Escala de Avaliação Da Fadiga
Escala de Avaliação Da Fadiga
Escala de Avaliação Da Fadiga
246-256
ISSN 1984-6657 doi: 10.17652/rpot/2015.3.594
Universidade Federal da Paraba, Joo Pessoa, PB, Brasila, Universidade Regional do Cariri, Crato, CE, Brasilb,
Faculdade Maurcio de Nassau, Joo Pessoa, PB, Brasilc, Universidade de Fortaleza, Fortaleza, CE, Brasild
Resumo
Este estudo objetivou adaptar a Escala de Avaliao da Fadiga (EAF) para profissionais da sade
reunindo evidncias de validade fatorial e consistncia interna em dois estudos. No Estudo 1 participaram 200 estudantes de trs cursos: enfermagem (n=56), medicina (n=69) e psicologia (n=75), com idades
variando entre 18 e 39 anos (M = 22,0, DP = 3,44), a maioria do sexo feminino (64,5%) e solteira (90%). Todos
os estudantes responderam EAF e a perguntas demogrficas. A anlise de componentes principais (CP) revelou
que a escala possui um componente, explicando 38,7% da varincia total; alfa de Cronbach () foi 0,80 e ndices
de escalabilidade de 0,33 (H) e 0,82 (Rho). Do Estudo 2 participaram 246 profissionais da sade. A anlise CP
confirmou estrutura unidimensional, explicando 43,8% da varincia total ( = 0,85, H = 0,40 e Rho = 0,87), sendo
0,99 o coeficiente de congruncia das solues fatoriais (Estudos 1 e 2). Conclui-se que a medida apresenta evidncias psicomtricas adequadas de validade e preciso.
Palavras-chave:
Fadiga; sade; avaliao.
Abstract
This study aimed to adapt the Fatigue Assessment Scale (FAS) to health professionals, combining evidence of factorial validity and reliability from two studies. In Study 1, the participants were 200 undergraduate students from three disciplines [Nursing (n = 56), Medicine (n = 69), and Psychology (n = 75)], with
ages ranging from 18 to 39 years (M = 22.0, SD = 3.44), mostly female (64.5%), and single (90%), who answered
the FAS and demographic questions. Principal Component (PC) analysis revealed one component, explaining
38.7% of the total variance; Cronbachs alpha () was 0.80 and scalability indexes were 0.33 (H) and 0.82 (Rho).
In Study 2, the participants were 246 health professionals. The PC analysis confirmed the one-dimensional structure, explaining 43.8% of the total variance ( = 0.85, H = 0.40, and Rho = 0.87). The congruence coefficient was
of 0.99 for the one-factor solution. In conclusion, the FAS showed adequate psychometric evidence of validity
and reliability.
Keywords:
Fatigue; health; assessment.
Resumen
Este estudio tuvo como objetivo adaptar la Escala de Evaluacin de la Fatiga (EEF) para profesionales de la salud, reuniendo evidencias de su validez factorial y consistencia interna en dos estudios.
En el Estudio 1 participaron 200 estudiantes, de enfermera (n = 56), medicina (n = 69) y psicologa (n = 75), con
edades entre 18 y 39 aos (M = 22.0, DS = 3.44), la mayora mujeres (64.5%) y solteras (90%). Todos los estudiantes contestaron a la EEF y a preguntas demogrficas. El anlisis de componentes principales (ACP) revel un
componente general, explicando el 38.7% de la varianza total; su alfa de Cronbach () fue de 0.80 e ndices de
246
Endereo para correspondncia: Universidade Federal da Paraba, Centro de Cincias Humanas Letras e Artes - Campus I,
Departamento de Psicologia, Cidade Universitria, s/n, Joo Pessoa, PB, Brasil 58051-900. E-mail: [email protected]
Recebido em: 11/03/2015 Primeira deciso editorial em: 19/04/2015 Verso final em: 20/05/2015 Aceito em: 27/05/2015
escalabilidad de 0.33 (H) y 0.82 (Rho). En el Estudio 2 los participantes han sido 246 profesionales de la salud.
El ACP confirm la estructura unidimensional, explicando el 43.8% de la varianza total ( = 0.85, H = 0.40 y Rho
= 0.87), siendo el coeficiente de congruencia de las soluciones factoriales (Estudios 1 y 2) de 0.99. Por fin, se ha
concluido que esta medida presenta evidencias psicomtricas adecuadas de validez y confiabilidad.
Palabras-clave:
Fatiga; salud; evaluacin.
fadiga uma queixa comum entre pessoas da populao geral e pacientes clnicos (Cella & Chalder,
2010; Fritschi & Quinn, 2010; Michielsen, De Vries, Drent, & Peros-Golubicic, 2005; Michielsen,
Peros-Golubicic, Drent, & De Vries, 2006), mas, sobretudo, entre trabalhadores de diversas ocupaes (Linsey, Barker, & Nussbaum, 2011; Moore, Gupta, & Duval Neto, 2013; Oliveira, Vigan, Lunardelli,
Cano, & Goulart, 2010; Vasconcelos, Fischer, Reis, & Moreno, 2011; Wilson, 2013), e possvel defini-la
a partir de diferentes abordagens. Por exemplo, de uma perspectiva geral, a fadiga compreende uma sensao
subjetiva de cansao com componentes comportamentais, emocionais e cognitivos, sendo uma sintomatologia
de vrias doenas, como cncer, esclerose mltipla ou doena de Parkinson (Mota, Pimenta, & Caponero,
2012; Sanches & Cardoso, 2012), refletindo-se em baixa atividade fsica e sonolncia (Oliveira et al., 2010).
Na perspectiva do trabalho, ela pode ser definida como uma experincia de cansao, desgosto pela atividade
atual e falta de vontade para continuar (Kant et al., 2003). Assim, como consequncia, h comprometimento
da competncia e menor disposio para desenvolver ou manter objetivos (De Vries, Michielsen, & Van Heck,
2003).
Vale salientar que a fadiga no necessariamente um sintoma de uma determinada doena, mas pode ser
entendida como uma experincia diria de desgaste, que afeta diversas pessoas da populao (Yang & Wu,
2005). De fato, ela pode ser compreendida no como um efeito adverso, mas como uma adaptao psicolgica
ou um mecanismo de defesa empreendido pelas pessoas para fazer frente ao risco de esforo exagerado ou
exausto (Van Dijk & Swaen, 2003). Partindo dessa perspectiva, diversos estudos tm abordado a fadiga,
relacionando-a com variveis como depresso (De Vries, Van der Steeg, & Roukema, 2009), baixa qualidade
de vida (Sanches & Cardoso, 2012) e traos de personalidade, a exemplo de extroverso (De Vries et al., 2009).
Devido a sua relevncia, criou-se um programa de pesquisa (Fatigue at Work) a fim de conhecer a etiologia, o
curso e as consequncias para as pessoas em estados agudos e prolongados de fadiga (Andrea, Kant, Beurskens,
Metsemakers, & Van Schayck, 2003; Janssen, Kant, Swaen, Janssen, & Schrer, 2003; Van Dijk & Sawen,
2003). Com efeito, precisamente no mbito do trabalho que essa sintomatologia se faz mais preponderante,
estando correlacionada a diversas variveis laborais, carecendo de ateno especial.
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desenvolvido por Andrea et al. (2003). Tais autores examinaram a associao entre atribuies de fadiga,
nvel da doena, problemas de sade fsica e de sade mental e caractersticas psicossociais do trabalho. De
forma especfica, observaram que a fadiga uma queixa comum entre trabalhadores que procuram um clnico
geral, e que atribuem sua fadiga a problemas somticos e psicolgicos. Do mesmo modo, constatou-se que tais
trabalhadores no somente apresentaram nveis elevados de fadiga, assim como uma percepo negativa de seu
ambiente de trabalho.
Os fatores listados anteriormente parecem exercer forte influncia no recebimento de futuros benefcios
por conta de doena ou deficincia no trabalho. E, de fato, alguns tm relao direta com o recebimento de
benefcios, como a diminuio do desempenho e da habilidade no cargo exercido e o surgimento de doenas
leves (Kant et al., 2003; Michielsen et al., 2004a). Considerando as informaes anteriores e levando em
conta as prticas mdicas e psicolgicas em contexto laboral, existem ao menos quatro razes que endossam o
fato de a fadiga ser identificada como uma preditora de problemas de sade dos trabalhadores (Janssen et al.,
2003; Kant et al., 2003; Van Dijk & Sawen, 2003): (a) a alta prevalncia de casos de fadiga na populao de
trabalhadores, (b) o estado de fadiga ser particularmente persistente nesse grupo, (c) a fadiga ser uma condio
incapacitante de trabalhadores e (d) uma proporo substancial de trabalhadores receber benefcios por deficincia ou doena pautada no diagnstico de reao exgena ou adaptativa, conforme a CID-10, sendo tal
diagnstico composto por caractersticas como estresse no trabalho, sobrecarga e burnout, das quais a fadiga
um sintoma integrante.
Desse modo, parece evidente ter em conta a fadiga como forma de entender suas implicaes e, posteriormente, primar pela qualidade de vida e de trabalho dos indivduos. No entanto, demanda-se avali-la
previamente de maneira adequada no contexto laboral, contando com instrumentos curtos e que apresentem
qualidades psicomtricas aceitveis. Esse precisamente o foco deste artigo, requerendo-se, nesta oportunidade, tomar conhecimento das avaliaes existentes dessa sintomatologia.
Medindo a Fadiga
Procurando conhecer o panorama sobre as medidas disponveis a respeito da fadiga, Shahida, Shena e
Shapiro (2010) realizaram uma reviso da literatura que relacionava 12 instrumentos, em que a variao de
seu nmero de itens era de 9 (Fatigue Severity Scale; Krupp, LaRocca, Muir-Nash, & Steinberg, 1989) a 50
(Shapiro et al., 2002), com mdia superior a 20 itens. Destes, 8 tinham como grupo de interesse pacientes
com diversos problemas de sade (p. ex., cncer, esclerose mltipla, fadiga crnica). Enquanto alguns autores
definiram a fadiga como unifatorial (p. ex., Krupp et al., 1989), outros propuseram estruturas com dois (Lee,
Hicks, & Ninomurcia, 1991), quatro (Schwartz, Janford, & Krupp, 1993) ou cinco fatores (Smets, Garssen,
Bonk, & de Haes, 1995). Coerentemente, todos apresentaram consistncia interna (alfa de Cronbach) satisfatria, variando de 0,83 (Krupp et al., 1989) a 0,98 (Schwartz et al., 1993).
Partindo de medidas prvias sobre fadiga, De Vries, Michielsen, Van Heck e Drent (2004) criaram a
Escala de Avaliao da Fadiga (EAF), instrumento que tem sido utilizado em estudos com populao de
pacientes com sarcoidose, dentre os quais o de Michielsen et al. (2006), corroborando a fadiga como uma
queixa experimentada pela maioria deles. Os autores tambm observaram que a fadiga configura-se como
uma importante preditora (peso negativo) de indicadores de qualidade de vida. importante ressaltar que
esse instrumento parcimonioso, rene 10 itens, e considera a fadiga como um construto unidimensional,
apresentando consistncia interna satisfatria. Alm disso, conta com adaptao ao contexto brasileiro, reunindo evidncias preliminares de seus parmetros psicomtricos, mas considerando apenas uma amostra de
estudantes universitrios (Oliveira, Gouveia, Peixoto, & Soares, 2010).
Em resumo, existem diferentes medidas de fadiga, que apresentam estruturas fatoriais e coeficientes de
consistncia interna variados, a maioria delas dirigidas a grupos especficos de pessoas portadoras de alguma
enfermidade, mas tambm h aqueles com pessoas da populao geral. Diante desse contexto, considerando o
fato de a EAF ser uma medida curta e que rene parmetros psicomtricos satisfatrios, pertinente considerar
seu uso no contexto laboral, especificamente na rea da sade, permitindo rpida aplicao sem comprometer a
qualidade na avaliao. Nesse sentido, objetiva-se com este estudo conhecer evidncias de sua validade fatorial
entre profissionais da sade no Brasil que tm sido expostos a elevados nveis de estresse que causam distrbios
do sono e fadiga (Owens, 2012). Assim, demanda-se detalhar essa medida.
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al. (2003) checaram as propriedades psicomtricas da EAF, como validade convergente com outras medidas de
fadiga e validade divergente com depresso e estabilidade emocional, mostrando que tais construtos diferem da
fadiga. Do mesmo modo, De Vries et al. (2003) desenvolveram um estudo e checaram a validade convergente
da EAF, sugerindo que essa uma medida promissora da fadiga.
Outros autores confirmaram evidncias de sua validade fatorial e consistncia interna em pacientes com
sarcoidose (Michielsen et al., 2005), mulheres com doenas de mama (De Vries, Van der Steeg, & Roukema,
2010), pacientes com esclerose mltipla, doena de Parkinson, e que sofreram acidente vascular cerebral (Elbers
et al., 2012). Seu uso tem-se ampliado para pacientes com insuficincia cardaca crnica (Smith et al., 2007) e
mulheres em estado puerperal (Giallo, Wade, Cooklin, & Rose, 2011).
Por fim, existem verses adaptadas para os contextos alemo (Hinz, Fleischer, Brhler, Wirtz, & Bosse-Henck,
2011) e estadunidense (De Kleijn, Elfferich, & De Vries, 2009), cujos parmetros psicomtricos foram na
direo dos aqui descritos anteriormente. Portanto, em razo desses achados, parece pertinente o empreendimento de adaptar a escala para o contexto brasileiro, conhecendo evidncias de sua validade fatorial e preciso
em amostras de pessoas que tm atividades no contexto da sade. Esses aspectos motivaram este artigo, cujos
respectivos estudos sero descritos a seguir.
MTODO
Participantes
Participaram deste estudo 200 estudantes universitrios de trs cursos da rea da sade [enfermagem
(n = 56), medicina (n = 69) e psicologia (n = 75)], com idades variando de 18 a 39 anos (M = 22,0, DP = 3,44),
a maioria do sexo feminino (64,5%) e solteira (90,0%).
Instrumentos
Os participantes responderam EAF (Michielsen et al., 2004b) e a quatro perguntas demogrficas: idade,
sexo, estado civil e curso de graduao. Conforme descrito anteriormente, a EAF composta por 10 itens (p.
ex., Sinto-me incomodado devido fadiga; Fico cansado muito rapidamente), respondidos em escala de cinco pontos, variando de 1 (Nunca) a 5 (Sempre), devendo o participante indicar como tem se sentido, de forma geral,
nos ltimos 30 dias. Informaes acerca de seus parmetros psicomtricos foram apresentadas previamente,
quando se detalhou sua elaborao.
Primeiramente, com o fim de traduzi-la do original, em ingls, para o portugus, efetuou-se o procedimento de traduo reversa (back translation). Na ocasio, contou-se com dois colaboradores bilngues; um fez
a traduo do ingls para o portugus e o outro traduziu esta verso em portugus novamente para o ingls.
Tais verses foram comparadas a fim de verificar se havia equivalncia entre elas, sem perda de contedo
e de sentido dos itens ao traduzi-los. Depois, procedeu-se sua validao semntica. Nessa oportunidade,
participaram dez estudantes universitrios do primeiro semestre de psicologia, com idade entre 18 e 57 anos,
sendo igualmente distribudos quanto ao sexo. Essa validao permitiu verificar se as instrues eram compreensveis, se a escala de resposta utilizada era adequada e se os itens eram inteligveis. Constatado que no
foram necessrias modificaes substanciais, chegou-se verso brasileira dessa escala, que poder ser obtida
com os autores deste artigo.
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seguindo o que estabelecem os procedimentos ticos em vigor. Em mdia, 15 minutos foram suficientes para
concluir sua participao.
RESULTADOS
Tomando como base o KMO (0,83) e o Teste de Esfericidade de Bartlett [ (45) = 614,89, p < 0,01],
comprovou-se a adequao de fatorializar a matriz de correlaes entre os itens da EAF, justificando realizar a
anlise fatorial. Nesse caso, decidiu-se efetuar uma anlise de CP, coerente com o que tem sido encontrado na
literatura, fixando a extrao apenas de um componente, que foi confirmado quando se observou a distribuio
grfica dos valores prprios (critrio de Cattell). Contudo, no pde ser corroborado pela anlise paralela, considerando 1.000 simulaes com 200 casos e 10 variveis (parmetros do banco de dados original) e, levando
em conta os 5 primeiros valores prprios observados (3,87; 1,49; 1,06; 0,73; e 0,62), percebe-se que os dois
primeiros foram superiores aos valores prprios mdios simulados (1,37; 1,25; 1,16; 1,09; e 1,02), sugerindo
dois componentes.
Ento, a anlise Mokken foi empregada para dirimir dvidas e, assim, foi comprovada a pertinncia de
admitir a unifatorialidade da medida avaliada, que apresentou ndices de escalabilidade aceitveis (H = 0,33
e Rho = 0,82). Porm, ressalta-se que o item 3 (No fao muitas coisas durante o dia) apresentou ndice abaixo
do recomendado na literatura (Hs = 0,09), e os demais itens tiveram coeficientes Hs entre 0,25 (Item 6) e 0,45
(Item 5), com valor mdio de 0,33. Assim, decidiu-se admitir a estrutura unifatorial, sendo os resultados
correspondentes apresentados na coluna estudantes da Tabela 1.
Conforme observado na tabela, todas as saturaes foram satisfatrias, com valores superiores ao recomendado (0,30), exceto para o item 3, que apresentou saturao de 0,22. Esse componente geral de fadiga resultou
em valor prprio de 3,87, explicando 38,7% da varincia total. O conjunto de itens apresentou um ndice de
consistncia interna de 0,80 e homogeneidade (correlao mdia item-total) de 0,29, variando de -0,12 (entre
os itens 10 [Posso me concentrar bem quando estou fazendo algo] e 3 [No fao muitas coisas durante o dia]) a 0,61
(entre os itens 5 [Sinto-me exausto fisicamente] e 1 [Sinto-me incomodado devido fadiga]). A consistncia interna
(alfa de Cronbach, ) desse fator geral foi de 0,80.
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Estudantes
Profissionais
ri.t
ri.t
0,78
0,40
0,78
0,44
0,78
0,39
0,76
0,43
0,75
0,38
0,74
0,41
0,70
0,35
0,71
0,41
0,68
0,33
0,69
0,38
0,58
0,29
0,65
0,36
0,58
0,27
0,64
0,37
0,48
0,25
0,64
0,36
0,46
0,22
0,52
0,28
0,22
0,09
0,38
0,21
Nmero de itens
10
10
Valor Prprio
3,87
4,38
% de varincia explicada
38,70
43,76
alfa de Cronbach
0,80
0,85
DISCUSSO PARCIAL
Este estudo reuniu evidncias da unifatorialidade da EAF, considerando mltiplos critrios, como Kaiser,
Cattell e Horn. Este ltimo (anlise paralela), diferentemente dos anteriores, indicou uma estrutura bifatorial.
Entretanto, visando resolver qualquer dvida, comprovaram-se a homogeneidade monotnica e a monotonicidade por meio da Anlise Mokken, que apresentou ndice de escalabilidade H de Levinger adequado. Assim,
reforou-se a estrutura unifatorial desta escala, e a consistncia interna (alfa de Cronbach, ) e a homogeneidade (correlao mdia item-total) endossaram sua unidimensionalidade. No entanto, apenas estudantes
universitrios colaboraram com o presente estudo, demandando conhecer como essa medida funciona entre
profissionais da sade.
MTODO
Participantes
Participaram deste estudo 246 profissionais (67 enfermeiros, 81 mdicos e 98 psiclogos) com idades
variando de 19 a 76 anos (M = 42,8, DP = 11,53), a maioria do sexo feminino (81,2%) e casada (59,6%).
Quanto situao laboral, 86% indicaram estar empregados, exercendo uma (43%) ou duas (84,2%) atividades, trabalhando em mdia 40 horas semanais. Dos profissionais de psicologia, apenas 30,2% trabalham na
rea hospitalar. As porcentagens correspondentes foram maiores para mdicos (67,9%) e, principalmente, para
enfermeiros (76,1%).
Instrumentos
Os participantes responderam ao mesmo questionrio descrito no Estudo 1, formado pela EAF e pela
caracterizao demogrfica. Nesse caso, mantiveram-se as variveis idade, sexo e estado civil, mudando o
curso de graduao para a rea de especialidade em que era formado, acrescentando setor ocupacional, situao
laboral e carga horria semanal.
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RESULTADOS
Tomando em conta o KMO (0,86) e o Teste de Esfericidade de Bartlett [ (45) = 865,92, p < 0,01], pareceu
pertinente proceder anlise fatorial, ento, decidiu-se realizar uma anlise CP, fixando a extrao de um
componente e, considerando o critrio de Cattell, pareceu clara a existncia de um componente geral de fadiga.
Esse resultado foi corroborado com a anlise paralela, admitindo 1.000 simulaes com 246 casos e 10 itens e,
levando em conta os 5 primeiros valores prprios observados (4,38; 1,14; 0,96; 0,80; e 0,65), constatou-se que
o primeiro foi superior aos simulados (1,32; 1,22; 1,15; 1,08; e 1,02), reforando a pertinncia de extrair apenas
um componente. A anlise Mokken ofereceu evidncias na mesma direo, isto , verificou-se que apenas o
item 3 apresentou ndice abaixo do recomendado (Hs = 0,23), tendo os demais itens variado de 0,30 (Item 10)
a 0,45 (Item 8), com mdia de 0,40, com os indicadores aceitveis de escalabilidade da medida (H = 0,40 e Rho
= 0,86).
Os resultados da anlise CP, fixando a extrao de um componente geral, podem ser observados na coluna
profissionais da Tabela 1, que mostra que todas as cargas fatoriais foram superiores a 0,30, variando de 0,38
(Item 3 - No fao muitas coisas durante o dia) a 0,78 (Item 5 - Sinto-me exausto fisicamente). Esse componente
nico explicou 43,8% da varincia total, tendo apresentado = 0,85 e homogeneidade de 0,36, variando de
0,07 (entre os itens 3 e 10, como no Estudo 1) a 0,60 (entre os itens 1 [Sinto-me incomodado devido fadiga] e
2 [Fico cansado muito rapidamente]). Por ltimo, comparando as saturaes deste estudo com aquelas do estudo
prvio (Tabela 1), observou-se um coeficiente de congruncia de 0,99. Portanto, parece plausvel admitir uma
estrutura unifatorial comum para a medida de fadiga considerada.
DISCUSSO PARCIAL
Esse segundo estudo reuniu evidncias adicionais de adequao psicomtrica da EAF. Os trs critrios
(Kaiser, Cattell e Horn) indicaram a extrao de um fator geral cuja estrutura unidimensional foi corroborada
em razo do ndice de escalabilidade, e a consistncia interna e a homogeneidade dessa medida apoiaram
consider-la como medindo um fator. Por fim, a convergncia dos achados descritos nos dois estudos, refletido
no ndice de congruncia da estrutura unifatorial, refora a adequao da EAF.
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DISCUSSO GERAL
O objetivo principal deste estudo foi adaptar a EAF para o uso com profissionais da sade, reunindo
evidncias de sua validade fatorial e consistncia interna. Estima-se que este tenha sido alcanado. Entretanto,
admite-se limitaes potenciais dos estudos, como o fato de as amostras no terem sido aleatrias e contarem
apenas com estudantes, mdicos, enfermeiros e psiclogos. Assim, no se pode pretender generalizao para
alm desse escopo, ficando evidente a necessidade de futuros estudos que contem com profissionais de outras
especialidades e regies do pas. Contudo, ressalta-se a natureza psicomtrica dos estudos, cujas amostras
foram suficientes para as anlises efetuadas.
Destacou-se a importncia de conhecer a fadiga em razo de suas consequncias na diminuio do comprometimento e na menor disposio para desenvolver ou manter objetivos diretos (Oliveira et al., 2010). Nesse
sentido, este artigo oferece importante contribuio temtica, incentivando que se avalie objetivamente a
fadiga de trabalhadores. A facilidade de manuseio dessa medida pode ser algo bem favorvel, considerando a
escala de resposta e o nmero reduzido de itens. Ressalta-se que instrumentos breves so bem aceitos, principalmente quando a inteno for utiliz-los junto a outros instrumentos, diminuindo o cansao do respondente
ou mesmo a desistncia da participao da pesquisa.
Quanto estrutura fatorial, ambos os estudos indicam a presena de um fator, exceto pelo resultado da
anlise paralela no Estudo 1, que sugeriu a presena de dois fatores. Considerar essa estrutura bifatorial, alm
de rejeitar achados que tm sido congruentes na literatura, significa abrir mo de uma estrutura que oferece
explicao mais parcimoniosa da fadiga. De fato, o Estudo 2 teve o papel de testar novamente a estrutura da
escala com profissionais da sade, corroborando, por meio de todos os critrios, a soluo unifatorial. Destacase tambm que os resultados encontrados nos dois estudos quanto ao percentual de varincia explicada, os
valores do alfa de Cronbach, do H de Levinger e do Rho de Mokken foram prximos aos encontrados no
estudo original da construo da escala (Michielsen et al., 2004b).
Outro aspecto que merece ser discutido a baixa carga fatorial do item 3 no Estudo 1. Alm de no ser
adequado, decidiu-se por no eliminar esse item na verso final da escala, uma vez que, no Estudo 2, ele obteve
carga fatorial satisfatria, e o valor do alfa de Cronbach no aumentaria caso ele fosse excludo. Esse item
tambm apresentou valor de escalabilidade (Hs) abaixo do ideal nos dois estudos, mas os resultados mostraram
que os ndices de escalabilidade geral (H e Rho) da escala ficaram acima do ideal em ambos os estudos. Por fim,
o coeficiente de congruncia entre as solues fatoriais dos Estudos 1 e 2 corrobora que a soluo unifatorial
adequada representao da fadiga.
Por fim, em termos de futuros estudos, necessrio realizar pesquisas com outros profissionais, o que
permitir conhecer a influncia da fadiga em diferentes reas laborais, analisando, por exemplo, se existe
alguma ocupao profissional que proporcione mais fadiga do que outra. Tambm recomendado comprovar a
invarincia fatorial dessa medida de fadiga, avaliando os parmetros de saturao e erro de medida, por exemplo. Do mesmo modo, importante checar a variao dos achados a partir de diferentes matrizes de entrada e
mtodos de estimao, assim como conhecer a relao desse construto com outros referidos na literatura, como
a Sndrome de Burnout. No entanto, esse aspecto poder facilitar o delineamento de aes interventivas que
tenham em conta seus efeitos diversos.
REFERNCIAS
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