Deusa Aine

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DEUSA VIVA

Uma publicao do Crculo de Mulheres da Teia de Thea


Lua Cheia, Junho de 2013, n 166

Mirella Faur

AINE, DEUSA SOLAR IRLANDESA, RAINHA DO


POVO DAS FADAS
O povo das fadas (chamado em galico de Sidhe), conhecido das lendas e mitos celtas remanescente dos primitivos
povos pr-celtas, que habitavam as Ilhas Britnicas desde a Idade de Bronze. Eles eram descendentes dos Tuatha de Danann, o
Povo da deusa Danu, misteriosos seres mticos de natureza sutil, que conquistaram a Irlanda aps vencerem os primeiros
colonizadores- Fir Bolg, e que depois foram vencidos pelos
Milesianos. Com a mudana das crenas religiosas e
espirituais, os Tuatha de Danann no mais recebiam a
sustentao da sua egrgora pelo reconhecimento e a
gratido dos seres humanos perante os seus dons e se
afastaram cada vez mais da dimenso material, tecendo
um vu de invisibilidade ao redor do seu mundo. Para se
protegerem da violncia das guerras - sendo eles seres
pacficos - se retiraram para outra dimenso, sutil, a ilha
mgica Tyr na n'Og, A terra debaixo das guas, situada
no Oeste da Irlanda e invisvel aos homens. Uma parte
deles se refugiou nas montanhas, colinas, florestas e
grutas e as repartiu entre si, sendo conhecidos como O
velho povo, Os bons vizinhos, O povo das colinas, Fairy
people ou Fay e suas moradas (barrows) nas colinas ou
elevaes de terra chamadas de side ou sidhe (pronunciase chee), nome que aos poucos passou a ser confundido
com os prprios seres.
A comprovao deste fato encontra-se na crena comum
entre as diversas naes celtas sobre a existncia de uma
raa de seres sutis, obrigada pelas tribos invasoras a se
retirar para o Outro mundo, descrito como uma
dimenso subterrnea, dentro das colinas ou cmaras
subterrneas neolticas (burial chamber), ou que tinham
ido alm-mar. Pelo fato que os Sidhe moravam nas
cmaras subterrneas que eram usadas para o enterro
dos reis - ao longo dos tempos eles passaram a serem
confundidos com os espritos ancestrais e denominados
de Bean-sidhe ou Banshee, que anunciavam a morte de
parentes e apareciam nas suas viglias pranteando.
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Os Sidhe eram formados por vrios grupos ou ordens,


distintas umas das outras, mas que funcionavam como uma
coletividade. As terras ocupadas pelos seres fericos foram
chamadas de Fairyland, a terra das fadas e seus caminhos e
trilhas, imbudos de energia mgica e telrica, ficaram
conhecidos como ley lines, as linhas de energia da terra,
sobre as quais no deveriam ser construdas edificaes
humanas sob o perigo de eclodirem acontecimentos
estranhos ou perniciosos sade. Os locais sagrados dos
Sidhe eram marcados por crculos de pedras, de grama mais
verde ou de cogumelos e deviam ser respeitados e evitados
pelos seres humanos. No nvel mgico, os Sidhe conheciam e
manipulavam os poderes dos elementos e por isso, com o
passar do tempo e o esquecimento da sua verdadeira origem
e poder, eles foram reduzidos s figuras elementais com
nomes diferentes em funo do elemento em que
habitavam ou regiam. Nos contos de fadas lhes foi atribudo
o papel de fadas madrinhas, conselheiras e protetoras
individuais.

Presentes em todas as formas e manifestaes da


natureza, as fadas fizeram parte das lendas e do folclore de
vrios pases, mas nenhum povo como o irlands conseguiu
captar, conhecer e compreender to bem os Fays,
provavelmente por serem seus descendentes. O mundo
ferico das fadas ainda vive nas crenas e rituais dos
camponeses da Irlanda, Pas de Gales, Esccia, Inglaterra e
Bretanha e conta-se que vrios mortais tiveram contato
com o povo das fadas, aprendendo delas a arte da poesia,
msica, dana, metalurgia, tecelagem, magia e cura. A
Irlanda at hoje habitada por duas raas: a visvel, dos
celtas, e a invisvel dos Sidhe, mas que podia ser vista e
visitada pelos clarividentes e magos. As divindades mais
conhecidas, consideradas o Rei e a Rainha das Fadas
so a deusa Aine (pronuncia-se Ony ou Oine), a regente da
fertilidade e o deus Gwynn Ap Nudd (pronuncia-se guin ap
niid), o Senhor do Outro Mundo.
Aine uma deusa arcaica da Irlanda, originariamente uma
deusa solar, soberana da luz, da fertilidade da terra e do
amor, cujo nome significava prazer, alegria, esplendor,
celebrada no Solstcio de Vero e que sobreviveu s
perseguies crists ao ser transformada nas lendas em
uma Fada Rainha. Apesar de deusa tutelar da provncia
de Munster do Sudeste da Irlanda, muito pouco foi
preservado das suas lendas;
mesmo assim o seu culto perdurou
at o sculo 20 mas ela jamais foi
santificada ou mencionada pela
igreja crist. Os costumes a ela
associados continuaram at 1970,
preservando sua autntica
essncia pag, os camponeses
caminhando com tochas acesas
pelos campos plantados
invocando o calor e a luz de Aine
para a abundncia das colheitas.
As mulheres idosas queimavam
ervas aromticas para purificar as
casas e afastar as doenas.

Sidhe para os irlandeses representa o estado intermedirio


entre um mundo real e o sobrenatural, povoado por seres
sutis, etreos, dificilmente visveis pelos seres humanos,
devido s vibraes densas do mundo material. Com o
advento do cristianismo e sua perseguio e proibio, eles

esmaeceram na memria do povo, sendo denominados


fadas, duendes e representaes malignas do folclore, que
viviam em outras dimenses entre o mundo material e
espiritual. Contudo, seu fundamento psicolgico nunca se
perdeu e os mistrios ocultos nos contos de fadas e nas
crenas populares conservam as reminiscncias do antigo
culto.
Aos poucos, as fadas ficaram restritas ao folclore anglosaxo e celta, conhecidas como protetoras e guardis das
rvores, flores ou jardins, confundindo-se depois com outras
entidades sobrenaturais e, s vezes, sendo consideradas
magas e feiticeiras. Foram descritos muitos tipos, desde as
belas fadas das flores, rvores, lagos e rios, os simpticos
gnomos protetores das moradias, at as entidades
perigosas com dentes pontiagudos e garras afiadas.

Aine irm gmea de Grian, a


Rainha dos Elfos e tambm foi
cons i d e rad a com o um d os
aspectos da Deusa Me celta Ana,
Anu, Danu ou Don. Grian e Aine
alternavam-se na regncia do ciclo
solar na Roda do Ano, trocando de lugar a cada solstcio.
Aine foi mencionada pela primeira vez em 890-910 no
dicionrio Sanas Cormaic com explicaes em latim da
etimologia dos termos irlandeses. Mais tarde, apareceram
menes no sculo XII no livro Tin B Cailnge e no sculo
XV em Cath Finntrgha sobre a relao da Deusa com os
cairns e resqucios neolticos encontrados em duas colinas,
perto de Lough Gur, consagradas Deusa, onde ainda hoje
ocorrem ritos em honra deusa Aine. Uma colina, a trs
milhas a sudoeste do lago chamada Knockaine (em
homenagem deusa) e l se encontra uma pedra que
confere inspirao potica a seus devotos merecedores e
leva loucura queles que forem punidos pela falta de
respeito com os lugares sagrados. Do topo da colina podem
ser avistados inmeros locais associados com seres mticos,

detalhes topogrficos do mito de Aine (como os castelos dos


reis) e das batalhas reais entre conquistadores e nativos.

poos sagrados, cujos mananciais possuem poderes


curativos, a fonte dedicada a ela Tobar-na-Aine era renomada
pelos poderes curativos. A sua intensa sexualidade a tornou
inimiga da igreja crist, sendo vista como uma ameaa ao
matrimnio e castidade. Mesmo que o simbolismo
relacionado com a Deusa Me tenha sido esquecido quase
por completo desde que comearam os ritos cristos nas
igrejas, o ato de invocao da vida nunca enfraqueceu e ela
era reverenciada como protetora da gravidez e das
mulheres, punindo aqueles que as tivessem ofendido,
agredido, perseguido ou violentado. Como Deusa Escura e
regente do teixo, Aine era considerada a Anci de
Knockaine, caridosa com aqueles que lhe pediam ajuda,
mas vingativa com quem a explorava pela m f. Por ser uma
deusa detentora do poder da vida e da morte, Aine podia
aparecer para os homens como uma mulher sbia de rara
beleza, qualificada como sidhe leannan, ou seja, uma
amante-fada-fatal que exercia tal atrao sobre os homens,
que eles sucumbiam aos seus encantos e muitas vezes no
sobreviviam. As mais dramticas e poticas histrias do
folclore celta so as que relatam o amor entre mortais e os
seres sobrenaturais, mas que no perduram devido a certos
tabus, maldies, diferenas de vibraes e costumes.
Acredita-se que a amante-fada-fatal ainda se manifesta
nos dias de hoje e quando escolhe um homem mortal, este
est fadado morte certa, pois esta a nica maneira vivel
para que os dois possam ficar juntos e concretizar seu
grande amor.

Existem muitas controvrsias a respeito da sua origem, alguns


pesquisadores a consideram filha de Eogabail, um rei dos
seres mticos Tuatha de Dannan, que teria sido o filho adotivo
do deus do mar Manannan Mac Lir, outras vezes como sendo
esposa e algumas vezes filha dele. Como Rainha dos reinos
encantados Aine pertencia aos Tuatha de Dannann e aos Sidhe
e era conhecida como Lenan Sidhe, a amada ou Ain Cliar, a
luminosa. Inmeros lugares eram dedicados a Aine na Irlanda
como Knoc ine (Condado de Limerick), Tobar ine (Condado
de Tyrone), Dun ine (Condado de Louth), Lios ine
(Condado de Derry). Com o nome de Aine Marine e Aine of
Knockaine, ela associada com Knoc Aine/Knockaine, a sua
colina em Munster. Na literatura ela foi descrita como uma
Rainha das Fadas, a mais famosa sendo Titnia, da pea O
sonho de uma noite de vero de Shakespeare.
Assim como outras deusas celtas, Aine tem diversos aspectos
associados a diferentes coisas e atributos, sendo regente do
Sol, junto com suas irms Fenne e Grainne e tambm das fases
lunares. Como deusa trplice, sua face de Donzela era tanto
generosa, quanto vingativa, recompensando os devotos com
o presente da inspirao potica ou os punindo com a loucura,
se tivesse sido ofendida ou menosprezada. Ela era invocada
geralmente para ajudar, mas se fosse desrespeitada, a sua
vingana no tardava. Como Me, era associada aos lagos e

Existem muitas lendas sobre as escapadas


amorosas de Aine, s vezes ela casava com
jovens vigorosos e tinha filhos encantados,
que dela recebiam o poder de ver o Povo das
Fadas com a ajuda de um anel mgico.
Quando ela se apaixonou pelo jovem e belo
heri Fionn, ela jurou que jamais iria amar um
homem com cabelos grisalhos. Mas uma das
suas irms tambm amava Fionn e atravs de
um encantamento conseguiu que seus
cabelos ficassem grisalhos, mesmo ele
continuando jovem. Fiel sua geasa
(promessa mgica) Aine afastou o heri.
Segundo outra, entre tantas lendas, conta
que Aine estava sentada nas margens do lago
Lough Gur, penteando seus longos cabelos
dourados, quando Gerold, o Conde de
Desmond, a viu e sentindo-se fortemente
atrado por ela, roubou-lhe o manto dourado
e s o devolveu, quando ela concordou em
casar-se com ele. Desta unio nasceu Geroid
Iarla ou Earl Gerald, denominado "O Mago";
aps o nascimento do menino, Aine imps ao
Conde Desmond, um tabu que o impedia
expressar surpresa a qualquer coisa que o
filho fizesse. Entretanto, ele quebrou tal
tabu, exclamando alto quando viu o filho
entrando e saindo de um frasco, fato que
desfez o encanto e Aine recuperou sua
liberdade. Aine dirigiu-se para a colina de
Knockaine, transformando-se em um cisne;
dizem que l que ela ainda reside em seu
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castelo encantado, cercada por Fadas. Em outra verso, ela


se recolheu na ilha Garrod no lago Lough Gur no condado de
Limerick e Gerald depois transformou-se em um ganso
selvagem que voou alto seguindo o rio Lough, encontrando
repouso no castelo da me. Lough Gur era um antigo sitio
sagrado pr-histrico, com reminiscncias de cmaras
subterrneas, grutas e crculos de pedras do perodo
neoltico ao seu redor, onde foram encontrados restos de
oferendas votivas e gros.
Outra lenda descreve como Gerald vivia abaixo das guas
do lago, de onde saia cada sete anos cavalgando ao redor do
lago at gastar as ferraduras de prata do seu cavalo, dia em
que ele voltar para expulsar estrangeiros e malfeitores da
Irlanda. Dizia-se tambm que de sete em sete anos ele
emergia das guas como um fantasma montado em um
cavalo branco; o lago sumia dentro da terra aparecendo no
seu lugar uma rvore sobrenatural, coberta com tecidos
verdes e guardada por uma anci, que tinha o poder de
elevar as guas do lago se a rvore corresse perigo.
Em outra lenda, o rei Ailill matou Egbal, o pai de Aine e a
violentou, mas ela relutou e arrancou sua orelha, o que lhe
ocasionou o apelido de Ailill-sem-orelha. Aine jurou se
vingar e aps um tempo, Ailill foi morto por ela com uma
poderosa magia, da mesma forma como se vingou de outro
rei, que tambm a ofendeu. Seu filho Egan - que nasceu
aps ela ser violentada por Aillil - se tornou rei de Munster e
fundador de uma famosa dinastia. Muitas famlias de
Munster com o sobrenome de O'Corra ainda acreditam que
so descendentes de Aine, por eles venerada como a
melhor e mais bondosa deusa. Existem muitas situaes
que se repetem ao longo da histria celta, em que uma
deusa ou rainha violentada e conquistada por um rei,
simbolizando o domnio dos invasores sobre a populao
nativa e a decorrente vingana da terra quando maltratada
ou destruda. Em todas estas lendas percebe-se como a
determinao, engenhosidade e pacincia de Aine ou de
outras deusas ou rainhas, as ajudaram se libertar das
imposies patriarcais.
Aine tinha o poder de metamorfose, se transformando
tanto em um cisne branco, quanto em uma gua vermelha
de nome Lair Derg, e que ningum conseguia alcan-la.
Acreditava-se que na noite do Solstcio de Vero, moas
virgens, que pernoitassem na colina de Knockaine,
poderiam ver a Rainha das Fadas passando com toda a sua
comitiva. O mundo das fadas s se tornava visvel pelos
portais mgicos, chamados anis de fada, crculos
marcados na grama ou no meio de rvores, que eram
indicados pela prpria Aine. Uma gruta de Knockaddon
supunha-se ser ligada a Tir na n'og (o Outro Mundo celta)
e de l Aine chegava no Lammas para dar luz a um feixe de
gros, o seu filho Eithne (o termo galico para gros). Trs
dias no ano eram dedicados ela: a primeira sexta-feira,
sbado e domingo aps o Sabbat de Lammas. Era nestes
dias que ela retornava como uma mulher sbia, que
ensinava aos homens como caminhar em unio e amor
sobre a terra, domnio da sua me, a deusa Danu. No Sabbat
Samhain dizia-se que Aine saia das suas colinas cavalgando
um touro vermelho e era reverenciada com fogueiras
acesas em todas as colinas sagradas. Sendo associada com
os Sabbats, Aine podia se manifestar como a Donzela da

primavera, a Me das colheitas e a Anci do mundo


subterrneo. Como Donzela aparecia tambm como uma
sereia, que penteava seus longos cabelos com um pente de
ouro na margem do lago, continuando a fazer isso at o
pente ia ser gasto e seu cabelos ficando brancos. Nos dias
dedicados a Aine era proibido derramar sangue, para que a
centelha vital no se esvasse do corpo de outros animais ou
doentes. s vezes ela era vista numa barco junto com seu pai
Manannan ajudando os marinheiros perdidos. Durante a
grande fome ocasionada pela crise irlandesa das batatas,
Aine aparecia no topo da sua colina entregando comida para
os famintos.

Aine era invocada no Solstcio de vero na colina de


Knockaine para ritos de amor, fertilidade e abundncia das
colheitas, prosperidade das pessoas, separaes e desfechos
dolorosos nas relaes amorosas. Ela ampliava a viso e
podia facilitar o contato com o mundo das Fadas,
potencializando os poderes mgicos e extrassensoriais. Os
camponeses saiam em procisso aps acenderem as
fogueiras na sua colina e caminhavam pelos campos com
tochas acesas, feitas com feixes de palhas e ervas solares
amarrados em postes. Eles purificavam os campos e o gado
com as chamas, pedindo proteo e fertilidade e esperavam
que Aine e os Sidhe aparecessem para eles, abrindo um portal
para o Outro Mundo. As cinzas das fogueiras eram
espalhadas depois nos campos para atrair fertilidade. Nas
noites de lua cheia, os doentes eram levados para se
banharem no Lough Gur; se at o nono dia eles no se
curavam, as pessoas sabiam que em breve iriam ouvir o canto
das ancestrais Banshee, prenunciando-lhes um sono
profundo e sem dor, durante qual iam passar para o reino dos
Sidhe. Aps a sua passagem, havia uma viglia prolongada,

Muco? Bota pra derreter

quando os familiares se reuniam entoando os cantos de


lamento chamados keenings, ddiva das banshees.

A seguir algumas
invocaes tradicionais
para Aine:

As mulheres idosas honram ainda Aine no Samhain e Litha e


queimam ervas aromticas para purificar as casas e afastar
as doenas. Elas acreditam que foi Aine que impregnou o
aroma nas flores e frutos e que seu brilho aquece os corpos
e ilumina as almas. Apesar da sua memoria ter se perdido na
bruma dos tempos, os velhos costumes e tradies
guardados no folclore so resgatados por pesquisadores e
adeptos atuais das tradies celtas. Cada ano, um nmero
maior de pessoas se rene no solstcio de vero na colina
Knockaine, sada o nascer do sol e homenageia Aine, A
Brilhante com canes, oraes e oferendas de flores,
gros e leite.

Julho j vai chegar, o tempo esquenta e esfria e milhes de


pessoas esto encatararradas, com tosse seca ou trovejante,
e ainda por cima com medo da to marquetizada gripe da vez.
Que pode no ser uma ameaa real, mas a vulnerabilidade de
quem est com as vias respiratrias cheias de muco
realssima.

Eu te invoco Aine, Grande Me


Toque a cabea dos meus filhos para crescerem
forte
Deixe teu p dourado cobrir meus lbios

Senhora das Colinas, Filha do mar, Rainha radiante


das Fadas,
Linda Aine Brilhante, Aine Chlair, que rege o calor do
vero,

A mensagem que Aine traz para as mulheres atuais


acreditar no seu prprio poder, firme e forte, mas envolto
na cor difana da suavidade amorosa. Ela nutre o corpo e o
esprito com calor e luz, sendo protetora da natureza
vegetal, animal e humana. Aine confere fertilidade fsica,
mental e espiritual, apoia e incentiva o alcance dos sonhos e
ambies com palavras que poderiam ser resumidas nesta
frase: arrisque-se e coloque o desejo do seu corao em
ao!. Mesmo quando os planos iniciais no se
concretizaram, a mulher deve seguir adiante, com coragem
e confiana, sem permitir que opinies e movimentos
alheios impeam a busca dos seus objetivos. Ficar parada
ou lamentar perdas e fracassos no leva a nada e o tempo
passa sem perceber, deixando para trs lamentos,
remorsos e inao. So as perdas e fracassos do passado
que nos ensinam a viver melhor, no se pode julgar uma
deciso passada com o discernimento do presente, pois as
decises so tomadas com a conscincia do momento.
importante saber qual a misso que a mulher veio realizar
no mundo e se empenhar para cumpri-la, com todas as suas
foras. Confiar, se preparar e agir o legado deixado por
Aine para as mulheres; aps ter refletido, tomado uma
deciso e estabelecido um plano de ao, deve ser dado
inicio ao caminho escolhido, com pequenos e cautelosos
passos, sem parar, titubear ou recuar. Com a ajuda de Aine,
as mulheres podem resgatar, diversificar e expressar o
ilimitado potencial da natureza e essncia feminina.

Pare a mo daqueles que cortam as rvores,


Ajude-os a descobrir como tornar a terra verde

Venha a ns, estenda teu manto dourado e nos


abenoe.

Fortalece a mo de quem planta sementes

Deusa que ilumina os caminhos e orienta nossos


passos

Ajuda as flores a se transformarem em frutos

Traga alegria e harmonia para nossos coraes,


Lavaremos nossos rostos com nove raios do sol
Encontraremos a paz envoltas pelo manto dourado
de Aine,

A primeira providncia suspender leite e todos os


derivados, que so os maiores formadores de catarro.
Aproveitando, reduzir drasticamente farinhas e produtos
feitos com ela, que tambm agem como cola dentro do corpo.
E jogar fora o aucareiro - junto com todo o acar da
despensa - porque ele que, regendo o coro dos laticnios e da
farinha, alimenta todo tipo de compulso.

Para atrair os beijos do meu amado

Nos campos e terras ridas.

Claro que, se h compulso, h vermes. Quantas horas de


anlise poderiam ser substitudas por um simples vermfugo!
Lombrigas aumentam muito o muco. Se houver unhas rodas,
bruxismo e babinha noite, ento, isso fica evidente.

Que sejam degustados por todos com gratido por


Ti
Faa ouvir teu canto suave at os cantos remotos
da Terra

Mas o muco deve ser pensado como uma vela de cera que
precisa esquentar para derreter; s a poder ser eliminado,
seja pela tosse, seja pelos intestinos. Aqui vai uma de muitas
receitas do meu livrinho Atchiiim!, que se dedica de forma
gulosa ao assunto.

Nutra as guas da minha alma

Seremos abenoados ao acordar e quando deitar.

Toque-me com Tua sabedoria

Durante o dia e noite, quando chegarmos e


sairmos,

Ao despertar em cada dia

Ch antimuco:

Para que a luz do teu brilho

A luz estar na nossa frente, atrs de ns, dentro de


ns e fora de ns,

Desperte a minha luz interior

Pois o manto dourado de Aine Cil sempre nos


envolver.

Aine Deusa dourada!

. 1 colher (ch) de sementes de feno-grego (Trigonella


foenograecum)
. 1 colher (ch) de sementes de funcho (Foeniculum vulgare)
. 1 colher (ch) de sementes de linhaa (Linum usitatissimum)
. 1 colher (ch) de raiz de alcauz (Glycyrrhiza glabra)
. 1 colher (sopa) de folhas de urtiga (Urtica urens) ou
tanchagem (Plantago major)
. 500 ml gua

Abenoada sejas

Senhora da Luz, ns te louvamos,


Te reverenciamos e sempre respeitaremos o teu
legado!

Aine, Grande Deusa da Irlanda


Deusa da Lua, do amor
Encorajadora da paixo no corao dos homens
Invoco o teu poder, vem at mim

Aine pode ser invocada em ritos de amor, fertilidade, na


gravidez, magia natural com a ajuda das fadas, abundncia,
prosperidade, separao dolorosa, para punir traies e
ofensas das mulheres por homens, quebras de promessas e
explorao da terra. Ela amplia nossa viso e pode facilitar o
contato com os mundos sutis; por dominar as artes
mgicas, Aine auxilia a potencializar os dons mgicos e
extrassensoriais, sendo-lhe atribudo o poder da energia
vital, a centelha sagrada que sustenta os seres vivos.

Rainha das Fadas de Munster


Tu que governas a agricultura, a fertilidade, as
colheitas e os animais
Sol dourado que se transforma em Lair Derg,
A gua vermelha que ningum pode domar,
Me ensina teus mistrios, compartilha comigo tua
sabedoria

Seus smbolos mgicos so: gua vermelha, lebre, gado,


ganso selvagem, cisne, plantaes frteis, basto, sinos,
flores, trevo de trs folhas, madressilva, anglica, amoras,
sabugueiro, linho, alho, artemsia, lavanda, urtiga, hera,
visco, azevinho, btula, freixo, teixo, carvalho, fitas
multicoloridas e harpa.

Ferver durante 15 minutos o funcho, a linhaa, o feno-grego e


o alcauz; apagar o fogo, colocar as folhas de urtiga ou
tanchagem e abafar.

Prximos Rituais

Este ch aquece o corpo e dissolve o muco. Tomar meia xcara


2 a 4 vezes ao dia, de estmago vazio, 10 minutos antes de
comer. Para quem produz muco em excesso: tomar durante
quatro semanas, no outono, nas mesmas doses acima,
substitui o muco patolgico ao longo das mucosas por um
muco benfico, renovando todo o trato gastrointestinal. Para
condies crnicas de muco o ch usado por perodos de
tempo mais longos. Tambm uma mistura muito nutritiva
durante os jejuns.

Plenilnio Celebrao de Maria Madalena


22 de julho de 2013 s 20h
Usar saia ou vestido na cor vermelha e adereos no
cabelo.
Lista de material:
* 1 rosa ou flor vermelha
* 1 vela vermelha ou branca dentro de um copo
* seu perfume preferido

Inconveniente: pode aumentar os calores noite. Mas nada


perfeito.

Somente para mulheres

* Do livro Atchiiim! de Sonia Hirsch

Tu que s a Me, mostrando tua face curadora nos


lagos e fontes

Celebrao de Lammas: A Colheita


1 de agosto s 20h

Tu que s a Anci, Leannan Sidhe, que aparece aos


mortais com tua grande beleza

Aberta tambm para os homens

Para lev-los ao Outro Mundo.

Os rituais da Teia de Thea acontecem na


UNIPAZ Braslia DF .:. Energia de troca: R$ 15,00

Expediente Jornal Deusa Viva


Coordenao: Nane Silva
Edio e Diagramao:
Cris Madeira e Stella Matta Machado
Textos: Mirella Faur, Helena Maltez e Maria Amaziles
Imagens da rede mundial de computadores
Informaes: www.teiadethea.org
Nane (61) 9677.9453 .:. Andrea (61) 3408.4065
[email protected]

por Helena Maltez*

Ervas Sagradas
pode contribuir para isso. Valorizar e honrar as pessoas que
vivem no campo, rejeitar a alimentao industrializada
oriunda do agronegcio, adquirir nosso alimento nas feiras
diretamente das mos dos agricultores e agricultoras so
algumas das formas pelas quais podemos fazer isso. E
tambm plantarmos e entrarmos em contato com o mundo
das plantas, aprendermos juntas e trocarmos nossos
saberes, relembrarmos receitas antigas que havamos
esquecido. Plantas mgicas e curadoras atravessaram
oceanos e hoje temos ainda nossa disposio um arsenal
enorme de possibilidades para sermos autnomas no
cuidado da nossa sade e da sade daqueles que amamos.
No podemos deixar que esse conhecimento e essa
capacidade sejam tirados de ns.

As ervas mgicas, medicinais e sagradas nos acompanham h


milnios. Todas temos ancestrais que sabiam us-las a favor
do nosso bem estar e sade. H pouqussimo tempo
dependemos de remdios sintetizados para isso. Alis, a
maior parte dos remdios que encontramos nas farmcias
so feitos a partir dos princpios ativos que evoluram na
relao entre as plantas e animais. Mesmo quando
sintetizados, praticamente todos os medicamentos foram
descobertos na natureza para depois terem seus segredos
qumicos revelados e imitados sinteticamente pelo ser
humano.
No cultivo ancestral dessas plantas, agricultores e
agricultoras, povos tradicionais e indgenas de todo o planeta
selecionaram e cruzaram intencionalmente espcies e
variedades para que atendessem aos interesses humanos. A
grande diversidade de plantas medicinais fruto do trabalho
da natureza em conjunto com o trabalho de seres humanos.
Devemos reconhecer e honrar esse trabalho feito com zelo e
humildade por tantas geraes e que permitiu que tantas
plantas incrveis chegassem at ns.

No dia 30 de junho, eu e nossa querida Andra Boni


realizaremos uma oficina cujo objetivo ser o de nos
conectarmos cada vez mais e profundamente com a
sabedoria e o poder das plantas. Entraremos nesse mundo
mgico que pode nos contar tantas histrias, que pode nos
acalmar, perfumar, curar e trazer beleza s nossas vidas.
Visitaremos nossa ancestralidade em busca do
conhecimento sagrado e antigo que ainda pulsa em nosso
DNA. Tambm colocaremos as mos na Terra, a semente e a
muda no cho, porque somente com a prtica verdadeira de
cuidado real que poderemos realizar a grande
transformao necessria neste momento que tanto de
crise quanto de oportunidade.

Nas ltimas dcada vimos assistindo o avano brutal e


enaltecimento do modo urbano de vida e a expulso das
pessoas que vivem no campo. O avano do agronegcio e da
sociedade moderna tem sido implacvel com as pequenas
comunidades rurais, tradicionais e indgenas. Com o
esvaziamento do campo, perde-se toda uma cultura ligada
Terra e junto com ela, o conhecimento sobre as plantas, seus
usos e modos de cultivo. Muitas espcies de plantas
poderosas esto desaparecendo, consideradas plantas
daninhas e indesejadas pelo
agronegcio, mas preciosas
para a cura de doenas, como
alimento para a fauna local entre
muitas outras funes que lhes
cabem nos sistemas complexos
da natureza.

Faa sua inscrio e venha passar um dia inesquecvel


conosco!

Cabe a ns, mulheres


conectadas com o Sagrado
Feminino, manter viva a chama
desse conhecimento, resgatar o
saber ancestral, manter e
recuperar um modo de vida mais
prximo e ntimo da natureza.
uma iluso acharmos que
poderemos viver sem as plantas,
sem os rios, sem os animais, sem
a imensa diversidade cultural
que est aos poucos se
perdendo. Cada uma de ns, em
seu lugar, fazendo o que faz,
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Posta-restante

As Matriarcas das
13 Lunaes*

por Maria Amaziles

Nesta Edio do Deusa Viva trazemos a cano


Pequena Histria de Luz, de Mnica Fonseca**,
dedicada Matriarca da Sexta Lunao: Me Guardi
das histrias que curam. A Contadora de Histrias.

Pequena Histria de Luz


Era uma vez,
Num tempo muito distante
Um caminhante, que tanto se confundia,
Tanto se limitava, que mal andava.
Seus caminhos tortos o aprisionavam.
Em sua estrada, encontrou um dia
Um amigo vagalume que feliz brilhava,
Com tanta leveza aquela luz o alegrava.
Os dois caminhavam juntos
Conversavam por toda noite
E de dia descansavam.
O caminhante aprendeu a parar
E se banhar no rio.
Aprendeu a rir do que lhe assustava,
Aprendeu a ver estrelas.
Mesmo em noites nubladas
O novo amigo lhe ensinou
Que os caminhos podem todos ser trilhados
Nada est certo ou errado.
preciso brilhar a sua luz,
Apagando as iluses.
Essa foi a histria que me contaram,
Do caminhante de todos os caminhos
Que seguindo o vagalume
Caminhou feliz por toda a estrada.

* Para saber mais sobre a Lenda das 13 Matriarcas, consulte


o Anurio da Grande Me de Mirella Faur.
**O CD Treze Luas pode ser adquirido
na entrada dos rituais da Teia de Thea, na UNIPAZ,
ou com a prpria artista pelo telefone (61) 9602.7126.
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