Nise Da Silveira
Nise Da Silveira
Nise Da Silveira
2013
Walter Melo*1
Ademir Pacelli Ferreira*2
*1 Universidade Federal de So Joo del-Rei UFSJ (So Joo del-Rei, MG, Br)
*2 Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ (Rio de Janeiro, RJ, Br)
Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., So Paulo, 16(4), 555-569, dez. 2013
555
R
E
V
I
S
T
A
LATINOAMERICANA
DE P S I C O P A T O L O G I A
F U N D A M E N T A L
Introduo
556
ARTIGOS
demencial. Estes ressurgiram, por meio da criatividade e do acompanhamento teraputico, como seres capazes de produzir, de interagir e de criar belssimas obras
de arte. Trata-se, portanto, de uma profunda reflexo que confrontou o universo da
psiquiatria e ultrapassou os seus limites, tornando-se referncia para a sade mental,
as artes, a filosofia, a antropologia e a culturanacional.
Alguns desses aspectos foram debatidos em setembro de 2010, durante o IV
Encontro de Arte & Sade Mental,1 realizado na Universidade do Estado do Rio
de Janeiro UERJ, que teve como ttulo e tema O paradigma esttico na clnica
de Niseda Silveira. Durante o Encontro, foram analisadas as interfaces da obra de
Nise da Silveira com diversos campos de conhecimento. Em relao Reforma, foi
lembrado o seu pioneirismo, mas tambm a importncia que tem para que possamos
refletir sobre os atuais desafios do cuidado e da assistncia no campo da sade
mental, ou seja, sua obra nos faz pensar para alm da Reforma.
Observamos que h uma tendncia mitificao do nome de Nise, o que traz
prejuzo ao reconhecimento de sua obra (Melo, 2005). Sendo assim, no trataremos
o pensamento e as aes de Nise da Silveira a partir do entrelaamento entre vida e
obra, evitando a excessiva coerncia inerente aos relatos biogrficos. Pontuaremos
alguns dos atos de criao de sua obra construda ao longo de vrias dcadas. Obra
sempre aberta a reavaliaes e que, aqui, ser mantida em seu carter de abertura
e que se pautou rigorosamente no que afirmava Freud em relao psicanlise: a
clnica e a pesquisa coincidem.
Desde os seus primeiros atos, constata-se uma contraposio de suas criaes
psiquiatria clssica e, apesar de prticas atuais situadas na chamada Reforma terem
influncias de sua clnica, em termos dos pressupostos reformistas gerais, entendemos sua obra para alm da Reforma. Um dos elementos que justifica este para
alm o paradigma esttico2 no qual est baseada sua proposta clnica. Talvez essa
relao com as artes tenha facilitado a mitificao de seu nome, por isso, alm desta
anlise, focaremos os dois momentos fundantes de sua prxis, sua recusa inicial de
utilizar mtodos agressivos, como o eletrochoque, a lobotomia e o coma insulnico; e
a criao, em 1956, da Casa das Palmeiras para enfatizar o carter de ruptura.
1
O IV Encontro de Arte & Sade Mental: o paradigma esttico na clnica de Nise da Silveira foi
organizado pelo Espao Artaud, em parceria com o Instituto de Psicologia da UERJ e com o Ncleo
de Estudo, Pesquisa e Interveno em Sade (NEPIS) da UFSJ, e homenageou a equipe do Museu
de Imagens do Inconsciente.
2
De acordo com Flix Guattari (1991 [1989]), o paradigma esttico se caracteriza pela abertura
e desdobramento da obra, diverso do movimento descrito por Thomas Kuhn (2007 [1989]) de manuteno paradigmtica, tpico das cincias normais.
557
R
E
V
I
S
T
A
LATINOAMERICANA
DE P S I C O P A T O L O G I A
F U N D A M E N T A L
558
ARTIGOS
O mito Nise da Silveira pode ser muito produtivo para a Reforma, pois o
carter libertrio de suas ideias e a extrema delicadeza de suas proposies a
faz uma intelectual altamente popular. Essa popularidade cria a ideia de que no
devemos tratar as pessoas trancafiando-as, mas sim lhes dando a possibilidade de
produzir por meio de atividades de reconhecido valor social. A grande aceitao da
figura de Nise leva os assuntos referentes ao campo da sade mental, antes restrito
a debates entre especialistas, para um pblico mais amplo. Assim, o debate com a
sociedade ganha um forte aliado em seu mito.
Por outro lado, esta mitificao pode ser deletria para a Reforma, pois
est se criando um forte discurso de reverncia de sua figura e um parco debate
de suas ideias. A primeira etapa do processo da Reforma j foi efetuada: substituir
gradativamente o modelo centrado no hospital psiquitrico por dispositivos espalhados pelo territrio de uma cidade, como os CAPS e os Servios Residenciais
Teraputicos. No podemos, entretanto, nos furtar de uma ampla discusso acerca
das ideias de Nise, no para criar cpias de seu modelo de tratamento, mas simplesmente para lhe prestar uma devida homenagem: enriquecer o debate.
559
R
E
V
I
S
T
A
LATINOAMERICANA
DE P S I C O P A T O L O G I A
F U N D A M E N T A L
560
ARTIGOS
561
R
E
V
I
S
T
A
LATINOAMERICANA
DE P S I C O P A T O L O G I A
F U N D A M E N T A L
562
A ressonncia das ideias de Nise entre a maioria de seus colegas era mnima e ela recebeu diversas crticas pelo fato de propor a teraputica ocupacional como legtimo mtodo de tratamento.
Dessa forma, Nise no poderia esperar a compreenso sobre a importncia da criao de um espao
no hospitalar. No entanto, a parceria com alguns profissionais da rea da sade, com artistas e com
o apoio da educadora Alzira Lopes Cortes, a ideia foi levada adiante e, no dia 23 de dezembro de
1956, inaugurou uma experincia piloto em psiquiatria no Brasil: a Casa das Palmeiras.
3
ARTIGOS
563
R
E
V
I
S
T
A
LATINOAMERICANA
DE P S I C O P A T O L O G I A
F U N D A M E N T A L
Apesar de pouco referida nos discursos universitrios e na produo tcnico-poltica da Reforma, a clnica de Nise o que, historicamente, temos como paradigma dos dispositivos teraputicos propostos para a transformao institucional da
psiquiatria brasileira, ou seja, trata-se de uma referncia para as prticas transformadoras em sade mental. bom lembrar que, no curto governo de Janio Quadros, e a
pedido deste, Nise apresentou, em 1961, um projeto de transformao dos hospcios
brasileiros, que ficou engavetado com a renncia do presidente (Silveira, 1979).
Concluso
564
ARTIGOS
Referncias
Avellar, J. C. (2001 jan.fev.). A sabedoria que a gente no sabe. Cinemais, 27, 179-203.
Avellar, J. C. (2011). Na fronteira entre a sade e a no sade. In Melo, W. & Ferreira, A. P.
(Orgs.). A sabedoria que a gente no sabe (pp. 95-105). Coleo Arte & Sade Mental 2.
Rio de Janeiro: Espao Artaud.
Barros, D. D.; Niccio, F.; Amarante, P. (1997). Franco Basaglia e la riforma psichiatrica brasiliana. Rio de Janeiro: DIALOGHI/UERJ.
Bezerra Jr., B. (2011). Os sentidos da arte na ateno Sade Mental: consideraes sobre o
cenrio ps-manicomial. In Melo, W. & Ferreira, A. P. (Orgs.). A sabedoria que a gente
no sabe (pp. 14-24). Coleo Arte & Sade Mental 2. Rio de Janeiro: Espao Artaud.
Carvalho, S. M. M. de; Amparo, P. H. M. (2006 mar.). Nise da Silveira: a me da humana-idade.
Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, So Paulo, IX(1), 126-137.
Ferreira, A. P. (1999). O migrante na rede do outro: ensaios sobre alteridade e subjetividade.
Rio de Janeiro: Te Cor.
Ferreira, A. P. (2010). Nise: um percurso para alm da reforma. IV Encontro Arte & Sade Mental: o paradigma esttico na clnica de Nise da Silveira. Rio de Janeiro, Universidade do
Estado do Rio de Janeiro UERJ.
Giddens, A. (1991). As consequncias da modernidade. So Paulo: Unesp.
Guattari, F. (1991). As trs ecologias. Campinas: Papirus. (Trabalho original publicado em 1979).
Kuhn, T. (2007). A estrutura das revolues cientficas. So Paulo: Perspectiva. (Trabalho original
publicado em 1962).
Mello, L. C. (Org.). (2009). Nise da Silveira. Rio de Janeiro: Beco do Azougue.
Melo, W. (2001). Nise da Silveira. Rio de Janeiro/Braslia: Imago/CFP.
Melo, W. (2004). O social, o mtico e o mstico. Cinemais: memria, histria e identidade, 37, 9-77.
Melo, W. (2005). Ningum vai sozinho ao paraso: o percurso de Nise da Silveira na psiquiatria
do Brasil. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Melo, W. (2007). Ser o Benedito? Livros espera de improvveis leitores. Mnemosine, 3(1),
41-65.
Melo, W. (2009a). O terapeuta como companheiro mtico: ensaios de psicologia analtica. Rio
de Janeiro: Espao Artaud.
Melo, W. (2009b). Nise da Silveira e o campo da Sade Mental (1944-1952): contribuies,
embates e transformaes. Mnemosine, 5, 30-52.
Melo, W. (2010a). Nise da Silveira, Antonin Artaud e Rubens Correa. Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, 2, 182-191.
Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., So Paulo, 16(4), 555-569, dez. 2013
565
R
E
V
I
S
T
A
LATINOAMERICANA
DE P S I C O P A T O L O G I A
F U N D A M E N T A L
Melo, W. (2010b). Nise da Silveira, Fernando Diniz e Leon Hirszman: poltica, sociedade e arte.
Psicologia USP, 21, 633-652.
Melo, W. (2011a). O efeito domin: a relao entre a obra de Nise da Silveira e a arte concreta
no Brasil. In Melo, W. & Ferreira, A. P. (Orgs.). A sabedoria que a gente no sabe (pp.
79-94). Rio de Janeiro: Espao Artaud.
Melo, W. (2011b). Da Nau dos Insensatos ao Crculo Antropolgico: a obra de arte em Histria
da loucura de Michel Foucault. Cadernos Brasileiros de Sade Mental, 3(6), 65-88.
Melo, W. (2012). Oswaldo dos Santos. Rio de Janeiro: Fundao Miguel de Cervantes/Fundao
Biblioteca Nacional.
Melo, W. & Ferreira, A. P. (Orgs.). (2011). A sabedoria que a gente no sabe. Coleo Arte &
Sade Mental 2. Rio de Janeiro: Espao Artaud.
SBPC (1998). Cientistas do Brasil. So Paulo: SBPC.
Silveira, N. da (1968). Jung: vida e obra. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Silveira, N. da (1979). Teraputica ocupacional: teoria e prtica. Rio de Janeiro: Casa das
Palmeiras.
Silveira, N. da (1981). Imagens do inconsciente. Rio de Janeiro: Alhambra.
Silveira, N. da (1986). Casa das Palmeiras: a emoo de lidar. Rio de Janeiro: Alhambra.
566
Resumos
(Clinical work, research and teaching: Nise da Silveira and mutations in Brazilian
psychiatry)
The objective of this paper is to discuss the absence of the work of Nise da Silveira
from the academic literature. As an introduction, we will describe two paradigmatic
acts of hers. First, upon returning to the hospice in 1946 she refused to apply electroconvulsive therapy, had some of the infirmary beds taken out and created space for developing creative and expressive activities. Second, she designed and implemented an
outdoor space called Casa das Palmeiras for treating severe cases of psychosis. Both
Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., So Paulo, 16(4), 555-569, dez. 2013
ARTIGOS
these acts contradicted the clinicism and segregation practiced in asylums. In Silveiras
professional practice, clinical and research were inseparable and she introduced the importance of aesthetic factors. This brought about mutations in Brazilian psychiatry and
went far beyond the simple idea of reform. Studying her work is a way to counteract the
mystification of her name. We are aware that a paper on such an important legacy is
very limited, but we hope it will call attention to Nise da Silveiras work and generate
interest in it.
Key words: Nise da Silveira, clinic, research, mutations
(Clinique, recherche et enseignement: Nise da Silveira et les Mutations de la
Psychiatrie Brsilienne)
Le travail de Nise da Silveira s'appuie sur deux axes paradigmatiques. De retour
lhospice en 1946, elle refuse dappliquer la thrapie par lectrochocs, limine une
partie des lits dinfirmerie et cre des espaces pour le dveloppement d'activits cratives et expressives. Le second axe porte sur la cration dun espace extrieur, la Casa
das Palmeiras, rserv aux cas de psychose graves. Ces axes contredisent la fois le
clinicisme et la sgrgation en asile. Dans sa pratique, recherche et clinique taient insparables et l'accent tait mis sur le paradigme esthtique, produisant des mutations
en psychiatrie qui allaient au-del de lide de la rforme. Cet article soutient d'ailleurs que connatre son travail est un moyen de contrer la mystification de son nom. Il
va de soi que cet article ne suffit pas pour examiner lhritage de son travail. Il sagit
donc d'indiquer et de diffuser des lments choisis arbitrairement pour susciter lintrt
leur tude.
Mots cls: Nise da Silveira, clinique, recherche, mutations
(Investigacin, clnica y enseanza: Nise da Silveira y mutaciones en la psiquiatra
brasilea)
El trabajo de Nise da Silveira es enfocado en dos actos paradigmticos. Al regresar al hospicio en 1946, se neg a aplicar la terapia electroconvulsiva, retir camas de
la enfermera y cre espacios para el desarrollo de actividades creativas y expresivas.
El segundo fue la creacin de un espacio externo, la Casa de las Palmeras, para sujetos
con psicosis graves. Estos actos se contraponen tanto al clinicismo como a la segregacin asilar. En su prctica, la investigacin y la clnica eran inseparables, con fuerte
presencia del paradigma esttico, lo que produjo mutaciones en la psiquiatra brasilea, superando la idea de reforma. Conocer su trabajo es una manera de contraponerse a su mistificacin. Conocemos los lmites de un artculo para examinar el legado de
su obra. Aqu se trata de sealar y vehicular elementos arbitrariamente escogidos para
generar inters en su estudio.
Palabras clave: Nise da Silveira, clnica, investigacin, mutaciones
(Klinik, Forschung und Bildung: Nise da Silveira und die Vernderungen in der
Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., So Paulo, 16(4), 555-569, dez. 2013
567
R
E
V
I
S
T
A
LATINOAMERICANA
DE P S I C O P A T O L O G I A
F U N D A M E N T A L
brasilianischen Psychiatrie)
Hier soll auf die Abwesenheit des Werks von Nise da Silveira in den akademischen
Reihen aufmerksam gemacht werden. Um ihre Bedeutsamkeit aufzuzeigen, wird ihr
Werk in zwei paradigmatischen Abhandlungen dargestellt: Die Erste, in der nach der
Verweigerung die ECT anzuwenden, die Betten aus der Krankenstation entfernt wurden, um einen Raum fr Beschftigungs- und Ausdrucksaktivitten einzurichten. Die
Zweite ist die Schaffung eines Raumes auerhalb des Hospizes Casa das Palmeiras
fr besonders schwere Psychoseflle. Diese Handlungen stellen sich sowohl dem klinischen Behandeln wie auch der Segregation in Heimen entgegen. Es versteht sich, dass
Forschung und klinische Behandlung in der Praxis untrennbar waren und ein starkes
sthetisches Paradigma aufgewiesen haben. Dies fhrte zu Vernderungen in der brasilianischen Psychiatrie, weit ber die Grenzen einer Reform hinaus. Sein Werk kennenzulernen, ist eine Form, sich seiner Mystifizierung entgegenzustellen. Die Grenzen eines
Beitrages zur Untersuchung des Vermchtnisses ihres Werkes sind bekannt. Es geht hier
darum, einige willkrlich ausgesuchte Elemente hervorzuheben und in Umlauf zu bringen und das Interesse an ihrer Untersuchung zu wecken.
Schlsselwrter: Nise de Silveira, Klinik, Forschung, Vernderungen
568
Citao/Citation: Melo, W., Ferreira, A. P. (2013, dezembro). Clnica, pesquisa e ensino: Nise
da Silveira e as mutaes na Psiquiatria Brasileira. Revista Latinoamericana de Psicopatologia
Fundamental, 16(4), 555-569.
Editor do artigo/Editor: Manoel Tosta Berlinck
Recebido/Received: 28.9.2012/ 9.28.2012
ARTIGOS
Financiamento/Funding: Os autores declaram no terem sido financiados ou apoiados / The
authors have no support or funding to report.
Conflito de interesses/Conflict of interest: Os autores declaram que no h conflito de interesses / The authors declare that has no conflict of interest.
569
Walter Melo
Professor Adjunto da Universidade Federal de So Joo del-Rei UFSJ (So Joo del-Rei, MG.
Br); Professor do Mestrado de Psicologia na mesma universidade; Coordenador do Ncleo de
Estudo, Pesquisa e Interveno em Sade NEPIS (So Joo de-Rei, MG, Br); Scio fundador
do Espao Artaud (So Joo del-Rei, MG, Br); e autor dos livros: Nise da Silveira (Imago/
CFP, 2001) e O terapeuta como companheiro mtico: ensaios de psicologia analtica (Espao
Artaud, 2009a).
Rua Idilberto de Andrade, 261 Cascalho
36325-000 Tiradentes, MG, Br
e-mail: [email protected]
Ademir Pacelli Ferreira
Professor Associado do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
IP/UERJ (Rio de Janeiro, RJ, Br); Procientista; Docente da Ps-Graduao em Psicanlise;
Supervisor de projetos de Estgio, Iniciao Cientfica e Especializao junto ao CAPS-UERJ;
autor do livro, O migrante na rede do outro (Te Cor, 1999); Coorganizador de vrios livros e
autor de vrios artigos sobre clnica, psicopatologia e Sade Mental; Membro da Associao
Universitria de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental AUPPF (So Paulo, SP, Br).
Rua Uruguai, 449B/402 Tijuca
20510-060 Rio de Janeiro, RJ, Br.
e-mail: [email protected]
Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., So Paulo, 16(4), 555-569, dez. 2013