Direito Civil I - Proibidão
Direito Civil I - Proibidão
Direito Civil I - Proibidão
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Caderno
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LUCAS SOARES DE OLIVEIRA
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Direito Civil I
Parte Geral
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Caderno
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2011
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Direito Civil I
Parte Geral
SUMRIO
Direito
Civil I
SUMRIO
1. Conceito de direito civil............................................................................................. 10
2. Origens do direito civil .............................................................................................. 11
2.1. Codificao........................................................................................................... 11
2.2. Histria das Codificaes.................................................................................... 11
2.3. Codificao brasileira ......................................................................................... 12
2.1. Cdigo de 1916 .................................................................................................... 13
2.1.1. Monosistemas e polissistemas (A agonia do Cdigo Civil) ............................ 14
2.2. Publicizao do direito civil ............................................................................... 15
2.3. Constitucionalizao do direito civil ................................................................. 17
2.3.1. Metodologia da estratgia de constitucionalizao do Direito Civil .......... 18
2.3.2. O novo ramo: Direito civil-constitucional ................................................. 22
2.3.3. Concluses ................................................................................................... 24
2.5. A necessidade de reconstruo do conceito de autonomia privada ................. 25
2.5. Processo de Transio do Cdigo de 1916 para o de 2002 Modelo normativo
suo ou alemo ......................................................................................................... 27
2.6. Cdigo de 2002 .................................................................................................. 27
Consideraes finais .............................................................................................. 29
Das Pessoas ................................................................................................................... 31
1. Introduo ao tema ................................................................................................... 31
2. Personalidade............................................................................................................ 31
3. Capacidade jurdica .................................................................................................. 33
3.1. Capacidade de direito ......................................................................................... 34
3.2. Capacidade de fato ............................................................................................. 34
4. Legitimidade (ou legitimao) ................................................................................. 37
Estatuto das Pessoas e o Novo Cdigo Civil ................................................................. 38
5. Teorias da personalidade .......................................................................................... 38
5.1. Personalidade no nosso direito .......................................................................... 41
5.2. Sucesso envolvendo o nascituro ...................................................................... 42
6. Regime das incapacidades ........................................................................................ 42
6.1. Absolutamente incapazes ................................................................................... 43
6.2 Relativamente incapazes .................................................................................... 43
6.3. Emancipao ...................................................................................................... 46
7. Extino da personalidade natural ........................................................................... 47
<
7.1. The Ad Hoc Committee of the Harvard Medical School to Examine the
Definition of Brain Death .........................................................................................48
7.1.1. Questionamentos acerca do critrio da morte enceflica ........................... 50
7.2. Aferio da morte no sistema legal brasileiro ................................................... 51
7.3. Morte presumida ................................................................................................ 52
7.3.1. Comorincia ................................................................................................. 55
8. Registro civil das Pessoas Naturais .......................................................................... 56
Dos Direitos da Personalidade ..................................................................................... 58
9. Conceito .................................................................................................................... 58
9.1. Contexto histrico .............................................................................................. 58
9.2. Caractersticas dos Direitos da Personalidade ..................................................60
9.3. Trao Dogmtico de Definio .......................................................................... 63
9.4. Concluso ........................................................................................................... 64
10. Estudo dos artigos ................................................................................................... 64
Da Ausncia .................................................................................................................. 70
11. Conceito ................................................................................................................... 70
12. Estudo dos artigos ................................................................................................... 71
Das Pessoas Jurdicas ................................................................................................... 77
13. Introduo ............................................................................................................... 77
14. Teorias da Natureza da pessoa jurdica .................................................................. 78
14.1. Teorias individualistas ...................................................................................... 78
14.2. Teorias da realidade coletiva............................................................................ 81
14.3. Teorias normativas ...........................................................................................82
15. Estudo dos artigos ................................................................................................... 85
16. Representao e Capacidade das pessoas jurdicas ............................................... 91
16.1 Teorias da representao ................................................................................... 92
15.2. Atos ultra vires ................................................................................................. 93
17. Desconsiderao da pessoa jurdica ....................................................................... 95
17.1. Teorias da desconsiderao maior e menor .................................................. 105
18. Dissoluo da pessoa jurdica ............................................................................... 105
19. Associaes ............................................................................................................ 106
19.1. Estudo dos artigos .......................................................................................... 106
20. Fundaes ............................................................................................................. 109
20.1. Estudo dos artigos .......................................................................................... 110
21. Entes atpicos ......................................................................................................... 113
Direito Civil I
Do Domiclio ................................................................................................................116
22. Consideraes iniciais ...........................................................................................116
23. Estudo dos artigos ................................................................................................ 118
Dos Bens ...................................................................................................................... 124
1. Introduo ............................................................................................................... 124
2. Patrimnio .............................................................................................................. 125
3. Teoria dos Bens ....................................................................................................... 126
3.1. Distino entre coisas e bens ........................................................................... 127
3.2. A insuficincia dos elementos caracterizadores dos bens jurdicos ............... 127
3.2.1 Economicidade e utilidade ......................................................................... 128
3.2.2. Suscetibilidade de apropriao ................................................................. 129
3.2.3. Limitabilidade ............................................................................................ 131
3.2.4. Exterioridade .............................................................................................. 131
3.2.5. Concluso .................................................................................................. 132
4. Classificao dos Bens ............................................................................................ 132
4.1. Bens Considerados em si mesmos ................................................................... 132
4.1.1. Bens imveis e bens mveis .......................................................................... 133
4.1.2. Bens fungveis e bens infungveis ................................................................ 133
4.1.3. Bens consumveis e inconsumveis............................................................... 134
4.1.4. Bem divisvel e bem indivisvel .................................................................... 134
4.1.5. Bens singulares e coletivos ........................................................................... 135
4.2. Bens reciprocamente considerados ................................................................. 135
4.2.1. Bens principais e acessrios .......................................................................... 135
4.2.2. Diversas classes de bens acessrios ............................................................. 135
4.2.2.1. Benfeitorias e Pertenas ............................................................................. 135
4.2.2.2. Frutos e Produtos....................................................................................... 136
4.3. Bens quanto ao titular do domnio .................................................................. 137
4.3.1. Bens pblicos e particulares......................................................................... 137
4.4. Bens disponveis e bens indisponveis ............................................................ 138
Dos Fatos Jurdicos .................................................................................................... 140
1. Consideraes esparsas acerca do fato jurdico ..................................................... 140
2. Aquisio, modificao e extino. ........................................................................ 142
2.1. Aquisio........................................................................................................... 142
2.2. Modificao ...................................................................................................... 144
2.3. Extino ............................................................................................................ 145
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Direito Civil I
<
9
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Direito Civil I
10
o art. 1799 inc. I de nosso Cdigo civil o seguinte: Na sucesso testamentria podem ainda ser
chamados a suceder:I - os filhos, ainda no concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas
estas ao abrir-se a sucesso; O art. 1.597 inc. IV, por sua vez, diz: Art. 1.597. Presumem-se concebidos na
constncia do casamento os filhos:IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embries
excedentrios, decorrentes de concepo artificial homloga.
2O art. 1857, tambm do Cdigo civil, coloca: Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade
dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. 1 o A legtima dos herdeiros necessrios no
poder ser includa no testamento. 2 o So vlidas as disposies testamentrias de carter no patrimonial,
ainda que o testador somente a elas se tenha limitado; e, ainda, o art. 12, em seu pargrafo nico dispes:
Em se tratando de morto, ter legitimao para requerer a medida prevista neste artigo o cnjuge
sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral at o quarto grau.
3GONALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro.
4 Francesco Santoro-Passarelli, Dottrine generali del diritto civile, p. 19; Planiol, Ribert e Boulanger, Trat
lmentaire de droit civil, v.1, p. 13, n. 32; Arnoldo Wald, Curso de direito civil brasileiro: introduo e parte
geral, v.1, p.15; dentre outros.
11
Direito Civil I
na prpria Constituio Federal. O direito civil, portanto, bem mais do que um dos
ramos do direito privado, pois encerra os princpios de aplicao generalizada, que
se projetam em todo arcabouo jurdico, e no restrita matria cvel. Nele se situam
normas gerais, como as de hermenutica, as relativas prova e aos defeitos dos
negcios jurdicos, as concernentes prescrio e decadncia etc., institutos comuns
a todos os ramos do direito. 5
12
10
13
Direito Civil I
14
15
Direito Civil I
16
17
Direito Civil I
18
GONALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro, p-8 (Col. Sinopses Jurdicas, v.1); AMARAL,
Francisco, Direito civil, cit., p. 129; PEREIRA, Caio Mario da Silva, Instituies, cit., v.1, p. 58; DINIZ, Maria
Helena, Curso, cit., v. 1, p. 50; RODRIGUES, Silvio, Direito civil, cit., v.1, p. 13.
21 TEPEDINO, Gustavo, Temas de direito civil, cit., p. 15.
22 Apontamentos realizados pro GUSTAVO TEPEDINO: Premissas metodolgicas para a constitucionalizao do
direito civil, In: temas de direito civil, p. 1-22.
20
19
Direito Civil I
de uma absoro do Direito Privado pelo Direito Pblico ou, melhor, uma
necessidade de se criar novas interpretaes, novos conceitos relao PblicoPrivada.
O Cdigo Civil de 1916 fruto de uma tendncia individualista, de inspirao
napolenica com j visto, que tratava de regular a atuao dos sujeitos de direito,
principalmente proprietrios e contratantes que aspiravam eliminao dos
privilgios feudais, para benefcios prprios. quele tempo, afirmava-se que o
Cdigo Civil brasileiro era a Constituio do Direito Privado, j que era a garantia
mais elevada quanto disciplina das relaes patrimoniais, sem a ingerncia do
Direito Pblico na esfera privada. Tem-se, na verdade, que a generalidade dos
Cdigos civis oitocentistas (sc. XIX), dentre eles o Cdigo de 1916, foram tratados
com significado constitucional, pois representavam a maior garantia legal do
mbito privado.
Contudo, ao decorrer do tempo, esteperodo de estabilidade e segurana entra em
declnio, mais especificamente durante a segunda metade do sec. XIX, com
necessidade cada vez maior de interveno estatal na economia. A fim de
reequilibrar o quadro social aps a promulgao do Cdigo Civil o legislador teve que
fazer uso de leis excepcionais, que confirmavam o papel constitucional do Cdigo nas
relaes privadas.Essa legislao de emergncia que se pretendia casustica,
exprimia a circunstncia histrica justificadora da interveno legislativa e
preservava a integridade do sistema em torno do Cdigo Civil. Assim se deu a
primeira fase intervencionista do Estado,que no alterou substancialmente a
exclusividade do diploma civil nas relaes de Direito Privado, por limitar tais aes
a necessidade emergencial.
Ao longo do tempo, foram surgindo novas necessidades do estado, devido s novas
situaes sociais e jurdicas que surgiam e no eram alvitradas pelo Cdigo de
BEVILQUA. Essas necessidades acabaram por fazer com que as leis extravagantes
perdessem o carter emergencial das anteriores e tornando-se cada vez mais
abrangentes, codificam novas matrias, regulam novos institutos e, portanto, no
compadecendo como as anteriores, configurando assim uma segunda fase no
percurso interpretativo do Cdigo Civil em que se revelou a perda de seu carter de
exclusividade na regulao das relaes patrimoniais privadas, devido ao processo de
formao de microssitemas.
De certa forma, tal modificao no papel do diploma civil identifica sinais de
esgotamento das categorias de Direito Privado. A nova realidade econmica
industrial repele o individualismo que d lugar a uma preocupao com o contedo e
com as finalidades das atividades desenvolvidas pelo sujeito de direito. Devido
industrializao e outros fatores, verifica-se a introduo de deveres sociais s
atividades econmicas privadas, atravs de Cartas Polticas e grandes Constituies.
As constituies assumem postura tal que devem ser levadas a cabo pelo legislador
ordinrio.
Destarte, o Cdigo Civil de 1916 perde definitivamente seu papel de constituio
do Direito Privado. Os textos constitucionais vo cada vez mais definindo princpios
relacionados a temas antes tratados exclusivamente pelo texto civil. E, por outro
lado, o prprio Cdigo, atravs da legislao extracodificada, desloca sua
20
24
21
Direito Civil I
22
23
Direito Civil I
28Perfis
24
32Instituies,
33
v. 1, cit., p. 19.
ALEXY, Robert, Teoria dos direito fundamentais, So Paulo: Malheiros, 2008.
25
Direito Civil I
26
27
Direito Civil I
2.5. PROCESSO
DE TRANSIO DO
NORMATIVO SUO OU ALEMO
CDIGO
DE
1916
PARA O DE
2002 MODELO
38
28
GONALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro, v.1, p-40; TEPEDINO, Gustavo (Coordenador), A
parte geral do novo Cdigo Civil: estudos na perspectiva civil-consitucional, cit., p. XVIII, 2007; AMARAL,
Francisco, Direito civil, cit., p. 130.
39
29
Direito Civil I
Consideraes finais
Lgica difusa(Fuzzy Logic) vs. Lgica Binria
Para ilustrar de forma mais clara e sem rodeios, peguemos o seguinte exemplo:
Em um contrato de compra e venda, teoricamente, a coisa deveria ser entregue no
momento da compra, mas uma situao de compra realizada a prazo, em que o
proprietrio s recebe a coisa ao final do pagamento tambm pode ser considerada
compra e venda. Assim, o contrato de leasing ou arredamento mercantil (situao
na qual um empreendedor delega a um terceiro que compre um equipamento para
que a empresa do primeiro o utilize) paga-se ao terceiro mensalmente o aluguel e a
taxa de depreciao do produto. Ao final do contrato, h a possibilidade de compra
do equipamento pelo empreendedor que, se efetuada, ser realizada descontando o
valor j pago pela locao e utilizao da mquina, que poder ser adquirida por seu
valor original.
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30
2. O
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RIGENS DO DIREITO CIVIL
31
Direito Civil I
Livro I
DAS PESSOAS
Ttulo I
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
1. Introduo ao tema; 2. Personalidade; 3. Capacidade
jurdica; 3.1. Capacidade de direito; 3.2. Capacidade de
fato; 4. Legitimidade (ou legitimao).
1. INTRODUO AO TEMA
Nosso Cdigo Civil regula as relaes jurdicas privadas que nascem da vida em
sociedade e se formam entre pessoas, sejam fsicas ou jurdicas 40.
O Cdigo de 2002 abarca em seu Livro I da Parte Geral s pessoas e as divide em
trs ttulos, das pessoas naturais, das pessoas jurdicas e do domiclio. Por sua vez,
o Ttulo das pessoas naturais separa-se em trs captulos, respectivamente sobre a
personalidade e a capacidade, os direitos da personalidade e a ausncia. O advento
de um captulo novo sobre os direitos da personalidade mostra relevante inovao,
tendo em vista a importncia desse tema na atualidade. A disciplina da ausncia foi
deslocada do direito de famlia, em que se encontrava no Cdigo de 1916, para a
Parte Geral do novo diploma civil, onde encontra sua sede original41.
2. PERSONALIDADE
O conceito de pessoa, como bem destaca GUSTAVO PEREIRA LEITE RIBEIRO, ocupa
uma posio privilegiada na experincia jurdica ocidental, resultado de longa
elaborao histrica, influenciada por diversas concepes filosficas, assim como
pela rica aventura semntica de seu suporte vocabular. 42
Ao traar uma anlise etimolgica, pessoa deriva do substantivo latino persona
que, por sua vez, tem sua genesis na palavra grega prsopon, utilizada para designar
a mscara que os atores usavam em apresentaes teatrais. Em sua mutao
faz uma ressalva que o Cdigo Civil est posto para regular as relaes jurdicas entre pessoas e
pessoas, e no entre pessoas e animais ou pessoas e objetos.Direito civil brasileiro, v.1, p-93.
41 RODRIGUES, Silvio, Direito Civil, v. 1, p. 33, n. 14; ALVES, Jos Carlos Moreira, A Parte Geral do Projeto
do Cdigo Civil brasileiro, p. 72.
42 Personalidade e capacidade do ser humano a partir do novo cdigo civil, In: Manual de teoria geral do
direito civil, cit., p. 177.
40GONALVES
2. PERSONALIDADE
32
Op. cit.
Op. cit.
45Instituies, v. 1, cit., p. 179.
46Traando uma smile a outras cincias, enquanto na Psiquiatria ouvimos falar em dupla personalidade, no
direito a atribuio da personalidade feita pelo ordenamento jurdico, segundo um critrio poltico, sendo,
sobe o foco jurdico, inexistente uma condio de dupla personalidade de um indivduo. Diga-se, ainda, que
o que d condies de atribuir direitos e deveres , justamente, esse carter relacional, qual seja a existncia de
uma norma jurdica.
47 KELSEN, Hans, Teoria Pura do Direito; BEVILQUA, Clvis, Cdigo Civil dos Estados Unidos do Brasil
comentado, v. 1, obs. 1 ao art. 2 do CC/1916.
48Temas, cit., p. 26 e ss.
49 GONALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro, v.1, p-94.
43
44
33
Direito Civil I
3. CAPACIDADE JURDICA
O artigo 1 de nosso novo Diploma civil endenta o conceito de capacidade com o
de personalidade, ao declarar que toda pessoa capaz de direitos e deveres na
ordem civil. Afirmar que o homem tem personalidade o mesmo que afirmar que
esse tem capacidade para ser titular de direitos53.
Fala-se, ento, que a capacidade justamente a medida da personalidade
medida ou extenso de direitos e deveres que podem ser personificados por
diferentes entes pois, para alguns ela plena e, para outros, mitigada varia de
indivduo para indivduo e durante as fases da vida do indivduo.
A expresso pessoa humana pode soar como redundncia, mas se faz necessria para distinguir pessoas
naturais ou fsicas de pessoas jurdicas, assunto tratado mais frente.
51CAIOMRIODASILVAPEREIRA, a propsito, anotou: Em o direito brasileiro, a ideia da concesso de
personalidade a" todo ser humano vigorou mesmo ao tempo da escravido negra, muito embora o regime
jurdico do escravo no o equiparasse ao homem livre. Hoje o direito reconhece os atributos da personalidade
com um sentido de universalidade, e o Cdigo Civil de 1916 o exprime, afirmando que todo homem capaz de
direitos e obrigaes na ordem civil (art. 2), empregada a palavra homem na acepo de todo ser humano,
todo indivduo pertencente espcie humana, ao humanum genus, sem qualquer distino de sexo, idade,
condio social ou outra, conceito aconselhvel no novo Cdigo (Instituies de direito civil, v.1, p. 142, n.
42).
52 CHORO, Mrio Emlio Bigotte. Concepo realista da personalidade jurdica e estatuto do . Rio de
Janeiro: Revista Brasileira de Direito Comparado, p. 262.
53 RODRIGUES, Slvio, Direito civil, cit., v. 1, p. 35, n. 16.
50
3. CAPACIDADE JURDICA
34
A capacidade que todos so dotados e que a eles inerente desde seu nascimento
denomina-se capacidade de direito ou de gozo. Essa espcie de capacidade
reconhecida a todo ser humano, sem qualquer distino55.
Basicamente, a capacidade a medida de quanto de direitos
Tanto a
um indivduo pode comportar, e, por isso, diferente da
personalidade
personalidade, um conceito quantitativo e varivel.
quanto a
capacidade so
H que se entender, portanto, que existe uma
aferidas
complementao mtua entre a capacidade e a personalidade,
abstratamente, no
pois, de nada valeria a personalidade sem a capacidade jurdica,
entanto, enquanto
que se ajusta assim ao contedo da personalidade, na mesma e
aquela
certa medida em que a utilizao do direito integra a ideia de ser
qualitativa esta
algum titular dele. Com esse sentido universal no h restries
quantitativa.
capacidade, porque todo direito se materializa na efetivao ou
est apto a concretizar-se. A privao absoluta de capacidade
acarretaria, sem dvidas, na frustrao da personalidade: se ao homem, como sujeito
de direito, fosse negada a capacidade genrica para adquiri-lo, a consequncia seria o
seu aniquilamento do no mundo jurdico56. S no h capacidade de aquisio de
direitos onde falta personalidade, como, v.g., no caso dos nascituros. 57
A capacidade de direito varivel, como apontado supra, de indivduo para
indivduo, de gnero para gnero, de profissional para profissional. Com vista disso,
ser impossvel vislumbrar um homem como titular do direito de licenamaternidade.
Conclui-se, ento, que a capacidade de direito ou de gozo, refere-se extenso de
direitos e deveres que algum abstratamente pode vir a titularizar. medido
abstratamente independente da situao concreta , pois, independente do seu
exerccio, os direitos estaro l, garantidos pelo ordenamento. A regra que toda
pessoa capaz, as restries encontram-se postas em nosso ordenamento.
35
Direito Civil I
negocial. Essa capacidade nada mais do que a aptido para exercer, por si s, atos
da vida civil. uma quantificao baseada num critrio psquico estabelecido em
moldes conceituais genricos.
Devido esse carter conceitual e genricode tais moldes supramencionados, no se
admite relativizao da capacidade a cada caso, ou seja, o ordenamento no admite
que o indivduo A seja considerado capaz em relao ao indivduo B e incapaz em
relao ao C; sendo ele capaz, ele ter essa qualidade frente a todos os demais, e o
contrrio tambm ser vlido, caso seja o indivduo incapaz (relativa ou
absolutamente).
Por faltarem alguns requisitos materiais a algumas pessoas, como maioridade,
sade, desenvolvimento mental etc., a lei, com o escopo de resguarda-las, apesar de
no lhes negar a capacidade de adquirir direitos, sonega-lhes a de se
autodeterminarem, de exerc-los pessoal e diretamente, exigindo sempre a
participao de outra pessoa, que as representa ou assiste. Sobre isso, esclarece de
forma clara ARNOLDOWALD:
se todos os homens so capazes de direito, podendo ter direitos
subjetivos e contrair obrigaes, nem todos so aptos a praticar
pessoalmente os atos da vida civil. Distinguimos, pois, a capacidade de
direito, ou seja, a possibilidade de adquirir direitos e contrair obrigaes
por si ou por terceiros, da capacidade de fato, tambm chamada de
exerccio ou de negcio, em virtude da qual um indivduo pode praticar
pessoalmente os atos da vida civil, sem necessitar de assistncia ou
representao58.
Com as gradaes existentes da capacidade de exerccio, elaborada a partir do
critrio etrio, visa-se proteger determinado ente numa relao jurdica.
(QUADRO 2)
Plano didtico
Proprietrio
de um imvel
Forma de aquisio:
relao contratual/
usucapio/ ocupao
So pr-requisitos:
1. Ser dotado de
personalidade jurdica;
2. poder titularizar, i.e.,
ser capaz de gozar do
direito de propriedade.
A maneira como o proprietrio ir subir as escadas definida por sua capacidade de exerccio. Assim,
hipoteticamente, ele:
a) subir por si s (indivduo plenamente capaz);
b) subir com algum segurando a escada (indivduo relativamente incapaz);
c) subir erguido ao topo por um representante (indivduo absolutamente incapaz).
Observao:
o indivduo
dotado deintroduo
capacidade
de direito,
58Se
Curso
de direitono
civilbrasileiro:
e parte
geral, p. no
137.
Se o indivduo no dotado de capacidade de exerccio, pode participar da relao, desde que representado.
3. CAPACIDADE JURDICA
36
37
Direito Civil I
60
38
5. TEORIAS DA PERSONALIDADE
Tendo em vista o j mencionado nos itens retro, a regra que qualquer pessoa
capaz, as restries encontrar-se-o no ordenamento jurdico. Tendo em vista esta
regra, prev o artigo 1 de nosso Cdigo Civil que toda pessoa capaz de direitos e
deveres na ordem civil. Portanto, a personalidade jurdica um pressuposto
imprescindvel da capacidade. Isso pacfico na doutrina.
As polmicas em torno do novo Diploma civil comeam com o artigo 2, que
repete, literalmente, os dizeres do artigo 4 do Cdigo de 1916. Diz o artigo 2 que:
a personalidade civil da pessoa comea do nascimento com vida; mas a lei pe a
salvo, desde a concepo, os direitos do nascituro. A esse artigo se remetem
discusses sobre o estatuto jurdico do nascituro, i.e., se este ou no pessoa para o
direito.
Sobre esse tema apresentam-se algumas teorias: tese natalista; tese
concepcionista; tese condicional e; tese gentico-desenvolvimentista:
1 . Teoria Natalista: essa corrente assevera que a condio indispensvel
para aquisio da personalidade civil o nascimento com vida;
2 . Teoria Concepcionista: por esta corrente, admite-se que a personalidade
adquirida antes do nascimento, ou seja, desde a concepo.
3 . Teoria Condicional:a personalidade condicional sustenta que o
nascituro pessoa condicional, pois a aquisio da personalidade acha-se
sob a dependncia de condio suspensiva, o nascimento com vida, no se
tratando propriamente de uma terceira corrente, mas de um
desdobramento da teoria natalista, visto que tambm parte da premissa de
que a personalidade tem incio com o nascimento com vida 62. Apoia-se
nessa teoria, por exemplo, WASHINGTONDEBARROSMONTEIRO, que diz o
seguinte:
Discute-se se o nascituro pessoa virtual, cidado em germe, homem in
spem. Seja qual for a conceituao, h para o feto uma expectativa de vida
humana, uma pessoa em formao. A lei no pode ignor-lo e por isso lhe
salvaguarda os eventuais direitos. Mas, para que estes se adquiram,
preciso que ocorra o nascimento com vida. Por assim dizer, o nascituro
pessoa condicional; a aquisio da personalidade acha-se sob a
62
39
Direito Civil I
cit., p. 61.
o momento em que, na fase de blstula, o embrio fixa-se no endomtrio (10 dias
aproximadamente).
65Esse parmetro utilizado em alguns pases de cultura consuetudinria (v.g., Austrlia e alguns estados dos
EUA).
64Nidao
5. TEORIAS DA PERSONALIDADE
40
70Programa,
cit., p. 134.
41
Direito Civil I
HARBERMAS faz uma crtica deontolgica ALEXY, que segundo o ele d uma
conotao econmica (instrumentaliza) os direitos fundamentais.
72
42
74
43
Direito Civil I
44
45
Direito Civil I
Por fim, o artigo 4 contm ainda seu pargrafo nico que determina que a
capacidade dos ndios ser regulada por legislao especial. Tal aspecto j foi
78
Pronunciamento em aula.
46
abordado no item 3.2, retro. O Estatuo do ndio dispe, em regra, que o ndio figura
como relativamente incapaz.
6.3. EMANCIPAO
47
Direito Civil I
Curiosidades
Emancipados (menores de dezoito anos) no podem, v.g., comprar cigarros,
pois a proibio feita com o escopo de evitar o consumo do produto;
Ao contrrio do que se costuma dizer, o ato nulo produz efeitos, ainda que
no sejam aqueles desejados pelas partes;
A capacidade de exerccio estabelecida em moldes conceituais e genricos.
Quando, porm, o indivduo demonstra ter compreenso e vontade para
praticar o ato, este pode ser reputado como vlido. Falamos, ento, de uma
capacidade natural.
Transfuso de sangue para testemunhas de Jeov: os relativamente
incapazes podem recusar a transfuso a nosso ver, contanto que esses
demonstrem compreenso e vontade para tal.
48
OF THE
TO
EXAMINE
THE
49
Direito Civil I
82
50
nenhuma atividade neste rgo. Outro motivo a se vislumbrar poderia ser que as
pessoas cujo crebro se v por inteiro morto param de respirar ao serem removidas
do respirador e, desse modo, qualquer que seja o critrio adotado, no demoram a
morrer. Em outro paralelo, as pessoas em estado vegetativo persistente podem
continuar a respirar sem qualquer assistncia mecnica. Assim, como ilustra PETER
SINGER:
Chama o agente funerrio para enterrar um paciente morto que ainda
respira seria, para qualquer pessoa, difcil demais de engolir. 84
7.1.1. Questionamentos acerca do critrio da morte enceflica
Como j foi mencionado, a redefinio do conceito de morte em termos de morte
cerebral foi aceita to pacificamente porque no prejudicava os pacientes de morte
cerebral e beneficiava todos os demais envolvidos: as famlias, os hospitais, os
cirurgies e pacientes necessitados de transplantes, as pessoas que temiam ser
mantidas algum dia num respirados aps seu crebro ter perecido, os contribuintes e
o governo. Todavia, cabe a seguinte indagao: ser que as pessoas realmente
consideram mortos os indivduos em morte cerebral? O prprio Harvard Brain
Death Committee no conseguia engolir bem as implicaes daquilo que ele estava
recomendando. Conforme j dito, ele descreveu os pacientes cujo crebro havia
cessado de funcionar como indivduos em estado de coma irreversvel e afirmava
que serem mantidos no respirador constitua para eles um peso. Os mortos, porm,
no esto em coma: esto mortos, e para eles nada mais pode constituir um peso 85.
Com apoio da histria, faz-se lembrar de curiosos casos que evidenciam essa no
percepo da morte como morte cerebral. Em 1993 o Miami Herald publicou uma
histria com a manchete Mulher com morte cerebral mantida viva na esperana
de dar luz um filho; ao passo que, depois da mesma mulher ter o filho, o jornal
San Francisco Chronicle afirmou: Mulher com morte cerebral tem filho e depois
morre. Ademais, em pesquisa realizada Cleveland, no estado de Ohio, de cada trs
enfermeiros, apenas um compartilha a opinio de que as pessoas com morte cerebral
podem ser classificadas como mortas.
Assim, cabe o questionamento: porque os veculos de comunicao e os
profissionais da sade no creem na morte cerebral como critrio de aferio da
morte? Uma explicao vivel que, mesmo tendo cincia que os pacientes de morte
cerebral esto mortos, as pessoas simplesmente acham complicado demais
abandonar modos obsoletos de pensar sobre a morte. Outra justificao razovel a
de que as pessoas possuem suficiente senso comum para verem que o paciente de
morte cerebral no est realmente morto. Destarte, o critrio de morte cerebral
constitui apenas umafico conveniente.
Deste modo, ao lanar mo desse crivo de aferio da morte, estar-se-ia
arquitetando uma balana de vantagens e desvantagens. Acerca desse modo de
pensar, tm-se duas linhagens de pensamento. Pela perspectiva dos adeptos da tica
do carter sagrado da vida, a vantagem , naturalmente, que j no estaramos mais
matando pessoas ao remover-lhes cirurgicamente o corao enquanto elas ainda
84Op.
85
cit. p. 218.
Op. cit. p. 219.
51
Direito Civil I
esto vivas. Sobre outra perspectiva, tem-se uma reposta mais racional, a qual me
ancoro, onde as funes cerebrais realmente importantes so as relacionadas
conscincia. Na esteira desse pensamento, aquilo com que realmente devemos nos
importar com a pessoa, e no o corpo dela. De aodo com isso, a suspenso
permanente da funo do crtex cerebral, e no do crebro por inteiro, que deveria
ser tomada como critrio de morte. Diversas razes podem ser oferecidas para
justificar tal pensamento. Tiram-se, inclusive, razes do prprio relatrio da
Harvard Brain Death Committee, onde apesar de especificar que suas
recomendaes fossem aplicadas aqueles que no manifestassem nenhuma
atividade discernvel do sistema nervoso, os argumentos por ele apresentados para
a definio de morte aplicam-se, em todos os aspectos, aos pacientes que estavam
permanentemente privados de qualquer conscincia, tivessem ou no alguma funo
no tronco cerebral. Isso no parece ter sido acidental, pois refletia as convices do
presidente do Comit, que em sua declarao perante a associao pelo Progresso da
Cincia, afirmou que essencial para natureza humana :
a personalidade do indivduo, sua vida consciente, sua singularidade, sua
capacidade de recordar, julgar, raciocinar, atuar, divertir-se, preocupar-se
e assim por diante 86.
Portanto, mais importante do que um definio tcnica que acaba por derivar em
tons antagnicos e utilitaristas, seria a simples meno de que quando no a mais
conscincia, no h que se falar em vida; tem-se to s um receptculo vazio. Assim,
quando destrudo o cortem cerebral, de forma a causar a impossibilidade de
recuperao da conscincia do indivduo, tem-se a morte do mesmo, ao menos
parece coerente que assim seja.
52
Saliente-se que a morte real ser atestada por mdico, que declarar a causa e o
momento do falecimento, levados em conta na lavratura do registro de bito junto ao
cartrio civil (art. 9, I, CC).88
Curiosidade.Aos olhos do PROF. DENISFRANCO, no direito brasileiro, a morte
enceflica no determina o fim da personalidade, sendo ainda utilizado o critrio
cultural de morte, valendo o critrio da morte cerebral to s queles de transplante
de rgos. Para ele, o fim da personalidade ocorre com a parada
cardiorrespiratria. O critrio da morte enceflica aceito por ser um benefcio aos
sadios. Fato que para o direito:O momento da morte deciso do corpo
mdico (CFM - morte enceflica). Todavia, a sociedade no enxerga
como mortes os indivduos com diagnstico de morte enceflica. Esta
ideia consequncia do utilitarismo atravs do qual a sociedade
percebida, onde a ideia chave : at que ponto o indivduo til
sociedade.Sendo assim, conclui que, o fim da personalidade tem que ser
determinado com base em critrios no dissonantes com a cultura da nao.
Presume-se a morte, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a
abertura da sucesso definitiva (CC, artigo 6, segunda parte). O artigo 37 permite
que os interessados requeiram a sucesso definitiva e o levantamento das caues
postadas dez anos depois de passada em julgamento a sentena que concede a
abertura provisria. Pode-se, tambm, requerer a sucesso definitiva, comprovandose que o ausente conta 80 anos de idade, e que cinco datam as ltimas notcias
(artigo 38)89.
Como exemplos de leis que densificam a matria relacionada autorizao de
abertura de sucesso definitiva nos casos de ausncia, temos: Decreto-Lei n.
5.782/43 (sobre morte presumida de servidor pblico); Lei n. 6.015/73, art. 88,
pargrafo nico (Registros Pblicos) sobre a justificao para assento de bito de
pessoas desaparecidas em naufrgio, incndio, inundao, terremoto ou qualquer
outra catstrofe.
At a declarao da presuno da morte e a abertura da sucesso definitiva,
percorre-se um tortuoso processo. Aps a declarao da ausncia, estabelece-se um
procedimento atravs do qual nomeado um curador, posteriormente, nomeia-se os
possveis manipuladores dos bens; determinam-se os herdeiros, e, finalmente,
presume-se a morte por ausncia. Tudo isso, guarda como fito a proteo do ausente.
O artigo 7 do Cdigo Civil admite a declarao de morte presumida, para todos os
efeitos, sem declarao de ausncia:
Art. 7o, Pode ser declarada a morte presumida, sem decretao de
ausncia:
I - se for extremamente provvel a morte de quem estava em perigo de
vida;
RIBEIRO, Gustavo Pereira Leite, Personalidade e capacidade do ser humano a partir do novo cdigo civil,
In: Manual de teoria geral do direito civil, cit., p. 185-186.
89 GONALVES, Carlos Roberto, Direito civil, cit., v.1, p. 145.
88
53
Direito Civil I
54
(QUADRO 3)
Supondo-se um patrimnio de 100% a ser dividido por 4 herdeiros (1 o nascituro)
antes da morte do filho 1 25% esto reservados para o nascituro.
----
(pai)
(me grvida)
(Filho 1)
(Neto 1)
HIPTESE 1: Suponha-se que o filho 1 tenha morrido no dia 15/01/2010. Se a data estipulada para a
presuno da morte do pai for:
a.
16/01/2010 O filho 1 ser pr-morto; no chegar a ser herdeiro do pai, mas seus filhos
(neto 1 e neto 2) recebero a herana por representao. A herana ser dividida por 4 e no
3 (restante: 25% reservados ao nascituro);
b. 14/01/2010 O filho 1 no ser pr-morto; ser herdeiro do pai e a herana do pai ser
dividida em 3 partes.
HIPTESE 2: Suponha-se, agora, que o filho 1 pr-morto e o filho
2 e o filho 3:
a. MORREM DEPOIS DO PAI a herana ser dividida em 4 partes;
b. MORREM ANTES DO PAI a herana ser dividia em 6 partes.
CONCLUSO: A data presumida para a morte do pai capaz de alterar o nmero de herdeiros de trs
para seis. Desta maneira, faz-se imprescindvel a estipulao de uma data (mesmo que provvel) para
o falecimento.
Sucesso
provisria
O Retorno do
ausente
(art.39. Regressando o ausente nos dez anos
seguintes abertura da sucesso definitiva, ou
algum de seus descendentes ou ascendentes,
aquele ou estes havero s os bens existentes
no estado em que se acharem, os sub-rogados
em seu lugar, ou o preo que os herdeiros e
demais interessados houverem recebido pelos
bens alienados depois daquele tempo)
Sucesso
definitiva
55
Direito Civil I
Isso fortificado por nossa jurisprudncia: Falecendo no mesmo acidente o segurado e o beneficirio e
inexistindo prova de que a morte no foi simultnea, no haver transmisso de direitos entre os dois, sendo
inadmissvel, portanto, o pagamento do valor do seguro aos sucessores do beneficirio. preciso que o
beneficirio exista ao tempo do sinistro (RT, 587/121).
91 Modernamente, tal diagnstico dado por verificao da paralisao da atividade cerebral, circulatria e
respiratria.
92A presuno legal de comorincia estabelecida quando houver dvida sobre quem morreu primeiro s
pode ser afastada ante a existncia de prova inequvoca de premorincia (RT, 639/62).
90
56
(QUADRO 4)
2 GRAU
1 GRAU
3 GRAU
4 GRAU
Obs.: O Cdigo Civil estabelece que o cnjuge herdeiro, concorrendo com os descendentes.
57
Direito Civil I
58
9. CONCEITO
Quando falamos em direitos de personalidade no estamos identificando a a
personalidade como capacidade de ter direitos e obrigaes, estamos ento
considerando a personalidade como um fato natural, como um conjunto de
atributos inerentes condio humana; estamos pensando em um homem vivo e no
nesse atributo especial do homem vivo, que a capacidade jurdica em outras
ocasies identificada como personalidade. De tal modo, a concepo dos direitos da
personalidade escora-se na ideia de que, a par dos direitos economicamente
apreciveis, separveis da pessoa de seu titular, como o crdito contra um devedor
ou a propriedade, existem outros, no menos valiosos e merecedores da proteo da
ordem jurdica, inerentes pessoa humana e a ela ligados de maneira perene e
permanente. So os direitos da personalidade, cuja existncia tem sido proclamada
pelo direito natural, evidenciando, dentre outros, o direito vida, liberdade, ao
nome, ao prprio corpo, imagem e honra93.
Embora esses direitos sejam tratados, em regra, dentro da Parte Geral, tratam-se
de regras primrias, i.e., regras que estabelecem propriamente direitos e deveres.
Destarte, direitos de personalidade so regras que atribuem direitos subjetivos s
pessoas naturais, traduzem-se em alguns direitos irrenunciveis da pessoa. Referemse, ento, a uma proteo da pessoa humana, dentro de uma estrutura de direitos
privados, trazem com si relao aos direitos inerentes ao ser humano.
Cabe o necessrio atento no sentido de que esses direitos da personalidade so
com certa frequncia equiparados aos direitos personalssimos, que na doutrina
ptria so, na realidade, direitos cujo exerccio s poder se dar pelo titular do
direito.
PEREIRA, Caio Mrio da Silva, Instituies, v.1, p. 152; RODRIGUES, Silvio, Direito civil, v.1, p. 61.
Momentos da codificao e da constitucionalizao, que proporcionaram a interseco entre tais direitos.
59
Direito Civil I
96
9. CONCEITO
60
61
Direito Civil I
9. CONCEITO
62
(QUADRO 5)
98ASCENSO,
Jos de Oliveira, Os direitos de personalidade no cdigo civil brasileiro, Revista Forense, Rio
de Janeiro, v. 342, 1998, p. 121-129.
63
Direito Civil I
64
9.4. CONCLUSO
100
65
Direito Civil I
66
A redao do caput desse artigo contraria a tendncia mundial que preza pelo
consentimento informado, isto , o paciente deve conhecer todas as terapias e suas
eventuais consequncias antes de aceitar submeter-se a elas.
Tambm problemticas so as expresses diminuio permanente da integridade
fsica (tomamos aqui, por exemplo, o caso do body shopping) e bons costumes
(noo confusa, abstrata, muitas vezes subjetiva, que varia de lugar para lugar).
O legislador, talvez, tenha optado por essas expresses a partir da concepo de
que exista, no ordenamento, uma proteo objetiva dignidade da pessoa humana.
Todavia, h que se considerar que a proteo dignidade da pessoa humana
subjetiva, i.e., o indivduo que estaria devidamente tutelado e no a coletividade
humana.
ARTIGO 14. VLIDA, COM OBJETIVO CIENTFICO, OU ALTRUSTICO, A
DISPOSIO GRATUITA DO PRPRIO CORPO, NO TODO OU EM PARTE, PARA
DEPOIS DA MORTE.
PARGRAFO NICO. O ATO DE DISPOSIO PODE SER LIVREMENTE REVOGADO A
QUALQUER TEMPO.
Este artigo estabelece direitos da pessoa sobre o prprio cadver. uma garantia
de direito ao morto (direito de dispor do prprio corpo se desejar). Isso significa que
os parentes tm direitos subjetivos sobre o cadver, mas esses direitos so limitados
pelos interesses do morto. Estes, por sua vez, so limitados pelo prprio artigo, por
meio das expresses objetivo cientfico ou altrusmo.
O artigo 14 compreende clusulas testamentrias atpicas, como, p.ex., aquelas em
que o testamentrio exprime seu desejo sobre o que deve ser feito com seu corpo
depois de morto. Em regra, quando algum morre o destino do corpo se deve pautar
pelos desejos do de cujus expressos em vida.
Tambm possuem legitimidade para essa deciso os herdeiros, segundo a clssica
ordem de vocao hereditria (ascendentes, descendentes, cnjuges que aqui
elevado condio de manifestadamente preferencial , colaterais). Porm, toda vez
que houver um dissenso entre a vontade dos herdeiros e a vontade do de cujus,
prevalece a vontade do ltimo.
A crtica realizada ao artigo 14 indaga o seguinte: quais seriam os fins
altrusticos? Ser que no haveria uma dignidade da pessoa humana em sentido
objetivo?
Explica-se com um exemplo concreto:Uma exposio de corpos realizada pelo
mdico alemo GUNTHER VON HAGENS102para fins artsticos e altrusticos foi
proibida pela justia alem.Em contra-ataque, o mdico juntou ao processo
declaraes dos mortos, que desejavam doar seus corpos para esses fins; mesmo
assim, a deciso da justia foi desfavorvel ao mdico.
O mdico havia transformado a exposio, cientfica a princpio, em um festival de
atraes bizarras, como dois mortos jogando poker com o crtex aberto. A justia,
102O
projeto "Body Worlds" ("Mundos dos Corpos"), do anatomista alemo GUNTHER VON HAGENS, que vinha
provocando polmica em vrios pases por causa da exibio de cadveres.
67
Direito Civil I
Transfuso de sangue:
s vezes, por motivos religiosos, comum que o paciente no aceite se submeter a
este tipo de terapia, mesmo em casos de risco de vida. Na esteira do
PROFESSORDENISFRANCO, nem em caso de risco de vida o paciente pode ser coagido
a aceitar a transfuso103.
103No Brasil, tem se entendido que aos absoluta e relativamente incapazes, a transfuso ser feita sem o
consentimento dos pais (at porque no se sabe se o menor vai seguir a mesma orientao religiosa que seus
ascendentes). Portanto, o direito vida, nesses casos, prevaleceria. Os plenamente capazes, por sua vez,
podem se opor, manifestando sua vontade contra a transfuso, prevalecendo, nesses casos, a autonomia do
indivduo.
68
69
Direito Civil I
DAAUSNCIA
70
DAAUSNCIA
11. Conceito; 12. Estudo dos artigos.
11. CONCEITO
A ausncia foi deslocada do livro do Direito de Famlia, onde se situava no
Cdigo de 1916, para a Parte Geral do novo, onde encontra sua sede natural.
A ausncia se caracteriza quando algum abandona seu domiclio sem dar
noticias, ou seja, sem deixar pistas de seu paradeiro. Em uma sntese curta, o
desaparecimento de uma pessoa natural.
Logo, quando algum se faz ausente preciso eleger algum para administrar seu
patrimnio. Ao contrrio do que dispunha o Cdigo anterior que previa absoluta
incapacidade para os ausentes o novo Cdigo Civil no prev essa incapacidade
absoluta, visto que o desaparecimento de uma pessoa no implica em uma
consequente reduo de discernimento.MOREIRAALVES comenta a mudana e a no
aluso aos ausentes como absolutamente incapazes no novo Cdigo, dizendo que:
em verdade, no o so, tanto que gozam de plena capacidade de fato no
lugar onde eventualmente se encontram105.
A ausncia ocorre em trs fases:
1) Curadoria dos bens uma fase, razoavelmente, simples (dura um ano, se
houver curador; trs anos, se houver representante do ausente);
2)
Sucesso provisria quando expira o prazo da primeira fase, pode
haver j a abertura da sucesso provisria;
3)
Sucesso definitiva quando acaba o prazo da sucesso provisria (10
anos depois de passada em julgado a sentena que concede a abertura da
sucesso provisria) tem incio a sucesso definitiva.
Hodiernamente, o instituto da ausncia tem por objetivo proteger os bens e os
interesses da pessoa cuja existncia incerta o ausente , traduzindo a
preocupao do Estado, como coletividade, com o possvel abandono desses bens, o
que leva ao prejuzo dos credores e do prprio Estado. Dessa forma, o instituto da
ausncia concilia os interesses da sociedade, do ausente e dos herdeiros; um
processo gradual de transferncia dos bens do ausente. Portanto, nas diretrizes
propostas por CAIOMRIO, temos que:
D-se um administrador aos seus bens; partilha-se o seu patrimnio;
no porque ele seja um incapaz, mas porque sua fazenda necessita de
gerncia.106
Em uma sntese geral, tomemos as palavras de SILVIORODRIGUES, que muito bem
ilustram o panorama que o ordenamento jurdico, em face da ausncia:
procura de incio, preservar os bens deixados pelo ausente, para a
hiptese de seu eventual retorno; ao depois, transcorrido um perodo de
105A
106Instituies,
71
Direito Civil I
O juiz que nomear o curador dever fixar-lhe seus poderes e obrigaes e dever
tambm seguir a determinao do artigo 25 do Cdigo Civil, que estabelece o rol dos
legitimados para a curadoria (que so legitimados tambm para comunicar ao
Estado o desaparecimento do indivduo).
ARTIGO 24. O JUIZ, QUE NOMEAR O CURADOR, FIXAR-LHE- OS PODERES E
OBRIGAES, CONFORME AS CIRCUNSTNCIAS, OBSERVANDO, NO QUE FOR
APLICVEL, O DISPOSTO A RESPEITO DOS TUTORES E CURADORES.
ARTIGO 25. O CNJUGE DO AUSENTE, SEMPRE QUE NO ESTEJA SEPARADO
JUDICIALMENTE, OU DE FATO POR MAIS DE DOIS ANOS ANTES DA DECLARAO DA
AUSNCIA, SER O SEU LEGTIMO CURADOR.
1O EM FALTA DO CNJUGE, A CURADORIA DOS BENS DO AUSENTE INCUMBE AOS
PAIS OU AOS DESCENDENTES, NESTA ORDEM, NO HAVENDO IMPEDIMENTO QUE
OS INIBA DE EXERCER O CARGO.
2O ENTRE OS DESCENDENTES, OS MAIS PRXIMOS PRECEDEM OS MAIS
REMOTOS.
3O NA FALTA DAS PESSOAS MENCIONADAS, COMPETE AO JUIZ A ESCOLHA DO
CURADOR.
H, destarte, uma ordem de preferncia quanto escolha do curador. A doutrina
conflita, entretanto, sobre a seguinte questo: para parte da doutrina, o juiz
tambm pode afastar um dos legitimados mencionados desde que fundamente
107Direito
108
72
109
73
Direito Civil I
Os herdeiros que no tiverem proteo legal (v.g., amante) devem depositar uma
cauo no valor do bem herdado (para garantir os interesses do ausente, caso ele
retorne). Caso o herdeiro provisrio sem proteo legal no disponha de condio
financeira para depositar uma cauo, ser nomeado um curador (geralmente um
herdeiro protegido legalmente), protegendo, assim, os interesses do ausente.
O artigo 29 uma autorizao ao juiz para converter se achar conveniente
bens mveis em imveis (ou em ttulos garantidos pela Unio).
Na sucesso provisria, podemos atribuir ao sucessor uma caracterstica
condicional, ele um sucessor provisrio. Recebe os bens que caibam no seu
quinho, dando, em regra garantia pignoratcia ou hipotecria de restitu-los, bem
como da prestao de contas dos rendimentos, seja ao ausente quando voltar, seja ao
herdeiro objetivo, se ficar ordenado que a outrem cabe a herana, segundo o
determinado na poca do falecimento, caso este possa precisar-se.
A provisoriedade da sucesso sujeita o titular a evidentes restries no seu
comportamento em relao aos bens, bem como: (1) poder alienar os itens de fcil
deteriorao, como, p.ex., os que se destinam venda por sua prpria natureza,
como os animais, os produtos pecurios e agrcolas etc.; (2) os imveis somente se
alienam quando esto ameaados de runa ou havendo convenincia em convert-los
em ttulos da dvida pblica, mas em qualquer caso mediante a prvia autorizao
judicial.
74
75
Direito Civil I
110
76
Observaes
Dois anos aps a declarao da ausncia pode ser pedido o divrcio.
Morte presumida Ausncia; o conceito de morte presumida mais amplo:
A declarao de morte presumida do ausente pe fim ao casamento
(obrigatoriamente).
Figura como dever do sucessor cuidar dos bens do ausente at que este tenha
condies de reassumi-los
111
112
77
Direito Civil I
13. INTRODUO
Pessoas jurdicas so aqueles entes que assim comoas
pessoas naturais tambm podem figurar no polo ativo ou
Enquanto a
passivo de uma relao jurdica. A pessoa jurdica surge a
pessoa natural
partir da associao de pessoas naturais e/ou dos bens de
constitui um fimpessoas naturais. Objetivam com essa associao resultados
em-si-mesma, a
mais positivos e mais amplos do que se consegue
pessoa jurdica
individualmente.Sugere a criao de tais entes a possibilidade
detm uma
de mobilizar capitais mais vultosos, a necessidade de reunir
funo
para uma finalidade nica atividades mais diversas e
instrumental, por
especializadas do que o indivduo isolado pode desenvolver, a
isso sua existncia
continuidade de esforos atravs de rgos que no
deve guardar um
envelhecem.
teor funcional.
No basta, entretanto, que alguns indivduos se renam
para que nasa a personalidade jurdica do grupo. preciso
que, alm do fato externo da aglomerao, se estabelea uma vinculao jurdica
especfica, que lhe imprima unidade. Sobre isso, assevera com propriedade
GONALVES:
A formao da pessoa jurdica exige uma pluralidade de pessoas ou de
bens e uma finalidade especfica (elementos de ordem material), bem
como um ato constitutivo e respectivo registro no rgo competente
(elemento formal). Pode-se dizer que so quatro os requisitos para a
constituio da pessoa jurdica: a) vontade humana criadora (inteno de
criar uma entidade distinta da de seus membros); b) elaborao do ato
constitutivo (estatuto ou contrato social); c) registro do ato constitutivo no
rgo competente; d) liceidade de seu objetivo. 113
a partir dessa unidade que podemos aferir com preciso que as pessoas jurdicas
no se confundem com as pessoas que a compem. nosso papel dizer, ainda, que a
113Direito
78
79
Direito Civil I
80
razo de ser e que se apoia sobre o agrupamento necessrio de pessoas s quais ela
tem pertinncia120. Segundo PLANIOL, a noo de propriedade coletiva no tinha
sido posta a tona at ento por ter sido oculta pela doutrina das pessoas fictcias.
Zweckvermgen. Na Alemanha, BRINZ defendeu a ideia de que existiria na
pessoa um patrimnio sem sujeito. Segundo esse autor, seria equivocado pensar que
ao lado da pessoa natural existiria outra espcie de pessoa. Deveras, haveria uma
espcie de patrimnio que, ao revs de guardar pertinncia com algum, guardaria
razo com um determinado fim.121
Propriedade afetada a um fim.RAYMOND SALEILLES, ao seu tempo,busca
explicar o fenmeno pela noo de uma propriedade afetada a um fim, buscando
ressaltar as consequncias dessa premissa em relao aos outros tericos acima
citados.
A teoria de SALLEILES compreende o fenmeno como uma especial destinao da
propriedade sem resvalar na noo de um patrimnio sem sujeito, pois, para o autor,
apesar da afetao da propriedade, os sujeitos de direito propriamente ditos (as
pessoas humanas), continuariam sendo seus titulares. 122
Negativistas ou individualistas. Por encontrar no substrato patrimonial a
explicao para as coletividades, os autores acima expostos, muitas vezes, so
intitulados como negativistas, uma vez que negariam a condio de pessoa
(mesmo que por fico) s associaes. No entanto, entende-se que essas correntes
encontram-se melhor organizadas sob o gnero das teorias individualistas, visto que,
a despeito de negarem personalidade s associaes, partem do pressuposto comum
de que apenas o indivduo humano seria dotado de personalidade.
Teoria de Ihering. Cabe nota, por derradeiro, que a teoria de IHERING, a
despeito de firmar-se numa crtica doutrina da fico de SAVIGNY, acaba resultando
num individualismo ainda mais extremado 123. Para IHERING as organizaes
humanas no seriam dotadas de personalidade, pois a real personalidade seria de
titularidade exclusiva de seus beneficirios. Usando as palavras do prprio:
Los verdadeiros sujetos del derecho, no son las personas jurdicas, sino
los miembros aislados; aqullas no son ms que la forma especial
mediante la cual stos manifiestan sus relaciones jurdicas al mundo
mundo exterior. 124
Assim, tambm a doutrina de IHERING parece enquadrada nessa categoria, visto
que parte do pressuposto de que o homem sempre o sujeito de direito e,
consequentemente, a personalidade da pessoa jurdica no residira nela, mas nos
indivduos que a ela pertencem.
Elle est um tat particulier de la proprit, qui a em lui-mme da fin et as raison dtre et qui repose sur le
groupement ncessaire ds personnes auxquelles elle appartient. PLANIOL, Marcel, Trat lmentaire de
droit civil, cit. p. 946.
121 FERRARA, Francesco, Teoria delle persone giuridiche, cit., p. 153-154.
122 SALLEILES, Raymond, De la personnalit juridique, cit., p. 398.
123 LEONARDO, Rodrigo Xavier, A pessoa jurdica no direito privado brasileiro do sculo XXI, In: Manual
de teoria geral do direito civil, cit., p. 393.
124 IHERING, Rudolf von, El espiritu del Derecho Romano, cit., p. 1998.
120
81
Direito Civil I
LEONARDO, Rodrigo Xavier, A pessoa jurdica no direito privado brasileiro do sculo XXI, In: Manual
de teoria geral do direito civil, cit., p. 394.
125
82
83
Direito Civil I
Assim, ao arquitetar tal conceito, KELSEN alega que na realidade faz-se necessrio
uma diferenciao dos sentidos de pessoa e pessoa jurdica (pessoa jurdica, aqui, no
sentido de pessoa relevante ao direito), tendo em vista que tanto a pessoa natural
quanto a pessoa moral seriam frutos de uma construo artificial que busca algo uno
para imputar os deveres jurdicos. 132
Cabe registro, ainda, um importante trao diferencial no pensamento de KELSEN
em relao a outros autores. Como bem traceja RODRIGO XAVIER, citando um trecho
de KELSEN133:
Para Kelsen, por pessoa deve-se entender algo diverso do ser humano,
pois que homem e pessoa sejam dois conceitos inteiramente distintos
pode ser visto como uma confuso geralmente aceita pela cincia do
direito analtica. S que nem sempre se infere disto sua ltima
consequncia. Essa consequncia que a pessoa fsica (natural) como
sujeito de deveres e direitos no o ser humano cuja conduta o
contedo desses deveres ou objeto desses direitos, mas que a pessoa fsica
(natural) apenas a personificao desses deveres e direitos. Formulando
mais exatamente: a pessoa fsica (natural) apenas a personificao de
um conjunto de normas jurdicas que, por constituir deveres e direitos
contendo a conduta de um mesmo ser humano, regula a conduta desse
ser134.
Assim, diante o exposto, cabe a apresentao sumria da proposta de KELSEN
definio da natureza da pessoa jurdica: para o Austraco, entende-se por pessoa
uma unidade personificada, um conjunto de normas jurdicas. Com esse
pressuposto, HANS KELSEN afasta qualquer diferenciao entre a noo de pessoa
fsica e jurdica, uma vez que se a chamada pessoa fsica (natural) uma pessoa
jurdica, no pode haver qualquer diferena essencial entre a pessoa fsica e o que
geralmente considerado de modo exclusivo como uma pessoa jurdica 135.
Para o aludido autor, o Estado o Direito e o Direito o Estado, isso sob um
ngulo estritamente normativo. Em suma, a proposta de KELSEN, apoiando-se na
essncia de suas proposies, nos leva a crer que assim como o Estado pessoa
jurdica geral, referindo-se logicamente totalidade do sistema normativo, as
pessoas jurdicas menores so conjuntos normativos referidos a sujeitos particulares.
Portanto, a que se concluir que desta forma, trata-se de entidades normativas, estas
como centro de atribuio de distintos conjuntos de normas.
Destarte,por meio de uma cadeia lgica, KELSEN relativiza a noo de direito
subjetivo e de sujeito de direito para centrar sua anlise no dever jurdico, que seria
decorrente da norma jurdica. Assim, essa teoria entende que a pessoa jurdica,
quer dizer, da propriedade privada, uma categoria transcendente em confronto do Direito Objetivo positivo,
de criao humana mutvel, uma instituio na qual a elaborao de contedo da ordem jurdica encontra
um limite insupervel. KELSEN, Hans, Teoria, cit., p. 240.
132 Op. cit. p. 244.
133 Vide: General theory of law and state, New Brunswick: Transaction, 2006, p. 94.
134 A pessoa jurdica no direito privado brasileiro do sculo XXI, In: Manual de teoria geral do direito civil,
cit., p. 399.
135 KELSEN, Hans, General theory of law and state, New Brunswick: Transaction, 2006, p. 96.
84
136[...]
elementi di un linguaggio, simboli, espressioni linguistiche, nei confronti dei quali le questioni che
sensato porre sono esclusivamente quelle intorno al loro significato, onde em um traduo livre para o
portugus, tais escritos significariam algo assim: "[...] elementos de uma linguagem, smbolos, expresses
lingusticas, em relao aos quais faz sentido questionar so apenas aqueles em torno deseu significado.
DALESSANDRO, Floriano, Persone giuridiche e analisi del linguaggio, p. 66.
137 LEONARDO, Rodrigo Xavier, A pessoa jurdica no direito privado brasileiro do sculo XXI, In: Manual
de teoria geral do direito civil, cit., p. 400.
138 Ao exemplo de AMARAL, Francisco, Direito civil, cit., p. 277; PEREIRA, Caio Mrio da Silva, Instituies,
cit., v. 1, p. 195; RODRIGUES, Silvio, Direito civil, cit., v.1, p. 88. Muitos a definem de tal modo: a teoria da
realidade tcnica que, apesar de seu carter positivista, acaba sendo a que melhor define a natureza jurdica
das pessoas morais. Nela o Estado reconhece a necessidade e, principalmente, a convenincia que tais grupos
sejam dotados de personalidade prpria para poderem participar da vida jurdica nas mesmas condies das
pessoas naturais. Essa teoria adotada pelo direito brasileiro, como se depreende do artigo 45 do Cdigo Civil,
que disciplina o comeo da existncia legal das pessoas jurdicas de direito privado, com como os artigos 51;
54, inc. VI; 61; 69 e 1033 do mesmo diploma.
85
Direito Civil I
Cite-se, neste sentido, DUGUIT, Len, Trait de droit constitutionnel, 12. ed. Paris: Ancienne Librairie
Fontemoing, 1921, t. 1, p. 369 e 372.
139
86
22.12.2003)
V - OS PARTIDOS POLTICOS. (INCLUDO PELA LEI N 10.825, DE 22.12.2003)
1 SO LIVRES A CRIAO, A ORGANIZAO, A ESTRUTURAO INTERNA E O
FUNCIONAMENTO DAS ORGANIZAES RELIGIOSAS, SENDO VEDADO AO PODER
PBLICO NEGAR-LHES RECONHECIMENTO OU REGISTRO DOS ATOS
CONSTITUTIVOS E NECESSRIOS AO SEU FUNCIONAMENTO. (INCLUDO PELA LEI
N 10.825, DE 22.12.2003)
2 AS DISPOSIES CONCERNENTES S ASSOCIAES APLICAM-SE
SUBSIDIARIAMENTE S SOCIEDADES QUE SO OBJETO DO LIVRO II DA PARTE
ESPECIAL DESTE CDIGO. (INCLUDO PELA LEI N 10.825, DE 22.12.2003)
3 OS PARTIDOS POLTICOS SERO ORGANIZADOS E FUNCIONARO CONFORME
O DISPOSTO EM LEI ESPECFICA. (INCLUDO PELA LEI N 10.825, DE
22.12.2003)
ARTIGO 45. COMEA A EXISTNCIA LEGAL DAS PESSOAS JURDICAS DE DIREITO
PRIVADO COM A INSCRIO DO ATO CONSTITUTIVO NO RESPECTIVO REGISTRO,
PRECEDIDA, QUANDO NECESSRIO, DE AUTORIZAO OU APROVAO DO PODER
EXECUTIVO, AVERBANDO-SE NO REGISTRO TODAS AS ALTERAES POR QUE
PASSAR O ATO CONSTITUTIVO.
87
Direito Civil I
88
89
Direito Civil I
90
si), mas possuiria honra objetiva (o que os outros, a coletividade, entendem por
honra). A teoria do abalo de crdito assevera que afetar a imagem da pessoa jurdica
pode afetar a possibilidade de lucro ou o alcance efetivo dos objetivos da mesma.
Portanto, caberia a, indenizao.
Aos nossos olhos, esse raciocnio absurdo. Seguindo essa linha, indenizar-se-ia
um dano patrimonial a partir de um dano extrapatrimonial.
Para se quantificar o valor da indenizao tarefa muito complicada , avalia-se:
1) a culpa do agente; 2) o dano sofrido; 3) a capacidade econmica. Quo maior for a
capacidade econmica, em geral, maior ser a indenizao. A indenizao figura
como uma punio ao infrator e uma reparao ao prejudicado, por isso, uma
sociedade empresarial de grande poder econmico no deve indenizar a mesma
quantia que uma sociedade empresarial de pouco poder econmico, ainda que
ambas transgridam os mesmo direitos de outrem. O estabelecimento do quantum
indenizatrio um problema que se vislumbra ao abordar o dano em geral, ainda
mais o dano moral, por ser esse ltimo, pouco tangvel, figurando no interior de
cada indivduo. Comenta SERGIO CAVALIERI FILHO:
No fcil, como se v, estabelecer at onde o fato danoso projeta sua
repercusso negativa no patrimnio (ainda mais moral)141 da vtima.
Nessa tarefa penosa o juiz deve valer-se de um juzo de razoabilidade, de
um juzo casual hipottico, que, segundo LARENZ, seria o
desenvolvimento normal dos acontecimentos, caso no tivesse ocorrido o
fato gerador da responsabilidade civil.142
Punitive damages.A doutrina das punitive damages coloca que a indenizao
dada em carter retributivo. Todavia, deve ser levado em conta em considerao o
patrimnio do ofensor. Se o dano patrimonial, a indenizao deve repor o prejuzo.
Deveras, o ideal seria considerar que o dano patrimonial e verificar, no perodo,
qual foi o prejuzo da pessoa jurdica.
Outro exemplo prtico dessa extenso dos direitos de personalidade s pessoas
jurdicas o de uma determinada escola em So Paulo que sofreu injustas acusaes
de prtica de pedofilia dentro de seu mbito. Aps perceberem que se tratava de uma
mentira, os donos da escola, um casal, entraram com uma ao em nome da pessoa
jurdica da escola (quando deveriam ter entrado com uma ao em seu favor, j que
eram os acusados). O processo demorou e os novos scios (compradores das parcelas
do casal) tiveram a renda da indenizao revertida em lucro. Indenizaram, pois, a
pessoa jurdica, e no o casal que era acusado.
Concluso.Seguindo o estudo dos direitos da personalidade da pessoa jurdica,
vislumbra-se que a principal restrio que se pode encontrar, portanto, a essa
extenso desses direitos pessoa jurdica est ligada ao carter patrimonial dessas.
A soluo desse dilema est no diagrama de ASCENSO, que nos permite afirmar que
do novo Cdigo: Estudos sobre ato ilcito, Teoria do Risco, dano e imputabilidade; e, o trabalho de CARLOS
YOUNG TOLOMEI publicado na obra A Parte Geral do Novo Cdigo Civil: Estudos na perspectiva civilconstitucional sobre coordenao de GUSTAVO TEPEDINO.
141Grifo
142
meu.
91
Direito Civil I
144
92
16.1TEORIAS DA REPRESENTAO
Como j aludido, a capacidade das pessoas fsicas, ou naturais, , por regra, plena
e ilimitada (CC, art. 1 - toda pessoa capaz de direitos e deveres na ordem civil),
sendo somente excepcionada nas hipteses previstas pelo prprio Estatuto Civil (CC,
arts. 3 e 4). J para a pessoa jurdica, contudo, sua personalidade ou capacidade,
so mitigadas em relao a da pessoa fsica, em razo, bvio, de sua prpria natureza
abstrata.
Para atuar, a pessoa jurdica precisa de agentes que atuem em seu nome. A
primeira ligao entre os representantes (pessoas naturais que agem em seu nome) e
as pessoas jurdicas est na chamadateoria contratualista, tambm denominada
teoria da representao clssica ou contratual. Tal relao seria anloga de dois
amigos que moram em Recife e em Belo Horizonte; o primeiro deseja comprar um
apartamento em Belo Horizonte e envia uma procurao ao segundo; esse, por sua
vez, no tem poderes para adquirir, por exemplo, dois carros em detrimento do
pedido do amigo.
Todavia, tal teoria apresenta dois problemas: (1) a pessoa jurdica poderia sempre
alegar que seu representante agiu abusivamente; (2) no explica porque as pessoas
jurdicas respondem tambm pelos atos ilcitos praticados por seus representantes.
Veja o seguinte exemplo: se um motorista da pessoa jurdica, no exerccio da
funo a ele concedida, atropela algum, quem responder civilmente por esse
atropelamento ser a pessoa jurdica e no o motorista diretamente; ela (a pessoa
jurdica) no pode transferir direitos que no possui.
A evoluo do conceito de responsabilidade civillevou-nos responsabilidade
objetiva (CC, art. 927, pargrafo nico). Essa no leva em conta o dolo ou a culpa,
146
93
Direito Civil I
mas sim o risco e a certeza do dano. Se, por um lado, a responsabilidade subjetiva
traz intrinsecamente a noo de culpa147, a responsabilidade objetiva148, de outro
lado, no se volta para o agente, mas para a vtima, informada por aspectos morais,
de solidariedade social e/ou distributivos.
Aps o declnio da teoria contratual ganha um grande realce a teoria organicista,
onde enxerga-se o representante como parte de um rgo, uma extenso do corpo
da pessoa jurdica, ela arcaria com o nus da atividade no do particular, mas com a
sua atividade prpria, entendo o indivduo como parte sua.
Todavia, tambm existem problemas com essa teoria, como: (1) se o representante
agiu com dolo ou culpa, a pessoa jurdica tem o direito de regresso em relao quela
quantia? Segundo a teoria organicista, isso no faria sentido, porque a pessoa
natural estaria, respondendo, na realidade, por um ato da pessoa jurdica; (2) seria
tambm dificlimo, por exemplo, realizar um convnio entre as Faculdades de uma
mesma Universidade. Ambas seriam entendidas como meros rgos da
mesmaUniversidade e no faria sentido a pessoa jurdica realizar um convnio
consigo mesma.
Qual seria, ento, a soluo? Possivelmente, a demonstrada por JOS PAULO
CAVALCANTI149 com sua teoria da representao necessria. Segundo essa teoria, o
vnculo entre as pessoas jurdicas e as pessoas naturais mais forte que os demais.
Trata-se de uma representao estabelecida pela necessidade e no de forma
contratual. Essa representao necessria se d devido ao fato de que a ao da
pessoa jurdica condicionada por uma representao somente atravs dos
representantes que a pessoa jurdica pode agir , portanto, tal relao seria
necessria e sua inexistncia implicaria na inexistncia da pessoa jurdica. Destarte,
tal problemtica se apresentaria ligada a um plano da eficcia e no a um plano de
validade.
CAVALCANTI, Jos Paulo. Pessoa jurdica: Representao ou teoria orgnica In: Estudos em
homenagem ao Prof. Orlando Gomes, 277-335. Rio de Janeiro: Forense, 1979.
149
94
sobre a teoria ultra vires no direito societrio brasileiro. Revista Forense. V. 85, n. 305,
jan-mar. 1989. Rio de Janeiro: Forense, 1989.
151 SILVA, Denis Franco, Teoria dos atos ultra vires e princpio da especialidade diante da direitiva
68/151/C.E.E., Revista de Direito UFJF, 2004: 155-175.
152 Op. cit.; PEREIRA, Caio Mrio da Silva, Instituies, v. 1, cit., p. 258.
95
Direito Civil I
96
jurdica e escapar, fazendo dela uma simples fachada para ocultar uma
situao danosa. A denominao disregard doctrine significa, na
essncia, que em determinada situao ftica a Justia despreza ou
desconsidera a pessoa jurdica, visando restaurar uma situao em que
chama responsabilidade e impe punio a uma pessoa fsica, que seria
o autntico obrigado ou o verdadeiro responsvel, em face da lei ou do
contrato.153
A necessidade de um lifting the corporate veil para alcanar o scio, o gerente, o
diretor etc., que fez uso da estrutura da personalidade da pessoa jurdica para
cometer fraudes ou abusos consolidou-se atravs de reiterados julgados norteamericanos.
Partindo desses fatos, o PROF. ROLF SERICK154, com a presteza dos juristas alemes,
enunciou que muitas vezes a estrutura jurdica da pessoa jurdica utilizada como
escudo protetor de comportamento abusivo ou irregular de uma pessoa, sob a
aparncia de se valer da proteo da norma jurdica. Dando voz eloquente
disregard doctrine. No Brasil, a voz primeira desse tema foi de RUBENS REQUIO155,
em notvel conferncia na Universidade do Paran, depois de ter colhido influncia
desta doutrina de penetrao na Itlia.
Acerca dos caracteres da desconsiderao da pessoa jurdica, tem-se que a
desconsiderao excepcional ou seja, em regra no se pode desconsiderar a
personalidade jurdica do ente (s ocorre quando fica comprovado o abuso da
estrutura formal da pessoa jurdica) e episdica, i.e, s vale, ou melhor, s tem
efeitos diante dos credores que foram vtimas do abuso. Outros credores lesados no
podem aleg-la para receber a dvida.
Ampla foi a aceitao da teoria da desconsiderao pela doutrina brasileira. As
primeiras manifestaes doutrinrias a respeito da teoria em comento foram
marcadas pelas crticas tecidas legislao brasileira, que no contemplava a
possibilidade de se desconsiderar a pessoa jurdica. Em face da ausncia de textos
legais que a acolhessem, os doutrinadores entendiam a princpio que, embora o
sistema jurdico ptrio fosse compatvel com a sua adoo, no seria possvel aplicar
a teoria da desconsiderao da pessoa jurdica aos casos concretos, enquanto o
legislador no a fizesse inserir no direito positivo.
Todavia, sob o ttulo de desconsiderao da pessoa jurdica, os tribunais
comearam a estender aos administradores de pessoas jurdicas responsabilidade
por dvidas sociais, sempre que entendiam terem eles agido, na direo da sociedade,
com abuso de poderes ou com violao da lei ou dos estatutos, confundindo,
destarte, a disregard doctrine com a teoria ultra vires e com aes ilegais da pessoa
jurdica. Esta tendncia acabou comprometendo a inteligncia da teoria da
desconsiderao da pessoa jurdica.
153Instituies,
v. 1, cit., p. 278.
Rolf. Apariencia y realidad en las sociedades mercantiles - El abuso de derecho por medio de la
persona jurdica. Traduo: Jos Puig Brutau. Barcelona: Ediciones Ariel, 1958.
155REQUIO, Rubens. Abuso de direito e fraude atravs da personalidade jurdica. So Paulo: Revista dos
Tribunais, 1969.
154SERICK,
97
Direito Civil I
156STZAJN,
98
99
Direito Civil I
100
administradores.
Portanto,
aplicar
a
teoria
da
desconsiderao
indiscriminadamente, sem proceder a uma prvia anlise se ela cabvel ou no,
constitui verdadeiro abuso, que deve ser obstado.
Vale dizer que, no obstante vise a amparar terceiros e estrita observncia da lei,
coibindo os abusos e as fraudes atravs da pessoa jurdica, a gnese desses institutos
revela fundamentos distintos: a responsabilidade lastra-se na dualidade entre os
rgos e seus titulares e est contida nos estatutos sociais, enquanto a
desconsiderao fundamenta-se no princpio que veda o exerccio abusivo dos
direitos subjetivos de que decorre a relatividade do princpio da separao entre a
pessoa jurdica e os seus membros. Contudo, no significa dizer que a simples
ocorrncia do fracasso de uma gesto social capaz de impor aos administradores de
empresa o fardo de responderem pessoalmente pelos prejuzos advindos da
instabilidade do mercado consumidor e dos percalos financeiros a que est sujeita
toda e qualquer atividade econmica. A responsabilidade do scio-gerente surge,
quando atua ilegalmente contra a lei ou contra o contrato. E, nem poderia
ser diferente, visto que o sucesso de uma empresa no depende unicamente da
capacidade gerencial de seus administradores. Ao contrrio, sofre influncia direta
de fatores externos que esto fora do seu alcance e que independem de sua atuao.
Resumindo, o dever do gerente perseguir os lucros e no obt-los
impreterivelmente.
Outro tpico de debate gira em torno da lei6.404/76(Lei De Sociedades
Annimas), mais precisamente de seuartigo 158, o qual regula a responsabilidade
pessoal dos administradores. Quando os atos dos administradores ultrapassam o
objeto social so denominados pela doutrina, de atos ultravires, e quando dentro
dos limites definidores, so ditos atos intravires. Emps essa lacnica anlise das
hipteses de responsabilidade pessoal dos administradores previstas pelos
dispositivos societrios, bem como pela sua natureza, fcil perceber que o artigo 28
do Cdigo de Defesa do Consumidor, no que tange aos critrios de aplicao da
teoria da desconsiderao, no representa nenhuma novidade ao ordenamento
ptrio. Todas as hipteses nele previstas j se encontravam reguladas pela Lei de
Sociedades Annimas, quais sejam: o abuso de direito; o excesso de poder; a infrao
da lei, fato ou ato ilcito; a violao dos estatutos sociais ou contrato social; e a m
administrao, ensejando a falncia, o estado de insolvncia, o encerramento ou a
inatividade da pessoa jurdica. V-se que o legislador acolheu a teoria da
desconsiderao, mas no lhe imprimiu traos prprios. Em vez de dissipar a
confuso em torno da distino entre essa teoria e o instituto da responsabilidade, o
artigo 28 do CDC, acabou por major-lo.
Inverso do nus probatrio.Analisa-se, ento, a temtica da inverso do
nus probatrio, na desconsiderao da pessoa jurdica. Bem se tem, na sistemtica
processual brasileira, todo aquele que alega atos constitutivos de direito tem o dever
de prov-los. E, a teoria da desconsiderao da pessoa jurdica, tal como foi
concebida pela doutrina, no comporta, inicialmente, a alterao de dita regra,
porquanto sua aplicao pressupe a ocorrncia de irregularidades e abusos
praticados pelos scios atravs da estrutura formal do ente abstrato. Para que o juiz
possa desconsiderar a personalidade jurdica de determinada sociedade, preciso,
antes de qualquer coisa, que o credor social produza provas cabais e incontestveis
101
Direito Civil I
do uso abusivo da sua estrutura formal pelos seus scios. Inexistindo elementos
probatrios que revelem o abuso perpetrado atravs da pessoa jurdica,
improcedente ser a pretenso de aplicar-se a teoria da desconsiderao.
Ocorre a o fato de que o CDC em seu artigo 6, inciso VIII, prev algumas
hipteses da inverso do nus da prova em favor do consumidor, para facilitar a
defesa dos seus direitos em juzo. Invertendo-se o nus da prova, o consumidor
ficar isento do dever de produzi-la cabendo parte contrria, o fornecedor de
produtos ou servios, a sua realizao. Todavia, a inverso probatria prevista na Lei
8.078/90, um direito exclusivo dos consumidores que no pode ser estendido aos
demais credores.
Em regra, destarte, o dever de provar do credor que alega o mau uso da pessoa
jurdica, e no dos scios ou da sociedade.
Fundamentos desconsiderao. Prosseguindo a anlise, tem-se tambm,
as situaes nas quais ao aplicarem a desconsiderao da pessoa jurdica, mediante a
simples insuficincia de bens sociais, os juzes esquecem-se de que a atividade
empresarial est sujeita a imprevistos e tropeos financeiros.
Os credores tm pleno conhecimento de que esto a lidar com uma sociedade
cujos scios no so pessoalmente responsveis. Para sapincia disto basta ler a
razo social. E, aos scios das sociedades por cotas e por aes garantido, por lei, o
resguardo de seus bens pessoais, mediante limitao de sua responsabilidade
pessoal.
Portanto, o simples desaparecimento de patrimnio no constitui fundamento
suficiente para se desconsiderar a pessoa jurdica, sobretudo quando ela permanece
em funcionamento, pronta para adquirir novos bens. Se no momento no h bens
sociais a serem penhorados e no restou provado o abuso, deve-se aguardar at que a
sociedade adquira novos bens, que possam satisfazer os seus dbitos. Conforme
ordena o artigo 791, inciso III, do CPC, quando no se encontrarem bens a
penhorar, a execuo no se extingue, apenas suspende.
Ademais, levante-se que a responsabilidade direta e pessoal dos scios-gerentes,
prevista no artigo 135 do Cdigo Tributrio Nacional, pressupe a prtica de atos
com excesso de poder ou com infrao da lei ou dos estatutos sociais. Assim, o dever
infringido da pessoa jurdica e no do scio. Pela infrao responde a sociedade.
Seguindo o estudo sobre a insuficincia de bens,na Justia do Trabalho, havendo
dbito trabalhista a ser satisfeito, prescinde-se da pessoa jurdica para alcanar o
patrimnio dos seus scios, tenham praticado fraude ou no.
No se pode conceber essa dualidade de responsabilidade: uma limitada, para fins
de direito comum, e outra subsidiria, em face das obrigaes trabalhistas. Deve-se
ter em vista a importncia das pessoas jurdicas, enquanto fonte de emprego, para a
economia brasileira. Assim, destaca CEOLINI que se nada for feito para inverter esta
situao, provvel que no reste um indivduo sequer disposto a se arriscar em
investimentos ligados a sociedades158.
158CEOLIN,
102
103
Direito Civil I
104
II.
105
Direito Civil I
160
19. ASSOCIAES
106
capital, nas sociedades de fins lucrativos. Em suma, essa ltima caracterizase pela extino do objetivo da pessoa jurdica (falncia e morte dos scios)
e quando esse fim no lcito (desparecimento de capital);
2QUANTO AO PROCEDIMENTO haver dissoluo judicial (ocorre, essa, por
falncia ou insolvncia civil), que ocorre perante o juiz num processo
judicirio; e, poder tambm, haver dissoluo extrajudicial, que pode ser
voluntria ou administrativa. Faz necessrio lembrar que, nem sempre uma
causa voluntria se conecte a um procedimento extrajudicial, nem que a
uma causa legal corresponda sempre a um processo judicial.
Aludiu-se que a extino da pessoa jurdica se d por um processo de liquidao. A
assim chamada fase de liquidao necessria para que a pessoa jurdica possa
honrar seus compromissos, pagando e recebendo o que lhe devido. Feitas todas
essas operaes, d-se baixa no registro. Quando deixa de se observar esse
procedimento formal de liquidao, perde-se a proteo conferida pelo ordenamento
consistente na separao entre patrimnio da pessoa jurdica e patrimnio dos
scios. Portanto, dvidas contradas pela pessoa jurdica poderiam ser cobradas,
nesses casos, diretamente dos scios.
19. ASSOCIAES
As associaes so pessoas jurdicas de direito privado constitudas de pessoas
que renem os seus esforos para realizao de fins no econmicos. Nessa linha,
elenca o artigo 53 do novel diploma: Constituem-se as associaes pela unio de
pessoas que se organizem para fins no econmicos. Pargrafo nico. No h,
entre os associados, direitos e obrigaes recprocos. A definio legal, faz ntido o
seu papel eminentemente pessoal (universitas personarum).
maioria dos scios que restou e o herdeiro, sem o que restar a este receber, to somente, os haveres que o de
cujus possua na sociedade (RT, 777/216); Sociedade civil. Dissoluo pela morte de um dos nicos scios.
Representao dos interesses que cabe ao scio suprstite a quem este outorgou poderes para tanto, at a
apurao dos haveres (RT, 792/277). Sociedade por quotas de responsabilidade limitada. Scio. Falecimento.
Herdeiro. Participao na sociedade. Impossibilidade (RSTJ, 135/434).
107
Direito Civil I
19. ASSOCIAES
108
Esse dispositivo estabelece os atos que somente podem ser executados pela
assembleia geral, no podendo ser delegados a determinados associados.
Como se pode perceber, esse artigo foi alterado pela lei n. 11.127 de 2005. Antes
desta reforma, o artigo continha quatro incisos, sendo o primeiro e o terceiro
retirados (eleger administradores e aprovar contas).
163J,
por exemplo, no caso das sociedades, no interessa a condio do scio, mas, sim, o capital investido (o
exemplo clssico o das sociedades annimas SAs).
109
Direito Civil I
20. FUNDAES
As fundaes constituem um acervo de bens, que recebe personalidade jurdica
para realizao de fins determinados, de interesse pblico, de modo permanente e
estvel. Na dico de CLVIS, consistem em complexos de bens (universitas
bonorum) dedicados consecuo de certos fins e, para esse efeito, dotados de
personalidade164. Decorrem da vontade de uma pessoa, o instituidor, e seus fins, de
natureza religiosa, moral, cultural ou assistencial, so imutveis 165.
Ao contrrio, ento, das associaes e das sociedades que so conjuntos de
pessoas as fundaesso constitudas por conjuntos de bens. Como bem salienta
CAIO MRIO, o que se encontra aqui a atribuio de personalidade jurdica a um
patrimnio, que a vontade humana destina a uma finalidade social 166.
164Teoria,
cit., p. 117.
AMARAL, Francisco, Direito civil, cit., p. 74.
166Instituies, cit.
165
20. FUNDAES
110
111
Direito Civil I
20. FUNDAES
112
113
Direito Civil I
168Por
114
por algum motivo no foi registrada como tal. Os scios da sociedade sem registro
respondero sempre ilimitadamente pelas obrigaes sociais, sendo ineficaz eventual
clusula limitativa desta responsabilidade no contrato social (CC, art. 990). Deste
modo, no possvel consider-las como pessoa jurdica, visto que esta nasce
somente com o registro e a sociedade irregular no possui registro.
Nota-se, portanto, que os entes atpicos por alguma imperfeio no podem ser
considerados como pessoas, ainda que a elas se assemelhem muito. Todavia, no
raro ver que tais entes portam, assim como as pessoas, direitos e deveres.
justamente neste ponto que a doutrina se retorce para responder como esses entes
ditos atpicos podem figurar nos planos ativos e passivos de uma relao jurdica
sem ter personalidade-capacidade, ou, ainda, tais entes so pessoas? Tais entes
possuem capacidade?
Sobre este tema, existem algumas solues apontadas pela doutrina, entretanto,
antes de adentrar nessas proposies, deve-se fazer uma reviso de alguns conceitos.
Reviso
PESSOA SUJEITO DE DIREITO
uma posio da relao
jurdica.
So entes
que podem ocupar
aquela posio
115
Direito Civil I
Com base nessas garantias tipicamente processuais, alguns autores propes uma
distino entre uma personalidade dita processual e outra de cunho material. Na
viso dos defensores dessa ciso, somente a segunda seria subjetiva. Ora, no h, em
nosso ver, cabimento em se fazer distines entre personalidade, visto que esta um
conceito binrio (to be or not be)169. A personalidade pressuposto da capacidade de
direito, se se atribui um direito a um ente, no importa a natureza desses direito, ele
ter que ser considerado como dotado de personalidade.
2. Em outro panorama, destaca-se uma distino entre o conceito de pessoa e de
sujeito de direito, chegando concluso de que h mais sujeitos de direito do que
pessoas,170 pois, enquanto a atribuio da qualidade ocorre em nmero fechado, ou
seja, apenas para quem assim seja reconhecido pelo ordenamento, a qualificao de
sujeito de direito seria aplicvel a todo e qualquer ente titular de alguma situao
jurdica ativa ou passiva, por mais elementar que essa situao jurdica seja 171.
Assim, toda pessoa seria sujeito de direito. O inverso, todavia, seria falso. Nem
todo sujeito de direito seria pessoa. 172
Um condomnio, por exemplo, contrata funcionrios, faz contratos com
empreiteiras, pode adjudicar a propriedade de um condmino para amortizao de
dvidas e registr-la em seu nome etc. Embora no seja pessoa, uma srie de direitos
atribuda a este ente.
Destarte, tal corrente defende que o direito brasileiro, ainda que parcialmente,
reconhece capacidade a diversas entidades que, nem so consideradas pessoas
jurdicas, nem so pessoas humanas. Assim, se existem entes que no so pessoas e
so sujeitos de direito, deve-se reconhecer a eles, pelo menos alguma capacidade. 173,
174
ASCENSO, Jos de Oliveira, Os direitos de personalidade no cdigo civil brasileiro, Revista Forense, Rio
de Janeiro, v. 342, 1998, p. 121-129.
170 MELLO, Marcos Bernardes de, Teoria do fato jurdico: plano da eficcia, cit., p. 118.
171 LEONARDO, Rodrigo Xavier, A pessoa jurdica no direito privado brasileiro do sculo XXI, In: Manual de
teoria geral do direito civil, cit., p. 404.
172 Op. cit. p. 404.
173 MELLO, Marcos Bernardes de, Teoria do fato jurdico: plano da eficcia, cit., p. 100.
174 Esse o pensamento de JOS LAMARTINE, DENIS FRANCO, RODRIGO XAVIER, dentre outros.
175 ERBELE, Simone, A capacidade entre o fato e o direito, cit., p. 81 e ss.
169
DO DOMICLIO
116
DO DOMICLIO
22. Consideraes iniciais;23. Estudo dos artigos;
176Instituies,
Op. cit.
178 Op. cit.
177
v. 1, cit., p. 310.
117
Direito Civil I
180
118
O local onde a pessoa natural exerce sua profisso tambm considerado como
domiclio civil. Tal perspectiva abrange atos lcitos ou ilcitos, mas relativos somente
profisso.
Caso ocorra a ao por questes pessoais, no ser vlido o domiclio profissional.
Portanto, h possibilidade de pluralidade de domiclios para o exerccio de
atividade profissional. Se algum, v.g., tiver firmas ou escritrios em Juiz de Fora,
Belo Horizonte e Rio de Janeiro, onde, em virtude do trabalho, comparece em
185
119
Direito Civil I
186Cdigo,
cit., p. 120.
120
121
Direito Civil I
conclui-se que, uma multinacional que vier a ser processada em Juiz de Fora, tendo
aqui estabelecimentos, aqui responder pelo processo.
ARTIGO76. TM DOMICLIO NECESSRIO O INCAPAZ, O SERVIDOR PBLICO, O
MILITAR, O MARTIMO E O PRESO.
PARGRAFO NICO. O DOMICLIO DO INCAPAZ O DO SEU REPRESENTANTE OU
ASSISTENTE; O DO SERVIDOR PBLICO, O LUGAR EM QUE EXERCER
PERMANENTEMENTE SUAS FUNES; O DO MILITAR, ONDE SERVIR, E, SENDO DA
MARINHA OU DA AERONUTICA, A SEDE DO COMANDO A QUE SE ENCONTRAR
IMEDIATAMENTE SUBORDINADO; O DO MARTIMO, ONDE O NAVIO ESTIVER
MATRICULADO; E O DO PRESO, O LUGAR EM QUE CUMPRIR A SENTENA.
Ter-se- o domiclio necessrio ou legal (ex lege) quando for determinado por lei,
em razo da condio ou situao de certas pessoas. O domiclio necessrio, todavia,
no excluir, nos rastros do que prega o artigo 71 do Cdigo Civil, o domiclio
voluntrio.
Como j foi mencionado, o nosso novel diploma civil no diferencia domiclio
necessrio e domiclio legal, mas a doutrina, entretanto, persiste na distino.
DOMICLIO LEGAL expressamente previsto em lei (ex lege), por exemplo, um
funcionrio pblico sempre reputado domiciliado onde ele presta servio (esse o
chamado domiclio especial), bem como marinheiro e os militares, verbi gratia. Isso
no obsta a possibilidade desses profissionais virem a dotar outros domiclios, alm
do especial.
DOMICLIO NECESSRIO estabelecido quando h uma relao de necessidade entre
duas ou mais pessoas.
O domiclio necessrio ocorre justamente nos casos em que algum indivduo
vislumbra a condio de incapaz. Os incapazes so reputados domiciliados no
domiclio de seu representante. Dessa forma, o nico domiclio necessrio do rol
contido no artigo 76 o do incapaz.
ARTIGO 77. O AGENTE DIPLOMTICO DO BRASIL, QUE, CITADO NO
ESTRANGEIRO, ALEGAR EXTRATERRITORIALIDADE SEM DESIGNAR ONDE TEM, NO
PAS, O SEU DOMICLIO, PODER SER DEMANDADO NO DISTRITO FEDERAL OU NO
LTIMO PONTO DO TERRITRIO BRASILEIRO ONDE O TEVE.
Com o escopo de assegurar a independncia do agente diplomtico no exerccio de
seu trabalho de representar sua nao no exterior, o direito internacional pblico
inclui no seu sistema de garantias a iseno da jurisdio civil do Estado estrangeiro
onde exerce sua alta misso. Com isso, por representar o seu pas o agente
diplomtico no poder sujeitar-se jurisdio estrangeira.
Exemplificando, no caso de um diplomata a servio do governo brasileiro ser
citado numa ao (de indenizao, v.g.), ele pode requerer ser demandado no
domiclio do Distrito Federal ou do ltimo local onde foi domiciliado.
122
direitocivildireitocivildireitocivildireito
123
civildireitocivildireitocivildireitocivildi
reitocivildireitocivildireitocivildireitoc
vildireitocivildireitocivildireitocivildire
itocivildireitocivildireitocivildireitocivi
ldireitocivildireitocivildireitocivildireit
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Direito Civil I
DOS BENS
124
Livro II
DOS BENS
TTULO NICO
1. INTRODUO
A Parte Geral do Cdigo Civil regulamenta as pessoas, naturais e jurdicas, como
sujeitos de direito; os bens, como objeto das relaes jurdicas que se formam entre
os referidos sujeitos; e dos fatos jurdicos, disciplinando a forma de criar, modificar
e extinguir direitos tornando possvel a aplicao da Parte Especial.
H que se ver que todo o direito tem o seu objeto. Como o direito subjetivo poder
outorgado a um titular, requer um objeto. Em cima deste objeto desenvolve-se o
poder de fruio da pessoa. Assim, muito comum a doutrina definir que em stricto
sensu compreende os bens objeto dos direitos reais e tambm as aes humanas
denominadas prestaes. Em lato sensu esse objeto pode consistir em coisas (nas
relaes reais), em aes humanas (nas relaes obrigacionais) e tambm em certos
atributos da personalidade, como o direito imagem, bem como em determinados
direitos como o usufruto de crdito, a cesso de crdito, o poder familiar, a tutela
etc.189.
Todavia, a reduo do conceito de bem como simples objeto do direito pode
representar uma fraqueza. A doutrina tradicional acidentalmente foge de responder
questes importantes quando afirma que bem jurdico aquele que pode ser objeto
de Direito.
Aqui, debruar-se- a anlise de uma nova e mais confortvel definio dos
conceitos chaves a uma Teoria dos Bens satisfatria.
189
125
Direito Civil I
2. PATRIMNIO
Ao traar um panorama histrico, observamos que j nos tempos da Antiguidade
Clssica, a doutrina comea a se atentar em formular um conceito de patrimnio,
pois, era vital dar uma garantia pessoal aos membros do corpo social, desenvolvendo
o conceito de bem. Antes disso, at as partes do prprio corpo do indivduo estavam
sujeitas cobia de outros indivduos.
O patrimnio, aos olhos da doutrina, o complexo de relaes jurdicas de uma
pessoa, que tiverem valor econmico. O patrimnio, destarte, limita-se aos bens
suscetveis de ponderao econmica. Nele no se incluem as qualidades pessoais,
como a capacidade fsica e tcnica, o conhecimento, a fora de trabalho, porque so
consideradas simplrias ferramentas de aquisio de receitas, quando utilizados
para esses fins, no obstante a leso a esses bens possa acarretar reparao.
Segundo a teoriaclssica ou subjetiva, o patrimnio uma universalidade de
direito, unitrio e indivisvel, que se apresenta como projeo e continuao da
personalidade. Dos adeptos de tal corrente temos, por exemplo, CAIO MRIO, que
pondera o seguinte:
patrimnio o complexo das relaes jurdicas de uma pessoa,
apreciveis economicamente190.
A teoria supraposta, busca seus fundamentos em quatro crivos mestres: (i) s as
pessoas (naturais ou jurdicas) podem ter patrimnio, (ii) toda pessoa tem
patrimnio, uma vez que todos esto integrados na sociedade; (iii) cada pessoa s
pode ter um nico patrimnio; e (iv) o patrimnio inseparvel de sua pessoa.
Se toda relao jurdica pode ter reflexo no patrimnio, ela tambm pode ter
aspecto negativo. De forma a elucidar isso, tanto o aspecto ativo quanto o
aspectopassivo devem ser considerados no patrimnio. Embora autores de renome,
como ENNERCCERUS191, entendam que o patrimnio da pessoa no abarca o seu
passivo, prepondera o entendimento na doutrina de que compreende ele tanto o
ativo quanto o passivo, constituindo, uma universalidade de fato. Deveras, no se
pode imaginar o indivduo sem patrimnio, sabendo-se que todo homem em
sociedade realiza negcios e participa de relaes jurdicas de expresso econmica.
Sendo o patrimnio a projeo econmica da personalidade, e por no se admitir a
pessoa sem patrimnio, no se pode dele excluir as suas obrigaes, ou seja, seu lado
passivo192.
A doutrina moderna sintetiza os postulados elencados acima, nas caractersticas
da indivisibilidade e da unidade. Com vistas a isto, afirma-se que o patrimnio uno
e indivisvel; contudo, h determinadas situaes que ficam se devida resposta,
como por exemplo, a comunho parcial de bens e a ausncia. Esses problemas
aliados ao fato que figuraria em equvoco a abstrao do patrimnio (torn-lo como
ideal; ilusrio), levam alguns doutrinadores a construir a teoria da afetao.
190Instituies,
cit.
cit., 125.
192 AMARAL, Francisco, Direito civil, cit., p. 327; BEVILQUA, Clvis, Teoria, cit., 153; PEREIRA, Caio Mrio,
Instituies, cit., p. 246-247.
191Tratado,
126
194
127
Direito Civil I
196Cdigo
128
129
Direito Civil I
210Estatuto
130
131
Direito Civil I
de bens jurdicos, pois lhes falta utilidade a ser aferida por seu poder de uso ou de
troca. Reduzindo a questo toda ao primeiro requisito ora apresentado: utilidade.
3.2.3. Limitabilidade
A limitabilidade traduz-se na possibilidade de exausto de um recurso. Assim, sob
a tica tradicional, coisas abundantemente disponveis na natureza mas que, nos
dizeres de Slvio Rodrigues, no suscitam a cupidez humana em sua obteno ou
armazenamento no poderiam ser reputadas como bens 221. Sem dvida, uma
lgica equivocada e patrimonialista, que acaba padecendo das mesmas debilidades
outrora apontadas em relao suscetibilidades de apropriao. Tal concepo
merece rejeio, tambm, pois, por vias indiretas, deixa de entrever certo descaso
para com bens cuja escassez realmente h de ser temida, tais como ar puro e as
guas potveis. 222
Dessarte, observa-se que tanto a suscetibilidade de apropriao quanto a
limitabilidade so requisitos que no se prestam mais a caracterizar os bens,
cabendo e atento que faz SIMONE ERBELE, ao dizer:
a manuteno dos requisitos da suscetibilidade de apropriao e da
limitabilidade impe um fracionamento no estatuto dos bens
francamente incompatvel com a realidade atual. 223
Em sntese, a crtica elaborada pela autora se ancora na ideia de que no uso de tais
requisitos, nega-se o qualificativo de bens a certas realidades em meio ao Direito
Privado, enquanto essas mesmas coisas tomam qualificao de bens jurdicos frente
a outros ramos do Direito. Toma-se como exemplo, as guas dos mares e o ar
atmosfrico, que, no compreendidos como bens segundo os critrios
suprarrelatados, recebem tal condio da Lei 9.605, de 12-2-1998.
Tal como j foi superada a summa divisio entre o Direito Privado e o Pblico,
deve-se superar tais critrios, com o escopo de um melhor entendimento no s de
nosso ordenamento jurdico-civil, mas, sim, de nosso ordenamento como um todo.
3.2.4. Exterioridade
Por derradeiro, os princpios da personalidade se incumbiram de derrubar a
ltima marca clssica atribuda aos bens: a exterioridade. Assim,
Parte-se da noo do objecto do direito como um quid exterior. Mas em
rigor isso s se verifica nas coisas. J nas prestaes verificamos que o
objecto tem de ser entendido de modo muito particular. O objecto antes
o termo funcional de referncia de uma dada afetao. o que se passa
aqui. O bem da personalidade a delimita a vantagem que atribuda, sem
que isso implique que precise de ser configurado como uma realidade
exterior ao sujeito. 224
RODRIGUES, Slvio, Direito, v. 1, p. 115; ERBELE, Simone, Novos bens para novos tempos: por uma
teoria coerente e unificada dos bens, In: Manual de teoria geral do direito civil, p. 508.
222 ERBELE, Simone, Novos bens para novos tempos: por uma teoria coerente e unificada dos bens, In:
Manual de teoria geral do direito civil, p. 508.
223 Op. cit.
224 ASCENSO, Jos de Oliveira, Direito, v.1, cit., p. 90-91.
221
132
3.2.5. Concluso
In summa, para o Direito hodierno, retirados de campo os critrios da
suscetibilidade de apropriao, da limitabilidade e da exterioridade, para que uma
realidade ontolgica seja considerada bem, importa que tenha algum valor, isto ,
seja reputado juridicamente relevante por seu valor exclusivamente de uso ou de
troca ou de ambos conjugados. 225 Deste modo, bem no ser algo que seja
inservvel ao homem, tal como um gro de areia, uma folha cada ou uma carcaa de
peixe deixada na praia 226. Destarte, o bem, primordialmente, e acima de qualquer
coisa, deve ser til ao ser humano.
ERBELE, Simone, Novos bens para novos tempos: por uma teoria coerente e unificada dos bens, In:
Manual de teoria geral do direito civil, p. 509.
226 Cf. ASCENSO, Jos de Oliveira, Direito, v.1, cit., p. 346.
225
133
Direito Civil I
228
134
232
135
Direito Civil I
Em sucintas palavras podemos aferir que principal o bem que tem existncia
prpria, autnoma, que existe por si. Acessrio aquele cuja existncia depende do
principal. Assim, o solo bem principal, por que existe sobre si, concretamente, sem
qualquer dependncia. A rvore acessrio, porque sua existncia supe a do solo,
onde foi plantada.234 V-se, ento, que para que se configure a existncia do bem
acessrio necessrio que se caracterize a sua existncia jurdica e que ela no tenha
autonomia.
Embora no se tenha explicitamente posta no Cdigo Civil a regra de que o bem
acessrio segue o principal, encontra-se nele implcita.
Os bens acessrios naturais aderem espontaneamente ao principal, sem
necessidade de uma interveno do engenho humano (verbi gratia, frutos em
rvores). Ao revs destes, os bens acessriosindustriais nascem do esforo humano
(p.ex., obras de aderncia permanentes feitas acima ou abaixo da superfcie). J os
bens acessrios civis so resultado de uma relao abstrata de direito, e no de uma
vinculao material (e.g., os juros, em relao ao capital).
233
234
136
236
137
Direito Civil I
Os produtos, ao seu tempo, so utilidades que se retiram da coisa, diminuindolhe a quantidade, porque no se reproduzem periodicamente, como as pedras e os
metais, que se extraem das pedreiras e das minas 237 diz CLVIS.
Os frutos podem ser comercializados antes mesmo de se constiturem por
completo e de se destacarem. Frutos so renovveis enquanto os produtos no o so.
A colheita dos frutos no diminui o valor e nem a substncia da fonte, j no caso dos
produtos, isso acontece. Todavia, essas regras servem mais para parmetro de
estudo do que para utilizao prtica, tendo em vista que o conceito fixo pode no
servir na transmisso do abstrato para o concreto.
Como j foi aludido, bens pblicos so aqueles pertencentes a uma pessoa jurdica
de direito pblico interno. Nosso direito conhece trs tipos de bens pblicos:
Art. 99. So bens pblicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e
praas;
II - os de uso especial, tais como edifcios ou terrenos destinados a servio
ou estabelecimento da administrao federal, estadual, territorial ou
municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimnio das pessoas jurdicas de
direito pblico, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma
dessas entidades.
Pargrafo nico. No dispondo a lei em contrrio, consideram-se
dominicais os bens pertencentes s pessoas jurdicas de direito pblico a
que se tenha dado estrutura de direito privado.
Os bens de uso comum do povo embora pertencentes a uma pessoa jurdica de
direito pblico, esto franqueados a todos (p.ex., mares, rios, estradas, ruas e
praas). Esses bens so por natureza inalienveis e imprescritveis; em regra, sua
utilizao permitida a todos, sem restries nem nus.
Os bens de uso especial so os utilizados pelo prprio Poder Pblico, constituindose por imveis aplicados ao servio ou estabelecimento da administrao federal,
estadual, territorial ou municipal, inclusive o de suas autarquias, como prdios onde
funcionam tribunais, creches ou escolas pblicas, teatros pblicos, parlamentos,
reparties, secretarias, ministrios, quartis, cemitrios pblicos etc.
237Teoria,
cit., p. 175-176.
138
direitocivildireitocivildireitocivildireito
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Direito Civil I
140
Livro III
Do Negcio Jurdico
Captulo I
DISPOSIES GERAIS
1. Consideraes esparsas acerca do fato jurdico;
Negcio Jurdico; 2. Consideraes iniciais; 3. Teorias
vculo-negociais; 3. Teorias vculo-negociais; 4. Elementos
do negcio jurdicos; 5. Defeitos do negcio jurdico .
FATO JURDICO
ATOS
ILCITOS
LATO SENSU
( todo e qualquer
acontecimento que crie,
modifique ou extingue
uma relao jurdica).
ATO JURDICO
LATO SENSU
Traduzem
uma
desconformidade
com
o
ordenamento; geram apenas
nus para os praticantes. A
subdiviso
entre
ilcito
contratual e extranegocial
irrelevante, pois no h
diferena ontolgica.
Atos Jurdicos
stricto sensu
(h presena do
comportamento humano
no suporte ftico que
considerado).
ATOS LCITOS
(traduzem uma
conformidade com o
ordenamento jurdico;
geram vontade,
direitos e nus).
Negcios
Jurdicos
Atos-Fatos
Jurdicos
141
Direito Civil I
2.AQUISIO,MODIFICAO E EXTINO.
142
2.AQUISIO,MODIFICAO E EXTINO.
2.1. AQUISIO
241
143
Direito Civil I
2.AQUISIO,MODIFICAO E EXTINO.
144
graduado, certos bens, mas impondo-lhe a obrigao de por sua morte, ou aps certo
tempo, ou sob condio pr-estabelecida, transmiti-los ao segundo beneficirio, seu
substituto, o fideicomissrio)
Ainda, diferencia-se:
DIREITOS ATUAIS se encontram em plena condio de serem exercidos
DIREITO FUTUROS dependem de alguma condio ou termo que de
ocorrer para tornar o exerccio de tais direitos. Vista ao caso que fica
acordado que se Fulano passar no vestibular, ganhar um carro
prometido por Beltrano, firmado em contrato, por exemplo.
Os direitos futuros subdividem-se em deferidos e no deferidos:
Deferidos: cujo gozo ou exerccio depende nica e
exclusivamente da passagem do tempo.
Direitos
Futuros
No deferidos: cujo gozo ou exerccio esto
submetidos a circunstncias falveis.
2.2.MODIFICAO
145
Direito Civil I
Marley recebe de Bob um ttulo cambial pro soluto, e, assim, modifica-se a natureza
do direito creditrio, sem alterao quantitativa no crdito.
Falamos, acima de objeto mediato e imediato, a definio deles, de forma
sinttica, a seguinte: o objeto mediato o bem (dinheiro, cheque, ttulo cambial
pro soluto, verbi gratia); j o objeto imediato o poder de exigir de outrem uma
determinada conduta).
2.3. EXTINO
No seguir de CAIO MRIO, temos por extino de um direito quando esse se finda,
morre, desparece. Por focalizar a relao jurdica apenas no seu estado atual e em
ateno aos seus elementos concretamente, h escritores que veem a sua extino no
s fato da desvinculao ou desligamento do sujeito, relativamente s faculdades, e
englobam a perda e a extino em um fenmeno nico243, aponta o aludido autor244.
Na voz de CAIOMRIO, resoa:
Como outros autores (OERTMANN, RUGGIERO, ENNECCERUS etc.)
consideramos que se tem de distinguir a extino da perda dos direitos,
como fenmenos etimologicamente diversos e de efeitos diferentes. D-se
a perda do direito, quando ele se separa do titular atual, e passa a subsistir
com outro sujeito. Na perda h uma ideia de relatividade, de vez que o
sujeito no pode mais exercer as faculdades jurdicas. A extino, porm,
um conceito absoluto, supondo a destruio da relao jurdica. As
faculdades jurdicas no podem ser exercidas pelo sujeito atual, nem por
outro qualquer245.
Portanto, a perda do direito, que ocorre quando o direito se separa do titular atual
e passa a subsistir em outrem, difere da extino, que, por sua vez, ocorre quando h
destruio da relao jurdica, figurando como um conceito absoluto.
A extino dos direitos subordina-se a trs ordens de causas: em razo do sujeito,
do objeto e do vnculo. D-se a extino subjetiva quando o titular do direito no o
pode mais exercer, por exemplo, quando morre o filho sem ter iniciado a ao de
investigao parental, parece o direito declarao judicial da paternidade porque a
iniciativa desta ao do filho, e com a sua morte opera-se a destruio do prprio
direito. Extino objetiva decorre do perecimento do objeto sobre que versa o
direito, como na hiptese de morte do animal, ou a queda da coisa no fundo do mar.
certo, porm, que nem sempre a destruio do objeto implica a extino do direito,
pois que s vezes se d uma substituio de incidncia da relao jurdica sobre outro
objeto, e, ento, ocorre a modificao e no a extino da relao jurdica, como no
caso do perecimento da coisa causado por fato culposo de outrem, em que a relao
jurdica se transforma, sub-rogando-se a coisa destruda em indenizao (id quod
interest); ou ainda no caso de sub-rogao verificar-se por via contratual, como na
hiptese do seguro da coisa destruda gerar a sua sub-rogao no respectivo valor
(CC, art. 786), verbi gratia.A extino ser em razo do vnculo jurdico naqueles
Cf., com este pensamento, CAPITANT, introduction, p. 238, ao catalogar a transmisso como causa extintiva,
quando, ao contrrio, ela uma razo modificativa, conforme vimos anteriormente.
244Instituies, cit., v.1, p. 391.
245 Op., cit., p.391.
243
146
casos em que sobrevive o sujeito e subsiste o objeto, mas falta ao titular o poder de
ao para exercer as faculdades jurdicas. 246 Desta classe extintiva so a
decadncia e a prescrio, que estudaremos a seguir.
DECADNCIA
apodrecimento
de
laranjas,
exempli gratia;
Objeto em local de onde no se
pode ser retirado.
Por vezes o perecimento do objeto cria outra relao, por exemplo, a indenizao.
246Op.,
cit., p. 391.
Ao falar de prescrio aqui, tomemo-la no seu sentido extintivo. Tal observao vlida devido a existncia
da prescrio aquisitiva que se assemelha usucapio.
247
147
Direito Civil I
NEGCIO JURDICO
4. Consideraes iniciais; 5.O negcio jurdico e a
vontade; 5.1. Teorias da vontade e da declarao; 5.2.
Autonomia privada;6. Teorias vculo-negociais; 4.
Elementos do negcio jurdicos; 4.1. Estudo dos artigos; 5.
Defeitos do negcio jurdico; 5.1. Vcios de consentimento;
5.2. Vcios sociais; 6. Modalidades do negcio jurdicos:
elementos acidentais do negcio jurdico; 6.1.Condio; 6.2.
Termo, 6.3. Encargo; 7. Da invalidade do negcio jurdico
(Teoria das nulidades); 7.1. Nulidade; 7.2. Anulabilidade;
7.3. Negcios inexistentes.
4. CONSIDERAES INICIAIS
Sabemos que no campo dos fatos humanos, h os que so voluntrios e os que
independem de qualquer querer individual. Os primeiros, nosso foco de estudo
agora, caracterizam-se por serem aes resultantes da vontade, constituindo o grupo
dos atos jurdicos stricto sensu, quando revestirem certas condies impostas pelo
direito positivo. Os negcios jurdicos constituem a outra parte dos atos praticados
com manifestao da vontade humana. Esses, por sua vez, so constitudos de uma
declarao de vontade no sentido da obteno de um resultado.
Observa-se, desde j que o negcio jurdico e o ato jurdico, se distinguem. O
primeiro a declarao de vontade, em que o agente persegue o efeito jurdico
(Rechtsgeschft); no ato jurdico stricto sensu ocorre manifestao de vontade
tambm, mas os efeitos so gerados, independente de serem perseguidos pelo
agente248.
A supraescrita distino entre os atos jurdicos stricto sensu e o negcio jurdico
se encontra no coeficientedeliberdade. Nos atos jurdicos em sentido estrito a
vontade apenas integra o suporte ftico do ato (p.ex., ocupao); geram-se
consequncias ex legem. J nos negcios jurdicos, a vontade integra e determina o
suporte ftico; so gerados efeitos jurdicos ex voluntate. Nestes ltimos, podem-se
estabelecer quaisquer regras que no estejam proibidas por um preceito de ordem
pblica (s assim possvel fundir autonomia pblica e autonomia privada num
mesmo conceito de autonomia).
O Cdigo Civil de 1916 dotava forte influncia napolenica, contendo uma feio
unitarista, que no diferenciava o ato jurdico e sentido estrito dos negcios
jurdicos. A disciplina dos negcios jurdicos trata da liberdade/autonomia, que fora
definida como autonomia privada. Faz-se, ento, o negcio jurdico, instrumento
privilegiado do exerccio dessa autonomia.
248Op.,
148
de la Volont, n 1.
v. 1, cit., p. 402.
251 Para maiores detalhes, vide:, Denis Franco. O princpio da autonomia: da inveno reconstruo. In:
Princpios de direito civil contemporneo, por Maria Celina Bodin de Moraes (coordenadora), pp. 135-162.
250Instituies,
149
Direito Civil I
150
256
151
Direito Civil I
Para KANT, que se apoia em uma viso mais liberal, a fundamentao do direito
surge a partir de uma aplicao externa do princpio da autonomia moral. Destarte,
sua teoria parte de um direito a iguais liberdades subjetivas, s quais corresponde
uma faculdade de exerccio da coero para se fazerem respeitadas, que assiste a
todo homem devido sua humanidade. Consequentemente, a vontade geral dos
cidados resulta restringida por direitos subjetivos privados fundados moralmente.
J para ROUSSEAU, existiria uma conexo interna entre a ideia de autonomia
cidad ou autonomia pblica e os direitos do homem, notadamente considerados
estes enquanto direitos subjetivos privados. Em decorrncia dessa viso, tem-se que
aos comunitaristas, o coletivo se v sobreposto ao individual.
5.2.4. Cooriginariedade entre autonomia pblica e privada
A tenso entre autonomia pblica e privada, antes mencionada, somente pode ser
superada atravs da construo de uma nova construo interna entre os dois
conceitos e, efetivamente, com a reduo de ambos a um nico conceito de
autonomia, que pode ter seu exerccio concretizado seja pela via privada ou pela
pblica.
Desta forma, arquiteta-se o trabalho partindo da noo habermasiana de
cooriginariedade entre autonomia pblica e privada, onde o sistema de direitos do
homem ou de uma leitura tica de soberania popular, no havendo sobreposio ou
subordinao da autonomia privada dos indivduos autonomia pblica ou poltica.
Esta cooriginariedade apresenta-se como fruto da anlise da figura de pensamento
da autolegislao nos termos da teoria do discurso. 260
Princpio D.A moral discursiva habermasiana prope como critrio de
determinao da validez dos juzos morais a aplicao de um princpio do discurso.
Esse princpio se expressa na necessidade de imparcialidade dos juzos prticos e
cujo contedo normativa neutro frente moral e o direito, na medida em que se
refere a normas de ao em geral, pressupondo-se uma moral procedimental. Em
texto, DENIS FRANCO cita a estrutura do princpio D de HABERMAS:
D: Vlidas so aquelas normas (e somente aquelas normas) a que todos
que se possam ver afetados por elas pudessem prestar seu assentimento
como participantes em discurso racional. 261
E continua, explicando os caracteres apontados:
O predica vlido, presente no princpio do discurso, refere-se a normas
de ao e correspondentes enunciados normativos, expressando um
sentido inespecfico de validez normativa, comum a todo dever ser. Por
sua vez, pelo termo normas, se entendem as expectativas generalizadas
de comportamento nas dimenses temporal, social e de contedo.
Afetado qualquer um a quem possa concernir as consequncias das
prticas reguladas. Por fim, discurso racional seria toda tentativa de
entendimento acerca de pretenses de validez que ocorra dentro de
condies de comunicao num mbito institudo e estruturado por
260
261
152
153
Direito Civil I
6. TEORIAS VNCULO-NEGOCIAIS
6.1. CORRENTES PRECEPTIVISTA E NORMATIVISTA
Por certo tempo muito se discutiu acercada criao de normas jurdicas a partir de
um negcio jurdico. Sobre tal questionamento, h duas grandes correntes: a
corrente normativista, que entende que o negcio jurdico cria normas jurdicas; e a
corrente preceptivista que entende ser o negcio jurdico um momento de
determinao normativa diante de um conjunto indeterminado de normas e o
negcio jurdico, ento, no criaria normas jurdicas.
Para os preceptivistas o negcio jurdico no estaria apto a criar normas e a
vontade no tem ao criadora. a postura de doutrinadores tradicionais como
ANTONIO AZEVEDO e PONTES MIRANDA.
Entende-se, hodiernamente, que essa postura j estaria superada por uma postura
normativista. Para essa viso, a norma jurdica ganha nova veste. Deve a norma ser
geral e abstrata, mas nem toda norma tem o mesmo grau de generalidade e
abstrao, veja, por exemplo, a distino entre princpios e regras. Existem normas,
no entanto, que no so genricas e abstratas, como uma portaria (dirigida a uma
pessoa especifica). Dessa forma, o negcio jurdico geraria normas de baixo grau de
generalidade e abstrao.
266
6. TEORIAS VNCULO-NEGOCIAIS
154
268
155
Direito Civil I
Dispe o artigo 108 do Cdigo Civil que No dispondo a lei em contrrio, a escritura pblica essencial
validade dos negcios jurdicos que visem constituio, transferncia, modificao ou renncia de direitos
reais sobre imveis de valor superior a trinta vezes o maior salrio mnimo vigente no Pas.
273 PEREIRA, Caio Mrio da Silva, Instituies, cit., p. 632.
274 Cf. TEPEDINO, Gustavo; BARBOZA, Heloisa Helena; MORAES, Maria Celina Bodin de;. Cdigo civil
interpretado conforme a Constituio da Repblica. v. 1, p. 218.
272
6. TEORIAS VNCULO-NEGOCIAIS
156
275
276Op.,
157
Direito Civil I
158
pode gerar expectativas no grupo. Portanto, ainda que a vontade esteja viciada, em
certas ocasies, o negcio jurdico ser vlido.278
Visto esses apontamentos, sabe-se que a conformidade da declarao de vontade
com a vontade real e com o ordenamento produz um negcio jurdico perfeito;
desconformidade com uma ou com outro gera um negcio defeituoso. A teoria dos
defeitos dos negcios jurdicos tem, ento, por fundamento o desequilbrio na
atuao da vontade relativamente sua prpria declarao ou s exigncias da
ordem legal. 279
Assim ocorre no seguinte caso: O filho de Zico sequestrado e para pagar o resgate Zico vende seu carro a
Andrade, que no sabe do sequestro (no age com dolo de aproveitamento). No obstante a vontade Zico no
ser livre, o negcio no pode ser invalidade, pois criou expectativas legtimas em Andrade.
279 PEREIRA, Caio Mrio da Silva, Instituies, cit., v.1, p. 432.
280Op., cit., p. 432.
278
159
Direito Civil I
cit., p. 417.
160
161
Direito Civil I
valor aos herdeiros, e, destarte, doa R$ 10.000,00 para Fundao X e o mesmo valor
para seus herdeiros. Percebendo, a posteriori, o engano, pode cancelar a doao feita
a seus herdeiros, uma vez que ela s foi efetuada porque Joo acreditava que ela era
exigida por lei.
Existem situaes, todavia, em que inadmissvel a alegao do erro de direito.
Por exemplo, quando da elaborao de um plano diretor de uma cidade, um
indivduo adquire propriedade em rea destinada s residncias, pretendendo
construir ali fbricas. descabida uma futura alegao de erro de direito, pois o
indivduo deveria ter sido mais cuidadoso. S resta ele tentar vender o lote para
outras pessoas, ou ali estabelecer residncia.
7.1.2. Dolo
Inscrito entre vcios da vontade, que levam anulao do negcio, o dolo consiste
nas prticas ou manobras maliciosamente levadas a efeito por uma parte, a fim de
conseguir da outra uma emisso de vontade que lhe traga proveito, ou a terceiro 285.
Somente o dolus malus, caracterizado pela perversidade de propsito pode
invalidar o negcio jurdico, e, no odolus bnus ou inocente, que consiste em
blandcias, no apregoamento publicitrio de qualidades, desde que no enganosa
na utilizao de artifcios menos gravosos que uma parte adote para levar a outra a
contratar, ou para obter melhores proveitos do ajuste286. Pondera sabiamente
CAIOMRIO que:
A malcia humana encontra meios variadssimos de obrar, a fim de
conseguir seus objetivos. Pode algum proceder de maneira ativa,
falseando a verdade, e se diz que procede por ao ou omisso. Mas
igualmente doloso, nos negcios bilaterais, o silencio a respeito de fato ou
qualidade que a outra parte haja ignorado, a sonegao da verdade,
quando, por comisso de circunstncias, algum conduz outrem a uma
declarao proveitosa a suas convenincias, subconditione, porm, de se
provar que sem ela o contrato no se teria celebrado(Cdigo Civil, art.
147) 287.
O mecanismo psquico do dolo, por ao ou omisso, o mesmo, e se verifica na
utilizao de um processo malicioso de convencimento, que produza na vtima um
estado de erro ou ignorncia, determinante de uma declarao de vontade que no
seria obtida de outro modo. Esse erro, contudo, relegado a segundo plano, como
defeito em si, uma vez que sobreleva aqui a causa geradora do negcio jurdico, e
por isso que o procedimento doloso de uma parte leva ineficcia do ato, ainda que
atinja seus elementos no essenciais ou a motivao interna.
Desta forma, o que se tem de indagar se o dolo foi causa determinantes do ato
dolo principal , que conduz o agente declarao de vontade, fundado naquelas
injunes maliciosas. Reversamente, pode o dolo ser acidental, quando esse no
influi diretamente na realizao do ato, que se teria praticado independente da
malcia do interessado, porm, em condies, para este, menos vantajosas. O dolo
285Op.,
162
O representante de uma das partes, porm, no pode ser considerado terceiro caso
tenha agido dolosamente, pois, em razo desta qualidade, ele procede como se fosse
o prprio representado, o que sujeita o representado s consequncias, limitada,
contudo, a responsabilidade importncia do proveito que advm do negcio (CC,
art. 149), com ao regressiva contra o representante.
Em se tratando de representao voluntria, o representado responde
solidariamente com representante, se este houver procedido dentro dos limites da
outorga recebida. Agindo com excesso de poderes, no produz efeitos em relao ao
representado.
163
Direito Civil I
164
165
Direito Civil I
Gustavo; BARBOZA, Heloisa Helena; MORAES, Maria Celina Bodin de;. Cdigo civil
interpretado conforme a Constituio da Repblica. v. 1, p. 295; PEREIRA, Caio Mrio da Silva, Instituies,
cit., v.1, p. 459.
292 Cf. PEREIRA, Caio Mrio da Silva, Instituies, cit., v.1, p. 459.
293 PEREIRA, Caio Mrio da Silva, Instituies, cit., v.1, p. 455-456.
294 Op. cit. p. 456.
166
Os vcios sociais no esto ligados vontade mal manifestada das partes, mas,
sim, a uma tentativa de corromper o ordenamento jurdico; so prticas que no se
ajustam ao disposto na ordem jurdica, e, por isso, geram a anulabilidade do ato.
7.2.1. Fraude contra os credores
Assim rezam os dispositivos relacionados fraude contra os credores:
295TEPEDINO,
Gustavo; BARBOZA, Heloisa Helena; MORAES, Maria Celina Bodin de;. Cdigo civil
interpretado conforme a Constituio da Repblica. v. 1, p. 299.
296 NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade, Novo Cdigo, cit., p. 76.
297 PEREIRA, Caio Mrio da Silva, Instituies, cit., v.1, p. 458.
167
Direito Civil I
298
168
300
169
Direito Civil I
nesta, como vontade declarada, uma coisa que nenhuma delas quer, ou
coisa diversa que mbar querem. 303
Assim, tem-se um negcio que aparentemente se encontra em consonncia com a
ordem jurdica em vigncia que o disciplina, mas que, deveras, no visa ao efeito que
juridicamente deveria resultar, por se tratar de uma declarao falaciosa de vontade.
Neste sentido, comum elucidar que a simulao requer a confluncia de trs
elementos: (1) a divergncia intencional entre vontade e declarao, em outras
palavras, entre o negcio aparente e os efeitos buscados; (2) um acordo simulatrio
entre os declarantes; e, por fim, (3) o intuito de enganar terceiros. 304
304
170
NEGCIO JURDICO
contedo eficacial ocorrncia de um evento futuro e incerto. 308 Com efeito, o mais
digno de destaca neste instituto justamente a indeterminao quanto realizao
deste evento e consequentemente quanto produo dos seus efeitos. Um exemplo
simples o da doao pessoa se ela se casar: caso a pessoa venha a se casar (evento
futuro e indeterminado) os efeitos da doao so produzidos; caso contrrio, os
efeitos no sero produzidos.
Assim,
Condio a clusula, voluntariamente aposta a um negcio jurdico,
que o subordina o nascimento ou a extino de um direito a um evento
futuro e incerto, cuja a existncia no se presume. 309
Percebem-se, ento, trs elementos bsicos condio que, conjugados, apontam
condio em sentido prprio: (1) a incerteza, (2) a futuridade, e (3) a
voluntariedade.
8.1.1. Condies suspensivas e resolutivas
A principal classificao das condies, encontrada na doutrina especializada,
divide-se em suspensivas e resolutivas.
Quando se formula uma condio suspensiva articula-se a produo de efeitos
do negcio jurdico em razo de evento futuro e incerto. Os efeitos tradicionais de
determinado negcio ficam suspensos, ou melhor, impedidos de ocorrer enquanto o
fato incerto no se der. Desta forma, existe uma dvida sobre a produo de efeitos
do negcio jurdico que tem sua carga eficacial contida at o implemento do fato
incerto. De modo a ilustrar o pensamento, pense-se: algum se compromete a
comprar um bem imvel, por determinado valor, se o comprador for transferido
para outra cidade no prazo de um ano.
A condio suspensiva se v regulada no art. 125 do CC:
ART. 125. SUBORDINANDO-SE A EFICCIA DO NEGCIO JURDICO CONDIO
SUSPENSIVA, ENQUANTO ESTA SE NO VERIFICAR, NO SE TER ADQUIRIDO O
DIREITO, A QUE ELE VISA.
Na leitura desse dispositivo, constata-se que a condio suspensiva impede
inclusiva a aquisio do direito pretendido pelo negcio jurdico, pois no permite
que este chegue ao plano da eficcia. O negcio jurdico existir, ser vlido, mas no
se sabe sobre a deflagrao de suas consequncias prprias, pois elas esto contidas
por clusula de ocorrncia possvel, mas incerta.310
Ainda sobre a condio suspensiva, o artigo 126 assim reza:
Cf. POMPEU, Renata Guimares, Negcio jurdico e seus elementos acidentais, In: Manual de teoria
geral do direito civil, cit., p. 584-587;PEREIRA, Caio Mrio da Silva, Instituies, v.1, p. 464-485;
GONALVES, Carlos Roberto, Direito, v.1, p. 376-392.
309 SANTOS, Carvalho, Cdigo civil, cit., p. 13.
310 POMPEU, Renata Guimares, Negcio jurdico e seus elementos acidentais, In: Manual de teoria geral
do direito civil, cit., p. 585.
308
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Direito Civil I
311Condio,
cit. p. 67.
MONTEIROS, Washington de Barros, Curso, p. 276.
313 OLIVEIRA, Eduardo Ribeiro de, Comentrios ao cdigo civil, v.2, cit., p. 306.
312
172
NEGCIO JURDICO
ART. 129. REPUTA-SE VERIFICADA, QUANTO AOS EFEITOS JURDICOS, A
CONDIO CUJO IMPLEMENTO FOR MALICIOSAMENTE OBSTADO PELA PARTE A
QUEM DESFAVORECER, CONSIDERANDO-SE, AO CONTRRIO, NO VERIFICADA A
CONDIO MALICIOSAMENTE LEVADA A EFEITO POR AQUELE A QUEM APROVEITA
O SEU IMPLEMENTO.
ART. 130. AO TITULAR DO DIREITO EVENTUAL, NOS CASOS DE CONDIO
SUSPENSIVA OU RESOLUTIVA, PERMITIDO PRATICAR OS ATOS DESTINADOS A
CONSERV-LO.
POMPEU, Renata Guimares, Negcio jurdico e seus elementos acidentais, In: Manual de teoria geral
do direito civil, cit., p. 586.
315 Op. cit.
316 ANDRADE, Manoel Domingues de, Teoria geral da relao jurdica, p. 357.
314
173
Direito Civil I
318TEPEDINO,
174
NEGCIO JURDICO
8.2.1.3. Termo convencional, legal e judicial
No tange ao modo de seu nascimento, o termo poder ser convencional, quando
nasce da vontade das partes, o que se figura mais comum no plano dos negcios
jurdicos, ou legal, se decorrer de uma disposio legal; ou, ainda, judicial ou de
graa, se proveniente de uma deciso judicial. 324
8.2.1.4. Termo expresso ou tcito
Dependendo do modo pelo o qual o termo se revela no negcio jurdico, ele poder
ser expresso, quando compe o teor do negcio, ou tcito, quando sua existncia
pode ser inferida das circunstncias negociais. Ao contrrio da condio, em que sua
incluso se d de maneira expressa,
o termo tcito, tambm conhecido por implcito, e necessrio, se verifica
sempre nos negcios jurdicos, cujo objeto no surtiria efeito, em razo da
prpria natureza da coisa, seno depois de um certo tempo, como, por
exemplo, no caso de venda de futura colheita. 325
O cdigo civil traz em seu captulo sobre elementos acidentais, trs dispositivos
sobre termo e prazo, artigos 132, 133 e 134.
De antemo, deve-se reforar que a expresso termo pretende traduzir o evento
futuro e certo que interferiria no exerccio do direito. J a noo de prazo consiste no
espao temporal compreendido entre os termos, ou entre a vontade manifestada e
um termo, ou entre o evento futuro e certo e outra determinada disposio do
negcio jurdico. Assim,
Termo o dia, no qual tem de comear ou de extinguir-se a eficcia de
um negcio jurdico. Prazo o lapso de tempo decorrido entre a
declarao de vontade e a supervenincia do termo. 326
Como j se sabe o termo no precisa ser um dia, mas, sim, pode ser um fato: como
a morte. Assim, o prazo representa o lapso temporal em que se alcana ou que se d
o referido evento considerado como termo certo ou incerto.327
O artigo 132 explicita regras de contagem desse lapso temporal denominado
prazo:
175
Direito Civil I
176
exerccio do direito, este sero executados desde logo, sempre que for possvel o
cumprimento da prestao. Isso porque, se a realizao da prestao definida nos
contratos se der em loca diverso ou depender de tempo sua realizao, sua
exigibilidade deve se dar de acordo com a natureza dessas circunstncias, dada a
impossibilidade de realizao imediata.
Assim, neste caso, deve o encargo se dado como no escrito (vitiat, sed vitiatur),
no havendo contaminao da disposio a que foi aposto, a no ser que, pela
interpretao da vontade das partes ou do disponente, se conclua que o modus foi o
nico motivo determinante do negcio, e, a, a consequncia a nulidade do negcio.
331
177
Direito Civil I
9.1. NULIDADE
334
178
179
Direito Civil I
339
180
VII faz referncia chamada nulidade textual, quando a lei declara nulo o negcio
jurdico.
9.1.3. Caractersticas da nulidade
Como j dito, a invalidade gnero, no qual se distinguem duas espcies: a
nulidade e a anulabilidade. Entre vrios critrios de distino, o mais destacado a
causa de cada um: enquanto na nulidade h uma afronta mais grave, por conta de
motivo de interesse pblico, a anulabilidade resulta de uma desconformidade menos
grave, tutelando-se um interesse particular. Ademais, aduz-se ao caracterizar a
nulidade, a legitimidade mais ampla para invoc-la, podendo ser pronunciada
mesmo ex officio pelo juiz (art. 168) e a insuscetibilidade de confirmao ou
convalescimento pelo tempo (art. 169), alm do polmico critrio distintivo da
retroatividade dos efeitos de sua declarao, onde, apesar de por vezes apontado,
rebate-se aqui que mesmo a anulabilidade retroage em seus efeitos e, ainda, a
nulidade, guarde-se, no extingue os efeitos por completo, como por vezes se aduz.
Enfim, a hiptese de nulidade fixada no interesse de toda a coletividade, tendo
alcance geral e eficcia erga omnes. O negcio nulo fica privado de produzir efeitos
jurdicos por ter sido realizado em ofensa grave aos princpios de ordem pblica. 340
9.1.4. Simulao
ART. 167. NULO O NEGCIO JURDICO SIMULADO, MAS SUBSISTIR O QUE SE
DISSIMULOU, SE VLIDO FOR NA SUBSTNCIA E NA FORMA.
1O HAVER SIMULAO NOS NEGCIOS JURDICOS QUANDO:
I - APARENTAREM CONFERIR OU TRANSMITIR DIREITOS A PESSOAS DIVERSAS
DAQUELAS S QUAIS REALMENTE SE CONFEREM, OU TRANSMITEM;
II - CONTIVEREM DECLARAO, CONFISSO, CONDIO OU CLUSULA NO
VERDADEIRA;
III - OS INSTRUMENTOS PARTICULARES FOREM ANTEDATADOS, OU PSDATADOS.
2O RESSALVAM-SE OS DIREITOS DE TERCEIROS DE BOA-F EM FACE DOS
CONTRAENTES DO NEGCIO JURDICO SIMULADO.
O direito brasileiro abrangia a simulao como defeito ligado ao interesse das
partes, e tratava-o, destarte, como geradora da anulabilidade do ato. Todavia, o
Cdigo de 2002 se aproximou do direito alemo (BGB, 117), considerando-a como
causa de nulidade.
Dessarte, o novo Cdigo passa a elenc-la dentro das nulidades porque, a rigor, na
simulao no h deficincia do elemento volitivo, como ocorre no erro, no dolo e na
coao. Ao contrrio, os agentes simuladores tm plena conscincia em seu agir,
buscando a realizao do negcio infringir a lei ou a terceiro. Segundo a doutrina
especializada,
por simulao entende-se o ato de alguem que, conscientemente e com a
conivncia de outra pessoa, a quem a sua declarao dirigida, faz conter
340TEPEDINO,
Gustavo; BARBOZA, Heloisa Helena; MORAES, Maria Celina Bodin de;. Cdigo civil
interpretado conforme a Constituio da Repblica. v. 1, p. 313.
181
Direito Civil I
nesta, como vontade declarada, uma coisa que nenhuma delas quer, ou
coisa diversa que ambas querem. 341
Assim, tem-se um negcio que aparentemente se encontra em consonncia com a
ordem jurdica em vigncia que o disciplina, mas que, deveras, no visa ao efeito que
juridicamente deveria resultar, por se tratar de uma declarao falaciosa de vontade.
Neste sentido, comum elucidar que a simulao requer a confluncia de trs
elementos: (1) a divergncia intencional entre vontade e declarao, em outras
palavras, entre o negcio aparente e os efeitos buscados; (2) um acordo simulatrio
entre os declarantes; e, por fim, (3) o intuito de enganar terceiros. 342
9.1.5. Instituto da converso
Ao criar o instituto da converso o legislador de 2002 acrescenta item antes no
elencado pelo Cdigo de 1916. A essncia da converso do negcio jurdico reside na
abertura, ao intrprete de, perante um negcio jurdico a que falte um elemento
inderrogvel, qualific-lo em outro tipo, mediante aproveitamento dos elementos
prestantes. 343
Assim proclama o dispositivo correlato no diploma civil:
ART. 170. SE, PORM, O NEGCIO JURDICO NULO CONTIVER OS REQUISITOS DE
OUTRO, SUBSISTIR ESTE QUANDO O FIM A QUE VISAVAM AS PARTES PERMITIR
SUPOR QUE O TERIAM QUERIDO, SE HOUVESSEM PREVISTO A NULIDADE.
De fato, tal instituto se ancora no princpio da conservao dos atos e negcios
jurdicos. No dizer de FRANCISCO AMARAL:
Baseia-se no princpio interpretativo, que o princpio da conservao
dos atos jurdicos, segundo o qual, em caso de dvida, deve interpretar-se
o ato no sentido de produzir algum efeito, e no no sentido contrrio, de
no produzir nada. 344
Assim, tem-se como requisitos da converso: (1) o negcio reputado como nulo
contenha os requisitos do negcio sucedneo; (2) e a vontade manifestada pelas
partes faa supor que, se tivesse conhecimento da nulidade do negcio primitivo,
mesmo assim, teriam querido celebrar o sucedneo.
Por obvio, tais requisitos no se mostram insuscetveis de crticas, seja por
traduzir uma concepo demasiadamente subjetivista ou voluntarista do negcio
jurdico. 345 Nessa linha de pensamento, afirma-se que a converso deve atender
causa do negcio jurdico, como sua funo econmico-social, e aos interesses
concretos que lhe sejam subjacentes. 346
MONCADA, Lus Cabral, Lies de direito civil, 4. Ed., Coimbra: Almedina, 1995, p. 600.
AMARAL, Francisco, Direito, p. 533.
343 AZEVEDO, Antnio Junqueira de, Negcio, p. 78.
344Direito Civil, cit., p. 544.
345Cf. DEL NERO, Joo Alberto Schtzer, Converso substancial, p. 279.
346 MATTIETTO, Leonardo, Invalidade, p. 342.
341
342
182
9.2. ANULABILIDADE
Quando a ofensa atinge um interesse particular de pessoas que o legislador
almejou proteger, sem estar em jogo os interesses coletivos, faculta-se a estas, se lhes
for conveniente, promover a anulao do ato. Trata-se de negcio anulvel, que ser
considerado vlido se o interessado conformar com os efeitos e no o atacar, nos
prazos legais, ou o confirmar. A anulabilidade dos atos jurdicos difere,
essencialmente, da nulidade pela diversidade de seus fundamentos. Com clareza, na
anulabilidade no prevalece o interesse pblico, to s o interesse particular dos
agentes contratantes.
Logo, a anulabilidade visa a proteo do consentimento ou refere-se
incapacidade do agente, sendo a sano imposta pela lei aos atos jurdicos realizados
por pessoas relativamente incapazes ou construdos em cima de algum vcio do
consentimento ou vcio social.
Por no consistir em questes de interesse geral, ou melhor, de ordem pblica
como a nulidade , prescritvel e admite confirmao, como modo de sanar o
defeito que a macula. 347
9.2.1. Causas de anulabilidade
ART. 171. ALM DOS CASOS EXPRESSAMENTE DECLARADOS NA LEI, ANULVEL
O NEGCIO JURDICO:
I - POR INCAPACIDADE RELATIVA DO AGENTE;
II - POR VCIO RESULTANTE DE ERRO, DOLO, COAO, ESTADO DE PERIGO, LESO
OU FRAUDE CONTRA CREDORES.
As anomalias presente nos negcios jurdicos anulveis dizem respeito
manifestao de vontade. A primeira hiptese ao qual se refere o dispositivo aludido
diz respeito atuao do agente relativamente incapaz, isto , as pessoas
enquadradas no art. 4 e que necessitam de seus assistentes para atuar no mundo
jurdico. Entende-se que tais pessoas detm o poder de emisso de suas vontades;
todavia, precisam fazer-se acompanhar do assistente tutor ou curador para que o
ato jurdico seja vlido. Neste mbito, necessrio destacar que uma vez que
pretende a resguarda do incapaz, a incapacidade relativa de uma das partes no pode
ser invocada pela outra em benefcio prprio (vide art. 180). O Cdigo Civil
determina ainda que para reclamar o que se pagou a um relativamente incapaz,
dever-se- provar que a importncia paga reverteu em proveito dele (vide art. 181).
A segunda hiptese descrita no dispositivo faz meno s anomalias presentes na
formao do processo volitivo quando da prtica do negcio jurdico: so os
denominados defeitos ou vcios do negcio jurdico, disciplinados nos arts. 138-165.
Ademais, alem dessas hipteses gerais o Cdigo Civil prev causas de
anulabilidade em dispositivos especficos, como, v.g., os arts. 45, pargrafo nico,
48, pargrafo nico, 117, 119, 461, 496, 533, II, 1.122, 1.167, 1.247, 1.550, 1649 e 1903.
348
348TEPEDINO,
183
Direito Civil I
349Direito
350Direito
direitocivildireitocivildireitocivildireito
9. D
(T
) 184
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A INVALIDADE DOS NEGCIOS JURDICOS
185
Direito Civil I
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direitocivildireitocivildireitocivildireito
188
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189
Direito Civil I
PARTE GERAL
LIVRO I
DAS PESSOAS
TTULO I
DAS PESSOAS NATURAIS
CAPTULO I
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
ART.1 Toda pessoa capaz de direitos e
deveres na ordem civil.
ART. 2o A personalidade civil da pessoa comea
do nascimento com vida; mas a lei pe a salvo,
desde a concepo, os direitos do nascituro.
de
ART.
So incapazes, relativamente a certos
atos, ou maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de
dezoito anos;
II - os brios habituais, os viciados em txicos,
e os que, por deficincia mental, tenham o
discernimento reduzido;
CAPTULO II
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
ART. 11. Com exceo dos casos previstos em
lei,
os
direitos
da
personalidade
so
intransmissveis e irrenunciveis, no podendo o
seu exerccio sofrer limitao voluntria.
ART. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaa, ou
a leso, a direito da personalidade, e reclamar
perdas e danos, sem prejuzo de outras sanes
previstas em lei.
Pargrafo nico. Em se tratando de morto, ter
legitimao para requerer a medida prevista neste
190
191
Direito Civil I
CAPTULO III
DA AUSNCIA
SEO I
DA CURADORIA DOS BENS DO AUSENTE
ART. 24. O juiz, que nomear o curador, fixarlhe- os poderes e obrigaes, conforme as
circunstncias, observando, no que for aplicvel, o
disposto a respeito dos tutores e curadores.
ART. 25. O cnjuge do ausente, sempre que no
esteja separado judicialmente, ou de fato por mais
de dois anos antes da declarao da ausncia, ser
o seu legtimo curador.
1o Em falta do cnjuge, a curadoria dos bens
do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes,
nesta ordem, no havendo impedimento que os
iniba de exercer o cargo.
2o Entre os descendentes, os mais prximos
precedem os mais remotos.
3o Na falta das pessoas mencionadas,
compete ao juiz a escolha do curador.
SEO II
DA SUCESSO PROVISRIA
ART. 26. Decorrido um ano da arrecadao dos
bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou
procurador, em se passando trs anos, podero os
interessados requerer que se declare a ausncia e
se abra provisoriamente a sucesso.
ART. 27. Para o efeito previsto no artigo
anterior, somente se consideram interessados:
I - o cnjuge no separado judicialmente;
2o No
comparecendo
herdeiro
ou
interessado para requerer o inventrio at trinta
dias depois de passar em julgado a sentena que
mandar abrir a sucesso provisria, proceder-se-
arrecadao dos bens do ausente pela forma
estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823.
ART. 29. Antes da partilha, o juiz, quando
julgar conveniente, ordenar a converso dos bens
mveis, sujeitos a deteriorao ou a extravio, em
imveis ou em ttulos garantidos pela Unio.
ART. 30. Os herdeiros, para se imitirem na
posse dos bens do ausente, daro garantias da
restituio deles, mediante penhores ou hipotecas
equivalentes aos quinhes respectivos.
1o Aquele que tiver direito posse provisria,
mas no puder prestar a garantia exigida neste
artigo, ser excludo, mantendo-se os bens que lhe
deviam caber sob a administrao do curador, ou
de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste
essa garantia.
2o Os ascendentes, os descendentes e o
cnjuge, uma vez provada a sua qualidade de
herdeiros, podero, independentemente de
garantia, entrar na posse dos bens do ausente.
ART. 31. Os imveis do ausente s se podero
alienar, no sendo por desapropriao, ou
hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar
a runa.
ART. 32. Empossados nos bens, os sucessores
provisrios ficaro representando ativa e
192
TTULO II
DAS PESSOAS JURDICAS
CAPTULO I
DISPOSIES GERAIS
ART. 40. As pessoas jurdicas so de direito
pblico, interno ou externo, e de direito privado.
I - a Unio;
III - os Municpios;
ART. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe
provar a existncia, depois de estabelecida a posse
provisria, cessaro para logo as vantagens dos
sucessores nela imitidos, ficando, todavia,
obrigados a tomar as medidas assecuratrias
precisas, at a entrega dos bens a seu dono.
SEO III
DA SUCESSO DEFINITIVA
IV - as autarquias;
193
Direito Civil I
I - as associaes;
II - as sociedades;
III - as fundaes.
CAPTULO II
DAS ASSOCIAES
fontes
de
recursos
para
sua
194
assemblia
geral (Revogado pela Lei n 11.127, de 2005)
ART. 57. A excluso do associado s
admissvel havendo justa causa, assim reconhecida
em procedimento que assegure direito de defesa e
de
recurso,
nos
termos
previstos
no
estatuto. (Redao dada pela Lei n 11.127, de
2005)
ART. 58. Nenhum associado poder ser
impedido de exercer direito ou funo que lhe
tenha sido legitimamente conferido, a no ser nos
casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.
ART. 59. Compete privativamente assemblia
geral:
I
eleger
os
administradores;
II destituir
os administradores;
III
aprovar
as
contas;
IV
alterar
o
estatuto.
Pargrafo nico. Para as deliberaes a que se
referem os incisos II e IV exigido o voto concorde
de dois teros dos presentes assemblia
especialmente convocada para esse fim, no
podendo ela deliberar, em primeira convocao,
sem a maioria absoluta dos associados, ou com
menos de um tero nas convocaes seguintes.
ART. 59. Compete privativamente assemblia
geral: (Redao dada pela Lei n 11.127, de 2005)
I destituir os administradores; (Redao
dada pela Lei n 11.127, de 2005)
II alterar o estatuto. (Redao dada pela Lei
n 11.127, de 2005)
Pargrafo nico. Para as deliberaes a que se
referem os incisos I e II deste artigo exigido
deliberao
da
assemblia
especialmente
convocada para esse fim, cujo quorum ser o
estabelecido no estatuto, bem como os critrios de
eleio dos administradores. (Redao dada pela
Lei n 11.127, de 2005)
ART. 60. A convocao da assemblia geral farse- na forma do estatuto, garantido a um quinto
dos associados o direito de promov-la.
ART. 60. A convocao dos rgos deliberativos
far-se- na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um
quinto) dos associados o direito de promovla. (Redao dada pela Lei n 11.127, de 2005)
ART. 61. Dissolvida a associao, o
remanescente do seu patrimnio lquido, depois de
195
Direito Civil I
CAPTULO III
DAS FUNDAES
ART. 62. Para criar uma fundao, o seu
instituidor far, por escritura pblica ou
testamento, dotao especial de bens livres,
especificando o fim a que se destina, e declarando,
se quiser, a maneira de administr-la.
Pargrafo nico. A fundao somente poder
constituir-se para fins religiosos, morais, culturais
ou de assistncia.
ART. 63. Quando insuficientes para constituir a
fundao, os bens a ela destinados sero, se de
outro modo no dispuser o instituidor,
incorporados em outra fundao que se proponha
a fim igual ou semelhante.
ART. 64. Constituda a fundao por negcio
jurdico entre vivos, o instituidor obrigado a
transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real,
sobre os bens dotados, e, se no o fizer, sero
registrados, em nome dela, por mandado judicial.
ART. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer
a aplicao do patrimnio, em tendo cincia do
encargo, formularo logo, de acordo com as suas
bases (ART. 62), o estatuto da fundao projetada,
submetendo-o, em seguida, aprovao da
autoridade competente, com recurso ao juiz.
Pargrafo nico. Se o estatuto no for
elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou,
no havendo prazo, em cento e oitenta dias, a
incumbncia caber ao Ministrio Pblico.
TTULO III
DO DOMICLIO
ART. 70. O domiclio da pessoa natural o
lugar onde ela estabelece a sua residncia com
nimo definitivo.
ART. 71. Se, porm, a pessoa natural tiver
diversas residncias, onde, alternadamente, viva,
considerar-se- domiclio seu qualquer delas.
ART. 72. tambm domiclio da pessoa
natural, quanto s relaes concernentes
profisso, o lugar onde esta exercida.
Pargrafo nico. Se a pessoa exercitar
profisso em lugares diversos, cada um deles
196
LIVRO II
DOS BENS
TTULO NICO
DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS
CAPTULO I
DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
SEO I
DOS BENS IMVEIS
SEO II
DOS BENS MVEIS
ART. 82. So mveis os bens suscetveis de
movimento prprio, ou de remoo por fora
alheia, sem alterao da substncia ou da
destinao econmico-social.
ART. 83. Consideram-se mveis para os efeitos
legais:
I - as energias que tenham valor econmico;
II - os direitos reais sobre objetos mveis e as
aes correspondentes;
197
Direito Civil I
SEO III
DOS BENS FUNGVEIS E CONSUMVEIS
ART. 85. So fungveis os mveis que podem
substituir-se por outros da mesma espcie,
qualidade e quantidade.
ART. 86. So consumveis os bens mveis cujo
uso importa destruio imediata da prpria
substncia, sendo tambm considerados tais os
destinados alienao.
SEO IV
DOS BENS DIVISVEIS
ART. 87. Bens divisveis so os que se podem
fracionar sem alterao na sua substncia,
diminuio considervel de valor, ou prejuzo do
uso a que se destinam.
ART. 88. Os bens naturalmente divisveis
podem tornar-se indivisveis por determinao da
lei ou por vontade das partes.
podem
ser
SEO V
DOS BENS SINGULARES E COLETIVOS
CAPTULO III
DOS BENS PBLICOS
CAPTULO II
DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
LIVRO III
DOS FATOS JURDICOS
TTULO I
DO NEGCIO JURDICO
CAPTULO I
DISPOSIES GERAIS
ART. 104. A validade do negcio jurdico
requer:
I - agente capaz;
II - objeto lcito, possvel, determinado ou
determinvel;
III - forma prescrita ou no defesa em lei.
ART. 105. A incapacidade relativa de uma das
partes no pode ser invocada pela outra em
benefcio prprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo se, neste caso, for
indivisvel o objeto do direito ou da obrigao
comum.
ART. 106. A impossibilidade inicial do objeto
no invalida o negcio jurdico se for relativa, ou se
cessar antes de realizada a condio a que ele
estiver subordinado.
198
CAPTULO II
DA REPRESENTAO
ART. 115. Os poderes de representao
conferem-se por lei ou pelo interessado.
ART. 116. A manifestao de vontade pelo
representante, nos limites de seus poderes, produz
efeitos em relao ao representado.
ART. 117. Salvo se o permitir a lei ou o
representado, anulvel o negcio jurdico que o
representante, no seu interesse ou por conta de
outrem, celebrar consigo mesmo.
Pargrafo nico. Para esse efeito, tem-se como
celebrado pelo representante o negcio realizado
por aquele em quem os poderes houverem sido
subestabelecidos.
ART. 118. O representante obrigado a provar
s pessoas, com quem tratar em nome do
199
Direito Civil I
CAPTULO III
DA CONDIO, DO TERMO E DO ENCARGO
ART. 121. Considera-se condio a clusula que,
derivando exclusivamente da vontade das partes,
subordina o efeito do negcio jurdico a evento
futuro e incerto.
ART. 122. So lcitas, em geral, todas as
condies no contrrias lei, ordem pblica ou
aos bons costumes; entre as condies defesas se
incluem as que privarem de todo efeito o negcio
jurdico, ou o sujeitarem ao puro arbtrio de uma
das partes.
ART. 123. Invalidam os negcios jurdicos que
lhes so subordinados:
I - as condies fsica ou juridicamente
impossveis, quando suspensivas;
II - as condies ilcitas, ou de fazer coisa
ilcita;
III - as condies
contraditrias.
incompreensveis
ou
CAPTULO IV
DOS DEFEITOS DO NEGCIO JURDICO
SEO I
DO ERRO OU IGNORNCIA
ART. 138. So anulveis os negcios jurdicos,
quando as declaraes de vontade emanarem de
erro substancial que poderia ser percebido por
pessoa de diligncia normal, em face das
circunstncias do negcio.
ART. 139. O erro substancial quando:
I - interessa natureza do negcio, ao objeto
principal da declarao, ou a alguma das
qualidades a ele essenciais;
II - concerne identidade ou qualidade
essencial da pessoa a quem se refira a declarao
de vontade, desde que tenha infludo nesta de
modo relevante;
III - sendo de direito e no implicando recusa
aplicao da lei, for o motivo nico ou principal do
negcio jurdico.
ART. 140. O falso motivo s vicia a declarao
de vontade quando expresso como razo
determinante.
ART. 141. A transmisso errnea da vontade
por meios interpostos anulvel nos mesmos
casos em que o a declarao direta.
200
SEO II
DO DOLO
ART. 145. So os negcios jurdicos anulveis
por dolo, quando este for a sua causa.
ART. 146. O dolo acidental s obriga
satisfao das perdas e danos, e acidental
quando, a seu despeito, o negcio seria realizado,
embora por outro modo.
ART. 147. Nos negcios jurdicos bilaterais, o
silncio intencional de uma das partes a respeito
de fato ou qualidade que a outra parte haja
ignorado, constitui omisso dolosa, provando-se
que sem ela o negcio no se teria celebrado.
ART. 148. Pode tambm ser anulado o negcio
jurdico por dolo de terceiro, se a parte a quem
aproveite
dele
tivesse
ou
devesse
ter
conhecimento; em caso contrrio, ainda que
subsista o negcio jurdico, o terceiro responder
por todas as perdas e danos da parte a quem
ludibriou.
ART. 149. O dolo do representante legal de uma
das partes s obriga o representado a responder
civilmente at a importncia do proveito que teve;
se, porm, o dolo for do representante
convencional,
o
representado
responder
solidariamente com ele por perdas e danos.
ART. 150. Se ambas as partes procederem com
dolo, nenhuma pode aleg-lo para anular o
negcio, ou reclamar indenizao.
SEO III
DA COAO
ART. 151. A coao, para viciar a declarao da
vontade, h de ser tal que incuta ao paciente
201
Direito Civil I
SEO IV
DO ESTADO DE PERIGO
ART. 156. Configura-se o estado de perigo
quando algum, premido da necessidade de salvarse, ou a pessoa de sua famlia, de grave dano
conhecido pela outra parte, assume obrigao
excessivamente onerosa.
Pargrafo nico. Tratando-se de pessoa no
pertencente famlia do declarante, o juiz decidir
segundo as circunstncias.
SEO VI
DA FRAUDE CONTRA CREDORES
ART. 158. Os negcios de transmisso gratuita
de bens ou remisso de dvida, se os praticar o
devedor j insolvente, ou por eles reduzido
insolvncia, ainda quando o ignore, podero ser
anulados pelos credores quirografrios, como
lesivos dos seus direitos.
1o Igual direito assiste aos credores cuja
garantia se tornar insuficiente.
2o S os credores que j o eram ao tempo
daqueles atos podem pleitear a anulao deles.
ART. 159. Sero igualmente anulveis os
contratos onerosos do devedor insolvente, quando
a insolvncia for notria, ou houver motivo para
ser conhecida do outro contratante.
ART. 160. Se o adquirente dos bens do devedor
insolvente ainda no tiver pago o preo e este for,
aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-
depositando-o em juzo, com a citao de todos os
interessados.
Pargrafo nico. Se inferior, o adquirente, para
conservar os bens, poder depositar o preo que
lhes corresponda ao valor real.
ART. 161. A ao, nos casos dos arts. 158 e 159,
poder ser intentada contra o devedor insolvente, a
pessoa que com ele celebrou a estipulao
considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes
que hajam procedido de m-f.
SEO V
DA LESO
202
CAPTULO V
DA INVALIDADE DO NEGCIO JURDICO
203
Direito Civil I
TTULO IV
DA PRESCRIO E DA DECADNCIA
CAPTULO I
DA PRESCRIO
SEO I
DISPOSIES GERAIS
ART. 182. Anulado o negcio jurdico, restituirse-o as partes ao estado em que antes dele se
achavam, e, no sendo possvel restitu-las, sero
indenizadas com o equivalente.
ART. 183. A invalidade do instrumento no
induz a do negcio jurdico sempre que este puder
provar-se por outro meio.
ART. 184. Respeitada a inteno das partes, a
invalidade parcial de um negcio jurdico no o
prejudicar na parte vlida, se esta for separvel; a
invalidade da obrigao principal implica a das
obrigaes acessrias, mas a destas no induz a da
obrigao principal.
TTULO II
DOS ATOS JURDICOS LCITOS
ART. 185. Aos atos jurdicos lcitos, que no
sejam negcios jurdicos, aplicam-se, no que
couber, as disposies do Ttulo anterior.
TTULO III
DOS ATOS ILCITOS
ART. 186. Aquele que, por ao ou omisso
voluntria, negligncia ou imprudncia, violar
SEO II
DAS CAUSAS QUE IMPEDEM OU SUSPENDEM A
PRESCRIO
ART. 197. No corre a prescrio:
I - entre os cnjuges, na constncia da
sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante
o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus
tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.
ART. 198. Tambm no corre a prescrio:
I - contra os incapazes de que trata o ART. 3o;
204
SEO III
DAS CAUSAS QUE INTERROMPEM A
PRESCRIO
ART. 202. A interrupo da prescrio, que
somente poder ocorrer uma vez, dar-se-:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente,
que ordenar a citao, se o interessado a promover
no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condies do inciso
antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentao do ttulo de crdito em
juzo de inventrio ou em concurso de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em
mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequvoco, ainda que
extrajudicial, que importe reconhecimento do
direito pelo devedor.
Pargrafo nico. A prescrio interrompida
recomea a correr da data do ato que a
interrompeu, ou do ltimo ato do processo para a
interromper.
SEO IV
DOS PRAZOS DA PRESCRIO
205
Direito Civil I
IV - a pretenso de
enriquecimento sem causa;
ressarcimento
de
CAPTULO II
DA DECADNCIA
206
TTULO V
DA PROVA
ART. 212. Salvo o negcio a que se impe forma
especial, o fato jurdico pode ser provado
mediante:
I - confisso;
II - documento;
III - testemunha;
IV - presuno;
V - percia.
ART. 213. No tem eficcia a confisso se
provm de quem no capaz de dispor do direito a
que se referem os fatos confessados.
Pargrafo nico. Se feita a confisso por um
representante, somente eficaz nos limites em que
este pode vincular o representado.
ART. 214. A confisso irrevogvel, mas pode
ser anulada se decorreu de erro de fato ou de
coao.
ART. 215. A escritura pblica, lavrada em notas
de tabelio, documento dotado de f pblica,
fazendo prova plena.
1o Salvo quando exigidos por lei outros
requisitos, a escritura pblica deve conter:
I - data e local de sua realizao;
II - reconhecimento da identidade e
capacidade das partes e de quantos hajam
comparecido ao ato, por si, como representantes,
intervenientes ou testemunhas;
207
Direito Civil I
V - os cnjuges, os ascendentes, os
descendentes e os colaterais, at o terceiro grau de
alguma das partes, por consanginidade, ou
afinidade.
Pargrafo nico. Para a prova de fatos que s
elas conheam, pode o juiz admitir o depoimento
das pessoas a que se refere este artigo.
ART. 229. Ningum pode ser obrigado a depor
sobre fato:
I - a cujo respeito, por estado ou profisso,
deva guardar segredo;
II - a que no possa responder sem desonra
prpria, de seu cnjuge, parente em grau
sucessvel, ou amigo ntimo;
III - que o exponha, ou s pessoas referidas no
inciso antecedente, a perigo de vida, de demanda,
ou de dano patrimonial imediato.
208
direitocivildireitocivildireitocivildireito
civildireitocivildireitocivildireitocivildi
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EXERCCIOS
1
(Magistratura
de
Minas
Gerais/2006) Com relao s pessoas
jurdicas, conforme dispe o Cdigo
Civil, CORRETO afirmar que:
A) as organizaes religiosas no tm
personalidade
jurdica;
B) extinta a fundao, seu patrimnio ser
revertido ao instituidor ou aos seus herdeiros;
C) a fundao somente poder constituir-se
para fins religiosos, morais, culturais ou de
assistncia;
D) os partidos polticos so pessoas jurdicas
de direito pblico.
2 - (DEFENSOR/RN/2006) Examine as
assertivas abaixo:
I - Os direitos do nascituro so ressalvados
desde a concepo.
II - relativamente incapaz aquele que por
causa transitria no puder exprimir sua
vontade.
III - A morte presumida no pode ser
declarada sem a decretao da ausncia.
IV - Cessar a menoridade pela autorizao de
um dos pais, na ausncia do outro, em
documento
pblico,
independente
de
homologao judicial.
4
(OAB-RO-ABRIL/2004-34
CONCURSO) Ao afirmar que uma
pessoa absolutamente incapaz para
exercer os atos da vida civil, estamos
reconhecendo
as
suas
falta
de
capacidade jurdica. Para suprir esta
incapacidade, esta pessoa dever ser:
a) Representada.
b) Assistida.
c) Substituda.
d) Excluda.
3 - So relativamente incapazes em
relao a certos atos da vida civil:
a) os menores de dezesseis anos, os prdigos e
os
excepcionais
sem
desenvolvimento
completo;
5
(OAB-RO-ABRIL/2004-34
CONCURSO) A respeito da capacidade
civil, pode-se afirmar que:
a) Os absolutamente incapazes devem ser
representados e os relativamente incapazes
devem, em regra, ser assistidos;
b) Os menores de dezesseis anos so
absolutamente incapazes;
c) A prtica de ato pelo absolutamente
incapaz redunda em sua nulidade;
d) Todas as alternativas esto corretas.
211
Direito Civil I
6
(OAB/SP/125/2005)
So
absolutamente incapazes os menores
de:
A) 16 anos; os ausentes; os que no puderem
exprimir sua vontade, em razo de causa
permanente.
B) 18 anos; os que, por enfermidade ou
deficincia mental, no tiverem o necessrio
discernimento para os atos da vida civil; os
excepcionais, sem desenvolvimento mental
completo.
C) 16 anos; os que, por enfermidade ou
deficincia mental, no tiverem necessrio
discernimento para os atos da vida civil; os
que, mesmo por causa transitria, no
puderem exprimir sua vontade.
D) 16 anos; os brios habituais; os prdigos;
os toxicmanos.
9
(MAGISTRATURA-SP-174
CONCURSO)
(ADAPTADA)
A
emancipao civil, no regime legal ora
vigente,
(A) ato exclusivo dos pais, conjuntamente,
ou, na falta de um deles, por morte ou
interdio, ato do outro genitor, fazendo
cessar a incapacidade relativa do filho.
(B) quando outorgada pelos pais, ou por um
deles, depende de escritura pblica.
(C) depende sempre de deciso judicial.
(D) pode ser outorgada por escritura pblica
ou particular.
10 - (TRT-9. REGIO-ANALISTA
JUDICIRIO) Em relao ao domiclio
civil da pessoa natural pode-se afirmar
que:
a) se a pessoa possui vrias residncias,
nenhuma ser considerada seu domiclio;
b) muda-se o domiclio com a simples
inteno de transferir a residncia;
c) se a pessoa possui vrias residncias, todas
sero consideradas seus domiclios;
d) quando a pessoa no tiver domiclio,
considera-se domiciliada na zona eleitoral em
que esteja registrada.
12 - (CMARA MUNICIPAL DE
GUARULHOS-SP-PROCURADOR-2002VUNESP) Quanto ao domiclio, em
nosso sistema legal,
(A) uma pessoa pode ter domiclio sem ter
residncia.
(B) o domiclio todo lugar que a pessoa
estabelece sua residncia.
(C) as mulheres casadas possuem o mesmo
domiclio do marido.
(D) a pessoa natural tem um nico domiclio
pela nossa legislao.
(E) o funcionrio pblico, no exerccio de sua
funo, no possui domiclio voluntrio.
14
(PROCURADORIA/DF/2004)
Quanto aos direitos de personalidade,
pode-se afirmar:
A) vedado, seja qual for a hiptese, pessoa
juridicamente capaz, dispor gratuitamente de
tecidos, rgos e partes do prprio corpo vivo,
pois os direitos de personalidade, entre os
quais se pode citar a integridade fsica, so
irrenunciveis.
B) vivel a utilizao, por terceiro, da
imagem de uma pessoa, desde que tal uso no
lhe atinja a honra, a boa fama ou a
respeitabilidade, ou se destine a fins
comerciais.
C) os direitos de personalidade, alm de
irrenunciveis, no admitem limitaes
voluntrias, razo pela qual o Ordenamento
Jurdico Ptrio permite que um filho, seja ele
capaz ou incapaz, seja reconhecido pelo
verdadeiro pai ainda que no almeje tal
reconhecimento.
D) embora o nome de uma pessoa goze de
proteo legal, o mesmo no se d quanto ao
pseudmino utilizado em atividades lcitas.
E) apenas o titular do direito de personalidade
pode exigir que cesse a ameaa, ou a leso, a
direito da personalidade, e reclamar perdas e
danos, sem prejuzo de outras sanes
previstas em lei, sendo vedado a qualquer
outra pessoa levar a efeito tais medidas, ainda
que o titular do direito de personalidade j
tenha falecido.
213
Direito Civil I
15 - (CESPE/TCU/95) (ADAPTADA)
Marque a alternativa INCORRETA. H
pessoas jurdicas no Direito brasileiro:
(1) que no so uma unidade de pessoas
naturais, com vistas consecuo de certos
objetivos, reconhecidas pela ordem jurdica
como sujeitos de direitos e de obrigaes.
18
(Analista
Judicirio/5
Reg.TRT/06/2003) Quanto aos bens
considerados em si mesmos, tm-se
como certo que:
A) os acrscimos ou melhoramentos
sobrevindos ao bem sem interveno do
proprietrio
consideram-se
tambm
benfeitorias.
B) as aes que asseguram os direitos reais
sobre imveis so consideradas bens mveis.
C) os materiais provenientes da demolio de
prdios mantm sua condio de bens
imveis.
17 - (MINISTRIO PBLICO-RS-LX
CONCURSO) Assinale a alternativa
CORRETA:
20
(Analista
Judicirio/4Reg./TRT/01)
(ADAPTADA) Para os efeitos legais,
considerado bem mvel:
23 - (Anal.ass.jur/SE/2001) Se algum
fizer seguro de vida, omitindo molstia
grave, e vier a falecer poucos meses
depois, vindo a prejudicar a seguradora
e a beneficiar os sucessores, ter-se- a
configurao de:
A) dolo positivo.
B) dolo acidental.
D) simulao absoluta.
E) dolo negativo.
21 - (Defensoria Pblica/CE/2002)
Quanto utilizao dos bens de uso
especial correto afirmar:
A) so bens de uso especial aqueles onde esto
instalados reparties pblicas, aqueles
utilizados atravs de permisso de uso e os
cedidos atravs de direito real de uso.
B) so os bens onde esto instaladas as
reparties pblicas e, como regra, o uso que
as pessoas podem fazer deles o que
corresponda s condies de prestao do
servio ali sediado.
24
(Analista
Jud./1Reg./2003)
Dentre os defeitos do negcio jurdico,
pode-se citar:
A) o objeto ilcito;
B) a condio;
C) o erro substancial;
D) a incapacidade do agente;
E) o encargo.
22
(TcnicoJudicirio/TRF/4Reg//2004)
Paulo herdou um relgio de bolso
fabricado em 1930, contendo em sua
parte interna gravao feita por seu
falecido pai. Esse relgio um bem:
A) fungvel, inconsumvel e indivisvel.
B) fungvel, consumvel e indivisvel.
C) fungvel, inconsumvel e divisvel.
25 - (AnalistaJudicirio/CE/2003) Se
"A" pensa adquirir uma joia de prata,
que, na verdade, de ao, ter-se-
anulabilidade do negcio por:
A) erro acidental.
B) erro quanto ao motivo do negcio.
C) leso.
D) erro substancial
essencial do objeto.
sobre
qualidade
215
Direito Civil I
para determinao dos defeitos dos
negcios jurdicos correto afirmar:
I - O falso motivo vicia a declarao em todas
hipteses.
II - O erro no substancial quando sendo de
direito e no implicando recusa aplicao da
lei, for o motivo principal do negcio jurdico.
III - Quando ambas as partes procedem com
dolo na pratica do negcio jurdico qualquer
delas poder aleg-lo para anula-lo e requerer
indenizao.
IV - O dolo acidental s obriga satisfao das
perdas, danos e lucros cessantes.
A) A afirmativa I est correta.
B) A afirmativa II est correta.
C) A afirmativas III e IV esto corretas.
D) Todas as afirmativas esto corretas.
E) Todas afirmativas esto incorretas.
27
(Magistratura
Estadual/SC/27/04/2003) A LESO
vcio de consentimento previsto no
atual Cdigo Civil. Assinale, ento,
entre as alternativas seguintes, a
INCORRETA:
A) leso tem como um dos seus pressupostos a
premente necessidade daquele que se obriga a
prestao manifestamente desproporcional ao
valor da prestao oposta.
B) A leso ocorre, tambm, quando algum,
por inexperincia, se obriga a prestao
manifestamente desproporcional ao valor da
prestao oposta.
prestao
oposta,
superveniente.
decorrer
de
fato
28 - (Ministrio Pblico/RS/03-2003)
Em relao ao estado de perigo,
considerando o novo Cdigo Civil e as
seguintes assertivas:
I - Est disposto na categoria de causa de
anulabilidade do negcio jurdico.
II - Em seu substrato no est a fico de
igualdade das partes, de modo que a regra tem
relevncia na tutela do contratante fraco.
III - indiferente que a parte beneficiada
saiba que a obrigao foi assumida pela parte
contrria para que esta se salve de grave dano.
IV - No pode o juiz considerar circunstncias
favorveis para o efeito de estender a regra
para pessoa no integrante da famlia do
declarante.
V - Confunde-se com o instituto da leso, pois
como ocorre nesta ltima, considera-se, alm
da premente necessidade econmica, a
inexperincia de quem se obriga a contratar,
circunstncias determinantes das prestaes
avenadas de maneira manifestamente
desproporcional.
Assinale a alternativa correta:
A) Somente as assertivas I, II esto corretas.
B) Somente as assertivas II, III e IV esto
corretas.
C) Somente as assertivas I, II, III, e IV esto
corretas.
D) Somente as assertivas III e V esto
corretas.
29 - (OAB/DF/30/11/2003) Ressalte a
opo que carrega uma afirmativa
inadequada:
RESPOSTAS:
1- C
2- B
3-E
4-A
5-D
6-C
7-D
8-D
9-B
10-C
11-C
12-(A)
13-B
14-B
15-(4)
16-D
17-C
18-E
19-B
20-D
21-B
22-E
23-E
24-C
25-C
26-E
27-E
28-A
29-D
30-A
30 - (OAB-MG-2002) CORRETO
afirmar que ser considerado nulo de
pleno direito todo ato jurdico, quando:
A) for preterida alguma solenidade que a lei
considere essencial para a sua validade.
B) for praticado por pessoa relativamente
incapaz.
C) for praticado com vcio resultante de
coao.
D) for praticado com vcio resultante de erro,
dolo, simulao ou fraude.
direitocivildireitocivildireitocivildireito
217
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Direito Civil I