Gestão Pública - Matias Pereira PDF

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EIXO 3 ADMINISTRAO PBLICA

Disciplina: D 3.1 Debate Contemporneo da Gesto


Pblica (16h)
(Aula 2: Modelos de Administrao Pblica)

Professor: Jos Matias Pereira


31 de janeiro e 1 de fevereiro de 2012

Modelos de Administrao Pblica:


Compreenso e Fundamentos
Prof. Jos Matias-Pereira
Universidade de Braslia
Braslia DF, 01 de fevereiro de 2012
Curso APO 2012. Aula III.

Desafios da Gesto Pblica Contempornea

Foco

da abordagem:

Modelos de Administrao Pblica

BUROCRACIA

Max Weber( 1864 - 1920) socilogo alemo: tipo de poder,


tipos de sociedades e tipos de autoridade.
Burocracia a forma de organizao humana que se baseia na racionalidade,
ou seja, na adequao dos meios aos objetivos pretendidos, com a finalidade
de garantir a mxima eficincia possvel no atingimento desses objetivos.
Poder = autoridade probabilidade de impor a prpria vontade
dentro de uma relao social, contra qualquer resistncia e com qualquer
fundamento.
Legitimidade: o motivo porque um determinado nmero de pessoas
obedece s ordens de algum , conferindo-lhe poder.
Legitimao: a justificao do poder. A autoridade legtima quando aceita.
Dominao: relao de poder, onde o governante acredita ter o direito de exercer
o poder, e os governados ,consideram cumprir ordens sua obrigao.

CARACTERSTICAS DA BUROCRACIA:
. Carter legal das normas e regulamentos
. Carter formal das comunicaes
. Carter racional e diviso de trabalho
. Impessoalidade nas relaes

. Hierarquia de autoridade
. Rotinas e procedimentos estandardizados
. Competncia tcnica e mrito
. Especializao da Administrao
. Profissionalizao dos participantes
. Completa previsibilidade do funcionamento

VANTAGENS DA BUROCRACIA

. Racionalidade em relao ao alcance dos objetivos


. Preciso na definio do cargo e operao
. Rapidez: constncia das decises
. Univocidade de interpretao
. Uniformidade de rotinas e procedimentos
. Continuidade da organizao

reduo custos e erros

substituio do pessoal

. Reduo do atrito entre as pessoas

conhecimento dos limites

. Subordinao dos mais novos aos mais antigos


. Confiabilidade , existem benefcios sob o prisma das pessoas na
organizao.
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Crticas Teoria da Burocracia:

. O excessivo racionalismo da burocracia: super racionalizada e no


leva em conta a natureza organizacional, bem como as condies
que circundam o ambiente.
. Dimenso da burocracia: burocracia como um continuum( Richard Hall)
. Mecanicismo e as limitaes da teoria da mquina
. Conservantismo da burocracia: no leva em conta o crescimento
pessoal das pessoas da organizao; no possui meios adequados para
resolver diferenas e conflitos entre grupos funcionais; os recursos
humanos no so plenamente utilizados por causa da desconfiana.
Cada membro possui um cargo cujos poderes e remunerao esto
previamente delimitados.

Administrao Pblica

O desenvolvimento da Administrao Pblica se


caracteriza pela mudana de estrutura na direo
da burocracia moderna, definida pelo socilogo
Max Weber como sentido tipo-ideal. Ele foi o
primeiro cientista social que se interessou pelo
fenmeno da burocracia.
Para Weber, a causa do progresso da organizao
burocrtica foi sempre a superioridade puramente
tcnica sobre qualquer outra forma de organizao
(WEBER, Max, A tica protestante e o Esprito do Capitalismo. 4 ed. So Paulo: Livraria
Pioneira Editora, 1985).

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Burocracia

A burocracia, a partir da perspectiva da sociologia das organizaes


compreendida como um sistema ordenado de subordinao (hierarquia)
de autoridades, cargos pblicos; a delimitao exata e a coordenao das
atividades, funes, responsabilidades e competncias; seleo de
funcionrios segundo sua qualificao; a atividade profissional e a
ascenso regulamentada nas carreiras; o salrio fixo, que em princpio
no est relacionado diretamente com o rendimento; colocar por escrito
todos os registros mediante a manuteno de atas e a coleta de dados
(MAYNTZ, 1963).

Burocracia

A burocracia, foi responsvel por impulsionar e instituir


a igualdade e a universalidade dos servios, bem como
a regularidade e a estabilidade na prestao dos
servios pblicos.

Com

o passar dos anos, cresceram as demandas dos

cidados, exigindo no apenas que certas demandas


fossem cobertas satisfatoriamente, mas que estas
fossem de forma mais eficiente e eficaz possvel.

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Teoria da Gesto Pblica

A partir da perspectiva da gesto pblica, esta deve ter como foco


central a gesto e especificamente, a gesto do pblico para o
cidado, podendo ser caracterizada como o conjunto de decises
dirigidas a motivar e coordenar as pessoas para alcanar metas
individuais e coletivas (ALBI et al., 1997, p. 19; OLIAS, 2001, p. 3).

A gesto

pblica substancialmente gesto, com um conjunto

de regras destinadas tomada de decises. Tambm pblica,


porque persegue metas coletivas (ALBI et al.,1997) .

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Conceito de Administrao Pblica

O conceito de Administrao pblica faz referncia a


um conjunto de organizaes, de associaes
concretas que configuram os poderes pblicos sob a
direo governamental que lhe corresponda. No
existe uma administrao pblica, mas pluralidade de
Administraes, ou seja, tantos quantos centros e
instncias de poder pblico existam em uma sociedade
determinada (RAMI, p.270).

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Controle da Administrao Pblica

Administrao Pblica no Brasil est submetida ao controle e


fiscalizao por parte do Poder Judicirio.
Princpios: legalidade, moralidade, publicidade, impessoalidade,
finalidade pblica, motivao, entre outros.
Administrao Pblica: ademais do controle do Poder Judicirio tambm est sujeita ao controle por parte do Poder Legislativo, alm
de possuir mecanismos internos para exercer controle sobre a ao e
os atores da Administrao.
Controle popular: alm de ser uma atribuio do Estado, o cidado,
participa na defesa dos interesses individuais e coletivos por meio do
controle popular. Compreende a Fiscalizao e a Correio das
aes legais ou abusivas por parte do Estado.

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Administrao Pblica
Administrao Privada tudo que a Lei no probe
Administrao Pblica s o que a Lei autoriza ou obriga

Modelo ultrapassado

Modelo contemporneo

 Ativismo

 Pensamento estratgico

 Isolamento

 Escolher e envolver

 Foco no detalhe
 Gesto mecnica

 Imediatismo

 Ignorar o meio ambiente,

cultura e economia
 Sem risco

equipes
Foco no essencial
Uso de tecnologia
Compromisso com o
Futuro
Gesto Sustentvel

 Ousar
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Modelos de Administrao Pblica

Administrao Pblica
Tradicional

Nova Administrao
Pblica

Novo Servio Pblico

Viso de
Pblico

Pblico = Estatal

Pblico: agregado de mltiplos


interesses

Pblico: espao de interaes entre


diversos interesses que, articulados,
definem valores e interesses
comuns.

Papel do
Estado

Prover solues e atender


demandas delimitadas por
decises polticas

Garantir opes de escolha aos


cidados
Catalisador de foras do mercado

Ajudar os cidados a articular e


alcanar seus interesses comuns,
mais do que controlar ou direcionar
a sociedade

Entrega dos servios pode ser feito


por empresas , organizaes sociais
ou organizaes da sociedade civil

Contribuir para a construo de


noo compartilhada de interesse
pblico

Entrega direta de servios


pblicos

Intermediar e articular valores e


estratgias de ao

Concepes e
caractersticas
bsicas

Administrao e poltica
separadas
Burocracia centralizada
Hierarquia
Cidado como eleitor e como
usurio de servios
nfase aos processos
(rotinizados)

Comportamento humano
dominado pelo auto-interesse
Reinveno do governo
Gerencialismo
Uso de termos e instrumentos do
mercado na administrao pblica
Cidado como cliente
nfase aos resultados

Administrao e poltica
imbricadas
Governo pertence aos cidados;
cidados /sociedade no centro,
como cidados, no como clientes
Ao democrtica
Respeito diversidade de valores e
interesses
nfase aos processos
(compartilhados)

Fonte: Denhardt e Denhardt (2000)

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Modelos de administrao pblica

Administrao Pblica
Tradicional
Burocracia (estrutura e
processos)
Planejamento
Controle
Eficincia
Centralizao das decises
Hierarquia
Homogeneizao de
procedimentos
Programas definidos de cima
para baixo com menor
variabilidade possvel
Capacidade tcnica dos
gestores pblicos

Nova Administrao Pblica


Reforma /Reduo do Estado
Eficincia
Produtividade
Descentralizao das decises
Privatizao
Desburocratizao
Reduo de custos
Criatividade na execuo
Regulao e Controle
Empreendedorismo
Competio
nfase capacidade de
regulao e controle pelos
gestores pblicos

Novo Servio Pblico


Democratizao nas relaes
Dilogo, Articulao,
Intermediao
Cidadania
Construo compartilhada de
objetivos e meios para alcan-los
Gesto pelas pessoas
Respeito mtuo entre cidados e
servidores pblicos
Gestores pblicos: capacidades
tcnicas e polticas
Estruturas de gesto colaborativas
Diversidade de meios para
execuo, com responsabilidades
compartilhadas entre Estado e
sociedade

Fonte: Denhardt e Denhardt (2000)

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Desafios das organizaes no mundo


contemporneo

Conflito construtivo gera ampliao de


possibilidades

bem com os paradoxos e


Lidar
. explorar
a tenso gerada pela
dupla presso:
Ser consistente e confivel e ter
flexibilidade
Ser eficiente e ser inovadora
Explorar conhecimento existente e
explorar novas possibilidades
Cumprir padres e normas x incentivar
inovao e mudana
Cooperao/Competio x
Negociao/Colaborao

No so novidade, mas so hoje mais


reconhecidas como potenciais para
resolver problemas complexos
Diferentes em contato geram material
para o equivalente a recombinaes
genticas
Novas formas institucionais interagem
com arranjos existentes para criar
vrios novos processos e estruturas,
fugindo do isomorfismo

Fonte: Child e McGrath, 2001


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Contexto das organizaes


Diferenciais competitivos

Vantagem competitiva sustentvel

Viso Sistmica e Empreendedora

Maior exigncia

Aprendizagem Organizacional

Novos comportamentos

Gerao de Conhecimento

Novos fatores de diferenciao


Inovao
Capital Humano

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Mudanas nas dimenses organizacionais

.
.

Integrar

Investir em mudana

Padronizar

Reduzir a percepo de
estabilidade

Eliminar redundncias

.
Cultura
Organizacional
Processos

Padronizar
Otimizar
Automatizar

Sistemas de
Informaes
Pessoas

Preparar para mudanas


Aprimorar continuamente
Especializar
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Trajetria da Administrao Pblica no Brasil

Perodo

Contexto Institucional

Paradigmas

1900-29

Estado Regulador-Liberal

Administrao Pblica como


Cincia Jurdica

1930-79

1.
2.
3.

Estado Administrativo
Administrao para o
Desenvolvimento
Estado Intervencionista

Administrao Pblica como


Cincia Administrativa

Fases

Caractersticas do campo
de AP
Legalismo

1930-45
1946-64

Racionalizao
Desenvolvimentismo

1965-79

Racionalidade e
Competncia Tcnicas

1980-89

Mobilizao Social

Administrao Pblica como


Cincia Poltica

Democratizao
Conflito de Interesses
Recursos Escassos

1990-...

Redefinio do Papel do Estado

Administrao Pblica como


Administrao Pblica

Capacidade Poltica aliada


Competncia Tcnica

Fonte: Keinert (2000) - Administrao Pblica no Brasil: crises e mudanas de paradigmas Anexo Quadro II
Periodizao Inicial - Pg. 210

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Administrao Pblica no Brasil: a viso de Keinert

Paradigma

Conceito de
Pblico

Paradigma do Pblico
enquanto estatal
(1930-1979)

A
N
O
S

Paradigma Emergente: O
Pblico enquanto
Interesse Pblico
(Ps-90)

80
Relao EstadoSociedade

Estadocntrica

Estilo de Gesto
Pblica

Burocrtica

C
R
I
S
E

Sociocntrica

Ps-Burocrtica

Fonte: Keinert (2000) - Administrao Pblica no Brasil: crises e mudanas de paradigmas Anexo Quadro I
Referencial Analtico Pg. 209

21

Brasil: Combinao de caractersticas de diferentes modelos

 Brasil:
 Elementos de distintas matizes presentes na relao

entre Estado e Sociedade, nos diferentes perodos:


clientelismo, corporativismo, insulamento burocrtico
e universalismo de procedimentos.

 Experincias inovadoras, sobretudo no mbito local.

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Papel do Estado contemporneo


 Incluso social e reduo das

desigualdades sociais.

 Crescimento com gerao de

trabalho, emprego e renda,


ambientalmente sustentvel.

 Promoo e expanso da cidadania

e fortalecimento da democracia.

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Para reflexo

.
 . Choque do futuro. Alvin Toffler (1965).

Os analfabetos do prximo sculo (XXI)


no so aqueles que no sabem ler ou
escrever, mas aqueles que se recusam a
aprender, reaprender e voltar a
aprender.
(TOFFLER, Alvin. Choque do futuro. Lisboa : Edio Livros do Brasil, 1970).

24

Administrao Pblica

OBRIGADO!!!
 Contato: [email protected]

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Desafios da Administrao Pblica Contempornea


Referncias

















BAUMAN, Zygmunt. Modernidade lquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.


CLEGG, Stewart R. e HARDY, Cynthia. Introduo: organizaes e estudos organizacionais. In: CLEGG, Stewart R.;
HARDY, Cynthia; NORD, Walter R. (orgs. Ed. Original); CALDAS, Miguel; FACHIN, Roberto C.; FISCHER, Tnia (orgs.
Edio brasileira). Handbook de estudos organizacionais. So Paulo: Atlas, 1998. Pg. 27-57.
CHILD, John e MCGRATH, Rita Gunther. Organizations unfettered: organizational form in an information-intensive
economy. Academy of Management Journal. 44 (6), 1135-1148, 2001.
DENHARDT, Robert B. e DENHARDT, Janet Vinzant, The new public service: serving rather than steering. Public
Administration Review. 60 (6), 549-59 Nov./Dec. 2000.
FARAH, Marta Ferreira Santos. Processo de trabalho na construo habitacional: tradio e mudana. So Paulo:
Annablume, 1996.
KEINERT, Tnia Margarete Mezzomo. Administrao pblica no Brasil: crises e mudanas de paradigmas. So Paulo:
Annablume:Fapesp, 2000.
MATIAS-PEREIRA, Jos. Curso de Administrao Pblica. 3. ed. So Paulo: 2010.
MATIAS-PEREIRA, Jos. Manual de Gesto Pblica Contempornea. 4. ed. So Paulo: 2012.
MATIAS-PEREIRA, Jos. Finanas Pblicas. 5. ed. So Paulo: 2012.
MAYO, Andrew. O valor humano da empresa: valorizao das pessoas como ativos. So Paulo: Prentice, 2003.
MOORE, Mark H. Criando Valor Pblico. Rio de Janeiro: Letras & Expresses/Braslia: ENAP, 2002.
NEWMAN, William H. Ao administrativa: as tcnicas de organizao e gerncia. 4 ed. So Paulo: Atlas, 1975
PAULA, Ana Paula Paes de. Por uma nova gesto pblica: limites e potencialidades da experincia contempornea. Rio
de Janeiro: Editora FGV, 2005.
PRAHALAD, C.K.; e HAMEL, Gary. The core competence of the corporation. Harvard Business Review, Boston. P.79-91,
May-June, 1990.
SANTOS, Boaventura de Sousa e RODRGUEZ, C. Introduo: para ampliar o cnone da produo. In: SANTOS, B. de
S. (Org.). Produzir para viver: os caminhos da produo no capitalista. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2002.
(Reinventar a emancipao social: para novos manifestos; 2).
SCHOMMER, Paula Chies. Gesto pblica no Brasil: notcia do teatro de operaes. Revista de Administrao de
Empresas. 43 (4), 102-7, Out/Dez. 2003.
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