Crfa P1
Crfa P1
Crfa P1
1. INTRODUO:
De acordo com LEVY NETO e PARDINI (2006), a caracterstica bsica dos compsitos
estruturais combinar a nvel macroscpico pelo menos duas fases distintas denominadas de
matriz e reforo. Nestes materiais, a matriz, normalmente apresentada na forma de aglutinante,
permite que os reforos, os quais frequentemente so oferecidos na forma filamentar, transfiram
os esforos mecnicos entre si, trabalhando assim, ambos os materiais de forma integrada.
Segundo HULL e CLYNE (1996), a origem desta classe de material remonta a incontveis
milhares de anos, uma vez que as madeiras, os ossos e os tecidos musculares so exemplos
notveis dos chamados compsitos naturais.
De acordo com FIGUEIREDO (2000) e MEHTA e MONTEIRO (2006), a utilizao de
materiais compsitos na construo civil remete ao Antigo Egito. Os referidos autores
destacaram as seguintes citaes das Escrituras Sagradas:
Portanto deu ordem Fara, naquele mesmo dia, aos exatores do povo, e aos seus oficiais,
dizendo: Daqui em diante no torneis a dar palha ao povo, para fazer tijolos, como fizestes
antes: vo eles mesmos, e colham palha para si. (x 5, 6s).
No que diz respeito s fibras utilizadas na construo civil, NAAMAN (2003) comenta que as
fibras discretas usadas no concreto podem ser classificadas de diferentes modos, quanto ao
material constituinte (metlicas, minerais, naturais e sintticas ver Figura 1.1), quanto s
propriedades fsico-qumicas (densidade, rugosidade da superfcie, estabilidade qumica, etc) e
quanto s propriedades mecnicas (resistncia trao, mdulo de elasticidade, rigidez,
ductilidade, etc).
a) Metlicas (ao)
b) Minerais (vidro)
c) Naturais (sisal)
d) Sintticas (polipropileno)
Figura 1.1. Tipos de fibras utilizadas na contruo civil.
A eficcia das fibras em melhorar as propriedades mecnicas da matriz de concreto pode ser
atribuda principalmente aos mecanismos responsveis pela transferncia de tenses entre a fibra
e o concreto e pelo ao efeito de costura das fissuras pelas fibras. Os aspectos mencionados
anteriormente (a transferncia de tenses e o efeito de costura), assim como outras
propriedades do concreto com fibras sero discutidos nas sees seguintes.
a)
b)
c)
d)
e)
Figura 2.2. Fibras em pentes e individuais.
f)
Tipo
40
1000
II
30
500
40
800
II
30
500
III
30
800
40
1000
II
30
500
De acordo com o ACI 544.1R-96, as fibras de ao lisas, ou seja, sem mecanismo de ancoragem
nas extremidades e com seo transversal circular (fibras RI da Tabela 2.1) so produzidas do
corte de fios de ao, com dimetro, df, variando entre 0.25 e 1.00 mm. As fibras lisas com seo
retangular (fibras RII da Tabela 2.1) so produzidas do corte de chapas de ao ou do
achatamento dos fios de ao e apresentam dimenso que variam entre 0.15e0.64 mm e
0.25w2.03 mm. Ainda segundo o ACI 544.1R-96, o comprimento das fibras abrange valores
entre 6.4 e 76 mm.
Materiais
Cimento
Pozolana
Agregado grado
Agregado mido
Superplastificante
gua
Fibras de ao
Material
Cimento
Cinza volante
Brita 12
Areia
Areia fina
Superplastificante
gua
Fibras
Material
Cimento (CP II E32)
Brita (max=6.3 mm)
Areia
Superplastificante
gua
Fibras (ZP-305 DRAMIX)
Material
Cimento (CP II E32)
Brita (max=6.3 mm)
Areia
Superplastificante
gua
Fibras (ZP-305 DRAMIX)
Vf75fc70
480
75
620
746
249
8.88
189
75
Vf90fc70
480
80
619
741
247
8.96
190
90
Vf120fc40
440
356
1193
4
220
120
Vf160fc25
424.77
875.03
824.05
4.20
276.10
160
Vf120fc40
423.15
1056.30
760.56
7.19
211.30
120
Material
Cimento (CP V-ARI PLUS)
Microsslica
Material
Cimento (CP II F32)
Brita 1
Areia
gua
Fibras (RC 65/30 BN)
Vf120fc75
470.59
47.06
1096.47
625.88
14.12
160.00
120
Vf120fc35
423.15
1056.30
760.56
211.30
120
a) Vebe consistometer
Figura 2.4. Testes para medir a trabalhabilidade do CRFA Recomendao do ACI 544.1R-96
De acordo com o ACI 544.1R-96, concretos com fibras longas e lf/df>100 apresentam tendncia
formar ourios que no se desfazem apenas com vibrao. Diferentemente destes concretos,
nos concretos com fibras curtas e lf/df<50, a tendncia de formar ourios minimizada e a
aglomerao das fibras facilmente dispersa por vibrao. O ACI 544.3R-08 acrescenta que a
trabalhabilidade do CRFA pode ser melhorada pela adio de pozolanas (cinzas volantes,
escrias e slica ativa) mistura, ou substituindo parte do cimento pelas mesmas.
2.5. PROPRIEDADES DO CRFA ENDURECIDO:
De acordo com o ACI 544.4R-88 e BARROS (1995), o comportamento do concreto reforado
com fibras de ao depende das propriedades dos elementos constituintes da matriz de concreto,
das propriedades mecnicas e geomtricas das fibras, da composio da mistura e do processo de
preparo da mesma. Para o ACI 544.1R-96, a resistncia e a rigidez das fibras, assim como a
capacidade da mesma em aderir ao concreto, so propriedades que garantem o bom desempenho
do CRFA.
Segundo BARROS (1995), as fibras podem perder a sua capacidade de reforo de dois modos
diferentes: por escoamento e posterior ruptura, ou por deslizamento da matriz de concreto. Para
produzir CRFA mais resistentes, devem ser usadas fibras com resistncia e fator de forma,
ambos, elevados, de forma a obter-se a runa do CRFA por ruptura da fibra. Entretanto, este tipo
de runa, impede o principal benefcio do reforo com fibras, que o aumento da capacidade de
absoro de energia do material. O referido aumento s significativo se as fibras que
atravessam as fissuras cederem por deslizamento durante o processo de fissurao do concreto.
O ACI 544.4R-88 comenta que uma das vantagens do CRFA romper pelo deslizamento das
fibras o comportamento dctil conferido ao concreto, diferentemente da runa rpida e
possivelmente catastrfica que ocorre quando a fibra rompe.
Para o ACI 544.1R-96, o CRFA tem sido extensivamente estudado em termos da resistncia ao
deslizamento interfacial entre as fibras e a matriz de concreto, o qual resultado do colapso da
aderncia entre a fibra e o concreto. De acordo com FIGUEIREDO (2000), diferentemente do
concreto simples, as fibras do CRFA permitem uma redistribuio dos esforos (capacidade
portante ps-fissurao) mesmo quando utilizada em baixos teores. Com base na Figura 2.5b,
verifica-se que o concreto simples est suscetvel s concentraes de tenses quando do
surgimento de uma fissura, visto que a fissura representa uma barreira propagao das tenses.
No CRFA, ver a Figura 2.6b, as fibras servem como ponte de transferncia de tenses nas
fissuras, minimizando assim a concentrao de tenses nas extremidades das mesmas.
tipo de fibra deve ser selecionado em funo do tipo de concreto a ser utilizado, por exemplo,
nos concretos de elevada resistncia devem-se evitar fibras longas (reduz a possibilidade de
ruptura das fibras), enquanto que nos concretos de resistncia normal e com inertes de maior
dimenso devem-se utilizar fibras longas (facilita a costura da fissura).
Corroborando os comentrios de Barros, FIGUEIREDO (2000) comenta que deve haver
compatibilidade dimensional entre os agregados e as fibras para que estas ltimas possam
realmente trabalhar como ponte de transferncia de tenses. Quando no h esta
compatibilidade, uma quantidade menor de fibras trabalha como ponte de transferncia de
tenses nas fissuras, conforme mostra a Figura 2.7. Alm do exposto, Figueiredo tambm
comenta que a capacidade portante do CRFA pode ser comprometida caso as fibras no
apresentem ductilidade suficiente para se deformarem plasticamente no momento da fissurao.
Dado o elevado nvel de tenso cisalhante no plano da fissura, fibras com pouca ductilidade
podem romper por corte antes do deslizamento da matriz de concreto, ver a Figura 2.8.
a) CRFA compatibilizado
b) CRFA no compatibilizado
Figura 2.7. Influncia da compatibilidade dimensional entre os agregados e as fibras FIGUEIREDO (2000)
De acordo com o ACI 544.4R-88, o mecanismo de reforo das fibras implica na transferncia de
tenses da matriz de concreto para as fibras, a qual acontece devido aderncia interfacial fibra
x matriz de concreto e pelo engrenamento dos agregados, que ocorre na seo fissurada do
concreto caso a fibra tenha ductilidade para se deformar.
BARROS (2000) comenta que a ductilidade do CRFA est relacionada aos mecanismos de
reforo das fibras, os quais dependem das configuraes geomtricas das fibras. O ACI 544.4R88 relata que, geralmente, quanto mais dctil for a fibra, mais dctil ser a runa do concreto.
Como exemplo, Barros cita que o mecanismo de reforo das fibras lisas resulta da aderncia, do
atrito entre as fibras e a matriz de concreto e da deformao elstica das fibras. Nos casos de
fibras com superfcie irregulares (fibras endentadas e fibras crimped) e fibras com ancoragem
nas extremidades (fibras hooked e fibras com ancoragem tipo button ou paddle), somam-se,
respectivamente, aos mecanismos anteriores, o mecanismo de engrenagem e o mecanismo
proveniente da ancoragem das extremidades. Trabalhos como os de HOLSCHEMACHER e
MLLER (2007), KRASNIKOVS e KONONOVA (2009) e SALNA e MARCIUKAITIS
(2010) tm mostrado que as fibras com ancoragem nas extremidades e as fibras crimped
conferem, ambas, performance satisfatria ao CRFA.
O ACI 544.1R-96 relata que a fibra de ao melhora a ductilidade do concreto em todos os modos
de carregamento, compresso, trao, cisalhamento, toro e flexo, entretanto, o acrscimo da
resistncia diferenciado para cada tipo de carregamento, conforme apresenta os tpico
seguintes.
2.5.1. Resistncia compresso:
Segundo o ACI 544.1R-96, a resistncia compresso do CRFA no influenciada
significativamente pelas fibras. O referido documento relata acrscimos na ordem de 15 %
quando o concreto apresenta reforo de at 1.5 % de fibras. Para o CEB-FIP (2010), as
propriedades compresso do concreto simples podem, geralmente, ser aplicveis
satisfatoriamente ao CRFA. Para BARROS (1995) e RAMLI e DAWOOD (2011), a quantidade
de fibras utilizada no concreto, o fator de forma das mesmas, assim como as condies de
ancoragem entre as fibras e a matriz, ambas conduzem a acrscimos discretos na resistncia
compresso do CRFA. Alm da resistncia compresso, verifica-se que a deformao
correspondente referida tenso resistente tambm aumenta suavemente com a adio de fibras
massa de concreto, conforme relatado em BARROS (1995), NATARAJA et al. (1999) e
outros.
De acordo com FIGUEIREDO (2000), algumas pesquisas sugerem que a adio de fibras
massa de concreto reduz a resistncia compresso do CRFA. O referido autor comenta que este
efeito consequncia do preparo inadequado do material. RAMLI e DAWOOD (2011) realam
que a menor resistncia seja atribuda distribuio no homognea das fibras na matriz de
concreto.
No que diz respeito curva tenso x deformao, ver Figura 2.9, obtida em ensaios de
compresso de corpos de prova cilndricos, NATARAJA et al. (1999) comentam que tanto o
ramo ascendente como o descendente da curva so influenciados pela adio de fibras no
concreto, porm, o grande benefcio do CRFA observado no ramo descendente, a fase de
amolecimento do concreto. De acordo BARROS (1995), na fase de amolecimento, o fator de
forma das fibras e a geometria das mesmas tm menor efeito que a porcentagem de fibras.
Anlises sobre as curvas tenso x deformao tambm mostram que a adio de fibras matriz
de concreto aumenta a ductilidade e a tenacidade do concreto, visto que as fibras atuam como
ponte de transferncia de tenses entre fissuras, conforme mencionado em FIGUEIREDO (2000)
e LOPES (2005).
fc
fc
Figura 2.9. Curva tenso x deformao tpica obtida em ensaios de compresso NATARAJA et al. (1999)
Localizao
da fissura
Pcr
Pcr
Formao da fissura
Formao
da fissura
a) Comportamento softening
b) Comportamento hardening
Figura 2.10. Comportamento do CRFA nos ensaios de trao direta CEB-FIP (2010)
O RILEM TC 162-TDF (2001) estabelece critrios para a realizao de testes de trao direta em
CRFA com comportamento softening, porm, o referido documento informa que o teste no
destinado determinao da resistncia trao do concreto, mas sim, para estabelecer a relao
tenso x abertura da fissura. O ACI 544.4R-88 comenta que as curvas obtidas nos ensaios de
trao direta so influenciadas pelo tamanho do corpo de prova, pelo procedimento do teste, pela
rigidez do sistema de ensaio, pelo tipo de equipamento utilizado na instrumentao e se a
formao da fissura (apenas uma ou mltiplas) ocorre na regio instrumentada. De acordo com
BARROS (1995), LOBO (2005) e WANG (2006), a adio de fibras de ao massa de
concreto melhora a resistncia trao, porm, o grande benefcio da fibra verificado no
comportamento ps-fissurado do material.
3 FL L
2 b hsp
f eq ,2
3 D f BZ ,2
L
2 0.50 b hsp 2
f eq ,3
3 D f BZ ,3
L
2 2.50 b hsp 2
f R ,i
3 FR ,i L
2 b hsp
Eq. 2.1
Eq. 2.2
Eq. 2.3
clipe-gauge
clipe-gauge
0.5L=250
25
LVDT
hsp
150
75
LVDT
entalhe
75
0.5L=250
150
550
Seo A-A
Figura 2.11. Ensaio de flexo em trs pontos em viga entalhada (dimenses em mm)
F
FL
FL
BZ,2
BZ,3
[mm]
0.3
[mm]
0.3
0.35
2.35
F
F1
F2
F3
F4
0.5
CMOD1
1.5
CMOD2
2.5
CMOD3
3.5
CMOD4
CMOD [mm]
O CEB-FIP (2010) relata, semelhantemente ao RILEM TC 162-TDF (2002), que testes de flexo
podem ser realizados para estabelecer o comportamento trao do CRFA. O referido cdigo
sugere o teste de flexo em trs pontos em vigas entalhadas, ver Figura 2.11, para estabelecer a
relao carga x CMOD (Crack Mouth Opening Displacement), ver Figura 2.12b. A partir da
Figura 2.12b possvel calcular o parmetro fR,i (i=1, 2, 3 e 4), ver a equao Eq. 2.4, o qual
representa a resistncia residual trao na flexo.
f R,j
3 Fj L
2 b hsp
Eq. 2.4
De acordo com MARTI et al. (1999), a avaliao da resistncia e da ductilidade do CRFA por
meio de testes de flexo em vigas ou placas quadradas, conforme estabelece o EFNARC (1996),
apresenta, respectivamente, a desvantagem de fornecer resultados dispersos e de no serem
simples de analisar. Para MOLINS et al. (2009), os resultados fornecidos pelo teste de flexo
sugerido no RILEM TC 162-TDF (2002) apresentam coeficiente de variao entre 10 e 25 %
(resultados obtidos em corpos de prova com 25-75 kg/m3 de fibra).
O ASTM C1550 (2003) sugere o teste de flexo em placas redondas para avaliar a tenacidade do
CRFA, ver Figura 2.13. O referido documento relata que a performance do CRFA quantificada
em termos da energia de absoro, onde, placas com 800 mm de dimetro e 75 mm de espessura
so apoiadas simetricamente em trs pivs metlicos e carregadas concentricamente por uma
calota esfrica de ao. Entretanto, segundo MARTI et al. (1999), MARTIN et al. (2010) e
NOUR et al. (2011), aplicando-se os conceitos da teoria de flexo e de linha de ruptura ao
referido teste possvel estimar o valor da resistncia trao na flexo e o comportamento do
concreto em termos de carga x deslocamento, carga x rotao, tenso x rotao, etc.
a)
b)
c)
d)
e)
Figura 2.13. Teste de tenacidade flexo - ASTM C1550 (2003)
f)
Segundo COHEN (2012), o teste de flexo em placas redondas permite uma estimativa confivel
e econmica do comportamento ps-fissurado do CRFA. Dentre as vantagens, Cohen destaca a
facilidade de execuo, a obteno de resultados poucos dispersos e a simplicidade para aplicar
conceitos tericos. As desvantagens do teste, segundo a opinio do referido pesquisador, so a
dimenso do corpo de prova e a necessidade de usar equipamento especfico. Alm dos mtodos
apresentados, h tambm o teste de puno dupla ou o teste Barcelona (double punch test),
conforme descreve MOLINS et al. (2009), e o teste de flexo em placas triangulares, conforme
apresenta ALMEIDA (1999).
2.5.5. Resistncia flexo:
O ACI 544.1R-96 informa que o acrscimo conseguido na resistncia flexo do CRFA
superior ao acrscimo obtido na trao e na compresso. Isto acontece porque o comportamento
dctil observado na zona tracionada de uma pea flexionada de CRFA altera a distribuio,
normalmente elstica, das tenses e das deformaes na seo transversal da referida pea. O
referido documento relata que a distribuio das tenses alterada plstica na zona tracionada e
elstica na zona comprimida, ocasionando assim, a movimentao do eixo neutro em direo
zona comprimida. ASHOUR et al. (2000) relatam que o acrscimo de resistncia flexo
proporcionado pelas fibras de ao pouco influenciado pelo valor da taxa de armadura de flexo
e proporcional resistncia compresso do concreto.
De acordo com o ACI 544.4R-88, a resistncia ltima flexo geralmente aumenta em funo de
Vflf/df, ou seja, em funo do produto do volume de fibras, Vf, pelo fator de forma das mesmas,
lf/df. BARROS (1995) comenta que para valores elevados de Vflf/df, o comportamento flexo
do CRFA influenciado pelas propriedades das fibras, enquanto que para valores baixos, as
propriedades da matriz governam o comportamento flexo do compsito. Para os casos
prticos, onde o valor Vflf/df intermedirio, Barros informa que ambas as propriedades, fibra e
matriz, influenciam no comportamento flexo do CRFA.
O ACI 544.4R-88 comenta que o comportamento ps-fissurado da relao carga x deslocamento
do CRFA depende do tipo e da quantidade de fibra utilizada. De acordo com SHUKLA (2011), a
adio de fibras de ao massa de concreto melhora o desempenho estrutural de uma pea
flexionada tanto no estado limite de servio, como no estado limite ltimo. Trabalhos como os de
LOPES (2005), DESTRE e MANDL (2008), DESTRE et al. (2009) e MICHELS et al. (2012)
mostram que a substituio total, ou de parte, da armadura convencional de flexo por fibras de
ao possvel, porm, cuidados especiais devem ser tomados no processo de preparo do
concreto, visto que o preparo inadequado da mistura pode comprometer a resistncia flexo do
CRFA.
2.5.6. Resistncia ao cisalhamento:
Segundo o ACI 544.1R-96, as fibras de ao, alm de aumentarem a resistncia do concreto ao
cisalhamento, tambm apresentam potencial para substituir os estribos das vigas. A melhor
performance do CRFA aos esforos de cisalhamento, na ptica do referido documento, advm da
capacidade das fibras em conter a abertura das fissuras, em aumentar a capacidade portante do
concreto formao da primeira fissura e carga de runa e em aumentar a adeso friccional
com a matriz de concreto. MADAN et al. (2007) e KWAK et al. (2002) relatam que a resistncia
ao cisalhamento melhora com o aumento da quantidade de fibras e com a diminuio da relao
a/d, onde a e d representam, respectivamente, os valores do vo de cisalhamento e da altura til
da viga. Para GUSTAFSSON e NOGHABAI (1997), concretos contendo fibras curtas e longas
contribuem melhor para a resistncia do concreto ao cisalhamento. BARROS (1995) comenta
que alguns resultados experimentais sugerem que a resistncia ao cisalhamento aumenta com o
fator de forma das fibras, porm, a resistncia pode ser comprometida para lf/df>75,
provavelmente devido a problemas de preparo do concreto.
O ACI 544.1R-96 informa que dependendo das propriedades geomtricas das fibras e da sua
quantidade na massa de concreto, o aumento da resistncia ao cisalhamento pode, inclusive,
alterar o modo de runa de frgil para dctil. No que diz respeito s vigas de CRFA, BARROS
(1995) relata que a alterao do modo de runa depende tambm da taxa de armadura de flexo e
do parmetro a/d. Barros complementa a abordagem afirmando que para baixos valores de a/d a
alterao no modo de runa s acontece para quantidades elevadas de fibras na massa de
concreto.