Aprender Biologia Sem Decoreba
Aprender Biologia Sem Decoreba
Aprender Biologia Sem Decoreba
Porto Alegre
2010
Trabalho
de
Licenciatura
Concluso
em
Cincias
do
Curso
de
Biolgicas
da
Porto Alegre
2010
SUMRIO
AGRADECIMENTOS........................................................................................................3
RESUMO..........................................................................................................................4
1. INTRODUO............................................................................................................5
2. DELINEAMENTO METODOLGICO.......................................................................10
2.1.
2.2.
3. RESULTADOS..........................................................................................................19
Tabela 1: Entrevista com os alunos (PARTE 1).................................................... 20
Tabela 1: Entrevista com os alunos (PARTE 2).....................................................21
Tabela 1: Entrevista com os alunos (PARTE 3).....................................................22
Tabela 2: Entrevista com os professores (PARTE 1).............................................23
Tabela 2: Entrevista com os professores (PARTE 2).............................................23
Tabela 3: Materiais analisados (PARTE 1).............................................................24
Tabela 3: Materiais analisados (PARTE 2).............................................................24
4. ANLISE DOS RESULTADOS.................................................................................25
4.1.
4.2.
Os professores e as nomenclaturas.............................................................28
4.3.
5. CONSIDERAES FINAIS......................................................................................32
6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..........................................................................35
7. ANEXOS...................................................................................................................37
Anexo I - Termo de Consentimento Informado recolhido de todos os alunos que
participaram do estudo...........................................................................................37
Anexo II Carta de apresentao entregue a Escola Pblica Federal solicitando
autorizao para realizao do trabalho.................................................................38
Anexo III Carta de apresentao entregue a Escola Pblica Estadual solicitando
autorizao para realizao do trabalho.................................................................39
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer:
A minha famlia querida por compartilhar comigo sempre todos os momentos de
felicidade e tambm de dificuldades. Eu amo muito todos vocs! Em especial:
Meu pai, Jorge, por me ensinar que podemos encontrar a felicidade nas
coisas simples da vida! Alm disso, por me mostrar que as brincadeiras
fazem parte de tudo!
Minha me, Maria Teresa, por sempre estar disposta a enfrentar qualquer
coisa e por me ensinar que, s vezes, precisamos ser duronas para
enfrentar os problemas!
Minhas avs, Ldia e Maria, por me fazerem acreditar que os sonhos podem
se tornar realidade!
A Felipe Karasek por todo amor, carinho e pacincia. Por incoporar indiretamente em
meus pensamentos suas incrveis ideias filosficas!
A minha fiel escudeira e colega eterna, Gabriela Ferraz Rodrigues, por compartilhar
comigo todos os momentos de felicidade e angstia durante esses anos e, alm disso,
se tornar uma super amiga!
As minhas queridas professoras dos estgios, Eunice Kindel e Heloisa Junqueira, que
me ensinaram o verdadeiro sentido da palavra Educao e carregam uma certa
culpa por eu ter me apaixonado tanto pela Licenciatura!
Em especial, a Eunice por toda a dedicao como uma exemplar
orientadora!
A todos os participantes do estudo, pois as falas e opinies destas pessoas so a base
de todo esse trabalho!
s escolas que tornaram este trabalho possvel!
RESUMO
O campo das Cincias Biolgicas possui uma srie de vocbulos que, muitas vezes,
no so apropriados pelos alunos. Esses precisam literalmente decorar centenas de
nomes que, provavelmente, esquecero ao longo do tempo. Podemos comear a tecer
consideraes a respeito da presena de tantos termos e conceitos na Biologia escolar,
levando em considerao a importncia que eles tiveram na consolidao do campo
das Cincias Biolgicas e pensando que as demandas de ordem socioeconmica
tambm desempenharam um papel importante na seleo dos contedos biolgicos da
escola. Assim, os objetivos deste trabalho foram: contextualizar o Ensino de Biologia
atual; investigar como os professores se relacionam com a nomenclatura rebuscada
que envolve essa disciplina e se isso interfere no interesse que os alunos tem por ela.
O trabalho seguiu estratgias de investigao e anlise qualitativa. Para isso,
inicialmente, foram realizadas entrevistas com alunos do segundo ano do Ensino Mdio
de duas escolas pblicas de Porto Alegre, uma federal e outra estadual. Alm dos
alunos, dois professores tambm foram entrevistados e foi realizada uma anlise dos
materiais por eles utilizados. Atravs das entrevistas foi organizada uma tabela de
dados com a opinio dos alunos e professores, sendo estabelecidas categorias de
respostas para facilitar a interpretao. Foi, ainda, observada a relao entre as
entrevistas e os materiais utilizados para ensinar Biologia. Atravs da anlise das
entrevistas pude perceber o contexto do ensino de Biologia atual e constatar que os
professores consideram o excesso de nomenclatura dispensvel, embora o mantenham
em seus materiais; os alunos no gostam e consideram desnecessrio o excesso de
nomenclaturas relacionado Biologia. Enfim, poder um dia o Ensino de Biologia
desenvolver novas estratgias que problematizem a decoreba como sendo a melhor
forma de aprender?
1. INTRODUO
A Educao e a Escola devem ser alvos de constantes estudos e interesses.
Isso em decorrncia das diferentes funes que elas desempenham. Alm de seu papel
educacional, a escola tem funes sociais e culturais significativas. Porm, muitas
vezes ela compreendida como uma instituio nica que trabalha com a
homogeneizao de conhecimentos e sujeitos. No entanto, como relata Dayrell (1996,
p.140) o tratamento uniforme dado a escola s vem consagrar a desigualdade e as
injustias das origens sociais dos alunos.
muito importante a discusso e a observao de diferentes particularidades,
para que assim se possa trabalhar com a diversidade scio-cultural existente nas
escolas. Apesar disso, pouco evidente a relevncia destas particularidades no
contexto escolar e h uma tendncia a priorizao de atos educacionais uniformizados,
prescritivos que enfocam mais o decorar do que o compreender.
O campo das Cincias Biolgicas possui uma srie de vocbulos que, muitas
vezes, no so bem apropriados pelos alunos. Eles precisam, muitas vezes, decorar
centenas de nomes que, provavelmente, esquecero ao longo do tempo. Isso acontece
porque o aluno no estimulado a vivenciar os fenmenos biolgicos de forma
contextualizada e articulada sua vida. Ns, professores desta rea, temos a incrvel
vantagem de poder constantemente associar diversos contedos ao dia-a-dia dos
alunos. Com isso, o entendimento e a memorizao de algumas nomenclaturas tornamse mais fceis. A relao do contedo com o cotidiano dos alunos torna-se cada vez
mais importante para que o aluno consiga compreender os conceitos sem que precise
decor-los. Kindel (2008, p. 92) discute essa questo argumentando que, desse modo,
o aluno conseguir se apropriar de alguns conceitos [...] e sobre eles tecer
consideraes, relaes com o seu corpo e com sua vida, dominando, por interesse e
no por obrigao, algumas nomenclaturas.
Marandino et alii (2009) introduz um dos captulos de seu livro refletindo sobre a
importncia de se discutir a questo da terminologia no ensino de Biologia. Dessa
forma, a autora comenta que:
Elle [o aluno] saber o nome das cousas que lhe ensinaram, designandoas tambem com as palavras thecnicas ou inintelligiveis, que apprendeu:
repetira de cr, as listas ou chaves, mais ou menos complicadas de
classificao de funces, de rgos, etc; entender as palavras e
definies dos livros, mas no indicar na natureza o que aprendeu na
escola; instruido assim, por tal methodo de ensino, elle ficar velho, e
mesmo diplomado, sem saber entretanto, para que serve; - a luz do sol, e
o verde das folhas, a atmosphera que rodeia cheia de nuvens e nevoas; e
at o seu prprio sangue, do qual entretanto, depende a sorte ba ou m
de tanta gente (DIAS MARTINS, 1918, apud SELLES, 2004, p.147).
Mas podemos pensar que se tal preocupao beira o incio do sculo passado
(ou at antes disso), porque tal problemtica j no foi extinta ou ento minimizada nas
discusses do ensino de Biologia atual? Porque to difcil afastar a Biologia escolar
dos inmeros termos e conceitos que a embasam?
Essas questes no se tornam to difceis de serem respondidas quando
comeamos a pensar nos momentos e presses histricas, nos quais a cincia Biologia
foi pensada e mais tarde a disciplina escolar. Revisando um pouco da histria da
Biologia, podemos ver que a nomenclatura biolgica talvez mais do que qualquer
outra cincia recorre amplamente s razes, sufixos e prefixos greco-latinos para
nomear objetos e processos (SELLES, 2004, p.150). Segundo Selles (2004), a cincia
Biologia, ao longo de sua histria, precisou sofrer uma srie de modificaes para
ocupar o seu devido lugar. A autora diz que foi necessrio matematiz-la, pois at
ento era considerada uma especulao diante do estatuto cientifico da Fsica e
Qumica. Assim, foi preciso unificar a Biologia por meio de um mtodo experimental
rigoroso que eliminasse a metafsica e se baseasse, no em especulao, mas sim em
evidncias empricas, cujos resultados seriam generalizveis em termos matemticos
(SELLES, 2004, p. 152). Alm disso, a autora destaca que tambm foi necessrio
implementar alguns termos utilizados na Fsica, tais como: causa, fator, mecanismo
(op.cit.). Assim, podemos pensar que se os conceitos e suas definies, termos latinos
e, por ltimo, a importao de termos da Fsica ocupam um lugar de destaque no
desenvolvimento do pensamento biolgico (op.cit., p.153) muito importante relacionlos a seus aparecimentos nos programas escolares de ensino de Biologia.
Com isso, podemos comear a tecer consideraes a respeito da presena de
tantos termos e conceitos na Biologia escolar, levando sempre em considerao a
importncia que eles tiveram na consolidao da cincia Biologia.
Selles (2004) salienta um importante ponto que tambm deve ser considerado
quando se leva em considerao essa histria da terminologia biolgica, ao relatar que
demandas de ordem socioeconmicas tambm desempenharam um papel importante
na seleo dos contedos biolgicos da escola (op.cit., p. 156). Com isso, ela enfatiza
que no s as relaes entre os processos histricos da cincia e da escola so
importantes para discutir a terminologia biolgica, como tambm a formao dos
professores nela inseridos. Para a autora,
Com isso, muito interessante admitir que exista uma grande diferena entre as
linguagens cientfica e cotidiana. Atravs disso, preciso contextualizar e transpor a
linguagem mais adequada para a sala de aula. A linguagem cientfica caracterizada
pela neutralidade, pela ausncia de sujeito e pela frequente nominalizao dos
10
2. DELINEAMENTO METODOLGICO
11
mais adequado para o objetivo do trabalho. Byrne (2004, p. 182 apud SILVERMAN,
2009, p. 111) sugere que:
12
das
entrevistas
serem
realizadas,
foi
coletado
um
Termo
de
Consentimento Informado de cada aluno assinado pelo seu responsvel (Anexo I).
Alm disso, foi entregue a cada escola uma carta de apresentao (Anexo II e III), na
qual solicitava-se a realizao do estudo e a colaborao do professor, visto que as
falas e os materiais so as principais ferramentas deste estudo. Cabe salientar, ainda,
que o sigilo tico foi e ser mantido, no que diz respeito preservao do nome das
escolas, alunos e professores componentes da pesquisa.
De modo geral, as duas escolas foram bastante receptivas com a proposta do
estudo. Foi necessrio, primeiramente, conversar com os supervisores escolares, que
se posicionaram de maneira bastante aberta em relao ao trabalho e fizeram o
primeiro contato com os professores.
A escola pblica federal foi a primeira em que realizei o trabalho. Aps a
autorizao da superviso, eu conversei diretamente com o professor e, aps a
explicao sobre a pesquisa, j realizei a entrevista com ele. O prprio professor se
encarregou de conversar com os alunos selecionados pela chamada e, assim, entregou
a eles os termos de consentimento. No dia combinado para a realizao das entrevistas
com os alunos, foi disponibilizada uma sala da superviso escolar. Aluno por aluno era
chamado a sala e cada entrevista durou em torno de 15 minutos. Anteriormente a cada
entrevista, eram esclarecidos novamente aos alunos os motivos pelos quais aquela
entrevista estava sendo feita. Todos os alunos demonstraram que estavam gostando de
colaborar com o trabalho.
Na escola pblica estadual, foram necessrias algumas idas a mais do que a
escola
citada
anteriormente.
Nessa
escola,
tambm
foi
solicitado
que
eu
disponibilizasse supervisora os roteiros das entrevistas que seriam feitas para que ela
pudesse arquivar juntamente a minha carta de apresentao e, alm disso, foi
solicitado uma cpia de meu trabalho final como um retorno a escola pela colaborao
13
14
interessa aquilo que est diretamente ligado aos objetivos da nossa pesquisa: isso
que dever ser objeto de leitura (DUARTE, 2004).
As entrevistas foram realizadas de forma bastante aberta, permitindo que o
entrevistado pudesse se expressar de diferentes formas e possibilitando sua
argumentao e opinio. Apesar de acreditar que a gravao de entrevistas torna a
anlise das falas muito mais fiel ao que foi dito, pois exatamente a pessoa falando,
optei por no us-la por acreditar que isso poderia intimidar o entrevistado e fazer com
que ele no ficasse a vontade no momento da entrevista.
A entrevista realizada com os alunos era composta de cinco questes que so
apresentadas abaixo:
( ) No
Porqu?
2. Voc acha que necessrio saber muitos nomes ou conceitos para entender Biologia? D
exemplos.
3. Qual a importncia (relevncia) de aprender Biologia para voc?
4. Leia o trecho retirado de um livro didtico de Biologia e diga a que assunto ele se refere:
Nesta molcula so encontradas a adenina, a guanina, a citosina e a timina. Como a pentose sempre a
desoxirribose, duas destas molculas diferem entre si pela sequncia de bases ao longo de seu filamento. A
sequncia especifica de bases forma a mensagem gentica, que determinar a coleo de protenas e
influenciar as caractersticas do organismo.
5. Leia o trecho retirado de um livro didtico de Biologia e diga a que assunto ele se refere:
So vesculas membranosas arredondadas, pequenas e que possuem em seu interior grande quantidade de
enzimas que realizam a digesto intracelular. Devido a isso, esto ligados s funes heterofgica e autofgica.
15
3. Voc acha que o aluno precisa ter um domnio muito grande da nomenclatura para
entender a Biologia?
4. Leia o trecho retirado de um livro didtico de Biologia e diga a que assunto ele se refere:
Tambm chamados de carbohidratos, hidratos de carbono ou glcides, podem ser definidos como
poliidroxialdedos ou poliidroxicetonas, ou substncias mais complexas que estas, mas que nelas podem ser
convertidas por hidrlise.
- O trecho difcil?
- necessrio saber muitos nomes para entend-lo?
- Quais habilidades seu aluno ter que apresentar para saber ler e interpretar o trecho acima?
Quais habilidades ele precisar ter para poder usar os conhecimentos acima descritos?
16
Para a avaliao dos materiais dos professores foi criado um roteiro para facilitar
a anlise, visto que a primeira idia era analisar os materiais logo aps a realizao da
entrevistas com os professores. Isso no foi preciso no caso do professor da escola
federal, pois esse disponibilizou seus materiais que esto hospedados em um blog na
Internet. Entretanto, o material da outra professora foi analisado no mesmo dia da
entrevista e o roteiro ajudou bastante para dar um norte anlise.
Segue abaixo, o roteiro elaborado para anlise dos materiais:
17
A maioria das categorias de anlise criadas foram apenas uma sntese das
perguntas feitas durante as entrevistas. Explico, a seguir, algumas das categorias
construdas relativas a Tabela 1, que refere-se as entrevistas com os alunos:
Categoria: Importncia do Ensino de Biologia
o Relao com a vida: foram consideradas todas as respostas que faziam
alguma meno a questo da Biologia como Cincia que estuda a Vida;
o Relao com processos naturais: foram consideradas todas as
respostas que identificavam algum tipo de processo biolgico como
fundamental para o ensino de Biologia ser importante;
o Relao antropocntrica: foi identificada quando o aluno citava qualquer
tipo de relao entre o ensino de Biologia e processos que beneficiavam a
si mesmo ou aos humanos em geral; quando havia uma viso fortemente
ligada unicamente sade humana.
Na tabela de entrevistas dos professores (Tabela 2), h tambm algumas
categorias que merecem ser explicadas, tais como:
Categoria: Estratgias de Ensino
o Abordagens diferenciadas: foi considerada quando o(a) professor(a)
exemplificou diferentes mtodos de ensino utilizados;
o Associao com o cotidiano dos alunos: foi considerada quando o(a)
professor(a) fazia qualquer meno a tentativa de deixar os assuntos de
18
aula mais prximos da vidas e das vivncias dos alunos, enfatizando fatos
do dia-a-dia.
Na tabela da anlise dos materiais utilizados pelos professores (Tabela 3), as
seguintes categorias necessitam ser melhor explicadas:
Categoria Utiliza:
o Texto explicativo: foi considerado quando havia qualquer tipo de texto
e/ou trecho explicando o que estava sendo trabalhado no respectivo
material;
o Perguntas com apenas uma resposta direta e correta: foi considerado
quando havia exerccios que possibilitavam apenas uma resposta, no
oportunizando que houvesse uma heterogeneidade de respostas;
Categoria Exige conhecimento de conceitos difceis: foi considerado
quando havia muitos conceitos biolgicos que deveriam ser entendidos para
que a atividade pudesse ser compreendida;
Categoria Possibilita a argumentao: foi considerada quando havia a
possibilidade de argumentao do aluno em relao a exerccios e atividade
que estavam sendo propostas;
Categoria Nmero de conceitos: foram estabelecidos critrios para
auxiliar na contagem de conceitos, visto que os materiais eram extensos e os
conceitos eram muitos. Assim, foram criados smbolos que representam a
quantidade de conceitos em cada material: (-) material com poucos conceitos
difceis; (+) material com alguns conceitos difceis; (++) material com muitos
conceitos difceis, mas proporcional ao tamanho do material; (+++) material
com um grande exagero de conceitos difceis, visto que continha uma
quantidade muito desproporcional ao tamanho do material.
Por fim, assim como cita Duarte (2004, p. 222):
A anlise das entrevistas consistir em dar sentido ao contedo do
mosaico de categorias ou indexadores no interior dos quais estaro
agrupadas as unidades de significao, tendo como referncia os
objetivos da pesquisa e o contexto em que os depoimentos foram
colhidos.
19
3. RESULTADOS
A seguir seguem as tabelas das entrevistas com suas respectivas categorias de
resposta. A tabela 1 (PARTE 1, 2 e 3) representa as entrevistas realizadas com os
alunos. A tabela 2 (PARTE 1 e 2) representa as entrevistas realizadas com os
professores. A tabela 3 (PARTE 1 e 2) representa a anlise dos materiais dos
professores.
Para manter o sigilo tico, preservando os nomes dos alunos e professores que
participaram deste trabalho, foram adotados nomes fictcios para identificao dos
entrevistados. Com isso, resolvi trocar os nomes por nomes comuns de aves de nossa
fauna nativa. Nas tabelas e no decorrer do trabalho sero apresentados estes nomes
para a identificao dos componentes da pesquisa.
Com isso, os alunos da escola pblica federal foram chamados de Sabi,
Corrura, Sara e Sanhau e os alunos da escola pblica estadual de Tesourinha,
Suiriri, Pitiguari e Mariquita. O professor da escola federal foi chamado de Gavio e a
professora da escola estadual de Seriema.
Entrevistados
Sabi
Corrura
Sara
Sanhau
Ensino de Biologia
Gosta
X
"No
precisa
muitos"
Acha os professores e a
matria legais. Quer fazer
Medicina e a matria que mais
gosta Gentica (Apesar de
no ter aprendido ainda!).
Suiriri
Mariquita
Argumentos
No
necessrio
Tesourinha
Pitiguari
No
gosta
Conceitos
neces
srio
Argumentos
Acha que pode entender com
desenhos bem coloridos que chamem
a ateno. "No precisa dos nomes
especficos, s se for para a rea"
[rea, significando a Profisso, se
seguisse na rea das Cincias
Biolgicas]
Relao com
processos
naturias
X
"Biologia
gira em
torno da
Vida"
X
Exemplos:
"Degradao e
Respirao"
X
Diz que "os conceitos so importantes,
"Todo
mas saber sua funo [seu significado] momento
melhor" Ex: Doenas - "saber porque estamos
pertence a tal grupo mais importante
em
que saber seu nome cientfico".
contato!"
Ex: fermentao - disse que no
importante saber o nome de cada
molc. envolvida mas o que o
processo em si.
X
X
Ex: Vrus =
doenas medidas
preventivas.
X
"Ajuda bastante
no conhecimento
da Natureza e
para a
Preservao da
Natureza"
Outros Argumentos
X
Ex: Vrus =
doenas preveno e
como ocorrem.
Relao
antropocntrica
X
Ex: Evitar e
previnir
doenas
X
"Aprende sobre
Natureza,
Ecologia"
20
Categorias
Entrevistados
Entendeu todos os
conceitos
Sabi
X
Identificou as bases. Disse que havia
gravado aqueles nomes e entendidoos
Corrura
X
Identificou as bases. Disse que "foi
uma matria que gostou bastante".
Sara
X
Identificou as bases. Lembrou que
aprendeu no ano anterior.
Sanhau
Tesourinha
Trecho DNA
No
enten Identificou a
deu o que matria
trecho estava ligado
X
Alm de identificar
as bases, disse que o
resto da frase
tambm ajudou.
X
Identificou as bases
Suiriri
Pitiguari
Mariquita
No achou difcil.
X
X
Lembrou das bases.
Outros argumentos
Disse que no sabia nomear todo o processo, pois era muito difcil. Mas disse
que a frase era 'razoavelmente' fcil.
21
Categorias
Entrevistados
Trecho Lisossomo
Entendeu
todos os
conceitos
Entendeu
alguns
conceitos
No entendeu o trecho
Sabi
X
Sabia que aprendeu no ano
anterior, mas no lembrava
do nome.
Corrura
Sara
X
Disse que precisava saber
mais coisas, ter mais dados.
Sanhau
Identificou
a que
matria
estava
ligado
Associou com
outro contedo
Outros Argumentos
Tesourinha
X
Lembrava que tinha
aprendido, mas no sabia o
que era.
Suiriri
X
No lembrava e nem sabia se
tinha aprendido.
Pitiguari
X
8
Mariquita
Achou a segunda frase do trecho mais difcil. Disse que o contedo da frase era acessvel
aqueles que estudaram [acusando-se que no havia estudado no ano anterior].
Associou com a
Clula. Disse que
estava dentro.
22
Entrevistados
Estratgias de Ensino
Abordagens
diferenciadas
Associao
com o
cotidiano dos
alunos
X
1
Gavio
Ex: Doenas
Tipos de materias
Outras abordagens
Diz que "trabalha primeiro o significado, depois o
conceito[nome]". Citou bastante o blog, que diz ser
uma nova forma de abordar os contedos e deixar
tudo mais prximo do aluno.O que o motivou a criar o
blog foi a falta de conhecimento dos alunos em
pesquisar na Internet. "No sabem onde e nem como
achar as informaes". Falou tambm da importncia
de se regionalizar os contedos ("s vezes os livros
trazem contedos de outras regies, muito distantes
dos alunos").
Vdeos
Recomedao
de sites da
Internet
Seriema
Livro Didtico
No utiliza, apenas
como
"acessrio".
X
Disse que mostra aos
Citou
alunos as pginas e Gosta
de
"Chemis os
melhores atualidades e
try of
contedos que tem conheciment
life"
no livro.
o regional.
Utiliza como "apoio",
diz que as vezes
X
quando os alunos
Revistas
esto cansados do
Galileu e
mesmo livro, ela os
Super
leva a biblioteca e Interessante,
utiliza o outro LD
National
disponvel na escola
Geographic
Outros
X
You
tube
CD
Recorte
jornais/
revistas
Ex:
biomania.com.
br
Entrevistados
Gavio
Seriema
Precisa
No
precisa
Outros argumentos
Trecho Glicdios
Conhecia o
trecho
Achou
muito
difcil
Achou
fcil
Acha que
o aluno
entender
Acha que o
aluno no
entender
Outros Argumentos
Acha a frase confusa e difcil, pois alm de os alunos no saberem aqueles
nomes que so ensinados em qumica no 3 ano, a frase no tem
concordncia, pois traz informaes muito pesadas. Acha que o aluno
precisa das coisas mais "simplificadas". No nega que ensine esses termos
aos alunos, mas acha que possvel ensinar termos mais complexos a partir
de simplificaes dos termos simples.
23
Material
Gavio
Aula complementar
sobre Bactrias modo
apresentao PPT
Seriema
Prova Vrus/Bactrias/Prons
Utiliza
Texto
Exerccios
Ilustraes explicativo dissertativos
Perguntas com
apenas uma
resposta direta e
correta
Exerccios
Objetivos Esquemas
Glossrio/notas/
explicaes de
conceitos
difcieis
X
X
2 questes
X
33
questes
Texto de
leitura
Texto
Material
Exige
conhecimento
de conceitos
difcieis
Gavio
Aula complementar
sobre Bactrias modo
apresentao PPT
Seriema
Prova Vrus/Bactrias/Prons
Possibilita
argumentao
Longo
Curto
Fcil
Difcil
N de conceitos
+++
+++
24
25
4.1.
26
27
28
4.2.
Os professores e as nomenclaturas
29
30
31
4.3.
Exagerado aqui refere-se a uma quantidade extremamente grande, desproporcional ao tamanho do material com
muitos conceitos que so dispensveis para o entendimento do assunto.
32
5. CONSIDERAES FINAIS
Considerando, ento, a questo da presena to acentuada da nomenclatura
bilogica no ambiente escolar, importante voltarmos a falar sobre o porqu da
existncia dessa nomenclatura to incrementada na Biologia.
Em determinado momento histrico foi muito necessrio que a cincia Biologia
tivesse uma nomenclatura prpria e, tambm, aprimorada. Com isso, foi preciso ocorrer
um processo de unificao da Biologia - a partir das vrias biologias (SELLES, 2004).
Segundo Smocovitis (1992, apud SELLES, 2004, p.151), uma autnoma cincia
Biologia s pode ser defensvel quando a evoluo foi proposta. Com isso, foi
necessrio eliminar o que era considerado metafsico na evoluo e torn-la uma
cincia central Biologia (op.cit., p.151). A partir dessa perspectiva e de um processo
de matematizao, tambm nasce a Gentica como a denominao das cincias
legtimas e das exatas. Assim, o mtodo experimental se tornou rigoroso e os
33
34
pode ser criar no ambiente escolar uma nova dinmica de seleo de matrias que
sero estudadas atravs do estudo integrado entre assuntos cientficos e o interesse
dos alunos. claro que no se deve perder os contedos curriculares que j so
normalmente propostos, mas pode-se encontrar outras formas de estud-los. Silva
(2008) fala de uma nova proposta pedaggica, ao dizer que:
35
sem que eles sejam apenas decorados? Acredito que o excesso de termos to
fortemente inseridos na Biologia escolar no deva ser um obstculo para que haja um
verdadeiro aprendizado biolgico. Entretanto, preciso traar estratgias que nos
habilitem a fazer com que os alunos aprendam os significados dos processos, sem que
saibam apenas uma terminologia vazia e sem articulaes com outros aspectos.
6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
BOGDAN, Robert & BIKLEN, Sari. Investigao qualitativa em educao: uma
introduo teoria e aos mtodos. Lisboa: Porto Editora, 1994.
DAYRELL, Juarez T. A escola como espao scio-cultural. In: Dayrell, Juarez T. (Org.).
Mltiplos olhares sobre educao e cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1996.
p.137-161.
DUARTE, Roslia. M. Entrevistas em pesquisas qualitativas. Educar em Revista,
Curitiba, n.24, p. 213-225, jul/dez. 2004.
KINDEL, Eunice. A. I. Do aquecimento global as clulas tronco: sabendo ler e escrever
a biologia do sculo XXI. In: MULLET, Nilton P. (Org.). Ler e Escrever: compromisso
no ensino mdio. Porto Alegre: Editora da UFRGS/Ncleo de Integrao Universidade
& Escola, UFRGS, 2008. p.91-102.
KUHN, Sofia A. Ensinar cincias considerando a diversidade dos alunos. Porto
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MARANDINO, Martha; SELLES, Snadra E. e FERREIRA, Marcia. S. Ensino de
Biologia histrias e prticas em diferentes espaos educativos. So Paulo:
Cortez, 2009 (coleo Docncia em Formao. Srie Ensino Mdio).
MORTIMER, Eduardo F. Sobre chamas e cristais: a linguagem cotidiana, a linguagem
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Porto Alegre, 2009. Disponvel em: http://hdl.handle.net/10183/18653
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7. ANEXOS
Anexo I Termo de Consentimento Informado recolhido de todos os alunos que
participaram do estudo.
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