A Cidade e A Cultura Afro-Brasileira para Além Do Carnaval
A Cidade e A Cultura Afro-Brasileira para Além Do Carnaval
A Cidade e A Cultura Afro-Brasileira para Além Do Carnaval
COLEGIADO DE HISTRIA
ALAGOINHAS - BAHIA
2014
20 A 22 DE MAIO DE 2014
CADERNO
DE
RESUMOS
APRESENTAO
O Departamento de Educao (DEDC)/UNEB/Campus II e o Colegiado do Curso
de Licenciatura em Histria promovem a III Semana de Histria, que ser realizada de 20
a 22 de maio de 2014, na cidade de Alagoinhas (BA). Em sua terceira edio, a partir do
tema geral Histrias, Sujeitos e Trajetrias, o evento busca afirmar-se como um
espao de dilogos e debates com a comunidade acadmica e o pblico em geral.
A III Semana de Histria congregar profissionais (pesquisadores, professores) e
estudantes de Histria, Educao, Letras, Antropologia e outras reas afins, oriundos de
instituies de ensino superior e pesquisa baianas e/ou nacionais, fortalecendo os laos
acadmico-cientficos e a difuso do conhecimento. Nesta perspectiva, o evento promover
conferncias, mesas redondas, simpsios temticos, lanamentos de livros e programao
cultural. Assim, as discusses contemplaro os seguintes eixos temticos: Histria,
Memria e Poltica; Histria, Ensino e Pesquisa; Literatura, Gnero e Relaes Raciais,
dentre outros a serem abordas no mbito dos Simpsios Temticos.
A temtica escolhida para esta edio do evento, Histrias, Sujeitos e
Trajetrias, especialmente significativa no contexto das mudanas de paradigmas
experimentadas pelas Cincias Humanas (e a Histria, em particular) nas ltimas dcadas
do sculo passado e aprofundadas no tempo presente. Sobre o ponto em questo, o tema
geral expressa a vastssima gama de abordagens, mtodos e perspectivas que singularizam
o conhecimento histrico na contemporaneidade.
Finalmente, a III Semana de Histria coincidir com o momento no qual a
sociedade brasileira rememora os 50 anos do golpe civil-militar de 1964. Para a
comunidade de historiadores, fundamental problematizar a histria, a memria e a
historiografia do golpe de Estado que deps o Presidente Joo Goulart e abriu caminho
para a ditadura militar, encerrada em 1985. A propsito, segundo Eric J. Hobsbawm (19172012), o ofcio dos historiadores consiste em lembrar o que os outros esquecem. Assim, o
trabalho dos amantes de Clio torna-se significativo no contexto das discusses sobre o
passado recente e dos seus desdobramentos sobre a sociedade brasileira neste incio de
milnio.
Portanto, esperamos que o evento hora apresentado, mediante as discusses acerca
da pluralidade de histrias, sujeitos e trajetrias, intensifique a funo social do
conhecimento do conhecimento histrico e contribua para estreitar os vnculos entre a
Sociedade e a Universidade.
PROGRAMAO GERAL
20/05 - TERA-FEIRA
14 s 17 horas Credenciamento.
17 s 19 horas Lanamento de Livros.
19 horas Abertura Solene.
19 horas e 30 minutos Conferncia de abertura: Histrias, Sujeitos e
Trajetrias. Conferencista: Prof. Dr. Joo Jos Reis (UFBA).
21 horas e 30 minutos Programao Cultural (Show Musical).
21/05 - QUARTA-FEIRA
Tarde
14 s 18 horas Simpsios Temticos.
Noite
19 s 21 horas Mesa Redonda: HISTRIA, MEMRIA E POLTICA
Profa. Me. Eliana Evangelista Batista, Prof. Dr. Marcelo Souza Oliveira e Prof.
Thiago Machado de Lima.
22 horas Programao Cultural (Show Musical).
22/05 - QUINTA-FEIRA
Manh
9 s 12 horas Simpsios Temticos.
Tarde
14 s 16 horas Mesa Redonda: LITERATURA, GNERO E RELAES
RACIAIS Profa. Dra. Ana Claudia Lemos Pacheco (UNEB), Prof. Dr. Silvio
Roberto dos Santos Oliveira (UNEB) e Prof. Dr. Raphael Rodrigues Vieira
Filho (UNEB).
16 horas e 15 minutos s 18 horas e 15 minutos Mesa Redonda: HISTRIA,
ENSINO E PESQUISA - Profa. Dra. Jaci Maria Ferraz de Menezes (UNEB),
Prof. Me. Jos Gledison Rocha Pinheiro e Prof. Dr. Cosme Batista Santos
(UNEB).
Noite
19 horas e 30 minutos Conferncia de Encerramento: 50 anos do golpe de
1964: Histria, Memria e Historiografia. Conferencista: Profa. Dra. Lucileide
Costa Cardoso (UFBA).
22 horas Programao Cultural (Show Musical).
como o pensamento lobatiano foi construdo ao longo do tempo e como se deu sua
interlocuo com diversos grupos sociais e teorias que o legitimaram a propor solues
para o pas, e os meios por onde esse pensamento se difundiu. O que pretendemos
problematizar como o autor se utilizou de argumentos em prol de modelos sociais para a
nao brasileira em suas obras, destacando a relao entre sua literatura e seus
posicionamentos polticos e ideolgicos. Igualmente, a anlise das fontes agrupadas sob a
denominao escritas de si (cartas, dirios, autobiografias) foram utilizadas, bem como
fontes peridicas de autoria do prprio escritor Monteiro Lobato. E atravs da perspectiva
da histria social da cultura buscaremos entender a lgica de pensamento poltico-literrio
nas obras de Lobato em sua interlocuo social, evidenciando seu contexto de escrita, o
dilogo e intenes que o autor fixa em relao a diversos grupos sociais, sejam eles a
quem a obra endereada, ou sejam eles os grupos polticos com os quais se identifica. Em
linhas gerais, os resultados obtidos evidenciam duas posturas intelectuais por parte de
Lobato: uma pblica e outra privada. Tais comportamentos estavam relacionados a
intenes de fomento de variados projetos polticos e sociais construdos durante a
trajetria do escritor e, que propunham dilogos com diversos grupos intelectuais e
mltiplas correntes ideolgicas. Igualmente, Monteiro Lobato desenvolveu uma literatura a
servio de projetos polticos institudos prprios, articulados a uma intelectualidade e
meios de divulgao dominantes. Alm de um explcito e relevante estreitamento com os
intelectuais reformadores da educao da primeira metade do sculo XX, os
escolanovistas.
O Baiano Precoce e Engajado
Priscila Godinho Martins dos Santos
Graduanda em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XIII
[email protected]
Este artigo tem como objetivo discutir, ainda que de forma inicial, a relao entre o
trabalho domstico como alternativa de labor para as mulheres e meninas pobres em Feira
de Santana entre 1900 a 1930, tendo em vista as peculiaridades da oferta de trabalho nesta
cidade. Analisa a posio que as empregadas domsticas ocupavam nos lares das famlias
feirenses e as hierarquias que definiam o cotidiano de trabalho. Problematiza a viso que as
famlias de Feira de Santana possuam sobre o comportamento das domsticas que
indicavam um padro moral a ser seguido, bem como os preconceitos das elites em relao
a essas trabalhadoras. Atravs da pesquisa, constatou-se que a classe, a gerao e o gnero
demarcaram o lugar das empregadas domsticas nos lares das famlias de elite. Tambm
contatou-se, que a especialidade e os bons costumes determinaram os interesses das
famlias na contratao das domsticas e que a origem popular e a no submisso destas
trabalhadoras a cultura da elite, marcaram receios e preconceitos das patroas (ou dos
patres) em relao a elas. A base documental dessa pesquisa assentou-se na anlise do
Censo de 1920, Relatrios da Santa Casa de Misericrdia de Feira de Santana, processos
crimes de defloramento e estupro, os jornais O Progresso e O Folha do Norte e entrevista
oral.
Classe e Identidade: uma discusso a partir da histria do movimento dos garis de
Itaberaba (1980-1991)
Izac Santos Evangelista
Mestrando em Histria pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS - Bolsista Fapesb
[email protected]
O presente artigo procura problematizar de maneira breve duas questes que tem suscitado
importantes debates no campo das cincias humanas e sociais: classe e identidade. Para
tanto, tomamos como base emprica e analtica os estudos que temos desenvolvido sobre o
movimento dos garis de Itaberaba, no perodo que vai de 1980 a 1991. No ultimo ano da
dcada de oitenta, os garis itaberabenses protagonizaram um evento de carter indito, no
mbito do funcionalismo pblico municipal. A realizao de uma impactante greve, que
culminou na formao do sindicato da categoria, projetou estes sujeitos como importante
fora de luta, empreendendo uma srie de aes e enfrentamentos contra o poder publico
local, at a dissoluo e transformao do mesmo - em 1998 - no SINDSERVI, entidade
que reunira todos os servidores pblicos municipais. Assim, nos estudos que temos
desenvolvido sobre este movimento fomos levados a pensar e nos referenciar nas
formulaes e observaes colocadas pelo historiador ingls E. P. Thompson. Sobretudo,
no que se refere as suas ideias sobre classe, experincia e conscincia de classe. E ,
portanto, mais sobre os desafios tericos, metodolgicos e conceituais, com os quais
temos nos deparado no curso da investigao e anlise da histria desse movimento, que
teceremos nossa reflexo.
Esse trabalho analisa como as escolas noturnas para trabalhadores foram estabelecidas em
Salvador, seus objetivos e qual a sua relao com as transformaes sociais e econmicas
ocorridas no perodo abolicionista, bem como visa situar o contexto em que estavam
presentes, desde a criao, as formas variadas de manuteno e existncia, at o
fechamento de algumas por motivos diversos. Parte-se da hiptese que foram criadas por
consequncias das prticas liberais no pas, com o desenvolvimento de ideias de cidadania
e na busca por nova estruturao do tipo de mo de obra que deveria prevalecer no pas,
tambm pela via educacional.
Essas escolas noturnas existiram na Bahia em um contexto em que o abolicionismo dava os
primeiros passos, seguindo o movimento em mbito nacional, principalmente, a partir da
dcada de 1870, quando se intensificaram os conflitos relacionados mo de obra.
possvel verificar que parte do pblico dessas escolas era de trabalhadores, conforme o
exemplo da escola noturna conduzida pelo Vigrio Tiburtino Alves Minard, que alegou ter
alunos lavradores e oficiais, sendo que a maior parte era casada, pobre e vivendo de
trabalho diurno.
Portanto, as escolas ou aulas noturnas em Salvador e no Estado imperial foram
estabelecidas justamente em um perodo em que a cidadania se apresentava possvel
tambm as populaes recm emancipadas. Porm, essas ofertas educacionais foram
limitadas s primeiras letras, o que se pode perceber, at ento, uma no insero em
grande escala dessas populaes em nveis educacionais que permitissem condies sociais
para alm dos conhecimentos elementares teis aos trabalhos manuais, embora toda a base
argumentativa para implantao dessas escolas fosse referendada nas ideias liberais de
cidadania, liberdade e igualdade.
Os analfabetos e os desafios no mundo do trabalho
Maurina Lima Silva
Graduanda em Letras Vernculas UNEB- Campus VI/Caetit
[email protected]
preconceito com aqueles que no sabem ler. Durante o estudo foi possvel perceber que os
entrevistados analfabetos desenvolveram as mais diversas funes, entre elas, comerciante,
cozinheira, criador de gado, agricultor, sanfoneiro.
Essa proposta de comunicao oral resultado parcial da pesquisa, que est sendo
realizada sobre a participao masculina no exerccio do sacerdcio dentro do Candombl,
aonde o homem vem ganhando destaque. O Candombl gerido por homens chama ateno
pelo fato de romperem com as casas tradicionais, criando terreiros onde so recriados e
preservados ensinamentos oriundos de suas razes culturais afro-brasileira. O terreiro se
torna um espao de elaborao e transmisso cultural, atravs da oralidade, onde a
memria e a transmisso de conhecimentos se tornam as prioridades de todo egb, onde o
sacerdote o guardio e transmissor dos saberes relacionados religio. A casa escolhida
para pesquisa fica na regio sudeste do Brasil situada na regio metropolitana de So Paulo
na cidade de Barueri, O Il Alaketu As Od Akuern, distante das casas tradicionais da
Bahia que so alvos de pesquisa, o Candombl liderado pelo Babalorix Kabila tem um
calendrio de festas anual onde so louvados os Orixs, seguindo as tradies dos
candombls baianos. O Babalorix ou a Yalorix tornam-se detentores do conhecimento
acerca da religio, a ponto de serem tratados como pais e mes, que zelam pelo bem estar
de seus filhos e de todo egb. Pesquisando a funo sacerdotal do Babalorix Kabila
possvel mostrar o Candombl por uma tica diferente das pesquisas que j foram
realizadas em torno das Yalorixs, principalmente dos Terreiros da Bahia, assim
poderemos ver por outro ngulo uma casa governada por um homem em uma regio
distante das Casas Tradicionais.
Trajetria e Identidade Cultural na
Comunidade Negra Rural de Lagedo - Mirangaba-BA
Marcelo Nunes Rocha
Graduando em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus IV
[email protected]
A lei 10639/03 preconiza que as escolas devem obrigatoriamente trabalhar com a histria e
culturas africanas e afro- brasileiras. Trata-se da possibilidade de dar voz a culturas
silenciadas, mantidas sob a gide do esquecimento ou preconceito. Nesse prisma,
elencamos o livro Festas Populares no Brasil de Llia de Gonzalez como ferramenta
pedaggica que possibilita ao educando perceber por meio de fotografias a territorializao
da cultura africana e afro-brasileira nas festas que acontecem nos mais diversos estados do
Brasil. Em consonncia ao intento do livro e, como parte importante no processo de
ensino- aprendizagem que desejamos alcanar, apresentamos a Metodologia Dialtica que
concebe o sujeito como ser ativo e construtor do seu conhecimento em meio ao seu espao
de vivncia global e local. O educando poder no conhecer sobre as festas, mas o mesmo
possui alguma pr-interpretao acerca do tema, o que dever ser utilizado como
ferramenta mister para a construo do conhecimento. Nesse prisma, faz-se necessrio que
o educador no somente ministre disciplinas que tratem da temtica da histria e culturas
africanas e afro-brasileiras, mas que este desenvolva uma metodologia que preze pela
participao ativa dos educandos e entenda que os mesmos no esto estanques ao
processo de interpretao e compreenso das formas simblicas que constituem os
contedos ministrados. Assim, trazemos a Metodologia Dialtica de Vasconcellos (1992)
que concebe o sujeito enquanto ser ativo e construtor do seu conhecimento em meio ao seu
espao de vivncia global e local.
Afox Filhos de Gandhy: o tapete branco da paz
Flvio Cardoso dos Santos Jnior
Graduado em Histria e Especialista em Histria da Cultura Afro-brasileira
[email protected]
A origem do municpio de Feira de Santana apresenta uma histria oficial que enaltece os
valores eurocntricos em detrimento dos grupos tnicos africanos e afro-brasileiros.
Destarte, enquanto educadores e de acordo com a lei 10.639, visualizamos a necessidade
em inserir nos planos de curso as bases de informaes contempladoras dos grupos tnicos
africanos e afro-brasileiros, os quais contriburam com a produo dos aspectos geohistricos de Feira de Santana. Amparada na supracitada Lei, o presente artigo elucida a
seguinte problemtica: De que forma a cultura negra evidenciada na literatura de Alosio
Resende pode contribuir com a Lei 10639/03? A escolha do autor se deu pelo fato de tecer
produes textuais responsveis por desenhar a continuidade e resistncia dos saberes
africanos e afro-brasileiros na historiografia feirense.
Na primeira parte desta
comunicao, busca-se apresentar de forma sucinta a trajetria de Alosio Resende, posto
que compreendemos que se faz necessrio identificar a biografia deste sujeito. Em seguida,
perfazer entrecruzamentos com a ideia de cultura negra proposta por Muniz Sodr, e
consequentemente elencar os registros das populaes negras na Princesa do Serto.
Para finalizar, propor a insero dessas leituras no currculo das escolas de educao
bsica, posto que visualizamos que tal discusso deve ser encarada enquanto ferramenta na
efetivao da lei 10.639.
A festa do padroeiro do municpio de Santo Estevo de 1922 a 2003
Jssica da Silva Nascimento
Graduanda em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
[email protected]
O presente projeto de pesquisa foi elaborado com o propsito de desenvolver uma oficina,
para cumprimento das exigncias do Componente Curricular de Estgio IV do curso de
Licenciatura em Histria da Universidade do Estado da Bahia - UNEB e que contempla o
uso dos espaos no formais nos processos educativos. O objeto aqui pesquisado so os
caminhos da memria do Reisado de So Sebastio, localizado no Bairro Rosa Neto, bairro
situado na zona norte da cidade de Eunpolis, a partir dos depoimentos de seus principais
componentes, dos aspectos religiosos presentes nesta manifestao, bem como os culturais
e as suas significaes para a comunidade ao qual est inserido. O Reisado de So
Sebastio constitui-se em uma manifestao religiosa realizada durante vrias pocas do
ano, mas que possui sua culminncia no ms de janeiro em louvor ao mesmo santo que d
o nome do grupo, e constitudo por homens e mulheres de vrias idades. Em suas
atividades festivas, saem pelas ruas e de casa em casa entoando animados cnticos
relacionados ao patrono da festa e portando bandeiras e estandartes com a imagem do
santo. O Reisado de So Sebastio na cidade de Eunpolis encontra-se atualmente sob a
liderana de D. Zilda e de seus dois filhos, sendo que apenas o mais jovem, por nome
Carlos (mais conhecido como Carlinhos) quem toma a frente do evento. O reisado possui
sua sede na de Comunidade adepta da Igreja Esprita Nossa Senhora das Graas, situado no
bairro Rosa Neto. O nome da sede ainda alvo de investigao, pois o que se sabe at
ento que D. Zilda devota de Nossa Senhora das Graas, assim como seu falecido
esposo, que foi quem batizou o templo. Dessa forma, temos trs divindades centrais s
quais so direcionados os elementos de devoo: So Sebastio, o patrono do reisado;
Nossa Senhora das Graas, santa de devoo da matriarca do reisado e que d o nome
igreja da comunidade religiosa; e So Cosme e So Damio, santos homenageados todos
os anos por conta da afinidade de D. Zilda com as crianas e de sua devoo aos santos. A
memria cultural e religiosa do Reisado de So Sebastio se mostra como elemento
primordial para a anlise cientfica da manifestao, pois a tradio do reisado se mantm
viva atravs dos ensinamentos orais, portanto, fruto de uma memria que sobrevive e se
adapta s modificaes ocorridas ao longo do tempo. Nesse sentido, a memria
construda socialmente de forma tanto individual quanto coletiva. Assim, a Histria oral
faz-se importante para compreender os discursos memorialsticos do grupo em estudo
atravs da coleta de informaes, suas tradies e memrias so transmitidas
hereditariamente, mediante brincadeiras e devoes.
A mulher negra baiana e sua condio social no ps-abolio
Janiete Teles Arajo Machado
[email protected]
Minha pesquisa procura entender a vida da mulher negra na Bahia, aps a abolio dos
escravos ressaltando as agresses que sofriam, e caracterizando a sua sensualidade e seu
modo de vestir. De forma aprofundada questiono a condio social das negras libertas em
Salvador no sculo XIX. E o processo politico, social e econmico da Bahia nesse mesmo
sculo e entender a condio social do negro neste contexto histrico. A pesquisa foi
realizada a partir de leituras, analise de livros e artigos onde analisa o contexto histrico da
Bahia, em especial Salvador e da mulher negra no sculo XIX, aps a abolio dos
escravos.
SIMPSIO TEMTICO
(AUTO)BIOGRAFIA.
05:
HISTRIA,
MEMRIA
Desde muito cedo, a classe e movimento operrio no Brasil se estabeleceu como objeto de
densas reflexes. Realizadas inicialmente distantes do rigor cientifico, essas incurses ao
tema gradualmente o inscreveu no interior da academia, onde hoje se encontra como objeto
privilegiado para anlise. Entrementes, estas primeiras reflexes elaboradas por militantes
polticos no especializados, em geral advogados e jornalistas, e publicitadas por meio de
autobiografias e livros de memria, constitui um corpus documental fragilmente analisado
pela historiografia e que ganha visibilidade no momento em que as discusses no mbito
da memria, experincia e trajetrias, so retomadas, sobretudo, a partir da dcada de
1980. Assim sendo, autobiografias e textos memorialsticos se constituem hoje como
fontes privilegiadas para a discusso de aspectos ainda no trabalhados ou para
preenchimento de lacunas existentes na historiografia. Esta comunicao pretende
apresentar as perspectivas com as quais a pesquisa de mestrado Poltica e Memria:
Everardo Dias e o Movimento Operrio no Brasil vm sendo desenvolvida. A pretenso
aqui abordar, especificamente, a instrumentalizao do campo terico da Memria como
possibilidade para aproximao do objeto em estudo; apontar para a utilizao da
autobiografia como fonte histrica e expor acerca da escrita biogrfica como estratgia
metodolgica para a consecuo dos objetivos estabelecidos. A pesquisa a qual esta
comunicao pretende apresentar elege o texto autobiogrfico Histria das Lutas Sociais
no Brasil (1961) de autoria do militante de esquerda Everardo Dias (1883-1966) como
fonte, e realizada com o intuito de efetuar progressos no mbito da historiografia do
movimento operrio no Brasil medida que elege fontes ainda no investigadas e se vale
de um aporte terico relativamente recente para o campo de conhecimento em questo.
O Hip hop como lugar de memria e historicidade
Caio Cesar Santos Machado
Graduando em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XIII
[email protected]
Coautor: Jonathan Oliveira Mercez
Graduando em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XIII
[email protected]
O presente trabalho tem por objeto de pesquisa a produo escrituraria de Alcides Gbiras
Lacerda (1929-2006), especificamente o livro intitulado O Fundador de Eunpolis,
Sessenta e Quatro, as Treze Marias e os Anjos da Traio (lanado em 2003). Neste livro
o autor relata a histria da fundao da cidade de Eunpolis, Bahia, que teria se iniciado
a partir do ano de 1942, com a chegada de Joaquim Quatro. Essa produo ser
problematizada enquanto uma prtica de escrita da histria, compreendida como a
configurao narrativa de uma experincia do tempo que tem no trabalho sobre a memria
um de seus aspectos fundamentais. Dessa prtica emerge a narrativa memorialstica onde
possvel depreendermos questes relativas aos modos de vida de seus primeiros
habitantes, o processo de ocupao da regio e as formas de sociabilidade desse novo
espao de experincia que surge com a fundao do que viria a ser a cidade de
A histria do magistrio envolve tambm estudos acerca dos saberes e prticas docentes, a
construo da escola e do campo intelectual da educao. Portanto, indissocivel da
histria da profisso docente e da formao dos professores. Esse debate se faz presente no
cho da escola, mas tambm no espao acadmico, e evidencia um campo de tenses,
contradies e disputas. Neste cenrio, vemos perpetuada a desvalorizao da licenciatura,
do magistrio, do trabalho docente, do professor. O presente trabalho apresenta algumas
questes da trajetria de professores na educao superior, considerando as relaes de
gnero. Busco, ento, perceber a representao da docncia no ensino universitrio, e
investigar como o gnero atua na carreira acadmico-profissional. A pesquisa, ainda
preliminar, parte de um estudo mais amplo sobre a formao de professores de Histria,
que tem como campo emprico a Universidade do Estado da Bahia. Adotamos como
referncias os estudos sobre a formao de professores de Bernadete Gatti (2000), Delcele
Queiroz (2000), Denice Catani (1997), Iria Brzezinski (1997), dentre outros. A formao
de docentes para a educao bsica, apesar das recentes reformulaes curriculares, tem
como nfase os contedos curriculares de natureza cientfico-culturais, a formao
especfica, em detrimento das experincias da vida escolar, do cotidiano em sala de aula,
do trabalho que se realiza na escola. O que se encontra em relao preparao do docente
para o magistrio universitrio a transposio dessa formao, a do especialista por
disciplina. Pode-se observar a hierarquizao pesquisa e ensino, bacharel e licenciado, a
polarizao entre teoria e prtica, a distino entre professor e pesquisador. Ademais, a
perpetuao da viso feminizante do trabalho docente. O processo de feminizao do
magistrio se relaciona ao fenmeno da escolarizao em massa (CATANI, 1997),
induzindo a desvalorizao social e econmica do trabalho docente. Com a insero da
mulher no magistrio, o homem chegou a ser impedido de ingressar certos cursos, como
o caso do Curso Normal do Instituto de Educao do Rio de Janeiro, por tratar-se de um
curso restrito ao sexo feminino (RABELO, 2014; SANTOS e RAMOS, 2014). Embora,
notemos homens e mulheres do magistrio superior, cruzando as fronteiras dos espaos
femininos e territrios masculinos, respectivamente, importante destacar uma maior
atuao das mulheres nas disciplinas da formao docente, as disciplinas pedaggicas,
relacionadas ao ensino, atividade de menor prestgio na docncia universitria.
Quem sabe faz a hora: memria social e movimento estudantil fortalezense durante
a ditadura civil-militar
Athaysi Colao Gomes
Graduada em Histria pela Universidade Estadual do Cear - UECE
[email protected]
possvel observar nos jornais da poca, como o caso do Jornal da Bahia, Dirio de
Notcias e Estado da Bahia. No foi por obra do acaso que as lideranas daquele
movimento figuraram entre as primeiras pessoas que foram detidas em Alagoinhas aps o
golpe de 1964. Tudo indica que a visibilidade por eles obtida na greve influenciou
diretamente nas aes das foras da represso aps a instalao do Ato Institucional.
SOCIEDADE
Nesta apresentao abordarei a atuao dos capites negreiros que tambm investiam no
trfico atlntico de escravos na Cidade da Bahia em meados do sculo XVIII. Para tanto
busco analisar os investimentos do capito Manoel da Fonseca em sua ltima viagem
Costa da Mina em 1757. Os capites-armadores desempenhavam outro papel alm de
apenas serem marinheiros. Atuando como negociantes para si, buscavam aumentar seus
lucros e riqueza. Falecendo logo aps retornar a Salvador, Manuel no teve tempo de
alcanar o esperado lucro de seus investimentos. Seu testamenteiro, Loureno da Silva
Niza, ficou responsvel pelos trinta africanos recm-desembarcados e por concluir seus
negcios neste mundo. A falta de parentes do capito, no entanto, provocou uma demora
na venda de seus escravos e sua contabilidade mostra-nos o quanto o tempo poderia ser
fatal para a ruina de uma sociedade negreira ou de um pequeno investidor. O exemplo
desse investimento do capito Manoel da Fonseca um espelho para entendermos a
complexidade desse negcio e os altos riscos inerentes a ele.
As minicapitanias do Recncavo: poltica e economia no sculo XVI
Alexandre Gonalves do Bonfim
Mestrando em Histria pela Universidade Federal da Bahia - UFBA
[email protected]
A presente comunicao integra meu trabalho de mestrado na rea de Histria Social que
se dedica ao estudo de casamentos de africanos na Cidade da Bahia no sculo XVIII
(1750-1808). Recorro anlise de inventrios, testamentos, livros de casamentos, batismo
e bito para anlise da utilizao de estratgias de insero e ascenso social, que se faziam
atravs do estabelecimento de laos de afetividade (atravs do matrimnio catlico),
sociabilidade e de clientelismo, elementos que favoreceram distino, respeitabilidade
social, e at mesmo, a formao de riqueza na vida de africanos moradores da Cidade da
Bahia. Tais aspectos tm sido tema de estudos de historiadores, a exemplo de Maria Nizza
da Silva (1988), Maria Ins Cortes de Oliveira (1988), Hebe de Castro (1995), Robert
Slenes (1999), Mariza de Carvalho Soares (2000), Silvia Hunold Lara (2007), Juliana
Barreto Farias (2012). A professora Katia Mattoso (1988) afirmou que se casar legalmente
representava uma espcie de ascenso social para o casal mestio ou negro. Estes sujeitos,
to estigmatizados pela sociedade, pelas leis de distino social (como o estatuto de pureza
de sangue) e pelo regime escravista - que os atrelava inexoravelmente ao cativeiro direta
ou indiretamente, ao celebrarem como cnjuges ou participarem como padrinhos de tais
unies compartilhavam minimamente da lgica e dos valores da sociedade da Amrica
Portuguesa e dos colonizadores, inserindo-se, assim, socialmente.
Casamentos, cor e mobilidade social em Santiago de Iguape - 1806-1830
Jamile Serra Coutinho
Graduada em Histria pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
[email protected]
SIMPSIO
TEMTICO
07:
CIDADES,
SUJEITOS,
TRAJETRIAS INTELECTUAIS E SOCIABILIDADES NA BAHIA
REPPUBLICANA.
Coordenadores: Profa. Aline Aguiar Cerqueira dos Santos e Prof. Juliano Mota Campos.
sculo XX, alm de sofrer com a crise que afetou a atividade econmica que mantinha a
cidade, esta tambm v parte de sua populao migrar para outras regies do pas. Vendo
os efeitos da crise do garimpo afetar toda a cidade, a municipalidade, tenta encontrar
maneiras de superao da crise, elaborando projetos de reestruturao, propondo novos
caminhos para economia da cidade, mas as elaboraes foram feitas com base no discurso
identitrio da cidade. A pesquisa situa-se no campo da histria cultural, um campo
eminentemente multidisciplinar, que dialogo com outras disciplinas para a construo dos
referenciais. O principal debate sobre os estudos que versam sobre as representaes.
Este trabalho adota a definio levantada pelo Antroplogo Francs Jol Gandau, que
pensa que a identidade se constitui como uma representao social. Este autor, tambm
ressalta que as representaes so usadas por grupos de pessoas para aes polticas e
sociais. Na perspectiva levantada por Gandau a identidade uma representao social, e
esta s se torna efetiva quando gera ao no social, quando as pessoas se utilizam das
imagens representacionais, para suas atuaes.
A imprensa chega Itaberaba: os novos hbitos e comportamentos inseridos no
torro baiano (1926 a 1936)
Franciny da Silva Boaventura
Graduada em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XIII
[email protected]
Este trabalho tem por objetivo dialogar com as notcias circuladas no jornal O Itaberaba,
primeiro peridico da cidade de Itaberaba, que funcionou durante os anos de 1926 a 1954.
A circulao de jornais demonstra a existncia de uma classe alfabetizada e o interesse de
divulgao e expanso da mesma. Foram analisados dez anos do Jornal O Itaberaba (1926
1936), no qual, se exaltava o surgimento da imprensa local, como um smbolo respeitvel
da modernizao. Com o auxlio do referencial bibliogrfico, constatamos que a circulao
de Jornais, no perodo da Primeira Repblica, foi essencial para a divulgao dos ideais de
modernizao, e da padronizao de um modelo europeu, que estava sendo almejado para
o pas. O jornal O Itaberaba buscava com seus discursos ditar normas e padres de
sociedades civilizadas, preocupando-se com informaes sobre a instruo escolar, o
saber letrado, mudanas urbansticas. Eram circuladas notcias de insatisfao da
populao e do poder pblico, solicitando melhorias para a estrutura da cidade e para o
comportamento humano. A cidade de Itaberaba, entre as dcadas de 20 e 30, sofreu
significativas mudanas no seu meio urbano. A populao comeara a ser pressionada a se
adequar a algumas medidas, que eram tomadas pelo poder pblico e divulgadas no jornal.
A Repblica tem como uma importante caracterstica as mudanas urbansticas, sociais e
comportamentais, que eclodiram em uma srie de posturas para serem acatadas pela
sociedade. A leitura do jornal O Itaberaba nos possibilitou visualizar que alm da
importncia da imprensa e da divulgao do saber letrado, outro elemento muito enfatizado
em suas notcias, era a preocupao com o padro social, que passou a ser exigido pelo
regime republicano e que contribua com a modernizao que estava sendo implantada no
pas.
A cultura popular transgressora e rebelde por natureza: movimentos culturais
em So Gabriel - Ba (1979 1988)
Larissa Godinho Martins dos Santos
Graduanda em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XIII
[email protected]
O presente trabalho tem como principal objetivo analisar dois grupos culturais, o MAC
(Movimento de Arte e Cultura) e JUPP (Jovens Unidos a Procura da Paz), que atuaram na
cidade de So Gabriel - Ba, de 1979 1988. O MAC teve pouco tempo de atuao, pois
surgiu em um momento ainda conturbado do Regime Militar no final dos anos 70. J o
JUPP, comea a atuar no fim da Ditadura Militar, e ainda tendo o apoio da igreja catlica
conseguindo assim desenvolver oito anos de trabalho. Esses grupos se aproximam, quando
os dois se tratavam de grupos de jovens que realizaram movimentos cultuais na cidade de
So Gabriel. Buscando uma alternativa em trazer a arte para o povo, valorizando a cultura
popular, e pensando a arte como forma de protestos e reivindicaes por melhorias. Poucas
pesquisas tratam de movimentos culturais no perodo militar no interior da Bahia, mas a
partir desses dois exemplos que podemos perceber que mobilizao jovem em busca de um
Brasil melhor, no existiu apenas nos grandes centros, mas tambm serto adentro. Para
desenvolver essa pesquisa utilizamos como fonte as entrevistas dos participantes desses
movimentos e de pessoas que presenciaram a atuao dos mesmos. Portanto nossa
metodologia a Histria Oral, onde nos embasamos em Janaina Amado, e para pensarmos
a memria Michael Pollak. Usaremos tambm como fonte para cruzar com as entrevistas,
dois livros de memrias da cidade. O primeiro So Gabriel, Memrias e Lembranas de
Ceclia Machado de Oliveira e o outro, Terra dos arcanjos: Historiografia da cidade de
So Gabriel - Ba, de Joo Purcino Pereira e Leonellia Pereira. Como principais
referenciais tericos utilizaremos Macello Ridenti, Millandre Garcia, Peter Burke, Edward
P. Thompson, Mainelia Silva e Jair Penanha Rostoldo. Portanto pensamos que faz-se
necessrio refletir e dar a devida importncia para a discusso desses movimentos culturais
no interior da Bahia.
Diverses e Civilidade na Princesa do Serto (1919 1946) Feira de Santana
Aline Aguiar Cerqueira dos Santos
Mestre em Histria pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
[email protected]
Investiga a trajetria do curandeiro esprita Faustino Ribeiro Junior e busca atravs dela
trabalhar o tema das prticas de cura no limiar do sculo XX, colocando em perspectiva os
embates entre os saberes oficiais e as prticas de cura leigas na Bahia. Ele nasceu no
Estado de So Paulo, no ano de 1870. Na dcada de 1890, atuava como funcionrio
pblico - inspetor escolar - e professor formado pela Escola Normal Superior de So Paulo.
Na ltima dcada do sculo XIX, entretanto, o ento inspetor passou a executar curas
miraculosas apenas com o uso das mos. Esse momento foi fundamental, pois foi
quando Faustino comeou a ser perseguido pelo Juizado Municipal de Campinas, em 1901.
A partir de ento comeou a peregrinar por outros estados do pas, executando seus
processos de cura. Quando aportado na Bahia, Faustino Ribeiro Junior integrou em
contraponto, sobretudo para higiene pblica, ao escopo no qual a cincia mdica buscava
fincar seus pilares saneando os espaos, controlando as habitaes e os costumes e as
concepes de civilizao e progresso davam legitimidade s aes da inspeo de higiene.
Lanamos mo de um referencial que perpassa os debates sobre sade e doena em A
morte vigiada: a cidade do Salvador e a prtica da medicina urbana de Jorge Uzeda e A
gripe espanhola na Bahia de Cristiane Souza; e religio, quando lanamos mo de
Cuidado com os Mortos: uma histria da condenao e legitimao do Espiritismo de
Emerson Giumbelli. Tomamos como fonte, para este trabalho, peridicos como o Dirio
de Notcias, A Baia e o livro Espiritismo e Protestantismo, que contm artigos escritos pelo
prprio Faustino. Nosso objetivo discutir as vises que a Inspeo de Higiene tinha sobre
as prticas de cura empregadas por Faustino e confronta-las com as ideias do curador e
igualmente perceber a antinomia das prticas executadas por Faustino.
em versos a histria das origens de Jacobina. Ser sobre este escrito acerca da gnese
histrica de Jacobina que nos debruaremos. Dessa maneira, questionamos. Como foi
representada as origens da cidade no poema de Humberto Soares e Silva? Quais elementos
representativos e estratgias discursivas foram invocados na construo potica? Quais os
personagens e eventos foram considerados dignos de registro? Qual a imagem do passado
da cidade sobressai no texto? Neste sentido, esclarecemos inicialmente, que daremos maior
nfase anlise interna do texto, examinaremos o poema buscando as noes e ideias mais
recorrentes na sua construo potica, atentando para os adjetivos, personagens e aes,
invenes histricas e descries geogrficas. A historiadora Sandra Jatahy Pesavento teve
como fonte primordial a literatura para analisar as transformaes urbanas da cidade de
Porto Alegre no final do sculo XIX e incio do XX. Sua reflexo baseou-se no
entendimento de que sobre a dimenso fsica das cidades, tantas vezes construdas e
reconstrudas em seus traados e formas, se constri um olhar literrio, que passa a ser
conhecido na forma de texto. Sobre este material, que o historiador, com a sua bagagem
cultural e fundamentao terica e metodolgica, entrar em cena para examinar as vises
dos literatos sobre a cidade. Nesse sentido, o mito fundador em torno do nome do lugar e
origem da cidade, condensada e cristalizada no imaginrio, parece-nos significativo para
analisar, ainda mais quando literatos e memorialistas reverberam em seus textos, a
construo de um efeito de realidade. A questo no a veracidade das verses, mas o
potencial representativo e ideolgico que em tais narrativas podem ser reveladoras. Na
leitura do passado da cidade, Humberto Soares e Silva, destacou a paisagem natural do
lugar. A cultura apareceu centrada na religio crist e na obra dos colonos. No poema,
depois de destacar a beleza natural, emerge no cenrio o colonizador, bandeirantes
brbaros e missionrios civilizadores. E os indgenas, apelando para seus impotentes
deuses. Porm, logo passam a colaborar com o processo colonizador (civilizador). Diante
das aes dos colonizadores, os indgenas so representados na narrativa como vitimas, so
passivos, no esboarem reao, desenvolvem resistncia ou negociao. Sua contribuio
para a cidade foi legar apenas o nome, simbolizado pela imagem criada, de passividade e
harmonia das relaes estabelecidas entre colonos e indgenas.
Entre tinteiros e palanques: a trajetria intelectual e politica de Arnold Ferreira da
Silva (1912-1952)
Juliano Mota Campos
Mestrando em Histria pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
[email protected]
rbula e nas poesias de seus conterrneos. Acreditamos que esse conjunto de documentos
nos auxilie a traar seus campos de atuao
Esta proposta de comunicao tem por objetivo apresentar alguns aspectos referentes
pesquisa que vem sendo desenvolvida durante a graduao em Licenciatura em Histria
pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Nesta pesquisa analisamos como
foram tratadas as alternativas teraputicas no acadmicas e seus agentes percebendo os
conflitos, disputas e aproximaes existentes no ofcio de cura e tratamento das pessoas
entre os anos de 1920 e 1940 em Feira de Santana. A escolha desse recorte temporal se
deu em virtude da concentrao de fontes tanto jornalsticas como processos crimes, que
abordam questes relacionadas s prticas no oficiais de cura. A partir das publicaes de
cartas e artigos de mdicos nos jornais locais possvel perceber como a classe dominante
local disputava a opinio pblica e buscava disseminar seu ideal de cura. Essas
publicaes feitas em jornais locais por mdicos nos apontam no sentido da existncia de
uma disputa entre a medicina acadmica e as prticas curativas que se faziam presentes, h
muito tempo, no seio da sociedade feirense especialmente entre os mais subalternizados.
Com intuito ainda de compreender de forma mais ampla nosso objeto de pesquisa
lanaremos mo de processos crimes que abordam questes referentes nossa pesquisa
onde poderemos de certa forma, resgatar as vozes desses agentes no oficiais de cura.
Temos o intuito de resgatar as lutas travadas no cotidiano desses terapeutas populares,
compreendendo como se deu a atuao da classe dominante local na construo do ideal de
cura e tratamento das pessoas. Para tanto utilizaremos as contribuies tericas de Antonio
Gramsci no sentido de entender o Estado enquanto um instrumento de poder em disputa
por vrios sujeitos ou grupos.
O presente trabalho esboa uma anlise dos acontecimentos que envolveram o Brasil na
criao da Lei Eusbio de Queiroz em 1850. A pretenso d uma viso panormica a
partir desse recorte histrico e sua abrangncia na conjuntura socioeconmica dentro da
temtica da escravido. As presses do lado da Inglaterra sobre o Brasil na primeira
metade do sculo XIX em relao ao trfico negreiro, vo ser cruciais no desencadeamento
de aes e reaes sobre reas escravistas. A tradio do trabalho servil era forte e
conservadora indispensvel para prosperidade do pas, assim raciocinava as elites
escravagistas. Mas a nova ordem industrial afetaria decisivamente as suas relaes a partir
de presses externas. A Assembleia Geral em 1831 aprovou uma lei pela qual estabelecia
que os africanos que entrasse no Brasil a partir daquele ano seriam considerados livres. Os
proprietrios rurais fingiram no ter conhecimento dela e o trfico persistiu. As pessoas
comissionadas para fiscalizar e cumprir a lei fazia vistas grossas e compactuavam com a
opinio dos latifundirios. At mesmo navios apreendidos passavam por uma morosidade e
indiferena na aplicao da lei, no que diz respeito s punies. A maior parte da sociedade
favorecia o trfico e autoridades estavam criminalmente envolvidos impedidos de fazer
cumprir seu dever por cumplicidade, temor, ou pela vergonha da opinio pblica. A
Inglaterra percebendo a resistncia latifundiria comeou a agir por conta prpria adotando
a Lei Bill Aberdeen que autorizava a esquadra britnica a prender navios negreiros e julgar
tripulantes como piratas. Vemos assim, como o Imprio Ingls, impondo no cenrio
socioeconmico mundial suas reivindicaes. Toda essa complexidade que estava no
entorno da criao da Lei Eusbio de Queiroz (1850).
Nas guas de Nan: o Candombl em Feira de Santana de 1890 a 1933
Gabriela do Nascimento Silva
Graduada em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
[email protected]
O historiador pode e deve ter a musica como uma fonte histrica importante para chega ao
conhecimento de fatos histricos. E para alm a musica deve ser reconhecida como um
instrumento para o ensino da histria. Dentro dessa perspectiva o presente trabalho tenta
fazer uma analise das letras do cantor e compositor Edson Gomes. Como fonte para a
construo desta pesquisa acadmica.
A musica popular apresenta-se como fonte importante para pesquisa de fatos histricos
relevantes como conhecimento histrico das classes subalternas. Nessa pesquisa sero
avaliadas letras de Edson Gomes no perodo dos anos 80/90, que possam contribuir para o
reconhecimento de problemas enfrentados pela populao marginalizada. Levando em
conta que nesse mesmo perodo a populao de classe baixa brasileira enfrentava diversos
problemas de desigualdade social, preconceito racial e descriminao. Dentro dessa
probabilidade as letras musicais de Edson Gomes podem contribuir para descrever o
processo de dificuldades e lutas enfrentadas pela a populao brasileira de classe baixa em
suma negra.
Toda gente sabe: verso e msica so
as expresses de arte mais prximas do analfabeto.
Conjugados assumem um poder de comunicao
que fura a sensibilidade mais dura
(Antonio Alcntara Machado)
As canes tm facilidade de alcana os excludos perante a sociedade e as mesmas
relatam a sua realidade social que os mesmo passam. As letras das musicais so uma fonte
que tem o poder de expor fatos pouco estudados pela histria. Por esses motivos a musica
deve ser encarada como uma fonte importante para revela pocas desconhecida da historia
do Brasil.
[...] a cano e a msica popular poderiam ser encaradas como uma rica
fonte para compreender certas realidades da cultura popular e desvendar
a histria de setores da sociedade pouco lembrados pela historiografia.
(Moraes p. 204)
As escolhas dos ritmos e musica que escolhida pra ser escutada em certa comunidade tem
muito haver com sua realidade cultural e social. Em forma de um desabafo e critica da
situao que os rodeias. Alm de a msica ser uma composio de linguagens que expressa
o universo cultural e social que rodeia seu compsito.
Uma analise da musica popular para alm de se avalia somente a letras associadas a
descries de problemas sociais se deve tambm fazer uma abordagem verbal. O que um
bom compsito faz muito bem proferir as normas verbais e as musicas compostas.
(NAPOLITANO, p.56)
As lavadeiras e a Fonte do Doutor: Trabalho e Renda. Cruz das Almas 1920-1970
Vanucy Santos Garcia
Especialista, graduada em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
[email protected]
No presente trabalho, realizo uma breve discusso sobre a famlia escrava na primeira
freguesia de Feira de Santana, So Jos das Itapororocas, no perodo de 1785-1826.
Enfatizo a importncia dos laos familiares, no contexto escravista, a partir das anlises
interpretativas feitas, inicialmente, nos livros de batismo e casamento de escravos. O
estudo sobre apadrinhamento de cativos busca redimensionar o foco da historicidade da
escravido que tem privilegiado a capital e o Recncavo Baiano. Nesta perspectiva, afirmo
a possibilidade de superao dos limites geogrficos e conceituais da Historiografia da
Escravido Baiana, no tocante s redes de sociabilidades criadas pelos escravizados/as e
assim contextualizo as formaes familiares no territrio feirense. As problemticas
levantadas na pesquisa abordam as escolhas afetivas dos escravizados/as: tendncias
tnicas, a condio jurdica dos casais e como eram regidas essas relaes, a interveno
ou no dos senhores de escravos. Logo, as discusses sobre famlia escrava
contemporneas visam desconstruir os olhares eurocntricos que a caracterizam como
promscua, inexistente e desestruturada. Os novos estudos sobre a formao dos lares
familiares reconfiguram os relatos dos viajantes que escreviam a partir de suas vises e
interesses em fazer uma imagem sobre determinado povo, etnia, pas, porm, mantendo sua
posio de poder. Assim, os lares escravos eram representados por um olhar branco sobre
um lar negro, criando interpretaes sobre a constituio familiar dos negro/as cativos/as.
A famlia escrava caracterizada pelos mltiplos significados afetivos, emocionais e de
solidariedades para os escravizados/as. A solidariedade familiar estendia-se alm dos laos
de sangue ou da chamada famlia nuclear, ou seja, a famlia, para o negro escravizado,
significava sobrevivncia e resistncia dentro e fora do cativeiro. Argumento que, conhecer
melhor a trajetria dos laos familiares feirenses, preciso estender as linhas
interpretativas, na utilizao de cruzamentos de fontes (batismo de escravos, casamentos
de escravos e livros de bitos, inventrios dos senhores de escravos e processos crimes)
para a possvel (re) construo historiogrfica da vida familiar cativa na primeira freguesia
Feira de Santana, So Jos das Itapororocas.
A formao da famlia escrava na vila de Alagoinhas: uma anlise longitudinal
Aline Soraia Saraiva Nascimento
Graduanda em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
[email protected]
O lugar ocupado pela famlia escrava na historiografia da escravido fruto de uma nova
perspectiva e de uma quebra de paradigmas que questionou a ausncia da famlia entre os
escravos e a promiscuidade sexual, viso predominante at a dcada de 1970. Dessa
forma, a formao da famlia escrava j no novidade entre os estudiosos da escravido
do Brasil. Contudo, ainda so poucos os estudos que analisam a famlia escrava de uma
perspectiva longitudinal, a exemplo de Robert Slenes, Cristiany Miranda e Jonis Freire. A
presente comunicao analisa a formao da famlia entre os escravos da famlia senhorial
Leal, proprietria do Engenho Ladeira Grande, localizado no povoado de Igreja Nova,
teceram. Esta comunicao busca, por meio dos registros de batismo, compreender a
dinmica da escravido que se formou na povoao de Alagoinhas, rea perifrica situada
ao norte do Recncavo. O perodo coberto pela pesquisa estende-se de 1827, ano em que
localizamos os primeiros registros de batismo embora a freguesia de Santo Antnio das
Alagoinhas tenha sido criada em 1816 , at o encerramento do trfico atlntico em 1850.
Dessa forma, coincidindo com o perodo de ilegalidade do trfico, a pesquisa destaca a
utilizao da mo de obra escrava em uma rea de economia perifrica do Recncavo,
onde a maioria dos senhores vivia do trabalho na agricultura, cultivando roas de milho e
mandioca, sendo que pouco se dedicaram lavoura de cana-de-acar. Ademais, a
pesquisa, ainda em andamento, objetiva traar o perfil demogrfico dos escravos ali
residentes, isto , origem, nao, cor e idade, a partir da anlise dos registros de batismos
da referida freguesia. A anlise preliminar dos livros de batismos, entre 1827 e 1830,
sugere que muitos senhores adquiriam escravos no porto de Salvador, sendo estes, em sua
maioria, nags, jejes e minas. Em linhas gerais, esse panorama tnico reflete a direo do
trfico transatlntico para a Bahia.
Histrias de liberdade: manumisso e relaes envoltas na prtica de alforriar Freguesia de So Jos da Carinhanha (1800 1830)
Simony Oliveira Lima
Graduanda em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
[email protected]
Esta comunicao discute a alforria na vila de Santa Isabel do Paraguass, atual Mucug,
rea diamantfera da provncia da Bahia, entre os anos de 1847 a 1870. A histria das
Lavras Diamantinas e seu entorno remonta s primeiras pedras de diamante encontradas,
em 1844, pelo coronel Cazuza do Prado, sendo a vila edificada em 1848. O boom
diamantfero atraiu um grande fluxo de pessoas oriundas tanto da provncia da Bahia,
quanto de Minas Gerais. Homens livres, libertos e escravos se lanaram na aventura do
diamante. Assim, a despeito do contexto de encerramento do trfico de escravos em 1850,
a mo de obra predominante nas Lavras Diamantinas foi a escrava. A historiografia
demonstra que a regio caracterizou-se pela pequena posse em escravos, sendo que os
estudos mais recentes sobre a alforria argumentam que este foi um fenmeno largamente
praticado por este tipo de proprietrio. O objetivo desta pesquisa analisar as cartas de
alforria registradas em Livros de notas do Tabelionato, depositados no Arquivo Municipal
de Mucug. Quero compreender os caminhos percorridos pelos escravos daquela regio
diamantfera a fim de perceber suas peculiaridades em relao a outras regies da
provncia da Bahia.
Destaco, em especial, as alforrias outorgadas pela Primeira
Companhia de Minerao Diamantino, instalada na regio em 1 de fevereiro de 1848.
Quem eram os escravos alforriados pela companhia de minerao? Que tipo de alforria a
companhia outorgou? Qual a particularidade dessa alforria em relao s demais? Aqui,
objetiva-se refletir sobre como o trabalho em uma companhia de diamante teria ampliado
ou no as possibilidades de alforria para os escravos das Lavras Diamantinas.
Fidalgos, escravos e o Fundo de Emancipao na Feira de Santana (1871-1888)
Jos Luiz Brito dos Santos
Graduando em Histria pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
[email protected]
O estudo da escravido no Brasil, durante muito tempo, foi embasado em anlises que
enxergavam os escravos como passivos, que ora eram vistos como vtimas de um sistema
opressor e ora, como rebeldes, que ameaavam a ordem de uma sociedade patriarcal. Os
novos olhares sobre o tema escravido tm possibilitado nos ltimos anos uma variedade
de estudos, enfoques e uma bibliografia rica tratando desta temtica nas diferentes regies
do Brasil. Dessa forma, sujeitos que antes eram analisados como passivos ganharam voz e
passaram a ser vistos como ativos que usavam as aes do cotidiano como meio de luta,
resistncia s imposies senhoriais e ao prprio sistema (REIS; SILVA, 1989). Esse
aumento nos estudos sobre a escravido e a nova perspectiva de olhares aos cativos forou
uma reviso historiogrfica que se alargou ao problema do ps-abolio. Assim, as
experincias dos cativos e libertos, suas aspiraes, suas atitudes no que tange aos seus
projetos pessoais e ao processo emancipacionista suscitou um novo contexto social
(MATTOS, RIOS, 2005). Os escravos que saam da escravido foram analisados neste
processo como sujeitos autnomos, que agiam sobre sua histria tomando decises e
pondo seus projetos pessoais e familiares em prtica. Assim, necessrio conhecer e
problematizar as escolhas e estratgias dos cativos no perodo escravagista, suas aes para
a conquista da liberdade e da formao de famlias e o desdobramento de tais decises no
ps-abolio. Suas estratgias para ter acesso a terra e suas redes de sociabilidade tambm
sero analisadas como o fez tambm o autor Walter Fraga (2006). A anlise ser feita a
partir de documentos escritos e entrevistas orais. Dessa forma, se faz necessrio afirmar
que os cativos da Freguesia de Nossa Senhora da Conceio do Coit agiam como sujeitos
atuantes para a conquista da alforria, na maioria dos casos, comprando-as provavelmente
com o peclio que conseguiam acumular ao longo da vida e suas aspiraes de liberdade
alcanavam toda a famlia constituda por cnjuges e filhos. Um exemplo o da escrava
Martinha, que por cerca de oito anos empenhou-se na compra de seus irmos, que eram
cativos, a partir da renda obtida com as vendas de cereais produzidos nas terras que
recebeu de seu marido, Manoel Cedraz, homem branco, proprietrio de terras e dono de
escravos.
O artigo em questo busca levantar a questo da diversidade cultural existente nas salas de
aulas, enfatizando a necessidade de que os professores, quando em exerccio da profisso,
utilizem tais ferramentas para que as aulas e os contedos sejam ministrados de forma a
contemplar a maior parte do alunado. O currculo escolar proposto no leva em
considerao o multiculturalismo, na verdade, ele tende a homogeneizar os
comportamentos e reaes dos estudantes. necessrio que os conceitos, conhecimentos e
elementos da vida dos alunos, sejam utilizados para que as aulas e metodologias sejam
pensadas e mudadas para melhor, para que, assim, os assuntos e contedos propostos
tenham maior abrangncia entre o pblico em questo. Em suma, a importncia do
multiculturalismo destacada, ressaltando a importncia dos aspectos culturais que
existem desde a formao da nao brasileira e que so expressados, pelos alunos, por
meio dos escritos nas paredes, das musicalidades, das falas e hbitos nos espaos escolares.
Essas expresses so observadas e analisadas, levando a resultados positivos sobre a
temtica apresentada.
Civilismo e poltica na Primeira Repblica: a Bahia na Batalha eleitoral de 1910
(1909-1910)
Willian de Souza Janurio
Graduado em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
[email protected]
Esta proposta de comunicao parte integrante da pesquisa ora realizada por mim no
Programa de Ps-Graduao em Histria da UEFS. Especificamente tal comunicao
resume os resultados do captulo 2 da dissertao de mestrado. O objeto de estudo deste
captulo a anlise do processo emancipatrio do atual municpio de Anguera, na poca
distrito do municpio de Feira de Santana. Dada as facilidades legais propugnadas pela
Constituio Federal de 1946 e por legislao estadual, entre os anos de 1958 e 1964
ocorreu um verdadeiro boom na criao de municpios no estado da Bahia, fenmeno
tambm visvel a nvel nacional. O distrito de Anguera emancipou-se no ano de 1961, e
utilizamos como fio condutor de anlise as seguintes problemticas: quais foram os agentes
histricos que participaram do processo? Quais suas estratgias e o que realmente estava
em jogo quando se pensou em emancipar o distrito de Anguera? Visando responder tais
questes, o esforo terico-metodolgico da pesquisa lanou mo de uma ampla anlise
documental, especialmente os relatos orais de sujeitos que vivenciaram o evento. A partir
da contribuio do pensador social Maurice Halbwachs, notadamente seu conceito de
sociedade de conscincia, pudemos atestar que, mesmo os depoentes falando de um
mesmo acontecimento, as clivagens na narrativa demostram que a memria poltica dos
entrevistados acabam experimentando o mesmo ocorrido de forma diferente. Contudo, o
grupo poltico pertencente a famlia Vieira, cujo chefe era o vereador Artur Vieira de
Oliveira (UDN), que aparece na histria oficial do municpio de Anguera como o
Esta pesquisa aborda os conflitos e relaes de poder nos garimpos de Brejinho das
Ametistas, durante a primeira metade do sculo XX. O estudo direciona-se principalmente
para atuao de imigrantes alemes no comrcio de ametistas no referido local. Nesse
sentido, analisa a relao de tais alemes com o coronel Deocleciano Pires Teixeira (pai de
Ansio Teixeira), durante a formao do garimpo, estendendo-se aos conflitos ocorridos na
dcada de 1940, quando Nelson Spnola Teixeira (filho deste coronel) se torna portador de
um decreto de pesquisa e de lavra de uma extensa faixa de garimpos de Brejinho das
Ametistas, gerando intensas agitaes em toda regio. Tais conflitos envolvem,
principalmente, o alemo Kurt Walter Dreher que esteve frente da firma mineradora
alem no perodo. As fontes pesquisadas, sobretudo processos cveis e inventrios,
evidenciam construo de um discurso nacionalista e estereotipado contrrio presena
dos alemes no Brasil, objetivando a monopolizao da atividade mineradora, no contexto
da II Guerra Mundial. Para isso, tivemos como principais referncias os trabalhos de Silva
(2007), Jesus (2005), Sanches (2008) e Guimares Neto (1996).
De repente a igreja invadida: perseguio politica e priso nas Comunidades Eclesiais
de Base de Serra Preta (1975-1985)
Rodrigo Santana Oliveira
Graduando em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
[email protected]
INTRODUO:
Este resumo tem por objetivo apresentar o nosso projeto de pesquisa do curso de graduao
em histria que versa sobre analisar a memria das experincias e trajetria das
Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) de Serra Preta buscando relacionar as restries
polticas que aconteceram nestas comunidades com as que foram impostas com a Ditadura
Militar no Brasil. Para tanto, estas restries polticas so a invaso da igreja Santo
Antnio da comunidade do Bravo e a priso arbitraria de Dr. Milton Penna Oliveira na
comunidade da sede, por conta de um conflito poltico local envolvendo o prefeito da
cidade, frei Theo Engels e o medico Dr. Milton Penna Oliveira.
PROBLEMTICA:
Buscar analisar qual a memria que se tem das experincias e trajetria das Comunidades
Eclesiais de Base (CEBs) de Serra Preta buscando relacionar as restries polticas que
aconteceram nestas comunidades com as que foram impostas com a Ditadura Militar.
REFERENCIAL TEORICO:
Consideramos importante para relacionar as restries polticas que aconteceram nas CEBs
em Serra Preta o uso da nova histria poltica por entendermos que as CEBs tambm
fazem parte dessas novas abordagens historiogrficas proposta pela Nova Histria Poltica.
Onde de acordo com a obrar de Ren Rmond: Por Uma Historia Poltica (2003), fica
ntido que dentro das novas possibilidades de investigao do campo poltico, a atuao de
grupos religiosos e movimentos como o das CEBs, ganharem destaques, se tornando
indispensvel para novos estudos. Para, alm da noo de poder da Nova Histria Poltica
ela tambm passou abrir um espao correspondente para uma Histria vista de Baixo,
sendo esta uma abordagem alternativa que utilizaremos por meio da histria oral como
forma de descrever a memria das experincias e trajetria do movimento das CEBs. Para
alm das fontes orais utilizaremos tambm fontes peridicas da poca, uma carta que a
comunidade do Bravo encaminhou ao Papa no perodo e os documentos oficiais da Igreja.
SIMPSIO TEMTICO
IDENTIDADE.
12:
GNERO,
HISTRIA
Coordenadores: Prof. Luiz Alberto da Silva Lima e Profa. Maria Aparecida Prazeres
Sanches.
escolar em si, aspectos histricos da formao recebida por suas alunas, mostrando de que
forma os princpios pedaggicos, os valores e as normas morais e religiosas contriburam
na constituio do ser feminino, isto , como atravs da educao recebida as alunas
construam sua identidade de gnero e se colocavam no mundo tendo como parmetro o
seu sexo. O estudo est fundamentado em uma abordagem essencialmente qualitativa,
assentado nos princpios terico-metodolgicos da pesquisa histrica, conforme proposta
da Nova Histria. Para a realizao do estudo utilizamos fontes escritas, como o
Regimento Interno do colgio da poca por ns estudada; livros de atas e de registro de
atividades, dentro outras; fizemos tambm uso da de entrevistas semiestruturadas com exalunas do colgio, que mostram-se bastante significativa para o desenvolvimento do nosso
trabalho. A pesquisa nos leva a inferir que o processo de modelagem das alunas a uma
identidade de gnero baseada em padres morais e cristos no ocorreu de forma isolada, o
mesmo se coadunava com uma efetiva ao pedaggica da instituio para com a
comunidade na qual estava inserida. Os mecanismos utilizados pelo C.SS.S. para que isto
acontecesse ia desde o controle das normas de conduta para as alunas fora do espao
escolar, se estendendo s atividades e festividades que envolviam toda a comunidade. Da
podermos afirmar que a atuao pedaggica do C.SS.S. era bem mais ampla do que a
prtica educativa escolar; essa modelagem se estendia para alm da formao das suas
alunas, que deviam agir dentro do que socialmente tinham aprendido e do que delas era
esperado; em certa medida poderamos falar numa pedagogia para toda a comunidade. A
instituio cumpliciava com parte da comunidade alagoinhense, cultivando, fortalecendo e
modelando as identidades de gnero e social estabelecidas; colocando como parmetro e
modelo a ser seguido a famlia crist/catlica.
A participao da mulher na poltica no municpio de Amlia Rodrigues
(dcadas de 1970 e 1980)
Brena Oliveira Pinto
Graduanda da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
[email protected]
O presente trabalho visa contribuir para a construo da Histria das Mulheres, uma vez
que tem como objeto de pesquisa as mulheres que participaram da poltica em Amlia
Rodrigues, municpio localizado no Recncavo Baiano, no perodo entre as dcadas de
1970 a 1980. Perceber as motivaes que levaram essas mulheres a participarem da
poltica nesse perodo a problemtica contida nesta pesquisa, e, a partir da analisar qual
o carter dessa representao e quais as pautas defendidas por elas. O trabalho lana mo
do debate travado por Michelle Perrot, em que aborda o espao pblico como
historicamente negado para as mulheres. No Brasil, algumas autoras, como Rachel Soihet e
Cli Regina Pinto contribuem para ampliar a viso da gradativa ocupao da mulher nos
espaos pblicos, sobretudo as mulheres de elite, que atravs da reivindicao do direito ao
voto conquistaram importantes espaos, antes negado s mulheres, como os mandatos
eletivos e os cargos institucionais. A partir da, podemos analisar como se d a participao
das mulheres no universo da poltica. Este trabalho se dedica pesquisa da mulher no
municpio de Amlia Rodrigues, a partir da dcada de 70, quando so eleitas as duas
primeiras mulheres para o Legislativo, e vai at a dcada de 80, perodo de
redemocratizao poltica no Brasil. O objetivo verificar as caractersticas dessas
representaes, uma vez que se observa a partir das entrevistas e discursos que essas
vereadoras no defendiam as pautas histricas dos movimentos feministas a nvel nacional.
Contudo, no se pode negar que a prpria participao dessas mulheres j representa em si
O estudo sobre sexualidade e sodomia, abre espaos para grandes possibilidades, logo a
comunicao tem como principal proposta fazer uma investigao de crimes que estavam
sob a alada da Inquisio Portuguesa na Bahia no sculo XVII, sobretudo, atos sodomitas
de escravos, que foram perseguidos por praticarem o mais sujo pecado sexual: a
sodomia, que era considerado um pecado nefando ou sujidade. Nessa perspectiva,
cruzaremos o sumrio de culpa encontrado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo
(ANTT), que fora aberto pela Inquisio em Lisboa contra Jernimo Soares escravo,
Esta comunicao resultado parcial de uma pesquisa em andamento que tem como fonte
o processo inquisitorial n 3382, disponvel no site do Arquivo Nacional da Torre do
Tombo (ANTT), localizado em Lisboa, com denncias de feitiaria, desobedincia
Igreja, concubinato, adultrio e outros escndalos, cometidos por Maria Barbosa, na Bahia
de Todos os Santos, no incio do sculo XVII (1609-1614). A disponibilizao on-line dos
documentos inquisitoriais no site do Arquivo Nacional da Torre do Tombo tem conduzido
a novas abordagens tericas e conceituais sobre pessoas perseguidas pelo Santo Ofcio.
Permite um novo olhar sobre essa temtica, como um campo de pesquisa que possibilita
em alguma medida revelar atravs de denncias e testemunhos diversos aspectos do
cotidiano, da dinmica social da vida colonial. Neste trabalho irei salientar a demonizao
feminina atravs da conflituosa relao que Maria Barbosa mantinha com seus vizinhos na
Bahia, que a acusavam de ser feiticeira e apontaram ao longo do processo algumas prticas
mgicas que a r utilizava. Problematizo como uma mulher pobre, acusada de feitiaria e
de outros crimes de ordem moral, enfrentava os oficiais da Igreja, afirmando que no tinha
dever para com eles, chegando a ameaar mat-los com um faco. Vale lembrar que aquele
era um perodo em que as mulheres eram criadas para serem submissas aos homens e
supostamente deviam viver sob as regras morais ditadas pela sociedade.
Trajetrias e a sua seduo narrativa: sujeitos e contextos
Felipe Augusto Barreto Rangel
Mestrando em Histria pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
[email protected]
O presente trabalho tem como objetivo analisar os processos de trs menores, durante o
perodo da Primeira Visitao do Santo Ofcio Bahia no sculo XVI, cuja prtica hertica
cometida por eles, foi o ato sodomtico. Procuramos identificar nestes processos, a relao
entre Inquisio e Infncia, e como o menor era tratado por esta instituio. A Inquisio
teve incio no perodo medieval (sculo XIII), e surgiu com o intuito de combater heresias
que abalassem o poder da Igreja Catlica. A morte na fogueira e prises perptuas ou
temporrias eram algumas das penas impostas aos condenados. Na metrpole portuguesa
o tribunal foi criado durante o perodo moderno em 1536 no reinado de D. Joo III. No
Brasil no foi estabelecido nenhum tribunal da Inquisio. Aqui na colnia houve apenas
visitaes, que tinha os mesmos objetivos da metrpole: combater as heresias, julgadas
pertinentes pela Igreja Catlica. As mais comuns eram crimes de judasmo, bigamia, e
sodomia. A partir da anlise dessas fontes e de outras envolvendo menores neste mesmo
perodo (sculo XVI) e com a leitura de algumas documentaes inquisitoriais, permitiu
identificar na pesquisa os seguintes elementos: o tratamento da Inquisio dado aos
menores no Brasil, em um perodo que comeava a ser atribudo um sentimento particular
a infncia, que teve incio graas ao surgimento das instituies escolares na Europa; bem
como as relaes sociais estabelecidas entre os indivduos nas primeiras fases do perodo
colonial, revelando a importncia dessa documentao para compreender os anos iniciais
de nossa formao cultural; e a atuao da instituio em terras braslicas, que teve um
desenvolvimento bastante peculiar em relao Metrpole, mas que ainda assim,
introduziu valores europeus ao julgar alguns casos. Ao analisar essas fontes inquisitoriais
envolvendo menores foi necessrio o conhecimento do Regimento inquisitorial datado de
1552 concernente aos menores e as leituras de bibliografias referentes Histria da
Infncia, cujas obras foram publicadas no sculo XX a partir da difuso de uma nova
histria, que coloca em cena atores antes esquecidos pela historiografia. A partir dessas
leituras pudemos ter conhecimento da histria desses seres, que apesar da pouca idade, no
escaparam do olhar inquisitorial.
Pscoa Vieira: uma escrava bgama na Bahia seiscentista
SIMPSIO
TEMTICO
14:
TRABALHADORES
MOVIMENTOS SOCIAIS NA BAHIA REPUBLICANA.
No final do sculo XIX no serto baiano ocorreu o movimento social conhecido como
Guerra de Canudos (1896-1897), que durou cerca de 11 meses. Nesse contexto, em 1893 o
cearense Antnio Vicente Mendes Maciel, popularmente conhecido como Antnio
Conselheiro fundou o Belo Monte na regio de Canudos, em prol de melhores condies
de subsistncia para a populao sertaneja. Com a justificativa de fanatismo religioso e de
tentativa de restaurao da Monarquia, o sistema republicano enviou 4 expedies
militares com o objetivo de debelar o movimento, tendo xito na ltima. Nessa linha,
existem discusses entre os autores que escreveram sobre o movimento, acerca das aes
conselheiristas na Guerra de Canudos (1896-1897), autores que denominam que foram
tticas convencionais e outros que denominam como tticas de guerrilha. Assim, o projeto
de pesquisa tem a inteno de analisar se as aes conselheiristas foram baseadas em
tticas convencionais, guerrilheiras ou nenhuma destas. Para tanto, a citar, foram utilizados
os seguintes referenciais tericos, sobre o contexto social, poltico e econmico que levou
A presente comunicao tem por objetivo analisar as condies de vida dos policiais
baianos no contexto da Primeira Repblica, tendo por base o principio de greve realizado
per uma parte de integrantes da corporao, no ano de 1915, durante o primeiro governo de
Jos Seabra. Os constantes atrasos nos soldos teriam sido o combustvel para tal rebelio.
Esta pesquisa se baseia na histria social e mais especificamente nos estudos da polcia, do
crime e da justia criminal. Pretendendo abordar tambm a respeito do significava ser
policial na Bahia durante aquele perodo, evidenciando seus aspectos positivos e negativos
que levavam a determinados, sujeitos histricos, a ingressarem numa carreira que no
possua ares promissores, mas que, porm nunca deixaram de preencher as fileiras da
polcia da Bahia, mesmo em meio a crises, como a ocorrida em 13 de junho de 1915.
Quando ainda pela manh, algumas praas do corpo de polcia alegando estarem famintas,
pois j haviam se passado 24 horas nas quais tinham ingerido apenas uma xcara de caf;
as praas alegaram no ter dinheiro para comprar. Havia cerca de sete meses que os
vencimentos estavam em atraso, tanto do corpo de polcia, quanto da Guarda Civil, sem
contar o estado a quem os soldados se encontravam, trajando uniformes e botas regadas,
alm de surgirem rumores a respeito de supostas tentativas de suicdio de muitos
soldados devido fome. O desfecho de tal rebelio teria sido a priso de vrios revoltosos
e uma ampla cobertura da imprensa baiana. Que juntamente com a negociao por parte do
major Cosme de Faria, possibilitou a liberao dos presos no dia seguinte, bem como o
pagamento de dois meses dos sete em atraso.
As concepes do sindicalismo de ao direta: disseminadas atravs do jornal
operrio A Voz do Trabalhador (Salvador, 1919-1922)
Lucila Andrade Vasconcelos Cerqueira
Graduada em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus II
[email protected]
O perodo equivalente a 1917-1921 ficou marcado como um dos mais agitados nos mundos
do trabalho no Brasil. Em 1917, houve uma exploso de greves gerais, comeando por So
Paulo, e espalhando-se pelo Rio de Janeiro e depois pelo Rio Grande do Sul. No ano
seguinte, mais movimentos paredistas surgiram na capital federal e no Rio Grande do Sul,
at que em 1919 essa onda grevista se manifestou no Nordeste, em cidades como Recife,
Salvador, atingindo tambm municpios do Recncavo Baiano. Foi neste contexto de
organizao, associao e fortalecimento cada vez maior dos trabalhadores em que teve
seu nascedouro no dia 6 de abril de 1919 na capital baiana, a Sociedade Unio dos
Operrios de Padaria. Os trabalhadores de padarias de Salvador se constituram numa das
categorias que mais se mobilizaram na ltima dcada do perodo conhecido como Primeira
Repblica. Em maio daquele ano, pelos forneiros, foi realizada a primeira greve sob a
orientao do sindicato. Um ms depois, juntam-se aos trabalhadores da construo civil e
demais categorias fazendo parte da greve geral de junho de 1919. Esses operrios tambm
apoiaram o movimento paredista dos teceles em setembro do mesmo ano, e durante os
anos de 1920 promoveram mais duas greves, paralisando boa parte da produo nas
panificaes como forma de reivindicar melhores condies de trabalho. Ademais, ao
passo que estabeleceram laos de solidariedade entre eles e demais fraes da classe
operria, envolveram-se tambm em conflitos no interior do prprio sindicato. O presente
estudo busca compreender a experincia desses trabalhadores, sobretudo as motivaes por
trs das greves durante os anos 1919 1920, a partir da anlise de peridicos da grande
imprensa e da imprensa operria, entre outros, e em dilogo com uma bibliografia mais
recente sobre a histria do trabalho apoiando-se na metodologia utilizada por autores como
Aldrin Castellucci e Robrio Santos Souza, historiadores que tem sido referncia para a
compreenso das redes de solidariedades, do carter multifacetado da classe operria
baiana, e de suas variadas formas de organizao.
Em Salvador, a carestia entre os anos 1930 e 1940, mais que um problema econmico foi
um dado pertinente no cotidiano dos sujeitos, permeado pelas incertezas de reproduo da
vida material. Esta comunicao centra seu recorte temporal entre os anos 1935 a 1938
No ano de 1935 foi construda, na localidade de Cip/Ba, uma Estncia Hidromineral. Esse
empreendimento buscou impulsionar o turismo local com a criao da Empresa Balneria
do Cip pelo mdico Gensio Seixas Salles, que obteve uma concesso do ento
governador da Bahia, Luiz Viana Filho, para explorar as guas de Cip durante 40 anos, a
partir de 19 de maro de 1928 at 1968. A construo de cidades balnerias est associada
existncia de fontes de guas minerais com propriedades medicinais e no Brasil algumas
foram criadas na segunda metade do sculo XIX, alcanando grande impulso entre as
dcadas de 20 e 60 do sculo XX. Esses espaos tornaram-se palcos de experimentao de
prticas urbansticas modernas no territrio nacional. No plano urbanstico projetado pelo
engenheiro civil, Oscar Caetano da Silva, para desenvolver o turismo em Cip, destacou-se
a construo do Grande Hotel de Cip, empreendimento de grande proporo e que foi
inaugurado pelo presidente Getlio Vargas, em 1952. Esse estudo busca conhecer aspectos
da experincia de criao desse hotel. Tanto o impacto que causou sua construo, ainda
presente nas memrias dos moradores, quanto as representaes que o empreendimento
assumiu ao longo do tempo so questes que se busca conhecer. Para tanto, trabalhamos
com uma documentao diversa, mas que se destaca o acervo iconogrfico do Museu
Tempostal; as fotografias pertencentes ao arquivo Theodoro Sampaio, do Instituto
Geogrfico e Histrico da Bahia (IGHB), e do maior acervo iconogrfico reunido sobre a
cidade de Cip, pertencente a Evandro de Arajo Ges, nascido em Cip no ano de 1927.
Bandeirante baiano: o serto de Eurico Alves (1952-1963)
Alex de Arajo Cruz
Graduando em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus II
[email protected]
A ampliao da noo de documento a partir da Escola dos Annales foi importante para
abrir novas reas nos estudos histricos, com isso houve a incorporao de outros objetos.
Entre as mudanas apontado o estatuto da obra literria, que deixou de ser uma fonte
secundaria pouco segura, e passou a compor a categoria de documento histrico. diante
desse novo cenrio, que procuro discutir o seguinte trabalho, precisamente no mbito da
Histria Cultural, atravs da Historia e Literatura. Para tanto, analiso as representaes de
serto na obra Fidalgos e vaqueiros, do poeta feirense Eurico Alves Boaventura entre os
anos de 1952 e 1963. Do ponto de vista terico-metodolgico, busco dialogar com a
concepo de narrativa histrica de Hayden White, segundo a qual esta no reproduz os
eventos que descreve, somente indica a direo que devemos pensar os acontecimentos,
isso se d atravs das imagens que suscita. Ao mesmo tempo, relaciono a ideia de White
noo de memria e narrativa de Walter Benjamin, que valoriza no ato de rememorar, a
forma como o faz e os sentidos que atribui. Tambm sobre memria tenho como guia
Jaques Le Goff, para ele, a memria alm ser um fenmeno individual e psicolgico, se
apresenta como social e poltico, e dar-se como um modo de apreender o passado, de
apropriar-se do tempo (LE GOFF, 2001, p.421). A obra, Fidalgos e vaqueiros se
apresenta, como uma escrita de carter potico, com descries da geografia do serto
baiano. Alm disso, o poeta feirense percebe a paisagem sertaneja como fator psicosociolgico, determinante na formao da mentalidade e de um modo de vida prprio.
Percebe-se na sua obra a tentativa de reinterpretao da Historia do Brasil - como fizeram
muitos autores da gerao de 1930 - tendo como pano de fundo o serto baiano e o
vaqueiro como o principal personagem. Para Eurico Alves, foram os primeiros criadores de
gado, chamados por ele bandeirantes baianos, os responsveis pelo desbravamento do
serto, contrariando a tese de Cassiano Ricardo. A ocupao do serto pelo bandeirante
baiano concomitante a um processo de miscigenao entre nativos e invasores,
produziu A civilizao pastoril, to importante para formao da nao brasileira, quanto
chamada civilizao do acar descrita por Gilberto Freyre.
Este projeto visa em princpio analisar a atuao docente de professores egressos do curso
de Licenciatura em Histria da UNEB - Campus XVIII, com primeiras concluses em
2007. Propondo promover uma reflexo sobre Ensino de Histria, relacionando a formao
acadmica oferecida pelo curso de licenciatura do mesmo e as prticas de ensino docente.
O ensino de histria tem sido objeto de pesquisa por vrios pesquisadores brasileiros. Os
debates se intensificam nessa rea aps a dcada de 80 com a reforma curricular esses
dilogos sobre ensino de historia tem ocupado lugar relevante na perspectiva da pesquisa
esta ligada a prtica e ao ensino. Dando nfase aos estudos do historiador alemo, Jorn
Rusen entre Teoria da Histria e Ensino de Histria, na sua perspectiva ele estabelece uma
relao entre teoria e prtica. Aponta a necessidade de uma disciplina cientfica que se
ocupe do ensino e aprendizagem da histria. A pesquisa se fundamenta, partindo do
pressuposto que, O professor quem transforma o saber a ser ensinado em saber
aprendido, ao fundamental no processo de produo do conhecimento
(BITTENCOURT, 2011, p.50). Assim, concluindo que o professor o mediador para a
realizao do saber, nos remetemos, a esse campo de pesquisa sobre Ensino de histria,
que visa analisar a formao acadmica dos docentes egressos da UNEB-Campus XVIII, e
seus mtodos e prticas na cidade de Eunpolis-Ba. Ao analisarmos a trajetria da
educao no Brasil, nos instigamos a discutir as mudanas causadas supostamente por uma
instituio Pblica de Ensino Superior. Nos, remetendo a questionamentos, sobre
mudanas no ensino de histria. Percebendo rupturas e permanncias, pensando que os
professores contribuem com seus saberes, seus valores, suas experincias nessa complexa
O presente texto tem como objetivo discutir as representaes dos grupos religiosos
estabelecidas sobre a cidade de Feira de Santana (BA) no romance Setembro na Feira, de
Juarez Bahia, destacando o grupo esprita, uma vez que por meio dessa obra literria
possibilita que questionamentos sejam levantados sobre as disputas existentes no campo
religioso feirense em torno das imagens da chamada Cidade Princesa. Os conceitos de
campo religioso, de Pierre Bourdieu (2007), e representaes, de Roger Chartier (1990),
sero de importantes como ferramentas de anlise com a finalidade de se perceber como as
disputas sobre a representao da cidade, no tocante a questo da religio, foram
estabelecidas no romance de Juarez Bahia. A cidade de Feira de Santana, como a maior
parte do territrio brasileiro, no escapou da influncia e hegemonia do Catolicismo
(SILVA: 2009), tal fato acaba reverberando em algumas obras literrias, sejam texto de
fico ou nos chamados romances histricos, bem como os textos memorialsticos, onde se
observa o protagonismo dado a Igreja Catlica na construo das cidades e da prpria
Histria Local. De fato, no se pode negar hegemonia catlica, todavia cada vez mais
necessria a pesquisa sobre outros grupos religiosos. No caso especfico de Feira de
Santana, pode-se observa por meio do romance Setembro na Feira de Juarez Bahia, que a
narrativa construda tomando como base marcos que veem a cidade sob outro ngulo,
que no o centro urbano da localidade nem a religio majoritria (OLIVEIRA: 2011). A
obra de Bahia trata das representaes religiosas do Espiritismo, destacando aspectos
religiosos como a obsesso e a prtica curativa do passe em vez do Espiritismo elitizado
onde prepondera o debate a respeito da cientificidade dessa doutrina. Pode-se observa, a
partir da narrativa do romance de Bahia, que medida que as representaes religiosas so
mltiplas, verifica-se tambm a caracterizao da cidade como plural. Se na literatura
memorialista sobre Feira de Santana, os catlicos escrevem do seu lugar social e
transferem conflitos do campo religioso para o campo da memria; na obra de Juarez
Bahia, publicada num momento de abertura poltica do Brasil, pode-se perceber o destaque
dado no somente ao Espiritismo, mas tambm a outros grupos religiosos, como o
Candombl Feira de Santana, na obra de Bahia, uma cidade plural e conflituosa.
Jornal Folha do Norte: uma fonte para a Histria da Educao em Feira de Santana e
regio (1920 1960)
Daiane Silva Oliveira
Mestranda em Histria pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
[email protected]
O presente artigo traz uma perspectiva acerca das questes que permeiam o universo dos
subrbios na cidade de Feira de Santana assim como as suas representaes a partir do
Jornal Folha do Norte. Como embasamento terico para a realizao desse trabalho foi
utilizada a obra do escritor Juarez Bahia, denominada Setembro na Feira e o livro
Literatura como misso de Nicolau Sevcenko, que permitiu um maior norteamento para
a pesquisa e teve na cidade do Rio de Janeiro, no perodo da primeira repblica, o cenrio
para as transformaes bruscas as quais o Brasil era submetido. Dentro do contexto das
mudanas trazidas pelo processo de urbanizao, Nicolau Sevcenko aborda questes
sociais tendo como pano de fundo a anlise crtica centrada em duas figuras emblemticas
para o perodo em que ocorria uma eloquncia de conflitos entre os ideais republicanos e o
tradicionalismo do imprio, essas personalidades eram os escritores Euclides da Cunha e
Lima Barreto, ambos possuam como caractersticas o fato de almejarem fazer algo em
benefcio do povo independentemente da forma de governo que estivesse vigorando no
pas.
A presente proposta de pesquisa tem como objetivo geral analisar as condies de vida e
de labor dos trabalhadores da Rtula de Cajazeiras X de Salvador - Ba, com vistas a
discutir polticas de incluso produtiva voltadas essa populao. Observando o
crescimento populacional dos ltimos anos na regio, evidencia-se um fenmeno urbano
de trabalhadores precarizados comercializando produtos e servios nas ruas, sem proteo
social, nem trabalhista, em condies inapropriadas para atividades laborais. Pesquisas
apontam que este fenmeno estrutural com dimenses globais (Antunes, 2011) est
Raymond Williams prope um conceito de cultura que destaca a vivncia social como
local de conflito, onde se converte e se consolida o projeto hegemnico enquanto mbito
de dominao. Tal dominao se legitima atravs da naturalizao e universalizao dos
significados, valores e prticas de uma determinada classe sobre o conjunto da sociedade.
A hegemonia se impe, entre outros meios, atravs das produes culturais e simblicas
que enfatizam determinadas prticas e signos, excluindo e invisibilizando outros, em um
processo seletivo fundamentado na organizao e manuteno do status quo, atuando,
portanto, como meios de dominao. O presente artigo discute um quadro do programa
Zorra Total, da Rede Globo, enquanto produto de reafirmao dos valores hegemnicos,
contribuindo com a permanncia do atraso cultural e da afirmao das relaes de poder e
opresso na contemporaneidade. Com esta finalidade, o artigo se apoia na aplicao dos
conceitos de cultura e hegemonia, como elaborado e utilizado por Raymond Williams, para
a compreenso dos meios de comunicao e suas produes como instrumentos de controle
ideolgico da classe dominante.
Marx, o Marxismo e a Educao
Murilo Santos
Mestre em Cincias Sociais pela Universidade Federal do Recncavo da Bahia UFRB
[email protected]
A presente pesquisa parte da reviso de literatura para abordar educao em Marx, que
conduziu seu enfoque a uma abordagem crtica, em relao educao burguesa. Essa
concepo trouxe consigo uma reflexo necessria na luta por uma educao crticoreflexivo que propiciasse o fortalecimento das bases produtivas da sociedade. Essa
abordagem permitiu para alm de uma formao crtica, poltica e reivindicatrio por parte
da classe trabalhadora, como tambm influenciaram posteriormente novos autores
intitulados marxistas aos exemplos de Gramsci e Lenin, dentre outros, aos quais
possibilitaram reflexes pertinentes dinmica social suscitada pela educao. Entre os
temas propostos pela corrente marxista em relao educao, podemos destacar: O papel
do Estado na educao, aonde a escola surge em um contexto de privilgios da elite e a
funo da educao na emancipao do indivduo. Para os marxistas a educao vista
como uma ao inerente ao processo de desenvolvimento humano, que reflete as relaes
entre as classes, alm da luta dos trabalhadores contra as relaes de explorao e
opresso. Nesse sentido, ao refletimos a educao, temos a certeza que os contedos nela
propostos devero estar articulados na sua totalidade, superando possveis fragmentaes e
dissociaes da ideia de unicidade entre teoria e prtica. Aos nos reportarmos ao trato
pedaggico, observamos total liberdade na interveno s questes referentes educao
evidenciadas por Marx atravs de diretrizes das quais possibilitaram a elaborao de
concepes educacionais, transformao da escola e projetos pedaggicos, no qual os
autores marxistas iro se debruar na perspectiva da construo de uma escola igualitria,
como na viso de Gramsci. Em uma perspectiva materialista-histrica relacionada ao
mbito escolar, a pedagogia marxista no admite posicionamentos espontanestas do
desenvolvimento da conscincia, ou seja, do aprendizado. Aqui a escola entendida como
um ambiente de compartilhamento e apropriao do conhecimento acumulado ao longo do
tempo pela humanidade e disseminado entre as geraes. No qual seu objetivo no se
refere construo de homens e mulheres que exeram mltiplas atividades, atendendo as
necessidades do mercado, e sim, a formao de indivduos que compreendam a lgica da
produo e reproduo social na sua totalidade.
O lugar da categoria da totalidade na teoria marxista
Haiana Ferreira de Andrade
Graduanda em Comunicao Social pela Universidade Federal do Recncavo da Bahia - UFRB
[email protected]
O fim a que se destina o presente artigo analisar qual o lugar da totalidade enquanto
categoria fundamental da teoria social crtica marxista. O interesse por essa temtica surge
ao se perceber os recortes disciplinares e conjunturais que se tem feito para anlise e
compreenso da realidade, tanto no interior da academia, quanto dos movimentos sociais e
diversos segmentos que possuem como fundamento terico e prtico os pressupostos
marxistas. Parte-se da hiptese que a categoria da totalidade vem perdendo ao longo do
desenvolvimento da tradio marxista sua centralidade enquanto ncleo de estudo da
sociedade burguesa, que produza como resultado as condies objetivas de transformao
social. Para apreenso do real em sua totalidade concreta, bem como a reconstruo da
realidade no pensamento imprescindvel a observao das categorias ontolgicas da
dialtica marxista singularidade, particularidade e universalidade -, sem as quais a
apreenso do concreto no possvel. Todas essas categorias existem de forma
insuprimvel na realidade, e para desvelamento desta, torna-se fundamental a compreenso
desses nveis constitutivos da totalidade concreta. Nessa perspectiva, faremos uma
incurso acerca das produes tericas que abordam a totalidade enquanto ncleo central
Busca-se atravs deste trabalho discutir como o pensamento socialista nas suas diferentes
perspectivas podem ser articulados para entendimento da realidade social e embasar uma
prtica poltica e militante que visa a transformao. Depreende-se, ento, atravs do
mtodo materialista histrico dialtico de Marx, o movimento necessrio e real que de
forma dialgica, com perspectiva advinda do anarquismo social, busca discutir poder
popular e confrontar a realidade na sua diversidade. Da, ento, o agrupamento de
tendncia, como o a Organizao Popular de Ao Revolucionria (OPAR) situada no
estado Bahia, ser o lcus de anlise deste trabalho, j que possui como um de seus
objetivos articular diferentes setores de esquerda, nesse caso os movimentos sociais, em
prol da construo do poder popular. De forma a se contrapor as organizaes polticas e
sociais tradicionais na sua forma de atuao, j que se essas tendem a ser centralistas e
rgidas a diversidade de atuao visando a disputa do poder burgus institucionalizado, as
organizaes populares (ou as OP's) trazem como princpios: a horizontalidade, autonomia
e auto-gesto, ou seja, construes de base.
A poltica o meio, a cultura que o fim
Luiz Henrique S da Nova
Mestre em Comunicao pela Universidade Federal da Bahia - UFBA
Professor da Universidade Federal do Recncavo da Bahia - UFRB
[email protected]
assim como do chamado marxismo cultural, para a abordagem de Luckacs e Williams, que
desatacam o campo da cultura. Reduzir as abordagens destes autores chave do
culturalismo empobrece o debate poltico transformador contemporneo, dificultando
aprimorar a discusso, em busca da preciso necessria interveno no processo social.
A centralidade do trabalho informal no capitalismo global: uma abordagem crtica
Bruno Jos Rodrigues Dures
Doutor em Cincias Sociais pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
Professor de Sociologia da Universidade Federal do Recncavo da Bahia - UFRB
[email protected]
Este texto tem como objeto de estudo da baianidade no filme O capeta Caryb.
Primeiramente, vamos realizar um panorama da produo documentria na Bahia, segundo
os estudos de Osmundo Pinho e Agnes Mariano. Posteriormente, analisaremos as formas
Uma narrativa flmica deve ser considerada como excelente possibilidade para o
entendimento da histria. um documento histrico por excelncia, uma vez que possui as
marcas da sociedade que o fez. tambm, antes de tudo, uma linguagem diferente do texto
escrito, dotada de lgica e sentidos que lhe conferem identidade e coerncia. Este trabalho
compartilha da ideia de que a Histria e o Cinema se constituem em um campo j
consolidado, com importantes reflexes para o conhecimento histrico, como tambm para
o Cinema propriamente dito. O presente trabalho tem como objetivo discutir o continente
africano a partir das representaes flmicas da indstria cinematogrfica hollywoodiana.
Atravs da anlise do filme O Congo, lanado no Brasil em 1995, procura-se mostrar
como as imagens e cenas contribuem para consolidar vises e sentidos baseados em clichs
e estereotipias clssicas, bastante presentes nos filmes anlogos, que tematizam o
continente africano. Para este trabalho foram utilizados os trabalhos dos historiadores
africanos Elikia M Bokolo e Joseph Ki Zerbo como forma de mostrar outra frica,
diferente da que foi apresentada no filme em questo. Percebe-se ento, que a indstria
cinematogrfica reitera valores eurocntricos para representar o continente africano sob a
marca do homogneo. Nesse sentido, este trabalho analisa estas representaes, cotejandoas com bibliografia existente sobre a Histria do continente africano. Este trabalho tambm
procura discutir as concepes existentes nas representaes que marcam a frica e seus
habitantes como sendo um lugar diferente dos demais, qual seja, um lugar de seres
desprovidos de racionalidade, sentido histrico e cultural.
Cinema Baiano e seus espaos formativos (1950-1978)
Izabel de Ftima Cruz Melo
Doutoranda do Programa de Ps Graduao em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP
Professora da Universidade do Estado da Bahia - UNEB
[email protected]
autores, atores, agentes histricos. Escrives contracorrente deixaram marcas das lutas
contra a ditadura, registraram os embates de oposicionistas variados. O objetivo desse
trabalho analisar esse perodo da Histria atravs das lentes de Olney So Paulo, cineasta
sertanejo de Riacho do Jaqupe, que, assim como outros artistas, teve sua trajetria
marcada pela ditadura e pelo crcere, nos deixando porm sua leitura daqueles momentos
dramticos perpetuada em seu filme Manh Cinzenta, misto de filme-documentrio que
retrata as represses polticas promovida pela ditadura e a reao de jovens a este triste e
cinzento episdio da Histria do Brasil. O procedimento metodolgico ter como base a
anlise interna/externa do filme, de modo a reconstruir os passos da elaborao flmica,
que vo desde a montagem, roteiro, personagens, cenas, enquadramento, fotografias, at o
momento da distribuio, exibio e recepo dos expectadores, especialmente os cineastas
do perodo e as crticas feitas ao filme e, sobretudo, aos militares, a repercusso que causou
ao governo ditatorial, frente a contundente crtica poltica existente no filme e o regime de
confisco da democracia e do livre direito de expresso do pensamento.
A presente pesquisa tem por objetivo estudar a formao da classe operria baiana, com
nfase aos trabalhadores empregos pela So Francisco Railway Company na construo da
Estrada de Ferro Bahia ao So Francisco. A anlise se dedica aos trintas anos que
antecedem a abolio da escravatura no Brasil, perodo onde no existiam aes sindicais
ou uma organizao burocrtica por parte dos trabalhadores. Nossa proposta perceber o
fazer-se classe desses trabalhadores a partir do cotidiano de luta e opresses, bem como,
identificar os laos de solidariedade e resistncia que esses homens forjaram em suas
trajetrias. Busca-se tambm, investigar ao jogo poltico em torno do processo de
implantao do terminal ferrovirio na cidade de Alagoinhas, no recncavo. Para tal,
utilizamos enquanto aporte terico e metodolgico os pressupostos Histria Social Inglesa,
sobretudo as contribuies do historiador ingls E. P. Thompson, em especial os conceitos
de cultura e experincia. A documentao analisada vasta e advm tanto de arquivos
pblicos, como fundaes e acervos digitais. Dentre esses destacamos, as Falas e
Relatrios proferidos por Presidentes da Provncia e apresentados na assembleia
Legislativa da Bahia (APEB), as Atas do Conselho Municipal de Alagoinhas e o peridico
Noticiador Alagoinhense (FIGAM), mais os jornais O Monitor, Correio da Bahia, Dirio
de Noticias, Gazeta da Bahia, Anaes da Assembleia Legislativa e Relatrio dos Trabalhos
Interino do Governo da Bahia Correio da Bahia, todos disponveis na base digital da
Biblioteca Nacional. Este esforo de pesquisa vinculado ao projeto Auge e Declnio dos
Ferrovirios na Bahia (1858-1964): o caso Alagoinhas, sobre a orientao da Professora
Dra. Elizete da Silva.
A indstria do petrleo e os reflexos do desenvolvimento na cidade de Alagoinhas
(1959-1970)
Lidiane Mendes Sacramento
Graduanda em Histria da Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus II
[email protected]
Nas dcadas de 1960 e 1970 a cidade de Alagoinhas contava com poucos hotis. A
demanda por hospedagem no perodo foi intensificada pelo aumento do comrcio, da feira
livre e implantao da Petrobrs na regio. Nesse contexto, algumas mulheres, mes de
famlia, e em alguns casos, chefes de famlia procuraram conciliar o ato de ficar em casa
cuidando dos filhos e ter uma atividade que lhes proporcionasse renda. Construindo e
reconstruindo seus papis e suas identidades a partir de lutas prprias, essas mulheres
souberam utilizar as brechas existentes e procuraram formas de sobrevivncia para si e
para suas famlias, afinal, naquele contexto, ser dona de penso possibilitou a manuteno
dos papis atribudos socialmente as mulheres de mes e permitiu sua atuao no mercado
de trabalho, formal ou informal. O objetivo deste trabalho conhecer a atuao de algumas
dessas mulheres. Seus recursos e estratgias de atuao numa atividade que para algumas
era totalmente nova. A seleo que faziam dos hospedes, em alguns casos mensalistas,
permanecendo longos perodos; A proteo dos filhos numa convivncia forada com os
hospedes mensalistas e/ou diaristas so questes que este estudo busca compreender.
Autores que lidam com as questes da identidade feminina e atuao profissional das
mulheres, ainda que os estudos sejam sobre a atuao das mulheres em outros perodos e
lugares so importantes para ajudar a compreender nosso objeto. Assim, autoras como
Michelle Perrot, Rachel Soihet, Maria Odila da Silva Dias, Maria Izilda Santos Matos,
Margareth Rago, Mary Del Priore e Carla Pinsky do aporte terico e metodolgico a esse
estudo.
Organizao do Trabalho Coletivo: a experincia da Cooperativa Agropecuria
Mista da Regio de Alagoinhas Coopera (1980-2000)
Nlio Conceio Costa
Graduando em Histria da Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus II
[email protected]
Este trabalho se ocupa de apresentar os primeiros passos de uma pesquisa ainda em curso
cujo objetivo compreender de que maneira foram estabelecidas as relaes de trabalho na
unidade fabril da Schincariol, situada no municpio de Alagoinhas-BA a partir do modelo
de gesto e organizao do trabalho implementada pela indstria de bebidas. Busca-se
perceber as circunstncias da instalao da planta industrial no municpio e de que maneira
os trabalhadores se adequam as demandas da empresa. Atravs dos depoimentos de
alguns funcionrios (trabalhadores diretos, terceirizados, quarteirizados e das informaes
disponibilizadas nos relatrios pblicos da Empresa e em peridicos como a Gazeta dos
Municpios, O Folho, Jornal de Alagoinhas) possvel identificar possveis mobilizaes,
as estratgias de resistncia, as adeses naturais s tticas de cooptao da Empresa e o
perfil de seus trabalhadores. necessrio, ainda, analisar a construo de um discurso, por
parte dos poderes pblicos locais, que coloca Alagoinhas como a terra da gua
cervejeira. E mais, como a lgica de implantao da indstria, seu modelo de gesto e a
construo de afirmativas que justifiquem a formao do plo de bebidas na cidade so
caractersticas prprias de um modelo especfico de acumulao capitalista. Segundo
Ricardo Antunes (2002), a crise estrutural que marcou o sistema capitalista dos anos de
1970 provocou a implementao de um processo amplo de reestruturao produtiva do
capital a fim de repor os patamares de acumulao existentes no perodo anterior aos anos
70. Assim, faz-se necessrio analisar qual a situao dos trabalhadores da cervejaria
Schincariol face s mudanas ocorridas no mundo do trabalho.
SOCIEDADE
Este trabalho tem por objetivo discutir como a atuao missionria jesuta pelo interior foi
redefinida, bem como apresentar os limites enfrentados para sua execuo na colnia
pretendemos analisar os discursos e representaes dos jesutas acerca das suas prprias
prticas pedaggicas e sobre os filhos dos colonos, ndios, negros e mestios.
De aldeia a vila: a trajetria de uma povoao indgena
no serto da Bahia (sculos XVII-XVIII)
Fabricio Lyrio Santos
Doutor em Histria Social pela Universidade Federal da Bahia - UFBA
Professor da Universidade Federal do Recncavo da Bahia - UFRB
[email protected]
reivindicaes simples do ponto de vista atual, mas que tinha grande peso no contexto
colonial setecentista.
A Colonizao da Antiga Capitnia de Porto Seguro (1808-1817): Economia e
Povoamento na ao colonizadora
Callebe Bastos Santos
Graduando em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XVIII / Bolsista IC/Fapesb
[email protected]
Este resumo tem como finalidade analisar e discutir as experincias de vida entre ndios,
Colonos e autoridades polticas existentes na capitnia de Porto Seguro, compreendendo
tambm a importncia da reforma Joanina durante o perodo da crise econmica
metropolitana portuguesa com a migrao da Famlia Real para o Brasil e como essa
reforma contribuiu significativamente para o redirecionamento de uma conduta opressiva
de poltica de colonizao aos povos indgenas da regio do extremo sul baiano. A
pesquisa prope tambm analisar e investigar o governo do Ouvidor Jos Marcelino da
Cunha que administrou os territrios da regio de Porto Seguro entre (1808-1817). Esse
perodo foi caracterizado por uma violenta poltica de dominao territorial s terras dos
povos indgenas fazendo com que os mesmos se refugiassem para a zona de fronteiras em
solos dos sertes da Bahia, ocasionando grandes conflitos entre os sesmeiros, meeiros e
nativos da terra no interior do extremo sul baiano. Assim, como uma forma de intensificar
e fortalecer os domnios territoriais o ento ouvidor Jos Marcelino da Cunha buscou
acima de tudo organizar e criar alianas com as demais autoridades polticas por meio de
trocas de favores buscando o incentivo da migrao de estrangeiros para Capitania de
Porto Seguro e iniciou um processo de aldeamento de milcias de ndios com o desgnio de
proteger as estradas que acoplaria o litoral com a regio de Minas Gerais. Com a crise da
produo econmica da metrpole e a vinda de D. Joo VI para a Corte do Rio de Janeiro
foi preciso buscar novos recursos para a incorporao do fortalecimento da economia como
uma forma de reestruturar as bases parcimoniosas da corte portuguesa e tambm garantir o
sustento da delegao da Coroa Real no Brasil. Segundo (Maria Hilda Paraso 1998), foi
necessria a criao e a intensificao de diversos gneros e subsdios alimentcios, deste
modo, houve o processo de ampliao nas pautas de exportaes e em concomitncia a
isso se teve tambm a expanso da explorao de terras interiorizadas fazendo com que os
povos nativos se refugiassem para reas de risco de conflitos entrando desta forma em
constantes discrdias com os posseiros existentes no interior do serto baiano neste caso
(Cunha 1992), afirmaria que a questo indgena deixou de ser uma questo de mo-deobra para se tornar uma questo de terras, gerando deste modo intrnsecos conflitos entre
nativos e colonizadores.
Nesta pesquisa investiga-se a histria das cises pela qual passou a Organizao
Revolucionria Marxista Poltica Operria (ORM-POLOP) entre 1961, ano de seu
surgimento, h 1971, ano em que se reorganiza com o nome de OCML-PO (Organizao
de Combate Marxista-Leninista Poltica Operria). A fundao da POLOP (sigla pela qual
a organizao tornou-se conhecida) foi o resultado de uma srie de debates, e articulaes
entre quadros polticos e intelectuais (estudantes, professores, militares de baixa patente,
etc.) que ento militavam em pequenas organizaes polticas, iniciadas no final dos anos
1950 e consolidadas no seu I Congresso em 1961 em Jundia/SP. Aps o golpe civil-militar
de 1964, a POLOP passa pela sua primeira grande ciso consolidada em 1967 em seu IV
congresso, provocado pela discordncia insupervel dos grupos majoritrios de Minas
Gerais e So Paulo que divergiram da posio da direo a respeito da questo da luta
armada. Esta ciso de 1967, que dividiu a POLOP, deu origem a novas organizaes que
atuariam na luta armada explicita. Como o Comando de Libertao nacional (COLINA), e
a Vanguarda Popular Revolucionria (VPR). O grupo que permaneceu na POLOP
procurou articular-se com dissidncias do PCB em algumas regies do pas. Nascendo
deste esforo o Partido Operrio Comunista (POC). Foi atravs do POC que militantes da
velha POLOP chegaram a ter certa participao nas famosas greves de 1968, em
Contagem e, principalmente, Osasco. No entanto, no interior do POC reapareceram
divergncias programticas intensas, resultando em 1971, em um novo fracionamento que
deu origem a Organizao de Combate Marxista-Leninista Poltica Operria (OCMLPO). O objetivo principal da atual pesquisa analisar o porqu destes rachas, e como
foram estes momentos de inmeras tentativas de reestruturao de uma organizao
trabalhadora independente. Focando principalmente, sobre a funo e os limites da luta
armada, e como foi debatido est questo entre a esquerda brasileira naqueles momentos de
agitaes polticas que vivia o pas, entendendo a conjuntura pela qual passava a POLOP
durante o perodo estudado. Para tanto, teremos em Gramsci nosso principal referencial
terico-metodolgico, visto a concepo deste autor sobre partido poltico e intelectuais.
Este trabalho tem como objeto a relao entre a Cultura Poltica de Resistncia e de
Vanguarda Dirigente no Pensamento contra-hegemnico de Carlos Marighella, utilizando
os conceitos de cultura, hegemonia e contra-hegemonia.
Utilizamos alguns dos principais textos produzidos por Carlos Marighella e de autores que
escreveram a respeito da sua obra, procurando luz da literatura e dos conceitos de cultura,
hegemonia e contra-hegemonia e do perodo histrico que os mesmo atuou na vida poltica
brasileira compreender a evoluo das suas aes, do seu pensamento poltico e terico,
bem como da sua concepo programtica para construo da revoluo brasileira e do
Socialismo no Brasil. Entretanto, outros trabalhos ainda se fazem necessrios para
ampliarmos nossa compreenso de qual concepo de vanguarda o mesmo defendia e
trabalhou para construir, bem como melhor caracterizao histria a respeito da natureza
da hegemonia burguesa no Brasil nas dcadas de 1930, 1940, 1950 e 1960.
Carlos Marighella um dos principais nomes do que seja o trabalho para a construo de
uma Nova Cultura Poltica que traga direitos para toda a sociedade brasileira no plano
material, econmico, poltico, sociocultural, simblico e afetivo. Nova Cultura, na sua
dimenso estrutural e superestrutural. Suas aes, teorizaes, lutas, valores,
comportamentos, prxis militante e de uma identidade de classe pautada em defesa da
mudana das difceis condies de vida da imensa maioria da sociedade brasileira um dos
grandes legados das lutas do povo brasileiro, do no abandono da defesa dos interesses do
seu povo (suas origens) e de uma sntese mais apurada da construo do Socialismo no
Brasil e utilizao do marxismo com instrumento de anlise e transformao da realidade.
Nos seus escritos encontram-se argumentos e formulaes que tratam da superao da
pobreza, do autoritarismo, do atraso, da dependncia e subdesenvolvimento, da
necessidade de investimento massivo na educao, sade, cincia e tecnologia. Crticas a
mtodos da poltica burocratizantes, caracterizaes de perodos importantes que viveu na
histria poltica brasileira e questes que ajudam a compreender a estrutura econmica e de
classes e os meios de superao dos grandes dilemas da sociedade brasileira.
O golpe e o regime civil-militar no Brasil sob lentes soviticas (1964-1978)
Aru Silva Lima
Doutorando em Histria em Histria Social pela Universidade de So Paulo - USP
[email protected]
Esta comunicao visa discutir as relaes de poder em Feira de Santana nas primeiras
dcadas do sculo XX, mais especificamente entre 1907 a 1927. Procuramos entender os
grupos partidrios e as prticas dos sujeitos que os compunham, as estratgias visando criar
legitimidade para as posies defendidas, tendo sempre em conta os conflitos polticos e
econmicos envolvendo esses grupos. Procuramos entender o cenrio eleitoral, os atores
que dela participavam e estavam excludos, tentando compreender a relao entre os
eleitores e os polticos na cidade. A finalidade do estudo uma maior compreenso do
processo poltico em Feira de Santana no incio do sculo XX, fazendo suas interlocues
com a poltica na Bahia e no Brasil. Para tal ampliamos o estudo relacionando as relaes
polticas com as configuraes eleitorais nacionais e estaduais. Os jornais que circularam
em Feira de Santana nesse perodo (Folha do Norte, O Progresso, O Municpio, O
Propulsor e O Republicano), os memorialistas, as fontes do executivo e do legislativo (atas
de reunies, relatrios e balancetes), os processos-crimes e cveis e os invntrios so as
fontes utilizadas para a anlise.
Cidade e Memria: Urbanizao e Reforma no povoado de Eunpolis
entre os anos de 1970 e 1988
Levi Sena Cunha
Graduando em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XVIII
[email protected]
Esta pesquisa sobre memria e cidade visa analisar como se deu o processo de urbanizao
e de reforma urbana no povoado de Eunpolis da Bahia entre os anos de 1970 e 1988, no
intuito de perceber as estratgias traadas pelo poder pblico dominante atravs da
regulao dos usos dos espaos e a construo de uma memria social que solidificasse os
anseios de progresso. Dentro do processo de uma institucionalizao da memria local,
pressupunha um enquadramento das memrias dos variados segmentos da populao por
uma elite local. Situada no extremo-sul da Bahia, Eunpolis, que at 1988 pertencia a Porto
Seguro e Santa Cruz Cabrlia tem uma intensificao no crescimento econmico e
populacional em meados dos anos setenta chegando a sediar a administrao santacruzense em 1970. Dentro dessa periodicidade o povoado recebe a alcunha de Maior
povoado do mundo por conta do seu desenvolvimento. O povoado de Eunpolis que aqui
analisado, como um espao constitudo e reelaborado por aes de sujeitos sociais de
acordo com suas demandas cotidianas. Neste sentido so criados e recriados lugares por
subjetividades individuais e coletivas em que valores e significados deixaram marcas nas
memrias dos seus moradores. Utilizando-se de fontes como documentos administrativos
da prefeitura de Santa Cruz Cabrlia quando administradora do povoado,
correspondncias, jornais e revistas de circulao local e regional, tenta-se perceber os
mecanismos dessa elite dominante em consolidar uma memria que represente seus ideais
de modernidade e as reaes da populao local a essas aes.
A partir de 1850, com o fim do trfico de escravizados africanos para o Brasil, a principal
fonte de cativos para as regies mais prsperas, principalmente Rio de Janeiro, So Paulo e
Minas Gerais, foi o Nordeste. Nesse contexto, a Bahia foi uma das grandes fornecedoras de
mo de obra escravizada e Feira de Santana teve uma acentuada participao nessa nova
realidade, onde compradores de escravizados se associavam a comerciantes e
agropecuaristas locais com a finalidade de comprar e vender escravizados para fora da
provncia. O objetivo desse trabalho investigar o comrcio de pessoas estabelecido em
Feira de Santana entre 1850 a 1888, bem como a participao de grandes e pequenos
agropecuaristas e comerciantes da cidade neste negcio e as formas que encontravam para
obter lucros com esse tipo de comrcio. Com isso, alm de discutir a experincia escrava
nesta regio, buscamos demonstrar a importncia da mo de obra escrava para a economia
da Feira de Santana Oitocentista, contraponto tese de Rollie E. Poppino (1968), de que a
mo de obra escrava representou um papel pouco importante na economia do municpio.
Para tanto, utilizaremos fontes notarias, a saber: escritura de compra e vendas e
procuraes, alm de Relatrio da Assembleia Legislativa da Provncia da Bahia de 18501888. Com a finalidade de perceber como os escravizados eram intercambiados do interior
da Bahia para o Oeste Paulista, temos como referencial terico metodolgico Erivaldo
Neves (2000). Alm disso, utilizaremos E. P. Thompson, que nos ajuda a refletir sobre o
cotidiano de homens e mulheres, formado por experincias histricas e aes individuais e
coletivas (THOMPSON, 1998). Com isso, analisamos o espao urbano e rural de Feira de
Santana a partir das relaes que os escravizados estabeleciam com o contexto
socioeconmico que os circundava, de forma que seja possvel perceber como eles se
aproveitavam das brechas sociais existentes para agenciar suas vidas.
Prticas de sociabilidades: a Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Martrios na
Cachoeira oitocentista
Gabriella Oliveira Bonomo
Mestranda em Histria Regional e Local pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
[email protected]
Nos oitocentos, como diria Gilberto Freyre, havia um respeito sincero pelas coisas
sagradas, e esse respeito foi caracterizado por costumes e tradies em comum da
sociedade cachoeirana, sempre intensa e efervescente. Uma dessas caractersticas fora a
participao de grande parte da populao, principalmente a escravizada e liberta, como
membros de instituies religiosas, estas regulamentadas pelo Estado e pela Igreja. Essas
irmandades eram, em suma, associaes baseadas em uma forte hierarquia e que tinham o
intuito de cooperao e ajuda dos irmos associados ela. Compreender como se davam as
relaes de sociabilidade entre esses associados, mais conhecidos como irmos, o que
objetiva este trabalho. Temos como foco a Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Martrios,
que foi fundada pelos africanos Geges, em 1765, em Cachoeira-Bahia, como dita o seu
compromisso, que era o documento que regia, que dava as regras para o funcionamento da
Irmandade em questo. Para tanto, adotaremos como fonte bsica testamentos e
inventrios, alm do compromisso da Irmandade. Utilizaremos o mtodo indicirio
referendado por Ginzburg (1989). Destacaremos a priori a festa e procisso ao Santo Jesus
Cristo dos Martrios e a realizao e participao da Irmandade em funerais.
A Irmandade do Bom Jesus da Pacincia na cidade de
Cachoeira (1840-1853)
Rodrigo do Nascimento Amorim
Mestrando em Histria pela Universidade Federal da Bahia - UFBA
[email protected]
O trabalho a seguir tem como proposta a anlise da Irmandade do Bom Jesus da Pacincia
(1840-1853), fundada e formada majoritariamente por crioulos, da cidade de Cachoeira
Bahia, a partir de uma documentao primria que nos possibilita compreender o cotidiano
e as prticas sociais que envolvem a instituio. Trata-se de um trabalho preliminar que faz
parte da pesquisa que venho desenvolvendo no programa de ps-graduao da UFBA, no
qual venho analisando, alm das prticas, a posio da Igreja em relao s irmandades na
Bahia no sculo XIX e o perfil dos irmos da Pacincia. O presente trabalho parte da
anlise de dois conceitos chaves e que fundamentam nosso trabalho, o de interpenetrao
das culturas e afro-catolizao, propostos por Roger Bastide e Vainfas e Marina de
Mello e Souza, respectivamente. Em sequncia, buscamos trabalhar sobre alguns
elementos fundamentais que caracterizam as irmandades. Em especfico, daremos nfase a
dois aspectos: (1) a identidade e afirmao tnico-cultural e seus (2) diversos rituais
festivos e devocionais, que a partir de indcios presentes na documentao utilizada
fomentem a ideia de que a instituio se caracterizava como um espao social e religioso
de um grupo especfico, os crioulos. Desse modo, percebemos como os rituais que na
Irmandade estavam inseridos em um contexto mais amplo de afirmao social e tnica de
um grupo, bem como de sua devoo.
Emancipao escrava em SantAnna do Catu (1870-1889)
Jssica da Silva Lima
Graduanda em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB /Bolsista IC/Picin-UNEB
[email protected]
[...] Sem outro motivo, passou a dirigir ao queixoso diversos ephitetos, entre outros:
cabro, sendo o queixoso casado tolo, ladro, safado, sendo assim o queixoso insultado. E
por que, por esse facto praticado pelo querellado tendo este commettido o crime previsto
no art. 236 4 do Cod[igo] Crimi[nal], com referencia ao art. 237 3 [...]. Era uma hora
da tarde na cidade da Bahia, do dia 13 de fevereiro de 1888, quando Virgilio Paulo de
Souza Brito, cabra, pretendia atravessar de canoa de Plataforma a Itapagipe, desistindo de
embarcar na canoa de Matheus de tal. Devido demora na sada, passou para outra
embarcao, o que levou o canoeiro a lhe insultar. Este resumo de queixa consta em um
O passo inicial para a redemocratizao do Brasil em 1945 tendo como base o aspecto
eleitoral se deu a partir do Ato Adicional nmero 9, promulgado por Getlio Vargas em 28
de fevereiro de 1945. Com isso, Vargas tentava comandar a redemocratizao em meio aos
inmeros protestos desde o final de 1944. O processo eleitoral se deu em pouco mais de
seis meses, tendo como marco inicial a criao do Tribunal Superior Eleitoral e dos
Tribunais Regionais Eleitorais em maio e a finalizao com o pleito em 02 de dezembro de
1945.
Paralelamente a disputa eleitoral como um todo, na Bahia, os integralistas eram
combatidos constantemente pelos comunistas atravs de inmeras matrias no jornal de
orientao comunista O Momento. O anti-integralismo se justificava pela linha poltica de
Unio Nacional adotada pelo Partido Comunista do Brasil (PCB) no final da dcada de 30.
Em O Momento, matrias de capa como a de 28 de maio de 1945, intitulada O povo
baiano repele o integralismo reagir organizadamente contra as manobras dos fascistas
brasileiros ou a do dia 17 de setembro com o ttulo Permitir a rearticulao integralista
um ultraje democracia, demonstram que os integralistas eram inimigos a serem
batidos pelos comunistas diante do novo jogo eleitoral em curso.
O combate dos comunistas aos integralistas durante a disputa eleitoral que estava em curso
provavelmente fosse motivada pelo temor de que, assim como foram na dcada de 30, os
integralistas pudessem se tornar uma grande fora poltica no pleito de 02 de dezembro. O
resultado da eleio revela que a preocupao dos comunistas quanto capacidade eleitoral
dos integralistas era legtima, afinal enquanto o PCB obteve 18.628 votos, elegendo um
deputado Carlos Marighella -, o Partido de Representao Popular (PRP), de orientao
fascista, obteve 12.913 votos, e por pouco no conseguiu eleger um deputado pela Bahia,
afinal se o partido atingisse 14.437 votos tambm teria direito a uma vaga na Cmara dos
Deputados. Embora as animosidades e tenses entre comunistas e integralistas estivessem
evidenciadas durante o jogo eleitoral na Bahia, estas no podem ser pensadas isoladamente
como algo exclusivo da disputa por eleitores, dever, na verdade, ser vista de forma mais
ampla, como fragmento de um processo mais complexo. A partir destes conflitos podemos
visualizar outras tenses entre estes grupos, sejam elas de dcadas anteriores em escala
internacional ou a partir dos anos 30 no Brasil.
As marcas da Ditadura em Alagoinhas: prises, torturas e vida na clandestinidade
Valnete da Cruz
Graduanda em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus II
[email protected]
SIMPSIO TEMTICO
IDENTIDADE.
12:
GNERO,
HISTRIA
Coordenadores: Prof. Luiz Alberto da Silva Lima e Profa. Maria Aparecida Prazeres
Sanches.
O trabalho aqui proposto est inserido na linha de pesquisa da Histria, chamada Histria
Social da Cultura, uma vez que esta pesquisa visou tratar sobre os caftns na cidade de
Salvador e seus engendramentos. Segundo Scliar romancista e mdico que tratou sobre o
assunto do trfico de polacas no seu romance, o termo caftn utilizado para designar o
explorador da escravido branca. A palavra caftan em hebraico significa, sobretudo
comprido utilizado pelos judeus. Dessa palavra, originou-se o termo hoje genrico
conhecido como cafeto, configurando-se como uma forma de evidenciar a presena dos
judeus na explorao sexual. Os estudos realizados pela historiografia brasileira limitam-se
a regio sudeste. Segundo Rago, a maioria das mulheres oriundas do leste europeu que
foram enviadas para o Brasil, conheciam sua real situao, enquanto prostituta e
experiente. Todavia pesquisas realizadas na cidade do Rio de Janeiro por, Menezes e
Soares afirmam que o trfico no era por opo e por isso prendiam as mulheres nos laos
de aprisionamento da sociedade Zwi Migdal. Levando em conta os debates criados pela
historiografia e a falta de consenso sobre a ao dos caftns no processo da vinda de
mulheres trazidas para os prostibulos brasileiros, propus analisar as tticas utilizadas por
eles com a finalidade de burlar as aes das polcias dos Portos e Costumes, nos seus
objetivos financeiros de desembarcar as mulheres trazidas. Com a perspectiva de Certeau
trago os conceitos de tticas e homem ordinrio que influenciaram na anlise dos sujeitos
na cidade enquanto espao do cotidiano, reinventado pelos moradores que burlam as leis
impostas pelos organizadores do espao. Os caftns reinventam e burlam as leis impostas
em vrios momentos, desde a entrada no Brasil e sua permanncia. Nos documentos
encontrados no Arquivo Publico do Estado da Bahia pude comprovar que as tticas dos
caftns iniciavam antes do desembarque, aja vista o alto nmero de casamentos e a
falsificao de documentos para a entrada no Brasil. Para sua permanncia alguns jornais
da poca evidenciavam os maus tratos realizados por estes sujeitos.
Esta pesquisa trata sobre a construo do ser feminino a partir do discurso jurdico na
cidade de Feira de Santana, buscando analisar de que forma esses discursos judiciais
utilizavam-se do Cdigo Penal da poca para a construo e constituio dessas
representaes, utilizando como fontes os processos crimes de defloramento que envolve o
perodo de 1900 a 1930, os quais esto sob a guarda do Centro de Documentao e
Pesquisa da Universidade Estadual de Feira de Santana (CEDOC UEFS); e o Cdigo
Penal de 1890. Para isto, insere-se no campo historiogrfico da Histria das mulheres, o
qual surge com o propsito de dar vozes s mulheres que por muito tempo foram
negligenciadas pela Histria. a partir de 1960 que as mulheres alcanam a condio de
objeto de pesquisa e sujeitos da histria, nessa perspectiva, tal teoria estabelece novos
caminhos tericos que passam a analisar as relaes de poder existente. Tal analise tem
como consequncia a importncia que a academia passa a dar ao gnero, que, como
conceito, representou tanto uma reorientao da histria das mulheres quanto novos
questionamentos no seu interior, j que busca observar a construo dos papis sexuais.
(SCOTT, 1988), ou seja, estudar gnero estudar homens e mulheres em sua relao.
Assim, foram utilizados os processos crimes de defloramento como fonte, visto que estes
documentos nos permitem entender a sociedade, assim como os seus arranjos, atravs da
caracterizao dos indivduos e atravs da relao de gnero existente, que permeiam os
papis desempenhados por homens e mulheres. Ao analisar tais documentaes percebeuse a existncia de comportamentos tidos para mulheres e homens, assim como os papis
que esses sujeitos deveriam desempenhar dentro da composio familiar. Ainda nestas
documentaes, notou-se um discurso disciplinador em torno da moral e da honra,
principalmente a honra feminina, o qual se fazia presente nas falas das testemunhas,
advogados, delegados, vtimas, rus, e juzes que, atravs das quais, conseguiam, de certa
forma, dar conta da dinmica social dos envolvidos.
As faces da violncia sexual: analise dos processos crimes de estupro e seduo de
Conceio do Coit de (1960-1986)
Dbora Lorene de Souza Santos
Graduanda em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XIV
[email protected]
O presente artigo visa expor os resultados parciais obtidos na pesquisa intitulada As faces
da violncia sexual: Analise dos processos crimes de estupro e seduo de Conceio do
Coit de (1960-1986) que se trata de investigao para composio do trabalho de
concluso de curso (TCC) onde sua importncia repousa num esforo por compreender as
subjetividades que norteiam todo aparato das relaes humanas no que concerne vtima,
acusado e justia no Tribunal de Conceio do Coit, pensando os processos de
constituio identitria de homens e mulheres presente durante a tramitao dos processos
nesta Comarca. Assim, apresentamos os resultados dos primeiros passos da pesquisa que se
dedicou inicialmente a uma anlise quantitativa, coletando alguns dados scio biogrficos
das vtimas e acusados tais como: (faixa etria, profisso, raa/cor, escolaridade,
naturalidade, local de residncia estado civil) o acesso dos responsveis pelas vtimas a
justia, as sentenas proferidas e a aplicao da pena. Dessa forma, os processos analisados
foram 7 de estupro e 7 de seduo, que consiste em abordar a condio social e a
vulnerabilidade das mulheres e crianas vtimas de agressores muitas vezes em um
condio superior tanto no tocante ao acesso a educao e profisses que permitiam
condies favorveis at mesmo para cometer crimes e escapar da culpa. Nessa
perspectiva desenvolver uma anlise qualitativa dos processos crimes problematizando os
discursos envolvendo o estudo do gnero no direito penal como uma categoria de analise
histrica, permitindo a relao entre as diferenas ente masculino e feminino Partindo da
problemtica, que foi apresentada, mediante as analises dos discursos que sero feitas
durante a pesquisa tomando como referencial terico Michael Foucault, procurando
compreender as relaes de poder existentes nos processos.
Inquisio de Lisboa n 8464, com denncias de feitiaria e pacto com o demnio contra o
africano Simo. Atravs da anlise de fontes inquisitoriais, um dos objetivos do estudo
refletir sobre a resistncia escrava na Bahia, principalmente no sculo XVII, observando as
vivncias dos escravos, de onde vinham e como se adaptavam ao novo espao. Entre
negociaes e conflitos, a resistncia vista em vrios aspectos do cotidiano negro na
colnia, incluindo suas prticas e crenas religiosas, que se tornaram alvo do Santo oficio.
possvel que as artes mgicas fossem usadas tambm como uma forma de revolta e de
resistncia ao escravismo. H elementos que nos instigam a pensar nessa presena da
magia dentro das senzalas. O processo de Simo, negro forro acusado de matar escravos de
uma propriedade por meio de feitiaria, sugere que conflitos eram comuns nas fazendas
nesse perodo, mas leva a supor tambm a existncia de uma resistncia em forma de poder
mgico. Nos diversos processos da Inquisio se encontra casos que envolvem prticas
mgicas com o uso de elementos diversos. E no caso da populao negra, em especial,
possvel que a convivncia entre etnias diferentes tenha levado ao aprendizado de vrios
outros jeitos de fazer determinadas magias. Nessa perspectiva, no caso de Simo,
percebo um processo de integrao de povos de origem conga e angolana, e mesmo alguns
escravos envolvidos desconhecendo a lngua dos outros, sabiam e respeitavam a
importncia dos rituais. Como se trata de uma pesquisa em andamento, alguns elementos
carecem de mais ateno e anlise. De todo modo, possibilidades de descobertas surgem
quando se cruzam os caminhos da Inquisio e o poder das senzalas.
Bolsas de Mandinga: uma ressignificao cultural e social na Bahia Colonial
Diego Gouveia Santos
Graduando em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus II
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A sociedade lusitana foi uma das pioneiras a se lanar no desconhecido. E, por conta
disso, foi sendo gradativamente palco de diversas manifestaes culturais, sociais e
religiosas. Desse modo, podemos afirmar que essa sociedade foi sendo tecida
historicamente por diversos elementos que formaram a cosmoviso deste Imprio
multicultural, incluindo o Brasil. A historiografia mais recente tem mostrado que o contato
entre diversos povos com sistemas sociais diversificados e cotidianos plurais, postos em
convivncia pelo sistema colonial e escravista produziu uma complexa estrutura social,
com diversas prticas religiosas, que por sua vez foram transformadas pelo processo
diasprico sofrido pelos muitos povos africanos trazidos ao Brasil. Sendo assim, esta
comunicao, que est ligada um projeto de pesquisa de Iniciao cientfica, com bolsa
da FAPESB, tenta analisar/compreender o alcance de crenas e rituais de origem africana
na Bahia colonial, principalmente, o uso de amuletos protetores, mais especificamente, a
bolsa de mandinga. A bolsa de mandinga consistia num amuleto em formato de
saquinho/bolsinha, cujos ingredientes protegiam contra doenas, armas, alm de servir de
proteo espiritual. A confeco e circulao deste amuleto, alm de outros, mobilizou e
ressignificou a f desses agentes sociais. Para compreender o cotidiano e as prticas
mgico-religiosas dessa sociedade utilizamos a diligncia inquisitorial sobre o desacato e
sacrilgio ocorrido em Moritiba, na freguesia da vila da Cachoeira, e a bibliografia
pertinente temtica.
Seu nome de batismo era Joo Jos de Deus, mas ele se autointitulava Joo de Deus
Penitente e assim ganhou fama por ampla regio do chamado Serto de Baixo, em
territrios da capitania da Bahia e da comarca de Sergipe del-Rei. Sem ofcio e sem
habitao certa, andou pela regio no correr do ano de 1767, fazendo doutrinas ou
pregaes em cada povoao e vila por onde passou. Foi preso no final deste mesmo ano
ou no incio do ano seguinte, por ordem do ento arcebispo Dom Frei Manoel de Santa
Ins. Ficou mais de trs anos recolhido cadeia da cidade da Bahia at seguir para Lisboa
no incio de 1771, para os crceres secretos do famigerado Tribunal do Santo Ofcio,
acusado dos crimes de blasfmia, proposies herticas, fingimento de revelaes e
profecias. Era um homem negro, mas tudo indica que sempre viveu em liberdade.
Conforme algumas testemunhas, ele andava vestido em um hbito ou tnica de algodo
tinto pardo, calado com uns sapatos velhos sem meias, s vezes com uns chinelos gastos.
Em outros lugares o viram com o mesmo hbito tinto, mas com uma capinha de algodo
branca posta pelos ombros. Tambm apareceu em uma paragem envergando uma coroa de
cip na cabea. Mas invariavelmente, por todos os lugares, levava nas costas uma cruz de
madeira com aproximadamente seis ou sete palmos de altura. Joo de Deus Penitente
percorreu em companhia de sua cruz uma vasta regio do Serto de Baixo. A diligncia
que se realizou para apurao de suas culpas mobilizou o grande contingente de 60
testemunhas. Esta comunicao analisa aspectos de sua trajetria singular. Por um lado,
observa a perseguio sofrida por ele atravs da justia eclesistica, inicialmente, e
posteriormente atravs da ao inquisitorial. Por outro lado, analisa tambm a fama
alcanada por Joo de Deus e a paulatina mitificao que foi sendo construda em torno de
sua figura carismtica em uma vasta regio do Serto setecentista.
Ao modo e uso gentlico: os soldados mamelucos e a apropriao
dos hbitos indgenas
Jamille Oliveira Santos Bastos Cardoso
Mestranda em Histria pela Universidade Federal da Bahia - UFBA
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sejam elas tnicas e/ou religiosas, so fludas e dinmicas. Para compreendermos as suas
aes no podemos ficar presos a uma faceta das suas identidades mltiplas nem a
categorias estanques. Precisamos analisar os jogos de interesses, sejam eles polticos,
religiosos ou econmicos, nas situaes especificas e nos contextos histricos que so pano
de fundo para compreendermos a configurao e reconfigurao da pluralidade identitria.
preciso levar em conta a dualidade tnica e cultural desses homens de fronteira, que ao
incorporarem os hbitos indgenas trazem a tona multiplicidade dos sujeitos e processos
histricos.
Nas rodas dos calundus: calunduzeiras da Bahia setecentista
Marina Pinto dos Santos
Graduando em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus II
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elementos primordiais para a escrita deste trabalho que consiste em analisar a atuao do
tribunal do Santo Ofcio portugus frente aos crimes de feitiaria, supostamente praticados
por negros, envolvendo bolsas de mandinga na Bahia em meados do Sculo XVIII.
Embora se discuta acerca da atuao da Inquisio Portuguesa na Bahia, o objetivo maior
entender o poder e o significado das bolsas de mandinga para seus portadores, em sua
grande maioria: negros, bem como, compreender o motivo pelo qual o referido amuleto foi
capaz de ocasionar processos inquisitoriais. As principais fontes utilizadas nesta
investigao so os processos inquisitoriais de Jos Martins, Joo da Silva, Matheus
Pereira Machado, Luis Pereira de Almeida e Manuel da Piedade. Rus Julgados e
condenados pela Inquisio de Lisboa, acusados de cometer os crimes de feitiaria,
sacrilgio, bruxaria e pacto com o demnio. O processo Inquisitorial como fonte nos
permitiu compreender o cotidiano social e cultural, no qual os rus se encontravam
inseridos, cabendo ainda uma reflexo sobre o papel das testemunhas e seus depoimentos
para o desdobramento dos processos, nos permitiu ainda estudar acerca das prticas
mgico-religiosas utilizadas por negros no serto da Bahia em meados do sculo XVIII.
A escrita da Histria do Brasil nas primeiras dcadas do sculo XX estava inserida num
contexto de mudanas significativas na sociedade brasileira. A busca por referenciais,
temas que se ajustassem aos interesses polticos de uma nao h pouco sada de um
regime monrquico e de um sistema escravocrata era presente nas discusses de sujeitos
envolvidos na produo historiogrfica nacional. No plano internacional, a preocupao
era o lugar do Brasil num cenrio de disputas entre potncias industrializadas, smbolos do
progresso naquele momento. Nesse contexto, a Histria deveria seguir os padres da
moderna cincia e, ao mesmo tempo, produzir uma tradio que legitimasse as premissas
do recente regime republicano. Com isso, esperava-se do conhecimento histrico um papel
de ratificador do regime republicano brasileiro no concerto das naes civilizadas. Vrios
intelectuais se envolveram nessa escrita, inclusive os literatos. Ao nos debruarmos sobre
os escritos do literato carioca Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922), notamos
aspectos que sinalizam importantes observaes acerca daquela discusso sobre a escrita
de nossa histria. A partir do dilogo com as propostas tericas de Raymond Williams
sobre a relao entre literatura e sociedade, procuramos historicizar, portanto, o trabalho
desse literato, desenvolvendo o seguinte questionamento: os escritos barretianos podem ser
considerados um reflexo e uma reflexo em torno das tenses que emergiram na sociedade
brasileira no incio do sculo XX referentes escrita da Histria do Brasil? Quais seriam as
contribuies de seu trabalho para a renovao da historiografia naquele momento? Desse
O presente texto tem por objetivo analisar a educao de adultos no perodo da ditadura
militar no Brasil (1964-1985). Para tanto, buscar no Movimento Brasileiro de
Alfabetizao (MOBRAL), as ideologias militares presente em um dos projetos mais
representativos do governo ditatorial. Criado no governo do presidente Arthur da Costa e
Silva, com a promulgao da Lei 5.379 de 15 de dezembro de 1967, tornar-se executor de
uma das maiores campanhas de alfabetizao brasileira, com nmeros at ento nunca
atingidos em nossa histria.
O esforo do poder pblico deveria se concentrar no atendimento de jovens e adultos entre
15 e 35 anos. Visto que a populao nesse faixa etria oferecia maiores possibilidades de
integrao na sua comunidade e no desenvolvimento do pas, assegurando a rentabilidade
do investimento em educao. A prioridade no estava em proporcionar educao de
qualidade, mas suprir as necessidades da industrializao, pois nota-se que esse perodo o
pas estava sob as perspectivas otimistas do milagre econmico.
Portanto, a inteno analisar materiais didticos, jornais, revistas, publicaes e
propagandas, fim de perceber de que modo estava sendo direcionado o discurso intencional
do Estado na poltica de educao de adultos. Encontrar nas entrelinhas do Mobral os
mecanismos usados como instrumento eficaz na divulgao da ideologia do governo
militar. Utilizando de tericos como Foucault (1999), notaremos no Mobral que a produo
do discurso nitidamente controlada, selecionada, organizada e redistribuda como bem
nao. Bem como afirma Chartier (1991) no uso do conceito de representao, onde
percepes sociais so construdas ou impostas, e que, portanto, lideram os modos de ver
e os modos de fazer da sociedade.
Trata-se, portanto, de enfatizar os fatores que levaram o sistema poltico vigente no pas a
encontrar na educao um forte instrumento de difuso e manuteno do regime. Dessa
forma, perceberemos o quanto a proposta de erradicao do analfabetismo est
contaminada de ideologia e de interesses, fim de manter o controle e direcionar a
populao analfabeta ao desenvolvimento econmico. Atravs das ideias difundidas pelo
movimento so preservados e disseminados os interesses polticos, diminuindo a formao
de concepes diferentes da pregada pelo regime, uma espcie de coibio do senso
crtico.
Uma professora muito maluquinha: o esteretipo de professor a partir do discurso
cinematogrfico
Micheli de Jesus Silva
Graduanda em Histria pela Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC
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Catu teve, Catu tinha aspectos da histria da cidade de Catu pelo cordel de
Reinaldo Nonato
Nvea Maria Lima dos Santos
Graduanda em Histria pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus II
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Com o advento dos modernos veculos de comunicao, tornou-se cada vez mais frequente
na sociedade contempornea, a disseminao de informaes de diversas fontes miditicas.
As formas de representaes provenientes da mdia invadiram o cotidiano e tem-se tornado
gradativamente uma forma dominante de cultura popular. A influncia das informaes
disseminadas pela indstria cultural modela os costumes, o lazer, as opinies. Assim
prticas que outrora eram desconhecidas tornam-se comuns na sociedade. Nesse contexto
vrios atores sociais so representados ora semelhantes, outrora bem diferentes da
realidade, desta forma vo sendo construdas imagens de personagens comuns do
cotidiano.
Este trabalho tem a inteno de identificar e discutir de forma sucinta, a maneira como a
imagem do professor vem sendo construda por meio de representaes nos veculos de
comunicao de massa. Busca-se analisar de que modo alguns conceitos, padres e valores
so disseminados atravs da mdia cinematogrfica. Ser utilizado para tal estudo,
especificamente o filme Escola da Vida que aborda o cotidiano de dois professores que
representam dois esteretipos tpicos atribudos pela mdia aos profissionais da educao.
O primeiro personagem representa o esteretipo do professor ideal, que motiva os alunos,
trs novidades cria fantasias e desperta os sonhos das crianas. Simultaneamente
representado o tipo oposto, ou seja, professor tradicional que reproduz contedos em sala
de aula e trata os alunos de maneira uniforme deixando os desmotivados a acompanhar a
suas aulas. Tentaremos analisar como essas representaes so difundidas por meio da
mdia cinematogrfica visando criar impresses dissonantes da realidade cotidiana.