal (Costume).
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Ins Metello
Patria Potestas
o Poder do Paterfamilias
Uxor In Manu
o Poder do marido sobre a sua mulher
Ins Metello
Em 212 d.C., depois do texto de Iulianus, o imperador Caracala deu a cidadania romana a
todos aqueles que viviam no imprio, deixando de haver peregrinos e passando a estar
todos sob o direito romano. Contudo, muitos no estavam preparados para receber este
direito, querendo manter os seus costumes.
Segundo a jurisprudncia romana no costume temos o consenso de todos; um carcter
antigo, repetido; temos tambm a opinio iuris vel necessitatis noo de
juridicidade/obrigatoriedade - e, por fim, essa fonte de obrigatoriedade jurdica tem de ser
semelhante a uma lei - Legem Imitantur.
J no sc. V d.C., no Oriente, o Imperador Leo vai publicar uma Constituio em que
finalmente reconhece ao Costume (Usos Provinciais) o mesmo valor das leis (Constituies
Imperiais). Isto significa que, tendo em conta que este era um Imprio de tradio grega, se
assistiu a uma helenizao do direito romano no Oriente. Assim, o imperador teve de
reconhecer aos costumes das culturas helenistas, o mesmo valor das suas Constituies.
Originariamente a lei (comicial) era uma declarao solene com valor normativo assente no
acordo expresso entre quem emitia uma declarao e os seus destinatrios.
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Ins Metello
A Lex Publica era uma declarao solene proferida pelo Populus nos comcios que
dava resposta a uma proposta (rogatio) de lei Ius Agendi Cum Populo. Os
plebiscitos, por outro lado, no produziram logo efeitos de lei pois visto serem
proferidos por uma s classe no podiam vincular o populus at 443 a.C.
A Lex Privata era a Lei das Doze Tbuas (sc. V a.C.), sendo tudo aquilo que
solenemente foi acordado era observado como direito (entre particulares Direito
Privado).
Theodor Mommsen fala em Lex Data para designar leges que no eram nem plebiscitos nem
leis comiciais, mas sim autorizaes dadas pelos comcios a um magistrado. Era ento uma
lei publicada pelo magistrado, autorizada pelo comcio; de notar que deixa de ser votada
nos comcios aps 242 a.C..
Atravs da Municipallis Coloniae era concedida a uma comunidade o estatuto de
comunidade local.
As Leges Dicta so leis publicadas pelo magistrado em sentido prprio e no no mbito de
concesso pelo comcio. Estas legislavam mas no como leis comiciais.
Outros exemplos de leis so a Lex Colonial Genetival e a Lex Dicta Metalli Vispacensis.
Ccero era um orator, no jurista, que estudou na Grcia. Mas um orator, pelas prprias
caractersticas das suas funes advogado tinha de ter conhecimento no que respeita ao
Direito Romano.
de
ter
sido
convocado,
quando
senado
redigia
tal
Ins Metello
No sc. I a.C. verifica-se uma alterao importante nesta matria: certo que o
senatusconsultum no passa a ser fonte imediata de direito, ou seja, no cria direito
imediatamente e, por isso, ainda no vincula directamente o populus. Contudo, a alterao
foi a de que, com a introduo do processo formulrio, houve um reforo do poder do
pretor. Assim, atravs do edicto pretrio, o senado vai ter um papel decisivo na evoluo do
direito privado, atravs do Ius Honorarium, mais precisamente atravs do Ius Praetorium.
Em suma, o senatusconsultum no sc. I a.C. ainda no fonte imediata mas, na medida em
que o pretor acata as suas recomendaes, ento passa a ter um papel mais relevante.
importante lembrar que edicto pretrio vincula somente o pretor, pois no lei nem tem
fora desta, sendo uma autolimitao do imperium do magistrado. atravs deste edicto
que vai comunicar ao populus como vai exercer o seu poder de jurisdio, garantindo a
segurana jurdica e previsibilidade da sua aco.
Uma actio a mais importante forma de dar proteco jurisdicional a pretenses
juridicamente importantes/relevantes. O pretor, com o aumento do seu poder, passou a
estar livre para conceder ou denegar actio aos cidados, passando a haver o chamado
direito pretrio que estava previsto no seu edicto. O senado, a partir desta altura, vai moldar
e contribuir para o contedo do edicto pretrio: vai sugerir ao pretor a forma como deve
elaborar o edicto e, como o pretor acata as recomendaes, tal significa que o senado que
orienta o exerccio de jurisdio do magistrado, pois orienta a forma como o pretor vai dar
forma e contedo ao seu edicto senatusconsultum passa a ter uma maior importncia.
Ins Metello
Ins Metello
antoninos,
vai-se
verificar
uma
alterao
importante
relativamente
aos
Decreta, plural de Decretum, vem do particpio passado Decernere, que significa aquilo que
foi decidido. Da vem a expresso Decreta Principum que so decises dos imperadores
tomadas directamente em matria jurisdicional, ou seja, sem mediao de nenhum outro
rgo (senado ou povo). O que est em causa a manifestao da vontade do imperador,
que uma deciso unilateral que gere direito. evidente que as constituies imperiais
conheceram uma evoluo que acompanhada de perto a prpria evoluo do imperador.
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Ins Metello
Neste quadro, percebe-se que no tempo de Augusto, a vontade do imperador no era ainda
fonte imediata de direito, pois a nica lei que se conhecia era a lei comicial ou os plebiscitos.
Ora, se o imperador procurava manifestar um respeito pelas instituies republicanas, no
podia dar-se ao direito de legislar sem mais nem menos. A palavra Augustus tem a mesma
origem etimolgica da palavra Auctoritas, que quer dizer prestgio, o que quer dizer que o
imperador enquanto Augustus tinha um enorme prestgio. No entanto, evidente que
quando recomendava que o povo romano executasse certa norma, era certo que, mesmo
no estando vinculados, iriam seguir tais normas; estas surgiam como recomendaes ao
populus e esta a origem das Constituies Imperiais.
O imperador comeou a, solenemente, proclamar determinados programas de aco que
constam nos seus edictos.
No sc. I d.C. as Constituies imperiais ainda no eram uma fonte imediata de direito;
tinham um sentido prtico apesar de no vincular directamente, eram postas em prtica
de qualquer das formas, pois eram provenientes do Imperador que detinha a auctoritas. Isto
quer dizer que, enquanto Augustus, o imperador detinha prestgio, o que o elevava em
relao aos outros membros do populus.
No sc. I d.C., ano 69, a Lex de Imperio Vespasiani descreve as vrias faculdades e poderes
do imperador. Assim, mantm-se o velho costume de investir o detentor do imprio, desse
mesmo imperium, por uma lei. Isto faz com que tudo aquilo que o imperador decida tenha
fora de lei, pois o poder que este tem foi-lhe concedido por uma.
No sc. II d.C., reconhecido s Constituies Imperiais um valor semelhante lei comicial.
Contudo, no so reconhecidas enquanto lei, apenas lhes dado o mesmo valor.
No sc. III d.C., j os juristas dizem com toda a clareza que as Constituies Imperiais so leis;
no tm fora de lei, no so semelhantes lei, so mesmo leis.
No Dominado (sc. IV d.C.), perodo em que o imperador a Lex Animata (Lei Viva), tudo
aquilo que o imperador estabelece no s lei, como a nica. Ou seja, d-se a exclusividade
da Constituio Imperial enquanto fonte e direito, sendo chamadas de Ius Novum, pois s
estas podiam criam direito novo. O Ius Vetus, seria todo o direito criado atravs de outras
fontes para alm das Constituies Imperiais, sendo todas as fontes de direito anteriores s
Constituies de Constantino. Como esse direito era conhecido atravs das obras de
jurisprudncia dos juristas clssicos, Ius Vetus passou a ser considerado sinnimo da
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Ins Metello
Inscriptio
a. Parte onde esto identificados os autores da Constituio e os destinatrios
dessa;
2.
Corpus
a. Parte dispositiva da Constituio; parte onde esto as normas;
3.
Subscriptio
a. Parte em que se inclui a data da Constituio e lugar de onde foi emanada;
b. muito importante porque depois da diviso definitiva do Imprio, cada
imperador vai publicar as suas Constituies.
Ins Metello
porque cada imprio tinha realidades sociais e econmicas diferentes, no fazendo sentido
aplicar uma Constituio do Oriente ao Ocidente, ou vice-versa.
Por vezes tambm possvel identificar o autor conforme os destinatrios; por exemplo, se
a Constituio for relativa ao Egipto, sabemos que uma Constituio Oriental, pois o Egipto
pertencia ao Imprio do Oriente.
Resta por isso esclarecer os vrios tipos de Constituio Imperial. No Principado conhecemse as seguintes Constituies:
Ex.: Constitutio Antoniniana de 212 a.C. que concedeu a todos os habitantes do Imprio,
com excepo dos Dediticii (brbaros que seriam no exrcito romano) a chamada cidadania
romana; isto significa que deixam de existir peregrinos no territrio Romano o que leva a
uma massificao de cidados.
Ins Metello
o Respostas
ou
decises
do
imperador
pedidos/perguntas
Se foi colocada por algum que tem cargo pblico dado o nome de Epstola (carta dirigida
ao funcionrio, escritas e assinadas pelo Imperador).
Se foi colocada por um particular, ser uma Constituio de carcter singular e concreto
qual se d o nome de Libelli - supplicationes, preces.
Existia uma Secretaria A Epistulis e um Magister Epistularum a cargo das Epstolas; a cargo
das Libelli estava um Magister Libellorum, que dava respostas de matria jurdica em nome
do Imperador, que as subscrevia/assinava.
A resposta era preparada pelos servios do Imperador, subscriptiones.
Mandatum
o Constituio de carcter administrativo
o Circulares, ordens dirigidas pelo Imperador aos seus funcionrios ex.
governadores de provncias.
Leges Generales
o A crise econmica do sc. III levou ao uso de medidas legislativas, ou seja, ao
uso da fora para garantir a produo e o pagamento de impostos;
o Com a corpora o pai tinha de passar a profisso ao filho, que era obrigado a
segui-la;
o Havia pouca liberdade econmica, que era atingida atravs de leis com o
intuito de controlar todos, o que levou a uma expanso burocrtica (grande
aumento de legislao);
o As leis usadas para estes fins eram normalmente Generales.
Leges Singulares
o Reduzidas, maioritariamente s Epstolas;
o Surge uma dvida acerca da legitimidade da aplicao dos rescritos a casos
anlogos; Rescritos no so sentenas, so pareceres jurdicos, pois o
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Ins Metello
Ad Notationes
o Espcie de rescrito; Imperador vai ad notare - aceitar ou no - a proposta ou
petio do particular.
1.
Factores da Laicizao:
A Lei das XII Tbuas - foram escritas, para a proteco dos plebeus agora, os
plebeus tinham defesa contra o patriciado. No entanto, isto no chegava, pois a
prpria conscincia das Legis Actiones apenas pertencia aos pontfices.
2.
3.
Ins Metello
Antes do processo formulrio, na poca das Legis Actiones aces da lei (Lei das Doze
Tbuas) - o pretor ainda no tinha o poder central na interpretao do direito.
Para os pareceres relativos jurisprudncia serem seguidos, estes tiveram de assentar numa
nova autoridade, a autoridade social. Plebeus que tivessem integrado magistraturas maiores
podiam dedicar-se jurisprudncia, pois era preciso que quem o fizesse tivesse alguma
autoridade social, que vinha da sua posio social. Os jurisprudentes eram agora, no
sacerdotes em sentido estrito mas a sua funo era de tal forma nobre que eram sacerdotes
leigos: pessoas que se dedicavam por inteiro jurisprudncia de forma gratuita. Ser
jurisprudente era uma misso e tais eram pessoas abastadas, pois no precisavam de
benefcios monetrios pela sua actividade. Assim, o principal benefcio/vantagem que
adquiriam era um aumento da sua dignidade e prestgio.
Com o Principado, tendeu-se a que o regime atrasse a si qualquer pessoa que exercesse um
cargo importante na sociedade. No perodo republicano os jurisprudentes eram membros da
classe dirigente e, no principado, o prnceps atraa para si essas pessoas. Para tal, vai criar o
Ius Publice Respondendi Ex Auctoritate Principis o direito de dar pareceres publicamente
em nome do prnceps. Contudo, o prnceps s vai confiar este privilgio a alguns que,
contudo, no se tornavam funcionrios do imperador mas continuavam a ser jurisprudentes
particulares, maneira republicana. Aos poucos, vai ento insinuando que um jurisprudente,
para dar pareceres que fossem reconhecidos pelos outros e por tribunais, tinha de ser
reconhecido pelo prnceps. Quem criou este privilgio foi o primeiro imperador, Octaviano
Augustus.
O fenmeno da burocratizao da jurisprudncia quer dizer que a partir deste perodo, sc.
II d.C., a jurisprudncia deixa de ser uma actividade livre; os jurisprudentes passam a ser
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Ins Metello
chamados para exercer a sua actividade em nome do imperador mas como funcionrios do
deste e sob a forma de constituies imperiais. Na poca clssica tardia Ulpianus, por
exemplo, j no dava respondus em nome prprio, mas sob forma de constituies imperiais
enquanto Magister Libelorum; o imperador j no admitia que ningum exercesse direito
margem da constituio imperial.
O direito honorrio, Ius Honorarium, era o nome que em Roma se dava ao direito
introduzido pelos edictos de certos magistrados, desde logo daqueles que tinham iurisdictio
pretor urbano, pretor peregrino, edil curul e governadores imperiais. Como tinham
jurisdio, publicavam um edicto quando tomavam posse que nada tinha haver com as
constituies imperiais. Estes edictos so programas de aco do magistrado para o
mandato que ia desempenhar, dizendo respeito administrao da justia. A parte mais
importante do Ius Honorarium era o Ius Praetorium, sendo quase considerados sinnimos.
O direito honorrio direito romano s que tem outro fundamento de validade porque o Ius
Civille que o direito romano em sentido estrito. O direito pretrio foi introduzido por
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Ins Metello
estes magistrados para interpretar o direito civil, para integrar as lacunas deste e para
corrigi-lo. Um magistrado goza de muito mais poder do que tem um juiz no nosso sistema,
porque pode mesmo desaplicar uma lei quando considera que a sua aplicao resulta numa
injustia. Para tal, recusa conceder aco a essa fonte do Ius Civille e f-lo porque goza de
um poder de soberania.
As actiones praetoriae so aces e tutela jurisdicional cujo fundamento a jurisdio do
pretor. Este, pode conceder proteco jurisdicional a algo que no est protegido por
nenhuma fonte de direito, mas apenas na sua jurisdio. Isto quer dizer que o pretor pode,
sozinho, criar direito. Contudo, quando desaplica essa lei, este no a revoga apenas no a
aplica no caso concreto.
Ins Metello
Ordem que regula as relaes mtuas entre as pessoas na comunidade. Para este fim atribui
ao indivduo e comunidade determinados poderes e, ao mesmo tempo, estabelece limites
a estas faculdades para bem dos outros sujeitos de direito e da colectividade.
Distino entre Direito objectivo e subjectivo. O Direito objectivo o conjunto de normas e
instituies que regem a vida em sociedade, a ordem jurdica. O Direito subjectivo o
conjunto de faculdades que a ordem jurdica reconhece aos indivduos ou sociedade para a
prossecuo dos seus interesses, os direitos. Este ltimo conceito de Direito subjectivo s
foi desenvolvido com a Pandectstica (estudo sistemtico do Direito Justinianeu e a
interpretao e adaptao do Direito Privado Romano actualidade Cdigo Civil Alemo,
BGB 1900).
Iustum
o Concretizao da justia, da virtude de atribuir a cada um o que seu, a
realizao concreta da Justia.
Aequum
o Na poca clssica: o resultado da correco do Ius Civille pelo pretor em
nome da Justia. O pretor podia corrigir as leis, no aplic-las e corrigir o seu
Edictum de acordo com a justia do caso concreto.
o Na poca ps-clssica Dominatus - feito um Edictum Perpetuum. Este
actualizava-se atravs da interpretao dos juristas ou do imperador pelas
Constituies imperiais. Est ligado ao ambiente cristo: conjunto de
princpios morais inspirados pelo cristianismo que se sobrepe ao Ius
Strictum, serve de corrector a este nos casos concretos, ideia de Humanitas.
O Ius Aequum corrige a rigidez do Direito Positivo.
Ius Publicum Est Quod Ad Statum Rei Romanae Spectat Privatorum Quod Ad Singulorum
Utilitate Instituies, Ulpianus
Ins Metello
O Direito Privado aquele que diz respeito aos negcios particulares, aos singulares.
preciso ter presente na distino que as relaes do Estado e das pessoas com ele so
relativas ao direito pblico. As relaes entre famlias e entre famlias e o Estado sem poder
soberano so do mbito do direito privado.
As normas do Direito pblico no podem ser alteradas pelos pactos, negcios, entre
privados
O ius privatum um ius dispositivum, aquele que s se aplica por particulares quando
estes, em negcios jurdicos, no regulam qualquer coisa.
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civille a factos no abrangidos por ela. Uma Actio Ficticia, por outro lado, consiste em
admitir, para efeitos jurdicos, que um facto verdadeiramente, sem o ser. Por exemplo,
quando uma Lex que s vincula para cidados romanos utilizada num ru que, embora no
seja romano considerado como cidado romano, s para que lhe seja aplicada essa Lex.
Compete aos juristas uma actividade jurdica criativa que seja simultaneamente justa e
prtica.
Direitos Relativos: dirigem-se apenas contra uma determinada pessoa; o titular do direito
pode exigir estes direitos apenas uma pessoa especfica. Para efectivar estes direitos existem
as Actiones in Personam que se dirigem apenas pessoa obrigada. Estas actiones servem
para exigir o obrigado a cumprir a sua obrigao. Estes direitos relativos coincidem com os
direitos das obligationes, ou seja, aqueles que estabelecem para um obrigaes em relao a
outrem, como acontece nos contractos de compra-e-venda e mtuos. Num mtuo, o
devedor fica obrigado a pagar ao credor a voluta, nomeadamente, o dinheiro que o credor
lhe emprestou. A partir do momento em que o dinheiro entregue ao sujeito B por A, o B
fica obrigado a devolve-lo a A, no quadro de um mtuo. Este negcio jurdico somente
vlido, s cria obrigaes quo ad constitutiones.
Nas Actio in Personam o obrigado respondia com a sua pessoa, como prev a Lei das Doze
Tbuas, podendo, inclusivamente, ser morto pelo credor. Mas com o avanar do tempo, a
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Uma Actio o meio que est disposio do titular de um direito subjectivo para conseguir
a efectivao do mesmo. Significa aco jurdica, a actuao do autor atravs da qual este
faz do seu direito o objecto da controvrsia judicial. Deste acto de demandar deriva a
equivalncia ter uma actio = ter um direito que se pode executar com previso de xito
como autor do processo.
O significado de actio oscila entre o conceito jurdico-processual de aco e o conceito
jurdico-privado de pretenso. De quem se diz ter uma actio, diz-se que tem um direito
privado que pode efectivar atravs do seu pedido de sentena judicial, condenatria,
constitutiva ou declarativa. Actio um conceito processual exprime o direito de recorrer
ao pretor com sucesso e substantivo o resultado dessa mesma actio a proteco do
direito e um reflexo da aco do pretor.
A actio tem o seu fundamento jurdico, os direitos de aco baseiam-se no ius civille
actiones civiles e no ius honorarium actiones honorariae/praetoriae.
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A exceptio tambm podia ser baseada num senatusconsultum. Por exemplo, a Exceptio
Senatusconsulti Macedoniani. Este senatusconsultum estabelecia que ningum podia
emprestar dinheiro aos fillii famlias, para evitar a devassido dos filliifamilias. Este
senatusconsultum proibia este emprstimo pois tinha havido o caso de um macednio que
tinha matado o seu pater para ficar com o seu patrimnio para servir de garantia aos seus
mtuos. A exceptio era a permisso de que certos filius famlias que j tinham bem prprios
gozavam de poder pedir emprstimos.
A exceptio mais importante era a Exceptio Doli, era uma excepo Pretria. Se numa
stipulatio o credor agir com dolo, com inteno m, por exemplo, por ameaa, e obrigar o
devedor a pagar-lhe x, ou a pagar x+y. Se ficar provado que foi por dolo que o stipulator
agiu, o devedor absolvido.
As aces do direito clssico no eram geralmente limitadas por prazos, estas ainda podiam
exercer-se mesmo passado um longo tempo. S as aces pretorias de multas em razo da
finalidade da pena, que exige uma reparao pronta, estavam limitadas ao prazo de um ano,
de modo que decorrido este tempo, a actio caducava.
Em 424, o imperador Teodsio II introduziu uma prescrio geral das pretenses. O prazo
de 30 anos, excepcionalmente de 40 e ainda h certas pretenses que no prescrevem. A
prescrio chama-se Longi Temporis Praescriptio.
Negcio jurdico um acto unitrio e tpico, pelo qual uma ou vrias pessoas, atravs de
declaraes de vontade, visam obter um resultado reconhecido pela ordem jurdica. Cada
negcio jurdico contm, necessariamente, pelo menos uma declarao de vontade, atravs
da qual algum manifesta uma vontade tendente a um resultado permitido pelo direito.
Os negcios podem ser formais e so-no quando seguem um procedimento que causa os
vnculos jurdicos. Os negcios estavam muito ligados religio, tambm, desse modo eramlhe atribudas, aos negcios, formas rituais para a sua validade, como acontece, por
exemplo, com a mancipatio. Sem a Formalidades Ad Substantiam este negcio
invlido/ineficaz.
A Formalidades Ad Probationem no invalida o negcio, apenas facilita a prova.
Ins Metello
Ins Metello
garantia pignoratcia (fiduci cum creditore contracta), ou a coisa mancipada para outros
fins (fiducia cum amico contracta).
A Stipulatio uma promessa oral que gera uma obrigao. Uma parte, aquele que se vai
tornar credor, pergunta se a outra parte lhe promete a prestao, o futuro devedor
responde afirmativamente. Para ser vlido, ambas as partes tm de estar presentes e a
pergunta e a resposta tm de ser formuladas oralmente, de se seguir imediatamente uma
outra e referir-se ao mesmo contedo, ou seja, o verbo utilizada na pergunta tm de ser o
mesmo utilizado na resposta.
No ius civile o verbo utilizado era o verbo spondere, que tambm tinha tido, na poca arcaica
um valor religioso.
No ius gentium podiam ser utilizados os verbos fidespromittere, promittere; dart.
O mbito de aplicao era muito amplo. Com a stipulatio podia ser feita qualquer prestao
lcita sob qualquer condio permitida, tendo como contedo uma promessa exigvel em
juzo. A stipulatio serve muitas vezes de cautio. Exemplo: como promessa de prestao de
uma garantia. Ou seja, algum diz que vai entregar um objecto x e como cauo o indivduo
a quem o objecto vai ser entregue obriga o outro a prometer-lhe, a fazer com ele um
negcio como a stipulatio. Esta garantia pode ser reforada com uma fiana ou penhor. Por
vezes, o prprio pretor obriga cauo.
Na poca ps clssica, a stipulatio fica reduzida forma escrita de obrigao. uma prova de
segurana.
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A Lex Aquilia veio estabelecer um regime fundamental, pois calculava a multa para os danos
sofridos por leso ou destruio (morte) dos escravos ou de bens materiais.
Esta lei tem como pressupostos de responsabilidade/ aplicao:
Culpa
o Por dolo: tem que ser praticada com a conscincia de que se est a agir
erradamente
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O dano tem que ser praticado de forma directa e no corpo de quem sofre o
dano.
Se o autor confessasse em tribunal, a Actio Legis Aquiliae era dada como uma actio
confessria para determinar o montante da multa. Mas, se, pelo contrrio, o facto era
negado tinha de se decidir sobre a comisso do facto no processo da Actio Legis Aquilae,
ento o autor convicto da sua culpabilidade era condenado no duplo da multa. Era ento
uma aco penal com funo penal mista.
A responsabilidade aquiliana alargou-se no decorrer da poca clssica aos casos em que o
dano causado por omisso ou comisso quando o autor no age por imediatamente,
fisicamente sobre o objecto lesado, mas sobre outra pessoa ou coisa que, por sua vez, causa
o dano.
O direito dos direitos reais o ramo do direito que estuda os direitos absolutos. Uma coisa
uma coisa individual, corprea, delimitada e juridicamente autnoma. o objecto de
qualquer direito subjectivo. Pode tambm ser o conjunto de bens que integram o
patrimnio de uma pessoa, avalivel em dinheiro, o patrimnio como um todo Patrimonio
Bona.
H coisas que no podem ser objecto de negcio jurdico entre particulares Res Extra
Commercium ou Res Extra Patrimonium. Estas classificam-se em vrios grupos:
Res Divini Iuris - so as coisas sagradas, encontram-se sob o poder protector dos
Deuses.
o Res Sacrae: propriedade dos deuses, coisas consagradas s divindades
templos, esttuas;
o Res Religiosae: coisas que estavam afectadas aos dii manes (aos deuses
domsticos) sepulcros dos antepassados, eram propriedade dos manes, que
os vivos tinham de honrar;
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o Res Sanctae: coisas profanas sob proteco dos Deuses muralhas, portas da
cidade.
Res Publicae: coisas que so propriedade do Estado, so coisas o Estado fazem dela
parte as coisas de usus publicus ruas, praas, rios.
Entre as coisas de direito privado h uma diviso entre res mancipi e res nec mancipi:
Res Mancipi: prdios itlicos, escravos, servides rsticas e gado grado. Eram os
bens economicamente mais valiosos cuja transmisso deve ser feita de forma solene
por mancipatio;
Fructus so coisas produzidas por outras atravs da sua adequada explorao. Os frutos das
rvores ou produtos agrcolas, as madeiras, a l das ovelhas, o leite, entre outros, so fructus
naturales. A propriedade dos fructus transmite-se com a transmisso da propriedade da
coisa. S quando h separao entre o fructus e a coisa que o produziu que estes podem
ter um destino jurdico autnomo.
Os fructus tambm podem ser civiles. Estes so, por exemplo, a renda paga pelo locatrio ao
locador pelo arrendamento de um imvel, a renda era o fructus da coisa locada.
A posse o domnio de facto de uma coisa, o possuidor domina uma coisa para usufruir
dela, excluindo os demais do uso da coisa. O possuidor pode no ser o proprietrio, ou pelo
contrrio, pode s-lo.
A propriedade o fundamento jurdico desse domnio de facto da coisa. o direito real por
excelncia. o ttulo jurdico que justifica o domnio de uma coisa por uma pessoa excluindo
os outros, direito absoluto.
A origem da posse enquanto instituio tem duas razes.
Possessio Civilies
o De acordo com o Ius Civilies
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Ins Metello
Possessio
o De acordo com o Ius Honorarium
A Possessio uma forma de domnio que aparece com o nascimento da urbe. O solo
pertencia s gentes. Estas confiavam aos patres o gozo e fruio dessas terras, das quais
estes no eram proprietrios. Com o passar dos tempos, a propriedade fundiria passou a
ser entendida como sendo do Estado Ager Publicum. O proprietrio destes solos era o
Estado, mas a posse era dos patres. Na Repblica, o Estado cedeu aos paterfamilias parcelas
do ager publicum para estes as explorarem. Esta cedncia podia ser de por arrendamento do
Censor, que geria o ager publicum, contra uma renda (cedncia onerada); ou uma mera
cedncia da terra virgem agri occupatorii. Em ambos os casos havia uma cedncia precria,
o Estado podia retirar a posse do solo a qualquer momento.
Contrato de Precarium, um contrato em que algum emprestava a outrem uma coisa, mas
podia pedi-la de volta a qualquer momento. Aquele que cede e que pode, a qualquer
momento, revogar a cedncia o Precarium Dans, a outra parte o Precarium Accipiens.
A Possessio era uma posse sem mais. Os patres que tinham a posse tinham proteco
jurdica, no contra o precarium dans, mas contra todos os terceiros que violassem o seu
domnio de facto sobre a coisa. Esta proteco era concedida pelo pretor atravs de
interditos Interdcita. Esta posse uma Posse Interdital.
Para haver Possessio Civilles no basta o domnio de facto sobre a coisa, esta exige um
domnio que se fixe numa causa reconhecida pelo ius civille, uma Iusta Causa Possessionis.
Estas so as seguintes:
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Se a posse justificada por uma Iusta Causa Possessionis e o possuidor tem a vontade de
possuir a coisa para si, sem reconhecer o dever de a entregar a terceiros possuidor em
nome prprio esta posse habilita a usucapio.
Posse Interdicta o nome que se d posse que, pelas suas caractersticas, permite recorrer
ao pretor para defender o domnio de facto da coisa contra terceiros. Esta posse est, assim,
protegida contra a privao arbitrria ou perturbaes por meio de interdicta. Os Interdicta
so concedidos pelo pretor que tem por objectivo uma reaco rpida violao da posse.
As situaes que gozam de proteco interdital so as seguintes:
o Possuidor = proprietrio
o Este possuidor se tambm estiver de boa-f pode ser um possuidor que pensa
que uma coisa sua, mesmo quando no (propriedade in bonis);
o O possuidor em nome prprio tambm pode ser de m-f, sendo aquele que
sabe que a coisa no sua e que pertence e outrem, mas mantm-na A
proteco interdital -lhe concedida contra terceiros, menos contra o
verdadeiro proprietrio, o objectivo era facilitar ao legtimo. Isto acontecia
aos ladres.
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o Precarista: aquele que recebeu uma coisa para uso ou usufruto que pode ser
livremente revogada a qualquer momento pelo emprestador. Cedncia
gratuita. A posio do precarium accipiens to dbil perante o precarium
dans que no pode opor-se revogao, mas est protegido contra terceiros
atravs dos interditos possessrios contra terceiros.
o Pignus: garantia real. Coisa mvel que o devedor entrega ao credor como
garantia de crdito. O credor, caso o devedor no pagasse, podia vender a
garantia, tendo de devolver ao devedor o valor da diferena da venda e o
preo do crdito. No pode usar a coisa. o credor que tem interesse em
ficar com a coisa. Por isso goza de proteco contra terceiros.
o Sequester: um tipo de depositrio. Enquanto decorre um processo sobre
uma coisa, o sequester tem de a guardar at deciso judicial. Aquando desta
deciso deve entregar a coisa parte vencedora, durante o tempo em que
mantm a coisa em sua posse goza de proteco interdital.
Quem goza de domnio sobre a coisa e reconhece o dever de a entregar a outrem, mas no
goza de qualquer proteco de interdictos so os detentores da coisa, nunca possuidores.
Desde Iulianus que se fala da Naturalis Possessio tenere ou detinere. Os detentores so
todos possuidores em nome alheio que no gozam de proteco. Vejamos os seguintes
casos:
Commodatum: cesso gratuita do uso de uma coisa a outrem para que este goze
dela, por exemplo, o emprstimo de um livro com obrigaes. Aquele que empresta
tem de garantir, durante o contrato, que o comodatrio (aquele que recebe a coisa
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Ins Metello
para usar) pode gozar da coisa. Alm disto, no pode exigir a devoluo da coisa
antes do termo do prazo contratualizado. O comodatrio detentor da coisa, o
comodante o nico que pode recorrer ao pretor se este foi o proprietrio ou
possuidor em nome prprio. Se a coisa no for restituda no prazo, o comodatrio
pode ser confrontado com uma actio comodati. Se o comodante lhe tiver entregado
uma coisa defeituosa, o comodatrio pode mover uma actio comodati contraria.
o Conductor:
aquele
que
leva
consigo
coisa,
que
paga
no
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qualquer perturbao; os que visam a recuperao contm uma ordem de restituir, logo so
restitutrios.
De incio o nico objectivo dos interdicta possessrios era a defesa da posse contra
perturbao ou privao por actuao ilcita. Pratica arbtrio inadmissvel quem interferir na
posse fora vis ocultamente clam precrio.
Quem tivesse privado ou perturbado a posse atravs de actuao proibida ficava vedado o
uso de qualquer poder, isto nos interdicta proibitrios, no podendo opor-se a que o
desapossado seja reposto da sua posse e tem de abster-se de qualquer perturbao futura
da mesma. Caso o fizesse era-lhe imposta uma multa, mais tarde era obrigado a restituir em
espcie ou em dinheiro. Nessa poca foram criados os interdicta restitutrios especiais que
impem a restituio in natura, seno em dinheiro.
Os inderdicta uti possidetis, utrubi e unde vi servem ainda de preparao do pleito sobre a
propriedade. Quem quer recuperar a coisa prpria que est na posse de outrem, exercita
contra o possuidor, para conseguir de novo a posse. Se vencer, recupera a posse; se a outra
parte quiser intentar a rei vindicatio, esta parte tem o nus da prova, pelo que fica numa
posio de desvantagem devido dificuldade de por vezes comprovar a propriedade. Se o
demandado com o interdito no restituir a coisa, condenado no valor pecunirio do
interesse do demandante em possuir, mas continua sujeito , possvel, rei vindicatio do
mesmo autor.
Os interdicta uti possidetis (aplicado a coisas imveis) e utrubi (para coisas mveis) so
interdicta duplicia. O pretor dirige a ambas as partes a sua proibio do uso da fora, cada
uma delas , simultaneamente, demandante e demandado, pois, at mesmo o autor pode
ser condenado. Esta duplicidade baseia-se na funo dos interditos de atribuir a posse
parte que possui sem vcio em relao contra parte.
Se ambas as partes em litgio exerceram reciprocamente violncia deve ter a posse a parte
que era possuidora antes do primeiro acto de violncia. indiferente a maneira como essa
parte conseguiu a posse, o litgio possessrio s analisa e compara as situaes de posse
entre as duas partes em juzo. O possuidor que tem a melhor posse o iustus possessor, a
contra parte o iniustus possessor. Nos interdicta retinendae o iustus possessor tinha
permisso para expulso o iniustus possessor.
Interdicta em particulares:
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Ins Metello
Interdicta Retinendae
o Uti Possedetis - para imveis, um interdictum duplex que probe o uso da
fora contra o possuidor legtimo da coisa e permite que este, se assim ainda
no for, recupere a sua posse legtima com recurso sua prpria fora.
Apesar de ser um interdicta proibitrio tambm tm uma funo
recuperatria.
o Utrubi - para disputas sobre coisas mveis. Protege aquele que no ltimo ano
teve a posse sem vcios durante mais tempo, a partir de Justiniano protege o
ltimo possuidor sem vcios. tambm um interdicta duplex.
A posse adquire-se corpore et animo, ou seja, era necessrio ter o domnio de facto de uma
coisa (corpus), mas tambm a vontade de exercer esse domnio, de gozar a coisa (animus). O
animus deduzido do comportamento do agente, este se comporta como proprietrio ou
no.
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Ins Metello
Usucapio - Quem adquiriu uma coisa de forma insuspeita, mas no se tornou seu
proprietrio no a tem de devolver ao proprietrio se a tiver em sua posse durante muito
tempo. O proprietrio que no cuidou da sua coisa perdeu o seu direito a ela em razo da
sua passividade. O possuidor, assim, passado um determinado perodo temporal, pode-se
tornar proprietrio.
Segundo a Lei das Doze Tbuas, quem tem a posse ininterrupta de uma coisa durante um
determinado prazo pode-se tornar seu proprietrio, adquirir o direito de propriedade. Ao
fim do prazo, o possuidor adquiria o direito absoluto erga omnes de propriedade, no
ficando dependente de qualquer garantia, como da mancipatio em que o alienante tinha de
garantir uma prestao de assistncia ao adquirente contra terceiros que reivindicassem a
propriedade adquirida pelo alienante, provando assim a transmisso vlida da coisa.
A regra tem algumas excepes. A regra de que pela posse ao fim de um determinado prazo
se adquire a propriedade s e vlida para cidados romanos, os peregrinos ficavam sempre
dependentes da auctoritas decorrente da mancipatio, da garantia que o alienante tem de
prestar ao adquirente. Isto s para peregrinos que possussem o direito de commercium com
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cidados romanos. As coisas furtadas no se podem adquirir por usucapio, nem as res extra
patrimonium.
Por usucapio, adquire-se a propriedade quiritria se algum adquire uma coisa da qual no
proprietrio, ou se por mera traditio recebe do proprietrio uma res mancipi. Os requisitos
da usucapio eram os seguintes:
O usucapio requer que o agente seja possuidor em nome prprio, com uma iusta
causa possessionis;
Exigncia de bona fides, juntamente com justa causa. O nus da prova recai sobre
quem contesta a aquisio da propriedade pelo possuidor, se ficar provado que o
possuidor agiu de m-f, este no tem direito ao usucapio;
Ins Metello
H leis que limitam o mau hbito dos legados excessivos, que fragmentam os grandes
patrimnios em prejuzo do herdeiro:
Fideicomissum
o Criado pelo direito imperial, d uma margem livre apreciao e prescinde
dos constrangimentos que valem para a forma e contedo dos legados.
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