A Sabedoria em Israel PDF
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A Sabedoria em Israel PDF
FACULDADE DE TEOLOGIA
MESTRADO INTEGRADO EM TEOLOGIA (1. GRAU CANNICO)
Trabalho de HAGIGRAFOS
sob orientao da Prof. Doutora Lusa Almendra
LISBOA
2014
Reflexo baseada
na experincia
quotidiana do
povo
Pentpole
Sapiencial
Questionamento
e
Anticonformismo
Depois de uma exegese histrico-crtica, na qual os livros sapienciais no foram valorizados, uma
conscincia bblica de interrelao textual levou a que se desse relevo chamada pentpole sapiencial,
constituda pelos seguintes livros: Provrbios e Ben-Sir, que se podem chamar livros irmos; Job e
Qohelet, onde a reflexo sapiencial leva to longe quanto possvel o anticonformismo perante o sofrimento e, novidade para a conscincia bblica, mostra que possvel questionar o prprio Deus.
Tal acontece, podemos acrescentar, num ambiente de valorizao do sbio, que tem presente os
dinamismos da Revelao na histria, na lei e nos profetas mas que no contm narrao explcita da historia salutis, nem referncia manifesta Lei, nem orculos profticos concretizados.
O interesse renovado pela reflexo sapiencial e concretamente pela literatura sapiencial bblica
tem uma expresso de grande importncia em G. von Rad (1901-1971), fazendo lembrar os tempos da Patrstica e da Medievalidade, em que estes textos eram vastamente comentados.
Tal interesse renovado v as suas razes na conscincia que se recuperou de que os livros sapienciais tm como objecto o homem presente, o problema da vida e o destino do homem, bem como na
forma correcta de se procurar a sabedoria. Neste sentido, torna-se claro que a literatura sapiencial nos
sugere que o modo adequado de o fazer passa necessariamente por um envolvimento existencial, de
quem procura a sabedoria no apenas intelectual e cognoscitivamente, mas com o empenho de todo o
corao, perseguindo-a tenazmente, ouvindo-a e invocando-a por meio da orao, uma vez que se trata, antes de mais nada, de um dom de Deus (cf. Sir 24, 26).
difcil enquadrar a sabedoria, ela tem de facto um carcetr esquivo e voltil. significativo, neste
sentido, que o Antigo Testamento se resuma a Lei e Profetas, surgindo a questo: ser um provrbio
revelao de Deus?. A resposta afirmativa, e justifica-se: embora sendo descritiva do quotidiano, a
literatura sapiencial -o do ponto de vista de Deus, como que a mostrar que o Deus que se faz presente na histria e na Lei e que fala pelos profetas, tambm o Deus da nossa vida quotidiana.
Velhice
Maturidade
Juventude
5. E 6. DEFINIES DA SABEDORIA
Sendo de difcil definio, a Sabedoria, podemos diz-lo, evoca parmetros essenciais como a conscincia, a tica, a ordem universal, ou a relao entre vida pblica e privada. Sendo essencial na formao da conscincia moral, no se pode, no entanto, reduzir a Sabedoria a uma proposta de uma determinada ordem moral vinculativa. Com efeito, como prope A. Schkel, a Sabedoria pode ser vista
como uma oferta de sentido. Oferta porque no uma imposio, consistindo antes numa pedagogia
prpria do sbio, que no usa a fora da lei nem a autoridade para impor o prprio ensinamento, pois
est convicto de que oferece um bem precioso que se impor por si. De sentido porque promove a
autorrealizao do homem (tanto na esfera do privado como do social), conferindo a razo interior de
toda uma existncia, bem como lhe permite consciencializar o bom senso.
O prprio pensamento bblico tem tambm uma proposta definitria de Sabedoria: a habilidade
do arteso, expresso usada pela f do Antigo Testamento para falar da Sabedoria, como criatura de
Deus. A noo de que Deus o arteso por excelncia podendo exclamar bom!, belo! relativamente Sua obra , pedindo do homem que continue a obra de Deus, algo possvel apenas no
contexto de uma vida guiada e regida pela Torah. Com efeito, a ordem do Criador exige a ordem
moral do homem, sendo que a lei a nica que pode dar ao homem um sentido para a vida (cf. Pr 4,
20-22).
Sendo patente que quantos se nutrem da lei tm ainda fome e que quantos bebem da lei tm ainda
sede, o caminho em direco Sabedoria reveste-se de uma particular certeza: ela a nica esposa
ideal do homem (cf. Sb 8, 2 e 1 Rs 3, 4-15). De facto, muito mais do que um projecto de vida, a Sabedoria uma atraco (cf. Sb 6, 12-16 e 8, 16). Tem-se a conscincia de que o sucesso pblico e social
no compensar jamais os insucessos privados e, por conseguinte, de que s a sabedoria pode ttrazer
felicidade ao homem (cf. Sb 8, 21).