Artigo Vidro Moido

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ANLISE DE CONCRETOS PRODUZIDOS COM VIDRO MODO QUANDO

SUBMETIDOS ELEVADAS TEMPERATURAS


ANALYSIS OF CONCRETE PRODUCED WITH CRUSHED GLASS WHEN
SUBMITTED TO HIGH TEMPERATURES
Dbora Righi (1), Lucas Khler (2), Aline Tabarelli (3), Larissa Kirchhof (4), Rogrio Lima (4) (A).
(1) (2) (3) Curso de Engenharia Civil, UNIPAMPA, Alegrete, RS, Brasil.
(4) (5) Curso de Engenharia Civil, CT, UFSM, Santa Maria, RS, Brasil.
Endereo para correspondncia: [email protected]; (A) apresentador

Resumo
Visando o desenvolvimento sustentvel do planeta e a preservao do meio ambiente, muitos governos e
ONGs esto questionando o elevando volume de resduos reciclveis em aterros sanitrios. Nesta pesquisa,
estudou-se a substituio da areia utilizada na produo de concreto por sucata de vidro modo, proveniente
da moagem de garrafas long neck de vidro. Essas garrafas so consideradas atualmente um dos mais
problemticos resduos gerados do mundo, pois aps o consumo da bebida so simplesmente descartadas, ou
seja, o material tratado como lixo ocupando espao do destino final. A pesquisa contemplou ainda a
avaliao do comportamento dos concretos produzidos em altas temperaturas, simulando a exposio a um
incndio. Sabe-se que as estruturas de concreto apresentam boa resistncia quando submetidas a elevadas
temperaturas em virtude das caractersticas trmicas do material, no entanto as estruturas de concreto podem
estar sujeitas a um colapso por instabilidade da pea, isso porque o incndio provoca a reduo da resistncia
do concreto trao e compresso. Neste estudo, alm dos ensaios de resistncia compresso simples
temperatura de servio, tambm se analisou o seu comportamento 600C. Foram moldados corpos-deprova cilndricos de 10 x 20 cm, para as substituies parciais de 0%, 5%, 10%, 15%, 20% e at 100% da
quantidade de areia por vidro modo, os quais foram submetidos ensaios aos 63 dias, com trao 1 : 1,94 :
3,06 (cimento: areia: brita) e uma relao a/c de 0,45. Os resultados obtidos indicam que a substituio de
areia por vidro, em diferentes teores, no alterou significativamente a resistncia compresso temperatura
ambiente; entretanto, 600C observou-se uma reduo na resistncia.
Palavras-chave: sustentabilidade, concreto, vidro, altas temperaturas, incndio.

Abstract
In this research, we have been studied the use of crushed glass, arising from long neck bottles, instead of
sand in the concretes constitution. These kind of bottles are considered one of the most inconvenient
residues of the world, after been drank the bottle is thrown away as regular rubbish taking many space in the
final trashs destination. This research also observed the reactions of the concrete produced in high
temperatures, as in a fire situation. Although concrete structures have great resistance when submitted to
high temperatures, due the materials thermal characteristic, the concretes structure can collapse due
instability, thats because the fire reduces the concrete strength to traction and compression. In this study,
beside the resistance testing to pure compression when submitted to service temperature, has been also
analysed the characteristics to 600 C. Bodies-of-proof, of 10x20 cm, has been formed to the partial
substitutions of 0%, 5%, 10%, 15%, 20% and even 100% of crushed glass instead sand, they were submitted
to 63 days testing and the mixing of 1 : 1,94 : 3,06 (cement: sand: gravel) and a water/cement relation of
0,45. The results shown that a substitution of sand, havent modified significantly the resistance in the same
temperature as the environment. However, at 600 C the resistance decrease considerably.
Keywords: sustainable, concrete, glass, high temperature, fire.
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INTRODUO

O concreto um dos materiais mais usados nas obras de engenharia e se encontra em


constante estudo. Sua grande aplicao se deve sua durabilidade, facilidade de assumir formas
diferentes e versatilidade, sendo por isso utilizado de diversas formas, seja em peas estruturais ou
no estruturais. A possibilidade de incorporao de resduos em misturas base de cimento uma
contribuio da construo civil para reciclagem de resduos prejudiciais ao meio ambiente,
podendo tambm melhorar o desempenho dos materiais com sua adio (MARQUES, 2006).
De acordo com Ferrari & Jorge (2010), em sua forma pura, o vidro um xido metlico
superesfriado transparente, de elevada dureza, essencialmente inerte e biologicamente inativo, que
pode ser fabricado com superfcies muito lisas e impermeveis. Estas propriedades desejveis
conduzem a um grande nmero de aplicaes, distinguindo-se de outros materiais por vrias
caractersticas, tais como baixa porosidade, absortividade, dilatao e condutibilidade trmica,
suportando presses de 5.800 a 10.800 kg/cm.
O uso de vidro j foi estudado e atualmente existem pases utilizando este material como
agregado fino no concreto. A Austrlia, por exemplo, j utiliza o vidro modo proveniente do lixo
em concretos para construo (CRENTSIL et al. 2001). Foram apresentadas recomendaes para o
uso deste material em concretos no estado de Nova York (MEYER et al., 1999). No Brasil, esta
forma de valorizao desse recurso pouco utilizada, uma vez que o aterro uma opo muito
barata e a disponibilidade de matria-prima para materiais de construo abundante.
Segundo o CEMPRE (2009), no Brasil produzido em mdia 980 mil toneladas de
embalagens de vidro por ano, usando cerca de 45% de matria-prima reciclada na forma de cacos.
Estes cacos so provenientes em parte de refugo nas fbricas e em parte na coleta seletiva dos
municpios. O principal mercado para recipientes de vidros usados formado pelas vidrarias, que
compram o material de sucateiros na forma de cacos ou recebem diretamente de suas campanhas de
reciclagem. Alm de voltar produo de embalagens, a sucata pode ser aplicada na composio de
asfalto e pavimentao de estradas, construo de sistemas de drenagem contra enchentes, produo
de espuma e fibra de vidro, bijuterias e tintas reflexivas.
Os componentes de vidro decorrentes de resduo municipal (resduo domstico e comercial)
so geralmente garrafas, artigos de vidro quebrados, lmpada incandescente, potes de alimentos e
outros tipos de componentes. A sucata de vidro apresenta um baixo ndice de reciclagem, fazendo
com que aproximadamente 2% do lixo gerado e depositado nos lixes e aterros sanitrios do pas
seja composto por vidros. Estima-se que aproximadamente 70% dos aterros estaro com sua
capacidade muito reduzida no prximo milnio, pois o tempo estimado de decomposio do vidro
aproximadamente um milho de anos (SANTOS, 1998).
Uma alternativa sustentvel para reduzir este volume de vidros depositados em lixes seria
utiliz-los na construo civil incorporados em misturas base de cimento, tais como na produo
de concretos com sucata de vidro modo em substituio areia. Entretanto, Neville (1997) destaca
que uma das restries existentes ao uso de vidro reciclado em concretos a provvel ocorrncia de
reao lcali-slica entre os lcalis do cimento e a slica presente no vidro.
Johnson (1974) apud Shao et al. (2000) menciona que devido reao entre o lcalis no cimento e a
slica reativa no vidro, o uso do vidro, como agregado grado no concreto, no satisfatria, visto
que desencadeia perda de resistncia e excessiva expanso no material. No entanto, estudos recentes
tm mostrado que se as partculas de vidro apresentarem um tamanho de partcula de, no mximo,
300 m, a expanso induzida pela reao lcali-slica pode ser reduzida (MEYER et al., 1996 apud
SHAO et al., 2000).
Levando-se em conta esta considerao, Shao et al. (2000) pesquisaram a possibilidade de
incorporao de partculas de vidro finamente modas, como substituio parcial do cimento, na
produo de concretos. Os ensaios realizados serviram para avaliar a atividade pozolnica do vidro
modo bem como monitorar o desenvolvimento da resistncia compresso do concreto, aps a
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substituio parcial de 30% do volume de cimento por vidro modo. Alm disso, ensaios em
argamassas foram realizados para estudar a potencialidade de expanso induzida pela reao lcalislica. Os resultados demonstraram que o efeito do tamanho das partculas de vidro modo no
desempenho do concreto bastante significativo. Concretos produzidos com tamanhos de partculas
de vidro modo menores do que 75 m apresentaram um aumento na resistncia compresso bem
como uma menor expanso quando comparada ao trao padro. De acordo com os autores, o
aumento de resistncia e a reduo da expanso induzida pela reao lcali-slica associadas ao
efeito do tamanho de partcula so um forte indicativo de atividade pozolnica no material.
Os resultados obtidos por Lopez (2003) mostram uma tendncia de aumento da tenso
mdia de ruptura com o aumento da granulometria do material at atingir a granulometria entre 0,15
0,30 mm, aps o qual a tenso de ruptura diminui novamente se mantendo num patamar, porm,
superior ao do corpo de prova de referncia. Este aumento da tenso mdia poderia ser causado pelo
preenchimento de vazios pelo vidro fino. Os espaos entre os agregados utilizados, principalmente
entre a areia, estariam sendo ocupados pelo vidro, fazendo com que o material fique mais resistente.
Topu e Ganbaz (2004) utilizaram vidro modo de cores diversas na confeco de concretos,
com granulometria variando entre 4 e 16 mm, em substituio parcial do agregado grado, nas
porcentagens de 0%, 15%, 30%, 45% e 60%, com vistas a estudar seu efeito na trabalhabilidade e
resistncia do concreto. Para anlise da reao lcali-slica foram confeccionadas argamassas com
substituio de vidro modo pela areia nas seguintes porcentagens: 0%, 25%, 50% 75% e 100%.
modo. Quanto trabalhabilidade, os resultados demonstraram que a adio de vidro modo no
teve um efeito considervel no concreto, no seguindo uma linha de tendncia com o aumento da
porcentagem de vidro. Essa discrepncia foi atribuda geometria pobre (distribuio
granulomtrica no uniforme) do vidro modo. Com referncia aos ensaios de resistncia, pode-se
observar que h uma reduo da resistncia do material com o aumento da porcentagem de vidro
modo. Esse comportamento pode ser atribudo alta fragilidade do vidro modo que leva ao
surgimento de fissuras, dificultando a adeso entre o vidro e a pasta de cimento. Alm disso,
novamente os autores salientam que sua geometria pobre no permitiu que uma distribuio
granulomtrica homognea fosse alcanada. Com relao reao lcali-slica, esta acontece de
forma mais lenta, quanto menor for o teor de vidro modo na mistura. Alm disso, foi observado
que apesar da cor do vidro no produzir efeitos na resistncia do concreto, constatou-se que aps
alguns dias de ensaio, o vidro branco dilatou-se mais que o vidro verde e marrom, excedendo,
assim, o limite de expanso exigido por norma.
A crescente e variada utilizao do concreto em elementos estruturais demanda que seja
efetuada uma detalhada avaliao de suas propriedades em situaes peculiares, tais como durante a
ocorrncia de incndios. Em edificaes, sinistros deste tipo representam um das mais severas
formas de exposio a que a estrutura pode estar submetida.
Este trabalho apresenta resultados parciais de um estudo que buscou analisar a resistncia
compresso de concretos, com substituio da areia por vidro modo em diferentes de teores, aps
exposio a elevadas temperaturas, buscando simular a degradao do concreto quando os
elementos estruturais so expostos a incndios.
Como explica Neville (1997), o concreto, em princpio, apresenta um desempenho adequado
ao ser submetido ao calor, uma vez que, durante o processo de aquecimento, no ocorre o
desprendimento de gases txicos, e o intervalo de tempo que o mesmo resiste ao calor, mantendo
boas caractersticas, relativamente longo. Alm disto, o concreto um material no combustvel e
que possui baixa condutividade trmica. No entanto, sob certas condies, os efeitos do
aquecimento podem ser mais variveis e intensos, inspirando cuidados e levantando dvidas sobre o
desempenho de alguns tipos de concreto, prevenindo a formao de conceitos genricos a respeito
do assunto.

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METODOLOGIA

O concreto utilizado no programa experimental contemplou a substituio de parte do


agregado mido natural (areia) por vidro modo, nas propores de 0, 5, 10, 15, 20 e 100%. O vidro
utilizado nos ensaios foi proveniente da coleta seletiva de garrafas do tipo long-neck, sendo que este
material foi escolhido devido a sua abundncia e por no possuir uma destinao adequada na
regio.
Inicialmente, procedeu-se a limpeza de aproximadamente 220 garrafas, atravs da remoo
de rtulos e imerso em gua para retirada de resduos. Em seguida, estas garrafas foram modas
artesanalmente, adquirindo diferentes tamanhos de gro (Figura 1).

Figura 1 Moagem manual das garrafas e tamanhos de gro.


Para obteno de uma curva granulomtrica contnua, segundo ABNT NM 248:2003, os
cacos foram peneirados mecanicamente, sendo aproveitado os resduos passantes na peneira ABNT
4 (# 4,8mm). A Tabela 1 apresenta a porcentagem retida e acumulada em cada peneira. De acordo
com os procedimentos da ABNT NBR 9776:1987, a massa especfica do vidro modo utilizado foi
2,51 g/cm. Em relao a distribuio granulomtrica do vidro modo, observa-se que as
porcentagens retidas acumuladas nas diferentes peneiras esto dentro dos limites de distribuio
granulomtrica, previstos na ABNT 7211:2009, para que um material seja considerado agregado
mido para concreto.
Tabela 1 Caracterizao granulomtrica do vidro modo.
VIDRO MODO
% Retida
Dimetros Peneiras(mm) Massa Retida(g)
Individual
Acumulada
4,800
0,00
0,00
0,00
2,400
20,70
4,14
4,14
1,200
121,80
24,36
28,49
0,600
120,70
24,14
52,63
0,300
83,40
16,68
69,31
0,150
58,40
11,68
80,98
<0,150
95,10
19,02
100,00

500,1
Mdulo de Finura:
3,59

O agregado mido foi uma areia mdia proveniente da regio de Alegrete/RS. A


caracterizao deste material tambm se deu pela ABNT NM 248:2003 e encontra-se na Tabela 2.
A massa especifica da areia utilizada foi 2,63 g/cm.
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Tabela 2 Caracterizao granulomtrica do agregado mido.


AREIA
% Retida
Dimetros Peneiras(mm) Massa Retida(g)
Individual
Acumulada
4,800
0,00
0,00
0,00
2,400
17,70
0,25
0,25
1,200
55,70
0,79
1,05
0,600
236,92
3,38
4,43
0,300
4930,00
70,34
74,76
0,150
1617,33
23,07
97,84
0,075
151,50
2,16
100,00
0,075<
0,00
0,00
100,00

7009,15
MODULO DE FINURA:
2,78

Como agregado grado utilizou-se brita n2 de origem basltica oriunda da mesma regio. A
caracterizao foi realizada atravs da ABNT NM 248:2003 e encontra-se na Tabela 3. A massa
especifica do agregado grado foi de 2,92 g/cm.
Tabela 3 Caracterizao granulomtrica do agregado grado.
BRITA
% Retida
Dimetros Peneiras(mm) Massa Retida(g)
Individual
Acumulada
38,100
0,00
0,00
0,00
25,400
0,00
0,00
0,00
19,100
1923,10
27,34
27,34
12,700
3841,00
54,61
81,96
9,520
911,80
12,96
94,92
6,350
331,50
4,71
99,64
4,750
25,60
0,36
100,00
<4,75
0,00
0,00
100,00

7033,00
MODULO DE FINURA:
4,04

Na Figura 2, apresenta-se a distribuio granulomtrica dos agregados utilizados: vidro


modo, areia e brita.

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100,00

% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL

90,00
80,00
70,00
60,00
50,00

VIDRO

40,00

BRITA
AREIA

30,00
20,00
10,00
0,00
0,010

0,100

1,000

10,000

DIMETRO DAS PARTCULAS (mm)

Figura 2 Distribuio granulomtrica dos agregados.


Aps a caracterizao do material, foram moldados 15 corpos-de-prova cilndricos de
concreto para cada trao, com dimenses de 10 x 20 cm (dimetro x altura), utilizando as
recomendaes do Mtodo de Dosagem IPT/EPUSP (HELENE & TERZIAN, 1992), utilizando-se
cimento Portland CP IV-32 e mantendo-se o teor de argamassa em 49% para todos os traos. A
caracterizao do cimento utilizado, fornecida pelo fabricante, encontra-se na Tabela 4.
Tabela 4 Caractersticas fsicas e mecnicas do cimento (dados do fabricante)
Caractersticas
Ensaio
Valor
NBR5733 / 91
Perda ao Fogo
3,54 %
< 4,50 %
Finura (peneira #200)
2,17 %
< 6,00 %
Fsicas
Tempo incio de pega
3h
>1h
Tempo fim de pega
5 h 34 min
< 10 h
3d
21,80 MPa
3d > 24 MPa
Resistncia
Mecnicas
7d
27,40 MPa
7d > 34 MPa
compresso
28d
39,10 MPa 28d
***
Na Tabela 5 apresentam-se os traos e as respectivas quantidades de materiais utilizadas.
Tabela 5 - Quantidade em massa dos materiais utilizados em cada trao
TRAO
VIDRO CIMENTO
AREIA
VIDRO
BRITA
GUA (L)
(%)
(KG)
(KG)
(KG)
(KG)
0% Vidro
0
10,52
20,40
0,0
32,18
4,73
5% Vidro
5
10,52
19,38
1,02
32,18
4,73
10% Vidro
10
10,52
18,36
2,04
32,18
4,73
15% Vidro
15
10,52
17,34
3,06
32,18
4,73
20% Vidro
20
10,52
16,32
4,08
32,18
4,73
100% Vidro
100
10,52
0,00
20,70
32,18
4,73
Os corpos-de-prova foram curados por imerso em soluo de gua e cal hidratada durante
56 dias e, aps este perodo, foram aquecidos em estufa 60C para eliminar o excesso de umidade,
conforme ilustram as Figuras 3a e 3b.

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Figura 3 (a) Cura em tanque com gua e cal; (b) Secagem em estufa.
Aos 63 dias, foram separados por trao em grupos de 3 elementos e aquecidos temperatura
de 600C durante intervalos de 30, 60, 90 e 120 minutos, para aps serem comparados com cp`s
referncia temperatura ambiente. Para o aquecimento, utilizou-se um forno eltrico programvel
(Figura 4) com potncia de 18 kW/h e controlador automtico de temperatura digital, com preciso
de 1C. A taxa de aquecimento adotada foi de 27,5 C/min, valor que se encontra em conformidade
com as observaes feitas por Anderberg [2003], referente taxa mdia de acrscimo na
temperatura, prevista na curva de incndio-padro da ISO 834, para os primeiros 30 minutos de
ensaio. Uma vez atingida temperatura de 600 C, passava-se a controlar o tempo de exposio.
Aps o resfriamento, os cps foram ensaiados compresso simples (Figura 4), de acordo com as
recomendaes da ABNT NBR 5739: 2007.

Figura 4 (a) Forno eltrico; (b) Prensa hidrulica.


3

ANLISE DOS RESULTADOS

Na Figura 5, apresentam-se os resultados experimentais de resistncias compresso


simples para os respectivos traos temperatura ambiente. Os valores representam a mdia de trs
corpos-de-prova submetidos s mesmas condies de ensaio. Cabe salientar que os dados extrados
dos ensaios foram inicialmente filtrados com o intuito de identificar e eliminar valores atpicos. Os
dados numricos coletados foram considerados suspeitos quando o valor absoluto da varivel de
resposta subtrado da mdia de suas repeties era maior que o desvio padro. Uma vez
identificados os valores suspeitos, foram calculados as novas mdias e os novos desvios padres
dos grupos sem considerar estes valores suspeitos. A seguir, procedeu-se novamente a subtrao da
varivel de resposta suspeita pela nova mdia calculada, sendo classificado como valor esprio o
resultado cujo valor absoluto ultrapassasse duas vezes o novo desvio padro. Os valores
experimentais e tratamento estatstico esto apresentados no anexo.

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Figura 5 - Resistncia a compresso temperatura ambiente.


Em relao adio de vidro no concreto para os traos temperatura ambiente, observa-se
que o incremento da porcentagem de vidro na mistura ocasionou reduo na resistncia at o teor de
15% de substituio em relao ao concreto de referncia, comportamento j esperado tendo por
base os resultados experimentais de Barroso et all (2010). Entretanto, no trao com 100% de
substituio, a resistncia obtida foi superior a do concreto referncia. Acredita-se que este
comportamento resultou do aumento no teor de finos da mistura quando comparado com a curva
granulomtrica da areia utilizada, pois o vidro modo foi o passante na peneira ABNT de malha 4,8
mm. Associado a este fato, durante a concretagem manteve-se constante a relao gua/cimento
para todos os traos, independente da trabalhabilidade. Neste teor, inclusive, no foi possvel
realizar o adensamento dos cps manualmente, tendo sido necessrio utilizar uma mesa vibratria
para realizar o procedimento.
Na Figura 6, observam-se os fatores de reduo da resistncia compresso simples quando
o concreto aquecido a 600C nos intervalos de 30, 60, 90 e 120 minutos em relao resistncia a
compresso simples dos respectivos traos de referncia temperatura ambiente.
1,2

Fator de Reduo da Resistncia Compresso


1

Tempo

0,8

FATOR DE REDUO

30 mim
60 mim
0,6

90 mim
120 mim
0,4

0,2

0
0%

5%

10%

15%

20%

100%

TEOR DE SUBSTITUIO - AREIA POR VIDRO MODO

Figura 6 Fatores de reduo da resistncia pela exposio a elevadas temperaturas.


Para interpretao dos resultados e melhor compreenso, faz-se necessrio dividir a anlise
em duas etapas: efeito do tempo de exposio 600C e efeito do teor de vidro na mistura.
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3.1

Efeito do tempo de exposio 600C

Observa-se que a exposio 600C em diferentes intervalos de tempo ocasionou uma


reduo gradual na resistncia compresso e esta, na maioria dos casos, foi diretamente
proporcional ao incremento do tempo de exposio, fato j reportado em Lima (2005) e Kirchhof
(2010). Para o tempo de 90 minutos, dois comportamentos atpicos foram observados para os teores
de substituio de 10 e 15%, o que provavelmente deva estar mais relacionado a variabilidade
experimental do que tendncia de comportamento diferenciada.
No teor de 100%, no se obteve resultados em nenhum intervalo de tempo de exposio
600C, devido a todos os corpos-de-prova terem sofrido spalling. Isso se deve ao trao ter
apresentado um comportamento de um concreto de alta resistncia, devido grande presena de
finos, onde a liberao da presso interna de vapor durante o aquecimento dificultada em funo
de sua matriz muito compacta. Conforme explicado por Lima (2005), quando as massas se
encontram saturadas a presso interna de vapor se eleva, ultrapassando a capacidade de liberao de
vapores pelos poros e nestes casos, o spalling pode ocorrer j nos primeiros 30 minutos de ensaio.
3.2

Efeito do teor de vidro na mistura

Analisa-se que em todos os tempos de exposio 600C, os traos obtiveram um


comportamento similar, tendo um incremento de resistncia at o teor de 15% e decaindo a partir
deste. Isso se deve ao concreto apresentar uma matriz mais aberta nos teores mais baixos, reduzindo
assim a compacidade, o que levou a uma maior facilidade da evaporao da gua interna do
concreto. Contudo, percebe-se que houve duas excees nos teores 10% e 15% expostos a 60 e 90
minutos 600C, respectivamente.
Com o aumento do teor de vidro no concreto, observa-se que a partir de 15% de
substituio, o mesmo comeou a apresentar um comportamento diferenciado, levando a uma
melhor compacidade da matriz cimentcia, o que contribui para uma maior incidncia do fenmeno
chamado spalling. No teor de 100%, no se obteve resultados em nenhum intervalo de tempo de
exposio 600C, devido a todos os corpos-de-prova terem sofrido spalling. Isso se deve ao trao
ter apresentado um comportamento de um concreto de alta resistncia, devido grande presena de
finos, onde a liberao da presso interna de vapor durante o aquecimento dificultada em funo
de sua matriz muito compacta. Conforme explicado por Lima (2005), quando as massas se
encontram saturadas a presso interna de vapor se eleva, ultrapassando a capacidade de liberao de
vapores pelos poros e nestes casos, o spalling pode ocorrer j nos primeiros 30 minutos de ensaio.
4

CONCLUSES

As resistncias dos diferentes traos analisados temperatura ambiente foram compatveis


com as resistncias de dosagem usualmente especificadas na produo de concretos, sendo possvel
afirmar que o teor de substituio mais adequado nesta pesquisa foi de 20%, pois atingiu-se um
patamar de resistncia equivalente ao concreto sem substituio. No caso da substituio de 100%
da areia por vidro, apesar de atingir-se uma resistncia superior, a trabalhabilidade foi altamente
prejudicada inviabilizando a moldagem manual dos corpos-de-prova.
Por outro lado, analisando-se o efeito da exposio dos concretos a elevadas temperaturas,
observa-se que a exposio 600C em diferentes intervalos de tempo ocasionou uma reduo
gradual na resistncia compresso e esta, na maioria dos casos, foi diretamente proporcional ao
incremento do tempo de exposio. Em particular, no teor de 20% constata-se um comportamento
similar ao concreto sem substituio em todos os tempos de exposio, indicando novamente que
este teor seria o mais indicado para os resultados desta pesquisa. No teor de 100%, todos os corposde-prova sofreram spalling, provavelmente devido ao acrscimo de presso nos poros pelo
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aquecimento, em virtude da evaporao de gua e s tenses geradas pelos gradientes de


deformaes trmicas.
Finalizando, este trabalho apresentou os resultados do estudo exploratrio do uso de vidro
reciclado como parte do agregado mido para fabricao de concretos, com a finalidade de
promover uma reutilizao de um material que, em forma de sucata, tem valor de mercado
insignificante, tendo como foco principal a degradao pela exposio a elevadas temperaturas.
Entretanto, destaca-se que o vidro possui slica em sua composio qumica e, diante disto, a
mistura deste material com cimento pode desenvolver uma reao entre os lcalis do cimento com a
slica do vidro que em presena de umidade pode gerar um gel expansivo prejudicial ao concreto.
Considerando que a utilizao de vidro modo no concreto tem um apelo sustentvel pela
conservao de recursos naturais e diminuio da quantidade de lixo depositado em aterros
sanitrios e lixes, assim colaborando com o meio ambiente, sugere-se a continuidade deste tema
em trabalhos futuros, especificamente em relao investigao das reaes lcali-slica do vidro
com o cimento e viabilidade econmica de produzir concretos com sucata de vidro a preos
competitivos no mercado.
AGRADECIMENTOS
Universidade Federal do Pampa, pelo fomento a esta pesquisa atravs do Programa de Bolsa de
Desenvolvimento Acadmico (PBDA).
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. Agregados para Concreto
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ANEXO
A seguir, na Tabela 6 apresentam-se os resultados experimentais de resistncia compresso
simples bem como o desvio padro dos resultados aps eliminado os valores considerados esprios,
de acordo com os critrios definidos no item 3.
Tabela 6 - Resultados experimentais de resistncia compresso simples
Tempo
Teor Vidro Resistncia
Tratamento
Desvio
Resistncia
Exposio
(%)
(MPa)
Esprio
Padro
Mdia (MPa)
0
33,00
Eliminado
Temp.
0
38,08
Ok
0,51
37,72
Ambiente
0
37,36
Ok
0
31,96
Ok
30 mim
0
35,36
Ok
1,71
33,77
600
0
33,98
Ok
0
26,66
Eliminado
60 mim
0
32,33
Ok
0,13
32,24
600
0
32,14
Ok
0
29,76
Ok
90 mim
0
28,44
Ok
0,93
29,10
600
0
25,95
Eliminado
0
20,44
Ok
120 mim
0
20,97
Ok
0,63
21,03
600
0
21,69
Ok
5
34,33
Ok
Temp.
5
36,68
Ok
1,66
35,505
Ambiente
5
28,45
Eliminado
5
35,26
Ok
30 mim
5
33,02
Ok
1,58
34,14
600
5
27,81
Eliminado
5
22,80
Eliminado
60 mim
5
33,38
Ok
3,29
31,06
600
5
28,73
Ok
5
26,91
Ok
90 mim
0,04
26,94
5
26,98
Ok
600
5
26,94
Ok
5
17,6
Eliminado
120 mim
5
20,47
Ok
0,45
20,785
600
5
21,1
Ok
10
25,6
Eliminado
Temp.
10
32,54
Ok
0,28
32,35
Ambiente
10
32,15
Ok
10
35,93
Eliminado
30 mim
10
31,36
Ok
1,13
32,16
600
10
32,96
Ok
10
31,1
Eliminado
60 mim
10
26,76
Ok
0,53
27,14
600
10
27,51
Ok
10
23,63
Eliminado
90 mim
10
21,18
Ok
0,55
20,79
600
10
20,4
Ok
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120 mim
600
Temp.
Ambiente
30 mim
600
60 mim
600
90 mim
600
120 mim
600
Temp.
Ambiente
30 mim
600
60 mim
600
90 mim
600
120 mim
600
Temp.
Ambiente
30 mim
600
60 mim
600
90 mim
600
120 mim
600

10
10
10
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100

22,54
23,93
18,59
26,21
22,13
25,77
28,81
27,54
23,89
23,83
29,03
23,55
17,7
21,77
17,57
20,8
17,48
21,14
35,00
38,61
36,33
35,69
31,7
29,66
29,34
25,33
27,00
21,98
20,84
40,15
42,31
44,2
-

Ok
Ok
Eliminado
Ok
Eliminado
Ok
Ok
Ok
Eliminado
Ok
Eliminado
Ok
Ok
Eliminado
Ok
Ok
Eliminado
Ok
Ok
Ok
Ok
Ok
Eliminado
Ok
Ok
Eliminado
Ok
Ok
Ok
Eliminado
Ok
Ok
Eliminado
Ok
Ok
Ok
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling

0,98

23,24

0,31

25,99

0,90

28,18

0,20

23,69

0,09

17,64

0,24

20,97

1,83

36,65

2,82

33,70

0,23

29,50

1,18

26,17

0,81

21,41

2,03

42,22

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