Artigo Vidro Moido
Artigo Vidro Moido
Artigo Vidro Moido
Resumo
Visando o desenvolvimento sustentvel do planeta e a preservao do meio ambiente, muitos governos e
ONGs esto questionando o elevando volume de resduos reciclveis em aterros sanitrios. Nesta pesquisa,
estudou-se a substituio da areia utilizada na produo de concreto por sucata de vidro modo, proveniente
da moagem de garrafas long neck de vidro. Essas garrafas so consideradas atualmente um dos mais
problemticos resduos gerados do mundo, pois aps o consumo da bebida so simplesmente descartadas, ou
seja, o material tratado como lixo ocupando espao do destino final. A pesquisa contemplou ainda a
avaliao do comportamento dos concretos produzidos em altas temperaturas, simulando a exposio a um
incndio. Sabe-se que as estruturas de concreto apresentam boa resistncia quando submetidas a elevadas
temperaturas em virtude das caractersticas trmicas do material, no entanto as estruturas de concreto podem
estar sujeitas a um colapso por instabilidade da pea, isso porque o incndio provoca a reduo da resistncia
do concreto trao e compresso. Neste estudo, alm dos ensaios de resistncia compresso simples
temperatura de servio, tambm se analisou o seu comportamento 600C. Foram moldados corpos-deprova cilndricos de 10 x 20 cm, para as substituies parciais de 0%, 5%, 10%, 15%, 20% e at 100% da
quantidade de areia por vidro modo, os quais foram submetidos ensaios aos 63 dias, com trao 1 : 1,94 :
3,06 (cimento: areia: brita) e uma relao a/c de 0,45. Os resultados obtidos indicam que a substituio de
areia por vidro, em diferentes teores, no alterou significativamente a resistncia compresso temperatura
ambiente; entretanto, 600C observou-se uma reduo na resistncia.
Palavras-chave: sustentabilidade, concreto, vidro, altas temperaturas, incndio.
Abstract
In this research, we have been studied the use of crushed glass, arising from long neck bottles, instead of
sand in the concretes constitution. These kind of bottles are considered one of the most inconvenient
residues of the world, after been drank the bottle is thrown away as regular rubbish taking many space in the
final trashs destination. This research also observed the reactions of the concrete produced in high
temperatures, as in a fire situation. Although concrete structures have great resistance when submitted to
high temperatures, due the materials thermal characteristic, the concretes structure can collapse due
instability, thats because the fire reduces the concrete strength to traction and compression. In this study,
beside the resistance testing to pure compression when submitted to service temperature, has been also
analysed the characteristics to 600 C. Bodies-of-proof, of 10x20 cm, has been formed to the partial
substitutions of 0%, 5%, 10%, 15%, 20% and even 100% of crushed glass instead sand, they were submitted
to 63 days testing and the mixing of 1 : 1,94 : 3,06 (cement: sand: gravel) and a water/cement relation of
0,45. The results shown that a substitution of sand, havent modified significantly the resistance in the same
temperature as the environment. However, at 600 C the resistance decrease considerably.
Keywords: sustainable, concrete, glass, high temperature, fire.
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INTRODUO
substituio parcial de 30% do volume de cimento por vidro modo. Alm disso, ensaios em
argamassas foram realizados para estudar a potencialidade de expanso induzida pela reao lcalislica. Os resultados demonstraram que o efeito do tamanho das partculas de vidro modo no
desempenho do concreto bastante significativo. Concretos produzidos com tamanhos de partculas
de vidro modo menores do que 75 m apresentaram um aumento na resistncia compresso bem
como uma menor expanso quando comparada ao trao padro. De acordo com os autores, o
aumento de resistncia e a reduo da expanso induzida pela reao lcali-slica associadas ao
efeito do tamanho de partcula so um forte indicativo de atividade pozolnica no material.
Os resultados obtidos por Lopez (2003) mostram uma tendncia de aumento da tenso
mdia de ruptura com o aumento da granulometria do material at atingir a granulometria entre 0,15
0,30 mm, aps o qual a tenso de ruptura diminui novamente se mantendo num patamar, porm,
superior ao do corpo de prova de referncia. Este aumento da tenso mdia poderia ser causado pelo
preenchimento de vazios pelo vidro fino. Os espaos entre os agregados utilizados, principalmente
entre a areia, estariam sendo ocupados pelo vidro, fazendo com que o material fique mais resistente.
Topu e Ganbaz (2004) utilizaram vidro modo de cores diversas na confeco de concretos,
com granulometria variando entre 4 e 16 mm, em substituio parcial do agregado grado, nas
porcentagens de 0%, 15%, 30%, 45% e 60%, com vistas a estudar seu efeito na trabalhabilidade e
resistncia do concreto. Para anlise da reao lcali-slica foram confeccionadas argamassas com
substituio de vidro modo pela areia nas seguintes porcentagens: 0%, 25%, 50% 75% e 100%.
modo. Quanto trabalhabilidade, os resultados demonstraram que a adio de vidro modo no
teve um efeito considervel no concreto, no seguindo uma linha de tendncia com o aumento da
porcentagem de vidro. Essa discrepncia foi atribuda geometria pobre (distribuio
granulomtrica no uniforme) do vidro modo. Com referncia aos ensaios de resistncia, pode-se
observar que h uma reduo da resistncia do material com o aumento da porcentagem de vidro
modo. Esse comportamento pode ser atribudo alta fragilidade do vidro modo que leva ao
surgimento de fissuras, dificultando a adeso entre o vidro e a pasta de cimento. Alm disso,
novamente os autores salientam que sua geometria pobre no permitiu que uma distribuio
granulomtrica homognea fosse alcanada. Com relao reao lcali-slica, esta acontece de
forma mais lenta, quanto menor for o teor de vidro modo na mistura. Alm disso, foi observado
que apesar da cor do vidro no produzir efeitos na resistncia do concreto, constatou-se que aps
alguns dias de ensaio, o vidro branco dilatou-se mais que o vidro verde e marrom, excedendo,
assim, o limite de expanso exigido por norma.
A crescente e variada utilizao do concreto em elementos estruturais demanda que seja
efetuada uma detalhada avaliao de suas propriedades em situaes peculiares, tais como durante a
ocorrncia de incndios. Em edificaes, sinistros deste tipo representam um das mais severas
formas de exposio a que a estrutura pode estar submetida.
Este trabalho apresenta resultados parciais de um estudo que buscou analisar a resistncia
compresso de concretos, com substituio da areia por vidro modo em diferentes de teores, aps
exposio a elevadas temperaturas, buscando simular a degradao do concreto quando os
elementos estruturais so expostos a incndios.
Como explica Neville (1997), o concreto, em princpio, apresenta um desempenho adequado
ao ser submetido ao calor, uma vez que, durante o processo de aquecimento, no ocorre o
desprendimento de gases txicos, e o intervalo de tempo que o mesmo resiste ao calor, mantendo
boas caractersticas, relativamente longo. Alm disto, o concreto um material no combustvel e
que possui baixa condutividade trmica. No entanto, sob certas condies, os efeitos do
aquecimento podem ser mais variveis e intensos, inspirando cuidados e levantando dvidas sobre o
desempenho de alguns tipos de concreto, prevenindo a formao de conceitos genricos a respeito
do assunto.
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METODOLOGIA
500,1
Mdulo de Finura:
3,59
7009,15
MODULO DE FINURA:
2,78
Como agregado grado utilizou-se brita n2 de origem basltica oriunda da mesma regio. A
caracterizao foi realizada atravs da ABNT NM 248:2003 e encontra-se na Tabela 3. A massa
especifica do agregado grado foi de 2,92 g/cm.
Tabela 3 Caracterizao granulomtrica do agregado grado.
BRITA
% Retida
Dimetros Peneiras(mm) Massa Retida(g)
Individual
Acumulada
38,100
0,00
0,00
0,00
25,400
0,00
0,00
0,00
19,100
1923,10
27,34
27,34
12,700
3841,00
54,61
81,96
9,520
911,80
12,96
94,92
6,350
331,50
4,71
99,64
4,750
25,60
0,36
100,00
<4,75
0,00
0,00
100,00
7033,00
MODULO DE FINURA:
4,04
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100,00
90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
VIDRO
40,00
BRITA
AREIA
30,00
20,00
10,00
0,00
0,010
0,100
1,000
10,000
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Figura 3 (a) Cura em tanque com gua e cal; (b) Secagem em estufa.
Aos 63 dias, foram separados por trao em grupos de 3 elementos e aquecidos temperatura
de 600C durante intervalos de 30, 60, 90 e 120 minutos, para aps serem comparados com cp`s
referncia temperatura ambiente. Para o aquecimento, utilizou-se um forno eltrico programvel
(Figura 4) com potncia de 18 kW/h e controlador automtico de temperatura digital, com preciso
de 1C. A taxa de aquecimento adotada foi de 27,5 C/min, valor que se encontra em conformidade
com as observaes feitas por Anderberg [2003], referente taxa mdia de acrscimo na
temperatura, prevista na curva de incndio-padro da ISO 834, para os primeiros 30 minutos de
ensaio. Uma vez atingida temperatura de 600 C, passava-se a controlar o tempo de exposio.
Aps o resfriamento, os cps foram ensaiados compresso simples (Figura 4), de acordo com as
recomendaes da ABNT NBR 5739: 2007.
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Tempo
0,8
FATOR DE REDUO
30 mim
60 mim
0,6
90 mim
120 mim
0,4
0,2
0
0%
5%
10%
15%
20%
100%
3.1
CONCLUSES
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CRENTSIL, K. S., BROWN, T., TAYLOR, A., Recycled glass as sand replacement in premix
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FERRARI, G.; JORGE, J. Materiais e Tecnologias. So Paulo: Universidade Bandeirantes. (Notas
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HELENE, P.; TERZIAN, P. Manual de Dosagem e Controle do Concreto. Ed. Pini, Braslia,
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KIRCHHOF, L.D. Estudo terico-experimental da influncia do teor de umidade no fenmeno
spalling em concretos expostos a elevadas temperaturas. 2010. Tese (Doutorado em
Engenharia Civil), Escola de Engenharia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
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LIMA, R.C.A. Investigao do comportamento de concretos em temperaturas elevadas. 2005.
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Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
LPEZ , D. A. R; AZEVEDO , C. A. P.; BARBOZA NETO, E. Avaliao das propriedades fsicas
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So Paulo, v.51, n.320, p. 318-324, 2005.
LPEZ, D. A. R., AZEVEDO, C. A. P. de. Avaliao da utilizao de vidro cominuido como
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MARQUES, A. C.; RICCI, E. C.; TRIGO, A. P. M.; AKASAKI, J. L. Resistncia Mecnica do
Concreto Adicionado de Borracha de Pneu Submetido Elevada Temperatura. Anais
das XXXII Jornadas Sulamericanas de Engenharia Estrutural. Campinas So Paulo. 2006.
MEYER, C., Y. Xi, J. Mater. in Civil Eng. ASCE 11, 2 (1999).
NEVILLE, A.M. Propriedades do concreto. 2. ed. So Paulo: Pini, 1997. Traduo de Salvador E.
Giammusso.
SANTOS,
A.
R.
Vidro
Tecnologias
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Disponvel
em:
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waste glass. Cement and Concrete Research. Elmsford, v.30, n.1, p. 91100, 2000.
TOPU, I. B., CANBAZ, M. Properties of concrete containing waste glass. Cement and Concrete
Research. Elmsford, v.34, n.1, p. 267274, 2004.
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ANEXO
A seguir, na Tabela 6 apresentam-se os resultados experimentais de resistncia compresso
simples bem como o desvio padro dos resultados aps eliminado os valores considerados esprios,
de acordo com os critrios definidos no item 3.
Tabela 6 - Resultados experimentais de resistncia compresso simples
Tempo
Teor Vidro Resistncia
Tratamento
Desvio
Resistncia
Exposio
(%)
(MPa)
Esprio
Padro
Mdia (MPa)
0
33,00
Eliminado
Temp.
0
38,08
Ok
0,51
37,72
Ambiente
0
37,36
Ok
0
31,96
Ok
30 mim
0
35,36
Ok
1,71
33,77
600
0
33,98
Ok
0
26,66
Eliminado
60 mim
0
32,33
Ok
0,13
32,24
600
0
32,14
Ok
0
29,76
Ok
90 mim
0
28,44
Ok
0,93
29,10
600
0
25,95
Eliminado
0
20,44
Ok
120 mim
0
20,97
Ok
0,63
21,03
600
0
21,69
Ok
5
34,33
Ok
Temp.
5
36,68
Ok
1,66
35,505
Ambiente
5
28,45
Eliminado
5
35,26
Ok
30 mim
5
33,02
Ok
1,58
34,14
600
5
27,81
Eliminado
5
22,80
Eliminado
60 mim
5
33,38
Ok
3,29
31,06
600
5
28,73
Ok
5
26,91
Ok
90 mim
0,04
26,94
5
26,98
Ok
600
5
26,94
Ok
5
17,6
Eliminado
120 mim
5
20,47
Ok
0,45
20,785
600
5
21,1
Ok
10
25,6
Eliminado
Temp.
10
32,54
Ok
0,28
32,35
Ambiente
10
32,15
Ok
10
35,93
Eliminado
30 mim
10
31,36
Ok
1,13
32,16
600
10
32,96
Ok
10
31,1
Eliminado
60 mim
10
26,76
Ok
0,53
27,14
600
10
27,51
Ok
10
23,63
Eliminado
90 mim
10
21,18
Ok
0,55
20,79
600
10
20,4
Ok
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120 mim
600
Temp.
Ambiente
30 mim
600
60 mim
600
90 mim
600
120 mim
600
Temp.
Ambiente
30 mim
600
60 mim
600
90 mim
600
120 mim
600
Temp.
Ambiente
30 mim
600
60 mim
600
90 mim
600
120 mim
600
10
10
10
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
22,54
23,93
18,59
26,21
22,13
25,77
28,81
27,54
23,89
23,83
29,03
23,55
17,7
21,77
17,57
20,8
17,48
21,14
35,00
38,61
36,33
35,69
31,7
29,66
29,34
25,33
27,00
21,98
20,84
40,15
42,31
44,2
-
Ok
Ok
Eliminado
Ok
Eliminado
Ok
Ok
Ok
Eliminado
Ok
Eliminado
Ok
Ok
Eliminado
Ok
Ok
Eliminado
Ok
Ok
Ok
Ok
Ok
Eliminado
Ok
Ok
Eliminado
Ok
Ok
Ok
Eliminado
Ok
Ok
Eliminado
Ok
Ok
Ok
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
Spalling
0,98
23,24
0,31
25,99
0,90
28,18
0,20
23,69
0,09
17,64
0,24
20,97
1,83
36,65
2,82
33,70
0,23
29,50
1,18
26,17
0,81
21,41
2,03
42,22
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