Revista Eletrnica de Enfermagem, v. 08, n. 03, p.

422 - 430, 2006

Disponvel em http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a13.htm

____________________________________________________________________REVISO
EVOLUO HISTRICA E IMPACTO DA TECNOLOGIA NA REA DA SADE E DA ENFERMAGEM
HISTORICAL EVOLUTION AND TECHNOLOGY IMPACT IN THE AREA OF THE HEALTH AND THE NURSING
EVOLUCIN HISTRICA Y IMPACTO DE LA TECNOLOGA EN EL REA DE LA SALUD Y DE LA
ENFERMERA
Daniela Couto Carvalho Barra1, Eliane Regina Pereira do Nascimento2, Josiane de Jesus Martins3, Gelson
Luiz Albuquerque4, Alacoque Lorenzini Erdmann5
RESUMO: Este estudo de carter exploratrio e
descritivo. Trata-se de pesquisa bibliogrfica
realizada com base na anlise e interpretao de
artigos, dissertaes e teses produzidas entre 1994 a
2004.
Investigamos
as
contribuies
de
pesquisadores que focalizaram a evoluo histrica
da tecnologia na rea da sade e da Enfermagem.
De um total de 39 artigos, 03 dissertaes e 02 teses
selecionados, construmos para anlise duas
categorias: Evoluo tecnolgica na rea da sade:
tecnologia dura e; Evoluo tecnolgica na
Enfermagem: tecnologia leve-dura e leve. Este
estudo permitiu-nos afirmar que necessria uma
postura crtica e reflexiva sobre a utilizao da
tecnologia,
buscando
uma
adequao
s
necessidades do paciente como um todo e que,
independente do uso da alta tecnologia, cabe ao
enfermeiro manter esta presena humanizada junto
aos doentes.

contribuciones de los investigadores que haban

enfocado la evolucin histrica de la tecnologa en el
rea de la salud y del oficio de enfermera. De un total
de 39 artculos, de 03 dissertaes y de 02 teses
seleccionados, construimos para las categoras del
anlisis dos: Evolucin tecnolgica en el rea de la
salud: tecnologa dura e; Evolucin tecnolgica en el
oficio de enfermera: el leavening de la tecnologa y
ha conducido. Este estudio que permiti para
afirmarnos que una posicin crtica y del reflexiva es
necesaria en el uso de la tecnologa, buscando una
suficiencia a las necesidades del paciente en su
totalidad y que, independiente del uso de la alta
tecnologa, ajustes a la enfermera de guardar esta
junta presencia del humanizada a la gente enferma.
PALABRAS-CLAVE:
salud; Enfermera.

Tecnologa;

Servicios

de

PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia; Servios de sade;

Enfermagem.
ABSTRACT: This study it is of exploratory and
descriptive character. One is about bibliographical
research carried through on the basis of the analysis
and interpretation of articles, dissertations and thesis
produced between 1994 the 2004. We investigate the
contributions of researchers that had focused the
historical evolution of the technology in the area of the
health and the nursing. Of a total of 39 articles, 03
selected dissertations and 02 thesis, we construct for
analysis two categories: Technological evolution in
the area of the health: hard technology e;
Technological evolution in the Nursing: technology
leavening and has led. This study it allowed to affirm
us that a critical and reflexive position is necessary on
the use of the technology, searching an adequacy to
the necessities of the patient as a whole and that,
independent of the use of the high technology, fits to
the nurse to keep this together humanized presence
to the sick people.

Enfermeira Especialista em Terapia Intensiva Adulto (IEC/PUCMG); Professora Substituta do Departamento de Enfermagem da
UFSC; Membro do Grupo de Pesquisa GIATE/PEN/UFSC.
Florianpolis/SC.
2
Doutora em Enfermagem; Professora Adjunta do Departamento
de Enfermagem da UFSC; Coordenadora da disciplina
Enfermagem nas Intercorrncias Cirrgicas e de Urgncia (UTI e
Emergncia); Membro do Grupo de Pesquisa GIATE/PEN/UFSC.
Florianpolis/SC. E-mail: [email protected]
3
Enfermeira do HU/UFSC; Professora do Curso de Graduao em
Enfermagem da UNISUL; Mestre em Assistncia de Enfermagem;
Doutoranda em Enfermagem PEN/UFSC. Florianpolis/SC. E-mail:
[email protected]
4
Doutor em Enfermagem; Professor Adjunto do Departamento de
Enfermagem UFSC; Membro do Grupo de Pesquisa
GEPADES/PEN/UFSC.
Florianpolis/SC
E-mail:
[email protected]
5
Doutora em Enfermagem; Professora Titular do Departamento de
Enfermagem UFSC; Coordenadora do Grupo de Pesquisa
GEPADES/PEN/UFSC, Pesquisadora do CNPQ. Florianpolis/SC
E-mail: [email protected]

KEY WORDS: Technology; Health service; Nursing.

RESUMEN: Este estudio est de exploratrio y de
carcter descriptivo. Uno est sobre la investigacin
bibliogrfica llevada a travs en base del anlisis y de
la interpretacin de artculos, dissertaes y los teses
producidos entre 1994 el 2004. Investigamos las

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BARRA, D. C. C.; NASCIMENTO, E. R. P.; MARTINS, J. J.; ALBUQUERQUE, G. L.; ERDMANN, A. L. EVOLUO HISTRICA E IMPACTO
DA TECNOLOGIA NA REA DA SADE E DA ENFERMAGEM. Revista Eletrnica de Enfermagem, v. 08, n. 03, p. 422 - 430, 2006.
Disponvel em http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a13.htm

INTRODUO

movimento que s pode adquirir significado na sua

dimenso tica e poltica.
A tecnologia, exatamente porque passa a ser
entendida como sendo uma dimenso ou um
desdobramento dessa racionalidade cientfica, a
quem se vem tambm atribuindo uma gama de
erros do tratar e do cuidar, comea a ser
representada como fora desumanizante tanto para
cuidadores e cuidadoras quanto dos seres humanos
que demandam cuidados (MEYER, 2002).
Compartilhando das idias de BARNARD &
SANDELOWSKI (2001), quando referem que o que
determina
se
a
tecnologia
desumaniza,
despersonaliza ou objetifica no a tecnologia
propriamente dita, mas sim como as tecnologias
individuais operam em contextos especficos do
usurio, os significados atribudos a ela, como
qualquer indivduo ou grupo cultural define o que
humano e o potencial de tcnica em enfatizar a
eficincia e ordem racional
Sendo o hospital um local repleto de
equipamentos de alta tecnologia, no raro defrontar
com excelentes tcnicos, conhecedores exmios de
aparelhos que eles manipulam com maestria, mas
parecendo calouros na arte de confortar, de ir ao
encontro das pessoas sofredoras que perdem sua
identidade e so identificadas friamente como um
caso ou como um nmero (HAYASHI & GISI, 2000).
Assim, no questionamos a importncia da
existncia de um local onde a tecnologia possa ser
colocada disposio da manuteno da vida
humana, onde a observao possa ser to constante
e intensiva, onde muitas situaes possam ser
revertidas a favor da vida. O problema que
questionamos, ou o que parece ser necessrio
refletir, at que ponto o progresso tcnico-cientfico
saudvel e promove o crescimento e
harmonizao das pessoas. Portanto, acreditamos
que alguns aspectos merecem uma anlise atenta
em relao ao emprego de qualquer tecnologia, seja
ela dura, leve-dura ou leve, alm da segurana,
eficcia, tica, impacto social e relao custobenefcio, saber utiliz-las de forma humanizada,
lembrando sempre que os indivduos que esto
empregando e fazendo uso das mesmas, so seres
humanos.
Alguns questionamentos so levantados por
SILVA (2000): onde termina, hoje, o humano do
corpo e comea a mquina? Ou, talvez, fosse melhor
inverter a pergunta, sobretudo na rea da sade,
onde termina a mquina e comea o humano? Ou,
ser, que ainda se pode cuidar do humano sem a
interposio da mquina? Se desconectar das
mquinas e equipamentos e deixar de implementar a
multiplicidade de procedimentos e tcnicas
tecnologicamente fundamentadas que povoam e
configuram os ambientes de trabalho, ainda se pode
ser uma enfermeira que promove cuidados?
Desse modo, a Enfermagem encontra-se,
atualmente, com um conjunto de tecnologias que

A industrializao trouxe consigo, alm da

modernizao, o avano tecnolgico e a valorizao
da cincia em detrimento do homem e de seus
valores. Os avanos tecnolgicos tambm ocorreram
na rea da sade, com a introduo da informtica e
do aparecimento de aparelhos modernos e
sofisticados que trouxeram muitos benefcios e
rapidez na luta contra as doenas. Essa tecnologia
moderna, criada pelo homem a servio do homem,
tem contribudo em larga escala para a soluo de
problemas antes insolveis e que pode reverter em
melhores condies de vida e sade para o paciente.
Os dias atuais caracterizam-se por profundas e
constantes mudanas, onde crescente e cada vez
mais acelerada a inovao tecnolgica, colocando
disposio dos profissionais e usurios, os mais
diversos tipos de tecnologia, tais como: tecnologias
educacionais, tecnologias gerenciais e tecnologias
assistenciais.
Vivemos numa era tecnolgica onde muitas
vezes a concepo do termo tecnologia tem sido
utilizada de forma enftica, incisiva e determinante,
porm equivocada na nossa prtica diria, uma vez
que tem sido concebida, corriqueiramente, somente
como um produto ou equipamento. A temtica
tecnologia no deve ser tratada atravs de uma
concepo reducionista ou simplista, associada
somente mquinas. Entendemos que a tecnologia
compreende certos saberes constitudos para a
gerao e utilizao de produtos e para organizar as
relaes humanas (MEHRY E et al, 1997).
As tecnologias na rea da sade foram
agrupadas por MEHRY et al (1997) em trs
categorias a saber: a) Tecnologia dura: representada
pelo material concreto como equipamentos,
mobilirio tipo permanente ou de consumo; b)
Tecnologia
leve-dura:
incluindo
os
saberes
estruturados representados pelas disciplinas que
operam em sade, a exemplo da clnica mdica,
odontolgica, epidemiolgica, entre outras e; c)
Tecnologia leve: que se expressa como o processo
de produo da comunicao, das relaes, de
vnculos que conduzem ao encontro do usurio com
necessidades de aes de sade. Acreditamos que
as trs categorias delineadas esto estreitamente
interligadas e presentes no agir da Enfermagem,
embora nem sempre de modo transparente.
O limite entre a cincia e a tecnologia no
claramente definido, pois no podemos imaginar a
cincia sem a sua tcnica; e como a cincia
incapaz de lidar com questes e valores, nos diz o
que pode ser feito, mas no o que deveria ser feito
(MARSDEN, 1991).
Segundo NIETSCHE (2000), a cincia e a
tecnologia so valores, muito mais que coisas ou
artefatos, ou mesmo saberes. tudo isso em
complementaridade com o mundo vital, num

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BARRA, D. C. C.; NASCIMENTO, E. R. P.; MARTINS, J. J.; ALBUQUERQUE, G. L.; ERDMANN, A. L. EVOLUO HISTRICA E IMPACTO
DA TECNOLOGIA NA REA DA SADE E DA ENFERMAGEM. Revista Eletrnica de Enfermagem, v. 08, n. 03, p. 422 - 430, 2006.
Disponvel em http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a13.htm

podem ser cada vez mais desenvolvidas e

especializadas por todos aqueles profissionais
motivados para uma melhoria do cuidado sade do
ser humano.
BEDIN et al (2005) relata que o avano
cientfico, tecnolgico e a modernizao de
procedimentos, vinculados necessidade de se
estabelecer controle, o enfermeiro passou a assumir
cada vez mais encargos administrativos, afastandose gradualmente do cuidado ao paciente, surgindo
com isso a necessidade de resgatar os valores
humansticos da assistncia de Enfermagem.
O presente artigo surgiu da necessidade de
obtermos
maior
compreenso
sobre
o
desenvolvimento histrico de tecnologias na rea da
sade e da Enfermagem tendo em vista que as
mesmas so utilizadas rotineiramente na nossa
prtica assistencial. Nessa acepo, definimos como
objetivo geral analisar as publicaes indexadas nos
ndices de referncias nacionais relativas histria
da evoluo tecnolgica na rea da sade e na
Enfermagem nas ltimas dcadas.

Belo Horizonte e; Biblioteca Central da Universidade

Estadual de So Paulo (USP-SP) So Paulo. No
perodo em que foi realizada a referida busca,
conseguimos pesquisar todos os exemplares
publicados, ou seja, nenhuma edio dos peridicos
ficou excluda da anlise no presente estudo.
Selecionamos para anlise todos os artigos
que mencionassem, em seus ttulos e/ou resumos, as
palavras-chave tecnologia, sade, enfermagem e
terapia intensiva. Optamos por incluir a palavrachave terapia intensiva por considerarmos que este
o setor que concentra os maiores avanos e
recursos tecnolgicos da rea hospitalar. Aps a
leitura dos artigos constatamos que o material
encontrado seria suficiente para atingir o nosso
objetivo principal, mas optamos ainda por realizar
nova busca, rastreando as dissertaes e teses
disponveis nas seguintes bases de dados: LILACS
(Literatura Latino Americana e do Caribe em Cincias
da Sade) e BDENF (Banco de Dados em
Enfermagem).
Do material obtido, procedemos leitura de
cada resumo/artigo destacando aqueles que
respondiam ao objetivo deste estudo, a fim de
organizar e tabular os dados. Posteriormente,
realizamos
leituras
cuidadosas
do
material
selecionado extraindo conceitos abordados e de
nosso interesse, comparando-os e agrupando-os sob
a forma de categorias empricas. A seleo dos
artigos, bem como a leitura minuciosa dos mesmos,
foi finalizada quando se tornaram repetitivos. Esta
seleo tambm foi alicerada na nossa experincia
de enfermeiras intensivistas. Assim, unidos por
similaridade de contedos, construmos duas
categorias para anlise, como apresentado a seguir.

METODOLOGIA
Este estudo caracteriza-se como reviso
bibliogrfica temtica e de atualizao onde, segundo
TRENTINI & PAIM (1999), a definio do tema, as
questes
de
pesquisa,
objetivos
e
sua
implementao
so
atividades
a
serem
desenvolvidas esto concomitantemente ligadas ao
trabalho cotidiano.
Para tal, realizamos um levantamento
bibliogrfico restrito ao perodo de 1994 a 2004, em
quatro peridicos de Enfermagem, sendo um de
circulao internacional e trs de circulao nacional,
descritos a seguir: Revista Latino-Americana de
Enfermagem; Revista Brasileira de Enfermagem,
Revista Texto & Contexto Enfermagem e Revista da
Escola de Enfermagem da USP. Optamos por
pesquisar esses quatro peridicos por consider-los
de grande circulao e bem conceituados nos
ambientes acadmico e profissional.
A busca foi realizada manualmente atravs de
consulta a todos os peridicos disponveis nas
seguintes bibliotecas: Biblioteca Central da
Universidade Catlica de Minas Gerais (PUC-MG)
Belo Horizonte; Biblioteca Baeta Viana da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

RESULTADOS E DISCUSSO
A anlise dos peridicos no perodo delimitado
nos permitiu a identificao de trinta e nove artigos. O
maior nmero deles foi encontrado na Revista Latino
Americana de Enfermagem, seguido pelas Revista
Texto & Contexto Enfermagem, Revista Brasileira de
Enfermagem e Revista da Escola de Enfermagem da
USP, conforme apresentado na Tabela 1. Ainda,
atravs da pesquisa realizada nas bases de dados
LILACS e BDENF, encontramos duas teses de
doutorado e trs dissertaes de mestrado.

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BARRA, D. C. C.; NASCIMENTO, E. R. P.; MARTINS, J. J.; ALBUQUERQUE, G. L.; ERDMANN, A. L. EVOLUO HISTRICA E IMPACTO
DA TECNOLOGIA NA REA DA SADE E DA ENFERMAGEM. Revista Eletrnica de Enfermagem, v. 08, n. 03, p. 422 - 430, 2006.
Disponvel em http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a13.htm

Tabela 1- Artigos pesquisados segundo o peridico e nmero de artigos selecionados, autores, ano da
publicao e ttulo
PERIDICOS
/NMERO DE
ARTIGOS

Revista
Latinoamericana de
Enfermagem

12 Trabalhos

Revista Texto
& Contexto
Enfermagem

10 Trabalhos

Revista
Brasileira de
Enfermagem

AUTORES
Bastos &
Guimares
Peres & Kurgant
Toniolli & Pacliuca
Nascimento &
Trentini
Bastos
Lopes et al
Morgon &
Guirardello
Ribeiro & Lopes

ANO
2003

Educao a distncia na rea da enfermagem: relato de uma experincia.

2004
2003
2004

O ser docente de enfermagem frente a informtica.

Tecnologia ttil para a avaliao da dor em cegos.
O cuidado de enfermagem na unidade de terapia intensiva (UTI): teoria
humanstica de Paterson e Zderad.
O saber e a tecnologia: mitos de um centro de tratamento intensivo.
Desenvolvimento lgico-matemtico do software "ND".
Validao da escala de razo das necessidades de familiares em unidade de
terapia intensiva.
Mensurao de atitudes de enfermeiros e mdicos sobre o uso de
computadores na era da Internet.
Os nexos entre concepo do processo sade/doena mental e as tecnologias
de cuidados.
Planejamento da assistncia de enfermagem a pacientes portadores de
queimadura utilizando um software: aplicao em quatro pacientes.
O significado cultural do cuidado humanizado em unidade de terapia intensiva:
"muito falado e pouco vivido".
Crenas que permeiam a humanizao da assistncia em unidade de terapia
intensiva peditrica.
Possibilidades de conhecimento e arte na produo de inventos de
Enfermagem.
O ser - paciente em uma UTI: Uma abordagem fenomenolgica.
A humanizao na UTI - Um caminho em construo.
O cuidado humanstico num contexto hospitalar.
O cuidado de Enfermagem no CTI: da ao-reflexo conscientizao.

2002
2004
2004
2004

Silva & Fonseca

2003

Dalri & Carvalho

2002

Vila & Rossi

2002

Pauli & Bousso

2003

Dias et al

1996

Pacheco
Souza & Padilha
Tanji & Novakoski
Hayashi & Gisi

1996
2000
2000
2000

Zagonel

1996

Nascimento &
Prado
Mier & Cianciarullo

2003
2002

Epistemologia do cuidado humano: arte e cincia da enfermagem, abstradas

das idias de Watson.
O agir comunicativo permeando as tecnologias educacionais na construo do
conhecimento em enfermagem.
Tecnologia : um conceito em construo para o trabalhador em sade.

Martins & Faria

2002

O cotidiano do trabalho da enfermagem em UTI: prazer e sofrimento.

Silva & Bavaresco

2001

Lopes et al
Mendes et al
Meyer
Adami & Yoshitome

1998
2002
2002
2003

Avaliao e sistematizao da utilizao de cateteres curtos de uso

intravenoso em UTI de um hospital de grande porte.
A comunicao profissional de sade X cliente diante das novas tecnologias.
A produo tecnolgica e a interface com a enfermagem.
Como conciliar humanizao e tecnologia na formao de enfermeiras/os?
Mtodos de avaliao de resultados da assistncia de enfermagem.

Vargas & Meyer

2003

Collet & Rozendo

Moreno et al

2003
2003

Dias & Cassiani

2003

Rocha et al

2003

A insero da enfermagem nas polticas de cincia e tecnologia.

Silva & Ciampone

2003

Corra
Peixoto

1998
1994

Nichiata et al

2003

Um olhar paradigmtico sobre a Assistncia de Enfermagem - um caminhar

para o cuidado complexo.
O paciente em centro de terapia intensiva: reflexo biotica.
O uso da tecnologia no processo diagnstico-teraputico: tica do enfermeiro
e do usurio.
Relato de uma experincia de ensino de enfermagem em sade coletiva: a

9 Trabalhos

Revista

da

TTULO

A textualizao de corpos doentes atravs de imagens: uma das lies da UTI

contempornea.
Humanizao e trabalho na enfermagem.
Vivncias maternais em unidade de terapia intensiva: um olhar
fenomenolgico.
Educao sem distncias: utilizao do webct como ferramenta de apoio para
o ensino da terapia intravenosa na graduao em enfermagem.

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BARRA, D. C. C.; NASCIMENTO, E. R. P.; MARTINS, J. J.; ALBUQUERQUE, G. L.; ERDMANN, A. L. EVOLUO HISTRICA E IMPACTO
DA TECNOLOGIA NA REA DA SADE E DA ENFERMAGEM. Revista Eletrnica de Enfermagem, v. 08, n. 03, p. 422 - 430, 2006.
Disponvel em http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a13.htm

Escola
de
Enfermagem
da USP

Cassiani et al

2003

Gala et al

2003

Lopes & Araujo

Nishide & Benatti

2004
2004

8 Trabalhos

informtica no ensino de vigilncia epidemiolgica.

Desenvolvimento de um curso on-line sobre o tema administrao de
medicamentos.
Ocorrncia e significado do toque entre profissionais de enfermagem e
pacientes de uma UTI e Unidade Semi-intensiva cirrgica.
Avaliao de alunos e professores acerca do software "Sinais Vitais".
Riscos ocupacionais entre trabalhadores de enfermagem de uma unidade de
terapia intensiva.

Os resultados obtidos com a pesquisa

realizada atravs de diferentes ferramentas indicaram
a existncia de diversos conceitos de tecnologia.
0bservamos que muitas vezes as pessoas
generalizam a concepo de tecnologia, resumindo-a
aos procedimentos tcnicos, admitindo qualquer
produto ou artefato, ou seja, qualquer objeto que faa
a mediao entre o pensamento das pessoas e a
realizao da ao propriamente dita (NIETSCHE,
2000).
Adotamos como conceito de tecnologia o
resultado de processos concretizados a partir de
experincia cotidiana e da pesquisa, para o
desenvolvimento de um conjunto de conhecimentos
cientficos para a construo de produtos materiais,
ou no, com a finalidade de provocar intervenes
sobre uma determinada situao prtica (NIETSCHE,
2000).
A histria da evoluo tecnolgica na rea
da sade, ou seja, a tecnologia dura, comeou com
a revoluo industrial atravs do desenvolvimento de
novas tecnologias em praticamente todas as reas
do conhecimento. Nessa altura, as cincias aplicadas
possibilitaram
o
advento
de
mquinas
e
equipamentos que substituram e/ou minimizaram a
necessidade da fora humana fsica. A associao
entre tecnologia e mquinas/equipamentos vem,
provavelmente, dessa primeira revoluo industrial.
Estas transformaes tecnolgicas, segundo
PEIXOTO
(1994),
assumiram
fundamental
importncia na sociedade contempornea, no s
frente s repercusses junto ao processo produtivo
como tambm, por gerar algumas tendncias que
deram origem a novos formatos organizacionais,
novas relaes de trabalho, influenciando as
qualificaes profissionais e as relaes sociais. Com
significado de eficincia e qualidade, a tecnologia
assume o papel de legitimadora, tanto em nvel
individual no desempenho de funes com tambm
em nvel institucional.
As instituies de sade, bem como os
profissionais que atuam nesse setor, no ficaram
alheias a esse processo. Assim como nas
organizaes produtivas, onde a utilizao da
tecnologia permite a manuteno de uma posio de
igualdade ou mesmo superioridade em relao a
concorrentes, as organizaes de prestaes de
servios tm o mesmo comportamento, visto que, em
sociedades capitalistas, os servios passam,
tambm, a ser considerados bens vendveis,
reproduzindo, assim, a lgica das leis de mercado
competitivo (PEIXOTO, 1994).

A tecnologia em sade, material ou no,

compreende os saberes especficos, procedimentos
tcnicos, instrumentos e equipamentos utilizados nas
prticas de sade. Estes, ao mesmo tempo em que
constituem meios de trabalho dos diferentes
profissionais de sade, representam um dos itens
para a manuteno e ampliao da escala de
produo capitalista (DIAS et al, 1996).
A crescente tecnificao dos procedimentos
para ateno sade, torna este setor um dos mais
dinmicos no tocante absoro de novas
tecnologias, que so produzidas e consumidas
segundo a lgica de mercado. Desse modo, estas
passam a ter um valor em si mesmas,
independentemente de sua eficcia. So mercadorias
incorporadas aos procedimentos tcnicos, muito mais
na perspectiva dos interesses que representam do
que as necessidades.
Atualmente, as transformaes tecnolgicas no
setor sade se encontram cada vez mais rpidas e a
cada momento surgem novas tcnicas diferentes e
aparatos mais modernos no mercado.
A descoberta do Raio X, no final do sculo XIX,
e sua aplicao com fins diagnsticos no incio do
sculo XX, constituram um marco importante na
histria da medicina. O sucesso do emprego do Raio
X levou os profissionais busca de outros mtodos
diagnsticos por imagens, sendo presenciado nessa
gerao o aparecimento da ultrassonografia, da
tomografia computadorizada e da ressonncia
nuclear magntica (DIAS et al, 1996)
No
Brasil,
o
ritmo
acelerado
das
transformaes e inovaes tecnolgicas iniciou-se
na dcada de 30. Uma viso geral da histria da
evoluo tecnolgica no pas traada a seguir,
segundo PEIXOTO (1994):
Aps 1930, em decorrncia de presses
provenientes do processo de industrializao, os
reflexos da difuso cultural exercida pelos pases
industrializados passaram a ser observados,
tambm, no setor da sade, tais como, repercusses
no ensino mdico e na infra-estrutura de sade.
Nos anos 50, inicia-se a industrializao da
medicina, constatando-se uma ampliao da rede
hospitalar com nfase na ateno mdica curativa do
carter individual, na especializao e na tecnificao
do ato mdico.
Na dcada de 60, estabelece-se o discurso
hegemnico da racionalidade que, tinha como
principal objetivo, expandir a assistncia curativa no
mbito hospitalar.

426

BARRA, D. C. C.; NASCIMENTO, E. R. P.; MARTINS, J. J.; ALBUQUERQUE, G. L.; ERDMANN, A. L. EVOLUO HISTRICA E IMPACTO
DA TECNOLOGIA NA REA DA SADE E DA ENFERMAGEM. Revista Eletrnica de Enfermagem, v. 08, n. 03, p. 422 - 430, 2006.
Disponvel em http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a13.htm

A dcada de 70 foi marcada pelo

fortalecimento do setor sade como um novo setor
industrial quando a produo de equipamentos e
frmacos passou a absorver grandes quantias da
renda do pas. No entanto, essa incorporao
tecnolgica no significou uma melhoria no nvel de
sade da populao. Foi nessa dcada, com uma
rpida difuso, que as Unidades de Terapia Intensiva
foram implantadas no Brasil.
Nas ltimas cinco dcadas o acirrado
desenvolvimento biotecnolgico vem acontecendo
numa
velocidade
avassaladora
que
mal
conseguimos acompanh-lo e fazermos uma reflexo
profunda dos significados e da importncia das vrias
conseqncias advindas desse crescente processo
de evoluo (MAFTUM et al, 2004, p.116).
O que detectamos que existe uma vinculao
entre os interesses capitalistas no setor sade e a
incorporao tecnolgica no processo de produo
dos servios. Os avanos tecnolgicos so fatores
bsicos da dinmica do setor sade, com
repercusses
na
organizao
dos
servios
hospitalares, ambulatoriais e na prtica mdica,
sendo possvel observar, como conseqncia, a
expanso do setor industrial de produo de
instrumentos e o crescimento de importao de
tecnologia para suprir a demanda. Neste cenrio,
cabe apontar a atuao do Estado que, atravs de
uma articulao com o setor privado, viabilizou a
expanso do capital na assistncia sade. A
incorporao tecnolgica no processo de produo
de servios de sade , assim, uma questo
basicamente poltico/econmica que, se por um lado
sustentada por posies ideolgicas de atores
sociais que detm o poder no setor, por outro,
analisada e questionada face s inmeras
contradies que acarreta no plano social (PEIXOTO,
1994). As polticas de sade do Estado so
vinculadas ao modelo econmico-poltico e,
consequentemente no sistema capitalista, nas
indstrias de medicamentos e nos equipamentos
mdicos.
A escolha e a adoo de tecnologias no
algo isolado, tem a ver com a ordem poltica,
econmica e social e, na soleira de um novo sculo,
essa escolha e adoo tm indcios de mutao,
fazendo brotar uma renovao de valores humanos
fundamentais (DIAS et al, 1996).
Com o significado de eficincia e qualidade
ideologicamente
difundido
e
nem
sempre
comprovadas ou mesmo avaliadas, a utilizao da
tecnologia desvirtua as diretrizes, as prioridades do
setor e ensino dos profissionais de sade, criando
falsas expectativas na sociedade, de resolutividade
dos problemas de sade. A tecnologia atua como
legitimadora do ato do profissional de sade e da
instituio que a adota, passando at mesmo a ser
utilizada como critrio de avaliao de qualidade dos
servios prestados pelos hospitais.

Uma postura crtica-reflexiva deve ser adotada

na busca da racionalizao, da aquisio e da
incorporao de novas tecnologias, onde se torna
necessrio uma avaliao sob o ponto de vista tico,
dos custos, da qualidade da assistncia, dos
benefcios, das limitaes, dos riscos e da
adequao s necessidades da populao.
As afirmaes seguintes so relevantes, uma
vez que, todos os progressos tecnolgicos foram
possveis atravs do homem e para ele, mas em
virtude deles, o homem tambm passou por
profundas modificaes em suas condutas, sua
maneira de pensar e at mesmo suas crenas,
deixando por vezes de enxergar o ser humano
como um todo, com aspectos humanos, ticos e
religiosos, dando mais importncia mquina do que
ao prprio homem (LOPES et al, 1998).
Seguindo essa linha de pensamento, CORREA
(1998) relata que a relao com a mquina pode
mecanizar o cuidar, a ponto do paciente tornar-se
aparato tecnolgico, no se percebendo at onde vai
a mquina e tem incio o ser humano.
correto afirmar que a tecnologia favorece o
atendimento imediato, o diagnstico mais preciso,
fornece
mais
segurana
a
toda
equipe
multidisciplinar, porm, pode contribuir para o
processo de desumanizao, tornando as relaes
humanas frias e distantes, fazendo com que o
paciente se sinta abandonado, insignificante,
invisvel, apenas como parte de uma engrenagem.
Uma questo inquietante o constante e
indiscriminado uso da tecnologia no processo
diagnstico-teraputico de pacientes, onde h uma
intermediao, de forma significativa, entre a relao
profissional/paciente. Segundo BASTOS (2002), essa
tecnologia, cada vez mais utilizada na assistncia ao
paciente crtico, tem influenciado no s o significado
do trabalho dos profissionais de sade, como
tambm encarada como a soluo para todos os
problemas do paciente. A viso tecnicista leva
inverso de valores, preocupao excessiva com a
mquina e pouca preocupao com o ser humano
internado (BETTINELLI, 1998, p.15).
A discusso longa e a resposta para esta
problemtica parece se encontrar no atuar de cada
profissional, na maneira como ele percebe e utiliza a
tecnologia no seu cotidiano de assistncia ao cliente.
No campo da evoluo tecnolgica na rea
da Enfermagem e das nuances que a circundam, o
conhecimento substantivo da Enfermagem, tem sido
desenvolvido atravs de vrias correntes filosficas e
tericas de Enfermagem, que em um grande esforo
atravs da histria, tem perseguido o crescimento e
aprimoramento deste conhecimento. Segundo
ZAGONEL (1996), desde Florence, em 1859, at os
cientistas
enfermeiros
contemporneos,
o
desvelamento e as influncias dos paradigmas de
Enfermagem, tm contribudo para a construo da
cincia de Enfermagem, com definies de princpios
tericos e metodolgicos, formas de implementao
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BARRA, D. C. C.; NASCIMENTO, E. R. P.; MARTINS, J. J.; ALBUQUERQUE, G. L.; ERDMANN, A. L. EVOLUO HISTRICA E IMPACTO
DA TECNOLOGIA NA REA DA SADE E DA ENFERMAGEM. Revista Eletrnica de Enfermagem, v. 08, n. 03, p. 422 - 430, 2006.
Disponvel em http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a13.htm

e instrumentalizao, atravs do conjunto de crenas,

valores e leis de cada terico.
A Enfermagem cresceu e desenvolveu-se
juntamente com o advento da tecnologia, seja ela
dura, leve-dura ou leve. O desenvolvimento, a
triagem e a observao intensiva foram introduzidos
por Florence Nigthingale, na Guerra da Crimia, no
sculo XIX, proporcionando o modelo para o cuidado
de Enfermagem ao paciente criticamente enfermo,
atualmente concentrado em Unidades de Terapia
Intensiva (UTI). A Enfermagem que atua nas UTIs
acompanhou essa evoluo tecnolgica assumindo
novas responsabilidades e, consequentemente,
adquirindo maior respeito e autonomia.
No processo de profissionalizao da
Enfermagem buscou-se, desde o incio, construir um
campo de conhecimentos especficos que deveria
tanto manter operantes os sistemas de valores que
caracterizavam o feminino e o cuidado como sua
extenso, quanto adquirir o estatuto de cincia. O
que podemos ver nesse processo, que a relao
com a tecnologia, definida e valorada como tributria
do paradigma positivista de cincia, foi entendida e
experimentada, hegemonicamente, de duas formas
distintas (RUDGE, 1999).
Segundo RUDGE (1999), em um primeiro
longo momento, que se estende mais ou menos at
os anos sessenta do sculo XX, a tecnologia foi
incorporada como uma dimenso fundamental da
profissionalizao: conhecer, dominar, manusear e
desenvolver tecnologia era um imperativo da
cientifizao. O movimento que se fez foi o de
assumir os pressupostos filosficos modernos ou
iluministas que fundamentavam o paradigma da
universalidade, da racionalidade, da neutralidade, da
objetividade, da prerrogativa de definir a verdade, da
ascendncia sobre qualquer outra forma de saber
que no compartilhasse de tais requisitos, da
suposio de uma essncia de humano centrada na
razo, dentre muitos outros. Em um segundo
momento, que se vive e se agudiza medida que se
ampliam as crticas a esses pressupostos filosficos
da modernidade ocidental, a pretensa neutralidade e
universalidade deste paradigma passam a ser
colocadas em questo.
O desenvolvimento e a evoluo tecnolgica
repercutiram na Enfermagem de duas formas: a
primeira foi com a mudana do tipo e da intensidade
do cuidado de Enfermagem, e a segunda foi sobre o
provimento do desse cuidado e sobre aqueles que o
prestavam, j que papis, valores e padres de
trabalho foram influenciados pelos nveis de
tecnologia que esto em constante mutao
(PILLAR, 1994).
MENDES et al (2002) compreendem que a
Enfermagem vem, ainda de forma incipiente,
produzindo ao longo dos anos, elementos
construtivos de produo tecnolgica, mesmo que
essa produo no venha sendo, majoritariamente,
composta por artefatos e inventos, mas que incluem

estratgias para controlar o processo de trabalho ou

a estruturao de material didtico-pedaggico para
diferentes clientes.
Tal considerao permite entender a dimenso
da produo tecnolgica da Enfermagem e encontrar
artifcios tecnolgicos no cotidiano do seu trabalho,
tanto em sua natureza assistencial como na
educativa e mesmo na administrativa.
A discusso da produo tecnolgica da
Enfermagem para o campo da tecnologia apropriada,
descreve uma ampla variedade de tecnologias j
definidas ou novas, que se caracterizam pelo custo
reduzido,
pela
capacidade
de
satisfazer
necessidades bsicas mais carentes, pelo uso
racional e por um elevado grau de adaptao ao
ambiente local, cultural e social.
O que observamos atualmente que os
profissionais de Enfermagem sabem muito sobre a
mquina e pouco ou quase nada sobre a pessoa que
esto cuidando; o paciente hoje no sujeito, mas
objeto e recipiente de determinaes ou cuidados
de Enfermagem (SILVA, 2000). Com o avano
cientfico, tecnolgico e a modernizao de
procedimentos vinculados necessidade de
estabelecer mais controle, o enfermeiro passou a
assumir cada vez mais encargos administrativos,
afastando-se gradativamente, do cuidado ao
paciente,
que
passou
a
ser
praticado,
prioritariamente, pelas demais categorias da
Enfermagem (TANJI & NOVAKOSKI, 2000).
preciso que a equipe de Enfermagem reflita
sobre seus prprios valores, seu conhecimento como
ser humano e, assim, assuma a responsabilidade
pelas suas questes profissionais, como, por
exemplo, desenvolver o cuidado integral de
Enfermagem.
Essa nsia de estruturao do saber, pode
levar os profissionais da sade a uma situao em
que tendem a generalizar os pacientes, a ponto de
sentirem dificuldades em lidar com aqueles que esto
apenas em observao ou aguardando a alta. Assim,
complicado cuidar daquele que fala, que pede, que
indaga no apenas com o olhar, que se nega a
alguns atos, que se queixa com clareza, ou seja,
daquele que pode se manifestar, deixando emergir o
sentimento de que ali permanece um ser de relaes,
um ser de possibilidades. Nesses casos, segundo
CORREA (1998) a relao com o paciente poderia
deixar de ser to verticalizada, despersonalizada e
to concentrada no saber cientfico, no uso do
aparato tecnolgico disponvel e no cumprimento de
rotinas.
Com essa dificuldade visualizada, trazemos
tona a interrogao sobre a facilidade de lidar com o
paciente quando a mquina se interpe entre ele e o
profissional de sade.

CONSIDERAES FINAIS

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BARRA, D. C. C.; NASCIMENTO, E. R. P.; MARTINS, J. J.; ALBUQUERQUE, G. L.; ERDMANN, A. L. EVOLUO HISTRICA E IMPACTO
DA TECNOLOGIA NA REA DA SADE E DA ENFERMAGEM. Revista Eletrnica de Enfermagem, v. 08, n. 03, p. 422 - 430, 2006.
Disponvel em http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a13.htm

Quando abordamos a evoluo histrica da

tecnologia no setor sade e na Enfermagem em que
essencial a existncia constante da mquina,
percebemos tratar-se de um assunto muito rico e
que, apesar de todas as dificuldades, tende a ser
valorizado cada vez mais, por ser um enfoque
inesgotvel diante da enorme velocidade do avano
tecnolgico vivenciado nesse novo sculo.
Conclumos que a tecnologia, seja ela dura,
leve-dura ou leve, oferecida na rede hospitalar,
apesar de ser indispensvel para propiciar uma
melhor qualidade de vida ao paciente assistido,
insuficiente para tornar realmente efetiva a
assistncia ao indivduo enfermo. Considerando que
o paciente um todo, um ser holstico, ele no pode
deixar de ser observado como tal, pois seu estado
emocional pode, na maioria das vezes, estar to
comprometido quanto o seu fsico.
verdade que no podemos questionar o
surpreendente desenvolvimento tecnolgico do
mundo, mas isso no necessariamente implica a
leitura de que as pessoas que vivem nesse mundo se
tornaram mais afetivas, compreensivas, sensveis e
solidrias. A rea da sade precisa e deve utilizar-se
dos recursos tecnolgicos cada vez mais avanados,
porm, ns, profissionais de Enfermagem, no
deveramos esquecer que jamais a mquina
substituir a essncia humana.
O papel do enfermeiro, quando ele opta pelo
cuidado e no pela cura, ou seja, quando ele no se
torna escravo da tecnologia, mas aprende a us-la
a favor da harmonizao do paciente, do seu bemestar, fica mais claro sob alguns aspectos. Ele passa
a valorizar a tcnica por ela ser uma aliada na
tentativa de preservar a vida, o bem-estar e o
conforto do paciente.
Independente do uso da alta tecnologia, cabe
ao enfermeiro manter esta presena humanizada e,
diramos ainda, carinhosa junto ao doente.
importante ressaltar que nossa posio, enquanto
enfermeiras intensivistas, embora no contrria
evoluo e utilizao da tecnologia na rea as sade,
est de acordo com aqueles que adotam uma
postura crtica e reflexiva diante da mesma, visto que,
necessria uma avaliao de suas limitaes,
benefcios e uma adequao s necessidades dos
usurios como um todo. Sabemos que o avano
tecnolgico na rea da sade uma grande
conquista, mas seria melhor associar esta tecnologia
a favor do resgate da natureza humana. Torna-se
necessrio que os enfermeiros faam uma reflexo
sobre suas posturas enquanto seres humanos que
prestam cuidados a outros seres humanos.

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Artigo recebido em 27.11.06
Aprovado para publicao em 29.12.2006

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