Pacto Das Catacumbas-Beozzo
Pacto Das Catacumbas-Beozzo
Pacto Das Catacumbas-Beozzo
52846-3
Este livro tem como objetivo resgatar e conservar a memria do gesto proftico denominado Pacto da Igreja servidora
e pobre, mais conhecido como Pacto das Catacumbas.
Pacto das
Catacumbas
Pacto
das
Catacumbas
Pacto
das
Catacumbas
262.5
AgradecimentoS
1a edio 2015
Os textos bblicos foram tirados da Bblia Pastoral, Nova edio, So Paulo: Paulus.
As citaes do Conclio Vaticano II foram tomadas do Compndio do Conclio Vaticano II,
Petrpolis: Vozes, 1966 (1. ed.), salvo para algumas passagens
em que a traduo foi refeita pelo autor.
Os smbolos paleocristos utilizados na capa e no corpo do texto encontram-se nas lpides
morturias das Catacumbas de Santa Domitila e foram gentilmente cedidos pela Comunidade
da Congregao do Verbo Divino, responsvel pelas Catacumbas.
Paulinas
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Pia Sociedade Filhas de So Paulo So Paulo, 2015
Introduo
A trs semanas do encerramento do Conclio Vaticano II,
nas Catacumbas de Santa Domitila, na periferia de Roma, de
maneira discreta, um grupo de padres conciliares celebrou a
Eucaristia sobre o tmulo dos mrtires Nereu e Aquileu e assinou um compromisso de vida, trabalho e misso que ficou
conhecido como Pacto das Catacumbas.
No dia 16 de novembro, celebram-se cinquenta anos
(1965-2015) desse momento memorvel, que marca a primeira recepo coletiva do Conclio Vaticano II. Ela foi precedida
poucos meses antes, a partir da Quaresma de 1965, da entrada em vigor da reforma litrgica, trazida pela Constituio
Sacrosanctum Concilium sobre a Liturgia.
Essa recepo pelo Pacto traz uma marca toda especial. Aqueles bispos, pouco mais de quarenta, aos quais se
somaram, nos dias seguintes, outros quinhentos, assumem o
Conclio como um caminho de converso e de compromisso
pessoal com os pobres, seus sofrimentos, suas necessidades,
suas lutas e esperanas. No pregam para os outros, mas examinam a si mesmos e sua Igreja. Assumem o propsito de
ser pastores identificados com seu rebanho e querem que sua
Igreja seja servidora e pobre.
Esse sonho e, ao mesmo tempo, compromisso de uma
Igreja que buscava renovar-se, espelhando-se no Evangelho e
no seguimento de Jesus, j estavam no corao e nos propsitos de Joo XXIII, quando convocou o Conclio, a 25 de janeiro de 1959. Ele o relembra com vigor a um ms da abertura
do Vaticano II, na sua importante alocuo radiofnica de 11
de setembro de 1962. Depois de evocar sua recente encclica
9
Mater et Magistra, aponta como ponto luminoso na caminhada recente da Igreja Catlica: Em face dos pases subdesenvolvidos, a Igreja apresenta-se tal qual e quer ser como a
Igreja de todos e particularmente a Igreja dos pobres.1
Foi justamente de bispos vindos desses pases subdesenvolvidos da sia, frica e Amrica Latina, aos quais se
somaram alguns europeus e canadenses, que irrompeu a inquietao pelo tema da Igreja dos pobres e o empenho em
sensibilizar os demais padres conciliares para as necessidades
e angstias dos deserdados do mundo que formavam mais de
dois teros da humanidade.
Um bispo da Igreja Melquita, Mons. Hakim, vindo da terra
de Jesus, de Nazar na Galileia, trouxe com ele para o Conclio um padre e uma religiosa: Paul Gauthier e Marie-Thrse
Lescase. Gauthier havia sido professor de Teologia Dogmtica
no Seminrio Maior de Dijon, na Frana. Deixara o magistrio
para tornar-se operrio da construo civil em Nazar. Em torno dele formou-se a Fraternidade dos Companheiros de Jesus
Carpinteiro, um pequeno grupo decidido a viver como Jesus,
trabalhando com as prprias mos e vivendo no meio da populao pobre da periferia de Nazar, formada por rabes, em
sua maioria muulmanos. Marie-Thrse trocara a clausura do
Carmelo por uma vida de contemplao e trabalho em Nazar,
iniciando o ramo feminino da Fraternidade.
Em Roma, os dois comearam a procurar bispos dispostos a propor o caminho de converso a uma Igreja servidora
e pobre.2 Logo conquistaram Dom Helder Camara, arcebispo
JOO XXIII, Nuntius Radiophonicus (11 set. 1962). ADP II/1, 348-354. Traduo portuguesa: KLOP II, 299-305, p. 301.
2
GAUTHIER, Paul. Jesus, lglise et les Pauvres. Rflexions nazarennes pour le
Concile. Paris, 1962.
10
Numa lista elaborada com base na presena das quatro primeiras reunies
realizadas no Colgio Belga, Via del Quirinale 26, entre outubro e novembro
de 1962, encontramos os nomes dos seguintes bispos brasileiros: 1. Helder
Camara, arcebispo auxiliar do Rio de Janeiro, RJ; 2. Francisco Austregsilo de
Mesquita, bispo de Afogados da Ingazeira, PE; 3. Gabriel Bueno Couto, bispo
de Taubat, SP; 4. Antnio Fragoso, bispo auxiliar de So Lus, MA; 5. Carlos
Coelho Gouvea, arcebispo de Recife, PE; 6. Jorge Marcos de Oliveira, bispo de
Santo Andr, SP; 7. Joo Batista Motta e Albuquerque, arcebispo de Vitria,
ES; 8. Eugnio de Arajo Sales, administrador apostlico de Natal, RN; 9. Walfrido Vieira, bispo auxiliar de Salvador, BA, ou seja, 9 bispos em um total de
49 Arquivo Lercaro 427. Durante a 3a sesso, em 23 de outubro de 1964, o
grupo de bispos e peritos agrupados em torno da Igreja dos Pobres endereou
carta ao Papa Paulo VI, anexando uma lista dos padres que participaram das
reunies do Colgio Belga. Nela, o nmero de bispos brasileiros participantes
dobrou. Da lista anterior, desaparecem Dom Carlos Coelho Gouvea, falecido
em maro de 1964, e Dom Eugnio Sales, que deixou de frequentar o grupo.
Nessa nova lista, h 16 brasileiros (18,6%), para um total de 86 padres. Os nomes que devem ser acrescentados lista anterior de 1962 so os seguintes: 1.
Joo Alano de Noday, OP, bispo de Porto Nacional, GO; 2. Henrique Golland
Trindade, OFM, arcebispo de Botucatu, SP; 3. Adriano Hypolito Mandarino,
OFM, bispo auxiliar de Salvador, BA; 4. Jos Lamartine Soares, bispo auxiliar
de Olinda-Recife, PE; 5. Nivaldo Monte, bispo auxiliar de Aracaju, SE; 6. Joo
Jos da Mota e Albuquerque, arcebispo de So Lus, MA; 7. Manuel Pereira
da Costa, bispo de Campina Grande, PB; 8. Dom Jos Tvora, arcebispo de
Aracaju, SE. Entre os 26 telogos, aparecem o nome de dois brasileiros: o Pe.
Raimundo Caramuru de Barros, assessor da CNBB, e o Pe. Duarte, secretrio
de Dom Jos Vicente Tvora (cf. Fondo Hring XXVI 2902.d, 23/10/1964).
11
12
Dom Antnio Fragoso (AF). Depoimento ao autor. Sobre o grupo Igreja dos
Pobres e o Pacto das Catacumbas, cf. FESQUET, op. cit., pp. 1.121-1.122;
CAPRILE, Giovanni, Passi concreti per uma Chiesa Povera, in: Il Concilio
Vaticano II, Quarto Periodo 1965. Roma: Civilt Cattolica, 1969, vol. V, pp.
534-536. A reproduo do compromisso, na verso portuguesa, encontra-se
em KLOPPENBURG, Boaventura. O pacto da Igreja serva e pobre, in: Conclio
Vaticano II, vol. V Quarta Sesso (set.-dez. 1965). Petrpolis: Vozes, 1966,
pp. 526-528.
7
AF.
6
13
14
Acrescenta:
A pobreza de tantos irmos clama por justia, solidariedade,
testemunho, compromisso, esforo e superao para o cumprimento pleno da misso salvfica confiada por Cristo (DM 14, 7).
15
Onze anos depois, a III Conferncia Geral do Episcopado Latino-americano, em Puebla (1979), no Mxico, parte de
uma constatao que vai guiar toda sua reflexo:
Comprovamos, pois, como o mais devastador e humilhante flagelo a situao de pobreza desumana em que vivem milhes
de latino-americanos e que se exprime, por exemplo, em mortalidade infantil, em falta de moradia adequada, em problemas
de sade, salrios de fome, desemprego e subemprego, desnutrio, instabilidade no trabalho, migraes macias, foradas e
sem proteo (DP 29).
Ao analisar mais a fundo tal situao, descobrimos que esta pobreza no uma etapa casual, mas sim o produto de determinadas situaes e estruturas econmicas, sociais e polticas, embora haja tambm outras causas da misria (DP 30).
16
feies de ancios, cada vez mais numerosos, frequentemente postos margem da sociedade e do progresso, que
prescinde das pessoas que no produzem (DP 31-39).9
17
Acrescenta:
A imensa maioria de nossos irmos continua vivendo em situao de pobreza e at misria, que se veio agravando. Queremos
tomar conscincia do que a Igreja latino-americana fez ou deixou
de fazer pelos pobres depois de Medelln, como ponto de partida
para a busca de pistas opcionais eficazes em nossa ao evangelizadora, no presente e no futuro da Amrica Latina (DP 1135).
Apesar das muitas dificuldades e retrocessos que marcaram os anos posteriores a Puebla, a IV Conferncia Geral
do Episcopado Latino-americano, em Santo Domingo (1992),
colocou-se em continuidade com as anteriores conferncias
de Medelln e Puebla e comprometeu-se com
Uma promoo integral do povo latino-americano e caribenho,
a partir de uma evanglica e renovada opo pelos pobres, a
partir da vida e da famlia (DSD, 302).
18
A V Conferncia do Episcopado Latino-americano e Caribenho de Aparecida (2007) representou vigorosa retomada da tradio eclesial latino-americana, como ela mesma
o afirma:
Dentro dessa ampla preocupao pela dignidade humana, situa-se nossa angstia pelos milhes de latino-americanos e latino-americanas que no podem levar uma vida que corresponda
a essa dignidade. A opo preferencial pelos pobres uma das
peculiaridades que marca a fisionomia da Igreja latino-americana e caribenha (DA 391).
Prosseguem os bispos:
Nossa f proclama que Jesus Cristo o rosto humano de Deus
e o rosto divino do homem. Por isso, a opo preferencial pelos pobres est implcita na f cristolgica naquele Deus que se
fez pobre por ns, para nos enriquecer com sua pobreza. Essa
opo nasce da nossa f em Jesus Cristo, o Deus feito homem,
que se fez nosso irmo (cf. H 2, 11-12). Opo, no entanto, no
exclusiva, nem excludente (DA 392).
19
Joo Paulo II. Homilia pronunciada na Baslica de N. S. de Guadalupe, Mxico, 27/01/1979, in: Puebla: A evangelizao no presente e no futuro da Amrica
Latina. Texto oficial da CNBB. Petrpolis: Vozes, 1979, p. 40.
11
Joo Paulo II. Discurso inaugural da III Conferncia, Seminrio Palafoxiano
de Puebla, 28/01/1979, 3.4., in: Puebla: A evangelizao no presente e no futuro
da Amrica Latina. Texto oficial da CNBB. Petrpolis: Vozes, 1979, p. 30.
10
20
O Papa Bento XVI, abrindo a V Conferncia em Aparecida, coloca a opo preferencial pelos pobres no corao da
prpria compreenso do Cristo e da nossa f:
A f nos liberta do isolamento do eu, porque nos leva comunho: o encontro com Deus , em si mesmo e como tal, encontro com os irmos, um ato de convocao, de unificao, de
responsabilidade para com o outro e para com os demais. Neste
sentido, a opo preferencial pelos pobres est implcita na f
cristolgica naquele Deus que se fez pobre por ns, para enriquecer-nos com sua pobreza (cf. 2Cor 8,9).12
O Papa Francisco carregou para sua prtica e magistrio como Bispo de Roma, de maneira como que conatural, a
opo pelos pobres e excludos e por sua libertao que floresceu na Igreja da Amrica Latina e do Caribe. Remetemos
para o fecho deste Caderno a contribuio do Papa Francisco.
Porm, decisivo na herana do Pacto das Catacumbas foi
o testemunho de vida e o compromisso real e concreto da parte daqueles que o assinaram. No faltaram gestos concretos
de muitos deles e de suas Igrejas. Dom Helder Camara, no
Recife, muito depressa deixou a residncia oficial dos arcebispos, o Palcio de Manguinhos, convertido em centro pastoral,
para ir morar na sacristia da Igreja das Fronteiras, mais para
a periferia da cidade. Dom Fragoso, em Crates, deslocou-se
para uma casa simples de um bairro popular.
Outros que no estavam no Conclio, mas que abraaram os compromissos do Pacto, repetiram esses gestos. Dom
Paulo Evaristo Arns, nomeado arcebispo e depois cardeal de
Bento XVI. Discurso inaugural da V Conferncia, Aparecida, 13/05/2007, in:
Documento de Aparecida. Texto conclusivo da V Conferncia Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe. Braslia: Edies CNBB; So Paulo: Paulus e Paulinas, 2007, p. 273.
12
21
como esto descritas nos Atos dos Apstolos (At 2,42-45). Medelln reconheceu nelas uma clula inicial de estruturao eclesial
e foco de f e evangelizao (DA 178).
22
23
Local da celebrao
Catacumbas de Santa Domitila
O lugar escolhido pelos bispos da Igreja dos Pobres
para firmar o seu compromisso com os pequenos e excludos, mais conhecido como Pacto das Catacumbas, foi as
Catacumbas de Santa Domitila. A celebrao aconteceu na
manh do dia 16 de novembro de 1965, j ao final do Conclio (1962-1965).
Aquela rea foi doada aos cristos pela nobre Flvia Domitila, uma neta do Imperador Vespasiano, e no final do segundo e incio do terceiro sculo foram escavadas as primeiras galerias.
Essas catacumbas esto entre as mais extensas que foram encontradas em Roma e abrigam uma Baslica subterrnea construda no final do sculo IV, durante o Pontificado do
Papa Damaso (366-384).
Foram dedicadas aos mrtires Nereu e Aquileu, cujos tmulos esto localizados sob o altar da Baslica, ao lado da tumba de Santa Petronlia. Nos seus 17 quilmetros de galerias,
em quatro andares, h mais de 150.000 sepulturas escavadas
nas paredes dos corredores.
Encontram-se ali smbolos e afrescos que
testemunham
a f profunda dos
cristos
daquelas
25
Assinatura do
Pacto das Catacumbas
O Pacto da Igreja servidora e pobre, mais conhecido como
Pacto das Catacumbas, foi expresso pblica da caminhada e
dos compromissos do grupo da Igreja dos Pobres, formado
desde a primeira sesso do Vaticano II, sob a inspirao do
padre operrio Paul Gauthier e da religiosa carmelita, que se
tornou igualmente operria em Nazar, Marie-Thrse Lescase. Integraram-no, com entusiasmo, Dom Helder Camara,
Dom Antnio Fragoso, Dom Joo Batista Motta e Albuquerque, Dom Jos Maria Pires e outros bispos do Brasil e de outros continentes.
O Pacto foi assinado nos ltimos dias do Vaticano II
(1962-1965), numa celebrao eucarstica na Catacumba de
Santa Domitila, em Roma, no dia 16 de novembro de 1965.
O local evocava o testemunho corajoso dos mrtires das
A nica Baslica
subterrnea em uma
catacumba romana.
A entrada para o complexo
se d atravs dela,
construda no sculo IV.
26
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As Catacumbas de Domitila
so uma das mais antigas de Roma
e se estendem por muitos quilmetros
de passagens subterrneas.
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Texto conciliar
Texto conciliar
Com especial cuidado se interessem pelos pobres e humildes, para cuja evangelizao os mandou o Senhor (CD
13/1040).
No prendam, pois, os sacerdotes de forma alguma o
corao s riquezas, mas evitem sempre toda cobia, abstendo-se, com cuidado, de qualquer aparncia de comrcio.
So at convidados a abraar pobreza voluntria, que tornar mais evidente sua semelhana com Cristo e os far mais
disponveis para o sagrado ministrio. Pois, Cristo, por nossa
causa se fez pobre sendo rico, a fim de nos enriquecer por sua
pobreza (2Cor 8,9) (PO 17/1200-1).
2. Para sempre renunciaremos aparncia e realidade da riqueza, especialmente no traje (fazendas ricas, cores berrantes),
nas insgnias de matria preciosa (devem esses signos ser, com
efeito, evanglicos) (Mc 6,9; Mt 10,9s; At 3,6.). Nem ouro
nem prata.
Texto bblico
Portanto, rezem assim: Pai nosso que ests nos Cus,
santificado seja o teu nome (Mt 6,9).
No levem ouro, nem prata, nem cobre em seus bolsos,
nem bolsa para o caminho, nem duas tnicas, nem sandlias,
nem basto. Porque o trabalhador tem direito a seu sustento
(Mt 10,9-10).
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Texto conciliar
A pobreza voluntria, motivada pelo seguimento de Cristo, do qual ela um sinal, particularmente apreciado nos dias
de hoje, deve ser praticada diligentemente pelos religiosos e,
se necessrio for, se exprimir sob novas formas. Participa-se
da pobreza de Cristo que de rico se fez pobre por ns, a fim
de nos enriquecer por sua pobreza (cf. 2Cor 8,9; Mt 8,20)
(PC 13/1253).
4. Cada vez que for possvel, confiaremos a gesto financeira e material em nossa diocese a uma comisso de leigos competentes e
cnscios de seu papel apostlico, em mira a sermos menos administradores do que pastores e apstolos (cf. Mt 10,8; At 6,1-7).
Texto bblico
Curem enfermos, ressuscitem mortos, purifiquem leprosos, expulsem demnios. Vocs receberam de graa; deem
de graa (Mt 10,8).
Nesses dias, o nmero dos discpulos tinha aumentado,
e os helenistas comearam a queixar-se contra os hebreus,
porque as vivas deles eram deixadas de lado no atendimento
dirio. Os Doze convocaram a multido dos discpulos e disseram: No est certo que ns descuidemos da Palavra de Deus
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para servir s mesas. Procurem entre vocs, irmos, sete homens de respeito, repletos do Esprito e de sabedoria, e ns
os encarregaremos dessa tarefa. E ns assim nos ocuparemos
com a orao e o servio da Palavra. A proposta agradou a
toda a multido. Ento escolheram Estvo, homem cheio
de f e do Esprito Santo; e tambm Filipe, Prcoro, Nicanor,
Timon, Prmenas e Nicolau, um gentio de Antioquia que se
convertera para a religio judaica. Foram apresentados aos
apstolos, que rezaram e impuseram as mos sobre eles. E a
Palavra do Senhor crescia. O nmero dos discpulos aumentava bastante em Jerusalm, e grande nmero de sacerdotes
obedecia f (At 6,1-7).
Texto conciliar
Enfim julgam os Padres do Conclio ser utilssimo que
os mesmos Dicastrios ouam mais os leigos destacados por
virtude, cincia e experincia, de modo que tambm eles ocupem seu devido lugar nos negcios da Igreja (CD 10/1033).
Os sagrados pastores, porm, reconheam e promovam
a dignidade e a responsabilidade dos leigos na Igreja. De boa
vontade utilizem-se do seu prudente conselho. Com confiana entreguem-lhes ofcios no servio da Igreja. E deixem-lhes
liberdade e raio de ao. Encorajem-nos at para empreender
outras obras por iniciativa prpria. Com amor paterno, considerem atentamente em Cristo as iniciativas, os votos e os
desejos propostos pelos leigos. Respeitosamente reconheam
os pastores a justa liberdade que a todos compete na cidade
terrestre (LG 37/98).
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Texto conciliar
O bispo enviado pelo pai de famlia para governar sua
famlia tenha diante dos olhos o exemplo do Bom Pastor, que
veio, no para ser servido, mas para servir (cf. Mt 20,28; Mc
10,45), e para dar sua vida pelas ovelhas (cf. Jo 10,11). Tomado dentre os homens e revestido de fraqueza, pode compadecer-se dos ignorantes e extraviados (cf. Hb 5,1-2). No se
negue, pois, de atender os sditos, amando-os como a verdadeiros filhos e exortando-os para que alegremente colaborem
com ele (LG 27/67).
6. No nosso comportamento, nas nossas relaes sociais, evitaremos aquilo que pode parecer privilgios, prioridades ou mesmo uma preferncia qualquer aos ricos e aos poderosos (ex.:
banquetes oferecidos ou aceitos, classes nos servios religiosos)
(cf. Lc 13,12-14; 1Cor 9,14-19).
Texto bblico
Jesus a viu, a chamou e lhe disse: Mulher, voc est
livre de sua doena. Imps as mos sobre ela, e no mesmo
instante ela se endireitou e comeou a glorificar a Deus. Mas
o chefe da sinagoga ficou indignado porque Jesus tinha feito
uma cura no sbado. Tomou a palavra e disse multido: H
seis dias em que se deve trabalhar. Venham, portanto, nesses
dias para serem curados, e no no dia de sbado (Lc 13,1214).
Assim tambm, o Senhor ordenou que vivam do Evangelho aqueles que anunciam o Evangelho. Mas eu no fiz
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Texto conciliar
Com especial cuidado se interessem [os bispos] pelos
pobres e humildes, para cuja evangelizao os mandou o Senhor (CD 13/1040).
(...) A Igreja usa os bens temporais medida que sua
prpria misso exige. Mas no coloca a sua esperana nos
privilgios oferecidos pela autoridade civil. Ao contrrio, ela
renunciar ao exerccio de direito legitimamente adquirido,
onde constar que o uso deles coloca em dvida a sinceridade
do seu testemunho, ou as novas condies da vida exigiram
outra disposio (GS 66/462).
Texto conciliar
Mas assim como Cristo consumou a obra da redeno
na pobreza e na perseguio, assim a Igreja chamada a seguir o mesmo caminho a fim de comunicar aos homens os
frutos da salvao. Cristo Jesus, como subsistisse na condio de Deus, despojou-se a si mesmo, tomando a condio de
servo (Fl 2,6), e por nossa causa fez-se pobre embora fosse
rico (2Cor 8,9); da mesma maneira a Igreja, embora necessite dos bens humanos para executar sua misso, no foi insti-
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tuda para buscar a glria terrestre, mas para proclamar, tambm pelo seu prprio exemplo, a humildade e a abnegao
(LG 8/22).
E como tinham a mesma profisso, (Paulo) ficou hospedado com eles (quila e Priscila), e a trabalhava: eram fabricantes de tendas. Todos os sbados, Paulo discutia na sinagoga e convencia judeus e gregos (At 18,3-4).
Ademais, no cobicei prata, nem ouro, nem vestes de
ningum. Vocs mesmos sabem que estas minhas mos providenciaram o que era necessrio para mim e para os que
estavam comigo. Em tudo mostrei a vocs que trabalhando
assim que devemos ajudar os fracos, recordando as palavras
do prprio Senhor Jesus, que disse: H mais felicidade em
dar do que em receber (At 20,33-35).
(...) e nos esgotamos, trabalhando com nossas prprias
mos. Somos amaldioados, e abenoamos; perseguidos, e suportamos (1Cor 4,12).
Por acaso no sou livre? No sou apstolo? No vi Jesus
nosso Senhor? E vocs no so obra minha no Senhor? Ainda
que para outros eu no seja apstolo, ao menos para vocs eu
sou; porque o selo do meu apostolado no Senhor so vocs.
Essa a minha resposta para aqueles que me acusam. Ser
que no temos direito de comer e beber? Ou no temos direito de levar conosco nas viagens uma mulher crist, como
fazem os outros apstolos e os irmos do Senhor, e Pedro? Ou
somente eu e Barnab no temos o direito de ser dispensados
de trabalhar? Algum vai guerra alguma vez, com seus prprios recursos? Quem que planta uma vinha, e no come
do seu fruto? Quem apascenta um rebanho, e no se alimenta
do leite do rebanho? Ser que estou dizendo isso apenas como
consideraes humanas? E a Lei, no diz a mesma coisa? De
fato, na Lei de Moiss est escrito: No amordace o boi que
debulha o gro. Por acaso, com os bois que Deus se preocupa? No ser por causa de ns que ele fala assim? Claro que
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Texto conciliar
Cristo foi enviado pelo Pai para evangelizar os pobres,
sanar os contritos de corao (Lc 4,18), procurar e salvar o
que tinha perecido (Lc 19,10): semelhantemente a Igreja cerca de amor todos os afligidos pela fraqueza humana, reconhece mesmo nos pobres e sofredores a imagem de seu Fundador
pobre e sofredor. Faz o possvel para mitigar-lhes a pobreza e
neles procura servir a Cristo (LG 8/22).
9. Cnscios das exigncias da justia e da caridade, e das suas relaes mtuas, procuraremos transformar as obras de beneficncia
em obras sociais baseadas na caridade e na justia, que levem em
conta todos e todas as exigncias, como um humilde servio dos
organismos pblicos competentes (cf. Mt 25,31-46; Lc 13,12-14
e 33-34).
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Texto bblico
Quando o Filho do Homem vier na sua glria, acompanhado de todos os anjos, ento se assentar em seu trono
glorioso. Todos os povos da terra sero reunidos diante dele,
e ele separar uns dos outros, assim como o pastor separa as
ovelhas dos cabritos. E colocar as ovelhas sua direita, e os
cabritos sua esquerda. Ento o Rei dir aos que estiverem
sua direita: Venham vocs, que so abenoados por meu
Pai. Recebam como herana o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criao do mundo. Pois eu estava com fome,
e vocs me deram de comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro, e me receberam em sua
casa; eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente,
e cuidaram de mim; eu estava na priso, e vocs foram me
visitar. Ento os justos lhe perguntaro: Senhor, quando foi
que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te
demos de beber? Quando foi que te vimos como estrangeiro
e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando
foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar? Ento o
Rei lhes responder: Eu garanto a vocs: todas as vezes que
vocs fizeram isso a um dos menores de meus irmos, foi a
mim que o fizeram. Depois o Rei dir aos que estiverem
sua esquerda: Afastem-se de mim, malditos. Vo para o fogo
eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque eu estava
com fome, e vocs no me deram de comer; eu estava com
sede, e no me deram de beber; eu era estrangeiro, e vocs
no me receberam em casa; eu estava sem roupa, e no me
vestiram; eu estava doente e na priso, e vocs no me foram
visitar. Tambm estes respondero: Senhor, quando foi que
te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou sem
roupa, doente ou preso, e no te servimos? Ento o Rei res42
Texto conciliar
Deus destinou a terra, com tudo o que ela contm, para
o uso de todos os homens e povos, de tal modo que os bens
criados devem bastar a todos, com equidade, sob as regras da
justia, inseparvel da caridade (GS 69/430).
10. Poremos tudo em obra para que os responsveis pelo nosso governo e pelos servios pblicos decidam e ponham em prtica as
leis, as estruturas e as instituies sociais necessrias justia,
igualdade e ao desenvolvimento harmnico e total do homem
43
Texto conciliar
A Igreja considera digno de louvor e considerao o
trabalho daqueles que se dedicam ao bem da coisa pblica,
a servio dos homens e assumem os trabalhos deste cargo
(GS 75/452).
45
Texto conciliar
No exerccio de seu ofcio de Pai e Pastor, estejam os bispos no meio dos seus como quem serve (CD 16/1049).
A fim de poderem cuidar do bem dos fiis de maneira mais apropriada condio de cada um, esforcem-se para
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conhecer-lhes a fundo as necessidades nas circunstncias sociais em que vivem... Ainda lhe reconheam o dever e mesmo o direito de colaborar ativamente na edificao do corpo
mstico de Cristo (CD 16/1053).
Interessem-se com especial amor pelos irmos separados, recomendando outrossim aos fiis que se esforcem
com grande humanidade e caridade para com eles, fomentando igualmente o ecumenismo, como entendido pela
Igreja. Enfim, preocupem-se igualmente com os no batizados, para que tambm a eles brilhe a caridade de Cristo Jesus, cujas testemunhas so os bispos diante de todos
(CD 16/1054).
13. Tornados s nossas dioceses respectivas, daremos a conhecer aos nossos diocesanos a nossa resoluo, rogando-lhes
ajudar-nos por sua compreenso, seu concurso e suas preces.
AJUDE-NOS, DEUS, A SERMOS FIIS!
Texto conciliar
Nem omitam em suas preces de recomendar a Deus
seus superiores que, com diligncia, vigiam sobre nossas almas, quase como se por elas fossem responsveis, para que
o faam com alegria e no entre gemidos (cf. Hb 13,17)
(LG 37/96).
49
Na palestra de hoje, no CCCC, ao comentar o captulo sobre reforma dos Bispos, lerei [fl. 3] o Pacto de So Calixto...13 Alis, obrigamo-nos, de volta s Dioceses, a comunic-lo aos nossos fiis.
No Recife, terei que combinar com o Governo Colegiado e com
a Famlia, se e como h lugar, no momento, para divulgao. No
Brasil, devemos ser uns 30 [bispos que assinaram o Pacto]. Mas
o nmero aumentar sempre mais. Claro que fundamental
a adeso de Dom Jos [Lamartine]. Volto a perguntar: que tal
uma Mensagem de regresso do Conclio, de Dom Jos e minha,
extrada da palestra no CCCC (cf. a Circular de ontem) e com
o anncio do Pacto das Catacumbas? (...) Mandarei um projeto
de texto, a Famlia refundir ou rejeitar... Caso a ideia valha, a
hora propcia de veicular o texto seria o encontro com o Clero,
com as Religiosas e com os Leigos...14
As concelebraes se multiplicam e todos os padres recebem a seguinte folha mimeografada: Projeto proposto por
alguns bispos, ao final do Conclio Vaticano II. Seguem os
pontos do Pacto, mas ao final Dom Helder ainda comenta:
Na madrugada seguinte de 1o para 2 de dezembro, volta-se a perguntar se, em vez do balano do Conclio que apresentou em palestra em Roma, no devia ter apresentado
simplesmente o Pacto das Catacumbas. Pergunta-se ainda se,
retornando ao Recife, no poderia apresent-lo com o programa de vida e a grande notcia, fruto maduro do Conclio:
No lhes parece que a est uma bela Mensagem de regresso,
[fl. 3] um belo programa de vida? J pensaram se, ontem, ao
invs da palestra que eu fiz, pura e simplesmente tivesse lido e
comentado o Pacto das Catacumbas?...
Estou pensando numa experincia no Recife: logo na noite
de 10, sou paraninfo de um Curso Superior de Jornalismo, da
Universidade Catlica de Pernambuco. Arranjarei um jeito
de dizer que a jornalistas a gente homenageia com notcia.
50
Dom Helder, que no pde estar presente na missa celebrada nas Catacumbas, comete aqui um engano, ao trocar as Catacumbas de Santa Domitila
pelas Catacumbas de So Calixto.
14
HC, Roma, 30/11 e 01/12/1965, circ 82a,vol. III, Circulares conciliares,
p. 302.
13
51
Anuncio, ento, que, no dia em que eles se formam, entrego-lhes uma notcia que me parece fruto maduro do Vaticano II;
notcia, como fico pedindo a Deus, que eles tenham sempre
mais a divulgar...15
HC, Roma, 01 e 02/12/1965, circ 83a IV, vol. III, Circulares conciliares, p. 306.
15
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3. Lucien Bernard LACOSTE (1905-1999, nascido na Frana), Bispo da Dali (Tali) (1948-1983) (2a, 3a e 4a sesses do
Vaticano II), CHINA.
4. Paul Joseph Marie GOUYON (1910-2000), Bispo de Bayonne (1957), Arcebispo Coadjutor de Rennes (1963), Arcebispo de Rennes (1964-1985), Cardeal (1969) (1a, 2a, 3a
e 4a sesses do Vaticano II), FRANA.
5. Marcel O. MARADAN, OFMCap (1899-1975, nascido na
Frana), Bispo de Port Victoria ou Seychelles (1937-1972)
(1a, 2a, 3a e 4a sesses do Vaticano II), ILHAS SEYCHELLES.
6. Barthlemy-Joseph-Pierre-Marie-Henri HANRION, OFM
(1914-2000, nascido na Frana), Prefeito Apostlico de
Dapango (1960), Bispo de Dapango (1965-1984) (2a, 3a e
4a sesses do Vaticano II), TOGO.
7. Georges MERCIER (1902-1991, nascido na Frana), Missionrio da frica Padres Brancos, Prefeito Apostlico de Ghardaia no Sahara (1941), Vigrio Apostlico de
Ghardaia no Sahara (1948), Bispo de Laghouat (19551968) (1a, 2a, 3a e 4a sesses do Vaticano II), ARGLIA.
14. Francisco AUSTREGSILO DE MESQUITA FILHO (19242006), Bispo de Afogados da Ingazeira, PE (1961-2001) (1a,
2a, 3a e 4a sesses do Vaticano II), BRASIL.
16. Enrico A. ANGELLELI CARLETTI (1923-1976), Bispo Auxiliar de Crdoba (1960), Bispo de La Rioja (1968-1976)
(1a, 3a e 4a sesses do Vaticano II), ARGENTINA Assassinado pelos militares argentinos a 4 de agosto de 1976.
ALEMANHA.
CANAD.
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57
Fonte: Archives Conciliaires C. Himmer, n. 91 Universit Catholique de Louvain. Para os dados de cada bispo, sua participao nas sesses do Conclio e
sua ulterior trajetria, a pesquisa do autor.
16
59
Argentina 2
1. Alberto DEVOTO (1918-1984), Bispo de Goya (1961-1984)
(1a, 2a, 3a e 4a sesses do Vaticano II), ARGENTINA.
2. Enrico A. ANGELLELI CARLETTI (1923-1976), Bispo Auxiliar de Crdoba (1960), Bispo de La Rioja (1968-1976)
(1a, 3a e 4a sesses do Vaticano II), ARGENTINA.
Brasil 5
1. Joo Batista da MOTA e ALBUQUERQUE (1909-1984),
Bispo do Esprito Santo (1957), Arcebispo de Vitria, ES
(1958-1984) (1a, 2a, 3a e 4a sesses do Vaticano II), BRASIL.
2. Francisco AUSTREGSILO DE MESQUITA FILHO (19242006), Bispo de Afogados da Ingazeira, PE (1961-2001) (1a,
2a, 3a e 4a sesses do Vaticano II), BRASIL.
3. Jos Alberto Lopes de CASTRO PINTO (1914-1997), Bispo Auxiliar de So Sebastio do Rio de Janeiro, RJ (19641976), Bispo de Guaxup, MG (1976-1989 resignatrio) (3a
e 4a sesses do Vaticano II), BRASIL.
4. Henrique Hector GOLLAND TRINDADE, OFM (18971984), Bispo de Bonfim, BA (1941-1948), Bispo de Botucatu, SP (1948-1958), Arcebispo de Botucatu, SP (1958-1968)
(1a, 2a, 3a e 4a sesses do Vaticano II), BRASIL.
5. Antnio Batista FRAGOSO (1920-2006), Bispo Auxiliar de
So Luiz do Maranho (1957-1964), Bispo de Crates, CE
(1957-1998) (1a, 2a, 3a e 4a sesses do Vaticano II), BRASIL.
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Cuba 1
1. Eduardo Toms BOZA MASVIDAL (1915-2003), Bispo Auxiliar de San Cristbal de la Habana (1960-1963, resignatrio) (1a, 2a, 3a e 4a sesses do Vaticano II), CUBA.
Dominica 1
1. Antoon DEMETS, CSSR (Congregao do Santssimo Redentor) (1905 a 2000, nascido na Blgica), Bispo Coadjutor
de Roseau (1946-1954, resignatrio) (1a, 2a, 3a e 4a sesses
do Vaticano II), DOMINICA ANTILHAS.
No total, 42 firmantes de 25 pases nos vrios continentes, com exceo da Oceania.
Amrica do Norte 1
Canad (1).
sia 13
China (5), Indonsia (1), Coreia do Sul (1), ndia (6).
Europa 9
Frana (3), Espanha (1), Grcia (1), Itlia (1), Alemanha
(1), Crocia (Iugoslvia) (1), Blgica (1).
Oriente Mdio 1
Israel (1).
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Concluso
Queremos finalizar este reencontro com o Conclio e
com o Pacto das Catacumbas colhendo os frutos que produziu na conscincia eclesial e na prtica eclesial atual. O compromisso com os pobres est no centro da proposta do Papa
Francisco, na sua Exortao ps-sinodal Evangelii Gaudium,
da qual reproduzimos um pequeno trecho, quando trata, no
captulo IV, A dimenso social da evangelizao, sobre a incluso social dos pobres.
186. Deriva da nossa f em Cristo, que se fez pobre e sempre
se aproximou dos pobres e marginalizados, a preocupao pelo
desenvolvimento integral dos mais abandonados da sociedade.
Unidos a Deus, ouvimos um clamor
187. Cada cristo e cada comunidade so chamados a ser instrumentos de Deus ao servio da libertao e promoo dos pobres,
para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e
socorr-lo. Basta percorrer as Escrituras, para descobrir como
o Pai bom quer ouvir o clamor dos pobres: Eu bem vi a opresso do meu povo que est no Egito, e ouvi o seu clamor diante
dos seus inspetores; conheo, na verdade, os seus sofrimentos.
Desci a fim de os libertar (...). E agora, vai; Eu te envio... (Ex
3,7-8.10). E ele mostra-se solcito com as suas necessidades: Os
filhos de Israel clamaram, ento, ao Senhor, e o Senhor enviou-lhes um salvador (Jz 3,15). Ficar surdo a este clamor, quando
somos os instrumentos de Deus para ouvir o pobre, coloca-nos
fora da vontade do Pai e do seu projeto, porque esse pobre clamaria ao Senhor contra ti, e aquilo tornar-se-ia para ti um pecado (Dt 15,9). E a falta de solidariedade, nas suas necessidades, influi diretamente sobre a nossa relao com Deus: Se te
amaldioa na amargura da sua alma, aquele que o criou ouvir
a sua orao (Eclo 4,6). Sempre retorna a antiga pergunta: Se
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efeitos mais graves de todas as agresses ambientais recaem sobre as pessoas mais pobres (LS 48).
Conclui sua encclica com um convite orao, desdobrando-o em duas preces. Reproduzimos a primeira, em que
todas as pessoas que creem em Deus, nas diferentes religies,
so convidadas a se unirem na mesma orao e no mesmo
compromisso de resgate da vida dos abandonados e esquecidos da terra e de salvaguarda de toda a criao.
Assim diz o papa:
Depois desta longa reflexo, jubilosa e ao mesmo tempo dramtica, proponho duas oraes: uma que podemos partilhar todos quantos acreditam num Deus Criador Onipotente, e outra
pedindo que ns, cristos, saibamos assumir os compromissos
com a criao que o Evangelho de Jesus nos prope.
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e no o depredemos,
para que semeemos beleza
e no poluio nem destruio.
Tocai os coraes
daqueles que buscam apenas benefcios
custa dos pobres e da terra.
Ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa,
a contemplar com encanto,
a reconhecer que estamos profundamente unidos
com todas as criaturas
no nosso caminho para a vossa luz infinita.
Obrigado porque estais conosco todos os dias.
Sustentai-nos, por favor, na nossa luta
pela justia, o amor e a paz (LS 246).
Sumrio
Introduo.............................................................................. 9
Local da celebrao Catacumbas de Santa Domitila.............25
Assinatura do Pacto das Catacumbas....................................27
Pacto das Catacumbas...........................................................29
Lista dos bispos presentes e concelebrantes.........................53
Lista dos bispos por pases ...................................................61
Lista dos bispos por continentes...........................................63
Concluso..............................................................................65
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Impresso na grfica da
Pia Sociedade Filhas de So Paulo
Via Raposo Tavares, km 19,145
05577-300 - So Paulo, SP - Brasil - 2015