Abdome Agudo
Abdome Agudo
Abdome Agudo
CONCEITO
Dor abdominal no traumtica, de aparecimento sbito/recente e de intensidade varivel
associada ou no a outros sintomas. Geralmente com durao de horas at quatro dias, no
ultrapassando sete dias. Em geral, necessita de interveno mdica imediata, cirrgica ou
no.
ETIOLOGIA
Condies cirrgicas
Hemorragia
Infeco/inflam
ao
Perfurao
Obstruo
Isquemia/vascul
ar
Causas no cirrgicas
Endcrinas/metabli
cas
Hematolgicas
Toxinas/drogas
Uremia
Crises diabticas e crises addisonianas
Porfiria intermitente aguda
Febre mediterrnea gereditria
Crises falcmicas
Leucemia aguda
Outras discrasias sanguneas
Envenenamento por chumbo ou outro metal
pesado
Abstinncia de narctico
Envenenamento por aranha viva negra
ANATOMIA/FISIOLOGIA
DIAGNSTICO
Objetivo inicial: diagnstico sindrmico avaliar e tratar riscos, definir tto inicial,
abreviar controle dos sintomas/investigao diagnstica e direcionar para tto definitivo
Considerar sempre idade e sexo (condies mais prevalentes)
Anamnese:
1. Dor
2. Sintomas associados
Nuseas, vmitos, constipao, diarreia,
hematria, parada de eliminao de flatos
Relao temporal com a dor
prurido,
melena,
hematoquezia,
3. HP
Diagnsticos prvios
Comorbidades
Cirurgias/internaes
Medicamentos
(narcticos,
antiinflamatrios,
anticoagulantes)
Drogas (lcool, cocana, metanfetamina)
Histria gineco-obsttrica (menstruaes, DUM)
imunossupressores,
Exame fsico
1. Avaliao geral
Deambulao
Posio do paciente: deitado/sentado, imvel/inquieto, membros inferiores
fletidos
Hidratao, palidez, cianose
Sinais vitais: PA, febre (alta/baixa)
2. Inspeo do abdome
Cicatrizes
Abaulamento (tumor, hrnia)
Plano, escavado, distendido
Edema, eritema, cianose
Respirao: interrompida pela dor
3. Ausculta do abdome - rudos
TGI e vasculatura
Quantidade, qualidade, altura, padro, sopros
Abdome agudo obstrutivo: peristaltismo de luta (rudos metlicos em tom alto)
4. Percusso do abdome
Avaliar distenso gasosa intestinal, ar livre intra-abdominal, grau de ascite e
peritonite
Timpanismo x macicez
Sinal de Joubert: som timpnico na lcera perfurada
5. Palpao do abdome
Sinal de defesa (voluntria x involuntria) - melhor meio de diferenciar: distrair o
paciente
Sinal de Aaron
Sinal
de
Bassler
Sinal
de
Blumberg
Sinal
de
Carnett
Sinal
de
Chandelier
Sinal
de
Charcot
Sinal
de
Claybrook
Sinal
de
Courvousier
Sinal de Cullen
Sinal
de
Danforth
Sinal
de
Fothergill
Sinal
de
Giordano
Sinal de Grey
Apendicite aguda
Equimose periumbilical
Dor no ombro inspirao
Hemoperitnio
Hemoperitnio
Hematomas do m reto
Equimose em flancos
Apendicite crnica
Inflamao peritoneal
Fonte intra-abdominal
de dor abdominal
DIP
Coledocolitase
Tumor periampular
Inflamo
retroperitoneal
Pancreatite
Turner
Sinal
do
ileopsoas
Sinal de Kehr
Sinal
Mannkopf
Sinal
Murphy
Sinal
obturador
de
de
do
Sinal
de
Ransohof
Sinal
de
Rovsing
Sinal de Tem
Horn
hemorrgica aguda
Apendicite
com
abscesso retrocecal
Colecistite aguda
Irritao diafragmtica
Ausncia
de
malignidade
Colecistite aguda
Apendicite
Abscesso plvico ou
massa inflamatria na
pelve
Ducto biliar comum
rompido
Apendicite aguda
Apendicite aguda
6. Outros:
Toque retal: no necessrio em todos os casos
- Manobra de Idice-Samartino: toque retal simultneo com palpao abdominal
Toque vaginal: importante para diagnstico diferencial com DIP
Exames laboratoriais
Sang
ue
Urina
Fezes
Exames de imagem
1) Radiografia abdominal
Detecta: 10% clculos biliares, 90% dos clculos urinrios, apendicolitos,
calcificaes pancreticas, nvel hidroareo, retropneumoperitnio
til em abdome agudo perfurativo ou obstrutivo
2) TC abdominal
2 exame de escolha melhor exame para diagnstico e avaliao, exceto em
doenas de vias biliares. Otimo exame para apendicite, diferenciao de
obstruo x leo funcional, identificar ponto de obstruo
3) US abdominal
Avaliao da vescula biliar (clculos e espessamento da parede), dimetros dos
ductos biliares, anormalidades de tero/ovrios/anexos, deteco de lquido
intraperitoneal abdome hemorrgico ou inflamatrio
Pouco til em distenso abdominal importante ou IMC > 30
Examinador dependente, limitada pela presena de gs
4) Laparoscopia diagnstica
Alta S/E, possibilidade de tto, menor morbidade/mortalidade, menor tempo de
internao
Meio diagnstico definitivo (quando os exames anteriores foram insuficientes) e
teraputico; requer equipe treinada
5) Laparotomia exploradora
Meio diagnstico definitivo (quando os exames anteriores foram insuficientes e a
laparoscopia no esteja disponvel) e teraputico
ABORDAGEM
DOENA PPTICA
COLECISTITE AGUDA
Caracterizada por dor no andar superior direito do abdmen h mais de 6 horas, com
sinais ultra-snicos de colecistite, ou dor no hipocndrio direito com litase vesicular ao
US, podendo estar associada febre, leucocitose e/ou PCR >10mg/l. Em 90% dos casos
a causa da colecistite aguda a litase, e 75% destes pacientes apresentam
antecedentes de clica biliar e diagnstico de colecistite crnica calculosa.
A dor da clica biliar causada pelo espasmo do ducto cstico, desencadeado pelo
estmulo da colecistoquinina durante a alimentao. tipicamente do tipo clica no
epigstrio e hipocndrio direito, associada a nuseas e vmitos e de durao menor
que 6 horas. A dor na colecistite aguda geralmente causada pela obstruo do
ducto cstico pela impactao do clculo biliar e seguida da inflamao da mucosa
vesicular. Pode ainda ocorrer infeco secundria evoluindo para empiema, necrose e
at a perfurao da vescula biliar. Cerca de 10% dos casos de colecistite aguda
apresentam perfurao, levando, em algumas casusticas, a 20% de mortalidade.
Os exames laboratoriais podem apresentar: leucocitose, elevao da FA e
transaminases. Geralmente no h elevao das bilirrubinas, porm na Sndrome de
Mirizzi, que ocorre quando clculos grandes impactam no infundbulo e/ou ducto cstico
erodindo a parede e acometendo o interior do ducto heptico comum, podemos
encontrar hiperbilirrubinemia.
O exame diagnstico de eleio o US abdominal, com S e E de 95%. Em casos
duvidosos a TC ou a cintilografia podem auxiliar.
A colecistite aguda alitisica, ocorre em 5 a 10% das colecistites agudas. Acomete,
principalmente, pacientes debilitados e imunodeprimidos, em uso de nutrio
parenteral prolongada, diabticos, portadores de insuficincia renal crnica, vasculites,
HIV ou ainda idiopticas.
O tratamento definitivo da colecistite aguda a colecistectomia. Existe alguma
discusso sobre o melhor momento para a realizao da cirurgia e a via de acesso a ser
utilizada. A ATB deve ser direcionada para germes gram negativos, e germes
anaerbios nos idosos e na colecistite alitisica. O tto cirrgico deve ser realizado
preferencialmente nas primeiras 24 a 48 horas de internao, sem caracterizar uma
situao de emergncia, dependendo da resposta ao tratamento com ATB. A
COLANGITE
APENDICITE AGUDA
aps a resseco do apndice que pode durar alguns dias. No existe consenso na
literatura sobre a durao da antibioticoterapia ps-cirrgica.
A videolaparoscopia indicada em casos de dvida diagnstica, permitindo a melhor
explorao da pelve e rgos ginecolgicos, ou ainda em pacientes selecionados que
iro se beneficiar pela via de acesso, principalmente os pacientes obesos.
PANCREATITE AGUDA
DIVERTICULITE
A doena diverticular dos clons freqente em faixas etrias mais avanadas, sendo
encontrada em 1/3 da populao acima de 50 anos, e 2/3 da populao acima dos 80
anos. Cerca de 25% desta populao pode apresentar diverticulite aguda. Esta
complicao da doena diverticular ocorre por inflamao e infeco do divertculo,
geralmente decorrente da ocluso do seu stio por fezes ou resduos alimentares,
podendo levar at perfurao.
A sintomatologia varivel, pois depende da localizao do divertculo, podendo
evoluir com pneumoperitnio se perfurado para a cavidade abdominal, ou abscessos
em flanco ou bloqueios abdominais. Na avaliao do paciente a constipao crnica e
os antecedentes familiares e pessoais de doena diverticular devem ser investigados.
OBSTRUO INTESTINAL
Em cerca de 75% dos casos, a ocluso intestinal tem como causa as aderncias entre
alas, provenientes de cirurgias abdominais prvias. As demais obstrues so
causadas por hrnias, fecalomas, neoplasias, doena de Crohn, volvos, intussuscepo,
leo biliar e outras. Aproximadamente, 15% dos pacientes submetidos laparotomias
sero admitidos em servios de urgncia com quadros obstrutivos, e 3% necessitaro
de reintervenes cirrgicas para lise de aderncias. Estima-se que, em 10 anos ps
laparotomia, o risco de ser acometido por obstruo intestinal seja de 40%.
O quadro clnico tpico com dores abdominais difusas tipo clica, nuseas e vmitos,
parada de eliminao de flatos e fezes, e distenso abdominal progressiva. Os vmitos
so inicialmente com contedo gstrico, seguido de bile, chegando at a caracterstica
fecalide. Ao exame fsico notamos grande distenso abdominal, timpanismo
percusso, e dor difusa palpao. Os rudos hidroareos so inicialmente aumentados
com timbre metlico, podendo estar ausentes em quadros avanados. O exame fsico
compreende tambm a avaliao da regio inguinal, procura de possveis herniaes.
Os exames laboratoriais apresentam alteraes relacionadas s condies
hidroeletroltica e infecciosa.
A radiologia simples do abdmen apresenta edema de alas intestinal e presena de
nveis hidroareos nas grafias em posio ortosttica, confirmando a obstruo de
intestino delgado.
O tratamento consiste em reposio hdrica vigorosa e restabelecimento
hidroeletroltico, jejum e descompresso do trnsito intestinal por sonda gstrica,
durante 24 a 48 horas. Espera-se a resoluo espontnea do quadro. Nos pacientes
sem resoluo ou melhora progressiva, deve-se avaliar a necessidade de tratamento
cirrgico para lise de aderncias. A obstruo intestinal causada por hrnias, volvo de
sigmide, isquemia intestinal, intussuscepo e neoplasias devem ser tratadas, o mais
precocemente possvel, por meio de cirurgia.