Escola, Inclusão Social E Diferenças Culturais
Escola, Inclusão Social E Diferenças Culturais
Escola, Inclusão Social E Diferenças Culturais
Junqueira&Marin Editores
Livro 1 - p.000182
XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didtica e Prticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012
Introduo
O discurso sobre a escola, uma das mais importantes instituies da
modernidade, est historicamente articulado ao da construo dos estados nacionais e de
uma cidadania e cultura comuns a todos e todas. Para a conhecida pesquisadora
argentina Emilia Ferreiro, referindo-se ao contexto latino-americano e dificuldade da
escola pblica dos nossos pases desde o incio de sua institucionalizao de trabalhar
com as diferenas, afirma:
A escola pblica, gratuita e obrigatria do sculo XX herdeira da do
sculo anterior, encarregada de misses histricas de grande
importncia: criar um nico povo, uma nica nao, anulando as
diferenas entre os cidados, considerados como iguais diante da lei.
A tendncia principal foi equiparar igualdade homogeneidade. Se os
cidados eram iguais diante da lei, a escola devia contribuir para gerar
estes cidados, homogeneizando as crianas, independentemente de
suas diferentes origens. Encarregada de homogeneizar, de igualar, esta
escola mal podia apreciar as diferenas (apud LERNER 2007, p.7).
Uma escola para todos e todas foi a grande luta do sculo XX. Universalizar a
escolarizao. Expandir os sistemas escolares. Garantir o acesso de todas as crianas e
jovens. Ampliar os anos da escolarizao obrigatria. Estas tm sido metas
continuamente revisitadas, reconfiguradas e atualizadas. Ainda no plenamente
conquistadas, apesar dos grandes avanos realizados.
No entanto, todo este processo de afirmao do direito educao escolar se d
em uma sociedade como a nossa marcada estruturalmente por desigualdades,
discriminaes e processos de negao do outro, os diferentes e marginalizados.
Neste contexto, particularmente a partir dos anos 90, a palavra incluso vem se
afirmando cada vez com maior fora no mbito principalmente das polticas pblicas de
carter social. Polticas inclusivas, incluso digital, escola inclusiva etc. As expresses
se multiplicam. Ao mesmo tempo, as palavras justia social, dignidade e igualdade,
palavras-fora, que em dcadas anteriores foram fortemente mobilizadoras de muitas
buscas e propostas no mbito socioeducativo, so minimizadas nas discusses e perdem
vigor no espao simblico.
Este texto pretende oferecer alguns elementos para uma reflexo sobre este
deslocamento semntico, que certamente no neutro, e propor uma perspectiva de
afirmao de uma escola que rompa com a homogeneizao que vem estruturando o
formato escolar (Dubet, 2011) moderno, e se caracterize por ser intercultural e
emancipatria.
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privilegiando
um
referente
cultural
nico,
reconhecendo
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se queremos contribuir para que a escola seja reinventada e se afirme como um lcus
privilegiado de formao de novas identidades e mentalidades capazes de construir
respostas, sempre com carter provisrio, para as grandes questes que enfrentamos
hoje, tanto no plano local, quanto nacional e internacional.
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nuestra poca. Quito: Univ. Andina Simon Bolvar- Ediciones Abya Yala, 2009b.3
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O prprio autor afirma: de incio quero deixar claro que, na esteira das contribuies de Michel
Foucault, estou usando a palavra anormais para designar estes cada vez mais variados e numerosos
grupos que a Modernidade vem, incansvel e incessantemente, inventando e multiplicando: os
sindrmicos, deficientes, monstros e psicopatas (em todas as suas variadas tipologias), os surdos, os
cegos, os aleijados, os rebeldes, os poucos inteligentes, os estranhos, os GLS, os outros, os miserveis,
o refugo, enfim (p.105).
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O empoderamento se refere s relaes de poder, procurando potencializar grupos ou pessoas que tm
menos poder na sociedade e que estejam dominados, submetidos ou silenciados, em relao vida e aos
processos sociais, polticos, econmicos, culturais etc. O empoderamento tem duas dimenses bsicas
intimamente ligadas uma outra: a pessoal e a social.
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