APS - Parecer Trabalhista - PARA ENVIO PDF
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PARECER TRABALHISTA
PARECER
INDIRETA
c.c.
ASSDIO
MORAL
Paulo Cleops
1. Da resciso indireta.
Resciso um dispositivo contratual usado para proteger, no Direito do
Trabalho, um empregado de quaisquer vcios, contratuais ou em relao ao
desempenho de seu trabalho, por parte do empregador. Corresponde ao
rompimento do contrato de trabalho, uma das formas para se dar o fim do vnculo
empregatcio existente entre empregador e empregado.
De acordo com a Consolidao das Leis do Trabalho, a resciso pode ocorrer:
a) pelo empregador, com ou sem justa causa b) pelo empregado, com ou sem justa
causa c) quando cessar a atividade da empresa, por morte do empregador d) culpa
recproca e) no caso de paralisao temporria ou definitiva do trabalho, motivada
Assim, pela anlise dos artigos retro, configura-se a resciso indireta por
grave falta praticada pelo empregador a seu funcionrio, podendo ser caracterizada
pela no observncia da lei ou do contrato firmado.
Desta feita, uma vez configurada uma das situaes que viabilizem o pleito
pela resciso indireta dever o reclamante, para ter atendida sua solicitao, ajuizar
reclamao trabalhista, ressaltando que tocante aos itens d e g, faculta-se ao
empregado permanecer no servio at deciso da lide, porm, nos demais, dever
afastar-se da empresa.
Quanto ao resultado da demanda, se procedente, os efeitos assimilam-se aos
da demisso sem justa causa, ou seja: salrios pendentes, aviso prvio, projees
Desta feita, concluindo a anlise quanto resciso indireta, uma vez que o
trabalho tornou-se insustentvel ao empregado uma vez que, por sua funo na
empresa e mormente pela qualidade de seu local de trabalho, tem-se, no caso
concreto, possvel a configurao da demisso indireta e o recebimento das verbas
decorrentes.
2. Do assdio moral
O assdio moral est presente nos mais diversos setores de atividade e
especialmente na ltima dcada passou a constituir apreenso, pela sua incidncia
frequente na sociedade. Seu primeiro termo tem como significados insistncia,
perseguio ou pretenso constantes em relao a algum, j o significado de moral,
palavra qual, tem origem no latim moralis, traz dentro de seus diversos significados
ser um conjunto de diversos valores, individuais ou coletivos, considerados
universalmente como norteadores das relaes sociais e da conduta dos homens.
Quando juntos os termos Assdio e moral, passam a ter o significado de ser a
exposio
dos
trabalhadores
trabalhadoras
situaes
humilhantes
GUEDES, Mrcia Novaes. Terror Psicolgico no Trabalho. 2. ed - So Paulo: Ed. LTr, 2005
trabalhando
e,
ao
final,
diante
desta
tenso
psicolgica
so
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Assim, pela anlise da ementa retro, restou cristalino que no caso trazido o
assdio moral latente, uma vez que conforme narrado: A empresa ento
determinou que Paulo passasse a ocupar uma sala nos fundos da transportadora,
sem ventilao e sem ar condicionado, tendo apenas uma pequena mesa, uma
cadeira e sem nenhuma funo destinada a ele. A orientao que recebeu que
deveria ficar na sala o dia inteiro, disposio de quem o chamasse. Paulo
trabalhou assim durante 6 meses, sem nunca ter sido chamado para realizar
qualquer tarefa.
Ora, se no acrdo retro o mero confinamento j seria apto a configurar, no
caso concreto tal confinamento perdurou por seis meses, agravado ainda por cima
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RECORRENTE: 1. CLAUDINEI DA SILVA 2. LIBRA TERMINAIS S/A
DATA DE JULGAMENTO: 30/06/2010 RELATOR(A): LUIZ CARLOS
GOMES GODOI)
3. Da responsabilidade civil
Pode ser entendida como a responsabilidade do agente que negligenciou
uma obrigao que assumiu e no o fez, portanto ter que indenizar a vtima por
perdas e danos, omisso, ou inteno dolosa ou culposa.
Tambm pode ser entendida como sendo a obrigao de reparar o dano que
uma pessoa causou a outrem.
Nas palavras de De Plcido da Silva, a responsabilidade civil : Dever
jurdico, em que se coloca a pessoa, seja em virtude de contrato, seja em face de
fato ou omisso, que lhe seja imputado, para satisfazer a prestao convencionada
ou para suportar as sanes legais, que lhe so impostas. Onde quer, portanto, que
haja obrigao de fazer, dar ou no fazer alguma coisa, de ressarcir danos, de
suportar sanes legais ou penalidades, h a responsabilidade, em virtude da qual
se exige a satisfao ou o cumprimento da obrigao ou da sano 2.
Segundo Maria Helena Diniz, a aplicao de medidas que obriguem
algum a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razo de ato do
prprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal
sob sua guarda (responsabilidade subjetiva), ou, ainda, de simples imposio legal
(responsabilidade objetiva)3.
Ao analisarmos de forma geral, portanto, a responsabilidade civil mostra
conduta humana, nexo causal, culpa e dano.
Analisada a fria teoria quanto Responsabilidade Civil, analisemos agora
esta em mbito do Direito do Trabalho.
A responsabilidade objetiva e responsabilidade subjetiva so as que servem
de apoio para o Direito do Trabalho ao tratar de responsabilidade civil.
De forma breve, conforme fala Slvio Rodrigues, a responsabilidade subjetiva
aquela em que h a culpa, e assim, necessrio que haja a manifestao do
agente4.
SILVA, De Plcido e. Vocabulrio jurdico conciso. 1 ed. Rio de Janeiro. Forense, 2008
DINIZ, Maria Helena. Responsabilidade civil. In: Introduo ao Estudo da Responsabilidade Civil. 1. ed. Saraiva.
So Paulo, 2004
4
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil Volume IV. 19 ed. So Paulo. Saraiva, 2002,
3
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acessrio,
Artigo
927
do
Cdigo
Civil
que
observa
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CAHALI Yussef Said. Dano moral. 4. ed rev., atual. E ampl. - So Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2011
SANTOS, Antonio Jeov. Dano moral indenizvel 5. ed. rev. Atual e ampl. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2015
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das condies do empregado, posta como causa da resilio do
contrato de trabalho pode configurar despedida abusiva, ensejando a
responsabilidade do empregador por danos morais (p. 431)7
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moral. Finalmente, o ltimo elemento o nexo causal, a
consequncia que se afirma existir e a causa que a provocou; o
encadeamento dos acontecimentos derivados da ao humana e os
efeitos por ela gerados. No caso, o TRT reconheceu que o fato de
a reclamada deixar o autor comparecer ao trabalho para cumprir
o aviso prvio sem lhe exigir a prestao de servios,
caracteriza uma conduta abusiva ao se considerar que o autor
se viu totalmente exposto a situao vexatria diante dos
colegas, fato este comprovado pela testemunha do autor que
afirmou que os colegas de trabalho tiravam sarro do reclamante pelo
fato de estar parado durante o aviso prvio. De acordo com a
jurisprudncia desta Corte Superior, vedada tal prtica
adotada pelo empregador, denominada ociosidade ou
inatividade forada, uma vez que o desprezo pela fora de
trabalho, uma das principais fontes de representao de
dignidade de um indivduo, gera a este, por bvio, situao de
extremo constrangimento e humilhao no ambiente da
empresa, com repercusso, inclusive, em sua autoestima.
Precedentes. Evidenciado o dano, assim como a conduta culposa
do empregador e o nexo causal entre ambos, deve ser mantido o
acrdo regional que condenou a reclamada a indeniz-lo.
5. Do quantum indenizatrio
Dada a positivao recente quanto indenizao de carter extrapatrimonial,
que apenas recebeu maior envergadura na com a promulgao da Constituio
Federal de 1988, grande parte da matria que envolve tal indenizao mantem-se
carente de maior aprofundamento.
Inexistindo parmetro legal para o arbitramento dos valores de indenizao
por dano de ordem meramente moral, tal dever ser apurado pelo juiz de direito
responsvel pelo julgamento do pedido atendendo finalidade da indenizao.
Saliente-se, por oportuno, que a reparao de danos morais exerce funo
distinta daquela dos danos materiais. Tem-se por escopo oferecer uma espcie de
compensao ao lesado, a fim de atenuar seu sofrimento alm de fazer com que o
agente que propiciou a leso seja desestimulado a praticar atos lesivos
personalidade de outrem (carter punitivo).
O valor da reparao assume assim, um duplo objetivo, qual seja: satisfativopunitivo alm de, como adotado atualmente em diversos julgados, o carter
pedaggico como um desestmulo a reiterao de tais condutas.
Sobre o livre arbtrio do juiz, o Professor Rubens Limongi Frana comenta que
"A boa doutrina pondera que inexistam "caminhos exatos" para se chegar
quantificao
do
dano
moral,
levando-se
em conta
ponderao
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6. Concluso
Aps a completa anlise dos temas acerca da possibilidade de resciso
indireta por assdio moral, e a consequente reparao civil por danos morais,
pode-se constatar, luz da doutrina nacional e conforme consolidado entendimento
dos tribunais superiores que os fatos trazidos anlise por Paulo Cleops configuram
assdio moral por parte do superior hierrquico que o deixara forado a trabalhar,
por seis meses, em uma sala fechada sem ventilao e sem ar-condicionado no
exercendo nenhuma tarefa.
Desta feita, insuportvel a relao trabalhista a que se sujeitava o empregado,
com fulcro no artigo 483 'd' da Consolidao das Leis Trabalhistas (- d - no cumprir
o empregador as obrigaes do contrato;), possvel a resciso indireta do contrato
de trabalho.
Ainda, ante a conduta dolosa do superior em afastar o empregado de suas
funes observa-se a hiptese de responsabilidade civil pelos danos e, quanto a
estes, uma vez que a conduta perpetrada teve o condo de gerar no empregado os
sentimentos de dor, angstia, aflio fsica ou espiritual uma vez que afetara aparte
social do patrimnio moral (honra, reputao etc.), cabvel a indenizao que dever
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FRANA, Rubens Limongi. Reparao do Dano Moral. So Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1988
VALLE, Christiano Almeida do. Dano Moral. Rio de Janeiro: Aide, 1996
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ser arbitrada com prudncia pelo excelentssimo doutor juiz de direito ao analisar o
caso em concreto posto que no h parmetro legal para sua fixao.
o parecer.
So Jos dos Campos, 31 de maio de 2016
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REFERNCIAS
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BIBLIOGRAFIA
CAHALI Yussef Said. Dano moral. 4. ed rev., atual. E ampl. - So Paulo: Ed.
Revista dos Tribunais, 2011, p. 19
DINIZ, Maria Helena. Responsabilidade civil. In: Introduo ao Estudo da
Responsabilidade Civil. 1. ed. Saraiva. So Paulo, 2004.
FRANA, Rubens Limongi. Reparao do Dano Moral. So Paulo: Ed.
Revista dos Tribunais, 1988, p 29.
GUEDES, Mrcia Novaes. Terror Psicolgico no Trabalho. 2. ed - So Paulo:
Ed. LTr, 2005, p. 35
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil Volume IV. 19 ed. So Paulo. Saraiva, 2002,
SANTOS, Antonio Jeov. Dano moral indenizvel 5. ed. rev. Atual e ampl. Salvador: Ed. JusPodivm, 2015, p.76
SILVA, De Plcido e. Vocabulrio jurdico conciso. 1 ed. Rio de Janeiro.
Forense, 2008, p. 274
VALLE, Christiano Almeida do. Dano Moral. Rio de Janeiro: Aide, 1996, p. 57