Engenharia de Ementas
Engenharia de Ementas
Engenharia de Ementas
Elaborao de um menu
As leis de "Omnes"
Exerccios
OBJECTIVOS ESPECFICOS
No final deste captulo, o aluno estar apto a:
Elaborar uma carta de iguarias, uma carta de vinhos e um menu, utilizando para o efeito todos os
princpios e tcnicas que aprenda neste captulo.
Manual de Gesto de Alimentao e Bebidas / Joo Ribeiro Ferreira / INFT 1993 Curso de Matre dHotel Especializado em Servios Europeus / EHTL/ IEFP / Euroqualification
desenvolvem toda uma "mise-en-cene" muito especial que resume a tcnica de vendas. Isto , o tcnico de
vendas tem ainda que dominar um conjunto de tcnicas j vossas conhecidas e no limitar-se unicamente a
vender um produto. Resumindo, a venda no feita num s momento, mas durante toda a estadia do cliente no
restaurante.
Em relao montra onde esto expostos a gama de alternativas a que o cliente tem acesso, essa
montra chama-se "carta". E bvio que todos os pratos que o restaurante serve no esto expostos ao cliente
directamente, salvo raras excepes (ex. do fast-food) mas sim organizadas numa carta. Essa organizao
muito mais complexa do que se possa imaginar, pois no basta escrever s numa folha aquilo que se pode
encontrar disposio do cliente.
Neste contexto, iremos abordar algumas questes sobre elaborao, apresentao e anlise de cartas
e menus. comum em hotelaria, e sobretudo nos Estados Unidos chamar a esta abordagem "Menu
Engeniering", ou seja engenharia de menus, dado o grau de complexidade que pode atingir a elaborao e
anlise de cartas e menus.
DEFINIO DE CARTA E DE MEN:
Existem muitas e variadas definies de carta e de menu. O que se pretende com esta definio que
os alunos sejam capazes de fazer a perfeita distino entre as duas.
Assim, considera-se uma carta, como uma lista organizada de pratos ou bebidas, que permite ao cliente
uma escolha variada e diversificada, podendo este arranjar uma enorme esfolha de combinaes. Podemos
encontrar diferentes tipos de cartas, nomeadamente, cartas de restaurante, de vinhos, de bar, cartas de snackbar, etc.
Por ementa entendemos um conjunto organizados de itens, fixo, e para os quais o cliente pode ter um
leque de escolha limitado, podendo fazer um N muito reduzido de combinaes. Existem diferentes tipos de
menus:
Menu simples:
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Na carta com 2 dobras, possvel ter 4 faces, mas o cliente continua a gozar de todos os benefcios, no
que se refere sua leitura, que tinha no caso anterior. Este tipo de cartas, so
usadas com frequncia em snack bares e afins.
Estas regras no so rgidas mas aconselhveis pelas razes atrs
mencionadas.
De estudos feitos sobre a forma como o cliente olha para a carta chegou-se
concluso que um cliente tipo observa a carta pela seguinte ordem:
Atravs desta nova regra geral possvel arrumar agora os pratos em funo de uma lgica comercial
prpria a cada estabelecimento, isto , podemos colocar em cada uma das regies os pratos de uma forma
estratgica, colocando na regio 1 os pratos que temos mais interesse em vender, e assim sucessivamente at
regio 3 onde colocaremos os pratos com menor interesse. Mas importante no esquecer de qualquer
forma que os pratos so organizados por uma ordem lgica a respeitar.
Muitos restauradores que trabalhem com pratos do dia ou sugestes do chefe colocam-nos na regio 1,
pois tm todo o interesse que o grosso das vendas recaam sobre esses pratos.
Outros factores h, que influenciam e limitam a elaborao de uma carta ou menu, nomeadamente:
O grafismo utilizado, que deve ser atractivo, coerente com o estilo e cultura do estabelecimento, de fcil
leitura e com um aspecto limpo.
A ordem dos pratos, que deve seguir uma lgica prpria, tradicional ou no, mas sempre com uma lgica
prpria.
Variedade e diversidade de pratos, uma regra fundamental na planificao das cartas e ementas. Quando
se fala em variedade e diversidade de pratos, referimo-nos tambm ao tipo de mercadorias utilizadas que
devem variar de prato para prato, no correcto que numa carta as carnes sejam compostas somente por
carne de vaca ou de porco, referimo-nos ainda variedade de guarnies, errado que as guarnies para
os diferentes pratos sejam sempre iguais, e falamos ainda de variedade e diversidade como uma
necessidade para manter o corpo com um bom nvel sanitrio.
Evitar as variaes, o que de certo modo complementa o factor anterior. De facto importante evitar as
repeties de nomes dos pratos, evitar a repetio de guarnies, evitar a repetio do tipo de mercadorias
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Ter em conta a poca do ano, escolhendo pratos frios e leves para as pocas mais quentes e pratos mais
pesados e quentes para a poca mais fria.
No exceder as quantidades, isto , uma carta no deve ter pratos em grande nmero, na medida em que o
cliente tende a confundir-se se tiver um leque de escolha demasiadamente grande, e por outro lado mais
dispendioso para o restaurador ter um stock de mercadorias para fazer frente s necessidades de uma
carta extensa.
Adaptao s condies de trabalho, isto , a carta deve respeitar os meios que o estabelecimento tem
sua disposio, nomeadamente os recursos humanos, as instalaes, o equipamento e os stocks de
mercadoria.
Respeitar a denominao exacta dos pratos, sobretudo no que se refere aos pratos tradicionais
representativos de um determinado tipo de gastronomia. A denominao dos pratos deve ser requintada
mas explcita, para que o cliente compreenda rapidamente a composio dos pratos a escolher.
Trabalhar de acordo com as receitas estabelecidas, isto , os nomes dos pratos devem corresponder
receita estabelecida anteriormente. importante que se um cliente pede um bacalhau Braz lhe seja
servido exactamente o que pediu e no um outro prato, resultado da falta de definio entre os nomes
escolhidos e as receitas estabelecidas.
Planificar as ementas e a carta para um determinado perodo, evitando que se cometam erros relacionados
com o que foi mencionado at agora. De facto, uma planificao da carta evita um conjunto de situaes
em que a carta ou o menu fiquem mal elaborados.
H ainda um conjunto de situaes que devemos ter em linha de conta, sobretudo na elaborao de
ementas:
No devem ser apresentados pratos servidos no dia anterior e camuflados com nomes
impressionantes.
Em cada dia e em cada ementa deve ser mudado o carcter da confeco dos respectivos pratos.
Cada prato da mesma ementa deve ser diferente dos outros que a constituem, na sua natureza, modo
de confeco e decorao.
Os molhos servidos na ementa devem ser nitidamente distintos uns dos outros, na sua natureza, modo
de confeco e decorao.
No devem ser servidas na mesma ementa carnes brancas e carnes vermelhas, pois esta situao
ope-se s regras da culinria
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Por uma questo de melhor compreenso, e para que se utilize uma nomenclatura uniforme, uma carta
constituda por famlias de itens.
Uma famlia um conjunto de iguarias que tm em comum a sua natureza ou a ordem de participao
na refeio. Assim, numa carta existe a famlia das carnes, dos peixes das sobremesas, etc.
As famlias esto organizadas de uma forma lgica e tradicional, m as que pode ser alterada, em
funo das necessidades e gostos do restaurador. Assim, a organizao tradicional das famlias da carta
apresenta-se da seguinte forma:
Acepipes
Peixes e mariscos
Carnes
Saladas
Queijos
Ovos
Doces
Massas
Frotas
Cada famlia composta por um conjunto de itens. Assim, chamamos item a cada um dos diversos
pratos ou iguarias que compem a famlia.
Por exemplo, a famlia das carnes pode ser composta pelos seguintes itens:
FAMLIA DAS CARNES:
Item I
Item 2
Item 3
Item 4
Cozido Portuguesa
Item 5
Item 6
ELABORAO DE UMA CARTA
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de sala e o director de F&B, na medida em que cada um deles tem uma perspectiva do mesmo problema
diferente mas todas igualmente importantes e indispensveis.
Os menus podem ser elaborados com objectivos diferentes. Assim podemos elaborar menus para
banquetes, organizando um dossier para o efeito, menus para almoos e jantares em meia penso ou penso
completa, etc.
EXERCCIO:
Tendo em conta todos os pormenores que j foram referidos, elabore um dossier de menus para
casamentos, constitudo por 5 menus escolha.
ELABORAO DE UMA CARTA DE VINHOS:
A elaborao de uma carta de vinhos um processo um pouco diferente na medida em que se trata de
vinhos e no de iguarias.
Num pas com tradies seculares na produo de vinhos, e dada a crescente concorrncia deste
mercado, a carta de vinhos pode tomar um duplo papel. De facto, esta carta a relao dos vinhos que um
restaurante pode servir, mas por outro lado um veculo de comercializao e publicidade sobre o mercado dos
vinhos.
O vinho um produto muito ligado cultura de um pas e. ao mesmo tempo um produto que sofre
grandes variaes comerciais provocados pelo factor moda.
Neste contexto, a elaborao de uma carta de vinhos deve respeitar os seguintes requisitos:
A ordem de apresentao dos diferentes tipos de vinhos na carta :
* Vinhos aperitivos
* Vinhos espumantes
* Vinhos de mesa
* Vinhos digestivos
No esquecer que os vinhos so servidos ao longo da refeio de acordo, com as seguintes regras:
* Dos novos para os velhos
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De resto, devem ser aplicadas as mesmas regras (as que se possam aplicar) j mencionadas para a
carta de iguarias.
EXERCCIO:
Elabore uma carta de vinhos para um restaurante de hotel de la classe e com escano. Para tal use
todas as tcnicas atrs descritas e a sua imaginao...
AS LEIS DE OMNES:
1 Lei - Numa famlia de itens de uma carta, o item com o preo mais elevado no deve exceder 2,5 a 3 vezes
superior ao item de preo mais baixo.
2 Lei - Numa famlia de itens, o nmero de iguarias de valor mais baixo somado ao nmero de iguarias de valor
mais alto deve ser igual ao nmero de iguarias de valor mdio.
3 Lei - As promoes com o objectivo de vender a imagem do restaurante devem se fazer dentro da gama de
iguarias de preo mdio.
4 Lei - O valor do ratio entre o preo mdio de procura e o preo mdio de oferta, deve estar compreendido no
intervalo de 0,9 e 1, isto :
1.900$00/
650$00
A primeira lei verifica-se, na medida em
= 2,9
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baixo,
conclumos
que
as
grandes
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Se
necessrio,
faa
devidas
agora
analisar
uma
outra
questo
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margem
de
Conjugao da informao
semanas).
Assim
recorramos ao exemplo da
famlia das carnes utilizada
no exemplo anterior:
2 FASE - CLCULO DOS DIFERENTES CRITRIOS DE ANLISE
Os critrios de anlise a calcular so:
- A margem de contribuio em escudos, calculada da seguinte forma:
PREO DE VENDA - PREO CUSTO MATRIAS PRIMAS
- A quantidade vendida em %, calculada dividindo a quantidade vendida de cada artigo, pela quantidade
vendida pelo conjunto de artigos da famlia.
CLCULO DA MARGEM DE CONTRIBUIO EM ESCUDOS
Digitalizao / Vtor Gomes / Centro de Documentao para a Restaurao / CDR / 10 / 2005 /
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Este quadro d-nos a informao da margem de contribuio total de cada prato; ou seja, quanto
ganhmos com cada artigo depois de pagar as mercadorias gastas com as vendas desse prato
CLCULO DA QUANTIDADDE VENDIDA EM %
A quantidade de pratos vendidos em % informa-nos sobre a percentagem que cada artigo vendeu em
relao ao total de pratos vendidos.
3 FASE - CLCULO DOS PONTOS DE REFERNCIA
Os pontos de referncia que vamos calcular, sero, como evidente, o ponto de referncia margem de
contribuio, e o ponto de referncia popularidade, ou seja, pretende-se nesta terceira fase achar um ponto
mdio para cada um destes 2 critrios, de forma a poder comparar as performances de cada prato em relao
ao ponto mdio para podermos concluir se os pratos so rentveis ou no para o nosso restaurante.
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mdia para cada prato de 12,5%, ou seja cada artigo da famlia procurado por 12,5% dos clientes.
Mas, segundo estudos efectuados, um prato nunca tem mais que 70% de popularidade mdia, ou seja
em mdia os clientes no procuram um prato mais que 70%. Ento, para calcular o ponto de referncia
"popularidade" multiplicamos a popularidade terica por 70%.
12,5 x 70% = 8,75%
O Ponto de Referncia "Popularidade" = 8,75 %
Ento, todos os artigos cuja Popularidade seja superior a 8,75%, ser considerado como um artigo que
contribui significativamente para a rentabilizao do restaurante.
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outro lado, este tipo de anlises no so suficientes para o xito do restaurante, e no dispensam a qualidade
dos servios e atendimento personalizado, a boa gastronomia, e o profissionalismo exigido neste tipo de
actividade.
Nunca demais lembrar que os principais objectivos de um restaurante so uma qualidade de servios
exemplar com a obteno de um lucro mximo.
EXERCCIO
Faa a anlise da carta, aplicando as leis de Hurst & Smith, tendo em conta os dados fornecidos para o
exerccio dado para as Leis de Omnes:
Considere a famlia das sopas:
Apresente um conjunto de medidas a aplicar na famlia das sopas, aps a aplicao das leis de Hurst &.
Smith com vista rentabilizao da unidade.
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