O Processo de Trabalho Do Assistente Social Nos Abrigos
O Processo de Trabalho Do Assistente Social Nos Abrigos
O Processo de Trabalho Do Assistente Social Nos Abrigos
(2iO1,o,
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FLORIANPOLIS
2004
Banca Examinadora:
AGRADECIMENTOS
Neste momento to especial, no poderia deixar de expressar minha mais sincera gratido a
todos que, de alguma forma, me acompanharam e contriburam para que essa trajetria fosse
cumprida. impossvel mencionar todos. Entretanto, agradeo em especial:
As Assistente Sociais dos abrigos visitados que serviram de base para a minha pesquisa: Lar
Recanto do Carinho, Casa-Lar Biguacu, Ao Misso Social. Lar So Vicente de Paula,
pela ateno dedicada;
A minha orientadora, Rbia, por ter sido mais que supervisora, sendo to prestativa em meio
a tantos afazeres, e principalmente por seus incentivos e "empurres" para realizao deste,
s Assistentes Sociais Mrcia Gomes de Oliveira e Maria Tereza Barreto Floriani pelos
ensinamentos, dicas e orientaes repassados na poca de realizao do estgio nas CasasLares So Joo da Cruz e Nossa Senhora do Carmo, em especial as crianas, adolescentes e
funcionrios;
Ao meu melhor pai do mundo, Drio, por me educar e me transformar na pessoa que sou e
por toda sua fora e carinho dedicado at o hoje.
A minha me, Jlia (in memorian), extremamente presente em minha vida, apesar que meus
olhos no possam v-la, mas com certeza, as nossas almas esto em constante comunho,
A minha tia, Anita Fliires, a quem eu admiro e respeito pela constante presena,
principalmente por sua dedicao em estar ao meu lado sempre que necessitei,
Aos meus irmos, Mrcia, Maristela e Pedro Mauricio, aos quais tanto amo, por toda
preocupao dedicada em todas as etapas da minha vida e por tantas vezes me socorrerem em
momentos delicados;
Aos meus queridos sobrinhos Bruna Louise (20), Paula Tilais (13), Joo Manoel (12),
Maria Jlia (05) e o pequeno Edgar (02) por trazerem tanta felicidade para toda a nossa
familia e especialmente para essa tia coruja;
RESUMO
Este trabalho de Concluso de Curso teve por objetivo identificar o processo de trabalho do Assistente
Social nos programas abrigos, no intuito de buscar subsdios que orientem a prtica profissional em
programas desta categoria. O trabalho em questo est distribudo em 03 captulos. O primeiro
captulo aborda, a histria do pensamento assistencial infncia e a adolescncia, perpassando por
todas as transformaes ocorridas na infncia at a implementao do Estatuto da Criana e do
Adolescente ECA, desta abordou-se os aspectos pertinentes. No segundo, aborda-se o processo de
trabalho do Assistente Social em sua totalidade, enfatizando o trabalho do profissional que atua nos
programas abrigo. Finaliza-se com a pesquisa realizada com quatro Assistentes Sociais dos abrigos
visitados, como forma de colher os resultados obtidos com as entrevistas, apresentando possveis
propostas para desenvolver um trabalho de melhor qualidade para as instituies visitadas.
SUMRIO
INTRODUO
10
CAPITULO 1
12
12
20
23
26
29
34
34
34
4I
CAPTULO III
44
44
44
3.2 OBJETIVOS
45
45
46
3 UNIVERSO DA PESQUISA
4b
46
48
48
48
56
CONSIDERAES FINAIS
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
62
APNDICE
67
INTRODUO
II
CAPTULO 1
Apesar da Roda ter sido criada com o objetivo de salvar vidas, os ndices de
mortalidade eram altssimos. Era o chamado infanticdio maquiado, resultante de fatores
econmicos, sociais e culturais que geravam pssimas condies de sobrevivncia. A
aglomerao de recm nascidos e crianas nas mesmas salas, freqentemente sem o
arejamento adequado, propiciava o agravamento de todas as demais condies de
intensificao da mortalidade infantil, como a proliferao de doenas.
A falta de caridade demonstrada em relao aos enjeitados sobrecarregava o
oramento, tornando precria a assistncia dada pela Roda. Pode-se perceber que, j naquela
poca, estas instituies enfrentavam muitas dificuldades financeiras, materiais e de pessoal,
ocasionando um atendimento precrio. Foi nesta fase que surgiu a criana carente, que
necessitava de caridade, sendo cuidada pela igreja e entidades filantrpicas que davam casa e
comida sem urna preocupao especifica com elas.
A sociedade tradicional via a criana e o adolescente como pessoas insignificantes. A
infncia no tinha durao longa, a criana logo que demonstrava desembarao fisico era
levada a conviver com adultos, inclusive em seus trabalhos. Na idade medieval a criana fazia
parte do cotidiano dos adultos, no com o status de criana, mas como componente deste
14
grupo. Sem ritos de passagem da fase de criana para a fase adulta, a criana era companheira
natural do adulto.
A familia no era responsvel pela transmisso de valores, educao e socializao,
pois a criana era logo afastada de seus pais e era normal os vizinhos ou outra famlia educaIas. Assim, a educao por muitos anos se deu atravs da convivncia com adultos, sendo os
primeiros anos de vida aqueles em que as crianas recebiam maior ateno e considerao.
No que se refere ao aspecto fisico, as crianas no se diferenciavam dos adultos, pois
se vestiam de maneira uniforme, sem qualquer caracterizao prpria infncia. Nem a morte
de uma criana ocasionava um sentimento de perda para sua familia, pois a compreenso era
de que poderia ser substituda por outra.
Antes do sculo XVII, a famlia no tinha privacidade sequer no interior de sua prpria
moradia, pois havia muita interferncia externa, visto que no existia a compreenso de que
cada famlia compunha um ncleo prprio, com caractersticas e valores especficos. Somente
a partir deste sculo e inicio do sculo XVIII surge o sentimento como al go mais intimo, tanto
da casa como da familia. longe da rua e defendida contra os intrusos. A aprendizagem, que
antes era atravs do contato com os adultos como meio de educao, foi substituda pela
escola. Os pais comearam a se interessar pelos estudos dos filhos e estes foram separados
dos adultos e, atravs da escola, iniciou um novo processo de educao e valorizao das
crianas.
A pesquisa histrica de Aris sobre a sociedade europia demonstra claramente as
diferenas na organizao familiar ao longo da histria. Segundo o autor, foi na idade
moderna (1600 a 1900) que foram estabelecidos o limite entre o familiar e o social. Nessa
poca se desenvolveu a idia de privacidade_ o sentimento de casa e, assim, o sentimento
familiar (originado da aristocracia e da burguesia) estendeu-se praticamente a toda sociedade,
15
persistindo at nossos dias. Dentro desta nova ordem, as crianas foram retiradas da vida
comum, bem como de grande parte do tempo e das preocupaes dos adultos.
Com o decorrer dos anos, houveram diversos avanos legislativos buscando
adequao do tratamento criana e ao adolescente que no conseguiram frear a situao de
desrespeito infncia. Somente no sculo XX surge um novo modelo de assistncia
infncia, calcado na racionalidade cientfico, priorizando o mtodo, a sistematizao e a
disciplina no lugar da piedade, caridade e a filantropia.
Em 1927 foi aprovado o primeiro Cdigo de Menores do pais e tambm o primeiro da
Amrica Latina, conhecido como Cdigo Mello Mattos, o qual consolidava as leis de
assistncia e proteo aos menores de 18 anos abandonados ou infratores. Uma das
caractersticas mais marcante a modificao da concepo de ptrio poder. O cdigo
institucionaliza o dever do Estado de assisti-los em virtude de carncia econmica. Incorpora
as mudanas na concepo de assistncia. que era exercida exclusivamente por religiosos,
tornando-a competncia estatal. O Estado passa a fazer de menores delinqente objeto de
coero, sob a premissa de regenerar e educar.
Depois de muitas criticas a esse modelo, cria-se em 1964 (tendo por respaldo o Cdigo
de Menores) um outro tipo de organizao para atendimento s crianas e adolescentes, a
FUNABEM (Fundao Nacional do Bem-Estar do Menor) que, de acordo com o caderno do
Centro Brasileiro para a Infncia e Adolescncia (CBIA) "Trabalhando Abrigos" (1993,
p13) -, tinha por objetivo principal uma poltica nacional de atendimento a crianas e
adolescentes desajustados, como tambm uma coordenao central e uma fiscalizao sobre
as entidades executoras do trabalho com o "menor". Era um rgo de cunho federal. Tinha
sua prtica voltada represso, assistencialismo e atitudes correcionais, tendo em vista que
apesar da viso do "menor" carente, o que ainda prevalecia era a concepo de "menor" como
uma ameaa social.
Em 10 de outubro de 1979, foi aprovado o novo "Cdigo de Menores", Lei N
6697/79, com sua aplicao condicionada s diretrizes da Poltica Nacional do Bem-estar do
Menor o qual trazia em sua essncia as mesmas diretrizes da antiga Lei Mello Matos, apenas
adaptando-a aos novos tempos de conjuntura scio-poltica. Portanto, na dcada de 80 a lei
que amparava as crianas e adolescentes era o referido Cdigo de Menores.
Pode-se dizer que a dcada de 80 fermentou e consolidou um novo olhar sobre a
criana e o adolescente. Olhar este, exigente na alterao do "status quo". E nesta dcada que
os movimentos sociais pela criana se tornam instituintes. No bojo deles muitas das entidades
no governamentais prestadoras de atendimento se articulam e se somam ao processo
instituinte (COSTA, 1993, p.17).
Essa doutrina via as crianas e adolescentes como menores ou em situao irregular.
Levava-se em conta no s os atos considerados delituosos de acordo com a justia, mas
tambm, os comportamentos de inadaptao ou irregulares que requeriam medidas de
proteo ou de reeducao, devido negligncia familiar ou social. Portanto, a situao
irregular podia ocorrer no s pela autoria de infrao penal, mas por abandono, carncia
econmica da famlia que pudesse comprometer a subsistncia da criana, vitimizao, desvio
de conduta, etc, o que levava, muitas vezes, os pais a perder o ptrio poder sobre seus filhos.
"Havia unia clara preocupao com os setores pobres da populao,
com o objetivo de mant-las sob controle permanente na medida em
que colocavam sob ameaa os espaos pblicos, as ruas e as praas.
Era preciso ordenar e controlar a pobreza (politica, moral e
higienicamente) pelas suas possibilidades de se construir um risco
para as comunidades" (OLIVEIRA, 2001, p.27).
17
18
O ECA (1990, p.17), em seu Artigo 2 prev que "criana, para efeito desta Lei,
19
da sua famlia. Mas a prtica tem demonstrado que isso nem sempre acontece, pois em casos
especficos, quando as crianas passam a ter seus direitos fundamentais violados,
encontrando-se, muitas vezes, em risco pessoal e social, por diversos fatores os quais sero
20
citados posteriormente, estes so colocados em casas de abrigos, com o objetivo de proteglos. Porm, estas casas no possuem programas de ao continuada de atendimento familia,
que visem a superao das dificuldades enfrentadas, afim de que possam receber novamente
em seu meio as crianas que estiveram afastadas, longe dos vnculos familiares.
O Estatuto da Criana e do Adolescente passou a prever um sistema de atendimento
integral, digno e justo s crianas e adolescentes, definindo procedimentos, alternativas de
ao e normas de funcionamento das instituies pblicas e privadas de atendimento a este
segmento da populao. Apesar de terem decorrido treze anos de sua promulgao a
sociedade e, especialmente, o Poder Pblico ainda no esto dando importncia e no detm a
compreenso doutrina da proteo integral, no sentido de que a criana e o adolescente so
titulares de todos os direitos inerentes a qualquer pessoa, mais aqueles prprios e especiais
que, em razo da condio de pessoas em desenvolvimento, necessitam de um atendimento
especializado e diferenciado.
continuamente no mbito de suas relaes de gnero, de gerao, bem como de seu contexto
social.
2I
->n
23
Na realidade brasileira, podem ser elencadas vrias situaes especiais que afetam a
vida da criana e/ou do adolescente. Dentre estas situaes, destacam-se:
moradores de rua. sendo este o espao de luta pela vida e, at mesmo, de moradia,
24
Convm lembrar que est previsto no ECA, que a pobreza no lhes retira os direitos
nem os deveres, pelo contrrio, as famlias tm direito proteo, quando elas necessitarem
( I O Medidas Bsicas para a lnffincia Brasileira, 1994, p. 33-34), e quanto mais expostas esto
as famlias a situaes de excluso, mais exposta ao abandono ficam os mais vulnerveis.
No que diz respeito ao direito da criana e do adolescente com relao funo da
famlia, o ECA reafirma o direito convivncia familiar e comunitria, como citado
anteriormente, enunciado no artigo 227 da Constituio Federal. Os pais tm o dever de
assistir, criar e educar os filhos e para isso precisam ter acesso junto com a comunidade,
formulao das polticas sociais.
A famlia a principal responsvel pelo bem-estar fisico e emocional das crianas e
adolescentes, necessitando de infra-estrutura econmica e social para cobrir suas demandas.
a base da sociedade e o ponto supremo para a formao do ser. Qualquer desequilbrio ou
instabilidade afetar substancialmente a criana e o adolescente.
A situao de misria em que vive grande parte da populao, frente ao caos
econmico instalado no pas e a m administrao do errio publico, mostra a desateno total
aos dispositivos inseridos na Carta Magna e no ECA relativos proteo da famlia.
Visando atender as diferentes demandas e problemticas das crianas e/ou
adolescentes em situao de abandono, risco pessoal e social, o Estatuto da Criana e do
Adolescente (ECA Lei Federal 8.069 de 13.07.90) apresenta as medidas scio-educativas e
as medidas de proteo.
As medidas scio-educativas so destinadas a adolescentes que cometeram ato
infracional (ECA-1990, p.38 - Art. 112), na qual pode-se destacar a internao, a advertncia,
a obrigao de reparar danos, a prestao de servios comunidade, a liberdade assistida e o
regime de semiliberdade.
25
27
desaparecer por completo, fazendo com que se tornem "estranhos" sem vestgios de laos
afetivos que os unam, cada qual com sua histria pessoal.
Embora concordando com Weber e Kossobudzki (1996, p.34) que "... institucionalizar
no a melhor soluo, pois priva a criana de um convvio afetuoso que permite uma
intimidade e uma cumplicidade, somente possveis numa relao familiar, nunca numa
instituio", aqui, neste trabalho, entende-se que em algumas situaes a instituio torna-se
uma referncia s crianas que pelas mais variadas demandas no podem contar com suas
famlias, ou ento, quando abandonadas prpria sorte, so amparadas e protegidas na CasaLar.
Pode-se concluir que, de acordo com os trabalhos de diversos
estudiosos, o carinho, o aconchego, o dar e receber amor ficam
prejudicados em uma instituio, pelas inerentes limitaes de
atitudes espontneas, causando diferentes tipos de danos criana, s
vezes irreversvel, sejam eles fsicos, intelectuais ou, principalmente
emocionais (WEBER & KOSSOBUDZKI, 1996, p.49).
28
Concorda-se com o ideal preconizado por Weber (1996), contudo, considera-se uma
utopia, tendo em vista o grau de pobreza, somado a um grande nmero de problemas
apresentados por muitas familias, que so obrigadas a procurar unia instituio que oferea
abrigo e melhores condies de vida s crianas e adolescentes necessitados, embora como
um recurso em carter excepcional e temporrio.
Para a criana, a institucionalizao prolongada leva ao empobrecimento de sua
subjetividade pela perda de relacionamentos humanos individualizados, continuos e afetuosos.
Esse processo pode deixar seqelas graves, como a incapacidade de autogerenciar-se, o que
costuma dificultar as chances de uma insero social adequada. Pode tambm determinar a
ruptura dos vnculos afetivos com a famlia de origem, levando a series dificuldade na
construo de novas relaes sociais.
Para a famlia, a institucionalizao pode representar o progressivo no investido no
Filho, a omisso, a construo de novos projetos familiares que excluem a criana e tambm a
desvalorizao perante a sua prpria imagem (auto-estima) e perante a sociedade. Em alguns
casos, a permanncia da criana na instituio atende apenas s necessidades dos pais,
representando verdadeira condenao para a criana.
No mbito social, o comprometimento mais significativo est na perda de referncias
afetivas e sociais bsicas, o que poder dificultar, para a criana apartada de seu meio, de
origem, suas chances futuras de integrao social.
O sofrimento maior da criana institucionalizada de no ser importante para
ningum, no pertencer a ningum, mas estar nas mos de todos.
Toda criana ou adolescente que chega ao abrigo traz consigo uma carga emocional
acentuada, pelo fato de ter vivido experincias muito marcantes, so vivncias nicas que
precisaro ser consideradas por todos os responsveis que atuam diretamente com essas
crianas e adolescentes.
30
A famlia ainda hoje vista como uma caixa de ressonncia dos problemas e desafios
deste sculo, que envolvem problemas de ordem tica, econmica, poltica e social. Nesse
sentido, tem sido um espao de conflitos, ao enfrentar no cotidiano, situaes extremamente
contraditrias, dentre as quais pode-se destacar:
o embate entre o projeto pessoal dos pais e o projeto familiar de cuidado do outro,
articulao que cada uma consegue fazer entre as demandas internas (necessidades de seus
membros nos diferentes estgios de desenvolvimento), as demandas advindas de seu espao
social e as formas de lidar com as transformaes ocorridas no mbito das relaes
homem/mulher e pais/filhos.
Esta articulao est constituindo-se num processo extremamente difcil, diante das
respostas que vm sendo dada pelas famlias e por seus membros. inegvel a intensidade
das atitudes destrutivas no contexto das relaes familiares (a violncia, especialmente contra
mulher e a criana, o filicidio) e o aumento gradativo de problemas na infncia e na
juventude. Porm, todo o movimento que est ocorrendo no interior das famlias e nas suas
formas de insero no contexto social pode ser entendido como uma luta pela sua
sobrevivncia, no apenas no sentido estrito da palavra (uma vez que aumenta a cada dia o
nmero de famlias em condio de misria), mas especialmente no sentido de preservao do
prprio grupo enquanto lugar da vida.
Assim, uma hiptese a ser considerada lidar com as dramticas respostas que as
famlias vm apresentando enquanto grupo (relaes muito conflituosas e destrutivas) e por
3'
32
educao, de forma a superar estas falhas e incutir elementos que fortaleam a efetividade, o
intelecto e proporcionem condies favorveis que respeitem a necessidade de segurana
material e emocional possibilitando a formao do cidado autnomo e responsvel frente a si
e a sociedade.
Uma das maiores necessidades das crianas e adolescentes abrigados, sem dvida, a
construo de referenciais individuais, fortalecendo sua subjetividade e a formao de
vnculos, manifestando-se atravs da amizade e do afeto.
Entidades de renome na ateno e cuidados infncia e adolescncia, na obra 10
Medidas Bsicas para a lnfncia Brasileira (1994, p.35) esclarecem que:
O vinculo afetivo e fundamental para o desenvolvimento humano e
em especial o das crianas e adolescentes para a construo de sua
integridade fisica, psquica e moral. Ameaas ao convvio familiar
colocam crianas/adolescentes em situao de risco.
Uma criana precisa estabelecer vnculos para sentir-se segura e amada, pois o apego
no se caracteriza s pelo "amor materno" ou familiar. Ele pode ser construdo com outros
membros externos.
O vinculo (o apego) traz em si mesmo elementos referenciais para o
desenvolvimento pleno do cidado. O sentimento de pertencimento
estabelece moldura para todas as cenas que comporo a histria de
vida do individuo (VIAN, 1990, p.25).
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CAPITULO H
35
36
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39
Pode-se dizer que o trabalho proporciona uma dupla transformao: sendo uma
atividade prtico-concreta, ele opera mudanas tanto no objeto a ser transformado, quanto no
sujeito, na subjetividade dos indivduos, isto , o prprio homem que trabalha e transformado
pelo seu trabalho, pois, este permite descobrir novas capacidades e qualidades humanas.
Assim, o trabalho fator fundamental de realizao do ser social_ ele condio
para a sua existncia, j que, o ato de produo e reproduo da vida humana realiza-se
atravs dele.
Por outro lado, dada a forma que o trabalho assume nas sociedades capitalistas, temse a desrealizao do ser social, ou seja, nas sociedades regidas pelo valor, o trabalho torna-se
estranho ao homem, pois, o processo de trabalho converte-se em meio de subsistncia. A
fora de trabalho torna-se uma mercadoria, cuja finalidade vem a ser a produo de
mercadorias. Assim, o que deveria ser a forma humana de realizao do individuo reduz-se
nica possibilidade de subsistncia do mesmo.
Enfocando o capitalismo, entende-se que, o Servio Social est integrado no
universo do valor, da mercantilizao, pois, vende a sua fora de trabalho especializada em
troca de um salrio. Seu trabalho se torna especializado na sociedade quando atende as
necessidades sociais, isto , passa a ter um valor de uso, uma utilidade social.
Pela filosofia Marxista, depreende-se que:
Para o trabalho reaparecer em mercadorias, tem de ser empregado em
valores de uso, em coisas que sirvam para satisfazer necessidades de
qualquer natureza. O que o capitalista determina ao trabalhador
produzir e portanto uni valor-de-uso particular, um artigo
especificado (MARX, 1987, p. 201).
Assim sendo, pode afirmar que o Servio Social constitui-se como: uma fora de
trabalho assalariada e contratada no mercado, com um objeto de trabalho, dispondo de certos
meios de produo, gerando um produto, como resultado do trabalho. Todo este processo de
transformao do objeto de trabalho em "produto til" o prprio processo de trabalho que
40
41
Dessa forma, o Servio Social tem como aes profissionais orientao e repasse
de informaes a respeito da criana e sobre sua famlia para o Juizado, e ainda os registros
profissionais, sendo muito importante e necessrio para que os funcionrios que mantem
contato com as crianas e adolescentes possam estar ciente de todos os acontecimentos
relacionados aos mesmos.
Assim, vrias demandas chegam ao Servio Social do abrigo, trazidas atravs de
seus usurios: crianas e adolescentes abrigadas e suas famlias. Dentre as vrias demandas
pode-se destacar: a violncia domstica contra crianas e adolescentes; crianas e
adolescentes
necessidades
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CAPTULO III
da
ao
profissional foi a entrevista, considerada corno uma tcnica coleta de dados mais usada nos
trabalhos cientficos.
A entrevista consiste numa conversa intencional e utilizada quando
existem poucas situaes a serem observadas ou quantificadas, e
ainda quando se deseja aprofundar uma questo (RIZZIN1, 199Q,
p.62).
45
3.2 Objetivos
46
47
Alm disto, tem-se tambm a entrevista falada, sem a utilizao de gravador, cujo mtodo de
coleta se d mediante escrita.
As perguntas caracterizam-se como semi-estruturadas segundo um roteiro
previamente estabelecido, o entrevistador tem mais liberdade para desenvolver a entrevista,
alargando o plano perceptvel e geralmente apresenta um conjunto de questes abertas. A
seqncia das questes definida pelo entrevistador segundo a situao em que se encontra.
O entrevistador pode dar explicao que facilitam o entendimento do informante ou
acrescentar outras questes que melhor esclaream o problema pesquisado, mas no
permitido ao entrevistador eliminar as questes.
11 combina perguntas fechadas/ou estruturadas e abertas onde o
entrevistado tem a possibilidade de descorrer o tema proposta sem
respostas ou condies prefixadas pelo pesquisador (MINAYO, 1993,
p.108).
48
posterior anlise, adquirindo-se desta forma, subsdios para elencar os pontos propostos nos
objetivos especficos.
49
A pesquisa foi realizada em quatro instituies, sendo que, quatro Assistentes Sociais
50
"tem que realmente se especializar, tem que correr atrs para estar conquistando
esses espao, porque a globalizao ela realmente ela suprimiu a Assistente Social,
ela em vez de ser s Assistente Social ela tem vrias outras situaes que ela vai ter
que embarcar junto" (entrevista 11001).
"tem que estar envolvido na poltica com um todo, tem que estar atento para as
polticas sociais e para as nmdanas que ocorrem com as instituies envolvidas com
os abrigos" (entrevista n02).
02 Qual a avaliao por parte do Assistente Social com relao ao grau de satisfao
das necessidades e a efetividade dos projetos oferecidos pela instituio na vida dos
usurios?
Os pontos levantados foram que os projetos esto sendo bem aceitos e executados
na medida em que podem atender s necessidades da demanda.
Um dos pontos negativos foi relacionado questo das verbas das instituies e do
dificil repasse dos convnios, em detrimento de algumas aes, que por este motivo, deixam
de ser efetuadas. Acrescentaram, ainda, que se tivessem mais recursos, poderiam oferecer
muito mais, mesmo assim tentam fazer o possvel para proporcionar o bem-estar os seus
usurios. Outro ponto negativo colocado foi relacionado morosidade da justia, no sentido
de que as respostas aos problemas deveriam ser mais rpidas e que houvesse uma maior
articulao entre os dois segmentos. Porm, a Assistente Social da Casa-Lar de Biguau,
relatou estar satisfeita com o atendimento da justia da sua cidade.
"para os pais uma satisfo ao mesmo tempo eu vejo que eles querem tirar
entende, e eles pensam no vou deixar ele ali dentro, mas ao mesmo tempo eles
sabem, que l fora, l na casa deles, eu no vou poder dar tudo isso agora para eles e
assim pelo menos quando crescer vo poder trabalhar e se virar" (entrevista n01)
"os projetos esto sendo vlidos, o contato com a escola, a questo do lazer"
(entrevista n 03).
52
Sociais referindo-se s demandas dirigidas ao Servio Social, ou seja, aos objetos de trabalho
onde incide a ao do Servio Social e, que constituem-se na prorpia matria-prima com a
qual este trabalha. Entre as quais destaca-se o contato com todas as instituies na qual as
crianas e adolescentes esto envolvidos como o Juizado, escola, mdicos, dentistas; estar
viabilizando cursos, passeios e atividades que possam estar proporcionando o bem-estar dos
adolescentes, como demonstrado nas respostas recebidas quando da entrevista.
53
05 -
54
"ver que o abrigo bem visto, por suas famlias e pelas crianas, as vezes tem essa
ligao de amor e dio, mas que se sente seguros estando aqui - (entrevista n01)
"no deixa de ser a participao nos conselhos, eu sou do conselho, levando idias,
tentando implementar essas idias" (entrevista n02).
linha
"a casa possui uma coordenadora (que no momento esta afastada), que no possui
nenhuma viso do que ser Assistente Social, tem uma cabea
11111i10 fechada,
no
para tudo (.). E hoje no, quando ela saiu de licena fui aos poucos mudando e estou
conseguindo ter resultados, s que tem muita coisa para ser feito. (..) as crianas
esto adorando e vivem perguntando quando a coordenadora vai voltar, com medo de
que essa situao mude" (entrevista n'04).
Tem que analizar que todo trabalho resulta em um produto. Sendo assim, o trabalho
realizado pelo Assistente Social, possui finalidades, objetivos, metas e resultados que
correspondem determinadas necessidades humanas.
No entanto, nem todos os produtos dos trabalhos realizados pelo Servio Social dos
abrigos so imediatamente visveis. Dai parte, a dificuldade de alguns profissionais em
reconhecer o resultado do seu trabalho. O produto do trabalho do Assistente Social nem
sempre possui um efeito material, ou seja, ela no resulta apenas em objetos teis, mas
socialmente objetivo, isto , o Assistente Social, produz efeitos na sociedade enquanto um
profissional que incide no campo do conhecimento, dos valores, dos comportamentos, da
55
cultura, que, por sua vez iro repercutir na vida dos sujeitos. Embora no se corporifiquem
como coisas materiais, o resultado de suas aes existem, so objetivos e se expressam sob a
forma de servios
As Assistentes Sociais demonstraram ser de fundamental importncia o trabalho do
Assistente Social no abrigos, sentindo-se bem valorizadas e possuindo credibilidade por parte
das instituies onde atuam. lima das Assistentes Sociais relatou que seu trabalho
reconhecido, somente quando acontece a concretizao das aes realizadas pelo Servio
Social, conforme as respostas a seguir:
"a gente se depara coma algumas situaes, assim, principalmente para quem est no
lado . fiincional mesmo (..) para eles quem est l na frente sentada no faz nada (..)
depois ela entende que quando uma criana saiu, vai para guarda ou adoo, ekt
entende que foi o trabalho que a gente fez "aliviou" o trabalho dela e ento vem
realmente que estamos fazendo algo" (entrevista n001)
"como a coordenadora no fazia o que tinha que ser feito, eles nem imaginavam qual
era o papel da Assistente Social, e agora esto observando e valorizando" (entrevista
n04).
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O ideal para quase todas as Assistentes Sociais proporcionar um lar, seja biolgico
ou no; proporcionar urna vida digna, com os direitos garantidos para as crianas e para suas
famlias. Todas lutam para alcanar o idealizado, mas, embora conscientes de todas as
dificuldades que se apresentam na profisso escolhida a luta continua, em busca do objetivo
preconizado. Como mostram as respostas a seguir:
"a gente luta, bate, fira e consegue chegar no objetivo, eu acho que isso que
nosso real a construo desse objeto que a gente quer" (entrevista n01)
" longo, ficamos angustiados com essa morosidade da Justia" (entrevista n'02).
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58
Buscar conhecer profundamente os instrumentos terico-metodolgicos e tcnicooperativos do Servio Social, para a aplicao no processo de trabalho cotidiano,
Para que o programa deixe de ser mero torna-se necessrio investir em aes que
possibilitem aos beneficirios, tecer novas redes de relaes e repor vnculos com o
mercado de trabalho, que a discriminao e a falta de oportunidades haviam
corrompido.
CONSIDERAES FINAIS
60
6I
Espera-se que este trabalho tenha contribuido para uma melhor compreenso sobre o
processo de trabalho nos programas abrigos, e que seja o comeo de mais reflexes almejando
assim a continuidade de estudos e pesquisas sobre esta tematica.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ARIES. P. Histria Social da Criana e da Famlia. 2 ed. Rio de Janeiro: ABDR, 1981.
FREIRE. F. (org). Abandono e adoo: contribuies para urna cultura de adoo I e II.
Curitiba: Terre des Hommes, 1991.
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SC: UFSC, 2002. Trabalho de Concluso de Curso (graduao em Servio Social) Departamento de Servio Social. Universidade Federal de Santa Catarina.
APNDICE
ENTREVISTA N"01
INSTITUIO: Lar Recanto do Carinho
ASSISTENTE SOCIAL: P. P
01 No atual quadro conjuntural perpassado por profundas
transformaes, quais as mudanas ocorridas no seu processo de trabalho?
R: Globalizao em todo esse quadro, essa economia a vida em si, Assistente
Social tem que comear a trabalhar junto com as transformaes que h, no tem
como no ser verstil, cada dia anda para trs e cada dia mais pessoas que esto
vindo no mercado de trabalho e adquirindo espao muito mais conceituado.
Eu no meu ponto de vista tem que realmente se especializar tem que correr atrs
para estar conquistando esse espao porque a globalizao ela realmente, ela
suprimiu a Assistente Social, ela em vez de ser s Assistente Social ela tem
Vrias outras situaes que ela vai tr que embarcar junto, porque caminhar junto
com isso, porque se no ela realmente no vai conseguir nem ter o ingresso no
mercado de trabalho. E as mudanas que eu posso ver aqui no trabalho nesse
processo de trabalho principalmente dentro de um abrigo e no s o trabalho
interventivo do Assistente Social em funo da entrada, do abrigamento dessa
criana, do trabalho com as famlias com at mesmo o trabalho do Juizado mas
tambm tem que quer ter um pouco a mais que isso tem que ser empreendedor.
Estar atrs de parcerias concretas para que esse lar, estar dando subsdios para
que ele sobreviva at mesmo e de uma certa maneira a Assistente Social tem que
ter esprito empreendedor porque esse processo de globalizao pede isso
tambm exige mudanas num todo o processo interventivo um deles, tem
que estar precisando um pouco do administrativo, do direito e graas a Deus
pelo menos na poca que eu estudei eu tive um pouco dessas cadeiras e isso
mesmo que acontece. Na prtica a gente tem que ter uma dinmica tambm
dessas matrias para que gente possa, precisa pois entra um projeto, esse projeto
ou a gente faz esses projeto requer urna demanda e dentro desse projeto vai
gastar tanto tem planilhas que voc tem que fazer e tua vai administrar de que
maneira esse dinheiro que chega, como vai ser aceito esse trabalho sempre tem
que estar ao todo se reciclando e procurando resgatar tudo que a gente estudou l
Trazer um pouco daquela teoria para prtica e muitas vezes se pega dizendo que
a prtica fica desvinculada mais ao mesmo tempo a gente usa. No parar no
tempo. O campo de trabalho hoje esta muito escasso, principalmente aqui na
UFSC est abrindo muitas vagas de Servio Social no perodo da manh tm
vagas no perodo da noite, ento crescente o numero de Assistente Sociais que
esta vindo e a dificuldade de encontrar um emprego.
Campo tem bastante, mas eles no esto vendo e quando assim, precisa de uma
Assistente Social como eu falei, ela no pode ser s Assistente Social, ela tem
digamos assim, porque ao mesmo tempo em que essa famlia se sente satisfeita
porque os filhos esto num local em segurana e de uma certa maneira, tudo
aquilo que em casa dificil de oferecer e eles tm aqui e que nos finais de
semana alguns que tem ordem judicial que podem levar no final de semana para
casa, os familiares se sentem bem, porque essa criana esta bem, que de uma
certa maneira, aqui nos temos por isso levar uma cesta bsica para criana passar
o final de semana para criana tambm, se sentir junto com a famlia e com os
outros filhos que tem ento a gente d uma porozinha um pouco maior, ento
isso um grau de satisfao, porque esta tendo no s acompanhamento com
essa criana aqui dentro, mas tambm com essa famlia l fora. Ento elas se
sentem bem, mais ao mesmo tempo eles no se sentem bem, eles gostam disso
aqui, sabem que bom, tem coisas interessantes, atrativos para eles, mas ao
mesmo tempo eles odeiam, e a relao meio complicada, porque o odiar deles
porque eu tenho tudo isso mais minha famlia no esta aqui, ento eu vou para
casa, eu no quero ficar aqui. Eu prefiro deixar isso tudo para ficar com minha
famlia. O que aconteceu, tem que analisar urna coisa, por mais que a gente
queira que aqui seja um lar dentro de um abrigo tu perde toda a referencia de
famlia, por mais no vai aparentar um lar porque no so pais, mes e sim so
funcionrios que com todo carinho e ateno do mundo esto tentando passar
isso para eles, no uma pessoa da famlia, mesmo que seja aquela pessoa que
te bate, que te negligenciou, mas algum familiar algum que te d cho, d
onde voc est, que constituio, da onde voc veio, Eles querem a construo
de uma famlia, se voc me tirou daquela famlia ento inc de outra ou me levem
de volta para ela, mas no me deixa perdido e isso que acontece.
Para eles no h um apego pelo lar, pelo abrigo, eu to aqui de passagem, quando
a gente diz vai para tua casa se deitar, cuida da tua casa, eles falam essa aqui no
a minha casa no h nada meu aqui.
Mas ao mesmo tempo a gente sente que quando eles esto l, a saudade muito
grande dos amigos que ficaram de visitar mais a garantia de estar l com eles
tambm muito bem.
Ento situao de amor e dio, a satisfao deles boa para os pais, tem
segurana, o filho est bem, as coisas esto melhorando, ele esta se alimentando,
esta crescendo esta tendo tratamento, principalmente pela patologia deles, eu
no sei dar o remdio direito, eu no sei fazer a coisa certa, pelo menos ele vai
ficar ali, pelo mesmo at ele alcanar urna idade que j tenha sua independncia
de trabalho, de comida. Saber os medicamento, horrio de medicamentos, saber
tudo isso ento eu vou l e vou busca-lo, porque dai ele vai poder ser
independente.
Para os pais uma satisfao, ao mesmo tempo eu vejo que eles querem tirar,
eles falam, eu quero tirar, eu no vou deixar ele ali dentro, mais ao mesmo
tempo eles sabem, que l fora, l na casa deles, eu no podem dar tudo isso
agora para ele e assim pelo menos quando ele crescer vo poder trabalhar e se
virar, se ele for agora vai me pedir coisas que no lar tem e aqui na casa no tem.
Isso tudo uma situao de reflexo e para eles a mesma coisa, eles adoram
isso aqui, mas o bom que tivessem uma famlia, ou uma famlia substituta ou
uma famlia porque a facilidade de apego.
Tenta suprimir toda essa felicidade em alguma coisa, em algum nesse familiar
que um dia vai tirar ela daqui, mas a gente sabe que tem essa dificuldade essa
avaliao que eu fao. Eles gostam mais urna relao de amor e dio os pais
por estarem aqui por estarem bem claro que querendo tira-los mais sabem que
h uma condio nesse momento e os filhos que querem ou as vezes a gente no
tem os prprios pais, que tem a questo da orfandade, patologia deles, mas tem
os outros familiares, tios, tias, avs, avs, nessa vontade de querer. Famlia todo
inundo quer ter o referencial, seja ela biolgica ou no, esse o grau de
satisfao que eu vejo.
crianas que esto conosco, eles foram moradoras da cada e agora moram com
suas famlias, mas em relao a essa situao de creche, de at mesmo levar para
essas creches e essas creches haver uma descriminao, at por parte das
prprias pessoas, de comentar que portadora, tem medo de como as pessoas
vo agir. Ns atendemos essas crianas aqui, ento elas ficam aqui vo para
escola ficam conosco no perodo adverso da escola e ai acontece de eles irem
apara casa no final do dia, vo e volto e a o nosso nico problema por causa
dos passes que agente no tem da a gente tentou uma parceira com algumas
pessoas que esto pagando esses pais com passes. Ento a gente conseguiu essa
parceria.
Com algumas pessoas, a maioria so os que moram mais prximos porque a
gente no conseguiu voluntrios para estar bancando. So dois voluntrios que
cuidam de duas crianas rfos dessas famlias, ento eles pagam o passe delas
que seriam o mais longe daqui, outro a gente consegui com parceira do projeto
florir Floripa, como ele passa no Monte Cristo de manh, ele trs e quando volta
ele leva, e o restante mora mais prximo daqui. um projeto que estamos
tentando levar em frente.
Os retornos para essas famlias o mais breve possvel quando a gente consegue,
as guardas e as adoes quando a gente tem essas parceiras do Juizado o mais
rpido possvel, esses voluntrios que tambm nos ajudam , o desenvolvimento
da prpria criana, que chegam aqui e no ir vingar, mesmo eu acho que requer
uma questo do Servio Social junto com uma parceria com o pessoal da
enfermagem e isso que a gente consegue que da todos os subsdios para que ela
possa levantar essa criana social e isso que a gente faz, no s aqui dentro do
lar mas fora do lar a gente procura isso, a gente tenta sociabilizar ele ao Maxim
possvel com a comunidade ento de a comunidade conhece o nosso trabalho, a
escola ento a gente esta muito integrado nisso, So informaes importantes as
aes que a gente faz aqui. Uma das aes do Servio Social ver de uma certa
maneira o abrigo se bem visto eles fez por essas crianas as vezes tem essa
ligao de amor e dio mas que se sente seguros estando aqui e isso faz parte
tambm de passar isso para eles.
Os engajamentos que a gente tm nos conselhos municipais, de sade, da
criana e do adolescente, a gente procurando tambm tangrilar o Servio Social,
A Cristina uma pessoa que batalha muito para esse lado ela cuida fica mais
dessa parte de conselhos mais direcionada e a ente v o quanto ela exprime a
dedicao e a vontade de mudana de buscar subsidio para a melhoria, alem do
profissional tambm a gente deixa fluir essa efetividade grande, no sou
casada no tenho filhos eles parecem nossos filho mexe com eles mexeu com a
gente, fortifica a rotina muito isso.
quando acontece muito bom, esperanoso, a gente v a alegria nos olhos dele
a gente corno Assistente Social fez a nossa parte e deu certo ento o real e o
ideal se no conseguir meta real mas fazer o possvel para que chegue perto ser
forte cai em algumas horas mas levanta e ai o Servio Social d essa fora.
O grau de satisfao bem, eu gosto muito, eu tenho uma dificuldade em falar
bonito, de se expressar, sou muito da prtica, sou de trabalhar em problemas
deles, buscar, ir atrs , quem posso ajudar, de fazer relatrio, as duas Assistentes
Sociais trabalham juntas em parceria. um dos empregos que mais gostei.
O Servio Social trabalha, atua e acho que isso importante porque de um
relatrio uma entrevista, de urna conversa com o Juiz, que voc luta para que ele
tenha uma melhoria na vida dele.
No abrigo isso e lutar por eles, eles esto aqui e tem que ter algum para ajudar
eu sou apenas uma pequena parte tem toda essa equipe boa que trabalha aqui, o
pessoal da coordenao a coordenadora geral, a auxiliar de coordenao que nos
d um suporte muito grande qualquer coisa assim tem unia bagagem muito
brande de abrigos por isso nos ajuda muito. Lar tem 14 anos. Tem que apreender
muito com elas, a gente acerta juntas, muitas vezes conversamos, erramos juntas
mais estamos juntas e isso que importante.
ENTREVISTA N"02
INSTITUIO: Abrigo Lar So Vicente de Paula
ASSISTENTE SOCIAL: B.G.
01 No atual quadro conjuntural perpassado por profundas
transformaes, quais as mudanas ocorridas no seu processo de trabalho?
R: As transformaes so que o Assistente Social tem que estar envolvido na
poltica como um todo, tem que estar atento para as polticas sociais, para as
mudanas que ocorrem nas instituies envolvidas com os abrigos. Antes o
Assistente Social ficava sentada na sua sala, aguardando a demanda chegar, hoje
no, tem que ir atrs, correr atrs do que necessita. Apesar dessas mudanas,
ainda existe a falta de polticas pblica e isso nos angustia.
02 Qual a avaliao por parte do Assistente Social com relao ao grau de
satisfao das necessidades e a efetividade dos projetos oferecidos pela
instituio na vida dos usurios?
R: Existe a satisfao com certeza. Quando o Assistente Social consegue dar um
bom nvel de bem-estar fsico e mental para essas crianas isso uma satisfao.
E essa satisfao nota-se nas famlias tambm, quando vem visit-las e vem
que esto bem cuidados, apesar da situao de estarem aqui.
03 Quais as demandas dirigidas ao Servio Social deste abrigo?
R: Alm de Assistente Social, sou coordenadora, porque tipo de urna regra da
Irmandade que as coordenadoras sejam Assistentes Sociais e as demandas so a
execuo de polticas sociais; a interface com o Juizado; com as famlias; o
cuidados do bem estar das crianas e tambm a execuo de polticas sociais. E
tambm o quadro funcional do abrigo, se esto com algum problema, a parte
administrativa. O contato com o Juizado deixa a gente angustiada, porque tem
uma certa morosidade, quanto a definio dos casos e isso dificulta o trabalho.
04 Quais so seus instrumentos de trabalho?
R: Relatrios, entrevistas com as famlias contato com diversos rgos
relacionados criana.
ENTREVISTA N"03
INSTITUIO: Ao Social Misso
ASSISTENTE SOCIAL: S.
01 No atual quadro conjuntural perpassado por profundas
transformaes, quais as mudanas ocorridas no seu processo de trabalho?
R: Apesar de todas as transformaes que ocorreram, ainda falta espao para o
Servio Social, o trabalho no reconhecido.
02 Qual a avaliao por parte do Assistente Social com relao ao grau de
satisfao das necessidades e a efetividade dos projetos oferecidos pela
instituio na vida dos usurios?
R: O lar possui 10 meninos e nenhum deles tem a possibilidade de retorno, mas
alguns possuem irmos em outras instituies e ento tentamos manter o vinculo
e isso muito vlido. Os projetos esto sendo vlidos, o contato com a escola, a
questo do lazer. Temos psiclogas e psicopedagoga voluntrias que
desenvolvem um trabalho, apesar de eu ter um p atrs com voluntrios. Mas
temos falhas que os convnios com prefeituras e governos, as verbas no
chegam, meses sem mandar e ento como que fica a alimentao dessas
crianas muito complicado.
ENTREVISTA N"04
INSTITUIO: Casa-Lar Biguau
ASSISTENTE SOCIAL: M.P.
papel do Assistente Social, agora esto observando e como foi feito o regimento
interno, constando o que cada funcionrio faz, ficou bem melhor. Tambm foi
feito urna reunio com eles, onde colocaram suas opinies e isso no era feito,
ento eles se sentiram valorizados.