LDB - Uma Síntese

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Sntese LDB

Joo Cardoso Palma Filho1


Finalidade Do Texto
Apresentar de forma sucinta alguns aspectos da LDB que interessam
diretamente aos profissionais que militam na Educao Bsica (Educao Infantil,
Ensino Fundamental e Ensino Mdio).
Por ocasio do estudo da disciplina Legislao Educacional Brasileira que
integra o Bloco 3 Gesto Escolar, voc ter condies de se aprofundar um pouco
mais no estudo, no s da LDB, como tambm da Constituio Federal e do Plano
Nacional de Educao.
Neste texto sntese desenvolveremos os seguintes tpicos:
1. Rpido retrospecto do processo de tramitao da LDB no Congresso Nacional
(Cmara Federal e Senado Federal);
2. Os princpios gerais da Educao Brasileira;
3. Os nveis da educao no Brasil: Educao Bsica e Educao Superior;
4. Da Educao Bsica;
5. A formao dos profissionais da educao bsica.
Importante esclarecer que neste texto apenas abordamos alguns artigos da LDB,
uma vez que haver um estudo mais aprofundado por ocasio das disciplinas Legislao
Educacional presente no terceiro bloco do curso.
1. O PROCESSO DE DISCUSSO DA LDB NO CONGRESSO
NACIONAL
Objetivo: Permitir que o estudante tenha uma viso, ainda que muito geral, dos
principais momentos da discusso do anteprojeto de LDB no Congresso Nacional.
Logo aps a promulgao da Constituio Federal de 1988 (05.10.1998), deu
entrada no Con-gresso Nacional o Projeto de Lei (PL. 1258/88), de autoria do Deputado
mineiro Octvio Elsio, (ex-Secretrio da Educao no Governo Tancredo Neves), que
poca integrava a bancada do PMDB (Partido do Movimento Democrtico Brasileiro).
Este projeto refletia as mais diferentes discusses havidas desde o incio dos
anos 1980, em diferentes congressos de educao (CBE, ANPED, CNTE, entre outras).
J em agosto de 1989 surgia o primeiro substitutivo de autoria do Deputado
Jorge Hage (PDT/ Bahia) que incorporava num s texto, 13 outros projetos. A partir de
ento foram realizados vrios simpsios temticos com a finalidade de aprofundar a
discusso em torno da nova lei da educao.

Em fevereiro de 1990 aparece o 2 substitutivo Jorge Hage, que aproveitou nada


mais nada menos, que 978 emendas e mais de 2.000 sugestes originrias de diferentes
instncias da sociedade civil organizada. No Plenrio da Cmara, o substitutivo Jorge
Hage, em 1991 recebeu 1.263 emendas e em consequncia retornou s Comisses da
Cmara Federal (Educao, Constituio e Justia e Finanas).
Em 1992, parlamentares ligados ao Governo Collor de Melo, com apoio do
Ministrio da Edu-cao, iniciam um processo de obstruo do projeto na Cmara
Federal; paralelamente, os Senadores Darcy Ribeiro (PDT/RJ), Marco Maciel (PFL/PE)
e Maurcio Correia (PDT/DF) do entrada no Se-nado Federal de um novo projeto de
LDB.
Com a renncia de Fernando Collor de Mello, o Vice-Presidente Itamar Franco
assume a Presidncia da Repblica e nomeia para o Ministrio da Educao, Murlio
Avelar Hingel, que se declara favoravelmente ao projeto da Cmara Federal, que agora
tendo como relatora a Deputada Angela Amin (PFL/SC), aprovado naquela Casa, em
13 de maio de 1993, sendo em seguida encaminhado ao Senado Federal, como
determina o ritual processual de uma lei no Congresso Nacional.
No Senado, o projeto ser relatado pelo Senador Cid Sabia, que ter seu
Parecer de n 250, aprovado na Comisso de Educao, em novembro de 1994,
portanto, j no final do ano legislativo e do fim do Governo Itamar Franco, que em 1 de
janeiro de 1995, dar posse ao Presidente Fernando Henrique Cardoso.
Em 17/03/95, por meio de manobra regimental, o Substitutivo Cid Sabia
considerado incons-titucional por Parecer de autoria do Senador Darcy Ribeiro.
A partir desse momento passa a tramitar no Senado Federal, o projeto de autoria
dos Senadores Darcy Ribeiro, Maurcio Correia e Marco Maciel, que ambos haviam
apresentado em 1992, que em quase dois anos de discusso ir resultar na Lei Federal n
9.394, atual LDB, que at o momento (novembro de 2009) j foi emendada e alterada
por 24 Leis, resultando em mais de 30 alteraes do texto original aprovado em 20 de
dezembro de 1996, sancionada pelo Presidente da Repblica sem nenhum veto, fato
inusitado no histrico da legislao educacional brasileira.
2. OS PRINCPIOS GERAIS DA EDUCAO BRASILEIRA
Objetivo: Conhecer e discutir os princpios que regem a educao no Brasil,
bem como sua aplicao no contexto das escolas.
Os princpios gerais que regem a educao brasileira esto dispostos no texto da
Constituio Federal (art. 206) e tambm no art. 3 da Lei de Diretrizes e Bases da
Educao Nacional (Lei Federal n 9.394, de 20/12/1996). Esse artigo acrescenta dois
novos princpios aos que j esto previstos na Constituio Federal. So eles: Inciso X
valorizao da experincia extra-escolar e no Inciso XI vinculao entre a
educao escolar, o trabalho e as prticas sociais.
O dever do Estado tratado no artigo 4 da LDB2 , que em adio ao que j
estava disposto no art. 206 da CF, dispe:

Inciso VII: oferta de educao escolar regular para jovens e adultos, com
caractersticas e mo-dalidades adequadas s suas necessidades e disponibilidades,
garantindo-se aos que foram trabalha-dores as condies de acesso e permanncia na
escola.
Inciso IX: padres mnimos de ensino, definidos como a variedade e
quantidade mnimas, por aluno, de insumos indispensveis ao desenvolvimento do
processo de ensino-aprendizagem. Foi ainda acrescentado um inciso de n X, com
a seguinte redao: vaga ma escola pblica de educao infantil ou de ensino
fundamental mais prxima de sua residncia a toda criana a partir do dia em que
completar 4 (quatro) anos de idade (Incluso feita pela Lei n 11.700 de 2008).
O art. 5 regulamenta o direito subjetivo educao previsto no 1 do art. 208
da CF, especifi-cando quem poder exerc-lo (qualquer cidado, grupo de cidados,
associao comunitria, organi-zao sindical, entidade de classe ou outra legalmente
constituda e, ainda, o Ministrio Pblico). O 4 desse mesmo artigo responsabiliza a
autoridade competente indicada para garantir o oferecimento do ensino obrigatrio por
crime de responsabilidade, nos casos de comprovada negligncia. O 1 ainda desse
artigo atribui competncias aos Estados e Municpios para:
I recensear a populao em idade escolar para o ensino fundamental e os
jovens e adultos que a ele no tiveram acesso na idade prpria; II fazer-lhes a
chamada pblica; III zelar, junto aos pais ou responsveis, pela frequncia
escola.>
O art. 6, alterado pela Lei Federal 11.114/2005, estabelece que a matrcula no
ensino fundamen-tal se d a partir dos seis anos de idade e no mais aos sete anos de
idade como constava na redao original de 1996. Este mesmo dispositivo afirma ser
dos pais ou responsveis o dever de providenciar a matrcula dos menores.
3. DA ORGANIZAO DA EDUCAO NACIONAL
Objetivo: Apresentar de modo geral a estrutura da organizao educacional
brasileira, bem como as normas que regem o seu funcionamento. Neste tpico o
estudante poder avaliar se a estrutura e o funcionamento esto de acordo com os
princpios gerais anteriormente apresentados.
Do artigo 8 ao artigo 20 esto estabelecidas disposies que tratam da
organizao da Educao Nacional.
O art. 8 afirma que a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios
organizaro em re-gime de colaborao, os respectivos sistemas de ensino. Todavia, o
1 atribui Unio a responsabi-lidade pela coordenao da poltica nacional de
educao, devendo neste caso, articular os diferentes nveis e sistemas, exercendo
funo normativa, redistributiva e supletiva em relao s demais instncias
educacionais. O 2 do mesmo artigo estabelece que os sistemas de ensino tero
liberdade de organizao nos termos desta lei. Sobre este dispositivo, sempre bom
lembrar que nenhuma liberdade absoluta ou sem restries. H sempre limites a serem
observados. A liberdade existe, desde que observados os preceitos constitucionais e o
que est contido nos princpios gerais da prpria LDB e, nem poderia ser diferente!

O art. 9 estabelece as competncias da Unio em matria de educao. So


incumbncias que reforam o papel de coordenao que a Unio deve exercer em
relao poltica nacional de educao. Dentre as vrias incumbncias, cabe destacar
aquela que afirma ser responsabilidade desse ente federativo elaborar o Plano Nacional
de Educao, em colaborao com os Estados, o Distrito Federal e os Municpios.
O art. 10 trata das incumbncias dos Estados em matria educacional. Neste
caso, cabe destacar duas incumbncias, entre outras, a saber: V baixar normas
complementares para o seu sistema de ensino; VI assegurar o ensino fundamental e
oferecer, com prioridade, o ensino mdio3.
O art. 11 Estabelece as incumbncias dos Municpios. Neste caso, cabe
destaque ao Inciso V: oferecer a educao infantil em creches e pr-escolas, e, com
prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuao em outros nveis de ensino
somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua rea de
competncia e com recursos acima dos percentuais mnimos vinculados pela
Constituio Federal manuteno e desenvolvimento do ensino.
Este dispositivo deixa claro que o Municpio s poder manter ensino superior,
caso a educao infantil e o ensino fundamental estejam plenamente atendidos na rea
geogrfica abrangida por ele e, ainda com recursos acima dos 25,0% previstos pela
Constituio Federal.
Os artigos 12 e 13 tratam diretamente da responsabilidade da escola e dos
professores na con-duo do processo ensino e aprendizagem.
O art. 12 estabelece sete aes a serem desenvolvidas pela escola. A principal
delas diz respeito autonomia que a escola tem na elaborao e execuo de sua
proposta pedaggica, comumente denominada de projeto poltico pedaggico ou
simplesmente, projeto pedaggico. Esta sem dvida uma inovao estabelecida pela
LDB de grande importncia e que se constitui num aspecto descen-tralizador.
Deve-se tambm considerar o fato de que o inciso VII desse artigo recebeu nova
redao e desse modo, nos termos da nova redao, a escola deve informar pai e me,
conviventes ou no com seus filhos, e, se for o caso, os responsveis legais, sobre a
frequncia e rendimento dos alunos, bem como sobre a execuo da proposta
pedaggica da escola (Redao dada pela Lei 12.013 de 2009).
O art. 13 cuida das responsabilidades dos docentes com o processo ensino e
aprendizagem. Ao todo so seis incumbncias, algumas bvias, como a que afirma que
o professor deve ministrar os dias letivos e as horas aulas estabelecido, alm de estar
obrigado a participar integralmente dos perodos dedicados ao planejamento,
avaliao e ao desenvolvimento profissional. Tambm assegura que o professor
participe da elaborao da proposta pedaggica do estabelecimento de ensino.
Os dois artigos que estamos comentando, tambm expressam a necessidade de a
escola e os professores desenvolverem esforos no sentido de uma maior integrao da
escola com as famlias e com a comunidade em geral.

O envolvimento com a comunidade escolar e local, bem como a participao


dos docentes na elaborao do projeto pedaggico da escola so reforados pelo art. 14
da LDB, que trata das normas gerais que devero ser elaboradas pelos sistemas de
ensino sobre o princpio da gesto democrtica do ensino pblico. Este tambm uma
inovao que aparece pela primeira vez na legislao educacional brasileira que
infelizmente, at o momento no tem sido uma preocupao por parte dos responsveis
pela conduo administrativa do setor educacional nos diferentes nveis de ensino.
Importante tambm ressaltar que o art. 14 condiciona s normas a serem estabelecidas
s peculiaridades de cada sistema de ensino. Para melhor entendimento do que est
sendo dito, transcrevemos o texto do citado artigo:
Art. 14 Os sistemas de ensino definiro as normas de gesto democrtica
do ensino pblico na educao bsica, de acordo com as suas peculiaridades e
conforme os seguintes princpios:
I participao dos profissionais da educao bsica na elaborao projeto
pedaggico da escola;
II participao das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou
equivalentes.
O art. 15 novamente trata da questo da autonomia da unidade escolar e desse
modo, comple-menta o que foi estabelecido no art. 14, quando dispe que:
Art. 15 Os sistemas de ensino asseguraro s unidades escolares pblicas
de educao bsica que os integram progressivos graus de autonomia pedaggica e
administrativa e de gesto financeira, observadas as normas gerais do direito
financeiro pblico.
foroso reconhecer, que decorridos mais de dez anos da promulgao da LDB,
pouco se fez no sentido de conferir s escolas a autonomia posta pelo art. 15.
Na sequncia, os artigos 16, 17 e 18 tratam respectivamente da composio do
sistema federal, estadual e municipal de ensino, tema que dispensa maiores comentrios,
uma vez que uma simples leitura desses artigos esclarece suficiente o que neles est
contido. Todavia relevante esclarecer que os cursos superiores municipais integram o
sistema estadual de ensino e, portanto, alm da legislao geral devem se reger tambm
por normas editadas pelo Conselho Estadual de Educao.
Por fim, concluindo a discusso que estamos fazendo em torno do Ttulo IV da
LDB (do art. 8 ao art. 20), cabe apenas mencionar que os artigos 19 e 20 tratam de
matria que tem pouco interesse para os profissionais do magistrio que atuam na
educao bsica.
4. DOS NVEIS E DAS MODALIDADES DE EDUCAO E ENSINO
De acordo com o que dispe o art. 21 da LDB, a educao escolar compe-se de
dois nveis escolares: I educao bsica, formada pela educao infantil, ensino
fundamental e ensino mdio. II educao superior.

Por sua vez a educao infantil desdobra-se em creches e pr-escolas. As


primeiras destinam-se ao atendimento de crianas na faixa etria de 0 a 3 anos de idade,
enquanto que as pr-escolas devero atender crianas de 4 e 5 anos de idade. Como
vimos anteriormente, alterao recente da Constituio Federal e da LDB determinaram
que as crianas com seis anos de idade, passem a frequentar obri-gatoriamente o ensino
fundamental. No vou, por falta de espao, entrar no mrito dessa mudana. Todavia, a
medida adotada discutvel, principalmente, quando se sabe, que em alguns estados do
Brasil, as crianas esto sendo encaminhadas para o ensino fundamental com cinco anos
e meio de idade e at com cinco anos, como vem ocorrendo nos estados do Paran e do
Rio de Janeiro, entre outros.
No Estado de So Paulo, o Conselho Estadual de Educao, inicialmente,
autorizou a entrada com cinco anos, posteriormente fixou o ingresso com cinco anos e
meio. Esses acontecimentos vm provocando fortes reaes de diferentes segmentos da
sociedade. Entendo que se permanecer o atendimento de que a criana pode ir para o
ensino fundamental com menos de seis anos de idade, torna-se necessrio rever a
proposta curricular das sries iniciais do ensino fundamental, uma vez que no se
recomenda que a criana comece a ser alfabetizada com menos de seis ou at sete anos
de idade.
De acordo com o artigo 22, a educao bsica (EB) visa desenvolver o
educando, de modo a assegurar-lhe a formao comum necessria para o exerccio da
cidadania e ao mesmo tempo, forne-cer-lhe meios adequados para avanar nos estudos e
iniciar-se no trabalho.
Quanto organizao da EB, a lei adota uma posio flexvel, quando oferece
vrias opes para a estruturao do ensino, pelo menos, o que se depreende do que
est escrito no artigo 23:
Art. 23 - A educao bsica poder organizar-se em sries anuais, perodos
semestrais, ciclos, alternncia regular de perodos de estudos, grupos no-seriados,
com base na idade, na competncia e em outros critrios, ou por forma diversa de
organizao, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o
recomendar.
Deve-se considerar ainda que o 2 do artigo 32 prev a possibilidade de se
adotar o chamado regime de progresso continuada, claro, que sem prejuzo da
avaliao do processo de ensino e aprendizagem, de acordo com as normas
estabelecidas para cada sistema de ensino.
No Estado de So Paulo, o regime de progresso continuada foi adotado na rede
estadual de ensino e na rede municipal da capital, a partir de deliberao aprovada pelo
Conselho Estadual de Educao (Del. 09/97). Neste caso, os alunos eram avaliados para
efeito de promoo ou reteno na 4 srie (final do primeiro ciclo de estudos) e 8 srie
do EF (final do segundo ciclo de estudos). A partir do ano de 2007, os ciclos passaram a
ser de dois em dois anos.
De modo geral, o senso comum atribui ao regime de progresso continuada, o
baixo rendimento escolar apresentado pelos alunos. De fato, o que acontece que o
sistema pblico de ensino no consegue se organizar de modo adequado para atender o

conjunto da populao que a ele acorre. No sistema seriado com a possibilidade de


reprovao todo ano, a escola se exime de responsabilidades e transforma o aluno de
vtima em ru, ou seja, apenas ele responde pelo fracasso do aprendizado. Nos estados
brasileiros que no adotaram o regime de progresso continuada, alis, diga-se de
passagem, apenas os estados de So Paulo e Minas Gerais adotaram integralmente esse
regime de estudos. Mas como, vinha dizendo, nos estados que permaneceram no
sistema seriado, os ndices de fracasso escolar (evaso e repetncia) so altssimos e o
desempenho dos estudantes fica abaixo do verificado no Estado de So Paulo e no
Estado de Minas Gerais, como atestam as avaliaes do rendimento escolar feita pelo
SAEB (Sistema de Avaliao da Educao Bsica), realizado a cada dois anos pelo
Minis-trio da Educao, por meio do INEP (Instituto Nacional de Estudos
Pedaggicos).
Ainda em relao ao artigo 23, o mesmo dispe por meio de dois pargrafos, em
primeiro lugar, que a escola poder reclassificar os alunos ( 1) e o 2 prope algo
que j constava na legislao educacional desde o ano de 1971, que a possibilidade de
a escola adequar o calendrio escolar as peculiaridade locais, inclusive climticas e
econmicas, a critrio do respectivo sistema de ensino. Essa adequao no implica na
reduo do nmero de horas letivas previstas pela prpria LDB, que no caso estabelece
o mnimo de 800 horas anual e 200 dias letivo por ano. Infelizmente, essa possibilidade
de adequar o calendrio escolar no tem sido usada pelos sistemas educacionais.
O artigo 24 estabelece regras que devero ser observadas na organizao do
ensino fundamental e do ensino mdio. A carga horria, j mencionada anteriormente,
ser de 800 horas a serem distribudas num mnimo de 200 dias letivos. Esta disposio
indica que no caso de escolas que funcionem em turno de menos de quatro horas por
dia, devero cumprir um maior nmero de dias letivos. Caso a carga horria diria seja
maior, prevalece o nmero de dias letivos, que nunca dever ser menos de 200.
O inciso II do mesmo artigo trata dos critrios para a classificao dos alunos
nas sries, menos na primeira, ou etapas, da seguinte forma:
a) por promoo para os alunos que cursaram, com aproveitamento, a srie ou
fase anterior, na prpria escola;
b) por transferncia, para candidatos procedentes de outras escolas;
c) independentemente de escolarizao anterior, mediante avaliao feita pela
escola, que defina o grau de desenvolvimento e experincia do candidato e permita sua
inscrio na srie ou etapa ade-quada, conforme regulamentao do respectivo sistema
de ensino.
Das trs situaes citadas, apenas a ltima apresenta algum grau de novidade,
embora j fosse um critrio utilizado em escolas do Estado de So Paulo,
principalmente naquelas situaes em que o estudante no possui documentao que
comprove o seu grau de escolaridade.
O inciso III permite s escolas que adotam o sistema seriado, a progresso
parcial, desde que seja preservada a sequncia curricular e sempre de acordo com as
normas do sistema de ensino.

O inciso IV permite a organizao de classes ou turmas, com alunos de sries


distintas, entre-tanto com nveis equivalentes de conhecimento, no caso do ensino de
lnguas estrangeiras, artes ou outros componentes curriculares.
bvio, pelo menos para mim, que ao mencionar outros componentes
curriculares, poderia simplesmente ter escrito em todos os componentes curriculares
e, dessa forma, no precisaria destacar lnguas estrangeiras e artes, uma vez que a
regra vale para todos os componentes curriculares.
O inciso V estabelece critrios para aferio do rendimento escolar, que, alis,
no so muito diferentes daqueles que constam do art. 14 da Lei 5.692/71, ou seja, 1) a
avaliao do desempenho do estudante deve ser contnua e cumulativa, com predomnio
dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados obtidos ao longo do ano
letivo sobre eventuais provas de final de ano ou de semestre, quando for o caso; 2)
possibilidade de acelerao de estudos para alunos com atraso escolar, ou seja, quando a
idade no coincide com a srie; 3) avano nos cursos e nas sries mediante verificao
do aprendizado; 4) aproveitamento de estudos concludos com xito; 5) obrigatoriedade
de realizao de estudos de recuperao, de preferncia paralelos ao perodo letivo (na
realidade deveriam os estudos de recuperao serem obrigatoriamente paralelos ao
longo do ano letivo e no no final do ano ou do semestre). Neste caso, a matria dever
estar disposta no regimento escolar da instituio de ensino.
O inciso VI disciplina a verificao da frequncia escolar que fica sob a
responsabilidade do estabelecimento de ensino, conforme o disposto no seu regimento,
respeitada a exigncia de frequncia mnima de 75,0% (setenta e cinco por cento).
Finalmente, o inciso VII responsabiliza o estabelecimento de ensino pelo
fornecimento da do-cumentao escolar (histricos escolares, declaraes de concluso
de srie e diplomas ou certificados de concluso de cursos).
O art. 25, ainda no regulamentado no Estado de So Paulo, afirma ser objetivo
permanente das autoridades de ensino, procurar alcanar uma relao adequada entre o
nmero de alunos e o professor, a carga horria e as condies materiais do
estabelecimento. O pargrafo nico do mesmo artigo remete para o sistema de ensino
estabelecer os parmetros para cumprimento do que dispe o artigo em questo.
Os artigos 26 e 27, significativamente alterados por leis promulgadas
posteriormente edio da LDB de 1996, tratam da doutrina curricular para o ensino
fundamental e o ensino mdio 4.
O art. 26 afirma no caput (cabea do artigo), que os currculos do ensino
fundamental e mdio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada em
cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, de
acordo com as caractersticas regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e
da clientela. De fato, a doutrina curricular adotada pela LDB atual a mesma que j
estava contida na legislao revogada (Reforma do Ensino de 1 e 2 graus)5, com uma
diferena importante, a favor da lei revogada: estudante ou aluno no cliente da
escola. O 1 enfatiza a obrigatoriedade do estudo da lngua portuguesa e da
matemtica, o conhecimento do mundo fsico e natural e da realidade social e poltica,
especialmente do Brasil. O 2 torna obrigatrio tambm o ensino da arte, com a

finalidade de promover o desenvolvimento cultural dos alunos. Entendo que essa uma
tarefa de todos os professores, em todos os componentes curriculares e no apenas do
ensino de arte. O 3, que passou por vrias alteraes, finalmente ganhou a seguinte
redao: A educao fsica, integrada proposta pedaggica da escola, componente
curricular obrigatrio da educao bsica. Entretanto, dispensa o aluno nas seguintes
hipteses: 1) quando cumprir jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; 2)
maior de trinta anos de idade; 3) quando estiver prestando o servio militar inicial ou
que, em situao simular, estiver obrigado prtica de educao fsica; 4) se encontrar
na situao prevista no Decreto-Lei n 1.044/69 (Gestante); 5) que tenha prole.
O ensino de Histria merece meno especial no 4, para afirmar que o mesmo
levar em conta as contribuies das diferentes culturas e etnias para a formao do
povo brasileiro, com destaque especial para matrizes, indgena, africana e europeia.
O 5 determina a incluso de pelo menos uma lngua estrangeira, a partir da 5
srie, cuja escolha fica a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da
instituio. Na prtica quem escolhe a escola; no conheo nenhum caso em que a
comunidade escolar tenha sido consultada, uma vez que sempre prevalecem as
possibilidades da instituio.
O 6 foi acrescentado recentemente (2008) para tornar obrigatrio, mas no
exclusivo o ensino de msica, como componente curricular do ensino de arte (art. 26
2).
So tantas as mudanas no artigo 26, que o mesmo ganhou um artigo 26-A, para
dizer que nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino mdio ser
obrigatrio o estudo da histria e cultura afro-brasileira e indgena6. Trata-se de
disposio redundante, pois j est previsto no artigo 26, 4.
O artigo 27 estabelece diretrizes para o desenvolvimento dos contedos
curriculares, com as seguintes recomendaes:
I difuso de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e
deveres dos cidados, de respeito ao bem comum e ordem democrtica;
II considerao das condies de escolaridade dos alunos em cada
estabelecimento;
III orientao para o trabalho;
IV promoo do desporto educacional e apoio s prticas desportivas no
formais.
O artigo 28 trata da educao na zona rural. Nesse sentido, os contedos
curriculares e meto-dologias apropriadas devero ser adotados, para atender s
peculiaridades da vida rural, de modo a atender s reais necessidades e interesses dos
alunos dessas regies. O mesmo dever ser feito em relao ao calendrio escolar que
dever respeitar as fases do ciclo agrcola e s condies climticas e por ltimo, mas
no menos importante, a ateno que dever ser dada natureza do trabalho na
agricultura e por extenso na zona rural.

4.1 EDUCAO INFANTIL


Os artigos 29, 30 e 31 cuidam da educao infantil.
A educao infantil a primeira etapa da educao bsica. Inicialmente abrangia
a faixa etria de zero a seis anos de idade, subdividida em duas fases: a) creche (zero a
trs anos) e pr-escola (quatro a seis anos). Com a alterao feita pela lei n
11.274/2006, passa a atender a faixa etria de zero a cinco anos de idade, uma vez que o
ltimo ano da pr-escola passa a fazer parte do ensino fundamental, que passa de oito
para nove anos de durao.
A finalidade principal da educao infantil fornecer criana uma educao
integral, ou seja, criar condies para que a criana possa se desenvolver em todas as
dimenses do ser humano, a saber: fsico, psicolgico, intelectual e social, e, dessa
forma, a escola completa a ao da famlia e da comunidade.
Quanto avaliao nessa etapa da escolaridade bsica, a mesma dever ser feita
mediante o acompanhamento e registro do desenvolvimento da criana, sem a
preocupao com a promoo, mesmo para acesso ao ensino fundamental (art. 31).
Apesar das dificuldades que vem enfrentando, foi um grande avano a incluso
na LDB desses trs artigos sobre a educao infantil, uma vez que tanto a LDB de 1961
quanto a reforma do ensino de 1 e 2 graus de 1971, editada durante o regime militar
praticamente ignoraram a existncia da criana pequena.
Entretanto, o grande desafio enfrentar a baixa qualificao dos profissionais
que atuam nessa etapa da educao bsica, bem como um quadro de pais e mes
oprimidos, pouco participativos na dinmica das instituies e que, antes de tudo,
necessitam da creche como um equipamento, no podendo reconhec-la como um
direito, mas aceitando-a como um favor 7.
4.2 ENSINO FUNDAMENTAL
Do artigo 32 ao artigo 34 so apresentadas disposies que abrangem todo o
ensino fundamental. Tratam das finalidades, da organizao e tambm do currculo
dessa etapa da educao bsica.
O artigo 32 afirma que o principal objetivo do ensino fundamental a
formao bsica do cidado mediante: I - o desenvolvimento da capacidade de
aprender, tendo como meios bsicos o pleno domnio da leitura, da escrita e do
clculo, ou seja, ler, escrever e contar. O inciso II acrescenta tambm ser necessria
para o exerccio pleno da cidadania: a compreenso do ambiente natural e social, do
sistema poltico, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a
sociedade. Tarefa nada fcil essa de saber em que valores se fundamentam a sociedade
brasileira!
O inciso III assinala o: desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
tendo em vista a aquisio de conhecimentos e habilidades e a formao de atitudes e
valores, tambm como um meio para que se alcance o objetivo central que a
formao do cidado. Por sua vez, o inciso IV entende que a formao do cidado

pela escola passa pelo fortalecimento dos vnculos de famlia, dos laos de solidariedade
humana e de tolerncia recproca em que se assenta a vida social.
O mesmo artigo integrado por mais cinco pargrafos, sendo que o quinto foi
acrescentado ao texto original, pela lei n11. 525/2007 e dispe que ocurrculo do
ensino fundamental incluir obrigatoriamente, contedo que trata dos direitos das
crianas e adolescentes nos termos do que dispe a lei n 8.069, de 1990, devendo,
inclusive, a escola cuidar da produo e distribuio de mate-rial adequado para as
crianas e adolescentes. O 2, j comentado anteriormente, cria a possibilidade de a
escola organizar os estudos no regime de progresso continuada, que, diga-se de
passagem, no se confunde com promoo automtica. O 3 torna obrigatrio o uso
da lngua portuguesa no ensino fundamental regular, ressalvando, entretanto, o direito s
comunidades indgenas de usarem suas lnguas maternas e processos prprios de
aprendizagem. Por fim, o 5 assinala: O ensino fun-damental ser presencial, sendo
o ensino a distncia utilizado como complementao da aprendiza-gem ou em situaes
emergenciais Entretanto, no se sabe muito bem o que venha a ser situaes
emergenciais e quem as define!
Importante observar que o artigo 32, objeto desses comentrios muito rpidos
que fizemos, repete muito do que j foi dito anteriormente em outras passagens da lei.
O artigo 33 trata de matria polmica que do ensino religioso nas escolas
pblicas de ensino fundamental. O texto original foi alterado em 19978.
No texto publicado em 20.12.1996, o ensino religioso seria ministrado sem nus
para os cofres pblicos, ou seja, os professores no seriam remunerados pelo poder
pblico. Presses feitas prin-cipalmente pela cpula da igreja catlica fizeram com que
o Congresso Nacional alterasse o texto original que ficou com a seguinte redao:
Art. 33 O ensino religioso, de matrcula facultativa, parte integrante da
formao bsica do cidado e constitui disciplina dos horrios normais das escolas
pblicas de ensino fundamental, assegurado o respeito diversidade cultural
religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. (Redao dada pela
lei n 9.475/97).
Antes de entrarmos na discusso dos dois pargrafos que integram o texto do
artigo 33, fao uma observao: se o ensino religioso parte integrante da formao
bsica do cidado, como torn-lo de matrcula facultativa; no que esteja com essa
afirmao defendendo a obrigatoriedade para todos, pois seria um desrespeito s
famlias que no praticam nenhuma religio, ao contrrio, estou apenas apontando a
contradio apresentada pela redao desse artigo. De resto, como conciliar o ensino de
religio nas escolas pblicas com a natureza laica do estado brasileiro?
Os pargrafos 1 e 2 do mesmo artigo atribuem aos sistemas de ensino, a
responsabilidade pela regulamentao dos procedimentos para a definio dos
contedos de ensino religioso, bem como devero estabelecer as normas para
habilitao e admisso dos professores. Por sua vez, dever ser criada uma entidade
civil, integrada pelas diferentes denominaes religiosas, para a definio dos contedos
religiosos.

No tenho conhecimento sobre a criao de tal entidade no Estado de So Paulo.


O artigo 34 propugna ampliao da jornada escolar de forma progressiva,
ressalvado, como no poderia deixar de ser o ensino no; turno e as escolas que
funcionarem em regime especial. Atualmente, h em vrios estados brasileiros escolas
de tempo integral, que no fundo repetem experincias como as do tipo CIEPs
(Centros Integrados de Educao Popular)9.
4.3 ENSINO MDIO
A LDB de 1996 introduziu mudanas radicais na estrutura, organizao e
funcionamento do ensino mdio, que de l para c, j passou por outras tantas
alteraes. A configurao dada ao ltimo segmento da educao bsica , talvez, a mais
polmica das mudanas estabelecidas no antigo ensino de 2 grau.
As principais discordncias se deram em torno da relao do ensino mdio geral
a educao profissional de nvel mdio e quanto aos aspectos curriculares do ensino de
Filosofia e Sociologia. Em relao a estes dois campos de conhecimento, o Parecer do
Conselho Nacional de Educao n 15/98 atribua a eles um carter interdisciplinar, fato
que foi interpretado como a no obrigatoriedade dos mesmos figurarem no currculo
escolar do ensino mdio como disciplinas individualizadas, a exemplo do que ocorre
com os demais componentes curriculares, que tradicionalmente compem o quadro de
disciplinas do ensino mdio.
A questo acabou resolvida, inicialmente, com modificaes no entendimento
do que foi ex-presso no Parecer CEB/CNE n 15/98. Entretanto, a nova interpretao
no surtiu efeito. Todavia, com a promulgao da Lei n 11.684, de 2.6.2008, as dvidas
quanto ao carter disciplinar desses dois componentes curriculares foram afastadas.
Assim que a referida lei altera o art. 36 da LDB para incluir a Filosofia e a
Sociologia como disciplinas obrigatrias nos currculos do ensino mdio, ao acrescentar
um inciso de n IV com a se-guinte redao: sero includas a Filosofia e a Sociologia
como disciplinas obrigatrias em todas as sries do ensino mdio. Ao mesmo tempo,
revogou o inciso III do 1 do art. 36 da LDB, origi-nariamente aprovada em 1996.
No que diz respeito aos aspectos curriculares do EM essa foi a nica alterao,
uma vez que o art. 35 permaneceu com a redao original:
Art. 35. O ensino mdio, etapa final da educao bsica, com durao
mnima de trs anos, ter como finalidades:
I a consolidao e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no
ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
II a preparao bsica para o trabalho e a cidadania do educando, para
continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a
novas condies de ocupao ou aperfeioamento posteriores;

III o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a


formao tica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento
crtico;
IV a compreenso dos fundamentos cientfico-tecnolgicos dos processos
produtivos, relacionando a teoria com a prtica, no ensino de cada disciplina.
Quanto polmica em torno da relao do ensino mdio geral com a educao
profissional tcnica de nvel mdio, a Lei n 11.741, de 2008 resolveu a questo pelo
acrscimo de trs novos artigos (36-A; 36-B e 36-C e 36-D). De fato so quatro novos
artigos de lei.
A questo da articulao entre as duas modalidades de ensino resolvida pelo
que dispe o artigo 36-B, que ficou com a seguinte redao10:
Art. 36-B. A educao profissional tcnica de nvel mdio ser desenvolvida
nas seguintes formas: I - articulada com o ensino mdio; II subsequente, em
cursos destinados a quem j tenha concludo o ensino mdio. Pargrafo nico. A
educao profissional tcnica de nvel mdio dever observar: I os objetivos e
definies contidos nas diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo
Conselho Nacional de Educao; II - as normas complementares dos respectivos
sistemas de ensino; III as exigncias de cada instituio de ensino, nos termos de
seu projeto pedaggico.
Trata-se de uma conceituao muito feliz, pois respeita a articulao necessria
entre o nvel nacional, o estadual e o da escola e, com isso, refora a necessidade de
cada escola construir o seu projeto pedaggico.
O art. 36-C tambm cuida da articulao:
Art. 36-C. A educao profissional tcnica de nvel mdio articulada, prevista no
inciso I do caput do art. 36-B desta lei ser desenvolvida de forma:
I - integrada, oferecida somente a quem j tenha concludo o ensino
fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno habilitao
profissional tcnica de nvel mdio, na mesma instituio de ensino, efetuando-se a
matrcula nica para cada aluno;
II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino mdio ou j esteja
cursando, efetuando-se matrculas distintas para cada curso, podendo ocorrer:
a) na mesma instituio de ensino, aproveitando-se as oportunidades
educacionais disponveis;
b) em instituies de ensino distintas, aproveitando-se as oportunidades
educacionais disponveis;
c) em instituies de ensino distintas, mediante convnios de
intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao desenvolvimento de
projeto pedaggico unificado.

O artigo 36-D dispe sobre a validade nacional dos diplomas de cursos de


educao profissional, quando registrados e ao mesmo tempo assegura o
prosseguimento de estudos (esta j era uma situao prevista na lei 5.692/71).
H ainda, outra possibilidade que est prevista no pargrafo nico desse artigo,
ou seja:
Os cursos de educao profissional tcnica de nvel mdio, nas formas
articulada concomitante e subseqente, quando estruturados e organizados em
etapas com terminalidade, possibilitaro a obteno de certificados de qualificao
para o trabalho aps a concluso, com aproveitamento, de cada etapa que
caracterize uma qualificao para o trabalho.
Entendo que as mudanas realizadas por meio da Lei n 11.741 adotaram um
dos princpios fundamentais da LDB de 1996, que o da flexibilidade, alm de serem
muito mais favorveis ao estudante trabalhador, que alm de buscar uma educao
geral, tambm deseja uma boa qualificao tcnica para o trabalho. Para formar o
cidado, ambas so necessrias; no mundo de hoje, no faz mais sentido um ensino de
nvel mdio que apenas trabalhe com os contedos da educao geral.
Ao concluir a anlise dessa parte da LDB, considero importante destacar que a
polmica em torno do ensino mdio e da educao profissional no foi tanto pela
redao dos artigos 39 a 42 do texto original, mas muito mais pela regulamentao que
se seguiu por meio do Decreto Federal n 2.208, de 17/04/1997, tambm revogado.
4.4 EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS E EDUCAO ESPECIAL
A LDB trata tambm da educao de jovens e adultos (antiga educao
supletiva da Lei 5.692/71), nos artigos 37 e 38, e da educao especial nos artigos 58,
59 e 60. Em ambos os casos incorporou estudos realizados por especialistas no campo
da educao de jovens e adultos e da educao especial. Quanto a esta ltima cabe
salientar que o Brasil signatrio da Declarao de Salamanca, que trouxe
significativos avanos para a educao especial.
Em relao a educao de jovens e adultos esto previstas duas modalidades de
atendimento: a) cursos; b) exames (j presentes na legislao educacional desde 1971).
Podero realizar exames para o ensino fundamental, os jovens com quinze ou mais anos
de idade; para o ensino mdio a idade mnima de dezoito anos.
O 1 do art. 37 obriga o poder pblico a oferecer gratuitamente oportunidades
de estudo para jovens e adultos que no puderam realizar estudos na idade apropriada. A
oferta dessa oportunidade dever levar em conta .as caractersticas do alunado, seus
interesses, condies de vida e de traba-lho. O 3 propugna que a educao de
jovens e adultos dever articular-se, preferencialmente, com a educao profissional,
na forma do regulamento. Este pargrafo no constava da LDB original e foi includo
pela Lei n 11.741, de 16.7.2008. Esses dois pargrafos demonstram claramente a
preocupao do legislador em criar condies favorveis para que jovens e adultos
completem a escolaridade no iniciada na idade prpria ou interrompida, por diferentes
motivos.

Quanto ao Captulo V do Ttulo V da LDB que trata da Educao Especial, cabe


assinalar que o mesmo se apresenta com a redao original, ou seja, ao contrrio de
outros captulos, no sofreu nenhuma modificao, aps a edio do texto original de
1996.
O texto enfatiza que a educao especial uma modalidade da educao e
escolar e, prefe-rencialmente, dever ser oferecida na rede regular de ensino para os
portadores de necessidades es-peciais. Entretanto, ressalva, que quando necessrio,
devero ser oferecidos servios de apoio especializado, na escola regular para atender s
peculiaridades do alunado. O 3 do art. 58 assinala ser dever constitucional do Estado
a oferta de atendimento para os portadores de necessidades especiais, que se inicia na
educao infantil11.
4.5 DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAO
Ao tratar dos requisitos necessrios para ingresso na carreira do magistrio, a
LDB trouxe vrias inovaes. A primeira e, talvez a mais importante delas, foi
estabelecer como condio mnima para o exerccio da docncia na educao bsica, a
obteno da licenciatura plena. Esta deveria ser conseguida em cursos de graduao
ministrados em Institutos Superiores de Educao ou em Universidades12.
Os princpios bsicos que norteiam a formao dos profissionais para o setor
educacional esto previstos em sete artigos (61 a 67), integrantes do Ttulo VI da LDB.
A formao deve se fundar em: a) associao entre teorias e prticas que inclui a
capacitao em servio e b) aproveitamento da formao e experincias anteriores em
instituies de ensino e em outras atividades, conforme dispe o art. 6113.
Como j destacado, estabelece como regra geral a formao em nvel superior,
embora durante os dez anos iniciais da vigncia da LDB tenha admitido a formao em
nvel mdio, na modalidade normal (art. 62 e 4 do art. 67)14.
O artigo 63 prev que os Institutos Superiores de Educao (ISE) podero
manter cursos formadores de professores para a educao bsica, inclusive o curso
normal superior, destinado formao de docentes para a educao infantil e os anos
iniciais do ensino fundamental (antigas 1 a 5s sries). Podero ainda manter programas
de formao pedaggica para portadores de diplomas de educao superior que queiram
se dedicar educao bsica15. Por ltimo, podero tambm instituir programas de
educao continuada para os profissionais da educao dos diversos nveis.
O artigo 64 trata da formao necessria dos profissionais da educao para
atuao em funes no docentes. Nesse sentido dispe:
Art. 64. A formao de profissionais de educao para administrao,
planejamento, inspeo, superviso e orientao educacional para a educao
bsica, ser feita em cursos de graduao em pedagogia16 ou em nvel de psgraduao, a critrio da instituio de ensino, garantida nesta formao, a base
comum nacional.

O artigo 65 estabelece a obrigatoriedade do estgio profissional com a carga


mnima de trezentas horas de durao.
O artigo 66 diz respeito ao ensino superior.
O artigo 67 dispe que:
Os sistemas de ensino promovero a valorizao dos profissionais da
educao, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de
carreira do magistrio pblico:
I ingresso exclusivamente por concurso pblico de provas e ttulos;
I- aperfeioamento profissional continuado, inclusive com licenciamento
peridico remunerado para esse fim;
III piso salarial profissional17;
IV progresso funcional baseada na titulao ou habilitao, e na
avaliao de desempenho;
V perodo reservado a estudos, planejamento e avaliao, includo na
carga horria de trabalho;
VI condies adequadas de trabalho.
1 A experincia docente pr-requisito para o exerccio profissional de
quaisquer outras funes de magistrio, nos termos das normas de cada sistema de
ensino. (Renumerado pela Lei n 11.301, de 10.05.2006).
2 Para os efeitos do disposto no 5 do art. 40 e no 8 do art. 201 da
Constituio Federal, so consideradas funes de magistrio as exercidas por
professores e especialistas em educao no desempenho de atividades educativas,
quando exercidas em estabelecimentos de educao bsica em seus diversos nveis
e modalidades, includas, alm do exerccio da docncia, as de direo de unidade
escolar e as de coordenao e assessoramento pedaggico.
4.6 DO FINANCIAMENTO DA EDUCAO
A LDB dedicou todo um ttulo (VII) para garantir recursos financeiros para a
educao (artigos 68 a 77). Em geral significou um avano considervel em relao
legislao anterior, principalmente se considerarmos as alteraes advindas das
emendas constitucionais n 14 e n 53.
De acordo com o artigo 68, consideram-se recursos pblicos a serem aplicados
na educao:
a) Receitas de impostos prprios da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municpios;

b) Receita advinda de transferncias constitucionais e outras transferncias;


c) Receita do salrio-educao e outras contribuies sociais;
d) Receita de incentivos fiscais;
e) Outros recursos previstos em lei.
Nos termos do artigo 212, a Unio dever aplicar desse montante de recursos,
nunca menos de 18% e os Estados, Distrito Federal e Municpios, pelo mnimo 25%. A
Constituio do Estado de So Paulo determina que seja aplicado em educao, nunca
menos que 30%.
Uma importante inovao feita foi a redao dada aos artigos 70 e 71, que
estabelecem o que pode (artigo 70) e o que no pode (artigo 71) ser considerado como
despesas com a manuteno e desenvolvimento do ensino. De acordo com esses
dispositivos, programas suplementares de alimentao, assistncia mdicoodontolgica, farmacutica e psicolgica, bem como outras formas de assistncia social
no mais podem ser includos como despesas com educao. Esses recursos tambm
no podem ser usados para pagamento de pessoal docente, quando em desvio de funo,
ou seja, em atividade alheia manuteno e ao desenvolvimento do ensino.
Todavia, os artigos 70 e 71 so omissos em relao questo da folha de
pagamento dos apo-sentados. Diante do silncio, estados e municpios incluem nos
percentuais que esto constitucional-mente obrigados a investir na educao, o
pagamento dos salrios do pessoal inativo, inclusive das penses que so devidas.
Entretanto, a sangria nos recursos da educao no est apenas na incluso dos
aposentados na folha de pagamento do pessoal da educao. Assim que o Fundo de
Estabilizao Fiscal (FEF), que em 2000 foi substitudo pela Desvinculao de Receitas
da Unio (DRU) vem retirando anualmente 20% do que a Unio deveria investir na
funo educacional.
O artigo 74 menciona a necessidade de se estabelecer um valor mnimo por
aluno que dever ser calculado ao final de cada ano, para viger no ano seguinte.
5. CONSIDERAES FINAIS
Procuramos ao longo deste texto destacar os pontos principais da LDB, que de
algum modo interessam diretamente aos profissionais que atuam na Educao Bsica,
em quaisquer dos seus nveis.
Como assinalamos logo de incio, em razo do espao reservado a este texto no
Caderno de Formao Introdutrio, muitas questes foram deixadas de lado.
Todavia, importante destacar que no terceiro bloco, o tema da legislao
educacional voltar a merecer nossa ateno e, de forma mais aprofundada.

Professor titular da disciplina Sociedade, Estado e Educao no Instituto de


Artes da UNESP. Presidente da Cmara de Educao Superior do Conselho Estadual de
Educao. Doutor em Educao (currculo e superviso) pela PUC/SP. Ps-Doutorado
em Poltica Educacional pela FE/USP. (voltar para o texto - nota 1)
2

A partir de 1/01/2010, o inciso II do art.4 da LDB passa a ter a seguinte


redao: universalizao do ensino mdio gratuito (alterao feita pela lei n 12.061,
de 27/10/2009). (voltar para o texto - nota 2)
3

A partir de 1/01/2010, o inciso IV do art. 10 passa a ter a seguinte redao:


assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino mdio a todos que
o demandarem, respeitando o disposto no art. 32 da LDB. (voltar para o texto - nota 3)
4

Refiro-me as seguintes leis: 10.793, de 1.12.2003; 11.769, de 18.08.2008;


11.645, de 10.03.2008; 11.274, de 06.02.2006, 11.525, de 29.09.2007; 9.475, de
22.07.1997; 11.684, de 02.06.2008. (voltar para o texto - nota 4)
5

O art. 4 da Lei 5.692, de 11.08.1971 dispe o seguinte: Os currculos do


ensino de 1 e 2 graus tero um ncleo comum, obrigatrio em mbito nacional, e uma
parte diversificada para atender, conforme as necessidades e possibilidades concretas, s
peculiaridades locais, aos planos dos estabelecimentos e s diferenas individuais dos
alunos. (voltar para o texto - nota 5)
6

Art. 26-A Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino mdio,


pblicos e privados, torna-se obrigatrio o estudo da histria e da cultura afro-brasileira
e indgena (Redao dada pela Lei 11.645, de 2008). 1 O contedo programtico a
que se refere este artigo incluir diversos aspectos da histria e da cultura que
caracterizam a formao da populao brasileira, a partir desses dois grupos tnicos, tais
como o estudo da histria da frica e dos africanos, a luta dos negros e dos povos negro
e o ndio na formao da sociedade nacional, resgatando as suas contribuies nas reas
social, econmica e poltica, pertinentes histria do Brasil. (voltar para o texto - nota
6)
7

PALHARES, Marina Silveira; MARTINEZ, Cludia Maria Simes. A


educao infantil -uma questo para o debate. In: FARIA, Ana Lcia Goulart;
PALHARES, Maria Silveira (orgs.) Educao infantil ps-LDB: rumos e Polmicas do
nosso tempo Campinas (SP): Autores Associados/Faculdade de Educao/Editora da
UFSC/Editora da UFSCar, 1999; p. 9. (voltar para o texto - nota 7)
8

Lei n 9.475, de 22.7.1997. (voltar para o texto - nota 8)

Os CIEPs foram criados no Estado do Rio de Janeiro durante os dois go vernos


de Leonel Brizola (1983-1987; 1991-1994) e contaram com a Coordenao do
antroplogo Darcy Ribeiro. Na prtica inspiraram-se na Escola Parque criada em
Salvador no ano de 1950 pelo educador Ansio Teixeira. (voltar para o texto - nota 9)
10

Num dos depoimentos que voc vai assistir pela UNIVESP/TV, o professor
Francisco Aparecido Cordo, um dos maiores especialistas nesse assunto, esclarece
muito bem como fica a articulao entre o ensino mdio geral e a educao profissional
tcnica de nvel mdio. (voltar para o texto - nota 10)

11

Causa certa estranheza o fato de que nesse pargrafo a educao infantil seja
mencionada com sendo a faixa etria de zero a seis anos de idade, pois como de
conhecimento geral, a faixa etria da educao infantil passou a ser de zero a cinco anos
de idade. (voltar para o texto - nota 11)
12

Posteriormente, por decreto federal foram criados os Centros Universitrios


com as mesmas prerrogativas das Universidades. (voltar para o texto - nota 12)
13

1. Com a promulgao da Lei Federal n 12.014, de 06.08.2009, o art. 61


ficou com a seguinte redao: Art. 61. Consideram-se profissionais da educao escolar
bsica os que, nela estando em efetivo exerccio e tendo sido formados em cursos
reconhecidos so: I- professores habilitados em nvel mdio ou superior para a docncia
na educao infantil e nos ensinos fundamental e mdio. II- trabalhadores em educao
portadores de diploma de pedagogia, com habilitao em administrao, planejamento,
superviso, inspeo e orientao educacional, bem como com ttulos de mestrado ou
doutorado nas mesmas reas. III- trabalhadores em educao, portadores de diploma de
curso tcnico ou superior em rea pedaggica ou afim. Pargrafo nico. A formao dos
profissionais em educao, de modo a atender s especificidades do exerccio de suas
atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educao
bsica, ter como fundamentos: I - a presena de slida formao bsica, que propicie o
conhecimento dos fundamentos cientficos e sociais de suas competncias de trabalho;
II - a associao entre teorias e prticas, mediante estgios supervisionados e
capacitao em servio; III - o aproveitamento da formao e experincias anteriores em
instituies de ensino e em outras atividades. (voltar para o texto - nota 13)
14

A Lei Federal n 12.056, de 13.10.2009 acrescentou ao art. 62 os seguintes


pargrafos: 1 A Unio, o Distrito Federal, os Estados e os Municpios, em regime de
colaborao, devero promover a formao inicial, a continuada dos professores do
magistrio. 2 A formao continuada e a capacitao dos profissionais de magistrio
podero utilizar recursos e tecnologias de educao a distncia. 3 A formao inicial
de profissionais de magistrio dar preferncia ao ensino presencial, subsidiariamente
fazendo uso de recursos e tecnologias de educao a distncia. (voltar para o texto - nota
14)
15

Esta possibilidade est regulamentada pela Resoluo n 02/97 do Conselho


Nacional de Educao. (voltar para o texto - nota 15)
16

A estrutura e organizao do curso de pedagogia encontram-se regulamentada


pelo Conselho Nacional de Educao por meio das Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCN) para o Curso de Pedagogia. (voltar para o texto - nota 16)
17

J regulamentado por meio de lei federal Parte do estabelecido por essa lei foi
derrubada no STF a partir de ao de inconstitucionalidade propostas por alguns
governadores de estados. (voltar para o texto - nota 17)

REFERNCIAS

BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988. Braslia:


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BRASIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e
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9.394, de 20/12/1996. Braslia: 2009. Disponvel em:
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http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11525.htm. Acesso
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BRASIL. Lei 12.013, de 06.08.2009 altera o art. 12 da Lei n 9.394, de
20.12.1996, determinando s instituies de ensino obrigatoriedade no envio de
informaes escolares aos pais, conviventes ou no com seus filhos. Braslia: 2009.
Disponvel em http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato20072010/2009/Lei/L12013.htm. Acesso em 25/10/2009.
BRASIL. Lei 11.700, de 13.06.2008 Acrescenta inciso X ao caput do art. 4 da
Lei n 9.394, de 20.12.1996, para assegurar vaga na escola pblica de educao infantil
ou de ensino fundamental mais prxima de sua residncia a toda criana a partir dos 4
(quatro) anos de idade. Braslia: 2008. Disponvel em:
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato 20072010/2008/Lei/L11.700.htm
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Constituio da Repblica Federativa do Brasil


TTULO VIII
DA ORDEM SOCAL
CAPTULO III
DA EDUCAO, DA CULTURA E DO DESPORTO
Seo I
DA EDUCAO
[...]
Art. 205. A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser
promovida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao
para o trabalho.
Art. 206. O ensino ser ministrado com base nos seguintes princpios:
I igualdade de condies para o acesso e a permanncia na escola;
II liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o
saber;
III pluralismo de idias e de concepes pedaggicas, e coexistncia de
instituies pblicas e privadas de ensino;
IV gratuidade do ensino pblico em estabelecimentos oficiais;
V valorizao dos profissionais da educao escolar, garantidos, na forma
da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso pblico de
provas e ttulos, aos das redes pblicas (Redao dada pela Emenda Constitucional
n 53, de 19/12/2006).
VI gesto democrtica do ensino pblico, na forma da lei;
VII garantia de padro de qualidade.
VIII piso salarial profissional nacional para os profissionais da educao
escolar pblica, nos termos da lei federal (acrscimo feito pela EC n 53).
Pargrafo nico. A lei dispor sobre as categorias de trabalhadores
considerados profissionais da educao bsica e sobre a fixao de prazo para a
elaborao ou adequao de seus planos de carreira, no mbito da Unio, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municpios (Acrscimo feito pela ECn 53).

Art. 207. As universidades gozam de autonomia didtico-cientfica,


administrativa e de gesto financeira e patrimonial, e obedecero ao princpio de
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extenso.
1 facultado s universidades admitir professores, tcnicos e cientistas
estrangeiros, na forma da lei.
2 O disposto neste artigo aplica-se s instituies de pesquisa cientfica e
tecnolgica.
Art. 208. O dever do Estado com a educao ser efetivado mediante a garantia
de:
I ensino fundamental obrigatrio e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta
gratuita para todos os que a ele no tiveram acesso na idade prpria;
II progressiva universalizao do ensino mdio gratuito;
III atendimento educacional especializado aos portadores de deficincia,
preferencialmente na rede regular de ensino;
IV educao infantil, em creches e pr-escola, s crianas at 5 (cinco)
anos de idade; (redao dada pela EC n 53).
V acesso aos nveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criao
artstica, segundo a capacidade de cada um;
VI oferta de ensino noturno regular, adequado s condies do educando;
VII atendimento ao educando, no ensino fundamental, atravs de programas
suplementares de material didtico-escolar, transporte, alimentao e assistncia
sade.
1 O acesso ao ensino obrigatrio e gratuito direito pblico subjetivo.
2 O no-oferecimento do ensino obrigatrio pelo Poder Pblico, ou sua oferta
irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.
3 Compete ao Poder Pblico recensear os educandos no ensino fundamental,
fazer lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsveis, pela freqncia escola.
Art. 209. O ensino livre iniciativa privada, atendidas as seguintes condies:
I cumprimento das normas gerais da educao nacional;
II autorizao e avaliao de qualidade pelo Poder Pblico.
Art. 210. Sero fixados contedos mnimos para o ensino fundamental, de
maneira a assegurar formao bsica comum e respeito aos valores culturais e artsticos,
nacionais e regionais.

1 O ensino religioso, de matrcula facultativa, constituir disciplina dos


horrios normais das escolas pblicas de ensino fundamental.
2 O ensino fundamental regular ser ministrado em lngua portuguesa,
assegurada s comunidades indgenas tambm a utilizao de suas lnguas maternas e
processos prprios de aprendizagem.
Art. 211. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios organizaro
em regime de colaborao seus sistemas de ensino.
1 A Unio organizar o sistema federal de ensino e dos Territrios, financiar
as instituies de ensino pblicas federais e exercer, em matria educacional, funo
redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalizao de oportunidades
educacionais e padro mnimo de qualidade do ensino mediante assistncia tcnica e
financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios.
2 Os municpios atuaro prioritariamente no ensino fundamental e na
educao infantil.
3 Os Estados e o Distrito Federal atuaro prioritariamente no ensino
fundamental e mdio.
4 Na organizao de seus sistemas de ensino, os Estados e os Municpios
definiro formas de colaborao, de modo a assegurar a universalizao do ensino
obrigatrio.
5 A educao bsica pblica atender prioritariamente ao ensino regular
(acrscimo feito pela ECn 53).
Art. 212. A Unio aplicar, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o
Distrito Federal e os Municpios vinte e cinco por cento, no mnimo, da receita
resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferncias, na manuteno e
desenvolvimento do ensino.
1 A parcela da arrecadao de impostos transferida pela Unio aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municpios, ou pelos Estados aos respectivos Municpios, no
considerada, para efeito do clculo previsto neste artigo, receita do governo que a
transferir.
2 Para efeito do cumprimento do disposto no caput deste artigo, sero
considerados os sistemas de ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados
na forma do art. 213.
3 A distribuio dos recursos pblicos assegurar prioridade ao atendimento
das necessidades do ensino obrigatrio, nos termos do plano nacional de educao.
4 Os programas suplementares de alimentao e assistncia sade previstos
no art. 208, VII, sero financiados com recursos provenientes de contribuies sociais e
outros recursos oramentrios.

5 A educao bsica pblica ter como fonte adicional de financiamento


a contribuio social do salrio-educao, recolhida pelas empresas na forma da lei
(redao dada pela EC n 53).
6 As cotas estaduais e municipais da arrecadao da contribuio social
do salrio-educao sero distribudas proporcionalmente ao nmero de alunos
matriculados na educao bsica nas respectivas redes pblicas de ensino
(acrscimo feito pela EC n 53).
Art. 213 Os recursos pblicos sero destinados s escolas pblicas, podendo
ser dirigidos a escolas comunitrias, confessionais ou filantrpicas, definidas em lei,
que:
I comprovem finalidade no-lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros
em educao;
II assegurem a destinao de seu patrimnio a outra escola comunitria,
filantrpica ou confessional, ou ao Poder Pblico, no caso de encerramento de suas
atividades.
1 Os recursos de que trata este artigo podero ser destinados a bolsas de
estudo para o ensino fundamental e mdio, na forma da lei, para os que demonstrarem
insuficincia de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede
pblica na localidade da residncia do educando, ficando o Poder Pblico obrigado a
investir prioritariamente na expanso de sua rede na localidade.
2 As atividades universitrias de pesquisa e extenso podero receber apoio
financeiro do Poder Pblico.
Art. 214. A lei estabelecer o plano nacional de educao, de durao plurianual, visando articulao e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos nveis e
integrao das aes do Poder Pblico que conduzam :
I erradicao do analfabetismo;
II universalizao do atendimento escolar;
III melhoria da qualidade do ensino;
IV formao para o trabalho;
V promoo humanstica, cientfica e tecnolgica do Pas.
Em decorrncia do que dispe o art. 2 da EC n 53, o art. 60 do Ato das
Disposies Constitucionais Transitrias (ADCT) passa a vigorar com a seguinte
redao:
Art. 60. At o 14 (dcimo quarto) ano a partir da promulgao desta Emenda
Constitucional, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios destinaro parte dos
recursos a que se refere o caput do art. 212 da Constituio Federal manuteno e

desenvolvimento da educao bsica e remunerao condigna dos trabalhadores da


educao, respeitadas as seguintes disposies:
I a distribuio dos recursos e de responsabilidade entre o Distrito Federal, os
Estados e seus Municpios assegurada mediante a criao, no mbito de cada Estado e
do Distrito Federal, de um Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da Educao
Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao FUNDEB, de natureza
contbil;
II Os Fundos referidos no inciso I do caput deste artigo sero constitudos por
20% (vinte por cento) dos recursos a que se referem os incisos I, II e III do art.155; o
inciso II do caput do art. 157; os incisos II, III e IV do caput do art. 158; e as alneas a e
b do inciso I e o inciso II do caput do art. 159, todos da Constituio Federal, e
distribudos entre cada Estado e seus Municpios, proporcionalmente ao nmero de
alunos das diversas etapas e modalidades da educao bsica presencial, matriculados
nas respectivas redes, nos respectivos mbitos de atuao prioritria estabelecida nos
2 e 3 do art. 211 da Constituio Federal.
III observadas as garantias estabelecidas nos incisos I, II, III e IV do caput do
art. 208 da Federal e as metas de universalizao da educao bsica estabelecidas no
Plano Nacional de Educao, a lei dispor sobre:
a) a organizao dos Fundos, a distribuio proporcional de seus recursos, as
diferenas e as ponderaes quanto ao valor anual por aluno entre etapas e modalidades
da educao bsica e tipos de estabelecimento de ensino;
b) a forma de clculo do valor anual por aluno;
c) os percentuais mximos de apropriao dos recursos dos Fundos pelas
diversas etapas e modalidades da educao bsica, observados os arts. 208 e 214 da
Constituio Federal, bem como as metas do Plano Nacional de Educao;
d) a fiscalizao e o controle dos Fundos;
e) prazo para fixar, em lei especfica, o piso salarial profissional nacional para os
profissionais do magistrio pblico da educao bsica;
IV os recursos recebidos conta dos Fundos institudos nos termos do inciso I
do caput deste artigo sero aplicados pelos Estados e Municpios exclusivamente nos
respectivos mbitos de atuao prioritria, conforme estabelecido nos 2 e 3 do art.
211 da Constituio Federal;
V a Unio complementar os recursos dos Fundos a que se refere o inciso II
do caput deste artigo sempre que, no Distrito Federal e em cada Estado, o valor por
aluno no alcanar o mnimo definido nacionalmente, fixado em observncia ao
disposto no inciso VII do caput deste artigo, vedada a utilizao dos recursos a que se
refere o 5 do art. 212 da Constituio Federal;
VI at 10% (dez por cento) da complementao da Unio prevista no inciso V
do caput deste artigo poder ser distribuda para os Fundos por meio de programas

direcionados para a melhoria da qualidade da educao, na forma da lei a que se refere o


inciso III do caput deste artigo;
VII a complementao da Unio de que trata o inciso V do caput deste artigo
ser de, no mnimo:
a) R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhes de reais), no primeiro ano de vigncia dos
Fundos;
b) R$ 3.000.000.000,00 (trs bilhes de reais), no segundo ano de vigncia dos
Fundos;
c) R$ 4.500.000.000,00 (quatro bilhes e quinhentos milhes de reais), no
terceiro ano de vigncia dos Fundos;
d) 10% (dez por cento) do total dos recursos a que se refere o inciso II do caput
deste artigo, a partir do quarto ano de vigncia dos Fundos;
VIII a vinculao de recursos manuteno e desenvolvimento do ensino
estabelecida no art. 212 da Constituio Federal suportar, no mximo, 30% (trinta por
cento) da complementao da Unio, considerando-se para os fins deste inciso os
valores previstos no inciso VII do caput deste artigo.
IX - os valores a que se referem as alneas a, b e c do inciso VII do caput deste
artigo sero atualizados, anualmente, a partir da promulgao desta Emenda
Constitucional, de forma a preservar, em carter permanente, o valor real da
complementao da Unio;
X aplica-se complementao da Unio o disposto no art. 160 da Constituio
Federal 1 .
XI o no-cumprimento do disposto nos incisos V e VII do caput deste artigo
importar crime de responsabilidade da autoridade competente;
XII proporo no inferior a 60% (sessenta por cento) de cada Fundo referido
no inciso I do caput deste artigo ser destinada ao pagamento dos profissionais o
magistrio da educao bsica em efetivo exerccio.
1 A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios devero assegurar,
no financiamento da educao bsica, a melhoria da qualidade de ensino, de forma a
garantir padro mnimo definido nacionalmente.
2 O valor por aluno do ensino fundamental, no Fundo de cada Estado e do
Distrito Federal, no poder ser inferior ao praticado no mbito do Fundo de
Manuteno e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizao do Magistrio
FUNDEF, no ano anterior vigncia desta Emenda Constitucional
.

3 O valor anual mnimo por aluno do ensino fundamental, no mbito do


Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica e de Valorizao dos
Profissionais da Educao FUNDEB, no poder ser inferior ao valor mnimo fixado
nacionalmente no ano anterior ao da vigncia desta Emenda Constitucional.
4 Para efeito de distribuio de recursos dos Fundos a que se refere o inciso I
do caput deste artigo, levar-se- em conta a totalidade das matrculas no ensino
fundamental e considerar-se- para a educao infantil, para o ensino mdio e para a
educao de jovens e adultos 1/3 (um tero) das matrculas no primeiro ano, 2/3 (dois
teros) no segundo ano e sua totalidade a partir do terceiro ano.
5 A porcentagem dos recursos de constituio dos Fundos, conforme o inciso
II do caput deste artigo, ser alcanada gradativamente nos primeiros 3 (trs) anos de
vigncia dos Fundos, da seguinte forma:
I no caso dos impostos e transferncias constantes do inciso II do caput do art.
155; do inciso II do caput do art. 159 da Constituio Federal: a) 16,66% (dezesseis
inteiros e sessenta e seis centsimos por cento), no primeiro ano; b) 18,33% (dezoito
inteiros e trinta e trs centsimos por cento), no segundo ano; c) 20% (vinte por cento),
a partir do terceiro ano;
II no caso dos impostos e transferncias constantes dos incisos I e III do caput
do art. 155, do inciso II do caput do art. 157, e dos incisos II e III do caput do art. 158
da Constituio Federal:
a) 6,66% (seis inteiros e sessenta e seis centsimos por cento), no primeiro ano;
b) 13,33% (treze inteiros e trinta e trs centsimos por cento), no segundo ano; c) 20,0%
(vinte por cento), a partir do terceiro ano.
6( revogado).2
7 (revogado).

Art. 160 da CF: vedada a reteno ou qualquer restrio entrega e ao


emprego dos recursos atribudos, nesta seo, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municpios, neles compreendidos adicionais e acrscimos relativos a impostos.
Pargrafo nico. A vedao prevista neste artigo no impede a Unio e os Estados de
condicionarem a entrega de recursos: I ao pagamento de seus crditos, inclusive de
suas autarquias; II ao cumprimento do disposto no art. 198, 2, II e III. (voltar para o
texto - nota 1)
2

O 6 foi acrescentado pela EC n 14/96 com a seguinte redao: A Unio


aplicar na erradicao do analfabetismo e na manuteno e no desenvolvimento do
ensino fundamental, inclusive na complementao a que se refere o 3 , nunca menos
que o equivalente a 30% (trinta por cento) dos recursos a que se refere o caput do art.
212 da Constituio Federal. 7 (tambm acrescentado pela EC n 14/96): A lei
dispor sobre a organizao dos Fundos, a distribuio proporcional de seus recursos,

sua fiscalizao e controle, bem como sobre a forma de clculo do valor mnimo
nacional por aluno. (voltar para o texto - nota 2)

O Sistema de Organizao da Gesto da Escola


Jos Carlos Libneo1
Neste captulo so apresentados alguns elementos bsicos para o conhecimento
da organizao escolar e para a atuao dos professores e do pessoal tcnicoadministrativo. Sero abordados os seguintes itens: as concepes de organizao e
gesto escolar; a estrutura organizacional da escola; os elementos constitutivos do
processo organizacional.
As Concepes De Organizao E Gesto Escolar
O estudo da escola como organizao de trabalho no novo, h toda uma
pesquisa sobre administrao escolar que remonta aos pioneiros da educao nova, nos
anos 30. Esses estudos se deram no mbito da Administrao Escolar e, frequentemente,
estiveram marcados por uma concepo burocrtica, funcionalista, aproximando a
organizao escolar da organizao empresarial. Tais estudos eram identificados com o
campo de conhecimentos denominado Administrao e Organizao Escolar ou,
simplesmente Administrao Escolar. Nos anos 80, com as discusses sobre reforma
curricular dos cursos de Pedagogia e de Licenciaturas, a disciplina passou em muitos
lugares a ser denominada de Organizao do Trabalho Pedaggico ou Organizao do
Trabalho Escolar, adotando um enfoque crtico, frequentemente restringido a uma
anlise crtica da escola dentro da organizao do trabalho no Capitalismo. Houve
pouca preocupao, com algumas excees, com os aspectos propriamente
organizacionais e tcnico-administrativos da escola.
sempre til distinguir, no estudo desta questo, um enfoque cientfico-racional
e um enfoque crtico, de cunho scio-poltico. No difcil aos futuros professores
fazerem distino entre essas duas concepes de organizao e gesto da escola. No
primeiro enfoque, a organizao escolar tomada como uma realidade objetiva, neutra,
tcnica, que funciona racionalmente; portanto, pode ser planejada, organizada e
controlada, de modo a alcanar maiores ndices de eficcia e eficincia. As escolas que
operam nesse modelo do muito peso estrutura organizacional: organograma de cargos
e funes, hierarquia de funes, normas e regulamentos, centralizao das decises,
baixo grau de participao das pessoas que trabalham na organizao, planos de ao
feitos de cima para baixo. Este o modelo mais comum de funcionamento da
organizao escolar.
O segundo enfoque v a organizao escolar basicamente como um sistema que
agrega pessoas, importando bastante a intencionalidade e as interaes sociais que
acontecem entre elas, o contexto scio-poltico etc. A organizao escolar no seria uma
coisa totalmente objetiva e funcional, um elemento neutro a ser observado, mas uma
construo social levada a efeito pelos professores, alunos, pais e integrantes da
comunidade prxima. Alm disso, no seria caracterizado pelo seu papel no mercado
mas pelo interesse pblico. A viso crtica da escola resulta em diferentes formas de
viabilizao da gesto democrtica, conforme veremos em seguida.
Com base nos estudos existentes no Brasil sobre a organizao e gesto escolar
e nas experincias levadas a efeito nos ltimos anos, possvel apresentar, de forma

esquemtica, trs das concepes de organizao e gesto: a tcnico-cientfica (ou


funcionalista), a autogestionria e a democrti-co-participativa.
A concepo tcnico-cientfica baseia-se na hierarquia de cargos e funes
visando a racionalizao do trabalho, a eficincia dos servios escolares. Tende a seguir
princpios e mtodos da administrao empresarial. Algumas caractersticas desse
modelo so:
-Prescrio detalhada de funes, acentuando-se a diviso tcnica do trabalho
escolar (tarefas especializadas).
-Poder centralizado do diretor, destacando-se as relaes de subordinao em
que uns tm mais autoridades do que outros.
-nfase na administrao (sistema de normas, regras, procedimentos
burocrticos de controle das atividades), s vezes descuidando-se dos objetivos
especficos da instituio escolar.
-Comunicao linear (de cima para baixo), baseada em normas e regras.
-Maior nfase nas tarefas do que nas pessoas
.
Atualmente, esta concepo tambm conhecida como gesto da qualidade
total.
A concepo autogestionria baseia-se na responsabilidade coletiva, ausncia
de direo cen-tralizada e acentuao da participao direta e por igual de todos os
membros da instituio. Outras caractersticas:
-nfase nas inter-relaes mais do que nas tarefas.
-Decises coletivas (assemblias, reunies), eliminao de todas as formas de
exerccio de autoridade e poder.
-Vnculo das formas de gesto interna com as formas de auto-gesto social
(poder coletivo na escola para preparar formas de auto-gesto no plano poltico).
-nfase na auto-organizao do grupo de pessoas da instituio, por meio de
eleies e alternncia no exerccio de funes.
-Recusa a normas e sistemas de controle, acentuando-se a responsabilidade
coletiva.
-Crena no poder instituinte da instituio (vivncia da experincia democrtica
no seio da instituio para expandi-la sociedade) e recusa de todo o poder institudo. O
carter instituinte se d pela prtica da participao e auto-gesto, modos pelos quais se
contesta o poder institudo.

A concepo democrtica-participativa baseia-se na relao orgnica entre a


direo e a participao do pessoal da escola. Acentua a importncia da busca de
objetivos comuns assumidos por todos. Defende uma forma coletiva de gesto em que
as decises so tomadas coletivamente e discutidas publicamente. Entretanto, uma vez
tomadas as decises coletivamente, advoga que cada membro da equipe assuma a sua
parte no trabalho, admitindo-se a coordenao e avaliao sistemtica da
operacionalizao das decises tomada dentro de uma tal diferenciao de funes e
saberes2 . Outras caractersticas desse modelo:
Definio explcita de objetos scio-polticos e pedaggicos da escola, pela
equipe escolar.
-Articulao entre a atividade de direo e a iniciativa e participao das
pessoas da escola e das que se relacionam com ela.
-A gesto participativa mas espera-se, tambm, a gesto da participao.
-Qualificao e competncia profissional.
-Busca de objetividade no trato das questes da organizao e gesto, mediante
coleta de in-formaes reais.
-Acompanhamento e avaliao sistemticos com finalidade pedaggica:
diagnstico, acompa-nhamento dos trabalhos, reorientao dos rumos e aes, tomada
de decises.
-Todos dirigem e so dirigidos, todos avaliam e so avaliados.
Atualmente, o modelo democrtico-participativo tem sido influenciado por uma
corrente terica que compreende a organizao escolar como cultura. Esta corrente
afirma que a escola no uma estrutura totalmente objetiva, mensurvel, independente
das pessoas, ao contrrio, ela depende muito das experincias subjetivas das pessoas e
de suas interaes sociais, ou seja, dos significados que as pessoas do s coisas
enquanto significados socialmente produzidos e mantidos. Em outras palavras, dizer que
a organizao uma cultura significa que ela construda pelos seus prprios membros.
-Recusa a normas e sistemas de controle, acentuando-se a responsabilidade
coletiva.
-Crena no poder instituinte da instituio (vivncia da experincia democrtica
no seio da instituio para expandi-la sociedade) e recusa de todo o poder institudo. O
carter instituinte se d pela prtica da participao e auto-gesto, modos pelos quais se
contesta o poder institudo.
A concepo democrtica-participativa baseia-se na relao orgnica entre a
direo e a participao do pessoal da escola. Acentua a importncia da busca de
objetivos comuns assumidos por todos. Defende uma forma coletiva de gesto em que
as decises so tomadas coletivamente e discutidas publicamente. Entretanto, uma vez
tomadas as decises coletivamente, advoga que cada membro da equipe assuma a sua
parte no trabalho, admitindo-se a coordenao e avaliao sistemtica da

operacionalizao das decises tomada dentro de uma tal diferenciao de funes e


saberes. Outras caractersticas desse modelo:
Definio explcita de objetos scio-polticos e pedaggicos da escola, pela
equipe escolar.
-Articulao entre a atividade de direo e a iniciativa e participao das
pessoas da escola e das que se relacionam com ela.
-A gesto participativa mas espera-se, tambm, a gesto da participao.
-Qualificao e competncia profissional.
-Busca de objetividade no trato das questes da organizao e gesto, mediante
coleta de in-formaes reais.
-Acompanhamento e avaliao sistemticos com finalidade pedaggica:
diagnstico, acompa-nhamento dos trabalhos, reorientao dos rumos e aes, tomada
de decises.
-Todos dirigem e so dirigidos, todos avaliam e so avaliados.
Atualmente, o modelo democrtico-participativo tem sido influenciado por uma
corrente terica que compreende a organizao escolar como cultura. Esta corrente
afirma que a escola no uma estrutura totalmente objetiva, mensurvel, independente
das pessoas, ao contrrio, ela depende muito das experincias subjetivas das pessoas e
de suas interaes sociais, ou seja, dos significados que as pessoas do s coisas
enquanto significados socialmente produzidos e mantidos. Em outras palavras, dizer que
a organizao uma cultura significa que ela construda pelos seus prprios membros.
Esta maneira de ver a organizao escolar no exclui a presena de elementos
objetivos, tais como as ferramentas de poder externas e internas, a estrutura
organizacional, e os prprios objetivos sociais e culturais definidos pela sociedade e
pelo Estado. Uma viso scio crtica prope considerar dois aspectos interligados: por
um lado, compreende que a organizao uma construo social, a partir da
Inteligncia subjetiva e cultural das pessoas, por outro, que essa construo no um
processo livre e voluntrio, mas mediatizado pela realidade sciocultural e poltica mais
ampla, incluindo a influncia de foras externas e internas marcadas por interesses de
grupos sociais, sempre contraditrios e s vezes conflitivos. Busca relaes solidrias,
formas participativas, mas tambm valoriza os elementos internos do processo
organizacional- o planejamento, a organizao e a gesto, a direo, a avaliao, as
responsabilidades individuais dos membros da equipe e a ao organizacional
coordenada e supervisionada, j que precisa atender a objetivos sociais e polticos muito
claros, em relao escolarizao da populao.
As concepes de gesto escolar refletem portanto, posies polticas e
concepes de homem e sociedade. O modo como uma escola se organiza e se estrutura
tem um carter pedaggico, ou seja, depende de objetivos mais amplos sobre a relao
da escola com a conservao ou a transformao social. A concepo funcionalista, por
exemplo, valoriza o poder e a autoridade, exercidas unilateralmente. Enfatizando

relaes de subordinao, determinaes rgidas de funes, hipervalorizando a


racionalizao do trabalho, tende a retirar ou, ao menos, diminuir nas pessoas a
faculdade de pensar e decidir sobre o seu trabalho. Com isso, o grau de envolvimento
profissional fica enfraquecido.
As duas outras concepes valorizam o trabalho coletivo, implicando a
participao de todos nas decises. Embora ambas tenham entendimentos das relaes
de poder dentro da escola, concebem a participao de todos nas decises como
importante ingrediente para a criao e desenvolvimento das relaes democrticas e
solidrias. Adotamos, neste livro, a concepo democrtico-participativa.
A Estrutura Organizacional De Uma Escola
Toda a instituio escolar necessita de uma estrutura de organizao interna,
geralmente prevista no Regimento Escolar ou em legislao especfica estadual ou
municipal. O termo estrutura tem aqui o sentido de ordenamento e disposio das
funes que asseguram o funcionamento de um todo, no caso a escola. Essa estrutura
comumente representada graficamente num organograma-um tipo de grfico que
mostra a inter-relaes entre os vrios setores e funes de uma organizao ou servio.
Evidentemente a forma do organograma reflete a concepo de organizao e gesto. A
estrutura organizacional de escolas se diferencia conforme a legislao dos Estados e
Municpios e, obviamente, conforme as concepes de organizao e gesto adotada,
mas podemos apresentar a estrutura bsica com todas as unidades e funes tpicas de
uma escola.
Organograma Bsico De Escolas
Conselho de Escola
O Conselho de Escola tem atribuies consultivas, deliberativas e fiscais em
questes definidas na legislao estadual ou municipal e no Regimento Escolar. Essas
questes, geralmente, envolvem aspectos pedaggicos, administrativos e financeiros.
Em vrios Estados o Conselho eleito no incio do ano letivo. Sua composio tem uma
certa proporcionalidade de participao dos docentes, dos especialistas em educao,
dos funcionrios, dos pais e alunos, observando-se, em princpio, a paridade dos
integrantes da escola (50%) e usurios (50%). Em alguns lugares o Conselho de Escola
chamado de colegiado e sua funo bsica democratizar as relaes de poder
(Paro, 1998; Cizeski e Romo, 1997).3
DIREO
O diretor coordena, organiza e gerencia todas as atividades da escola, auxiliado
pelos demais componentes do corpo de especialistas e de tcnicos-administrativos,
atendendo s leis, regulamentos e determinaes dos rgos superiores do sistema de
ensino e s decises no mbito da escola e pela comu-nidade. O assistente de diretor
desempenha as mesmas funes na condio de substituto eventual do diretor.
Setor tcnico-administrativo

O setor tcnico-administrativo responde pelas atividades-meio que asseguram o


atendimento dos objetivos e funes da escola.
A Secretaria Escolar cuida da documentao, escriturao e correspondncia da
escola, dos docentes, demais funcionrios e dos alunos. Responde tambm pelo
atendimento ao pblico. Para a realizao desses servios, a escola conta com um
secretrio e escriturrios ou auxiliares da secretaria.
O setor tcnico-administrativo responde, tambm, pelos servios auxiliares
(Zeladoria, Vigilncia e Atendimento ao pblico) e Multimeios (biblioteca, laboratrios,
videoteca etc.).
A Zeladoria, responsvel pelos serventes, cuida da manuteno, conservao e
limpeza do prdio; da guarda das dependncias, instalaes e equipamentos; da cozinha
e da preparao e distribuio da merenda escolar; da execuo de pequenos consertos e
outros servios rotineiros da escola.
A Vigilncia cuida do acompanhamento dos alunos em todas as dependncias do
edifcio, menos na sala de aula, orientando-os quanto a normas disciplinares, atendendoos em caso de acidente ou enfermidade, como tambm do atendimento s solicitaes
dos professores quanto a material escolar, assistncia e encaminhamento de alunos.
O servio de Multimeios compreende a biblioteca, os laboratrios, os
equipamentos audiovisuais, a videoteca e outros recursos didticos.
Setor Pedaggico
O setor pedaggico compreende as atividades de coordenao pedaggica e
orientao educacional. As funes desses especialistas variam conforme a legislao
estadual e municipal, sendo que em muitos lugares suas atribuies ora so unificadas
em apenas uma pessoa, ora so desempenhadas por professores. Como so funes
especializadas, envolvendo habilidades bastante especiais, recomenda-se que seus
ocupantes sejam formados em cursos de Pedagogia ou adquiram formao pedaggicodidtica especfica.4
O coordenador pedaggico ou professor coordenador supervisiona, acompanha,
assessora, avalia as atividades pedaggico-curriculares. Sua atribuio prioritria
prestar assistncia pedaggico-didtica aos professores e suas respectivas disciplinas, no
que diz respeito ao trabalho interativo com os alunos. H lugares em que a coordenao
restringe-se disciplina em que o coordenador especialista; em outros, a coordenao
se faz em relao a todas as disciplinas.
Outra atribuio que cabe ao coordenador pedaggico o relacionamento com
os pais e a comunidade, especialmente no que se refere ao funcionamento pedaggicocurricular e didtico da escola e comunicao e interpretao da avaliao dos alunos.
O orientador educacional, onde essa funo existe, cuida do atendimento e do
acompanhamento escolar dos alunos e tambm do relacionamento escola-paiscomunidade.

O Conselho de Classe ou Srie um rgo de natureza deliberativa quanto


avaliao escolar dos alunos, decidindo sobre aes preventivas e corretivas em relao
ao rendimento dos alunos, ao comportamento discente, s promoes e reprovaes e a
outras medidas concernentes melhoria da qualidade da oferta dos servios
educacionais e ao melhor desempenho escolar dos alunos.
Instituies Auxiliares
Paralelamente estrutura organizacional, muitas escolas mantm Instituies
Auxiliares tais como: a APM (Associao de Pais e Mestres), o Grmio Estudantil e
outras como Caixa Escolar, vinculadas ao Conselho de Escola (onde este existia) ou ao
Diretor.
A APM rene os pais de alunos, o pessoal docente e tcnico-administrativo e
alunos maiores de 18 anos. Costuma funcionar mediante uma diretoria executiva e um
conselho deliberativo.
O Grmio Estudantil uma entidade representativa dos alunos criada pela lei
federal n.7.398/85, que lhe confere autonomia para se organizarem em torno dos seus
interesses, com finalidades educa-cionais, culturais, cvicas e sociais.
Ambas as instituies costumam ser regulamentadas no Regime Escolar,
variando sua composio e estrutura organizacional. Todavia, recomendvel que
tenham autonomia de organizao e funcionamento, evitando-se qualquer tutelamento
por parte da Secretaria da Educao ou da direo da escola.
Em algumas escolas, funciona a Caixa Escolar, em outras um setor de
assistncia ao estudante, que presta assistncia social, econmica, alimentar, mdica e
odontolgica aos alunos carentes.
Corpo Docente
O Corpo docente constitudo pelo conjunto dos professores em exerccio na
escola, que tem como funo bsica realizar o objetivo prioritrio da escola, o ensino.
Os professores de todas as disciplinas formam, junto com a direo e os especialistas, a
equipe escolar. Alm do seu papel especfico de docncia das disciplinas, os professores
tambm tm responsabilidades de participar na elaborao do plano escolar ou projeto
pedaggico-curricular, na realizao das atividades da escola e nas decises dos
Conselhos de Escola e de classe ou srie, das reunies com os pais (especialmente na
comunicao e interpretao da avaliao), da APM e das demais atividades cvicas,
culturais e recreativas da comunidade.
OS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO SISTEMA DE ORGANIZAO
E GESTO DA ESCOLA,.
A gesto democrtica-participativa valoriza a participao da comunidade
escolar no processo de tomada de deciso, concebe a docncia como trabalho interativo,
aposta na construo coletiva dos objetivos e funcionamento da escola, por meio da
dinmica intersubjetiva, do dilogo, do consenso. Nos itens interiores mostramos que o
processo de tomada de deciso inclui, tambm, as aes necessrias para coloc-la em

prtica. Em razo disso, faz-se necessrio o emprego dos elementos ou processo


organizacional, tal como veremos adiante.
De fato, a organizao e gesto refere-se aos meios de realizao do trabalho
escolar, isto , racionalizao do trabalho e coordenao do esforo coletivo do
pessoal que atua na escola, envolvendo os aspectos, fsicos e materiais, os
conhecimentos e qualificaes prticas do educador, as relaes humano-interacionais,
o planejamento, a administrao, a formao continuada, a avaliao do trabalho
escolar. Tudo em funo de atingir os objetivos. Ou seja, como toda instituio as
escolas buscam resultados, o que implica uma ao racional, estruturada e coordenada.
Ao mesmo tempo, sendo uma atividade coletiva, no depende apenas das capacidades e
responsabilidades individuais, mas de objetivos comuns e compartilhados e de aes
coordenadas e controladas dos agentes do processo.
O processo de organizao educacional dispe de elementos constitutivos5 que
so, na verdade, instrumentos de ao mobilizados para atingir os objetivos escolares.
Tais elementos ou instrumentos de ao so:
Planejamento - processo de explicitao de objetivos e antecipao de decises
para orientar a instituio, prevendo-se o que se deve fazer para atingi-los.
Organizao - Atividade atravs da qual se d a racionalizao dos recursos,
criando e viabilizando as condies e modos para se realizar o que foi planejado.
Direo/Coordenao - Atividade de coordenao do esforo coletivo do
pessoal da escola.
Formao continuada - Aes de capacitao e aperfeioamento dos
profissionais da escola para que realizem com competncia suas tarefas e se
desenvolvam pessoal e profissionalmente.
Avaliao - comprovao e avaliao do funcionamento da escola.

LIBNEO, Jos Carlos. O sistema de organizao e gesto da escola In: LIBNEO,


Jos Carlos.Organizao e Gesto da Escola - teoria e prtica. 4 ed. Goinia:
Alternativa, 2001.
1

Jos Carlos Libneo: Ps-Doutorado pela Universidade de Valladolid


(ESpanha), Prof. Titular aposentado da Universidade Federal de Gois. (voltar para o
texto - nota 1)
2

necessrio atentar que h diversos entendimentos do que deva ser a gesto


participativa enquanto forma concreta de organizao da escola. Na bibliografia final
apresentamos vrias obras que expe diferentes pontos de vista sobre essa questo. O
autor apresenta aqui seu prprio entendimento. (voltar para o texto - nota 2)

A descrio das vrias funes da estrutura organizacional das escolas foi


retirada, em boa parte, do livro de Vitor H. Paro, Por Dentro da Escola Pblica, (1996).
(voltar para o texto - nota 3)
4

A formao especfica de supervisores ou coordenadores pedaggicos tem sido


motivo de bastante polmica entre os educadores, com diferenas marcantes de
posies. Para melhor conhecimento do assunto, ver o livro Pedagogia e Pedagogos,
para qu? (Libneo, 1999), e o artigo de Libneo e Pimenta, na revista Educao e
Sociedade, n.68, 1999. (voltar para o texto - nota 4)
5

Esses elementos constitutivos da organizao so designados, tambm, na


bibliografia especializada, de funes administrativas ou etapas do processo
administrativo. Os autores geralmente mencionam as quatro funes estabelecidas nas
teorias clssicas da Administrao Geral: planejamento, organizao, direo, controle.
(voltar para o texto - nota 5)

Slides LBD- Lei de Diretrizes e Bases da Educao


Alguns artigos da LDB
Art. 1
A educao abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida
familiar, na convivncia humana, no trabalho, nas instituies de ensino e pesquisa, nos
movimentos sociais e organizaes da sociedade civil e nas manifestaes culturais.
Art. 22
A educao bsica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a
formao comum indispensvel para o exerccio da cidadania e fornecer-lhe meios para
progredir no trabalho e em estudos posteriores.
Art. 24
A educao bsica, nos nveis fundamental e mdio, ser organizada de acordo
com as seguintes regras comuns:
1. A carga horria mnima anual ser de oitocentas horas, distribudas por um
mnimo de duzentos dias de efetivo exerccio escolar, excludo o tempo reservado aos
exames finais, quando houver.
2. A classificao em qualquer srie ou etapas, exceto a primeira do ensino
fundamental, pode ser feita:
a) Por promoo, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a srie oi fase
anterior, na prpria escola.
b) Por transferncia, para candidatos procedentes de outras escolas.
c) Independentemente de escolarizao anterior, mediante avaliao feita pela
escola, que defina o grau de desenvolvimento e experincia do candidato e permita sai
inscrio na srie do respectivo sistema de ensino.
3. Nos estabelecimentos de adotam a progresso regular por srie, o regimento
escolar pode admitir forma de progresso parcial, desde que preservada a sequncia do
currculo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino.
4. Podero organizar-se classes, ou turmas, com alunos de sries distintas, com
nveis equivalentes de adiantamento na matria, para o ensino de lnguas estrangeiras,
artes, ou outros componentes curriculares.
5. A verificao do rendimento escolar observar os seguintes critrios:

a) Avaliao contnua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalncia


dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do perodo
sobre os de eventuais provas finais.
b) Possibilidade de acelerao de estudos para alunos com atraso escolar.
c) Possibilidade de avano nos cursos e nas sries mediante verificao do
aprendizado.
d) Obrigatoriedade de estudos de recuperao, de preferncia paralelos ao
perodo letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas
instituies de ensino em seus regimentos.
6. Controle de frequncia fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu
regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a frequncia mnima
de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para aprovao.
7. Cabe a cada instituio de ensono expedir histricos escolares, declaraes de
concluso de srie e diplomas ou certificados de concluso de cursos, com as
especificaes cabveis.
Art. 26 Currculo na EB
Os currculos de ensino fundamental e mdio devem ter uma base nacional
comum, a ser completada em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma
parte diversificada, exigida pelas caractersticas regionais e locais da sociedade, da
cultura, da economia e da clientela.
Art. 26 1
Os currculos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o
estudo da lngua portuguesa e da matemtica, o conhecimento do mundo fsico e natural
e da realidade social e poltica, especialmente do Brasil.
Art. 26 2
O ensino da arte constituir componente curricular obrigatrio, nos diversos
nveis da educao bsica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.
Art. 26 3
A educao fsica, integrada proposta pedaggica da escola, componente
curricular obrigatrio da educao bsica, sendo sua prtica facultativa ao aluno:
1. Que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas.
2. Maior de trinta anos de idade.
3. Que estiver prestando servio militar inicial ou que, em situao similar,
estiver obrigado prtica da educao fsica.

4. Amparado pelo Decreto Lei n 1.044 de 21 de outubro de 1969.


5. Que tenha prole.
Art. 26 4
O ensino de Histria do Brasil levar em conta as contribuies das diferentes
culturas e etnias para a formao do povo brasileiro, especialmente das matrizes
indgenas, africana e europeia.
Art. 26 5
Na parte diversificada do currculo ser includo, obrigatoriamente, a partir da
quinta srie, o ensino de pelo menos uma lngua estrangeira moderna, cuja escolha
ficar a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituio.
Art. 26 A
Nos estabelecimentos de ensino fundamental e mdio, oficiais e particulares,
torna-se obrigatrio o ensino sobre Histria e Cultura Afro-Brasileira.
1 - O contedo programtico a que se refere o caput deste artigo incluir o
estudo da Histria da frica e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra
brasileira e o negro na formao da sociedade nacional, resgatando a contribuio do
povo negro nas reas social, econmica e poltica pertinentes Histria do Brasil.
Art. 26 A, 2
Os contedos referentes Histria e Cultura Afro-Brasileira sero ministrados
no mbito de todo o currculo escolar, em especial nas reas de Educao Artstica e de
Literatura e Histria Brasileiras (Acrscimo introduzido pela Lei 10.639, de 9/1/03).
Art. 32 E.F.
O ensino fundamental obrigatrio, com durao de 9 (nove) anos, gratuito na
escola pblica, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, ter por objetivo a formao
bsica do cidado, mediante: (Redao dada pela Lei n 11.274, de 2006)
1. O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios bsicos e
pleno domnio da leitura, da escrita e do clculo.
2. A compreenso do ambiente natural e social, do sistema poltico, da
tecnologia, das artes e dos valores em que fundamenta a sociedade.
3. O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a
aquisio de conhecimentos e habilidades e a formao de atitudes e valores.
4. O fortalecimento dos vnculos da famlia, dos laos de solidariedade humana
e de tolerncia recproca em que se assenta a vida social.

1 facultativo aos sistemas de ensino desdobrar o ensino fundamental em


ciclos.
2 Os estabelecimentos que utilizam progresso regular por srie podem
adotam no ensino fundamental o regime de progresso continuada.
Art. 27
Os contedos curriculares da educao bsica observaro, ainda, as seguintes diretrizes:
1. A difuso de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres
dos cidados, de respeito ao bem comum e ordem democrtica.
2. Considerao das condies de escolaridade dos alunos em cada
estabelecimento.
3. Orientao para o trabalho.
4. Promoo do desporto educacional e aopio s prticas desportivas noformais.
Art. 32
O ensino fundamental obrigatrio, com durao de 9 (nove) anos, gratuito na
escola pblica, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, ter por objetivo a formao
bsica do cidado, mediante:
1. O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios bsicos e
pleno domnio da leitura, da escrita e do clculo.
2. A compreenso do ambiente natural e social, do sistema poltico, da
tecnologia, das artes e dos valores em que fundamenta a sociedade.
3. O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a
aquisio de conhecimentos e habilidades e a formao de atitudes e valores.
4. O fortalecimento dos vnculos da famlia, dos laos de solidariedade humana
e de tolerncia recproca em que se assenta a vida social.
1 facultativo aos sistemas de ensino desdobrar o ensino fundamental em
ciclos.
2 Os estabelecimentos que utilizam progresso regular por srie podem
adotam no ensino fundamental o regime de progresso continuada, sem prejuzo da
avaliao do processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo
sistema de ensino.
3 O ensino fundamental regular ser ministrado em lngua portuguesa,
assegurada s comunidades indgenas a utilizao de sias lnguas maternas e processos
prprios de aprendizagem.

4 O ensino fundamental ser presencial, sendo o ensino a distncia utilizado


como complementao da aprendizagem ou em situaes emergenciais.
Art. 33
O ensino religioso, de matrcula facultativa, parte integrante da formao
bsica do cidado e constitui disciplina nos horrios normais das escolas pblicas de
ensino fundamental, assegurado o respeito diversidade cultural religiosa do Brasil,
vedadas quaisquer formas de proselitismo.
Art. 34
A jornada escolar no ensino fundamental incluir pelo menos quatro horas de
trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o perodo de
permanncia na escola.
1 So ressalvados os casos de ensino noturno e das formas alternativas de
organizao autorizadas nesta Lei.
2 O ensino fundamental ser ministrado progressivamente em tempo integral,
a critrio dos sistemas de ensino.
Art. 58 Educao Especial
Entende-se por Educao Especial, para os efeitos desta lei, a modalidade de
educao escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educando
portadores de necessidades especiais.
1 Haver, quando necessrio, servios de apoio especializado, na escola
regular, para atender s peculiaridades da clientela de educao especial.
2 O atendimento educacional ser feito em lasses, escolas ou servios
especializados, sempre que, em funo das condies especficas dos alunos, no for
possvel a sua integrao nas classes comuns de ensino regular.
3 A oferta de educao especial, dever constitucional do Estado, tem incio na
faixa etria de zero a seis anos, durante a educao infantil.
Art. 29 E. Infantil
A educao infantil, primeira etapa da educao bsica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criana at seis anos de idade, em seus aspectos fsico,
psicolgico, intelectual e social, complementando a ao da famlia e da comunidade.
Avaliao do desempenho do estudante na LDB
Art. 24, V A verificao do rendimento escolar observar os seguintes
critrios:

a) Avaliao contnua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalncia


dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do perodo
sobre os de eventuais provas finais.
b) Possibilidade de acelerao de estudos para alunos com atraso escolar.
c) Possibilidade de avano nos cursos e nas sries mediante verificao de
aprendizado.
d) Aproveitamento de estudos concludos com xito.
e) Obrigatoriedade de estudos de recuperao, de preferncia paralelos ao
perodo letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas
instituies de ensino em seus regimentos.
Financiamento da Educao
Art. 212 (CF) A Unio aplicar, anualmente, nunca menos de dezoito, e os
Estados, o Distrito Federal e os Municpios, vinte e cinco por cento, no mnimo, da
receita resultante de imposto, compreendida e proveniente de transferncias, na
manuteno e desenvolvimento do ensino.

Modelo de Concepes Avaliativas


.

ENSINO x AVALIAO
Pedagogia Tradicional
Ensino nfase nos
contedos
Avaliao Vigiar e punir

ENSINO x AVALIAO
Pedagogia Scio-Cultural (Libertadora, Libertria, Histrico-crtica)
Ensino nfase no contexto Avaliao Possibilitar a formao do cidado
crtico/transformador

Conflitos Sobre o Significado da Avaliao

Diferentes Significados Atribudos Avaliao

Avaliar ser justo/objetivo

nfase -> Ratio

Modalidade: Somativa

Notas, testes, verificao, controle.

Avaliar acompanhar/amar

nfase -> Pathos

Modalidade: Formativa

Descrdito na nota, nas formas, no controle.

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